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TJCE – PROVA ORAL 2015


(Questões respondidas pelos candidatos do TJRN e
TJPE 2015)

Divisão dos pontos


 Raphael: 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 11, 12, 13, 14

 Maria Cristina / Viviam: 15, 16, 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 25, 26, 27

 Makson: 28, 29, 30, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41

 Silvério: 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 47, 50, 51, 52, 54

 Vládia: 60, 61, 62, 63, 65, 66, 69, 70, 71, 73, 75

 TJPE: 77 (Carla Mandetta), 78 (João Eduardo), 79 (Torricelli), 80 (Augusto


Cezar), 81 (João Paulo), 82 (Viviam), 83 (Tatiana), 84 (Natália), 85 (Marina),
86 (Pablo), 88 (Anastácio), 89 (Marcus Vinicius)

 Juliana: 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 99, 100, 101, 102, 103

 Larissa: 104, 107, 108, 109, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 119

 Breno: 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129

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QUESTÕES POR TEMA


Divisão dos pontos _____________________________________________________ 1
QUESTÕES POR TEMA __________________________________________________ 2
PENAL ______________________________________________________________ 13
1. Princípios constitucionais penais.___________________________________________ 13
2. Aplicação da lei penal. ___________________________________________________ 16
3. Crime. Conceito. Elementos._______________________________________________ 19
4. Tipicidade. Elementos. Causas de exclusão. __________________________________ 20
5. Relação de causalidade. __________________________________________________ 24
6. Consumação, tentativa, crime impossível, desistência voluntária e arrependimento
eficaz. ___________________________________________________________________ 26
7. Arrependimento posterior.________________________________________________ 29
8. Dolo e culpa. ___________________________________________________________ 31
9. Culpabilidade. Pressupostos. Causas de exclusão. _____________________________ 39
11. Coação irresistível e obediência hierárquica. ________________________________ 41
12. Ilicitude. Causas de exclusão. _____________________________________________ 42
13. Imputabilidade penal. ___________________________________________________ 45
14. Concurso de pessoas. ___________________________________________________ 48
15. Penas privativas de liberdade. ____________________________________________ 50
16. Penas restritivas de direitos. _____________________________________________ 54
17. Pena de multa _________________________________________________________ 56
19. Aplicação das penas. ____________________________________________________ 57
20. Concurso de crimes _____________________________________________________ 58
21. Conflito aparente de normas _____________________________________________ 64
25. Livramento Condicional _________________________________________________ 65
28. Medidas de segurança __________________________________________________ 71
29. Ação Penal ____________________________________________________________ 74
30. Extinção da punibilidade _________________________________________________ 75
31. Crimes contra a pessoa __________________________________________________ 85
32. Crimes contra o patrimônio ______________________________________________ 96
34. Crimes contra a dignidade sexual _________________________________________ 102
36. Crimes contra a fé pública ______________________________________________ 104
37. Crimes contra a administração pública ____________________________________ 105
39. Execução penal. _______________________________________________________ 107
44. Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) _______________________________________ 109

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49. Crimes de menor potencial ofensivo. Juizado especial criminal (Lei nº 9.099/95) __ 111
51. Crimes de trânsito (Lei nº 9.503/97) ______________________________________ 113
52. Crimes ambientais (Lei nº 9.605/98) ______________________________________ 115
55. Violência doméstica (Lei nº 11.340/06). ___________________________________ 117
56. A lei antidrogas (Lei nº 11.343/06) ________________________________________ 118
PROCESSO PENAL ____________________________________________________ 125
1. Princípios constitucionais do processo penal. ________________________________ 125
2. Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas. ________ 129
3. Inquérito policial. ______________________________________________________ 131
4. Ação penal: conceito, condições, pressupostos processuais. Ação penal de iniciativa
pública. Titularidade, condições de procedibilidade. Denúncia: forma e conteúdo;
recebimento e rejeição. Ação penal de iniciativa privada: Titularidade. Queixa. Renúncia.
Perdão. Decadência. Perempção. Extinção da punibilidade. ______________________ 134
5 - Ação civil ex delicto. ____________________________________________________ 138
7. Das questões e processos incidentes. ______________________________________ 139
8. Da prova: conceito, princípios básicos, objeto, meios, espécies, ônus, procedimento
probatório, limitações constitucionais das provas, sistemas de apreciação. __________ 140
9. Sujeitos processuais: do juiz, do Ministério Público, do acusado e defensor, dos
assistentes e auxiliares da Justiça. Vítima no processo penal. _____________________ 144
10. Da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória. __________________ 145
12. Das citações e intimações. Forma, lugar e tempo dos atos processuais. __________ 149
13. Processo e procedimento. Pressupostos processuais. Formas procedimentais.
Procedimento comum. Instrução criminal. Procedimento ordinário. Procedimento
sumário. Procedimento sumaríssimo. Juizados Especiais Criminais. Procedimento relativo
ao Tribunal do Júri. Procedimentos especiais, inclusive de leis especiais. ____________ 151
18. Das nulidades. ________________________________________________________ 164
19. Dos recursos em geral: princípios, modalidades, recursos em espécie e fungibilidade.
_______________________________________________________________________ 167
21. Das ações de impugnação. Da revisão criminal. Do habeas corpus. Do mandado de
segurança. Das exceções. Do desaforamento. __________________________________ 173
22. Lei n.º 7.210/84. Da execução das penas em espécie. Dos incidentes da execução
penal. __________________________________________________________________ 182
29. Ação Penal ___________________________________________________________ 191
CIVIL ______________________________________________________________ 193
1. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro; Aplicação da Lei no Tempo e no
Espaço. Interpretação e Integração da Lei. Analogia. Princípios Gerais do Direito e
Equidade. Usos e Costumes. ________________________________________________ 193
2. Das pessoas. Das pessoas naturais. Das pessoas jurídicas. Do domicílio. __________ 199
3. Ausência. Direitos da Personalidade. _______________________________________ 202

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4. Dos bens. Dos bens considerados em si mesmo. Dos bens reciprocamente considerados.
Dos bens públicos. Do bem de família. _______________________________________ 206
5. Dos fatos jurídicos. Do negócio jurídico. Dos atos jurídicos lícitos. Dos atos ilícitos. Da
prescrição e da decadência. Da prova. ________________________________________ 212
6. Do direito das obrigações. Das modalidades das obrigações. Da transmissão das
obrigações. Do adimplemento e extinção das obrigações. Do inadimplemento das
obrigações ______________________________________________________________ 228
7. Dos contratos em geral. Das várias espécies de contrato. Dos atos unilaterais. _____ 239
8. Dos títulos de crédito. ___________________________________________________ 261
9. Da responsabilidade civil em geral. Responsabilidade subjetiva e objetiva. Abuso do
direito. _________________________________________________________________ 263
12. Da posse: aquisição, efeitos, perda. Os interditos possessórios. Usucapião. _______ 269
13. Dos direitos reais. Da propriedade. Do condomínio. Da superfície. Das servidões. Do
usufruto. Do uso. Da habitação. Do direito do promitente comprador. Do penhor, da
hipoteca e da anticrese. ___________________________________________________ 272
14. Do direito de família. Casamento. Do direito pessoal. Do direito patrimonial. Da união
estável. Da tutela e da curatela. _____________________________________________ 287
15. Do direito das sucessões. Da sucessão em geral. Da sucessão legítima. Da sucessão
testamentária. Do inventário e da partilha ____________________________________ 321
17. Legislação Especial: Registros públicos. (Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973). Da
alienação fiduciária (Decreto-Lei nº 911, de 1º de outubro de 1969). Lei nº 9.514, de 20 de
novembro de 1997. Do condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias (Lei nº
4.591, de 16 de dezembro de 1964), Lei nº 10.931, de 2 de agosto de 2004. Do Estatuto do
Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003). Da locação de imóveis urbanos (Lei nº
8.245, de 18 de outubro de 1991). Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11 de
setembro de 1990. _______________________________________________________ 342
EMPRESARIAL _______________________________________________________ 352
1. Do Direito de Empresa. Do Empresário. Da caracterização e da inscrição. Da capacidade.
_______________________________________________________________________ 352
2. Da Sociedade. Disposições gerais. Da sociedade não personificada. Da sociedade em
comum. Da sociedade em conta de participação. Da sociedade personificada. Da
sociedade simples. Da sociedade em nome coletivo. Da sociedade em comandita simples.
Da sociedade limitada. Da sociedade anônima. Da sociedade em comandita por ações. Da
sociedade cooperativa. Das sociedades coligadas. ______________________________ 354
3. Da liquidação da sociedade. Da transformação, da incorporação, da fusão e da cisão das
sociedades. Da sociedade dependente de autorização. __________________________ 372
4. Do Estabelecimento. Disposições gerais. ____________________________________ 379
5. Dos Institutos Complementares: Do registro. Do nome empresarial. Dos prepostos. Da
escrituração. ____________________________________________________________ 383
7. Da Recuperação Judicial, Extrajudicial e a Falência do Empresário e da Sociedade
Empresária (Lei nº 11.101, de 09 de fevereiro de 2005). __________________________ 391
8. Da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Lei Complementar nº 123, de 14 de
dezembro de 2006) _______________________________________________________ 393

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9. Da Letra de Câmbio e da Nota Promissória (Decreto nº 2.044, de 31 de dezembro de


1908, Decreto nº 57.663, de 24 de janeiro de 1966). 10 - Do Cheque (Lei nº 7.357, de 02 de
setembro de 1985). Da Duplicata (Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968). ____________ 395
10. Do Cheque (Lei nº 7.357, de 02 de setembro de 1985). Da Duplicata (Lei nº 5.474, de 18
de julho de 1968). ________________________________________________________ 398
11 - Do Protesto de Títulos (Lei nº 9.492, de 10 de setembro de 1997).______________ 401
12. Dos Títulos de Crédito Comercial (Lei nº 6.840, de 03 de novembro de 1980). _____ 405
CONSUMIDOR ______________________________________________________ 410
1. Do Código de Defesa do Consumidor. Dos direitos do consumidor. Das disposições
gerais. Dos direitos básicos do consumidor. ___________________________________ 410
2. Da qualidade de produtos e serviços. Da preservação e da reparação de danos (da
proteção à saúde e segurança). _____________________________________________ 412
3. Da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço. Da responsabilidade por vício
do produto e do serviço ___________________________________________________ 413
4. Da decadência e da prescrição. ___________________________________________ 416
5. Da desconsideração da personalidade jurídica. _______________________________ 418
6. Das práticas comerciais (das disposições gerais). Da oferta. Da publicidade. Das práticas
abusivas. Da cobrança de dívidas. ___________________________________________ 419
7. Da proteção contratual: disposições gerais. Das cláusulas abusivas. Dos contratos de
adesão. ________________________________________________________________ 426
8. Da defesa do consumidor em juízo. Das disposições do Código de Defesa do
Consumidor relacionadas à defesa do consumidor em juízo. ______________________ 430
10. Das ações de responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços. ___________ 432
12. Da sentença. Da coisa julgada. Da liquidação da sentença coletiva ______________ 435
14. Sanções administrativas e penais: Da competência concorrente. multa, apreensão,
inutilização, cassação de registro, proibição de fabricação, suspensão temporária de
atividade, revogação ou cassação de concessão ou permissão, da interdição. Da
Contrapropaganda. _______________________________________________________ 436
15. O sistema nacional de defesa do consumidor: A política nacional de relações de
consumo – SNDC e PROCON. _______________________________________________ 438
CRIANÇA E ADOLESCENTE _____________________________________________ 440
1. Aspectos Gerais do Direito da Criança e do Adolescente. A proteção da infância no
Brasil. O Direito Penal do menor. Situação irregular. ____________________________ 440
2. O Direito de ser Criança e Adolescente. Retrospectiva Histórica. A proteção integral. O
Princípio do Melhor Interesse da Criança. _____________________________________ 441
3. A Trilogia da Proteção Integral. Aspectos Legais e Constitucionais. Convenção
Internacional sobre os Direitos da Criança - ONU 1989. __________________________ 444
4. Responsabilidade Civil. Danos Causados por Crianças e Adolescentes. ____________ 446
6. Direito Fundamental à Convivência Familiar e Comunitária. Parentesco. Poder Familiar.
Aspectos gerais, constitucionais e legais.______________________________________ 447

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7. Colocação em Família Substituta: Guarda, Tutela e Adoção. Abrigo e alternativas de


acolhimento familiar. _____________________________________________________ 450
8. Direito Fundamental à Educação e Cultura. Fundamentos constitucionais e legais. Os
direitos infanto-juvenis na LDB (Lei nº 11.525/2007). ____________________________ 455
9. O Direito à Profissionalização e a Proteção do Trabalho Urbano e Rural do Adolescente
_______________________________________________________________________ 458
11. A Justiça da Infância e Juventude. Aspectos Processuais e Procedimentos Especiais. O
Ministério Público na Lei nº 8.069/90. Suspensão e perda do poder familiar. Colocação em
família substituta. Apuração de irregularidades nas entidades de atendimento ______ 459
12. A prevenção geral e especial no Estatuto. Formas de controle. A ação civil pública. 461
13. Crimes e Infrações Administrativas contra a Criança e o Adolescente: Código Penal,
Estatuto e Legislação Especial. Aspectos constitucionais e legais . __________________ 463
14. Ato Infracional. Garantias Processuais. Aplicação de Medidas de Proteção e Medidas
Socioeducativas. _________________________________________________________ 465
15. Conselho Tutelar. Fundo da Infância e Adolescência. _________________________ 468
16. Lei nº 12.594/2012. ____________________________________________________ 469
PROCESSO CIVIL _____________________________________________________ 470
1. Teoria Geral do Direito Processual Civil. Normas processuais civis. Fontes do Direito
Processual Civil. Aplicação e interpretação da lei processual civil. Da norma processual no
tempo e no espaço. Código de Organização e Divisão Judiciárias do Estado de
Pernambuco. ____________________________________________________________ 470
2. Da Jurisdição.__________________________________________________________ 472
4. Processo. Conceito. Classificação. Natureza Jurídica. Princípios informativos do processo
civil. Princípios constitucionais do processo civil. As garantias constitucionais do processo
civil. A relação processual. Características da relação processual. Sujeitos da relação
jurídica: Sujeitos principais. Sujeitos secundários. Sujeitos Especiais. Pressupostos
Processuais _____________________________________________________________ 473
5. Das partes e dos procuradores. Da capacidade processual. Legitimação ordinária.
Legitimação extraordinária. A substituição processual. Dos deveres das partes e dos
procuradores. Do litisconsórcio. Da assistência. Da intervenção de terceiros. Da oposição.
Da nomeação à autoria. Da denunciação da lide. Chamamento ao Processo. _________ 479
6. Do procedimento. Procedimento comum ordinário. Procedimento sumário. _______ 496
7. Dos atos processuais. Definição. Características dos atos processuais. Princípios dos
atos processuais. Classificação dos atos processuais. Atos do Juiz. Atos das partes. Atos
dos auxiliares das partes. Atos processuais simples e complexos. Documentação dos atos
processuais. Local da prática dos atos processuais. Da forma dos atos processuais. Tempo
para a prática dos atos processuais. Das comunicações dos atos processuais. Das cartas.
Das citações. Das intimações. Das nulidades. De outros atos processuais. Da distribuição e
do registro. Do valor da causa. Dos prazos. Conceito. Classificação. Princípios. Contagem.
Prazos especiais. Preclusão. Espécies de Preclusão. O juiz: poderes, deveres e
responsabilidades. O Ministério Público e os Auxiliares da justiça. _________________ 496
8. Formação, suspensão e extinção do processo. Do Procedimento ordinário. Petição
inicial: conceito, requisitos. Do pedido: espécies, modificação, cumulação. Causa de pedir.
Dos documentos necessários à propositura da ação. Despacho inicial: objeto, natureza. Do

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julgamento liminar de improcedência das ações repetitivas. Do recurso cabível e seu


procedimento. Da decretação de ofício da prescrição. Emenda da inicial. Do indeferimento
liminar da petição inicial. Do recurso cabível e seu procedimento. Da antecipação dos
efeitos da tutela de mérito. Requisitos. Da fungibilidade entre a tutela antecipada e as
medidas cautelares. ______________________________________________________ 516
9. Da citação. Dos efeitos da citação. Da resposta do réu: contestação, exceções
(incompetência, impedimento e suspeição), reconvenção. Da revelia. Dos efeitos da
revelia. A revelia e os direitos indisponíveis. Da declaração incidente. Dos fatos
impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. Das alegações do réu. ___ 532
10. Do julgamento conforme o estado do processo. Da extinção do processo sem
resolução do mérito. Do julgamento antecipado da lide. Da resolução do mérito. Da
audiência preliminar. Das provas: conceito, modalidades, princípios gerais, objeto, ônus,
procedimentos. Da audiência de instrução e julgamento. Da sentença. Requisitos e efeitos
da sentença. Classificação da sentença. Publicação. Intimação das partes e dos
procuradores. Sentença em audiência e início do prazo recursal. Condenação do devedor
na emissão de declaração de vontade. Coisa julgada. Conceito. Limites objetivos e
subjetivos. Coisa julgada formal e coisa julgada material. Princípio do deduzido e do
dedutível. Reexame da sentença. Liquidação da sentença. _______________________ 539
11. Cumprimento da sentença. Procedimento. Títulos executivos judiciais. Impugnação.
Execução provisória. Competência para o cumprimento da sentença. Cumprimento da
sentença condenatória na indenização por ato ilícito. Ação Rescisória. _____________ 565
12. Recursos. Conceito, fundamentos, princípios, classificação, pressupostos intrínsecos e
extrínsecos de admissibilidade, efeitos, juízo de mérito. Súmula impeditiva do recurso.
Apelação. Agravo. Lei nº 11.187, de 19.10.2005. Embargos infringentes. Embargos de
divergência. Embargos de declaração. Recurso de terceiro prejudicado. Recurso pelo
Ministério Público. Recurso adesivo. Recurso extraordinário. Requisitos. Repercussão
Geral. Recurso Especial. Requisitos. Prova da divergência. Agravo de Instrumento ao STF
ou ao STJ. Recurso Ordinário. Da ordem dos processos no Tribunal. Poderes do relator no
julgamento dos recursos. Hipóteses para a concessão do efeito suspensivo, pelo relator.
_______________________________________________________________________ 579
13. Processo de execução. Princípios. Das partes. Da competência. Dos requisitos
necessários para realizar qualquer execução. Do inadimplemento do devedor. Espécies de
execução. Execução para entrega de coisa certa e incerta. Execução das obrigações de
fazer e não fazer. Da execução Fiscal. Da execução por quantia certa contra devedor
solvente. Da penhora, avaliação e expropriação. Da citação do devedor e da indicação de
bens. Da penhora e do depósito. Da avaliação. Da adjudicação. Da alienação por iniciativa
particular. Da alienação em hasta pública. Do Pagamento ao credor. Da Execução contra a
Fazenda Pública. Da execução da Prestação Alimentícia. Dos embargos do à execução.
Prazos para embargos. Natureza jurídica. Legitimidade e procedimento. Dos embargos à
execução contra a Fazenda Pública. Dos embargos na execução por carta. Da execução por
quantia certa contra devedor insolvente. Da suspensão e extinção do processo. Do
Processo Cautelar. Das disposições gerais. Dos procedimentos cautelares específicos. _ 597
14. Dos procedimentos especiais. Dos Procedimentos Especiais de Jurisdição contenciosa.
Dos procedimentos especiais de jurisdição voluntária ___________________________ 609
15. Juizados Especiais Cíveis (Lei nº 9.099/95). _________________________________ 617
CONSTITUCIONAL ____________________________________________________ 618

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1. Constituição: fontes; conceito; objeto; classificações estrutura Supremacia da


Constituição. Aplicabilidade e interpretação das normas constitucionais. Vigência e
eficácia das normas constitucionais. _________________________________________ 618
2. Poder constituinte. _____________________________________________________ 626
3. Controle de constitucionalidade. Sistemas. Ação direta de inconstitucionalidade. Ação
declaratória de constitucionalidade. Arguição de descumprimento de preceito
fundamental. Ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Efeitos da decisão no
controle abstrato. A fiscalização abstrata no plano estadual. A Fiscalização incidental.
Controle de constitucionalidade das leis municipais. A ação direta de
inconstitucionalidade no âmbito estadual e o problema da norma repetida. _________ 635
4. Estado Federal. ________________________________________________________ 648
5. Princípios fundamentais. ________________________________________________ 654
6. Direitos e garantias fundamentais. Dos direitos e deveres individuais e coletivos.
Tratados e convenções sobre direitos humanos. A razoável duração do processo. Direitos
sociais. Direitos políticos. Partidos políticos. Direitos de nacionalidade. Tutela
constitucional dos direitos e das liberdades. Mandado de segurança, individual e coletivo.
Mandado de Injunção. Habeas corpus. Habeas data. Ação popular. ________________ 660
7. Organização do Estado Brasileiro: União; Estados federados; Municípios; Distrito
Federal e Territórios. Organização político-administrativa. Repartição de competências.
Bens públicos ____________________________________________________________ 666
8. Intervenção nos Estados e nos Municípios. __________________________________ 671
9. Administração pública. Disposições gerais. Servidores públicos. Regime Jurídico dos
Servidores Públicos Civis do Estado do Rio Grande do Norte. _____________________ 676
10. Organização dos Poderes na Constituição Federal. Poder Executivo. Competências,
estrutura e responsabilidade. Ministros de Estado. Poder Legislativo. Imunidade
parlamentar. Processo legislativo. Poder Judiciário. Supremo Tribunal Federal.
Competência. Recurso Extraordinário. Repercussão Geral. Súmula vinculante. Superior
Tribunal de Justiça. Competência. Recurso Especial. Conselho Nacional de Justiça. Dos
Tribunais e Juízes dos Eleitorais. Dos Tribunais e Juízes dos Estados. Direitos e Deveres da
Magistratura. Garantias da magistratura. LOMAN (LC no 35/79). Funções essenciais à
Justiça. Do Ministério Público. Da Advocacia Pública. Da Advocacia e da Defensoria
Pública. ________________________________________________________________ 677
11. Poder Executivo do Estado do Pernambuco. Atribuições e responsabilidades do
Governador e do Prefeito. _________________________________________________ 681
12. Poder Legislativo do Estado do Pernambuco. Imunidade dos deputados estaduais e
dos vereadores. Processo legislativo estadual. Fiscalização contábil, financeira e
orçamentária. Tribunal de Contas do Estado. __________________________________ 688
13. Poder Judiciário do Estado do Pernambuco. Organização Judiciária. Regimento Interno
do Tribunal de Justiça do Estado do Pernambuco. ______________________________ 691
14. Ordem econômica e financeira. Princípios gerais da atividade econômica. Da Política
Urbana. Tributação e orçamento. Do Sistema Tributário Nacional. Das Finanças Públicas.
_______________________________________________________________________ 695
15. Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas. Emenda Constitucional no 45/04
– Reforma do Judiciário. Emendas Constitucionais. _____________________________ 700
ADMINISTRATIVO ___________________________________________________ 704

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1. Origens, objeto e conceito do Direito Administrativo. _________________________ 704


2. Função administrativa. Regime jurídico administrativo. Aplicação do regime jurídico
administrativo a entidades da Administração Indireta, entidades de colaboração e
particulares. _____________________________________________________________ 707
3. Poderes da Administração. Poder normativo e regulamentar. Poder de polícia. Poder
discricionário. Poder hierárquico. ___________________________________________ 710
4. Princípios da Administração Pública _______________________________________ 713
5. Organização Administrativa. Descentralização. Desconcentração. Órgãos públicos. _ 715
6. Entidades da Administração Indireta e seu regime jurídico. Entidades de colaboração e
seu regime jurídico. _______________________________________________________ 717
7. Improbidade administrativa (Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992) _______________ 718
8. Ato administrativo. _____________________________________________________ 722
9. Processo administrativo (Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999). ________________ 726
10. Licitações e contratos administrativos (Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993). ____ 729
11. Convênios e consórcios administrativos. ___________________________________ 731
12. Serviços públicos: caracterização, titularidade, regime jurídico e delegação a
particulares. _____________________________________________________________ 732
13. Intervenção do Estado no domínio econômico. Exercício de atividade econômica pelo
Estado. Regulação. _______________________________________________________ 735
14. Intervenção do Estado sobre a propriedade privada. _________________________ 739
15. Bens públicos: caracterização, titularidade, regime jurídico, aquisição, alienação e
utilização dos bens públicos pelos particulares. ________________________________ 741
16. Agentes públicos. Cargos, empregos e funções públicas. Regime constitucional e legal.
Responsabilidade dos agentes públicos. Regime previdenciário dos agentes públicos. Lei
Estadual nº 6.123, de 20 de julho de 1968 e alterações. Lei Estadual nº 28, de 14 de janeiro
de 2000 e alterações. _____________________________________________________ 742
17. Responsabilidade extracontratual do Estado. _______________________________ 746
18. Controle administrativo, legislativo e judicial da Administração. Acesso à informação
pública pelo cidadão. Combate à corrupção na Administração Pública. _____________ 751
19. Mandado de Segurança individual. Mandado de Segurança Coletivo. Ação Popular.
Ação Civil Pública. Mandado de Injunção. Habeas Data. _________________________ 756
20. Prescrição e decadência nas relações jurídicas envolvendo a Administração. ______ 759
21. A reforma do Estado: disciplina e efeitos. Formas de parceria com a iniciativa privada.
Parceria Público-Privada. Terceirização. Fomento. Consórcios Públicos. _____________ 760
22. Infrações e sanções administrativas. ______________________________________ 761
TRIBUTÁRIO ________________________________________________________ 765
2. Sistema Tributário Nacional. Princípios constitucionais tributários. Competência
legislativa e Competência Tributária. Limitações da competência tributária. Discriminação,
repartição, destinação e vinculação constitucional da receita tributária. Fundos de
participação. ____________________________________________________________ 765

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P á g i n a | 10

3. Fontes do direito tributário. Hierarquia das normas. Vigência e aplicação da legislação


tributária no tempo e no espaço. Legislação tributária. Conceitos. Lei ordinária e lei
complementar, Lei Delegada, Decretos Legislativos, Resoluções do Senado, Atos
Normativos de Autoridade Administrativa, Decretos e Despachos Normativos do
Executivo, Resoluções Administrativas, Portarias, Decisões Administrativas e Consultas.
Matérias reservadas à previsão por Lei Complementar. Medida provisória. Tratados e
convenções internacionais. Convênios do CONFAZ. _____________________________ 768
5. Obrigação tributária. Obrigação principal e acessória. Fato Gerador: ocorrência,
aspectos materiais, temporal e espacial. Elementos valorativos: base de cálculo e alíquota.
Efeitos, consequências, validade e invalidade dos atos jurídicos. Sujeito ativo e passivo da
obrigação tributária: contribuinte e responsável. Solidariedade. A imposição tributária e
as convenções particulares. Capacidade tributária. Domicílio tributário. Fato gerador.
Hipótese de Incidência: noção, aspectos. _____________________________________ 771
6. Decadência e Prescrição em matéria tributária (prescrição intercorrente judicial e
administrativa). __________________________________________________________ 772
7. Responsabilidade tributária: sucessores, terceiros, responsabilidade por infrações,
responsabilidade pessoal. Responsabilidade supletiva. Substituição tributária. Pagamento
indevido: Compensação e Repetição de Indébito. ______________________________ 774
8. Crédito tributário: constituição, lançamento, natureza jurídica. Caráter vinculado da
atividade de lançamento, efeitos e modalidades. Suspensão, extinção e exclusão do
crédito tributário. Garantias e privilégios do crédito tributário. ___________________ 775
9. Tributos. Conceito. Natureza jurídica. Classificação: impostos, taxas, contribuições de
melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições sociais. Contribuições: espécies e
natureza jurídica. Pedágio. Tributação dos ganhos de capital: tendências do sistema e seus
fundamentos. Tributação sobre o valor agregado: tendências do sistema e seus
fundamentos. ___________________________________________________________ 778
10. Administração tributária: fiscalização, sigilo, auxílio da força pública, excesso de
exação. Dívida ativa: inscrição, presunção de certeza e de liquidez e consectários.
Certidões. Fiscalização. Arrecadação _________________________________________ 784
11. Processo administrativo fiscal: consulta, contencioso administrativo. Processo judicial
Tributário. Ações de iniciativa do fisco: execução fiscal, cautelar fiscal. Ações de iniciativa
do contribuinte: anulatória do débito fiscal, declaratória, de consignação em pagamento,
de repetição de indébito, mandado de segurança. ______________________________ 789
12. Tributação internacional. Acordos para evitar a dupla tributação. Aspectos tributários
da OMC, MERCOSUL, ALADI e ALCA. Incentivos fiscais. Legislação. Análise crítica do
sistema e de seus reflexos no desenvolvimento do País. Evasão e elisão tributárias. ___ 793
14. Ilícito tributário. Ilícito e sanção. Ilícito administrativo tributário. Ilícito penal
tributário: crimes contra a ordem tributária, apropriação indébita. Sanção administrativa
e sanção penal. Responsabilidade penal. Sanções pessoais e patrimoniais. __________ 794
15. Sistema integrado de pagamento de impostos e contribuições das microempresas e
das empresas de pequeno porte (Lei Complementar nº 123/2006). ________________ 794
AMBIENTAL ________________________________________________________ 796
1. Meio Ambiente. Teoria Geral do Direito ambiental. Conceito. Natureza. Fontes e
Princípios. ______________________________________________________________ 796
3. Direito Ambiental Constitucional. O artigo 225 da Constituição Federal. Competências
legislativa e material em matéria ambiental. Lei Complementar no 140/2011. _______ 798

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4. Bens Ambientais. Águas, cavidades naturais subterrâneas. Energia. Espaços territoriais


protegidos e seus componentes: Fauna, Flora, Florestas, Ilhas, Paisagem, Mar Territorial,
Praias fluviais, Praias marítimas. Recursos naturais da plataforma continental. Recursos da
zona econômica exclusiva. Sítios arqueológicos e pré-históricos ___________________ 798
5. Política Nacional do Meio Ambiente. Princípios da PNMA. Objeto. Finalidade.
Instrumentos da PNMA. ___________________________________________________ 800
6. SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente. Objeto. Órgãos integrantes. Órgão
Superior. Conselho de Governo. _____________________________________________ 807
7. Órgão Consultivo e Deliberativo (CONAMA). Órgão Central – Ministério do Meio
Ambiente. Recursos Hídricos e Amazônia legal. Órgão executor – IBAMA. Órgãos Setoriais.
Órgãos Seccionais e órgãos locais. Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA).
Licenciamento Ambiental. Sistema de Licenciamento. ___________________________ 808
9. Conceito jurídico de impacto ambiental. Exigência Constitucional dos Estudos de
Impacto Ambiental. O EIA na legislação nacional. Competência Legislativa sobre o EIA.
Competência para exigir o EIA. Estados e Municípios. Competência do CONAMA para
estabelecer as diretrizes sobre o EIA. Normas Gerais. Conteúdo do EIA. RIMA. Audiência
Pública. As licitações e o EIA. _______________________________________________ 812
10. Conceito de Zoneamento Ambiental. Finalidade. Natureza jurídica. Zoneamento
Ambiental Urbano. Zonas de Uso Industrial – ZUI. Zonas de Uso Estritamente Industrial –
ZUEI. Zona de Uso Predominantemente Industrial – ZUPI. Zona de Uso Diversificado –
ZUD. Zoneamento Ambiental Agrícola e Zoneamento Ambiental Costeiro. __________ 813
11. O Dano Ambiental. Apuração do Dano Ambiental. Reparação do Dano Ambiental.
Responsabilidade Administrativa, Civil e Penal por danos ao Meio Ambiente. Infrações
Administrativas Ambientais. Sanções para as infrações administrativas ambientais. O
Poder de Polícia e Direito Ambiental _________________________________________ 814
12. Meios processuais para a defesa ambiental. Ação Popular. Ação Civil Pública (Lei no
7.347/85). Competência para o processamento e julgamento das ações civis públicas por
danos ao meio ambiente. Legitimidade ativa. Mandado de Segurança Coletivo.
Desapropriação. Tombamento. A tutela inibitória em matéria de proteção ao meio
ambiente. A tutela de urgência no direito ambiental. O acesso coletivo à tutela
jurisdicional em matéria ambiental. _________________________________________ 816
13. Crimes contra o meio ambiente (Lei nº 9.605/98). Responsabilidade penal ambiental.
Responsabilidade penal da pessoa jurídica. Ação e processo penal. Competência para
julgar os crimes contra o meio ambiente. Crimes contra a fauna. Crimes contra a flora.
Crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural. Crimes de poluição. ____ 817
14. O Direito Ambiental Internacional. Conceito. Fontes do Direito ambiental
internacional. Princípios gerais do direito ambiental internacional. MERCOSUL e Direito
Ambiental Internacional. Procedimentos administrativos de prevenção de dano ambiental
nacional transfronteiriço. As Organizações Não-Governamentais. ONGs. ____________ 818
15. Conceito de Poluição. Poluição das águas. Poluição Atmosférica. Poluição por resíduos
sólidos. Poluição por rejeitos perigosos. Poluição por agrotóxicos. Poluição sonora. Áreas
de Preservação Permanente e Unidades de Conservação: Fundamento Constitucional.
Mudança do Clima e Mercado de Carbono. ____________________________________ 818
ELEITORAL _________________________________________________________ 822

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1. Dos órgãos da Justiça Eleitoral. Do Tribunal Superior Eleitoral. Dos Tribunais Regionais
Eleitorais. Dos Juízes Eleitorais. Das Juntas Eleitorais. Composição e atribuições. Do
Ministério Público Eleitoral. ________________________________________________ 822
2. Do Alistamento Eleitoral: ato e efeitos da inscrição, transferência e encerramento.
Cancelamento e exclusão do eleitor. Do domicílio eleitoral. ______________________ 822
3. Do Sistema Eleitoral: Sistema Majoritário e Sistema Proporcional. _______________ 824
4. Do registro de candidatos. Elegibilidade e inelegibilidade. Impugnação de registro de
candidatos. _____________________________________________________________ 825
5. Da votação: atos preparatórios, início e encerramento. Dos lugares de votação, das
seções eleitorais e das mesas receptoras. Da polícia e da fiscalização perante as mesas
receptoras. Da apuração. __________________________________________________ 826
6. Das impugnações perante as juntas eleitorais. Da proclamação e da diplomação dos
eleitos. _________________________________________________________________ 827
7. Dos recursos eleitorais. Pressupostos de admissibilidade. Efeitos e prazos. Recursos
perante as Juntas e Juízos Eleitorais e Tribunais Regionais. _______________________ 828
8. Dos partidos políticos: registro e funcionamento partidário. Da filiação partidária. Das
finanças e contabilidade dos partidos. Prestação de contas _______________________ 830
10. Da ação de impugnação de mandato eletivo. Da investigação judicial eleitoral. Do
Mandado de Segurança. ___________________________________________________ 831
11. Dos crimes eleitorais. Conceito, natureza e classificação. Tipos previstos na legislação
eleitoral. _______________________________________________________________ 832
12. Do Processo Penal Eleitoral. Investigação criminal eleitoral. Ação Penal. Competência
em matéria criminal eleitoral. Rito processual penal eleitoral. Invalidação e nulidade de
atos eleitorais. ___________________________________________________________ 832
13. Lei nº 9.504, de 30.9.97 (Lei das Eleições). __________________________________ 833
14. Condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas Eleitorais. ______________ 833

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PENAL
* O examinador dessa matéria foi Dr. Vico Mañas

1. Princípios constitucionais penais.


[TJCE]. Princípios constitucionais penais, quais são os explícitos?
Os princípios constitucionais servem de orientação para a produção legislativa
ordinária, atuando como garantias diretas e imediatas aos cidadãos, funcionando
como critério de interpretação e integração do texto constitucional. Nesse sentido
podemos destacar como princípios constitucionais explícitos os seguintes
responsabilidade pessoal, legalidade, anterioridade e individualização da pena.

Na obra de Nucci percebemos uma distinção entre princípios constitucionais


explícitos e implícitos:

OBS:O esquema é resumido e limitei a trasncrever os dispositivos que se referem aos


princípios constitucionais explícitos. Quanto aos implícitos só coloquei quais são.

A - Explícitos: B - Implícitos:

1) Legalidade (ou reserva legal) - Art 5° , 1) Inervenção Mínima e princípios paralelos e


XXXIX da CF - - não há crime sem lei anterior corolários da subsidiariedade, fragmentaridade
que o defina, nem pena sem prévia cominação e ofensividade.
legal;
2) Taxatividade
2) Anterioridade - Art 5° , XXXIX da CF - não
há crime sem lei anterior que o defina, nem pena 3) Proporcionalidade
sem prévia cominação legal;
4) Vedação da Dupla Punição pelo mesmo fato
3) Retroatividade da Lei penal mais benéfica -
Art 5°, XL da CF - a lei penal não retroagirá, 5) Culpabilidade
salvo para beneficiar o réu;

4) Humanidade - XLVII - não haverá penas: (a)


de morte, salvo em caso de guerra declarada,
nos termos do art. 84, XIX; (b) de caráter
perpétuo; (c) de trabalhos forçados; (d) de
banimento; (e) cruéis; XLIX - É assegurado aos
presos o respeito a integridade física e moral;

5) Personalidade ou da responsabilidade pessoal


-Art. 5°, XLV da CF - nenhuma pena passará da
pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido;

6) Individualização da Pena - Art 5°, XLVI da


CF- a lei regulará a individualização da pena e
adotará, entre outras, as seguintes:

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[TJCE]. Legalidade e reserva legal são a mesma coisa?


NÃO. A legalidade é mais ampla.

MASSON, 2015 - De fato, se tais denominações fossem sinônimas não existiria


razão para o texto constitucional utilizar dois incisos do seu art. 5.º para se referir ao
mesmo princípio. Em verdade, no inc. II encontra-se o princípio da legalidade
(“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei”), enquanto no inc. XXXIX repousa o princípio da reserva legal, atribuindo à
lei em sentido estrito o monopólio na criação de crimes e na cominação das penas.

A doutrina consagrou, corretamente, as expressões reserva legal e estrita legalidade,


pois somente se admite lei em sentido material (matéria constitucionalmente
reservada à lei) e formal (lei editada em consonância com o processo legislativo
previsto na Constituição Federal). Contudo, o termo legalidade (SOMENTE) não é
correto, pois nele se enquadram quaisquer das espécies normativas elencadas pelo
art. 59 da Constituição Federal, e não apenas a lei.

[TJCE]. Princípio da jurisdicionalidade - o que é?


MASSON, 2015 - Ferrajoli assenta seu sistema garantista (também chamado de
cognitivo ou de legalidade estrita) em dez axiomas ou princípios axiológicos
fundamentais, dentre eles Nulla culpa sine judicio (princípio da
jurisdicionalidade).

Para deixar nítido o entendimento deste principio o Professor Aury Lopes Júnior,
com genialidade que lhe é peculiar apresenta a seguinte observação:

“A garantia da jurisdicionalidade deve ser vista no contexto das garantias orgânicas


da magistratura, de modo a orientar a inserção do juiz no marco institucional da
independência, pressuposto da imparcialidade, que deverá orientar sua relação com
as partes no processo. Ademais, o acesso à jurisdição é premissa material e lógica
para a efetividade dos direitos fundamentais. (Direito Processual Penal, 10ª ed. p.
164-165)

Fica evidente que o juiz deve absorver os inocentes e apresentar a pena aos
considerados “culpados” sempre de forma adequada e proporcional, com a
observância da tripla função punitiva:

1- Prevenção geral: está presente antes da prática da infração penal, reparem nos
tipos penais incriminadores em abstrato.

2- Prevenção Especial: é a retribuição ao réu pelo mal que causou.

3- Reeducação: a pena deve buscar a reinserção do condenado ao convívio social.

Para a aplicação da pena torna-se imprescindível a atuação de um “Poder livre” com


representantes que atuarão de maneira imparcial. É neste ponto que se faz necessário
a presença do Magistrado com todas suas garantias.

[TJCE]. O que é o instituto da reincidência? O que o STF decidiu sobre


reincidência?

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MASSON, 2015 - Em conformidade com o art. 63 do Código Penal: “Verifica-se a


reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a
sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior”.

Cuida-se, assim, da prática de novo crime depois da condenação definitiva, no Brasil


ou no exterior, pela prática de crime anterior.

O que o STF decidiu recentemente: A teor do disposto no art. 67 do Código Penal,


a circunstância agravante da reincidência, como preponderante, prevalece sobre a
confissão (STF. 2ª Turma. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
18/03/2014)

[TJCE]. O princípio da intervenção mínima decorre de qual princípio


constitucional?
MASSON, 2015 - No campo penal, o princípio da reserva legal não basta para
salvaguardar o indivíduo. O Estado, respeitada a prévia legalidade dos delitos e das
penas, pode criar tipos penais iníquos e instituir penas vexatórias à dignidade da
pessoa humana.

Assim, é (...) legítima a intervenção penal apenas quando a criminalização de um fato


se constitui meio indispensável para a proteção de determinado bem ou interesse, não
podendo ser tutelado por outros ramos do ordenamento jurídico. E, nesse contexto,
já decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

A missão do Direito Penal moderno consiste em tutelar os bens jurídicos mais relevantes.
Em decorrência disso, a intervenção penal deve ter o caráter fragmentário, protegendo
apenas os bens jurídicos mais importantes e em casos de lesões de maior gravidade.

[TJCE]. Qual o conteúdo político do princípio da intervenção mínima?


Creio que seja o chamado direito penal mínimo.

MASSON, 2015 - A intervenção mínima tem como destinatários principais o


legislador e o intérprete do Direito. Àquele, recomenda moderação no momento de
eleger as condutas dignas de proteção penal, abstendo-se de incriminar qualquer
comportamento. Somente deverão ser castigados aqueles que não puderem ser
contidos por outros ramos do Direito. Como enfatiza Claus Roxin, “é evidente que
nada favorece tanto a criminalidade como a penalização de qualquer bagatela”.

Mas não é só. Ao operador do Direito exige não proceder à operação de tipicidade
quando constatar que a pendência pode ser satisfatoriamente resolvida com a atuação
de outros ramos do sistema jurídico, em que pese a criação, pelo legislador, do tipo
penal incriminador.

É utilizado para amparar a corrente do direito penal mínimo. Vale ressaltar, contudo,
que a compreensão daquilo que se entende por intervenção mínima varia de acordo
com as correntes penais e com a interpretação dos operadores do Direito.

[TJCE]. Princípio da proporcionalidade deriva de outro princípio ou tem expressão


constitucional? Esse princípio vincula apenas o juiz, ou também o legislador? Se o
legislador desrespeitar esse princípio?
O princípio da proporcionalidade tem expressão constitucional, sendo considerado
princípio implícito.

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MASSON, 2015 - (...) possui três destinatários: o legislador (proporcionalidade


abstrata), o juiz da ação penal (proporcionalidade concreta), e os órgãos da execução
penal (proporcionalidade executória).

Na proporcionalidade abstrata (ou legislativa), são eleitas as penas mais


apropriadas para cada infração penal (seleção qualitativa), bem como as respectivas
graduações – mínimo e máximo (seleção quantitativa). Na proporcionalidade
concreta (ou judicial), orienta-se o magistrado no julgamento da ação penal,
promovendo a individualização da pena adequada ao caso concreto. Finalmente, na
individualização executória (ou administrativa) incidem regras inerentes ao
cumprimento da pena, levando-se em conta as condições pessoais e o mérito do
condenado.

Desrespeito ao princípio: responderia caber controle de constitucionalidade, em


razão da forca normativo dos princípios. Aliás, recentemente (2015) tivemos decisão
do STJ (não foi do STF) declarando inconstitucional o preceito secundário de uma
pena.

A Corte Especial do STJ, ao apreciar um habeas corpus, decidiu que o preceito


secundário do art. 273, § 1º-B, inciso V, do CP é inconstitucional por ofensa aos
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. AI no HC 239.363-PR, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/2/2015, DJe 10/4/2015 (Info 559).

2. Aplicação da lei penal.


[TJCE]. Qual é o juízo competente para a aplicação da lei penal mais benigna? É
possível na revisão criminal?
Raphael. Se o processo já se encontrar sentenciado, e na fase executória, a
competência será do juízo das execuções. Em se tratando de processo em curso, quem
aplicará é o juiz de primeiro grau ou o de segundo grau, conforme o caso. Creio que
não seja possível na revisão criminal porque esta pressupõe erro judicial, e não
retroação de lei. De todo caso, o condenado não será prejudicado, haja vista a
possibilidade de o juízo da execução proceder de tal forma.

Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:

I – quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à


evidência dos autos;

II – quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos


comprovadamente falsos;

III – quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado


ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

[TJCE]. Qual a teoria adotada para o tempo do crime? O resultado repercute?


A doutrina aponta 3 teorias para explicar o momento do crime. São elas, a saber:
teoria da atividade, teoria do resultado e teoria da ubiquidade ou mista.

A teoria da atividade considera que o crime foi praticado no momento da conduta


comissiva ou omissiva.

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Já a teoria do resultado reputa que o crime é perpetrado no momento da produção do


resultado.

Por fim, a teoria da ubiquidade ou mista considera o crime praticado no momento da


conduta e no momento do resultado.

Segundo o aplaudido Prof. Fernando Capez, nosso Código Penal, quanto ao momento
do crime, abraçou a teoria da atividade, que tem como consequência primordial a
imputabilidade do agente que deve ser aferida no exato momento da prática do delito,
pouco importando a data em que o resultado venha se efetivar (CAPEZ, Fernando.
Curso de direito penal - parte geral. Volume I. 11ª Edição rev. e atual. - São Paulo:
Saraiva, 2007, p. 67).

[TJCE]. E quanto ao lugar do crime?


Da leitura do citado artigo 6º, do CP, depreende-se que foi adotada a Teoria da
Ubiquidade pelo nosso diploma penal.

Ainda assim há que se atentar para o fato de que essa teoria, trazida pelo CP, somente
se aplica aos chamados crimes à distância, isto é, aqueles em que a conduta criminosa
é praticada em um país, e o resultado vêm a ser produzido em outro.

Cuidado: ao contrário do que enganosamente possa parecer, crimes à distancia não


são os delitos que ocorrem em diversas comarcas. Exige-se, necessariamente,
pluralidade de países.

Desta feita, a regra do artigo 6º, do CP, aplica-se a situações em que a prática do
crime começa em um país e termina em outro. Vale dizer, pode a ação criminosa
começar no Brasil e terminar em outro; ou começar em outro país e terminar no
Brasil.

A título de exemplo, imagina-se a clássica hipótese em que o agente desfere dois tiros
na vítima em solo brasileiro, sendo que esta atravessa a Ponte da Amizade e vem a
falecer no Paraguai.

A adoção da Teoria da Ubiquidade implica o entendimento de que o lugar do crime


tanto pode ser o Brasil, como o Paraguai.

[TJCE]. Como se conta o prazo penal? Adota-se qual calendário? Considera-se os


dias?
O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas
restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

[TJCE]. Qual a natureza do prazo de decadência?


A decadência, em se tratando de direito criminal, consiste na perda do direito de ação,
pelo ofendido, ante sua inércia, em razão do decurso de certo tempo fixado em lei. A
consequência do reconhecimento da decadência é a extinção da punibilidade, nos
termos do artigo 107, inciso IV, segunda figura, do Código Penal.

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Para CAPEZ, “a decadência está elencada como causa de extinção da punibilidade,


mas, na verdade, o que ela extingue é o direito de dar início a persecução penal em
juízo. O ofendido perde o direito de promover a ação e provocar a prestação
jurisdicional e o Estado não tem como satisfazer seu direito de punir”. E continua
afirmando que “a decadência não atinge diretamente o direito de punir, pois este
pertence ao Estado e não ao ofendido; ela extingue apenas o direito de promover a
ação ou de oferecer a representação” (p. 569).

Ainda sobre o prazo decadencial, sua natureza é peremptória (art. 182 CPC), ou
seja, é fatal e improrrogável e não está sujeito a interrupção ou suspensão. Assim,
esse lapso temporal não pode ser dilatado (a pedido do ofendido ou do Ministério
Público) e não prorroga para dia útil (caso termine em final de semana ou feriado).
Ao contrário do prazo prescricional, não há causas interruptivas ou suspensivas na
decadência.

[TJCE]. Qual a natureza do prazo de prescrição?


A prescrição é causa de extinção da punibilidade prevista no art. 107, IV, 1.ª figura,
do Código Penal.

A infração penal por ela atingida, portanto, permanece íntegra e inabalável.


Desaparece tão somente a punibilidade, compreendida como consequência, e não
como elemento de um crime ou de uma contravenção penal

[TJCE]. Qual a natureza do prazo de SURSI?


Causa extintiva da pena. Expirado o período de prova sem que tenha havido a
revogação da suspensão condicional da pena, considera-se extinta a sanção privativa
de liberdade aplicada, conforme art. 82 do CP. A extinção opera-se de pleno direito,
independentemente de expressa declaração judicial.

Se o período de prova termina sem que haja ocorrido motivo para a revogação, não
mais se executa a pena privativa de liberdade, art. 82. Assim, expirado o prazo de
suspensão ou de prorrogação, sem que tenha havido motivo para a revogação o juiz
deve declarar extinta a pena privativa de liberdade. Trata-se de sentença declaratória
da extinção parcial da punibilidade, não de natureza constitutiva. Em face disso, a
extinção da pena ocorre na data do termino do período de prova e não na em que o
juiz profere a decisão, ainda que seja muito tempo depois.

Ocorrido o termino deverá o juiz declarar a extinção. Se não o fizer, já que a extinção
independe de despacho judicial, a pena estará igualmente extinta.

Uma vez extinta a pena pelo decurso do prazo, ainda que se venha a constatar que o
beneficiário não fazia jus ao período de prova obtido, não será revogável a suspensão.

[TJCE]. O que é princípio da taxatividade? Como se deve interpretar as normas


penais?
O princípio da taxatividade implica que as condutas típicas, merecedoras de punição,
devem ser claras e bem elaboradas. Os tipos penais não podem ser dúbios e
repletos de termos valorativos, pois isto poderia dar ensejo ao abuso do Estado.
Princípio dirigido ao legislador.

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Espécies de Interpretação

Declaratória Extensiva Restritiva

O intérprete não amplia nem A lei disse menos do que A lei disse mais do que
restringe o conteúdo da lei, desejava, por isso amplia-se desejava, por isso restringe-
mas apenas declara a sua o seu alcance, buscando se o seu alcance, buscando
vontade. amoldar-se a real vontade do amoldar-se a real vontade do
legislador. legislador.
Ex: Art. 141, III do CP –
“várias pessoas” significam Ex: Art. 157, §2º, I do CP – Ex: Art. 28, II do CP –
pelo menos 3 pessoas. “arma” compreende não só quando se diz que a
instrumentos bélicos, mas embriaguez, voluntária ou
quaisquer artefatos aptos a culposa, não extingue a
causar danos à integridade culpabilidade, não está se
física do ser humano. referindo à embriaguez
patológica.

A interpretação de uma norma não depende de ela ser benéfica ou não ao réu, pois
em ambos os casos quaisquer espécies interpretativas podem ser utilizadas. Por
exemplo, segundo a doutrina e a jurisprudência majoritária, não há problema em
utilizarmos a interpretação extensiva contra o réu, pois o que se veda é a analogia in
malam partem.

Para se chegar a real vontade do legislador, o intérprete deverá agir de acordo com o
princípio da proporcionalidade e da razoabilidade, sob pena de chegarmos a
interpretações arbitrárias, como na hipótese de aplicarmos a majoração do crime de
roubo pelo emprego de arma na hipótese o agente possuir unhas grandes.

[TJCE]. É possível combinação de leis penais? Qual a razão jurídica para isso? O
que a súmula do STJ inovou na nova lei de drogas, na combinação de eis?
NÃO. Não se admite combinações de leis, nem mesmo para beneficiar o réu, a
combinação de dispositivos de leis diversas, criando uma terceira norma (lex tertia)
não estabelecida pelo legislador, sob pena de violação aos princípios da legalidade,
da anterioridade da lei penal (art. 1º do Código Penal) e da separação de poderes. A
matéria se encontra sumulada.

Súmula 501 do STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/2006, desde que o
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do
que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis”.

3. Crime. Conceito. Elementos.


[TJCE]. Qual a definição de crime e seus elementos?
a) Material (substancial): refere-se ao conteúdo do ilícito penal, com análise da
conduta danosa e sua consequência social. Nesse sentido, crime é o comportamento
humano que causa lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico.

b) Formal (formal sintético): conceito sob o aspecto da contradição do fato à norma


penal, ou seja, é toda a conduta (ação ou omissão) proibida por lei sob ameaça de
pena.

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c) Analítico (dogmático ou formal analítico): enfoca os elementos ou requisitos do


crime. O delito é concebido como conduta típica, antijurídica e culpável (conceito
tripartido), ou apenas como conduta típica e antijurídica (conceito bipartido).

[TJCE]. A punibilidade é elementar ou não do crime? O que são causas de exclusão


da punibilidade?
Entende Rogério Sanches, que a base de entendimento para a punibilidade está
voltada para uma consequência do crime, ou seja, existindo a punibilidade, significa
dizer que um crime aconteceu, todavia inexistindo este elemento ou de alguma forma
extinguindo-se o critério de fato ou autor punível, em nada quer dizer que o crime
deixou também de existir.

A punibilidade vem como resultado da responsabilidade penal do réu pelo crime que
cometeu, dela decorre o direito de o Estado fazer cumprir a pena. “A punição é a
consequência natural da realização da ação típica, antijurídica e culpável. Porém,
após a prática do fato delituoso podem ocorrer as chamadas causas extintivas, que
impedem a aplicação ou execução da sanção respectiva.” (BITENCOURT, Cezar
Roberto. Código Penal Anotado, 2.ª Ed., Editora Revista dos Tribunais, pág. 394,
1999).

Em corolário a isso, a extinção da punibilidade resulta na supressão do direito do


Estado de impor a pena, não havendo como ele querer vê-la cumprida. As
circunstâncias mais relevantes para tanto estão condensadas no artigo 107 do Código
Penal, mas a legislação pode criar outras.

[TJCE]. É correto dizer que, para a teoria finalista, a culpabilidade não é elemento
do crime?
A teoria finalista possui duas vertentes. Prevalece no Brasi a teoria tripartite finalista,
cuja culpabilidade faz parte do tipo. Para a teoria bipartite, a culpabilidade não integra
a estrutura do crime. A culpabilidade não é substrato do crime, mas sim um juízo de
censura, pressuposto de aplicação da pena.

[TJCE]. Quem criou o princípio da adequação social? Casos que foi reconhecida a
exclusão da culpabilidade por adequação social? Admissão da inexigibilidade de
conduta diversa.
De acordo com esse princípio, não pode ser considerado criminoso o comportamento
humano que, embora tipificado em lei, não afrontar o sentimento social de Justiça. É
o caso, exemplificativamente, dos trotes acadêmicos moderados e da circuncisão
realizada pelos judeus.

Advirta-se, porém, que a autorização legal para o exercício de determinada profissão


não implica, automaticamente, na adequação social dos crimes praticados em seu
bojo. Já decidiu o Superior Tribunal de Justiça que, em crime de descaminho
praticado por camelô, a existência de lei regulamentando tal atividade não conduz ao
reconhecimento de que o descaminho é socialmente aceitável.

Adequação social está relacionada a tipicidade. Exigibilidade de contuda diversa se


relaciona com culpabilidade.

4. Tipicidade. Elementos. Causas de exclusão.

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[TJCE]. O que é tipicidade objetiva e subjetiva?


- Tipicidade objetiva: 1 - conduta humana / 2 - resultado naturalístico / 3 - nexo de
causalidade / 4 - adequação típica

- Tipicidade subjetiva: Dolo e culpa

[TJCE]. Falar da tipicidade Formal. O juízo de tipicidade formal admite alguma


valoração?
Tipicidade formal é o juízo de subsunção entre a conduta praticada pelo agente no
mundo real e o modelo descrito pelo tipo penal (“adequação ao catálogo”).

É a operação pela qual se analisa se o fato praticado pelo agente encontra


correspondência em uma conduta prevista em lei como crime ou contravenção penal.
A conduta de matar alguém tem amparo no art. 121 do Código Penal. Há, portanto,
tipicidade entre tal conduta e a lei penal.

Creio que não se admita valoração.

[TJCE]. O que é tipicidade material? Critérios de exclusão da tipicidade material?


Adequação social? Admitida essa hipótese, o que seria excluída?
A tipicidade, elemento do fato típico, divide-se em formal e material.

De seu turno, tipicidade material (ou substancial) é a lesão ou perigo de lesão ao


bem jurídico penalmente tutelado em razão da prática da conduta legalmente descrita.
Atualmente, segundo predomina na doutrina penal e na jurisprudência do STF e STJ,
para que ocorra o fato típico não basta a adequação típica legal (aspecto formal/legal
da tipicidade), devendo ainda ser analisada a tipicidade em seu aspecto material
consistente na valoração da conduta e do resultado. Ou seja: TIPICIDADE =
tipicidade formal + tipicidade material. Segundo o STF, "O Direito Penal não se deve
ocupar de condutas que produzam resultado, cujo desvalor – por não importar em
lesão significativa a bens jurídicos relevantes – não represente, por isso mesmo,
prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da
própria ordem social" (HC 84.412).

Exemplo: 'A', com intenção de matar, desfere uma facada no coração de 'B',
resultando em ferimentos que o levaram à morte. Esse fato (matar alguém
dolosamente) se amolda ao art. 121 do CP (tipicidade formal); a conduta criou um
risco proibido e se materializou em lesão ao bem jurídico vida (tipicidade material).

"A tipicidade material surgiu para limitar a larga abrangência formal dos tipos penais,
impondo que, além da adequação formal, a conduta do agente gere também relevante
lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico tutelado"
(Magistratura/MG/2009); "O princípio da insignificância revela uma hipótese
de a tipicidade material da conduta" (Delegado de Polícia/RJ/2009); "A
tipicidade material do fato depende, dentre outros requisitos, da existência de
resultado jurídico relevante e da imputação objetiva da conduta"
(Promotor/MPG0/2010).

A adequação social exclui a tipicidade MATERIAL.

[TJCE]. Quais os princípios que norteiam a tipicidade material? O que é o princípio


da lesividade e da subsidiariedade? O que é o princípio da fragmentariedade?

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A tipicidade material relaciona-se intimamente com o princípio da ofensividade (ou


lesividade) do Direito Penal, pois nem todas as condutas que se encaixam nos
modelos abstratos e sintéticos de crimes (tipicidade formal) acarretam dano ou perigo
ao bem jurídico. É o que se dá, a título ilustrativo, nas hipóteses de incidência do
princípio da insignificância, nas quais, nada obstante a tipicidade formal, não se
verifica a tipicidade material.

Lesividade: Não há infração penal quando a conduta não tiver oferecido ao menos
perigo de lesão ao bem jurídico. Este princípio atende a manifesta exigência de
delimitação do Direito Penal, tanto em nível legislativo como no âmbito
jurisdicional.

Subsidiariedade: De acordo com o princípio da subsidiariedade, a atuação do Direito


Penal é cabível unicamente quando os outros ramos do Direito e os demais meios
estatais de controle social tiverem se revelado impotentes para o controle da ordem
pública.

Fragmentariedade: Estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações penais,


mas apenas os que atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o
progresso do ser humano e da sociedade. Em resumo, todo ilícito penal será também
ilícito perante os demais ramos do Direito, mas a recíproca não é verdadeira.

[TJCE]. Quais são as causas excludentes da tipicidade material?


Princípio da insignificância

[TJCE]. Qual o parâmetro da insignificância no campo penal?


→ A jurisprudência do STF consagrou o MARI como os requisitos clássicos para a
aplicação do princípio da insignificância. Porém, tais requisitos são visualizados
apenas sob a ótica do autor da conduta:

a) a mínima ofensividade da conduta do agente;

b) a nenhuma periculosidade social da ação;

c) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;

d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada.

→ Dessa forma, coube à jurisprudência do STJ deu um “plus” ao referido princípio,


aplicando além dos requisitos MARI, a relevância da lesão do bem jurídico sob a
ótica da vítima do delito.

[TJCE]. O que é desvalor da ação e do resultado?


A tipicidade material é composta por três juízos valorativos. Conforme lição de Luiz
Flávio Gomes, os três juízos valorativos são: 1º) juízo de desaprovação da conduta
(cabe ao juiz verificar o desvalor da conduta, ou seja, se o agente, com a sua conduta,
criou ou incrementou um risco proibido relevante); 2º) juízo de desaprovação do
resultado jurídico (isto é, desvalor do resultado que consiste na ofensa desvaliosa ao
bem jurídico) e 3º) juízo de imputação objetiva do resultado (o resultado deve ser a
reação do risco criado ou incrementado).

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[TJCE]. Pode ser absolvido réu reincidente por crime que estejam caracterizados
como insignificantes?
A reincidência, por si só, não impede a aplicação do princípio da insignificância,
segundo o STJ/STF. No entanto, caso se verifique que a habitualidade criminosa, não
prevalecerá a aplicação do princípio.

Para STJ, reincidência não afasta aplicação do princípio da insignificância. “Nem a


reincidência nem a reiteração criminosa, tampouco a habitualidade delitiva, são
suficientes, por si sós e isoladamente, para afastar a aplicação do denominado
princípio da insignificância”, afirmou o ministro Sebastião Reis Júnior, relator do
habeas corpus impetrado por um homem que tentou furtar oito barras de chocolate.

No STJ, o ministro Sebastião Reis Júnior entendeu pela concessão do habeas corpus.
Segundo ele, para o reconhecimento da insignificância devem ser levadas em
consideração todas as peculiaridades do caso concreto.

O ministro citou precedente do Supremo Tribunal Federal (RHC 113.773) no qual


também ficou consolidado o entendimento da necessidade do “juízo de ponderação
entre o dano causado pelo agente e a pena que lhe será imposta como consequência
da intervenção penal do estado”.

“Não obstante a certidão de antecedentes criminais indique uma condenação


transitada em julgado em crime de mesma natureza, não creio que a conduta do
agente (condenado por tentativa de furto) traduza a lesividade efetiva e concreta ao
bem jurídico tutelado. Também não acredito que a incidência do mencionado
princípio fomente a atividade criminosa. São outros e mais complexos fatores que,
na verdade, têm instigado a prática delitiva na sociedade moderna”, disse o relator.

A Turma, por unanimidade, votou pela concessão da ordem para extinguir a ação
penal. Com informações da Assessoria de Comunicação do Superior Tribunal de
Justiça.

[TJCE]. O que se entende por tipo objetivo? Qual o elemento do tipo que o
caracteriza? E o que é o verbo? E o que é o elemento normativo? No furto há
elemento normativo?
Trata-se do elemento objetivo do tipo (conduta, resultado nexo de causalidade). O
mesmo se compõe de:

- elementos objetivos (tipo objetivo):

- objetivos descritivos (objetivos propriamente ditos): descrevem os aspectos


materiais da conduta, como objetos, animais, coisas, tempo, lugar, forma de
execução. São atos perceptíveis pelos sentidos e não exigem nenhum juízo de
valor para compreensão de seu significado.

- objetivos normativos: são descobertos por intermédio de um juízo de valor.


Expressam-se em termos jurídicos (ex.: funcionário público, documento, cheque,
duplicata), extrajurídicos ou em expressões culturais (ex.: decoro, pudor, ato
obsceno).

Chute: Verbo é o núcleo do tipo ensejador da conduta penalmente relevante. Criei


que no furto só haja elementos descritivos aliados aos elementos subjetivos.

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[TJCE]. Em que consiste o tipo subjetivo? O que é o elemento subjetivo do tipo?


- elementos subjetivos (tipo subjetivo):

- elemento subjetivo geral (dolo): ocorre quando o agente quer o resultado ou


assume o risco de produzi-lo.

- elementos subjetivos especiais (elemento subjetivo do injusto): são dados que se


referem ao estado anímico do autor (intenção específica distinta do dolo). O tipo
contém como elemento uma finalidade específica do agente. Esses elementos
indicam o especial fim ou motivo de agir do agente. Exemplos: para si ou para
outrem; com o fim de obter; em proveito próprio ou alheio; por motivo de; para
fim libidinoso etc.

[TJCE]. Como era chamado na teoria antiga causalista?


Tipo anormal. Classificação antiga que tem pertinência no causalismo, pois os
causalistas é quem dividiam o tipo penal em “normal” e “anormal”. Assim, para o
causalista, tipo normal é composto apenas por elementos objetivos descritivos
(exemplo: art. 121/CP); já o tipo anormal é composto também por elementos
objetivos normativos ou subjetivos (exemplos: artigos 154 e 299, ambos do CP).

[TJCE]. Por que o furto de uso não é crime? Falta qual elemento ao tipo?
Para a configuração do crime de furto é imprescindível a presença do elemento
subjetivo diverso do dolo “para si ou para outrem”. Nossa lei penal comum não
tipifica o furto de uso.

5. Relação de causalidade.
[TJCE]. Qual a teoria adotada no CP para imputar uma infração penal?
Ao dispor que causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido,
nota-se que Código adotou a teoria da equivalência das condições ou conditio sine
qua non. Assim, em regra, o art. 13, caput, do CP adota a teoria da causalidade
simples, que generaliza as condições, é dizer, todas as causas concorrentes se põem
no mesmo nível de importância, equivalendo-se em valor. Excepcionalmente, o CP
adota, no §1º do art. 13, a teoria da causalidade adequada (causa seria o antecedente
não só necessário, mas adequado à produção do resultado).

[TJCE]. O que é concausa?


Concausa é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta,
influindo na produção do resultado naturalístico. Podem ser absoluta (que não se
originam da conduta do agente) ou relativamente independentes (a causa se origina,
direta ou indiretamente, da causa concorrente).

[TJCE]. Relação de causalidade diz respeito a qual tipo de crime? Aplica aos crimes
omissivos?
A relação de causalidade diz respeito aos crimes materiais. O nexo causal só tem
relevância nos crimes cuja consumação depende do resultado naturalístico. Aplica-
se aos crimes omissivos impróprios, pois apesar de não haver um nexo causal físico,
a omissão é um nada e o nada não causa coisa alguma; entretanto, para fins de
responsabilização penal, por uma ficção jurídica, a lei considera existir um elo entre
o omitente e o resultado naturalístico sempre que estiver presente o dever jurídico de

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agir, de modo que, havendo dolo ou culpa, responderá pelo evento. (ou seja, há
relação causal porque há o dever de agir).

[TJCE]. Qual a teoria adotada na relação de casualidade?


Ao dispor que causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido,
nota-se que Código adotou a teoria da equivalência das condições ou conditio sine
qua non. Assim, em regra, o art. 13, caput, do CP adota a teoria da causalidade
simples, que generaliza as condições, é dizer, todas as causas concorrentes se põem
no mesmo nível de importância, equivalendo-se em valor. Excepcionalmente, o CP
adota, no §1º do art. 13, a teoria da causalidade adequada (causa seria o antecedente
não só necessário, mas adequado à produção do resultado).

[TJCE]. Condicio sine qua non o que significa?


Significa “condição sem a qual”. Em verdade, representa toda e qualquer conduta
pretérita sem a qual o resultado não teria ocorrido naquele momento.

[TJCE]. Causa, condição e concausa há diferença?


O Código Penal brasileiro não distingue entre causa, concausa e condição. Tudo o
que contribui para o crime é causa, concausa ou condição.

[TJCE]. Como eu sei se uma ação foi causa? O que o intérprete deve fazer para
identificar se é causa ou não ?
Para se aferir se determinada conduta é causa ou não de um resultado, deve-se fazer
o juízo hipotético de eliminação, que consiste na supressão mental de determinada
ação ou omissão dentro de toda a cadeia de condutas presentes no contexto do crime.
Se, eliminada, o resultado desaparecer, pode-se afirmar que aquela conduta é causa.
Caso contrário, ou seja, se a despeito de suprimida, o resultado ainda assim existir,
não será considerada conduta.

Atente-se para o fato de que ser causa do resultado não é bastante para ensejar a
responsabilização penal. É preciso, ainda, verificar se a conduta do agente
considerada causa do resultado foi praticada mediante dolo ou culpa, pois nosso
Direito Penal não se coaduna com a responsabilidade objetiva. (Finalismo)

[TJCE]. Qual teoria exige a criação de um risco proibido? Se o risco for permitido?
A teoria da imputação objetiva exige além do nexo causal, o nexo normativo, que é
composto de: criação ou incremento de um risco não permitido, realização do risco
no resultado, abrangência do resultado pelo tipo penal.

Se o risco criado for permitido, haveria tipicidade de acordo com essa teoria.

Merece destaque dentro desse contexto de risco permitido, o PRINCÍPIO DA


CONFIANÇA, não praticando conduta típica quem, agindo de acordo com as regras
legais, envolve-se em situação em que terceiro, descumprindo com o seu dever de
cuidado, permite a produção do resultado.

Tal teoria, que reduz sobremaneira a cadeia do nexo causal, além de não ter sido
adotada por nosso Código Penal, ainda não se encontra total e seguramente
construída, haja vista a falta de consenso entre seus próprios defensores, recebendo,
por isso, a conotação de arbitrária por alguns. Sua aplicação é muito tímida pelos
Tribunais.

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[TJCE]. O artigo 13 se refere a que crimes? Na causalidade? Apenas os crimes


materiais? Nenhum omissivo?
A relação de causalidade diz respeito aos crimes materiais. O nexo causal só tem
relevância nos crimes cuja consumação depende do resultado naturalístico. Aplica-
se também aos crimes omissivos impróprios, pois apesar de não haver um nexo
causal físico, a omissão é um nada e o nada não causa coisa alguma; entretanto, para
fins de responsabilização penal, por uma ficção jurídica, a lei considera existir um
elo entre o omitente e o resultado naturalístico sempre que estiver presente o dever
jurídico de agir, de modo que, havendo dolo ou culpa, responderá pelo evento. (ou
seja, há relação causal porque há o dever de agir).

[TJCE]. Relação de causalidade entre omissão e o evento?


Sendo a relação de causalidade ligada aos crimes materiais, não há que se falar em
relação de causalidade me crimes omissivos próprios ou puros, que não alojam em
seu bojo um resultado naturalístico. Aqui a omissão é descrita pelo próprio tipo penal,
e o crime se consuma com a simples inércia do agente.

Diferentemente, ocorre nos crimes omissivos impróprios ou impuros, aqueles em que


o tipo penal descreve uma ação, mas a inércia do agente, que podia e devia agir para
impedir o resultado naturalístico, conduz à sua produção. São crimes materiais.

6. Consumação, tentativa, crime impossível, desistência voluntária e


arrependimento eficaz.
[TJCE]. O que é desistência voluntária e arrependimento eficaz? Espontâneo difere
de voluntário?
Desistência Voluntária se dá quando “o agente, voluntariamente, abandona seu
intento durante a realização dos atos executórios” (CUNHA, 2010, p. 69).

Desse conceito, pode-se extrair que para a ocorrência da desistência voluntária é


necessária a paralisação concreta da execução do fato delituoso (critério objetivo) e
que essa desistência seja voluntária (critério subjetivo). Havendo a cessação
(abstenção) da execução do crime, por deliberação própria do agente, ele só
responderá pelos atos até então praticados, se infrações penais forem considerados
tais atos.

Espontâneo difere de voluntário. Não é necessário ser espontâneo (a iniciativa pode


advir de terceira pessoa, por exemplo), mas é necessário ser voluntário, ou seja, livre
de coação física ou moral.

Arrependimento Eficaz (ou arrependimento ativo) ocorre “quando o agente, tendo já


ultimado o processo de execução do crime, desenvolve nova atividade impedindo a
produção do resultado” (JESUS, 2006, p. 343/344). Exige uma ação positiva do
agente, pois “o processo de execução do delito se encontra esgotado (ação típica
realizada)” (PRADO, 2010, p. 84), com a finalidade de evitar a produção do
resultado.

Destarte, para que se configure o arrependimento eficaz é imperioso que haja o


impedimento eficaz do resultado (critério objetivo) e que seja de forma voluntária
(critério subjetivo).

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[TJCE]. Defina tentativa.


É o início de execução de um crime que somente não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.

A tentativa constitui-se em causa obrigatória de diminuição da pena. Incide na


terceira fase de aplicação da pena privativa de liberdade, e sempre a reduz. A
liberdade do magistrado repousa unicamente no quantum da diminuição, balizando-
se entre os limites legais, de 1(um) a 2/3 (dois terços). E, para tanto, o critério decisivo
é a maior ou menor proximidade da consumação, é dizer, a distância percorrida do
iter criminis, ou seja, tanto maior será a diminuição quanto mais distante ficar o
agente da consumação, bem como tanto menor será a diminuição quanto mais se
aproximar o agente da consumação do delito.

[TJCE]. Em qual fase a tentativa passa a ser punível?


O iter criminis é composto das seguintes fases: interna (cogitação do crime) e externa
(atos preparatórios, atos de execução e consumação).

No Brasil o Código Penal em seu artigo 14, inciso II (o crime se diz tentado quando
iniciada a execução, esta não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente), adotou a teoria objetiva ou formal para tentar diferenciar atos executórios de
atos preparatórios. Assim, exige-se que o autor tenha realizado de maneira efetiva
uma parte da própria conduta típica, adentrando no núcleo do tipo. É punivel como
tentativa.

[TJCE]. Como se caracteriza os atos de execução? Quando o agente ingressa nessa


fase?
O autor tenha realizado de maneira efetiva uma parte da própria conduta típica,
adentrando no núcleo do tipo.

[TJCE]. Crime Impossível: Qual a sua natureza? Quais seus requisitos?


É causa de exclusão de tipicidade. Também denominado tentativa inidônea,
inadequada ou impossível.

O crime impossível somente se caracteriza quando o agente, após a prática do fato,


jamais poderia consumar o crime pela ineficácia absoluta do meio empregado ou pela
absoluta impropriedade do objeto material, nos termos do art. 17 do CP. O momento
adequado para aferir a inidoneidade absoluta é após a prática da conduta com qual se
deseja consumar o crime.

[TJCE]. Crime impossível x delito putativo são iguais?


Não. Delito putativo, também chamado de imaginário ou erroneamente suposto, é o
que existe apenas na mente do agente, que acredita violar a lei penal, quando, na
verdade o fato por ele concretizado não possui adequação típica (atípico).

Podem ser de três espécies: por erro de tipo (o agente acredita ofender lei penal
incriminadora, mas na sua conduta faltam elementos da definição típica), por erro de
proibição (erro recai sobre a ilicitude do fato, não há previsão legal) e por obra do
agente provocador (ou crime de ensaio/crime de experiência/flagrante provocado,
ocorre quando alguém insidiosamente, induz outra pessoa a cometer uma conduta
criminosa e, simultaneamente, adota medidas para impedir sua consumação.

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No crime impossível, o agente, mesmo com a intenção de cometer o delito, não


consegue fazê-lo por ter se utilizado de meio de execução absolutamente ineficaz ou
ter direcionado sua conduta a objeto material absolutamente impróprio.

No crime putativo, o agente, embora acredite praticar um fato típico, realiza um


indiferente penal.

[TJCE]. Flagrante preparado leva ao crime impossível?


Não. Existe delito putativo.

[TJCE]. Quando se consuma os crimes de acordo com a sua classificação?


Quanto ao momento que o crime se consuma, estes podem ser divididos em:

 Crimes instantâneos: são aqueles que se consumam num momento


determinado, sem continuidade no tempo.
 Crimes permanentes: são aqueles cuja consumação se prolonga do tempo, por
vontade do agente.
 Crimes instantâneos de efeitos permanentes: são aqueles cujos efeitos
subsistem após a consumação, independentemente da vontade do agente. Ex:
bigamia
 Crimes habituais: São aqueles que dependem da reiteração de atos
reveladores de um modo de vida do agente. O crime habitual impróprio exige
apenas a um ato, sendo os demais mera reiteração do mesmo crime, ex. gestão
fraudulenta.
 Crimes a prazo: aquele cuja consumação exige a fluência de certo período.
Ex: lesão corporal de natureza grave por incapacidade por mais de 30 dias.

[TJCE]. Quando se consuma os crimes omissivos?


Nos crimes omissivos próprios ou puros, em que não há produção de resultado
naturalístico, a omissão é descrita pelo próprio tipo penal, e o crime se consuma com
a simples inércia do agente.

Diferentemente ocorre nos crimes omissivos impróprios ou impuros, cujo tipo penal
descreve uma ação, mas a inércia do agente, que podia e devia agir para impedir o
resultado naturalístico, conduz à sua produção. São crimes materiais e se consumam
quando o resultado naturalístico ocorre.

[TJCE]. Quais crimes exigem o resultado naturalístico para a sua consumação?


Crimes materiais.

[TJCE]. Os crimes omissivos possuem resultado naturalístico?


Apenas os crimes omissos impróprios, cujo tipo penal descreve uma ação, mas a
inércia do agente, que podia e devia agir para impedir o resultado naturalístico,
conduz à sua produção.

[TJCE]. Os crimes que não tem resultado naturalístico admitem tentativa?


Sim. Em verdade, os crime dolosos são compatíveis com a tentativa, sejam materiais,
formais ou de mera conduta. A admissibilidade ou não da tentativa tem a ver com o
caráter plurissubsistente do delito, ou seja, a composição da conduta em diversos atos
executórios, podendo, consequentemente, ser fracionada.

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Logo, o fato de ser crime de mera conduta (o qual o tipo penal não contém resultado
naturalístico), por exemplo, não obsta a tentativa.

[TJCE]. A extorsão é crime formal ou material?


Formal.

[TJCE]. A extorsão admite tentativa?


Sim. Nas lições de Nelson Hungria encontramos o seguinte: “No tocante à extorsão
(art.158) apesar de se tratar de crime formal, admite-se a tentativa, pois não se perfaz
único actu, apresentando-se um iter a ser percorrido. Assim toda vez que deixa de
ocorrer a pretendida ação, tolerância ou omissão da vítima, não obstante a idoneidade
do meio de coação deixa este, já em execução, de se ultimar...” Isto que dizer que se
o agente não conseguir que uma pessoa tenha uma conduta positiva ou negativa não
conseguiu consumar o crime.

[TJCE]. E a corrupção de menores é crime formal ou material? É possível tentativa?


Existe súmula?
Crime formal. É possível tentativa uma vez que é delito plurissubsistente. Segundo a
Súmula 500 do STJ: “A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da
prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal”.

7. Arrependimento posterior.
[TJCE]. Defina e dê a natureza jurídica do arrependimento posterior. Cabe para
crimes culposos?
MASSON, 2015 - Arrependimento posterior é a causa pessoal e obrigatória de
diminuição da pena que ocorre quando o responsável pelo crime praticado sem
violência à pessoa ou grave ameaça, voluntariamente e até o recebimento da denúncia
ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado por sua conduta.

Conforme dispõe o art. 16 do Código Penal: “Nos crimes cometidos sem violência
ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 1
(um) a 2/3 (dois terços)”.

Trata-se de causa pessoal e obrigatória de diminuição da pena. Tem incidência,


portanto, na terceira fase de aplicação da pena privativa de liberdade.

Em caso de violência culposa, é cabível o arrependimento posterior. Não houve


violência na conduta, mas sim no resultado. É o que se dá, por exemplo, na lesão
corporal culposa, crime de ação penal pública condicionada em que a reparação do
dano pode, inclusive, acarretar na renúncia ao direito de representação se celebrada
a composição civil, na forma do art. 74 e parágrafo único da Lei 9.099/1995.

[TJCE]. A reparação do dano no arrependimento posterior inclui o dano moral?


MASSON, 2015 - Embora com alguma controvérsia, prevalece o entendimento de
que a reparação do dano moral enseja a aplicação do arrependimento posterior. Nos
crimes contra a honra, a título ilustrativo, a indenização pelos prejuízos causados
autorizaria a diminuição da pena. Confira-se, a propósito, o trabalho de GARCIA,
Waléria Garcelan Loma. Arrependimento posterior. Belo Horizonte: Del Rey, 1997.
p. 81 e ss.

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[TJCE]. Se a reparação do dano ocorrer depois haverá alguma repercussão?


MASSON, 2015 - Se a reparação do dano for concretizada após o recebimento da
denúncia ou da queixa, mas antes do julgamento, aplica-se a atenuante genérica
prevista no art. 65, III, “b”, parte final, do Código Penal. STF: HC 99.803/RJ, rel.
Min. Ellen Gracie, 2.ª Turma, j. 22.06.2010.

[TJCE]. Voluntariedade e espontaneidade são sinônimos?


MASSON, 2015 - NÃO. Para o arrependimento posterior, basta que a reparação seja
voluntária, no sentido de ser realizada sem coação física ou moral. Pode se dar,
assim, em razão de orientação de familiares, do advogado, ou mesmo por receio de
suportar rigorosa sanção penal. Não se exige, contudo, espontaneidade. É
prescindível tenha surgido a ideia livremente na mente do agente

[TJCE]. No concurso de agentes, a reparação do dano feita por um deles aproveita


o outro?
MASSON, 2015 - SIM. A reparação do dano ou restituição da coisa tem natureza
objetiva. Consequentemente, comunica-se aos demais coautores e partícipes do
crime, na forma definida pelo art. 30 do Código Penal. Como destacado pelo Superior
Tribunal de Justiça:

Uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito, a causa de
diminuição de pena do arrependimento posterior, prevista no art. 16 do CP, estende-se
aos demais coautores, cabendo ao julgador avaliar a fração de redução a ser aplicada,
conforme a atuação de cada agente em relação à reparação efetivada. De fato, trata-se
de circunstância comunicável, em razão de sua natureza objetiva. Deve-se observar,
portanto, o disposto no art. 30 do CP, segundo o qual “não se comunicam as
circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”.
REsp 1.187.976/SP, rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6.ª Turma, j. 07.11.2013,
noticiado no Informativo 531.

Nas infrações penais em que a reparação do dano ou restituição da coisa por um dos
agentes inviabiliza igual atuação por parte dos demais, a todos se estende o benefício.
Na receptação (CP, art. 180), a propósito, entendimento diverso prejudicaria o autor
do crime antecedente, que estaria impossibilitado de reparar um dano já satisfeito.

[TJCE]. Para reduzir a pena, quais os critérios que devem ser adotados pelo juiz?
MASSON, 2015 - A redução da pena dentro dos parâmetros legais (um a dois terços)
deve ser calculada com base na celeridade e na voluntariedade da reparação do dano
ou da restituição da coisa. Quanto mais rápida e mais verdadeira, maior será a
diminuição da pena (2/3); quanto mais lenta – desde que até o recebimento da
denúncia ou queixa – e menos sincera, menor a diminuição (1/3).

Contudo, ao admitir a reparação parcial do dano ou a restituição parcial da coisa, o


Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que a diminuição da
pena leva em conta a extensão do ato reparador do agente. Nesse contexto, se a
reparação do dano ou a restituição da coisa for total, a pena será reduzida de 2/3; se
parcial, a diminuição incidirá em menor percentual.

[TJCE]. O que é arrependimento posterior? Quais seus efeitos? Natureza jurídica?


É a causa pessoal e obrigatória de diminuição da pena (aplicável na terceira fase da
dosimetria) que ocorre quando o responsável pelo crime praticado sem violência ou
grave ameaça à pessoa (a violência contra a coisa e a violência culposa à pessoa não

3
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exclui o benefício), voluntariamente, e até o recebimento da denúncia ou da queixa,


restitui ou repara o dano provocado por sua conduta (pessoal e integralmente).

[TJCE]. É possível crimes culposos com violência?


Sim. Não há óbice. No caso não há violência na conduta, mas sim no resultado. EX:
lesão corporal culposa

[TJCE]. A reparação do dano aqui inclui o dano moral?


O dano resultante do delito pode ser patrimonial ou extra-patrimonial (dano moral).
A lei não limita a aplicação do benefício aos delitos de que resulta apenas
dano patrimonial. Assim, num crime de que não resulte dano patrimonial, a
reparação do dano moral, pela compensação pecuniária do sofrimento da
vítima, justifica a aplicação do benefício (É a corrente que prevalece). Por extensão,
a reparação não é integral se não há compensação do dano moral.

[TJCE]. Se a reparação do dano ocorrer depois do recebimento da denúncia?


Aplica-se a atenuante genérica prevista no art. 65, III, b do CP.

[TJCE]. O ato precisa ser voluntário?


Sim. A reparação deve ser voluntária, pessoal e integral.

[TJCE]. Voluntariedade e espontaneidade é a mesma coisa?


Espontâneo difere de voluntário. Não é necessário ser espontâneo (a iniciativa pode
advir de terceira pessoa, por exemplo), mas é necessário ser voluntário, ou seja, livre
de coação física ou moral.

[TJCE]. Crimes em concursos de agentes, havendo reparação, se estende aos demais


autores?
A reparação do dano ou restituição da coisa tem natureza objetiva,
consequentemente, comunica-se aos demais coautores e partícipes do crime, na
forma definida do art. 30 do CP.

[TJCE]. Quais os critérios deve seguir o magistrado para adotar a redução?


A redução da pena deve ser calculada com base na celeridade e na voluntariedade da
reparação do dano ou da restituição da coisa.

8. Dolo e culpa.
[TJCE]. A culpa integra qual elemento do crime? Representa qual elemento do
crime?
Para a Teoria Clássica ou Causal, o dolo e a culpa integram a culpabilidade. Já pela
Teoria Finalista, o dolo e a culpa integram o fato típico, pois inerentes à conduta.
Welzel, em sua concepção finalista da ação, teve o mérito de levar para o tipo penal
o aspecto subjetivo do crime, retirando o dolo e a culpa da culpabilidade, passando a
integrar o fato típico. Essa é a teoria majoritariamente aceita pela doutrina nacional.

[TJCE]. Ainda se pode falar com a consagração da Teoria Finalista?


A Teoria Finalista, segundo a qual a ação típica deve ser concebida como um ato de
vontade com conteúdo, ou seja, o dolo e a culpa são retirados da culpabilidade e
passam a integrar o fato típico, é aceita majoritariamente pela doutrina nacional, mas
atualmente é complementada por novas tendências constitucionais. Apesar da

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contribuição de Welzel, a teoria finalista continuou estranha a sentidos e valores, da


mesma forma que a teoria causalista da ação, impossibilitando, segundo parte da
doutrina, a realização da justiça no caso concreto ou de cumprir as finalidades do
direito penal.

Assim, outras teorias, como as funcionalistas, desenvolvidas por Roxin


(funcionalismo moderado) e Jakobs (funcionalismo radical), surgiram a fim de saber
qual a função que o direito penal pode desenvolver na sociedade. Nesse ponto,
destacam-se os estudos acerca da imputação objetiva e do resultado jurídico
relevante.

[TJCE]. O que configura culpa?


Consiste numa conduta voluntária que realiza o fato ilícito não querido pelo o agente,
mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa
inconsciente), e que poderia ter sido evitado se o agente atuasse com o devido
cuidado. Inobservância de um dever objetivo de cuidado.

Elementos da culpa:

• Conduta – pode ser uma ação ou omissão. Na conduta dolosa, como regra, existe
uma finalidade ilícita, e na conduta culposa a finalidade é quase sempre lícita – os
meios escolhidos e empregados pelo agente para atingir a finalidade lícita é que
foram inadequados ou mal utilizados;

• Violação de um dever de cuidado objetivo – é a previsibilidade objetiva. O agente


atua em desacordo com o que esperado pela lei e pela sociedade. Cada membro da
sociedade parte do princípio de que esse dever de cuidado objetivo será observado
pelo seu semelhante. Quem precisa de norma expressa para considerar perigosa a
conduta daquele que coloca um pesado vaso de flores no parapeito de uma janela
localizada no 13º andar de um prédio? Tal conduta e outras do gênero devem ser
evitadas porque infringem um dever de cuidado objetivo. Caso contrário, isto é, caso
o agente as pratique e, em consequência, venha a produzir resultados lesivos, terá de
responder por eles. A palavra “objetivo” é usada para designar um padrão –
comportamento de pessoa de mediana prudência e discernimento. Se alguém agir
sem observar tal dever de cuidado, praticará a conduta culposa. Tal elemento nada
mais é do que a caracterização da imprudência, negligência e imperícia;

Formas de violação do dever de cuidado (a doutrina chama isso de “modalidades de


culpa”):

§ Imprudência – é a afoiteza. É a conduta positiva; prática de um ato


perigoso sem os cuidados que o caso requer;

§ Negligência – é a falta de precaução. É um deixar de fazer aquilo que a


diligência normal impunha;

§ Imperícia – é a falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou


profissão.

• Resultado naturalístico – alteração física no mundo exterior. Assim, em regra,


crime culposo é sempre material (o tipo penal descreve a conduta mais o resultado
naturalístico, sendo este indispensável para a consumação, ex.: homicídio).

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No crime formal, o tipo descreve a conduta mais o resultado naturalístico, sendo este
dispensável (o crime já se consumou com a conduta – crime de consumação
antecipada – acontecendo o resultado, ocorrerá mero exaurimento, ex.: extorsão).

No crime de mera conduta, o tipo descreve apenas uma conduta (não há resultado
naturalístico descrito), ex.: violação de domicílio.

Exceção (crime culposo que dispensa resultado naturalístico): art. 38 da lei de drogas
– prescrição de droga errada ou em alta dose, por médico – FLÁVIO MONTEIRO
DE BARROS – consuma-se independentemente da ingestão da droga pelo o
paciente;

• Nexo causal;

• Previsibilidade – é a possibilidade que tinha o agente de conhecer o perigo (não


se confunde com “previsão” – nesta, você conhece o perigo).

Exceção de crime culposo que não tem previsibilidade: culpa consciente (conhece-
se o perigo, mas acha que poderá evitar, logo, há algo mais do que previsibilidade;
há previsão). Se o fato escapar totalmente à previsibilidade do agente, o resultado
não lhe poderá ser atribuído, mas sim ao caso fortuito ou à força maior. É previsível
o fato, sob o prisma penal, quando a previsão do seu advento, no caso concreto, podia
ser exigida do homem normal, do homo medius, do tipo comum de sensibilidade
ético-social. Tal previsibilidade leva em conta critérios comuns de experiência
(coisas que normalmente acontecem – quod plerumque accidit). É “objetiva” porque
indica um padrão que não é outro senão aquele conhecido (padrão de uma pessoa de
mediana prudência e discernimento).

Consequência da imprevisibilidade objetiva do resultado – o fato será atípico. A


previsibilidade subjetiva do resultado é trabalhada dentro da culpabilidade.

Consequência da imprevisibilidade subjetiva do resultado – falta de culpabilidade.


Previsibilidade objetiva seria aquela, conceituada por HUNGRIA, em que o agente,
no caso concreto, deve ser substituído pelo chamado “homem médio, de prudência
normal”. Se, uma vez levada a efeito essa substituição hipotética, o resultado ainda
assim persistir, é sinal de que o fato havia escapado ao âmbito da previsibilidade do
agente, porque dele não se exigia nada além da capacidade normal dos homens. Na
previsibilidade subjetiva não existe essa substituição hipotética: não há a troca do
agente pelo homem médio para saber se o fato escapava ou não à sua previsibilidade;
o que é levado em consideração são as condições particulares, pessoais do agente,
quer dizer, consideram-se, na previsibilidade subjetiva, as limitações e as
experiências daquela pessoa cuja previsibilidade está se aferindo em um caso
concreto;

• Tipicidade – art. 18, parágrafo único, do CP – no silêncio, o crime é doloso. O


dolo é a regra; a culpa, a exceção. Sim, porque de acordo com o princípio da
intervenção mínima somente as infrações penais mais graves é que merecerão a
atenção da lei penal (são perfeitamente aplicáveis aos delitos culposos os conceitos
do princípio da insignificância).

[TJCE]. O dever de cuidado deve ser um exigido de todos?

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Sim. Entretanto, a depender das circunstancias pessoais do agente, o dever de cuidado


será exigido com maior ou menor intensidade.

[TJCE]. Todo crime admite previsão culposa?


De acordo com o princípio da intervenção mínima somente as infrações penais mais
graves é que merecerão a atenção da lei penal (são perfeitamente aplicáveis aos
delitos culposos os conceitos do princípio da insignificância), de modo que apenas
crimes que atentem contra bens jurídicos de grande relevância devem trazer a
previsão culposa.

[TJCE]. O que distingue a culpa própria e imprópria?


Culpa própria - é a culpa que aqui se estuda (imprudência, negligência, imperícia).

Culpa imprópria - É aquela em que o agente, por erro evitável, fantasia certa situação
de fato, supondo estar acobertado por uma excludente de ilicitude (descriminante
putativa), e, em razão disso, provoca intencionalmente o resultado ilícito, apesar de
a ação ser dolosa, o agente responde por culpa por razões de política criminal (art.
20, parágrafo 1º, segunda parte, do CP).

Há três sinônimos de culpa imprópria: culpa por equiparação ou assimilação ou


extensão.

[TJCE]. Tentativa de crime culposo é possível? Não é cabível porque?


Tentativa nos delitos culposos – Não cabe. Parte da doutrina, contudo, aceita a
possibilidade de tentativa nos crimes culposos, quando da ocorrência da chamada
culpa imprópria (culpa por extensa, por assimilação), quando o agente, nos casos de
erro evitável nas descriminantes putativas, atua com dolo, mas responde pelo
resultado causado com as penas correspondentes ao delito culposo.

No crime culposo o agente não direciona sua conduta para a prática do ato ilícito;
não há dolo de consumação. O agente não persegue o resultado, isto é, não se pode
tentar o que não se quer.

Na culpa imprópria há uma conduta dolosa em que houve erro, a exemplo do caçador,
que pensando atirar em um animal para matar, atira em um ser humano, mas não o
mata. A depender do caso o erro de tipo exclui o dolo e permite a condenação a título
culposo, mas percebe-se que há intenção da prática do ato, da forma como ele ocorreu
(mesmo que induzido por erro).

[TJCE]. Há concurso de agentes em crimes culposos ? E participe? E co autoria?


1ª corrente: admite-se coautoria, mas não participação – tese majoritária. O crime
culposo é normalmente definido por um tipo penal aberto, e nele se encaixa todo
comportamento que viola dever objetivo de cuidado.

2ª corrente: admite-se coautoria e participação – não é o que prevalece (o passageiro


que induziu a alta velocidade do motorista é partícipe).

A doutrina nacional admite a coautoria nos crimes culposos, desde que dois ou mais
indivíduos, agindo vinculados subjetivamente, atuem de forma negligente,
imprudente ou imperita. No caso, o liame subjetivo não envolve, obviamente, o
resultado, não querido, mas a própria conduta.

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ROGÉRIO GRECO, lembrando as lições de Magalhães Noronha, explica (e


exemplifica) o tema:

"Os princípios mostram ser possível a cooperação no crime culposo. Com efeito, neste a
ação causal é voluntária e o evento previsível. Ora, se se admite isso para um agente,
por que não se admitir para outro ? Suponha-se o caso de dois pedreiros que, numa
construção, tomam uma trave e a atiram à rua, alcançando um transeunte. Não há falar
em autor principal e secundário, em realização e instigação, em ação e auxílio etc.

Oficiais do mesmo ofício, incumbia-lhes aquela tarefa, só realizável pela conjugação


das suas forças . Donde a ação única - apanhar e lançar o madeiro - e o resultado -
lesões ou morre da vítima, também uno, foram praticados por duas pessoas, que
uniram seus esforços e vontades, resultando, assim, coautoria. Para ambos houve
vontade atuante e ausência de previsão".

[TJCE]. Que repercussão têm a culpa concorrente da vítima na ação penal?


Não existe no Direito Penal a compensação de culpas. Cada qual responderá pela sua
conduta, independentemente do fato de ter a outra pessoa também contribuído para
a produção desse mesmo resultado. Todavia, a culpa concorrente da vítima pode
atenuar a responsabilidade do agente (art. 59 do CP).

[TJCE]. E a concorrência de culpas?


Responde FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS:

"Dá-se a concorrência de culpas quando dois ou mais agentes, culposamente, contribuem


para a eclosão do resultado naturalístico.

Todos respondem pelo evento lesivo, por força da teoria da conditio sine qua non.

Não se confunde a coautoria, em que diversos agentes realizam de comum acordo a


conduta culposa, com a concorrência de culpas, em que diversos agentes realizam a
conduta culposa sem que haja entre eles qualquer liame psicológico".

[TJCE]. O dolo integra qual elemento do crime? Sempre foi assim?


Atualmente predomina o entendimento de que o dolo integra o primeiro elemento do
crime: a tipicidade. Nem sempre foi assim, trata-se de uma evolução, antigamente o
dolo se localizava na culpabilidade.

[TJCE]. Quais as formas de dolo indireto? É sinônimo de eventual?


Dolo indireto ou indeterminado – o agente, com sua conduta, não busca realizar
resultado determinado. Ele se subdivide em duas espécies:

• Alternativo – o agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta na


realização de qualquer um deles. Agente quer a lesão ou quer o homicídio (“querer
qualquer um deles”).

Quando a alternatividade do dolo disser respeito ao resultado, fala-se em


alternatividade objetiva; quando a alternatividade se referir à pessoa contra qual o
agente dirige sua conduta, a alternatividade será subjetiva.

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Ex. de dolo alternativo quanto à pessoa: o agente, a certa distância, efetua disparos
com sua arma de fogo contra duas pessoas, querendo matar uma ou outra. Como se
percebe, aqui também encontramos um misto de dolo direto com eventual;

• Eventual – o agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta na


realização de um, mas aceitando o outro. Há intensidade diferente comparado ao
alternativo.

Eventual é um dos tipos de dolo indireto.

[TJCE]. O que é dolo alternativo?


É o outro tipo de dolo indireto, conforme acima explicitado.

[TJCE]. Diferença entre dolo eventual e culpa consciente?


Culpa consciente - culpa consciente é a culpa com previsão. É aquela em que o
agente, embora prevendo o resultado, não deixa de praticar a conduta acreditando,
sinceramente, que este resultado não venha a ocorrer (risco do resultado não
assumido pelo o agente).

No dolo eventual, o resultado não querido é eventualmente possível (assume-se o


risco do resultado ocorrer).

Percebe-se que a principal diferença reside na assunção do risco.

CONSCIÊNCIA VONTADE

DOLO DIRETO Previsão do resultado Querer

DOLO EVENTUAL Previsão do resultado Assumir risco (aceitar)

CULPA CONSCIENTE Previsão do resultado Não quer/não aceita


(acreditar poder evitar)

CULPA INCONSCIENTE Previsibilidade Não quer/não aceita


(possibilidade de prever)

O Brasil adotou a teoria da vontade quando fala em dolo direto e a do assentimento


quando fala do dolo eventual – art. 18, I, do CP.

[TJCE]. O que você acha da tendência em tipificar crimes culposos em dolosos


eventuais?
Não conheço essa tendência, mas lá no final ele faz outra pergunta neste sentido.

Se ele estiver falando de crimes como os de trânsito, em que há divergência sobre a


classificação, eu diria que depende muito das circunstâncias do caso concreto, visto
que somente elas podem indicar qual o elemento subjetivo que animou a conduta do
agente.

Exemplo comum na doutrina é o caso do sujeito que foi ao bar com a família e se
embriagou. Não obstante, foi dirigir, causou um grave acidente no qual foram vitimas

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seus familiares. É demasiadamente improvável que, ao dirigir embriagado, o sujeito


tenha agido com dolo eventual, assumindo o risco do resultado e muito provável que
tenha sido a culpa consciente a direcionar sua decisão.

A tendência de tipificar esses casos como dolo eventual me parece perigosa, visto
que o julgador não se pode deixar levar pelos clamores da população, que, em sua
maioria, não entende as particularidades necessárias para o enquadramento jurídico
adequado, se deixando levar apenas pelo apelo emocional do caso.

[TJCE]. É impossível dolo eventual em crime de trânsito?


É plenamente possível o dolo eventual em crimes de trânsito. No caso dos crimes
ocorridos quando da realização de “rachas” (disputa não autorizada de veículo
automotor no trânsito), predomina o entendimento de que se trata de dolo eventual.

[TJCE]. É comum a elevação da pena pela intensidade do dolo? É correto isso?


Como seria a expressão técnica?
Assevera Guilherme Nucci que não se despreza a denominada intensidade do dolo
ou grau de culpa. Mas, para tanto, esses dados devem ser verificados no cenário da
personalidade do agente, nos motivos ou circunstâncias do crime.

Para Luiz Flávio Gomes e Antonio Molina, deve ser observada pelo juiz "a posição
do agente frente ao bem jurídico violado: (a) de menosprezo total (que se dá no dolo
direto); (b) de indiferença (que ocorre no dolo eventual) e de (c) descuido (que está
presente nos crimes culposos)" (Direito Penal. Parte Gera/. Vai. 2, p. 5 14).

No que tange à intensidade do dolo, a Quinta Turma do STJ decidiu que "A valoração
negativa da culpabilidade não se mostra idônea, porque o fato de o paciente ter tido
intenso dolo no momento da prática do crime não serve para elevar a pena-base como
circunstância judicial do art. 59 do Código Penal, por se referir à própria tipicidade
do delito" (HC 161.389/PE, Quinta Turma, julgado em 17/06/2010). A Sexta Turma,
por sua vez, já decidiu que "Não há ilegalidade se a magistrada fundamentou a
valoração negativa da culpabilidade, dos antecedentes e da conduta social do réu,
demonstrando concretamente a intensidade do dolo, os maus antecedentes e a
conduta social desfavorável, por ser o paciente pessoa violenta" (HC 83.242/PB,
Sexta Turma, julgado em 20/05/2010).

No STF: "A culpabilidade deve ser analisada em sua intensidade quando se trata de
verificar a profundidade e extensão do dolo, segundo autoriza o caput do art. 59 do
Código Penal" (HC 100902, ia T, j. 09/03/2010).

[TJCE]. A expressão técnica seria valoração das circunstâncias judiciais do art. 59,
do CP?
Sim.

[TJCE]. É correto falar em dolo genérico e específico?


Dolo genérico: o agente tem vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal, sem
um fim específico (ex: art. 121, CP, "Matar alguém") . Trata-se de denominação
utilizada no âmbito da teoria causalista, dizendo-se genérico porque o tipo penal não
indicava finalidade nenhuma por parte do agente. Com a adoção da teoria finalista,
passou-se a tratar o dolo genérico apenas como dolo.

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Dolo específico: o agente tem vontade de realizar a conduta, visando um fim


específico que é elementar do tipo penal (ex: art. 159, CP, "Sequestrar pessoa com o
fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
resgate'). Esta denominação também é relativa à teoria causalista e indicava que o
tipo penal trazia destacado o especial fim de agir. Atualmente, sob a égide da teoria
finalista, a expressão cede lugar a elemento subjetivo do tipo ou do injusto.

[TJCE]. Elemento normativo vs subjetivo do tipo?


Estão presentes no dolo:

- Elementos descritivos (objetivos propriamente ditos): descrevem os aspectos


materiais da conduta, como objetos, animais, coisas, tempo, lugar, forma de
execução. São atos perceptíveis pelos sentidos e não exigem nenhum juízo de valor
para compreensão de seu significado.

- Elementos normativos: são descobertos por intermédio de um juízo de valor.


Expressam-se em termos jurídicos (ex.: funcionário público, documento, cheque,
duplicata), extrajurídicos ou em expressões culturais (ex.: decoro, pudor, ato
obsceno).

b) elementos subjetivos (tipo subjetivo):

- elemento subjetivo geral (dolo): ocorre quando o agente quer o resultado ou assume
o risco de produzi-lo.

- elementos subjetivos especiais (elemento subjetivo do injusto): são dados que se


referem ao estado anímico do autor (intenção específica distinta do dolo). O tipo
contém como elemento uma finalidade específica do agente. Esses elementos
indicam o especial fim ou motivo de agir do agente.

Exemplos: para si ou para outrem; com o fim de obter; em proveito próprio ou alheio;
por motivo de; para fim libidinoso etc.

Exemplo na EXTORSÃO:

Elemento normativo do tipo: obtenção de “indevida” vantagem econômica. Se for


devida, configura-se o crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, do
CP). Assim, se o credor ameaçar o devedor a divulgar fatos difamatórios sobre este
caso ele não lhe pague a quantia devida, responderá pelo crime previsto no art. 345,
do CP, em que pese o emprego da ameaça, pois a vantagem almejada é devida.

Elemento subjetivo – É o dolo, consubstanciado na vontade de constranger outrem,


mediante o emprego de violência ou grave ameaça, a fazer, tolerar que se faça ou
deixar de fazer alguma coisa. Além do dolo, é necessário um fim especial de agir,
consistente no intuito de obter vantagem econômica. Ausente essa finalidade
econômica, o fato pode constituir outro crime, como, por exemplo, o delito de
constrangimento ilegal.

[TJCE]. Tentativa de crime por dolo eventual é possível?

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É divergente. Grande parte da doutrina não admite a tentativa nestes crimes, pois o
art. 14 fala em vontade de produzir o resultado e no dolo eventual o agente apenas
assume o risco, não tem vontade.

Rogério Sanches, 2015 - Apesar de haver doutrina lecionando não ser possível
tentativa no dolo eventual, argumentando que, nessa espécie, o agente não tem
vontade de realizar o resultado (apenas o aceita como possível), prevalece a tese em
sentido contrário. A lei equiparou, em termos de vontade, o dolo eventual ao dolo
direto, sendo possível o conatus nos dois casos. Nesse sentido, explica Hungria: "Se
o agente aquiesce no advento do resultado específico do crime, previsto como
possível, é claro que este entra na órbita de sua volição: logo, se, por circunstâncias
fortuitas, tal resultado não ocorre, é inegável que o agente deve responder por
tentativa. É verdade que, na prática, será difícil identificar-se a tentativa no caso de
dolo eventual, notadamente quando resulta totalmente improfícua (tentativa branca).
Mas, repita-se: a dificuldade de prova não pode influir na conceituação de tentativa".

[TJCE]. Aqueles que ocorrem crimes específicos, é possível tentativa por dolo
eventual em lesão corporal culposa?
Não é possível tentativa em qualquer crime culposo. O dolo eventual é incompatível
com o crime culposo, onde estiver presente o dolo (mesmo eventual), há crime
doloso.

9. Culpabilidade. Pressupostos. Causas de exclusão.


[TJCE]. Defina Culpabilidade?
Culpabilidade é um elemento integrante do conceito definidor do crime. É o terceiro
substrato do conceito analítico de delito

[TJCE]. É elemento do crime?


É tida como elemento do crime.

[TJCE]. Para a teoria finalista da ação, é correto dizer que a culpabilidade não é
elemento do crime?
Para a teoria finalista dissidente, crime é fato típico e ilícito, sendo que a
culpabilidade não integra seu conceito, sendo considerada pressuposto de aplicação
da pena.

[TJCE]. O que é culpabilidade? É um elemento do crime?


Conceitua-se a culpabilidade como o juízo de reprovação que recai na conduta típica
e ilícita que o agente se propõe a realizar. Trata-se de um juízo relativo à necessidade
de aplicação da sanção penal.

1ª corrente: a culpabilidade não é requisito do crime, mas sua consequência,


pressuposto de aplicação da pena, juízo de reprovação ou censurabilidade – trata-se
da corrente bipartite (crime é formado por Fato típico e ilícito).

2ª corrente: a culpabilidade é um terceiro substrato do crime. Juízo de reprovação


indispensável para configurar a infração penal (“se o ato não é reprovável, não há
crime”) – corrente tripartite – é a que prevalece.

[TJCE]. A teoria tripartite é pacífica?

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Não é pacífica, mas é majoritária.

[TJCE]. Quais os pressupostos da culpabilidade?


Em relação à culpabilidade, o Código Penal adotou a teoria normativa pura, baseada
na teoria finalista da conduta. Nessa concepção, a culpabilidade é composta dos
seguintes elementos:

1) imputabilidade;

2) potencial consciência da ilicitude;

3) exigibilidade de conduta diversa.

[TJCE]. Quais as causas legais de exclusão? E de inexigibilidade de conduta diversa?


Excludentes da imputabilidade:

- Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado

- Causas legais de inexigibilidade de conduta diversa: coação moral irresistível e


obediência hierárquica.

- Menoridade

- Embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior (ou seja,


embriaguez acidental ou involuntária.

Excludente da potencial consciência da ilicitude:

- erro de proibição ou erro sobre a ilicitude do fato inevitável, invencível ou escusável


(art. 21, caput)

Excludente da exigibilidade de conduta diversa:

- coação moral irresistível

- obediência hierárquica

[TJCE]. Qual a natureza jurídica do exercício regular do direito?


Causa legal de exclusão da ilicitude.

[TJCE]. Causa legal de desconhecimento da ilicitude?


Suponho que essa pergunta foi em razão da resposta dada pelo candidato.

[TJCE]. Por inimputabilidade?


Não entendi a pergunta. Suponho que foi em razão da resposta dada pelo candidato.

[TJCE]. Embriaguez completa e voluntária?


Resposta abaixo.

[TJCE]. Embriaguez patológica? Dependência química?


Patológica – é a doentia – será tratada nos termos do art. 26 do CP. Pode ser completa
ou semi-completa. É considerada doença mental e pode ser enquadrado como tal.
Dependência química também. Não se pode falar em Actio in Libera Causa.

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[TJCE]. A conduta é atípica por agente que está embriagado?


É atípica apenas no caso de embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
força maior (ou seja, embriaguez acidental ou involuntária, a qual exclui a
imputabilidade e, por consequência, a culpabilidade (para a teoria tripartite).

No caso de embriaguez completa, não seja proveniente de caso fortuito ou de força


maior, embora não tenha o agente se embriagado com o fim de praticar qualquer
infração penal, mesmo que não possua a menor consciência daquilo que faz, ainda
sim será responsabilizado pelos seus atos. Isso porque o art. 28, II, do CP determina
que não excluirá a imputabilidade penal a embriaguez voluntária ou culposa, pelo
álcool ou substância de efeitos análogos.

O agente é responsabilizado pelos resultados ocorridos em virtude do ato de querer,


voluntariamente, embriagar-se, ou mesmo em razão de ter, culposamente, chegado
ao estado de embriaguez – teoria da actio libera in causa – se a ação foi livre na causa
(ato de fazer a ingestão de bebidas alcoólicas, por ex.) deverá o agente ser
responsabilizado pelos resultados dela decorrentes.

11. Coação irresistível e obediência hierárquica.


[TJCE]. O que é coação irresistível? Quais os efeitos? Coação física e moral,
diferenças. Qual o efeito para o coator? Se a coação for resistível? Coação moral
irresistível putativa é possível? Obediência hierárquica é o que? Qualquer pessoa
pode se sujeitar? Se houver excessos à ordem?
É uma dirimente da culpabilidade, ocorrida quando o coator, para alcançar o
resultado ilícito, desejado, ameaça o coagido e este, por medo, realiza a conduta
criminosa. Ela afasta a culpabilidade do coagido, mas a conduta permanece típica,
respondendo por ela o coator como autor mediato (em concurso material com o crime
de tortura). Se a coação for resistível, remanesce a culpabilidade do coagido, que
responderá com o coator pelo delito em concurso de agentes; contudo, sua pena
deverá ser atenuada. A coação física torna o fato atípico em virtude da ausência de
vontade e o coagido não responde por crime algum, enquanto na coação moral
irresistível a culpabilidade é excluída, por o coagido age com vontade, embora esta
seja viciada. pode ocorrer a hipótese de coação moral irresistível putativa, em que o
sujeito coagido, por erro, achava estar sofrendo coação, inexigindo comportamento
diverso, como exemplo de um empregado que recebe um bilhete dizendo que se não
ajudasse a subtrair objetos da empresa, seu filho iria morrer, porém, o bilhete estava
sendo direcionado para outro funcionário.

A obediência hierárquica, por sua vez, consiste em uma causa de exclusão da


culpabilidade, fundada na inexigibilidade de conduta diversa que ocorre quando um
funcionário publico subalterno pratica uma infração penal em decorrência o
cumprimento de ordem, não manifestamente ilegal, emitida pelo superior
hierárquico. É admitida somente se houver uma relação de direito publico, e se
houver excessos à ordem haverá a exclusão da dirimente, respondendo o executor
pelo crime em concurso com o mandante.

[TJCE]. O que é coação irresistível? Quais os efeitos? Coação física e moral,


diferenças? Quais os efeitos para o coautor? Se a coação for resistível? Coação moral
irresistível putativa é possível?

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A coação moral se apresenta sob forma de ameaça feita pelo coator ao autor, que é
compelido a praticar ação a delituosa, sob pena de suportar um prejuízo maior.

A doutrina fala que nessas hipóteses não há culpabilidade, pois, verificada a


inexigibilidade de conduta diversa.

Para que a culpabilidade do autor não se estabeleça, contudo, a coação deve ser
irresistível, invencível.

A coação física irresistível exclui a própria conduta, a tipicidade, por tirar a


voluntariedade do movimento. Já a coação moral irresistível exclui a culpabilidade,
por tornar conduta diversa inexigível.

A responsabilidade penal incidirá apenas sobre o coautor.

Tratando-se de coação moral resistível não há exclusão da culpabilidade. Se o autor


do fato puder resistir ou se opor à coação, é excluída a incidência do artigo 20 do
Código Penal, remanescendo, no máximo, a atenuante do artigo 65, inciso III, "c",
do Código Penal (cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta
emoção, provocada por ato injusto da vítima).

Sua forma putativa ocorre quando o agente imagina encontrar-se sob coação moral
irresistível por erro. Neste caso, haverá exclusão da culpabilidade.

Exemplo: Um trabalhador recebe um bilhete que consta uma ameaça exterminar seu
filho, que supostamente fora sequestrado, obrigando-o a colaborar num roubo contra
a empresa; posteriormente descobre que o bilhete era endereçado a um colega.

[TJCE]. O que é obediência hierárquica? Qualquer pessoa pode suscitar (se sujeitar)
se houver excessos à ordem?
A ordem de superior hierárquico é a manifestação de vontade de um titular de função
a um funcionário que lhe é subordinado, no sentido de que realize uma determinada
conduta, omissiva ou comissiva.

Para que o subordinado cumpra a ordem e se exclua a culpabilidade, é necessário que


aquela:

a) Seja emanada da autoridade competente.

b) Tenha o agente atribuições para a prática do ato.

c) Não seja a ordem manifestamente ilegal.

Quando a ordem for ilegal, mas não manifestamente, o subordinado que a cumpre
não agirá com culpabilidade, por ter avaliado incorretamente a ordem recebida,
incorrendo numa espécie de erro de proibição.

Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou


há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior.

12. Ilicitude. Causas de exclusão.

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[TJCE]. O que é ilicitude?


Ilicitude e a contrariedade entre o fato típico praticado por alguém e o ordenamento
jurídico, capaz de lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídico penalmente
tutelado.

[TJCE]. Quais as excludentes de ilicitude?


Existem as excludentes de ilicitude da parte geral do CP que são as do art. 23, estado
de necessidade, legitima defesa, estrito cumprimento do dever legal, ou exercício
regular do direito. Há ainda as excludentes de ilicitude contidas na parte especial do
CP e as que estão fora do CP, tais como, as do art. 128 (aborto) e do art. 10 da lei
6536/98, respectivamente.

[TJCE]. Quais as supralegais?


Consentimento do ofendido

[TJCE]. O que é ilícito é típico?


Nem todo ilícito é típico, há ilicitude atípica, mas toda tipicidade é ilícita.

[TJCE]. O consentimento do ofendido pode excluir a própria tipicidade?


Sim, é possível, na hipótese de bem jurídico disponível, é possível que o
consentimento do ofendido afaste a tipicidade da conduta relativamente aos tipos
penais em que se revela como requisito, expresso ou tácito, que o comportamento
humano se realize contra ou sem a vontade do sujeito passivo.

É o que ocorre nos crimes de sequestro ou cárcere privado (art. 148, do CP), violação
de domicílio (art. 150, do CP) e estupro (art. 213, do CP), entre outros.

[TJCE]. Qual a diferença de legitima defesa para estado de necessidade?


Na legitima defesa, o perigo provem de uma agressão ilícita do homem, e a reação
se dirige contra seu autor. No estado de necessidade, pode ser agressivo, contra quem
não causou o perigo ou dano, ou defensivo, contra quem causou o perigo ou o dano,
além do que, o estado de necessidade a reação dirige-se contra a coisa da qual resulta
o perigo e não contra a pessoa que provocou a situação perigosa. Por fim o estado de
necessidade pode ocorrer sem que o outro tenha provocado o perigo. Exemplo: A e
B estão perdidos no deserto, e a agua que carregavam somente saciará a sede de um
deles. A em estado de necessidade furta a agua de B, o qual, para salvar-se, mata em
estado de necessidade seu companheiro.

[TJCE]. Quais os requisitos da legítima defesa? Qualquer bem jurídico pode ser
protegido pela da legítima defesa? Qual a diferença entre legítima defesa e estado
de necessidade? Estado de Necessidade o perigo pode ser outras ofensas sem ser
humano?
No estado de necessidade há conflito entre vários bens jurídicos diante de uma
situação de perigo, que não pode ser prevista, em que o perigo decorre de
comportamento humano, animal ou ainda por evento da natureza. Deste modo, o
perigo não tem destinatário certo e os interesses em conflito são legítimos. Encontra
previsão legal no artigo 23, I, do Código Penal, sendo exemplificado no artigo 24 do
mesmo Código. Portanto, o estado de necessidade exclui o caráter antijurídico de
uma conduta criminosa.

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Já na legítima defesa, há ameaça ou ataque por pessoa imputável, a um bem jurídico,


podendo este ser de outrem. Trata-se, portanto, de agressão humana, que possui
destinatário certo e os interesses do agressor são ilegítimos. Tem como requisito
subjetivo o conhecimento da situação de fato justificante e como requisitos objetivos
a proteção de direito próprio ou alheio, uso moderado dos meios necessários (não
adiantando encontrar o meio necessário e sim usá-lo moderadamente, ou seja, de
maneira suficiente a repelir a agressão), que seja injusta a agressão e que ela esteja
ocorrendo ou prestes a ocorrer, conforme preceitua o Código Penal em seu artigo 25.

Certo é que, na legítima defesa temos uma ação defensiva com aspectos agressivos,
enquanto que no estado de necessidade a ação é agressiva com o intuito defensivo.

O art. 28, inciso I, estabelece que o criminoso que, movido pela emoção ou paixão,
praticar crime, não terá sua imputabilidade penal excluída. Cuida a legislação de uma
pena especialmente diminuída, se se tratar de homicídio privilegiado (CP, art. 121,
§1º) ou atenuada, se o crime for cometido sob a influência de violenta emoção
provocada por ato injusto da vítima (CP, art. 65, III, c, última parte).

[TJCE]. Legítima defesa de honra conjugal?


Não existe essa "honra conjugal", pois a honra é pessoal, própria de cada um dos
cônjuges. O adultério, portanto, não configura o estado de legítima defesa, pela sua
incompatibilidade com os requisitos do art. 25 do CP

[TJCE]. Excesso na legítima defesa, o que configura?


Fala-se em excesso na legítima defesa quando a reação ultrapassa, dolosa ou
culposamente, os limites legais estabelecidos para a excludente, ou porque
desnecessário o meio defensivo escolhido (poderia o agente valer-se de meio de igual
eficácia para cessar o ataque menos lesivo do que o escolhido, que se mostra, assim,
"desnecessário" frente à gravidade da agressão), ou porque, apesar da adequada
escolha, o uso do meio foi além do necessário para cessar a agressão e evitar a lesão
ao bem jurídico injustamente agredido (o agente deveria defender-se atuando de
forma proporcionada à agressão).

No excesso doloso, o agente só será punido pelo ato que gerou o excesso. O excesso
da legítima defesa culposa faz com que o agente responda pelo crime cometido,
contudo há redução obrigatória da pena.

[TJCE]. O que são ilicitudes e quais as suas causas de exclusão? A lei define o que é
ilícito? Tudo que é ilícito é tipo? Quais as excludentes que a lei prevê para a exclusão
da ilicitude? Quais as hipóteses extralegais?
São contrariedades entre uma conduta e o ordenamento jurídico, viabilizando,
consequentemente, a incidência dos requisitos do crime. É o segundo substrato
jurídico do crime.

As causas de exclusão estão previstas no artigo 23 do Código Penal.

Exclusão de ilicitude:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade;

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II - em legítima defesa

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

A Lei não define o que é ilícito. O conceito é definido pela Doutrina.

O ordenamento prevê situações em que, apesar de serem típicas, estão acobertadas


por excludentes de ilicitude do agente. Na mesma linha de raciocínio, o fato pode ser
antijurídico, mas não típico, tal como ocorre no princípio da insignificância, onde há
a exclusão da tipicidade penal, mais especificamente a tipicidade material. Não há
crime, pois o fato é atípico.

[TJCE]. O ofendido pode excluir a tipicidade da conduta?


Sim. Em alguns crimes, o consentimento do ofendido pode excluir a tipicidade. Se o
tipo penal exige o dissenso da vítima enquanto um dos requisitos objetivos formais
necessários à completude da figura incriminadora, é claro que o válido consentimento
do ofendido exclui a tipicidade. Exemplo: crimes de violação de domicílio — artigo
150 do Código Penal (se alguém permite ou tolera que terceiro ingresse em sua casa,
ausente estará a tipicidade da conduta) e estupro — artigo 213 do Código Penal (se
a mulher consente na relação sexual, inexiste tipicidade).

[TJCE]. Diferença entre legítima defesa e estado de necessidade.


No estado de necessidade há conflito entre vários bens jurídicos diante de uma
situação de perigo, que não pode ser prevista, em que o perigo decorre de
comportamento humano, animal ou ainda por evento da natureza. Deste modo, o
perigo não tem destinatário certo e os interesses em conflito são legítimos. Encontra
previsão legal no artigo 23, I, do Código Penal, sendo exemplificado no artigo 24 do
mesmo Código. Portanto, o estado de necessidade exclui o caráter antijurídico de
uma conduta criminosa.

Já na legítima defesa, há ameaça ou ataque por pessoa imputável, a um bem jurídico,


podendo este ser de outrem. Trata-se, portanto, de agressão humana, que possui
destinatário certo e os interesses do agressor são ilegítimos. Tem como requisito
subjetivo o conhecimento da situação de fato justificante e como requisitos objetivos
a proteção de direito próprio ou alheio, uso moderado dos meios necessários (não
adiantando encontrar o meio necessário e sim usá-lo moderadamente, ou seja, de
maneira suficiente a repelir a agressão), que seja injusta a agressão e que ela esteja
ocorrendo ou prestes a ocorrer, conforme preceitua o Código Penal em seu artigo 25.

13. Imputabilidade penal.


[TJCE]. Defina imputabilidade?
Possibilidade de se atribuir a autoria ou responsabilidade por fato criminoso a
alguém, ou por circunstâncias lógicas ou por ausência de impossibilidades jurídicas.

[TJCE]. É um elemento do crime?


A imputabilidade é elemento da culpabilidade

[TJCE]. Além da imputabilidade, quais os outros pressupostos da culpabilidade?


Potencial consciência da antijuridicidade, exigibilidade de conduta diversa.

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[TJCE]. A emoção e a paixão excluem a culpabilidade?


Segundo o art. 28 do CP, a emoção e a paixão não excluem a culpabilidade.

[TJCE]. A emoção pode atuar em outra circunstância?


Pode atuar como causa de diminuição de pena como o do art. 121, § 1º do CP.

[TJCE]. Defina imputabilidade penal?


Possibilidade de se atribuir a autoria ou responsabilidade por fato criminoso a
alguém, ou por circunstâncias lógicas ou por ausência de impossibilidades jurídicas.

[TJCE]. É elemento do crime?


A imputabilidade é elemento da culpabilidade

[TJCE]. E a culpabilidade é elemento do crime?


Entendimento majoritário diz que a culpabilidade é pressuposto de aplicação de pena.
Contudo, há entendimento que a culpabilidade pode ser tratada como elemento do
crime, tanto para os simpatizantes da teoria clássica da conduta, como também para
um partidário do sistema finalista, desde que se adote um conceito finalista do crime.

[TJCE]. Quais os elementos da culpabilidade?


Potencial consciência da antijuridicidade, exigibilidade de conduta diversa e
imputabilidade.

[TJCE]. O que significa coação moral irresistível?


Se apresenta sob forma de ameaça feita pelo coator ao autor, que é compelido a
praticar ação a delituosa, sob pena de suportar um prejuízo maior. A doutrina fala
que nessas hipóteses não há culpabilidade, pois verificada a inexigibilidade de
conduta diversa. Para que a culpabilidade do autor não se estabeleça, contudo, a
coação deve ser irresistível, invencível.

[TJCE]. Quais as cláusulas legais que excluem a imputabilidade?


A doença mental ou desenvolvimento mental completo ou retardado era, ao tempo
da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento (art. 26 do CP); os menores de 18
anos (art. 27 do CP); a embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força
maior, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (art. 28, § 1º,
do CP).

[TJCE]. Como se apura a imputabilidade decorrente de doença mental?


Pelo procedimento de insanidade mental previsto nos arts. 149 a 154 do CPP.

[TJCE]. O juiz pode indeferir um incidente de doença mental?


Sim, quando não houver duvida sobre a integridade mental do acusado. Art. 149 do
CPP.

[TJCE]. Réu semi-imputável, o que levaria a decidir entre a internação e a prisão?


Art. 98 do CP, quando o juiz observar que o semi-imputável, necessita de tratamento
curativo, o juiz pode substituir a pena, por medida de segurança.

[TJCE]. Defina imputabilidade. É um elemento do crime?

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Imputabilidade penal é a condição ou qualidade que possui o agente de sofrer a


aplicação de pena. E, por sua vez, só sofrerá pena aquele que tinha ao tempo da ação
ou da omissão capacidade de compreensão e de autodeterminação frente o fato.
Assim, imputabilidade é a capacidade de o agente, no momento da ação ou da
omissão, entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se frente tal fato.

A imputabilidade é elemento e/ou pressuposto da culpabilidade, e, não elemento do


crime.

[TJCE]. Além da imputabilidade, quais são os outros pressupostos da


culpabilidade?
Exigibilidade de conduta diversa e a potencial consciência da ilicitude

[TJCE]. A emoção e a paixão excluem a culpabilidade?


Infere-se do dispositivo do artigo 28 do Código penal que a emoção e a paixão não
excluem a imputabilidade. Noutros termos, elas não servem para escudar a tese de
inimputabilidade penal.

A emoção é uma alteração afetiva importante, mas temporária, passageira, que pode
consistir no susto, na raiva, na alegria etc.

A paixão, por sua vez, é uma alteração duradoura do estado psíquico da pessoa, tem-
se como exemplo o ciúme, o amor, o ódio etc.

[TJCE]. A emoção pode atuar em outra circunstância?


Nenhum desses estados de espírito fundamenta a inimputabilidade do autor. Sem
embargo, contudo, eles podem afetar a dosimetria da pena na forma dos arts. 65,
inciso III, "a" e "c", do Código Penal, por exemplo ou podem caracterizar um
privilégio, a depender do caso concreto, valendo-se como causa de diminuição de
pena (homicídio privilegiado). Impende ressaltar ainda que se a emoção ou a paixão
tiverem caráter patológico, ou seja, se puderem se caracterizar como doença mental
que retire a capacidade de entendimento ou de autodeterminação do sujeito, a
hipótese enquadra-se no art. 26 e seu parágrafo único, do CP.

[TJCE]. Defina Imputabilidade penal? É um elemento de crime? Quais requisitos


integrantes da culpabilidade? O que significa coação moral irresistível? Quais as
causas legais que excluem a culpabilidade? Como se apura a imputabilidade
decorrente de doença mental? Réu semi-imputável o que levaria a decidir entre a
aplicação da medida de segurança ou da pena? Dúvida quanto à maioridade do réu.
Imputabilidade penal é a condição ou qualidade que possui o agente de sofrer a
aplicação de pena. E, por sua vez, só sofrerá pena aquele que tinha ao tempo da ação
ou da omissão capacidade de compreensão e de autodeterminação frente o fato.
Assim, imputabilidade é a capacidade de o agente, no momento da ação ou da
omissão, entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se frente tal fato.

A imputabilidade é elemento e/ou pressuposto da culpabilidade, e, não elemento do


crime.

Elementos da culpabilidade são: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e


a potencial consciência da ilicitude.

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A coação moral irresistível se apresenta sob forma de ameaça feita pelo coator ao
autor, que é compelido a praticar ação a delituosa, sob pena de suportar um prejuízo
maior.

A doutrina fala que nessas hipóteses não há culpabilidade, pois, verificada a


inexigibilidade de conduta diversa.

Causas legais que excluem a culpabilidade: doença mental, conforme artigo 26 do


CP; desenvolvimento mental incompleto por presunção legal, do menor de 18 anos
(menoridade), artigo 27 do CP e retardado, pelo artigo 26; embriaguez completa e
fortuita, artigo 28 § 1º.

O incidente de insanidade mental visa perquirir se o indivíduo, no momento da ação


ou omissão, tinha capacidade de entender a ilicitude do fato e agir de acordo com
este entendimento. Objetiva, assim, aferir sua higidez mental, declarando-o
imputável ou inimputável. Caso seja considerado inimputável, um dos elementos da
culpabilidade estará afastado, não podendo se falar em aplicação de pena.

Configurado semi-imputável, o juiz optaria entre a aplicação da pena ou da medida


de segurança, de acordo com o caso. Portanto, enquanto o fundamento para a
aplicação da pena é a culpablidade, a medida de segurança encontra embasamento na
periculosidade aliada à inimputabilidade (ou semi-imputabilidade) do indivíduo.

Se houver dúvida acerca da maioridade do réu à época do fato, aplica-se o princípio


in dubio pro reo, com o reconhecimento da inimputabilidade.

14. Concurso de pessoas.


[TJCE]. Qual a diferença entre coautoria e participação?
Na coautoria o núcleo do tipo é praticado por mais de uma pessoa. Já a participação
o sujeito não realiza diretamente o núcleo do tipo penal, mas de qualquer modo
concorre para o crime.

[TJCE]. A participação pode se dar de que forma?


A participação se dar induzindo, instigando ou auxiliando terceira pessoa.

[TJCE]. Dê exemplo de participação material?


Levar o autor ao local da emboscada com a finalidade de assegurar a prática de um
crime de homicídio.

[TJCE]. O participe pratica atos típicos?


Não, a conduta do participe tem natureza acessória, pois não realiza o núcleo do tipo
penal. Sem a conduta principal, praticada pelo autor, a atuação do participe, em regra
é irrelevante.

[TJCE]. O que é a teoria do domínio do fato?


A teoria do domínio do fato afirma que é autor, e não mero partícipe, a pessoa que,
mesmo não tendo praticado diretamente a Infração penal, decidiu e ordenou sua
prática a subordinado seu, o qual foi efetivamente o agente que diretamente a praticou
em obediência ao primeiro. O mentor da infração não é mero partícipe, pois seu ato
não se restringe a induzir ou instigar o agente infrator, pois havia relação de
hierarquia e subordinação entre ambos, não de mera influência resistível

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[TJCE]. Qual a natureza jurídica da participação de menor importância?


Tem natureza de causa de diminuição de pena. Art. 29, § 1º, do CP.

[TJCE]. Coautor faria juiz à teoria da participação de menor importância?


Não, pois o coautor pratica o núcleo do tipo, ele sempre tem papel decisivo no
deslinde da infração penal. Entendimento esse em conformidade com o STJ.

[TJCE]. Como se dá o concurso de pessoas nos crimes monosubjetivos?


O concurso de pessoas desenvolveu-se para solucionar os problemas envolvendo
crimes unissubjetivos, nesses delitos, a culpabilidade dos envolvidos é fundamental,
sob pena de caracterização de autoria mediata. Exige-se também um vínculo
subjetivo entre os agentes.

[TJCE]. Cabe nos crimes plurisubjetivos?


Nos crimes plurissubjetivos o concurso de pessoas é necessário, pois o tipo exige a
realização da conduta por dois ou mais agentes, a culpabilidade de todos os coautores
ou participes é prescindível, não se faz necessária à utilização da norma de extensão
no art. 29, caput, do CP, pois é garantida pelo próprio tipo penal.

[TJCE]. Cooperação dolosamente diversa, essa cooperação admite participação?


Também chamada de desvios subjetivos entre os agentes ou participação em crime
menos grave, esta descrita pelo art. 29, § 2º do CP.

Neste caso não existe participação, mesmo sendo previsível o resultado mais grave.
Respondendo de forma autônoma pelo crime que queria cometer, mesmo que de
forma aumentada.

[TJCE]. Cabe ao coautor participação de menor importância?


Não, pois o coautor pratica o núcleo do tipo, ele sempre tem papel decisivo no
deslinde da infração penal. Entendimento esse em conformidade com o STJ.

[TJCE]. É a mesma coisa que cooperação dolosa?


Cooperação dolosa é a mesma coisa que coautoria.

[TJCE]. Quais os requisitos do concurso de pessoas?


Pluralidade de agentes culpáveis, relevância causal das condutas para a produção do
resultado, vínculo subjetivo, unidade de infração penal para todos os agentes,
existência de fato punível.

[TJCE]. Sempre ocorre identidade de delitos?


via de regra o CP adotou a teoria monista na qual todos os coautores e participes se
sujeitam a um único tipo penal. Excepcionalmente, contudo, o CP abre espaço para
a teoria pluralista, pela qual se separam as condutas, com a criação de tipos penais
diversos para os agentes que buscam um mesmo resultado. Como por exemplo nos
crimes de aborto provocado por terceiro com consentimento da gestante, bigamia,
corrupção ativa e passiva, falso testemunho e falsa pericia. Neste caso cada agente
responde por um crime portanto.

[TJCE]. É possível nos crimes próprios?


Os crimes próprios podem ser praticados em coautoria. Tanto os coautores podem
ser dotadas da condição especial reclamada pela lei, como apenas um deles sendo os
demais conhecedores dessa condição especial.

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[TJCE]. O que é crime próprio?


São aqueles em que o tipo penal exige uma situação de fato ou de direito diferenciada
por parte do sujeito ativo. Apenas quem reúne as condições especiais previstas na lei
pode pratica-las.

[TJCE]. A condição de funcionário público se estende ao particular?


Sim, se ele sabia dessa condição.

[TJCE]. Os crimes de mão própria admite concurso?


Via de regra os crimes de mão própria são incompatíveis com a coautoria, mas há a
exceção no caso de crime de falsa perícia, praticado em concurso por dois ou mais
peritos.

[TJCE]. Na autoria mediata há concurso de pessoas?


Não há concurso de pessoas, pois a pessoa atua sem o discernimento, seja por
ausência de culpabilidade, seja pela falta de dolo ou culpa, funciona como mero
instrumento do crime.

15. Penas privativas de liberdade.


[TJCE]. Quais os critérios para adoção de regime inicial?
O regime inicial é adotado de acordo com a pena aplicada.

[TJCE]. Em termos de quantidade?


Sim, art. 32, § 2º, do CP.

[TJCE]. Os critérios do artigo 59 devem ser seguidos na escolha do regime prisional?


Sim, de acordo com o art. 33, § 3º do CP.

[TJCE]. Pode o juiz fixar acima do mínimo e aplicar o regime mais gravoso em vez
daquele previsto?
Sim, desde que seja com fundamentação idônea.

[TJCE]. Existe entendimento sumulado?


Sumula 719 do STF.

[TJCE]. O réu reincidente com condenação inferior a quatro anos deve iniciar em
que regime prisional?
Cumprirá no regime semiaberto se favoráveis às circunstancias judiciais. Súmula 269
do STJ.

[TJCE]. A gravidade do crime justifica a aplicação de regime mais gravoso?


Não, inclusive há duas sumulas tratando do tema. Súmula 718 do STF e 440 do STJ.

[TJCE]. As penas privativas de liberdade: quais são?


R: As penas privativas de liberdade são: reclusão e detenção

“Art. 33, CP: A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou
aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de
transferência a regime fechado.”

[TJCE]. Quais são os requisitos para progressão de regime?

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R: - Requisitos

1) Sentença condenatória definitiva;

Não precisa mais ser definitiva.

Súmula 716 do STF.

Resolução 113 do CNJ: admite-se execução penal provisória.

2) Cumprimento de 1/6 da pena;

Atenção: Crime hediondo ou equiparado  2/5 da pena (se primário);

3/5 da pena (se reincidente)

Ex.: Condenado por 3 homicídios a uma pena de 60 anos. O máximo da pena a


cumprir no Brasil é de 30 anos (art. 75, CP). O cumprimento será de 1/6 da pena
imposta (60 anos) ou do máximo da pena a cumprir (30 anos)? Da pena imposta na
sentença.

Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser
superior a 30 (trinta) anos.

Depende do cumprimento de 1/6, 2/5 ou 3/5 da pena imposta na sentença.

Súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de
cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a
concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável
de execução”.

3) Bom comportamento carcerário durante a execução;

Atenção: cometida falta grave pelo condenado no curso do cumprimento da pena,


inicia-se a partir de tal data a nova contagem da fração como requisito da progressão
(prevalece no STF e STJ).

Cuidado: prevalece o in dubio pro societate.

4) Oitiva do MP;*

Atenção: o STJ entende que a falta de intervenção ministerial gera nulidade.

5) Oitiva da defesa (advogado ou Defensoria Pública);*

* Para estabelecer o contraditório.

6) No caso de crime cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, faculta-se a


realização de exame criminológico;

7) Crime contra a Administração Pública;

Art. 33, § 4º, CP: reparação do dano ou restituição da coisa.

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Art. 33, § 4o: O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão
de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.

[TJCE]. O juiz pode determinar exame criminológico em qualquer situação?


R: 6) No caso de crime cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, faculta-
se a realização de exame criminológico;

Lei 10.729/03

Antes Depois

Exame criminológico era obrigatório. Exame criminológico é facultativo.

Súmula 439 do STJ.

Súmula 439 do STJ: “Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso,


desde que em decisão motivada”.

Caso o juiz determine a realização de exame criminológico sem fundamentar a


decisão, considerando as características daquele condenado e do crime que ele
praticou, há constrangimento ilegal.

[TJCE]. É possível progressão por salto? E regressão per saltum?


R: Prevalece na doutrina o entendimento de que não existe “progressão em saltos”.

Cuidado: é entendimento dominante no STJ a possibilidade da “progressão em salto”


quando a demora na progressão for culpa do Estado.

É perfeitamente possível “regressão em saltos”.

Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva,
com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:

Prevalece na jurisprudência ser possível regressão preventiva ou cautelar. O juiz,


dentro do seu poder geral de cautela, não só pode como deve determinar de imediato
o retorno do sentenciado ao regime mais severo, observando a fumaça do bom direito
e o perigo da demora.

[TJCE]. Quais os requisitos para progressão de regime dos crimes hediondos? Os


condenados por crimes hediondos podem ser concedido livramento condicional?
R: Crime hediondo ou equiparado  2/5 da pena (se primário); 3/5 da pena (se
reincidente).

No caso de crime hediondo é possível o livramento, atendido os seguintes

a) Objetivos

- A pena a ser cumprida deve ser privativa de liberdade;

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2
P á g i n a | 53

Não existe livramento condicional em penas alternativas.

- A pena concreta deve ser igual ou superior a 2 anos;

- Cumprimento:

mais de 2/3 da pena (crime hediondo ou equiparado, desde que não reincidente
específico).

- Reparação do dano causado.

b) Subjetivos

- Comportamento carcerário satisfatório;

- Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído;

- Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto;

- No caso de crimes com violência (física ou moral): constatação de condições


pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir (o exame
criminológico é facultativo).

[TJCE]. Quem pode obter o regime aberto? E a prisão domiciliar?


R: Regime aberto, art 33, § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser
executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os
seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais
rigoroso:

c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.

Prisão domiciliar do art. 117, LEP Prisão domiciliar do art. 318, CPP

Substitui casa do albergado (regime Substitui prisão preventiva;


aberto);

Prisão-pena. Medida cautelar.

Hipóteses de cabimento

1) Condenado maior de 70 anos (não 1) Pessoa maior de 80 anos;


foi alterado pelo Estatuto do Idoso);

2) Condenado acometido de doença 2) Pessoa extremamente debilitada


grave (doença cujo tratamento ou a por doença grave;
cura fica impossibilitado no regime
prisional)

3) Condenada com filho menor ou 3) Pessoa com filho menor de 6 anos


deficiente (art. 5º, I, CF  abrange ou deficiente;

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P á g i n a | 54

condenado, desde que comprove a


dependência do filho);

4) Condenada gestante. 4) Gestante no 7º mês ou gravidez de


risco.

[TJCE]. É possível pena restritiva de direito como condição para cumprimento de


regime aberto?
R: Não, súmula 493, STJ: “É inadmissível a fixação de pena substitutiva (artigo 44
do CP) como condição especial ao regime aberto”

16. Penas restritivas de direitos.


[TJCE]. Quando podem ser aplicadas as penas restritivas de direito?
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
se o crime for culposo;(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado,


bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

[TJCE]. Quando elas são autônomas?


Pois uma vez substituídas, não podem ser cumuladas com a pena privativa de
liberdade.

[TJCE]. A análise de sursis é anterior à aplicação da pena?


Não pois é preciso saber o quantum da pena para saber se é possível ou não a
aplicação do sursis, conforme art. 77 do CP.

[TJCE]. É possível substituir pena nos crimes de tráfico?


Em regra não é possível a aplicação da substituição das penas no caso do trafico de
drogas, pois sua pena varia de 5 a 15 anos, afastando a sua aplicação. Contudo, no
caso do trafico privilegiado (art. 33,§ 4º da Lei 11343/2006), há a possibilidade da
aplicação da substituição, pois a pena poderá ser reduzida de 1/6 a 2/3, podendo ficar
abaixo do teto de quatro anos.

[TJCE]. A pena privativa de liberdade quando cabem?


Em regra cabem quando aplicada pena de reclusão, detenção ou prisão simples.

[TJCE]. Uma pena de até um ano, como pode ser substituída?


Art.44, § 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por
multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de
liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas
restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998).

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[TJCE]. A pena de prestação de serviço à comunidade pode ser imposta em quais


situações?
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
condenações superiores a seis meses de privação da liberdade. (Redação dada pela Lei
nº 9.714, de 1998).

[TJCE]. O juiz pode determinar que se cumprisse em menor tempo?


Art. 46, § 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado
cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena
privativa de liberdade fixada. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998).

[TJCE]. As penas restritivas de direito prescrevem em que prazo?


Prescrevem no prazo da pena privativa de liberdade substituída.

[TJCE]. Quais as penas restritivas de direito?


Art. 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

I - prestação pecuniária; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)

II - perda de bens e valores; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)

III - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; (Incluído pela Lei nº


9.714, de 25.11.1998)

V - interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998)

VI - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998)

[TJCE]. O que é interdição temporária de direitos?


A Interdição Temporária de Direitos também consiste em pena alternativa à prisão,
que se consubstancia na proibição dada ao condenado, de em tempo igual ao da pena
restritiva de liberdade decretada em sentença, ser privado de exercer atividade
pública, assim como mandado eletivo; exercício de atividade ou profissão que
necessite de habilidade específica; suspensão do direito de dirigir e proibição de
frequentar determinados lugares, conforme previsto no artigo 47 do Código Penal.

[TJCE]. Pode ser aplicada nos crimes de trânsito?


A interdição temporária de direitos, relativa à suspensão de autorização ou
habilitação para dirigir veiculo, aplica-se somente aos crimes culposos de trânsito
(CP, art. 57). Mas, como tais crimes encontram-se atualmente previstos em sua
maioria no CTB, lei 9503/97, esse dispositivo foi por ele tacitamente revogado.
(Cleber Masson).

[TJCE]. Em que consiste a perda de bens e valores?


Cuida-se de pena restritivas de direitos que consiste na retirada de bens e valores
integrantes do patrimônio licito do condenado, transferindo-os ao Fundo
Penitenciário Nacional.

[TJCE]. Em que consiste a pena de prestação pecuniária?

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Consiste no pagamento em dinheiro a vítima, a seus dependentes, ou a entidade


pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não
inferior a um salário-mínimo, nem superior a 360 salários-mínimos (art. 45, § 1º, 1ª
parte.

[TJCE]. Em que consiste a pena de limitação de fim de semana?


Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados
e domingos, por cinco (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro
estabelecimento adequado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos


e palestras ou atribuídas atividades educativas.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984).

[TJCE]. É cabível a substituição em crimes culposos?


Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada, se o crime for culposo; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

[TJCE]. É cabível a substituição na reincidência?


Art. 44, § 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde
que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a
reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído pela
Lei nº 9.714, de 1998)

17. Pena de multa


[TJCE]. Como se calcula a pena de multa?
De acordo com o art. 49 do CP, é calculada em dias-multa e será no mínimo dez e,
no máximo, de trezentos e sessenta dias-multa. O valor da multa será fixado pelo juiz
não podendo ser inferior a um trigésimo do salário mínimo ao tempo do fato, nem
superior a cinco vezes esse salário.

[TJCE]. Pena de multa pode ser substituída?


Não, pois só as penas privativas de liberdade podem ser substituídas, conforme o art.
44 do CP.

[TJCE]. Se for decorrente de violência doméstica?


Como já explicado a apena de multa não pode ser substituída e falando sobre
violência doméstica, a lei 10340/2003, no art. 17 dispõe que: é vedado a substituição
que implique o pagamento isolado de multa.

[TJCE]. Se ela for cominada diretamente no título?


Não entendi essa pergunta.

[TJCE]. A prestação pecuniária é uma pena de multa?


Não, a pena de multa é pena, cujo valor é destinado ao fundo penitenciário.

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Já a prestação pecuniária é uma pena restritiva de direito substitutiva de pena


privativa de liberdade e tem como destinatário a vítima ou seus dependentes, entidade
pública ou privada com finalidade social.

[TJCE]. A quem se destina a multa e a prestação pecuniária?


A pena de multa o valor é destinado ao fundo penitenciário estadual. Já a prestação
pecuniária, o valor é destinado à vítima ou seus dependentes, entidade pública ou
privada com finalidade social.

[TJCE]. Qual o prazo prescricional no caso de multa substitutiva?


O prazo prescricional da prestação pecuniária é o prazo prescricional da pena
privativa de liberdade substituída.

[TJCE]. Em não pagamento de multa o que ocorre?


De acordo com o art. 51 do CP, o não pagamento da pena de multa, será considerado
dívida de valor, aplicando as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública.

19. Aplicação das penas.


[TJCE]. Quais os critérios para a fixação da pena-base?
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em
seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as
causas de diminuição e de aumento.

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à


personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente
para reprovação e prevenção do crime.

[TJCE]. É possível ao juiz fixar regime menos gravoso do que o cominado para a
condenação?
Sim, através da aplicação da detração penal quando cabível.

[TJCE]. O que é detração penal?


Consiste a detração no abatimento na pena privativa de liberdade e na medida de
segurança, do tempo em que o sentenciado sofreu prisão provisória, prisão
administrativa ou internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, ou
mesmo em outro estabelecimento similar. Através da detração penal permite-se
descontar, na pena ou na medida de segurança, o tempo de prisão ou de internação
que o condenado cumpriu antes da condenação. A detração a ser realizada pelo juiz
de conhecimento, conforme determinado pela nova lei, é apenas para fins de regime
de pena, em relação tão-somente ao início de cumprimento da reprimenda. Se este
não for alterado, não pode haver cálculos para diminuir a reprimenda. Nesse caso, o
juiz disporá que deixa de aplicar a detração prevista no § 2º, do art. 387 do Código
de Processo Penal, vez que o regime não será modificado, não obstante o período de
prisão preventiva do sentenciado.

[TJCE]. Como se dá o concurso entre agravantes e atenuantes?


Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite
indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam
dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.

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[TJCE]. Como se dá o concurso entre causas de aumento e diminuição?


Artigo 68. PU - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte
especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo,
todavia, a causa que mais aumente ou diminua. Se o concurso for entre causa de aumento
com causa de diminuição, há entendimento doutrinário que primeiro deve se aumentar a
pena para depois diminuir e há entendimento que primeiro se diminui para depois
aumentar a pena.

[TJCE]. É possível compensação?


O STJ entende que pode haver compensação entre a atenuante da confissão e a
agravante da reincidência.

20. Concurso de crimes


[TJCE]. Quais os requisitos para o crime continuado?
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e
outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro,
aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas,
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Requisitos:

1°) pluralidade de condutas

2°) pluralidade de crimes da mesma espécie: lº posicionamento (dominante):


crimes da mesma espécie são os previstos no mesmo tipo penal. 2º posicionamento:
crimes da mesma espécie são referentes ao mesmo bem jurídico.

3°) Similitude de circunstâncias objetivas: tempo: não superior a trinta dias


(orientação jurisprudencial); - lugar: mesma cidade ou cidades próximas; maneira de
execução: mesmo modus operandi. outras semelhantes: existem decisões no sentido
de ser exigida a conexão ocasional, sendo que para haver crime continuado deve o
agente aproveitar as mesmas oportunidades ou relações surgidas com o crime
anterior.

[TJCE]. O que é pluralidade de condutas? Requisitos objetivos e subjetivos?


Pluralidade de condutas faz referência à prática de mais de uma ação ou omissão por
parte do agente. Com relação aos requisitos objetivos e subjetivos, há duas teorias:

1 - Teoria puramente objetiva: O crime continuado é verificado apenas da análise de


elementos objetivos, como tempo, lugar, maneira de execução e outros semelhantes.

2 - Teoria objetivo-subjetiva: Para configurar o crime continuado deverão estar


reunidos os elementos objetivos, como tempo, lugar, maneira de execução, bem
como o elemento subjetivo, consistente na unidade de desígnio. Deve haver uma
relação subjetiva entre os crimes. Inexistente, ocorrerá a 'reiteração criminosa' e não
continuidade criminosa. Assim a jurisprudência:

"I. Para a caracterização da continuidade delitiva, é imprescindível o preenchimento de


requisitos de ordem objetiva - mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução -
e subjetiva - unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos (art. 71 do CP)

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(Teoria Mista ou Objetivo-subjetiva). 2. Constatada a reiteração criminosa, e não a


continuidade delitiva, inviável acoimar de ilegal a decisão que negou a incidência do art.
71 do CP, pois, na dicção do Supremo Tribunal Federal, a habitualidade delitiva afasta
o reconhecimento do crime continuado" (STJ-HC 166.534/SP, 5ª T., j. 19/05/201 1).
Precedente do STF: HC 98681, 2ª T., j. 05/04/2011.

[TJCE]. O que são crimes de mesma espécie? Nos crimes contra a dignidade sexual
se aplica?
A doutrina e a jurisprudência se dividem ao conceituar o que são crimes da mesma
espécie, existindo duas correntes em torno do assunto. A primeira corrente defende
que são crimes da mesma espécie aqueles previstos no mesmo tipo legal. Dessa
forma, seriam da mesma espécie, por exemplo, os delitos de homicídio simples,
homicídio qualificado, homicídio privilegiado e homicídio culposo, vez que todos se
encontram previstos no artigo 121 do Código Penal. Por outro lado, os delitos de
aborto provocado pela gestante, aborto provocado por terceiro sem o consentimento
da gestante, e aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante não
poderiam configurar a continuidade delitiva, pois que previstos em artigos diversos
do CP (124,125 e 126, respectivamente).

Outros argumentam que o próprio texto, ao admitir crimes a que são cominadas
“penas diversas”, não estaria cingindo-se a crimes previstos no mesmo tipo penal,
pois, aos previstos no mesmo tipo, as penas cominadas seriam as mesmas. Podem
ocorrer de crimes não previstos no mesmo tipo legal, mas praticados contra o
mesmo bem jurídico, pela mesma pessoa, e que se assemelham pelas mesmas
circunstâncias de tempo, lugar e maneira de execução, os quais deveriam ser havidos
como da mesma espécie, para aplicação da regra do crime continuado.

Luiz Regis Prado observa que “O Código Penal brasileiro adota a teoria da ficção
jurídica para efeitos de aplicação da pena. Por medida de política criminal, é aceita
essa teoria – embora haja pluralidade de crimes, a lei presume a existência de crime
único. Essa presunção, entretanto, só tem relevância na aplicação da pena” (...)
“Crimes da mesma espécie: por crimes da mesma espécie entendem-se aqueles que,
embora não necessariamente descritos pelo mesmo tipo legal, ofendem o mesmo
bem jurídico”.

Tanto o STJ quanto o STF vem admitindo continuidade delitiva no crime de estupro,
mesmo com a nova redação, basta imaginarmos o agente que teve conjunção carnal
com a vítima em um determinado dia e posteriormente praticou atos de libidinagem.
É claro que a decisão dependerá da análise dos requisitos subjetivos e objetivos do
art. 71, do CP. Assim diante das decisões e de uma análise teorizada, podemos
concluir que o crime de estupro é crime de ação plurinuclear, ou seja, a prática de um
ou de vários núcleos do tipo penal resultará na prática de delito único. Senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO


AO PUDOR. ADVENTO DA LEI N. 12.015/09. CONTINUIDADE
DELITIVA.OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS.
POSSIBILIDADE.INSURGÊNCIA DESPROVIDA.1. A Lei n.º 12.015/2009 promoveu
sensível modificação nos dispositivos que disciplinam os crimes contra os costumes, ao
reunir em um só tipo penal as condutas antes descritas nos artigos 213 (estupro) e 214
(atentado violento ao pudor), ambos do Código Penal.2. Com as inovações trazidas pelo
referido diploma normativo, os crimes de estupro e atentado violento ao pudor são,
agora, do mesmo gênero - crimes contra a liberdade sexual - e também da mesma espécie

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- estupro -, razão pela qual, preenchidos os requisitos de ordem objetiva (mesmas


condições de tempo, lugar e forma de execução) e subjetiva (unidade de desígnios ou
vínculo subjetivo entre os eventos), não haveria qualquer óbice ao reconhecimento da
continuidade delitiva. Precedentes.3. Agravo regimental desprovido.(AgRg no REsp
1324621/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
16/04/2015, DJe 28/04/2015)

[TJCE]. Qual o critério para aplicar a elevação de pena na continuidade delitiva?


De acordo com o STJ, deve-se levar em consideração o número de infrações, bem
como as circunstâncias judiciais, no caso de crime continuado específico. senão
vejamos:

CONSTITUCIONAL. PENAL. HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO A


RECURSO PRÓPRIO. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR (POR QUATRO
VEZES).DOSIMETRIA. CRITÉRIO PARA AUMENTO DA PENA EM FACE DA
CONTINUIDADE DELITIVA (CP, ART. 71). NÚMERO DE INFRAÇÕES. HABEAS
CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA, DE OFÍCIO. (…) 02. "Em se
tratando de aumento de pena referente à continuidade delitiva, aplica-se a fração de
aumento de 1/6 pela prática de 2 infrações; 1/5, para 3 infrações; 1/4, para 4 infrações;
1/3, para 5 infrações; 1/2, para 6 infrações e 2/3, para 7 ou mais infrações" (HC
258.328/ES, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 24/02/2015;
HC 273.262/SP, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Quinta Turma, julgado em
06/11/2014).(HC 195.872/RJ, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/SC), QUINTA TURMA, julgado em 21/05/2015, DJe 27/05/2015)

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. CONTINUIDADE


DELITIVA ESPECÍFICA. QUANTUM DE AUMENTO. ART. 71, PARÁGRAFO ÚNICO,
CÓDIGO PENAL - CP. NÚMERO DE DELITOS E CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS.COMETIMENTO DE 4 (QUATRO) DELITOS COM DESVALOR DA
CULPABILIDADE.ACRÉSCIMO DE 3/4 JUSTIFICADO. FLAGRANTE ILEGALIDADE
NÃO EVIDENCIADA.REPRIMENDA MANTIDA. PREJUDICADO O PEDIDO DE
FIXAÇÃO DE REGIME MAIS BRANDO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.- O
Superior Tribunal de Justiça - STJ, seguindo a posição sedimentada pelo Supremo
Tribunal Federal - STF, uniformizou o entendimento no sentido de ser inadmissível o
conhecimento de habeas corpus substitutivo de recurso previsto para a espécie,
ressalvada a possibilidade da existência de flagrante ilegalidade que justifique a
concessão de ordem de ofício.- A jurisprudência desta Corte Superior sedimentou-se no
sentido de que a fixação do quantum de aumento decorrente da continuidade delitiva,
nos termos do art. 71, parágrafo único do Código Penal, deve considerar tanto o número
de infrações cometidas como as circunstâncias judiciais do delito.(HC 310.445/PR, Rel.
Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP),
SEXTA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe 06/05/2015)

[TJCE]. Quando se aplica a regra do artigo 71, parágrafo único, crime continuado
específico?
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75
deste Código.

[TJCE]. Primeira conduta em uma lei e segunda conduta em outra lei mais gravosa,
qual lei deve aplicar?

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No contexto da continuidade delitiva, deve-se aplicar a lei mais gravosa. Sumula 711
do STF: a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.

[TJCE]. O que consiste o princípio da legalidade em matéria penal?


O princípio da legalidade também é chamado de legalidade estrita, reserva legal ou
intervenção legalizada. Para a definição de crime e cominação de pena é necessária
uma lei (aprovada pelo Congresso Nacional).

Parte da doutrina faz a correta observação acerca da distinção entre "princípio da


legalidade" e "princípio da reserva legal". Legalidade abrange várias espécies
normativas, como leis ordinárias, complementares, delegadas, medidas provisórias,
decretos legislativos e resoluções. Seria, neste sentido amplo, o princípio consagrado
no art. 5°, II, da Constituição Federal (princípio da legalidade em sentido amplo). Por
sua vez, o princípio da reserva legal (legalidade estrita) possui um sentido restrito, já
que abrange apenas lei ordinária ou complementar aprovada pelo Congresso
Nacional. O princípio da legalidade possui algumas funções fundamentais:

1ª) Lei estrita: a competência para criar crimes e cominar penas é do Poder
Legislativo (CF, a rt. 22, I), por meio de lei.

2ª) Lei escrita: os costumes não têm a força de criar crimes e cominar
sanções penais, uma vez que a lei deve ser escrita, ou seja, é proibido o
costume incriminador;

3ª) Lei certa: os tipos penais devem ser de fácil entendimento pelo cidadão,
justamente para que possa se orientar daquilo que é certo ou errado. Desse
modo, decorre a proibição da criação de tipos penais vagos e
indeterminados.

4ª) Lei prévia: proibição da aplicação da lei penal incriminadora a fatos -


não considerados crimes - praticados antes de sua vigência. Trata-se do
princípio da anterioridade.

[TJCE]. Quais as formas de concurso de crimes prevista no CP?


Concurso material:

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade
em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela.

§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de
liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição
de que trata o art. 44 deste Código.

§ 2º- Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá


simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.

Concurso formal:

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Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais,
somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69
deste Código

[TJCE]. Concurso Formal e Material: quais as suas consequências práticas?


No concurso material, aplica-se o sistema do cúmulo material, em que cada delito
corresponde a uma pena, que será somada com as demais.

No concurso formal, aplica-se o sistema da exasperação da pena, em que a pena a ser


aplicada deve ser a do delito mais grave, mas aumentada em certa quantidade.

Adotado pelo art. 70, caput, 1ª parte. No caso de desígnios autônomos, art. 70, caput,
2ª parte, há a aplicação do sistema do cúmulo material.

[TJCE]. Em que consiste o concurso material benéfico?


Nos termos do art. 70, parágrafo único, não poderá a pena exceder a que seria cabível
pela regra do artigo 69 do Código Penal. Trata-se do chamado concurso material
benéfico.

[TJCE]. Que critério deve nortear o juiz para aumentar a pena no concurso formal?
O critério de aumento varia de acordo com a quantidade de crimes. Nesse sentido:
STJ-HC 162.306/DF, 5ª T., j. 15/02/201i. Geralmente se utiliza a seguinte técnica:

2 crimes: aumento de 1/6;

3 crimes: aumento de 1/5;

4 crimes: aumento de 1/4;

5 crimes: aumento de 1/3;

6 ou mais crimes: aumento de 1/2

[TJCE]. O que é unidade de desígnios?


O agente quis praticar apenas um único crime. Seu propósito é único, mas, na
realidade, praticou mais de um delito no mesmo contexto tático, tendo em vista a
diversidade das vítimas.

[TJCE]. Caso: Um agente entra e uma loja e pratica um roubo. Na saída, ele se
desentende com um cliente e mata 2 pessoas. Responderá por quantos crimes?
VLÁDIA: Responderá por roubo e homicídio em concurso material, pois acredito
que não ser aplicável o concurso formal, já que, a meu ver existem duas ações
independentes, sem liame fático.

[TJCE]. Defina concurso formal próprio.

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Ocorre quando o agente, mediante uma só ação ou om1ssao, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, desde que a ação ou omissão não seja dolosa e os crimes
concorrentes não resultem de desígnios autônomos (art. 70, caput, 1ª parte).

[TJCE]. Caso: Um agente entra em um estabelecimento e mata duas pessoas sem


nada levar deles. Haverá concurso formal? Temos quantos crimes? Quantos
latrocínios? Qual o bem jurídico protegido? Quantos foram lesados?
SÚMULA 610 do STF - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda
que não realize o agente a subtração de bens da vítima.

1ª posição: Se em apenas um contexto (unidade de subtração patrimonial) decorrer


mais de uma morte, paira divergência se haverá crime único ou pluralidade de
infrações. Orientações: 1a) concurso formal impróprio. Precedente:

STJ : PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL DO MINISTÉRIO


PÚBLICO E AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL DO RÉU. LATROCÍNIO. ART. 157,
§ 3º, DO CÓDIGO PENAL E ART. 288, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO PENAL.
RÉU QUE, MEDIANTE UMA SÓ AÇÃO, ATINGIU DOIS RESULTADOS, COM A
MORTE DE DUAS PESSOAS. CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO. PRECEDENTES
DO STJ. AUSÊNCIA DE RATIFICAÇÃO DO RECURSO ESPECIAL DO RÉU, APÓS A
PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
EXTEMPORANEIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA 418/STJ. RECURSO ESPECIAL
DO MINISTÉRIO PÚBLICO CONHECIDO E PROVIDO. AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL DO RÉU IMPROVIDO.I. Segundo a jurisprudência desta Corte, "tipifica-se
a conduta do agente que, mediante uma só ação, dolosamente e com desígnios
autônomos, pratica dois ou mais crimes, obtendo dois ou mais resultados, no art. 70, 2ª
parte, do Código Penal - concurso formal impróprio, aplicando-se as penas
cumulativamente. Na compreensão do Superior Tribunal de Justiça, no caso de latrocínio
(artigo 157, parágrafo 3º, parte final, do Código Penal), uma única subtração
patrimonial, com quatro resultados morte, caracteriza concurso formal impróprio" (STJ,
HC 165.582/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, DJe de 06/06/2013).

2ª posição: Haverá apenas um único delito de latrocínio, devendo ser as


consequências apreciadas como circunstancias judiciais. Nesse sentido, STF:

Ementa: HABEAS CORPUS. PENAL. LATROCÍNIO. ART. 157, § 3º, DO CÓDIGO


PENAL. PLURALIDADE DE VÍTIMAS NA EXECUÇÃO DO DELITO. UNIDADE
PATRIMONIAL. CRIME ÚNICO. ORDEM CONCEDIDA. EXTENSÃO DO HABEAS
CORPUS AO CORRÉU. ART. 580 DO CPP. 1. Segundo entendimento acolhido por esta
Corte, a pluralidade de vítimas atingidas pela violência no crime de roubo com resultado
morte ou lesão grave, embora único o patrimônio lesado, não altera a unidade do crime,
devendo essa circunstância ser sopesada na individualização da pena, que, no caso, é de
20 (vinte) a 30 (trinta) anos. Precedentes. 2. Desde que a conduta do agente esteja
conscientemente dirigida a atingir mais de um patrimônio, considerado de forma
objetiva, como requer o fim de proteção de bens jurídicos do Direito Penal, haverá
concurso de crimes. Essa conclusão, todavia, somente pode ser alcançada mediante a
análise das circunstâncias que envolvem a prática do ato delitivo. 3. No caso dos autos,
não restou demonstrada, de modo inequívoco, a vontade do agente de atingir mais de um
patrimônio. A própria denúncia, aliás, considera os bens subtraídos como pertencendo
a um único patrimônio (= do supermercado). 4. Ordem parcialmente concedida para
afastar o concurso de crimes, com a extensão dos efeitos ao corréu (CPP, art. 580), e
determinar ao juízo competente que considere a circunstância da pluralidade de vítimas
na fixação da pena-base (CP, art. 59), respeitado o limite do ne reformatio in pejus. (HC

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96736, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em


17/09/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-193 DIVULG 01-10-2013 PUBLIC 02-
10-2013).

O bem jurídico protegido no latrocínio é o mesmo do crime de roubo, tratando-se de


crime pluriofensivo, pois ofende a propriedade, posse e a integridade física e
psíquica. No caso em, comento, não foi lesado o bem jurídico posse e propriedade;
no entanto foi lesada a integridade física das vítimas, violando o bem jurídico vida.

[TJCE]. Caso: Se um agente entra em uma residência e subtrai bens de várias


pessoas, temos quantos furtos?
Responderá por furto em concurso formal, devendo a pena ser aumentada em razão
do número de infrações cometidas.

[TJCE]. Que critérios deve ser utilizado pelo juiz para aplicação do concurso
formal? deve ser aplicada a pena de multa?
Deve ser utilizado o número de infrações.

Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente.

[TJCE]. O acréscimo do concurso formal interfere na prescrição?


Para fins de calcular a prescrição, o juiz considera a pena aplicada para cada um dos
delitos, isoladamente. Assim, não se calcula a prescrição com o aumento imposto
pelo concurso formal. O objetivo é que seja mais benéfico ao réu.

CP/Art. 119. No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a


pena de cada um, isoladamente.

21. Conflito aparente de normas


[TJCE]. Quando há conflito aparente de normas?
Dá-se o chamado conflito aparente de leis penais quando, em tese, duas ou mais leis
penais (ou dois ou mais artigos de lei) vigentes são aplicáveis para a mesma infração.
Requisitos do conflito aparente de leis penais: só se pode falar em conflito aparente
de leis penais, portanto, quando temos: (a) fato único (não importa se se trata de crime
simples ou complexo); e (b) duas ou mais leis (vigentes) aparentemente aplicáveis.
O conflito, ademais, é só aparente porque, no final, uma só das leis terá incidência
no caso concreto.

[TJCE]. Quais as formas de conflito aparente?


Princípios que resolvem o conflito aparente de leis penais: três são os princípios
válidos para resolver o conflito aparente de leis penais: (a) especialidade; (b)
subsidiariedade (expressa ou tácita); e (c) consunção ou absorção.

[TJCE]. O que é o princípio da especialidade? Ocorre no homicídio culposo?


Pelo princípio da especialidade a lei especial derroga a lei geral. Uma lei é especial
em relação a outra quando contém todos os requisitos descritivos típicos da lei geral
e mais um ou alguns (chamados requisitos especializantes, que conduzem a uma
distinção em abstrato dos injustos penais considerados). Para que se possa aplicar
esse princípio deve haver, em suma, relação de gênero e espécie entre as figuras
típicas consideradas. No conflito entre um tipo penal especifico e um tipo penal

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genérico, prevalece o específico. O tipo penal específico (que pode estar contido no
Código Penal ou na legislação penal especial) contém todos os elementos do tipo
penal genérico e outros que caracterizam a especialidade. Existe urna relação de
gênero e espécie. Esses elementos específicos são chamados de especializantes, os
quais podem tornar o fato mais grave ou mais benéfico ao agente. É possível a
aplicação ao homicídio culposo. Ex: Tipo geral: homicídio culposo (art. 121, §3º do
CP); Tipo especial: homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do
CTB)

[TJCE]. O que é o princípio da subsidiariedade? Qual norma prevalece?


O tipo subsidiário (norma subsidiária) descreve um crime autônomo com cominação
de pena menos grave que a prevista em outro tipo penal, chamado de norma primária.
A norma subsidiária funciona como um "soldado de reserva" (expressão cunhada por
Nélson Hungria), aplicando-se quando não houver incidência da norma primária. A
subsidiariedade pode ser: a) subsidiariedade expressa: a própria lei determina que só
será aplicada a lei mais branda se o fato não constituir crime mais grave. Exs.: artigos
132, 238, 314, 325 e 337, todos do CP. b) subsidiariedade tácita: quando as
elementares de um ti po estão contidas na forma de elementares ou de circunstâncias
acidentais de outro tipo. Ex. : a ameaça (art. 147) integra o crime de constrangimento
ilegal (art. 146), de sorte que o agente, cometendo o crime de constrangimento ilegal
mediante grave ameaça, não responderá também por esta. Assim prevalece, na
subsidiariedade, a norma de pena mais grave.

[TJCE]. O que é o princípio da consunção? Decorre de qual teoria? Qual crime


absorve qual?
Conforme ensinamento do professor Bitencourt, a norma definidora de um crime
constitui MEIO necessário ou FASE NORMAL (etapa) de preparação ou execução
de outro crime. Na relação consuntiva, os fatos não se apresentam em relação de
gênero e espécie, mas de continente e conteúdo. A consunção é utilizada quando a
intenção criminosa é alcançada pelo cometimento de mais de um tipo penal, devendo
o agente, no entanto, por questões de justiça e proporcionalidade de pena (política
criminal), ser punido por apenas um delito.Duas são as regras que podemos extrair,
quais sejam:- o fato de maior entidade consome ou absorve o de menor graduação
(lex consumens derogat lex consumptae);- o crime-fim absorve o crime-meio.

25. Livramento Condicional


[TJCE]. Livramento Condicional. Quando é cabível? Por que há o parâmetro de
dois anos?
Considera-se livramento condicional o benefício que permite ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a dois anos a liberdade antecipada,
condicional e precária, desde que cumprida parte da reprimenda imposta e que sejam
observados os demais requisitos legais.

Diz-se que a liberdade é antecipada porque o indivíduo retorna ao convívio social


antes do cumprimento integral da pena privativa de liberdade; é condicional porque
fica ele sujeito, durante o período restante da pena (período de prova ou período de
experiência), ao cumprimento das condições fixadas na decisão que concedeu o
benefício; é, por fim, precária pelo fato de que pode ser revogada se, no seu curso,
ocorrerem as situações mencionadas nos arts. 86 e 87 do Código Penal.

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Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa


de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime


doloso e tiver bons antecedentes;

II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;

III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom


desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho honesto;

IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela


infração;

V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.

Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação
de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.

[TJCE]. Quais os requisitos temporais para a concessão do livramento condicional?


Quais os subjetivos?
A concessão do livramento condicional pressupõe a satisfação de requisitos objetivos
e subjetivos, os primeiros relacionados à pena (espécie, quantidade e tempo mínimo
de cumprimento) e à reparação do dano, e os demais, pertinentes às condições
pessoais do condenado. Esses requisitos estão contemplados no art. 83 do Código
Penal.

São requisitos objetivos do livramento condicional: 1) Natureza da pena imposta:


Depreende-se do art. 83, caput, do Código Penal que poderão fazer jus ao livramento
condicional os condenados à pena privativa de liberdade, seja esta de reclusão,
detenção ou prisão simples. Portanto, inviável cogitar da concessão do benefício a
quem cumpre pena restritiva de direito, muito menos à hipótese de condenação a
pena de multa. 2) Quantidade de pena imposta: O mesmo art. 83, caput, do Estatuto
Repressivo dispõe que o livramento condicional é permitido aos condenados a pena
privativa de liberdade igual ou superior a dois anos. Veja-se que, de acordo com o
art. 84 do Código Penal, “as penas que correspondem a infrações diversas devem
somar-se para efeito do livramento”. Isso significa que poderá fazer jus ao benefício
tanto o indivíduo condenado, por exemplo, à pena de quatro anos pela prática de um
só crime, como aquele que restou condenado por dois crimes de menor gravidade,
recebendo para cada um a pena de um ano e seis meses, já que, somadas, tais
condenações perfazem três anos (superior a dois anos, portanto). 3) Cumprimento de
tempo mínimo de pena privativa de liberdade: A satisfação do requisito temporal
vincula-se às condições do condenado e à natureza do crime que cometeu. Outro
aspecto a observar é o de que, na verificação do lapso mínimo de cumprimento de
pena, deve-se considerar o período em que o apenado esteve custodiado em razão de
prisão provisória ou administrativa, bem como o tempo de internação em hospital
psiquiátrico (art. 42 do CP). Ainda, deve ser levado em conta o tempo remido pelo
trabalho ou pelo estudo (art. 128 da LEP). Pois bem, de acordo com o art. 83 do CP,

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são os seguintes os lapsos de pena cumprida a serem observados pelo condenado para
a obtenção do benefício: a) Condenado não reincidente em crime doloso e com bons
antecedentes: É suficiente o cumprimento de mais de um terço de pena, operando-se
aqui o chamado livramento condicional simples (art. 83, I, do CP). b) Condenado
reincidente em crime doloso: É necessário o cumprimento de mais da metade da
pena, operando-se nesse caso o denominado livramento condicional qualificado (art.
83, II, do CP). A exigência de lapso maior de pena cumprida decorre da consideração
de que o condenado reincidente em crime doloso revela maior periculosidade, sendo
exigível, portanto, maior rigor penal, já que a condenação anterior não foi suficiente
para reprimir a prática de novo delito. c) Condenado pela prática de crime hediondo
ou equiparado (tráfico de drogas, tortura e terrorismo): Exige-se o cumprimento de
mais de dois terços da pena, desde que não se trate de indivíduo reincidente específico
em crimes dessa natureza, operando-se aqui o chamado livramento condicional
específico (art. 83, V, do CP). 4) Reparação do dano causado pela infração.

Por outro lado, são requisitos subjetivos do livramento condicional:

1) Bom comportamento carcerário: Muito embora o art. 83, III, 1ª parte, do Código
Penal refira-se à necessidade de “comportamento satisfatório durante a execução da
pena”, o art. 112, caput e § 2º, da LEP, alterado pela L. 10.792/2003, faz menção à
necessidade de ostentar o preso “bom comportamento carcerário” (há maior rigor,
portanto, nessa aferição).

Esse requisito deve ser comprovado mediante atestado emitido pelo diretor do
estabelecimento prisional com base no agir do apenado após o início da execução de
sua pena. Ressalte-se, entretanto, a existência de posição no sentido de que é
suficiente o “comportamento satisfatório”, tal como regrado no art. 83, III, do CP, o
que implica exigir menos rigor na apreciação da conduta do sentenciado.

2) Bom desempenho no trabalho que lhe for atribuído: O requisito está previsto
no art. 83, III, 2ª parte, do Código Penal. Partiu o legislador do princípio de que o
trabalho do preso é obrigatório (art. 31, caput, da LEP). A recusa injustificada em
prestá-lo, além de importar no cometimento de falta grave (art. 50, VI, c/c o art. 39,
V, ambos da LEP), acarreta vedação à concessão do benefício da liberdade
condicional. Muito embora o dispositivo refira-se ao bom desempenho no trabalho
que lhe for atribuído (o que sugere a prestação de trabalho interno pelo preso), parece
evidente que a regra abrange também o trabalho externo, vale dizer, aquele prestado
extramuros pelo preso.

3) Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto: Trata-


se do pressuposto exigido pelo art. 83, III, última parte, do Código Penal. Note-se
que a condição legal refere-se à aptidão do indivíduo para exercer o trabalho, não
implicando na exigência de que a obtenção do benefício condicione-se à apresentação
prévia de proposta de emprego.

4) Constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não


voltará a delinquir, no caso de condenado por crime doloso, cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa: Esse requisito é previsto no Código Penal
apenas em relação ao condenado pela prática de crime doloso, cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa.

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5) Não se tratar de condenado reincidente específico nos crimes hediondos e


equiparados: A interpretação a contrario sensu do art. 83, V, última parte, do Código
Penal permite concluir que, sendo o condenado reincidente específico em delitos
hediondos e assemelhados, descabe a liberdade condicional, devendo ele cumprir
integralmente a pena imposta.

[TJCE]. Pode determinar exame criminológico?


A constatação das condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará
a delinquir pode ser alcançada mediante a elaboração de exame criminológico, que
constitui inequivocamente instrumento relevante de prognóstico da vida futura do
condenado, especialmente a partir de considerações sobre a introjeção da terapêutica
prisional, presença de consciência crítica sobre os atos criminosos praticados,
sentimento de culpa perante os danos causados a terceiros, vulnerabilidade à
patologia delitiva etc.

Deve-se referir, entretanto, a existência de forte entendimento no sentido de que a


constatação das condições pessoais do condenado prevista no art. 83, parágrafo
único, do CP e a possibilidade de submetê-lo a exame criminológico teriam sido
revogadas pela nova redação dada ao art. 112, caput e § 2º, da LEP pela L.
10.792/2003, dispositivo esse que teria passado a exigir, tanto para fins de livramento
condicional quanto para a progressão de regime, apenas o implemento do fator
temporal e o bom comportamento carcerário atestado pelo diretor do presídio.

Não concordamos, porém, com essa posição e compartilhamos do entendimento de


que, embora a nova redação do art. 112 da LEP tenha dispensado a obrigatoriedade
o exame criminológico para a concessão da progressão de regime e do livramento
condicional, faculta-se ao juiz, fundamentando sua decisão nas peculiaridades do
caso concreto, determinar a realização desse exame, especialmente nas hipóteses de
crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa.

Nesse sentido, aliás, é a orientação dominante na jurisprudência pátria e também a


Súmula 439 ao dizer que “admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do
caso, desde que em decisão motivada”.

[TJCE]. É um estágio de cumprimento da pena privativa de liberdade?


O livramento condicional é a antecipação provisória da liberdade do condenado. Art.
141da LEP: Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do
livramento, computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova,
sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas)
penas. Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena
o tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à
mesma pena, novo livramento. Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do
interessado, do Ministério Público ou mediante representação do Conselho
Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do
livramento sem revogação.

[TJCE]. É possível livramento condicional sem que haja progressão de pena?


Para fins de obtenção da liberdade condicional, não importa o regime de pena a que
está submetido o condenado, podendo ele encontrar-se no regime fechado,
semiaberto ou aberto.

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[TJCE]. Há vedação de livramento condicional ao condenado por crime hediondo


ou reincidente? Como solucionar essa incoerência?
Depois de cumpridos mais de 2/3 da pena em regime fechado, se o apenado não for
reincidente específico em crimes hediondos, poderá fazer jus ao livramento
condicional.

Trata-se de regra prescrita no artigo 83, V , do Código Penal que dispõe: O juiz
poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

(...)V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo,
se o apenado não for reincidente em crimes dessa natureza.

Mesmo diante da decisão proferida no Plenário do Supremo Tribunal Federal no dia


23 de fevereiro de 2006, quando se declarou a inconstitucionalidade do regime
integral fechado previsto no § 1º do art. 2º da Lei 8.072/90 e se passou a permitir
progressão de regime no cumprimento de pena decorrente da prática de crime
hediondo ou assemelhado, o inc. V do art. 83 do Código Penal não sofreu
modificação.

O requisito objetivo para o livramento condicional em se tratando de condenação


pela prática de crime hediondo ou assemelhado (mais de dois terços da pena) está
mantido. Também continua vedado o livramento em caso de reincidência específica
“em crimes dessa natureza”.

Não há inconstitucionalidade no dispositivo legal que estabelece prazo maior de


cumprimento de pena para obtenção do livramento, tampouco quando impõe
vedação. Permitida a progressão e por meio dela, o executado sairá do regime
fechado para o semiaberto, e deste para o aberto, por etapas, de forma escalonada,
quando satisfeitos os requisitos. Estando a cumprir pena no regime aberto, em casa
de albergado ou estabelecimento adequado, poderá beneficiar-se com livramento
condicional após o cumprimento de mais de 2/3 (dois terços) da pena aplicada, salvo
na hipótese em que vedado o benefício (reincidência específica).

Assim, sendo o sujeito reincidente específico em tais crimes, não é admissível o


livramento condicional. Há reincidência específica, para efeito da disposição, quando
o sujeito, já tendo sido irrecorrivelmente condenado por qualquer um dos delitos
relacionados, vem novamente a cometer um deles, observado o art. 64, I, do CP.
Exemplos: tráfico de drogas e estupro; latrocínio e latrocínio; latrocínio e tortura;
terrorismo e extorsão mediante sequestro etc. Nesses casos, a pena deve ser cumprida
integralmente em regime fechado.

[TJCE]. O que é melhor ao sentenciado: regime aberto ou livramento condicional?


De acordo com o art. 36 do CP, o regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso
de responsabilidade do condenado. O condenado deverá, fora do estabelecimento e
sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada,
permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. Já o
livramento condicional é a antecipação provisória da liberdade do condenado pelo
juiz da Vara das Execuções Criminais, quando presente os requisitos legais. O
sentenciado fica sujeito a certas obrigações.

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Entre os requisitos indispensáveis, está o cumprimento de mais de 1/3 da pena se o


condenado não for reincidente em crime doloso e apresentar bons antecedentes.

Art. 132 da LEP: Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica
subordinado o livramento.

§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:

a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;

b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação; c) não mudar do território da


comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.

§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as


seguintes:

a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da


observação cautelar e de proteção;

b) recolher-se à habitação em hora fixada;

c) não frequentar determinados lugares. Minha opinião: Considerando que o livramento


condicional há uma antecipação da liberdade, não existindo a obrigação de recolhimento
noturno e aos finais de semana, entendo que este é mais benéfico ao réu.

[TJCE]. Revogado o livramento, o tempo de prova é computado na pena?


Tratando-se de um benefício precário, o livramento condicional poderá ser revogado
a qualquer tempo, bastando que ocorram as situações previstas nos arts. 86 e 87 do
Código Penal, correspondentes, respectivamente, a causas de revogação obrigatória
e facultativa (art. 140, caput, da LEP).

A condenação irrecorrível, por crime cometido na vigência do livramento


condicional, é causa de revogação obrigatória do benefício (inciso I do artigo 86 do
Código Penal). Revogado o livramento condicional pela prática delitiva durante o
período de prova, não se conta como tempo de pena cumprida o lapso temporal em
que o condenado ficou em liberdade.

Art. 141da LEP: Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do
livramento, computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova,
sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas)
penas.

Art. 88 do Código Penal: Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido,
e, salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele
benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.

[TJCE]. Livramento condicional: Quando é cabível? Quais os requisitos?


Considera-se livramento condicional o benefício que permite ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a dois anos a liberdade antecipada,
condicional e precária, desde que cumprida parte da reprimenda imposta e que sejam
observados os demais requisitos legais.

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Diz-se que a liberdade é antecipada porque o indivíduo retorna ao convívio social


antes do cumprimento integral da pena privativa de liberdade; é condicional porque
fica ele sujeito, durante o período restante da pena (período de prova ou período de
experiência), ao cumprimento das condições fixadas na decisão que concedeu o
benefício; é, por fim, precária pelo fato de que pode ser revogada se, no seu curso,
ocorrerem as situações mencionadas nos arts. 86 e 87 do Código Penal.

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa


de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime


doloso e tiver bons antecedentes;

II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;

III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom


desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho honesto;

IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela


infração;

V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.

Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação
de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.

[TJCE]. Primário e Maus antecedentes: qual o tempo que tem cumprir para o
livramento? Que critério a se adotar?
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa
de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime


doloso e tiver bons antecedentes;

II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso.

[TJCE]. É possível ir do regime fechado para o livramento condicional da pena?


Pode progressão per saltum?
Para fins de obtenção da liberdade condicional, não importa o regime de pena a que
está submetido o condenado, podendo ele encontrar-se no regime fechado,
semiaberto ou aberto.

Súmula 491 STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.

28. Medidas de segurança


[TJCE]. Medidas de segurança podem ser impostas em que tipo de sentença? Pode
em contravenção penal?

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A medida de segurança é uma providência do Estado, fundamentada no jus puniendi,


imposta ao agente inimputável ou semi-imputável que pratica um fato típico e ilícito,
com base no grau de periculosidade deste.

As MS têm uma finalidade diversa da pena, pois se destinam à cura, ou, pelo menos,
ao tratamento daquele que praticou um fato típico e ilícito. Tem por pressuposto a
periculosidade do agente. Aquele que for reconhecidamente declarado inimputável
deverá ser absolvido porque diz o art. 26 do CP que é isento de pena o agente que,
por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. A sentença que absolve
o agente, mas lhe deixa a sequela da MS, é conhecida como sentença absolutória
imprópria. A doutrina estrangeira entende que há condenação.

Contudo, segundo Tourinho Filho, não há razão, para, no nosso CP, dizer o mesmo,
já que nele a MS está entre as sentenças absolutórias, ou absolutórias impróprias. Em
relação ao semi-imputável, há uma condenação com pena diminuída, que pode ser
substituída pela MS, quando a perícia constatar sua periculosidade e necessidade de
especial tratamento curativo. A Lei das Contravenções Penais não dispõe acerca das
medidas de segurança; então, pelo artigo 12 do Código Penal, aplica-se a regra geral
subsidiariamente. Logo, contravenção penal admite medida de segurança.

[TJCE]. Quais as espécies de medida de segurança? Estão sujeitas à prescrição?


Como são calculadas?
As MS podem ser a internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico –
ou, à falta, em outro estabelecimento adequado – e a sujeição a tratamento
ambulatorial (art. 96). As medidas de internação são conhecidas como MS detentivas.
As de tratamento ambulatorial são as MS restritivas. O art. 97 do CP estipula que as
MS detentivas (internação) são aplicáveis aos crimes puníveis com reclusão, ao passo
que as MS restritivas (tratamento ambulatorial) são aplicáveis aos crimes puníveis
com detenção.

A medida de segurança, embora não seja uma pena, é espécie de sanção penal. De
acordo com o STJ, embora a medida de segurança não seja pena, ela tem caráter
sancionatório, logo deve obedecer aos critérios de prescritibilidade aplicáveis às
penas, previstas no código penal.

[TJCE]. As medidas de segurança tem prazo determinado? Podem perdurar por


mais de 30 anos?
A princípio, MS não tem prazo certo de duração, persistindo enquanto houver
necessidade de tratamento destinado à cura ou à manutenção da saúde mental do
inimputável. Perdurará enquanto não houver a chamada cessação de periculosidade
do agente, podendo, não raro, ser mantida até o falecimento do paciente.

ATENÇÃO:

STF = aplica para a MS o limite de 30 anos para a pretensão


executória, previsto no art. 75 do CP.

STJ = aplica o limite máximo da pena abstratamente cominada ao


delito, fundamentando no princípio da isonomia e da

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proporcionalidade. E, no caso de MS substitutiva (caso do semi-


imputável), o limite seria a duração da pena imposta na sentença.

[TJCE]. Qual a razão de não absolver sumariamente quando há inimputável?


A vedação legal de não absolvição sumária para os inimputáveis, na verdade refere-
se única e exclusivamente ao doente mental, que na verdade não necessita de uma
absolvição, mas sim de um tratamento.

Indiretamente, a medida de segurança faz-se necessária não só para enfermo mental,


como também para a toda a coletividade, haja vista que conforme foi dito, ela se
justifica na periculosidade do agente, seja em relação a ele mesmo como também em
relação a toda sociedade.

A ressalva do art. 397 não se aplica à inimputabilidade em razão de menoridade, já


que o menor de 18 (dezoito) anos, nem crime pratica sendo sua conduta encarada
como um fato análogo, um ato infracional e o seu processar deve observar as regras
do ECA.

Entendeu por bem, ainda, o legislador colocar como inimputável aquele que pratica
uma infração sob os efeitos da embriaguez. Assim, restando comprovado que o
indivíduo praticou uma infração penal dominado por um estado de embriaguez, no
seu sentido lato, acidental e completa, é perfeitamente possível que o agente, neste
caso inimputável, seja absolvido sumariamente na forma que prevê o artigo 397,
inciso II do CPP c/c artigo28, inciso II, § 1º do CP.

[TJCE]. Qual a natureza jurídica das medidas de segurança? Tem a mesma


finalidade da pena? Tem função retributiva?
As Medidas de Segurança possuem natureza de sanção penal, sendo, no entanto,
diversas da Penas, tendo àquele como elemento caracterizador à “periculosidade do
agente” (que é a potencialidade para a prática de ações lesivas) e nestas a
“culpabilidade” do agente (que é a possibilidade de se considerar alguém culpado
pela prática de uma infração penal). A finalidade da medida de segurança seria a
adequada reintegração social de um indivíduo considerado perigoso para a própria
sociedade. As penas têm caráter retributivo-preventivo; as medidas de segurança têm
natureza eminentemente preventiva.

[TJCE]. Quais as espécies de medida de segurança? Quais os critérios de aplicação?


Em casos de doenças mentais supervenientes? A medida de segurança substitutiva
tem prazo?
As MS podem ser a internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico –
ou, à falta, em outro estabelecimento adequado – e a sujeição a tratamento
ambulatorial (art. 96). As medidas de internação são conhecidas como MS detentivas.
As de tratamento ambulatorial são as MS restritivas. O art. 97 do CP estipula que as
MS detentivas (internação) são aplicáveis aos crimes puníveis com reclusão, ao passo
que as MS restritivas (tratamento ambulatorial) são aplicáveis aos crimes puníveis
com detenção.

- Substituição da pena por medida de segurança para o semi-imputável:

Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o


condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser

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substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a


3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.

[TJCE]. As medidas de segurança e sua pena máxima?


STF = aplica para a MS o limite de 30 anos para a pretensão executória, previsto no
art. 75 do CP.

STJ = aplica o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito,


fundamentando no princípio da isonomia e da proporcionalidade. E, no caso de MS
substitutiva (caso do semi-imputável), o limite seria a duração da pena imposta na
sentença.

[TJCE]. Quando é possível desinternação? É definitiva? Se a desinternação não é


definitiva, ela é condicionada?
Art. 97 (…) § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser
restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica
fato indicativo de persistência de sua periculosidade.

§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a


internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos.

29. Ação Penal


[TJCE]. Quando é cabível a ação penal pública condicionada?
Dentre as ações penais públicas, a regra é a ação penal pública incondicionada, as
exceções, se autorizadas por lei, a ação penal pública condicionada a representação
do ofendido e a ação penal pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça.

[TJCE]. A representação exige alguma formalidade?


Não há formalismo para a elaboração da peça, bastando que seja possível apurar a
intenção do ofendido de instaurar a persecução penal contra o ofensor.

Apenas por cautela é que ela deve ser colhida por termo.

[TJCE]. Há prazo para a representação?


Prazo: 6 meses contados do conhecimento da autoria.

[TJCE]. Admite interrupção?


Por ser prazo decadencial (penal), ele é contado nos termos do artigo 10 do CP:
inclui-se o dia do começo e exclui-se o do vencimento. Além disso, ele não se
interrompe, não se suspende, nem se prorroga.

[TJCE]. Admite retratação?


Cabe retratação da representação até antes do oferecimento da denúncia. Contudo,
nos crimes praticados mediante a violência doméstica e familiar contra a mulher, a
retratação da representação pode ser feita até o recebimento da denúncia, exigindo-
se que ela seja feita perante o juiz, em audiência especial para esse fim, ouvido o
Ministério Público.

[TJCE]. Qual a natureza jurídica da retratação?


Trata-se de causa de extinção da punibilidade do agente, conforme previsão no artigo
107, VI, CP.

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[TJCE]. O funcionário público violado em sua honra, como deve proceder?


Embora o artigo 145, parágrafo único, do Código Penal informe que, em havendo
crime contra a honra de funcionário público praticado no exercício de suas funções,
a ação é penal pública condicionada a representação do ofendido, a súmula 714 do
STF afirma que haverá um caso de legitimidade concorrente, podendo o próprio
funcionário público ingressar com a ação penal privada, sem prejuízo da legitimidade
conferida ao Ministerio Público para oferecer a ação penal pública condicionada a
representação do ofendido.

Se o funcionário público optar por representar ao Ministério Público, estará preclusa


a possibilidade de oferecimento da ação penal privada.

[TJCE]. Nos casos de violência doméstica, qual a ação penal?


Segue a regra do código penal. No entanto, quando ocorrer a prática do crime de
lesão corporal leve ou culposa contra a mulher a ação penal será incondicionada, já
que de acordo com o art. 41 da Lei Maria da Penha, aos crimes praticados com
violencia domestica e familiar contra mulher, independetemente da pena prevista,
nao se aplica a lei 9099/95.

[TJCE]. A quem se aplica a lei Maria da Penha?


A lei Maria da Penha se aplica a mulher sob violência doméstica e familiar.

[TJCE]. O que é um crime complexo?


O crime complexo em sentido estrito: é aquele que reúne condutas típicas distintas.
Ex: artigo 159: extorsão mediante sequestro, que consiste na fusão dos crimes de
extorsão e sequestro.

O crime complexo em sentido amplo: reunião de conduta típica e outras


circunstâncias. Ex: constrangimento ilegal (ameaça + outro fato não tipificado).

[TJCE]. O que são atos preparatórios?


São atos necessários para o agente iniciar a execução do delito. São impuníveis, salvo
quando, por si sós, configurarem outro delito e este não seja absorvido pelo crime-
fim.

30. Extinção da punibilidade


[TJCE]. Há causas de extinção da punibilidade fora do art. 107 do Código Penal
Brasileiro?
A punibilidade é o direito que tem o Estado de aplicar a sanção penal prevista na
norma incriminadora, contra quem praticou a infração penal. Não integra o conceito
analítico de crime, sendo sua consequência jurídica.

O artigo 107 do Código Penal apresenta um rol meramente exemplificativo de causas


extintivas da punibilidade, o que significa que outras normas podem dispor sobre o
tema.

Admite-se, inclusive causa supralegal de extinção da punibilidade, citando-se como


exemplo a Súmula 554 do STF (“O pagamento de cheque emitido sem provisão de
fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação
penal”), cuja interpretação contrario sensu conduz à inteligência de que o pagamento

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do cheque sem fundos antes do recebimento da denúncia é causa que extingue o


direito de punir.

[TJCE]. Na Lei nº 9.099/95, quais são as hipóteses?


A Lei nº 9.099/95 têm como causas de extinção da punibilidade:

- art. 74, parágrafo único: nos crimes de iniciativa privada ou de ação pública
condicionada à representação, de competência dos juizados especiais, a composição
civil extingue a punibilidade do autor do fato;

- art. 89, §5º: término do período de prova, sem revogação, da suspensão condicional
do processo.

[TJCE]. Crimes contra a administração pública?


- Peculato culposo: extingue-se a punibilidade do agente que repara o dano, no
peculato culposo, antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória (art.
312, §3º, do CP).

- Sonegação de contribuição previdenciária: é extinta a punibilidade se o agente,


espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e
presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
regulamento, antes do início da ação fiscal. (art. 337-A, §1º, do CP).

- Falso testemunho ou falsa perícia: extingue-se a punibilidade se, antes da sentença


no processo em que ocorreu o ilícito, o a gente se retratar ou declarar a verdade.

[TJCE]. Crimes fiscais?


Em relação aos crimes contra a ordem tributária (sonegação fiscal):

- o art. 9º, §2º, da Lei nº 10.684/03 trouxe a possibilidade de o pagamento integral do


tributo suprimido ou reduzido, inclusive acessórios, extinguir a punibilidade,
dispondo que “Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo (arts. 1º
e 2º da Lei 8.137/90) quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o
pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais,
inclusive acessórios”.

- a Lei nº 12.382/11 alterou o art. 83, §4º, da Lei nº 9.430/96 conferindo-lhe a seguinte
redação: “Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no caput (arts. 1º e 2º da
Lei 8.137/90) quando a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente
efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos, inclusive acessórios,
que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento” .

Assim, há a extinção da punibilidade no caso de crimes contra a ordem tributária


(arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90) quando houver o pagamento do tributo, desde que
seja realizado antes do trânsito em julgado da sentença condenatória (STF, HC
116.828).

[TJCE]. Como se dá a anistia? Qual o ato normativo? Quais os seus efeitos?


Anistia é a exclusão, por meio de lei ordinária com efeitos retroativos, de um ou
mais fatos criminosos do campo de incidência do Direito Penal, por razoes de
clemência, política, social etc.

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A clemência estatal é concedida por meio de lei ordinária editada pelo Congresso
Nacional (CF, arts. 21, XVII, e 48, VIII) e sancionado pelo Presidente da República.

A anistia extingue todos os efeitos penais, principais e secundários. Permanecem


íntegros, entretanto, os efeitos civis da sentença penal condenatória, que, por esse
motivo, subsiste como título executivo judicial no campo civil.

[TJCE]. A anistia afasta a reincidência?


A anistia tem efeitos ex tunc, apagando todos os efeitos penais. Rescinde até
mesmo a condenação. Portanto, se no futuro o agente praticar nova infração penal,
não será atingido pela reincidência.

[TJCE]. Diferença entre graça e indulto. Qual o juiz que concede, o da execução?
O indulto é modalidade de clemencia concedida a todo o grupo de condenados
que preencherem os requisitos apontados pelo decreto. Não depende de provocação
da parte interessada

A graça (ou indulto individual), por outro lado, visa o benefício de pessoa
determinada. Em regra, depende de provocação da parte interessada.

[TJCE]. O indultado pode ser reincidente?


O indulto alcança apenas o cumprimento da pena, na forma realçada pelo decreto
presidencial, restando íntegros os efeitos penais secundários e também os efeitos de
natureza civil. Portanto, se no futuro o agente praticar nova infração penal, poderá
ser considerado reincidente.

[TJCE]. A prescrição sempre afasta a reincidência?


Não, apenas no caso da prescrição da pretensão punitiva é que haverá a exclusão
de todos os efeitos de eventual sentença penal condenatória já proferida, principal ou
secundários, penais ou extrapenais.

No caso da prescrição da pretensão executória, subsiste a condenação (impede o


Estado de executar a punição) e, consequentemente, os efeitos secundários da
sentença, entre eles, o da reincidência.

[TJCE]. Defina prescrição?


É a perda, em face do decurso do tempo, do direito de o Estado punir ou executar
uma punição já imposta. Em resumo, é a perda da pretensão punitiva ou executória.
Por mais grave que seja o delito, ordinariamente ele prescreve, pois a prescrição é a
garantia do cidadão contra o poder punitivo eterno.

Há duas exceções de imprescritibilidade, previstas no art. 5º da CF/88:

Racismo.

Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado


Democrático (dentre outros, o terrorismo).

Art. 5º.

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena


de reclusão, nos termos da lei;

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XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou


militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

Essas são as duas exceções, devendo-se levar em conta, ademais, que o legislador
ordinário não pode criar outras espécies de crimes imprescritíveis.

[TJCE]. Pergunta-se: o crime de tortura prescreve?


Para a CRFB/88, o delito de tortura é prescritível. O Tratado de Roma (TPI), contudo,
dispõe que a tortura é imprescritível. O referido tratado foi aprovado com quórum
comum, possuindo status supralegal. A respeito do tema, temos as seguintes
correntes:

1ª C - Considerando que a CF/88 rotulou a tortura como um delito prescritível;


considerando que o Tratado de Roma, documento que torna a tortura imprescritível,
tem status supralegal, deve prevalecer a CF. Logo: tortura é prescritível;

2ª C - Considerando que no conflito entre a CF/88 e os tratados de direitos humanos


deve prevalecer a norma que melhor atende os direitos do homem (princípio pro
homine), prevalece a norma do tratado, que torna a tortura delito imprescritível;

3ª C - A imprescritibilidade trazida pelo tratado é incompatível com o direito penal


moderno e com o Estado Democrático de Direito. Para Gilmar Mendes, a tortura é
prescritível.

Mas atente: o STJ e STF, no âmbito cível (reparação dos danos pela Ditadura
Militar), entende ser a tortura imprescritível.

Rogério Sanches (2015): Majoritariamente, contudo, compreende-se que o Estatuto


de Roma é tratado com status de norma supralegal, sem força suficiente para afastar
a garantia implícita constitucional da prescritibilidade.

[TJCE]. O prazo prescricional admite suspensão? Em que hipóteses?


As causas de suspensão estão no artigo 116 do Código Penal. Resolvida a causa
suspensiva, a prescrição torna a correr, considerando-se o tempo já decorrido.

A primeira hipótese de causa suspensiva da prescrição da pretensão punitiva está


prevista no artigo 116, I, do Código Penal, que estabelece que o prazo fatal não corre
enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o
reconhecimento da existência do crime. São as chamadas questões prejudiciais,
previstas nos artigos 92 a 94 do CPP.

O exemplo clássico é o do réu que, processado por bigamia, questiona no juízo cível
a validade do primeiro casamento.

Apesar de o presente inciso referir-se apenas à questão prejudicial obrigatória, é


entendimento prevalente na doutrina aplicar-se também para a hipótese de questão
prejudicial facultativa, desde que o Juiz decida acatá-la.

A segunda causa suspensiva da prescrição da pretensão punitiva está prevista no


inciso II, dispondo que há paralisação da prescrição enquanto o agente cumpre pena
no estrangeiro.

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O rol do artigo 116 não comporta analogia (que seria, necessariamente, in malam
partem, vedada entre nós). Por outro lado, não podemos caracterizá-lo como rol
taxativo já que há outras causas suspensivas em nosso ordenamento jurídico, a
exemplo do:

• artigo 53, §§ 3º a 5°, da CF/88, que disciplina a suspensão de processo contra


parlamentares;

• artigo 89, §6°, da lei no 9.099/95, que trata da suspensão condicional do processo e
consequente suspensão da prescrição, nos casos que especifica;

• artigo 366 do CPP, que regula a citação por edital no processo penal, devendo ficar
suspenso o curso prescricional durante este lapso (entende o STJ, conforme súmula
n° 415, que este período de suspensão é regulado pelo máximo da pena cominada);

• artigo 386 do CPP, que regula a suspensão do prazo prescricional em caso de carta
rogatória, quando o acusado se encontra no estrangeiro;

• artigo 87, da Lei n° 12.529/2011, que prevê como causa suspensiva o acordo de
leniência, nos crimes contra a ordem econômica tipificados na Lei n° 8.137/90 e nos
demais crimes diretamente relacionados à prática de cartel, tais como os tipificados
na Lei n° 8.666/93 e os tipificados no Código Penal.

• artigo 83, §2°, da lei n° 9.430/96, (redação dada pela Lei n° 12.382/2011), que
determina a suspensão da pretensão punitiva estatal em caso de parcelamento dos
débitos tributários relativos aos crimes contra a ordem tributária (arts. 1 ° e 2° da Lei
n° 8 . 1 37/90) e contra a previdência social (arts. 168-A e 337-A, CP) .

O parágrafo único do artigo 116 disciplina outra causa suspensiva da prescrição, que
se aplica à prescrição da pretensão executória.

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

(...) Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a


prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

Resolvida a causa suspensiva a prescrição volta a correr, considerando-se o tempo já


transcorrido.

[TJCE]. A suspensão é indefinida, no caso de suspensão do processo por revelia do


réu? Entendimento sumulado? Pacificação dos tribunais superiores? Existe revelia
no processo penal? Vide arts. 366 e 367 do CPP.
O acusado é citado por edital e o processo fica suspenso. Assim, se o acusado não
comparecer, nem constituir defensor, ficará suspenso o processo e também a
prescrição (ocorre a citação por edital). Já o art. 367 diz que o processo seguirá sem
a presença do acusado.

Art. 367 - citação ou intimação pessoal: se o acusado não comparecer, será decretada
a sua revelia. A revelia, no processo penal, não tem o efeito de presunção de
veracidade dos fatos alegados. O único efeito prático da revelia, no processo penal,
é a desnecessidade de intimação dos acusados para a prática dos atos processuais,

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salvo em relação à sentença condenatória. Nesse caso, se o acusado não for


encontrado, deverá ser intimado por edital.

Segundo o artigo 366 do CPP, que regula a citação por edital no processo penal:

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado,
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar
a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312.

- CPP, art. 366: processos em que o acusado, citado por edital, não comparece nem
constitui advogado. Já decidiu o STF que a suspensão da prescrição se dá por prazo
indeterminado (RE 46o971/RS, 13.2.2007).

O STJ, por sua vez, possui decisão em sentido diverso, veja-se: “o período máximo
de suspensão da fluência do prazo de prescrição, na hipótese do art. 366 do CPP,
corresponde ao que está fixado no art. 109 do CP, observada a pena máxima
cominada para a infração penal." (RT 754/575). Foi editada Súmula nesse sentido:
"O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada" (Súmula 415 do STJ). Após este prazo a prescrição volta a correr. Na
prática está se dobrando o prazo de prescrição.

[TJCE]. No artigo 366 do CPP volta ao início o começa de onde parou? Considera o
período anterior?
Considerando que se trata de hipótese de suspensão do prazo prescricional, o prazo
recomeça a correr de onde havia parado, considerando-se o período anterior.

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado,
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar
a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312.

[TJCE]. Qual a diferença entre suspensão e interrupção?


Resolvida a causa suspensiva a prescrição volta a correr, considerando-se o tempo já
transcorrido. Com a interrupção da prescrição, o prazo recomeça a correr
integralmente do dia da interrupção.

Ademais, a interrupção da PPP produz efeito relativamente a todos os autores do


crime. Nos crimes conexos , que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos
demais a interrupção relativa a qualquer deles.

[TJCE]. Prescrição admite interrupção? Em que situação?


Sim, a prescrição admite interrupção. As causas de INTERRUPÇÃO da PPPA
constam do artigo 117, incisos I a IV. Segundo o dispositivo, o curso da prescrição
interrompe-se:

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;

II - pela pronúncia;

III - pela decisão confirmatória da pronúncia;

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IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;

V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;

VI - pela reincidência.

§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição


produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam
objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer
deles.

§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo


começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

Os incisos V e VI reportam-se a prescrição da pretensão executória.

[TJCE]. A reincidência interrompe?


A reincidência não interrompe a PPP, somente interrompe a prescrição da pretensão
executória.

Não se deve confundir a reincidência anterior, que provoca o aumento do prazo


prescricional (art. 110 do CP), com a reincidência posterior à condenação, que é
causa interruptiva da prescrição executória.

[TJCE]. A sentença interrompe? O acórdão?


A publicação da sentença ou acórdão CONDENATÓRIOS recorríveis interrompem
a PPP (prescrição da pretensão punitiva), conforme previsão expressa do art. 117,
IV, do CPP.

Se, porventura, a primeira sentença penal condenatória vier a ser anulada pelo
tribunal, deixará de interromper a prescrição. Neste caso, a interrupção ocorrerá com
a publicação da nova decisão.

Segundo Rogério Greco, a sentença concessiva do perdão judicial, por ter uma
natureza meramente declaratória de extinção da punibilidade, nos termos da súmula
18 do STJ, não interrompe a prescrição.

Se o juiz condenar e o tribunal confirmar a condenação, o acórdão confirmatório não


interrompe a prescrição (ele apenas confirma, não condena). O acordão que reduz a
pena imposta também não serve como marco interruptivo (Info 708).

A publicação da sentença condenatória recorrível também interrompe o prazo


prescricional, ainda que total ou parcialmente reformada pelo Tribunal. "Publicação"
não deve ser confundida com divulgação na imprensa oficial, sendo compreendida
nos termos do artigo 389 do Código de Processo Penal.

CPP. Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o
respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.

Desse modo, considera-se publicada a sentença quando o escrivão procede à juntada


desta aos autos – na sentença ou acórdão proferidos na própria audiência ou sessão,
a publicação ocorre neste ato.

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STJ: "Para efeito de configuração do marco interruptivo do prazo prescricional a que se


refere o art. 117, IV, do CP, considera-se como publicado o "acórdão condenatório
recorrível” na data da sessão pública de julgamento, e não na data de sua veiculação no
Diário da Justiça ou em meio de comunicação congênere" (HC 233.594, Sexta Turma,
Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira, j.16/04/2013)

STJ: A publicação em diário oficial deflagra o prazo recursal, mas não tem interfere na
contagem do prazo prescricional (Info 521).

É preciso deixar claro que, diferentemente do que ocorre nos crimes da competência
do júri popular, a confirmação da sentença condenatória pelo tribunal não representa
nova interrupção da prescrição, ainda que o acórdão altere a pena imposta na decisão
monocrática. Tal não se confunde com a hipótese de a condenação surgir em segundo
grau, em face de recurso voluntário da acusação, caso em que a prescrição será
interrompida.

Sintetizando este entendimento, transcreve-se aresto do Superior Tribunal de Justiça:

"O acórdão confirmatório da condenação, ainda que modifique a pena fixada, não
interrompe o curso do prazo prescricional”. STJ - Sexta Turma - AgRg no REsp 901.292
- Rel. Min. Assusete Magalhães - DJe 01/03/2013.

O tema, todavia, não é pacífico. Parte dos doutrinadores, dentre os quais PAULO
Queiroz, entende que o acórdão interrompe a prescrição, ainda quando confirmatório.
Dissertando sobre a divergência doutrinária, explica GUILHERME DE Souza Nucci:

“Quanto ao acórdão que agrava a pena, como causa interruptiva da prescrição,


sempre houve três posições: a) serve para interromper a prescrição, uma vez que traz
novo patamar para a pena em concreto; b) não serve para interromper a prescrição,
tendo em vista não estar expressamente inserido no art. 117. É a melhor posição, a
despeito de a primeira buscar sanar uma lacuna que já deveria ter sido corrigida e ser
majoritária na jurisprudência; c) somente serve para interromper a prescrição se for
"não unânime”, portanto, sujeito a embargos infringentes. Esse ponto de divergência,
em nosso entendimento, permanece, pois o acórdão que confirma a condenação,
apenas elevando a pena, não é propriamente a decisão condenatória. Logo, não se
pode interpretar o conteúdo do art. 117, IV, do Código Penal, em prejuízo do réu.
Aliás, fosse para abranger qualquer acórdão, bastaria a inserção, como causa
interruptiva da prescrição, do "acórdão" , sem menção à sua essência (condenatória
recorrível, como foi feito)".

[TJCE]. O que se entende por prescrição antecipada/virtual? É admitida? Violaria


qual princípio?
Por prescrição antecipada entende-se o reconhecimento antecipado da prescrição em
razão da pena em perspectiva, ou seja, é a extinção da punibilidade em razão de uma
pena futura hipotética, onde seria reconhecida a prescrição. Tal prescrição não é
admitida no ordenamento jurídico, seja por ausência de previsão legal, seja em razão
do entendimento dos tribunais superiores, como se verifica do teor da súmula 438 do
STJ: é inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva

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com fundamento na pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do


processo penal.

Conforme explicitado, a prescrição virtual não possui previsão no ordenamento


jurídico, o que tornaria a sua aplicação em uma clara afronta ao princípio da
legalidade.

[TJCE]. Caso o tribunal venha a anular uma sentença, atendendo a recurso


exclusivo da defesa, qual a pena base da prescrição?
Augusto Cezar

[TJCE]. O que é prescrição retroativa? É prescrição punitiva ou da execução?


A prescrição retroativa é a modalidade de prescrição que é calculada com base na
pena aplicada na sentença, com trânsito em julgado para a acusação, sendo contada
a partir da data do recebimento da denúncia até a data da sentença/acórdão
condenatórios.

[TJCE]. Reconhecida a prescrição, caso o réu volte a delinquir, pode ser considerado
reincidente?
A extinção da punibilidade é a perda do direito do Estado de punir o agente autor de
fato típico e ilícito, ou seja, é a perda do direito de impor sanção penal. Neste sentido,
uma vez que o estado não pode punir sequer a conduta objeto da extinção da
punibilidade, não poderá considerar o réu reincidente, uma vez que não há
condenação anterior.

Tal entendimento resta consolidado no STF, conforme se verifica de passagem do


HC 112.907, de relatoria da Min. Rosa Weber:

O reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva extirpa a condenação anterior,


ficando extintos todos os seus efeitos criminais, como se nunca tivesse o paciente
delinquido. Não gera, portanto, reincidência.

[TJCE]. É possível a prescrição entre o oferecimento e o recebimento da denúncia?


Uma vez que o primeiro ato judicial capaz de ocasionar a interrupção da
prescrição é o recebimento da denúncia, creio que é possível a prescrição entre
o oferecimento e o recebimento. Ex: prescrição de 10 anos e a denúncia foi
oferecida em 2004, ao ser recebida em 2015 haverá prescrição.

(Augusto Cezar: se alguém souber algo concreto, avisa).

[TJCE]. Causas de extinção de punibilidade tocante às ações privadas e públicas


condicionadas
Como regra, os institutos da renúncia ao direito de queixa e perdão aceito (CP, 107,
V) não são causas extintivas da punibilidade referente aos crimes de ação penal
pública condicionada à representação, mas tão somente em relação aos crimes cuja
persecução penal se dá mediante ação exclusivamente privada e ação privada
personalíssima (também não aplicável às ações penais privadas subsidiárias da
pública).

Sendo assim, apenas a decadência possui aplicação exclusiva às ações penais


privadas e pública condicionadas à representação. Dispõe o art. 38 do CPP que salvo
disposição em sentido contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá do

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direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 06 (seis)


meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do
art. 29 (ação privada subsidiária da pública), do dia em que se esgotar o prazo para
oferecimento da denúncia (05 dias preso ou 15 dias acusado solto).

[TJCE]. A remição é cabível na ação penal pública condicionada?


A remição (perdão) é ato bilateral e voluntário, pelo qual o querelante ou seu
representante legal desiste de prosseguir com o processo (já em andamento),
perdoando o seu ofensor, com a consequente extinção da punibilidade, caso o perdão
seja aceito. O exercício do perdão implica na aplicação do princípio da
Disponibilidade da ação penal. Sendo assim, resta claro a sua incompatibilidade com
a ação penal pública condicionada, já que quanto a essa, vigora o princípio da
indisponibilidade (CPP, 42).

[TJCE]. Na lei dos juizados há previsão de renúncia?


Renúncia é ato unilateral e voluntário do ofendido ou de seu representante legal, por
meio do qual abre mão do direito de queixa (CPP, 49). Sendo assim, em regra, não
cabe renúncia ao direito de representação (ação penal pública condicionada).
Entretanto, há expressa previsão legal a respeito da renúncia ao direito de
representação na hipótese de composição civil dos danos nos Juizados (Art. 74,
parágrafo único, da Lei 9.099/95).

Art. 74: A composição civil dos danos será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz
mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado o juízo civil
competente.

Parágrafo único: Tratando-se de ação penal privada ou de ação penal pública


condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a RENÚNCIA ao direito
de queixa ou representação.

[TJCE]. Em que momento se dá a renúncia ao direito de queixa? Renúncia Expressa


e Tática?
A renúncia somente se manifesta antes do exercício do direito de queixa (antes do
início do processo).

Há duas espécies de renúncia (CP, 104): i) expressa é aquela realizada por declaração
inequívoca do ofendido (CPP, 50); ii) tácita decorrente da prática de ato incompatível
com a vontade de processar (convite para ser padrinho de casamento).

[TJCE]. O recebimento de indenização implica em renúncia?


Em regra, não. Dispõe o art. 104, parágrafo único do CP que não implica (renúncia),
todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
Entretanto, vale destacar a previsão do art. 74 da Lei 9.099/95 prevendo que o acordo
homologado (composição civil dos danos) reduzido a termo e homologado pelo juiz
implica em renúncia ao direito de queixa ou representação.

[TJCE]. Diferença entre renúncia e perdão do ofendido? Se o perdão do ofendido é


oferecido a um dos querelados? E por um dos querelantes? O perdão pode ser
tácito? O perdão judicial qual a sua natureza? É cabível em qualquer crime?
A renúncia é ato unilateral e voluntário por meio do qual ofendido abre mão do seu
direito de queixa, portanto deve ser oferecido antes do exercício do direito de queixa
(antes do início do processo). Já o perdão é ato bilateral (depende de anuência do

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querelado), pelo qual o querelante ou seu representante legal desiste de prosseguir


com o processo já em andamento, perdoando o seu ofensor, com a consequente
extinção punibilidade caso o perdão seja aceito. O perdão pode ser concedido durante
o processo até a sentença condenatória transitada em julgado, pois a execução é
matéria de Estado que o querelante não pode dispor.

Por conta do princípio da indivisibilidade da ação penal privada, o perdão concedido


a um dos coautores estende-se aos demais, mas desde que haja aceitação. O perdão
oferecido por um dos querelantes não obriga os demais, já que se trata de
manifestação do princípio da disponibilidade e um querelante não pode dispor sobre
direito de outrem.

É possível o perdão tácito decorrente da prática de ato incompatível com a vontade


de prosseguir na ação. Igualmente, a aceitação do perdão também pode ser tácita
decorrente do silêncio do querelado pelo prazo de 03 (três) dias (CPP, 58) devendo,
por conseguinte, o juiz julgar extinta a punibilidade.

O perdão do ofendido não se confunde com o perdão judicial apesar de ambos serem
causas extintivas da punibilidade. Contudo, o perdão judicial é concedido pelo juiz
quando as consequências do crime atingirem o acusado de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária. Não é cabível em qualquer crime, uma vez que
se faz necessário expressa previsão legal para que o juiz possa aplicar o perdão
judicial.

31. Crimes contra a pessoa


[TJCE]. Crimes contra a vida. O que é homicídio privilegiado?
Trata-se de uma causa de diminuição de pena, e não de um tipo derivado. É
privilegiado pois prevê determinadas causas, TODAS ELAS SUBJETIVAS, as
quais, se presentes, reduzirão a pena de 1/6 a 1/3. São elas:

Motivo de relevante valor moral: o valor moral deve ser avaliado a partir do ponto
de vista interno do agente, dos motivos pessoais que o levaram a cometer o crime;

Motivo de relevante valor social: valor social é a motivação externa ao agente que o
leva a cometer o homicídio, tal como a morte de uma pessoa que tenha praticado
crime de grande apelo negativo na sociedade;

Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima:


não se trata de injusta agressão, caso contrário haveria legítima defesa. Considera-se
injusta agressão, v.g., o adultério, xingamento ou traição. O agente deve ser súbita e
imediatamente tomado por uma emoção extremamente forte e a sua reação deve ser
imediata. Importante que a emoção seja tal que domine o agente, e não apenas
influencie no seu agir. Elimina o privilégio o passar do tempo, tendo o agente
condições de ponderar sobre sua atitude e sobre seus sentimentos.

Preenchidos os requisitos o privilegio é um direito subjetivo do réu.

[TJCE]. O que é relevante valor moral?


O valor moral deve ser avaliado a partir do ponto de vista interno do agente, dos
motivos pessoais que o levaram a cometer o crime. A jurisprudência exclui a

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existência da legítima defesa da honra como causa excludente de ilicitude; entretanto,


a ofensa à honra pode configurar o privilégio do motivo de relevante valor moral.

[TJCE]. É possível reconhecer na pronúncia o homicídio privilegiado?


Resposta retirada do voto proferido no REsp 896948 / CE.

A sentença de pronúncia, à luz do art. 408 do CPP, deve, sob pena de nulidade, cingir-
se, motivadamente, à materialidade e aos indícios de autoria, visto se tratar de mero
juízo de admissibilidade da acusação.

Cumpre observar ainda que, consoante preceitua o art. 416 do Código de Processo
Penal, a sentença de pronúncia "especificará todas as circunstâncias qualificativas do
crime e somente poderá ser alterada pela verificação superveniente de circunstância
que modifique a classificação do delito", razão pela qual o juiz não está autorizado,
nesse momento processual, a emitir juízo de valor acerca de circunstâncias do crime,
tais como agravantes e atenuantes.

Com relação à causa especial de diminuição da pena, há expressa vedação legal de


sua inclusão na decisão de pronúncia, nos termos do que prescreve o art. 7º do
Decreto-Lei 3.931/42 (Lei de Introdução ao Código de Processo Penal), litteris: "O
juiz da pronúncia, ao classificar o crime, consumado ou tentado, não poderá
reconhecer a existência de causa especial de diminuição da pena".

Confira-se, a propósito, a lição de Júlio Fabbrini Mirabete, in "Código de Processo


Penal Interpretado" – 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 1.092: A parte classificatória
da sentença deve enunciar apenas o dispositivo legal em que o réu é pronunciado,
incluindo as qualificadoras, mas não deve fazer outras referências às circunstâncias
do crime, tais como as causas de diminuição de pena, as agravantes, as atenuantes
etc., pois tais assuntos dizem respeito à fixação da pena, no âmbito do libelo e do
plenário, dentro da esfera de competência dos jurados. Por expressa disposição da
lei, não pode reconhecer causa especial de diminuição de pena (art. 7º da LICPP).

De igual modo leciona Guilherme de Souza Nucci, in "Código de Processo Penal


Comentado" – 6ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, p. 690-691: 27.
Circunstâncias componentes do tipo penal incriminador: devem ser declaradas, na
decisão de pronúncia, as elementares (tipo básico, que consta no caput do tipo penal
incriminador), as circunstâncias de aumento de pena específicas (constantes no tipo
derivado, ou seja, nos parágrafos do tipo incriminador), bem como as circunstâncias
qualificadoras (constantes no tipo derivado, vale dizer, nos parágrafos). Não se
incluem as circunstâncias genéricas de aumento ou diminuição da pena, isto é, as
previstas na Parte Geral, que servem para auxiliar o juiz a fixar a pena e não a definir
o tipo penal no qual está incurso o réu. Assim, evita-se na pronúncia a inclusão de
agravantes, atenuantes e menções ao concurso de crimes. Nessa linha: TJSP: "A
Pronúncia não pode fazer referência ao art. 69 do Código Penal, que implica critério
de fixação de penas, matéria desbordante dos limites deliberativos do Conselho de
Sentença" (RSE 285.914-3, Ribeirão Preto, 3ª C., rel. Luiz Pantaleão, 03.10.2000,
v.u., JUBI 55/01). Usa-se, no entanto, a tentativa, a omissão penalmente relevante ou
o concurso de pessoas, quando for o caso, porque se trata de tipicidade por extensão,
integrante do tipo fundamental. 28. Impossibilidade de inclusão de causas de
diminuição da pena: embora façam parte do tipo penal, como ocorre com o disposto
no art. 121, § 1º, do Código Penal (relevante valor social ou moral e violenta emoção,

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seguida de injusta provocação da vítima), há expressa vedação para a sua inclusão na


decisão de pronúncia. Preceitua o art. 7º da Lei de Introdução ao Código de Processo
Penal (Dec.-lei 3.931/41) que "o juiz da pronúncia, ao classificar o crime, consumado
ou tentado, não poderá reconhecer a existência de causa especial de diminuição da
pena".

[TJCE]. É possível falar em homicídio qualificado-privilegiado?


Trata-se da possibilidade de se combinar a causa de diminuição de pena do privilégio
com o tipo qualificado do homicídio previsto no § 2º. É plenamente possível, desde
que a qualificadora seja de cunho objetivo (quanto aos meios e modos de execução).
Para a aplicação da pena nessa hipótese, a pena-base deverá ser calculada sob o
intervalo previsto para o homicídio qualificado, aplicando-se a causa de diminuição
apenas na terceira fase da dosimetria penal.

Não se trata de crime hediondo, já que a Lei nº 8.072/90 não o previu. Lembrar que,
no Brasil, se adotou o critério formal para a taxação de determinada conduta
tipificada como hedionda.

Em relação ao Júri, o juiz-presidente não deve fazer qualquer menção ao privilégio


na fase de pronúncia.

EMENTA: HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DO JÚRI. ALEGAÇÃO DE NULIDADE.


INCOMPATIBILIDADE ENTRE A CIRCUNSTÂNCIA QUALIFICADORA E O
PRIVILÉGIO. INEXISTÊNCIA DO INTERVALO TEMPORAL NECESSÁRIO PARA A
CONFIGURAÇÃO DA QUALIFICADORA. AUSÊNCIA DE QUESITO REFERENTE À
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. 1. A jurisprudência do
STF admite a possibilidade de homicídio privilegiado-qualificado, desde que não haja
incompatibilidade entre as circunstâncias do caso. O recurso utilizado para atingir a
vítima "é realidade objetiva, pertinente à mecânica do agir do infrator" (HC 77.347, HC
69.524, HC 61.074). Daí a INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO NO
RECONHECIMENTO DA QUALIFICADORA, CUJO CARÁTER É OBJETIVO (MODO
DE EXECUÇÃO DO CRIME), E DO PRIVILÉGIO, AFINAL RECONHECIDO
(SEMPRE DE NATUREZA SUBJETIVA). 2. Na tentativa de homicídio, respondido
afirmativamente que o agente só não consumou o delito por circunstâncias alheias à sua
vontade, não há lógica em se questionar de desistência voluntária, que somente se
configura quando o agente "voluntariamente desiste de prosseguir na execução" (art. 15
do Código Penal). Habeas corpus indeferido. (STF, HC 89921, Relator(a): Min.
CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em 12/12/2006, DJe-004 DIVULG 26-04-
2007 PUBLIC 27-04-2007 DJ 27-04-2007 PP-00068 EMENT VOL-02273-02 PP-00411)

[TJCE]. O que são qualificadoras objetivas?


Dizem respeito ao meio de execução, como o instrumento de que se serve o agente
para a prática da ação delituosa, e modo de execução, sendo a forma da conduta,
como ele desenvolve a empreitada criminosa.

Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou que possa representar perigo comum: trata-se de qualificadora que prevê
meios de execução diferenciados e agravadores.

Emprego de veneno: venefício. Deve ser inoculado na vítima sem que ela o perceba.
Se ela perceber ou se o veneno for inoculado forçadamente, ocorre o meio cruel.
Poderá ser considerada venenosa a substância inofensiva ao homem comum, mas que

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não o seja para a vítima, desde que o agente o saiba (por exemplo, dar açúcar
conscientemente ao diabético para que esse morra).

Se o meio for absolutamente ineficaz (tentativa inidônea ou crime impossível), o


agente não responde por crime algum. Se for relativamente ineficaz, responde por
tentativa de homicídio qualificado. Como saber ser o meio é absoluta ou
relativamente ineficaz? Com o alcance do resultado. Se alcançou o resultado morte,
é eficaz. Se não alcançou, mas colocou a pessoa em um estado grave, em coma, por
exemplo, é relativamente. Se nada causou à vítima e nem potencialmente poderia, é
absolutamente.

Emprego de fogo: se, além de causar a morte da vítima, o fogo ou explosivo danificar
bem alheio, o agente só responderá por homicídio qualificado, desde que o dano não
advenha de desígnio autônomo.

Asfixia: trata-se da causação da morte por impedimento da função respiratória.

Emprego de tortura ou qualquer meio insidioso ou cruel: meio cruel é o que causa
sofrimento desnecessário à vítima ou o que revela uma brutalidade incomum. É o
sadismo do agente. Não se configurará se a vítima já estiver morta quando do
emprego, pois deve ser o meio causador do óbito. Também tem-se caso aqui de
interpretação analógica.

Tortura não se confunde com o crime de tortura com resultado morte. A diferença
está no elemento subjetivo. No homicídio qualificado, o agente quer a morte da
vítima e se utiliza do meio cruel para alcançá-la. No crime de tortura com resultado
morte, esta é culposa (preterdolosa).

À traição, de emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou


torne impossível a defesa do ofendido: trata-se de qualificadora quanto ao modo de
execução. Nela, o agente esconde a sua ação e intenção de matar, agindo de forma
inesperada, surpreendendo a vítima que estava descuidada ou confiava no agente,
dificultando ou impedindo sua defesa.r

A qualificadora será afastada sempre que o agente não lograr esconder o seu
propósito criminoso.

Traição: ocorre quando a vítima deposita confiança no agente. A corrente majoritária


diz que a traição se configura quando há a quebra de fidelidade e lealdade entre a
vítima e o agente.

Emboscada ou tocaia: aguardar escondido a passagem da vítima por um determinado


local para matá-la. Não basta, v.g., que a pessoa aguarde a passagem da vítima por
um beco, expondo sua presença a ela. O agente tem de estar escondido.

Dissimulação: é a ocultação da intenção hostil, para acometer a vítima de surpresa.


Poder ser material¸ quando o agente usa de disfarce, fantasia ou métodos análogos
para se aproximar da vítima; moral, quando a pessoa usa da palavra, dá falsas provas
de amizade ou de apreço.

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Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima: trata-se
de qualificadora genérica, como matar a pessoa que está dormindo. Também lança o
Código Penal, aqui, mão da interpretação analógica.

Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:


trata-se de qualificadora conexa a outro crime, sempre tendo este como pressuposto
ou consequente. Pode ser:

Teleológica: quando a morte visa a assegurar a execução de outro crime (logo, o


outro crime ainda não foi praticado). Haverá concurso material entre o homicídio
qualificado e o outro delito.

Consequencial: neste caso, o homicídio é praticado após a ocorrência de um crime,


mas com ele conexo. Ocorrerá o crime subsequente para que se evite que alguém
conheça o autor de um crime, para que se evite a descoberta de um crime ou para que
se garanta a fruição do produto do outro crime.

Ambos são casos de concurso material com o outro crime, já que são delitos
autônomos. Se o agente visa à garantia da execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de uma contravenção, será aplicada a qualificadora do motivo fútil.

Além disso, é irrelevante à qualificação do homicídio que o crime-fim tenha sido


consumado ou tentado. Se tiver sido tentado, obviamente que incidirá a diminuição
referente à tentativa.

Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos
outros, a agravação da pena decorrente da conexão.

[TJCE]. Se reconhecidas duas causas de aumento de pena, isso interfere no cálculo


da pena?
Existindo duas causas de aumento de pena, pode uma delas ser utilizada na primeira
fase da dosimetria e a segunda na terceira fase, não havendo que se falar em bis in
idem.

[TJCE]. O que é motivo torpe?


Torpeza significa motivo vil, ignóbil, abjeto, repugnante. Exemplo: crime praticado
mediante paga ou promessa de recompensa. É o chamado homicídio mercenário. O
legislador deu exemplo de torpeza seguido de uma fórmula genérica – trata-se de um
caso de interpretação analógica.

[TJCE]. A vingança é motivo torpe?


Ciúme é motivo torpe? O ciúme por si só não é torpe, é necessário averiguar o que
gerou o ciúme. O mesmo se aplica para a vingança.

[TJCE]. O que é motivo fútil?


Motivo fútil é o motivo insignificante, de pequena importância. É a pequeneza do
motivo, real desproporção entre o delito e sua causa moral.

A existência de uma discussão “forte” precedente ao crime, ainda que tenha se


originado de motivo de pequena importância, afasta o motivo fútil. Seria motivo fútil,
v.g., alguém matar outrem por ser chamado de flamenguista (apesar de que eu
considero isso uma afronta gravíssima).

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Motivo fútil não se confunde com motivo injusto. O motivo injusto é elemento
integrante de todo e qualquer crime.

[TJCE]. Ausência de motivo é motivo fútil?


→1ª Corrente: a ausência de motivo equipara-se ao pretexto fútil, pois seria um
contrassenso conceber que o legislador punisse com pena mais grave aquele que mata
por futilidade, permitindo que o que age sem qualquer motivo receba sanção mais
branda (jurisprudência).

→2ª Corrente: a equiparação da ausência de motivo ao pretexto fútil ofende o


princípio da legalidade (Bittencourt). – Deve ser adotado em concursos da Defensoria
Pública.

[TJCE]. Ciúmes configura motivo fútil?


HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. CIÚMES E VINGANÇA. MOTIVO
TORPE. CARACTERIZAÇÃO. COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE SENTENÇA.
EMPREGO DE RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DO OFENDIDO.
EXISTÊNCIA DE ANIMOSIDADE PRÉVIA ENTRE O PACIENTE E A VÍTIMA.
EXCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA. 1. É da competência do
conselho de sentença decidir se o paciente praticou o ilícito motivado por ciúme ou
vingança, bem como se tais sentimentos, na análise do caso concreto, constituem o
motivo torpe que qualifica o crime de homicídio. 2. O fato de existir prévia animosidade
entre o paciente e a vítima não exclui, por si só, a qualificadora do emprego de recurso
que dificultou a defesa do ofendido, tendo em vista que esta deve ser analisada de acordo
com os fatos narrados na denúncia, com o apoio do conjunto fático-probatório produzido
no âmbito do devido processo legal. 3. Ordem denegada. (STJ, HC 104.097/RS, Rel.
Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 13/08/2009, DJe 13/10/2009)

[TJCE]. No que se refere à lesão, o que é INTEGRIDADE CORPORAL? Qual é o


alcance disso?
O artigo 129 do CP, que define o crime de lesão corporal, tem como bem jurídico
protegido a integridade corporal ou a saúde de outrem. A integridade corporal é
expressão genérica que abrange o corpo humano e a sua funcionalidade normal, quer
do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental. Assim,
caso a vítima sofra algum dano em seu corpo, alterando-se interna ou externamente,
ou qualquer modificação prejudicial à sua saúde, transfigurando-se qualquer função
orgânica ou causando-lhe abalos psíquicos comprometedores, considera-se ofendida
a sua integridade corporal, estando consumado o delito de lesão corporal. Deve haver,
portanto, alguma alteração física no corpo da pessoa, interna ou externa (ponto de
vista anatômico), alteração orgânica (ponto de vista fisiológico) ou alteração mental.
Tudo isso faz parte do conceito genérico e abrangente do bem jurídico tutelado
“integridade corporal”.

[TJCE]. A dor é requisito do crime de lesão corporal?


Não. A dor não é requisito para a configuração do crime de lesão corporal. Não é
preciso que a vítima sinta dor para que o delito se consuma. Em regra, a lesão produz
dor; porém, esta não figura como elementar do tipo, sendo dispensável.

[TJCE]. A autolesão é punível?


Não. Majoritariamente se entende que a autolesão não é punível, sendo um
irrelevante penal.

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Destaca Cezar Roberto Bitencourt, contudo, que se um inimputável, menor, ébrio ou


por qualquer razão incapaz de entender ou de querer, por determinação de outrem,
praticar em si mesmo uma lesão, quem o conduziu à autolesão responderá pelo crime,
na condição de autor mediato. Algo semelhante ocorre quando alguém, agredido por
outrem, para defender-se, acaba se ferindo. A causa do ferimento foi a ação do
agressor; logo, deverá responder pelo resultado lesivo. Convém atentar, ademais, que
o ato d vítima ferir-se ao defender-se do ataque constitui uma causa superveniente
relativamente independente, mas que não produziu, por si só, o resultado. Com efeito,
afastando-se a causa anterior, isto é, a agressão, a autolesão também desapareceria;
logo, esse fato anterior é causa e, portanto, o agressor deve responder pela lesão
(Trecho extraído do Livro Manual de Direito Penal de Rogério Sanches Cunha,
2014).

[TJCE]. Quais as hipóteses de lesão corporal grave?


Estão descritas no artigo 129, §1º, do CP.

Lesão corporal de natureza grave

§ 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II


- perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV -
aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos.

As lesões corporais previstas no §2º são gravíssimas, recebendo, portando, uma


maior sanção penal, se comparadas às lesões corporais de natureza grave.

§ 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incurável;


III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente;
V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos.

As lesões graves são qualificadas pelo resultado, podendo o evento ser querido ou
aceito pelo agente do crime (dolo direto ou eventual) ou ser culposamente provocado
(culpa), hipótese em que se configura o delito preterdoloso. Porém, um dos resultados
agravadores é punido somente a título de preterdolo, pois, se doloso, outro será o
crime praticado (é o que ocorre com o resultado PERIGO DE VIDA).

Explicando cada um dos resultados configuradores da lesão corporal grave, tem-se


que:

A) Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias – Entende-se por


ocupação habitual qualquer atividade corporal costumeira, tradicional, não
necessariamente ligada ao trabalho ou ocupação lucrativa, podendo ser econômica,
intelectual, esportiva. A lesão será auferida por laudo medico complementar, a ser
realizado logo após o 30º dia, contado da data do crime. Não havendo possibilidade
de realização de perícia médica, a prova pode ser suprida por outros meios, tal como
a prova testemunhal.

B) Perigo de vida – O perigo deve ser real, presente, concreto, consistente na


probabilidade séria, concreta e imediata do êxito letal. A região da lesão não justifica,
por si só, a presunção do perigo. Essa qualificadora só admite o preterdolo. Se o
ofensor considerou, por um momento apenas, a possibilidade de matar a vítima,
configura-se o crime de homicídio tentado.

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C) Debilidade permanente de membro, sentido ou função – Se do crime resulta


diminuição (redução) ou enfraquecimento da capacidade funcional de membro,
sentido ou função cuja recuperação seja incerta e por tempo indeterminado (não
significa perpetuidade), a lesão será de natureza grave, não importando que o
enfraquecimento possa se atenuar ou se reduzir com aparelhos de próteses.

D) Aceleração de parto – Nesse caso, o feto é expulso, COM VIDA, antes do tempo
normal. Se o feto é expulso sem vida, ou mesmo se com vida logo vem a morrer em
razão das lesões corporais, o crime será de natureza gravíssima. O abortamento deve
ser sempre praticado a título de culpa, havendo nesse caso um crime preterdoloso
(dolo na lesão corporal e culpa no aborto). Se o neonato falecer posteriormente ao
parto, mas em decorrência das lesões sofridas por sua genitora, o agente responderá
por homicídio culposo e lesão grave. Se o agente desde sempre quis a morte do feto,
provocando sua morte, responde por lesão corporal e pelo crime de aborto. Para que
se configure a qualificadora em tela, é indispensável que o agente saiba ou pudesse
saber estar a mulher grávida. Caso não tenha ciência da condição da ofendida,
responde pelo crime de lesão corporal leve.

Todas as qualificadoras que configuram lesão corporal de natureza grave são de


natureza objetiva.

[TJCE]. O que é deformidade? O que é função? O que é sentido?


A deformidade é qualificadora que se consubstancia em lesão corporal de natureza
gravíssima, desde que ela seja permanente. A deformidade permanente consiste no
dano estético, aparente, considerável, irreparável pela própria força da natureza e
capaz de provocar impressão vexatória (desconforto para quem olha e humilhação
para a vítima). A idade, o sexo e a condição social da vítima devem ser tomados em
consideração no apreciar a deformidade. Não se pode exigir que a vítima se submeta
à cirurgia para encobrir os ferimentos. Contudo, optando pela cirurgia para correção
da deformidade, e sendo esta um sucesso, fica afastada a circunstância qualificadora.
A lei penal brasileira considera a existência da qualificadora não apenas nos casos de
lesão no rosto, abrangendo todo o corpo, mesmo que atingindo região visível somente
em momentos de maior intimidade.

Sentido é a faculdade de experimentar certa classe de sensações e de perceber as


coisas externas e o meio pelo qual essa faculdade se exercita (visão, audição, tato,
paladar e olfato). A função consiste na atividade própria ou natural de um órgão
(função respiratória, circulatória, digestiva, sexual, etc).

[TJCE]. O que é lesão corporal privilegiada?


É aquela prevista no artigo 129, §4º, do CP. É causa de diminuição de pena, devendo
ser aplicada, se presente no caso concreto, na terceira fase da dosimetria da pena.
Artigo 129, §4°. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Motivo de relevante valor social diz respeito aos interesses de toda uma coletividade,
sendo, portanto, nobre e altruístico. Exp: Lesionar um traidor da pátria. O relevante
valor moral, por sua vez, liga-se aos interesses individuais, particulares do agente,
entre eles o sentimento de piedade, compaixão, misericórdia.

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Por fim, sabe-se que a responsabilidade penal não fica afastada pela emoção ou
paixão. Entretanto, em caso de lesão corporal praticada sob o domínio de violenta
emoção, em que o agente, logo em seguida a injusta provocação da vítima, reage, sob
choque emocional intenso, capaz de anular sua capacidade de autocontrole durante o
cometimento do crime, pode haver a incidência da minorante prevista no §4º do
artigo 129 do CP.

[TJCE]. A ação penal no crime de lesão corporal é de qual natureza? E na lesão


culposa, a ação penal é de que natureza?
Em regra, a ação penal no crime de lesão corporal é pública incondicionada. Porém,
no caso de lesão corporal dolosa de natureza leve ou de lesão corporal culposa, a ação
penal será pública condicionada à representação da vítima ou do seu representante
legal (artigo 88 da Lei 9099/95).

Se a lesão for praticada no âmbito da violência doméstica e familiar e a vítima for


HOMEM, a ação penal será pública condicionada à representação do ofendido, desde
que ela (a lesão) seja leve ou culposa. Se a lesão praticada for de natureza grave,
gravíssima ou seguida de morte, a ação penal será pública incondicionada.

Tratando-se de vítima mulher, se a lesão for de natureza grave, gravíssima ou seguida


de morte, a ação penal será pública incondicionada. HAVENDO SOMENTE
LESÕES LEVES OU CULPOSAS, a doutrina diverge acerca da natureza da ação
penal.

Sabe-se que no caso de lesão corporal dolosa de natureza leve ou lesão corporal
culposa, como dito acima, a ação deixou de ser pública incondicionada e passou a ser
pública condicionada à representação da vítima ou de seu representante legal, em
face do artigo 88 da Lei 9099/95. Entretanto, a Lei Maria da Penha (Lei 11340/06),
proíbe, aos crimes contra a mulher, praticados no ambiente doméstico e familiar, a
aplicação dos dispositivos da Lei 9099/95. Diante da diferença de tratamento, uma
primeira corrente vai sustentar que, ainda que a vítima da lesão corporal leve ou
culposa praticada no ambiente doméstico e familiar seja mulher, a ação penal será
pública condicionada. Defende essa corrente que, em casos de violência doméstica e
familiar, deve se aguardar a consciente manifestação de vontade da vítima, pois, na
maioria das vezes, se percebe rápida conciliação entre os envolvidos. Uma segunda
corrente, majoritária, e hoje completamente pacificada na jurisprudência dos
Tribunais Superiores, sustenta que, após o advento da Lei Maria da Penha, a lesão
corporal, praticada contra a mulher, no ambiente doméstico e familiar, ainda que leve
ou culposa, deve ser perseguida mediante AÇÃO PENAL PÚBLICA
INCONDICIONADA.

Importante mencionar que o STF, em sede de controle concentrado de


constitucionalidade (ADI 4424), pacificou a questão, reconhecendo que o artigo 41
da Lei 11340/06 (que proíbe a aplicação da Lei 9099 aos crimes praticados pela
mulher no ambiente doméstico e familiar) não viola a Carta Magna. Decidiu o STF,
na mesma ADI, que a ação penal nos crimes de lesão corporal dolosa (mesmo que de
natureza leve) e de lesão corporal culposa cometidos contra a mulher no ambiente
doméstico e familiar é pública incondicionada, dispensando, assim, a representação
da vítima ou do seu representante legal.

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[TJCE]. Crimes contra a honra: qual a diferença entre eles? Qual deles exige que a
imputação seja de fato certo? A relação que exclui o dolo nos crimes contra a honra?
Qualquer palavra ofensiva é danosa à honra? É imprescindível que chegue ao
conhecimento de terceiros? Quais admitem exceção da verdade? É possível
retratação? Qual a natureza da ação penal nesses crimes?
O CP aparece como Norma Geral no que diz respeito aos Crimes Contra a Honra,
havendo Leis Especiais que dizem respeito a tais crimes, senão vejamos: Lei nº
7.173/83: Lei de Segurança Nacional que traz Crimes Contra a Honra com Motivação
Política; Lei nº 4.735/65: Código Eleitoral: Aqui é necessário mencionar que, os
crimes contra a honra (Calúnia; Difamação e Injúria) no CE são de Ação Penal
Pública Incondicionada e terão lugar quando houver motivação eleitoral; Decreto-
Lei nº 1.001/69: Código Penal Militar (se houver interesse militar).

OBS: Como a Lei de Imprensa foi considerada Não Recepcionada pelo STF, os
Crimes Contra a Honra (Calúnia, Injúria e Difamação), por meio da Imprensa, caem
no disciplinamento da Regra Geral do CP.

Os crimes contra a honra são calúnia (art. 138, CP), difamação (art. 139, CP) e
injúria (art. 140, CP). Na calúnia, tem-se a imputação de fato determinado previsto
como crime, sabidamente falso – protege-se a honra objetiva; na difamação, tem-se
a imputação de fato determinado desonroso (não criminoso), não importando se
verdadeiro ou falso – também se protege a honra objetiva; já a injúria é a atribuição
de qualidade negativa à vítima – protege-se a honra subjetiva.

Vale dizer, na calúnia e na difamação há a imputação de um fato concreto, que na


primeira (calúnia) deve ser falso e definido como crime, requisitos não exigidos na
segunda (difamação); na injúria, a acusação é genérica, encerrando, em tese, um
vício, um defeito ou uma qualidade negativa da vítima, menoscabando-a. Na calúnia
e na difamação, a frase desonrosa deve chegar ao conhecimento de terceiro; já na
injúria, dispensa-se o conhecimento por terceiros.

ATENÇÃO: Quando se imputa determinado fato previsto como crime, sabidamente


verdadeiro, o fato é atípico.

Prevalece na doutrina que, nos crimes contra a honra, além do dolo, os tipos penais
exigem o elemento subjetivo especial do tipo (também chamado pelos doutrinadores
clássicos de dolo específico), consistente no firme propósito de ofender (animus
caluniandi; animus diffamandi; e animus injuriandi).

Desse modo, não configura o delito quando o agente possui apenas animus narrandi
(intenção de narrar o fato), criticandi (intenção de criticar de forma justa), defendendi
(intenção de defender-se), corrigendi (intenção de corrigir, como ocorre na educação
dada aos filhos pelos pais) ou jocandi (intenção de gracejar).

OBS.: Por outro lado, se o agente está convencido da veracidade da imputação, não
responde pelo crime de calúnia, havendo, no caso, erro de tipo essencial. Portanto,
trata-se de fato atípico.

A palavra ofensiva será danosa à honra quando ofender a dignidade da vítima


(sentimento atinente a valores morais) ou seu decoro (sentimento de respeitabilidade

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social). Deve-se registrar que, por ser a honra um bem jurídico disponível, eventual
consentimento do ofendido excluirá o crime.

No ponto, importante destacar a diferença entre injúria absoluta e injúria relativa.


Aquela se dá quando a expressão tem, por si mesma e para qualquer um, significado
ofensivo à dignidade ou ao decoro de alguém, de modo constante e unívoco,
independentemente do lugar, do modo de execução e da pessoa da vítima. Já na
injúria relativa, tem-se que a expressão somente é tomada como ofensiva à dignidade
e ao decoro se se proferida em determinadas circunstâncias ou condições de forma,
tom, modo, lugar, tempo, pessoa etc.

Admite-se a exceção da verdade na calúnia e na difamação, não sendo ela possível


na injúria.

Na calúnia, a regra é admitir a prova da verdade e a consequência é a atipicidade da


conduta, porque a falsidade é elementar do crime. Excepcionalmente, não se admite
a exceção da verdade na calúnia quando: se, constituindo o fato imputado crime de
ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; se o fato é
imputado à pessoa do Presidente da República ou Chefe de Governo Estrangeiro; ou
se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível (art. 138, § 3º, CP).

Já na difamação, é o contrário: a regra é não admitir; excepcionalmente se admite. A


consequência aqui não é atipicidade, porque a falsidade não integra o tipo, sendo
causa especial de exclusão da ilicitude, pelo exercício regular de direito. Na
difamação, admite-se a exceção da verdade em um caso: se o ofendido é funcionário
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções (ofensa propter officium).

Nos termos do art. 143 do CP, o querelado que, antes da sentença, se retrata
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Assim, a retratação
somente é possível nos crimes de calúnia e difamação, já que somente nesses há a
imputação de fatos. Na injúria, é incabível, pois eventual reconsideração poderia
acarretar danos ainda maiores à honra subjetiva do ofendido.

A retratação é causa de extinção de punibilidade (art. 107, VI, do CP) e para ser
aplicada deve ser cabal, ou seja, completa e inequívoca.

Conforme art. 145 do CP, nos crimes contra a honra a regra é a ação penal de
iniciativa privada (Queixa Crime). Exceções:

1ª) Injúria Real + Violência + Lesão (Ação Penal Pública Incondicionada).

Cuidado: Injúria Real + Vias de Fato continua a ser processada por Ação Penal de
Iniciativa Privada, já que o artigo fala apenas em “lesão corporal”.

2ª) Crime Contra a Honra do Presidente da República ou Chefe de Governo


Estrangeiro (Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça).

3ª) Injúria Qualificada pelo Preconceito (Ação Penal Pública Condicionada à


Representação da Vítima).

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4ª) Crime Contra a Honra de Funcionário Público, Relacionado ao Exercício da


Função (Ação Penal Pública Condicionada à Representação da Vítima).

Atenção com a Súmula 714/STF: “É concorrente a legitimidade do ofendido,


mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido,
para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício
de suas funções.” Esta súmula garante ao funcionário público o direito de opção. De
acordo com o STF, se o servidor optar pela representação ao MP, fica-lhe preclusa a
ação penal privada.

32. Crimes contra o patrimônio


[TJCE]. Quais os requisitos para o furto privilegiado? Ao agente primário com
maus antecedentes reconhecidos se aplica o privilégio?
Na esteira do art. 155, § 2º do CP, para a aplicação do furto privilegiado é necessário
que o agente seja primário e de pequeno valor a coisa furtada. Há uma corrente
doutrinária e jurisprudencial que reclama, além da primariedade, a não ostentação de
maus antecedentes pelo agente, porém trata-se de posição minoritária, uma vez que
o dispositivo legal não faz essa exigência, devendo-se respeitar a legalidade.

[TJCE]. Furto privilegiado afasta a incidência do princípio da insignificância?


Há que se fazer uma distinção entre coisa de valor ínfimo ou insignificante e coisa
de pequeno valor. Verificando-se a primeira como objeto do furto, tem lugar a
aplicação do princípio da insignificância, excluindo a tipicidade material da conduta;
em caso de crime patrimonial envolvendo a segunda, não há que se falar em aplicação
do princípio da insignificância, mas em mera incidência da figura privilegiada do
furto.

[TJCE]. Cabe o furto privilegiado nas figuras qualificadas?


Sim. Tanto o STF como o STJ assim entendem. Este último tribunal inclusive
sumulou o entendimento na sua súmula de n. 511: “É possível o reconhecimento do
privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado,
se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a
qualificadora for de ordem objetiva. “

[TJCE]. O que é o furto noturno?


É causa de aumento de pena do crime do furto simples ou qualificado relativa ao
cometimento do delito patrimonial no intervalo que medeia dois períodos: aquele em
que as pessoas se recolhem, e, posteriormente, o outro no qual despertam para a vida
cotidiana.

[TJCE]. O que se deve entender por noite?


Noite, para fins de incidência da majorante em debate, é o intervalo que medeia dois
períodos: aquele em que as pessoas se recolhem, e, posteriormente, o outro no qual
despertam para a vida cotidiana.

[TJCE]. Qual o objeto material do delito de furto? Bem imóvel?


R- A objetividade jurídica do crime de furto é o “patrimônio”, no entanto prevalece
que a vítima pode ser o proprietário, o possuidor ou detentor.

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O objeto material do delito é a coisa alheia móvel. Prevalece que deve ser dotada de
valor econômico, excluindo-se a de valor meramente sentimental.

Entende-se por coisa móvel aquela que pode ser deslocada. Assim, ainda que para o
Direito Civil alguns bens passíveis de deslocamento sejam considerados imóveis,
para o direito penal são considerados bens móveis pelo princípio da especialidade,
sendo objeto de furto. Ex: Navio, aeronave, objetos temporariamente separados da
construção para emprego posterior.

[TJCE]. Energia é objeto? Subtração de sinal de TV? Furto sêmen?


R- Para o CP, a energia dotada de valor econômico é equiparada à coisa móvel,
embora não seja coisa corpórea (art. 155, § 3º, CPP). Ex: Energia elétrica, a
radioatividade, térmica, energia genética de reprodutor (sêmem), etc. Assim, furto de
sêmem é fato típico (energia genética).

De acordo com o STF (HC 97261), o sinal de TV a cabo não é energia, concluindo
pela atipicidade da conduta de ligação clandestina de sinal de TV a cabo. Ressaltou-
se não ser admitido em direito penal a analogia “in malam partem”.

[TJCE]. Como se dá a consumação de crimes de furto? O rompimento do obstáculo


para subtração de coisa tem repercussão?
R- Sobre a consumação, 4 correntes: a) “Contrectatio”, o crime se consuma com o
simples contato do agente com a coisa alheia, dispensando deslocamento; b)
“Amotio”, a consumação do delito se dá no momento da inversão da posse da coisa,
sendo irrelevante o deslocamento ou posse mansa e pacífica. Prevalece - STJ e STF;
c) “Ablatio”, o crime se consuma quando o agente, depois de apoderar-se da coisa,
consegue deslocá-la para outro lugar; d) “Ilatio”, a coisa deve ser deslocada para o
lugar desejado pelo agente a fim de mantê-la a salvo.

O rompimento do obstáculo para subtração da coisa é circunstância qualificadora,


agravando a pena em abstrato (art. 155, § 4º, CP).

[TJCE]. Tentativa de furto qualificado pela destreza é possível? Em qualquer


hipótese?
R- Depende. O furto é crime material, exigindo para consumação resultado
naturalístico. Por isso, é possível a tentativa, como regra. Entende-se por destreza
uma habilidade física ou manual com a qual o agente subtrai o bem sem que a vítima
o perceba. Ex: batedor de carteira ou punguista.

A jurisprudência condiciona a presença da qualificadora à vítima trazer o bem junto


ao corpo, pressuposto lógico para avaliar a habilidade do punguista.

Para os adeptos da teoria da “amotio”, não é possível a tentativa no furto qualificado


por destreza, uma vez que só podem acontecer duas situações: a) quando o agente se
apodera da coisa, resta consumado o crime qualificado, independente de conseguir
se evadir ou não do local, por ato da vítima ou terceiro; b) caso não consiga a posse
momentânea da coisa, conclui-se logicamente que não o fez por falta de habilidade,
afastando a qualificadora, configurando tentativa de furto “simples”. Assim, ou a) o
crime se consuma na forma qualificada; ou b) ocorrerá tentativa de furto “simples”.

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Para a corrente da “ablatio” é possível a tentativa de furto qualificado pela destreza,


devendo ser a qualificadora analisada sob a ótica da vítima: a) se a vítima pressente
a ação do agente e impede que este empreenda a fuga com a coisa, o crime não se
consuma, ocorrendo tentativa de furto “simples”, uma vez que a percepção da vítima
decorre da inabilidade do agente, afastando a qualificadora; b) Se após o
apoderamento da coisa pelo agente, quem impede o deslocamento é um terceiro, resta
configurada a tentativa de furto qualificado pela “destreza”, posto que a vítima não
percebera a ação em face da habilidade do larápio.

[TJCE]. Qual a diferença entre furto qualificado pela fraude e estelionato?


No furto mediante fraude, o agente emprega fraude para que ele tenha facilidade na
subtração, sendo que a vontade de alterar a posse é unilateral. No estelionato, o agente
emprega a fraude para fazer com que a vítima lhe entregue espontaneamente o bem,
sendo que a vontade alterar a posse é bilateral.

[TJCE]. O que é o abuso de confiança que qualifica o crime? Mera relação de


emprego?
R: Abuso de confiança: [1] é captada propositalmente para facilitar ou [2] existia
anteriormente. Ex. parentesco, amizade ou relação de emprego, desde que a
confiança facilite a subtração (exceção: contratado para proteger patrimônio
responde sempre pela qualificadora. Ex. segurança, vigia). Há 2 requisitos para se
configurar [1] há especial confiança entre agente e vítima (por isso que não é sempre
que o empregado furta - ato chamado de famulato - que incidirá. Ex. empregado de
multinacional [deve gozar de especial confiança]) + [2] furto praticado com o agente
se valendo de facilidade causada pela relação de confiança (ex. ter chave da casa, ser
visita na casa).

No caso de abuso de confiança, presume-se que haja, antes do crime, uma relação de
confiança entre o agente e a vítima.

O simples fato de haver vínculo empregatício entre agente e vítima não gera o abuso
de confiança. O abuso de confiança estará caracterizado quando a função exercida
pelo empregado, por sua natureza, pressupõe ser necessária a existência de confiança
nele depositada (ex: chefe do estoque de uma loja).Se o agente estabeleceu uma
relação de confiança com a vítima com a finalidade de se aproveitar dessa relação e
praticar o furto, não haverá abuso de confiança, e sim fraude.

[TJCE]. Há receptação quando alguém adquire produto de subtração praticado por


menor?
1ª corrente: a lei se refere somente a crime, sendo a receptação de ato infracional
fato atípico (Fragoso).

2ª corrente: a lei se refere a fato previsto como crime. O ato infracional não deixa
de ser um fato previsto como crime praticado por menor infrator. A receptação de
ato infracional é crime (Noronha).

[TJCE]. O que é receptação qualificada? Pode ser clandestino o comércio? Porque


esse tipo abriu a questão da constitucionalidade?
R: Segue trecho de um acórdão do TJ-SP sobre a matéria: “Consoante entendimento
majoritário desta C. Câmara, a conduta em tela, classificada erroneamente pelo
legislador como receptação qualificada, configura, na verdade, crime autônomo de

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receptação. Os conceitos “saber” e “deve saber” evidentemente não se sobrepõem,


pois expressam graus diversos de conhecimento. Alberto Silva Franco e outros
salientam que “'saber' significa, no tipo de receptação, o conhecimento direto, que
tem o autor, da realidade de um determinado estado de coisas. 'Deve saber'
representa, na receptação qualificada, não o conhecimento integral, não a certeza
sobre a realidade de um determinado estado de coisas, mas, sim, o reconhecimento
de um juízo de dúvida a respeito dessa realidade, diante do qual o agente não fica
inerte, antes põe em marcha a conduta possibilitadora da produção do resultado e
entre o renunciar à conduta e o risco de com ela concretizar o tipo, prefere essa
última em detrimento daquela. Isto quer dizer que o agente opera com dolo eventual”
(Código Penal de sua Interpretação Jurisprudencial, RT, 1997, p. 2.815).

Diante disso, concluem os mesmos autores que, tendo “por diretriz o princípio da
proporcionalidade, não há como admitir, sob o enfoque constitucional, que o
legislador ordinário estabeleça um preceito sancionatório mais gravoso para a
receptação qualificada quando o agente atua com dolo eventual e mantenha, para a
receptação do 'caput' do art. 180, um comando sancionador sensivelmente mais
brando, quando, no caso, o autor pratica o fato criminoso com dolo direto. As duas
dimensões de subjetividade 'dolo direto' e 'dolo eventual' podem acarretar reações
iguais, ou até mesmo, reações penais menos rigorosas em relação ao 'dolo eventual'.
O que não se pode reconhecer é que a ação praticada com 'dolo eventual' seja três
vezes mais grave é o mínimo legal que detecta o entendimento do legislador sobre a
gravidade do fato criminoso do que quase a mesma atividade delituosa, executada
com dolo direto. Aí, o legislador penal afrontou, com uma clareza solar, o princípio
da proporcionalidade” (op. cit., p. 2.816).

Dessa forma, a despeito de a conduta do réu ajustar-se ao disposto no art. 180, § 1º,
do Código Penal, a ele deveriam ser aplicadas, em obediência ao princípio
constitucional da proporcionalidade, as sanções previstas no “caput” do mesmo
dispositivo.

Note-se que, para tanto, seria desnecessária a instauração de incidente de


constitucionalidade. Consoante o disposto no art. 481, parágrafo único, do CPC, o
procedimento só caberia se, em relação à posição ora adotada, ainda não houvesse
manifestação deste E. Tribunal ou do Supremo Tribunal Federal. Ocorre que o
Pretório Excelso igualmente já consagrou entendimento de que padece de
inconstitucionalidade a norma que afrontar o princípio da proporcionalidade.

Nessa linha, por exemplo, considerando que o “legislador brasileiro, ao cominar pena
mais leve a um delito mais grave (CP, art. 180, caput) e ao punir, com mais
severidade, um crime revestido de menor gravidade (CP, art. 180, § 1º), atuou de
modo absolutamente incongruente, com evidente transgressão ao postulado da
proporcionalidade”, o Ministro Celso de Mello entendeu plausível a tese de
inconstitucionalidade e, em 31.03.08, concedeu liminar nos autos do HC 92.525-
1/RJ, suspendendo os efeitos de condenação criminal.

Conforme salientado na decisão, o STF tem reiterado que o Poder Legislativo, à


maneira do que fez no tocante à chamada receptação qualificada, não pode incorrer
em imoderação ou formular regras dissociadas dos padrões de razoabilidade. Por
conta disso, na perspectiva da Corte, a proporcionalidade configura categoria
fundamental de limitação dos excessos emanados do Estado e, na medida em que

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viabiliza o devido processo legal (art. 5º, LIV, da Carta Magna) em sua dimensão
substantiva, constitui verdadeiro parâmetro de aferição da constitucionalidade
material das normas. “A jurisprudência constitucional do STF, bem por isso, tem
censurado a validade jurídica de atos estatais que, desconsiderando as limitações que
incidem sobre o poder normativo do Estado, veiculam prescrições que ofendem os
padrões de razoabilidade e que se revelam destituídas de causa legítima,
exteriorizando abusos inaceitáveis e institucionalizando agravos inúteis e nocivos aos
direitos das pessoas”, ressaltou o Ministro.

A fim de eliminar tal incompatibilidade da lei com a Constituição, como acentuado


por Celso de Mello, o STF tem autorizado a substituição da pena correspondente ao
preceito incriminador por outra com a qual guarde relação de proporcionalidade. A
técnica, segundo já decidido pela Corte, não exorbita das atribuições constitucionais
do Poder Judiciário quando restrita a situações de absoluto e insuperável
antagonismo de normas, tal qual se dá entre os dispositivos em exame. (TJ/SP -
Apelação nº 0000191-53.2006.8.26.0093)

[TJCE]. Admite-se receptação privilegiada? Responde alguém que guarda coisa do


furtador para futura devolução?
R: Nos termos do art. 180, CP:

Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou


alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
adquira, receba ou oculte:

Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o
valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.

§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime


de que proveio a coisa.

§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração


as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto
no § 2º do art. 155. Essa é a receptação privilegiada

Quem guarda coisa objeto de furto, pode responder pelo crime de favorecimento real
(art. 349, CP) que é crime formal, se consuma no momento em que recebe a coisa,
independentemente de futura intenção de devolvê-la ao furtador.

[TJCE]. Qual a diferença entre roubo e extorsão? Quais os tipos de objetivos desses
crimes?
R: No roubo, a subtração ocorre mediante violência ou grave ameaça, sendo
irrelevante para a consumação do crime a colaboração da vítima, pois que o delito é
praticado mesmo sem a sua participação. Já na extorsão exige-se a colaboração da
vítima, pois sem ela seria impossível a obtenção da vantagem econômica indevida.

Além disso, no roubo a coação é absoluta, na extorsão a coação é relativa.

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Ademais, no roubo o objeto material é coisa alheia móvel, enquanto na extorsão o


objeto material é qualquer vantagem econômica indevida, que pode ser, inclusive,
imóvel, sendo, portanto, mais amplo o seu objeto.

No roubo, o núcleo do tipo é o verbo subtrair, o mesmo do furto. A diferença são os


meios de execução que no roubo próprio são: violência contra pessoa, grave ameaça
ou violência imprópria. No que pertine a extorsão o tipo objetivo é constranger, que
significa retirar de alguém sua liberdade de autodeterminação, em razão do emprego
de violência à pessoa ou grave ameaça.

[TJCE]. A extorsão admite tentativa? A extorsão mediante sequestro é crime formal


ou material?
R: A extorsão admite tentativa, tanto para quem considera crime formal, quanto para
quem considera material. Isso porque em regra a extorsão é um crime
plurissubsistente.

A súmula 96 do STJ afirma que o crime de extorsão consuma-se independentemente


da obtenção da vantagem indevida. Logo, é crime formal. Basta o constrangimento
imposto à vítima para se consumar esse delito.

Para Nucci, apesar de defender que o crime é formal para ele a extorsão tem três
estágios e não se consumaria com o mero constrangimento que é o primeiro estágio
e sim quando a vítima age (segundo estágio), ainda que o agente não consiga a
vantagem almejada. Para ele, com o mero constrangimento haveria apenas tentativa.

Há corrente, no entanto, que entende ser o crime de extorsão material, exigindo o


resultado naturalístico, qual seja, a redução do patrimônio da vítima.

Já a extorsão mediante sequestro é delito formal, de consumação antecipada ou de


resultado cortado. Consuma-se com a privação da liberdade da vítima,
independentemente da obtenção da vantagem pelo agente. O pagamento do resgate é
mero exaurimento do crime.

[TJCE]. Quais são as causas de aumento de pena no crime de roubo?


Art. 157. §2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal


circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior;

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

[TJCE]. Qual a diferença entre restrição e privação de liberdade? O agente que


constrange a vítima, rouba e pega o cartão com a senha pratica qual conduta
criminosa é essa?

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ART. 157 (ROUBO) ART. 158 (EXTORSÃO) ART. 159 (EXTORSÃO


MEDIANTE SEQUESTRO)

Subtrair com violência. Constranger com violência. Sequestrar.

Dispensa a colaboração da A colaboração da vítima é A vantagem depende de


vítima. indispensável. comportamento de terceiro.

Roubo + privação da Extorsão + restrição da A privação da liberdade da


liberdade da vítima = §2º, liberdade da vítima = §3º vítima é elementar do tipo.
Inciso V. (qualificadora).

Obs. Não se fala em privação


da liberdade, pois, caso assim
seja, haverá extorsão
mediante sequestro.

No exemplo citado, o agente responde por extorsão mediante restrição da liberdade


da vítima ou sequestro-relâmpago. Este crime, além de atentar contra o patrimônio
alheio, também viola a liberdade de locomoção. Aqui não há privação de liberdade,
mas sim restrição de liberdade. Pois do contrário, estaria configurado o crime de
extorsão mediante sequestro (art. 159, CP).

34. Crimes contra a dignidade sexual


[TJCE]. A pratica de conjunção carnal e ato libidinoso em uma só ação, qual crime
ocorre? É possível reconhecer crime continuado em vítimas diferentes e condutas
semelhantes? É um crime continuado comum ou específico?
Antes da Lei n.° 12.015/2009, o STF e o STJ entendiam que, se além da conjunção
carnal, o agente praticava outro ato libidinoso independente (ex: coito anal), deveria
responder por estupro (art. 213) e por atentado violento ao pudor (art. 214) em
concurso material (art. 69).

Exceção: se o ato de libidinagem estava ligado necessariamente com a conjunção


carnal (não era independente), esse ato era classificado como um “prelúdio do coito”
(praeludia coiti) e haveria crime único. Ex: estuprador que, para realizar o coito
vaginal, tocou e segurou nas coxas e nádegas da vítima. Esses “toques” eram
considerados como preparação para o coito e, apesar de serem atos libidinosos,
haveria apenas um único crime de estupro (art. 213) consumado.

[TJCE]. Após a Lei n.° 12.015/2009, quando o agente pratica, além da conjunção
carnal (coito vaginal), outro ato libidinoso independente (ex: coito anal), no mesmo
contexto fático e contra a mesma vítima, realiza mais de um crime?
NÃO. Trata-se de CRIME ÚNICO. O STJ definiu que o art. 213 do CP, com redação
dada pela Lei n.° 12.015/2009 é tipo penal misto ALTERNATIVO.

Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção carnal e outro ato
libidinoso contra uma só vítima, pratica um só crime do art. 213 do CP.

Vale ressaltar que havia divergência entre as Turmas do STJ sobre o tema, mas já foi
superada, tendo ambas adotado o entendimento do crime único. Nesse sentido: STJ.
5ª Turma. AgRg no REsp 1262650/RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em

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05/08/2014. STJ. 6ª Turma. HC 212.305/DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Des. Conv.
TJ/SE), julgado em 24/04/2014.

Se o agente pratica conjunção carnal e outros atos libidinosos contra vítimas


diferentes ou, então, contra uma só vítima, mas em contextos fáticos diferentes (ex:
em dois dias seguidos), haverá continuidade delitiva ou até concurso material, a
depender do caso concreto.

[TJCE]. Nos casos com trânsito em julgado, onde se reconheceu o crime continuado
na legislação de crimes contra a dignidade sexual caberá recurso?
É possível reconhecer o crime único, aplicando retroativamente a Lei
n.° 12.015/2009, mesmo que já tenha havido o trânsito em julgado nos termos do
enunciado 611 do STF:

Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das


execuções a aplicação de lei mais benigna.

Assim, caberá ao Juízo da Execução proceder a nova dosimetria da pena,


reconhecendo que se trata de crime único por força da Lei n.° 12.0156/2009. Vale
lembrar que, nessa nova dosimetria, o magistrado deverá considerar a pluralidade de
condutas como sendo aspecto negativo para o fim de aumentar a pena-base
(culpabilidade e circunstâncias são negativas).

[TJCE]. Quem é o sujeito passivo de assédio sexual?


R: No crime de assédio sexual, o sujeito passivo pode ser homem ou mulher, desde
que o sujeito ativo se prevaleça de sua hierarquia ou ascendência no exercício de
emprego público, cargo ou função, pública ou particular.

Assim dispõe o art. 216-A do Código Penal: Art. 216-A. Constranger alguém com o
intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
emprego, cargo ou função. Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.

Este tipo penal protege a liberdade sexual da pessoa, quando o titular está submetido
a outrem numa relação de poder, em decorrência da relação de trabalho ou
administrativa.

É um crime bipróprio, isto é, exige uma situação especial tanto do sujeito ativo como
do sujeito passivo. Assim ensina o ilustre profº Mirabete: "Para a sua
caracterização, é necessário que o agente seja superior hierárquico ou tenha
ascendência com relação ao ofendido, estando, portanto, em posição de mando com
relação à vítima. É indispensável que haja a referida superioridade, ou seja, de
poder, decorrente de uma relação administrativa ou de uma ascendência própria de
relação trabalhista. O agente pode ser homem ou mulher".( Mirabete, Julio Fabbrini.
Manual de Direito Penal, Vol. II, Atlas, 25º edição, São Paulo 2007. pág. 421).

[TJCE]. Nos crimes contra dignidade sexual, qual a natureza das ações? Há alguma
exceção? E se o fato foi praticado antes da alteração no CP? Quando há emprego de
violência real?

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Lei 12.015/09

Antes Depois

Regra: ação penal privada. Regra: ação penal pública


condicionada.
Exceções:
Exceções:
1) Vítima pobre: APP condicionada.
1) Vítima menor de 18 anos: APP
2) Abuso de poder: APP incondicionada;
incondicionada;
2) Vítima vulnerável: APP
3) Resultado lesão grave ou morte: incondicionada.
APP incondicionada;

4) Súmula 608 do STF: APP


incondicionada.

[TJCE]. Hoje é crime manter relação sexual consentida com pessoa de 14 a 18 anos?
R: A conduta de praticar ato libidinoso consistente em conjunção carnal, com vítima
de 14 anos, não se amolda ao delito previsto no art. 213 do CP, face o consentimento
daquela, mas, igualmente, não se enquadra no fato típico delineado no art. 218 do
Estatuto Repressivo (corrupção de menor), dada a referência no acórdão vergastado
de que a vítima já teria, anteriormente, mantido relações sexuais com outras pessoas.
Assim, conforme já decidiu esta Corte: "(...)a anterior inocência moral do menor se
presume iuris tantum como pressuposto fático do tipo. Quem já foi corrompido não
pode ser vítima do delito sob exame. " (REsp 822977/RJ, 5ª Turma, de minha
relatoria, DJ de 12/11/2007). Ex positis, nego provimento ao recurso

[TJCE]. Houve “abolitio criminis” do atentado violento ao pudor?


NÃO, não houve abolitio criminis, mas sim continuidade normativo-típica,
considerando que a Lei n. 12.015/2009, ao revogar o referido art. 214, inseriu a
mesma conduta no art. 213. Ocorreu, então, apenas uma mudança no local onde o
delito era previsto, mantendo-se, contudo, a previsão de que essa conduta se trata de
crime.

O princípio da continuidade normativa ocorre “quando uma norma penal é revogada,


mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a
infração penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda que topologicamente
ou normativamente diverso do originário.” (Min. Gilson Dipp, em voto proferido no
HC 204.416/SP).

36. Crimes contra a fé pública


[TJCE]. Agente que exibe documento falsificado por ele à polícia responde por qual
crime?
Súmula 522: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é
típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.

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Poderá ser condenado por uso de documento falso. Esse é o entendimento do STF e
STJ (art. 304, CP)

[TJCE]. E no caso de habilitação falsa apresentada em uma blitz?


R: Na hipótese retratada, também poderá ser condenado por uso de documento falso.
Esse é o entendimento do STF e STJ. O fato de o agente apresentar à polícia
documento falso, configura o crime do art. 304 do Código Penal. Havendo adequação
entre a conduta e a figura típica concernente ao uso de documento falso, não cabe
cogitar de que a atribuição de identidade falsa para esconder antecedentes criminais
consubstancia autodefesa.

[TJCE]. E se o documento é apreendido em revista pessoal?


R: A simples posse de documento falso não basta para caracterizar o crime previsto
no artigo 304 do Código Penal (que dispõe sobre uso de documento falso). Para que
o crime tenha efeitos jurídicos é preciso que o documento falso seja efetivamente
utilizado.

[TJCE]. Agente que altera fotografia em RG , qual crime seria? Fotocópia


falsificada é crime?
R: Falsificação de documento público Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte,
documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de
dois a seis anos, e multa. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 2º - Para os efeitos
penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o
título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os
livros mercantis e o testamento particular.

A fotocópia simples de documento não será considerada documento. Contudo, se


houver autenticação, passa a ter o mesmo valor probatório do original, de modo que
será considerada documento.

[TJCE]. Há falsidade ideológica se o advogado falsifica comprovante de endereço


para fixar uma competência?
R: Neste caso, o advogado poderá responder pelos arts. 304 c/c 298, CP. Indivíduo
que ostenta o qualificativo de advogado têm o dever de "atuar com destemor,
independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé".

[TJCE]. Quando se consuma o uso de documento falso? Admite tentativa?


R: Ex: João é parado em uma blitz da PM e, sabendo que havia um mandado de
prisão contra si expedido, apresenta a cédula de identidade de seu irmão com sua foto
no lugar. Isso é permitido? Não. Na hipótese retratada, João poderia ser condenado
por uso de documento falso. Esse é o entendimento do STF e STJ.

37. Crimes contra a administração pública


[TJCE]. Todos os crimes contra a administração pública são próprios? Nos crimes
impróprios, pode ter concorrência de particular?
R: Não, os crimes contra administração podem ser próprios ou impróprios.

Crime funcional próprio Crime funcional impróprio

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- Faltando a condição de servidor do - Faltando a condição de servidor do


agente, o fato deixa de ser crime. agente, o fato deixa de ser crime
funcional (ajustando-se a outro tipo
- Atipicidade absoluta. incriminador).

Ex.: Art. 317 (corrupção passiva), 319 - Atipicidade relativa.


(prevaricação).
Ex.: Art. 312 (peculato) - pode ser
furto, apropriação indébita...

Art. 316 (concussão) - pode ser


extorsão.

[TJCE]. Qual a natureza jurídica da concussão? O excesso de exação é um crime


tributário?
R: Prevalece que a vantagem pode ser de qualquer natureza. A vantagem pode ser
até mesmo sexual (se ele conquistar essa vantagem responderá pelos dois).

[TJCE]. E se a vantagem exigida for devida?


Depende da natureza da vantagem.

a) Tratando-se de tributo ou contribuição social  excesso de exação (art. 316, § 1º).

b) Qualquer outra vantagem  abuso de autoridade.

O excesso de exação é um crime contra a administração pública e não um crime


tributário. Pune a conduta do funcionário que exige tributo ou contribuição social ,
sabendo ser indevido, ou, se devido, o cobra de maneira vexatória.

Art. 316, § 2º: possui a forma qualificada, ocasião em que o funcionário cobra o
indevido ou de forma vexatória e desvia o valor para si. Na prática, sua aplicação é
rara. Sua pena é inconstitucional, por ser desproporcional.

§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu


indevidamente para recolher aos cofres públicos:

[TJCE]. A corrupção passiva admite tentativa?


R: A doutrina admite a tentativa no “solicitar” por escrito.

[TJCE]. O que é condescendência criminosa? E patrocínio infiel? E advocacia


administrativa?
Condescendência criminosa:

Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que


cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o
fato ao conhecimento da autoridade competente:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Advocacia administrativa:

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Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração


pública, valendo-se da qualidade de funcionário:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa

Patrocínio infiel

Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional,


prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

[TJCE]. Delegado de polícia que não cumpre por determinação do juiz, responde
por desobediência?
R: O funcionário público, porém, também pode ser sujeito ativo quando a ordem não
guarda relação com as suas funções. Nesses casos, ele age como se particular fosse.
Todavia, se a ordem desobedecida guardar relação com as suas funções, não haverá
desobediência, mas eventualmente prevaricação.

39. Execução penal.


[TJCE]. Quais as hipóteses na LEP para autorização de saída?
Permissão de saída e saída temporária.

[TJCE]. A permissão de saída se destina a quê?


Art. 120, LEP. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e
os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante
escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:

I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou


irmão;

II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14).

[TJCE]. Quantos dias? Quantas vezes ao ano?


Quanto à permissão de saída:

Art. 121, LEP. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração


necessária à finalidade da saída.

Quanto à saída temporária:

Art. 124, LEP. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias,
podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.

[TJCE]. Quando cabe a autorização de saída (temporária)?


Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter
autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos
seguintes casos:

I - visita à família;

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II - frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou


superior, na Comarca do Juízo da Execução;

III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.

Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de


equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz
da execução. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

Art. 123, LEP. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução,
ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação
dos seguintes requisitos:

I - comportamento adequado;

II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4
(um quarto), se reincidente;

III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.

"Súmula 520, STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é


ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do
estabelecimento prisional."

[TJCE]. Computa-se o período que cumpriu em regime fechado?


Súmula 40 STJ: “para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo,
considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado”.

[TJCE]. Qual o intervalo entre elas?


Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino
médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das
atividades discentes.

Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com
prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra. (art. 124,
parágrafos 2 e 3, LEP).

[TJCE]. Quais obrigações são impostas ao preso que terá o benefício da saída
temporária?
Art. 124, § 1o , LEP. Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as
seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do
caso e a situação pessoal do condenado:

I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser
encontrado durante o gozo do benefício; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

II - recolhimento à residência visitada, no período noturno;

III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.

[TJCE]. Há período de recolhimento ao preso que sair?


Art. 124, § 1o , LEP. Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as
seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do
caso e a situação pessoal do condenado: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

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II - recolhimento à residência visitada, no período noturno;

[TJCE]. É possível monitoração eletrônica?


Sim.

Art. 122, Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de
equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz
da execução.

Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica
quando:

II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto;

[TJCE]. Em que consiste a remição? Computa-se qual fração?


Art. 126, LEP. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá
remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.

§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:

I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino
fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação
profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias;

II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.

44. Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90)


[TJCE]. Em que regime deve cumprir pena condenado em crime hediondo e
equiparado?
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal concedeu, durante
sessão extraordinária realizada no dia 27 de junho de 2012 o Habeas Corpus nº.
111840 e declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do parágrafo 1º do artigo
2º da Lei nº. 8.072/90, com redação dada pela Lei 11.464/07, o qual prevê que a pena
por crime hediondo (inclusive tráfico de drogas) será cumprida, inicialmente, em
regime fechado. Assim, atualmente, com base no princípio da individualização da
pena, o juiz fixará, na sentença condenatória, o regime inicial de cumprimento da
pena, orientando-se pelas normas do Código Penal referentes à matéria.

[TJCE]. O juiz pode ordenar o cumprimento em regime diverso do fechado?


Sim (ver resposta da questão anterior).

[TJCE]. É possível progressão? Em que bases?


Art. 2º, Lei 8.072/90. Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: (Vide Súmula
Vinculante)

I - anistia, graça e indulto;

II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

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§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) (STF no Habeas Corpus nº.
111840 declarou incidentalmente sua inconstitucionalidade).

§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo,
dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário,
e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)

[TJCE]. Crimes anteriores a 2007 como ficam?


Súmula 471, STJ: “Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos
antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no artigo 112 da Lei n.
7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional”.

[TJCE]. Condenado por crime hediondo faz jus a livramento condicional?


Sim. Depois de cumpridos mais de 2/3 da pena em regime fechado, se o apenado não
for reincidente específico em crimes hediondos, poderá fazer jus ao livramento
condicional.

Trata-se de regra prescrita no artigo 83 , V , do Código Penal que dispõe:

O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de


liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o
apenado não for reincidente em crimes dessa natureza.

[TJCE]. Todos os crimes previstos na lei de drogas são equiparados a hediondos?


Não. Interpretando-se o art. 44 da Lei 11.343//06 a contrario sensu, não podem ser
rotuladas como tráfico de drogas e a ele equiparadas as figuras dos arts. 28, 33,
parágrafo 2, 39, daquela mesma lei.

[TJCE]. Todos os crimes previstos na lei de tortura são equiparados a hediondos?


O crime de omissão tratado no § 2° do art. 1° da Lei 9.455/97 não pode se assemelhar
a crime hediondo, pois o legislador cominou pena de detenção, a qual possui o regime
semiaberto, sendo que o § 7º da Lei de Tortura excepciona o crime de omissão
previsto no §2º do regime inicial fechado.

[TJCE]. Associação para o tráfico é equiparado?


Renato Brasileiro assinala que não é crime equiparado ao tráfico (conforme
entendimento predominante à época da vigência da Lei 6.378/76). Porém, o mesmo
autor ressalta que o art. 44 da Lei 11.343/06 estende ao crime de associação para o
tráfico uma série de vedações típicas dos crimes hediondos e equiparados. Questão
é polêmica.

[TJCE]. O tráfico privilegiado é hediondo? Admite suspensão da pena?


"Súmula 512, STJ: A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º,
da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas."

Art. 44, Lei 11.343/06. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei
são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.

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O art. 44 não faz menção ao 33, §4o. Logo, a contrário sensu, o “traficante” primário,
de bons antecedentes, que não se dedica à atividades criminosas nem integra
organização criminosa, e preso com pequena quantidade de entorpecente (embora
não conste na lei, entendo que a pequena quantidade e a natureza da droga
apreendida é elemento necessário para caracterização do chamado tráfico-
privilegiado) pode ser agraciado com o sursis.

[TJCE]. É possível a concessão de liberdade provisória para quem praticou crime


hediondo?
A lei nº 11.464/07 possibilitou a concessão de liberdade provisória sem arbitramento
de fiança, no caso de cometimento de crimes hediondos ou equiparados. No que
concerne aos crimes de tráfico de drogas, o art. 44 da Lei n.º 11.343/06 veda de
maneira expressa a concessão de liberdade provisória sem fixação de fiança aos
delitos em comento. Porém, o STF, em julgamento de 10/05/2012, declarou a
inconstitucionalidade incidenter tantum da expressão “e liberdade provisória” do
caput do art. 44 da Lei 11.343/06. Portanto, a segregação cautelar demanda não se
impõe de forma obrigatória e antecipada, demandando fundamentação judicial.

[TJCE]. O que sobrou na lei de crimes hediondos? O que diferencia os crimes


hediondos dos demais?
A categoria de crime hediondo, prevista no art. 5º, XLIII da Constituição, baseia-se
na ideia de que algumas condutas são tão graves que merecem um tratamento mais
duro que as demais.

Regulamentada na Lei 8.072/1990, a classificação como crime hediondo tem


consequências como a proibição de graça, indulto, anistia e fiança; a possibilidade
de um prazo maior de prisão temporária (30 dias em vez de 5 dias); e a maior
dificuldade para a progressão de regime (a partir do cumprimento de 2/5 ou 3/5 da
pena total em vez de 1/6 como nos demais crimes).

O texto original da lei previa outras restrições, como a proibição da liberdade


provisória e a exigência de que a pena fosse cumprida toda em regime fechado, mas
elas foram derrubadas por mudanças na própria lei ou por entendimento do Supremo
Tribunal Federal.

49. Crimes de menor potencial ofensivo. Juizado especial criminal (Lei


nº 9.099/95)
[TJCE]. A composição cível dos danos repercute na ação penal no juizado?
Art. 74, Lei 9.099/95. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e,
homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser
executado no juízo civil competente.

Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal


pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao
direito de queixa ou representação.

[TJCE]. Quando cabe transação penal? Quais os requisitos? O oferecimento é


direito subjetivo do réu?

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Art. 76, Lei 9.099/95. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal
pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá
propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada
na proposta.

§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até
a metade.

§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:

I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva;

II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação
de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;

III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem


como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.

§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação
do Juiz.

§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz


aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo
registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.

§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82


desta Lei.

§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de


antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá
efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.

Preenchidos tais requisitos legais, é direito subjetivo do réu o oferecimento da


transação. Havendo recusa por parte do parte do MP, há aplicação subsidiária do art.
28, CPP.

[TJCE]. A que crimes não são aplicáveis os institutos despenalizadores da Lei n.


9.099?
Art. 90-A, Lei 9.099/95. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça
Militar. (Artigo incluído pela Lei nº 9.839, de 27.9.1999)

Art. 41, Lei 11.340/06. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra
a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de
setembro de 1995.

Súmula 536, STJ: “A suspensão condicional do processo e a transação penal não se


aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha” (HC 173.426).

OBS. Apenas lembrei dessas duas hipóteses, mas pode haver outras.

[TJCE]. Quem julga os recursos nos juizados? Quem compõe?


Art. 41, Lei 9.099/95. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo
arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.

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§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em
exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

[TJCE]. O que são crimes de menor potencial ofensivo? E quais são?


Art. 61, Lei 9.099/95. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para
os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima
não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº
11.313, de 2006)

[TJCE]. Em concursos de crime o que fazer para saber se o crime é de competência


do juizado?
No caso de concurso de crimes, a pena considerada para fins de fixação da
competência do Juizado Especial Criminal será o resultado da soma, no caso de
concurso material, ou a exasperação, na hipótese de concurso formal ou crime
continuado, das penas máximas cominadas aos delitos. Com efeito, se desse
somatório resultar um apenamento superior a 02 (dois) anos, fica afastada a
competência do Juizado Especial. Deve-se atentar para o art. 60 da Lei 9.099/95:

Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos,
tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de
menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação
dada pela Lei nº 11.313, de 2006)

Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri,


decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os
institutos da transação penal e da composição dos danos civis. (Incluído pela Lei nº
11.313, de 2006)

[TJCE]. Pode o promotor se recusar de oferecer a transação penal?


Preenchidos os requisitos da transação penal, há direito subjetivo do réu, não
podendo o promotor de justiça optar livremente pelo oferecimento da proposta.
Havendo recusa injustificada, aplica-se subsidiariamente o art. 28, CPP.

[TJCE]. Realizada a transação, se o autor do fato vier a descumprir um acordo,


quais as consequências? Se cumprido o acordo, quantas vezes é proposta a transação
penal?
Súmula Vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da
Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas,
retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade
da persecução penal mediante oferecimento de renúncia ou requisição de inquérito
policial.

51. Crimes de trânsito (Lei nº 9.503/97)


[TJCE]. Para configurar crimes de embriaguez ao volante exige quantidade mínima
de álcool no sangue? Para configurar esse crime é necessário que o condutor se
revele potencialmente grave?
- De acordo com as alterações provocadas pela Lei n. 12.760/2012, a alteração da
capacidade psicomotora caracteriza-se: a) pela presença de uma quantidade igual ou
superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou a 0,3 miligramas por litro de
ar expirado; ou b) por sinais exteriores que evidenciem sua redução. No primeiro
caso, será indispensável a prova pericial, consistente no exame de sangue ou emprego

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do etilômetro, vulgarmente conhecido por bafômetro (aparelho destinado à medição


do teor alcoólico do ar expirado pela boca e proveniente dos alvéolos pulmonares).
A prova técnica será o único meio de aferição do nível de alcoolemia, pois não há
maneira de saber a exata quantidade de álcool mandando o agente “fazer o quatro”
ou “dar uma voltinha”. Na segunda hipótese, a infração penal poderá ser
demonstrada por qualquer outro meio de prova em direito admitido, por exemplo,
exame clínico, vídeo e prova testemunhal (CTB, art. 306, § 2º).

- Consuma-se o crime no momento em que o agente, com sua capacidade


psicomotora alterada, em razão de álcool ou substância psicoativa geradora de
dependência, conduz o veículo automotor em via pública ou não (a Lei n.
12.760/2012 alterou a redação do art. 306 do CTB e suprimiu essa exigência).
Também não é mais necessário que a conduta do agente exponha a dano
potencial a incolumidade de outrem, bastando que dirija embriagado. Assim,
não se exige a comprovação de que o sujeito conduzia o veículo de forma anormal,
de modo a colocar em risco a segurança viária. Basta a prova da embriaguez, a qual
decorre não apenas da concentração de no mínimo 6 decigramas de álcool por litro
de sangue ou 0,3 miligramas de álcool por litro de ar expirado dos alvéolos
pulmonares, mas também da demonstração de sinais exteriores que revelem a
alteração de sua capacidade psicomotora. A tentativa é inadmissível: ou o sujeito
coloca o veículo em movimento ou não existe o crime.

[TJCE]. Art. 305 CTB há inconstitucionalidade?


- Art.305, CTB. Segundo a doutrina de RICARDO ANDREUCCI: o disposto neste
artigo, obrigando o condutor do veículo responsável pelo acidente a permanecer no
local, não estaria ferindo o princípio da não autoincriminação, já que ninguém está
obrigado a fazer prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere)? Cremos que sim.
Isso porque qualquer criminoso pode fugir do local do crime, menos o autor de delito
de trânsito, que seria obrigado a permanecer no local do acidente para ser
responsabilizado criminalmente e civilmente. O Setor de Recursos Extraordinários e
Especiais da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de São Paulo tem a Tese 333 a
respeito do assunto, do seguinte teor: “CRIMES DE TRÂNSITO – FUGA À
RESPONSABILIDADE – ARTIGO 305 DA LEI N. 9.503/97 –
CONSTITUCIONALIDADE – O crime de fuga à responsabilidade não ofende o
inciso LXIII, do artigo 5º, da Constituição da República, eis que o suposto direito à
fuga não pode prevalecer sobre o interesse do Estado na identificação dos envolvidos
no evento de trânsito” (DOE, 4-5-2011, p. 137).

[TJCE]. Crime de lesão corporal decorrente de veículo automotor aplica-se a lei


9.099/95?
- O art. 291, caput, do Código de Trânsito Brasileiro estabelece a aplicação da Lei n.
9.099/95 aos crimes de trânsito, “no que couber”. Assim, atendendo ao conceito de
infrações penais de menor potencial ofensivo estabelecido pelo art. 61 da Lei do
Juizado Especial Criminal, com a redação que lhe deu a Lei n. 11.313/2006 (“as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2
(dois) anos”).Forçoso é concluir que se aplicam as disposições da Lei n. 9.099/95,
inclusive relativas à transação (art. 76), a praticamente todos os crimes de trânsito, à
exceção do homicídio culposo (art. 302), cuja pena máxima em abstrato cominada é
de 4 (quatro) anos de detenção.

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Recentemente, entretanto, a Lei n. 11.705/2008, que, dentre outras disposições, deu


nova redação ao § 1º do art. 291 do Código de Trânsito Brasileiro, vedou
expressamente a aplicação do rito do juizado especial criminal aos crimes de trânsito
de lesão corporal culposa quando o agente estiver:

a) sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine


dependência;

b) participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de


exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada
pela autoridade competente;

c) transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h


(cinquenta quilômetros por hora).

Por consequência, a aplicação das disposições da Lei n. 9.099/95 aos crimes de lesão
corporal culposa na direção de veículo automotor somente será possível se
inexistentes qualquer das hipóteses acima elencadas.

52. Crimes ambientais (Lei nº 9.605/98)


[TJCE]. Crimes: Quais as penas das pessoas jurídicas? Quais penas podem ser as
restritivas de direito? Quando cabe a suspensão e a interdição? Como se dá a
prestação de serviços à comunidade?
- A Lei n. 9.605/98 abandonou a chamada teoria da ficção, criada por Savigny e
tradicional em nosso sistema penal, segundo a qual as pessoas jurídicas são pura
abstração, carecendo de vontade própria, consciência e finalidade, imprescindíveis
para o fato típico, bem como de imputabilidade e capacidade para ser culpáveis. São,
por isso, incapazes de delinquir.

Contrariando essa corrente, nosso legislador filiou-se à teoria da realidade ou da


personalidade real, preconizada por Otto Gierke. Para esse entendimento a pessoa
jurídica não é um ser artificial, criado pelo Estado, mas sim um ente real,
independente dos indivíduos que a compõem. Sustenta que a pessoa coletiva possui
uma personalidade real, dotada de vontade própria, com capacidade de ação e de
praticar ilícitos penais. É, assim, capaz de dupla responsabilidade: civil e penal. Essa
responsabilidade é pessoal, identificando-se com a da pessoa natural. Em síntese, a
pessoa jurídica é uma realidade que possui vontade e capacidade de deliberação,
devendo-se, então, reconhecer-lhe a capacidade criminal, a ela se aplicando os
princípios da responsabilidade pessoal e da culpabilidade. No que tange aos delitos
praticados contra o meio ambiente, a Constituição Federal, em seu art. 225, § 3º, foi
explícita ao admitir a responsabilização criminal dos entes jurídicos, ao estatuir: “As
condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente
da obrigação de reparar os danos causados”. Desse modo, a Lei n. 9.605/98 apenas
atendeu ao comando emergente da Carta Magna.

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas


jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: I - multa; II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.

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Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou
total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III
- proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,
subvenções ou doações.

§1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às
disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.

§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver


funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com
violação de disposição legal ou regulamentar.

§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou


doações não poderá exceder o prazo de dez anos.

- Para pessoa jurídica: Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa
jurídica consistirá em: I - custeio de programas e de projetos ambientais; II - execução
de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de espaços públicos;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Obs. Para pessoa física: Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na


atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e
unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada,
na restauração desta, se possível.

[TJCE]. Cabe SURSI no crime ambiental?


- Sim, cabe sursis penal. Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão
condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de
liberdade não superior a três anos.

[TJCE]. Cabe suspensão condicional do processo?


- Sim, cabe sursis processual. Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de
26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo
definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: I - a declaração de extinção de
punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de
constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista
no inciso I do § 1° do mesmo artigo; II - na hipótese de o laudo de constatação
comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo
será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput,
acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição; III - no período
de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do
artigo mencionado no caput; IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à
lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo,
conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o
máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III; V -
esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade
dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as
providências necessárias à reparação integral do dano.

[TJCE]. Quando o abate de animal não é crime? O que é animal nocivo?


- Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: I - em estado de necessidade,
para saciar a fome do agente ou de sua família; II - para proteger lavouras, pomares e

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rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente


autorizado pela autoridade competente; III – (VETADO) ;IV - por ser nocivo o animal,
desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

- Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente – o
órgão competente para verificação acerca da nocividade do animal é o IBAMA.
Aliás, será considerado nocivo o animal que atente contra a saúde individual ou
pública, gerando perigo atual ou iminente.

Para Fernando Capez: Animal nocivo é aquele que pode causar danos, prejudicar a
saúde do homem. Importante lembrar que, como bem salientou Carlos Ernani
Constantino: “Só poderão ser exterminados espécimes nocivos, assim caracterizados
pelo órgão competente, quando se aproximarem de áreas urbanas ou outros
agrupamentos humanos, gerando desta maneira, um perigo atual ou iminente à saúde
individual ou pública”.

55. Violência doméstica (Lei nº 11.340/06).


[TJCE]. Violência doméstica. Qual o tipo de ação penal. Especificar. Lesão leve,
ameaça, lesão leve contra homem? Ação penal? Audiência. É preciso realizar tal
audiência na Lei Maria da Pena? - Violência contra homem – cabe a lei 9099/95? -
Se o réu desrespeitou a medida protetiva, há crime de desobediência?
- Por força do art. 88 da Lei nº 9.099/95, os crimes de lesão corporal leve e de lesão
corporal culposa, que antes eram de ação penal pública incondicionada, passaram a
depender de representação. Se, no entanto, tais delitos forem praticados no contexto
de violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei nº 11 .340/06, arts. 5° e 7°),
havia, até bem pouco tempo atrás, intensa controvérsia doutrinária acerca da espécie
de ação penal - pública condicionada à representação ou pública incondicionada -,
haja vista uma aparente antinomia entre os arts. 16 e 41 da Lei Maria da Penha. no
julgamento da Ação Direta de Inconstitucional idade nº 4.424, o Supremo deu
interpretação conforme a Constituição aos arts. 12, I, 16 e 41, todos da Lei nº 11
.340/06, para assentar a natureza incondicionada da ação penal em casos de lesão
corporal leve e/ou culposa envolvendo violência doméstica e familiar contra a
mulher.

- STF. Entendeu-se não ser aplicável às hipóteses de violência doméstica e familiar


contra a mulher o disposto na Lei 9.099/95, independentemente da pena prevista, de
maneira que, em se tratando de lesões corporais, mesmo que de natureza leve ou
culposa, praticadas contra a mulher em âmbito doméstico, a ação penal cabível seria
pública incondicionada. Quanto ao art. 16 (audiência para representação) da Lei
Maria da Penha, concluiu o Supremo que subsiste a necessidade de representação
para crimes dispostos em leis diversas da 9.099/95, como o de ameaça (CP, art. 147,
parágrafo único) e os cometidos contra a dignidade sexual (CP, art. 225, ca put).

- Especificamente em relação ao sujeito passivo da violência doméstica e familiar ,


há uma exigência de uma qualidade especial: ser mulher. Por isso, estão protegidas
pela Lei Maria da Penha não apenas esposas, companheiras, amantes, namoradas ou
ex-namoradas, como também filhas e netas do agressor, sua mãe, sogra, avó, ou
qualquer outra parente do sexo feminino com a qual haja uma relação doméstica,
familiar ou íntima de afeto. Como deixa entrever o art. 5º da Lei nº 11.340/06, a mens
legis da Lei Maria da Penha foi coibir e reprimir toda ação ou omissão contra o gênero

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mulher capaz de causar morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico.


Portanto, revela-se inviável a aplicação da Lei Maria da Penha nas hipóteses de
violência contra pessoas do sexo masculino, mesmo quando originadas no ambiente
doméstico ou familiar. Portanto, aplica-se a Lei 9099/95 para violência contra os
homens .

- O descumprimento de medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha


(art. 22 da Lei 11.340/2006) não configura crime de desobediência (art. 330 do CP).
STJ. 5ª Turma. REsp 1.374.653-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
11/3/2014 (Info 538). STJ. 6ª Turma. RHC 41.970-MG, Rel. Min. Laurita Vaz,
julgado em 7/8/2014 (Info 544). Não há crime de desobediência quando a pessoa
desatende a ordem e existe alguma lei prevendo uma sanção civil, administrativa ou
processual penal para esse descumprimento, sem ressalvar que poderá haver também
a sanção criminal.

56. A lei antidrogas (Lei nº 11.343/06)


[TJCE]. Lei de drogas – o que é o tráfico privilegiado? Quando se configura?
Dispõe a Lei de Drogas ( 11.343/2006):

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500


(mil e quinhentos) dias-multa.

§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de
um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o
agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem
integre organização criminosa.

[TJCE]. Qual a natureza jurídica da Lei Antidrogas? Houve abolitio crime quando
no porte ao porte de drogas para consumo pessoal? Quais as penas impostas ao
consumo pessoal?
- A Lei nº 11 .343/06 instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
-SISNAD -, que tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as
atividades relacionadas com a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção
social de usuários e dependentes de drogas, assim como a repressão da produção não
autorizada e do tráfico ilícito de drogas. Entre os arts. 3° e 17, a Lei de Drogas trata
não apenas das finalidades do SISNAD, como também de seus princípios e objetivos,
de sua composição e organização, regulamentada pelo Decreto nº 5.91 2/2006, e da
coleta, análise e disseminação de informações sobre drogas.

- Tese de que o art. 28 não seria crime. Assim que a Lei de Drogas foi editada, Luis
Flávio Gomes defendeu a tese de que o porte/posse de droga para consumo pessoal
havia deixado de ser crime. Em outras palavras, LFG sustentou que o art. 28 não
traria a definição de crime já que ele não prevê pena privativa de liberdade nem multa.
Logo, estaria “fora” do conceito de crime trazido pela Lei de Introdução ao Código
Penal (DL 3.914/1941): Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina
pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou

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cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei


comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou
cumulativamente.

O STF aceitou essa tese? NÃO. O STF decidiu o art. 28 da Lei de Drogas, mesmo
sem prever pena privativa de liberdade, continua sendo crime. Assim, não houve
uma descriminalização da conduta (abolitio criminis), mas sim uma
despenalização. A despenalização ocorre quando o legislador prevê sanções
alternativas para o crime que não sejam penas privativas de liberdade.

- Agora dispõe o artigo 28 da Lei nº 11.343, de 23-08-2006, o seguinte: Art.


28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar será submetido às seguintes penas:

I - advertência sobre os efeitos das drogas;

II - prestação de serviços à comunidade;

III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

Como se vê, a parte sancionatória do artigo 28 da Lei Antidrogas não prevê mais
qualquer pena corporal. Este tipo penal pune o infrator somente com penas
alternativas (advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à
comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo).

[TJCE]. Condenado por isso, pode ser considerado reincidente se cometer outro
consumo?
- A condenação por porte de drogas para consumo próprio (art. 28 da Lei
11.343/2006) transitada em julgado gera reincidência. Isso porque a referida conduta
foi apenas despenalizada pela nova Lei de Drogas, mas não descriminalizada
(abolitio criminis). STJ. 6ª Turma. HC 275.126-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 18/9/2014 (Info 549).

[TJCE]. O que consiste associação para tráfico de droga?


- Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente
ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Pena
- reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil
e duzentos) dias-multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo
incorre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36 desta
Lei.

[TJCE]. O financiador é um crime autônomo?


Financiar é crime autônomo. Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: Pena - reclusão, de 8
(oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil)
dias-multa.

- Associação. Em que consiste o crime: A pessoa comete esse crime quando se junta
com outra(s) pessoa(s), de forma estável e permanente, com o objetivo de praticar:

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tráfico de drogas (caput do art. 33); condutas equiparadas a tráfico de drogas (§ 1º


do art. 33); ou tráfico de maquinários para drogas (art. 34).

Duas ou mais pessoas que se unem para financiar/custear o tráfico (crime do art. 36):
Podem responder pelo art. 35 se essa reunião for para a prática reiterada do art. 36.
“É colaborador aquele que transmite informação relevante, útil ou necessária, para o
êxito das atividades do grupo, associação ou organização criminosa, que visam à
prática de crimes previstos na Lei de Drogas” (Min. Marco Aurélio Bellizze).

Sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum).

Sujeito passivo: coletividade (crime vago).

Bem jurídico: saúde pública.

Crime autônomo: O art. 35 é um crime autônomo. Isso significa que ele pode se
consumar mesmo que os delitos nele mencionados acabem não ocorrendo e fiquem
apenas na cogitação ou preparação. Assim, se João e Antônio se juntam, de forma
estável e permanente, para praticar tráfico de drogas, eles terão cometido o crime do
art. 35, ainda que não consigam perpetrar nenhuma vez o tráfico de drogas.

Se João e Antônio conseguirem praticar o tráfico de drogas, eles responderão pelos


dois delitos, ou seja, pelo art. 35 em concurso material com o art. 33 da Lei n.
11.343/2006.

Associação = reunião estável e permanente. É muito importante ressaltar que


associação significa uma reunião (junção) estável e permanente (duradoura) de
pessoas. A isso se dá o nome de societas sceleris. “É necessário que fique
demonstrado o ânimo associativo, um ajuste prévio referente à formação do vínculo
permanente e estável, para a prática dos crimes que enumera.” (Min. Marco Aurélio
Bellizze).

[TJCE]. Se não houver estabilidade haverá Associação? Se o concurso for eventual?


Se essa associação for eventual ou acidental, não haverá o crime do art. 35, sendo
apenas caso de concurso de pessoas. Ex: João e Antônio encontram-se em uma festa
e, além de consumirem êxtase (uma espécie de droga sintetizada), decidem vender
juntos ali mesmo as pílulas que sobraram. Terão cometido tráfico de drogas (art. 33,
caput) em concurso de agentes. Não poderão ser condenados por associação (art. 35),
considerando que a reunião para o projeto criminoso não tinha um caráter duradouro
e estável, sendo uma junção ocasional.

[TJCE]. Associação para o tráfico é crime hediondo?


- Não é hediondo. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.
DESCABIMENTO. EXECUÇÃO PENAL. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.
CRIME NÃO INCLUÍDO NO ROL DOS DELITOS HEDIONDOS OU
EQUIPARADOS. PROGRESSÃO DE REGIME. LAPSO DE 1/6 A SER
APLICADO. FLAGRANTE ILEGALIDADE EVIDENCIADA. HABEAS
CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. - O Superior
Tribunal de Justiça, seguindo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, passou
a inadmitir habeas corpus substitutivo de recurso próprio, ressalvando, porém, a
possibilidade de concessão da ordem de ofício nos casos de flagrante

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constrangimento ilegal. - O Superior Tribunal de Justiça entende que o delito de


associação para o tráfico de drogas não possui natureza hedionda, por não estar
expressamente previsto nos arts. 1º e 2º, da Lei n. 8.072/90. - Afastada a
hediondez do delito descrito no art. 35 da Lei n. 11.343/06, deve ser cumprido o
lapso de 1/6 de pena para a progressão de regime, não se aplicando o disposto no
art. 2º, § 2º da Lei n. 8.072/90. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de
ofício, para determinar que o Juízo das Execuções, analisando o caso concreto, avalie
a possibilidade de concessão ao paciente da progressão de regime, afastando-se a
condição de hediondo do delito de associação para o tráfico. (STJ - HC: 294935 SP
2014/0117692-3, Relator: Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/SP), Data de Julgamento: 12/02/2015, T6 - SEXTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 26/02/2015).

[TJCE]. O que consiste em tráfico privilegiado?


Art . 33 § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser
reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos,
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012)

[TJCE]. Em que fase de dosimetria está inserida?


As circunstâncias relativas à natureza e à quantidade de drogas apreendidas com um
condenado por tráfico de entorpecentes só podem ser usadas, na fase da dosimetria
da pena, na primeira ou na terceira etapa do cálculo, e sempre de forma não
cumulativa. Esse entendimento foi adotado pela maioria dos ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) presentes à última sessão plenária de 2013, realizada na
manhã desta quinta-feira (19).

[TJCE]. Que critérios como o Juiz permite utilizar para aplicar meios como menor
índice de aumento de pena?
A natureza e a quantidade da droga NÃO podem ser utilizadas para aumentar a pena-
base do réu e também para afastar o tráfico privilegiado (art. 33, § 4º) ou para,
reconhecendo -se o direito ao benefício, conceder ao réu uma menor redução de pena.
Haveria, nesse caso, bis in idem. STF. 2ª Turma. RHC 122684/MG, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 16/9/2014 (Info 759).

Renato Brasileiro: Como a aplicação da minorante depende da presença cumulativa


de todos esses requisitos, é evidente que o preenchimento desses pressupostos, por si
só, não autoriza a aplicação da causa de diminuição em seu patamar máximo. Fosse
assim, toda vez que o acusado fizesse jus ao be nefício legal por preencher todos os
4 (quatro) requisitos, a causa de diminuição de pena seria aplicada no máximo legal
- 2/3 (dois terços), tornando inócua a previsão legal de um patamar mínimo e
máximo. Por isso, o quantum de diminuição deve ser fixado pelo magistrado com
base em critérios diversos daqueles necessários para a aplicação da minorante.

Nesse contexto, como se pronunciou o Supremo,

"o juiz não está obrigado a aplicar o máximo da redução prevista, quando presentes os
requisitos para a concessão desse benefício, tendo plena discricionariedade para aplicar·
a redução no patamar que entenda necessário e suficiente para reprovação e prevenção
do crime, segundo as peculiaridades de cada caso concreto. Do contrário, seria inócua
a previsão legal de um patamar mínimo e um máximo".

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Para fins de determinar o quantum de diminuição da pena, o juiz deve se valer dos
critérios constantes do art. 42 da Lei de Drogas - natureza e quantidade da droga,
personalidade e conduta social do agente -, tendo plena autonomia para aplicar a
redução no quantum reputado adequado de acordo com as peculiaridades do caso
concreto, desde que o faça de maneira fundamentada.

Nesse caso, não se pode objetar que haveria bis in idem pelo fato de uma mesma
circunstância ser levada em consideração duas vezes, ora na primeira fase de
individualização da pena, ora para fixar o quantum de diminuição da pena-base. Se
o Supremo Tribunal Federal entende que o agravamento da pena pela reincidência
não ofende o princípio da individualização da pena, nem tampouco caracteriza bis in
id em, podendo esta mesma circunstância agravante também ser utilizada para a
vedação de outros benefícios legais (v. g., transação e suspensão condicional do
processo),115 não há dupla valoração quando ocorrer o aumento da pena-base por
um dos fundamentos do art. 42 da Lei de Drogas, sendo estes mesmos fundamentos
posteriormente utilizados para mensurar o quantum de diminuição de pena previsto
no art. 33, §4°, haja vista a diversidade de incidência (primeiro como critério de
aumento da pena-base e, depois, como fixação do quantum de diminuição).

Em sentido diverso, há precedentes da 2ª Turma do Supremo com o entendimento de


que a fixação do quantum de redução não pode utilizar os mesmos argumentos
adotados em outras fases da dosimetria da pena. Logo, como a natureza e a
quantidade da droga apreendida são circunstâncias que devem ser sopesadas na
primeira fase de individualização da pena, nos termos do art. 42 da Lei 11 .343/2006,
revela-se impróprio invocá-las por ocasião de escolha do fator de redução previsto
no § 4° do art. 33, sob pena de indevido bis in id em.117

[TJCE]. O tráfico privilegiado é crime hediondo?


SIM. O tráfico de drogas, ainda que privilegiado, é hediondo. Essa foi a conclusão
do julgamento do HC nº 161.135/MS, relatado pelo Ministro Gilson Dipp (Quinta
Turma do STJ – julgamento em 14.04.11).

[TJCE]. Proíbe uso de restritiva de direito?


NÃO. Em sua redação original, o art. 33, §4°, vedava a conversão da pena privativa
de liberdade em restritiva de direitos, ainda que a pena definitiva aplicada ao agente
ficasse em patamar não superior a 4 (quatro) anos em virtude da incidência da ref
erida minorante. Ocorre que, nos autos do HC 97 .256, o Plenário do Supremo
Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade dessa restrição. Não por outro
motivo, o Senado Federal acabou suspendendo a execução da expressão "vedada a
conversão em penas restritivas de direitos" por meio da Resolução nº 5 de 2012,
valendo-se da competência prevista no art. 52, inciso X, da Constituição Federal

[TJCE]. Obriga fixar regime fechado?


A Lei n.° 8.072/90, em sua redação original, determinava que os condenados por
crimes hediondos ou equiparados (TTT) deveriam cumprir a pena em regime
integralmente fechado:

Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e


drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: (...)

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§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime
fechado.

Em 23/02/2006, o STF declarou inconstitucional este § 1º do art. 2º por duas razões


principais, além de outros argumentos:

a) A norma violava o princípio constitucional da individualização da pena (art. 5º,


XLVI, CF) já que obrigava o juiz a sempre condenar o réu ao regime integralmente
fechado independentemente do caso concreto e das circunstâncias pessoais do réu;

b) A norma proibia a progressão de regime de cumprimento de pena, o que


inviabiliza a ressocialização do preso.

PENA - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - RAZÃO DE SER. A


progressão no regime de cumprimento da pena, nas espécies fechado, semi-aberto e
aberto, tem como razão maior a ressocialização do preso que, mais dia ou menos dia,
voltará ao convívio social.

PENA - CRIMES HEDIONDOS - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO -


ÓBICE - ARTIGO 2º, § 1º, DA LEI Nº 8.072/90 - INCONSTITUCIONALIDADE -
EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL. Conflita com a garantia da individualização da pena
- artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal - a imposição, mediante norma, do
cumprimento da pena em regime integralmente fechado. Nova inteligência do princípio
da individualização da pena, em evolução jurisprudencial, assentada a
inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90. (HC 82959, Relator: Min.
MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/02/2006)

Diante dessa decisão, o Congresso Nacional editou a Lei n.° 11.464/2007


modificando o § 1º do art. 2º da Lei n° 8.072/90:

Redação dada pela Lei 11.464/2007

§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado.

Para os crimes anteriores à Lei n.° 11.464/2007, como o antigo § 1º era


inconstitucional, as regras são as seguintes:

• É possível a progressão de regime cumprido 1/6 da pena (art. 112 da LEP) (Súm.
471-STJ);

• Não existe regime inicial obrigatório. O regime inicial é fixado segundo as normas
do art. 33, § 2º do CP.

Para os crimes posteriores à Lei n.° 11.464/2007 as regras legais são as seguintes:

• A nova redação do § 1º passou a permitir a progressão de regime para crimes


hediondos, conforme os requisitos previstos no § 2º do art. 2º (2/5 se primário e 3/5
se reincidente);

• A nova redação do § 1º continuou a impor ao juiz que sempre fixe o regime inicial
fechado aos condenados por crimes hediondos e equiparados.

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Segundo entendeu o STF, essa nova redação dada pela Lei n.° 11.464/2007 somente
é válida para os crimes praticados após a sua vigência (29.03.2007).

Assim, a Lei n.° 11.464/2007 é irretroativa considerando que, segundo o STF, trata-
se de lei posterior mais grave. Isso porque depois da decisão do STF reconhecendo a
inconstitucionalidade da vedação de progressão para crimes hediondos (prevista na
redação original do § 1º), os condenados por crime hediondos e equiparados
passaram a poder progredir com o requisito de 1/6, mais favorável que o critério da
Lei n.º 11.464/07 (RHC 91300/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 5.3.2009).

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PROCESSO PENAL
* O examinador dessa matéria foi Dr. Vico Mañas

1. Princípios constitucionais do processo penal.


[TJCE]. O juiz pode presidir audiência com réu preso algemado? Manutenção de
algemas sem motivação, qual a consequência prática desse ato? Qual o fundamento
dessa decisão?
Em regra não, pois fere a dignidade do preso. Assim, entende-se que a contenção de
presos sem justificativa é ilegal, gerando anulações de processos e de condenações,
com reflexos na segurança pública.

Doutor em direito penal, Aury Lopes Junior defende a seguinte posição:

Não está proibida a algema, apenas deve ser justificada, pois, inegavelmente, causa uma
impressão negativa frente aos jurados e, ainda, às testemunhas do processo. Isso é muito
prejudicial à defesa. Ademais é extremamente constrangedor e humilhante.

Nesse sentido, súmula vinculante 11:

Só é lícito uso de algemas em casos de resistência e de receio de fuga ou de perigo à


integridade física, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.

[TJCE]. A desnecessidade de advogados no procedimento administrativo se mantém


em atos que possam repercutir na esfera penal? O STF já estabeleceu os limites da
súmula? Ela se aplica na execução penal?
RENATO BRASILEIRO, 2014. Acerca do assunto, o Superior Tribunal de Justiça
editou o verbete sumular de n° 343, segundo o qual é obrigatória a assistência de
advogado em todas as fases do processo administrativo disciplinar, de forma a
assegurar a garantia constitucional do contraditório.

Ocorre que, após a edição da súmula 343 do STJ, o Supremo Tribunal Federal
manifestou-se no sentido de que, em relação às punições disciplinares, o exercício da
ampla defesa abrange: a) o direito de informação sobre o objeto do processo: obriga
o órgão julgador a informar à parte contrária dos atos praticados no processo e sobre
os elementos dele constantes; b) o direito de manifestação: assegura ao defendente a
possibilidade de se manifestar oralmente ou por escrito sobre os elementos fáticos e
jurídicos contidos no processo; c) o direito de ver os seus argumentos contemplados
pelo órgão incumbido de julgar: exige do julgador capacidade de apreensão e isenção
de ânimo para contemplar as razões apresentadas. Todavia, concluiu a Suprema
Corte que não se faz necessária a presença de advogado no processo administrativo
disciplinar.56 Exatamente em virtude dessa conclusão, foi firmado pelo Supremo
Tribunal Federal o enunciado da Súmula Vinculante n° 5, segundo a qual: “A falta
de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição”.

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A despeito do teor da Súmula Vinculante 5, tal verbete é aplicável apenas em


procedimentos de natureza cível e não em procedimento administrativo
disciplinar promovido para averiguar o cometimento de falta grave no curso da
execução penal, tendo em vista estar em jogo a liberdade de ir e vir. Logo, na
hipótese de o Juízo das Execuções decretar a regressão de regime de cumprimento
de pena sem que o condenado seja assistido por defensor durante procedimento
administrativo disciplinar instaurado para apurar falta grave, há de se reconhecer a
nulidade do feito, haja vista a violação aos princípios do contraditório e da ampla
defesa’.

[TJCE]. Haveria afronta a algum princípio, a exigência de custas para recorrer no


âmbito penal?
O art. 806, § 2.º, do CPP estabelece que a ausência de preparo importa em deserção
do recurso.

Esta regra aplica-se apenas aos casos de ação penal privada e destina-se, única e
exclusivamente, ao querelante, não se aplicando aos demais legitimados recursais.
Afinal, em primeiro lugar, quanto ao Ministério Público, obviamente, este não está
sujeito a pagamento de custas em nenhuma das esferas perante as quais atua (cível,
criminal, infância e juventude etc.). No que tange ao assistente de acusação, a
despeito de existirem controvérsias, a verdade é que não existe previsão legal de
preparo.

Por outro lado, quanto ao recurso da defesa, chegou a ser discutida a necessidade
de preparo. Não obstante, na atualidade, a posição majoritária, inclusive no Superior
Tribunal de Justiça, é a de que “a interposição de recurso, nas ações penais públicas,
não está sujeita à deserção por falta de preparo, à luz dos princípios constitucionais
da não culpabilidade e da ampla defesa” (STJ, HC 91.097, DJ 06.04.2009).
Destarte, o réu apenas deverá ser intimado para o pagamento das custas após o
trânsito em julgado da sentença condenatória, isto mesmo se não lhe tiver sido
assegurado, na própria sentença, o benefício da assistência judiciária gratuita

[TJCE]. Defina contraditório.


O contraditório e a ampla defesa constituem cláusula pétrea, disposta no art. 5º, LV
da CRFB/88, que nos diz:

"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:(...)

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são


assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;(...)"

Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece em breves linhas sobre tais princípios,
mostrando que:

"O princípio do contraditório, que é inerente ao direito de defesa, é decorrente da


bilateralidade do processo: quando uma das partes alega alguma coisa, há de ser ouvida
também a outra, dando-se-lhe oportunidade de resposta. Ele supõe o conhecimento dos
atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação. Exige: 1-
notificação dos atos processuais à parte interessada; 2- possibilidade de exame das

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provas constantes do processo; 3- direito de assistir à inquirição de testemunhas; 4-


direito de apresentar defesa escrita."

Como bem esclarece Gilmar Ferreira Mendes, o contraditório e a ampla defesa não
se constituem em meras manifestações das partes em processos judiciais e
administrativos, mas, e principalmente uma pretensão à tutela jurídica.

Insere-se nesta tutela, assim como visto na doutrina alemã a pretensão à tutela
jurídica (Anspruch auf rechtliches Gehör), os direitos de informação, de
manifestação e o direito em ver seus argumentos devidamente apreciados.

José Afonso da Silva nos ensina que o devido processo legal está baseado em três
princípios, quais sejam: o acesso à justiça, o contraditório e a plenitude de defesa.

[TJCE]. É possível utilizar prova emprestada? Ainda que o réu não tenha
participado da produção da prova no primeiro processo? Isso fere o princípio do
contraditório?
Em regra, a prova que será utilizada pelas partes e pelo juiz no processo é produzida
dentro do próprio processo. É possível, no entanto, que uma prova que foi produzida
em um processo seja levada (“transportada”) para ser utilizada em outro processo. A
isso a doutrina chama de “prova emprestada”.

“Prova emprestada é a prova de um fato, produzida em um processo, seja por


documentos, testemunhas, confissão, depoimento pessoal ou exame pericial, que é
trasladada para outro processo sob a forma documental.” (DIDIER JR. Fredie;
BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 2.
Salvador: Juspodivm, 2013, p. 52).

Fundamentos de aceitação da prova emprestada: • Princípio da economia processual;


• Princípio da busca da verdade possível uma vez que nem sempre será possível
produzir a prova novamente.

“A utilização de prova já produzida em outro processo responde aos anseios de economia


processual, dispensando a produção de prova já existente, e também da busca da verdade
possível, em especial quando é impossível produzir novamente a prova.” (NEVES,
Daniel Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. São Paulo: Método, 2013, p.
430).

A prova que veio de outro processo entra no processo atual como “prova
documental”, independentemente da natureza que ela tinha no processo originário.
Ex1: foi colhido o depoimento de uma testemunha no processo 1. Trata-se de prova
testemunhal. Se essa inquirição for “emprestada” (trasladada) para o processo 2, ela
ingressará no feito como prova documental (e não mais como prova testemunhal).

Ex2: a perícia realizada no processo 1, se for emprestada para o processo 2, ingressará


como prova documental (e não mais como prova pericial).

De acordo com a doutrina majoritária, a utilização da prova emprestada só é possível


se aquele contra quem ela for utilizada tiver participado do processo onde essa prova
foi produzida, observando-se, assim, os princípios do contraditório e da ampla
defesa. Só se pode considerar como prova emprestada, portanto, aquela que foi
produzida, no primeiro processo, perante aquele que terá que se sujeitar a seus efeitos

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no segundo, com a possibilidade de ter contado, naquele, com todos os meios


possíveis de contrariá-la. Assim, sua admissibilidade é legítima com preenchimento
dos seguintes requisitos: a) identidade de partes. B) identidade de objeto da lide; c)
observância do contraditório na colheita da prova; e d) licitude da prova produzida.

ATENÇÃO!

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PROVA EMPRESTADA ENTRE PROCESSOS COM


PARTES DIFERENTES. É admissível, assegurado o contraditório, prova emprestada de
processo do qual não participaram as partes do processo para o qual a prova será
trasladada. A grande valia da prova emprestada reside na economia processual que
proporciona, tendo em vista que se evita a repetição desnecessária da produção de prova
de idêntico conteúdo. Igualmente, a economia processual decorrente da utilização da
prova emprestada importa em incremento de eficiência, na medida em que garante a
obtenção do mesmo resultado útil, em menor período de tempo, em consonância com a
garantia constitucional da duração razoável do processo, inserida na CF pela EC
45/2004. Assim, é recomendável que a prova emprestada seja utilizada sempre que
possível, desde que se mantenha hígida a garantia do contraditório. Porém, a prova
emprestada não pode se restringir a processos em que figurem partes idênticas, sob pena
de se reduzir excessivamente sua aplicabilidade sem justificativa razoável para isso.
Assegurado às partes o contraditório sobre a prova, isto é, o direito de se insurgir contra
a prova e de refutá-la adequadamente, o empréstimo será válido. EREsp 617.428-SP,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/6/2014. STJ, Corte Especial.

[TJCE]. O que o juiz deve fazer em uma audiência, diante de uma delação entre dois
réus, em que um acusa o outro, não estando o réu acusado presente quando da coleta
da prova? Usar essa prova para embasar condenação fere o princípio do
contraditório?
Professor Guilherme de Souza Nucci aponta a necessidade da existência do
contraditório na situação, e o faz nos seguintes termos, ad litteram" havendo, nas
declarações de co-réu, referência à conduta de co-autor, para existir a possibilidade
de o juiz utilizar tais dados contra quem foi incriminado,é essencial que seja
permitido às partes participarem da colheita de provas. (…) quando um co-réu
incriminar outro, deve ser permitido pelo juiz que as partes façam perguntas
reperguntas e esclareçam. Do contraditório será uma prova totalmente inquisitiva,
que irá produzir danos a quem dela não participar" [08]. Conclui, por fim, de forma
brilhante, admoestando que, in verbis:" melhor afetar a lei ordinária (o Código de
Processo Penal, que não permite reperguntas [09], nem a presença de co-réu em
interrogatório do seu comparsa), do que a Constituição (princípios do contraditório
e da ampla defesa)".

No mesmo sentido, a Professora Ada Pellegrini Grinover, citada por Antônio


Scarance Fernandes: "a palavra de um acusado, com relação aos demais, é
testemunho e consequentemente, meio de prova: e prova alguma pode ser colhida
senão sob o pálio do contraditório". Arremata, então, ponderando que a proibição de
reperguntas ao corréu, que delata o outro irrogado, durante o interrogatório, enseja
gritante ofensa ao texto constitucional, tanto mais quando a delação serve como único
fundamento para condenação.

[TJCE]. A prova pericial admite contraditório?


Todas as provas devem ser submetidas ao contraditório, devendo também ser
produzidas diante do juiz, na instrução. Todavia, em algumas ocasiões se faz

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necessária a imediata produção da prova pericial, antes do encerramento da fase de


investigação, a fim de comprovar-se cabalmente a materialidade do delito e
identificação de sua autoria. Em virtude disso, quando da realização das provas de
natureza cautelar não será possível a participação da defesa, sob o risco de ser
inviabilizada a persecução penal.

Nesse sentido, quando da produção da prova pericial, o contraditório somente será


realizado em juízo (artigo 155, caput, CPP), limitando-se ao exame acerca da
idoneidade do profissional responsável pela perícia, e, também, das conclusões
alcançadas, quando já perecido o material periciado. Em consequência disso, o objeto
da prova, na maioria das vezes, será a qualidade técnica do laudo, e, especialmente,
o cumprimento das normas legais a ele pertinentes, por exemplo, a exigência de
motivação, de coerência, de atualidade e idoneidade dos métodos, dentre outros.

[TJCE]. Vigora no processo penal o princípio da identidade física do juiz?


Sim, desde a reforma de 2008 do CPP.

Art. 399, CPP. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a
audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e,
se for o caso, do querelante e do assistente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).

2. Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às


pessoas.
[TJCE]. A lei processual penal é irretroativa? Dentro da regra quais os atos são
válidos ou não?
Dispõe o artigo 2º do Código de Processo Penal que a lei processual penal aplicar-
se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior.

Assim, para as normas genuinamente processuais o princípio adotado é o


da aplicação imediata da lei processual, preservando-se os atos até então praticados.
As normas genuinamente processuais são as leis que cuidam de procedimentos, atos
processuais, técnicas do processo etc. A lei a ser aplicada é a lei vigente ao tempo da
prática do ato (tempus regit actum).

Com relação às normas processuais materiais ou de natureza mista, há duas correntes


sobre conceito das mesmas.

Uma primeira corrente (restritiva) diz que, embora as normas processuais materiais
estejam disciplinadas em diplomas processuais penais, dispõem sobre o conteúdo da
pretensão punitiva, tais como direito de queixa ou de representação, prescrição,
decadência, perempção etc. Assim, a eficácia no tempo deverá seguir o regramento
do artigo 2º, caput e parágrafo único do Código Penal. Em se tratando de uma norma
mais favorável ao réu, deverá retroagir em seu benefício; se prejudicial, aplica-se a
lei já revogada.

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A segunda corrente (ampliativa) diz que as normas processuais materiais são aquelas
que estabelecem condições de procedibilidade, meios de prova, liberdade
condicional, prisão preventiva, fiança, modalidades de execução da pena e todas as
demais normas que produzam reflexos no ius libertatis do agente, aplicando-se então
é o critério da irretroatividade da lei mais gravosa.

Assim, aplica-se o critério da irretroatividade da lei mais gravosa, seja qual for a
corrente adotada.

[TJCE]. Se for uma lei mista?


Norma processual mista em sentido estrito é a que conta, num único dispositivo, com
dois comandos normativos: um penal e outro processual. Exemplo: art. 88 da
Lei 9.099/95 (lei dos juizados especiais). A partir da sua vigência os crimes de lesões
corporais leves e lesões culposas passaram a exigir representação (manifestação de
vontade da vítima). A representação é instituto eminentemente processual. Mas ela
deve ser exercida dentro de um prazo, que é decadencial. O instituto da decadência
tem nítido caráter penal. Para crimes novos (cometidos depois da Lei 9.099/95) a
aplicação da lei é imediata. Ou seja: a parte processual (exigência de representação)
é imediata. Para crimes antigos (antes da lei), a parte penal é retroativa, por se tratar
de lei penal nova mais benéfica (a própria lei resolveu o tema, no art. 91, ao
determinar a intimação da vítima para manifestar sua vontade em 30 dias). Lei penal
nova benéfica retroage. Em síntese: na norma mista a parte penal retroage se benéfica
e não retroage se maléfica. Mas isso não impede a aplicação imediata da parte
processual.

[TJCE]. Qual lei foi utilizada? (Art.366, CPP). Qual a solução se deu a essa
controvérsia?
O objetivo do art. 366 é garantir que o acusado que não foi pessoalmente citado não
seja julgado à revelia.

A nova redação do art. 366 dispõe que: “Se o acusado, citado por edital, não
comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do
prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do
art. 312 ”. É notoriamente uma norma de caráter híbrido, pois amalgama aspectos de
direito penal (prescrição) e de caráter processual (suspensão do processo). Aí reside
a grande dificuldade para a aplicação deste artigo, pois ele abraça, na sua
principiologia, aspectos disjuntos como a irretroatividade da lei penal mais gravosa
e o “tempus regit actum” como princípio da aplicação imediata da lei processual.

De acordo com o STJ o período de suspensão do prazo prescricional, decorrente da


aplicação do art. 366 do CPP, é regulado pela norma do art. 109, do Código Penal,
observado o máximo da pena cominada para a infração penal.

[TJCE]. Como devem ser interpretadas as normas processuais?


Ela deve ser interpretada sempre a favor do réu.

[TJCE]. É possível o emprego da analogia?


Art. 3º. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica,
bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

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Quanto à analogia no Direito Processual Penal, Guilherme de Souza Nucci diz: "No
processo penal, a analogia pode ser usada contra ou a favor do réu, pois não se trata
de norma penal incriminadora, protegida pelo princípio da reserva legal, que exige
nítida definição do tipo em prévia lei." (2014, p. 38).

- Analogia em Direito Penal não pode, só se for in bonam partem.

- Analogia em Direito Processual Penal pode, inclusive se for in malam partem.

- Analogia e interpretação analógica não são a mesma coisa!!! A primeira é método


de integração da norma e a outra de interpretação.

[TJCE]. Pode o réu requerer nulidade com o não cumprimento da regra da lei de
drogas concedendo o réu para apresentar defesa preliminar?
De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo
Tribunal Federal, a inobservância do rito procedimental previsto no art. 38 da Lei n.
10.409 /2002, que determina a apresentação de defesa preliminar antes do
recebimento da denúncia, constitui nulidade relativa, devendo ser arguida em
momento oportuno e comprovado o prejuízo.

3. Inquérito policial.
[TJCE]. Qual é o prazo de conclusão do Inquérito Policial? Passando o prazo e
estando o réu preso, qual é o resultado prático?
Solto Preso

CPP 30 10

Inq. pol. federal 30 15 + 15

CPPM 40 20

Lei de Drogas 90 + 90 30 + 30

Economia popular 10 dias 10 dias

Prisão temporária -
Crimes hediondos e
equiparados Não se aplica 30 + 30

Em se tratando de investigado solto, é possível a prorrogação do prazo. A maioria


entende que se o investigado estiver preso, o prazo não poderá ser prorrogado.

Em se tratando de investigado solto, esse prazo é de natureza processual.

OBS.: Prazo de natureza processual:

 o dia do início não é computado (se o inquérito foi instaurado hoje, o prazo para
conclusão começará a fluir a partir de amanhã);
 se o prazo termina em um sábado, domingo ou feriado, será prorrogado até o
próximo dia útil.

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Em se tratando de investigado preso, há certa controvérsia quanto à natureza do


prazo.

 1ª corrente: prazo de natureza penal (NuCC/02);


 2ª corrente: prazo processual (Mirabete).

Para o prof. Renato, a segunda posição é mais acertada. Não se pode confundir o
prazo da prisão, que tem natureza penal, com o prazo para a conclusão do inquérito,
que tem natureza processual

[TJCE]. O que se deve fazer com os instrumentos do crime? Delegado pode restituir
coisas apreendidas?
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;

Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou
juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do
reclamante.

[TJCE]. Autoridade policial pode conceder fiança? Em que casos?


Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração
cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos

[TJCE]. O indiciamento é responsabilidade de quem?


R: Atribuição privativa da autoridade policial.

[TJCE]. O delegado pode instaurar inquérito quando? Ao delegado cabe reconhecer


a atipicidade dos fatos?
R: Ação penal pública incondicionada pode iniciar de ofício (princípio da
obrigatoriedade)

Independentemente de provocação, se o delegado toma o conhecimento de uma


prática delituosa, ele é obrigado a instaurar o inquérito policial.

Peça inaugural: Portaria do delegado (descreve como tomou conhecimento do fato,


qual é o fato delituoso e quais diligências devem ser tomadas).

O reconhecimento da atipicidade dos fatos é atividade privativa do magistrado, não


podendo o delegado de polícia realizá-la.

[TJCE]. O que significa o trancamento do IP?


A jurisprudência é pacífica no sentido de que somente caberá o trancamento do
inquérito policial quando o fato for atípico, quando verificar-se a ausência de justa
causa, quando o indiciado for inocente ou quando estiver presente causa extintiva da
punibilidade (HC 20121/MS, Rei. Ministro Hamilton Carvalhido,6ª Turma,STJ).

[TJCE]. Quem determina e quais os meios?


Makson

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[TJCE]. Há nulidade no IP?


Não há que se falar em nulidade do inquérito policial, que é mera peça administrativa,
destinada à investigação preliminar de um fato. (STF e STJ): para os tribunais
superiores, como os vícios do IP ocorrem dentro de um procedimento dispensável,
eles estão adstritos ao próprio IP, e NÃO terão o condão de contaminar o futuro do
processo (posição majoritária).

[TJCE]. Há contraditório no IP?


No IP não há contraditório ou ampla defesa.

Posição Minoritária defende a processualização dos procedimentos – segundo


Miguel Calmon, devemos aplicar o Princípio do Devido Processo Legal aos
procedimentos investigativos e a sua respectiva carga axiológica (valorativo), com
isso permitiremos o contraditório e a ampla defesa na fase investigativa, na dosagem
adequada para preservação dos direitos e garantias fundamentais.

De acordo com a doutrina, fala-se em contraditório diferido no âmbito do inquérito


policial, quando da necessidade de produção de provas urgentes. Apesar de não
existir contraditório no IP, diz-se que, em relação às provas urgentes (exame de corpo
de delito, por exemplo.), opera-se o chamado contraditório diferido. Estas provas
devem ser produzidas imediatamente (mesmo no âmbito do IP), pois, do contrário, a
ação do tempo poderia torná-las inúteis. No entanto, as partes, durante o processo,
estão autorizadas a se manifestar sobre essas provas assim produzidas, daí o nome:
contraditório diferido.

[TJCE]. O que a defesa pode requerer no IP?


A autoridade policial age com certa discricionariedade quanto às diligências
requeridas pelo investigado, possuindo autonomia de decisão.

O arbítrio de decisão da autoridade policial traduz-se em um caráter inquisitivo do


procedimento. Podendo o delegado iniciar a investigação de ofício, sem precisar de
provocação do juízo ou mesmo de requisição do Ministério Público ou do particular,
tais como o pedido de oitiva de testemunhas. Pode também deferir ou indeferir
qualquer solicitação de ambas as partes, seja esta da acusação ou mesmo do suspeito,
sem precisar fundamentar a uma ou outra decisão.

No entanto, conforme o Art. 84 do CPP, esta discricionariedade não alcança o exame


de corpo de delito, já que este, se requerido por qualquer dos envolvidos, não poderá
ser indeferido. Ademais, já há jurisprudência do STJ em que assenta o poder do
indiciado de impetrar recurso no caso de recusa do delegado em proceder à diligência
requisitada.

[TJCE]. Contra as decisões do delegado de polícia, cabe recurso?


Havendo denegação do Delegado caberá Recurso Administrativo (Recurso
Inominado) endereçado ao chefe de polícia.

[TJCE]. Qual a natureza jurídica do inquérito policial? Por que existe o inquérito
policial? É dispensável? Como se inicia o inquérito policial? O delegado pode
instaurar inquérito em crime de ação penal privada? O que é indiciamento? Qual a
repercussão na ação penal? É possível indiciamento após a abertura da ação penal?
O ip tem rito? O inquérito é sigiloso?

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O inquérito policial possui natureza jurídica de procedimento administrativo,


existindo com o intuito de elucidar infrações penais. Em que pese sua importância na
construção da carga probatória processual, o inquérito é dispensável, podendo a ação
ser instruída com provas obtidas de formas diversas, como em uma investigação
efetuada pelo ministério público.

O inquérito policial pode ser iniciado por portaria, por meio de flagrante ou
requisição da autoridade competente.

No caso de ação penal privada, a abertura do inquérito policial está condicionada à


demonstração de interesse da vítima, uma vez que é desta o maior interesse na
elucidação do caso. Por indiciamento entende-se o ato da autoridade policial que,
colhendo evidências suficientes, imputa a prática criminal a alguém. (Augusto
Cezar: não sei as repercussões). Quanto à possibilidade de indiciamento após a
abertura da ação penal, as cortes brasileiras vêm entendendo pela impossibilidade,
uma vez que seria desnecessária tal situação, conforme se verifica do voto do ex-
ministro Joaquim Barbosa no HC 115.015:

ultimada a persecutio criminis (persecução criminal) pré-processual e promovida a


pertinente ação penal, desnecessária é a superveniência do indiciamento formal, haja
vista que os agentes envolvidos na prática delituosa deixam de ser meros suspeitos,
objetos da investigação, e passam a ostentar a condição de réus, sujeitos da relação
processual-penal.

Quanto à existência de rito próprio, embora existam regras legais e constitucionais


que devem ser respeitadas, a resposta é negativa. Já em relação ao sigilo, entende-se
que como o inquérito busca elucidar atos criminosos, suas informações deverão ser
resguardadas, no intuito que não se tornem de conhecimento público e frustrem os
esforços policiais.

http://www2.tjce.jus.br:8080/esmec/wp-content/uploads/2010/03/inquarito-policial-novo-texto.pdf

4. Ação penal: conceito, condições, pressupostos processuais. Ação penal


de iniciativa pública. Titularidade, condições de procedibilidade.
Denúncia: forma e conteúdo; recebimento e rejeição. Ação penal de
iniciativa privada: Titularidade. Queixa. Renúncia. Perdão.
Decadência. Perempção. Extinção da punibilidade.

# AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA.


[TJCE]. Quais são as causas de extinção da punibilidade na ação penal pública?
R: São causas extintivas da punibilidade aplicáveis à ação penal pública: morte,
abolitio criminis, prescrição, anistia, graça, indullto.

[TJCE]. E na ação penal privada? Pode haver renúncia na ação penal privada? E
relacionada a quais tipos de ações? A renúncia pode ser expressa? E tácita? A
renúncia é unilateral? E o perdão? O perdão pode ocorrer antes do oferecimento da
queixa? A renúncia pode ocorrer no curso da ação penal?

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R: São causas extintivas da punibilidade relativas à ação penal exclusivamente


privada e personalíssima:

1 - Renúncia

Conceito: É o ato unilateral e voluntário por meio do qual o ofendido abre mão do
seu direito de queixa.

Está relacionada ao princípio da oportunidade ou conveniência.

Momento: antes do início do processo.

É possível renúncia da representação nos casos de composição civil dos danos (Lei
9.099/95, art. 74, § único).

Ato unilateral: não depende de aceitação.

Princípio da indivisibilidade: a renúncia concedida a um dos coautores estende-se


aos demais.

A renúncia feita por uma das vítimas não prejudica o direito das demais.

A renúncia pode ser:

Expressa: se dá através de uma declaração inequívoca do ofendido, assinada por ele


ou por seu representante legal.

Tácita: resulta de ato incompatível com a vontade de processar. Ex.: convidar o autor
para ser padrinho de casamento.

Recebimento de indenização não acarreta a renúncia, salvo na hipótese de


composição civil dos danos.

Art. 104, CP: O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou
tacitamente.

Parágrafo único: Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato


incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o
ofendido a indenização do dano causado pelo crime.

2 -Perdão do ofendido

Conceito: É o ato bilateral e voluntário, por meio do qual o querelante resolve não
prosseguir com o processo em andamento, perdoando o querelado.

Não se confunde com o perdão judicial.

O perdão está relacionado ao princípio da disponibilidade.

Momento: durante o curso do processo, até o trânsito em julgado de sentença penal


condenatória.

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Art. 106, § 2º, CP: Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença
condenatória.

Ato bilateral: depende de aceitação.

Art. 58, CPP: Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado
será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser
cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.

Princípio da indivisibilidade: o perdão concedido a um dos acusados estende-se aos


demais, mas desde que haja aceitação.

O perdão concedido por um dos querelantes não prejudica o direito dos demais.

3 - Perempção

Conceito: perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada em


virtude da negligência do querelante.

Acarreta a extinção da punibilidade nos crimes de ação penal exclusivamente privada


e personalíssima.

Art. 60, CPP: Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á
perempta a ação penal:

I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo


durante 30 dias seguidos;

II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer


em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer
das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;

III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato
do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação
nas alegações finais;

IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

# DENÚNCIA, FORMA E CONTEÚDO. RECEBIMENTO E REJEIÇÃO.


[TJCE]. Quais os requisitos da denúncia?
Dispõe o art. 41, do Código de Processo Penal, que a denúncia ou queixa conterá a
exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol de testemunhas.

[TJCE]. A denúncia deve importar circunstâncias agravantes e atenuantes? O juiz


pode reconhecer um agravante /atenuante que não esteja na denúncia?
A resposta simplista para a indagação encontraria fácil solução com a leitura do art.
385 do CPP. No dispositivo em questão está dito, às escâncaras, que o juiz pode
reconhecer agravantes embora “nenhuma tenha sido alegada”. Porém, assim não
entendo. Elas devem vir narradas para que o réu tenha conhecimento de qualquer fato

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que possa refletir em eventual condenação pois, não há negar, que as agravantes
genéricas refletem na aplicação da pena.

Dessa maneira, para que a dialética processual possa desenvolver-se em toda a


sua plenitude, realizando um processo justo, a narrativa do fato incriminador
da agravante deve constar da inicial. Da mesma forma, as atenuantes integrarão
a descrição fática da denúncia, pois o Ministério Público está interessado na
obtenção de uma prestação jurisdicional justa.

O reconhecimento pode se dar, desde que a agravante/atenuante seja extraída do


contexto dos fatos.

[TJCE]. O réu deve ser identificado na denúncia, qualificado, como endereço,


nome?
Via de regra sim. Mas caso não seja possível a inclusão do novo, deve-se proceder
aos elementos que permitam sua perfeita identificação.

[TJCE]. Quando ela é inepta? Casos de autoria coletiva? Quando deve ser rejeitada?
A denúncia e a queixa serão ineptas quando não contiverem os seus requisitos
essenciais, dentre os quais se incluem a descrição do fato criminoso com todas as
suas circunstâncias e a individualização do acusado ou referências pelos quais se
possa identificá-lo (art. 41 do CPP). Trata-se, como se vê, de questões de natureza
processual.

Os crimes de autoria coletiva, é prescindível a descrição minuciosa e individualizada


da ação de cada acusado, bastando a narrativa das condutas delituosas e da suposta
autoria, com elementos suficientes para garantir o direito à ampla defesa e ao
contraditório. A falta de respeito a essas balizas torna a denúncia inepta.

[TJCE]. O que é falta de justa causa pela atipicidade do fato?


Não há justa causa para a ação penal quando não justificável, no caso concreto, o
desencadeamento do processo criminal. Justa causa é suporte probatório mínimo em
que se deve lastrear a acusação, e que obrigatoriamente deve estar presente, tendo
em vista que a simples instauração do processo penal já atinge o status dignitatis do
imputado.

Logo, havendo a imputação de fato atípico, não há interesse de agir e, via de


consequência, inexiste justa causa para ação penal. Do mesmo modo, na atribuição
de um crime prescrito ou sem que haja qualquer elemento indiciário que fundamente
a acusação.

[TJCE]. É possível rejeição parcial? Casos? O juiz pode desclassificar a capitulação


da denúncia? Havendo excesso na acusação?
É perfeitamente possível a rejeição parcial da denúncia pelo Juiz, desde que alguns
dos fatos nela descritos encontrem respaldo no artigo 395 do Código de Processo
Penal. A obrigatoriedade sempre do recebimento ou da rejeição total da denúncia
acarretaria ou a impunidade de alguns criminosos ou um procedimento judicial penal
obrigatório para alguns inocentes. Medidas estas que não se coadunam com a nossa
legislação que, ao permitir "o mais" (rejeição total), permite, por principio lógico, "o
menos" (rejeição parcial).

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Desclassificação da capitulação da denúncia pode ser feita pelo juiz. É o chamado


emendatio libelli. Segundo a jurisprudência majoritária do STF e do STJ, é a sentença
o momento processual oportuno para a emendatio libelli, a teor do art. 383 do CPP.

Vale destacar, contudo, que existe importante corrente doutrinária e jurisprudencial


que afirma ser possível, excepcionalmente, a correção do enquadramento típico logo
no ato de recebimento da denúncia ou queixa em dois casos:

• para beneficiar o réu; ou

• para permitir a correta fixação da competência ou do procedimento a ser adotado.


STJ. 6ª Turma. HC 241.206-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/11/2014
(Info 553).

[TJCE]. Extinção de punibilidade é correto absolvição? Pode rejeitar denúncia por


isso?
NÃO. A diferença entre as duas interpretações é a de que a extinção da punibilidade
por si só não exclui os efeitos processuais. Ou seja, a tentativa de furto ficaria
registrada e poderia pesar contra o acusado caso ele venha ser reincidente, na
qualidade de maus antecedentes. Ao ser absolvido, todavia, o acusado volta a ser
considerado primário caso seja réu posteriormente em outra ação.

Raphael: creio que a denúncia não pode ser rejeitada de plano quando verificada
causa extintiva da punibilidade porque os efeitos penais persistem e, como tais,
necessitam do contraditório.

[TJCE]. Qual recurso na rejeição da denúncia? Qual recurso do recebimento da


denúncia?
Da decisão que rejeita denúncia cabe o recurso em sentido estrito, nos termos de
previsão expressa da lei processual penal. Inteligência do art. 581, inciso I, do CPP.
Em relação ao recebimento da denúncia não há recurso previsto, muito embora se
admita habeas corpus.

5 - Ação civil ex delicto.


[TJCE]. O que é ação ex delicto? Qual a diferença entre a ação ex-delicto e na ação
de execução acerca do pedido e causa de pedir?
A ação civil ex delicto é a execução, na esfera cível, de uma indenização por dano
moral ou material reconhecido em sede criminal, ou seja, é cabível quando a infração
criminal também vier a repercutir na esfera cível, encontrando-se prevista entre os
art. 63 e 68 do Código de Processo Penal. A principal diferença entre a ação de
execução comum e a ação ex delicto reside na origem do título a ser executado, a
causa de pedir. Enquanto na primeira a execução é decorrência da existência de um
título executivo judicial, derivado de uma relação civil, ou de um título executivo
extrajudicial, devidamente previsto no Código de Processo Civil, na ação ex delicto
o título a ser executado é uma sentença criminal, ou seja, ocorre uma verdadeira
comunicação entre os ramos do direito.

OBS: Raphael - não encontrei o ponto no edital de PROCESSO CIVIL, mas a


pergunta foi feita por Levada.

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7. Das questões e processos incidentes.


[TJCE]. Como as coisas apreendidas no processo penal podem ser liberadas?
Em regra, antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não
poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo (art. 118, CPP). Porém, a
restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz,
mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do
reclamante (art. 120, CPP).

[TJCE]. A instauração de incidente de restituição é imprescindível?


Não. Somente é imprescindível se houver dúvida quanto ao direito do reclamante ou
se as coisas forem apreendidas com terceiro de boa fé.

Art. 120. § 1o Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em apartado,


assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só o juiz
criminal poderá decidir o incidente. § 2o O incidente autuar-se-á também em apartado
e só a autoridade judicial o resolverá, se as coisas forem apreendidas em poder de
terceiro de boa-fé, que será intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo igual
e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro dois dias para arrazoar.

[TJCE]. Quais coisas não podem ser restituídas?


As coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do Código Penal não poderão ser
restituídas, mesmo depois de transitar em julgado a sentença final, salvo se
pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé (art. 119, CPP).

Art. 91, CP. São efeitos da condenação:

II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-


fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação,
uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;

b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo
agente com a prática do fato criminoso.

§ 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou


proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no
exterior.

[TJCE]. Quando é imprescindível a instauração?


Art. 120, CPP. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade
policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito
do reclamante.

§ 1o Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em apartado,


assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só o juiz
criminal poderá decidir o incidente.

§ 2o O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o resolverá,


se as coisas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que será intimado para
alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e
outro dois dias para arrazoar.

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[TJCE]. É imprescindível a manifestação do MP?


Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o Ministério Público (art. 120,
parágrafo 3, CPP).

[TJCE]. Se não for possível identificar o proprietário do bem, o que deve ocorrer?
Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as partes para
o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário ou do próprio
terceiro que as detinha, se for pessoa idônea (art. 120, parágrafo 4, CPP).

[TJCE]. A decisão que põe fim ao incidente de restituição é recorrível? Qual o


recurso? Qual a natureza da decisão? Pode ser impugnada por mandado de
segurança?
A decisão é recorrível.

Se a decisão aprecia mero pedido de restituição, mediante termos nos autos, terá
natureza de decisão interlocutória simples (contra a qual se vislumbra a possibilidade
de mandado de segurança).

Se a decisão é exarada em incidente de restituição, terá natureza de decisão


interlocutória mista, para a qual não há previsão de recurso de recurso em sentido
estrito (581 do CPP). Assim, entende-se que caberá recurso de apelação, nos termos
do art. 593, III, do CPP. Há, entretanto, precedentes do STJ a aceitar a impetração de
mandado de segurança em casos excepcionais.

[TJCE]. Quais exceções podem ser opostas no CPP?


Art. 95, CPP. Poderão ser opostas as exceções de:

I - suspeição; II - incompetência de juízo; III - litispendência; IV - ilegitimidade de


parte; V - coisa julgada.

[TJCE]. Quando se dá a suspeição?


Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:

I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge,
ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo
caráter criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo,
ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que
tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das
partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; Vl - se for
sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.

8. Da prova: conceito, princípios básicos, objeto, meios, espécies, ônus,


procedimento probatório, limitações constitucionais das provas,
sistemas de apreciação.

# DA PROVA.
[TJCE]. O juiz pode colher elementos na fase investigatória?

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Sim, quando a prova for cautelar, não repetíveis e urgentes segundo o art. 155 do
CPP. Nestes casos, não são considerados elementos de informação, pois existe o
contraditório e a ampla defesa.

[TJCE]. Nenhuma prova colhida no Inquérito Policial pode ser usada?


Art. 155 do CPP. Pode se não for fundamentado exclusivamente nos elementos
informativos, ou sendo as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

[TJCE]. Mesmo sem a previsão do art. 155 do CPP, pode ser sustentado o uso de
elementos colhidos no inquérito policial?
Nesta pergunta acho q o examinador estava tentando fazer o candidato responder
certo, com base no contexto das perguntas anteriores, pois esta insistindo na colheita
de prova pelo magistrado na fase do inquérito policial.

O art. 155 é expresso que o juiz pode utilizar elementos colhidos no inquérito policial
desde que não fundamentados exclusivamente neles.

[TJCE]. O assistente técnico pode apresentar quesitos?


Sim, art.159, § 3º.

[TJCE]. Há participação efetiva do assistente técnico na pericia? Só há acesso ao


laudo?
Segundo o art. 159, § 4º o assistente atuará só após a conclusão do laudo.

[TJCE]. A confissão é uma modalidade de prova?


Sim, a confissão esta disposta no CPP como uma das modalidades de prova. Disposto
nos arts. 197 a 200 do CPP.

[TJCE]. O juiz pode condenar com base na confissão? O que seria necessário caso
não seja suficiente? E o silencio pode gerar condenação?
Art. 197 do CPP e art. 198 do CPP.

Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros
elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais
provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou
concordância.

Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento
para a formação do convencimento do juiz.

[TJCE]. O Juiz pode considerar provas colhidas no inquérito para a condenação?


Nenhuma prova? O juiz não está autorizado a condenar em provas unicamente do
inquérito? Assistente técnico pode oferecer quesitos? A confissão é uma prova? O
juiz pode condenar apenas na confissão do sistema brasileiro?
Os elementos colhidos no inquérito policial podem influir na formação do livre
convencimento do juiz para a decisão da causa quando complementados por outros
indícios e provas obtidos na instrução judicial.

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas.

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Art. 159, §5º, CPP: Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto
à perícia: II - indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a
ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008).

A lei nº 11.690/08 possibilitou a formulação de quesitos e indicação de assistente


técnico, pelo Ministério Público (titular exclusivo da ação penal), assistente de
acusação (ingressa no processo com interesse pela obtenção à reparação do dano), o
ofendido (titular do bem jurídico ameaçado), o querelante (titular da ação de
iniciativa privada) e o acusado (violador da norma penal incriminadora) a partir de
sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos
peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão (§ 4º, do art. 159, CPP).

Não há a possibilidade de acatar a confissão do arguido como único meio de prova.


Isto posto, tal prova teve seu valor relativizado nos dias atuais, haja vista que, a
mesma não pode ser considerada de forma incontestável, mas também não poderá
ser desprezada, pois no nosso ordenamento jurídico ela é tida como um meio de
prova.

[TJCE]. Quem pode ser testemunha?


Testemunha é uma terceira pessoa (não é a vitima, nem o acusado) que depõe sobre
um fato. Toda pessoa pode ser testemunha, inclusive o incapaz (art. 202, CPP).

[TJCE]. Quem pode se eximir de testemunhar?


Segundo o art. 206, a testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor.
Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em
linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo
do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a
prova do fato e de suas circunstâncias. O CPP também prescreve em seu art. 207
que são proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou
profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
quiserem dar o seu testemunho.

Por fim, o CPP também disciplina as hipóteses em que a pessoa será impedida de
firmar compromisso. (art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203
aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às
pessoas a que se refere o art. 206.)

[TJCE]. O juiz pode ouvir outras testemunhas além das arroladas pelas partes?
Sim. Nada obsta que o juiz proceda a oitiva das testemunhas não arroladas. Neste
sentido, o art. 209 do CPP expressamente autoriza a ouvida de outras testemunhas
além das arroladas pelas partes. (Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá
ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes). São chamadas de
testemunhas do juízo (art. 209, §1o, CPP). Serão extranumerárias, ou seja, não
contarão para fins de limitação legal e prestarão compromisso regularmente, salvo se
constantes de uma das exceções (art. 208, CPP).

[TJCE]. Há cerceamento de defesa quando o advogado indica uma testemunha, mas


sua ouvida é negada pelo magistrado?
Não. Segundo posição consolidada do STF, não constitui cerceamento de defesa a
negativa de diligências, quando julgadas desnecessárias a critério do magistrado.
Ademais o próprio CPP em seu art. 400, § 1º, confere ao julgador a faculdade de

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indeferir os pedidos de provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou


protelatórias. Ressalte-se, neste aspecto, que a decisão que negar a oitiva da
testemunha indicada pelas partes deverá ser devidamente fundamentada, não
podendo ser arbitrária, sob pena de nulidade.

[TJCE]. Testemunha pode conferir anotações?


Nos termos do art. 204, o depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido
à testemunha trazê-lo por escrito. No entanto, seu parágrafo único permite seja feita
breve consulta a apontamentos.

[TJCE]. As testemunhas podem ser ouvidas umas na presença de outras? Há


nulidade nisso?
As testemunhas devem ser ouvidas de per si, separadamente, para que umas não
tomem conhecimento do teor do depoimento das outras, o que reduziria a
credibilidade desse meio de prova (art. 210, caput, do CPP). Nessa esteira, o art. 210,
parágrafo único, do CPP, determina que seja disponibilizado espaço reservado para
a garantia da incomunicabilidade das testemunhas. Corrente doutrinária entende que
se uma testemunha entrar em contato com outra haverá mera irregularidade do feito.
No entanto, prevalece que se trataria de verdadeira nulidade processual exigindo a
jurisprudência, para tanto, a demonstração da efetiva lesão à defesa, no
comprometimento da cognição do magistrado. Por outro lado, também é certo que
na seara das nulidades, cabe à parte que alega eventual vício na produção da prova
demonstrar o seu prejuízo, na forma do brocardo pas de nulite sans grief. A
necessidade de demonstração do prejuízo é imprescindível tanto nas nulidades de
natureza relativa quanto nas de natureza absoluta, segundo posição do STF.

[TJCE]. Quem faz perguntas as testemunhas? O juiz pode indeferir perguntas?


Até bem pouco tempo vigorava no procedimento comum o sistema presidencialista,
no qual as perguntas eram feitas inicial e diretamente pelo juiz, e, depois, pelas partes,
através do magistrado, sempre passando pelo crivo judicial. Atualmente, no entanto,
vigora o sistema “Cross Examination”, no qual as perguntas são formuladas
diretamente pelas partes à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem
induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de
outra já respondida. Sobre os pontos não esclarecidos, é que o juiz poderá
complementar a inquirição (art. 212 do CPP). Ou seja, a atuação do magistrado
passou a ter como nota característica a subsidiariedade, superando-se o antigo
protagonismo, tudo em obediência ao principio da imparcialidade. Saliente-se que
inversão da ordem de perguntas estabelecida no art. 212, CPP, caracteriza nulidade
relativa, a depender de comprovação do prejuízo e alegação oportuna, sob pena de
preclusão (STF: HC 103.525/PE; STJ: AgRg no HC 238.263/RS). Ressalte-se, por
fim, que no que tange ao INTERROGATORIO do acusado, ainda se adota o sistema
PRESIDENCIALISTA (art. 188, CPP).

[TJCE]. Testemunhas podem manifestar informações de cunho pessoal? Esse


depoimento pode ser considerado?
Nos termos do art. 213 do CPP, o juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas
apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato. Ou seja, em
regra, não será admissível a manifestação de informações de cunho pessoal por parte
da testemunha, apenas se estas foram indissociáveis da própria narrativa fática é que
o magistrado deverá considera-lo para formação de seu convencimento.

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9. Sujeitos processuais: do juiz, do Ministério Público, do acusado e


defensor, dos assistentes e auxiliares da Justiça. Vítima no processo
penal.

# SUJEITOS PROCESSUAIS.
[TJCE]. Sujeitos processuais – até que momento se admite o assistente?
O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a
causa no estado em que se achar (art. 269, CPP).

[TJCE]. O MP tem que ser ouvido?


O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do assistente (art.
272, CPP).

[TJCE]. O corréu pode ser admitido como assistente de acusação?


O corréu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério
Público (art. 270, CPP).

[TJCE]. Do despacho que nega a assistência cabe recurso? Outra ação?


Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso, devendo,
entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão (art. 273, CPP). Aventa-se a
possibilidade de impetrar mandado de segurança.

[TJCE]. Se o defensor não comparecer o que o juiz deve fazer?


Art. 265, CPP. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo
imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem)
salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).

§ 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder
comparecer. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da audiência. Não o


fazendo, o juiz não determinará o adiamento de ato algum do processo, devendo nomear
defensor substituto, ainda que provisoriamente ou só para o efeito do ato. (Incluído pela
Lei nº 11.719, de 2008).

[TJCE]. O advogado não pode renunciar ao mandato?


O advogado pode renunciar ao mandato desde que observe o teor do art. 265, CPP.

[TJCE]. A multa cabe ao advogado em que caso?


Art. 264, CPP. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitadores serão obrigados,
sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio aos acusados,
quando nomeados pelo Juiz.

[TJCE]. Se o advogado deixa de comparecer, o juiz deve adiar o ato?


Art. 265, CPP. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo
imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem)
salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. (Redação dada pela Lei nº
11.719, de 2008).

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§ 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder
comparecer. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

§ 2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da audiência. Não o


fazendo, o juiz não determinará o adiamento de ato algum do processo, devendo nomear
defensor substituto, ainda que provisoriamente ou só para o efeito do ato. (Incluído pela
Lei nº 11.719, de 2008).

10. Da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória.


[TJCE]. O que é flagrante próprio? O que seria flagrante impróprio? Presumido?
Quando ocorre cada uma? Esperado é ilegal? Havendo prova de flagrante
preparado, quais os ilícitos? Há crime impossível? Flagrante forjado, quais os seus
efeitos? A guarda civil pode prender em flagrante?
O flagrante próprio ocorre quando o agente é flagrado no exato momento em que
executa a ação delituosa ou acaba de cometê-la, enquanto o impróprio ocorre quando
há uma perseguição logo após a pratica do crime; o presumido acontece quando
alguém é encontrado com objetos que façam presumir ser ele o autor da infração. O
flagrante esperado é legal, uma vez que não há indução à pratica de delito, limitando-
se a autoridade policial a aguardar a pratica do crime. É diferente do flagrante
preparado, em que o agente induz a pratica do delito, tornando o crime impossível e
causando o relaxamento da prisão. No flagrante forjado, policiais ou particulares
criam provas de um crime inexistente com o fim de legitimar uma prisão em flagrante
manifestamente ilegal, ensejando o seu relaxamento. A guarda civil, assim como
qualquer particular, pode prender em flagrante, sendo este facultativo (art. 301 do
CPP).

[TJCE]. Qual prazo para comunicação da prisão em flagrante?


A lei fala que a prisão deve ser comunicada IMEDIATAMENTE ao juiz competente,
MP e à família do preso ou à pessoa por ele indicada (art. 306 do CPP). E a lei aponta
ainda o prazo de 24 h após a realização da prisão, para o encaminhamento ao juiz
competente do auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de
seu advogado, de cópia integral para a Defensoria Pública.

[TJCE]. Quem deve ser comunicado?


Juiz competente, MP e família do preso ou pessoa por ele indicada. Caso o preso
não tenha advogado, a DP deve ser comunicada.

[TJCE]. O que o juiz deverá fazer de posse da comunicação?


De acordo com previsão legal (art. 310 do CPP), o juiz poderá: relaxar a prisão ilegal,
converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos
constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão ou conceder liberdade provisória, com ou sem
fiança.

[TJCE]. Diferença entre relaxamento e liberdade provisória.


A liberdade provisória incide sobre uma prisão legal, mas cabível porque o juiz
verifica que ela não é necessária. Incide nos casos de prisão em flagrante.
Restauração da liberdade de forma vinculada com o compromisso de
comparecimento a todos os atos do processo.

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O relaxamento da prisão, por sua vez, incide na prisão ilegal e não só na prisão em
flagrante . Restauração total da liberdade.

Ressalte-se que a revogação de prisão é instituto distinto e ocorre quando uma prisão
legal deixa de ser necessária.

[TJCE]. O que é audiência de custódia? Há previsão em nossa legislação? Foi


implantada no Brasil?
A audiência de custódia trata-se de uma audiência imediatamente após a prisão (em
até 24h), que possibilite o encontro entre a pessoa presa e o juiz. Seu fundamento é a
prevenção e combate à tortura, além de um efetivo controle judicial das prisões
provisórias.

Não há previsão em nossa legislação. A implementação das audiências de custódia


está prevista em pactos e tratados internacionais assinados pelo Brasil, como o Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos e a Convenção Interamericana de Direitos
Humanos, conhecida como Pacto de San Jose. [ art. 7o, §5°, do Decreto n° 678/92
(Pacto de São José da Costa Rica) e no art. 9o, §3°, do Decreto n° 592/92 (Pacto
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos de Nova Iorque), que conferem ao
indivíduo preso o direito de ser conduzido, sem demora, à presença de um juiz ou de
autoridade que detenha atribuição judiciária.

O CNJ lançou o projeto em fevereiro de 2015 e está sendo implantada de forma


gradativa em alguns Tribunais.

[TJCE]. Quais os requisitos da prisão preventiva?


O artigo 312 do Código de Processo Penal aponta os requisitos que podem
fundamentar a prisão preventiva, sendo eles: a) garantia da ordem pública e da ordem
econômica (impedir que o réu continue praticando crimes); b) conveniência da
instrução criminal (evitar que o réu atrapalhe o andamento do processo, ameaçando
testumunhas ou destruindo provas); c) assegurar a aplicação da lei penal
(impossibilitar a fuga do réu, garantindo que a pena imposta pela sentença seja
cumprida).

Também é necessária a presença de:

- Fumus boni juris (fumus comissi delicti), fumaça do cometimento do crime;

- periculum in mora (periculum libertatis), quando a liberdade do acusado oferece


perigo;

- proporcionalidade (homogeneidade, adequação e real necessidade da prisão, não


sendo suficiente medida cautelar pessoal distinta);

- pressupostos (indícios de autoria e prova da materialidade) e;

- os requisitos específicos do art. 313 - crimes dolosos punidos com pena provativa
de liberdade máxima superior a 4 anos, reincidente em crime doloso, crime
envolvendo violência doméstica contra mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo
ou deficiente, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência (salvo,
segundo Pacelli, na hipótese de inobservância de cautelares pessoais distintas, em
que se dispensa o art. 313).

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[TJCE]. A gravidade em abstrato justifica a prisão preventiva?


A gravidade abstrata do delito, por si só, não é fundamento suficiente para supor risco
à ordem pública. Assim já decidiu o Supremo Tribunal Federal (HC 110844,
19/06/2012)

[TJCE]. É necessária a justificativa de prisão no momento da sentença?


Sim, conforme previsão do art. 387, §1º do CPP:

Art. 387- O juiz, ao proferir sentença condenatória: (...)

§ 1º O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a


imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do
conhecimento de apelação que vier a ser interposta.

[TJCE]. Preso em flagrante, comunica em quantas horas? Quem comunica? Qual


possibilidade se abre ao juiz?
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada.

Obs: Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado
ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o
nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. No mesmo prazo,
será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.

Quem comunica: autoridade policial.

Possibilidade aberta ao magistrado: ao magistrado caberá aferir a legalidade da


prisão em flagrante, e a presença dos seus requisitos autorizadores (art. 302 do CPP).
Se constatar que a prisão é licita, deve homologar o auto respectivo. Ao analisar as
circunstâncias do fato, a gravidade do crime e as circunstâncias pessoais do
capturado, poderá conceder liberdade provisória, impor medida cautelar ou decretar
a prisão preventiva. Sendo ilícita a captura, é de rigor o relaxamento prisional.

[TJCE]. Qual a diferença entre relaxamento e liberdade provisória?


- legalidade da prisão: a liberdade provisória incide sobre uma prisão legal, mas
cabível porque o juiz verifica que ela não é necessária. O relaxamento da prisão, por
sua vez, incide na prisão ilegal. E a revogação da prisão ocorre quando uma prisão
legal deixa de ser necessária.

- momento: a liberdade provisória é pedido que se faz contra prisão em flagrante, já


que se preso preventivamente, a medida adequada é o relaxamento ou a revogação.
Estas duas últimas medidas distinguem-se, neste ponto, vez que o relaxamento é
cabível quando a prisão é ilegal, enquanto que a revogação na preventiva e na
temporária.

- delitos: embora haja decisões do Supremo em sentido contrário, e este seja o nosso
posicionamento, ainda prevalece que o tráfico de drogas não permite liberdade
provisória. Já o relaxamento da prisão e sua revogação podem se dar em qualquer
delito. Neste sentido: Súm. 697, STF – A proibição de liberdade provisória nos

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processos por crimes hediondo não veda o relaxamento da prisão processual por
excesso de prazo.

- competência: a liberdade provisória pode ser concedida pelo delegado ou pelo juiz.
Confira-se a nova redação do artigo 322, CPP:

Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração
cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48
(quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

O relaxamento da prisão somente pelo juiz e a revogação o mesmo juiz que


anteriormente decretou a medida.

[TJCE]. O que é a audiência de custódia?


Consiste na garantia da rápida apresentação do preso a um juiz nos casos de prisões
em flagrante. A ideia é que o acusado seja apresentado e entrevistado pelo juiz, em
uma audiência em que serão ouvidas também as manifestações do Ministério
Público, da Defensoria Pública ou do advogado do preso.

Durante a audiência, o juiz analisará a prisão sob o aspecto da legalidade, da


necessidade e da adequação da continuidade da prisão ou da eventual concessão de
liberdade, com ou sem a imposição de outras medidas cautelares. O juiz poderá
avaliar também eventuais ocorrências de tortura ou de maus-tratos, entre outras
irregularidades.

[TJCE]. Requisitos da prisão preventiva? O juiz deve se manifestar da manutenção


em regime fechado?
▪ Só é possível quando houver prova da materialidade e indícios de autoria (fumus
comissi delicti) e, ainda, desde que haja perigo na liberdade do acusado (periculum
libertatis), de modo que ela só pode ser decretada:

a) Como garantia da ordem pública ou econômica.

b) Por conveniência da instrução criminal.

c) Para assegurar a aplicação da lei penal.

▪ Além disso, a prisão preventiva só é possível:

a) Nos crimes dolosos com pena MÁX maior que 04 ANOS.

b) Se o acusado tiver sido condenado por outro crime doloso.

c) Para assegurar o cumprimento das medidas protetivas de urgência


da Lei Maria da Penha.

d) Quando houver dúvida sobre a identidade civil do acusado.

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▪ Desde 2011, há uma nova possibilidade autorizadora da prisão preventiva –


quando o acusado descumprir outras medidas cautelares que tenham sido
impostas.

▪ Se houver indícios de que o acusado praticou o fato sob o manto de uma


excludente de ilicitude, não será cabível a prisão preventiva.

12. Das citações e intimações. Forma, lugar e tempo dos atos processuais.

# DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES.


[TJCE]. O que é citação?
Citação é o ato de comunicação processual por meio do qual se dá ciência ao acusado
do recebimento da peça acusatória, chamando-o para se defender. A citação é o ato
processual mais importante, porque conjuga a ciência do acusado e seu chamamento
para se defender, concretizando dois princípios constitucionais: o contraditório e a
ampla defesa. Ciência do acusado (contraditório) + chamamento para se defender
(ampla defesa)

[TJCE]. É ato essencial?


É ato essencial já que viabiliza a efetiva participação do réu no processo, garantindo-
lhe o contraditório e a ampla defesa.

[TJCE]. E a sua falta?


Eventual vício da citação é causa de nulidade absoluta, que pode ser arguida mesmo
após o trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria (pode
ser utilizado tanto o habeas corpus, como a revisão criminal). A citação viciada é
chamada de circundução. Quando a citação é anulada, temos a citação circunduta.

[TJCE]. Como deve se dar?


Citação pode ser pessoal (real) ou ficta.

Art. 6º, Lei 11.419/06: a citação por meio eletrônico é expressamente vedada para o
processo penal e nos casos de processos por ato infracional do ECA.

[TJCE]. É possível por hora certa?


Ela foi introduzida no CPP pela Lei 11.719/08. Art. 362, CPP. Verificando que o réu
se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá
à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869,
de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Parágrafo único. Completada
a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor
dativo.

[TJCE]. É cabível por precatória?


Sim. Pode ser realizada quando o acusado reside em comarca distinta, em local certo
e sabido. Ex.: O processo tramita em São Paulo e o acusado reside no Rio de Janeiro.
Art. 353, CPP. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz
processante, será citado mediante precatória.

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Carta precatória itinerante (355, § 1º): ocorre quando a carta precatória chega em uma
comarca, mas o oficial de justiça toma conhecimento de que o acusado mudou-se
para outra comarca. Não precisa devolver a carta precatória, ela já vai diretamente
para a outra comarca.

[TJCE]. O réu preso tem que ser citado? E se for apenas requisitado, sendo citado
no dia da audiência?
Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. (Redação dada pela Lei nº
10.792, de 1º.12.2003).

[TJCE]. Por que tem que ser citado com antecedência?


A antecedência é necessária à preparação adequada de sua defesa, não sendo razoável
se admitir a surpresa quanto à acusação que ocorreria mediante simples requisição
de sua presença no dia da audiência.

Há alguns julgados que corroboram tal posicionamento. Vejamos:

"o réu preso há de ser necessária e obrigatoriamente citado, para que possa preparar a
sua defesa e constituir, se for o caso, defensor... Se admitida apenas e tão somente a
requisição e não a citação do réu preso, estaria este em uma situação processual não
apenas anômala, mas também totalmente diferenciada e inferiorizada processualmente
relativamente ao réu solto." (TJSP, Ap. Crim. 118.395-3/8)

"a surpresa não se coaduna com a moralidade exigida pelo processo penal e ela surge
quando se requisita sem citação." (TACrimSP, Ap. 425-743-1)

"A regra do art. 360, CPP, diz respeito à regularidade da administração penitenciária,
não afastando, em absoluto, a realização da citação por mandado do réu preso,
providência imprescindível para o pleno exercício de defesa, em consonância com o
princípio do devido processo legal." (STJ, Resp 44.153-SP)

[TJCE]. Citação por edital. Quais as consequências?


Se o acusado é citado por edital e não comparece nem constitui advogado, é aplicado
o art. 366 do CPP: Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o
juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o
caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. Nesse caso há a
suspensão do processo e da prescrição.

[TJCE]. É sempre possível a produção antecipada de provas?


Durante a suspensão do processo, a regra é não haver antecipação de produção de
provas. Somente em casos devidamente justificados, é que o magistrado ordenará tal
antecipação, que será produzida com a prévia intimação do MP, do querelante e do
defensor público ou dativo.

[TJCE]. A suspensão deve perdurar por tempo certo ou não tem prazo?
Súmula 415 STJ: “O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo
máximo da pena cominada”.

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13. Processo e procedimento. Pressupostos processuais. Formas


procedimentais. Procedimento comum. Instrução criminal.
Procedimento ordinário. Procedimento sumário. Procedimento
sumaríssimo. Juizados Especiais Criminais. Procedimento relativo ao
Tribunal do Júri. Procedimentos especiais, inclusive de leis especiais.

# PROCEDIMENTO COMUM. INSTRUÇÃO CRIMINAL. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO.


[TJCE]. No procedimento Ordinário quando é iniciada a ação? Após recebida a
defesa necessita ratificar a denúncia?
- Conforme previsto no art. 394, § 1.º, I, do CPP, o procedimento comum ordinário
deve ser aplicado ao processo criminal quando tiver por objeto crime cuja sanção
máxima cominada for igual ou superior a quatro anos de pena privativa de liberdade,
desimportando tratar-se de reclusão ou detenção.

- A maioria da doutrina entende que o processo começa com o recebimento da peça


acusatória (art.363 CPP). Mas há corrente doutrinária que entende que o processo
tem inicio com o oferecimento da peça acusatória (Nucci), pois havendo rejeição da
peça acusatória e interposição de RESE o acusado deverá ser intimado para
apresentar contrarrazões, logo, já haveria processo.

[TJCE]. Qual momento se opera a interrupção da Prescrição?


A interrupção da prescrição ocorre com Recebimento pelo magistrado, nos termos
do art. 396 CPP. Momento processual importante, eis que constitui marco
interruptivo da prescrição (art. 117, I, do CP), não afetando esta regra o fato de dispor
o art. 363 do CPP que o processo terá completada a sua formação quando realizada
a citação do acusado.

[TJCE]. Quando pode rejeitar a denúncia ou absolvição sumária? Identificada


prescrição o que o Juiz deverá fazer ao receber a denúncia?
- As hipóteses da rejeição da Denúncia estão prevista no art. 395 CPP. Art. 395. A
denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; (Incluído
pela Lei nº 11.719, de 2008). II - faltar pressuposto processual ou condição para o
exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

- As hipóteses de absolvição sumária estão prevista no art. 397 CPP: Art. 397. Após
o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá
absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de
causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente
da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado
evidentemente não constitui crime; IV - extinta a punibilidade do agente.

- A prescrição é uma das causas de extinção de punibilidade prevista no art. 107 do


CP. Assim, nos termos da legislação processual (art.397) seria caso do juiz absolver
sumariamente. Crítica do Professor Noberto Avena: verifica-se, aqui, um verdadeiro
paradoxo jurídico, considerando o legislador causa de absolvição o fato de já se
encontrar extinta a punibilidade, por exemplo, pela prescrição. Tecnicamente, tal
situação não pode ser objeto de decisão absolutória, mas sim de pronunciamento

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autônomo incidental ao processo criminal, acarretando-lhe a extinção prematura e o


consequente arquivamento. Imagine-se, por exemplo, a morte do réu no curso do
processo. Ora, a morte do agente é causa extintiva da punibilidade, como se infere
do art. 107, I, do CP. E, logicamente, não seria razoável cogitar que pudesse o
magistrado, diante da certidão de óbito do acusado que lhe tenha sido apresentada
pelo advogado junto com a resposta a que alude o art. 396 do CPP, absolver
sumariamente o réu morto com base no art. 397, IV. Neste contexto, é evidente que,
constatando a ocorrência de causa extintiva da punibilidade, deve o juiz,
simplesmente, declará-la nos autos, independente de um veredicto absolutório.

[TJCE]. O que é falta de justa causa?


- Faltar justa causa para o exercício da ação penal: respeita, em linhas gerais, à
existência de um lastro probatório mínimo que torne idônea a imputação realizada na
denúncia ou na queixa. Não haverá justa causa para ação penal, por exemplo, quando
intentada sem que haja prova da materialidade do crime ou quando ausentes indícios
de autoria.

[TJCE]. Quando o procedimento comum é adotado?


O procedimento comum é a regra, sendo aplicado a todos os processos, salvo
disposições em contrário do CPP ou de lei especial.

Nos termos do artigo 394, do CPP (Lei 11.719/08), o procedimento será COMUM
ou ESPECIAL: PROCEDIMENTO COMUM – ordinário – sumário ou sumaríssimo;
PROCEDIMENTO ESPECIAL: previsto no CPP (honra, responsabilidade dos
servidores públicos) ou em Lei Especial (Drogas – Tribunais).

[TJCE]. Quando cabe o ordinário e o sumário? Quantas testemunhas cabe em cada


rito?
Ordinário - Cabimento = quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada for igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade (394, § 1º, I).
Cabem 8 testemunhas para a defesa e para a acusação. Nesse número não se
compreendem as que não prestem compromisso e as referidas.

Sumário - Cabimento = quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada
for inferior a 4 anos de pena privativa de liberdade (394, § 1º, II). Cabem 5
testemunhas para a defesa e para a acusação

[TJCE]. Oferecida a denúncia, qual o próximo passo?


O juiz se não a rejeitar liminarmente, irá recebe-la.

[TJCE]. Recebida a denúncia, qual o próximo passo?


Ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10
dias.

[TJCE]. O juiz recebe a denúncia antes ou depois da resposta do réu?


A questão a respeito do momento de recebimento da Denúncia ganhou destaque após
a edição da Lei 11.719/08, que reformou o Código de Processo Penal. Isto porque,
aparentemente, teria a referida norma previsto dois momentos de recebimento da
Denúncia, sendo um antes e um depois da resposta à acusação. Vejamos:

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Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz,
se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias

(…)

Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência,
ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o
caso, do querelante e do assistente

Debruçando-se sobre esta controvérsia, decidiu o Superior Tribunal de Justiça –


acertadamente – que a Denúncia é recebida ANTES de o réu ser citado para
oferecimento da resposta à acusação. Após a resposta à acusação, apresentada depois
do recebimento da Denúncia, o Juiz poderá absolver, ou não, o réu sumariamente.

Neste sentido, citamos:

FURTO (ARTIGO 155 DO CÓDIGO PENAL). FALTA DE MOTIVAÇÃO DA DECISÃO


QUE DEU PROSSEGUIMENTO À AÇÃO PENAL. AFASTAMENTO DAS HIPÓTESES
DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DO ARTIGO 397 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
DESNECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO COMPLEXA. POSSIBILIDADE DE
MANIFESTAÇÃO JUDICIAL SUCINTA. NULIDADE NÃO CARACTERIZADA. 1. Após
a reforma legislativa operada pela Lei 11.719/2008, o momento do recebimento da
denúncia se dá, nos termos do artigo 396 do Código de Processo Penal, após o
oferecimento da acusação e antes da apresentação de resposta à acusação, seguindo-se
o juízo de absolvição sumária do acusado, tal como disposto no artigo 397 do aludido
diploma legal. (…) (STJ, HC243687, Rel. Min. Jorge Mussi, p. 23/08/13)

A importância prática é enorme. Afinal, o recebimento da Denúncia é o primeiro


marco de interrupção da prescrição de pretensão punitiva.

Porém, cuidado! É preciso ficar atento para o fato de que alguns procedimentos
especiais preveem, aí sim, uma fase de defesa preliminar antes do próprio
recebimento da denúncia, como são as hipóteses dos crimes de responsabilidade dos
funcionários públicos (art. 514, CPP), da Lei de Drogas (art. 54, Lei n. 11.343/06),
dos crimes de responsabilidade de prefeitos (art. 2º, I, Decreto-Lei n. 201/67).

Em arremate, podemos concluir que:

(a) No procedimento comum, a Denúncia é recebida antes do oferecimento


de resposta à acusação; e

(b) Portanto, a resposta à acusação não tem a mesma natureza jurídica da


defesa preliminar (prévia), esta sim anterior à própria análise do
recebimento da Denúncia.

[TJCE]. Pode haver juízo de retratação, ou seja, em vez de absolvição sumária ele
recebe a denúncia?
Conforme entendimento jurisprudencial, não cabe juízo de retratação da decisão que
recebe a denúncia, tendo em vista o exaurimento do poder decisório acerca das
condições e da justa causa da ação penal. Ocorre a chamada preclusão pro judicato.
Uma vez instaurada, a ação penal só pode ser finalizada com a prolação da sentença,
que deve ocorrer no momento oportuno, sob pena de causar insegurança jurídica.

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[TJCE]. Na resposta à acusação o réu pode alegar o quê? Quando cabe absolvição
sumária? Pode absolvição sumária em réus inimputáveis?
Reza o novo artigo 396-A do CPP

"Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando
necessário."

Chamada por alguns doutrinadores de julgamento antecipado da lide, a absolvição


sumária no procedimento comum ocorre nas seguintes hipóteses:

a) Existência manifesta de causa excludente da ilicitude.

b) Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade, salvo


inimputabilidade.

Não é possível, portanto, absolvição sumária imprópria. Apesar de a medida de


segurança não ser pena, possui nítido caráter de sanção penal, e assim deve se
permitir ao acusado que se defenda ao longo do processo para demonstrar sua
inocência.

Observação: No procedimento do júri, o inimputável pode ser absolvido


sumariamente, desde que esta seja sua única tese defensiva.

c) Quando o fato narrado não constitui crime (atipicidade formal ou


material).

d) Causa extintiva da punibilidade. O perdão judicial é a única hipótese de


causa extintiva da punibilidade que não pode ser concedida nesse
momento, pois pressupõe reconhecimento de culpa.

CPP, Art. 397: Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste
Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:

I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;

II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo


inimputabilidade;

III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou

IV - extinta a punibilidade do agente.

# PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS.


[TJCE]. Como se determina a competência dos juizados?
A competência é determinada pela pena inferior ou igual há dois anos (infrações de
menor potencial ofensivo), conforme arts. 60 e 61 da lei 9009/95.

[TJCE]. Como é feita a citação?

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Art. 351, do CPP. A citação via de regra, se fará por mandado, quando o réu estiver
no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.

[TJCE]. Em que horários?


A citação no processo penal pode ser feita a qualquer hora.

[TJCE]. As intimações?
Regra geral as intimações do defensor constituído, do advogado do querelante e do
assistente far-se-á por públicação no órgão incumbido da publicidade dos atos
judiciais da comarca, incluindo sob pena de nulidade, o nome do acusado (art. 370,
§1º, do CPP). A intimação do MP e do defensor nomeado será pessoal. (§ 4º, do art.
370, do CPP).

[TJCE]. Se for pessoas jurídicas quem pode receber por pessoa jurídica?
A citação da pessoa jurídica se dá por seu representante legal, conforme
entendimento do STJ.

[TJCE]. Contra decisão que recebe denúncia no procedimento sumaríssimo existe


recurso?
Como não há recurso para o recebimento da denuncia, os tribunais superiores e a
doutrina vêm entendendo que neste caso caberia HC.

[TJCE]. Da decisão final cabe recurso?


Da decisão final cabe apelação, conforme art. 82 da lei 9099/95.

[TJCE]. Quem julga esses recursos contra as decisões das turmas recursais?
Contra as decisões das turmas recursais caberia somente recurso extraordinário, se
presente seus pressupostos. Que seria julgado no STF.

[TJCE]. Cabem quais recursos?


Como já afirmado, caberia Recurso Extraordinário.

[TJCE]. O TJRN não julga esses recursos?


Não, o TJRN não julga recurso de decisão de turma recursal.

[TJCE]. Os embargos de declaração nos juizados tem efeito suspensivo?


Segundo o art. 82, § 3º, quando opostos em sentença os embargos suspendem o prazo
para recurso.

[TJCE]. Como se determina a competência dos juizados?


Os Juizados Especiais Criminais são competentes para o processo e julgamento das
infrações penais de menor potencial ofensivo, entendidas como os crimes e
contravenções penais cujas penas máximas não sejam superiores a 2 (dois) anos de
privação de liberdade.

[TJCE]. Em que horários?


Art. 64. Lei nº 9.099/95: Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em
horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de
organização judiciária.

[TJCE]. Como é feita a citação?

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Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou
por mandado.

Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as
peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei (Não cabe
citação por edital).

Enunciado 110 – No Juizado Especial Criminal é cabível a citação com hora certa.

[TJCE]. As intimações?
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pessoal ou,
tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da
recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de
justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio
idôneo de comunicação.

Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes
as partes, os interessados e defensores.

Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado,


constará a necessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a
advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público.

[TJCE]. Se for pessoas jurídicas quem pode receber por pessoa jurídica?
Com relação à pessoa jurídica, impende aduzir que a jurisprudência possui
entendimento no sentido de que é válida a citação realizada na pessoa que se
identifica como funcionário da empresa e que a recebe sem qualquer ressalva a
respeito da falta de poderes para tanto (Teoria da Aparência).

[TJCE]. Contra decisão que recebe denúncia no procedimento sumaríssimo existe


recurso? Da decisão final cabe recurso? Quem julga esses recursos contra as
decisões das turmas recursais? Cabem quais recursos? O TJRN não julga esses
recursos? Os embargos de declaração nos juizados têm efeito suspensivo?
Não cabe recurso em sentido estrito da decisão que recebe a denúncia, eventualmente
cabe HC, sucedâneo recursal.

Os recursos serão julgados por turma composta de três Juízes em exercício no


primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

A Lei 9.099/95 faz referência apenas à apelação e aos embargos declaratórios,


todavia, não exclui a possibilidade de interposição de outros recursos, tais como:
RESE, Embargos Infringentes, entre outros, eis que o artigo 92 da mesma lei
determina a aplicação subsidiária das disposições do CPP e CP em não havendo
incompatibilidade com esses diplomas normativos.

Caberão embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver


obscuridade, contradição, omissão ou dúvida.

Quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazo


para o recurso.

# PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI.

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# PROCEDIMENTO RELATIVO AO TRIBUNAL DO JÚRI.


[TJCE]. Quando é cabível o desaforamento?
Art. 427, CPP. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a
imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento
do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante
representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento
para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se
as mais próximas.

[TJCE]. Quem determina o desaforamento?


O Tribunal.

[TJCE]. Quem pode requerer?


Ministério Público, assistente, querelante ou acusado ou o juiz competente.

[TJCE]. A defesa precisa ser ouvida? Se não for, é caso de nulidade?


Súmula 712, STF. É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da
competência do Júri sem audiência da defesa.”

[TJCE]. Deve ser uma medida excepcional?


O desaforamento é medida excepcional e somente se afigura legítima se,
rigorosamente, estiverem presentes os motivos taxativamente previstos pelo
legislador. Somente é admitido o desaforamento em razão do interesse da ordem
pública; por haver suspeita de imparcialidade dos jurados; risco à segurança do
acusado; ou, ainda, conforme dispõe, em sequência, o artigo 428 do CPP, em razão
do comprovado excesso de prazo se o julgamento não puder ser realizado no prazo
de seis meses do trânsito em julgado da decisão de pronúncia.

[TJCE]. Quando se deve considerar excesso de trabalho? O excesso de serviço


autoriza o desaforamento? Quando pode requerer?
Art. 428, CPP. O desaforamento também poderá ser determinado, em razão do
comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz presidente e a parte contrária, se o
julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em
julgado da decisão de pronúncia.

Eventuais atrasos no julgamento que não caracterizem uma demora excessiva e que
não seja provocada por desídia, ou que o atraso seja decorrente da complexidade da
causa ou de excessivo número de processo, não ensejam, por si só, que o processo
seja transferido para outra comarca.

Neste sentido, veja-se:

PLURALIDADE DE AGENTES, DE VÍTIMAS E DE CRIMES. INCIDENTES


PROCESSUAIS. DESAFORAMENTO. PEDIDO JÁ JULGADO. JÚRI EM VIAS DE SE
REALIZAR. TRÂMITE REGULAR DO FEITO. AUSÊNCIA DE DESÍDIA DA
AUTORIDADE JUDICIÁRIA. OBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE.
ILEGALIDADE AUSENTE.

1. Os prazos para a conclusão da instrução criminal não são peremptórios, podendo ser
flexibilizados diante das peculiaridades do caso concreto, em atenção e dentro dos
limites da razoabilidade.

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2. Não se constata indícios de desídia quanto ao processamento da ação penal, que segue
seu curso normal, em que se apura a prática de cinco crimes, envolvendo cinco réus e
com pluralidade de vítimas, em que houve a necessidade de expedição de precatórias,
dado o encarceramento dos acusados em comarca distante, e incidentes processuais,
como o exame do pedido de desaforamento ajuizado, já julgado.

3. As particularidades havidas no trâmite do feito exigiram maior tempo para a solução


da causa, demonstrando a sua complexidade e a ausência de excesso
injustificado, principalmente quando há informações de que o julgamento popular está
em vias de ocorrer.

4. Habeas corpus não conhecido, com a recomendação de que seja conferida prioridade
ao julgamento do paciente pelo Júri.

Processo HC 276732 / AM

HABEAS CORPUS 2013/0295765-2

Relator(a) Ministro JORGE MUSSI (1138)

Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA

Data do Julgamento 06/05/2014

Data da Publicação/Fonte DJe 14/05/2014

[TJCE]. A partir de quando se conta o prazo?


Contam-se os seis meses da data do trânsito em julgado da pronúncia.

[TJCE]. Qual é a natureza da decisão que encerra a 1ª fase do Júri? Quais são os
meios de impugnação de cada uma?
R: A decisão que encerra a 1ª fase do Júri pode ser concluída com a prolação de uma
das seguintes decisões: impronúncia, desclassificação, absolvição sumária,
pronúncia.

Impronúncia e absolvição sumária: apelação

Desclassificação e pronúncia: RESE

[TJCE]. Quais são os efeitos da pronúncia e da impronúncia? Na pronúncia, o juiz


pode excluir qualificadoras? Decisão de pronúncia deve se referir aos privilégios?
R: A decisão de impronúncia só faz coisa julgada formal (imutabilidade da decisão
dentro do mesmo processo).

A pronúncia encerra um juízo de admissibilidade da acusação de crime doloso contra


a vida. Decisão interlocutória mista não terminativa. (não julga o mérito; encerra a 1ª
fase e não põe fim ao processo).

O juiz não pode excluir as qualificadoras, deve mencioná-las:

Art. 413, § 1o: A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade


do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o
juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena.

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Não deve constar:

1. Causas de diminuição de pena, salvo a tentativa  pode ser sustentada em Plenário

2. Agravantes/atenuantes matéria do juiz-presidente

3. Concurso de crimes

[TJCE]. Qual a natureza da decisão que encerra a primeira fase do júri? Que cautela
deve ter o magistrado ao proferir essa decisão, em termos de linguagem?
Pronúncia é a decisão interlocutória mista, que julga admissível a acusação,
remetendo o caso à apreciação do Tribunal do Júri. Trata-se de decisão de natureza
mista, pois encerra a fase de formação da culpa, inaugurando a fase de preparação do
plenário, que levará ao julgamento de mérito.

Embora seja uma decisão interlocutória, mantém a estrutura formal de uma sentença
na sua composição, ou seja, deve possuir relatório, fundamentação e dispositivo. A
pronúncia julga apenas a admissibilidade da acusação, sem qualquer avaliação de
mérito. Assim, é indispensável que seja prolatada em termos sóbrios, sem colocações
incisivas, evitando-se considerações pessoais no tocante ao réu e constituindo a
síntese da racionalidade e do equilíbrio prudente do juiz.

[TJCE]. Como é chamado o excesso na pronúncia? E quais os seus efeitos?


A expressão “eloquência acusatória” está relacionada com o Júri. Trata-se do excesso
de linguagem, proibido no âmbito da decisão de pronúncia. Caso contenha termos
injuriosos ao acusado (ex.: marginal perigoso, facínora cruel, despudorado
mentiroso, entre outros), frases de efeito contra a defesa ou acusação (ex.: “é
evidente” que o réu matou; “parece-nos que é inocente”, mas cabe ao júri decidir),
ingressos inoportunos no contexto probatório (ex.: a prova indica “com clareza” ter
havido um crime bárbaro) ou qualquer outro ponto que seja contundente na inserção
do mérito, deve provocar, como consequência, a sua anulação.

Não se pode conceber que a decisão, nesses termos proferida, seja lida pelos jurados,
de modo a influir na formação do seu convencimento.

É preciso destacar que os membros do Conselho de Sentença levam em grande conta


as palavras proferidas pelo juiz presidente, a pessoa que lhes parece mais imparcial
no Tribunal do Júri, razão pela qual a moderação na pronúncia é inafastável, sob pena
de se colocar em risco a própria soberania dos veredictos. Soberano não pode ser o
jurado nitidamente influenciado pelo juiz togado.

[TJCE]. Quais as ações que o juiz pode tomar, ao fim da primeira fase? Ele pode
alterar a capitulação da conduta? Pode desclassificar?
O juiz pode pronunciar o réu ou, ausentes os requisitos da prova da existência do fato
descrito como crime e indícios suficientes de autoria ou participação, impronunciar
o réu. Pode ainda absolver sumariamente.

Descreve o art. 418, do CPP, a hipótese prevista no art. 383, caput, do mesmo
Código, ou seja, a emendatio libelli. Não está o magistrado, realmente, adstrito à
classificação feita pelo órgão acusatório, até mesmo por que o réu se defende dos
fatos e não da definição jurídica dada na denúncia ou queixa. Quando ocorre a

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pronúncia, o juiz indica o tipo penal no qual está incurso o réu (ex.: tentativa de
homicídio, homicídio simples, homicídio qualificado).

Há, no entanto, a possibilidade de correção da classificação original, diante de


circunstância superveniente à pronúncia, capaz de impelir à modificação da
tipicidade. Não cabe ao magistrado, ao elaborar o juízo de admissibilidade da
acusação, em relação aos crimes dolosos contra a vida, analisar se é procedente ou
não a imputação feita pelo órgão acusatório no tocante aos delitos conexos.

Havendo infração penal conexa, incluída na denúncia ou queixa, devidamente


recebida, pronunciando o réu pelo delito doloso contra a vida, deve o juiz remeter a
julgamento pelo Tribunal Popular os conexos, sem proceder a qualquer análise de
mérito ou de admissibilidade quanto a eles. O juiz somente desclassificará a infração
penal, cuja denúncia ou queixa foi recebida como delito doloso contra a vida, em
caso de cristalina certeza quanto à ocorrência de crime diverso daqueles previstos no
art. 74, § 1.°, do Código de Processo Penal (homicídio doloso, simples ou
qualificado; induzimento, instigação ou auxílio a suicídio; infanticídio ou aborto).

[TJCE]. O juiz competente se vincula à capitulação do juízo do júri?


O juiz, no Tribunal do Júri, não deve fundamentar a decisão condenatória, pois isso
coube aos jurados, que, votando em sigilo, estão desatrelados do dever de motivar o
veredicto. Cabe-se, apenas, fixar a sanção. Para tanto, respeitará o sistema trifásico
(art. 68 do CP):

a) estabelece a pena-base (art. 59, CP);

b) insere as agravantes e atenuantes;

c) considera os aumentos e diminuições da pena. O juiz presidente


deve, também, deliberar sobre os efeitos da condenação (arts. 91 e 92
do Código Penal).

Se houver absolvição imprópria, ou seja, o reconhecimento da inimputabilidade,


impõe-se, neste caso, medida de segurança, conforme dispõe o art. 26, caput, do
Código Penal (art. 492, II, c, CPP).

Pode ser internação, para crimes apenados com reclusão, ou a opção entre internação
e tratamento ambulatorial, para crimes apenados com detenção. Lavrada a sentença,
com todos os presentes em pé, solenemente, o juiz presidente procede à sua leitura
em plenário. Acompanharão o ato as partes e o réu. Este, no entanto, pode ser retirado
de plenário caso se manifeste agressivamente ou resolva interromper o juiz para
protestar. Por outro lado, se alguma das partes, chamada para o ato, não comparecer,
lê o magistrado a sentença para os que estiverem em plenário, sem qualquer
irregularidade. É direito da acusação ou da defesa estar presente, mas não uma
obrigação.

[TJCE]. O jurado recebe cópia da decisão de pronúncia? Qual o prazo máximo para
uso de novas provas no Júri? Qual o momento de arguição do procedimento do Júri?
Nulidade na formulação dos quesitos? Em que momento a parte deve se manifestar
da nulidade no Júri

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Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos
os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Parágrafo único. O jurado, em
seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que
julgaram admissível a acusação e do relatório do processo.

- Judicium Causae: inicia-se essa segunda etapa com a preparação para o julgamento.
No momento em que receber os autos que indicam a necessidade de realização de
julgamento em Plenário, o juiz-presidente intimará o Ministério Público ou o
querelante e o defensor do acusado para, no prazo de cinco dias, arrolar um máximo
de cinco testemunhas para deporem em Plenário, bem como juntar documentos e
requerer diligências, visto que, como bem exige o art. 479, “durante o julgamento
não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido
juntado aos autos com a antecedência mínima de três dias úteis, dando-se ciência à
outra parte”

- Quesitação. Sistema adotado pelo CPP de perguntas formuladas aos jurados acerca
da materialidade, autoria, eventual absolvição do acusado, causa de diminuição de
pena, qualificadoras e causas de aumento de pena.

- Nulidades ocorridas na fase posterior à pronúncia e antes do júri deverão ser


invocadas logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes. Este
raciocínio decorre da interpretação do art. 571, V, do CPP, que não restou
prejudicado com a alteração legislativa ditada pela Lei 11.689/2008. - E se a nulidade
relativa ocorrer na própria decisão de pronúncia? Neste caso, deverá o vício ser
arguido mediante a interposição de recurso em sentido estrito contra essa decisão
(art. 581, IV, do CPP), mesmo porque não podem as partes postular a anulação da
decisão pelo próprio juiz que a proferiu, dependendo essa solução do pronúnciamento
de um órgão jurisdicional superior. Neste sentido: “Não é possível conhecer da
pretensão de nulidade da sentença de pronúncia, por suposta inobservância do
princípio da consunção, haja vista que esse vício não foi suscitado em recurso
próprio” (art. 581, IV, do CPP), restando, pois, preclusa a matéria (HC 81.161/SP,
DJ 03.11.2008).

Nulidades verificadas no curso do julgamento pelo júri deverão ser suscitadas logo
depois que ocorrerem. Aplica-se, in casu, o art. 571, VIII, do CPP64. A título de
exemplo de nulidades previstas no Código de Processo Penal, sujeitas a ocorrerem
no curso da sessão de julgamento, o art. 478 do CPP, introduzido pela Lei
11.689/2008, proibiu às partes de fazerem referência, durante os debates, à decisão
de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à
determinação do uso de algemas, bem como ao silêncio do acusado ou à ausência de
seu interrogatório. Note-se que, neste aspecto, não está pacificada a jurisprudência
quanto à natureza das nulidades decorrentes da infringência à norma legal. Pensamos
que devam ser consideradas relativas, sujeitas, portanto, à arguição oportuna e à
demonstração de efetivo prejuízo para serem declaradas. Por exemplo, se o trecho da
pronúncia lido aos jurados pelo Ministério Público não possuir qualquer autoridade
para interferir no convencimento íntimo dos jurados e prejudicar o réu, não há razão
para ser reconhecida a nulidade do julgamento, o qual poderá manter-se íntegro

Nulidades ocorridas após a decisão de primeira instância deverão ser invocadas em


preliminares de razões recursais ou logo depois de anunciado o julgamento da
impugnação pelo tribunal competente e apregoadas as partes. Trata-se, aqui, da

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literalidade do art. 571, VII, do CPP. Ressalte-se que, conquanto o dispositivo em


exame seja expresso às nulidades relativas posteriores à decisão de primeira
instância, também as anteriores a essa decisão poderão integrar as preliminares das
razões recursais, desde que, arguidas em tempo certo, não tenham sido atingidas pela
preclusão. É o caso, por exemplo, de uma nulidade relativa suscitada perante o juiz-
presidente no momento oportuno, não sendo, porém, acolhida por ele. Ora, nada
impede que essa vertente seja trazida, agora, à apreciação do tribunal em preliminar
da apelação interposta contra a sentença. Por fim, é evidente que, também com base
no art. 571, VII, poderão ser arguidas as nulidades da própria sentença, v.g., a
nulidade da sentença do juiz-presidente que não considera, na fixação da pena,
determinada qualificadora reconhecida pelos jurados por ocasião da votação dos
quesitos.

[TJCE]. Como devem ser formulados e quais são os quesitos no Tribunal do Júri?
Conforme redação do Art. 482, o Conselho de Sentença será questionado sobre
matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido.

Em seu parágrafo único, determina como devem ser formulados os quesitos:

Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples e


distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e
necessária precisão. Na sua elaboração, o presidente levará em conta os termos da
pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, do
interrogatório e das alegações das partes.

Ordem:

1) Quesito ligado à materialidade.

2) Quesito relativo à autoria ou a participação.

Sustentada a tese de crime tentado ou de desclassificação, deve ser formulado quesito


após aquele referente à autoria.

3) O jurado absolve o acusado?

4) Causa de diminuição da pena alegada pela defesa. Essa tese deve ser
individualizada.

5) Qualificadoras ou causas de aumento de pena. Esse quesito deve ser formulado de


maneira individualizada.

As agravantes e atenuantes não são quesitadas aos jurados, sendo sua aplicação da
competência do juiz presidente.

A súmula 156 do STF continua válida, a qual possui o seguinte verbete: “É absoluta
a nulidade do julgamento pelo júri, por falta de quesito obrigatório”.

[TJCE]. Cada tese de defesa deve corresponder um quesito?


As regras do CPP sobre a quesitação no Tribunal do Júri foram alteradas pela Lei n.°
11.689/2008. Assim, atualmente, ao contrário do que era no passado, não há mais
quesitos específicos sobre cada uma das teses de absolvição (quesito para legítima

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defesa, quesito para estado de necessidade, quesito para inexigibilidade de conduta


diversa etc.). Agora, todas as teses defensivas estão reunidas em um único quesito
obrigatório que tem a seguinte redação: “O jurado absolve o acusado?” (art. 483, III
e § 2º, do CPP).

[TJCE]. Mesmo que a defesa não peça absolvição, esta deve ser um quesito? O Júri
pode absolver mesmo no caso de não ter sido ventilada a absolvição?
Sim. Trata-se de quesito obrigatório, conforme previsão do art. 483, III, CPC.

A ausência de quesito obrigatório acarreta a nulidade do julgamento, conforme


Súmula 156 do Supremo Tribunal Federal: É absoluta a nulidade do julgamento, pelo
Júri, por falta de quesito obrigatório.

[TJCE]. Se houver pluralidade de teses de diminuição de pena, deve haver quesitos


para todos? E no caso de agravantes e atenuantes?
Sim, deve haver quesitos para todas as teses de diminuição de pena. Por mais que se
queira buscar a simplificação dos quesitos, tratando-se de causas de diminuição ou
de aumento de pena e de qualificadoras não é possível formular um quesito
"genérico" sobre elas. Significa dizer que devem ser quesitadas as causas de
diminuição de pena efetivamente alegadas pela defesa, como destacado no próprio
inciso IV do art. 483.

O magistrado não quesitará agravantes ou atenuantes, bem como não quesitará


também tipo de concurso ou continuidade delitiva. Todas essas são questões relativas
à aplicação da pena, cuja competência é do Juiz-Presidente, que as apreciará,
fundamentadamente, na sentença.

[TJCE]. De acordo com o STF, o juiz-presidente do Tribunal do Júri, ao elaborar a


sentença, pode reconhecer a atenuante da confissão ainda que esta não tenha sido
debatida no Plenário (o réu confessou, mas nem a defesa nem a acusação pediram
que fosse reconhecida esta circunstância)?
SIM. Veja o que diz o art. 492:

Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que:

I – no caso de condenação:

b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates;

Apesar do texto da lei, o STF e o STJ possuem julgados aceitando que o juiz-
presidente reconheça e aplique a confissão espontânea mesmo sem que a defesa ou o
MP tenha pedido isso expressamente no Plenário:

(...) Pode o Juiz Presidente do Tribunal do Júri reconhecer a atenuante genérica atinente
à confissão espontânea, ainda que não tenha sido debatida no plenário, quer em razão
da sua natureza objetiva, quer em homenagem ao predicado da amplitude de defesa,
consagrado no art. 5º, XXXVIII, “a”, da Constituição da República.

2. É direito público subjetivo do réu ter a pena reduzida, quando confessa


espontaneamente o envolvimento no crime.

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3. A regra contida no art. 492, I, do Código de Processo Penal, deve ser interpretada em
harmonia aos princípios constitucionais da individualização da pena e da
proporcionalidade. (...) (HC 106376, Rel. Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma,
julgado em 01/03/2011)

(...) Esta Corte possui o entendimento de que a Lei 11.689/2008, alterando a redação do
art. 492 do CPP, conferiu ao juiz presidente do Tribunal do Júri a atribuição de aplicar
as atenuantes e agravantes alegadas nos debates.

3. O juiz presidente deve considerar como "alegada nos debates" ou "debatidas em


Plenário" tanto a defesa técnica quanto a autodefesa realizada pelo acusado no momento
do interrogatório, de forma que ambas são legítimas para ensejar o reconhecimento de
atenuantes e agravantes. (...) (STJ. 5ª Turma. HC 161.602/PB, Rel. Min. Gurgel De
Faria, julgado em 18/11/2014).

[TJCE]. E nos casos de aumento de pena? O juiz deve considerar todas as causas de
aumento?
Sim, deve considerar todas. As qualificadoras e as causas de aumento de pena para
poderem ser sustentadas pela acusação em plenário precisam ter sido reconhecidas
na pronúncia, como expressamente exige o art. 413, § 1º.

Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da


materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação.

§1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e


da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz
declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as
circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena.

Também neste caso, como já se destacou acima, não é possível formular um quesito
"genérico" sobre qualificadoras e causas de aumento de pena. Assim, devem ser
quesitadas as qualificadoras e causas de aumento de pena efetivamente reconhecidas
na pronúncia.

[TJCE]. Pode haver reconhecimento de privilégio na decisão de pronúncia?


Não. É do Júri a competência para apreciar a alegação, prescrevendo o art. 7º da Lei
de Introdução ao Código de Processo Penal que "o juiz da pronúncia, ao classificar
o crime, consumado ou tentado, não poderá reconhecer a existência de causa especial
de diminuição da pena" (STJ - REsp nº 896.948/CE, 5ª Turma, Relator: Min.
ARNALDO ESTEVES LIMA, DJe 24.11.2008).

[TJCE]. Quem deve reconhecer um homicídio privilegiado? Júri ou juiz?


Júri.

18. Das nulidades.


[TJCE]. Diferença entre nulidade relativa e absoluta.
Nulidade relativa possui as seguintes características:

a) Deve ser arguida no momento oportuno, sob pena de preclusão (geralmente o


momento é o de resposta à acusação, por parte da defesa, através de uma exceção de
incompetência; no caso da acusação é antes do oferecimento da peça acusatória);

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b) O prejuízo deve ser comprovado.

STF Súmula nº 706 - Nulidade Relativa - Competência Penal por Prevenção: É relativa
a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção.

Nulidade absoluta:

a) Não está sujeita à preclusão. Ou seja: pode ser arguida a qualquer momento.
Porém, em se tratando de sentença condenatória ou absolutória imprópria, a nulidade
pode ser arguida mesmo após o trânsito em julgado, mediante HC ou revisão criminal
(revisão só se for favorável ao réu). Ada Pelegrini entende que a sentença proferida
por juiz incompetente é sentença inexistente. Esse entendimento é minoritário, pois
para a maioria e o STF tal sentença é capaz de transitar em julgado.

b) Não é necessária a comprovação do prejuízo, pois este é presumido. Atenção


(informativo STF): decisão absolutória ou extintiva da punibilidade, ainda que
prolatada com suposto vício de incompetência, é capaz de transitar em julgado e
produzir efeitos, impedindo que o acusado seja novamente processado pela mesma
imputação perante a Justiça competente (STF, HC 86606).

ATENÇÃO: a incompetência relativa também pode ser declarada de ofício,


diferente do que ocorre no campo do processo civil. A súmula 33 do STJ (“a
incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”) não se aplica no processo
penal.

[TJCE]. As nulidades relativas devem ser arguidas em que momento? E as


absolutas? Citar uma nulidade absoluta.
Geralmente o momento para arguição de nulidade relativa é a primeira oportunidade
subsequente que a parte tiver para se manifestar no processo.

Em se tratando de uma nulidade relativa, a nulidade relativa deve ser arguida


oportunamente sob pena de preclusão. Ou seja, se não arguir a nulidade no momento
oportuno haveria a preclusão.

Ex: leitura dos quesitos: o juiz pergunta se as partes têm alguma impugnação. Se a
pate ficar calada a jurisprudência entende que haveria preclusão.

Em se tratando de sentença condenatória ou absolutória imprópria (absolve o


inimputável sujeitando-o a medida de segurança), uma nulidade absoluta pode ser
arguida mesmo após o trânsito em julgado por meio de revisão criminal ou HC.

A regra é que com o trânsito em julgado não se pode mais arguir nem mesmo a
nulidade absoluta. Mas na sentença condenatória e absolutória imprópria o
ordenamento jurídico coloca instrumentos capazes de questionar essa nulidade
absoluta (exceção à assertiva de que o trânsito em julgado seria uma sanatória geral
em relação às nulidades absolutas).

Hipóteses de nulidades absolutas:

Súmula 523 do STF: “No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta,
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.

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[TJCE]. A requisição do réu preso supre a citação?


A redação original do art. 360 do CPP previa que, se o acusado estivesse preso,
bastava sua requisição ao diretor do presídio. Isso era alvo de críticas pela doutrina,
pois a lei parecia dizer que, se ele estava preso, não precisava ser citado, deveria
simplesmente ser apresentado em juízo (muitas vezes ele nem sabia o teor da
acusação).

Lei 10.792/03 alterou o art. 360, que passou a prever que se o acusado está preso,
deverá ser citado pessoalmente.

Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.

Atualmente entende-se que deve ser realizada a citação, não sendo suprida pela
requisição. Não obstante, não havendo prejuízo, pode se considerar suprida a citação
pelo comparecimento do réu, devidamente representado.

EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. REQUISIÇÃO DE RÉU PRESO,


SEM CITAÇÃO. NULIDADE DO INTERROGATÓRIO. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO.
FIXAÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. MATÉRIA NÃO SUBMETIDA A
EXAME DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.

1. A requisição de réu preso e seu interrogatório, na presença de defensor, suprem a


exigência de citação para o ato processual. A defesa, no caso, não demonstrou prejuízo.

2. Pena aquém do mínimo legal. Questão não submetida a exame do Superior Tribunal
de Justiça, implicando supressão de instância seu conhecimento nesta Corte. Habeas
corpus conhecido, em parte, denegada a ordem nessa extensão.

(HC 95179, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 02/09/2008,
DJe-241 DIVULG 18-12-2008 PUBLIC 19-12-2008 EMENT VOL-02346-07 PP-01528)

[TJCE]. A citação no dia da audiência é possível?


A citação deve ser feita pelo menos 24 horas antes do momento em que o acusado
deverá ser interrogado, não se tem admitido à citação no mesmo dia em que o acusado
deva ser interrogado.

[TJCE]. A deficiência da defesa é causa de nulidade? Diferenciar a deficiência da


inexistência da defesa.
Súmula 523 do STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta,
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

Defesa inexistente é aquela que nem chegou a ocorrer, diferindo da defesa deficiente,
que existe, mas foi formulada de modo prejudicial aos interesses do réu, por ser
incompleta ou de má qualidade.

[TJCE]. É válida a citação por edital se o réu estiver preso?


A redação original do art. 360 do CPP previa que, se o acusado estivesse preso,
bastava sua requisição ao diretor do presídio. Isso era alvo de críticas pela doutrina,
pois a lei parecia dizer que, se ele estava preso, não precisava ser citado, deveria
simplesmente ser apresentado em juízo (muitas vezes ele nem sabia o teor da
acusação).

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Lei 10.792/03 alterou o art. 360, que passou a prever que se o acusado está preso,
deverá ser citado pessoalmente.

Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.

Súmula 351, STF: É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.

Essa súmula deve ser lida com cuidado. O que ela está dizendo é que se o acusado
está preso no Estado de SP, o juiz de SP não pode citá-lo por edital. E se ele estiver
preso em outra unidade da federação? Como fica? Pela súmula, a citação dele pode
ser feita por edital. Mas essa súmula foi criada antes da Lei 10.792/03. A doutrina,
diante da nova redação do art. 360 (que não faz distinção do local em que esteja
preso), diz que se o acusado está preso, deve ser citado pessoalmente, pouco
importando a localidade da prisão. Então, para a doutrina, essa Súmula 351 está
ultrapassada (entendimento do Prof. Renato Brasileiro). O Banco Nacional de
Mandados de Prisão, criado pelo CNJ, ajuda a saber se a pessoa está presa. Mas os
Tribunais Superiores entendem que a Súmula 351 continua válida (HC 162.339,
julgado de 2011).

19. Dos recursos em geral: princípios, modalidades, recursos em espécie


e fungibilidade.

# DOS RECURSOS EM GERAL.


[TJCE]. O tribunal em recurso apenas da defesa, aplica-se a mutatio libeli e a
emendatio libeli?
Aplica-se a emendatio libeli desde que não haja reformatio in pejus. A mutatio libeli
não é possível em segundo grau porque haveria supressão de instância.

[TJCE]. O tribunal pode entender de forma mais gravosa sem que altere a pena
codificada?
Não, pois mesmo que não altere a pena não pode haver reformatio in pejus quando o
recurso é apenas da defesa, entendimento esse dado recentemente pela jurisprudência
dos tribunais superiores

[TJCE]. MP interpõe em sentido menor e nas razões em sentido maior, é possível


reconhecimento?
Sim, mas vai conhecer aquilo que pediu na petição, pois o efeito devolutivo é
limitado pelo o que pedido na petição e não nas razões recursais.

[TJCE]. Defesa recorre para questionar a pena para o tribunal, o TJ pode absolver?
Sim, pelo efeito devolutivo dos recursos, a interposição do recurso pela defesa
devolve ao tribunal a análise de toda a matéria referente ao recurso, podendo o TJ
entender pela absolvição do réu. Outro caso que também é possível é que o tribunal
pode aplicar HC de ofício quando entender que se trata de decisão desproporcional e
desarrazoada, absolvendo o réu. Pois o que é vedado é o reformatio in pejus quando
o recurso é apenas da defesa.

[TJCE]. MP quer elevar a pena e TJ só absolve, é possível?

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Sim, pelas mesmas razões da questão anterior, pois o que é vedado é o reformatio in
pejus quando o recurso é apenas da defesa. Quando o recurso é do MP, não há
vedação para que o TJ aplique a reformatio in melius.

[TJCE]. Quando é cabível o Recuso em Sentido Estrito? Qual diferença da


Apelação?
R: Recurso em sentido estrito é o recurso cabível para impugnar as decisões
interlocutórias do magistrado criminal. O rol do artigo 581 é taxativo.

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:

I - que não receber a denúncia ou a queixa;

II - que concluir pela incompetência do juízo;

III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;

IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir


requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou
relaxar a prisão em flagrante; (Redação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989)

VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;

VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;

IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva


da punibilidade;

X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;

XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;

XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;

XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;

XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;

XVIII - que decidir o incidente de falsidade;

Obs: os incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII e XXIV foram regovados
pelo art. 197, LEP, sendo cabível, nestas hipóteses, agravo em execução.

Ademais, quanto ao inciso XIV, CPP, há entendimento de que não é mais cabível
RESE. Agora, cabe reclamação por qualquer do povo art. 426, caput, CPP).

Difere da apelação, pois esta cabe contra decisão ou sentença contra a qual não caiba
Recurso em Sentido Estrito.

[TJCE]. No Júri, quais decisões são passíveis de RESE?


R: Contra decisão de pronúncia e desclassificação.

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[TJCE]. Se houver recusa ao Sursis, qual o recurso cabível?


R: Concedido ou negado o sursis, cabe recurso em sentido estrito e também agravo
em execução, dependendo do momento processual. Se for na própria sentença, a rigor
seria recurso em sentido estrito, mas em face do art. 593, par. 4°, do CPP, cabe
apelação.

[TJCE]. Contra decisão que concede ou nega HC cabe recurso?


R: Se conceder ou negar habeas corpus, cabe recurso em sentido estrito. Cabe
também o recurso de ofício de decisão concessiva com base no art. 574, I, do CPP.

[TJCE]. E contra a negativa de livramento condicional? Quem decide sobre essas


questões?
R: Quando conceder ou revogar livramento condicional cabe agravo em execução
com base no art. 197 da LEP. Julgamento pelo juízo da execução.

[TJCE]. Contra a decisão que denegar o RESE cabe algum recurso?


R: Carta testemunhável, a depender do regimento interno de cada Tribunal.

[TJCE]. Quando cabe apelação?


Art. 416, CPP. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá
apelação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

Art. 593, CPP. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei nº
263, de 23.2.1948)

I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz


singular; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos
casos não previstos no Capítulo anterior; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948)

a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos


jurados; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de


segurança; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. (Redação dada
pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

§ 1o Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das


respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida
retificação. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

§ 2o Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o tribunal ad


quem, se Ihe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de
segurança. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

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§ 3o Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer


de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á
provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo
motivo, segunda apelação. (Incluído pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

§ 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito,
ainda que somente de parte da decisão se recorra. (Parágrafo único renumerado pela
Lei nº 263, de 23.2.1948)

[TJCE]. Exemplos de decisões definitivas incidentais?


Trata-se de decisão que resolve questão incidente que envolve aspecto de direito
material. Exemplos: decisão que concede livramento condicional; decisão que
reconhece a unificação das penas no âmbito de uma execução criminal.

[TJCE]. Recursos para decisão de pronúncia e impronúncia?


Art. 416, CPP. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá
apelação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

Art. 581, CPP. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:

IV – que pronunciar o réu; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

[TJCE]. Quais os efeitos da apelação?


Devolutivo, suspensivo (em caso de decisão condenatória ou absolutória imprópria),
extensivo/expansivo (em hipótese de concurso de agentes, quanto a circunstâncias
objetivas), translativo, dilatório-procedimental.

Art. 596, CPP. A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto
imediatamente em liberdade. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

Parágrafo único. A apelação não suspenderá a execução da medida de segurança


aplicada provisoriamente. (Redação dada pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973)

Art. 597, CPP. A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo o
disposto no art. 393, a aplicação provisória de interdições de direitos e de medidas de
segurança (arts. 374 e 378), e o caso de suspensão condicional de pena.

[TJCE]. A defesa tem legitimidade para apelar de sentença absolutória? Em que


casos?
É facultado ao réu interpor recurso de apelação da sentença objetivando seja
declarada sua absolvição por um dos fundamentos previstos nos incisos I, IV e VI,
do artigo 386 do Código de Processo Penal, que modo a afastar, categoricamente,
qualquer obrigação de indenizar ou mesmo a imposição de sanção disciplinar em
procedimento administrativo pelas mesmas circunstâncias apuradas na ação penal.

A propósito do tema no sentindo do interesse do réu em recorrer provocando o juízo


a quo à modificação do fundamento da sentença absolutória, são os julgados abaixo
cujas ementas seguem transcritas:

“PROCESSO PENAL. RECURSO CRIMINAL EM SENTIDO ESTRITO. INTERESSE


RECURSAL NA INTERPOSIÇÃO DE APELAÇÃO DA DEFESA CONTRA SENTENÇA
ABSOLUTÓRIA. Há interesse recursal na alteração do fundamento absolutório para a
hipótese prevista no inciso I do artigo 386 do Código de Processo Penal (“estar provada

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a inexistência do fato”), haja vista a possibilidade de a nova decisão afastar os efeitos


extrapenais decorrentes da sentença recorrida. Precedentes. (TRF4, RSE 0005519-
25.2006.404.7201, Oitava Turma, Relator Victor Luiz dos Santos Laus, D.E.
01/12/2011)”.

“PROCESSO PENAL. USO DE DOCUMENTO FALSO. ART. 304 DO CP. SENTENÇA


ABSOLUTÓRIA. AUSÊNCIA DE PROVAS SUFICIENTES À CONDENAÇÃO (ART.
386, VII, DO CPP). RECURSO DA DEFESA. MUDANÇA NO FUNDAMENTO DA
ABSOLVIÇÃO. POSSIBILIDADE. ERRO DE TIPO CARACTERIZADO. 1. Possível
conhecer de recurso da defesa contra a sentença absolutória, quando busca modificar o
fundamento da decisão para algum dos incisos do art. 386 do CPP, que certificam
determinada situação (incisos I, IV e VI). 2. Hipótese em que a acusada incidiu em erro
sobre elementar do tipo, qual seja, a falsidade contida no documento, ou, no mínimo,
evidenciada a existência de fundada dúvida quanto à excludente do crime, de modo que
autorizada a absolvição da ré com fulcro no art. 386, VI, do CPP, com a redação dada
pela Lei 11.690/2008. (TRF4, ACR 0000239-02.2008.404.7202, Sétima Turma, Relator
Tadaaqui Hirose, D.E. 20/01/2011)”.

Quando apenas a acusação recorre para elevação de pena, sem que a defesa se
manifeste, pode o tribunal absolver, melhorar a coordenação? Se fosse decisão do
tribunal de júri?

Tema polêmico, porém parece prevalecer a possibilidade de reformatio in mellius,


conforme decisões abaixo colacionadas.

Quanto ao júri, entendo que, em princípio haveria ressalva, em vista da soberania dos
veredictos assegurada na CRFB/88.

STJ - RECURSO ESPECIAL REsp 628971 PR 2004/0019615-8 (STJ)

Data de publicação: 12/04/2010

Ementa: RECURSO ESPECIAL. PROCESSO PENAL. RECURSO EXCLUSIVO DA


ACUSAÇÃO. CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS DE
OFÍCIO REFORMATIO INMELLIUS. POSSIBILIDADE. 1. Esta Corte firmou
compreensão no sentido de que é admitida a reformatio in melius, em sede de recurso
exclusivo da acusação, sendo vedada somente a reformatio in pejus. 2. A concessão da
ordem, de ofício, para absolver o Réu, não se deu por meio da análise do recurso
constitucional, mas sim nos autos de recurso de apelação. Divergência jurisprudencial
não comprovada. 3. Ademais, é permitido à instância revisora o exame integral da
matéria discutida na demanda, face ao amplo efeito devolutivo conferido ao recurso de
apelação em matéria penal. 4. Recurso especial a que se nega provimento.

Encontrado em: DA ACUSAÇÃO - REFORMATIO IN MELIUS STJ - RESP 730337 -RS,


RESP 241777 -BA RECURSO ESPECIAL REsp 628971 PR 2004/0019615-8 (STJ)
Ministro OG FERNANDES

STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL AgRg no REsp 666732 RS


2004/0085918-3 (STJ)

Data de publicação: 23/11/2009

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL AO QUAL FOI NEGADO


SEGUIMENTO. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EXCLUSIVO DA ACUSAÇÃO.
OCORRÊNCIA DA REFORMATIOIN MELLIUS. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA

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DE VEDAÇÃO LEGAL. 1. A jurisprudência desta Casa se firmou no sentido de que o


art. 617 do Código de Processo Penal impede apenas a reformatio inpejus, portanto
inexiste óbice legal à reformatio in mellius em recurso exclusivo da acusação.
(Precedentes) 2. Agravo Regimental não provido.

RECURSO ESPECIAL. PENAL. FURTO TENTADO. REFORMATIO IN


MELIUS.RECURSO EXCLUSIVO DA ACUSAÇÃO. POSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DO
ART. 155,§ 4, IV, DO CP. REEXAME DE PROVA. ENUNCIADO SUMULAR
7/STJ.DOSIMETRIA DA PENA. EXISTÊNCIA DE DUAS CONDENAÇÕES
TRANSITADAS EMJULGADO EM DESFAVOR DO RÉU. MAUS ANTECEDENTES E
REINCIDÊNCIA. .VIOLAÇÃO DO ART. 61, I, DO CP CONFIGURADA. RECURSO
PARCIALMENTECONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO.

1. A mais recente jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido deque o art. 617 do
CPP proíbe, apenas, a reformatio in pejus, nãohavendo nenhuma vedação à reformatio
in melius em recurso exclusivoda acusação, uma vez que este devolve toda a matéria ao
Tribunal.

2. Tendo o acórdão afirmado não haver elementos seguros daparticipação de suposto


co-réu no cometimento do delito, a pretensãorecursal encontra óbice no enunciado
sumular 7/STJ.

3. Nos termos da jurisprudência desta Corte, "Condenações diversas,transitadas em


julgado, singularmente apreciadas, podem ser levadasem consideração, pelo julgador,
para efeito de maus antecedentes ede reincidência, desde que, como in casu ocorre, sejam
distintos oselementos geradores. O que não se admite é a valoração, em
momentosdiversos, durante a fixação da pena, de um mesmo fato" (REsp736.345/RS, Rel.
Min. LAURITA VAZ, Quinta Turma, DJ de 19/12/2005).

4. A Corte a quo, efetivamente, negou vigência ao art. 61, I, doCódigo Penal, que prevê
a reincidência como circunstância legal quesempre deverá agravar a pena, sendo esta,
portanto, norma denatureza cogente, ou seja, de aplicação obrigatória.

5. Recurso parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido paradeterminar que o


Tribunal de origem redimensione a pena imposta aoréu ANDRÉ DE OLIVEIRA MELO
DOS SANTOS.

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HABEAS CORPUS nº 106.068 MINAS


GERAIS, manifestou-se a favor da reformatio in melius:

“De outro norte, entendo que, in casu, seja possível a reforma dasentença em benefício
do acusado (reformatio in mellius), ainda que setrate de recurso exclusivo da acusação,
com vistas à sua absolvição.”

“Acerca do tema, confiram-se os pertinentes comentários daProfessora Cláudia


Carvalho Queiroz em seu artigo 'Admissibilidadeda 'reformatio in melius' publicado na
Revista 'InConslulex'Editora Consulex, nº 153, em abril de 2004.

'Permissa vênia, em que pese a posição sufragada pela CorteMáxima de que a reformatio
in melius ofende aos princípios dotantum devolutum quantum appelatum e da coisa
julgada para adefesa, entendemos perfeitamente admissível, em recurso exclusivo
daacusação, a reforma da decisão em favor do réu, haja vista que aimpugnação
interposta pelo Ministério Público, a teor do que sesubentende do art. 617 do CPP, tem
efeito devolutivo amplo,devolvendo ao Tribunal a análise de toda a matéria meritória
eprobatória. A bem da verdade, isso se verifica porque o Parquet não éum órgão

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acusador por excelência, mas sim um legítimo representantee defensor da ordem jurídica
e da sociedade (art. 127 da CF/88), tendopor interesse maior a busca de uma solução
justa para a lide penal enão a impreterível condenação do réu'. (Grifo nosso).”

[TJCE]. No procedimento comum quais os efeitos do recurso do MP? É correto falar


em deserção do recurso?
Efeitos do recurso já foram indicados acima.

Não se fala em deserção quanto ao recurso interposto pelo MP.

21. Das ações de impugnação. Da revisão criminal. Do habeas corpus.


Do mandado de segurança. Das exceções. Do desaforamento.

# DA REVISÃO CRIMINAL.
[TJCE]. Quais decisões são objeto de revisão criminal?
Art. 621, CPP. A revisão dos processos findos será admitida:

I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à


evidência dos autos;

II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos


comprovadamente falsos;

III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado


ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

[TJCE]. Quem julga?


Art. 624. As revisões criminais serão processadas e julgadas: (Redação dada pelo
Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)

I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações por ele proferidas; (Redação
dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)

II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou de Alçada, nos demais


casos. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)

§ 1o No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de Recursos o processo e


julgamento obedecerão ao que for estabelecido no respectivo regimento
interno. (Incluído pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)

§ 2o Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamento será efetuado pelas câmaras


ou turmas criminais, reunidas em sessão conjunta, quando houver mais de uma, e, no
caso contrário, pelo tribunal pleno. (Incluído pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)

§ 3o Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou turmas criminais, poderão
ser constituídos dois ou mais grupos de câmaras ou turmas para o julgamento de revisão,
obedecido o que for estabelecido no respectivo regimento interno. (Incluído pelo
Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)

[TJCE]. E se ocorrer a prescrição?

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Em se tratando de prescrição da pretensão punitiva abstrata, não terá havido o trânsito


em julgado, nesse caso, pois, não é cabível a revisão criminal. Contudo, se o caso for
de prescrição da pretensão executória, em que terá havido o trânsito em julgado, será
cabível revisão criminal.

[TJCE]. O que pode ser requerido em revisão criminal?


Busca-se mediante Revisão Criminal um dos seguintes objetivos: Alterar a
classificação dainfração; Absolver o acusado; Modificar a quantidade de pena;
Anular o processo.

Também se pode requerer indenização pelos prejuízos causados: Art. 630, CPP. O
tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa
indenização pelos prejuízos sofridos.

[TJCE]. É possível propor revisão criminal com base em alteração da


jurisprudência?
Não achei nada específico sobre o assunto na doutrina. Mas os autores falam que as
hipóteses legais que ensejam a revisão criminal são taxativas, então, em princípio,
entendo pelo não cabimento.

Abaixo alguns julgados sobre o tema.

Ementa: REVISÃO CRIMINAL. AUSÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA


AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. NULIDADE. Não há nulidade a ser reconhecida pela
ausência do Ministério Público na audiência, desde que regularmente intimado.
AVALIAÇÃO DA PROVA. SUFICIÊNCIA. Ainda que já existentes julgados expressando
entendimento de que a ausência do Promotor de Justiça gera insuficiência de prova, pois
a acusação não se desincumbiu se sua tarefa principal, trata-se
de orientação jurisprudencial ainda incipiente.E simples mudança de
jurisprudência não autoriza ação de revisão. REVISÃO CRIMINALIMPROCEDENTE.
POR MAIORIA. (Revisão Criminal Nº 70052685559, Terceiro Grupo de
Câmaras Criminais, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ivan Leomar Bruxel, Julgado
em 23/01/2014)

TJ- DF - Revisão Criminal RVC 20140020328718 DF 0033402-18.2014.8.07.0000 (TJ-


DF)

Data de publicação: 26/03/2015

Ementa: PENAL E PROCESSUAL. REVISÃO CRIMINAL. DOSIMETRIA DA PENA –


EXASPERAÇÃO DA FRAÇÃO DE AUMENTO NO CRIME DE ROUBO EM PATAMAR
SUPERIOR AO MÍNIMO COM BASE EXCLUSIVA NA INDICAÇÃO DO NÚMERO DE
MAJORANTES RECONHECIDAS – ENUNCIADO 443 DA SÚMULA DO STJ
REDIMENSIONAMENTO DA PENA – IMPOSSIBILIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Se, à
época em que foi prolatada a sentença o juiz consignou entendimento possível à luz da
jurisprudência e em conformidade com a lei, a mudança de orientaçãojurisprudencial a
respeito da interpretação de determinado dispositivo legal, nãoautoriza a procedência
de pedido formulado em ação de revisão criminal, remédio à disposição, entre outras
hipóteses arroladas no código de ritos, quando a sentença condenatória for contrária a
texto expresso da lei. Precedentes.

[TJCE]. Qual é a natureza jurídica da Revisão Criminal? Porque não seria um


recurso?

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R: Ação autônoma de impugnação. Apesar de colocada no CPP dentro do Capítulo


que trata dos recursos, a revisão criminal não é um recurso (que pressupõe o
desenvolvimento do processo na mesma relação jurídica processual de que provém
a decisão impugnada). Quando se ajuíza revisão criminal, na verdade se está fazendo
surgir uma nova relação jurídica processual.

[TJCE]. Quem julga a revisão criminal? Quando cabe revisão criminal? Em que
momento se produz a prova nova? Cabe produção de prova na revisão criminal?
Como se respeita o contraditório? Utiliza-se ação de justificação?
R: Trata-se de ação da competência originária dos Tribunais, pelo menos em regra.
A decisão do Tribunal substituirá a decisão anterior.

No âmbito dos Juizados Especiais Criminais, apesar de não se admitir ação rescisória,
tem-se admitido revisão criminal. No entanto, nesse caso, a revisão criminal deve ser
apreciada pela Turma Recursal (onde ela esteja constituída; se não tiver Turma
Recursal, quem irá apreciar a revisão criminal será o próprio Tribunal).

As hipóteses de cabimento estão previstas no artigo 621, CPP:

I - Contrariedade ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos

Quando se verifica que aquela decisão é manifestamente contrária ao texto expresso


da lei penal ou à evidência dos autos.

“Lei penal”: a doutrina e a jurisprudência dizem que não seria apenas a lei material;
se pode ajuizar revisão criminal também se há contrariedade à lei processual e à
própria CF.

Essa contrariedade tem que ser uma contrariedade manifesta, evidente, porque os
Tribunais dizem que se a discussão disser respeito a uma dúvida, a uma controvérsia,
aí não cabe revisão criminal.

STF, Súmula 343: “Não cabe ação rescisória (nem revisão criminal) por ofensa a literal
disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de
interpretação controvertida nos tribunais”.

Os Tribunais também dizem que, ainda que haja uma interpretação controvertida, se
depois de algum tempo pacificar-se o entendimento jurisprudencial num determinado
sentido, se poderia ajuizar a revisão criminal.

Ex.: Durante muitos anos prevaleceu o entendimento de que era possível que o
acusado fosse privado do duplo grau de jurisdição pelo fato de não ter se recolhido à
prisão para apelar. Então, se o juiz reconhecia que ele não era primário e não tinha
bons antecedentes, se ele não se apresentasse à prisão, ele não tinha direito de
recorrer. Muitos acusados se viam condenados na primeira instância porque eles
estavam foragidos. Então o juiz certificava o trânsito em julgado e ele não tinha o
direito de apelar. Hoje, essa interpretação mudou: entende-se que, ainda que o réu
não seja primário, ainda que não tenha bons antecedentes, tem direito ao duplo grau.
Então, hoje seria cabível a revisão criminal com base nisso, podendo dizer que aquela
decisão condenatória seria manifestamente contrária ao texto do CPP, que passou a
admitir o duplo grau e também ao texto da Convenção Americana, que admite o

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duplo grau, querendo que o Tribunal rescinda o trânsito em julgado, para que se possa
ter direito de interpor uma apelação.

II - Depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos como fundamento


da sentença

Às vezes a sentença se baseia em depoimentos, exames e documentos que depois


acabam se revelando falsos.

Você pode tentar provar essa falsidade no bojo da própria revisão criminal ou quando
ajuíza uma justificação.

Cuidado: só será deferido o pedido da revisão quando visualizado que o documento


falso funcionou como fundamento da sentença, pois pode ser que nos autos do
processo tenha sido juntado algum documento falso, mas pode ser que essa prova
falsa não tenha exercido qualquer influência na sentença.

Daí a necessidade de se analisar se aquela prova foi fundamental ou não para a


condenação.

Se visualizarmos que sim, que a prova em que se baseou a condenação é falsa, aí


evidentemente, o acusado deverá ser absolvido.

Mas, se visualizarmos que aquela prova falsa não teria sido relevante para o decreto
condenatório, aí não deve ser deferido o pedido na revisão criminal.

III - Existência de provas novas em favor do acusado

Pode acontecer de, depois do trânsito em julgado de sentença condenatória, surgirem


provas novas favoráveis ao acusado.

Ex.: Os irmãos Naves foram condenados por um suposto crime de homicídio na


cidade de Araguari. Ficaram presos muitos anos e depois, um dia a suposta vítima
aparece na cidade, ou seja, claramente uma prova nova capaz de absolvê-los. Nesse
caso, é cabível a revisão criminal.

Art. 621, CPP:

Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:

I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal


ou à evidência dos autos;

II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou


documentos comprovadamente falsos;

III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do


condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

Obs.: A prova nova pode ser uma prova capaz de inocentar o acusado, mas ela
também servirá se for uma prova capaz de determinar ou autorizar a diminuição da
pena.

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Os Tribunais e a doutrina têm interpretado que prova nova não é apenas uma prova
nova que não teria constado do primeiro processo, mas também pode ser uma nova
análise da mesma prova que já havia sido produzida. Às vezes, se tem uma prova
produzida no processo sob um ponto de vista, mas depois, com o avanço da
tecnologia, se poderia submeter aquela mesma prova a um reexame, agora sob
técnica mais avançada.

Ex.: Possibilidade de utilização do exame de DNA.

Cuidado: para que seja cabível a revisão criminal, é preciso ter provas novas. A
revisão criminal não se presta à reapreciação do conjunto probatório, pois para isso
é que serviu a apelação.

STJ, REsp 763. 283: a revisão criminal não se presta quando não apresentada
nenhuma nova prova apta a determinar o reexame a nova avaliação do conjunto
probatório (não se pode utilizar a revisão criminal para buscar uma segunda, uma
terceira avaliação do conjunto probatório).

Essa prova nova poderá ser comprovada no bojo de um processo de justificação


prévia ou no curso da própria revisão criminal.

[TJCE]. Quem pode requerer a revisão criminal?


R: A legitimidade é do acusado e do seu defensor.

Mesmo um acusado preso pode pedir para que sua decisão condenatória seja revista
e o Tribunal acolherá isso como se fosse uma interposição de uma revisão criminal.
Para assegurar a ampla defesa, nomeia um defensor dativo ou manda os autos para a
Defensoria Pública, para apresentar a motivação dessa revisão criminal.

Os dois podem ajuizar a revisão criminal.

No caso de morte, se a ação ainda não tiver sido proposta: a legitimação será
transferida ao CADI (cônjuge, ascendente, descendente e irmão).

# DO HABEAS CORPUS.
[TJCE]. O que é o habeas corpus? Qual a natureza jurídica?
É uma ação peal não condenatória, é uma ação constitucional destinada
especificamente à proteção da liberdade de locomoção quando ameaçada ou violada
por ilegalidade ou abuso de poder.

[TJCE]. O HC é pra qualquer ilegalidade e abuso de poder?


Não, como o próprio texto traz, quando essa ilegalidade ou abuso de poder for contra
a liberdade de locomoção.

[TJCE]. Qual a diferença de HC para MS?


O MS visa proteger direito liquido e certo não amparado por HC, ou seja, quando
não se referir à liberdade de locomoção e quando o responsável pela ilegalidade e
abuso for autoridade pública, ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
públicas.

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[TJCE]. Quando cabe HC?


Quando alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

[TJCE]. É possível concessão de liminar em HC?


Sim é possível.

[TJCE]. É possível outro HC em caso de indeferimento de liminar?


O Superior Tribunal de Justiça tem compreensão assentada no sentido de não caber
habeas corpus contra decisão que denega liminar, a não ser que reste demonstrada
flagrante ilegalidade, o que não ocorre na espécie.

[TJCE]. O querelante/assistente de acusação pode intervir no HC do querelado?


O STF admite sim a intervenção do querente no habeas corpus, por ser interessado
direto no desfecho do writ que, em tese, poderá atingir o seu direito deduzido em
juízo.

[TJCE]. Cabe HC depois de transitado em julgado?


A jurisprudência admite, como regra, a utilização do habeas corpus mesmo após o
trânsito em julgado da condenação, se o impetrante alegar vícios insanáveis, que
podem ser constatados sem necessidade de outras provas que não as documentais e
desde que a pena ainda não tenha sido integralmente cumprida. O HC funciona, neste
caso, como uma forma de substituição da revisão criminal.

[TJCE]. Cabe HC contra ato do MP? Onde se processa?


Sim, se aquele ato for ilegal ou abusivo e gerar violência à liberdade de locomoção
pode sim haver HC contra ato de MP que será jugado pelo tribunal de justiça,
conforme entendimento jurisprudencial.

[TJCE]. É possível discutir provas no HC?


Não há produção de provas em HC, às provas já devem ser documentadas, não
precisando de lastro probatório.

[TJCE]. Pode HC pra reconhecer nulidade?


Sim, o STJ tem o entendimento que é possível reconhecer nulidade por via do HC,
no caso julgado se reconheceu a nulidade absoluta de uma sentença transitada em
julgado pela via do HC.

[TJCE]. Quando cabe HC?


Quando alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

[TJCE]. Quais as suas espécies?


Habeas Corpus Preventivo: Haverá impetração de Habeas Corpus Preventivo
quando há uma ameaça séria e efetiva de violência ou há uma ameaça séria e efetiva
de coação à liberdade de locomoção. Disso, pode-se concluir que, a privação ainda
não foi efetivada, mas, dadas as circunstâncias, sua imposição é iminente. Portanto,
como a própria denominação evidencia, a impetração é anterior à privação à
liberdade. Após a sua concessão, será expedido salvo-conduto, que terá o condão de
impedir a prática da ilegalidade que conduziria a segregação da liberdade do paciente.

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Habeas Corpus Repressivo: Também chamado de Habeas Corpus Liberatório, será


impetrado em face de coação ilegal ou abuso de poder, já praticados, portanto, a
privação à liberdade já está materializada. Nessa hipótese, haverá a expedição de
alvará de soltura com vistas ao restabelecimento da situação anterior, qual seja a de
liberdade.

Habeas Corpus Suspensivo: ocorre quando já existe constrangimento ilegal, mas o


sujeito ainda não foi preso. Neste caso, emite-se contramandado de prisão, haja vista
que se cuida “de uma ameaça efetiva à liberdade, mas o sujeito não esta preso.

Habeas Corpus Profilático: Trata-se de modalidade indicada por parcela da


doutrina, que o dispõe como modalidade de Habeas Corpus tendente a impedir a
prática de atos processuais que possam ensejar a decretação de prisão ilegal, com
aparência de prisão legal. Como hipótese prática, podemos entender a oitiva de
determinada pessoa por uma comissão parlamentar de inquérito, na qualidade de
testemunha, quando, no decorrer dos fatos, restará evidenciado que essa testemunha
agiu na qualidade de coautor. Todos tem ciência que a testemunha tem a obrigação
legal de indicar todos os elementos aos quais teve acesso, ao passo que, em respeito
ao princípio da plenitude de defesa, os autores, coautores e partícipes não tem a
obrigação de realizar referidos apontamentos. Nessas circunstâncias, haveria o
desrespeito ao princípio da plenitude de defesa, e posteriormente, já na condição de
réu, aquele que atuou como testemunha poderia ser preso.

Apesar da relevância acadêmica, essa modalidade de Habeas Corpus é semelhante


ao preventivo, por tanto, não havendo necessidade de diferenciá-los

[TJCE]. E aplicação?
A aplicação de cada uma das espécies já consta na resposta da questão anterior.

Art. 648, quando não houver justa causa

[TJCE]. O que é justa causa?


Nestor Távora, em seu livro, explica que o conceito de justa causa pode ser
subdividido em “justa causa para ordem proferida, que resultou coação contra
alguém” e “justa causa para a existência de processo ou investigação contra alguém”.
Na primeira hipótese, a justa causa para a prisão está diretamente relacionada com o
art. 5º, LXI, da CF, que dispõe sobre a necessidade de ordem fundamentada para a
realização da prisão, salvo em caso de flagrante delito. Deste modo, não haverá justa
causa quando a coação exercida sobre a liberdade do individuo estiver desamparada
legalmente. Quanto à segunda hipótese, deve-se ressaltar que é ela o fundamento para
o trancamento de inquéritos e ações penais, admitido pelo STF excepcionalmente
quando o fato não constitui infração penal, quando não há indícios suficientes de
autoria ou quando extinta a punibilidade do agente. Da mesma forma, quando não
subsista lastro probatório mínimo de sustentabilidade procedimental.

[TJCE]. Cabe HC para reconhecer nulidade?


Sim, o STJ tem o entendimento que é possível reconhecer nulidade por via do HC,
no caso julgado se reconheceu a nulidade absoluta de uma sentença transitada em
julgado pela via do HC.

[TJCE]. Para declarar extinta a punibilidade?

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Sim, art. 648, VII, do CPP.

[TJCE]. Cabe HC contra ato de particular?


Esse tema é polêmico e foi estudado por Sérgio Demoro, em seu artigo nominado "O
HABEAS CORPUS CONTRA ATO DE PARTICULAR". De acordo com o autor,
não cabe habeas corpus contra decisão de particular.

Entretanto, o entendimento atual de nossos tribunais e de nossa doutrina é de que o


coator pode ser tanto uma autoridade quanto o particular. Nesse ponto, esclarece
Norberto Avena: "a Constituição Federal, ao tratar do habeas corpus, estabeleceu a
possibilidade de seu cabimento 'sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder'. Ora, se, por um lado, apenas a autoridade pode abusar do poder que detém
ou lhe é delegado, por outro a ilegalidade pode ser cometida tanto pela autoridade
quanto por particular."

Portanto, apesar de muitas vezes a privação da liberdade de locomoção de alguém


ser crime, o mesmo fato também pode ser objeto de habeas corpus.

Exemplo:

“HABEAS CORPUS" PREVENTIVO - Impetração contra ato de particular -


Paciente que se diz na de iminência de ser internado em clínica psiquiátrica por sua
esposa - Conhecimento - Ordem, porém, denegada - Constrangimento não
comprovado - Inteligência dos arts. 153, § 20, da CF, 647 do CPP e 1.182 do CPC
(Ement.) RT 552/323

[TJCE]. Contra punição penal militar?


Apesar do art. 142, § 2º, da CF, vedar o manejo do HC contra punição disciplinar,
esta vedação é adequada para os casos em que se pretenda invadir o mérito do ato
administrativo punitivo, pondo-se em risco a própria hierarquia militar. Agora é
possível o HC quando a punição extrapola os parâmetros permitidos pela autoridade
competente, sendo neste caso cabível contra a ilegalidade da punição.

[TJCE]. Promotor de justiça pode impetrar HC?


Art. 654 do CPP. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu
favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público

[TJCE]. Quais os requisitos da petição de HC?


§ 1o do art. 654 do CPP. A petição de habeas corpus conterá:

a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de


quem exercer a violência, coação ou ameaça;

b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de


coação, as razões em que funda o seu temor;

c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder
escrever, e a designação das respectivas residências.

[TJCE]. E se o HC não estiver assinado?

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E o Habeas Corpus possa ser impetrado por qualquer pessoa, independentemente da


assistência de Advogado, a ausência da assinatura na petição inicial, por si só,
inviabiliza o conhecimento da impetração.

[TJCE]. O que é HC? Qual a sua natureza jurídica? Qual a diferença entre HC e
MS? É possível concessão de medida liminar em HC? Cabe HC da negativa de HC?
O querelante e ou assistente de acusação pode intervir no HC do querelado? Cabe
HC após o trânsito em julgado? Cabe HC contra ato do MP? Onde se processa?
O habeas Corpus é ação autônoma de impugnação, constituído através de previsão
constitucional – Artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal -, tendo como
objetivo evitar a prática de atos atentatórios à liberdade de locomoção ou restabelecê-
la, quando ilegalmente violada ou ameaçada.

O Habeas Corpus tem natureza de ação autônoma de impugnação, e não natureza


recursal, conclusão a qual poderíamos chegar após a leitura do Título II do Livro III.
Referida natureza decorre de algumas circunstâncias inerentes ao Habeas Corpus que
são mais amplas que as características dos recursos, como a possibilidade de sua
impetração a qualquer momento, inclusive mesmo antes de existir, efetivamente,
uma ação penal, ou, a possibilidade de impetração após o trânsito em julgado da
sentença.

Como medida cautelar excepcional, a liminar em habeas corpus, exige requisitos: o


periculum in mora ou perigo na demora, quando há probabilidade de dano irreparável
e o fumus boni iuris ou fumaça do bom direito, quando os elementos da impetração,
indiquem a existência de ilegalidade.

O MS é uma ação judicial, de rito sumário especial, a ser utilizada quando direito
líquido e certo do indivíduo for violado por ato de autoridade governamental ou de
agente de pessoa jurídica privada que esteja no exercício de atribuição do Poder
Público. É sempre ação de natureza civil, ainda quando impetrado contra ato de juiz
criminal, praticado em processo penal.

O MS é ação de natureza residual, subsidiária, pois somente é cabível quando o


direito líquido e certo a ser protegido não for amparado por outros remédios judiciais
(habeas corpus, habeas data, ação popular, etc.)

O MS é cabível contra o chamado “ato de autoridade”, entendido como qualquer


manifestação ou omissão do Poder Público ou de seus delegados no desempenho de
atribuições públicas. Ressalte-se que as omissões das autoridades também podem
violar direito líquido e certo do indivíduo, legitimando a impetração do mandado de
segurança.

Porém, nem todo o direito é amparado pela via do mandado de segurança: a


Constituição exige que o direito invocado seja líquido e certo. Direito líquido e certo
é aquele demonstrado de plano através de prova documental, e sem incertezas, a
respeito dos fatos narrados pelo declarante. É o que se apresenta manifesto na sua
existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da
impetração. Se a existência do direito for duvidosa; se a sua extensão ainda não
estiver delimitada; se o seu exercício depender de situações e fatos ainda
indeterminados, não será cabível o mandado de segurança.

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No contexto de racionalização do emprego do habeas corpus, é inadmissível a sua


utilização como sucedâneo recursal, salvo nos casos de flagrante ilegalidade ou abuso
de poder na denegação da tutela de eficácia imediata, sob pena de supressão de
instância. Súmula 606, STF, NÃO CABE "HABEAS CORPUS" ORIGINÁRIO
PARA O TRIBUNAL PLENO DE DECISÃO DE TURMA, OU DO PLENÁRIO,
PROFERIDA EM "HABEAS CORPUS" OU NO RESPECTIVO RECURSO.

O STJ não tem admitido, em habeas corpus, a intervenção de assistente da acusação


ou qualquer outro interessado em desfecho desfavorável ao paciente, por se cuidar o
writ de ação-garantia de natureza constitucional destinada exclusivamente à tutela da
liberdade.

Todavia, em habeas corpus oriundo de ação penal privada, cabe permitir,


excepcionalmente, a intervenção do querelante no julgamento do writ, porquanto a
decisão repercute em seu interesse de agir.

2ª Turma, HC 93942 (06/05/2008): O habeas corpus constitui remédio hábil para


arguição e pronúncia de nulidade do processo, ainda que já tenha transitado em
julgado a sentença penal condenatória.

Compete ao Tribunal de Justiça o processo e julgamento de habeas corpus


impetrado contra ato de Promotor de Justiça (1ª Turma, RE 418852, j.
06/12/2005).

[TJCE]. Pode-se discutir provas em HC?


Não cabe o HC se houver a necessidade de dilação probatória. O HC pressupõe o
direito líquido e certo à liberdade de locomoção com a demonstração documental de
que há ilegal ou abusiva ameaça ou violação a esse direito. As provas devem estar
pré-constituídas. Se houver a necessidade de comprovação das provas, de perícias,
tomada de testemunhos etc., incabível o HC, haja vista o caráter sumaríssimo de seu
rito procedimental, entendimento confirmado pelo STF no julgamento do HC 82.191.

[TJCE]. Habeas Corpus pode ser usado para se reconhecer a nulidade?


É entendimento firmado pelo STJ no sentido de ser "possível, em sede de habeas-
corpus, o afastamento do trânsito em julgado para verificação de nulidade absoluta".

22. Lei n.º 7.210/84. Da execução das penas em espécie. Dos incidentes
da execução penal.
[TJCE]. Qual a natureza jurídica da execução penal? Sendo uma atividade
jurisdicional implica em que, no direito do preso?
Não é pacífica na doutrina a natureza jurídica da execução penal, havendo, por um
lado, quem defenda seu caráter puramente administrativo e, por outro, quem sustente
sua natureza eminentemente jurisdicional.

Prevalece, contudo, a orientação de que a execução penal encerra atividade


complexa, que se desenvolve tanto no plano administrativo como na esfera
jurisdicional, sendo regulada por normas que pertencem a outros ramos do direito,
especialmente o direito penal e o direito processual penal. Renato Marcão, entretanto,
adverte que “a execução penal é de natureza jurisdicional, não obstante a intensa
atividade administrativa que envolve”.

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Considera ele que, “embora não se possa negar tratar-se de atividade complexa, não
é pelo fato de não prescindir de certo rol de atividades administrativas que sua
natureza se transmuda; prevalece a atividade jurisdicional, não só na solução dos
incidentes da execução. Sendo atividade jurisdicional é garantido ao apenado o
acesso ao Poder Judiciário e a todas as garantias que lhe são inerentes (ampla defesa,
contraditório, devido processo, imparcialidade do juiz, direito à produção probatória,
direito de audiência etc.).

[TJCE]. Não aplicação da súmula vinculante número 9? Por quê?


Em sua redação original, dispunha o art. 127 da LEP que “o condenado que for
punido por falta grave perderá o direito a tempo remido, começando o novo período
a partir da data da infração disciplinar”.

Tal normatização foi alvo de intenso debate na doutrina e jurisprudência, muitos se


inclinando no sentido da sua inconstitucionalidade, ao fundamento de que implicava
violação ao princípio da proporcionalidade, ao direito adquirido e à coisa julgada.
Para resolver o impasse e uniformizar a interpretação da lei federal perante a
Constituição da República, editou o Supremo Tribunal Federal, em 12 de junho de
2008, a Súmula Vinculante 9, estabelecendo que: “o disposto no art. 127 da Lei
7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem constitucional vigente,
e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do art. 58”.

Não obstante a disciplina sumular, sobreveio, em 29 de junho de 2011, a L. 12.433,


alterando a redação do art. 127 da LEP, passando este a dispor que, “em caso de falta
grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o
disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração
disciplinar”.

Com esse regramento, restou parcialmente superada a precitada Súmula Vinculante


9 do STF (fenômeno conhecido como “superação sumular normativa” ou
overruling), que, de resto, permaneceu válida apenas no aspecto em que afirma a
constitucionalidade da perda de dias remidos em decorrência de falta grave.

Estabeleceu-se, enfim, que a penalidade consistente na perda de dias remidos não


mais incide sobre a totalidade do tempo remido, mas apenas até o limite de 1/3 (um
terço) desse montante, cabendo ao Juízo das Execuções, com certa margem de
discricionariedade, aferir o quantum (pode determinar a perda de 1/4, 1/5, 1/6...),
levando em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do
fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão, conforme o disposto no
art. 57 da LEP.

Com isso, restou mais uma vez firmado o entendimento de que o instituto da remição,
como prêmio concedido ao apenado em razão do tempo dedicado ao trabalho ou
estudo, está sujeito à cláusula rebus sic stantibus, gerando apenas expectativa de
direito. Sua concessão, em outras palavras, não produz coisa julgada material,
podendo ocorrer revogação de dias remidos diante do reconhecimento da prática de
falta grave pelo apenado.

[TJCE]. Como são apuradas as faltas graves? Sendo uma atividade jurisdicional, a
apuração de falta grave fica a cargo do diretor do presídio?

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Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar, no âmbito da execução


penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor
do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por
advogado constituído ou defensor público nomeado.

No âmbito da execução penal, a atribuição de apurar a conduta faltosa do detento,


assim como realizar a subsunção do fato à norma legal, ou seja, verificar se a conduta
corresponde a uma falta leve, média ou grave, e aplicar eventual sanção disciplinar é
do diretor do estabelecimento prisional, em razão de ser o detentor do poder
disciplinar (Seção III do Capítulo IV da LEP).

Não se olvida, entretanto, que, em razão do cometimento de falta de natureza grave,


determinadas consequências e sanções disciplinares são de competência do juiz da
execução penal, quais sejam, a regressão de regime (art. 118, I), a revogação de saída
temporária (art. 125), a perda dos dias remidos (art. 127) e a conversão de pena
restritiva de direitos em privativa de liberdade (art. 181, § 1º,d, e § 2º).

A propósito, o art. 48 estabelece que a autoridade administrativa “representará” ao


juiz da execução penal para adoção dessas sanções disciplinares de competência do
juiz da execução penal.

Dessa forma, constata-se que a LEP não deixa dúvida ao estabelecer que todo o
"processo" de apuração da falta disciplinar (investigação e subsunção), assim como
a aplicação da respectiva punição, é realizado dentro da unidade penitenciária, cuja
responsabilidade é do seu diretor. Somente se for reconhecida a prática de falta
disciplinar de natureza grave pelo diretor do estabelecimento prisional, é que será
comunicado ao juiz da execução penal para que aplique determinadas sanções, que o
legislador, excepcionando a regra, entendeu por bem conferir caráter jurisdicional.

[TJCE]. Quem determina a anotação da falta grave? O juiz deve ouvir o preso?
Todo o "processo" de apuração da falta disciplinar (investigação e subsunção), assim
como a aplicação da respectiva punição, é realizado dentro da unidade penitenciária,
cuja responsabilidade é do seu diretor. Somente se for reconhecida a prática de falta
disciplinar de natureza grave pelo diretor do estabelecimento prisional, é que será
comunicado ao juiz da execução penal para que aplique determinadas sanções. Na
apuração da falta grave, é indispensável assegurar ao apenado o direito à ampla
defesa e ao contraditório, sob pena de nulidade da punição eventualmente aplicada,
devendo, portanto ser ouvido. No tocante à formalização dessa sequência de atos
concernentes à apuração da conduta faltosa do detento e aplicação da respectiva
sanção, o art. 59 da LEP é expresso ao determinar que: “praticada a falta disciplinar,
deverá ser instaurado o procedimento para a sua apuração, conforme regulamento,
assegurado o direito de defesa”. E mais, mesmo sendo a referida lei do ano de 1984,
portanto, anterior à CF de 1988, ficou devidamente assegurado o direito de defesa do
preso, que abrange não só a autodefesa, mas também a defesa técnica, a ser realizada
por profissional devidamente inscrito nos quadros da OAB. Não por outro motivo o
legislador disciplinou expressamente nos arts. 15, 16 e 83, § 5º, da LEP, a
obrigatoriedade de instalação da Defensoria Pública nos estabelecimentos penais, a
fim de assegurar a defesa técnica daqueles que não possuírem recursos financeiros
para constituir advogado. Ademais, vale ressaltar que o direito de defesa garantido
ao sentenciado tem assento constitucional, mormente porque o reconhecimento da
prática de falta disciplinar de natureza grave acarreta consequências danosas que

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repercutem, em última análise, em sua liberdade. Com efeito, os incisos LIV e LV


do art. 5º da CF respaldam a obrigatoriedade da presença de defensor regularmente
constituído na OAB, em procedimento administrativo disciplinar, no âmbito da
execução da pena.

[TJCE]. Quais as consequências para o preso da prática de uma falta grave?


Interfere em todos os benefícios?
A prática de falta grave representa marco interruptivo para obtenção de progressão
de regime e outros benefícios da execução. Assim, a data-base para a contagem do
novo período aquisitivo é a do cometimento da última infração disciplinar grave,
computado do período restante de pena a ser cumprido.

O cometimento de falta grave implica na regressão de regime prisional, com esteio


no que preceitua o art. 118, I, da Lei nº 7.210/84. Na esteira da Súmula Vinculante
nº 9/STF, a falta grave homologada tem por efeito a perda dos dias remidos, sendo
que, com o advento da Lei nº 12.433/11, limitou-se a detração ao patamar máximo
de 1/3 (um terço) do seu total.

Súmula 441 do STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento
condicional. Entende o STJ que, por ausência de previsão legal, a prática de falta grave
não interrompe o lapso temporal para aferição do requisito objetivo ao deferimento de
comutação de pena.

Resumindo: Segundo o STJ, a prática de falta grave interrompe o prazo para a


progressão de regime - acarretando a modificação da data-base e o início de nova
contagem do lapso necessário para o preenchimento do requisito objetivo -, não
havendo a interrupção para fins de obtenção de livramento condicional, indulto e
comutação de pena, salvo disposição expressa em contrário no decreto presidencial.

[TJCE]. As faltas graves se submetem ao princípio da legalidade?


O art. 50 da LEP estabelece o rol de condutas que se classificam como faltas de
natureza grave praticadas por condenados que cumprem pena privativa de liberdade,
e que se estendem, no que couber, também ao preso provisório (art. 50, parágrafo
único). De acordo com a jurisprudência, esse rol estabelecido pela Lei de Execução
Penal é taxativo, não podendo ser ampliado por outros atos normativos, como
resoluções, portarias, decretos etc.

Assim, submete-se ao princípio da legalidade. Logicamente, a taxatividade que se


estabelece em relação ao art. 50 da LEP não impede que legislação federal de igual
ou superior hierarquia estabeleça condutas caracterizadoras como falta disciplinar de
natureza grave.

[TJCE]. A Súmula Vinculante nº 5 se aplica à execução penal


A Súmula Vinculante 5, a qual dispõe que “a falta de defesa técnica por advogado
no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”, não se aplica à
execução penal.

Primeiro, porque todos os precedentes utilizados para elaboração do aludido verbete


sumular são originários de questões não penais, onde estavam em discussão
procedimentos administrativos de natureza previdenciária (RE 434.059); fiscal (AI

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207.197); disciplinar-estatutário militar (RE 244.027); e tomada de contas especial


(MS 24.961).

Segundo, porque, conforme mencionado, na execução da pena está em jogo a


liberdade do sentenciado, o qual se encontra em situação de extrema vulnerabilidade,
revelando-se incompreensível que ele possa exercer uma ampla defesa sem o
conhecimento técnico do ordenamento jurídico, não se podendo, portanto, equipará-
lo ao indivíduo que responde a processo disciplinar na esfera cível-administrativa.

Ademais, observa-se que o Regulamento Penitenciário Federal, aprovado pelo Dec.


6.049/2001 que disciplina as regras da execução da pena em estabelecimento
prisional federal, seguindo a diretriz traçada pela Lei 7.210/1984 (LEP) –, determina
expressamente a obrigatoriedade de instauração de procedimento administrativo para
apuração de falta disciplinar, bem como a imprescindibilidade da presença de
advogado.

Seria, portanto, um verdadeiro contrassenso admitir que o preso que cumpre pena em
estabelecimento penal federal, regido pelo aludido Decreto, possua mais direitos e
garantias em relação àquele que esteja cumprindo pena em presídio estadual.

[TJCE]. Execução de pena privativa de liberdade - quando se dá a regressão de


regime?
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva,
com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:

I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;

II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em
execução, torne incabível o regime (artigo 111).

§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos
incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa
cumulativamente imposta.

§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido previamente o


condenado.

Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas complementares para o


cumprimento da pena privativa de liberdade em regime aberto (artigo 36, § 1º, do Código
Penal).

Falta Grave.

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:

I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;

II - fugir;

III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;

IV - provocar acidente de trabalho;

V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;

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VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

VII - tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei
nº 11.466, de 2007)

[TJCE]. Se soma permitir que continue no mesmo regime, ainda que há outra
condenação em regime menos gravoso?

[TJCE]. É possível regressão cautelar de regime até o fim da apuração da falta? A


LEP autoriza isso?
NÃO. A possibilidade de regressão de regime prevista no artigo 118 da Lei de
Execução Penal deve obedecer a procedimento em que se assegure a oitiva do
apenado, somente devendo ser levada a efeito após seu trâmite regular, não se
mostrando razoável a sustação cautelar da transferência do condenado para o regime
apropriado sem observância do regular trâmite.

Nesse mesmo sentido se manifestou o STJ julgar um recuso ordinário em Habeas


Corpus, sendo que, assim se manifestaram:

PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO


PENAL. COMETIMENTO DE FALTA GRAVE. REGRESSÃO DE REGIME.
INEXISTÊNCIA DE OITIVA PRÉVIA DO CONDENADO. LEI No 7.210/84, ART. 118, §
2o. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA E DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL. PREJUÍZO DEMONSTRADO. RECURSO PROVIDO.
Configura constrangimento ilegal a decisão que determina a regressão de regime
prisional fundada em procedimento regular instaurado para a apuração da prática de
falta disciplinar, não obstante a inexistência de oitiva do réu pelo Juízo das Execuções.
É de rigor a regra do art. 118, § 2o, da LEP, no sentido de se entender imprescindível
a audiência pessoal do condenado, pelo Juiz, antes de imposição da regressão. In casu,
sendo a decisão regressão definitiva a determinar a medida mais gravosa,
imprescindível a prévia oitiva do réu que, em tese, cometeu falta grave, propiciando-se,
assim, a oportunidade da ampla defesa do condenado. Recurso PROVIDO. (STJ - RHC:
17924 PR 2005/0096400-4, Relator: Ministro PAULO MEDINA, Data de Julgamento:
18/08/2005, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJ 12.09.2005 p. 370RT vol. 843
p. 536).

Portanto, diante do quanto verificado no julgado acima mencionado, percebe-se que


as decisões exaradas pelos magistrados de primeiro grau em que determinam a
regressão do cumprimento de regime de pena do penitente de forma cautelar, “fere
de morte” a determinação legal do parágrafo segundo constante no artigo 118 da lei
de execuções penais, portanto, tais decisum, devem ser considerados ilegais, ou
melhor, devem os magistrados se absterem de proferir decisões neste sentido,
mormente quando requeridos pelos representantes do Ministério Público, pois, a
ilegalidade passa-se a tornar-se inconstitucional em violação ao devido processo
legal.

Ao final, merece destacar que não encontra respaldo legal a medida cautelar em
regressão de regime de cumprimento de pena, pois, tal situação foi uma construção
doutrinária e jurisprudencial e não deve ser repassada pelos magistrados, pois, estes
tem o dever legal de aplicar o comento da lei no caso concreto e a função de um

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magistrado é guardar lealdade com a imparcialidade e com o devido processo legal


e não se agarrar a construções pífias de teses inexpressivas.

[TJCE]. A falta grave interromperá o prazo de concessão de regime?


SIM. o cometimento de falta grave interrompe o prazo para a concessão de regime
prisional. Vamos entender.

Os regimes prisionais são três. O sujeito, cumprindo pena no regime fechado ou, no
semiaberto, a partir de um determinado momento da execução, preenchidos alguns
requisitos, tem direito à progressão de regime, ou seja, tem direito à mudança para
um regime menos gravoso. Isto ocorre por conta do princípio da individualização da
pena, que deve ser ajustada ao condenado desde a sentença até a execução, sofrendo,
inclusive, modificações.

Para a progressão do regime, o condenado deve cumprir alguns requisitos, elencados


nos artigos 112 da LEP (Lei n. 7210) e no artigo 33, § 2o do CP, quais sejam:

1. Cumprimento de 1/6 da pena privativa de liberdade (requisito objetivo)

2. Ostentar bom comportamento carcerário, atestado pelo diretor do


presídio (requisito subjetivo)

3. Mérito do condenado (requisito subjetivo).

Para os crimes hediondos, desde 2006, após a decisão do STF em controle incidental
(HC. 82.959), admite-se a progressão de regime. Em 2007, após a alteração
legislativa na lei dos crimes hediondos (lei n. 11.464/2007), o prazo para progressão
de regime é de 2/5, para condenados não reincidentes, e 3/5 para os reincidentes.

Ainda falando em progressão de regime, a sumula 439 do STJ veio sanar a dúvida
com relação ao exame criminológico: trata-se de procedimento facultativo, que pode
ser admitido no caso concreto, atendidas as peculiaridades da situação específica.

Pois bem. No caso de cometimento de falta grave, cujo conceito se encontra no artigo
50 da LEP, o condenado perde o direito ao tempo já cumprido da pena. Em outros
termos, reinicia-se a contagem a partir do zero, e o condenado deve cumprir,
novamente, a quantidade necessária da pena para obter a progressão de regime
(1/6, 2/5 ou 3/5, a depender do caso).

Importa lembrar que essa interrupção se restringe à progressão de regime. No


livramento condicional, que consiste na antecipação da liberdade, desde que
cumpridos alguns requisitos, a falta grave não interrompe o tempo necessário, por
força da sumula 441, STJ.

[TJCE]. O que é a remição? O preso deve estar em que regime? O preso que está
em regime aberto pode remir a pena por estudo de ensino a distância, não
presencialmente?
R: Art. 126, LEP, “O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou
semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da
pena”

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§ 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui


liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de
educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova,
observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo

As atividades de estudo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou a distância.

[TJCE]. Qual é o limite máximo e o mínimo da remição? Os dias remidos são


considerados dias cumpridos?
R: art. 126, § 1o, LEP: A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:
(Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)

I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino
fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação
profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei nº 12.433, de
2011)

II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. (Incluído pela Lei nº 12.433, de
2011)

O tempo de remissão é considerado para todos os benefícios de execução penal

[TJCE]. Quando é cabível o RDD?


- RDD. Não se trata o regime disciplinar diferenciado de uma quarta modalidade de
cumprimento da pena privativa de liberdade além das já existentes (regime fechado,
semiaberto e aberto), mas sim de uma forma especial de cumprimento da pena no
regime fechado, caracterizada pela permanência do preso em cela individual,
limitação do direito de visita e redução do direito de saída da cela. Quanto a sua
natureza, apresenta-se o RDD, ora como uma sanção disciplinar, ora como uma
medida cautelar: sanção disciplinar, na hipótese regrada pelo art. 52, caput, da LEP,
que prevê sua imposição para o condenado que cometer fato definido como crime
doloso que ocasione subversão da ordem e da disciplina da casa prisional; e medida
cautelar no caso do art. 52, §§ 1º e 2º, ao estabelecer a inserção no RDD dos
condenados que apresentem alto risco para a ordem e segurança do estabelecimento
penal ou da sociedade, bem como para aquele em relação ao qual recaiam fundadas
suspeitas de envolvimento em organização criminosa ou associação criminosa (este
último o nomen juris atribuído pela L. 12.850/2013 ao crime do art. 288 do CP, antes
rotulado de “quadrilha ou bando”.

- RDD, direitos e Garantias Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso
constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas,
sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime
disciplinar diferenciado, com as seguintes características: I - duração máxima de
trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de
mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; II - recolhimento em cela
individual; III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com
duração de duas horas; IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias
para banho de sol.

[TJCE]. Quando falta grave? Quem pode determinar? É necessário a oitiva da


defesa? Por quanto tempo? Quais garantias o preso perde? Quais os direitos do
preso? É possível para preso provisório? O que distingue as colônias agrícolas para

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as penitenciárias? que tipo de pena se destina? A quem é reservado a prisão


domiciliar? A visita íntima é preservada em que regime?
- RDD, Falta grave, preso provisório.

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:

I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;

II - fugir;

III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;

IV - provocar acidente de trabalho;

V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;

VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar,
que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório.

Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:

I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;

II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;

III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

- Competência para aplicar e oitiva da defesa. Art. 54. As sanções dos incisos I a IV
do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do
inciso V (RDD), por prévio e fundamentado despacho do juiz competente. § 1o A
autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de
requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra
autoridade administrativa. § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime
disciplinar será precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e
prolatada no prazo máximo de quinze dias.

Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se ao cumprimento da pena


em regime semiaberto.

Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compartimento coletivo, observados os


requisitos da letra a, do parágrafo único, do artigo 88, desta Lei. Parágrafo único. São
também requisitos básicos das dependências coletivas:

a) a seleção adequada dos presos;

b) o limite de capacidade máxima que atenda os objetivos de individualização da pena.

Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado.

Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios


poderão construir Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e

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condenados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado,


nos termos do art. 52 desta Lei.

Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho
sanitário e lavatório.

Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:

a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e


condicionamento térmico adequado à existência humana;

b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).

- Prisão domiciliar. Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de


regime aberto em residência particular quando se tratar de: I - condenado maior de
70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com
filho menor ou deficiente físico ou mental; IV - condenada gestante.

- Art. 41 - Constituem direitos do preso: X - visita do cônjuge, da companheira, de


parentes e amigos em dias determinados; Parágrafo único. Os direitos previstos nos
incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do
diretor do estabelecimento. Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à
medida de segurança, no que couber, o disposto nesta Seção.

Os defensores do direito à visita íntima se apoiam principalmente no princípio


constitucional da dignidade da pessoa humana que não deve ser suprimido em
nenhuma hipótese. Outro posicionamento comumente defendido é de que a
castidade forçada, no caso da impossibilidade do contato íntimo do preso com seu
conjuge ou companheiro não faz parte da pena, que deve ser restritiva de liberdade
de ir e vir, mas não engloba tal direito. A supressão do contato afetivo com o conjuge
e os demais familiares do preso se revela desencadeador de reações de violência,
facilmente contidas com a possibilidade desse contato, que serve ao indivíduo
encarcerado como referência no processo de ressocialização, na medida que o mesmo
mantém seu contato com o mundo exterior e desenvolve um propósito para sua
própria existência.

29. Ação Penal


[TJCE]. Quando é cabível a ação penal privada?
A ação penal privada é aquela em que a titularidade da persecução criminal pertence
ao particular ofendido. Portanto, difere a ação privada da ação pública pelo titular da
legitimidade ativa para agir. Ao passo que nas ações públicas a legitimidade ativa é
exclusiva do Ministério Público, nas ações privadas esta legitimidade é conferida ao
particular. Na ação penal privada essa sobreposição do interesse da vítima ao
interesse do Estado em punir a infração é ainda mais acentuada. Por razões de política
criminal, escolhem-se alguns crimes para os quais se permite que a vítima decida se
lhe causa maior dano a impunidade do criminoso ou o escândalo do processo
(streptus judicii).

[TJCE]. Qual o prazo de oferecimento da queixa-crime? Quais os requisitos


formais? É necessária a outorga de poderes especiais ao advogado? Há prazo para
correção da procuração?

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Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá
no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses,
contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do
dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Art.39. O direito de
representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes
especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério
Público, ou à autoridade policial.

§1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente


autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a
termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público,
quando a este houver sido dirigida.

§2o A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato
e da autoria.

Art.41.A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo
constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso,
salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente
requeridas no juízo criminal.

- De acordo com o STJ, o vício do instrumento procuratório pode ser sanado a


qualquer tempo, sendo independente do prazo decadencial determinado pela lei
processual para a propositura da queixa-crime.

[TJCE]. Se o lesado optar pela instauração do IP, isso suspende o prazo decadencial?
Não. Por se tratar de prazo decadencial, não se admite a suspensão.

[TJCE]. Se a vítima for menor de 18 anos e o acusado for seu pai, quem irá
representá-lo?
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado
mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele,
o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal.

[TJCE]. O que significa o princípio da indivisibilidade da ação penal privada?


O princípio da indivisibilidade da ação penal privada está expresso no art. 48 do CPP:

Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e
o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.

Portanto, embora a vítima possa escolher entre propor ou não a ação (oportunidade)
e possa perdoar o querelado (disponibilidade), não lhe é dado escolher a qual dos
ofensores irá processar. Ou a ação é proposta contra todos ou não o é contra nenhum.

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CIVIL
* O examinador dessa matéria foi Dr. Nestor Duarte

1. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro; Aplicação da Lei


no Tempo e no Espaço. Interpretação e Integração da Lei. Analogia.
Princípios Gerais do Direito e Equidade. Usos e Costumes.

# APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO. ANALOGIA


[TJCE]. Em matéria sucessória aplica-se a lei do domicílio do de cujus ou da
abertura da sucessão? Se for eu de outro país?
▪ A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em do último domicílio
do de cujus ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

▪ Já as regras de VOCAÇÃO HEREDITÁRIA para suceder bens de ESTRANGEIRO


situados no BRASIL serão as nacionais, desde que não sejam mais favoráveis ao
cônjuge e aos filhos do casal as normas do último domicílio.

[TJCE]. Quando os negócios jurídicos celebrados no estrangeiro produzem efeitos


no Brasil? E a prova produzida no estrangeiro?
Existem uma série de casos em que a LINDB autoriza a produção de efeitos dos
negócios celebrados no estrangeiro: Por exemplo: se é competente a autoridade
judiciária brasileira, quando o réu for domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser
cumprida a obrigação. 02. Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer
das ações relativas a imóveis situados no Brasil. 03. A autoridade judiciária
brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pela lei
brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente,
observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.

▪ A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro é regida pela lei que nele vigorar,
quanto ao ônus e aos meios de produção.

▪ Os tribunais brasileiros não admitirão provas que a lei brasileira desconheça.

[TJCE]. O que é analogia? Citar um caso em que se usa a analogia. Analogia é


julgamento de semelhante por semelhante?
A analogia é a aplicação de uma norma próxima ou de um conjunto de normas
próximas, não havendo uma norma prevista para um determinado caso concreto.
Dessa forma, sendo omissa uma norma jurídica para um dado caso concreto, deve o
aplicador do direito procurar alento no próprio ordenamento jurídico, permitida a
aplicação de uma norma além do seu campo inicial de atuação.

Como exemplo de aplicação da analogia, prevê o art. 499 do CC que é lícita a venda
de bens entre cônjuges quanto aos bens excluídos da comunhão. Como a norma não
é, pelo menos diretamente, restritiva da liberdade contratual, não há qualquer óbice
de se afirmar que é lícita a compra e venda entre companheiros quanto aos bens
excluídos da comunhão. Destaque-se que, em regra, o regime de bens do casamento

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é o mesmo da união estável, qual seja, o da comunhão parcial de bens (arts. 1.640 e
1.725 do CC) (TARTUCE, 2015).

Analogia é INTEGRAÇÃO, ou seja, preenchimento de lacunas através da utilização


de normas semelhantes.

[TJCE]. Em todos os ramos do direito é possível aplicar?


SIM. A analogia é cabível em todos os ramos do direito. Lado outro, oportuno
lembrar, que as normas de exceção ou excepcionais não admitem analogia ou
interpretação extensiva, como é o caso das normas que restringem a autonomia
privada, salvo para proteger vulnerável ou um valor fundamental. Não sendo possível
a utilização da analogia, deve-se recorrer aos costumes.

[TJCE]. Qual a diferença entre aplicação subsidiária e analogia? Sociedade de


direito e união estável anterior ao reconhecimento da união estável
Analogia significa integrar, preencher lacunas. A aplicação subsidiária não pressupõe
lacunas. Explicando melhor: muitas vezes, o fato de certas situações específicas não
serem reguladas especificamente pela legislação indica apenas a submissão dessa
hipótese às regras gerais do sistema, que normalmente são identificadas com um
direito geral de liberdade (no campo privado) e o princípio da legalidade (no campo
público). Nesses casos, não se deve falar de lacuna, pois a regra aplicável já fazia
parte do sistema jurídico desde o início. No máximo, pode-se falar de aplicação
subsidiária do Código Civil, mas não de analogia propriamente dita.

A União Estável evoluiu em nosso ordenamento jurídico de relação espúria, passando


por sociedade de direito (contendas resolvidas na vara cível), até alcançar o atual
status de entidade familiar. O regramento levava em consideração analogia.

[TJCE]. Analogia se confunde com a equidade?


Equidade significa o bom, o justo, o virtuoso. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra
(Aristóteles). A ideia de equidade é altamente subjetiva. Em razão disso, o
ordenamento somente permite ao juiz utilizar a equidade nos casos previstos em lei.
Exemplo: arbitramento de pensão alimentícia, CLT, CDC (equidade em favor do
consumidor), fixação de honorários advocatícios (art. 20, §4º do CPC). O art. 413 do
CC diz que o juiz pode reduzir equitativamente a multa quando a obrigação foi
cumprida parcialmente ou quando se mostrar excessiva.

A analogia é a aplicação de uma norma próxima ou de um conjunto de normas


próximas, não havendo uma norma prevista para um determinado caso concreto.
Dessa forma, sendo omissa uma norma jurídica para um dado caso concreto, deve o
aplicador do direito procurar alento no próprio ordenamento jurídico, permitida a
aplicação de uma norma além do seu campo inicial de atuação.

[TJCE]. O juiz pode julgar com equidade?


Sim é possível. São casos em que há a possibilidade de julgamento por equidade:

a) jurisdição voluntária (art. 1.109 do CPC), já que o magistrado não


está vinculado à legalidade estrita;

b) justiça do trabalho (art. 8º da CLT);

c) no direito tributário (inciso IV do art. 108 do CTN);

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d) nas relações de consumo (art. 7º da Lei n. 8.078/90); e) nos juizados


especiais (art. 6º da Lei n. 9.099/95); f) na arbitragem (art. 2º da Lei
n. 9.307/96).

[TJCE]. Distinção entre situações análogas e semelhantes?


Não encontrei a resposta. Creio que não haja diferença. Talvez o candidato no dia da
arguição tenha se atrapalhado e deu azo à pergunta.

[TJCE]. O que justifica o uso da analogia?


O sistema jurídico constitui um sistema aberto, no qual há lacunas, conforme elucida
Maria Helena Diniz em sua clássica obra “As lacunas no direito”. Entretanto, de
acordo com as suas lições, as lacunas não são do direito, mas da lei, omissa em alguns
casos. Há um dever do aplicador do direito de corrigir as lacunas (vedação do não
julgamento ou do non liquet), extraído do art. 126 do Código de Processo Civil, pelo
qual “O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade
da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo,
recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito” (TARTUCE,
2015).

[TJCE]. O que é analogia legis e analogia juris?


A analogia pode ser assim classificada, na esteira da melhor doutrina:

a) Analogia legal ou legis – é a aplicação de somente uma norma próxima, como


ocorre nos exemplos citados (regime de bens e suas limitações na união estável).

b) Analogia jurídica ou iuris – é a aplicação de um conjunto de normas próximas,


extraindo elementos que possibilitem a analogia. Exemplo: aplicação por analogia
das regras da ação reivindicatória para a ação de imissão de posse (TJMG, Agravo
Interno 1.0027.09.183171-2/0011, Betim, 16.ª Câmara Cível, Rel. Des. Wagner
Wilson, j. 12.08.2009, DJEMG 28.08.2009)

[TJCE]. Inexistindo lei sobre matéria, pode o julgador aplicar analogia?


O art. 4.º da Lei de Introdução enuncia que quando a lei for omissa, o juiz decidirá o
caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito
(TARTUCE, 2015).

O uso da analogia pressupõe lei semelhante aplicável para caso semelhante. Na


situação de ausência total de lei, a integração pode se dar através dos costumes e dos
princípios gerais do direito (Raphael).

# ANALOGIA.
[TJCE]. O que é analogia?
Significa julgar pelas semelhanças dos fatos, ou seja, usando essa lógica no direito
seria o mesmo que aplicar a norma existente no ordenamento jurídico a um caso não
previsto na norma jurídica, desde que eles guardem semelhanças reais.

A lei de Introdução do Código Civil em seu art. 4º prevê o uso da analogia como um
meio de integração do direito desde que o caso em concreto obedeça alguns requisitos
tais quais:

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- inexistência de dispositivo legal prevendo ou disciplinando a hipótese do caso


concreto.

- semelhança entre o caso concreto e a situação não regulada.

- identidade de fundamentos lógico/jurídico no ponto comum às duas situações.

[TJCE]. Analogia é o julgamento de semelhante por semelhante?


Significa julgar pela semelhança dos fatos. O fato deve ser semelhante à norma
aplicada.

[TJCE]. O que há de semelhança entre a convivência e o casamento, referente à


analogia?
O próprio CC/02 em seu art. 1725 determina aplicar as regras do casamento à união
estável no que couber. Portanto no regime de bens da união estável por determinação
legal, cabe a aplicação por analogia das regras do regime de bens do casamento.

[TJCE]. Onde há a analogia?


O próprio art. 1725 do CC determina a aplicação analógica entre a união estável e o
casamento.

[TJCE]. O que é analogia iuris?


Na analogia iuris, a norma é retirada de um caso singular, mas abstraída de todo o
sistema ou de parte dele; baseia-se em um conjunto de normas para obter elementos
que permitam sua aplicação ao caso pendente, não previsto, mas similar.

[TJCE]. O juiz pode priorizar o uso da analogia em detrimento da lei?


Sim, quando aquela lei não tiver mais a eficácia á que se dispôs ou quando aquela lei
for inconstitucional.

[TJCE]. O que é analogia? Analogia é o julgamento de semelhante por semelhante?


Quando não havia união estável em que se adotava sociedade de fato para união de
homem e mulher isso é usar analogia? Onde está a semelhança? O que é analogia
juris? O juiz pode priorizar o uso de analogia à lei?
A analogia consiste na aplicação da norma reguladora de um determinado caso a
outro semelhante, mas que não possua regulamentação legal. A Analogia é o
julgamento de semelhante por semelhante. E tentando integrar o Direito à realidade
social, em razão das transformações ocorridas na sociedade, acabou-se por usar em
sua fundamentação Princípios Gerais do Direito, utilizando-se igualmente de
analogias.

A união estável se assemelha ao casamento civil pois têm o mesmo status de


"entidades familiares", com o objetivo de constituir família, previstas na Constituição
Federal.

A analogia propriamente dita é conhecida por analogia legis. Na analogia iuris, a


norma é retirada de um caso singular, mas abstraída de todo o sistema ou de parte
dele.

No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá


à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. Logo, não pode priorizar
a analogia em detrimento da lei.

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# PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO.


[TJCE]. Brocardos jurídicos, o que são?
Brocardo é um princípio ou axioma jurídico, particularmente escrito em latim, e que
expressa concisamente um conceito ou regra maior.

Sãomáximas jurídicas, constituem um pensamento sintetizado em uma única


sentença, que expressa uma conclusão reconhecida como verdade consolidada. Os
brocardos assemelham-se aos provérbios, estes traduzindo a sabedoria popular,
aqueles as máximas colhidas na prática do Direito. O prestígio dos brocardos varia
conforme o tempo e o lugar.

Miguel Reale ensina com clareza “que, se nem sempre traduzem princípios gerais
ainda subsistentes, atuam como ideias diretoras, que o operador de Direito não pode a
priori desprezar” (Lições Preliminares de Direito, Saraiva, p. 315).

Assim também conclui Orlando Gomes, ao afirmar que os brocardos jurídicos


“representam uma condensação tradicional de princípios gerais” (Introdução à
Ciência do Direito, Forense, p. 50).

[TJCE]. Princípio geral de direito podem se sobrepor à lei?


Sim.

[TJCE]. As pertenças seguem o principal?


Não. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.

[TJCE]. Se a lei for contrária a um princípio, o que prevalece?


Dada à densa carga axiológica dos princípios, uma lei poderá ser afastada quando
contrária a um princípio e, inclusive, ser entendida como inconstitucional em sede de
controle difuso, o qual pode ser realizado por qualquer magistrado.

É de bom alvitre ressaltar que leis com lacunas, o princípio poderá prevalecer diante
de uma omissão legal (art. 4º da LINDB).

O art. 5º da LINDB estabelece que “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. Assim, O magistrado não
está adstrito de forma alguma a subsunção puramente ao texto literal da lei, eis que
não estamos diante de um ciência exata em que uma simples fórmula básica resolve
a questão.

Dessa forma é um dever do julgador interpretar sempre a norma jurídica de acordo


com as peculiaridades de cada caso em concreto.

De acordo com o Princípio do livre convencimento motivado, o juiz pode até deixar
de aplicar a norma, sem, contudo, se desgarrar da legalidade de tal decisão, desde
que o fundamente, uma vez que isto é uma exigência constitucional (art. 93, IX da
CF).

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# EQUIDADE
[TJCE]. O que é equidade?
Aristóteles considerava a equidade como o corretivo do justo legal, ou seja,
adequação da norma ao caso concreto da forma mais equânime e razoável possível.
Ou seja, é a correção da norma quando esta se mostra omissa ou não razoável,
fazendo que esta atinja o fim social a que fora destinada. A equidade se manifesta no
plano concreto, no ato de aplicação da norma pelo juiz, que diz o que diria o
legislador se ali estivesse diante do caso particular e concreto.

[TJCE]. O juiz pode decidir por equidade?


Sim, nos casos expressos em lei.

O ordenamento jurídico brasileiro não faz menção genérica ao uso da equidade, seja
como fonte de direito, seja como instrumento integrador. O já mencionado art. 4º da
LICC não prevê a possibilidade do uso da equidade em casos de omissões
legislativas, restringindo-se ao uso da analogia, costumes e princípios gerais de
direito. No entanto, o art. 5º desse mesmo dispositivo legal diz que, “na aplicação da
lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.
Então, o legislador tacitamente, ao estabelecer tal norma, conduz o magistrado à
busca de decisões equitativas com o escopo de se atingir o bem comum e aos fins
sociais pretendidos pela ordem jurídica, viabilizando o uso da equidade como
parâmetros de uma decisão razoável.

O recurso à equidade não deverá ultrapassar os limites legais impostos pelo


legislador, para que sua utilização não se torne instrumento do livre e desmedido
arbítrio do juiz, sendo utilizado apenas quando o ordenamento jurídico não oferece
alternativa na solução do litígio levado à cognição do magistrado, e para que não se
torne um princípio contrário à justiça, mas um complemento desta que a torna plena.

[TJCE]. Dê um exemplo de julgamento por equidade?


Na arbitragem, as partes podem requerer que o árbitro se utilize da equidade. (art. 2º
da Lei 9307/96: Art. 2º - A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério
das partes.)

[TJCE]. O julgamento com equidade precisa sempre ser autorizado pela lei ou é de
aplicação geral?
O julgamento COM equidade é diferente do julgamento POR equidade, apenas nesse
último é necessário a autorização da lei. O juiz sempre deve julgar COM equidade,
ou seja, deve o juiz, por meio da equidade, amoldar os fatos às normas jurídicas de
tal modo que se ajustem perfeitamente, para assim se observar a justiça no caso
concreto.

[TJCE]. Nos julgamentos de processo arbitral precisa de autorização legal para


equidade?
A Lei de Arbitragem já traz a possibilidade de julgamento por equidade no art. 2º. A
arbitragem poderá ser realizada por equidade ou de direito, ou ainda levando-se em
consideração ambos os critérios, que não são antagônicos. As partes devem, desde
logo, anuir à forma que desejam, com a condição de não violar os bons costumes e a
ordem pública. Elas podem, porém, delegar ao árbitro ou ao tribunal regular o
procedimento.

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2. Das pessoas. Das pessoas naturais. Das pessoas jurídicas. Do


domicílio.

# PESSOAS NATURAIS.
[TJCE]. Qual a proteção jurídica dada ao nascituro?
O nascituro é aquele já concebido, mas ainda não nascido. Vale dizer, é o ente
concebido e de vida intrauterina. Neste sentido, o ordenamento jurídico brasileiro
vem em uma evolução no que se refere ao nascituro, protegendo direitos desde a sua
concepção (art. 2, CC/02) e atribuindo, em certos casos, obrigações. Ex:
Responsabilidade tributária decorrente de doação.

Tal discussão ganha relevância no que tange ao momento em que a pessoa adquire
personalidade jurídica, existindo 3 correntes, sendo elas:

 Teoria Natalista: “sustenta que a personalidade jurídica somente seria


adquirida a partir do nascimento com vida, de maneira que, em essência, o
nascituro não seria considerado pessoa gozando de mera expectativa de
Direito”.
 Teoria condicionada: “para a segunda teoria, o nascituro, desde a
concepção, titularizaria determinados direitos personalíssimos (como o
direito à vida), mas apenas consolidaria outros direitos materiais ou
patrimoniais, sob a condição de nascer com vida. Trata-se de uma teoria, na
prática muito aplicada pela jurisprudência, mas que nos conduz a um certo
inconveniente, na medida em que o nascituro, aparentemente, teria duas
personalidades: uma formal (adquirida na concepção para o gozo de direitos
personalíssimos) e uma material (para o gozo de direitos materiais, sob a
condição de nascer com vida)”;

Exemplo: Mulher engravida e pai morre antes do nascimento. A mulher não


receberia os direitos de herança do filho sobre os bens do pai.

 Teoria Concepcionista: nascituro é uma pessoa quer para direitos


personalíssimos ou materiais está ganhando força, apesar de não ser
amplamente admitida. STj vem admitindo que o nascituro pode sofrer danos
morais pela morte do pai por causa de um crime (esse é um dano moral
inequívoco). “Finalmente, a terceira teoria sustenta que o nascituro teria
personalidade jurídica plena, desde a concepção, inclusive para o gozo de
direitos materiais. Nos últimos anos, esta teoria vem ganhando força (ler a
Tutela Civil do Nascituro de Silmara Chinelato), a exemplo do
reconhecimento do direito aos alimentos e da própria possibilidade de sofrer
dano moral

Os direitos dos nascituros vêm sendo protegidos pelas cortes brasileiras, conforme
se verifica dos seguintes julgados: i) O STJ admite o direito à reparação por dano
moral em favor do nascituro (REsp 399028SP, REsp 931556RS); ii) o nosso
direito positivo já admite o direito aos alimentos em favor do nascituro (Lei
nº11804/08, dos Alimentos Gravídicos); o ST, no noticiário de 15 de maio de
2011 admite que pais podem ser indenizados pela morte de um nascituro,
razão pela qual teriam direito ao seguro DPVAT (3ª turma do STJ).

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# PESSOAS JURÍDICAS.
[TJCE]. Em que se diferencia fundação de associação?
A associação não prescinde de capital. Nasce da motivação de pessoas em prol de
um determinado objetivo, seja ele social ou não (art. 53 do CC). A fundação nasce
com capital, por meio da dotação de seu(s) fundador (es) e sua vocação
obrigatoriamente terá de ser moral, religiosa, assistencial ou cultural (art. 62),
segundo o novo Código Civil (Lei nº 10.460/02).

[TJCE]. Como pode ser instituída a fundação?


Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

[TJCE]. Se o instituidor não transferir os bens?


Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é
obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados,
e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial.

[TJCE]. O que difere sociedade de associação?


Sociedade: "Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se
obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica
e a partilha, entre si, dos resultados." (art. 981 do CC)

Associação: "Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem


para fins não econômicos." (art. 53 do CC).

A sociedade difere da associação e fundação quanto a sua finalidade que é lucrativa.


Em que pese a Associação ter finalidade semelhante a da fundação, aquela se
caracteriza por reunião de pessoas (universitas personarum), enquanto esta, sobre um
patrimônio, reunião de bens (universitas bonarum).

Também há diferença quanto à forma do instrumento de constituição, sendo que para


a Sociedade e a Associação, tanto pode ser por instrumento particular ou público,
enquanto que a fundação somente por escritura pública ou testamento.

[TJCE]. Quando se inicia a personalidade jurídica de uma pessoa jurídica?


Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo.

[TJCE]. E se for uma sociedade empresaria?


Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro
próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).

[TJCE]. Condomínio é pessoa jurídica?


O Código Civil estabelece na sua parte geral os tipos de pessoas existentes em nosso
ordenamento jurídico. As pessoas naturais somos nós. As pessoas jurídicas são as de
direito público, interno ou externo e as de direito privado. As pessoas jurídicas de
direito público são: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, os

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Municípios, as autarquias, e as demais entidades de caráter público criadas por lei.


Já as de direito privado são as associações, as sociedades, as fundações, as
organizações religiosas e os partidos políticos.

Verifica-se que não está no rol das pessoas jurídicas o condomínio edilício (assim
como também dele não fazem parte o espólio e a massa falida de uma empresa).
Assim, pela lei civil, condomínio edilício não é pessoa jurídica.

Entretanto, mesmo antes da edição da lei 4.591/64 (a lei do condomínio e


incorporações imobiliárias) a doutrina e a jurisprudência já entendiam que, apesar de
não ser pessoa jurídica, o condomínio é capaz de contrair obrigações e adquirir
direitos. Sabe-se que os condomínios admitem funcionários, assinam contratos,
assumem dívidas e têm capacidade postulatória em Juízo (ações de cobrança, entre
outras).

Mas continuam não sendo pessoa jurídica, e por isso não declaram e pagam imposto
de renda próprio, assim como não podem comprar imóveis, por exemplo.

# DO DOMICÍLIO
[TJCE]. Quais pessoas têm domicílio necessário? O preso devedor de alimentos terá
domicílio na prisão?
Domicílio necessário ou legal: é o imposto pela lei, a partir de regras específicas que
constam no art. 76 do Código Civil. Deve ficar claro que o domicílio necessário não
exclui o voluntário, sendo as suas hipóteses, de imposição normativa:

 O domicílio dos absolutamente e relativamente incapazes (arts. 3.º e 4.º do CC) é


o mesmo dos seus representantes;

 O domicílio do servidor público ou funcionário público é o local em que exercer,


com caráter permanente, as suas funções;

 O domicílio do militar é o do quartel onde servir ou do comando a que se encontrar


subordinado (sendo da Marinha ou da Aeronáutica);

 O domicílio do marítimo ou marinheiro é o do local em que o navio estiver


matriculado;

 O domicílio do preso é o local em que cumpre a sua pena.

Obs: O preso também está sujeito ao domicílio legal, no local onde cumpre a
sentença. Se o preso ainda não tiver sido condenado, seu domicílio será o voluntário.

Em relação ao devedor de alimentos eu não encontrei a resposta, mas deve ser o seu
domicílio voluntario. Questionei no Master Magis e os colegas responderam que o
domicílio do devedor de alimentos segue as regras gerais, podendo ser ainda
necessário; mas não em relação à prisão, mas sim quanto a outros fatores, a exemplo
de um servidor público.

[TJCE]. O que é domicílio plural?

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Ocorre quando uma pessoa tem dois ou mais domicílios. Exemplo: Uma pessoa mora
em São Paulo, porém as primeiras semanas de todo mês e vai trabalhar em Brasília.
Ou seja, ela tem o domicílio que ela mora e o domicílio de Brasília (o local que ela
trabalha).

[TJCE]. Domicílio de pessoa jurídica que realizou contratos com várias agências
bancárias, ela pode escolher qualquer lugar para demandar?
Em regra, o domicílio civil da pessoa jurídica de direito privado é a sua sede, indicada
em seu estatuto, contrato social ou ato constitutivo equivalente. É o seu domicílio
especial.

Se não houver essa fixação, a lei atua supletivamente, ao considerar como seu
domicílio “o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações”, ou,
então, se possuir filiais em diversos lugares, “cada um deles será considerado
domicílio para os atos nele praticados” (art. 35, IV e § 3.º, do CC-16 e art. 75, IV e §
1.º, do CC-02). Aliás, o Supremo Tribunal Federal já assentou entendimento no
sentido de que “a pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no
domicílio da agência ou do estabelecimento em que se praticou o ato” (Súmula
363) (STOLZE, 2015).

REPONDENDO AGORA: o domicílio da pessoa jurídica pode ser o das agências


bancarias a serem demandadas, desde que lá praticados os atos. Ou a sede que consta
do estatuto social (que seria a regra geral).

3. Ausência. Direitos da Personalidade.

# AUSÊNCIA: CURADORIA DOS BENS DE AUSENTES, SUCESSÃO PROVISÓRIA E SUCESSÃO


DEFINITIVA.

[TJCE]. O que significa ausente? Com o desaparecimento se presume a morte?


Quem é o ausente? E se o ausente deixar um procurador? O que é a arrecadação de
seus bens? Quem nomeia curador? Precisa publicar edital na ausência? Quando se
considera aberta a sucessão provisória? Quando se abre a sucessão definitiva? O
ausente é considerado morto na ausência definitiva? E se o ausente retornar após a
sucessão definitiva?
O ausente traduz a situação de pessoa natural que desapareceu do seu domicílio,
sem deixar corpo presente (morte real), não havendo indícios, notícias ou razões do
seu desaparecimento. É hipótese de morte presumida (no CC/16 o ausente era tratado
como absolutamente incapaz) – presunção legal relativa (juris tantum).

Com o desaparecimento não se presume a morte, é necessário que esse estado seja
declarado judicialmente, por meio de procedimento próprio regulado a partir do art.
22 do CC/02. Três são as fases relativas à declaração de ausência: curadoria dos bens
do ausente (arts. 22 a 25 do CC/02); sucessão provisória (arts. 26 a 36 do CC/02); e
sucessão definitiva (arts. 37 a 39 do CC/02). A sentença que reconhece aberta a
sucessão definitiva não é registrada no Livro de Óbito no cartório, mas em livro
especial, no Livro E.

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O procedimento tem início com a fase da curadoria dos bens do ausente. Nesse
sentido, nos termos do art. 22 do CC/02, desaparecendo uma pessoa do seu domicílio
sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem
caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do
MP, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. Também se declarará a ausência,
e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não
possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes (art.
23 do CC/02).

Se tiver deixado procurador, representante ou mandatário que queira, possa e


possua poderes suficientes para administrar os bens do ausente, não será nomeado
curador, pois os bens já estariam protegidos pelo representante e não necessitam da
proteção de um curador de bens.

Conforme art. 24 do CC/02, a nomeação do curador cabe ao juiz, que também


fixará os seus poderes e obrigações, devendo ser aplicadas as regras previstas para a
tutela e para a curatela (arts. 1.728 a 1.783 do CC/02). A teor do art. 25 do CC/02,
cabe ao cônjuge do ausente (ou companheiro – Enunciado 97 da I JDC) a condição
de curador legítimo, sempre que não esteja separado judicialmente ou de fato há mais
de 02 anos. Na falta o cônjuge, o encargo incumbe aos pais ou aos descendentes,
nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. Entre os
descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. Na falta das pessoas
mencionadas, compete ao juiz a escolha de um curador, entre pessoas idôneas de sua
confiança.

O juiz, ao declarar a ausência, mandará arrecadar os bens do ausente, que ficarão


sob a responsabilidade do curador nomeado. A arrecadação dos bens do ausente é o
arrolamento desses, que deve ser feito pelo curador, com a descrição das suas
características, incumbindo-se àquele (o curador) sua administração, preservação e
guarda do patrimônio do ausente, pelo que receberá uma gratificação e terá ressarcido
o que gastou no exercício da curadoria. É vedado ao curador adquirir bens do ausente.

Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais durante um ano, de dois em


dois meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a retomar na posse de
seus bens, nos termos dos arts. 1.160 e 1.161, ambos do CPC.

Nos termos do art. 26 do CC/02, decorrido 01 ano da arrecadação dos bens do


ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando 03 anos,
poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente
a sucessão. Conforme art. 28 do CC/02, a sentença que determinar a abertura da
sucessão provisória só produzirá efeito 180 dias depois de publicada pela imprensa;
mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver,
e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.

Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão
provisória, cumpre ao MP requerê-la ao juízo competente. Não comparecendo
herdeiro ou interessado para requerer o inventário até 30 dias depois de passar em
julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à
arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823 do
CC/02 (herança jacente).

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Por sua vez, preceitua o art. 38 do CC/02 que 10 anos depois de passada em
julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os
interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
Pode-se requerer, também, provando-se que o ausente conta 80 anos de idade, e que
de 05 datam as últimas notícias dele (art. 39 do CC/02).

Após o trânsito em julgado da sentença que concede a sucessão definitiva dos


bens, declara-se a morte presumida do ausente.

Nos termos do art. 39 do CC/02, regressando o ausente nos 10 anos seguintes à


abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes,
aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-
rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem
recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.

Se, nos referidos 10 anos, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover
a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do
DF, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da
União, quando situados em território federal.

Atenção: a morte também pode ser presumida sem a declaração de ausência nas
hipóteses do art. 7º do CC/02: I – se for extremamente provável a morte de quem
estava em perigo de vida; II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito
prisioneiro, não for encontrado até 02 anos após o término da guerra. A declaração
da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas
as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Aqui, também há a necessidade de a morte ser declarada judicialmente, não se dando
com o simples desaparecimento. Essa sentença é registrada no Livro de Óbito.

# MORTE PRESUMIDA SEM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA


[TJCE]. Quais os casos em que se pode declarar ausência?
R – Com a morte ocorre a extinção da personalidade da pessoa natural. A morte pode
ser real ou presumida. A morte presumida pode se dar COM declaração de ausência
e sucederá nas hipóteses em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva (art.
6º, CC), ou SEM declaração de ausência (art. 7º, CC). Ausente é aquele que
desaparece do seu domicílio sem deixar notícia (art. 22, CC). Trata-se de presunção
legal relativa da morte.

[TJCE]. Se uma pessoa desaparece em uma aeronave é possível pedir ausência?


R – Não. A jurisprudência vem decidindo que em tais situações deve ser aplicada a
regra do art. 7º, I, CC e art. 88, Lei 6.015/73 1, que trata da hipótese de morte
presumida SEM declaração de ausência.

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Art. 7o, CC - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for
extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
Art. 88, LRP - Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas
desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando

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[TJCE]. A partir de quando os interessados podem requerer?


R - A declaração de morte presumida, nesse caso, somente poderá ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença que a declarar fixar
a data provável do evento (parág. único, art. 7º, CC).

[TJCE]. O cônjuge do declarado morto pode casar?


R- Sim. Conforme visto acima, nas situações e na forma previstas no art. 7º, CC será
declarada a morte presumida do desaparecido, que possui os mesmos efeitos da morte
real. O art. 1.571, I, CC dispõe que a morte é causa de extinção da sociedade conjugal,
autorizando o cônjuge sobrevivente a contrair novas núpcias.

[TJCE]. Após a justificação o juiz expede a certidão de óbito?


R – Não, caso se entenda que a “certidão de óbito” é ato do oficial de registro do
lugar do falecimento, lavrado em vista de atestado médico (arts. 16 e 77, LRP). O
juiz, por outro lado, expedirá mandado judicial com cópia da sentença declaratória
da morte presumida, que será levado a registro (art. 9º, IV,CC).

Obs: Anastácio - Pesquisei muito e não encontrei uma resposta direta ao


questionamento acima.

[TJCE]. O inventário pode ser aberto imediatamente?


Sim. Cristiano Chaves2 entende que a partir da interpretação dos arts. 7º, CC e 88,
Lei 6.015/73, em se tratando de morte presumida SEM declaração de ausência, deve-
se concluir pela possibilidade de aplicação da regra da abertura imediata da sucessão
definitiva, na forma do art. 1.784, CC.

Nesta hipótese, em que pese a morte ser presumida, há uma razoável certeza do
evento, uma vez que o juiz decidirá mediante “prova” da presença da pessoa
desaparecida no local do desastre (acidentes, catástrofes, incêndios, terremotos, etc.),
nos termos do art. 88, Lei 6.015/73

Lado outro, tal não ocorre em relação à ausência, em razão da previsão legal de
procedimento trifásico (declaração de ausência, sucessão provisória e sucessão
definitiva).

[TJCE]. Há possibilidade de arrecadação de bens como na declaração de ausência?


R- Não. A arrecadação de bens visa à proteção do patrimônio do ausente, que está
em lugar incerto e não sabido. Isto porque ainda não se sabe se de fato está morto.
Somente após o cumprimento das formalidades legais, com decurso do tempo nela
previsto (10 anos - art. 37, CC), é que se concluirá por seu provável falecimento, a
autorizar o requerimento de sucessão definitiva por parte de seus herdeiros. A
declaração de ausência enseja presunção relativa da morte.

Em caso de morte presumida SEM declaração de ausência, há razoável certeza acerca


da morte, por isso os bens do falecido serão imediatamente transmitidos aos herdeiros

estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para
exame. (Renumerado do art. 89 pela Lei nº 6.216, de 1975).
Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em campanha, provados a
impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência
do óbito.
2 Cristiano Chaves. Código Civil para Concursos, 2ªEd., 2014, p. 1222

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por força da saisine (art. 1.784, CC), ficando a administração do espólio a cargo do
administrador provisório ou inventariante (art. 1.797, CC e art. 985, CPC).

4. Dos bens. Dos bens considerados em si mesmo. Dos bens


reciprocamente considerados. Dos bens públicos. Do bem de família.

# DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS.


[TJCE]. O que significa a divisão em bens reciprocamente considerados e bens em
si mesmo? O que são bens principais e acessórios? O que são pertença? As pertenças
seguem ou não o principal? O que são benfeitorias? Benfeitorias voluptuárias
seguem o imóvel? Benfeitorias úteis e necessárias? O que é direito de retenção
- Com base no Novo Código Civil (arts. 79 a 103), podemos apresentar, de forma
mais técnica e abrangente, a seguinte classificação da matéria:

1) Bens considerados em si mesmos: 1.1. bens imóveis e móveis; 1.2. bens


fungíveis e infungíveis; 1.3. bens consumíveis e inconsumíveis; 1.4. bens divisíveis
e indivisíveis; 1.5. bens singulares e coletivos

2) Bens reciprocamente considerados: 2.1. bem principal e bens acessórios;


2.1.1. bens acessórios: a) frutos; b) produtos; c) rendimentos; d) benfeitorias
(necessárias, úteis e voluptuárias) 3) Bens públicos e particulares

Este critério de classificação leva em conta o liame jurídico existente entre o bem
jurídico principal e o acessório.

- Principal é o bem que possui autonomia estrutural, ou seja, que existe sobre si,
abstrata ou concretamente, ao passo que acessório é aquele cuja existência supõe a
do principal (arts. 58 e 59 do CC-16 e 92 do CC-02).

A regra geral é que o acessório segue sempre a sorte do principal, inclusive no campo
do Direito das Obrigações (o contrato de fiança, por exemplo, é acessório em face do
contrato principal de compra e venda). Cuida-se da aplicação da máxima accessorium
sequitur suum principale. Por isso também o acessório adquire a natureza da coisa
principal. São bens acessórios: a) os frutos; b) os produtos; c) os rendimentos (frutos
civis); d) as pertenças; e) as benfeitorias; f) as partes integrantes.

- Na trilha de pensamento de ORLANDO GOMES, as pertenças são “coisas


acessórias destinadas a conservar ou facilitar o uso das coisas principais, sem que
destas sejam parte integrante” (ex.: as máquinas utilizadas em uma fábrica, os
implementos agrícolas, as provisões de combustível, os aparelhos de ar
condicionado). Tal categoria foi consagrada expressamente no Novo Código Civil,
art. 93: “São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam,
de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro”. São
caracteres da pertença: um vínculo, material ou ideal, mas sempre intencional,
estabelecido por quem faz uso da coisa e o fim em virtude do qual a põe a serviço da
coisa principal; um destino não transitório da coisa principal; uma destinação de fato
e concreta da pertença colocada a serviço do bem principal

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- Pode-se definir a benfeitoria como sendo a obra realizada pelo homem, na estrutura
da coisa principal, com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la.
Consideram-se necessárias as benfeitorias realizadas para evitar um estrago iminente
ou a deterioração da coisa principal (ex.: reparos realizados em uma viga). Úteis,
aquelas empreendidas com o escopo de facilitar a utilização da coisa (ex.: a abertura
de uma nova entrada que servirá de garagem para a casa). E, finalmente, voluptuárias,
quando empreendidas para mero deleite ou prazer, sem aumento da utilidade da coisa
(a decoração de um jardim) (arts. 63 do CC-16 e 96 do CC-02)

Pode-se dizer que o direito de retenção seria a permissão, concedida pela norma ao
credor, de conservar em seu poder coisa alheia, que já detém legitimamente, além do
momento em que a deveria restituir se o seu crédito não existisse e, normalmente, até
a extinção deste. Funda-se esse direito num princípio de equidade, que se manifesta
sempre que o crédito do possuidor for conexo com a obrigação de restituir.

[TJCE]. Bens individualmente considerados x Bens considerados em si mesmo.


Diferencie.
Bens individuais ou singulares são aqueles que, embora reunidos, possam ser
considerados de per si, independentemente dos demais.

Bens considerados em si mesmo reflete uma classificação que independe da análise


de outro bem, tais como se o bem é imóvel ou móvel; consumíveis, fungíveis,
singulares, divisíveis.

[TJCE]. Bens reciprocamente considerados, o que são?


São aqueles que, na sua classificação, deve-se considerar, necessariamente a sua
dependência ou não a outro. Ex: bem principal x bem acessório.

[TJCE]. O que são pertenças?


São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Ex: quadros de uma
casa, trator de uma fazenda.

[TJCE]. O que são benfeitorias?


Benfeitoria é toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma coisa com o
propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. Assim, não existe benfeitoria
natural, todas são artificiais e trabalhadas no corpo da coisa principal, portanto, não
há aumento do bem, diferentemente da acessão, que além de aumentar é modo de
aquisição da propriedade.

[TJCE]. O que é o direito de retenção?


É o direito que a lei concede ao possuidor de boa-fé com o fim de assegurar o
ressarcimento das benfeitorias necessárias e úteis, por via do qual ele conserva a coisa
em seu poder, até que indenizado seja do que lhe é devido.

DINIZ (v. 3, 2002, p.115): Pode-se dizer que o direito de retenção seria a permissão,
concedida pela norma ao credor, de conservar em seu poder coisa alheia, que já detém
legitimamente, além do momento em que a deveria restituir se o seu crédito não
existisse e, normalmente, até a extinção deste. Funda-se esse direito num princípio
de equidade, que se manifesta sempre que o crédito do possuidor for conexo com a
obrigação de restituir.

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[TJCE]. O que são bens fungíveis, infungíveis e consumíveis?


Bens fungíveis são os móveis que podem ser substituídos por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade (art. 85 do CC). São exemplos de bens fungíveis os
metais preciosos, o dinheiro, os cereais, etc.

Bens infungíveis são os que não têm o atributo de poder ser substituídos por outros
da mesma espécie, qualidade e quantidade. Isto ocorre porque são encarados de
acordo com as suas qualidades individuais, como o quadro de um pintor célebre, uma
escultura famosa, etc.

Bens consumíveis são os que terminam logo no primeiro uso, havendo imediata
destruição de sua substância (art. 86 do CC). Ex.: Os alimentos, o dinheiro etc.

[TJCE]. Os bens móveis são fungíveis?


Nem sempre os bens móveis serão fungíveis. A fungilidade é própria dos bens
móveis, pois os bens fungíveis são os que podem ser substituídos por outros da
mesma espécie, qualidade, quantidade.

[TJCE]. O que são bens indivisíveis por natureza? Serve para imóveis urbanos? Há
leis que estabeleçam limitação?
Os bens indivisíveis por natureza são os que se não podem fracionar sem alteração
na sua substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso a que se
destinam. São exemplos de bens indivisíveis por natureza, um computador, uma
mesa, um automóvel, etc. A indivisibilidade, nesse caso, é física ou material.

Os imóveis urbanos podem ser divididos se observados os limites do plano diretor


(lei municipal), como, por exemplo, no caso de “desdobro”, que é a divisão da área
do lote para formação de novo ou de novos lotes. Estes devem atender às exigências
mínimas de dimensionamento e índices urbanísticos para sua edificação.

[TJCE]. O livro é infungível?


Um livro, à primeira vista, é um bem fungível, pois é possível recorrer a uma livraria
e adquirir outro do mesmo título e edição. Mas se ele se torna, de alguma forma,
único para o dono (com anotações pessoais etc), então ele se torna insubstituível,
portanto infungível.

[TJCE]. O livro na biblioteca é consumível?


Não, é não consumível. O livro, enquanto na livraria, é um bem consumível, pois
destina-se à alienação. Todavia, depois de comprado, o livro é bem não consumível,
pois seu uso (leitura) não importa na sua destruição.

[TJCE]. Qual a natureza jurídica da energia elétrica?


A energia elétrica é considerada bem móvel por determinação legal (art. 83, I do CC).

[TJCE]. Um testador pode impor a indivisibilidade de um bem?


Sim. Um bem pode se tormar indivisível por vontade das partes (art. 88 do CC). Se
a indivisão for estabelecida pelo doador ou testador, não poderá exceder de 5 anos
(art. 1320, §2º - CC).

[TJCE]. Exemplifique e conceitue bens singulares e bens coletivos.


Bens singulares são aqueles que, embora reunidos, não perdem sua singularidade (art.
89 do CC). Exemplo: um lápis, um livro. Bens coletivos ou universalidades – são

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aqueles que, em conjunto, formam um todo homogêneo (universalidade da fato – um


rebanho, uma biblioteca; universalidade de direito – o patrimônio, a herança), arts.
90 e 91 do CC.

[TJCE]. O que é uma universalidade de bens?


São aqueles que, em conjunto, formam um todo homogêneo.

[TJCE]. A herança é um bem móvel ou imóvel? E as ações deixadas de herança?


A herança é, por ficção jurídica, tratada como imóvel, obedecendo às peculiaridades
relativas a esta espécie de bens. Apresentando- se como uma universalidade de
direitos (universitas juris – art.91 CC/02 ), considera- se um patrimônio único e
indivisível, sobre o qual os herdeiros exercem um condomínio, até a partilha ou
adjudicação dos bens, quando se desfaz a comunhão forçada (art.1791 CC/02)

Ainda que a herança seja composta apenas de móveis (como, p ex, ações), ela será
considerada um bem imóvel. Neste caso, o que se considera imóvel não é o direito
aos bens componentes da herança, mas o direito a esta, como uma unidade.

[TJCE]. Se o herdeiro quiser doar parte da herança?


Sim, a cessão (que pode ser gratuita ou onerosa) pode ser total ou parcial, quando
envolver todo o quinhão do cedente ou parte dele. Entretanto, não é possível a doação
de bem da herança considerado singularmente (art. 1793, §2º do CC).

Também deve ser observados as seguintes regras: É ineficaz a transmissão de bem


certo sem prévia autorização do juiz; Necessário respeitar o direito de preferência
dos coerdeiros; (até 180 dias para o herdeiro impugnar, desde que deposite o preço –
art. 1795 do CC); Cessão deve ser feita mediante escritura pública; Autorização do
cônjuge, se casado for.

# BENS PÚBLICOS.
[TJCE]. O que são terras devolutas?
Terras devolutas são aquelas que não estão aplicadas a qualquer uso público ou
inseridas no domínio privado. Porém, são bens, dependendo da localização, da União
ou dos Estados conforme dispõe a Constituição da República nos artigos:

Art. 20. São bens da União:

(...) II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e


construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental,
definidas em lei;

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:

(...) IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

[TJCE]. Qual a diferença das terras devolutas dos bens dominicais?


Bens dominicais são aqueles não estão destinados nem a uma finalidade comum e
nem a uma especial. “Constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
público, como objeto de direito pessoal ou real, de cada uma dessas entidades” (art.
99, III do CC). Os bens dominicais representam o patrimônio disponível do Estado,

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pois não estão destinados e em razão disso o Estado figura como proprietário desses
bens. Ex: Terras devolutas.

Algumas terras devolutas não são disponíveis, como, por ex, as terras devolutas na
União, que se destinam à defesa das fronteiras e à preservação ambiental.

[TJCE]. Qual a origem dessas terras?


Da época do Império e das sesmarias improdutivas, a Lei das Terras de 1850 veio
legitimar as posses que estavam sendo utilizadas de maneira úti e, estabelecer que as
demais terras seriam consideradas “terras devolutas” de titularidade do Império.

[TJCE]. O Estado pode ter terras devolutas?


Sim. Inclusive a regra é que as terras devolutas sejam do Estado.

Art. 26 da CF: Incluem-se entre os bens dos Estados:

(…) IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

[TJCE]. Terras devolutas podem ser usucapidas?


Em regra não, uma vez que são consideradas bens dominicais.

Entretanto, não é pacificada a jurisprudência sobre o tema de usucapião de terras


devolutas. O ordenamento jurídico impede sua incidência em bens públicos. A
maioria dos doutrinadores entende que as terras devolutas são todas as terras públicas
que fazem parte dos bens dominicais, assim sendo são bens públicos não possíveis
de serem usucapidos.

[TJCE]. O que é desafetação do bem?


A desafetação consiste na perda da destinação pública de um bem de uso comum ou
de uso especial para caracterizá-lo como bem dominical, visto que somente os bens
dominicais podem ser alienados, pois não tem destinação específica.

[TJCE]. Um museu é bem dominical?


Não. Possui uma finalidade específica, ligado à promoção da cultura, por exemplo.
Deve ser considerado um bem de uso especial.

[TJCE]. Bens comuns do povo podem ser desafetados?


Pode. Caso seja de interesse da Administração, poderá ser desafetado.

[TJCE]. Herança vacante irá para que ente?


Município ou Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições,
incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal (art.
1822 do CC).

Herança Vacante é quando o bem é devolvido à fazenda pública por se ter verificado
não haver herdeiros que se habilitassem no período da jacência.

# BEM DE FAMÍLIA NO CÓDIGO CIVIL E NA LEI Nº 8.009/90


[TJCE]. Como se institui um bem de família? Existe limite ao patrimônio do
instituidor? Um terceiro pode instituir bem de família? Há exceção a

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impenhorabilidade ao bem da família? O arrendamento rural? A cédula


hipotecária?
R: O bem de família deve ser instituído por meio de lavratura da escritura pública,
prenotada no Registro de Imóveis. Após o registro, deve ser autuada e publicada na
imprensa (para dar publicidade). Se houver impugnação, remete-se à autoridade
judicial para decisão. Se não houver impugnação, registra-se a escritura no Livro 3
(Livro de Registro Auxiliar) e averba-se no Livro 2 (Livro de Matrícula).

O bem de família deve incidir em no máximo 1/3 do patrimônio líquido existente ao


tempo da instituição (art. 1711, CC/02). O controle se dá por declaração. Será levado
em conta o valor de referência (VR) do imóvel.

Art.1.711 § único, CC/02: “O terceiro poderá, igualmente, instituir bem de família por
testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato de aceitação expressa de ambos os
cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada".

O bem de família é impenhorável por dívidas em geral, nos termos da Lei 8.009/90.
Porém essa regra não abrange:

- dívidas do financiamento do imóvel

- dívidas tributárias

- dívidas condominiais

- dívidas com empregados domésticos

- fiança

- hipoteca

- alienação fiduciária

[TJCE]. Como se institui o bem de família voluntariamente? Pode ser constituídos


de outros bens ou só imóvel? Há limitação ao patrimônio total do instituidor?
Art. 1.711 CC. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou
testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não
ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as
regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.

Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas
pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá
abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no
sustento da família.

[TJCE]. O bem de família pode integrar o inventário? Como ele fica havendo a
morte de um dos cônjuges? O que ocorre se houver alienação do bem de família?
Art. 1771. Paragrafo único: O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por
testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os
cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.

Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família.

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Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o


sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal.

5. Dos fatos jurídicos. Do negócio jurídico. Dos atos jurídicos lícitos. Dos
atos ilícitos. Da prescrição e da decadência. Da prova.

# NEGÓCIO JURÍDICO: NULIDADE E ANULABILIDADE.


[TJCE]. O que significa dizer que a nulidade absoluta são ex tunc e as relativas são
ex nunc? A partir de quando?
Significa que os efeitos da sentença que reconhece a nulidade absoluta retroagem e
os efeitos da sentença anulatória não retroagem.

[TJCE]. Essa ação (sobre nulidades) é declaratória? Está sujeita algum prazo
prescricional? Essa ação é desconstitutiva? Que natureza tem esses prazos?
A ação anulatória é decidida por sentença de natureza desconstitutiva, de efeitos ex
nunc, aproveitando exclusivamente aos que a alegarem, não tendo efeitos erga
omnes, ressalvados os casos de solidariedade ou indivisibilidade;

A anulabilidade somente pode ser arguida pela via judicial, em prazos decadenciais
de 4 (quatro) anos, em regra, ou de 2 (dois) a nos, excepcionalmente.

Segundo o artigo 178 do Código Civil, é de 4 (quatro) anos o prazo de decadência


para pleitear a anulação do negócio jurídico, contados: a) no caso de coação, do dia
em que ela cessar; b) no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou
lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; c) no de atos de incapazes, do
dia em que cessar a incapacidade. Há, contudo, uma regra supletiva para situações
não abrangidas pelo referi do preceito legal. De efeito, conforme reza o artigo 179
do mesmo Código Civil, quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem
estabelecer prazo para se pleitear a anu lação, será esse de dois anos, a contar da data
da conclusão do ato.

Exemplo da incidência do artigo 179 acima indicado está no artigo 496 do Código
Civil, o qual aduz ser "anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os
outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido",
sem, contudo indicar o prazo para tanto. Aplica-se, como dito, a regra supletiva,
sendo o prazo decadencial de 2 (dois) anos, contados da conclusão do ato.

[TJCE]. Para nulidade absoluta é constitutiva ou declaratória ação?


Declaratória, com efeitos ex tunc e contra todos (erga omnes).

[TJCE]. A simulação determina nulidade absoluta ou relativa?


Absoluta. CC, Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se
dissimulou, se válido for na substância e na forma.

[TJCE]. A venda simulada esconde o quê?


É casuístico, pode simular uma doação, pode simular uma compra e venda em valor
maior ou menor do que o simulado, uma permuta, etc.

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# DOS ATOS ILÍCITOS.


[TJCE]. Há lesão ao patrimônio alheio que não configure ato ilícito?
Sim. Resposto abaixo.

[TJCE]. O estado de necessidade cabe nesta hipótese?


Sim. Resposta abaixo.

[TJCE]. Hipótese em que a indenização não será devida em estado de necessidade?


Estado de necessidade. Proporcionalidade na fixação de indenização. O estado de
necessidade, embora não exclua o dever de indenizar, fundamenta a fixação das
indenizações segundo o critério da proporcionalidade. REsp 1.292.141-SP, rei. Min.
Nancy Andrighi, 4.12.12. 3° T. (Info 513)

O ato praticado em estado de necessidade é lícito, conforme previsto no art. 188, II,
do CC:

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover


perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para a remoção do perigo.

No entanto, mesmo sendo lícito, não afasta o dever do autor do dano de indenizar a
vítima quando esta não tiver sido responsável pela criação da situação de perigo. É o
que preconiza o art. 929 do CC:

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não
forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.

Desse modo, o causador do dano, mesmo tendo agido em estado de necessidade,


deverá indenizar a vítima e, depois, se quiser, poderá cobrar do autor do perigo aquilo
que pagou:

Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro,
contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver
ressarcido ao lesado.

Repare que se trata de algo bem interessante: o autor do dano agiu de forma LÍCITA,
uma vez que estava sob o manto do estado de necessidade, no entanto, mesmo assim
tem o dever de indenizar. E qual é o fundamento jurídico para este dever?

O Min. Sanseverino (no Resp 1.278.627-SC) explica que o fundamento para essa
opção legislativa é a equidade, aplicando-se a chamada teoria do sacrifício, bem
desenvolvida pelo doutrinador português J.J. Gomes Canotilho (O problema da
responsabilidade do estado por actos lícitos. Coimbra: Almedina, 1974).

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Pela teoria do sacrifício, diante de uma colisão entre os direitos da vítima e os do


autor do dano, estando os dois na faixa de licitude (os dois comportamentos são
lícitos), o ordenamento jurídico opta por proteger o mais inocente dos interesses em
conflito (o da vítima), sacrificando o outro (o do autor do dano).

Vale ressaltar, no entanto, que o estado de necessidade, embora não exclua o dever
de indenizar, fundamenta a fixação das indenizações segundo o critério da
proporcionalidade.

Em outras palavras, a pessoa que agiu em estado de necessidade deverá indenizar


caso tenha causado prejuízo à vítima que não deu causa ao perigo. No entanto, o valor
desta indenização deverá ser fixado com proporcionalidade, evitando-se a imposição
de valores abusivos (desproporcionais) para alguém que estava agindo de forma
lícita. Terceira Turma. REsp 1.292.141-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
4/12/2012.

[TJCE]. O que é abuso de direito?


Ao definir o abuso de direito, em seu artigo 187, o codificador consagrou uma
ilicitude objetiva, dispensando a culpa e o dolo e preferindo um critério finalístico de
análise.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.

37 da I JDC – Art. 187: a responsabilidade civil decorrente do abuso do direito


independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico.

[TJCE]. O que significa “manifestamente” na expressão “quando o agente excede


manifestamente”?
Manifesto é o excesso indubitável, claro, visível, evidente.

[TJCE]. O excesso estabelecido em lei é uma palavra desnecessária? Qual o efeito


do excesso?
Não se trata de palavra desnecessária, pois é justamente o manifesto excesso dos
limites que transforma o ato, a principio lícito, em ilícito.

Exemplo de ato abusivo que comporte indenização.

Responsabilidade civil por donos decorrentes de abuso do direito de ação executiva.

O advogado que ajuizou ação de execução de honorários de sucumbência não só contra


a sociedade limitada que exclusivamente constava como sucumbente no título judicial,
mas também, sem qualquer justificativa, contra seus sócios dirigentes, os quais tiveram
valores de sua conta bancária bloqueados sem aplicação da teoria da desconsideração
da personalidade jurídica, deve aos sócios indenização pelos danos materiais e morais
que sofreram. Com efeito, a lei não faculta ao exequente escolher quem se sujeitará à
ação executiva, independentemente de quem seja o devedor vinculado ao título executivo.
Ressalte-se que, tendo as sociedades de responsabilidade limitada vida própria, não se
confundem com as pessoas dos sócios. No caso de as cotas de cada um estarem
totalmente integralizadas, o patrimônio pessoal dos sócios não responde por dívidas da
sociedade. Portanto, a regra legal a observar é a do princípio da autonomia da pessoa
coletiva, distinta da pessoa de seus sócios ou componentes, distinção que só se afasta

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provisoriamente e tão só em hipóteses pontuais e concretas. REsp 1.245.112-MT, rel.


Min. João Otávio de Noronha, 1 1.3.14. 3° T. (lnfo 539)

# PRESCRIÇÃO.
[TJCE]. O que é prescrição?
A prescrição consiste na perda da pretensão, em virtude da inércia do seu titular, no
prazo previsto em lei. Por pretensão, entenda-se o “poder de exigir de outrem
coercitivamente o cumprimento de um dever jurídico, vale dizer, é o poder de exigir
a submissão de um interesse subordinado (do devedor da prestação) a um interesse
subordinante (do credor da prestação) amparado pelo ordenamento jurídico”. Não é
recomendável, pois, segundo o critério científico adotado pelo novo Código, dizer-
se que a prescrição ataca a ação, mas sim, a “pretensão” (Pablo Stolze). Nesse
diapasão, e seguindo a melhor técnica, dispõe o novo Código Civil:

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela
prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

[TJCE]. Quando se inicia o marco prescricional?


A partir da violação do direito, com o surgimento da pretensão.

Art. 189, CC/02. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue,
pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

[TJCE]. Ações constitutiva/declaratória se submetem à prescrição?


As ações de natureza condenatória, por meio das quais pretende o autor obter do réu
uma prestação (o cumprimento de um direito subjetivo, direito este suscetível de
violação), estão sujeitas a prazo PRESCRICIONAL. Já as ações constitutivas
representam meios de exercício de direitos potestativos (que não são suscetíveis de
violação) e, portanto, estão sujeitos à decadência quando a lei prevê determinados
prazos.

Concluímos, então, o seguinte: em se tratando de ação condenatória o prazo será


sempre prescricional e em se tratando de ações constitutivas (positivas ou negativas),
o prazo será decadencial.

Já as ações anulatórias em geral (anulação do contrato por erro, em razão de


incapacidade relativa do agente), estão sujeitas à decadência.

Agora, em se tratando de ação declaratória pela qual se busca apenas uma certeza
jurídica, tal ação não está sujeita à prescrição, nem à decadência. Simplesmente tais
ações não sofrem a influência do tempo. Um exemplo disto é a ação que declara nulo
o contrato celebrado por absolutamente incapaz ou nulo um casamento de irmãos
(José Fernando Simão).

[TJCE]. A interrupção se estende aos outros? E a suspensão?


Art. 204, CC/02. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros;
semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não
prejudica aos demais coobrigados.

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§ 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a
interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.

§ 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica


os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos
indivisíveis.

§ 3o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.

Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam


os outros se a obrigação for indivisível.

[TJCE]. Qual a diferença entre divisibilidade e indivisibilidade?


As obrigações divisíveis são aquelas que admitem o cumprimento fracionado ou
parcial da prestação; as indivisíveis, por sua vez, só podem ser cumpridas por inteiro.

A divisibilidade ou indivisibilidade das obrigações só oferecerão interesse jurídico


havendo pluralidade de credores ou de devedores. Havendo unidade, as obrigações
são, em regra, indivisíveis, porque nem o credor é obrigado a receber pagamentos
parciais, nem o devedor a fazê-los, se outra coisa foi negociada.

Por oportuno, transcrevem-se os arts. 257 e 258 do CC, respectivamente, que


disciplinam o tema:

Art. 257, CC/02. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação


divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os
credores ou devedores.”

Art. 258, CC/02. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa
ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica,
ou dada a razão determinante do negócio jurídico.

[TJCE]. No curso da ação de evicção corre prescrição?


Não.

Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:

III - pendendo ação de evicção.

[TJCE]. A condição suspensiva suspende aquisição de direito?


Art. 125, CC/02. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva,
enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.

[TJCE]. Interrompida a prescrição contra a Fazenda Pública, retorna em que


prazo?
Art. 3º, Lei 4.597/42. A prescrição das dívidas, direitos e ações a que se refere o Decreto
nº 20.910, de 6 de janeiro de 1932, somente pode ser interrompida uma vez, e recomeça
a correr, pela metade do prazo, da data do ato que a interrompeu, ou do último do
processo para a interromper; consumar-se-á a prescrição no curso da lide sempre que a
partir do último ato ou termo da mesma, inclusive da sentença nela proferida, embora
passada em julgado, decorrer o prazo de dois anos e meio.

[TJCE]. O que significa a “Ação prescreve no mesmo prazo da pretensão”?

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Significa que se o titular do direito permanecer inerte, tem como pena a perda da
pretensão que teria por via judicial.

Na prescrição, nota-se que ocorre a extinção da pretensão; todavia, o direito em si


permanece incólume, só que sem proteção jurídica para solucioná-lo. Tanto isso é
verdade que, se alguém pagar uma dívida prescrita, não pode pedir a devolução da
quantia paga, já que existia o direito de crédito que não foi extinto pela prescrição.
Nesse sentido, prevê o art. 882 do CC que “não se pode repetir o que se pagou para
solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.”.

[TJCE]. O que é prescrição?


A prescrição constitui um benefício a favor do devedor, pela aplicação da regra de
que o direito não socorre aqueles que dormem, diante da necessidade do mínimo de
segurança jurídica nas relações negociais.

A prescrição extintiva, fato jurídico em sentido estrito, constitui, nesse contexto, uma
sanção ao titular do direito violado, que extingue tanto a pretensão positiva quanto a
negativa (exceção ou defesa). Trata-se de um fato jurídico stricto sensu justamente
pela ausência de vontade humana, prevendo a lei efeitos naturais, relacionados com
a extinção da pretensão. A sua origem está no decurso do tempo, exemplo típico de
fato natural.

[TJCE]. Atinge as ações constitutivas e as declaratórias?


O Código de 2002 adota quanto a esse instituto a tese de Agnelo Amorim Filho, que
associou os prazos de prescrição às ações condenatórias, particularmente àquelas
relativas à cobrança de valores ou à reparação de danos, mantendo uma relação com
os direitos subjetivos.

Por outro lado, a decadência está associada a direitos potestativos e às ações


constitutivas, sejam elas positivas ou negativas.

Por fim, as ações meramente declaratórias, como aquelas que buscam a nulidade
absoluta de um negócio, são imprescritíveis, ou melhor, tecnicamente, não estão
sujeitas à prescrição ou a decadência. A imprescritibilidade dessa ação específica está
também justificada porque a nulidade absoluta envolve ordem pública, não
convalescendo pelo decurso do tempo (art. 169 do CC).

[TJCE]. Contra o pródigo corre prescrição? E contra o menor?


A simples condição de pródigo (que é incapaz relativamente a certos atos) não
impede o curso da prescrição. Só não correria se ele se enquadrasse em alguma das
hipóteses elencadas no Código Civil. Do mesmo modo ocorre com o menor de
dezoito anos, mas maior de dezesseis, contra quem a prescrição corre normalmente.

Contra o menor de dezesseis anos não corre a prescrição, por ser absolutamente
incapaz (Art. 3º c/c 198, ambos do CC).

[TJCE]. Interrompe e suspende o prazo prescricional, quando?


Das Causas que Impedem ou Suspendem a Prescrição

Art. 197. Não corre a prescrição:

I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;

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II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;

III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou


curatela.

Art. 198. Também não corre a prescrição:

I - contra os incapazes de que trata o art. 3º (ABSOLUTAMENTE INCAPAZES);

II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos


Municípios;

III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:

I - pendendo condição suspensiva;

II - não estando vencido o prazo;

III - pendendo ação de evicção.

Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não
correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.

Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam


os outros se a obrigação for indivisível.

Seção III - Das Causas que Interrompem a Prescrição

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:

I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a


promover no prazo e na forma da lei processual;

II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;

III - por protesto cambial;

IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de


credores;

V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; (Notificação extrajudicial
não interrompe prescrição).

VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento
do direito pelo devedor.

[TJCE]. Existe hipótese de interrupção em que o prazo não começa pela


integralidade?
O lapso prescricional aplicável nas demandas contra o Poder Público é de cinco anos;
e, uma vez havendo interrupção desse prazo, voltará ele a correr pela metade, e não
em sua integralidade.

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# DECADÊNCIA.
[TJCE]. Decadência. Que classe de ações se sujeita à decadência?
Ações constitutivas, uma vez que estas estão ligadas a direitos potestativos.

Existem direitos potestativos sem prazo para o seu exercício, a exemplo do direito de
divórcio. No entanto, sempre que houver prazo para o exercício de um direito
potestativo, este prazo será decadencial. Os prazos de prescrição, como visto, estão
nos arts. 205 e 206. Todos os demais (exceto os da prescrição aquisitiva da
usucapião) são de decadência.

Critérios científicos de Agnelo Amorim Filho: os prazos decadenciais estão


relacionados com direitos potestativos, bem como com aquelas ações que visam a
constituir positiva ou negativamente atos e negócios jurídicos, como no caso da ação
anulatória de negócio jurídico.

[TJCE]. Ação de revogação de doação se sujeita a prazo decadencial? Esse prazo


decadencial admite suspensão e interrupção? Prorroga-se?
Revogação da doação: é sempre por ato judicial. Ninguém pode revogar a doação por
declaração de vontade. Todo doador tem direito indisponível de ajuizar ação de
revogação de doação.

Pode ser por descumprimento de encargo ou por ingratidão do donatário.

O prazo para a revogação da doação consta do art. 559 do CC, cuja redação merece
transcrição, para os aprofundamentos necessários:

“Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um
ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de
ter sido o donatário o seu autor”.

[TJCE]. Pois bem, a grande dúvida que surge do dispositivo é a seguinte: o prazo
decadencial previsto no art. 559 do CC aplica-se tanto à revogação por ingratidão
quanto ao caso de inexecução do encargo?
Flávio Tartuce: Entende que sim, pois o dispositivo, ao mencionar “qualquer desses
motivos”, está fazendo referência ao art. 555 do CC. Reforçando, a ação de revogação
é de natureza constitutiva negativa, fundada em direito potestativo, o que justifica o
prazo decadencial. Isso porque o encargo é um ônus, sendo o contrato unilateral
imperfeito.

Mas há quem entenda, amparado em entendimento jurisprudencial, que o prazo para


revogar a doação por inexecução do encargo é prescricional de 10 anos em virtude
da aplicação do art. 205 do CC. A corrente sustenta que o encargo é dever, havendo
um direito subjetivo de exigi-lo, já que o contrato é bilateral (nesse sentido, pela
incidência do prazo geral de prescrição, ver: STJ, REsp 69.682/MS, Rel. Min. Ruy
Rosado de Aguiar, 4.ª Turma, j. 13.11.1995, DJ 12.02.1996 p. 2.432).

De toda sorte, fica o esclarecimento de que se trata de uma das questões mais
controvertidas para o Direito Civil Brasileiro.

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Sendo um prazo decadencial legal, conforme o art. 207 do CC/2002, salvo disposição
legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem
ou interrompem a prescrição.

Extra Entretanto, constam algumas exceções no próprio Código Civil, como a do


artigo subsequente (art. 208 do CC/2002), pelo qual a prescrição não corre contra os
absolutamente incapazes apresentados no art. 3.º do Código (menores de 16 anos,
enfermos, doentes mentais e pessoas que por uma causa transitória ou definitiva não
puderem manifestar sua vontade). Aplicando o último dispositivo, ilustre-se com
decisão do STJ, publicada no seu Informativo n. 482:

“Alegam os recorrentes que, à época, por serem menores absolutamente incapazes, não
fluía contra eles prazo, nem de decadência nem de prescrição. Admitido o REsp, o Min.
Relator entendeu que o prazo para o ajuizamento da ação rescisória é de decadência
(art. 495, CPC), por isso se aplica a exceção prevista no art. 208 do CC/ 2002, segundo
a qual os prazos decadenciais não fluem contra os absolutamente incapazes. Esse
entendimento foi acompanhado pelos demais Ministros, que deram provimento ao REsp
e determinaram o prosseguimento da ação rescisória” (STJ, REsp 1.165.735/MG, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, j. 06.09.2011).

[TJCE]. É possível falar em decadência convencional?


As partes não podem criar prazos prescricionais. Os prazos decadenciais, todavia,
poderão ser legais (a exemplo do prazo para se exercer o direito potestativo de anular
um contrato, previsto no art. 178 do CC) ou convencionais, ajustados pelas próprias
partes (a exemplo do prazo previsto no contrato para se exercer o direito potestativo
de desistir do negócio). Assim, a prescrição é sempre legal. Já a decadência pode ser
legal ou convencional.

[TJCE]. O juiz pode reconhecer de ofício a decadência?


A decadência legal poderá ser reconhecida de ofício pelo juiz. A convencional não
(a parte tem de alegá-la, segundo seu interesse).

# DA PROVA: PROVA DOCUMENTAL E PERÍCIA.


[TJCE]. A presunção de veracidade de documento na escritura pública se refere ao
negócio ou ao bem? E negócios simulados?
Faz prova quanto à formação do negócio. Dispõe o art. 364 do CPC, “o documento
público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o
tabelião ou o funcionário declarar que ocorreram em sua presença”. Em razão da fé
pública que reveste os atos estatais, sempre que o documento for produzido por
funcionário público lato sensu, haverá uma presunção de veracidade quanto à sua
formação e quanto aos fatos ocorridos em sua presença.

Segundo o art. 364 do CPC, o documento público faz prova da sua formação e
também dos fatos que o escrivão, tabelião ou funcionário declarar que
ocorreram em sua presença.

Essa presunção é relativa, podendo ser afastada por outras provas produzidas no
processo. Em relação aos negócios simulados estes são nulos de pleno direito (CC,
167), tal vício pode ser alegado por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público,
quando lhe couber intervir na demanda ou até mesmo de ofício pelo magistrado (CC,

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168 c/c parágrafo único). Vale salientar que o negócio simulado é insuscetível de
confirmação ou convalidação pelo decurso do tempo (CC, 169). Sendo assim,
havendo provas que o negócio jurídico descrito na escritura pública é simulado, deve
o magistrado declará-lo nulo e desconstituir o negócio jurídico.

[TJCE]. Declaração meramente declarativa qual a natureza da declaração?


ACHO que a pergunta era relacionada às ações meramente declaratórias.

A tutela meramente declaratória resolve uma crise de certeza, ao declarar a


existência, inexistência ou modo de ser de uma relação jurídica (art. 4º, I do CPC e
Súmula 181 do STJ) e, excepcionalmente, de um fato (art. 4º, II do CPC).

Importante salientar que é admissível ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a
violação do direito (art. 4º, parágrafo único do CPC). Neste caso, tal pretensão é
imprescritível e possui efeitos ex tunc. Entretanto, há de se registrar que a pretensão
condenatória decorrente da violação do direito submete-se a prazo prescricional, uma
vez que estamos diante de uma tutela condenatória.

São exemplos de ações meramente declaratórias: ação declaratória de união estável;


ação declaratória de inexistência de débito tributário; ação de usucapião.

[TJCE]. A recusa em submeter-se a perícia médica gera presunção absoluta ou


relativa? Admite prova a cargo de quem? Quem tem que provar?
A recusa em submeter-se a perícia médica gera presunção relativa. A Súmula 307 do
STJ dispõe que “em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao
exame de DNA induz presunção iuris tantum de paternidade”. No mesmo sentido vai
o art. 232 do CC/02 “a recusa à perícia médica ordenada por juiz poderá suprir a
prova que se pretendia obter como exame”.

O Ministério Público, quando lhe competir intervir (a exemplo das ações envolvendo
incapazes), ou qualquer parte interessada poderá requerer a produção probatória.
Entretanto, há de se levar em consideração as regras dispostas no art. 333 do CPC
quanto ao ônus da prova e suas consequências relativamente à procedência dos
pedidos.

A regra do ônus da prova é a regra que atribui a responsabilidade pela falta de prova
de determinado fato. Ou seja, determina quem vai sofrer as consequências se
determinado fato não for provado. Caso o fato não seja provado, quem arca com isso
é quem tinha o dever de provar. Cumpre salientar que quem tem o ônus da prova não
é quem tem que provar, mas sim quem arca com a falta da prova do fato, portanto
estimula a parte a correr atrás da prova.

Ônus da prova é uma regra que só se aplica na hora do julgamento e somente se não
for mais possível produzir prova. O juiz somente pode aplicar o ônus da prova se não
houver prova e não houver mais como produzir, pois, se ainda houver a possibilidade
de produção o juiz deve, de ofício, determinar sua produção. Assim, a regra de ônus
da prova é uma regra de julgamento e de aplicação subsidiária.

Vigora no Brasil a regra Estática do ônus da prova (CPC, 333). É chamado de regra
estática por se tratar de regra fixa, imutável, não flexibilizada pelo legislador. É assim
inclusive nas causas de consumo (a regra de provar é de quem alega). Todavia, há

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casos em que a prova é diabólica (impossível ou excessivamente onerosa). Diante


disso, a doutrina e a jurisprudência começaram a defender a tese de que as regras de
ônus da prova devem poder ser flexibilizadas de acordo com as peculiaridades do
caso concreto, de modo que o ônus coubesse a quem pudesse suportá-lo. A essa teoria
foi dado o nome de teoria da distribuição dinâmica do obus da prova. O juiz terá que
dar uma decisão nesse sentido. Essa decisão é conhecida como “inversão do ônus da
prova”. Assim, inverter o ônus da prova é redistribuí-lo. Tal inversão deve ser feita
antes da sentença (o ideal é fazê-la na fase de saneamento do processo), para permitir
que a parte que recebeu o ônus possa tentar se desincumbir dele. Essa teoria foi criada
para ser aplicada a qualquer processo, desde que haja prova diabólica.

A inversão do ônus da prova está prevista legalmente no CDC. É a consagração da


distribuição dinâmica (caso a caso) do ônus da prova nas causas de consumo.
Todavia, essa distribuição somente pode ser feita em favor do consumidor. Assim,
nas causas de consumo, a regra é o ônus da prova ser de quem alega, todavia, sendo
o consumidor hipossuficiente técnico e verossímil as alegações, pode o juiz inverter
o ônus da prova em seu favor.

[TJCE]. Se alguém se recusa e, em função disso, não se encontre outra prova pode
requerer a procedência do pedido?
De acordo com o art. 231 do CC/02 “aquele que se nega a submeter-se a exame
médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa”. O Código de Processo
Civil é claro ao tratar do tema das provas que o ônus da prova incumbe ao autor
quanto ao fato constitutivo de seu direito (art. 333, I do CPC), sendo assim, ausente
outros meios de prova, o autor que se recusa a submeter-se à perícia não pode
requerer a procedência do pedido.

Vale salientar que em ação negatória de paternidade, o não comparecimento do filho


menor de idade para submeter-se ao exame de DNA não induz, por si só, presunção
de inexistência de paternidade.

A Súmula 301 do STJ induz presunção relativa, de modo que a mera recusa à
submissão ao exame não implica automaticamente reconhecimento da paternidade
ou seu afastamento, pois deve ser apreciada em conjunto com os demais elementos
probatórios.

O sistema de provas no processo civil brasileiro permite que sejam utilizados todos
os meios legais e moralmente legítimos para comprovar a verdade dos fatos. Assim,
o exame genético, embora de grande proveito, não pode ser considerado o único meio
de prova da paternidade. A recusa ao DNA não pode, por si só, resultar na
procedência do pedido formulado em investigação ou negação de paternidade, pois
a prova genética não gera presunção absoluta.

Cabe ao autor comprovar a possibilidade de procedência do pedido por meio de


outras provas. Em outras palavras, além da recusa a exame, deve haver indícios de
que aquilo que foi alegado é verdadeiro.

# DA PROVA: PROVA TESTEMUNHAL.

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[TJCE]. Todo negócio jurídico pode ser provado por testemunha? Existe exceção?
Em negócios com valores superiores a 10 salários mínimos exige só testemunha?
Respostas na literalidade do Código Civil:

Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos
negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente
no País ao tempo em que foram celebrados.

Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é
admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.

[TJCE]. A testemunha pode escusar-se de depor? Em que hipótese pode haver


recusa?
Código Civil:

Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato:

I - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo;

II - a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grau
sucessível, ou amigo íntimo;

III - que o exponha, ou às pessoas referidas no inciso antecedente, a perigo de vida, de


demanda, ou de dano patrimonial imediato.

[TJCE]. Médico pode ser compelido a depor sobre doença de um paciente? Se ele se
recusasse você obrigará a depor?
Código Civil:

Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato:

I - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo;

Nesse caso, há dever de não revelar os fatos e quem descumprir esse dever sem justa
causa será responsabilizado criminalmente, além de eventuais consequências cíveis
e sanções administrativas.

Pelo mesmo diapasão vai o CPC quando trata do tema. Primeiro, dispõe em seu artigo
347:

“A parte não é obrigada a depor de fatos:

(...) II – a cujo respeito, por estado ou profissão deva guardar sigilo.”.

Em segundo lugar, em seu artigo 363, o CPC determina:

“A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa:

(...) III – se a publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao terceiro,


bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes representar
perigo de ação penal;

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IV – se a exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou


profissão, devam guardar segredo;”.

E, em terceiro lugar, no seu artigo 406, 0 CPC nos diz:

“A testemunha não é obrigada a depor de fatos:

(...) II – a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo”.

Portanto, no processo civil, tanto as partes, testemunhas, como terceiros, no caso do


médico, estão desobrigados de testemunhar revelando dados do paciente, ou seja,
violando o segredo médico.

Para os profissionais médicos temos o Código de Ética Médica (Resolução CFM nº


1931/2009) que estabelece o seguinte:

É vedado ao médico:

Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão,
salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente.

Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato seja de conhecimento
público ou o paciente tenha falecido; b) quando de seu depoimento como testemunha.
Nessa hipótese, o médico comparecerá perante a autoridade e declarará seu
impedimento; c) na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de
revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal.

(...)

Art. 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por
escrito, pelo paciente, para atender ordem judicial ou para a sua própria defesa.

Na área penal há uma maior flexibilidade sobre o tema. Há antigo precedente do STF
(RE 91.218/SP), no seguinte sentido:

"Segredo profissional. A obrigatoriedade do sigilo profissional do médico não tem


caráter absoluto. A matéria, pela sua delicadeza, reclama diversidade de tratamento
diante das particularidades de cada caso.

A revelação do segredo médico em caso de investigação de possível abortamento


criminoso faz-se necessária em termos, com ressalvas do interesse do cliente. Na espécie
o hospital pôs a ficha clínica à disposição de perito médico, que "não estará preso ao
segredo profissional, devendo, entretanto, guardar sigilo pericial" (art. 87 do Código de
Ética Médica).

[TJCE]. Determinar a prova pericial em ficha médica é possível?


Para os profissionais médicos temos o Código de Ética Médica (Resolução CFM nº
1931/2009) que estabelece o seguinte:

Art. 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por
escrito, pelo paciente, para atender ordem judicial ou para a sua própria defesa.

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§ 1º Quando requisitado judicialmente o prontuário será disponibilizado ao perito


médico nomeado pelo juiz.

[TJCE]. Qual a idade mínima para depor?


Dezesseis anos (Art.228, I, CC), mas para a prova de fatos que só elas conheçam,
pode o juiz admitir seu depoimento.

Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas:

I - os menores de dezesseis anos;

Parágrafo único. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o
depoimento das pessoas a que se refere este artigo.

Item considerado correto pela CESPE: “Considere que Pedro seja filho de Lúcia e
primo de Maria e que ele pretenda provar determinado fato jurídico. Nessa situação
hipotética, Maria poderá testemunhar, mas Lúcia somente poderá ser testemunha se
for a única conhecedora do fato além de Pedro.”.

[TJCE]. Testemunhas suspeitas e impedidas qual a diferença?


O impedimento é mais grave do que a suspeição. São impedidos de depor como
testemunhas o cônjuge, ascendente e descendente em qualquer grau, ou colateral até
o terceiro grau de qualquer das partes, por consanguinidade ou afinidade.

O impedimento cessa quando exigir o interesse público ou nas ações de estado da


pessoa, quando a prova for decisiva e não puder ser produzida de outra forma.

Também são impedidos de depor as partes na causa e o sujeito que intervém em


nome de uma parte, como o tutor na causa do menor, o representante legal da pessoa
jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham assistido as partes.

São suspeitos para depor como testemunhas: o condenado definitivo por crime de
falso testemunho; o que, por seus costumes, não for digno de fé; o inimigo capital ou
amigo íntimo da parte, e não do juiz ou do advogado; o que tiver interesse no litígio,
entendendo-se que o interesse deve ser jurídico.

Sendo estritamente necessário, o que significa dizer que a prova não tem outra forma
de ser produzida, o art. 405, § 4.º, do CPC permite ao juiz a oitiva dos sujeitos
impedidos e suspeitos de depor, hipótese na qual estarão dispensados de prestar
compromisso e seus depoimentos serão apreciados com o valor que possam merecer.

[TJCE]. Qualquer amigo e qualquer inimigo (para fins de suspeição)?


Apenas o inimigo capital da parte ou seu amigo intimo.

No novo CPC não há mais necessidade de o inimigo da parte ser seu “inimigo capital”
para ser suspeito de depor.

[TJCE]. O que é testemunha instrumentária?


A testemunha imprópria, instrumentária ou fedatária é a que assiste aos atos escritos,
quer sejam eles públicos ou particulares formulados num instrumento cuja validade
depende da sua presença e respectiva assinatura para confirmar e garantir a
veracidade ou autenticidade do fato.

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[TJCE]. No testamento, é instrumentária? Vigora o mesmo? Vigora a mesma data?


Pode ser o funcionário do cartório?
Respostas: Sim. Não entendi a pergunta (provavelmente relacionada à resposta do
candidato na hora da prova). Não entendi a pergunta. Sim.

Registros Públicos - Teoria e Prática -Luiz Guilherme Loureiro – 2014:

“O fato de se tratar de ato personalíssimo não impede que haja intervenção ou


colaboração de terceiro quando da outorga do testamento. A lei expressamente admite
que, se o testador não souber assinar, assinará por ele, e a seu rogo, uma das
testemunhas instrumentárias (art. 1.865, CC). É possível, ainda, no caso do testamento
cerrado, que a cédula seja escrita por outra pessoa, a pedido do testador (art. 1.868,
CC). Obviamente, o escrito deve observar estritamente a vontade livre e consciente do
testador. Também o testador surdo que não puder ler será auxiliado por terceiro, que
lerá o testamento público, em seu lugar, perante as testemunhas (art. 1.866, CC).”

“Segundo o art. 1.865 do CC, quando o testador não souber ou não puder assinar (v.g.,
por estar com o braço fraturado), o tabelião ou substituto legal fará menção de tal
circunstância no ato e providenciará que uma das testemunhas instrumentárias assine a
rogo, ou seja, a pedido do testador.”

“Ao contrário do que sucede com o testamento feito por quem não sabe ou não pode
assinar, em que uma terceira pessoa, diversa das testemunhas, deve ler o ato, o
testamento feito pelo cego deverá ser lido por uma das testemunhas instrumentárias,
escolhida pelo testador.”

Tartuce: Superado tal aspecto, se o testador não souber, ou não puder assinar, o
tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo
testador, e, a seu rogo (pedido), uma das testemunhas instrumentárias (art. 1.865 do
CC)

Impedimentos não há que o funcionário do cartório, testamenteiro nomeado, parentes


afins do testador, representantes das pessoas jurídicas atuem como testemunhas
testamentárias, suas participações não viciam o testamento, uma vez que as
incompatibilidade não se aplicam em situações que não estejam legalmente previstas.

# DA PROVA: CONFISSÃO.
[TJCE]. O que significa confissão?
A confissão é um meio de prova. Materialmente, tem natureza jurídica de ato jurídico
em sentido estrito. Trata-se de um acontecimento emanado da vontade humana –
livre e desembaraçada – que tende a produzir os efeitos desejados e previstos em lei.

Confissão é o ato realizado, em juízo ou fora dele, pelo titular de um direito,


admitindo a veracidade de um fato ou situação contrária ao seu interesse, em tese
favorável a outrem.

A confissão tem sempre por objeto fatos que interessam ao mundo jurídico, não
direitos; somente se a admite quando se tratar de direitos disponíveis.

São requisitos da confissão:

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 Disponibilidade do direito;
 Declaração de vontade do confitente, livre, consciente e desembaraçada;
 Inexigibilidade de forma especial para a prova do fato que se confessa;
 Capacidade civil, genérica e especial: a especial se trata da titularidade do
direito substantivo que se confessa.

A confissão pode ser expressa ou presumida (ficta), espontânea ou provocada.

[TJCE]. Só parte pode confessar?


O CC/02 permite confissão pelo representante, limitada, porém, à extensão dos
poderes conferidos pelo mandato. A confissão promovida sem poderes para tanto é
ineficaz como ato jurídico, mas poderá ser posteriormente ratificada pelo titular do
direito.

[TJCE]. Confissão e reconhecimento jurídico do pedido são a mesma coisa?


A confissão é um ato jurídico em sentido estrito, enquanto o reconhecimento é um
negócio jurídico unilateral. Ela tem por objetivo um fato e dispensa sua prova,
gerando presunção de veracidade. Já este tem por objeto o pedido da outra parte e
por efeito a resolução do mérito da causa por autocomposição. É errado definir o
reconhecimento jurídico do pedido como ato que só pode emanar do réu ou seus
litisconsortes, já que nas ações dúplices poderá o autor reconhecer o pedido da parte
contrária, assim como nas ações declaratórias incidentais.

A confissão está limitada aos fatos. Se a parte concorda com os fatos e com o direito
alegado pela parte contrária ocorre o reconhecimento jurídico do pedido e não a
confissão. O reconhecimento jurídico do pedido é homologado, acaba com o
processo (artigo 269, II do CPC), enquanto a confissão é um mero substrato para o
juiz decidir o processo.

[TJCE]. O juiz pode julgar contrariamente à confissão?


O valor probante da confissão é relativo, submetendo-se ao livre convencimento do
juiz. De acordo com STJ, a confissão é mero meio de prova a ser analisado pelo juiz
diante do contexto probatório colacionado aos autos, não implicando presunção
absoluta de veracidade dos fatos.

[TJCE]. O confitente pode se beneficiar do próprio ato?


A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os
litisconsortes. Entretanto, pelo princípio da comunhão da prova, a confissão será
valorada pelo juiz, destinatário direto da mesma, e poderá servir de base para a
formação de seu convencimento, sendo ilógico admitir a possibilidade de o juiz
considerar que o fato confessado ocorreu para o confitente e não ocorreu para os
demais.

NAS AÇÕES QUE VERSAREM SOBRE BENS IMÓVEIS OU DIREITOS SOBRE


IMÓVEIS ALHEIOS, A CONFISSÃO DE UM CÔNJUGE NÃO VALERÁ SEM A
DO OUTRO, SALVO SE O REGIME DE BENS FOR DE SEPARAÇÃO TOTAL
OU PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS.

[TJCE]. A confissão pode ser anulada?


A confissão é irrevogável. A revogação é ato unilateral e potestativo da parte,
independente de autorização.

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Porém, o CC/02, no art. 214, admite a sua invalidação quando maculada por vício de
consentimento, violando a liberdade da parte. A anulação se dá sempre
judicialmente:

 Por ação rescisória: após o trânsito em julgado da decisão;


 Por ação anulatória: se não houve trânsito em julgado ou se a confissão foi
extrajudicial.

A anulação da confissão só é possível com base no erro de fato e na coação, sendo


inviável quando houver erro de direito ou dolo do confitente.

6. Do direito das obrigações. Das modalidades das obrigações. Da


transmissão das obrigações. Do adimplemento e extinção das
obrigações. Do inadimplemento das obrigações

# MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES: OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE NÃO FAZER.


[TJCE]. A obrigação personalíssima dispõe de uma tutela específica?
Dispõe da tutela específica processual do artigo 461, CPC – cumprimento forçado da
obrigação (inadimplemento com culpa do devedor).

Se não houver culpa, a obrigação se extingue sem perdas e danos.

[TJCE]. Descumprida a obrigação de fazer pode o credor, por si, resolver?


Sim. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor manda-lo
executar a custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da
indenização cabível.

Em caso de urgência, poderá o credor, independentemente de autorização judicial,


executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.

# MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES: OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS


[TJCE]. Ocorrendo perdas e danos permanece a obrigação solidária?
Se a obrigação é convertida em perdas e danos, a solidariedade persiste, pois emana
da lei ou da vontade das partes (artigos 265 e 271).

[TJCE]. Em relação aos herdeiros do credor, interrompendo em relação a um dos


demais, os outros se beneficiam?
Se houve solidariedade passiva, a interrupção da prescrição promovida pelo credor
contra um devedor solidário se estende aos demais e aos seus herdeiros.

Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida
não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou
relevada.

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[TJCE]. Interrompida a prescrição contra um dos devedores, fica estendida aos


demais?
R: Conforme art. 204, 2ª parte, CC/02: (...); semelhantemente, a interrupção operada
contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.

2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica


os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos
indivisíveis.

§ 3o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.

[TJCE]. Ajuizada ação de cobrança, pode o credor ajuizar outra ação contra outro
devedor?
R: Neste caso, deve-se analisa se a obrigação é ou não solidária.

Se não for solidária, permite-se a ação, conforme o art. 204, CC/02:

“A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente,


a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais
coobrigados.”

Já se a obrigação envolvida for solidária, não se pode ajuizar outra ação: “§ 1o A


interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a
interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.”

[TJCE]. Demandado um devedor, ele pode alegar oposição de outros devedores?


Art. 281, CC/02: “O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro
codevedor”.

# MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES: OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS.


[TJCE]. O que se entende por uma obrigação divisível e indivisível?
As obrigações divisíveis são aquelas que admitem o cumprimento fracionado ou
parcial da prestação; as indivisíveis, por sua vez, só podem ser cumpridas por inteiro.

A divisibilidade ou indivisibilidade das obrigações só oferecerão interesse jurídico


havendo pluralidade de credores ou de devedores. Havendo unidade, as obrigações
são, em regra, indivisíveis, porque nem o credor é obrigado a receber pagamentos
parciais, nem o devedor a fazê-los, se outra coisa foi negociada.

Art. 257, CC/02. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação


divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os
credores ou devedores.

Art. 258, CC/02. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa
ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica,
ou dada a razão determinante do negócio jurídico.

[TJCE]. Obrigação divisível é diferente de obrigação solidária?

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As obrigações solidárias e indivisíveis têm consequências práticas semelhantes, mas


são obrigações diferentes, vejamos:

- a obrigação indivisível é impossível pagar por partes, pois resulta da natureza da


prestação (ex: cavalo, lote urbano, diamante, barco, fazer um quadro, etc). Já a
obrigação solidária até poderia ser paga por partes, mas por força de contrato não
pode, tratando-se de uma garantia para favorecer o credor. Na solidariedade cada
devedor deve tudo, na indivisibilidade cada devedor só deve uma parte, mas tem que
pagar tudo diante da natureza da prestação. Pelas suas características a solidariedade
não se presume, decorre de contrato ou da lei (265). Exemplo de solidariedade
decorrente de lei é a patroa que responde pelos danos causados a terceiros por sua
empregada doméstica (932, III, 942 e pú).

- pode haver obrigação solidária de coisa divisível (ex: dinheiro), de modo que todos
os devedores vão responder integralmente pela dívida, mesmo sendo coisa divisível.
Tal solidariedade nas coisas divisíveis serve para reforçar o vínculo e facilitar a
cobrança pelo credor.

- o devedor a vários credores de coisa indivisível precisa pagar a todos os credores


juntos (260, I), mas o devedor a vários credores solidários se desobriga pagando a
qualquer deles (269).

- se a coisa devida em obrigação solidária perece, converte-se em perdas e danos,


torna-se divisível, mas permanece a solidariedade (271 e 279). Se a coisa devida em
obrigação indivisível perece, converte-se em perdas e danos e os co-devedores
deixam de ser responsáveis pelo todo (263).

- o devedor de obrigação solidária que paga sozinho a dívida ao credor, vai cobrar
dos demais co-devedores a quota de cada um, sem solidariedade que não se presume
(265 e 283). Então A, B e C devem solidariamente dinheiro a D. Se A pagar a dívida
toda ao credor, A vai cobrar a quota de B e C sem solidariedade entre B e C.

[TJCE]. Quanto à obrigação indivisível: Pode haver litisconsórcio necessário?


Art. 47, CPC. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela
natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas
as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os
litisconsortes no processo.

Parágrafo único. O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os


litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o
processo.

Daniel Assunção aponta que a obrigatoriedade da formação do litisconsórcio pode


decorrer de expressa determinação legal ou da natureza indivisível da relação de
direito material, em vista do que pode se enquadrar na hipótese a obrigação
indivisível.

[TJCE]. O devedor pode pagar a um só?


Art. 261, CC/02. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos
outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.

[TJCE]. Perdas e danos extinguem?

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Art. 263, CC/02. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas
e danos.

[TJCE]. A suspensão da prescrição em relação a um aplica-se em relação aos outros?


Art. 201, CPC. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só
aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.

[TJCE]. Na obrigação indivisível o credor pode cobrar de um dos devedores a


dívida toda?
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será
obrigado pela dívida toda.

[TJCE]. Quando a obrigação for divisível será possível cobrar a dívida toda de um
devedor apenas?
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível,
esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou
devedores.

[TJCE]. Há obrigação indivisível em razão da natureza econômica?


Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um
fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou
dada a razão determinante do negócio jurídico.

# DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES


[TJCE]. Quais são os modos de transmissão de obrigação?
R: As obrigações podem ser transmitidas por cessão de crédito ou cessão de débito
ou assunção de dívidas.

[TJCE]. O que é expromissão?


R: Ocorre no caso da assunção de dívida, no caso em que terceira pessoa assume
espontaneamente o débito da outra, sendo que o devedor originário não toma
parte nessa operação. Essa forma de assunção pode ser: liberatória, quando o devedor
primitivo se exonera da obrigação; e cumulativa, quando o expromitente entra na
relação como novo devedor, ao lado do devedor primitivo.

[TJCE]. A cessão de crédito é sempre possível ou necessita do consentimento do


devedor?
R: A cessão independe da anuência do devedor (cedido), que não precisa consentir
com a transmissão.

Vale lembrar a regra do Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se
opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula
proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar
do instrumento da obrigação.

[TJCE]. Crédito com garantia hipotecária, uma vez cedida, a garantia acompanha?
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os
seus acessórios.

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[TJCE]. O cessionário que adquire um crédito com essa garantia, o que ele tem que
fazer?
Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no
registro do imóvel.

[TJCE]. O crédito penhorado pode ser cedido?


Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que
tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela,
fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.

[TJCE]. Quais as modalidades para transmitir obrigações?


- Conforme lembra Maria Helena Diniz, a obrigação não traz um vínculo imóvel,
uma vez que “a transmissão da obrigação é uma conquista do direito moderno,
representando uma sucessão ativa, se em relação ao credor, ou passiva, se atinente
ao devedor, que não altera, de modo algum, a substância da relação jurídica, que
permanecerá intacta, pois impõe que o novo sujeito (cessionário) derive do sujeito
primitivo (cedente) a relação jurídica transmitida” (Curso..., 2002, p. 410). Sendo
muito comum a sua ocorrência no meio social, principalmente em casos envolvendo
transações empresariais, não se pode afastar a importância prática do tema.

Assim, o Direito Civil Brasileiro admite três formas de transmissão das obrigações:
a) Cessão de crédito. b) Cessão de débito. c) Cessão de contrato, em que crédito e
débito são cedidos ao mesmo tempo

- A cessão de débito ou assunção de dívida é um negócio jurídico bilateral, pelo qual


o devedor, com a anuência do credor e de forma expressa ou tácita, transfere a um
terceiro a posição de sujeito passivo da relação obrigacional. Seu conceito pode ser
retirado também do art. 299 do CC, pelo qual “é facultado a terceiro assumir a
obrigação de devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado
o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor
ignorava”.

[TJCE]. O que seria expromição? Corresponde assunção de dívida? Há previsão


expressa para delegação? O cedente se responsabiliza pela solvência? Pagamento ao
credor primitivo? Crédito penhorado pode ser cedido? Havendo fiança? Existe
algum modo para resolver essas garantias?
Não se pode confundir a cessão de débito com a novação subjetiva passiva. Enquanto
na cessão de débito mantém-se a integridade da relação obrigacional, isso não ocorre
na novação subjetiva, situação em que uma dívida é substituída por outra. Porém, a
cessão de débito recebe a mesma classificação da novação subjetiva passiva, qual
seja:

a) Assunção por expromissão – é a situação em que terceira pessoa assume


espontaneamente o débito da outra, sendo que o devedor originário não toma parte
nessa operação. Essa forma de assunção pode ser: liberatória, quando o devedor
primitivo se exonera da obrigação; e cumulativa, quando o expromitente entra na
relação como novo devedor, ao lado do devedor primitivo, conforme tratamento dado
pelo já comentado Enunciado n. 16 do CJF/STJ (DINIZ, Maria Helena. Curso...,
2002, p. 424).

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b) Assunção por delegação – é a situação em que o devedor originário, denominado


delegante, transfere o débito a terceiro (delegatário), com anuência do credor
(delegado). Essa classificação é normalmente utilizada pela doutrina. Entretanto,
entendemos ser mais pertinente utilizá-la somente para a novação subjetiva passiva,
como era de costume antes do Código Civil de 2002. De qualquer forma, na prática,
podem tais expressões ser utilizadas tanto para a novação quanto para a assunção da
dívida.

- Note-se que a lei não admite a exoneração do devedor se o terceiro, a quem se


transmitiu a obrigação, era insolvente e o credor o ignorava. Não se exige, no caso,
a má-fé do cedente, bastando que o credor não saiba do estado de insolvência
preexistente à cessão de débito, para se restabelecer a obrigação do devedor
primitivo. Por isso, é de boa cautela dar ciência ao credor do estado de solvabilidade
do novo devedor.

- Não, somente o crédito hipotecado pode ser objeto de cessão por expressa previsão
legal. O adquirente de um imóvel hipotecado poderá assumir o débito garantido pelo
imóvel. Em tal hipótese, se o credor hipotecário, notificado, não impugnar em trinta
dias a cessão do débito, entender-se-á válido o assentimento. Trata-se de uma
exceção, admitida pela própria lei, à regra geral de que o credor deve anuir sempre
de forma expressa. Razões superiores, inclusive sociais — lembre-se do
constitucional direito à moradia —, aconselham, no caso, a assunção do débito,
podendo o cessionário (adquirente do imóvel) pagar a dívida, sub-rogando-se nos
direitos do credor em relação ao cedente (devedor original), consoante já estudamos
(art. 303 do CC-02).

- No caso das garantias e da fiança, o código civil assim trata: Art. 300. Salvo
assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da
assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com
todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este
conhecia o vício que inquinava a obrigação.

[TJCE]. O que é repromissão?


A expromissão se revela como a substituição do devedor primitivo por terceiro,
independente do consentimento daquele, em virtude de novação subjetiva por
substituição do devedor (ou novação passiva - art. 363 do CC: Se o novo devedor for
insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo
se este obteve por má-fé a substituição).

[TJCE]. O devedor primitivo precisar concordar?


Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada
independentemente de consentimento deste.

[TJCE]. Em que casos?


Makson

[TJCE]. Na cessão de créditos quem o devedor tem que pagar?


Ao cessionário (novo credor). No entanto, o art. 292 do CC estabelece que: “Art.
292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga
ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao

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cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida;


quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da
notificação”.

Todavia, em sentido oposto, se, após ser devidamente notificado, pagar ao cedente,
o devedor não se desonerará da obrigação, posto que, quem paga mal, paga duas
vezes.

O artigo 292 em análise, ainda traz outra hipótese pela qual o cedido será
exonerado da obrigação, qual seja, no caso de mais de uma cessão notificada, paga
ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida.
Isso quer dizer que, se o cedido receber mais de uma notificação e pagar ao
cessionário que lhe apresente o título comprobatório da obrigação, esse ficará
desonerado.

Flávio Tartuce, apresenta o seguinte conceito acerca da cessão de crédito:

A cessão de crédito pode ser conceituada como um negócio jurídico bilateral ou


sinalagmático, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor, sujeito ativo de uma obrigação,
transfere a outrem, no todo ou em parte, a sua posição na relação obrigacional. Aquele
que realiza a cessão a outrem é denominado cedente. A pessoa que recebe o direito do
credor é o cessionário, enquanto o devedor é denominado cedido

[TJCE]. O cedente responde pela solvabilidade do devedor? Se quem assume a


dívida for insolvente?
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do
devedor.

# DO ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: PAGAMENTO.


[TJCE]. O que quer dizer dívida quérable e portable?
A doutrina classifica as dívidas em quesível (querable) e portável (portable): nesta,
cabe ao devedor ir pagar no domicílio do credor, sob pena de juros e multa (= mora,
assunto do final do semestre, 395). Já na dívida querable cabe ao credor ir exigir o
pagamento no domicílio do devedor, a iniciativa é do credor, sob pena de mora do
credor (394, 400).

[TJCE]. O pagamento feito em local diferente do acordado?


Art. 330 do CC. O pagamento feito reiteradamente em outro local, faz presumir a
renúncia do credor quanto ao local acordado.

[TJCE]. O terceiro não interessado se sub-roga no direito do credor?


Art. 305 do CC. Se pagar em nome próprio, tem o direito de reembolsar-se do que pagar,
mas não se sub-roga no direito do credor.

[TJCE]. Se o fiador paga?


O fiador é terceiro interessado, portanto se sub-roga no direito do credor.

[TJCE]. Se o pai paga a dívida do filho é terceiro interessado?


O pai não é terceiro interessado pois o terceiro interessado tem um vinculo
obrigacional com o devedor, como o fiador, o pai, tem um vinculo social.

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[TJCE]. O pagamento tem que ser em dinheiro?


Não, o próprio Código Civil traz outras formas de pagamento, como a dação em
pagamento, a compensação e o pagamento em consignação.

# DO ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: COMPENSAÇÃO.


[TJCE]. Compensação o que é?
Quando duas pessoas são credoras e devedoras uma da outra, as duas obrigações se
extinguem, até onde se compensarem (art.368 do CC)

[TJCE]. Legal ou judicial?


A compensação legal é a que decorre do art. 368 e seguintes do CC.

A compensação judicial não recebe esse nome apenas por ser pronunciada por juiz.
A compensação convencional e legal também podem ser pronunciadas por juiz.
Ocorre que nesses casos (convencional e legal) o juiz apenas declara a compensação,
enquanto que na compensação judicial o juiz a constitui, mesmo não havendo a
liquidez dos créditos envolvidos.

[TJCE]. O juiz faz de ofício?


Para Pablo Stolze Gagliano, a provocação do interessado é necessária, não podendo
o juiz determinar a compensação legal de ofício. Em regra, ocorre como defesa
indireta de mérito, o que não deve ser reconhecido de ofício pelo juiz.

[TJCE]. O fiador pode alegar compensação? E os demais terceiros?


Art. 371 do CC. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever;
mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.

[TJCE]. As coisas fungíveis são compensáveis entre si?


Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.

[TJCE]. A causa da dívida traz impedimentos à compensação?


Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:

I - se provier de esbulho, furto ou roubo;

II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos;

III - se uma for de coisa não suscetível de penhora.

[TJCE]. Dívidas de alimentos?


Via de regra não pois elas fogem do caráter patrimonial privado.

[TJCE]. Dívidas ilíquidas?


Não, pois não se pode compensar o que não se sabe precisar o seu valor. Além do
que o próprio art. 369 do CC dispõe que as dívidas devem ser liquidas.

[TJCE]. Compensação como forma de extinção de uma obrigação?


É uma forma de extinção das obrigações, em que as partes são reciprocamente
credoras e devedoras uma da outra, extinguindo a obrigação até o ponto em que se
encontrarem (art.368, CC).

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Art. 368, CC/02. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra,
as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.

[TJCE]. Qual o limite para a extinção da obrigação? Até que limites se extinguem
as obrigações?
As obrigações se extinguem até onde se compensarem (art. 368, CC/02).

[TJCE]. Diferença entre compensação legal e compensação judicial?


Compensação legal é aquela em que, reunidos os requisitos de lei (art. 369, CC),
caberá ao juiz, uma vez provocado, declará-la. A compensação legal é a que mais
interessa ao Direito Civil, é uma defesa indireta de mérito do réu (o réu vai se
defender dizendo que está sendo cobrado, só que os requisitos da compensação legal
estão sendo observados, e por isso vai pedir que o juiz declare a compensação). O
juiz não deve conhecer a compensação legal de oficio, ele deve ser provocado (o réu
tem que apresentar/alegar a compensação legal em sua defesa).

Compensação judicial é aquela que se opera no próprio processo, por ato do juiz. Ex.:
art. 21 do CPC (a compensação judicial é uma compensação processual, ela se opera
por ato do juiz no trâmite do processo). Ex.: quando duas partes num processo são,
ao mesmo tempo, vencedor e vencida. Nesse caso, o juiz pode determinar a
compensação judicial do ônus e das despesas processuais Essa compensação judicial
interessa mais ao processo civil.

[TJCE]. Dívidas líquidas e ilíquidas na compensação?


É requisito da compensação legal a liquidez das dívidas. Portanto, estas devem ser
liquidas (valor determinado) e certas (existência certa).

Art. 369, CC/02. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis.

[TJCE]. O prazo de favor obsta a compensação?


Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam a
compensação.

[TJCE]. Coisas fungíveis se compensam entre si/podem ser compensadas?


As dívidas passíveis de compensação legal devem ser homogêneas, fungíveis, devem
ter a mesma natureza. Para que se opere a compensação legal, as dividas tem que ter
a mesma natureza.

OBS.: O art. 370 do CC determina, para que haja compensação legal, que as
prestações devem ter a mesma natureza, inclusive quanto à qualidade. Ex.: Pablo tem
um crédito com Renata de 100 cabeças de gado nelore e ajuíza uma ação de cobrança
contra Renata. Renata tem um credito contra Pablo de 100 cabeças de gado holandês.
Na contestação, Renata não pode alegar a compensação dessas duas prestações.
Convencionalmente, à luz da autonomia privada, os requisitos da compensação legal
podem ser flexibilizados. Então nada impede que, por meio de um acordo, se
compense um crédito de gado bovino com gado holandês, um crédito de café com
um crédito de soja, mas para isso tem que ter acordo. Só compensa dívidas que não
seja da mesma natureza se houver acordo.

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Art. 369, CC/02. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis.

Art. 370, CC/02. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas
prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando
especificada no contrato.

[TJCE]. A parte pode escolher o que compensar?


Da Imputação do Pagamento

Art. 352, CC/02. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um
só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem
líquidos e vencidos.

Art. 353, CC/02. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas
quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a
reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido
violência ou dolo.

Art. 354, CC/02. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros
vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a
quitação por conta do capital.

Art. 355, CC/02. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa
quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se
as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na
mais onerosa.

[TJCE]. É possível a compensação de um título com mais de um?


Sim, aplicando-se as regras de imputação do pagamento.

Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão
observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do
pagamento.

[TJCE]. Onde estão previstas essas regras?


CC/02.

# DO ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO.


[TJCE]. O que é pagamento em consignação e quais os seus requisitos de validade?
De acordo com Maria Helena Diniz, o pagamento e consignação é o meio indireto
do devedor exonerar-se do liame obrigacional, consistente no deposito em juízo ou
em estabelecimento bancário de coisa devida, nos casos e formas legais.

Seus requisitos de validade são: Art. 336. Para que a consignação tenha força de
pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo,
todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.

[TJCE]. A partir de que momento cessa os juros?


Concretizado o deposito da quantia ou coisa devida, estará o devedor desobrigado
dos juros, se a ação ao final for julgada procedente.

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[TJCE]. O credor pode levantar esse dinheiro se for julgado improcedente?


Sim, inexiste óbice que o credor levante o dinheiro se a consignação em pagamento
foi julgada improcedente e os valores são incontroversos.

[TJCE]. O deposito pode ser em qualquer banco?


O depósito pode ser feito em qualquer estabelecimento da rede bancária do País, pois
o texto legal deve assim ser entendido: “em estabelecimento bancário, oficial onde
houver, situado...”. Nas localidades onde não houver, pode ser efetuado em qualquer
banco privado”.

[TJCE]. Quem paga as despesas do contrato na consignação (transporte do bem a


outro lugar) em casos de duvida a quem pagar?
Se julgada procedente : Credor

Se julgada improcedente : Devedor

Artigo 343-C.C.

Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do
credor, e, no caso contrário, à conta do devedor.

[TJCE]. O terceiro interessado e não interessado pode promover a consignação?


Sim, pois a consignação em pagamento é uma forma de pagamento, seguindo as
mesmas regras para pagamento de interessado e não interessado, mas tanto um como
o outro podem fazer a consignação.

# INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: ARRAS.


[TJCE]. O que são arras? Cabe em qualquer contrato?
Também denominadas de sinal, tratam-se as arras de uma disposição convencional
pela qual uma das partes entrega à outra bem móvel (geralmente dinheiro) em
garantia de uma obrigação pactuada. É o bem móvel que uma parte entrega à outra
em garantia. São cabíveis em contratos bilaterais, onerosos.

[TJCE]. Qual a diferença de arras confirmatórias e penitenciais?


As arras confirmatórias são aquelas que, quando prestadas, marcam o início da
execução do contrato, firmando a obrigação pactuada, de maneira a não permitir
direito de arrependimento. Por não permitir o direito de arrependimento, cabe
indenização suplementar, valendo as arras como taxa mínima.

Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de
arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser
restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal.

Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por
desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu
haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de
advogado.

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Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo,
valendo as arras como taxa mínima.

Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos,
valendo as arras como o mínimo da indenização. As arras penitenciais, quando
estipuladas, garantem o direito de arrependimento e possuem um condão unicamente
indenizatório. Nas arras penitenciais, exercido o direito de arrependimento, não
haverá direito a indenização suplementar.

Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das
partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu
perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o
equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.

Súmula 412/STF. No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento,


a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu,
exclui indenização maior, a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os
encargos do processo.

[TJCE]. Se existir cláusula de imediatibilidade, as arras podem ser abatidas?


Se o contrato é regularmente cumprido e concluído pelas partes, as arras podem ser
devolvidas, ou abatidas do valor a pagar no contrato, conforme o que tenha sido
estipulado pelos interessados.

7. Dos contratos em geral. Das várias espécies de contrato. Dos atos


unilaterais.

# CONTRATOS: RESOLUÇÃO, RESCISÃO E RESILIÇÃO DOS CONTRATOS.


[TJCE]. O que é resolução, resilição e rescisão do contrato?
Resolução é o meio de dissolução do contrato em caso de inadimplemento culposo
ou fortuito. Quando há descumprimento do contrato, ele deve ser tecnicamente
resolvido.

Rescisão é uma palavra com plurissignificados, podendo inclusive ter o significado


de resolução em caso de inadimplemento. Há também o sentido de ser a extinção do
contrato em caso de nulidade (lesão ou estado de perigo).

Resilição é o desfazimento de um contrato por simples manifestação de vontade, de


uma ou de ambas as partes. Ressalte-se que não pode ser confundido com
descumprimento ou inadimplemento, pois na resilição as partes apenas não querem
mais prosseguir. A resilição pode ser bilateral (distrato, art. 472 , CC) ou unilateral
(denúncia, art. 473 , CC).

[TJCE]. O que é resolução por onerosidade excessiva? Caberia culpa?


De acordo com a teoria da imprevisão, a onerosidade excessiva caracteriza-se diante
da ocorrência de fato superveniente à celebração do contrato, imprevisível e
extraordinário para as partes, tornando a obrigação extremamente onerosa para uma
delas ao mesmo tempo em que há um ganho exagerado para a outra.

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A teoria tem aplicabilidade quando uma situação nova e extraordinária aparece no


curso da execução de um contrato, colocando um dos contratantes em extrema
dificuldade. Diante dessa situação, o vínculo contratual poderia ser revisto ou
resolvido.

Quer dizer que o contrato é celebrado dentro de uma situação fática determinada, a
partir da qual é ajustado, de acordo com a vontade das partes. Desse modo, se essa
situação fática se altera profundamente, sem que haja culpa de qualquer das partes e
se se tratar de contrato cujas prestações sejam continuadas ou diferidas, então a base
inicial do negocio desapareceria, ensejando assim, dependendo do caso, sua alteração
ou resolução.

Assim, o artigo 478 estabelece o conceito e os pressupostos da teoria.

A) Contrato de execução continuada ou diferida;

B) Fato superveniente;

C) Acontecimento extraordinário e imprevisível;

D) Onerosidade excessiva da prestação de uma das partes;

E) Vantagem extrema para outra parte.

[TJCE]. Na rescisão há culpa de alguma das partes?


Rescisão comporta dois sentidos:

- TEORIA CLÁSSICA (FRANCESCO MESSINEO): opera-se quando houver


LESÃO ou ESTADO DE PERIGO.

- TEORIA PRAGMÁTICA (jurisprudência brasileira): mesmo sentido de resolução.

Vislumbra-se culpa de uma das partes na hipótese de resolução por inadimplemento,


por exemplo.

[TJCE]. Quem pode pedir judicialmente a rescisão?


Terá interesse em pedir judicialmente a rescisão a parte prejudicada pela culpa da
outra parte ou pela lesão/estado de perigo.

[TJCE]. O que é resilição bilateral?


A resilição ocorre quando a extinção se dá por vontade de um ou de ambos os
contratantes. Pode assumir a forma de DISTRATO quando todas as partes que
firmaram o contrato estão de acordo em extingui-lo (resolução bilateral). O distrato,
então, é fruto de um consenso, como de resto, também é o próprio contrato. O Código
Civil informa que o distrato deve ser feito pela forma exigida para o contrato (art.
472). Assim, se a fiança exige forma escrita, o distrato deve ser feito por escrito (art.
819). Também, se a compra e venda de imóveis cujo valor supere a soma de 30
salários mínimo só vale por instrumento público (art. 108), deve o distrato assumir
tal forma. Contrario sensu, se o contrato não tem forma prescrita em lei como
elemento de sua validade, o distrato pode assumir forma livre.

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[TJCE]. Um contrato celebrado por escritura pública deve obedecer paralelismo de


forma?
O Código Civil informa que o distrato deve ser feito pela forma exigida para o
contrato (art. 472). Assim, se a fiança exige forma escrita, o distrato deve ser feito
por escrito (art. 819). Também, se a compra e venda de imóveis cujo valor supere a
soma de 30 salários mínimo só vale por instrumento público (art. 108), deve o distrato
assumir tal forma. Contrario sensu, se o contrato não tem forma prescrita em lei
como elemento de sua validade, o distrato pode assumir forma livre.

Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

[TJCE]. Quem vai aferir a conveniência da proposta de resolução do contrato?


Art. 475, CC/02. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato,
se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização
por perdas e danos.

# VÍCIO REDIBITÓRIO.
[TJCE]. Vício Redibitório: o vício é oculto ou aparente? Sujeita-se a decadência?
Vícios redibitórios são defeitos estruturais em uma coisa adquirida onerosamente,
tornando-a imprópria para o uso ou diminuindo o seu valor econômico. São defeitos
que retiram o valor econômico ou afetam a natureza de um bem adquirido
onerosamente. O CC/02 estabelece alguns requisitos para o reconhecimento dos
vícios redibitórios: [TJCE]. Onerosidade do contrato: só há vício redibitório em se
tratando de contrato oneroso.

Existem DUAS EXCEÇÕES a esta regra:

i) doação para fins de casamento;

ii) doação remuneratória (contraprestação voluntária para uma


obrigação que não teria exigibilidade; ex.: guardador de carros).

1. Existência de um defeito que torna a coisa imprópria para o uso ou subtrai o seu
valor econômico.

2. Existência do defeito ao tempo da tradição: o defeito deve existir no momento em


que a coisa foi efetivamente entregue.

3. Descoberta do defeito após a tradição: o defeito deve existir no momento da


tradição, mas a sua descoberta deve ser posterior, superveniente; deve ser, portanto,
um DEFEITO OCULTO. Isso significa que defeito visível, aparente, não caracteriza
vício redibitório.

4. Inexistência de cláusula excludente da garantia: o CC/02 permite que as partes,


por cláusula expressa, excluam a garantia dos vícios redibitórios. Lembre-se que essa
cláusula é NULA nos contratos de consumo ou de adesão. Somente os contratos
paritários a admitem.

5. Reclamação do vício, por meio das ações edilícias. Sujeita-se à decadência. Prazos
decadenciais para a propositura de ações edilícias.

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Vício redibitório de fácil constatação: prazo contado da tradição (entrega da coisa):

Bem móvel: 30 dias;

Bem imóvel: 01 ano.

Vício redibitório de difícil constatação: prazo contado da descoberta do vício:

Bem móvel: 180 dias;

Bem imóvel: 01 ano.

Vício redibitório sobre animais: o prazo será previsto em lei especial (federal), que
ainda não foi editada. Como essa lei ainda não foi editada, o prazo será o dos usos e
costumes do lugar, e, não havendo usos e costumes, o prazo será o de difícil
constatação (180 dias, contados da descoberta do vício).

Ressalte-se que, no caso de animal comprado em pet shop, aplicam-se os prazos do


CDC, por se tratar de uma relação de consumo.

[TJCE]. Qual a natureza da ação redibitória?


A ação redibitória possui natureza constitutiva negativa, o prazo estipulado no
art.445 do CC é de natureza decadencial. Ações Edilícias são ações que têm por
objetivo a reclamação de vícios redibitórios. Podem ser de quatro tipos (sendo que
uma se aplica apenas aos contratos de consumo ou de adesão):

a) Ação redibitória: visa à rejeição da coisa viciada. Tem por objetivo


resolver o contrato.

b) Ação estimatória (ou quanti minoris): visa ao abatimento do preço. O


adquirente quer ficar com a coisa, mas com uma redução do seu preço.

c) Ação ex empto: visa à complementação de área quando,


especificamente, o vício redibitório for de falta de medida (de extensão).
Aplica-se somente aos NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS.

d) Ação de substituição de produto ou serviço: cabível tão somente nos


contratos de consumo ou de adesão.

[TJCE]. Cabe alegação de vício redibitório em contrato de doação?


É possível em duas situações: i) doação para fins de casamento; ii) doação
remuneratória (contraprestação voluntária para uma obrigação que não teria
exigibilidade; ex.: guardador de carros).

[TJCE]. Qual o prazo para alegação de vício redibitório em coisa móvel? E em


imóveis?
 Bem móvel: 30 dias
 Bem imóvel: 01 ano

Vício redibitório de difícil constatação: prazo contado da descoberta do vício:

 Bem móvel: 180 dias;

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 Bem imóvel: 01 ano.

# DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE CONTRATO: FIANÇA.


[TJCE]. O que é fiança? Qual o tipo de garantia? Porque a fiança se diz fidejussória?
A fiança é uma espécie de contrato, necessariamente escrito (art. 819 do CC), no
qual uma pessoa, o fiador, garante com seu patrimônio a satisfação de um credor,
caso o devedor principal não solva a obrigação no seu vencimento (art. 818 do CC).
Trata-se de verdadeira garantia pessoal ou fidejussória lastreada pela confiança
existente entre as partes, embora seja o patrimônio do terceiro que garanta o
pagamento do débito. Neste aspecto se difere da garantia real, que vincula
determinado bem de propriedade do devedor ao cumprimento da obrigação.

[TJCE]. O que é beneficio de ordem?


Um dos principais efeitos decorrentes do contrato de fiança é o benefício de ordem
ou benefício de excussão. Este benefício configura-se no direito de requerer que
primeiramente sejam alcançados os bens do devedor para, posteriormente, atingir os
do fiador. Ou seja configura a possibilidade de o fiador, quando demandado, indicar
os bens livres e desembaraçados do devedor para que sejam excutidos antes dos seus.
No entanto, só poderá requerer tal benefício quanto aos bens existentes antes da
contestação e desde que estes sejam suficientes para saldar a dívida. Sua finalidade é
justamente permitir que o fiador resguarde seus bens de eventuais constrições, dada
a própria natureza acessória e subsidiária de sua obrigação. O artigo 828, do Código
Civil, por sua vez, estabelece que "não aproveita este benefício ao fiador: I - se ele o
renunciou expressamente; II - se se obrigou como principal pagador, ou devedor
solidário; III - se o devedor for insolvente, ou falido".

[TJCE]. E o benefício de divisão?


Outro benefício oferecido ao fiador é o da divisão, conforme alude o artigo 829, do
CC, ao prever que "a fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma
pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se
reservarem o benefício de divisão". O parágrafo único deste mesmo artigo institui
que "estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte que, em
proporção, lhe couber no pagamento". Percebe-se que a finalidade do instituto é
justamente evitar a solidariedade entre os cofiadores que garantirem uma mesma
obrigação, respondendo, caso façam a opção pelo beneficio, cada um
proporcionalmente pela parte que lhe couber no pagamento.

[TJCE]. Algum deles é presumido?


Apenas o beneficio de ordem será presumido, uma vez que a própria lei o admite
como eficaz independentemente de qualquer manifestação de vontade do fiador neste
sentido. Apenas se houver renúncia expressa é que tal benefício será afastado (art.
828, inc I do CC). O benefício de divisão, por outro lado, exige a expressa
manifestação do fiador para surtir efeitos, ou seja, trata-se de instituto, neste aspecto,
diametralmente oposto ao benefício de ordem, uma vez que a lei exige a expressa
declaração do fiador para se usufruir dos efeitos da divisão, evitando-se a
solidariedade entre fiadores.

[TJCE]. Quais são as hipóteses de exclusão? Se cair em insolvência?

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Dispõe o artigo 839, do CC, que se por negligência do credor, após ter sido requerido o
benefício de ordem, o devedor principal se tornar insolvente, os bens do fiador não
responderão por tal débito, ficando, por consequência, exonerado do encargo. Para ocorrer
tal exoneração, deve-se demonstrar que, ao tempo da penhora, os bens indicados pelo fiador
eram suficientes para a satisfação da dívida. Noutras palavras, se o fiador, valendo-se do
beneficio de ordem, indicar bens do devedor principal para quitação do débito e retardando-
se a execução, estes bens indicados forem dissipados, tornando o devedor principal
insolvente, o fiador restará exonerado da obrigação, vez que cumpriu seu dever de indicar
bens que se fossem excutidos oportunamente, ou seja, no momento em que indicados pelo
fiador, seriam aptos a adimplir integralmente a obrigação.

[TJCE]. Quem são as partes no contrato de fiança?


Nos termos do art. 818 e seguintes do CC, o contrato de fiança é firmado entre o
credor da obrigação principal no polo ativo e o fiador no polo passivo. Não há no
contrato de fiança a participação do devedor principal, não obstante sua natureza
jurídica, segundo prevalece na doutrina, ser acessória e subsidiária, dependendo e
seguindo, em regra, a sorte do contrato principal.

[TJCE]. Pode ser realizado contra a vontade?


(creio que o examinador tenha intentado saber se o contrato de fiança necessita da anuência do
devedor principal - João Eduardo)

A fiança pode ser estipulada ainda que sem o consentimento do devedor principal ou
mesmo contra a sua vontade, segundo expressa dicção legal (art. 820 do CC).

[TJCE]. Pode ser superior ao valor garantido?


Nos termos do art. 823 do CC, a fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação
principal e contraída em condições menos onerosas, no entanto, quando exceder o
valor da dívida, ou for mais onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da
obrigação afiançada.

[TJCE]. Fiança de negócio simulado é possível?


Segundo o art. 167 do CC, a simulação é causa de nulidade contratual. Assim,
considerando o caráter acessório da fiança, uma vez configurada a nulidade do
contrato principal a fiança desaparecerá, a não ser que esta nulidade decorra da
incapacidade pessoal do devedor, salvo nos casos de mútuo feito à menor (art. 824
do CC). Ou seja, se a nulidade resultar apenas de incapacidade pessoal do devedor,
a fiança persiste. Exceção da exceção fica por conta do mútuo feito a menor que
seguindo a regra principal é insuscetível de fiança.

[TJCE]. Como se dá a fiança entre pessoas casadas com separação final nos
aquestos?
Nos termos do art. 1647, inc III do CC, a outorga conjugal é necessária para se prestar
fiança nos regimes da comunhão parcial de bens, da comunhão universal de bens e
da participação final nos aquestos. O dispositivo legal apenas descarta tal exigência
para o regime de separação absoluta de bens. Por outro lado, o art. 1.656 do CC
estabelece uma exceção especifica do regime de participação final nos aqüestos,
determinando que no pacto antenupcial poder-se-á convencionar a livre disposição
dos bens imóveis, desde que particulares.

# DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE CONTRATO: TRANSAÇÃO.

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# Hoje se pode dizer que a transação é um contrato?


Divergem os autores sobre a natureza jurídica da transação. Entendem uns ter
natureza contratual; outros, porém, consideram-na meio de extinção de obrigações,
não podendo ser equiparada a um contrato, que tem por fim gerar obrigações. Aliás,
o Código Civil de 1916 tratou a transação como meio de extinção de obrigações.

A polêmica, porém, está superada com o Código Civil de 2002, que, reconhecendo a
natureza contratual da transação, retira-a do elenco dos meios indiretos de pagamento
para incluí-la no título dedicado às “varias espécies de contratos”.

Portanto, trata-se de contrato bilateral, oneroso, consensual e comutativo (Flávio


Tartuce e Pablo Stolze).

# O que significa dizer que a transação é indivisível?


Importante característica da transação é a indivisibilidade. Deva ela formar um só
todo, sem fracionar-se, mesmo abrangendo os vários aspectos do negócio.

Em decorrência da indivisibilidade adotada pelo Código Civil no art. 848, sendo nula
qualquer cláusula da transação, nula será toda ela.

Porém, prevê o parágrafo único do art. 848 que, na hipótese em que a transação versar
sobre direitos contestados e independentes entre si, o fato de não prevalecer em
relação a um não prejudicará os demais. Ou seja, a nulidade de um direito não pode
atingir outros havendo independência entre eles.

# Dê um exemplo em que uma nulidade não afetaria a transação?


Prevê o parágrafo único do art. 848 que, na hipótese em que a transação versar sobre
direitos contestados e independentes entre si, o fato de não prevalecer em relação a
um não prejudicará os demais. Ou seja, a nulidade de um direito não pode atingir
outros havendo independência entre eles.

Como exemplo, transação realizada sobre a propriedade de um terreno e a compra e


venda de um automóvel, negócios independentes entre si, ainda que este último
negócio venha a ser anulado por coação, a transação não seria afetada em relação à
propriedade do terreno.

#Defina transação.
A transação consiste no contrato pelo qual as partes pactuam a extinção de uma
obrigação por meio de concessões mútuas ou recíprocas, o que também pode ser
verificado de forma preventiva (Flávio Tartuce).

A transação é um negócio jurídico pelo qual os interessados, denominados


transigentes, previnem ou terminam um litígio, mediante concessões mútuas,
conceito este extraído da própria previsão legal do art. 840 do CC (Pablo Stolze e
Rodolfo Pamplona).

Constitui negócio jurídico bilateral, pelo qual as partes previnem ou terminam


relações jurídicas controvertidas, por meio de concessões mútuas (Carlos Roberto
Gonçalves).

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A transação é negócio jurídico bilateral, pelo qual as partes integrantes, fazendo-se


concessões mútuas, previnem ou extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas
(Maria Helena Diniz).

# Quem pode transigir?


A pessoa maior e capaz poderá transigir. Entretanto, por importar em renúncia de
direitos, exige-se não somente a capacidade genérica para a vida civil, mas também
a legitimação para alienar, ou seja, a capacidade de disposição, por ser necessário
que o transigente (ou transator) a tenha, visto que a transação constitui modo especial
de extinção de dívidas, envolvendo renúncia de direitos.

# Os pais podem transigir sobre direitos dos filhos? O Ministério Público deve
participar?
Não tem capacidade para transigir os absoluta ou relativamente incapazes, salvo se
representados ou assistidos por seus representantes legais, devidamente autorizados
pelo juiz e com intervenção do Ministério Público, tendo em vista a regra do art. 82,
inciso I, do Código de Processo Civil.

Desse modo, os pais podem transigir sobre os direitos dos filhos, na condição de
representantes legais destes, sendo imprescindível a participação do Ministério
Público.

# Erro de direito pode ser arguido para anular transação? Dê exemplo de um erro
de direito na transação.
A transação não poderá ser anulada por erro de direito resultante da não aplicação da
lei por desconhecimento ou interpretação equivocada e relativo à questão que foi
objeto de controvérsia entre as partes. Apenas é anulável transação oriunda de erro
de fato, isto é, de vício do negócio na indicação a que refere a declaração de vontade.

Exemplo de erro de direito: locatário de imóvel comercial que celebra transação


sobre o valor do aluguel, mais oneroso, pois pensa que perdeu o prazo para a ação
renovatória. Sendo leigo no assunto, o locatário assim o fez para proteger o seu ponto
empresarial.

Exemplo de erro de fato: discussão entre os transigentes sobre a questão da


propriedade de uma obra de arte, que depois descobrem ser falsa.

* Resposta extraída do livro de Maria Helena Diniz.

# DO DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR.


[TJCE]. O promitente-comprador tem direito real?
A promessa de compra e venda configura-se em direito real, porque o adquirente tem
a utilização da coisa e pode dispor do direito mediante cessão. Desfruta, ainda,
da,sequela, podendo reivindicar a coisa em poder de quem quer que a detenha (Art.
1418, CC). Pode, também, opor-se à ação de terceiros que coloquem obstáculos ao
exercício do direito, havendo oponibilidade erga omnes. Por fim, trata-se de direito
real a aquisição de imóvel, conforme inteligência do art. 1417, CC.

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[TJCE]. Onde se dá o registro? Se não for registrado qual o efeito?Se o promitente-


vendedor se negar como será pleiteado o título? Será de adjudicação compulsória?
Pode ajuizar uma ação de obrigação de fazer?
O registro se dá no Cartório de Registro de Imóveis( Art. 1417, CC). Tal providência
só é necessária para a produção de efeitos no âmbito de terceiros, sendo que, na
ausência da mesma, o compromisso de compra e venda somente reverbera suas
consequências jurídicas entre as partes. Assim, o promitente-comprador ainda terá,
nas circunstâncias em debate, direito à adjudicação compulsória do imóvel perante o
promitente-vendedor no caso de negativa do mesmo em transferí-lo, conforme
orientação da Súmula 239 do Superior Tribunal de Justiça. não podendo, entretanto,
prejudicar os direitos de terceiros que entrementes hajam adquirido o imóvel e obtido
o devido registro, em seu nome, no ofício imobiliário. Por fim, possibilita-se ao
promitente-comprador não investido em direito real o ajuizamento de ação de
obrigação de fazer, conforme inteligência do art. 639 do CPC, cujos dizeres são: “se
aquele que se comprometeu a concluir um contrato não cumprir a obrigação, a outra
parte, sendo isso possível e não excluído pelo título, poderá obter uma sentença que
produza o mesmo efeito do contrato a ser firmado.”

[TJCE]. Se o promitente-vendedor vender o bem a terceira pessoa?


Caso esteja o compromisso de compra e venda de imóveis registrado no Cartório
com atribuições para tal, os seus efeitos atingirão terceiros(erga omnes)tendo o
promitente-comprador direito de sequela, ou seja, de perseguir o bem no domínio de
terceiros. Em caso de ausência de registro, não poderá prejudicar os direitos de
terceiros que entrementes hajam adquirido o imóvel e obtido o devido registro, em
seu nome, no ofício imobiliário.

[TJCE]. Se o promitente-comprador não pagar pode ser rescindido por


descumprimento pelo promitente-vendedor? Sendo a promessa irretratável pode se
valer da rescisão?O promitente vendedor pode reaver o imóvel?

Se o compromissário comprador deixar de cumprir a sua obrigação, atrasando o


pagamento das prestações, poderá o vendedor pleitear a resolução do contrato,
cumulada com pedido de reaver o imóvel por meio de ação de reintegração de posse,
desde que antes tenha constituído a parte contratual inadimplente em mora.. Pontue-
se que mesmo sendo irretratável a promessa , poderá o promitente-vendedor se faler
da rescisão caso o promitente-comprador seja inadimplente.

[TJCE]. O promitente-comprador pode reaver o imóvel? Pode purgar a mora e, em


caso positivo, qual o prazo?
Sim, poderá reaver o imóvel. Terá o prazo de trinta dias para purgar a mora, se se
tratar de imóvel loteado (Lei n. 6.766/79, art. 32), ou de quinze dias, se for imóvel
não loteado (Dec.-Lei n. 745/69), ainda que no contrato conste cláusula resolutiva
expressa.

# DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO: COMPRA E VENDA.


[TJCE]. O contrato de compra e venda, transmite-se o domínio do bem?

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O contrato de compra e venda trata-se de contrato translativo, mas que por si só não
transfere a propriedade necessitando da tradição, se for bem móvel, ou do registro no
cartório de registro imobiliário, se for bem imóvel.

[TJCE]. O preço deve ser fixado em dinheiro?


Conforme o art. 315 do CC, o preço deve ser certo e determinado e em moeda
nacional corrente, pelo valor nominal.

[TJCE]. Pode ser fixada a taxa de mercado?


Sim, o atr. 486 do CC, dispõe e permite que seja fixado pela taxa de mercado.

[TJCE]. O pai se pretende vender um bem para um dos filhos, precisa de


autorização dos outros?
Sim, art. 496 precisa de consentimento dos outros descendentes sob pena de
anulação.

[TJCE]. Se o outro filho for menor?


Neste caso o filho menor será representado ou assistido.

[TJCE]. O que é venda sobre documentos?


Art. 529 do CC. A tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título
representativo ou dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silencio deste,
pelos usos.

[TJCE]. O que é retrovenda?


Art. 505 do CC. O vendedor de coisa imóvel pode reserva-se o direito de recobra-la
no prazo máximo decadencial de três anos, restituindo o preço recebido e
reembolsando as despesas do comprador.

[TJCE]. O que é venda sobre pessoa a declarar?


Disposto no art. 467 a 471 do CC. Trata-se de umas das partes reservar-se a faculdade
de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele
decorrentes.

# DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO: DOAÇÃO.


[TJCE]. O que é doação remuneratória?
A doação remuneratória é aquela em que, sob aparência de mera liberalidade, há
firme propósito do doador de pagar serviços prestados pelo donatário ou alguma
outra vantagem que haja recebido dele. Na verdade, não é uma doação, é uma
remuneração por prestação de serviços. Podemos citar como exemplo o pai que dá
um carro ao médico que salvou a vida do filho. Não tem efetivo caráter de
liberalidade. Entretanto, se o valor da recompensa superar o valor do benefício
recebido, caracteriza-se a liberdade. Código Civil

Art. 540 A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o


caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no
excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.

[TJCE]. Pode ser revogada por ingratidão?


Não. Art. 564, I, do CC.

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[TJCE]. Doação por encargo?


Doação modal: se sujeita a encargo. Encargo é um ônus imposto nas liberalidades,
seja uma doação, seja um testamento. Doação modal é doação onerosa, pois existe
uma obrigação/incumbência por parte do donatário, mas é uma pequena
contraprestação para não descaracterizar a doação (ex: doo uma fazenda com o ônus
de construir uma escola para os filhos dos trabalhadores; doo um carro com o ônus
de fazer feira toda semana, etc.).

[TJCE]. Se não cumprir o encargo o donatário?


Art. 562, do CC. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o
donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá
notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a
obrigação assumida.

[TJCE]. A ação de revogação está sujeita a algum prazo?


Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um
ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de
ter sido o donatário o seu autor.

[TJCE]. Ascendente que faz doação a descendente está sujeito à aprovação?


Não, pois neste caso é considerado antecipação de herança, conforme o art. 544, do
CC.

[TJCE]. Quando é calculada a legitima no caso de doador?


Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da
sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o
valor dos bens sujeitos a colação.

# DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO: EMPRÉSTIMO MÚTUO E COMODATO.


[TJCE]. O que é mútuo feneratício?
- É um modelo de contrato de empréstimo oneroso de coisa fungível, ou seja,um
contrato de mútuo com incidência de juros. Mútuo feneratício ou oneroso é permitido
em nosso direito desde que, por cláusula expressa, se fixem juros ao empréstimo de
dinheiro ou de outras coisas fungíveis, desde que não ultrapassem a faixa de 12% ao
ano. As obrigações do mutuário são restituir o que recebeu em coisa da mesma
espécie, qualidade e quantidade, dentro do prazo estipulado e pagar os juros, se
feneratício o mútuo. Os direitos do mutuante são exigir garantia de restituição,
reclamar a restituição e demandar a resolução do contrato se o mutuário, no mútuo
feneratício, deixar de pagar os juros. A extinção do mútuo opera-se havendo
vencimento do prazo convencionado, as ocorrências das hipóteses do art. 1264,
resolução por inadimplemento das obrigações contratuais, distrato, resilição
unilateral por parte do devedor e a efetivação de algum modo terminativo previsto
no próprio contrato.

[TJCE]. Mútuos com juros presumidos?


- Quando tiver fins econômicos — isto é, não havendo entre as partes vínculos
afetivos, caritativos, morais ou sociais que permitam justificar eventual gratuidade
do empréstimo — o mútuo presume-se remunerado (CC, art. 591, primeira parte).
Quer dizer, se o instrumento contratual nada estipulou a respeito da remuneração,

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considera-se devida esta. Para que o mútuo de fins econômicos seja gratuito, é
indispensável expressa previsão contratual. A seu turno, o mútuo de fins não
econômicos, presume-se gratuito. O mutuário, então, não deve nenhuma
remuneração pelo empréstimo ao mutuante, exceto se expressamente prevista em
contrato. A remuneração pelo empréstimo de coisa fungível denomina-se juros. Eles
são pagos, normalmente, em dinheiro, mesmo quando o objeto do contrato é coisa
fungível diversa.

Nada impede, porém, acertar-se o seu pagamento mediante entrega de coisas do


mesmo gênero e qualidade da mutuada. Eles são chamados de juros remuneratórios,
porque convencionados pelos contratantes com o objetivo de remunerar o
empréstimo. Os juros remuneratórios são convencionais, porque resultam de
contratos entre mutuante e mutuário, independentemente dos fins do mútuo
(malgrado presumidos pela lei no mútuo de fins econômicos). Note-se que em outros
contratos, além dos de mútuo, também podem ser estipulados juros dessa natureza.
Se o vendedor aceita receber o pagamento parcelado do preço, a facilidade outorgada
ao comprador pode ser gratuita ou onerosa; neste último caso, as partes estabelecerão
de comum acordo os juros a serem pagos em contrapartida ao parcelamento.

[TJCE]. Prazo para mútuo com fins de semeadura?


- Prazo. Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo
será: I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o
consumo, como para semeadura; II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;
III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa
fungível.

[TJCE]. Mútuo transfere a propriedade?


- Sim, transfere o domínio. Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa
emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição.

[TJCE]. No Comodato pode ser estabelecido que comodatário salve primeiro as


coisas de quem? Existe solidariedade entre Comodatários? O tutor pode ______ o
no Comodato com prazo indeterminado? Há necessidade de ação de rescisão?
- Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do
comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante,
responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força
maior.

- Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de uma


coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante.

- Ação de rescisão poderá utilizada quando não havendo autorização especial para o
tutor no comodato por prazo indeterminado. Art. 580. Os tutores, curadores e em
geral todos os administradores de bens alheios não poderão dar em comodato, sem
autorização especial, os bens confiados à sua guarda.

AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE COMODATO - BEM IMÓVEL


PERTENCENTE A MENOR SOB TUTELA - PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO NA POSSE
E INDENIZAÇÃO - MINISTÉRIO PÚBLICO AUTOR - LEGITIMIDADE ATIVA-
POSSIBILIDADE - SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL- MORTE DO ANTIGO TUTOR-
NULIDADE DE CONTRATO DE COMODATO DE BENS DE MENOR SEM
AUTORIZAÇÃO ESPECIAL (ART. 1249, c/c 428, do Código Civil de 1.916). - O

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Ministério Público tem legitimidade, de acordo com a Constituição Federal e o Estatuto


da Criança e do Adolescente, para atuar na defesa de bens de menor , órfã, cujo tutor
faleceu, estando os bens sob a administração da Promotoria. - Disposição legal expressa
torna nulo de pleno direito contratos de comodato de bem de menor sob tutela, sem
autorização especial para tanto (art. 1249, c/c 428, do CC de 1916). (TJ-MG , Relator:
HELOISA COMBAT, Data de Julgamento: 20/11/2003)

[TJCE]. O contrato de mútuo é real ou consensual ?


É contrato real, exige a entrega da coisa (tradição) para se aperfeiçoar.

[TJCE]. É sempre gratuito?


Ordinariamente, o mútuo é um contrato gratuito. Todavia, o art. 591 do CC/02
permite que o mútuo se torne oneroso em dois casos: i) expressa disposição das
partes; ii) celebrado com finalidade econômica. Nestes dois casos, o mútuo é
chamado de MÚTUO FENERATÍCIO, FRUTÍFERO OU ONEROSO.

[TJCE]. O que é mútuo feneratício?


É o mutuo oneroso, conforme art. 591 do CC.

[TJCE]. Pode ser o comodato por prazo determinado?


Art. 581. O comodato é por prazo determinado, se não houver prazo convencionado,
presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido.

[TJCE]. Pode reaver as coisas?


Conforme o art.581, em regra não, salvo necessidade imprevista e urgente,
reconhecida pelo juiz, pode reaver a coisa antes do prazo.

[TJCE]. Se não notificar o que você faria com essa ação?


Não entendi o que ele quis dizer com essa pergunta, mas tentei adaptar a resposta.

Findo o prazo determinado para o comodato o comodante não precisa notificar o


comodatário, mas não havendo prazo o comodante precisa notificar o comodatário,
uma possível ação de reintegração de posse, que não haja notificação para a
devolução do bem, deve ser extinta no caso em que a notificação é necessária. No
outro caso prossegue-se com a ação, pois a mora é ex re.

[TJCE]. Se ele for revel? Se for contrato com prazo determinado?


Silvério: Não entendi essa pergunta e não consegui associar.

[TJCE]. O comodatário que arca com os ônus de impostos, o comodato está


desconsiderado?
Não pois o pagamento dos impostos é um ato de conservação da coisa e o
comodatário deve conservar a coisa como se sua fosse, conforme o art. 582 do CC.

[TJCE]. Se houver pagamento de remuneração perde a característica de comodato?


Sim, pois a característica do comodato é por ser gratuito e sua remuneração
descaracteriza-o, sendo neste caso aluguel.

# DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO: DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

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[TJCE]. Qual a diferença entre contrato de prestação de serviço e contrato de


trabalho?
O contrato de prestação de serviços deve ser por escrito (art. 595), mediante
retribuição (art. 596), não podendo ser superior a 4 anos (art. 598). As normas que
disciplinam a duração e o tipo de contrato são os arts. 600 a 602 do CC. O art 599
trata do prévio aviso, e os arts. 602 e 604 cuidam de despedida/dispensa sem justa
causa e a indenização por perdas e danos. Portanto, somente em não havendo lei
específica, cabe a contratação de prestação de serviços mediante contrato de
prestação de serviços de natureza civil.

O contratado pode ser pessoa física ou pessoa jurídica.

A prestação de serviços e o contrato de trabalho regido pela Consolidação das Leis


do Trabalho (CLT) apresentam aspectos comuns, pois ambos são contratos de
atividades a serem realizadas por uma pessoa.Os principais elementos de distinção
do contrato de prestação de serviços com o contrato de trabalho são dois: a) ausência
de subordinação jurídica e, b) falta de continuidade.
Segundo lição de Anníbal Fernandes, trabalhador autônomo é aquele que exerce
habitualmente e por conta própria atividade profissional remunerada. O art. 3º da
Consolidação das Leis do Trabalho define o que se considera empregado “toda
pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob
dependência deste e mediante salário”. Portanto, são requisitos da relação de
emprego: a) pessoalidade, b) habitualidade (trabalho não eventual), c) dependência;
d) onerosidade. O primeiro requisito da definição legal é a prestação de serviços por
pessoa física. Contudo, a pessoalidade não é exclusiva do contrato de trabalho, logo
não é elemento definidor. Já se o trabalhador contar com o auxílio de terceiro, por
ele remunerado, podendo se fazer substituir na prestação de serviço, não haverá
relação de emprego. A forma não-eventual de prestação de serviços, isto é, a
habitualidade também é encontrada em outros tipos de contratos, como a do
representante comercial autônomo, não se tratando de requisito distintivo da relação
de emprego. Todavia, se a prestação de serviços é eventual, então não há relação de
emprego.
O trabalho remunerado (onerosidade) não é característica única do contrato de
trabalho, já que quase todos os contratos de atividade são onerosos. Entretanto, se o
trabalho não for remunerado, não haverá relação de emprego, mas trabalho
voluntário. A forma de remuneração do trabalho pode contribuir para definir a
relação de emprego. O autônomo exerce por sua conta determinada atividade,
auferindo os rendimentos decorrentes do resultado de seu trabalho.
Assim, o trabalhador autônomo recebe apenas pelo trabalho prestado; se não há
trabalho não recebe remuneração.

Já o empregado recebe salário, independentemente da efetiva prestação de serviços,


bastando estar à disposição do empregador, nos termos do art. 4º da CLT:

“Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição


do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial
expressamente consignada”.

O pagamento de despesas relativas a prestação de serviços também pode ser


indicativo da existência de relação de emprego. É que o trabalhador autônomo
assume todos os riscos da atividade profissional que desempenha, isto é, arca com

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todas as despesas inerentes; já no contrato de trabalho, quem assume os riscos da


atividade é o empregador, destinatário dos serviços (art. 2º, da CLT), contudo, por si
só, isso não é suficiente para caracterizar relação de emprego.

O modo de execução do trabalho é o critério mais importante para definir o trabalho


subordinado na relação de emprego do trabalho autônomo. A prestação de serviços
sob ordens do empregador, ou de seu preposto, e sob dependência deste
(subordinação jurídica), constitui relação de emprego. Já o trabalho autônomo se
traduz na liberdade de disposição do tempo de trabalho e de lazer, pela fixação das
condições de operação ou execução do contrato sem maiores limitações, organização
do próprio método de ação, etc.

[TJCE]. Qual o prazo do contrato de prestação de serviços? O que ocorre após 4


anos?
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos,
embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine
à execução de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á
por findo o contrato, ainda que não concluída a obra.

[TJCE]. Se não tiver sido estipulado prazo para a remuneração, a partir de quando
pode ser exigido?
Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por
arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua
qualidade. Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por
convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações.

[TJCE]. Analfabeto pode celebrar contrato de prestação de serviços?


Sim.

Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber
ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas
testemunhas.

# DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO: MANDATO.


[TJCE]. O que é procuração em causa própria?
O mandante outorga poderes para que o mandatário atue em causa própria.

[TJCE]. É revogável?
É irrevogável, conforme art. 685 do CC.

[TJCE]. O que deve conter? Cláusulas?


O que se deve exigir, para a hipótese, é que a procuração traga em seu bojo a fixação
do preço, para que não fique a critério exclusivo do procurador (comprador).

[TJCE]. Procuração irrevogável é revogável?


Mesmo a procuração irrevogável, que contenha cláusula expressa de
irrevogabilidade, pode ser revogada. Nesse caso, o representado responderá por
perdas e danos (art. 683 do Código Civil).

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[TJCE]. Procuração por instrumento pública pode ser substabelecido por


instrumento particular?
Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode
substabelecer-se mediante instrumento particular

[TJCE]. A morte do mandante/mandatário extingue o contrato? O mandato se


presume gratuito? Por o exercício profissional? Advogado obrigatoriamente terá
que cobrar honorários? Incapaz pode outorgar procuração? Se precisar representar
em Juízo? A procuração do menor deve ser pública?
- Nos termos do art. 682, II do CC-02, a morte de uma das partes extingue o mandato.

- Via de regra, o mandato se presume gratuito, exceto se o seu objeto corresponder


ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa (Art. 658, CC).

- Uma das características desse tipo de contrato é a onerosidade ou gratuidade, bem


como, a autonomia da vontade. Assim, o advogado não está obrigado a cobrar os
honorários. Mas, se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição
prevista em lei ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos
do lugar, ou, na falta destes, por arbitramento

- Diz o Código Civil Brasileiro em seu art. 654, que toda PESSOA CAPAZ é apta
para outorgar procuração, exceto as absolutamente incapazes e os relativamente
incapazes, sendo que estes últimos podem firmar procuração desde que assistidos por
seus pais.

A procuração pode ser particular ou pública (esta última é feita em cartório), em


determinadas hipóteses previstas em lei, exige-se o instrumento público, por exemplo
para a representação em venda de imóveis, para o casamento quando um dos noivos
não possa se fazer presente na habilitação e/ou na data da cerimônia, quando o
mandante for maior de 16 e menor de 18 anos, etc. Pode ser ainda ad judicia (para
propor uma ação em juízo por exemplo) ou ad negotia (para venda de um imóvel por
exemplo), bem como por tempo determinado ou tempo indeterminado.

Obs. Em contra partida, o maior de dezesseis e menor de dezoito anos não


emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão
de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por
menores (art.666).

# DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO: SEGURO DE DANO E SEGURO DE PESSOAS.


[TJCE]. Uma pessoa que no contrato seguro se mata, seus filhos herdarão?
Art. 798. O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o segurado se
suicida nos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato, ou da sua recondução
depois de suspenso, observado o disposto no parágrafo único do artigo antecedente.

Parágrafo único. Ressalvada a hipótese prevista neste artigo, é nula a cláusula


contratual que exclui o pagamento do capital por suicídio do segurado.

Enunciado 187 da jornada de Direito Civil: Art. 798: No contrato de seguro de vida,
presume-se, de forma relativa, ser premeditado o suicídio cometido nos dois primeiros

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anos de vigência da cobertura, ressalvado ao beneficiário o ônus de demonstrar a


ocorrência do chamado "suicídio involuntário”.

[TJCE]. O que é boa fé objetiva?


A boa-fé objetiva, por sua vez, também denominada boa-fé lealdade, significa o
dever de agir de acordo com determinados padrões, de correção, lisura e honestidade
socialmente recomendados. Trata-se de uma regra de conduta, pautada na
honestidade, na retidão, na lealdade e, principalmente, na consideração para com os
interesses legítimos e expectativas razoáveis do outro, visto como um membro do
conjunto social.

[TJCE]. Há limitação do valor do seguro de vida?


Art. 789. Nos seguros de pessoas, o capital segurado é livremente estipulado pelo
proponente, que pode contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse, com o
mesmo ou diversos seguradores.

[TJCE]. Quando é calculado o valor do seguro de vida?


Não encontrei essa resposta de jeito nenhum... acho que existia um contexto na hora
que não consigo adaptar a legislação que dispõe sobre contrato de seguro e sua
doutrina.

[TJCE]. Quem é o estipulante nesse caso?


Estipulante é quem faz as tratativas e se compromete pela obrigações postas no
contrato com a seguradora.

[TJCE]. Contrato contratado por empresa?


Art. 801. O seguro de pessoas pode ser estipulado por pessoa natural ou jurídica em
proveito de grupo que a ela, de qualquer modo, se vincule.

[TJCE]. É possível fazer contrato de seguro de terceiro?


Sim, o art. 790, P.U. do CC traz essa possibilidade.

Art. 790. No seguro sobre a vida de outros, o proponente é obrigado a declarar, sob pena
de falsidade, o seu interesse pela preservação da vida do segurado.

Parágrafo único. Até prova em contrário, presume-se o interesse, quando o segurado é


cônjuge, ascendente ou descendente do proponente.

[TJCE]. Pacta corvina?


Art. 426 do CC. Não pode ser objeto de contrato, herança de pessoa viva.

# DOS ATOS UNILATERAIS: GESTÃO DE NEGÓCIOS.


[TJCE]. Gestão de negócios. Uma situação que configure uma gestão negocial?
Gestão de negócios é espécie de ato unilateral e está prevista nos arts. 861/875, do
CC.

“Entende-se por gestão de negócio a atuação de um indivíduo, sem autorização do


interessado, na administração do negócio alheio, segundo o interesse e a vontade
presumível de seu dono, assumindo a responsabilidade civil perante este e as pessoas
com que tratar” [STOLZE].

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É uma atuação sem poderes. Não é contrato, não há acordo de vontades:

O gestor:

• age sem mandato;

• fica diretamente responsável perante o dono do negócio e terceiros com quem


contratou;

• age conforme a vontade presumível do dono (art. 861, do CC);

• NÃO tem direito a remuneração;

• responderá por caso fortuito ou forca maior, se atua contra a vontade manifesta
ou presumível do dono do negócio, podendo este exigir a restituição do estado das
coisas ou a indenização do que exceder os prejuízos superiores ao seu proveito
(art. 862/863, do CC);

• comunicará, em homenagem ao principio da boa-fé objetiva, a gestão ao dono,


aguardando a resposta, se não resultar perigo (art. 864, do CC);

• deve prestar informações aos herdeiros do dono do negócio, em caso de


falecimento do dono do negócio (art. 865, do CC);

• em regra, somente pode ser responsabilizado se tiver agido com culpa, havendo
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA do mesmo (art. 866, do CC);

• responde OBJETIVAMENTE no caso de falta de seu substituto, ainda que seja


pessoa idônea e sem prejuízo (arts. 867, 932, inciso III e 933, do CC).

Ao retornar o dono do negócio, há duas opções:

a) concordando com a atuação do gestor, o dono devera ratificar a gestão,


convertendo-se a atuação em mandato (art. 869, do CC). A ratificação
RETROAGE ao dia do começo da gestão;

b) Desaprovando a atuação do gestor, o dono poderá pleitear perdas e danos,


havendo, em regra, responsabilidade subjetiva daquele (art. 874, do CC).

Observa-se gestão de negócios quando, por exemplo, uma pessoa viaja por longos
dias e deixa uma torneira aberta em sua residência, desperdiçando água e danificando
alguns móveis sensíveis à umidade. Imagine que um vizinho, percebendo sua
ausência, “arromba” a porta e entra em sua casa para fechar a torneira e impedir
maiores prejuízos. Percebe-se que não há interesse profissional ou lucrativo, mas a
intenção de ajudar, com a vontade presumida do dono, haja vista que a conduta evitou
o perecimento de bens do titular.

Outros exemplos: providenciar um guincho para remover o carro de alguém


estacionado na frente de uma casa em chamas; um advogado paga com seu dinheiro
um imposto devido pelo cliente; pagar alimentos quando o devedor da pensão está
ausente (871, então quem sustenta filhos dos outros pode exigir indenização dos
pais); também é gestão de negócios pagar as despesas do funeral de alguém (872);

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último exemplo: num condomínio, o condômino que age em proveito da comunhão


é gestor do negócio de todos, podendo exigir compensação financeira dos demais
beneficiários (1.318)

[TJCE]. Se fosse um imóvel rural e o vizinho tomasse conta e venha modificar a


destinação do imóvel é possível?
Viviam: Não encontrei nada especifico sobre imóvel rural e modificação de
destinação de imóvel.

Acredito que não seria possível pela natureza e regras que regem a gestão de
negócios, pois cabe ressaltar que o dever habitual de cuidado na gestão não
contempla a prática de atos extremados, como a modificação da destinação do
imóvel. Relaciona-se a regra com o fato de na gestão o patrimônio administrado ser
de outrem, importando cuidado e diligencia contumaz. Somente o dono do negócio,
ou pessoa autorizada para tanto – o que não é o caso do gestor -, poderia realizar tal
modificação.

[TJCE]. Se o dono do negócio costuma-se fazer negócios arriscados, poderia vender


produto diferente da finalidade?
Viviam: (acredito que a pergunta está incompleta ou errada. Coloquei o artigo do
CC pertinente ao tema).

Art. 868. O gestor responde pelo caso fortuito quando fizer operações arriscadas, ainda
que o dono costumasse fazê-las, ou quando preterir interesse deste em proveito de
interesses seus.

Parágrafo único. Querendo o dono aproveitar-se da gestão, será obrigado a indenizar o


gestor das despesas necessárias, que tiver feito, e dos prejuízos, que por motivo da
gestão, houver sofrido.

Sobre os negócios arriscados, cabe ressaltar que o dever habitual de cuidado na


gestão não contempla a prática de atos extremados, ainda que fosse usual tal conduta
pelo dono do negócio. Relaciona-se a regra com o fato de na gestão o patrimônio
administrado ser de outrem, importando cuidado e diligencia contumaz. Somente o
dono do negócio, ou pessoa autorizada para tanto – o que não é o caso do gestor -,
poderá arriscar o patrimônio administrado. Ao gestor cabe administrar e não
especular.

[TJCE]. Quando uma despesa se considera útil na gestão negocial?


Art. 869. Se o negócio for utilmente administrado, cumprirá ao dono as obrigações
contraídas em seu nome, reembolsando ao gestor as despesas necessárias ou úteis que
houver feito, com os juros legais, desde o desembolso, respondendo ainda pelos prejuízos
que este houver sofrido por causa da gestão.

§ 1o A utilidade, ou necessidade, da despesa, apreciar-se-á não pelo resultado obtido,


mas segundo as circunstâncias da ocasião em que se fizerem.

§ 2o Vigora o disposto neste artigo, ainda quando o gestor, em erro quanto ao dono do
negócio, der a outra pessoa as contas da gestão.

Art. 870. Aplica-se a disposição do artigo antecedente, quando a gestão se proponha a


acudir a prejuízos iminentes, ou redunde em proveito do dono do negócio ou da coisa;

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mas a indenização ao gestor não excederá, em importância, as vantagens obtidas com a


gestão.

[TJCE]. Qualquer despesa é necessário ressarcir?


Conforme previsão dos artigos 868 e 869 , do CC, “Querendo o dono aproveitar-se
da gestão, será obrigado a indenizar o gestor das despesas necessárias, que tiver feito,
e dos prejuízos, que por motivo da gestão, houver sofrido”. Além disso, “se o negócio
for utilmente administrado, cumprirá ao dono as obrigações contraídas em seu nome,
reembolsando ao gestor as despesas necessárias ou úteis que houver feito, com os
juros legais, desde o desembolso, respondendo ainda pelos prejuízos que este houver
sofrido por causa da gestão.

Ainda sobre o tema:

Art. 870. Aplica-se a disposição do artigo antecedente, quando a gestão se proponha a


acudir a prejuízos iminentes, ou redunde em proveito do dono do negócio ou da coisa;
mas a indenização ao gestor não excederá, em importância, as vantagens obtidas com a
gestão.

Art. 871. Quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a alimentos, por ele os
prestar a quem se devem, poder-lhes-á reaver do devedor a importância, ainda que este
não ratifique o ato.

Art. 872. Nas despesas do enterro, proporcionadas aos usos locais e à condição do
falecido, feitas por terceiro, podem ser cobradas da pessoa que teria a obrigação de
alimentar a que veio a falecer, ainda mesmo que esta não tenha deixado bens.

# DOS ATOS UNILATERAIS: ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA.


[TJCE]. Enriquecimento sem causa - definição.
▪ Aquele que, sem justa causa, se enriquecer a custa de outrem, será obrigado a
restituir o indevidamente auferido, devidamente atualizado.

▪ Portanto, é vedado o enriquecimento sem uma causa que o justifique. É de se


ressaltar que, para que seja considerado “sem causa”, não é necessário que o
enriquecimento tenha uma origem ilícita. Na verdade, o enriquecimento ilícito é uma
espécie do gênero enriquecimento sem causa. Assim, basta que não haja uma causa
para que o pagamento se torne indevido e, portanto, obrigue a “restituir o
indevidamente auferido”.

▪ A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o
enriquecimento, mas também na hipótese em que essa causa deixou de existir.

Trata de uma espécie de ato unilateral, que tem natureza de fonte de obrigações, ou
seja, são atos jurídicos lícitos (não contratos) que dão origem a obrigações em razão
da simples manifestação de vontade do emitente. Há quem diga que os atos
unilaterais são negócios jurídicos unilaterais.

[TJCE]. O que é causa? O que é motivo (diferenciar)?

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Achei isso:

Quando falamos Motivo há ideia de ato Quando falamos de causa, há ideia de ato
realizado por pessoa. Ex o incêndio foi realizado ou não por pessoa. Ex o incêndio foi
motivado por interesses pessoais. causado pelo fogo

Motivo entra motivação, vontade do ser. Causa é uma explicação do que gerou o fato

Motivo é a explicação do porquê o fato ocorreu. Causa vem depois do motivo.

[TJCE]. Para haver enriquecimento sem causa é necessário empobrecimento da


outra parte? É necessário para indenização nos casos de enriquecimento sem causa
que a outra parte empobreça?
Não. O Enunciado n. 35, aprovado na I Jornada de Direito Civil do Conselho da
Justiça Federal, “a expressão se enriquecer à custa de outrem do art. 884 do novo
Código Civil não significa, necessariamente, que deverá haver empobrecimento”. A
doutrina atual vem, portanto, afastando tal requisito

Requisitos do enriquecimento sem causa

a) Aumento patrimonial → Há, no enriquecimento sem causa, melhora na situação


patrimonial experimentada pela pessoa obrigada a restituir.

b) Enriquecimento à custa de outrem → Alguém experimenta sacrifício econômico,


para que o outro enriqueça.

c) Ausência de justa causa → Se não há, na ordem jurídica, motivo que justifique o
enriquecimento, diz-se que para ele não há “justa causa”.

▪ Nesse contexto, a jurisprudência entende que, na ação de enriquecimento ilícito,


o autor deve provar que (a) que houve um real enriquecimento do réu; (b) que houve
um real prejuízo para o autor; (c) e que houve um nexo causal entre o prejuízo
sofrido e o lucro injusto.

No entanto, a doutrina entende que é desnecessário que o autor tenha sofrido


um prejuízo, bastando que o réu tenha se enriquecido ilicitamente.

[TJCE]. Enriquecimento sem causa pode ter objeto diverso de pecúnia?


SIM. O objeto do enriquecimento sem causa é coisa determinada (art. 884, parágrafo
único do CC/02). Coisa determinada pode ser tanto pecúnia quanto qualquer outra
coisa à luz do caso concreto.

[TJCE]. Qual o prazo prescricional para indenização nas causas de enriquecimento


sem causa e repetição do indébito?
▪ PRAZO 03 ANOS.

[TJCE]. O que é a residualidade do enriquecimento sem causa?


Caso a lei forneça ao lesado outros meios para a satisfação (ressarcimento) do
prejuízo, não caberá a restituição por enriquecimento, segundo o art. 886 do CC. O
dispositivo realça o caráter subsidiário da ação de enriquecimento sem causa.
Ilustrando, sendo possível a ação de reparação de danos, uma vez que alguém recebeu

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um imóvel indevidamente e que veio a se perder, será esse o caminho a ser seguido
(TARTUCE, 2015).

Anote-se que, doutrinariamente, foi aprovado o Enunciado n. 36, na I Jornada de


Direito Civil, com o seguinte teor: “O art. 886 do novo CC não exclui o direito à
restituição do que foi objeto de enriquecimento sem causa nos casos em que os meios
alternativos conferidos ao lesado encontram obstáculos de fato”. Em suma,
eventualmente, a ação fundada no enriquecimento sem causa deve ser tida como
primeira opção, o que demanda análise casuística. Fica em dúvida o caráter
subsidiário da citada demanda (TARTUCE, 2015).

Explicado:

▪ O CC dispõe que não caberá a restituição por enriquecimento ilícito (ação in


rem verso), se a lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo
sofrido. É o caráter subsidiário (residual) da “ação in rem verso”.

▪ Assim, por ex, se a parte puder propor uma ação declaratória de nulidade do ato
jurídico, ela deverá fazê-lo, ao invés de ajuizar a “ação in rem verso”. Portanto, ela
não será cabível se for possível mover uma cobrança baseada em contrato ou
indenização por responsabilidade civil em geral. A “ação in rem verso” não é uma
ação de cobrança ou de indenização.

▪ Enfim, a “ação in rem verso” terá vez, por ex, quando já tiver decorrido o prazo
prescricional da ação específica. Vale lembrar que a “ação in rem verso” é bem
menos abrangente do que as ações específicas, pois está limitada pelo enriquecimento
de uma parte e o empobrecimento da outra. Por outro lado, nas ações específicas
pode-se falar em cláusula penal, perdas e danos, indenização pelas prestações não
cumpridas, etc.

▪ PRAZO 03 ANOS.

# DOS ATOS UNILATERAIS: PAGAMENTO INDEVIDO.


[TJCE]. O que é pagamento indevido? Nos casos de obrigação natural é possível
repetição? E para pagamentos ilícitos? O CC/02 tem previsão específica para o
dinheiro indevidamente pago? Qual o prazo prescricional? Se pagar dívida antes do
implemento de condição resolutiva, cabe repetição? Se a obrigação for a termo e não
a condição?
Por pagamento indevido entende-se aquele que o devedor efetua, quando não deveria
ter sido efetuado, em razão de algum erro quanto à pessoa ou sobre a própria
obrigação.

No que tange ao pagamento indevido relacionado à própria obrigação, encontramos


os pagamentos decorrentes de obrigação natural e pagamentos decorrentes de
relações ilícitas. Tais dívidas são legalmente inexigíveis, não podendo ser cobradas
pela via judicial. Entretanto, embora não possam ser cobradas judicialmente, uma
vez pagas, não comportam repetição, em razão das vedações legais expressas
contidas nos arts. 882 e 883 do código civil.

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Já o prazo prescricional encontra-se previsto no art. 205, §3º, IV do código civil, onde
está previsto que esse será de 3 anos.

No caso de pagamento antes do implemento de condição caberá a repetição do


pagamento, uma vez que condição é evento futuro e incerto. No caso do termo, por
sua vez, a solução é diferente, uma vez que o termo é um evento futuro e certo,
podendo haver a renúncia da parte quanto a tal direito, motivo pelo qual não é cabível
a repetição.

8. Dos títulos de crédito.

# AVAL E ENDOSSO
[TJCE]. O que é aval? Há necessidade de outorga do cônjuge?
R: É a declaração cambiária decorrente de uma manifestação unilateral de vontade
pela qual a pessoa natural ou jurídica, assume obrigação autônoma e incondicional
de garantir no vencimento, o pagamento do título nas condições nele estabelecidas.

Antes do CC/2002, se o fiador fosse casado, precisava da autorização do cônjuge,


mas no aval não precisava.

Atualmente, nos termos do inciso III, do art. 1647, CCi:

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

III - prestar fiança ou aval;

Hoje, tanto para prestar fiança, como para prestar aval, é necessária autorização do
cônjuge (como lei especial não trata do assunto, aplica-se o CC).

[TJCE]. O que é endosso? Título ao portador admite endosso? E possível endosso


póstumo? E endosso em preto?
R: Endosso é o ato pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula à ordem
transmite o direito ao valor constante do título à outra pessoa, sendo acompanhado
da tradição da cártula, que transfere a posse desta.

O título ao portador é aquele que não identifica o beneficiário.

Desde a edição da Lei 8.021/90, não se admite mais títulos ao portador, exceto se
com previsão expressa em lei especial (art. 907 do CC).

Se a lei especial autoriza o título ao portador, ele é admissível. Do contrário, não se


admite.

O título ao portador circula por mera tradição (basta a entrega do título).

Endosso póstumo é aquele dado depois do vencimento do título e do seu protesto,


quando expiou o prazo de protesto.

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Não tem efeito de endosso, terá efeito de cessão civil. Não responde pelo pagamento
do título transferido.

Endosso em preto: é aquele que identifica o endossatário. (Ex.: “Endosso a Fulano”


(identificou o endossatário)).

[TJCE]. O avalista pode estabelecer exceções pessoais? As exceções pessoais do


emitente do título?
R: Não pode o avalista defender-se com as exceções próprias do avalizado, isso em
virtude da independência e autonomia das obrigações cambiais.

Poderá alegar, sim, em sua defesa, somente direito pessoal ou, ou quando for caso,
fundar-se aquela em defeito formal do título. Aquele que avaliza contrai obrigação
própria.

[TJCE]. Quais títulos de crédito admitem aval? Os não cambiários?


R: Os títulos de crédito que se referem ao pagamento de soma em dinheiro admitem
aval (letra de câmbio, cheque, duplicata, nota promissória). Os títulos representativos
de mercadorias, não admitem aval.

Obs.: Para o STJ, se o cheque estiver prescrito, ira desaparecer a obrigação do


avalista, salvo se demonstrado o benefício do avalista.

[TJCE]. Qual a diferença entre fiança e aval? Admite-se benefício de ordem?


R:

Aval Fiança

Só pode ser dado em título de crédito. Só pode ser dada em contrato

É autônomo. É acessória.

Obs.: Em caso de morte, incapacidade ou Ex.: Se o afiançado morre, o fiador não tem
falência do avalizado, o avalista continua mais responsabilidade.
responsável.

Não tem benefício de ordem. Possui benefício de ordem.

Obs.: O credor não precisa cobrar primeiro o


avalizado e, somente se este não tiver bens
suficientes, cobrar o avalista. Ele pode cobrar
diretamente o avalista.

O avalista tem equivalência obrigacional: tem Não possui equivalência obrigacional.


a mesma posição que o avalizado, tem as
mesmas obrigações e os mesmos direitos que
o avalizado.

Ex.: Em uma ação de execução, o prazo contra


o avalista é o mesmo prazo aplicado ao
avalizado.

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Se o avalista pagar o título, terá direito de


regresso contra o avalizado e os devedores
anteriores a ele.

9. Da responsabilidade civil em geral. Responsabilidade subjetiva e


objetiva. Abuso do direito.

# DA RESPONSABILIDADE CIVIL EM GERAL. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA.


ABUSO DO DIREITO.
[TJCE]. Quando se admite a responsabilidade civil subjetiva e objetiva?
A responsabilidade civil poderá ser subjetiva, quando necessária a comprovação de
culpa do agente causador do dano, ou objetiva, quando importante comprovar
somente a ocorrência do dano e o nexo causal. É o que explica Sebastião Geraldo de
Oliveira: A responsabilidade será subjetiva quando o dever de indenizar surgir em
razão do comportamento do sujeito que causa danos a terceiros, por dolo ou culpa.
Já na responsabilidade objetiva, basta que haja o dano e o nexo de causalidade para
surgir o dever de indenizar, sendo irrelevante a conduta culposa ou não do agente
causador.

Para Maria Helena Diniz na responsabilidade subjetiva o ilícito é o fato gerador,


sendo que o imputado deverá ressarcir o prejuízo, se ficar provado que houve dolo
ou culpa na ação. Já na responsabilidade objetiva a atividade que gerou o dano é
lícita, mas causou perigo a outrem, de modo que aquele que a exerce, por ter a
obrigação de velar para que dela não resulte prejuízo, terá o dever ressarcitório, pelo
simples implemento do nexo causal. Neste caso, a vítima deverá demonstrar pura e
simplesmente o nexo de causalidade entre o dano e a ação que o produziu.

É evidente que para a responsabilidade subjetiva é necessária a comprovação de


quatro pressupostos caracterizadores, quais sejam: ação ou omissão; dano; nexo de
causalidade entre a ação ou omissão e o dano; dolo ou culpa do causador do dano. Já
para a responsabilidade objetiva só é necessário comprovar a ação ou omissão, o
dano e o nexo de causalidade.

Segundo José Acir Lessa Giordani: A responsabilidade subjetiva tem como um de


seus pressupostos a culpa do agente. Para sua caracterização é fundamental que a
culpa seja demonstrada por meio de provas ou através de presunção, como na
hipótese da responsabilidade subjetiva com culpa presumida em que se verifica uma
inversão do ônus da prova quanto à culpabilidade. A responsabilidade civil objetiva,
por sua vez, não exige a demonstração da culpa, bastando a vítima comprovar que
houve um dano decorrente da conduta do agente.

Entretanto, hipóteses há em que não é necessário sequer ser caracterizada a culpa.


Nesses casos, estaremos diante do que se convencionou chamar de “responsabilidade
civil objetiva”. Segundo tal espécie de responsabilidade, o dolo ou culpa na conduta
do agente causador do dano é irrelevante juridicamente, haja vista que somente será

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necessária a existência do elo de causalidade entre o dano e a conduta do agente


responsável para que surja o dever de indenizar.

As teorias objetivistas da responsabilidade civil procuram encará-la como mera


questão de reparação de danos, fundada diretamente no risco da atividade exercida
pelo agente. É de ressaltar que o movimento objetivista surgiu no final do século
XIX, quando o Direito Civil passou a receber a influência da Escola Positiva Pen

[TJCE]. Qual é a que prevalece no código civil?


A RESPONSABILIDADE SUBJETIVA – REGRA NO NOVO CÓDIGO
CIVIL

Nos termos do caput do art. 927 do NCC de 2.002 aquele que, por ato ilícito (arts.
186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo, sendo patente a
responsabilidade subjetiva como regra do Código atual.

[TJCE]. Responsabilidade civil por fato de terceiro?


Para se estabelecer responsabilidade civil, é preciso estabelecer que a conduta do
agente foi causa do resultado danoso. Com efeito, o dano só pode gerar a obrigação
de indenizar quando for possível estabelecer com certeza absoluta quem foi o agente
causador do dano. Nas palavras de Agostinho Alvim:

O dano só pode gerar responsabilidade quando seja possível estabelecer um nexo


causal entre ele e o seu autor, ou, como diz SAVATIER, um dano só produz
responsabilidade, quando ele tem por causa uma falta cometida ou um risco
legalmente sancionado.

O elemento constitutivo da responsabilidade civil, portanto, que permite alcançarmos


essa certeza absoluta é o nexo causal. Ele é o elemento referencial entre a conduta e
o resultado ; o liame que une a conduta do agente ao dano. Nesse sentido, ninguém
pode responder por algo que não fez.

No entanto, excepcionalmente, existem algumas situações em que o indivíduo


responde pelo fato de terceiro. Em outras palavras, é possível a imputação da
responsabilidade sem que aquele que foi obrigado a indenizar tenha praticado a
conduta causadora do dano.

Essas situações são: (i) responsabilidade por fato de outrem; (ii) responsabilidade por
fato dos animais; e (iii) responsabilidade por fato da coisa.

Responsabilidade por fato de outrem

A lei institui casos em que a pessoa responde sem ter causado dano. O art. 932 do
Código Civil estabelece situações em que o indivíduo responde pelos atos danosos
de outra pessoa.

Esse tipo de responsabilidade, entretanto, exige a existência de um vínculo jurídico


prévio entre o responsável e o autor do ato ilícito resultando, daí, um dever de guarda,
vigilância ou custódia . Nas palavras de José Aguiar Dias, citando Sourdat, "a certas
pessoas incumbe o dever de velar sobre o procedimento de outras, cuja inexperiência
ou malícia possa causar dano a terceiros. É lícito, pois, afirmar, sob esse aspecto, que
a responsabilidade por fato de outrem não representa derrogação ao princípio da

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personalidade da culpa, porque o responsável é legalmente considerado em culpa,


pelo menos em razão da imprudência ou negligência expressa na falta de vigilância
sobre o agente do dano."

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas


condições;

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício


do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por


dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;

V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente


quantia.

Responsabilidade dos pais pelos filhos menores: os pais respondem pelos atos
praticados por filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia.
A interpretação do dispositivo pela doutrina é no sentido dos pais responderem
sempre que os filhos estiverem sob sua autoridade parental, independente da guarda.
Esclareça-se que o termo companhia não implica na presença física, mas deve ser
entendido no sentido de influência sobre a criança.

[TJCE]. Responsabilidade por atividade perigosa?


O Código Civil de 2002 adotou expressamente a teoria do risco como fundamento da
responsabilidade objetiva, agora não mais como exceção, mas, paralelamente à teoria
subjetiva. É o que se infere do § único do art. 927,verbis: “Haverá obrigação de
reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ouquando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, risco para os direitos de outrem (grifados)".

A natureza da atividade é a peculiaridade que vai caracterizar o risco capaz de


ocasionar acidentes e provocar prejuízos a outrem. A atividade de risco tem, pela sua
característica, uma peculiaridade que desde já pressupõe a ocorrência de acidentes.
É ela, intrinsecamente ao seu conteúdo, um perigo potencialmente causador de dano.

O que configura a responsabilidade objetiva pelo risco da atividade, nos termos do §


único do art. 927 do novo CC, não é um risco qualquer, normal e inerente a qualquer
atividade humana e/ou produtiva, mas, a atividade, cujo risco a ela inerente é
excepcional e incomum, embora previsível.

Note-se, inclusive, que, por força de normas regulamentares, há uma série de


atividades lícitas, que são consideradas de risco para a rigidez física dos
trabalhadores, sendo despiciendo imaginar que, provados os três elementos
essenciais para a responsabilidade civil – e ausente qualquer excludente de
responsabilidade – ainda tenha o empregado lesionado de provar a culpa do
empregador, quando aquele dano já era potencialmente esperado.

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O § único do art. 927 do CC aplica-se nos casos de acidentes de trabalho, porque o


disposto no inciso XXVIII do art. 7º constitui garantia mínima do trabalhador, e
o caput do mesmo fala em "outros direitos que visem à sua melhoria" deixando claro
que nenhum dos direitos encartados nos seus incisos é de conteúdo fechado e
imutável.

[TJCE]. Juiz, ao fixar indenização, pode analisar o grau de culpa do agente?


Quando?
O Código Civil não traz critérios fixos para a quantificação da indenização por dano
moral. A doutrina e a jurisprudência não são unânimes em relação aos critérios que
devem ser utilizados pelo juiz da causa. Sabe-se somente que deve o magistrado fixá-
la por arbitramento. Tornou-se comum em nosso País a sua fixação em salários
mínimos, diante de parâmetros que constavam da Lei de Imprensa e da Lei de
Telecomunicações. A fixação em salários mínimos, contudo, não é obrigatória.

Esse arbitramento, segundo Maria Helena Diniz, deve-se pautar em dois critérios:
um de ordem subjetiva, pelo qual o juiz deverá examinar a posição social ou política
do ofendido e do ofensor, a intensidade do animus leadere (ânimo de ofender)
determinado pela culpa ou dolo; e outro de ordem objetiva, como a situação
econômica do ofensor e do ofendido, o risco criado com a ação ou omissão, a
gravidade e a repercussão da ofensa. "Na avaliação do dano moral o órgão judicante
deverá estabelecer uma reparação eqüitativa, baseada na culpa do agente, na extensão
do prejuízo causado e na capacidade econômica do responsável".[1]

Tal arbitramento, entretanto, encontra um limite ético, inerente à atividade do


magistrado, pelo qual a fixação do valor a ser pago na compensação do dano moral
deverá ser guiada pelo princípio da razoabilidade. Evita-se, com ele, a fixação de
valores aleatórios, despreocupados com a justiça da causa. Eis que os critérios
objetivos assumem importante papel na fixação do quanto a pagar. E, como ensina
Venosa, somente quando o caso concreto for de dificílima solução, fugindo até
mesmo dos padrões utilizados pela doutrina e jurisprudência, deverá ser admitido um
critérios exclusivamente subjetivo do juiz, mas que sempre deverá agir com
prudência e pautado na razoabilidade.[2]

Entendo que, na fixação da indenização por danos morais, o magistrado deve agir
com eqüidade, analisando:

a) a extensão do dano;

b) as condições sócio-econômicas dos envolvidos;

c) as condições psicológicas dos envolvidos;

d) o grau de culpa do agente, de terceiro ou da vítima.

Tais critérios constam dos artigos. 944 e 945 do Código Civil, bem como do
entendimento doutrinário e jurisprudencial dominante. Nunca se pode esquecer,
ademais, da função social da responsabilidade civil. Se por um lado deve-se entender
que a indenização é um desestímulo para futuras condutas, por outro, não pode o
valor pecuniário gerar o enriquecimento sem causa. Entendo que é inadmissível que
uma pessoa receba indenização ao ponto de que não necessite mais de trabalhar o

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resto de sua existência, para obter o seu sustento próprio. Entendo que não é isso que
almeja o Novo Direito Civil, constitucionalizado e que tanto valoriza o trabalho, o
labor.

Assim, concordo com as recentes decisões do STJ, que procuram um limite para a
indenização por danos morais nos casos de morte de pessoa da família, em cerca de
500 salários mínimos (STJ, RESP 278885 / SP ; Recurso Especial 2000/0096431-0;
RESP 139779 / RS ; Recurso Especial 1997/0047933-1; RESP 41614 / SP ; Recurso
Especial 1993/0034264-9).

[TJCE]. As concessionárias e pessoas jurídicas de direito público se submetem à


responsabilidade civil objetiva? Atividade de risco?
O art. 2º, III, da Lei n. 8.987/95 define concessão de serviço público: “a delegação
de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de
concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade
para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado”.

A referida norma legal evidencia que o concessionário de serviço público assume a


prestação do serviço público “por sua conta e risco”. Assim, a responsabilidade
primária pelo ressarcimento de danos decorrentes da prestação é do concessionário,
cabendo ao Estado concedente responder em caráter subsidiário. Além de direta
(primária), a responsabilidade do concessionário é objetiva à medida que o
pagamento da indenização não depende da comprovação de culpa ou dolo.

O caráter objetivo da responsabilidade dos concessionários decorre do art. 37, § 6º,


primeira parte, da Constituição Federal: “As pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros”

# RESPONSABILIDADE CIVIL: RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA.


[TJCE]. Responsabilidade. Responsabilidade civil objetiva é regra ou exceção?
Exemplos?
Exceção, pois nos termos do caput do art. 927 do NCC de 2.002 aquele que, por ato
ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo, sendo
patente a responsabilidade subjetiva como regra do Código atual.

Exemplos: O Código de Defesa do Consumidor (Lei no.


8.078/90), Responsabilidade Civil das Estradas de Ferro, (Decreto 2.681/1912),
Responsabilidade Civil por danos nucleares (Lei nº 6.453, de 17 de outubro de 1977
e Decreto 911/19993), Responsabilidade Civil do Estado nos limites do art. 37, §6º
da CF/88.

[TJCE]. As concessionárias de serviços públicos, em caso de abuso de direito, a


responsabilidade é objetiva ou subjetiva?
Devendo na qualidade de concessionária de serviço público, em caso de abuso de
direito, responder objetivamente pelos danos causados, com obrigação de repará-los
(arts. 186 e 187 do CC).

[TJCE]. Quais as excludentes de responsabilidade objetiva?

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Sílvio de Salvo Venosa expõe que "são excludentes de responsabilidade, que


impedem que se concretize o nexo causal, a culpa exclusiva da vítima, o fato de
terceiro, o caso fortuito e a força maior”.

# RESPONSABILIDADE CIVIL: ATOS ILÍCITOS.


[TJCE]. É pressuposto da responsabilidade civil que o ato seja ilícito?
NÃO. A responsabilidade civil extracontratual ou aquiliana, pelo Código Civil de
1916 estava fundada no ato ilícito (art. 159). No Código Civil de 2002 está baseada
no ato ilícito (art. 186) e no abuso de direito (art. 187). O

[TJCE]. O que é abuso de direito? Dê exemplo?


O abuso do direito se baseia no elemento confiança, de forma que a culpa é estranha
à referida modalidade de ilícito. Logo, ato ilícito na modalidade abuso do direito é o
exercício irregular de um direito, pouco importando se culposo ou não.

Assim, o sistema do ato ilícito passa a ser bifásico, pois temos o ato ilícito do art. 186
e o abuso do direito (art. 187).

O abuso do direito está baseado no elemento confiança. Logo, diferentemente do ato


ilícito do art. 186, que já nasce e morre ilícito, o abuso do direito nasce no campo da
licitude; porém se torna ilícito pela forma como foi exercitado.

O ato ilícito subjetivo é fechado, não comporta divagações. Porém o ato ilícito
objetivo (abuso do direito) comporta divagações. Isso porque uma mesma conduta
pode ser lícita em uma relação, porém abusiva noutra.

No caso do ato ilícito subjetivo, quando gerar responsabilidade civil, gerará


responsabilidade civil subjetiva. Já o abuso do direito, quando gerar responsabilidade
civil, vai gerar responsabilidade civil objetiva (enunciado 37 da jornada).

Exemplo de abusividade envolve a publicidade discriminatória, prevista


expressamente no texto consumerista, o que gera muitas vezes discussões
administrativas; uso indevido de cobrança de dívidas, através de situações vexatórias.

[TJCE]. Os atos praticados em legítima defesa são lícitos?


SIM. TARTUCE (2015).

De acordo com o art. 188, I, do CC, não constituem atos ilícitos os praticados em
legítima defesa. Trata-se de importante excludente do dever de indenizar, da ilicitude,
com relevância prática indiscutível. O conceito de legítima defesa pode ser retirado
do art. 25 do Código Penal, in verbis: “Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem”.

Para a configuração da legítima defesa cabe análise caso a caso, sendo certo que o
agente não pode atuar além do indispensável para afastar o dano ou a iminência de
prejuízo material ou imaterial. O conceito também pode ser retirado do art. 1.210 do
CC, que trata da legítima defesa da posse, nos casos de ameaça e de turbação; e do
desforço pessoal, nos casos de esbulho.

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A exemplificar, se o proprietário de uma fazenda desfere tiros de arma de fogo contra


invasores de seu imóvel, não haverá legítima defesa, mas excesso no exercício da
defesa (abuso de direito), estando configurado o seu dever de indenizar. Nessa
situação, não houve um exercício regular de direito, mas sim um exercício irregular,
o que tanto pode gerar abuso de direito (art. 187 do CC) como o ato ilícito
propriamente dito (art. 186 do CC), o que depende da análise do caso concreto.

Sob outro prisma, é fundamental salientar que a legítima defesa putativa não exclui
o dever de indenizar, conforme comenta Flávio Augusto Monteiro de Barros.65 Na
legítima defesa putativa o agente imagina que está defendendo um direito seu, o que
não ocorre realmente no plano fático. A pessoa pressente um perigo que, na realidade,
não existe e, por isso, age imoderadamente, o que não exclui o dever de indenizar.
Segundo a jurisprudência superior, em casos tais, não há que se falar em exclusão de
responsabilidade (nesse sentido, ver: STJ, REsp 513.891/RJ, Processo
2003/0032562-7, 3.ª Turma, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 20.03.2007, DJU
16.04.2007, p. 181). Ilustrando, alguém imagina que está sendo perseguido por outro
veículo e joga o seu carro sobre o do outro causando um acidente e estragos no
automóvel. Evidenciando-se que não há qualquer perseguição, o caso é de legítima
defesa putativa, havendo dever de reparar o prejudicado pelo ato.

O art. 930 do CC, inicialmente aplicável ao estado de necessidade e à remoção de


perigo iminente, poderá ser aplicado à legítima defesa. O comando legal prevê em
seu caput o direito de regresso em relação ao culpado pelo estado gerador do perigo.
O parágrafo único do art. 930 reconhece o direito de regresso também contra aquele
em defesa de quem o dano acabou sendo causado. Em outras palavras, havendo
exercício imoderado da defesa ou defesa putativa e sendo o fato causado por terceiro,
é reconhecido o direito de regresso do ofensor contra aquele que gerou a situação que
causou o dano.

Complementando, havendo excesso nessa defesa em relação a terceiros, não estará


presente a mencionada excludente de ilicitude, surgindo o dever de indenizar diante
do ato praticado (aberratio ictus). De qualquer forma, estará assegurado o direito de
regresso contra eventual culpado, seja com base no art. 930 do CC, seja com
fundamento no art. 934 da mesma codificação.

12. Da posse: aquisição, efeitos, perda. Os interditos possessórios.


Usucapião.

# POSSE: AQUISIÇÃO DA POSSE.


[TJCE]. Como se adquire a posse?
Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome
próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade (art. 1.204, CC/02).

[TJCE]. Um contrato de compra e venda transmite a posse?


Num contrato de compra e venda, o vendedor tem o dever de transmitir a propriedade
ou a posse. A transmissão da posse observa os princípios do direito brasileiro (arts.
1.196 e seguintes do Código Civil). Se o comprador já tem a posse imediata adquire
a posse mediata, transmitida pelo vendedor, mediante a breve manu traditio. A

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transmissão da posse pode não coincidir com a transmissão da propriedade, por


qualquer razão, podendo o comprador exigir do vendedor o cumprimento de sua
obrigação.

[TJCE]. Posse pode ser adquirida por mandatário?


Sim. A posse pode ser adquirida: I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu
representante; II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação (art. 1.205,
CC/02).

[TJCE]. Posse se transmite aos herdeiros universais?


A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos
caracteres (art. 1.206, CC/02). O sucessor universal continua de direito a posse do
seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para
os efeitos legais (art. 1.207, CC/02).

[TJCE]. Os atos de mera tolerância configuram posse?


Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não
autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar
a violência ou a clandestinidade (art. 1.208, CC/02).

[TJCE]. Uma empregada doméstica tem a posse do seu imóvel?


Não, é mera detentora, nos termos do art. 1.198, CC/02: Considera-se detentor aquele
que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em
nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.

# POSSE: EFEITOS DA POSSE.


[TJCE]. O que se entende por desforço imediato?
É uma espécie de autotutela da posse. O desforço imediato consiste no direito de
autoproteção da posse no caso de esbulho, de perda da posse. Objetiva recuperar a
posse que lhe foi arrebatada.

[TJCE]. Como deve ocorrer?


A lei apenas permite o desforço imediato se a vítima do esbulho agir imediatamente
após a agressão ou logo que possa agir. Aquele que está ausente só perderá esse
direito se não agir logo após tomar conhecimento da agressão à sua posse, ou
tentando recuperá-la for violentamente repelido.

[TJCE]. Pode ser para o devedor de má-fé?


Não importa que a posse seja justa ou injusta, de boa-fé ou de má-fé. Em qualquer
caso se permite a reação pessoal do possuidor.

[TJCE]. O que é direito de retenção?


A retenção é um instituto de direito civil em que sua função é de garantia, que se
exercita através de uma autodefesa: o devedor, ao mesmo tempo credor por uma
relação creditória inerente à prestação que está obrigado a realizar, retém-na, até lhe
ser efetuado o pagamento da que, a seu turno lhe é devida pela outra parte contratante.

# AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE IMÓVEL: USUCAPIÃO.

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[TJCE]. O que é usucapião? Existe algum elemento subjetivo?


R: A usucapião é forma de aquisição originária da propriedade, de modo que não
permanecem os ônus que gravavam o imóvel antes da sua declaração.

A vontade de ser dono (animus domini) é o elemento subjetivo.

[TJCE]. O cônjuge abandona o lar, há usucapião? Qual o prazo? Pode ser suspenso
ou interrompido o prazo? Contra incapaz?
R:

Usucapião Especial Imóvel urbano de até 250m²; 02 anos


Urbano por propriedade dividida com o cônjuge (art.
Abandono do Lar que abandonou o lar; utilização para 1.240-A,
moradia. CC)

A pessoa que abandonar o lar e reaparecer no 23º mês, com intuito de se opor a posse
exclusiva da pessoa abandonada, e assim, interromper o prazo prescricional de 2
anos, não mais poderá praticar tal ato com o mesmo objetivo.

Aliás, iríamos mais além: aquele que abandonou e reapareceu com o objetivo de opor
a posse direta exclusiva e interromper o prazo prescricional, de fato interromperá.
Entretanto, não poderá lançar mão de qualquer outra forma para interrupção do
prazo prescricional.

[TJCE]. O que é usucapião pro misero ou pro labore?


R: Usucapião especial rural ou “pro labore” (art. 191, CF) - constitui forma de
aquisição de área de terras, em zona rural, não superior a 50 hectares por aqueles que,
não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, a possua como sua, por cinco anos
ininterruptos, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia.

Trata-se de uma forma de usucapião, diferente daquelas previstas no Código Civil e


que não se revoga, pois limita sua aplicação a áreas rurais que não excedam 50
hectares.

O art. 191 da Constituição de 1988 prevê o que segue:

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família,
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Ainda assim, dispõe o Código Civil de 2002 em seu art. 1.239 do CC/02 o que segue:

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior
a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo
nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

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Importante salientar que os imóveis rurais que excederem de 50 hectares poderão ser
adquirido na forma do artigo 1.238 do CC/2002.

Já a usucapião especial urbano ou pro misero, prevista no art. 183, CF/88 e


reproduzida nos arts. 1240 do CC/02 e 9º da Lei nº 10257/2001, possui os seguintes
requisitos:

(a) Área urbana de no máximo 250 m²;


(b) Posse mansa e pacífica, por no mínimo, 5 anos ininterruptos, sem oposição de
ninguém;
(c) Utilizado para moradia sua ou de sua família;
(d) Não ser proprietária de outro imóvel urbano ou rural.

13. Dos direitos reais. Da propriedade. Do condomínio. Da superfície.


Das servidões. Do usufruto. Do uso. Da habitação. Do direito do
promitente comprador. Do penhor, da hipoteca e da anticrese.

# PROPRIEDADE: AQUISIÇÃO DE BENS MÓVEIS.


[TJCE]. O contrato transfere a propriedade de um imóvel?
A propriedade do imóvel é adquirida com o registro no Cartório de Imóveis. Ainda
que a pessoa tenha um contrato particular ou uma escritura pública, ainda assim não
é considerada proprietária do imóvel. A esse respeito dispõe o art. 1.245 do novo
Código Civil: "Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título
translativo no Registro de Imóveis.”.

[TJCE]. Compra um automóvel, você não emplaca, leva para a casa, ainda não há
registro no DETRAN, você é o dono?
A transferência da propriedade de bem móvel -no caso em análise, veículo
automotor- ocorre com a tradição, independentemente de registro junto ao DETRAN.
Art. 1.267, do Código Civil /2002. Conforme entendimento jurisprudencial.

[TJCE]. Pode ser feito o seguro sem registro no DETRAN?


Em se tratando de carros zero Km, este processo se torna mais rápido para as
seguradoras, já que a Nota Fiscal contem as informações essenciais (chassis e
procedência do veículo) para abertura do contrato. Quando a placa fica pronta, basta
emitir um endosso na apólice vigente.

[TJCE]. O que é ocupação?


Ocupação é uma das formas de aquisição da propriedade e esta regulada no art. 1263
do CC. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade,
não sendo essa ocupação defesa em lei.

[TJCE]. O contrato transfere a propriedade de um imóvel?


Um contrato particular não tem força, tal como a escritura pública, para transferir a
propriedade do imóvel do vendedor para o comprador. Dessa forma, quando a pessoa
possui um contrato particular, geralmente de compromisso de compra e venda, a
obrigação principal do vendedor é formalizar a venda outorgando a escritura pública.

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[TJCE]. Compro um automóvel, não emplaco, vou para minha casa, sem registro no
DETRAN, você é o dono? Pode ser feito o seguro sem registro no DETRAN?
A propriedade de bem móvel ocorre pela tradição, nos termos do art. 1226 e 1267 do
Código Civil, e pode ser comprovada através da posse permanente do bem.

Pode ser feito o seguro sem o registro do DETRAN, com a nota fiscal do veículo e
chassi da montadora.

[TJCE]. É possível usucapião de bens móveis?


A usucapião pode ser arguida tanto em bens móveis quanto imóveis. É uma forma de
aquisição prescritiva originária.

O Código Civil, em seu artigo 1260 preceitua: “Aquele que possuir coisa móvel como
sua, contínua e incontestadamente durante 3 (três) anos, com justo título e boa-fé,
adquirir-lhe-á a propriedade.”

Sem justo título e boa-fé, esse prazo vai para 5 anos, consoante se depreende: “Artigo
1261. Se a posse de coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião
independentemente de título ou boa-fé.”

[TJCE]. O que é ocupação?


Ocupação: ocupar é se tornar proprietário de coisa móvel sem dono ou de
coisa abandonada. Ressalto que ocupar coisa imóvel sem dono ou abandonada
gera posse e não propriedade, posse que pode virar propriedade pela
usucapião, como já vimos.

Essa diferença é porque as coisas imóveis têm mais


importância econômica do que os móveis, então a aquisição dos imóveis pela
ocupação exige mais requisitos. Coisa sem dono e coisa abandonada são coisas
diferentes:

a) coisa sem dono (res nulius), como a concha na praia ou o peixe no mar
(1263).

b) coisa abandonada (res derelictae), como o sofá deixado na calçada


(1275,III)

Atenção para não confundir estas duas espécies de coisas com uma terceira
espécie, a coisa perdida (res amissa), pois as coisas perdidas não podem ser
apropriadas pela ocupação, mas sim devem ser devolvidas ao dono.

A perda da coisa não implica perda da propriedade. O ditado popular "achado não é
roubado" é falso, e a coisa perdida não pode ser ocupada pelo descobridor sob pena
de crime (art. 169, pú, II do CP). O descobridor deve agir conforme art. 1233 mas
tem direito a uma recompensa do 1234 (achádego é o nome dessa recompensa), salvo
se o dono da coisa preferir abandoná-la, hipótese em que o descobridor pode ocupar
a coisa por se tratar, agora, de res derelictae.

# AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE IMÓVEL: ACESSÃO.


[TJCE]. Qual a diferença entre aluvião e avulsão? Qual é abrupto?

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R: Nos termos do art. 1.250, o conceito de aluvião é:

“Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros


naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem
aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.”

Já a avulsão:

Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um
prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se
indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver
reclamado.

Conforme se extrai dos conceitos acima mencionados, a avulsão é considerada


abrupta.

[TJCE]. Boa-fé e má-fé em construção de terreno alheio obriga o construtor


adquirir a propriedade?
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em
proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a
propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte,
e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a
desvalorização da área remanescente.

Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o


construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em
proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o
dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a
construção.

[TJCE]. Pode ocorrer o inverso? Havendo má-fé como se resolve?


Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a
vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por
perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da
área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a
demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos
em dobro.

[TJCE]. No caso de plantação a partir de quando se caracteriza a má-fé? Aquele


que planta está de má-fé quando? Critérios objetivos e subjetivos?
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes,
plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.

Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção,


ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.

# DO DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR.


[TJCE]. Quando o promitente comprador assume um direito real?
TARTUCE, 2015: O Compromisso de compra e venda de imóvel deverá ser
registrado na matrícula do imóvel. Se ocorrer tal registro, estaremos diante de um

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direito real de aquisição a favor do comprador, reconhecido expressamente pelo art.


1.225, VII, do CC.

Não se trata de um direito real de gozo ou fruição ou de um direito real de garantia,


mas de uma categoria real intermediária. Tal categoria tem efeitos reais erga omnes,
gerando uma obrigação de dar a coisa.

Tanto isso é verdade que não sendo essa entregue, caberá ação de adjudicação
compulsória por parte do compromissário comprador, em face do promitente
vendedor ou de terceiro. Para que a coisa seja entregue, o preço da coisa deve ser
depositado, de forma integral ou substancial.

Determina o art. 1.417 do CC/2002 que mediante promessa de compra e venda, em


que não se pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular,
e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador
direito real à aquisição do imóvel. Como ficou claro, esse direito real possibilita a
reivindicação da coisa em face de qualquer terceiro que eventualmente a adquiriu
indevidamente. Nesse sentido, é claro o Enunciado n. 253 do CJF/STJ: “O promitente
comprador, titular de direito real (art. 1.417), tem a faculdade de reivindicar de
terceiro o imóvel prometido à venda”

[TJCE]. O instrumento levado a registro pode ser particular?


Sim. Para produzir os seus efeitos reais, a lei expressamente diz que não se faz
necessário que a promessa de compra e venda seja instituída por escritura pública,
podendo ser confeccionada por instrumento particular, devendo apenas haver o
registro no Cartório de Imóveis.

Determina o art. 1.417 do CC/2002 que mediante promessa de compra e venda, em


que não se pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou
particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente
comprador direito real à aquisição do imóvel. Como ficou claro, esse direito real
possibilita a reivindicação da coisa em face de qualquer terceiro que eventualmente
a adquiriu indevidamente. Nesse sentido, é claro o Enunciado n. 253 do CJF/STJ: “O
promitente comprador, titular de direito real (art. 1.417), tem a faculdade de
reivindicar de terceiro o imóvel prometido à venda”

[TJCE]. Antes do registro o promitente tem algum direito? Ele pode pleitear
adjudicação compulsória? Pode exigir o cumprimento de obrigação do promitente
vendedor?
SIM. O registro não retira do promitente o direito a adjudicação compulsória. CC
COMENTADO (2014): apesar de a lei exigir o registro da promessa de compra e
venda para sua caracterização como direito real, o STJ, com base na súmula 239,
afirma ser dispensável este requisito, possibilitando a adjudicação compulsória na
promessa de compra e venda, ainda que não registrada. Isso porque o registro é capaz
de gerar oponibilidade erga omnes. Porém, ainda que desprovida do respectivo
registro, o contrato de promessa de compra e venda já gera efeitos inter partes,
asseverando a possibilidade de adjudicação compulsória (enunciado 95 do CJF e art.
466-B do CPC/73).

[TJCE]. Se o promitente vendedor alienar bens imóveis antes do pleito? Embargos


de terceiro é suficiente para desconstituir alienação?

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Na linha de raciocínio do quesito anterior, a súmula 84 do STJ autoriza a oposição


de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de
compra e venda, ainda que desprovido de registro. Aqui o fundamento é a função
social da posse, pois, por vezes, a promessa já transfere a posse, ficando resguardada
a propriedade. Como já há posse, o promitente comprador tem de receber tutela
jurisdicional (CC COMENTADO, 2014).

Como outra hipótese de ampliação dos efeitos contratuais, repise-se o entendimento


anterior do STJ no sentido de admitir que o contrato de gaveta – comum nas hipóteses
envolvendo o compromisso de compra e venda – gere efeitos perante o promitente
vendedor. Dessa forma, se o compromissário comprador transmitisse o negócio para
outrem (chamado de gaveteiro), mesmo sem autorização da outra parte e havendo
pontualidade contratual, seria possível que o gaveteiro pretendesse direitos
contratuais em face do vendedor, inclusive de revisão do negócio (STJ, AgRg no
REsp 712.315-PR, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, 4.ª Turma, DJ 19.06.2006;
REsp 710.805-RS, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, 2.ª Turma, DJ 13.02.2006;
REsp 753.098 RS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJ 03.10.2005). Existem decisões
que apontam como argumento o fato de a Lei 10.150/2000 permitir a regularização
da transferência do imóvel ao gaveteiro (STJ, EDcl no REsp 573.059-RS, 1.ª Turma,
Rel. Min. Luiz Fux, DJ 30.05.2005 e REsp 189.350-SP, 4.ª Turma, Rel. Min. Asfor
Rocha, DJ 14.10.2002). Na opinião deste autor, as melhores ementas são as que
relacionavam todo o raciocínio com o princípio da função social do contrato, o que
representa notável avanço para o mundo contratual (STJ, AgRg no REsp
838.127/DF, 1.ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, j. 17.02.2009, DJe 30.03.2009 e REsp
769.418/PR, 1.ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, j. 15.05.2007) (TARTUCE, 2015).

[TJCE]. Se o promitente comprador não pagar o preço? No prazo pode purgar a


mora? Prazo de notificação? Pode iniciar ação antes da notificação?
O inadimplemento da principal obrigação do compromissário comprador, qual seja,
a de pagar as prestações, enseja a resolução do contrato. Cumpre ressaltar que tal
resolução somente será possível via Poder Judiciário, e observados os trâmites que a
seguir se indicam.

O Decreto-lei n. 58/37 (referente aos imóveis loteados), em seu artigo 14, e parágrafo
primeiro, exige seja o comprador/devedor constituído em mora, através de
interpelação a ser efetuada por oficial do registro. Após a interpelação, tem o devedor
30 (trinta) dias para purgar a mora. Findo tal prazo, sem o pagamento, permite-se ao
credor (o compromitente vendedor) ajuizar ação de rescisão do contrato. Somente
com a procedência de tal ação é que se poderá, com a sentença, cancelar o registro
do compromisso junto ao cartório do registro de imóveis.

Saliente-se que, em relação aos imóveis não loteados, preceitua o Decreto-lei n.


745/69, em seu artigo primeiro, que o prazo para ser purgada a mora é de apenas 15
(quinze) dias. A interpelação pode ser feita judicialmente ou através do cartório de
títulos e documentos.

Como não se permite o locupletamento ilícito do vendedor, deverá o mesmo restituir


ao comprador as prestações pagas, sendo nula qualquer cláusula que estipular a perda
total das referidas prestações, ex vi do artigo 53 do Código de Defesa do Consumidor.

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É claro que, se o compromissário comprador desfrutou da posse do imóvel durante


esse período, lícito é ao vendedor compensar parte das prestações pagas com o valor
que seria devido em virtude do uso e gozo do bem.

É controversa, judicialmente, a questão relativa à possibilidade de ser purgada a mora


após o decurso do prazo legalmente previsto para tanto. Entendem alguns julgados
que, estando o devedor de boa-fé, permite-se-lhe purgar a mora até mesmo depois de
transcorrido o prazo para a contestação na ação de rescisão do contrato.

A maioria dos julgamentos, todavia, é no sentido de não se permitir a purgação da


mora após o prazo legal de trinta dias (ou quinze dias, para os imóveis não loteados).
Cai bem a lanço, neste tocante, a lição do festejado processualista Humberto
Theodoro Júnior:

"A purga da mora, nos compromissos de compra e venda de imóvel não loteado, só é
admissível no prazo da interpelação preparatória da ação de rescisão (DL 745/69),
segundo reiterada e uniforme jurisprudência, que conta com a liderança do STF. Após o
exaurimento do prazo da interpelação, a mora do promissário comprador transmuda-se
em inadimplemento absoluto, tornando a prestação inútil para o credor e, por isso
mesmo, não mais suscetível de purgação pelo devedor, dentro do curso da ação de
rescisão do compromisso de compra e venda."

A interpelação do devedor – insta ressaltar – constitui requisito indispensável para


que possa o compromitente comprador ajuizar a ação de rescisão contratual
pretendida. Trata-se (a interpelação) de ato constitutivo, o devedor somente será
constituído em mora após a interpelação e decurso do prazo sem pagamento.

Neste sentido já decidiu o egrégio Superior Tribunal de Justiça – STJ, no julgamento


do Recurso Especial nº 30.691-0/SP, onde atuou como relator o Ministro Waldemar
Zveiter. Faço transcrever, a propósito, excerto do voto proferido pelo insigne
relator, ad litteram:

"Não tendo sido notificado [rectius, interpelado] o espólio na pessoa de seu


inventariante, para a constituição em mora como devedor, o processo se reveste de
nulidade insanável, tornando-se inviável a ação contra ele proposta, ante o caráter
constitutivo do ato de notificação, que se faz obrigatório, aliás, por expressa disposição
legal."

Ainda quanto à interpelação para constituição em mora, impende ressaltar que, nos
casos em que o contrato foi levado ao registro de imóveis, deverá a interpelação ser
feita na pessoa do marido e da mulher.

Fonte: http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/anexos/6880-6879-1-PB.html

# DA SUPERFÍCIE.
[TJCE]. O que é direito de superfície? É concedido por prazo determinado ou
indeterminado? Admite renúncia? Em que prazo? Ele cria um direito real? Cabe
ação possessória? Ele poderá pleitear exploração mineral? É oneroso ou gratuito?
Pode transferir o seu direito?

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R: Direito de Superfície é o direito real autônomo, distinto da propriedade, de


construir ou plantar em terreno alheio por prazo determinado. O superficiário é titular
da propriedade superficiária de natureza resolúvel. O direito real de superfície
suspende o efeito aquisitivo da acessão. Apenas ao término do prazo o titular do
domínio adquire a propriedade plena sobre o terreno e respectivas construções e
plantações.

De acordo com o art. 1.370, CC/02,

“A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa, estipularão as partes


se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente”.

Ademais, o direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do


superficiário, aos seus herdeiros (Art. 1.372.)

[TJCE]. É diferente de enfiteuse? Deve haver direito de preferência?


R: Sobre a não observância do direito de preferência do art. 1373 do CC pelo
superficiário há duas correntes. 1ª corrente: o superficiário preterido pode requerer
perdas e danos. Aplicação analógica do art. 518 do CC que trata da cláusula de
preferência no contrato de compra e venda. 2ª corrente. O superficiário tem direito à
adjudicação do bem mediante depósito do valor. Aplicação analógica do art. 504 do
CC, que trata do condomínio de coisa indivisível.

[TJCE]. Se houver desapropriação da construção ao final do prazo, requer


indenização?
R: Art. 1.376. No caso de extinção do direito de superfície em consequência de
desapropriação, a indenização cabe ao proprietário e ao superficiário, no valor
correspondente ao direito real de cada um.

# DA SERVIDÃO.
[TJCE]. Servidão. Está sujeito a usucapião? Todos os bens? Qual o tempo da
prescrição? Alienação faz extinguir a servidão? Se o dono do imóvel adquirir?
A servidão pode ser adquirida por usucapião, haja vista o Código Civil de 2002, em
seu artigo 1.379 estabelece que: o exercício incontestado e contínuo de uma
servidão aparente, por 10 anos, nos termos do artigo 1.242, autoriza o interessado
a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a
sentença que julgar a consumação da usucapião”. O parágrafo único complementa:
se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de 20 anos”.

Deve-se observar que somente as servidões aparentes podem ser adquiridas por
usucapião. Servidão aparente é aquela visível, ou seja, que pode ser percebida pelos
sentidos do homem. Assim, a servidão de passagem de um cano é aparente, pois pode
ser vista. Já as não aparentes, não são visíveis, tais como a servidão de não construir
a cima de determinada altura.

Art. 1.387. Salvo nas desapropriações, a servidão, uma vez registrada, só se extingue,
com respeito a terceiros, quando cancelada.

Parágrafo único. Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar


no título hipotecário, será também preciso, para a cancelar, o consentimento do credor.

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Art. 1.389. Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente a


faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção:

I - pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa;

# PENHOR E HIPOTECA.
[TJCE]. Diferença entre penhor e hipoteca?
O penhor é direito real de garantia sobre BENS MÓVEIS. Existem, entretanto,
DUAS EXCEÇÕES: aeronaves e navios (por conta do seu valor econômico, NÃO
são objetos de penhor, mas de hipoteca). Frise-se, ainda, que, como regra, todo
penhor se constitui pela TRADIÇÃO ao credor pignoratício, que fica com a coisa até
que seja quitada a dívida.

A hipoteca é direito real de garantia sobre BENS IMÓVEIS. Ressalte-se, entretanto,


que as aeronaves e os navios, apesar de serem bens móveis, podem ser objetos de
hipoteca. Ao contrário do penhor, a hipoteca dispensa a tradição, na medida em que
o interesse do credor hipotecário estará assegurado pelo REGISTRO. Frise-se que o
devedor hipotecário NÃO perde a posse da coisa. Ou seja, ele continua tendo a coisa
consigo, e dispondo livremente dos poderes (uso, gozo/fruição, livre disposição,
reivindicação).

[TJCE]. Admite-se o pacto comissório no penhor e na hipoteca?


Art. 1428 do CC proíbe o pacto comissório no penhor e na hipoteca.

[TJCE]. É possível a dação em pagamento no caso de penhor e hipoteca?


Art. 1428 - É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou
hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento.

Parágrafo único - Após o vencimento poderá o devedor dar a coisa em pagamento


da dívida

[TJCE]. Onde é feito o registro do penhor e da hipoteca?


O penhor no cartório de títulos e documentos, art. 1432, do CC. Já a hipoteca é
registrada no cartório de imóveis onde localizado o imóvel.

[TJCE]. Qual a função do registro no penhor?


Ela serve como condição de eficácia perante terceiros.

[TJCE]. Sem o registro é possível estabelecer direito de preferencia? Qual o prazo


máximo da hipoteca?
30 anos conforme art. 1485 do CC.

[TJCE]. O que significa indivisibilidade no penhor e na hipoteca?


Significa que a garantia do bem é por completo. Mesmo que o devedor vá pagando
sua dívida a garantia não se reduz, permanecendo todo o bem até a quitação total da
dívida.

[TJCE]. Qual a diferença entre hipoteca e alienação fiduciária?


A hipoteca é um direito real de garantia e possui algumas peculiaridades, as quais
serão enumeradas abaixo:

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1) Acessoriedade: trata-se de um instituto, que para existir, há a necessidade de uma


obrigação principal, que é assumida pelo devedor. Caso a obrigação principal seja
extinta, a hipoteca também desaparece.

2) Publicidade: o atributo real desse direito depende de inscrição do ato constitutivo


no Registro de Imóveis da circunscrição, num prazo de 30 (trinta) dias, onde o imóvel
dado em garantia está situado. Realizada a inscrição da hipoteca, opera-se o direito
real de garantia, com todos os seus efeitos erga omnes. Caso não haja a inscrição, os
efeitos ocorrerão apenas entre as partes, passando assim de direito real para direito
pessoal, sem direito de sequela e de preferência, ambos previstos nos itens 07 e 08
abaixo.

3) Indivisibilidade: o bem é gravado em sua totalidade, com isso, fica sujeito ao


resgate da dívida também em sua integralidade. Para que apenas parte do bem seja
abrangida, é necessária estipulação expressa nesse sentido. Caso haja o pagamento
parcial do débito, o imóvel não será exonerado parcialmente, mas sim continuará
gravado em seu todo, isso se o credor não liberar de forma explícita parte do bem
oferecido.

4) O bem dado em garantia poderá ser de propriedade do devedor ou de


terceiros, desde que estes o deem em garantia.

5) O bem hipotecado continua na posse do devedor, que poderá usá-lo de acordo


com suas conveniências, respeitando todos os direitos inerentes à propriedade,
como sua função social, percebendo inclusive todos os frutos. Todavia, a posse
em questão não é plena, uma vez que em caso de inadimplemento do devedor, o bem
poderá ser excutido judicialmente, conforme art. 566 e seguintes do Código de
Processo Civil, e somente dessa forma. Importante mencionar que o contrato de
hipoteca é um título executivo extrajudicial. Caso as partes acordem que o credor
poderá tomar para si o bem, em caso de inadimplemento da obrigação, sem a
necessidade da intervenção judicial, a cláusula será considerada nula de pleno direito.

6) Especialização: A especialização contém-se no próprio instrumento constitutivo,


pois que dele constam os nomes das partes, o valor e a espécie da dívida garantida,
bem como a descrição dos bens hipotecados. Conforme preceitua o art. 1.424 CC, os
bens hipotecados devem ser detalhadamente descritos, com todos os seus
pormenores, tais como, localização topográfica, número da matrícula, confrontações,
e outros dados suficientes para a exata individuação do imóvel que está sendo dado
em garantia, sob pena da hipoteca constituída não ter eficácia. Dessa forma, a
hipoteca somente incidirá sobre os bens especificados na escritura ou na cédula
hipotecária.

7) Direito de preferência: o credor que tiver um bem registrado em cartório com


garantia real tem preferência no recebimento dos montantes devidos pela dívida, ou
seja, quando houver diversos credores para uma única dívida e ocorrer a arrematação
do bem, será dada preferência ao pagamento dos credores que possuírem garantias
reais para que, posteriormente, seja efetuado o pagamento dos demais.

8) Direito de Sequela: "é o direito de perseguir a coisa dada em garantia, em poder


de quem quer que se encontre, para sobre ela exercer o seu direito de excussão, pois

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o valor do bem está afeto à satisfação do crédito", segundo explica Carlos Roberto
Gonçalves.

9) Eventualidade: o direito do credor é eventual, vez que dependerá do


inadimplemento do devedor para se concretizar. Contudo, o credor poderá obstar atos
praticados pelo devedor ou terceiros, que possam diminuir o valor da coisa, vez que
se trata de um bem dado em garantia de um futuro pagamento. Caso o devedor não
zele pela coisa dada em hipoteca, poderá o credor solicitar o vencimento antecipado
da dívida, nos termos do artigo 1425 do Código Civil.

10) Bilateralidade: trata-se de um negócio jurídico acessório, dependente de um


negócio principal, que necessita da aceitação do credor para a sua formação. Todavia,
é importante mencionar que o contrato é unilateral, por gerar obrigações somente ao
devedor.

11) A escritura de constituição da hipoteca deverá prever o limite temporal de


sua duração, que possuirá prazo máximo de 30 (trinta) anos, segundo o art. 1.484
do CC. "Caso o período inicialmente estipulado pelas partes seja inferior a trinta
anos, é permitida a prorrogação da vigência da hipoteca, contanto que o somatório
final de sua duração não ultrapasse o marco ínsito neste artigo". Para fazer a
prorrogação, não é necessária a celebração de nova escritura pública, mas tão
somente a averbação junto à matrícula do imóvel. O lapso temporal é alongado com
o requerimento de ambas as partes, devedor e credor, sendo inviabilizada qualquer
iniciativa unilateral nesse sentido. Decorrido o lapso temporal limite, tem-se a
extinção do direito real pelo chamado usucapião de liberdade, sendo possível a
renovação (nova apresentação do título) da hipoteca e não mais a sua prorrogação
(os efeitos retroagem à data da prenotação inicialmente feita)

12) Pluralidade de hipotecas: o art. 1.746 do CC possibilita que o dono do imóvel


hipotecado poderá constituir sobre ele, mediante novo título outra hipoteca, em favor
do mesmo ou de outro credor. Isso se justifica quando o valor do imóvel ultrapassa
o da obrigação primitiva e quando não existe cláusula de impedimento no título
constitutivo da primeira hipoteca.

13) Em caso de falência, o bem hipotecado poderá integrar a massa falida,


podendo frustrar o recebimento do crédito pelo credor hipotecário, conforme
preceitua o art. 1.483 do CC.

A hipoteca se extingue com a averbação, no Cartório de Registro de Imóveis, do


cancelamento do registro, à vista da respectiva prova, nos termos do art. 1.500 do
CC. As causas embasadoras do mencionado cancelamento do registro estão previstas
no art. 1.499 do CC, as quais enumero: I - pela extinção da obrigação principal; II -
pelo perecimento da coisa; III - pela resolução da propriedade; IV - pela renúncia do
credor; V - pela remição; e VI - pela arrematação ou adjudicação.

A Alienação fiduciária em garantia é o contrato pelo qual uma pessoa, o devedor


fiduciante, a fim de garantir o adimplemento de obrigação e mantendo-se na posse
direta, obriga-se a transferir a propriedade de uma coisa ou a titularidade de um
direito a outra pessoa, o credor fiduciário, que fica adstrito a retransmitir a
propriedade ou a titularidade do direito ao devedor fiduciante, assim que paga a
dívida garantida.

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A alienação fiduciária, também é um direito real de garantia e possui peculiaridades,


dentre as quais algumas são idênticas à hipoteca:

1) Acessoriedade: trata-se de um negócio jurídico acessório, vez que tem o condão


de assegurar uma obrigação principal. "Perante essa relação de subordinação, é
plenamente aplicável à alienação fiduciária o princípio da gravitação jurídica, pelo
qual o acessório segue o principal."

2) Bilateral: apesar de alguns autores entenderem que se trata de um contrato


plurilateral, a alienação fiduciária é realizada entre duas partes que assumem direitos
e obrigações. O vendedor, aquele que firma o contrato de compra e venda com o
devedor fiduciante, não figura como parte no contrato de garantia. Ele recebe o seu
valor e os direitos e obrigações do contrato de alienação fiduciária permanecem tão
somente para credor fiduciário e devedor fiduciante.

3) Formalidade e não solenidade: o contrato de alienação fiduciária deve ser escrito,


podendo ser público ou particular, sendo respeitadas as disposições dos arts. 24 e 38
da Lei 9.514/97. Por não exigir instrumento público para a sua formalização, trata-se
de contrato não solene.

4) Indivisibilidade: em caso de pagamento parcial de parcelas estipuladas em


contrato, o devedor fiduciante não está exonerado da dívida, permanecendo o
gravame sobre o imóvel como um todo.

5) Condicionalidade: o contrato de alienação fiduciária é subordinado a uma


condição resolutiva (revogável). "Na alienação fiduciária desloca-se para o rol dos
elementos essenciais, uma vez que não existe alienação fiduciária sem condição
resolutiva. Em outras palavras, a existência mesma do contrato se sujeita ao
implemento de condição, qual seja, o adimplemento da obrigação por parte do
devedor fiduciante, o que põe fim à alienação, com a consequente remancipação da
coisa. "A propriedade, portanto, não é definitiva para o credor fiduciário, pois com o
adimplemento de todas as parcelas acordadas (condição ou termo final), a
propriedade retornará ao patrimônio do não mais devedor, o fiduciante.

6) Publicidade: o art. 23 da Lei 9.514/97 estabelece que " a propriedade fiduciária se


constitui mediante registro no competente Registro de Imóveis, do contrato que lhe
serve de título." Assim, somente a partir do registro que haverá a propriedade
fiduciária em favor do credor.Até o cumprimento dessa formalidade, tem-se apenas
um contrato de cunho obrigacional. Com o registro, a posse do imóvel é desdobrada,
ficando o credor fiduciário com a propriedade resolúvel sobre o imóvel e o devedor
fiduciante com direito real de aquisição, pendente de cumprimento da condição.

7) A lei 11.101/2005 prevê no art. 49, § 3º que ocorrendo falência do devedor


fiduciante, o credor fiduciário não corre o risco de perder o bem dado em garantia.
Tal fato ocorre por conta do bem estar excluído do patrimônio do devedor, retornando
somente após o pagamento integral das parcelas acordadas. Essa medida traz
considerável segurança para o credor, no que diz respeito à sua expectativa de
recebimento do que lhe é devido, pois deixa o bem longe do alcance dos demais
credores do devedor.

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8) Cessão da posição do devedor fiduciante: o art. 29 da Lei 9.514/97 possibilita ao


fiduciante, com anuência expressa do fiduciário, a transmitir os direitos de que seja
titular sobre o imóvel objeto da alienação fiduciária em garantia, assumindo o
adquirente as respectivas obrigações. É salutar mencionar que deve haver o registro
da cessão em Cartório de Registro de Imóveis, vez que se trata de transmissão de
direito real sobre imóvel.

9) Celeridade na execução do crédito do fiduciário: "A grande facilitação da


retomada do imóvel pelo credor em caso de inadimplemento, inclusive com a
dispensa do processo - ao contrário da lenta execução que ocorre no sistema
hipotecário-, torna-se um fato de estímulo à construção civil (...)". O procedimento
de execução extrajudicial é instaurado junto ao cartório de registro de imóveis, o que
demonstra maior celeridade na cobrança do crédito. Faz-se um leilão extrajudicial,
independente de ação judicial, ocorrendo de forma administrativa perante o Registro
de Imóveis. O procedimento utilizado para a purgação da mora do fiduciante, bem
como a forma de leilão do imóvel, estão previstos nos art. 26 e 27 da lei 9.514/97.

10) Direito de sequela: a exemplo do que ocorre com a hipoteca, é facultado ao credor
fiduciário apreender o bem alienado, mesmo que este se encontre na posse de
terceiros. Para tanto, é necessário que o contrato esteja devidamente registrado em
Cartório de Registro de Imóveis. A propriedade fiduciária poderá ser extinta de duas
formas: pelo adimplemento da obrigação e o consequente retorno da propriedade
para o devedor fiduciante (art. 25 da Lei 9.514/97) ou o inadimplemento do fiduciante
(art. 26 da Lei 9.514/97) em relação à obrigação principal contratada.

Dentre as vantagens da alienação fiduciária frente à hipoteca, tem-se:1) Em caso de


inadimplência pelo devedor, na alienação fiduciária a execução do crédito ocorre por
meio extrajudicial, sendo portanto bem mais célere que a transferência da
propriedade para o credor por meio de hipoteca. Nesse instituto é necessário mover
a máquina judiciária por meio de ação judicial cabível, qual seja, ação de execução
de garantia real hipotecária.2) Em caso de insolvência do devedor, como na alienação
fiduciária o bem é propriedade do credor, deixando, pois, de compor o patrimônio do
devedor, o bem será executado sem concorrência com os demais credores.
Diferentemente da hipoteca, em que o bem continua na propriedade do devedor
ficando o credor preterido pelos créditos trabalhistas e tributários, pelo fato do
mesmo constituir a massa falida, conforme art. 1483 do CC.3) Quando da realização
de leilão para a satisfação do crédito, nos contratos de alienação fiduciária os demais
bens do devedor restam protegidos, vez que se no segundo leilão não houver a
arrecadação do valor pretendido, a obrigação será considerada extinta, ficando o
credor sem receber a dívida na sua integralidade. Enquanto na hipoteca, caso em
leilão não seja apurado valor suficiente para quitar a dívida, deverá o devedor fazer
o pagamento desse valor complementar.4) Na alienação fiduciária, o credor já
mantém a propriedade resolúvel do bem e a sua posse indireta, enquanto na hipoteca,
o bem fica sobre a propriedade e posse do devedor, sendo somente após a
arrematação do bem que o devedor perderá a posse.

Dentre as vantagens da hipoteca frente à alienação fiduciária podem ser citadas:1)


Na hipoteca, o devedor poderá constituir, mediante novo título mais de uma hipoteca
sobre o mesmo bem em favor do mesmo credor ou outros credores, enquanto na
alienação fiduciária, o devedor fiduciário poderá alienar o mesmo bem uma única
vez. Essa medida se torna vantajosa, porque um bem de alto valor poderia servir para

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garantir o pagamento de mais de um débito, possibilitando a satisfação das dívidas


de vários credores.2) O devedor hipotecário poderá gravar outros ônus reais (usufruto
e servidão) sobre o bem hipotecado, enquanto na alienação fiduciária não existe essa
permissão.

[TJCE]. Hipoteca confere título de preferência?


O credor que tiver um bem registrado em cartório com garantia real tem preferência
no recebimento dos montantes devidos pela dívida, ou seja, quando houver diversos
credores para uma única dívida e ocorrer a arrematação do bem, será dada preferência
ao pagamento dos credores que possuírem garantias reais para que, posteriormente,
seja efetuado o pagamento dos demais. O credor hipotecário também possui direito
de sequela, que é o direito de perseguir a coisa dada em garantia, em poder de quem
quer que se encontre, para sobre ela exercer o seu direito de excussão, pois o valor
do bem está afeto à satisfação do crédito.

[TJCE]. Bem de família hipotecado conserva a impenhorabilidade?


Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: (…)

V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal
ou pela entidade familiar;

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a


penhorabilidade de imóvel dado em garantia hipotecária de dívida de empresa da
qual os únicos sócios são marido e mulher, que nele residem. Os ministros
consideraram que, nessa hipótese, o proveito à família é presumido, cabendo a
aplicação da exceção à regra da impenhorabilidade do bem de família prevista no
artigo 3º, inciso V, da Lei 8.009/90.“O proveito à família é presumido quando, em
razão da atividade exercida por empresa familiar, o imóvel onde reside o casal
(únicos sócios daquela) é onerado com garantia real hipotecária para o bem do
negócio empresarial”.

O Superior Tribunal de Justiça também tem jurisprudência firmada no sentido de que


a penhora do bem de família hipotecado só é admissível quando a garantia foi
prestada em benefício da própria entidade familiar, e não para assegurar empréstimo
obtido por terceiro.

[TJCE]. Diferença entre penhor e hipoteca? Admite-se nesse caso o pacto


comissário? Vencida a dívida pode consentir em dação em pagamento? Ao contrato
de penhor, pode ser registrado? Onde? Qual a finalidade do registro do penhor?
Quando o credor pode mostrar o seu título de preferência?
São espécies de direitos reais de garantia.

Penhor: quando o devedor (ou ainda um terceiro) transfere ao credor a posse direta
de bem móvel suscetível de alienação, como forma de garantir o pagamento de seu
débito. Até o pagamento da obrigação, o bem fica em mãos do credor. O instituto
está regulamentado nos artigos 1.431 a 1.472 do CC.

Hipoteca: quando se grava um bem imóvel (ou outro bem que lei considere como
hipotecável) pertencente ao devedor ou a um terceiro, sem transmissão da posse ao
credor (na hipoteca não há tradição). Se o devedor não paga a dívida no seu

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vencimento, fica o credor habilitado para exercer o direito de excussão (solicitar a


venda judicial do bem). Isso ocorre para que, com o produzido da venda, seu crédito
seja preferencialmente pago. O instituto está regulamentado nos artigos 1.476 a 1.505
do CC.

O pacto comissório era um instituto previsto no artigo 1.163 do antigo Código Civil,
pelo qual as partes ajustavam que a venda seria considerada desfeita se o comprador
não pagasse o preço até certo dia. Esse instituto não consta no Código Civil de 2002,
mas há outro muito similar denominado cláusula resolutiva. Não se admite.

O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida (dação em
pagamento).

O contrato de penhor pode ser feito mediante instrumento público ou particular e


deve ser levado a registro, no Cartório de Títulos e Documentos.

Tem como finalidade preservar o direito real de preferência.

O credor com título de preferência legal pode participar do concurso previsto no art.
711 do CPC para resguardar o seu direito de preferência, mesmo que não tenha
promovido a execução do seu crédito.

[TJCE]. Existe prazo que se perderá a hipoteca?


Art. 1485. Mediante simples averbação, requerida por ambas as partes, poderá
prorrogar-se a hipoteca, até 20 (vinte) anos da data do contrato. Desde que perfaça esse
prazo, só poderá subsistir o contrato de hipoteca reconstituindo-se por novo título e novo
registro; e, nesse caso, lhe será mantida a precedência, que então lhe competir." Todavia,
com o advento da Lei 10.931/04, o prazo de perempção volta a ser de 30 anos, assim
como era previsto no Código Civil de 1916. A razão da mudança se dá pelo fato de a
hipoteca, em regra, garantir dívidas por um longo período de tempo, mormente em se
tratando de financiamento para a aquisição de bens imóveis.

[TJCE]. O que é indivisibilidade de penhor e hipoteca?


Indivisibilidade: o bem é gravado em sua totalidade, com isso, fica sujeito ao resgate
da dívida também em sua integralidade. Para que apenas parte do bem seja abrangida,
é necessária estipulação expressa nesse sentido. Caso haja o pagamento parcial do
débito, o imóvel não será exonerado parcialmente, mas sim continuará gravado em
seu todo, isso se o credor não liberar de forma explícita parte do bem oferecido.

# USUFRUTO.
[TJCE]. Usufruto é temporário?
Tecnicamente falando, o usufruto é um direito real temporário. Entretanto, o usufruto
pode ser temporário ou a termo – é estabelecido prazo de duração, quando da sua
instituição ou vitalício – caso estipulado em favor de pessoa natural e sem previsão
de prazo ou termo final, extingue-se apenas com a morte do usufrutuário. Morte do
nu-proprietário não o extingue.

[TJCE]. Se for um usufruto vitalício com a morte do usufrutuário se transmite o


bem ao herdeiro?
Não, extingue-se apenas com a morte do usufrutuário.

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[TJCE]. Usufruto é registrado?


Sim, o usufruto sobre bem imóvel exige registro no Cartório de Registro de Imóveis,
salvo se resultante de usucapião, em que o registro será declaratório. Há necessidade
de escritura pública se valor do bem imóvel é superior a 30 salários mínimos.

[TJCE]. Imóvel em doação com reserva de usufruto, quando o usufrutuário morrer


o que fazer para retirar essa cláusula?
Deve ser levado ao cartório certidão de óbito do usufrutuário, para que seja extinto o
gravame e averbado no cartório a extinção do usufruto sobre àquele imóvel. Há,
inclusive, direito líquido e certo do impetrante de averbar a extinção do gravame sem
o recolhimento do imposto (ITCMD).

[TJCE]. Usufruto pode incidir sobre objetos móveis ou imóveis? É direito real? Pode
dispor e reivindicar?
Sim, pode incidir sobre bens móveis ou imóveis. Configura direito real de gozo ou
fruição por excelência, havendo divisão igualitária dos atributos da propriedade entre
as partes envolvidas. Usufrutuário é quem detém direito de usar ou fruir a coisa
(atributos diretos – domínio útil). Usufrutuário não pode vender o bem.

Nu-proprietário tem atributos de reivindicar a coisa e dela dispor (fica despido dos
atributos diretos).Nu-proprietário não pode locar imóvel objeto do usufruto (apenas
o usufrutuário), não pode usar a coisa. Ação reivindicatória só pode ser ajuizada pelo
nu-proprietário, para ação possessória ambos têm legitimidade.

[TJCE]. Usufruto pode ter por objeto bens móveis e imóveis?


Sim.

Art. 1.390, CC/02. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em
um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e
utilidades.

[TJCE]. É possível ser usufrutuário de gado?


Sim.

Art. 1.397, CC/02. As crias dos animais pertencem ao usufrutuário, deduzidas quantas
bastem para inteirar as cabeças de gado existentes ao começar o usufruto.

[TJCE]. As crias dos gados a quem pertencem?


Art. 1.397, CC/02. As crias dos animais pertencem ao usufrutuário, deduzidas quantas
bastem para inteirar as cabeças de gado existentes ao começar o usufruto.

[TJCE]. Usufruto pode ser alienado?


Art. 1.393, CC/02. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício
pode ceder-se por título gratuito ou oneroso.

[TJCE]. Beneficiar mais de uma pessoa?


Art. 1.411, CC/02. Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-
se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação
expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente.

[TJCE]. Se todos os usufrutuários morrerem, seus herdeiros irão receber algo?

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Em princípio recebem somente o que estaria pendente de recebimento pelo


usufrutuário (ex. frutos civis pendentes à época do término do usufruto).

[TJCE]. O que deverá vir no registro com o fim do usufruto?


Com o fim do usufruto, deve-se proceder ao cancelamento do registro no CRI,
quando se tratar de bem imóvel.

14. Do direito de família. Casamento. Do direito pessoal. Do direito


patrimonial. Da união estável. Da tutela e da curatela.

# PACTO ANTENUPCIAL E ESCOLHA DO REGIME DE BENS DO CASAMENTO


[TJCE]. O pacto antenupcial pode ser celebrado por instrumento particular? Onde
é registrado?
R: É um contrato preliminar impróprio, ou seja, antecede o casamento, mas não
manifesta vontade de casar, não é uma promessa. Para alguns autores é um contrato
formal e solene pelo qual as partes regulamentam as questões patrimoniais relativas
ao casamento (arts. 1653 a 1657, Cci). A eficácia dele depende do casamento, a
eficácia é condicionada ao casamento, já que ele é uma condição suspensiva.

É feito por escritura pública. É lavrado no Tabelião de Notas e inscrito no Livro de


Notas. Entrega-se um traslado para fins de habilitação do casamento no Registro
Civil.

[TJCE]. Uma pessoa com mais de 70 anos pode celebrar um pacto antenupcial? E
possível separar os bens?
R: Conforme regra do art. 1641, II, CC, o regime da separação de bens da pessoa
maior de 70 anos é obrigatoriamente a separação obrigatória de bens, portanto
qualquer disposição em contrário significa violação da lei.

Vale ressaltar que é forte corrente doutrinária e jurisprudencial que sustenta a sua
inconstitucionalidade, por trazer situação discriminatória ao idoso, tratando-o como
incapaz.

[TJCE]. Qual a diferença entre eficácia e nulidade?


R: Se o pacto não for feito por escritura pública no Cartório de Notas será nulo. Se o
casamento não ocorrer o pacto será ineficaz.

# CASAMENTO: HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO.


[TJCE]. Onde se processa a habilitação para o casamento?
Na habilitação para o casamento, os interessados, apresentando os documentos
exigidos pela lei civil, requererão ao oficial do registro do distrito de residência de
um dos nubentes, que lhes expeça certidão de que se acham habilitados para se
casarem (art. 67, caput, Lei 6.015/73).

[TJCE]. E se os cônjuges residirem em domicílios diferentes?


Se os nubentes residirem em diferentes distritos do Registro Civil, em um e em outro
se publicará e se registrará o edital (art. 67, parágrafo 4, Lei 6.015/73).

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[TJCE]. Quem pode alegar impedimento matrimonial?


Qualquer interessado e o MP (art. 1.549, CC/02)

[TJCE]. Quem pode alegar as causas suspensivas para o casamento?


As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos
parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos
colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins (art. 1.524,
CC/02).

[TJCE]. Qual o procedimento para apurar impedimento? Quem deve apresentar


provas? O MP participa? Os nubentes são ouvidos?
Se houver apresentação de impedimento, o oficial dará ciência do fato aos nubentes,
para que indiquem em três (3) dias prova que pretendam produzir, e remeterá os autos
a juízo; produzidas as provas pelo oponente e pelos nubentes, no prazo de dez (10)
dias, com ciência do Ministério Público, e ouvidos os interessados e o órgão do
Ministério Público em cinco (5) dias, decidirá o Juiz em igual prazo (art. 67,
parágrafo 5, Lei 6.015/73).

[TJCE]. Qual o prazo de eficácia da habilitação?


A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o
certificado (art. 1.532., CC/02).

O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias
de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por
iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a
habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de
nova habilitação (art. 1.516, parágrafo 1, CC/02).

[TJCE]. É procedimento judicial ou extrajudicial?


Extrajudicial (realizado perante o oficial de registro). Havendo impugnação,
submete-se à apreciação do Poder Judiciário.

Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com
a audiência do Ministério Público. Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial,
do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz.

[TJCE]. O que são os proclamas? Onde são publicados?


Autuada a petição com os documentos, o oficial mandará afixar proclamas de
casamento em lugar ostensivo de seu cartório e fará publicá-los na imprensa local, se
houver (art. 67, parágrafo 1, Lei 6.015/73).

# CASAMENTO: IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS.


[TJCE]. Impedimento e causas suspensivas no casamento. Quem pode arguir os
impedimentos? Tio pode casar com sobrinha? Avó com neto? Adotado com filho do
adotante? Prazo para alegar a nulidade do casamento? O juiz pode de oficio
conhecer a nulidade de casamento? Pedido de divorcio há reconhecimento de
nulidade? MP pode propor? Existem outras causas de nulidade diversas da família?
Qualquer pessoa pode opor impedimentos matrimoniais; o CC informa haver
impedimento entre parentes de terceiro grau, mas o Decreto-Lei nº 3.200/41 afasta

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tal vedação, desde que haja atestado de dois médicos afirmando inexistir problema
de ordem genética no que toca à prole. É que a doutrina chama de casamento
avuncular. Pelo critério temporal, deveria o CC prevalecer; mas pelo critério da
especialidade, mais técnico, entende-se que é possível existir o casamento nesta
hipótese, desde que devidamente preenchidos os requisitos necessários. Avo com
neto não podem casar por expressa proibição quanto ao casamento entre ascendentes
e descendentes, bem como o adotado com filho do adotante (art. 1521, I e V do CC).
No casamento, o regime das nulidades se diferencia das demais, de forma que
somente o outro cônjuge, MP ou outro interessado podem requerer, não podendo ser
conhecida de oficio pelo juiz (art. 1549). Como tal, não possui prazo peremptório
para sua alegação. A nulidade tem de ser requerida em ação própria, e uma vez
reconhecida, dispensa a declaração de divorcio pois casamento não houve (os efeitos
são ex tunc). Contudo, a jurisprudencia dos tribunais tem mitigado esses efeitos,
reconhecendo por exemplo a presunção de filiação relativa em favor daqueles que
foram concebidos durante o casamento nulo. As hipóteses de nulidade do casamento
são a enfermidade mental e o impedimento (art. 1548, CC) de forma que esse rol não
pode ser interpretado extensivamente para incluir outras situações jurídicas..

[TJCE]. Impedimento e causas suspensivas de casamento: Quem pode arguir os


impedimentos? Tio pode casar com sobrinha? Adotado com filho do adotante?
Prazo para alegar nulidade do casamento?
Impedimentos Causas suspensivas

Não podem casar Não DEVEM casar

Quem pode arguir: qualquer pessoa Quem pode arguir: Os parentes em


capaz, até o momento da celebração linha reta de um dos nubentes, sejam
do casamento. Se o juiz, ou o oficial consanguíneos ou afins, e pelos
de registro, tiver conhecimento da colaterais em segundo grau, sejam
existência de algum também consanguíneos ou afins.
impedimento, será obrigado a
declará-lo.

São 7 hipóteses São 4 hipóteses

São hipóteses de impedimento:

1. os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;


2. os afins em linha reta;
3. o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante;
4. os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau
inclusive;
5. o adotado com o filho do adotante;
6. as pessoas casadas;

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7. o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de


homicídio contra o seu consorte.

São hipóteses de suspensão:

1. O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
2. A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado,
até 10 meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
3. O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos
bens do casal;
4. O tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou
curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Tio e sobrinha podem casar. Disposição a respeito se encontra no decreto 3.200/41,
e na lei n. 5.891/73, não revogados pelo Código Civil em razão do critério da Lex
Specialis. Eis a disposições a respeito presentes no decreto 3.200/41:

Art. 1º O casamento de colaterais, legítimos ou ilegítimos do terceiro grau, é permitido


nos termos do presente decreto-lei.

Art. 2º Os colaterais do terceiro grau, que pretendam casar-se, ou seus representantes


legais, se forem menores, requererão ao juiz competente para a habilitação que nomeie
dois médicos de reconhecida capacidade, isentos de suspensão, para examiná-los e
atestar-lhes a sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da
sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer
deles e da prole, na realização do matrimônio. (Vide Lei nº 5.891, de 1973).

§ 1º Se os dois médicos divergirem quanto a conveniência do matrimônio, poderão os


nubentes, conjuntamente, requerer ao juiz que nomeie terceiro, como desempatador.

§ 2º Sempre que, a critério do juiz, não for possível a nomeação de dois médicos idôneos,
poderá ele incumbir do exame um só médico, cujo parecer será conclusivo.

§ 3º O exame médico será feito extrajudicialmente, sem qualquer formalidade, mediante


simples apresentação do requerimento despachado pelo juiz.

§ 4º Poderá o exame médico concluir não apenas pela declaração da possibilidade ou


da irrestrita inconveniência do casamento, mas ainda pelo reconhecimento de sua
viabilidade em época ulterior, uma vez feito, por um dos nubentes ou por ambos, o
necessário tratamento de saúde. Nesta última hipótese, provando a realização do
tratamento, poderão os interessados pedir ao juiz que determine novo exame médico, na
forma do presente artigo.

§ 5º (Revogado pela Lei nº 5.891, de 1973)

§ 6º O atestado, constante de um só ou mais instrumentos, será entregue aos interessados,


não podendo qualquer deles divulgar o que se refira ao outro, sob as penas do art. 153
do Código Penal.

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§ 7º Quando o atestado dos dois médicos, havendo ou não desempatador, ou do único


médico, no caso do par. 2º deste artigo, afirmar a inexistência de motivo que
desaconselhe o matrimônio, poderão os interessados promover o processo de
habilitação, apresentando, com o requerimento inicial, a prova de sanidade, devidamente
autenticada. Se o atestado declarar a inconveniência do casamento, prevalecerá, em toda
a plenitude, o impedimento matrimonial.

§ 8º Sempre que na localidade não se encontrar médico, que possa ser nomeado, o juiz
designará profissional de localidade próxima, a que irão os nubentes.

Art. 3º Se algum dos nubentes, para frustrar os efeitos do exame médico desfavorável,
pretender habilitar-se, ou habilitar-se para casamento, perante outro juiz, incorrerá na
pena do art. 237 do Código Penal.

De acordo com o art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do
casamento, a contar da data da celebração, é de:

I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550 (do incapaz de consentir ou
manifestar, de modo inequívoco, o consentimento);

II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;

III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557 (erro essencial sobre a pessoa
do outro cônjuge);

IV - quatro anos, se houver coação.

[TJCE]. Pedido de divórcio após reconhecimento da nulidade? MP pode propor?


Existem outras causas de nulidade diversas da família?
Sentença judicial de nulidade - nas hipóteses em que o casamento não poderia
acontecer porque havia impedimento legal. Nesse caso, após o reconhecimento de
nulidade, o casamento é tido como se nunca tivesse existido. Ex: casamento de pessoa
já casada.

Art. 1.548. É nulo o casamento contraído:

I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil;

II - por infringência de impedimento.

Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo


antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo
Ministério Público.

[TJCE]. O que se entende por casamento putativo?


Paulo Lôbo: "Considera-se casamento putativo (do latim puto, putare: pensar) o que
foi constituído com infringência dos impedimentos matrimoniais, portanto nulo, ou
das causas suspensivas, portanto anulável, quando um ou ambos os cônjuges
desconheciam o fato obstativo. O cônjuge está de boa-fé pelo simples fato de crer na
plena validade do casamento. A boa-fé, que deve estar presente na celebração, é
sempre presumida, devendo ser apreciada em concreto pelo juiz. A boa-fé subjetiva
assume relevância para permitir a permanência dos efeitos do casamento declarado
nulo ou anulável. A boa-fé purifica a invalidade, admitindo efeitos apesar desta. A

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putatividade cessa quando o juiz, convencido do fato obstativo, decreta a invalidade


do casamento."

[TJCE]. Qual a diferença de impedimento matrimonial, para causa suspensiva?


São situações que afetam o matrimônio. Os impedimentos dirimentes públicos ou
absolutos levam ao casamento nulo. Os dirimentes privados ou relativos levam ao
casamento anulável. Os impedientes levam a um casamento válido, mas com
restrições patrimoniais.

Os primeiros estão no art. 1521 do Código Civil:

Art. 1521. Não podem casar:

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II - os afins em linha reta;

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante;

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;

V - o adotado com o filho do adotante;

VI - as pessoas casadas;

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio


contra o seu consorte.

Não é interpretação, é um comando do nosso Código. “Não podem casar é


impedimento absoluto”. Não há jeitinho aqui.

No art. 1550, caput, temos o casamento anulável:

Art. 1550. É anulável o casamento:

I - de quem não completou a idade mínima para casar;

II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;

III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;

IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;

V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação
do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;

VI - por incompetência da autoridade celebrante.

Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente


decretada.

Por fim, o casamento válido com restrições patrimoniais encontra-se no art. 1523:

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Causas suspensivas

Art. 1523. Não devem casar:

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário
dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até
dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;

III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens
do casal;

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou


sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou
curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.

Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas
as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a
inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a
pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento
de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

Vejam então: “não devem casar”. Esta expressão é uma recomendação apenas. Se
houver o casamento, ele será válido, mas exige como consequência o regime de
separação de bens.

No impedimento o casamento é nulo ou anulável e nas causa suspensivas ele é apenas


irregular.

[TJCE]. O tio pode casar com a sobrinha?


Art. 1521. Não podem casar: IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais,
até o terceiro grau inclusive;

Pablo Stolze: Especial situação, por seu turno, é a do casamento contraído entre
colaterais de terceiro grau: tio(a) e sobrinha(o). Note-se que, o Código Civil, a eles
estendeu a proibição, ao utilizar a expressão “até o terceiro grau inclusive”. Tal
restrição visa, especialmente, à preservação da integridade física e mental da prole
em face do surgimento de possíveis doenças recessivas decorrentes da proximidade
parental.

É de se observar, todavia, nesse particular, que, por se tratar de norma especial,


permanece em vigor o Decreto-lei n. 3.200, de 19 de abril de 1941, que, em situação
especialmente justificada, admite o matrimônio entre parentes de terceiro grau, se
houver parecer médico favorável:

“Art. 2.º Os colaterais do terceiro grau, que pretendam casar-se, ou seus representantes
legais, se forem menores, requererão ao juiz competente para a habilitação que nomeie
dois médicos de reconhecida capacidade, isentos de suspensão, para examiná-los e
atestar-lhes a sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da
sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer
deles e da prole, na realização do matrimônio.

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§ 1.º Se os dois médicos divergirem quanto à conveniência do matrimônio, poderão os


nubentes, conjuntamente, requerer ao juiz que nomeie terceiro, como desempatador. §
2.º Sempre que, a critério do juiz, não for possível a nomeação de dois médicos idôneos,
poderá ele incumbir do exame um só médico, cujo parecer será conclusivo.

§ 3.º O exame médico será feito extrajudicialmente, sem qualquer formalidade, mediante
simples apresentação do requerimento despachado pelo juiz.

§ 4.º Poderá o exame médico concluir não apenas pela declaração da possibilidade ou
da irrestrita inconveniência do casamento, mas ainda pelo reconhecimento de sua
viabilidade em época ulterior, uma vez feito, por um dos nubentes ou por ambos, o
necessário tratamento de saúde.

Nessa última hipótese, provando a realização do tratamento, poderão os interessados


pedir ao juiz que determine novo exame médico, na forma do presente artigo”.

Ao encontro dessas normas, foi aprovado o Enunciado 98 da I Jornada de Direito


Civil:

“Enunciado 98 — Art. 1.521, IV, do novo Código Civil: o inc. IV do art. 1.521 do novo
Código Civil deve ser interpretado à luz do Decreto-lei n. 3.200/41 no que se refere à
possibilidade de casamento entre colaterais de 3.º grau”.

Parece-nos a melhor diretriz, tendo em vista que tutela a higidez física e mental da
prole eventualmente advinda desse casal, integrado por pessoas que não guardam
relação de parentesco tão próxima como a existente entre irmãos

[TJCE]. O sogro pode casar com a nora, após o filho falecer?


A partir do casamento ou união estável, o seu sogro ou sogra torna-se seu parente por
afinidade, vínculo este que não se encerra nem mesmo com o divórcio do casal. É o
que determina o atual Código Civil, que regula as regras sobre o parentesco e a
relação de família, incluindo herança, alimentos, regime de bens, etc.

De acordo com o artigo 1.593 do Código Civil, o parentesco pode ser natural ou civil,
isto porque ocorrer por vínculo sanguíneo — quando descendem do mesmo tronco
ancestral — ou por afinidade. A afinidade surge da relação familiar decorrente do
vínculo do casamento ou das relações entre companheiros em razão da união estável.
Trata-se, portanto, de vínculo criado pelo nosso legislador, não se tratando de vínculo
consanguíneo.

No aspecto jurídico, a contagem de graus de parentesco por afinidade é semelhante


às regras do parentesco consanguíneo. Assim, o sogro será parente em primeiro grau
em linha reta por afinidade do seu genro, bem como o cunhado será seu parente em
segundo grau e assim por diante.

Salienta-se que o artigo 1.595, parágrafo primeiro, do Código de Processo Civil,


limita o parentesco por afinidade apenas aos ascendentes (pais), aos descendentes
(filhos, netos) e aos irmãos do cônjuge. Ou seja, são parentes por afinidade o sogro,
a sogra, a nora, o genro e os cunhados.

Com o fim do casamento ou união estável, extingue-se o vínculo, e com isso, o


parentesco por afinidade, exceto em relação ao sogro ou sogra, genro ou nora, em

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conformidade ao artigo 1.595, parágrafo segundo, do Código Civil. Assim, apenas o


vínculo entre cunhados se desfaz.

Alguns doutrinadores justificam que referida permanência do parentesco por


afinidade se justifica por questões sociais, morais e éticas, bem como sucessórias
(herança).

Frise-se que a sogra e o sogro concorrem com o(a) cônjuge no direito sucessório, na
ordem da sucessão hereditária (artigos 1.790 e 1.829 do Código Civil).

Ressalta-se, ainda, que genros e noras estão impedidos de casarem-se ou viverem em


união estável com seus ex-sogros e ex-sogras, como reza o Código Civil no artigo
1.521, inciso II:

“Não podem casar:

II - os afins em linha reta”.

No aspecto alimentar, relembramos ainda que sogros e sogras podem ser acionados em
ações de alimentos caso seus filhos não contribuam de maneira satisfatória com o
sustento de seus(as) netos(as) (artigos 1.696 e 1.698 do Código Civil). Neste sentido, há
interessante e recente decisão do Egrégio Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial
958.513 / SP Recurso Especial 2007/0129470-0, ministro Aldir Passarinho Junior, 4ª
Turma).

Por fim, importante relembrar recente alteração do nosso ordenamento jurídico —


Lei número 12.398/2011, que inseriu o parágrafo único no artigo 1.589 no Código
Civil — incluiu o direito de visitas aos sogros e sogras, quer dizer, aos avós.

Desta forma, nota-se que o direito de família e sucessório incluiu direitos, deveres e
obrigações à sogra, sendo importante que esta os conheça para evitar problemas
presentes e futuros, com a sua nora ou genro sempre tão queridos.

[TJCE]. Tio pode casar-se com sobrinho? Quando?


O Decreto-Lei nº 3.200, de 19 de abril de 1941, autoriza o casamento de tios e
sobrinhos, desde que examinados por dois médicos - que devem reconhecer a
sanidade dos nubentes -, nomeados pelo juiz que habilitará o casamento. Não
havendo impedimento, do ponto de vista da saúde, o casamento é autorizado.

Também trata do tema a Lei nº 5.891, de 12 de junho de 1973, que altera as normas
sobre o exame médico na habilitação do casamento entre colaterais de terceiro grau.

Enunciado de nº 98, 1 JDC: "Art. 1.521, IV, do novo Código Civil: o inc. IV do art. 1.521
do novo Código Civil deve ser interpretado à luz do Decreto-Lei n. 3.200/41 no que se
refere à possibilidade de casamento entre colaterais de 3º grau."

[TJCE]. O adotado pode casar-se com filho do adotante?


Art. 1.521, CC/02. Não podem casar: (...) V - o adotado com o filho do adotante.

[TJCE]. O que é casamento putativo? Como fica o regime de bens?

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Trata-se do casamento nulo ou anulável que tem os seus efeitos jurídicos preservados,
com amparo na teoria da aparência em virtude da boa-fé de um ou de ambos os
cônjuges.

Art. 1.561, CC/02. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos
os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até
o dia da sentença anulatória.

§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis


só a ele e aos filhos aproveitarão.

§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos


civis só aos filhos aproveitarão.

# CASAMENTO: REGIME DE BENS.


[TJCE]. Qual regime não exige pacto antenupcial?
Art. 1536, CC/02. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro
de registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas,
e o oficial do registro, serão exarados:

VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi
lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o
obrigatoriamente estabelecido.

Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos
bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.

Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer


dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela
comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais
escolhas.

[TJCE]. Quem deve casar com o regime de separação obrigatória?


Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da


celebração do casamento;

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010)

III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

[TJCE]. O que são os aquestos?


Aquestos são os bens que o casal adquire na constância do casamento ou da união.
São diferentes de bens particulares, que são aqueles que cada cônjuge tinha antes de
casar-se.

[TJCE]. Se uma pessoa casada, no regime de comunhão parcial, ganhar na loteria,


o prêmio se comunica?
Art. 1.660. Entram na comunhão:

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II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa
anterior;

[TJCE]. Na comunhão parcial, se o marido der uma joia à esposa, essa joia se
comunica?
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

# DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO.
[TJCE]. Quando o casamento se dissolve? Casamento Putativo anulado, os bens são
partilhados? Havendo boa-fé de um dos cônjuges? Ainda subsiste separação?
Separação dissolve o quê, sociedade ou matrimonio? O nome do casal havendo
divórcio? Partilha de bens em que não há acordo de divórcio o que o Juiz pode fazer?
- Dissolução do casamento e separação. Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: I
- pela morte de um dos cônjuges; II - pela nulidade ou anulação do casamento; III -
pela separação judicial; IV - pelo divórcio.

A EC 66/2010 (conhecida como “Emenda do Divórcio”), alterou a redação do art.


226, § 6º da CF/88, suprimindo os prazos de um ano de separação judicial e de dois
anos de separação de fato no divórcio. Em suma, a EC 66/2010 acabou com a
referência que a CF/88 fazia à existência de separação judicial. Compare as duas
redações:

Antes da EC 66/2010 DEPOIS da EC 66/2010

Art. 226 (...) Art. 226 (...)

§ 6º O casamento civil pode ser § 6º O casamento civil pode ser


dissolvido pelo divórcio, após dissolvido pelo divórcio.
prévia separação judicial por mais
de um ano nos casos expressos em
lei, ou comprovada separação de
fato por mais de dois anos.

Apesar de a CF/88 ter expurgado de seu texto o termo “separação judicial”, o art.
1.571, III, do CC (que menciona a existência de separação judicial) não foi
formalmente revogado. Em outras palavras, o constituinte reformador tirou da
Constituição a separação, mas ela ainda continua presente no Código Civil. Diante
disso, surgiram duas correntes:

O Direito brasileiro ainda admite a existência da separação?

SIM NÃO

Uma primeira corrente defende que a Sustenta que o art. 1.571, III, do CC,
separação judicial continua a ser mesmo não tendo sido alterado

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possível para aqueles que assim expressamente, foi revogado pela EC


desejam. 66/2010 (não recepção). Logo, não é
mais possível que haja separação
Os autores filiados a essa posição judicial, mas apenas o divórcio.
afirmam que existem pessoas que, por
razões religiosas ou filosóficas, não
admitem o divórcio e, assim, querem
ficar apenas “separadas”, mas não
“divorciadas”.

Outro argumento é o de que a


separação seria uma alternativa
interessante para os casais que não
descartam a possibilidade de
reatarem, considerando que se
estiverem apenas separados poderão
restabelecer, a todo tempo, a
sociedade conjugal. Ao contrário, se
estiverem divorciados e desejarem se
reconciliar, teriam que casar
novamente, o que seria mais
burocrático.

Na V Jornada de Direito Civil foi Essa segunda posição é a majoritária


aprovado um enunciado adotando a 1ª na doutrina. Nesse sentido, podemos
corrente: citar: Paulo Lôbo, Rodrigo da Cunha
Pereira, Pablo Stolze, Maria Berenice
Enunciado 514: Art. 1.571. A Dias, Flávio Tartuce, Cristiano
Emenda Constitucional n. 66/2010 Chaves e Nelson Rosenvald.
não extinguiu o instituto da
separação judicial e extrajudicial.

Quem escreveu o enunciado foi a


Prof. Regina Beatriz Tavares da
Silva, que possui uma obra
defendendo essa posição.

Dizer o direito. O que prevalece na prática? A primeira corrente. Assim, se um casal


for até um Tabelionato de Notas poderá requerer (e irá conseguir) a mera separação.
Em suma, continua existindo a separação extrajudicial. Esse é o entendimento do
CNJ, que não aceitou excluir da Resolução n.° 35/2007 a possibilidade de os
Cartórios fazerem separação extrajudicial. Logo, o legislador, ciente dessa realidade
prática, e até mesmo pelo fato de não ter havido uma revogação expressa da
separação na legislação ordinária, afirmou que tanto o divórcio como a separação
poderão ser realizados no Consulado. Com isso, equiparou as opções do casal caso
eles se dirijam a um Tabelionato de Notas ou a um Consulado.

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- A separação é um dos meios de dissolução da sociedade conjugal (corrente


tradicional). Embora não rompa o vínculo matrimonial, ela faz cessar o complexo de
direitos e obrigações inerentes à vida comum dos cônjuges. A separação judicial pode
ser litigiosa (quando se atribui culpa a um dos cônjuges) ou consensual (quando há
mútuo consentimento dos cônjuges).

- Casamento putativo. Trata-se do casamento que embora nulo ou anulável – nunca


inexistente –, gera efeitos em relação ao cônjuge que esteja de boa-fé subjetiva
(ignorando o motivo de nulidade ou anulação).

1.ª Regra – Havendo boa-fé de ambos os cônjuges, o casamento gera


efeitos em relação a estes e aos filhos, até o trânsito em julgado da sentença
de nulidade ou anulação. Por isso, eventuais bens adquiridos no período
devem ser partilhados entre os cônjuges de acordo com o regime de bens
adotado. Em suma, o Direito de Família atinge ambos os cônjuges. Segue-
se a corrente doutrinária e jurisprudencial que sustenta a permanência de
efeitos pessoais mesmo após a sentença. Nesse sentido, Flávio Augusto
Monteiro de Barros aponta três efeitos existenciais que persistem: a) o
direito de usar o nome; b) a emancipação; c) a pensão alimentícia.58
Preservando o uso do nome do cônjuge de boa-fé após a sentença, da
jurisprudência: TJPR, Recurso 0117667-8, Acórdão, 360, Faxinal, Oitava
Câmara Cível, Rel. Des. Ivan Bortoleto, DJPR 24.06.2002.

2.ª Regra – Havendo boa-fé de apenas um dos cônjuges, o casamento


somente gera efeitos para este e para os filhos do casal. O art. 1.564 do CC
atribui culpa ao cônjuge de má-fé, sofrendo as seguintes sanções: a) perda
de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente, caso da necessidade de
devolver bens, dependendo do regime de bens adotado; b) dever de
cumprir as promessas feitas no contrato antenupcial, como é o caso de
doações antenupciais. Todavia, com a entrada em vigor da Emenda do
Divórcio (EC 66/2010), há quem entenda que a culpa foi banida do sistema
de casamento, o que inclui a anulação do casamento, perdendo aplicação
o dispositivo em comento.59

3.ª Regra – Havendo má-fé de ambos os cônjuges, o casamento somente


gera efeitos para os filhos. Eventualmente, se bens forem adquiridos
durante a união deverão ser partilhados de acordo com as regras
obrigacionais que vedam o enriquecimento sem causa (arts. 884 a 886 do
CC). Isso porque o Direito de Família não atinge os cônjuges.

- De acordo com o art. 1.578 do Código Civil, em regra, o cônjuge declarado culpado
na separação perde o direito de usar o sobrenome ou patronímico do inocente.
Todavia, o CC/2002 excepciona essa regra, prevendo que mesmo o cônjuge culpado
pode continuar a utilizar o sobrenome do inocente se a alteração lhe acarretar: –
Evidente prejuízo para a sua identificação, como no caso da esposa ficar conhecida
no meio social pelo sobrenome do marido. – Manifesta distinção entre o seu nome
de família e o dos filhos havidos da união dissolvida, nas hipóteses em que os filhos
do casal são registrados apenas com o sobrenome do marido. – Dano grave
reconhecido na decisão judicial. Por outra via, o cônjuge inocente na ação de
separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o
sobrenome do outro (§ 1.º do art. 1.578). Nas demais situações, caberá a opção de

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preservar ou não o nome de casado, o que é exercício de um direito personalíssimo


(§ 2.º do art. 1.578). Conforme o anterior Enunciado n. 124 CJF/STJ, aprovado por
unanimidade na I Jornada de Direito Civil, esses dois parágrafos deveriam ser tidos
como revogados, pois desnecessários diante do exercício da autonomia privada do
interessado e do reconhecimento de que o nome constitui um direito da personalidade
daquele cônjuge que o incorporou. Ora, com a aprovação da EC 66/2010, este autor
entende que não há mais qualquer influência da culpa para a manutenção do nome
de casado após o divórcio. Primeiro porque o art. 1.578 do CC deve ser tido como
totalmente revogado, por incompatibilidade com o Texto Maior, uma vez que faz
menção à separação judicial, retirada do sistema. Segundo, pois a norma é de
exceção, não admitindo aplicação por analogia ao divórcio. Terceiro, porque o nome
incorporado pelo cônjuge constitui um direito da personalidade e fundamental, que
envolve a dignidade humana, havendo relação com a vida privada da pessoa natural
(art. 5.º, X, da CF/1988). Sendo assim, não se pode fazer interpretação jurídica a
prejudicar direito fundamental. Na esteira dessa proteção constitucional, o STJ tem
entendido que a utilização do sobrenome pela mulher, ou a sua permanência após o
divórcio, constitui uma faculdade desta.

- Sobre partilha de bens e divorcio o CC dispõe: Art. 1.581. O divórcio pode ser
concedido sem que haja prévia partilha de bens. Logo, existe certa independência nas
causas sem possível a partilha e o divórcios em ações autônomas.

# DO DIREITO PESSOAL – PARENTESCO E AFINIDADE


[TJCE]. O que é parentesco civil? E parentesco natural? O que difere com o
parentesco por afinidade?
R: Conforme Maria Helena Diniz, parentesco é o vínculo existente não só entre
pessoas que descendem uma da outras ou de um mesmo tronco comum, mas também
entre o cônjuge ou companheiro e os parentes do outro e entre o adotante e o adotado.

O parentesco civil é aquele previsto no art. 1593, do Código Civil, que decorre de
outra origem que não seja a consanguinidade ou afinidade. Tradicionalmente tem
origem na adoção.

Já o parentesco natural, também chamado de consanguíneo é aquele existente ente


pessoas que mantêm entre si um vínculo biológico ou de sangue, por terem origem
no mesmo tronco comum.

Por fim, o parentesco por afinidade é aquele existente entre um cônjuge ou


companheiro e os parentes do outro cônjuge ou companheiro. Este parentesco limita-
se aos ascendentes e descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro (art.
1595, § 1º, Cci)

[TJCE]. Qual o descendente que seria afim? Sogro? A morte de um dos cônjuges
extingue a afinidade? Irmão é que grau? Tio? Sobrinho? Avó?
R: Na linha reta descendente são parentes afins, o enteado e a enteada até o infinito.
O sogro é parente por afinidade na linha reta ascendente até o infinito. Irmão é parente
colateral de 2º grau. O tio e sobrinho são parentes colaterais de 3º grau. O avô também
é de 2º grau na linha reta ascendente.

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A morte ou o divórcio extingue o parentesco por afinidade apenas na linha colateral.


Na linha reta a afinidade é indissolúvel.

[TJCE]. Para fins sucessórios a adoção extingue os vínculos com a família natural?
Cria vínculo com o adotante? E o natural?
R: Conforme previsão do art. 41, ECA, a adoção provoca o desligamento de qualquer
vínculo com pais e parentes naturais, salvo os impedimentos matrimoniais (aplicação
do princípio da igualdade entre filhos, art. 227, §º, CF/88). A adoção implica em
criação de vínculo sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotando, seus
ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação
hereditária.

# FILIAÇÃO
[TJCE]. A lei pode estabelecer diferenças entre os filhos dentro e fora do casamento?
Art. 227, CRFB/88. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos


direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação.

[TJCE]. Quando o filho no casamento se presume do marido? É presunção absoluta


ou relativa? E no caso de inseminação artificial?
Critério de filiação da presunção legal (artigo 1.597 do Código Civil): É a presunção
pater is est, significa que o filho da mulher casada por presunção é do marido dela.
Ou seja, toda vez que uma mulher casada tem um filho, este filho presumidamente é
do seu marido. Trata-se de uma presunção relativa, que admite prova em contrário.

- concepção sexual (biológica): contém duas regras de presunção de paternidade


(artigo 1597 do CC) – na concepção sexual são os incisos I e II. Na concepção sexual
a presunção de paternidade se inicia 180 dias depois do casamento e perdura até 300
dias depois de sua dissolução (morte ou divórcio). O prazo de 180 dias é o prazo
mínimo de gestação, o filho para nascer com vida precisa de pelo menos 180 dias de
gestação.

- concepção artificial (fertilização medicamente assistida): contém 03 regras de


presunção de paternidade (artigo 1597 do CC) – art. 1.597. Presumem-se concebidos
na constância do casamento os filhos:

III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido (material
genético dos próprios cônjuges);

Em. 106, I Jornada CJF – Art. 1.597, inc. III: para que seja presumida a paternidade do
marido falecido, será obrigatório que a mulher, ao se submeter a uma das técnicas de
reprodução assistida com o material genético do falecido, esteja na condição de viúva,

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sendo obrigatório, ainda, que haja autorização escrita do marido para que se utilize seu
material genético após sua morte.

IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes


de concepção artificial homóloga (fecundação in vitro);

V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do
marido.

[TJCE]. O que se entende por filiação socioafetiva?


A ideia de paternidade socioafetiva surge com o trabalho do Prof. João Baptista
Villela chamado “desbiologização da paternidade”, em que defende a ideia que ser
pai NÃO é um dado apenas biológico, mas também uma construção afetiva,
retomando o velho conceito de “posse do estado de filho”, em que não há vínculo
genético entre pai e filho, mas há três elementos: o nome (nomen – o filho tem o
sobrenome do pai), o tractatus (pai e filho se tratam como tal) e a fama (a sociedade
os reconhece como pai e filho). Dos três elementos, o nome não é imprescindível.

[TJCE]. A adoção é socioafetiva?


Ela pode ter caráter socioafetivo como na hipótese do art. 41, parágrafo 1 e art. 50,
parágrafos, ECA:

Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e
deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes,
salvo os impedimentos matrimoniais.

§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de


filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.

Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro
de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas
interessadas na adoção. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil
não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência

I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº 12.010, de


2009) Vigência

II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos
de afinidade e afetividade; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3
(três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a
fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé
ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído pela Lei
nº 12.010, de 2009) Vigência

[TJCE]. O que o divórcio extingue?


O divórcio extingue o próprio vínculo matrimonial. É causa dissolutiva do
casamento: ataca a sociedade conjugal e o vínculo matrimonial.

Art. 226, CRFB/88. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

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§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda
Constitucional nº 66, de 2010)

Art. 1.571, CC/02. A sociedade conjugal termina:

IV - pelo divórcio.

§ 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio,


aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.

[TJCE]. A lei pode fazer distinção entre filhos biológicos e não biológicos?
A nova ordem jurídica instaurada a partir da Lei Fundamental de 1988 e os princípios
por ela adotados refletiram sobremaneira no direito de filiação, que passou a tratar os
filhos formal e materialmente iguais, independente da forma de filiação,
consagrando, portanto, a igualdade jurídica entre os filhos

[TJCE]. Quando se presume ser do marido o filho do casamento? Inseminação


artificial se presume sempre do marido?
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:

I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência


conjugal;

II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por


morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento;

III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;

IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes


de concepção artificial homóloga;

V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do
marido.

[TJCE]. Paternidade pode ser impugnada? E a maternidade? Provada a falsidade,


quando na criação, depende de decisão judicial?
A paternidade e maternidade podem ser impugnada por meio de ação de impugnação
de paternidade, ação que tem natureza jurídica de declaratória, levando-se em conta
que a inverdade lançada no assento de nascimento, a falsidade ideológica, pode ser
alegada por qualquer pessoa que tenha justo interesse, seja econômico ou moral,
através da ação de impugnação de paternidade, não distinguindo a lei se o interesse
é simplesmente econômico ou puramente moral.

A adoção à brasileira, a exemplo da adoção legal, é irrevogável. É a regra. Ausente


qualquer nulidade no ato e demonstrado nos autos a filiação socioafetiva existente
entre as partes, admitida pelo próprio demandado, não cabendo desconstituir o
registro de nascimento válido.

[TJCE]. O filho pode ajuizar a ação de investigação de paternidade? O pai pode


ajuizar ação de declaração de paternidade de filho que foi registrado por outro
(adultério)?
De regra, a ação de investigação de paternidade será proposta pelo filho, maior ou
menor, interessado em ter regularizada sua filiação. O Ministério Público, na

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qualidade de substituto processual, tem legitimidade ativa para propositura da ação


de investigação de paternidade, por força da autorização contida no art. 2º, § 4º, da
Lei nº 8.560/92.

Porém, se o filho já tiver sido registrado por outro pai, será necessário ingressar com
a ação de reconhecimento de paternidade, em razão da exigência de decisão judicial
para desconstituir o registro, a partir do reconhecimento de que ele é o verdadeiro
pai.

Na ação de reconhecimento de paternidade deverão figurar no polo passivo em


litisconsórcio necessário o pai registral e o suposto filho.

Ademais, se o filho já for maior, ele poderá repudiar o reconhecimento mesmo diante
da verdade biológica consoante art. 1614 do CC. Portanto, para fins de
reconhecimento de filho maior haverá necessidade de dupla manifestação de
vontade.

[TJCE]. O vínculo biológico pode ser reconhecido em caso de paternidade de fato?


A filiação baseada na afetividade é, algo excepcional, e que para seu reconhecimento
deve ser levado em consideração determinados requisitos reconhecidos pela
jurisprudência, relevando os princípios da legalidade, da dignidade da pessoa
humana, da verdade real e notadamente, a autonomia da vontade.

[TJCE]. Na fecundação artificial, quando o filho se presume ser do marido? E na


fecundação heteróloga?
R: No que tange a concepção artificial (fertilização medicamente assistida), o art.
1597, incisos III, IV, V, do Código Civil, assim dispõe:

A fertilização medicamente assistida pode se apresentar por:

- fertilização in vitro: o médico trabalha no laboratório com sêmen e óvulo e a


concepção será laboratorial;

- inseminação artificial: o médico trabalha somente com o sêmen. O médico faz


seleção de sêmen. Não pode fazer sexagem, nem seleção genética (a Resolução 987
proíbe a interferência do médico na genética do indivíduo). A concepção será in vivo,
uterina.

Tanto a fertilização in vitro, quanto a inseminação artificial podem ser homóloga (o


médico trabalha com o material genético do próprio casal) ou heteróloga (o médico
trabalha com material genético de terceiros). Neste último caso, um dos dois ou
ambos é estéril.

O Código Civil estabeleceu três regras para a concepção artificial:

1) Na concepção homóloga (material genético do próprio casal), mesmo que já


falecido o marido, presume-se a paternidade do filho

Se o marido falecer no curso do tratamento, mas antes do nascimento da criança, a


paternidade é presumida. Neste caso, a discussão é: como fica a sucessão legítima?
A criança que nasce é filha. Além de filha, também é herdeira? O CC/02 não
responde.

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O art. 1798 dispõe:

Art. 1.798, CC. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no


momento da abertura da sucessão.

A expressão “já concebidas” abrange também a concepção artificial? Abrangeria


também as pessoas que estão no laboratório? Se entender que sim, essas pessoas são
herdeiras. Se a interpretação for restritiva, abrangendo apenas quem está no útero da
mãe, aquele que está no laboratório (não foi implantado no útero) é filho, mas não
herdeiro.

Alguns autores, como Caio Mário da Silva Pereira e Tartuce, entendem que a
expressão “já concebidas” não abrange a concepção laboratorial. Para estes autores,
se refere apenas à concepção uterina.

Maria Berenice Dias e Giselda Hironaka entendem que a expressão “já concebidas”
abrange não só a concepção uterina, mas também a laboratorial. O Prof. Cristiano
adota essa posição, uma vez que toda interpretação relativa a filhos deve ser
ampliativa. A interpretação do art. 1.798, CC, não pode ser restritiva.

2) Concepção homóloga (material genético do próprio casal), mesmo que se trate


de embrião excedentário.

Embrião excedentário é aquele que sobrou, que sobejou, que não foi implantado.

Pela Lei 11.105/05 (Lei de Biossegurança), art. 5º, o embrião excedentário deve ficar
guardado no laboratório pelo prazo de 3 anos. Findo o prazo, se o casal não tiver
interesse em nova fertilização, o médico o descarta, encaminhando-o para pesquisas
com células-tronco.

O STF, na ADI 3510/DF, declarou ser constitucional a previsão da lei que permite
ao médico implantar ou descartar o embrião ao fim do prazo de 3 anos.

Atenção: Se a mulher, nesse prazo de 3 anos, quiser implantar um embrião


excedentário, NÃO PRECISARÁ DE NOVO CONSENTIMENTO DO PAI, e este
será presumidamente pai (pois a presunção de paternidade abrange os embriões
excedentários). Para alguns autores, isso colide com o princípio do planejamento
familiar, pois um sujeito pode ser pai contra a sua vontade. O Prof. Cristiano Chaves
entende que seria necessário o pai consentir novamente em caso de implante de
embrião excedentário.

Na Inglaterra, uma mulher descobriu que tinha câncer na região reprodutiva e perdeu
o aparelho reprodutivo. Após ela ficar curada, a única chance de ter um filho era
utilizar um embrião excedentário. O ex-companheiro foi à Justiça para impedir que
ela tivesse um filho. No entanto, ela pôde ter o filho.

Obs.: No Brasil, não há produção independente artificial. A mulher sozinha não pode
chegar no laboratório e pedir para fazer a inseminação com qualquer material
genético. Precisa ter alguém para servir como pai (namorado, parceiro homoafetivo
etc.), pois a pessoa tem direito a ter referência paterna. Para essa situação se
concretizar é preciso autorização judicial.

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3) Concepção heteróloga, desde que tenha ocorrido previa autorização do marido

Se o marido estéril autorizou a esposa a fazer inseminação heteróloga, não poderá,


depois, impugnar o filho (haveria venire contra factum proprium). Este é o ÚNICO
CASO, NO DIREITO BRASILEIRO, DE PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE
PATERNIDADE (Enunciado 258 da Jornada de Direito Civil).

Neste caso, a paternidade é AFETIVA, e não biológica.

Enunciado 258, III Jornada de Direito Civil - Arts. 1.597 e 1.601: Não cabe a ação
prevista no art. 1.601 do Código Civil se a filiação tiver origem em procriação assistida
heteróloga, autorizada pelo marido nos termos do inc. V do art. 1.597, cuja paternidade
configura presunção absoluta.

OBS.: Vem-se entendendo que é possível a utilização da fertilização assistida mesmo


em casais homoafetivos. Defende essa possibilidade Maria Berenice Dias.

[TJCE]. O que é filiação socioafetiva?


R: Trata-se de um instituto de direito de família que se dá quando as partes assumem,
na prática, uma convivência, como se pai e filho fossem.

A expressão que designa a filiação socioafetiva é “posse do estado de filho”.

No REsp 709.608/MS, o STJ estabeleceu que posse do estado de filho (convivência


como se pai e filho fossem) gera a filiação socioafetiva.

REGISTRO CIVIL. RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE VIA ESCRITURA


PÚBLICA. INTENÇÃO LIVRE E CONSCIENTE. ASSENTO DE NASCIMENTO DE
FILHO NÃO BIOLÓGICO. RETIFICAÇÃO PRETENDIDA POR FILHA DO DE
CUJUS. ART. 1.604 DO CÓDIGO CIVIL. AUSÊNCIA DE VÍCIOS DE
CONSENTIMENTO. VÍNCULO SOCIOAFETIVO. ATO DE REGISTRO DA FILIAÇÃO.
REVOGAÇÃO. DESCABIMENTO. ARTS. 1.609 E 1.610 DO CÓDIGO CIVIL.

1. Estabelecendo o art. 1.604 do Código Civil que "ninguém pode vindicar estado
contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade
de registro", a tipificação das exceções previstas no citado dispositivo verificar-se-ia
somente se perfeitamente demonstrado qualquer dos vícios de consentimento, que,
porventura, teria incorrido a pessoa na declaração do assento de nascimento, em
especial quando induzido a engano ao proceder o registro da criança.

2. Não há que se falar em erro ou falsidade se o registro de nascimento de filho não


biológico efetivou-se em decorrência do reconhecimento de paternidade, via escritura
pública, de forma espontânea, quando inteirado o pretenso pai de que o menor não era
seu filho; porém, materializa-se sua vontade, em condições normais de discernimento,
movido pelo vínculo socioafetivo e sentimento de nobreza.

3. "O reconhecimento de paternidade é válido se reflete a existência duradoura do


vínculo socioafetivo entre pais e filhos. A ausência de vínculo biológico é fato que por si
só não revela a falsidade da declaração de vontade consubstanciada no ato do
reconhecimento. A relação socioafetiva é fato que não pode ser, e não é, desconhecido
pelo Direito. Inexistência de nulidade do assento lançado em registro civil" (REsp n.
878.941-DF, Terceira Turma, relatora Ministra Nancy Andrighi, DJ de 17.9.2007).

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4. O termo de nascimento fundado numa paternidade socioafetiva, sob autêntica posse


de estado de filho, com proteção em recentes reformas do direito contemporâneo, por
denotar uma verdadeira filiação registral – portanto, jurídica –, conquanto respaldada
pela livre e consciente intenção do reconhecimento voluntário, não se mostra capaz de
afetar o ato de registro da filiação, dar ensejo a sua revogação, por força do que dispõem
os arts. 1.609 e 1.610 do Código Civil.

5. Recurso especial provido.

A filiação socioafetiva implica em uma desbiologização da paternidade, pois o


conceito de pai deixa de ser fundado apenas na biologia. Agora, pai e genitor não
serão necessariamente a mesma pessoa. O pai pode ser uma pessoa e o genitor outra.
O ideal é que pai e genitor sejam a mesma pessoa, mas nem sempre serão.

A socioafetividade se tornou fonte da filiação (ou seja, a filiação pode ser afetiva).
Exemplos: adoção; fertilização heteróloga com prévia autorização do marido; “filho
de criação”; adoção à brasileira (registrar como seu um filho que sabe não ser).

A afetividade não precisa estar presente na data da propositura da ação. Basta que ela
esteja presente no curso da convivência, no curso da relação.

O critério para estabelecer a filiação socioafetiva é o afeto, e não o desafeto. Ou seja,


não é possível negar a filiação pelo desafeto, mas é possível determinar a filiação em
razão do afeto.

Estabelecido o vínculo afetivo, todos os efeitos, familiares e sucessórios, decorrem


automaticamente. Vale dizer, se eu tenho um pai afetivo e um pai biológico, vou
herdar do pai afetivo, pois a determinação da filiação afetiva faz cessar os efeitos
biológicos.

[TJCE]. O pai pode negar filiação?


Sim. Porém, a legitimidade ordinária ativa da ação negatória de paternidade compete
exclusivamente ao pai registral, por ser ação de estado, que protege direito
personalíssimo e indisponível do genitor (art. 27 do ECA), não comportando sub-
rogação dos avós, porquanto direito intransmissível (STJ 3ª Turma. REsp
1328306/DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/05/2013).

Em outras palavras, somente o pai registral tem legitimidade para ajuizar a ação
negatória de paternidade. Os avós registrais da criança não podem propor essa
demanda.

Apesar de o direito de contestar a paternidade ser personalíssimo, os avós registrais


podem continuar com a ação em caso de falecimento do pai/autor. Isso porque o pai
registral, quando vivo, manifestou sua vontade ao ajuizar a ação. Em outros termos,
ele exerceu seu direito personalíssimo.

O ingresso dos herdeiros no polo ativo (na condição de sucessores) não representa o
exercício do direito de contestar a paternidade, mas sim o mero prosseguimento da
vontade manifestada pelo titular do direito.

Portanto, ainda que se trate de direito personalíssimo, tendo o pai registral


concretizado sua intenção de contestar a paternidade ainda em vida, admite-se a

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sucessão processual de seus ascendentes, a fim de dar prosseguimento à ação


proposta.

[TJCE]. O filho pode mover ação de investigação de paternidade?


Sim, o entendimento que nasceu do STJ (REsp 833.712/RS) e migrou para o art. 48
do ECA é o seguinte: o STJ admite ação de investigação de origem genética (ou
ação de investigação de ancestralidade).

Trata-se de DIREITO DA PERSONALIDADE (e não direito de família) de descobrir


o vínculo genético originário. Entende-se que esta ação não produzirá nenhum efeito,
nem familiar, nem sucessório.

O Prof. Cristiano Chaves entende que, dessa ação, podem decorrer dois efeitos:
IMPEDIMENTO MATRIMONIAL (para impedir que case com uma irmã, p. ex.) e
TRATAMENTO TERAPÊUTICO (ex.: o filho precisa de transplante de medula e
precisa buscar o genitor).

O ECA exige que, para propor a ação, o autor tenha plena capacidade. Se menor de
18 anos, o juiz pode fazer o suprimento judicial para regularizar a representação
processual.

Art. 48, Lei 8.069/90. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como
de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais
incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao


adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência
jurídica e psicológica. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)

# ALIMENTOS.
[TJCE]. O que são alimentos gravídicos? Se não for casada pode ser imposta essa
obrigação?
Os alimentos gravídicos podem ser compreendido como aqueles devidos ao
nascituro, e, percebidos pela gestante, ao longo da gravidez, sintetizando, tais
alimentos abrangem os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do
período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive
as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas
e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere
pertinentes. O casamento não é condição para a concessão dos alimentos. Assim, de
acordo com o art. 6º da Lei nº 11.804/2008, convencido da existência de indícios da
paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da
criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.

[TJCE]. A maioridade faz cessar o pagamento de alimentos? Até quando são devidos
alimentos?
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou a Súmula n. 358, que assegura ao filho
o direito ao contraditório nos casos em que, por decorrência da idade, cessaria o
direito de receber pensão alimentícia. De acordo com a Súmula, a exoneração da
pensão não se opera automaticamente, quando o filho completa 18 anos. Isso depende

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de decisão judicial. Deve ser garantido o direito do filho de se manifestar sobre a


possibilidade de prover o próprio sustento.

A redução ou a exoneração do dever de alimentar deve ser precedida do direito do


alimentado de se manifestar sobre suas condições de prover o próprio sustento. Ora,
o Código Civil alterou a maioridade civil para 18 anos, fazendo cessar aí o poder
familiar. Contudo, não ocorre o mesmo com o dever de alimentar, decorrente do
parentesco

Recorde-se que a pensão alimentícia segue na esteira do binômio necessidade e


possibilidade , ou seja, a idade não é parâmetro para sua concessão. Um filho, mesmo
após os 18 anos, pode depender de seus pais, e vice-versa. Deste modo, nota-se que
é com base no contexto fático que deve ser proferida a decisão, tornando o
contraditório essencial para a justiça da decisão.

# USUFRUTO E ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DOS FILHOS MENORES


[TJCE]. Os pais têm a faculdade de administrar os bens dos filhos menores? Tem
usufruto? E direito real?
R: Nos termos do artigo nº 1689, CC/02, o pai e a mãe, enquanto no exercício do
poder familiar, são usufrutuários e têm a administração dos bens dos filhos menores,
sob sua autoridade.

Ademais, nos termos do art. 1691, os pais não podem alienar, ou gravar de ônus real
os imóveis dos filhos, nem contrair em nome deles, obrigações que ultrapassem os
limites da simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da
prole, mediante prévia autorização do juiz.

[TJCE]. E se o pai for considerado indigno, os filhos têm direito a usufruto? Os pais
podem dispor de bens dos filhos?
R: Conforme previsão expressa no art. 1693, IV, CC/02, os bens que aos filhos
couberem na herança, quando os pais forem excluídos da sucessão, não podem ser
objeto de usufruto e administração pelos pais. Nos termos do art. 1691, os pais não
podem alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair em nome
deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por
necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz.

# DA UNIÃO ESTÁVEL.
[TJCE]. O que foi de semelhança entre a união estável e o casamento? Onde há
analogia? O Juiz pode priorizar o uso da analogia em detrimento da lei?
A analogia consiste na aplicação da norma reguladora de um determinado caso a
outro semelhante, mas que não possua regulamentação legal. A Analogia é o
julgamento de semelhante por semelhante. E tentando integrar o Direito à realidade
social, em razão das transformações ocorridas na sociedade, acabou-se por usar em
sua fundamentação Princípios Gerais do Direito, utilizando-se igualmente de
analogias.

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A união estável se assemelha ao casamento civil pois têm o mesmo status de


"entidades familiares", com o objetivo de constituir família, previstas na Constituição
Federal.

No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá


à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito. Logo, não pode priorizar
a analogia em detrimento da lei.

# DA UNIÃO ESTÁVEL. DIREITOS E DEVERES DOS CONVIVENTES


[TJCE]. O que se caracteriza união estável?
- A união estável está tratada no art. 226, §3º, CF, sendo reconhecida como uma
entidade familiar. União estável é a união entre duas pessoas, configurada pela
convivência pública, contínua e duradoura, estabelecida com objetivo de
constituição de família (art. 1723).

- Não há prazo mínimo nem exigência de prole comum para a caracterização da


união estável. Pablo Stolze afirma que prole comum e prazo mínimo seriam
elementos acidentais, e não essenciais da união estável.

- Também não há exigência de vida sob o mesmo teto (Súmula 382 do STF).

- E também não se exige ato formal (escritura).

[TJCE]. Contrato de namoro tem eficácia?


NÃO. Conforme afirma Helder Martinez Dal Col, a necessidade de se determinar
quando termina o namoro e começa a união estável tem levado muitos casais a
elaborarem “contratos de namoro”, visando assegurar, para um ou ambos, a certeza
de que não caracterizam uma união estável, para que com isso se impeça os efeitos
patrimoniais inerente a esta relação.

Leciona Maria Berenice Dias que essa avença entre os namorados não tem o condão
de afastar a responsabilidade patrimonial que venha a surgir por decorrência da
caracterização da união estável, sendo ato sem validade jurídica, que apenas
monetariza singela relação afetiva. Dias salienta que visualizar nesse contrato efeitos
jurídicos poderia proteger o enriquecimento ilícito do convivente que tem o
patrimônio em seu nome, em razão do outro que ajudou a adquiri-lo. A Jurista é
precisa ao afirmar que “o contrato de namoro é algo inexistente e desprovido de
eficácia no seio do ordenamento jurídico”.

Para a configuração da união estável, na legislação atual, não é necessário o requisito


de prazo certo, razão que seu reconhecimento se faz com base nos elementos
ensejadores disciplinados no Código Civil e CRFB.

Assim, muitos namorados, com receio que sua relação, em uma possível discussão
judicial seja reconhecida como união estável, estão confeccionando “contratos de
namoro”, para afastar a comunicabilidade de patrimônios.

Porém, quando confrontados com preceitos de ordem pública de Direito de Família,


estes contratos perdem qualquer fragmento de validade jurídica, pois, uma vez

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evidenciado os requisitos caracterizadores da união estável, nenhuma avença entre


os particulares consegue afastar os efeitos patrimoniais desta entidade familiar.

Desse modo, apesar de ser forma de exteriorizar o pensamento do casal sobre sua
relação afetiva, o contrato, como qualquer outro, não tem o condão de afastar o
império da vontade da lei.

FONTE: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11589

[TJCE]. União estável entre casado e solteira? União estável entre sogro e nora?
Segundo o art. 1723, §1º, CC, a união estável não pode ser constituída se
ocorrerem os impedimentos matrimoniais. Um dos impedimentos matrimoniais é
justamente a pessoa já ser casada. No entanto, a parte final desse dispositivo
determina que, ainda que casada formalmente, a pessoa poderá sim constituir
união estável, desde que esteja separada (judicialmente, extrajudicialmente ou
de fato).

Por outro lado, a pessoa que vive união estável não está impedida de casar. Na
verdade, o casamento apenas cessará o vínculo de união estável até então existente,
o que não impede que o companheiro ajuíze a devida ação de dissolução de união
estável, a fim de que haja a partilha dos bens adquiridos durante a relação.

Art. 1.521. Não podem casar:

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II - os afins em linha reta (sogro com nora, por ex) – NÃO ALCANÇA OS AFINS NA LINHA
COLATERAL (cunhados, por ex).

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do
adotante;

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o 3º grau inclusive;

V - o adotado com o filho do adotante;

VI - as pessoas casadas;

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio


contra o seu consorte.

Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do


casamento, por qualquer pessoa capaz.

Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de


algum impedimento, será obrigado a declará-lo.

[TJCE]. Concorrência entre filhos comuns e não comuns?


A pergunta ficou sem contexto. Creio que tenha sido um gancho de Dr. Nestor Duarte
com base em algum comentário do candidato.

[TJCE]. Dever de fidelidade entre cônjuges?

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O casamento exige expressamente a fidelidade; a união estável exige lealdade. Pelo


senso comum, a lealdade engloba a fidelidade, mas não necessariamente. Isso
demonstra que na união estável há uma liberdade maior aos companheiros do que no
casamento, o que diferencia substancialmente os institutos, mormente se a conclusão
for pela persistência do dever de fidelidade no último (TARTUCE, 2015).

[TJCE]. Lealdade e fidelidade são sinônimos?


NÃO. A união estável não exige fidelidade, mas apenas lealdade, diferentemente
do que acontece com o casamento, que exige expressamente a fidelidade. A doutrina
entende que fidelidade é o dever de não se envolver com outras pessoas, enquanto a
lealdade seria o dever de ser sincero, de ser leal, ou seja, a pessoa até poderia ter
relações esporádicas com outras pessoas, desde que fosse leal com seu companheiro.

[TJCE]. O direito de lealdade é o mesmo de fidelidade? É possível mais de uma união


em estável ao mesmo tempo? Permite-se direito de alimentos?
R: Dever de fidelidade é previsto para o casamento e diz respeito à monogamia
sexual. Dever de lealdade é algo mais amplo, que pode ou não abranger o dever de
fidelidade de acordo com a corrente adotada. Sobre o tema há 3 teorias:

1ª: encabeçada por Maria Helena Diniz, com fundamento nos deveres de fidelidade
ou de lealdade, bem como no princípio da monogamia, nega peremptoriamente o
reconhecimento de qualquer dos relacionamentos concomitantes;

2ª: adotada pela grande maioria dos doutrinadores – entre eles: Álvaro Villaça de
Azevedo, Rodrigo da Cunha Pereira, Francisco José Cahali, Zeno Veloso, Euclides
de Oliveira, Flávio Tartuce e José Fernando Simão –, funda-se na boa-fé e no
emprego da analogia concernente ao casamento putativo, no sentido de que se um
dos parceiros estiver convicto de que integra uma entidade familiar conforme os
ditames legais, sem o conhecimento de que o outro é casado ou mantém união
diversa, subsistirão – para o companheiro de boa-fé – os efeitos assegurados por lei
à caracterização da união estável, sem prejuízo dos danos morais;

3ª: representada por Maria Berenice Dias, admite como entidades familiares
quaisquer uniões paralelas, independentemente da boa-fé, deixando de considerar o
dever de fidelidade como requisito essencial à caracterização da união estável.

Há jurisprudência do STJ em relação as duas primeiras. A segunda corrente, tutela


aquele que está de boa-fé (boa-fé ignorância, ou seja, daquele que não sabia que o
pretenso companheiro tinha outra família), portanto neste caso admite-se direito à
alimentos.

[TJCE]. Dissolvida a união estável haverá possibilidade de divisão de bens? Quais?


R: Sim, a companheira tem direito a receber pensão previdenciária. Ademais, a
Súmula 380, STF, previa “Comprovada à existência de sociedade de fato entre os
concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio
adquirido com o esforço comum”.

Com a vigência da CF/88, surgiram as Leis 8971/94 e 9278/96, conferindo aos


companheiros direito a alimentos, regime de bens e sucessão. No silêncio das partes
o regime da comunhão parcial é o aplicável (art. 1725, CC/02).

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Art. 1.725, CC: aplica-se, no que couber, o regime de comunhão parcial de bens.

Cuidado: não há comunhão na união estável, pois comunhão é o condomínio


germânico. Só o casamento fixa comunhão.

Aqui o que pode haver é o condomínio romano. Há a figura dos aquestos, que gera
uma presunção de condomínio em 50% para cada um dos companheiros de tudo o
que for adquirido onerosamente e superveniente.

Não há outorga uxória ou marital, exceto se averbar no Registro de Imóveis o


contrato de união estável (Capítulo 20 das Normas de Serviço da Corregedoria de
Justiça).

É possível um contrato escrito por instrumento público ou particular e este contrato


pode ser transitório (com efeitos ex nunc). A união estável prescinde de contratos,
salvo para gerar efeitos a terceiros.

[TJCE]. Morrendo o convivente haverá possibilidade de direito de habitação no


imóvel? (Direito real de habitação).
R: Direito real de habitação. O art. 1831, CC, prevê o direito real habitação para o
cônjuge sobrevivente. O art. 7º, parágrafo único da Lei 9.278/96 prevê o direito real
de habitação para o companheiro sobrevivente. Não é unânime, há julgados da
Primeira, Quarta e Sexta Câmaras de Direito Privado do TJSP no sentido de ter sido
este último dispositivo revogado. O STJ entende que tanto cônjuge quanto
companheiro tem direito real de habitação.

[TJCE]. O convivente concorre com descendentes colaterais?


R: Sucessão. Pela literalidade do art. 1790, do CC, o companheiro só concorre
quantos aos bens onerosamente adquiridos na união estável, cabendo lhe quotas
diferentes de acordo com a qualidade do herdeiro com quem concorre (concorrendo
com filhos comuns cabe lhe quota igual ao do filho; com descendentes apenas do
autor da herança cabe lhe metade da quota destes; outros parentes cabe lhe um terço).
Já a sucessão do cônjuge é regulada pelo art. 1829 do CC, e suas consequências
dependem do regime de bens adotado, e do fato de o autor da herança ter deixado ou
não bens particulares. Não vou colocar toda a discussão aqui, quem tiver interesse
recomendo um artigo do Flávio Tartuce, está no site dele www.flaviotartuce.adv.br

# TUTELA E SEU EXERCÍCIO.


Define Maria Helena Diniz que “a tutela é um conjunto de direitos e obrigações
conferidos pela lei a um terceiro, para que proteja a pessoa de um menor não
emancipado que não se acha sob poder familiar, administrando seus bens, e
representando-o e assistindo-o nos atos da vida civil” (Código Civil..., 2005, p.
1.415).

[TJCE]. Quem tem a prerrogativa de nomear um tutor? Os pais podem dispor de


nomeação de tutor?
Os próprios pais possuem a prerrogativa de nomear um tutor, senão vejamos:

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Tutela testamentária: instituída por ato de última vontade, seja por testamento, legado
ou mesmo por codicilo (disposição de pequena monta). Essa forma de instituição está
reconhecida pelo parágrafo único do art. 1.729 do CC, pelo qual essa nomeação de
tutor compete aos pais, em conjunto, devendo constar em testamento ou em
qualquer outro documento autêntico. Em reforço, haverá nulidade absoluta da
tutela testamentária se feita por pai ou mãe que não tinha o poder familiar no
momento da sua morte (art. 1.730 do CC) (TARTUCE, 2015).

OBS: Tutela dativa: na falta de tutela testamentária ou legítima, estabelece o art.


1.732 do CC que o juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio do menor. Essa
mesma forma de tutela é prevista para os casos de exclusão do tutor, escusa da tutela
ou quando removidos os tutores legítimos ou testamentários por não serem idôneos.
A idoneidade do tutor deve ser analisada com base no princípio do melhor interesse
do menor

[TJCE]. Há respeito à ordem de preferência?


SIM. Muito embora não seja obrigatória. TARTUCE, 2015:

Tutela legítima: na falta de tutor nomeado pelos pais, incumbe a tutela, denominada
legítima e prevista no art. 1.731 do CC, aos parentes consanguíneos do menor, por
esta ordem:

1.º) aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;

2.º) aos colaterais até o terceiro grau (irmãos, tios e sobrinhos), preferindo os
mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais
moços.

 Em qualquer desses casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a
tutela em benefício do menor (princípio do melhor interesse da criança – best interest
of the child + princípio da proteção integral).

 O que se percebe, portanto, é que a ordem de nomeação do tutor legítimo não é


rígida ou obrigatória. Nesse sentido, do Superior Tribunal de Justiça: “A ordem de
nomeação de tutor, prevista no art. 409, do Código Civil/1916 (art. 1.731 do Código
Civil/2002), não inflexível, podendo ser alterada no interesse do menor. Na falta de
tutor nomeado pelos pais, podem os tios ser nomeados tutores do menor, se forem os
mais aptos a exercer a tutela em benefício desse. Recurso Especial não conhecido”
(STJ, REsp 710.204/AL, 3.ª Turma, Rel.ª Min. Fátima Nancy Andrighi, j. 17.08.2006,
DJU 04.09.2006, p. 263)”.

[TJCE]. O que é protutor? Sujeita-se à prestação de contas?


- Protutor – o juiz pode nomear um protutor para fiscalizar os atos do tutor,
complementando a fiscalização natural, que compete ao próprio juiz. O protutor não
é um auxiliar do tutor, mas sim um auxiliar do juiz na fiscalização do tutor. O
protutor tem direito a receber uma gratificação módica pela fiscalização efetuada.

[TJCE]. O tutor pode casar com o tutelado?


SIM. No entanto, enquanto não cessar a tutela e prestar contas da administração dos
bens, o regime será o de separação legal de bens.

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Art. 1.523. Não devem casar: (...) IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes,
ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada,
enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas
contas.

[TJCE]. Há benefício de restituição do tutelado em relação ao tutor?


Benefício de restituição (restitutio in integrum), segundo Clóvis Beviláqua, trata do
benefício reconhecido ao incapaz para permitir que ele possa anular qualquer ato que
lhe seja prejudicial. Esse benefício continua proibido em respeito à boa-fé e à
segurança dos negócios. Mas, caso exista conflito de interesses entre o representante
e o incapaz, pode-se invocar o art. 119 do CCB.

Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses


com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele
tratou.

Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da


cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista
neste artigo.

[TJCE]. Que pessoas estão sujeitas a tutela? E se os pais estiverem presos?


R: A tutela é um múnus público atribuído a um terceiro quando há
extinção/destituição/suspensão do poder familiar de ambos os pais. Nos termos do
art. 1.728, CC/02, os filhos menores são postos em tutela:

I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;

I - em caso de os pais decaírem do poder familiar.

Se os pais estiverem presos, estarão impossibilitados de exercer o pátrio poder,


portanto será necessária a nomeação de um tutor.

[TJCE]. A quem compete nomear o tutor? Se o pai falecer, a mãe for viva e o
testamento indicar um tutor, terá efeitos?
R:

Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em conjunto.

Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro


documento autêntico.

Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo de sua morte,
não tinha o poder familiar.

Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos parentes
consanguíneos do menor, por esta ordem:

I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;

I - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e,
no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz escolherá
entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do menor.

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Assim, se a mãe estiver viva e não destituída do poder familiar não será necessária a
nomeação de tutor.

[TJCE]. O benefício da restituição cabe aos atos lesivos do tutor do menor? O que é
o benefício da restituição?

R: No campo da proteção do incapaz, é aplicável o benefício de restituição (restitutio


in integrum). Trata-se, segundo Clóvis Beviláqua, do benefício reconhecido ao
incapaz para permitir que ele possa anular qualquer ato que lhe seja prejudicial. Esse
benefício continua proibido em respeito à boa-fé e à segurança dos negócios. Mas,
caso exista conflito de interesses entre o representante e o incapaz, pode-se invocar
o art. 119 do CCB.

Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses


com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele
tratou.

Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da


cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista
neste artigo.

[TJCE]. O tutor é pago? Ele precisa prestar caução? O juiz pode dispensar?
R: Conforme art. 1.752., o tutor tem direito a pagamento: “O tutor responde pelos
prejuízos que, por culpa, ou dolo, causar ao tutelado; mas tem direito a ser pago pelo
que realmente despender no exercício da tutela, salvo no caso do art. 1.734, e a
perceber remuneração proporcional à importância dos bens administrados.”

Sim, é preciso prestar caução e ela pode ser dispensada, nos termos do Art. 1.745. Os
bens do menor serão entregues ao tutor mediante termo especificado deles e seus
valores, ainda que os pais o tenham dispensado.

Parágrafo único. Se o patrimônio do menor for de valor considerável, poderá o juiz


condicionar o exercício da tutela à prestação de caução bastante, podendo dispensá-la
se o tutor for de reconhecida idoneidade.

[TJCE]. O que é protutor?


R: Trata-se de uma pessoa nomeada para fiscalizar a atividade do tutor (art. 1752, §
1º, CC/02: “Ao protutor será arbitrada uma gratificação módica pela fiscalização
efetuada”).

# CURATELA DOS INTERDITOS, DOS ENFERMOS E DO NASCITURO.


[TJCE]. A curatela de enfermo requer a sua interdição? Quem deve pedir?
SIM (regra). O reconhecimento das incapacidades do art. 1.767 do CC-02 exige um
procedimento judicial de interdição (a chamada curatela dos interditos, prevista no
CPC-73, em seus arts. 1.177 e seguintes), para que se declare a incapacidade absoluta
ou relativa de alguém, por causa psicológica (CC COMENTADO, 2014, p. 1202). O
CC, no art. 1767, elenca as hipóteses de curatela dos adultos incapazes, que é a mais
comum:

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- Pessoa que, por enfermidade ou deficiência mental, não tenha o necessário


discernimento para os atos da vida civil. - Aquele que, por outra causa
duradoura, não possa exprimir sua vontade. - Os deficientes mentais, os ébrios
habituais e os viciados em tóxicos. - Os excepcionais sem desenvolvimento
mental completo. - Os pródigos.

Quem pode pedir? Pai, mãe, tutor, cônjuge, parente próximo, órgão do Ministério
Público.

Existe divergência se o próprio interditando pode pedir sua interdição, em


denominada auto-interdição. A omissão da lei leva a parcela majoritária da doutrina,
ainda que em sentido crítico, a concluir pela ilegitimidade do próprio interditando
(CPC COMENTADO, 2014, p. 846).

A curatela, em regra, depende da prévia decretação de interdição do curatelado.


No entanto, em determinados casos, esta não é necessária. Por ex, no caso de curatela
de nascituro ou de deficientes físicos.

[TJCE]. Quem é o curador do nascituro? Se ela (mãe) for menor de idade?


- Curatela do nascituro – nascituro é o ser já concebido, mas que ainda se encontra
no ventre materno. A lei prevê a possibilidade se dar curador ao nascituro nos
seguintes casos:

* Se o pai falecer, estando a mulher grávida, desde que ela não tenha o
exercício do poder familiar (por ex, se ela tiver sido destituída do poder
familiar em relação a filhos anteriores, pois tal sanção abrange toda a
prole, inclusive o nascituro).

* Se o pai falecer e a mãe estiver interditada.

* Se o pai for desconhecido, e a mulher estiver interditada ou destituída


do poder familiar.

* Se pai e mãe estiverem interditados ou forem destituídos do poder


familiar.

Obs.: O nascituro não pratica atos na vida social, motivo pelo qual ele se submete
à curadoria, e não à tutela. Portanto, assim que ele nascer, cessa a curatela,
passando a vigorar a tutela.

Obs.: Só há interesse na nomeação de curador ao nascituro se ele tiver de receber


herança, legado ou doação.

[TJCE]. O exercício da curatela é remunerado?


As disposições relativas à tutela também se aplicam à curatela. Assim, o curador
também tem direito de ser reembolsado pelos gastos efetuados no exercício da
curatela e de receber uma remuneração proporcional à importância dos bens
administrados. No entanto, o STJ entende que, embora ele faça jus ao recebimento
de remuneração pelo exercício da curatela, não pode, contudo, ao seu alvedrio,
arbitrar a própria remuneração, segundo os parâmetros do que entende ser razoável e
justo. Na verdade, tal retribuição deve ser fixada pelo juiz que, mediante pleito do

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curador, irá sopesar todos os elementos para, finalmente, fixar valor justo pelo
trabalho despendido, em atenção à capacidade financeira do interdito.

[TJCE]. Existe uma ordem de nomeação de curador?


TARTUCE, 2015 - Quanto à ordem para nomeação do curador, dispõe o caput do
art. 1.775 do CC que o cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de
fato, é, de direito, o curador do outro, quando interdito (curador legal legítimo).
Sendo o curador o cônjuge e o regime de bens do casamento for de comunhão
universal, não será obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial (art.
1.783 do CC). A norma é especial e não se aplica aos demais casos de regime de bens
e à união estável.

Ainda de acordo com o art. 1.775 do CC, na falta do cônjuge ou do companheiro,


será curador legítimo o pai ou a mãe. Na falta destes, será nomeado como curador o
descendente que se demonstrar mais apto. Entre os descendentes, os mais próximos
precedem aos mais remotos. Finalmente, na falta das pessoas mencionadas neste
artigo, compete ao juiz a escolha do curador dativo, que deve ser pessoa capaz e
idônea para exercer a função.

[TJCE]. O curador pode adquirir bens do curatelado em leilão?


O tutor e o curador não podem arrematar bens dos tutelados ou
curatelados, ainda que em hasta pública, nem mesmo com autorização judicial.
A redação do CC/16 proibia o tutor de adquirir bens do tutelado “por contrato
particular ou em hasta pública”. O CC/02, por sua vez, excluiu a expressão “hasta
pública”. Apesar disso, a doutrina entende que a aquisição dos bens do tutelado pelo
tutor deve ser sempre proibida, ainda que em hasta pública, pois elas são sempre
suspeitas de desonestidade.

[TJCE]. Está sujeito à prestação de contas o curador? Quando? Em quanto tempo?


O curador também é obrigado a prestar contas, salvo a já analisada hipótese do
curador cônjuge casado pelo regime da comunhão universal com o interditado (art.
1.783 do CC).

Aplicação subsidiaria das regras de tutela:

A lei exige nesta prestação de contas um balanço anual, nos termos do art. 1.756 do
CC/2002, a ser apresentado pelo juiz, que deverá aprová-lo, anexando aos autos do
inventário dos bens do menor.

Sem prejuízo disso, os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e também quando,
por qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar
conveniente (art. 1.757 do CC).

Essas contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da audiência dos interessados,
recolhendo o tutor imediatamente a estabelecimento bancário oficial os saldos, ou
adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou letras, na forma daquele já comentado
§ 1.º do art. 1.753.

A prestação de contas será processada em juízo, nos próprios autos em que ocorreu a
nomeação do tutor (Vara da Infância, da Família ou Cível, pela ordem, se houver). Há
necessidade de intervenção do MP, devendo o procedimento seguir as regras dos arts.
914 a 919 do CPC, que tratam da ação de prestação de contas, de rito especial e
jurisdição contenciosa. De acordo com o art. 914 do CPC, a ação de prestação de contas

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competirá a quem tiver: a) o direito de exigi-las, caso de um sucessor do tutelado; b) a


obrigação de prestá-las, caso do próprio tutor (TARTUCE, 2015).

[TJCE]. A curatela de enfermos pode ser requerida por quem?


Segundo o Art. 1.768 do CC, a interdição deve ser promovida: I - pelos pais ou
tutores; II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente; III - pelo Ministério Público.

[TJCE]. O idoso enfermo pode ter curador?


Muito embora a senilidade, de forma isolada, não seja razão para a interdição, caso
a enfermidade provoque a limitação do necessário discernimento para os atos da vida
civil, é possível ser nomeado curador. (art. 1767 do CC)

[TJCE]. Qual o processo hábil para esse caso?


Ação de Interdição, regulamentada no CPC (procedimentos especiais de jurisdição
voluntária).

[TJCE]. Quem é o curador do nascituro?


Também denominado “curador ao ventre”, será dado curador ao nascituro havendo
duas circunstâncias, a saber: Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai
falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar.

Ressalte-se que se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro (par.
único do art. 1779).

[TJCE]. O exercício da curatela é remunerado?


O curador tem direito de receber remuneração pela administração do patrimônio do
interdito, no entanto, o valor deve ser previamente fixado pelo juiz. Existe tal
previsão no art. 1752 do CC.

OBS: STJ 2012 – Resp 1192063 - A remuneração do curador, mesmo que ele seja
herdeiro universal dos bens do tutelado, deve ser fixada por juízo competente, não
sendo lícito que ele mesmo defina quanto vai receber e retenha essa quantia.

[TJCE]. Existe uma ordem para nomeação do curador?


A lei prevê uma ordem de preferência, entretanto, o STJ já se manifestou no sentido de
que não é rígida a ordem estabelecida, podendo o juiz invertê-la.
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de
direito, curador do outro, quando interdito.

§1º Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta


destes, o descendente que se demonstrar mais apto.

§ 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.

§ 3º Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do


curador.

STJ – 2014 - REsp 1386758: Quanto ao instituto da curatela, não há efetivo rigor na
ordem legal de nomeação do curador de pessoa interditada, existindo, tão somente, uma
presunção de idoneidade e preferência para a indicação das pessoas declinadas no
artigo 1.775 do Código Civil, mas cuja observância não é de modo algum absoluta, tendo
em vista prevalecerem os interesses supremos da pessoa interditada. Comete ao juiz a

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faculdade de inverter a ordem de nomeação ou até de escolher terceiro, se concluir possa


o terceiro desempenhar com maior eficiência as funções de curador.

[TJCE]. O curador pode adquirir bens do curatelado em leilão?


Não. Existe vedação legal (art. 690-A do CPC e art. 1749, I do CC).

[TJCE]. Como se dá a prestação de contas do curador?


Aplicam-se as regras da tutela, conforme expressa previsão legal. (art. 1755 e
seguintes do CC)

Os curadores prestarão contas de dois em dois anos, e também quando, por qualquer
motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente. As
contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da audiência dos interessados,
recolhendo o curador imediatamente a estabelecimento bancário oficial os saldos, ou
adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou letras.

Finda a curatela pela emancipação ou maioridade, a quitação do menor não produzirá


efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira, até então, a
responsabilidade do tutor.

Serão levadas a crédito do curador todas as despesas justificadas e reconhecidamente


proveitosas ao curatelado. As despesas com a prestação das contas serão pagas pelo
curatelado.

# PRESUNÇÃO ABSOLUTA E PRESUNÇÃO RELATIVA


[TJCE]. O que difere presunção absoluta e relativa? Os fatos que decorrem da
presunção depende de prova? Qual a função de uma presunção? A função da
presunção é inverter o ônus da prova? Exemplos no direito de família? A quem
compete desconstituir a presunção? Quem é o autor da ação negatória de
paternidade?
Presunção é um processo racional do intelecto, pelo qual do conhecimento de um
fato infere-se com razoável probabilidade a existência de outro ou o estado de uma
pessoa ou coisa”. Desta forma, podemos classificar presunções como: a)
PRESUNÇÃO RELATIVA (“júris tantum”) São aquelas que podem ser desfeitas
pela prova em contrário, ou seja, admitem contra-prova. Assim, o interessado no
reconhecimento do fato tem o ônus de provar o indício, ou seja, possui o encargo de
provar o fato contrário ao presumido; b) PRESUNÇÃO ABSOLUTA (“jure et de
jure”) – O juiz aceita o fato presumido, desconsiderando qualquer prova em
contrário. Assim, o fato não é objeto de prova. A presunção absoluta é uma ficção
legal. Um exemplo a ser citado é a presunção de paternidade dos filhos concebidos
durante o casamento, por exemplo, de forma que compete ao pai contestante e autor
da ação desconstituir tal presunção.

[TJCE]. A quem destinou convencionar o poder familiar? É uma questão de


capacidade? O que prevalece, direito ou confronto de maneiras de educar dos pais,
como se resolve a questão? Em que hipóteses pode haver suspensão do poder
familiar? A suspensão e a destituição são reversíveis?
Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta
ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade (CC, art. 1.631),

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necessitando que para seu exercício os genitores sejam capazes. Sendo o exercício
do poder familiar conjunto, preleciona o parágrafo único do aludido artigo que,
havendo divergência dos pais, será o Judiciário que solucionará o desacordo.

Quanto à suspensão, o código traz as seguintes hipóteses, previstas no artigo 1.637,


do Código Civil:

Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou
o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do
menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.

Parágrafo único - Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe


condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos
de prisão.

A suspensão é temporária, perdurando somente até quando se mostre necessária.


Cessada a causa que a motivou, volta a mãe, ou o pai, temporariamente impedido, a
exercer o poder familiar, pois a sua modificação ou suspensão deixa intacto o direito
como tal, excluindo apenas o exercício. A perda é permanente, mas não se pode dizer
que seja definitiva, já que os pais podem, através de procedimento judicial, recuperá-
la, desde que provem que a causa que ensejou a perda não mais existe.

15. Do direito das sucessões. Da sucessão em geral. Da sucessão legítima.


Da sucessão testamentária. Do inventário e da partilha

# DIREITO DAS SUCESSÕES: EXCLUSÃO DE HERDEIROS E DESERDAÇÃO.


[TJCE]. O que se entende por indignidade no direito das sucessões?
A indignidade significa a exclusão do herdeiro ou legatário por ter cometido algum
ato contra o autor da herança e determinadas pessoas elencadas no CC.

[TJCE]. O que acarreta a indignidade?


O indigno ter sido autor, coautor, participe de homicídio doloso, ou tentativa deste,
contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou
descendente; que houver acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou
incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; que, por
violência ou meios fraudulentos inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor
livremente de seus bens por ato de ultima vontade.

[TJCE]. Qual a sua diferença para deserdação?


Na deserdação somente os herdeiros necessários podem ser deserdados, o ato é
praticado antes da abertura da sucessão, diferentemente da indignidade que o ato
poderia ter sido praticado antes ou depois da sucessão, O reconhecimento é
ANTERIOR à abertura da sucessão, por meio de testamento (o ato é personalíssimo),
exigindo-se, contudo, posterior homologação judicial, diferentemente da indignidade
que o reconhecimento é posterior à abertura da sucessão, Na deserdação requer
somente a homologação do testamento, enquanto na indignidade o que se exige é
uma ação ordinária de indignidade. O rol dos atos que geram deserdação é mais

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amplo do que os da indignidade, englobando a indignidade e outros dos art. 1962 e


1963do CC.

[TJCE]. A deserdação só ocorre na sucessão testamentaria?


Não, o reconhecimento da deserdação ocorre por testamento, mas o deserdado pode
ser privado tanto da sua legitima como da parte que lhe cabe em testamento,
conforme art. 1961 do CC.

[TJCE]. Quando ocorre a deserdação?


De acordo com os arts. 1962 e 1963 do CC, a deserdação ocorre quando ocorrido às
causas do art. 1814 (indignidade) mais, ofensa física, injuria grave, relações ilícitas
com a madrasta ou padrasto ou com a mulher ou companheiro do filho ou a do neto,
ou com o marido ou companheiro da filha ou da neta, desamparo do ascendente em
alienação mental ou grave enfermidade ou do filho ou neto com deficiência mental
ou grave enfermidade.

[TJCE]. O rol da deserdação e da indignidade são os mesmos?


Não, conforme visto anteriormente o rol da deserdação é bem maior que o da
indignidade.

[TJCE]. Deserdado o indigno os herdeiros terão que tomar alguma ação para
efetivar isso?
De acordo com o art. 1965 do CC, ao herdeiro instituído, ou aquele a quem aproveite
a deserdação, incube provar a veracidade da causa alegada pelo testador.

[TJCE]. O que significa dizer que a indignidade traz o efeito como se fosse morto?
É um dos resquícios da morte civil, pois o indigno é considerado morto para fins de
sucessão, mas só para esse fim, o excluído da sucessão não terá direito a usufruto ou
a administração dos bens que seus sucessores couberem na herança, nem a sucessão
eventual desses bens. Pois quem herda no lugar do indigno são os descendentes deste
indigno.

[TJCE]. Sempre tem que declarar uma causa a deserdação?


Sim, somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em
testamento. Art. 1964 do CC.

[TJCE]. Os filhos do indigno recebem a herança, caso eles morram e deixam como
único herdeiro o pai (indigno), ele herda os bens dos filhos?
Não, conforme o paragrafo único do art. 1816, o indigno não pode receber de herança
a parte que seus filhos receberam por conta da indignidade.

[TJCE]. O que é indignidade no direito sucessório? O que acarreta a indignidade?


Indignidade: é a privação do direito de suceder alguém por tê-lo ofendido ou a seus
familiares (1.814). O indigno não tem afeto e nem solidariedade pelo extinto, pelo
que sofre esta pena civil. Esse artigo é exaustivo, não é exemplificativo, de modo que
não há outros casos de indignidade fora esses.

Acarreta a privação do direito à herança do herdeiro, tal como do legatário que


perpetrou atos de índole criminosa, ofensiva ou reprováveis, enumerados
taxativamente em lei, contra a vida, a honra, e a liberdade do auctor successionis ou
de seus familiares.

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[TJCE]. A deserção só ocorre na sucessão testamentária? O rol da indignidade e


deserção é o mesmo?
Abaixo segue um quadro distintivo entre indignidade e deserdação:

Indignidade Deserdação

1. A indignidade é ato reconhecido mediante uma 1. A deserdação se manifesta por ato de vontade do
ação de indignidade, prevista no art. 1.185 do autor da herança por meio do testamento, logo,
Código Civil somente o autor da herança pode deserdar

2. Qualquer sucessor (seja herdeiro ou legatário) 2. Somente o herdeiro necessário pode ser
pode ser indigno deserdado

3. A indignidade é reconhecida por ato praticado 3. A deserdação se dá por ato praticado antes da
antes ou depois da abertura da sucessão abertura da sucessão

4. As causas de deserdação são as mesmas de


4. As causas de indignidade estão previstas no art.
indignidade (art. 1.814) e também as previstas nos
1.814
arts. 1.962 e 1.963

A deserção só pode ocorrer na sucessão testamentária, pois depende de testamento,


com expressa declaração de causa - art. 1.964 do Código Civil.

Todas as causas que geram a indignidade geram também a deserdação, porém nem
todas as causas que geram a deserdação geram a indignidade.

[TJCE]. Deserdado o indigno, os herdeiros terão que entrar com alguma ação para
efetivar isso?
Todo herdeiro ou interessando tem quatro anos para entrar com a ação para exclusão
sucessória do indigno. Conta-se o lapso temporal da abertura da sucessão, não
interessa se o inventário tenha sido concluído antes, e nem impede a decorrente
necessidade de ser anulado.

[TJCE]. O que significa dizer que a indignidade traz efeitos como se morto fosse?
O indigno é tido como morto, consoante redação do artigo 1.816 do Estatuto Civilista
“São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem,
como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão”), de maneira que o seu
representante participa da herança, desde que seja da linha reta descendente. Assim,
o excluído por indignidade da sucessão não poderá ser sucedido por ascendentes nem
colaterais.

[TJCE]. Quando os bens vão para os filhos do indigno, contudo eles morreram, e
deixa o pai como único herdeiro, os bens ficam com eles?
Não. Pois o excluído por indignidade da sucessão não poderá ser sucedido por
ascendentes nem colaterais.

# SUCESSÃO LEGÍTIMA: ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA.


[TJCE]. Concorrendo tio e sobrinho, como será partilhada a herança?

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O CC determina expressamente que na falta de irmãos, herdarão os filhos destes, ou


seja, os sobrinhos. E apenas na falta de sobrinhos é que herdarão os tios (art.
1843, CC).

[TJCE]. Se houver apenas um tio-avô e sobrinho neto, quem vai herdar?

[TJCE]. Cônjuge e ascendente na comunhão de bens e na separação concorrem?


SIM. A concorrência independe do regime de bens. O direito à herança incide sobre
todo o patrimônio (bens comuns e bens particulares). Percentual = ½, salvo se o
cônjuge estiver concorrendo c/o pai e c/a mãe, caso em que o percentual será de 1/3

[TJCE]. Cônjuge e descendente em qualquer regime concorrem?


Raphael: O cônjuge só concorre com descendente onde não houver direito a meação.
No caso da comunhão parcial de bens, os bens adquiridos antes da constância do
casamento não são considerados para fins de meação, logo o cônjuge poderá
concorrer.

LFG: Cônjuge concorrendo com descendentes - depende do regime de bens.; o direito


à herança só incide sobre os bens particulares. Percentual = Mesmo percentual dos
descendentes (garantido o mínimo de ¼ se for pai/mãe daquele com quem concorre).
Não concorre na separação obrigatória de bens.

[TJCE]. Como se dá a ordem de vocação hereditária?


Art. 1829 do CC, se da na seguinte ordem: aos descendentes, em concorrência com
o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão
universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1640, paragrafo único); ou se,
no regime de comunhão parcial, o autor da herança não deixou bens particulares; aos
ascendentes, em concorrência com o cônjuge; ao cônjuge sobrevivente; e aos
colaterais.

[TJCE]. O que é sucessão por estirpe e por cabeça?


Sucessão por CABEÇA ocorre quando todos os herdeiros são do mesmo grau. Cada
herdeiro do mesmo grau corresponde uma quota igual na herança. A herança é
dividida entre todos os herdeiros aos quais é deferida.
Sucessão por ESTIRPE concorrem, na sucessão, descendentes que tenham com o de
cujus graus de parentesco diferentes, ou quando a partilha, em vez de se fazer
igualmente entre pessoas, faz-se entre certos grupos de descendentes, grupos
constituídos pelos descendentes do herdeiro do grau mais próximo. A sucessão por
estirpe dá-se na linha reta descendente, excepcionalmente, na linha transversal, mas
nunca na linha reta ascendente.).

[TJCE]. Até que grau na linha colateral herda?


Segundo o art. 1839, na linha colateral, herda até o quarto grau.

[TJCE]. Tio e sobrinho, quem herda?


Segundo o art. 1843 do CC, quem herda são os sobrinhos, só não havendo sobrinho,
que herda os tios.

[TJCE]. Primo e tio-avô, quem herda?

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Neste caso quem herda é o primo, pois este é parente de quarto grau, já o tio avo é
parente de quinto grau não entrando na ordem de vocação hereditária.

[TJCE]. Cônjuge separado de fato herda?


O STJ destacou que o cônjuge que se encontrava separado de fato quando transmitida
a herança não faz jus à meação dos bens devidos pelo marido na qualidade de
herdeiro do irmão falecido. De acordo com o relator, mesmo em regime de comunhão
universal de bens, a comunicação destes (assim como as de dívidas) deve cessar com
o término da vida em comum, respeitando o direito de meação do patrimônio
adquirido durante a vida conjugal.

[TJCE]. O cônjuge concorre com os filhos em qualquer regime de bens?


Não, o próprio art. 1829 do CC, traz que salvo se casado com o falecido no regime
de comunhão universal, ou no de separação obrigatória de bens (art. 1640, paragrafo
único), ou se no regime de comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado
bens particulares.

[TJCE]. Se houver ascendentes e cônjuge, eles concorrem?


Sim, segundo o art. 1836, na falta de descendentes, são chamados à sucessão os
ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.

[TJCE]. O que é ordem de vocação hereditária? O que é sucessão por cabeça ou por
estirpe? Até que grau na linha colateral herda? Tio e sobrinho, quem herda? Primo
e tio avô, quem herda? O cônjuge separado de fato herda? O cônjuge concorre com
os filhos em qualquer regime de bens? Se houver ascendente e cônjuges, eles
concorrem?
Makson: É a ordem de prioridade de escolha de quem vai assumir a herança, é o que
se chama de ordem da vocação hereditária. A lei institui a seguinte ordem de
legitimados para receber herança: Os parentes, e também o cônjuge e o companheiro.
Os parentes compreendem: Os descendentes, ascendentes, colaterais e cônjuge. A
preferência de chamamento é pelos parentes de linha reta, nesta ordem: Descendente
e Ascendente. Logo após o descreve os Cônjuges e os Colaterais.

Sucessão por CABEÇA ocorre quando todos os herdeiros são do mesmo grau.
Cada herdeiro do mesmo grau corresponde uma quota igual na herança. A herança é
dividida entre todos os herdeiros aos quais é deferida

Sucessão por ESTIRPE concorrem, na sucessão, descendentes que tenham com o


de cujus graus de parentesco diferentes, por direito de representação, ou quando a
partilha, em vez de se fazer igualmente entre pessoas, faz-se entre certos grupos de
descendentes, grupos constituídos pelos descendentes do herdeiro do grau mais
próximo. A sucessão por estirpe dá-se na linha reta descendente, excepcionalmente,
na linha transversal, mas nunca na linha reta ascendente.

Art 1839- Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830,
serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.

Entre tio e sobrinho, herdam os sobrinhos, pois o artigo 1.843 do CC, assevera que
“na falta de irmãos herdarão os filhos destes, não os havendo, os tios”, neste caso, se
dá preferência aos sobrinhos, mesmo que este e o tio estiverem no mesmo grau de
parentesco (que no caso destes, se encontram no terceiro grau).

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Entre Primo e tio avô, apesar de ambos serem colaterais de 4º grau, quem herda são
os primos.

O cônjuge não pode estar separado de fato, há mais de 2 anos. A separação de fato
por mais de 2 anos possibilita o divórcio e, então, como regra, o cônjuge sobrevivente
não será herdeiro. A lei prevê, entretanto, uma exceção. Se estiver separado de fato
há mais de 2 anos, poderá o cônjuge ser herdeiro, se provar que a convivência se
tornou impossível sem sua culpa.

O cônjuge não concorre em qualquer regime com os descendentes, pois no regime


de separação obrigatória de bens (1.641): o viúvo não tem meação (1.687) e nem
herança (1.829, I); só lhe cabe direito real de habitação (1.831). Por sua vez, no
regime da separação convencional: o sobrevivente não tem direito à meação (1.687),
mas tem herança.

De acordo com o Código Civil, em seu art. 1837, concorrendo com o ascendente em
primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; se houver só um ascendente
vivo o cônjuge herdará a metade da herança.

# SUCESSÃO LEGÍTIMA: SUCESSÃO DO CÔNJUGE


[TJCE]. O que distingue a sucessão e a concorrência do cônjuge?
A sucessão, como é cediço, ocorre mortis causa ou inter vivos. Para fins de estudo
do Direito das Sucessões, só interessa perquirirmos da sucessão fundada na morte de
uma pessoa natural. Quando isso ocorre, seu patrimônio transfere-se de imediato aos
seus herdeiros, como um todo unitário, constituindo a herança, por disposição da lei,
uma universalidade de direito.

A sucessão do cônjuge ocorre quando não há parentes sucessíveis nas linhas


sucessórios anteriores, isto é, quando não houver quaisquer descendentes ou
ascendentes do falecido. Faltando descendentes e ascendentes, será deferida a
sucessão por inteiro e isoladamente ao cônjuge sobrevivente, que está na terceira
classe de herdeiros (artigo 1829, III, do CC). O direito de sucessão reconhecido ao
cônjuge independe do regime de bens adotado no casamento com o falecido.

Como se pode notar, o direito à sucessão do cônjuge – esse entendido como o direito
de o cônjuge receber, única e exclusivamente, todo o patrimônio integrante da
herança deixada pelo falecido – somente se perfaz quando não há parentes
sucessíveis na primeira e na segunda classe de herdeiros, onde se situam,
respectivamente, os descendentes e os ascendentes.

Da leitura do artigo 1829 do CC é possível compreender facilmente o que exposto


acima. Transcrevo o dispositivo em comento abaixo, in verbis:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em


concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime
da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo
único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado
bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge
sobrevivente; IV - aos colaterais.

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A concorrência do cônjuge, por sua vez, se perfaz quando este concorre, na mesma
linha de vocação hereditária, com descendentes e ascendentes. Em outras palavras,
havendo descendentes ou ascendentes do falecido, estes herdam em primeiro lugar,
se comparados ao cônjuge sobrevivente, que está apenas na terceira classe de
herdeiros. Entretanto, os descendentes e ascendentes herdarão em concorrência com
o cônjuge, sendo a este deferida uma parcela da herança. Perceba: caso não haja
descendentes e ascendentes, o cônjuge herdará a totalidade da herança, porque se
encontra na terceira classe de vocação hereditária. Contudo, havendo descendentes
ou ascendentes, estes concorrem em primeiro lugar, mas terão que partilhar parcela
do que receberem, a título de herança, com o cônjuge, em razão do chamado instituto
da concorrência.

Como dito, o cônjuge concorre tanto com os descendentes quanto com os


ascendentes. Em relação aos primeiros, a concorrência está prevista no artigo 1829,
I, do CC. No que toca aos segundos, a concorrência está prevista no artigo 1829, II,
do CC.

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em


concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime
da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo
único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado
bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge.

Quando se fala em concorrência do cônjuge com os descendentes e os ascendentes,


pode-se até mesmo citar que aquele é herdeiro de primeira ou segunda classe. Na
concorrência dos descendentes com o cônjuge, todos eles constituem herdeiros de
primeira classe. Na concorrência dos ascendentes com o cônjuge, todos eles
constituem herdeiros de segunda classe.

[TJCE]. Com relação à concorrência, o regime de bens representa alteração?


Sim. O regime de bens, quando o assunto é concorrência do cônjuge com os
descendentes, faz toda a diferença. Ao contrário do que ocorre na concorrência do
cônjuge com as ascendentes. Explico.

O cônjuge somente herda em concorrência com os descendentes, com base em


expressa disposição legal, quando os regimes de bens adotados no casamento com o
falecido forem: REGIME DA PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS,
REGIME DA SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS E REGIME DA
COMUNHÃO PARCIAL DE BENS, desde que, neste último caso, o de cujus
TENHA DEIXADO BENS PARTICULARES.

Por outro lado, não terá o cônjuge direito à concorrência com os descendentes se
forem adotados: REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS, REGIME
DA SEPARAÇÃO LEGAL OU OBRIGATÓRIA DE BENS E REGIME DA
COMUNHÃO PARCIAL DE BENS, desde que, neste último caso, o de cujus NÃO
TENHA DEIXADO BENS PARTICULARES.

Algumas observações devem ser feitas.

A primeira observação é que o legislador, optando por ressalvar alguns regimes de


bens do casamento, teve como objetivo separar claramente a meação da herança.

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Assim, pelo sistema instituído, quando o cônjuge é meeiro não é herdeiro; quando é
herdeiro não é meeiro. MEAÇÃO NÃO SE CONFUNDE COM HERANÇA.
Meação é instituto de Direito de Família, que depende do regime de bens adotado.
Herança é instituto de Direito das Sucessões, que decorre da morte do falecido.

Como segunda observação, tem-se que no regime da comunhão parcial de bens, a


concorrência sucessória somente se refere aos bens particulares. Nesse sentido,
prescreve o Enunciado 270 da III Jornada de Direito Civil: “O artigo 1829, inciso I,
só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes
do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de bens
ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestos,
o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência se restringe
a tais bens, devendo os bens comuns – acrescento: QUE CONSTITUA A MEAÇÃO
DO FALECIDO – ser partilhados exclusivamente entre os descendentes”.

Esse é o entendimento que prevalece na doutrina e, também, no âmbito do Superior


Tribunal de Justiça, consoante se constata pela leitura do artigo a seguir descrito,
extraído do sítio do Colendo:

“O cônjuge sobrevivente, casado sob o regime da comunhão parcial de bens, concorre


com os descendentes na sucessão do falecido apenas quanto aos bens particulares que
este houver deixado, se existirem. Esse é o entendimento da Segunda Seção do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) em julgamento de recurso que discutiu a interpretação da parte
final do inciso I do artigo 1.829 do Código Civil (CC) de 2002. A decisão confirma o
Enunciado 270 da III Jornada de Direito Civil, organizada pelo Conselho da Justiça
Federal (CJF), e pacifica o entendimento entre a Terceira e a Quarta Turma, que julgam
matéria dessa natureza (...) Segundo o ministro Raul Araújo, que ficou responsável por
lavrar o acórdão, o CC/02 modificou a ordem de vocação hereditária, incluindo o
cônjuge como herdeiro necessário, passando a concorrer em igualdade de condições com
os descendentes do falecido. Embora haja essa prerrogativa, a melhor interpretação da
parte final desse artigo, segundo o ministro, no que tange ao regime de comunhão parcial
de bens, não pode resultar em situação de descompasso com a que teria o mesmo cônjuge
sobrevivente na ausência de bens particulares do falecido”. (...)

“O artigo 1.829, I, do Código Civil dispõe que a sucessão legítima defere-se em uma
ordem na qual os descendentes concorrem com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado
com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de
bens (artigo 1.640, parágrafo único), ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da
herança não houver deixado bens particulares. A questão que gerou divergência entre
os ministros foi a interpretação da parte final desse artigo, na identificação dos bens em
relação aos quais o cônjuge sobrevivente, na qualidade de herdeiro necessário,
concorrerá com os descendentes, quando adotado o regime de comunhão parcial de bens.
A controvérsia era saber se a concorrência incidiria sobre todo o conjunto dos bens
deixados pelo falecido, chamado de herança; apenas sobre aqueles adquiridos
onerosamente na constância do casamento, excluída a meação do cônjuge sobrevivente,
a exemplo do que ocorre na sucessão do companheiro (artigo 1.790); ou apenas sobre
os bens adquiridos antes do casamento, os quais a lei chama de particulares”. (...)

“O relator original do recurso no STJ, ministro Sidnei Beneti (hoje aposentado),


apresentou a tese que saiu vencedora na Segunda Seção. Ele entendeu que a
concorrência somente se dá em relação a bens particulares, ou seja, em relação àqueles
que já integravam o patrimônio exclusivo do cônjuge ao tempo do casamento. A ministra
Nancy Andrighi divergiu desse entendimento. Para ela, o cônjuge sobrevivente, a par de

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seu direito à meação, concorreria na herança apenas quanto aos bens comuns, havendo
ou não bens particulares, que deveriam ser partilhados unicamente entre os
descendentes. No caso analisado, o autor da ação iniciou relacionamento de união
estável em 1981. Em 1988, casou sob o regime de comunhão parcial de bens, quando a
mulher já era proprietária de um terreno. Ao longo de 12 anos após o casamento, foi
construído no terreno um prédio residencial, com recursos do autor, no montante de R$
78,6 mil. A mulher faleceu em 2008, e o viúvo ajuizou ação para ser reconhecido como
proprietário do imóvel, total ou parcialmente. Os filhos da falecida sustentaram que o
imóvel não se comunicava com o cônjuge, pois se trata de bem adquirido anteriormente
ao casamento. O Tribunal de Justiça de São Paulo concordou com a tese defendida pelos
filhos, mas a Segunda Seção do STJ deu provimento ao recurso do viúvo, que tem mais
de 80 anos, reconhecendo o seu direito à meação e à participação como herdeiro
necessário dos bens particulares”.

Como se conclui da leitura do artigo extraído do site do STJ, há divergência no


tratamento do tema. Há corrente que defende que a concorrência, no regime da
comunhão parcial, deve se dar tanto em relação aos bens comuns (meação do
falecido) quanto em relação aos bens particulares (aqueles que já integravam o
patrimônio do falecido, em data anterior ao casamento). Por fim, isoladamente, Maria
Berenice Dias entende que a concorrência, na comunhão parcial de bens, somente se
refere aos bens comuns, não abrangendo os bens particulares.

Como terceira observação, há um claro erro na menção do artigo 1640, p. único, do


CC, referente ao regime da separação obrigatória de bens. Isso porque o regime da
separação legal ou obrigatória é aquele tratado pelo artigo 1641 do CC, envolvendo
as pessoas que se casam em inobservância às causas suspensivas do casamento, os
maiores de 70 anos e as pessoas que necessitam de suprimento judicial para casar.

Importante destacar que deve haver a separação entre o REGIME DE SEPARAÇÃO


OBRIGATÓRIA OU LEGAL DE BENS e o REGIME DE SEPARAÇÃO
CONVENCIONAL DE BENS. O primeiro é decorrente de vontade da lei,
inderrogável por vontade das partes, portanto. O segundo decorre da autonomia da
vontade, resultando de um consenso entre os consortes, no momento da escolha do
regime de bens que irá vigorar durante a vida conjugal. No REGIME DA
SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA OU LEGAL DE BENS, o cônjuge não tem direito
à meação, quando da extinção do vínculo por divórcio mas tão somente aos seus bens
particulares. O mesmo ocorre quando se fala no REGIME DA SEPARAÇÃO
CONVENCIONAL DE BENS.

Eis o teor do CC.

Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração


exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus
real.

Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na
proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em
contrário no pacto antenupcial.

Isso vale para o Direito de Família. Entretanto, no que se refere ao direito sucessório,
o panorama se altera. Como mencionado alhures, no REGIME DA SEPARAÇÃO
OBRIGATÓRIA DE BENS, o cônjuge não tem direito à meação, quando da

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dissolução do vínculo conjugal pelo divórcio, assim como também não terá direito
de suceder em concorrência com os descendentes. No REGIME DA SEPARAÇÃO
CONVENCIONAL DE BENS, ao contrário, embora o cônjuge também não tenha
direito à meação, quando da dissolução do vínculo conjugal por divórcio, terá direito
de suceder em concorrência com os descendentes. É o que se pode extrair da leitura
do artigo 1829, I, do CC, que não ressalva o REGIME DA SEPARAÇÃO
CONVENCIONAL DE BENS, mas apenas o da separação obrigatória. Neste último,
é como se a vontade da lei de separar os patrimônios dos consortes tivesse que vigorar
em vida e após a morte de um dos casados.

No tocante à concorrência do cônjuge com os descendentes, importa destacar, ainda,


a regra contida no artigo 1832 do CC: “Em concorrência com os descendentes (art.
1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça,
não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente
dos herdeiros com que concorrer”.

Primeiramente, a norma enuncia que o cônjuge recebe o mesmo quinhão dos


descendentes. O comando consagra ainda a reserva de ¼ da herança ao cônjuge, se
ele for, assim como o falecido, ascendente dos descendentes com quem concorrer.
Se o cônjuge, diversamente, somente concorrer com descendentes do falecido, não
haverá a referida reserva. A questão só ganha relevo, portanto, se o cônjuge concorre
com filhos seus, havendo mais de três descendentes, isto é, 04, 05, 06, situação na
qual teria direito, em qualquer caso, a pelo menos ¼ da herança deixada pelo de
cujus. Assim é que se houver, por exemplo, 04 descendentes, o cônjuge recebe ¼ da
herança, enquanto os outros ¾ deverão ser distribuídos entre os 04 filhos deixados
pelo falecido, descendentes esses que também devem ser filhos do cônjuge
sobrevivente.

Em caso de filiação híbrida, isto é, havendo descendentes COMUNS e


EXCLUSIVOS DO AUTOR DA HERANÇA, prevalece a corrente que diz que não
se deve fazer a reserva da quota parte da herança para o cônjuge sobrevivente; se
deve tratar todos os descendentes como exclusivos do autor da herança na hipótese.

No que toca ao direito de concorrência do cônjuge com os ascendentes, NÃO


IMPORTA O REGIME DE BENS, conforme já explanado. Somente duas regras
devem ser observadas, as quais estão dispostas no artigo 1837 do CC. Concorrendo
o cônjuge com dois ascendentes de primeiro grau (pai ou mãe do falecido), terá
direito a um terço da herança. Concorrendo o cônjuge somente com um ascendente
de primeiro grau ou com outros ascendentes de graus diversos, terá direito a metade
da herança. Por exemplo, se o falecido deixou mãe e esposa, cada um recebe metade
da herança. Se o falecido deixou duas avós e esposa, a esposa recebe metade da
herança, enquanto a outra metade é dividida entre as avós do falecido, de forma
igualitária.

“Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço
da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for
aquele grau”.

[TJCE]. Cônjuge separado de fato e de direito tem direito à sucessão? Após 02 (dois)
anos (entende-se que o examinador está questionando à respeito da separação de
fato) é possível haver direito de sucessão?

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A resposta encontra-se no artigo 1830 do CC.

“Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao


tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato
há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara
impossível sem culpa do sobrevivente”.

De acordo com a primeira parte do dispositivo, se o cônjuge sobrevivente estava


separado judicialmente ao tempo da morte do outro, não terá direito qualquer direito
sucessório. Há que se destacar que há importantes autores brasileiros que entendem
que, com a entrada em vigor da EC 66/2010, aboliu-se a separação de direito –
separação judicial ou extrajudicial –, restando apenas o divórcio como forma de
extinção do casamento (sem falar na morte, é claro). Para essa corrente, a primeira
parte do artigo, portanto, somente se aplica àqueles que estavam separados
judicialmente quando da entrada em vigor da EC 66/2010, perdendo em parte
considerável a sua aplicação prática. ENTENDO, humildemente, que a primeira
parte do dispositivo ainda possui aplicação, desde que se interprete separação
judicial, atualmente, como divórcio, já que, com a entrada em vigor da Emenda
66/2010, muitos sustentam a tese de que não mais existe a chamada separação, mas
apenas o divórcio direto, como forma de extinção do vínculo conjugal. Dessa forma,
adaptando-se o dispositivo para os dias de hoje, entende-se que, se os antigos
cônjuges estiverem divorciados, ao tempo da morte qualquer um deles, o
sobrevivente não terá direito à sucessão.

Já a segunda parte do artigo preconiza que o cônjuge separado de fato há mais de 02


(dois) anos também não tem reconhecido o seu direito sucessório, salvo se provar
que o fim do casamento não se deu por culpa sua.

Verifica-se que, regra geral, quando separado de fato há mais de dois anos, o ex-
cônjuge sobrevivente deixa de integrar a linha sucessória do falecido. O raciocínio a
ser feito é o seguinte: se os laços concretos já não existiam quando do momento de
abertura da sucessão, não há o que justifique a inclusão do ex-cônjuge sobrevivente.

Ainda, a menção à culpa é amplamente criticada pela doutrina. Um primeiro


entendimento diz que a culpa não pode ser mais debatida para fins de dissolução do
casamento, desde a entrada em vigor da Emenda do Divórcio (EC 66/2010), NÃO
PODENDO SER TRANSPORTADA, DE IGUAL FORMA, PARA O DIREITO
SUCESSÓRIO. Uma segunda corrente, de outra banda, entende perfeitamente
aplicável o artigo 1830 do CC, no que se refere à investigação da culpa do cônjuge
sobrevivente que está separado de fato do falecido há mais de 02 (dois) anos. Se este
comprovar não ter culpa pelo fim do casamento, terá direito à sucessão, mesmo que
transcorrido o lapso temporal previsto no artigo. A ESSA CULPA DÁ-SE O NOME
DE CULPA MORTUÁRIA OU FUNERÁRIA.

Por fim, para os que entendem ser cabível a discussão da culpa nesse caso, questiona-
se: afinal, como se daria a prova da culpa do ex-cônjuge falecido? Injusta a situação.
Ao ex-cônjuge sobrevivente abre-se a oportunidade para acusá-lo, cabendo, aos
herdeiros a sua defesa, o que pode ocasionar a paralisação do inventário por tempo
incerto, em prejuízo dos verdadeiros sucessores. Para os estudiosos do tema, uma
simples solução. A discussão acerca da culpa deve, para que se enquadre na exceção
imposta, necessariamente, ter sido iniciada antes da abertura da sucessão, ou seja, ser

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anterior ao falecimento do ex-cônjuge. Caso contrário estar-se-ia possibilitando uma


discussão post mortem totalmente descabida.

[TJCE]. É possível cônjuge doar a outro cônjuge?


É possível a doação de cônjuge a cônjuge, importando tal negócio jurídico,
entretanto, adiantamento do que ao cônjuge donatário cabe na herança.

“Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa


adiantamento do que lhes cabe por herança”.

O objetivo da norma legal é a proteção da legítima, parte da herança que se destina


aos herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge).

AQUI, MAIS UMA VEZ, IMPORTA O REGIME DE BENS ADOTADO. Isso


porque se faz possível imaginar a doação de um cônjuge ao outro quando
adotados os regimes da SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS, da
COMUNHÃO PARCIAL DE BENS e da PARTICIPAÇÃO FINAL NOS
AQUESTOS, esses dois últimos em relação aos bens particulares do doador.
Nessa senda, o STJ já concluiu ser nula a doação entre cônjuges no regime da
COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS, por impossibilidade do objeto.

A doação entre cônjuges não pode implicar em fraude à execução – será ineficaz em
relação ao exequente; em fraude contra credores – será anulável; em simulação – será
nula; ou em fraude à lei – será nula.

A doação feita ao cônjuge impõe a colação do bem doado, quando da morte do


doador, mais especificamente no bojo do processo de inventário. Caso o donatário
não colacione o bem, poderá ser a ele aplicado a pena de sonegados, pela qual o
herdeiro perde o direito que tem sobre a coisa. Todavia, é possível que o doador
dispense essa colação, em testamento ou no próprio título da liberalidade (artigo 2006
do CC). Há julgado recente do STJ dispensando a colação, igualmente, em relação
ao cônjuge, quando a doação do bem ocorreu antes da entrada em vigor do CC/2002,
sob o argumento de que, na legislação revogada, o cônjuge sobrevivente não era tido
como herdeiro necessário. Veja-se:

CIVIL. DIREITO DAS SUCESSÕES. CÔNJUGE. HERDEIRO NECESSÁRIO. ART.


1.845 DO CC. REGIME DE SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS.
CONCORRÊNCIA COM DESCENDENTE. POSSIBILIDADE. ART. 1.829, I, DO CC.
DOAÇÃO EFETIVADA ANTES DA VIGÊNCIA DO NOVO CÓDIGO CIVIL.
COLAÇÃO. DISPENSA. 1. O cônjuge, qualquer que seja o regime de bens adotado pelo
casal, é herdeiro necessário (art. 1.845 do Código Civil). 2. No regime de separação
convencional de bens, o cônjuge sobrevivente concorre com os descendentes do falecido.
A lei afasta a concorrência apenas quanto ao regime da separação legal de bens prevista
no art. 1.641 do Código Civil. Interpretação do art. 1.829, I, do Código Civil. 3. A doação
feita ao cônjuge antes da vigência do Código Civil de 2002 dispensa a colação do bem
doado, uma vez que, na legislação revogada, o cônjuge não detinha a condição de
herdeiro necessário. 4. Recurso especial desprovido (STJ - REsp: 1346324 SP
2011/0285110-6, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento:
19/08/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 02/12/2014).

[TJCE]. O que cônjuge pode ser deserdado ou considerado indigno?

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Existem situações previstas na lei, somadas ou não a ato de última vontade do autor
da herança, em que é excluído o direito sucessório do herdeiro ou legatário. Surgem,
daí, os conceitos de indignidade e deserdação. Nos dois institutos, há uma razão de
ordem subjetiva para o afastamento do direito de sucessão, uma vez que o herdeiro é
desprovido de moral para receber a herança, diante da prática de uma atitude tida,
aos olhos da lei, como infeliz.

Na indignidade, o herdeiro é excluído da sucessão pela conjugação da incidência da


lei ao caso e da existência de uma decisão judicial que a decrete. É preciso que se
ajuíze uma ação de indignidade, que pode ser proposta pelo interessado ou pelo
Ministério Público, quando houver questão de ordem pública. O direito de demandar
a exclusão de herdeiro ou legatário extingue-se no prazo decadencial de 04 (quatro)
anos, contados da abertura da sucessão. Assim prescreve o artigo 1815, p. único, do
CC: “Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de
indignidade, será declarada por sentença. Parágrafo único. O direito de demandar
a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da
abertura da sucessão”. A deserdação, por outro lado, depende de um ato de última
vontade que afaste o herdeiro necessário da sucessão, sendo imprescindível sua
posterior confirmação por sentença. Por isso que ela é tratada no CC no capítulo
próprio da sucessão testamentária.

As hipóteses que podem acarretar a decretação da indignidade estão previstas no


artigo 1814 do CC: “Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou
legatários: I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio
doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge,
companheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado
caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua
honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III - que, por violência ou meios
fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus
bens por ato de última vontade”.

Conforme os artigos 1962 e 1963 do CC, além das causas mencionadas no artigo
1814, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes (artigo 1962) e
dos ascendentes por seus descendentes, (artigo 1963), as seguintes hipóteses:

Artigo 1962 do CC: I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a
madrasta ou com o padrasto; IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou
grave enfermidade.

Artigo 1963 do CC: I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a mulher
ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da
neta; IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade.

Pela leitura dos dispositivos, vê-se que a lei não limita a decretação de indignidade
em relação a herdeiros específicos, falando genericamente da exclusão de herdeiro
ou legatário. Assim sendo, pressupõe-se a sua aplicação ao cônjuge. Por outro lado,
a deserdação, que se aplica a herdeiros necessários, exclui, EM PARTE, o cônjuge,
embora sendo este considerado uma espécie daquela modalidade (herdeiro
necessário). Isso porque, quando a lei fala em deserdação, somente menciona que
essa pode ser feita pelos ascendentes em relação aos seus descendentes ou pelos
descendentes em relação aos seus ascendentes. Num ou noutro caso, o cônjuge está

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lógica e obviamente excluído. As hipóteses listadas nos artigos 1962 e 1963 do CC


a ele não se aplicam, pois normas restritivas de direitos não admitem interpretação
extensiva ou analogia. Em suma, ao cônjuge somente incidem as hipóteses previstas
no artigo 1814 do CC (que se aplicam, como o próprio CC estabelece, à deserdação,
além de englobar a indignidade).

# SUCESSÃO LEGÍTIMA: DIREITO DE REPRESENTAÇÃO


[TJCE]. Como se dá o direito de representação na sucessão? Ele se dá na linha
ascendente?
Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do
falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.

Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na
ascendente. Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação
em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem.

[TJCE]. Diferencie sucessão por cabeça e por estirpe.


Sucessão por cabeça ocorre quando todos os herdeiros são do mesmo grau. Cada
herdeiro do mesmo grau corresponde uma quota igual na herança. A herança é
dividida entre todos os herdeiros aos quais é deferida. Na sucessão por estirpe
concorrem, na sucessão, descendentes que tenham com o de cujus graus de
parentesco diferentes, ou quando a partilha, em vez de se fazer igualmente entre
pessoas, faz-se entre certos grupos de descendentes, grupos constituídos pelos
descendentes do herdeiro do grau mais próximo. A sucessão por estirpe dá-se na linha
reta descendente, excepcionalmente, na linha transversal, mas nunca na linha reta
ascendente.

[TJCE]. Netos herdam por cabeça ou por estirpe quando seus pais e tios morrem?
Por cabeça

# UNIÃO ESTÁVEL: SUCESSÃO DO CONVIVENTE.


[TJCE]. A lei estabelece regras de sucessão de conviventes quando há filhos comuns
e não comuns?
Um dos dispositivos mais criticados e comentados da atual codificação privada é o
relativo à sucessão do companheiro: "Art. 1.790. A companheira ou o companheiro
participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na
vigência da união estável, nas condições seguintes: I - se concorrer com filhos
comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II -
se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que
couber a cada um daqueles; IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à
totalidade da herança.

[TJCE]. Haverá concorrência entre conviventes e herdeiros colaterais? Concorrerá


em que proporção? Em que bens?
Art. 1.790 (...) III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço
da herança

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[TJCE]. Inexistindo descendentes e ascendentes e colaterais como fica?


Art. 1.790 (…) IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da
herança.

# SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA: SUBSTITUIÇÕES


[TJCE]. O que é substituição na sucessão testamentária?
A substituição hereditária é a disposição testamentária na qual o disponente chama
uma pessoa para receber, no todo ou em parte, a herança ou o legado, na falta ou após
o herdeiro ou legatário nomeado em primeiro lugar, ou seja, quando a vocação deste
ou daquele cessar por qualquer causa".

PRINCÍPIOS QUE REGEM AS SUBSTITUIÇÕES

1) o substituto deve ter capacidade para ser instituído em primeiro grau,


existindo esta ao tempo da abertura da sucessão;

2) podem ser dados substitutos a um só herdeiro ou um substituto único a


muitos herdeiros;

3) não é permitida a substituição de mais de um grau (CC, art. 1.959); 4) a


substituição é uma instituição condicional, podendo ser subordinada a uma
condição, a um termo ou a um encargo;

5) a nomeação do substituto pode ser feita no próprio testamento ou em


cédula testamentária posterior, desde que observados os requisitos
subjetivos e formais;

6) o substituto deverá cumprir o encargo ou condição imposta ao


substituído, exceto se o testador estabeleceu de forma diferente, ou se
o contrário resultar da natureza da condição ou do encargo (CC, art.
1.949). Por ex.: se a herança ou legado tiver sido subordinado a
encargo em benefício do próprio substituto; se a obrigação for
personalíssima, como a de fazer uma cirurgia ou a de compor uma
música, tal encargo não se transmitirá ao substituto, mas o será se o
testador assim o determinar. Neste caso, se o substituto não tiver
condições de cumprir a obrigação, deverá convidar alguém da mesma
categoria do substituído para cumprir a execução daquela tarefa.

[TJCE]. O que é uma substituição vulgar? Recíproca? Compendiosa?


Fideicomissária?
- Substituição Vulgar - A substituição vulgar, direta ou ordinária ocorre quando o
testador designa expressamente, no ato de última vontade, uma pessoa que deverá
suceder em lugar do herdeiro ou do legatário, para o caso de um ou outro não querer
ou não poder aceitar a liberalidade, havendo a presunção de que a substituição foi
determinada para as duas alternativas, ainda que o testador refira-se a apenas uma
delas no testamento público, particular, cerrado, etc. (CC, art. 1.947). A substituição
vulgar só se realizará, abrindo-se a sucessão para o substituto, se ocorrerem
contingências de que dependa, ou seja, se o instituído morrer antes do testador, se
repudiar a herança ou o legado, ou for excluído por indignidade, inferindo-se daí, que

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o substituto não é herdeiro enquanto não se realizar a condição a que se ache


subordinado o seu direito eventual. A substituição vulgar pode favorecer um
estranho, um parente sucessível ou não, ou um herdeiro legítimo; porém, somente
poderá favorecer herdeiro necessário fora da sua legítima, na hipótese de se lhe deixar
a quota disponível do testador, com indicação de substituto, sem quaisquer danos à
sua quota reservatária. A substituição vulgar será singular quando houver um só
substituto ao herdeiro ou legatário instituído, e plural ou coletiva se vários forem os
substitutos, convocados simultânea ou sucessivamente, porque não há substituto
além do 2º grau. Na substituição coletiva, sendo a convocação simultânea e não
sucessiva, a liberalidade será dividida em partes iguais entre os substitutos.

- Substituição Recíproca: A substituição recíproca é aquela em que o testador, ao


instituir uma pluralidade de herdeiros ou legatários, os declara substitutos um dos
outros (CC, art. 1948), para o caso de algum deles, não querer ou não puder aceitar a
liberalidade. Em sendo contemplados em partes desiguais, a mesma proporção dos
quinhões fixados na primeira, será mantida na segunda disposição, sendo que o
quinhão do que venha a falecer (ou recusar) será partilhado entre os demais, não em
partes iguais, mas na proporção do que o testador fixara ao nomeá-los herdeiros (CC,
art. 1950, primeira parte). No entanto, se com os herdeiros ou legatários, for incluída
mais alguma pessoa na substituição, o quinhão vago pertencerá em partes iguais para
todos os herdeiros, inclusive para o substituto vulgar que concorre com os substitutos
recíprocos (CC, art. 1950, segunda parte).

- Substituição Compendiosa: Segundo Maria Helena Diniz, "a substituição


compendiosa constitui um misto de substituição vulgar e de substituição
fideicomissária. É o que se verifica na hipótese em que o testador dá substituto ao
fiduciário ou ao fideicomissário prevendo que um ou outro não queira ou não possa
aceitar a herança ou o legado, não ocorrendo violação do Código Civil, uma vez que
a substituição continua sendo de segundo grau"

- Substituição Fideicomissária: O fideicomisso constitui modalidade importante de


substituição, que repercute com frequência nas sucessões testamentárias. Consiste
esta, na instituição de herdeiro ou legatário, com o encargo de transmitir os bens a
uma outra pessoa a certo tempo, por morte ou sob condição preestabelecida". O
herdeiro ou legatário instituído denomina-se fiduciário ou gravado, e o substituto ou
destinatário remoto dos bens chama-se fideicomissário.

[TJCE]. Quando e como se dará o fideicomisso?


O fideicomisso pode ser:

a) vitalício, quando a substituição se der por morte do fiduciário;

b) sob condição, se esta for imposta como determinante da resolução do


direito do fiduciário;

c) a tempo certo, quando o fiduciário deva cumprir o encargo de transmitir


no momento prefixado pelo testador.

O fideicomisso pode assumir o aspecto de um legado, quando incidir em bens


determinados (fideicomisso particular), ou de uma herança, quando abranger a totalidade
ou uma quota-parte do espólio (fideicomisso universal), não sendo admissível a sua

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instituição além do segundo grau, isto é, nomeação de substituto para o fideicomissário


(art. 1.959), embora possa haver nomeação plúrima de fideicomissários conjuntos,
vigorando entre eles o direito de acrescer.

[TJCE]. O fideicomissário pode ser pessoa viva?


O Código Civil, art. 1.952, estabelece a substituição fideicomissária somente em
favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador. Para que se preserve a
vontade do testador, se ao tempo da abertura da sucessão fiduciária (seja esta
subordinada à morte do fiduciário ou qualquer outra ocorrência), o fideicomissário
não estiver ainda concebido, incidirá o art. 1.800, § 4º, do Código Civil, no tocante
ao prazo de dois anos para que ocorra a concepção, contados a partir do advento do
termo ou do implemento da condição resolutiva do direito do fiduciário, e não da
abertura da sucessão do próprio testador. É de se observar que, caso a instituição de
primeiro grau (fiduciário) seja anulada, não prevalecerá o fideicomisso. No entanto,
se a substituição for anulada, a nomeação do fiduciário prevalece como se fora
simplesmente, de herdeiro sem encargo resolutório (art. 1.960).

# SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA: TESTAMENTEIRO E TESTEMUNHAS TESTAMENTÁRIAS.


[TJCE]. Qual é a função do testamenteiro? Se ele não for o inventariante, qual a
função dele? O que é vintena?
- Testamenteiro é o executor do testamento. É a pessoa encarregada de cumprir
as disposições de última vontade do testador. Isso porque a lei faculta ao testador
encarregar pessoa de sua confiança de cumprir as suas disposições de última vontade.
Ele pode nomear, em testamento ou codicilo, um ou mais testamenteiros, em
conjunto ou separados.

- A natureza jurídica do testamenteiro é controversa – mandato; tutela;


representação; ofício privado; instituto sui generis. A mais tradicional é a teoria do
MANDATO, que consideram que o testamenteiro recebeu um mandato do testador,
com a peculiaridade de não se extinguir com a morte do mandante (testador).

- A pessoa nomeada como testamenteiro pode, livremente, aceitar ou recusar a


nomeação. Essa aceitação pode ser expressa, tácita ou presumida. A recusa não
precisa ser justificada. No entanto, uma vez aceitando a função, a renúncia terá
que ser motivada.

- O testamenteiro tem direito a um prêmio, denominado “VINTENA”, pelos


serviços prestados. O seu montante é fixado livremente pelo testador. Se ele não
fixar, o juiz arbitrará o valor, que será entre 1% e 5% do valor da herança
líquida (saldo remanescente da herança).

[TJCE]. Quantas testemunhas devem subscrever o testamento particular?


Testamento particular → É feito de forma livre. É escrito de próprio punho (ou
por meio mecânico) pelo autor da herança. Depois de feito será livremente
guardado pelo próprio testador. Ele deve ser lido na presença de 03 testemunhas
(instrumentárias).

- Excepcionalmente, por circunstâncias declaradas no testamento, o testamento


particular feito sem testemunhas, pode ser confirmado, a critério do juiz.

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- Não podem ser testemunhas: menores de 16 anos; interessados no litígio; amigos


íntimos ou inimigos capitais; etc (art. 228, CC).

- É necessário que ele seja homologado judicialmente depois da abertura da


sucessão.

- As 03 testemunhas, depois da morte, devem confirmar a autenticidade do


testamento.

- No entanto, se as testemunhas faltarem, por morte ou ausência, mas pelo menos


uma delas aparecer e confirmar a autenticidade do documento, o juiz poderá
confirmá-lo, se houver provas suficientes de sua veracidade.

- Pode ser feito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas a


compreendam.

- No entanto, para ser executado, deverá ser traduzido por tradutor juramentado.

[TJCE]. O que é testamento público? Precisa de testemunha? Os funcionários do


cartório podem testemunhar?
Tem como grande característica ser celebrado em viva voz, perante a autoridade
pública com função notarial (tabelião ou cônsul – função notarial fora do país). Logo,
esse testamento não é possível para a pessoa muda. O mudo pode testar, mas não
pode testar por testamento público. Mas, em contrapartida, é a única modalidade de
testamento permitida para o cego e para o analfabeto. Esse testamento,
necessariamente, deve ser escrito em língua portuguesa. Como todo registro público,
é em vernáculo, devendo ser em língua portuguesa. Esse testamento é registrado em
cartório. Portanto, o seu conteúdo é aberto.

Em relação às testemunhas testamentárias, devem ser no mínimo duas, maiores de


dezesseis anos, alfabetizadas, com capacidade para os atos da vida civil, que
conheçam o testador (não precisam conhecê-lo de longa data. Por exemplo, uma
enfermeira ou escrevente podem servir de testemunhas de testamento feito em
hospital ou cartório), capazes de compreender a língua portuguesa.

Não pode ser testemunha testamentária: o surdo; o cego; o herdeiro ou legatário


instituído no testamento, bem como seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cônjuges ou companheiros (art. 228 CC); Por fim, também não podem ser
testemunhas os cônjuges, os descendentes, os ascendentes e os colaterais por
consanguinidade, até o terceiro grau, das partes envolvidas. De acordo com
jurisprudência do STJ, “As testemunhas impedidas de participarem do ato são as
resultantes de parentesco por consanguinidade, não as por afinidade”.

Fonte: http://jus.com.br/artigos/32769/as-formalidades-do-testamento-publico-e-a-
vontade-do-testador

[TJCE]. O testamento cerrado precisa de testemunha? Perante quem elas assinam?


Testamento cerrado é aquele testamento elaborado particularmente pelo testador e
apenas entregue ao tabelião na presença das testemunhas.

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Nesse caso, as testemunhas são meramente instrumentais (e não materiais), pois


as testemunhas não terão acesso ao conteúdo. Elas apenas irão testemunhar a
entrega do testamento que foi elaborado secretamente.

É exatamente por isso que esse testamento pode ser em língua estrangeira (que,
posteriormente precisará ser traduzido por tradutor juramentado). Esse testamento é
possível ao mudo, mas não será possível ao cego e ao analfabeto.

O CC guarda uma estranha possibilidade, admitindo que o testamento cerrado seja


elaborado por quem sabe ler, mas não pode ou não sabe escrever (quem não tem as
mãos ou tem alguma doença, por exemplo). Nesse caso, o testamento será elaborado
por uma terceira pessoa, a rogo do testador. E essa pessoa entregará o testamento ao
tabelião, na presença do testador.

A ideia do testamento cerrado é o segredo. Por isso, se o testamento cerrado for


violado, a dilaceração gera sua caducidade. O testamento cerrado só pode ser aberto
pelo juiz das sucessões. Para Cristiano Chaves, se o testamento cerrado for violado
depois da morte do testador, trata-se de mera irregularidade, e não caducidade, pois
se o testador já morreu, ele não tem como fazer outro testamento.

Obs: A caducidade não atinge a disposição não patrimonial do testamento cerrado.

# SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA: TESTAMENTO PÚBLICO E TESTAMENTO CERRADO.


[TJCE]. O testador pode ser de qualquer lugar?
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens,
ou de parte deles, para depois de sua morte.

[TJCE]. Quantas testemunhas precisa ter um testamento público?


Art. 1.864, II: duas testemunhas,

[TJCE]. Qual o testamento do cego? E do analfabeto?


Ambos por testamento público.

Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta,
duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das
testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no
testamento.

Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto
legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das
testemunhas instrumentárias.

Art. 1.872. Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não
possa ler.

[TJCE]. Testamento pode ser em língua estrangeira?


Testamento Público não pode.

Cerrado: Art. 1.871. O testamento pode ser escrito em língua nacional ou estrangeira,
pelo próprio testador, ou por outrem, a seu rogo.

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Particular: Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira,
contanto que as testemunhas a compreendam.

[TJCE]. O testamento cerrado pode ser escrito por outra pessoa?


Art. 1.868. O testamento escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por
aquele assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal.

[TJCE]. Tabelião pode ser herdeiro?


Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: IV - o tabelião, civil ou
militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou
aprovar o testamento.

[TJCE]. O tabelião deve ler o testamento após o seu fim?


Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público:(...)II - lavrado o instrumento,
ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas testemunhas, a um só tempo; ou
pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial; III - ser o instrumento, em
seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião.

[TJCE]. Como faz se o testador for completamente surdo?


Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não
o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.

# SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA: LEGADOS.


[TJCE]. O que é legado e o que difere da herança?
É a forma de disposição mortis causa a título singular. O legado recai
necessariamente sobre coisa determinada ou cifra em dinheiro.

Trata-se de sucessão a título singular, ao contrário do que ocorre com a herança na


qual o herdeiro recebe os bens a título universal

O legatário será nomeado necessariamente por testamento ou codicilo e, em regra,


não suportará as dívidas da herança.

[TJCE]. Pode o objeto do legado ultrapassar a parte disponível, havendo herdeiros


necessários?
Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos limites
dela.

[TJCE]. Como se dá a redução da disposição testamentária, para casos em que há


herdeiros necessários?
Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos limites
dela, de conformidade com o disposto nos parágrafos seguintes.

§ 1º Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção disponível,


serão proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, até
onde baste, e, não bastando, também os legados, na proporção do seu valor.

§ 2º Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem, de preferência, certos


herdeiros e legatários, a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados, observando-
se a seu respeito a ordem estabelecida no parágrafo antecedente.

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# DO INVENTÁRIO E PARTILHA.
[TJCE]. O que é inventário e partilha?
O inventário é um procedimento de jurisdição contencioso bifásico e escalonado, no
qual se hospedam um direito público (tributo), um direito privado (partilha) e um
direito social (pagamento dos credores). Por esse motivo é que o art. 989 do CPC
estabelece que, se nenhum dos legitimados requererem a abertura do inventário no
prazo de 60 dias (contados do óbito), o juiz determinará a sua abertura de ofício. Não
se trata de um prazo de prescrição nem decadência. É possível que cada estado da
federação institua multa pela perda do prazo (Súmula 542 do STF: “Não é
inconstitucional a multa instituída pelo Estado-Membro, como sanção pelo
retardamento do início ou da ultimação do inventário”). Ressalte-se, por fim, que o
inventário e a partilha podem ser feitos em cartório, quando todos os herdeiros forem
maiores e capazes, e não houver conflito entre eles.

[TJCE]. O que é inventariante dativo?


Inventariante dativo é aquele estranho à herança e que tem a função de administrador
da herança, não lhe cabendo a representação do espólio. Todos os herdeiros e
sucessores do de cujus serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte.

[TJCE]. Pode sorteio de bens entre os herdeiros que não dispõe de acordo?
Esse sorteio pode ser amigável para saber quem vai ficar com o bem, mas caso haja
divergência entre os herdeiros a divisão será judicial definida pelo juiz.

[TJCE]. (está disposto no jogo de aposta essa previsão) o testamento pode ser
inventariante? Não entendi esta pergunta, mas creio que seja: O testamenteiro pode
ser inventariante?
Silvério: Sim, o art. 990, IV, do CPC, dispõe que o testamenteiro pode ser
inventariante.

[TJCE]. O que é inventário e partilha?


No tocante ao tema Direito das Sucessões, o inventário é o procedimento judicial ou
administrativo tendente a delimitar o alcance ou a extensão do patrimônio
transmitido (herança), separar a meação, recolher os tributos e partilhar o resultado
entre os interessados.

A partilha é um complemento lógico do inventário, que tem por fim partilhar os bens
do falecido. Consiste em relacionar os bens do "de cujus". É com a partilha que se
cinge a indivisivibilidade da herança, e o momento pelo qual, se discriminam os
quinhões de cada herdeiro (quando houver mais de um).

[TJCE]. O que é inventário negativo?


Não tem previsão legal. O inventário exige a presença de bens. Não é possível
inventariar o que não existe. Inventário em sua definição legal é sempre positivo.
Todavia a praxe admite, dentre outras finalidades, como prova da falta de bens, do
extinto casal, faça o cônjuge supérstite, que tiver filhos e pretenda evitar para o
subsequente matrimônio a condição de separação de bens, o chamado inventário
negativo, que, atendidos os requisitos legais, pode ser feito através da via
extrajudicial, no ofício de notas.

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[TJCE]. Pode sorteio de bens entre os herdeiros que não dispõe de acordo? (Está
disposto no jogo de aposta essa previsão).
Makson.

[TJCE]. O testador pode ser inventariante?


Pode ser, no entanto, ele não terá direito a vintena (prêmio, retribuição que cabe ao
testamenteiro pela execução das tarefas que lhe incumbem).

17. Legislação Especial: Registros públicos. (Lei nº 6.015, de 31 de


dezembro de 1973). Da alienação fiduciária (Decreto-Lei nº 911, de 1º de
outubro de 1969). Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997. Do
condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias (Lei nº 4.591,
de 16 de dezembro de 1964), Lei nº 10.931, de 2 de agosto de 2004. Do
Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003). Da locação
de imóveis urbanos (Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991). Código de
Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.

# DA ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA (DECRETO-LEI Nº 911, DE 1º DE OUTUBRO DE 1969).


[TJCE]. Alienação fiduciária de bem móvel requer registro? É ato constitutivo?
Onde deve ser registrado se for veículo?
Sim, requer registro, de acordo com o previsto no DL nº 911, de 1º de outubro de
1969:

§ 1º A alienação fiduciária somente se prova por escrito e seu instrumento, público ou


particular, qualquer que seja o seu valor, será obrigatoriamente arquivado, por cópia ou
microfilme, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do credor, sob pena de
não valer contra terceiros, e conterá, além de outros dados, os seguintes:

A necessidade de registro é também consagrada pelo Código Civil, que, em seu art.
1.361 e §1º, informa tratar-se de ato constitutivo (constitui-se a propriedade) e onde
deve ser registrado se for veículo:

Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível


que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor.

§ 1º Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por


instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e
Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição
competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado de registro.

Destaque:

O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a existência de Repercussão Geral


no Recurso Extraordinário (RE 611639) que discute a constitucionalidade da parte
final do parágrafo 1º do artigo 1.361 do Código Civil.

A parte final do dispositivo foi declarada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça


do Rio de Janeiro, que decidiu pela continuidade do registro dos contratos de veículos

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com alienação fiduciária em cartório de títulos e documentos e considerou como


“mera providência adicional” a anotação perante o órgão de licenciamento.

[TJCE]. É possível a ação de busca e apreensão quando houver alienação fiduciária


em garantia de móvel que está em nome de terceiro? Se houver o registro?
MARIA CRISTINA

[TJCE]. Quem é o fiduciante e o fiduciário na alienação fiduciária em garantia?


Mutuario-fiduciante é o devedor e o mutuante-fiduciario é o credor.

[TJCE]. Transfere-se a propriedade nesse tipo de contrato?


Sim.

[TJCE]. A propriedade é plena ou resolúvel?


É resolúvel. Quitada a obrigação garantida, a propriedade volta a pertencer ao
fiduciante.

DL 911, Art. 66. A alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio


resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada, independentemente da tradição
efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor direto e depositário
com todas as responsabilidades e encargos que lhe incumbem de acordo com a lei civil
e penal.

Código Civil, Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa


móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor.

[TJCE]. Admite-se busca e apreensão?


Se, no curso da execução do contrato, o devedor descumprir sua obrigação de pagar
o financiamento, por meio da ação de busca e apreensão, a propriedade é consolidada
no patrimônio do credor, que pode vender o bem, ficando autorizado a se apropriar
do valor pertinente ao seu crédito. A comprovação da mora é imprescindível para a
busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, tendo o STJ firmado, em sede
de recurso repetitivo, em maior de 2014, a seguinte tese: Nos contratos firmados na
vigência da Lei n. 10.931/2004, compete ao devedor, no prazo de 5 (cinco) dias após
a execução da liminar na ação de busca e apreensão, pagar a integralidade da dívida
- entendida esta como os valores apresentados e comprovados pelo credor na inicial
-, sob pena de consolidação da propriedade do bem móvel objeto de alienação
fiduciária”.

Nestor Duarte (examinador da FCC) segue o entendimento, conforme julgado abaixo


colacionado.

Ação de busca e apreensão. Alienação fiduciária em garantia. Purgação da mora.


Quantum debeatur. Integralidade da dívida, conforme entendimento adotado no REsp. n.
1.418.593 – MS. Incidência do artigo 543-C, do CPC. Agravo provido.(Relator(a):
Nestor Duarte; Comarca: Marília; Órgão julgador: 34ª Câmara de Direito Privado;
Data do julgamento: 06/05/2015; Data de registro: 07/05/2015)

1. Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: "Nos contratos firmados na
vigência da Lei n. 10.931/2004, compete ao devedor, no prazo de 5 (cinco) dias após a
execução da liminar na ação de busca e apreensão, pagar a integralidade da dívida -
entendida esta como os valores apresentados e comprovados pelo credor na inicial -, sob

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pena de consolidação da propriedade do bem móvel objeto de alienação fiduciária". 2.


Recurso especial provido. (REsp 1418593/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/05/2014, DJe 27/05/2014)

[TJCE]. Em que consiste a alienação fiduciária? Se não houver anotação no


documento do veículo, o juiz deve deferir a busca e apreensão em mãos de terceiros?
A alienação fiduciária em garantia constitui um direito real de garantia sobre coisa
própria com tratamento no CC/2002 (arts. 1.361 a 1.368-B, que dispõem sobre a
propriedade fiduciária de bens móveis infungíveis, em termos gerais), no Decreto-lei
911/1969 (que trata especificamente da alienação fiduciária em garantia sobre bens
móveis) e na Lei 9.514/1997 (alienação fiduciária em garantia sobre bens imóveis).

Sem anotação no documento falta oponibilidade erga omnes, logo, não deve o juiz
deferir a liminar sob o rito do DL 911/69. Em outras palavras, a falta de publicidade
torna ineficaz a alienação fiduciária em relação a terceiros.

Sobre o tema, merecem destaque os ensinamentos de Orlando Gomes:

"É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que lhe impede a
aquisição da coisa, ou do direito possuído. Para que alguém seja possuidor de um bem,
preciso é que esteja convencido de que, possuindo-o, a ninguém prejudica. O Direito
pátrio concebe a boa-fé de modo negativo, como ignorância, não como convicção. Se
tem consciência de que há obstáculo, ou se sabe da existência do vício que impede a
aquisição da coisa, e, não obstante, a adquire, torna-se possuidor de má-fé. É que a posse
deve ser adquirida com fundamento numa relação positiva com o antigo possuidor, que
traduz, intrinsecamente, ausência de lesão a direito de outrem. Numa palavra, a
aquisição deve ter causa legítima, mesmo aparente, admitindo-se, porém, erro escusável"
. (Orlando Gomes, In "Direitos Reais", 20ª edição, Forense, pp. 49-50).

É por este motivo que se justifica o entendimento sumulado do Superior Tribunal de


Justiça, segundo o qual, "a terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária
não anotada no Certificado de Registro do veículo automotor" (Súmula 92).

[TJCE]. Na alienação fiduciária em garantia, quem é o fiduciário e quem é o


fiduciante? A alienação fiduciária em garantia transfere a propriedade do bem? O
que significa uma propriedade resolúvel?
Fiduciante é o devedor.

Fiduciário é o credor.

“Ao ser contratada a alienação fiduciária, o devedor-fiduciante transmite a


propriedade ao credor-fiduciário e, por esse meio, demite-se do seu direito de
propriedade; em decorrência dessa contratação, constitui-se em favor do credor-
fiduciário uma propriedade resolúvel; por força dessa estruturação, o devedor-
fiduciante é investido na qualidade de proprietário sob condição suspensiva, e pode
tornar-se novamente titular da propriedade plena ao implementar a condição de
pagamento da dívida que constitui objeto do contrato principal.”

# INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA (LEIS NOS 4.591/64 E 10.931/2004)


[TJCE]. O que significa incorporação imobiliária?

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- Lei 4591: Art. 28. As incorporações imobiliárias, em todo o território nacional,


reger-se-ão pela presente Lei. Parágrafo único. Para efeito desta Lei, CONSIDERA-
SE INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA a atividade exercida com o intuito de
promover e realizar a construção, para alienação total ou parcial, de edificações ou
conjunto de edificações compostas de unidades autônomas.

É nome dado para o conjunto de atividades exercidas com a finalidade de construir


ou promover a construção de edificações ou conjunto de edificações, bem como a
sua comercialização, total ou parcial, compostas de unidades autônomas que, em seu
conjunto, formam um condomínio.

[TJCE]. Uma pessoa jurídica pública pode promover incorporação imobiliária?


Art. 29. Considera-se incorporador a pessoa física ou jurídica, comerciante ou não,
que embora não efetuando a construção, compromisse ou efetive a venda de frações
ideais de terreno objetivando a vinculação de tais frações a unidades autônomas,
(VETADO) em edificações a serem construídas ou em construção sob regime
condominial, ou que meramente aceite propostas para efetivação de tais transações,
coordenando e levando a têrmo a incorporação e responsabilizando-se, conforme o
caso, pela entrega, a certo prazo, preço e determinadas condições, das obras
concluídas.

Art. 31. A iniciativa e a responsabilidade das incorporações imobiliárias caberão ao


incorporador, que sòmente poderá ser: a) o proprietário do terreno, o promitente
comprador, o cessionário dêste ou promitente cessionário com título que satisfaça os
requisitos da alínea a do art. 32; b) o construtor (Decreto número 23.569, de 11-12-
33, e 3.995, de 31 de dezembro de 1941, e Decreto-lei número 8.620, de 10 de janeiro
de 1946) ou corretor de imóveis (Lei nº 4.116, de 27-8-62). c) o ente da Federação
imitido na posse a partir de decisão proferida em processo judicial de desapropriação
em curso ou o cessionário deste, conforme comprovado mediante registro no registro
de imóveis competente. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) .

Observa-se que a própria lei traz no art. 31 quem são as pessoas legitimadas para
serem incorporadores: o proprietário do terreno, o promitente comprador, o
cessionário deste ou promitente cessionário com título irrevogável do imóvel objeto
do empreendimento imobiliário; o construtor ou o corretor de imóveis,
mediantemandato, por instrumento público, outorgado pelo incorporador; e o ente da
Federação imitido na posse a partir de decisão proferida em processo judicial de
desapropriação em curso ou o cessionário deste, conforme comprovado mediante
registro de imóveis competente.

(parágrafo retirado de uma monografia da internet)= Qualquer pessoa, física ou


jurídica, empresaria ou não, pública ou privada, pode praticar a atividade de
incorporação imobiliária. Basta que realize os atos previstos nos artigos, 28 a 31, com
ou sem habitualidade ou profissionalismo. Consoantes as precisa observações de
ORLANDO GOMES.13.

[TJCE]. Quando se extingue?


- Extinção. Art. 31-E. O patrimônio de afetação extinguir-se-á pela: (Incluído pela
Lei nº 10.931, de 2004) I - averbação da construção, registro dos títulos de domínio
ou de direito de aquisição em nome dos respectivos adquirentes e, quando for o caso,
extinção das obrigações do incorporador perante a instituição financiadora do

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empreendimento; II - revogação em razão de denúncia da incorporação, depois de


restituídas aos adquirentes as quantias por eles pagas (art. 36), ou de outras hipóteses
previstas em lei; III - liquidação deliberada pela assembléia geral nos termos do art.
31-F, § 1o. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004).

[TJCE]. Qual a vantagem prática?


- Vantagem. É mister destacar que o patrimônio de afetação é considerado para
alguns um direito real de garantia, uma vez que segue as características inerentes do
referido direito, que é a aderência à coisa, sendo um direito acessório, o qual se
destina a satisfação da obrigação que está vinculado antes dos demais bens do
devedor. Com isso, cumprindo-se a obrigação principal, extingue-se,
consequentemente, esta obrigação secundária, que tinha por escopo garantir àquela
obrigação. Essa separação de um patrimônio exclusivo em relação aos demais bens
da empresa para aquela construção específica TRAZ INÚMEROS BENEFÍCIOS
PARA O CONSUMIDOR.QUANDO O INCORPORADOR OPTA PELO REGIME
DE AFETAÇÃO, TEM-SE UMA MAIOR GARANTIA UMA VEZ QUE
AQUELES BENS SEGREGADOS NÃO PODERÃO SER ALIENADOS OU
HIPOTECADOS EM BENEFÍCIO DE OUTRO IMÓVEL OU INCORPORAÇÃO
QUE NÃO SEJA AQUELA A QUAL SE DESTINE. Cumpre destacar que através
da Comissão de Representantes,constituída por representantes compradores, poderão
ser acompanhados os gastos do incorporador e, consequentemente, maior será seu
controle. Outrossim, em caso de FALÊNCIA OU INSOLVÊNCIA CIVIL, os bens
servirão para quitação dos débitos da incorporação e serão utilizados para a
continuidade da obra até sua entrega definitiva. Se não fosse constituído o patrimônio
de afetação, os credores, ora promitentes-compradores, se sujeitariam ao concurso de
credores na massa falida, com privilégios iguais aos dos credores tributários e
trabalhistas. Para o consumidor, o lado negativo seria ter que assumir os débitos
oriundos da incorporação para prosseguir com a construção da obra.

[TJCE]. Se tiverem algum crédito, deve ser classificado na falência?


- Em se tratando de falência ou insolvência civil do incorporador, antes da conclusão
das obras relacionadas ao empreendimento imobiliário, os adquirentes tornam-se
credores privilegiados pelas quantias despendidas, ficando, inclusive, o patrimônio
pessoal do incorporador, quando pessoa física, e dos sócios, quando pessoa jurídica,
vinculado, de forma subsidiária, à satisfação dos créditos dos adquirentes, na forma
do art. 43, III, da Lei de Incorporações. Nesta hipótese, o acervo do incorporador,
inclusive seus bens pessoais, serão arrecadados à massa falida, concorrendo os
adquirentes com os credores trabalhistas e tributários em posição privilegiada, em
relação aos demais credores.

- Situação diversa ocorre quando a incorporação está submetida ao regime de


patrimônio de afetação, pelo qual os bens, direitos e obrigações relacionados ao
empreendimento imobiliário afetado não se comunicam com o patrimônio geral do
incorporador e só respondem pelas dívidas e obrigações vinculadas à respectiva
incorporação. Nesta hipótese, os efeitos da decretação da falência ou da insolvência
civil do incorporador não atinge o patrimônio de afetação constituído, que, portanto,
não integra a massa concursal, cabendo à comissão de representantes dos adquirentes
deliberar pela forma de continuidade da obra.

[TJCE]. A pessoa física pode ser incorporadora?


- Sim, pessoa física pode ser incorporador., vide art. 29 da Lei.

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[TJCE]. As ruas dos condomínios integram o patrimônio?


- Ruas como patrimônio do condomínio. Como bem assinala Sílvio de Salvo Venosa,
são freqüentes os chamados loteamentos fechados (bairros urbanizados, em periferia
de grandes centros, para fins residenciais, ou em regiões mais afastadas para
finalidades de lazer). A questão que se coloca é que se as edificações ocorrem em
dezenas de lotes, como nos casos concretos, com vias públicas particulares, não há
dúvida de que existem partes comuns, coletivas e unidades autônomas, empregando-
se no que não conflitar, a lei condominial. No entanto, a questão acende
controvérsias. Se, no entanto, a urbanização é feita pelo Município, não há
propriedade coletiva, não há partes ideais no condomínio. Se existe acesso
controlado, vias particulares entre os imóveis, áreas de lazer e de uso comum, estará
estabelecido o condomínio sob regime de propriedade horizontal.

Denomina-se condomínio fechado PORQUE AS RUAS, praças e áreas de lazer


pertencem ao domínio privado, auto-regulamentado por convenções e assembléias
do condomínio. É claro que há necessidade de adaptação de normas condominiais na
convenção, sem prejuízo das regras gerais de vizinhança. A Lei n° 4.591/64 admite
expressamente essa modalidade de condomínio em seu artigo 8°.

[TJCE]. O que diferencia o condomínio do loteamento?


Condomínio Fechado - Na prática o conceito de condomínio fechado se caracteriza
pela elaboração de um sistema residencial com casas construídas em lotes
individuais, distribuídas dentro de uma ampla área. Com todo o projeto seguindo
critérios técnicos bastante rígidos. Acesso restrito, ruas internas, infra-estrutura,
equipamentos urbanos e de lazer privativos, o condomínio fechado funciona quase
como um ecossistema particular. Tudo o que tem dentro do condomínio, inclusive as
ruas, pertencem aos moradores e proprietários. Todo o equilíbrio desse ecossistema
de qualidade de vida é mantido observando-se as distâncias entre as casas, área livre
por morador, largura de ruas internas, projeto paisagístico, capacidade e localização
dos equipamentos de lazer, entre outras normas construtivas.

Há uma harmonia entre o conjunto urbanístico, o dimensionamento perfeito da infra-


estrutura e o estilo e característica das moradias.

- Loteamento Fechado - É muito semelhante a condomínio Fechado, chegando a


confundir os dois sistemas, com a diferença de que no loteamento Fechado as vias de
circulação e os logradouros (ruas) passam ao domínio público, porém, tem sua
utilização assegurada apenas aos proprietários de lotes, o que se faz mediante
permissão ou concessão de uso, nos termos do Decreto 271/67.

Em ambos os casos o proprietário possui um sistema de segurança que propicia uma


vida sem sobressaltos, uma estrutura de lazer privativo e toda a liberdade dos espaços
amplos e abertos.

# PARCELAMENTO DO SOLO URBANO: LOTEAMENTO


[TJCE]. O que se entende por loteamento?
- Lei 6766, Art. 2º § 1º - Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes
destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, de logradouros
públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias existentes.

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[TJCE]. E em que difere do condomínio de casas?


- A diferença básica é que no loteamento se compra apenas a área referente ao lote,
enquanto no condomínio será a fração ideal que engloba não apenas a área de uso
privativo, como também a de uso comum, como as ruas de acesso, a área verde e o
espaço de lazer. “No caso do loteamento, quando aprovado, o sistema viário passa a
ser de domínio público. Por isso, não se pode proibir a população em geral de ter
acesso às ruas e ao espaço verde localizados ali, já que são públicos”, afirma José
Carlos. O que ocorre com frequência é um controle de circulação por meio da
apresentação de documentos na portaria, mas não é permitida restrição ao acesso.

[TJCE]. O que se entende no concurso voluntário para ruas públicas para o


condomínio? O que se entende por concurso voluntário?
- Analisando os fundamentos que justificam a transmudação de parcela da
propriedade privada para o domínio público (art. 4º, Lei 6.766/79), Roberto Barroso
ensina que ela se opera pelo chamado "concurso voluntário", instituto pelo qual "o
loteador propõe e a Administração do Município aceita a transferência à
municipalidade do domínio e posse dos espaços destinados às vias e praças e aos
espaços de uso comunitário integrantes do conjunto urbanístico cuja aprovação é
proposta. Com o pedido de aprovação do loteamento, o particular dá início ao
processo de formação do "Concurso Voluntário", por via do qual passarão ao
domínio público as áreas destinadas ao sistema de circulação (ruas e praças), à
implantação de equipamentos urbanos e comunitários (escola, posto de saúde etc),
bem como a espaços livres de uso público, de proteção ambiental ou de preservação
paisagística. Esses espaços, destinados à afetação ao interesse público ou a acudirem
ao bem geral da comunidade passarão a integrar o patrimônio público municipal, no
qual haverão de ficar gravados de indisponibilidade, por constituírem parcela do
loteamento destinada à satisfação do interesse público, especialmente no âmbito
comunitário do bairro".

“Quando um particular obtém licença administrativa, para arruar e lotear, com a


condição de transferir para o patrimônio público as áreas reservadas para ruas, praças
e espaços livres, o negócio pelo qual se opera essa transferência não é de estatuto
civil, mas de direito administrativo e denomina-se concurso voluntário e esse
concurso, como modo de aquisição de bens pelo poder público independe de forma
especial e transcrição no registro; basta que haja inequivocidade quanto à oferta pelo
particular e aceitação pelo poder público”. Essa transferência do bem, do particular
para o uso público, segundo o magistério de Hely Lopes Meirelles, “exatamente
porque são bens de uso comum do povo, desgarram-se das regras de direito civil e se
submetem a regime jurídico especial do direito público” (MARIENHOFF, Domínio
Público, p. 45 seg.). Atentamos a essa realidade, os Tribunais vêm sufragando a
mesma doutrina, valendo citar recente acórdão do Tribunal de Alçada que sustentou
ser dispensável a existência de título aquisitivo de via pública e de sua transcrição no
Registro de Imóveis (Revista dos Tribunais, v.203/412).

[TJCE]. O que é pedido de diretrizes?


- Pedido de diretrizes: Trata-se de um requerimento, preliminar a elaboração do
projeto, contendo identificação do proprietário e o pedido de diretrizes (definição) do
uso do solo, traçado dos lotes, do sistema viário, dos espaços livres e das áreas
reservadas para equipamento urbano e comunitário, apresentando, para este fim,
requerimento e planta do imóvel.

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Lei, 6766. Art. 6º. Antes da elaboração do projeto de loteamento, o interessado deverá
solicitar à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Federal quando for o caso, que defina as
diretrizes para o uso do solo, traçado dos lotes, do sistema viário, dos espaços livres e
das áreas reservadas para equipamento urbano e comunitário, apresentando, para este
fim, requerimento e planta do imóvel contendo, pelo menos: I - as divisas da gleba a ser
loteada; II - as curvas de nível à distância adequada, quando exigidas por lei estadual
ou municipal; III - a localização dos cursos d’água, bosques e construções existentes; IV
- a indicação dos arruamentos contíguos a todo o perímetro, a localização das vias de
comunicação, das áreas livres, dos equipamentos urbanos e comunitários existentes no
local ou em suas adjacências, com as respectivas distâncias da área a ser loteada;

[TJCE]. Na lei 6766 há uma área mínima para o lote?


- Sim, existe uma área mínima prevista na Lei. Art. 4º. Os loteamentos deverão
atender, pelo menos, aos seguintes requisitos: Art. 4º (...) II - os lotes terão área
mínima de 125m² (cento e vinte e cinco metros quadrados) e frente mínima de 5
(cinco) metros, salvo quando o loteamento se destinar a urbanização específica ou
edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, previamente aprovados
pelos órgãos públicos competentes;

[TJCE]. O lote com menor área é um bem indivisível?


- O lote com área mínima não é indivisível, pois o próprio o art. 4º , II, da Lei 6766
dispõe “salvo quando o loteamento se destinar a urbanização específica ou edificação
de conjuntos habitacionais de interesse social, previamente aprovados pelos órgãos
públicos competentes”. Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ANULATÓRIA DE MATRÍCULA DE IMÓVEL -


JULGAMENTO EXTRA PETITA - INOCORRÊNCIA - TERRA DEVOLUTA - NÃO
CARACTERIZAÇÃO - PRECEDENTES DO EGRÉGIO STJ - REGISTRO DE IMÓVEL
COM METRAGEM INFERIOR A 125M² (CENTO E VINTE E CINCO METROS
QUADRADOS) - EXCEÇÃO AUTORIZATIVA CONTIDA NO ART. 4º, INC. II, DA LEI
Nº 6.766/79 - REGISTRO - POSSIBILIDADE. - O art. 2º da Lei Municipal nº. 3912/06
(que instituiu o programa de regularização fundiária do Município de Alfenas e autorizou
a extinção de aforamento e a alienação de bens imóveis municipais) preceitua que a
finalidade da Lei é a regularização fundiária para concretizar o domínio através de
doação de imóveis pertencentes ao Município de Alfenas e a promover o usucapião
constitucional para fins de moradia, proporcionando a adequada ocupação do solo
urbano e o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade, garantindo o bem estar
dos habitantes. - O Município é o principal ente federativo responsável pela realização
dos ditames da Lei Federal nº. 6.766/79. Permitir o desdobramento de lotes com áreas
inferiores a 125 m2 se trata de prerrogativa do ente público para dar aplicabilidade do
art. 4º, inciso II, da Lei Federal nº. 6.766/79 com intuito de atender ao interesse social. -
A ação do Município é amparada e determinada pelo art. 182 da Lei Maior, que
estabelece que "a política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus
habitantes." - Se não bastasse a exceção autorizativa constante da própria Lei, tem-se
que o princípio da dignidade da pessoa humana (princípio fundamental da República
Federativa do Brasil - art. 1º da CF/88), o direito de propriedade (direito fundamental
estampado no art. 5º da CF) e o direito social à moradia (art. 6º da CF/88) são axiomas
evident es que devem prevalecer. - Observância do princípio da função social da
propriedade e das teorias do mínimo existencial e da vedação ao retrocesso social. - O
egrégio STJ tem o entendimento pacífico no sentido de que cabe ao Município promover
a regularização do loteamento urbano de seu território, independentemente de registro,
não sendo correto se afirmar que os imóveis não registrados se enquadram no conceito

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de terras devolutas pertencentes ao Estado. - "A inexistência de registro imobiliário do


bem (...) não induz presunção de que o imóvel seja público (terras devolutas), cabendo
ao Estado provar a titularidade do terreno (...)". (TJ-MG - AC: 10016120023409001 MG
, Relator: Heloisa Combat, Data de Julgamento: 20/06/2013, Câmaras Cíveis / 4ª
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 27/06/2013)

# LOCAÇÃO PREDIAL URBANA: DIREITO À RENOVAÇÃO DO CONTRATO PARA FINS NÃO


RESIDENCIAIS E DIREITO À REVISÃO DO VALOR DO ALUGUEL.

[TJCE]. Existe prazo para a propositura da ação renovatória? E o acessio temporis?


Qual o prazo mínimo?
“Art. 51, Lei 8.425/91. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá
direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:

I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;

Ii - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos


contratos escritos seja de cinco anos;

Iii - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e
ininterrupto de três anos.

[...]

§ 5º do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um


ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do
contrato em vigor.”

Acessio temporis: Inicialmente uma construção doutrinária, era entendida como a


consideração, para fins de preenchimento dos requisitos para a propositura de Ação
Renovatória, da soma de vários contratos escritos, desde que o resultado da soma
fosse de no mínimo cinco anos e estes contratos tivessem sido celebrados
consecutivamente, sem interrupção. Após a entrada em vigor da atual Lei do
Inquilinato (8.245/91), a acessio temporis foi incorporada ao texto legal, que
expressamente considerou válido o acumulo de contratos escritos para fins de
completar o quinquídio legal.

A 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, em 2013, definiu o prazo máximo de


cinco anos como razoável para renovação de contratos de locação de imóvel para uso
comercial, podendo ser requerida a renovação novamente pelo locatário no final
deste período. O caso julgado discutia a aplicação da acessio temporis — soma de
períodos ininterruptos de locação — em ação renovatória de contrato de locação
comercial. De acordo com a Lei 8.245/91 (Lei de Locações) o locatário tem direito à
renovação, por igual prazo, após cinco anos de contrato. Por isso, a empresa
envolvida na ação solicitou que o contrato deveria ser de dez anos, pois era o período
somado que ela alugava o imóvel. Entretanto, a Relatora, Ministra Nancy Andrighi,
afastou essa possibilidade. Em seu voto, explica que a legislação aceita a
possibilidade de accessio temporis para se alcançar o prazo mínimo de cinco anos
para se ter direito à renovação. Porém, de acordo com Nancy Andrighi, quando o
artigo 51 da Lei de Locações dispõe que o locatário terá direito à renovação do
contrato “por igual prazo”, ele está se referido ao prazo mínimo exigido pela

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legislação, que é de cinco anos, “mesmo que a vigência da avença locatícia,


considerada em sua totalidade, supere esse período”. Seguindo esta lógica, a ministra
concluiu que cinco deve ser também o prazo mínimo de renovação,
independentemente do prazo do último contrato que completou o quinquênio
necessário ao ajuizamento da ação.

[TJCE]. A ação revisional de aluguel pode ser proposta pelo locatário?


Ação revisional de aluguel (disciplinada nos arts. 68 a 70 da Lei de Locações): Como
seu próprio nomen juris sugere, esta ação tem como finalidade a readequação do
aluguel pago pelo locatário ao locador, pressupondo que fatos posteriores ao
aperfeiçoamento do contrato causaram um desequilíbrio no preço, que se tornou
demasiadamente alto ou baixo. Trata-se, bem por isso, da aplicação da cláusula rebus
sic stantibus no âmbito das relações locatícias, embora não se limite a aplicar pura e
simplesmente a teoria da imprevisão. Deste modo, não é difícil concluir que a ação
revisional de aluguel tem natureza constitutiva, mas parece igualmente indubitável
que também tem caráter condenatório, rente ao que prevê o art. 69 da LL, pois
também permite, para além da modificação de uma relação jurídica preexistente, a
possibilidade de execução das diferenças de valores apurados. Tal ação pode ser
proposta tanto pelo locador – hipótese em que pretenderá a majoração do aluguel –,
quanto pelo locatário – cujo objetivo só pode ser a redução do preço –, e se aplica
indiferentemente às locações residenciais e não residenciais, apenas devendo ser
atendido a exigência de prazo mínimo do art. 19 da LL.

[TJCE]. O inquilino que não cumprir com as suas obrigações tem direito a
renovação?
Art. 71, Lei 8.425/91. Além dos demais requisitos exigidos no art. 282 do Código de
Processo Civil, a petição inicial da ação renovatória deverá ser instruída com:

II - prova do exato cumprimento do contrato em curso;

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EMPRESARIAL
* O examinador dessa matéria foi Dr. Nestor Duarte

1. Do Direito de Empresa. Do Empresário. Da caracterização e da


inscrição. Da capacidade.

# CAPACIDADE DO EMPRESÁRIO.
[TJCE]. Quem pode ser empresário?
Pode ser empresário qualquer pessoa que esteja em pleno gozo da capacidade civil e
não forem legalmente impedidos. (art. 972 do CC)

[TJCE]. Cônjuges podem manter sociedade entre si?


Sim, desde que não sejam casados em regime de comunhão universal de bens, ou no
da separação obrigatória. (art. 977 do CC)

[TJCE]. Um incapaz pode ser empresário?


Sim. O incapaz pode exercer atividade empresarial em duas situações, desde que
devidamente representado ou assistido: (art. 974 do CC)

a) No caso de incapacidade superveniente, quando ele já exercia uma atividade


empresarial.

b) Para continuar exercendo a atividade empresarial exercida por seus pais ou pelo
autor da herança.

Obs.: Em qualquer caso, se faz necessária uma autorização judicial. (§1º do art. 974)

[TJCE]. O patrimônio do incapaz se comunica com o da sociedade?


Os bens do incapaz são protegidos, não podendo ser alcançados pela atividade
empresarial, salvo se esses bens tiverem ligação com a própria atividade.

Preceitua o §2º do art. 974: “Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que
o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao
acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização”.

[TJCE]. Incapaz pode ser empresário? Existe alguma restrição ou proteção legal?
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido,
continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor
de herança.

§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das
circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la,
podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes
legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.

§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao


tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo
tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.

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§ 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá


registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz,
desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos:

I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;

II – o capital social deve ser totalmente integralizado;

III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser
representado por seus representantes legais.

# DO EMPRESÁRIO: CARACTERIZAÇÃO E INSCRIÇÃO.


[TJCE]. O que caracteriza uma sociedade empresária?
O exercício, de forma profissional, de atividade econômica organizada para a
produção e/ou circulação de bens ou de serviços. a delimitação dos contornos da
característica de ser a atividade empresarial organizada é complexa, ensina que a
organização, como requisito para caracterização da atividade empresarial está
presente quando são articulados pelo sujeito que está à frente do negócio "os quatro
fatores de produção: capital, mão-de-obra, insumos e tecnologia".

[TJCE]. Onde deve ser inscrita uma sociedade empresária?


São registradas na Junta Comercial.

Na sociedade simples, analisa-se aspectos formais ou materiais?

Aspectos materiais, uma vez que se analisa a atividade desenvolvida pela sociedade.
Sendo considerada sociedade simples por exclusão, ou seja, não sendo sociedade
empresária.

Ademais, poderão adotar, além da forma pura, acima mencionada, alguns tipos de
sociedade empresária, a saber: limitada, comandita simples e em nome coletivo. Nem
por isso deixará de ter natureza simples e ser registrada perante o Registro Civil das
Pessoas Jurídicas.

# EIRELI
[TJCE]. O que se caracteriza uma EIRELI?
Criada pela Lei 12.441, de 11/07/2011, disposto no art. 980-A do CC, a Empresa
Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI é aquela constituída por uma
única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que
não poderá ser inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. O
titular não responderá com seus bens pessoais pelas dívidas da empresa.

A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada


somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.

Ao nome empresarial deverá ser incluído a expressão "EIRELI" após a firma ou a


denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada.

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A EIRELI também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade


societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal
concentração.

A Empresa individual de responsabilidade limitada será regulada, no que couber,


pelas normas aplicáveis às sociedades limitadas.

[TJCE]. Com relação ao patrimônio da pessoa que a instituiu?


O patrimônio da pessoa que instituiu não é afetado, via de regra, pelas dívidas e
responsabilidades da EIRELI, tendo esta, capital próprio. Confira-se a respeito o
Enunciado 470 da V Jornada de Direito Civil:

“Art. 980-A. O patrimônio da empresa individual de responsabilidade limitada


responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da
pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do instituto da desconsideração
da personalidade jurídica”.

Originalmente, a questão do patrimônio estava prevista no projeto de lei. No entanto,


o parágrafo que abordava o tema foi suprimido da redação final. Das razões do veto,
extrai-se a seguinte justificativa: “Não obstante o mérito da proposta, o dispositivo
traz a expressão ‘em qualquer situação’, que pode gerar divergências quanto à
aplicação das hipóteses gerais de desconsideração da personalidade jurídica,
previstas no art. 50 do Código Civil. Assim, e por força do § 6.° do projeto de lei,
aplicar-se-á à EIRELI as regras da sociedade limitada, inclusive quanto à separação
do patrimônio”.

[TJCE]. Uma pessoa jurídica pode constituir uma EIRELI?


NÃO. Questão extremamente polêmica sobre a EIRELI é a possibilidade de ela ser
constituída por pessoa jurídica. O tema divide a doutrina especializada. Com efeito,
pela leitura do caput do art. 980-A do CC, parece-me claro que a lei não proibiu que
pessoa jurídica constituísse uma EIRELI, mas o entendimento que prevaleceu na V
Jornada de Direito Civil foi o de que “a empresa individual de responsabilidade
limitada só poderá ser constituída por pessoa natural” (enunciado 468).

[TJCE]. Um empresário individual se confunde com uma EIRELI?


NÃO. A EIRELI não é um empresário individual nem uma sociedade unipessoal:
trata-se de uma nova espécie de pessoa jurídica de direito privado, que se junta às
outras já existentes (sociedades, associações, fundações, partidos políticos e
organizações religiosas).

2. Da Sociedade. Disposições gerais. Da sociedade não personificada. Da


sociedade em comum. Da sociedade em conta de participação. Da
sociedade personificada. Da sociedade simples. Da sociedade em nome
coletivo. Da sociedade em comandita simples. Da sociedade limitada. Da
sociedade anônima. Da sociedade em comandita por ações. Da sociedade
cooperativa. Das sociedades coligadas.

# DA SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA.

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[TJCE]. O que é uma sociedade personificada? Exemplo?


É uma sociedade que adquire personalidade jurídica, como por exemplo, a sociedade
limitada.

[TJCE]. Como funcionaria uma sociedade em comum?


A sociedade em comum é um tipo de sociedade não personificada, constituída de fato
por sócios para o exercício de atividade empresarial ou produtiva, mas cujo ato
constitutivo não foi levado para inscrição ou arquivamento perante o registro
competente.

[TJCE]. Qual a diferença entre sociedade em conta de participação?


A sociedade em conta de participação é uma espécie de sociedade não personificada,
classificada como sociedade empresária, mas que, diferentemente da sociedade em
comum, em geral é constituída mediante contrato social, apesar de esse contrato não
ser levado a registro perante a Junta Comercial.

Por ser uma sociedade não personificada, a sociedade em conta de participação não
possui nome empresarial, seja por firma ou denominação, porque se identifica
perante terceiros pelo próprio nome do sócio ostensivo.

[TJCE]. Toda sociedade possui personalidade jurídica?


Em que pese a regra seja a personalidade jurídica das sociedades, existem exceções,
como a sociedade em conta de participação, em que existe vedação legal à sua
configuração (art. 993, cc), não adquirindo personalidade jurídica nem que seja feito
o seu registro.

[TJCE]. Quando a sociedade adquire personalidade jurídica? O que confere


personalidade jurídica à sociedade?
A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na
forma da lei, dos seus atos constitutivos (artigos 45 e 985). Cumpre destacar que há
a necessidade de diferenciar a constituição da sociedade simples da sociedade
empresária, enquanto a primeira é registrada no registro civil de pessoas jurídicas, a
segunda é registrada na junta comercial.

# DA SOCIEDADE EM COMUM.
# A sociedade em comum tem natureza empresária?
O direito positivo reconhece a existência de sociedades que exercem atividades
empresariais, mas não obedecem aos ditames legais, que determinam o registro dos
atos constitutivos. O registro não é condição de existência das sociedades, mas
condição para aquisição da personalidade.

Assim, é possível que uma sociedade em comum tenha natureza empresária, desde
que exerça atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens
ou serviços (art. 966 do CC).

# É uma pessoa jurídica?


A sociedade em comum (art. 986 do CC) seria aquela que funciona sem o
cumprimento das solenidades legais de constituição, registro e publicidade.

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A lei é extremamente clara (art. 45 do CC) ao referir que a existência legal da


pessoa jurídica começa a partir do registro, que possui natureza constitutiva, por ser
atributivo de sua personalidade.

Desse modo, tendo em vista não possuir registro no órgão próprio, a sociedade em
comum é desprovida de personalidade jurídica.

# Qual o modelo societário?


Por se tratar de sociedade não personificada, a sociedade em comum não assume
nenhum dos modelos societários previstos na legislação brasileira.

# Qual a reponsabilidade dos sócios?


Nos termos do art. 990 do Código Civil, os sócios respondem solidária e
ilimitadamente pelas obrigações contraídas em proveito da sociedade em comum.

Entretanto, é preciso destacar que entre os sócios e sociedade a responsabilidade


é subsidiária, isto é, primeiro responde a própria sociedade, para somente depois
serem executados, eventualmente, os patrimônios pessoais do sócio. Todavia, tal
benefício não se aplica àquele sócio que contratou pela sociedade (art. 990).

Assim, estipula-se, como regra geral, que responde primeiro pelas obrigações
contraídas pela sociedade em comum o patrimônio especial constituído a partir das
contribuições dos sócios. Apenas quando exaurido esse patrimônio especial, todo o
restante do patrimônio dos sócios também é chamado a responder. Tal ordem não
precisa ser obedecida em relação ao sócio que praticou o ato pela sociedade, o qual
já responde diretamente com todo o seu patrimônio, sem a necessidade do
exaurimento do patrimônio especial.

# O que é benefício de ordem?


O artigo 1.024 do CC prevê que: “Os bens particulares dos sócios não podem ser
executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais”.

Diante do que dispõe o artigo acima transcrito, pode-se afirmar que a


responsabilidade dos sócios por dívidas da sociedade é, regra geral, subsidiária. Ou
seja, enquanto a sociedade possuir bens, o sócio não poderá ser executado
pessoalmente, em virtude do benefício de ordem que lhe confere a norma do art.
1.024 do CC.

# A sociedade em comum tem segregação patrimonial?


O Código Civil estabelece (art. 988) que “os bens e dívidas sociais constituem
patrimônio especial, do qual são titulares em comum”.

Como a sociedade em comum, por não ser uma pessoa jurídica com existência
formal reconhecida pelo ordenamento jurídico não tem um patrimônio próprio que
possa ser formalmente indicado, o seu “patrimônio social”, na verdade, é formado de
bens e direitos titularizados por cada um de seus sócios. O que o Código fez, portanto,
foi estabelecer uma especialização patrimonial, ou melhor, um patrimônio de
afetação.

Enunciado 210 da III Jornada de Direito Civil: “O patrimônio especial a que se refere o
art. 988 é aquele afetado ao exercício da atividade, garantidor de terceiro, e de
titularidade dos sócios em comum, em face da ausência de personalidade jurídica”.

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# DA SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO.


[TJCE]. A sociedade em conta de participação é personificada? Qual a
responsabilidade dos sócios? Quais os efeitos para os sócios, se falir?
Não. Trata-se de sociedade formada por 2 categorias de sócios: os ostensivos e os
participantes.

Os ostensivos realizam os negócios em nome próprio responsabilizando-se


pessoalmente perante terceiros.

O participante não aparece perante terceiros e responde perante o ostensivo conforme


o contrato entre eles.

O sócio participante fiscaliza as atividades do ostensivo, mas não toma parte da


relação com terceiros, sob pena de responder solidariamente pelas obrigações que
intervier.

A sociedade em conta de participação não se submete a falência mas apenas seus


sócios.

Se falir o ostensivo a sociedade será dissolvida com apuração dos haveres por meio
de ação de liquidação de contas em relação ao participante.

Os créditos do participante serão considerados na falência do ostensivo como


quirografários.

Se falir o participante a sociedade não se dissolve imediatamente e o contrato fica


sujeito as normas relativas aos contratos bilaterais do falido.

# SOCIEDADES EM NOME COLETIVO.


[TJCE]. A Sociedade em nome coletivo é personificada?
É sim sociedade personificada, cuja principal característica é a responsabilidade
ilimitada dos sócios.

[TJCE]. Pode ter sócio pessoa jurídica?


De acordo com o art. 1.039 do Código Civil, “somente pessoas físicas podem tomar
parte a sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios solidária e
ilimitadamente pelas obrigações sociais. Vê-se, pois, que a sociedade em nome
coletivo não admite sócio pessoa jurídica.

[TJCE]. O credor de um dos sócios pode pedir a liquidação da cota dele?


A affectio societatis é muito forte neste tipo de sociedade, de modo que seu quadro
societário é bastante estável, tanto que o Código Civil prevê no art. 1.043 que “o
credor particular de sócio não pode, antes de dissolver-se a sociedade, pretender a
liquidação da quota do devedor”, salvo se “a sociedade houver sido prorrogada
tacitamente” (parágrafo único, inciso I) ou “tendo ocorrido prorrogação contratual,
for acolhida judicialmente oposição do credor, levantada no prazo de noventa dias,
contado da publicação do ato dilatório” (parágrafo único, inciso II).

[TJCE]. Sociedade em nome coletivo possui firma ou denominação?

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A sociedade em nome coletivo deve sempre adotar firma social como espécie de
nome empresarial (art. 1041, parte final, c/c o art. 1.157 do CC).

# CONTRATO DE SOCIEDADE: SOCIEDADE EMPRESÁRIA E SOCIEDADE SIMPLES.


[TJCE]. Existe alguma modalidade de sociedade que sempre será empresária?
Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o
exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro; e, simples, as demais.

Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade


por ações; e, simples, a cooperativa.

[TJCE]. Onde a cooperativa é registrada?


De acordo com o artigo 982 parágrafo único do Código Civil, a cooperativa é uma
sociedade simples. Dessa forma ela é regulamentada pela Lei 5.764/71, e deve ser
inscrita na Junta Comercial. As características que a definem são a variabilidade ou
dispensa do capital social; concurso de sócios em número mínimo necessário à
composição de seu órgão de administração, sem, entretanto, haver restrição ao
número máximo; limitação das quotas de capital social que cada sócio pode deter;
intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos ao corpo de cooperados,
ainda que em razão de herança; quorum de instalação e deliberação da assembleia
dos cooperados estabelecido em razão do número de sócios presentes ao encontro
social e não com base no capital representado; direito de cada cooperado a um só
voto; distribuição do resultado em proporção direta ao valor das operações efetuadas
pelo sócio cooperado com a sociedade; indivisibilidade do fundo de reserva entre os
sócios, mesmo em caso de dissolução da sociedade; responsabilidade dos sócios
limitada ou ilimitada em relação às dívidas".

[TJCE]. A sociedade simples pode criar filial ou agência?


A sociedade simples pode instituir filial, sucursal ou agência, bastando inscrevê-la
também no registro civil das pessoas jurídicas da circunscrição da filial.

# SOCIEDADE: AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


[TJCE]. Quando a sociedade adquire personalidade jurídica? Onde deve ser
inscrita? Existe prazo para registro? Atos praticados antes desse registro, o que
ocorrerá?
Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro
próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos;

Art. 998. Nos trinta dias subsequentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer a
inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas


Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por
ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no
que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.

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[TJCE]. Depois de registrado há prazos para anular o registro? Qual a sua


natureza? Admite interrupção e suspensão?
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo.

Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas
jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação
de sua inscrição no registro. Tal prazo tem, pois, natureza decadencial, não admitindo,
pois, interrupção e suspensão, conforme art. 207 do CC: Salvo disposição legal em
contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou
interrompem a prescrição.

# SOCIEDADE COOPERATIVA.
[TJCE]. Sociedade de cooperativa exige capital social? É sociedade empresária? O
quórum de sócios? Qual a responsabilidade dos sócios?
O que é?
As sociedades cooperativas em geral estão reguladas pela Lei nº 5.764, de 1971 que
definiu a Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das
cooperativas. São sociedades de pessoas de natureza civil, com forma jurídica
própria, constituídas para prestar serviços aos associados e que se distinguem das
demais sociedades pelas seguintes características:

Capital social?
Nas sociedades, o capital social será alterado mediante deliberação dos sócios,
representando, ditas alterações, aumento ou redução do capital original, conforme o
caso.

Nas sociedades cooperativas ocorre o inverso, de vez que seu capital social é variável,
aumentando ou diminuindo na proporção do número de associados.

Sociedade empresária?
Para saber se uma sociedade cooperativa é empresária, não se utiliza o critério
material previsto no art. 966 do CC, mas um critério legal, estabelecido no art. 982,
parágrafo único, o qual dispõe que “independentemente de seu objeto, considera-se
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”.

O legislador, por opção política, determinou que a cooperativa é sempre uma


sociedade simples, pouco importando se ela exerce uma atividade empresarial de
forma organizada e com intuito de lucro.

Quórum de sócios?
A sociedade cooperativa é administrada com base no princípio de decisão
assemblear. O quórum para funcionamento da assembleia-geral e para a tomada de
decisões é baseado no número de associados e não na representatividade do capital
social, o que a distingue das sociedades por ações, onde o quórum das deliberações,
e instalação da assembleia-geral é baseado no percentual do capital votante presente.

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Esta característica da sociedade cooperativa objetiva nivelar a força decisória de cada


associado, não só pela forma de contagem do quórum de deliberações mas também
em razão da restrição do número de cotas-partes do capital que podem ser detidas por
associado, como examinamos no item anterior.

Responsabilidade dos sócios?


Não encontrei.

[TJCE]. Uma sociedade cooperativa é personificada? Como ficam as cotas


adquiridas? Onde deve ser registrada?
R: A cooperativa é personificada, mas não empresária. É sempre sociedade simples
(art. 982, § único)

Conforme art. 1094, IV, CC/02, as quotas do capital são intransferíveis a terceiros
estranhos à sociedade, ainda que por herança;

A cooperativa, apesar de ser uma sociedade simples, tem registro na Junta Comercial
(art. 32, II, “a”, Lei 8.934/94).

[TJCE]. Patrimônio e capital social são as mesmas coisas?


R: O capital social é cláusula obrigatória nos contratos sociais, nos termos do artigo
997, IV, do Código Civil, dividindo-se em quotas, iguais ou desiguais, aos sócios,
como prescreve o artigo 1.055 do mesmo diploma legal.

Melhor esclarecendo, tem-se que o capital social pode ser descrito como o montante
investido pelos sócios para a formação da própria sociedade, não se confundindo com
o patrimônio desta.

O capital social não se confunde com o patrimônio social, mas sua vocação é a de
constituir o fundo originário, o núcleo inicial do patrimônio da pessoa jurídica,
através do qual se viabilizará o início da vida econômica da sociedade.

O patrimônio da sociedade é o conjunto de valores de que esta dispõe. Nesse


patrimônio existem valores ativos – tudo o que a sociedade tem (dinheiro, créditos,
imóveis, móveis etc); e valores passivos – tudo o que a sociedade deve (títulos a
pagar, saldo devedor de empréstimos, folha salarial, impostos devidos). Fala-se assim
em patrimônio líquido, que é a diferença entre o ativo e o passivo. Se o ativo for
superior ao passivo, a sociedade terá um patrimônio líquido positivo; se inferior, terá
patrimônio líquido negativo.

# SOCIEDADE LIMITADA: DELIBERAÇÃO DOS SÓCIOS.


[TJCE]. Em que local deve ocorrer a deliberação dos sócios?
Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010, serão tomadas
em reunião ou em assembléia, conforme previsto no contrato social, devendo ser
convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato.

[TJCE]. Se todos os sócios abrirem mão dessa assembleia, isso é possível?


Art. 1072, §3º - A reunião ou a assembléia tornam-se dispensáveis quando todos os sócios
decidirem, por escrito, sobre a matéria que seria objeto delas.

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[TJCE]. Existe quórum qualificado para alguma deliberação em lei? Qual a


porcentagem de cotas?
Sim.

Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061 e no § 1o do art. 1.063, as deliberações


dos sócios serão tomadas:

I - pelos votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social, nos casos
previstos nos incisos V e VI do art. 1.071;

II - pelos votos correspondentes a mais de metade do capital social, nos casos previstos
nos incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071;

III - pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos na lei ou no contrato,
se este não exigir maioria mais elevada.

# SOCIEDADE LIMITADA: DAS COTAS, AUMENTO E REDUÇÃO DO CAPITAL.


[TJCE]. As cotas da LTDA podem ter valores iguais?
Sim. Na sociedade limitada, “o capital social divide-se em quotas, iguais ou
desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio” (art. 1.055 do Código Civil). Vê-
se, pois, que o ordenamento jurídico brasileiro acolheu o sistema da pluralidade de
quotas, mas não na sua concepção pura, de inspiração francesa, segundo o qual o
capital social é dividido em diversas partes iguais. No Brasil, conforme se percebe
da leitura do art. 1.055, o capital social pode ser dividido em partes iguais ou
desiguais, ou seja, o nosso ordenamento jurídico se afastou de outras tendências do
direito comparado: (i) ao não estipular um valor predeterminado para as quotas,
mínimo ou máximo; (ii) ao não consagrar a exigência de integralização inicial de um
certo percentual do capital social total; (iii) ao não fixar qualquer prazo para a sua
efetiva integralização; e (iv) ao não exigir um capital mínimo para a constituição da
sociedade (DIREITO EMPRESARIAL ESQUEMATIZADO, 2014).

[TJCE]. Pode cota com prestação de serviços?


NÃO. A contribuição do sócio, ou seja, o modo de integralizar suas quotas, pode ser
feita de diversas formas: com bens – móveis ou imóveis, materiais ou imateriais –,
dinheiro, entre outras. Na sociedade limitada porém, não se admite a contribuição em
serviços, conforme previsão expressa do art. 1.055, § 2.°, do Código Civil: “é vedada
a contribuição que consista em prestação de serviços” (DIREITO EMPRESARIAL
ESQUEMATIZADO, 2014).

[TJCE]. Não havendo proibição de alienar cotas para estranhos, há uma sociedade
de capitais?
Se o contrato social, por exemplo, condicionar a cessão ou a alienação de quotas ao
prévio consentimento dos demais sócios, estará conferindo uma natureza personalista
à sociedade. Do mesmo modo, se o contrato social estabelecer, em caso de morte de
sócio, que se proceda à liquidação de sua quota, com a consequente dissolução parcial
da sociedade, também estará conferindo uma natureza personalista à sociedade.

Em contrapartida, se o contrato não condicionar a cessão ou a alienação de quotas à


audiência prévia dos demais sócios, bem como se estabelecer, em caso de morte de

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sócio, a transferência das suas quotas aos respectivos sucessores, estará conferindo à
sociedade, nesses casos, natureza capitalista.

A sociedade limitada será, portanto, considerada uma sociedade de pessoas ou de


capital a depender do que os sócios estabelecerem no ato constitutivo da sociedade:
o contrato social (DIREITO EMPRESARIAL ESQUEMATIZADO, 2014).

[TJCE]. Pode haver condomínio de cotas? Como eles votam em uma relação de
sociedade?
SIM. Se o capital social pode, como visto, ser dividido em quotas iguais ou desiguais,
o art. 1.056 do Código Civil, em contrapartida, não admite, em princípio, a divisão
de uma quota, “salvo para efeito de transferência”, caso em que se estabelecerá um
condomínio de quotas, interessante novidade trazida pelo Código. Nesse caso, prevê
o art. 1.056, § 1.° que “no caso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes
somente podem ser exercidos pelo condômino representante, ou pelo inventariante
do espólio de sócio falecido”. Em suma: a quota terá mais de um dono, mas perante
a sociedade, como ela é indivisível, apenas um dos condôminos poderá exercer os
direitos que ela confere, o condômino-sócio. Quanto à responsabilidade, dispõe o art.
1.056, § 2.°, que “sem prejuízo do disposto no art. 1.052, os condôminos de quota
indivisa respondem solidariamente pelas prestações necessárias à sua integralização”
(DIREITO EMPRESARIAL ESQUEMATIZADO, 2014).

[TJCE]. O que significa dizer que a cota é indivisível? Enquanto não houver a
partilha?
R: A quota é indivisível, não se divide, mas uma única quota pode ter 2 sócios. A
quota que tiver mais de um proprietário fará com que seus donos tomem as decisões
(voto) em conjunto. Isto é um condomínio de quota, onde os proprietários deverão
tomar suas atitudes em consenso, caso contrário irá para a justiça decidir.

[TJCE]. O que é intangibilidade do capital social?


R: Significa que o Capital deve permanecer intocado. É vedado à sociedade fazer
qualquer pagamento aos seus acionistas, a titulo de dividendos ou juros, com recursos
que figuram, em suas demonstrações financeiras, como capital social.

Art. 1.059. Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a
qualquer título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se
distribuírem com prejuízo do capital

[TJCE]. E se o sócio que se comprometer a integrar o capital não o fizer?


R: Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem,
sem prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou
transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver
pago, deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as
despesas.

Art. 1.004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições


estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes
ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora.

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Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios preferir, à
indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao montante já
realizado, aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no § 1o do art. 1.031.

[TJCE]. Quotas de sociedade limitada precisa de valores iguais?


Não. O valor das quotas podem ser iguais ou desiguais (art. 1055 do CC).

[TJCE]. O contrato social pode limitar a cessão de quotas?


Sim, o contrato social poderá limitar. Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio
pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente
de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais
de um quarto do capital social.

[TJCE]. Pode haver condomínio de quotas?


Sim, por expressa previsão legal.

Art. 1056, § 1º- No caso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes somente
podem ser exercidos pelo condômino representante, ou pelo inventariante do espólio de
sócio falecido.

§ 2º Sem prejuízo do disposto no art. 1.052, os condôminos de quota indivisa respondem


solidariamente pelas prestações necessárias à sua integralização.

# SOCIEDADE LIMITADA: DIREITO DE RETIRADA DO SÓCIO E EXCLUSÃO DE SÓCIO


MINORITÁRIO

[TJCE]. A qualquer momento o sócio pode se retirar da sociedade? Requer medida


judicial?
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-
se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com
antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente
justa causa.

Parágrafo único. Nos trinta dias subsequentes à notificação, podem os demais sócios
optar pela dissolução da sociedade.

[TJCE]. O que é direito de recesso?


R: Possibilidade que o sócio tem de retirar-se da sociedade. Depende da regra do art.
1.029, CC.(acima)

[TJCE]. O sócio minoritário pode ser retirado sem ação judicial? A exclusão
extingue a sociedade?
R: Nos termos do art. 1.085: “Ressalvado o disposto no art. 1030 (pode o sócio ser
excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta
grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade
superveniente. Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio
declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada), quando a maioria dos
sócios, representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais
sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de
inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do contrato
social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa. Parágrafo único. A

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exclusão somente poderá ser determinada em reunião ou assembléia especialmente


convocada para esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitir seu
comparecimento e o exercício do direito de defesa”.

A exclusão não extingue a sociedade, implica apenas em alteração contratual.

[TJCE]. É possível sociedade com um só sócio? O capital social será reduzido?


R: Em regra, a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e
oitenta dias, acarreta a dissolução da sociedade. Porém, nos termos do art. 1033,
parágrafo único, não se aplica este disposto, caso o sócio remanescente, inclusive na
hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade,
requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do registro da
sociedade para empresário individual ou para empresa individual de responsabilidade
limitada.

# SOCIEDADE LIMITADA: RESOLUÇÃO DA SOCIEDADE EM RELAÇÃO A SÓCIO MINORITÁRIO.


[TJCE]. O que é direito de recesso de um sócio?
É a sua retirada da sociedade.

[TJCE]. A notificação no direito de recesso precisa ser judicial?


Não, só se a sociedade for de prazo determinado então terá que justificar a causa
judicialmente conforme art. 1029, do CC.

[TJCE]. Depois da notificação quais são os atos a serem praticados?


Deverá ser feita uma liquidação, para apurar o montante efetivo pertencente ao sócio
que se retirou.

[TJCE]. Se dois sócios existirem, como fica?


O sócio remanescente tem um prazo de 180 dias para arrumar outro sócio, conforme
art. 1053, IV, do CC. Ou então, detendo a integralidade das cotas, transforma-las em
uma empresa individual de responsabilidade limitada ou empresário individual (art.
1053, p. u. do CC).

[TJCE]. O que é o direito de recesso de um sócio? Com 2 sócios apenas?


O direito de recesso ou de retirada consiste na faculdade assegurada aos acionistas
minoritários de, caso discordem de certas deliberações da Assembleia Geral, nas
hipóteses expressamente previstas em Lei, retirar-se da companhia, recebendo o
valor das ações de sua propriedade (art. 137, caput, da Lei das S.A.).

A função do direito de recesso é a de proteger o acionista minoritário contra


determinadas modificações substanciais na estrutura da companhia ou contra a
redução nos direitos assegurados por suas ações, desobrigando-o de permanecer
sócio de uma companhia substancialmente diversa daquela à qual se associou ao
adquirir as ações.

Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

I - omissis

II - omissis

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III - omissis

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;

V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente,


inclusive na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua
titularidade, requeira, no Registro Público de Empresas Mercantis, a transformação do
registro da sociedade para empresário individual ou para empresa individual de
responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115
deste Código."

# SOCIEDADE EM NOME COLETIVO.


[TJCE]. Sociedade em nome coletivo é personificada?
Sim. É uma modalidade de sociedade personificada, ou seja, possuem personalidade
jurídica, que é adquirida com o registro, respondendo todos os sócios, solidária e
ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

Parágrafo único do art. 1039, CC: Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros,
podem os sócios, no ato constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre
si a responsabilidade de cada um.

São espécies de sociedades não personificadas a sociedade em conta de participação


e a sociedade comum, também chamada de irregular ou de fato.

[TJCE]. Pessoa jurídica pode ser sócia na sociedade em nome coletivo?


Não. Por expressa previsão legal, apenas pessoas físicas podem formar esse tipo de
sociedade (art. 1.039 do CC).

[TJCE]. A sociedade simples pode ter forma de sociedade em nome coletivo?


Em se tratando de sociedade simples, a mesma pode assumir a forma de uma dos
tipos societários destinados às sociedades empresárias previstos no novo Código
Civil, quais sejam, sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, e
sociedade limitada. Todavia, também pode não optar por nenhum desses tipos
societários, sujeitando-se a regras peculiares às sociedades simples.

[TJCE]. Requer capital social as sociedades em nome coletivo?


Sim. (Art. 997, III do CC)

# SOCIEDADE POR AÇÕES: ACIONISTAS CONTROLADORES E ACORDO DE ACIONISTAS.


[TJCE]. O que é acionista controlador? E sempre o maior acionista?
- Lei das Sociedades por Ações. Art. 116. Entende-se por acionista controlador a
pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou
sob controle comum, que: a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo
permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembleia geral e o poder de
eleger a maioria dos administradores da companhia; e b) usa efetivamente seu poder

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para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da


companhia.

- Para a configuração do acionista controlador são necessários dois requisitos, um de


natureza objetiva – percentual do capital votante que confira maioria na assembleia
e possibilidade de eleição da maioria dos administradores – e outro de natureza
subjetiva – uso efetivo do percentual do capital votante para comandar a gestão dos
negócios sociais.

[TJCE]. O que é acordo de acionista?


Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência
para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão ser
observados pela companhia quando arquivados na sua sede. § 1º (...).

Acordo de acionistas, que alguns autores também chamam de contrato parassocial, e


que está disciplinado no art. 118 da LSA, com a redação alterada pela Lei
10.303/2001: “os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações,
preferência para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle
deverão ser observados pela companhia quando arquivados na sua sede”. Vê-se, pois,
que o acordo de acionistas pode se referir aos seguintes assuntos: (i) compra e venda
de ações; (ii) preferência para aquisição de ações; (iii) exercício do direito de voto;
ou (iv) exercício do poder de controle da companhia

[TJCE]. O que seria vantagem política de acionista?


- Algumas vezes, a vantagem estatutária é meramente política, como a prerrogativa
de indicar um membro do conselho de administração (art. 18); outras, a vantagem,
embora econômica, é pífia ou de difícil realização, como a prioridade na partilha, em
caso de dissolução da companhia; há também estatutos em que a preferência
concedida é meramente temporal ou mesmo nenhuma, confundindo os dividendos
prioritários com os obrigatórios. Nesses casos, a única diferença das ações
preferenciais com as ordinárias diz respeito à supressão ou restrição do direito de
voto. Tanto as companhias fechadas como as abertas podem emitir ações
preferenciais não votantes sem vantagens econômicas efetivas, sem direito a
dividendos fixos ou mínimos.

Art. 18. O estatuto pode assegurar a uma ou mais classes de ações preferenciais o direito
de eleger, em votação em separado, um ou mais membros dos órgãos de administração.
Parágrafo único. O estatuto pode subordinar as alterações estatutárias que especificar
à aprovação, em assembléia especial, dos titulares de uma ou mais classes de ações
preferenciais.

[TJCE]. O acordo dos acionistas pode ser denunciado unilateralmente.


- Questão divergente na doutrina. Denuncia unilateral do acordo de acionistas:

Considerando o acordo de acionista de natureza civil, a ilustre doutrinadora Evelym


Balassino[xxvi] afirma que existe a possibilidade de resilição unilateral do contrato.
Confira-se: “A tal princípio, entretanto, em face da efemeridade das obrigações, não
é dado vincular perpetuamente os contratantes, sendo inalienável a liberdade
individual. Por esse motivo, o ordenamento jurídico autoriza a resilição unilateral
dos contratos que tenham por natureza a restrição prolongada da liberdade dos
contratantes, dentre os quais se encontram os contratos de execução continuada.

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Caracterizando, o acordo de acionistas, como contrato de execução continuada,


sendo da sua natureza a restrição severa e prolongada de determinados aspectos da
liberdade dos contratantes, relacionados ao exercício de certos direitos que lhe
garantem a condição de acionista, é permitida às partes desse contrato a denúncia
imotivada, no caso de acordo de acionistas celebrados a prazo indeterminado.”

Contrário a esse entendimento, Modesto Carvalhosa[xxvii] afirma que o acordo de


acionista, por ele chamado de contrato parassocial, é um contrato plurilateral e que,
por isso, a resilição unilateral só poderá ocorrer justificadamente. Confira-se: “Em
face da natureza de contrato parassocial, e plurilateral dos acordos de voto, neles não
prevalece o princípio da rescindibilidade, mas sim o da dissolução, como aventado.
Assim, se decorrido o termo ou o prazo consignado (§6), o acordo de voto extingue-
se ‘ipso facto’. Se, porém, a avença for por prazo indeterminado, a sua dissolução
será sempre motivada, ou seja, pela quebra da ‘affectio’ ou deslealdade, como acima
referido. Aplica-se, à hipótese, o procedimento dissolutório da própria companhia,
como contrato plurilateral, que é (art. 206).

Dessa forma, vemos que a doutrina diverge quando à classificação do acordo de


acionista e quanto a possibilidade de resilição unilateral.

# SOCIEDADE ANÔNIMA: CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E CONSELHO FISCAL.


[TJCE]. Acordo de acionistas e eleição do conselho?
Alguns autores também chamam de contrato parassocial, e que está disciplinado no
art. 118 da LSA, com a redação alterada pela Lei 10.303/2001: “os acordos de
acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência para adquiri-las,
exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão ser observados pela
companhia quando arquivados na sua sede” devidamente arquivado” (art. 118, §
8.°) e, ainda, que “o não comparecimento à assembleia ou às reuniões dos órgãos
de administração da companhia, bem como as abstenções de voto de qualquer
parte de acordo de acionistas ou de membros do conselho de administração eleitos
nos termos de acordo de acionistas, assegura à parte prejudicada o direito de votar
com as ações pertencentes ao acionista ausente ou omisso e, no caso de membro
do conselho de administração, pelo conselheiro eleito com os votos da parte
prejudicada” (art. 118, § 9.°) (DIREITO EMPRESARIAL ESQUEMATIZADO,
2014).

LFG: Membros de conselhos podem ser votados mediante acordo de acionistas.


Tanto que, caso descumprido o acordo, pode-se falar em execução especifica. Assim,
é possível a execução específica deste acordo, que é um documento é de extrema
importância para a vida da S/A. Isto porque ele garante o poder de controle e garante
que o grupo de acionistas estará sempre focado no mesmo tipo de decisão, exercendo
o controle junto.

[TJCE]. Na eleição do conselho há diferença de valor de voto nas ações "golden


share"? Prerrogativas políticas?
SIM. Há uma categoria especial de ação preferencial, acrescentada na LSA pela
reforma de 2001 (Lei 10.303/2001) e usada no processo de privatização das
companhias estatais brasileiras. Trata-se da golden share, mencionada no art. 17, §
7.°, da LSA: “nas companhias objeto de desestatização poderá ser cri da ação

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preferencial de classe especial, de propriedade exclusiva do ente desestatizante, à


qual o estatuto social poderá conferir os poderes que especificar, inclusive o poder
de veto às deliberações da assembleia-geral nas matérias que especificar”. Permitiu-
se que o Estado alienasse o controle das companhias em que detinha maioria do
capital votante, mas conservasse ações preferenciais especiais (golden share)
conferindo-lhe direito de veto em determinadas deliberações (por exemplo: alteração
da denominação social, mudança da sede da sociedade, mudança do objeto social,
liquidação da sociedade, qualquer modificação dos direitos atribuídos às espécies e
classes das ações do capital da sociedade etc.). Ressalte-se que, embora essa
prerrogativa de emissão de golden share tenha sido assegurada, em princípio, apenas
aos entes desestatizantes, nada impede que ela seja emitida também em caso de
alienação de controle de companhias privadas, com base no § 2.° do art. 17 da LSA,
que permite previsão estatutária de outras vantagens às ações preferenciais.

[TJCE]. Conselho de administração pode ser destituído?


SIM. De acordo com o art. 140 da LSA, “o conselho de administração será composto
por, no mínimo, 3 (três) membros, eleitos pela assembleia-geral e por ela destituíveis
a qualquer tempo, devendo o estatuto estabelecer: I – o número de conselheiros, ou
o máximo e mínimo permitidos, e o processo de escolha e substituição do presidente
do conselho pela assembleia ou pelo próprio conselho; II – o modo de substituição
dos conselheiros; III – o prazo de gestão, que não poderá ser superior a 3 (três) anos,
permitida a reeleição; IV – as normas sobre convocação, instalação e funcionamento
do conselho, que deliberará por maioria de votos, podendo o estatuto estabelecer
quorum qualificado para certas deliberações, desde que especifique as matérias”.

# SOCIEDADES COLIGADAS.
[TJCE]. As ações de uma empresa, qual a natureza?
Têm a natureza jurídica de bem móvel, fungível dentro da mesma classe se de mesma
natureza, desde que emitidas em massa pela sociedade anônima.

[TJCE]. O que é uma subsidiaria integral?


Subsidiária Integral que é aquela companhia que tem uma única sociedade brasileira
(entende-se nesse conceito ter sede no Brasil e ser constituída de acordo com as leis
brasileiras) como acionista.

[TJCE]. A alienação de controle societário depende de oferta pública de aquisição


de ações?
Art. 254-A da lei 6404/76 (lei de S.A). Art. 254-A. A alienação, direta ou indireta,
do controle de companhia aberta somente poderá ser contratada sob a condição,
suspensiva ou resolutiva, de que o adquirente se obrigue a fazer oferta pública de
aquisição das ações com direito a voto de propriedade dos demais acionistas da
companhia, de modo a lhes assegurar o preço no mínimo igual a 80% (oitenta por
cento) do valor pago por ação com direito a voto, integrante do bloco de controle. .

[TJCE]. O que é uma Holding?


- Holding é uma empresa que possui como atividade principal, a participação
acionária majoritária em uma ou mais empresas, ou seja, é uma empresa que possui
a maioria das ações de outras empresas e que detém o controle de sua administração
e políticas empresariais.

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Existem duas modalidades de holding: a pura, que é quando seu objetivo social
consta somente a participação no capital de outras sociedades e a mista, quando, além
da participação, ela serve também à exploração de alguma atividade empresarial.

Um exemplo de uma holding é quando uma determinada empresa fabrica sapatos e


gostaria também de fabricar tênis, porém não possui experiência na fabricação. Aí
ela procura uma empresa que fabrica tênis e faz uma parceria, e então ambas fazem
outra parceria com uma rede de lojas varejistas para vender os produtos.

[TJCE]. O que é uma subsidiária integral? Quando (se presume) significativa uma
sociedade sobre a outra? Quando estão coligados?
- Subsidiária Integral é aquela companhia que tem uma única sociedade brasileira
(entende-se nesse conceito ter sede no Brasil e ser constituída de acordo com as leis
brasileiras) como acionista.

Obs. Não confundir com sociedade subsidiária: é aquela que é CONTROLADA por
outra sociedade, mas tem outros sócios no seu quadro societário. Já a Subsidiária
Integral, ela só tem um ÚNICO ACIONISTA BRASILEIRO e consequentemente é
controlada por este.

De acordo com o art. 1.097 do Código Civil, “consideram-se coligadas as sociedades


que, em suas relações de capital, são controladas, filiadas, ou de simples participação,
na forma dos artigos seguintes”.

Dispõe o art. 243, § 2.°, da LSA: “Considera-se controlada a sociedade na qual a


controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de
sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações
sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores”.

No mesmo sentido, dispõe o art. 1.098 do Código Civil que é controlada: “I – a


sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas
deliberações dos quotistas ou da assembleia-geral e o poder de eleger a maioria
dos administradores; II – a sociedade cujo controle, referido no inciso
antecedente, esteja em poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas por
sociedade ou sociedades por esta já controladas”.

No caso do inciso I, tem-se o chamado controle societário direto. Ressalte-se que não
se deve aferir esse controle eventualmente: como bem destaca o dispositivo da LSA,
é preciso haver a preponderância, de modo permanente. O inciso II, por sua vez, trata
do controle societário indireto.

Já o art. 1.099 do Código Civil trata das sociedades coligadas ou filiadas, dispondo:
“diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com
dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la”. Até 2009, o art. 243, §
1.°, da LSA tinha regra praticamente idêntica: “são coligadas as sociedades quando
uma participa, com 10% (dez por cento) ou mais, do capital da outra, sem controlá-
la”. No entanto, este dispositivo legal foi alterado, e a LSA passou a adotar o
conceito de influência significativa para definir a sociedade coligada. A nova
redação do dispositivo dispõe que “são coligadas as sociedades nas quais a
investidora tenha influência significativa”. Complementando, os §§ 4.° e 5.° dispõem
o seguinte:“§ 4.° Considera-se que há influência significativa quando a investidora

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detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou


operacional da investida, sem controlá-la”; “§ 5.° É presumida influência
significativa quando a investidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais do
capital votante da investida, sem controlá-la”.

[TJCE]. As ações de uma empresa qual a natureza?


Ação é um título de propriedade, negociável, representativo de uma fração do capital
social de uma S/A; confere a qualidade de sócio; é um título de crédito; pode ser
vendida, cedida, caucionada, dada em usufruto ou em alienação fiduciária, por isso,
as ações podem constituir garantia real.

Natureza jurídica das ações: têm a natureza jurídica de bem móvel, fungível dentro
da mesma classe se de mesma natureza, desde que emitidas em massa pela sociedade
anônima.

[TJCE]. O que é uma subsidiária integral?


A Subsidiária Integral que é aquela companhia que tem uma única sociedade
brasileira (entende-se nesse conceito ter sede no Brasil e ser constituída de acordo
com as leis brasileiras) como acionista. A Holding dessa Subsidiária Integral pode
ser sociedade limitada ou anônima, a lei não restringe. Ex: Transpetro, subsidiária da
Petrobrás (SEM).

Por sua vez, denomina-se sociedade subsidiária qualquer sociedade que é controlada
por outra (Holding). Assim, a sociedade controlada, por exemplo, é sempre uma
subsidiária de alguém.

A contrário sensu, as sociedades estrangeiras mesmo que autorizadas a funcionar no


Brasil não podem constituir aqui subsidiárias integrais.

Em suma, é uma forma societária, permitida pela legislação brasileira, mediante a


qual a companhia é controlada por um único acionista, que é uma outra sociedade
brasileira, que lhe subsidia o capital e a constitui.

[TJCE]. A alienação de controle, depende de oferta pública de aquisição de ações?


Segundo José Edwaldo Tavares Borba, a alienação do controle na companhia fechada
sempre se processou normalmente, sem qualquer interferência de órgãos
governamentais. Já na companhia aberta, a alienação do controle consiste, pois, na
previsão, como condição legal de eficácia do negócio translativo do controle de
companhia aberta, da obrigação do adquirente de realizar oferta pública para
aquisição das ações com direito a voto de propriedade dos demais acionistas da
companhia, de modo a lhes assegurar o preço no mínimo igual a 80% do valor pago
por ação com direito a voto integrante do bloco de controle.

# DAS SOCIEDADES COLIGADAS.


[TJCE]. A oferta pública de ações, com vistas à ação de controle, deve ser pública?
Tem que ser dada igualdade aos minoritários?
Alienação de Controle

Divulgação

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Art. 254-A, Lei 6.404/76. A alienação, direta ou indireta, do controle de companhia


aberta somente poderá ser contratada sob a condição, suspensiva ou resolutiva, de que
o adquirente se obrigue a fazer oferta pública de aquisição das ações com direito a voto
de propriedade dos demais acionistas da companhia, de modo a lhes assegurar o preço
no mínimo igual a 80% (oitenta por cento) do valor pago por ação com direito a voto,
integrante do bloco de controle. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 1o Entende-se como alienação de controle a transferência, de forma direta ou indireta,


de ações integrantes do bloco de controle, de ações vinculadas a acordos de acionistas
e de valores mobiliários conversíveis em ações com direito a voto, cessão de direitos de
subscrição de ações e de outros títulos ou direitos relativos a valores mobiliários
conversíveis em ações que venham a resultar na alienação de controle acionário da
sociedade.(Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 2o A Comissão de Valores Mobiliários autorizará a alienação de controle de que trata


o caput, desde que verificado que as condições da oferta pública atendem aos requisitos
legais. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 3o Compete à Comissão de Valores Mobiliários estabelecer normas a serem


observadas na oferta pública de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 4o O adquirente do controle acionário de companhia aberta poderá oferecer aos


acionistas minoritários a opção de permanecer na companhia, mediante o pagamento de
um prêmio equivalente à diferença entre o valor de mercado das ações e o valor pago
por ação integrante do bloco de controle. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

§ 5o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

[TJCE]. O que é um grupo societário de fato e de direito?


Nos grupos de fato, as sociedades grupadas não podem se favorecer mutuamente, a
sociedade controladora responde por abuso de poder, cabendo ação de reparação de
perdas e danos por parte da companhia controlada em face da controladora, ação
social uti singoli bem como ação individual dos acionistas e ação de reparação de
danos dos credores em face da controladora com base na teoria da desconsideração
da personalidade jurídica se houver fraude à lei, fraude a contrato ou abuso de direito.
Além disso, os administradores da sociedade controladora ou das controladas
respondem por perdas e danos se desrespeitarem a lei, com base na teoria da
responsabilidade civil aquiliana.

Já nos grupos de direito, ao contrário, a sociedade controladora pode impor às


controladas políticas administrativas, financeiras, operacionais e subordinar
interesses de certas sociedades em relação aos das outras ou em relação ao grupo,
transferindo lucros e prejuízos, desde que obedecida a convenção. Se agirem de
acordo com a convenção e a lei, os administradores da controladora e das controladas
não podem ser demandados em juízo pelas filiadas, pelos credores e pelos acionistas
minoritários das controladas mesmo que seus atos lhe tenham causado prejuízo.
Também os acionistas minoritários das controladas não têm direito à ação de
reparação de danos contra a sociedade controladora (art. 276 Lei das S.A.).

[TJCE]. O consórcio tem personalidade jurídica?


Art. 278, Lei 6.404/76. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo
controle ou não, podem constituir consórcio para executar determinado
empreendimento, observado o disposto neste Capítulo.

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§ 1º O consórcio não tem personalidade jurídica e as consorciadas somente se obrigam


nas condições previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma por suas
obrigações, sem presunção de solidariedade.

[TJCE]. O que é uma subsidiária integral?


Subsidiária Integral

Art. 251, Lei 6.404/76. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública,
tendo como único acionista sociedade brasileira.

§ lº A sociedade que subscrever em bens o capital de subsidiária integral deverá aprovar


o laudo de avaliação de que trata o artigo 8º, respondendo nos termos do § 6º do artigo
8º e do artigo 10 e seu parágrafo único.

§ 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária integral mediante aquisição, por


sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou nos termos do artigo 252.

3. Da liquidação da sociedade. Da transformação, da incorporação, da


fusão e da cisão das sociedades. Da sociedade dependente de
autorização.

# DA LIQUIDAÇÃO DAS SOCIEDADES.


Obs: este tema é bastante abordado na lei nº 6404/76 (lei de S/A)

[TJCE]. O que é liquidação de uma sociedade?


A liquidação, voluntária (amigável) ou forçada (judicial), de firma individual ou de
sociedade mercantil, é o conjunto de atos destinados a realizar o ativo, pagar o
passivo e destinar o saldo que houver (líquido), respectivamente, ao titular ou,
mediante partilha, aos componentes da sociedade, na forma da lei, do estatuto ou do
contrato social.

É o período que antecede a extinção da pessoa jurídica, após ocorrida a causa que
deu origem à sua dissolução, onde ficam suspensas todas as negociações que vinham
sendo mantidas como atividade normal, continuando apenas as já iniciadas para
serem ultimadas (art. 51 da Lei n o 10.406, de 10/1/02 Código Civil)

A liquidação é instituto jurídico de conteúdo dinâmico: compreende o conjunto de


atos realizados ao longo de um período, atos estes preparatórios da extinção (PN CST
n o 191/72).

[TJCE]. O que é dissolução de uma sociedade?


A dissolução da pessoa jurídica é o ato pelo qual se manifesta a vontade ou se constata
a obrigação de encerrar a existência de uma firma individual ou sociedade. Pode ser
definido como o momento em que se decide a sua extinção, passando-se,
imediatamente, à fase de liquidação. Essa decisão pode ser tomada por deliberação
do titular, sócios ou acionistas, ou por imposição ou determinação legal do poder
público.

[TJCE]. Uma sociedade em liquidação pode ser parte no processo?

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Raphael: creio que sim. Nesse sentido (site da Receita Federal):

Durante a fase de liquidação subsistem a personalidade jurídica da sociedade e a


equiparação da empresa individual à pessoa jurídica; não se interrompem ou modificam
suas obrigações fiscais, qualquer que seja a causa da liquidação.

Em todos os atos ou operações necessárias à liquidação, o liquidante deverá usar a


denominação social seguida das palavras "em liquidação" (Lei das S.A. - Lei n º 6.404,
de 1976, art. 212).

A responsabilidade durante o período de liquidação cabe ao liquidante, a quem compete,


exclusivamente, a administração da pessoa jurídica, acumulando as mesmas
responsabilidades do administrador. Os deveres e responsabilidades dos
administradores, conselheiros fiscais e acionistas (dirigentes, sócios ou titular)
subsistirão até a extinção da pessoa jurídica (Lei das S.A. - Lei n º 6.404, de 1976, art.
217 e o RIR/1999, arts. 210, I e 211).

Os sócios, nos casos de liquidação de sociedade de pessoas, são pessoalmente


responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias, resultantes de atos
praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos
(RIR/1999, art. 210, IV).

[TJCE]. Quem é o liquidante e qual é a sua função?


A sociedade em processo de Liquidação, não poderá ser mais representada pelos seus
administradores, sendo necessário a presença de um outro personagem para a gestão
da Liquidação, que é a pessoa do liquidante. (Lei nº 10406/2002, art 51 e art 208 da
Lei nº 6404/1976).

[TJCE]. O liquidante pode pagar dívidas não vencidas?


SIM. Está previsto no art. 1.103 do CC/02:

Art. 1.103. Constituem deveres do liquidante:

(...) IV - ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o


remanescente entre os sócios ou acionistas;

No entanto uma observação: se as dívidas não estiverem vencidas, deve ser aplicado
um desconto quando do seu pagamento. CC COMENTADO, 2014: O desconto a ser
aplicado, em sendo omisso o título, deverá ser o reverso dos juros básicos. Nesse
sentido:

Art. 1.106. Respeitados os direitos dos credores preferenciais, pagará o liquidante as


dívidas sociais proporcionalmente, sem distinção entre vencidas e vincendas, mas, em
relação a estas, com desconto.

[TJCE]. Quando deve fazer um concurso de credores?


Raphael: quando o passivo for maior do que o ativo, instaura-se procedimento de
concurso de credores.

[TJCE]. Uma sociedade empresária em liquidação pode representar em juízo?


Tanto na liquidação quanto na dissolução? O liquidante deve pagar dívidas vencidas
e vincendas?

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R: Art. 1.105. Compete ao liquidante representar a sociedade e praticar todos os atos


necessários à sua liquidação, inclusive alienar bens móveis ou imóveis, transigir,
receber e dar quitação.

Conforme o art. 1.102, CC/02, aplica-se a regra tanto na dissolução, quanto na


liquidação:

“Dissolvida a sociedade e nomeado o liquidante na forma do disposto neste Livro,


procede-se à sua liquidação, de conformidade com os preceitos deste Capítulo,
ressalvado o disposto no ato constitutivo ou no instrumento da dissolução.”

No que tange ao pagamento das dívidas vencidas e vincendas: “Art. 1.106.


Respeitados os direitos dos credores preferenciais, pagará o liquidante as dívidas
sociais proporcionalmente, sem distinção entre vencidas e vincendas, mas, em
relação a estas, com desconto.

Parágrafo único. Se o ativo for superior ao passivo, pode o liquidante, sob sua
responsabilidade pessoal, pagar integralmente as dívidas vencidas.”

[TJCE]. Qual a função do liquidante?


Art. 1.103. Constituem deveres do liquidante:

I - averbar e publicar a ata, sentença ou instrumento de dissolução da sociedade;

II - arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde quer que estejam;

III - proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e com a assistência, sempre
que possível, dos administradores, à elaboração do inventário e do balanço geral do
ativo e do passivo;

IV - ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar o passivo e partilhar o


remanescente entre os sócios ou acionistas;

V - exigir dos quotistas, quando insuficiente o ativo à solução do passivo, a integralização


de suas quotas e, se for o caso, as quantias necessárias, nos limites da responsabilidade
de cada um e proporcionalmente à respectiva participação nas perdas, repartindo-se,
entre os sócios solventes e na mesma proporção, o devido pelo insolvente;

VI - convocar assembleia dos quotistas, cada seis meses, para apresentar relatório e
balanço do estado da liquidação, prestando conta dos atos praticados durante o
semestre, ou sempre que necessário;

VII - confessar a falência da sociedade e pedir concordata, de acordo com as


formalidades prescritas para o tipo de sociedade liquidanda;

VIII - finda a liquidação, apresentar aos sócios o relatório da liquidação e as suas contas
finais;

IX - averbar a ata da reunião ou da assembleia, ou o instrumento firmado pelos sócios,


que considerar encerrada a liquidação.

Parágrafo único. Em todos os atos, documentos ou públicações, o liquidante empregará


a firma ou denominação social sempre seguida da cláusula "em liquidação" e de sua
assinatura individual, com a declaração de sua qualidade.

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[TJCE]. O liquidante paga os créditos vencidos e vincendos?


Art. 1.106. Respeitados os direitos dos credores preferenciais, pagará o liquidante as
dívidas sociais proporcionalmente, sem distinção entre vencidas e vincendas, mas, em
relação a estas, com desconto.

Parágrafo único. Se o ativo for superior ao passivo, pode o liquidante, sob sua
responsabilidade pessoal, pagar integralmente as dívidas vencidas.

[TJCE]. Ao fim da liquidação o registro é cancelado?


Art. 1.109. Aprovadas as contas, encerra-se a liquidação, e a sociedade se extingue, ao
ser averbada no registro próprio a ata da assembleia.

[TJCE]. E ocorrida à dissolução?


Ocorrida à dissolução essa terá que entrar em liquidação para se extinguir por
completo conforme art.1036 do CC.

Art. 1.036. Ocorrida à dissolução, cumpre aos administradores providenciar


imediatamente a investidura do liquidante, e restringir a gestão própria aos negócios
inadiáveis, vedadas novas operações, pelas quais responderão solidária e
ilimitadamente.

Parágrafo único. Dissolvida de pleno direito a sociedade, pode o sócio requerer, desde
logo, a liquidação judicial.

[TJCE]. Há diferença entre averbação e cancelamento?


Sim, pois a averbação é uma forma de se dá publicidade ao cancelamento, a
averbação é um meio para se cancelar.

# DA TRANSFORMAÇÃO E DA INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADES.


[TJCE]. O que é transformação e incorporação de sociedades?
TRANSFORMAÇÃO – ocorre quando há mudança de tipo societário, ou seja, de
uma S/A para LTDA ou vice-versa. Também há transformação caso haja alteração
de aberta para fechada ou vice-versa. Não ocorre a dissolução ou liquidação da
sociedade (extinção), já que permanece a mesma pessoa jurídica, porém, submetida
ao regime do novo tipo adotado. Não há qualquer prejuízo ao direito dos sócios. Em
regra, depende do consentimento de todos os sócios, salvo se for previsto no ato
constitutivo, caso em que o sócio dissidente terá o direito de retirada ou recesso da
sociedade (arts. 1113, 1114 e 1115 do CC).

INCORPORAÇÃO – uma ou mais sociedades desaparecem para integrar uma


sociedade que já existente, vale dizer, uma sociedade (incorporada) é absorvida pela
outra (incorporadora). Ex. Nestle incorporando a Garoto. Se houver concentração de
mercado, haverá apreciação do CADE. (arts. 1116, 1117 e 1118 do CC)

[TJCE]. A lei exige procedimento de natureza contábil na incorporação e na


transformação? Depende de maioria qualificada?
O laudo de avaliação contábil é exigido nos casos de incorporação e transformação
de sociedades, de acordo com as seguintes legislações: i) Código Civil (arts. 1113 a
1122); ii) Lei 6.404/76 (S/A) arts. 223 a 229. Essas legislações determinam,

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basicamente, que as sociedades devem nomear peritos para a avaliação do patrimônio


líquido da sociedade a ser incorporada ou transformada.

Tal texto retirado de sites de empresas de auditoria contábil especializadas em


incorporações e transformações societárias. O mais próximo que achei disso no
Código foi a previsão do art. 1117, §1º do CC/02 que prevê: A sociedade que houver
de ser incorporada tomará conhecimento desse ato, e, se o aprovar, autorizará os
administradores a praticar o necessário à incorporação, inclusive a subscrição em
bens pelo valor da diferença que se verificar entre o ativo e passivo. Imagino que tais
valores somente possam ser obtidos mediante perícia contábil.

Segundo o art. 1114 do CC/02, o ato de TRANSFORMAÇÃO depende do


consentimento de todos os sócios, salvo se previsto no ato constitutivo, caso em que
o dissidente poderá retirar-se da sociedade, aplicando-se no silêncio do estatuto ou
contrato social, o disposto no art. 1031 (apuração de haveres com base na situação
patrimonial da sociedade à data da resolução).

Nos termos do art. 1071, VI c/c 1076, I do CC/02 é necessária maioria qualificada,
ou seja, sócios representando ¾ (três quartos) do capital social, quando houver a
necessidade de alteração do contrato social, INCORPORAÇÃO, fusão, dissolução e
a cessação de estado de liquidação.

[TJCE]. Na incorporação surge nova pessoa jurídica? A partir de quando?


Conforme respondido anteriormente, na incorporação a sociedade incorporadora
absorve a (s) sociedade (s) incorporada (s), portanto não há surgimento de nova
pessoa jurídica.

[TJCE]. Sociedade em nome coletivo que se transforma em limitada existe prejuízo?


Os credores têm prazo para impugnar?
Observando a redação do art. 1039 do CC/02 percebemos que a responsabilidade do
sócio na sociedade em nome coletivo é solidária, ilimitada e subsidiária. Por outro
lado, na sociedade limitada cada sócio é responsável pelo valor de suas quotas (art.
1052 do CC/02). Ao mudarmos o tipo societário acabou havendo a alteração da
responsabilidade do sócio, portanto haveria um claro prejuízo aos credores da
sociedade em nome coletivo.

Há previsão expressa no art. 1115 do CC/02 que a transformação não modificará ou


prejudicará os direitos dos credores. Igualmente, o art. 1122 do CC/02 assegura aos
credores o direito de pedir a anulação da operação societária que os prejudique.
Naturalmente, como houve uma diminuição na garantia do pagamento ao seu crédito,
manifesto é o interesse do credor em ajuizar a ação anulatória no prazo decadencial
de 90 (noventa) dias a contar da publicação do ato.

# DA FUSÃO E DA CISÃO DE SOCIEDADES.


[TJCE]. Discorrer sobre fusão e cisão de empresas. Criam novas empresas? O valor
do negócio se relacionam as ações (?) ou ao patrimônio? Requer quorum especial ?
Os credores podem impugnar? Se houver prejuízo?
- De acordo com o art. 228 da LSA, “a fusão é a operação pela qual se unem duas ou
mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos

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e obrigações”. No mesmo sentido, prevê o art. 1.119 do Código Civil que “a fusão
determina a extinção das sociedades que se unem, para formar sociedade nova, que
a elas sucederá nos direitos e obrigações”. Vê-se, pois, que enquanto na incorporação
não há o surgimento de uma nova sociedade, na fusão há o surgimento, sim, de uma
nova sociedade, resultado da união das sociedades fundidas.

De acordo com o disposto no art. 229 da LSA, “a cisão é a operação pela qual a
companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades,
constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se
houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a
versão”. Vê-se, pois, que a cisão pode ser definida, sucintamente, como transferência
de patrimônio de uma sociedade para outra. Se se transferem apenas alguns bens da
sociedade cindida, há uma cisão parcial. Por outro lado, havendo a transferência de
todos os bens da sociedade cindida, há uma cisão total, e nesse caso a sociedade
cindida se extingue.

- A incorporação, fusão ou cisão são deliberadas pelos sócios, atendendo-se as


condições para a alteração estatutária (na anônima ou comandita por ações) ou
contratual (limitada e demais tipos menores). A operação se formaliza, portanto, em
ata de assembleia geral ou no instrumento de alteração contratual (as Juntas têm
aceito, também, ata de reunião de quotistas). Isso corresponde, entretanto, à etapa
conclusiva da operação, que, em geral, é antecedida por uma série de providências,
destinadas a garantir sua economicidade. De fato, elas se iniciam, normalmente, com
contatos entre os controladores, ou administradores das sociedades envolvidas, em
reuniões cercadas da mais absoluta confidencialidade. Acertada a disposição
genérica de se concretizar a operação, cada sociedade deve franquear à outra
participante livre acesso aos seus estabelecimentos, livros e documentos, para a
realização de uma auditoria (due diligence). Ao concluírem a operação que estão
encetando, qualquer que seja a espécie, os interesses das duas sociedades estarão de
tal modo entrelaçados que eventuais irregularidades de uma delas (de ordem fiscal,
securitária, empregatícia, consumerista, atinente à legislação ambiental etc.)
contaminará a outra. A verificação da regularidade e consistência das demonstrações
contábeis e a investigação de passivos ocultos, realizadas nessas diligências
preparatórias da operação, influem também no valor a ser atribuído a cada empresa.

- Os efeitos das operações societárias relativamente aos direitos dos credores das
sociedades envolvidas variam de acordo com a natureza do crédito. Quando se trata
de crédito trabalhista, tributário ou titularizado pelo INSS, o regime jurídico
correspondente confere ao credor garantias para que a transformação, incorporação,
fusão ou cisão da sociedade devedora não o prejudique. Quando se cuida de crédito
civil, o assunto vem tratado na legislação societária e os direitos dos credores variam
de acordo com a operação realizada.

Na incorporação, a incorporadora sucede a incorporada (LSA, art. 227; CC, art.


1.116), e, na fusão, a sociedade resultante da operação é sucessora das originárias
(LSA, art. 228; CC, art. 1.119). Nesses dois casos, o credor da pessoa jurídica extinta
(por absorção ou união) exerce o direito de crédito contra a incorporadora ou a
sociedade resultante da fusão. Se não ficar satisfeito com a nova situação, por
considerar que o atendimento do seu crédito não está tão garantido, como na anterior,
o credor pode pedir a anulação judicial da operação. O seu prazo será de 60 ou 90
dias, conforme o regime jurídico aplicável à operação (LSA, art. 232; CC, art. 1.122).

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Assim, por exemplo, quando a sociedade incorporadora possuir ativo inferior ao


passivo, o credor da incorporada terá a garantia patrimonial de seu crédito reduzida,
já que o patrimônio líquido da sucessora será forçosamente menor que o da sociedade
absorvida.

Na cisão, a sucessão deve ser negociada, entre as sociedades participantes da


operação. Desse modo, cada sociedade responde, após a operação, pelas obrigações
que lhe forem transferidas. Omissos os documentos da cisão total relativamente a
certa obrigação da cindida, cada uma das sociedades receptoras responde na
proporção do patrimônio recebido (LSA, art. 229, § 1º). Essas são, contudo, regras
para a disciplina de eventual regresso. O credor da sociedade parcialmente cindida
continua podendo demandá-la, a despeito da distribuição de passivo negociada na
cisão. De fato, para proteger os interesses dos credores cíveis da cindida, estabelece
a lei a solidariedade entre as sociedades participantes da operação. No caso de cisão
total, as sociedades para as quais os bens da cindida foram vertidos são solidárias,
pelas obrigações da pessoa jurídica extinta (LSA, art. 233, caput). Na parcial, a
sociedade cindida e aquela para a qual verteu bens respondem solidariamente pelas
obrigações da primeira anteriores à cisão. A estipulação, nos instrumentos de cisão,
de que a sociedade para a qual houve versão patrimonial não responde senão pelas
obrigações expressamente transferidas não é eficaz contra o credor da cindida que,
nos 90 dias seguintes à publicação dos atos de cisão opuser-se à ressalva da
solidariedade (LSA, art. 233, caput e parágrafo único). Se a cisão não envolve
sociedade anônima, o credor prejudicado poderá também pleitear a anulação da
operação no prazo de 90 dias (CC, art. 1.122)

# DA SOCIEDADE DEPENDENTE DE AUTORIZAÇÃO SOCIEDADE NACIONAL E SOCIEDADE


ESTRANGEIRA.

[TJCE]. Quando se inicia a personalidade jurídica de uma sociedade que depende


de autorização?
Nacional:

Art. 1.131. Expedido o decreto de autorização, cumprirá à sociedade publicar os atos


referidos nos arts. 1.128 e 1.129, em trinta dias, no órgão oficial da União, cujo exemplar
representará prova para inscrição, no registro próprio, dos atos constitutivos da
sociedade.

Parágrafo único. A sociedade promoverá, também no órgão oficial da União e no prazo


de trinta dias, a publicação do termo de inscrição.

Estrangeira:

Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem
autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos
subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de
sociedade anônima brasileira.

Art. 1.135. É facultado ao Poder Executivo, para conceder a autorização, estabelecer


condições convenientes à defesa dos interesses nacionais

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Parágrafo único. Aceitas as condições, expedirá o Poder Executivo decreto de


autorização, do qual constará o montante de capital destinado às operações no País,
cabendo à sociedade promover a publicação dos atos referidos no art. 1.131 e no § 1o
do art. 1.134.

Art. 1.137. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar ficará sujeita às leis e aos
tribunais brasileiros, quanto aos atos ou operações praticados no Brasil.

Parágrafo único. A sociedade estrangeira funcionará no território nacional com o nome


que tiver em seu país de origem, podendo acrescentar as palavras "do Brasil" ou "para
o Brasil"

Art. 1.138. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar é obrigada a ter,


permanentemente, representante no Brasil, com poderes para resolver quaisquer
questões e receber citação judicial pela sociedade.

[TJCE]. Como se caracteriza uma sociedade estrangeira? Tem alguma limitação?


É considerada empresa estrangeira, a sociedade constituída e organizada em
conformidade com a legislação do país de origem, onde também mantém sua sede
administrativa.

Estas empresas estão sujeitas a autorização do Governo Federal. A sociedade


estrangeira deverá publicar no Diário Oficial da União, do Estado ou do Distrito
Federal, conforme o local) e em outro Jornal de grande circulação, as publicações
que segundo a sua lei nacional, sejam obrigadas a fazer, relativamente ao balanço, às
demonstrações financeiras e aos atos de sua administração.

Deverá também, publicar o balanço e as demonstrações financeiras de sua filial,


sucursal agência ou estabelecimento existente no Brasil. Toda e qualquer alteração
do contrato ou estatuto, bem como a nacionalização da empresa (transferência da
sede para o Brasil), deverá ser autorizado pela Governo Federal

Os documentos oriundos do exterior, deverão ser apresentados em original


devidamente autenticados, na conformidade da legislação do país de origem, e
legalizados pela autoridade consular brasileira. Os documentos originais deverão ser
traduzidos por tradutor público matriculado em qualquer Junta Comercial. Poderá ser
acrescido ao nome da sociedade a expressão "do Brasil" ou "para o Brasil".

4. Do Estabelecimento. Disposições gerais.


[TJCE]. O estabelecimento é sujeito ou objeto de direitos? Qual a sua natureza
jurídica?
Art. 1.142, CC/02. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado,
para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.

Muito se discutiu em torno da natureza do estabelecimento empresarial, existindo


várias teorias diferentes sobre a sua natureza. Atualmente, a doutrina moderna
dominante entende que o estabelecimento empresarial apresenta a natureza de
universalidade de fato, já que corresponde a um conjunto de bens que se mantém
unidos, destinados a uma finalidade, por vontade e determinação do seu proprietário.
O estabelecimento, correspondendo a uma unidade organizada para uma finalidade
específica, não se confunde com o patrimônio do empresário.

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[TJCE]. O que significa universalidade de direitos?


Art. 91, CC/02. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de
uma pessoa, dotadas de valor econômico.

Ex.: herança, massa falida.

[TJCE]. O que significa universalidade de fato?


Art. 90, CC/02. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.

Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações
jurídicas próprias.

Ex: biblioteca, rebanho de gado, qualquer coleção.

[TJCE]. O que se entende por aviamento?


O valor atribuído ao estabelecimento empresarial não se confunde com a simples
soma dos bens que o compõe, já que o mercado valoriza o investimento realizado
pelo empresário na organização do estabelecimento empresarial. A organização do
estabelecimento influencia a sua potencialidade de gerar lucro ao empresário, daí a
importância do aviamento na definição do preço do estabelecimento.

O aviamento corresponde à potencialidade de o estabelecimento empresarial gerar


lucro, estando diretamente relacionado à clientela: quanto maior a clientela, maior o
aviamento. Não se pode considerar o aviamento um bem integrante do
estabelecimento, corresponde a um atributo dele, sua capacidade de gerar lucros.
Esse é o atual entendimento da doutrina. Nesse sentido, Marcelo de Andrade Féres
destaca:

“o aviamento constitui um atributo do estabelecimento, e não da empresa, como pretende


parte da doutrina. Inegavelmente, o aviamento é o sobrevalor que se confere ao
estabelecimento bem organizado. Suponha-se que um empresário, que vende no varejo
calçados de luxo, tenha dois estabelecimentos empresariais, um situado num bairro
nobre e outro numa localidade humilde. No primeiro ponto, ele tem ótima clientela, as
vendas são significativas. No segundo, o movimento não é suficiente para o pagamento
dos custos operacionais. Com certeza, o aviamento não pode estar relacionado à
empresa (atividade), pois ela é idêntica em ambas as situações. A capacidade de gerar
lucro, assim, decorre diretamente da articulação dos elementos do estabelecimento,
inclusive o espacial, o que torna patente que cada azienda tem seu aviamento” (FÉRES,
2007, p.34)

[TJCE]. Um estabelecimento pode ser alienado sem alienar suas cotas?


O contrato de compra e venda do estabelecimento empresarial é denominado
trespasse. Embora consagrada pela doutrina para designar a transferência, a
expressão trespasse não foi adotada pelo Código Civil de 2002, mas, a Lei de
Falência e de Recuperação de Empresas (Lei n° 11.101/2005) indica dentre os meios
de recuperação judicial no art. 50, VII, o trespasse.

No trespasse há a transferência do estabelecimento do patrimônio do empresário


alienante (trespassante) para o patrimônio do empresário adquirente (trespassário). O
objeto da venda é o complexo de bens corpóreos e incorpóreos. Para que a alienação

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do estabelecimento empresarial produza efeitos perante terceiros deve preencher os


requisitos previstos no Código Civil.

O trespasse constitui contrato bilateral realizado entre o alienante do estabelecimento


(trespassante) e o adquirente (trespassário). O alienante, assim como o adquirente do
estabelecimento, podem ser empresários individuais ou sociedades empresárias.

O trespasse não se confunde com a cessão de quotas sociais de sociedade limitada ou


a alienação de controle da sociedade anônima. Na transferência da participação
societária o estabelecimento empresarial não muda de titular, tanto antes como após
a transação ele pertencia e continua a pertencer à sociedade empresária, à mesma
pessoa jurídica, que apenas tem a sua composição de sócios alterada. Na cessão de
quotas ou alienação de controle, o objeto da venda é a participação societária, ou seja,
as quotas ou as ações, conforme a espécie societária.

[TJCE]. Pode haver concorrência (trespasse)?


Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode
fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência.

Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição


prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.

[TJCE]. Qual a natureza jurídica do estabelecimento empresarial?


DIREITO EMPRESARIAL ESQUEMATIZADO, 2015: A doutrina brasileira
majoritária, seguindo mais uma vez as ideias suscitadas pela doutrina italiana sobre
o tema, sempre considerou o estabelecimento empresarial uma universalidade de
fato, uma vez que os elementos que o compõem formam uma coisa unitária
exclusivamente em razão da destinação que o empresário lhes dá, e não em virtude
de disposição legal.

Essa posição parece ter ganhado ainda mais força com a edição do Código Civil de
2002 e a consequente definição do estabelecimento como o complexo de bens
organizado pelo empresário para o exercício de sua atividade econômica. É que a
organização dos bens usados na atividade empresarial não decorre de determinação
legal, mas da vontade do empresário, que articula os fatores de produção no intuito
de explorar um determinado empreendimento e auferir lucro. De fato, o que dá
origem ao estabelecimento empresarial, na qualidade universalidade, é a vontade do
empresário, que organiza os diversos elementos que o compõem com a finalidade de
exercer uma determinada econômica.

[TJCE]. Pode ser objeto de alienação?


DIREITO EMPRESARIAL ESQUEMATIZADO, 2015: Ainda sobre o trespasse,
o Código dispõe, no seu art. 1.145, que “se ao alienante não restarem bens suficientes
para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do
pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou
tácito, em trinta dias a partir de sua notificação”. Sendo assim, o empresário que quer
vender o estabelecimento empresarial deve ter uma cautela importante: ou conserva
bens suficientes para pagar todas as suas dívidas perante seus credores, ou deverá
obter o consentimento destes, o qual poderá ser expresso ou tácito. Com efeito, caso
não guarde em seu patrimônio bens suficientes para saldar suas dívidas, o empresário
deverá notificar seus credores para que se manifestem em 30 dias acerca da sua

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intenção de alienar o estabelecimento. Uma vez transcorrido tal prazo in albis, o


consentimento dos credores será tácito, e a venda poderá ser realizada.

[TJCE]. Pode haver alienação sem que as cotas sejam alienadas?


SIM. Seria uma alienação parcial. Até porque o estabelecimento empresarial é
composto tanto por bens materiais quanto por bens imateriais.

[TJCE]. No caso de alienação, há limitação de concorrência? Qual o prazo?


DIREITO EMPRESARIAL ESQUEMATIZADO, 2015: O art. 1.147 do Código
Civil positivou no direito empresarial brasileiro a chamada cláusula de não
concorrência (também conhecida como cláusula de não restabelecimento ou cláusula
de interdição da concorrência): “não havendo autorização expressa, o alienante do
estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos
subsequentes à transferência”.

[TJCE]. Estabelecimento comercial é sujeito de direito? É uma universalidade de


fato ou de direito?
R: Art. 1.142, CC: Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado,
para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.

Estabelecimento não é sujeito de direito, mas é objeto de direito (portanto, pode ser
vendido, pode ser objeto de usufruto, de arrendamento).

O estabelecimento, por ser a reunião de bens decorrente da vontade do empresário, é


uma universalidade de fato.

[TJCE]. Pode ser alienado sem que sejam alienadas as cotas do empresário?
R: Art. 1.143, CC: Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de
negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua
natureza.

Trespasse é o nome que se dá para o contrato de compra e venda de estabelecimento


empresarial. É a transferência da titularidade do estabelecimento.

Na cessão de quotas não haverá transferência da titularidade do estabelecimento, mas


sim a modificação do quadro societário.

Para que o contrato de trespasse produza efeitos entre o alienante e o adquirente, não
precisa de formalidade nenhuma. No entanto, para que produza efeitos perante
terceiros, é preciso: averbação na Junta Comercial e publicação na Imprensa Oficial.

[TJCE]. Alienante pode fazer concorrência ao adquirente?


R: É possível a concorrência, mas a permissão para a concorrência deve estar
expressa no contrato de trespasse. Com o novo CC, aplica-se o art. 1.147, CC.

Art. 1.147, CC: Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não
pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência.

Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição


prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato).

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5. Dos Institutos Complementares: Do registro. Do nome empresarial.


Dos prepostos. Da escrituração.

# DO REGISTRO (REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS).


[TJCE]. Registro público das empresas mercantis. Onde deve ocorrer? Esse registro
é da administração federal estadual?
Antes de dar início à atividade empresarial, o empresário já tem de fazer o registro
no a Junta Comercial, sendo este um órgão encarregado do registro público de
empresas mercantis. Trata-se de registro administrativo ESTADUAL, eis que a Junta
Comercial é órgão estadual.

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas


Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

O Registro Público de Empresas Mercantis, que é sistematizado no SINREM


(Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis).

O SINREM está dividido em dois órgãos:

 DNRC (Departamento Nacional de Registro de Comércio): órgão federal,


normatizador e fiscalizador (fiscaliza a Junta Comercial)
 JUNTA COMERCIAL: órgão estadual (cada Unidade da Federação possui a sua
Junta Comercial) e executor (o registro tem de ser feito na Junta Comercial).

[TJCE]. Contrato de sociedade quando celebrado existe prazo de registro? Se o


registro correr dentro do prazo os atos praticados serão regulares ou irregulares?
Art. 36 da LRE. Os documentos referidos no inciso II do art. 32 deverão ser apresentados
a arquivamento na junta, dentro de 30 (trinta) dias contados de sua assinatura, a cuja
data retroagirão os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento só terá
eficácia a partir do despacho que o conceder.

Esta regra também foi repetida no Código Civil (art. 1151, §2º). Se o registro ocorrer
dentro do prazo, os atos serão reputados regulares e retroagem à data do pedido de
arquivamento.

Art. 1.151. (...) § 1o Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no


prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos respectivos.

§ 2o Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito
a partir da data de sua concessão.

§ 3o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos, em caso


de omissão ou demora.

[TJCE]. A junta comercial fará que tipo de análise do contrato? Formal ou


material? Se houver menor?
Art. 1.153. Cumpre à autoridade competente, antes de efetivar o registro, verificar a
autenticidade e a legitimidade do signatário do requerimento, bem como fiscalizar a

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observância das prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos


apresentados.

Parágrafo único. Das irregularidades encontradas deve ser notificado o requerente, que,
se for o caso, poderá saná-las, obedecendo às formalidades da lei.

A análise realizada pela Junta Comercial é meramente formal.

[TJCE]. Quais atos incluem o ato de registro?


O tema está tratado na Lei nº 8.934/1994, que dispõe sobre o Registro Público de
Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências.

Os atos de registro de empresa, executados pelas Juntas Comerciais dos Estados da


Federação, são de três distintas classes, conforme leciona o brilhante professor
Ricardo Negrão:

Matrícula: ato que se refere tão-somente aos leiloeiros, tradutores públicos,


intérpretes comerciais, trapicheiros (administradores de armazéns para importação
ou exportação) e administradores de armazéns-gerais.

Arquivamento: envolve atos de constituição, alteração, dissolução e extinção de


empresas individuais, sociedades empresárias ou cooperativas, bem como atos
relativos a consórcio e grupos de sociedade, empresas estrangeiras, a declaração de
microempresa e outros documentos que possam interessar ao empresário e às
sociedades empresárias.

Autenticação de documentos: de escrituração empresarial e de cópias dos


documentos e usos e costumes assentados em seus registros.

Lei nº 8.934/1994

Dos Atos Pertinentes ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins

SEÇÃO I - Da Compreensão dos Atos

Art. 32. O registro compreende:

I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes


comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais;

II - O arquivamento:

a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas


mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;

b) dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei nº 6.404, de 15
de dezembro de 1976;

c) dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no


Brasil;

d) das declarações de microempresa;

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e) de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro


Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao
empresário e às empresas mercantis;

III - a autenticação dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas


e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria.

[TJCE]. Em que momento se protege o nome empresarial?


CC: Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas
jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo
do nome nos limites do respectivo Estado.

Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional,
se registrado na forma da lei especial.

Lei nº 8.934/1994: Art. 33. A proteção ao nome empresarial decorre automaticamente


do arquivamento dos atos constitutivos de firma individual e de sociedades, ou de suas
alterações.

Art. 34. O nome empresarial obedecerá aos princípios da veracidade e da novidade.

O nome, quando colidir com outro já registrado, poderá permanecer se o ramo de


atuação da empresa for diferente e não causar concorrência desleal ou parasitária. Em
caso de igualdade nos nomes, poderá haver o acréscimo de algum termo com o
objetivo de diferenciá-lo. Quem utilizar o nome empresarial de outrem poderá ser
responsabilizado penalmente.

A legislação brasileira em vigor possui os dispositivos fundamentais para proteger a


empresa e por consequência o seu nome, sendo necessário observar inicialmente o
caso concreto em que será aplicada a força da proteção, devido à variedade de
hipóteses que produz o assunto concernente a proteção do nome empresarial.

[TJCE]. Quando ocorre dispensa à proteção ao nome empresarial?


Maria Cristina

[TJCE]. É possível integralizar capital social com imóvel?


Sim, a integralização do capital social poderá ocorrer através de dinheiro ou bens.

[TJCE]. A Junta Comercial pode negar tal integralização?


Sim, caso não estejam preenchidos os requisitos pertinentes, incluindo a ausência de
restrições sobre o imóvel, a exemplo de tombamento, impenhorabilidade.

Tratando da integralização através de imóveis, opera-se a transferência com a simples


tradição (efetiva entrega) para compor o patrimônio da empresa.

Ou seja, não é necessária a escritura pública para incorporação do bem. Tal ato pode
ocorrer no próprio instrumento particular do Contrato Social ou alteração, desde que
constem todos os elementos, como: descrição, identificação, área, dados da
titularidade e da matrícula imobiliária do imóvel, objeto da incorporação e a anuência
do outro cônjuge, quando for o caso; em síntese, o mesmo que seria necessário para
uma escritura pública.

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Na ausência de algum desses requisitos, nos termos do o art. 35 e inciso VII, alíneas
‘a’ e ‘b’, da lei 8.934/94, tal documento não poderá ser registrado.

Uma vez aceito e aprovado o seu registro pela Junta Comercial ou Cartório de
Registro de Pessoas Jurídicas Competente, o Contrato Social ou a sua alteração, será
hábil para proceder à transferência da propriedade junto ao Cartório de Registro de
Imóveis em que se encontra registrada a matrícula do imóvel, conforme o disposto
no art. 64 da lei 8.934/94, combinado com o art. 1.245 do CC/2002 e art. 167 da lei
6.015/73.

Ressalta-se que o Cartório de Registro de Imóveis, poderá requerer, além da


apresentação do Contrato Social ou a sua alteração, a apresentação de demais
documentos pertinentes, mormente a apresentação da quitação ou imunidade do
ITBI.

Na incorporação de imóvel ao capital, não incide o imposto de transmissão inter


vivos (ITBI), assim como não é devido laudêmio, tendo em vista que a jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça considera essa operação como não onerosa,
representando uma simples troca de imóvel por quotas ou ações do capital, sem
modificação quantitativa do patrimônio do sócio (STJ, 2ª Turma, RESP 1.104.363-
PE, julgado em 01/10/2009).

[TJCE]. O arquivamento do ato na Junta Comercial é de competência de quem?


Maria Cristina

[TJCE]. Cabe recurso do plenário da Junta Comercial?


Sim. Das decisões do plenário cabe recurso ao Ministro de Estado da Indústria, do
Comércio e do Turismo, como última instância administrativa.

Fundamento legal: art. 47 da Lei nº 8.934/1994; art. 69 do Decreto nº 1.800/1996 e

Instrução Normativa nº 85, de 29 de fevereiro de 2000.

Art. 47. Das decisões do plenário cabe recurso ao Ministro de Estado da Indústria, do
Comércio e do Turismo, como última instância administrativa.

Parágrafo único. A capacidade decisória poderá ser delegada, no todo ou em parte.

Art. 48. Os recursos serão indeferidos liminarmente pelo presidente da junta quando
assinados por procurador sem mandato ou, ainda, quando interpostos fora do prazo ou
antes da decisão definitiva, devendo ser, em qualquer caso, anexados ao processo.

Art. 49. Os recursos de que trata esta lei não têm efeito suspensivo.

[TJCE]. A Junta Comercial é um órgão estadual ou federal?


Junta comercial é um órgão estadual, responsável pelo registro de atividades
empresariais. Há uma Junta Comercial em cada Estado brasileiro.

# DO NOME EMPRESARIAL
[TJCE]. A partir de quando o nome da empresa ganha proteção?

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O nome empresarial ganha proteção a partir do seu registro na junta comercial.

[TJCE]. Nome empresarial é diferente de nome fantasia?


Às vezes, o nome empresarial que é criado pelo empresário ou pelos sócios da
sociedade empresária não é comercialmente interessante e assim é criado um nome
para servir de título do estabelecimento ou de nome do produto, mas este não é
registrado. No âmbito do direito empresarial, contudo, o que tem proteção jurídica é
o nome empresarial, não obstante o nome fantasia possa ser protegido pelas regras
do direito de concorrência.

[TJCE]. O que é nome fantasia?


Nome fantasia ou nome fantasia, também chamado nome de marca, nome comercial
ou nome de fachada, é a designação popular de título de estabelecimento utilizada
por uma instituição (empresa, associação etc), seja pública ou privada, sob o qual ela
se torna conhecida do público. Esta denominação opõe-se à razão social, que é o
nome utilizado perante os órgãos públicos de registro das pessoas jurídicas. A
utilização do nome de fantasia se dá em diversos momentos, desde a sua colocação
na fachada do estabelecimento comercial até a sua aposição nos produtos fabricados,
passando pela veiculação em material de publicidade.

O nome fantasia pode ser igual ou diferente da razão social. Pode também ser
formado a partir de palavras ou expressões derivadas da razão social. Inversamente,
o nome fantasia pode ser a fonte para a elaboração da razão social.

Esse nome é usado para a divulgação da empresa e de seus produtos. É facultado à


empresa registrar o nome de fantasia, tornando-o uma marca registrada, cujo símbolo
é ®. De acordo com as regras de direito comercial, o registro de um nome fantasia é
feito perante os órgãos de registro de marcas e patentes, sendo resguardado o direito
à sua utilização ao primeiro que o registra. A empresa que registra uma marca torna-
se, portanto, sua proprietária absoluta.

[TJCE]. Quais as proteções ao nome empresarial? S.A. tem firma?


A S.A. opera bob denominação, conforme art. 1160 do CC.

[TJCE]. Ltda. tem firma?


De acordo com o art. 1158 do CC pode a Limitada adotar firma ou denominação
integradas pela palavra limitada ou sua abreviatura.

[TJCE]. Pode haver nomes comerciais iguais?


Pelo princípio da Novidade, não poderão coexistir, na mesma unidade federativa,
dois nomes empresariais idênticos, prevalecendo aquele registrado primeiro (art. 34
da Lei 8.934/94).

[TJCE]. O que tem o nome primitivo pode impugnar?


Sim, quem registrou o nome primeiro tem o direito de impugnar o nome de quem
registrou depois, tendo direito adquirido sobre o registro do nome feito.

[TJCE]. Nome empresarial e nome fantasia são a mesma coisa?


O nome empresarial é o elemento de identificação do empresário ou da sociedade
empresária. O que vai identificar o empresário ou a sociedade empresária é o seu
nome empresarial. Pode ser firma individual ou social.

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Nome Fantasia também conhecido como Nome de Fachada ou Marca Empresarial, é


o nome popular de uma empresa. O nome fantasia pode ou não, ser igual ou parecido
com a razão social de uma empresa. É o nome que serve para a divulgação da empresa
e seus produtos, visando o maior aproveitamento de marca e estratégia de marketing
e vendas.

[TJCE]. S/A tem firma? LTDA tem firma? Pode haver nomes comerciais iguais? O
que tem o nome primitivo pode impugnar?
A S/A somente adota denominação social. As sociedades limitadas se caracterizam
com o início do nome de um ou mais quotistas, por extenso ou abreviadamente,
terminando com a expressão "& Cia. Ltda." (firma ou razão social) ou com o objeto
social no nome da empresa, seguindo-se da expressão "Ltda" (denominação), nos
termos do art. 1158 do Código Civil Brasileiro.

O titular do registro de um nome empresarial tem direito, entre outros aspectos, à


exclusividade do uso desse nome. Tendo em vista a função desempenhada pelo nome
empresarial, que é de distinção em relação a outros empresários, não pode o
ordenamento jurídico admitir a coexistência de nomes iguais ou semelhantes que
possam causar confusão junto aos usuários, consumidores, fornecedores e até mesmo
em relação ao próprio Estado, em seus diversos níveis e esferas.

# DOS PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO: DO GERENTE, DO CONTABILISTA E OUTROS


AUXILIARES.

[TJCE]. Gerente e administrador são as mesmas figuras? Podem ser substituídos?


As sociedades empresárias, notadamente a Sociedade limitada, de acordo com o novo
código passaram a ter nos seus quadros a figura do administrador, podendo ser sócio
ou não sócio, que exerce poderes de representação da empresa, nomeados no contrato
ou em ato separado, por deliberação dos sócios, não tendo vínculo empregatício, haja
vista não está subordinado à diretoria, e sim fazendo parte dela.

O gerente, do ponto de vista jurídico, não é considerado um administrador e sim um


preposto, que embora cuide de parte da gestão dos negócios, estará sempre
subordinado à diretoria e agindo em nome dos administradores por meio de
instrumento de mandato ou procuração. Possui vínculo empregatício com a
Sociedade empresária ou com o empresário individual.

Assim, de acordo com o artigo 1.172 do código, considera-se gerente o preposto


permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência.

Poderá ser substituído o administrador, desde que com autorização judicial.

[TJCE]. O gerente do estabelecimento representa a pessoa jurídica? Pode comprar


e vender imóveis da pessoa jurídica?
Quem representa a pessoa jurídica é seu administrador. Assim, somente o
administrados ou sócio - gerente possui poderes para realizar compra e venda da
pessoa jurídica. O gerente é apenas um preposto da empresa.

[TJCE]. Qual a diferença do gerente e o administrador?

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Gerente não tem poderes de administrar a sociedade; normalmente é um empregado


responsável. Alguém que apenas faz ser cumprida determinação de outrem; no caso,
específico, determinações do administrador.
Administrador, ao contrário, tanto pode ser o próprio sócio ou pessoa não sócia, pois
é aquele que representa a sociedade no exercício do objeto social, por nomeação dos
sócios.

Portanto não cumpre ordens; delibera e atua de forma autônoma, conforme cláusula
específica ou normas legais.

Sobre administradores devem ser lidos os artigos 1.060 a 1.065, do Código Civil de
2002.Sendo assim, a pessoa que irá administrar a sociedade deve ser titulada como
Administrador ou Diretor, e nunca como gerente. Art. 1.172. Considera-se gerente o
preposto permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial
ou agência.

[TJCE]. O gerente é preposto ou representante? Que poderes são conferidos?


O gerente é preposto. Quem representa a empresa é o seu administrador. O gerente
não é legalmente considerado administrador da empresa. Isto tem importantes
reflexos no âmbito das responsabilidades na gestão das organizações. Diferente do
gerente, o administrador na sociedade limitada, que pode ser sócio ou não sócio,
exerce poderes de representação da empresa, poderes estes nomeados no contrato ou
em ato separado, por deliberação dos sócios. Portanto, o gerente não é considerado
um administrador e sim um preposto que, embora na prática cuide de parte da gestão
dos negócios, estará sempre subordinado aos administradores que o nomeia. Possui
vínculo empregatício com a sociedade empresária ou com o empresário individual.
Os atos praticados pelos prepostos serão sempre de responsabilidade imediata do
preponente perante terceiros, podendo em casos específicos, sobretudo de dolo,
alcançar também o preposto. Art. 1.173. Quando a lei não exigir poderes especiais,
considera-se o gerente autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício
dos poderes que lhe foram outorgados.

[TJCE]. O gerente é preposto permanente ou eventual?


Art. 1.172. Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, na
sede desta, ou em sucursal, filial ou agência.

[TJCE]. Gerente e administrador se confundem?


As sociedades empresárias, notadamente a Sociedade limitada, de acordo com o novo
código, passaram a ter nos seus quadros a figura do administrador. Este pode ser
sócio, ou não sócio, que exerce poderes de representação da empresa, nomeados no
contrato ou em ato separado, por deliberação dos sócios, não tendo vínculo
empregatício, haja vista não está subordinado à diretoria, e sim fazendo parte dela.

O gerente, do ponto de vista jurídico, não é considerado um administrador e sim um


preposto, que, embora cuide de parte da gestão dos negócios, estará sempre
subordinado à diretoria e agindo em nome dos administradores por meio de
instrumento de mandato ou procuração. Possui vínculo empregatício com a
Sociedade empresária ou com o empresário individual.

[TJCE]. Gerente é preposto de quem?

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Art. 1.172. Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, na


sede desta, ou em sucursal, filial ou agência.

[TJCE]. E auxiliar provisório ou permanente?


Permanente (art. 1.172, CC/02).

[TJCE]. Quem escritura os livros?


Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a
responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na
localidade.

[TJCE]. Quem é o preponente?


A sociedade empresária ou o empresário individual.

[TJCE]. O gerente pode se fazer substituir?


Art. 1.169. O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir no
desempenho da preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto
e pelas obrigações por ele contraídas.

[TJCE]. O gerente é uma pessoa que deve estar registrada na Junta Comercial
(registro público de empresa mercantil)?
Art. 1.174. As limitações contidas na outorga de poderes, para serem opostas a terceiros,
dependem do arquivamento e averbação do instrumento no Registro Público de
Empresas Mercantis, salvo se provado serem conhecidas da pessoa que tratou com o
gerente.

Parágrafo único. Para o mesmo efeito e com idêntica ressalva, deve a modificação ou
revogação do mandato ser arquivada e averbada no Registro Público de Empresas
Mercantis.

# DA ESCRITURAÇÃO DO EMPRESÁRIO E DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA.


[TJCE]. O que significa a indivisibilidade da contabilidade de uma empresa? Qual
o efeito?
Art. 380, CPC. A escrituração contábil é indivisível: se dos fatos que resultam dos
lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros Ihe são contrários,
ambos serão considerados em conjunto como unidade.

[TJCE]. O juiz pode determinar a exibição de livro?


Art. 1.191, CC/02. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de
escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão
ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.

§ 1o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento


ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam
examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem,
ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão.

§ 2o Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo


juiz.

[TJCE]. A inscrição integral pode ser determinada?

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Art. 381, CPC. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos
livros comerciais e dos documentos do arquivo:

I - na liquidação de sociedade;

II - na sucessão por morte de sócio;

III - quando e como determinar a lei.

[TJCE]. Os livros contábeis podem fazer prova em favor do comerciante?


Art. 378, CPC. Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao comerciante,
todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não
correspondem à verdade dos fatos.

Art. 379, CPC. Os livros comerciais, que preencham os requisitos exigidos por lei,
provam também a favor do seu autor no litígio entre comerciantes.

7. Da Recuperação Judicial, Extrajudicial e a Falência do Empresário e


da Sociedade Empresária (Lei nº 11.101, de 09 de fevereiro de 2005).

# RECUPERAÇÃO JUDICIAL.
[TJCE]. O que é recuperação judicial? Existe classificação de créditos? É idêntico
ao da falência? O que são os extraconcursais? Se houver credor com garantia
fiduciária?
Fora do edital do TJRN.

[TJCE]. O que visa a recuperação judicial?


Matéria fora do edital TJRN.

[TJCE]. Há classificação de crédito?


Matéria fora do edital TJRN.

[TJCE]. Crédito decorrente de acidente de trabalho prefere ao de Direito Real?


Matéria fora do edital TJRN.

[TJCE]. Quem escolhe o comitê de credores?


Matéria fora do edital TJRN.

[TJCE]. O que é administrar?


Matéria fora do edital TJRN.

[TJCE]. O empresário perde a administração da empresa?


Matéria fora do edital TJRN.

[TJCE]. Qualquer empresário pode requerer? Quais os requisitos?


Matéria fora do edital TJRN.

[TJCE]. Quem nomeia o administrador na recuperação judicial?


Matéria fora do edital TJRN.

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[TJCE]. Existem requisitos profissionais?


Matéria fora do edital TJRN.

[TJCE]. Quem nomeia o comitê de credores ?


Matéria fora do edital TJRN.

[TJCE]. Qualquer classe de credores podem nomear?


Matéria fora do edital TJRN.

[TJCE]. Na recuperação judicial os créditos são classificados como?


Matéria fora do edital TJRN.

[TJCE]. O promitente vendedor está sujeito a classificação de créditos? E na


promessa de compra e venda de bem imóvel?
Matéria fora do edital TJRN.

# FALÊNCIA DO EMPRESÁRIO E DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA.


[TJCE]. Qual a finalidade da falência?
Do ponto de vista do direito a falência é um processo de execução coletiva contra o
devedor insolvente sujeito a esse instituto jurídico. É um tema vinculado de forma
mais direta ao direito empresarial e nem todos os devedores estão sujeitos a falência.
No processo falimentar, observada a ordem de preferência, concorrem todos os
credores. Sua finalidade principal é a proteção dos credores através da arrecadação
do patrimônio disponível do devedor, para em seguida verificar os créditos, solver as
dívidas e liquidar o ativo, mediante rateio, segundo as prioridades estabelecidas em
lei.

Para Rubens Requião:

“A falência é, em nosso entender, a solução judicial da situação jurídica do devedor-


comerciante que não paga no vencimento obrigação líquida”.

[TJCE]. O que é pedido de restituição na falência?


Disciplinado nos artigos 85 a 93 da Lei 11.101/05, o pedido de restituição consiste
na devolução de bens de terceiros circunstancialmente em poder do devedor nos
processos de falência, assim como dos bens vendidos a crédito ao devedor às
vésperas do requerimento da falência.

Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre


em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição.

Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e
entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se
ainda não alienada.

[TJCE]. O que se entende por pedido de restituição na falência?


A ação de restituição, conhecida na prática forense como “restituição de bens” ou
“restituição de mercadorias”, é uma ação especial prevista e regulada na lei
falimentar, tanto na nova Lei da Recuperação Judicial, Extrajudicial e Falência (Lei

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nº11.101 de 2005 - LRE) como no antigo Decreto-Lei nº 7.661 de 1945, Lei da


Concordata e Falência (LCF).

Do Decreto-Lei de 1945 à Lei 11.101/2005 a ação de restituição não sofreu grandes


mudanças, na realidade, foi regulada ainda de forma mais condensada dentro da nova
lei, permanecendo inalterado o direito positivo; a introdução dos valores e princípios
de preservação da empresa, interesse social da empresa, dentre outros.

Entretanto, em estudo jurisprudencial nesse trabalho verifica-se que ainda não mudou
a visão dos juristas sobre esse instituto em específico, alterando somente a visão
sobre o procedimento principal ajuizado (falência ou recuperação judicial) e dando
algumas linhas gerais aos demais procedimentos anexos.

Como adiante será estudado a ação de restituição de bens tem, basicamente, três áreas
principais de tutela, que serão estudadas:

a) propriedade ou posse;

b) operações de compra e venda a crédito;

c) o crédito cambiário; e;

d) inscrição de créditos advindos de ação revocatória.

[TJCE]. Se o pedido de restituição for julgada improcedente?


Art. 89. A sentença que negar a restituição, quando for o caso, incluirá o requerente no
quadro-geral de credores, na classificação que lhe couber, na forma desta Lei.

Art. 89. A sentença que negar a restituição, quando for o caso, incluirá o requerente no
quadro-geral de credores, na classificação que lhe couber, na forma desta Lei.

8. Da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Lei


Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006)

# MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE.


[TJCE]. O que difere microempresa e de empresa de pequeno porte?
O que difere uma da outra é sua receita bruta. A microempresa será a sociedade
empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada
e o empresário, devidamente registrados nos órgãos competentes, que aufira em cada
ano calendário, a receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00.

Se a receita bruta anual for superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior é R$


3.600.000,00, a sociedade será enquadrada como empresa de pequeno porte.

[TJCE]. Pode ser constituída em limitada e EIRELI?


Sim, ela pode ser tanto uma limitada como eireli, conforme já foi afirmado no item
anterior.

[TJCE]. Sociedade individual?

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Sociedade Individual é a exploração de uma atividade comercial e/ou industrial por


uma única pessoa física, caracteriza uma Sociedade ou Firma Individual. As
principais características de uma sociedade individual são: Na legislação brasileira
não existe a figura da sociedade individual

[TJCE]. A microempresa tem benefícios em procedimentos licitatórios?


Sim. TAVARES (2014): No capítulo V da Lei Geral, intitulado Do acesso aos
mercados e que compreende os arts. 42 a 49, cuidou o legislador de estabelecer
normas especiais para a disciplina da participação das MEs e EPPs em licitações
públicas, concedendo-lhes condições privilegiadas nos certames licitatórios, o que de
fato foi uma inovação relevante, mas que traz certas preocupações para os
especialistas do direito administrativo, notadamente quanto à possibilidade de
fraudes.

Feito o alerta quanto a essas ponderações iniciais, passemos então a analisar


especificamente de que forma a Lei Geral deu tratamento privilegiado às MEs e
EPPs.

a) A comprovação de regularidade fiscal e de outros requisitos formais de


habilitação: não estão dispensadas de apresentar a documentação relativa à
comprovação de sua regularidade fiscal, mas a lei previu que elas apenas não serão
excluídas do certame licitatório se a documentação indicar irregularidades. Assim,
mesmo com pendências fiscais, por exemplo, uma ME ou EPP pode participar
normalmente de todo o procedimento licitatório, podendo inclusive vir a ser
declarada vencedora. A efetiva regularização fiscal só será exigida, então, quando da
celebração do contrato. Por outro lado, se a ME ou EPP sequer apresentar a sua
documentação fiscal – esteja ela irregular ou não – deve ser desclassificada do
certame.

Caso ocorra de o licitante vencedor ser uma ME ou EPP com pendências fiscais,
prevê o § 1º do art. 43 que “havendo alguma restrição na comprovação da
regularidade fiscal, será assegurado o prazo de 2 (dois) dias úteis, cujo termo inicial
corresponderá ao momento em que o proponente for declarado o vencedor do
certame, prorrogáveis por igual período, a critério da Administração Pública, para a
regularização da documentação, pagamento ou parcelamento do débito, e emissão de
eventuais certidões negativas ou positivas com efeito de certidão negativa”.

b) A regra especial de desempate em favor das MEs e EPPs: “nas licitações será
assegurada, como critério de desempate, preferência de contratação para as
microempresas e empresas de pequeno porte”. “Entende-se por empate aquelas
situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas de
pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais
bem classificada”. No mesmo sentido é a regra do § 2º, aplicável especificamente ao
pregão: “na modalidade de pregão, o intervalo percentual estabelecido no § 1º deste
artigo será de até 5% (cinco por cento) superior ao melhor preço”.

Vê-se, pois, que a Lei Geral criou o que já se está chamando de empate ficto ou
ficção de empate, uma vez que este se configura, juridicamente, não apenas quando
houver mais de uma proposta com valores idênticos, mas também quando houver
propostas com valor aproximado, cuja diferença se situe num limite percentual, o
qual, no pregão, é de 5%, enquanto nas demais modalidades licitatórias é de 10%.

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c) A cédula de crédito microempresarial: ainda no campo do tratamento privilegiado


dado às MEs e EPPs em matéria de licitações públicas, previu a Lei Geral, em seu
art. 46, que elas poderão emitir um tipo especial de título de crédito quando a
Administração Pública não pagar, em trinta dias, valores referentes a empenhos
liquidados de titularidade das mesmas. Eis o que diz a norma em questão: “a
microempresa e a empresa de pequeno porte titular de direitos creditórios
decorrentes de empenhos liquidados por órgãos e entidades da União, Estados,
Distrito Federal e Município não pagos em até 30 (trinta) dias contados da data de
liquidação poderão emitir cédula de crédito microempresarial”.

d) O tratamento diferenciado e simplificado para as MEs e EPPs


Com efeito, segundo o art. 47, “nas contratações públicas da administração direta e
indireta, autárquica e fundacional, federal, estadual e municipal, DEVERÁ ser
concedido tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas
de pequeno porte objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social
no âmbito municipal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas
e o incentivo à inovação tecnológica (Redação pela LC 147/2014)”.

[TJCE]. Isso é constitucional?


Sim é constitucional, pois as microempresas são mais fracas em relação às empresas
de grande porte, não podendo, por isso, concorrer em pé de igualdade. Portanto esse
tratamento privilegiado as microempresas, consagra o princípio da isonomia. A
própria Constituição em seu art. 179 dispensa tratamento diferenciado às
microempresas.

9. Da Letra de Câmbio e da Nota Promissória (Decreto nº 2.044, de 31


de dezembro de 1908, Decreto nº 57.663, de 24 de janeiro de 1966). 10 -
Do Cheque (Lei nº 7.357, de 02 de setembro de 1985). Da Duplicata (Lei
nº 5.474, de 18 de julho de 1968).

# LETRA DE CÂMBIO
[TJCE]. Na ação entre sacado e endossado avalistas quando se discute condições
subjacentes? Prazo prescricional do título?
R: Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor com os portadores
precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao adquirir o
título, tiver agido de má-fé.

Ademais, em razão do princípio da autonomia, cada participante só poderá opor


exceções a outros que sejam de caráter pessoal e diretamente ligada a sua relação.

Quanto ao prazo prescricional dos títulos:

Título Prazo para Prazo para Prazo


execução contra execução contra para ação
devedor endossante e de
principal e avalista regresso
avalista

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Letra de 3 anos 1 ano 6 meses


Câmbio

Nota 3 anos 1 ano 6 meses


Promissória

Duplicata 3 anos 1 ano 1 ano

Cheque 6 meses 6 meses 6 meses

[TJCE]. Qual a diferença entre aceitante e sacador? Aqui pode se discutir negócio
subjacente?
R: O sacador é aquele que emite o título de crédito. O aceitante, também chamado de
sacado é a pessoa indicada pelo sacador para pagar determinada quantia ao tomador
ou beneficiário. O sacado, se concordar com a ordem (aceite) se torna o devedor
principal do título.

Não há que se discutir o negócio subjacente, pois o sacado não é obrigado a aceitar
o encargo. Inclusive, no caso de recuso, há o vencimento antecipado do título e o
beneficiário poderá cobrar todo o valor do sacador, com quem firmou relação
jurídica.

# NOTA PROMISSÓRIA.
[TJCE]. A nota promissória é um título causal ou formal? Pode ser vinculada ao
contrato de compra e venda?
É não-causal, uma vez que não necessita de uma causa específica para ser emitida.
Também pode ser classificada como formal, trazendo a lei requisitos formais que
devem estar presentes para que seja qualificada como título de crédito. A nota
promissória pode ser vinculada ao contrato de compra e venda. A jurisprudência
entende que as discussões acerca das causas contratuais que deram origem ao título
irradiam sobre ele seus efeitos e, assim, a deficiência ou inadimplemento contratual
repercutem sobre a nota promissária que a ele se vincula. Tornando-se ilíquido o
contrato, o título também o será.

[TJCE]. Qual a diferença entre nota promissória pro soluto e pro solvendo?
Nota promissória pro soluto: Neste caso ocorrera a novação da relação causal.
Quitação se da com a entrega da nota promissória - extingue a divida anterior. O
descumprimento da obrigação só permitira a execução da nota, e não poderá pedir a
rescisão (pois o a obrigação do contrato já havia sido extinta).

Nota promissória pro solvendo: (para pagamento) é a nota promissória para


pagamento. No título pro solvendo a quitação somente se opera com o pagamento do
título. Se alguém fornece titulo pro solvendo, em caso de descumprimento do
obrigação pode-se executar a nota ou rescindir o contrato.

[TJCE]. A nota promissória pode ser título ao portador?


Não pode ser sacada ao portador.

[TJCE]. Pode ser endossada em branco? Em preto? Póstuma? Pode haver aval?

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É possível o endosso em branco, quando não identifica o endossatário ou em preto,


quando o identifica. O endosso póstumo é aquele dado depois de vencido e protestado
ou expirado o prazo de protesto, tendo efeito de cessão civil, sendo possível na nota
promissória. O aval é possível.

[TJCE]. Qual seu vencimento se não houver dolo?


Opera-se pelo fato jurídico do decurso do tempo ou pela apresentação ao sacado da
letra à vista.

[TJCE]. Qual o seu prazo prescricional?


3 anos para execução contra emitente e avalista ; 1 ano para execução contra avalista
do endossante ; 6 meses contados do prazo do pagamento, contra avalista do
endossante, ou seja, para o direito de regresso, conforme art. 70 da LU.

[TJCE]. Qual a natureza jurídica da nota promissória?


É um título de crédito, tendo natureza jurídica de títulos executivo extrajudicial (Art.
585, I, CPC).

[TJCE]. Quando uma nota promissória é considerada emitida à vista?


Decreto nº 2.044/ 1908, Art. 54, § 2º Será pagável à vista a nota promissória que não
indicar a época do vencimento.

[TJCE]. Qual o prazo prescricional para execução?


A pretensão relativa à execução contra o emitente e o avalista da nota promissória
prescreve no prazo de três anos, contado a partir do término do prazo de um ano para
apresentação.

Mesmo depois de perder a executividade, a nota promissória mantém o caráter de


documento idôneo para provar a dívida tomada em função de negócio jurídico.
Porém, ultrapassado o prazo da ação cambial, o avalista não pode mais ser cobrado.

Súmula 504, que trata do prazo para ajuizamento de ação monitória em caso de
promissória sem força executiva: “o prazo para ajuizamento da ação contra o
emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia
seguinte ao vencimento do título.”.

Um dos precedentes utilizados foi o REsp 1.262.056, de relatoria do ministro Luis


Felipe Salomão. Segundo a decisão, aplica-se, no caso, o prazo prescricional do
parágrafo 5º, inciso I, do artigo 206 do Código Civil, que regula a pretensão de
cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumentos públicos ou particulares.

[TJCE]. Nota promissória emitida no país pode ser executada em outro país?
Os titulos executivos extrajudicias, como a nota promissoria, oriundos de
paisestrangeiro, somente terao eficacia executiva, no Brasil, nos termos da lei
processual brasileira, se o indicarem com lugar do cumprimento da obrigação. (STF,
RE 101120 RJ)

[TJCE]. Aplica-se a lei uniforme aos títulos (NC)?


Aplica-se, mas com ressalvas.

LEI UNIFORME SOBRE O CHEQUE, ADOTADA PELA CONVENÇÃO DE GENEBRA.


Aprovada essa Convenção pelo Congresso Nacional, e regularmente promulgada, suas

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normas têm aplicação imediata, inclusive naquilo em que modificarem a legislação


interna. Recurso Extraordinário conhecido e provido.

CONVENÇÃO DE GENEBRA – LEI UNIFORME SOBRE LETRAS DE CÂMBIO E


NOTAS PROMISSÓRIAS – AVAL APOSTO À NOTA PROMISSÓRIA NÃO
REGISTRADA NO PRAZO LEGAL – IMPOSSIBILIDADE DE SER O AVALISTA
ACIONADO, MESMO PELAS VIAS ORDINÁRIAS. VALIDADE DO DECRETO-LEI Nº
427, DE 22.01.1969. Embora a Convenção de Genebra que previu uma lei uniforme
sobre letras de câmbio e notas promissórias tenha aplicabilidade no direito interno
brasileiro, não se sobrepõe ela às leis do País, disso decorrendo a constitucionalidade e
consequente validade do Decreto-lei nº 427/1969, que instituiu o registro obrigatório da
Nota Promissória em Repartição Fazendária, sob pena de nulidade do título. Sendo o
aval um instituto do direito cambiário, inexistente será ele se reconhecida a nulidade do
título cambial a que foi aposto. Recurso Extraordinário conhecido e provido.

10. Do Cheque (Lei nº 7.357, de 02 de setembro de 1985). Da Duplicata


(Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968).

# CHEQUE
[TJCE]. O que é cheque cruzado? Pode ser depositado em conta de outra pessoa?
Pode ser avalizado? E endosso? Quais os prazos de execução do cheque? Cheque
pós-datado apresentado antes da data pode ser pago? Para quem apresentou haverá
responsabilidade? Em ação monitoria é preciso demonstração de causa?
O cruzamento faz com que o credor, para receber o valor do titulo, precise depositar
o cheque em outra conta bancaria, fazendo com que o titulo passe pela câmara de
compensação, aumentando a segurança do uso desse titulo de credito. Se não fosse
cruzado, poderia ser descontado diretamente pelo banco. Pode ser endossado e
avalizado, e depositado em conta de outra pessoa. Os prazo de execução do cheque
sempre será de 6 meses, contados a partir do escoamento do prazo de sua
apresentação (30 dias se da mesma praça e 60 dias se decorrentes de praças
diferentes).

Cheque pós-datado e apresentado antes da data pode ser pago pois o cheque é uma
ordem de pagamento à vista; contudo, aquele que apresentou antes do prazo
combinado, fica sujeito à responsabilidade, uma vez que houve quebra de um acordo
firmado. Sobre o assunto, o STJ editou a sumula 370, afirmando caracterizar dano
moral a apresentação antecipada do cheque pré-datado. O STJ entende que em ação
monitoria de cheque prescrito não é preciso que o credor demonstre a causa, cabendo
ao devedor fazer prova de eventual inexistência de divida.

[TJCE]. Cheque é título de crédito? É causal ou formal?


SIM. Cheque é título de crédito, porém abstrato.

DIREITO EMPRESARIAL ESQUEMATIZADO, 2015:

Título causal é aquele que somente pode ser emitido nas restritas hipóteses em que
a lei autoriza a sua emissão. É o caso, por exemplo, da duplicata, que só pode ser
emitida, como será visto com mais detalhes adiante, para documentar a realização de

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uma compra e venda mercantil (duplicata mercantil) ou um contrato de prestação de


serviços (duplicata de serviços).

Título abstrato, por sua vez, é aquele cuja emissão não está condicionada a nenhuma
causa preestabelecida em lei. Em síntese: podem ser emitidos em qualquer hipótese.
É o caso, por exemplo, do cheque, que pode ser emitido para documentar qualquer
relação negocial.

Entendo se tratar de um título formal, dada a vinculação quanto ao modelo.

(...) o título de modelo vinculado, ao contrário, se submete a uma rígida padronização


fixada pela legislação cambiária específica, só produzindo feitos legais quando
preenchidas as formalidades legais exigidas. É o que ocorre com o cheque e com a
duplicata. Esta, por exemplo, em obediência ao disposto no art. 27 da Lei das
Duplicatas (Lei 5.474/1968), deve ser emitida segundo as normas fixadas pelo
Conselho Monetário Nacional.

[TJCE]. Em uma ação monitória, é necessário provar o direito no cheque?


NÃO. O STJ entende que na ação monitória de cheque prescrito o credor não precisa
demonstrar a causa da emissão do título, cabendo ao devedor fazer prova da
eventual inexistência da dívida:

Processo civil. Recurso especial. Ação monitória. Instrução. Cheque prescrito.


Demonstração da causa debendi. Desnecessidade. Recurso provido. 1. A teor da
jurisprudência desta Corte, na ação monitória fundada em cheque prescrito, é
desnecessária a demonstração da causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus da prova
da inexistência do débito. 2. Recurso conhecido e provido para afastar a extinção do feito
sem julgamento do mérito e determinar o regular processamento da ação pelas instâncias
ordinárias (STJ, 4.ª Turma, REsp 801.715/MS, Rel. Min. Jorge Scartezini, DJ
20.11.2006, p. 337).

[TJCE]. O cheque pré-datado apresentado antes da data, o banco pode pagar?


SIM. O cheque é ordem de pagamento à vista. Nesse sentido:

DIREITO EMPRESARIAL ESQUEMATIZADO, 2015:

Civil. Recurso especial. Cheque pré-datado. Apresentação antes do prazo. Compensação


por danos morais. – Não ataca o fundamento do acórdão o recurso especial que discute
apenas a natureza jurídica do título cambial emitido e desconsidera o posicionamento
do acórdão a respeito da existência de má-fé na conduta de um dos contratantes. – A
apresentação do cheque pré-datado antes do prazo estipulado gera o dever de indenizar,
presente, como no caso, a devolução do título por ausência de provisão de fundos.
Recurso especial não conhecido (STJ, REsp 707.272/PB, Rel. Min. Nancy Andrighi,
DJ 21.03.2005, p. 382).

Responsabilidade civil. Cheques pré-datados. Apresentação antecipada. Devolução das


cártulas por insuficiência de fundos. Dano moral. Ocorrência. Redução do quantum
indenizatório para atentar aos valores habitualmente fixados pelas turmas recursais.
Dano moral caracterizado pela apresentação antecipada de cheque pré-datado e que
resultou na devolução da cártula por insuficiência de fundos. Deram parcial provimento
ao recurso (TJRS, Recurso Cível 71001005610, 1.ª Turma Recursal Cível, Rel.
Heleno Tregnago Saraiva, j. 30.11.2006).

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Confirmando esse entendimento, o STJ editou a Súmula 370, com o seguinte teor:
“caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”. Merece
destaque também a Súmula 388, que assim dispõe: “a simples devolução indevida
de cheque caracteriza dano moral”.

[TJCE]. O que é cheque cruzado? Pode ser depositado em conta de outra pessoa?
Cheque cruzado: é o cheque que apresenta traços transversais, devendo ser pago
mediante depósito em conta corrente. Obriga o banco-sacado a efetuar o pagamento
do cheque a um banco, liquidando em conta de titularidade do portador.

[TJCE]. Pode ser dado aval?


O Cheque admite aval que pode ser lançado no seu anverso, bastando para isto à
aposição de assinatura que não do emitente, ou no seu verso, expresso neste caso, a
expressão “por aval” ou equivalente.

[TJCE]. Endosso?
O endosso deve ser puro e simples, reputando-se não-escrita qualquer condição a que
seja subordinado. É nulo o endosso parcial e o do sacado.

[TJCE]. Qual o prazo de execução do cheque? Cheque pós-datado apresentado antes


da data pode ser pago? Quem apresentou será responsabilizado?
O prazo para a propositura da ação de execução é de seis meses, contados do término
do prazo de apresentação e não da data de emissão ou do dia da apresentação, como
assim dispo o artigo 59, da Lei nº 7.357/85:

Art. . 59 - Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de


apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador.

Art. . 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no
prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60
(sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior.

Pode ser pago o cheque pós-datado, mas, consoante entendimento sumulado 370 do
STJ, caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.

[TJCE]. Em ação monitória precisa a demonstração da causa?


Não. O enunciado 299 da Súmula do STJ consolida o entendimento segundo o
qual “é admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito”.

Em recurso especial repetitivo, submetido ao rito do art. 543-C do CPC, o STJ


decidiu que “Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada em face do
emitente, é dispensável menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da
cártula” (STJ, 2ª Seção, REsp 1.094.571/SP, rel. Min. Luís Felipe Salomão, j.
4/2/2013, DJe 14/2/2013).

Seguindo essa orientação, o próprio STJ reafirmou que“Na cobrança de cheque


prescrito por ação monitória, o credor não precisa provar a origem da dívida.” (STJ,
3ª Turma, AgRg no REsp 1.424.896/SP, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j.
11/3/2014, DJe 19/3/2014).

# DUPLICATA.

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[TJCE]. Duplicata é formal ou causal?


É inegável que a duplicata é um título eminentemente causal, uma vez que é
vinculada a contrato de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços.

[TJCE]. Quando haverá crime da emissão de duplicata?


É crime previsto no artigo 172 do Código Penal - Duplicata simulada: Emitir fatura,
duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em
quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. Pena - detenção, de 2 (dois) a 4
(quatro) anos, e multa.

[TJCE]. Para executar duplicata necessita de protesto? Qual o tipo de protesto é


esse?
O protesto é a apresentação pública do título ao devedor para aceite ou pagamento.
É tirado apenas contra o devedor principal ou originário, devendo ser avisados contra
os outros coobrigados.

Pode ocorrer:

a) por falta de pagamento (todos os títulos);

b) por falta de aceite (Duplicata e na Letra de Câmbio);

c) protesto por falta de devolução (na Duplicata).

[TJCE]. Duplicata sem aceite pode ser executada?


A norma do § 2º do artigo 15 da Lei 5.474/68 permite a executividade da duplicata
sem aceite (ausente o documento físico), autorizando, de plano, a sua cobrança
judicial pelo processo executivo quando o título (duplicata), que tenha sido
protestado, mediante indicação do credor, esteja acompanhado de documento hábil
comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria.

[TJCE]. O que é duplicata de prestação de serviço? Existe no Brasil? Ela é regida


pela Lei Uniforme?
A duplicata de prestação de serviços é título emitido por profissionais ou por
empresas, para cobrança de serviços prestados. É obrigatória nas vendas mercantis a
prazo e pode ser protestada por falta de aceite devolução ou pagamento, mediante
sua apresentação, ou de triplicata, ou, por indicação do portador (artigos 13 e 14 da
Lei nº. 5.474/68).

A duplicata de serviço obedece ao mesmo regime jurídico da duplicata mercantil,


devendo ser destacado duas especificidades entre elas. Primeiramente a causa para
emissão da duplicata de serviço não é de compra e venda e sim a prestação de serviço,
em segundo o protesto por indicação da duplicata de serviço depende de documentos
que comprovem a efetiva prestação do serviço e existência de vínculo contratual.

Existe no Brasil e é regida pela Lei das Duplicatas de nº 5.474/68 e não pela Lei
Uniforme.

11 - Do Protesto de Títulos (Lei nº 9.492, de 10 de setembro de 1997).

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[TJCE]. O que é protesto cambial?


A Lei que regula a matéria é a 9492/1997.

O conceito legal é dado pelo artigo 1º da lei acima mencionada. Estabelece o


dispositivo: “Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e
o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida.
Parágrafo único. Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida
ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas
autarquias e fundações públicas. (Incluído pela Lei nº 12.767, de 2012)”.

O conceito doutrinário, de seu turno, estabelece que o protesto é o ato público, formal
e solene, realizado por tabelião, com a finalidade de provar a inadimplência do
devedor, o descumprimento de obrigação constante de título de crédito ou de outros
documentos de dívida ou qualquer ato importante relacionado com o título (ex: falta
de aceite).

O protesto é, portanto, o ato praticado pelo credor, perante o cartório competente,


para fins de incorporar ao título de crédito a prova de fato relevante para as relações
cambiais. Quem protesta é o próprio credor; o cartório apenas formaliza o ato de
vontade manifestado por aquele.

No que toca estritamente à relação cambiária, o protesto, em regra, só se mostra


indispensável se o credor deseja executar os codevedores, isto é, os chamados
devedores indiretos, como é o caso do endossante. Por exemplo, se o endossatário
procura o endossante, exigindo-lhe o pagamento do valor encartado no título, após o
vencimento deste, como poderá o codevedor certificar-se de que o devedor principal
foi de fato procurado no prazo, para tentativa de solução amigável obrigação? Sabe-
se que sem tal pressuposto, não existe a obrigação do codevedor. É o protesto por
falta de pagamento que o provará.

No entanto, muitas vezes o protesto é necessário para o atendimento de outras


finalidades, que não dizem respeito diretamente à relação cambiária. São os casos,
por exemplo: (i) do protesto exigido para a propositura de pedido de falência por
impontualidade injustificada (art. 94 da Lei 11.101/2005) e (ii) do protesto que
comprova a mora do devedor do contrato de alienação fiduciária em garantia (art.
2.°, § 2.°, do Decreto-lei 911/1969).

[TJCE]. O que diferencia o protesto geral do protesto para fins falimentares? E


quanto à necessidade de intimação?
Como dito acima, o protesto geral é o protesto cambial, feito em regra para que o
credor do título possa ter condições de cobrar o valor nele descrito em face dos
coobrigados. É por meio do protesto que se prova a eventual impontualidade,
relacionada ao título de crédito. A impontualidade pode se referir à inadimplência do
devedor, ao descumprimento de obrigação constante de título de crédito ou de outros
documentos de dívida ou de qualquer ato importante relacionado ao título (como falta
de aceite).

O protesto para fins falimentares, por sua vez, busca uma outra finalidade, diversa
daquela de constituir meio de prova para o descumprimento de algum ato relacionado
ao título de crédito. O protesto, em caso de falência, faz-se imprescindível para o

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ajuizamento da respectiva ação de falência, em caso de impontualidade injustificada


(artigo 94 da Lei 11.101/2005). In verbis, descrevo o artigo abaixo:

“Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: I – sem relevante razão de direito,
não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos
protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data
do pedido de falência”.

Ressalte-se que a única forma de demonstrar a impontualidade injustificada (sem


relevante razão de direito, nos dizeres da lei) é o protesto do título. Não se admite
nenhum outro meio de prova, documental ou testemunhal, para a comprovação do
inadimplemento do devedor; apenas o protesto serve a essa finalidade. Sendo assim,
qualquer título executivo que o credor possua contra o devedor deve ser levado a
protesto, para só depois servir de base ao pedido de falência. Se o título que
representa a dívida por um título de crédito, por exemplo, basta o seu protesto
cambial, ainda que realizado fora do prazo previsto na legislação cambiária. Se, por
outro lado, o título não comporta protesto cambial – uma sentença ou um contrato,
por exemplo – deve ser tirado o chamado protesto especial para fins de falência.
Nesse sentido, já decidiu o STJ que é possível o protesto especial de uma decisão
judicial, para fins de instruir pedido de falência. Da mesma forma, já decidiu o STJ
que, em se tratando de título de crédito, é desnecessário o protesto especial, bastando
o protesto comum.

Vale lembrar, por fim, que a Súmula 361 do STJ determina que, no protesto para fins
de falência, deve haver a identificação da pessoa que recebeu a notificação. Esse
entendimento vem sendo reafirmado pelo Tribunal em julgados recentes.

Não apresentando vícios formais ou extrínsecos, o tabelião, no prazo de 24 horas,


deve realizar a intimação do devedor no suposto endereço apresentado pelo credor,
para que, no prazo de 03 (três) dias, pague ou providencie a sustação do protesto,
antes que ele seja lavrado no Cartório. ESSA INTIMAÇÃO É OBRIGATÓRIA.
Porém, há exceções. Justamente o protesto para fins falimentares não necessita de
intimação ao devedor, ou seja, o falido não precisa ser intimado, porque a falência
implica no vencimento antecipado da dívida.

[TJCE]. Sustação x Cancelamento


A sustação de protesto é construção jurisprudencial, positivada com a Lei 9.492/97,
para suspender os efeitos do protesto enquanto se discute, em juízo, a efetiva
exigibilidade do título apresentado ao Tabelião de Protesto de Títulos.

Confere-se ao protestando a chance de demonstrar judicialmente a inexistência ou


invalidade da pretendida obrigação. A sustação vale, então, como medida processual
cautelar. Impõe-se o depósito da quantia reclamada, não em consignação em
pagamento, mas como preliminar e preparatória de ação judicial de anulação do
título. Poderá o juiz, entretanto, admitir apenas a prestação de caução.

OBS: A cautelar de sustação de protesto só é cabível enquanto o protesto ainda não


foi lavrado. Após a sua lavratura, o máximo que se pode determinar é a sustação dos
seus efeitos, mas, nesse caso, o protesto permanece incólume e continuará registrado
nos assentamentos do cartório em que foi lavrado, até que seja feito o seu
cancelamento.

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Sobre a sustação, importante transcrever alguns dos artigos pertinentes:

Art. 17. Permanecerão no Tabelionato, à disposição do Juízo respectivo, os títulos ou


documentos de dívida cujo protesto for judicialmente sustado. § 1º O título do documento
de dívida cujo protesto tiver sido sustado judicialmente só poderá ser pago, protestado
ou retirado com autorização judicial. § 2º Revogada a ordem de sustação, não há
necessidade de se proceder a nova intimação do devedor, sendo a lavratura e o registro
do protesto efetivados até o primeiro dia útil subseqüente ao do recebimento da
revogação, salvo se a materialização do ato depender de consulta a ser formulada ao
apresentante, caso em que o mesmo prazo será contado da data da resposta dada. § 3º
Tornada definitiva a ordem de sustação, o título ou o documento de dívida será
encaminhado ao Juízo respectivo, quando não constar determinação expressa a qual das
partes o mesmo deverá ser entregue, ou se decorridos trinta dias sem que a parte
autorizada tenha comparecido no Tabelionato para retirá-lo.

O cancelamento, por sua vez, será feito após requerimento do interessado (depois do
título ter sido protestado, caso o devedor efetue a quitação da dívida, a
responsabilidade para promover o cancelamento do protesto não é do credor, mas
sim do devedor ou de qualquer outro interessado), quando houver o pagamento do
título. Caso o título não seja pago no próprio cartório, o cancelamento dependerá da
apresentação de documento assinado por aquele que figurou no protesto como credor
(na praxe comercial, chama-se esse documento de “carta de anuência”). Mais do que
ato de conservação de direitos creditícios, o protesto é hoje instrumento extrajudicial
de cobrança. Por essa razão, a lei autoriza o seu cancelamento, quando o devedor
paga o título, após o protesto (Lei n. 9.492/97, art. 26).

[TJCE]. Protesto Suspende ou Interrompe?


De acordo com o art. 202, III, do Código Civil, o protesto cambial interrompe a
prescrição, desde que feito no prazo e na forma da lei. Essa regra do atual Código
Civil acabou por superar entendimento cristalizado na Súmula 153 do Supremo
Tribunal Federal, de seguinte teor: “o simples protesto cambiário não interrompe a
prescrição”. Portanto, antes do Código Civil de 2002, o protesto cambial não
interrompia a prescrição, por força do disposto na Súmula 153 do STF. Após o
Código, o protesto cambial interrompe a prescrição, por força de regra legal expressa
(art. 202, III). Nesse sentido é a jurisprudência do STJ. Confira-se:

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO DE


CHEQUE. PROTESTO CAMBIAL ANTES DA VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL DE
2002. INEXISTÊNCIA DE CAUSA INTERRUPTIVA DA PRESCRIÇÃO. SÚMULA N.
153/STF VIGENTE À ÉPOCA. AGRAVO CONHECIDO PARA DAR PROVIMENTO AO
RECURSO ESPECIAL. DECISÃO (...) A irresignação merece prosperar. Depreende-se
da leitura do acórdão recorrido o seguinte excerto (e-STJ, fl. 445): Insta salientar,
reprisando a decisão monocrática, que o protesto cambial interrompeu a prescrição,
visto que a ação de execução foi interposta pela empresa Agravada em 13.09.2001 e o
protesto se deu em 27.06.2001 (...) E dos fundamentos do acórdão proferido nos
embargos de declaração extrai-se o seguinte (e-STJ, fl. 461): Ressalte-se que ocorreria
a prescrição da ação cambiária executória em 08.08.2001 e 23.08.2001, não fosse o
marco interruptivo ocorrido em razão do protesto em 27.06.2001, conforme dispunha o
art. 172, inciso II, do Código Civil de 1916 (...) Como visto, a tese sustentada pelo
Tribunal a quo contraria a jurisprudência desta Corte que é pacífica no sentido de que
antes da vigência do Código Civil de 2002 o simples protesto cambial não era causa de
interrupção da prescrição Súmula n. 153/STF. Ante o exposto, conheço do agravo para
dar provimento ao recurso especial para reconhecer a ocorrência da prescrição,

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conforme a jurisprudência desta Corte acima referida. Publique-se (STJ - AREsp:


555645 RJ 2014/0185496-4, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de
Publicação: DJ 04/03/2015).

12. Dos Títulos de Crédito Comercial (Lei nº 6.840, de 03 de novembro


de 1980).
[TJCE]. O título de crédito comercial possui disposição específica? Esses títulos são
formais ou causais? Podem estar vinculados a uma garantia real? Quais as
garantias?
O título de crédito comercial é regido pela Lei nº 6.840/80. As cédulas de crédito
comercial e a nota de crédito comercial foram criadas a partir da Lei 6.840 de 1980.
Têm elas a finalidade, assim como a generalidade dos Títulos de Crédito, de
financiar, nesse caso específico, os comerciantes e empresas comerciais.De acordo
com a redação do artigo 1° da Lei, os referidos títulos poderão representar “as
operações de empréstimos concedidos por instituições financeiras à pessoa física ou
jurídica que se dedique a atividade comercial ou de prestação de serviços”.Nesses
casos, em vez de operar com as conhecidas notas promissórias como de costume,
poderão ser emitidas cédulas de crédito comercial. Essa cédula poderá “ser ajustada
em orçamento assinado pelo financiado e autenticado pela instituição financeira”.
Nesse caso, a cédula ficará vinculada ao orçamento. Trata-se de títulos causais,
resultantes de financiamento obtido por empresas no mercado financeiro, para
finalidade comercial. Ambos constituem promessa de pagamento, com a distinção de
que a cédula de crédito comercial ostenta garantia real, incorporada à própria cártula,
e a nota de crédito comercial não possui garantia real.

Dentre os chamados títulos de crédito comercial, destacam-se o conhecimento de


depósito e o warrant, disciplinados pelo Decreto 1.102/1903. Trata-se de títulos
emitidos pelos armazéns-gerais, referentes a depósito de mercadorias: o
conhecimento de depósito é título representativo da mercadoria depositada, a qual
pode ser transferida com o endosso do título. Já o warrant, por sua vez, é título
constitutivo de promessa de pagamento, cuja garantia é a própria mercadoria
depositada.

Por fim, dispõe a Súmula 93 do STJ que “a legislação sobre cédulas de crédito rural,
comercial e industrial admite o pacto de capitalização de juros”

# DUPLICATA
[TJCE]. À duplicata se aplica a lei uniforme ou há lei específica?
O artigo 25 da Lei das Duplicatas, reconhecendo a amplitude da Lei Uniforme de
Genebra (Decreto 57.663/66), dispõe que deve ser aplicado subsidiariamente às
duplicatas, no que couber, as disposições que regulam a letra de câmbio,
especialmente no que se refere à emissão, circulação e pagamento.

Art. 25. Aplicam-se à duplicata e à triplicata, no que couber, os dispositivos da legislação


sôbre emissão, circulação e pagamento das Letras de Câmbio.

Sendo um título executivo extrajudicial, a duplicata (ou triplicata) pode ser cobrada
por meio de processo de execução, como previsto no Código de Processo Civil.

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Também são aplicáveis à duplicata outras disposições da Lei Uniforme de Genebra.

Do portador contra o aceitante:

Lei Uniforme de Genebra - Nota Promissória - Letra de Câmbio - Decreto nº 57.663 de


1966 - Art. 70. Todas as ações contra o aceitante relativas a letras prescrevem em 3 (três)
anos a contar do seu vencimento.

[TJCE]. Por ser título de crédito, se submete a princípios?


Sim. Princípios gerais que regem os títulos de crédito.

Os princípios, assim como as normas, também executam importante papel


normatizador dentro de um Estado.

Princípios são verdades fundantes, que orientam o legislador na elaboração das


normas, e o aplicador do direito na aplicação do direito ao caso concreto; vão sendo
construídos a partir da evolução de uma sociedade através de seus hábitos e costumes,
porém não se trata de algo imutável, visto que a sociedade está em constante
desenvolvimento, é primordial que se acompanhe as necessidades de cada época.

Quanto à aplicabilidade dos princípios, Santos (2012, p. 2):

Para que os princípios possam ser aplicados, é preciso observar se estes estão em
concordância com o atual estágio da sociedade. Caso os fundamentos que regem aquele
princípio, encontrem-se em total discordância com a realidade, se ainda couber uma
nova interpretação pode ser injetada, do contrário perde sua eficácia e deixa de ser
aplicada ao caso concreto. Cabe aos princípios o papel de complementaridade da
interpretação normativa, no caso de algum tipo de lacuna, criado pela “desatualização”
da norma jurídica.

Destinam-se a conferir maior segurança e celeridade à circulação do crédito,


elemento essencial para a dinamização dos negócios comerciais, os princípios
cambiários têm sido objeto de extensos estudos pelos comercialistas (COELHO,
2012, p. 55).

Em razão do conceito e da definição jurídica dados ao título de crédito expresso no


art. 887 do CCB, podemos extrair algumas características principais dos títulos de
crédito, tão importantes qualidades que se constituem em princípios reconhecidos
universalmente.

Do conceito deixado por Vivante são extraídas três características essenciais dos
títulos de crédito e aqui elencadas por Requião (2010, p. 415) como requisitos básicos
do título: “a) a literalidade; b) a autonomia; c) a cartularidade (documento)”.

[TJCE]. A duplicata é causal?


A duplicata é título de crédito criado pelo direito brasileiro. Sua origem se encontra
no Código Comercial de 1850, que impunha aos comerciantes atacadistas, na venda
aos retalhistas a emissão da fatura ou conta (COELHO, 2012, p. 519).

Regula-se, no ordenamento nacional, pela Lei n. 5.474 de 18 de julho de 1.968.

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Emitida a fatura e aceita a duplicata, existe título executivo extrajudicial. A duplicata


aceita é título executivo extrajudicial, independentemente de protesto. Se houve
aceitação, não é necessário o protesto cambial (DIDIER JR. et al. 2012, p.176).

Para Almeida (2008, p. 204), a duplicata pode ser conceituada como “um título de
crédito que emerge de uma compra e venda mercantil ou da prestação de serviços, na
forma que dispõe os artigos 2º e 20 da Lei nº 5.474/68”. Como demonstra os referidos
artigos na LD:

Art . 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para
circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título
de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao
comprador.

[...]

Art . 20. As empresas, individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis, que se


dediquem à prestação de serviços, poderão, também, na forma desta lei, emitir fatura e
duplicata.

Essa definição demonstra que a duplicata se vincula ao seu ato de origem, ou


seja, configura-se em um título causal, pois é necessária a compra ou venda de
mercadoria, ou ainda, a prestação de serviços para que se possa justificar a sua
emissão. Trata-se de título de natureza vinculada à determinada causa que
possibilite a sua extração.

Nas palavras de Requião (2010, p. 612): “Com a extração da fatura de venda o


vendedor poderá sacar uma duplicata correspondente, para circular como título de
crédito”.

É preciso atentar para a causalidade da duplicata - que se contrapõe, por exemplo, à


abstração do cheque, o qual pode ser emitido para documentar qualquer negócio –
não significa, de modo algum, a não aplicação do princípio da abstração ao seu
regime jurídico.

A causalidade da duplicata significa tão somente que ela pode ser emitida nas causas
em que a lei expressamente admite a sua emissão.

Duplicata mercantil é um título de crédito causal, proveniente de um contrato a prazo


de compra e venda mercantil, facultativamente emitido pelo vendedor contra o
comprador (CAMPINHO, 2003, p. 55).

É equiparada por alguns doutrinadores a uma promessa de pagamento resultante de


um contrato celebrado para adimplemento de obrigação futura. Diferencia-se da Nota
promissória devido a sua característica obrigatória de causalidade enquanto que essa
outra, desde a emissão, independe de qualquer causa e sua origem é livre e
independente.

Outro ponto divergente interessante é quanto à pessoa responsável pela emissão. Na


duplicata, o credor emite o título de crédito em desfavor do devedor, já na nota
promissória, o emitente é o próprio devedor que emite o documento em favor do
credor.

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Podem figurar na duplicata o vendedor da mercadoria, conhecido também como


sacador e o sacado, nesse caso o comprador ou prestador de serviços.

[TJCE]. O que é uma fatura?


Fatura (Factura) é a prova da compra, da transmissão dos bens. Prova que o cliente é
agora o dono do produto ou beneficiário do serviço, e é então devedor do respetivo
montante.

Recibo é a prova do pagamento da fatura.

Uma venda a prazo (venda a crédito) envolve no mínimo uma fatura, e um recibo quando
é recebido o pagamento, mesmo que seja por um cheque pré-datado. (No caso de o
cheque pré-datado depois não ter cobertura, só então é que pode ser feita uma nota
de débito a titular novamente a dívida daquela importância não cobrada, já que a
dívida da fatura original foi saldada no momento em que foi emitido o recibo.)

É um documento comercial que representa a compra, uso ou aquisição de algo que


ainda não foi pago, ou seja, que deve ser pago. A fatura também pode ser usada como
controle, como por exemplo, de um telefone fixo ou móvel, onde o cliente pode ver
detalhes de uso, relação e valores das chamadas, vencimento e todas as explicações
da empresa contratada para o serviço depois de utilizar todos os serviços que lhe
foram disponibilizados ao usuário.

A fatura é emitida sempre pela empresa e geralmente é acompanhada do boleto


bancário para o pagamento.

[TJCE]. Admite-se execução de duplicata sem aceite? Lei 6.458 de 01/11/1977


A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o
processo aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que cogita o Livro II do
Código de Processo Civil ,quando se tratar:

l - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não;

II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumulativamente:

a) haja sido protestada;

b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento


da mercadoria; e

c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições


e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei.

§ 1º - Contra o sacador, os endossantes e respectivos avalistas caberá o processo de


execução referido neste artigo, quaisquer que sejam a forma e as condições do protesto.

§ 2º - Processar-se-á também da mesma maneira a execução de duplicata ou triplicata


não aceita e não devolvida, desde que haja sido protestada mediante indicações do
credor ou do apresentante do título, nos termos do art. 14, preenchidas as condições do
inciso II deste artigo.

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CONSUMIDOR
1. Do Código de Defesa do Consumidor. Dos direitos do consumidor.
Das disposições gerais. Dos direitos básicos do consumidor.
[TJCE]. Qual a teoria adotada para se considerar "consumidor"?
TARTUCE, MANUAL DE DIREITO DO CONSUMIDOR, 2014: Na essência,
a teoria finalista ou subjetiva foi a adotada expressamente pelo art. 2º do Código
Brasileiro de Defesa do Consumidor para a qualificação do consumidor, pela
presença do elemento da destinação final do produto ou do serviço. Tem prevalecido
no Brasil a ideia de que o consumidor deve ser destinatário final fático e econômico,
conforme as preciosas lições de Claudia Lima Marques:

“Destinatário final seria aquele destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja
ele pessoa jurídica ou física. Logo, segundo essa interpretação teleológica, não basta ser
destinatário fático do produto, retirá-lo da cadeia de produção, levá-lo para o escritório
ou residência – é necessário ser destinatário econômico do bem, não adquiri-lo para
revenda, não adquiri-lo para uso profissional, pois o bem seria novamente um
instrumento de produção, cujo preço será incluído no preço final do profissional para
adquiri-lo. Nesse caso, não haveria exigida ‘destinação final’ do produto ou do serviço,
ou, como afirma o STJ, haveria consumo intermediário, ainda dentro das cadeias de
produção e de distribuição. Essa interpretação restringe a figura do consumidor àquele
que adquire (utiliza) um produto para uso próprio e de sua família, consumidor seria o
não profissional, pois o fim do CDC é tutelar de maneira especial um grupo da sociedade
que é mais vulnerável”

O STJ vem em seus julgados adotando a teoria finalista mitigada.

A jurisprudência do STJ adota o conceito subjetivo ou finalista de consumidor, restrito à


pessoa física ou jurídica que adquire o produto no mercado a fim de consumi-lo.
Contudo, a teoria finalista pode ser abrandada a ponto de autorizar a aplicação das
regras do CDC para resguardar, como consumidores (art. 2º daquele Código),
determinados profissionais (microempresas e empresários individuais) que adquirem o
bem para usá-lo no exercício de sua profissão. Para tanto, há que demonstrar sua
vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica (hipossuficiência). No caso, cuida-se do
contrato para a aquisição de uma máquina de bordar entabulado entre a empresa
fabricante e a pessoa ísica que utiliza o bem para sua sobrevivência e de sua família, o
que demonstra sua vulnerabilidade econômica. Destarte, correta a aplicação das regras
de proteção do consumidor, a impor a nulidade da cláusula de eleição de foro que
dificulta o livre acesso do hipossuficiente ao Judiciário. Precedentes citados: REsp
541.867-BA, DJ 16.05.2005; REsp 1.080.719-MG, DJe 17.08.2009; REsp 660.026-RJ,
DJ 27.06.2005; REsp 684.613-SP, DJ 1º.07.2005; REsp 669.990-CE, DJ 11.09.2006, e
CC 48.647-RS, DJ 05.12.2005” (STJ – REsp 1.010.834-GO – Rel. Min. Nancy Andrighi
– j. 03.08.2010).

Deve ficar claro que, para o Superior Tribunal de Justiça, a hipossuficiência ou


vulnerabilidade (a última, conforme as decisões) deve ser devidamente demonstrada
para que se mitigue a teoria finalista

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DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR


[TJCE]. O rol de direitos do consumidor é taxativo? Podem ser ampliados?
A enumeração dos direitos do consumidor é “numerus apertus”. Existem outros
direitos do consumidor disciplinados pelo sistema. Além disso, pode haver
ampliação.

[TJCE]. Facilitação da defesa do consumidor. Dê exemplos.


DIREITO DO CONSUMIDOR ESQUEMATIZADO, 2013: O art. 6º, inciso VIII,
do Código de Defesa do Consumidor considera Direito Básico do vulnerável “a
facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”.

Assim, a facilitação da defesa do consumidor em juízo tem como principal


manifestação de ordem processual a inversão do ônus probante.

Trata-se da denominada inversão ope judicis, pois o ônus probante será invertido a
critério do juiz segundo suas regras ordinárias de experiência. A inversão neste caso
não é automática, por não ser obrigatória.

Nesse sentido, segue decisão do Superior Tribunal de Justiça: “A inversão do ônus


da prova prevista no inciso VIII do artigo 6º da Lei n. 8.078/90 não é obrigatória,
mas regra de julgamento, ope judicis, desde que o consumidor seja hipossuficiente
ou seja verossímil sua alegação” (REsp 241.831/RJ, Rel. Ministro Castro Filho, 3ª
T., DJ 3-2-2003).

A outra modalidade de inversão existente no CDC é a ope legis, decorrente da lei.


Esta inversão é obrigatória e ocorrerá independentemente de qualquer critério de
apreciação judicial.

Sobre o tema, destacamos as observações de Sergio Cavalieri Filho, para quem o


“Código de Defesa do Consumidor, destarte, rompendo dogmas e estabelecendo
novos paradigmas para as relações entre desiguais, fê-lo, também, no que se refere à
carga probatória, ora transferindo o ônus da prova ao fornecedor (inversão ope legis),
do que nos dão exemplos os arts. 12, § 3º, 14, § 3º e 38, ora admitindo que tal se
opere por determinação do julgador (inversão ope judicis), conforme art. 6º, VIII”.

[TJCE]. Quais são os critérios para a inversão do ônus da prova?


DIREITO DO CONSUMIDOR ESQUEMATIZADO, 2013: (...) basta ser
verossímil a alegação do consumidor OU ser ele hipossuficiente para legitimar a
inversão judicial do ônus da prova, conforme disposto pelo art. 6º, inciso VIII, do
CDC. A demonstração de apenas um desses requisitos será suficiente para
fundamentar a inversão ou não do ônus, a critério do juiz.

Por verossimilhança compreende-se a plausibilidade de verdade, ou seja, a


probabilidade de serem verdadeiros os fatos narrados na inicial pelo consumidor.

Como exemplo, cita-se o caso da ação judicial proposta por um consumidor em face
da empresa concessionária do serviço de energia elétrica domiciliar que teve seu
computador queimado por uma interrupção brusca desse serviço. Ora, a

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verossimilhança dessa alegação poderá ser demonstrada por uma notícia de jornal
destacando a queda da energia na região onde o consumidor está domiciliado.

Diante desse contexto, poderá o juiz inverter o ônus da prova, determinando que a
concessionária do serviço de energia daquele local demonstre que a falha no seu
serviço não foi a causadora do prejuízo sofrido pelo consumidor.

O outro requisito legitimador da inversão é a hipossuficiência do consumidor, que


também está relacionada com a fragilidade deste, mas tal instituto não se confunde
com a vulnerabilidade.

[TJCE]. Se mais de um autor violar direitos do consumidor, como serão


responsabilizados?
Art. 7º. Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

No entanto, o litisconsórcio será facultativo.

2. Da qualidade de produtos e serviços. Da preservação e da reparação


de danos (da proteção à saúde e segurança).
[TJCE]. É possível a colocação de produtos potencialmente ofensivos no mercado?
Havendo possível nocividade, quais as ações que um fornecedor terá de tomar? Se
for produto industrial?
DIREITO DO CONSUMIDOR ESQUEMATIZADO, 2013: SIM. O princípio da
qualidade e segurança está previsto no art. 4º, inciso V, do CDC e disciplina o
“incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade
e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de
solução de conflitos de consumo”.

De fato, o controle de qualidade e segurança de produtos e serviços está cada vez


mais incorporado ao dia a dia dos fornecedores no mercado nacional. Isto porque o
Código do Consumidor é claro ao estabelecer que os “produtos e serviços colocados
no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos
consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua
natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as
informações necessárias e adequadas a seu respeito” (art. 8º, caput).

Ademais, em se tratando de produtos e serviços potencialmente nocivos ou


perigosos à saúde ou segurança, a informação deverá ser prestada de maneira
ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade (art. 9º do
CDC).

Por outro lado, se o bem de consumo apresentar alto grau de nocividade ou


periculosidade à saúde ou segurança, o fornecedor não poderá colocá-lo no mercado,
segundo determina a Lei n. 8.078/90 em seu art. 10, caput.

Por fim, descoberta a periculosidade do produto ou do serviço após a sua colocação


no mercado de consumo, estão obrigados, fornecedores e Poder Público, a comunicar
o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante
anúncios publicitários (art. 10, §§ 1º e 2º).

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[TJCE]. Qual a natureza da responsabilidade? Produtos radioativos? Diferença


entre risco integral e risco da atividade?
O Código de Defesa do Consumidor adotou a responsabilidade objetiva como regra,
entretanto admitiu causas excludentes da responsabilização do fornecedor, numa
nítida evidência de que a teoria do risco fundamentadora da aludida responsabilidade
não foi a do risco integral, que, por sua vez, não admite causas excludentes.

Sobre os produtos radioativos, são estes de periculosidade exagerada - são os


produtos radioativos, entre outros, esses produtos não poderão ser levados ao
mercado de consumo (circulação restrita), pois, causa responsabilidade objetiva.
Creio que fundada no risco integral, por uma analogia ao acidente nuclear.

 Risco da atividade: admite excludentes de responsabilidade (caso fortuito, força


maior, culpa exclusiva da vítima ou de terceiro que não integra a cadeia de consumo).

 Risco integral: não admite excludentes. Para a doutrina, nem mesmo a culpa
exclusiva da vítima pode ser considerada como tal.

3. Da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço. Da


responsabilidade por vício do produto e do serviço

# DA RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO.


[TJCE]. Falar da responsabilidade do fato do produto e serviço.
DIREITO DO CONSUMIDOR ESQUEMATIZADO, 2013: Acidente de
consumo. A responsabilidade pelo fato do produto está prevista no caput do art. 12
do CDC, que estabelece: “O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou
estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de
projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação
ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua utilização e riscos”.

Tal constatação não impede, entretanto, o reconhecimento da responsabilidade


solidária pelo princípio da solidariedade insculpido, dentre outros, nos arts. 7º,
parágrafo único, e 25, § 1º, da Lei n. 8.078/90, ou seja, se for demonstrado no caso
concreto que mais de um da cadeia de fornecedores contribuiu para a causação do
dano, todos responderão solidariamente.

Constata--se inicialmente da leitura do dispositivo supra que houve uma


especificação dos fornecedores e, consequentemente, concluímos que cada um
responderá, a princípio e individualmente, pelos danos a que der causa.

A responsabilidade pelo fato do serviço está prevista no art. 14 do CDC nos seguintes
termos: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos”.

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Vale lembrar que em razão de um serviço defeituoso ocorre um acidente de consumo


e o consequente dever de reparar os danos independentemente da comprovação de
dolo ou de culpa. Trata--se mais uma vez de responsabilidade objetiva.

Concordamos com Zelmo Denari ao identificar que “além dos defeitos intrínsecos, o
dispositivo responsabiliza os prestadores de serviços pelos defeitos extrínsecos
quando os respectivos contratos de prestação de serviços ou os meios publicitários
não prestam informações claras e precisas a respeito da fruição”.

[TJCE]. Que tipo de responsabilidade do fornecedor do produto? Em que decorre


essa responsabilidade?
Trata-se de responsabilidade fundada no risco da atividade desempenhada.

DIREITO DO CONSUMIDOR ESQUEMATIZADO, 2013: Houve uma


especificação dos fornecedores e, consequentemente, concluímos que cada um
responderá, a princípio e individualmente, pelos danos a que der causa. Isto significa
dizer que:

■ o fabricante responde pelo que fabricou;

■ o produtor, pelo que produziu;

■ o construtor, pelo que construiu;

■ o importador, pelo que importou.

[TJCE]. Responsabilidade pelo fato e pelo vício diferencie?


Pelo fato, a responsabilidade é decorrente de acidente de consumo (fato do produto
ou do serviço). Quanto à responsabilidade pelo vício, tem-se a mesma pela mera
inadequação do produto ou do serviço aos fins a que se destinam. Aqui a preocupação
maior do legislador foi predominantemente com a incolumidade econômica do
consumidor.

[TJCE]. Falar das excludentes de responsabilidade?


O fabricante, o construtor, o produtor ou O fornecedor de serviços só não será
importador só não será responsabilizado responsabilizado quando provar:
quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o
I - que não colocou o produto no defeito inexiste;
mercado;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou
II - que, embora haja colocado o produto de terceiro
no mercado, o defeito inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou


de terceiro.

[TJCE]. Caso fortuito ou força maior exemplos?


DIREITO DO CONSUMIDOR ESQUEMATIZADO, 2013: Tema não menos
polêmico consiste em saber se caso fortuito e força maior seriam causas excludentes

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de responsabilidade do fornecedor pelo fato do produto, na medida em que não estão


expressas no art. 12, § 3º, do Código de Defesa do Consumidor.

Nelson Nery Júnior entende que não são causas excludentes, sob o fundamento de
que: “No regime da responsabilidade objetiva pelo risco da atividade, regulado pelo
CDC, não há lugar para as causas ou cláusulas de exclusão dessa responsabilidade.
O caso fortuito e a força maior não excluem o dever de indenizar porque são
circunstâncias que quebram o nexo de causalidade na conduta do agente. Só são
válidas para excluir a responsabilidade subjetiva, mas não a objetiva. Como o sistema
do CDC é fundado na responsabilidade objetiva, não se aplicam, aqui, o caso fortuito
e a força maior como excludentes do dever de indenizar. Caso fortuito e força maior
excluem a culpa, elemento estranho e irrelevante para a fixação do dever de indenizar
no regime do CDC”. No mesmo sentido, Rizzatto Nunes.

Apesar da relevância da argumentação jurídica supra, não é essa a posição dominante


na doutrina nem na jurisprudência.

Concordamos com a posição majoritária que compreende que caso fortuito e força
maior rompem o nexo de causalidade e, portanto, são causas excludentes de
responsabilidade nas relações de consumo desde que ocorram após a inserção do
produto no mercado de consumo. Isto porque é dever do fornecedor inserir no
mercado de consumo produto de qualidade — escoimado de defeitos —, não
podendo invocar conduta humana ou fenômeno da natureza como responsáveis pela
deterioração de um produto se tal acontecimento ocorrer antes de introduzir o bem
no mercado.

EXEMPLO: Assim, se um laboratório de medicamentos tem seu galpão inundado


por fortes chuvas que foram as responsáveis pela deterioração de seus medicamentos,
estes não poderão jamais ser introduzidos no mercado de consumo, pois o fenômeno
da natureza aqui ocorreu antes da colocação do bem no mercado

Última questão relevante sobre o tema envolve a necessária diferença que deve ser
pontuada entre fortuito interno e fortuito externo e a respectiva repercussão perante
a análise da responsabilidade do fornecedor nas relações jurídicas de consumo.

Quem trata do tema com a propriedade de costume é Sergio Cavalieri Filho, ao


entender que “a distinção entre fortuito interno e externo é totalmente pertinente no
que respeita aos acidentes de consumo. O fortuito interno, assim entendido o fato
imprevisível e, por isso, inevitável ocorrido no momento da fabricação do produto
ou da realização do serviço, não exclui a responsabilidade do fornecedor porque faz
parte da sua atividade, liga--se aos riscos do empreendimento, submetendo--se à
noção geral de defeito de concepção do produto ou de formulação do serviço. Vale
dizer, se o defeito ocorreu antes da introdução do produto no mercado de consumo
ou durante a prestação do serviço, não importa saber o motivo que determinou o
defeito; o fornecedor é sempre responsável pelas suas consequências, ainda que
decorrente de fato imprevisível e inevitável. O mesmo já não ocorre com o fortuito
externo, assim entendido aquele fato que não guarda nenhuma relação com a
atividade do fornecedor, absolutamente estranho ao produto ou serviço, via de regra
ocorrido em momento posterior ao da sua fabricação ou formulação. Em caso tal,
nem se pode falar em defeito do produto ou do serviço (...)”.

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# DA RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO.


[TJCE]. Qual a natureza da responsabilidade pelo fato do produto? Admite
excludentes? A ignorância sobre o vício é excludente?
Responsabilidade Objetiva, adotando-se a teoria do risco do empreendimento.
Assim, para a caracterização da responsabilidade do fornecedor bastará a
apresentação do nexo causal entre o defeito do produto ou serviço e o acidente de
consumo. Por não se tratar responsabilidade por risco integral, são admitidas
excludentes. Art. 12, §3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não
será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II -
que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa
exclusiva do consumidor ou de terceiro. A ignorância de vício não é causa excludente
de responsabilidade. Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade
por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.

[TJCE]. Os serviços públicos são regrados pelo CDC? E os serviços públicos


gratuitos?
O artigo 22 do Estatuto consumerista disciplina que “os órgãos públicos, por si ou
suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e,
quanto aos essenciais, contínuos” Como todo serviço, sua definição é extraída do
artigo 3º do CDC, que em seu parágrafo 2º dispõe: “Serviço é qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de
caráter trabalhista”. Mencionado dispositivo é claro ao afirmar que somente os
serviços pagos, isto é, mediante remuneração, caracterizam uma relação de consumo,
de sorte a atrair a aplicação do CDC. Os serviços públicos ditos gratuitos, isto é, que
são prestados sem uma contraprestação do consumidor não caracterizam uma relação
de consumo, como nos casos dos serviços “uti universi”, prestados a toda
coletividade, essenciais ou não, pois são remunerados através de tributos,
caracterizando uma relação tributária e não consumerista. Assim, os serviços
públicos, desde que remunerados, direta ou indiretamente são regidos pelo Código
de Defesa do Consumidor, todavia, os serviços públicos prestados sem a exigência
de uma remuneração por parte do consumidor, não se enquadra como relação de
consumo, não se aplicando o Código de Defesa do Consumidor.

[TJCE]. A garantia legal precisa de termo expresso? É possível convencionar?


Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo
expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor.

Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo
escrito.

4. Da decadência e da prescrição.
[TJCE]. Em que hipóteses ocorre prescrição e decadência no CDC? Há uma regra
geral de interrupção e suspensão dessas causas no CDC?
A prescrição ocorre nas hipóteses de acidente de consumo (fato do produto ou
serviço), sendo esta de 05 anos. Já vício do produto/serviço segue a sistemática do
prazo decadencial, assim:

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PRECRIÇÃO DECADÊNCIA

5 anos - 30 dias (produtos/serviços não


duráveis);

- 90 dias (produtos/serviços duráveis).

Fato do produto ou do serviço - Vício do produto ou do serviço - mera


acidente de consumo inadequação aos fins esperado.

Dispõe o art. 26, § 2º, do CDC:

§ 2º Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de


produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de
forma inequívoca;

II - (Vetado).

III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento

DIREITO DO CONSUMIDOR ESQUEMATIZADO, 2013: Com efeito,


ressalta--se que o tema mais polêmico a respeito do dispositivo ora analisado consiste
em saber qual a natureza dessas causas obstativas, se interruptivas ou suspensivas do
prazo decadencial.

O assunto é de importância ímpar, pois, se considerarmos como interruptivas tais


causas, o prazo decadencial recomeça do zero. Assim, no exemplo em que o
consumidor venha a formalizar sua reclamação de vício num produto durável perante
o fornecedor no 89º dia, após a resposta negativa e inequívoca deste, o prazo de 90
dias recomeçaria do início.

Por outro lado, entendendo tratar--se de causas suspensivas, terminado o prazo


decadencial voltará a correr de onde parou — se reclamou no 89º dia, o prazo
decadencial terminaria em apenas mais um dia.

Na doutrina, há divergência a respeito da natureza das causas obstativas da


decadência, com uma tendência majoritária aos que defendem tratar--se de causas
suspensivas do prazo decadencial.

[TJCE]. Quando o vício é oculto, quando se conta o prazo prescricional?


Em se tratando de vício oculto, o prazo DECADENCIAL (e não prescricional)
inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.

[TJCE]. Quais são os prazos decadenciais? Se houver prazo maior contratual, como
se chamaria essa decadência?
- 30 dias (produtos/serviços não duráveis); - 90 dias (produtos/serviços duráveis).

DIREITO DO CONSUMIDOR ESQUEMATIZADO, 2013: O dispositivo da Lei


n. 8.078/90 que trata da garantia legal é o art. 24, que prevê, in verbis: “A garantia
legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a

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exoneração contratual do fornecedor”. Trata--se de modalidade de garantia


obrigatória a todos os produtos e serviços colocados no mercado de consumo,
inclusive os usados, e independe de termo expresso.

Nos termos da citada disposição legal, a garantia não poderá ser afastada por
convenção entre as partes envolvidas na relação de consumo, mesmo porque se trata
de norma de ordem pública inderrogável pela vontade das partes.

Ademais, destaca--se que os prazos para reclamar a garantia legal são os decadenciais
previstos no art. 26 do CDC, em breve analisados

A segunda modalidade de garantia prevista no Código do Consumidor é a contratual,


que está disciplinada em seu art. 50:

■ Caput: “A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante


termo escrito”.

■ Parágrafo único: “O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e


esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a
forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor,
devendo ser--lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do
fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto
em linguagem didática, com ilustrações”.

De fato, por ser modalidade de garantia contratual, conclui--se que possui natureza
de mera liberalidade a sua concessão por parte do fornecedor, razão pela qual a lei
somente a considerará numa relação de consumo mediante a existência de termo
escrito.

5. Da desconsideração da personalidade jurídica.


[TJCE]. Desconsideração da personalidade jurídica no CDC, como regra geral, o
que se entende por isso?
O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em
detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da
lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento
ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

Aplicação da teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, vez que


basta haver a insolvência do fornecedor podendo, ainda, ser aplicada de ofício (já que
o CDC prescreve normas de ordem pública e de interesse social).

[TJCE]. A definição do código civil se aplica ao CDC?


NÃO. O CC adota a teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica, cujas
hipóteses são mais restritas (exige confusão patrimonial ou desvio de personalidade).
Ademais, no CC, a desconsideração depende de requerimento da parte ou do MP,
não podendo se dar ex officio.

[TJCE]. O que é desconsideração da personalidade jurídica inversa? O CDC


permite aplicação da desconsideração inversa na relação de consumo?

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A desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo


afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do
que ocorre na desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir o
ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa
jurídica por obrigações do sócio controlador

Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine é combater a utilização


indevida do ente societário por seus sócios, o que pode ocorrer também nos casos em
que o sócio controlador esvazia o seu patrimônio pessoal e o integraliza na pessoa
jurídica, conclui-se, de uma interpretação teleológica do art. 50 do CC/02, ser
possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens
da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo sócio controlador, conquanto
preenchidos os requisitos previstos na norma.

A desconsideração da personalidade jurídica configura-se como medida excepcional.


Sua adoção somente é recomendada quando forem atendidos os pressupostos
específicos relacionados com a fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do
CC/02. Somente se forem verificados os requisitos de sua incidência, poderá o juiz,
no próprio processo de execução, “levantar o véu” da personalidade jurídica para que
o ato de expropriação atinja os bens da empresa.

À luz das provas produzidas, a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição,


entendeu, mediante minuciosa fundamentação, pela ocorrência de confusão
patrimonial e abuso de direito por parte do recorrente, ao se utilizar
indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular. (STJ ,
Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 22/06/2010, T3 -
TERCEIRA TURMA)

6. Das práticas comerciais (das disposições gerais). Da oferta. Da


publicidade. Das práticas abusivas. Da cobrança de dívidas.

# DAS PRÁTICAS COMERCIAIS (DAS DISPOSIÇÕES GERAIS).


[TJCE]. O que são consumidores equiparados? Usuário by stand o que significa?
Consumidores equiparados são aqueles que, mesmo não sendo adquirentes diretos
do produto ou serviço, utilizam-no, em caráter final, ou a ele se vinculem, que
venham a sofrer qualquer dano trazido por “defeito” do serviço ou do produto.

Possuem previsão no art. 17 (consumidores bystanders, quando vítima de um


acidente de consumo) e no art. 29 (coletividade expostas às práticas comerciais).

Os BYSTANDERS, poderão ser amparadas pelo CDC, inclusive pleiteando


indenizações, todos os serviços e produtos devem ter segurança, não só para quem
diretamente o usa, mas para o público em geral, dentro do princípio da segurança que
é um direito de todos e dever daquele que os coloca no mercado (fornecedor).

Já o art. 29, englobando no conceito de consumidor equiparado todas as pessoas


expostas à oferta, à publicidade, às práticas comerciais abusivas, além das vítimas de

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acidentes de consumo. No art. 29, o CDC confere uma amplitude do conceito de


consumidor ao colocar a expressão ‘‘todas as pessoas".

Conclui-se, então que são equiparados a consumidor todos aqueles que estão
expostos à prática comerciais, da mesma forma que aqueles que por qualquer
circunstância venha a sofrer dano devido ao mau funcionamento do produto ou do
serviço contratado. Nesse caso, a RESPONSABILIDADE, é OBJETIVA e
SOLIDÁRIA entre todos aqueles que integraram a cadeia de consumo.

[TJCE]. Qual a diferença entre publicidade abusiva e enganosa?


Inicialmente, convém ressaltar que ambas são espécies de publicidades proibidas.
proibidas. O conceito é encontrado nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 37,
de acordo com os quais:

1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter


publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer
outros dados sobre produtos e serviços.

2º É abusiva , dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que


incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de
julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja
capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua
saúde ou segurança.

# DA OFERTA.
[TJCE]. O que deve conter na oferta?
A oferta deve conter informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua
portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço,
garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos
que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. (art. 31 do CDC) – dever de
informação decorrente do Princípio da transparência, previsto no art. 6º, III do CDC.

[TJCE]. Qual a peculiaridade deve ter a oferta dos produtos refrigeráveis?


Nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, as informações serão gravadas
de forma indelével.

[TJCE]. Como fica a oferta de peças e componentes de reposição?


Preceitua o CDC que: Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a
oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou
importação do produto.

Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por
período razoável de tempo, na forma da lei.

[TJCE]. Qual o prazo definido, pelas empresas entre si, para manter peças?
A lei não dispõe. Apenas diz “período razoável de tempo”. Diante da lacuna, os
magistrados têm julgado conforme cada caso concreto, podendo assim, buscar

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efetivar um prazo razoável de tempo para que o fabricante ou importador mantenha


as peças e componentes depois de cessada a oferta, bem como o que vem a ser vida
útil do produto.

[TJCE]. Qual o tratamento deve se dar às empresas importadoras?


Idêntico tratamento ao fabricante, uma vez que a lei fala em fabricante ou importador.

# DA PUBLICIDADE.
[TJCE]. É possível comunicação publicitária disfarçada como opinião de jornal? No
caso de fraude ou lesão, quem responderá?
Não é possível. Segundo o art. 4° do CDC, a Política Nacional das Relações de
Consumo tem dentre outros de seus objetivos, a transparência e harmonia das
relações de consumo, o que significa dizer que o fornecedor deve agir com lealdade.
“Uma atuação ‘refletida’, uma atuação refletindo, pensando no outro, no parceiro
contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legítimos, suas expectativas
razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar
lesão ou vantagem excessiva, cooperando para atingir o bom fim das obrigações: o
cumprimento do objetivo contratual e a realização dos interesses das partes.”
(Claudia Lima Marques, 2002).

As empresas de comunicação não respondem por publicidade de propostas abusivas


ou enganosas. Tal responsabilidade toca aos fornecedores-anunciantes, que a
patrocinaram (CDC, Arts. 3º e 38). O CDC, quando trata de publicidade, impõe
deveres ao anunciante - não às empresas de comunicação (Art. 3º, CDC).

Obs.: Não achei nada específico de publicidade disfarçada como opinião de jornal.

[TJCE]. A publicidade deve ser identificada pelo consumidor?


Sim, a publicidade há que ser identificada pelo consumidor. O legislador brasileiro
não aceitou nem a publicidade clandestina, nem a subliminar. A publicidade que não
quer assumir a sua qualidade é atividade que, de uma forma ou de outra, tenta enganar
o consumidor. E o engano, mesmo o inocente, é repudiado pelo Código de Defesa do
Consumidor.

O art. 36 do CDC visa impedir que a publicidade, embora atingindo o consumidor,


não seja por ele percebida como tal. Veda-se, portanto, a chamada publicidade
clandestina, especialmente sem sua forma redacional, bem como a subliminar (
aquela que pretende atingir o subconsciente, sendo a mensagem projetada a uma
velocidade tão rápida que não chega a ser perceptível conscientemente).

[TJCE]. Se não houve publicidade, qual tipo de lesão e que medida cabível contra a
medida?
Se não houve sequer publicidade, não há que se falar em lesão. (???)

[TJCE]. É possível enganar uma criança com propaganda abusiva e quando a


informação é abusiva? Exemplos de publicidade enganosa e abusiva contra a
criança.
OBS: Não entendi direito a pergunta!

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Sim, é possível que uma propaganda abusiva atinja uma criança. Os conceitos de
publicidade enganosa e abusiva são trazidos pelo art. 37 do CDC:

§1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter


publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características,
qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre
produtos e serviços.

Ex: brinquedo infantil que na propaganda faz crer se mover sozinho, quando na
realidade não faz qualquer movimento.

§2º É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que


incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de
julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz
de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou
segurança.

Ex: propaganda de brinquedo infantil que faz crer que se a criança não possuir o
objeto poderá ser atacada por uma bruxa ou monstro.

# DAS PRÁTICAS ABUSIVAS.


[TJCE]. O rol do art. 39 do CDC é taxativo (práticas abusivas)?
Não é taxativo. A segunda parte do caput do art. 39 que diz "dentre outras práticas
abusivas" indica que este é um elenco mínimo. Assim existem outras práticas
espalhadas pela Lei 8.078/90, mas que serão estudadas em outro momento, pois o
escopo deste estudo é apresentá-los as práticas abusivas elencadas pelo art. 39.

[TJCE]. É possível que o fornecedor altere o preço além do especificado no


cardápio? E se cobrar preço menor, pode?
Raphael.

[TJCE]. O rol do art. 39 (práticas abusivas) é taxativo?


O art. 39 do CDC elenca, em seus treze incisos, de modo exemplificativo, alguns
comportamentos tidos como abusivos no mercado de consumo.

Das Práticas Abusivas

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
Rol exemplificativo.

I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto


ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;

II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas


disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;

Limitar a quantidade de produtos a serem comprados por pessoa em promoções é


possível, pois eles são feitos para atrair a clientela, é a PROMOÇÃO CHAMARIZ.

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III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou


fornecer qualquer serviço;

IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade,


saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do


consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;

VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no


exercício de seus direitos;

VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com


as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não
existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada
pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(Conmetro);

IX - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação


de seu termo inicial a seu exclusivo critério;

IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha


a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação
regulados em leis especiais;

X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.

XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso


XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999

XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação
de seu termo inicial a seu exclusivo critério.

XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente


estabelecido.

Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao


consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis,
inexistindo obrigação de pagamento.

[TJCE]. Contrato de financiamento que obrigue um contrato de seguro em


determinado local é possível?
Não. Considera-se venda casada, vedada pelo art. 39, inc. I, do CDC, que proíbe aos
fornecedores “condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento
de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos”.

Destaque-se a situação particular do financiamento habitacional, no qual o


consumidor deve adquirir um seguro o qual deve cobrir duas modalidades são elas:
morte ou invalidez permanente e os danos físicos no imóvel.

A contratação obrigatória do seguro é considerada legal, mas da forma como era


realizada a contratação do seguro, inserida no contrato de financiamento habitacional

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(contrato de adesão), havia um flagrante desrespeito ao Código de Defesa do


Consumidor, pois caracterizava a chamada “venda Casada”.

Assim, partindo das inúmeras ações sobre a possibilidade de troca de seguradora, a


Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 473 a qual dispõe
que: “O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional
obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela
indicada”.

[TJCE]. A cobrança de produtos que não foram aceitos de forma expressa, nem
foram pedidos, é possível?
Não é possível, trata-se de conduta abusiva. Destaque-se que o simples envio ou
entrega, de produto ou serviço, sem solicitação prévia, já configura prática abusiva,
equiparando-se a amostras grátis e inexistindo obrigação de pagamento, conforme
prevê o inciso III, do art. 39, CDC, complementado pelo parágrafo primeiro, do
mesmo artigo.

CDC, Art. 39, III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer
produto, ou fornecer qualquer serviço;

Art. 39 (...) Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues


ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis,
inexistindo obrigação de pagamento.

Há entendimento recentemente sumulado pelo STJ, neste mesmo sentido, sobre o


envio de cartão de crédito não solicitado pelo consumidor:

Súmula 532-STJ: Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem
prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e
sujeito à aplicação de multa administrativa. STJ. Corte Especial. Aprovada em
03/06/2015.

[TJCE]. Haverá prática abusiva mesmo se o cartão de crédito que for enviado
estiver bloqueado?
SIM. Não importa que o cartão de crédito esteja bloqueado. Se ele foi enviado ao
consumidor sem que este tenha feito pedido pretérito e expresso isso já caracteriza
prática comercial abusiva, violando frontalmente o disposto no art. 39, III, do CDC
(STJ REsp 1199117/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
18/12/2012).

[TJCE]. O consumidor que recebeu o cartão de crédito terá direito de receber


indenização por danos morais?
SIM. O STJ reconhece o direito do consumidor à indenização por danos morais
nestes casos.

Além de arcar com a indenização por danos morais, a instituição financeira também
poderá ser condenada a pagar multa administrativa imputada pelos órgãos de defesa
do consumidor (ex: PROCON), nos termos do art. 56, I, do CDC.

[TJCE]. E se o consumidor, mesmo não tendo solicitado o cartão, optar por ficar
com ele?

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Flávio Tartuce defende que, no caso de envio de cartão de crédito sem solicitação, se
o consumidor quiser com ele permanecer, a instituição não poderá cobrar anuidade,
devendo esse serviço ser considerado como amostra grátis, com base no art. 39,
parágrafo único, do CDC (Manual de Direito do Consumidor. São Paulo: Método,
2014, p. 377):

[TJCE]. Anúncio em um preço, mas na hora de pagar é outro. É possível?


Não é a regra, mas é possível. O Art. 30, CDC, nos traz o Princípio da Vinculação
Contratual da Oferta:

Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por


qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos
ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o
contrato que vier a ser celebrado.

Essa vinculação é a REGRA, mas a doutrina, com base na Boa Fé Objetiva, e na


necessária lealdade com a qual o consumidor TAMBÉM deve agir, afasta a
vinculação contratual da oferta no caso de erro grosseiro na propaganda, a exemplo
de uma televisão de R$2.000,00 estar ofertada por R$200,00. O que é diferente de
propagandear que está com descontos de 80% e depois não querer cumprir a oferta.

# DA COBRANÇA DE DÍVIDAS.
[TJCE]. Posso contratar uma banda de música para cobrar um condômino com
cobrança vexatória? Quais as consequências?
Daniel Assumpção:

ATIPICIDADE DOS MEIOS EXECUTIVOS. É pelos meios executivos que o juiz


tenta, no caso concreto, a satisfação do direito do exequente. São variados esses
meios previstos em lei: penhora, expropriação, busca e apreensão, astreintes, arresto
executivo, remoção de pessoas ou coisas, fechamento de estabelecimentos
comerciais etc. Apesar de bastante amplo o rol legal, a doutrina é pacífica no
entendimento de se tratar de rol meramente exemplificativo, podendo o juiz adotar
outros meios executivos que não estejam expressamente consagrados em lei.

A consagração legal do princípio da atipicidade dos meios executivos é encontrada


no art. 461, § 5.º, do CPC, que, antes de iniciar a enumeração de diferentes meios de
execução – tanto de execução indireta como de sub-rogação –, se vale da expressão
“tais como”, em nítida demonstração do caráter exemplificativo do rol legal.

Essa liberdade concedida ao juiz naturalmente aumenta sua responsabilidade, não


sendo admissível que a utilize para contrariar a lei ou mesmo princípios do Direito.
Não pode, por exemplo, determinar que banda de música com camisetas com a foto
do devedor o persiga cantarolando cantigas relacionando-o à obrigação inadimplida
ou outras formas vexatórias de pressão psicológica.

A situação enseja responsabilidade civil, através do pagamento da devida


indenização por danos morais.

“INDENIZAÇÃO POR DANOSMORAIS. Circulação de informativo condominial que


feriu a honra dos autores. Direito de cobrança exercido de maneira abusiva. Abuso de

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direito configurado. Reparação moral devida. RECURSO DESPROVIDO” (Apelação


Cível nº 0170819-49.2009.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, 6ª Câmara de Direito
Privado, Rel. Des. Paulo Alcides, j. 6.10.2011).”

“Obrigação de fazer cc indenização por danos morais. Dano moral caracterizado pelas
medidas vexatórias de cobrança praticadas pelo condomínio em relação aos condôminos
inadimplentes, em especial desligamento do elevador social no andar da unidade
devedora. Arbitramento em sete salários mínimos que se mostra em consonância com os
parâmetros da jurisprudência, não enriquecendo nem empobrecendo e servindo para
dissuadir o ofensor de práticas futuras semelhantes" (TJSP, 4ª Câmara de Direito
Privado, AC 503998.4/5, Rel. Des. Maia da Cunha, j. 07 de maio de 2.007).”

A publicidade dos devedores, entretanto, é considerada conduta legal do síndico,


conforme julgado do Nestor Duarte:

“Ação de indenização. Despesas condominiais. Inadimplemento do apelante. Dano


moral. Publicidade dos devedores. Conduta legal do síndico. Ação improcedente.
Apelação improvida” (Apelação nº 9176013- 17. 2008.8.26.0000, Rel. NESTOR
DUARTE, julg. 02.04.12).

A relação condomínio e condômino não é regida pelo CDC, mas, se o fosse, ainda
poderia ser enquadrada como crime, previsto no artigo 71 do Código de Defesa do
Consumidor (CDC):

Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou


moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento
que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho,
descanso ou lazer:

Pena Detenção de três meses a um ano e multa.

[TJCE]. Responsabilidade civil das cobranças vexatórias indevidas? Basta exigir a


cobrança? Tem que haver o pagamento?
Sim, cabe responsabilidade civil, através de indenização por danos morais. Basta
realizar de forma vexatória a cobrança, não tem que haver o pagamento.

7. Da proteção contratual: disposições gerais. Das cláusulas abusivas.


Dos contratos de adesão.

# DA PROTEÇÃO CONTRATUAL: DISPOSIÇÕES GERAIS.


[TJCE]. O que é direito de arrependimento? Prazo? Para qualquer compra?
O direito de arrependimento está previsto no art. 49, do CDC:

Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua
assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,
especialmente por telefone ou a domicílio.

Prazo de sete dias, apenas para nos casos em que a contratação ocorrer fora do
estabelecimento comercial.

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Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste


artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão,
serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.

Inclusive o valor do frete para devolução do produto fica a encargo do fornecedor.

[TJCE]. Qualquer declaração de vontade vincula o fornecedor?


Pela dicção literal do art. 48, do CDC, as declarações de vontade que vinculam o
fornecedor, seriam as constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos
relativos às relações de consumo. Não obstante, a jurisprudência pátria tem feito uma
leitura sistemática e teleológica do referido artigo, entendendo que, tratando-se de
relação de consumo, a oferta feita por qualquer meio idôneo vincula o fornecedor do
produto ou serviço, de modo que eventual equívoco não pode ser invocado como
justificativa para o descumprimento da obrigação. Segue abaixo julgado recente
neste sentido.

Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-


contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive
execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos.

TJ-DF - Apelação Cível APC 20100110346986 DF 0016084-58.2010.8.07.0001 (TJ-DF)


Data de publicação: 25/03/2014

Ementa: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO


DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO. AGRAVO RETIDO INTEMPESTIVO NÃO
CONHECIDO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR . SISTEL. SIMULAÇÃO DO
BENEFÍCIO DISPONIBILIZADO NO SITIO ELETRÔNICO DA FUNDAÇÃO.
BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA. VINCULAÇÃO AO RESULTADO. EMBARGOS
DECLARATÓRIOS NÃO PROTELATÓRIOS. AFASTAMENTO DA MULTA. 1.
Estabelece a súmula 321 do superior tribunal de justiça que "o código de defesa do
consumidor é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus
participantes." 2. As declarações de vontade constantes de escritos particulares relativos
às relações de consumo vinculam o fornecedor, de acordo com as disposições do art. 48
do cdc . 3. As declarações prestadas em simulação eletrônica atrelam a fundação de
previdência privada a cumprir com o que foi ofertado. 4. Tratando-se de relação de
consumo, a oferta feita por qualquer meio idôneo vincula o fornecedor do produto ou
serviço, de modo que eventual equívoco não pode ser invocado como justificativa para o
descumprimento da obrigação. 5. Evidenciando-se que os embargos de declaração não
são protelatórios, incabível a aplicação de multa sobre o valor da causa prevista no
parágrafo único do art. 538 do cpc . 6. Recurso conhecido e parcialmente provido.
Unânime.

[TJCE]. O que significa dizer que a garantia contratual é complementar à legal?


Contratual pode ser inferior à legal?
Art. 50, CDC: A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante
termo escrito.

A interpretação sistemática do CDC caminhou no sentido de estabelecer que, findo


o prazo de garantia contratual (oferecido pelo fornecedor), conta-se o prazo
decadencial (30 ou 90 dias). No caso acima, o consumidor que adquiriu o computador
com defeito teria, ainda, depois de esgotado o prazo de um ano (contratual), 90 dias
adicionais para reclamar contra o vício do produto – por se tratar, na espécie, de um
bem durável.

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No sentido do que dissemos vem se posicionando o STJ: “Diferentemente do que


ocorre com a garantia legal contra vícios de adequação, cujos prazos de reclamação
estão contidos no art. 26 do CDC, a lei não estabelece prazo de reclamação para a
garantia contratual. Nessas condições, uma interpretação teleológica e sistemática do
CDC permite integrar analogicamente a regra relativa à garantia contratual,
estendendo-lhe os prazos de reclamação atinentes à garantia legal, ou seja, a partir
do término da garantia contratual, o consumidor terá 30 (bens não duráveis) ou 90
(bens duráveis) dias para reclamar por vícios de adequação surgidos no decorrer do
período desta garantia” (STJ, REsp 967.623, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª. T., DJ
29/06/09).

A jurisprudência brasileira, portanto, vem se consolidando no sentido de que o início


da contagem do prazo de decadência, a respeito de vício do produto (CDC, art. 26),
se dá após o encerramento da garantia contratual (STJ, RE sp 1.021.261, Rel. Min.
Nancy Andrighi, 3a T, DJ 06/05/10). É importante frisar que se ao término do prazo
de garantia contratado, o bem – veículo, por exemplo – se acha retido pela oficina
mecânica para conserto, sem que o defeito seja solucionado, considera-se suspenso
o curso do prazo de garantia. Prorroga-se, assim, tal prazo, até a efetiva devolução
do bem ao consumidor, sendo este momento o termo inicial para a contagem do prazo
decadencial para se reclamar a respeito de vícios aparentes em produtos duráveis
(STJ, REsp 579.941, Rel Min. Nancy Andrighi, 3a T, DJ 10/12/08). Entendimento
diverso possibilitaria condutas indevidas, como, por exemplo, a retenção do bem em
conserto até o esgotamento do prazo.

Fonte: Manual de Direito do Consumidor - À luz da jurisprudência do STJ (2014) -


9ª ed.- Rev., amp. e atualizada

A contratual pode ser inferior à legal, pois não há vedação quanto a isso e se trata de
benefício extra, que pode ou não ser concedido.

# DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS.


[TJCE]. Cláusulas abusivas são rol taxativo?
O artigo 51 do CDC traz o rol das cláusulas contratuais abusivas. Contudo, a
enumeração trazida por ele não é taxativa, mas sim exemplificativa, pois o próprio
dispositivo admite a possibilidade da existência de outras cláusulas ao dispor a
expressão "entre outras". Assim sendo, deve ser considerada prejudicada a autonomia
da vontade, sempre que há uma vantagem excessiva para uma das partes, causando
desequilíbrio contratual.

[TJCE]. Qual a consequência de uma cláusula abusiva?


Cláusulas abusivas são aquelas que colocam o consumidor em desvantagem nos
contratos de consumo, e como consequência há uma redução da sua liberdade
negocial, afetando, a igualdade negocial, durante a contratação, quando é verificável
a vulnerabilidade jurídica.

[TJCE]. Há razão ontológica para o não reconhecimento de ofício da abusividade


das cláusulas nos contratos bancários?
Não existe razão ontológica, tendo sido a Súmula 381 do STJ que assevera: "Nos
contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das

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cláusulas" sido bastante criticada, pois com vistas nos fundamentos alinhados, o STJ
foi infeliz ao editar a Súmula nº 381, pois produziu norma que enfraquece os poderes
do magistrado que se deparar com um contrato bancário abusivo.

[TJCE]. Em que hipóteses não se pode salvar o contrato?


Art. 51, §2º, CDC: A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o
contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer
ônus excessivo a qualquer das partes.

Preleciona o §1º do art. 51, que: Presume-se exagerada, entre outros casos, a
vantagem que: I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que
pertence; II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do
contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; III - se mostra
excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo
do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

# DOS CONTRATOS DE ADESÃO.


[TJCE]. Como são definidos os contratos de adesão no CDC? Como é na prática?
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou
serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo.

Na prática, os contratos de adesão são os contratos já escritos, preparados e impressos


com anterioridade pelo fornecedor, nos quais só resta preencher os espaços referentes
à identificação do comprador e do bem ou serviços, objeto do contrato. As cláusulas
são preestabelecidas pelo parceiro contratual economicamente mais forte, sem que o
outro parceiro possa discutir ou modificar substancialmente o conteúdo do contrato
escrito.

[TJCE]. Contrato de adesão e contrato por adesão?


A doutrina minoritária faz distinção entre os contratos de adesão e os contratos por
adesão. Para ela, no "contrato de adesão" o consumidor possui apenas uma opção de
fornecedor do produto ou serviço (ex.: contrato para fornecimento de luz) e no
"contrato por adesão" existem outras opções para o consumidor (ex.: cartões de
crédito).

Felizmente, o Código de Defesa do Consumidor fundiu essas duas situações


estabelecendo um conceito único, adotando o termo contrato de adesão.

[TJCE]. É possível cláusula resolutiva automática?


Art. 54, §2º - Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a
alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do
artigo anterior (Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a
compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá
descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o
desistente ou inadimplente causar ao grupo).

[TJCE]. O que significa que os caracteres devem ser legíveis? E a linguagem?

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Art. 54, § 3o. Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com
caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze,
de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.

8. Da defesa do consumidor em juízo. Das disposições do Código de


Defesa do Consumidor relacionadas à defesa do consumidor em juízo.
[TJCE]. O consumidor pode defender-se em que modos? 3 formas de defesa
coletiva? Exemplos de direitos individuais homogêneos?
O CDC estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e
interesse social, e, para a facilitação da defesa de seus direitos, o CDC estabelece que
a defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida
em juízo individualmente, ou a título coletivo. Além disso, para a defesa dos direitos
e interesses protegidos pelo CDC são admissíveis todas as espécies de ações capazes
de propiciar sua adequada e efetiva tutela.

A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos,
assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por
circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para
efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim
entendidos os decorrentes de origem comum.

Exemplos: Os consumidores que adquirem o mesmo produto produzido em série com


o mesmo defeito; imagina-se os familiares das vítimas de um acidente aéreo.

[TJCE]. É possível perdas e danos?


Art. 84, §1º - A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se
por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado
prático correspondente. A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa.

[TJCE]. O juiz pode agir de ofício ou precisa de requisição?


O art. 84 do CDC excepciona e relativiza o princípio da adstrição da sentença ao
pedido, ao autorizar ao magistrado impor multa de ofício, a conceder a tutela
específica da obrigação ou o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

[TJCE]. A quem incumbe alegar fatos impeditivos, extintivos e modificativos? Em


qual prazo?
A redação do artigo 333 do Código de Processo Civil estabelece que:

“Art. 333. O ônus da prova incumbe:

I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito.

Tem-se que, na aplicação do Código de Processo Civil, uma vez alegado pelo autor
fato constitutivo de seu direito, deverá apresentar já na inicial, prova do direito
alegado. Da mesma forma, o réu, em sua contestação deverá apresentar elementos
capazes de desconstituírem a prova juntada aos autos pelo autor.

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Ocorre que o artigo 6º da legislação consumerista prevê situação de exceção a


beneficiar o consumidor, cuja aplicação dependa da constituição de seus requisitos.

É redação do dispositivo:

“Art.6º São direitos do consumidor:

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova
a seu favor, no processo civil, quando a critério do Juiz, for verossímel a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias da experiência;”

Tem-se pela redação do inciso que: A inversão do ônus da prova não é regra, mas
exceção; fica a critério da livre e prudente análise do Magistrado;

Deve estar presente a verossimilhança da alegação, conforme o entendimento do


Juiz; ou a hipossuficiência do autor;

Sendo assim, o STJ decidiu que a inversão do ônus da prova de que trata o art.
6º, VIII, do CDC é regra de instrução, devendo a decisão judicial que determiná-
la ser proferida preferencialmente na fase de saneamento do processo ou, pelo
menos, assegurar à parte a quem não incumbia inicialmente o encargo a
reabertura de oportunidade para manifestar-se nos autos.

Em se tratando, porém, de réu consumidor que se enquadre na moldura da


hipossuficiência, aplicável será a regra do art. 6º, VIII, do CDC. A inversão do ônus
da prova pode, então, se verificar em prol do consumidor réu, para que esse se veja
livre do fardo consistente em comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor.

[TJCE]. Ônus é a mesma coisa de dever?


Não. Para PONTES DE MIRANDA, "a diferença entre dever e ônus está em que (a)
o dever é em relação a alguém, ainda que seja em sociedade; há relação entre dois
sujeitos, um dos quais é o que deve; a satisfação é do interesse do sujeito ativo; ao
passo que (b) o ônus é em relação a si mesmo; não há relação entre sujeitos; satisfazer
é do interesse do próprio onerado".

[TJCE]. Quais os interesses coletivos são protegidos pelo CDC? Como se definem?
Quais as ações cabíveis para defender esses interesses? Que medidas podem ser
determinadas?
Art. 81 do CDC: A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá
ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os


transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas
e ligadas por circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os


transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;

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III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de


origem comum.

Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis
todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer,
o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento

§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas


optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático
correspondente.

§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa

§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia


do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação
prévia, citado o réu.

§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu,


independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação,
fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito

§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá


o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de
coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de
requisição de força policial.

Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da
associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e
despesas processuais.

10. Das ações de responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços.

# DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE PRODUTOS E SERVIÇOS


[TJCE]. Ações de responsabilidade civil do fornecedor cumpre alguma regra de
competência?
O art. 101, I, do CDC dispõe que a ação pode ser proposta no domicilio do autor.

[TJCE]. Qual o domicílio do consumidor?


O domicilio do consumidor segue a regra do art. 70 do CC, é o lugar onde ele
estabelece a sua residência com ânimo definitivo.

[TJCE]. Cabe intervenção de terceiro nas ações do CDC?


O CDC veda em seu art. 88 a denunciação a lide, por ser incompatível com o intuito
do próprio Código que é proteger o consumidor, permitindo a este acesso mais célere
a justiça, evitando procrastinações e retardamentos na tutela jurisdicional. Por sua
vez o art. 101, II do CDC, traz o chamamento ao processo do segurador, mas nesse

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caso visa a proteger o próprio consumidor, pois estará possibilitando a entrega da


tutela jurisdicional e sua satisfação de forma mais rápida.

[TJCE]. Pode-se convencionar o ônus da prova no CDC?


No CDC aplica-se a teoria da distribuição dinâmica da prova onde o juiz deve
incumbir à prova a aquele que tem melhores condições de fazê-lo. A convenção do
ônus da prova é totalmente nula quando trouxer prejuízo ao consumidor, art. 51, VI,
do CDC.

[TJCE]. E no CPC?
No CPC o paragrafo único do art. 333, dispõe que é nula a convenção que distribui
de maneira diversa o ônus da prova quando recair sobre direito indisponível da parte
ou tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

[TJCE]. E no novo CPC?


No novo CPC já se aplica a distribuição dinâmica do ônus da prova, ou seja, tem a
prova àquele que oferece melhor condição de fazê-lo. Já sobre a convenção do ônus
da prova, o novo CPC traz as mesmas regras do paragrafo único do art. 333, do
CPC/73.

[TJCE]. Ônus é sinônimo de dever?


Ônus não é sinônimo de dever, pois dever é obrigação e quem tem o ônus não tem a
obrigação. Ônus, por conseguinte, é a faculdade que a parte dispõe para praticar ou
deixar de praticar determinado ato processual – ato este que lhe proporcionará
alguma vantagem própria se adimplir com seu ônus. Se a parte não exercita o ônus
que lhe compete, esta apenas deixa de usufruir a vantagem processual que obteria se
o tivesse exercitado, no momento e na forma previstos nas leis processuais.

[TJCE]. Prestar alimentos é ônus ou dever? Por quê?


Prestar alimentos é dever, pois não é uma faculdade e sim uma obrigação.

[TJCE]. Ações de responsabilidade civil do fornecedor cumprem alguma regra de


competência?
Com vistas a promover a proteção do vulnerável consumidor — inc. I do art. 4º do
CDC — foi estabelecido como direito básico estampado na primeira parte do inc.
VIII do art. 6ºa facilitação da defesa de seus direitos, a qual permite ao legislador,
bem como ao julgador, a adequação de normas processuais com vistas a proteção do
consumidor para equilibrar a relação processual.

Assim, como consequência deste direito básico, o dispositivo do art. 101, inc. I, do
Código de Defesa do Consumidor possibilita que as ações de responsabilidade civil
do fornecedor de produtos e serviços, sejam promovidas pelo consumidor no foro do
seu domicílio.

Importa destacar que o texto exato do inc. I, do art. 101, da Lei 8.078/90, ao
estabelecer que a ação pode ser proposta no domicílio do autor, estabeleceu uma
regra especial de competência relativa em razão do território, na medida em que
excepciona a regra geral do Código de Processo Civil, que estabelece como regra a
propositura da ação no foro do domicílio do réu (art. 94, CPC), justamente com vistas
a garantir a proteção dos direitos do consumidor.

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[TJCE]. Há uma relação ao princípio de não caber intervenção de terceiros nas


ações de consumidor?
É preciso dizer que o Código de Defesa do Consumidor, tratou em seu bojo, do
fenômeno da intervenção de terceiros em dois momentos, primeiro no art. 88 e
posteriormente no art. 101.

O primeiro estabelece que na hipótese de responsabilidade por fato do produto existe


uma responsabilidade solidária entre o fabricante, o produtor, o construtor, nacional
ou estrangeiro, e o importador.

Assim temos: “Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação
de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de
prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide.”

Temos também, no art.101, ao regular a ação de responsabilidade civil, no que tange


a figura dos fornecedores, estabelecendo que o réu se houver contratado seguro de
responsabilidade poderá chamar ao processo o segurador, sendo vedada a integração
do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil.

De tal maneira, ao se permitir a ação regressiva, mas vedar a denunciação da lide na


relação consumeirsta, o legislador visou prestigiar os institutos da celeridade e
efetividade do processo, atingindo assim o escopo maior da doutrina consumerista,
que é a proteção maior do consumidor hipossuficiente. Sendo também salutar
ressaltar que a relação consumidor e fornecedor gera uma responsabilidade de
natureza objetiva, onde não há de se perquirir a ação dolosa ou culposa, e a relação
entre os responsáveis pelo evento danoso é de cunho subjetivo.

[TJCE]. É possível haver outras medidas reparatórias nas ações consumeristas?


São direitos básicos do consumidor a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. Para a defesa dos direitos e
interesses protegidos pelo CDC são admissíveis todas as espécies de ações capazes
de propiciar sua adequada e efetiva tutela.

[TJCE]. Pode convencionar quanto as provas? Como no CDC a prova pode ser
convencionada?
“Art.6º São direitos do consumidor:

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova
a seu favor, no processo civil, quando a critério do Juiz, for verossímel a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias da experiência;”

Tem-se pela redação do inciso que:

 A inversão do ônus da prova não é regra, mas exceção;

 Fica a critério da livre e prudente análise do Magistrado;

 Deve estar presente a verossimilhança da alegação, conforme o


entendimento do Juiz; ou a hipossuficiência do autor.

Sendo assim, o STJ decidiu que a inversão do ônus da prova de que trata o art.
6º, VIII, do CDC é regra de instrução, devendo a decisão judicial que determiná-

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la ser proferida preferencialmente na fase de saneamento do processo ou, pelo


menos, assegurar à parte a quem não incumbia inicialmente o encargo a
reabertura de oportunidade para manifestar-se nos autos.

Em se tratando, porém, de réu consumidor que se enquadre na moldura da


hipossuficiência, aplicável será a regra do art. 6º, VIII, do CDC. A inversão do ônus
da prova pode, então, se verificar em prol do consumidor réu, para que esse se veja
livre do fardo consistente em comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor.

[TJCE]. Ônus e dever são iguais?


Não. Para PONTES DE MIRANDA, "a diferença entre dever e ônus está em que (a)
o dever é em relação a alguém, ainda que seja em sociedade; há relação entre dois
sujeitos, um dos quais é o que deve; a satisfação é do interesse do sujeito ativo; ao
passo que (b) o ônus é em relação a si mesmo; não há relação entre sujeitos; satisfazer
é do interesse do próprio onerado".

12. Da sentença. Da coisa julgada. Da liquidação da sentença coletiva

# DA SENTENÇA.
[TJCE]. Quais as particularidades da sentença proferida nas relações de consumo?
Art. 103 do CDC. Não faz coisa julgada quando improcedente por insuficiência de
provas

[TJCE]. O que significa sentença ultra partes?


Quando a sentença atinge não apenas os litigantes, mas todo um grupo envolvido
com o objeto da demanda.

[TJCE]. O juiz pode determinar medidas especificas para assegurar o direito do


consumidor?
Sim, a própria inversão do ônus da prova é um exemplo. Art. 6, VIII, do CDC.

[TJCE]. A sentença nas relações de consumo tem alguma peculiaridade? O que


significa ´´ultra partes´´? Na sentença consumista há alguma preocupação para
assegurar a efetividade do que foi decidido?
Falar-se em sentença, enseja logicamente o conceito de coisa julgada, a qual se trata
de uma técnica de que se vale o legislador para os casos aos quais entenda ser
conveniente e oportuna a cristalização, no tempo, de uma determinada decisão,
imutabilidade essa que projetará efeitos no processo e erga omnes. A regra, em
termos de coisa julgada nos processos coletivos, é beneficiar todos os titulares de
direitos ou interesses em caso de acolhimento da demanda. Ou seja, a sentença tem
a peculiaridade de ser mais ampla, pois pode englobar direitos difusos, coletivos e
individuais homogêneos.

Esta palavra em latim tem por escopo qualificar a ação de interesse coletivo (em
sentido estrito e coletivo), ao qual a ação principal divide o objeto pleiteado somente
entre os litisconsortes da ação, ou seja, apesar de haver interesses difusos, somente
serão beneficiados os "ultra-partes" (entre partes), aqueles do grupo.

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O objetivo primordial do processo judicial é poder proporcionar, àqueles que o


utilizam, o efetivo alcance dos resultados que deveriam ter decorrido do espontâneo
cumprimento do direito objetivo substancial. O CDC dispõe que na ação que tenha
por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a
tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao do adimplemento. A expressão "tutela específica"
passou a significar tanto a prestação jurisdicional efetiva; como também para
denominar o conjunto das técnicas hábeis a proporcionar tal efetividade na prestação
da tutela jurisdicional. Pode-se valer de tutela inibitória, entre outras medidas.

14. Sanções administrativas e penais: Da competência concorrente.


multa, apreensão, inutilização, cassação de registro, proibição de
fabricação, suspensão temporária de atividade, revogação ou cassação
de concessão ou permissão, da interdição. Da Contrapropaganda.
[TJCE]. Quais as sanções administrativas no CDC?
Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o
caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e
das definidas em normas específicas:

I - multa; II - apreensão do produto; III - inutilização do produto; IV - cassação do


registro do produto junto ao órgão competente; V - proibição de fabricação do produto;
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço; VII - suspensão temporária de
atividade; VIII - revogação de concessão ou permissão de uso; IX - cassação de licença
do estabelecimento ou de atividade; X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento,
de obra ou de atividade; XI - intervenção administrativa; XII - imposição de
contrapropaganda.

[TJCE]. O que vem a ser contrapropaganda?


Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer
na prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos,
sempre às expensas do infrator.

§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, frequência


e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma
capaz de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva.

[TJCE]. Qual deve ser o teor do veiculo da contrapropaganda?


§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, frequência
e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma
capaz de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva.

[TJCE]. Em que consiste a multa? Qual o limite máximo e mínimo?


Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem
auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento
administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de julho de
1985, os valores cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais ou municipais de
proteção ao consumidor nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº 8.656, de
21.5.1993)

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Parágrafo único. A multa será em montante não inferior a duzentas e não superior a três
milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice equivalente
que venha a substituí-lo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.703, de 6.9.1993)

[TJCE]. O que caracteriza a gravidade da sanção?


É a dimensão das consequências que gerou o ato em relação à relação consumerista
.

[TJCE]. A sanção administrativa se da sem prejuízo das esferas civil e penal?


Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o
caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e
das definidas em normas específicas:

[TJCE]. O que pode o juiz fazer para cumprir-se uma obrigação de fazer?
O juiz pode assinar prazo para o devedor fazer, ou então, caso este não o faça,
ordenar, a requerimento do credor, que outro o faça, as custas do devedor, ou haver
perdas e danos. (Arts 632 e 633 do CPC e arts. 247 a 249 do CC).

[TJCE]. Quem poderá fazer uso das perdas e danos?


O credor da obrigação de fazer, se a obrigação se tornar impossível por culpa do
devedor.

[TJCE]. Em que momento a obrigação de não fazer se torna exigível?


A partir do momento que quem estava obrigado a não fazer, praticou o ato, conforme
art. 251 do CC.

# DA CONTRAPROPAGANDA.
[TJCE]. O que é contrapropaganda?
É uma resposta ou sanção administrativa contra uma propaganda abusiva, nos termos
do art. 60 do CDC.

[TJCE]. Como ela acontece?


Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer
na prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos,
sempre às expensas do infrator.

§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, frequência


e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma
capaz de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva.

[TJCE]. Como é obrigação de fazer, o juiz pode propor ação para o seu
cumprimento?
Sim, o próprio art. 84 do CDC dispõe sobre as ações que o juiz pode fazer para o seu
cumprimento.

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer,
o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

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§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas


optar o autor ou se impossível à tutela específica ou a obtenção do resultado prático
correspondente.

§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art. 287, do Código
de Processo Civil).

§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia


do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação
prévia, citado o réu.

§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu,


independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação,
fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.

§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá


o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de
coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de
requisição de força policial.

[TJCE]. Ele pode determinar a contrapropaganda e cobrar os custos depois?


Sim, aplicando por analogia o art. 249 do CC. Aplicando o dialogo das fontes.

Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo
executar a custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização
cabível.

15. O sistema nacional de defesa do consumidor: A política nacional de


relações de consumo – SNDC e PROCON.
[TJCE]. Quais as atribuições do órgão de defesa e proteção do consumidor?
Decreto 2181/97 dispõe sobre as atribuições dos órgãos de defesa do consumidor em
seu art. 4º.

Art. 4º No âmbito de sua jurisdição e competência, caberá ao órgão estadual, do Distrito


Federal e municipal de proteção e defesa do consumidor, criado, na forma da lei,
especificamente para este fim, exercitar as atividades contidas nos incisos II a XII do art.
3º deste Decreto e, ainda:

I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política estadual, do Distrito


Federal e municipal de proteção e defesa do consumidor, nas suas respectivas áreas de
atuação;

II - dar atendimento aos consumidores, processando, regularmente, as reclamações


fundamentadas;

III - fiscalizar as relações de consumo;

IV - funcionar, no processo administrativo, como instância de instrução e julgamento, no


âmbito de sua competência, dentro das regras fixadas pela Lei nº 8.078, de 1990, pela
legislação complementar e por este Decreto;

V - elaborar e divulgar anualmente, no âmbito de sua competência, o cadastro de


reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, de que trata o

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art. 44 da Lei no 8.078, de 1990 e remeter cópia à Secretaria Nacional do Consumidor


do Ministério da Justiça; (Redação dada pelo Decreto nº 7.738, de 2012).

VI - desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades.

Incisos II a XII do art. 3º:

II - receber, analisar, avaliar e apurar consultas e denúncias apresentadas por entidades


representativas ou pessoas jurídicas de direito público ou privado ou por consumidores
individuais;

III - prestar aos consumidores orientação permanente sobre seus direitos e garantias;

IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor, por intermédio dos diferentes meios


de comunicação;

V - solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito para apuração de delito


contra o consumidor, nos termos da legislação vigente;

VI - representar ao Ministério Público competente, para fins de adoção de medidas


processuais, penais e civis, no âmbito de suas atribuições;

VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as infrações de ordem


administrativa que violarem os interesses difusos, coletivos ou individuais dos
consumidores;

VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios, bem como auxiliar na fiscalização de preços, abastecimento,
quantidade e segurança de produtos e serviços;

IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas especiais, a


criação de órgãos públicos estaduais e municipais de defesa do consumidor e a
formação, pelos cidadãos, de entidades com esse mesmo objetivo;

X - fiscalizar e aplicar as sanções administrativas previstas na Lei nº 8.078, de 1990, e


em outras normas pertinentes à defesa do consumidor;

XI - solicitar o concurso de órgãos e entidades de notória especialização técnico-


científica para a consecução de seus objetivos;

XII - celebrar convênios e termos de ajustamento de conduta, na forma do § 6o do art. 5o


da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985; (Redação dada pelo Decreto nº 7.738, de 2012).

[TJCE]. Ele é orientativo ou pode tomar medida prática?


Art. 5º do Decreto 2181/97. Qualquer entidade ou órgão da Administração Pública,
federal, estadual e municipal, destinado à defesa dos interesses e direitos do
consumidor, tem, no âmbito de suas respectivas competências, atribuição para apurar
e punir infrações a este Decreto e à legislação das relações de consumo.

[TJCE]. Quais os limites da atuação do PROCON?


O PROCON como órgão de defesa do consumidor que é, é limitado às atribuições
inerentes aos órgãos de defesa do consumidor. Portanto deve atuar nos limites das
suas atribuições dispostas tanto no CDC como no referido decreto.

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[TJCE]. Como se chama a legitimação?


Tem o consumidor prejudicado, legitimidade ativa para as ações individuais comum,
objetivando o ressarcimento de danos decorrentes de produtos ou serviços
(legitimidade direta).

Também confere o Código do Consumidor, de forma indireta, ao Ministério Público,


a União, aos Estados, Municípios e Distrito Federal, assim como a certas entidades e
órgãos da Administração Pública direta ou indireta, associações civis, sindicatos e
comunidades indígenas legitimidade ativa para a defesa coletiva.

Trata-se, aqui, de legitimidade concorrente, já que os consumidores lesados podem,


individualmente, demandar em nome próprio, ou, de acordo com a conveniência de
cada um, se beneficiar com a decisão coletiva que lhe for favorável (artigos 5.º, LXX,
"b", 8.º, III, 232 da CF, e 82 do CDC). Refere-se Hugo Nigro Mazzilli aos requisitos
de "representatividade adequada" e de "pertinência temática" para o ajuizamento de
ação coletiva. Exige-se, para as ações coletivas, a pré-constituição há mais de um ano
da associação legitimada (artigo 82, IV, do CDC).

CRIANÇA E ADOLESCENTE
1. Aspectos Gerais do Direito da Criança e do Adolescente. A proteção
da infância no Brasil. O Direito Penal do menor. Situação irregular.

# O MENOR EM SITUAÇÃO IRREGULAR.


[TJCE]. Menor em situação irregular é correto afirmar isso? Que outros princípios
são correlatos ao de garantia integral? Quais são os atos das partes? Efeitos? É
defeso lançar cotas imaginárias e interlinentes, o que são isso? Quem pode interpor?
- Não está correto a frase “menor em situação irregular”, pois com o Estatuto da
Criança e Adolescente, que adotou o principio da proteção integral, a criança e
adolescente não são mais objeto de direitos como era previsto no Código de Menores
que usava tal expressão, atualmente eles são sujeitos de direito.

O Estatuto substituiu o antigo Código de Menores, Lei n° 6. 697/79, cuja incidência


era voltada precípua mente ao menor em situação de irregular. Crianças e
adolescentes eram vistos como objeto de tutela à luz daquele regramento. "Durante
todo este período a cultura da internação, para carentes ou delinquentes foi a tônica.
A segregação era vista, na maioria dos casos, como a única solução".

A teoria da situação irregular era uma doutrina não universal , restrita e limitada a
uma categoria específica de crianças e adolescentes, compreendendo como objeto de
atenção apenas os menores em situação irregular, assim considerados aqueles em
conflito com a lei ou, por qualquer motivo, privados de subsistência. Tal doutrina
acarretava forte carga de responsabilidade da família pelas condições do menor, ao
mesmo tempo em que isentava o Estado de suas obrigações. Não cuidava da
prevenção.

- Princípios correlatos:

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Princípio da Prioridade Absoluta: O princípio da Prioridade Absoluta é um princípio


constitucional previsto no artigo 227 da CF e também com previsão no artigo 4º. Da
Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim encontramos no artigo
227 da CF que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.

Princípio do Melhor Interesse: tanto orientador para o legislador como para o


aplicador da norma jurídica, já que determina a primazia das necessidades infanto-
juvenis como critério de interpretação da norma jurídica ou mesmo como forma de
elaboração de futuras demandas.

Princípio da Cooperação: decorre de que todos – Estado, família e sociedade –


compete o dever de proteção contra a violação dos direitos da criança e do
adolescente, enfim, é dever de todos prevenir a ameaça aos direitos do menor.

Princípio da Municipalização: Com o advento da Constituição Federal de 1988 houve


a descentralização das ações governamentais na área da assistência social, conforme
art. 204, I da CF/88.

Princípio da Prevalência dos interesses, art. 6º do ECA: Art. 6º - Na interpretação


desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do
bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da
criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

Princípio da Brevidade e Excepcionalidade, artigo 121: Art. 121 - A internação


constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. § 5º
- A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. (g. N.)

2. O Direito de ser Criança e Adolescente. Retrospectiva Histórica. A


proteção integral. O Princípio do Melhor Interesse da Criança.

# CONCEITO DE CRIANÇA E DE ADOLESCENTE. APLICAÇÃO DA LEI NO 8.069/90 (ECA)


TENDO EM VISTA A PROTEÇÃO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.

[TJCE]. Proteção integral e prioridade é a mesma coisa? O que uma engloba em


relação à outra?
Não são a mesma coisa. Qualquer situação de ofensa aos direitos da criança e do
adolescente deve ser objeto de atuação do juízo, aplicando-se
o princípio da proteção integral consagrado no art. 1º do Estatuto da Criança e do
Adolescente, devendo o exercício da jurisdição ser eficiente, tendo em vista a
relevância dos interesses tutelados, sendo certo que, para aferição de qual a medida
mais adequada dentre as aplicáveis, pode o julgador valer-se de estudo social, cuja
realização pode ser determinada de ofício ou a requerimento das partes.
O princípio da prioridade absoluta no atendimento dos interesses e direitos de

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crianças e adolescentes, positivado no art. 227 da Constituição Federal, conclama a


soluções interpretativas que, no plano concreto, assegurem, em favor daqueles
sujeitos vulneráveis, a efetiva proteção integral prometida pelo art. 1º do ECA.

[TJCE]. Garantia abrange o quê na prioridade?


Além de destacar a importância dos direitos fundamentais da Criança e do
Adolescente em espécie, enquanto grupo que goza de especial proteção, a
Constituição previu que os direitos fundamentais da criança e do adolescente
terão prioridade absoluta. Nenhum outro grupo, ou pessoa, recebeu uma proteção
tão enfática e somente no âmbito da legislação infraconstitucional é que os idosos
foram beneficiados com a previsão de prioridade absoluta e de proteção integral,
embora com previsão em lei ordinária o que torna esta proteção normativa menos
abrangente por não dispor de nível constitucional.

A amplitude da proteção constitucional do direito da criança e do adolescente,


notadamente com a instituição da norma que prevê a sua prioridade absoluta, trás em
seu bojo vários desafios à teoria e à prática constitucional brasileira.

Com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente, que criou um sistema


nacional de garantia de direitos da Criança e do Adolescente acompanhada de uma
política nacional, os desafios trazidos pela doutrina da proteção integral e pelo
princípio da prioridade absoluta se ampliaram, especialmente com a previsão do seu
art. 4º que pretendia conformar este princípio constitucional. Com o advento do
princípio da prioridade absoluta e da proteção integral, e a previsão de preferência na
formulação e na execução das políticas sociais públicas com destinação privilegiada
de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude
o que era uma decisão política de acordo com as prioridades de cada governante
tornou-se uma norma jurídica de observação cogente pelos agentes do Estado.

Deste modo, o princípio da prioridade absoluta estabelece que os direitos das


Crianças e dos Adolescentes devem ser protegidos em primeiro lugar em relação a
qualquer outro grupo social, inclusive com a possibilidade de tutelar judicial de seus
direitos fundamentais. A própria referência constitucional é tão enfática a ponto de
ser quase reduntante: prioridade + absoluta. Não bastou que o direito da Criança e do
Adolescente fosse prioritário a Assembléia Constituinte entendeu que deveria
conferir prioridade absoluta.

# O DIREITO DE SER CRIANÇA E ADOLESCENTE. A PROTEÇÃO INTEGRAL. O PRINCÍPIO DO


MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA.

[TJCE]. O que significa direito de ser criança e adolescente?


A criança é prioridade absoluta, nos diz expressamente a Carta da República, no
artigo 227, garantindo a sua proteção integral, porque pessoa em desenvolvimento,
que se traduz no direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, assim como o dever de ser colocada a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Essa ação é
obrigação da família, da sociedade e do Estado, considerados estes em conjunto e
integradamente. É, portanto, de todos nós.

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A legislação brasileira é expressa ao proibir o trabalho antes dos 16 (dezesseis) anos,


salvo na condição de aprendiz, quando é permitido a partir dos 14 (quatorze) anos
(art. 7o, inciso XXXIII, da Constituição Federal). Ressalte-se que o trabalho
doméstico não demanda aprendizagem nos termos descritos em lei, o que indica que
qualquer adolescente somente poderá trabalhar nessa condição após os 16 (dezesseis)
anos completos e para o exercício de atividades que não tragam prejuízos a sua
integridade física, psíquica, emocional e moral, conforme estatuído no Estatuto da
Criança e do Adolescente, Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, no artigo 67,
garantidos, obrigatoriamente, os direitos trabalhistas inerentes à atividade.

Deve-se destacar que a Convenção dos Direitos da Criança da Organização das


Nações Unida, de 1989, ratificada pelo Brasil, e portanto integrada ao nosso
ordenamento jurídico, considera criança, para efeito da proteção integral nela
descrita, toda pessoa na faixa etária de 0 a 18 anos. Suas disposições estão em plena
harmonia com a legislação pátria, que contempla os seus princípios e garantias,
claramente expressos no mencionado artigo 227.

Assim, em se tratando de adolescente na faixa etária de 16 a 18 anos, o trabalho é


permitido de forma protegida, porque também pessoa em desenvolvimento, a quem
é devida a proteção integral prevista constitucionalmente. E essa proteção implica
em ter garantida a permanência na escola e a profissionalização, para que tenha
condições futuras de competitividade no mercado de trabalho. O trabalho digno é
fundamento de uma sociedade livre e justa.

E ele será digno quando atender às necessidades de expressão das pessoas, garantidas
condições justas de exercício e de retribuição, descritas de forma clara na legislação
pátria. Para tanto, é preciso que se interiorize os seus valores, inserindo-se na
formação proporcionada pela escola, como descrito na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação.

O trabalho precoce impede esse processo de desenvolvimento e preparação,


afastando a criança da escola, no mínimo, dificultando o seu aprendizado, e
prejudicando o seu desenvolvimento pleno como pessoa e cidadã, muitas vezes de
forma irreversível, pelas repercussões negativas na sua saúde e desenvolvimento
físico, moral e psíquico. A lei, portanto, ao dispor sobre a idade mínima para o
trabalho, assim como ao dispor sobre proibições e exigências a serem cumpridas em
se tratando do trabalho do adolescente não o faz aleatoriamente, mas sempre voltada
para à preservação das condições adequadas para o seu crescimento como pessoa
humana e a preservação do seu desenvolvimento pleno, como expressões da proteção
integral descrita na Lei Maior.

Assim, deve-se viabilizar que a criança e o adolescente exerçam seu direito de ser
tratados como pessoa em desenvolvimento, não se podendo colocar a criança e o
adolescente em condições incompatíveis com essa condição.

[TJCE]. - O que significa dizer a garantia de prioridade? Entre escolher a criança,


o idoso e o deficiente, quem eu escolho?
Art. 4º do ECA: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder
público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida,
à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

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Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção


à infância e à juventude.

A prioridade absoluta da criança tem previsão constitucional. Dessa feita, se


sobrepõe às demais prioridades criadas por lei.

3. A Trilogia da Proteção Integral. Aspectos Legais e Constitucionais.


Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança - ONU 1989.

# GARANTIADE PRIORIDADE DO MENOR E A EFETIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


ASSEGURADOS

[TJCE]. Princípio da proteção do menor está ligado a quais outros princípios?


1 - O princípio da dignidade humana perpassa por todo ordenamento jurídico,
portanto também é amplamente utilizado no Estatuto da Criança e do Adolescente.

2 - Princípio da Prioridade Absoluta. O princípio da Prioridade Absoluta é um


princípio constitucional previsto no artigo 227 da CF e também com previsão no
artigo 4º. Da Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente.

3 - Princípio do Melhor Interesse: esse princípio tornou-se tanto orientador para o


legislador como para o aplicador da norma jurídica, já que determina a primazia das
necessidades infanto-juvenis como critério de interpretação da norma jurídica ou mesmo
como forma de elaboração de futuras demandas.

4 - Princípio da Cooperação: O princípio da cooperação decorre de que todos –


Estado, família e sociedade – compete o dever de proteção contra a violação dos
direitos da criança e do adolescente, enfim, é dever de todos prevenir a ameaça aos
direitos do menor.

5 - Princípio da Municipalização: Assim, para que se possa atender as necessidades das


crianças e dos adolescentes é necessário a municipalização do atendimento, para atender
as características específicas de cada região. Além do que, quanto mais próximo dos
problemas existes e com isso conhecendo as causas da existência desses problemas será
mais fácil resolvê-los.

[TJCE]. Criança, idoso e deficiente: quem tem preferência diante da falta de


recursos?
Por expressa disposição constitucional, as crianças possuem prioridade absoluta,
prevalecendo, portanto, sobre as demais prioridades.

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[TJCE]. O que compreende a garantia de prioridade? Qual o Princípio maior que o


integra?
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo
único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro
em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais
públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
proteção à infância e à juventude.

Segundo o Promotor de Justiça WILSON DONIZETI LIBERATI, especialista na


área, direitos da criança: "Por absoluta prioridade, devemos entender que a criança e
o adolescente deverão estar em primeiro lugar na escala de preocupação dos
governantes; devemos entender que, primeiro, devem ser atendidas todas as
necessidades das crianças e adolescentes (...). Por absoluta prioridade, entende-se
que, na área administrativa, enquanto não existirem creches, escolas, postos de saúde,
atendimento preventivo e emergencial às gestantes dignas moradias e trabalho, não
se deveria asfaltar ruas, construir praças, sambódromos monumentos artísticos etc.,
porque a vida, a saúde, o lar, a prevenção de doenças são importantes que as obras
de concreto que ficam par a demonstrar o poder do governante" (* O Estatuto da
Criança e do Adolescente - Comentários. São Paulo: IBPS. p. 4-5 )

A doutrina da proteção integral guarda ligação com o princípio do melhor interesse


da criança e do adolescente. Esse postulado traduz a ideia de que, na análise do caso
concreto, os aplicadores do direito - advogado, defensor público, promotor de justiça
e juiz -devem buscar a solução que proporcione o maior benefício possível para a
criança ou adolescente. No estudo da colocação em família substituta, o princípio do
melhor interesse se faz presente de forma marcante.

# A TRILOGIA DA PROTEÇÃO INTEGRAL. ASPECTOS LEGAIS E CONSTITUCIONAIS.


[TJCE]. Trilogia da Proteção integral da criança e adolescente? Quando engloba
garantia de prioridade? Que modo se interpreta “fins sociais”? O que é teleológica?
- Trilogia. Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e
à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

O segundo rol de direitos fundamentais contém previsões acerca da liberdade, do


respeito e da dignidade, e estão previstos nos artigos 15 a 18 do Estatuto da Criança
e do Adolescente. Há nítida relação entre o rol do Estatuto e as garantias
fundamentais previstas na Constituição da República (art. 1°, inc . Ili , art. 5°, caput).
Os artigos 16, 17 e 18 abordam separadamente cada um dos direitos enumera dos no
art. 15. Li berdade, respeito e dignidade da pessoa humana são valores sociais que
permeiam todo o sistema jurídico, da Constituição a atos normativos de menor
hierarquia.

- Art. 4º Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de


receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de
atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na

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formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada


de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

- O artigo 6° estabelece que: "Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres
individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como
pessoas em desenvolvimento ." A previsão de que a interpretação do Estatuto deve
levar em conta os fins sociais está em perfeita harmonia com o artigo 5° da Lei de
Introdução ao Código Civil.

Luís Roberto Barros explica: "As normas devem ser aplicadas atendendo, funda
mentalmente, ao seu espírito e à sua finalidade. Chama-se teleológico o método
interpretativo que procura revelar o fim da norma, o valor ou bem jurídico visa do
pelo ordena mento com a edição de dado preceito."

4. Responsabilidade Civil. Danos Causados por Crianças e Adolescentes.


[TJCE]. A responsabilidade civil de criança e adolescente mudou em algo? É uma
evolução?
O Código Civil de 1916, em seu art. 156, estabelecia que os menores, relativamente
incapazes (entre 16 e 21 anos), seriam equiparados aos maiores, pelos ilícitos
cometidos, e, os absolutamente incapazes (menores de 16 anos), por sua vez, seriam
INIMPUTÁVEIS.

O CC 2002, em atitude inovadora, nos termos do art. 928, passou expressamente a


admitir a responsabilidade civil do incapaz, quer seja a incapacidade absoluta (menor
de 16 anos) ou relativa (maior de 16 e menor de 18 anos), ainda que tal
responsabilidade seja subsidiária. Para corrente majoritária da doutrina, trata-se de
verdadeira evolução, uma vez que se passou da completa e total irresponsabilidade
dos absolutamente incapazes (menores de 16 anos) por atos ilícitos para sua
responsabilização, ainda que subsidiária. Outra corrente doutrinária, sob a ótica da
proteção especial a criança e adolescente, entende que houve retrocesso, retirando
esta garantia da esfera de direitos das crianças e adolescentes.

[TJCE]. A responsabilidade dos pais sempre é solidária?


Nos termos do art. 932, inc I c/c art. 942 do CC, a responsabilidade dos pais pelos
atos ilícitos do menor sob sua autoridade e companhia será solidária juntamente com
o efetivo causador dano. No entanto, a própria lei excepciona tal preceito indicando
que o incapaz (menor de 18 anos) só será responsável: a) Se o seu representante legal
não tiver condição econômica de indenizar a vítima e b) Se o seu representante não
tiver a obrigação de indenizar a vítima. Ex.: no caso de o juiz da infância e juventude
impor ao próprio incapaz (adolescente infrator), na forma do ECA, a obrigação de
reparar o dano(medida socioeducativa).

Percebe-se que em relação aos incapazes a lei prescreveu verdadeira


responsabilidade subsidiária de modo que, a princípio, é o representante legal (pais)
que responde pelo ato danoso, salvo se não tiver obrigação para tanto ou não tiver
condições econômicas de fazê-lo.

Por outro lado, pela literalidade do art. 932, CC, a responsabilidade dos pais
pressupõe que o filho menor esteja sob sua autoridade E em sua companhia. Neste

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sentido como ficaria a responsabilidade do pai separado que não tivesse a guarda do
filho? Esta matéria ainda é acentuadamente polêmica. Antigo julgado do STJ
interpreta a norma em sua literalidade, para excluir a responsabilidade do pai que não
detenha a guarda nem tenha o menor em sua companhia (RESP 540459/RS).
Todavia, julgado mais recente reconheceu a responsabilidade de ambos os pais,
mesmo quando separados (RESP 1074937/MA), sob o fundamento de que o dever
de educar é de ambos. Obs.: Todo esse raciocínio se aplica ao inciso I e II do art. 932,
CC.

Vale salientar que com a emancipação o menor passaria a ser responsável pelo dever
de reparar os danos causados a terceiros, sejam eles morais ou patrimoniais. A
doutrina e a jurisprudência, contudo, entendem que os pais podem ser
responsabilizados solidariamente pelos danos causados pelos filhos que
emanciparam, evitando-se a exoneração voluntária do dever legal de responder por
atos danosos de filhos menores a terceiros.

6. Direito Fundamental à Convivência Familiar e Comunitária.


Parentesco. Poder Familiar. Aspectos gerais, constitucionais e legais.

# DIREITO FUNDAMENTAL À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA. PARENTESCO.


[TJCE]. Qual a regra para crianças e adolescentes no que tange à criação e
educação?
Conforme previsão legal expressa, toda criança ou adolescente tem direito a ser
criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta,
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de
pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

Fundamento Constitucional:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão. (2010)

(...)

Abaixo previsões expressas no ECA sobre o tema:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público


assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e
comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias
entorpecentes.

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Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores,
cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
determinações judiciais.

Poder familiar traz três deveres: guarda, sustento e educação.

[TJCE]. As crianças e adolescentes que estejam inseridos em programa de


convivência tem prazo determinado para se verificar a situação?
O estágio de convivência será pelo prazo fixado pelo juiz, podendo ser dispensado
em caso de guarda legal. Não há período mínimo, como ocorre na adoção
internacional.

Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente,
pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso.

§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela


ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a
conveniência da constituição do vínculo. (2009)

§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio
de convivência. (2009)

Adoção Internacional – É a adoção por pessoa ou casal de residente fora do Brasil.


Pode ser por brasileiro que more no estrangeiro.

§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o


estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta)
dias. (2009)

[TJCE]. Precisa reavaliar em tempos?


Não.

[TJCE]. Na adoção como ficam os vínculos com a família biológica?


A adoção rompe com todos os vínculos biológicos, exceto os impedimentos
matrimoniais. Através da adoção, extingue-se o vínculo do adotando com sua família
biológica e forma-se um novo com a família do adotante. O único resquício que
subsiste do vínculo anterior é quanto aos impedimentos matrimoniais, por razões
eugênicas (art. 41). Ainda que os pais adotivos faleçam e estejam vivos os biológicos,
o vínculo da adoção não se desfaz, nem se restabelece o anterior (art. 49).

[TJCE]. Quais as limitações?


Suponho que o candidato tenha respondido à pergunta anterior com a informação de
que permanecem as limitações matrimoniais e o examinador perguntou quais as
limitações. Tanto que a próxima pergunta é se primos não podem casar. Segue abaixo
a resposta sobre as limitações.

[TJCE]. Primos não podem casar?


Para descobrirmos se legalmente primos podem se casar, precisamos descobrir quais
são as causas de impedimento de casamento.

Veja o que diz o art. 1.521 do Código Civil (CC):

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“Art. 1.521. Não podem casar:

I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II – os afins em linha reta;

III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com que foi adotante;

IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau


inclusive;

V – o adotado com o filho do adotante;

VI – as pessoas casadas;

VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio


contra o seu consorte”.

Vamos observar cada um dos incisos para descobrir se os primos podem se casar ou
não.

O inciso “I” trata dos ascendentes e descendentes proibindo pais e filhos de se


casarem, por exemplo. O inciso “II” impede o casamento entre os afins em linha reta.
Afins são os parentes do seu cônjuge, seus parentes por afinidade, como o sogro e a
sogra (você se lembra por que não existe ex-sogra? Leia aqui e relembre).

Tanto o inciso “III” como o “V” nada nos dizem se os primos podem se casar ou não,
apenas proíbem o casamento entre adotantes, adotados e seus cônjuges ou ex-
cônjuges, bem como entre o filho do adotante e o adotado.

O inciso “VI” proíbe o casamento de quem já é casado, pois o Brasil é um país


monogâmico e não poligâmico. Por fim, o inciso “VII” impede que o assassino de
alguém (ou aquele que tentou matar outro) se case com o cônjuge de sua vítima.

Repare que pulamos o inciso “IV”, pois se os primos podem se casar ou não é este
inciso que vai determinar. O referido inciso proíbe os irmãos de se casarem entre si,
bem como os colaterais até o terceiro grau. Porém quem são os parentes colaterais?

Colaterais são aqueles parentes que não são filhos uns dos outros, porém são
descendentes de uma pessoa comum entre eles.

Entenda:

João e Maria são irmãos, desta forma, parentes colaterais, pois são filhos do
mesmo pai e da mesma mãe (descendentes de uma pessoa comum entre eles).
Porém são colaterais em que grau?

Nesta situação João e Maria são parentes coletareis de segundo grau, pois conta-se
um grau para a ligação entre cada pessoa.

Observe:

João – (1º grau) – Pai José e Mãe Francisca – (2º grau) – Maria.

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Desta forma, de acordo com o Código Civil não é permitido o casamento até o
terceiro grau, ou seja, entre tios e sobrinhos*.

João Júnior – (1º grau) – Pai João – (2º grau) – Vô José e Vó Francisca – (3º grau) –
Tia Maria.

A resposta para a nossa pergunta “Primos podem se casar?” responde-se agora e é


afirmativa. Primos podem se casar. Podemos fazer esta afirmação, pois primos são
parentes colaterais de 4º grau e não possuem nenhum impedimento legal para se
casarem.

*Obs: Em que pese a proibição do Código Civil, o casamento entre tios e sobrinhos
(parentes colaterais em terceiro grau), conforme o art. 2º do Decreto-lei n. 3.200, de
19 de dezembro de 1941, é permitido desde que exista parecer médico favorável. O
Enunciado 98 da I Jornada de Direito Civil também adota este entendimento.

O casamento entre colaterais de terceiro grau foi proibido pelo risco de doenças
genéticas nas crianças em decorrência da proximidade parental, por isso a
necessidade de parecer médico favorável.

7. Colocação em Família Substituta: Guarda, Tutela e Adoção. Abrigo


e alternativas de acolhimento familiar.

# COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA: GUARDA, TUTELA E ADOÇÃO.


[TJCE]. O que é tutela? Quais as hipóteses? A guarda retira o poder familiar? Os
pais poderão visitar? A guarda é revogável ou irrevogável? A tutela pressupõe perda
do poder familiar? É obtida apenas por meio judicial? Quem pode adotar? Se o
pedido for feito por casais homoafetivos? Quem não pode adotar? Há estágio de
convivência? A adoção é revogável?
É uma medida protetiva de colocação em família substituta que, além de
regularizar a posse de fato da criança ou do adolescente, também confere direito de
representação ao tutor dos atos da vida civil do tutelado, permitindo a administração
dos bens e interesses do tutelado.

Por meio da tutela, uma pessoa maior assume o dever de prestar assistência
material, moral e educacional a criança ou adolescente que não esteja sob o poder
familiar de seus pais, bem como de lhe administrar os bens. Nesse sentido, tem-se
que a tutela é mais abrangente do que a guarda.

É cabível quando ambos os pais falecem ou são declarados ausentes ou, ainda, se
forem destituídos do poder familiar.

Atenção: diferentemente da guarda, é pressuposto para a concessão de tutela que


seja decretada a perda ou suspensão do poder familiar (art. 36, p.único, ECA). Assim,
na ação de tutela (como na de adoção), deve-se cumular o pedido de decretação da
perda do poder familiar.

É revogável e não pode na modalidade internacional.

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Há, segundo a posição doutrinária de Sílvio Rodrigues, 03 espécies de tutela, a


saber: testamentária, legítima e dativa.

Tutela testamentária: É quando o tutor, escolhido pelos pais, é indicado no


testamento ou documento autêntico. Documento autêntico pode ser entendido como
todo aquele que não deixa dúvidas quanto à nomeação do tutor e a identidade do
signatário.

Porém, existem dois requisitos para que esta espécie de tutela tenha eficácia: a)
que o outro cônjuge não possa exercer o poder familiar, b) que aquele que nomeia o
tutor esteja no exercício do poder familiar ao tempo de sua morte. (Conforme artigo
1.730 do CC/02 que torna nula a nomeação de pai ou mãe que ao tempo de sua morte
não tinha o poder familiar.)

Tutela legítima: É a que se dá na falta da testamentária, ou seja, não havendo sido


um tutor nomeado pelos pais, o artigo 1.731 do CC/02 elenca os parentes
consanguíneos aos quais pode ser incumbida a tutela, na seguinte ordem: I – aos
ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto; II – aos colaterais
até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau,
os mais velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz escolherá entre eles o
mais apto a exercer a tutela em benefício do menor.

Tutela dativa: É aquela derivada de sentença judicial, quando não há tutor


testamentário ou legítimo, ou então quando eles forem escusados ou excluídos da
tutela, ou ainda quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário,
conforme artigo 1.732 do CC/02.

Diferentemente da tutela e da adoção, a guarda não pressupõe a perda ou


suspensão do poder familiar, a exemplo do que se dá no caso da guarda excepcional
(art. 33, § 2º, do ECA), concedida para atender a situações peculiares ou suprir a falta
eventual dos pais ou responsável. A guarda é apenas uma das atribuições do poder
familiar.

Nesse sentido, quem detém o poder familiar sobre a criança nem sempre detém
sua guarda. É o que acontece, por exemplo, quando um casal se divorcia e a guarda
é concedida à mãe. Da mesma forma, nem sempre quem detém a guarda é o detentor
do poder familiar. Isso ocorre quando a guarda da criança é concedida a terceiros,
como a avó, por exemplo. Nesse caso, a avó possuía a guarda, mas não possui o poder
familiar, que continua cabendo aos pais do menor.

Nos termos do artigo 33, § 4º, do ECA, a guarda não exclui o direito de visita,
nem cessa o dever de pagar alimentos, a não ser que exista uma decisão judicial em
sentido contrário ou se a medida for aplicada em preparação para adoção.

A teor do art. 35 do ECA, a guarda poderá ser revogada a qualquer tempo,


mediante ato judicial fundamentado, ouvido o MP.

A tutela é um encargo indelegável e indisponível. Com efeito, o ECA, no seu art.


30, proíbe a transferência da criança ou do adolescente para terceiros ou a entidades
governamentais ou não governamentais, sem o pronunciamento judicial.

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Nos termos do art. 42 do ECA, podem adotar os maiores de 18 anos, independente


do estado civil, sendo que o adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais
velho que o adotando. Para a adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam
casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da
família.

De igual modo, os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros


podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de
visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do
período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade
e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade
da concessão.

A adoção também poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca


manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada
a sentença (adoção póstuma ou nuncupativa). O STJ já entendeu que mesmo que não
ajuizada a ação, pode ter essa manifestação de outro modo. Ex.: fatos anteriores ao
ajuizamento da ação, como a contratação de advogado para poder ajuizar a ação. A
adoção vai surtir seus efeitos a partir da data do óbito.

Ressalta-se ainda ser possível a adoção pelo tutor ou curador da criança ou do


adolescente por ele tutelada, sendo exigível, contudo, que esteja encerrada e quitada
a administração dos bens do adotando.

No caso da adoção internacional, podem postular tal pretensão aqueles que são
residentes ou domiciliados fora do Brasil, independentemente da nacionalidade,
conforme previsto no art. 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa
à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional,
aprovada pelo Decreto Legislativo nº 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo
Decreto nº 3.087, de 21 de junho de 1999 (art. 51 do ECA).

O STF reconhece que duas pessoas que tenham o mesmo sexo podem constituir
uma entidade familiar. A partir daí, se elas podem constituir uma entidade familiar,
podem também adotar uma criança. Os requisitos são os mesmos, é preciso verificar
se há uma estabilidade da família. O superior interesse da criança é o de ser inserido
em uma família. O STJ admite a adoção por casal homoafetivo, sendo certo que o
que deve orientar a decisão do magistrado não é a orientação sexual dos pais, mas
sim o melhor interesse da criança (STJ-4T. REsp 889852/RS. DJe 27/04/2010).

Nos termos do art. 42, § 1º, do ECA, não podem adotar os ascendentes e os irmãos
do adotando. No ponto, vale destacar que o STJ já teve a oportunidade de chancelar
a adoção conjunta por irmãos (3T, REsp 1217415/RS, DJe 28/06/2012). De igual
modo, enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance, não pode
o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado (art. 44 do ECA). Também não
pode adotar o adotante por procuração (art. 39, § 2º, ECA).

Com relação ao estágio de convivência (período de adaptação e aproximação entre


os adotantes e o adotando), tem-se que esse é necessário pois verificará a chance de
sucesso da adoção. Assim, tem-se que, nos termos do art. 46, caput, do ECA, a
adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo
prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso.

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O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a


tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível
avaliar a conveniência da constituição do vínculo (art. 46, §1º, ECA).

Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o


estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30
(trinta) dias (art. 46, § 3º, ECA), não podendo ser dispensado. Quadro comparativo
adiante:

Adoção nacional (art. 46) Adoção internacional

- duração definida pelo juiz; - duração definida pelo juiz;

- pode ser dispensado se o adotando já - Deve ser cumprido em território nacional.


estiver sob a guarda legal* ou tutela do
adotante por tempo suficiente para a - NÃO poderá ser dispensado jamais.
avaliação da existência de vínculo.
- prazo mínimo: 30 dias (o prazo será
* Cuidado: guarda de fato é aquela que fixado pelo juiz).
existe sem a chancela judicial (não
dispensa o estágio de convivência).
Guarda legal é aquela deferida
judicialmente, aquela em que houve
decisão do juiz.

OBS.: No caso de guarda de fato, o juiz


pode analisar as circunstâncias do caso
concreto.

Por fim, tem-se que, nos termos do art. 39, § 1º, do ECA, a adoção é irrevogável,
perpetuando os seus efeitos de forma definitiva.

# GUARDA E DIREITO DE VISITA DOS FILHOS MENORES.


[TJCE]. O direito de visita se restringe aos pais? Qual o interesse a ser levado em
conta?
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-
los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo
juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação.

Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz,
observados os interesses da criança ou do adolescente.

O legislador, ao criar esse dispositivo legal, buscou preservar a integração da criança


ou adolescente no núcleo familiar e na própria sociedade, não permitindo, ou não
consentindo, que estes se distanciem da família, mesmo quando seus genitores
optaram por cortar os laços do matrimônio.

[TJCE]. Quais as situações de guarda compartilhada?

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Art. 1.583. (...)§ 2o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser
dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições
fáticas e os interesses dos filhos.

Desde a publicação da Lei nº 13.058/2014, entende-se que tal modalidade de guarda


passou a ser obrigatória.

Estabelecia o § 2º do mesmo art. 1.584 da norma material codificada que, quando


não houvesse acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, seria aplicada,
sempre que possível, a guarda compartilhada.

Constata-se, portanto, que essa categoria passou a ser a prioridade, diante da


emergência da lei 11.698/08. A lei 13.058/14 alterou esse comando, dispondo
atualmente que, "quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do
filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será
aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado
que não deseja a guarda do menor".

Por essa norma é que a guarda compartilhada passa a ser obrigatória ou


compulsória. A obrigatoriedade fica clara pelo fato de que o afastamento da guarda
compartilhada – ou alternada – deve ser devidamente motivado pelo genitor, cabendo
ao juiz da causa analisar a questão sempre sob a perspectiva do princípio do maior
interesse da criança ou do adolescente. Sendo assim, mesmo havendo argumentos do
genitor para declinar a suposta guarda compartilhada, o juiz pode entender pela sua
implementação compulsória, de acordo com o regramento citado.

[TJCE]. A guarda implica a perda do poder familiar?


“Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno
exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:

I - dirigir-lhes a criação e a educação;

II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584;

III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;

IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior;

V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente


para outro Município;

VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não
lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;

VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da


vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento;

VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;

IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e
condição.

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[TJCE]. Qual a medida estabelecida na adoção?


Art. 28.ECA - A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou
adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos
desta Lei.

Art. 39 (…) § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer


apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na
família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.

# ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL E ALTERNATIVAS DE ACOLHIMENTO FAMILIAR. PROVIMENTO


CNJ 32/13
[TJCE]. O que o provimento do CNJ estabelece, em relação a ação do juiz, ao
regulamentar o instituto das audiências concentradas? O juiz avalia e reavalia o
sistema protetivo?
R- Dispõe o art. 1º, do Provimento CNJ nº 32, de 24.06.2013 que “O Juiz da Infância
e Juventude, sem prejuízo do andamento regular, permanente e prioritário dos
processos sob sua condução, deverá realizar, em cada semestre, preferencialmente
nos meses de abril e outubro, os eventos denominados "Audiências Concentradas", a
se realizarem, sempre que possível, nas dependências das entidades de acolhimento,
com a presença dos atores do sistema de garantia dos direitos da criança e do
adolescente, para “reavaliação” de cada uma das medidas protetivas de acolhimento,
diante de seu caráter excepcional e provisório, com a subsequente confecção de atas
individualizadas para juntada em cada um dos processos”.

Visa à regularização e fiscalização da razoável duração dos processos em que há


crianças ou adolescentes submetidos a medida protetiva de acolhimento institucional
(art. 101, VII, ECA), além de reunir dados estatísticos para fiscalização dos
procedimentos.

[TJCE]. Se o juiz identificar um excesso de prazo?


R- Nos termos do art. 4º do provimento, no caso de infantes em acolhimento por
prazo superior a 6 meses, constatado pelo magistrado que diante das peculiaridades
haja possível excesso de prazo no acolhimento sem o ajuizamento de ação de
destituição do poder familiar dos pais biológicos, será dada vista imediata ao
Ministério Público para que se manifeste sobre a situação. Caso esse entenda pelo
não ajuizamento da ação com manutenção do acolhimento, ante o risco da
perpetuação da indefinição da situação e a brevidade e excepcionalidade que
orientam a medida, deverá o juiz remeter cópia dos autos ao Procurador Geral de
Justiça, em analogia ao disposto no art. 28, do CPP.

8. Direito Fundamental à Educação e Cultura. Fundamentos


constitucionais e legais. Os direitos infanto-juvenis na LDB (Lei nº
11.525/2007).
[TJCE]. Quais são aos direitos assegurados a criança e ao adolescente estão
elencados no ECA quanto à educação? Creche e pré-escola? A CF na mesma
relação?
R: No que tange à educação são assegurados os seguintes direitos:

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Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno


desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação
para o trabalho, assegurando-se-lhes:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - direito de ser respeitado por seus educadores;

III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares


superiores;

IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;

V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.

Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico,
bem como participar da definição das propostas educacionais.

Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram
acesso na idade própria;

II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,


preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo
a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente


trabalhador;

VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de


material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular
importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-


lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela freqüência à escola.

A CF assim prevê quanto à educação:

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de


idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram

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acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)
(Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda


Constitucional nº 14, de 1996)

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,


preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;


(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo
a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de


programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta


irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-


lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.

[TJCE]. Os dirigentes de estabelecimento educacionais devem comunicar aos órgãos


violação de situações educacionais?
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao
Conselho Tutelar os casos de:

I - maus-tratos envolvendo seus alunos;

II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos


escolares;

III - elevados níveis de repetência.

# OS DIREITOS INFANTO-JUVENIS NA LDB (LEI Nº 11.525/2007).


[TJCE]. Há peculiaridade de direitos da infância e juventude na LDB? Qual o limite
temporal da LDB?
R: Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante
a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de


idade, organizada da seguinte forma:

a) pré-escola;

b) ensino fundamental;

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c) ensino médio;

II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade;

III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência,


transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal
a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os
concluíram na idade própria;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo
a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e
modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que
forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola;

VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de


programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde;

IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade


mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de
ensino-aprendizagem.

X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima


de sua residência a toda criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de
idade.

9. O Direito à Profissionalização e a Proteção do Trabalho Urbano e


Rural do Adolescente
[TJCE]. Quais os critérios para a formação técnico profissional das crianças e
adolescentes? Quais as vedações?
Art. 63, ECA: A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:

I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;

II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;

III - horário especial para o exercício das atividades.

De acordo com o Art. 60, do ECA, É proibido qualquer trabalho a menores de


quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.

Já a CF, no art. 7º, XXXIII – é proibido trabalho noturno, perigoso ou insalubre a


menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.

Apesar da divergência, tende a prevalecer a CF, quanto a idade mínima de 14 anos,


para se exercer trabalho na condição de aprendiz.

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11. A Justiça da Infância e Juventude. Aspectos Processuais e


Procedimentos Especiais. O Ministério Público na Lei nº 8.069/90.
Suspensão e perda do poder familiar. Colocação em família substituta.
Apuração de irregularidades nas entidades de atendimento

# O MINISTÉRIO PÚBLICO NA LEI Nº 8.069/90


[TJCE]. Quais as funções/atribuições do MP no ECA? Em alguma situação o MP
pode fazer uso de requisições?
R:

Art. 201. Compete ao Ministério Público:

I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;

II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a


adolescentes;

III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de suspensão e


destituição do poder familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães,
bem como oficiar em todos os demais procedimentos da competência da Justiça da
Infância e da Juventude;

IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a especialização e a


inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer
administradores de bens de crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98;

V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses
individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os
definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;

VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:

a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não


comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil
ou militar;

b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais,


estaduais e federais, da administração direta ou indireta, bem como promover inspeções
e diligências investigatórias;

c) requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas;

VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a


instauração de inquérito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de
proteção à infância e à juventude;

VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças
e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;

IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, em qualquer juízo,


instância ou tribunal, na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos
à criança e ao adolescente;

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X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infrações cometidas


contra as normas de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da
responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;

XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de


que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais
necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas;

XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos,
hospitalares, educacionais e de assistência social, públicos ou privados, para o
desempenho de suas atribuições.

Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no mesmo


dia e à vista do auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial,
devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do
adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de
seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.

Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante do Ministério Público


notificará os pais ou responsável para apresentação do adolescente, podendo requisitar
o concurso das polícias civil e militar.

[TJCE]. Ele pode conceder remissão? E se o juiz não concordar?


R: Sim, ele pode conceder remissão, conforme art. 201, inciso I, ECA: conceder a
remissão como forma de exclusão do processo.

Conforme art. 181, § 2º, ECA: Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos
autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado, e este
oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público para
apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a
autoridade judiciária obrigada a homologar.

[TJCE]. O que ocorre no processo em que o MP não intervém, quando deveria?


R: Art. 204, ECA - A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade
do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer
interessado.

[TJCE]. O "nada a se opor" do MP pode ser entendido como fundamentação?


R: Nos termos do art. 205, ECA, as manifestações processuais do representante do
Ministério Público deverão ser fundamentadas. Dessa forma, ainda que o MP não
tenha “nada a opor”, deve justificar o motivo, fundamentar o porquê.

# SUSPENSÃO E PERDA DO PODER FAMILIAR. COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA.


[TJCE]. Diferenciar perda e suspensão do poder familiar? E possível liminar?
R: As hipóteses de perda e suspensão do poder familiar estão previstas expressamente
no Código Civil, a saber:

Art. 1.637, CC – Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a
eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente,
ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do
menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.

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Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe


condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos
de prisão.

Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:

I - castigar imoderadamente o filho;

II - deixar o filho em abandono;

III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;

IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.

Vale ressaltar que o procedimento para perda e suspensão, está previsto


expressamente no ECA, que nos termos do art. 157, permite liminar: “Havendo
motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a
suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo
da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo
de responsabilidade”

[TJCE]. Existe algum tipo de preferência para família substituta?


R: Conforme previsão do art. 50, § 13, ECA:

“Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não
cadastrado previamente nos termos desta Lei quando:

I - se tratar de pedido de adoção unilateral;

II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos
de afinidade e afetividade;

III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3
(três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a
fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé
ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.

§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato deverá comprovar, no


curso do procedimento, que preenche os requisitos necessários à adoção, conforme
previsto nesta Lei.

12. A prevenção geral e especial no Estatuto. Formas de controle. A ação


civil pública.

# A PREVENÇÃO GERAL E ESPECIAL NO ECA. FORMAS DE CONTROLE.


[TJCE]. Medidas de prevenção do ECA? Quem define as faixas etárias?
O poder público, através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos
públicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada (art.
74, ECA).

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[TJCE]. Como o ECA prevê a proteção a crianças e adolescentes para assistir a


espetáculos? Quem determina os limites?
O poder público, através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos
públicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada (art.
74, ECA).

[TJCE]. Se um conjunto de pessoas ficar inconformado a quem deve recorrer? A


decisão que define faixas etárias é recorrível?
A regulação das emissoras de televisão se dá, no âmbito do Poder Executivo, pelo
Ministério das Comunicações, responsável desde o processo licitatório até o
funcionamento das concessões de Rádio e de Televisão aberta, e pelo Ministério da
Justiça, que, por meio do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e
Qualificação, é responsável, dentre outras coisas, por informar sobre a natureza dos
programas de TV, as faixas etárias a que não se recomendam, bem como os horários
em que sua apresentação se mostre inadequada para crianças e adolescentes.

O controle da qualidade da programação da TV pela sociedade é realizado


principalmente pelo Conselho de Comunicação Social, órgão auxiliar do Congresso
Nacional, e pelo Conselho Tutelar, o primeiro como instituição determinada pela
própria Constituição Federal (artigo 224), e o segundo elencado no ECA (artigo 131),
ambos objetivando a fiscalização, o controle e a defesa dos direitos das crianças e
dos adolescentes.

Com relação à programação televisiva, há disposição expressa no ECA (artigo 136,


inciso X) atribuindo ao Conselho Tutelar a faculdade de representar aos poderes
constituídos, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos princípios
contidos no artigo 221 da Constituição Federal. Art. 221. A produção e a
programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I
- preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; II -
promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que
objetive sua divulgação; III - regionalização da produção cultural, artística e
jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV - respeito aos valores
éticos e sociais da pessoa e da família.

De grande relevância foi a previsão legal de o Conselho Tutelar poder representar ao


Ministério Público ou à Vara da Infância e da Juventude, em nome da pessoa e da
família, contra a violação dos direitos da população infanto-juvenil. Nessa linha, o
Conselho Tutelar pode impedir a violação ou abuso desses direitos através da simples
emissão de uma determinação escrita (artigo 136, inciso VII), estando o autor da
infração obrigado ao seu imediato cumprimento e, em caso de descumprimento da
determinação, ficando sujeito ao enquadramento penal disposto no artigo 249 do
ECA, transcrito a seguir: Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
inerentes ao pátrio poder ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação
da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: Pena - multa de três a vinte salários de
referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

A programação televisiva, apesar da existência de outros meios de controle, está


sujeita ao controle judicial, até porque “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito” (artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição
Federal). De fato, apesar de a programação televisiva envolver questões de grande

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abrangência social e estar afeta a outros meios de controle que não só o judicial, é o
Poder Judiciário uma espécie de reserva necessária, pois, em última análise, é o
Judiciário o responsável pelo julgamento de casos que envolvam a matéria em
questão, sob o manto da definitividade, característica marcante da atividade
jurisdicional. Dessa forma, ante o eventual vazio no exercício dos instrumentos de
controle já expostos, é ao Judiciário que cabe o papel de guardião da
constitucionalidade e da legalidade da utilização de concessões públicas, conceito em
que se enquadram as emissoras de televisão. E é somente por isso que o controle
judicial, observado o devido processo legal, não pode ser confundido com censura,
mas, isto sim, como defesa dos direitos coletivos. Além disso, não existe dificuldade
em controlar pela via jurisdicional a boa qualidade da programação televisiva
direcionada a crianças e adolescentes, haja vista se tratar de interesse difuso, que
pode ser judicialmente garantido por meio do ajuizamento de vários instrumentos
jurídico-processuais, como a Ação Civil Pública, que pode ser precedida pelo
Inquérito Civil Público, atribuições pertinentes ao Ministério Público, tal como
disposto no artigo 201, inciso V, do ECA, como se vê: Art. 201. Compete ao
Ministério Público: […] V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a
proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à
adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição
Federal; […] Assim, fica claro que a fiscalização e o controle da programação
televisiva para crianças e adolescentes é função institucional do Ministério Público.
Ademais, é de se dizer que, além da Ação Civil Pública - precedida ou não de
Inquérito Civil Público - , outra iniciativa ministerial como forma de defesa e controle
judicial da programação televisiva para crianças e adolescentes é o Cancelamento
Judicial de Concessão de Serviço de Radiodifusão.

[TJCE]. Quando a criança pode viajar sem autorização judicial?


Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada
dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial. A autorização NÃO será
exigida quando: a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na
mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; b) a
criança estiver acompanhada: 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
comprovado documentalmente o parentesco; 2) de pessoa maior, expressamente
autorizada pelo pai, mãe ou responsável (art. 83, ECA).

[TJCE]. Pedido de suprimento para viajar? Esse tipo de procedimento requer


advogado?
O suprimento é obtido medida propositura de ação de Alvará Judicial de Suprimento
Paterno e/ou Materno para Autorização de Viagem Internacional cumulado ou não
com pedido de Expedição de Passaporte. Há necessidade de constituir advogado.

13. Crimes e Infrações Administrativas contra a Criança e o


Adolescente: Código Penal, Estatuto e Legislação Especial. Aspectos
constitucionais e legais .
[TJCE]. Crime contra criança cometido por vizinho e os pais perdoam-no, isso evita
o processo?
Quanto aos crimes previstos no ECA não, já que os delitos previstos naquela lei são
de ação pública incondicionada (art. 227, ECA).

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[TJCE]. Concurso entre eca e código penal, maus tratos, quem prevalece?
Tratando-se de criança ou adolescente sujeita à autoridade, guarda ou vigilância de
alguém e submetida a vexame ou a constrangimento, incide o art. 232, ECA,
afastando-se a previsão de caráter mais genérica do Código Penal.

[TJCE]. As previsões no ECA que abordem crimes na internet?


Art. 241-A, ECA. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou
divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático,
fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou


imagens de que trata o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias,


cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)

§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são puníveis quando o


responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar
o acesso ao conteúdo ilícito de que trata ocaput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou
outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829,
de 2008)

§ 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o


material a que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às


autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A
e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)

I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades


institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos
crimes referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço


prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à
notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder
Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

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§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito
referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de


comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei
nº 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
2008)

I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou


pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº
11.829, de 2008)

II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se
exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829,
de 2008)

Art. 244-B, ECA. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos,


com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali
tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da
internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a


infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de
julho de 1990. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

14. Ato Infracional. Garantias Processuais. Aplicação de Medidas de


Proteção e Medidas Socioeducativas.
[TJCE]. O que é ato infracional? A que tipo de sanção está sujeito? O adolescente é
indiciado?
- o ato infracional, no cenário do Direito da Infância e Juventude, é a conduta humana
violadora da norma. Para a aplicação desta Lei, ao referir-se a ato infracional, o texto
foi claro: é a conduta descrita como crime ou contravenção penal. “No campo penal,
portanto, o modelo de responsabilidade dos adolescentes diferencia-se dos adultos
no aspecto referente à inimputabilidade penal. No entanto, trata-se de um avanço na
medida em que faz parte de um modelo de garantias, pois estabelece que tal
responsabilidade penal decorre da prática de atos típicos, antijurídicos e culpáveis,
tipificados na legislação penal, rompendo definitivamente com a concepção tutelar,
de responsabilização por atos ‘antissociais’. (...) Quanto à responsabilização por atos
infracionais definidos pela Lei Penal, como já foi demonstrado, o Estatuto significou
um considerável avanço no histórico da legislação especial da infância e
adolescência, na medida em que incorporou o princípio da legalidade. (Nucci).

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- Sanções. Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente


poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: I - advertência; II - obrigação de
reparar o dano; III - prestação de serviços à comunidade; IV - liberdade assistida; V
- inserção em regime de semi-liberdade; VI - internação em estabelecimento
educacional; VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. § 1º A medida
aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as
circunstâncias e a gravidade da infração. § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto
algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.

- Embora o ECA não tenha tratado de forma detalhada a apuração de ato infracional,
podemos concluir que o adolescente não é indiciado. De acordo com o ECA, o
adolescente infrator será prontamente liberado, devendo no entanto o pai, a mãe ou
outro responsável pelo menor assinar um termo de compromisso e responsabilidade
de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo
impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato
infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação
para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública (art.174).
No caso do ato infracional ter sido praticado mediante violência e grave ameaça à
pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único,
e 107, deverá: I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; III - requisitar os exames ou
perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração. Parágrafo
único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída
por boletim de ocorrência circunstanciada.

NUCCI. Formalização do auto de apreensão: somente se dá no caso de ato infracional


cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, tais como homicídio, roubo,
extorsão, estupro, dentre outros. Alguns outros atos infracionais graves, como tráfico
ilícito de drogas ou porte ilegal de arma de fogo, ficam excluídos do auto, bastando
a lavratura do boletim de ocorrência circunstanciado. O objetivo é abrandar ao
máximo a presença do adolescente em repartição policial, para que ele fique o menor
tempo possível nesse local. Assim, somente as condutas consideradas realmente
graves, envolvendo violência pessoal, serão formalizadas, não permitindo a imediata
liberação do adolescente.

NUCCI. Boletim de ocorrência circunstanciada: havendo flagrante de ato infracional


não violento, não se lavra o auto de apreensão, mas apenas um boletim de ocorrência,
cuja distinção se encontra nos detalhes. Aproxima-se esta peça do termo
circunstanciado, do Juizado Especial Criminal, contendo to do o histórico da
ocorrência, identificando a autoria, a vítima e todas as testemunhas. De todo modo,
lavra-se o termo de apreensão do produto ou instrumento da infração. E, se
necessário, determina-se a realização de perícia

[TJCE]. Tornando-se maior, constará reincidência ou maus - antecedentes?


- A jurisprudências dos tribunais superiores entendem que a pratica de ato infracional
não gera reincidência: HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO E
RECEPTAÇAO. NECESSIDADE DE CORRETA MOTIVAÇAO DAS
DECISÕES. DOSIMETRIA DA REPRIMENDA. CONSIDERAÇAO DE MAUS
ANTECEDENTES E PERSONALIDADE DESAJUSTADA COM BASE EM
PROCESSOS EM ANDAMENTO E ATOS INFRACIONAIS. ORDEM
CONCEDIDA. 1- (...) 3- Os atos infracionais praticados durante a adolescência do

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acusado não podem ser considerados como geradores de antecedentes, nem de


personalidade desajustada. HC 81866 / DF.

[TJCE]. Ato infracional – quais são as medidas de proteção e as socioeducativas?


Medidas de proteção (art. 101, ECA):

I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino


fundamental;

IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao


adolescente;

V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar


ou ambulatorial;

VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a


alcoólatras e toxicômanos;

VII - acolhimento institucional;

VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar

IX - colocação em família substituta.

§ 1o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e


excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não
sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de
liberdade.

Medidas Socioeducativas (art. 112, ECA):

I - advertência;

II - obrigação de reparar o dano;

III - prestação de serviços à comunidade;

IV - liberdade assistida;

V - inserção em regime de semi-liberdade;

VI - internação em estabelecimento educacional;

VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

[TJCE]. A quem se aplicam as medidas de proteção e as socioeducativas?


As medidas de proteção se aplicam a crianças e adolescentes, quando verificada
lesão/ameaça de lesão a seus direitos. As medidas socioeducativas se aplicam
somente aos adolescentes que praticarem ato infracional análogo a crime ou
contravenção penal.

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[TJCE]. Todas exigem contraditório?


Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal (art.
110, ECA). São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:I -
pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou
meio equivalente;II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com
vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;III - defesa
técnica por advogado;IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados,
na forma da lei;V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;VI
- direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do
procedimento (art. 111, ECA).

[TJCE]. Em quais medidas socioeducativas é essencial a ampla defesa?


Em princípio a ampla defesa deve ser assegurada especialmente ao adolescente
submetido ao procedimento para apuração de ato infracional no âmbito penal, tendo
em vista a possibilidade de seu direito de liberdade ser suprimido.

[TJCE]. Há hipóteses em que o adolescente tem que reparar o dano? Qual


patrimônio se sujeitará?
Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá
determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento
do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima. Havendo manifesta
impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada (art. 116, ECA).

O patrimônio do adolescente arcará com a reparação do dano, já que a medida


socioeducativa é imposta a ele, não aos seus pais ou responsáveis.

[TJCE]. Existe a possibilidade de serem aplicadas as disposições do CC/02 ao ECA?


Quais?
O Enunciado 530, aprovado durante a VI Jornada de Direito Civil, definiu a
interpretação do artigo 5º, parágrafo único, do Código Civil, o qual regulamenta a
idade que torna a pessoa habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Conforme
o entendimento adotado pelos participantes do evento  quando for para orientar o
julgamento de ações que tratam da responsabilidade civil antecipada  “A
emancipação, por si só, não elide a incidência do Estatuto da Criança e do
Adolescente (E.C.A)”.

15. Conselho Tutelar. Fundo da Infância e Adolescência.


[TJCE]. O que é conselho tutelar?
O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado
pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente,
definidos no ECA. (art. 131, ECA).

[TJCE]. Como é escolhido?


Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no
mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública
local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato
de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de
escolha (art. 132, ECA).

[TJCE]. É passível de renovação?

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É permitida uma recondução (art. 132, ECA).

[TJCE]. Quais requisitos devem ser preenchidos pelos conselheiros tutelares?


Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes
requisitos: reconhecida idoneidade moral; idade superior a vinte e um anos; residir
no município (art. 133, ECA).

[TJCE]. Há alguma presunção para a função?


O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e
estabelecerá presunção de idoneidade moral (art. 135, ECA).

16. Lei nº 12.594/2012.

# SINASE (SISTEMA NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO RESOLUÇÃO


CONANDA NO 119, DE 11/12/06) E LEI NO 12.594, DE 18/01/12.
[TJCE]. Quais medidas socioeducativas são cabíveis quanto ao SINASE?
Esta Lei institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) e
regulamenta a execução das medidas destinadas a adolescente que pratique ato
infracional. Entendem-se por medidas socioeducativas as previstas no art. 112 da
Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) – Art.
1, Lei n. 12594/2012.

[TJCE]. Quais os objetivos do SINASE?


Entende-se por Sinase o conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que
envolvem a execução de medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os
sistemas estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos, políticas e
programas específicos de atendimento a adolescente em conflito com a lei. A lei do
Sinase busca, essencialmente, regulamentar a execução das medidas socioeducativas
destinadas a adolescente que pratique ato infracional. A Lei n. 12594/2012 também
enuncia os objetivos das medidas socioeducativas: I - a responsabilização do
adolescente quanto às consequências lesivas do ato infracional, sempre que possível
incentivando a sua reparação; II - a integração social do adolescente e a garantia de
seus direitos individuais e sociais, por meio do cumprimento de seu plano individual
de atendimento; e III - a desaprovação da conduta infracional, efetivando as
disposições da sentença como parâmetro máximo de privação de liberdade ou
restrição de direitos, observados os limites previstos em lei.

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PROCESSO CIVIL
1. Teoria Geral do Direito Processual Civil. Normas processuais civis.
Fontes do Direito Processual Civil. Aplicação e interpretação da lei
processual civil. Da norma processual no tempo e no espaço. Código de
Organização e Divisão Judiciárias do Estado de Pernambuco.

# FONTES DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL.


[TJCE]. Quais são as fontes do processo civil? Onde entra a jurisprudência?
Para falarmos das fontes, ou seja, lugar onde nasce o processo, temos que dividir em
dois tipos são elas: Fontes formais e materiais.

· Fonte formal ou imediata: Lei;

· Fonte material ou imediata: Costume, doutrina e a jurisprudência.

A lei é a principal fonte do Direito Processual, é lá que devemos buscar de forma


imediata os parâmetros legais. Depois, temos também como fonte os costumes,
doutrina e a jurisprudência, pois de, certa forma, estes influenciam no mundo
processual trazendo novos paradigmas a serem analisados.

[TJCE]. Quais os critérios de distinção entre fontes primárias e fontes secundárias?


Fala-se, na doutrina, em fontes primárias (fontes formais) e em fontes secundárias
(fontes não formais).
A fonte primária do direito processual civil é a lei, encarada em seu sentido
amplo, abrangendo a Constituição Federal, a própria lei federal (leis ordinárias e leis
complementares), a lei estadual (Códigos de Organização Judiciária, por exemplo),
os
tratados internacionais e os regimentos internos de Tribunais.

As fontes primárias do processo são vinculantes, isto é, são de utilização


obrigatória pelos operadores do direito no caso concreto.

A Constituição Federal trata tanto do chamado “Direito Processual Constitucional”


(regulamentação da jurisdição constitucional para o processo da ADI, da ADC, do
Mandado de Segurança, do Recurso Extraordinário etc.) quanto do “Direito
Constitucional Processual” (que é a tutela constitucional do processo, que abrange a
previsão de princípios e garantais constitucionais ligadas ao direito processual).

Em princípio, somente à União incumbe legislar sobre direito processual, segundo


exsurge do art. 22, inciso I, da Constituição Federal.

Os Estados-membros apenas podem legislar (1) sobre procedimento em matéria


processual (CF, art. 24, inciso XI), (2) sobre o processo no Juizado de Pequenas
Causas (CF, art. 24, inciso X) e (3) acerca da Organização Judiciária (CF, art. 96,
inciso II, alínea “d”).

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As medidas provisórias a partir do advento da Emenda Constitucional 32/2001 não


puderam mais ser editadas sobre matéria processual civil (CF, art. 62, § 1º, inciso I,
alínea “b”), mas referida emenda ressalvou a validade e a eficácia das medidas
provisórias até então editadas sobre o processo civil (“medidas provisórias
processuais biônicas”), como aquela que alterou o teor do art. 730 do Código de
Processo Civil (MP n. 2.180).

As leis municipais não podem versar sobre regras processuais; e a eventual violação
desta diretriz gerará uma norma inconstitucional, à luz do art. 22, inciso I, da CF.

A súmula vinculante (CF, art. 103-A) vem sendo encarada por alguns autores como
fonte primária de direito.

São, por outro lado, consideradas fontes secundárias (não formais) deste ramo do
direito os costumes, os princípios gerais do direito, a jurisprudência e a doutrina.

As fontes secundárias não vinculam os operadores, mas apenas servem, em


geral, de sugestão para a boa aplicação da ordem jurídica especialmente na falta
de normas específica regendo o caso posto (art. 126), a não ser no caso da Súmula
Vinculante (CF, art. 103-A), que é uma espécie de jurisprudência dominante que se
torna obrigatória mediante a observância dos requisitos previstos na Lei 11.417/2006.

[TJCE]. Fontes de direitos processuais, a jurisprudência se dá como? A súmula


vinculante é fonte primária?
R: A jurisprudência é fonte não formal. Uma sentença ou uma decisão judicial não
podem estar fundadas apenas em jurisprudência, porque tecnicamente ela não é fonte
de direito; devem basear-se em lei, ou, no caso de lacuna, nas fontes formais
subsidiárias. Os precedentes judiciais serão úteis para reforçar as conclusões do
julgador.

Já a súmula vinculante pode ser considerada fonte formal de direito. A doutrina atual
aduz que o art. 103-A da CF e a lei que a regulamentou atribui expressamente força
vinculante a tais súmulas, portanto conclui-se que elas foram elevadas a fontes
formais. Assim são consideradas as editadas pelo STF, com quorum qualificado, que
têm por validade, interpretação e eficácia das normas determinadas e que vinculam
as decisões judiciais e os atos administrativos.

[TJCE]. O que são fontes materiais? Os recursos repetitivos são de que espécie?
R: As fontes formais são aquelas que produzem a norma jurídica. A doutrina costuma
dizer que a fonte material é a fábrica.

Os recursos repetitivos, assim como a doutrina, podem ser considerados como fontes
não formais.

# APLICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL CIVIL.


[TJCE]. Os modos de interpretar a norma processual são os mesmos?
R: Conforme art. 5o, da Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiro: “Na
aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum”.

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A LINDB aplica-se a todos os ordenamentos jurídicos, inclusive ao processual.

[TJCE]. Há direito adquirido na aplicação da norma?


R: Não há direito adquirido à aplicação das normas jurídicas. O exemplo típico é o
do regime jurídico dos servidores. É pacífica a jurisprudência dos tribunais superiores
quanto à inexistência de direito adquirido a regime jurídico por parte dos servidores
públicos ocupantes de cargo público. Diz-se, nestes casos, que a relação jurídica que
o servidor mantém com o Estado é legal ou estatutária, ou seja, objetiva, impessoal
e unilateralmente alterável pelo Poder Público. A disciplina geral da função pública
é considerada inapropriável pelo servidor público e, portanto, tida como sujeita a
modificação.

[TJCE]. Há retroatividade da lei processual civil?


R: A regra é que as normas de processo tenham incidência imediata, atingindo os
processos em curso.

2. Da Jurisdição.
[TJCE]. O que significa dizer que jurisdição é inerte? Quem são os legitimados?
O princípio da inércia da jurisdição é tradicional (“ne procedat iudex ex officio”),
ainda que exista certa polêmica a respeito de sua extensão. O mais correto é limitar
o princípio da inércia da jurisdição ao princípio da demanda (ação), pelo qual fica a
movimentação inicial da jurisdição condicionada à provocação do interessado.
Significa dizer que o juiz – representante jurisdicional – não poderá iniciar um
processo de ofício, sendo tal tarefa exclusiva do interessado. Esse princípio decorre
da constatação inequívoca de que o direito de ação, sendo o direito de provocar a
jurisdição por meio do processo, é disponível, cabendo somente ao interessado
decidir se o exercerá no caso concreto (AMORIM, 2015).

Mesmo reconhecendo-se a disponibilidade do direito de ação, excepcionalmente há


permissão legal expressa para o início do processo de ofício, como é o caso do art.
989 do CPC, que permite ao juiz dar início de ofício ao processo de inventário e
partilha, desde que preenchidos os requisitos legais, e do art. 878 da CLT. Também
na jurisdição voluntária o processo será iniciado de ofício (AMORIM, 2015).

[TJCE]. Árbitros exercem jurisdição? A jurisdição é fundamentalmente estatal?


▪ No Brasil, a jurisdição é monopólio do Estado.

▪ Há uma controvérsia acerca da natureza jurídica da arbitragem. Parte da doutrina


entende ser um equivalente jurisdicional; para outros é um contrato; e Didier, por ex,
entende que se trata de jurisdição privada.

▪ Pela arbitragem, as partes escolhem um 3º para decidir o conflito entre elas. Trata-
se de via voluntária. A decisão arbitral é título executivo judicial. O árbitro pode
resolver o conflito, mas não pode executar sua decisão. O judiciário não pode rever
a decisão arbitral. O judiciário pode apenas anular a sentença arbitral, quando eivada
de vício, para que outra seja proferida. A ação para pleitear a anulação de uma
sentença arbitral decai em 90 dias. A opção pela arbitragem é produto de um negócio
jurídico denominado “convenção arbitral”.

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[TJCE]. O que significa dizer que a jurisdição é una? Indelegável? Obrigatória?


Impositiva?
A jurisdição, e, consequentemente a justiça, é uma só e é nacional, ou seja, é um dos poderes da nação. Diz
Vicente Greco Filho que a divisão em diversos órgãos ou mesmo estruturas orgânicas especializadas, é
meramente técnica e tem a finalidade apenas de dar a melhor solução às diferentes espécies de lides. Portanto,
o poder jurisdicional é um só e deste poder estão investidos os órgãos jurisdicionais (Juízes e Tribunais).

Indelegável: a atividade jurisdicional é indelegável, a não ser pelas exceções expressas em lei, p.ex. o art. 162 em
seu parágrafo 4º regula os atos meramente ordinatórios (como a juntada obrigatória). Alguns autores sustentam
que deste princípio decorre o princípio da Indeclinabilidade.

Obrigatória: vinculação obrigatória dos sujeitos ao processo judicial.

Impositiva: significa que resolve o conflito independentemente da vontade das partes

4. Processo. Conceito. Classificação. Natureza Jurídica. Princípios


informativos do processo civil. Princípios constitucionais do processo
civil. As garantias constitucionais do processo civil. A relação
processual. Características da relação processual. Sujeitos da relação
jurídica: Sujeitos principais. Sujeitos secundários. Sujeitos Especiais.
Pressupostos Processuais

# PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO PROCESSO.


[TJCE]. Quais os princípios informativos do processo? Para que servem? São de
aplicação e eficácia imediata?
Os princípios informativos são normas principiológicas de denso caráter geral e
abstrato, cuja aplicação é incidente sobre qualquer regra processual, de cunho
constitucional ou infraconstitucional, independentemente de tempo ou lugar. São
princípios informativos:

a) princípio lógico: segundo este princípio, a lógica do processo é aproximar o juiz


da verdade a partir de uma sequência ordenada de atos, a qual possibilite uma justa
composição aos conflitos de interesses apresentados. São exemplos, em que pode se
visualizar o princípio lógico: a apresentação de petição inicial e resposta do réu antes
da sentença; a interposição de recurso após a prolação de pronunciamento
jurisdicional.

b) princípio jurídico: este princípio determina que todo processo deve atender
estritamente às disposições legais, desenvolvendo os seus atos em conformidade à
lei vigente. Evita-se que o processo se torne um jogo cheio de surpresas. É exemplo,
em que pode se visualizar o princípio jurídico, a necessária apresentação do rol de
testemunhas no prazo fixado pelo juiz ou, em caso de omissão judicial, em até 10
dias antes da audiência de instrução e julgamento.

c) princípio político: consiste em prover os direitos privados da máxima garantia


social com mínimo de sacrifício da liberdade individual. O processo deve ter o maior
rendimento possível, cumprindo sua instrumentalidade sem grandes sacrifícios às
partes. É exemplo, em que pode se visualizar o princípio político, a condução da
execução com escolha do meio menos oneroso ao réu, se ele for capaz de
proporcionar igual resultado àquele proporcionado pelo meio mais oneroso.

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d) princípio econômico: as regras processuais, além de cumprirem com sua função


instrumental, devem possibilitar o acesso à justiça a todos com o mínimo de
dispêndio. Ele orienta os operadores do direito à obtenção máxima de rendimento.
Isso não significa que a economia proporciona necessariamente celeridade.

[TJCE]. O que é princípio da adstrição?


Princípio da congruência ou adstrição refere-se à necessidade do magistrado decidir
a lide dentro dos limites objetivados pelas partes, não podendo proferir sentença de
forma extra, ultra ou infra petita .

Esse princípio está previsto no art. 460 do CPC, nos seguintes termos:

“É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida,


bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe
foi demandado.”

[TJCE]. O que é princípio da eventualidade?


Preleciona José Frederico Marques que "o princípio da eventualidade consiste em
alegar a parte, de uma só vez, todos os meios de ataque e defesa como medida de
previsão in eventum para o caso de não dar resultado o primeiro.” As partes, nas fases
apropriadas, devem apresentar, simultânea e não sucessivamente, todas as suas
deduções, sejam ou não compatíveis entre si, e ainda que o pronunciamento sobre
uma delas torne prescindível considerar as subsequentes.

Previsto no CPC, traduz a necessidade do réu alegar, na defesa, com caráter


preclusivo, toda matéria de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor (art.
300 do CPC).

[TJCE]. O que é o princípio da duração razoável do processo?


A CF/88 inovou com a instituição do princípio da duração razoável do processo no
rol dos direitos e garantias fundamentais (art. 5º, XXXV), ressaltando a importância
desse princípio, mormente quando o Brasil já era signatário da Convenção
Americana de Direitos (art. 8º) em que havia tal garantia. Tal princípio está ligado à
celeridade processual, que nada mais é que maior agilidade do Poder Judiciário para
a resolução dos conflitos. Entretanto, não é esse o seu único sentido.

O verdadeiro sentido da norma é o de que o processo deva dispender o


tempo necessário e adequado para que seja devidamente instruído, a fim de que se
apresente a melhor solução para o caso concreto, preservando-se assim outros tantos
princípios processuais, tais como a ampla defesa, o contraditório, a imparcialidade
do juiz e, ainda, a persuasão racional do julgador.

[TJCE]. Princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário em que consiste?


Também chamado de acesso à Justiça, acesso à ordem jurídica justa, inafastabilidade
da jurisdição ou ubiquidade da jurisdição.

Vem expresso no art. 5º, XXXV, da CFRB/88: “A lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.” É novidade trazida com a atual
Constituição da República.

Consiste na possibilidade de provocar a prestação jurisdicional para garantir a tutela


de direitos; “é um direito fundamental formal que carece de densificação através de

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outros direitos fundamentais materiais” (CANOTILHO, 2003, p. 496). Ou seja,


consiste em um veículo para concretização dos direitos materiais.

Mauro Cappelletti e Bryant Garth, na célebre obra "Acesso à justiça", dividiram em


três ondas os principais movimentos renovatórios do acesso à justiça. A primeira
onda diz respeito à assistência judiciária aos pobres e está relacionada ao obstáculo
econômico do acesso à justiça. A segunda onda refere-se à representação dos
interesses difusos em juízo e visa contornar o obstáculo organizacional do acesso à
justiça. A terceira onda, denominada de "o enfoque do acesso à justiça", detém a
concepção mais ampla de acesso à justiça e tem como escopo instituir técnicas
processuais adequadas e melhor preparar estudantes e aplicadores do direito.

[TJCE]. Como se dá a validade e anulação da sentença arbitral?


A sentença arbitral independe de homologação judicial, portanto, produz efeitos
imediatamente, sendo considerada um título executivo judicial (art. 475-N, IV do
CPC). Entretanto, é possível o controle judicial da sentença arbitral, em relação à sua
validade, não se podendo revogar uma sentença arbitral quanto ao seu mérito, por
entende-la injusta ou errônea apreciação da prova pelos árbitros, somente pedir sua
anulação por vícios formais. Tal ação visando a anulação deve ser proposta em 90
dias contados do recebimento da intimação da sentença arbitral ou de seu aditamento.

# PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO CIVIL.


[TJCE]. Falar da eficácia dos princípios constitucionais?
A nossa Carta Magna, promulgada em 05 de outubro de 1988, tem como base a
democracia e, por isso, dispõem de diversos instrumentos que visam proteger a
liberdade e o direito de todos. Dentre esses instrumentos podemos ressaltar que
aqueles que visam tutelar os direitos fundamentais do homem tratam-se de
instrumentos processuais.

Algumas obras jurídicas utilizam a expressão Direito Processual Constitucional,


como sendo um conjunto de normas de direito processual que se encontra inserido
em nossa Constituição Federal. Porém, não se trata de um ramo autônomo do direito,
mas sim de uma classificação de um conjunto de normas processuais que se
encontram inseridas na Constituição Federal.

Dessa forma temos que: “O direito processual constitucional abrange, de um lado, a


tutela constitucional dos princípios fundamentais da organização judiciária e do
processo; e de outro lado, a jurisdição constitucional.”

Dentre as normas constitucionais podemos assim encontrar aquelas que possuem a


natureza jurídica de uma lei processual.

Os princípios constitucionais ganham destaque maior a partir da CF/88, onde ganham


força normativa deixando de meras recomendações para se constituir em verdadeiros
mandados de otimização.

[TJCE]. O princípio da indeclinabilidade do judiciário se refere a quê?

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O princípio da indeclinabilidade determina que o juiz não pode deixar de decidir, seja
questão incidental por meio de decisão interlocutória, seja questão principal por meio
de sentença, acórdão ou decisão monocrática de relator.

Para parcela da doutrina, o dispositivo contido no art. 126 do CPC afasta o non
liquet, ou seja, proíbe que o Estado-juiz se exima de julgar por qualquer motivo
(Nery-Nery, Código, p; 385; Costa Machado, p. 442).

Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade
da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo,
recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito.

[TJCE]. O princípio do juiz natural e sua relação processual?


O princípio do juiz natural é preceito de natureza constitucional que guarda relação
com a ideia de um o juiz pré-determinado, por normas processuais pré-estabelecidas,
para o julgamento de determinada causa. Está abrangido, também, pela proibição da
criação de tribunais de exceção. Trata-se de verdadeiro princípio constitucional,
elevado à categoria de cláusula pétrea.

Está positivado no art. 5º, XXXVII e LIII da CF. Preceitua que o órgão julgador
competente para julgar determinada causa deve existir e ser conhecido antes de
ocorrido o fato a ser julgado.

“Não haverá juízo ou tribunal de exceção”. “Ninguém será processado ou sentenciado,


senão pela autoridade competente”.

[TJCE]. A celeridade processual se refere a que princípio constitucional?


A celeridade guarda relação com a velocidade rápida do processo. Já a duração
razoável do processo, princípio constitucional, estabelece uma relação de adequação
entre o tempo do processo e os instrumentos necessários para a sua tramitação, de
modo que se ter um tempo razoável - nem mais, nem menos que o necessário para a
entrega da prestação jurisdicional.

A relação de proporção acima citada deve observar três critérios para determinar a
razoável duração do processo: a) a complexidade do assunto; b) o comportamento
dos litigantes e de seus procuradores ou da acusação e da defesa no processo e c) a
atuação do órgão jurisdicional.

O reconhecimento destes critérios traz como imediata consequência a visualização


das dilações indevidas, permitindo o controle dos atos e as manobras processuais dos
sujeitos envolvidos.

Segundo Didier, “não existe um princípio da celeridade. O processo não tem que ser
rápido/célere: o processo deve demorar o tempo necessário e adequado à solução do
caso submetido ao órgão jurisdicional.

[TJCE]. O princípio da livre motivação e sua relação processual?


Encontrei alguns julgados dando conta que esse princípio se relaciona à livre
apreciação das provas (e não ao livre convencimento motivado). Mas nada de muito
concreto.

[TJCE]. Qual o princípio-macro?

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O princípio do devido processo legal é, na denominação da maioria da doutrina


processualista, um “macro princípio”. Tal motivo para a conceituação tem o escopo
de prelecionar que o princípio do “devido processo legal” alberga todos os demais
princípios constitucionais, no que tange a aplicabilidade de princípios constitucionais
do processo, v.g., o princípio da publicidade, do juiz natural, etc.

Fonte: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6470

[TJCE]. O que são princípios gerais e princípios constitucionais relativas ao


processo? Qual é o mais amplo de todos?
Princípios gerais: dispositivo, impulso oficial, congruência ou correlação,
instrumentalidade, substanciação, da impugnação especificada, estabilidade da lide,
eventualidade, preclusão, economia processual, perpetuatio jurisdictionis, do ônus
da prova, do livre convencimento, lealdade processual.

Princípios constitucionais: devido processo legal (o mais amplo), contraditório,


ampla defesa, duração razoável do processo, publicidade, adequação, efetividade,
boa-fé processual, isonomia, juiz natural, inafastabilidade da jurisdição, duplo grau
de jurisdição.

# PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
[TJCE]. Os pressupostos processuais se confundem com as condições da ação? Uma
vez proposta a ação, o juiz ao verificar o descumprimento do pressuposto para
determinar o seu cumprimento, deve requerer intimação pessoal? Quando há
determinação legal de intimar a parte?
R: Enquanto o direito de ação depende de determinadas condições, sem as quais o
autor é carecedor, o processo deve preencher requisitos, para que se possa ter um
desenvolvimento regular e válido.

No que tange as condições da ação, prevalece a teoria da asserção. Essa teoria não
está consagrada expressamente no nosso Código atual, mas embora não tenha sido
consagrada expressamente, trata-se da opinião majoritária, ao menos do ponto de
vista doutrinário.

O juiz continuará tendo que se examinar aquilo que conhecemos por “condições da
ação”, mas não mais com esse nome.

Para a teoria da asserção, a análise das condições da ação deve ser feita apenas de
acordo com o que a parte afirmou. Toma-se o que a parte disse e, a partir disso,
examina-se o preenchimento das condições da ação. O juiz examina as afirmações
do demandante e as toma como verdadeiras. O juiz se faz a seguinte pergunta: Se
tudo o que o demandante afirmou é verdade estão presentes as condições da ação?
Se tudo for verdade, estão presentes as condições da ação. Se depois, ao longo do
processo, ficar demonstrado que aquilo que o autor falou era mentira, o juiz julgará
improcedente a demanda.

Possibilidade jurídica do pedido: É a aptidão, em tese, de um pedido ser acolhido.


Pedido juridicamente possível é o pedido que pode ser acolhido (não significa que
será acolhido).

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Interesse de agir: Exame sobre a utilidade e necessidade da demanda. Examina-se


se aquela demanda pode propiciar algum proveito ao autor. Uma demanda que não
propicia nenhum benefício ao autor é inútil.

Legitimidade ad causam: É a capacidade de conduzir validamente um processo em


que se discute determinada relação jurídica. É a aptidão de alguém de discutir em
Juízo determinado problema. Não existe legitimado ou ilegitimado em tese, as
pessoas são legítimas ou ilegítimas sempre em face de um caso concreto, de uma
relação jurídica afirmada.

Ato inicial: demanda (provocação)

Existência Órgão investido de jurisdição (investidura)

Capacidade de ser parte (capacidade postulatória)

Citação (polêmico)

Intrínseco - Respeito ao formalismo processual (petição inicial apta; citação válida,


regularidade procedimental)

\ - Inexistência de coisa julgada

Objetivos

Extrínsecos - Inexistência de litispendência

Pressupostos - Inexistência de perempção

- Inexistência de convenção de

Validade arbitragem

Competência

Juiz Imparcialidade

Investidura

Subjetivos

Partes Capacidade processual

Capacidade postulatória

Capacidade para estar em juízo

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Se o juiz verificar que o vício é sanável, deve intimar a parte para corrigi-lo. Se assim
não for possível, o processo deve ser extinto sem resolução do mérito (art. 267, IV,
do CPC).

# MP NO PROCESSO CIVIL: ATUAÇÃO.


[TJCE]. Quando se dá a atuação do MP no processo civil? Qual a expressão chave
que permite o MP atuar?
R: Nos termos do arts. 81 e 82, CPC o Ministério Público atuará como parte ou fiscal
da lei.

Art. 81. O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos em lei,
cabendo-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus que às partes.

Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:

I - nas causas em que há interesses de incapazes;

II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela,


interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade;

III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais
causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da
parte.

O MP atua geralmente quando há interesse público ou social relevante, que extrapola


a esfera individual.

[TJCE]. O MP pode recorrer em qualquer situação? Os ônus são iguais? E se há


falta de intimação no caso em que é obrigatória a participação do MP?
R: O MP em regra, defende interesse difuso, coletivo, individual homogêneo. No
caso de um incapaz, por exemplo, o MP não se vincula ao interesse deste, pode ser
contrário. Neste caso, não há interesse do MP em recorrer. Ele tem capacidade, mas
o recurso não será útil, por falta de interesse.

Art. 84. Quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, a parte
promover-lhe-á a intimação sob pena de nulidade do processo.

[TJCE]. Nos casos em que a decisão é favorável aos interesses das partes, quem o
MP defende?
R: Neste caso atua apenas fiscalizando o cumprimento da lei.

5. Das partes e dos procuradores. Da capacidade processual.


Legitimação ordinária. Legitimação extraordinária. A substituição
processual. Dos deveres das partes e dos procuradores. Do
litisconsórcio. Da assistência. Da intervenção de terceiros. Da oposição.
Da nomeação à autoria. Da denunciação da lide. Chamamento ao
Processo.

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# CAPACIDADE PROCESSUAL E POSTULATÓRIA.


[TJCE]. Capacidade processual e postulatória, qual a diferença? Como se
representa quem não tenha capacidade processual?
Capacidade processual: é a aptidão para a prática de atos processuais sozinho,
independentemente de representação. A capacidade processual está para o processo
assim como a capacidade civil está para o direito civil. Tanto é verdade que pode-se
ser capaz para um ato e não ser para outro.

A regra é a de que tem capacidade processual quem tem capacidade civil. Mas, há
exceções em relação aos dois lados, na medida em que pode haver um sujeito capaz
civilmente sem ser capaz processualmente; é o que acontece, por exemplo, com as
pessoas casadas, que tem capacidade civil, mas sofrem restrições em sua capacidade
processual; e pode haver, também, pessoa que tem capacidade processual, mas não
tem capacidade civil, como, por exemplo, sujeito de 16 anos que é eleitor. Ele não
tem capacidade civil, mas tem capacidade processual para entrar com uma ação
popular.

Capacidade postulatória: é a chamada capacidade técnica para fins processuais. Não


basta o sujeito ser processualmente capaz, ele deve ter uma capacidade técnica para
praticar os atos. Essa capacidade técnica chama capacidade postulatória. Para
postular em Juízo, é preciso ter capacidade postulatória. A regra é a de que quem tem
capacidade postulatória é o advogado, o membro do Ministério Público e o Defensor
Público. O advogado supre a falta de capacidade técnica do leigo.

Mas há casos em que o legislador atribui ao leigo capacidade postulatória. Exemplos:

 Na Justiça do Trabalho;
 No habeas corpus;
 Nos Juizados Especiais Cíveis (até 20 salários mínimos);
 Se na comarca não existir advogado ou se naquela comarca todos os advogados
recusarem ou estiverem impedidos para a causa (art. 36, CPC);
 O Procurador do Estado pode propor ADIN sem advogado;
 Mulher que se afirma vítima de violência doméstica;
 Para propor alimentos
OBS.: Nesses dois últimos casos, só é possível fazer o pedido sem advogado. Depois
que o juiz recebe a petição é necessário um advogado

Sempre que falta capacidade processual, o juiz tem que mandar regularizar esse
defeito. Não suprido o defeito, a consequência irá variar conforme o sujeito. Se for o
autor que não tem capacidade processual e não regularizou o vício, o processo será
extinto sem exame do mérito. Mas, se foi o réu quem não tinha capacidade
postulatória e não supriu a irregularidade, o processo seguirá à sua revelia. E se foi
um terceiro que não supriu a sua capacidade processual, ele será expulso do processo.
Essas 3 consequências estão no art.13 do CPC.

Art. 13, CPC - Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da


representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para
ser sanado o defeito.

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Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:

I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;

II - ao réu, reputar-se-á revel;

III - ao terceiro, será excluído do processo.

[TJCE]. A quem o juiz dará curador especial?


Curador especial é a pessoa que deve zelar pelos interesses de determinadas pessoas,
sendo nomeado pelo juiz nas seguintes hipóteses, previstas no artigo 9º, do Código
de Processo Civil.

 O incapaz não possui representante legal, ou seu representante possui uma


posição que pode colidir com seus interesses;

 O réu preso, citado, não possuir defensor;

 O réu revel citado por edital ou com hora certa.

O artigo 10, §2º, da Política Nacional do Idoso (lei 8.842), prevê mais uma hipótese:

§ 2º Nos casos de comprovada incapacidade do idoso para gerir seus bens, ser-lhe-á
nomeado Curador especial em juízo.

O curador especial é nomeado exclusivamente para a defesa. Não pode, assim,


ajuizar ações, como as ações declaratórias incidentais ou as reconvenções,
verdadeiros contra-ataques do mundo processual. Há, entretanto, uma exceção: a
apresentação de embargos à execução, o qual apesar de ser uma ação, possui caráter
defensivo.

Veja a seguir a jurisprudência:

"A reconvenção, sendo uma ação, deverá ser deduzida em peça autônoma da contestação
(CPC 299), sob a forma de petição inicial, ressalvado que não poderá ser interposta por
curador especial, eis que não possui legitimidade para exercer direito ativo de ação em
nome de réu revel." (Número do processo: 1.0245.03.020319-5/001(1), Númeração
Única: 0203195-14.2003.8.13.0245 - TJMG, j. 2005)

Humberto Theodoro Júnior, entretanto, discorda de tal posição, dando ao curador


especial a capacidade de também propor reconvenção, pois "a função da curatela
especial dá-lhe poderes de representação legal da parte, em tudo que diga respeito ao
processo e à lide nela debatida." (Curso de direito Processual Civil, 47ª ed., p. 92).

O curador especial, salienta-se, não precisa ser advogado, caso em que o curador
especial deverá contratar um para o exercício de tais funções, e, justamente por tais
razões práticas, os juízes geralmente apontam advogados para a realização de tais
funções.

[TJCE]. Quando o cônjuge precisa anuir para propor ações? Se houver discussão
quanto à posse?

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As pessoas casadas também estão submetidas a esse regime especial de limitação da


legitimidade processual, já que, nos termos da legislação processual, necessitam do
consentimento (outorga marital ou uxória) do respectivo cônjuge para que possam
propor ações reais imobiliárias (art. 10, caput, do CPC).

Nas ações possessórias a regra é parecida com a já mencionada, apenas diferindo


quanto ao fato de que a participação ou vênia do outro cônjuge somente se dará nos
casos de composse.

[TJCE]. Quem detém capacidade processual?


Primeiramente, capacidade processual é a aptidão para praticar atos processuais
independentemente de assistência e representação, pessoalmente, ou por outras
pessoas apontadas pela lei. A priori, os maiores de 18 anos possuem capacidade
processual plena, podendo ser mencionada a ressalva das restrições quanto às pessoas
casadas, como é a necessidade de autorização de cônjuge para propor ações que
versem sobre direitos reais imobiliários.

[TJCE]. O que é capacidade postulatória? É a mesma coisa que capacidade


processual?
Não se confunde com capacidade processual, sendo a aptidão para a prática de atos
dentro do processo, que é conferida aos advogados e membros do Ministério Público
e Defensoria

[TJCE]. Quando será necessário o curador especial?


Para representar menores sem representante legal ou que tenha interesses em conflito
com o mesmo, para o réu citado por edital ou por hora certa e para o preso. (art. 9 I,
II CPC)

[TJCE]. Se o juiz verificar irregularidade no processo, qual atitude deverá tomar?


Conforme o art.13 do CPC, in verbis: “Verificando a incapacidade processual ou a
irregularidade da representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará
prazo razoável para ser sanado o defeito.” Ainda segundo a continuação do antedito
dispositivo, se a irregularidade não for sanada o juiz decretará: a nulidade do
processo, se for relativa ao autor; a revelia, quanto ao réu; ou excluirá o terceiro do
processo, se o vício se verificar no que concerne ao mesmo.

[TJCE]. Quando o cônjuge precisa de alguma anuência do outro cônjuge para


propor ação? Tal autorização pode ser suprida em alguma hipótese? Se for proposta
sem autorização, qual a consequência?
Consoante o art. 10 do CPC o cônjuge somente necessita da autorização do cônjuge
para propor ação que verse sobre direitos reais imobiliários. Se houver
impossibilidade de ser dada a autorização ou quando o cônjuge não a conceda sem
justo motivo, pode ser suprida pelo juiz (Art. 11, CPC). Caso ausente a autorização,
a consequência será a nulidade do processo (Art. 11, par. Único, CPC)

# LEGITIMAÇÃO ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA.


[TJCE]. O que é legitimação extraordinária?

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Legitimidade extraordinária: quando se pleiteia em nome próprio um direito alheio.


Só quando a lei permitir. Exemplos: sindicatos e associações em defesa de seus
sindicalizados ou associados, o Ministério Público na ação civil pública.

[TJCE]. Legitimação extraordinária e substituição processual?


Há divergência na doutrina se não seriam sinônimas as expressões. Alguns
doutrinadores, contudo, entendem que a legitimidade extraordinária é um gênero, do
qual a substituição processual seria espécie (acepção mais restrita). Assim, se o
legitimado extraordinário propuser uma ação em litisconsórcio com o titular do
direito material, não haveria substituição.

[TJCE]. Se ocorre a alienação da coisa altera legitimação das partes?


Não. Por expressa previsão do texto legal. (art. 42 do CPC)

# DEVERES DAS PARTES.


[TJCE]. Qual o princípio fundamental no trato entre as partes?
Princípio da boa fé processual, extraído do art. 14, II do CPC. Ressalte-se que essa
boa fé é objetiva.

[TJCE]. Quais os deveres das partes no processo?


Art. 14 do CPC: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - proceder com
lealdade e boa-fé; III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que
são destituídas de fundamento; IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou
desnecessários à declaração ou defesa do direito e V - cumprir com exatidão os
provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos
judiciais, de natureza antecipatória ou final.

[TJCE]. A litigância de má fé difere do atentado à jurisdição?


Sim. Os atos de litigância de má-fé causam potencial dano a uma das partes e dano
marginal ao Estado-juiz. Os casos de litigância de má-fé estão previstos no artigo 17
do Código de Processo Civil, em rol exemplificativo:

I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II –


alterar a verdade dos fatos; III – usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV –
opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V – proceder de modo
temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI – provocar incidentes
manifestamente infundados; VII – interpuser recursos com intuito manifestamente
protelatório.

As sanções estão contidas no artigo 18 do CPC: multa não excedente a 1% sobre o


valor da causa, cumulada com perdas e danos (indenização de até 20% sobre o valor
da causa), honorários advocatícios e despesas processuais.

Já os atos atentatórios ao exercício da jurisdição também violam o necessário


respeito ao Poder Judiciário ou à autoridade judiciária, mas quanto ao cumprimento
dos provimentos mandamentais em geral, especialmente aqueles previstos nos
artigos 273 e 461 do CPC.

Os atos atentatórios ao exercício da jurisdição estão previstos no artigo 14, inciso V,


do CPC:

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Art. 14. (...) V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar
embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final.

O parágrafo único do artigo 14 do CPC dispõe que será devida multa não superior a
20% do valor da causa, sem prejuízo das demais sanções.

[TJCE]. Quais as penas do litigante de má fé? Depende do requerimento da parte?


Não. O juiz pode aplicar de ofício ou a requerimento da parte. As sanções estão
contidas no artigo 18 do CPC: multa não excedente a 1% sobre o valor da causa,
cumulada com perdas e danos (indenização de até 20% sobre o valor da causa),
honorários advocatícios e despesas processuais.

[TJCE]. Qual o princípio fundamental dos deveres das partes?


Questão repetida.

[TJCE]. A parte pode produzir provas?


SIM. A parte pode e deve produzir provas aptas a formar o convencimento do
magistrado, muito embora, uma vez internalizadas no processo, estas deixam de
pertencer ao autor ou ao réu, passando a pertencer ao processo como um todo.

[TJCE]. A litigância de má-fé e atentado é a mesma coisa? Quando se aplica ato


atentatório à jurisdição? Qual o valor da multa da litigância de má-fé?
ATOS DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - Os atos de litigância de má-fé causam
potencial dano a uma das partes e dano marginal ao Estado-juiz.

Os casos de litigância de má-fé estão previstos no artigo 17 do Código de Processo


Civil, em rol exemplificativo:

I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II –


alterar a verdade dos fatos; III – usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV –
opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V – proceder de modo
temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI – provocar incidentes
manifestamente infundados; VII – interpuser recursos com intuito manifestamente
protelatório.

As sanções estão contidas no artigo 18 do CPC: multa não excedente a 1% sobre o


valor da causa, cumulada com perdas e danos (indenização de até 20% sobre o valor
da causa), honorários advocatícios e despesas processuais.

ATOS ATENTATÓRIOS À DIGNIDADE DA JUSTIÇA - Por sua vez, os atos


atentatórios à dignidade da Justiça violam o necessário respeito às decisões do Poder
Judiciário ou à autoridade judiciária no que se refere à execução forçada.

Conforme observa Fredie Didier, “a execução é um dos ambientes mais propícios


para a prática de comportamentos desleais, abusivos ou fraudulentos”.

Os atos atentatórios à dignidade da justiça estão enumerados no artigo 600 do Código


de Processo Civil:

I – frauda a execução; II – se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios


artificiosos; III – resiste injustificadamente às ordens judiciais; IV – intimado, não indica

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ao juiz, em 5 dias, quais e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos
valores.

As sanções estão previstas no artigo 601 do CPC: multa não superior a 20% do valor
atualizado do débito em execução, sem prejuízo das sanções de natureza processual
e material.

Nesse sentido, Fredie Didier defende que a multa do artigo 601, devida à parte
adversária, pode ser cumulada com a multa do artigo 14, parágrafo único, devida ao
Estado.

Todavia, ressalva que a multa do artigo 601 não pode ser cumulada com aquela
prevista no artigo 18 do CPC já que ambas possuem a mesma natureza processual e
são revertidas para o adversário.

ATOS ATENTATÓRIOS AO EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO - Por fim, os atos


atentatórios ao exercício da jurisdição também violam o necessário respeito ao Poder
Judiciário ou à autoridade judiciária, mas quanto ao cumprimento dos provimentos
mandamentais em geral, especialmente aqueles previstos nos artigos 273 e 461 do
CPC.

Os atos atentatórios ao exercício da jurisdição estão previstos no artigo 14, inciso V,


do CPC:

Art. 14. (...)

V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à


efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final.

O parágrafo único do artigo 14 do CPC dispõe que será devida multa não superior a
20% do valor da causa, sem prejuízo das demais sanções.

Nesse sentido, a referida multa, devida ao Estado, também pode ser cumulada com a
multa prevista no artigo 18, parágrafo único, do CPC, devida à parte adversária, pois
de naturezas diversas, conforme jurisprudência a seguir:

Ementa: MULTAS POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ E POR PRÁTICA DE ATO


ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA. CUMULAÇÃO. LEGALIDADE. É o
próprio parágrafo único do art. 14 do CPC que autoriza a cumulação da multa nele
estipulada com as demais "sanções criminais, civis e processuais cabíveis". Assim, uma
vez evidenciado que a reclamada não apenas alterou a verdade dos fatos em contestação,
deduzindo defesa contra fato incontroverso, como insistiu, em sede recursal, na alegação
comprovadamente inverídica de que o período de estabilidade teria sido respeitado,
demonstrando sua renitência em observar as regras da boa conduta processual, não se
vislumbra ilegalidade na cominação cumulada das penalidades previstas nos artigos 14
, parágrafo único , e 18 , caput, do CPC. (TRT, TRT-10 - ROPS 1238200801810001 DF
01238-2008-018-10-00-1 (TRT-10). Data de publicação: 18/05/2009).

O descumprimento de provimento mandamental tem sido chamado de contempt of


court (“desacato à Corte”), assim como na common law, e nesse caso a lei determina
expressamente que a multa não paga seja inscrita na dívida ativa da União ou do
Estado.

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Contudo, conforme observa Fábio Milman, os atos atentatórios ao exercício da


jurisdição do Código de Processo Civil brasileiro são considerados “contempt of
court à brasileira”[6], pois ressalvam os advogados da responsabilização no mesmo
processo.

# SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES. SUCESSÃO PROCESSUAL.


[TJCE]. Em que hipóteses ocorrerá a substituição das partes?
CPC COMENTADO, 2014, p. 66: Só é permitida, no curso do processo, a
substituição voluntária das partes nos casos expressos em lei (art. 41, CPC/73).
Assim, prevalece o princípio da estabilidade subjetiva da lide, mas pode ocorrer a
chamada sucessão processual, vale dizer, alguém assumir o lugar de uma das
partes, normalmente em razão de uma modificação na titularidade do direito
material afirmado em juízo (ex.: morte de uma das partes).

Obs.: ao contrário do que se dá com a substituição processual, na sucessão processual


o sucessor atua na defesa de interesse próprio.

Exemplos: alienação de objeto litigioso (desde que com a concordância das partes) –
ocorre sucessão processual. Outro exemplo, mas de substituição processual seria o
das ações coletivas.

[TJCE]. Como o adquirente de uma parte pode integrar ao processo?


CPC COMENTADO, 2014, p. 67: Se a outra parte concordar este integra o processo.
Vale ressaltar que a recusa precisa ser devidamente motivada. Ademais, em relação
a processo de execução, a anuência da parte contrária não será necessária (ver ar 567,
II do CPC/73)

Se a parte contraria não concordar com a sucessão processual, o alienante ou cedente


permanecerá no processo como substituto processual (atuará em nome próprio na
defesa de interesse alheio), mas o adquirente ou o cessionário poderá ingressar no
processo como assistente litisconsorcial.

[TJCE]. E os efeitos da sentença em relação ao adquirente?


CPC COMENTADO, 2014, p. 67: Mesmo que o adquirente ou cessionário não
integre no processo como assistente litisconsorcial, será alcançado pela autoridade
da coisa julgada material, na condição de substituído (processual).

[TJCE]. O que difere a substituição de partes da sucessão processual?


R: Nos termos do art. 41, CPC: “Só é permitida, no curso do processo, a substituição
voluntária das partes nos casos expressos em lei”.

E ainda, “A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre
vivos, não altera a legitimidade das partes. § 1 o O adquirente ou o cessionário não
poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante, ou o cedente, sem que o consinta
a parte contrária (art. 42, CPC)”

Quanto à sucessão processual, o art. 43, CPC, aduz: “Ocorrendo a morte de qualquer
das partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores”.

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[TJCE]. Representação processual: quais as consequências na substituição de


mandatários?
R: Conforme, art. 44, CPC: A parte, que revogar o mandato outorgado ao seu
advogado, no mesmo ato constituirá outro que assuma o patrocínio da causa.

E, ademais, o advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando


que cientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto. Durante os 10 (dez)
dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que
necessário para Ihe evitar prejuízo (art. 45, CPC).

[TJCE]. Qual a consequência da ausência de mandatário durante um recurso no


Tribunal? A parte se auto representa?
R:

Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-
lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou,
não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que
houver.

Art. 45. O advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando que
cientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto. Durante os 10 (dez) dias
seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para
Ihe evitar prejuízo.

Assim, o mandatário somente poderá deixar de representar a parte no recurso no


Tribunal, se tiver a intimado. Do contrário, ocorrendo prejuízo à parte, poderá o
Tribunal, se entender pertinente, nomear um dativo ou intimar a parte para que ela
indique um novo procurador.

# LITISCONSÓRCIO. ASSISTÊNCIA.
[TJCE]. Qual a posição assumida pelo assistente no processo civil?
O assistente é terceiro interveniente, sendo parte no sentido amplo. Ele está em juízo,
é sujeito do contraditório. É parte do processo, embora não seja parte do litígio.
Poderá requerer provas, apresentar razões de mérito etc. Além disso, assume a
responsabilidade pelo pagamento das custas na proporção da atividade que tiver
exercido.

Na assistência litisconsorcial, o assistente será litisconsorte do assistido. Por isso a


denominação intervenção litisconsorcial voluntária. A assistência litisconsorcial gera
litisconsórcio facultativo, ulterior e unitário.

[TJCE]. Se o assistido for revel, o assistente passará a ser o que no processo?


Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu gestor de negócios,
conforme parágrafo único do art. 52 do CPC.

[TJCE]. Em que hipóteses é caracterizado o litisconsórcio?


Art. 46, CPC - Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto,
ativa ou passiva-mente, quando:

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a) Litisconsórcio por comunhão (art.46, I, CPC):

Ex. litisconsórcio entre credores solidários (os credores solidários comungam de um


mesmo interesse).

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;

b) Litisconsórcio por conexão (art.46, II e III, CPC):

Ex. Litisconsórcio entre o MP e um incapaz em uma ação de alimentos (os interesses


são diversos, mas ligados de uma maneira).

II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito;

III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;

c) Litisconsórcio por afinidade (art.46, IV, CPC):

Ex. Litisconsórcio entre poupadores contra o banco.

IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.

[TJCE]. O juiz pode limitar o número de litisconsortes? Em qualquer tipo?


O litisconsórcio multitudinário consiste em um litisconsórcio facultativo com
número excessivo de litisconsortes, o que prejudica e dificulta a celeridade e a defesa
processual. Diante disso, o processo poderá ser dividido em outros processos,
limitando-se assim, o número de litigantes. A iniciativa da cisão poderá ocorrer
tanto por ato de ofício do juiz como a requerimento do réu.

A limitação somente poderá ocorrer no caso de litisconsórcio facultativo, já que no


litisconsórcio necessário é proibida tal limitação, pois a pluralidade de partes é
obrigatória, é o que dispõe o parágrafo único do artigo 46, CPC:

Art. 46: (...)

Parágrafo único: O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de


litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O
pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da
decisão.

[TJCE]. O que significa litisconsórcio facultativo?


O litisconsórcio ocorre quando duas ou mais pessoas atuam no mesmo polo do
processo, quer como rés quer como autoras, para defesa de interesses comuns. O
litisconsórcio facultativo ocorre quando há opção entre formá-lo ou não. Via de regra,
tal decisão incumbe ao autor, pois é ele quem apresenta a lide, indicando quais são
as partes da relação processual. O litisconsórcio facultativo pode ser unitário, quando
a solução da lide deverá ser igual para todos litisconsortes; ou simples, quando não
se exigir que o resultado seja idêntico para todos os envolvidos.

[TJCE]. O que significa litisconsórcio necessário?


É aquele cuja formação será imprescindível para eficácia e validade da sentença de
mérito. Entenda-se o pronunciamento jurisdicional de mérito somente será valido e

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terá efeitos no mundo jurídico se na ação tenha sido formado o litisconsórcio, de


modo que se houver omissão na ação em relação a alguém que ali deveria estar
indicado como litisconsorte haverá nulidade absoluta de todo o processo.

[TJCE]. O que significa litisconsórcio unitário?


Quando só de modo uniforme se puder decidir a relação jurídica litigiosa, para todos
os litisconsortes.

O litisconsórcio unitário nem sempre é necessário (apesar das características serem


quase as mesmas), como por exemplo no caso de condôminos que reivindicam a
mesma coisa, que mesmo agindo separadamente terão a mesma sentença.

[TJCE]. As condutas de um litisconsorte beneficiam ou prejudicam os demais?


Podem beneficiar, embora nem sempre; mas nunca prejudicar.

As condutas determinantes são aquelas em que a parte que as praticas se coloca em


situação desfavorável. Ex. renúncia, não recorrer, não contestar, confessar, desistir.

A conduta alternativa, por outro lado, é a conduta que a parte toma para melhorar a
sua situação. Ex. contestar, recorrer, fazer prova, alegar, impugnar. São chamadas de
condutas alternativas, pois elas podem melhorar a situação ou não.

Essa divisão é a chave para se compreender o regime de tratamento dos litisconsortes,


que possui 3 regras:

(1) Conduta determinante de 1 litisconsorte não prejudica o outro. Se o litisconsórcio


é simples, a conduta determinante prejudica somente o litisconsorte que a praticou.
Mas, se o litisconsórcio for unitário, a conduta não prejudica nem o litisconsorte que
a praticou, pois, se é unitário, ou todos tomam aquela conduta, ou a conduta tomada
por apenas um não vale para os demais.

(2) No litisconsórcio unitário, a conduta alternativa de um beneficia o outro. Ex. se


um recorre ou contesta, p.ex., o ato aproveita a todos.

(3) No litisconsórcio simples, a conduta alternativa de um não beneficia o outro.

Obs: Esta regra nº 03 sofre mitigações nos casos de revelia e de recurso.

[TJCE]. Quais hipóteses em que se caracteriza o litisconsórcio? Pode haver


limitação?
Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou
passivamente, quando:

I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;

II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito;

III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;

IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.

Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de


litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O

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pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da


decisão.

[TJCE]. Qual a diferença entre o simples facultativo e o necessário? Como é visto


no CPC? E necessária decisão uniforme?
No litisconsórcio simples, também chamado de litisconsórcio comum, a decisão de
mérito pode ser diferente para os litisconsortes. A mera possibilidade de ser diferente
já faz com que o litisconsórcio seja simples.

O litisconsórcio necessário é aquele cuja formação é obrigatória, independe da


vontade das partes.

Nos termos do art. 47, CPC: Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de
lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme
para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos
os litisconsortes no processo.

O litisconsórcio será necessário em duas situações: quando for unitário ou por


expressa previsão de lei.

Necessário unitário

(art. 47) expressa previsão de lei

Essa divisão é extraída do art. 47 do CPC.

Se para o Código o litisconsórcio que é unitário é necessário, o litisconsórcio


necessário por expressa previsão legal (ex.: ação de usucapião de imóveis, ação de
demarcação de terras) é litisconsórcio simples (se fossem unitários, recairiam na
regra geral, não precisariam de previsão específica pelo legislador). Nem todo
litisconsórcio necessário é unitário, porque existe litisconsórcio necessário
simples (nos casos de litisconsórcio necessário por força de lei).

Por essa sistematização, a regra é de que todo litisconsórcio unitário é necessário.


Mas há casos em que o litisconsórcio unitário é facultativo.

[TJCE]. Uma parte pode forçar a formação do litisconsórcio ativo?


R: Para Fredie Didier, não existe litisconsórcio necessário ativo. Sempre que o
unitário for ativo, ele é facultativo, não existe exceção. Se o unitário é passivo, ele é
necessário. Não há como você impor a alguém que só possa ir a Juízo se alguém for
com ela. Isso seria uma incompatibilidade com o acesso à Justiça, o direito de ter
acesso á justiça não pode ser limitado, dependendo que outra pessoa vá com você.

Para Nelson Nery, existe litisconsórcio necessário ativo. Ex.: A e B são litisconsortes
contra C. Se B disser que não vai a Juízo, A vai sozinho (ninguém pode ser obrigado
a demandar). Assim, aquele que seria litisconsorte necessário ativo (C), se torna
passivo.

O juiz pode intimar o outro para que tenha ciência.

A C

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C A

B B

[TJCE]. Quando é cabível a assistência? É possível recurso do 3º Interessado?


R: A assistência é uma intervenção espontânea que pode dar-se em qualquer fase do
processo

O assistente pode intervir em qualquer dos polos do processo, sem acrescentar ao


processo nenhum pedido novo, ele adere ao pedido da parte assistida. A assistência
serve para auxiliar a parte.

A assistência pressupõe interesse jurídico, não basta que tenha interesse emocional,
econômico.

O interesse jurídico que autoriza a assistência tem duas dimensões (ambos autorizam
a assistência):

interesse 1 - forte (ou imediato ou direto)

jurídico 2 - fraco (ou mediato ou indireto)

Proferida uma decisão, o assistido não recorre, mas o assistente recorre. O recurso
do assistente pode prosseguir? Sim, pois se o assistido não recorreu, ele se omitiu e
o assistente pode suprir a omissão. Salvo se o assistido expressamente disser que não
quer recorrer. Nesse caso o assistente não pode fazer nada.

Esse é o entendimento majoritário, mas há jurisprudência no sentido contrário, no


sentido de que, se o assistido não recorreu, o recurso do assistente não pode
prosseguir.

# OPOSIÇÃO.
[TJCE]. Quais são as peculiaridades da oposição? O que o juiz faz no momento da
propositura? Ele deve julgar seguindo alguma regra? Na negativa da oposição cabe
qual recurso?
A oposição ajuizada antes da audiência de instrução é regulada pelo art. 59 do CPC
e é chamada de oposição interventiva, pois é rigorosamente uma intervenção de
terceiro. É um incidente do processo. O terceiro intervém no processo e passa a fazer
parte dele.

Art. 59. A oposição, oferecida antes da audiência, será apensada aos autos principais e
correrá simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença.

Se a oposição for oferecida entre a audiência de instrução e a sentença, é regulada


pelo art. 60 do CPC e é chamada de oposição autônoma. Ela não é uma intervenção
de terceiro, é um processo incidente. É um processo novo instaurado pelo terceiro,
ele não se incorpora ao processo que já existe, mas sim dá origem a um novo
processo.

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Art. 60. Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o procedimento


ordinário, sendo julgada sem prejuízo da causa principal. Poderá o juiz, todavia,
sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca superior a 90 (noventa) dias, a
fim de julgá-la conjuntamente com a oposição.

Art. 61. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e a oposição, desta conhecerá
em primeiro lugar.

Se a negativa da oposição for decidida incidentalmente cabe agravo de instrumento.


Se for na sentença, cabe apelação.

[TJCE]. Quando ocorre a oposição? Há alguma peculiaridade na sentença?


Oposição é uma modalidade de intervenção de terceiro e ocorre quando um terceiro
deduz em juízo pretensão incompatível com os interesses conflitantes de autor e réu
de um processo cognitivo pendente. O autor da ação de oposição é o opoente; os réus,
em litisconsórcio necessário ulterior e simples, são os opostos.

Se a oposição for oferecida antes da audiência de instrução, será apensada aos autos
principais e correrá simultaneamente com a ação principal, sendo ambas julgadas
pela mesma sentença (art. 59 do CPC). Há unidade procedimental e decisória.

Se a a oposição é oferecida depois de iniciada a audiência de instrução e julgamento,


ela seguirá o procedimento ordinário, sendo julgada sem prejuízo da ação principal,
conforme determina o artigo 60 do CPC. Este mesmo dispositivo legal, entretanto,
permite que o juiz sobreste o andamento do processo principal, por prazo nunca
superior a noventa dias, para julgá-lo juntamente com a oposição.

É válido evidenciar que, sendo dever do juiz julgar a oposição e a ação principal na
mesma sentença, o artigo 61 do CPC determina que o magistrado conheça primeiro
da oposição. Isso se dá pela própria natureza jurídica do instituto, que é incidente
processual que tem o condão de interferir na decisão da lide principal.

Obs.: O NOVO CPC deixou de considerar a oposição um modalidade de intervenção


de terceiro, tratando-a no capítulo de procedimentos especiais (art. 680 a 684 do
NCPC).

[TJCE]. A sentença proferida na oposição é única?


A sentença será única se a oposição ocorrer antes da audiência de instrução (oposição
interventiva - art. 59). A oposição interventiva é, rigorosamente, uma intervenção de
terceiro. Trata-se de incidente do processo e, após essa intervenção, o juiz terá de
julgar, simultaneamente, a ação e a oposição.

Entretanto, se ajuizada após a audiência de instrução, mas antes da sentença, será


regulada pelo art. 60, recebendo o nome de oposição autônoma. Não é uma
intervenção de terceiro, mas sim um processo incidente: processo novo originado
pelo terceiro. Poderá o juiz, todavia, sobrestar no andamento do processo, por prazo
nunca superior a 90 (noventa) dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição.
Assim, no caso de oposição autônoma, poderá haver sentença única, mas não é
obrigatório.

# NOMEAÇÃO À AUTORIA.

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[TJCE]. Nomeação à autoria e suas características?


Modalidade de intervenção provocada pelo réu, instituto exclusivo do processo de
conhecimento. Além disso, é um dever do réu, diferentemente do que ocorre no
chamamento ao processo. Seu objetivo é corrigir o pólo passivo do processo. Aquele
demandado que não é o legitimado tem o dever de indicar ao autor quem é o
legitimado.

Na nomeação à autoria, o nomeado (e só ele) tem relação com o adversário do


nomeante. Exige-se dupla aceitação (do autor e do nomeado).

[TJCE]. O nomeante pode ser responsabilizado por perdas e danos?


A nomeação é um dever do réu. Caso deixe de fazê-lo, responderá por perdas e danos
(art. 69), em ação própria a ser proposta pelo prejudicado.

[TJCE]. Quem deve nomear a autoria? O que difere a nomeação a autoria e a


ilegitimidade?
R: A nomeação à autoria é uma intervenção de terceiro provocada pelo réu. Não é
opcional, é obrigatória nos casos previstos em lei. O réu tem o dever de nomear à
autoria.

Tem o objetivo de gerar uma troca do polo passivo do processo. O réu demandado
tem o dever de, em certos casos, quando afirmar a sua ilegitimidade, dizer quem é o
legitimado. O legitimado vem ao processo, o nomeante sai do processo e o nomeado
entra em seu lugar: há uma troca dos sujeitos (sai o sujeito demandado indevidamente
e entra aquele que deveria ser o réu).

[TJCE]. Se quem deva nomear não o faz o que ocorre? E se o legitimado negar a
nomeação, o que o juiz deve fazer?
Art. 69. Responderá por perdas e danos aquele a quem incumbia a nomeação:

I - deixando de nomear à autoria, quando Ihe competir;

II - nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome detém a coisa demandada.

Art. 66. Se o nomeado reconhecer a qualidade que Ihe é atribuída, contra ele correrá o
processo; se a negar, o processo continuará contra o nomeante.

# DENUNCIAÇÃO DA LIDE.
[TJCE]. Denunciação da lide é sempre obrigatória? Quais as hipóteses e por que?
Não. Apesar de a literalidade do art. 70. Vem prevalecendo que apenas na hipótese
do inciso I (evicção) do art. 70 será obrigatória a denunciação da lide. Isso em razão
do disposto no art. 456 do CC - Para poder exercitar o direito que da evicção lhe
resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos
anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo).

HIPÓTESES DE DENUNCIACAO:

 Denunciação da lide pelo comprador evicto

 Denunciação da lide do possuidor direto (art. 70, II, do CPC)

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 Denunciação do obrigado, por lei ou contrato, a indenizar regressivamente a parte


(art. 70, III, do CPC)

[TJCE]. Que papel processual assume o litisdenunciado que aceita a denunciação?


Pelas previsões contidas nos arts. 74 e 75, II, do CPC, a denunciação da lide –
realizada por autor ou réu – tornará o denunciante e o denunciado litisconsortes. A
denunciação da lide, portanto, criaria um litisconsórcio:

(a) ulterior, já que formado depois da propositura da demanda;

(b) passivo ou ativo a depender de ser o denunciante autor ou réu na demanda


originária;

(c) facultativo, porque a denunciação é facultativa, e, mesmo diante da polêmica


em torno do art. 70, I, do CPC, o processo não será extinto sem resolução do
mérito, caso a parte não realize a denunciação da lide;

(d) unitário, porque a decisão da ação principal será obrigatoriamente no


mesmo sentido para denunciante e denunciado.

É natural que essa relação de litisconsórcio só pode ser considerada na demanda


originária, visto que na demanda secundária formada pela denunciação da lide o
denunciante é adversário do denunciado.

[TJCE]. O que é e para que serve à denunciação da lide? Todas são obrigatórias?
Há exceção? Quais são as hipóteses de denunciação da lide?
R: É uma intervenção de terceiro que pode ser provocada pelo autor ou pelo réu. Se
for provocada pelo autor, o autor já deve denunciar a lide já na própria petição inicial.
A denunciação da lide pelo réu costuma ser apresentada na contestação. No entanto,
o Código permite que ele somente denuncie a lide, antes do prazo de 15 dias, e depois
apresente contestação.

A denunciação da lide é uma demanda, é uma ação regressiva. É uma ação pela qual
se busca o ressarcimento de um prejuízo. A denunciação da lide não apenas traz um
sujeito novo ao processo, mas também acrescenta ao processo um pedido novo.

É uma demanda regressiva eventual. O denunciante denuncia a lide antes de sofrer o


prejuízo, para trazer logo o terceiro, já pensando na hipótese de perder a demanda e
vir a sofrer um prejuízo.

No que pertine a obrigatoriedade da denunciação da lide, temos:

1) art. 70, CPC: pela letra da lei, a denunciação da lide seria sempre obrigatória;

2) art. 70, I, CPC: somente nos casos de evicção seria obrigatória, pois nesse caso ela
é tradicionalmente obrigatória (o CC teria imposto a denunciação da lide), herdando
uma característica do chamamento à autoria;

3) nem sempre no inciso I ela seria obrigatória, há casos de evicção em que a


denunciação da lide não é obrigatória.

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Há casos em que a denunciação da lide é proibida pelo legislador, como nos Juizados
Especiais. Há casos em que a denunciação da lide não é possível, como nos casos de
evicção por ato administrativo (ex.: o DETRAN apreende o veículo dizendo que ele
é produto de roubo). Nos casos em que a evicção é proibida ou não é possível, cabe
ação autônoma de evicção (portanto, a denunciação não é obrigatória);

4) não é obrigatória NUNCA. A regra do CPC é obsoleta, foi feita para o chamamento
à autoria e não para a denunciação da lide.

As hipóteses estão no art. 70:

A denunciação da lide é obrigatória:

I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido
à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta;

II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito,


em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em
nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;

III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação
regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.

[TJCE]. Quais são as atitudes do denunciado? É obrigado a seguir as mesmas teses


do denunciante?
R: Qual é a posição do denunciado na demanda original? Depende. Na demanda da
denunciação da lide ele é réu, na demanda original, há discussão. Existem três
correntes:

1) O denunciado assume a posição de litisconsorte unitário do denunciante contra


“A”. Que litisconsórcio é esse? Litisconsórcio unitário. “C” estará na demanda 1
como legitimado extraordinário, pois ele estará ali para defender “B” (é a posição
que prevalece e é adotada pelo Código);

2) O denunciado é assistente litisconsorcial do denunciante (entendimento de


Cândido Dinamarco);

Para o prof. Fredie, esse pensamento é idêntico ao primeiro, pois a assistência


litisconsorcial é rigorosamente um litisconsórcio unitário, só muda o nome.

3) O denunciado é assistente simples do denunciante, em face do seu adversário


(corrente de Nelson Nery).

O Código determina que se trata de um litisconsórcio unitário (art. 74, CPC).

O denunciado não tem relação com o adversário do denunciante. A relação que ele
tem é com o denunciante.

[TJCE]. O que a sentença tem que deixar declarado e resolvido? O que formará?
R: Art. 76. A sentença, que julgar procedente a ação, declarará, conforme o caso, o
direito do evicto, ou a responsabilidade por perdas e danos, valendo como título
executivo.

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6. Do procedimento. Procedimento comum ordinário. Procedimento


sumário.

# PROCEDIMENTO SUMÁRIO.
[TJCE]. O procedimento sumário é cabível pra qualquer ação?
Não, ele é aplicável nas causas relacionadas no art. 275 do CPC.

[TJCE]. O juiz pode transformar o rito de sumario para ordinário?


Sim, art. 277, § 4º, do CPC.

[TJCE]. Coisa julgada no CDC é a mesma coisa que coisa julgada no CPC?
Não, pois no CDC a sentença improcedente por insuficiência de provas no processo
coletivo, art. 103 do CDC, não faz coisa julgada. E a insuficiência de provas no CPC
faz.

[TJCE]. Na pratica o que significa extensão dos efeitos da coisa julgada?


É a dimensão, a amplitude que a coisa julgada atinge, quem e o que sofrem os efeitos
da coisa julgada.

[TJCE]. A decisão na ação coletiva pode prejudicar o direito na ação individual?


Sim, o art. 22, § 1º da lei 12016/09 dispõe que os efeitos da coisa julgada no MS
coletivo, não beneficiara o impetrante a título individual se não requere a desistência
de seu mandado de segurança no prazo de 30 dias.

7. Dos atos processuais. Definição. Características dos atos processuais.


Princípios dos atos processuais. Classificação dos atos processuais. Atos
do Juiz. Atos das partes. Atos dos auxiliares das partes. Atos processuais
simples e complexos. Documentação dos atos processuais. Local da
prática dos atos processuais. Da forma dos atos processuais. Tempo
para a prática dos atos processuais. Das comunicações dos atos
processuais. Das cartas. Das citações. Das intimações. Das nulidades. De
outros atos processuais. Da distribuição e do registro. Do valor da causa.
Dos prazos. Conceito. Classificação. Princípios. Contagem. Prazos
especiais. Preclusão. Espécies de Preclusão. O juiz: poderes, deveres e
responsabilidades. O Ministério Público e os Auxiliares da justiça.

# ATOS PROCESSUAIS: PRINCÍPIOS, CARACTERÍSTICAS, CLASSIFICAÇÃO.


[TJCE]. Como se classificam os atos processuais? Os atos postulatórios, quando
inicia a sua validade? Como se trata a publicidade dos atos processuais? Como age
o princípio que os atos processuais não são realizados de acordo com a forma? Com
o processo eletrônico todos os princípios são mantidos? Quanto ao tempo e lugar
houve alteração?
- OS ATOS DAS PARTES podem ser classificados em (AMARAL SANTOS,
2010, p. 295 e 296; CI NTRA, GRINOVER, DINAMARCO, 2009, p. 360 ss.):

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a) Postulatórios , que são aqueles em que se postulam pronunciamento do juiz, seja


quanto à admissibilidade da postulação (a regularidade do processo), seja quanto ao
seu conteúdo (mérito) - a ex. da petição inicial, contestação, recurso.

b) Instrutórios , que se destinam a convencer o juiz, seja com alegações de fato, seja
com a proposição e produção de provas sobre elas. Destacam-se, assim, como
espécie, os atos probatórios propriamente ditos ou instrutórios em sentido estrito (cf.
sentido doart. 454, CPC), consistentes no ofereci mento e produção de provas.

c) Reais ou de afirmação , que se "manifestam pela coisa, não pela palavra"


(AMARAL SANTOS, 2010, p. 296). As partes não postulam, só age m
materialmente. Trata-se de atos-fatos materiais, em que a vontade do agente é
irrelevante para o direito, que valora o ato humano como se fosse um fato, um
aconteci mento. São exemplos o pagamento de custas, o comparecimento físico na
audiência, exibição de documentos etc.

d) Dispositivos (ou negócios processuais, para alguns), que são declarações de


vontade destinadas a dispor da tutela jurisdicio-nal ou de alguma posição jurídica
processual. Podem ser:

d.1. unilaterais, quando a declaração é de uma só parte - a ex. da desistência da ação


ou de recurso, do reconhecimento da procedência do pedido, da renúncia ao direito;

d . 2. concordantes, quando uma parte adere à vontade da parte contrária, seja


expressa, seja tacitamente. É o que se dá com a concordância do réu com a desistência
da ação (art. 267, §4.º, CPC) ou com modificação de competência relativa, não
excepcionando o foro escolhido (art. 114, CPC); e

d.3. contratuais , que se configura em casos em que a declaração de vontade é de


ambas as partes. Basta imaginar a convenção para suspensão do processo, foro de
eleição, compromisso arbitral (arts. 265, li, 111, e 267, VII, CPC).

Na forma do art. 158, CPC, os atos da parte consistentes em declaração unilateral ou


bilateral de vontade (o que exclui, para alguns, os atos reais e instrutórios), produzem
efeitos imediatos, para constituir , modificar ou extinguir "direitos processuais",
independentemente de redução a termo ou de homologação judicial. Entretanto, a
desistência do processo só produz efeitos de pois de homologada por sentença (art.
158, parágrafo único, CPC)

OS ATOS DO JUIZ. Os pronunciamentos judiciais se subdividem em decisões ou


despachos.

As decisões são atos pelos quais o juiz resolve questões dentro do processo, sejam
elas incidentais (controvérsias tático-jurídicas) ou principais (pedidos). Que por sua
vez podem ser:

a) Do juízo singular: decisões interlocutórias / sentença terminativa ou


definitiva.

b) Do juízo colegiado: monocráticas / acórdãos.

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Os despachos têm definição legal por exclusão: "Todos os demais atos do juiz
praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não
estabelece outra forma". Com isso, o legislador não diz muito, não atribuindo um
significado ao despacho, constata-se (DINAMARCO, 2009, p. 510

ATOS DOS AUXILIARES. Os atos dos auxiliares da justiça podem ser de


movimentação, documentação, execução e comunicação (cf. AMARAL SANTOS,
2010, p. 298 ss.; CI NTRA; GRI NOVER; DINAMARCO, 2009, p. 360).

Os atos de movimentação visam dar impulso e andamento ao processo. São


exemplos: conclusão dos autos para o juiz, a remessa dos autos a outro órgão
julgador, termo de vista dos autos ao Ministério Público, expedição de mandados e
ofícios.

Os atos de documentação são aqueles que certificam e atestam a práticas de atos pelas
partes, pelo magistrado ou outros órgãos auxiliares da justiça. São exemplos: certidão
de que o mandado foi entregue ao oficial de justiça.

Os atos de execução são atos de cumprimento de ordem e mandados judiciais, fora


do juízo (a ex. da penhora e busca-apreensão). Normalmente, são realizados por
oficial de justiça.

Já os atos de comunicação são as citações e intimações implementadas por obra do


escrivão, com auxílio dos correios, órgãos de imprensa ou de comunicação, ou pelo
oficial de justiça, no cumprimento dos mandados judiciais.

- Os atos processuais devem ser públicos. Trata-se de direito fundamental que visa
permitir o controle da opinião pública sobre os serviços da justiça, máxime sobre o
poder de que foi investido o juiz. Desta forma, há uma íntima relação entre o princípio
da publicidade e da motivação das decisões judiciais, na medida em que a publicidade
torna efetiva a participação no controle das decisões judiciais; trata-se de verdadeiro
instrumento de eficácia da garantia da motivação das decisões judiciais. A
publicidade dada aos atos judiciais tem a capacidade de garantir aos cidadãos a
correta aplicação da justiça visando tornar transparentes os atos processuais
praticados pelo magistrado durante a persecução civil ou penal. A Constituição
Federal estabelece possibilidade de restrição (mas não eliminação) à publicidade
externa: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa
da intimidade ou o interesse social o exigirem” (CF/88, artigo 5º, LX). A publicidade
restrita foi adotada pelo diploma de Processo Civil, artigo 155 e parágrafo único: a)
em que o exigir o interesse público; b) que dizem respeito ao casamento, filiação,
separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de
menores, diferentemente do que previa os artigos 5º e 19º do Código de 1939.

- Principio da lnstrumentalidade das formas (ou transcendência). Arts. 244, 248,


segunda parte, 249, §1.0 e 250, CPC. O defeito, por si só, não conduz à invalidade
do ato. O defeito que impede o ato de alcançar sua fi nalidade, gerando, pois, prejuízo
(ao interesse público ou das partes), conduz à sua invalidade. A in validade pressupõe
defeito e prejuízo. Logo, em contrapartida, não há nulidade processual sem prejuízo
(pas de nu//ité sans grief), cf. arts. 244, 248, segunda parte, 249, §1.0 e 250, CPC.

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Por exemplo, se a sentença, apesar de não ter fundamentação própria, reporta-se aos
fundamentos de outro ato processual (decisão ou parecer , por exemplo), tem-se a
chamada "fundamentação per relation em" (por referência). Apesar de implementada
de forma diferente da prevista em lei, não causará prejuízo se: i) a fundamentação
referida for substancial; ii) conste de peça presente nos mesmos autos; e iii) não tenha
ocorrido fatos novos após sua elaboração, que exijam novos raciocínios e
justificações (M OREIRA, 2004, p.121; DIDIER; BRAGA; OLIVEI RA, 2011, p.
301).

- Os princípios processuais tradicionais, como o dispositivo (flexibilização deste


principio, pois a postura do juiz passar a ser mais atuante em razão da gama de
informações existente na internet, sem comprometer sua imparcialidade), a
territorialidade (questão polêmica em razão da facilidade de acesso do mundo virtual,
mas entende-se que principio continuará a existir, porem, com adaptação) e a
publicidade, ganham contornos diversos, considerando o ambiente virtual de
tramitação dos atos processuais, bem como o amplo acesso ao processo eletrônico
pelos mais diversos modos e lugares. Ganha relevância, ainda, a modificação da
oralidade em matéria processual, quando se verifica que é possível a inclusão nos
autos virtuais da prova legal produzida em sua integralidade, especialmente com
depoimentos pessoais e testemunhais gravados em áudio ou vídeo, com ganhos na
obtenção da prestação jurisdicional de forma mais pertinente para o caso concreto
em exame, momento em que novos conceitos são introduzidos, como a
intermidialidade e a hiper-realidade.

# ATOS DAS PARTES. ATOS DO JUIZ.


[TJCE]. Quais os atos do Juiz?
- OS ATOS DAS PARTES podem ser classificados em (AMARAL SANTOS,
2010, p. 295 e 296; CI NTRA, GRINOVER, DINAMARCO, 2009, p. 360 ss.):

a) Postulatórios , que são aqueles em que se postulam pronunciamento do juiz, seja


quanto à admissibilidade da postulação (a regularidade do processo), seja quanto ao
seu conteúdo (mérito) - a ex. da petição inicial, contestação, recurso.

b) Instrutórios , que se destinam a convencer o juiz, seja com alegações de fato, seja
com a proposição e produção de provas sobre elas. Destacam-se, assim, como
espécie, os atos probatórios propriamente ditos ou instrutórios em sentido estrito (cf.
sentido doart. 454, CPC), consistentes no ofereci mento e produção de provas.

c) Reais ou de afirmação , que se "manifestam pela coisa, não pela palavra"


(AMARAL SANTOS, 2010, p. 296). As partes não postulam, só age m
materialmente. Trata-se de atos-fatos materiais, em que a vontade do agente é
irrelevante para o direito, que valora o ato humano como se fosse um fato, um
aconteci mento. São exemplos o pagamento de custas, o comparecimento físico na
audiência, exibição de documentos etc.

d) Dispositivos (ou negócios processuais, para alguns), que são declarações de


vontade destinadas a dispor da tutela jurisdicio-nal ou de alguma posição jurídica
processual. Podem ser:

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d.1. unilaterais, quando a declaração é de uma só parte - a ex. da desistência da ação


ou de recurso, do reconhecimento da procedência do pedido, da renúncia ao direito;

d . 2. concordantes, quando uma parte adere à vontade da parte contrária, seja


expressa, seja tacitamente. É o que se dá com a concordância do réu com a desistência
da ação (art. 267, §4.º, CPC) ou com modificação de competência relativa, não
excepcionando o foro escolhido (art. 114, CPC); e

d.3. contratuais , que se configura em casos em que a declaração de vontade é de


ambas as partes. Basta imaginar a convenção para suspensão do processo, foro de
eleição, compromisso arbitral (arts. 265, li, 111, e 267, VII, CPC).

Na forma do art. 158, CPC, os atos da parte consistentes em declaração unilateral ou


bilateral de vontade (o que exclui, para alguns, os atos reais e instrutórios), produzem
efeitos imediatos, para constituir , modificar ou extinguir "direitos processuais",
independentemente de redução a termo ou de homologação judicial. Entretanto, a
desistência do processo só produz efeitos de pois de homologada por sentença (art.
158, parágrafo único, CPC)

- Art. 161, CPC-73 (novo CPC, art. 202). “É defeso lançar, nos autos, cotas marginais
ou interlineares; o juiz mandará riscá-las, impondo a quem as escrever multa
correspondente à metade do salário mínimo vigente na sede do juízo”. A expressão
‘lançar cotas marginais ou interlineares’ nos autos, procedimento vedado pelo art.
161 do CPC, abrange expressões, frases, palavras ou orações que as partes, por seus
procuradores, ou, ainda, o Ministério Público e até mesmo o serventuário da Justiça
lançam em seus escritos, à margem ou nas entrelinhas, ou em escritos da parte
contrária. Cuidando-se de norma que contém sanção para sua infração, a
correspondente interpretação deve ser restritiva, não se afastando dos expressos
termos do dispositivo. Assim, não são abrangidas na proibição expressões impressas
em papel timbrado do advogado.

- OS ATOS DO JUIZ. Os pronunciamentos judiciais se subdividem em decisões ou


despachos.

As decisões são atos pelos quais o juiz resolve questões dentro do processo, sejam
elas incidentais (controvérsias tático-jurídicas) ou principais (pedidos). Que por sua
vez podem ser:

a) Do juízo singular: decisões interlocutórias / sentença terminativa ou


definitiva.

b) Do juízo colegiado: monocráticas / acórdãos.

Os despachos têm definição legal por exclusão: "Todos os demais atos do juiz
praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não
estabelece outra forma". Com isso, o legislador não diz muito, não atribuindo um
significado ao despacho, constata-se (DINAMARCO, 2009, p. 510

[TJCE]. Saneador é despacho?


Despacho saneador é aquele no qual o juiz separa as questões prévias do mérito da
causa, sana as irregularidades e nulidades, verifica a legitimidade das partes, a

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existência do legítimo interesse moral ou econômico e decide sobre provas úteis ao


processo, sendo que, caso não haja a necessidade de produção de mais provas, o feito
será julgado antecipadamente, no estado em que se encontra. "O novo código
reservou o nome de despacho saneador não para o que expunge o processo de seus
vícios e irregularidades, sim para aquele que o declara livre desses mesmos vícios e
em condições de prosseguir na fase instrutória. O saneador, portanto, é decisão
sempre Interlocutória, insuscetível de pôr fim ao processo, que apenas resolve, com
força preclusiva, questões incidentes, relativas aos pressupostos processuais,
condições da ação e validade dos atos do procedimento na fase postulatória." (J. J.
CALMON DE PASSOS, Comentários ao Código de Processo Civil. Ed. For., 1ª
ed., vol. III. p. 442)

[TJCE]. O advogado pode rubricar as peças do processo? As testemunhas podem


também? E com o processo eletrônico?
Sim, tal situação encontra-se prevista no parágrafo único do art. 167 do Código de
processo civil, com a seguinte redação:

Parágrafo único. Às partes, aos advogados, aos órgãos do Ministério Público, aos
peritos e às testemunhas é facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que
intervieram.

No que tange ao processo eletrônico não há qualquer dispositivo legal que impeça a
rubrica das peças processuais, porém, uma vez que todo o processo é digitalizado,
resta fisicamente impossível tal rubrica.

[TJCE]. Quais são os atos do juiz? Quais são passíveis de recursos?


Os atos do juiz consistem em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. Dentre
os 3 apenas os despachos não são, em regra, passíveis de recurso, uma vez que não
possuem carga decisória.

[TJCE]. Os atos das partes produzem efeito desde quando? E a desistência?


Em regra os atos das partes produzem efeitos imediatamente, a teor do art. 158 do
CPC. Já a desistência, por sua vez, só produz efeito após a sua homologação por
sentença. Cumpre ainda ressaltar que após a angularização do processo, a desistência
só poderá ter efeitos no caso de a outra parte concordar com tal ato.

# TEMPO E LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS.


[TJCE]. Durante férias e feriados é possível realizar atos processuais?
Tanto nos feriados como nas férias não se praticam atos processuais (art. 173 - CPC).
Em caráter excepcional, porém, permite o Código a prática dos seguintes atos durante
as férias e nos feriados (art. 173, I e II - CPC):

i) a produção antecipada de provas (art. 846 - CPC);

ii) a citação - a fim de evitar o perecimento de direito; e bem assim o arresto, o


sequestro, a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a
separação de corpos, a abertura de testamentos, os embargos de terceiro, a nunciação
de obra nova e outros atos análogos.

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Deve-se atentar que o art. 173 - CPC não prevê o andamento dos processos nas férias,
mas tão somente a prática de determinados atos (art. 173, I e II - CPC). Destarte,
iniciado o processo, praticado o ato urgente e feita a citação, "o prazo para a resposta
do réu só começará a correr no primeiro dia útil seguinte ao feriado ou às férias" (art.
173, parágrafo único - CPC).

Note-se que a eventual existência de juiz de plantão nas férias é irrelevante para os
fins do art. 173 - CPC, pois ele praticará apenas os atos processuais que a lei permite
sejam efetuados em férias.

Há feitos, porém, que têm curso normal no período de férias, que se processam
durante as férias e não se suspendem, como os demais, pela superveniência delas.

Acham-se eles enumerados pelo art. 174º - CPC e são os seguintes:

i) os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à conservação de


direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento;

ii) as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e curadores,


bem como as de procedimento sumário, mencionadas no art. 275 - CPC;

iii) todas as causas que a lei federal determinar.

O STJ entende que deve ser aplicado ao prazo de ajuizamento da ação rescisória a
regra geral do art. 184, § 1º, do CPC, com o objetivo de atender aos princípios da
razoabilidade, efetividade e instrumentalidade, evitando que se subtraia da parte a
plenitude do prazo a ela legalmente concedido.

§ 1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em


feriado ou em dia em que:

I - for determinado o fechamento do fórum;

II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal.

O termo final do prazo para o ajuizamento da ação rescisória, embora decadencial,


prorroga-se para o primeiro dia útil subsequente se recair em dia de não funcionamento
da secretaria do Juízo competente. STJ. Corte Especial. REsp 1.112.864-MG, Rel. Min.
Laurita Vaz, Corte Especial, julgado em 19/11/2014 (recurso repetitivo) (Info 553).

[TJCE]. O que são feriados para efeitos forenses?


FERIADOS FORENSES: Consideram-se feriados os dias não úteis, isto é, aqueles
em que não há expediente forense, como os domingos, dias de festa nacional ou local
e os sábados, quando as normas de organização judiciária suspenderem a atividade
judiciária nesses dias (art. 175 - CPC). Art. 175. São feriados, para efeito forense, os
domingos e os dias declarados por lei.

FÉRIAS FORENSES: Constituem dias não úteis, e equiparam-se aos feriados, os que
se compreendem nos períodos de férias da Justiça.

As férias forenses são a paralisações regular e coletiva, durante determinados


períodos do ano, por determinação da lei de organização judiciária que ocasionam a
suspensão dos serviços forenses por um período prolongado.

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Art. 178. O prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se interrompendo
nos feriados.

Art. 179. A superveniência de férias suspenderá o curso do prazo; o que Ihe sobejar
recomeçará a correr do primeiro dia útil seguinte ao termo das férias.

[TJCE]. O ato processual se pratica de que horas a que horas? E com o processo
eletrônico?
De acordo com o CPC, em regra, os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das
seis às vinte horas.

Já na Lei 11.419/2006, que dispõe sobre o processo eletrônico, quando a petição


eletrônica for enviada para atender prazo processual, serão consideradas tempestivas
as transmitidas até as 24 (vinte e quatro) horas do seu último dia.

CPC, Art. 172. Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte)
horas.

§1º Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados antes,
quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano.

§2º A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante autorização


expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do horário
estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5HYPERLINK
"http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm"oHYPERLINK
"http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm", inciso
HYPERLINK
"http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm"XlHYPERLINK
"http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm", da Constituição
Federal.

§3º Quando o ato tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de petição,
esta deverá ser apresentada no protocolo, dentro do horário de expediente, nos termos
da lei de organização judiciária local.

Lei 11.419/2006, Art. 3º Consideram-se realizados os atos processuais por meio


eletrônico no dia e hora do seu envio ao sistema do Poder Judiciário, do que deverá ser
fornecido protocolo eletrônico.

Parágrafo único. Quando a petição eletrônica for enviada para atender prazo
processual, serão consideradas tempestivas as transmitidas até as 24 (vinte e quatro)
horas do seu último dia.

# FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS.


[TJCE]. Em relação a forma, a partir de que momento tem efeitos os atos?
[TJCE]. Pode haver citação e penhora à noite?
A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante autorização
expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do
horário estabelecido neste artigo (das 6hrs às 20hrs), observado o disposto no art. 5º,
inciso XI, da Constituição Federal.

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[TJCE]. Durante as férias e feriados podem ser praticados atos processuais?


Via de regra não.

Exceções: produção antecipada de provas; a citação, a fim de evitar o perecimento


de direito; e bem assim o arresto, o sequestro, a penhora, a arrecadação, a busca e
apreensão, o depósito, a prisão, a separação de corpos, a abertura de testamento, os
embargos de terceiro, a nunciação de obra nova e outros atos análogos.

Obs: O prazo para a resposta do réu só começará a correr no primeiro dia útil seguinte
ao feriado ou às férias.

Processam-se durante as férias e não se suspendem pela superveniência delas:

I - os atos de jurisdição voluntária bem como os necessários à conservação de


direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento;

II - as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e


curadores, bem como as mencionadas no art. 275;

III - todas as causas que a lei federal determinar.

[TJCE]. Há férias coletivas para magistrado de primeira instância?


NÃO. As férias coletivas na primeira e na segunda instâncias foram extintas pela
Emenda Constitucional 45 de 2004. Sem elas, os juízes estão distribuindo seus 60
dias de férias pelo ano, da forma que acharem mais adequada. Além disso, há os 18
dias de recesso no final do ano.

[TJCE]. Em que horários são praticados atos processuais? E os atos eletrônicos?


Das 6hrs às 20hrs. No entanto, deve haver obediência ao horário de expediente
estabelecido pelo tribunal de justiça. Especialmente no caso de atos que devam ser
realizados mediante protocolo.

Os atos eletrônicos são regulados por lei própria (lei 11419/06), que determina que
quando a petição eletrônica for enviada para atender prazo processual, serão
consideradas tempestivas as transmitidas até as 24 (vinte e quatro) horas do seu
último dia. Portanto, não há limitação de horário ou de expediente.

[TJCE]. Em que horário podem ser praticados os atos processuais? A citação pode
ser realizada de madrugada? Existe regra constitucional vedando?
Art. 172. Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.

§ 2o A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante autorização


expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do horário
estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5o, inciso Xl, da Constituição
Federal. (XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial);

[TJCE]. Quais atos podem ser praticados nas férias e feriados?


Art. 173. Durante as férias e nos feriados não se praticarão atos processuais. Excetuam-
se:

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I - a produção antecipada de provas (art. 846);

II - a citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e bem assim o arresto, o sequestro,


a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação de
corpos, a abertura de testamento, os embargos de terceiro, a nunciação de obra nova e
outros atos análogos.

Parágrafo único. O prazo para a resposta do réu só começará a correr no primeiro dia
útil seguinte ao feriado ou às férias.

[TJCE]. Como são previstas as formas dos atos processuais? Onde se realizam os
atos processuais? Em quais situações os atos podem ser realizados fora da sede do
juízo? Em que momento os atos processuais são realizados? E no processo
eletrônico?
Conforme art. 154 do CPC, os atos e termos processuais não dependem de forma
determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que,
realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial (princípio da
liberdade das formas). Assim, se o ato atende a sua finalidade, mesmo que praticado
de outro modo, é reputado válido, caracterizando o princípio da instrumentalidade
das formas. Necessário se faz, portanto, verificar se inobservada a forma prescrita, a
finalidade foi atingida, sem causar prejuízo às partes ou a terceiros.

Em seu § 2º, apregoa-se que todos os atos e termos do processo podem ser
produzidos, transmitidos, armazenados e assinados por meio eletrônico, na forma da
lei.

A Lei nº 9.800/99 permite a utilização de sistema de transmissão de dados e


imagens tipo fac-símile ou outro similar para a prática de atos processuais. Nessa
hipótese, as manifestações originais devem ser entregues em juízo no prazo de 05
dias da data de término do prazo para o ato.

Os atos processuais são públicos. Todavia, correm em segredo de justiça os


processos: I – em que o exigir o interesse público; Il – que dizem respeito a
casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos
e guarda de menores.

Ainda quanto à forma dos atos processuais, tem-se que em todos eles é obrigatório
o uso do vernáculo (art. 156, CPC). Nesse sentido, só poderá ser juntado aos autos
documento redigido em língua estrangeira quando acompanhado de versão em
vernáculo, firmada por tradutor juramentado (art. 157, CPC).

Nos termos do art. 176 do CPC, tem-se que os atos processuais ordinariamente
realizam-se na sede do juízo. Podem, todavia, efetuar-se em outro lugar, em razão de
deferência (art. 411, CPC – natureza do cargo que ocupam determinadas pessoas), de
interesse da justiça (por ex., art. 442, CPC – hipóteses de inspeção judicial), ou de
obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz (por ex., art. 336, p.único,
CPC – enfermidade de testemunha).

Conforme o art. 172, CPC, os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6
(seis) às 20 (vinte) horas. Assim, têm lugar nos dias úteis, ou seja, naqueles que não
são feriados para efeitos forenses (art. 175, CPC). Esse horário previsto no caput não
se confunde com o horário forense, que é aquele em que o fórum se encontra aberto

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ao público e que regula a tempestividade, objeto da lei de organização judiciária local


(art. 172, § 3º, CPC).

“Para a realização de atos processuais externos, o sábado é considerado dia útil.


Apenas é tido como dia não útil para efeito de contagem de prazo, uma vez que nele,
normalmente, não há expediente forense” (STJ-4ªT, REsp 122.025-PE, j.13/10/97).

Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados antes,
quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. Pressupõe o início
dentro do horário legalmente previsto (das 6h às 20h).

OBS. horário bancário:

“É pacífico o entendimento desta Corte no sentido da possibilidade de se efetuar o


preparo no dia seguinte ao último dia do prazo recursal, caso o recurso tenha sido
interposto após o horário de expediente bancário.” (STJ-4ªT, AgRg no AREsp
555119/RJ, j.23/10/2014).

A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante autorização


expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do
horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5º, inciso Xl, da
Constituição Federal. Deve-se respeitar o direito fundamental à inviolabilidade
domiciliar. A citação e a penhora são apenas exemplos dados pelo legislador, não
sendo o rol taxativo. O que legitima esse preceito é a urgência.

Quando o ato tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de petição,
esta deverá ser apresentada no protocolo, dentro do horário de expediente, nos termos
da lei de organização judiciária local (art. 172, § 3º, CPC). Assim, sempre que o ato
for daqueles que se praticam por meio de petição, como os recursos, a manifestação
da parte terá de ser protocolada, dentro do horário de expediente estabelecido pela lei
de organização judiciária local. Deve-se registrar que o horário útil para protocolar
petições não é o genérico do caput do art. 172, onde se prevê a eventualidade de atos
processuais até às 20 horas, mas sim aquele assinalado pela lei de organização
judiciária.

Nos termos do art. 173 do CPC, tem-se que durante as férias e nos feriados não se
praticarão atos processuais. Faz referência às férias forenses, o que já não é mais
possível (art. 93, XII, CF, após a EC 45/04 – a atividade jurisdicional é ininterrupta).

Excetuam-se dessa regra: I – a produção antecipada de provas (art. 846); II – a


citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e bem assim o arresto, o sequestro,
a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação de
corpos, a abertura de testamento, os embargos de terceiro, a nunciação de obra nova
e outros atos análogos.

O prazo para a resposta do réu só começará a correr no primeiro dia útil seguinte
ao feriado ou às férias.

Informativo 525/STJ: Suspensão de Prazo: A greve de advogados públicos não constitui


motivo de força maior a ensejar a suspensão ou devolução dos prazos processuais (art.
265, V, do CPC).

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Informativo 550/STJ: Estando suspenso o expediente forense por conta do recesso, ficam
suspensos não apenas os prazos processuais, como também os prescricionais: Na
hipótese em que o Tribunal suspenda, por força de ato normativo local, os atos
processuais durante o recesso forense, o termo final do prazo prescricional que coincidir
com data abrangida pelo referido recesso prorroga-se para o primeiro dia útil posterior
ao término deste. STJ-3ªT. REsp 1.446.608-RS, j.21/10/2014.

A teor do art. 174 do CPC, processam-se durante as férias e não se suspendem


pela superveniência delas: I – os atos de jurisdição voluntária bem como os
necessários à conservação de direitos, quando possam ser prejudicados pelo
adiamento; II – as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores
e curadores, bem como as mencionadas no art. 275; III – todas as causas que a lei
federal determinar. Segundo Marinoni e doutrina majoritária, esse artigo não foi
recepcionado pela EC 45/04, que proibiu as férias forenses (art. 93, XII, CF).

Nos termos do art. 175 do CPC, são feriados, para efeito forense, os domingos e
os dias declarados por lei. Assim, o recesso forense é considerado feriado.

Por fim, quanto ao momento dos atos processuais eletrônicos, tem-se que a Lei
11.419/06 institui regra diferente da fixada pelo art. 172, § 3º, do CPC. As petições
são consideradas tempestivas quando remetidas até as 24 horas do último dia de prazo
(Lei 11.419/06, arts. 3º, parágrafo único, e 10º, § 1º).

Utilizado meio eletrônico para a prática de qualquer ato processual, será ele
havido realizado no dia e hora do seu envio ao sistema do Poder Judiciário. A
comunicação é feita diretamente entre a parte e o Órgão Judicial, cabendo a este
fornecer protocolo eletrônico, dentro de seu sistema (Lei 11.419, art. 3º, caput).

# DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS.


[TJCE]. Qual a regra dos atos processuais, liberdade das formas ou cumprimento
de regras?
R: Nos termos do Art. 154, CPC, vige o sistema da liberdade das formas. “Os atos e
termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei
expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe
preencham a finalidade essencial”.

[TJCE]. Quais os atos que podem ser praticados sob segredo de justiça?
Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os
processos:

I - em que o exigir o interesse público;

Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta
em divórcio, alimentos e guarda de menores.

[TJCE]. O documento em língua estrangeira deve ser traduzido, mas quando o juiz
sabe a língua ele pode dispensar a tradução juramentada?
R: De acordo com Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery, “ainda que o
juiz da causa tenha conhecimento técnico-científico a respeito da área de
conhecimento sobre a qual deve recair a perícia (direito, medicina, história,

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economia, engenharia etc.) e tenha condições de, sozinho, fundamentar com


elementos técnicos as razões de seus convencimento, não pode subtrair das partes o
lídimo direito que elas têm (CF, art. 5º, LV) de fazer a prova pericial para a
demonstração de fato que dependa de conhecimento técnico-científico. A prova não
é produzida para a pessoa física do juiz, mas para o processo. Em outras palavras,
para o Poder Judiciário, o que engloba o tribunal que eventualmente apreciará recurso
oriundo do processo”.

No caso da tradução juramentada, aplica-se o mesmo entendimento da prova pericial.

[TJCE]. Desde quando os atos das partes produzem efeitos jurídicos? Efeitos
processuais?
Art. 158. Os atos das partes, consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de
vontade, produzem imediatamente a constituição, a modificação ou a extinção de direitos
processuais.

[TJCE]. A desistência da ação produz efeitos imediatos?


Art. 158, parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeito depois de
homologada por sentença.

[TJCE]. Quais são os atos do juiz? Os atos meramente ordinatórios dependem de


despacho do juiz?
Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

§ 1º Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e
269 desta Lei.

§ 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão
incidente.

§ 3o São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a


requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.

§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem


de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando
necessários

[TJCE]. O que significa atos marginais e interlineares? Quais as consequências das


cotas indevidas?
R: São observações, anotações, riscos, adendos realizados indevidamente pelas
partes nos autos do processo.

Art. 161. É defeso lançar, nos autos, cotas marginais ou interlineares; o juiz mandará
riscá-las, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade do salário mínimo
vigente na sede do juízo.

# DAS COMUNICAÇÕES DOS ATOS PROCESSUAIS.


[TJCE]. O que significa dizer que as cartas precatórias são itinerantes? Quais as
hipóteses? O juiz pode recusar o cumprimento?

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Caso o juízo deprecado verifique que o réu se encontra em território sujeito à


jurisdição de outro juiz. Deverá ele remeter os autos ao juiz do local onde se encontra
o réu, para a efetivação da diligência.

Artigo 204, CPC: A carta tem caráter itinerante; antes ou depois de lhe ser ordenado
o cumprimento, poderá ser apresentada a juízo diverso do que dela constar, a fim de
se praticar o ato.

O magistrado pode recusar o cumprimento: quando a precatória não estiver revestida


dos requisitos legais; quando carecer de competência em razão da matéria ou
hierarquia; quando tiver dúvida acerca de sua autenticidade.

[TJCE]. Citação é pressuposto de existência ou de validade?


Trata-se de pressuposto polêmico.

Para a 1 corrente: trata-se de pressuposto de existência: se o réu não foi citado, o


processo, o vínculo não existe para ele.

Para a 2 corrente: trata-se de pressuposto de validade que quando violado gera uma
nulidade insanável ou transrecisória.

[TJCE]. Qual a regra em relação a citação? Pode se realizar em qualquer situação?


A regra é a citação pelo correio, salvo quando vedada (art. 222, CPC), ou se o autor
preferir de outra forma.

# PRAZOS E COMUNICAÇÕES DOS ATOS PROCESSUAIS


[TJCE]. O que são prazos peremptórios e dilatórios? O que significa dizer que os
prazos são contínuos? Suspensão e interrupção dos prazos.
R: Segundo sua natureza, os prazos são considerados dilatórios ou peremptórios:

Dilatório – é o que, embora fixado na lei, admite ampliação pelo juiz ou que, por
convenção das partes, pode ser reduzido ou ampliado (art. 181 – CPC Podem as
partes, de comum acordo, reduzir ou prorrogar o prazo dilatório; a convenção, porém,
só tem eficácia se, requerida antes do vencimento do prazo, se fundar em motivo
legítimo).

Peremptório – é o que a convenção das partes e, ordinariamente, o próprio juiz, não


podem alterar (art. 182 – CPC Art. 182. É defeso às partes, ainda que todas estejam
de acordo, reduzir ou prorrogar os prazos peremptórios. O juiz poderá, nas comarcas
onde for difícil o transporte, prorrogar quaisquer prazos, mas nunca por mais de 60
(sessenta) dias.

Todo prazo, em regra, é contínuo, isto é, uma vez iniciado não sofrerá interrupção
em seu curso pela superveniência de feriado ou dia não útil (Art. 178. O prazo,
estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se interrompendo nos feriados).

Porém, nas férias forenses, os prazos terão esse efeito suspensivo, sem distinguir
entre prazo dilatório e peremptório. Paralisada a contagem, o restante do prazo
recomeçará a fluir a partir do primeiro dia útil seguinte ao término das férias (Art.

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179. A superveniência de férias suspenderá o curso do prazo; o que Ihe sobejar


recomeçará a correr do primeiro dia útil seguinte ao termo das férias).

Quanto à suspensão, aplica-se também o art. 180, CPC: “Suspende-se também o


curso do prazo por obstáculo criado pela parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses
do art. 265, I e III; casos em que o prazo será restituído por tempo igual ao que faltava
para a sua complementação” (Art. 265. Suspende-se o processo: I - pela morte ou
perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou
de seu procurador; II - pela convenção das partes).

# DAS CITAÇÕES E DAS INTIMAÇÕES.


[TJCE]. Citação é pressuposto de que? Existência ou validade?
A citação é o ato processual de comunicação pelo qual se dá ciência ao sujeito passivo
(réu ou interessado) da existência de uma demanda contra ele ajuizada. Logo, tem
dupla finalidade: convocar o réu a juízo e cientificar-lhe do teor da demanda (art. 213
do CPC). Quanto aos pressupostos processuais, prevalece na doutrina, que a citação
é requisito objetivo intrínseco do processo (respeito ao formalismo), tratando-se de
pressuposto de validade, conforme dispõe expressamente o art. 214 do CPC: “Para a
validade do processo é indispensável a citação inicial do réu”.

No entanto, há quem entenda, como Teresa Arruda Alvim, se tratar de pressuposto


de existência. Sendo o processo uma relação triádica (juiz, autor e réu), a
falta/ausência de citação do réu, implicaria sua não completude. Assim, o processo
sem citação do réu seria, segundo esta corrente doutrinária, num primeiro momento,
inexistente.

Ressalte-se, no entanto, que se trata de posição minoritária. A corrente que prevalece


entende que a citação válida é pressuposto de validade do processo (CPS, arts. 214 e
247).

[TJCE]. Em regra a citação se faz por que modo?


Fazendo uma interpretação sistemática dos arts. 221 e seguintes do CPC tem-se que,
em regra, deverá a citação ser realizada pelos correios. As demais modalidades
citatórias tem nítido caráter subsidiário, devendo ser realizada apenas se frustrada a
previa tentativa por carta registrada ou quando a própria lei expressamente exigir
outra modalidade, como é o caso, por exemplo, dos arts. 222, alíneas “a” até “f” do
CPC (citação por oficial de justiça) ou art. 231 do CPC (citação por edital).

[TJCE]. Por hora certa cabe quando?


Nos termos do art. 227 e 228 do CPC, quando, por três vezes, o oficial de justiça
houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá,
havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta
a qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora
que designar. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de
novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar
a diligência. § 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará
informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se
tenha ocultado em outra comarca. § 2o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça
deixará contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso,

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declarando-lhe o nome. Por fim, prescreve o art. 229 do CPC que feita a citação com
hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando-lhe de
tudo ciência.

[TJCE]. Cabe citação por hora certa na execução?


Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial dominantes é possível a citação
por hora certa no processo de execução, não obstante a ausência de permissivo legal
expresso. No entanto, para aplicação da citação por hora certa no processo de
execução, deve haver evidências concretas de que o executado esquiva-se de receber
a intimação levada pelo oficial de justiça, obstando o regular andamento da execução,
com o intuito de postergar, ao máximo, a formação da tríade processual. Com base
nisso e na intelecção do artigo 598 do Código de Processo Civil, que preleciona a
aplicabilidade subsidiária das disposições do processo de conhecimento à execução,
é que a posição amplamente dominante é de ser possível aplicação da citação por
hora certa no processo executivo, preenchidos os pertinentes requisitos legais.
Colaciono alguns julgados do STJ sobre a matéria:

“Havendo ciência inequívoca do réu acerca da existência de processo de execução


em seu desfavor, bem como do prazo para oferecimento de defesa, reputa-se válida,
em observância ao princípio da instrumentalidade das formas, a citação realizada
por hora certa, ainda que a certidão do oficial de justiça não tenha consignado o
horário de realização das primeiras diligências” (STJ – Resp 1413298 PE, relatora
Ministra REGINA HELENA COSTA, Publicado em 10/04/2015). Recurso Especial.
“Citação com certa em processo de execução extrajudicial. Possibilidade. Conforme
disposto no art. 227 do Código de Processo Civil, ocorre a citação com hora certa
quando há suspeita de ocultação por parte do réu, procurado três vezes em sua
residência. Essa forma de citação é aplicável tanto ao processo de conhecimento,
quanto aos demais processos, incluindo-se o de execução, por força da
subsidiariedade prevista no art. 598 do mesmo estatuto. Recurso Especial provido”
(STJ – 3ª T.; Resp nº 673.945-SP; Rel. Min. Castro Filho; j. 25/9/2006; v.u.)

[TJCE]. Por edital cabem em qualquer caso?


Não. Nos termos do art. 231 do CPC: “Far-se-á a citação por edital: I - quando
desconhecido ou incerto o réu; II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar
em que se encontrar; III - nos casos expressos em lei. §1º Considera-se inacessível,
para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória.
§2º No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua
citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de
radiodifusão”. Ou seja, o próprio CPC elenca taxativamente as situações em que
cabível a citação por edital. A razão é simples. Tal modalidade citatória, como cediço,
é ficta, ou seja, parte de uma ficção legal de que o réu tomou conhecimento da ação
contra si interposta, não se tendo certeza real de seu efetivo conhecimento. Dada sua
natureza e as consequências daí advindas não pode o legislador prescrever genérica
e indiscriminadamente tal espécie de citação, sob pena de macular os princípios da
ampla defesa e contraditório.

# NULIDADES PROCESSUAIS.
[TJCE]. Nulidades: O que é "nulo não produz efeito", se aplica ao Processo Civil?

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R: Nos termos do art. 244, CPC: “Quando a lei prescrever determinada forma, sem
cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo,
Ihe alcançar a finalidade”.

Assim, se o ato for apto para alcançar a finalidade para que foi realizado, não será
considerado nulo.

[TJCE]. Qual o princípio que está no campo processual e não se encontra no campo
material?
R: Princípio da instrumentalidade das formas, mediante o qual, não se declarará a
nulidade – seja absoluta ou relativa – se não houver prejuízo.

[TJCE]. Em que momento a nulidade deve ser alegada? Qual a consequência se na


prática não for arguida a nulidade?
Art. 245. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber
à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.

Parágrafo único. Não se aplica esta disposição às nulidades que o juiz deva decretar de
ofício, nem prevalece a preclusão, provando a parte legítimo impedimento.

[TJCE]. O decreto de nulidade sempre terá o mesmo efeito?


Nem sempre, a depender do caso concreto pode-se afastar a nulidade do ato,
permitindo que este gere seus efeitos, desde que não exista prejuízo .

Daniel Assumpção:

Da mesma maneira que a lei garante que o respeito à forma legal leva à geração dos
efeitos legais e à obtenção do resultado pretendido por quem o praticou, cria uma
sanção processual para a parte que descumpre a forma legal na prática do ato,
chamada de nulidade. Significa dizer que o desrespeito à forma é suficiente para a
existência de um ato defeituoso, e que em regra esse desrespeito com a forma é
sancionado pela nulidade, que impedirá que o ato processual gere os efeitos previstos
em lei e, por consequência, que a parte que o praticou alcance o objetivo pretendido.

Na instrumentalidade das formas reconhece-se que o ato é defeituoso, mas, por uma
opção resultante da preocupação em evitar os formalismos exagerados, afasta-se a
nulidade do ato, permitindo que este gere seus efeitos e que a parte que o praticou
atinja o objetivo pretendido, desde que não exista prejuízo.

[TJCE]. O sistema de nulidades no CPC é o mesmo do direito material?


Enrico Túlio Liebman lembra que a disciplina positiva dos atos processuais difere
profundamente tanto da dos atos de direito privado quanto da dos atos
administrativos, de forma que todas as suas regras estão no CPC, não podendo ser
modificada ou integrada por normas de outra natureza, que são inspiradas em
necessidades diversas. O Código de Processo Civil tem um sistema próprio de
invalidades, que não coincide com o Código Civil, como ser verifica a citação
inválida que é causa de nulidade absoluta, cominada (CPC, art. 247), ou até mesmo
a existência deste ato, pode ser suprida (CPC, art. 214, § 2º)[21].

Acentua José dos Santos Bedaque que os estudos de direito processual devem
desenvolver-se em uma visão instrumental, pois embora o direito processual seja
autônomo, sua existência só se justifica à luz do direito material.

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Portanto, apesar da doutrina trazer a classificação, conclui-se pela sistemática


processual que a distinção entre nulidade e anulabilidade é irrelevante no processo
civil, para determinar-se sobre a possibilidade sanatória, pois se mostra inadequado
reconhecermos a nulidade absoluta como insanável, pela incidência do princípio da
instrumentalidade das formas.

[TJCE]. A nulidade no CPC pode retroagir?


Maria Cristina

[TJCE]. Nas nulidades como são aproveitados os atos?


Tanto a nulidade absoluta quanto a relativa se convalidam, mais cedo ou mais tarde.
Enquanto as nulidades relativas de convalidam em prazo exíguo, qual seja o prazo
da primeira manifestação da parte interessada nos autos, as nulidades absolutas se
convalidam no trânsito em julgado, que é considerado como sanatória geral das
nulidades, inclusive as absolutas, transformando-se após esse momento processual
em vícios de rescindibilidade.

Tanto na nulidade relativa quanto na nulidade absoluta é admissível o saneamento


do vício, bem como a geração dos efeitos com o consequente afastamento da nulidade
no caso concreto por meio da aplicação do princípio da instrumentalidade das formas.

[TJCE]. Citar um princípio processual vinculado às nulidades.


Em aplicação do princípio da instrumentalidade das formas, o Superior Tribunal de
Justiça deixou de reconhecer a nulidade da prolação de duas sentenças na mesma
data, uma para o julgamento da ação principal e outra para o julgamento da oposição.

[TJCE]. A ausência de intimação do MP tem qual efeito? E se o descobrimento se


der após o trânsito em julgado da decisão?
A falta de intervenção do Ministério Público, nos casos em que a lei considera
obrigatória, determina a nulidade do processo, conforme estabelece o art. 84 e 246,
ambos do CPC.

É evidente que as nulidades processuais são diferentes das nulidades no direito


privado. O caráter instrumental das normas processuais interferem nos preceitos
normativos dos arts. 84 e 246 do CPC.

Embora seja reputado por muitos como nulidade absoluta a não intervenção
(intimação) do Ministério Público nos feitos em que devia intervir, tem-se admitido
que o vício seja sanado se constatado a não ocorrência de prejuízo ao interesse
público defendido pelo Parquet, pois o processo civil deve ser encarado como um
instrumento eficiente de realização da justiça.

O Novo Código de Processo Civil, no que diz respeito à intervenção do Ministério


Público, está mais condizente com a visão de processo como instrumento para
efetivação do direito material.

O art. 277 do Novo CPC prevê tradicional hipótese de nulidade absoluta cominada:
a ausência de intimação do Ministério Público nos processos em que deve participar
como fiscal da lei (no Novo CPC fiscal da ordem jurídica). O caput e o § 1.º, na
realidade, apenas repetem o art. 246, caput e parágrafo único, do CPC/1973. A
novidade fica por conta do § 2.º do art. 277 do Novo CPC, ao prever que a nulidade

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só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará


sobre a existência ou a inexistência de prejuízo.

O dispositivo cria uma regra formal para a decretação da nulidade, que, uma vez
descumprida, gera nulidade absoluta, mas deixa claro que só haverá anulação se
demonstrado o prejuízo gerado pela ausência do Ministério Público no processo,
consagrando, ainda que implicitamente, o princípio da instrumentalidade das formas.
Registre-se apenas que, ainda que imprescindível a intimação do Ministério Público
para a decretação de nulidade, a decisão é do juízo, que deverá analisar e concluir se
a ausência realmente gerou prejuízo no caso concreto.

# O JUIZ: PODERES, DEVERES E RESPONSABILIDADES.


[TJCE]. Quais as principais funções do Juiz? Na falta de leis ou normas, o que deve
fazer o Juiz?
- As principais atividades do juiz no processo são: dirigi-lo; determinar (ou indeferir)
a produção, a colheita e apreciação das provas; combater a má-fé processual; decidir
a questão que lhe é posta (enfrentando o que lhe propõe o objeto do processo); impor
o quanto decidido e evitar que a tutela entregue não seja justa (preservação das
garantias), efetiva (evitando paliativos) e tempestiva (entregue a tempo). Essas
atividades serão refletidas no nosso modo de classificar os poderes do juiz. Não basta
o juiz declarar a vontade da lei, decidindo a questão de mérito efetivamente (poder
decisório); necessário se faz, ainda, atuar nessa declaração, se não for cumprida
espontaneamente por quem de direito. Assim, na categoria dos poderes executivos
do juiz estariam incluídos todos aqueles relativos à imposição da vontade já declarada
da lei ao caso concreto, seja em sede de execução de sentenças judiciais e arbitrais,
seja na possibilidade de emissão de decisões autoexecutáveis, não sujeitas ao
processo de execução (como as dos arts. 84 do CDC, 461 do CPC, possessórias, de
despejo, em sede de mandado de segurança etc.) ou ainda para impor suas próprias
decisões, qualquer que seja sua natureza (p. ex., as prerrogativas do § 5o do art. 461
do CPC).

A legislação processual apresenta também algumas funções do juiz: Art. 125. O juiz
dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe:I -
assegurar às partes igualdade de tratamento; II - velar pela rápida solução do litígio;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça; IV - tentar, a
qualquer tempo, conciliar as partes. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

- Na falta de normas, observa-se o que dispõe o CPC: Art. 126. O juiz não se exime
de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da
lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos
costumes e aos princípios gerais de direito. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973).

[TJCE]. Qual o Princípio Constitucional? O Juiz decide quando aplica equidade :


(extinção do processo?)
- Trata-se da aplicação do principio da inafastabilidade da jurisdição.

- Quando o juiz julga sem estar adstrito expressamente às normas legais, está
exercendo jurisdição de equidade, em contraposição à jurisdição de direito. Aquela,

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a equidade, que tende a ser confundida com a noção abstrata e ideal de Justiça, só é
exercida em circunstâncias excepcionais, tal qual determina o art. 127 do CPC e o
art. 5o da LICC, expressamente previstos em lei, por exemplo, nos feitos afetos à
jurisdição voluntária (art. 1.109); na arbitragem (se as partes assim determinarem,
conforme previsão do art. 11, II da Lei de Arbitragem); e nos Juizados Especiais
Cíveis Estaduais (art. 6o da Lei n. 9.099/95).

[TJCE]. O que é o Princípio da livre investigação processual?


- Princípio da livre investigação processual (do dispositivo) - consiste na regra de que
o juiz depende da iniciativa das partes quanto a instauração da causa e às provas,
assim como às alegações em que se fundamentará a decisão. No campo penal sempre
predominou o sistema da livre investigação de provas. Mesmo quando, no processo
cível, se confiava exclusivamente no interesse das partes para o descobrimento da
verdade, tal critério não poderia ser seguido nos casos em que o interesse público
limitasse ou excluísse a autonomia privada. Isso porque, enquanto no processo civil
em princípio o juiz pode satisfazer-se com a verdade formal, no processo penal o juiz
deve averiguar o descobrimento da verdade real, como fundamento da sentença.

[TJCE]. A quem pertence o poder de produção de prova? Pode o Juiz produzir


prova sem que no processo seja pedido? Uma vez que ele interfere?
- A doutrina comumente divide o estudo do instituto do ônus da prova em duas partes
(produção da prova); a primeira chamada de ônus subjetivo da prova e a segunda
chamada de ônus objetivo. No tocante ao ônus subjetivo da prova, analisa-se o
instituto sob a perspectiva de quem é o responsável pela produção de determinada
prova (“quem deve provar o que”), enquanto no ônus objetivo da prova, o instituto é
visto como uma regra de julgamento a ser aplicada pelo juiz no momento de proferir
a sentença no caso de a prova se mostrar inexistente ou insuficiente. No aspecto
objetivo o ônus da prova afasta a possibilidade de o juiz declarar o non liquet diante
de dúvidas a respeito das alegações de fato em razão da insuficiência ou inexistência
de provas. Sendo obrigado a julgar e não estando convencido das alegações de fato,
aplica a regra do ônus da prova.

- O juiz pode determinar provas de ofício. O processo civil segue um modelo


inquisitivo. O juiz pode buscar elementos para o seu convencimento mesmo que as
partes nada façam – artigo 130 do CPC. Juiz pode determinar a produção de qualquer
meio de prova, de ofício, paralelo ao das partes. E não é uma violação à
imparcialidade, juiz não fica adstrito à produção de provas das partes, inclusive pode
determinar prova emprestada de ofício, não está importando o documento, está
trazendo a documentação da perícia, o que quer é o valor de um depoimento, e não
um doc.simplesmente, a forma é documental, mas importa é o testemunho ou a
perícia. O poder instrutório pode ser exercido mesmo se o direito for disponível.

Controvertido. Onde não haja controvérsia quanto aos fatos alegados pelos litigantes,
a questão se traduz à mera aplicação do direito. independem, ainda, de prova, os fatos
intuitivos ou evidentes, assim como independem de prova os fatos reputados
ocorridos por uma presunção legal. Exceções à regra: embora não contestados, em
dadas circunstâncias deve ser feita a prova dos fatos: a) quando reclamada pelo juiz,
para o fim de formar com mais segurança o seu convenci- mento; b) quando a lide
versar sobre direitos indisponíveis; c) quando a lei exija que a prova do ato jurídico
se revista de forma especial.

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[TJCE]. A quem interessa decisão justa?


- O processo é uma técnica civilizada de reconstrução da verdade - O juiz não pode
achar que o processo é um instrumento de busca indefinida da verdade. O processo
não serve para que a verdade seja buscada indefinidamente. A verdade não é um valor
do processo. Para o processo valorosa é uma decisão justa, que seja efetiva e
rápida. A verdade é apenas um meio e não o fim. A verdade deve ser construída em
igualdade e contraditório, não pode ser a versão do mais forte.

8. Formação, suspensão e extinção do processo. Do Procedimento


ordinário. Petição inicial: conceito, requisitos. Do pedido: espécies,
modificação, cumulação. Causa de pedir. Dos documentos necessários à
propositura da ação. Despacho inicial: objeto, natureza. Do julgamento
liminar de improcedência das ações repetitivas. Do recurso cabível e seu
procedimento. Da decretação de ofício da prescrição. Emenda da inicial.
Do indeferimento liminar da petição inicial. Do recurso cabível e seu
procedimento. Da antecipação dos efeitos da tutela de mérito.
Requisitos. Da fungibilidade entre a tutela antecipada e as medidas
cautelares.

# FORMAÇÃO DO PROCESSO.
[TJCE]. Qual o princípio está vinculado ao início do processo no estado brasileiro?
Daniel Assumpção: O princípio da inércia da jurisdição é tradicional (“ne procedat
iudex ex officio”), ainda que exista certa polêmica a respeito de sua extensão. O mais
correto é limitar o princípio da inércia da jurisdição ao princípio da demanda (ação),
pelo qual fica a movimentação inicial da jurisdição condicionada à provocação do
interessado. Significa dizer que o juiz – representante jurisdicional – não poderá
iniciar um processo de ofício, sendo tal tarefa exclusiva do interessado.

Segundo previsão dos arts. 2.º e 262 do CPC, se confirma legislativamente o princípio
da inércia da jurisdição:

Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado
a requerer, nos casos e forma legais.

Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso
oficial.

[TJCE]. Em que momento se considera o início do processo?


Com a propositura da demanda/Com a iniciativa da parte (Art. 262, CPC).

Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso
oficial.

EXTRA (Daniel Assumpção): A percepção do momento inicial de surgimento da


relação jurídica processual é de suma importância, porque para aqueles que entendem
ser tal elemento componente da natureza jurídica do processo, naturalmente que sem
a presença dele, não se poderia falar em processo. Se o processo é realmente o

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procedimento animado pela relação jurídica em contraditório, somente com a


presença desses três elementos seria possível defender a existência do processo. Mas
processo já existe mesmo antes da citação do réu, inclusive sendo possível ao juiz
proferir sentença nesse momento, tanto terminativa (arts. 267 e 295, salvo inciso IV,
do CPC) como definitiva (arts. 285-A, 295, IV, do CPC), extinguindo processo sem
ou com a resolução do mérito. Só é possível extinguir algo que já exista, sendo
imperioso compreender que a citação do réu não faz surgir a relação processual, mas
tão somente a complementa nas hipóteses em que não for cabível a extinção liminar
da demanda. Fala-se corretamente em formação gradual do processo17.

[TJCE]. Qual a diferença de efeitos da mera propositura e da citação válida?


Daniel Assumpção: É importante observar que, ainda que se admita ser a relação
jurídica processual tríplice, com a propositura da demanda pelo autor já existirá uma
relação jurídica, ainda que limitada ao autor e juiz (relação linear entre esses dois
sujeitos). Pode-se falar em relação jurídica incompleta, que será definitivamente
formada com a citação válida do réu, mas não seria correto entender que só a partir
desse momento passa a existir a relação jurídica processual.

A relação jurídica processual começa de forma linear, envolvendo o demandante e o


juiz, complementando-se com a citação válida do réu, mas tudo isso dependerá num
primeiro momento da existência da demanda. Trata-se, portanto, de pressuposto
processual de existência do processo, porque sem a provocação do interessado por
meio do ato de demandar a relação jurídica processual de direito processual nem
mesmo chegará a existir.

Doutrina majoritária aponta acertadamente que a citação válida é pressuposto


processual de validade do processo, sendo que o vício nesse ato processual gera uma
nulidade absoluta, que excepcionalmente não se convalida com o trânsito em julgado,
podendo ser alegado a qualquer momento, mesmo após o encerramento do processo.
Confirma esse entendimento a redação do art. 214 do CPC, que determina ser
indispensável a citação do réu para a validade do processo.

Em sentido contrário, doutrina minoritária entende tratar-se de pressuposto de


existência, afirmando que sem a citação válida a relação jurídica não estará formada,
e, sendo ela um elemento indispensável do próprio conceito de processo, não existirá
processo. O entendimento é equivocado porque mesmo antes da citação do réu a
relação jurídica processual já existe, ainda que formada exclusivamente entre autor e
juiz, conforme já analisado, podendo, inclusive, ser extinto antes da citação.

EFEITOS DA CITAÇÃO VÁLIDA: doutrina tradicionalmente aponta que o


principal efeito da citação válida é completar a estrutura tríplice da relação jurídica
processual , considerando que somente com a prática do ato citatório estará
definitivamente formada a relação autor-juiz-réu.

Além deste, o art. 219, caput, do CPC prevê cinco outros efeitos, sendo dois deles
efeitos processuais (induzir a litispendência e tornar o juízo prevento) e três materiais
(tornar a coisa litigiosa, constituir o devedor em mora e interromper a prescrição).
Mas tal dispositivo legal não exaure os efeitos da citação, em especial no âmbito
processual, ressaltando-se o efeito da estabilização da demanda.

[TJCE]. Até que momento posso alterar o pedido no código atual?

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Prevê o art. 264 do CPC que o autor pode livremente modificar sua causa de pedir e
pedido até a citação do réu; após a citação e até o momento de saneamento do
processo essa mudança depende de concordância do réu; após o saneamento a
modificação é vedada, mesmo que exista concordância do réu.

No processo em que se verifique a revelia, diz o art. 321 do CPC que o autor, desde
que realize nova citação do réu, pode alterar o pedido, causa de pedir e demandar
declaração incidente, sendo nesse caso assegurado um novo prazo de resposta ao réu.

A doutrina é pacífica no tocante à limitação do objeto de defesa do réu revel após sua
segunda citação, ao objeto da alteração objetiva da demanda.

[TJCE]. No momento em que se não pode alterar o pedido surge qual princípio?
Princípio da Estabilização da Demanda.

[TJCE]. Em que momento se forma o processo civil?


Na instalação da relação processual prevalece o princípio dispositivo, isto é, a
propositura da demanda é ato privativo da parte. Vencida esta fase inaugural, o
processo passa a se desenvolver por impulso oficial do juiz, entrando em atividade a
função pública, que faz com que o interesse público predomine na justa composição
do litígio e na pacificação social sobre o simples interesse privado da parte.

O CPC dispõe que se considera proposta a ação quando a que petição inicial seja
despachada pelo juiz.

Se houver mais uma vara na comarca, a propositura da ação se dará pela simples
distribuição da petição inicial. A redação do artigo 263 do CPC, entretanto, infere
que a relação angular do processo, e que vincula o autor, o juiz e o réu, não se
estabelece num só ato.

Inicialmente, ao receber a petição do autor, o Estado vincula-se em relação apenas


linear, por força do direito de ação. Forma-se um dos lados da relação processual, o
lado ativo: a ligação autor-juiz e juiz-autor.

Numa segunda fase, com a citação do réu, a relação processual se completa com o
seu lado passivo: isto é, com a vinculação réu-juiz e juiz-réu.

[TJCE]. Quando se considera proposta a ação?


Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz,
ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma vara. A propositura da ação,
todavia, só produz, quanto ao réu, os efeitos mencionados no art. 219 depois que for
validamente citado (art. 263, CPC).

[TJCE]. Até que momento posso alterar o pedido e a causa de pedir? Qual princípio?
Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o
consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições
permitidas por lei. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese
será permitida após o saneamento do processo (art. 264, CPC). Princípio da
estabilização/estabilidade da demanda.

[TJCE]. O que significa provimento?

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Termo muito utilizado no Direito como sinônimo de acolhimento. Quando se


interpõe algum recurso, como o de apelação, por exemplo, no pedido o recorrente
requer que seja dado provimento a seu recurso, ou seja, espera que suas razões sejam
acolhidas.

# SUSPENSÃO DO PROCESSO.
[TJCE]. Quais as hipóteses de suspensão do processo?
CPC:

Art. 265. Suspende-se o processo:

I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu


representante legal ou de seu procurador;

II - pela convenção das partes;

III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal,


bem como de suspeição ou impedimento do juiz;

IV - quando a sentença de mérito:

a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou


inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo
pendente;

b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida
certa prova, requisitada a outro juízo;

c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração


incidente;

V - por motivo de força maior;

VI - nos demais casos, que este Código regula. (exs. Algumas hipóteses de intervenção
de terceiros, quando atribuído efeito suspensivo aos embargos à execução, etc.).

Durante a suspensão é proibido praticar qualquer ato processual, exceto os urgentes,


a fim de serem evitados danos irreparáveis (art. 266, CPC). A suspensão depende de
decisão judicial, que é meramente declaratória, pois a suspensão se opera desde o
momento da ocorrência de uma dessas causas.

[TJCE]. Quais obrigatórias e quais facultativas?


Maria Cristina

[TJCE]. Quais os prazos de suspensão em caso de convenção?


CPC, Art. 265. Suspende-se o processo:

(...) II - pela convenção das partes;

§3º A suspensão do processo por convenção das partes, de que trata o no II, nunca poderá
exceder 6 (seis) meses; findo o prazo, o escrivão fará os autos conclusos ao juiz, que
ordenará o prosseguimento do processo.

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[TJCE]. No caso de suspensão para aguardar o resultado em outro processo?


Neste caso a suspensão nunca poderá exceder um ano (265, IV, “a” e §5º, do CPC).

Art. 265. Suspende-se o processo:

IV - quando a sentença de mérito:

a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou


inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo
pendente;

§ 5º Nos casos enumerados nas letras a, b e c do no IV, o período de suspensão nunca


poderá exceder 1 (um) ano. Findo este prazo, o juiz mandará prosseguir no processo.

Art. 110. Se o conhecimento da lide depender necessariamente da verificação da


existência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do processo até
que se pronuncie a justiça criminal.

Parágrafo único. Se a ação penal não for exercida dentro de 30 (trinta) dias, contados
da intimação do despacho de sobrestamento, cessará o efeito deste, decidindo o juiz cível
a questão prejudicial.

[TJCE]. No caso de morte do mandatário? Se não for nomeado mandatário no


prazo?
§ 2º No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a
audiência de instrução e julgamento, o juiz marcará, a fim de que a parte constitua novo
mandatário, o prazo de 20 (vinte) dias, findo o qual extinguirá o processo sem julgamento
do mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou mandará prosseguir no processo,
à revelia do réu, tendo falecido o advogado deste.

# EXTINÇÃO DO PROCESSO.
[TJCE]. O que é perempção?
Fredie Didier (2015): Perempção é conceito jurídico-positivo. Dá-se a perempção
quando o autor der causa por três vezes à extinção do processo por abandono, e
somente nesta hipótese (art. 485, 111, c/c o art. 486, §3ª, do CPC). Assim, proposta
a mesma demanda pela quarta vez, é caso de extinção do processo em razão da
perempção. O que perime, porém, não é o direito de ação, muito menos o direito
material litigioso. Perde o autor o direito de demandar sobre aquela mesma situação
substancial; perde o direito de levar aquele determinado litígio ao Poder judiciário,
até mesmo pela via da reconvenção. A pretensão material do autor resta incólume:
ele poderá deduzi-la como matéria de defesa, como contra direito (exceção
substancial; compensação, por exemplo), caso venha a ser demandado.

A perempção é uma sanção que se aplica à prática de um ato i lícito, consistente em


um abuso do direito de demandar. Trata-se de ato ilícito (o abuso de direito é um ato
ilícito) que tem por sanção a perda de um direito. O abandono da causa por três vezes
é, pois, um ilícito caducificante.

[TJCE]. As hipóteses de abandono estão sujeitos a que requisitos?


O art. 267, III, do CPC trata da causa de extinção do processo sem a resolução do
mérito conhecida como “abandono do processo”, descrevendo a desídia do

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demandante que deixa de praticar atos ou cumprir diligências indispensáveis ao


andamento do processo por prazo superior a 30 dias.

A doutrina majoritária entende que a extinção do processo ora tratada não é objetiva,
devendo o juiz considerar no caso concreto o real intuito do autor em abandonar o
processo, de forma que se aceita a prática de ato após o transcurso do prazo de 30
dias.

O autor será intimado nos termos do art. 267, § 1.º, do CPC e, mesmo quando a parte
advoga em causa própria, a intimação deverá ser pessoal, não bastando a mera
publicação no Diário Oficial.

Segundo posição jurisprudencial consolidada, a extinção por abandono do processo


ora analisado depende de provocação do réu, não se admitindo que ocorra de ofício.
Entende-se que o juiz poderá intimar o réu e, havendo sua concordância, proceder à
intimação pessoal do autor para que dê andamento ao processo em 48 horas.

Busca-se evitar a desistência tácita da demanda pelo autor por meio do abandono, o
que representaria uma ofensa indireta ao disposto no art. 267, § 4.º, do CPC, mas
para que a anuência do réu seja necessária, até mesmo para fins de compatibilizar o
abandono com a desistência, o réu já deverá ter apresentado defesa no processo.
Antes da citação ou mesmo depois dela – no transcurso do prazo antes da interposição
e no caso de revelia –, a extinção poderá ser realizada de ofício.

Em algumas situações o abandono do processo pelo autor não gerará a extinção do


processo sem a resolução do mérito, como ocorre na demanda de inventário,
cumprimento da sentença no processo de execução.

Essa espécie de sentença, por abandono, tem importância prática para o surgimento
do raro fenômeno processual da perempção, porque a extinção por três vezes da
mesma demanda apresentada em três processos diferentes deverá ser sempre pelo
abandono do autor.

Novo CPC: Há duas novidades quanto ao abandono – bilateral e unilateral – como


causa de extinção do processo sem resolução do mérito no Novo Código de Processo
Civil. O art. 482, §1.º, aumenta o prazo para que a parte, depois de intimada
pessoalmente, dê andamento ao processo, de quarenta e oito horas para cinco dias,
continuando a se tratar de prazo impróprio. Já o § 6.º consagra o entendimento
consolidado no Enunciado da Súmula 240/STJ ao prever que, após o oferecimento
da contestação, a extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, depende
de requerimento do réu.

[TJCE]. O juiz não pode agir de ofício?


Em regra, não. Conforme enunciado da Súmula 240/STJ, após o oferecimento da
contestação, a extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, depende de
requerimento do réu. Contrario senso, antes do oferecimento da contestação, é
possível agir de ofício.

[TJCE]. Princípio da economia e da duração razoável do processo, onde se aplica?

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São princípios aplicáveis ao processo civil, de modo que a economia está atrelada à
ideia de se evitar a pratica de atos processuais desnecessários, que prolonguem
sobremaneira a duração do processo, a qual deve ser razoável.

São princípios ligados à busca pela prestação judicial eficiente.

Há uma regra no direito brasileiro que pode servir de parâmetro. De acordo com o
art. 97-A da Lei 9.504/1997, acrescentado pela Le i nº 12.034/2009, reputa-se
razoável o prazo de um ano, incluindo a tramitação em todas as instâncias, para a
duração do processo que possa resultar em perda de mandato eletivo. Esse prazo
começa a contar da apresentação da demanda perante a justiça eleitoral. Se houver
desrespeito a este prazo, caberá representação disciplinar contra o juiz ou o Tribunal
(art. 97, Lei nº 9.504/1997), sem prejuízo da representação perante o Conselho
Nacional de justiça.

Há alguns instrumentos que podem servir para concretizar esse direito fundamental:

a) representação por excesso de prazo, com a possível perda da competência do juízo


em razão da demora (art. 235, CPC); b) mandado de segurança contra a omissão
judicial, caracterizada pela não prolação da decisão por tempo não razoável, cujo
pedido será a cominação de ordem para que se profira a decisão; c) se a demora
injusta causar prejuízo, ação de responsabilidade civil contra o Estado, com
possibilidade de ação regressiva contra o juiz; d) a EC n. 45/2004 também
acrescentou a alínea "e" ao inciso II do art. 93 da CF/88, estabelecendo que "não será
promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo
legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão".

O autor do processo pode desistir a qualquer tempo? O réu passa a ter direito ao
provimento da ação?

Desistir da ação é diferente de renunciar ao direito material alegado; enquanto a


desistência diz respeito somente ao processo em que ocorre, o que permite ao autor
voltar ao Poder Judiciário com idêntica demanda, a renúncia concerne ao direito
material alegado, de forma que não se admitirá ao autor retornar ao Poder Judiciário
com demanda fundada em direito material que já foi objeto de renúncia. Não por
outra razão a sentença fundada em desistência é terminativa, pois não resolve o
mérito (art. 267, VIII, do CPC), enquanto a sentença que homologa a renúncia é
definitiva, resolvendo o mérito da demanda e fazendo coisa julgada material (art.
269, V, do CPC).

É preciso atenção com a previsão do art. 267, § 4.º, do CPC, que exige a anuência do
réu depois de decorrido o prazo de defesa para que o juiz possa extinguir o processo
por desistência do autor. Sem contestação do réu não é necessária sua anuência
quanto ao pedido de desistência do autor.

Reconhecendo que a sentença de improcedência é mais favorável ao réu do que a


sentença terminativa, o STJ confirma o entendimento de que, após a apresentação de
contestação, a desistência depende de anuência do réu, mas exige que a recusa do réu
deva ser fundamentada e justificada, não bastando apenas a simples alegação de
discordância.

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Registre-se entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que dispensa a anuência


do réu na homologação de pedido de desistência do mandado de segurança. Outro
interessante entendimento do Superior Tribunal de Justiça é o que proíbe a
desistência da ação após a prolação da sentença, admitindo-se tão somente que as
partes transacionem a respeito do decidido.

[TJCE]. Extinção do processo por ausência de pressupostos, precisa intimar o


autor?
O juiz não deve prosseguir com processos nos quais perceba em seu nascedouro a
ausência de um pressuposto processual, hipótese em que deve intimar a parte para
saneamento do vício e de extinção do processo sem resolução do mérito na hipótese
de omissão da parte.

# PETIÇÃO INICIAL.
[TJCE]. Petição inicial impõe limites aos juízes?
É através da peça exordial que restam traçados os limites da atividade do juiz, naquele
processo. Isto ocorre porque a petição inicial determina o conteúdo da resolução
judicial. É o princípio da congruência dos pedidos dispostos na peça inaugural do
processo com o teor da futura sentença, figurando petição inicial e sentença como
dois extremos da via processual, concluindo uma das fases do processo.

Segundo este mandado, o autor é quem limita o pedido, na petição inicial. Não pode
o juiz proferir sentença fora (extra), acima (ultra) ou abaixo do pedido (citra ou infra
petita). Vícios desta natureza remontam à imprestabilidade do decisum, caso não
sanados no momento processual certo.

Outro princípio que norteia a matéria relativa à petição inicial é o do dispositivo


– nemo iudex sine actore – ne precedat iudex ex officio - , positivado pelos termos
do art. 262, do Código de Processo Civil pátrio, que impede que o juiz proceda de
ofício ao direito a ser reclamado ou não pelo autor. Encaixa-se, assim, o interessado
na posição de provocador da atividade jurisdicional através do exercício de seu
direito público subjetivo de ação. Correlato a tal mandamento está o princípio do
inquisitório, segundo o qual compete ao juiz ter limitados poderes de iniciativa
probatória, a fim de elucidar os fatos postos pela parte como fundamento da demanda.

[TJCE]. Se o juiz não respeitar esses limites (decisão ultra, extra e citra petita, quais
seus significados?).
Não pode o juiz proferir sentença fora (extra), acima (ultra) ou abaixo do pedido
(citra ou infra petita). Vícios desta natureza remontam à imprestabilidade
do decisum, caso não sanados no momento processual certo.

[TJCE]. O não cumprimento do art. 283 e a situação do magistrado ao cumprimento


do ato seria causa de parcialidade?
O artigo 283 do CPC reza que incumbe ao autor instruir a petição inicial com os
documentos indispensáveis à propositura da ação. Verificando o juiz que a petição
inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta
defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará
que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias, não se insurgindo
em parcialidade o magistrado.

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[TJCE]. Sentença de improcedência imediata sem a citação do réu fere o princípio


do contraditório?
Não. O artigo 285-A do CPC, com razão, afirma que a regra não desrespeita a
garantia constitucional do contraditório, pois o juiz somente proferirá a sentença
liminar, em caso de total improcedência do pedido, ou seja, quando a causa seja
desfavor, exclusivamente, do autor. Destarte, nenhum prejuízo sofrerá o réu. A oitiva
do demandado é potencialmente irrelevante para a decisão.

[TJCE]. Os autos sobem e a reforma a sentença, a contrarrazões servirão como


contestação?
As contrarrazões do recurso de apelação não podem ser recebidas como se fosse a
contestação, pois quando o demandado responde ao apelo se detém ao objeto do
recurso. A resposta do réu é mais ampla que as contrarrazões, abrangendo a
contestação, as exceções e a reconvenção (art. 297/CPC). Logo, o princípio da
eventualidade (art. 300/CPC) não se aplica às contrarrazões, não se exigindo que o
apelado alegue toda a matéria de defesa, mesmo porque a ausência de resposta à
apelação não implica a revelia, já que não se trata de um ônus, mas de mera faculdade
do demandado, cujo prejuízo se restringe, no máximo, à anulação do julgado pelo
juízo ad quem.

Caso as contrarrazões fossem recebidas como contestação, haveria prejuízo para a


defesa, porque possibilitaria que ao demandante duas instâncias de argumentação,
enquanto ao demandado ficaria reservado apenas à instância recursal, em evidente
desequilíbrio ao princípio da isonomia e das garantias da ampla defesa e do
contraditório.

[TJCE]. Qual a cor deve ser digitada a inicial? (Cor escura e indelével).
Não existe padronização legal acerca da inicial quanto ao tamanho e/ou padrão da
fonte. Todavia, vale ressaltar, que consta no CDC que os contratos de adesão escritos
serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo
tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua
compreensão pelo consumidor.

# PETIÇÃO INICIAL: CONCEITO, REQUISITOS.


[TJCE]. Uma petição inicial em que faltam requisitos. O que deve fazer o Juiz? É
obrigação ou ato discricionário?
Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts.
282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de
10 (dez) dias (art. 284, CPC). Trata-se de direito subjetivo da parte, juiz deve
conceder tal prazo para emenda).

[TJCE]. Princípio da economia processual?


Princípio que anda juntamente com o da Instrumentalidade. O primeiro – da
Economia Processual – pronuncia que a máquina judiciária terá um esforço mínimo,
todavia uma larga eficácia, na atuação do direito em atividades processuais. O
segundo – da Instrumentalidade – consiste no aproveitamento das ações processuais
de forma que não prejudique o interesse público ou qualquer outra parte.

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O art. 284, CPC, está intrinsecamente relacionado à noção de economia processual.

[TJCE]. Aberto o prazo, mas não é feita a emenda?


Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial (art. 284,
parágrafo único, CPC).

[TJCE]. O que é uma petição inepta?


Considera-se inepta a petição inicial quando: I - Ihe faltar pedido ou causa de
pedir; II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; III - o pedido
for juridicamente impossível; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si (art. 295,
parágrafo único, CPC).

[TJCE]. Em que hipótese há improcedência imediata?


Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido
proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser
dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente
prolatada (art. 285-A, CPC).

[TJCE]. Se houver fatos repetitivos?


Larissa: Eu não entendi muito bem essa pergunta, mas acho também se relaciona ao
art. 285-A, CPC.

[TJCE]. Os requisitos gerais da petição inicial têm o mesmo valor? Há algum com
maior valor?
Todos os requisitos da petição inicial devem ser atendidos a fim de se viabilize a
instauração da demanda. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os
requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades
capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou
a complete, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de indeferimento da peça (art. 284,
CPC).

Porém, a doutrina reconhece alguns requisitos como praticamente irrelevantes, a


exemplo do constante do art. 282, VI, CPC - as provas com que o autor pretende
demonstrar a verdade dos fatos alegados. Por outro lado, requisitos como o “fato e
os fundamentos jurídicos do pedido” e “o pedido, com as suas especificações” detêm
alta relevância, já que, estando ausentes, a petição restaria inteiramente esvaziada.

[TJCE]. Uma petição inicial com tinta verde pode ser aceita?
Sim, é possível que uma petição inicial seja impressa com tinta verde, uma vez que,
mesmo fora do que se considera padrão na atividade forense, tal ato teria o efeito
esperado sem qualquer prejuízo, devendo assim ser reconhecida a incidência do
princípio da instrumentalidade das formas.

# DO PEDIDO: ESPÉCIES, MODIFICAÇÃO, CUMULAÇÃO.


[TJCE]. O que é pedido genérico? O que impede o autor de quantificar o dano
moral? O pedido genérico que redunda em baixa condenação. Como agir com o
recurso? E qual a implicação disso nas custas caso o pedido seja genérico?
Prestações vencidas, e que eram vincendas ao longo do processo. Como é que fica o

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pedido? E caso seja esquecido o pedido de juros? e os honorários? Até que momento
do processo o pedido pode ser aditado?
- Pedido genérico e quantificação do dano moral. O art. 286 estabelece hipóteses em
que é lícita a formulação de pedido genérico, aquele que é certo quanto ao objeto,
mas ainda indeterminado em relação à quantidade, no qual se indica o an debeatur,
mas não o quantum debeatur. Permite-se a formulação de pedido genérico: I — nas
ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados.
São aquelas que versam sobre uma universalidade de fato ou de direito. Por esta
última entende-se um conjunto de bens, relações jurídicas, direitos e obrigações,
como o patrimônio e a herança; II — quando não for possível determinar, de modo
definitivo, as consequências do ato ou fato ilícito. É o que ocorre com as ações em
que se postula indenização por lesões corporais, quando ainda não se sabe se delas
resultará incapacidade, se esta será definitiva e qual o seu grau. Esse inciso tem sido
invocado na formulação de pedido genérico em ações de indenização por dano moral
(STJ, 3ª Turma, REsp 125.416-RJ, rel. Min. Eduardo Ribeiro). III — quando a
determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo
réu, caso em que não se pode exigir do autor que, desde logo, na petição inicial
formule pedido determinado. É o que ocorre, por exemplo, nas ações de prestação de
contas, em que não se conhece a existência de eventual saldo em favor de uma das
partes, senão depois que o réu as apresenta, bem como nas ações que tenham por
objeto obrigações de fazer infungível, e que se convertem em perdas e danos, caso
não seja possível obter a tutela específica da obrigação exigida.

- Dizer o direito (adaptada). Pedido genérico, ex: dano moral:

a) Para fins de recurso: O STJ entende que, se o autor pediu um determinado valor a
título de danos morais e recebeu menos do que desejava, para fins de recurso, ele é
sim considerado como vencido (perdeu a causa). Em outras palavras, se o autor pediu
um valor como danos morais e recebeu menos, sob a ótica dos recursos, houve
sucumbência recíproca. Neste caso, tanto o réu (que foi condenado), como o autor
(que não recebeu tudo que queria) poderão recorrer. A Súmula 326-STJ trata apenas
de despesas processuais e honorários advocatícios. Tal enunciado não se aplica para
fins de interesse ou legitimidade recursal.

b) Custas: O STJ entende que, se o autor pediu um determinado valor a título de


danos morais e recebeu menos do que desejava, para fins de pagamento das despesas
processuais, ele não é considerado como vencido (não perdeu a causa). Em outras
palavras, se o autor pediu um valor como danos morais e recebeu menos, não houve
sucumbência recíproca (só o réu perdeu e apenas ele terá que pagar as despesas
processuais). Súmula 326-STJ: Na ação de indenização por dano moral, a
condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência
recíproca.

- Prestações vencidas e vincendas. Art. 290. Quando a obrigação consistir em


prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente
de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-
las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a
obrigação.

- A regra no processo civil é de que o pedido deve ser expresso, não podendo o juiz
conceder aquilo que não tenha sido expressamente requerido pelo autor, bastando

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para se chegar a tal conclusão a aplicação do artigo 460 do CPC, que proíbe o juiz de
conceder diferente (extra petita) ou a mais (ultra petita) do que foi pedido pelo autor.
Também essa regra sofre exceções, permitindo-se a concessão de tutela que não foi
expressamente pedida pelo autor. São hipóteses de pedido implícito: (a) despesas e
custas processuais; (b) honorários advocatícios (artigo 20 do CPC); (c) correção
monetária (artigo 404 do CC); (d) prestações vincendas e inadimplidas na constância
do processo em caso de contratos de trato sucessivo (artigo 290 do CPC); (e) os juros
legais e moratórios (artigos 404 e 406 do CC), não sendo considerados pedidos
implícitos os juros convencionais ou compensatórios.

- Não confundir:

Alteração da Petição Inicial: É a troca, e não a correção, de elementos da petição


inicial. Está regulada pelo artigo 264 do CPC. Alteração da petição inicial se divide
em: a)alteração subjetiva: é a troca de réu. A troca de réu é possível até a citação - o
autor pode trocar o réu até a citação. b)alteração objetiva: é a troca de pedido ou de
causa de pedir. a) Até a citação é plenamente possível alteração objetiva. b) Entre a
citação e o saneamento do proc. a alteração objetiva só é possível se o réu consentir.
c) Após o saneamento do processo alteração objetiva não é mais possível, mesmo
que o réu consinta. Crítica, enrijece o processo - mas está no 264 do CPC.

Aditamento da Petição Inicial:(seria espécie do gênero alteração). Está regulado no


artigo 294 - É o acréscimo de um pedido à petição inicial, que pode ser feito até a
citação, não é uma troca. O aditamento só pode ser feito até a citação. Uma exceção
a essa regra do aditamento é a declaratória incidental proposta pelo autor. Art. 294.
Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas
acrescidas em razão dessa iniciativa.

# ESPÉCIES E CUMULAÇÃO DE PEDIDOS.


[TJCE]. O pedido deve ser como?
O pedido deve ser certo e determinado. Apesar da partícula “ou” no art. 286 do CPC,
a doutrina entende que deve ser “e”.

[TJCE]. Quando se admite o pedido de forma genérica?


As hipóteses legais estão previstas nos incisos do art. 286, que são: nas ações
universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; quando
não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato
ilícito e quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser
praticado pelo réu.

[TJCE]. Um pedido de dano moral pode ser genérico?


Pode. Não se mostra necessário quantificar o pleito de dano moral na inicial,
conforme vem reiteradamente entendendo o Superior Tribunal de Justiça. A
estimativa é mera faculdade da parte.

[TJCE]. Isso não seria burlar as custas da ação?


O valor da causa deve ser baseado no artigo 258 do CPC , que atribui ao autor a
liberdade de fixação, com possibilidade de revisão pelo Juízo, em caso de eventual
excesso. Neste sentido, o STJ: "(. . .) é cabível a indicação de valor da causa

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meramente estimativo quando o autor da ação de indenização por danos morais deixa
ao arbítrio do juiz a especificação do quantum indenizatório." (STJ, AgRg no REsp
1397336/GO, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. em 22.04.2014).

[TJCE]. O que é preclusão lógica?


É a perda do direito de praticar determinado ato, em razão da prática anterior de um
ato, com ele incompatível. É a proibição do Venire contra factum proprium.
Exemplo: o juiz julga a lide antecipadamente, está precluso logicamente o direito de
o juiz dar como causa a não pretensão do processo a falta de provas.

[TJCE]. Em que hipótese posso culminar pena pecuniária?


É possível que o juiz, no exercício do poder geral de cautela, fixe multa com caráter
coercitivo, como medida de apoio à tutela específica ou obtenção do resultado
prático. Também é possível fixação de multa por litigância de má-fé ( até 1% do valor
da causa) nos casos do art. 17 do CPC.

[TJCE]. Pedido Alternativo x Pedido Sucessivo?


Pedido alternativo é aquele pedido que versa sobre obrigação alternativa do réu,
quando este poderá satisfazer a obrigação de mais de um modo. Esta escolha cabe ao
réu, seja por força da lei ou do contrato. Exemplo: o fornecimento de cesta
alimentação ou seu pagamento em dinheiro.

Pedido sucessivo é aquele que o juiz só deve conhecer do segundo pedido, caso não
seja possível conhecer do primeiro pedido (principal). Não cabe ao réu qualquer
escolha, nem se admitiria, obviamente, previsão contratual a tanto. Exemplo:
Devolução do bem, ou, no caso do seu extravio, a indenização em dinheiro.

[TJCE]. Quais os requisitos de admissibilidade para pedidos cumulativos?


Estão previstos no art. 292, CPC. São eles:

 O juiz deve ser competente para julgar todos os pedidos.


 Os pedidos devem ser compatíveis entre si Muito cuidado, este requisito só
se aplica a combinação própria. A cumulação imprópria, por óbvio, pressupõe
que os pedidos sejam incompatíveis.
 Os pedidos devem tramitar pelo mesmo procedimento, de modo que, se para
cada pedido houver um tipo de procedimento, o autor deverá cumulá-los pelo
procedimento ordinário.

[TJCE]. Qual o procedimento deverá seguir?


Procedimento ordinário.

[TJCE]. Como o juiz pode proceder nos pedidos implícitos? E quando forem
prestações?
Regra geral. Não se admite pedido implícito. Há casos, que a lei aceita o pedido
implícito, ou seja, a lei reputa formulado um pedido que não foi. Quando a lei o
autoriza, o pedido deve ser analisado em todos os aspectos, porque se o juiz não o
fizer, ele estará sendo omisso.

São exemplos de pedidos implícitos indiscutíveis: pedido de condenação às verbas


de sucumbência, pedido de correção monetária e juros legais e pedido relativo à

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obrigação de prestações periódicas, previstas no art. 290, CPC (caso contrário todo
mês precisaria entrar com uma ação para cobrar aluguel, alimentos, tributos, etc.).

# TUTELA ANTECIPADA: REQUISITOS.


[TJCE]. Quais os requisitos objetivos e subjetivos da tutela antecipada?
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os
efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou

II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório


do réu. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

[TJCE]. O que se deve entender por prova inequívoca?


Prova inequívoca não é aquela que conduza a uma verdade plena, absoluta, real –
ideal inatingível tal como já visto no capítulo relativo à Teoria Geral da Prova –,
tampouco a que conduz à melhor verdade possível (a mais próxima da realidade) – o
que só é viável após uma cognição exauriente. Trata-se de prova robusta, consistente,
que conduza o magistrado a um juízo de probabilidade, o que é perfeitamente viável
no contexto da cognição sumária (Fredie Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael
Oliveira).

[TJCE]. Requisitos da tutela antecipada, objetivos e subjetivos?


O instituto da tutela antecipada está previsto no art. 273 do CPC e exige o
preenchimento dos seguintes requisitos: Prova inequívoca da verossimilhança,
reversibilidade dos efeitos da decisão, fundado receio de dano irreparável ou de
difícil reparação, fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório do réu.

[TJCE]. Quando o réu se defende de maneira indevida?


Quando age com abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório.

Apesar de o abuso de direito de defesa não se confundir com os atos protelatórios, na


prática o resultado é sempre o mesmo: a criação injustificada de obstáculos –
processuais ou materiais – a impedir que o processo judicial chegue ao seu final, com
a definitiva entrega do bem da vida ao autor. Justamente por não entender legítima a
criação de tais obstáculos, o legislador regula a obtenção da satisfação fática do
direito da parte (geralmente do autor) por meio da tutela antecipada como forma de
sancionar a parte contrária, invertendo o ônus do tempo no processo.

[TJCE]. Os requisitos da tutela antecipada são os mesmos da ação cautelar?


De acordo com parte da doutrina, no que se inclui Daniel Assumpção, o requisito
referente à aparência do direito na tutela cautelar é diferente daquele previsto para a
tutela antecipada.

“Um dos requisitos para a concessão da tutela antecipada é a prova inequívoca da


verossimilhança da alegação, segundo previsão expressa do art. 273, caput, do CPC.
Para a tutela cautelar, um dos requisitos para a sua concessão é o fumus boni iuris.
Apesar de ambos se situarem no plano da probabilidade do direito, é inegável que

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entre eles existe uma diferença fundamental. Segundo a melhor doutrina, o juiz parte,
no início do processo, da mais completa ignorância e desconhecimento a respeito da
demanda judicial que julgará, sendo construído o seu convencimento conforme
aprofunda a sua cognição. Dessa forma, o juiz parte da ignorância e ao final chega à
certeza, que o habilita a proferir a decisão definitiva. Compreende-se que entre a
ignorância e a certeza existam diferentes graus de convencimento, que podem mais
se aproximar da dúvida ou da certeza. Nessa verdadeira linha de convencimento
pode-se afirmar que a prova inequívoca da verossimilhança da alegação está mais
próxima da certeza do que o fumus boni iuris, ainda que em ambos os casos já exista
um convencimento suficiente para o juiz considerar ao menos aparente o direito do
autor. Esse entendimento é recepcionado pelo Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MEDIDA CAUTELAR. SOJA


TRANSGÊNICA. HERBICIDA. GLIFOSATO NA PÓS-EMERGÊNCIA. UTILIZAÇAO.
PERICULUM IN MORA E FUMUS BONI IURIS . AUSÊNCIA. TUTELA ANTECIPADA
RECURSAL. JUÍZO DE EVIDÊNCIA.

1. Periculum in mora.(...)

2. Fumus boni iuris . (...)

3. Antecipação de tutela recursal. (...) Diferentemente do provimento de natureza


tipicamente cautelar, que se satisfaz com o juízo de aparência (fumus boni iuris), a
antecipação de tutela exige que o autor demonstre a verossimilhança de suas alegações
por meio de prova inequívoca, o que traduz juízo de evidência bem mais complexo do
que o exigido para a tutela cautelar.

4. Agravo regimental não provido.

STJ, 2.ª Turma, AgRg na MC 12.968/PR, rel. Min. Castro Meira, j. 25.09.2007, DJ
05.10.2007, p. 245; REsp 532.570/RS, 2.ª Turma, rel. Min. João Otávio de Noronha, j.
21.10.2004, DJ 13.12.2004

[TJCE]. Qual o mais difícil de se conceder, a tutela antecipada ou cautelar?


Com base na diferença acima exposta, a tutela antecipada é mais difícil, pois exige
um convencimento maior por parte do Juízo.

[TJCE]. Há diferença de prova inequívoca e direito inequívoco?


A prova inequívoca reside em um juízo de probabilidade, de evidência. O direito
inequívoco só pode ser constatado na ocasião da analise exauriente do mérito.

[TJCE]. Que recurso é cabível por negativa de tutela antecipada ou de cautelar?


Em regra, agravo de instrumento, mas se a negativa for veiculada em uma sentença,
caberá apelação.

# TUTELA ANTECIPADA: EFEITOS.


[TJCE]. Quais os efeitos da tutela antecipada?
A antecipação dos efeitos da tutela principal deve ocorrer apenas quando presentes
os requisitos ensejadores da medida – o que implica a conclusão de que a tutela, em
si, é prestada sempre no momento adequado, e não de forma antecipada; apenas os
possíveis efeitos de uma eventual tutela final é que são antecipados.

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Segundo Marinoni, o mecanismo de antecipação dos efeitos da tutela “[...] antecipa


parte dos efeitos da sentença do processo principal, destinando-se a regular
provisoriamente uma situação ligada ao mérito deste processo [...]” (1992, p. 106).

Ensina ainda o referido autor que: Na verdade, a tutela antecipatória, de lado


hipóteses excepcionais, tem a mesma substância da tutela final, com a única diferença
de que é lastreada por verossimilhança e por isto, não fica acobertada pela
imutabilidade da coisa julgada material. A tutela antecipada é a tutela final,
antecipada com base em cognição sumária (MARINONI, 2012, p. 62).

[TJCE]. Uma vez antecipados os efeitos, são passíveis de modificação?


A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão
fundamentada (art. 273, § 4o, CPC).

[TJCE]. O pedido pode ser total ou parcial?


Pedido pode ser total ou parcial - Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte,
antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial,
desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação
e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique
caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do
réu.

[TJCE]. Cabem recursos? Quais recursos?


Por se tratar de uma decisão interlocutória, para impugnar o pedido é preciso interpor
agravo de instrumento, que, por sua natureza não tem efeito suspensivo. Sendo assim,
a referida decisão deve ser cumprida de imediato.

Ressalte-se que mesmo com a alteração trazida pela Lei 11.187/05, que tornou o
agravo de instrumento exceção, tendo como regra o agravo retido; quando a situação
envolver antecipação de tutela, portanto, urgência, será excepcionalmente atacada
por agravo de instrumento.

Concluindo o tema, Teori Albino Zavascki afirma “da decisão do juiz, que, antes da
sentença, julga o pedido de antecipação da tutela, deferindo-o ou não, o recurso
cabível será o de agravo, eis que se trata de decisão interlocutória”.

[TJCE]. Seria possível agravo retido?


No que concerne à possibilidade de agravo retido, leciona Luiz Rodrigues Wambier
“para o manejo do agravo sob o regime da retenção, carecerá a parte de interesse, já
que, quando do seu julgamento, o pronunciamento do tribunal não terá mais
utilidade”. De igual compreensão, Teori Albino Zavascki, anota:

E, pela própria natureza da medida pleiteada, o agravo adequado será o de


instrumento, e não o retido. Efetivamente, considerando que o agravo retido é
apreciado quando o tribunal julga a apelação, de escassa utilidade seria o seu exame
para deferir ou não o pedido de tutela antecipatória, já que: (a) se a apelação
confirmar a procedência do pedido, a ‘antecipação da tutela’ poderá ser obtida
mediante execução provisória do próprio acórdão, cujos meios de impugnação, em
geral, não terão efeito suspensivo (esse efeito existirá apenas no caso de decisão por
maioria sujeita a embargos infringentes, e mesmo assim nas restritas hipóteses em
que também a apelação esteve sujeita ao referido efeito); e (b) se, ao julgar a

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apelação, o tribunal concluir pela improcedência da demanda, obviamente não terá


razão nem fundamento para, na mesma oportunidade, deferir a medida antecipatória.

[TJCE]. Tutela antecipada e astreintes podem ser executadas antes do trânsito em


julgado, a partir do descumprimento?
É desnecessário o trânsito em julgado da sentença para que seja executada a multa
por descumprimento fixada em antecipação de tutela. Nesse sentido: AgRg no
AREsp 421057 (2013/0356842-0 - 27/08/2014):

A atual jurisprudência do STJ, de fato, a respeito da matéria impugnada pelo recorrente,


vem se firmando no sentido de que é possível a execução provisória da decisão
interlocutória que determinou o pagamento de astreintes no caso de descumprimento de
obrigação, mesmo sem ter havido o trânsito em julgado. Nesse sentido: REsp
1.366.950⁄RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª Turma, DJe 28⁄06⁄2013; AgRg
no REsp 1.299.849⁄MG, Rel. Min. Sidnei Beneti, 3ª Turma, Dje 07⁄05⁄2012; AgRg no REsp
1.094.296⁄RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 4ª Turma, DJe 11⁄03⁄2011; e REsp
1170278⁄RJ, Rel. Min. Castro Meira, 2ª Turma, DJe 03.08.2010.

9. Da citação. Dos efeitos da citação. Da resposta do réu: contestação,


exceções (incompetência, impedimento e suspeição), reconvenção. Da
revelia. Dos efeitos da revelia. A revelia e os direitos indisponíveis. Da
declaração incidente. Dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos
do direito do autor. Das alegações do réu.

# RESPOSTA DO RÉU.
[TJCE]. Quais os modos de respostas do réu possíveis?
Contestação, reconvenção, exceção e ação declaratória incidental, impugnação ao
valor da causa (art. 261, CPC), incidente de falsidade documental (art. 390 e
seguintes, CPC), exibição de documento ou coisa (arts. 356 e 360, CPC), impugnação
ao benefício da justiça gratuita e intervenção de terceiros.

[TJCE]. Sabe como fica no novo CPC?


A principal alteração trazida no Novo CPC, é quanto a forma procedimental na sua
apresentação, pois toda matéria de defesa, deverá ser produzida numa única peça
processual, com a especificação das provas que se pretende produzir, conforme a
regra contida no art. 336.

Várias questões que no CPC vigente são feitas em petições apartadas, tais como, a
incompetência relativa, a impugnação ao valor da causa e impugnação à justiça
gratuita, no Novo CPC, serão matérias suscitáveis em alegações preliminares,
conforme a previsão do art. 337.

Dessa forma, a Incompetência absoluta (inc. II), a incorreção do valor da causa (inc.
III) e a Indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça (inc. XIII), serão
arguíveis no próprio texto da contestação, em alegação preliminar.

[TJCE]. Hoje como a reconvenção deve ocorrer?

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Reconvenção é a ação do réu contra o autor no mesmo processo em que aquele é


demandado. Não é defesa, é demanda, ataque. Esta ação amplia objetivamente o
processo, isso significa que o processo passa a ter novo pedido.

Legislação sobre o tema:

CPC, art. 315: "O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a
reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.

Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este
demandar em nome de outrem ". CPC , art. 316: "Oferecida a reconvenção, o autor
reconvindo será intimado, na pessoa do seu procurador, para contestá-la no prazo de 15
(quinze) dias ". CPC , art. 317 . "A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa
que a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção ". CPC , art. 318: "Julgar-
se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção ".

[TJCE]. É cabível reconvenção em ação declaratória?


“É admissível reconvenção em ação declaratória” (Súmula 258 STF).

[TJCE]. Uma vez ocorra a exceção, o que ocorre com o processo?


Art. 306. Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (art. 265, III), até que seja
definitivamente julgada.

[TJCE]. Quando é cabível o agravo de instrumento?


São as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento: (a) se referente a decisão
que possa causar lesão grave e de difícil reparação ao recorrente; (b) se inadmitida a
apelação; (c) se tiver por objeto os efeitos em que a apelação é recebida.

# CONTESTAÇÃO, RECONVENÇÃO, REVELIA.


[TJCE]. Qual o princípio que determina que todos os fatos alegados na inicial devem
ser abatidos em sede de contestação?
R- Princípio da impugnação específica (art. 302, CPC). Decorre o princípio da
eventualidade (art. 300, início, CPC). Cabe ao réu manifestar-se precisamente sobre
os fatos narrados na petição inicial, sob pena de serem presumidos verdadeiros
(incontroversos). Portanto, em regra, não se admite defesa por contestação geral.

Exceções ao princípio: a) Não for admissível a confissão - direitos indisponíveis (arts.


320, II e 351, CPC); b) Petição inicial desacompanhada de instrumento público que
lei considerar da substância do ato; c) Em contradição com a defesa considerada em
seu conjunto; d) Advogado dativo, curador especial e MP.

[TJCE]. A reconvenção, hoje, como é proposta? A ação de qualquer natureza admite


reconvenção? Exemplos de ação dúplice.
R- A reconvenção é uma demanda autônoma proposta pelo réu contra o autor, nos
mesmos autos da demanda principal, desde que com ela tenha conexão, ou com o
fundamento da defesa. Deve ser proposta no mesmo prazo e simultaneamente à
contestação (15 dias) sob pena de indeferimento, por isso é considerada modalidade
de defesa do réu (arts. 297, 299 e 315, CPC).

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Nem toda ação admite a reconvenção, a exemplo ações materialmente dúplices, ex:
ações possessórias (art. 922, CPC), ADI e ADC (art. 24, Lei 9.869/99). Também não
é admitida em determinados procedimentos, como o sumário (art. 278, § 1º, CPC),
sumaríssimo (art. 31, Lei 9.099/95).

[TJCE]. Defina revelia, há presunção absoluta ou relativa? Se refere a fato ou


direito? Ainda que o réu seja revel, pode o juiz julgar improcedente a demanda?
R- Revelia é a ausência de contestação, cujo efeito principal é a presunção relativa
(juris tantum) de que são verdadeiros os fatos afirmados pelo autor (art. 319, CPC).
Como se refere a “fato” e não de direito, apesar de decretada a revelia, o juiz poderá
julgar o improcedente a demanda, à luz do conjunto fático e probatório constantes
dos autos, mediante o livre convencimento motivado (art. 131, CPC).

Acrescente-se, ainda, que existem situações em que mesmo decretada a revelia


(ausência de contestação), o efeito presuntivo de veracidade dos fatos afirmados não
ocorrerá (art. 320, CPC). Ex: litígio versar sobre direitos indisponíveis.

# EXCEÇÕES (INCOMPETÊNCIA, IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO)


[TJCE]. Exceções processuais. Quais são as exceções? Em sentido lato pode se
admitir exceções como qualquer meio de defesa?
AMORIN, 2015. As exceções rituais encontram-se previstas como espécie de
resposta do réu no art. 297 do CPC, de forma que tal natureza jurídica é indiscutível.
Existem três espécies de exceções rituais: incompetência relativa, impedimento e
suspeição, sendo a primeira hipótese referente ao juízo e as duas seguintes referentes
à pessoa física do juiz.

Na realidade, o nome “exceções rituais” somente é correto para designar exceção de


incompetência relativa, porque segundo tradicional lição doutrinária exceção é termo
utilizado para designar matéria de defesa que só pode ser conhecida pelo juiz quando
alegada pela parte. Essa é a regra para a alegação de incompetência relativa, que
depende de manifestação do réu, salvo a exceção prevista no art. 112, parágrafo
único, do CPC. Nas hipóteses de suspeição e impedimento, o juiz deve se manifestar
de ofício, atividade tradicionalmente associada às objeções, que são as matérias de
defesa que podem – devem – ser conhecidas de ofício pelo juiz, independentemente
de alegação das partes. De qualquer forma, consagrada a nomenclatura, não vejo
maiores inconvenientes em utilizá-la na análise dessas formas de defesa.

As exceções em sentido lato caracterizam o direito público subjetivo de defesa do


acusado, podendo combater diretamente a acusação contra ele veiculada, deduzir
matéria que impeça o conhecimento do mérito ou prolongar o andamento do
processo. Já em sentido estrito define-se como o meio utilizado pelo autor para
impedir a análise do mérito, mediante a extinção do processo, ou um atraso em seu
andamento.

[TJCE]. Exceção de incompetência relativa como é processada? E quais seus efeitos?


AMORIN, 2015. A exceção será apresentada em peça autônoma e autuada em autos
em apenso, ao menos na Justiça Comum, porque nos Juizados Especiais Cíveis o art.
30 da Lei 9.099/1995 não prevê entre as respostas do réu a exceção de incompetência,
sendo que a alegação dessa matéria deverá ser feita na própria contestação.

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Não sendo caso de indeferimento, o autor excepto será intimado para manifestar-se
no prazo de 10 dias, e, sendo necessária, será produzida prova, inclusive com a
possibilidade de designação de audiência de instrução, o que, entretanto, raramente
ocorre. Em respeito ao princípio do contraditório, apesar de o art. 309 do CPC prever
exclusivamente a prova testemunhal, qualquer meio de prova poderá ser produzido.
O prazo impróprio para a prolação de decisão interlocutória que julga a exceção é de
10 dias (art. 309 do CPC). O teor do julgamento é interessante no tocante aos rumos
do processo.

Sendo a exceção rejeitada por vícios formais ou julgada improcedente no mérito, a


demanda prosseguirá perante o próprio juízo para o qual foi distribuída a petição
inicial. As partes serão intimadas da decisão e o procedimento principal retomará
imediatamente seu andamento. Sendo a exceção acolhida, os autos deverão ser
enviados ao juízo competente (art. 311 do CPC), mas nesse caso haverá um problema
para a retomada imediata do andamento procedimental. Sendo necessária a remessa
dos autos, haverá um período de tempo de trânsito dos autos, durante o qual não se
saberá qual é o juízo competente (vara, número do processo), mas tão somente o foro
competente (comarca, seção judiciária). Durante esse lapso temporal o procedimento
não retoma seu andamento, devendo as partes ser intimadas da chegada dos autos ao
novo juízo para que o procedimento retome seu andamento.

[TJCE]. A decisão que julga exceção é atacada por qual recurso? Que tipo de
agravo? Como ficar no o novo código?
AMORIN, 2015. A exceção de incompetência é decidida por decisão interlocutória,
recorrível por agravo de instrumento, que não tem efeito suspensivo, enquanto a
exceção de suspeição e impedimento é decidida por um acórdão, recorrível por
recurso especial e recurso extraordinário, a depender do caso concreto, recursos que
não são dotados de efeito suspensivo. Significa dizer que, uma vez decidida a
exceção, mesmo que interposto o recurso cabível, a decisão gera efeitos imediatos,
não havendo nenhum sentido em manter a suspensão até o julgamento definitivo.

No Novo Código de Processo Civil não existe previsão a respeito da teoria geral das
exceções rituais. A incompetência relativa passa a ser alegada como matéria
preliminar, restando a petição autônoma para a alegação de suspeição e impedimento
do juiz, nos termos do art. 146, caput, do Novo CPC. As hipóteses de impedimento
estão previstas no art. 144; as de suspeição, no art. 145 do Novo CPC.

# IMPEDIMENTOS E SUSPEIÇÃO DO JUIZ.


[TJCE]. Quais são os requisitos subjetivos e objetivos no impedimento e na
suspeição?
As hipóteses de impedimento do juiz estão descritas no artigo 134 do CPC, ao passo
que as hipóteses de suspeição no artigo 135 do mesmo diploma legal.

As hipóteses de impedimento se relacionam com causas OBJETIVAS, que são mais


facilmente auferíveis no caso concreto. O impedimento do magistrado ocorre quando
há razões mais graves. Quando incide alguma hipótese de impedimento, há
presunção absoluta de parcialidade do juiz naquele processo, devido à objetividade
de que se revestem as causas que o geram (impedimento), como mencionado acima.

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A suspeição tem causas de ordem SUBJETIVA. Segundo preleciona Humberto


Theodoro acerca da suspeição, “é imprescindível à lisura e prestígio das decisões
judiciais a inexistência da menor dúvida sobre os motivos de ordem pessoal que
possam influir no ânimo do julgador”. Na suspeição ocorre apenas presunção relativa
de parcialidade do magistrado, pois a imparcialidade deve ser tomada como regra
(pressuposto processual de validade do processo).

O impedimento, como dito, é vício mais grave que a suspeição, razão pela qual pode
ser arguido no processo a qualquer tempo, até o trânsito em julgado da sentença e,
mesmo após esse momento, até o prazo de 02 (dois) anos, por meio da competente
ação rescisória. Não existe preclusão para a arguição de impedimento do juiz,
tratando-se de vício de rescindibilidade a ensejar, conforme indicado, a propositura
de ação rescisória, no prazo de 02 (dois) anos a contar do trânsito em julgado da
sentença proferida por juiz impedido. Na suspeição, por outro lado, a parte tem um
prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da ciência do fato que gerou a causa da
exceção para arguir a parcialidade do juiz, sendo tal prazo preclusivo para as partes,
mas não para o juiz. Significa dizer que o vício da suspeição tem momento próprio
para ser arguido pelas partes, mas pode ser reconhecido de ofício pelo juiz a qualquer
momento do procedimento, convalidando-se somente com o trânsito em julgado da
sentença.

[TJCE]. Funcionando na causa um ADVOGADO que seja INIMIGO CAPITAL do


juiz, haverá impedimento?
Não. O juiz é considerado impedido para exercer suas funções jurisdicionais do
processo quando nele estiver postulando, como advogado de qualquer das partes, o
seu cônjuge ou qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na
linha colateral até o segundo grau (artigo 324, inciso IV, do CPC). O impedimento
do magistrado só existe, portanto, quando ele é PARENTE do advogado que
representa qualquer das partes.

Também não haverá suspeição nesse caso. O artigo 135, inciso I, do CPC, estabelece
que se reputa fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando amigo íntimo ou
inimigo capital de qualquer das partes. Observa-se que tal inciso do artigo 135 do
CPC refere-se EXCLUSIVAMENTE à parte, não abarcando o advogado da causa.
Somente a relação de amizade ou inimizade do juiz com a parte é causa para a
suspeição do magistrado. Somente enseja suspeição do magistrado sua íntima ou
fraternal amizade, ou sua inimizade capital, em relação às partes do processo e não
em relação ao advogado. Além disso, as hipóteses de suspeição, previstas no artigo
135, devem ser interpretadas restritivamente, pois tratam de vedações, proibições,
não permitindo aplicação extensiva.

Nesse caso, em que o advogado é inimigo capital do juiz, poder-se-ia pensar, talvez,
na suspeição do magistrado com base na hipótese contida no artigo 135, inciso V, do
CPC, que diz que se reputa a suspeição quando houver interesse no julgamento da
causa em favor de uma das partes. Entretanto, deve-se ter em mente que a suspeição
importa alijamento do magistrado de seu mister jurisdicional, envolvendo matéria de
ordem moral de alta relevância. Nesse passo, para o acolhimento da suspeição "é
indispensável prova induvidosa" da parcialidade do juiz, segundo entendimento
adotado pelo STJ. Ressalte-se que a arguição de suspeição deve vir acompanhada de
prova circunstancial do fato alegado ou do conjunto probatório que leve a comprovar
a imparcialidade do magistrado. Assim sendo, para que reste configura a incidência

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da hipótese prevista no artigo 135, inciso V, do CPC, deve haver demonstração e


comprovação da suspeição do juiz pelo excipiente, não bastando a simples e mera
alegação de que o advogado é seu inimigo capital.

[TJCE]. Haverá impedimento entre juiz e tio e sobrinho?


Vai depender se o tio/sobrinho atua no processo como parte ou como advogado da
parte.

O artigo 134, inciso V, do CPC estabelece que é VEDADO ao juiz exercer suas
funções no processo contencioso ou voluntário QUANDO CÔNJUGE, PARENTE,
CONSANGUÍNEO OU AFIM, DE ALGUMA DAS PARTES, EM LINHA RETA
OU, NA COLATERAL, ATÉ O TERCEIRO GRAU. Sabe-se que tio e sobrinho são
parentes na linha colateral em terceiro grau, sendo abrangidos, portanto, pela vedação
constante do dispositivo legal em comento. Em sendo assim, caso o tio ou o sobrinho
do juiz seja parte no processo, o magistrado, em face do contido no artigo 134, inciso
V, do CPC, estará impedido para atuar no feito.

O artigo 134, inciso IV, do CPC, por sua vez, estabelece que é VEDADO ao juiz
exercer suas funções no processo contencioso ou voluntário QUANDO NELE
ESTIVER POSTULANDO, COMO ADVOGADO DA PARTE, O SEU CÔNJUGE
OU QUALQUER PARENTE SEU, CONSANGUÍNEO OU AFIM, EM LINHA
RETA; OU NA COLATERAL ATÉ O SEGUNDO GRAU. A vedação só incide até
o segundo grau, como visto. Portanto, se o tio/sobrinho do juiz for advogado de
qualquer das partes do processo, o juiz não será considerado impedido para exercer
a sua função jurisdicional naquele feito.

[TJCE]. Há impedimento entre juiz e primo? E entre juiz e irmão?


Não há impedimento entre juiz e primo. O artigo 134 diz que é defeso ao juiz exercer
as suas funções no processo contencioso ou voluntário: IV – quando nele estiver
postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu,
consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau; V –
quando cônjuge, parente, consanguíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta
ou, na colateral, até o terceiro grau. Ora, a lei limita as restrições quanto ao
parentesco, no impedimento, em referência à linha colateral, AO SEGUNDO E AO
TERCEIRO GRAUS. O primo é parente colateral de QUARTO GRAU, não sendo,
portanto, abrangido pelas vedações descritas.

Por outro lado, há impedimento quando se analisa a relação do juiz com seu irmão.
Sabe-se que irmão é parente colateral em segundo grau, estando abrangido, em sendo
assim, pelas duas proibições acima indicadas, tanto quando atua como advogado da
parte ou quando é a própria parte do processo.

[TJCE]. Juiz é cliente de um banco no qual fez um empréstimo. Há impedimento


nesse caso? Se é só cliente, mas entra no cheque especial, há suspeição?
Não há impedimento no caso em comento. A hipótese relatada não se encaixa em
nenhum dos incisos do artigo 134 do CPC.

Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:
I - de que for parte; II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito,
funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou

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decisão; IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou
qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o
segundo grau; V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes,
em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau; VI - quando for órgão de direção ou
de administração de pessoa jurídica, parte na causa.

Pela letra da lei haveria sim suspeição, entretanto.

O cheque especial é, basicamente, um contrato existente entre um banco e um


consumidor para que este tenha disponível um crédito de um determinado valor
vinculado a sua conta bancária que, caso seja utilizado, deverá ser devolvido
acrescido de juros e outros encargos. Para que se tenha um melhor exemplo do que
significa, basta olhar o extrato bancário de alguém que possua este serviço e
identificar a diferença existente entre o saldo em conta corrente e o crédito
disponibilizado no chamado “cheque especial”. Veja um exemplo: O Sr. Fulano
possui uma conta corrente com cheque especial. Ao verificar seu extrato, observou
as seguintes informações: Conta Corrente: R$ 810,00 Limite de cheque especial: R$
1.000,00 SALDO TOTAL: R$ 1.810,00 Como se pode ver, o Sr. Fulano possui um
saldo positivo de R$ 810,00 mas o banco disponibiliza automaticamente para o Sr.
Fulano, caso seja necessário, o valor de R$ 1.000,00 como limite de cheque especial.

O cheque especial constitui, portanto, pela definição acima, uma espécie de


empréstimo, sendo que a instituição financeira que o concedeu passa a ser
considerada credora do juiz. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz
quando alguma das partes for credora ou devedora sua. Nesse caso, como o banco é
credor do juiz, que entrou no cheque especial, a suspeição do magistrado é
presumida.

Entretanto, acredito que, embora incida a letra da lei, não seria o caso de suspeição.
Para que a suspeição seja caracterizada, ela deve ser inequivocamente comprovada,
não bastando, para tanto, a mera alegação da parte. Deve haver fundadas razões que
justifiquem a parcialidade do juiz, situação que, no caso em comento, não ocorre,
pelo simples fato de o juiz entrar no cheque especial.

[TJCE]. A quem se aplica as hipóteses de impedimento e de suspeição? Há


SUSPENSÃO DO PROCESSO NESSES CASOS?
Aplicam-se os motivos de impedimento e suspeição aos juízes de todos os Tribunais,
ou seja, há uma aplicação generalizada dos institutos, segundo expressamente
estabelece o artigo 137, caput, primeira parte. Incluem-se os magistrados de primeiro
grau, os de segundo grau e os ministros dos Tribunais Superiores.

As hipóteses de impedimento e suspeição igualmente se aplicam ao órgão do


Ministério Público, quando não for parte, em todos os casos descritos na lei, e, sendo
parte, nos casos previstos nos incisos I a IV do artigo 135 do CPC (I - amigo íntimo
ou inimigo capital de qualquer das partes; II - alguma das partes for credora ou
devedora do membro do MP, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou
na colateral até o terceiro grau; III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de
alguma das partes; IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo;
aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para
atender às despesas do litígio). Observa-se que ao membro do MP não se aplica a
hipótese prevista no inciso V do artigo 135 do CPC. Como o Ministério Público,

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quando atua como parte, defende interesses de terceiros (age na defesa dos interesses
sociais e individuais indisponíveis), na qualidade de substituto processual, não
haveria razão lógica para incidir o motivo da suspeição nesse caso, em virtude do que
a hipótese é afastada.

Também se aplicam os motivos de impedimento e de suspeição ao serventuário de


justiça, ao perito e ao intérprete.

Em todos esses casos (impedimento ou suspeição de membro do MP, do serventuário


de justiça, do perito e do intérprete), a parte interessada, conforme artigo 138, §1º,
deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e
devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos;
o juiz mandará processo o incidente em separado e sem suspensão da causa, ouvindo
o arguido no prazo de 05 (cinco) dias, facultando a prova quando necessária e
julgando o pedido. Conforme o §2º do mesmo artigo 138, nos tribunais caberá ao
relator processar e julgar o incidente.

NÃO HÁ, PORTANTO, SUSPENSÃO DO PROCESSO.

10. Do julgamento conforme o estado do processo. Da extinção do


processo sem resolução do mérito. Do julgamento antecipado da lide. Da
resolução do mérito. Da audiência preliminar. Das provas: conceito,
modalidades, princípios gerais, objeto, ônus, procedimentos. Da
audiência de instrução e julgamento. Da sentença. Requisitos e efeitos
da sentença. Classificação da sentença. Publicação. Intimação das partes
e dos procuradores. Sentença em audiência e início do prazo recursal.
Condenação do devedor na emissão de declaração de vontade. Coisa
julgada. Conceito. Limites objetivos e subjetivos. Coisa julgada formal
e coisa julgada material. Princípio do deduzido e do dedutível. Reexame
da sentença. Liquidação da sentença.

# JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE.


[TJCE]. Julgamento no estado do processo é a mesma coisa que julgamento
antecipado do processo? O julgamento antecipado da lide é sempre meritório?
Identificada falta de condição da ação continua sendo julgamento do mérito? O que
significa isso?
Ultrapassa a fase das providencias preliminares, o processo chega a uma nova fase,
em que o juiz proferirá uma decisão que pode ser interlocutória ou sentencial. Nesse
momento, abrem-se quatro caminhos possíveis ao juiz, sendo que em três deles o
processo será extinto por sentença. Trata-se do julgamento conforme o estado do
processo, dentro do qual se encontra o possível julgamento antecipado da lide, e a
extinção do processo com ou sem resolução de mérito. No julgamento antecipado da
lide sempre haverá julgamento do mérito. Identificada falta de condição da ação, uma
vez que o nosso CPC adota a teoria abstrata, o julgamento não é de mérito, uma vez
que a inexistência dessas condições impossibilita sua apreciação.

[TJCE]. Um julgamento pode ser antecipado? Por que isso ocorre?

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O art. 330, CPC, ainda que não o faça de forma perfeita, cria o “julgamento
antecipado da lide”, instituto processual que permite ao juiz proferir sentença de
mérito - acolhendo ou rejeitando o pedido do autor - ainda na fase do “julgamento
conforme o estado do processo”, ou seja, imediatamente após o encerramento da fase
postulatória.

O julgamento antecipado do mérito se justifica nas demandas em que não haja, após
o encerramento da fase postulatória, a necessidade de produção de prova. Essa
desnecessidade de fase instrutória, exige do juiz tão somente a aplicação do direito
abstrato ao caso concreto, o que deverá fazer por meio de sentença definitiva,
acolhendo ou rejeitando o pedido do autor (art. 269, I, CPC).

A doutrina é uníssona no sentido de que o julgamento antecipado da lide é instituto


voltado à economia e celeridade processual (Daniel A. Neves).

Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença:

I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato,
não houver necessidade de produzir prova em audiência;

II - quando ocorrer a revelia (art. 319).

[TJCE]. Se houve revelia, o juiz deve julgar antecipadamente a lide?


Não basta a revelia para que o julgamento antecipado do mérito seja justificado,
sendo imprescindível que dessa revelia seja gerado, no caso concreto, o seu mais
importante efeito, que é a presunção de veracidade dos fatos . Uma vez presumidos
os fatos como verdadeiros, não haverá objeto de prova (art. 334, CPC), o que tornará
a fase probatória desnecessária e justificará a aplicação do art. 330, CPC (Daniel A.
Neves).

Art. 319, CPC. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos
afirmados pelo autor.

Art. 320, CPC. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:

I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei
considere indispensável à prova do ato.

Art. 324, CPC. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando que não ocorreu o efeito
da revelia, mandará que o autor especifique as provas que pretenda produzir na
audiência

[TJCE]. A audiência preliminar é obrigatória? Ela obsta o julgamento antecipado?


Não é obrigatória. A audiência preliminar, que já foi chamada de “audiência de
conciliação” tem como um de seus atos a tentativa de conciliação realizada pelo juiz,
o que naturalmente não ocorrerá com o julgamento antecipado do mérito. Aplicando-
se literalmente o procedimento previsto pelo ordenamento processual, não haverá
momento para o juiz tentar a conciliação entre as partes quando julgar
antecipadamente o mérito, sendo correto afirmar que nesse caso a celeridade e

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economia processual obtidas com tal forma de decisão se sobrepõem à tentativa de


conciliação (Daniel A. Neves).

Art. 331, CPC. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes,
e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência
preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes
intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com
poderes para transigir.

§ 3o Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa


evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo
e ordenar a produção da prova, nos termos do § 2o.

[TJCE]. Julgamento no estado do processo é o mesmo que julgamento antecipado


do processo?
Como regra, o chamado julgamento conforme o estado do processo ocorre após o
término da fase postulatória, podendo o Juiz proferir uma sentença extinguindo o
processo após essa fase. Alguns fenômenos podem ocorrer para ensejar este
julgamento conforme o estado, que podem gerar tanto sentenças de extinção do
processo sem julgamento do mérito quanto sentenças de mérito. Com efeito, dispõe
o art. 329 do CPC: “Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 267 e 269,
II a IV, o juiz declarará extinto o processo”.

Tem-se por julgamento antecipado da lide a hipótese em que o juiz, logo após a fase
postulatória, verifica ser possível, de plano, o julgamento da demanda em curso de
forma legal, sem necessidade de dilação probatória, ante a existência de requisitos
legalmente previstos. O julgamento antecipado da lide, que é uma espécie do gênero
“julgamento conforme o estado do processo”, pode ocorrer em três situações:

a) Quando o julgamento for exclusivamente de direito


Não há julgamento de direito em abstrato. Ocorre o julgamento nesse caso
quando as partes não divergem quanto aos fatos, mas somente quanto aos
fundamentos jurídicos, sendo a demanda julgada somente na matéria de
direito.

b) Quando o julgamento for de direito e de fato, mas não houver


necessidade de dilação probatória. O não cabimento de dilação probatória
pode estar baseado em dois fundamentos: ou o Juiz formou sua convicção
ou não pode fazer a dilação probatória, ou seja, nos casos em que existe
restrição à prova não documental.

c) Quando ocorrer a revelia;

Deve ser interpretada sistematicamente, ou seja, somente haverá o julgamento


antecipado da lide quando forem imputados os efeitos da revelia, em especial a
presunção da verdade.

[TJCE]. O julgamento antecipado da lide é sempre meritório? Identificada falta da


condição da ação continua sendo julgamento antecipado do mérito?
Makson

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# AUDIÊNCIA PRELIMINAR E SANEAMENTO DO PROCESSO.


[TJCE]. Audiência preliminar é obrigatória?
Não é obrigatória. A audiência preliminar, que já foi chamada de “audiência de
conciliação” tem como um de seus atos a tentativa de conciliação realizada pelo juiz,
o que naturalmente não ocorrerá com o julgamento antecipado do mérito. Aplicando-
se literalmente o procedimento previsto pelo ordenamento processual, não haverá
momento para o juiz tentar a conciliação entre as partes quando julgar
antecipadamente o mérito, sendo correto afirmar que nesse caso a celeridade e
economia processual obtidas com tal forma de decisão se sobrepõem à tentativa de
conciliação (Daniel A. Neves).

[TJCE]. Quando o saneamento se dá?


Saneamento do processo é a providência tomada pelo juiz, a fim de eliminar os
vícios, irregularidades ou nulidades processuais e preparar o processo para receber a
sentença. Tal providência é tomada entre a fase postulatória e a instrução do processo,
mediante um despacho saneador.

[TJCE]. Saneamento é despacho?


Despacho saneador – é uma decisão interlocutória escrita composta por duas partes:
a primeira parte de cunho declaratório (o juiz diz que não foi possível aplicar hipótese
de extinção o feito com ou sem exame de mérito). Vai declarar o processo saneado e
dizer que tem que instruir para julgar a causa. Crítica: Os doutrinadores criticam o
nome despacho saneador porque não é despacho é decisão. E o que foi saneado foram
as outras causas. A segunda parte constitutiva – fixação dos pontos controvertidos e
a organização da atividade instrutória (exatamente aquilo que o juiz faria na
audiência preliminar, a diferença é que neste caso é escrito e na audiência preliminar
é feita oralmente).

[TJCE]. Qual o significado do termo sanear?


Sanear significa reparar, consertar, solucionar. No sentido processual, “Sanear o
processo é deixar o processo maduro”.

[TJCE]. Dessa decisão cabe recurso?


Cabe recurso contra o DESPACHO SANEADOR, visto que este possui natureza
decisória. São cabíveis as duas modalidades de agravo, seja o de instrumento ou o
retido, a depender do caso concreto.

[TJCE]. Quando cabe agravo retido e por instrumento?


Dê exemplo da necessidade de agravo por instrumento no despacho saneador.

Art. 522, CPP. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na
forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave
e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos
aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por
instrumento.

A regra será o agravo retido, vislumbrando-se a possibilidade de interposição de


agravo de instrumentos nas hipóteses em que o despacho saneador causar lesão grave
e de difícil reparação à parte, tal como ocorreria se o juiz negasse a possibilidade de
produção de alguma prova tida por indispensável. A fim de garantir a instrução

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probatória adequada, a parte pode se socorrer do agravo de instrumento a fim de


rebater, de imediato, a decisão que pode lhe prejudicar.

# DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO.


[TJCE]. Os atos processuais serão sempre públicos? Quem define? Magistrado pode
restringir de ofício?
Os atos processuais devem ser públicos. Trata-se de direito fundamental que visa
permitir o controle da opinião pública sobre os serviços da justiça, máxime sobre o
poder de que foi investido o juiz. Desta forma, há uma íntima relação entre o princípio
da publicidade e da motivação das decisões judiciais, na medida em que a publicidade
torna efetiva a participação no controle das decisões judiciais; trata-se de verdadeiro
instrumento de eficácia da garantia da motivação das decisões judiciais. A
publicidade dada aos atos judiciais tem a capacidade de garantir aos cidadãos a
correta aplicação da justiça visando tornar transparentes os atos processuais
praticados pelo magistrado durante a persecução civil ou penal.

Jurisprudência entende que o rol do art. 155, CPC, não é taxativo, sendo assegurado
o sigilo quando necessário à preservação da intimidade das partes.

Art. 155, CPC. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça
os processos:

I - em que o exigir o interesse público;

Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta
em divórcio, alimentos e guarda de menores. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de
26.12.1977)

Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é


restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico,
pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e
partilha resultante do desquite.

[TJCE]. O que significa que a audiência tenha que ser una?


Art. 455, CPC: “A audiência é una e contínua. Não sendo possível concluir, num só dia,
a instrução, o debate e o julgamento, o juiz marcará o seu prosseguimento para dia
próximo.” Como regra, o legislador já deixa claro que a audiência é una e continua:
deve começar e terminar no mesmo dia.

[TJCE]. Nas audiências cíveis o advogado pode perguntar diretamente às partes?


Não, as perguntas passam pelo crivo do magistrado.

Art. 444, CPC. A audiência será pública; nos casos de que trata o art. 155, realizar-se-
á a portas fechadas.

Art. 445. O juiz exerce o poder de polícia, competindo-lhe:

I - manter a ordem e o decoro na audiência;

II - ordenar que se retirem da sala da audiência os que se comportarem


inconvenientemente;

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III - requisitar, quando necessário, a força policial.

Art. 446. Compete ao juiz em especial:

I - dirigir os trabalhos da audiência;

II - proceder direta e pessoalmente à colheita das provas;

III - exortar os advogados e o órgão do Ministério Público a que discutam a causa com
elevação e urbanidade.

Parágrafo único. Enquanto depuserem as partes, o perito, os assistentes técnicos e as


testemunhas, os advogados não podem intervir ou apartear, sem licença do juiz.

[TJCE]. No caso de indeferimento pelo juiz e o advogado continuar tentando, o que


devem fazer o juiz e o advogado em seguida?
Fazem constar as perguntas indeferidas e os protestos em ata de audiência, cabendo
interposição de agravo retido.

[TJCE]. A conciliação sempre deve ser tentada em juízo?


Sim, sempre deve ser tentada a conciliação em todas as etapas do processo. Inclusive
na audiência de instrução, após a conclusão para a sentença, o magistrado deve tentar
novamente a conciliação.

[TJCE]. O juiz é obrigado a exigir os debates para a prolação da sentença?


O CPC prevê a realização dos debates ao fim da audiência de instrução. Porém, o
juiz não está estritamente obrigado a efetuar os debates, podendo facultar o
pronunciamento das partes por meio de memoriais, fixando-lhes prazo, para, só
então, prolatar a sentença.

Art. 454. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e ao do réu, bem
como ao órgão do Ministério Público, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos
para cada um, prorrogável por 10 (dez), a critério do juiz.

# PRINCÍPIOS GERAIS PROBATÓRIOS.


[TJCE]. Produção de prova segue um regime tarifário?
No direito brasileiro, a Valoração da Prova obedece ao Sistema da Persuasão
Racional: o juiz profere seu julgamento segundo uma operação lógica. Livre
convencimento motivado.

[TJCE]. O que é princípio da livre investigação probatória?


O princípio da livre investigação das provas deriva do princípio do impulso oficial.
O Código acolheu o princípio dispositivo, segundo o qual o juiz deve julgar segundo
o alegado pelas partes (iudex secundum allegata et probata particum indicare
debet). Mas o abrandou, permitindo a iniciativa probatória do juiz, ao permitir ao
julgador maior iniciativa probatória, haja vista que a publicização do processo e a
socialização do direito implicam, cada vez mais, a busca da verdade real.

[TJCE]. O que é princípio da prova possível?

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Princípio da prova possível decorre do artigo 5º, LVI da CF, que assevera, mediante
interpretação, que no processo, são admissíveis todas as provas, exceto as obtidas por
meios ilícitos

[TJCE]. Prova diabólica?


Quando a inversão decorre de um acordo de vontades entre as partes, essa forma de
inversão tem duas limitações previstas pelo art. 333 do CPC, que prevê a nulidade
dessa espécie de inversão quando: (i) recair sobre direito indisponível da parte; (ii)
tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. Essa segunda
limitação legal é aplicável nas hipóteses de inversão do ônus probatório diante da
alegação de fato negativo indeterminado, cuja prova é chamada pela doutrina de
“prova diabólica”.

[TJCE]. Dentro do princípio da lealdade processual, existe relação com o princípio


da produção de prova?
Atualmente se entende que quem alega o que não aconteceu terá o ônus da prova se
o fato negativo for determinado. Exemplo: não trabalhei ontem.

O problema está na prova do fato negativo indeterminado, isto é, a prova diabólica,


pois não há como provar, por exemplo, que alguém nunca trabalhou.

O Código de Processo Civil adotou a Teoria estática de distribuição do ônus da prova.


De acordo com essa Teoria a prova é distribuída previamente de maneira imutável
pelo legislador, ou seja, o ônus da prova é de quem alega.

Mas essa Teoria não resolveu o problema da prova diabólica, então começou a surgir
a Teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova, na qual o ônus será atribuído a
quem puder suportá-lo, o que será verificado de acordo com o caso concreto, portanto
a distribuição será "a posteriori".

A Teoria da distribuição dinâmica é adotada pela doutrina e pela jurisprudência, mas


ainda não foi positivada. Por isso, sua aplicação será a luz do princípio da igualdade.
Logo, atribuir o ônus da prova aquém pode suportá-lo é atender ao princípio da
igualdade.

O Código de Defesa do Consumidor, com o escopo de proteger e defender o


consumidor, a ordem pública e interesse social, traz no bojo de seu texto duas regras
sobre o ônus da prova bem distintas.

O inciso VII do art. 6º do Código de Defesa do Consumidor é uma autorização


expressa da redistribuição do ônus da prova, e embora não seja a consagração da
distribuição dinâmica do ônus da prova, tem tudo a ver com ela, pois é feita pelo juiz
"a posteriori", ou seja, depois de verificar no caso concreto quem poderá suportar o
ônus da prova.

Vejamos a redação do dispositivo legal:

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova,
a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.

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Já o art. 38 do CDC é totalmente diferente, pois nele consta uma regra estática do
ônus da prova, na qual a distribuição do ônus foi feita "a priori" pelo legislador.
Dispõe o referido artigo:

O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária


cabe a quem as patrocina.

Por fim, a Teoria da distribuição dinâmica consta expressamente no Projeto do


Código de Processo Coletivo com a nomenclatura de "carga probatória dinâmica".

O princípio da lealdade da prova está intimamente ligado com a busca da verdade


real, que veda o acolhimento de versões fáticas falsas em prejuízo de alguma das
partes ou com o fim de obter-se objetivo ilegal.

Importante ressaltar que tal princípio possui natureza ética, e a prova, tal como o
processo em geral, tem um propósito marcadamente ético; por isso, em um plano
ideal se pode afirmar que todos os sujeitos do processo (Juiz, partes, advogados e o
mais) têm interesse em que a verdade dos fatos seja encontrada, pura, sem laivos de
meia-verdade ou de falsa-verdade. Esse anseio, neste sentido, visa a resguardar, sob
um aspecto mais amplo, a própria respeitabilidade do Poder Judiciário e das decisões
por ele proferidas.

Caso seja inequivocamente caracterizado o desrespeito a esse princípio, é


possibilitada a punição das partes por litigância de má-fé (artigo 17 do CPC).

# PROVAS: DEVERES E DIREITOS DAS PARTES.


[TJCE]. O que se busca com tutela específica?
A tutela específica consiste na condenação do devedor ao cumprimento de uma
obrigação de dar (coisa certa ou incerta), fazer (fungível ou infungível) e não fazer.
Diz-se que a tutela é específica, porquanto, ao contrário das perdas e danos,
corresponde, exatamente, àquilo que o credor pretende, daí seu caráter de
especificidade, diferentemente das perdas e danos, que são estabelecidas quando não
mais possível sua obtenção.

[TJCE]. O que o juiz pode agir para satisfazer uma tutela específica?
Fica corroborado que o poder de tutela do juiz na fixação das astreintes deve ser
suficiente, ou seja, proporcional, adequado às condições peculiares do caso em
testilha, ou ainda, ser compatível com a obrigação, isto é, necessário para dar
efetividade e compelir ou constranger o devedor a cumprir satisfatoriamente sua
obrigação, dado a sua natureza de instrumento de coerção indireta.

[TJCE]. É possível converter tutela específica em perdas e danos? De ofício?


A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se
impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. Não
pode de ofício pelo magistrado.

[TJCE]. O que se busca com tutela específica?


Tutela específica é ordem dirigida ao réu para que em determinado prazo, por
exemplo, elabore o projeto arquitetônico, apresente o parecer jurídico, pinte o mural,

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realize o show, restaure um quadro antigo, apresente a peça teatral, preste fiança,
constitua uma sociedade (obrigação de fazer infungíveis), conserte o automóvel,
construa um muro, repare o aqueduto, pinte a casa, ladrilhe uma calçada (obrigações
fungíveis) ou, ainda, abstenha-se de produzir ruídos, de emitir poluentes, de
interromper a vazão de um córrego, de modificar um açude, de usar marca comercial,
ou tolere a utilização do seu prédio pelo vizinho (obrigação de não fazer).

[TJCE]. O que o juiz pode tomar para satisfazer uma tutela específica?
Art. 634, do CPC, se o fato puder ser prestado por terceiro, é licito ao juiz, a
requerimento do exequente, decidir que aquele o realize a custa do executado.

[TJCE]. É possível converter tutela específica em perdas e danos?


Sim, conforme paragrafo único do art. 638 e art. 633.

[TJCE]. De ofício?
Não, tem que haver requerimento do credor, conforme art. 633.

[TJCE]. Dever e ônus são a mesma coisa?


Ônus não é sinônimo de dever, pois dever é obrigação e quem tem o ônus não tem a
obrigação. Ônus, por conseguinte, é a faculdade que a parte dispõe para praticar ou
deixar de praticar determinado ato processual – ato este que lhe proporcionará
alguma vantagem própria se adimplir com seu ônus. Se a parte não exercita o ônus
que lhe compete, esta apenas deixa de usufruir a vantagem processual que obteria se
o tivesse exercitado, no momento e na forma previstos nas leis processuais.

[TJCE]. Que tipo de prova pode produzir?


Art. 332, do CPC. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda
que não especificados nesse código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em
que se funda a ação ou a defesa.

# PROVA: ÔNUS E SUA CONVENÇÃO.


[TJCE]. Ônus e dever são a mesma coisa?
Na acepção comum, ônus é expressão sinônima de dever, de obrigação, ao passo que
ônus na acepção jurídica tem ela outra conotação. Francesco Carnelutti, um dos
primeiros a fazer a distinção entre ônus e obrigação define a obrigação como
subordinação de um interesse do obrigado a um interesse de outro, o ônus é a
subordinação do interesse do onerado a outro interesse do mesmo sujeito.

Todavia, a distinção feita por Carnelutti foi criticada por grande parte doutrina, em
razão de entender-se de que o ônus não se constitui como uma espécie de dever, mas
sim de um direito subjetivo ou poder.

Leo Rosenberg define ônus como interesse da parte na atividade de probatória com
o propósito de alcançar êxito na pretensão.

Pontes de Miranda distingue ônus de dever como sendo relação jurídica entre dois
sujeitos, enquanto ônus é a relação em si mesmo, ou seja, satisfazer ou não a tutela
do próprio interesse.

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Arruda Alvim Candido classifica ônus da prova como ônus perfeito e imperfeito. O
primeiro consiste na consequência jurídica danosa à parte que não cumpre o ato
processual, como por exemplo, se parte não recorrer da sentença transita em julgado,
ao passo que o segundo consiste numa eventual consequência processual, como por
exemplo, se a parte perde a oportunidade de fazer determinada prova, nem sempre
poderá haver a sucumbência da demanda, porquanto a outra parte poderá fazer tal
prova. Dinamarco ainda define ônus em absoluto e relativo, sob significado correlato
de perfeito e imperfeito.

[TJCE]. Como se denomina a prova excessivamente exigível?


A prova diabólica (Probatio Diabolica ou Devil’s Proof) é aquela modalidade de
prova impossível ou excessivamente difícil de ser produzida como, por exemplo, a
prova de um fato negativo. Sendo assim, é importante salientar que prova diabólica
é uma expressão utilizada nas hipóteses em que a prova da veracidade da alegação a
respeito de um fato é extremamente difícil de ser produzida. Ou seja, nenhum meio
de prova possível é capaz de permitir tal demonstração. Dessa maneira, a prova
diabólica, muitas vezes, ocorre nos casos em que se tem que provar algo que não
ocorreu, constituindo-se em uma autêntica prova negativa.

# PROVA: FATOS NOTÓRIOS, MÁXIMAS DE EXPERIÊNCIA.


[TJCE]. O que são fatos notórios? Ocorrem da mesma maneira?
Fatos notórios, que são os de conhecimento geral. Por exemplo, é fato notório que o
Natal é comemorado no dia 25 de dezembro, ou que os serviços públicos de saúde e
educação são prestados em regra de modo precário, ou ainda, que a criminalidade
aumenta a cada dia em várias regiões do país. Aplica-se, no caso, o princípio do
notorium non eget probatione, ou seja, o notório não necessita de prova.

Mesmo que controvertidos não precisam ser provados, pois não há dúvida a seu
respeito.

[TJCE]. A quem a prova se destina?


A prova é todo meio destinado a convencer o juiz, seu destinatário, a respeito da
verdade de um fato levado a julgamento. As provas fornecem elementos para que o
juiz forme convencimento a respeito de fatos controvertidos relevantes para o
processo.

[TJCE]. Fatos notórios e notoriedade se apresentam da mesma maneira?


É notório o fato cujo conhecimento faz parte da cultura normal própria de pessoas de
um determinado grupo social, no tempo em que é proferida a decisão, e sobre o qual
é dispensável a controvérsia sobre sua ocorrência.

A notoriedade é a qualidade de certos fatos que os tornam reconhecidamente


conhecidos e indiscutíveis, de maneira que produzir sua prova em nada aumentaria a
convicção que o juiz e as partes têm quanto a sua veracidade.

[TJCE]. O que são máximas de experiência? Exemplos? Exceção para aceitação.


As máximas de experiência são resultantes de observações de um indivíduo sobre
vários fatos que tiveram a mesma relação de causa e efeito, enquanto que o fato
notório não é uma repetição de vários fatos, mas a observação de vários observadores,

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ou a certeza do acontecimento, em relação a um só fato. Portanto, na máxima de


experiência, o que se repete são os fatos, observados por um indivíduo, enquanto que
no notório, o que se repete são os observadores de um só fato.

As máximas de experiência constituem recurso tradicional na apreciação da prova,


sendo mencionadas no artigo 335 do Código de Processo Civil, de aplicação
subsidiária, cuja redação manteve-se inalterada desde seu advento em 1973. Tal
disposição legal estabelece: “Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará
as regras de experiência comum subministradas pela observação do que
ordinariamente acontece e ainda as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto
a essa, o exame pericial”.

Conforme se verá, a utilização das máximas de experiência vai além da tradicional


valoração das provas produzidas, podendo funcionar, a partir de uma visão publicista
e instrumentalista do processo, como mecanismo para abreviar a solução das
demandas, fazendo com que a prestação jurisdicional cumpra seu papel, que é a
pacificação social com justiça.

Cite-se, como exemplo, a hipótese de o autor pleitear o pagamento de horas extras


com base na jornada de vinte e quatro horas diárias, em todos os dias da semana, sem
intervalo e sem folga, durantes meses a fio. Outro exemplo de utilização das máximas
de experiência para ensejar a impossibilidade de reconhecimento de um fato é dado
por Karl Larenz: “Pela experiência de funcionamento do mercado, do habitual
comportamento econômico dos compradores de terrenos, o julgador sabe que estes
atribuem normalmente grande importância à aptidão do terreno para construção na
sua decisão de comprar e particularmente no preço oferecido”. A partir da máxima
citada, o autor extrai a conclusão de que “não seria, por exemplo, aceitável que, uma
vez que a aptidão de um terreno para construção foi considerada como qualidade do
mesmo essencial no comércio, vir negá-lo num caso concreto” (LARENZ, 1978,
p.313-315)

[TJCE]. Fatos notórios e notoriedade se apresentam da mesma forma?


É notório o fato cujo conhecimento faz parte da cultura normal própria de pessoas de
um determinado grupo social, no tempo em que é proferida a decisão, e sobre o qual
é dispensável a controvérsia sobre sua ocorrência [01].

A notoriedade é a qualidade de certos fatos que os tornam reconhecidamente


conhecidos e indiscutíveis, de maneira que produzir sua prova em nada aumentaria a
convicção que o juiz e as partes têm quanto a sua veracidade.

[TJCE]. Nos fatos notórios, a quem a prova se destina?


Para que se possa qualificar um fato como notório, não é necessário que a parte contra
quem ele seja alegado admita essa especifica qualidade. O importante é que essa
notoriedade se revele segundo a apreciação do juiz.

[TJCE]. O que são máximas de experiência?


As máximas de experiência são resultantes de observações de um indivíduo sobre
vários fatos que tiveram a mesma relação de causa e efeito, enquanto que o fato
notório não é uma repetição de vários fatos, mas a observação de vários observadores,
ou a certeza do acontecimento, em relação a um só fato. Portanto, na máxima de
experiência, o que se repete são os fatos, observados por um indivíduo, enquanto que

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no notório, o que se repete são os observadores de um só fato. De tanto observar o


desenvolvimento e a evolução física das pessoas no passar do tempo o observador
sabe calcular aproximadamente a idade das pessoas. Isso se faz por regras da
experiência. Não se pode dizer que é um fato notório o fato de tal pessoa ter 20 anos
de idade. Também não se confunde fato notório, no sentido de notória non egent
probatione, a que se refere o artigo 334-I, do CPC, com fatos evidentes, públicos ou
públicados, conhecíveis ou apuráveis e contínuos ou permanentes. São fatos
evidentes, as verdades axiomáticas, matemáticas de fácil demonstração, mas sem
relevância para o tema probatório. São fatos públicos aqueles a que se deu ampla
propagação noticiosa, mas que podem até não ser verdadeiro, o fato notório contém
a convicção de sua verdade.·.

[TJCE]. Há alguma exceção para a aceitação das máximas de experiência?


Segundo o art. 335 do CC as máximas da experiência são ressalvadas no caso do
exame pericial.

[TJCE]. O que é um fato notório?


É notório o fato cujo conhecimento faz parte da cultura normal própria de pessoas de
um determinado grupo social, no tempo em que é proferida a decisão, e sobre o qual
é dispensável a controvérsia sobre sua ocorrência.

Os fatos notórios são aqueles sobre os quais nenhum dos sujeitos tem dúvida. São
acontecimentos de conhecimento geral, desnecessários de comprovação, como por
exemplo, datas históricas.

[TJCE]. O que é notoriedade? Como se prova?


A notoriedade é a qualidade de certos fatos que os tornam reconhecidamente
conhecidos e indiscutíveis, de maneira que produzir sua prova em nada aumentaria a
convicção que o juiz e as partes têm quanto a sua veracidade.

[TJCE]. O que são as regras máximas de experiência?


A máxima de experiência é um raciocínio, é um juízo. São resultantes de observações
de um indivíduo sobre vários fatos que tiveram a mesma relação de causa e efeito.
Portanto, na máxima de experiência, o que se repete são os fatos, observados por um
indivíduo. De tanto observar o desenvolvimento e a evolução física das pessoas no
passar do tempo o observador sabe calcular aproximadamente a idade das pessoas.
Isso se faz por regras da experiência.

# CLASSIFICAÇÃO DAS SENTENÇAS.


[TJCE]. Defina sentença?
Sentença, como espécie de decisão (acepção restrita), é a decisão do juiz que encerra
o procedimento em 1ª instância. Esse é o entendimento majoritário e que prevalece.

Há, porém, quem defenda que sentença é, em sua acepção restrita, qualquer decisão
do juiz que se baseia no art. 267 ou 269 do CPC.

Atenção, não é permitido o julgamento parcial de mérito. O CPC 1973 adotou a teoria
da unidade estrutural da sentença segundo a qual não é possível existir mais de uma
sentença no mesmo processo ou na mesma fase processual de conhecimento ou de

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liquidação. Nas palavras do STJ, não se admite a resolução definitiva fracionada da


causa mediante a prolação de sentenças parciais de mérito (REsp 1.281.978). Para o
STJ, a decisão a que se refere o §6º do art. 273 do CPC, apesar de ser concedida
mediante técnica de cognição exauriente, continua sendo, por opção legislativa, uma
hipótese de tutela antecipada. Se o juiz proferir julgamento parcial de mérito na
vigência do CPC 1973, tal decisão é equivocada e deverá ser anulada, ainda que
analisada após a entrada em vigor do CPC 2015. A entrada em vigor no novo CPC
não convalida a decisão parcial de mérito eventualmente prolatada no sistema
anterior porque incide o princípio do tempus regit actum.

João Paulo: Achei interessante complementar com o entendimento do CPC2015


porque no TJCE o nosso examinador fez diversos comentários relacionando com o
novo CPC. Mesmo ele deixando claro que aquilo estava fora do ponto e que não
seria levado em consideração, achei pertinente colocar isso aqui, pois há uma
consolidação daquilo que a doutrina defendia. No novo CPC, a decisão que julga
parcialmente o mérito, nos termos do art. 356, é classificada como decisão
interlocutória de mérito e tal decisão é impugnável por meio de agravo de
i n s t r u m e n t o .

[TJCE]. Classificação de sentença?


Quanto ao conteúdo, as sentenças se classificam em: i) meramente declaratórias; ii)
constitutiva; iii) condenatória, para aqueles que adotam a teoria ternária da sentença.
Já aqueles que adotam a teoria quinária da sentença às classificam em: i) meramente
declaratória; ii) constitutiva; iii) condenatória; iv) executiva lato sensu; v)
mandamental.

Já quanto a resolução do mérito as sentenças se subdividem em: i) sentenças


terminativas (CPC, 267); ii) sentenças definitivas (CPC, 269).

[TJCE]. O que seria uma sentença terminativa?


Sentença terminativa é uma sentença que põe termo ao procedimento em 1ª instância
sem resolver o mérito da questão posta em juízo. É uma decisão prolatada com
fundamento em um dos XI incisos do art. 267 do CPC.

[TJCE]. Diferencie coisa julgada material e formal?


Coisa julgada formal é a imutabilidade da decisão por qualquer meio processual
dentro do processo em que foi proferida. Qualquer que seja a espécie de sentença
proferida em qualquer espécie de processo haverá num determinado momento
processual o trânsito em julgado e, como consequência, a coisa julgada formal.

Se todas as sentenças produzem coisa julgada formal, o mesmo não pode ser
afirmado a respeito da coisa julgada material. No momento do trânsito em julgado e
da consequente geração da coisa julgada formal, determinadas sentenças também
produzirão nesse momento procedimental a coisa julgada material, com projeção
para fora do processo, tornando a decisão imutável e indiscutível além dos limites do
processo em que foi proferida. Pela coisa julgada material, a decisão não mais poderá
ser alterada ou desconsiderada em outros processos. Essa imutabilidade geral para
fora do processo, resultante da coisa julgada material, atinge tão somente as sentenças
de mérito proferidas mediante cognição exauriente, de forma que haverá apenas coisa
julgada formal nas sentenças terminativas ou mesmo em sentenças de mérito, desde

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que proferidas mediante cognição sumária, como ocorre para a maioria doutrinária
na sentença cautelar.

Como se nota, a coisa julgada material depende da coisa julgada formal, mas o
inverso não ocorre.

[TJCE]. Exceções da coisa julgada formal?


A coisa julgada é um instrumento que visa dar segurança jurídica às relações, mas
existem instrumentos para controla-la a fim de evitar a perpetuação de injustiças.
Assim, a coisa julgada no Brasil não é inexpugnável, ela é relativizada pela própria
lei.

São exceções à coisa julgada: A) ação rescisória (CPC, 485) que deve ser ajuizada
no prazo de 02 (dois) anos, sob pena de decadência. Possui hipóteses típicas de
rescindibilidade previstas em lei e é uma ação de competência originária dos
Tribunais. B) querela nullitatis (CPC, 475-L, I e 741, I) é um instrumento de revisão
sem prazo para questões formais relativas à citação. C) correção de erros materiais
podem ser corrigidos a qualquer tempo (inclusive de ofício pelo juiz), ou seja, erros
materiais não transitam em julgado nunca. D) revisão de sentença fundada em lei,
ato normativo ou interpretação tidos pelo STF como inconstitucionais (CPC, 475-L,
§1º e 741, parágrafo único), bem como pela E) Teoria da relativização da Coisa
Julgada.

[TJCE]. Se eu der causa 3 vezes a extinção do processo pode entrar de novo?


Não seria possível, pois estaríamos diante de caso de perempção. A perempção é
fenômeno que evita o abuso do direito de demandar, exigindo a extinção do processo
quando a mesma ação for proposta pela quarta vez, tendo sido os três processos
anteriores extintos sem resolução do mérito por abandono bilateral (art. 267, II, CPC)
ou unilateral do autor (art. 267, III, CPC).

[TJCE]. Definição clássica e atual de sentença?


A sentença foi conceituada pelo legislador de 1973 como o ato que põe fim ao
processo, incluindo-se nessa conceituação tanto as sentenças que resolvem o mérito
da demanda (definitivas) como aquelas que apenas encerram o processo, sem
manifestação sobre o mérito (terminativas). A opção do legislador foi clara: O critério
adotado era o efeito da decisão relativo ao procedimento, sendo absolutamente
irrelevante o seu conteúdo para a configuração da decisão como sentença.

O advento generalizado das ações sincréticas levou o legislador a repensar o conceito


de sentença. Ao invés de levarmos em consideração o efeito do pronunciamento
judicial, o novo conceito de sentença (CPC, 162, §1º) tem como critério conceitual o
seu conteúdo, fazendo expressa remissão aos arts. 267 e 269 do CPC, dispositivos
que indicam as causas que geram a resolução ou não do mérito (sentença definitiva
e terminativa, respectivamente. O conceito atual de sentença resulta de uma análise
conjunta dos arts. 162, §1º, 267 e 269, todos do CPC. Dispõe o art. 162, §1º, CPC
que sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267
e 269 desta lei.

[TJCE]. Sentença substitutiva e exteriorização da vontade qual a natureza?


É a sentença que condena à declaração de uma emissão de vontade: os arts. 466-A a
466-C tratam das sentenças proferidas nos processos em que a pretensão do autor é

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de que o réu emita uma declaração de vontade, que ele se recusa a lançar (exemplo:
recusa em outorgar escritura ao final do pagamento nos contratos de promessa de
compra e venda).

Para a satisfação específica da pretensão, a lei determina que a sentença, sendo


possível, produzirá os mesmos efeitos que a declaração de vontade não emitida, ou
que o contrato não firmado. É preciso que fique demonstrado que o adquirente
cumpriu a sua prestação.

O art. 466-A do CPC refere-se àquelas situações em que a parte se vê obrigada a


exprimir declaração de vontade, seja por ato unilateral ou por ato bilateral, ou, ainda,
por imposição legal. Todavia, em que pese tal obrigatoriedade, a parte não emite a
referida declaração.

Mister frisar que a sentença de que trata o art. 466-A do CPC possui natureza
executiva lato sensu consoante ensinamento de Pontes de Miranda. Tal sentença é
assim denominada porque dispensa o processo de execução subsequente para ser
satisfeita, tratando-a como uma sentença autoexecutável. Em sendo executiva a
sentença a que alude o art. 466-A do CPC, o cumprimento do comando judicial
ocorre na própria relação processual de conhecimento, sendo desnecessária, portanto,
a existência de processo autônomo de execução. Ante a prolação da sentença, os
efeitos são produzidos normalmente. O art. 466-A do CPC dispõe que a sentença
unicamente produzirá efeitos após seu trânsito em julgado.

# CONDENAÇÃO DO DEVEDOR NA EMISSÃO DE DECLARAÇÃO DE VONTADE.


[TJCE]. A condenação do devedor no artigo 466, letra a e b, exemplos de promessa
de compra e venda de bens imóveis, deve registrar ou não? Quais dos itens
desaparecerão no novo CPC?
Art. 466-A. Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma vez
transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida. Art. 466-B.
Se aquele que se comprometeu a concluir um contrato não cumprir a obrigação, a outra
parte, sendo isso possível e não excluído pelo título, poderá obter uma sentença que
produza o mesmo efeito do contrato a ser firmado.

O Compromisso de compra e venda nada mais é que um contrato preliminar (ou


compromisso de contrato), atualmente tratado nos artigos 462 a 466 do Código
Civil. Apesar de ser um contrato dispensável, ou seja, não obrigatório, é comum de
ser encontrado em operações de compra e venda de imóveis com o objetivo de
propiciar maior segurança às partes no tocante ao preço ajustado e à forma de
pagamento. Dispõe o art. 462 do CC que o contrato preliminar, exceto quanto à
forma, deve conter alguns dos requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado
(contrato definitivo).

Dessa forma, deverão ser observados os requisitos taxativos de validade dos negócios
jurídicos dispostos no art. 104 do CC, incisos I e II, que são: agente capaz e objeto
lícito, possível, determinado ou determinável. No que tange seu inciso III (obedecer
à forma prescrita ou não defesa em lei), este se mostra dispensável, uma vez que não
se trata de contrato definitivo. Isto posto, o compromisso de compra e venda de
imóveis dispensa a escritura pública.

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A dúvida recorrente são os efeitos do compromisso de compra e venda em relação a


seu registro ou não na matrícula do imóvel. No caso de não registro em matrícula,
existirá apenas uma obrigação de o promitente vendedor outorgar a escritura
definitiva depois de quitados os valores ajustados.

Essa obrigação tem caráter pessoal, inter partes, ou seja, nada impede que o vendedor
outorgue uma escritura pública de compra e venda para um terceiro e que este a
registre no Cartório de Registro de Imóveis, sendo averbada na matrícula. Neste caso,
o promitente comprador somente poderia pleitear perdas e danos ou cláusula penal,
juros, correção monetária e honorários advocatícios em face do promitente vendedor
e mais ninguém. Portanto, quem adquiriu imóvel por compromisso de compra e
venda ou escritura não registrada não poderá reivindicar o imóvel de terceiro, haja
vista que este direito depende do registro destes contratos na matrícula.

Novo CPC:

Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença
que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos
da declaração não emitida. Não há reprodução no novo CPC do disposto no art. 466 -B
do atual CPC.

# COISA JULGADA.
[TJCE]. O que faz coisa julgada? Que parte da decisão faz?
LFG: É o conteúdo do DISPOSITIVO da decisão, ou seja, a norma jurídica
individualizada que se torna indiscutível com a coisa julgada. Lembrar que sobre a
fundamentação não recai coisa julgada. No máximo, sobre a fundamentação pode
recair a eficácia do precedente

[TJCE]. Em ação apenas de alimentos, que afirma que o réu é pai para pagar
alimentos, faz coisa julgada?
A Lei de Alimentos dispõe:

Art. 15. A decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado e pode a qualquer
tempo ser revista, em face da modificação da situação financeira dos interessados.

Não obstante a norma do artigo 15 da lei de alimentos, Maria Berenice Dias se


manifesta nos seguintes termos, a respeito da coisa julgada na ação de alimentos:
“Apesar do que diz a lei (LA 15), a sentença proferida em ação de alimentos produz,
sim, coisa julgada material. A doutrina sustenta de forma maciça ser equivocada a
expressão legal, ao afirmar que a decisão sobre alimentos não transita em julgado,
porque pode ser revista a qualquer tempo, diante da alteração da situação financeira
dos interessados. A possibilidade revisional leva à falsa ideia de que a sentença que
fixa alimentos não se sujeita à imutabilidade. A assertiva não é verdadeira.
Estabelecida a obrigação alimentar, que envolve inclusive o estado familiar das
partes, transitada em julgado, atinge a condição de coisa julgada material, não
podendo novamente essa questão ser reexaminada”.

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Os alimentos estão revestidos da cláusula rebus sic stantibus, o que permite que OS
VALORES FIXADOS a título de pensão possam ser alterados quando há alteração
no binômio necessidade/possibilidade.

Didier: A doutrina majoritária atualmente entende a existência de coisa julgada


material nas sentenças que resolvem relação jurídica continuativa, pois a decisão é
imutável e indiscutível, e a possibilidade de sua revisão só ocorre em razão da
modificação da causa de pedir (modificação do estado de fato ou de direito), de forma
a afastar a tríplice identidade.

[TJCE]. Os motivos no novo CPC farão coisa jugada?


O novo CPC conta com artigo que diz: “Não fazem coisa julgada: I – os motivos,
ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; II
– a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença”.

O §1º do art. 500 já nos indicava o contrário: “O disposto no caput aplica-se à


resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentalmente no processo,
se: I – dessa resolução depender o julgamento do mérito; II – a seu respeito tiver
havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia; III – o
juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão
principal”.

Depois o § 2º ainda complementa este regime especial: “A hipótese do § 1º não se


aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações à cognição que
impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial”.

Assim, voltamos a ter coisa julgada sobre questões prejudiciais e, por consequência,
todos aqueles problemas hermenêuticos em sabermos: (1º) o que é uma questão
prejudicial; (2º) em quais casos tais questões prejudiciais fazem e não fazem coisa
julgada.

[TJCE]. O que significa dizer que nenhum juiz decidirá questões já decididas? Há
exceções?
Se o Julgador já se manifestou sobre dada questão ou matéria, no bojo dos autos, não
cabe, regra geral, o seu reexame pelo mesmo Juízo, diante da preclusão consumativa
pro judicato (para o juízo), nos termos da norma processual em tela.

Exceções:

I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de


fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na
sentença;

II - nos demais casos prescritos em lei.

[TJCE]. Quais são os limites objetivos da coisa julgada? E os limites subjetivos?


AMORIM, 2015:

Limites objetivos: Somente o dispositivo da sentença de mérito torna-se imutável e


indiscutível, admitindo-se que os fundamentos da decisão possam voltar a ser
discutidos em outro processo, inclusive com a adoção pelo juiz de posicionamento
contrário ao que restou consignado em demanda anterior.

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Limites subjetivos: Segundo previsto no art. 472 do CPC, a coisa julgada vincula
somente as partes, não atingindo os terceiros, que não serão beneficiados ou
prejudicados. Trata-se da eficácia inter partes da coisa julgada, regra no sistema
processual, ao menos no tocante à tutela individual. A par das discussões doutrinárias
a respeito do conceito de parte, entende-se que a coisa julgada vincula o autor, réu e
terceiros intervenientes, à exceção do assistente simples, que suporta a eficácia da
intervenção prevista pelo art. 55 do CPC

[TJCE]. Terceiros podem ser atingidos pela coisa julgada?


A doutrina acertadamente ensina que todos os sujeitos – partes, terceiros interessados
e terceiros desinteressados – suportam naturalmente os efeitos da decisão, mas a coisa
julgada os atinge de forma diferente. As partes estão vinculadas à coisa julgada, os
terceiros interessados sofrem os efeitos jurídicos da decisão, enquanto os terceiros
desinteressados sofrem os efeitos naturais da sentença, sendo que em regra
nenhuma espécie de terceiro suporta a coisa julgada material.

Aparentemente, a segunda parte do art. 472 do CPC excepcionaria essa regra,


estabelecendo que nas ações relativas ao estado de pessoa a sentença produziria coisa
julgada em relação a terceiros. A inadequada redação do dispositivo legal, entretanto,
somente consagra a regra da coisa julgada inter partes, porque exige que todos os
interessados sejam citados no processo em litisconsórcio necessário. Dessa forma,
somente os terceiros desinteressados não participam do processo como parte, e estes,
conforme já afirmado, não suportam a coisa julgada material, porque não têm
legitimidade para discutir judicialmente a decisão.

Mesmo no sistema da coisa julgada inter partes existem duas exceções, de forma
que os sucessores e os substituídos processuais, ainda que não participem do
processo como partes, suportam os efeitos da coisa julgada. São titulares do
direito e dessa forma não haveria sentido que não suportassem os efeitos da
coisa julgada material.

[TJCE]. Quais os limites subjetivos e objetivos da coisa julgada?


O limite subjetivo da coisa julgada é matéria essencial no processo civil, já que
determina quem sofrerá os efeitos da decisão. Por isso que é tão importante a citação
válida de todos os legitimados, além de se conhecer bem as regras sobre o
litisconsórcio.

Inter partes: é a regra, vinculando somente as partes que figuraram no processo. Isso
porque a afetação de quem não foi parte ofende a ampla defesa e o contraditório;

Ultra partes: é aquela coisa julgada que atinge não somente as partes do processo,
como também determinados terceiros, vinculando-os. Ocorre, v.g., no caso de
substituição processual, em que o substituído, apesar de não ter figurado como parte
da demanda, será submetido a ela. O mesmo ocorre, v.g., com a substituição
processual ulterior decorrente da alienação da coisa litigiosa (exceto se o adquirente
substituir o alienante).

Erga omnes: é aquela cujos efeitos atingem todos os jurisdicionados, quer tenham ou
não participado do processo, v.g., ações coletivas sobre direitos difusos, ações de
controle abstrato de constitucionalidade e ações de estado de pessoas.

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Quanto ao limite objetivo, somente se submete à coisa julgada material a norma


jurídica concreta, contida no dispositivo da decisão, que julga o pedido. Questões
deduzidas e examinadas incidentalmente não ficarão imunes pela coisa julgada.

Nos termos do art. 469, do Código de Processo Civil, não fazem coisa julgada:

Os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da


sentença;

A verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;

A apreciação da questão prejudicial decidida incidentalmente no processo.

Fará coisa julgada material a questão prejudicial se a parte o requerer, o juiz for
competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o
julgamento da lide, mediante ação declaratória incidental.

Ademais, fará coisa julgada a justiça da decisão para o assistente simples.

Já caiu em concurso o seguinte: houve um pedido não analisado na sentença. O


advogado não opôs embargos de declaração; na apelação não houve qualquer
referência ao fato; o tribunal não analisou de ofício; houve o trânsito em julgado,
surgindo a coisa julgada formal e material. O advogado percebe que determinado
pedido não foi examinado, vai até seu escritório, imprime a mesma petição, exclui as
páginas que falavam sobre o outro pedido analisado e vai até o tribunal, distribuindo
novamente a mesma petição. Nessa hipótese essa demanda pode ser processada e
julgada ou existe coisa julgada neste caso?

Não é caso de coisa julgada; esta nova petição pode ser processada e julgada porque
não houve julgamento. SE NÃO HOUVE JULGAMENTO DE UM PEDIDO NÃO
HÁ COISA JULGADA. Não foi questão decidida (art. 468).

[TJCE]. Quais partes da sentença obrigam?


Como dito na questão acima, somente se submete à coisa julgada material a norma
jurídica concreta, contida no dispositivo da decisão, que julga o pedido. Questões
deduzidas e examinadas incidentalmente não ficarão imunes pela coisa julgada.

[TJCE]. O juiz não pode decidir coisa já decidida?


O efeito negativo impede que a questão principal já definitivamente decidida seja
objeto de novo julgamento como questão principal em outro processo. Ele dá azo à
exceptio rei judicatio.

O efeito positivo determina que a questão principal decidida e transitada em julgado,


se retornar ao judiciário como questão incidental, não possa ser decidida de modo
distinto daquele como o foi no processo anterior, em que foi questão principal. O
efeito positivo da coisa julgada gera, portanto, a vinculação do julgadorde outra causa
ao quanto decidido na causa em que a coisa julgada foi produzida. Exemplo constante
de manifestação do efeito positivo da coisa julgada ocorre na fase de liquidação de
sentença: o magistrado não pode desrespeitar o que já decidido, deve-se ater ao que
está contido no comando da norma indidual colocada no dispositivo.

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A função da coisa julgada é, pois, dúplice: de um lado, define, vinculativamente, a


situação jurídica das partes; de outro lado, impede que se restabeleça, em outro
processo, a mesma controvérsia. Em virtude da primeira função, não podem as partes,
unilateralmente, escapar aos efeitos da declaração jurisdicional; por decorrência da
segunda, cabe a qualquer dos litigantes a exceptio rei iudicatae, para excluir novo
debate sobre a relação jurídica decidida.

Enquanto a exceptio rei judicatio é forma de defesa a ser empregada pelo demandado,
o efeito positivo da coisa julgada pode ser fundamento de uma segunda demanda.

Assim, A COISA JULGADA RELATIVA À QUESTÃO PRINCIPAL NUM


PROCESSO VINCULA O JULGADOR DE OUTRO, QUANDO ELA FOR
SUSCITADA COMO QUESTÃO INCIDENTAL.

[TJCE]. Quais as exceções da coisa julgada?


Tatiana.

[TJCE]. Como atacar a coisa julgada? A querella nulitatis pode atacá-la?


Tem-se, atualmente, os seguintes instrumentos:

Ação rescisória: é uma ação autônoma de impugnação de decisão de mérito transitada


em julgado quando houver vícios rescisórios, visando a desconstituir a coisa julgada
material;

Informativo 764

O art. 485 CPC prevê as hipóteses em que a ação rescisória é cabível. O inciso V do art.
485 prevê que é cabível a ação rescisória quando a sentença de mérito transitada em
julgado “violar literal disposição de lei”.

Importante ressaltar que, para incidir essa hipótese, a violação deve se mostrar
aberrante, cristalina, observada primo ictu oculi (STJ. 1ª Turma. REsp 1458607/SC, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 23/10/2014).

Quando o inciso fala em “lei” abrange também as normas constitucionais? SIM. A


palavra “lei” nesse caso deverá ser interpretada em sentido amplo, abrangendo lei
ordinária, lei complementar, medida provisória, norma constitucional, decreto, resolução e
qualquer outro ato normativo.

Assim, se a sentença violar literal disposição de lei, de norma constitucional ou de


qualquer outra norma jurídica, caberá, em tese, ação rescisória.

Se a sentença violar um princípio, caberá ação rescisória? SIM. A jurisprudência do


STJ possui precedentes reconhecendo o cabimento de ação rescisória por conta de
violação a princípios. Vale lembrar que a doutrina atual considera que o princípio é uma
espécie de norma jurídica. Nesse sentido: STJ. 1ª Turma. REsp 1458607/SC, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 23/10/2014.

Se a sentença violar literal disposição de súmula (comum ou vinculante), caberá ação


rescisória? NÃO. Não cabe ação rescisória contra violação de súmula. O inciso V não
abrange a contrariedade à súmula porque não se trata de ato normativo.

Conforme prevê o art. 485, V, do CPC, a sentença pode ser rescindida quando violar
literal disposição de lei, hipótese que não abrange a contrariedade à súmula. Logo, não

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há previsão legislativa para o ajuizamento de ação rescisória sob o argumento de


violação de súmula (STJ. 3ª Seção. AR 4.112-SC, Min. Rel. Marco Aurélio Bellizze,
julgada em 28/11/2012).

Súmula 343 do STF - Não é raro que uma mesma lei gere interpretações completamente
diferentes, inclusive dentro de um único Tribunal.

Imaginemos, por exemplo, que a 1ª Turma do STJ afirme que o art. XX da Lei n.° 8.112/90
confere determinado direito ao servidor. A 2ª Turma do STJ, por sua vez, interpreta o
dispositivo de forma oposta e entende que a Lei não confere esse direito.

O juiz “A” decidiu com base na intepretação dada pela 1ª Turma do STJ e esta sentença
transitou em julgado. Ocorre que, um ano depois, a 1ª Turma modificou seu entendimento,
curvando-se à posição da 2ª Turma.

Nesse caso, seria possível ajuizar ação rescisória contra a sentença proferida pelo juiz
“A” alegando que ela violou literal disposição do art. XX Lei n.°8.112/90? NÃO. A
jurisprudência entende que, se na época em que a sentença rescindenda transitou em
julgado havia divergência jurisprudencial a respeito da interpretação da lei, não se pode
dizer que a decisão proferida tenha tido um vício. Logo, não caberá ação rescisória. Isso
está expresso na súmula 343 do STF:

Súmula 343-STF: Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando
a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos
tribunais.

O raciocínio que inspirou essa súmula é o seguinte: se há nos tribunais divergência sobre
um mesmo preceito normativo, é porque ele comporta mais de uma interpretação,
significando que não se pode qualificar qualquer dessas interpretações, mesmo a que
não seja a melhor, como ofensiva ao teor literal da norma interpretada. Trata-se da
chamada “doutrina da tolerância da razoável interpretação da norma” (Voto do
Ministro Teoria Zavascki no RE 590809/RS).

Aplica-se a Súmula 343 do STF em caso de violação à norma constitucional? O STF


dizia que não. Existem vários precedentes do STF afirmando que não se aplica a Súmula
343 do STF quando o pedido de rescisão invoca ofensa a preceito constitucional. Nesse
sentido: 1ª Turma. RE 567765 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 16/04/2013.

Em outras palavras, pelo entendimento que vigorava no STF, não se aplicava a vedação
imposta pela súmula 343-STF quando o tema tratado envolvia violação de norma
constitucional.

O argumento para afastar a súmula e permitir a ação rescisória nesses casos era o de
que violar a CF é muito mais grave que ofender uma lei infraconstitucional. Assim, se a
sentença transitada em julgado está em confronto com a interpretação atual da CF, ela
deve ser rescindida, mesmo que, na época em que prolatada, aquele fosse o entendimento
majoritário. Isso porque não se pode admitir interpretações erradas sobre normas
constitucional, ainda que razoáveis.

O STF ainda mantém o mesmo entendimento em relação ao tema? NÃO. O STF, em


recente julgado, decidiu aplicar a Súmula 343 em um caso que envolvia ação rescisória
tratando sobre matéria constitucional.

O Min. Relator Marco Aurélio afirmou que, mesmo estando em jogo matéria
constitucional deve prevalecer, em tese, a regra da súmula 343-STF.

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Se a sentença foi proferida com base na jurisprudência do STF vigente à época e,


posteriormente, esse entendimento foi alterado, não se pode dizer que essa decisão
impugnada tenha violado literal disposição de lei.

Desse modo, não cabe ação rescisória em face de acórdão que, à época de sua prolação,
estava em conformidade com a jurisprudência predominante do STF.

STF. Plenário. RE 590809/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/10/2014 (Info
764).

Ação transrescisória ou querella nulitatis: pode ser proposta quando o réu tiver sido
condenado em processo para o qual não foi citado ou cuja citação tenha sido
defeituosa. É ação imprescritível, podendo ser proposta a qualquer tempo e
aceitando-se a ação civil pública em seu lugar;

PROCESSUAL CIVIL - VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC - INEXISTÊNCIA -


SENTENÇA IMPREGNADA DE VÍCIO TRANSRESCISÓRIO - RELATIVIZAÇÃO DA
COISA JULGADA - QUERELA NULLITATIS - ARTS. 475-L, I E 741, I, DO CPC - AÇÃO
CIVIL PÚBLICA: ADEQUABILIDADE - DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO -
LEGITIMIDADE DO PARQUET.

1. Não ocorre ofensa ao art. 535 do CPC, se o Tribunal de origem, para resolver a lide,
analisa suficientemente a questão por fundamentação que lhe parece adequada e refuta
os argumentos contrários ao seu entendimento.

2. A sentença proferida em processo que tramitou sem a citação de litisconsorte passivo


necessário está impregnada de vício insanável (transrescisório) que pode ser impugnado
por meio de ação autônoma movida após o transcurso do prazo decadencial para
ajuizamento da ação rescisória. Querela nullitatis que encontra previsão nos arts. 475-
L, I e 741, I, do CPC.

3. Por ação autônoma de impugnação (querela nullitatis insanabilis) deve-se entender


qualquer ação declaratória hábil a levar a Juízo a discussão em torno da validade da
sentença.

4. O Ministério Público detém legitimidade para atuar na defesa do patrimônio público.

5. A ação civil pública constitui instrumento adequado a desconstituir sentença lesiva ao


erário e que tenha sido proferida nos autos de processo que tramitou sem a citação do
réu. Precedente.

6. Recurso especial provido.

(REsp 445.664/AC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em


24/08/2010, DJe 03/09/2010)

Revisão por erro material:

AÇÃO RESCISÓRIA. ACOLHIMENTO DE EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE


POR ERRO MATERIAL. ACÓRDÃO RESCINDENDO QUE, ALÉM DE LEVAR EM
CONSIDERAÇÃO A EXISTÊNCIA DE ERRO MATERIAL, REPUTOU DEVIDA A
RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA POR CONSIDERAR INADMISSÍVEL A
PERPETRADA OFENSA AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA JUSTA
INDENIZAÇÃO, DA RAZOABILIDADE E DA MORALIDADE.

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1. Nos termos do art. 333, II, do CPC, cabe ao réu demonstrar a existência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Portanto, cumpriria à ré
demonstrar a insuficiência do depósito prévio efetuado pelo autor, como alegado nas
razões finais, ônus do qual não se desincumbiu.

2. "O pedido a ser considerado pelo juiz não se restringe aos requerimentos relacionados
em capítulo intitulado "pedidos".Entende-se como pedido o conjunto de súplicas
formuladas ao longo da petição inicial" (REsp 234396/BA, Rel. Min. Humberto Gomes
de Barros, DJU de 14.11.05).

3. Em que pese o argumento de que a discussão cinge-se à possibilidade de revisão da


coisa julgada (pois teria sido esse o fundamento utilizado pelo Tribunal de origem e por
esta Corte para manter a decisão que acolheu a exceção de pré-executividade manejada
pela ré), a constatação de ocorrência de erro material torna inócuo o debate a respeito
da relativização, por inexistir coisa julgada.

4. Erro material é aquele perceptível primus ictus oculi, ou seja, aquele que se pode
divisar facilmente, como na hipótese em tela, em que o dispositivo sentencial
manifestamente não corresponde à vontade do magistrado.

5. O laudo pericial estabeleceu que os prejuízos causados ao autor perfaziam, àquela


data, os montantes de Cr$ 17.111.553,00, no que se refere à Eletrosul, e de Cr$
1.270.062,50, no que tange à CEEE. A juíza condenou as rés ao pagamento das quantias
especificadas no referido laudo, efetuado em 1980. Assim, por óbvio a correção
monetária de tais valores apenas poderia ocorrer a partir da data da elaboração do
laudo, uma vez que sua retroação até o momento da instalação da rede elétrica no
terreno – como determinado apenas relativamente à Eletrosul – acarretaria dupla
incidência naquele período.

6. "Theodoro Júnior, tratando de caso em que o juiz fez incidir correção monetária sobre
valor principal já atualizado, consigna que isso não poderia retratar 'vontade' do
julgador, apenas podendo ser considerado um 'lapso', que 'jamais entrou no ato de
inteligência e vontade do magistrado'. Afinal, 'inadmissível é adotar-se uma
interpretação de vontade sentencial que conduza a uma imoralidade'.

Tratando de situação muito semelhante, Teresa Wambier observa que 'o que ocorreu no
caso sob exame não foi dúvida quanto ao critério adotado, mas certeza, absoluta certeza,
de que uma mesma quantia não pode ser corrigida duas vezes, por dois índices!'.
Julgando caso também similar, o Superior Tribunal de Justiça, em acórdão cuja ementa
destaca a necessidade de 'interpretação coerente e razoável', decidiu que 'não se pode
entender como coerente a incidência de uma correção monetária retroativa ao ano de
1981, quando o laudo de avaliação do imóvel, elaborado em fevereiro de 1984, já
correspondia ao valor atualizado da área à época" (Eduardo Talamini, in "Coisa
Julgada e sua revisão", no tópico intitulado "Erro material e razoabilidade da atuação
estatal" - Editora Revista dos Tribunais – São Paulo – 2005, pág. 530).

7. O art. 485, IV, do Código de Ritos prevê a possibilidade de ajuizamento de ação


rescisória quando a decisão rescindenda houver ofendido a coisa julgada. Na espécie,
como já dito, houve erro material, que não faz coisa julgada. Por conseguinte, incabível
a rescisória proposta com fundamento no referido preceito normativo.

8. Ação rescisória extinta, sem resolução de mérito.

(AR 3.697/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em


09/12/2009, DJe 01/02/2010)

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Impugnação da sentença inconstitucional: (art. 475-L , parágrafo 1º, e art.741,


parágrafo único do CPC).

Denúncia por violação à Convenção Americana de Direitos Humanos:

Ação anulatória de decisões dos juizados especiais:

Mandado de segurança para controle da competência dos juizados especiais, mesmo


se transitada em julgado a sentença:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO


REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E
OBSCURIDADE NÃO VERIFICADAS. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO
DE TURMA RECURSAL DE JUIZADO ESPECIAL. CONTROLE DE COMPETÊNCIA.
DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. [...] 2. A TESE EMBARGADA - CABIMENTO
DE MANDADO DE SEGURANÇA FRENTE AOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DOS
ESTADOS PARA CONTROLE DA COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS,
AINDA QUE A DECISÃO OBJETO DO WRIT JÁ TENHA TRANSITADO EM JULGADO
- ENCONTRA-SE EM ESTRITA CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA
CONSOLIDADA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 3. Embargos de declaração
rejeitados. (EDcl no AgRg no AgRg no RMS 32632/ES, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/03/2012, DJe 12/03/2012)

Informativo 556 - STJ

RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA - Inaplicabilidade da teoria da relativização


da coisa julgada inconstitucional para erro na fixação dos honorários advocatícios

A mera alegação de que houve um erro de julgamento não é apta a justificar a aplicação
da teoria da relativização da coisa julgada com vistas a desconstituir decisão que fixou
equivocadamente os honorários advocatícios com base no § 3º do art. 20 do CPC, quando
deveria ter utilizado o § 4º do referido dispositivo, ainda que o valor dos honorários seja
excessivo e possa prejudicar os demais credores. STJ. 4ª Turma. REsp 1.163.649-SP, Rel.
Min. Marco Buzzi, julgado em 16/9/2014 (Info 556).

Teoria da relativização da coisa julgada - A jurisprudência do STJ até admite, em alguns


casos, a aplicação da teoria da relativização da coisa julgada, contudo somente a aceita
em situações excepcionais, nas quais a segurança jurídica, que é o seu princípio
informador, tiver que ceder espaço em favor de outros princípios ou valores mais
importantes. É o caso, por exemplo, da relativização da coisa julgada feita com o objetivo
de se proteger:

a busca da verdade real (ex: ações tratando sobre filiação nas quais a decisão transitada
em julgado conflite com resultados de exames de DNA posteriores);

a força normativa da Constituição e a máxima eficácia das normas constitucionais (ex:


nas execuções de títulos judiciais fundados em norma declarada inconstitucional pelo
STF);

e a justa indenização (ex: ações de desapropriação que estabelecem indenizações


excessivas ou incompatíveis com a realidade dos fatos).

O que se percebe na teoria em questão é a preocupação em compatibilizar a segurança


jurídica, princípio informador do instituto processual da coisa julgada, com a justiça e a

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constitucionalidade das decisões judiciais, valores maiores que informariam todo o


ordenamento jurídico.

Vale ressaltar, no entanto, que o mero argumento de que houve aplicação equivocada
de um dispositivo legal não enseja a aplicação da teoria da relativização da coisa
julgada. Afinal, magistrados não são seres humanos infalíveis e estão, como todas as
pessoas, sujeitos a erros. Ocorre que, para a correção desses erros, a legislação confere
às partes os meios cabíveis, em especial os recursos disponíveis e ação rescisória.

É temerário e perigoso aplicar a teoria da relativização da coisa julgada para toda e


qualquer sentença errada ou injusta, o que permitiria que fosse revista a qualquer tempo,
independentemente da propositura de ação rescisória. Se isso fosse possível, haveria um
enorme grau de incerteza e insegurança.

Assim, o erro decorrente da aplicação equivocada do § 3° do art. 20 do CPC, em vez do


§ 4° do referido dispositivo, mesmo gerando um crédito excessivamente elevado, não tem
o condão de afastar a imutabilidade da coisa julgada, ainda que o pagamento do referido
valor possa prejudicar os demais credores concursais. Caso contrário, abrir-se-ia a
possibilidade de que em todos os processos concursais (falência, recuperação judicial,
liquidação extrajudicial, concurso de credores, etc.) os créditos representados por títulos
judiciais transitados em julgado fossem casuisticamente revistos, em prejuízo, frise-se
mais uma vez, da segurança jurídica que a coisa julgada visa garantir e preservar.

# LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA COISA JULGADA.


[TJCE]. No processo de adoção, quando falecem os adotantes, os avós podem arcar
com alimentos?
Art. 20, ECA. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão
os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação.

Amparados no princípio basilar da solidariedade familiar, os netos poderão buscar


ajuda material de seus avôs paternos e maternos. Se ultimada a adoção, existe vinculo
familiar que viabilize o pleito de alimentos nos termos do Código Civil.

Art. 1.696, CC/02. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns
em falta de outros.

Art. 1.698, CC/02. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em
condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau
imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer
na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as
demais ser chamadas a integrar a lide.

[TJCE]. O que é a relativização da coisa julgada? Os limites objetivos da coisa


julgada? Quais os limites objetivos e subjetivos da coisa julgada?
A investigação dos limites objetivos da coisa julgada consiste na verificação daquilo
que transitou em julgado, ou seja, quais as partes da sentença estão protegidas pelo
manto da imutabilidade e da indiscutibilidade.

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P á g i n a | 564

No Brasil, o atual Código de Processo Civil em seu art. 469, não deixa qualquer
dúvida de que foi adotado no ordenamento pátrio a teoria de que somente a parte
dispositiva da sentença faz coisa julgada, como se verifica de sua redação:

Art. 469. Não fazem coisa julgada:

I – os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte

dispositiva da sentença;

II – a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;

III – a apreciação de questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.


Enquanto os limites objetivos da coisa julgada buscam saber qual parte da sentença
transita em julgado - aquilo que se reveste pelo manto da coisa julgada -, os limites
subjetivos buscam saber quem será beneficiado ou prejudicado pela sentença.

O limite subjetivo da coisa julgada é definido pelo artigo 472, 1ª parte, do CPC, que
dispõe: “a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
beneficiando, nem prejudicando terceiros”. Tal dispositivo indica quais os sujeitos
serão atingidos pela imutabilidade do comando emergente e os efeitos da sentença.

Porém, poderá, excepcionalmente, influenciar a terceiros, uma vez que a decisão


judicial se revestir de ato de império do Estado.

Quanto à relativização da coisa julgada, há embate travado entre defensores e não-


defensores da aludida tese, que se resume ao confronto entre os seguintes
valores: justiça x segurança jurídica, ambos de importância incomensurável. Em
resumo, há certa e renomada doutrina que entende que a decisão judicial não pode
ser tida como imutável quando injusta ou inconstitucional. Nesses casos, não haveria
que se falar em coisa julgada material, de modo que a decisão poderia ser revista a
qualquer tempo por critérios e meios atípicos. Trata-se de um movimento que vem
propondo a relativização da coisa julgada atípica, pois, como bem observado por José
Carlos Barbosa Moreira, já existem hipóteses típicas de revisão da coisa julgada, de
forma que ela já se mostra relativa.

Pela rejeição da tese, há inúmeros grandes processualistas, tais como Luiz Guilherme
Marinoni, Nelson Nery Jr., Leonardo Greco, Sérgio Nojiri, Fredie Didier Jr., Daniel
Colnago e etc. A força da corrente contra a tese de relativização atípica, além do
quanto já exposto, ainda encontra guarida no fato de que “a coisa julgada material
constitui uma garantia fundamental (art. 5º, XXXVI, da CF), protegida a títutlo de
cláusula pétrea (art. 60, § 4º, IV, da CF), sendo elemento estrutural do princípio de
acesso ao Judiciário para efetivação do direito (art. 5º, XXXV, da CF) que, por sua
vez, é inerente ao Estado Democrático de Direito, nos termos proclamados no art. 1º
da Constituição Federal”.

O STF tem exigido a propositura de Ação Rescisória no prazo decadencial de dois


anos para o questionamento de decisões recobertas pelo manto da coisa julgada, ainda
quando se cogite da “coisa julgada inconstitucional”.

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P á g i n a | 565

11. Cumprimento da sentença. Procedimento. Títulos executivos


judiciais. Impugnação. Execução provisória. Competência para o
cumprimento da sentença. Cumprimento da sentença condenatória na
indenização por ato ilícito. Ação Rescisória.

# CUMPRIMENTO DA SENTENÇA.
[TJCE]. O que é cumprimento de sentença?
É o ato de executar uma determinação judicial exteriorizada em sentença. O
cumprimento de sentença é a fase em que o que foi estabelecido pelo juízo seja
realizado no mundo real.

A Lei nº 11.232/05 trouxe a novidade da fase de cumprimento de sentença ao


processo civil brasileiro, que ocorre após a formação do título executivo judicial. Sua
criação faz com que o processo de conhecimento tenha a continuidade através da fase
de cumprimento de sentença. Antigamente, havia uma execução autônoma, hoje ela
só é possível nos casos em que há um título executivo extrajudicial.

[TJCE]. Qual sua forma de defesa?


Defesa: impugnação ao cumprimento de sentença e “creio” que exceção de pre-
executividade.

[TJCE]. O que ocorre em caso de não cumprimento espontâneo?


Se o devedor condenado é intimado para pagar e não efetua o pagamento no prazo
de 15 dias,

1) o montante da condenação será automaticamente acrescido de multa de 10%;

2) será expedido mandado para que sejam penhorados e avaliados os bens do devedor
para satisfação do crédito. Neste momento, inicia-se a execução forçada do título,
diante do não cumprimento espontâneo.

[TJCE]. No cumprimento de sentença, a parte tem de ser intimada, ou a intimação


pode se dar por advogado?
Não precisa haver intimação pessoal. A intimação pode ser realizada na pessoa do
advogado do devedor, por meio de publicação na imprensa oficial. O tema é agora
tratado de forma detalhada pelo CPC 2015:

Art. 513 (...)

§ 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença:

I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;

II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública
ou quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso
IV;

III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do art. 246, não tiver procurador
constituído nos autos;

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IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de
conhecimento.

§ 3º Na hipótese do § 2º, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o


devedor houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o
disposto no parágrafo único do art. 274.

§ 4º Se o requerimento a que alude o § 1º for formulado após 1 (um) ano do trânsito em


julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com
aviso de recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos, observado o
disposto no parágrafo único do art. 274 e no § 3º deste artigo.

[TJCE]. O que vem a ser o processo civil sincrético? Onde se aplica?


A palavra sincretismo vem significar fusão, união. Assim, afirma-se ser processo
sincrético aquele que une as funções cognitiva e executiva, para declarar e satisfazer
o direito em um processo apenas, contribuindo para a economia, celeridade e
instrumentalidade processuais, tendências do direito moderno para atender a
efetividade alcançando, finalmente, o verdadeiro sentido do acesso à justiça.

A diferenciação entre processo autônomo de execução e fase procedimental


executiva só tem razão de ser quando nos referimos aos títulos executivos judiciais,
uma vez que, os títulos executivos extrajudiciais só comportam execução através de
processo autônomo.

No que tange aos títulos executivos judiciais, a tradição do direito processual


brasileiro era a ruptura clara entre o processo de conhecimento e o processo de
execução, na medida em que, após a obtenção de uma sentença favorável, o vencedor
era obrigado a propor um novo processo que iria satisfazer a sua pretensão.

A Era da Autonomia, portanto, exigia a existência de dois processos distintos e


sucessivos: primeiro se declarava o direito e se condenava o réu ao cumprimento de
uma obrigação (processo de conhecimento) e, posteriormente, se buscava a satisfação
da obrigação (processo de execução).

No entanto, mesmo nesse período em que vigorava a autonomia do processo de


execução, Daniel Assumpção Neves lembra que, excepcionalmente, já existiam
ações sincréticas, consubstanciadas em um único processo com duas fases
procedimentais sucessivas: a primeira de conhecimento e a segunda de execução.
Como exemplos, o citado autor elenca as ações possessórias e as ações de despejo,
nas quais a satisfação da sentença é realizada por meio de uma mera fase
procedimental. No entanto, consistiam em situações excepcionais, sempre vistas com
reservas e restrições pela doutrina.

Em 1990, todavia, com a edição do Código de Defesa do Consumidor (art. 84), o


ordenamento jurídico passou a prever ações sincréticas para as demandas coletivas
que tivessem como objeto a condenação do réu ao cumprimento de uma obrigação
de fazer/não fazer.

Seguindo a esteira do CDC, em 1994, houve uma profunda reformulação no Código


de

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Processo Civil que passou a prever, em seu art. 461, a ação sincrética para as ações
individuais que tivessem como objeto uma obrigação de fazer ou não fazer. Com
efeito, todas as condenações ao cumprimento de obrigações de fazer/não fazer eram
satisfeitas sem a inauguração de uma nova relação jurídica processual. No mesmo
ano houve a inclusão em nosso sistema do instituto da tutela antecipada (art. 273)
prevendo como meio para a sua efetivação os mesmos mecanismos para a execução
das obrigações de fazer ou não fazer (art. 273, §3º).

No ano de 1995, a Lei n° 9.099, que regulamentou o procedimento sumaríssimo dos


Juizados Especiais, aboliu o processo de execução de títulos executivos judiciais nos
Juizados, tornando TODA demanda condenatória em trâmite perante os Juizados
uma ação sincrética.

No ano de 2002, com o advento do artigo 461 – A do CPC, incluído pela Lei n°
10.444, a realidade das ações sincréticas passou a valer também para todas as
demandas judiciais que tenham como objeto uma obrigação de entrega da coisa.

E, finalmente, completando o ciclo de mudança de paradigma, no ano de 2005 a Lei


n° 11.232 tornou sincrética a maioria das demandas judiciais em trâmite, a saber, as
ações que tenham como objeto uma obrigação de pagar quantia certa.

Diante dessa evolução legislativa com mudança de paradigmas, Daniel Assumpção


Neves conclui que a regra em nosso sistema passou a ser a execução como fase
procedimental (ação sincrética), relegando a situações excepcionais o processo
autônomo de execução.

Como se nota, a Lei 11.232/05 não criou as ações sincréticas, sendo na realidade o
ápice de uma transformação sistêmica iniciada em 1990.

Do mesmo modo, aquela norma não extinguiu o processo autônomo de execução de


título judicial, que ainda é aplicado em alguns casos excepcionais como: a) execução
de título judicial contra a fazenda pública; b) execução de alimentos no caso do art.
733 do CPC.

Por fim, acentue-se que “cumprimento de sentença” foi a terminologia adotada pelo
legislador reformista para se referir à fase de satisfação do direito por meio de uma
ação sincrética.

O fez, a bem da verdade, para diferenciar da satisfação do direito por meio de um


processo de execução autônomo.

[TJCE]. Qual a forma de defesa no cumprimento de sentença?


No cumprimento de sentença, a Lei n. 11.232/05 elegeu a “impugnação” como a via
de defesa própria prevista para o devedor.

Outros meios de defesa, no entanto, podem ser arrolados, como: a mera petição na
etapa da “liquidação por cálculo do credor” (nome impróprio); a exceção de pré-
executividade; a ação autônoma de impugnação (esta última, classificada como
defesa heterotópica).

À guisa de sistematização, tem-se os seguintes meios de defesa:

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a) defesa incidental: diz respeito aos embargos do devedor. Quanto à impugnação,


apesar de não ser uma ação autônoma, convém enquadrá-la como uma defesa
incidental, visto que ela é um incidente processual suscitado para obstar o
cumprimento de sentença.

b) defesa endoprocessual: representa as defesas internas à execução. Nesse ponto,


inclui-se a exceção de pré-executividade;

c) defesa heterotópica: alude-se aí à defesa fora da execução (hetero (grego) –


diferente, outro; topicu (latim) – lugar). Nesse campo, englobam-se as ações
autônomas de impugnação, assim entendidas as ações autônomas que visam discutir
o próprio título executivo. Ex.: ação anulatória do título, ação rescisória e etc.

A impugnação ao cumprimento de sentença constitui um mero incidente processual,


e não uma ação autônoma. Nisso reside uma diferença relevante entre os embargos
do devedor e a impugnação.

Ademais, é certo que os embargos do devedor constituem a defesa do executado no


curso de uma ação autônoma de execução. Já a impugnação é a via defensiva de que
o executado pode valer-se no bojo de um cumprimento de sentença.

A previsão do art. 475-J, § 1.º, do CPC disciplina que o executado será intimado do
auto de penhora e de avaliação, abrindo-se o prazo de 15 dias para a impugnação,
sendo esse ato de comunicação realizado na pessoa de seu advogado ou, na falta
deste, pessoalmente ou na pessoa de seu representante legal.

O Superior Tribunal de Justiça vem interpretando o art. 475-J, § 1.º, do CPC no


sentido de ser exigível a garantia do juízo para a admissão da impugnação
(Informativo 526/STJ, 4.ª Turma, REsp 1.265.894-RS, rel. Min. Luis Felipe
Salomão, j. 11.06.2013).

Registre-se que o Superior Tribunal de Justiça já decidiu que sendo depositado valor
em dinheiro como forma de garantir o juízo, o ato intimatório da penhora é
desnecessário, sendo o prazo para impugnação contado do depósito judicial
(Informativo 369/STJ, REsp 972.812/RJ, 3.ª Turma, rel. Nancy Andrighi, j.
23.09.2008, DJe 12.12.2008).

[TJCE]. Quais os efeitos da impugnação? Há exceção?


Quanto à atribuição de efeito suspensivo à impugnação ao cumprimento de sentença,
bem de ver que o art. 475-M do CPC exige a presença de dois requisitos: (1) a
verossimilhança das alegações e (2) o periculum in mora. A ideia é impedir a
suspensão do cumprimento de sentença, quando o devedor vale-se da impugnação
como mero instrumento procrastinatório.

Nesse diapasão, interessante é observar que, mesmo quando atribuído efeito


suspensivo à impugnação, a Lei n. 11.232/05 permitiu que o credor prosseguisse no
cumprimento de sentença mediante prestação de caução idônea arbitrada pelo juiz.

Convém a transcrição do art. 475-M do CPC:

“Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal
efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja

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manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta


reparação.

§ 1º Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer


o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea,
arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos.

§ 2º Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios


autos e, caso contrário, em autos apartados.

§ 3º A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento,


salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação.”

Destaque-se que, no caso de impugnação, a dívida já está garantida em razão da


anterior penhora e avaliação de bens. Recorde-se que o devedor só é intimado a
impugnar quando já feita a penhora e a avaliação de seus bens. Por isso, o CPC, ao
versar sobre a atribuição de efeito suspensivo da impugnação, não exige a garantia
do juízo, pois esta já ocorreu em momento anterior à própria intimação do devedor.

[TJCE]. No caso de efeito suspensivo para tudo ou continua? (Resposta extraída do


livro do Daniel Assumpção)
O art. 739-A, § 6.º, do CPC contém previsão determinando que nem todos os atos do
processo de execução serão suspensos ainda que o juiz atribua o efeito suspensivo
requerido pelo embargante. O dispositivo legal prevê que, mesmo com a concessão
do efeito suspensivo, os atos de penhora de bens – na realidade, atos de qualquer
espécie de garantia do juízo – e de avaliação serão praticados normalmente.

Entre as inúmeras modificações realizadas pela Lei 11.382/2006, encontra-se na


atribuição do oficial de justiça a tarefa de avaliar os bens penhorados (art. 143, V, do
CPC), de forma que num mesmo ato processual o oficial realiza a constrição judicial
e avalia o bem constrito (art. 652, § 1.º, do CPC), a exemplo do que há muito tempo
ocorre na Justiça do Trabalho. A avaliação conforme ocorria antes da reforma,
realizada por especialista, fica reservada à excepcional hipótese de o oficial de justiça
não ter condições técnicas de realizar a avaliação do bem, o que se dá em razão da
especificidade do caso concreto.

Essa breve indicação tem como função demonstrar que, ocorrendo o trivial, ou seja,
realizando-se a penhora seguida pela avaliação do oficial de justiça, é natural que se
torne inaplicável o art. 739-A, § 6.º, do CPC, porque o efeito suspensivo depende da
garantia do juízo, e nesse caso já terá ocorrido a avaliação, de modo que não haverá
mais o que suspender. Imagine agora que o oficial tenha realizado a penhora, mas
tenha deixado de avaliar o bem por lhe faltar conhecimento específico para tanto.
Nesse caso, o dispositivo legal ora comentado passa a ter alguma utilidade, porque
será possível que o prazo dos embargos vença antes da realização da avaliação que,
embora simples, demandará algum tempo para ser realizada. Dessa forma, é possível
que haja interposição dos embargos enquanto o bem penhorado ainda não tenha sido
avaliado, suspendendo-se o prosseguimento da execução, mas mantendo-se a atuação
do avaliador.

Também se admite a aplicação da norma legal para a hipótese de repetição da


avaliação (art. 683 do CPC), que poderá ocorrer mesmo durante a suspensão obtida

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com o ingresso dos embargos à execução, não obstante nesse caso o que ocorre é a
substituição da avaliação, e não a sua realização originária.

No tocante à suspensão não atingir a realização da penhora, parece que o legislador


incorre numa incongruência lógica, porque, conforme já afirmado, a garantia do juízo
deve ser, em regra, total, não se admitindo a concessão de efeito suspensivo mediante
a garantia parcial do juízo. Essa regra, entretanto, poderá ser excepcionalmente
afastada, de forma que será possível, embora improvável, que o embargante, mesmo
sem garantir totalmente o juízo, consiga o efeito suspensivo em seus embargos, o que
não impedirá o juízo de prosseguir na busca patrimonial para reforçar a penhora já
feita, para que finalmente se obtenha a garantia total do juízo.

Ainda, pode-se entender que a substituição do bem penhorado (art. 656 do CPC)
poderá ocorrer durante o período de suspensão do processo. Em regra, como visto, o
efeito suspensivo será concedido após a penhora e avaliação do bem.
Excepcionalmente, um reforço ou diminuição de penhora, a avaliação pelo avaliador
ou a repetição da avaliação poderão ocorrer, mesmo quando o processo de execução
esteja suspenso. O que parece é que a suspensão atinge os atos de levantamento de
dinheiro penhorado e de expropriação de outros bens que tenham sido objeto de
constrição judicial. Dessa forma, atos de penhora e outros que o complementem, tais
como a avaliação, poderão ocorrer normalmente, limitando-se a suspensão aos atos
de efetiva satisfação do direito exequendo. Na hipótese de alienação antecipada de
bens, haverá a prática de um ato processual ainda que o processo esteja suspenso,
mas esse ato é tão somente preparatório da expropriação, porque o valor obtido com
a alienação não é entregue imediatamente ao exequente, sendo mantido em juízo
como forma de garanti-lo.

[TJCE]. A execução no cumprimento de sentença admite quais hipóteses? É sempre


igual?
A execução, no cumprimento de sentença, pode ser definitiva ou provisória. Nos
termos do art. 475-I, parágrafos 1º e 2º, é definitiva a execução da sentença transitada
em julgado e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao
qual não foi atribuído efeito suspensivo. Quando na sentença houver uma parte
líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução
daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.

[TJCE]. Quanto à sua definitividade a provisória até onde vai? Quanto aos atos?
Admite alienação?
A execução provisória da sentença é feita nos mesmos termos da execução definitiva,
sendo realizados os mesmos atos, em regra. A maior diferença encontra-se no que se
refere ao levantamento de depósito em dinheiro e à prática de atos que importem
alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado
dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos
próprios autos. Admite alienação, mas esta depende de caução suficiente e idônea.

Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo
que a definitiva, observadas as seguintes normas:

I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a


sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;

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II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da
execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos
mesmos autos, por arbitramento;

III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação


de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de
caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

§ 1º No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença provisória for modificada


ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução.

[TJCE]. A caução é sempre obrigatória?


Não. A caução é cabível no caso de ter sido atribuído efeito suspensivo à
impugnação, sendo lícito ao exequente requerer o prosseguimento da execução,
oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos
próprios autos.

A concessão ou a denegação do pedido de efeito suspensivo ocorre por meio de


decisão interlocutória, recorrível por agravo de instrumento. O exequente, que tem
seu pedido negado, em vez de agravar da decisão, poderá oferecer e prestar caução
suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos, para que o
procedimento não seja suspenso (art. 475-M, § 1.º, do CPC). O exequente faz o
pedido e oferece a caução, que, uma vez aceita, gera a revogação da decisão
concessiva do efeito suspensivo. A norma legal é interessante porque compatibiliza
a vontade do exequente em continuar com a execução e a necessidade de assegurar
ao executado que eventuais danos injustificadamente suportados serão ressarcidos
pelo exequente. Ao prestar a caução, o exequente “banca” o prosseguimento do
cumprimento da sentença.

Na execução provisória da sentença, o art. 475-O, III, do CPC prevê a necessidade


de prestação de caução no momento de levantamento de depósito em dinheiro, prática
de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave
dano ao executado. Como se pode notar da mera leitura do dispositivo legal, não há
qualquer necessidade da prestação de caução no momento da propositura da
execução provisória, ficando reservada a necessidade de sua prestação a outros
momentos procedimentais, mais próximos da efetiva satisfação do exequente, o que,
naturalmente, não ocorre com a mera propositura da execução.

Art. 475-O, § 2º A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser
dispensada:

I – quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o
limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exequente demonstrar situação de
necessidade;

II – nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao


Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando
da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta
reparação.

Jurisprudência 2014: O magistrado, ao julgar procedente ação de indenização


condenando o réu a pagar prestação de alimentos (pensão) deverá também, em regra,

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independentemente da situação financeira do devedor, determinar que ele faça a


constituição de capital ou preste caução fidejussória a fim de oferecer garantia de que
a pensão será paga (Súmula 313-STJ).

No entanto, o STJ entende que, em face do art... 475-Q do CC, a constituição do


capital poderá ser substituída pela inclusão elo beneficiário na folha de pagamentos
da empresa condenada, desde que, a critério do juiz, fique demonstrada a capacidade
econômica (solvabilidade) do devedor.

Assim, a Súmula 313-STJ ainda é válida hoje em dia, mas a sua interpretação deverá
ser feita de acordo com o art. 475-Q do CPC, que foi inserido pela lei 11.232/2005,
após a edição do enunciado.

No caso concreto, o STJ entendeu que a empresa devedora da pensão era idônea e
detentora de considerável fortuna, de forma que poderia ser dispensada a constituição
de capital, admitindo-se a inclusão do nome do trabalhador acidentado na folha de
pagamento da condenada. STJ. 3ª Turma, REsp 1.292.240-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 10/6/2014 (lnfo 545).

[TJCE]. Quando eu preciso constituir capital no cumprimento de sentença?


Conforme previsão do Art. 475-Q, do CPC, “Quando a indenização por ato ilícito
incluir prestação de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor
constituição de capital, cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da
pensão.”.

Art. 475-Q, do CPC, §1º Este capital, representado por imóveis, títulos da dívida pública
ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto
durar a obrigação do devedor.

§2º O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do beneficiário da


prestação em folha de pagamento de entidade de direito público ou de empresa de direito
privado de notória capacidade econômica, ou, a requerimento do devedor, por fiança
bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.

§3º Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer,


conforme as circunstâncias, redução ou aumento da prestação.

§4º Os alimentos podem ser fixados tomando por base o salário-mínimo.

§5º Cessada a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o
desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas.

# CUMPRIMENTO DA SENTENÇA: PROCEDIMENTO E IMPUGNAÇÃO.


[TJCE]. Qual o regime inicial para o cumprimento de sentença, hoje?
O cumprimento de sentença não pode ser iniciado de ofício pelo juiz, dependendo de
provocação do exequente. Veja, contudo, que não está sendo iniciado um novo
processo. Essa provocação, portanto, não precisa ser feita por meio de uma petição
inicial, podendo ocorrer através de um simples requerimento inicial. Não há toda

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aquela formalidade do art. 282 do CPC. Trata-se de algo mais simples, afinal somente
se está iniciando uma fase processual.

Não pode, todavia, ser algo “avacalhado”. Os elementos mínimos da execução têm
de constar: endereçamento, nome das partes (sem qualificação), o valor executado
etc.

[TJCE]. A parte tem que ser intimada pessoalmente?


Será intimado na pessoa do seu advogado. Art.475-J do CPC.

[TJCE]. Pode-se impugnar qualquer matéria?


A impugnação só poderá versar sobre as matérias constantes no art. 475-L do CPC.

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre.

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia.

II – inexigibilidade do título.

III – penhora incorreta ou avaliação errônea.

IV – ilegitimidade das partes.

V – excesso de execução.

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como


pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à
sentença. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005).

[TJCE]. Quando um título não é exigível?


Quando ainda não pode ser cobrado, como por exemplo, um título não vencido, não
é exigível. Outro exemplo de título inexigível é o § 1º do art. 475-L do CPC.

§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também


inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais
pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato
normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição
Federal. .

[TJCE]. Quais os efeitos do recebimento da impugnação?


Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal
efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja
manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta
reparação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005).

Ou seja, em de regra não tem efeito suspensivo, só se o juiz atribuir de acordo com o
art. 475-M do CPC.

[TJCE]. Quais os recursos cabíveis?


Como se sabe, o recurso cabível é determinado de acordo com o efeito da decisão na
execução. Se a decisão gerar a extinção da execução, independentemente se a decisão
for de mérito ou não, o recurso cabível é apelação. Contudo, se a decisão não
extinguir a execução, o recurso é o agravo de instrumento.

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[TJCE]. Qual o regime inicial para o cumprimento de sentença, hoje?


Com a alteração legislativa acrescentada pela Lei 11.232/2005, o nosso sistema
passou a ter a execução imediata, por mera fase procedimental, enquanto somente
em situações excepcionais o título executivo será executado por meio de um processo
autônomo. Regime inicial é o do cumprimento de sentença, estabelecido no art. 475-
J, caput, do CPC o qual exige a iniciativa da parte para o início da fase de
cumprimento de sentença, ao prever que a expedição do mandado de penhora e
avaliação dependem de uma expressa manifestação de vontade do demandante,
chamada pelo legislador de “requerimento”.

[TJCE]. A parte tem que ser intimada pessoalmente? Pode-se impugnar qualquer
matéria?
Para a maior parte da doutrina e jurisprudência do STJ, basta que a intimação se dê
na pessoa de seu advogado.

A impugnação somente poderá versar sobre:

I - falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia;

II - inexigibilidade do título;

III - penhora incorreta ou avaliação errônea;

IV - ilegitimidade das partes;

V - excesso de execução;

VI - qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,


novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.

[TJCE]. Quando um título não é exigível?


Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou
interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como
incompatíveis com a Constituição Federal.

[TJCE]. Quais os efeitos de recebimento da impugnação? Quais recursos cabíveis?


Como regra, a impugnação, na fase de cumprimento de sentença, não tem efeito
suspensivo, conforme preceitua o artigo 475-M, ex vi: Código de Processo Civil.

Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal
efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja
manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta
reparação.

A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento,


salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação.

# CUMPRIMENTO DA SENTENÇA: EXECUÇÃO PROVISÓRIA.


[TJCE]. O que é execução definitiva e provisória?

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Art. 475-I, CPC. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A
desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos
demais artigos deste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

§ 1o É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando se


tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito
suspensivo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

O critério para diferenciá-las reside na estabilidade do título executivo em que se


funda a execução: se se tratar de decisão acobertada pela coisa julgada material, a
execução é definitiva; se se tratar de decisão judicial ainda passível de alteração
(reforma ou invalidação), em razão da pendência de recurso contra ela interposto, a
que não tenha sido atribuído efeito suspensivo, a execução é provisória.

[TJCE]. Na provisória, é aplicada em que casos?


Ver resposta da questão acima.

[TJCE]. Os títulos executivos extrajudiciais são definitivos ou provisórios?


Se o título é judicial, ele só se torna definitivo se e quando o processo acabar, ou seja,
tão logo transite em julgado o provimento com eficácia executiva. Antes disso, não
haverá título definitivo, mas, eventualmente, título em construção, e, por isso,
provisório. Todavia, se o título é extrajudicial a sua formação se dá tão logo a
fattispecie descrita pelo legislador como ensejadora de título de título executivo
extrajudicial abrace o ato ou fato que nele se encaixa. Assim, o cheque quando é
preenchido, o contrato firmado pelas partes, etc.... A definitividade do título
executivo extrajudicial nasce junto com ele porque não existe um pré-título executivo
extrajudicial. Ele é título executivo se todos os elementos e seus requisitos forem
preenchidos, e, no exato momento que ele é concebido como tal, nasce a sua
executividade. Ao contrário do título judicial, cuja formação se dá ao longo do
processo, o extrajudicial revela-se como tal exatamente quando se dá seu nascimento
(Marcelo Abelha Rodrigues).

Art. 587, CPC. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória


enquanto pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado,
quando recebidos com efeito suspensivo (art. 739).

Tal como descrito, o dispositivo pode ser dissecado em partes para melhor
compreensão:

1) A execução de título extrajudicial é definitiva;

2) A execução de título extrajudicial é provisória quando:

2.1) Aos embargos interpostos pelo executado sejam atribuídos efeito


suspensivo da execução;

2.2) Ainda que improcedentes os referidos embargos acima, se apelação de


sentença improcedência será recebida no efeito suspensivo.

Nos casos em que a execução de título extrajudicial for paralisada pelo efeito
suspensivo atribuído aos embargos, ela, a execução, não precisará ficar estagnada
(sem curso), permitindo-se a aplicação, em prol da efetividade do processo de

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execução, das técnicas processuais da “execução provisória” do art. 475-O do CPC.


Enfim, pretendeu o legislador que, ao invés de manter suspensa a execução pelo
efeito suspensivo atribuído aos embargos, permite o dispositivo que o exequente
valha-se do regime da execução provisória, prestando caução e dando
prosseguimento à execução que estava paralisada. Este parece ser o sentido do
dispositivo em dizer que “torna-se provisória a execução antes definitiva” (Marcelo
Abelha Rodrigues).

[TJCE]. Apelação deve ser recebida em que efeito?


Art. 520, CPC. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no
entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redação
dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de


1º.10.1973)

II - condenar à prestação de alimentos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

III - (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)

IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; (Redação


dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído pela Lei nº 9.307,


de 23.9.1996)

VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de
26.12.2001)

Art. 521, CPC. Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no
processo; recebida só no efeito devolutivo, o apelado poderá promover, desde logo, a
execução provisória da sentença, extraindo a respectiva carta.

[TJCE]. Qualquer sentença cabe execução provisória?


Não, a sentença penal condenatória e a sentença arbitral não são passiveis de
execução provisória.

[TJCE]. E se for título extrajudicial?


Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto
pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando
recebidos com efeito suspensivo (art. 739).

[TJCE]. Portanto caberia execução provisória nos casos do art. 587 do CPC. Até que
ponto a execução provisória pode seguir?
Até que haja o trânsito em julgado da ação, pois neste caso ela será definitiva.

[TJCE]. Quais são as situações de caução?


Regra geral impõe-se caução à execução provisória, exceto quando presente um dos
requisitos do art. 475-O, § 2º, do CPC.

[TJCE]. Na execução provisória é possível exigir constituição de capital?

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Sim, o art. 475-Q do CPC não veda a constituição de capital na execução provisória.

[TJCE]. A execução provisória é obrigatória?


Não, só é cabível nos casos possíveis e quando requerido pelo exequente.

[TJCE]. Em que momento executar provisoriamente uma sentença? Qual o efeito


do recebimento dos embargos e das apelações? Até que ponto a execução provisória
pode ir? Na execução provisória posso exigir constituição de capital? Há obrigação
de execução provisória?
Makson.

O art. 587 do Código de Processo Civil, por si só, conceitua a execução provisória e
estabelece a diferença entre esta e aquela de cunho definitivo: Art. 587. É definitiva
a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto pendente apelação
da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando recebidos com
efeito suspensivo (art. 739).

[TJCE]. Se o título executivo for extrajudicial, trata-se de execução definitiva ou


provisória?
Título executivo for extrajudicial trata-se de execução definitiva.

# AÇÃO RESCISÓRIA.
[TJCE]. Sentenças homologatórias podem ser objeto de rescisão? Que tipo de
sentença podem ser rescindidas? A ação é uma exceção a que? Qual o requisito
essencial para analisar o erro de fato? O que é prazo decadencial? Em que momento
passa a contar?
Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for meramente
homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da
lei civil.

a) onde se lê rescindidos deve-se ler anulados;

b) atos judiciais são atos das partes ou terceiros, que são espécie de atos jurídicos e
podem ser invalidados (ex. confissão não depende de sentença e na transação, renúncia
e reconhecimento do pedido a sentença é meramente homologatória).

Nesses casos, se existe coisa julgada, é hipótese de cabimento de rescisória, pois é


necessário desconstituir a coisa julgada, mas caso esta não tenha ocorrida, é hipótese
de anulatória, para desconstituir o ato da parte.

A regra geral de rescindibiliade é a de que pode se rescindida a decisão imutável pela


coisa julgada material. Súmula 514 STF: admite-se ação rescisória contra sentença
transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenham esgotados todos os
recursos.

Não cabe rescisória de sentença terminativa. Sentença terminativa é aquela que não
examinou o mérito da causa, e, por isso, a sentença não faz coisa julgada material.

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Prevê a norma do inciso IX do artigo 485 do CPC que “a sentença de mérito,


transitada em julgado, pode ser rescindida quando fundada em erro de fato, resultante
de atos ou de documentos da causa”.

Erro que justifica a rescisória é aquele decorrente da desatenção do julgador quanto


à prova, não o decorrente do acerto ou desacerto do julgado em decorrência da
apreciação dela porquanto a má valoração da prova encerra injustiça, irreparável pela
via rescisória (REsp 839.499/MT, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 28/08/2007, DJ 20/09/2007 p. 234).

Prazo decadencial de dois anos contados do trânsito em julgado da decisão.

[TJCE]. A ação rescisória é uma exceção a que?


Ela é uma exceção ao poder da coisa julgada material

[TJCE]. Que tipo de sentença pode ser rescindida?


As sentenças de mérito transitadas em julgado.

[TJCE]. Os atos judiciais que não decidem podem ser rescindidos?


Aa ação rescisória é cabível somente para atos que dependem de sentença, atos não
dependentes de sentença a medida adequada são as ações anulatórias.

[TJCE]. Sentenças homologatórias podem ser objeto de rescisão?


Não, neste caso o meio adequado é a ação anulatória ou declaratória de nulidades.

[TJCE]. Sentença por erro de fato, alegado na rescisão, podem ser apreciados?
Sim, o art. 485, IX, do CPC dispõe que cabe rescisória de sentença fundada em erro
de fato.

[TJCE]. Qual o requisito essencial para analisar o erro de fato?


Quando resultante de atos e documentos da causa.

[TJCE]. O prazo para ação rescisória?


O prazo segundo o art. 495 do CPC é de dois anos (prazo decadencial).

[TJCE]. O que é prazo decadencial?


É o decurso de tempo que a parte tem para exercer um direito protestativo.

[TJCE]. Em que momento começa a contar?


Começa a contar quando não for cabível qualquer recurso do ultimo pronunciamento
judicial.

Obs.: os tribunais superiores entendem atualmente que pode haver ação rescisória de
decisões parciais que já transitaram em julgado.

[TJCE]. Ação Rescisória. Essa ação significa uma rescisão a quê?


Tem natureza de ação autônoma de impugnação. Seu objetivo é destruir a coisa
julgada. Uma ação autônoma de impugnação que tem por objetivo rescindir decisão
judicial imutável pela coisa julgada, e se for o caso, eventualmente proceder a novo
julgamento.

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Natureza jurídica: em relação ao pedido de rescisão é constitutiva negativa. Em


relação ao rejulgamento terá a natureza da causa que será rejulgada. No pedido de
rescisão (iudicium rescindens) ela é rediscutida; no pedido de rejulgamento (iudicium
rescisorium) ela terá a natureza da causa que será rejulgada. Pode-se rescindir a
sentença por questões relaciona das à forma, assim como por questões relacionadas
ao conteúdo.

A regra geral de rescindibiliade é a de que pode se rescindida a decisão imutável pela


coisa julgada material. Súmula 514 STF: admite-se ação rescisória contra sentença
transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenham esgotados todos os
recursos.

[TJCE]. Que tipo de sentenças podem ser rescindidas? Os atos judiciais que não
decidam podem ser objetos de rescisão?
Não cabe rescisória de sentença terminativa. Sentença terminativa é aquela que não
examinou o mérito da causa, e, por isso, a sentença não faz coisa julgada material.

Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for meramente
homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da
lei civil.

Prevê a norma do inciso IX do artigo 485 do CPC que “a sentença de mérito,


transitada em julgado, pode ser rescindida quando fundada em erro de fato, resultante
de atos ou de documentos da causa”.

[TJCE]. Sentença por erro de fato alegado na rescisão pode ser apreciado? Pode ser
manejada ação rescisória por alegação de injustiça?
Erro que justifica a rescisória é aquele decorrente da desatenção do julgador quanto
à prova, não o decorrente do acerto ou desacerto do julgado em decorrência da
apreciação dela porquanto a má valoração da prova encerra injustiça, irreparável pela
via rescisória (REsp 839.499/MT, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 28/08/2007, DJ 20/09/2007 p. 234).

[TJCE]. O prazo para ação rescisória?


Prazo decadencial de dois anos contados do trânsito em julgado da decisão.

12. Recursos. Conceito, fundamentos, princípios, classificação,


pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade, efeitos, juízo
de mérito. Súmula impeditiva do recurso. Apelação. Agravo. Lei nº
11.187, de 19.10.2005. Embargos infringentes. Embargos de
divergência. Embargos de declaração. Recurso de terceiro prejudicado.
Recurso pelo Ministério Público. Recurso adesivo. Recurso
extraordinário. Requisitos. Repercussão Geral. Recurso Especial.
Requisitos. Prova da divergência. Agravo de Instrumento ao STF ou ao
STJ. Recurso Ordinário. Da ordem dos processos no Tribunal. Poderes
do relator no julgamento dos recursos. Hipóteses para a concessão do
efeito suspensivo, pelo relator.

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# RECURSOS: CLASSIFICAÇÃO, PRINCÍPIOS, EFEITOS.


[TJCE]. Quem pode recorrer?
Segundo o artigo 499 do CPC, quem pode recorrer é a parte vencida, o terceiro
prejudicado e o MP.

[TJCE]. O que é o princípio da unirrecorribilidade judicial?


Consiste no princípio que para cada decisão existe um recurso. Não se pode propor
mais de um recurso para atacar aquela decisão.

[TJCE]. O que é caráter infringente?


Significa dizer que ele tem caráter modificativo.

[TJCE]. Quais recursos possuem caráter infringente como caráter intrínseco?


Em de regra todos os recursos, pois a função de um recurso é modificar a decisão
anteriormente dada. Exceção são os embargos de declaração que via de regra não tem
efeitos infringentes, mas excepcionalmente podem ter.

[TJCE]. O que é o princípio da substitutividade recursal?


A decisão dada em recurso substitui a decisão anterior, mesmo que a decisão recursal
só confirme a decisão anterior.

[TJCE]. Devolutividade recursal?


Entende-se a transferência pro órgão ad quem do conhecimento de matérias que já
tenham sido objeto de decisão do juízo a quo.

[TJCE]. Há preclusão na matéria de ordem pública?


Enquanto o processo estiver pendente, não há preclusão para o exame de questões de
ordem pública (art. 267, § 3º, do CPC):

Art. 267 (...) § 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição,
enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e VI;
todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que lhe caiba falar nos
autos, responderá pelas custas de retardamento.

Agora, se o processo acabou, a eficácia preclusiva da coisa julgada impede o exame


da matéria de ordem pública. Ou cabe rescisória, ou nada mais pode ser feito. O limite
da impossibilidade de preclusão, portanto, é a coisa julgada. Ex.: não se pode alegar
incompetência absoluta após a coisa julgada e passado o prazo da rescisória.
Conforme será analisado adiante, podem ser alegadas questões de ordem pública nos
recursos extraordinários (RE e Resp.).

A grande maioria da doutrina diz que não há também preclusão para o reexame das
questões de ordem pública, enquanto pendente o processo. Esses autores, todavia,
não fundamentam sua posição, pois a lei é omissa.

Didier é contrário a essa corrente, dizendo ser ela decorrência do “efeito manada”
doutrinário (todos falam a mesma coisa, sem que ninguém reflita a respeito). Para
ele, a possibilidade de reexame das questões de ordem pública não tem o menor
cabimento. Ex.: havendo decisão definitiva acerca da incompetência absoluta, não
cabe reexame dessa matéria. Adotam essa posição os seguintes autores: Barbosa
Moreira, Calmon de Passos, Frederico Marques, Fredie Didier.

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# RECURSOS: CLASSIFICAÇÃO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS E INTRÍNSECOS DE


ADMISSIBILIDADE. EFEITOS.

[TJCE]. Quais os pressupostos intrínsecos e extrínsecos? Em relação ao preparo?


Embargo interposto no 14º preparo no 15º é possível.
Requisitos de admissibilidade:02 grupos - Intrínsecos e extrínsecos.

1) INTRÍNSECOS:

a) Cabimento: o exame do cabimento é o exame que passa pela resposta de duas


perguntas: 1) a decisão é recorrível? 2) o recurso utilizado é o recurso correto, é o
recurso adequado?

b) Legitimidade: a análise neste pressuposto é para saber quem pode recorrer.

c) Interesse: o recurso para ser conhecido tem que ser útil e necessário. É preciso que
o recurso propicie alguma melhora para o recorrente. É preciso demonstrar que o
recurso pode melhorar a situação do recorrente.

d) Inexistência de fatos impeditivos/extintivos do direito de recorrer: Obs. em alguns


livros esse requisito aparece como extrínseco. - Fatos que não devem acontecer para
que o recurso seja admitido: a) renúncia ao recurso – a renúncia se dá antes do recurso
e não depende de aceitação da outra parte; Renúncia é expressa, incondicional e não
depende de aceitação. Se já tiver havido renuncia o pedido não pode ser conhecido.
b) aceitação da decisão – expressa ou tácita – se a parte aceita a decisão ela não vai
poder recorrer depois; c)desistência do recurso – se o sujeito recorre e depois desisti
do recurso não pode voltar e recorrer de novo. A desistência do recurso pressupõe
que o recurso tenha sido interposto. A desistência do recurso não depende de
consentimento da parte contrária e nem depende de homologação judicial e ela pode
ocorrer até o início da votação.

2) EXTRÍNSECOS:

a) PREPARO: pagamento das despesas relacionadas ao processamento do recurso. É


o montante que corresponde às despesas para o processamento do recurso. Essas
despesas para o processamento do recurso se dividem em 02 espécies: a)as taxas-
despesas tributárias b)os portes de remessa e de retorno do autos-despesas postais.

b) TEMPESTIVIDADE: o recurso deve ser interposto no prazo. - Ministério Público,


Fazenda Pública e Defensores Públicos têm prazo em dobro para recorrer, mesmo
quando recorrem como terceiro, ou adesivamente. Nos Juizados Especiais não há
prazo em dobro para os entes públicos. Os entes públicos não têm prazo em dobro
nos juizados tambémpara apresentar contrarrazões.

c) REGULARIDADE FORMAL: o recurso para ser admitido precisa preencher as


exigências formais, precisa ser escrito, ter pedido, assinado por advogado.Admite-se
agravo retido oral e embargos de declaração orais nos juizados.Deve-se expor as
razoes recursais. A exigência das razoes é uma imposição do principio do
contraditório.

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Dizer o direito. O CPC afirma que a parte que está recorrente da decisão precisa
comprovar o preparo no momento da interposição do recurso. Logo, o preparo
(recolhimento do valor) deve ser feito antes da interposição do recurso e, junto com
o recurso interposto, o recorrente deve juntar o comprovante do pagamento. A
súmula 484 traz uma exceção: Se o recurso for interposto após o horário de
encerramento do expediente bancário (ex: recurso interposto às 17h 30min, ou seja,
quando os bancos já estão fechados), o recorrente poderá comprovar o preparo no
primeiro dia útil seguinte.

[TJCE]. Quais os tipos de preclusão?


PRECLUSÃO é a perda de uma faculdade/poder processual. É a perda de uma
situação jurídica processual ativa. Direitos e deveres são situações jurídicas. Situação
processual ativa = direito (competência e poder são situações processuais jurídicas
ativas). Pode-se falar em preclusão para as partes e para o juiz. Tanto preclui direitos
processuais das partes como preclui poderes do juiz. A preclusão é fenômeno
processual = perda de direitos processuais. A preclusão é indispensável ao processo,
marcha à frente. A preclusão é uma técnica para efetivar os princípios da segurança
jurídica, da boa-fé processual e da duração razoável do processo. a) preclusão
temporal: perde-se o direito pela perda do prazo. A perda do prazo é um fato lícito.
b) preclusão lógica: perde-se um direito processual pela prática de ato anterior com
ele incompatível. É a preclusão em razão do comportamento contraditório. A
preclusão lógica é muito próxima do “venire contra factum proprium”. c) preclusão
consumativa: Perde-se o poder pelo seu exercício. Perde-se o direito processual por
um comportamento lícito.

[TJCE]. Efeitos devolutivos?


- Efeito devolutivo: deve ser examinado na dimensão horizontal/extensão e na
dimensão vertical/profundidade.

a) Dimensão horizontal/extensão: o recurso devolve ao tribunal a análise daquilo


que foi impugnado, ou seja, o recurso determina o que o tribunal terá que julgar. Fixa
qual é a questão principal do recurso. O tribunal vai julgar aquilo que o recorrente
impugnar. A extensão do efeito devolutivo segue o princípio dispositivo e, portanto,
é determinada pelo recorrente. Se o recorrente impugnar apenas um capítulo da
sentença, o tribunal só poderá examinar esse capítulo sob pena de decisão extra petita.

b) Dimensão vertical/profundidade: a profundidade do efeito devolutivo é a que


determina quais as questões que o tribunal terá que examinar para decidir a questão
principal do recurso. O efeito devolutivo em sua dimensão vertical é regido pelo
princípio inquisitivo. Todas as questões de ordem pública e as questões suscitadas,
mas não decididas, desde que RELACIONADAS AO CAPÍTULO IMPUGNADO
devem subir para o exame do Tribunal. Alguns autores chamam esse efeito de
translativo. “A extensão do efeito devolutivo bitola o efeito translativo.”

# APELAÇÃO.
[TJCE]. O que é sentença coletiva?
Sentença coletiva é aquela que decidiu questões de direitos difusos, coletivos stricto
sensu e individuais homogêneos.

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[TJCE]. Como o CDC prevê a liquidação coletiva?


O CDC, em seu art. 97, prevê que a liquidação de sentença coletiva poderá ser
promovida pela vítima e seus sucessores, assim como os legitimados de que trata o
art. 82 do CDC.

[TJCE]. Qual o critério de recebimento da apelação?


O juízo de admissibilidade recai sobre os requisitos dos recursos, constituídos
comumente pela legitimidade, o interesse, a tempestividade, o preparo e a
regularidade formal. Além desses, a contrariedade da sentença com relação à
jurisprudência consolidada nas súmulas do STJ e do STF ou a inexistência de súmula
de tais tribunais sobre a matéria decidida têm sido consideradas como requisito de
admissibilidade do recurso de apelação.

[TJCE]. Quais os requisitos extrínsecos e intrínsecos da apelação?


REQUISITOS INTRÍNSECOS:

1- Cabimento e adequação

2- Legitimidade

3- Interesse (sucumbência)

REQUISITOS EXTRÍNSECOS:

1- Tempestividade - prazo de 15 dias (art. 508, CPC)

2- Preparo - pagamento das custas judiciais

3- Regularidade formal - peça de interposição e razões devidamente elaboradas.

[TJCE]. Na apelação é possível reiterar/ratificar a apelação?


Quando, após a sentença a parte apelar e a outra parte propuserem embargos de
declaração, após a decisão desses embargos, a parte que apelou deverá ratificar a sua
apelação dentro do prazo para interposição, apenas se a decisão de embargos de
declaração tiver modificado a decisão anteriormente prolatada, conforme
entendimento recente do STJ.

[TJCE]. Qual a consequência processual?


A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar a Questão de Ordem
suscitada nos autos do RHC 104.270/DF (Rel. Ministro Celso de Mello, DJe de
7/12/2011), esclareceu que "A intempestividade dos recursos tanto pode derivar de
impugnações prematuras (que se antecipam à públicação dos acórdãos) quanto
resultar de oposições tardias (que se registram após o decurso dos prazos recursais).
Em qualquer das duas situações (impugnação prematura ou oposição tardia), a
consequência de ordem processual é uma só: o não conhecimento do recurso, por
efeito de sua extemporânea interposição. A jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal tem advertido que a simples notícia do julgamento, além de não dar início à
fluência do prazo recursal, também não legitima a prematura interposição de recurso,
por absoluta falta de objeto, ainda que se cuide de matéria criminal". Tal
entendimento, inclusive, restou consolidado na Súmula nº 418 desta Corte Superior:
"É inadmissível o recurso especial interposto antes da públicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação". Ressalte-se, por fim, que a

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ratificação deve ocorrer "dentro do prazo recursal aberto com a públicação do


acórdão proferido nos referidos embargos".

# AGRAVO.
[TJCE]. Qual a regra legal do agravo?
Art. 522 do CPC. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez)
dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte
lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e
nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua
interposição por instrumento. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

[TJCE]. Pegou?
Silvério: Não sei o que o examinador queria com essa pergunta.

[TJCE]. Qual o efeito do agravo?


Via de regra o agravo só tem efeito devolutivo. Art. 527, III, do CPC.

[TJCE]. Excepcionalmente?
Excepcionalmente pode-se atribuir efeito suspensivo. Art. 527, III do CPC

[TJCE]. Em que requisitos?


Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil,
adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em outros
casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a
fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da
turma ou câmara. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

[TJCE]. Quais as hipóteses de negativa pelo relator?


Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o
relator: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557; (Redação dada pela Lei
nº 10.352, de 26.12.2001)

Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível,


improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal
Superior. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

[TJCE]. Requisito mais frequente de rejeição de agravo?


Não encontrei quais os requisitos mais frequentes de rejeição de agravo. Acho que
não entendi essa pergunta. Vou repetir as hipóteses de rejeição.

Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o


relator: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557; (Redação dada pela Lei
nº 10.352, de 26.12.2001)

Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível,


improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência

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dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal


Superior. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

[TJCE]. O relator não pode verificar a juntada da comunicação do juízo? Por quê?
Pode verificar porque é matéria de ordem pública, mas não poderá negar a
admissibilidade do recurso, caso o agravante não tenha comunicado o juízo, pois
conforme o art. 526, p.u., do CPC, o agravado deve expressamente se manifestar
sobre esse não cumprimento, caso não haja essa manifestação, dará seguimento ao
agravo.

[TJCE]. O que é juízo de retratação?


É a faculdade que o juiz tem de reavaliar a sua decisão, proferindo uma nova.
Disposto no art. 523, § 2º do CPC.

[TJCE]. Da retratação cabe recurso?


Sim, sendo a retratação feita por meio de uma nova decisão interlocutória, caso se
verifique a sucumbência da parte beneficiada pelo julgamento, agora substituído pela
nova decisão, caberá à interposição de novo recurso de agravo.

[TJCE]. O que é agravo interno?


Agravo interno é um recurso cabível contra decisão monocrática dos tribunais.

[TJCE]. Tem mesmo prazo?


Art. 557, § 1º do CPC

§ 1o Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para o


julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo em
mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento. (Incluído pela Lei
nº 9.756, de 17.12.1998).

# AGRAVO. PODERES DO RELATOR NO JULGAMENTO DOS RECURSOS. CONCESSÃO DE


EFEITO SUSPENSIVO PELO RELATOR.

[TJCE]. Pode converter agravo de instrumento em retido, o relator?


Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o
relator: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

II - converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de


decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos
casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é
recebida, mandando remeter os autos ao juiz da causa; (Redação dada pela Lei nº 11.187,
de 2005)

Análise dos requisitos para a conversibilidade do agravo de instrumento em


agravo retido

A possibilidade de conversão do regime de agravo pelo relator está condicionada a


dois requisitos:

(i) inexistência de provisão jurisdicional de urgência ou

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(ii) não haver perigo de lesão grave e de difícil ou incerta reparação.

A primeira indagação que se impõe diz respeito ao conceito de provisão jurisdicional


de urgência.

Foi a primeira vez que o nosso Código de Processo Civil empregou a


palavra provisão. Provisão vem do latimprovisio, de providere (prover, acautelar-
se).[4]

No contexto do artigo 527, II, a palavra provisão deve ser entendida


como provimento, isto é, o resultado da atividade jurisdicional.

Assim, se a decisão que modifica o regime de agravo interferir na dinâmica do


processo, podemos dizer que se trata de provisão de urgência.

São exemplos de provimentos de urgência: arresto, seqüestro, caução, busca e


apreensão, exibição, produção antecipada de provas, alimentos provisionais,
arrolamento de bens, atentado, separação litigiosa, interdição, remoção de tutor ou
curador, mandado de segurança, etc.

O segundo requisito está relacionado às circunstâncias de perigo de lesão grave e de


difícil ou incerta reparação (periculum in mora). Vale dizer: presentes os requisitos
que autorizam o relator a suspender os efeitos da decisão agravada, ou antecipar os
efeitos da pretensão recursal (=efeito ativo), total ou parcialmente, não poderá ele,
por meio de decisão monocrática, alterar o regime do agravo, transmutando agravo
de instrumento em agravo retido. Ao contrário, se há pedido, é dever do relator
atribuir ao agravo de instrumento efeito suspensivo ou ativo, determinando seu
imediato processamento.

Luiz Rodrigues Wambier e Teresa Arruda Alvim Wambier destacam que “esta
conversão inviabiliza a concessão de efeito suspensivo. Esse efeito suspensivo e
também o efeito ativo, a que se refere o art. 527, III, são efeitos com vocação para
serem efêmeros, sob pena de acabarem por equivaler ao próprio julgamento do
recurso, o que parece não ter sido a intenção do legislador, já que a decisão do art.
527, a esse propósito, é tomada com base em fumus boni iuris (=cognição não
exauriente). Portanto, não teria sentido uma decisão que alterasse ostatus quo,
concedendo o efeito suspensivo ou a providência positiva pleiteada, durar o tempo
que levaria para o agravo retido ser julgado.”[5]

As expressões perigo de lesão grave ou de difícil reparação se situam no campo dos


conceitos vagos e indeterminados, deixando ao aplicador da lei a tarefa de verificar,
caso por caso, se a conduta apresentada se enquadra na moldura flexível.[6]

Convém afastar uma dúvida que tem precedência lógica. Não basta o agravante
formular pedido de efeito suspensivo ou de antecipação da tutela recursal a fim de
impedir a conversão do regime de agravo. Faz-se necessária a real existência dos
requisitos próprios.

Em determinadas hipóteses, ainda que não estejam presentes os requisitos da


conversibilidade (“provisão jurisdicional de urgência” ou “perigo de lesão grave e de
difícil ou incerta reparação”), não será lícito ao relator aplicar a regra do art. 527, II,
do CPC. Assim, por exemplo, no caso de interposição de agravo de instrumento por

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parte de terceiro prejudicado, tendo em vista que a retenção do agravo seria inócua
de sorte que não haveria a possibilidade de reiterá-lo nas razões ou contra-razões de
apelação, pois, em verdade, o terceiro não é parte na relação jurídica processual.[7]

Há, ainda, outras decisões que são agraváveis por instrumento e que impedem a
conversão de regime: rejeição liminar de reconvenção ou ação declaratória incidental
(325 CPC); exclusão ou inclusão de herdeiro no inventário; reconhecimento de
conexão entre causas; concessão de prazo em dobro; decisão sobre valor da causa;
negativa de homologação de acordo; rejeita ou acolhe exceção de incompetência,
impedimento ou suspeição, etc.

No processo de execução, por sua própria natureza, também, não se afigura correto
a aplicabilidade do art. 527, II, do CPC. Primeiro porque o processo de execução tem
por objetivo a prática de atos de expropriatórios que causam prejuízos imediatos à
parte; segundo porque, embora haja decisão a que a lei chama de sentença (795 CPC)
– existem muitas dúvidas acerca da natureza jurídica a respeito desta decisão, na qual
raramente há apelação.[8]

Em última análise, o relator não poderá, sob hipótese alguma, transmudar o regime
de agravo quando, por força dessa decisão, acarretar na perda do interesse recursal
para o agravante.

Procedimento

Não há necessidade de pedido. O relator, ao receber o agravo de instrumento, e


verificando que não se trata de provisão jurisdicional de urgência e que não há perigo
de lesão grave e difícil ou incerta reparação, poderá,ex officio, converter o recurso
em agravo retido.

Em relação ao momento da conversão, a lei estabelece que recebido o agravo de


instrumento e distribuídoincontinenti, o relator poderá converter o agravo de
instrumento em agravo retido. Entretanto, não nos parece que a norma deva ser
interpretada na sua literalidade.

Não há preclusão temporal para o relator do agravo de instrumento.

O relator somente não poderá transformar o agravo de instrumento em agravo retido


quando praticar atos (rectius: pronunciamentos) incompatíveis com o procedimento
da conversibilidade. Assim, v.g., não é lícito ao relator converter o regime de agravo
quanto colocar o recurso em pauta de julgamento.

Procedida a conversão, o tribunal deverá remeter os autos ao juiz da causa, onde


serão apensados aos principais.[9]

Ocioso ressaltar que a decisão do relator que modifica o regime do agravo,


determinando a sua retenção, deva ser fundamentada, sob pena de nulidade (art. 93,
IX, CF). Vale dizer que o relator não se limitará a pronunciar “converto o agravo de
instrumento em agravo retido, eis que não vislumbro dano irreparável ou de difícil
reparação”. É intuitivo que a fundamentação de qualquer decisão judicial tem de
abranger os aspectos fato e direito.[10]

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O agravo convertido deverá seguir o procedimento próprio do agravo retido.


Vale dizer: no momento em que o juiz da causa receber o recurso convertido poderá
exercer o juízo de retratação. Mantida a decisão, deverá o juiz da causa determinar a
intimação do agravado para que responda ao recurso, no prazo de 10 dias (523, § 2º).

Por fim, a conversão do agravo de instrumento em agravo retido não desobriga a


reiteração deste nas razões ou contra-razões de apelação, bem como não “dispensa o
órgão ad quem de examinar a admissibilidade do agravo em todos os seus aspectos,
inclusive o do interesse, nem o impedimento de, eventualmente, negar-lhe
conhecimento por falta desse ou de outro requisito.”

Com a nova redação trazida pela Lei nº 11.187/2005, o inciso II do artigo 527 do
Código de Processo Civil, com o explícito propósito de restringir a utilização do
agravo de instrumento nos Tribunais, impôs ao relator a conversão do agravo de
instrumento em agravo retido nos casos que não tratarem de decisão suscetível de
causar à parte lesão grave e de difícil reparação, e não mais apenas possibilitou a
conversão, que era o que rezava a redação da lei anterior. Agora, não estando
presentes os casos previstos no artigo 522, caput, e no artigo 527, II, o relator não terá
opção senão realizar a conversão do agravo de instrumento em retido. A conversão
não se trata mais de uma faculdade processual, mas agora de um dever processual.

[TJCE]. Este poder é discricionário ou está sujeito a requisito? Pode atribuir


efeitos?
É incontestável que o processo civil moderno confia ao juiz maior poder para a
condução do processo.

Para evitar mal entendidos, se deve destacar que o alargamento do campo da


atividade do órgão judicial não significa, em absoluto, transformar o processo em um
campo onde não há pressupostos mínimos a serem obedecidos, entregue ao
informalismo.

Clito Fornaciari Júnior já ensinou que o juiz não pode criar “embaraços e verdadeiras
dificuldades para se recorrer, tudo de modo a justificar uma falsa impressão de que a
única regra processual é a da efetividade a todo custo, de onde, então, os magistrados
poderiam tomar as medidas que bem entendessem, ainda que não previstas na
legislação do processo.”[12]

A lição vale para o art. 527, II, do CPC.

A expressão poderá converter (agravo de instrumento em agravo retido) deverá ser


interpretada como faculdade ou autorização ao relator. Caso contrário, estar-se-ia
dando existência a novos requisitos de admissibilidade ao agravo de
instrumento: provisão jurisdicional de urgência e periculum in mora. Somente nas
hipóteses em que houvesse perigo de lesão grave e de difícil ou incerta reparação é
que seria permitida a interposição do agravo de instrumento.[13] E mais. O relator do
agravo de instrumento não poderia se esquivar de atribuir efeito suspensivo ou
antecipar os efeitos da pretensão recursal (=efeito ativo) ao recurso.

ISTO NÃO QUER DIZER QUE O RELATOR POSSA AGIR


DISCRICIONARIAMENTE. O texto atual do art. 527, II, utiliza conceitos
jurídicos vagos e indeterminados (“provisão jurisdicional de urgência” e “lesão grave

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e de difícil ou incerta reparação”), cuja determinação in concreto, como não poderia


deixar de ser, é tarefa confiada ao relator, na qual certamente atuará boa dose de
subjetividade. No entanto, isso de modo algum bastaria para emprestar caráter
discricionário, em acepção técnica, à decisão do relator que converte o regime de
agravo.

Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o


relator: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) combinado com

III - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação
de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;
(Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

[TJCE]. Antecipação de tutela é permitida?


SIM

III - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação
de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;
(Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

[TJCE]. Cabe recurso da decisão que concede efeito suspensivo? Quem defende
isso?
BRENO - QUESTÃO DIVERGENTE:

1 CORRENTE: Não obstante todas essas considerações, a Lei 11187/2005, ao


conferir nova redação a alguns dispositivos do CPC que tratam do agravo, pareceu
pretender eliminar a possibilidade de ser interposto o agravo interno da decisão do
relator que converte o agravo de instrumento em agravo retido e, igualmente, da
decisão do relator que concede ou nega o efeito suspensivo ou a tutela antecipada
recursal.

O STJ, porém, acolhendo a argumentação aqui defendida e seguindo a


orientação por ele mesmo firmada, no sentido de generalizar a aplicação do art.
39 da Lei n. 8.038/1990, entendeu cabível agravo regimental da decisão do
relator que converte agravo de instrumento em agravo retido (STJ, 1 ª. T., AgRg
nos EDcl no)

Art. 527 - Parágrafo único- A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do
caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo,
salvo se o próprio relator a reconsiderar.
(Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

2 CORRENTE: DIZER O DIREITO – INFOR 541 STJ

Efeito suspensivo.

Em regra, o agravo de instrumento não possui efeito suspensivo, ou seja, mesmo a


parte tendo interposto esse recurso, a decisão interlocutória recorrida continua
produzindo efeitos. Dizemos assim que o agravo de instrumento não goza de efeito
suspensivo ope legis, ou seja, não possui efeito suspensivo por força de lei,
automático, obrigatório. Não é pelo simples fato de ter sido interposto o agravo que
a decisão de 1ª instância será suspensa.

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No entanto, o CPC prevê, em seu art. 527, III, que o Desembargador Relator poderá
atribuir efeito suspensivo ao agravo de instrumento, comunicando ao juiz sua
decisão. Em outras palavras, o Relator poderá determinar que a decisão
interlocutória recorrida fique suspensa (sem produzir efeitos) enquanto se termina
de julgar o agravo de instrumento. Dizemos, por isso, que o agravo de instrumento
possui efeito suspensivo ope judicis (efeito suspensivo impróprio), ou seja, por
decisão do magistrado segundo a análise do caso concreto.

Para que o Relator defira o efeito suspensivo é indispensável que o agravante


demonstre dois requisitos:

a) Relevância da fundamentação: a tese defendida no recurso possui plausibilidade


jurídica.

b) Perigo de grave lesão: se a decisão agravada não for suspensa há risco de o


direito do agravante sofrer lesão irreparável ou de difícil reparação.

A doutrina extrai esses dois requisitos do art. 558 do CPC:

Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil,
adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em
outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo
relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o
pronunciamento definitivo da turma ou câmara.

9) Recurso contra a decisão do Relator sobre o efeito suspensivo.

Cabe recurso contra a decisão do Desembargador que defere ou indefere o efeito


suspensivo ao agravo de instrumento (art. 527, III)?

NÃO. Trata-se de decisão irrecorrível, conforme prevê o art. 527, parágrafo


único:

Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do
caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento
do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar.

Chamo atenção novamente: NÃO cabe agravo interno contra essa decisão (STJ.
1ª Turma. REsp 1296041/BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado
em 27/08/2013). É IRRECORRÍVEL.

Diante disso, quais as opções disponíveis ao agravante?

 Formular um pedido de reconsideração ao Desembargador;


 Impetrar mandado de segurança contra essa decisão.
 Aguardar o momento em que o agravo será levado para julgamento na
Câmara oportunidade em que o colegiado poderá reformar ou anular a
decisão interlocutória de 1ª instância.

Então, cabe MS contra a decisão do Desembargador que nega efeito suspensivo ao


AI? SIM. Segundo precedentes do STJ, “não sendo cabível a interposição de recurso
contra a decisão do relator que atribui efeito suspensivo a agravo de instrumento ou

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defere, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal (CPC,


art. 527, III, e parágrafo único), admite-se contra tal ato judicial a impetração de
mandado de segurança.” (STJ. 4ª Turma. RMS 36.982/PB, Rel. Min. Raul Araújo,
julgado em 05/12/2013).

[TJCE]. Em que hipóteses pode negar seguimento?


O artigo 557 do Código de Processo Civil – antes um artigo esquecido do Código de
Processo Civil que versava sobre a possibilidade de os relatores dos agravos (e
somente deste recurso) indeferi-los de plano quando manifestamente improcedente -
em apenas três anos, sofreu duas alterações - Leis nº 9139/95 e nº 9.756/98 - que
revogaram o texto original e implicaram em silenciosa revolução no sistema recursal
brasileiro.

Veja-se que com a nova redação desse dispositivo, o Relator do recurso cível -
figura jurídica criada originalmente para preparar o processo para o
julgamento do órgão colegiado – passou ter o amplo poder de não apenas negar
seguimento ao recurso inadmissível, mas prover o recurso interposto contra
decisão que estiver em confronto com jurisprudência dos tribunais superiores,
dispensando o julgamento colegiado, regra geral do ordenamento jurídico
pátrio.

Por fim, são apreciados os aspectos do tema mais controvertidos na doutrina e


jurisprudência, quais sejam: se o artigo em foco é realmente constitucional; se o
agravo interno do parágrafo 1º é aplicável, ou não, às decisões liminares proferidas
em sede recursal; e se a implementação do dispositivo analisado atingiu o objetivo
de sua criação, de tornar mais ágil a prestação jurisdicional, diminuindo o tempo de
tramitação dos recursos.

Em suma, o artigo 557 do Código de Processo Civil passou, desde então, a vigorar
da seguinte forma:

Art. 557. O relator negará SEGUIMENTO a recurso manifestamente inadmissível,


improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal
Superior.

§ 1º.-A. Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com


jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o
relator poderá dar provimento ao recurso.

§ 1º. Da decisão caberá agravo, no prazo de 5 (cinco) dias, ao órgão competente para o
julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo em
mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento.

§ 2º. Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal condenará


o agravante a pagar ao agravado multa entre 1% (um por cento) e 10% (dez por cento)
do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso
condicionada ao depósito do respectivo valor.

A redação original do artigo 557 do Código de Processo Civil, como visto, versava
sobre a possibilidade de o relator indeferir “por despacho” o agravo “manifestamente
improcedente”. Nota-se que o dispositivo se referia apenas ao recurso de agravo,

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entretanto, a partir da redação oferecida pela Lei 9.139/95, a regra passou a incidir
sobre “todo e qualquer recurso” e “em qualquer tribunal”[36].

A doutrina diverge sobre o caráter obrigacional ou permissivo da norma, isto é,


“negar seguimento ao recurso” seria um dever ou uma prerrogativa do relator.
Respeitáveis autores entendem que se trata, na verdade, de um dever do relator, sendo
que a remessa ao órgão julgador colegiado, em caso de incidência das hipóteses do
dispositivo, consistiria em verdadeiro “descumprimento de um dever decorrente de
lei”[44].

[TJCE]. Qual a diferença entre inadmissão e improcedência?


RECURSO INADMISSÍVEL

Cândido Rangel Dinamarco diz que ”recurso inadmissível são os casos de não
conhecimento”[8] .

Neste sentido, o recurso é manifestamente inadmissível, quando, visivelmente, lhe


faltarem um ou mais de seus pressupostos, subjetivos ou objetivos, como a
legitimidade e interesse recursal, a sucumbência, a recorribilidade, a tempestividade,
o preparo e a regularidade formal. Ausente qualquer destes pressupostos, o relator
negará conhecimento ao recurso, inadmitindo-o de plano.

Tal juízo é certamente um dever do julgador e não mera faculdade. Afigura-se de


todo incoerente e contrário ao sistema processual reformista submeter ao órgão
colegiado semelhante irresignação, afogando as sessões de julgamento na apreciação
de agravos e apelações nos quais se fizeram ausentes os pressupostos basilares de sua
interposição, sendo iniludível o destino de fracasso que lhe espera, neste caso,
antecipa-se, com sensatez, a cognição unitária das matérias prévias antes que se
enverede por seu objeto.

Disse bem o legislador que se trata de uma obrigação do magistrado a negativa de


caminho ao pleito recursal “manifestamente” inadmissível.

RECURSO IMPROCEDENTE

Diz-se improcedente o recurso quando o recorrente carece de razão no mérito, ou


seja, quando infundados os motivos que atacam o decisium impugnado.

No mesmo sentido Teresa Arruda Alvim Wambier diz que:

“Pode o relator negar seguimento ao recurso, considerando-o manifestamente


improcedente, hipótese em que se está diante de exercício de juízo de mérito
negativo, apesar de o legislador usar a expressão negar provimento”.[12]

Assim, verificada, de plano, a improcedência do recurso ante o desamparo do direito


ou das provas dos autos, poderá o relator negar-lhe provimento monocraticamente.

[TJCE]. Hipóteses de provimento imediato? Da decisão de provimento cabe


recurso?
Art. 557 (...)

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§ 1º-A Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com


jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o
relator poderá dar provimento ao recurso. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 1998)

§ 1o Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para o


julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo em
mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento. (Incluído pela Lei
nº 9.756, de 1998)

# EMBARGOS INFRINGENTES. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


[TJCE]. Embargos infringentes são cabíveis em que hipóteses? Infringir do ponto
de vista processual para o recurso?
- São duas as hipóteses de cabimento dos embargos infringentes previstas pelo art.
530 do CPC: (a) acórdão não unânime que reforma, em grau de apelação, a sentença
de mérito; e (b) acórdão não unânime que julga procedente a ação rescisória.

Em regra, uma sentença terminativa recorrida, qualquer que seja o resultado


da apelação, jamais proporciona à parte derrotada o ingresso de embargos
infringentes. Mas nesse tocante uma observação é imprescindível: sendo o
acórdão da apelação de mérito, ainda que a sentença recorrida seja terminativa,
caberá o recurso de embargos infringentes desde que esse acórdão seja proferido por
maioria de votos. Tal circunstância torna-se possível diante da aplicação do art. 515,
§ 3.º do CPC, por meio do qual o tribunal poderá na apelação julgar originariamente
o mérito da demanda. Nesse caso o tribunal anula a sentença terminativa em razão
do equívoco do julgador de primeiro grau em extinguir o processo sem resolução do
mérito e passa imediatamente ao julgamento de mérito da demanda, desde que a
causa esteja madura para o julgamento. Sendo esse acórdão não unânime (2x1), com
julgamento de mérito da demanda – acolhimento ou rejeição do pedido do autor –,
caberá à parte sucumbente ingressar com embargos infringentes.

[TJCE]. Os embargos de declaração interrompem o prazo?


Art. 538. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros
recursos, por qualquer das partes.

[TJCE]. Cabe embargos de declaração de decisão interlocutória?


- Daniel Assumção. Aduz o art. 535, I, do CPC que os embargos de declaração são
cabíveis contra sentença e acórdão, mas doutrina e jurisprudência apontam para a
inadequada timidez do dispositivo legal. Não existe qualquer razão plausível para a
exclusão das decisões interlocutórias do âmbito de aplicação dos embargos de
declaração, assim como também não se justifica o entendimento que impeça a
propositura de tal recurso contra decisão monocrática – final ou interlocutória –
proferida pelo relator em sede recursal ou mesmo em ação de competência originária.
Até mesmo contra despacho, em regra irrecorríveis por expressa previsão legal (art.
504 do CPC), será cabível o recurso de embargos de declaração. Doutrina autorizada
entende acertadamente que os embargos de declaração têm a maior amplitude no
tocante ao cabimento dentre todos os recursos, sendo cabível contra todo e qualquer
pronunciamento judicial, independentemente de sua natureza.

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# RECURSO DE TERCEIRO PREJUDICADO. RECURSO ADESIVO


[TJCE]. Quem é o terceiro prejudicado?
A definição de quem figura como terceiro, tomando-se como referência uma relação
jurídica processual qualquer, é de suma importância, uma vez que além de determinar
os limites subjetivos da coisa julgada, também determina quem tem legitimidade para
recorrer como terceiro juridicamente prejudicado. Para se apresentar um eficaz
conceito de terceiro é preciso ter como referencial a relação jurídica processual.
Assim, todos aqueles que não são partes dessa relação jurídica processual deverão
ser considerados terceiros.

Por não pertencer à relação processual, não podem os efeitos da sentença se estender
até sua (a do terceiro) esfera de atuação jurídica, não se submetendo,
consequentemente, aos efeitos da coisa julgada, porque res interalios judicata.
Cândido Dinamarco adverte que violaria as garantias constitucionais a imposição de
efeitos do processo àquele que não adquiriu a qualidade de parte, e, portanto, não
teve as oportunidades do contraditório.

Há, porém, certos casos que retiram do terceiro essa característica de ser adverso à
relação jurídica processual e lhe conferem a qualidade de parte, em uma demanda já
formada por dois polos primitivos. É o que ocorre nas modalidades de intervenção
de terceiros, já que o terceiro ingressa na relação processual já pendente como parte
ou assistente. O opoente (art. 56, CPC), o nomeado à autoria (art. 62), o
litisdenunciado (art. 70), o assistente litisconsorcial (art. 54) e o chamado ao processo
(art. 77) tornam-se partes com seu ingresso na relação jurídica processual já existente,
podendo, assim, até mesmo recorrer das decisões judiciais, como parte. Havendo
proximidade entre o terceiro e o objeto do processo pendente, justifica-se a
interferência daquele no processo, passando a atuar como parte ou como assistente ,
exceto se, antes da sentença, do acórdão ou da decisão interlocutória houve
desvinculação do interveniente, razão pela qual passará a ser considerado terceiro.
Daí o ensinamento de Pontes de Miranda, que parece ser a melhor definição de
terceiro, apesar de ser ponto comum a todos os processualistas, pois toda a doutrina
comungar com este conceito: "Quem não é parte, nem litisconsorte, nem assistente
equiparado a litisconsorte, terceiro é (...)".

Veja, portanto, que para um indivíduo constituir a terceria é preciso que ele seja
estranho ao litígio, ou porque dele nunca fez parte ou porque deixou de fazer, pois se
atuar como interveniente será considerado membro da relação jurídica processual.

[TJCE]. Quando surge o recurso adesivo?


O art. 500 do CPC estabelece os requisitos objetivos que ensejam a interposição de
recurso adesivo.

O recurso adesivo ou subordinado tem cabimento na hipótese de sucumbência


recíproca em que uma das partes, até então conformada com a decisão judicial
prolatada, diante do recurso interposto pela parte contrária, opta por também
impugná-la. Ou seja, perante o recurso de uma parte sucumbente, a outra vem a
recorrer também, mas de modo adesivo.

Cumpre observar que o recurso subordinado não é uma espécie de recurso. Chega-se
a conclusão com a simples observação do artigo 496 do Código de Processo Civil,

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no qual consta o rol taxativo de recursos cíveis previstos no ordenamento jurídico


brasileiro. Trata-se de um modo de interposição de recurso. Em regra, não é nada
além do recurso que a parte já poderia ter interposto contra a decisão que agora
resolve atacar.

[TJCE]. Se houver desistência do recurso principal, o que ocorre com o adesivo?


Art. 500. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e observadas as
exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer
deles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso
principal e se rege pelas disposições seguintes:

III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele
declarado inadmissível ou deserto.

[TJCE]. Se houver má-fé? – Quais as consequências?


Considerando-se que a litigância de má-fé se relaciona a conduta processual da parte,
o meio próprio para argui-la não é através de recurso adesivo, já que esse deve dizer
respeito às matérias em que a parte tenha sido vencida no objeto do litígio.

Logo, recurso adesivo interposto com este fim não merece conhecimento. Assim já
se decidiu no TRT de Santa Catarina: 1.ª T. AC. 7.409/01. Rel. Godoy Ilha. DJSC
02.08.01.

[TJCE]. O recurso é autônomo ou tem alguma vinculação?


O recurso adesivo não é um recurso autônomo, ele é dependente do principal, eis o
motivo do nome “adesivo”.

Se o principal não for conhecido ou adesivo também não será.

O recurso adesivo é o recurso interposto junto ao recurso principal que é interposto


pela outra parte.

[TJCE]. Quais recursos permitem?


Caberá quando o principal for:

 Apelação
 Embargos infringentes
 Recurso extraordinário
 Recurso especial

[TJCE]. Comprovada a má-fé o que cabe o Juiz proceder?


Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a
pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte
contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as
despesas que efetuou.

§ 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na


proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se
coligaram para lesar a parte contrária.

§ 2º O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a
20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento

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[TJCE]. O benefício da gratuidade da justiça se estende aquele que emprega recurso


adesivo?
Como ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente,
quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior, a
desnecessidade do recolhimento do preparo concedida ao beneficiário da gratuidade
de justiça, quando este é o recorrente principal, estende-se automaticamente ao
recorrente adesivo.

Informativo 458: O recorrente insurge-se contra o julgamento a quo que deixou de


conhecer de seu recurso adesivo de apelação por declará-lo deserto. Sustenta que,
conforme dispõe o art. 500 do CPC, o recurso adesivo segue sempre o recurso
principal como subordinado e dependente; assim, se o recurso principal está isento
de preparo por ser beneficiário da gratuidade da Justiça, não se poderia exigir o
preparo do recurso adesivo. Para o Min. Relator, essa interpretação legal não pode
ser acompanhada, uma vez que o parágrafo único do citado art. 500 do CPC
estabelece que se aplicam ao recurso adesivo as mesmas regras do recurso
independente, ou seja, aquele recurso que a parte interporia espontaneamente nos
termos do art. 511 do CPC. REsp 912.336-SC, Rel.Min. Aldir Passarinho Jr,
2/12/2010.

# RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. REQUISITOS DE


ADMISSIBILIDADE. EFEITOS.

[TJCE]. Se a parte quiser interpor REsp e Recurso Extraordinário tem que fazer
separado? Qual o tramite? Quais os efeitos de recebimento?
Tramitação, interposição e efeitos. Lei. 8038. Art. 26 - Os recursos extraordinário e
especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos no prazo
comum de quinze dias, perante o Presidente do Tribunal recorrido, em petições
distintas que conterão: I - exposição do fato e do direito; II - a demonstração do
cabimento do recurso interposto; III - as razões do pedido de reforma da decisão
recorrida. Parágrafo único - Quando o recurso se fundar em dissídio entre a
interpretação da lei federal adotada pelo julgado recorrido e a que lhe haja dado outro
Tribunal, o recorrente fará a prova da divergência mediante certidão, ou indicação do
número e da página do jornal oficial, ou do repertório autorizado de jurisprudência,
que o houver publicado.

Art. 27 - Recebida a petição pela Secretaria do Tribunal e aí protocolada, será intimado


o recorrido, abrindo-se-lhe vista pelo prazo de quinze dias para apresentar contra-
razões.

§ 1º - Findo esse prazo, serão os autos conclusos para admissão ou não do recurso, no
prazo de cinco dias.

§ 2º - OS RECURSOS EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL SERÃO RECEBIDOS NO


EFEITO DEVOLUTIVO.

§ 3º - Admitidos os recursos, os autos serão imediatamente remetidos ao Superior


Tribunal de Justiça. § 4º - Concluído o julgamento do recurso especial, serão os autos
remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do recurso extraordinário, se

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este não estiver prejudicado. § 5º - Na hipótese de o relator do recurso especial


considerar que o recurso extraordinário é prejudicial daquele em decisão irrecorrível,
sobrestará o seu julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal, para
julgar o extraordinário. § 6º - No caso de parágrafo anterior, se o relator do recurso
extraordinário, em despacho irrecorrível, não o considerar prejudicial, devolverá os
autos ao Superior Tribunal de Justiça, para o julgamento do recurso especial.

[TJCE]. O que é repercussão geral? Quantos Ministros têm que admitir?


- Repercussão geral. CF, art. 102, § 3.° No recurso extraordinário o recorrente deverá
demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos
termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente
podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

A EC 45/2004 passou a exigir um novo requisito de admissibilidade para o recurso


extraordinário: a demonstração da “repercussão geral das questões constitucionais
discutidas no caso” (CF, art. 102, § 3.°).147 Regulamentado pela Lei 11.418/2006,
este novo requisito intrínseco de admissibilidade recursal demonstra que o recurso
extraordinário vem perdendo seu caráter eminentemente subjetivo, para assumir uma
função de defesa da ordem constitucional objetiva.

As finalidades da repercussão geral, segundo documento disponibilizado pelo


Supremo Tribunal Federal, são: “I) firmar o papel do STF como Corte Constitucional
e não como instância recursal; II) ensejar que o STF só analise questões relevantes
para a ordem constitucional, cuja solução extrapole o interesse subjetivo das partes;
III) fazer com que o STF decida uma única vez cada questão constitucional, não se
pronunciando em outros processos com idêntica matéria”.149.

Este filtro recursal permite ao STF julgar os recursos extraordinários apenas quando
estiverem presentes questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social
ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa (CPC, art. 543-A, §
1.°).150 Trata-se de um requisito antecedente e prejudicial a qualquer outro, cabendo
ao recorrente demonstrar o binômio relevância e transcendência antes mesmo de se
enveredar para o apontamento de qualquer matéria, pois, do contrário, não se
conhecerá do recurso extraordinário impetrado.

Caso uma das Turmas do STF decida pela existência por, no mínimo, 4 votos, fica
dispensada a remessa do recurso ao Plenário. Se negada, a decisão valerá para todos
os recursos sobre matéria idêntica, os quais serão indeferidos liminarmente, salvo se
houver revisão da tese (CPC, art. 543-A, §§ 4.° e 5.°).

De acordo com o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal, apesar de a


Lei 11.418/2006 ter alterado formalmente apenas o texto do Código de Processo
Civil, a regulação se aplica também ao recurso extraordinário criminal, seja porque
“a repercussão geral passou a integrar a disciplina constitucional de todos os recursos
extraordinários, seja porque parece inequívoca a finalidade da Lei 11.418/2006 de
regulamentar o instituto nessa mesma extensão”.

13. Processo de execução. Princípios. Das partes. Da competência. Dos


requisitos necessários para realizar qualquer execução. Do
inadimplemento do devedor. Espécies de execução. Execução para

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entrega de coisa certa e incerta. Execução das obrigações de fazer e não


fazer. Da execução Fiscal. Da execução por quantia certa contra devedor
solvente. Da penhora, avaliação e expropriação. Da citação do devedor
e da indicação de bens. Da penhora e do depósito. Da avaliação. Da
adjudicação. Da alienação por iniciativa particular. Da alienação em
hasta pública. Do Pagamento ao credor. Da Execução contra a Fazenda
Pública. Da execução da Prestação Alimentícia. Dos embargos do à
execução. Prazos para embargos. Natureza jurídica. Legitimidade e
procedimento. Dos embargos à execução contra a Fazenda Pública. Dos
embargos na execução por carta. Da execução por quantia certa contra
devedor insolvente. Da suspensão e extinção do processo. Do Processo
Cautelar. Das disposições gerais. Dos procedimentos cautelares
específicos.

# EXECUÇÃO: PARTES, REQUISITOS.


[TJCE]. Quais são as partes no processo de execução?
Art. 566. Podem promover a execução forçada:

I - o credor a quem a lei confere título executivo;

II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.

Art. 567. Podem também promover a execução, ou nela prosseguir:

I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ilhes
for transmitido o direito resultante do título executivo;

II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi transferido por
ato entre vivos;

III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.

Art. 568. São sujeitos passivos na execução:(Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)

I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 1º.10.1973)

II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; (Redação dada pela Lei nº 5.925,


de 1º.10.1973)

III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante
do título executivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

IV - o fiador judicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria. (Redação dada pela


Lei nº 5.925, de 1º.10.1973

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[TJCE]. O credor pode desistir da execução?


Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas
medidas executivas.

[TJCE]. Quais as consequências se não houver anuência?


Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas
medidas executivas.

Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: (Incluído pela


Lei nº 8.953, de 13.12.1994)

a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando
o credor as custas e os honorários advocatícios; (Incluído pela Lei nº 8.953, de
13.12.1994)

b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante. (Incluído


pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994).

[TJCE]. Que hipótese ocorrerá execução definitiva e provisória?


Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto
pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando
recebidos com efeito suspensivo (art. 739). (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

# DA ARREMATAÇÃO E DA ADJUDICAÇÃO.
[TJCE]. Qual a diferença de arrematação e adjudicação?
O notável Pontes de Miranda, ao conceituar arrematação, fazia uma distinção entre
dois sentidos que arrematação poderia ter. Assim, dizia o professor, "em sentido de
movimento processual, é a submissão do bem penhorado ao procedimento da
alienação ao público e em sentido de estática processual é assinação do bem, que foi
posto em hasta pública, ao lançador que ofereceu maior lanço".

Todavia, impende que se diga que há uma sensível diferença entre a arrematação,
que se verifica quando a transferência faz-se a favor de terceiro, mas se é o próprio
credor quem adquire a coisa, em pagamento do seu crédito, tal ato receberá o nome
de adjudicação. Na nova sistemática, basta breve exame da exposição dos
dispositivos legais para que se conclua que a alienação em hasta pública, outrora
forma típica de satisfação do credor, é hoje a derradeira opção que lhe é dada pelo
Código, reservando-se às hipóteses em que não seja viável a adjudicação (arts. 685-
A e 685-B) ou a alienação por iniciativa particular (art. 685-C).

[TJCE]. Existe relação entre a adjudicante arrematante e adjudicante devedor?


Não achei resposta disso.

[TJCE]. Quem pode adjudicar e arrematar?


Somente o credor pode adjudicar.

Art. 690-A. É admitido a lançar todo aquele que estiver na livre administração de seus
bens, com exceção:

I - dos tutores, curadores, testamenteiros, administradores, síndicos ou liquidantes,


quanto aos bens confiados a sua guarda e responsabilidade;

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II - dos mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou alienação estejam


encarregados;

III - do juiz, membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, escrivão e demais


servidores e auxiliares da Justiça.

[TJCE]. Quais as hipóteses em que o exequente pode arrematar e adjudicar?


Art. 685-A. É lícito ao exeqüente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação,
requerer lhe sejam adjudicados os bens penhorados. (Incluído pela Lei nº 11.382, de
2006).

Se assim não proceder, poderá arrematar nos termos do Art. 690 – A (…) Parágrafo
único. O exequente, se vier a arrematar os bens, não estará obrigado a exibir o preço;
mas, se o valor dos bens exceder o seu crédito, depositará, dentro de 3 (três) dias, a
diferença, sob pena de ser tornada sem efeito a arrematação e, neste caso, os bens
serão levados a nova praça ou leilão à custa do exequente.

# DA ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR E EM HASTA PÚBLICA.


[TJCE]. Qual a ordem de expropriação dos bens propriamente ditos?
1. Adjudicação;
2. Alienação por iniciativa particular;
3. Alienação em hasta pública.

[TJCE]. Qual a diferença entre adjudicar e arrematar?


O notável Pontes de Miranda, ao conceituar arrematação, fazia uma distinção entre
dois sentidos que arrematação poderia ter. Assim, dizia o professor, "em sentido de
movimento processual, é a submissão do bem penhorado ao procedimento da
alienação ao público e em sentido de estática processual é assinação do bem, que foi
posto em hasta pública, ao lançador que ofereceu maior lanço".

Todavia, impende que se diga que há uma sensível diferença entre a arrematação,
que se verifica quando a transferência faz-se a favor de terceiro, mas se é o próprio
credor quem adquire a coisa, em pagamento do seu crédito, tal ato receberá o nome
de adjudicação. Na nova sistemática, basta breve exame da exposição dos
dispositivos legais para que se conclua que a alienação em hasta pública, outrora
forma típica de satisfação do credor, é hoje a derradeira opção que lhe é dada pelo
Código, reservando-se às hipóteses em que não seja viável a adjudicação (arts. 685-
A e 685-B) ou a alienação por iniciativa particular (art. 685-C).

[TJCE]. Qual o preço mínimo e qual a porcentagem do preço vil?


A causa mais comum de desfazimento de arrematação em leilão de imóvel é o preço
vil. Preço vil é preço incompatível com o mercado, ou seja, um preço muito inferior
ao que vale o bem leiloado. A jurisprudência do STJ somente considera vil o lance
que não atinge 50% (cinquenta por cento) do preço avaliado do bem. Art. 690. A
arrematação far-se-á mediante o pagamento imediato do preço pelo arrematante ou,
no prazo de até 15 (quinze) dias, mediante caução.§ 1o Tratando-se de bem imóvel,
quem estiver interessado em adquiri-lo em prestações poderá apresentar por escrito
sua proposta, nunca inferior à avaliação, com oferta de pelo menos 30% (trinta por

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cento) à vista, sendo o restante garantido por hipoteca sobre o próprio imóvel. Art.
692. Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço vil.

[TJCE]. Se for bem móvel suscetível de outros percalços?


Art. 1.113. Nos casos expressos em lei e sempre que os bens depositados judicialmente
forem de fácil deterioração, estiverem avariados ou exigirem grandes despesas para a
sua guarda, o juiz, de ofício ou a requerimento do depositário ou de qualquer das partes,
mandará aliená-los em leilão.

[TJCE]. Existe hipótese em que o bem deverá ser arrematado pelo valor da
arrematação (avaliação)?
Art. 686 (…) § 3o Quando o valor dos bens penhorados não exceder 60 (sessenta) vezes
o valor do salário mínimo vigente na data da avaliação, será dispensada a publicação
de editais; nesse caso, o preço da arrematação não será inferior ao da avaliação.

Art. 691. Se a praça ou o leilão for de diversos bens e houver mais de um lançador, será
preferido aquele que se propuser a arrematá-los englobadamente, oferecendo para os
que não tiverem licitante preço igual ao da avaliação e para os demais o de maior lanço.

Art. 701. Quando o imóvel de incapaz não alcançar em praça pelo menos 80% (oitenta
por cento) do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e administração de
depositário idôneo, adiando a alienação por prazo não superior a 1(um) ano.

§ 1o Se, durante o adiamento, algum pretendente assegurar, mediante caução idônea, o


preço da avaliação, o juiz ordenará a alienação em praça.

[TJCE]. Em que momento há a consumação da arrematação?


Art. 690. A arrematação far-se-á mediante o pagamento imediato do preço
pelo arrematante ou, no prazo de até 15 (quinze) dias, mediante caução.

Art. 693. A arrematação constará de auto que será lavrado de imediato, nele
mencionadas as condições pelas quais foi alienado o bem.

Parágrafo único. A ordem de entrega do bem móvel ou a carta de arrematação do bem


imóvel será expedida depois de efetuado o depósito ou prestadas as garantias pelo
arrematante.

Art. 694. Assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da justiça ou
leiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável, ainda que
venham a ser julgados procedentes os embargos do executado.

[TJCE]. O pagamento do preço gera que efeito?


Segundo Liebman , a arrematação perfeita e acabada produz os seguintes efeitos:

1. transfere o domínio do bem ao arrematante;

2. transfere para o preço depositado pelo arrematante o vínculo da penhora;

3. torna o arrematante e seu fiador devedores do preço, nos casos em que


a arrematação é feita a prazo;

4. obriga o depositário judicial ou particular, ou eventualmente o devedor


a transferir ao arrematante a posse dos bens arrematados;

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5. extingue as hipotecas sobre o imóvel arrematado.

Acrescenta-se aos efeitos da arrematação mencionados por Liebman a transferência


ao arrematante do direito aos frutos pendentes, com a obrigação de indenizar as
despesas havidas com os mesmos, e ainda, sub-rogam-se no preço os impostos sobre
o imóvel arrematado, vencidos anteriormente à arrematação (art. 130, parágrafo
único, do CTN), de acordo com os ensinamentos do mestre Moacyr Amaral Santos.

Ressalta-se que, conforme previsto no parágrafo 2º do artigo 690 do Código de


Processo Civil, se o arrematante for o credor, não será necessário o depósito do valor
da arrematação. Porquanto, se no caso da arrematação pelo credor não há depósito
do valor da arrematação, pode-se concluir que não há o efeito da transferência do
preço depositado pelo arrematante para o vínculo da penhora, via de consequência
não haverá entrega de dinheiro, como pagamento ao credor.

[TJCE]. Em que hipóteses a arrematação pode ser tornada sem efeito?


Art. 694 (...)§ 1o A arrematação poderá, no entanto, ser tornada sem efeito: (Renumerado
com alteração do paragrafo único, pela Lei nº 11.382, de 2006).

I - por vício de nulidade; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

II - se não for pago o preço ou se não for prestada a caução; (Redação dada pela Lei nº
11.382, de 2006).

III - quando o arrematante provar, nos 5 (cinco) dias seguintes, a existência de ônus real
ou de gravame (art. 686, inciso V) não mencionado no edital; (Redação dada pela Lei nº
11.382, de 2006).

IV - a requerimento do arrematante, na hipótese de embargos à arrematação (art. 746,


§§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

V - quando realizada por preço vil (art. 692); (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006).

VI - nos casos previstos neste Código (art. 698).

# EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA.


[TJCE]. Qual a prescrição com relação aos alimentos?
De acordo com o art. 206, § 2º do CC, o prazo prescricional é de dois anos, não
correndo contra os absolutamente incapaz, conforme o art. 196 do CC.

[TJCE]. Execução após dois anos pode exigir prisão pela dívida de todo esse tempo?
Não, conforme entendimento do STJ a prisão do devedor de alimento só pode ser
exigida para as últimas três prestações vencidas ao ajuizamento da execução e as que
se vencerem no curso do processo. Súmula 309 do STJ.

[TJCE]. Qual a forma de cobrar todo esse tempo?


As antigas teriam que seguir o rito comum de execução por quantia certa do CPC.

[TJCE]. Aplica-se o 475-J do CPC?


No tocante à execução de alimentos com base no art. 732, a saber: execução de
sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia, em que pese

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respeitável entendimento divergente, consoante interpretação sistemática e


teleológica, conclui-se que as reformas introduzidas pela Lei nº. 11.232/05 se
aplicam à execução de alimentos processada na forma do art. 732 do CPC, sendo
que, basta o inadimplemento da obrigação no prazo estipulado para a incidência da
multa regrada pelo art. 475-J do CPC.

[TJCE]. O devedor tem escusas?


Conforme o art. 733 do CPC, o devedor pode provar que já o fez (o pagamento) ou
justificar a impossibilidade de efetua-lo.

[TJCE]. Basta provar que está desempregado?


A justificação deve ser seria e fundamentada. Se o desemprego realmente gerara
impossibilidade de efetuar o pagamento da prestação, pode sim ser evitado a prisão
por conta do desemprego.

[TJCE]. Como se dá a prisão do devedor de alimentos?


De acordo com o Art. 733, § 2º do CPC, a prisão do devedor de alimentos se dá por
um prazo de um a três meses. Por ser prisão civil, deve ser feita em compartimento
diferente dos condenados e presos por infração penal.

[TJCE]. Não sendo pago o valor, incide multa?


No tocante à execução de alimentos com base no art. 732, a saber: execução de
sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia, em que pese
respeitável entendimento divergente, consoante interpretação sistemática e
teleológica, conclui-se que as reformas introduzidas pela Lei nº. 11.232/05 se
aplicam à execução de alimentos processada na forma do art. 732 do CPC, sendo
que, basta o inadimplemento da obrigação no prazo estipulado para a incidência da
multa regrada pelo art. 475-J do CPC.

[TJCE]. Quais as possíveis atitudes do devedor?


Conforme o art. 733 do CPC, o devedor pode provar que já o fez (o pagamento) ou
justificar a impossibilidade de efetua-lo.

[TJCE]. Se a filha do alimentante completar 18 anos ele pode deixar de pagar?


Não tem lugar à exoneração automática do dever de prestar alimentos em decorrência
do advento da maioridade do alimentando, devendo-se propiciar a este a
oportunidade de se manifestar e comprovar, se for o caso, a impossibilidade de prover
a própria subsistência. Isto porque, a despeito de extinguir-se o pode familiar com a
maioridade, não cessa o dever de prestar alimentos fundados no parentesco.

# MEDIDAS CAUTELARES: DISPOSIÇÕES GERAIS.


[TJCE]. Como fica as cautelares satisfativa?
Com o advento da tutela antecipada, o ordenamento processual passou a contar com
uma tutela de urgência satisfativa ampla e genérica, suprindo o vácuo legislativo que
permitiu o surgimento e desenvolvimento da tutela “cautelar satisfativa”. Então hoje
não deve ser mais aceitas as cautelares satisfativas propriamente ditas, pois há meio
processual para a função que estas exerciam.

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As cautelares satisfativas existiam como dito, por causa de um vácuo legislativo, para
preencher uma situação que não poderia ser concebida, gerando o perecimento do
próprio direito. Então foi amplamente difundido as cautelares satisfativas.

[TJCE]. Há cautelaridade na exibição de documentos?


Apesar da divergência, há sim cautelaridade na exibição de documentos, pois ela
pode servir como meio de prova durante a fase instrutória e pode ser também como
preparatória para conhecimento de dados a instruir a ação principal. Nestes dois casos
ela tem natureza cautelar. Agora ela tem natureza satisfativa quando fundada em
direito material sobre o documento.

[TJCE]. Se indeferida cautelar, impede a propositura de ação principal?


Não a ação cautelar é autônoma em relação à ação principal, as causas do
indeferimento da cautelar não impede a propositura da ação principal, pois esta tem
outra causa e fundamento.

Art. 810. O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a ação, nem influi
no julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar, acolher a alegação de
decadência ou de prescrição do direito do autor.

[TJCE]. Não intentada a principal em 30 dias, o que ocorre?


Súmula 482 do STJ. A falta de ajuizamento da ação principal no prazo do art. 806 do
CPC acarreta a perda da eficácia da liminar deferida e a extinção do processo cautelar.

[TJCE]. Existe revelia nas ações cautelares?


Sim, exatamente como ocorre no processo de conhecimento. Seu principal efeito vem
previsto no art. 803 do CPC. Limitado, claro, ao processo cautelar.

Art. 803. Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido, como
verdadeiros, os fatos alegados pelo requerente (arts. 285 e 319); caso em que o juiz
decidirá dentro em cinco (cinco) dias. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

# JUSTIFICAÇÃO. ARRESTO.
[TJCE]. Justificação é processo cautelar? Qual a sua natureza? É uma produção
antecipada de prova? O seu mérito é julgado ao final?
A doutrina nacional parece ser uníssona no sentido de não atribuir ao processo de
justificação qualquer natureza cautelar, apesar da opção do legislador em prevê-lo
como uma das cautelares nominadas ou típicas. Ao condicionar a natureza cautelar à
existência do periculum in mora e do fumus boni iuris, afirma-se que o requerente do
processo de justificação terá direito à produção da prova testemunhal ainda que
nenhum desses dois requisitos esteja presente no caso concreto, o que afastaria da
demanda qualquer característica de cautelaridade.

O art. 866, parágrafo único, do CPC prevê que na sentença o juiz não se pronunciará
sobre o mérito da prova, limitando-se a verificar se foram observadas as formalidades
legais.

A disposição legal transcrita descreve, com bastante clareza, o objeto dessa sentença,
ao indicar não ser tarefa do juiz, no processo autônomo de justificação, qualquer
valoração a respeito da prova oral produzida, que se limitará a verificar a regularidade

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formal de sua produção, nada mais do que isso. Além da expressa previsão legal de
que não caberá ao juiz da demanda autônoma de justificação ingressar no mérito da
prova produzida, a regra prevista no art. 4.º, II, do CPC, que admite a declaratória de
fatos tão somente de autenticidade ou de falsidade documental, impede qualquer
valoração da prova.

[TJCE]. O arresto se refere a bens individualizados? Em que hipóteses se justifica?


O mero fato de ser executado justifica o arresto? Pode ser arrestado bens por
qualquer dívida?
O arresto é medida cautelar de apreensão de bens destinada a assegurar a efetividade
de um processo de execução por quantia certa; dá-se quando houver fundado receio
de diminuição patrimonial daquele que será executado de modo a não restar
patrimônio suficiente para satisfazer a alegada dívida. Não há individualização de
bens, que somente ocorre no sequestro.

O arresto tem lugar:

I - quando o devedor sem domicílio certo intenta ausentar-se ou alienar os bens que
possui, ou deixa de pagar a obrigação no prazo estipulado;

II - quando o devedor, que tem domicílio:

a) se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente;

b) caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens que possui; contrai ou tenta
contrair dívidas extraordinárias; põe ou tenta pôr os seus bens em nome de terceiros; ou
comete outro qualquer artifício fraudulento, a fim de frustrar a execução ou lesar
credores;

III - quando o devedor, que possui bens de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-los ou dá-
los em anticrese, sem ficar com algum ou alguns, livres e desembargados, equivalentes
às dívidas.

Art. 814. Para a concessão do arresto é essencial:

I - prova literal da dívida líquida e certa;

II - prova documental ou justificação de algum dos casos mencionados no artigo


antecedente.

Assim, o mero fato de ser executado não justifica o arresto e somente podem ser
arrestados bens para execução por quantia certa.

# AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE.


[TJCE]. Ação de imissão na posse tem natureza possessória?
A ação de imissão de posse não é possessória, mas ação própria àquele que detém o
domínio e que sem nunca ter exercido a posse do bem adquirido pretende obtê-la
contra o alienante ou terceiro que o detenha. Ou seja, tem natureza petitória, sendo
indispensável à prova da propriedade do bem em que se almeja o provimento
jurisdicional.

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[TJCE]. Que tipo de prova será pré-constituída nesse caso?


A transferência da propriedade imóvel somente se realiza com o registro do título
translativo no registro de imóveis, de forma que enquanto não for realizado o
competente registro imobiliário, o alienante é que é havido como o dono do imóvel
(art. 1.245 do código civil). O contrato particular de cessão de direitos do imóvel não
se presta a instruir a ação de imissão na posse, haja vista não constituir documento
que assegure a propriedade àquele que detém o domínio e pretende haver a posse.
Portanto, só o registro do imóvel é que comprova a propriedade.

# BUSCA E APREENSÃO
[TJCE]. Qual a natureza jurídica da busca e apreensão? Pode ser antecedente em
relação a alguma ação principal?
De acordo com o STJ, a busca e apreensão não se restringe à medida cautelar que
obedece ao rito previsto nos arts. 839 a 843 do Código de Processo Civil, podendo
almejar também tutela satisfativa que enceta processo de conhecimento, quer de rito
comum quer de procedimento especial, sendo-lhe aplicável, nessa hipótese, a
respectiva legislação de regência, inclusive quanto ao prazo para contestar. De acordo
com Humberto Theodoro Júnior, "existe busca e apreensão cautelar e principal. O
procedimento da ação de busca e apreensão, de que cuidam os artigos 839 a 843, é
exclusivamente destinado à ação cautelar, isto é, à realização da tutela instrumental
de outro processo.

[TJCE]. Onde a busca e apreensão pode ocorrer em leis extravagantes?


Há inúmeros tipos de busca e apreensão não regulados pelos arts. 839 a 843, CPC, e
que não têm natureza cautelar, tais como a busca e apreensão de coisa sobre a qual
incidirá o arresto ou sequestro; a do art. 625, CPC, que tem natureza executiva; a do
art. 3º, DL n.º 911/69, relativa a bens alienados fiduciariamente

[TJCE]. Pode usar busca e apreensão em direitos autorais?


O § 3º, art. 842, trata da medida cautelar de busca e apreensão nos casos em que o
direito substancial a ser tutelado no processo principal seja DIREITO AUTORAL ou
direito conexo do artista, intérprete ou executante, produtores de fonogramas e
organismos de radiodifusão. Nesse caso o juiz designará, para acompanharem os
oficiais de justiça, dois peritos aos quais incumbirá confirmar a ocorrência da
violação antes de ser efetivada a apreensão;

# ALIMENTOS PROVISIONAIS. ARROLAMENTO DE BENS.


[TJCE]. Alimentos provisórios e provisionais tem a mesma natureza?
Alimentos provisórios são os arbitrados liminarmente pelo juiz, sem ouvir o réu, no
despacho inicial da ação de alimentos (Lei 5.478/68). Só é possível quando houver
prova pré-constituída do parentesco, casamento ou união estável. Já os alimentos
provisionais são arbitrados em medida cautelar, preparatória ou incidental, de ação
de separação judicial, divórcio, nulidade ou anulabilidade de casamento ou de
alimentos, dependendo da comprovação dos requisitos inerentes a toda medida
cautelar: fumus boni juris e o periculum in mora. Os provisionais destinam-se a
manter o suplicante e a prole durante a tramitação da lide principal. Assim, o

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alimentos provisórios tem natureza antecipatória, enquanto os alimentos provisionais


tem natureza cautelar.

[TJCE]. Quando arrolo bem e qual a sua finalidade? É possível liminar?


Art. 855. Procede-se ao arrolamento sempre que há fundado receio de extravio ou de
dissipação de bens.

Art. 858. Produzidas as provas em justificação prévia, o juiz, convencendo-se de que o


interesse do requerente corre sério risco, deferirá a medida, nomeando depositário dos
bens.

Segundo prevê o art. 855 do CPC, procede-se ao arrolamento sempre que existir um
fundado receio de extravio ou dissipação de bens. Pela própria definição contida no
mencionado dispositivo legal, já se nota a duplicidade de medidas cautelares para o
mesmo objetivo, considerando-se que o perigo de extravio ou dissipação de bens
permite o ingresso de sequestro. Na realidade, conforme assevera a melhor doutrina,
não há diferença de objetivos entre esses dois processos cautelares típicos, existindo
distinção somente quanto ao procedimento a ser observado.

# SEPARAÇÃO DE CORPOS.
[TJCE]. Ainda existe separação de corpos após a emenda do divórcio?
Com a publicação da Emenda Constitucional 66, os casais que desejam se divorciar
podem fazê-lo sem a necessidade da separação prévia. A medida extinguiu os prazos
que eram obrigatórios para dar entrada no pedido. Várias são as medidas cautelares
e uma delas é a separação de corpos que é a medida cautelar que pretende o
afastamento de um dos cônjuges do lar conjugal regulada pelo art. 888, VI do Código
de Processo Civil.

“Art. 888 - O juiz poderá ordenar ou autorizar, na pendência da ação principal ou antes
de sua propositura: (...)VI - Afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do
casal”;

O afastamento do lar conjugal pretende resguardar a integridade, seja ela física ou


moral, e a própria vida daquele cônjuge que está sendo direta ou indiretamente
ameaçado. Pretende resguardar o bem vida e o proteger o direito a dignidade da
pessoa humana.

Antes do advento da emenda constitucional nº 66/2010, esta medida cautelar,


reconhecida como de cautela preventiva, servia para a aplicação do prazo
decadencial, para a contagem dos prazos ao pedido de divórcio e, também, para a
contagem de prazo para o pedido de separação, mesmo consensual, quando os
cônjuges não tivessem um ano de casados, neste caso, o juiz decretaria a separação
de corpos e suspenderia o processo até à concessão de separação.

Outro função, era a de ser utilizada para que o cônjuge que quisesse sair do lar sem
que com isso configurasse o abandono do lar conjugal, utilizasse-o como mera
comunicação feita a via judicial, a fim de não incorrer nas consequências geradas
pela condição de culpado.

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A separação de corpos também poderia ser utilizada para atingir o divórcio, assim,
quando o casal queria por fim ao casamento, ao invés de aguardar o prazo de dois
anos para o pedido de divórcio consensual (regulado no art. 1580, §2º do CC),
bastava fazer o pedido de separação de corpos e aguardar um ano, assim esta seria
convertida em divórcio de forma mais rápida, conforme o art. 1580 do CC. Para se
chegar a uma conclusão correta sobre a subsistência da medida cautelar de separação
de corpos no ordenamento, é importante observar que seu fim é mais amplo que a
simples separação do casal.

proteção de um dos cônjuges e o afastamento do outro do lar comum, quando


gerados por litígios resultante da convivência poderá resultar em lesão irreparável,
física, psicológica ou moral. Conclui-se que deverá continuar vigente, apenas
perdendo a eficácia de fato a separação de corpos consensual, pois a medida mais
eficaz passa a ser o divórcio direto, que após a Emenda Constitucional nº 66/2010,
passou a não ter requisito tempo. Porém, a separação de corpos quando há litígios e
perigo de lesão, iminente ou efetivo, poderá e deverá ser utilizada.

Assim, esta medida pode ser utilizada de forma litigiosa, pois em caso de risco à
segurança de um dos cônjuges ou dos filhos o juiz liminarmente afastará o outro do
lar conjugal. Assim, em até 30 dias de concessão da liminar, o requerente poderá
propor a ação de divórcio e não mais de separação, posto que este instituto
desapareceu de nosso sistema jurídico.

[TJCE]. Se não for proposta a ação de divorcio em 30 dias, como fica a situação da
separação de corpos?
De acordo com Galeno Lacerda, no direito de família e no amparo ao menor e ao
incapaz, o bom senso repele a caducidade. Se o juiz, cautelarmente, decretou a
separação de corpos, a prestação de alimentos à mulher e ao filho abandonados, o
resguardo do menor contra o castigo imoderado ou contra a guarda nociva, a
regulamentação do direito de visita, a destituição provisória de pátrio poder ou de
tutor ou curador, é de evidência meridiana que o não ingresso da ação principal no
prazo de trinta dias não pode importar, respectivamente, na reunião de corpos que se
odeiam, no desamparo e na fome da mulher e da criança, na eliminação da visita, no
retorno do indigno ao pátrio poder, à tutela e à curatela. Façamos justiça ao art. 806,
que jamais visou objetivos odiosos e nefandos. Interpretemo-lo com inteligência e
com bom senso.

Há, ainda, uma posição intermediária dos que só entendem aplicável o art. 806 do
Código de Processo Civil às separações de corpos se o cônjuge afastado do lar for o
requerido. Mas nem esta atenuação satisfaz. Há quem entenda ainda que, como
medida cautelar que é, inclusive com expressa referência pela Lei do Divórcio ao
dispositivo do Código de Processo Civil, não há como deixar de aplicar a ela os
dispositivos referentes ao processo cautelar. Não se trata, como quer Galeno Lacerda,
de reunir corpos que se odeiam, mas simplesmente de cessarem os efeitos da
separação de corpos, uma vez transcorrido o prazo decadencial. Ou seja, os cônjuges
continuarão apenas separados de fato, com as consequências daí advindas.

Foi, aliás, esta a tese defendida pelo então Desembargador Athos Gusmão Carneiro:
“Impende notar que a perda de eficácia da medida cautelar não implicará ‘na reunião
de corpos que se odeiam’. É medida de ordem jurídica, que obviamente não implica
constrangimento físico da mulher em prestar o débito conjugal ao marido ou em viver

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com o mesmo. Apenas, em tal caso, a separação, que encontrava respaldo jurídico,
passará a ser uma separação de fato, com as consequências que dessa situação possam
advir no plano jurídico”

14. Dos procedimentos especiais. Dos Procedimentos Especiais de


Jurisdição contenciosa. Dos procedimentos especiais de jurisdição
voluntária

# AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS


[TJCE]. Qual a natureza da ação de prestação de contas? Qual a razão de ser uma
ação dúplice?
R: É uma ação que tem a convergência de duas características: 1) o réu pode fazer
pedido contra o autor independentemente de reconvenção; 2) a negativa do direito do
autor implica, necessariamente, no reconhecimento do direito do réu, de modo que
pode haver tutela ao demandado independentemente de pedido.

A ação de prestação de contas é um exemplo de ação dúplice.

Procedimento bifásico

1ª fase

Objetivo: declarar e impor o dever de prestar contas.

Essa fase tem:

- 1 contestação;

- 1 instrução;

- 1 sentença;

- 1 sucumbência;

- 1 apelação (art. 520, CPC).

2ª fase

Julgamento das contas. O juiz vai julgar as contas e declarar saldo.

Essa fase tem:

- 1 contestação;

- 1 instrução;

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- 1 sentença;

- 1 sucumbência;

- 1 apelação (art. 520).

[TJCE]. Necessariamente terá duas fases?


Não, não terá duas fases quando:

1) A primeira fase for julgada improcedente;

2) O réu não negar o dever de prestar contas e já prestá-las na primeira


fase.

Esse procedimento bifásico aplica-se tanto à ação quanto ao incidente de exigir


contas?

Não, se no incidente não há dúvidas quanto ao dever de prestar contas, não há a


primeira fase.

# AÇÕES POSSESSÓRIAS. CARACTERÍSTICAS


[TJCE]. O que significa dizer que ações possessórias tem caráter dúplice?
Dispõe o art. 922 do CPC que “é lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o
ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos
prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor”. Tal dispositivo
revela o caráter dúplice das ações possessória.

Em razão disso, em princípio, não cabe reconvenção em ação possessória. Assevera


Wambier que “a sentença tanto pode outorgar a tutela possessória ao autor como ao
réu, o que é diferente de julgar improcedente o pedido. Como, em regra, o réu não
está autorizado a formular pedido em seu favor, a sentença de improcedência nada
concede ao réu, mas apenas deixa de conceder ao autor.

Dado o caráter dúplice das ações possessórias, formulado o pedido pelo réu, pode a
sentença conceder-lhe a proteção possessória. Todavia, tal proteção não pode ser
concedida de ofício, necessitando que seja formulado expresso pedido nesse
sentido.”

Para Nery, “a ação dúplice se caracteriza quando as posições de autor e réu no


processo se confundem, sendo que, por esta razão, não poderá o réu deduzir
reconvenção. Isto porque, em sua contestação, deduzida na ação possessória, poderá
ele pedir a proteção possessória e indenização por perdas e danos (CPC 922).

[TJCE]. O que é fungibilidade de ações procedimentais?


Aplica-se o princípio da fungibilidade às possessórias, concedendo o juiz a tutela
mais adequada ao caso concreto, independentemente do tipo de ação que foi proposta
pelo autor. O princípio da fungibilidade está disposto no art. 920 do Código de
Processo Civil, assim regulamentado:

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“A propositura de uma ação possessória, em vez de outra, não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos requisitos
estejam provados”.

A fungibilidade aplica-se às possessórias, justificando-se tal fato por ser de difícil


identificação a espécie de agressão à posse e por existir a possibilidade de que a
agressão inicial venha a se alterar no curso da demanda. Ora, esse sincretismo
processual, visa, sem sombra de dúvida, mormente em razão da natureza pública do
processo, a pacificação social com a composição da lide, e a efetividade da prestação
jurisdicional, fins colimados pela prestação jurisdicional.

[TJCE]. Pode-se cumular pedidos nas ações possessórias?


Nas ações possessórias, como se asseverou acima, se busca, precipuamente, a defesa
da posse. Contudo, nessas ações, pode haver comulação de pedidos, pugnando-se
pela condenação do réu em perdas e danos, cominação pecuniária, também conhecida
por astreinte, bem como o desfazimento de construção ou plantação feita em
detrimento da posse, conforme dispõem os incisos do artigo 921, do Código de
Processo Civil.

Segundo Wambier, isso em nada descaracteriza a natureza possessória da ação.


Como em todos os casos de cumulação de pedidos, visa-se a economia processual,
pois não seria lógico exigir que o possuidor intentasse nova demanda, para obter tais
desdobramentos da proteção possessória.

Aliás, a cominação de pena pecuniária, para o caso de nova turbação ou esbulho, na


mais é do que a reafirmação da tutela possessória, que motivou a demanda.”

Segundo Nery, pode ser quatro os pedidos feitos pelo autor na inicial possessória:

1. proteção possessória;
2. indenização por perdas e danos;
3. pena pela nova turbação ou esbulho;
4. o desfazimento de plantação ou construção feita em detrimento de sua posse.
Os pedidos devem ser claros e constar expressamente da exordial. O juiz que
conceder qualquer um deles sem que o autor haja pedido expressamente julgará extra
petita.

# AÇÃO DE ALIMENTOS.
[TJCE]. Quais as diferenças entre alimentos provisórios e provisionais?
A diferença entre alimentos provisórios e provisionais encontra-se no
procedimento e nos requisitos necessários à concessão dos alimentos.

Os alimentos provisórios são exclusividade do procedimento especial


estabelecido pela Lei nº 5.478/68, que prevê a concessão de alimentos quando o juiz
despachar a petição inicial. Para se ter direito ao procedimento especial é
indispensável a existência de prova pré-constituída da relação de parentesco ou da
obrigação alimentar (art. 2º).

Já os alimentos provisionais (previstos no art. 1.706 do CC) são aqueles fixados


em outras ações que não seguem o rito especial da Lei nº 5.478/68. São fixados por

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meio de antecipação de tutela (fumus boni iuris e periculum in mora) ou em liminar


de separação de corpos em ações que não há a mencionada prova pré-constituída,
caso da ação de investigação de paternidade.

[TJCE]. A prova pré-constituída precisa ser a paternidade?


Não necessariamente. O art. 2º da Lei nº 5.478/68 estabelece que, a par da
paternidade, os alimentos provisórios podem ser concedidos no caso de prova pré-
constituída da obrigação alimentar.

[TJCE]. O periculum in mora processualmente se apresenta como? Onde está o


periculum in mora que justifica os provisionais?
O periculum in mora consiste no perigo manifesto de que a efetividade do
resultado final do processo seja colocada em perigo pelo tempo necessário para a
concessão da tutela definitiva.

No caso de alimentos provisionais, será ineficaz a decisão que decidir pela existência
do direito de alimentos, se durante o tempo necessário para essa definição o titular
desse direito suportou privações em sua manutenção digna, de forma que os
alimentos provisionais garantem, ao entregar imediatamente os alimentos ao seu
pretenso titular, que um futuro reconhecimento definitivo de seu direito seja eficaz.

[TJCE]. A prisão civil pode ser fundamentada em quantas prestações?


De acordo com o entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça (Súmula
309), o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
compreende as três últimas parcelas em atraso anteriores ao ajuizamento da execução
e as que se vencerem no curso do processo.

[TJCE]. Alimentos gravídicos segue que rito?


A Lei nº 11.804/08 (“Lei de Alimentos Gravídicos), além de disciplinar o direito
a alimentos gravídicos, regulou, de forma sucinta, a forma pela qual esse direito deve
ser efetivado. Instituiu, portanto, algumas regras processuais voltadas à tutela
alimentar da gestante e do nascituro, embora determine, em seu art. 11, aplicação
supletiva das disposições da Lei nº 5.478/68 (“Lei de Alimentos”) e do Código de
Processo Civil.

[TJCE]. Que indícios de prova podem ser exigidos?


De acordo com o artigo 6º da Lei 11.804/08, o juiz fixará os alimentos gravídicos
diante da existência de indícios da paternidade.

[TJCE]. A sentença de alimentos forma coisa julgada?


O art. 471, I, do CPC prevê a possibilidade de pedido de revisão do instituído na
sentença na hipótese de modificação superveniente no estado de fato ou de direito,
sempre que a sentença resolver relação jurídica continuativa. Assim, nas demandas
de alimentos, é indiscutível que a sentença, como qualquer outra, transita em julgado,
produzindo coisa julgada formal.

Em relação à coisa julgada material, três correntes podem ser identificadas.

Para parcela minoritária da doutrina, a possibilidade de revisão da decisão, ainda


que limitada à ocorrência de modificações supervenientes de fato ou de direito, é
incompatível com a segurança advinda da coisa julgada material.

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Outra parcela da doutrina defende a existência de uma coisa julgada material


especial, gerada por uma sentença de mérito que contém implicitamente a cláusula
rebus sic stantibus, ou seja, a imutabilidade estaria condicionada à manutenção da
situação de fato e de direito (Parece ser o entendimento do STJ).

Terceira corrente, atualmente majoritária na doutrina, defende a existência de


coisa julgada material nas sentenças que resolvem relação jurídica continuava como
em qualquer outra sentença de mérito. Para essa corrente, a decisão é imutável e
indiscutível, e a possibilidade de sua revisão, condicionada à modificação do estado
de fato ou de direito, é permitida somente em razão da modificação da causa de pedir,
de forma a afastar a tríplice identidade, indispensável para a aplicação da função
negativa da coisa julgada material.

* Resposta extraída do Livro “Manual de Processo Civil – volume único”, de Daniel


Amorim Assumpção Neves.

# AÇÃO DE USUCAPIÃO DE TERRAS PARTICULARES.


[TJCE]. A quem compete a ação de usucapião?
Art. 941. Compete a ação de usucapião ao possuidor para que se lhe declare, nos termos
da lei, o domínio do imóvel ou a servidão predial.

[TJCE]. É necessário justo título para a ação de usucapião?


Usucapião Extraordinário não precisa justo título:

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como
seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé;
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para
o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o


possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras
ou serviços de caráter produtivo.

[TJCE]. Mesmo havendo oposição ao exercício será possível a ação de usucapião?


Segundo a lei civil, para que se possa requerer a usucapião, impõe-se ainda o
requisito da posse sem oposição, que quer dizer que, o possuidor que permanece em
determinado imóvel deverá demonstrar em juízo, diante do pedido da usucapião, que
o imóvel não foi requerido por quem quer que seja, como por exemplo, o cidadão
que reside em determinado imóvel a mais de 15 (quinze) anos, e durante o transcorrer
desse prazo ninguém o tenha reivindicado, ou requerido de alguma forma a sua posse
ou propriedade. Sem este requisito da posse sem oposição de terceiros, não será
possível ao possuidor requerer a usucapião, pois conforme a lei a posse deverá ser
mansa e pacífica, não se admitindo a propositura da ação de usucapião sobre imóvel
do qual conste qualquer litigio com referencia à posse ou propriedade.

[TJCE]. Usucapião é modo de aquisição originária ou derivada?


A usucapião (termo que o atual Código Civil utiliza no feminino) define-se como
modo originário de aquisição da propriedade e de outros direitos reais pela posse
prolongada e qualificada por requisitos estabelecidos em lei, salientando que é modo
originário de aquisição da propriedade, pois não há relação pessoal entre um

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precedente e um subsequente sujeito de direito. Ou seja, o direito do usucapiente não


se funda sobre o direito do titular precedente, não constituindo este direito o
pressuposto daquele, muito menos lhe determinando a existência, as qualidades e a
extensão.

[TJCE]. Quem deve ser citado e quem é intimado da ação de usucapião?


Art. 942. O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando planta
do imóvel, requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado o imóvel
usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar incerto e dos
eventuais interessados, observado quanto ao prazo o disposto no inciso IV do art. 232.

Art. 943. Serão intimados por via postal, para que manifestem interesse na causa, os
representantes da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios.

# AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA.


[TJCE]. O que é adjudicar? Ação de adjudicação compulsória, ela é substitutiva de
vontade? Como poderia ocorrer em casos de terceiros?
No direito processual civil vamos encontrar o vocábulo de forma típica para designar
o pedido coativo que faz o exequente, para que o juízo lhe transfira bens do
patrimônio do devedor, em pagamento da obrigação (art. 647, II, e 708, II, do CPC),
mediante depósito do preço ou reposição da diferença.

De forma atípica, o vocábulo se encontra serve para designar o nomen iuris também
da ação colocada à disposição do promitente comprador com contrato quitado e sem
cláusula de arrependimento, visando uma sentença de reconhecimento do domínio,
por força do inadimplemento da obrigação por parte do promitente vendedor. A
manifestação de vontade é condição sine qua non para a realização de qualquer
negócio jurídico. Não há de se falar em contrato ou negócio se não houver concorde
de ambas as partes negociantes. Assim define Silvio de Salvo Venosa:

“Nem sempre o mero interesse de contratar materializa-se em um contrato. Os contratos,


mormente aqueles em que as partes têm plena autonomia de vontade em suas tratativas,
são frutos, na maioria das vezes, de ingentes esforços, de conversas longas, de minutas,
viagens, estudos preliminares, desgastes psicológicos das partes, contratação de
terceiros especialistas que opinam sobre a matéria. Enfim, o contrato, o acordo de
vontade, para gerar efeitos jurídicos, como ora se enfoca, adquire um valor que
extravasa pura e simplesmente o objeto.”

Pelo simples fato da negociação preliminar percorrer os passos elencado por Silvio
Venosa não significa que o contrato propriamente dito será concretizado. Poderá uma
das partes não achar conveniente o momento do negócio. Também pode não ser
vantajosa uma desistência depois de todo desgaste de uma possível negociação,
algumas vezes por necessitar de uma análise mais aprofundada ou por questões de
recursos financeiros no momento. Diante de tal circunstância, as partes devem partir
para um contrato preliminar já prevendo um futuro contrato. Não se pode confundir
negociação preliminar com contrato preliminar, pois as negociações ainda não
produzem efeito jurídico, ou seja, não geram direitos.

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Em havendo desistência de uma das partes, não há de se falar em reparação de dano.


A adjudicação compulsória é um instrumento judicial à disposição daquele que teve
seu contrato definitivo negado pela outra parte, tendo o Estado como o protetor dos
princípios legais estabelecidos pelo Direito. Aqui, nota-se a presença do juiz como
último recurso disponível ao lesado. Art. 466-B. Se aquele que se comprometeu a
concluir um contrato não cumprir a obrigação, a outra parte, sendo isso possível e
não excluído pelo título, poderá obter uma sentença que produza o mesmo efeito do
contrato a ser firmado. Art. 466-C. Tratando-se de contrato que tenha por objeto a
transferência da propriedade de coisa determinada, ou de outro direito, a ação não
será acolhida se a parte que a intentou não cumprir a sua prestação, nem a oferecer,
nos casos e formas legais, salvo se ainda não exigível.

Com relação a terceiros, tem-se a Súmula nº 84 do STJ, que assim estabelece:

"É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse


advinda de compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.

Saliente-se que não se exige o registro preliminar para o ajuizamento da ação de


adjudicação compulsória, sendo esse registro, no entanto, indispensável para sua
validade perante terceiros.

# ALIENAÇÕES JUDICIAIS.
[TJCE]. Qual a natureza da alienação judicial? Pode ser implementada de ofício?
Exemplos.
A ação de alienação judicial possui natureza jurídica de procedimento especial de
jurisdição voluntária, não se tratando de ação real.

Art. 1.113. Nos casos expressos em lei e sempre que os bens depositados judicialmente
forem de fácil deterioração, estiverem avariados ou exigirem grandes despesas para a
sua guarda, o juiz, de ofício ou a requerimento do depositário ou de qualquer das partes,
mandará aliená-los em leilão.

A aplicação da alienação judicial acontece em três situações distintas, conforme


entendimento de Theodoro Júnior:

1 - Como meio de exercer função cautelar, nos casos em que os bens forem
de fácil deterioração, estiverem avariados, ou exigirem grandes despesas
para sua guarda;

2- Para resguardar interesse de incapaz, ou qualquer outro interesse


que mereça atenção especial; 3 - Como meio de extinção do
condomínio sobre as coisas indivisíveis.

[TJCE]. Havendo discordância, é possível recorrer da decisão de alienação judicial?


Se todos estiverem em iguais condições?
Art. 1.118. Na alienação judicial de coisa comum, será preferido:

I - em condições iguais, o condômino ao estranho;

II - entre os condôminos, o que tiver benfeitorias de maior valor;

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III - o condômino proprietário de quinhão maior, se não houver benfeitorias.

Art. 1.119. Verificada a alienação de coisa comum sem observância das preferências
legais, o condômino prejudicado poderá requerer, antes da assinatura da carta, o
depósito do preço e adjudicação da coisa.

[TJCE]. A decisão proferida na alienação judicial faz coisa julgada material?


Minha opinião: O art. 1.111 afirma que nos procedimentos de juridição voluntária, a
sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorrerem
circunstâncias supervenientes. Não há coisa julgada na jurisdição voluntária, porque
não há lide, no sentido de interesses contrapostos, mas um interesse único a
considerar e, por isso mesmo, não há declaração de direito, no sentido de que o
interesse do autor deva prevalecer sobre o do réu. Aliás, por isso mesmo, o Código
nem sequer usa as expressões “partes, autor, réu”, valendo-se da expressão
“interessados”.

O argumento de que o interessado pode, já no dia seguinte ao do trânsito em julgada


da decisão, renovar o pedido, com o mesmo fundamento, nada prova. Suponhamos
requerimento de alienação de bens depositados judicialmente porque de fácil
deterioração. O juiz nega, por entender não comprovado o pressuposto legal. Será
razoável deixar que os bens se deteriorem inteiramente, porque “imutável a decisão”?
Uma das melhores explicações da jurisdição voluntária é a de que se trata de
administração pública de interesses privados. Por isso mesmo, critérios de
conveniência e de oportunidade são invocáveis e, por isso mesmo, não há coisa
julgada. A sentença proferida em processo de jurisdição voluntária não é declaratória
de direito e, por isso, não produz coisa julgada.

# PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA.


[TJCE]. Conceitue e dê dois exemplos de procedimentos especiais de Jurisdição
Voluntária.
Na lição de Liebman, jurisdição voluntária seria a administração pública do direito
privado, atividade de assistência e controle de atos realizados pelos particulares
geralmente mediante um procedimento que se realiza a pedido da parte interessada
se contrapondo à jurisdição contenciosa.

São exemplos: Separação consensual, Testamentos e Codicilos, Herança Jacente,


Curatela dos interditos e Especialização de Hipoteca Legal.

[TJCE]. O juiz segue a legalidade de maneira estrita?


Não, a própria lei faz essa ressalva.

Art. 1.111, CPC: A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já
produzidos, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.

[TJCE]. A sentença de jurisdição voluntária faz coisa julgada?


Não. Inexiste coisa julgada na jurisdição voluntária por não se tratar efetivamente de
jurisdição, por inexistir lide e também pelo fato de que a sentença aí proferida é
dotada de conteúdo declaratório mínimo.

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Art. 1.111, CPC: A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já
produzidos, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.

15. Juizados Especiais Cíveis (Lei nº 9.099/95).


[TJCE]. Competência para juizados especiais?
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e
julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:

I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;

II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;

III - a ação de despejo para uso próprio;

IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso
I deste artigo.

§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução:

I - dos seus julgados;

II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes o salário mínimo,
observado o disposto no § 1º do art. 8º desta Lei.

§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza


alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a
acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de
cunho patrimonial.

§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito


excedente ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.

[TJCE]. Quem pode ser ou não pode ser partes? As microempresas podem?
Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso,
as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e
o insolvente civil.

Microempresa pode ser parte:

§ 1o Somente serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial:

I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas;

II -as pessoas enquadradas como microempreendedores individuais, microempresas e


empresas de pequeno porte na forma da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro
de 2006;

III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse


Público, nos termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999;

IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do art. 1o da Lei


no 10.194, de 14 de fevereiro de 2001.

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[TJCE]. Quando a capacidade postulatória requer advogado? Na execução do


julgado requer advogado?
Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão
pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência
é obrigatória. Nesse sentido, considerando-se que até vinte salários mínimos não é
necessário advogado, também não o será para a execução. A lei é omissa.

CONSTITUCIONAL
1. Constituição: fontes; conceito; objeto; classificações estrutura
Supremacia da Constituição. Aplicabilidade e interpretação das normas
constitucionais. Vigência e eficácia das normas constitucionais.
[TJCE]. Quais as características de uma constituição rígida? O que assegura a
supremacia de uma constituição rígida? Controle Convencionalidade seria uma
característica? Quando não havia controle Convencionalidade não era rígida?
Rígidas são aquelas Constituições que exigem, para sua alteração, um processo
legislativo mais árduo, mais solene, mais dificultoso do que o processo de alteração
das normas não constitucionais. A rigidez constitucional da CF/88 está prevista no
art. 60 que, por exemplo, estabelece o quórum de votação de 3/5 dos membros de
cada casa, em dois turnos de votação, para aprovação das Emendas Constitucionais.

A supremacia de uma constituição rígida é assegurada pelo Controle de


Constitucionalidade das leis e atos normativos. A ideia de controle, então emanada
da rigidez, pressupõe a noção de um escalonamento normativo, ocupando a
Constituição o grau máximo na aludida relação hierárquica, caracterizando-se como
norma de validade para os demais atos normativos do sistema.

Trata-se do princípio da supremacia da Constituição que significa que a Constituição


se coloca no vértice do sistema jurídico do país, a que confere validade, e que todos
os poderes estatais são legítimos na medida em que ela os reconheça e na proporção
por ela distribuídos. Desse princípio, resulta o da compatibilidade vertical das normas
da ordenação jurídica de um país, no sentido de que as normas de grau inferior
somente valerão se forem compatíveis com as normas de grau superior, que é a
Constituição. As que não forem compatíveis com ela são inválidas, pois a
incompatibilidade vertical resolve-se em favor das normas de grau mais elevado, que
funcionam como fundamento de validade das inferiores.

O controle de Convencionalidade é um novíssimo sistema de solução de antinomias.


Valora a compatibilidade da norma ordinária com os Tratados Internacionais. Nos
dizeres de Valério Mazzuoli “Controle de Convencionalidade é a compatibilidade da
produção normativa doméstica com os tratados de direitos humanos ratificados pelo
governo e em vigor no país”. Tal sistema de solução de antinomias se tornou possível
com a entrada em vigor da EC 45/05, o a qual atribuiu aos TIDH status de emenda
constitucional, ou seja, se o tratado for aprovado de acordo com o rito do art. 5º, §3º,
CFRB, terá o valor material e formalmente constitucional.

Exsurge um ao Poder Judiciário um novo dever, doravante além de verificar a


compatibilidade entre a norma ordinária aplicada com a Constituição, terá que

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conferir se a mesma norma é compatível com os TIDH, só então saberá se a norma


tem validade ou não.

Vale frisar que o STF possui posicionamento atribuindo valor de supralegalidade aos
Tratados Internacionais de Direitos Humanos (TIDH) que foram ratificados pelo
Brasil seguir o rito previsto no art. 5º, §3º, da CFRB, possuem caráter supralegal, ou
seja, acima da lei ordinária, mas abaixo das normas constitucionais. Com esse
entendimento, o STF acabou por realizar um controle de supralegalidade,
compatibilizando o art. 652 do CC/02, que possibilitava a prisão civil do depositário
infiel, em face Pacto de São José da Costa Rica, tornando inaplicável a disposição do
Código Civil.

Mesmo antes do advento da EC 45/05, ou seja, antes de iniciar qualquer discussão a


respeito do controle de convencionalidade ou supralegalidade, já se reconhecia a
rigidez da Constituição, uma vez que existiam mecanismos a fim de assegurar a
supremacia formal da Constituição.

[TJCE]. A interpretação constitucional tem peculiaridades? Qual a principal?


Sim. A principal peculiaridade da interpretação constitucional é a presença, em
grande escala, dos princípios que são preceitos genéricos, ao invés de regras
propriamente ditas, que contém um comando específico de atuação.

Conforme ensina Hesse apud BASTOS (1999, p. 53-54), a interpretação apresenta


peculiar relevância na seara constitucional, em razão do caráter aberto e amplo da
Constituição, no sentido de que a norma constitucional, muito frequentemente,
apresenta-se como uma petição de princípios.

Neste aspecto, BASTOS (1999, p. 80) acrescenta que servem os princípios, ao


mesmo tempo, como objeto de interpretação constitucional e como diretriz para a
atividade interpretativa. Dos princípios se valem a ciência interpretativa como guia a
nortear a interpretação; ao mesmo tempo, não afastam a sua própria interpretação.
Ipsis litteris:

“Os princípios constitucionais merecem uma atenção especial. Na verdade, seu conteúdo
há de ser também determinado, perquirido pelo intérprete. A despeito disso, esses
mesmos princípios vão servir de norte à atividade interpretativa, vale dizer, transmudam-
se também em instrumentos da interpretação.”

Ressalte-se a presença de princípios de interpretação constitucional, com destaque


para o princípio da unidade. Citem-se os outros: princípio do efeito integrador,
princípio da máxima efetividade, princípio da justeza ou da conformidade, princípio
da concordância prática ou harmonização, princípio da força normativa, princípio da
interpretação conforme à Constituição, princípio da proporcionalidade ou
razoabilidade.

[TJCE]. Emenda constitucional sem cláusula de vigência entra em vigor quando?


As emendas constitucionais não se submetem ao prazo de vacatio legis. Possuem
aplicação imediata (STF, Inq. 1637/SP)

As Emendas Constitucionais são dotadas de retroatividade "mínima", , ou seja,


alcança fatos passados, cujos efeitos futuros ultrapassam a data de vigência da nova
Constituição.

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[TJCE]. Não seria uma subordinação de emenda constitucional uma lei ordinária, a
lei de introdução de normas do direito brasileiro?
Não se aplica a pergunta, uma vez que a EC não se submete ao prazo de vacatio legis
da LINDB.

[TJCE]. A CF/88 tem alguma norma de vigência imediata?


Em regra, as normas constitucionais possuem vigência imediata.

[TJCE]. Na falta de previsão aplica a LINDB à emenda constitucional?


Não. EC não se submete à LINDB.

[TJCE]. Porque a constituição do império é considerada semirrígida?


Semiflexível ou semirrígida é aquela Constituição que é tanto rígida como flexível,
ou seja, algumas matérias exigem um processo de alteração mais dificultoso do que
o exigido para alteração das leis infraconstitucionais, enquanto outras não requerem
tal formalidade. O exemplo sempre lembrado é o da Constituição Imperial de 1824,
que, em seu art. 178, dizia:

“É só constitucional o que diz respeito aos limites, e atribuições respectivas dos Poderes
Políticos, e aos Direitos Políticos, e individuais dos cidadãos. Tudo, o que não é
Constitucional, pode ser alterado, sem as formalidades referidas, pelas legislaturas
ordinárias”.

[TJCE]. O que há de peculiar na forma de interpretar a Constituição?


As Constituições devem ser interpretadas, função essa atribuída ao exegeta, que
buscará o real significado dos termos constitucionais. Tal função é extremamente
importante, na medida em que a Constituição dará validade para as demais normas
do ordenamento jurídico (Kelsen). Assim, devemos decifrar o seu verdadeiro
alcance, a fim de sabermos, por consequência, a abrangência de uma norma
infraconstitucional.

O hermeneuta, dessa forma, levando em consideração a história, as ideologias, as


realidades sociais, econômicas e políticas do Estado, definirá o verdadeiro
significado do texto constitucional. Como regra fundamental, lembramos que, onde
não existir dúvida, não caberá ao exegeta interpretar (vide, por exemplo, o art. 18, §
1.º, da CF/88, que aponta, como Capital Federal, Brasília — não cabendo qualquer
trabalho hermenêutico). A interpretação deverá levar em consideração todo o
sistema.

Em caso de antinomia de normas, buscar-se-á a solução do aparente conflito através


de uma interpretação sistemática, orientada pelos princípios constitucionais.
Colocadas essas premissas, o sentido da Constituição interpretada pode se mostrar
inadequado. Nessas circunstâncias, dentro dos limites colocados pelo Constituinte
originário, poderão ser observadas alterações tanto do ponto de vista formal (reforma
constitucional) como do informal (mutações constitucionais).

[TJCE]. A lei de introdução às normas do direito brasileiro se aplica às emendas


constitucionais que não trazem em seu corpo o seu prazo de início?
É certo que a Lei de Introdução, sendo norma infraconstitucional, está em patamar
hierárquico inferior ao das emendas constitucionais. Mas, na medida em que
inexistem conflitos entre a Constituição Federal e a Lei de Introdução, e na medida

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em que esta última veicula normas que orientam a interpretação da validade das
demais normas jurídicas, nada impede que ela, a Lei de Introdução, seja aplicada
também às emendas constitucionais. Note-se que não é o conteúdo da emenda
constitucional que deve submeter-se ao regramento da Lei de Introdução, mas, sim,
o procedimento de verificação das condições de aplicabilidade da emenda. Além do
mais, a Lei Complementar Federal n. 95, de 26 de fevereiro de 1999 - cujo artigo 8º
complementa parcialmente as disposições da Lei de Introdução –, dispõe no
parágrafo único de seu artigo 1º que “As disposições desta Lei Complementar
aplicam-se, ainda, às medidas provisórias e demais atos normativos referidos no art.
59 da Constituição Federal (...) ”, entre os quais a emenda constitucional (inciso I do
art. 59).

[TJCE]. Que regras buscam concretizar o direito fundamental à saúde? Em termo


de políticas públicas de saúde? Há norma específica em relação à gestante?
R: O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado com o objetivo de atender as
necessidades locais da população e de cuidar de questões que influenciam na
verificação da saúde, como o meio ambiente, a vigilância sanitária, a fiscalização de
alimentos, entre outros.

A Lei Orgânica da Saúde, Lei n. 8.080/90, regulamenta os artigos 196 e seguintes da


Constituição Federal e dispõe nos artigos 6º, inciso I, alínea "d" e 7º, incisos I e II:

“Art. 6º. Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):

I - a execução de ações:

d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;

CAPÍTULO II - Dos Princípios e Diretrizes

Art. 7º. As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou


conveniados que integram o Sistema Único de Saúde 37 (SUS), são desenvolvidos de
acordo com as diretrizes previstas no artigo 198 da Constituição Federal, obedecendo
ainda aos seguintes princípios:

I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;

II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das


ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso
em todos os níveis de complexidade do sistema;

Quanto à gestante, à norma específica no ECA:

Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré


e perinatal.

§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo critérios


médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização
do Sistema.

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§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a


acompanhou na fase pré-natal.

§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele
necessitem.

§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe,


no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as
consequências do estado puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

§ 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser também prestada a gestantes


ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção.(Incluído pela Lei
nº 12.010, de 2009) Vigência

Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições


adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida
privativa de liberdade.

[TJCE]. Como se classificam as normas quanto à eficácia e aplicação? Todas as


normas do art. 5º são de aplicabilidade imediata? Dentro do art. 5º, CF, há algum
exemplo que não tenha aplicabilidade imediata?
Segundo José Afonso da Silva, as normas constitucionais podem ser divididas em
três espécies:

plena

Normas constitucionais de eficácia contida

limitada

Obs.: a eficácia é a aptidão da norma para produzir os efeitos que lhe são próprios.

Quando a norma cumpre a sua função social, ela possui efetividade (ou eficácia
social).

Todas as normas constitucionais têm eficácia, o que varia é o grau de eficácia.

1) Norma constitucional de eficácia plena

É aquela que tem uma aplicabilidade direta, imediata e integral.

direta

aplicabilidade imediata

integral

Aplicação direta e imediata significa que essa norma não depende de nenhuma outra
vontade ou condição para ser aplicada aos casos previstos por ela.

Aplicabilidade integral significa que ela não pode sofrer restrição.

Ex.: art. 53, CF.

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Art. 53, CF: Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer
de suas opiniões, palavras e votos.

Para que um deputado ou senador tenha essa imunidade, não há necessidade de lei
regulamentadora, não depende de nenhuma condição. Essa norma se aplica direta e
imediatamente. Além disso, tem aplicabilidade integral (não pode uma lei restringir
esse artigo). Ex.: uma lei que dissesse que essa imunidade fica restrita ao âmbito do
Congresso Nacional.

Crítica: esta espécie não admite restrição, mas admite regulamentação.

Ex.: Uma lei dizendo que só há imunidade parlamentar fora do Congresso no caso de
palavras proferidas que tenham relação com o exercício da função parlamentar.
Nesse caso, não estaria restringindo, mas apenas regulamentando, ou seja, apenas
revelando o sentido preexistente (revelaria o objetivo do legislador).

2) Norma constitucional de eficácia contida

“Nascem” iguais às normas de eficácia plena.

direta

aplicabilidade imediata

possivelmente não-integral

Tem uma aplicabilidade direta (não depende de nenhuma vontade intermediadora,


não depende de lei), imediata (independe de qualquer condição). Mas tem uma
aplicabilidade possivelmente não-integral (ela possivelmente será restringida, mas
isso não significa que ela já foi restringida por uma lei regulamentadora).

Essa norma também é conhecida como norma de eficácia redutível ou restringível.

Art. 5º, XIII, CF: é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas
as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

Se esse dispositivo possuísse somente a expressão “é livre o exercício de qualquer


trabalho, ofício ou profissão”, seria norma de eficácia plena. No entanto, ela pode ser
restringida, para assegurar outro bem (para proteger não só o interesse individual,
como de toda a coletividade).

Se não existisse o Estatuto da OAB prevendo a necessidade de ser bacharel em


Direito e de ser aprovado no Exame da OAB, como não haveria lei restringindo esse
dispositivo, qualquer pessoa poderia exercer a advocacia.

Como a lei foi criada, esse direito, a partir da criação da lei, passou a ser restringido
(deixou de ter aplicabilidade integral).

3) Norma constitucional de eficácia limitada

indireta

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aplicabilidade mediata

possivelmente não-integral

Essa norma é indireta porque depende de uma intermediação; é mediata porque


depende de uma vontade ou de alguma condição (ex.: antes de 6 meses a norma não
pode ser aplicada).

Ex.: direito de greve do servidor público (art. 37, VII, CF).

Art. 37, VII: o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica.

Entende-se que essa lei específica é necessária para que esse direito seja exercido, o
legislador teria que regulamentar esse direito de greve para que o servidor pudesse
exercê-lo.

Não existindo essa lei, há dois remédios: mandado de injunção e ADO.

Dentro de normas de eficácia limitada:

- normas de princípio programático (ex.: art. 3º);

- normas de princípio institutivo (ex.: art. 102, § 1º).

[TJCE]. O que caracteriza a constituição rígida? Requisitos?


Denomina-se rígida a constituição que determina procedimento especial e solene
para a sua modificação, não admitindo ser alterada da mesma forma que as leis
ordinárias. A atual Constituição Federal é rígida, posto que determina uma forma
solene de alteração, que será através de Emenda Constitucional aprovada em dois
turnos, por 3/5 dos membros das duas casas do Congresso Nacional
(Art. 60, 2º, Constituição Federal), ao contrário das Leis Ordinárias que são
modificadas em único turno, por maioria simples e da Lei Complementar - por
maioria absoluta, além das hipóteses que a Constituição prevê a iniciativa restrita.

[TJCE]. Quais os pressupostos da constituição rígida?


Apenas nas constituições rígidas é possível a existência de um controle de
constitucionalidade. O Controle de Constitucionalidade pressupõe, necessariamente
o reconhecimento da supremacia da Constituição, ou seja, a existência de um
escalonamento normativo, onde o texto constitucional ocupa o ponto mais alto do
sistema normativo e também a existência de uma Constituição rígida, onde o poder
constituinte originário estabelece um processo mais árduo de modificação
constitucional (ou nenhum processo modificativo) que o processo de elaboração
normativa inferior. Para Pedro Lenza, é essencial ao controle de constitucionalidade
a existência de uma Constituição Rígida (que conduz ao reconhecimento do princípio
da supremacia constitucional) e a atribuição de competência a um órgão para resolver
os problemas de constitucionalidade.

[TJCE]. Uma constituição que não tenha controle de constitucionalidade não é


rígida? A constituição americana, antes do julgamento caso Marbury contra
Madison, não era rígida?

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O controle de constitucionalidade pressupõe uma constituição rígida. As colônias


inglesas, como os Estados Unidos, eram regidas por Cartas editadas pelo direito
inglês, que eram verdadeiras constituições, pois regulavam a estrutura jurídica
fundamental, estabelecia a possibilidade de aprovação de leis próprias, desde que
fossem razoáveis e não contrariassem a lei do Reino inglês.Com a revolta dos
colonizadores da América do Norte, em razão da cobrança de tributos que feriam a
isonomia natural, que alegavam nulos. Em 1776, as colônias americanas tornam-se
independentes.

E, como, os juízes da época já vinham de uma cultura de decretação de invalidades


das leis coloniais tendo como parâmetro as cartas e a legislação do Reino inglês, foi
praticamente natural a parametrização da lei frente às constituições dos estados em
formação.

Por isso, em curto espaço de tempo já se via nos Estados Unidos, agora uma nação
independente, o controle de constitucionalidade das leis como assinala HALL
(apud BARROSO, 2011): “Marbury não foi o primeiro caso a enunciar o princípio
do judicial review. Houve precedentes nas cortes estaduais e nas cortes federais
inferiores, nas quais juízes deixaram de aplicar leis que consideram contrárias a
dispositivos da constituição estadual ou federal.”

NOVELINO cita que há dois precedentes com ideias embrionárias quanto ao


controle de constitucionalidade nos Estados Unidos, a citar: Hayburn’s Case e Case
Hylton v. United States, julgados em 1792 e 1796, respectivamente. Sendo o primeiro
caso de declaração de inconstitucionalidade realizada por órgãos judiciais locais
(Circuit Courts), que tinham integrantes da Suprema Corte, e o segundo precedente
foi no âmbito da Corte Suprema, contudo, a declaração foi pela constitucionalidade
de um tributo atacado.

[TJCE]. Em que consiste a classificação ontológica das Constituições?


A Constituição normativa é aquela cujas normas efetivamente dominam o processo
político. Trata-se de uma Constituição na qual o processo de poder se adapta e se
submete às suas normas. Nas palavras de LOEWENSTEIN, “para ser real ou efetiva,
a constituição terá que ser observada por todos os interessados e terá que estar
integrada na sociedade estatal, e esta nela. A constituição e a comunidade tiveram
que passar por uma simbiose”.69

A Constituição nominal é aquela que, apesar de válida sob o ponto de vista jurídico,
não consegue conformar o processo político às suas normas, carecendo de uma força
normativa adequada. Suas normas são dotadas de eficácia jurídica, mas não têm
realidade existencial, pois a dinâmica do processo político não se adapta às suas
normas. Esta situação não se confunde com a existência de uma prática constitucional
diferente do texto constitucional. Os pressupostos sociais e econômicos existentes na
atualidade operam contra uma absoluta conformidade entre as normas
constitucionais e as exigências do processo do poder. Segundo o autor da
classificação, “a função primária da constituição nominal é educativa; seu objetivo
é, em um futuro mais ou menos distante, converter-se em uma constituição normativa
e determinar realmente a dinâmica do processo de poder no lugar de se submeter a
ele”.70

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A Constituição semântica é a utilizada pelos dominadores de fato, visando sua


perpetuação no poder. A Constituição se destina não à limitação do poder político,
mas a ser um instrumento para estabilizar e eternizar a intervenção destes
dominadores. Como exemplo desta espécie, LOEWENSTEIN menciona, dentre
outras, as Constituições napoleônicas e a Constituição cubana de 1952.

2. Poder constituinte.
[TJCE]. Poder constituinte. Quem formulou a doutrina do poder constituinte? Há
um pai?
O principal teórico do poder constituinte foi o abade de Chartres, Emmanuel Joseph
Sieyes, por meio do panfleto denominado "O Que é o terceiro Estado?" (Qu'est-ce
que le tiers État?), que apontava como titular a nação. (Obs.: para as provas, adotar o
posicionamento de que a titularidade do poder constituinte pertence ao povo, sabendo
do conceito clássico exposto por Sieyes.).

Nesse sentido, seguindo a tendência moderna, o parágrafo único do art. 1.º da CF/88
estabelece que todo poder emana do povo.

[TJCE]. É um poder de fato ou de direito?


O poder constituinte originário é inicial, autônomo, ilimitado juridicamente,
incondicionado, soberano na tomada de suas decisões, UM PODER DE FATO e
político, permanente.

É um poder de fato e poder político, podendo, assim, ser caracterizado como uma
energia ou força social, tendo natureza pré-jurídica, sendo que, por essas
características, a nova ordem jurídica começa com a sua manifestação, e não antes
dela.

O Min. Ayres Britto, no julgamento da ADI 2.356-MC (25.11.2010), utilizou como


sinônimo de "poder de fato", a expressão "poder suprapositivo", que não deve ser
confundida, em outro contexto (e os dois sentidos já foram perguntados em concursos
públicos), com "princípios de direito suprapositivo" (ADI 815, Rel. Min. Moreira
Alves, j. 28.03.1996), que significou "princípios de direito natural". Nesses termos,
o Min. Celso de Mello utilizou a expressão "direito suprapositivo" não positivado,
ou seja, "direito natural, consubstanciado em 'princípios naturais e critérios
isonômicos, gerais e coletivos da lei de um estado democrático"' (ADI 2.062, j.
11.03.2004).

[TJCE]. Não há limites ao poder constituinte? Poder constituinte originário há


limites? Uma assembleia constituinte não tem poder limitados?
Em regra se diz que o poder constituinte originário é Ilimitado juridicamente, no
sentido de que não tem de respeitar os limites postos pelo direito anterior.

Para os positivistas, o poder constituinte não tem limite algum, mas essa posição já
está ultrapassada. Em uma visão jusnaturalista ou pós-positivista, há certas
limitações. Dentro dessa concepção, existem limitações materiais:

*Limitações advindas de imperativos do direito natural;

*Limitações advindas de valores éticos;

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Fórmula de Radbruch: o direito extremamente injusto não pode ser considerado


direito. Ex.: na época do nazismo, uma norma da Constituição alemã permitia que os
nazistas confiscassem bens dos judeus. Essa norma originária foi considerada
extremamente injusta, que ultrapassa os limites do tolerável, e foi afastada pelo
Tribunal Constitucional Federal.

*Limitações advindas da consciência jurídica coletiva.

“Proibição de retrocesso”: impõe a necessidade de observância e respeito dos


direitos fundamentais conquistados por uma sociedade e sobre os quais haja um
consenso profundo.

Desta forma, a doutrina moderna identifica limites de ordem material ao poder


constituinte originário: o primeiro seriam os chamados limites transcendentais,
referentes ao principio da vedação ao retrocesso social; o segundo seriam os
chamados limites imanentes, aqueles relacionados à configuração ou identidade do
próprio Estado, que fazem parte e já estão arraigados na organização e na natureza
do próprio Estado; o terceiro seriam os chamados limites heterônomos, advindos do
ordenamento jurídico global, principalmente os determinados pela sociedade
internacional contemporânea para fins de garantia dos direitos humanos e da paz, não
podendo uma nova Constituição colocar em rota de choque o Estado em relação aos
seus pares internacionais.

Nesse sentido, posiciona-se Canotilho, o qual, fala, ainda, na necessidade de


observância de princípios de justiça (suprapositivos e supralegais) e, também, dos
princípios de direito internacional (princípio da independência, princípio da
autodeterminação, princípio da observância de direitos humanos - neste último caso
de vinculação jurídica, chegando a doutrina a propor uma juridicização e evolução
do poder constituinte). '

[TJCE]. Vedação ao retrocesso é um super direito?


Sim. Cada vez mais se consolida a ideia de que, ao lado da dignidade da pessoa
humana, o Princípio da Vedação do Retrocesso Social constitui super princípio que
traça uma trajetória ao Estado brasileiro, principalmente ao legislativo na confecção
das leis.

Por esta interpretação ampliada, o Princípio da Vedação do Retrocesso Social,


fortemente atrelado aos direitos fundamentais (na sua manutenção), estabelece que o
legislador deve criar leis sempre em um caráter de progresso, isto é, visando ao
progresso social, não devendo elaborar leis que retrocedam as “conquistas
fundamentais” já concretizadas - trata-se do denominado efeito cliquet.

A expressão ‘efeito cliquet’ é utilizada pelos alpinistas e define um movimento que


só permite ao alpinista ir para cima, ou seja, subir. A origem da nomenclatura, em
âmbito jurídico, é francesa, onde a jurisprudência do Conselho Constitucional
reconhece que o princípio da vedação de retrocesso (chamado de ‘effet cliquet’) se
aplica inclusive em relação aos direitos de liberdade, no sentido de que não é possível
a revogação de uma lei que protege as liberdades fundamentais sem a substituir por
outra que ofereça garantias com eficácia equivalente. (...) Pensa-se, contudo, que
apenas no caso de retrocesso social, em que o Estado brasileiro abriria mão de
conquistas sociais já atingidas, é que a justificação da reserva do possível não

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prosperaria. As conquistas sociais têm efeito de catraca (Efeito Cliquet), não podendo
retroceder, conforme defendeu o português Canotilho na primeira edição de sua obra.

“Proibição de retrocesso”: impõe a necessidade de observância e respeito dos direitos


fundamentais conquistados por uma sociedade e sobre os quais haja um consenso
profundo.

Ex.: Fábio Comparato utiliza como exemplo a proibição de pena de morte. Como a
nossa Constituição de 1988 não permite a pena de morte, salvo no caso de guerra
declarada, uma nova Constituição não pode permitir, pois haveria um retrocesso.

Ex. 2: a nossa CF prevê o voto direto. Se uma nova CF não o permitisse, haveria um
retrocesso.

Registre-se que a vedação ao retrocesso impõe ao Estado o impedimento de abolir,


restringir ou inviabilizar sua concretização por inércia ou omissão, conforme tem se
posicionado o STF “- A PROIBIÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL COMO OBSTÁCULO
CONSTITUCIONAL À FRUSTRAÇÃO E AO INADIMPLEMENTO, PELO PODER
PÚBLICO, DE DIREITOS PRESTACIONAIS. – O princípio da proibição do retrocesso
impede, em tema de direitos fundamentais de caráter social, que sejam desconstituídas
as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela formação social em que ele vive. – A
cláusula que veda o retrocesso em matéria de direitos a prestações positivas do Estado
(como o direito à educação, o direito à saúde ou o direito à segurança pública, v.g.)
traduz, no processo de efetivação desses direitos fundamentais individuais ou coletivos,
obstáculo a que os níveis de concretização de tais prerrogativas, uma vez atingidos,
venham a ser ulteriormente reduzidos ou suprimidos pelo Estado. Doutrina. Em
conseqüência desse princípio, o Estado, após haver reconhecido os direitos
prestacionais, assume o dever não só de torná-los efetivos, mas, também, se obriga, sob
pena de transgressão ao texto constitucional, a preservá-los, abstendo-se de frustrar –
mediante supressão total ou parcial – os direitos sociais já concretizados.” (ARE-
639337- Relator(a): Min. CELSO DE MELLO).

De certa forma, os tratados de direitos humanos, da mesma forma que a ordem


jurídica interna, também não podem impor restrições que esvaziem o conteúdo de
direitos já assegurados.

Na convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969, já contém cláusula que


expressamente impede que tratados posteriores sejam “interpretados no sentido de
limitar o gozo e exercício de quaisquer direito ou liberdade que possam ser
reconhecidos em virtude de lei de qualquer dos Estados-partes ou em virtude de
Convenções em que seja parte um dos referidos Estados” (art. 29, b).

[TJCE]. Existe direito adquirido sobre norma constitucional originária?


Em regra não. Não faz sentido a alegação de submissão do Poder Constituinte
Originária ao direito adquirido precedente, pois, com o rompimento da ordem
jurídica anterior, os direitos que decorriam deste não mais existem.

Ademais, tem-se como características do Poder Constituinte Originário: inicial,


ilimitado e incondicionado.

[TJCE]. Existe direito adquirido em face de emenda constitucional?


Sim. O Poder Derivado Reformador possui uma série de limitações, dentre elas há a
limitação material de não atacar uma garantia individual. Além do mais, os direitos

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definitivamente consolidados no patrimônio de um indivíduo, independentemente do


seu fundamento legal ou constitucional, é uma garantia indispensável à segurança
jurídica.

[TJCE]. O STF pode analisar a constitucionalidade de norma constitucional


originária?
Não, porque normas constitucionais elaboradas pelo poder constituinte são
parâmetros (normas de referência) para o próprio controle de constitucionalidade,
não podendo assim ser objeto de controle.

[TJCE]. Existe direito adquirido contra norma Constitucional Originária?


Não existe direito adquirido contra ato do poder constituinte originário. Não faz
sentido a alegação de submissão do Poder Constituinte Originário ao direito
adquirido precedente, pois, com o rompimento da ordem jurídica anterior, os direitos
que decorriam deste não mais existem.

É cediço que o Poder Constituinte Originário é um poder fático que rompe as ordens
jurídica e política precedentes através da elaboração de uma nova Constituição e, por
tal característica, como muito bem afirmado por Michel Temer[1], ele cria um novo
Estado, senão no aspecto histórico-geográfico, no seu aspecto político-jurídico. A
sua titularidade, conforme aponta a doutrina moderna[2], pertence ao povo[3].

Podemos listar como características de referido Poder a inicialidade, a ilimitação,


incondicionalidade e a força legitimadora do êxito.

A inicialidade do Poder Constituinte Originário relaciona-se com a sua característica


principal, isto é, fender o sistema jurídico anterior e instituir um novo, sem nenhuma
limitação ou condicionante para a sua consecução. Por isso, que a doutrina afirma
ainda ser o mesmo ilimitado e incondicionado.

A ilimitação se caracteriza por não estar esse Poder vinculado a nenhum direito pré-
existente, nem ao direito que instituirá. Repita-se, mesmo que em exagero, que se
trata de um poder político que inicia uma ordem jurídica[5]. Já sua incondicionalidade se
mostra na forma de sua manifestação que não está submetida a nenhum processo legislativo
anterior. Isto, nas palavras insofismáveis de Canotilho[6], quer dizer que “o poder constituinte não
está subordinado a qualquer regra de forma ou de fundo”.

Ressalte-se, por oportuno, que para os jusnaturalistas esta autonomia do Poder


Constituinte Originário não é absoluta, pois na elaboração da nova ordem jurídica
seria imprescindível que se respeitasse as normas do direito natural. É de se sopesar
nesta corrente doutrinária que, sendo o direito natural abstrato, não existe uma
vinculação concreta a ser seguida na elaboração da Constituição, pois “do ponto de
vista de um ordenamento jurídico, os chamados direitos naturais não são
propriamente direitos: são apenas exigências que buscam validade a fim de se
tornarem eventualmente direitos num novo ordenamento normativo, caracterizado
por um diferente modo de produção das normas” [7].

Entretanto, conquanto seja ilimitado e incondicionado quanto a qualquer ordem


anterior vigente, a doutrina moderna vê a necessidade do Poder Constituinte
Originário guardar relação com o eixo axiológico da sociedade, no momento da

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elaboração da Constituição[8], de modo que estará inevitavelmente limitado à força


legitimadora do êxito.

Do exposto, restam evidente e repetitivo que com a nova Constituição há a instituição


de um novo ordenamento jurídico e, por via de consequência, do direito que dele
decorre.

Neste contexto, torna-se sem conteúdo a alegação de submissão do Poder


Constituinte Originário ao direito adquirido precedente, pois, com o rompimento da
ordem jurídica anterior, os direitos que decorriam deste não mais existem. A
propósito, ainda que de modo prescindível, o artigo 17 dos Atos das Disposições
Constitucionais Transitórias[9] explicitou esta assertiva relativamente à percepção de
remuneração, vantagens de todas as ordens e aposentadorias dos agentes públicos
que ultrapassassem os limites traçados pela nova ordem constitucional.

Com efeito, é pacífico o entendimento de que as normas constitucionais são dotadas


implicitamente de eficácia retroativa mínima, ou seja, alcança fatos passados, cujos
efeitos futuros ultrapassam a data de vigência da nova Constituição. A propósito, a
lição do professor Paulo Gustavo Gonet Branco[10], para quem:

O STF passou a entender que somente quando a nova norma constitucional


claramente ressalva uma situação, que seria agora inválida, mas criada licitamente
antes dela, somente nesses casos a situação merece continuar a ser protegida. De
toda sorte, os efeitos do ato praticado anteriormente que se exauriram antes da nova
norma constitucional não sofrem a influência da nova norma constitucional, a não
ser que esta seja expressa nesse sentido.

Em suma, a norma superveniente do poder constituinte originário, a não ser quando


diz o contrário, tem aplicação sobre situações constituídas antes da sua vigência,
exatamente sobre os efeitos que o ato praticado no passado tenderia a produzir sob a
vigência da nova norma constitucional.

Sendo assim, não existe direito adquirido em face do Poder Constituinte Originário,
a não ser que este expressamente excepcione a regra da eficácia retroativa mínima
das normas introduzidas pela nova ordem constitucional, pois, do contrário, sequer
podemos alegar a existência de algum direito derivado da ordem jurídica precedente

[TJCE]. Existe direito adquirido quanto contra Emenda Constitucional?


É indiscutível, seja na Doutrina ou na Jurisprudência, que não existe direito adquirido
contra a Constituição, entendida esta na manifestação do Poder
Constituinte Originário, de 1ª. grandeza e ilimitado, o mesmo não se podendo dizer
em relação ao Poder Constituinte Derivado, de 2º grau, limitado.

Na Doutrina, predomina que há sim direito adquirido contra Emenda à Constituição (Poder
Constituinte Derivado, de 2º grau, limitado), vale dizer, contra o Poder de Reforma, pelas
seguintes razões:

a) A Constituição de l988, em seu art.5º, XXXV, assegurou o direito adquirido como


uma garantia individual e que a Emenda está sujeita a controle de
constitucionalidade;

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b) Os direitos e garantias individuais não podem ser abolidos através de emenda


(art.60, § 4º, CF/88), ficando clara a impossibilidade do Poder de Reforma (poder
constituído, derivado, de 2º grau ou limitado) violar tal preceito, por ser cláusula
pétrea, conforme Luiz Alberto Gurgel de Faria (Instituição Toledo de Ensino, in
Revista do Instituto de Pesquisas e Estudos, Divisão Jurídica, n.27,pg. 9l/l05); Carlos
Ayres Britto, hoje Ministro do STF, Valmir Pontes Filho (in Direito Adquirido contra
as Emendas Constitucionais, Revista de Direito Administrativo, RJ, Renovar, l995,
vol.202;pg;90); Sérgio de Andréa Ferreira (in O princípio da segurança jurídica em
face das reformas constitucionais, RJ, Forense, vol.334,p.l98); Manoel Gonçalves
Ferreira Filho (in Poder Constituinte, cit.p.25; Alexandre de Morais (in Direito
Constitucional,págs. 423/529 e 349/355, editora Atlas); Luiz Roberto Barroso (in
Interpretação e Aplicação da Constituição,págs.51/67); Ivo DANTAS (in Direito
adquirido, emendas constitucionais e controle de constitucionalidade, RJ, Lumem
Juris, l998, p.72); DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, in Direito administrativo,
l0.edição, SP,, Atlas, l998, p. 376; Raul Machado Horta (Estudos de direito
constitucional, Belo Horizonte: Del Rey, l995, p.282, entre tantos outros e finalmente o
Ministro Carlos Mário Velloso, em artigo dedicado ao tema, publicado em Temas de Direito
Público, Belo Horizonte, l94,p.448/449 que conclui"..um direito adquirido por força da
Constituição, obra do Poder Constituinte originário, há de ser respeitado pela reforma
constitucional, produto do Poder Constituinte instituído ou de 2º grau, vez que esse é limitado,
explícita e implicitamente pela Constituição".

Antes da atual Constituição, o STF já chegou a admitir não existir direito adquirido
contra Emenda entendimento esse que não foi recebido pela novel Constituição: " não há direito
adquirido contra texto constitucional, resulte ele do Poder Constituinte Originário ou
do Poder Constituinte Derivado "(RE n. 94414 -SP, Rel.Min. Moreira Alves DJU de
l9.04.85,pg.05456 e RE n.93290 -RJ, DJU 06.ll.l98l, p.III, 0l, cfe Francisco Antônio
Nogueira Bezerra e Rommel Barroso da Frota, in Direito Adquirido e Emenda
Constitucional - Revista da OAB-CE n.2, pags.153/175 e Prof. Paulo Modesto
(Parecer de fls.539/556, apresentado pelo MPF).

E, já na vigência da atual Constituição, o próprio STF, no julgamento das ADINs


926-5/DF e 939-7/DF, admitiu a possibilidade de existência de normas inseridas na
Constituição estarem eivadas do vício de inconstitucionalidade por violar direito
adquirido "verbis"

Portanto, ADIN nº 939-DF, o STF concluiu "verbis":

a) "Uma emenda à Constituição, emanada, portanto, de Constituinte derivado, incidindo em


violação à Constituição originária, pode ser declarada inconstitucional pelo STF, cuja função
precípua é a guarda da Constituição (art.l02,I,"a" da CF (...)",cfe RTJ 151/755);

b) "Se na vigência da lei anterior, o servidor preenchera todos os requisitos exigidos, o fato de,
na sua vigência, não haver requerido a aposentadoria não o faz perder o seu direito que já estava
adquirido (...)", in RMS n. 11.395, in RTJ 48/392.

Resumo: existe sim direito adquirido contra Emenda Constitucional, pelo limite
material constante do art.60,IV da CF/88 referente à cláusula pétrea – direitos e
garantias individuais c/c art.5º, XXXVI (a lei não prejudicará o direito adquirido,
entendido esse em seu sentido amplo), tendo o STF entendido que os direitos
individuais são limites (limites formais, materiais e circunstanciais) à emenda e não
se restringem aos do art.5º, podendo, neles, estarem inclusos outros, a exemplo dos

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direitos tributários (ADIN 939-7-DF,Rel. Min.Sydney Sanches e ADIN 829-DF,Rel.


Min.Moreira Alves, já referidas).

[TJCE]. Existe direito adquirido contra norma constitucional originária? E contra


emenda constitucional?
Não faz sentido a alegação de submissão do Poder Constituinte Originário ao direito
adquirido precedente, pois, com o rompimento da ordem jurídica anterior, os direitos
que decorriam deste não mais existem.

É cediço que o Poder Constituinte Originário é um poder fático que rompe as ordens
jurídica e política precedentes através da elaboração de uma nova Constituição e, por
tal característica, como muito bem afirmado por Michel Temer, ele cria um novo
Estado, senão no aspecto histórico-geográfico, no seu aspecto político-jurídico. Neste
contexto, torna-se sem conteúdo a alegação de submissão do Poder Constituinte
Originário ao direito adquirido precedente, pois, com o rompimento da ordem
jurídica anterior, os direitos que decorriam deste não mais existem.

A emenda constitucional, por sua vez, por ser decorrente do poder reformador, o qual
é limitado, deve obediência aos princípios constitucionais, notadamente os direitos e
garantias individuais, que constituem cláusula pétreas, não podendo ser objeto de
emenda tendente a aboli-los.

[TJCE]. Como se classificam as espécies de poder constituinte? Como eles se


dividem?
Poder Constituinte Originário é aquele que instaura uma nova ordem jurídica,
rompendo por completo com a ordem jurídica precedente. Possui como
características o fato de ser inicial, autônomo, ilimitado juridicamente (lembrando
que a corrente Jusnaturalista enxerga, ao menos, uma limitação, qual seja, o respeito
às normas de Direito Natural.

Porém, o Brasil adotou a corrente Positivista, para a qual nem mesmo o Direito
Natural limitaria a atuação do Poder Constituinte Originário. Modernamente –
Canotilho – fala-se, ainda, em observância de princípios de justiça e de Direito
Internacional), incondicionado, soberano.

Poder Constituinte Derivado é criado e instituído pelo Originário, sendo, portanto,


limitado e condicionado. Poder ser reformador (capacidade de modificar a
Constituição Federal), decorrente (estruturar as Constituições dos Estados-membros
e DF) ou revisor (revisar a Constituição Federal uma única vez).

[TJCE]. Uma decisão política fundamental pode ser revista por controle de
constitucionalidade?
Carl Schimitt considera a Constituição com decisão política fundamental, decisão
concreta sobre o modo e forma de existência da Poder Político. Faz distinção entre
Constituição e Lei Constitucional. Aquela só se refere à decisão política fundamental
(organização dos poderes e direitos fundamentais) já as leis constitucionais são os
demais dispositivos constantes do texto constitucional que não contenham matéria
de decisão política fundamental.

Raphael: creio que sim. Especialmente quando se trata de decisão política


fundamental decorrente de poder constituinte derivado, ou reformador.

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[TJCE]. O que é revisão constitucional?


R: A revisão constitucional é uma forma de alteração da Constituição da República
Federativa do Brasil (CRFB). A revisão constitucional, nos termos do artigo 3º do
ADCT, considerada norma de eficácia exaurida (classificação de José Afonso da
Silva), estabelecia a possibilidade de alteração da CRFB pelo voto da maioria
absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.

[TJCE]. Existe direito adquirido contra poder constituinte originário?


Não faz sentido a alegação de submissão do Poder Constituinte Originário ao direito
adquirido precedente, pois, com o rompimento da ordem jurídica anterior, os direitos
que decorriam deste não mais existem.

É cediço que o Poder Constituinte Originário é um poder fático que rompe as ordens
jurídica e política precedentes através da elaboração de uma nova Constituição e, por
tal característica, como muito bem afirmado por Michel Temer [1], ele cria um novo
Estado, senão no aspecto histórico-geográfico, no seu aspecto político-jurídico. A
sua titularidade, conforme aponta a doutrina moderna [2], pertence ao povo [3].

O pensamento em torno da existência desse poder político que institui uma nova
ordem constitucional adveio de Emmanuel Sieyès, o abade de Chartres, no ensaio
Que é o terceiro Estado?, segundo o qual, na lição profícua de Luiz Alberto David
Araújo e Vidal Serrano

Nunes Júnior [4] “posicionou a Constituição como documento criador do Estado e,


por via de consequência, ponto inaugural do sistema jurídico. Destarte, o poder que
cria a Constituição não encontra limites de qualquer espécie (...)”.

Diante das assertivas acima apontadas, podemos listar como características de


referido Poder a inicialidade, a ilimitação, incondicionalidade e a força legitimadora
do êxito.

[TJCE]. Contra emenda constitucional é cabível?


Na Doutrina, predomina que há sim direito adquirido contra Emenda à
Constituição (Poder Constituinte Derivado, de 2º grau, limitado), vale dizer, contra
o Poder de Reforma, pelas seguintes razões:

a) A Constituição de l988, em seu art.5º, XXXV, assegurou o direito adquirido como


uma garantia individual e que a Emenda está sujeita a controle de
constitucionalidade;

b) Os direitos e garantias individuais não podem ser abolidos através de emenda


(art.60, § 4º, CF/88), ficando clara a impossibilidade do Poder de Reforma (poder
constituído, derivado, de 2º grau ou limitado) violar tal preceito, por ser cláusula
pétrea, conforme Luiz Alberto Gurgel de Faria (Instituição Toledo de Ensino, in
Revista do Instituto de Pesquisas e Estudos, Divisão Jurídica, n.27,pg. 9l/l05); Carlos
Ayres Britto, hoje Ministro do STF, Valmir Pontes Filho (in Direito Adquirido contra
as Emendas Constitucionais, Revista de Direito Administrativo, RJ, Renovar, l995,
vol.202;pg;90); Sérgio de Andréa Ferreira (in O princípio da segurança jurídica em
face das reformas constitucionais, RJ, Forense, vol.334,p.l98); Manoel Gonçalves
Ferreira Filho (in Poder Constituinte, cit.p.25; Alexandre de Morais (in Direito
Constitucional,págs. 423/529 e 349/355, editora Atlas); Luiz Roberto Barroso (in

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Interpretação e Aplicação da Constituição,págs.51/67); Ivo DANTAS (in Direito


adquirido, emendas constitucionais e controle de constitucionalidade, RJ, Lumem
Juris, l998, p.72); DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, in Direito administrativo,
l0.edição, SP, Atlas, l998, p. 376; Raul Machado Horta (Estudos de direito
constitucional, Belo Horizonte: Del Rey, l995, p.282, entre tantos outros e
finalmente o Ministro Carlos Mário Velloso, em artigo dedicado ao tema, públicado
em Temas de Direito Público, Belo Horizonte, l94,p.448/449 que conclui".um direito
adquirido por força da Constituição, obra do Poder Constituinte originário, há de
ser respeitado pela reforma constitucional, produto do Poder Constituinte instituído
ou de 2º grau, vez que esse é limitado, explícita e implicitamente pela Constituição".

[TJCE]. Quem formulou a doutrina do poder constituinte? Existe um pai?


Foi criada pelo abade francês Emanuel Seyès, em sua obra “O que é o Terceiro
Estado”.

[TJCE]. É poder de fato ou de direito? Há limite ao poder constituinte originário?


A doutrina não se pacifica em torno da ilimitação do poder constituinte originário. A
ideia desta ilimitação, que passa pela questão da natureza do poder constituinte, é
compartilhada pelos juristas de formação positivista; para os jusnaturalistas, que não
aceitam a ideia de ilimitação, estas características se traduziriam na autonomia e não
na ilimitação.

De acordo com a primeira tese o poder constituinte é um poder de fato. Encontra-se


vinculado à realidade concreta da vida social em determinação espaço territorial. Sob
este enfoque, dizer que é um poder de fato equivale a dizer que um poder político.
Assim sendo, se não há Estado, não há Direito, não sofrendo poder constituinte
derivado qualquer limitação de direito.

O poder constituinte originário é compreendido também como um poder de direito


tendo por fundamento o Direito Natural, que é anterior e superior ao Direito de
Estado, fundado em um poder natural do homem de organizar a vida social; estaria,
então, limitado este poder originário não pelo Direito positivo, mas sim pelo Direito
natural.

[TJCE]. Cabe controle de constitucionalidade em sede de REsp?


Sim, em sede de controle difuso. É possível o controle de constitucionalidade em
recurso especial no âmbito da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, órgão
competente para decidir acerca da arguição incidental de inconstitucionalidade, nos
termos do art. 97 da Constituição Federal e da Súmula Vinculante nº 10 do STF.

[TJCE]. Quais os mecanismos de controle dos atos políticos?


Toda a atuação do Estado deve ser passível de controle de constitucionalidade e de
legalidade.

Os atos políticos destinam-se à gestão dos planos de governo e relações jurídicas


internacionais. São atos de condução dos negócios públicos e não simplesmente de
execução de serviços públicos. Daí seu maior discricionarismo e, consequentemente,
as maiores restrições para o controle judicial Enquanto os atos administrativos tem
por atribuição a consecução de serviços públicos e atividades administrativas.

Tipos de controle dos atos políticos:

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CONTROLE INTERNO: Tais atos se submetem ao controle do próprio Poder que o


emanou (controle interno), quer diante de inconstitucionalidades, quer diante de
ilegalidades. No que se refere ao controle interno por critérios de oportunidade e
conveniência, a questão é um pouco mais complexa: enquanto alguns atos políticos
podem ser livremente editados e reformados – como a adoção de políticas
econômicas por parte do Presidente da República, outros atos necessitam de
confirmação por outra esfera de Poder. É o que ocorre, por exemplo, com a
decretação do estado de sítio ou a declaração de guerra externa, em que o ato político
do Presidente da República passa pelo crivo do Congresso Nacional.

CONTROLE JUDICIAL: Em regra e tradicionalmente, o Poder Judiciário só pode


fazer o controle de legalidade ou constitucionalidade. Mas poderá o Poder Judiciário
, na análise do mérito do ato político, analisar se este obedeceu a parâmetros de
razoabilidade e proporcionalidade, tornando-o compatível com a ordem jurídica.

CONTROLE SOCIAL: é divergente e tema inovador na doutrina, mas, neste sentido,


Peter Häberle defende a implementação de uma sociedade aberta dos intérpretes da
Constituição em que as organizações civis, os meios de participação popular e
ativismo político, bem assim os jurisdicionados como um todo possam atuar
ativamente da política e da interpretação da Constituição, ao invés de se limitarem à
legitimação de governos clientelistas por meio do voto periódico, tendo ainda que se
sujeitar a uma interpretação constitucional legitimada apenas por um concurso
público (2002).

3. Controle de constitucionalidade. Sistemas. Ação direta de


inconstitucionalidade. Ação declaratória de constitucionalidade.
Arguição de descumprimento de preceito fundamental. Ação direta de
inconstitucionalidade por omissão. Efeitos da decisão no controle
abstrato. A fiscalização abstrata no plano estadual. A Fiscalização
incidental. Controle de constitucionalidade das leis municipais. A ação
direta de inconstitucionalidade no âmbito estadual e o problema da
norma repetida.
[TJCE]. O que é efeito vinculante e em que se distingue da eficácia erga omnes?
Ambos se relacionam com a coisa julgada?
Erga omnes é a produção de efeitos contra todos, trazendo um caráter enérgico na
sua decisão e relacionando todos os demais que não são partes naquele processo
judicial. No controle concentrado de constitucionalidade, o efeito erga omnes, na
declaração de inconstitucionalidade produz eficácia contra todos, nulificando a
norma objeto de controle, norma essa que é efetivamente eliminada do
ordenamento jurídico.

A decisão de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade de uma norma,


proferida em sede de controle concentrado, “irradia feitos para todos os possíveis
destinatários da norma”, ou seja, a decisão tem eficácia erga omnes.

No controle abstrato, a eficácia erga omnes, por si só, não impede o legislador de
editar nova lei eivada do mesmo vício de outra já declarada inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal. A eficácia contra todos faz com que o dispositivo da
sentença atinja a todos, impedindo do ponto de vista processual que a mesma

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questão seja outra vez submetida ao Supremo Tribunal. A eficácia contra todos faz
com que o dispositivo da sentença atinja a todos, impedindo do ponto de vista
processual, que a mesma questão seja outra vez submetida ao Tribunal.

O efeito vinculante ou força vinculante, segundo João Luís Fischer Dias, traduz-se
como envolvimento que cria um vínculo entre sujeitos, uma obrigação que limita as
escolhas do sujeito nas suas relações intersubjetivas, sem solapar deste sujeito à
liberdade, proporcionando, ao mesmo tempo, estabilidade e segurança nas
relações sociais. Segundo o autor esta definição confunde-se com o próprio conceito
de lei, devido a sua generalidade. A vinculação dos órgãos e dos poderes dos Estados
aos motivos, princípios e interpretações acolhidos pelo Supremo Tribunal Federal
em suas decisões, procura dar maior segurança jurídica, e eliminar eventuais
divergências hermenêuticas sobre a Constituição, assim vinculando os demais órgãos
e flexibilizando a interpretação, além de adaptar a realidade de cada momento,
corrigindo eventuais equívocos ou injustiças. O efeito vinculante procura trazer a
unificação da prática e da interpretação constitucional, pois a realização de atos
baseados na exegese constitucional diverge da firmada pelo intérprete máximo,
apenas contribui para instabilidade e insegurança do Estado de Direito. Desta
maneira teremos a mesma interpretação das normas constitucionais em toda
federação, na medida do possível será aplicada de forma idêntica.Este instituto
procura apor obstáculos à arbitrariedade e à discriminação na interpretação da
Constituição, nos casos que apresentarem circunstâncias parecidas não se admitirá
solução distinta do que da orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal.
Destarte, promove o Estado o princípio da igualdade, na medida em que casos iguais
merecerão, por parte dos demais poderes e órgãos do Estado, o mesmo tratamento
constitucional.

A diferença entre coisa julgada, eficácia erga omnes e eficácia vinculante está em
suas essências. Quando se fala em eficácia erga omnes, pretende-se tratar, em
verdade, dos efeitos diretos da decisão. Entende-se, há muito tempo, que a decisão
de inconstitucionalidade produz efeitos contra todos. Entretanto, a atribuição de
eficácia erga omnes às decisões definitivas de inconstitucionalidade teve como
premissa a coisa julgada que lhes qualifica. Muito embora a eficácia direta da decisão
não se confunda com a coisa julgada, a primeira necessita da segunda para permitir
a indiscutibilidade e a estabilidade da decisão transitada em julgado.

A coisa julgada erga omnes não se confunde com a eficácia vinculante. Ao decidir
de forma contrária ao Supremo Tribunal Federal, o tribunal estadual ou regional
federal não viola a coisa julgada erga omnes, mas desconsidera a eficácia vinculante.
Ao se admitir uma nova circunstância, ainda que não se volte a tratar da mesma
questão já resolvida pelo Supremo Tribunal Federal, afirma-se que o precedente não
mais presta a definir a interpretação da questão constitucional. Outro órgão do Poder
Judiciário, que não o Supremo Tribunal Federal, estaria a dizer que houve alteração
da realidade social etc., capaz de permitir a revogação do precedente firmado em
ação direta de constitucionalidade. Porém, o fato de a eficácia vinculante incidir “em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário” significa exatamente que apenas o
Supremo Tribunal Federal pode revogar os seus precedentes.

O verdadeiro motivo para se pensar em eficácia vinculante está na preocupação com


a estabilidade dos fundamentos determinantes da decisão.Assim, é equivocado
imaginar que os efeitos vinculantes acobertam apenas a parte dispositiva da decisão.

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O objetivo da eficácia vinculante não é tornar indiscutível ou imutável o dispositivo


da decisão, nem tornar indiscutíveis ou imutáveis os fundamentos da decisão em
relação às partes, sejam formais ou materiais. A eficácia vinculante almeja isolar os
fundamentos determinantes da decisão, impedindo que os órgãos públicos que
aplicam o direito possam negá-los. Assim, além de não se limitar ao dispositivo, a
eficácia vinculante não se volta a dar segurança às partes, e, portanto, está muito
distante da coisa julgada.

Quando decisão do Supremo Tribunal Federal produz coisa julgada erga omnes e
possui eficácia vinculante, os tribunais de justiça, por exemplo, estão duplamente
submetidos à mesma decisão, porém por razões diversas e autônomas. Devem
respeito à coisa julgada erga omnes e à ratio decidendi. Na hipótese de relações
continuativas, embora em tese possam considerar novas circunstâncias para fazer
cessar a eficácia temporal da coisa julgada, não podem tomar em conta aquelas que
são capazes de permitir a revogação do precedente constitucional, negando a
sua ratio decidendi. Nesse caso, o que os impede de fazer cessar a coisa julgada não
é a coisa julgada erga omnes, mas a eficácia vinculante. Não é demais lembrar que
decisões que sequer são aptas a produzir coisa julgada material são capazes de conter
eficácia vinculante. Basta atentar às decisões que concedem “medida liminar” em
ações direta de constitucionalidade e de inconstitucionalidade. Estas decisões, por
não terem carga declaratória suficiente, não produzem coisa julgada material.
Entretanto, tais decisões podem ter eficácia vinculante, ainda que não produzam
coisa julgada.

[TJCE]. Cabe impetração de mandado de injunção no TJRN? Cabe recurso de


mandado de injunção?
No plano estadual, o Mandado de Injunção pode ser instituído pelas Constituições
dos Estados, observando-se o princípio da simetria entre os entes federativos.
Partindo da orientação da CRFB, a competência para julgamento do Mandado de
Injunção utilizado para supressão de lacuna normativa estadual é dos Tribunais de
Justiça estaduais. Das decisões em sede de mandado de injunção cabe recurso
extraordinário ao STF.

Art. 71 da Constituição do RN: O Tribunal de Justiça tem sede na Capital e jurisdição


em todo o território estadual, competindo-lhe, precipuamente, a guarda desta
Constituição, com observância da Constituição Federal, e:

I – processar e julgar, originariamente: (…)

g) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora competir à


Assembleia Legislativa, sua Mesa ou Comissão ao Governador do Estado, ao próprio
Tribunal, ao Tribunal de Contas ou a órgão, entidade ou autoridade estadual, da
administração direta ou indireta;

Não há previsão constitucional de recurso ordinário para os tribunais superiores em


caso de mandado de injunção.

[TJCE]. O que é efeito vinculante e o que é eficácia erga omnes?


O efeito vinculante se refere à eficácia vertical do julgado que declara uma lei federal
como constitucional, ou seja, à força produzida pela decisão do STF. Neste caso, a
decisão gera força obrigatória, não podendo o magistrado ou o executivo se recusar
a aplicar a lei declarada constitucional.

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Obs: o efeito vinculante não vincula o legislativo, que poderá revogar a norma
declarada constitucional, nem o próprio STF, que pode proferir decisões contrárias
ao reconhecimento da constitucionalidade. Este raciocínio visa a evitar a fossilização
do direito, pois, caso contrário, concederíamos petricidade a normas
infraconstitucionais.

A eficácia erga omnes significa perante todos. Típica das decisões em controle de
constitucionalidade concentradas.

Diferenças:

1ª – aspecto subjetivo: o efeito erga omnes atinge a todos (poderes públicos e


particulares); já o efeito vinculante atinge apenas determinados órgãos do Poder
Público. O chefe do Poder Executivo só não fica vinculado às decisão do STF em
suas atribuições relacionadas ao processo legislativo. O Legislativo não fica
vinculado apenas na sua função típica de legislar, nas demais ele fica. Ou seja, o STF
pode declarar uma lei inconstitucional e posteriormente o Legislativo fazer outra lei
de objeto semelhante. E o STF pode declarar a nova lei inconstitucional de novo. Não
se pode impedir o legislador de legislar. O ministro em si fica vinculado à decisão, o
plenário que pode mudar de posição. O Poder Executivo inteiro fica vinculado.
Somente os chefes do PE, em sua função legislativa, que não fica vinculado. Isso é
pra evitar a “Fossilização da Constituição”, evitar que ele fique petrificada. Por isso
o STF e o legislador não ficam vinculados, eles podem mudar de entendimento. Ex.:
Súmula 13 – se forem cargos administrativo, esta ressalva não se aplica. Inclusive o
Poder Legislativo fica vinculado pela sumula. Se aplica também aos ministros do
STF. O STF pode revogar a sumula a qualquer momento, porém, enquanto vigente,
eles terão que aplicar a si mesmos. Enquanto a sumula estiver vigente ela tem que
ser observada, inclusive pelos ministros do STF.

Súmula Vinculante nº 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,


colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de
função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

O entendimento predominante é de que o efeito vinculante atinge os mesmos órgãos


dos poderes públicos atingidos pela ADI e ADC

2ª – aspecto objetivo: A declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade


é formada sempre por 3 partes: relatório, fundamentos e dispositivo.

Teoria Extensiva: Existe uma corrente doutrinária, chamada de Teoria Exensiva,


defendida por Gilmar Mendes, que diz que o efeito vinculante atinge não só o
dispositivo da decisão, mas também os motivos determinantes contidos na
fundamentação. Os motivos determinantes formam a “ratio decidendi” (decisões
determinantes para aquele julgamento). Para quem adota a Teoria Extensiva, diz que
esses motivos também são vinculantes. O que não seria vinculante seriam apenas as
questões “obter dicta” (ditas de passagem, questões acessórias do julgado).

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Esta Teoria foi adotada no STF com o nome de “Transcendências dos Motivos” ou
“efeito transcendente dos motivos determinantes” durante algum tempo. Mas
passou a não mais adotar este entendimento: Rec. 30.14, Rec. 2990-AgR.

[TJCE]. O Poder Legislativo pode alterar a coisa julgada?


NÃO. A coisa julgada é a indiscutibilidade de uma decisão, da norma jurídica
individualizada definida na decisão judicial, no mesmo ou em qualquer outro
processo. Dado o caráter de imutabilidade, entende-se que o Poder Legislativo não
pode alterar a coisa julgada. Nesse sentido, deve-se atentar para o art. 5º, que torna a
coisa julgada como direito fundamental e, portanto, cláusula pétrea. Assim, a lei não
pode vir a prejudicar a coisa julgada.

[TJCE]. Tributo pode ser declarado inconstitucional invocando princípio?


R: Utilizando-se da tese do princípio como norma jurídica (nos termos do texto
abaixo colacionado), pode-se afirmar que é possível utilizá-lo para declarar a
inconstitucionalidade de um tributo.

André Motoharu Yoshino

Ricardo Kanashiro Syuffi Soares

O princípio como norma jurídica e o uso da proporcionalidade para sua aplicação

O homem, por viver em sociedade, necessita de comandos que regulem a conduta de


todos que dela participam, para impor limites às vontades de todos e para com isso
impedir o surgimento de conflitos, bem como para resolvê-los quando forem
inevitáveis. A norma jurídica surge, portanto, diante da necessidade de estabelecer
direitos e deveres que visem o harmônico convívio social.

Segundo o doutrinador Rizzatto Nunes, "norma jurídica é um comando, um


imperativo dirigido às ações dos indivíduos – e das pessoas jurídicas e demais entes.
É uma regra de conduta social; sua finalidade é regular as atividades dos sujeitos em
suas relações sociais. A norma jurídica imputa certa ação ou comportamento a
alguém, que é seu destinatário"1.

Corrobora a definição acima, o doutrinador venezuelano Manuel Simon Egaña:

"Norma en sentido general, tal cual lo hemos expresado previamente, es una regla de
conducta. Así como los hechos propios de la naturaleza aparecen descritos y explicados
por las leyes naturales, la actividad de los hombres aparece regulada por un conjunto de
disposiciones que tienen por objeto encauzar la conducta de los hombres en algún
sentido. Pero esta característica es propia no sólo de las normas que integran el Derecho,
sino asimismo de las normas de tipo moral, y de las normas que constituyen los
convencionalismos sociales. las norma del Derecho, sin embargo, presenta todavía
características que la hacen diferenciarse claramente de los otros tipos de normas, y la
fundamental es la siguiente: el desconocimiento de la conducta impuesta por la norma
jurídica acarrea siempre la possibilidad de la imposición de una sanción por parte del
órgano facultado del Estado. Las normas jurídicas son coercitibles"2.

Aprofundando sobre o tema, Tércio Sampaio Ferraz Jr. diferencia a definição de


norma jurídica dos pontos de vista zetético e dogmático, e, complementa, ainda,
afirmando que norma jurídica não é somente um comando, como mencionado acima,

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pode ser, também, uma proposição qualificativa da conduta ou uma regra


organizacional:

"A diferença é importante: a expressão norma jurídica, para a zetética, é tomada


como algo que seja comum a uma classe de normas postas dentro de vários âmbitos:
o direito brasileiro, o direito português, o direito francês, etc.; para a dogmática, o
problema está em identificar norma jurídica dentro de um âmbito, que o jurista recebe
como um dado. Para a dogmática, portanto, não é preciso defini-la, basta que se possa
assiná-la. Tem-se de examinar seu caráter prescritivo, para mostrar se são apenas
comandos, se são também proposições qualificativas da conduta, se são ainda regas
organizacionais"3.

Dadas as considerações iniciais, é importante observar, ainda, que a norma jurídica


se divide em "regras" e "princípios", sendo estas consideradas normas fundamentais.

O doutrinador Willis Santiago Guerra Filho leciona afirmando que "as regras trazem
a descrição de estados-de-coisa formado por um fato ou um certo número deles,
enquanto nos princípios há uma referência direta a valores". Portanto, referido
doutrinador conclui esclarecendo que "as regras se fundamentam nos princípios, os
quais não fundamentariam diretamente nenhuma ação, dependendo para isso da
intermediação de uma regra concretizadora"4.

Diante deste cenário, observamos, portanto, o maior grau de generalidade e abstração


dos princípios em relação às regras, uma vez que aqueles são, na definição do
doutrinador alemão Robert Alexy, "determinações de otimização"
(optimierungsgebote), pois suas características são cumpridas na medida das
possibilidades fáticas e jurídicas, enquanto o respeito ou violação das regras são,
diante de um determinado acontecimento, facilmente perceptíveis5.

Em que pese a regra ter um cunho de generalidade, pois, de fato é impossível


estabelecer normas para cada fato concreto, ela tem um caráter especial, na medita
em que é criada para ser aplicada a uma situação jurídica determinada, enquanto o
princípio é muito mais amplo, uma vez que visa atender infinitas situações.

No mesmo diapasão, Rizzatto Nunes destaca que os princípios ocupam o topo de


qualquer sistema jurídico. Ressalta, ainda, que a forma genérica e abstrata que reveste
os princípios não significa sua inincidência no plano da realidade, pois, pelo fato das
regras incidirem no real, de modo que devem respeitar os princípios, gera, por
consequência, a aplicação destes também no real6. Podemos afirmar, portanto, que
as regras são aplicadas de modo direto e imediato, enquanto o princípio necessita de
mediações concretizadoras.

O mesmo doutrinador afirma que "os princípios são, dentre as formulações deônticas
de todo nosso sistema ético-jurídico, os mais importantes a serem considerados"; são
eles, portanto, os norteadores de todas as demais normas existentes7.

Dando o mesmo grau de importância aos princípios, Carlos Ari Sundfeld assim os
define:

"Os princípios são as ideias centrais de um sistema, ao qual dão sentido lógico,
harmonioso, racional, permitindo a compreensão de seu modo de organizar-se. Tomando
como exemplo de sistema certa guarnição militar, composta de soldados, suboficiais e

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oficiais, com facilidade descobrimos a ideia geral que explica seu funcionamento: os
subordinados devem cumprir as determinações dos superiores. Sem captar essa ideia, é
totalmente impossível entender o que se passa dentro da guarnição, a maneira como
funciona (...) A enunciação dos princípios de um sistema tem, portanto, uma primeira
utilidade evidente: ajuda no ato do conhecimento"8.

Os princípios, portanto, determinam a regra que deverá ser aplicada pelo intérprete.

Há de se observar, ainda, que o próprio legislador reconhece que o sistema de leis


não é capaz de atender todos nossos anseios, e, por isso, destaca a fundamental
importância dos princípios, sendo que, inclusive, no artigo 4º da Lei de Introdução
ao Código Civil há a previsão de aplicação da analogia, dos costumes e dos princípios
gerais do direito, pelo juiz, quando a lei for omissa.

Miguel Reale, no entanto, chama a atenção para o fato de que os princípios não têm
a mera função de preencher lacunas da lei. "Na realidade, a função integradora dos
princípios é bem mais ampla, tendo razão Simonius quando afirma que o Direito
vigente está impregnado de princípios até as suas últimas ramificações"9.

Referido doutrinador conclui, por fim, que os "princípios gerais do direito são
enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a
compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação e integração, quer
para a elaboração de novas normas"10.

É perfeitamente possível vislumbrar, portanto, a distinção existente entre as espécies


princípio e regra oriundas do gênero norma.

No entender do já citado doutrinador Willis Guerra, as normas constitucionais


assumem o caráter, em geral, de princípios, enquanto as demais normas costumam
adotar a estrutura de regras. Afirma, ainda, que "se para essas últimas (as regras) os
cânones tradicionais da hermenêutica jurídica bastam para aplicá-las de forma
adequada, para aquelas (os princípios) os mesmos canônes são necessários mas não
suficientes. Isso pelo simples motivo de que a elas próprias faltam normas superiores,
como elas são para as demais normas, para ajudar na determinação de seu alcance e
significado"11.

O mesmo doutrinador estabelece, em princípio, duas diferenças existentes entre


regras e princípios:

a) Estrutura lógica e deontológica – as regras se vinvulam a fatos hipotéticos,


porém, específicos, já os princípios não visam sua aplicação a fato particular, como
dito anteriormente, são revestidos de generalidade e asbtração;

b) Técnica de aplicação – diante da colidência de princípios, deve-se aplicar o


chamado "sopesamento", em que há de ser aplicado o princípio mais adequado,
enquanto as regras, uma vez aceita a subsunção a elas de certos fatos, aplicar-se-á
suas consequências, a não ser que conflitem com outra, então, deverá ser verificado
qual é superior, sendo que, por conseguinte, a de grau inferior será derrogada,
diferentemente do que ocorre com os princípios, pois, estes, em que pesem a
existência de conflitos, permanecem em nosso sistema jurídico.

Na mesma linha de raciocínio ensina Canotilho:

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"Os princípios interessar-nos-ão aqui, sobretudo na sua qualidade de verdadeiras


normas, qualitativamente distintas das outras categorias de normas, ou seja, das regras
jurídicas. As diferenças qualitativas traduzir-se-ão, fundamentalmente, nos seguintes
aspectos. Em primeiro lugar, os princípios são normas jurídicas impositivas de uma
optimização, compatíveis com vários graus de concretização, consoante o
condicionalismos fácticos e jurídicos; as regras são normas que prescrevem
imperativamente uma exigência (impõem, permitem ou proíbem) que é ou não cumprida
(nos termos de DWORKIN: applicable in all-or-nothing fashion); a convivência dos
princípios é conflitual (Zagrebelsky), a convivência de regras é antinômica; os princípios
coexistem, as regras antinômicas excluem-se. Consequentemente, os princípios, ao
constituírem exigências de optimização, permitem o balanceamento de valores e
interesses (não obedecem, como as regras, à lógica de tudo ou nada), consoante o seu
peso e a ponderação de outros princípios eventualmente conflitantes; as regras não
deixam espaço para qualquer outra solução, pois se uma regra vale (tem validade) deve
cumprir-se na exacta medida de suas prescrições, nem mais nem menos. Em caso de
conflito entre princípios, estes podem ser objecto de ponderação, de harmonização, pois
eles contêm apenas exigências ou standards que, em primeira linha devem ser realizados;
as regras contêm fixações normativas definitivas, sendo insustentável a validade
simultânea de regras contraditórias. Realça-se também que os princípios suscitam
problemas de validade e peso (importância, ponderação, valia); as regras colocam
apenas questões de validade (se elas não são correctas devem ser alteradas)"12.

Willis Guerra completa, ainda, lecionando que "quando se trata de interpretar e


aplicar princípios, porém, ocorre uma inversão, pois esses já são o resultado de um
consenso em torno da adoção de certos valores, cujo conflito só poderá vir a
ser democraticamenteresolvido com a garantia do dissenso, do debate sobre eles, na
instância competente do Poder Público"13.

Assim, concluímos que os princípios são normas jurídicas revestidas de um grau


maior de importância que as normas positivadas, e, têm por função estabelecer
critérios de interpretação e integração, servindo, ainda, como conceitos básicos de
estruturação do sistema constitucional.

Desta forma, apresentadas as bases definitivas dos princípios, diferenciando-os de


normas e regras, podemos entrar em um campo mais específico, qual seja, a sua
aplicação em casos concretos. Isso porque sabemos que teoricamente todas estas
definições não deixam um rastro de dúvidas sobre suas aplicações. Todavia, na
prática, para aplicar tal princípio em determinado fato, faz-se necessária a
colaboração do interprete do direito: o juiz.

Conforme mencionado anteriormente, sabemos que, felizmente ou infelizmente, as


regras jurídicas não podem prever todas as hipóteses que ocorrem concretamente. Os
casos que os homens vivenciam nas relações são muito maiores e específicas do que
as regras podem prever.

Neste momento, importante o papel desempenhado pelos princípios, tendo em vista


que através deles, as soluções serão tomadas e com base em justificativa encontrada
dentro do próprio ordenamento normativo. Encontra-se assim a denominada
segurança jurídica.

Entretanto, visível a importância do denominado Princípio da Proporcionalidade, que


pode ser chamado também de Princípio da Razoabilidade, que pode e deve ser

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utilizado como fundamento para as decisões judiciais. Obviamente, desde que


respeitados alguns fatores quando de sua aplicação.

Importante analisar o significado da palavra "proporcionalidade", que no


Vocabulário Jurídico, de De Plácido e Silva, é descrito da seguinte forma:

"PROPORCIONALIDADE. Refere-se à adequada que deve existir entre a ação e o


resultado ou entre os valores protegidos pelas normas jurídicas. É critério de
interpretação axiológica, quando se põem em confronto valores diversos, devendo o
interprete optar pelo valor que se mostra com maior densidade ou importância.
Denomina-se princípio da proporcionalidade a decorrência do princípio da supremacia
da Constituição que tem por objeto a aferição da relação entre o fim e o meio, com
sentido teleológico ou finalistico, reputando arbitrário o ato que não observar que os
meios destinados a realizar um fim não são por si mesmos apropriados ou quando a
desproporção entre o fim e o fundamento é particularmente manifesta"14.

Vejamos, por exemplo, o citado fundamento, na realidade se trata de outro princípio,


o da fundamentação, também conhecido como princípio da motivação nas decisões.
Por ele, sabemos que não cabe ao magistrado apenas julgar a lide/conflito, mas
também mencionar os motivos que o levaram a tomar esta conclusão e admitir o
pedido procedente ou improcedente.

Através deste princípio da necessidade de fundamentação nas decisões, o magistrado


demonstra - não somente para as partes, mas para todo o sistema jurídico pátrio – os
motivos que o levaram a tomar determinada convicção.

Neste ponto, determina Nelson Nery Júnior:

"A motivação da sentença pode ser analisada por diversos aspectos, que vão desde a
necessidade de comunicação judicial, exercício de lógica e atividade intelectual do juiz,
até sua submissão, como ato processual, ao estado de direito e às garantias
constitucionais estampadas na CF 5º, trazendo consequentemente a exigência da
imparcialidade do juiz, a publicidade das decisões judiciais, a legalidade da mesma
decisão, passando pelo princípio constitucional da independência jurídica do
magistrado, que pode decidir de acordo com sua livre convicção, desde que motive as
razões de seu convencimento (princípio do livre convencimento motivado)"15.

Quando muito mais que a regra o Juiz aplica princípios faz-se importante motivar
mais ainda sua decisão, criando a garantia de segurança jurídica, que determinado
ato judicial foi realizado observando o disposto no ordenamento jurídico brasileiro.

Os doutrinadores Vidal Serrano Nunes Junior e Luiz Alberto David de Araújo, em


obra conjunta de Direito Constitucional, ensinam que o magistrado deve se apoiar na
proporcionalidade para buscar um meio razoável de aplicar a norma no caso concreto.
Vejamos:

"O princípio da proporcionalidade é aquele que orienta o interprete na busca da justa


medida de cada instituto jurídico. Objetiva a ponderação entre os meios utilizados e os
fins perseguidos, indicando que a interpretação deve pautar o menor sacrifício ao
cidadão ao escolher dentre os vários possíveis significados da norma"16.

Estendendo um pouco mais o plano em discussão, podemos observar que este


princípio da proporcionalidade também será muito utilizado quando da ocorrência de

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hipóteses de conflitos de normas ou até mesmo em casos de choques entre princípios


constitucionais. Nestes casos, o intérprete do direito deverá analisar razoavelmente e
com proporcionalidade aplicar a norma que mais se demonstra adequada ao caso
concreto.

Nesta linha de entendimento, os doutrinadores acima citados também concordam,


demonstrando isto no parágrafo a seguir:

"O princípio da proporcionalidade importa a aplicação razoável da norma,


adequando-se, como dito, os meios aos fins perseguidos. Por isso, afigura-se que o
princípio em pauta confunde-se com o da razoabilidade, podendo as expressões ser
utilizadas em sinonímia"17.

O princípio da proporcionalidade/razoabilidade não deve ser imaginado como norma


subsidiária, ou seja, apenas quando não houver uma regra clara e explicita é que se
deve utilizar. Este pensamento está errado. Isso porque a letra de lei pode confundir
e muitas vezes causar a injustiça. A interpretação e o uso da razão do aplicador do
direito faz com que seja analisada a real intenção do legislador ao colocar em palavras
a regra criada. Ou até mesmo quando inexistir regra jurídica para determinado caso,
deve o intérprete da lei observar o caso e aplicar uma decisão a seu gosto, atento à
todas as fontes do direito, sempre no ideal de justiça.

Sabemos que as pessoas possuem visões diferentes sobre temas mais variados. Isso
já era explicado por René Descartes, em sua primeira parte no "Discurso do Método".
Veja-se:

"O bom senso é a coisa mais bem distribuída do mundo: pois cada um pensa estar tão
bem provido dele, que mesmo aqueles mais difíceis de se satisfazerem com qualquer outra
coisa não costumam desejar mais o bom senso do que tem. Assim, não é verossímil que
todos se enganem; mas, pelo contrário, isso demonstra que o poder de bem julgar e de
distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina bom senso ou
razão, é por natureza igual em todos os homens; e portanto que a diversidade de nossas
opiniões não decorre de uns serem mais razoáveis que os outros, mas somente de que
conduzimos nossos pensamentos por diversas vias, e não consideramos as mesmas
coisas. Pois não basta ter o espírito bom, mas o principal é aplicá-lo bem. As maiores
almas são capazes dos maiores vícios, assim como das maiores virtudes"18.

Com a leitura deste trecho de Descartes, retornamos aos nossos primeiros parágrafos,
no qual discutíamos a necessidade de normas para reger e possibilitar a vida em
sociedade. As opiniões são diversas, mas não significam que são erradas, significam
apenas que para aquele meio social, para aquela cultura, aquela economia e religião
adotada, determinam os preceitos aceitos para o convívio.

Desta forma, a legislação brasileira difere em diversos pontos das demais existentes
nos outros países. Não que a nossa esteja correta e a deles errada, ou vice-versa, mas
que cada um possui o seu meio de fazer justiça de acordo com o contexto social
existente.

Esta é a consciência que o magistrado deve ter. Não basta conhecer as regras, deve
saber aplicar o direito, fazer a Justiça. Para isso, há necessidade de observar sempre
a proporcionalidade/razoabilidade.

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Por fim, óbvio que não há possibilidade de criar regras para todos os casos que
possam ocorrer nas relações entre os homens. Por isso, muitas vezes, as decisões
devem observar o que é melhor para a sociedade. Esta está sempre em transformação,
portanto, os pensamentos dos criadores, intérpretes e aplicadores do direito devem
sempre se atentar para estas mudanças. Caso contrário, o direito estará paralisado e
a sociedade em evolução, o que poderia causar uma sociedade sem regras, apenas
com princípios.

[TJCE]. A Constituição estadual pode ser emendada para prever Controle de


Constitucionalidade?
- Sim, trata-se de competência outorga pela CF/88. Nos termos da Constituição de
1988, cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis
ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada
a atribuição da legitimação para agir a um único órgão (CF, art. 125, § 2.°). A
Constituição não utilizou o termo ação direta de inconstitucionalidade como em
outros dispositivos (CF, art. 102, I, a; art. 103), optando por representação de
inconstitucionalidade, nomenclatura adotada na Constituição de 1967/69. A
distinção, no entanto, é meramente terminológica.

[TJCE]. Cabe controle de Constitucionalidade de PEC?


- Sim, a PEC pode ser objeto. Nos termos da Constituição, o objeto da ADI ou da
ADC deve ser uma lei ou ato normativo (CF, art. 102, I, a), os quais são admitidos
apenas quando se questiona, em tese, uma violação direta da Constituição.26. Em
geral, podem ser objeto dessas ações: I) emendas à Constituição; II) leis ordinárias e
complementares; III) medidas provisórias; IV) decretos legislativos editados para
aprovar tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional e autorizar o Presidente da República
a ratificá-los em nome do Brasil (CF, art. 49, I), bem como para sustar os atos
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
da delegação legislativa (CF, art. 49, V); V) resoluções da Câmara dos Deputados,
do Senado Federal e do Congresso Nacional; VI) resoluções de tribunais, do
Conselho Nacional de Justiça ou do Conselho Nacional do Ministério Público, desde
que dotadas de caráter normativo e ligadas diretamente à Constituição.

[TJCE]. Cabe recurso contra decisão do TJ no controle Constitucionalidade? A


decisão do Recurso Extraordinário seria comunicada ao Senado?
- Recurso contra a decisão do TJ: Em regra, contra a decisão do TJ que julga a
representação de inconstitucionalidade não cabe recurso, salvo eventuais embargos
de declaração. Exceção: da decisão do TJ caberá recurso extraordinário ao STF se a
norma da Constituição Estadual que foi apontada como violada (parâmetro) for uma
norma de reprodução obrigatória (aquela que é prevista na CF/88 e que também deve
ser repetida na CE).

Ex: na ADI estadual, argumenta-se que a lei estadual viola o art. XX da Constituição
Estadual, que trata sobre a iniciativa privativa do Chefe do Executivo para leis (esse
art. XX da CE reproduz uma regra do art. 61 da CF/88); o TJ julga a ADI
improcedente; o autor da ADI poderá interpor recurso extraordinário no STF
alegando que a decisão do TJ, ao manter a lei válida, acabou por violar não apenas o
art. XX da CE, mas também o art. 61 da CF/88. Logo, o STF, como guardião da
CF/88, deverá analisar se essa lei (estadual ou municipal) violou realmente a

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Constituição Federal. Vale ressaltar que essa decisão do STF, mesmo tendo sido
proferida em RE, terá eficácia erga omnes.

Importante deixar claro que se a norma parâmetro da ADI estadual (norma da CE


tida como violada) for de reprodução obrigatória, caberá RE contra a decisão do TJ
ainda que a lei atacada (objeto da ADI estadual) seja uma lei municipal.

- A decisão tomada em recurso extraordinário interposto em ação direta de


inconstitucionalidade estadual, por se tratar de controle concentrado, tem os efeitos
que teria a decisão recorrida, e, portanto, eficácia erga omnes, que não se limitará
apenas ao Estado, mas se estenderá a todo o país, porquanto emanada de julgado do
Supremo. Não há, portanto, necessidade de comunicação ao Senado Federal dessa
decisão, ainda que esteja em causa norma constitucional estadual que reproduz norma
da Constituição da República (STF RE 187.142).

[TJCE]. Controle de Constitucionalidade de leis municipais e qual o parâmetro da


constitucionalidade? Lei Orgânica Municipal pode ser parâmetro de
constitucionalidade?
Ação Direta de Constitucionalidade no âmbito Estadual, para se declarar a
constitucionalidade de atos normativos municipais, tem como parâmetro a
Constituição Estadual.

O controle de constitucionalidade em abstrato de normas municipais tendo como


parâmetro de constitucionalidade a Lei Orgânica de um determinado município é
impossível, já que não existe previsão constitucional.

Tendo como parâmetro de constitucionalidade a Lei Orgânica Municipal não existe


possibilidade de controle de concentrado de constitucionalidade, até porque não
existe um órgão para exercer este controle.

Existe corrente minoritária que reza que a lei orgânica municipal pode ser parâmetro.

O controle difuso dos atos normativos municipais poderá ser exercido de forma
ampla, tendo como objeto de controle uma lei ou um ato normativo municipal e
parâmetro ou paradigma de constitucionalidade tanto a Constituição Federal, quanto
a Constituição Estadual do respectivo Estado-membro onde está situado o Município
e até mesmo a própria Lei Orgânica do Município, que será exercida por qualquer
juiz ou tribunal.

É importante ressaltar que relativamente à Arguição de Descumprimento de Preceito


Fundamental, qualquer ato municipal, seja ele normativo ou não, que viole um
preceito fundamental da Constituição Federal, poderá ser controlado abstratamente,
levando se em consideração o parâmetro de constitucionalidade da Constituição
Federal, nos termos do art. 102, § 1º da CF/88.

[TJCE]. Em controle difuso de controle de constitucionalidade, ao reconhecer


comunica ao STF?
Julgada o recurso pelo Supremo Tribunal Federal, este comunica formalmente o
Senado Federal que no caso concreto deu pela inconstitucionalidade da norma,
conforme prescreve o art. 52, inciso X, da CF.

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Dessa forma, a lei declarada incidenter tantum inconstitucional pelo STF, continua
válida e eficaz para as demais pessoas até que o Senado suspenda sua executoriedade,
esta manifestação “... não revoga nem anula a lei, mas simplesmente lhe retira a
eficácia, só tem efeitos, daí por diante, ex nunc. Pois, até então, a lei existiu. Se
existiu, foi aplicada, revelou eficácia, produziu validamente seus efeitos” (SILVA,
1999, p. 54).

[TJCE]. O Senado é obrigado a suspender lei considerada inconstitucional por meio


de Recurso Extraordinário?
Art. 52, CRFB/88. Compete privativamente ao Senado Federal: X - suspender a
execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva
do Supremo Tribunal Federal;

A doutrina majoritária entende haver faculdade do Senado Federal quanto à


suspensão de lei declarada inconstitucional em sede de controle difuso, cabendo-lhe
decidir se atribuirá eficácia geral àquela decisão ou não.

[TJCE]. RE declarou inconstitucional uma lei estadual ou municipal. A quem o STF


deve comunicar? À Assembleia Legislativa? À Câmara dos Deputados? Ou ao
Senado Federal?
No controle difuso de constitucionalidade, a competência suspensiva do Senado, nos
termos do art. 52, inciso X, da Constituição, projeta-se sobre qualquer lei ou ato
normativo federal, estadual, distrital ou mesmo municipal, declarado inconstitucional
pelo STF, de forma incidental (Pedro Lenza).

[TJCE]. Na ADC julgada pelo TJ/PE comporta recurso?


Na Constituição do Estado de Pernambuco não há a previsão de Ação Declaratória
de Constitucionalidade. O art. 61 prevê tão somente a ação direta de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal, em face desta
Constituição, ou de lei ou ato normativo municipal em face da Lei Orgânica
respectiva.

Art. 63. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade:

I - o Governador do Estado;

II - a Mesa da Assembléia Legislativa;

III - o Procurador-Geral da Justiça;

IV - os Prefeitos e as Mesas das Câmaras de Vereadores, ou entidade de classe de âmbito


municipal, quando se tratar de lei ou ato normativo do respectivo Município;

V - os Conselhos Regionais das profissões reconhecidas, sediadas em Pernambuco;

VI - partido político com representação nas Câmaras Municipais, na Assembléia


Legislativa ou no Congresso Nacional;

VII - federação sindical, sindicato ou entidade de classe de âmbito estadual;

§ 1º O Procurador-Geral da Justiça deverá ser ouvido na ação de inconstitucionalidade,


para a qual será citado o Procurador-Geral do Estado ou o Município interessado, na

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pessoa do seu representante legal, conforme se trate de lei ou ato normativo estadual ou
municipal.

§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma


da Constituição Estadual, ou de Lei Orgânica, será dada ciência ao Poder competente
para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo,
para fazê-lo em trinta dias.

§ 3º Declarada a inconstitucionalidade, a decisão será comunicada à Assembléia


Legislativa para promover a suspensão da eficácia da lei, em parte ou no seu todo,
quando se tratar de afronta à Constituição Estadual, ou à Câmara Municipal quando a
afronta for à Lei Orgânica respectiva.

Se a questão abordada na CE for idêntica a questão da CR, caberá recurso


extraordinário do controle de inconstitucionalidade do estado pelo fato do estado ter
desrespeitado a própria CR/88. Aqui teremos o recurso extraordinário interposto em
face de uma decisão abstrata.

Não há dúvida, pois, de que será cabível o recurso extraordinário contra a decisão do
Tribunal de Justiça que, sob pretexto de aplicar o direito constitucional estadual,
deixar de aplicar devidamente a norma de reprodução obrigatória por parte do
Estado-membro.

OBS: interessante texto sobre o tema em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_03/contr_const_dir_mun_est.htm

[TJCE]. Uma vez julgado um RE que reconheça inconstitucionalidade requer


comunicação ao Estado? Nesse caso, o RE terá efeito erga omnes estadual ou
federal?
De acordo com o entendimento do STF, “O fato de a matéria ter chegado ao Supremo
na via do extraordinário não descaracteriza o processo em si. O processo continua
sendo objetivo, o controle continua sendo concentrado e a nossa decisão, a teor do
disposto no artigo 512 do Código de Processo Civil, substitui aquela prolatada pelo
Tribunal de Justiça com a extensão já anunciada por V. Exa., ou seja, nacional.”
(Brasil, Supremo Tribunal Federal, RE 187.142/RJ, Pleno, voto Min. Marco Aurélio
sobre a Questão de Ordem, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 02-10-98).

Leia mais: http://jus.com.br/artigos/35517/controle-de-constitucionalidade-estadual-


uma-analise-a-partir-do-caso-de-sao-paulo[TJCE].ixzz3nnn60Hmo

Obs: Não consegui encontrar toda a resposta da pergunta. Vou continuar pesquisando
e envio depois.

4. Estado Federal.
[TJCE]. O que é interesse local? Como competência dos municípios? Que assuntos
o STF reconheceu como sendo local? O que STF reconheceu como não sendo de
interesse local?
Trata-se de um principio constitucional que assegura aos municípios competência
para legislar sobre matérias que são de seu exclusivo interesse. É o caso do serviço
publico de fornecimento de água (STF), fixação do horário comercial (SV nº 38),
segurança em estabelecimentos financeiros (ARE 784.981-AgR, STF).

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[TJCE]. A que esfera cabe a competência residual?


À União. Competência residual, também chamada de remanescente, é dada a União
para instituir outros impostos além dos expressamente previstos na Constituição.
Assim, além dos impostos de sua competência privativa e dos de competência
extraordinária, a União pode instituir outros, desde que não se confundam com os
impostos privativos, vale dizer que não tenham fato gerador idêntico aos dos demais
impostos previstos.

[TJCE]. Há normas gerais no art. 24 da CF?


A constituição federal dispõe sobre as normas gerais, art. 24:

§ 1º. No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


estabelecer normas gerais.

§ 2º. A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.

§ 3º. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º. A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei
estadual, no que lhe for contrário.”

[TJCE]. O que explica que norma do artigo 22 proteja normais gerais e não estejam
no art. 24?
É de se dizer que o centro normativo das competências concorrentes é o art. 24, da
CF/88, que prevê em seu bojo diversas matérias cuja legislação compete à União, aos
Estados e ao Distrito Federal. Importante que se atente, aqui, para o fato de que o
exercício dessas competências está sujeito ao regime jurídico previsto nos parágrafos
do referido artigo, cuja redação é importante de ser citada:

“§ 1º. No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


estabelecer normas gerais.

§ 2º. A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.

§ 3º. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º. A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei
estadual, no que lhe for contrário.

Como se percebe, portanto, o cerne da distinção da competência entre os entes


federados repousa na competência da União para o estabelecimento de normas gerais.

Ocorre que há outras hipóteses de competências concorrentes no corpo da CF/88, que


não se encontram no dispositivo central da matéria. É o caso, por exemplo:

a) do art. 22, XXI, que atribui à União competência privativa para legislar sobre
“normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e
mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares” (norma

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complementada por aquela do art. 144, § 6º, que subordina as polícias militares e corpos
de bombeiros às autoridades dos Estados e do Distrito Federal);

b) do art. 22, XXVII, que atribui à União competência privativa para legislar sobre
“normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios”;

c) do art 146, III, que determina caber à lei complementar “estabelecer normas gerais
em matéria de legislação tributária”; e

d) do art. 236, § 2º, que atribui à lei federal o estabelecimento de “normas gerais para
fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de
registro”.

Todas essas normas da CF/88 que estabelecem a necessidade de normas gerais


federais para regulação de certo tema possuem em comum o fato de limitarem a
competência legislativa da União, permitindo apenas a veiculação das tais normas
gerais, bem como de não restringirem a atuação conjunta dos demais entes
federativos na regulamentação dos temas, dentro de seus respectivos âmbitos de
interesse.

É o quanto afirma, por exemplo, José Afonso da Silva:

“Não é, porém, porque não consta na competência comum que os Estados e Distrito
Federal (este não sobre polícia militar, que não é dele) não podem legislar sobre esses
assuntos. Podem e é de sua competência fazê-lo, pois que nos termos do § 2º do art. 24,
a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui (na verdade até
pressupõe) a competência suplementar dos Estados (e também do Distrito Federal), e
isso abrange não apenas as normas gerais referidas no § 1º desse mesmo artigo no
tocante à matéria neste relacionada, mas também as normas gerais indicadas em outros
dispositivos constitucionais (...).”

[TJCE]. Uma emenda constitucional poderia transpor competência privativa da


União para concorrente?
Serão juridicamente válidas as emendas constitucionais que transfiram competências
da União para os membros parciais, sejam elas competências privativas, concorrentes
ou comuns. No caso de competências privativas da União, não há qualquer problema;
uma emenda constitucional pode modificar a competência da União em favor dos
entes parciais. No caso de competência comum, porém, como todos os entes
federados participam do seu exercício, eventual emenda constitucional só poderia
excluir a União, sem modificar a competência (titularidade) dos demais entes, pois,
como visto, não podem ser atingidos na sua autonomia.

[TJCE]. Os municípios participam da competência concorrente?


Sim, embora não conste no art. 24 da Constituição essa competência, verifica-se que
os municípios têm competência suplementar, à luz do art. 30, II, da CR/88. Assim
sendo, eles poderão suplementar a legislação estadual e federal.

[TJCE]. Por que a competência privativa para licitar está no art. 22, e não no art.
24? O que isso resulta na prática?
Tendo em vista que o constituinte optou por concatenar as regras sobre licitações aos
cuidados de um só ente federado (a União), de forma que aos Estados restou

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autorizado legislar tão-somente sobre questões especificas e mediante prévia lei


complementar federal. A diferença prática para a competência concorrente do art. 24
é a de que a União, na competência privativa, não se limita somente a normas gerais,
mas busca uniformizar o tratamento da matéria. Caso a competência fosse
concorrente, então a União editaria normas gerais, podendo os Estados e DF
suplementar.

[TJCE]. A que esfera cabe a competência residual em matéria legislativa tributária?


A União poderá instituir, por meio de lei complementar, outros impostos, desde que
não-cumulativos e não que tenham fato gerador ou base de cálculo própria dos
impostos descriminados na Constituição (art. 154, I da CF).

A União poderá instituir, por meio de lei complementar, outras contribuições sociais,
visando a expandir a seguridade social, observado o art. 154, I da CF (art. 195, §4º
da CF).

[TJCE]. O que é interesse local? Quais assuntos foram reconhecidos pelo STF como
de interesse local? Quais assuntos não foram reconhecidos pelo STF como de
interesse local?
Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

“É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento


comercial.” (Súmula Vinculante 38.)

NOVO: “Competência do município para legislar em matéria de segurança em


estabelecimentos financeiros. Terminais de autoatendimento.” (ARE 784.981-AgR, rel.
min. Rosa Weber, julgamento em 17-3-2015, Primeira Turma, DJE de 7-4-2015.)

“(...) a presente ação direta objetiva ver declarada a inconstitucionalidade do § 5º do


art. 28 da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, que estabelece data-limite
para o pagamento dos vencimentos ‘dos servidores públicos estaduais e municipais, da
administração direta, indireta, autárquica, fundacional, de empresa pública e de
sociedade de economia mista’, corrigindo-se monetariamente os seus valores se pagos
em atraso. Sobre o tema, a jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido
de que a fixação, pelas Constituições dos Estados, de data para o pagamento dos
vencimentos dos servidores estaduais e a previsão de correção monetária em caso de
atraso não afrontam a CF. (...) No entanto, como bem apontado no acórdão que julgou
a medida liminar, a Constituição do Rio Grande do Norte estende a obrigação aos
servidores municipais e aos empregados celetistas de empresas públicas e sociedades de
economia mista. Nesse ponto, a discussão transfere-se para a preservação de dois
importantes valores constitucionais: a autonomia municipal e a competência da União
para legislar em matéria de direito do trabalho. Especificamente quanto à imposição aos
servidores municipais, caracteriza-se disposição de flagrante violação à autonomia
administrativa e financeira municipal, disposta nos arts. 29; 30, I; e 34, VII, c, da CF.”
(ADI 144, voto do rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 19-2-2014, Plenário, DJE de
3-4-2014.)

“Interpretação da Lei municipal paulista 14.223/2006. Competência municipal para


legislar sobre assuntos de interesse local. (...) O acórdão recorrido assentou que a Lei

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municipal 14.223/2006 – denominada Lei Cidade Limpa – trata de assuntos de interesse


local, entre os quais, a ordenação dos elementos que compõem a paisagem urbana, com
vistas a evitar a poluição visual e bem cuidar do meio ambiente e do patrimônio da
cidade.” (AI 799.690-AgR, rel. min. Rosa Weber, julgamento em 10-12-2013, Primeira
Turma, DJE de 3-2-2014.)

"Não vislumbro, no texto da Carta Política, a existência de obstáculo constitucional que


possa inibir o exercício, pelo Município, da típica atribuição institucional que lhe
pertence, fundada em título jurídico específico (CF, art. 30, I), para legislar, por
autoridade própria, sobre a extensão da gratuidade do transporte público coletivo
urbano às pessoas compreendidas na faixa etária entre sessenta e sessenta e cinco anos.
Na realidade, o Município, ao assim legislar, apoia-se em competência material -- que
lhe reservou a própria CR -- cuja prática autoriza essa mesma pessoa política a dispor,
em sede legal, sobre tema que reflete assunto de interesse eminentemente local. Cabe
assinalar, neste ponto, que a autonomia municipal erige-se à condição de princípio
estruturante da organização institucional do Estado brasileiro, qualificando-se como
prerrogativa política, que, outorgada ao Município pela própria CR, somente por esta
pode ser validamente limitada." (RE 702.848, rel. min. Celso de Mello, decisão
monocrática, julgamento em 29-4-2013, DJE de 14-5-2013.)

"É bastante plausível a alegada violação da regra constitucional que assegura


autonomia aos municípios para dispor sobre assuntos de interesse local, causada por
limitação territorial constante em dispositivo de constituição estadual." (ADI 2.077-MC,
rel. p/ o ac. min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-3-2013, Plenário, DJE de 9-10-
2014.)

“É incompatível com a Constituição lei municipal que impõe sanção mais gravosa que
a prevista no Código de Trânsito Brasileiro, por extrapolar a competência legislativa do
Município.” (ARE 639.496-RG, rel. min. presidente Cezar Peluso, julgamento em 16-6-
2011, Plenário, DJE de 31-8-2011, com repercussão geral.)

“(...) o acórdão recorrido está em harmonia com a pacífica jurisprudência do Supremo


Tribunal Federal firmada no sentido de que o Município tem competência para legislar
sobre a distância mínima entre postos de revenda de combustíveis.” (RE 566.836-ED,
voto da rel. min. Cármen Lúcia, julgamento em 30-6-2009, Primeira Turma, DJE de 14-
8-2009.) Vide: RE 235.736, rel. min. Ilmar Galvão, julgamento em 21-3-2000, Primeira
Turma, DJ de 26-5-2000.

"O poder constituinte dos Estados-membros está limitado pelos princípios da


Constituição da República, que lhes assegura autonomia com condicionantes, entre as
quais se tem o respeito à organização autônoma dos Municípios, também assegurada
constitucionalmente. O art. 30, I, da Constituição da República outorga aos Municípios
a atribuição de legislar sobre assuntos de interesse local. A vocação sucessória dos
cargos de prefeito e vice-prefeito põe-se no âmbito da autonomia política local, em caso
de dupla vacância. Ao disciplinar matéria, cuja competência é exclusiva dos Municípios,
o art. 75, § 2º, da Constituição de Goiás fere a autonomia desses entes, mitigando-lhes a
capacidade de auto-organização e de autogoverno e limitando a sua autonomia política
assegurada pela Constituição brasileira." (ADI 3.549, rel. min. Cármen Lúcia,
julgamento em 17-9-2007, Plenário, DJ de 31-10-2007.)

"Aparenta inconstitucionalidade a resolução de autoridade estadual que, sob pretexto do


exercício do poder de polícia, discipline horário de funcionamento de estabelecimentos
comerciais, matéria de consumo e assuntos análogos." (ADI 3.731-MC, rel. min. Cezar
Peluso, julgamento em 29-8-2007, Plenário, DJ de 11-10-2007.)No mesmo sentido: ADI
3.691, rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 29-8-2007, Plenário, DJE de 9-5-2008.

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"Os Municípios têm autonomia para regular o horário do comércio local, desde que não
infrinjam leis estaduais ou federais válidas, pois a Constituição lhes confere competência
para legislar sobre assuntos de interesse local." (AI 622.405-AgR, rel. min. Eros Grau,
julgamento em 22-5-2007, Segunda Turma, DJ de 15-6-2007.) No mesmo sentido: AI
729.307-ED, rel. min. Cármen Lúcia, julgamento em 27-10-2009, Primeira Turma, DJE
de 4-12-2009. Vide: ADI 3.731-MC, rel. min. Cezar Peluso, julgamento em 29-8-2007,
Plenário, DJ de 11-10-2007.

"Distrito Federal: competência legislativa para fixação de tempo razoável de espera dos
usuários dos serviços de cartórios. A imposição legal de um limite ao tempo de espera
em fila dos usuários dos serviços prestados pelos cartórios não constitui matéria relativa
à disciplina dos registros públicos, mas assunto de interesse local, cuja competência
legislativa a Constituição atribui aos Municípios (...)." (RE 397.094, rel. min. Sepúlveda
Pertence, julgamento em 29-8-2006, Primeira Turma, DJ de 27-10-2006.)

"Os Municípios são competentes para legislar sobre questões que respeitem a edificações
ou construções realizadas no seu território, assim como sobre assuntos relacionados à
exigência de equipamentos de segurança, em imóveis destinados a atendimento ao
público." (AI 491.420-AgR, rel. min. Cezar Peluso, julgamento em 21-2-2006, Primeira
Turma, DJ de 24-3-2006.) No mesmo sentido: RE 795.804-AgR, rel. min. Gilmar Mendes,
julgamento em 29-4-2014, Segunda Turma, DJE de 16-5-2014.

"A competência constitucional dos Municípios de legislar sobre interesse local não tem
o alcance de estabelecer normas que a própria Constituição, na repartição das
competências, atribui à União ou aos Estados. O legislador constituinte, em matéria de
legislação sobre seguros, sequer conferiu competência comum ou concorrente aos
Estados ou aos Municípios." (RE 313.060, rel. min. Ellen Gracie, julgamento em 29-11-
2005, Segunda Turma, DJ de 24-2-2006.)

"Atendimento ao público e tempo máximo de espera na fila. Matéria que não se confunde
com a atinente às atividades fim das instituições bancárias. Matéria de interesse local e
de proteção ao consumidor. Competência legislativa do Município." (RE 432.789, rel.
min. Eros Grau, julgamento em 14-6-2005, Primeira Turma DJ de 7-10-2005.) No mesmo
sentido: RE 285.492-AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, julgamento em 26-6-2012,
Segunda Turma, DJE de 28-8-2012; RE 610.221-RG, rel. min. Ellen Gracie, julgamento
em 29-4-2010, Plenário, DJE de 20-8-2010, com repercussão geral.

"O Município pode editar legislação própria, com fundamento na autonomia


constitucional que lhe é inerente (CF, art. 30, I), com o objetivo de determinar, às
instituições financeiras, que instalem, em suas agências, em favor dos usuários dos
serviços bancários (clientes ou não), equipamentos destinados a proporcionar-lhes
segurança (tais como portas eletrônicas e câmaras filmadoras) ou a propiciar-lhes
conforto, mediante oferecimento de instalações sanitárias, ou fornecimento de cadeiras
de espera, ou, ainda, colocação de bebedouros. Precedentes." (AI 347.717-AgR, rel. min.
Celso de Mello, julgamento em 31-5-2005, Segunda Turma, DJ de 5-8-2005.) No mesmo
sentido: RE 266.536-AgR, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 17-4-2012, Primeira
Turma, DJE de 11-5-2012.

"Lei municipal de Joinville, que proíbe a instalação de nova farmácia a menos de 500
metros de estabelecimento da mesma natureza. Extremo a que não pode levar a
competência municipal para o zoneamento da cidade, por redundar em reserva de
mercado, ainda que relativa, e, consequentemente, em afronta aos princípios da livre
concorrência, da defesa do consumidor e da liberdade do exercício das atividades
econômicas, que informam o modelo de ordem econômica consagrado pela Carta da

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República (art. 170 e parágrafo, da CF)." (RE 203.909, rel. min. Ilmar Galvão,
julgamento em 14-10-1997, Primeira Turma, DJ de 6-2-1998.)

5. Princípios fundamentais.
[TJCE]. No conflito entre regra e princípio, qual prevalece? Ambos tratam do
mesmo assunto, mas são divergentes, qual adotar nesse caso?
A princípio, não deve prevalecer qualquer um dos dois, a regra ou o princípio.

Sabe-se que hoje se tem entendido que tanto a regra como o princípio são espécies
de normas jurídicas e que, enquanto referenciais para o intérprete e aplicador do
direito, não guardam, entre si, hierarquia, especialmente quando se fala na ideia da
unidade da Constituição. A aplicação dos princípios e regras, mesmo que no conflito
entre eles, deve basear-se na ponderação (atribuindo-se pesos), na concordância
prática e na proibição de excesso (garantindo a manutenção de um mínimo de eficácia
dos direitos fundamentais), assim como na igualdade, na razoabilidade e na
proporcionalidade.

Quando a regra e o princípio tratarem especificamente do mesmo assunto, mas forem


divergentes, aplica-se aquela norma que mais confira eficácia aos direitos
fundamentais e dê maior efetividade à Constituição. Tudo vai depender da análise do
caso concreto.

[TJCE]. Quando há colisão entre princípios e normas, quem deve prevalecer?


José Afonso da Silva leciona que normas são preceitos que tutelam situações
subjetivas de vantagem ou de vínculo, ou seja, reconhecem, por um lado, a pessoas
ou a entidades a faculdade de realizar certos interesses por ato próprio ou exigindo
ação ou abstenção de outrem, e, por outro lado, vinculam pessoas ou entidades à
obrigação de submeter-se às exigências de realizar uma prestação, ação ou abstenção
em favor de outrem. As normas podem ser divididas em normas-regras e normas-
princípios. A norma-princípio não precisa estar escrita para que seja vigente.

Basta o seu reconhecimento. Insta salientar que os princípios jamais serão


contraditórios, mas sim contrapostos, isto é, diante de um conflito entre princípios,
com base no princípio da proporcionalidade, aquele que for sobrelevado, não estará
inutilizando a incidência do outro princípio, uma vez que este poderá incidir em
outros casos concretos.

Assim o princípio com peso maior não prevalecerá neste caso específico, contudo,
permanece válido e vigente a fim de que possa incidir nos demais casos.

Já a norma-regra será encontrada em qualquer dispositivo legal ou constitucional.


Quando duas normas-regra forem contraditórias, somente uma deve ser levada em
consideração, pois a aplicabilidade de uma das regras importa em revogação da outra.

Do ponto de vista jurídico, é forçoso admitir que não há hierarquia entre os princípios
constitucionais. Ou seja, todos as normas constitucionais têm igual dignidade; em
outras palavras: não há normas constitucionais meramente formais, nem hierarquia
de supra ou infra-ordenação dentro da Constituição, conforme asseverou
CANOTILHO.

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Existem, é certo, princípios com diferentes níveis de concretização e densidade


semântica, mas nem por isso é correto dizer que há hierarquia normativa entre os
princípios constitucionais. Com efeito, como decorrência imediata do princípio da
unidade da Constituição, tem-se como inadmissível a existência de normas
constitucionais antinômicas (inconstitucionais), isto é, completamente
incompatíveis, conquanto possa haver, e geralmente há, tensão das normas entre si.
Ora, se a Constituição é um sistema de normas, um lucidos ordo, como era sempre
advertido por Ruy Barbosa, que confere unidade a todo o ordenamento jurídico,
disciplinando unitária e congruentemente as estruturas fundamentais da sociedade e
do Estado, é mais do que razoável concluir não há hierarquia entre estas normas
constitucionais.

Não existe nem mesmo hierarquia (jurídica) entre os princípios e as regras


constitucionais, o que se afasta, de logo, a ocorrência de normas constitucionais
inconstitucionais[8], ou melhor, normas constitucionais do poder constituinte
originário inconstitucionais, tendo em vista que o Supremo Tribunal Federal,
acertadamente, já admitiu a possibilidade de normas constitucionais emanadas do
poder constituinte derivado inconstitucionais (ADIn 939), desde que maculem as
garantias de eternidade (cláusulas pétreas) enumeradas no §4o do art. 60. Dessume-
se, pois, que não há, do ponto de vista estritamente jurídico (epistemológico),
hierarquia entre os princípios. Pode-se, não obstante, cogitar a hipótese de existência
de hierarquia axiológica (ou deontológica) entre as normas constitucionais,
incluindo-se aí, obviamente, os princípios.

Como se sabe, a situação de regras incompatíveis entre si é denominada antinomia.


Há três critérios clássicos, apontados por BOBBIO e aceitos quase universalmente,
para solução de antinomias: o critério cronológico (lexposterior derogat priori), o
critério hierárquico (lex superior derogat inferiori) e, por último, o critério da
especialidade (lex specialis derogat generali). Assim, no caso de duas regras em
conflito, aplica-se um desses três critérios, na forma do tudo ou nada (no all or
nothing): “se se dão os fatos por ela estabelecidos, então ou a regra é válida e, em tal
caso, deve-se aceitar a conseqüência que ela fornece; ou a regra é inválida e, em tal
caso, não influi sobre a decisão”. No caso de colisão de princípios constitucionais,
porém, não se trata de antinomia, vez que não se pode simplesmente afastar a
aplicação de um deles. Portanto, não há que se falar em aplicação destes critérios
para solucionar eventual colisão de princípios constitucionais.

Duas soluções foram desenvolvidas pela doutrina (estrangeira, diga-se de passagem)


e vêm sendo comumente utilizada pelos Tribunais. A primeira é a da concordância
prática (Hesse); a segunda, a da dimensão de peso ou importância (Dworkin). A par
dessas duas soluções, aparece, em qualquer situação, o princípio da
proporcionalidade como “meta-princípio”, isto é, como “princípio dos princípios”,
visando, da melhor forma, preservar os princípios constitucionais em jogo. O próprio
HESSE entende que a concordância prática é uma projeção do princípio da
proporcionalidade. O princípio da concordância prática ou da harmonização, como
consectário lógico do princípio da unidade constitucional, é comumente utilizado
para resolver problemas referentes à colisão de direitos fundamentais. De acordo com
esse princípio, os direitos fundamentais e valores constitucionais deverão ser
harmonizados, no caso sub examine, por meio de juízo de ponderação que vise
preservar e concretizar ao máximo os direitos e bens constitucionais protegidos. A
concordância prática pode ser enunciada da seguinte maneira: havendo colisão entre

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valores constitucionais (normas jurídicas de hierarquia constitucional), o que se deve


buscar é a otimização entre os direitos e valores em jogo, no estabelecimento de uma
concordância prática (praktische Konkordanz)[18], que deve resultar numa
ordenação proporcional dos direitos fundamentais e/ou valores fundamentais em
colisão, ou seja, busca-se o ‘melhor equilíbrio possível entre os princípios
colidentes’(LERCHE). Nas palavras de INGO WOLFGANG SARLET: “Em rigor,
cuida-se de processo de ponderação no qual não se trata da atribuição de uma
prevalência absoluta de um valor sobre outro, mas, sim, na tentativa de aplicação
simultânea e compatibilizada de normas, ainda que no caso concreto se torne
necessária a atenuação de uma delas. O segundo critério que pode ser utilizado se
não for possível a concordância prática é o da dimensão de peso e importância
(dimension of weights), fornecido por RONALD DWORKIN. Na obra Taking Rights
Seriously, após explicar que as regras jurídicas são aplicáveis por completo ou não
são, de modo absoluto, aplicada (dimensão do tudo ou nada), o prof. da Universidade
de Oxford diz que os princípios “possuem uma dimensão que não é própria das regras
jurídicas: a dimensão do peso ou importância. Assim, quando se entrecruzam vários
princípios, quem há de resolver o conflito deve levar em conta o peso relativo de cada
um deles (...). As regras não possuem tal dimensão.

[TJCE]. A forma republicana de governo pode ser objeto de emenda constitucional?


Não, pois a doutrina majoritária entende que a forma republicana de governo é uma
cláusula pétrea implícita.

[TJCE]. O que são cláusulas pétreas implícitas?


As cláusulas pétreas são limitações materiais ao poder derivado reformador e têm por
finalidade básica preservar a identidade material da Constituição, proteger institutos
e valores essenciais e permitir a continuidade do processo democrático.

As limitações materiais expressas são previstas no artigo 60, § 4º, a seguir transcrito,
mas também, para fins didáticos, as dividem em cláusulas pétreas decorrentes, pois
decorrem das cláusulas pétreas expressas, e cláusulas pétreas implícitas, quando
imprescindíveis à caracterização da identidade material da Constituição.

As cláusulas pétreas implícitas, que podem ser formais ou materiais, existem a partir
das cláusulas expressamente previstas, e se justificam também porque compõem o
núcleo identitário da Constituição.

[TJCE]. De 1988 pra cá houve alguma alteração na forma republicana?


O Brasil já teve sua experiência monárquica, superada pela República a partir da
Constituição de 1981. Em 21 de abril de 1993, no entanto, foi posto em plebiscito a
questão acerca de qual forma de governo os brasileiros mais gostariam, tendo se
optado por manter a forma republicana. Tal consulta popular estava prevista no art.
2° do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), tendo como data
original 7 de setembro de 1993.Eis o motivo para a República, desde a edição da
Constituição de 1988, não constar como cláusula pétrea expressamente prevista no
art. 60, §4º: é que, de fato, até a realização do mencionado plebiscito, ela poderia ser
alterada através de expressa decisão do povo. Sendo assim, não poderia mesmo ser
considerada uma cláusula imutável da Constituição. No entanto, hoje ela pode, sem
maiores problemas. Trata-se de mais um exemplo de cláusula pétrea implícita.

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[TJCE]. O art. 4º da CF/88 (relações internacionais). Quem é o intérprete desses


princípios? O cumprimento desses princípios são passíveis de controle de
constitucionalidade?
Raphael: não encontrei a resposta. Então falo como responderia:

O interprete dos princípios constitucionais, seja nas relações internacionais ou não,


deve ser a sociedade como um todo. Nesse sentido Harbele propõe que o modelo de
interpretação de uma sociedade fechada (nas mãos de juízes e em procedimentos
formalizados) mude para a ideia de uma sociedade aberta dos intérpretes da
constituição, vale dizer, uma interpretação pluralista e democrática. Cidadãos e
grupos, órgãos estatais figurariam como intérpretes em sentido lato, atuando
nitidamente, pelo menos como pré-intérpretes. Exemplo disso está na figura do
amicus curiae e nas audiências públicas.

Toda a constituição, com exceção do preambulo, é passível de controle de


constitucionalidade. Assim, o efetivo cumprimento de tais princípios pode ser objeto
de controle de constitucionalidade, seja na via difusa, seja a concentrada.

[TJCE]. Art. 4º, CF/88: Quem é o intérprete desses princípios? A interpretação da


União de um princípio cabe recurso?
R: Tendo em vista que o artigo 4º da CF aduz os princípios das relações
internacionais, não há dúvida de que a União é o seu principal interprete. Isso porque
cabe à União representar a República Federativa Brasil em suas relações
internacionais.

Os princípios são o alicerce do sistema jurídico do Estado soberano. Tem como


objetivos fundar um itinerário para a vida social e, da mesma forma, direitos e
deveres para os membros da sociedade.

Nas palavras de Gilmar Ferreira Mendes, "oportunidade para interpretação conforme


à Constituição existe sempre que determinada disposição legal oferece diferentes
possibilidades de interpretação, sendo algumas delas incompatíveis com a própria
Constituição"

Os princípios das relações internacionais visam nortear as relações entre os Estados


da comunidade internacional tanto nos períodos de paz como nos de controvérsias
solucionadas sem o apelo das armas, em qualquer conflito que ameace a paz mundial.

É possível se admitir recurso contra uma interpretação realizada pela União,


utilizando-se do instrumento da interpretação conforme a Constituição.

Em caso de conflito ou concorrência, devem ser tratados de maneira que a afirmação


de um não implique o sacrifício do outro, o que só se obtém na aplicação ou na prática
do texto. Por outro lado, as normas constitucionais repercutem na ordem jurídica
internacional, pois limitam e regulamentam as atividades externas do Estado. No
presente caso, a norma constitucional terá seu conteúdo fixado pelo Direito
Internacional, para, a partir dele, encontrar fundamento no Direito Interno.

Importante instrumento a ser utilizado é a proporcionalidade ou razoabilidade, o qual


resulta, algumas vezes, no processo de ponderação de normas, bens ou valores.

[TJCE]. Quais são os fundamentos da Constituição de 1988?

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Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

[TJCE]. Algum se destaca?


Todos tem a mesma importância pois os fundamentos da república federativa do
brasil são o alicerce da constituição, não podendo nenhum ser mais ou menos que os
demais sob consequência de que s suas ramificações sejam falhas.

Claro que em termos princípiológicos a dignidade da pessoa humana deve ser sempre
observado em qualquer situação.

[TJCE]. O julgador pode afastar uma lei em decorrência da dignidade da pessoa


humana?
Sim, se aquela lei atinge a dignidade da pessoa humana, essa lei é inconstitucional,
pois a constituição protege a dignidade da pessoa humana como seu fundamento. E
o julgador pode declarar a inconstitucionalidade da lei quando for de encontro a um
princípio constitucional.

[TJCE]. Deve ser realizados pelo legislador ou julgador?


Tanto o legislador como o julgador tem a prerrogativa de afastar uma lei em
decorrência da dignidade da pessoa humana. Pois tanto o legislativo e o judiciário
podem exercer o controle de constitucionalidade sobre as leis.

[TJCE]. O governo pode por decreto, transferir competência de um órgão para o


outro?
Sim, pois conforme o art. 84, VI, a, da CF, e aplicando o princípio da simetria, o
governo pode dispor mediante decreto sobre a transferência de competência de um
órgão para o outro desde não implique aumento de despesa, nem criação ou extinção
de órgãos.

[TJCE]. A república pode ser objeto de EC? O princípio da república é uma cláusula
pétrea implícita?
A forma de governo republicana não é considerada como cláusula pétrea, já que pode
ser modificada por plebiscito. No entanto, existem julgados no Supremo Tribunal
Federal que sustentam a tese de ser uma cláusula pétrea implícita.

[TJCE]. EC da reeleição é inconstitucional?


A reeleição nos cargos do Poder Executivo foi, pioneiramente, implementada no
nosso ordenamento pela emenda constitucional nº. 16 de 04 de junho de 1997, sendo

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considerado constitucional, apesar de divergências que entendem ser violador de


cláusula pétrea dos direitos e garantias individuais.

[TJCE]. Há hierarquia entre princípio e regras constitucionais?


Não. Não existe hierarquia (jurídica) entre normas constitucionais. Os princípios se
diferenciam das regras, em geral, as regras possuem caráter considerado mais
objetivo, com aplicação restrita às situações especificas que regulamentam. Já em
relação aos princípios, estes possuem mais conteúdo abstrato e incidem sobre
inúmeras situações. Não existe hierarquia entre ambas as categorias, em razão do
princípio unidade da Constituição Federal.

[TJCE]. Não seria correto dizer que as regras constitucionais, por serem
materializadas(?), têm prevalência sobre os princípios?
Não. Os princípios não são vistos mais atualmente como eram no positivismo, como
valores éticos a serem seguidos pela sociedade, atualmente os princípios são
carregados de normatividade, o que os faz um tipo de norma, assim como as regras.
Os princípios constitucionais são normas que sustentam e sevem de fundamento
jurídico para o ordenamento constitucional, são os valores primordiais e as bases do
sistema normativo da sociedade. Não são considerados apenas meros programas ou
sugestões para ações da iniciativa privada ou do Poder Público, eles dão a direção
para as atividades pois possuem verdadeira força vinculante.

[TJCE]. Fale sobre o princípio da igualdade.


Previsto no “caput” do art. 5º da CF, o princípio da igualdade prevê a igualdade de
aptidões e de possibilidades virtuais dos cidadãos de gozar de tratamento isonômico
pela lei. Por meio desse princípio são vedadas as diferenciações arbitrárias e
absurdas, não justificáveis pelos valores daConstituição Federal, e tem por finalidade
limitar a atuação do legislador, do intérprete ou autoridade pública e do particular.

O princípio da igualdade atua em duas vertentes: perante a lei e na lei. Por igualdade
perante a lei compreende-se o dever de aplicar o direito no caso concreto; por sua
vez, a igualdade na lei pressupõe que as normas jurídicas não devem conhecer
distinções, exceto as constitucionalmente autorizadas.

O princípio da igualdade consagrado pela constituição opera em dois planos


distintos. De uma parte, frente ao legislador ou ao próprio Poder Executivo, na
edição, respectivamente, de leis, atos normativos e medidas provisórias, impedindo
que possam criar tratamentos abusivamente diferenciados a pessoas que se
encontram em situação idêntica. Em outro plano, na obrigatoriedade ao intérprete,
basicamente, a autoridade pública, de aplicar a lei e atos normativos de maneira
igualitária, sem estabelecimento de diferenciações em razão de sexo, religião,
convicções filosóficas ou políticas, raça e classe social. (MORAES, 2002, p. 65).

O legislador não poderá editar normas que se afastem do princípio da igualdade, sob
pena de flagrante inconstitucionalidade. O intérprete e a autoridade política não
podem aplicar as leis e atos normativos aos casos concretos de forma a criar ou
aumentar desigualdades. O particular não pode pautar suas condutas em atos
discriminatórios, preconceituosos, racistas ou sexistas.

O Pretório Excelso apontou o tríplice objetivo do pórtico da isonomia: limitar o


legislador, o intérprete (autoridade pública) e o particular [...] Realmente, a diretriz

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da igualdade limita a atividade legislativa, aqui tomada no seu sentido amplo. O


legislador não poderá criar normas veiculadoras de desequiparações abusivas,
ilícitas, arbitrárias, contrárias à manifestação constituinte de primeiro grau. A
autoridade pública, por sua vez, também está sujeita ao ditame da isonomia. Um
magistrado, e.g., não poderá aplicar atos normativos que virem situações de
desigualdade. Cumpre-lhe, ao invés, banir arbitrariedades ao exercer a jurisdição no
caso litigioso concreto. Daí a existência dos mecanismos de uniformização da
jurisprudência, tanto na órbita constitucional (recursos extraordinário e ordinário)
como no campo infraconstitucional (legislação processual). O particular, enfim, não
poderá direcionar a sua conduta no sentido de discriminar os seus semelhantes,
através de preconceitos, racismos ou maledicências diversas, sob pena de ser
responsabilizado civil e penalmente, com base na Constituição e nas leis em vigor.
(BULOS, 2002, páginas 77 e 78).

[TJCE]. Art. 4 da CRFB/88 – Cabe controle de constitucionalidade para


observância desses princípios?
Em razão da visão neoconstitucionalista atualmente adotada no ordenamento jurídico
brasileiro, o parâmetro não é apenas a constituição, mas todo o bloco de
constitucionalidade. Este é o conjunto de regras, princípios, valores constitucionais,
emendas constitucionais, ADCT e os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos (votados como emenda). Tudo isso serve como parâmetro para o
controle de constitucionalidade, em vista do que não há por que se cogitar da
impossibilidade de o art. 4 figurar como parâmetro para o controle de
constitucionalidade.

6. Direitos e garantias fundamentais. Dos direitos e deveres individuais


e coletivos. Tratados e convenções sobre direitos humanos. A razoável
duração do processo. Direitos sociais. Direitos políticos. Partidos
políticos. Direitos de nacionalidade. Tutela constitucional dos direitos e
das liberdades. Mandado de segurança, individual e coletivo. Mandado
de Injunção. Habeas corpus. Habeas data. Ação popular.
[TJCE]. Quais os direitos coletivos na ótica do art. 5º?
São os interesses transindividuais ou metaindividuais, ou seja, que traspassam a
dimensão de só um indivíduo, apesar de ser direito seu individualmente em diversos
casos, mas não se restringindo a ele só e sim a toda uma coletividade de maneira
geral. Constante no referido artigo.

[TJCE]. Estrangeiro pode ajuizar ação popular?


NÃO. Somente cidadãos eleitores, sem necessidade de domicilio no foro de onde a
ação é proposta. Conforme art. 5º, LXXIII da CRFB e art. 1°da Lei 4.717/65, a
legitimidade ativa para propor ação popular será exclusivamente de qualquer
cidadão. Trata-se de uma garantia constitucional assegurada a sociedade, tendo como
legítima parte para ingresso qualquer cidadão que pleiteia em nome da coletividade,
visando sanar ato lesivo ao patrimônio estatal ou ato lesivo ao patrimônio público ou
coletivo da sociedade, que incluirá os bens materiais estatais, a proteção da
moralidade administrativa, do meio ambiente e dos bens históricos e culturais. Só
terá eficácia Ação popular, preenchendo tais requisitos, de acordo com § 3°, que
menciona: “A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título

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eleitoral, ou com documento que a ele corresponda”. NÃO podem propor ação
popular: os estrangeiros, os apátridas e, as pessoas jurídicas.

[TJCE]. Qual o direito tutelado na ação popular?


A Ação Popular prevista na da CF, diz que: ”qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.

[TJCE]. Art. 5º - que são direitos coletivos?


O artigo 5º da Constituição Federal traz 77 incisos sobre direitos individuais e
coletivos. Embora os direitos coletivos não estejam previstos nas cláusulas pétreas,
não podem ser objeto de emenda constitucional, pois se não é possível suprimir o que
é de um, com muito mais razão não se pode suprimir o que é de vários. Podem se
subdividir em:

a) DIREITOS DIFUSOS: possuem quatro características: (a) Indeterminação


absoluta dos titulares do direito, que são indeterminados e indetermináveis; (b)
Titulares unidos entre si por circunstâncias de fato extremamente mutáveis (ex.: O
fato que liga as pessoas entre si é morar na mesma cidade); (c) Alta conflitualidade
interna; (d) Alta abstração. São os direitos menos apalpáveis. Exemplos: - meio
ambiente; - moralidade administrativa. - propaganda enganosa.

b) DIREITOS COLETIVOS STRICTU SENTU: (a) Titulares indeterminados,


mas determináveis por grupo (indeterminabilidade relativa dos titulares - não há
como saber quem são os indivíduos, é possível identificar o grupo); (b) Titulares
unidos por circunstâncias jurídicas (existência de relação jurídica base entre os
titulares do direito entre si ou com a parte contrária. Ex.: Todos são membros de uma
associação); (c) Baixa conflituosidade interna (quando eu tenho um direito coletivo,
os titulares, podem lutar pelos interesses do grupo); (d) Menor abstração. Exemplos:
- Súmula 643, STF: O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil
pública cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares. -
Ações de entidades de classe para - Art. 10 e 12, III da Lei 10.257/01 (Estatuto da
Cidade): usucapião coletivo de área urbana.

c) INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS: Prevalece o entendimento de que eles são


direitos individuais, mas que por conta da sua homogeneidade no seio social, acabam
recebendo tratamento coletivo por quatro razões: molecularização do conflito (não
devemos tratar os conflitos um a um, mas conjuntamente); redução de custos (ao
invés de o Judiciário dar 10.000 sentenças, vai dar uma sentença para resolver 10.000
conflitos); evitar decisões contraditórias; aumentar o acesso à Justiça.
Características (além de divisíveis e objeto particular): (a) Sujeitos determinados
ou determináveis na fase de liquidação/execução; (b) Ligados os titulares entre si por
terem uma pretensão de origem comum; (c) Existência de uma tese jurídica geral
(Ex.: Das 400 vítimas de um acidente aéreo, originaram-se 400 ações. Todas terão a
mesma tese jurídica); (d) Natureza individual do direito reclamado (alguns poucos
autores negam essa característica). Exemplos: - Ações coletivas para cobrar os
expurgos inflacionários das poupanças. - Anticoncepcionais MICROVLAR que
eram meros placebos (as mulheres que consumiram esse lote vieram a engravidar). -
Defeitos em bens de consumo.

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[TJCE]. O artigo 5º, parágrafo 1º, da Constituição Federal vale para todos os
direitos e garantias fundamentas? Quais exemplos?
Esse dispositivo é uma metanorma, uma norma de 2º grau.

Metanorma é uma norma que estabelece o modo de aplicação e interpretação de


outras normas. Não é uma norma para resolver o caso concreto, mas para que se possa
aplicar e interpretar outras normas.

Ex.: o art. 5º, “caput”, é uma norma de 1º grau, é uma norma que é aplicada para
resolver o caso concreto. Já o § 1º do art. 5º é uma norma de 2º grau, pois é utilizada
para aplicar e interpretar outras normas.

Há uma divergência sobre a interpretação desse dispositivo (§ 1º do art. 5º da CF).

1) Para alguns, esse dispositivo deve ser interpretado como uma regra.

Regra é uma norma que deve ser aplicada na exata medida de suas prescrições (nem
mais, nem menos).

Para esse entendimento, todos os direitos e garantias fundamentais devem ser


aplicados de forma imediata, ainda que não exista uma norma regulamentadora.

Um dos autores que defendem esse ponto de vista é o Dirley da Cunha Júnior. Eros
Grau também defende essa posição.

2) Para o outro posicionamento, o art. 5º, § 1º deve ser interpretado como um


princípio, e não como uma regra.

Princípios são “mandamentos de otimização”, ou seja, normas que estabelecem que


algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas
e jurídicas existentes.

Um dos autores que interpreta o art. 5º, § 1º como princípio é o Ingo Sarlet.

De acordo com esse entendimento, as normas definidoras dos direitos e garantias


fundamentais devem ter uma aplicação imediata, na maior medida possível (máxima
efetividade).

Ex.: o art. 7º, IV, da CF assegura o salário mínimo, fixado em lei e nacionalmente
unificado. Se não existir a norma que fixa o valor do salário mínimo, para esse
entendimento, não pode o juiz fixar um valor, assim, este dispositivo não teria como
ser aplicado.

OBS.: Esse segundo posicionamento (que interpreta o art. 5º, § 1º como um


princípio) foi o adotado em uma prova do CESPE.

[TJCE]. O que são direitos coletivos? Exemplos.


Os direitos coletivos em sentido lato se classificam em direitos difusos, direitos
coletivos em sentido estrito e direitos individuais homogêneos. A diferenciação entre
esses direitos se dá, dentre outros aspectos, pela transindividualidade, que pode ser
real ou artificial, ampla ou restrita; pelos sujeitos titulares, determinados ou
indeterminados; pela indivisibilidade ou divisibilidade do seu objeto; pela

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disponibilidade ou indisponibilidade do bem jurídico tutelado; e pelo vínculo a


ensejar a demanda coletiva, jurídico ou de fato. A classificação e a diferenciação
literal legal dos direitos coletivos em sentido amplo é dada pelo parágrafo único do
artigo 81 do Código de Defesa do Consumidor, que dispõe: A defesa coletiva será
exercida quando se tratar de:

“I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os


transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas
e ligadas por circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os


transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de


origem comum”.

São exemplos de direitos difusos a proteção da comunidade indígena, da criança e


do adolescente, das pessoas portadoras de deficiência; São hipóteses que versam
sobre direitos coletivos em sentido estrito:

a) aumento ilegal das prestações de um consórcio: o aumento não será


mais ou menos ilegal para um ou outro consorciado. b) os direitos dos
alunos de certa escola de terem a mesma qualidade de ensino em
determinado curso; c) o interesse que aglutina os proprietários de
veículos automotores ou os contribuintes de certo imposto; d) a
ilegalidade do aumento abusivo das mensalidades escolares,
relativamente aos alunos já matriculados; e) o aumento abusivo das
mensalidades de planos de saúde, relativamente aos contratantes que
já firmaram contratos;

São exemplos de situações que envolvem direitos individuais homogêneos:

a) os compradores de carros de um lote com o mesmo defeito de fabricação


(a ligação entre eles, pessoas determinadas, não decorre de uma relação
jurídica, mas, em última análise, do fato de terem adquirido o mesmo
produto com defeito de série); b) o caso de uma explosão do Shopping de
Osasco, em que inúmeras vítimas sofreram danos; c) danos sofridos em
razão do descumprimento de obrigação contratual relativamente a muitas
pessoas; d) um alimento que venha gerar a intoxicação de muitos
consumidores; e) danos sofridos por inúmeros consumidores em razão de
uma prática comercial abusiva (...); f) sendo determinados, os moradores
de sítios que tiveram suas criações dizimadas por conta da poluição de um
curso d’água causada por uma indústria; (...) k) prejuízos causados a um
número elevado de pessoas em razão de fraude financeira; l) pessoas
determinadas contaminadas com o vírus da AIDS, em razão de transfusão
de sangue em determinado hospital público.

[TJCE]. Cabe impetração de mandato de injunção no âmbito do TJRN?


Sim, a própria constituição estadual em seu art. 71, I, g traz o julgamento do MI
perante o TJRN.

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[TJCE]. Cabe recurso?


Sim, como MI é um remédio contra omissões constitucionais, e como O MI é julgado
originalmente no TJ conforme o art. 71, I, g, da Constituição Estadual do RN, o
recurso cabível seria o ROC, conforme o art. 102, II, a, da CF.

[TJCE]. Estrangeiro pode ajuizar ação popular? Quais os direitos que essa ação
tutela?
Regra geral não, pois para ajuizar ação popular é preciso ser cidadão, mas
excepcionalmente, aos portugueses com residência no país, se houver reciprocidade
em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos previstos aos brasileiros (art. 12,
§ 1º, da CF).

[TJCE]. O que são direitos coletivos constante no art. 5º da CF?


São os interesses transindividuais ou metaindividuais, ou seja, que traspassam a
dimensão de só um individuo, apesar de ser direito seu individualmente em diversos
casos, mas não se restringindo a ele só e sim a toda uma coletividade de maneira
geral.

[TJCE]. Art. 5º, o que são direitos coletivos?


Direitos coletivos são os que representam os direitos do homem integrante de uma
coletividade (art. 5º) - Todo indivíduo é titular de direitos. Mas existem direitos que
ultrapassam o âmbito estritamente individual. Em sentido amplo, esses direitos são
chamados de direitos coletivos.

Os direitos coletivos são conquistas sociais reconhecidas em lei, como o direito à


saúde, o direito a um governo honesto e eficiente, o direito ao meio ambiente
equilibrado e os direitos trabalhistas.

Os direitos coletivos em sentido amplo são os direitos difusos, coletivos e individuais


homogêneos.

[TJCE]. Qual o instrumento cabível para se exigir a regulamentação de uma


profissão? Cabe mandado de injunção?
MI 6113 DF

Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA

Julgamento: 03/01/2014

O art. 5º, inc. XIII, da Constituiçãoda República é norma de aplicação imediata e eficácia
contida que pode ser restringida pela legislação infraconstitucional. Inexistindo lei
regulamentando o exercício da atividade profissional, qualquer um pode exercê-la. É
livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer” (art. 5º, inc. XIII, da Constituição, grifos nossos). A
regra constitucional é a liberdade do exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão.

Tratando-se de norma revestida de eficácia contida (ou restringível), mostra-se


constitucionalmente lícito, ao Estado, impor exigências, que, veiculando requisitos
mínimos de capacidade e estabelecendo o atendimento de certas qualificações
profissionais, condicionem o regular exercício de determinado trabalho, ofício ou
profissão. Essa competência constitucional, no entanto, não confere ao Estado poder

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absoluto para legislar sobre o exercício de qualquer atividade profissional, pois essa
especial prerrogativa de ordem jurídico-institucional só se legitima quando o Poder
Público, ao regulamentar o desempenho de certa atividade profissional, toma em
consideração parâmetros fundados em razões de interesse público, como aquelas que
concernem à segurança, à proteção e à saúde das pessoas em geral. Ve-se, portanto, que
apenas razões de interesse público podem legitimar a regulação normativa, por parte do
Estado, de qualquer ofício, trabalho ou profissão. Isso significa que, se é certo que o
cidadão é livre para escolher qualquer profissão, não é menos exato que essa escolha
individual, para concretizar-se, deve observar as condições de capacidade técnica e os
requisitos de qualificação profissional ditados por exigências que objetivem atender e
proteger o interesse geral da coletividade. Torna-se evidente, pois, que não é qualquer
atividade profissional que poderá ser validamente submetida a restrições impostas pelo
Estado, eis que profissões, empregos ou ofícios cujo exercício não faça instaurar
situações impregnadas de potencialidade lesiva constituem atividades insuscetíveis de
regulação normativa por parte do Poder Público, porque desnecessário, quanto a tais
profissões, o atendimento de requisitos mínimos de caráter técnico-científico ou de
determinadas condições de capacidade. Resulta claro que a regulamentação, por lei, de
atividades profissionais implica, sempre, o estabelecimento de restrições normativas que
interferem no plano da liberdade de ofício ou de profissão. É por tal motivo que a
intervenção normativa do Estado na esfera da liberdade profissional somente se legitima
quando presentes razões impostas pela necessidade social de preservação e proteção do
interesse público, sob pena de essa atividade do Congresso Nacional configurar abuso
do poder de legislar, que tem por consequência o reconhecimento da
inconstitucionalidade do próprio diploma legislativo.

Na espécie, é incabível este mandado de injunção pela ausência de dispositivo


constitucional que imponha aos Impetrados o dever de regulamentar a atividade exercida
pelos substituídos do Impetrante nesta ação. Assim, por exemplo: O direito à legislação
só pode ser invocado pelo interessado, quando também existir - simultaneamente imposta
pelo próprio texto constitucional - a previsão do dever estatal de emanar normas legais.
Isso significa que o direito individual à atividade legislativa do Estado apenas se
evidenciará naquelas estritas hipóteses em que o desempenho da função de legislar
refletir, por efeito de exclusiva determinação constitucional, uma obrigação jurídica
indeclinável imposta ao Poder Público. Para que possa atuar a norma pertinente ao
instituto do mandado de injunção, revela-se essencial que se estabeleça a necessária
correlação entre a imposição constitucional de legislar, de um lado, e o consequente
reconhecimento do direito público subjetivo à legislação, de outro, de tal forma que,
ausente a obrigação jurídico-constitucional de emanar provimentos legislativos, não se
tornará possível imputar comportamento moroso ao Estado, nem pretender acesso
legítimo à via injuncional” (MI 542, Relator o Ministro Celso de Mello, Plenário, DJ
28.6.2002, grifos nossos).

[TJCE]. O direito à vida é cláusula pétrea? Disposição infraconstitucional que


relativizam o direito à vida, como o aborto, foram recepcionadas?
Sim, o direito à vida é um valor supremo na ordem constitucional, orientando,
informando e atribuindo sentido a todos os demais direitos fundamentais. Atual
discussão acerca do direito à vida reside na licitude acerca da interrupção do processo
de gestação, ou seja, o aborto. Em relação a tal tema, há de se ter em consideração
que o elemento decisivo para o reconhecimento e proteção do direito à vida reside na
existência de vida humana desde a concepção, seja natural ou in vitro,
independentemente de qualquer disposição infraconstitucional, motivo pelo qual o
aborto não foi recepcionado pela constituição. Cumpre destacar que, apesar de tal
entendimento, o ordenamento jurídico brasileiro vem permitindo o aborto em

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situações pontuais, como no caso de gravidez decorrente de estupro e gravidez de


anencéfalo.

7. Organização do Estado Brasileiro: União; Estados federados;


Municípios; Distrito Federal e Territórios. Organização político-
administrativa. Repartição de competências. Bens públicos
[TJCE]. Lei orgânica municipal é uma constituição? (Resposta extraída do Livro do
Pedro Lenza)
Não. Os Municípios (que por força dos arts. 1.0 e 18 da CF/88 fazem parte da
Federação brasileira, sendo, portanto, autônomos em relação aos outros
componentes, na medida em que também têm autonomia "F.A.P." - Financeira,
Administrativa e Política) elaborarão leis orgânicas como se fossem "Constituições
Municipais".

Desse modo, a capacidade de auto-organização municipal está delimitada no art. 29,


caput, da CF/88, e seu exercício caberá à Câmara Municipal, nos termos do parágrafo
único do art. li do ADCT: "promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara
Municipal, no prazo de 6 meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de
discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição
Estadual" (destacamos).

Como se observa, o respeito ao conteúdo dar-se-á tanto em relação à Constituição


Estadual como à Federal. Em virtude disso "o poder constituinte decorrente,
conferido aos Estados-membros da Federação, não foi estendido aos Municípios".

Nesse sentido, Noemia Porto assinala: "o poder constituinte derivado decorrente deve
ser de segundo grau, tal como acontece com o poder revisor e o poder reformador,
isto é, encontrar sua fonte de legitimidade direta da Constituição Federal.

No caso dos Municípios, porém, se descortina um poder de terceiro grau, porque


mantém relação de subordinação com o poder constituinte estadual e o federal, ou,
em outras palavras, observa necessariamente dois graus de imposição legislativa
constitucional. Não basta, portanto, ser componente da federação, sendo necessário
que o poder de auto-organização decorra diretamente do poder constituinte
originário. Assim, o poder constituinte decorrente, conferido aos Estados-membros
e ao Distrito Federal, não se faz na órbita dos Municípios. Por essa razão, ato local
questionado em face da lei orgânica municipal enseja controle de legalidade, e não
de constitucionalidade''.

OBS: A Lei Orgânica Distrital é constituição.

[TJCE]. Poder constituinte decorrente só há para Estados? (Resposta extraída do


Livro do Pedro Lenza)
Não. Para o Distrito Federal também. O poder constituinte derivado decorrente,
assim como o reformador, por ser derivado do originário e por ele criado, é também
jurídico e encontra os seus parâmetros de manifestação nas regras estabelecidas pelo
originário.

Sua missão é estruturar a Constituição dos Estados-Membros ou, em momento


seguinte, havendo necessidade de adequação e reformulação, modificá-la. Tal

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competência decorre da capacidade de auto-organização estabelecida pelo poder


constituinte originário.

O Distrito Federal, de acordo com o art. 32, caput, da CF/88, será regido por lei
orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de 10 dias e aprovada por
2/3 da Câmara Legislativa, que a promulgará. Tal lei orgânica deverá obedecer aos
princípios estabelecidos na Constituição Federal.

Dessa forma, embora a posição particular ocupada pelo DF na Federação, já que a


sua autonomia é parcialmente tutelada pela União (arts. 21, XIII e XIV, e 22, XVII),
além de acumular competências legislativas reservadas tanto aos Estados como aos
Municípios (art. 32, §1º), a vinculação da lei orgânica será diretamente com a CF.

Nesse sentido, em interessante demonstração, o Min. Carlos Britto afirmou que,

"conquanto submetido a regime constitucional diferenciado, o Distrito Federal está bem


mais próximo da estruturação dos Estados-membros do que da arquitetura constitucional
dos Municípios" (ADI 3.756, j. 21.06.2007, DJ de 19.10.2007).

Assim, na medida em que a derivação é direta em relação à Constituição Federal,


parece razoável afirmarmos que, no âmbito do DF, verifica-se a manifestação do
poder constituinte derivado decorrente, qual seja, a competência que o DF tem para
elaborar a sua lei orgânica (verdadeira Constituição distrital) ou modificá-la,
sujeitando-se aos mesmos limites já apontados para os Estados-Membros e, pois,
aplicando-se, por analogia, o art. 11 do ADCT.

Por esse motivo, é perfeitamente possível o controle concentrado no âmbito do


Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) tendo como
paradigma a Lei Orgânica do DF, com a mesma natureza das Constituições
Estaduais, regra essa, inclusive, introduzida, de modo expresso, no art. 30 da Lei n.
9.868/99 e, também, na Lei n. 11.697/2008, que dispõe sobre a organização judiciária
do Distrito Federal e dos Territórios.

[TJCE]. O juiz pode fazer controle de constitucionalidade em face de lei orgânica?


Se for lei orgânica dos municípios, o ato local questionado em face da lei orgânica
municipal enseja controle de legalidade, e não de constitucionalidade. Pode ser feito
o controle de constitucionalidade em face da Lei Orgânica Distrital.

O controle de constitucionalidade em abstrato de normas municipais tendo como


parâmetro de constitucionalidade a Lei Orgânica de um determinado município é
impossível, já que não existe previsão constitucional.

Ademais vale lembrar que alguns autores sequer consideram o poder dos municípios
de se auto organizar através de Leis Orgânicas uma manifestação do Poder
Constituinte Derivado Decorrente.

Posicionamento do STF sobre o tema:

Recurso Extraordinário. 2. Controle concentrado de constitucionalidade de lei municipal


em face da Lei Orgânica do Município. Inexistência de previsão constitucional. 3.
Recurso não conhecido. (STF – Recurso Extraordinário - RE n. 175.087/SP - Relator(a):

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Min. Néri da Silveira – Julgamento em 19/03/2002 – Órgão Julgador: Segunda Turma -


DJ 17-05-2002 PP-00073)

Em resumo, tendo como parâmetro de constitucionalidade a Lei Orgânica Municipal


não existe possibilidade de controle de concentrado de constitucionalidade, até
porque não existe um órgão para exercer este controle.

[TJCE]. Lei Orgânica Municipal é uma constituição? Qual a razão de não ser?
É a lei maior do município. É através dela que os Municípios se organizam, e ela está
para o município como a Constituição Federal está para a União. A Lei Orgânica é
votada em dois turnos, sendo que deve existir entre eles o intervalo mínimo de dez
dias. É necessário que seja aprovada por, ao menos, dois terços dos membros da
Câmara Municipal e este estão promulgará. De acordo com Pedro Lenza leis
orgânicas podem ser tidas como Constituições Municipais.

[TJCE]. A lei orgânica municipal é constituição?


O entendimento que prevalece é que a lei orgânica municipal não é constituição, pois
é condicionada a observância não só da CF, mas também da Constituição do
respectivo estado membro.

[TJCE]. Está errada a previsão de julgar ação direta em face da lei orgânica?
Apesar da nomenclatura ação direta, a CF em seu art. 125, § 2º, dispõe que a
nomenclatura correta seria representação de inconstitucionalidade e no caso caberia
sim quando infringir a Constituição Estadual. Não poderia haver ADI de lei Orgânica
que infringisse a CF.

[TJCE]. A câmara pode alterar à vontade?


Para alterar tem que seguir o rito do Art. 29 da CF. além do que deve observar a
Constituição estadual e a Constituição federal, não as contrariando. Além de observar
as normas de observância obrigatória.

[TJCE]. Não há poder decorrente dos municípios?


O entendimento que prevalece é que não há poder decorrente dos municípios, uma
vez que são regidos por lei Orgânica e não por constituição e além do que esta lei
Orgânica deve observância a Constituição Estadual e federal. Apesar de haver
entendimento contrario que a lei orgânica municipal é a constituição dos municípios
e portanto há poder constituinte derivado decorrente.

[TJCE]. Uma emenda constitucional poderia transpor de uma esfera para outras
determinadas competências? Ex: Uma emenda pode abolir IPI e ISS para criar um
super imposto de competência da união, é possível?
Em 1988, a nova Constituição pretendeu reforçar o federalismo brasileiro com a
descentralização política e financeira, centrada em princípios inerentes ao Estado
Democrático de Direito. Em contrapartida, do fortalecimento dos estados e
municípios, a União teve redução de parcela ponderável de seus recursos: perdeu
receitas e ganhou atribuições. Isso se constata na elevação dos percentuais repassados
pela União aos estados e municípios através dos fundos, definidos
constitucionalmente.

Diante desse panorama, é questionável a constitucionalidade de criação de um


superimposto retirando do município a competência para instituir ISS, o que

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acarretaria uma redução de sua autonomia financeira. Assim, o princípio federativo


instituído pelo poder constituinte originário. Em que pese a Constituição, prever a
possibilidade de emendas, bem como a sua implementação deverá seguir
procedimentos especiais e respeitar os limites constitucionais.

Só o Poder Constituinte Originário, que representa o poder do povo, é que pode


inscrever as mudanças fundamentais na estrutura e organização do Estado brasileiro.
O poder constituinte é a expressão da supremacia do povo. O produto da vontade do
povo é expresso pelos constituintes que elaboram o texto constitucional e também
estabelecem as normas que deverão ser observadas para a mudança do texto da Lei
Maior. O constituinte garantiu o princípio federativo como inabalável e
‘imodificável”.

E mais, reduzir a competência tributária dos Municípios, significa reduzir a


capacidade legislativa. Ao que tudo indica, a repartição de receitas e encargos
implicaria uma revisão na estrutura do atual federalismo brasileiro, resultante da
vontade política da sociedade brasileira (poder constituinte). É típica do federalismo
a existência de tributos poderosos a cada um dos entes que compõem a Federação.
Assim, passar também para o plano federal o poder de legislar sobre o imposto mais
poderoso dos municípios e até mesmo Estados, significa centralização de poder e
qualquer alteração deveria ser submetida à vontade da Nação.

[TJCE]. Lei orgânica municipal é constituição?


O entendimento que prevalece é que a lei orgânica municipal não é constituição, pois
é condicionada a observância não só da CF, mas também da Constituição do
respectivo estado membro.

[TJCE]. Em que a lei orgânica difere de uma constituição?


A sua capacidade de auto-organização não deriva direta e exclusivamente do
constituinte originário federal.

[TJCE]. Lei orgânica municipal é uma constituição? Enseja controle de


constitucionalidade?
[TJCE]. Lei orgânica é uma constituição?
Inexiste poder constituinte "municipal". O que há é uma competência legislativa,
titularizada pela Câmara de Vereadores, cujo escopo é elaborar e modificar a lei
orgânica do Município. Para UADI BULOS também é inapropriado falar em poder
constituinte do Distrito Federal, pelos motivos já expostos, como, aliás, preconiza a
Constituição da República (creio que nesse ponto seja doutrina minoritária).

Lendo o art. 29 do Texto de Outubro, veremos que ele se reporta à obra do poder
constituinte originário, ou seja, à Carta Federal, bem como às Constituições dos
Estados-membros, oriundas do poder constituinte decorrente. E, ao se referir às leis
orgânicas, fez questão de frisar que são obra da Câmara Municipal, não de uma
Assembleia Constituinte.

Significa dizer que o mais alto diploma normativo do Município advém de um órgão
legislativo comum: a Câmara de Vereadores. Se admitíssemos a existência de um
poder constituinte municipal, também teríamos de aceitar a existência de "vereadores
constituintes". Seria lógico?

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E, como assentou o Supremo Tribunal Federal, nem há falar, na órbita municipal, em


poder constituinte originário, muito menos em derivado.

STF: “Tendo em vista que o controle abstrato de lei ou ato normativo municipal somente
é admitido em face da constituição estadual, perante o tribunal de justiça (CF, art. 125,
§ 2º), a Turma manteve acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que
julgara prefeito carecedor da ação direta de inconstitucionalidade interposta contra lei
municipal em face da lei orgânica do mesmo município. Precedente citado: ADIn (AgRg)
1.268-MG (DJU de 20.10.95). RE 175.087-SP, rel. Min. Néri da Silveira, 19.3.2002.(RE-
175087).”

[TJCE]. Existe hierarquia entre leis estaduais, federais e municipais?


A repartição de competência legislativa entre os entes da federação pode ser
horizontal, na qual se estabelece campos materiais distintos, em atenção ao princípio
da predominância do interesse, pelo qual cabe à União as matérias em que predomine
o interesse nacional; aos Estados as de interesse regional e aos Municípios as de
interesse local, o que será sempre averiguado de acordo com a Constituição em
respeito ao denominado princípio da supremacia constitucional.

Por outro lado, a repartição, também pode ser vertical, de acordo com o art. 24 da
CR/88 que estabelece a competência legislativa concorrente, na qual um ente
estabelecerá as normas gerais e o outro as normas suplementares.

Assim, ressalvada a hipótese da competência concorrente, a regra é de que não há


relação hierárquica entre normas oriundas de entes estatais distintos, isto é, não se
pode falar em hierarquia entre leis federais, estaduais, distritais e municipais.
Portanto, eventuais conflitos entre essas normas são resolvidos de acordo com a
competência do ente federado para o tratamento da matéria, e não pelo critério
hierárquico.

Contudo, ressalte-se que, não obstante não haver hierarquia entre as leis de cada um
dos entes federativos, há relação hierárquica, respectivamente, entre a Constituição
Federal, a Constituição do Estado, equiparada a ela, a Lei Orgânica do DF e a Lei
Orgânica do Município.

[TJCE]. O Poder Constituinte decorrente existe para município?


NÃO. No entanto, hierarquicamente, a lei orgânica municipal se situa acima das
demais leis municipais (ordinárias e complementares) e abaixo da CF e da
Constituição do respectivo Estado (art. 29, CF, e art. 11, p.ú., ADCT).

[TJCE]. O juiz pode fazer controle de constitucionalidade de lei municipal em face


de lei orgânica?
NÃO. Não há parâmetro quanto ao ponto. Considera-se que a lei orgânica municipal
não é dotada de poder constituinte. Sendo assim, não se trata de controle de
constitucionalidade, mas sim de controle de legalidade; vez que, como dito acima, a
lei orgânica é hierarquicamente superior às demais leis municipais.

Apenas como reforço de argumentação, e conforme art. 125, §2º, CF, cabe aos
Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos
normativos estaduais ou municipais EM FACE DA CONSTITUIÇÃO
ESTADUAL. O único parâmetro para o controle concentrado-abstrato no âmbito
estadual são os dispositivos da Constituição do respectivo Estado, não sendo possível

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estender o parâmetro à CF (nesse sentido, ADI 508/MG, ADI (MC) 699/MG), nem
à lei orgânica municipal (nesse sentido, RE 175.087).

[TJCE]. Quais são os entes Federados que compõe a República Federativa do


Brasil? A União é autônoma ou soberana?
R: São entes federativos: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A União
(ente federativo) não tem soberania, mas apenas autonomia (assim como os Estados,
DF e Municípios). Quem exerce a soberania em nome do Estado brasileiro é a União
(há diferença entre titularidade e exercício).

[TJCE]. As regras de iniciativa privativa do presidente da república representam


na iniciativa do governo do estado?
As regras de iniciativa reservada ao Presidente da República, de acordo com o
princípio da simetria, mutatis mutandi deve ter observância obrigatória no âmbito
dos Estados, DF e Municípios.

[TJCE]. Lei orgânica pode ser considerada uma constituição?


A doutrina entende que o poder constituinte derivado decorrente deve ser de segundo
grau, retirando sua fonte de legitimidade diretamente da CRFB/88, o que não ocorre
com os Municípios. Assim, a lei orgânica municipal não é considerada constituição,
ensejando controle de legalidade e não de constitucionalidade.

8. Intervenção nos Estados e nos Municípios.


[TJCE]. O distrito federal pode levar a efeito a intervenção em seu âmbito? Não há
intervenção do DF no próprio DF?
R- Não. Ensina a doutrina que a intervenção é medida dotada de excepcionalidade,
provisoriedade e proporcionalidade, visto que causa desequilíbrio no pacto
federativo. Por tais motivos, as hipóteses de cabimento previstas na CF são taxativas.

Segundo a CF, a União intervirá nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios
(localizados em seus Territórios); e os Estados intervirão em seus Municípios, nas
hipóteses expressamente elencadas (arts. 34 e 35, CF).

Portanto, não há qualquer disposição na constituição prevendo a intervenção do DF


no DF, o que inviabiliza qualquer interpretação pela possibilidade, em apreço à
taxatividade.

Por outro lado, o instituto da intervenção pressupõe a atuação de um ente político de


maior abrangência sobre outro, e não em seu próprio âmbito.

Vale lembrar que há expressa disposição constitucional vedando a divisão do DF em


Municípios (art. 32, caput, CF), não havendo qualquer possibilidade material de
intervenção por parte do ente distrital.

[TJCE]. Intervenção dos Estados nos Municípios é possível?


É possível. A regra vigente em nosso ordenamento é a da autonomia dos entes
federativos, entre os quais, os Municípios. Não obstante, o Art. 35 da CF traz as
situações nas quais a intervenção dos Estados em seus Municípios se faz possível:

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando:

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I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida
fundada;

II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;

IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância


de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de
ordem ou de decisão judicial.

Entende-se intervenção como cessação excepcional da autonomia política dos


Estados, DF ou Municípios, com vistas ao restabelecimento do equilíbrio federativo.
No Brasil, está prevista desde a primeira constituição republicana (1891).

Trata-se de medida excepcional, temporária e de natureza política, contra a


ilegalidade, o arbítrio, a autossuficiência e o abuso de poder dos Estados, do DF e
dos Municípios.

[TJCE]. A Constituição Estadual do Rio Grande do Norte incorporou os princípios


constitucionais sensíveis?
Maria Cristina

[TJCE]. O distrito federal pode promover a intervenção em seu âmbito?


Não, pois o DF não é dividido em municípios, conforme vedação constitucional e o
estado só podem intervir em seus municípios. Portanto o DF não pode promover a
intervenção em seu âmbito.

[TJCE]. O agente público fora de suas funções responde objetivamente?


A responsabilidade do agente público é sempre subjetiva.

[TJCE]. E o estado?
O estado por sua vez responde objetivamente pelos danos causados por seus agentes
no exercício de sua função ou em razão dele.

[TJCE]. Julgado procedente uma intervenção federal pelo Supremo, pode o


presidente deixar de cumprir? Sempre terá o dever de intervir?
A intervenção Federal no Brasil consiste em uma medida excepcional (já que o
princípio é o da não-intervenção) de suspensão temporária da autonomia de
determinados entes federativos. A intervenção, seja ela federal ou estadual, somente
poderá efetivar-se nas hipóteses taxativamente descritas na CF/88. A intervenção
pode ser: Espontânea e Provocada por solicitação ou requisição

1 - Intervenção federal espontânea: Há intervenção espontânea (de oficio) nas


hipóteses em que a CF autoriza que a intervenção seja efetivada diretamente, e por
iniciativa própria, pelo PR. O PR dentro de seu juízo de discricionariedade decide
pela intervenção e, de oficio, a executa, independentemente de provocação de outros
órgãos.

2 - Intervenção federal provocada: Há intervenção provocada quando a medida


depende de provocação de algum órgão ao qual a CF conferiu tal competência.

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“Segundo a CF, a provocação poderá dar-se mediante “solicitação” ou requisição”.


Nos casos de solicitação, entende-se que o PR não estará obrigado a decretar a
intervenção. Ao contrario, diante de requisição, o PR não dispõe de
discricionariedade, isto é, estará obrigado a decretar a intervenção.

[TJCE]. Julgada procedente a intervenção o presidente pode deixar de proceder?


A intervenção é uma medida de natureza política, excepcional, prevista
taxativamente na CF/88, consistente na incursão (intromissão) de um ente superior
em assuntos de um ente inferior restringindo temporariamente a autonomia deste com
o objetivo de preservar o pacto federativo e fazer cumprir os demais princípios e
regras constitucionais.

A resposta ao quesito pode variar conforme o tipo de intervenção pretendida.

a) espontânea quando sua decretação depender apenas da ocorrência dos motivos


que a autorizam (CF, art. 34, I, II, III e V), podendo o Presidente decretá-la de ofício,
sem a necessidade de qualquer provocação

b) solicitada quando, a fim de garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas
unidades da Federação, sua decretação depender de solicitação do Poder Legislativo
ou do Poder Executivo coacto ou impedido (CF, art. 36, I, 1.ª parte). Nesse caso, a
decretação da intervenção é considerada um ato discricionário;

c) requisitada quando para sua decretação for necessária a requisição de órgão do


Poder Judiciário. A Constituição prevê três hipóteses: (a) requisição do STF, nos
casos de coação exercida contra o Poder Judiciário (CF, art. 36, I, 2.ª parte); (b)
requisição do STF, do STJ ou do TSE, no caso de desobediência a ordem ou decisão
judiciária (CF, art. 36, II); (c) requisição do STF quando o tribunal der provimento a
representação do Procurador-Geral da República, nos casos de violação dos
princípios constitucionais sensíveis ou de recusa à execução de lei federal (CF, art.
36, III). Nessas hipóteses, a decretação da intervenção é considerada um ato
vinculado. O não atendimento da requisição pelo Presidente da República
poderá ser caracterizado como crime de responsabilidade.

[TJCE]. Qual o tipo de representação da ação direta de inconstitucionalidade de lei


estadual? Diferenciar com representação interventiva?
A jurisdição constitucional brasileira, o controle de constitucionalidade é exercido,
em regra, nos modelos difuso-concreto ou concentrado-abstrato. A representação
interventiva ou ação direta de inconstitucionalidade interventiva, é uma exceção, por
se tratar de um mecanismo de controle concentrado-concreto. Concentrado porque
a competência para processá-la e julgá-la é reservada ao Supremo Tribunal Federal,
na esfera federal, e aos Tribunais de Justiça, na esfera estadual. Concreto porquanto,
ainda que não seja exercido incidentalmente, surge a partir de um caso de violação
concreta da Constituição por um Estado, pelo Distrito Federal ou por um Município.

A representação interventiva, a pretensão é deduzida em juízo por meio de um


processo constitucional subjetivo, cuja finalidade é resolver conflitos de natureza
federativa. O contraditório é estabelecido entre a União e um Estado-membro ou
entre a União e o Distrito Federal (representação interventiva federal); ou, ainda,
entre um Estado e um Município a ele pertencente (representação interventiva
estadual.

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Diferente da Representação de Inconstitucionalidade de Lei Estadual, que trata de


processo objetivo de controle de constitucionalidade onde – em tese – não há conflito
federativo. Mas sim a constitucionalidade ou não de leis.

A ADI interventiva tem como único e exclusivo legitimado ativo o Procurador-


Geral da República, que atua como substituto processual na defesa do interesse da
coletividade. Quanto ao parâmetro, a representação interventiva tem cabimento
quando houver violação dos seguintes princípios constitucionais sensíveis: a) forma
republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa
humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública,
direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde (CF, art. 34,
VII).

A competência para processar e julgar a representação interventiva federal é


reservada ao STF (controle concentrado). Todavia, conforme adverte Gilmar
MENDES, o Tribunal não irá aferir a constitucionalidade in abstracto da norma
editada pelo Estado, mas verificar “para fins de intervenção e no contexto de um
conflito federativo” se esta norma viola princípios sensíveis ou, de forma indevida,
impede a execução de lei federal. A decisão se limita a constatar a
inconstitucionalidade; não elimina a norma do ordenamento jurídico e, portanto, não
produz eficácia erga omnes. Ela se insere no contexto de um procedimento complexo
como uma condição indispensável para que o Presidente da República possa, se for
o caso, decretar a intervenção.

[TJCE]. O julgamento em tribunal de contas que possa anular ato administrativo


que beneficie algum terceiro deve observar o princípio constitucional da ampla
defesa? Haveria exceção?
Via de regra sim. De acordo com o verbete editado pelo Supremo Tribunal Federal,
devem ser assegurados o contraditório e a ampla defesa nos processos perante o
Tribunal de Contas da União, quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação
da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão (Súmula
Vinculante 3/STF).

Quando o Tribunal de Contas faz o controle de legalidade da “concessão inicial” do


benefício previdenciário, não é necessário que o servidor/pensionista seja intimado
para contraditório e ampla defesa, considerando que não há litígio ou acusação, mas
tão somente a realização de um ato administrativo.

Desse modo, repetindo, em regra, quando o Tribunal de Contas aprecia se o ato de


concessão inicial da aposentadoria foi legal ou não, é desnecessário que haja
contraditório e ampla defesa.

Curiosidade: A Constituição não atribuiu ao TCU competência para o exame prévio


da validade de contratos administrativos celebrados pelo Poder Público. Por se tratar
de uma atividade atribuída ao Executivo, o STF decidiu ser “inconstitucional norma
local que estabeleça a competência do tribunal de contas para realizar exame prévio
de validade de contratos firmados com o poder público”.

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[TJCE]. Um decreto de intervenção deve trazer especificações, quais são?


R: Devem constar no decreto interventivo quatro itens. Deve fixar:

a) prazo da intervenção;

b) amplitude da intervenção;

Obs.: A intervenção é sempre um mecanismo excepcional. Por esse motivo, o decreto


deve fixar especificamente para que é a intervenção (amplitude) e por quanto tempo
durará (prazo).

c) meios de execução;

Deve fixar como será feita a intervenção federal.

Ex.: Intervenção federal para conter grave comprometimento da ordem pública. Será
definida a extensão territorial em que será feita a intervenção, qual o objetivo da
intervenção e quais destacamentos do Exército vão participar da intervenção.

d) nomeação do interventor.

Art. 36, § 1º, CF:

Art. 36, § 1º - O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as


condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à
apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de
vinte e quatro horas.

[TJCE]. O regime jurídico dos servidores públicos do Estado do Rio Grande do


Norte tem alguma especificidade?
Não respondida.

[TJCE]. Distrito federal pode promover a intervenção em seu âmbito?


Não há intervenção distrital, pois o DF não pode dividir-se em Municípios (art. 32,
caput).

[TJCE]. O que são princípios sensíveis?


Princípios sensíveis são aqueles que, se infringidos, ensejam a mais grave sanção que
se pode impor a um Estado Membro da Federação: a intervenção, retirando-lhe a
autonomia organizacional, que caracteriza a estrutura federativa. Estão elencados no
art. 34, VII, alíneas “a” a “e”, da CRFB/88.

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

(...)

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

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d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

9. Administração pública. Disposições gerais. Servidores públicos.


Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis do Estado do Rio Grande
do Norte.
[TJCE]. O dirigente máximo de uma autarquia pode ser secretário de estado?
Não é possível, pois a própria CF, em seu art. 37, XVI, veda a acumulação de cargos,
exceto quando houver compatibilidade de horários, devendo ainda ser: dois cargos
de professor; ou um de professor com outro, técnico ou cientifico; ou dois cargos ou
empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. E o
caso apresentado não compatibiliza com nenhuma da exceção aposta.

[TJCE]. Há celetista no serviço público do RN?


Sim, as empresas públicas e sociedades de economia mista que exploram atividade
econômica devem seguir regramento igual às empresas do setor privado inclusive ao
regime trabalhista que é a CLT.

[TJCE]. Há alguma especificidade no regime de servidores públicos do estado do


Rio Grande do Norte?
Não encontrei a resposta ao questionamento.

[TJCE]. A lei 9.784/99 tem aplicação no Estado do Rio Grande do Norte? Há


aplicação subsidiária?
R. Âmbito de aplicação da Lei nº 9.784/99: a Lei de Processo Administrativo (LPA)
aplica-se aos processos administrativos desenvolvidos no âmbito da Administração
Pública Direta e Indireta FEDERAL. Trata-se, portanto, de uma lei FEDERAL, e
não NACIONAL: não se aplica à Administração Estadual nem Municipal.
“Administração Direta” compreende, no contexto da LPA, os Ministérios e a própria
Presidência da República. Administração Indireta são as autarquias (como a UFRJ),
fundações públicas (como o IBGE), sociedades de economia mista (Banco do Brasil,
Petrobrás, etc.) e empresas públicas federais (CEF, Correios, etc.)

Em suma, a Lei 9784/99 é obrigatória para a Administração Direta e Indireta Federal,


mas não o é para as Administrações Estaduais e Municipais. Cada Unidade da
Federação pode estabelecer sua própria lei de processo administrativo. No entanto,
ao Distrito Federal se aplica a lei do processo administrativo Federal, por força do
que dispõe a Lei n° 2.834/2001.

A jurisprudência admite a aplicação subsidiária da lei 9784/99 em âmbito


estadual.

RECURSO ORDINÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. PODER JUDICIÁRIO


ESTADUAL. PRAZOS. FLUÊNCIA. FÉRIAS FORENSES. AUSÊNCIA DE PREVISÃO.
LEI 9.784/99. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. Silente o Regimento Interno do Tribunal de
Justiça do Estado do Paraná acerca da fluência dos prazos durante as férias forenses,
deve ser aplicado subsidiariamente, no caso dos recursos administrativos, o disposto no

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art. 67 da Lei nº 9.784/99. Isso porque, sendo a norma que regulamenta os procedimentos
de igual espécie em âmbito federal, tem preeminência em relação ao Código de Processo
Civil, que cuida dos processos judiciais. Recurso desprovido. Processo: RMS 16776 / PR
; RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 2003/0130796-4
Relator(a): Min. Felix Fischer (1109) Órgão julgador: T5 – QUINTA TURMA Data do
julgamento: 25/05/2004 Data da publicação/Fonte: DJ 28.06.2004 P. 349

No entanto, no Estado do Rio Grande do Norte, a matéria está regulamentada


pela LC 303/05.

[TJCE]. As regras de prescrição da 9.784/99 aplicam-se ao regime potiguar, ou há


prazo específico?
O prazo para invalidação de atos, no Estado do Rio Grande do Norte é decadencial,
sendo este de 05 anos:

Lei Complementar Estadual 303. Art. 15. O direito da Administração Pública de


invalidar os atos administrativos decai em 5 (cinco) anos, contados da data em que foram
expedidos.

[TJCE]. Um dirigente de uma autarquia poderia numa lei do estado do Ceará


declarar esse dirigente Secretário de Estado?
Larissa

[TJCE]. O regime jurídico do Estado do Ceará tem alguma peculiaridade em


relação ao brasileiro? A nossa legislação cria alguma preferência no processo de
licitação? Isso é constitucional?
Larissa

10. Organização dos Poderes na Constituição Federal. Poder Executivo.


Competências, estrutura e responsabilidade. Ministros de Estado. Poder
Legislativo. Imunidade parlamentar. Processo legislativo. Poder
Judiciário. Supremo Tribunal Federal. Competência. Recurso
Extraordinário. Repercussão Geral. Súmula vinculante. Superior
Tribunal de Justiça. Competência. Recurso Especial. Conselho Nacional
de Justiça. Dos Tribunais e Juízes dos Eleitorais. Dos Tribunais e Juízes
dos Estados. Direitos e Deveres da Magistratura. Garantias da
magistratura. LOMAN (LC no 35/79). Funções essenciais à Justiça. Do
Ministério Público. Da Advocacia Pública. Da Advocacia e da
Defensoria Pública.
[TJCE]. Regras de iniciativa privativa repercutem na Constituição do Estado do Rio
Grande do Norte?
Sim. Em seu Art. 61, § 1º, a CF dispõe sobre as matérias de iniciativa privativa do
presidente da república. Esse parágrafo primeiro é de observância obrigatória no
âmbito dos Estados, à luz do princípio da simetria. Os projetos de lei que são de
iniciativa privativa do Presidente, serão de iniciativa privativa do Governador e do
Prefeito. Lembrando, ainda, que a sanção do chefe do executivo não convalida o vício
de iniciativa.

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Pedro Lenza: As hipóteses previstas na Constituição Federal de iniciativa reservada


do Presidente da República, pelos princípios da simetria e da separação de Poderes,
devem ser observadas em âmbito estadual, distrital e municipal, ou seja, referidas
matérias terão de ser iniciadas pelos Chefes do Executivo (Governadores dos Estados
e do DF e Prefeitos), sob pena de se configurar inconstitucionalidade formal
subjetiva.

Nesse sentido:

"Processo legislativo dos Estados-Membros: absorção compulsória das linhas básicas


do modelo constitucional federal, entre elas, as decorrentes das normas de reserva de
iniciativa das leis, dada a implicação com o princípio fundamental da separação e
independência dos Poderes: jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal" (ADI
637, Rel. Mio. Sepúlveda Pertence, j. 25.08.2004, DJ de J.º.10.2004).

"À luz do princípio da simetria, é (sic) de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo
estadual as leis que disciplinem o regime jurídico dos militares (art. 61, § 1.0, II, ·r, da
CF/1988). Matéria restrita à iniciativa do Poder Executivo não pode ser regulada por
emenda constitucional de origem parlamentar" (ADI 2.966, Rel. Min. Joaquim Barbosa,
j. 06.04.2005, DJ de 06.05.2005).

Assim, está errado dizer que o Presidente da República terá iniciativa privativa (mais
tecnicamente reservada) para dispor sobre a criação de cargos, funções ou empregos
públicos na administração direta e autárquica ou no aumento de sua remuneração,
em todas as unidades da Federação. A sua atribuição, conforme visto, restringe-se ao
âmbito federal (art. 61, §1º, II, "a") sendo, em cada unidade federativa, a iniciativa
do respectivo Chefe do Poder Executivo.

Essa dúvida deixa de existir em relação às outras hipóteses do art. 61, §1º, II, na
medida em que nas alíneas "b" e "c" já há indicação expressa da União e dos
Territórios (que, aliás, são uma extensão da União, não podendo ser definidos como
unidade federativa).

[TJCE]. O governador do RN dispõe de matéria privativa na Constituição do Estado


do RN, em matéria tributária?
Em regra não, uma vez que o art. 61, §1º, II, b restringe a competência privativa do
chefe do Executivo em matéria tributária dos Territórios Federais. Entretanto, existe
uma exceção admitida referente à contribuição previdenciária dos seus servidores
estaduais. (Não tenho certeza da exceção, uma colega que passou no TJCE que me
falou, mas não achei nada na internet)

[TJCE]. Há na CF competência de iniciativa privativa em matéria tributária para o


Presidente da República?
Sim. Em seu Art. 61, § 1º, a CF dispõe que:

CF, Art, 61, §1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

II - disponham sobre:

b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços


públicos e pessoal da administração dos Territórios;

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Destaque-se que o presidente é a única autoridade que tem iniciativa geral e iniciativa
privativa.

Esse parágrafo primeiro é de observância obrigatória no âmbito dos Estados, à luz


do princípio da simetria, os projetos de lei que são de iniciativa privativa do
Presidente, serão de iniciativa privativa do Governador e do Prefeito. Lembrando,
ainda, que a sanção do chefe do executivo não convalida o vício de iniciativa.

Pedro Lenza: O STF já entendeu que a exclusividade para iniciar o processo


legislativo sobre matéria tributária refere-se às leis dos Territórios Federais.

No âmbito da União, Estados-Membros, DF e Municípios, a iniciativa de leis sobre


matéria tributária é concorrente entre os Chefes do Executivo e os membros do
Legislativo, podendo-se, ainda, avançar e sustentar a iniciativa popular sobre matéria
tributária, desde que observadas as formalidades do art. 61, § 2.º.

Nessa linha: "(...) Processo legislativo: matéria tributária: inexistência de reserva de


iniciativa do Executivo, sendo impertinente a invocação do art. 61, § 1.0, II, "b", da
Constituição, que diz respeito exclusivamente aos Territórios Federais" (ADI 3.205,
Rei. Min. Sepúlveda Pertence, j. 19.10.2006, DJ de 17.11.2006). No mesmo sentido:
ADI 2.392-MC, Rei. Min. Moreira Alves, j. 28.03.2001, DJ de l.º.08.2003; ADI
2.474, Rei. Min. Ellen Gracie, j. 19.03.2003, DJ

[TJCE]. Uma decisão tomada em Ação Declaratória de Constitucionalidade pode


contrariar súmula vinculante?
O magistrado em suas decisões deve observar o princípio do livre convencimento
motivado. Porém, quando o magistrado está julgando um caso que se amolde ao
disposto em uma súmula vinculante, o livre convencimento motivado do juiz sofre
uma pequena restrição. O julgador mantém a sua liberdade na avaliação das provas,
mas, se o caso concreto se adequar ao disposto em uma súmula vinculante, estará
obrigado a se inclinar a esse fundamento jurídico.

No entanto, se verificar que o caso concreto possui peculiaridades que tornam a


súmula inaplicável, o distinguishing method permite que o juiz não aplique um
enunciado vinculante, se ele visualizar que o caso concreto possui elementos capazes
de distingui-lo daqueles julgados que formaram o precedente anterior.

[TJCE]. Quais as regras de iniciativa reservada do governador do RN na


constituição do Estado?
Art. 45. A Constituição pode ser emendada mediante proposta: (…)

II – do Governador do Estado;

Art. 46. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer Deputado,
Comissão ou Mesa da Assembleia Legislativa, ao Governador do Estado, ao Tribunal de
Justiça e Tribunal de Contas, ao Procurador-Geral de Justiça, ao Defensor Público-
Geral do Estado e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. § 1º.
São de iniciativa privativa do Governador do Estado as leis que:

I – fixem ou modifiquem o efetivo da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar;

II – disponham sobre:

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a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e


autárquica, ou aumento de sua remuneração;

b) servidores públicos do Estado, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade


e aposentadoria;

c) militares do Estado e respectivo regime jurídico, provimento de cargos, promoções,


estabilidade, remuneração, reforma e condições de transferência para a reserva;

d) criação e extinção de Órgãos e Entes da Administração Pública Estadual,


notadamente de Secretarias de Estado, Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de
Bombeiros Militar, observado o disposto no art. 64, VII, desta Constituição.

[TJCE]. Quais os limites materiais da edição de medida provisória? Esse rol coincide
com a limitação das leis delegadas?
O artigo 62 da Constituição Federal estabelece os principais limites à edição de
medidas provisórias, havendo, ainda, limitações expressas em outros artigos
constitucionais e limitações implícitas no texto constitucional. Limitações explícitas
do § 1º do artigo 62 da Constituição Federal.

(...) § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I - relativa a:

a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral;

b) direito penal, processual penal e processual civil;

c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de


seus membros;

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e


suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;

II - que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro


ativo financeiro;

III - reservada a lei complementar;

IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de


sanção ou veto do Presidente da República. Limitações explícitas do § 2º do artigo 62 da
Constituição Federal.

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os


previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.”

De acordo com o § 1º do art. 68 da Constituição Federal, não serão objetos de


delegação: os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de
competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria
reservada à lei complementar, nem a legislação sobre organização do Poder
Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais e planos
plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

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Dessa feita, o rol de vedações à lei delegada não coincide com o da MP, sendo mais
restrito seu uso.

[TJCE]. As regras de iniciativa privativa do presidente da república, repercutem na


iniciativa do governador do estado do rio grande do norte?
Sim, como por exemplo, o art. 61, §1º, II, “a” e “e”, da CF, pelo princípio da simetria,
são atribuições privativas do Governador do Estado, adaptando ao nível estadual.

11. Poder Executivo do Estado do Pernambuco. Atribuições e


responsabilidades do Governador e do Prefeito.
[TJCE]. Quais as hipóteses de substituição do governador do estado do RN?
Conforme prevê a Constituição do Estado do RN:

Art. 59. Substitui o Governador, no caso de impedimento, e o sucede, no caso de vaga, o


Vice-Governador.

Parágrafo único. O Vice-Governador do Estado, além de outras atribuições que lhe


forem conferidas por lei complementar, auxilia o Governador, sempre que por ele
convocado para missões especiais.

Art. 60. Em caso de impedimento do Governador e do Vice-Governador, ou vacância dos


respectivos cargos, são sucessivamente chamados ao exercício do cargo o Presidente da
Assembleia Legislativa e o do Tribunal de Justiça.

[TJCE]. Quais as proibições aplicáveis ao governador do estado?


Conforme prevê a Constituição do Estado do RN:

Art. 63. Aplicam-se ao Governador e ao Vice-Governador do Estado os impedimentos


previstos na Constituição Federal para o Presidente da República.

Parágrafo único. É ainda vedado ao Governador e ao Vice-Governador, bem assim aos


seus ascendentes, descendentes, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, e cônjuges, ou a
empresas de que participem, contrair empréstimo em instituição financeira na qual o
Estado seja detentor de mais da metade das respectivas ações, com direito a voto.

Destaque-se que também é proibido ausentar-se do território do Estado, por mais de


30 dias, ou do País, por mais de 15 dias, sem prévia licença da Assembleia
Legislativa, sob pena de perda do mandato.

Art. 62. É declarado vago o cargo de Governador pela maioria absoluta da Assembleia
Legislativa, nos seguintes casos:

I – não investidura, nos dez (10) dias seguintes à data fixada para a posse, ou
imediatamente, quando se tratar de substituição, salvo, em qualquer caso, motivo de
força maior;

II – ausência do território do Estado, por mais de trinta (30) dias, ou do País, por mais
de quinze (15) dias, sem prévia licença da Assembleia Legislativa.

[TJCE]. É possível que o governador de Estado baixe/edite decretos autônomos?


Os decretos autônomos são aqueles que prescindem da existência prévia de lei porque
o seu fundamento de validade é retirado diretamente do texto constitucional para a

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organização e funcionamento da administração federal (art. 84, inciso VI). São


considerados atos primários, pois derivam diretamente da Constituição.

Com a Emenda Constitucional no. 32/2001 passou a admitir a edição de regulamento


considerado ato primário, ou seja, que deriva diretamente da Constituição, na medida
em que se permitiu, através de decreto, a disciplina acerca da organização e
funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa
nem criação ou extinção de órgãos públicos, bem como a extinção e funções ou
cargos públicos, quando vagos (art. 84, VI).

Dentro dessas hipóteses, independentemente de a Constituição Estadual prever a


figura do decreto autônomo nos moldes da Constituição Federal, o Governador do
Estado estará autorizado para editá-lo, desde que se limite rigorosamente às matérias
previstas nas alíneas “a” e “b” do inciso VI do artigo 84 da Constituição Federal. No
mesmo sentido é o pensamento de Alexandre de Moraes, para quem o dispositivo
que prevê o decreto autônomo na órbita federal é um princípio federal extensível,
aplicando-se automaticamente aos Estados e Municípios independentemente de
expressa previsão na Constituição Estadual ou na Lei Orgânica, respectivamente.
Advirta-se, contudo, que o tema não é pacífico na doutrina. Cumpre observar,
ademais, que o uso do decerto autônomo estadual não fere o principio da separação
dos poderes, haja vista que seu uso está restrito a situações limitadas, não invadindo
a competência do poder legislativo, pois o que o decreto regula é de interesse da
administração pública, não restringindo direitos dos administrados, caso este que só
poderia estar regulado mediante lei propriamente dita, observado o processo
legislativo (e por isso tampouco há violação ao princípio da legalidade).

[TJCE]. Um decreto regulamentar do Presidente da República pode ter espectro


nacional?
Sim, se ele regulamentar uma lei nacional e não federal.

[TJCE]. Decreto autônomo pode dispor da administração indireta?


Compete privativamente ao Presidente da República:

VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32,
de 2001),

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento


de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda


Constitucional nº 32, de 2001)

[TJCE]. O governador do estado do Rio Grande do Norte pode baixar decreto


autônomo?
- Na constituição do Estado do Rio Grande Norte as atribuições do Governador estão
prevista no art. 64. Existe um inciso desse artigo que fala em “decretos” , todavia,
não trata do decreto autônomo previsto na CF/88. Mas, é plenamente possível,
conforme entendimento do STF ADIn no 2.806-5/RS no âmbito estadual a utilização
do decreto autônomo.

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Art. 64. Compete privativamente ao Governador do Estado: I - representar o Estado nas


suas relações políticas, jurídicas e administrativas; II - nomear e exonerar os Secretários
de Estado, os dirigentes de autarquias e fundações instituídas ou mantidas pelo Estado e
os demais ocupantes de cargos ou funções de confiança; III - exercer, com auxilio dos
Secretários de Estado, a direção superior da administração estadual; IV - iniciar o
processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição; V -
SANCIONAR, PROMULGAR E FAZER PUBLICAR AS LEIS, BEM COMO
EXPEDIR DECRETOS E REGULAMENTOS PARA SUA FIEL EXECUÇÃO; VI -
vetar projetos de lei, total ou parcialmente; VII - dispor sobre a organização e o
funcionamento da administração estadual, na forma da lei; VIII - transferir,
temporariamente, com prévia autorização da Assembléia Legislativa, a sede do Governo,
ressalvados os casos de guerra, comoção interna ou calamidade pública, em que a
transferência pode ser feita ad referendum da Assembléia; IX - fixar preços públicos; 53
X - decretar intervenção em Município, executá-la e nomear interventor, ad referendum
da Assembléia Legislativa; XI - remeter mensagem e plano de Governo à Assembléia
Legislativa, por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do Estado
e solicitando as providências que julgar necessárias; XII - julgar recursos
administrativos legalmente previstos; XIII - exercer o comando supremo da Polícia
Militar do Estado, promover seus oficiais e nomeá-los para os cargos que lhes são
privativos; XIV - nomear, após aprovação pela Assembléia Legislativa, os
Desembargadores do Tribunal de Justiça e outros servidores, quando determinado em
lei; XV - nomear, observado o disposto no art. 56, § 2º, I, os Conselheiros do Tribunal
de Contas do Estado; XVI - enviar à Assembléia Legislativa o plano plurianual, projeto
de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento, previstos nesta
Constituição; XVII - conferir condecorações e distinções honoríficas; XVIII - prestar,
anualmente, à Assembléia Legislativa, dentro de sessenta (60) dias após a abertura da
sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior; XIX - prover os cargos
públicos estaduais, na forma da lei; XX - participar da composição do organismo
regional responsável pelos planos de desenvolvimento econômico e social da Região
Nordeste; XXI - exercer outras atribuições e praticar, no interesse do Estado, quaisquer
outros atos que não estejam, explícita ou 54 implicitamente, reservados a outro Poder,
pela Constituição Federal, por esta Constituição ou por lei. Parágrafo único. O
Governador pode delegar as atribuições previstas nos incisos VII e XIX aos Secretários
de Estado e outros auxiliares de igual hierarquia, fixando, previamente, os limites da
delegação.

O direito brasileiro admite o decreto autônomo estadual, apesar de não haver


disposição expressa na Constituição Federal autorizando seu uso. Contudo, a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal aplica o princípio da simetria ao caso.
O artigo 84, inciso VI, alíneas “a” e “b” da Carta da República autoriza o Presidente
da República a dispor, mediante decreto, acerca da administração e funcionamento
da administração federal, quando não importar criação de órgão nem aumento de
despesas, bem como a extinção de funções ou cargos públicos quando vagos. Dentro
dessas hipóteses, independentemente de a Constituição Estadual prever a figura
do decreto autônomo nos moldes da Constituição Federal, o Governador do
Estado estará autorizado para editá-lo, desde que se limite rigorosamente às
matérias previstas nas alíneas “a” e “b” do inciso VI do artigo 84 da
Constituição Federal. No mesmo sentido é o pensamento de Alexandre de Moraes,
para quem o dispositivo que prevê o decreto autônomo na órbita federal é um
princípio federal extensível, aplicando-se automaticamente aos Estados e Municípios
independentemente de expressa previsão na Constituição Estadual ou na Lei
Orgânica, respectivamente. Advirta-se, contudo, que o tema não é pacífico na
doutrina. Cumpre observar, ademais, que o uso do decerto autônomo estadual não

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fere o principio da separação dos poderes, haja vista que seu uso está restrito a
situações limitadas, não invadindo a competência do poder legislativo, pois o que o
decreto regula é de interesse da administração pública, não restringindo direitos dos
administrados, caso este que só poderia estar regulado mediante lei propriamente
dita, observado o processo legislativo (e por isso tampouco há violação ao princípio
da legalidade). [Livro: Questões comentadas, JusPodivum/ Questão: FCC,
Procurador do Estado RO, 2011].

[TJCE]. Governador de Estado pode baixar decretos autônomos?


SIM. A Lei Suprema de 1988 possui previsão sobre a expedição de decretos no
Capítulo “Do Poder Executivo”, Seção “Das atribuições do Presidente da
República”, de modo a aclarar o primeiro ponto acerca do assunto, qual seja, a
autoridade competente.

Com efeito, o chefe do Poder Executivo possui atribuição para expedir decretos, de
modo que, no âmbito federal, a referência dirige-se ao presidente da República.
Considerando o princípio da simetria, essa atribuição nos estados será do governador
e nos municípios do prefeito

Evoluindo na análise proposta, o art. 84, VI, trata especificamente sobre os casos em
que os decretos podem ser editados. Esta é a redação do dispositivo citado:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

[...] VI – dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento


de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

Quanto ao DECRETO AUTÔNOMO ESTADUAL, é admitido, com fundamento


no princípio da simetria (Augusto Jr, Antonio. ‘Coleção provas discursivas
respondidas e comentadas – Direito Administrativo).

[TJCE]. Um decreto regulamentar tem repercussão nacional?


Raphael: creio que a repercussão não seja nacional, ao menos na acepção estrita do
termo. A repercussão de um decreto regulamentar se dá dentro da esfera em que
editado: federal, estadual ou municipal. Não obrigando, portanto, os demais entes
federativos.

[TJCE]. O governador do estado pode baixar decreto autônomo?


R: Sim, em razão do princípio da simetria entre as CF´s e CE´s, pode-se autorizar o
governador a editar decreto autônomo, nas matérias de interesse dos Estados.

[TJCE]. O princípio da moralidade pode ser usado para declaração de


constitucionalidade?
R: I Seminário de Direito Administrativo – TCMSP

“Processo Administrativo” De 29 de setembro a 3 de outubro de 2003.

Dr. Alexandre de Moraes

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http://www.tcm.sp.gov.br/legislacao/doutrina/29a03_10_03/2alexandre_moraes1.ht
m

“(...)Como tudo de importante da Administração Pública está ou tem as suas balizas


na Constituição, se permite o controle amplo da constitucionalidade das leis, dos atos,
dos decretos.

O controle amplo da constitucionalidade da própria regência da Administração


Pública. Permite-se a ampla responsabilização do Administrador Público. Temos que
lembrar, também, que a questão da improbidade administrativa, que até então não
existia, surgiu com essa terminologia no parágrafo 4º do artigo 37.

Também foi a Constituição que trouxe a noção de ato de improbidade para o texto
constitucional, a Constituição de 88 e a necessidade do legislador regulamentar,
punindo aquele que pratica a improbidade administrativa. Então se alterou o eixo de
interpretação.

O que era um eixo interpretativo, absolutamente infra constitucional e muitas das


vezes infra legal, porque a interpretação do direito administrativo se dava por decreto
simplesmente, por regulamentos, hoje, não há mais como se fazer isso.

A interpretação do direito administrativo tem sido dada com balizas constitucionais.


A interpretação do direito administrativo está baseada no artigo 37 e isso leva à
possibilidade sempre, e aqueles que atuam na área, como todos nós, percebemos,
chegado com grandes questões administrativas no Supremo Tribunal Federal,
porque, com base num princípio constitucional da Administração Pública, ou num
preceito da Administração Pública do artigo 37, 38, tudo chega ao Supremo Tribunal
Federal.

Consequentemente, os modernos métodos de interpretação constitucional,


interpretação conforme a Constituição, declaração de nulidade, com ou sem redução
de texto, todos esses métodos, hoje, são aplicados ao Direito Administrativo e muitos
administrativistas ainda se recusam a dar esse olhar ao direito administrativo, o que
é, a meu ver, com o devido respeito, um verdadeiro erro, porque isso não só valorizou
o direito administrativo como isso levou à possibilidade maior de controle.

Os órgãos de controle da Administração Pública foram extremamente valorizados


com isso, porque a partir de 88 nós temos, por exemplo, uma atuação mais efetiva do
Ministério Público na defesa da probidade da Administração. Ocorre porque a
Constituição o artigo 37 § 4º,prevê a ação na improbidade, porque o artigo 129, inciso
II prevê que cabe ao Ministério Público zelar pelo respeito dos Poderes Públicos aos
preceitos constitucionais, mas também porque toda a regência da Administração está
baseada na Constituição, então sempre é possível se arguir um desrespeito à
Constituição e se levar isso ao Poder Judiciário e o Judiciário vem, paulatinamente,
principalmente o Supremo Tribunal Federal, dando novas balizas à gestão da coisa
pública, o que gera, logicamente, atritos em nível político, institucional, como vem
ocorrendo de 88 para cá. Gera atritos porque até 88 nós não tínhamos, e é forçoso
reconhecer, o Poder Judiciário, principalmente o Supremo Tribunal Federal, como
co-partícipe na gestão da coisa pública.

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Nós não tínhamos o Supremo Tribunal Federal como verdadeiro poder de Estado no
mesmo nível dos demais poderes porque pouco se chegava ao Supremo, via Ação
Direta de Inconstitucionalidade, pois só o Procurador Geral da República poderia
levar ao Supremo Tribunal Federal uma então chamada representação de
inconstitucionalidade, só que o Procurador Geral da República era um cargo de
confiança do Presidente da República, então pouco chegava ao Supremo e
pouquíssimo ligado à Administração Pública. Hoje tudo chega ao Supremo Tribunal
Federal, absolutamente tudo, pois no Brasil temos a maior legitimação concorrente
para a ação direta, o que existe também comparado às constituições européias, que
têm os seus Tribunais constitucionais.

Tudo chega e tudo chega também em relação à Administração Pública. Então o


controle de constitucionalidade agora na gerência da Administração é muito forte e,
consequentemente, a responsabilidade daqueles que desrespeitaram os princípios e
preceitos constitucionais. Ganha também importância, mais importância a partir de
88, não só o Ministério Público nesse controle mas os Tribunais de Contas porque já
era pacificado pela Súmula do Supremo Tribunal Federal, referente ao Tribunal de
Contas da União, mas sem uma restrição, a possibilidade de o Tribunal de Contas
exercer nos seu julgamentos, o controle de constitucionalidade. O próprio Supremo
Tribunal Federal reconhece essa possibilidade.

Com a constitucionalização da Administração Pública, o Tribunal de Contas, a partir


de 88, ganha um instrumento fortíssimo na fiscalização, no julgamento das contas,
no parecer, no caso dos Prefeitos, em cada análise de contrato, que a possibilidade de
declaração e que ainda não vem no Brasil todo sendo utilizada com a efetividade, ao
meu ver, que poderia ser, a análise com base na Constituição e consequentemente a
declaração de inconstitucionalidade de leis municipais, leis estaduais, feita pelo
Tribunal de Contas.

Isso é possível, já era possível antes de 88, o Supremo já reconhecia essa


possibilidade só que agora, a partir de 88, isso ganhou uma possibilidade muito
grande com essa série de princípios e preceitos administrativos que a Constituição
deu.

Várias vezes nós percebemos julgamentos do Tribunal de Contas da União, Tribunal


de Contas dos Estados, daqueles municípios que ainda mantêm Tribunal de Contas,
julgamentos que acabam se baseando na legislação estadual, federal, municipal, sem
adentrar, às vezes, aspectos constitucionais, quando agora fica mais fácil ao Tribunal
de Contas fazê-lo e, consequentemente se dá uma efetividade maior ao Tribunal de
Contas para fiscalização, para orientação, para direcionamento do administrador
público em relação à Constituição.

A utilização na Constituição, partindo, de início, dos princípios que o “caput” do


artigo 37 traz. A Constituição repetindo já princípios tradicionais da Administração
Pública, constitucionalizou logo de início os princípios básicos que o administrador
deve seguir, a legalidade, a impessoalidade ou finalidade.

O legislador constituinte preferiu adotar o termo impessoalidade ao


constitucionalizar o princípio, a moralidade administrativa, dificílimo princípio
constitucional ser definido, não só de interpretação, o que é moral ou não, não o que
é moral somente ou imoral, mas o que é moral administrativamente falando e o que

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é moral para uns, administrativamente falando, pode não ser para outros, então é um
princípio de difícil interpretação e que deu uma ingerência ainda maior, seja do
Tribunal de Contas, na fiscalização, seja do Poder Judiciário, ao analisar
judicialmente depois.

[TJCE]. O governador do Estado do RN pode baixar decretos autônomos? Há


jurisprudência nesse sentido?
Sim, o governador estadual tem essa possibilidade de baixar decretos autônomos
desde que presente em sua Constituição Estadual. Com efeito, ao julgar a Adin no
2.806-5/RS, o Supremo Tribunal Federal deixou assente que o decreto autônomo,
nos termos da Emenda Constitucional no 32, de 2001, aplica-se, também, em nível
estadual.

[TJCE]. O princípio da simetria não representa autoritarismo?


Apesar de não ser mais expresso na CF/88, a doutrina justifica o princípio da simetria
através dos arts. 25 da CF e 11 do ADCT.

A regra geral é que os estados são autônomos, mas essa autonomia é dada pela
própria constituição que limita tal prerrogativa. Essa limitação vem, dentre outras
formas, pelo princípio da simetria. Devendo os estados em alguns assuntos, sim
observar o que dispõe a /88, principalmente em relação aos princípios e organização
do estado.

[TJCE]. Cabe MI perante o TJRN


Sim, a própria constituição estadual em seu art. 71, I, g traz o julgamento do MI
perante o TJRN.

[TJCE]. Intervenção dos Estados nos Municípios é possível?


Sim, a CF dispõe sobre a intervenção dos estados nos municípios trazendo as
hipóteses em que é cabível tal intervenção. Arts. 35 e 36 da CF/88.

[TJCE]. A CE do RN incorpora os princípios Constitucionais sensíveis?


Não, ela dispõe sobre a intervenção do estado nos municípios, mas não traz em seu
corpo os princípios constitucionais sensíveis conforme dispõe o art. 25 da CE do RN.

Art. 25. O Estado não intervém em seus Municípios, exceto quando:

I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois (2) anos.

Consecutivos, a dívida fundada;

II – não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na

Manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;

(NR: Emenda Constitucional Federal nº 29, de 2000).

IV – O Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a

Observância de princípios indicados nesta Constituição, ou para prover a execução


de lei, de ordem ou de decisão judicial.

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[TJCE]. Intervenção dos estados nos municípios é possível?


Estado não intervirá em seus Municípios, exceto quando: Deixar de ser paga, sem
motivo de força maior, por 2 anos consecutivos, a dívida fundada; Não forem
prestadas contas devidas, na forma da lei; Não tiver sido aplicado o mínimo exigido
da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
serviços públicos de saúde; O TJ der provimento a representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

[TJCE]. A CE do Rio Grande do Norte incorpora os princípios constitucionais


sensíveis?
Princípios sensíveis são aqueles que se infringidos ensejam a mais grave sanção que
se pode impor a um Estado Membro da Federação: a intervenção, retirando-lhe a
autonomia organizacional, que caracteriza a estrutura federativa. Estão elencados no
art. 34, VII, alíneas a a e, da Constituição Federal.

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

(...)

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

12. Poder Legislativo do Estado do Pernambuco. Imunidade dos


deputados estaduais e dos vereadores. Processo legislativo estadual.
Fiscalização contábil, financeira e orçamentária. Tribunal de Contas do
Estado.
[TJCE]. As regras de iniciativa reservada ao governador do Estado do Pernambuco,
coincide com as previstas na CF/88?
Sim (Carla).

[TJCE]. Imunidade de deputados estaduais são análogos a dos deputados federais?


Aos Deputados Estaduais (cf. art. 27, §1º) serão aplicadas as mesmas regras previstas
na Constituição Federal sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades,
remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças
Armadas.

Quando dizemos "mesmas regras", observar a correspondência, ou seja, ao falar em


prisão, somente no caso de flagrante delito de crime inafiançável, devendo os autos
ser remetidos à Assembleia Legislativa dentro de 24 horas para que, pelo voto da

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maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Ao falar em competência por


prerrogativa de função, de acordo com a Constituição do Estado de São Paulo, por
exemplo, entenda-se a do Tribunal de Justiça. Ao falar em prática de crime comum
após a diplomação, o TJ poderá instaurar o processo sem a prévia licença da
Assembleia Legislativa, mas deverá a ela dar ciência, sendo que, pelo voto da maioria
de seus membros, o Poder Legislativo Estadual poderá sustar o andamento da ação.

Por fim, entenda-se plenamente assegurada a imunidade material dos Deputados


Estaduais, que são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
palavras e votos. Da mesma forma como ocorre com os parlamentares federais, não
há mais (após a EC n. 35/2001) imunidade formal para crimes praticados antes da
diplomação.

[TJCE]. E quanto aos vereadores?


De acordo com o art. 29, VIII, como já visto, os Municípios reger-se-ão por lei
orgânica, que deverá obedecer, dentre outras regras, à da inviolabilidade dos
Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
circunscrição do Município.

Ou seja, o Vereador Municipal somente terá imunidade material (excluindo-se a


responsabilidade penal e a civil), desde que o ato tenha sido praticado in officio ou
propter officium e na circunscrição municipal, não lhe tendo sido atribuída a
imunidade formal ou processual.

Além disso, nos termos do art. 29, IX, a lei orgânica também deverá observar as
proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber,
ao disposto na CF para os membros do Congresso Nacional e na Constituição do
respectivo Estado, para os membros da Assembleia Legislativa.

[TJCE]. Rol de reservas de iniciativas privativas do Governador do Estado (RN)?


Há coincidência como rol do Presidente da República. Há alguma especificidade na
Constituição Potiguar?
- No art. 46, §1º da Constituição Estadual está previsto o rol de iniciativa de lei para
o Governador:

§ 1º São de iniciativa privativa do Governador do Estado as leis que: I - fixem ou


modifiquem o efetivo da Polícia Militar; II - disponham sobre: a) criação de cargos,
funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica, ou aumentem a sua
remuneração; b) servidores públicos do Estado, seu regime jurídico, provimento de
cargos, estabilidade e aposentadoria de civis, reforma e transferência de militares para
a inatividade; *Em desacordo com art. 3.º da EC n.º 18, de 05/02/98, que alterou a alínea
“c” do inciso II do § 1.º do art. 61 da CF, acrescentado a alínea “f”ao mesmo inciso. c)
criação, estruturação e atribuições das Secretarias, Polícia Militar, Polícia Civil e
órgãos da administração pública.

- Dessa forma, existe uma certa simetria com o rol do Presidente da República
prevista na CF/88, mutatis mutandi.

[TJCE]. A lei anticorrupção afeta a atividade do tribunal de contas do RN? Qual a


relação desta lei com a função do tribunal de contas?
Lei nº 12.846/2013 (Lei Anticorrupção): o ordenamento jurídico nacional passa a
ter mais uma ferramenta de legalidade e conformidade a ser aplicada, dessa vez

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direcionada a reger normas a pessoas jurídicas pela prática de atos contra a


administração pública, nacional ou estrangeira, com aplicação de sanções na esfera
civil e administrativa às empresas que, comprovadamente, subornem agentes
públicos ou fraudem licitações, além de outras providências.

Tal lei não prevê expressamente a participação do TCE nos processos de tomada de
contas. No entanto, ao imputar a instauração, o julgamento e a apuração das
responsabilidades nos processos administrativos aos órgãos e entidades públicas e se
houver dano ao erário, automaticamente esses órgãos devem proceder a um processo
devidamente formalizado com rito próprio denominado Tomada de Contas Especial,
procedimento regulamentado por todos os Tribunais de Contas que, se não adotado
e encaminhado para julgamento a essas Cortes, caracteriza grave infração à norma
legal e sujeita a autoridade administrativa competente omissa à imputação das
sanções cabíveis, incluindo a responsabilidade solidária no dano identificado.

Ora, como todos os órgãos e entidades acima referidos são jurisdicionados dos
Tribunais de Contas, portando todos devem prestar contas a esses órgãos de controle.
Estes, obviamente podem e devem fiscalizá-los quanto ao fiel cumprimento do que
dispõe a Lei em tela, mesmo sem a expressa participação dos Tribunais de Contas no
bojo de seu texto.

A Lei Anticorrupção, portanto, deixou de inserir de forma expressa a participação


dos tribunais de contas, ao contrário do que acertadamente fizeram a Lei de
Responsabilidade Fiscal e a Lei da Transparência que, além de atribuírem mais
competências a essas Cortes, aumentaram e fortaleceram sua função fiscalizadora.
Contudo, isso não diminui a competência constitucional dos tribunais de contas em
exercer o controle externo dos recursos públicos, cabendo aos mesmos o dever de,
primeiro, usar sua função educativa em orientar aqueles que lhes prestam contas da
aplicação do dinheiro público, depois, quando couber, usar sua função sancionadora
ao punir os responsáveis que lesem o erário ao infringirem qualquer norma legal,
inclusive a Lei nº 12.846/2013.

Por fim, seria legítimo que a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do
Brasil (Atricon) e as próprias Cortes de Contas demonstrem à sociedade em geral as
suas importâncias no controle dos recursos públicos na esfera administrativa, pois
quando a Lei Anticorrupção, equivocadamente, omitiu a participação dessas
instituições no tema, deixou aberta uma grande lacuna no combate à corrupção.

[TJCE]. - O artigo 53, § 2º, da Constituição Federal em relação à parte final, de


remessa em 24 horas, pode ser excepcionado em algum caso?
R: Não encontrei a resposta a esta questão. Eu responderia que O prazo de 24 horas
poderia ser excepcionado nos casos em que a Casa respectiva, responsável pela
resolução quanto à prisão não estivesse funcionando (ex. férias, recesso). Neste caso,
s.m.j., acredito que seja necessário designar sessão extraordinária para apreciar o
pedido de prisão.

[TJCE]. Governador pode deslocar um órgão para outra estrutura, ainda que o
órgão esteja previsto na lei de criação da secretaria?
R: Não sei ao certo a resposta para esta questão. Responderia que não é possível o
deslocamento, devendo ser respeitada a lei de criação. O governador não poderia

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determinar o deslocamento de um órgão, pois desvirtuaria o fim para qual ele foi
criado.

[TJCE]. A Lei poderia vedar pesquisa eleitoral às vésperas do pleito? Por exemplo,
15 dias antes? Conhece precedentes?
R: O art. 35-A da Lei nº 9504/97, estabelecia que até 15 dias antes da eleição e até
18 horas depois não podia ter divulgação de pesquisa. Porém, o artigo foi declarado
inconstitucional (ADI 3741).

[TJCE]. O §2º do art. 53 dispõe que desde a diplomação os parlamentares não


podem ser presos, devendo o procedimento ser remetido à casa respectiva. Existe
alguma exceção?
Sim, se o crime foi cometido antes da diplomação e o parlamentar não era
parlamentar.

[TJCE]. Qual a diferença entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal?


Câmara dos Deputados:

- Representantes do povo.

- Deputados eleitos pelo sistema eleitoral proporcional, de acordo com o


número de habitantes.

- Número será estabelecido por LC, não podendo ser inferior a 8 ou


superior a 70 Deputados. No que tange aos territórios cada um elegerá 4
Deputados.

- Mandato de quatro anos.

- Renovação de 4 em 4 anos, sem alternância.

- Sem suplente

Senado Federal:

- Representantes das unidades da Federação.

- Senadores eleitos pelo sistema eleitoral majoritário.

- Três Senadores para cada Estado e para o Distrito Federal.

- Eleições de quatro em quatro anos, alternadas em um e dois terços.

- Mandato de oito anos.

- Renovação de 4 em 4 anos, alternadamente por 1 e 2/3.

- Cada senador tem dois suplentes.

13. Poder Judiciário do Estado do Pernambuco. Organização


Judiciária. Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado do
Pernambuco.

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[TJCE]. Como é processado o incidente de constitucionalidade no âmbito do TJPE


(adaptada)?
Nos termos do art. 63 da Constituição do Estado de Pernambuco:

“Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade: I - o Governador do Estado; II


- a Mesa da Assembléia Legislativa; III - o Procurador-Geral da Justiça; IV - os
Prefeitos e as Mesas das Câmaras de Vereadores, ou entidade de classe de âmbito
municipal, quando se tratar de lei ou ato normativo do respectivo Município; V - os
Conselhos Regionais das profissões reconhecidas, sediadas em Pernambuco; VI - partido
político com representação nas Câmaras Municipais, na Assembléia Legislativa ou no
Congresso Nacional; VII - federação sindical, sindicato ou entidade de classe de âmbito
estadual;

§ 1º O Procurador-Geral da Justiça deverá ser ouvido na ação de inconstitucionalidade,


para a qual será citado o Procurador-Geral do Estado ou o Município interessado, na
pessoa do seu representante legal, conforme se trate de lei ou ato normativo estadual ou
municipal.

§ 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma


da Constituição Estadual, ou de Lei Orgânica, será dada ciência ao Poder competente
para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo,
para fazê-lo em trinta dias”.

Segundo o Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco:

CAPÍTULO III - DA AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

Art. 140. A ação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal


perante a Constituição Estadual, inclusive por omissão, será dirigida ao Presidente do
Tribunal, em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira deverão ser
reproduzidos por cópia.

Art. 141. O relator determinará:

I - a notificação da autoridade responsável para que preste informação no prazo de 30


(trinta) dias, remetendo-lhe a segunda via da representação e cópias dos documentos a
ela anexadas;

II - (REVOGADO)

Art. 142. Recebidas as informações ou decorrido o prazo sem que sejam prestadas, dar-
se-á vista dos autos ao Procurador Geral da Justiça para emitir parecer no prazo de 15
(quinze) dias, exceto nas ações em que for autor.

Parágrafo único. Decorrido o prazo das informações, será citado o Procurador Geral
do Estado ou do Município interessado, na pessoa do seu representante legal, conforme
se trate de lei ou ato normativo estadual ou municipal.

Art. 143. Cumprida a instrução no feito, o relator lançará nos autos a exposição da qual
serão remetidas cópias aos demais julgadores incluindo, desde logo, o processo em
pauta.

Art. 144. No julgamento, após o relatório, facultar-se-á a cada parte a sustentação oral
de suas razões, durante quinze minutos, seguindo-se a votação, com observância, no que
couber, do disposto no Capitulo II deste Titulo.

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Art. 145 . Dentro do prazo de 10 (dez) dias após o trânsito em julgado da decisão, o
Presidente do Tribunal fará publicar no Diário da Justiça Eletrônico a parte dispositiva
do acórdão.

Parágrafo único. (REVOGADO)

Art. 145-A. A medida cautelar do ato impugnado, se manifesta a conveniência por motivo
relevante de ordem pública, será concedida por decisão da maioria absoluta dos
membros da Corte Especial, observado o disposto no art. 137, após a ouvida dos órgãos
ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão
pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias.

§ 1ºNo caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir a medida cautelar do


ato impugnado sem a ouvida dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou
o ato normativo impugnado.

§ 2º O relator, após a prestação das informações, apresentará o feito em mesa.

§ 3º Declarada a inconstitucionalidade, a decisão será comunicada à Assembléia


Legislativa para promover a suspensão da eficácia da lei, em parte ou no seu todo,
quando se tratar de afronta à Constituição Estadual, ou à Câmara Municipal quando a
afronta for à Lei Orgânica respectiva.

[TJCE]. O Estado do Rio Grande do Norte tem Tribunal de Justiça Militar? Na falta
desse tribunal, quem julga os recursos?
Tribunal de Justiça Militar (TJM) é o órgão de segunda instância da Justiça Militar
Estadual no Brasil, previsto pelo Artigo 125 da Constituição Federal naqueles
Estados em que o contingente de militares estaduais ultrapassa o total de vinte mil
integrantes.

Atualmente, três Estados mantém Tribunais de Justiça Militar: São Paulo, Minas
Gerais e Rio Grande do Sul, sendo os primeiros criados a partir do convênio, entre
União e estados para reorganização das Polícias Militares e das Justiças Militares
estaduais, no ano de 1936.

Na falta de Tribunais de Justiça Militares, os recursos serão julgados pelo TJ, no caso
TJRN.

[TJCE]. Como ocorre o incidente de inconstitucionalidade no âmbito do TJRN? E o


controle difuso? As câmaras, quais são as funções?
R: Essa questão é específica do Estado.

[TJCE]. As turmas recursais podem declarar a inconstitucionalidade de lei?


"Realmente, o art. 97 da Constituição, ao subordinar o reconhecimento da
inconstitucionalidade de preceito normativo a decisão nesse sentido da 'maioria absoluta
de seus membros ou dos membros dos respectivos órgãos especiais', está se dirigindo aos
Tribunais indicados no art. 92 e aos respectivos órgãos especiais de que trata o art. 93,
XI. A referência, portanto, não atinge juizados de pequenas causas (art. 24, X) e juizados
especiais (art. 98, I), que, pela configuração atribuída pelo legislador, não funcionam,
na esfera recursal, sob regime de plenário ou de órgão especial. As Turmas Recursais,
órgãos colegiados desses juizados, podem, portanto, sem ofensa ao art. 97 da
Constituição e à Súmula Vinculante 10, decidir sobre a constitucionalidade ou não de

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preceitos normativos." (ARE 792562 AgR, Relator Ministro Teori Zavascki, Segunda
Turma, julgamento em 18.3.2014, DJe de 2.4.2014).

[TJCE]. Se houvesse composição diversa das turmas recursais, haveria aplicação do


art. 97 da CF no caso?
Para haver a aplicação do art. 97 da CF as turmas recursais, estas turmas teriam que
ser consideradas turmas de segundo grau, nesta hipótese, poderia sim aplicar o
referido artigo.

[TJCE]. Lei 11.107, o decreto que regulamenta essa lei subordina Estados e
Municípios?
Sim, o próprio decreto em diversos pontos traz regulamentos aplicáveis a todos os
entes, inclusive trazendo também, expressamente normas aplicáveis somente a
União. Decreto- Lei 6017/2007.

[TJCE]. A união pode participar de qualquer consorcio público?


Art. 1º, § 2º, da lei 11107/2005. A união somente participará de consórcios públicos
em que também façam parte todos os estados em cujos territórios estejam situados
os municípios consorciados.

[TJCE]. Como é processado o incidente de constitucionalidade no âmbito do


tribunal de justiça? Quantos desembargadores compõe o órgão especial o TJ/ /RN?
- A arguição incidental de inconstitucionalidade no âmbito dos tribunais é
regulamentada pelo respectivo Regimento Interno e pelo Código de Processo Civil.
Arguida a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, caberá ao
relator do processo, após a oitiva do Ministério Público, submeter a questão à turma
ou câmara competente para conhecer do processo (CPC, art. 480). Caso a alegação
de inconstitucionalidade seja rejeitada pelo órgão fracionário (turma ou câmara), este
prosseguirá no julgamento até sua conclusão. Todavia, se a alegação for acolhida,
deverá ser lavrado o acórdão a fim de ser submetida a questão ao plenário ou, onde
houver, ao órgão especial (CPC, art. 481), salvo se já houver pronunciamento anterior
pelo próprio tribunal ou pelo plenário do STF sobre a questão (CPC, art. 481,
parágrafo único). Admite-se a manifestação de vários órgãos e entidades, entre eles,
o Ministério Público, as pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição
do ato questionado, os legitimados para a propositura de ADI e ADC e o amicus
curiae (CPC, art. 482, §§ 1.° a 3.°).

- Para a constituição do órgão especial a CF/88 dispõe: Art. 93. Lei complementar,
de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura,
observados os seguintes princípios: nos tribunais com número superior a vinte e
cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o
máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas
e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das
vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Nesse contexto, temo que o TJ/RN é composto por quinze desembargadores, por isso,
não tem órgão especial., conforme a constituição do estado e a lei de organização
judiciária.

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CE, Art. 70. São órgãos do Poder Judiciário do Estado: I - O Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande doNorte, composto de quinze (15) Desembargadores;

Lei de Organização. Art. 3º. Os Juízes devem negar aplicação, nos casos concretos, às
leis que entenderem manifestamente inconstitucionais, sendo, entretanto, da
competência privativa do Plenário do Tribunal de Justiça, pela maioria absoluta dos
seus membros, a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público estadual ou municipal em face da Constituição do Estado.

Art. 12. O Tribunal de Justiça, órgão de cúpula do Poder Judiciário Estadual, com sede
na Capital e jurisdição em todo o território do Estado, compõe-se de quinze
Desembargadores.

Art. 14. O Tribunal de Justiça funciona em Tribunal Pleno, em Conselho da Magistratura


e em Câmaras, na conformidade do disposto nesta Lei e no Regimento Interno.

Art. 15. O Tribunal Pleno funciona com a presença mínima de oito Desembargadores,
inclusive o Presidente.

Parágrafo único. No julgamento de inconstitucionalidade de lei ou ato do Poder Público,


se não for rejeitada a argüição pela maioria dos membros do Tribunal, completa-se o
“quorum” até o limite da composição do Plenário.

Art. 16. O Presidente do Tribunal de Justiça e o Corregedor de Justiça não integram as


Câmaras, o que não se verifica em relação ao Vice-Presidente, que, inclusive, funciona
como relator e revisor.

[TJCE]. Como se dá a escolha do juiz de paz na Constituição do Estado do RN?


Makson

Art. 78. Fica criada a Justiça de Paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo
voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro (4) anos, e competência definida
em lei complementar, para celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de
impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias,
sem caráter jurisdicional

[TJCE]. Há no Estado do Ceará Tribunal Militar? Poderia ter? Quem julga?


Larissa

[TJCE]. O juiz de direito tem competência para julgar crimes militares?


Larissa

14. Ordem econômica e financeira. Princípios gerais da atividade


econômica. Da Política Urbana. Tributação e orçamento. Do Sistema
Tributário Nacional. Das Finanças Públicas.
[TJCE]. Diferencie crédito extraordinário, especial e suplementar.
Créditos extraordinários, suplementares e especiais são modalidades de créditos
adicionais.

Créditos adicionais são autorizações de despesas não computadas no orçamento


ou dotadas de forma insuficiente (art. 40 da Lei n 4.320/64). O que significa dizer
que a despesa se revelou maior do que prevista inicialmente.

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A diferença entre as modalidades está na sua motivação.

Os créditos suplementares caracterizam-se por serem destinados ao reforço de


dotação orçamentária, ou seja, houve previsão orçamentária, mas no curso da sua
execução provou-se que a referida previsão seria insuficiente para realizar todas as
despesas necessárias.

Os créditos especiais e extraordinários caracterizam-se pelo fato de as despesas


que devem ser autorizadas não estarem, originalmente, computadas no orçamento. A
diferença entre eles está, novamente, na motivação da autorização da despesa: os
créditos especiais são destinados a atender quaisquer despesas para as quais não haja
dotação orçamentária, enquanto os créditos extraordinários são aqueles que devem
ser utilizados tão somente para atender a despesas urgentes e imprevistas, decorrentes
de guerra, comoção e interna e calamidade pública.

* Resposta extraída do livro Direito Financeiro Esquematizado de Thatiane Piscitelli.

[TJCE]. Como os créditos extraordinários são implantados?


De acordo com o artigo 167, §3º, da Constituição Federal, há autorização para que
os créditos extraordinários sejam abertos, tendo-se em vista a urgência da despesa,
via medida provisória, afastando-se da regra geral relativa à necessidade de
aprovação por meio de lei ordinária.

Assim, é possível a abertura de créditos extraordinários tanto por lei ordinária


quanto por Medida Provisória.

[TJCE]. Os créditos orçamentários são passíveis de controle de constitucionalidade?


Inicialmente, o STF considerava inadmissível a propositura de Ação Direta de
Inconstitucionalidade contra norma orçamentária sob o argumento de que se tratava
de leis de efeito concreto. Faltariam as leis classificadas como “meramente formais”
atributos de generalidade e abstração.

A revisão da orientação jurisprudência vem apenas em 2008 (com o julgamento


da Medida liminar na ADI 4.048 – DF, julgada em 17/4/2008). A ação fora proposta
contra a Medida Provisória 405/2007, posteriormente convertida na Lei nº
11.658/2008, que abriu crédito extraordinário em favor da Justiça Eleitoral e diversos
órgãos do Poder Executivo, fora das hipóteses do art. 167, §3º, da CF.

A decisão supera os antigos fundamentos antes aplicados para se negar o controle


abstrato de constitucionalidade das leis orçamentárias. No julgamento ficou
assentado que o “STF deve exercer função precípua de fiscalização da
constitucionalidade das leis e dos atos normativos quando houver um tema ou
controvérsia constitucional suscitada em abstrato, independente do caráter geral ou
específico, concreto ou abstrato de seu objeto”.

É esse o atual estágio da jurisprudência do STF, que alterou seu posicionamento,


passando a aceitar o controle de constitucionalidade abstrato em relação a normas
orçamentárias.

* Resposta extraído do livro de Gilmar Mendes.

[TJCE]. Qual a diferença dos créditos suplementares, especiais e extraordinários?

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Créditos adicionais são divididos em: suplementares, especiais e extraordinários.

Créditos Especiais: Ocorrem quando há um erro de planejamento, quando quem


elabora a LOA se esquece de incluir determinada despesa. Serve para despesa que
não havia sido prevista e, portanto, deve passar pelo crivo do Poder Legislativo e ser
incluída na LOA como crédito especial.

Créditos Suplementares: Ocorrem quando a estimativa inicial do gasto não


corresponde à real necessidade de recursos. A despesa está fixada na LOA, mas o
crédito orçamentário não é suficiente para concluir o objeto. Ele pode ser autorizado
em uma nova lei, que precisa ser aprovada pelo Legislativo, ou já vir aprovado na
própria LOA. Este último caso, como já vimos, é uma das duas exceções ao princípio
da exclusividade, pois uma autorização para aumentar gastos não é nem previsão de
receita e nem fixação de despesa, é apenas uma autorização (a outra exceção ao
princípio da exclusividade é a autorização para tomar dinheiro emprestado).

Créditos extraordinários: Destinam-se a atender somente despesas imprevisíveis e


urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública (art.
167, § 3º da CF e c/c art. 41, inciso III, da Lei nº 4.320/64). Os créditos
extraordinários são abertos por medida provisória e submetidos imediatamente ao
Poder Legislativo (art. 167, § 3º, c/c art. 62 da CF).

[TJCE]. É possível controle de constitucionalidade em face dessa lei?


Durante muitos anos, prevaleceu no Supremo Tribunal Federal a orientação de que
as leis de natureza orçamentária não poderiam ser submetidas ao controle abstrato de
constitucionalidade. Seriam leis apenas em sentido “meramente formal” ou “de efeito
concreto”, sem matéria que pudesse ser apreciada na jurisdição constitucional.
Faltariam às normas orçamentárias os requisitos de generalidade e abstração
tradicionalmente tidos como imprescindíveis à viabilidade do controle de
constitucionalidade pela via da ação direta.

Hoje em dia, é plenamente possível o controle de constitucionalidade, sobretudo da


lei de diretrizes orçamentárias e do plano plurianual, independentemente da análise
da densidade normativa e do âmbito material da lei

[TJCE]. Seria possível um município considerar lado seu território em área urbana
com o fim de cobrar IPTU e não ITR?
Sim. O município pode fazê-lo através de seu plano diretor. Haverá presunção
relativa de que aquela área será destinada para fins urbanos. Pode, no entanto, o
contribuinte comprovar que a destinação econômica é voltada para atividade rurícola.
Nesse mesmo sentido:

“Apelação - Ação anulatória de débito fiscal. Cobrança de IPTU e ITR - Sentença que
julgou procedente a ação e reconheceu a ilegitimidade da cobrança do IPTU dos
exercícios de 2007 a 2012. Imóvel localizado em área considerada rural incluído no
perímetro urbano do Município de São Paulo em 2006 - O critério da localização não
é suficiente para a definição da incidência do IPTU ou ITR, sendo necessário
observar a destinação econômica - Precedentes do STJ - Recolhimento do ITR que não
comprova necessariamente seja este o imposto correto a ser recolhido - A verificação da
incidência do IPTU ou do ITR depende de interpretação conjunta dos critérios
topográfico (art. 32 do CTN) e da destinação do imóvel, com prevalência deste último,
desde que comprovado (art. 15 do Decreto-Lei nº 57/66) - Elementos trazidos aos autos

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demonstrando que o imóvel não é destinado à exploração vegetal, agrícola, pecuária ou


agroindustrial, devendo incidir o IPTU. Ausência de prova inequívoca quanto à
destinação rural do imóvel - Prova que cabia à autora- Inteligência do art. 333, inc. I,
do CPC. Cadastramento no INCRA que não ilide o pagamento do IPTU- Sentença
reformada em reexame necessário - Recurso da Municipalidade provido (TJSP –
Relator(a): Roberto Martins de Souza; Comarca: São Paulo; Órgão julgador: 18ª
Câmara de Direito Público; Data do julgamento: 14/08/2014; Data de registro:
18/08/2014)”

Sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça decidiu em sede da sistemática dos


recursos repetitivos (art. 543-C do CPC):

“TRIBUTÁRIO. IMÓVEL NA ÁREA URBANA. DESTINAÇÃO RURAL. IPTU. NÃO-


INCIDÊNCIA. ART. 15 DO DL 57/1966. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-C DO
CPC. 1. Não incide IPTU, mas ITR, sobre imóvel localizado na área urbana do
Município, desde que comprovadamente utilizado em exploração extrativa, vegetal,
agrícola, pecuária ou agroindustrial (art. 15 do DL 57/1966). 2. Recurso Especial
provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.
(REsp 1112646/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 26/08/2009, DJe 28/08/2009)”

[TJCE]. Com base em que é definido o conceito de área urbana e área rural?
No âmbito do §1º do art. 32 do CTN, entende-se como zona urbana a definida em lei
municipal, desde que observadas pelo menos duas das melhorias listadas em seus
incisos. E considera-se, ainda, nessa situação, o imóvel localizado em área de
expansão urbana, constante de loteamento aprovado pelos órgãos competentes, nos
termos do §2º do art. 32.

Art. 32 – § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em
lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados
em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder
Público:

I – meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;

II – abastecimento de água;

III – sistema de esgotos sanitários;

IV – rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;

V – escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros


do imóvel considerado.

Cabe aos Municípios definir as zonas urbana e rural, por meio de lei municipal. A
súmula 399, STJ disciplina a questão da seguinte forma: “Cabe à legislação
municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.”

No entanto, há um espaço para conflito de competência tributária, pois devido à


crescente expansão imobiliária e ao crescimento das áreas urbanas nos municípios
torna-se muito comum que uma propriedade antes situada em zona rural passe a ser
incluída em zoneamento urbano, passando assim a sofrer a incidência do IPTU muito
mais oneroso do que o ITR.

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O ITR é um imposto progressivo e tem suas alíquotas fixadas visando dificultar a a


manutenção de propriedades improdutivas, de modo que será reduzido dependendo
do grau de utilização da terra e do grau de eficiência na produção, conforme o art.
153, §4º I, da Constituição Federal; já o IPTU considera a área do imóvel mensurada
em metros quadrados e tem um aspecto qualitativo.

A própria CF em seu artigo 146, inciso I, prevê a solução para este conflito de
competência através de lei complementar. Ora, o Decreto-Lei 57/66 foi recepcionado
pela nossa Constituição Federal como lei complementar, e o seu art. 15 acrescentou
o critério da destinação do imóvel para delimitação da incidência do IPTU. O art. 15
do Dec.-Lei n. 57/66 exclui da incidência do IPTU imóveis que, “comprovadamente,
seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agro-
industrial, incidindo assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo
cobrados“.

Vale observar que o Decreto-Lei é de 18/11/1966, posterior ao CTN que é de


25/10/1966 (Lei n. 5.172/66), ou seja, o Dec.-Lei n. 57/66 é posterior e trouxe uma
alteração ao enunciado previsto no art. 32 do CTN com o escopo de dirimir os
conflitos entre as competências municipal e federal acrescentando o critério da
destinação e da utilização do imóvel.

Desta forma, o conflito de competência passa a ser solucionado pela aplicação do


referido Decreto-Lei, devendo o Município isentar de IPTU estes imóveis, desde que
comprovada a destinação rural dos mesmos, ainda que situados em zona urbana.

O STJ no julgamento do RECURSO ESPECIAL Nº 1.112.646 – SP (2009/0051088-


6) entendeu que não incide IPTU sobre propriedade de imóvel localizado em área
urbana que, comprovadamente, é utilizado em exploração extrativa, vegetal, agrícola,
pecuária ou agroindustrial. Assim, embora inserido em zona qualificada como urbana
pelo município, o imóvel poderá ter natureza rural para fins de incidência do imposto
federal ITR.

Assim, o critério topográfico previsto no art. 32 do CTN deve ser analisado em face
do comando do art. 15 do DL 57/66, de modo que não incide o IPTU quando o imóvel
situado na zona urbana receber quaisquer das destinações previstas nesse diploma
legal.

Outros Tribunais defendem o mesmo posicionamento do STJ inclusive o STF que


considerou constitucional o Decreto-Lei 57/1966.

Com isso, tanto o IPTU pode incidir em área rural quanto o ITR em área urbana,
apenas que, tratando-se de situações excepcionais, exige-se prova de que o imóvel
exerce destinação rural, apesar de urbano, ou que exerce destinação urbana, apesar
de rural.

(Consultado em: http://melloadvocacia.adv.br/site/?p=511)

[TJCE]. O que é o princípio da subsidiariedade? Está na CF?


Esse princípio estabelece limitações à intervenção do Estado. O Estado deve abster-
se de exercer determinadas atividades que o particular tem condições de exercer por

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sua iniciativa e recursos próprios. Já o papel do Estado é de agente regulador, de criar


as condições adequadas para o êxito dos empreendimentos privados.

[TJCE]. A que ente toca a anistia de sanção administrativa?


A anistia é um instituto próprio do poder legislativo, portanto quem tem competência
para conceder anistia seria o ente legislativo competente para legislar sobre aquele
assunto.

[TJCE]. Mesmo que configure crime?


Principalmente quando se configura crime. Quem tem o poder de anistiar é o poder
legislativo competente. No caso o crime só poderia ser anistiado pelo poder
legislativo nacional que tem a competência de legislar sobre direito penal.

[TJCE]. Refinarias no Brasil não-estatais fere o monopólio da União? Qual a


atividade pode ser repassada ao particular?
- Não fere o monopólio da União, pois a própria constituição excepciona.

Art. 177. Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo
e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; II - a refinação do petróleo nacional ou
estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes
das atividades previstas nos incisos anteriores; IV - o transporte marítimo do petróleo
bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem
assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural
de qualquer origem; V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a
industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com
exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser
autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput
do art. 21 desta Constituição Federal.

§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das


atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas
em lei.

§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre: I - a garantia do fornecimento dos


derivados de petróleo em todo o território nacional; II - as condições de contratação; III
- a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;

§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no território


nacional.

- Podem ser repassadas para o particular as hipóteses do art. 177, incisos I ao IV da


CF/88: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros
hidrocarbonetos fluidos; II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III - a
importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades
previstas nos incisos anteriores; IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de
origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim
o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de
qualquer origem.

15. Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas. Emenda


Constitucional no 45/04 – Reforma do Judiciário. Emendas
Constitucionais.

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[TJCE]. O estado de sítio não suspende as liberdades, mas sim a garantia?


O estado de sítio suspende temporariamente os direitos e garantias dos cidadãos.
Entretanto, a CF/88 restringe o campo de atuação da medida: Art. 139 (…) I -
obrigação de permanência em localidade determinada; II - detenção em edifício não
destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; III - restrições relativas à
inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de
informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; IV
- suspensão da liberdade de reunião; V - busca e apreensão em domicílio; VI -
intervenção nas empresas de serviços públicos; VII - requisição de bens.

[TJCE]. As garantias suspensas no estado de sítio se aplicam no direito brasileiro?


O estado de sítio, previsto pelo Artigo 137 da Constituição Federal Brasileira,
consiste na suspensão temporária e localizada de garantias constitucionais. Suspende
as garantias dos direitos fundamentais e nunca, os próprios direitos fundamentais.

[TJCE]. O CNJ é controle interno ou externo?


- CNJ: trata-se de controle interno do poder judiciário. O CNJ tem como principais
finalidades o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e a
fiscalização dos juízes no cumprimento de seus deveres funcionais. Assim como o
controle ético-disciplinar dos magistrados não afeta a imparcialidade jurisdicional, o
controle das atividades administrativas e financeiras não atinge o autogoverno do
Judiciário, porquanto não há qualquer usurpação de competência privativa dos
Tribunais.

[TJCE]. Admite-se Repercussão Geral no Brasil? Por quê?


- CF, art. 102, § 3.° No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a
repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei,
a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo
pela manifestação de dois terços de seus membros.

As finalidades da repercussão geral, segundo documento disponibilizado pelo


Supremo Tribunal Federal, são: “I) firmar o papel do STF como Corte Constitucional
e não como instância recursal; II) ensejar que o STF só analise questões relevantes
para a ordem constitucional, cuja solução extrapole o interesse subjetivo das partes;
III) fazer com que o STF decida uma única vez cada questão constitucional, não se
pronúnciando em outros processos com idêntica matéria”.149

- Este filtro recursal permite ao STF julgar os recursos extraordinários apenas quando
estiverem presentes questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social
ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa (CPC, art. 543-A, §
1.°).150 Trata-se de um requisito antecedente e prejudicial a qualquer outro, cabendo
ao recorrente demonstrar o binômio relevância e transcendência antes mesmo de se
enveredar para o apontamento de qualquer matéria, pois, do contrário, não se
conhecerá do recurso extraordinário impetrado.

[TJCE]. Em que consiste a repercussão geral?


R: A Repercussão Geral é um instrumento processual inserido na Constituição
Federal de 1988, por meio da Emenda Constitucional 45, conhecida como a
“Reforma do Judiciário”. O objetivo desta ferramenta é possibilitar que o Supremo
Tribunal Federal selecione os Recursos Extraordinários que irá analisar, de acordo
com critérios de relevância jurídica, política, social ou econômica. O uso desse filtro

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recursal resulta numa diminuição do número de processos encaminhados à Suprema


Corte. Uma vez constatada a existência de repercussão geral, o STF analisa o mérito
da questão e a decisão proveniente dessa análise será aplicada posteriormente pelas
instâncias inferiores, em casos idênticos. A preliminar de Repercussão Geral é
analisada pelo Plenário do STF, através de um sistema informatizado, com votação
eletrônica, ou seja, sem necessidade de reunião física dos membros do Tribunal. Para
recusar a análise de um RE são necessários pelo menos 8 votos, caso contrário, o
tema deverá ser julgado pela Corte. Após o relator do recurso lançar no sistema sua
manifestação sobre a relevância do tema, os demais ministros têm 20 dias para votar.
As abstenções nessa votação são consideradas como favoráveis à ocorrência de
repercussão geral na matéria.

[TJCE]. A que lei o art. 195, §7º da Constituição Federal se refere? Qual a razão?
Art. 195, §7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Há
aqueles que defendem de forma veemente que a lei, aludida na espécie, seria a
complementar. Neste compasso, Carazza (2004, p. 766/769) afirma que as limitações
ao poder de tributar, nos termos do art. 146, II da Constituição, só podem ser
reguladas por meio de lei complementar e que esta deve, simplesmente, tratar de
aspectos formais, sem restringir ou anular o benefício alcançado pela Suprema Lei.
Segundo o autor, a lei complementar, neste caso, apenas especificará as condições
para o gozo da imunidade, não lhe sendo permitido modificar o conceito de entidade
beneficente de assistência social, já traçado pela própria Constituição.

Segundo o entendimento do respeitado tributarista citado, o art. 14 do CTN faz as


vezes da lei complementar exigida, conferindo plena eficácia e total aplicabilidade
ao art. 195, § 7º da Carta Política. Portanto, em seu entendimento, aquela entidade
beneficente que atender aos requisitos delimitados pelo art. 14 do Código Tributário
Nacional, possui o inafastável direito de não ser tributada por meio de contribuições
sociais para Seguridade Social. Esta primeira corrente afirma, de forma peremptória,
que não cabe a lei ordinária criar requisitos outros que não aqueles expressos em lei
complementar como necessários para que as entidades gozem da imunidade a elas
concedida.

Em suma, sustentam, que sob pena de inconstitucionalidade, lei ordinária não pode
cuidar de matéria reservada a lei complementar. De outra banda, o Fisco tem
sustentado que lei ordinária poderia regular a matéria, aduzindo que a Suprema Corte
neste sentido se pronunciou por ocasião da apreciação do pedido liminar na ADIn nº.
2028-5, tese combatida pela primeira corrente apresentada, considerando que
levanta, entre outros argumentos, o de que o referido julgado teria apreciado questão
pontual, contemplando as particularidades daquele caso concreto, devendo, destarte,
ser tomado por exceção. A corrente hoje dominante assinala para uma solução
intermediária, conciliando a aplicação de forma conjunta de lei complementar e de
lei ordinária. A solução se daria reservando a lei complementar o regramento dos
requisitos materiais para contemplação da imunidade ao passo que os aspectos
formais poderiam ser regulados por lei ordinária.

[TJCE]. O conselho nacional de justiça é controle externo ou interno?


É um órgão de controle interno do judiciário, pois ele faz parte do poder judiciário.

[TJCE]. É um órgão de jurisdição nacional ou federal?

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É um órgão nacional pois conforme o art. 103-B, § 4º da CF compete ao CNJ o


controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, não se referindo
somente ao poder judiciário federal.

[TJCE]. Podem existir conselhos análogos em nível estadual?


Não, o STF já decidiu que é inconstitucional a formação de conselhos de controle do
judiciário em nível estadual.

[TJCE]. O que significa dizer que no estado de sítio garantias são suspensas?
Por estado de sítio se entende o instrumento de que dispõe o presidente da república,
em situações extremas, elencadas no art. 137 e seguintes da CF/88, para garantir a
manutenção ou retorno ao estado de direito.

A suspensão das garantias significa que após a decretação do estado de sítio algumas
garantias, previstas constitucionalmente, poderão ter a sua aplicabilidade limitada,
de forma a garantir que o estado de sítio venha a alcançar seus objetivos.

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ADMINISTRATIVO
1. Origens, objeto e conceito do Direito Administrativo.
[TJCE]. Quando direito administrativo surgiu?
A origem do Direito Administrativo se relaciona com o advento do Estado moderno,
inicialmente fundado em um ordenamento que concedia poder unitário, totalitário e
absoluto ao monarca (Monarquia Absolutista).

Dirley da Cunha Junior ensina que, se com o organização do Estado se vislumbra a


existência de uma Administração Pública, pode-se dizer que somente com a sujeição
do Estado ao Direito (Estado de Direito) provocou-se a construção de um verdadeiro
Direito Administrativo (séc. XVIII).

[TJCE]. Tem algum fato, fonte?


Não há consenso na doutrina, no entanto usualmente são apontadas como fontes do
Direito Administrativo: a) Lei; b) jurisprudência; c) doutrina; d) costumes.

A lei é a fonte principal haja vista a importância do princ. da legalidade para o Direito
Administrativo. A lei deve ser compreendida em sentido amplo (CF, Leis, MP’s,
decretos legislativos, atos normativos infralegais).

A jurisprudência consiste em reiteradas decisões judiciais proferidas pelos Tribunais


Superiores em um determinado sentido. Usualmente é apontada como fonte
secundária, por influenciar de modo significativo a construção e consolidação desse
ramo jurídico.

Cumpre ressalvar as decisões proferidas em sede de controle abstrato de


constitucionalidade (ADI, ADO, ADC, e ADPF) e as súmulas vinculantes (EC nº
45/2004), as quais, por emanarem efeitos erga omnes e vinculantes, e alterarem
diretamente o ordenamento jurídico positivo, podem ser consideradas fontes
primárias.

A Doutrina consiste no conjunto de teses e construções teóricas produzidas pelos


estudiosos do Direito. Influenciam a elaboração das leis e o julgamento das lides, daí
porque são consideradas fontes secundárias. Alguns juristas não admitem a doutrina
como fonte do Direito, por não possuir caráter normativo.

Costumes são comportamentos uniformes e reiterados pela convicção de sua


obrigatoriedade e necessidade por parte de um grupo social. Sua importância só se
verifica se influenciar a produção legislativa e a jurisprudência, sendo considera fonte
indireta.

Um pouco diferente ocorre com os costumes administrativos (praxe administrativa),


que são as práticas reiteradas dos agentes administrativos diante de determinada
situação. Nos casos de lacuna normativa, funciona como fonte secundária, gerando
direitos aos administrados, em razão dos princípios da lealdade, da boa-fé, da
moralidade administrativa etc.

[TJCE]. Origens, objeto e conceito de direito administrativo?

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Alguns casos do surgimento de direito administrativo. O Direito Administrativo,


como sistema jurídico de normas e princípios, somente veio a lume com a instituição
do Estado de Direito, ou seja, quando o Poder criador do direito passou também a
respeitá-lo. O fenômeno nasce com os movimentos constitucionalistas, cujo início se
deu no final do século XVIII.

Através do novo sistema, o Estado passava a ter órgãos específicos para o exercício
da administração pública e, por via de consequência, foi necessário o
desenvolvimento do quadro normativo disciplinador das relações internas da
Administração e das relações entre esta e os administrados.

Por isso, pode considerar-se que foi a partir do século XIX que o mundo jurídico
abriu os olhos para esse novo ramo jurídico, o Direito Administrativo.

No período anterior, o regime vigorante era o das monarquias absolutas, em que todos
os poderes do Estado desaguavam nas mãos do monarca, tornando frágeis as relações
entre o Estado e os súditos. O brocardo da época era o célebre 'LÉtat c'est moi", para
indicar a concentração dos poderes exclusivamente sob o manto real. Com a teoria
da separação de poderes concebida por MONTESQUIEU, o Estado, distribuindo seu
próprio poder político, permitiu que em sua figura se reunisse, ao mesmo tempo, o
sujeito ativo e passivo do controle público. Nesse ambiente, foi possível criar normas
próprias para a execução desse controle. Com o desenvolvimento do quadro de
princípios e normas voltados à atuação do Estado, o Direito Administrativo se tornou
ramo autônomo dentre as matérias jurídicas.

O Direito Administrativo, como novo ramo autônomo, propiciou nos países que o
adotaram diversos critérios como foco de seu objeto e conceito. Na França,
prevaleceu a ideia de que o objeto desse Direito consistia nas leis reguladoras da
Administração. No direito italiano, a corrente dominante o limitava aos atos do Poder
Executivo.

Outros critérios foram ainda apontados como foco do Direito Administrativo, como
o critério de regulação dos órgãos inferiores do Estado e o dos serviços públicos. À
medida, porém, que esse ramo jurídico se desenvolvia, verificou-se que sua
abrangência se irradiava para um âmbito maior, de forma a alcançar o Estado
internamente e a coletividade a que se destina. Muitos são os conceitos encontrados
nos autores modernos de Direito Administrativo. Alguns levam em conta apenas as
atividades administrativas em si mesmas; outros preferem dar relevo aos fins
desejados pelo Estado.

No entender de José dos Santos Carvalho Filho, porém, o Direito Administrativo,


com a evolução que o vem impulsionando contemporaneamente, há de focar-se em
dois tipos fundamentais de relações jurídicas: uma, de caráter interno, que existe
entre as pessoas administrativas e entre os órgãos que as compõem; outra, de caráter
externo, que se forma entre o Estado e a coletividade em geral.

Desse modo, sem abdicar dos conceitos dos estudiosos, pode-se conceituar o Direito
Administrativo como sendo o conjunto de normas e princípios que, visando sempre
ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado
e entre este e as coletividades a que devem servir.

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[TJCE]. Qual o conceito de direito administrativo?


O direito administrativo é o ramo do direito que disciplina o funcionamento do
aparelho do Estado, da máquina administrativa. Para entendermos o direito é
necessária a constatação de que a convivência em sociedade requer um conjunto de
normas que condicionem o comportamento de cada elemento componente da mesma.

[TJCE]. Qual objeto do Direito Administrativo?


Primeiramente, a ideia era de que o Direito Administrativo estudava somente as leis
administrativas vigentes no país – teoria legalista/exegética – no Brasil, não se adota
tal teoria; foi superada.

Posteriormente, entendeu-se que o Direito Administrativo estudava leis e princípios


– seis teorias surgiram a partir deste entendimento:

a) Escola do Serviço Público: alegava que o Direito Administrativo estudaria o


Serviço Publico. Conceituava serviço publico como toda a atividade realizada pelo
Estado. Não vingou, pois se assim fosse eliminaria os demais ramos, como Direito
Tributário, Penal, que também são atividades realizadas pelo Estado. (FAVORITO
DA CESPE).

b) critério do poder Executivo – o Direito Administrativo estudaria somente o Poder


Executivo – tal critério não foi aceito pela a doutrina brasileira (estuda também os
outros poderes – Legislativo e Judiciário, desde que estejam em função
administrativa/executiva);

c) critério teleológico – O Direito Administrativo significava um conjunto de


princípios e regras – este conceito é verdadeiro, aceito pelo Brasil, mas é incompleto,
necessitando de complementações (“conjunto de princípios e regras do quê?”);

d) critério residual/negativo – exclui a atividade jurisdicional e legislativa do Estado


e se diz que o Direito Administrativo estuda o resto (o que sobrou) – critério aceito,
porém insuficiente;

e) critério da administração pública (ou funcional) – Conforme esse critério, o Direito


Administrativo é o ramo jurídico que estuda e analisa a disciplina normativa da
função administrativa, esteja ela sendo exercida pelo Poder Executivo, Legislativo
ou Judiciário ou, até mesmo, por particulares mediante delegação estatal.

É o adotado por HELY LOPES MEIRELLES – basta somar os critérios anteriores:


representa um conjunto de princípios e regras que regerá os agentes, os órgãos, as
entidades e a atividade administrativa, realizando de forma de direta, concreta e
imediata os fins desejados pelo o Estado – conceito mais aceito pela doutrina
brasileira.

OBS.: “...realizar de forma direta, concreta e imediata os fins desejados pelo o


Estado”:

 Função direta – não necessita de provocação (indireta – precisa de


provocação – função jurisdicional do Estado);

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P á g i n a | 707

 Atuação concreta – é diferente de agir de forma abstrata. É a que possui


destinatários determinados, tem efeitos concretos (função abstrata – função
legislativa do Estado);
 Atuação imediata – diferente da função social do Estado (função mediata do
Estado). Executar a política pública é função do Direito Administrativo, mas
não a escolha da política a ser adotada neste Estado.

A Profa. Maria Sylvia Zanella Di Pietro define o Direito Administrativo como "o
ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas
administrativas que integram a administração pública, a atividade jurídica não
contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins de
natureza pública".

2. Função administrativa. Regime jurídico administrativo. Aplicação do


regime jurídico administrativo a entidades da Administração Indireta,
entidades de colaboração e particulares.
[TJCE]. Qual o regime jurídico da administração indireta?
Varia. As Autarquias(incluindo as fundações públicas de direito público) possuem
regime juridico de direito público. Já as Empresas Públicas, Sociedades de Economia
Mista e Fundações Públicas de Direito Privado possuem regime jurídico de Direito
Privado. Embora possuam suas peculiaridades, apresentam pontos em comum:
personalidade jurídica própria, criação e extinção mediante lei, finalidade específica
e não há relação de hierarquia entre administração direta e indireta.

[TJCE]. Quais são as pessoas jurídicas que compõem a administração indireta?


Autarquias (Tipos: agência reguladora - agência executiva - conselho de classe -
consórcio público - autarquia sentido estrito - fundação pública de direito público);
Fundações Públicas de Direito Privado, Empresas Públicas e Sociedades de
Economia Mista.

[TJCE]. Os regimes jurídicos-administrativos tem alguma variação no Estado de


Pernambuco?
Marcus Vinicius: Não encontrei a resposta. Sugiro que procuremos juntos ante o
grau de dificuldade da pesquisa.

[TJCE]. O regime jurídico administrativo se aplica aos membros da administração


indireta?
Não há dúvidas de que o regime jurídico administrativo é aplicável às autarquias e
às fundações públicas de direito público. No entanto, de acordo com a CF/88, as
empresas públicas e as sociedades de economia mista constituem pessoas jurídicas
privadas por meio das quais o Estado intervém diretamente o domínio econômico.
Não obstante, há previsão expressa no art. 173 da CF/88 da possibilidade de que essas
empresas prestem serviço público, desde que não sejam os típicos de Estado, afetos
exclusivamente à administração direta e às autarquias. Exemplo de serviço público
prestado por empresa pública é o serviço postal, atividade exercida pela Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos. Essas entidades são instituídas sob regime
jurídico de direito privado e, ainda que exerçam atividade econômica, algumas
normas de direito público derrogam o regime privado, como quanto à exigência de
concurso para contratação de pessoal, vinculação ao teto remuneratório, etc.

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Portanto, pode-se afirmar que o regime jurídico é híbrido, sendo que a relevância
ao regime privado ou público será dada pela atividade desenvolvida pela entidade, se
econômica ou de prestação de serviço público, respectivamente.

[TJCE]. O poder de polícia pode ser delegado?


É pacífico que os atos que manifestam expressão do poder público - como a polícia
administrativa - não podem ser delegados, sob pena de se ofender o equilíbrio entre
os particulares e colocar em risco a ordem social.

No entanto, vem sendo admitida por parte da doutrina a possibilidade de delegação


aos particulares dos aspectos materiais do poder de polícia. Assim, para a maioria da
doutrina não há possibilidade de ser delegado o poder de polícia propriamente dito
sequer para a Administração Indireta, mas é possível transferir o poder de fiscalizar
e de emanar atos de consentimentos (ex: carteiras de habilitação), não podendo
legislar ou aplicar sanções a particulares.

# ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA E SEU REGIME JURÍDICO


[TJCE]. Um dirigente máximo de autarquia pode ser nomeado secretário do Estado
do RN?
R: O mandato do dirigente tem um prazo determinado. A lei de cada agência é que
vai definir esse prazo.

Como o mandato é de prazo fixo, o dirigente só sai antes do prazo em caso de:

 condenação ou renúncia.

Encerrado o mandato, há um prazo de quarentena: não pode ir para a iniciativa


privada naquele ramo de atividade (isso porque ele tem informações privilegiadas).

 prazo: 4 meses (normalmente) ou 12 meses (em algumas agências)

 com remuneração (continua recebendo normalmente nesse prazo)

[TJCE]. Os servidores públicos potiguares têm direito a reunião? Vale para o local
de trabalho?
Maria Cristina

[TJCE]. Quais as modalidades de provimento do cargo público no estatuto


servidores do estado?
Conforme previsto no REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES DO
ESTADO E DAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS ESTADUAIS:

Art. 5º. São formas de provimento de cargo público: I - nomeação; / II - promoção; / III
- transferência; / IV - readaptação; / V - reversão; / VI - aproveitamento; / VII -
reintegração; / VIII - recondução.

[TJCE]. O regime jurídico da administração pública aplica às entidades de


administração indireta?
Aplica-se integralmente às autarquias e fundações autárquicas.

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No que tange às Sociedades de Economia Mista e às Empresas Públicas, o regime


não é verdadeiramente privado. Ora prevalecem as regras públicas, ora prevalecem
as regras privadas. Elas possuem um regime híbrido/misto.

Sempre que a empresa (EMP ou SEM) for prestadora de serviço público, as regras
de direito público prevalecerão sobre as privadas. Se for exploradora de atividade
econômica, as regras privadas prevalecerão às públicas. Nunca será, todavia,
totalmente público ou privado.

[TJCE]. A lei poderia dispor sobre o funcionamento partidário?


Há proteção constitucional e legal da autonomia de funcionamento dos partidos
políticos. Não obstante, nenhum direito é absoluto, devendo ser exercido nos limites
da constituição Federal e da legislação pertinente, no caso a Lei de Organização dos
Partidos Políticos.

A lei pode dispor sobre o funcionamento partidário, mas não pode afastar
sobremaneira a autonomia garantida constitucionalmente.

Estabelece o parágrafo primeiro do art. 17 da Constituição Federal que: Art. 17. É


assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em
âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
normas de disciplina e fidelidade partidária.

Estabelece-se, assim, o princípio da autonomia partidária que impõe, em benefício


da democracia, que os partidos políticos não recebam qualquer tipo de ingerência do
Poder Público. Tendo em vista a proclamada autonomia, tem liberdade o partido
político para definir o seu programa e o seu estatuto.

Deve-se lembrar que no direito, tendo em vista a convivência social, nenhuma


liberdade é absoluta, possuindo os partidos alguns regramentos constitucionais e
legais.

Francisco Dirceu Barros leciona, tem uma postura mais rígida sobre o assunto: A
Constituição Federal, ao proclamar os postulados básicos que informam o regime
democrático, consagrou, em seu texto, o estatuto jurídico dos partidos políticos. O
princípio constitucional da autonomia partidária - além de repelir qualquer
possibilidade de controle ideológico do Estado sobre os partidos políticos - cria, em
favor desses corpos intermediários, sempre que se trata da definição de sua estrutura,
de sua organização ou de seu interno funcionamento, uma área de reserva estatutária
absolutamente indevassável pela ação normativa do Poder Público, vedando, nesse
domínio jurídico, qualquer ensaio de ingerência legislativa do aparelho estatal.
Ofende o princípio consagrado pelo art. 17, § 1º, a Constituição a regra legal que,
interferindo na esfera de autonomia partidária, estabelece, mediante específica
designação, o órgão do partido político competente para recusar as candidaturas
parlamentares natas.

A regra da autonomia partidária se encontra escrita no art. 3º da LOPP, que dispõe:


É assegurada, ao partido político, autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento.

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Segundo entende o TSE, a questão relativa ao funcionamento dos partidos não é


matéria eleitoral. Por conta disso, como já afirmado, as querelas entre órgãos
partidários não é de competência da Justiça Eleitoral.

[TJCE]. A lei poderá prever a escolha de candidatos do partido?


A lei poderá prever regras para que os partidos realizem a escolha, desde que tais
normas impliquem em demasiada restrição ao poder de escolha, que pertence aos
partidos.

A Lei 9.096/95 estabelece que:

Art. 14. Observadas as disposições constitucionais e as desta Lei, o partido é livre para
fixar, em seu programa, seus objetivos políticos e para estabelecer, em seu estatuto, a
sua estrutura interna, organização e funcionamento.

Art. 15. O Estatuto do partido deve conter, entre outras, normas sobre:

VI - condições e forma de escolha de seus candidatos a cargos e funções eletivas;

3. Poderes da Administração. Poder normativo e regulamentar. Poder


de polícia. Poder discricionário. Poder hierárquico.
[TJCE]. Poderes da Administração Pública: Há espaço para discricionariedade
administrativa no cumprimento da lei?
Antes de qualquer coisa, é importante ressaltar que toda atuação do ente estatal está
vinculada à lei e somente desta pode emanar a conduta das autoridades públicas, ou
seja, a submissão total à lei não está presente exclusivamente nos atos vinculados. É
a lei que, ao definir a atuação do Poder Público, determina se a atuação administrativa
será vinculada ou discricionária. Isso porque a lei pode estipular a atuação do agente
de forma objetiva ou cedendo a este uma margem de escolha, dentro dos limites
estipulados legalmente.

O que se denomina mérito administrativo, nada mais é do que o poder de escolha. "O
mérito do ato é esfera decisória privativa do administrador" no dizer de Celso
Antônio Bandeira de Melo. Dentro dos limites da lei, o administrador deve eleger
entre algumas condutas a que melhor se adeque ao caso concreto. Desde que restrito
aos limites estipulados legalmente, a atuação será lícita.

Daí, dizer-se que a discricionariedade não se confunde com a arbitrariedade e não


confere ao agente público uma ilimitada margem de escolha em relação à atuação do
Estado.

Saliente-se que, em determinadas situações, a escolha não é traçada expressamente


pelo dispositivo legal, mas a lei, ao determinar a atuação do agente público, se vale
de conceitos jurídicos vagos ou indeterminados, a fim de dar margem de escolha ao
administrador. Nesses casos, a lei não é tão objetiva e o administrador deverá se valer
de carga valorativa, na sua atuação.

Ressalte-se que nessas situações, determinados doutrinadores defendem não haver


discricionariedade administrativa, mas sim mera interpretação. Esse entendimento
não encontra respaldo doutrinário relevante.

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Sendo assim, a discricionariedade não é um defeito da lei, mas tão somente a


remissão para que a autoridade pública exerça uma margem de escolha, definindo a
melhor atuação em cada caso, como forma de evitar o engessamento da atuação
estatal.

[TJCE]. O Poder de Polícia é Discricionário?


Para a doutrina tradicional, encampada por Hely Lopes Meirelles, uma das
características do poder de polícia é a discricionariedade.

De fato, entende-se que a discricionariedade é a regra apresentada nos atos


decorrentes do exercício do poder de polícia. Ou seja, a princípio, os atos de polícia
são praticados pelo agente público, no exercício de competência discricionária,
podendo definir a melhor atuação nos limites e contornos autorizados pela lei. Nesse
sentido, a maioria das bancas de concurso adota a ideia da discricionariedade como
característica do poder de polícia.

Para Celso Antônio, há atos em que a Administração Pública pode manifestar


competência discricionária e atos a respeito dos quais a atuação da Administração é
totalmente vinculada. Nesse sentido, inobstante a discricionariedade seja tratada
como característica dos atos de polícia, não se faz possível estipular que o poder de
polícia seja sempre discricionário, haja vista a possibilidade de previsão legal de atos
vinculados decorrentes do exercício do poder de polícia.

Com efeito, não se pode dizer que o poder de polícia é sempre discricionário, porque
ele também se pode manifestar por atos vinculados, como, por exemplo, as licenças
para construção. Nesses casos, a lei estabelece requisitos objetivos para a concessão
da licença e, uma vez cumpridos os requisitos legais, o particular terá direito
subjetivo à concessão do alvará pleiteado, sem que o agente público tenha qualquer
margem de escolha.

Controle judicial da discricionariedade:

Quando uma determinada decisão administrativa for proferida sob alegação de


análise de critérios de oportunidade e conveniência, mas de forma desarrazoada, esta
conduta será ilegal e ilegítima, por ofender a lei em sua finalidade e, neste caso,
poderá o Poder judiciário corrigir a violação, realizando o controle de legalidade da
atuação viciada. Com efeito, não obstante não se admita que a correição judicial
possa invadir o mérito administrativo, haja vista pertencer ao administrador valorar
a melhor atuação em cada caso concreto, não se deve esquecer que a
discricionariedade encontra respaldo na lei e nos princípios constitucionais.

Neste sentido, pode-se colacionar julgado do Superior Tribunal de Justiça acerca do


tema para que seja analisado.

(...) 2. Hoje em dia, parte da doutrina e da jurisprudência já admite que o Poder


Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo (conveniência e oportunidade)
sempre que, no uso da discricionariedade admitida legalmente, a Administração Pública
agir contrariamente ao princípio da razoabilidade. Lições doutrinárias.

3. Isso se dá porque, ao extrapolar os limites da razoabilidade, a Administração acaba


violando a própria legalidade, que, por sua vez, deve pautar a atuação do Poder Público,

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segundo ditames constitucionais (notadamente do art. 37, caput). STJ - RECURSO


ESPECIAL REsp 778648 PE 2005/0146395-7 (STJ) Data de publicação: 01/12/2008

[TJCE]. Qual o conceito de poder de polícia? É necessário lei para seu exercício?
‘Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar
e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da
coletividade ou do próprio Estado’ (Hely Lopes. Apud MA&VP, p. 243).

O conceito pode ser obtido a partir do art. 78 do CTN. Fundamenta-se na


SUPREMACIA GERAL da Administração Pública sobre seus administrados, ou
seja, o poder de polícia não exige um vínculo específico do particular com a
administração pública para ser exercido. Funda-se no poder de império. Registre-se
que poder de polícia pode ser compreendido em sentido amplo e em sentido estrito.

Em sentido amplo, compreende toda atividade restritiva do Estado, incluindo a


função legislativa. Em sentido estrito, configura a atividade administrativa conferida
aos agentes administrativos consistente no poder de restringir e condicionar a
liberdade. (JSCF, p. 74).

‘É competente para exercer o poder de polícia administrativa o Ente federado ao qual a


Constituição atribui competência para legislar sobre essa mesma prática, para regular
a prática dessa atividade.’ (MA&VP, p. 243)

O poder de polícia integra as atividades jurídicas do Estado, aquelas cujo


desempenho se funda no poder de império, enquanto a prestação de serviços
configura atividade material, que se insere nas atividades sociais do Estado.

Tradicionalmente, o poder de polícia é considerado atividade negativa e os serviços


públicos positiva. (MA&VP, p. 245). Contudo, atualmente, entende-se que a atuação
de polícia pode ensejar obrigações negativas e positivas (ex: imposição de limpeza
de terrenos por particulares).

No que se refere à diferença entre polícia administrativa e judiciária, frequentemente


a doutrina identifica a administrativa como preventiva e a judiciária como repressiva.

Tal distinção não é absoluta. Outra distinção oferecida aponta que a administrativa é
exercida sobre atividades privadas, bens ou direitos e a judiciária incide diretamente
sobre pessoas.

José dos Santos Carvalho Filho defende que a administrativa se exaure em si mesma,
enquanto a judiciária prepara a atuação da função jurisdicional penal (p. 81).

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo sugerem como distinção a natureza da infração


que se visa reprimir ou impedir: a administrativa incide sobre infrações
administrativas e a judiciária sobre ilícitos penais (p. 246). Por fim, a administrativa
pode incidir sobre atividades lícitas, restringindo-as; já a judiciária apenas sobre
ilícitas.

O poder de polícia, como tal, deve obediência ao princípio da legalidade.

[TJCE]. Se houver lei, é possível falar em atividade discricionária?

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Via de regra, o poder de polícia possui a discricionariedade como tributo, sendo esta
a liberdade conferida pelo legislador ao administrador para escolher o melhor
momento de sua atuação ou a sanção mais adequada ao caso concreto. Contudo, em
determinados casos, o legislador não deixar qualquer margem de liberdade de
conformação do administrador e a atuação de polícia será vinculada (ex: licença para
construir).

[TJCE]. Pessoa Jurídica de direito privado pode exercer poder de polícia?


STF decidiu essa questão julgando a ADI 1717: dar o poder de polícia ao particular
não se admite, em nome da segurança jurídica.

Mas pode delegar ao particular os atos materiais (instrumentais) de polícia.

O particular não pode aplicar multa de trânsito, mas pode ser contratada uma empresa
para fornecer os radares, p. ex.

[TJCE]. O que é o Controle hierárquico e o Finalístico?


O controle hierárquico é resultado do exercício do Poder Hierárquico. Logo, decorre
da forma como está estruturada e organizada a Administração Pública, sendo
consequência do escalonamento vertical dos órgãos e cargos no âmbito do Poder
Executivo. Deste controle decorrem as faculdades de supervisão, coordenação,
orientação, fiscalização, aprovação, revisão e avocação das atividades
administrativas. E ainda, por meio dele, as autoridades acompanham, orientam e
reveem as atividades dos servidores.

Diferente do controle finalístico que consiste, simplesmente, no controle de


legalidade da atuação administrativa, de verificação do cumprimento do programa
geral do Governo determinado em lei, não tendo fundamento hierárquico, porque não
há subordinação entre a entidade controladora e a controlada. É o que acontece com
as pessoas jurídicas da Administração Indireta (autarquias, fundações públicas,
empresas públicas e sociedades de economia mista), que são controladas
finalisticamente pela Administração Direta, sem que haja qualquer hierarquia entre
essa e aquelas.

4. Princípios da Administração Pública


[TJCE]. Quais os princípios constitucionais da administração pública?
O artigo 37 da Constituição Federal prevê expressamente os seguintes princípios:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

[TJCE]. Pode se alterar uma norma com fundamento no princípio da moralidade e


da proporcionalidade?
As normas, segundo José Afonso da Silva, "são preceitos que tutelam situações
subjetivas de vantagem ou de vínculo, ou seja, reconhecem, por um lado, a pessoas
ou entidades a faculdade de realizar certos interesses por ato próprio ou exigindo
ação ou abstenção de outrem, e, por outro lado, vinculam pessoas ou entidades à
obrigação de submeter-se às exigências de realizar uma prestação, ação ou
abstenção em favor de outrem. Já os princípios podem ser considerados, em sentido
amplo, como a origens das normas.

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São segundo ainda J. Afonso da Silva, "ordenações que se irradiam e imantam os


sistemas de normas. As normas são de importância ímpar em nosso ordenamento
jurídico-positivista, possuindo os princípios, contudo, missão superior, que é a de
gerar o sistema de normas, seja oferecendo subsídios para a complementação das
leis, seja repugnando normas ilegítimas, de constitucionalidade equívoca. Nesse
sentido, é plenamente possível a aplicação do princípio da moralidade e da
proporcionalidade como forma de alterar uma norma, de modo a adequá-la aos
ditames constitucionais.

[TJCE]. O princípio da moralidade pode ser invocado como parâmetro para o


controle de constitucionalidade?
O princípio da moralidade estabelece a obrigatoriedade de observância a padrões
éticos de conduta para que se assegure o exercício da função pública de forma a
atender às necessidades coletivas. Exige honestidade, boa-fé, lealdade no exercício
da função administrativa, é moralidade jurídica.

Difere da moralidade social que busca distinguir o bem do mal, o certo e o errado no
senso comum. Sua violação pode ser objeto de Ação Popular e de Ação de
Improbidade Administrativa.

Apesar de reconhecer todas essas características, moralidade ainda representa um


conceito vago, indeterminado, trazendo uma consequência para o poder judiciário,
na medida em que o judiciário sempre aplica esse princípio juntamente com outro
princípio. Assim, é possível se falar em controle de constitucionalidade tendo como
parâmetro o princípio da moralidade, desde que no cotejo com outros princípios.

[TJCE]. O princípio da legalidade do artigo 37 é o mesmo do artigo 5º da


constituição federal?
São diferentes. O princípio da legalidade surgiu com o Estado de Direito, opondo-se
a toda e qualquer forma de poder autoritário, antidemocrático e está contemplado,
além da indicação expressa no art. 37, caput, no art. 5º, II. Art. 5º, II: "ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei".

Mencionado princípio deve ser lido de forma diferente para o particular e para a
Administração. O particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o
princípio da autonomia da vontade, lembrando a possibilidade de ponderação desse
valor com o da dignidade da pessoa humana e, assim, a aplicação horizontal dos
direitos fundamentais nas relações entre particulares. Por sua vez, a Administração
só poderá fazer o que a lei permitir. Deve andar nos "trilhos da lei". Trata-se do
princípio da legalidade estrita, que, por seu turno, não é absoluto, na medida em que
a doutrina identifica algumas restrições, destacando-se: medidas provisórias; estado
de defesa; estado de sítio.

Nos dizeres de Celso Antônio Bandeira de Mello, "o princípio da legalidade é o


antídoto natural do poder monocrático ou oligárquico, pois tem como raiz a ideia de
soberania popular, de exaltação da cidadania”.

[TJCE]. O princípio da legalidade para a Administração tem o mesmo sentido e


alcance para o cidadão?
O princípio da legalidade representa uma garantia para os administrados, pois,
qualquer ato da Administração Pública somente terá validade se respaldado em lei,

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em sua acepção ampla. Representa um limite para a atuação do Estado, visando à


proteção do administrador em relação ao abuso de poder.

O princípio da Legalidade encontra-se expressamente disposto em nossa


Constituição Federal nos seguintes artigos:

Art 5°- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;

Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte

Enquanto no art. 5º, II, CF, temos o Princípio da Legalidade disposto sob a ótica
individual, determinando que o Poder Público, para determinar o que se poderá e o
que não se poderá fazer, deve elaborar leis, o que nos garante uma maior segurança
jurídica, temos, no Art. 37 de nossa Carta Magna, o Princípio da Legalidade sob a
ótica da Administração Pública, ao estabelecer que administrador público só poderá
agir dentro daquilo que é previsto e autorizado por lei.

5. Organização Administrativa. Descentralização. Desconcentração.


Órgãos públicos.
[TJCE]. Órgão público pode ser criado por decreto autônomo?
Não. O artigo 84, da CF, é claro em delimitar o alcance do que pode ser veiculado
por decreto autônomo, determinando que o referido instrumento pode dispor sobre
organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa NEM CRIAÇÃO ou extinção de ÓRGÃOS PÚBLICOS.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

VI – dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento


de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

[TJCE]. A lei poderia vedar a divulgação de pesquisas eleitorais nas vésperas do


pleito? Essa vedação seria constitucional?
Lei neste sentido já foi considerada inconstitucional pelo STF, na ADIN 3.741-2,
com fundamento no direto à informação livre e plural como valor indissociável da
ideia de democracia. Trata-se do art. 35-A da Lei introduzido pela Lei 11.300/2006
na Lei 9.504/1997, com a seguinte disposição: É vedada a divulgação de pesquisas
eleitorais por qualquer meio de comunicação, a partir do décimo quinto dia anterior
até as 18 (dezoito) horas do dia do pleito. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006).

[TJCE]. Órgãos públicos podem ser criados por decreto autônomo?

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NÃO. A EC nº 32/2001 alterou a redação do art. 84, VI, atribuindo ao Presidente da


República competência para dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e
funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa,
nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos
públicos, quando vagos.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

[...] VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da


administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
extinção de órgãos públicos;

[TJCE]. Autarquia é administração direta ou indireta?


Autarquia integra a administração indireta (juntamente com fundações públicas,
empresas públicas e sociedades de economia mista).

[TJCE]. Qual a diferença de descentralização para desconcentração?


Chama-se centralizada a atividade exercida diretamente pelos entes estatais, ou seja,
pela Administração Direita. Descentralizada, por sua vez, á a atividade delegada (por
contrato), ou outorgada (por lei), para as entidades da Administração Indireta.

Não se confundem descentralização com desconcentração. Descentralizar é repassar


a execução e a titularidade, ou só a execução de uma pessoa para outra, não havendo
hierarquia. Por exemplo, quando a União transferiu a titularidade dos serviços
relativos à seguridade social à autarquia INSS. Já na desconcentração há somente
uma pessoa que reparte competências entre seus órgãos, despersonalizados, havendo
hierarquia. Por Exemplo, a subdivisão do Poder Executivo em Ministérios, do
Ministério da Fazenda em Secretaria, e assim por diante.

[TJCE]. O governo pode por decreto deslocar um órgão de uma secretaria para
outra?
É possível se não implicar aumento de despesa, nos termos do art. 84, VI, a,
CRFB/88.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;

II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração


federal;

III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e


regulamentos para sua fiel execução;

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

VII - dispor, mediante decreto, sobre:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32,
de 2001)

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a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento


de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;(Incluída pela Emenda


Constitucional nº 32, de 2001)

6. Entidades da Administração Indireta e seu regime jurídico. Entidades


de colaboração e seu regime jurídico.
[TJCE]. Quais as especificidades da administração indireta do RN?
VLÁDIA: Não achei especificidades, então citei exemplos:

Agência de Fomento do RN – AGN; Agência Reguladora de Serviços


Públicos do RN – ARSEP; Companhia de Águas e Esgotos do RN –
CAERN; Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Norte S/A –
CEASA; Companhia de Processamento de Dados do RN –
DATANORTE; Companhia Estadual de Habitação e
Desenvolvimento – CEHAB; Companhia Potiguar de Gás do RN –
Potigás; Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN – EMPARN;
Empresa Gestora de Ativos do RN – EMGERN; Empresa Potiguar de
Promoção Turística – EMPROTUR; Fundação de Apoio à Pesquisa
do Estado do Rio Grande do Norte – FAPERN; Fundação Estadual da
Criança e do Adolescente – FUNDAC; Fundação José Augusto – FJA;
Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do
Norte – EMATER; Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do
RN – IDIARN; Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio
Ambiente do RN – IDEMA; Instituto de Formação de Professores
Presidente Kennedy – IFESP; Instituto de Gestão das Águas do Estado
do Rio Grande do Norte – IGARN; Instituto de Pesos e Medidas do
RN – IPEM; Instituto de Previdência do RN – IPERN ; Instituto
Técnico-Científico de Polícia – ITEP; Junta Comercial do Estado do
RN - JUCERN

[TJCE]. O que são entidades de colaboração e qual o regime jurídico?


Esses entes compõem o terceiro Setor. São organizações não governamentais, entes
que cooperam com o Estado, ou também chamados de paraestatais.

Os entes de cooperação são pessoas jurídicas de direito privado que, de alguma


maneira, desenvolvem atividade de interesse público. Esses entes são os serviços
sociais autônomos, as organizações de sociedade civil de interesse público, as
organizações sociais.

São eles: OS, OSCIP, Serviços Sociais Autônomos, Entidades de Apoio.

[TJCE]. O controle finalístico é espécie de controle hierárquico?


O controle hierárquico é resultado do exercício do Poder Hierárquico. Logo, decorre
da forma como está estruturada e organizada a Administração Pública, sendo
consequência do escalonamento vertical dos órgãos e cargos no âmbito do Poder
Executivo. Deste controle decorrem as faculdades de supervisão, coordenação,
orientação, fiscalização, aprovação, revisão e avocação das atividades

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administrativas. E ainda, por meio dele, as autoridades acompanham, orientam e


revêem as atividades dos servidores.

Diferente do controle finalístico que consiste, simplesmente, no controle de


legalidade da atuação administrativa, de verificação do cumprimento do programa
geral do Governo determinado em lei, não tendo fundamento hierárquico, porque não
há subordinação entre a entidade controladora e a controlada. É o que acontece com
as pessoas jurídicas da Administração Indireta (autarquias, fundações públicas,
empresas públicas e sociedades de economia mista), que são controladas
finalisticamente pela Administração Direta, sem que haja qualquer hierarquia entre
essa e aquelas.

7. Improbidade administrativa (Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992)


[TJCE]. Qual a natureza das condutas da lei 8.429/92?
Discutia-se se o ilícito de improbidade tem natureza civil, penal ou administrativa.
Hoje, a situação está resolvida. O Supremo já julgou esta matéria para dizer que o
ilícito de improbidade tem natureza CIVIL. Esta questão foi discutida pelo STF, na
ADI 2.797, que, reitere-se julgou que o ilícito de improbidade é um ilícito civil.

A sinopse da Juspodivm acrescenta que se trata de ilícito civil e político.

[TJCE]. Qual a natureza das sanções da Lei de Improbidade Administrativa? Há


prerrogativa de foro?
R: Hoje não há dúvida de que o ilícito de improbidade tem natureza civil.

Duas ações decidiram essa questão: ADI 2860 e ADI 2797. Improbidade
administrativa não é um ilícito penal.

Porém, é possível que a mesma conduta que é prevista como improbidade


administrativa também seja crime. Se a conduta estiver prevista no CP como crime,
é possível também ser ajuizada uma ação penal. Ex.: embolsar dinheiro público é
improbidade administrativa e também é crime. O sujeito pode ser processado na ação
de improbidade (ação civil) e em uma ação penal.

Improbidade administrativa também não é um ilícito administrativo.

O ilícito de improbidade depende de uma ação judicial.

O ilícito administrativo é o que chamamos de infração funcional. É prevista pelo


Estatuto dos Servidores e o sujeito é processado e punido em processo administrativo
disciplinar (PAD).

OBS.: Nada impede que o ato de improbidade também esteja previsto no Estatuto
dos Servidores, como infração funcional.

O ilícito de improbidade é um ilícito civil - Lei 8.429/92.

Para processar e punir a improbidade é preciso uma ação de improbidade, que é uma
ação de natureza civil.

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Ex.: Um servidor praticou um desvio de dinheiro. Ele pode responder por três
processos:

Ilícito penal (previsto Ilícito administrativo Ilícito civil (Lei


no CP): (previsto no Estatuto 8.429/92):
do Servidor):
Deve ser ajuizada uma É um ato de
ação penal (quem A infração funcional improbidade, que será
julga é o juiz, há pena será processada e processado por uma
privativa de julgada via PAD - ação civil (ação de
liberdade). processo improbidade
administrativo administrativa - é
disciplinar (há uma julgada por juiz cível).
comissão processante,
é julgado pela
autoridade
administrativa e a pena
é demissão do serviço
público).

Regra geral  Aplica-se a independência das instâncias (podemos ter decisões


diferentes em cada um deles).

Exceções (excepcionalmente, teremos comunicação entre eles):

inexistência do fato

a) Absolvição penal, com o reconhecimento de

negativa de autoria

Nesse caso, existe comunicação: ele terá absolvição também na seara administrativa
e na seara civil.

Dispositivos:

- Art. 126, Lei 8.112 (regime jurídico da União).

- Art. 66, CPP.

- Art. 935, CC.

b) Excludente penal  faz coisa julgada no processo civil.

Se no processo penal ficar reconhecida uma excludente penal (legítima defesa, estado
de necessidade...), isso não será discutido de novo no processo civil.

Cuidado: o reconhecimento da excludente não significa absolvição geral (ele não


precisa provar de novo a existência da excludente, mas poderá ser condenado, p. ex.,
a reparar os danos civis).

Art. 65, CPP.

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OBS.: Se o sujeito for condenado nos três processos, terá punições diferentes: no
processo penal, terá reclusão/detenção; no processo administrativo, terá a demissão
do serviço público; no processo civil, terá indenização.

Ex. 1: O servidor foi absolvido no processo penal por insuficiência de provas. Ele
não será absolvido nos outros dois processos. Só há absolvição em todos se ficar
reconhecida a inexistência do fato ou negativa de autoria.

Ex. 2: Se um servidor praticou um crime na forma culposa e o crime exigia a forma


dolosa, ele será absolvido na esfera penal. A absolvição penal não gerará a
comunicação com as demais instâncias (ele poderá ser condenado no processo civil
e no processo administrativo).

O ilícito de improbidade, como ilícito civil, tem sanções de natureza civil (reparação
civil, multa civil, indisponibilidade de bens). No entanto, também tem algumas
sanções de natureza política (ex.: suspensão de direitos políticos).

O agente político também responde por crime de responsabilidade (é julgado


normalmente pela Casa legislativa), que traz sanção de natureza política.

É possível processar o agente político pelo ilícito de improbidade e por crime de


responsabilidade? Caracteriza bis in idem?

Os agentes políticos respondem pelo crime, pelo ilícito funcional, pelo crime de
responsabilidade e por ato de improbidade.

No que tange ao foro por prerrogativa de função, a matéria é polêmica. Conforme


consulta no site: http://www.dizerodireito.com.br/2013/11/existe-foro-por-
prerrogativa-de-funcao.html, localizei o seguinte resumo:

No cenário atual, contudo, é possível expormos as seguintes conclusões:

9.1) Não existe foro por prerrogativa de função em ações de improbidade


administrativa (posição do STF e do STJ).

9.2) O STJ entende que os prefeitos podem responder por improbidade


administrativa e também pelos crimes de responsabilidade do Decreto-Lei
201/67 (ex: REsp 1066772/MS).

A ação de improbidade administrativa contra os prefeitos será julgada em 1ª


instância.

9.3) Para o STJ, os agentes políticos se submetem à Lei de Improbidade


Administrativa, com exceção do Presidente da República.

Logo, é possível que os agentes políticos respondam pelos crimes de


responsabilidade da Lei n. 1.079/50 e também por improbidade administrativa.

9.4) Para o STJ, a ação de improbidade administrativa deve ser processada e


julgada em 1ª instância, ainda que tenha sido proposta contra agente político
que tenha foro privilegiado no âmbito penal e nos crimes de responsabilidade.

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Logo, para o STJ, as ações de improbidade administrativa propostas contra:

• Governadores de Estado/DF;

• Desembargadores (TJ, TRF ou TRT);

• Conselheiros dos Tribunais de Contas (dos Estados, do DF ou dos Municípios);

• Membros do MPU que oficiem perante tribunais.

Devem ser julgadas pelo juiz de 1ª instância (e não pelo STJ).

9.5) O STF já decidiu, em 2007, que os agentes políticos sujeitos aos crimes de
responsabilidade da Lei n. 1.079/50 não respondem por improbidade
administrativa (Rcl 2138/DF). Existe uma grande probabilidade de que a atual
composição da Corte modifique esse entendimento.

9.6) O STF já decidiu, em 2008, que a competência para julgar ação de


improbidade administrativa proposta contra Ministro do STF é do próprio STF
(Pet 3211/DF QO).

[TJCE]. Qual a natureza das sanções constantes na lei de improbidade? Delas


decorrem alguma natureza de competência de prerrogativa de foro?
a) Classificação de Marino Pazzaglini Filho: Os atos de improbidade teriam natureza
político-civil-administrativa. Isto porque, para o autor, a suspensão de direitos
políticos consiste em pena política; a perda da função pública em pena político-
administrativa; a proibição de contratar e receber benefícios corresponde à pena
administrativa; a multa civil corresponde a uma pena civil;

b) Maria Sylvia Di Pietro: entende que se trata de um ilícito de natureza civil e


política porque pode levar à perda do cargo, indisponibilidade dos bens e
ressarcimento dos danos. A autora critica a classificação “administrativa” afirmando
que a perda da função, neste caso é inerente à própria suspensão dos direitos políticos
– se eles foram perdidos, deve haver também a perda da função pública.

c) STF entende que a natureza da improbidade administrativa é civil e, por tal razão,
não atrai competência por prerrogativa de função:

COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO – AÇÃO DE IMPROBIDADE –


NATUREZA – PRECEDENTE. De acordo com o entendimento consolidado no Supremo,
a ação de improbidade administrativa possui natureza civil e, portanto, não atrai a
competência por prerrogativa de função.(RE 377114 AgR, Relator(a): Min. MARCO
AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 05/08/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-
167 DIVULG 28-08-2014 PUBLIC 29-08-2014) ;

O STJ entende que a Lei de Improbidade Administrativa não se aplica apenas ao


Presidente da República. Isto porque, em relação a ele, há previsão expressa na CF,
da prática de crime de responsabilidade por ato de improbidade administrativa.

[TJCE]. Existe prerrogativa de foro para o Ministro do Estado?

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Nos crimes comuns e de responsabilidade serão julgados pelo STF, contudo, nos
crimes de responsabilidade, serão julgados pelo Senado Federal, quando conexos
com os Presidente e Vice Presidente da República.

[TJCE]. Qual a natureza das espécies constantes da Lei n. 8429?


A sanção da Lei de Improbidade não se caracteriza como de caráter penal, mormente
por não influenciar no direito de liberdade do agente público.

De outro tom, segundo jurisprudência atual do STJ, a violação aos princípios


administrativos depende da comprovação do dolo do agente, ainda que genérico.
Aliás, o dolo só é desnecessário na hipótese do ato causar lesão ao erário (art. 10 da
LIA), em que a culpa basta para o decreto condenatório.

8. Ato administrativo.
[TJCE]. Diferença entre ato administrativo e fato administrativo?
Ato administrativo é o ato jurídico praticado pela administração pública; é todo o ato
licito que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou
extinguir direitos; só pode ser praticado por agente político competente.

Fato administrativo é o acontecimento material da administração, que produz


consequências jurídicas. No entanto não traduz uma manifestação de vontade voltada
para a produção dessas consequências. Ex. uma construção de uma obra pública, o
ato de ministrar uma aula em escola pública. O fato administrativo não se destina a
produzir efeitos no mundo jurídico, embora muitas vezes esses efeitos ocorram,
como exemplo, a obra pública mal executada vai causar danos aos administrados,
ensejando indenização.

[TJCE]. Qual é a distinção entre fato e ato administrativo?

Fato ≠ Ato

Fato: acontecimento (ex.: alguém nasceu, Ato: manifestação de vontade.


choveu muito...).
Ato jurídico: se da minha manifestação
Fato jurídico: é o fato que gera de vontade eu atinjo a órbita jurídica.
consequências no mundo jurídico.
Ex.: Manifesto a vontade de comprar um
Ex.: Quando alguém morre, abre-se a carro e então compro um carro. Eu terei
sucessão, portanto, produz efeitos no que pagar o carro, pagar todos os
mundo jurídico. encargos...

Fato administrativo: é um Ato administrativo: manifestação de


acontecimento que atinge o mundo do vontade que atinge o Direito
Direito, ou seja, é fato jurídico, mas atinge Administrativo.
especificamente o Direito Administrativo.
Ex. 1: Se o Estado manifesta a vontade de
Ex. 1: Se um servidor falece, esse fato comprar um carro, isso gerará efeitos para
produz efeitos no mundo jurídico, mas o Direito Administrativo, pois precisará de
também produz efeitos para o Direito licitação, de um contrato administrativo...
Administrativo (o cargo dele ficará vago e

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será necessário um concurso público para Ex. 2: Nomeação de um servidor público.


preencher o cargo).

Ex. 2: Choveu muito na noite anterior (é


um acontecimento). Se a chuva destruiu
vários bens públicos, há consequências
para o Direito Administrativo (é um fato
administrativo).

[TJCE]. O julgamento que implica anulação do ato gerador de garantias a terceiros


deve cumprir o princípio do contraditório e da ampla defesa? Existem exceções?
Para se proceder à invalidação de ato administrativo que afete esfera jurídica de
terceiros, deve a administração instaurar o devido processo administrativo, para que
se garanta os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.

Art. 54.da Lei nº 9.874/99: O direito da Administração de anular os atos administrativos


de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados
da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da


percepção do primeiro pagamento.

§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade


administrativa que importe impugnação à validade do ato.

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem
prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
convalidados pela própria Administração.

Através da Súmula Vinculante n.º 3, o Supremo Tribunal Federal assegurou ao


particular o exercício do contraditório e da ampla defesa, quando a decisão do
Tribunal de Contas da União – TCU puder acarretar na anulação ou revogação de ato
administrativo que o beneficie, salvo na “apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão”.

O enunciado é claro ao excluir a possibilidade de exercício dessas garantias


constitucionais em relação ao exame da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão do servidor público ou de seus dependentes, tendo
em vista a concepção complexa desses atos administrativos. O STF estabeleceu, no
entanto, que, se o controle de legalidade do ato de concessão inicial da aposentadoria
não for realizado em até cinco anos, o beneficiário da aposentadoria passa a ter direito
à defesa no processo junto ao TCU.

[TJCE]. A expedição de atos administrativos depende de manifestação do


judiciário? Existem exceções?
Não. Salienta-se que existem atos administrativos dotados de autoexecutoriedade, a
qual permite à Administração Pública pôr em execução suas decisões, usando de
meios coercitivos próprios, sem que para tanto precise buscar no Poder Judiciário
autorização de qualquer espécie.

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Entretanto, em algumas situações a Administração deve recorrer ao Judiciário para


que seu interesse seja atendido. Tal situação ocorre quando o cidadão descumpre suas
obrigações. Multa: sanção pecuniária tem exigibilidade, mas não tem executoriedade.
O poder público só pode aplicar, mas não pode cobrar. Se houver pagamento
voluntário, tudo bem, a executoriedade prevaleceu. Se não houver o pagamento
voluntário, deve haver cobrança em juízo, Exemplo: no caso de alguém que não paga
o IPTU, caberá à Administração providenciar a cobrança de dívida ativa referente ao
citado tributo, através de ação judicial que possui lei própria (LEF – Lei de Execução
Fiscal).

[TJCE]. Todos os atos administrativos devem ser motivados?


O princípio da motivação impõe à Administração Pública a obrigatoriedade de
fundamentar o ato praticado, bem como o dever de indicação dos pressupostos de
fato e de direito que determinaram a decisão (art. 2º, p. único, VII, da Lei n.
9.784/99).

Tal princípio encontra-se expresso na Constituição Federal de 1988, prevendo a


exigência de motivação apenas para as decisões administrativas dos Tribunais e do
Ministério Público.

Contudo, o principio da motivação não deve ser interpretado restritivamente ao que


dispõe a Constituição Federal já que lei infraconstitucional regulamenta de forma
ampla que os atos administrativos (todos) deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos tal como dispõe o art. 50 da Lei 9.784/99.

Ademais, a motivação também se encontra implicitamente na Constituição Federal,


no art. 1º, II, que indica a cidadania como um dos fundamentos da República; no p.
único do art. 1º, que dispõe que todo poder emana do povo; e no art. 5º, XXXV, que
assegura o direito à apreciação judicial nos casos de ameaça ou lesão de
direito. Então, nada mais oportuno que o interessado tenha o direito de saber o
porquê, o motivo, os fundamentos, que justificam os atos praticados pelo
administrador até mesmo para que lhe seja assegurado o princípio do contraditório e
da ampla defesa.

Assim, os atos passíveis de motivação não são apenas os atos emanados pela
administração dos Tribunais e do Ministério Público, mas todos os atos
administrativos.

A controvérsia doutrinária cinge-se sobre o alcance da motivação no que concerne


aos atos vinculados e aos atos discricionários. Corrente minoritária defende a posição
de que a motivação apenas é obrigatória quando a lei impõe que os atos sejam
motivados.

José dos Santos Carvalho Filho sustenta que “só se poderá considerar a motivação
obrigatória se houver norma legal expressa nesse sentido”.

Porém, tal afirmação não é sólida, pois se os atos vinculados que já se encontram
regulamentados por lei devem ser motivados, quanto mais os atos discricionários que
são aqueles em que a Administração Pública age não porque a lei determina, mas
porque a prática do ato é conveniente e oportuna, liame este por demais subjetivo
para que se dispensasse a motivação do ato.

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Além disso, existem atos vinculados passíveis de dispensa de motivação como


aqueles em que a mera regulamentação da lei impõe sua aplicação sem necessidade
de qualquer interferência subjetiva da Administração.

[TJCE]. A Administração, para praticar atos, depende de autorização do Poder


Judiciário?
Os atos administrativos, como emanação do Poder Público, trazem em si certos
atributos que os distinguem dos atos jurídicos privados e lhes emprestam
características próprias e condições peculiares de atuação. Estes atributos dos atos
administrativos surgem em razão dos interesses que a Administração representa
quando atua, estando alguns presentes em todos os atos administrativos e outros não.

Atributos do ato administrativo: Presunção de legitimidade ou veracidade ou


validade ou legalidade, Imperatividade,

Exigibilidade ou coercibilidade, Auto-executoriedade ou executoriedade

Presunção de legitimidade (veracidade, validade ou legalidade): Presunção de


legitimidade é a presunção de que os atos administrativos são válidos, isto é, de
acordo com a lei até que se prove o contrário. Trata-se de uma presunção relativa.

Imperatividade: Imperatividade é o poder que os atos administrativos possuem de


impor obrigações unilateralmente aos administrados, independentemente da
concordância destes.

Exigibilidade ou coercibilidade: Exigibilidade é o poder que os atos administrativos


possuem de serem exigidos quanto ao seu cumprimento, sob ameaça de sanção. Vai
além da imperatividade, pois traz uma coerção para que se cumpra o ato
administrativo.

A exigibilidade e a imperatividade podem nascer no mesmo instante cronológico ou


primeiro a obrigação e depois a ameaça de sanção, assim a imperatividade é um
pressuposto lógico da exigibilidade.

Auto-Executoriedade ou Executoriedade (Celso Antonio Bandeira de Mello): Auto-


executoriedade é o poder que os atos administrativos têm de serem executados pela
própria Administração independentemente de qualquer solicitação ao Poder
Judiciário. É algo que vai além da imperatividade e da exigibilidade.

Executar, no sentido jurídico, é cumprir aquilo que a lei pré-estabelece abstratamente.


O particular não tem executoriedade, com exceção do desforço pessoal para evitar a
perpetuação do esbulho.

Requisitos para a auto-executoriedade:

a) Previsão expressa na lei: A Administração pode executar sozinha os seus atos


quando existir previsão na lei, mas não precisa estar mencionada a palavra auto-
executoriedade.

b) Previsão tácita ou implícita na lei: Administração pode executar sozinha os seus


atos quando ocorrer uma situação de urgência em que haja violação do interesse
público e inexista um meio judicial idôneo capaz de a tempo evitar a lesão.

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A autorização para a auto-executoriedade implícita está na própria lei que conferiu


competência à Administração para fazê-lo, pois a competência é um dever-poder e
ao outorgar o dever de executar a lei, outorgou o poder para fazê-lo, seja ele implícito
ou explícito.

Princípios que limitam a discricionariedade (liberdade de escolha do administrador)


na auto-executoriedade:

a) Princípio da razoabilidade: Administrador deve sempre se comportar dentro do


que determina a razão.

b) Princípio da proporcionalidade: Administrador deve sempre adotar os meios


adequados para atingir os fins previstos na lei, ou seja, deve haver pertinência lógica
entre o meio e o fim. A ofensa ao princípio da proporcionalidade também leva à
ofensa do princípio da razoabilidade.

Não há liberdade que não tenha limites e se ultrapassados estes gera abuso de poder,
que é uma espécie de ilegalidade.

9. Processo administrativo (Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999).


[TJCE]. Há prescrição intercorrente no processo administrativo?
R: A prescrição intercorrente administrativa reconhecida pelo STJ, ao negar
provimento ao Agravo Regimental interposto no REsp 1.401.371/PE, manteve o
entendimento do TRF da 5ª Região, ainda que por impossibilidade de reanálise de
provas, pela prescrição do processo administrativo paralisado por mais de 3 anos.

Citada decisão tem como escopo inibir a inércia da administração pública, que não
pode deixar o contribuinte à mercê de processos administrativos infindáveis,
aguardando por uma decisão que influenciará diretamente na gestão de seus negócios
e de seu patrimônio.

A aplicação da prescrição intercorrente administrativa punitiva contra a


administração pública federal, nesses casos, é regulada pela lei 9.873/99; o prazo
prescricional de 3 anos está previsto no § 1º do artigo 1º.

O atual entendimento das decisões judiciais em comento, amparadas na lei citada,


visam inibir a inércia da administração pública, dando guarida ao princípio da
eficiência, previsto na Constituição Federal, que deve nortear as atividades da
mesma.

Nesse sentido, essas decisões também visam garantir o princípio da segurança


jurídica, já que o contribuinte não pode permanecer por tempo demasiado na
incerteza da cobrança de um crédito que impactará diretamente suas operações e seu
planejamento.

O dever da administração pública em garantir e agir de acordo com tais princípios é


tão fundamental que o legislador os reiterou no artigo 2º da lei 9.784/99, que regula
o processo administrativo em âmbito federal.

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Em regra, a aplicação do prazo prescricional intercorrente de 3 anos vale apenas para


processos administrativos em que está em discussão um crédito público decorrente
de uma ação punitiva da administração pública contra a inobservância, pelo
contribuinte, de determinado dever legal, que normalmente importa na cobrança de
valores de elevada monta.

Por outro lado, também são inúmeros os casos em que o fisco visa enquadrar,
forçosamente, o que seria "descumprimento de obrigação acessória" como "não
recolhimento de tributos".

Sendo assim, para as hipóteses citadas, é extremamente importante que o contribuinte


verifique a possibilidade de enquadrar o entendimento como prazo prescricional
administrativo de 3 anos, o que pode fulminar o débito em razão da ineficiência e da
inércia da administração pública.

Vale esclarecer que o STJ é, atualmente, uma Corte que muda seu entendimento com
certa frequência, e que a posição ora em estudo ainda não se encontra consolidada.

Tanto é assim que, embora no caso em discussão a manutenção da decisão do TRF-


5 que reconheceu a prescrição intercorrente tenha se dado com base no óbice da
súmula 7 daquele Tribunal (que limita a interposição de recurso especial para
reexame de provas), também em recente julgamento, quando da análise do REsp
1.431.476/PE, cuja relatoria é a mesma, a decisão nestes autos acabou por reapreciar
provas para modificar a decisão que havia decretado a prescrição intercorrente
administrativa.

Felizmente, podemos dizer que a jurisprudência vem caminhando no sentido de


resguardar os contribuintes contra os prazos infindáveis com que a administração
pública costuma(va) praticar seus atos, tanto para a cobrança de créditos públicos,
conforme se viu, quanto para os casos em que o contribuinte busca o ressarcimento
de valores – nestes últimos, conforme jurisprudência atual, o prazo é de 360 dias para
que seja proferida uma decisão.

[TJCE]. A lei 9.784/99 tem aplicação no Estado do Rio Grande do Norte? Há


aplicação subsidiária?
R. Âmbito de aplicação da Lei nº 9.784/99: a Lei de Processo Administrativo (LPA)
aplica-se aos processos administrativos desenvolvidos no âmbito da Administração
Pública Direta e Indireta FEDERAL. Trata-se, portanto, de uma lei FEDERAL, e
não NACIONAL: não se aplica à Administração Estadual nem Municipal.
“Administração Direta” compreende, no contexto da LPA, os Ministérios e a própria
Presidência da República. Administração Indireta são as autarquias (como a UFRJ),
fundações públicas (como o IBGE), sociedades de economia mista (Banco do Brasil,
Petrobrás, etc.) e empresas públicas federais (CEF, Correios, etc.)

Em suma, a Lei 9784/99 é obrigatória para a Administração Direta e Indireta Federal,


mas não o é para as Administrações Estaduais e Municipais. Cada Unidade da
Federação pode estabelecer sua própria lei de processo administrativo. No entanto,
ao Distrito Federal se aplica a lei do processo administrativo Federal, por força do
que dispõe a Lei n° 2.834/2001.

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A jurisprudência admite a aplicação subsidiária da lei 9784/99 em âmbito


estadual.

RECURSO ORDINÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. PODER JUDICIÁRIO


ESTADUAL. PRAZOS. FLUÊNCIA. FÉRIAS FORENSES. AUSÊNCIA DE PREVISÃO.
LEI 9.784/99. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. Silente o Regimento Interno do Tribunal de
Justiça do Estado do Paraná acerca da fluência dos prazos durante as férias forenses,
deve ser aplicado subsidiariamente, no caso dos recursos administrativos, o disposto no
art. 67 da Lei nº 9.784/99. Isso porque, sendo a norma que regulamenta os procedimentos
de igual espécie em âmbito federal, tem preeminência em relação ao Código de Processo
Civil, que cuida dos processos judiciais. Recurso desprovido. Processo: RMS 16776 / PR
; RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 2003/0130796-4
Relator(a): Min. Felix Fischer (1109) Órgão julgador: T5 – QUINTA TURMA Data do
julgamento: 25/05/2004 Data da publicação/Fonte: DJ 28.06.2004 P. 349

No entanto, no Estado do Rio Grande do Norte, a matéria está regulamentada


pela LC 303/05.

[TJCE]. As regras de prescrição da 9.784/99 aplicam-se ao regime potiguar, ou há


prazo específico?
O prazo para invalidação de atos, no Estado do Rio Grande do Norte é decadencial,
sendo este de 05 anos:

Lei Complementar Estadual 303. Art. 15. O direito da Administração Pública de


invalidar os atos administrativos decai em 5 (cinco) anos, contados da data em que foram
expedidos.

[TJCE]. A lei 9784 é uma lei nacional ou federal?


A Lei de Processo Administrativo (LPA) aplica-se aos processos administrativos
desenvolvidos no âmbito da Administração Pública Direta e Indireta FEDERAL.
Trata-se, portanto, de uma lei FEDERAL, e não NACIONAL: não se aplica à
Administração Estadual nem Municipal. “Administração Direta” compreende, no
contexto da LPA, os Ministérios e a própria Presidência da República. Administração
Indireta são as autarquias (como a UFRJ), fundações públicas (como o IBGE),
sociedades de economia mista (Banco do Brasil, Petrobrás, etc.) e empresas públicas
federais (CEF, Correios, etc.). Em suma: a LPA é obrigatória para a Administração
Direta e Indireta Federal, mas não o é para as Administrações Estaduais e Municipais.

[TJCE]. Essa lei se aplica a quem não tem uma lei de processo administrativo?
Sim, a Lei 9.784/99 pode ser utilizada pelos entes que não disponham de lei própria
de processo administrativo.

ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SERVIDORES PÚBLICOS ESTADUAIS.


ATO ANULATÓRIO DA INVESTIDURA. ART. 54 DA LEI Nº 9.784/1999. ESTADOS-
MEMBROS. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. PRAZO DECADENCIAL. SUSPENSÃO.
INTERRUPÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. TERMO INICIAL. VIGÊNCIA DA LEI.
DECADÊNCIA CONFIGURADA. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é
assente no sentido de que a Lei nº 9.784/1999 pode ser aplicada de forma subsidiária no
âmbito dos Estados-Membros, se ausente lei própria regulando o processo
administrativo no âmbito local, o que se verifica no caso do Estado do Rio de Janeiro 2.
O prazo quinquenal, estabelecido no art. 54 da Lei n.º 9.784/1999, para que a
administração possa anular os atos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários, tem natureza decadencial, o que afasta a incidência dos arts. 190 do

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Código Civil e 219 do Código de Processo Civil. Aplica-se, em vez disso, o art. 207 do
CC, segundo o qual, salvo previsão legal expressa – inexistente na Lei nº 9.784/1999 –,
não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a
prescrição. 3. "A Lei 9.784/1999, ao disciplinar o processo administrativo, estabeleceu
o prazo de cinco anos para que pudesse a Administração revogar os seus atos (art. 54).
A vigência do dispositivo, dentro da lógica interpretativa, tem início a partir da
publicação da lei, não sendo possível retroagir a norma para limitar a Administração
em relação ao passado. " (MS 9.112/DF, Rel. Ministra ELIANA CALMON, CORTE
ESPECIAL, julgado em 16/2/2005, DJ 14/11/2005). 4. Na hipótese, tendo em vista que
as investiduras tidas por ilegais ocorreram antes da vigência da Lei nº 9.784/1999, a
administração estadual poderia rever esses atos até cinco anos depois de 1º/2/1999,
contudo, somente o fez em 2007, quando já operada a decadência. 5. Recurso especial a
que se nega provimento. (Resp 1103105/RJ, Rel. Min. Og Fernandes).

10. Licitações e contratos administrativos (Lei no 8.666, de 21 de junho


de 1993).
[TJCE]. A legislação brasileira cria benefícios na lei de licitações às empresas
brasileiras?
Sim. Art. 3º, §2º Em igualdade de condições, como critério de desempate, será
assegurada (…) III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras. Art. 33 (…)
§ 1o No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a liderança caberá,
obrigatoriamente, à empresa brasileira, observado o disposto no inciso II deste artigo.

[TJCE]. A legislação brasileira cria algum critério de preferência entre empresas,


no julgamento de uma licitação?
R:

Art. 3º, § 2o, Lei 8666/93: Em igualdade de condições, como critério de desempate, será
assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:

II - produzidos no País;

III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.

IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no


desenvolvimento de tecnologia no País. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

[TJCE]. Seria possível criação de nova modalidade de licitação?


Sim, a própria lei 10520/2002 criou o pregão que é uma nova modalidade de
licitação.

[TJCE]. É possível que essa modalidade só seja aplicada no âmbito da União?


Sim, inclusive nas leis 9472/97 e 9986/2000 traz modalidade de licitação que
somente é aplicável às agências reguladoras federais.

[TJCE]. Quais os casos são dispensáveis da licitação para alienar o bem?


- Hipóteses de dispensa. Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública,
subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida
de avaliação e obedecerá às seguintes normas:I - quando imóveis, dependerá de
autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e
fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de

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avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos


seguintes casos: a) dação em pagamento; b) doação, permitida exclusivamente para
outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo,
ressalvado o disposto nas alíneas f e h; c) permuta, por outro imóvel que atenda aos
requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; d) investidura; e) venda a outro
órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo; f)
alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação
ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou
efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização
fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração
pública; g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no
6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da
Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição; h)
alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação
ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de
até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de
programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos
ou entidades da administração pública; i) alienação e concessão de direito real de uso,
gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde
incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e
quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos
legais; II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada
esta nos seguintes casos: a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de
interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-
econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação; b) permuta,
permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública; c)
venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação
específica; d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente; e) venda de bens
produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública,
em virtude de suas finalidades; f) venda de materiais e equipamentos para outros
órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por quem
deles dispõe.

[TJCE]. A expedição de atos administrativos depende de manifestação do


judiciário? Existem exceções?
Não. Salienta-se que existem atos administrativos dotados de autoexecutoriedade, a
qual permite à Administração Pública pôr em execução suas decisões, usando de
meios coercitivos próprios, sem que para tanto precise buscar no Poder Judiciário
autorização de qualquer espécie.

Entretanto, em algumas situações a Administração deve recorrer ao Judiciário para


que seu interesse seja atendido. Tal situação ocorre quando o cidadão descumpre suas
obrigações. Multa: sanção pecuniária tem exigibilidade, mas não tem executoriedade.
O poder público só pode aplicar, mas não pode cobrar. Se houver pagamento
voluntário, tudo bem, a executoriedade prevaleceu. Se não houver o pagamento
voluntário, deve haver cobrança em juízo, Exemplo: no caso de alguém que não paga
o IPTU, caberá à Administração providenciar a cobrança de dívida ativa referente ao
citado tributo, através de ação judicial que possui lei própria (LEF – Lei de Execução
Fiscal).

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11. Convênios e consórcios administrativos.


[TJCE]. Convênios e consórcios - convênio é uma lei federal ou nacional?
LEI NACIONAL. Convênios e Consórcios são instrumentos jurídicos que permitem
com que União, Estados e Municípios realizem esforços conjuntos na realização do
interesse público.

Atuam tanto nas áreas que a Constituição indicou a competência concorrente de todos
ou de dois dos entes públicos, quanto naquelas em que, embora a norma de
competência indique um ente como responsável, a realização material da finalidade
pública diz com o interesse geral e, portanto, também assista aos demais cooperarem
no que for possível.

E esta cooperação, sensível a partir, sobretudo, da Constituição de 1988, assume novo


impulso a partir da Emenda Constitucional n° 19/1998, que implementou a chamada
"Reforma Administrativa" em nível federal, que para autores como MOREIRA
NETO, foi proposta como marco da transformação da Administração Pública
burocrática para a gerencial, no contexto mais amplo da reforma do Estado
brasileiro.

Os convênios são acordos firmados por entidades públicas de qualquer espécie, ou


entre estas e organizações particulares, para realização de objetivos de interesse
comum dos partícipes.

Posto tal igualdade entre os participes aos convênios, é interessante observar que
qualquer dos participes pode a qualquer tempo, observando a ausência de vínculo
contratual (divergência doutrinária), pode qualquer participe denunciá-lo e retirar
sua cooperação quando for de sua vontade, respondendo por obrigações e auferindo
vantagens somente no espaço de tempo que participou do acordo. Então observa-se
que não se admite nenhuma clausula obrigatória da permanência ou sancionadora dos
denunciantes.

Há doutrinadores que rejeitam a alegação de que nos convênios há ausência de


vínculo contratual, tendo em vista que é da natureza de todo e qualquer ajuste de
vontades, contratual ou não, que as partes gozem de legítima expectativa quanto à
ação das demais. Não há se falar em liberdade total, porque senão, razão mesmo
faltaria ao ajuste.

Observa, entretanto, aquele que seria o traço distintivo dos convênios em relação à
figuras análogas – fundamentalmente o contrato – qual seja, a necessária
convergência dos interesses das partícipes, ao contrário da noção contratual
clássica, que pressupõe o ajuste de interesses opostos das partes.

Conclui que no contrato há partes, uma que pretende a contraprestação


correspondente, diferentemente do que ocorre no convênio, em que não há partes,
mas unicamente partícipes com as mesmas pretensões.

Já em relação aos consórcios, tratam-se de acordos firmados entre entidades estatais,


autárquicas e paraestatais, sempre da mesma espécie, para realização de objetivos
comuns dos partícipes.

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Diferenciam dos convênios, à medida que pressupõem a identidade das pessoas


jurídicas celebrantes. Noutros termos, os consórcios celebram-se entre pessoas
jurídicas de mesma espécie, enquanto os convênios se dão entre pessoas jurídicas de
espécie diversa.

Orientam-se, convênios e consórcios, contudo, pelos mesmos postulados, salvo a


consideração de alguns doutrinadores de que, enquanto no convênio há possibilidade
de se restringir a responsabilidade pelos esforços celebrados a apenas um dos
convenientes, no consórcio esta responsabilidade será necessariamente comum.

O certo, porém é que em relação aos consórcios não há se falar no surgimento de


outra pessoa jurídica, pelo que devem ser diferenciados dos consorzii intercomunalii
italianos, aos quais a lei conferiu expressamente personalidade.

[TJCE]. Lei de convênios é regulamentada por decreto, esse decreto subordina


estados e municípios? Avisos podem participar de quais consórcios públicos?
Makson

[TJCE]. A lei dos consórcios/convênios é nacional ou federal?


Considerando que a lei dos consórcios (Lei 11.107/05) dispõe sobre normas gerais,
considera-se lei nacional, ou seja, a que se aplica em todo o território nacional

12. Serviços públicos: caracterização, titularidade, regime jurídico e


delegação a particulares.
[TJCE]. O que caracteriza o serviço público?
Serviço Público é atividade administrativa pela qual o Poder Público objetiva, direta
ou indiretamente, satisfazer necessidades coletivas ou individuais dos administrados,
sob a incidência total ou parcial de um regime de direito público.

A titularidade do serviço é do Poder Público.

[TJCE]. O poder de polícia pode ser delegado?


É pacífico que os atos que manifestam expressão do poder público - como a polícia
administrativa - não podem ser delegados, sob pena de se ofender o equilíbrio entre
os particulares e colocar em risco a ordem social.

No entanto, vem sendo admitida por parte da doutrina a possibilidade de delegação


aos particulares dos aspectos materiais do poder de polícia. Assim, para a maioria da
doutrina não há possibilidade de ser delegado o poder de polícia propriamente dito
sequer para a Administração Indireta, mas é possível transferir o poder de fiscalizar
e de emanar atos de consentimentos (ex: carteiras de habilitação), não podendo
legislar ou aplicar sanções a particulares.

[TJCE]. Quais as principais diferenças entre concessão e permissão do serviço


público?
A concessão de serviço público se subdivide em duas categorias:

a) Concessão comum de serviço público (prevista na Lei 8.987/95):

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É uma delegação de serviço público, em que se transfere somente a execução do


serviço, pelo poder concedente (a Administração direta, de acordo com a
competência para a prestação do serviço) ao particular (só pode ser pessoa jurídica
ou consórcio de empresas). O instrumento é o contrato administrativo. Portanto, tem
que fazer licitação, na modalidade concorrência (essa é a regra). Todo contrato
administrativo tem que ter prazo determinado. A concessão de serviço público
precisa de autorização legislativa específica

b) Concessão especial de serviço público - Parceria público-privada (PPP)

É aquela prevista na Lei 11.079/04. É uma delegação de serviço público feita pelo
Estado a uma empresa, tem que ter licitação na modalidade concorrência.

PPP = Concessão comum + características especiais.

delegação de serviços - só execução

P. concedente X PJ/Consórcio

formalização: contrato adm.

licitação (concorrência) - autorização legislativa

Valor: não pode ter valor inferior a 20 milhões de reais (as empresas pequenas
ficaram de fora).

Prazo: não pode ser inferior a 5 anos, nem superior a 35 anos.

Objeto: não pode ser único, tem que ter pelo menos dois desses objetos: serviço /
obras / fornecimento.

Permissão de serviço público (art. 2º e art. 40, Lei 8.987/95)

O art. 2º conceitua a permissão de serviço público: é a delegação de serviço


(transferência só da execução do serviço) feita pelo poder concedente à pessoa física
ou jurídica.

A formalização é por contrato administrativo (art. 40).

Historicamente, surgiram dois tipos de permissão: permissão de serviço e permissão


de uso de bem (transfere a utilização de um bem público).

Quando surgiu no ordenamento brasileiro, a permissão era um ato unilateral,


discricionário e de forma precária (a Administração poderia revogar a qualquer
tempo).

Em 1995, a Lei 8.987, em seu art. 40, modificou a natureza jurídica da permissão de
serviço público, prevendo que a permissão de serviço se faz por contrato
administrativo.

A Lei falou somente em permissão de serviço, de modo que a permissão de uso


continuou do mesmo modo (ato unilateral, discricionário e precário).

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Se é contrato administrativo, tem que ter licitação. Nesse caso, não há uma
modalidade específica, vai depender do valor do contrato.

Não se exige autorização legislativa prévia. A nossa lei diz expressamente que a
permissão de serviço é um instituto precário (art. 2º, IV e art. 40, Lei 8.987/95).
“Precário” significa que posso desfazer a qualquer tempo e não preciso indenizar

[TJCE]. Qual a natureza jurídica com os conselhos profissionais? Qual a relação dos
trabalhadores desses conselhos?
- Os conselhos profissionais são autarquias, entidades com atuação de interesse
público encarregadas de exercer controle e fiscalização sobre determinadas
categorias profissionais. Exemplo: Conselhos de Classe, como Crea, CRO e CRM.

No julgamento da ADIn 3.026/2006, o Supremo Tribunal Federal negou a natureza


autárquica da OAB, entendendo que falta à entidade personalidade jurídica de direito
público, não tendo nenhuma ligação com a Administração Pública. Segundo o STF,
perante a Constituição Federal de 1988, a OAB seria uma entidade sui generis. No
referido acórdão, o tribunal fixou as seguintes premissas sobre a condição jurídica da
Ordem dos Advogados: 1. Não se sujeita aos ditames impostos à Administração
Pública Direta e Indireta. 2. Não é uma entidade da Administração Indireta da União,
mas um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades
jurídicas existentes no direito brasileiro.

(Marinela) Para o regime de pessoal desses agentes a jurisprudência nacional também


já havia firmado posição. Orientavam os Tribunais pátrios, reconhecendo os
conselhos profissionais como autarquias federais, que, após a promulgação da Lei n
s 8.112, de11.12.1990, que instituiu o regime jurídico dos servidores públicos civis
da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas
federais, seus agentes estão sujeitos ao regime estatutário, desde que nomeados
regularmente com prévia aprovação em concurso público. Observe a ementa abaixo:

EM ENTA: ESTA BILID A D E DO EMPREGADO PÚ BLIC O . A R T . 19 DO AD CT


E A R T . 243 DA Lei ns 8.112/1990. COM PETÊN CIA DA JU ST IÇ A FEDERAL. I. Os
conselhos profissionais são autarquias corporativas e a eles se aplica o regime jurídico
único dos servidores públicos da União Federal.II. Os empregados públicos não
admitidos após aprovação em concurso público não se submetem ao regime jurídico
único, razão pela qual não são efetivos e sua relação com o conselho é empregatícia
pública e não estatutária. III. A estabilidade conferida pela Lei ns 8.112/1990 alcança
apenas os empregados públicos que tenham laborado durante, no mínimo, os cinco anos
continuados anteriores à promulgação da Carta Magna, consoante o art. 19 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias. IV. Apenas as normas que emanam da
Constituição são aptas a atribuir estabilidade aos agentes públicos, conforme o fez a
redação original do art. 39, caput,da CRFB de 1988 e, de forma excepcional, o art. 19
do ADCT. V. E competente para o feito a Justiça Federal, nos termos do enunciado no
173 da Súmula do STJ. VI. Recurso e remessa necessária providos (REOMS 9702335124,
TRF2 - Sexta Turma, Des. Federal André Fontes, julgamento: 03-04-2002, DJ:
25.06.2003).63

Em decisão mais recente o S T J, considerando a transição que ocorreu para os


servidores públicos entre o regime jurídico único previsto no texto original da C F de
1988. A mudança da Emenda Constitucional n s 19 que inseriu o regime múltiplo e
a possibilidade de se misturar regime estatutário com regime celetista na mesma

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ordem política. Por fim, a decisão do S T F que reconheceu a


inconstitucionalidade formal do art. 39 inserido pela EC n a 19, restabelecendo
assim novamente o regime jurídico único para todos os servidores na mesma
ordem política. Com essa nova decisão orienta o S T J que os agentes dos
Conselhos de Classe também devem seguir um só regime que, para o âmbito
federal, foi escolhido o regime estatutário. Observe decisão bastante
esclarecedora:

EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO


PROFISSIONAL. NATUREZA JURÍDICA. AUTARQUIAS CORPORATIVAS. REGIME
DE CONTRATAÇÃO DE SEUS EMPREGADOS. INCIDÊNCIA DA LEI Na 8.112/1990.
1. A atividade de fiscalização do exercício profissional é estatal, nos termos dos arts. 5a,
XIII, 21, XXIV, e 22, XIV, da Constituição Federal, motivo pelo qual as entidades que
exercem esse controle têm função tipicamente pública e, por isso, possuem natureza
jurídica de autarquia, sujeitando-se ao regime jurídico de direito público. Precedentes
do STJ e do STF. 2. Até a promulgação da Constituição Federal de 1988, era possível,
nos termos do Decreto-Lei na 968/1969, a contratação de servidores, pelos conselhos de
fiscalização profissional, tanto pelo regime estatutário quanto pelo celetista, situação
alterada pelo art. 39, caput,em sua redação original. 3 .0 § 1a do art. 253 da Lei na
8.112/1990 regulamentou o disposto na Constituição, fazendo com que os funcionários
celetistas das autarquias federais passassem a servidores estatutários, afastando a
possibilidade de contratação em regime privado. 4- Com a Lei na 9.649/1998, o
legislador buscou afastar a sujeição das autarquias corporativas ao regime jurídico de
direito.público. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal, na ADI na 1.717/DF, julgou
inconstitucional o dispositivo que tratava da matéria. O exame do § 3a do art. 58 ficou
prejudicado, na medida em que a superveniente Emenda Constitucional na 19/1998
extinguiu a obrigatoriedade do Regime Jurídico Único. 5. Posteriormente, no julgamento
da medida liminar na ADI na 2.135/DF, foi suspensa a vigência do caputdo art. 39 da
Constituição Federal, com a redação atribuída pela EC na 19/1998. Dessa forma, após
todas as mudanças sofridas, subsiste, para a administração pública direta, autárquica e
fundacional, a obrigatoriedade de adoção do regime jurídico único, ressalvadas as
situações consolidadas na vigência da legislação editada nos termos da emenda
declarada suspensa. 6. As autarquias corporativas devem adotar o regime jurídico único,
ressalvadas as situações consolidadas na vigência da legislação editada nos termos da
Emenda Constitucional na 19/1997. 7. Esse entendimento não se aplica a OAB, pois no
julgamento da ADI na 3.026/ DF, ao examinar a constitucionalidade do art. 79, § I a, da
Lei na 8.906/1996, o Excelso Pretório afastou a natureza autarquica dessa entidade,
para afirmar que seus contratos de trabalho são regidos pela CLT. 8. Recurso especial
provido para conceder a segurança e determinar que os impetrados, com exceção da
OAB, tomem as providências cabíveis para a implantação do regime jurídico único no
âmbito dos conselhos de fiscalização profissional,, incidindo no caso a ressalva contida
no julgamento da ADI na 2.135 MC/DF. (REsp 507.536/DF, ST J-Q u in ta Turma, Rei.
Min. Jorge Mussi, julgamento: 18.11.2010, DJe 06.12.2010).6,1

13. Intervenção do Estado no domínio econômico. Exercício de atividade


econômica pelo Estado. Regulação.
[TJCE]. O que é princípio da subsidiariedade na ordem econômica ?
O princípio da subsidiariedade representa uma transformação na maneira de
intervenção estatal na ordem econômica, evoluindo de uma atuação intervencionista
e direta para uma participação supletiva na economia. Antes o Estado era empresário
e interventor de forma direta, agora, se reserva às funções de fiscalização e
planejamento, passando apenas a regular a atividade econômica. É uma espécie de

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Intervenção Indireta. O Estado somente explorará diretamente uma atividade


econômica quando esta for necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo, de acordo com o Artigo 173 da CF/88. Ou seja, o Estado
explorando atividade econômica diretamente (Estado Empresário) é verdadeira
exceção. O Principio da Subsidiariedade impõe ao Estado que se abstenha de
interferir e de regular as atividades que possam ser exercidas ou autorreguladas pelos
particulares em regime de liberdade. Assim, o Estado Brasileiro transferiu algumas
atividades de utilidade pública à execução por particulares, por meio do processo de
desestatização, em que sua tradicional participação direta (como Estado-Empresário)
foi substituída por uma intervenção primordialmente de direção ou indução.

[TJCE]. O que é regulação? Qual a natureza das decisões regulatórias? Qual tipo
de normas?
É um poder normativo atribuído às agencias reguladoras para, dentro de sua esfera
de competência, e nos limites da lei, tratem sobre assuntos técnicos específicos de
sua área de atuação. Como tais, possuem natureza de atos administrativos
normativos. Sua normatização deve ser complementar à lei, segundo decidiu o STF
na ADI 1668-DF.

[TJCE]. O que é regulação do Estado na Economia?


Qualquer ação do governo no sentido de limitar a liberdade de escolha dos agentes
econômicos. Ex. Quando um agente regulador (agência responsável) fixa uma tarifa
para um determinado serviço, está restringindo a liberdade que uma empresa tem de
estabelecer o preço pela sua atividade.

Possui, dentre outras funções, fiscalizar a atividade econômica, fomentar


determinadas práticas, bem como desestimular outras tantas, combater práticas
tendentes à total dominação dos mercados, aumento abusivo dos preços e
concorrência desleal. Busca, ainda, planejar o exercício da atividade econômica.

Nesse sentido:

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado


exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo
este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional


equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de
desenvolvimento.

§ 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.

§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas,


levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos
garimpeiros.

§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na


autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais
garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o
art. 21, XXV, na forma da lei.

[TJCE]. O que é regulação?

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Segundo José dos Santos Carvalho Filho, ‘modernamente, em virtude da crescente


complexidade das atividades técnicas da Administração, passou a aceitar-se nos
sistema normativos, originariamente na França, o fenômeno da
DESLEGALIZAÇÃO, pelo qual se transfere a competência para regular certas
matérias da lei (ou ato análogo) para outras fontes normativas por autorização do
próprio legislador. [...] referida delegação não é completa e integral. […] o legislador
reserva para si a competência para o regramento básico, calcado nos critérios
políticos e administrativos, transferindo tão somente a competência para a
REGULAMENTAÇÃO TÉCNICA mediante parâmetros previamente enunciados
na lei (delegation with standards).’

Segue o autor, afirmando que esse tipo de regulamentação não tem a função
simplesmente de complementar a lei, mas sim de inovar no ordenamento jurídico,
razão pela qual há estudiosos que denominam tal fenômeno de REGULAÇÃO, a fim
de diferenciá-lo do poder regulamentar tradicional.

Podem ser encontrados exemplos desse fenômeno nas regulação exercida por
algumas agências reguladoras. (JSCF, p. 57). Pode-se dizer que regulação é uma
função discricionária, diretiva, normativa, fiscalizadora e sancionatória, vocacionada
à intervenção direta ou indireta do Estado na atividade econômica. A regulamentação
técnica seria apenas um dos poderes inerentes à atividade de regulação.

[TJCE]. O que é normatização?


Trata-se de um dos fenômenos atinentes ao processo de deslegalização que vem
passando o Estado, após o advento das agências reguladores. Pela deslegalização a
legislação confere autonomia às agências reguladoras para editar atos administrativos
normativos, dotados de conteúdo técnico, respeitados os parâmetros (standards)
legais, no âmbito do setor regulado. A intenção é despolitizar o respectivo setor,
retirando do âmbito político e transferindo ao corpo técnico da agência a atribuição
para normatizar a atividade regulada. Há forte controvérsia doutrinária em relação à
constitucionalidade da amplitude e do fundamento do poder normativo conferido às
agências reguladoras.

[TJCE]. O que é regulação? Qual a natureza jurídica de decisões regulatórias? Que


tipos de normas?
Regulação, segundo Vital Moreira citado em Mendes (MENDES, 2006, P. 118), é o
estabelecimento e a implementação de regras para a atividade econômica destinadas
a garantir o seu funcionamento equilibrado, de acordo com determinados objetivos
públicos. Portanto, faz-se regulação quando se pretende direcionar através de
regulamentos determinada atividade econômica para suprirem falhas decorrentes, em
sua maioria, do mercado. Como demonstra o prof. Leonardo Bento:

A intervenção política na economia pode dar-se através das políticas de regulação,


orientadas para a correlação de falhas do mercado, tais como monopólios,
externalidades, carência de informação e provisão insuficiente de bens públicos de infra-
estrutura. (BENTO, 2003, P. 106).

As agências regulatórias têm natureza jurídica de autarquias em regime especial e


são entidades que desempenham a função de regulação e fiscalização de assuntos
atenientes as suas respectivas esferas de atuação.

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[TJCE]. Uma agência reguladora exerce atos administrativos?


SIM. As agências reguladoras concentram em suas mãos poderes NORMATIVOS
(ex. prerrogativa de editar atos normativos) ADMINISTRATIVOS (ex. poder de
polícia) e JUDICANTES (ex. atribuição para resolver conflitos entre os agentes
regulados), por isso sua atividade é tida como complexa.

As agências não exercem propriamente a função legislativa nem a jurisdicional, uma vez
que a edição de normas primárias, gerais e abstratas permanece como tarefa típica do
Legislativo, salvo as exceções constitucionais expressas (medidas provisórias e leis
delegadas), bem como a resolução de conflitos com força definitiva é tarefa exclusiva do
Judiciário.

[TJCE]. A quem compete julgar ACP que o MP propôs contra a Itaipu Binacional?
COMPETÊNCIA – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL –
ÓRGÃO DA UNIÃO – ITAIPU BINACIONAL – PARAGUAI – INTERESSE.

Ante o disposto na alínea “e” do inciso I do artigo 102 da Constituição Federal, cabe ao
Supremo processar e julgar originariamente ação civil pública proposta pelo Ministério
Público Federal contra a Itaipu Binacional.

Processo: Rcl 2937 PR

Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO

Julgamento: 15/12/2011

Órgão Julgador: Tribunal Pleno

ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-073 DIVULG 13-04-2012


Publicação:
PUBLIC 16-04-2012

REPÚBLICA DO PARAGUAI
LUIZ EDSON FACHIN
JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA DA CIRCUNSCRIÇÃO
JUDICIÁRIA DE FOZ DO IGUAÇU (AÇÕES CIVIS
PÚBLICAS Nº 2003.70.02.000961-9 E 2003.70.02.000947-4)
JUIZ FEDERAL DA 2ª VARA DA CIRCUNSCRIÇÃO
JUDICIÁRIA DE FOZ DE IGUAÇU (AÇÃO CIVIL PÚBLICA
Nº 2002.70.02.006812-7)
JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA DA CIRCUNSCRIÇÃO
JUDICIÁRIA DE UMUARAMA (AÇÕES CIVIS PÚBLICAS Nº
Parte(s):
2001.70.04.002837-4 E 2004.70.04.000538-7 E AÇÃO
CAUTELAR Nº 2001.70.04.002330-3)
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
ITAIPU BINACIONAL
LUCIANO EURICO DE SIQUEIRA CAVALCANTI VERAS
ROMEU FELIPE BACELLAR
UNIÃO
ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

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INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS


RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA
PROCURADOR-GERAL FEDERAL
COLÔNIA DE PESCADORES PROFISSIONAIS - Z - 13
APARECIDO DA SILVA MARTINS

[TJCE]. O que é regulação?


Regulação ambiental são atos administrativos em que os órgãos ambientais definem
condições, restrições e medidas de controle que deverão ser observadas pelo
empreendedor para localizar, instalar, operar e alterar atividades de um determinado
empreendimento.

[TJCE]. Qual a natureza jurídica das decisões regulatórias?


São atos administrativos de caráter normativo.

[TJCE]. Que tipo de normas? Qual a esfera de competência para julgar as ações
contra a Itaipu Binacional?
De acordo com o entendimento do STF e ante o disposto na alínea e do inciso I, art.
102, da CF, cabe ao Supremo processar e julgar originariamente ação civil pública
proposta pelo Ministério Público Federal contra a Itaipu Binacional.

14. Intervenção do Estado sobre a propriedade privada.


[TJCE]. Em que casos a autoridade pública pode fazer uso da propriedade privada?
A intervenção do Estado na propriedade privada consiste na atividade estatal que
tem por fim condicionar o uso da propriedade particular tendo em vista os interesses
coletivos e públicos. Tem como fundamentos a supremacia do interesse público e a
função social da propriedade.

Entre os modos de intervenção, as que permitem a utilização da propriedade pelo


poder público são:

 Servidão administrativa: trata-se do direito que autoriza o poder público a


usar da propriedade imóvel para permitir a execução de obras e serviços de
interesse público.
 Requisição: instrumento mediante o qual, em situação de perigo público
iminente, o Estado utiliza bens móveis, imóveis ou serviços particulares com
indenização ulterior, se houver dano.
 Ocupação temporária: é a forma de intervenção pela qual o poder público usa
transitoriamente imóveis privados, como meio de apoio à execução de obras
e serviços públicos.

[TJCE]. Quais as modalidades do estado de intervenção na propriedade privada?


Todos cabem indenização?
Modalidades:

Limitação administrativa: sendo genérica e abstrata, têm-se entendido que, em


regra, a limitação administrativa não gera direito à indenização. Caso a limitação
administrativa acabe por prejudicar totalmente a utilização da propriedade, será
necessário pagamento de indenização, pois, neste caso, ter-se-á uma desapropriação
indireta.

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Servidão administrativa: tem-se entendido que a servidão administrativa pode gerar


direito à indenização, mas, apenas, quando demonstrada a ocorrência de dano

Ocupação temporária: a ocupação temporária é gratuita e transitória, contudo,


quando causar dano, pode gerar direito à indenização.

Requisição administrativa: a requisição pode ser indenizada a posteriori ou mesmo


não comportar indenização. A doutrina tem entendido que, nos casos de requisição
de bem móvel consumível (que se exaure com a utilização) não haverá desapropria-
ção, sendo a indenização devida, a penas, posteriormente.

Tombamento: o tombamento exige procedimento administrativo prévio e pode gerar


direito à indenização, quando causar dano ao proprietário. Em todo caso, EM
REGRA, não gera direito a indenização, pois o conteúdo econômico do bem não
se encontra esvaziado.

Desapropriação: conforme lições de Hely Lopes Meirelles, a desapropriação é a


transferência compulsória da propriedade particular ou pública (de entidade inferior
para a superior) para o Poder Público ou para seus delegados, por utilidade pública
ou necessidade pública ou, ainda, por interesse social, mediante prévia e justa
indenização em dinheiro, salvo exceções constitucionais.

[TJCE]. Intervenção do estado na propriedade privada em que casos pode o poder


público fazer uso da propriedade particular? O que a Constituição Federal fala?
Exemplo perfeito que encampa empresa de ônibus, hospital.
R: Conforme art. 5º, XXV, CF/88: no caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário
indenização ulterior, se houver dano.

[TJCE]. Em que casos a autoridade pública pode fazer uso da propriedade


particular?
O Poder Público intervém na propriedade do particular através de atos que visam
satisfazer as exigências coletivas e reprimir a conduta antissocial do particular. Essa
intervenção do Estado é instituída pela Constituição e regulada por leis federais que
disciplinam as medidas interventivas e estabelecem o modo e forma de sua execução,
condicionando ao atendimento do interesse público, mas respeitando as garantias
individuais elencadas na Constituição. Uma das formas de intervenção do Estado na
propriedade é pela forma do uso da propriedade particular que se da na ocupação
temporária, na requisição e na servidão administrativa.

[TJCE]. Tombamento pode configurar casos de desapropriação indireta?


A desapropriação indireta é resultado de uma intervenção do estado na propriedade
que limita a disponibilidade desta de maneira tal que o proprietário fica
impossibilitado de exercer suas funções a que teria direito como proprietário, sem
contundo receber indenização por isso, como ocorre normalmente na desapropriação.
Portanto, se o tombamento, que é um modo de intervenção estatal na propriedade,
limitar excessivamente o exercício dos poderes inerente à propriedade, neste caso
pode sim configurar desapropriação indireta.

[TJCE]. O que é desapropriação indireta?

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- Desapropriação indireta. Ocorre quando o Poder Público se apossa da propriedade


particular sem observar o procedimento legal; ocorre, na prática, uma
desapropriação, vez que o Poder Público retira o bem do seu proprietário, mas não é
uma desapropriação legal, é sim um esbulho, expulsão ilegal do proprietário. Da
mesma forma que na desapropriação direta, o proprietário fará jus à indenização,
incluindo juros moratórios, compensatórios e correção monetária.

O proprietário pode se defender judicialmente contra essa desapropriação,


utilizando-se de ações possessórias, visto que é um ato ilícito; entretanto, não o
fazendo em tempo hábil, e passando o bem a integrar o patrimônio público, não mais
poderá exigi-lo o proprietário, com base no art. 35 do Decreto-Lei no 3.365/1941;
neste caso, restará ao desapropriado pleitear perdas e danos, conforme art. 10,
parágrafo único, do mesmo diploma legal: “Extingue-se em cinco anos o direito de
propor ação que vise a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder
Público.”

[TJCE]. Em que casos a autoridade pública pode intervir na propriedade privada?


a) Requisição Administrativa

b) Servidão Administrativa

c) Ocupação Temporária

d) Limitação Administrativa

e) Tombamento

f) Desapropriação

As 5 primeiras são conhecidas como modalidades restritivas, pois não existe perda
da propriedade, mas sim uma restrição no uso da propriedade. Já a 6ª modalidade há
a perda da propriedade, por isso é denominada repressiva.

15. Bens públicos: caracterização, titularidade, regime jurídico,


aquisição, alienação e utilização dos bens públicos pelos particulares.
[TJCE]. Existe prescrição para os bens públicos?
Não. Os bens públicos são imprescritíveis, ou seja, estes são insuscetíveis de
prescrição aquisitiva, ou seja, de aquisição por usucapião. Inclusive, a Súmula 340
do STF reza que: “Desde a vigência do CC, os bens dominicais, como os demais bens
públicos, não pode, ser adquiridos por usucapião.”

[TJCE]. Bens públicos são passiveis de prescrição?


Não. A imprescritibilidade dos bens públicos está prevista no art. 102 do CC/02, nos
arts. 183, §3º, e 191, p. único, ambos da CF/88, bem como a Súmula 340 do STF.
Não há exceção a esta regra.

[TJCE]. Em que hipóteses as ilhas seriam bens municipais?


Art. 20. São bens da União:

IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias
marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a

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sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade


ambiental federal, e as referidas no art. 26, II.

Ou seja, as ilhas oceânicas ou costeiras, sede de Municípios e não afetadas ao serviço


púbico ou a unidade ambienta federal, seriam bens do Município.

[TJCE]. Bens Públicos são passíveis de prescrição?


A doutrina e a jurisprudência majoritárias entendem que todos os bens públicos são
imprescritíveis, ou seja, não podem ser adquiridos por usucapião.

[TJCE]. O Banco do Brasil controla uma empresa e a União não participa em nada.
Essa empresa, como contratante, poderia celebrar uma PPP? Estaria sujeito à lei
das PPP?
A priori cumpre destacar que as empresas públicas encontram-se previstas no art. 1º
Parágrafo único da Lei das PPP, tornando possível a aplicação desta a instituições
como o banco do Brasil. O mesmo dispositivo legal prevê que também fazem parte
das instituições previstas na referida lei as entidades controladas direta ou
indiretamente pela administração pública. Como se sabe, o banco do Brasil, sendo
empresa pública, integra a administração indireta em nosso ordenamento jurídico.
Sendo assim, reside a questão acerca da possibilidade de uma controlada sua celebrar
uma PPP. A resposta é positiva uma vez que, embora não exista participação da
União, existe um controle da administração sobre os atos da empresa, por meio do
Banco do Brasil.

[TJCE]. Em que hipóteses ilhas são bens municipais?


Em regra as ilhas pertencem à união (art. 20, IV, CF), sendo admissível, porém, que
os municípios tenham o domínio total ou parcial sobre ela, nos termos do art. 26, II
da CF. também serão do município as ilhas costeiras em que estiver localizada a sede
do próprio município, excluídas as áreas que constituírem unidade ambiental de
proteção da união e aquelas nas quais estiver sendo executado serviço público
federal.

16. Agentes públicos. Cargos, empregos e funções públicas. Regime


constitucional e legal. Responsabilidade dos agentes públicos. Regime
previdenciário dos agentes públicos. Lei Estadual nº 6.123, de 20 de
julho de 1968 e alterações. Lei Estadual nº 28, de 14 de janeiro de 2000
e alterações.
[TJCE]. O Servidor público comissionado recolhe contribuição previdenciária para
que regime?
Dispõe o art. 40, §13, da CFRB que ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro
cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência
social (RGPS).

[TJCE]. Agentes apenas comissionados, como se dá o recolhimento previdenciário?


Isso não fere a autonomia do Estado do Rio Grande do Norte? Qual a razão disso?
Os agentes comissionados estão sujeitos ao regime geral de previdência social (art.
40, §13º da CF). Não fere a autonomia a observância do regime geral, uma vez que
a superveniência da Emenda Constitucional nº 20/1998, que incluiu o artigo 40, § 13,

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na Carta Federal de 1988, teve o condão de retirar do Estado a prerrogativa de


disciplinar o regime previdenciário dos ocupantes de cargos em comissão. (STF,
Med. Cautelar em AC 3263/ AC)

[TJCE]. O regime jurídico dos servidores públicos do Estado possui alguma


peculiaridade?
Regime jurídico é o conjunto de regras de direito que regulam determinada relação
jurídica. Sendo assim, vale a pena examinar as características principais dos regimes
jurídicos que disciplinam as diversas relações de natureza funcional e, por
conseguinte, as categorias específicas dos servidores que estudamos acima. Do
regime jurídico se originam diversos direitos e deveres para os servidores públicos.
Na verdade, são muito variados os fatos funcionais que os envolvem durante o tempo
em que exercem a função pública.

Regime estatutário é o conjunto de regras que regulam a relação jurídica funcional


entre o servidor público estatutário e o Estado. Esse conjunto normativo, como vimos
acima, se encontra no estatuto funcional da pessoa federativa. As regras estatutárias
básicas devem estar contidas em lei; há outras regras, todavia, mais de caráter
organizacional, que podem estar previstas em atos administrativos, como decretos,
portarias, circulares etc. As regras básicas, entretanto, devem ser de natureza legal.
A lei estatutária, como não poderia deixar de ser, deve obedecer aos mandamentos
constitucionais sobre servidores. Pode, inclusive, afirmar-se que, para o regime
estatutário, há um regime constitucional superior, um regime legal contendo a
disciplina básica sobre a matéria e um regime administrativo de caráter
organizacional. Duas são as características do regime estatutário. A primeira é a da
pluralidade normativa, indicando que os estatutos funcionais são múltiplos. Cada
pessoa da federação, desde que adote o regime estatutário para os seus servidores,
precisa ter a sua lei estatutária para que possa identificar a disciplina da relação
jurídica funcional entre as partes. Há, pois, estatutos funcionais federal, estaduais,
distrital e municipais, cada um deles autônomo em relação aos demais, porquanto a
autonomia dessas pessoas federativas implica, necessariamente, o poder de organizar
seus serviços e seus servidores. Em alguns casos, certos Municípios adotam as regras
do estatuto do respectivo Estado. Se assim for, no entanto, a adoção do regime deve
ter sido autorizada em lei municipal, considerando-se que esta, em última instância,
repetiu todas as normas da lei estatutária do correspondente Estado. A outra
característica concerne à natureza da relação jurídica estatutária. Essa relação não
tem natureza contratual, ou seja, inexiste contrato entre o Poder Público e o servidor
estatutário. Tratando-se de relação própria do direito público, não pode ser
enquadrada no sistema dos negócios jurídicos bilaterais de direito privado. Nesse tipo
de relação jurídica não contratual, a conjugação de vontades que conduz à execução
da função pública leva em conta outros fatores tipicamente de direito público, como
o provimento do cargo, a nomeação, a posse e outros do gênero. Litígios entre o
Estado e os servidores estatutários são dirimidos perante a Justiça comum - justiça
Federal, no caso de servidores federais, e justiça Estadual, em se tratando de
servidores estaduais e municipais (neste caso, a competência interna será
estabelecida no respectivo código de organização judiciária)

O regime trabalhista é aquele constituído das normas que regulam a relação jurídica
entre o Estado e seu servidor trabalhista. Como o regime é aquele aplicável
genericamente às relações jurídicas entre empregadores e empregados no campo
privado, encontra-se ele na Consolidação das Leis do Trabalho. As características

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desse regime se antagonizam com as do regime estatutário. Primeiramente, o regime


se caracteriza pelo princípio da unicidade normativa, porque o conjunto integral das
normas reguladoras se encontra em um único diploma legal - a CLT. Significa que,
tantas quantas sejam as pessoas federativas que adotem esse regime, todas elas
deverão guiar-se pelas regras desse único diploma.26 Nesse caso, o Estado figura
como simples empregador, na mesma posição, por conseguinte, dos empregadores
de modo geral. A outra característica diz respeito à natureza da relação j urídica entre
o Estado e o servidor trabalhista. Diversamente do que ocorre no regime estatutário,
essa relação jurídica é de natureza contratual. Significa dizer que o Estado e seu
servidor trabalhista celebram efetivamente contrato de trabalho nos mesmos moldes
adotados para a disciplina das relações gerais entre capital e trabalho. Na hipótese de
litígios entre servidores trabalhistas e a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, decorrentes da relação de trabalho, na qual figuram tais entes públicos
como empregadores, o foro competente para solucioná-los é a justiça do Trabalho,
ex vi do art. 1 14, I, da CF, com a redação da EC nº 45/2004 (que nessa parte,
repetimos, alterou somente a apresentação, mas não o conteúdo) . Como se trata de
relação jurídica de natureza contratual, formalizada por contrato de trabalho,
adequada é a justiça trabalhista para enfrentar e dirimir litígios que dela se originem.

Regime de emprego público: Para concretizar mais um dos vetores do projeto de


reforma administrativa do Estado, iniciado pela EC nº 19/1998, o Governo Federal
fez editar a Lei nº 9.962, de 22.2.2000, disciplinando o que o legislador denominou
de regime de emprego público, que nada mais é do que a aplicação do regime
trabalhista comum à relação entre a Administração e o respectivo servidor. A lei é
federa e, portanto, incide apenas no âmbito da Administração federal direta,
autárquica e fundacional, estando excluídas as empresas públicas e as sociedades de
economia mista Prevê que o regime de emprego público será regido pela CLT
(Decreto-lei nº 5.452/1 943) e pela legislação trabalhista correlata, considerando-as
aplicáveis naquilo que a lei não dispuser em contrário (art. 1 º) . Dessa ressalva,
infere-se que a Lei nº 9.962 é a legislação básica e que as demais haverão de ter
caráter subsidiário: só prevalecem se forem compatíveis com aquela. O recrutamento
para o regime de emprego público exige prévia aprovação em concurso público de
provas ou de provas e títulos, o que não poderia ser diferente ante o disposto no art.
37, II, da Lei Fundamental. O vínculo laboral tem natureza contratual e se formaliza
pela celebração de contrato por prazo indeterminado. O contrato só pode ser
rescindido quando houver: (1) prática de falta grave, tal como relacionado no art.
482, da CLT; (2) acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; (3)
necessidade de redução de quadro, no caso de excesso de despesa, como previsto no
art. 169 da CF;33 (4) insuficiência de desempenho apurada em processo
administrativo.34 Essas regras indicam não só que ficou excluída a hipótese de
resilição unilateral do contrato por parte do Estado-empregador, não sendo assim
aplicável nesse aspecto o art. 479 da CLT, mas também que é vinculada à atividade
da União no que tange às hipóteses de desfazimento do vínculo: em nenhuma
hipótese a rescisão contratual poderá dar-se ao mero alvedrio da Administração
Federal, decorrente da valoração de conveniência e oportunidade.

Regime Especial: O regime especial visa a disciplinar uma categoria específica de


servidores: os servidores temporários. Como visto anteriormente, o recrutamento
desse tipo de servidores tem escora no art. 37, IX, da CF, mas algumas observações
devem ser feitas em relação ao regime especial. Outro ponto a ser examinado é o
relativo à natureza da relação jurídica funcional. Diz a Constituição que a lei

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estabelecerá os casos de contratação desses servidores. Assim dizendo, só se pode


entender que o Constituinte pretendeu caracterizar essa relação funcional como de
natureza contratual. Cuida-se, de fato, de verdadeiro contrato administrativo de
caráter funcional, diverso dos contratos administrativos em geral pelo fato de
expressar um vínculo de trabalho subordinado entre a Administração e o servidor.
Não obstante essa qualificação, a lei instituidora do regime certamente poderá incluir
algumas normas que mais se aproximem do regime estatutário, que, inclusive, tem
aplicação subsidiária no que couber.44 O que não poderá, obviamente, é fixar outra
qualificação que não a contratual. O regime especial deve atender a três pressupostos
inafastáveis. O primeiro deles é a determinabilidade temporal da contratação, ou seja,
os contratos firmados com esses servidores devem ter sempre prazo determinado,
contrariamente, aliás, do que ocorre nos regimes estatutário e trabalhista, em que a
regra consiste na indeterminação do prazo da relação de trabalho. Depois, temos o
pressuposto da temporariedade da função: a necessidade desses serviços deve ser
sempre temporária. Se a necessidade é permanente, o Estado deve processar o
recrutamento através dos demais regimes. O último pressuposto é a excepcionalidade
do interesse público que obriga ao recrutamento. Empregando o termo excepcional
para caracterizar o interesse público do Estado, a Constituição deixou claro que
situações administrativas comuns não podem ensejar o chamamento desses
servidores.

Regime Jurídico Único: Em sua redação originária, dispunha o art. 39, caput, da CF,
que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir, no
âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os
servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas.
O sistema do regime jurídico único, entretanto, anteriormente previsto no art. 39 da
CF, foi abolido pela EC nº 1 9/1 998, que implantou a reforma administrativa do
Estado. O efeito da alteração foi o de permitir que a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios pudessem recrutar servidores sob mais de um regime
jurídico. Sucede, entretanto, que o STF deferiu medida cautelar para o fim de
suspender a eficácia do art. 39, caput, da CF, com a redação dada pela EC nº 19/1998,
o que rendeu ensejo ao retorno da redação anterior, pela qual havia sido instituído o
regime jurídico único. Considerou a Corte a existência de aparentes indícios de
inconstitucionalidade formal, tendo em vista erro de procedimento na tramitação
daquela Emenda. A decisão, porém, teve eficácia ex nunc, subsistindo a legislação
editada sob o império do dispositivo suspenso. Com o restabelecimento do regime
jurídico único, retornou a controvérsia sobre a matéria. Vale a pena relembrar as três
posições: (1 ª) o regime único indica a obrigatoriedade de adoção exclusiva do regime
estatutário; (2ª) cabe à pessoa federativa optar pelo regime estatutário ou trabalhista,
mas, uma vez feita a opção, o regime deverá ser o mesmo para a Administração
Direta, autarquias e fundações de direito público; (3ª) admite-se a opção por um
regime único para a Administração Direta e outro para autarquias e fundações
públicas. JSCF entende que a intentio do Constituinte foi a de que o regime de pessoal
fosse apenas único, seja o estatutário, seja o trabalhista.

[TJCE]. O que é regime jurídico único, existe no Brasil? É Nacional ou Federal?


Abrange toda administração pública?
- O servidor público estava sujeito a regime jurídico único, pela Constituição Federal
de 1988. Para o âmbito federal o regime adotado no Brasil foi o regime estatutário,
não existia obrigatoriedade de regime estatutário, mas o que predominou foi esse
regime. Para o âmbito federal se adotou a Lei 8.112/90 (Estatuto dos Servidores

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Federais). A EC 19 modificou essa regra, alterando o artigo 39 da CF, abolindo o


regime jurídico único e instituindo o chamado regime múltiplo. O regime múltiplo é
a possibilidade dos dois regimes ao mesmo tempo. Se o legislador cria cargo terá
para esse cargo o regime estatutário, mas se o mesmo legislador decidir pela criação
de emprego, esse emprego fica sujeito ao regime celetista. Quem vai definir se o
regime é de cargo ou emprego é a lei. Os dois regimes passam a ser possíveis ao
mesmo tempo. Essa matéria foi levada ao STF e foi objeto de controle de
constitucionalidade, ADIN 2135, nessa decisão, por enquanto, o STF só julgou em
sede de cautelar. Em sede de cautelar a EC 19 é inconstitucional nesse dispositivo. O
STF reconheceu a inconstitucionalidade formal. O que fica em seu lugar, portanto, é
o texto original de 1988, ou seja, reestabelece no Brasil o texto da Constituição
Federal de 1988. Fica valendo novamente o regime jurídico único, um só regime será
possível. Para o âmbito federal o regime único é o regime de cargo, é o estatuto, mas
poderia ter sido escolhido outro regime.

[TJCE]. O agente público fora de suas funções responde objetivamente? E o estado?


A responsabilidade dos agentes públicos é regressiva e subjetiva. É regressiva
porque, primeiro, as pessoas jurídicas indenizam os prejuízos causados a terceiros,
depois, ingressam com ação judicial contra os agentes (servidores) se estes forem ou
causadores do dano. É subjetiva, porque, o servidor só indenizará prejuízos que tenha
causado em caso de dolo ou de culpa.

O § 6º do artigo 37 da Magna Carta autoriza a proposição de que somente as pessoas


jurídicas de direito público, ou as pessoas jurídicas de direito privado que prestem
serviços públicos, é que poderão responder, objetivamente, pela reparação de danos
a terceiros. Isto por ato ou omissão dos respectivos agentes, agindo estes na qualidade
de agentes públicos, e não como pessoas comuns. Esse mesmo dispositivo
constitucional consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do particular,
possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público, ou
de direito privado que preste serviço público, dado que bem maior, praticamente
certa, a possibilidade de pagamento do dano objetivamente sofrido. Outra garantia,
no entanto, em prol do servidor estatal, que somente responde administrativa e
civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincular.

O Estado é responsável pelos atos ou omissões de seus agentes, de qualquer nível


hierárquico, independentemente de terem agido ou não dentro de suas competências,
ainda que, no momento do dano, estejam fora do horário de expediente. O preceito
inscrito no artigo 37, parágrafo 6º, da Constituição, não exige que o agente público
tenha agido no exercício de suas funções, mas na qualidade de agente público. Foi o
que se decidiu no caso do servidor público que, ao fazer uso da arma pertencente ao
Estado, mesmo não estando em serviço, matou um menor na via pública (STF RE
135.310); em hipótese de assalto praticado por policial fardado (STF ARE 644.395
AgR); e no episódio de agressão praticada fora do serviço por soldado, com a
utilização de arma da corporação militar (STF RE 160.401).

17. Responsabilidade extracontratual do Estado.


[TJCE]. Possibilidade de pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço
público em relação ao usuário, qual a natureza da responsabilidade civil?
O particular, ao reclamar de um serviço que está sob concessão pública, poderá se
queixar diretamente com a concessionária. E isso é assim, pois em contrato de

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concessão, a empresa privada presta o serviço por sua conta e risco. Desta feita, no
contrato de concessão, onde há uma pessoa jurídica de direito privado prestando o
serviço, a responsabilidade civil será a do art. 37, parágrafo 6º, da CF –
responsabilidade objetiva (da concessionária perante o usuário). Mas o Estado pode
ser chamado a se responsabilizar de forma subsidiária por este prejuízo.

Se o motorista da autarquia atropela uma pessoa em face de quem a vítima vai


ajuizar a ação? Se a pessoa jurídica de direito privado prestadora do serviço público
não tiver patrimônio suficiente para responder pela indenização, o Estado pode vir
a ser chamado a responder pela indenização, pois se era serviço público e o Estado
resolveu transferir, a responsabilidade também é dele, assim ele vai responder
subsidiariamente (somente em segundo plano).

Quando falamos em responsabilidade subsidiária estamos falando em ordem de


preferência, isto é, primeiro paga a pessoa jurídica a quem esta vinculada a pessoa
para somente depois vir a responsabilidade do Estado, mas o Estado responde
objetivamente pelo ato.

À concessionária cabe a execução do serviço concedido, incumbindo-lhe a


responsabilidade por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários
ou a terceiros, não admitindo a lei que a fiscalização exercida pelo órgão competente
exclua ou atenue tal responsabilidade. O Estado tem o dever de fiscalizar e responde
subsidiariamente, mas isso não reduz a responsabilidade objetiva pelos danos
causados.

[TJCE]. Existe responsabilidade civil do Estado por ato jurisdicional? E por ato
legislativo?
A doutrina não é pacífica quanto à possibilidade de responsabilização estatal por ato
jurisdicional, destacando-se ainda o entendimento pela irresponsabilidade em relação
a tal espécie de ato. Todavia, cumpre destacar o disposto no art. 5, LXXV,
CRFB/88: “o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença”.

Nesse sentido, CARVALHO FILHO (2008, p. 515):

[...] é relevante desde já consignar que [...] os atos jurisdicionais típicos são, em
princípio, insusceptíveis de redundar na responsabilidade civil do estado. São eles
protegidos por dois princípios básicos. O primeiro é o da soberania do Estado: sendo
atos que traduzem uma das funções estruturais do estado, refletem o exercício da própria
soberania. O segundo é o princípio da recorribilidade dos atos jurisdicionais: se um ato
do juiz prejudica a parte no processo, tem ela os mecanismos recursais e até mesmo
outras ações para postular a sua revisão.

A responsabilidade civil do Estado por ato legislativo pode ser vislumbrada na


hipótese de lei de efeitos concretos, que configuram, em verdade, atos
administrativos. Quanto às leis em sentido formal e material, atos legislativos típicos,
como regra geral, inexiste responsabilidade civil do Estado. Parte da doutrina entende
que, excepcionalmente, caberia responsabilidade estatal neste último caso quando
presentes dois requisitos: se da lei decorre dano específico a alguém e o ato normativo
é declarado inconstitucional (por meio de ação direta ajuizada junto ao STF, ou seja,
em sede de controle concentrado).

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[TJCE]. Existe responsabilidade civil do estado decorrente de ato jurisdicional?


Regra geral o estado não responde pelos atos judiciais a não ser nos casos em que o
magistrado acha com dolo de prejudicar a parte. A CF, em seu art. 5º, inc. LXXV
dispõe que o estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença.

[TJCE]. Responsabilidade da administração pública: para caracterizar é preciso


que esteja no exercício de suas funções? O STF e STJ entendem como?
Em regra, só é possível responsabilizar o Estado por danos causados pelo agente
público quando forem causados durante o exercício da função pública. Estando o
agente, no momento em que realizou a ação ensejadora do prejuízo, fora do exercício
da função pública, seu comportamento não é imputável ao Estado e a
responsabilidade será exclusiva e subjetiva do agente, salvo se comprovado algum
liame entre a função pública do agente e o fato gerador do dano.

[TJCE]. Um agente sai do seu horário de trabalho com veículo da repartição e


atropela uma pessoa, qual é a responsabilidade?
Responsabilidade Objetiva do Estado.

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO


ESTADO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO.
CONDUTA IMPUTADA A AGENTE PÚBLICO. RELAÇÃO ENTRE A FUNÇÃO
PÚBLICA EXERCIDA PELO AGENTE E O FATO GERADOR DO DANO. FATO DE
TERCEIRO. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. INEXISTÊNCIA. EXPOSIÇÃO
DE TERCEIROS A RISCOS CRIADOS POR AÇÃO ESTATAL. VEÍCULO OFICIAL.
USO POR AGENTE PÚBLICO PARA FINS PARTICULARES. ACIDENTE. MORTE
DOS PAIS DA RECORRIDA. DANOS MATERIAIS. MATÉRIA DE PROVA. DANOS
MORAIS. QUANTIFICAÇÃO. CONTROLE PELO STJ. CRITÉRIO DA EXORBITÂNCIA
OU IRRISORIEDADE DO VALOR. TERMO INICIAL DA CORREÇÃO MONETÁRIA
DOS DANOS EXTRAPATRIMONIAIS. DATA DO ARBITRAMENTO. OMISSÃO,
OBSCURIDADE E CONTRADIÇÃO INEXISTENTES.CONTINÊNCIA E
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. NÃO OCORRÊNCIA. EMBARGOS
PREQUESTIONADORES. MULTA AFASTADA.

(...)6. No ordenamento jurídico brasileiro a responsabilidade do Poder Público é


objetiva, adotando-se a teoria do risco administrativo, fundada na ideia de solidariedade
social, na justa repartição dos ônus decorrentes da prestação dos serviços públicos,
exigindo-se a presença dos seguintes requisitos: dano, conduta administrativa, e nexo
causal. Admite-se abrandamento ou mesmo exclusão da responsabilidade objetiva, se
coexistirem atenuantes ou excludentes, que atuem sobre o nexo de causalidade.

7. A condição de agente público, quando contribui de modo determinante para a conduta


lesiva, é causa para responsabilização estatal, dispensável sejam os danos decorrentes
unicamente do exercício da atividade funcional. Basta que haja uma relação entre a
função pública do agente e o fato gerador do dano, o que leva à imputação direta dos
atos dos agentes ao Poder Público que lhe deu o status ou os instrumentos que lhe
permitiram agir e, a partir daí, causar os prejuízos cobrados.

8. O fato de terceiro, como razão para o estancamento do nexo de causalidade, exige que
não se trate nem da vítima, nem do causador do dano. Não é terceiro o agente público
que tem a posse de veículo, por autorização do órgão com o qual mantém vínculo
funcional, independentemente da natureza do uso que venha a fazer do automóvel.

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9. A administração, ao autorizar a posse de veículo oficial por agente seu, sabendo que
o uso seria para fins particulares, responde pelos danos que decorram de acidente. A
condição de agente público, neste caso, é razão decisiva para a realização do dano,
mesmo que, ao agir como agiu, o agente não esteja no exercício de suas atribuições.

10. Ademais, até se in casu o paradigma fosse o da responsabilidade subjetiva, ainda


assim o Estado não se isentaria da obrigação ressarcitória, conquanto somente a
Administração dispunha do poder para autorizar ou não o uso do veículo, assumindo,
por conta disso, o risco de, ao fazê-lo, responder por culpa in eligendo. (...)20. Recurso
Especial conhecido em parte e, nessa parte, parcialmente provido. (REsp 866.450/RS,
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/04/2007,
DJe 07/03/2008)

[TJCE]. Quais as regras de prescrição e decadência constante na Lei 9784?


No Direito Administrativo, a decadência disciplinar significa o esgotamento do prazo
legal para a Administração Pública cumprir o seu dever jurídico (defluente dos
princípios da supremacia e da indisponibilidade do interesse público) e a sua
potestade (ditada pelos princípios da legalidade administrativa e da reserva de lei
formal) de aplicar a um determinado agente público (independentemente da
concordância deste) a sanção disciplinar cabível, ausente o descumprimento, pelo
agente público objeto da punição disciplinar, de direito subjetivo da pessoa jurídica
a que se vincula o ramo da Administração Pública que o sancionou.

Sob a óptica da Teoria Geral do Direito Administrativo, a prescrição administrativa


concerne à perda, por decurso do prazo legal, da pretensão da Administração Pública
ou do administrado (em face da violação de direito subjetivo e material de que é
titular) de obter a prestação descumprida a que faz jus e de exigi-la de quem a
descumpriu, na qualidade de sua contraparte em dada relação jurídica (a exemplo de
uma relação jurídica entre as Administrações Públicas de entes estatais diversos ou
de uma relação jurídica entre a Administração Pública de determinado ente estatal e
um agente público a serviço dela ou, ainda, entre aquela e particular por ela
contratado mediante procedimento licitatório ou de contratação direta, via dispensa
ou inexigibilidade de licitação), ao passo que a decadência administrativa se
relaciona à perda, também por decurso do prazo (inércia), quer da possibilidade da
Administração Pública exercer seu dever jurídico de intervir, de modo unilateral, na
esfera jurídica de outrem, sujeitando o sujeito passivo da ação administrativa a uma
imposição que este tem de suportar independente da sua vontade e sem que tal
conduta estatal ocorra por força do inadimplemento de prestação devida à
Administração Pública (em caso de decadência, não há prestação pendente de
cumprimento pelo polo passivo), quer da perda, igualmente por decurso temporal, da
possibilidade do administrado exercer, a título de faculdade, o ato unilateral de
impugnar atos da Administração Pública que repute contrário a seus interesses, bens
e direitos.

Necessário perceber que a prescrição administrativa difere da prescrição


(propriamente dita), na qual, pelo decur-so do tempo, o titular de uma pretensão perde
a possibilidade de pleitear , junto ao Estado-Juiz, deter minada medida que resguarde
seu direito. No âmbito da atividade administrativa, o Estado goza do Poder de
autotutela e do atributo de autoexecutoriedade de seus atos, tornando desnecessário
o socorro ao Judiciário para exercício de algumas "pretensões jurídicas" (reitera mos,
no âmbito da atividade admin istrativa). Por exemplo, se a Administração percebe

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que um ato administrativo fora fi rm ado com vícios de ilegalidade, ela, sem
necessária intervenção judicial, pode anular o referido ato administrativa mente. Da
mesma for m a ocorre se um contratado descumpre cláusula contratual, o infrator
sujeita--se à aplicação de sanções administrativas e à re scisão contratual unilateral,
que podem ser aplicadas direta mente pela Administra-ção con tratante. Essa
desnecessidade de judicialização, em relação a muitos dos atos relacionados à
atividade administrativa, gera certa incompatibilidade com o conceito de prescrição
tradicionalmente firmado pela doutrina. Por conta disso, autores de relevo, como
Marçal Justen Filho , têm rejeitado a tese da prescrição administrativa, admitindo,
apenas, num sistema de contencioso administrativo. Com pretendendo a prescrição
como a perda do direito de ação, em contra ponto à decadência (perda do direito) e à
preclusão (perda de uma oportunidade processual), deve-se perceber que muitos dos
prazos extintivos indicados em nossa legislação administrativista PROCESSO
ADMINISTRATIVO (e por vezes apontados como prescricionais) na verdade são
decadenciais (quando geram a perda de um direito) ou preclusivos (quando se
referirem apenas à perda de uma oportunidade pro-cessual). Nesse aspecto,
interessante observar que a Lei no 9.784/99, que traça as regras do processo
administrativo federal, não fala em prescrição, mas apenas em decadência (art. 54) e
em preclusão (art. 63, §2° ). Assim, por exemplo, o prazo de cinco anos para exercício
da autotutela administrativa (art. 54 da Lei n° 9.784/99) é um prazo decadencial, visto
que ele encerra um direito da Administração. Noutro diapasão, os prazos para
apresentação de recurso hierárquico ou para apresentação de defesa é um prazo
preclusivo, pois envolvem uma faculdade processual. Celso Antonio Bandeira de
Mello e José dos Santos Carvalho Filho identificam algumas hipóteses em que os
prazos previstos pela legislação seriam prescricionais, embora divirjam em relação a
quais seriam tais hipóteses. Para o primeiro autor , um exemplo de prazo prescricional
seria o direito à reclamação administra-tiva, no prazo de 01 ano, já que ele antecede
e desencadeia o processo administrativo, conforme previsto no Art. 60 do Decreto
20.9 10/32. Para Ca rva lho Filho, este prazo seria decadencial, pois envolveria um
direito material de uso deste instrumento. Por ou-tro lado , Carvalho filho aponta,
como única hipótese de prescrição administrativa, os prazos estabelecidos para que
a Administração exercite seu poder punitivo, como ocorre no poder punitivo de
polícia (Lei n° 9.87 3/99) e no poder disci plinar funcional (Lei n° 8.112/90). ln
casuas duas leis citadas denominam os respectivos prazos como prescricionais. Em
sentido contrário, Marçal Justen filho e Raquel Carvalho explicam que os direitos
potestativos da Administração sujeitam-se a prazos decadenciais , hipótese em que
se enquadrariam o exercício do poder punitivo de po lícia e do poder disciplinar
funcional. Real-mente, uma vez transcorrido o prazo para aplicação de sanções
decorrentes do exercício do poder de polícia ou do poder disciplinar , perde a Ad
ministração o próprio direito de sancionar , do que resulta a correta compreensão de
que o prazo é decadencial. 52 1 RONNY CHARLES Em síntese, a perda do poder
para que a Ad ministração possa prover dado assunto administrativa mente, em
função do transcurso de prazo, decorre do instituto decadência, e não da prescrição.
Quando essa perda de possibilidade é interna a um processo, apresentando-se com o
faculdade processual, estar-se-á diante do insti-tuto preclusão..

[TJCE]. Existe responsabilidade civil do Estado decorrente de ato jurisdicional?


Quando se está a tratar de responsabilidade civil por ato jurisdicional, o entendimento
predominante na doutrina e na jurisprudência é pela não aplicação de tal regra de

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responsabilidade objetiva, limitando-se a imputação de responsabilidade ao ente


público nos casos de dolo, fraude ou culpa grave.

A autoridade judiciária não tem responsabilidade civil pelos atos jurisdicionais


praticados. Os magistrados enquadram-se na espécie agente político, investidos para
o exercício de atribuições constitucionais, sendo dotados de plena liberdade
funcional no desempenho de suas funções, com prerrogativas próprias e legislação
específica.

As exceções residem nos casos expressamente declarados em lei, como o erro


judiciário e a prisão além do tempo devido (CF, art. 5°, LXXV; CPP, art. 630):

[TJCE]. Existe responsabilidade civil do Estado por ato legislativo?


Em regra não. Apenas se admite a responsabilidade civil por ato legislativo na
hipótese de haver sido declarada a inconstitucionalidade de lei pelo Supremo
Tribunal Federal em sede de controle concentrado.

[TJCE]. Se houver prova que um projeto de lei foi votado por corrupção, caberia a
sua nulidade e posterior responsabilização do parlamentar?
Uma vez a lei estando válida no mundo jurídico, somente é possível o seu
afastamento por eventual declaração de inconstitucionalidade ou sua revogação, mas
não há previsão de responsabilização do parlamentar nesse caso específico.

Entretanto, é possível a cassação do parlamentar comprovadamente envolvido em


corrupção. Havendo provas indiciárias (sérias), cabe ao Conselho de Ética já dar
início ao processo de cassação por falta de decoro.

18. Controle administrativo, legislativo e judicial da Administração.


Acesso à informação pública pelo cidadão. Combate à corrupção na
Administração Pública.

# CONTROLE ADMINISTRATIVO, LEGISLATIVO E JUDICIAL DA ADMINISTRAÇÃO.


[TJCE]. Quais os mecanismos de controle da Administração Pública de
Pernambuco?
A administração pública pernambucana está sujeita aos mecanismos de controle
interno e externo, nos termos do que preceitua a Constituição Estadual.

Art. 29. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do


Estado e das entidades da administração indireta e fundacional, será exercida pela
Assembléia Legislativa, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno
dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

§ 1º A fiscalização mencionada neste artigo incidirá sobre os aspectos da legalidade,


legitimidade, eficácia, eficiência, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia
de receitas.

§ 2º É obrigatória a prestação de contas por qualquer pessoa física ou jurídica que


utilize, arrecade, guarde, gerencie, ou que, por qualquer forma, administre dinheiros,
bens e valores públicos, pelos quais o Estado responda, ou, em nome deste, assuma
obrigações de natureza pecuniária.

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§ 2º É obrigatória a prestação de contas por qualquer pessoa física ou jurídica, pública


ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
valores públicos ou pelos quais o Estado responda ou que, em nome deste, assuma
obrigações de natureza pecuniária. (Redação alterada pelo art. 1º da Emenda
Constitucional n˚ 16, de 4 de junho de 1999).

Art. 30. O controle externo, a cargo da Assembléia Legislativa, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual compete:

I - a apreciação das contas prestadas anualmente pelo Governador, mediante parecer


prévio a ser elaborado em sessenta dias a contar do seu recebimento;

II - o julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,


bens e valores públicos da administração direta e indireta, inclusive das fundações e
sociedades instituídas ou mantidas pelo Poder Público Estadual, e das contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outras irregularidades de que resulte prejuízo à
Fazenda;

III - a apreciação, para fins de registro, da legalidade dos atos de admissão de pessoal,
a qualquer título, na administração direta e indireta, inclusive nas fundações instituídas
ou mantidas pelo Poder Público, excetuando-se as nomeações para cargo de provimento
em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões,
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório;

IV - a realização, por iniciativa própria, da Assembléia Legislativa ou de comissão


técnica ou de inquérito, de inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo, Judiciário e demais entidades referidas no inciso II;

V - a fiscalização das contas de empresas de cujo capital o Estado participe de forma


direta ou indireta, nos termos de convênio ou de acordo constitutivo autorizado pela
Assembléia Legislativa e pelo Governador;

VI - a prestação de informações solicitadas pela Assembléia Legislativa, pelo plenário


ou por iniciativa das comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, e ainda, sobre resultados de auditorias e inspeções
realizadas;

VII - o exame de demonstrações contábeis e financeiras de aplicação de recursos das


unidades administrativas sujeitas ao seu controle, determinando a regularização na
forma legalmente estabelecida;

VIII - o exame e aprovação de auxílios concedidos pelo Estado a entidades particulares


de natureza assistencial;

IX - a aplicação aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade


de contas, das sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa
proporcional ao dano causado ao erário;

X - a concessão de prazo para que o órgão ou entidade adote as providências


necessárias ao exato cumprimento da lei, quando verificada a ilegalidade;

XI - a representação ao poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados;

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XII - a sustação, se não atendido, da execução do ato impugnado, comunicando a


decisão à Assembléia Legislativa.

§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pela Assembléia


Legislativa, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo, as medidas cabíveis.

§ 2º Se a Assembléia Legislativa ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não


efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

§ 3º As decisões do Tribunal de Contas de que resulte imputação de débito ou multa


terão eficácia de título executivo.

§ 4º O Tribunal encaminhará à Assembléia Legislativa, trimestral e anualmente,


relatório de suas atividades.

Art. 31. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada,


sistema de controle interno com a finalidade de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos


programas de governo e dos orçamentos do Estado;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficiência e eficácia, da


gestão orçamentária, financeira e patrimonial, nos órgãos e entidades da administração
estadual, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos
direitos e haveres do Estado;

IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

Parágrafo único. Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de


qualquer irregularidade ou abuso, dele darão ciência ao Tribunal de Contas do Estado,
sob pena de responsabilidade solidária.

[TJCE]. Presidente da República, Senador, Governador, Prefeitos e juízes de paz


são titulares de quais órgãos?
Exercem cargos políticos e são titulares, respectivamente, da Presidência da
República, órgão vinculado à União; ao Senado Federal; à governadoria do estado; à
prefeitura do município e ao tribunal de justiça dos respectivos estados, nos termos
da LC 35:

Art. 112 - A Justiça de Paz temporária, criada por lei, mediante proposta do Tribunal de
Justiça, tem competência somente para o processo de habilitação e a celebração do
casamento.

§ 1º - O Juiz de Paz será nomeado pelo Governador, mediante escolha em lista


tríplice, organizada pelo Presidente do Tribunal de Justiça, ouvido o Juiz de Direito da
Comarca, e composta de eleitores residentes no Distrito, não pertencentes a órgão de
direção ou de ação de Partido Político. Os demais nomes constantes da lista tríplice
serão nomeados primeiro e segundo suplentes.

§ 2º - O exercício efetivo da função de Juiz de Paz constitui serviço público relevante


e assegurará prisão especial, em caso de crime comum, até definitivo julgamento.

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§ 3º - Nos casos de falta, ausência ou impedimento do Juiz de Paz e de seus suplentes


caberá ao Juiz de Direito da Comarca a nomeação de Juiz de Paz ad hoc.

[TJCE]. Quais os mecanismos de controle da administração pública pelo poder


legislativo?
O controle legislativo é aquele realizado pelo parlamento com auxílio dos Tribunais
de Contas.

[TJCE]. Quais seriam os mecanismos do Poder Legislativo do controle da


Administração pública em especial na Constituição do Estado do Rio Grande do
Norte?
CONTROLE LEGISLATIVO

O controle legislativo ou parlamentar é o exercido pelos órgãos legislativos (Se nado,


Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa e Câmaras de Vereadores) ou por
comissões parlamentares sobre determinados atos do Executivo, das entidades da
Administração in direta e o do Poder Judiciário, quando executa função
administrativa, na dupla linha da legalidade e da conveniência pública. Tal controle
se caracteriza como um controle eminentemente político. Este controle encontra
amparo na própria Carta Política, com status de cláusula pétrea, não podendo as
legislações complementares ou ordinárias, nem as Constituições estaduais
estipularem outras modalidades, sob pena de ofensa ao princípio da separação dos
poderes. O controle parlamentar direto é exercido pelas casas legislativas e podem
versar sobre o aspecto político e financeiro do ato administrativo.

CE- Rio Grande do Norte

CAPÍTULO III

DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA, ORÇAMENTÁRIA,


OPERACIONAL E PATRIMONIAL

Art. 52. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do


Estado e de todas entidades da administração direta e indireta, quanto aos aspectos de
legalidade, legitimidade e economicidade, assim como a aplicação das subvenções e
renúncias de receitas, é exercida pela Assembléia Legislativa, mediante o controle
externo e pelo sistema de controle interno de cada um dos Poderes.

§ 1º Presta contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou, por qualquer forma, administre dinheiros, bens e valores públicos,
ou pelos quais o Estado responda, ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza
pecuniária.

*Em desacordo com o art. 12 da EC n.º 19, de 04/06/98, que alterou o parágrafo
único do art. 70 da CF.

§ 2º A fiscalização de que trata este artigo compreende: I - a legalidade dos atos


geradores de receita ou determinantes de despesas, bem como os de que resulte o
nascimento ou a extinção de direitos e obrigações; II - a fidelidade funcional dos agentes
responsáveis por bens e valores públicos; III - o cumprimento do programa de trabalho
expresso em termos monetários e em termos de realização de obras e prestação de
serviços; IV - a proteção e o controle do ativo patrimonial; V - o cumprimento dos

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procedimentos, das competências, das responsabilidades e dos encargos dos órgãos e


entidades da administração pública direta e indireta.

Art. 53. O controle externo, a cargo da Assembléia Legislativa, é exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas do Estado, à qual compete: I - apreciar as contas prestadas,
anualmente, pelo Governador do Estado, mediante parecer prévio, a ser elaborado em
sessenta (60) dias, a contar do seu recebimento; II - julgar as contas dos administradores
dos três Poderes do Estado e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos
da administração direta e indireta, inclusive das fundações, empresas públicas,
autarquias e sociedades instituídas ou mantidas pelo Poder Público, e as contas daqueles
que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão e
contratação de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, bem como
as concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório; IV - realizar, por
iniciativa própria, da Assembléia Legislativa, de Comissão técnica ou de inquérito, ou
em razão de denúncia, inspeções e auditorias de natureza financeira, contábil,
orçamentária, operacional e patrimonial nas unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário e demais entidades referidas no inciso II; V - fiscalizar
a aplicação de quaisquer recursos repassados pelo Estado a Município e a instituições
públicas ou privadas; VI - prestar as informações solicitadas pela Assembléia Legislativa
sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e
sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VII - aplicar aos responsáveis, em
caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei,
que estabelece, dentre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao
erário; VIII - assinar prazo para que o órgão ou entidade fiscalizada adote as
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; IX -
sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à
Assembléia Legislativa; X - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou
abusos apurados, sugerindo, se for o caso, intervenção em Município.

[TJCE]. Quais os controles administrativos da administração pública pelo poder


legislativo?
O controle administrativo da administração pública fica a cargo do Congresso
nacional, através (com o auxilio) do Tribunal de Contas.

[TJCE]. Quais os mecanismos de controle da legalidade dos atos da administração


pública?
Existem diversos tipos e formas de controlar a administração pública. Estes variam
conforme o Poder, órgão ou autoridade que o exercitará, ou também pela sua
fundamentação, modo e momento de sua efetivação. O controle interno é aquele que
é exercido pela entidade ou órgão que é o responsável pela atividade controlada, no
âmbito de sua própria estrutura. O controle que as chefias exercem nos atos de seus
subordinados dentro de um órgão público é considerado um controle interno. O
controle externo ocorre quando outro Poder exerce controle sobre os atos
administrativos praticados por outro Poder.

Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “é o que se realiza por órgão estranho à
Administração responsável pelo ato controlado”.

Já que a administração sempre atua visando o interesse público, é necessário a


existência de mecanismos que possibilitem a verificação da regularidade da atuação
da administração por parte dos administrados, impedindo a prática de atos ilegítimos,

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lesivos tanto ao indivíduo como à coletividade, e que também seja possível a


reparação de danos caso estes atos de fato se consumem.

O exemplo mais comum de controle externo popular é o previsto no artigo 31, §3º,
da Constituição Federal, que determina que as contas dos Municípios fiquem, durante
sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte para o exame e
apreciação, podendo questionar-lhes a legitimidade nos termos da lei. Não existindo
lei específica sobre o assunto, o controle poderá ser feito através dos meios
processuais comuns, como, por exemplo, o mandado de segurança e a ação popular.
O controle judiciário ou judicial é o exercido pelos órgãos do Poder Judiciário sobre
os atos administrativos exercidos pelo Poder Executivo, Legislativo e do próprio
Judiciário – quando este realiza atividade administrativa. Este tipo de controle é
exercido, por via de regra, posteriormente. Ele tem como intuito unicamente a
verificação da legalidade do ato, verificando a conformidade deste com a norma legal
que o rege.

19. Mandado de Segurança individual. Mandado de Segurança Coletivo.


Ação Popular. Ação Civil Pública. Mandado de Injunção. Habeas Data.
[TJCE]. Estrangeiro pode ajuizar ação popular? Qual o direito tutelado pela ação
popular?
A atual Constituição Federal prevê no inciso LXXIII do artigo 5.º, que "qualquer
cidadão é parte legítima para ajuizar ação popular que vise à anulação de ato lesivo
ao patrimônio público (...)". Segundo a Lei de Ação Popular (art. 1º, § 3º, a prova da
cidadania deve ser feita com a apresentação do título de eleitor ou outro documento
a ele equivalente. A partir dessa exigência, insurge a doutrina sobre a possibilidade
de estrangeiro ajuizar ação popular. A discussão deve ter como cerne o conceito de
cidadania. A maioria dos autores afirma que cidadão é apenas aquele que pode
exercer seus direitos políticos (votar, ser votado). Outros defendem o conceito mais
amplo da expressão, abrangendo todos aqueles que, submetidos à soberania nacional,
são capazes de adquirir direitos e contrair obrigações. Adotando-se a primeira
corrente, é certo afirmar que somente será legitimado a propor ação popular aquele
que, a partir dos dezesseis anos de idade, se inscrever como eleitor. Contudo, os
adeptos à posição moderna, que o artigo 1.º da Lei de Ação Popular não foi
recepcionado pela Constituição vigente. É que o inciso LXXIII, do art. 5º, da Carta
Maior, não restringe a capacidade ativa aos eleitores, mas a qualquer cidadão. A
posição ganha ainda mais adeptos quando trata de matéria ambiental, por ser proteção
ao meio ambiente necessidade fundamental à própria existência do homem. Hoje, o
direito ao meio ambiente saudável é erigido a status de direito fundamental. Tal
argumento, por si só já justificaria a ampliação do conceito de cidadania para fins
protetivos. Do exposto, conclui-se que a legitimidade ativa para a propositura da ação
popular decorre da concepção de cidadania adotada. Para a corrente clássica
(majoritária), somente o eleitor possui tal legitimidade. No entanto, atualmente o
conceito vem sendo ampliado para abranger a noção ampliativa de cidadania.

O objeto da ação popular consiste na proteção do patrimônio público, da moralidade


administrativa, do patrimônio histórico e cultural e do meio ambiente.

[TJCE]. Cidadão exerce uma profissão não regulamentada em um local, ocorre que
a Administração Pública fecha o local sob o argumento de que não é regulamentada,
qual o remédio constitucional é cabível?

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Mandado de Injunção.

[TJCE]. Qual o objeto do Direito administrativo?


O objeto do Direito Administrativo é a soma das atividades desenvolvidas para a
realização dos fins estatais, excluídas a legislação e a jurisdição ou somente esta.

[TJCE]. Qual o objeto do direito administrativo?


As divergências doutrinárias existentes discutem a definição do objeto do Direito
Administrativo. Inicialmente a Escola Legalista (também denominada Exegética,
Empírica ou Caótica) entendia que o Direito Administrativo se resumia ao estudo das
leis. A escola legalista não prosperou, haja vista o reconhecimento da necessidade de
se levar em conta não apenas as leis, mas também os princípios, quando da definição
do objeto do Direito Administrativo como um todo. Por isso, superado o paradigma
exegeta, surgem outros critérios ou Teorias para definir o objeto do Direito
Administrativo, a saber: a) Escola do Serviço Público: O direito administrativo tem
como objeto de estudo o serviço público. No contexto histórico em que essa teoria
surgiu, o conceito de serviço público era amplo, considerava-se toda atividade do
Estado, inclusive atividades comerciais e industriais. A crítica feita era exatamente
em relação ao comprometimento que esse conceito de serviço público muito
abrangente representaria para os demais ramos do Direito. b) Critério do Poder
Executivo: A doutrina afirmava que o direito administrativo estuda exclusivamente
a atuação do Poder Executivo. Essa restrição a apenas um Poder não foi adotada no
Brasil, pois deixa de abranger situações em que os poderes legislativo e judiciário
estão administrando (licitações, concursos públicos e outros). O que importa é a
atividade administrativa, não a denominação do poder. c) Critério das relações
jurídicas: O direito administrativo se preocupa com todas as relações jurídicas do
Estado. Essa teoria incorre no mesmo erro que a Escola do Serviço público porque o
direito administrativo não pode querer substituir os outros ramos do direito d)
Critério teleológico: Estabelece que o direito administrativo é um sistema (conjunto
harmônico) de princípios que regulam a atividade do Estado no cumprimento de seus
fins. Esse conceito, apesar de aceito pela nossa doutrina, inserido por Oswaldo
Aranha Bandeira de Mello, ele foi dito um conceito insuficiente. Era preciso
completá-lo, o que as teorias a seguir se ocuparam. e) Critério residual ou negativo:
O direito administrativo é definido por exclusão. Retiradas a função legislativa e a
função jurisdicional, o que sobrar é a função do administrativo. Na verdade, a
exclusão realmente acontece como prevê essa teoria, mas critica-se que, embora um
critério verdadeiro, ele também é reputado insuficiente. f) Critério de distinção da
atividade jurídica e atividade social do Estado: Segundo essa teoria, o direito
administrativo não se preocupa com a análise da política pública, mas apenas com a
atividade jurídica que a implementação da política pública gera. g) Critério da
Administração Pública: Foi cunhado por Hely Lopes Meireles e é o mais adotado no
Brasil. É uma reunião dos critérios anteriores que haviam sido aceitos pela doutrina
brasileira (critério teleológico, critério residual, critério residual e critério de
distinção da atividade jurídica e atividade social do Estado). ”Direito administrativo
é um conjunto harmônico de princípios e regras (=regime jurídico administrativo)
que rege os agentes, órgãos e entidades administrativas, desde que exercendo a
atividade de administração, tendentes a realizar os fins desejados pelo Estado de
forma direta (independe de provocação – exclui a função indireta do Estado que vem
a ser a função jurisdicional, pois essa última depende de provocação), concreta
(destinatário determinado - efeitos concretos , exclui-se a função legislativa, que é a

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função abstrata do Estado) e imediata (difere da atividade mediata do Estado, que é


a atividade social; o direito administrativo estuda apenas o imediato que é a atividade
jurídica)”.

[TJCE]. Existe mandado de injunção coletivo?


- A legitimidade ativa para impetração de mandado de injunção coletivo tem sido
admitida pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.86 Nesse caso, aplica-se,
por analogia, o disposto em relação ao mandado de segurança coletivo (CF, art. 5.°,
LXX), que tem como legitimados: partido político com representação no Congresso
Nacional; organização sindical, entidade de classe87 ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de
seus membros ou associados. Valem aqui as mesmas observações feitas
anteriormente em relação ao mandado de segurança coletivo.

[TJCE]. Mandado de injunção com efeitos “erga omnes” aceita reclamação?


Para a teoria concretista, presentes os pressupostos necessários para o mandado de
injunção, o órgão jurisdicional profere uma decisão de natureza constitutiva, declara
a existência da omissão legislativa ou administrativa, e concretiza o gozo do direito,
da liberdade, da prerrogativa constitucional. Em resumo, o direito fundamental
amplamente considerado, até que posteriormente seja suprida a lacuna (MORAIS,
2011, P.185).

Conforme fora citado, atendendo aos reclames doutrinários, o Supremo Tribunal


Federal reformulou seu entendimento quanto aos efeitos do mandado de injunção,
passando a adotar uma postura concretista, com o intuito de viabilizar o exercício do
direito constitucional carente de regulamentação. A corrente concretista, cabe
ressaltar, se divide em geral, individual e intermediária.

A despeito da teoria concretista geral, o poder judiciário reconhece a mora legislativa


e implementa o direito constitucional obstaculizado, mediante à aplicação de norma
análoga, dispondo a decisão de efeitos erga omnes, até que a omissão seja sanada.
Esta posição foi adotada pelo STF, no julgamento dos mandados de injunção,
referente ao direito de greve dos servidores públicos, onde a Corte decidiu, por
maioria de votos, no sentido de aplicar a legislação de greve vigente no setor privado,
aos servidores públicos, no que couber. Já na teoria concretista individual, o órgão
jurisdicional competente irá decidir o caso concreto, permitindo a fruição do direito,
objeto do mandado de injunção, porém com efeitos inter partes, isto é, não
alcançando terceiros que, embora em situação semelhante, não tenham composto o
pólo ativo da demanda injuncional. Esse posicionamento, defendido por grande parte
da doutrina, foi adotado em reiteradas decisões da Suprema Corte, a exemplo do caso
em que se julgou procedente o pedido formulado pelo impetrante, onde foi concedido
o direito do servidor público à contagem do tempo de serviço para fins de
aposentadoria especial, por exercer atividade insalubre (CF, art. 40, § º, III).

Quanto a reclamação, a Lei 8038 dispõe:

Art. 13 - Para preservar a competência do Tribunal ou garantir a autoridade das suas


decisões, caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público. Parágrafo
único - A reclamação, dirigida ao Presidente do Tribunal, instruída com prova
documental, será autuada e distribuída ao relator da causa principal, sempre que
possível. (...)

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Art. 15 - Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante. (Vide Lei n º


13.105, de 2015) (Vigência)

Art. 17 - Julgando procedente a reclamação, o Tribunal cassará a decisão exorbitante


de seu julgado ou determinará medida adequada à preservação de sua competência.

Conclusão (BRENO): apesar de ter pesquisado e lido muito não foi localizado nada
especifico, por isso, posiciono-me assim: Aplicando a Teoria concretista geral com
efeito erga omnes e analisando os pressupostos da reclamação, seria possível a
utilização da reclamação.

20. Prescrição e decadência nas relações jurídicas envolvendo a


Administração.
[TJCE]. Em que prazo decai o direito da Administração de anular os atos ilegais? E
no Rio Grande do Norte, como se dá esse prazo?
De acordo com o art. 15 da LC 303, lei que estabelece normas gerais sobre o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Estadual: “Art. 15. O direito da
Administração Pública de invalidar os atos administrativos decai em 5 (cinco) anos,
contados da data em que foram expedidos. “

[TJCE]. Qual o prazo para anular ato administrativo?


Lei 9784/99, Art. 54 – O direito da Administração de anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

[TJCE]. Qual o termo inicial da contagem?


Contados da data em que foram praticados.

[TJCE]. Em que casos?


Nos casos que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, salvo comprovada
má-fé.

[TJCE]. No caso de efeitos patrimoniais contínuos, quando começa a contar o prazo


de “prescrição” (acho que anotaram errado, talvez seja para “anulação”)?
Art. 54, Lei 9.784/99. O direito da Administração de anular os atos administrativos de
que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da
data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da


percepção do primeiro pagamento.

§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade


administrativa que importe impugnação à validade do ato.

[TJCE]. Qual é o prazo de prescrição para ilícitos de boa e má-fé em face da Adm.
Pública?
Marina

O prazo prescricional de pretensão de particular em face da Administração Pública,


em regra, é de 05 (cinco) anos, conforme previsão contida no Decreto-Lei 20910/32.

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[TJCE]. Usa-se a prescrição intercorrente na Administração Pública?


Sim. É aplicável a prescrição intercorrente no âmbito da Administração Pública.
Exemplo legal dessa constatação está previsto na Lei 9873/99, que estabelece o prazo
de prescrição para o exercício da ação punitiva pela Administração Pública Federal,
direta e indireta. Em seu artigo 1º, a citada lei estabelece que: “Prescreve em cinco
anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício
do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da
data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em
que tiver cessado”. O seu §1o, dispõe, por sua vez, que: “Incide a prescrição no
procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de
julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante
requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade
funcional decorrente da paralisação, se for o caso”. A prescrição mencionada no §1º
nada mais é do que a prescrição intercorrente, cujo prazo, nesse caso, restou
estabelecido em 03 (três) anos.

21. A reforma do Estado: disciplina e efeitos. Formas de parceria com a


iniciativa privada. Parceria Público-Privada. Terceirização. Fomento.
Consórcios Públicos.
[TJCE]. Uma empresa controlada pelo Banco do Brasil, de capital exclusivamente
privado pode celebrar PPP?
Art. 1º da Lei nº 11.079/2004: Esta Lei aplica-se aos órgãos da administração pública
direta dos Poderes Executivo e Legislativo, aos fundos especiais, às autarquias, às
fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais
entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.

VLÁDIA: Pelo que entendi somente entidades controladas pela Administração


Direta podem celebrar PPP.

[TJCE]. Se o BB controlar determinada empresa, esta empresa poderia realizar


parceria público-privada? Está sujeita à Lei da PPP?
A Lei 11.079/04 prevê a possibilidade de PPP ser firmada por entidades controladas
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Não há
tal previsão quanto a uma entidade controlada por sociedade de economia mista, tal
como o BB.

Art. 1o Esta Lei institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-
privada no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.

Parágrafo único. Esta Lei aplica-se aos órgãos da administração pública direta dos
Poderes Executivo e Legislativo, aos fundos especiais, às autarquias, às fundações
públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios. (Redação dada pela Lei nº 13.137, de 2015)

[TJCE]. PPP: o que é concessão patrocinada e o que é concessão administrativa?


A parceria público-privada é uma concessão especial de serviço público regulada
pela Lei nº 11.079/04. Em seu art. 2º, o referido diploma aduz que a PPP é o contrato

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administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa. É uma


delegação de serviço público feita pelo Estado (poder concedente) a uma pessoa
jurídica ou consórcio de empresas (pessoas físicas não podem). A formalização se dá
por meio de contrato administrativo, exigindo-se prévia autorização legislativa e
licitação na modalidade concorrência.

Segundo o seu § 1º, concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou


de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando
envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do
parceiro público ao parceiro privado.

Vale dizer, há uma concessão comum, mas a diferença é que necessariamente tem
a presença de recurso público (envolve, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários,
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado). O Estado é
obrigado a custear uma parte do investimento (ex.: obras do Metrô de São Paulo). Há
a possibilidade de receitas alternativas.

Já o seu § 2º, revela que concessão administrativa é o contrato de prestação de


serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que
envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.

Vale dizer, é o contrato em que a própria Administração Pública é a usuária, de


forma direta ou indireta, do serviço prestado. A administração busca financiamento
privado e ela mesma quem utilizará o serviço. Ex.: construção de um presídio. O
Estado é o usuário de forma indireta do presídio. O preso não vai pagar tarifa de
usuário.

22. Infrações e sanções administrativas.


[TJCE]. A quem cabe anistia de infrações administrativas?
Conforme entendimento do STJ e do STF, apenas os estados podem legislar sobre
anistia às infrações administrativas de servidores públicos estaduais.

STJ: “O tema da tentativa de produzir anistia às infrações administrativas dos servidores


públicos estaduais pela União já foi examinado pelo STF na ADI 104, na qual se
consignou que somente os estados podem legislar neste sentido”.

Martins ainda ressaltou que a interferência da União em anistia a infrações


disciplinares estaduais acarretaria risco de violação da divisão de competências
estabelecida na federação.

No caso de se cuidar da anistia de crimes, o que se caracterizaria como abolitio


criminis de efeito temporário e só retroativo, a competência exclusiva da União
estaria em harmonia com a competência federal privativa para legislar sobre direito
penal.

Destaque-se que, em recente julgado, o STJ entendeu que a anistia concedida pela
União quanto a crimes de policiais militares, no entanto, não alcança a esfera
administrativa para cassar a decisão que excluiu o recorrente da corporação policial

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militar, em razão de ter aderido a movimento grevista. Entendimento contrário


importaria em evidente violação à autonomia do Estado.

Acho que ficou incompleta a resposta, mas só achei isso.

[TJCE]. A que ente cabe anistia de infrações administrativas?


A anistia por infração ambiental administrativa incumbirá ao ente que aplicou a
referida sanção.

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TRIBUTÁRIO
2. Sistema Tributário Nacional. Princípios constitucionais tributários.
Competência legislativa e Competência Tributária. Limitações da
competência tributária. Discriminação, repartição, destinação e
vinculação constitucional da receita tributária. Fundos de participação.
[TJCE]. Que espécie tributaria se refere às imunidades reciprocas?
Refere-se aos impostos.

[TJCE]. Poderia ser conferida aplicação mais rígida ao princípio da anterioridade?


O princípio da anterioridade é cláusula pétrea e portanto não pode ser suprimido ou
abolido. Mas conferir aplicação mais rígida não necessariamente significa abolir,
portanto, se não houver abolição deste princípio poderá sim haver aplicação mais
rígida. Exemplo disso foi à aplicação da anterioridade nonagesimal que foi instituído
pela EC 42.

[TJCE]. Os princípios constitucionais tributários são cláusulas pétreas?


Os princípios constitucionais tributários e as imunidades (vedações ao poder de
tributar) traduzem reafirmações, expansões e garantias dos direitos fundamentais e
do regime federal.

São portanto cláusulas constitucionais perenes, pétreas, insuprimíveis (art. 60, § 4°,
da CF).

São princípios expressos na Constituição da República, em matéria tributária,


conexos aos direitos fundamentais, os seguintes:

A) legalidade formal e material da tributação (art. 5°, II e 150, I);

B) irretroatividade da lei tributária e dos critérios ligados à sua


aplicação administrativa e judicial (art. 5°, XXXVI, e 150, III, ´´a´´);

C) anterioridade da lei tributária em relação ao fato jurígeno


tributário, seja anual, seja a nonagesimal (arts. 150, III, "b" e ´´95, §
6°), também chamado princípio da não-surpresa;

D) princípio do livre trânsito de pessoas e bens em território nacional,


vedada a criação de barreiras estaduais ou municipais (art. 150, V);

E) princípio da isonomia tributária (art. 5°, I e 150, II);

F) princípios da capacidade econômica e da pessoalidade dos impostos


(art. 145, § 1°);

G) princípio do não-confisco (negativa de tributo com efeito


confiscatório) a teor dos artigos 5° e 150, IV;

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H) princípios da generalidade, universalidade e progressividade do


Imposto de Renda (art. 153, § 2°);

I) princípio da progressividade dos impostos sobre a propriedade


urbana e rural (arts. 153, § 4° e 156, § 1°);

J) princípio da não-cumulatividade do ICMS e do IPI (arts. 153, § 3°,


II, e 155, II).

São princípios, entre outros, derivados do sistema jurídico da Constituição:

a) o princípio federativo da uniformidade da tributação federal;

b) o princípio do tratamento fiscal privilegiado para as regiões


economicamente subdesenvolvidas e para as microempresas;

c) princípio da unidade nacional e do mercado comum nacional;

d) princípio da isonomia entre as pessoas políticas;

e) princípio da anualidade orçamentária, influindo nos impostos


periódicos;

f) o princípio do devido processo legal nas esferas administrativa e


judicial, em matéria fiscal;

g) o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional da lei e do


ato administrativo de caráter fiscal;

h) o princípio do sigilo fiscal, bancário e profissional.

[TJCE]. Um tributo federal que viesse a prever fato de competência dos estados seria
inconstitucional?
A Constituição Federal não cria tributos, apenas outorga competência para que os
entes políticos o façam por meio de leis próprias. Assim, é correto definir
competência tributária como o poder constitucionalmente atribuído de editar leis que
instituam tributos. A competência tributária é a indelegável, conforme se extrai do
art. 7º do Código Tributário Nacional.

Assim, não pode o ente federado editar norma que atribua a outro ente a competência
para criar tributo que lhe foi outorgado pela Constituição Federal. Utilizando-se a
expressão competência tributária em sentido amplo, a indelegabilidade seria
referente apenas à primeira atribuição, a de instituir o tributo; as demais funções
(arrecadar, fiscalizar e executar) seriam delegáveis.

Utilizando-se a expressão em sentido estrito, poder-se-ia afirmar que a competência


tributária (política) é indelegável, seja expressa (CTN, art. 7º), seja tacitamente
(CTN, art. 8º); já a capacidade ativa (administrativa) é delegável de uma pessoa
jurídica de direito público a outra. Importante salientar que a União possui
competência extraordinária para criar, na iminência ou no caso de guerra externa,
impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária.

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Nesse caso, entendo perfeitamente possível a previsão de fato de competência dos


Estados.

[TJCE]. A contribuição que coincida com imposto poderia incidir no mesmo fato?
Por exemplo CPMF e IOF incidem no mesmo objeto?
Não há vedação constitucional a incidência de contribuição sobre a mesma base de
cálculo de imposto, existindo vedação constitucional somente com relação às taxas.

[TJCE]. Quais as espécies de tributos previstas na CRFB/88?


O STF atualmente, interpretando a CF/88, adota a Teoria pentapartida, pela qual
temos cinco espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições de melhorias,
empréstimos compulsórios e as contribuições.

[TJCE]. Onde entraria a contribuição de iluminação pública?


Alguns Municípios criaram a taxa de iluminação pública com o objetivo de custear
o serviço de iluminação pública. Mas, segundo o STF, não é possível a instituição de
taxa para esse fim, já que o serviço de iluminação pública é serviço geral que atende
a toda coletividade e, ao lado disso, não é possível mensurar quanto cada pessoa
separadamente se utilizaria da iluminação pública, quando, por exemplo, passasse
em uma rua. Reconheceu o STF, portanto, a inconstitucionalidade da cobrança.

Súmula 670, STF - O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante
taxa.

Súmula Vinculante 41 - O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado


mediante taxa.

A EC n. 39, no entanto, introduziu o artigo 149-A, que estabelece que a competência


dos Municípios e DF para criarem uma contribuição de iluminação pública, para o
custeio desse serviço específico. Foi criada a COSIP (Contribuição para o custeio de
serviço de iluminação pública). Para alguns doutrinadores, esse seria uma sexta
espécie de tributo.

[TJCE]. Seria possível uma emenda excluir o IPI, IPVA, ISS e criar um imposto
único (superimposto)?
Em 1988, a nova Constituição pretendeu reforçar o federalismo brasileiro com a
descentralização política e financeira, centrada em princípios inerentes ao Estado
Democrático de Direito. Em contrapartida, do fortalecimento dos estados e
municípios, a União teve redução de parcela ponderável de seus recursos: perdeu
receitas e ganhou atribuições. Isso se constata na elevação dos percentuais repassados
pela União aos estados e municípios através dos fundos, definidos
constitucionalmente.

Diante desse panorama, é questionável a constitucionalidade de criação de um


superimposto retirando do município a competência para instituir ISS, o que
acarretaria uma redução de sua autonomia financeira. Assim, o princípio federativo
instituído pelo poder constituinte originário. Em que pese a Constituição, prever a
possibilidade de emendas, bem como a sua implementação deverá seguir
procedimentos especiais e respeitar os limites constitucionais.

Só o Poder Constituinte Originário, que representa o poder do povo, é que pode


inscrever as mudanças fundamentais na estrutura e organização do Estado brasileiro.

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O poder constituinte é a expressão da supremacia do povo. O produto da vontade do


povo é expresso pelos constituintes que elaboram o texto constitucional e também
estabelecem as normas que deverão ser observadas para a mudança do texto da Lei
Maior. O constituinte garantiu o princípio federativo como inabalável e
‘imodificável”.

E mais, reduzir a competência tributária dos Municípios, significa reduzir a


capacidade legislativa. Ao que tudo indica, a repartição de receitas e encargos
implicaria uma revisão na estrutura do atual federalismo brasileiro, resultante da
vontade política da sociedade brasileira (poder constituinte). É típica do federalismo
a existência de tributos poderosos a cada um dos entes que compõem a Federação.
Assim, passar também para o plano federal o poder de legislar sobre o imposto mais
poderoso dos municípios e até mesmo Estados, significa centralização de poder e
qualquer alteração deveria ser submetida à vontade da Nação.

3. Fontes do direito tributário. Hierarquia das normas. Vigência e


aplicação da legislação tributária no tempo e no espaço. Legislação
tributária. Conceitos. Lei ordinária e lei complementar, Lei Delegada,
Decretos Legislativos, Resoluções do Senado, Atos Normativos de
Autoridade Administrativa, Decretos e Despachos Normativos do
Executivo, Resoluções Administrativas, Portarias, Decisões
Administrativas e Consultas. Matérias reservadas à previsão por Lei
Complementar. Medida provisória. Tratados e convenções
internacionais. Convênios do CONFAZ.

# FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO. HIERARQUIA DAS NORMAS. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA:


DISPOSIÇÕES GERAIS E PRELIMINARES. LEIS, TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS E
DECRETOS. NORMAS COMPLEMENTARES. VIGÊNCIA. APLICAÇÃO. INTERPRETAÇÃO.
INTEGRAÇÃO.
[TJCE]. Quais as fontes do direito tributário?
O direito tributário possui fontes formais e materiais.

-Fontes materiais: As fontes materiais são os fatos do mundo real sobre os quais
haverá a incidência tributária. São os fatos geradores da incidência tributária. Ex: Os
produtos industrializados, as operações de crédito e etc.

-Fontes formais: As fontes formais são os atos normativos que introduzem regras
tributárias no sistema. As fontes formais são formadas pelas normas constitucionais,
emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias,
leis delegadas, decretos legislativos e resoluções (art 59 da CF).

Espécies de fontes formais:

Fontes formais primárias (principais ou imediatas): São fontes que


modificam o ordenamento jurídico. Ex: Constituição Federal, emenda
constitucional, lei complementar, lei ordinária, lei delegada, decreto
legislativo, resolução e etc.

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Fontes formais secundárias: Diferentemente das fontes primárias,


não modificam o ordenamento jurídico, apenas conferem
executividade aos dispositivos primários. Ex: Decreto regulamentar,
regulamento, instruções ministeriais, ordens de serviço, normas
complementares e etc.

[TJCE]. Vencimento de tributo pode ser matéria de controle


Segundo definido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), através da Súmula
Vinculante nº 50, “norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação
tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade”.

Portanto, se o fisco alterar a norma tributária e exigir o recolhimento do tributo no


primeiro dia seguinte ao de apuração, sendo anteriormente o mesmo tributo recolhido
no dia 20 do mês subsequente, não se configura inconstitucionalidade.

[TJCE]. Qual a posição dos tratados internacionais tributários?


O artigo 98 do Código Tributário Nacional afirma expressamente a superioridade
hierárquica dos tratados internacionais, não estabelecendo ressalvas no tocante ao
conteúdo do tratado. Disso de depreende que pouco importa o conteúdo do tratado
em matéria tributária. Ainda que não se trate de tratados sobre direitos humanos, os
tratados internacionais que versem sobre matéria tributária sempre serão superiores
hierarquicamente à lei ordinária.

[TJCE]. Lei subsequente poderá revogar os tratados-lei?


A doutrina majoritária responde à indagação de maneira negativa, mas assentada em
diferentes pressupostos:

a) Para Luciano Amaro, o conflito entre a lei interna e o tratado resolve-se pelo
princípio da especialidade: a lei especial derroga a lei geral. No caso, a lei especial
seria o tratado, que preponderaria se posterior ou se anterior à lei interna (Amaro,
2001).

b) Para Hugo de Brito Machado, as regras de direito internacional e o princípio da


moralidade impõem a proeminência dos tratados, sob pena de desprestígio do Estado
que os creditou, do que se deflui que só poderiam ser revogados por instrumento
adequado: a denúncia de seu conteúdo, que é a forma utilizada por um Estado para
se desenlaçar de compromissos normativos pactuados em âmbito internacional, não
por uma norma interna.

[TJCE]. Qual a diferença do tratado-contrato para o tratado-lei?


A distinção entre tratados contratuais e tratados normativos vem padecendo de uma
incessante perda de prestigio. É nítida, segundo Rousseau, a diferença funcional entre
os tratados-contratos, assim chamado porque através deles as partes realizam uma
operação jurídica - tais acordos de comércio, de aliança, de cessão territorial - e os
tratados-leis ou tratados normativos, por cujo meio as partes editam uma regra de
direito objetivamente válida. Os tratados-leis são geralmente celebrados entre muitos
Estados com o objetivo de fixar as normas de Direito Internacional. As convenções
multilaterais como as de Viena são um exemplo perfeito deste tipo de tratado. Os
tratados-contratos procuram regular os interesses recíprocos dos Estados, isto é,
buscam regular interesses recíprocos e são geralmente de natureza bilateral, mas,
existem diversos exemplos de tratados multilaterais restritos. Os tratados-contratos

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podem ser executados ou executórios. Os primeiros, também chamados transitórios


ou de efeito limitado, são os que devem ser logo executados e que, levados a efeito,
dispõem sobre matéria permanentemente, como ocorrem nos tratados de cessão ou
de permuta de territórios. Os tratados executórios ou de efeito sucessivo são os
prevêem atos a serem executados regularmente, toda vez que apresentem as
condições necessárias, como nos tratados de comércio e nos de extradição.

# CONVÊNIOS DO CONFAZ.
[TJCE]. Confaz depende de decisão unânime? Um único estado permite obstar o
recebimento de benefícios? O princípio da lealdade federativa não seria capaz de
superar isso?
Art. 2º, § 2º da Lei Complementar nº 24/ 75: A concessão de benefícios dependerá
sempre de decisão unânime dos Estados representados; a sua revogação total ou parcial
dependerá de aprovação de quatro quintos, pelo menos, dos representantes presentes.
Na Constituição Federal de 1988, não há um dispositivo expresso do qual se possa extrair
o princípio da lealdade federativa.

Trata-se de um princípio implícito segundo o qual a União, nas suas relações com os
Estados e Municípios, e estes entre si, devem adotar condutas de fidelidade para a
efetiva manutenção do pacto federativo. Este princípio impõe normas de conduta nas
relações institucionais entre os entes federados sem as quais não se poderia manter a
unidade da federação.

Exerce verdadeira função de cláusula geral que permeia a relação entre os entes
federativos e, embora não escrito, funciona como substrato axiológico para outros
princípios expressos na Carta Política.

No Senado, há quem defenda a redução do quorum para três quintos das unidades da
federação ou para dois terços de cada região. Dessa feita, entendo que o princípio da
unidade federativa pode ser utilizado como fundamento para a redução do quorum
de aprovação.

[TJCE]. CONFAZ - LC 24. Há exceção à regra de unanimidade dos estados para a


concessão de benefícios? Qual a exceção?
A concessão de benefícios dependerá sempre de decisão unânime dos Estados
representados; a sua revogação total ou parcial dependerá de aprovação de quatro
quintos, pelo menos, dos representantes presentes.

[TJCE]. Um único Estado pode obstar a concessão de benefício pelo Confaz?


Sim.

Art. 2º, LC 24/75 - Os convênios a que alude o art. 1º, serão celebrados em reuniões para
as quais tenham sido convocados representantes de todos os Estados e do Distrito
Federal, sob a presidência de representantes do Governo federal.

§ 1º - As reuniões se realizarão com a presença de representantes da maioria das


Unidades da Federação.

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§ 2º - A concessão de benefícios dependerá sempre de decisão unânime dos Estados


representados; a sua revogação total ou parcial dependerá de aprovação de quatro
quintos, pelo menos, dos representantes presentes.

[TJCE]. Há alguma exceção aos benefícios da LC 24?


Art. 9º, LC 24/75 - É vedado aos Municípios, sob pena das sanções previstas no artigo
anterior, concederem qualquer dos benefícios relacionados no art. 1º no que se refere à
sua parcela na receita do imposto de circulação de mercadorias.

Art. 15, LC 24/75 - O disposto nesta Lei não se aplica às indústrias instaladas ou que
vierem a instalar-se na Zona Franca de Manaus, sendo vedado às demais Unidades da
Federação determinar a exclusão de incentivo fiscal, prêmio ou estimulo concedido pelo
Estado do Amazonas.

5. Obrigação tributária. Obrigação principal e acessória. Fato Gerador:


ocorrência, aspectos materiais, temporal e espacial. Elementos
valorativos: base de cálculo e alíquota. Efeitos, consequências, validade
e invalidade dos atos jurídicos. Sujeito ativo e passivo da obrigação
tributária: contribuinte e responsável. Solidariedade. A imposição
tributária e as convenções particulares. Capacidade tributária.
Domicílio tributário. Fato gerador. Hipótese de Incidência: noção,
aspectos.

# OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA. FATO GERADOR:


OCORRÊNCIA, ASPECTOS MATERIAIS, TEMPORAL E ESPACIAL. ELEMENTOS VALORATIVOS:
BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTA. EFEITOS, CONSEQUÊNCIAS, VALIDADE E INVALIDADE DOS
ATOS JURÍDICOS. SUJEITO ATIVO E PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA: CONTRIBUINTE E
RESPONSÁVEL. SOLIDARIEDADE. A IMPOSIÇÃO TRIBUTÁRIA E AS CONVENÇÕES
PARTICULARES. CAPACIDADE TRIBUTÁRIA. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. PREFERÊNCIA. FRAUDE
À EXECUÇÃO. DECRETAÇÃO DE INDISPONIBILIDADE NO CURSO DO PROCESSO EXECUTIVO:
REQUISITOS E PROCEDIMENTO.

[TJCE]. Uma MP institui um tributo que é exigível, porém a MP foi rejeitada. Meses
depois a fazenda pode lançar o tributário?
Não, porque neste caso aplica-se o art. 62, § 2º da CF. princípio da anterioridade
tributária.

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os


previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi
editada.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

[TJCE]. Uma MP cria um tributo e esse é exigido. Ocorre que a MP vem a ser
rejeitada meses depois. É possível o lançamento do tributo referente ao período de
vigência?

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Pode cobrar, pois, de acordo com o art. 116 do CTN, salvo disposição de lei em
contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:

I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as


circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são
próprios;

II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente


constituída, nos termos de direito aplicável.

Assim, ocorrido o fato gerador, pode a Fazenda Pública cobrar os valores referentes
aos meses em que a MP esteve valendo. Ademais, deve-se se verificar ainda o
disposto no art. 62,§2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de
impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos
no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia
daquele em que foi editada. Ressalte-se que a restrição relativa à necessidade da
conversão em lei no exercício da edição da medida provisória aplica-se
exclusivamente aos impostos, de forma que, no tocante às demais espécies
tributárias, a regra da anterioridade deve ser observada, tomando como referência a
data da publicação da MP e não de sua conversão em lei.

6. Decadência e Prescrição em matéria tributária (prescrição


intercorrente judicial e administrativa).
[TJCE]. O que é prescrição intercorrente em matéria tributária?
(João Eduardo - como a pergunta foi genérica, abordei tanto a prescrição intercorrente judicial
quanto a administrativa na resposta)

A prescrição intercorrente é a que ocorre no curso da Execução Fiscal quando,


interrompido o prazo prescricional pelo despacho do Juiz que determina a citação, se
verificar a inercia do Fisco exequente, dando ensejo ao reinicio do prazo quinquenal.
O art. 40 da LEF estabelece que, não encontrado o devedor ou bens, haverá a
suspensão do processo por um ano. Neste prazo deverá o Fisco exequente promover
diligencias administrativas para localizar o devedor e bens, conforme o caso. Durante
tal suspensão, presume-se que o Exequente esteja diligente, de modo que o reinicio
do prazo prescricional só ocorre apos o decurso do ano de suspensão, caso o Fisco
permaneça inerte. Assim, nos autos, transcorrerão seis anos, desde a suspensão, para
que se possa considerar ocorrida prescrição intercorrente. Neste sentido, foi editada
a Sumula 314 do STJ: “Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis,
suspende-se o processo por um ano, findo o qual inicia-se o prazo da prescrição
quinquenal intercorrente”.

Ocorrendo prescrição intercorrente, deve o Magistrado dar vista ao Fisco Exequente,


para que demonstre a existência de eventual causa suspensiva ou interruptiva do
prazo (e.g. adesão a parcelamento). Não havendo tal demonstração, a prescrição é
reconhecida, extinguindo-se a

execução. Eventual ausência de intimação do Exequente só implicara nulidade da


sentença quando demonstrado, em apelação, a ocorrência de efetivo prejuízo, ou seja,
quando o Exequente demonstrar que havia causa suspensiva ou interruptiva que não

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tenha sido considerada pela ausência da intimação para demonstra-la. Do contrario,


a sentença deve ser mantida.

A “prescrição intercorrente administrativa”, por sua vez, seria aquela que ocorreria
no curso do Processo Administrativo Fiscal. Segundo a doutrina e jurisprudência
majoritárias não haverá “prescrição intercorrente no processo administrativo
tributário”, pois, conforme encampa o art. 151, inciso III, do CTN, "as reclamações
e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo"
são causas suspensivas da exigibilidade do credito tributário.

[TJCE]. O que é prescrição intercorrente em matéria tributária? Como os tribunais


tratam o assunto?
Em processo administrativo

A jurisprudência não admite prescrição intercorrente no processo administrativo,


pois, pendente este de resultado final, suspensa estará a exigibilidade do crédito.

À luz do art. 174, caput, do CTN, firmou-se o entendimento de que a


constituição definitiva do crédito tributário, quando impugnado via
administrativa, ocorre quando da notificação do contribuinte do resultado
final do recurso, e somente a partir daí começa a fluir o prazo prescricional
de cinco anos para a cobrança do referido crédito (REsp 488429. DJ
2.8.2006)

Em processo executivo fiscal

A jurisprudência do STJ já admitia a ocorrência da prescrição intercorrente no prazo


de cinco anos após o decurso da suspensão de um ano, previsto no art. 40, § 2°, da
LEF (chamado "cinco + um"). Entretanto, escorando-se inadvertidamente no direito
privado, não admitia que o juiz pudesse decretá-la de ofício: só à parte interessada
era dado alegar a prescrição em juízo.

Quando não se encontravam bens do devedor que pudessem ser penhorados para
adimplir a dívida tributária, arquivava-se a execução fiscal até que fossem
encontrados bens executáveis (LEF, art. 40). Na maioria das vezes, este
arquivamento dava-se ad aeternum.

Esse procedimento, aliado à impossibilidade de o juiz pôr fim ao processo por


iniciativa própria, fez com que as varas judiciais responsáveis pela cobrança da dívida
ativa fossem entupidas de execuções sem solução até bem pouco tempo. (De acordo
com o estudo "Diagnóstico do Poder Judiciário", realizado pelo Ministério da Justiça
em 2004, 43°/o dos processos ajuizados na primeira instância da Justiça Federal são
execuções fiscais).

A Lei n° 11.051/2004 sanou esses problemas, acrescentando ao texto da LEF este


parágrafo:

Art. 40, § 4º. Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o


prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de
ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato.

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7. Responsabilidade tributária: sucessores, terceiros, responsabilidade


por infrações, responsabilidade pessoal. Responsabilidade supletiva.
Substituição tributária. Pagamento indevido: Compensação e Repetição
de Indébito.
[TJCE]. O fechamento de empresa é pensado para ser de maneira imediata como
ficam os tributos dessas empresas? Podem ser cobrados? São impeditivos para a
baixa? E a responsabilidade dos sócios?
João Paulo

[TJCE]. O que é substituição tributária? Qual a diferença da substituição para


frente e para traz?
- Responsabilidade por substituição: também intitulada responsabilidade originária
ou de 1º grau, dá-se quando a terceira pessoa (substituto) vem e ocupa o lugar do
contribuinte (substituído), antes da ocorrência do fato gerador. Nos casos de
responsabilidade por substituição, desde a ocorrência do fato gerador, a sujeição
passiva recai sobre uma pessoa diferente daquela que possui relação pessoal e direta
com a situação descrita em lei como fato gerador do tributo. Em nenhum momento,
o dever de pagar o tributo recai sobre a figura do contribuinte, não havendo qualquer
mudança subjetiva na obrigação. O exemplo mais conhecido é o da responsabilidade
que a lei faz recair sobre a fonte pagadora dos rendimentos, no caso do imposto de
renda das pessoas físicas. Nesse caso, no momento em que a fonte disponibiliza os
rendimentos ou proventos, nasce a obrigação tributária relativa ao IRPF. O sujeito
passivo já é a fonte pagadora, que possui o dever legal de efetuar a retenção e recolher
o imposto devido aos cofres públicos federais.

- A substituição tributária para trás, regressiva ou antecedente ocorre nos casos em


que as pessoas ocupantes das posições anteriores nas cadeias de produção e
circulação são substituídas, no dever de pagar tributo, por aquelas que ocupam as
posições posteriores nessas mesmas cadeias.

A substituição tributária para frente, progressiva ou subsequente ocorre nos casos em


que as pessoas ocupantes das posições posteriores das cadeias de produção e
circulação são substituídas, no dever de pagar tributo, por aquelas que ocupam as
posições anteriores nessas mesmas cadeias.

[TJCE]. Existe tributo sem fato gerador? Se o fato para frente não acontecer ou se
acontecer a maior ou menor, como fica a restituição?
- Para a exigência do tributo é necessário a existência do fato gerador. Art. 114. Fato
gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e
suficiente à sua ocorrência.

- Restituição na Substituição tributaria progressiva envolve duas situações:

1º - Se o fato gerador para frente não aconteceu. É resolvida pela literalidade do


próprio art. 150, § 7.º, da CF/1988, visto que este termina assegurando a imediata e
preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.
Assim, se a cerveja perde o prazo de validade e não é vendida no bar, o tributo
antecipadamente pago pela distribuidora deve ser devolvido imediata e
preferencialmente.

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2ª - No caso de o fato gerador ocorrer, mas com um valor diverso do que foi
presumido, a Constituição não prevê solução expressa e, por conseguinte, reina a
controvérsia, conforme se passa a explicar. Suponha-se, a título de exemplo, que se
presumiu, como preço de venda da gasolina na bomba, o valor de R$ 2,70 por litro,
sendo o tributo antecipadamente cobrado na saída da refinaria com base nesse
montante. Admita-se que, em virtude de condições de mercado, determinado posto
tenha vendido todo o combustível adquirido ao valor de R$ 2,60. Ora, o ICMS sobre
a diferença (R$ 0,10) foi recolhido a maior, devendo, na opinião de doutrina
majoritária, proceder-se à devolução da diferença.

Em se tratando de provas de concurso público, devem ser adotados os seguintes


posicionamentos: a) a sistemática da substituição tributária para frente é
constitucional, mesmo com relação aos fatos anteriores à Emenda Constitucional
3/1993; b) não ocorrido o fato gerador presumido, nasce o direito à restituição
imediata e preferencial da quantia paga; c) é constitucional a decisão tomada pela
maioria dos Estados da Federação e pelo Distrito Federal no sentido de não restituir
nem cobrar diferenças nos casos de ocorrência do fato gerador com base de cálculo
diferente da presumida (Convênio ICMS 13/1997); d) estão pendentes no STF os
julgamentos de duas ADI em que se discute a constitucionalidade de leis estaduais
que determinam a restituição do valor pago a maior em decorrência de o fato gerador
do ICMS ocorrer com base de cálculo menor que a presumida; e) o STF entende que
não há absoluta coincidência na sistemática de substituição dos itens c e d anteriores.
No primeiro, a substituição seria exigência para a fruição de benefício fiscal
(opcional); no segundo, apenas uma técnica de tributação, o que poderia justificar
tratamento diferenciado.

[TJCE]. Fechamento de empresa é possível com tributos pendentes?


A pessoa jurídica será tributada até findar-se sua liquidação, ou seja, embora
interrompida a normalidade da vida empresarial pela paralisação das suas atividades-
fim, deve o liquidante manter a escrituração de suas operações, levantar balanços
periódicos, apresentar declarações, pagar os tributos exigidos e cumprir todas as
demais obrigações previstas na legislação tributária.

8. Crédito tributário: constituição, lançamento, natureza jurídica.


Caráter vinculado da atividade de lançamento, efeitos e modalidades.
Suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário. Garantias e
privilégios do crédito tributário.
[TJCE]. Qual a relação entre credito tributário, lançamento e obrigação tributaria?
Quais são as hipóteses de suspensão do credito tributário?
A obrigação tributária surge com a ocorrência do fato gerador, e é com o lançamento
que ela passa a constituir um credito tributário, despontando no dever do
contribuinte/responsável de pagar o tributo. São etapas da relação jurídico-tributaria.
As hipóteses de suspensão estão previstas no art. 151 do CTN: moratória, deposito
integral, reclamações e recursos, concessão de medida liminar em MS, concessão de
medida liminar ou de tutela antecipada em outras espécies de ação judicial e
parcelamento.

[TJCE]. Qual a natureza do lançamento tributário?

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Segundo o art. 142 do CTN, a lançamento tem natureza de procedimento


administrativo. No entanto, a doutrina divide-se acerca da natureza jurídica do
lançamento. Para alguns, o lançamento administrativo é um procedimento, no sentido
de que, por afetar direitos dos administrados, há de ser desenvolvido com obediência
a certas formalidades legalmente impostas. Assim, por exemplo, há de ser sempre
assegurado o direito de defesa ao contribuinte, que abrange o direito de uma decisão
da autoridade, bem como o direito de recorrer dessa decisão a instância
administrativa superior. Para outra parte da doutrina, como o Professor Paulo de
Barros, entende que o lançamento é ato jurídico e não procedimento, como consta do
art. 142 do Código Tributário Nacional. Consiste, muitas vezes, no resultado de um
procedimento mas com ele não se confunde.

[TJCE]. E a natureza da obrigação tributária?


É pelo objeto que a obrigação revela sua natureza tributária. (MACHADO, Hugo de
Brito. Curso de Direito Tributário. 17ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Malheiros:
2000.)

Assim, o objeto da obrigação tributária pode ser: dar uma soma pecuniária ao sujeito
ativo (OT principal), fazer algo, como por exemplo, emitir nota fiscal, apresentar
declaração de rendimentos, ou não fazer algo, por exemplo, não embaraçar a
fiscalização) – OT acessória.

[TJCE]. Uma medida provisória previu um tributo que se tornou exigível. Meses
depois a fazenda pode instituir e cobrar o tributo, mesmo tendo o senado extinguido?
A fazenda pública pode cobrar nos meses em que esteve a MP valendo?
Pode cobrar, pois, de acordo com o art. 116 do CTN, salvo disposição de lei em
contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:

I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as


circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são
próprios;

II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente


constituída, nos termos de direito aplicável. Assim, ocorrido o fato gerador, pode a
Fazenda Pública cobrar os valores referentes aos meses em que a MP esteve valendo.
Ademais, deve-se se verificar ainda o disposto no art. 62,

§2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os


previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.

Ressalte-se que a restrição relativa à necessidade da conversão em lei no exercício


da edição da medida provisória aplica-se exclusivamente aos impostos, de forma que,
no tocante às demais espécies tributárias, a regra da anterioridade deve ser observada,
tomando como referência a data da publicação da MP e não de sua conversão em lei.

[TJCE]. Como o Sr. Classificaria as espécies tributarias? Seria possível uma EC


suprimir o IPI, IPVA e o ISS, e criar um novo imposto? Tributo indevido por
Medida Provisória, que não foi aprovada pelo Congresso Nacional, os fatos
Geradores ocorridos durante a regência, podem ser cobrados?
- A controvérsia sobre a classificação dos tributos em espécies fez com que surgissem
quatro principais correntes a respeito do assunto: a primeira, dualista, bipartida ou

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bipartite, que afirma serem espécies tributárias somente os impostos e as taxas; a


segunda, a tripartida, tricotômica ou tripartite, que divide os tributos em impostos,
taxas e contribuições de melhoria; a terceira, a pentapartida ou quinquipartida, que a
estes acrescenta os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais previstas
nos arts. 149 e 149-A da Constituição Federal e a última, a quadripartida, tetrapartida
ou tetrapartite, que simplesmente junta todas as contribuições num só grupo, de
forma que os tributos seriam impostos, taxas, contribuições e empréstimos
compulsórios.

O Código Tributário Nacional – CTN, no seu art. 5.º, dispõe que os tributos são
impostos, taxas e contribuições de melhoria, claramente adotando a teoria da
tripartição das espécies tributárias. Alguns entendem que a Constituição Federal
segue a mesma teoria, ao estabelecer, no seu art. 145, que a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios podem instituir impostos, taxas e contribuições de
melhoria. O dispositivo, na realidade, não restringe as espécies tributárias às três
enumeradas, mas apenas agrupa aquelas cuja competência para criação é atribuída
simultaneamente aos três entes políticos. Trata-se, portanto, de norma atributiva de
competência e não de norma que objetive listar exaustivamente as espécies de tributo
existentes no ordenamento jurídico brasileiro. Neste ponto, é importante perceber
que, ainda na Seção que trata dos “Princípios Gerais” do “Sistema Tributário
Nacional” (arts. 145 a 149-A), a Constituição Federal estatui outras regras atributivas
de competência. Os empréstimos compulsórios estão previstos no art. 148, como de
competência exclusiva da União, o que justifica o fato de não haverem sido citados
no art. 145, que enumera apenas os tributos cuja instituição é possível a todos os
entes políticos. Raciocínio semelhante é aplicável aos arts. 149, que prevê como de
competência exclusiva da União as contribuições especiais (com exceção da que
financia a previdência dos servidores públicos, que obviamente pode ser instituída
por todos os entes federados), e 149-A, que atribui exclusivamente ao DF e aos
municípios a competência para criação da contribuição para custeio do serviço de
iluminação pública.

Ao se deparar com o tema, o Supremo Tribunal Federal tem adotado a teoria da


pentapartição. Apesar disso, é extremamente importante deixar claro que mesmo os
adeptos da teoria da tripartição dos tributos entendem que as contribuições especiais
e os empréstimos compulsórios são tributos, possuindo natureza jurídica de taxas ou
impostos, dependendo de como a lei definiu o seu fato gerador, conforme analisado
a seguir.

- Seria possível uma Ec suprimir o IPI, IPVA e o ISS, e criar um novo imposto? As
cláusulas pétreas são o que se convencionou chamar núcleo constitucional intangível.
Consistem em uma série de valores dotados de tal relevo que não podem ser objeto
de proposta de emenda constitucional tendente a aboli-los, isto é, são as limitações
materiais ao poder de reformar a Carta Magna. Segundo BARROSO (2005, p. 147),
as cláusulas pétreas devem ser interpretadas (...) como a proibição de esvaziamento
do seu sentido essencial ou nuclear, sobretudo quando veiculem princípios, e não
como a eternização de um determinado modelo concreto de organização estatal, sob
pena de cristalizar-se praticamente todo o texto constitucional. Ou seja, o instituto
das cláusulas pétreas não pode ser desvirtuado e converter-se em meio de
engessamento da Constituição. Mas, à parte tal entendimento, o fato é que as
cláusulas pétreas vêm proteger toda uma gama de valores que, no Estado
Democrático de Direito, são carecedoras de proteção especial pelo Poder Público.

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Assim, reza o artigo 60 §4º da Carta Magna: Não será objeto de deliberação a
proposta de emenda tendente a abolir: I. a forma federativa de Estado; II. o voto
direto, secreto, universal e periódico; III. a separação dos Poderes; IV. os direitos e
garantias individuais. É oportuno aqui trazer as palavras de José Afonso da Silva
(2005, p.67): É claro que o texto não proíbe apenas emendas que expressamente
declarem: "fica abolida a Federação ou a forma federativa de Estado", "fica abolido
o voto direto...", "passa a vigorar a concentração de Poderes", ou ainda "fica extinta
a liberdade religiosa, ou de comunicação..., ou o habeas corpus, o mandado de
segurança...". A vedação atinge a pretensão de modificar qualquer elemento
conceitual da Federação, ou do voto direto, ou indiretamente restringir a liberdade
religiosa, ou de comunicação ou outro direito e garantia individual; basta que a
proposta de emenda se encaminhe ainda que remotamente,"tenda" (emendas
tendentes, diz o texto) para a sua abolição.

Breno: (Não encontrei nada especifico ou conclusivo na doutrina, por isso, expôs
minha opinião). Embora não conste expressamente no texto constitucional algo
específico no sentido de vedar a elaboração de emenda constitucional para
suprimir determinado tributo, entendo que no presente caso, seria uma forma
indireta de atingir o pacto federativo.

- Com base na CF/88, responderia assim: Não poderão ser cobrados os fatos
geradores ocorrido durante a MP, haja vista, que a medida provisória só produziria
efeitos caso fosse convertida. § 2º Medida provisória que implique instituição ou
majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só
produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei
até o último dia daquele em que foi editada. § 3º As medidas provisórias, ressalvado
o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas
em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual
período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as
relações jurídicas delas decorrentes.

9. Tributos. Conceito. Natureza jurídica. Classificação: impostos, taxas,


contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições
sociais. Contribuições: espécies e natureza jurídica. Pedágio. Tributação
dos ganhos de capital: tendências do sistema e seus fundamentos.
Tributação sobre o valor agregado: tendências do sistema e seus
fundamentos.
[TJCE]. Como se classifica as espécies tributárias existentes?
Resposta rápida:

O artigo 5º do CTN menciona como espécies de tributos: impostos taxas e


contribuições de melhoria. (tripartide).

No entanto, pela inteligência dos artigos 148 e 149, da CF, evidenciam-se mais duas
espécies tributárias, a saber: o empréstimo compulsório e as contribuições especiais.
(posição do STF – são cinco espécies de tributos).

Resposta mais completa:

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Há várias teorias que tentam explicar quantas são as espécies de tributo.

A) Teoria dualista, bipartida, clássica

Tal teoria foi defendida por GERALDO ATALIBA e, apenas para fins didáticos,
divide os tributos em duas espécies: a) tributo não vinculado (impostos); b) tributo
vinculado (taxas) (procurador federal 2006 CESPE foi cobrada tal teoria).

A taxa é vinculada direta e imediatamente.

A contribuição de melhoria também se enquadra como tributo vinculado, mas


indireta e mediatamente, pois além da contraprestação estatal deve haver a
valorização do imóvel.

B) Teoria tripartida, tricotômica.

Sob a influência do código tributário alemão, tal teoria penetrou na CF/46,


irradiando-se para o CTN/66 e para a CF/88: a) impostos; b) taxas e c) contribuições
de melhoria.

Art. 145 da CF e art. 5º do CTN

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os


seguintes tributos: Competência tributária é facultativa

I - impostos;

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou


potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição;

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas

Art. 5º do CTN. Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.

O que define o tributo é o fato gerador, e não pelo nome ou pela destinação. Este
tripé encontra respaldo no art. 4º do CTN, segundo o qual a natureza jurídica do
tributo será definida pelo fato gerador, sendo desimportante a denominação do
gravame (a taxa será taxa se contiver FG de taxa).

Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da


respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;

II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Com o advento dos empréstimos compulsório, década de 80 sobretudo, e das


contribuições – década de 90 – a doutrina e o STF tiveram que desafiar o tripé, uma
vez que estes tributos são finalisticos, com Fatos Geradores dotados de irrelevância.
Daí o CESPE afirmar que a estes dois últimos tributos não se aplica o art. 4 do CTN.

C) Teoria pentapartida, pentapartite

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Trata-se de visão adotada pelo STF (RE 146733-9/SP): a) impostos; b) taxas; c)


contribuições de melhoria; d) empréstimos compulsórios e e) contribuições.

É fácil perceber aos empréstimos compulsórios e às contribuições não se aplica o art.


4º do CTN, uma vez que são tributos não definidos pelo fato gerador, mas pela
finalidade.

[TJCE]. Contribuição de iluminação pública se classifica como?


Como modalidade da espécie tributária “contribuições especiais”:

Com o insucesso da taxa de iluminação pública, houve modificação na CF, através


da Ec 39/2002, na tentativa de previsão de um tributo substitutivo daquela e surgiu o
art. 149-A da CF – Contribuição para o serviço de iluminação pública – COSIP ou
CIP;

Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma


das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o
disposto no art. 150, I e III.

Trata-se de tributo municipal e do DF (DF também pode legislar); não se trata de


uma taxa; nasce por meio de lei ordinária.

Três princípios a que deve obedecer a COSIP:

a) legalidade,

b) anterioridade,

c) irretroatividade.

É facultada a sua cobrança na conta de luz.

[TJCE]. É possível uma EC revogar ICMS/IPI/ISS e criar mais um tributo? Isso


feriria a autonomia dos Estados?
Relembrando os limites materiais implícitos são aqueles contidos e identificados ao
longo do texto constitucional, decorrentes dos princípios, do regime, da forma de
governo adotados, como (i) as concernentes ao titular do poder constituinte, pois uma
reforma constitucional não pode mudar o titular do poder que cria o próprio poder
reformador; (ii)- as referentes ao titular do poder reformador, pois seria despautério
que o legislador ordinário estabelecesse novo titular de um poder derivado só da
vontade do constituinte originário; (iii) - as relativas ao processo da própria emenda,
distinguindo-se quanto à natureza da reforma, para admiti-la quando se tratar de
tornar mais difícil seu processo, não aceitando quando vise atenuá-lo.

E Cláusulas Pétreas, dispõe o artigo 60, §4, da Constituição Federal que - Não será
objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I- a forma federativa de Estado;

II – o voto direto, secreto, universal e periódico;

III – a separação dos poderes;

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IV – os direitos e garantias individuais.

A atual Constituição tem expresso no artigo 60, parágrafo quarto, o que não poderá
ser objeto de reforma. A vedação atinge a pretensão de modificar qualquer elemento
conceitual da Federação, ou o voto direto, secreto, universal e periódico, ou elimine
a separação de poderes, ou indiretamente restrinja a liberdade religiosa, ou de
comunicação, ou de outro direito e garantia individual.

Assim, a autonomia dos estados federados que se assenta na capacidade de


autoorganização, de autogoverno e de autoadministração. Emenda que retire deles
parcelas dessas capacidades indica “tendência” a abolir a forma federativa de Estado
e, por conseguinte, não pode ser matéria de reforma constitucional.

A Proposta de Reforma Tributária levam em conta a estrutura federativa brasileira,


preconizam a simplificação da tributação do consumo, a desoneração da produção
mediante a eliminação da incidência de tributos em cascata, o fim da guerra fiscal
entre os estados e a desburocratização ação do cumprimento da obrigação tributária.

Reduzir a competência tributária dos Estados-Membros significa reduzir a


capacidade legislativa. Mudanças podem alterar o pacto federativo. Para os Estados,
qualquer proposta que retire de sua competência a atribuição de legislar sobre o
ICMS, ITCMD ou IPVA significa a redução da autonomia legislativa e, por
conseguinte, contraria o princípio federativo.

A Federação subsiste se os Estados possuírem autonomia, correspondendo ao poder


de autoorganização, de autogoverno e de autoadministração. A Federação é um pacto
permanente e decorre da Constituição.

Se por um lado, alterar o sistema tributário nacional mediante EC pode resultar em


violação ao pacto federativo, por outro, a Constituição não pode engessar as
mudanças, resultado do anseio do povo.

A minirreforma tributária resultou na Emenda Constitucional n.º 42, aprovada em


19.12.2003. Basicamente a Emenda Constitucional acrescentou o artigo 146-A que
atribui è Lei Complementar estabelecer critérios especiais de tributação, com
objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência entre os entes federados.
Reforçou as limitações ao poder de tributar através da inclusão da alínea “c”, ao
inciso III, do artigo 150 da CF, estabelecendo que é necessário decorrer noventa dias
da data em que haja sido publicada a lei que instituiu ou aumentou o tributo. Nesse
caso, o prazo de noventa dias soma-se ao princípio da anterioridade já previsto na
Constituição (alínea “b”, inciso III, artigo 150, da CF). Quanto ao ICMS, a Emenda
alterou a redação do da alínea “a”, do inciso X, do artigo 155, indicando a não
incidência sobre as operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre
serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o
aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações
anteriores. Ocorreu a consagração constitucional da desoneração tributária das
exportações para mercadorias e serviços. Ainda em relação ao ICMS, acrescentou-se
a não incidência sobre as prestações de serviço de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita.

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O que se conclui é a existência de obstáculos a conjugar os interesses dos entes


federativos, uma vez que as alterações pretendidas devem adequar ao sistema
tributário e a sua administração às necessidades da sociedade, sem lesar o pacto
federativo, garantindo as competências de cada ente.

A emenda constitucional tem o condão de criar competência impositiva? Sim, desde


que não ofenda o pacto federativo, desde que não ofenda cláusula pétrea, e que a
emenda a constituição pode criar princípio tributário novo (princípio da anterioridade
nonagesimal), certo ou errado? Sim, desde que não viole cláusula pétrea, desde que
estenda garantia a tutela do contribuinte – discorrer sobre a EC n. 42.

Destaque-se que a constituição não cria tributo, mas enumera as espécies e outorga
competência, a lei complementar em regra geral não cria tributo, excepcionalmente
sim, e a lei ordinária é a lei que por excelência servirá para instituir o tributo, é a lei
de tributação por excelência, é a fonte formal primária.

[TJCE]. Quais as espécies tributárias no direito brasileiro?


O ordenamento brasileiro anterior à Constituição Federal de i988 assentava-se na
teoria tripartida das espécies tributárias, que distinguia três espécies de tributos:
impostos, taxas e contribuições de melhoria, tal qual disposto no art. 5° do CTN.

A nova Constituição (art. 145 e incs.), aparentemente, manteve o mesmo panorama,


pois o seu texto ressalta competir aos entes federados instituir os seguintes tributos:
"impostos; taxas e contribuição de melhoria".

Entretanto, a doutrina majoritária tende a aceitar várias espécies tributárias,


estendendo o conceito, também, para os empréstimos compulsórios e para as
contribuições lato sensu, tipos não previstos no CTN, mas arrolados na Constituição
Federal. Há também quem enxergue no pedágio caracteres de figura tributá ria
distintos das demais espécies.

[TJCE]. Onde se inclui a contribuição de iluminação pública?


Foi introduzida pela Emenda Constitucional n° 39/2002, como forma de contornar a
jurisprudência do STF, baseada na indivisibilidade do serviço tributado (CF, art. 145,
II), que impedia aos municípios cobrar as conhecidas "taxas de iluminação pública.

Sua competência foi atribuída aos Municípios e ao Distrito Federal (CF, art. 149-A),
que devem respeitar os princípios da legalidade, anterioridade e anterioridade
nonagesimal. É facultada sua cobrança na fatura de consumo de energia elétrica, o
que não significa que não possa ser destacada do valor da conta de energia, caso o
contribuinte queira impugná-la ou pagá-la separadamente.

# PREÇOS PÚBLICOS, TARIFAS E TAXAS: DISTINÇÃO.


[TJCE]. - Como diferenciar taxa de preço público?
R: Quadro-resumo:

TAXA TARIFA OU PREÇO PÚBLICO

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Sujeita a regime jurídico de direito Sujeita a regime jurídico de direito


público. privado.
É espécie de tributo. Não é receita tributária.
Trata-se de receita derivada. Trata-se de receita originária.
Instituída e majorada por lei. Ato de vontade bilateral, independe
de lei
(instituída por contrato).
Independe de vontade (é Dotada de voluntariedade.
compulsória).
O fundamento para sua cobrança é o O fundamento para sua cobrança é a
princípio da retributividade. manutenção do equilíbrio econômico
e financeiro dos contratos.
Obediência à anterioridade e aos Não se submete ao princípio da
demais princípios tributários. anterioridade nem aos demais
princípios tributários.
Natureza legal-tributária (não admite Natureza contratual (admite
rescisão). rescisão).
O serviço à disposição autoriza a A cobrança só ocorre com o uso do
cobrança. serviço.
Ex: custas judiciais Ex: serviço de fornecimento de água.

Fonte: http://www.dizerodireito.com.br/2014/07/pedagio-possui-natureza-juridica-
de.html

[TJCE]. O que a contribuição de melhoria tem a ver com as demais contribuições,


porque estão no mesmo lugar?
Contribuições melhoria são tributos vinculados, uma vez que sua cobrança depende
de uma específica atuação estatal, qual seja a realização de uma obra que tenha
consequência um incremento do valor dos imóveis pertencentes aos potencias
contribuintes. VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA. Não é legitima a sua cobrança com
o intuito de obter recursos a serem realizados em obras futuras, uma vez que a
valorização só pode ser aferida após a conclusão da obra. Pode ser cobrada,
excepcionalmente, a realização de parte da obra, desde que já tenha resultado
valorização da obra.

A Constituição Federal, em seu artigo 149 dispõe:

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Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção


no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146,
III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às
contribuições a que alude o dispositivo.

§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de


seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que
trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares
de cargos efetivos da União.

Diante destes artigos, podemos verificar a previsão das Contribuições Sociais; as


Contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE); as Contribuições de
interesse de categorias profissionais ou econômicas (contribuições corporativas); e
ainda conforme o art. 149-A, as contribuições para o custeio do serviço de iluminação
pública.

As contribuições verificadas no artigo 149 são de competência exclusiva da União.


Contudo, haverá uma exceção para tal, que será o § 1º do artigo 149, onde as
contribuições estaduais e municipais serão de competência dos Estados, Distrito
Federal e Municípios para custeio do regime previdenciário dos seus servidores.
Quanto as contribuições previstas no artigo 149-A, esta será de competência
municipal ou do Distrito Federal que é a contribuição de custeio do serviço de
iluminação pública.

De acordo com Ricardo Alexandre, haverá uma classificação para as contribuições


especiais, sendo da seguinte maneira: as contribuições sociais se subdividem em
seguridade social, outras contribuições sociais e contribuições sociais gerais; as
contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE); contribuições
corporativas e as contribuições para custeio de Serviço de Iluminação Pública
(COSIP). ( ALEXANDRE, p.51).

“A denominação doutrinária “contribuições especiais” visa a diferençar tais espécies


tributárias das já estudadas contribuições de melhorias”. (ALEXANDRE, p.52).

Muitas são as diferenças entre as contribuições de melhorias e as contribuições


especiais, não podendo ocorrer confusão entre elas, pois se diferenciam sob vários
aspectos. Nas contribuições de melhorias o fato gerador é uma atividade estatal,
enquanto que as contribuições especiais o fato gerador é realizado pelos particulares

10. Administração tributária: fiscalização, sigilo, auxílio da força


pública, excesso de exação. Dívida ativa: inscrição, presunção de certeza
e de liquidez e consectários. Certidões. Fiscalização. Arrecadação
[TJCE]. Para benefícios em ICMS há permissão para o governador conceder?
Não. Benefícios em matéria de ICMS deve ser concedido, em regra, através de
convênios (art. 155, §2º, XII, g da CF).

[TJCE]. Decisões no âmbito do CONFAZ requer unanimidade?

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A concessão e revogação de benefícios fiscais de ICMS depende, como regra, de


prévia deliberação conjunta dos Estados e do Distrito Federal, conforme regulado em
lei complementar (CF, art. 155, § 2.º, XII, g).

A consequência de se atribuir a entes menores a criação e administração de um tributo


que grava toda a economia é óbvia: guerra fiscal. Para minimizar o problema, a
Constituição traz um arsenal de regras que tenta conter a competição predatória entre
os Estados-membros.

Talvez a mais importante dessas regras seja exatamente o art. 155, § 2.º, XII, g, da
CF/1988, exigindo que a concessão de benefícios fiscais de ICMS seja precedida de
deliberação conjunta dos Estados e do Distrito Federal, conforme regulado em lei
complementar.

Atualmente a “deliberação conjunta” toma a forma de convênio celebrado no âmbito


do Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ, órgão formalmente
inserido na Estrutura do Ministério da Fazenda, mas com assento garantido aos
diversos titulares das fazendas estaduais (Secretários Estaduais da Fazenda ou cargo
equivalente).

A matéria está regulada pela Lei Complementar 24/1975, segundo a qual a concessão
de benefícios fiscais relativos ao ICMS dependerá sempre de decisão unânime dos
Estados representados; a sua revogação total ou parcial dependerá de aprovação de
quatro quintos, pelo menos, dos representantes presentes.

Dentro de 10 dias, contados da data final da reunião em que o convênio foi firmado,
a resolução nela adotada será publicada no Diário Oficial da União. Após esse prazo,
o Poder Executivo de cada Unidade da Federação disporá de 15 dias para publicar
decreto ratificando ou não os convênios celebrados, considerando-se ratificação
tácita dos convênios a falta de manifestação no prazo assinalado. Tais regras também
se aplicam às Unidades da Federação cujos representantes não tenham comparecido
à reunião em que hajam sido celebrados os convênios.

A não ratificação pelo Poder Executivo de todas as Unidades da Federação (no caso
de concessão de benefício) ou de, no mínimo, quatro quintos das Unidades da
Federação (no caso de revogação total ou parcial de benefício) implica rejeição do
convênio firmado.

Até 10 dias depois de findo o prazo de ratificação dos convênios, deve ser publicada
no Diário Oficial da União a informação relativa à ratificação ou à rejeição. Os
convênios entrarão em vigor no trigésimo dia após tal publicação, salvo disposição
em contrário, vinculando, a partir daí, todas as Unidades da Federação, inclusive as
que, regularmente convocadas, não se tenham feito representar na reunião em que o
ato foi celebrado.

A sistemática estudada configura a única exceção à regra segundo a qual os


benefícios fiscais somente podem ser concedidos por lei, não sendo possível a adoção
de procedimento semelhante para outros tributos além do ICMS. Nessa linha, o STJ
considerou inválida Resolução aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de
Minas Gerais e pela Câmara de Vereadores do Município de Belo Horizonte na qual
se ratificava convênio firmado entre tais entes e concessionárias de serviço público,

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concedendo, a estas, isenções de tributos municipais. A Corte, invocando o art. 176


do CTN e os dispositivos constitucionais ora analisados, declarou a invalidade da
sistemática.

É relevante registrar que o fato de um ente da Federação não cumprir as premissas


constitucionais para a concessão de benefícios fiscais não autoriza os demais a,
invocando um suposto direito à proteção da economia local, conceder, definitiva ou
transitoriamente, qualquer benefício semelhante. Não há “compensação de
inconstitucionalidades” ou “direito de vingança”.

Nesta linha, o STF suspendeu absurda norma paranaense que previa o seguinte:
“Havendo concessão, por qualquer outro Estado ou pelo Distrito Federal, de
benefício fiscal ou eliminação direta ou indireta da respectiva carga tributária, com
inobservância da legislação federal que regula a celebração de acordos exigidos para
tal fim, e sem que haja aplicação das sanções nela previstas, fica o Poder Executivo
autorizado a adotar medidas similares de proteção à economia paranaense”.

Nas precisas palavras do STF, “o dispositivo da referida lei estadual traduz, em


verdade, permissão para que o Estado do Paraná, por meio do Poder Executivo,
desencadeie a denominada ‘guerra fiscal’” restando, portanto, “caracterizada, em
princípio, a ofensa ao disposto no art. 155, § 2.º, XII, g, da CF” (ADI 3.936 MC/PR,
Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 19.09.2007).

A necessidade de edição de convênio para a concessão de benefícios fiscais de ICMS


sempre foi considerada um verdadeiro dogma na jurisprudência brasileira, de forma
que, em todos os casos em que o benefício foi outorgado sem a prévia celebração de
convênio e a questão foi submetida ao Judiciário, a decisão foi invariavelmente a
declaração de inconstitucionalidade da norma concessiva.

Contudo, em maio de 2010, o STF surpreendeu ao ratificar uma concessão de


benefício fiscal do tributo sem necessidade de convênio autorizativo. O caso objeto
de discussão era uma lei paranaense que concedia isenção do ICMS nas contas de
água, luz, telefone e gás utilizados por templos de qualquer culto. Registre-se que a
situação não era abrangida pela imunidade religiosa, uma vez que os contribuintes de
direito do tributo seriam as respectivas concessionárias e não a igreja, mera
consumidora do serviço (de água ou telefone) ou da mercadoria (gás ou energia
elétrica). Assim, a hipótese era de incidência do ICMS, mas com dispensa do
pagamento (isenção), de forma a desonerar o templo de qualquer culto.

O STF entendeu inexigível a celebração de convênio, porque a concessão de isenção


a templo de qualquer culto não tem aptidão para deflagrar guerra fiscal ou gerar risco
ao pacto federativo.

Por óbvio, o Estado do Paraná não editou a lei visando a atrair para o seu território
todas as igrejas em detrimento dos demais Estados e do DF. Assim, tendo em vista a
remansosa doutrina no sentido de que a exigência de acordo visa a evitar guerra
fiscal, e o entendimento de que, no citado caso, não havia risco de deflagração de
conflito, o Tribunal entendeu ser desnecessária a submissão da matéria ao CONFAZ.

Adotando este raciocínio no Voto que conduziu o julgamento unânime do Plenário


do STF, o Ministro Marco Aurélio (Relator) afirmou que “a proibição de introduzir-

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se benefício fiscal, sem o assentimento dos demais estados, tem como móvel evitar
competição entre as unidades da Federação e isso não acontece na espécie”.
Sintetizando o posicionamento, a ementa do Acórdão foi lavrada atestando que
“longe fica de exigir consenso dos Estados a outorga de benefício a igrejas e templos
de qualquer crença para excluir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços nas contas de serviços públicos de água, luz, telefone e gás” (ADI
3.421/PR).

[TJCE]. Um único Estado pode obstar o recebimento do benefício?


Sim, pois é necessária, em regra, a unanimidade.

[TJCE]. E para a Zona Franca de Manaus? Há exceções?


As operações comerciais envolvendo mercadorias nacionais (ou nacionalizadas)
realizadas com destinatários localizados na Zona Franca de Manaus, Áreas de Livre
Comércio são desoneradas do ICMS e IPI, desde que preenchidos os requisitos
pertinentes.

Segundo recente decisão do plenário do STF, não há exceções. Todos os produtos


destinados à Zona Franca de Manaus, sejam eles semielaborados ou não, estão
abrangidos pela não incidência do ICMS garantida pelo artigo 40 do ADCT.
Portanto, qualquer decisão em contrário viola aquele dispositivo.

19 de fevereiro de 2014

Convênios que afetavam a isenção de ICMS da Zona Franca são declarados


inconstitucionais

Por votação unânime, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, nesta
quarta-feira (19), a inconstitucionalidade dos Convênios 01, 02 e 06, firmados em 30
de maio de 1990, na 59º reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária
(Confaz). A decisão foi proferida no julgamento de mérito da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 310, de relatoria da ministra Cármen Lúcia.

Tais convênios excluíram, respectivamente, o açúcar, os produtos industrializados


semielaborados e operações de remessa de mercadorias nacionais para a Zona Franca
de Manaus (ZFM) da isenção do Imposto sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual,
intermunicipal e de comunicação (ICMS), assegurada pelo artigo 4º do Decreto-Lei
(DL) 288/1967 e pelo artigo 5º da Lei Complementar 4/1969.

O Plenário acompanhou voto da relatora, que acolheu alegação do governo do


Amazonas, autor da ação, no sentido de que esses dispositivos legais
infraconstitucionais foram recepcionados, na Constituição Federal (CF) de 1988, por
meio do artigo 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Ela
lembrou, também, as normas que foram reforçadas pela Emenda Constitucional (EC)
42/2003, que estendeu por dez anos, até 2023, os benefícios tributários concedidos
pelo artigo 40 à Zona Franca de Manaus. Em 25 de outubro de 1990, o Plenário do
Supremo concedeu liminar, suspendendo a eficácia desses convênios até julgamento
de mérito da ADI. Com a decisão de hoje, fica confirmada essa liminar.

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Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia superou preliminar apresentada pela


Advocacia Geral da União (AGU), no sentido de que a ADI seria incabível, porque
nela se discutiria apenas legislação infraconstitucional. Segundo a ministra, não é
possível analisar a legislação infraconstitucional atinente à Zona Franca de Manaus
desvinculada do artigo 40 do ADCT.

Em seu voto no mérito, ela citou o tributarista Marco Aurélio Greco, segundo o qual
todos os produtos destinados à Zona Franca de Manaus, sejam eles semielaborados
ou não, estão abrangidos pela não incidência do ICMS garantida pelo artigo 40 do
ADCT. Portanto, qualquer decisão em contrário viola aquele dispositivo.

[TJCE]. Sigilo Tributário é oponível a outros órgãos da administração tributária?


R: Segue artigo publicado no Migalhas em 18/05/2013, sobre a matéria:

“É nula fiscalização que quebra sigilo sem ordem judicial”

Por Augusto Fauvel de Moraes

Dentre as inúmeras informações e documentos solicitados pelo fisco, em muitas


vezes estão exigência ilegais e descabidas, em especial informações sigilosas

Fato comum no cotidiano, a fiscalização tributária tira o sono de muitos empresários


e pessoas físicas. Munidos de Mandado de Procedimento Fiscal, o fisco inicia os
procedimentos de fiscalização bombardeando o contribuinte com intimações
solicitando documentos e ameaçando impor multa e sanções pela falta de entrega das
informações e documentos no prazo solicitado.

Ocorre que dentre as inúmeras informações e documentos solicitados, em muitas


vezes estão exigência ilegais e descabidas, em especial informações sigilosas como
extratos bancários e demais informações acerca de depósitos e movimentações
financeiras.

No entanto, em que pese a princípio esta prerrogativa do fisco prevista na LC 105/01


em intimar o contribuinte para exibir extratos bancários e demais informações
financeiras, o Pleno do STF, justificando o princípio da dignidade da pessoa humana,
atribuiu que o cidadão tem direito constitucional à inviolabilidade de suas
informações pessoais, dentre elas, a bancária, de maneira que foi extirpada do
ordenamento jurídico a quebra do sigilo bancário sem autorização judicial.

Isto porque, o sigilo, in casu, deriva da inviolabilidade do sigilo de dados,


preconizada no art. 5º, XII, da CF/88.

Portanto, embora na maioria dos casos alegue o Fisco que a quebra do sigilo bancário
ocorre tão somente para fins de acesso aos dados cadastrais do contribuinte,
entendemos que a decisão do STF deve ser respeitada e o Fisco deve se abster de tal
prática, sob pena de ter seus atos ANULADOS pelo judiciário.

Nesse contexto, tendo em vista a decisão proferida mencionada pelo Plenário da


Suprema Corte, em que foi dada interpretação conforme a CF/88 à lei 9.311/96, à LC
105/01, bem como ao decreto 3.724/01, para determinar a impossibilidade de afastar-
se o sigilo bancário de pessoa natural ou de pessoa jurídica sem autorização judicial,

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É NULA A FISCALIZAÇÃO QUE QUEBRA SIGILO SEM ORDEM


JUDICIAL.

Não é outro o entendimento adotado recentemente pelo TRF-3:

AGRAVO LEGAL. DECISÃO MONOCRÁTICA. ART. 557, CAPUT, DO CÓDIGO DE


PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA.
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTE DO STF. I - Nos termos do caput e §1°-A, do art.
557, do Código de Processo Civil e da Súmula 253/STJ, o Relator está autorizado, por
meio de decisão monocrática, a negar seguimento ou a dar provimento ao recurso e ao
reexame necessário, nas hipóteses de pedido inadmissível, improcedente, prejudicado ou
em confronto com a jurisprudência dominante da respectiva Corte ou de Tribunal
Superior.

II - O Supremo Tribunal Federal, conferindo interpretação conforme a Constituição da


República à Lei n. 9.311/96, à Lei Complementar n. 105/2001, bem como ao Decreto n.
3.724/01, decidiu pela impossibilidade de a Receita Federal quebrar o sigilo bancário
do contribuinte sem prévia autorização judicial (cf.: RE 389808/PR, Tribunal Pleno, Rel.
Min. Marco Aurélio, j. em 15.12.10).

III - Entendimento incontrastável que se adota para determinar a abstenção do


fornecimento da movimentação financeira relativa ao Mandado de Procedimento Fiscal
constante dos autos, sem a devida autorização judicial. IV - Agravo legal improvido.
(TRF3, AC n.º 2001.61.08.003646-0/SP, Rel. Des. Fed. REGINA COSTA, Sexta Turma,
j. 06/09/2012, D.E. 21/09/2012)

Por fim, deve o contribuinte buscar o judiciário sempre que houver fiscalização e/ou
auto de infração que resultar em intimação para quebra de sigilo sem ordem judicial
e saber que ante a decisão do pleno do STF, está desobrigado a juntar seus extratos e
demais documentos de movimentação financeira, sem apresentação de ordem
judicial competente”.

11. Processo administrativo fiscal: consulta, contencioso administrativo.


Processo judicial Tributário. Ações de iniciativa do fisco: execução
fiscal, cautelar fiscal. Ações de iniciativa do contribuinte: anulatória do
débito fiscal, declaratória, de consignação em pagamento, de repetição
de indébito, mandado de segurança.
[TJCE]. É possível no contencioso administrativo fiscal, declaração de
inconstitucionalidade? E o Tribunal de Contas, pode?
R: Majoritariamente, os tribunais não admitem o controle pelo administrativo fiscal,
pois a inconstitucionalidade é competência do Judiciário. O tribunal Executivo só
cuida de controle de legalidade, tendo inclusive súmula do conselho de contribuintes
nesse sentido. Assim, só caberia a alegação de inconstitucionalidade se houver
ADIN, resolução do Senado ou súmula vinculante. Vale lembrar que os Recursos
Extraordinários só têm efeito inter partes.

Quanto ao controle pelo TCU, o STF já se manifestou a respeito do exercício de


controle de constitucionalidade por parte do TCU. Conforme manifestação do Min.
Gilmar Mendes em sede do MS 25 888 MC/DF, disse o Supremo Tribunal que não
cabe ao TCU declarar a inconstitucionalidade de determinada norma. Pensa-se que

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tal declaração teria afastado a aplicabilidade da Súmula 347 do STF que permitia esta
atuação do TCU em consonância com o ordenamento constitucional vigente à época
em que a súmula fora publicada.

É certo, que após o avento da CR/88, o controle de constitucionalidade concentrado


é exclusivamente perpetrado pelo Judiciário. Foi este o modelo adotado pelo Brasil,
no sentido de se permitir apenas que um órgão de cúpula tivesse o poder de declarar
o que é ou não constitucional, atribuindo-se ao guardião da Constituição esta
competência.

LENZA (2008: 142) explica que em sede de controle difuso, e no exercício de suas
atribuições o TCU pode sim apreciar a constitucionalidade de uma norma, assim
como deixar de aplicá-la quando entender que a mesma é flagrantemente
inconstitucional. Lenza inclusive respalda a sua posição na mesma Súmula que foi
aprovada anteriormente a nova constituição.

Entendemos que o que Pedro Lenza quer dizer é que como órgão do Estado que é, o
TCU pode em meio às suas atribuições e atuações deixar de aplicar norma
flagrantemente constitucional, tal qual o poderia um órgão da Administração Público
no exercício típico do poder executivo. Contudo, não lhe caberá exerce-lo por
controle concentrado.

Nesse sentido, transcrevemos parte da decisão da relatoria do Ministro Gilmar


Mendes analisando a matéria:

MS 25888 MC / DF - DISTRITO FEDERAL - MEDIDA CAUTELAR NO MANDADO


DE SEGURANÇA - Relator(a): Min. GILMAR MENDES - Julgamento: 22/03/2006

Publicação - DJ 29/03/2006 PP-00011

Partes

IMPTE.(S): PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRÁS

ADV.(A/S): MICAELA DOMINGUES DUTRA E OUTRO(A/S)

IMPDO.(A/S): TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

LITISC.(S): UNIÃO

ADV.(A/S): ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

Decisão

[...]

Em outros termos, a EC n° 9/95, ao alterar o texto constitucional de 1988, continuou a


abrigar o monopólio da atividade do petróleo, porém, flexibilizou a sua execução,
permitindo que empresas privadas participem dessa atividade econômica, mediante a
celebração, com a União, de contratos administrativos de concessão de exploração de
bem público.

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Segundo o disposto no art. 177, § 1o, da Constituição, na redação da EC n° 9/95: "§ 1º


A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades
previstas nos incisos I a IV deste artigo, observadas as condições estabelecidas em lei".

Dessa forma, embora submetidas ao regime de monopólio da União, as atividades de


pesquisa, lavra, refinação, importação, exportação, transporte marítimo e transporte por
meio de conduto (incisos I a IV do art. 177), podem ser exercidas por empresas estatais
ou privadas num âmbito de livre concorrência.

A hipótese prevista no art. 177, § 1º, da CRFB/88, que relativizou o monopólio do


petróleo, remete à lei a disciplina dessa forma especial de contratação.

A Lei nº 9.478/97, portanto, disciplina a matéria. Em seu artigo 67, deixa explícito que
"os contratos celebrados pela Petrobrás, para aquisição de bens e serviços, serão
precedidos de procedimento licitatório simplificado, a ser definido em decreto do
Presidente da República". A matéria está regulamentada pelo Decreto nº 2.745, de 1998,
o qual aprova o regulamento licitatório simplificado da Petrobrás.

A submissão legal da Petrobrás a um regime diferenciado de licitação parece estar


justificado pelo fato de que, com a relativização do monopólio do petróleo trazida pela
EC n° 9/95, a empresa passou a exercer a atividade econômica de exploração do petróleo
em regime de livre competição com as empresas privadas concessionárias da atividade,
as quais, frise-se, não estão submetidas às regras rígidas de licitação e contratação da
Lei n° 8.666/93. Lembre-se, nesse sentido, que a livre concorrência pressupõe a
igualdade de condições entre os concorrentes.

Assim, a declaração de inconstitucionalidade, pelo Tribunal de Contas da União, do art.


67 da Lei n° 9.478/97, e do Decreto n° 2.745/98, obrigando a Petrobrás,
consequentemente, a cumprir as exigências da Lei n° 8.666/93, parece estar em confronto
com normas constitucionais, mormente as que traduzem o princípio da legalidade, as que
delimitam as competências do TCU (art. 71), assim como aquelas que conformam o
regime de exploração da atividade econômica do petróleo (art. 177).

Não me impressiona o teor da Súmula n° 347 desta Corte, segundo o qual "o Tribunal de
Contas, o exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e
dos atos do Poder Público". A referida regra sumular foi aprovada na Sessão Plenária
de 13.12.1963, num contexto constitucional totalmente diferente do atual. Até o advento
da Emenda Constitucional n° 16, de 1965, que introduziu em nosso sistema o controle
abstrato de normas, admitia-se como legítima a recusa, por parte de órgãos não-
jurisdicionais, à aplicação da lei considerada inconstitucional.

No entanto, é preciso levar em conta que o texto constitucional de 1988 introduziu uma
mudança radical no nosso sistema de controle de constitucionalidade. Em escritos
doutrinários, tenho enfatizado que a ampla legitimação conferida ao controle abstrato,
com a inevitável possibilidade de se submeter qualquer questão constitucional ao
Supremo Tribunal Federal, operou uma mudança substancial no modelo de controle de
constitucionalidade até então vigente no Brasil. Parece quase intuitivo que, ao ampliar,
de forma significativa, o círculo de entes e órgãos legitimados a provocar o Supremo
Tribunal Federal, no processo de controle abstrato de normas, acabou o constituinte por
restringir, de maneira radical, a amplitude docontrole difuso de constitucionalidade. A
amplitude do direito de propositura faz com que até mesmo pleitos tipicamente
individuais sejam submetidos ao Supremo Tribunal Federal mediante ação direta de
inconstitucionalidade. Assim, o processo de controle abstrato de normas cumpre entre
nós uma dupla função: atua tanto como instrumento de defesa da ordem objetiva, quanto
como instrumento de defesa de posições subjetivas.

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Assim, a própria evolução do sistema de controle de constitucionalidade no Brasil,


verificada desde então, está a demonstrar a necessidade de se reavaliar a subsistência
da Súmula 347 em face da ordem constitucional instaurada com a Constituição de 1988.

A urgência da pretensão cautelar também parece clara, diante das consequências de


ordem econômica e política que serão suportadas pela impetrante caso tenha que
cumprir imediatamente a decisão atacada.

Tais fatores estão a indicar a necessidade da suspensão cautelar da decisão proferida


pelo TCU, até o julgamento final deste mandado de segurança.

Ante o exposto, defiro o pedido de medida liminar, para suspender os efeitos da decisão
proferida pelo Tribunal de Contas da União (Acórdão n° 39/2006) no processo TC n°
008.210/2004-7 (Relatório de Auditoria).

Comunique-se, com urgência.

Requisitem-se informações ao Tribunal de Contas da União e à Advocacia-Geral da


União.

Após, dê-se vista dos autos à Procuradoria-Geral da República.

Publique-se.

Brasília, 22 de março de 2006.

Ministro GILMAR MENDES

Relator

(Cosultado em: http://ww3.lfg.com.br/artigo/20100325135447855_direito-


constitucional_o-exercicio-do-controle-de-constitucionalidade-pelo-tribunal-
de-contas-da-uniao-flavia-adine-feitosa-coelho.html)

[TJCE]. A administração fica autorizada a repetir indébitos a outros que não


estejam na ação que declarou a inconstitucionalidade do tributo?
Repetição de indébito tributário refere-se à possibilidade do direito do contribuinte
pleitear, junto às autoridades fazendárias, a devolução de tributo pago indevidamente
ou nas demais hipóteses listadas pela Lei.

Se a ação for de controle concentrado, devido ao seu efeito erga omnes e vinculante,
pode a administração restituir caso requerido pelo contribuinte. Em caso de ação de
controle concreto só atinge as partes, devendo o contribuinte buscar a via judicial
para ter direito a esse indébito (direito à restituição). Mas nessa situação se houver
pronunciamento da administração tributária favoravelmente aos demais basta
requerimento. Em ambos os casos, desde que não esteja prescrito o direito à repetição
do indébito.

E quanto ao terceiro, há que se comprovar a relação jurídico-tributário entre este e o


fisco. E ainda, em casos de tributos indiretos (IPI) tem que se comprovar que não
repassou o valor do tributo por contribuinte de direito, devendo estar por este
autorizado a se restituir (art. 166, CTN).

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12. Tributação internacional. Acordos para evitar a dupla tributação.


Aspectos tributários da OMC, MERCOSUL, ALADI e ALCA.
Incentivos fiscais. Legislação. Análise crítica do sistema e de seus
reflexos no desenvolvimento do País. Evasão e elisão tributárias.
[TJCE]. Tratado Internacional pode isentar tributo municipal ou estadual?
A União, quando firma um tratado internacional, não está se portando como pessoa
jurídica de direito público interno, mas sim como pessoa política de direito
internacional representante do Estado brasileiro soberano.

Assim, o Estado brasileiro, representado pela União, estaria autorizado a instituir


isenções, no âmbito do direito internacional, de tributos federais (obviamente),
estaduais e municipais.

O Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE n. 229.096/RS (16/08/07) em que


se discutia se seria ou não compatível com a Constituição de 1988 a isenção de ICMS
prevista no Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) para importação de
mercadorias oriundas dos países signatários quando o similar nacional tem o mesmo
benefício, decidiu que “o Estado Federal não deve ser confundido com a ordem
parcial do que se denomina União”, já que “é o Estado Federal total (República
Federativa) que mantém relações internacionais, e por isso pode estabelecer
isenções de tributos não apenas federais, mas também estaduais e municipais”,
concluindo o STF que “é dado à União, compreendida como Estado Federal total,
convencionar no plano internacional isenção de tributos locais”.

Além disso, a possibilidade da União, representando o Estado brasileiro no plano


internacional, isentar tributos estaduais e municipais não implica ofensa ao disposto
no art. 151, III, da Constituição Federal de 1988, pois uma isenção tributária
concedida em tratado internacional decorre de manifestação do Estado brasileiro
globalmente considerado, no qual estão incluídos todos os entes federativos (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios). Assim, não se pode falar de ofensa à vedação
de concessão de isenções heterônomas prevista no art. 151, III, da Constituição
Federal de 1988. A ementa do RE 229.096/RS é expressa neste sentido:

“No direito internacional apenas a República Federativa do Brasil tem competência


para firmar tratados (art. 5º, § 2º, da Constituição da República), dela não dispondo a
União, os Estados-membros ou os Municípios. O Presidente da República não subscreve
tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a
existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição.
(destacado)”

Assim, o art. 151, III, da Constituição Federal de 1988, ao vedar que a União institua
isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal e Municípios, ou
seja, ao impossibilitar as isenções heterônomas, refere-se ao âmbito das entidades
federadas entre si, não tendo por objeto a União quando esta se apresenta na órbita
internacional.

Conclusões

A União, ao atuar como representante da República Federativa do Brasil quando


celebra tratados internacionais, pode conceder isenção relativa a tributos federais,
estaduais e municipais, não se configurando hipótese de isenção heterônoma, vedada

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pelo art. 151, III, da Constituição Federal de 1988, pois se trata de manifestação do
Estado brasileiro globalmente considerado.

http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11094

14. Ilícito tributário. Ilícito e sanção. Ilícito administrativo tributário.


Ilícito penal tributário: crimes contra a ordem tributária, apropriação
indébita. Sanção administrativa e sanção penal. Responsabilidade
penal. Sanções pessoais e patrimoniais.
[TJCE]. O descumprimento de uma obrigação acessória pode gerar crime?
Sim, o próprio art. 1º da lei dos crimes contra a ordem tributária traz que constitui
crime contra a ordem tributaria o descumprimento de obrigação acessória como
omitir informação ou prestar declaração falsa as autoridades fazendárias.

[TJCE]. O descumprimento de uma obrigação tributária pode configurar crime?


Qual?
R: Deve-se analisar o caso concreto. Em tese, seria possível, no caso de sonegação
de impostos e simulação de negócios jurídicos inexistentes, que configuram crimes
contra a ordem tributária (art. 1º e 2º da Lei nº 8137/90).

[TJCE]. O descumprimento de uma obrigação acessória configura crime tributário?


A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações,
positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização
dos tributos.

Nos termos do art. 1º da Lei n. 8.137/1990, constitui crime contra a ordem


tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório.

Assim temos Direito Tributário Penal quando se cuida das sanções tributárias, assim
entendidas aquelas que decorrem da legislação tributária e que são aplicadas pelo
descumprimento de qualquer dispositivo legal ou regulamentar relativo a obrigação
tributária, principal ou acessória (ANDRADE FILHO, 2004, p. 35).

15. Sistema integrado de pagamento de impostos e contribuições das


microempresas e das empresas de pequeno porte (Lei Complementar nº
123/2006).
[TJCE]. Quais os tributos aplicáveis ao simples nacional?
O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e
fiscalização de tributos aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte,
previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Abrange os
seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/PASEP, COFINS, IPI, ICMS, ISS e a
Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da
pessoa jurídica (CPP);

Como fica a substituição tributaria no caso do ICMS pelo simples nacional?

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No caso de substituição tributária do ICMS o contribuinte deve fazer o calculo e


pagar à parte do simples nacional.

Para melhor entendimento do tema, aconselho ler o seguinte artigo:


http://www.portaltributario.com.br/artigos/simples_ea_st.htm.

[TJCE]. Quais os tributos abrangidos pelo Simples-Nacional? Como fica a


substituição tributária no caso de ICMS pela simples nacional?
O Simples Nacional implica o recolhimento mensal mediante DAS dos seguintes
impostos e contribuições: IRPJ, IPI, exceto o incidente na importação, CSLL -
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Cofins -Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social, exceto a incidente na importação, PIS/Pasep,
exceto a incidente na importação, INSS/CPP, ICMS, ISS.

O ICMS devido em algumas operações deve observar a legislação específica relativa


à matéria, a exemplo da substituição tributária.

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AMBIENTAL
1. Meio Ambiente. Teoria Geral do Direito ambiental. Conceito.
Natureza. Fontes e Princípios.
[TJCE]. Quais são os princípios do direito ambiental?
Os Princípios mais cobrados em concursos públicos são:

• Princípio do desenvolvimento sustentável

• Princípio do direito humano fundamental

• Princípio da participação

• Princípio da precaução

• Principio de prevenção

• Princípio do poluidor-pagador

Princípio do acesso equitativo. De acordo com o princípio do acesso equitativo aos


recursos naturais, todo ser humano deve ter acesso aos recursos naturais e ao meio
ambiente de forma geral, na medida de suas necessidades. Isso significa que os
benefícios e malefícios oriundos da apropriação desses recursos devem ser
distribuídos de forma equânime na sociedade.

Princípio do direito humano fundamental. Em junho de 2972 a ONU organizou


em Estocolmo, na Suécia, a ia Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio
Ambiente, aprovando, ao final, a Declaração Universal do Meio Ambiente que
declarou que os recursos naturais, como a água, o ar, o solo, a flora e a fauna, devem
ser conservados em benefício das gerações futuras, cabendo a cada país regulamentar
esse princípio em sua legislação de modo que esses bens sejam devidamente
tutelados. Nessa declaração, o direito humano fundamental ao meio ambiente foi
definitivamente reconhecido como uma questão crucial para todos os povos do
planeta ao estabelecer no Princípio i que "O homem tem o direito fundamental à
liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequada em um meio, cuja
qualidade lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, e tem a solene
obrigação de proteger e melhorar esse meio para as gerações futuras e presentes".

Princípio do desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável é o


modelo que procura coadunar os aspectos ambiental, econômico e social, buscando
um ponto de equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, o crescimento
econômico e a equidade social. Esse modelo de desenvolvimento considera em seu
planejamento tanto a qualidade de vida das gerações presentes quanto a das futuras,
diferentemente dos modelos tradicionais que costumam se focar na geração presente
ou, no máximo, na geração imediatamente posterior.

Princípio da função social da propriedade. O princípio da função social da


propriedade exige obrigações de fazer e de não fazer, sendo importante destacar que

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não se nega ao proprietário o direito exclusive sobre a coisa, apenas se exigindo que
o uso da propriedade resulte em benefícios à coletividade.

Princípio da informação. O princípio da informação, também conhecido como


princípio da publicidade, parte do pressuposto de que toda informação em matéria
ambiental é de interesse coletivo, e que no caso de inexistência caberá ao Estado
produzi-la tamanha é sua importância para a construção do Estado de Direito
Ambiental. De um lado, é com base em informações atualizadas e concretas que a
Administração Pública tomará decisões, seja no que diz respeito · às políticas
ambientais propriamente ditas, seja no que diz respeito às políticas públicas que
fazem interface com a questão ambiental.

Princípio do limite. Voltado para a Administração Pública, cujo dever é fixar


parâmetros mínimos a serem observados em casos como emissões de partículas,
ruídos, sons, destinação final de resíduos sólidos, hospitalares e líquidos, dentre
outros, visando sempre promover o desenvolvimento sustentável. Portanto, somente
são permitidas as práticas e condutas cujos impactos ao meio ambiente estejam
compreendidos dentro de padrões previamente fixados pela legislação ambiental e
pela Administração Pública.

Princípio da participação. O princípio da participação, conhecido também como


princípio democrático ou de princípio da gestão democrática, assegura ao cidadão o
direito à informação e a participação na elaboração das políticas públicas ambientais,
de modo que a ele deve ser assegurado os mecanismos judiciais, legislativos e
administrativos que efetivam o princípio. O caput do art. 225 da Constituição Federal
consagra este princípio ao dispor que é dever do Poder Público e da coletividade
defender e preservar o meio ambiente.

Princípio da prevenção. A prevenção é o princípio que fundamenta e que mais está


presente em toda a legislação ambiental e em todas as políticas públicas de meio
ambiente. É aquele que determina a adoção de políticas públicas de defesa dos
recursos ambientais como uma forma de cautela em relação à degradação ambiental.

Princípio da precaução. O princípio da precaução estabelece a vedação de interven-


ções no meio ambiente, salvo se houver a certeza que as alterações não causaram
reações adversas, já que nem sempre a ciência pode oferecer à sociedade respostas
conclusivas sobre a inocuidade de determinados procedimentos.

Princípio do poluidor-pagador. Esse princípio estabelece que quem utiliza o


recurso ambiental deve suportar seus custos, sem que essa cobrança resulte na
imposição taxas abusivas, de maneira que nem Poder Público nem terceiros sofram
com tais custos. O objetivo do princípio do poluidor-pagador é forçar a iniciativa
privada a internalizar os custos ambientais gerados pela produção e pelo consumo na
forma de degradação e de escasseamento dos recursos ambientais.

Princípio da transversalidade. De acordo com o princípio da transversalidade, deve


ser feita a consideração da variável ambiental em qualquer processo decisório de
desenvolvimento, já que praticamente todas as políticas públicas interferem ou
podem interferir na qualidade do meio ambiente. Com efeito, a questão ambiental
está presente em qualquer agenda política, seja de ordem agrícola, cultural, industrial,
urbanística etc.

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Princípio do não retrocesso ambiental. O princípio do não retrocesso ambiental,


que encontra fundamento da Declaração do Rio quando prescreve a conservação,
proteção e restauração da saúde e da integridade do meio ambiente, prevê que as
normas ambientais não devem ser flexibilizadas, sob pena de comprometer as
conquistas até então alcançadas pela legislação ambiental.

3. Direito Ambiental Constitucional. O artigo 225 da Constituição


Federal. Competências legislativa e material em matéria ambiental. Lei
Complementar no 140/2011.
[TJCE]. A recuperação ambiental plena obsta a responsabilidade penal e
administrativa?
Art. 225 (..) § 3º da CF: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Nesse sentido, a simples reparação ambiental plena não impede a aplicação de


sanções administrativas e penais.

[TJCE]. Qual a condição para instalação de uma usina nuclear?


Atividade nuclear. Esta atividade está submetida ao licenciamento específico e
ambiental. Toda atividade nuclear em território nacional somente é admitida para fins
pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional e depende de lei.

Para que o empreendimento possa ser efetivamente instalado, deve-se observar: (a)
a edição de norma que regulamente a localização de usina nuclear; (b) o prévio
licenciamento ambiental e outras exigências da legislação; (c) atender a critérios de
localização de usina que operem com reator nuclear.

A Lei n° 6.189/74, em seu art. 7°, § 1°, também estabelece requisitos para a
implantação de instalações nucleares: (a) prova de idoneidade e de capacidade
técnica e financeira do responsável; (b) preenchimento dos requisitos de segurança e
proteção radiológica estabelecida em normas baixadas pela CNEN; (c) adaptação às
novas condições supervenientes, indispensáveis à segurança da instalação e à
prevenção dos riscos de acidentes decorrentes de seu funcionamento; (d) satisfação
dos demais requisitos legais e regulamentares.

[TJCE]. Como se dá a repartição de competência ambiental?


Compete a União, o DF e aos Estados concorrentemente, legislar sobre matéria
ambiental conforme art. 24 e incisos da CF. Já sobre proteção ambiental essa
competência é comum a todos os entes de acordo com sua abrangência.

4. Bens Ambientais. Águas, cavidades naturais subterrâneas. Energia.


Espaços territoriais protegidos e seus componentes: Fauna, Flora,
Florestas, Ilhas, Paisagem, Mar Territorial, Praias fluviais, Praias
marítimas. Recursos naturais da plataforma continental. Recursos da
zona econômica exclusiva. Sítios arqueológicos e pré-históricos

# BENS AMBIENTAIS.

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[TJCE]. Quais são as espécies de bens ambientais?


O Meio Ambiente não se limita apenas aos recursos naturais, mas também engloba
também todos aqueles elementos que contribuem para o bem-estar da humanidade.
Assim, os bens ambientais podem ser de três espécies:

a) Meio Ambiente Natural (ou físico): são os elementos que existem mesmo sem a
influência do homem. 225CF Ex. solo, água, ar, fauna, flora.

b) Meio Ambiente Artificial: são os elementos criados pelo homem, na interação com
a natureza. Ex.: casa, prédio 182CF

c) Meio Ambiente Cultural: são os elementos criados ou utilizados pelo homem, mas
que detém valor especial para a sociedade. Ex.: valor científico, turístico, cultural,
arqueológico. Ex. Pomerânia – Pancas ES Ligado a cultura, a memória 215, 216 CF

d) Meio Ambiente do Trabalho: consiste no ambiente de trabalho onde o homem


exerce suas atividades laborais, podendo ser um espaço fechado ou aberto. Esse meio
ambiente está previsto na CF no artigo 220, inciso VIII.

[TJCE]. Quais as espécies de bens ambientais?


Os bens ambientais se classificam de acordo com o meio ambiente que integram e
podem ser das seguintes espécies: a) Natural (ou físico): são os elementos que
existem mesmo sem a influência do homem. Ex. solo, água, ar, fauna, flora. b)
Artificial: são os elementos criados pelo homem, na interação com a natureza. Ex.:
casa, prédio. c) Cultural: são os elementos criados ou utilizados pelo homem, mas
que detém valor especial para a sociedade. Ex.: valor científico, turístico, cultural,
arqueológico. d) Do Trabalho: consiste no ambiente de trabalho onde o homem
exerce suas atividades laborais, podendo ser um espaço fechado ou aberto.

# CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO. LEI NO 12.651/2012.


[TJCE]. Como se dá a repartição de matéria de competência ambiental
(competência concorrente)?
Na esfera da competência legislativa concorrente, cabe destacar dentre os temas de
direito ambiental, o que nos oferece o art. 24 da CR/88:

Art. 24 . Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente


sobre:(...)

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de


valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; (...)

Nessa vertente, entre os entes federativos em pauta, cabe salientar que à União
compete o estabelecimento de normas gerais sobre a matéria e os Estados detém a
função de suplementá-las. Ainda de acordo com o artigo supracitado, silente a União
sobre a atividade legislativa que envolve questões gerais na esfera do meio ambiente,

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caberá ao Estado a competência legislativa plena. Havendo superveniência da lei


federal, suspende-se no que lhe for contrária a eficácia da lei estadual.

A cooperação legislativa sob o aspecto das matérias concorrentes impostas pela


Constituição Federal de 1988 deve ser exercida com o devido cuidado, na medida em
que se inadmite tanto a omissão quanto a invasão da esfera legislativa de cada ente
público participante.

Dessa forma, não resta dúvida quanto à existência do federalismo cooperativo no


Brasil, principalmente no que se refere ao traçado quadro de competências e sua
atribuição constitucional concorrente.

5. Política Nacional do Meio Ambiente. Princípios da PNMA. Objeto.


Finalidade. Instrumentos da PNMA.

# POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE.


[TJCE]. Cite 3 instrumentos da política nacional do meio ambiente.
Os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente estão previstos nos
incisos do art. 9º da Lei nº 6.938/81. Dentre eles, podemos citar:

- zoneamento ambiental (inciso II): É “o resultado de estudos conduzidos para o


conhecimento sistematizado de características, fragilidades e potencialidades do
meio, a partir de aspectos ambientais escolhidos em espaço geográfico limitado”
(Edis Milaré). O objetivo é conhecer a vocação ambiental e econômica de cada área,
de cada região. Está definido, também, no art. 2º do Decreto 4.297/02;

- avaliação de impactos ambientais (inciso III): “todos e quaisquer estudos relativos


aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação
de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da
licença requerida” (art. 1º, III, da Resolução 237/97 – CONAMA);

- licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidora (inciso IV):


“procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a
localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva e potencialmente
poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas
aplicáveis ao caso” (art. 1º, I, da Resolução 237/97 – CONAMA).

[TJCE]. Educação ambiental atende a toda política?


- Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo
e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Política Nacional de
Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, Art 1º.

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De acordo com os preceitos normativos em vigor, a educação ambiental deverá ser


implementada no ensino formal, sendo desenvolvida no âmbito dos currículos das
instituições de ensino públicas e privadas, englobando a educação básica, a superior,
a especial, a profissional e a de jovens e adultos. Todavia, preceitua-se a sua não
implementação como disciplina específica no currículo de ensino (art. 10, § 1º),
facultando-se-a apenas nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas
ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando esta se fizer necessário.

A educação ambiental será implementada ainda através de ações e práticas


educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à
sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. A esse
processo deu-se o nome de educação ambiental não formal, porquanto realizada fora
do âmbito escolar e acadêmico, o que, todavia, não exclui a participação das escolas
e universidades na formulação e execução de programas e atividades vinculadas a
esse fim (art. 13, parágrafo único, II). Dessa feita, temos que as instituições de ensino
estão comprometidas com a educação ambiental tanto no ensino formal como não
formal

[TJCE]. Servidão ambiental pode ser onerosa, gratuita? Existe servidão ambiental
perpétua?
A servidão ambiental está disciplinada no art. 9°-A da Lei 6.938/81, e é instituída
mediante instrumento público ou particular, ou ainda, por termo administrativo
firmado perante órgão integrante do SISNAMA, cujo objetivo é a limitação da
propriedade de forma total ou parcial autorizada por seu proprietário, com o objetivo
de preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais.

O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la, cedê-la ou transferi-la, total ou


parcialmente, por prazo determinado ou em caráter definitivo, em favor de outro
proprietário ou de entidade pública ou privada que tenha a conservação ambiental
como fim social, devendo o contrato de alienação, cessão ou transferência da
servidão ambiental ser averbado na matrícula do imóvel.

Poderá a servidão ambiental ser gratuita ou onerosa, tendo o objetivo de limitar o uso
de toda a propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os
recursos ambientais existentes.

Existe interesse econômico de um proprietário imobiliário13 de instituir servidão


onerosa no seu imóvel para favorecer terceiro (detentor da servidão14) para que este
compense a reserva legal no seu imóvel rural que não possua os percentuais mínimos.

[TJCE]. É possível alterar a destinação na servidão para burlar a destinação?


É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração da
destinação da área, nos casos de transmissão do imóvel a qualquer título, de
desmembramento ou de retificação dos limites do imóvel.

[TJCE]. Aplica-se servidão no APP?


É vedada a instituição de servidão ambiental nas áreas de preservação permanente ou
de reserva legal, justamente por já existir um regime especial de proteção nesses
espaços, ou seja, destina-se a servidão à área de uso alternativo do solo.

[TJCE]. A servidão de uso pode ser menor que a área legal?

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Raphael: Não entendi a pergunta. Creio que área legal se refira a reserva legal. Se for
dessa forma, entendo que sim, que pode ser menor. Aqui o proprietário possui a
liberdade de instituir a área de sua propriedade destinada para fins de servidão
ambiental.

[TJCE]. Cite três instrumentos da política nacional do meio ambiente?


Os órgãos e entidades ambientais precisam de “armas” para implementar a política
nacional do Meio Ambiente.

Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

É possível definir os padrões de qualidade ambiental como o reflexo do estado


ambiental de determinado ou determinados recursos ambientais, usualmente fixados
numericamente em normas ambientais lastreadas em fundamentos técnicos, com o
objetivo de manter o equilíbrio ambiental e a saúde humana.

São espécies de medições de determinados recursos da natureza. Os da água e do ar


são os mais conhecidos. A água, por exemplo, é dividida em própria ou imprópria, o
ar é classificado em relação, por exemplo, à sua umidade.

A competência para estabelecer estes padrões de qualidade é comum a todas as


pessoas federativas.

Há os padrões de qualidade editados pelo CONAMA, que atua na esfera federal e os


Estados, o DF e os Municípios podem estabelecer seus padões de qualidade, DESDE
QUE MAIS RESTRITIVOS que os do CONAMA.

A poluição sonora é disciplinada pelo CONAMA, mas os Estados e os Municípios


podem estabelecer padrões mais restritivos, mais rígidos.

II - o zoneamento ambiental;

Infelizmente, no Brasil, inexiste Lei Federal para regular o zoneamento ambiental.


Há o Decreto 4297 de 2002 e serve de parâmetro. É um modo de ordenação territorial
que se vale de critérios ambientais, com objetivo de desenvolvimento economico
sustentável. Há os Federais, Estaduais e Municipais, sendo competência comum. O
ideal é que o zoneamento ambiental seja aprovado por lei, para ter eficácia
vinculante.

Artigo 2.º, do Decreto 4.297/2002:

Zoneamento ecológico-economico: Instrumento de organização do território a ser


obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e
privadas, estabelecendo medidas e padrões de proteção ambiental destinados a
assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação
da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das
condições de vida da população.

De acordo com o artigo 3.º do regulamento, o ZEE tem por objetivo geral organizar,
de forma

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vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas,


projetos

e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a


plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas.

Lei Complementar 140/2011:

Competirá à União, na forma do seu artigo 7º, inciso IX, elaborar o zoneamento
ambiental de âmbito nacional e regional.

Já aos estados terão a incumbência de elaborar o zoneamento ambiental de âmbito


estadual, em conformidade com os zoneamentos de âmbito nacional e regional.

Contudo, inexiste previsão expressa na LC 140/2011 para que os municípios


promovam zoneamentos ambientais locais, sendo apenas elencada a competência de
elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos ambientais (artigo 9º, inciso
IX)

III - a avaliação de impactos ambientais;

Se refere aos Estudos Ambientais. Tema extremamente importante e será tratado


adiante.

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;

Trata do Licenciamento Ambiental, que é condição para o desenvolvimento de


qualquer atividade poluidora no Brasil. Será tratado adiante, cai muito em prova.

V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de


tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; O poder público tem o
dever de fomentar as tecnologias pouco ou nada impactantes ao meio ambiente, as
tecnologias limpas. Deve dar tratamento privilegiado às empresas que se preocupam com
o meio ambiente, conforme o princípio do protetor recebedor.

VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público


federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante
interesse ecológico e reservas extrativistas;

São inúmeros.

Os principais são três: as áreas de preservação permanente, a reserva legal e a as


unidades de conservação. Serão estudados adiante.

VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; SINIMA – Banco de


dados ambientais, mantido pelo Ministério do Meio Ambiente e abastecido por todos os
órgãos e entidades do Sistema Nacional do Meio Ambiente.

NOVO CFLO - Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do
Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público
eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a
finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais,

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compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e


econômico e combate ao desmatamento.

VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;

É um registro a ser feito no IBAMA, pelas pessoas físicas ou Juridicas que prestam
atividade de consultoria ambiental.

Sem esse cadastro a pessoa – física ou jurídica - não terá qualquer projeto aprovado.

Art. 17. Fica instituído, sob a administração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA:

I - Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental, para


registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a consultoria técnica
sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos,
aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas


necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. Penalidades
administrativas ambientais. Serão vistas adiante.

X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado


anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
- IBAMA;

Infelizmente, mais de 30 anos depois de ter sido previsto, este instrumento não sofreu
regulamentação e não é feito.

XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se


o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; Valem as considerações tecidas
sobre o Princípio da Informação. Há uma lei específica para regular informações em
órgãos ambientais: Lei Federal 10.650 de 2003.

O Regime de publicidade em órgãos ambientais é extremamente aberto. Qualquer


pessoa, física ou jurídica, inclusive estrangeira, tem direito de obter informações nos
bancos de dados nos órgãos ambientais, independentemente de declinar a razão ou
interesse específico.

Na lei geral de certidões há necessidade de declinar o interesse específico, mas nos


órgãos ambientais não.

O órgão ambiental também é obrigado a publicar em 30 dias, em diário oficial, e


disponibilizar dentro da instituição, os seus principais atos administrativos, tais como
imposição de penalidades, celebração de TAC – termos de ajustamento de conduta,
extratos de estudos ambientais, concessão e renovação de licença ambiental.

XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou


utilizadoras dos recursos ambientais.

Feito pelas pessoas físicas ou jurídicas que desenvolvem atividades potencialmente


poluidoras. Também é feito no IBAMA.

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Art. 17. Fica instituído, sob a administração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA:

II - Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras


de Recursos Ambientais, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se
dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e
comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de
produtos e subprodutos da fauna e flora.

XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro


ambiental e outros. É um rol exemplificativo – em razão do “e outros”.

Instrumentos econômicos são os que importam em intervenção do Estado no


domínio econômico.

A concessão florestal é regulada na lei 11.284 de 2006. Será tratado adiante. É uma
espécie de concessão administrativa, de natureza especial, em que o poder público
concede a utilização sustentável das florestas públicas. Tem que haver licitação,
concorrência.

A servidão ambiental é regulada no Art. 9º, a, da Lei da Política Nacional do Meio


Ambiente. É uma espécie de Servidão Administrativa, dentro da esfera ambiental. A
Servidão é Direito Real sobre coisa alheia.

Na Servidão Ambiental o proprietário de um imóvel, geralmente uma floresta, pode


renunciar, de maneira total ou parcial, de maneira definitiva ou temporária, à
exploração dos recursos naturais daquela propriedade.

Por se tratar de Direito Real, para se aperfeiçoar demanda registro imobiliário.

Acaba sendo um ato de FILANTROPIA AMBIENTAL.

Há uma restrição: Nas áreas de Preservação Permanente de Reserva Legal o Art.


9º, a, da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente proibe a instituição de
servidão ambiental, considerando que estas áreas já são especialmente
protegidas.

A Servidão Ambiental mais conhecida é a Servidão Florestal, regulada pelo Código


Florestal, que passou a ser considerada simplesmente como SERVIDÃO
AMBIENTAL, pelo novo Código Florestal.

O Seguro Ambiental obrigatório não é regulamentado no Brasil. Há leis esparsas que


tratam sobre o tema, a exemplo da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O Seguro
Ambiental Obrigatório seria um grande avanço, pois evitaria a necessidade de Ação
Civil Pública e execução. No seguro ambiental, o eventual infortúnio estaria
assegurado até o limite da apólice.

Art. 9o-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por
instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão
integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para
preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão
ambiental.

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(Redação dada pela Lei nº 12.651, de 2012).

§ 2º A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva


Legal mínima exigida.

§ 3º A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão ambiental


deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal.

§ 5º Na hipótese de compensação de Reserva Legal, a servidão ambiental deve ser


averbada na matrícula de todos os imóveis envolvidos.

§ 6º É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração da


destinação da área, nos casos de transmissão do imóvel a qualquer título, de
desmembramento ou de retificação dos limites do imóvel.

§ 7º As áreas que tenham sido instituídas na forma de servidão florestal, nos termos do
art. 44-A da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, passam a ser consideradas, pelo
efeito desta Lei, como de servidão ambiental.

Art. 9º-B. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária ou perpétua.

§ 1º O prazo mínimo da servidão ambiental temporária é de 15 (quinze) anos.

§ 2º A servidão ambiental perpétua equivale, para fins creditícios, tributários e de acesso


aos recursos de fundos públicos, à Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN,
definida no art. 21 da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000.

§ 3º O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la, cedê-la ou transferi-la, total ou


parcialmente, por prazo determinado ou em caráter definitivo, em favor de outro
proprietário ou de entidade pública ou privada que tenha a conservação ambiental como
fim social.

# O MEIO AMBIENTE NA ORDEM ECONÔMICA CONSTITUCIONAL. INSTRUMENTOS


ECONÔMICOS DE DIREITO AMBIENTAL.

[TJCE]. Há relação de prevalência entre meio ambiente e ordem econômica?


Os princípios ou os valores fundamentais, consagrados pelos dispositivos
constitucionais até agora estudados são correlatos. Isto significa dizer que constituem
uma estrutura cujas partes são indissociáveis.

“Não pode haver promoção do bem de todos ou da justiça social sem o respeito da
dignidade da pessoa humana, o que não se dá sem o reconhecimento da função social
da propriedade e sem que a utilização dos recursos do ambiente seja sustentável”. O
direito econômico, por sua vez, também deve cumprir as determinações da ordem
econômica Constitucional”.

Conforme define o artigo 170, “assegurar a todos existência digna, perseguindo a


realização da justiça social”.

Em termos Constitucionais, o “meio ambiente” é o “ecologicamente equilibrado”,


adequado à existência do homem e dos animais, com respeito à fauna, flora e todos

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os demais recursos naturais do planeta, passível de fruição por toda coletividade, ou


seja, um bem de uso comum.

A carta de 1998 foi a primeira a enfrentar o tema com profundidade. Neste sentido,
o Estado e a sociedade devem agir em garantia do meio ambiente, dentro da previsão
constitucional e infraconstitucional. Além disso, pelo que expressamente prevê o
artigo 129, III, da Constituição, não só pode como deve o Ministério Público
promover inquérito civil e ação civil pública para proteger o meio ambiente. É
importante lembrar que a lei 6.938 de 1981 (artigos 1º e 4º) já havia previamente
enfrentado o tema.

Conforme previsão expressa, o principal objetivo a ser atingido pela Política


Nacional do Meio Ambiente é a compatibilização do desenvolvimento econômico-
social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.
Na verdade são dois os valores aparentemente em conflito que a Constituição alberga
e quer que se realizem no interesse do bem-estar e da boa qualidade de vida. O ideal
é sopesá-los da maneira mais proporcional e razoável possível, considerando a
importância de ambos. A compatibilização dos dois valores consiste na promoção do
chamado desenvolvimento sustentável, que consiste na exploração equilibrada dos
recursos naturais, nos limites da satisfação das necessidades e do bem-estar da
presente geração, assim como de sua conservação no interesse das gerações futuras.

Ao consagrar a proteção ambiental, o artigo 225 da Constituição Federal obriga o


intérprete a opções valorativas sobre o exercício dos direitos individuais cotejados
com a manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, de modo que
aqueles não se sobreponham a esta. Fica claro que a defesa do meio ambiente,
elencada como um dos princípios da ordem econômica, não tem como objetivo
principal obstacularizar o exercício da atividade econômica como um todo, mas
certamente àquela que provoque prejuízo e degradação ambiental.

6. SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente. Objeto. Órgãos


integrantes. Órgão Superior. Conselho de Governo.

# SISNAMA SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE.


[TJCE]. É possível fixar termos de limitação do bem para a proteção ambiental e
poderia levar efeito ao SISNAMA?
- Sim, possível a limitação ambiental. A despeito disso, a importância da Lei n.
12.651/2012 é imensa, posto que garantiu limites ao exercício do direito de
propriedade ao estabelecer institutos jurídicos cujo objetivo é assegurar a proteção
permanente sobre determinados espaços territoriais, a exemplo da Área de
Preservação Permanente e da Reserva Legal. Esses institutos já tinham sido
recepcionados pela Constituição Federal, já que o inciso lI do art. i86 dispõe que a
função social é cumprida quando a propriedade rural atende à utilização adequada
dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, dentre outros
requisitos. A localização da área de Reserva Legal dentro da propriedade ou posse
rural deverá ser aprovada pelo órgão estadual integrante do SISNAMA ou instituição
por ele habilitada, conforme os critérios previstos no art. 14 do Código Florestal.

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[TJCE]. Um proprietário pode firmar servidão ambiental junto ao SISNAMA?


Sim. A servidão ambiental, modalidade de instrumento econômico previsto na lei da
Política Nacional de Meio Ambiente, está regulamentada no artigo 9º-A do Código
Florestal, sendo espécie de servidão administrativa, com natureza de direito real
sobre coisa alheia, devendo destarte, ser registrada imobiliariamente, em que o
proprietário (pessoa física ou jurídica) renuncia de maneira permanente ou
temporária, ao uso, exploração e supressão dos recursos naturais do prédio rústico.
Prazo mínimo de 15 anos. Poderá ser onerosa ou gratuita.

Existe interesse econômico de um proprietário imobiliário de instituir servidão


onerosa no seu imóvel para favorecer terceiro (detentor da servidão) para que este
compense a reserva legal no seu imóvel rural que não possua os percentuais mínimos.

7. Órgão Consultivo e Deliberativo (CONAMA). Órgão Central –


Ministério do Meio Ambiente. Recursos Hídricos e Amazônia legal.
Órgão executor – IBAMA. Órgãos Setoriais. Órgãos Seccionais e órgãos
locais. Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). Licenciamento
Ambiental. Sistema de Licenciamento.

# LICENCIAMENTO AMBIENTAL.
[TJCE]. O que é licenciamento ambiental?
O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer
empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio
ambiente e possui como uma de suas mais expressivas características a participação
social na tomada de decisão, por meio da realização de Audiências Públicas.

É o procedimento administrativo realizado pelo órgão ambiental competente, que


pode ser federal, estadual ou municipal, para licenciar a instalação, ampliação,
modificação e operação de atividades e empreendimentos que utilizam recursos
naturais, ou que sejam potencialmente poluidores ou que possam causar degradação
ambiental.

O licenciamento é um dos instrumentos de gestão ambiental estabelecido pela lei


Federal n.º 6938, de 31/08/81, também conhecida como Lei da Política Nacional do
Meio Ambiente.

Em 1997, a Resolução nº 237 do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente


definiu as competências da União, Estados e Municípios e determinou que o
licenciamento deverá ser sempre feito em um único nível de competência.

No licenciamento ambiental são avaliados impactos causados pelo empreendimento,


tais como: seu potencial ou sua capacidade de gerar líquidos poluentes (despejos e
efluentes), resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e o potencial de risco,
como por exemplo, explosões e incêndios.

Cabe ressaltar, que algumas atividades causam danos ao meio ambiente


principalmente na sua instalação. É o caso da construção de estradas e hidrelétricas,
por exemplo.

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É importante lembrar que as licenças ambientais estabelecem as condições para que


a atividade ou o empreendimento cause o menor impacto possível ao meio ambiente.
Por isso, qualquer alteração deve ser submetida a novo licenciamento, com a
solicitação de Licença Prévia.

[TJCE]. Quando a competência do licenciamento é da União?


Com o fito de por fim às lacunas da Lei Complementar 140/2011 quanto à definição
da autoridade competente para o licenciamento ambiental de obras de infraestrutura,
em 22 de abril de 2015 foi publicado o Decreto Federal 8.437/2015, definindo as
tipologias de empreendimentos e atividades cujo licenciamento será de competência
da União.

Conforme disposto no artigo 23 de nossa Constituição Federal, é de competência


comum dos entes federativos - União, estados, Distrito Federal e municípios, o
licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades consideradas efetivas ou
potencialmente poluidoras ou capazes de causar degradação ambiental, de modo que
cabe aos órgãos ambientais nas três esferas federativas atuar estabelecendo as
condições, restrições e medidas de fiscalização necessárias a serem aplicadas a cada
empreendimento.

Contudo, a ausência de definição clara dos limites da competência dos órgãos


ambientais envolvidos no processo de licenciamento tem ocasionado considerável
insegurança jurídica aos empreendedores, que constantemente são surpreendidos por
questionamentos e, por vezes, até mesmo suspensões de atividades, em custosas e
longas ações civis públicas.

Com vista ao equilíbrio da atuação dos entes federativos, já havia sido publicada a
Lei Complementar 140/2011, estabelecendo as regras de cooperação e os limites de
ação dos órgãos ambientais, com o objetivo de encerrar definitivamente os conflitos
de competência licenciatória existentes.

No entanto, em que pese o alento que o novo regramento trouxe aos


empreendimentos passíveis de licenciamento ambiental, a Lei Complementar não se
mostrou como mecanismo efetivo a evitar as disputas judiciais e conflitos na
definição da autoridade competente.

De fato, o aumento considerável de ações civis públicas suspendendo importantes


obras no âmbito nacional, como, por exemplo, os empreendimentos hidrelétricos no
Rio Tapajós (Usina de Belo Monte e Usina de São Luiz do Tapajós), deflagra a
insegurança jurídica que ainda permeia o licenciamento ambiental no Brasil.

Críticos mais combativos, inclusive, alegam que a Lei Complementar 140/2011


esvaziou as competências fiscalizatórias e sancionatórias do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e não definiu, com
clareza, os limites da cooperação entre os entes federativos.

Nesse contexto, e em um momento fortemente marcado pelas novas concessões de


infraestrutura do Governo Federal, o Decreto Federal 8.437/2015 surge com o
objetivo de suprir as omissões da Lei Complementar, esclarecendo os limites de
atuação da União.

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Segundo o mencionado Decreto Federal, passa a ser de competência da União o


licenciamento ambiental dos seguintes empreendimentos ou atividades, observados
certos limites de volume de carga ou capacidade instalada: rodovias, ferrovias e
hidrovias federais; portos organizados; terminais de uso privado e instalações
portuárias; exploração e produção de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos
fluidos em hipóteses específicas; e sistemas de geração e transmissão de energia
elétrica (usinas hidrelétricas, termelétricas e eólicas, no caso de empreendimentos e
atividades offshore e zona de transição terra-mar).

Nota-se, portanto, que o Decreto Federal buscou definir de forma objetiva e clara as
características dos empreendimentos e atividades cuja competência para o
licenciamento pode ficar a cargo do Ibama.

No entanto, é importante destacar que o Decreto Federal 8.437/2015 não põe fim às
lacunas relacionadas aos limites de cooperação entre os entes federativos. Por certo,
o aumento significativo dos conflitos relacionados a duplas autuações dos agentes
públicos ainda carece de regulamentação pelo Poder Público, e demonstra a
instabilidade que ainda permeia a titularidade da fiscalização ambiental.

Dessa forma, apesar de não por fim a todas as divergências de interpretação da Lei
Complementar nº 140/2011, a promulgação do Decreto Federal certamente auxiliará
na definição da competência da União no licenciamento ambiental, já que não só põe
fim a inúmeros conflitos de competência, como traz mais segurança jurídica aos
empreendedores com apetite para investir em grandes obras de infraestrutura no
Brasil.

[TJCE]. Quando a competência para licenciamento ambiental é do Estado?


A competência ambiental se fixa pelo interesse. Havendo interesse regional, a
competência será estadual. O art. 8º da Lei Complementar 140/2011 prevê ser da
competência dos Estados:

XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos


utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts.
7oe 9o;

XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados


ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas
de Proteção Ambiental (APAs).

[TJCE]. A que compete legislar sobre direito ambiental? Que esfera legislativa tem
competência para licenciamento ambiental?
Via de regra, a competência legislativa ambiental é concorrente (União, Estados e
Distrito Federal), conforme se depreende do art. 24 da CF/88.

A União detém competência privativa e concorrente para legislar sobre o meio


ambiente. No primeiro caso a matéria, em princípio, deve ser tratada pela União com
exclusividade, com fulcro no princípio da predominância do interesse, não obstante
exista a possibilidade de delegação. Nos termos do art. 22 da CF/88:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

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IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;

XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza.

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre


questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

Na seara das atribuições concorrentes, estabelecer normas gerais sobre as matérias


discriminadas no art. 24 da CF/88:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:

I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de


valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IX - educação, cultura, ensino e desporto;

§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


estabelecer normas gerais.

§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.

§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência


legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei


estadual, no que lhe for contrário.

Os Estados e o Distrito Federal legislam concorrentemente sobre as matérias


consignadas no já transcrito art. 24 da CF. Tais entes federados não possuem
competência enumerada, sendo identificada por exclusão – quando não for privativa
na União e dos Municípios – ou por se tratar de competência concorrente – quando
possuir competência em conjunto com a União.

As normas gerais da União limitam-se a estabelecer postulados fundamentais. Não


podem, em tese, especificar situações que, por sua natureza, são campo reservado aos
Estados-membros, perpassando o escopo de coordenação e uniformização.

Quando, não obstante existentes os interesses nacional e estadual, não houver


legislação editada por tais entes, os Municípios podem livremente atuar no campo do
interesse local (art. 30, I da CF). Existindo leis estaduais e federais, porém, há nítida
inconstitucionalidade da lei municipal se for mais concessiva que aquelas. Sendo, no
entanto, mais restritiva, ela em nada afronta os textos dos demais entes políticos.

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9. Conceito jurídico de impacto ambiental. Exigência Constitucional dos


Estudos de Impacto Ambiental. O EIA na legislação nacional.
Competência Legislativa sobre o EIA. Competência para exigir o EIA.
Estados e Municípios. Competência do CONAMA para estabelecer as
diretrizes sobre o EIA. Normas Gerais. Conteúdo do EIA. RIMA.
Audiência Pública. As licitações e o EIA.

# AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL. AS DIVERSAS ESPÉCIES DE ESTUDOS DE IMPACTO


AMBIENTAL. O EIA/RIMA.

[TJCE]. Norma constitucional estadual poderia se submeter à comissão da


assembleia de meio ambiente para sua validade?
Atenção: Anastácio - em razão do enunciado confuso, não pude obter uma resposta
exata. No entanto, encontrei um julgado que trata sobre temas correlatos:

Inconstitucionalidade de norma constitucional estadual que submete a validade de


RIMA à apreciação de comissão parlamentar estadual:

"Art. 187 da Constituição do Estado do Espírito Santo. Relatório de impacto ambiental.


Aprovação pela Assembleia Legislativa. Vício material. Afronta aos arts. 58, § 2º, e 225,
§ 1º, da CB. É inconstitucional preceito da Constituição do Estado do Espírito Santo que
submete o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) ao crivo de comissão permanente e
específica da Assembleia Legislativa. A concessão de autorização para desenvolvimento
de atividade potencialmente danosa ao meio ambiente consubstancia ato do poder de
polícia – ato da administração pública – entenda-se ato do Poder Executivo." (ADI 1.505,
rel. min. Eros Grau, julgamento em 24-11-2004, Plenário, DJ de 4-3-2005.)”

Princípio geral da reserva de plenário decorrente do art. 58, § 2º, I, CF, segundo o
qual somente caberá à comissão, quanto à matéria de sua competência, a discussão e
votação de projeto de lei em situações excepcionais, quando expressamente
dispensadas da competência do plenário, na forma do regimento interno:

"O procedimento instituído por lei complementar estadual, que confere poder
decisório a Comissão da Assembleia Legislativa, para o efeito de criação de
Municípios, subverte os postulados disciplinadores do processo de formação das leis,
pela transgressão do princípio geral da reserva de Plenário, que comete a este órgão
colegiado a competência exclusiva para, enquanto instância legislativa suprema,
discutir, apreciar e votar os projetos de lei. O princípio da reserva de Plenário, 'que
sempre se presume', só pode ser derrogado, em caráter de absoluta excepcionalidade,
nas situações previstas pelo texto constitucional. O novo direito constitucional
positivo admite, é certo, a possibilidade de se afastar a incidência desse princípio
sempre que, na forma do regimento – e não de qualquer outro ato normativo –, se
outorgar às Comissões das Casas Legislativas, em razão da matéria de sua
competência, a prerrogativa de discutir, votar e decidir as proposições legislativas."
(ADI 652-MC, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 18-12-1991, Plenário, DJ de
2-4-1993.)

[TJCE]. O que é avaliação de impacto ambiental?

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É um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (art. 9º,III, da Lei


6.938/1981)

Comparado à avaliação de impacto ambiental, o estudo de impacto ambiental tem


abrangência restrita, sendo este uma espécie de avaliação de impacto ambiental (ou
de estudo ambiental), sendo uma relação espécie-gênero.

Com base na Resolução Conama 001/1986, o Relatório de Impacto Ambiental


(RIMA), é o documento relacionado à avaliação de impacto ambiental possui
linguagem simplificada de forma a facilitar a compreensão das questões envolvidas
pelos diferentes segmentos da sociedade.

A Avaliação de Impacto Ambiental (ou AIA) é um instrumento preventivo usado nas


políticas de ambiente e gestão ambiental com o intuito de assegurar que um
determinado projeto passível de causar danos ambientais seja analisado de acordo
com os prováveis impactos no meio ambiente, e que esses mesmos impactos sejam
analisados e tomados em consideração no seu processo de aprovação. A elaboração
de um AIA é apoiada em estudos ambientais elaborados por equipes
multidisciplinares, os quais apresentam diagnósticos, descrições, analises e
avaliações sobre os impactos ambientais efetivos e potenciais do projeto.

O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é o relatório que reflete todas as


conclusões apresentadas num Estudo de Impacto Ambiental (EIA). O RIMA deve
ser elaborado de forma objetiva e possível de se compreender, ilustrado por mapas,
quadros, gráficos, redigido em linguagem não técnica a fim de ser passível de fácil
interpretação no processo de participação publica. O EIA e o RIMA fazem parte do
processo de Licenciamento ambiental.

10. Conceito de Zoneamento Ambiental. Finalidade. Natureza jurídica.


Zoneamento Ambiental Urbano. Zonas de Uso Industrial – ZUI. Zonas
de Uso Estritamente Industrial – ZUEI. Zona de Uso
Predominantemente Industrial – ZUPI. Zona de Uso Diversificado –
ZUD. Zoneamento Ambiental Agrícola e Zoneamento Ambiental
Costeiro.

# ZONEAMENTO AMBIENTAL
[TJCE]. Quais os objetivos do zoneamento ambiental?
R: O conceito de zoneamento tem origem nas sociedades industrializadas e
urbanizadas e na necessidade do estabelecimento de áreas com destinação especial.
No presente artigo é utilizado o conceito de zoneamento que seria “um procedimento
urbanístico, que tem por objetivo regular o uso da propriedade do solo e dos edifícios
em áreas homogêneas no interesse do bem-estar da população”.

Vale ressaltar que não se deve buscar uma definição normativa de zoneamento
ambiental na Constituição Federal do Brasil de 1988, mas pode-se definir tal conceito
nos termos do artigo 9o da Lei no 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente –
PNMA), inciso II, que define o zoneamento ambiental como um instrumento da
política nacional do meio ambiente.

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Além disso, o próprio artigo 225 da Constituição Federal possui normas cujo
conteúdo é o de determinar a adoção de determinados padrões de zoneamento
ambiental, como no inciso III, do § 1o, e o § 4o, do mencionado artigo, como
exemplos imediatos de zoneamentos.

De fato existe zoneamento quando são estabelecidos critérios legais e regulamentos


para que determinadas parcelas do solo, ou mesmo de cursos d’água doce ou do mar,
sejam utilizadas ou não utilizadas, segundo critérios preestabelecidos. Tais critérios,
uma vez firmados tornam-se obrigatórios, seja para o particular, seja para a
Administração Pública, e assim constituindo-se em limitação administrativa
incidente sobre o direito de propriedade.

A idéia de zoneamento é contemporânea à idéia de urbanismo e, de fato, foi com o


planejamento das modernas cidades industriais que surgiu a concepção de definir
espaços urbanos voltados para determinados fins. Vale lembrar que foi na Inglaterra,
berço da grande indústria, onde a miséria dos guetos dos trabalhadores amedrontou
os mais realistas, que se multiplicaram normalmente as reações contra a cidade
monstruosa.

As zonas industriais resultantes da intervenção do poder público tiveram sua origem


na Inglaterra em 1897, na região de Manchester. No Brasil o maior projeto
urbanístico jamais empreendido foi a construção de Brasília, que não é obstante ao
seu alto custo e as projeções de crescimento urbano, econômico e social que foram
realizadas, e está completamente superado e passa pelas mesmas dificuldades vividas
por cidades que não foram planejadas.

http://www.ambito-
juridico.com.br/site/índex.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_ id=3203

Germano Giehl

Bacharel em Relações Internacionais e Especialista em Direito Ambiental pela


Univali. Aluno especial do mestrado em Agroecossistemas pela Universidade
Federal de Santa Catarina – UFSC

[TJCE]. Quais os objetivos do zoneamento ambiental?


Infelizmente, no Brasil, inexiste Lei Federal para regular o zoneamento ambiental.
Há o Decreto 4297 de 2002 e serve de parâmetro. É um modo de ordenação territorial
que se vale de critérios ambientais, com objetivo de desenvolvimento econômico
sustentável. Há os Federais, Estaduais e Municipais, sendo competência comum.

Artigo 3.º, do Decreto 4.297/2002:

O Zoneamento ecológico econômico tem por objetivo geral organizar, de forma


vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas,
projetos e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais,
assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas.

11. O Dano Ambiental. Apuração do Dano Ambiental. Reparação do


Dano Ambiental. Responsabilidade Administrativa, Civil e Penal por
danos ao Meio Ambiente. Infrações Administrativas Ambientais.

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Sanções para as infrações administrativas ambientais. O Poder de


Polícia e Direito Ambiental
[TJCE]. Que esfera da Federação tem competência para tratar as infrações
ambientais?
1. A competência é comum dos entes federados e jamais pode ser amesquinhada ou
vedada por completo.

2. Qualquer lei que regulamentar o tema deve obediência a diretriz acima fixada,
tratando apenas de harmonizar as atividades.

3. A LC 140/2011 tratou no seu art. 17 e parágrafos de estabelecer critério de


prevalência em casos de atividades efetivamente licenciadas.

4. As atividades licenciáveis, mas não licenciadas e as que não se submetem a


processo licenciátorio podem ser exercidas de forma ampla, prevalecendo a primeira
autuação.

5. Quanto as medidas cautelares deve-se observar, em regra, as mesmas disposições


quanto ao auto de infração, com a atenção para as medidas que já exauriram seus
efeitos, as quais, devem prosseguir no órgão que as exerceu.

LC 140/2011: Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização,


conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental
e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental
cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.

§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração ambiental


decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais, efetiva
ou potencialmente poluidores, pode dirigir representação ao órgão a que se refere
o caput, para efeito do exercício de seu poder de polícia.

§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente


federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer
cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as
providências cabíveis.

§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da
atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades
efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a
legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por
órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.

[TJCE]. Como se reparte a competência ambiental?


A Constituição Federal de 1988 atribuiu competências à União, aos Estados,
Municípios e Distrito Federal para editar leis e normas de caráter ambiental. No
entanto, esta competência é distinta e limitada para cada um deles.

A competência em razão da matéria (material) é comum quanto ao dever de proteger


o Meio Ambiente e combater a poluição; e de preservar as florestas, a fauna e a flora.
Ou seja: União, Estados, Municípios e Distrito Federal possuem competência
material comum para legislar sobre os assuntos acima citados, conforme artigo 23,
incisos VI e VII da Constituição.

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A competência legislativa, que se refere ao poder para efetivamente elaborar leis,


pode ser: exclusiva, privativa, concorrente e suplementar.

Em matéria ambiental, a União tem competência legislativa privativa e exclusiva,


conforme artigos 22, parágrafo único, e 25, parágrafos 1º e 2, º respectivamente. Por
exemplo, a União pode legislar privativamente sobre as populações indígenas; sobre
jazidas, minas e outros recursos minerais; e sobre atividades nucleares de qualquer
natureza. Nenhum outro ente federativo pode legislar sobre estas matérias, a não ser
que haja delegação ou suplementação da competência.

A competência legislativa concorrente está prevista no artigo 24 e incisos da


Constituição Federal. Segundo ele, União, Estados e Distrito Federal podem legislar
sobre a mesma matéria, mas a União sempre deve editar as normas gerais. Por
exemplo: União, Estados e Distritos Federal têm competência legislativa concorrente
quanto à proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico e paisagístico (inciso
VII, artigo 24), mas os parâmetros gerais a serem observados pelos demais entes
federativos na elaboração das leis devem partir da União inicialmente.

Por fim, a competência legislativa suplementar está prevista nos artigos 24, parágrafo
2º e 30, inciso II. Esta competência é atribuída aos Estados, Distrito Federal e
Municípios para que possam editar leis suplementares às leis gerais existentes, ou
que suprem a ausência ou omissão das mesmas. Por exemplo, a edição de uma lei,
pelo Município, de implantação da coleta seletiva do lixo.

12. Meios processuais para a defesa ambiental. Ação Popular. Ação Civil
Pública (Lei no 7.347/85). Competência para o processamento e
julgamento das ações civis públicas por danos ao meio ambiente.
Legitimidade ativa. Mandado de Segurança Coletivo. Desapropriação.
Tombamento. A tutela inibitória em matéria de proteção ao meio
ambiente. A tutela de urgência no direito ambiental. O acesso coletivo à
tutela jurisdicional em matéria ambiental.

# MEIOS PROCESSUAIS PARA A DEFESA AMBIENTAL. AÇÃO POPULAR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA
(LEI NO 7.347/85). COMPETÊNCIA PARA O PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DAS AÇÕES
CIVIS PÚBLICAS POR DANOS AO MEIO AMBIENTE. LEGITIMIDADE ATIVA. MANDADO DE
SEGURANÇA COLETIVO. DESAPROPRIAÇÃO. A TUTELA INIBITÓRIA EM MATÉRIA DE
PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. A TUTELA DE URGÊNCIA NO DIREITO AMBIENTAL. O ACESSO
COLETIVO À TUTELA JURISDICIONAL EM MATÉRIA AMBIENTAL.

Qual esfera de competência para julgar ação ambiental contra a Itaipu Binacional?
Por ser uma empresa brasileiro-paraguaia, o STF entendeu em 2011 que seria de sua
própria competência julgar ações propostas pelo MPF contra a Itaipu Binacional. A
Corte fundamentou sua decisão no artigo 102, inciso I, letra "e", da Constituição
Federal (CF), que atribui ao STF a competência para processar e julgar,
originariamente, “o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a
União”. Quanto às ações propostas por particulares, entendeu o STF ser competência
da Justiça Federal por não ocorrer neste caso conflito entre federações.

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# MEIO AMBIENTE CULTURAL. TOMBAMENTO E OUTROS INSTRUMENTOS DE DEFESA DO


PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO.

[TJCE]. Tombamento pode justificar desapropriação indireta?


R: "Às vezes, a Administração não se apossa diretamente do bem, mas lhe impõe
limitações ou servidões que impedem TOTALMENTE o proprietário de exercer
sobre o imóvel os poderes inerentes ao domínio; neste caso, se caracterizará a
desapropriação indireta, já q as limitações e servidores somente podem, licitamente,
afetar EM PARTE o direito de propriedade" Mª Sylvia Zanella di Pietro, Direito
Administrativo, 2014, pg 192.

[TJCE]. Tombamento pode configurar casos de desapropriação indireta?


É comum se vislumbrar a desapropriação indireta em situações nas quais o Estado
disfarça a retirada do bem, sob a alegação de estar incidindo intervenções restritivas
na propriedade. Isso porque, se a intervenção restritiva impede o uso do bem pelo
particular, ela configura verdadeira desapropriação. Nestes casos, é possível que esta
desapropriação seja disfarçada de tombamento ou de servidão administrativa. Neste
sentido, imagine-se um ato de tombamento que determina que o bem tombado
passará a integrar o patrimônio histórico do município expropriante, sujeito à
visitação popular, com a exigência de desocupação do bem pelos proprietários, de
forma a se garantir a manutenção do patrimônio. Assim, não obstante o ente estatal
tenha formalizado o processo de tombamento, em virtude da impossibilidade de
utilização do bem pelo particular, ocorreu, de fato, uma desapropriação do imóvel.

A jurisprudência reconhece a desapropriação indireta, apontando três requisitos


necessários a sua configuração, quais sejam: o apossamento irregular do bem pelo
poder público, a destinação pública deste bem, ou seja, sua afetação ao interesse
público, ou pela execução de uma obra ou prestação de determinado serviço e a
impossibilidade de se reverter a situação sem ensejar prejuízos aos interesses da
coletividade

13. Crimes contra o meio ambiente (Lei nº 9.605/98). Responsabilidade


penal ambiental. Responsabilidade penal da pessoa jurídica. Ação e
processo penal. Competência para julgar os crimes contra o meio
ambiente. Crimes contra a fauna. Crimes contra a flora. Crimes contra
o ordenamento urbano e patrimônio cultural. Crimes de poluição.

# CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE (LEI Nº 9.605/98)


[TJCE]. Juiz de Direito tem competência para julgar crime ambiental?
R: SIM. No caso de crime conta o meio ambiente, a competência para julgamento é
da Justiça Estadual. Se não há lesão a bens, serviços ou interesses da União, firma-
se a competência da Justiça Estadual para o processo e julgamento do feito.

[TJCE]. A exportação ilegal de animais silvestres é crime transnacional? Qual é o


órgão competente agir? Há jurisprudência no assunto?
A matéria tem repercussão geral reconhecida desde 2013, mas ainda não foi julgada.

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14. O Direito Ambiental Internacional. Conceito. Fontes do Direito


ambiental internacional. Princípios gerais do direito ambiental
internacional. MERCOSUL e Direito Ambiental Internacional.
Procedimentos administrativos de prevenção de dano ambiental
nacional transfronteiriço. As Organizações Não-Governamentais.
ONGs.
[TJCE]. Quais são as fontes do direito ambiental internacional?
São fontes do Direito Internacional (i) o Jus Scriptum (atos internacionais unilaterais
expedidos por Estados ou organizações intergovernamentais e os bilaterais ou
multilaterais subscritos pelos Estados com outros Estados ou com organizações
intergovernamentais); (ii) o costume internacional; (iii) os princípios gerais de
direito; (iv) a doutrina internacional e (v) a jurisprudência internacional.

[TJCE]. Qual a posição hierárquica dos tratados de direito ambiental?


Os tratados de direito ambiental segue a regra geral sendo consideradas emendas
constitucionais caso sejam aprovados em dois turnos, pelo congresso nacional, por
3/5 dos votos dos respectivos membros, sendo tratados que digam respeito a direitos
humanos. Caso não seja observado esse quórum, serão normas supralegais. Se não
forem de direitos humanos, será considerada lei ordinária.

[TJCE]. Qual a natureza jurídica dos tratados de direitos humanos? Podem


interferir em matéria ambiental?
Art. 5º, CRFB/88. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem


aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Compreendendo-se o Direito Ambiental como uma das dimensões dos Direitos


Humanos, pois seu objetivo é a preservação de um bem essencial – a vida, tais
tratados poderia sim versar sobre a referida área do direito.

15. Conceito de Poluição. Poluição das águas. Poluição Atmosférica.


Poluição por resíduos sólidos. Poluição por rejeitos perigosos. Poluição
por agrotóxicos. Poluição sonora. Áreas de Preservação Permanente e
Unidades de Conservação: Fundamento Constitucional. Mudança do
Clima e Mercado de Carbono.

# ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA


NATUREZA. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA (SNUC
LEI NO 9.985/2000).
[TJCE]. O que é avaliação de impacto ambiental?

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Avaliação de Impactos Ambientais (ou AIA) é um instrumento preventivo usado nas


políticas de ambiente e gestão ambiental com o intuito de assegurar que um
determinado projeto passível de causar danos ambientais seja analisado de acordo
com os prováveis impactos no meio ambiente, e que esses mesmos impactos sejam
analisados e tomados em consideração no seu processo de aprovação. A elaboração
de uma AIA é apoiada em estudos ambientais elaborados por equipes
multidisciplinares, os quais apresentam diagnósticos, descrições, análises e
avaliações sobre os impactos ambientais efetivos e potenciais do projecto.

[TJCE]. O que é avaliação de impacto ambiental?


A Avaliação de Impacto Ambiental pode ser definida como uma série de
procedimentos legais, institucionais e técnico-científicos, com o objetivo caracterizar
e identificar impactos potenciais na instalação futura de um empreendimento, ou seja,
prever a magnitude e a importância desses impactos (Bitar & Ortega, 1998).

[TJCE]. O que é o SNUC?


O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) é o conjunto de unidades
de conservação (UC) federais, estaduais e municipais. É composto por 12 categorias
de UC, cujos objetivos específicos se diferenciam quanto à forma de proteção e usos
permitidos: aquelas que precisam de maiores cuidados, pela sua fragilidade e
particularidades, e aquelas que podem ser utilizadas de forma sustentável e
conservadas ao mesmo tempo.

[TJCE]. Que órgão gerencia o SNUC?


A LEI 9985/2000 em seu art. 6º. traz os órgãos que gerenciam o SNUC.

Art. 6o O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:

I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama,


com as atribuições de acompanhar a implementação do Sistema;

II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de coordenar o


Sistema; e

III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o IBAMA, em caráter supletivo, os


órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as
propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e
municipais, nas respectivas esferas de atuação. (Redação dada pela Lei nº 11.516, 2007)

Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a critério do Conama,


unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas para atender a
peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não possam ser
satisfatoriamente atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas
características permitam, em relação a estas, uma clara distinção.

[TJCE]. O Que é SNUC? Que órgão faz o seu gerenciamento?


O SNUC pode ser entendido como o conjunto das unidades de conservação federais,
estaduais e municipais.

O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:

I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente -


Conama, com as atribuições de acompanhar a implementação do Sistema;

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II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de coordenar o


Sistema; e

III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter supletivo, os


órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as
propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e
municipais, nas respectivas esferas de atuação.

[TJCE]. O que é monumento natural?


Monumento natural é uma unidade de conservação quem tem como objetivo
preservar ambientes naturais raros, singulares e de grande beleza cênica.

# POLÍTICA NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA. LEI N O 12.187/2009.


[TJCE]. Política nacional sobre mudanças do clima: O abandono sobre combustíveis
fosse.
Em comunicado, líderes reconhecem necessidade de acabar gradativamente com
emissões de carbono até 2100

Aplaudido como avanço por ambientalistas, texto do grupo não prevê compromissos
nem cronogramas

Do "Financial Times" De São Paulo

O G7, que reúne os sete países desenvolvidos mais ricos, declarou-se em consenso
sobre a necessidade do mundo de abandonar gradativamente o uso de combustíveis
fósseis até o fim deste século.

Reunidos na Alemanha para sua cúpula anual, líderes de EUA, Alemanha, França,
Reino Unido, Japão, Canadá e Itália afirmaram no comunicado final do evento que
são precisos profundos cortes na emissão de gases causadores do efeito estufa e a
"descarbonização" da economia ao longo do século.

O texto também ressalta uma meta de redução na emissão de gases-estufa entre 40%
e 70% até 2050 ante os níveis de 2010 --a primeira ocasião em que esses países, em
conjunto, apoiam metas precisas no longo prazo.

Mas o texto, embora enfatize as datas de 2050 e 2100, não propõe nenhum
cronograma para o abandono dos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) nem
planos para reduzir as emissões.

Além disso, ao tratar de políticas oficiais de estímulo aos combustíveis sujos --um
velho debaté nos EUA--, ressalva que devem ser eliminados "subsídios ineficazes
aos combustíveis fósseis", abrindo uma brecha para que alguns programas possam
ser classificados como eficientes.

O texto é mais enfático sobre a necessidade de se apoiar o desenvolvimento de fontes


alternativas e um fundo que ajude os países mais pobres a lidarem como a mudança
climática. Os líderes reafirmaram o compromisso de, até 2020, mobilizar US$ 100
bilhões ao ano de fontes privadas e públicas para tanto.

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Por fim, cumpre relatar que pela politica nacional de mudanças climáticas, o brasil
editou a lei 12.187/2009, afirmando seu compromisso feito na convenção-quadro das
nações unidas sobre mudanças do clima no protocolo de Quioto, onde o Brasil afirma
expressamente que adotará um compromisso nacional voluntário, através de ações
de mitigação das emissões de gases de efeito estufa, com vistas a reduzir 36,1% e
38,9% sua emissão projetada até 2020. Sendo uma dessas formas o abandono sobre
os combustíveis fosseis e a procura e desenvolvimento em utilizar fontes de energia
alternativa e limpa para não degradar o clima para futuras gerações.

[TJCE]. Poluição sonora depende de prova pericial? É possível provar por


testemunha?
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSUAL
PENAL. CRIME AMBIENTAL. POLUIÇÃO SONORA. AUSÊNCIA DE PROVA
PERICIAL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA CONDENATÓRIA.
INSUBSISTÊNCIA. NÃO PROVIMENTO DO RECURSO. I – Nulidade da sentença
condenatória em virtude da não realização da prova pericial visando à comprovação da
prática de crime ambiental (poluição sonora). II – Alegação insubsistente, pois, conforme
assentou o acórdão impugnado, a materialidade do delito foi comprovada pela prova
testemunhal. III – Esse entendimento vai ao encontro de jurisprudência consolidada
desta Corte no sentido de que “embora a produção da prova técnica seja necessária para
esclarecer situações de dúvida objetiva acerca da existência da infração penal, o seu
afastamento é sistemático e teleologicamente autorizado pela legislação processual
penal nos casos em há nos autos outros elementos idôneos aptos a comprovar a
materialidade do delito” (HC 108.463/MG, Rel. Min. Teori Zavascki) . IV – Recurso
ordinário não provido. (STF, RECURSO ORDINÁRIO E M HABEAS CORPUS 117.465
DISTRITO FEDERAL, Relator: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI, 04/02/2014).

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ELEITORAL
1. Dos órgãos da Justiça Eleitoral. Do Tribunal Superior Eleitoral. Dos
Tribunais Regionais Eleitorais. Dos Juízes Eleitorais. Das Juntas
Eleitorais. Composição e atribuições. Do Ministério Público Eleitoral.
[TJCE]. O tribunal regional eleitoral é um tribunal federal ou estadual?
É um tribunal federal, pertencente à União.

[TJCE]. Quem o preside?


Quem preside é um desembargador estadual, conforme art. 120, § 2º da CF

[TJCE]. Quem é o procurador geral eleitoral? O procurador regional eleitoral?


O Procurador-Geral Eleitoral será o próprio Procurador-Geral da República (chefe
do Ministério Público da União), a quem compete exercer as funções do Ministério
Público nas causas de competência do Tribunal Superior Eleitoral.

O Procurador Regional Eleitoral, juntamente com o seu substituto, será designado


pelo Procurador-Geral Eleitoral, dentre os Procuradores Regionais da República no
Estado e no Distrito Federal, ou, onde não houver, dentre os Procuradores da
República vitalícios, para um mandato de dois anos, podendo ser reconduzido uma
vez e destituído, antes do término do mandato, por iniciativa do Procurador -Geral
Eleitoral, anuindo a maioria absoluta do Conselho Superior do Ministério Público
Federal.

[TJCE]. Em 1ª instancia, como é o MP Eleitoral? É um membro do MP estadual ou


federal?
Será um membro do MP Estadual. Segundo o artigo 79 da LC 75/93, " O Promotor
Eleitoral será o membro do Ministério Público local que oficie junto ao Juízo
incumbido do serviço eleitoral de cada Zona". O parágrafo único do mesmo artigo,
por sua vez, dispõe que "na inexistência de Promotor que oficie perante a Zona
Eleitoral, ou havendo impedimento ou recusa justificada, o Chefe do Ministério
Público local indicará ao Procurador Regional Eleitoral o substituto a ser designado".

De acordo com o princípio da delegação, cuja base legal é o artigo 78 da LC 75/93,


delega-se aos membros dos Ministérios Públicos dos estados (promotores de
justiça) a atribuição de oficiar junto aos juízos eleitorais de primeira instância (juízes
eleitorais e juntas eleitorais). É o princípio da delegação, assim, exceção ao princípio
da federalização , marcante na organização do Ministério Público Eleitoral.

2. Do Alistamento Eleitoral: ato e efeitos da inscrição, transferência e


encerramento. Cancelamento e exclusão do eleitor. Do domicílio
eleitoral.
[TJCE]. O cidadão tem plena liberdade para escolher o seu domicílio eleitoral?
O conceito de domicílio para o Direito Eleitoral não coincide com o de domicílio
para o Direito Civil. Um é mais abrangente que o outro, a saber: o eleitoral é mais
amplo. Essa diferenciação traz consigo uma série de consequências benéficas aos
eleitores e aos candidatos, pois permite uma maleabilidade que não seria possível

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caso a legislação eleitoral se mantivesse irredutível ao conceito de domicílio civil.


Entre outras finalidades, o domicílio eleitoral serve para organizar todo o conjunto
de eleitores (o eleitorado), o que permite à Justiça Eleitoral organizar as eleições em
todo o país. no Direito Eleitoral, visto que há requisitos menos rigorosos. A
necessidade de um vínculo subjetivo, exigido no direito civil, foi trocada pela
necessidade de um vínculo especial.

Veja que, com requisitos mais suaves, a probabilidade de escolher um domicílio é


maior, pois, quando não se exige o vínculo subjetivo, pode acontecer de a mesma
pessoa ter mais de um possível domicílio, posto que esse vínculo é o ânimo definitivo
e manifesto de centralizar a vida, as necessidades e os negócios em um lugar. Em
outras palavras, não é necessária a vontade de centralizar a vida em determinado
lugar para considerá-lo um domicílio eleitoral.

Basta o requisito objetivo conjugado com o vínculo especial. Assim, o requisito


objetivo, quando desligado do vínculo especial, não satisfaz os requisitos
caracterizadores do domicílio eleitoral, porque “A simples comprovação fática
objetiva da residência (casa, apartamento etc.) não preenche o sentido da norma legal.
Logo, são aspectos complementares.

Na sequência, esse vínculo especial pode surgir por inúmeros motivos que não sejam,
exclusivamente, a vontade de morar. Essa vinculação especial surge a partir de um
elo, seja ele familiar, social, afetivo, comunitário, patrimonial, negocial, econômico,
profissional ou político com o lugar. Nesse contexto, ainda que os eleitores ou
candidatos não morem efetivamente no local, eles poderão votar e se candidatar,
desde que comprovem algum dos vínculos citados acima. Observe o seguinte julgado
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): “A circunstância de o eleitor residir em
determinado município não constitui obstáculo a que se candidate em outra
localidade onde é inscrito e com a qual mantém vínculos (negócios, propriedades,
atividades políticas).

Nesse sentido, embora mais amplo o domicílio eleitoral, não é certo afirmar que o
eleitor tem plena liberdade para escolher seu domicílio eleitoral, podendo escolher,
no entanto, dentre os domicílios que possui vínculo especial, qual será seu domicílio
eleitoral.

[TJCE]. Quem pode determinar a exclusão do eleitor? O juiz pode - de ofício -


excluir o eleitor?
Qualquer eleitor (art. 71, § 1º do CE), assim como o Ministério Público, partidos
políticos e, até mesmo, o Juiz Eleitoral, de ofício, poderá provocar a deflagração de
procedimento de exclusão de eleitor.

[TJCE]. Quem pode defender o eleitor em exclusão?


O próprio eleitor, assim como partidos políticos. Estes tanto podem desencadear o
processo como também assumir a defesa do eleitor cuja exclusão esteja sendo
questionada (art. 27, II da Resolução TSE n°. 21.538/03).

[TJCE]. Quais as causas de exclusão do eleitor?


São causas de cancelamento do título eleitoral a infração às regras do domicílio
eleitoral; a suspensão ou perda dos direitos políticos (que serão estudadas ainda neste

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capítulo); a pluralidade de inscrição; o falecimento do eleitor e a falta injustificada


em três eleições consecutivas, sem pagamento de multa.

[TJCE]. É livre ao cidadão a escolha do domicílio eleitoral?


O conceito de domicílio para o Direito Eleitoral não coincide com o de domicílio
para o Direito Civil. O eleitoral é mais amplo. No domicílio eleitoral há requisitos
menos rigorosos, trocando-se a necessidade de um vínculo subjetivo por um vínculo
especial. Assim, não é imprescindível a vontade de centralizar a vida em determinado
lugar para considerá-lo um domicílio eleitoral. Basta o requisito objetivo conjugado
com o vínculo especial. Tal vínculo especial pode surgir por inúmeros motivos que
não sejam, exclusivamente, a vontade de morar. Essa vinculação especial surge a
partir de um elo, seja ele familiar, social, afetivo, comunitário, patrimonial, negocial,
econômico, profissional ou político com o lugar. Nesse contexto, ainda que os
eleitores ou candidatos não morem efetivamente no local, eles poderão votar e se
candidatar, desde que comprovem algum dos vínculos citados acima. Observe o
seguinte julgado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): “A circunstância de o eleitor
residir em determinado município não constitui obstáculo a que se candidate em outra
localidade onde é inscrito e com a qual mantém vínculos (negócios, propriedades,
atividades políticas)”. Desta forma, há uma certa liberdade de escolha quanto ao
domicílio eleitoral, mas dita possibilidade não implica absoluta livre opção do eleitor,
já que deverá demonstrar vínculo especial para requerer seu alistamento em
determinada localidade ou transferência do título para ela.

3. Do Sistema Eleitoral: Sistema Majoritário e Sistema Proporcional.


[TJCE]. Seria possível adotar o modelo distrital sem alterar a constituição?
Não, pois a constituição federal dispõe sobre a forma de eleição e voto de seus
candidatos, principalmente para deputados e vereadores, mencionando que serão
eleitos pelo sistema proporcional, devendo, portanto, alterar seus respectivos artigos.

[TJCE]. Existe, no Brasil, cláusula de barreira?


Sim, pois há diversas normas que barram a participação politica, como por exemplo,
para a formação do partido político (art. 17 da CF e art. 7º, §1º, da lei 9096/95).

[TJCE]. Seria possível declarar cláusula de barreira à decisão do STF que julgou a
cláusula de desempenho?
Sim, apesar de haver divergência, pois a cláusula de barreira ou de desempenho,
restringia ou impedia o funcionamento parlamentar de partido político que não
alcançar determinado percentual de voto. Portanto barreirando o partido político de
suas funções. E não apenas se referindo ao seu desempenho na eleição.

[TJCE]. Para adoção do sistema de representação distrital, exige alteração


constitucional ou no código eleitoral? Se fosse alterado para sistema distrital misto
para deputados, requer que tipo de mudança? E se fosse para vereadores?
Deve haver alteração constitucional. De forma recorrente, lideranças políticas,
juristas e cientistas políticos aventam a possibilidade de substituição do sistema
eleitoral proporcional de lista aberta pelo sistema de voto distrital nas eleições para
deputados e vereadores no Brasil. O que significa, entretanto, esta propositura, na
prática?

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Podemos afirmar que a adoção do sistema de voto distrital nas eleições para
deputados e vereadores significaria, tão somente, a substituição do sistema
proporcional pelo sistema majoritário. Assim, por exemplo, o estado da Bahia elege,
atualmente, 39 deputados federais pelo sistema eleitoral proporcional de lista aberta.
Caso fosse adotado o voto distrital, a Bahia, provavelmente, seria dividida em 39
distritos uninominais, a partir dos quais seriam eleitos deputados federais o candidato
mais votado de cada distrito. Uma outra opção, seria a divisão da Bahia em distritos
plurinominais, onde seriam eleitos, pelo sistema majoritário, mais de um candidato.

Indiscutivelmente, a adoção do sistema devoto distrital nas eleições para deputados


e vereadores facilitaria a compreensão do processo eleitoral pelos eleitores. Por outro
lado, a tão salutar e importante representação das minorias ficaria ameaçada, uma
vez que, para eleger representantes, determinado partido precisaria ter o seu
candidato como mais votado em determinado distrito. Um partido que tivesse vinte
por cento dos votos válidos em todo o estado, por exemplo, poderia não eleger
candidato algum, caso nenhum dos seus candidatos obtivesse a primeira colocação
em um dos distritos uninominais.

[TJCE]. A adoção do sistema distrital misto para as Assembleias Legislativas


ensejaria Emenda Constitucional?
Sim. Inclusive o tema foi objeto de PEC referente à reforma política e rejeitado pela
Câmara dos Deputados neste ano de 2015.

4. Do registro de candidatos. Elegibilidade e inelegibilidade.


Impugnação de registro de candidatos.
[TJCE]. O filho de Prefeito pode se candidatar a Deputado Estadual?
Sim. Os parentes do Prefeito podem ser candidatos a deputados no mesmo estado,
sem que tal fato gere inelegibilidade reflexa, uma vez que o território de jurisdição
do prefeito é menor do que a circunscrição das eleições para deputado estadual ou
federal.

[TJCE]. O filho de um Presidente da República pode ser candidato ao cargo de


deputado federal?
Parentes do Presidente da República não podem ser candidatos a deputado federal,
dada a circunscrição nacional daquele cargo. De acordo com o previsto no § 7º do
artigo 14 da Constituição Federal, "são inelegíveis, no território de jurisdição do
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por
adoção, do presidente da república, de governador de estado ou território, do
Distrito Federal, de prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.".
É a chamada inelegibilidade reflexa, espécie de inelegibilidade relativa decorrente
de parentesco.

No entanto, a única possibilidade existente, em regra, de parentes até o segundo grau,


consanguíneos ou afins, ou por adoção, do presidente da república ser candidato a
um cargo eletivo ocorre se o mesmo já for titular de mandato e estiver
concorrendo à reeleição, uma vez que o território de jurisdição do presidente da
república é todo o país.

[TJCE]. Qual a circunscrição do cargo de deputado federal?

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É o Estado cuja população irá representar. O registro de candidatura se dá no TRE.

[TJCE]. Lei da ficha limpa criou rol de inelegibilidade?


A CF em seu Art. 14, § 9º, dispõe que lei complementar estabelecerá outros casos de
inelegibilidade diversos dos já listados da constituição.

§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua


cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de
mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das
eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo
ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda
Constitucional de Revisão nº 4, de 1994).

Portanto a lei da ficha limpa só aumentou o rol de inelegibilidade pois a própria CF


já trazia alguns casos e a lei complementar 64 também já trazia um rol de
inelegibilidade.

[TJCE]. Qual o prazo e o termo inicial da prescrição?


O prazo de inelegibilidade regra geral são de oito anos, o termo inicial da prescrição
vai variar da espécie de inelegibilidade sofrida pelo cidadão.

[TJCE]. É permitido registro de candidato para mais de um cargo? Quem faz a


escolha quando há mais de um registro?
Art. 17, Resolução TSE 23.405/2014. Não é permitido registro de um mesmo candidato
para mais de um cargo eletivo (Código Eleitoral, art. 88, caput).

Havendo candidato com mais de um registro de candidatura, o juiz ou desembargador


relator deverá intimar o candidato e o partido, para que se pronunciem acerca de qual
registro permanecerá, nos moldes, inclusive, do que se deliberou em convenção
partidária.

5. Da votação: atos preparatórios, início e encerramento. Dos lugares de


votação, das seções eleitorais e das mesas receptoras. Da polícia e da
fiscalização perante as mesas receptoras. Da apuração.
[TJCE]. A que cabe a polícia dos trabalhos eleitorais? Forças Armadas pode
participar?
- No que tange a polícia dos trabalhos eleitorais e as Forças Armadas, o código
eleitoral assim dispõe:

Art. 139. Ao Presidente da Mesa Receptora e ao Juiz Eleitoral cabe a polícia dos
trabalhos eleitorais.

Art. 140. Somente podem permanecer no recinto da Mesa Receptora os seus membros,
os candidatos, um Fiscal, um Delegado de cada partido e, durante o tempo necessário à
votação, o eleitor.

§ 1º O Presidente da Mesa, que é, durante os trabalhos, a autoridade superior, fará


retirar do recinto ou do edifício quem não guardar a ordem e compostura devidas e
estiver praticando qualquer ato atentatório da liberdade eleitoral.

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§ 2º Nenhuma autoridade estranha à Mesa poderá intervir, sob pretexto algum, em seu
funcionamento, salvo o Juiz Eleitoral.

Art. 141. A força armada conservar-se-á a cem metros da Seção Eleitoral e não poderá
aproximar-se do lugar da votação, ou nele penetrar, sem ordem do Presidente da Mesa.

[TJCE]. A quem cabe a polícia dos trabalhos eleitorais?


Ao juiz e à mesa, os quais detém poder de polícia.

[TJCE]. A quem cabe a polícia na justiça eleitoral? As forças armadas podem


participar?
A polícia na justiça eleitoral (creio que a pergunta era eleições) cabe ao presidente
da mesa e ao juiz eleitoral, nos termos do art. 139 do código eleitoral, cabendo ao
primeiro a retirada das pessoas que não guardem a compostura devida ou esteja
praticando atos atentatórios à liberdade eleitoral. Quanto às forças armadas, estas
devem manter-se a pelo menos 100 metros da seção eleitoral, só podendo se
aproximar no caso de autorização do presidente da mesa.

[TJCE]. Os recursos eleitorais têm qual efeito? Qual o prazo de interposição?


Quando inicia o prazo?
Em regra, os recursos eleitorais possuem efeito apenas devolutivo, de acordo com o
que preconiza o art. 257 do CE, regra que não abrange o recurso contra a expedição
de diploma, que, por sua vez, é uma ação e não um recurso. Possuem, regra geral,
prazo de 3 dias para interposição, contados a partir da publicação da decisão, à
exceção de disposições em sentido contrário.

[TJCE]. Quando cabe recurso contra expedição de diploma?


O recurso contra a expedição de diploma, embora tenha o nome de recurso, se trata
de uma verdadeira ação, que, por sua vez, tem como objetivo a decretação da
inelegibilidade ou incompatibilidade do candidato diplomado, quando DEPOIS do
deferimento do registro, e ANTES da diplomação, surgir uma inelegibilidade, ou
quando existir uma inelegibilidade prevista na constituição.

6. Das impugnações perante as juntas eleitorais. Da proclamação e da


diplomação dos eleitos.
[TJCE]. Qual o órgão que realiza a diplomação?
No caso de eleições presidenciais, é o TSE que faz a diplomação. Para os eleitos aos
demais cargos federais, deputados estaduais e distritais, assim como os suplentes;
governadores e vice-governadores, a entrega do diploma fica a cargo dos TREs. Já
nas eleições municipais, a competência é das juntas eleitorais.

[TJCE]. Que órgão proclama os eleitos no pleito municipal?


Art. 40 do Código Eleitoral: Compete à Junta Eleitoral: (…) IV - expedir diploma aos
eleitos para cargos municipais.

[TJCE]. Como se dá impugnação do candidato?


- O registro de candidatos deverá ser pedido pelos partidos ou coligações, por meio
de seus representantes ou delegados, até as 19 horas do dia 5 de julho do ano eleitoral,
consoante o art. 11, caput, da Lei n. 9.504/97, ou, ainda, pelos próprios candidatos,
caso não tenha sido requerido pela legenda a que eles pertencem, em até 48 horas

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seguintes à publicação da lista dos candidatos pela Justiça Eleitoral (§ 4º do citado


artigo, com redação dada pela Lei n. 12.034/2009). As condições de elegibilidade26
e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do
pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas,
supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade. (art. 11, § 10, da Lei n.
9.504/97, acrescido pela Lei n. 12.034/2009). Sobre o tema, com profundidade,
conferir nossa obra Reformas Eleitorais Comentadas — comentários ao art. 11, § 10,
da LE.

Art. 3° Caberá a qualquer candidato, a partido político, coligação ou ao Ministério


Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação do pedido de registro do
candidato, impugná-lo em petição fundamentada. § 1° A impugnação, por parte do
candidato, partido político ou coligação, não impede a ação do Ministério Público no
mesmo sentido. § 2° Não poderá impugnar o registro de candidato o representante do
Ministério Público que, nos 4 (quatro) anos anteriores, tenha disputado cargo eletivo,
integrado diretório de partido ou exercido atividade político-partidária. § 3° O
impugnante especificará, desde logo, os meios de prova com que pretende demonstrar a
veracidade do alegado, arrolando testemunhas, se for o caso, no máximo de 6 (seis).

7. Dos recursos eleitorais. Pressupostos de admissibilidade. Efeitos e


prazos. Recursos perante as Juntas e Juízos Eleitorais e Tribunais
Regionais.
[TJCE]. Recursos eleitorais tem efeito suspensivo? Qual o prazo do recurso? Qual o
termo inicial?
Os recursos eleitorais, por disposição expressa no Código Eleitoral (art. 257), não
possuem efeito suspensivo. Trata-se, portanto, de exceção dentro do Direito
Processual, onde vigora a regra segundo a qual os recursos possuem efeito devolutivo
e suspensivo. Os prazos no Direito Eleitoral são contados; em matéria cível
eleitoral, usando os mesmos ditames do art. 184 do Código de Processo Civil,
excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento, salvo em, "havendo
uma norma expressa na legislação eleitoral, que regula o prazo recursal, não tem a
aplicação subsidiária o Código de Processo Civil.

Em matéria crime eleitoral, temos a aplicação subsidiária e supletiva, nos prazos do


processo, do art. 798 do Código de Processo Penal, por força expressa no art. 364 do
Código Eleitoral e no que tange aos prazos da pena, a aplicação do art. 10 do Código
Penal, conforme indica o art. 287 do diploma Eleitoral.

O prazo recursal eleitoral, em regra, é de 3 dias, existindo algumas exceções:

 Recurso contra o indeferimento de reclamação ou representação: 24


horas, art.22 II da Lei de Inelegibilidades.

 Recurso contra sentenças de condenação crime: 10 dias, art. 326.

 Recurso contra sentença proferida em representação da lei n.º 9504/97:


24 horas, art. 96 § 8.º da Lei das Eleições.

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 Recurso contra decisão ofertada em Ação de Investigação Judicial


Eleitoral: 24 horas, art. 30- A da Lei das Eleições e art. 22, II da Lei de
Inelegibilidades.

[TJCE]. Há cláusula de barreira no direito eleitoral brasileiro? O coeficiente


eleitoral é cláusula de barreira? Recursos eleitorais têm efeito suspensivo? Qual
prazo e termo inicial?
O art. 13 da Lei nº 9.096/95 assim prevê: “Tem direito a funcionamento
parlamentar, em todas as Casas Legislativas para as quais tenha elegido
representante, o partido que, em cada eleição para a Câmara dos Deputados obtenha
o apoio de, no mínimo, 5% dos votos apurados, não computados os brancos e os
nulos, distribuídos em, pelo menos, 1/3 dos Estados (=9), com um mínimo de 2% do
total de cada um deles.”

O mencionado preceito disciplina a cláusula de barreira. Por ela, os partidos que


não obtivessem um número considerável de votos seriam, na prática, “degolados”,
pois passariam a ter restrições ao funcionamento parlamentar, ao acesso gratuito ao
rádio e à TV e aos recursos do fundo partidário.

A ideia por trás da cláusula de barreira partidária era a da criação de um meio de


controle da proliferação partidária indiscriminada, pelo temor de que muitas siglas
sejam apenas legendas de aluguel, ou ainda criadas apenas para captação de recursos
ou esquemas políticos escusos. No Brasil, é comum a ocorrência de graves distorções
do sistema eleitoral proporcional, comprometendo a lisura do processo eleitoral.

Ocorre que, 2 ADIs foram ajuizadas (1351-3 e 1354-8), sob o argumento de sua
inconstitucionalidade por afrontar o princípio da liberdade partidária (pluralismo
político), tendo sido julgadas procedentes em 07.12.2006, permitindo, assim, o
funcionamento parlamentar independentemente do cumprimento dos requisitos do
art. 13, pelo que hoje não mais existe a cláusula de barreira no direito eleitoral.

No entanto, a doutrina também aponta que a restrição imposta pelo sistema


proporcional por meio do coeficiente eleitoral representa cláusula de barreira, vez
que visa a impedir a consagração de qualquer candidatura do partido político que não
venha a alcançar o número de votos, no mínimo, equivalente ao quociente eleitoral.
Sem dúvida, esta cláusula de barreira é uma verdadeira cláusula de exclusão, pois
impossibilita o ingresso de um representante do partido político em qualquer das
casas parlamentares, mesmo que o candidato isoladamente tenha obtido mais votos
que outro eleito.

Nos termos do art. 257 do Código Eleitoral, os recursos eleitorais, em regra, não
têm efeito suspensivo (não abrange RCD, que tem natureza de ação, nem a decretação
de inelegibilidade, que só tem lugar com o trânsito em julgado da sentença ou decisão
por órgão colegiado).

Ocorre que, com recente Lei nº 13.165, de 29/09/2015 (nova reforma eleitoral),
foi acrescentado ao mencionado art. 257 do CE o § 2º, que dispõe que “O recurso
ordinário interposto contra decisão proferida por juiz eleitoral ou por Tribunal
Regional Eleitoral que resulte em cassação de registro, afastamento do titular ou
perda de mandato eletivo será recebido pelo Tribunal competente com efeito
suspensivo.” Deve-se destacar que essa alteração, por ter caráter processual, aplica-

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se imediatamente. Assim, se um processo iniciado antes da Lei nº 13.165/2015 for


julgado, sendo proferida uma das decisões acima, o recurso interposto já terá efeito
suspensivo.

Reza ainda o novo § 3º do art. 257 do CE que “O Tribunal dará preferência ao


recurso sobre quaisquer outros processos, ressalvados os de habeas corpus e de
mandado de segurança.”

A teor do que prescreve o art. 258 do CE, “Sempre que a lei não fixar prazo
especial, o recurso deverá ser interposto em 03 dias da publicação do ato, resolução
ou despacho”. Das decisões finais em processo criminal eleitoral, que resulte
condenação ou absolvição, o prazo é de 10 dias. Ressalte-se que são preclusivos os
prazos para interposição de recurso, salvo quando neste se discutir matéria de cunho
constitucional (art. 258, CE). As partes sempre deverão ser representadas por
advogados, sob pena de defeito de representação (Res. 16.724).

Em regra, são irrecorríveis em separado as decisões interlocutórias (devem ser


atacadas no recurso contra a decisão final), exceção para o agravo de instrumento em
face de decisão que não conhece de REspe. Lembrar também que são irrecorríveis as
decisões do TSE, salvo as contrárias à CF, denegatórias de HC e MS, das quais cabe
recurso ordinário em 3 dias. Os recursos eleitorais são gratuitos, não exigindo preparo
(TSE, AC 2.721, j.08.05.2001).

8. Dos partidos políticos: registro e funcionamento partidário. Da


filiação partidária. Das finanças e contabilidade dos partidos. Prestação
de contas
[TJCE]. A lei pode dispor sobre funcionamento partidário? A autonomia partidária
é absoluta?
A autonomia dos partidos políticos quanto a sua estrutura interna, organização e
funcionamento flui diretamente de Constituição Federal para os estatutos, como se
estes fossem uma lei complementar (ART. 17, § 1º , 1a parte CF). A lei ordinária,
portanto, não pode se sobrepor ao que estiver nos estatutos em se tratando de estrutura
interna, organização e funcionamento. A autonomia partídária não é absoluta,
devendo resguardar a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo,
os direitos fundamentais da pessoa humana e obedecer aos seguintes preceitos:
caráter nacional; proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou
governo estrangeiros ou de subordinação a estes; prestação de contas à Justiça
Eleitoral; funcionamento parlamentar de acordo com a lei. (Art 17, CF).

[TJCE]. Qual a natureza jurídica do partido político?


Art. 1º da Lei 9.096/ 95: O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-
se a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema
representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal.
Possui, portanto, natureza jurídica de direito privado.

[TJCE]. Existe prazo mínimo para filiação partidária?


Para concorrer às eleições gerais, entre outras exigências, o eleitor deve ter sido
escolhido em convenção partidária e estar filiado a um partido político pelo menos
um ano antes do pleito.

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Esta regra geral está prevista no artigo 18 da Lei dos Partidos Políticos (Lei nº
9.096/1995) e no 9º da Lei das Eleições (Lei n° 9.504/1997). Mas há cidadãos
ocupantes de cargos públicos que não estão submetidos a esse prazo de filiação
partidária, como os magistrados, integrantes de tribunais de contas, membros do
Ministério Público e militares.

O magistrado, os membros de tribunal de contas ou Ministério Público que quiserem


concorrer à eleição devem se filiar a um partido até seis meses antes do pleito,
devendo se desligar em definitivo (pedir exoneração) do seu cargo na Justiça ou na
corte de contas, em igual prazo.

Por sua vez, o militar da ativa com mais de 10 anos de serviço, não detentor de cargo
no alto comando da corporação, para disputar uma eleição deve, primeiramente, ser
escolhido em convenção partidária. A partir dessa data, é considerado filiado ao
partido, devendo comunicar à autoridade a qual é subordinado para passar à condição
de agregado. Se eleito, será transferido para a inatividade. Se contar com menos de
10 anos de serviço, após escolhido em convenção, também será transferido para a
inatividade. Em ambas as situações o militar não precisa, assim, respeitar a regra
geral de um ano de filiado a uma legenda antes do pleito.

As vedações à atividade político-partidária e à própria filiação às agremiações por


parte de magistrados, integrantes de tribunais de contas, do Ministério Público e
militares estão contidas na Constituição Federal.

[TJCE]. O que a lei pode prever? Autonomia do funcionamento partidário é


absoluto?
Não é absoluta, há diversas passagens na legislação tratando sobre o tema

A Lei das Eleições, em seu art. 8º, que:

“Art. 8º A escolha dos candidatos pelos partidos e a deliberação sobre coligações


deverão ser feitas no período de 12 a 30 de junho do ano em que se realizarem as eleições,
lavrando-se a respectiva ata em livro aberto e rubricado pela Justiça Eleitoral..

Obs: Sem necessidade de submeter essas candidaturas para as vagas remanescentes


à convenção partidária.

§ 5º No caso de as convenções para a escolha de candidatos não indicarem o número


máximo de candidatos previsto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo, os órgãos de
direção dos partidos respectivos poderão preencher as vagas remanescentes até sessenta
dias antes do pleito.

10. Da ação de impugnação de mandato eletivo. Da investigação judicial


eleitoral. Do Mandado de Segurança.

# DA AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO


[TJCE]. Qual o prazo para se impugnar um mandato eletivo? Como tramita?
R: Art. 14, §§ 10 e 11 da CF:

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Art. 14 ...................

§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de


quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude.

§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo


o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

[TJCE]. Como tramita a AIME?


A ação de impugnação de mandato eletivo é uma ação eleitoral, prevista na
Constituição Federal, que tem por objetivo impugnar o mandato obtido com abuso
de poder econômico, corrupção ou fraude. A ação de impugnação de mandato
tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária
ou de manifesta má-fé. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com
provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

Legitimidade ativa – quem pode levar a juízo a AIME Partidos, coligações,


candidatos e Ministério Público. Legitimidade passiva – quem pode sofrer uma
AIME Candidato diplomado. Competência – a competência é definida pelo juízo da
diplomação - TSE – expede o diploma de Presidente e Vice-Presidente da República.
TRE – expede diplomas de governadores e vices, deputados estaduais e federais,
senadores e suplentes. Junta Eleitoral – expede diplomas de prefeitos, vice-prefeitos
e vereadores.

11. Dos crimes eleitorais. Conceito, natureza e classificação. Tipos


previstos na legislação eleitoral.
[TJCE]. Usar de violência para constranger alguém a votar é punido com detenção
ou reclusão? Exige consumação?
Art. 301, CE. O delito pune, reclusão, com a conduta dolosa que atinge a liberdade do
direito de votar.

Trata-se de crime formal, que independe de consumação.

12. Do Processo Penal Eleitoral. Investigação criminal eleitoral. Ação


Penal. Competência em matéria criminal eleitoral. Rito processual
penal eleitoral. Invalidação e nulidade de atos eleitorais.
[TJCE]. Qual a natureza jurídica das ações penais eleitorais?
De acordo com o art. 355 do Código Eleitoral as ações penais são públicas
condicionada. Entendendo assim também o STF.

[TJCE]. Como se dá o oferecimento da denuncia no rito eleitoral?


Segundo o art. 357 do CE, a denuncia será oferecida em seis dias de verificada a
infração penal, esta se dará por comunicação de qualquer cidadão que comunicará ao
juiz eleitoral da zona onde a mesma se verificou.

[TJCE]. Quais os prazos aplicáveis?


De acordo com o art. 357 do CE são seis dias para oferecimento.

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[TJCE]. Se não houver denuncia, o que diz o Código Eleitoral?


Caso não haja denuncia no prazo legal, a autoridade judiciaria representará contra o
MP, sem prejuízo de responsabilidade penal, e o juiz solicitará ao Procurador
Regional eleitoral a designação de outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecerá
denúncia.

[TJCE]. Como se dá o oferecimento da denúncia no rito eleitoral? Quais os prazos


aplicados? Se não houver oferecimento de denúncia o que diz o CE?
A denúncia deverá apresentar os elementos fáticos mínimos para a caracterização do
delito, de modo a permitir o seu recebimento e o desenvolvimento da ação penal, de
modo que a falta de indicação dos elementos necessários para a caracterização do
delito a torna inepta. A denúncia conterá a exposição do fato criminoso com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.

O prazo para o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público se inicia a partir


do momento em que o crime eleitoral se verifica, não contando o tempo destinado ao
desenvolvimento do inquérito policial necessário para a constatação da existência de
elementos mínimos que indiquem a existência do crime.

O prazo legal para oferecimento da denúncia é de 10 dias (Código Eleitoral, artigo


357, caput). Embora o Código Eleitoral não faça distinção, entende-se que se o
acusado for mantido preso, este prazo reduz-se para 5 dias, nos termos do mesmo
dispositivo do Código de Processo Penal.

Art. 357, §3º: Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal
representará contra ele a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da
responsabilidade penal. § 4º Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior o juiz
solicitará ao Procurador Regional a designação de outro promotor, que, no mesmo
prazo, oferecerá a denúncia.

13. Lei nº 9.504, de 30.9.97 (Lei das Eleições).


[TJCE]. A lei das eleições pode ser alterada um ano antes das eleições? E pode ser
aplicada?
A lei pode ser alterada, mas ela só será aplicada se não alterar o processo eleitoral
conforme o art. 16 da CF que trata do princípio da anterioridade eleitoral.

[TJCE]. A Lei das Eleições pode ser alterada no prazo de 1 ano antes das eleições?
Pode ser alterada, no entanto, de acordo com o artigo 16, da CF, apesar de entrar em
vigor na data de sua publicação, não se aplica à eleição que ocorra até um ano da data
de sua vigência.

[TJCE]. Quando podem ser alteradas as leis eleitorais?


A lei eleitoral pode ser alterada a qualquer tempo e aquela que alterar o processo
eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando, todavia, à
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência (art. 16, CRFB/88).

14. Condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas Eleitorais.

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[TJCE]. É possível a nomeação de juiz nos últimos três meses antes das eleições?
Sim, o art. 73, V, b da lei 9504/97 (lei das eleições), traz isso como umas das exceções
a vedação de se nomear nos três meses antes das eleições.

[TJCE]. É possível a utilização de órgãos públicos para eventos partidários?


Art. 8º, § 2º da lei das eleições: § 2º Para a realização das convenções de escolha de
candidatos, os partidos políticos poderão usar gratuitamente prédios públicos,
responsabilizando-se por danos causados com a realização do evento.

[TJCE]. É possível a nomeação de juízes três meses antes das eleições?


Sim, é possível.

Art. 73, Lei 9.504/97. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes
condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos
eleitorais:

V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir
ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional
e, ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição
do pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade
de pleno direito, ressalvados:

b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais


ou Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da República;

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