Resumo
Objetiva-se neste artigo contextualizar sobre como se dá ao longo dos séculos a relação entre o jornalismo
e a publicidade na imprensa internacional e brasileira, principal suporte midiático histórico para ambos os
campos. São apresentadas informações da época em que não havia diferenciação entre notícias e anúncios
nos jornais, para então explicar de que maneira esta realidade muda com o passar dos anos e quais
caminhos ambos os campos de informação seguem; o que determina os objetivos estratégicos de cada um.
O jornalismo busca legitimidade al por meio de um discurso que prega valores como objetividade,
verdade, veracidade e imparcialidade. Enquanto a publicidade aposta em elementos artísticos para atrair o
leitor - e também potencial comprador - pelas imagens aliadas a um texto que prima por elementos que
provoquem sedução. Com o tempo, nota-se entretanto que um se utiliza das ferramentas do outro, seja a
publicidade para conferir caráter de legitimidade e veracidade, ou o jornalismo para tornar mais agradável
a leitura, por meio da inserção de artifícios estéticos aos textos e layout do jornal.
Introdução
1
Trabalho apresentado no GT História do Jornalismo do 3º Encontro Centro-Oeste de História da Mídia,
realizado de 23 a 24 de julho de 2016 em Campo Grande-MS.
2
Mestrando em Comunicação e jornalista graduado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(UFMS); especialista em Administração de Marketing e Propaganda pela Universidade Católica Dom
Bosco (UCDB), com MBA em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais pela Faculdade Estácio de
Sá. Email: navarrosbruno@gmail.com.
informativas sobre acontecimentos gerais, o que faz com o leitor não tenha alteração
significativa em sua experiência padrão de leitura.
"Nos primórdios da imprensa jornalística, não havia ainda uma distinção clara
sobre os limites do que era publicidade e do que era jornalismo, vigorando assim certa
ambiguidade" (MARSHALL, 2003, p.107). Data de 1650 o primeiro anúncio
publicitário em jornal (de recompensa pela devolução de 12 cavalos roubados), na
última página do Several Proceedings in Parliament, de Londres. Na Inglaterra, nesta
época, livros e medicamentos, e mais tarde, café, chocolate, chá e imobiliário são os
principais conteúdos dos anúncios (BOVÉE; ARENS, 1989, p.20).
Marcondes Filho (1984) indica que a comercialização de notícias por meio de
folhetos impressos inicia-se antes, no século XVI, com relatos despolitizados e
sensacionalistas; comunicados de curiosidades e novidades sobre o mundo externo -
entre catástrofes naturais e acontecimentos de guerra - que por vezes alcançam caráter
de fábula e mexem com o imaginário de comunidades das aldeias e da cidade. O autor
esclarece, entretanto, que o jornalismo como conhecemos hoje não surge imediatamente
junto com os primeiros materiais de três a quatro páginas que apresentam nas décadas
seguintes notícias com o objetivo de levar ao leitor uma espetacularização de mundo e o
singularmente novo. Estes exemplares contêm relatos de acidentes, mortes, seres
deformados, ou ainda ações cotidianas de membros da nobreza; em alguns casos, as
informações são escritas de maneira a agir como advertências morais de bom
comportamento e devoção dos cidadãos.
Este novo paradigma será a luz que viu nascer valores que ainda hoje são
identificados com o jornalismo: a notícia, a procura da verdade, a
independência, a objetividade, e uma noção de serviço público - uma
constelação de ideias que dá forma a uma nova visão do "polo intelectual" do
campo jornalístico. (TRAQUINA, 2012, p.34).
Foi na segunda metade do século XIX que, na Europa e nos Estados Unidos,
ocorreram grandes transformações na imprensa, coincidindo com a expansão
mundial do capitalismo e o aparecimento de inovações tecnológicas ligadas
direta e indiretamente à reprodução e circulação das informações. Nesse
período, o jornalismo sofreu modificações profundas. (GENRO FILHO,
2012, p.173).
Isso fazia com que as pessoas pensassem que qualquer empresa que
anunciasse ou vendia artigos de qualidade duvidosa ou tinha estoque
encalhado. No início, os próprios veículos de comunicação começaram a
recusar alguns anúncios, zelando pela sua imagem e receosos de que os
consumidores lesados pudessem processá-los judicialmente. (SANTOS,
2005, p.34).
O novo jornal, fruto da crise do papel e das transformações que ela provoca,
adquire nova presença de conteúdo, novos contornos formais e procura
equilíbrio entre os desígnios como órgão de interesse público e meio
comercial (DINES, 2009, p.124).
Referências Bibliográficas
SCHUDSON, Michael. Descobrindo a notícia: uma história social dos jornais nos
Estados Unidos. São Paulo: Vozes, 2010.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo (vol.1): porque as notícias são como são.
Florianópolis: Insular, 2004.