DESVENDANDO A ESTRUTURA PATRIARCALISTA E DOMINADORA DO
ESTADO BRASILEIRO NOS DIAS ATUAIS.
Larissa Souza S. Lopes
Elucidarei aqui de forma breve e sucinta esclarecimentos sobre a
estrutura do Estado brasileiro, como ele se apresenta e quais são suas características, tentando explicar minhas pontuações através de conceitos expostos por Max Weber. Farei também uma relação do povo e sua participação política com o Estado, como esta relação se dá historicamente e nos dias de hoje.
A forma como o Estado brasileiro está estruturado e como ele exerce
suas funções, é resultado de um processo histórico de democratização e institucionalização desequilibrado e pouco transformador. A presença das oligarquias no âmbito político não foi enterrada junto à República Velha, esses grupos continuaram a exercer seu poder, direta ou indiretamente, sobre as decisões políticas do país; que vai se estruturando sobre a direção de uma minoria pouco preocupada em solucionar os problemas de ordem econômica e social, mas que busca obstinadamente o acumulo de capital.
O Estado tem em seu cerne o objetivo de garantir o bem comum do
povo, dentro de parâmetros legais que assegurem a igualdade de todos perante a lei. Com o nascimento do Estado moderno, a luta pelo poder se intensificou e a concorrência pelo capital tomou por completo a esfera política.
No Brasil, essas mudanças não se deram de forma muito diferente, o
vínculo de aliança com o capitalismo também se torna o protagonista. A política brasileira com toda a sua herança assentada sobre o patriarcalismo, coloca na mão de um, ou de um grupo - nesse caso o Estado, que tem como figura principal o presidente - o poder de dominação sobre os demais, tornando esse à personificação da lei e da ordem. Tendo em suas mãos o monopólio político que lhe permite dominar e manusear as questões econômicas, o Estado se torna uma instituição poderosa capaz de agir legitimamente, até mesmo pela forma de coação física (WEBER, 1999), sobre os indivíduos.
A dominação que essa instituição legítima exerce sobre o povo, pode
ser explicada pela teoria de Max Weber, Os três tipos de dominação. Weber classifica esse três tipos como LEGAL, TRAICIONAL E CARISMÁTICO. A dominação legal está pautada na veracidade de um estatuto, sendo esse apoiado na burocracia, o tipo puro dessa dominação. A dominação tradicional é exercida em virtude da crença, da continuidade de que certos poderes senhoriais permaneceram sendo desempenhados. O tipo puro que caracteriza essa dominação está ligado ao patriarcalismo, obediência à dignidade de um “senhor”. O terceiro tipo de dominação é a carismática, característica de uma devoção afetiva, vinda de uma admiração pessoal. A dominação carismática tem como seu tipo puro relação de líder, profeta, herói.
O caso é que esses tipos de dominação conceituados por Weber poder
ser vistos na relação de povo e Estado brasileiro. Fazendo essa relação, a dominação legal está relacionada a dominação por um determinado estatuto, que seria a Constituição Federal. A Constituição em tese garante o equilíbrio entre os poderes, mas o que acontece na prática é que essa delimitação não se dá de forma concreta, os poderes se corrompem e trazem para a esfera pública interesses privados, deixando de lado as demandas políticas do país. A dominação tradicional se apresenta pelo ranço patriarcal que a história política do país carrega, muitos do que estão nos cargos de responsabilidade do Estado estão por uma hereditariedade, por serem filhos ou netos dos grandes “senhores”. E por fim, a dominação carismática, que está relacionado ao poder de persuasão que essa elite que busca atingir uma ascensão política tem, capaz de legitimar uma autoridade através da crença. Essas três dominações juntas caracterizam o poder político brasileiro e explicam como se dá o processo de escolha, ou melhor, de indução por submissão, dos políticos do país.
É importante salientar que devido a todo o processo de construção da
identidade política do país, a população brasileira que pouco se preocupa com as questões políticas e que não procura uma reflexão crítica sobre esse processo, aceita o que está posto pela mídia e pelos próprios governantes, estando presa nesse emaranhado e vendo crescer continuadamente as desigualdades. A consequência disso são as recorrentes crises políticas que assolam o país, essas trazem a tona a instabilidade do governo brasileiro e a falta de responsabilidade com público.
A participação popular nesse contexto está representada pelos partidos
políticos, que são a representação de camadas da população. Os partidos devem levar as demandas e reivindicações desses grupos, para que essa sejam discutidas e efetuadas. Mas o que acontece é que para os partidos a importância da população só está no fato deles poderem eleger representantes para ocupar cargos no Estado. Toda a dinâmica de participação popular na discussã e levantamento de propostas é vetada pelos partidos. Dessa forma, o mecanismo que servia como ponte entre o povo e o Estado está corrompido.
Em suma, o que podemos perceber é que a estrutura política do Estado
brasileiro nos dias atuais se encontra, assim como nas décadas passadas, controlada por uma minoria que não propões mudanças na estrutura, mas que só reforçam a hieraquização e a dominação sobre a população. O povo tem sua participação mediada por partidos que não os representam assim como o governo. As chances de mudança desse cenário não se apresentam de forma clara, pois os que estão “em cima” vetam através de projetos de leis e reformulações dos direitos já conseguidos as possibilidades de modificar esse processo. O que resta a população é tentar, de forma autônoma, reivindicar seus direitos de participação e contrução das questões políticas do país. Modificar o cena política requer uma reflexão crítica sobre os processos que formam a identidade política nacional, buscando retomar as rédias da ação popular daqueles que estão e que sempre estiveram manipulando e controlando o fazer político. REFERÊNCIAS
WEBER, M. Os três tipos puros de dominação. In Coleção Grandes Cientistas
Sociais. São Paulo: Editora Ática, 1990, p. 128-141.
O nascimento do Estado racional. In WEBER, M. Economia e sociedade.
Brasília: UnB, 1999, p. 517-543. Vol. 2.
Partidos e organização partidária. WEBER, M. Economia e sociedade. Brasília:
UnB, 1999, p. 544-560. Vol. 2.
KINZO, Maria D'alva G. A DEMOCRATIZAÇÃO BRASILEIRA: um balanço do
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