ORG.
ALICE Nunes
DÉBORA Rempel
HONISLAINE Rubik
J AQ U E L I N E C o n t e
KA R I N A A zeve d o
G Ê N E R O P O R E L A S
primeira edição
ANA LUÍSA
Bussular
DÉBORA
Rempel
o rg a n i za d o p o r
HONISLAINE
Rubik
J AQ U E L I N E
Conte
KARINA
A zeve d o
[ ORGANIZAÇÃO ]
Alice Nunes
Ana Luísa Bussular
Debora Rempel
Honislaine Rubik
Jaqueline Conte
Karina Azevedo
[ EDIÇÃO ]
Ana Luísa Bussular
Karina Azevedo
[ PROJETO GRÁFICO ]
Elis Jacques
[ ILUSTRAÇÕES ]
Alice Grosseman Mattosinho
Gabriela Couth
Raquel Thomé
P R E FÁ C I O : O Q U E É S E R M U L H E R ? 11
N i c o l e Ko l l r o s s
F E M I N I S TA ! ? E U ? 15
A n d r e a Ko m i n e k
S O U M U L H E R , LO G O , P O S S O O Q U E E U Q U I S E R 23
Arabella*
B E L E Z A A I N DA É L U G A R D E M U L H E R ? 27
Anna Vitória Rocha
DEZ HORAS 35
L i s i a n e Pa i x ã o
J U L G A M E N TO E M U M T R I B U N A L S O C I A L 47
Alice Cristina Reis Rodrigues
Q UA N D O O M E D O V I A J O U C O M I G O 51
Ta r y n e Z o t t i n o
E U S O U F E M I N I S TA 61
A n a L u í za A l ve s
M U L H E R E S TA M B É M G O S TA M D E F U T E B O L 69
M a r i a E l i s a b et h B u s s u l a r F ra n q u i n i
M U L H E R E S J U N TA S N Ã O E S TÃ O S OZ I N H A S 73
Milena Martins
N Ã O E X I S T E “ N U D E ” PA R A M I M 77
LAURA*
J Á D I Z I A S I M O N E D E B E A U VO I R 83
Pa l o m a E n g e l k e M u n i z
P O S FÁ C I O : “ B E N E F I C I Á R I A S ” 87
DE UM DISCURSO DE GÊNERO
Denise Ratmann Arruda Colin
APR E S E NTAÇ ÃO
“ Não s e n a s c e mu l he r.
Tor n a - s e mu l he r.”
S imon e d e B e a u v oir
tão importante.
7
Ao longo da história, as mulheres foram dando seus
8 APRESENTAÇÃO
mundo (“que mundo é esse?”) em que vivemos. Porque, sim,
1
Ranking de Presença Feminina no Parlamento 2017.
2
Organização Internacional do Trabalho (OIT).
3
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
4
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
APRESENTAÇÃO 9
10
[ P R E FÁ C I O ]
[ P R E FÁ C I O ]
O QU E É S E R
MU LH E R ?
Mais especificamente,
P R E FÁ C I O : O Q U E É S E R M U L H E R ? 11
esposa, mãe, filha, irmã etc.
12 P R E FÁ C I O : O Q U E É S E R M U L H E R ?
como “ser mulher” é relativamente arbitrário em relação
P R E FÁ C I O : O Q U E É S E R M U L H E R ? 13
Em relação a outras mulheres, de outras classes, ou
14 P R E FÁ C I O : O Q U E É S E R M U L H E R ?
FE M I NISTA!?
EU?
Chamaram-me “feminista”!
Resolvi investigar...
Andrea Kominek é graduada
Conversando com algumas
em Filosofia (UFPR). Mestre
tias, descobri que as “feministas”
em Tecnologia (UTFPR).
são mulheres “tristes”, “sozinhas”
Doutora em Sociologia
e que não conseguem “arrumar
(Universidade de Salamanca
maridos”...
- Espanha). Membro do
(Sou uma pessoa feliz e bem
Núcleo de Estudos
casada, provavelmente não sou
Afro-brasileiro e Indígena
“feminista”)
(NEABI) da UTFPR-CT.
Conversando com intelectuais,
Professora do Departamento
descobri que as feministas
Acadêmico de Estudos
“queimam sutiãs”, “odeiam
Sociais da UTFPR.
homens”, “não gostam de se
15
mais evidente que eu “não poderia ser feminista”!)
16 FEMINISTA!? EU?
assumiu diferentes vozes e cores, porém manteve o foco na
humanos! De justiça!
“natural”.
afinal, é mãe.
Uma mulher, quando violentada, ao fazer a denúncia,
FEMINISTA!? EU? 17
não queria?
FEMINISTA!
deveríamos ser.
18 FEMINISTA!? EU?
COM PR E I
U M TÊ NIS
COR-D E-R OSA
Tênis não é coisa de menina.
19
você não faz que nem ela, a Camila, a Stephanie? Olha que
não e não. Não pode e ponto final, porque sim, porque não.
Não vai saber sobre nada que eu não queira que você faça,
ninguém vai querer ficar com alguém como você, olha só que
contradição.
Isso assusta, por que falar? Por que não ele, já que ele te deu
atenção? Por que não outra coisa, já que não te querem? Que
desgosto. Meu gosto, meu corpo, você que ainda vai me matar
de desgosto.
23
realmente queria.
que não estava errada por querer ser diferente. Percebi que
fossem.
sai com vários, é puta; se adora uma balada, não serve para
casar; se não casa, não presta, vai ficar sozinha para o resto
por você, e não importa o que os outros pensem, eles vão ter
de aceitar.
trabalhando em um ambiente
27
majoritariamente masculino, e eu senti a diferença no
ouvi isso naquele primeiro dia, uma frase que mostra que essa
devido e restrito.
alto escalão.
claros-de-acordo-com-um-padrão-socialmente-construído-
de-beleza teria essa mesma recepção. Acho que não.
do meu diploma.
acabar.
35
fechado hoje, é segunda-feira. Não tem movimento algum, só
protegerem.
36 DEZ HORAS
porque você é mulher.
Você respira fundo, tenta pensar que vai dar tudo certo, o
Inteira.
mulheres. Eu tive sorte. Nem todas têm. Choro por elas. Pelas
DEZ HORAS 37
que não tiveram a mesma sorte que eu. Imaginem-se nessa
passam pela cabeça de uma mulher toda vez que ela anda
sozinha na rua. Até quando teremos de viver com medo? Até
38 DEZ HORAS
40
SO B R E O
MEDO DE
B R I GAR
Ontem eu estava indo
41
atrás. Não que eu fosse fazer qualquer coisa. Eu não faço.
para a minha idade, então deve ter sido cedo. A situação mais
nada. Fiquei furiosa, olhei com ódio para ele e fui embora.
Nada me revolta mais do que eu não ter partido para cima
pelo seu corpo. Como se ele estivesse disponível, ali, por estar
porque sei que entre falar e fazer existe uma linha tênue, e eu
não quero ver ninguém sofrendo ainda mais por conta dessa
que o meu. Eu sinto medo, por isso não consigo brigar. Eu sou
47
para o caso que logo viria.
Opressão.
interrompeu:
questionar a autoridade.
— Quer mais?
como ficam os cegos? O surdo pode olhar, mas não ouve frases
51
na rua, do nada, porque enxergavam uma oportunidade. É
ao meu redor.
precisasse.
chuva.
estuprada.
homens?”
Não sei a resposta, mas uma coisa eu sei: ninguém mais vai
57
Importante é refletirmos sobre o entendimento das
eliminar as desigualdades.
social.
61
significava, afinal de contas, ser feminista. Mas muito antes
por não poder brincar na rua até mais tarde. Ou não poder
62 EU SOU FEMINISTA
vida, receber um salário justo de acordo com a profissão que
até então eu não sabia de onde vinham, nem para onde iam,
mesmo: o patriarcado.
EU SOU FEMINISTA 63
Contudo, essa mesma humanidade é vista como um
tão humanas, é por isso que somos tão fracas, é por isso que
de suas lutas; até descobrir que não era preciso abrir mão das
64 EU SOU FEMINISTA
limitações. Trata-se de um movimento sobre liberdade, sobre
todos os problemas.
que ainda nos custam tão caro, mas ele não é uma solução
EU SOU FEMINISTA 65
afinal de contas, a mulher que gosta de moda e maquiagem,
66 EU SOU FEMINISTA
68
MU LH E R E S
TA M B É M GOSTA M
D E FUTE BOL
Com meus 19 anos, já perdi
sobre as contas de quantas vezes escutei:
a au tora “Você não pode, porque você é
69
Alguns anos depois, chamei meu pai para irmos ao
desculpa porque para mim não existe isso, mulher vai aonde
é trabalho da mulher.
Uma vez minha avó estava fazendo o almoço e quando
muito tempo e tenta cada vez mais ocupar o seu devido lugar
jogo de futebol?
73
minha companhia em alguns cafés pelas calçadas de Santiago;
mulheres desacompanhadas.
vingança, é agressão.
minhas fotos.
77
que eu tinha confiado a ele.
as imagens.
78 N Ã O E X I S T E “ N U D E ” PA R A M I M
E se eu fosse uma das meninas mais populares de um dos
sofrimento?
uma palavra que nem existe para mim. Repare se alguém fica
desconfortável com o assunto.
N Ã O E X I S T E “ N U D E ” PA R A M I M 79
sobre o meu caso puder evitar que pelo menos uma menina
segredo.
Quando eu já vivia a agonia de saber que, a qualquer
80 N Ã O E X I S T E “ N U D E ” PA R A M I M
82
JÁ D I Z IA
S I MON E
D E B E AU VOI R
Eu nasci. Eu não nasci
83
mulher: torna-se mulher.”
das minhas roupas porque o papai falou que o filho dele não
menino.
como uma menina deve ser. Mas se conformar não quer dizer
classe média para cima, pode ser que explore outra mulher
mas ele pode, você não, você tem que ficar e ser suplente de
talvez estejam cegos pelo status quo. Não dá para exigir que
uma classe seja pensante e, ao mesmo tempo, cegamente
“ B E N E FICIÁR IAS”
D E U M D ISCU R SO
DE GÊNERO
sobre
a au tora “ Q ue n ad a no s de f i n a . Q ue n ad a
no s s u j e it e . Q ue a li b e r d ade s ej a
a no s s a pr ó pr i a s ub s t â nc i a .”
Denise Ratmann Arruda S imon e d e B e a u v oir
legitimadores e naturalizantes da
87
“inferioridade feminina”, culminando com a desigualdade de
tempos.
pela
Vale lembrar que o modelo de desenvolvimento
AS ILUSTRADORAS 93
GABRIER
COUTHT
Gabriela Couth tem 27 anos, nasceu em Fortaleza e mora no
seguida.
94 AS ILUSTRADORAS
EL
R AQUE
A
THOMÉ
Raquel Thomé tem 32 anos, nasceu e mora em São Paulo.
Formada em Design de Moda e pós-graduada em Arteterapia,
AS ILUSTRADORAS 95
ELIS
JACQUES
Elis Jacques é formada em Design Gráfico e Jornalismo. Desde a
uma releitura gráfica. Quando descobriu que design era tudo aquilo
que fazia um conteúdo ter vida própria, decidiu estudar como isso
96 PROJETO GRÁFICO
SS
SETEMBRO, 2017