A UE é um agente-chave em termos de política externa em diversos aspectos:
Bruxelas é a segunda cidade diplomática do mundo; a UE já se envolveu em mais de 30 operações militares na UE desde 2003; coopera com diversas outras organizações internacionais; a UE é o primeiro bloco de comércio e é responsável por mais de 50% da ajuda ao desenvolvimento em todo o mundo; por fim, a UE é líder em políticas ambientais e combate às mudanças climáticas. A Política Externa da UE é um assunto complexo devido às diferentes questões que engloba, aos diferentes agentes e aos diferentes métodos de tomada de decisão e instrumentos de financiamento disponíveis.
Evolução da política externa da UE
A própria UE é uma questão de assuntos externos. Alguns autores até descreveram a UE como um “subsistema de Relações Internacionais”. Quando diversos estados europeus decidiram iniciar a integração supranacional com a criação da CECA no início dos anos cinquenta, o caso foi considerado uma questão de política externa. Contudo, atualmente, a UE não é mais o produto de uma política externa, tendo desenvolvido sua própria “política externa”. A evolução da política externa da UE ao longo dos últimos 60 anos tem sido gradual e incremental. Durante o início das Comunidades Europeias (Tratados de Roma, 1957), as competências externas da CEE se concentravam, principalmente, em questões econômicas: nascimento da Política Comercial Comum (PCC); gestão da tarifa externa da CEE; negociação em questões comerciais e; tarefas de representação. A tudo isso, foi somado o poder de negociar acordos internacionais com países terceiros, bem como a concessão de Personalidade Jurídica Internacional (ILP) à CEE. Entretanto, nenhuma questão clássica de “política externa” fazia parte da pauta.
Na década de setenta, o contexto internacional passava por mudanças e levou
líderes europeus a concluírem pela necessidade de uma melhor coordenação de suas políticas externas, e a então denominada “Cooperação Política Europeia” (CPE) foi criada. (...) Foi apenas com o Tratado de Maastricht (1993) que uma política externa adequada foi finalmente criada. A nova estrutura da recente rebatizada União Europeia era composta de três pilares, sendo a Política Externa e de Segurança Comum (PESC) um pilar distinto, governado por uma abordagem intergovernamental. O próprio nome da PESC gerou altas expectativas e ela foi apresentada por líderes europeus como “uma política externa totalmente madura, que permitiria à UE atuar de forma coesa e efetiva no cenário internacional”.
Entretanto, a crise nos Bálcãs, relançou as limitações da PESC e mostrou a
necessidade de desenvolvimentos adicionais nessa área. O Tratado de Amsterdã (1997) criou a função do alto representante da PESC, com o objetivo de prover um agente comum para a condução da PESC. Também foi próximo do final da década de noventa que o tema de maior integração na esfera militar foi retomado após anos de silêncio. O pacto franco-britânico de 1998, conhecido como a Declaração de Saint-Malo, facilitou a introdução das questões de defesa na ação externa da UE e foi o início da Política Europeia de Segurança e Defesa (PESD), formalmente criada pelo Tratado de Nice (2000). A PESD supôs uma alteração qualitativa na PESC, incluindo uma “dimensão operacional significativa ao kit de ferramentas da União”. Os ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA e as grandes implicações geoestratégicas desses ataques não passaram despercebidos para a política externa da UE. Esses eventos forçaram a UE a autoavaliar seus princípios e objetivos no que diz respeito à política externa, tendo, como resultado, a Estratégia Europeia de Segurança de 2003, criada sob os auspícios do então alto representante, Javier Solana. A EES foi um marco na história da Europa, pois definiu, pela primeira vez, uma agenda conjunta para a ação externa da UE.