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No ano 304 da era vulgar, morre Cypriano.

Figura em torno da qual se formou uma tradição


bastante conhecida no mundo latino e posteriormente trazida para o restante da Europa, de
onde se espalhou depois para o Novo-Mundo (as américas).

No que se refere a figura o homem por trás do mito, trataremos em outro local. O que nos
interessa agora é estabelecer a personagem.

Como citei a princípio o mundo latino, quis dizer que as narrativas giram em torno da existência
de um Feiticeiro que posteriormente se converte ao cristianismo, e mais, que aquelas lendas
serão levadas a outros povos da Europa Ocidental posteriormente.

Sabemos que naquela época não faltavam feiticeiros, eles estavam espalhado por todo o
Império Romano desde sempre, vindos do oriente ou da Grécia, pela figura dos goêtes, ou de
alhures com os mesmos “poderes”.

A personagem de Cypriano tem algo em comum, ela está inserida dentro da Tradição Latina
(pagã), mas seu final inclui elementos cristianizados, como a personagem Justina e o posterior
dos dois.

Cypriano é dito o “mais poderoso dos Feiticeiros” porque tem parte com o Diabo. Este Diabo
também é, ele, um elemento oriental, remanescente em primeira instância de Arimã, a
divindade das Trevas do Culto Zoroástrico.

Cypriano é pois um Feiticeiro pagão que pactua ou vincula-se com este novo-deus cristão, que
aqui não aparece na figura de um tentador mas, na de um Familiar.

Dentro da Tradição Cypriana, se é permitido usar esta palavra, o demônio desempenha um


papel subalterno de gatilho do drama final. Ele não é o temível e poderoso Deus do Mal, mas
uma espécie de duende, um pajem que realiza aquilo que a Cypriano ou a um humano comum
é impossível. Como um deus novo, ele tem muitas promessas para um pagão que praticava
feitiçaria.

Porém, no fim o diabo “falha”, declarando impotência diante de uma figura feminina que
representava a Virtude da Justiça. O que segue é tradição cristã. E isso não nos interessa no
momento.

Esta “falha” do Diabo dentro das contingências da narrativa (o possível dentro do fictício) é
risível, para não dizer patética. Os que se dedicam às artes da Feitiçaria (que dentro desta
perspectiva inclui todas as práticas espirituais não aprovadas pela nova autoridade – a
eclesiástica) concentram sua atenção na possibilidade de compactuar com Espíritos, porém
com a característica nova de que estes Espíritos são Demônios e não mais “deuses” como era
soez chamado qualquer ente invisível ou de um mundo diverso.

Praticas como a Teurgia, Goétia, Taumaturgia sempre foram desempenhadas. Mas sempre se
tratou com deuses, anjos, inteligências entre outros. Existem mesmo feitiços de vingança
oficiado ao deus Horus, outros ao Hermes Negro, mas o que se via eram citações a divindades.

O Cristianismo, na esteira do judaísmo, aparece demonizando a cultura pagã e criando uma


nova categoria de seres, eternamente votado ao mal e a destruição final, mas que, no
intervalo, semeariam males entre os homens, inclusive adotando a forma de deuses e anjos,
que caíram, nesta nova classificação como demônios (os judeus chamavam as outras
divindades de “deuses estranhos” ou “do outro lado”, e ademais não davam crédito algum ao
poder deles, o que não ocorre no cristianismo).
A possibilidade de compactuar com estes entes foi logo explorada pela personagem de
Cypriano, e fez dele o mais poderoso entre os feiticeiros da época.

Mencionei que a lenda ou tradição se espalha em outras áreas da Europa e isso é de extrema
importância pois, a uma, permite provar que ela sobrevive, as vezes intacta, e em seguida
porque permite rastrear a origem de outras tradições similares.

Resquícios da Tradição original se encontram, para citarmos apenas os mais conhecidos, em


Portugal, na cidade de Évora, onde existia uma tradição semelhante, mas com um personagem
feminino, que segundo a narrativa teria conhecido Cypriano e trocado conhecimentos com ele.
Isso pode ser interpretado como a ocorrência de um episódio de mutua influência entre a
cultura celta-ibérica e as tradições latinas de origem oriental.

No que se refere a Tradição Cypriana como fonte de tradições similares, a lenda de Fausto
fornece a melhor evidência. O Fausto original, uma narrativa utilizada por Goethe para a
construção do seu longo poema homônimo, nada mais é do que a releitura do drama de
Cypriano, com a divergência no fato de que Fausto era movido por sentimentos humanitários
(ele pactua com Mefistófeles porque pretende obter a cura de sua cidade).

De toda forma, é aqui que encontramos a sobrevivência da ideia Faústica, e porque não
Cypriana, onde o homem mostra toda sua grandeza, renegando uma promessa de salvação
futura em nome do gozo de uma vida transitória. É o homem que arrisca, e por isso goza das
maiores recompensas. A questão de ingresso no paraíso passa longe de mentes não niilistas
nem amarguradas pelo ressentimento.

Em Cypriano temos o homem que ousa fazer a troca, vende a própria alma. Se ao fim ele se
arrepende como a narrativa católica, ou conforme a lenda de Goethe, não cabe especular. O
que ele faz inspira toda uma onda de livros após o século XVI (quando Cornelius Agrippa
publica seus “De Occulta Philosophia”), conhecidos como “Grimoires”, ou Gramáticas
Evocatórias.

É assim que aparece dois séculos depois a obra CLAVIS INFERNI, atribuída a figura de Cypriano.
Um grimório um pouco diverso dos que são comumente vistos, que geralmente trazem listas,
cada vez maiores de espíritos, e que se fixam depois nos 72 demônios da goétia.

O CLAVIS INFERNI trata somente com a Evocação dos Reis infernais correspondentes aos 4
arcanjos maiores da Qabalá Luriânica. Um livro um tanto peculiar. Ademais, ele é ricamente
ilustrado e suas pranchas de fac-símile são muito fáceis de encontrar na rede mundial.

Nele podemos apreciar como era a construção de um texto de grimório e porque estes livros
eram tidos como “selados” pelo segredo, implicando a necessidade de transmissão dos códigos
e não apenas a habilidade de saber ler. É uma obra que vale por si mesma e em seu estudo
muito conhecimento pode ser adquirido.

Invocamos aqui o espírito faustico, para que nos conduza pela leitura desta obra e que isso nos
dê grande proveito.

Outono de 2018 - Sol in Gemini-Luna in Libra

Emanuel Pavoni [F. Zagreos 3=3 OX]

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