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Renascimento ou Renascença

Quando se estuda a transição da Idade Média, especificamente a Baixa Idade Média, para a
Idade Moderna, percebe-se que ainda vigora em muitos livros didáticos de história, revistas e blogs de
educação uma certa perspectiva reducionista que compreende o Renascimento Cultural dos séculos
XIV, XV e XVI como um fenômeno de ruptura radical e definitiva com a Idade Média. Essa visão
supõe ser a Idade Média um período decadente e obscuro que nada ofereceu de significativo ao
universo cultural que sobreveio com o Renascimento.
Mas muito pelo contrário, no período compreendido como Renascimento confluíram vários
elementos da cultura cristã florescida na Idade Média, como elementos da cultura clássica (greco-
latina), que passou a ter uma dimensão maior na Europa Ocidental, sobretudo em regiões de intenso
comércio marítimo, como a Itália (ao sul) e a Holanda e os Países Baixos (ao norte), que também
tiveram um intenso desenvolvimento urbano ainda no período medieval.
Para o historiador Thomas Woods, o Renascimento, mais do que uma ruptura total com o
passado medieval, pode ser considerado o auge da Idade Média. Diz ele que “os medievais, tal como
uma das figuras exponenciais do Renascimento, tinham um profundo respeito pela herança da
antiguidade clássica, ainda que não a aceitassem de modo tão acrítico como o fizeram alguns
humanistas: e é na Idade Média que encontramos as origens das técnicas artísticas que viriam a ser
aperfeiçoadas no período seguinte.”
A confluência entre a cultura clássica e a cultura cristã viu-se expressa na obra de vários
autores do Renascimento, desde artistas como Michelângelo e Leonardo da Vinci até escritores como
Erasmo de Rotterdan, Nicolau de Cusa e Thomas Morus. Uma característica que se tornou, sim, uma
identidade renascentista no âmbito dos estudos intelectuais foi a redescoberta dos textos clássicos
originais, sobretudo os gregos. Filósofos como Aristóteles e Platão eram lidos na Idade Média por
meio de traduções latinas com pouca precisão. Eruditos do Renascimento, como Leonardo Bruni –
tradutor da Política e da Ética a Nicômaco, de Aristóteles –, foram responsáveis por esse resgate das
fontes primárias dos textos gregos e pela feitura de traduções criteriosas e comentadas.
Além disso, outras características também contribuíram para compor uma identidade própria
ao Renascimento. A concepção antropocêntrica do mundo, que aos poucos se impôs, divergiu da
perspectiva teocêntrica medieval, ainda que vários elementos doutrinais tenham sido preservados. O
humanismo, isto é, a valorização das potencialidades humanas, da faculdade racional, da capacidade
de criação artística, de observação, registro e cálculo dos fenômenos naturais e de organização
política, também contribuiu para definir essa época que antecedeu o século XVII – século da
Revolução Científica operada por Galileu Galilei. As grandes navegações e a descoberta do “novo
mundo” (o continente americano) e das civilizações e culturas que nele se desenvolveram também
foram decisivas para configurar o Renascimento como uma época de experiências novas e
enriquecimento cultural. Somou-se a isso a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico, que também
passou a ajustar-se ao antropocentrismo e à capacidade do homem de descobrir os mistérios da
“harmonia do mundo”, isto é, os mistérios cosmológicos.
No mais, foi no início do século XVI, já no auge do Renascimento, que ocorreram dois
acontecimentos decisivos no âmbito intelectual, religioso, moral e político da Europa: invenção da
imprensa, por Joannes Gutenberg, e a Reforma Protestante, desencadeada por Martinho Lutero. Esses
dois acontecimentos combinados mudaram, aos poucos, a relação dos homens com o conhecimento
intelectual antes restrito ao domínio da língua latina. Matinho Lutero traduziu a Bíblia para o alemão,
enquanto a invenção de Gutenberg facilitou a reprodução e a leitura de livros (como a Bíblia) pelo
público leigo.

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