CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Lei 4898/65 - Abuso de Autoridade ...................................................................................................................2
Introdução ..........................................................................................................................................................................2
Responsabilidade do Servidor..........................................................................................................................................2
Elementos Fundamentais da Lei ......................................................................................................................................2
Dos Crimes em Espécie.......................................................................................................................................5
Dos Crimes Previstos no Art. 3º da Lei Nº 4.898/65......................................................................................................5
Dos Crimes Previstos no Art. 4º da Lei Nº 4.898/65......................................................................................................6
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
1
AlfaCon Concursos Públicos
Responsabilidade do Servidor
A responsabilidade dos agentes públicos é regressiva e subjetiva. É regressiva, no sentido que as
pessoas jurídicas indenizam os prejuízos causados a terceiros, depois, ingressam com ação judicial
contra os agentes se estes forem ou causadores do dano. É subjetiva, no sentido de que o servidor só
indenizará prejuízos que tenha causado em caso de dolo ou de culpa.
O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular das suas atribui-
ções funcionais.
A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte
prejuízo ao erário ou a terceiros.
A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até o limite
do valor da herança recebida.
A responsabilidade penal (criminal) abrange crimes e contravenções imputadas ao servidor,
nessa qualidade.
A responsabilidade administrativa resulta de ato comissivo ou omissivo, praticado no desempe-
nho do cargo ou função.
As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
Vale lembrar que a esfera penal pode vincular as demais quando ocorrer a absolvição por negativa de
autoria ou inexistência do fato, não vinculando em caso de absolvição por falta de provas.
Funcionário Público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,
e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de ativi-
dade típica da Administração Pública.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
Os abusos podem se dar por ação ou por omissão das autoridades.
O particular pode responder por abuso de autoridade desde que cometa o crime juntamente com
uma autoridade e, desde que, saiba da qualidade de autoridade do agente que comete o crime.
Quanto ao sujeito passivo, temos duas pessoas afetadas, uma física outra jurídica. A pessoa física
é a que sofre o abuso de forma direta e o Estado sempre será o sujeito passivo secundário, pois estará
sendo afetado, visto que o agente está em imputação à pessoa jurídica a que está ligado. O crime é
de dupla objetividade jurídica, pois estarão sendo afetados tanto os direitos individuais como os
direitos coletivos.
Incapazes e estrangeiros também podem ser vítimas de abuso de autoridade. Enfim, qualquer
pessoa física, nacional ou estrangeira, capaz ou incapaz. A própria autoridade pública, inclusive,
pode ser vítima de abuso de autoridade.
Pessoas jurídicas de direito público ou privado também podem ser vítimas de abuso de autorida-
de. Em resumo, o crime de abuso de autoridade é crime de dupla subjetividade passiva.
Os crimes só são punidos na forma dolosa. Não existe abuso de autoridade culposo. O dolo tem que
abranger também a consciência por parte da autoridade de que está cometendo o abuso. Assim, além
do dolo é exigida a finalidade específica de abusar, de agir com arbitrariedade. Desse modo, se a auto-
ridade, na justa intenção de cumprir seu dever e proteger o interesse público, acaba cometendo algum
excesso (que seria um excesso culposo), o ato é ilegal, mas não há crime de abuso de autoridade.
Os crimes de abuso de autoridade estão previstos no art. 3º e no art. 4º da Lei nº 4.898/65. Os
crimes do art. 3º não admitem a tentativa porque a lei já pune o simples atentado como crime consu-
mado, os quais podem ser chamados de crimes de atentado.
“Art. 3º Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
c) ao sigilo da correspondência;
d) à liberdade de consciência e de crença;
e) ao livre exercício do culto religioso;
f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;
h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.”
O simples atentado já configura crime consumado. Assim, São chamados de crimes formais ou
de efeitos cortados. Na prática, esses crimes do art. 3º da Lei de Abuso de Autoridade não admitem
tentativa.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
3
AlfaCon Concursos Públicos
O art. 4º, alíneas “c”, “d”, “g” e “i” também não admitem a tentativa, porque esses são crimes
omissivos puros ou próprios, e crimes dessa natureza não admitem tentativa. As demais formas do
art. 4º admitem tentativa.
“Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou
com abuso de poder;
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao Juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada;
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei;
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer
outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao
seu valor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de
carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com
abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de
expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade”.
A consumação se dá com a prática de qualquer das condutas previstas nos tipos penais mencionados.
→ Os crimes de abuso de autoridade são de ação penal pública incondicionada. A representação
mencionada no art. 12 não é aquela condição de procedibilidade do Código de Processo Penal, e
sim apenas o direito de petição contra o abuso de poder, previsto no art. 5º, XXXIV, “a”, da Cons-
tituição. Por esse motivo, é importante cuidar da leitura dos artigos, pois dão a entender que se
trata de crime de ação pública, condicionada à representação:
“Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra as
autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei.
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição:
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade civil ou
militar culpada, a respectiva sanção;
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-crime contra
a autoridade culpada.
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a exposição do fato constitutivo do
abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de testemunhas,
no máximo de três, se as houver.[...]
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação por denúncia
do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso.”
A pena máxima prevista para esses crimes é de 6 meses. Então, a competência é dos Juizados
Especiais Criminais, estaduais ou federais, dependendo do caso. Via de regra, é da Justiça Estadual;
será, no entanto, do Juizado Especial Federal, se atingir bens, interesses ou serviços da União.
→ O crime de abuso de autoridade não é crime militar, pois não está previsto no Código Penal
Militar. Entretanto, havendo concurso de crimes entre crime militar e crime de abuso de autori-
dade, haverá separação de processos (art. 79, I, CP):
“Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;”
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
4
AlfaCon Concursos Públicos
No art. 5º, XVI, CF, a Constituição garante o direito de reunião. Porém, a própria Constituição
delimita a conduta. Logo, os excessos cometidos no direito de reunião podem e devem ser coibidos
pelas autoridades. Exemplo: passeata violenta. As autoridades podem não só dissolver a passeata,
como também prender os infratores.
Do Atentado à Incolumidade Física
Atentado à incolumidade física não exige lesão física na vítima porque o simples atentado já
constitui abuso de autoridade.
Atentado ao Exercício Profissional
Fundamento constitucional: art. 5º, XIII, CF. Este dispositivo é uma norma penal em branco, pois
deve ser complementada por outra norma que prevê os direitos e garantias no exercício profissional.
No Brasil, não há nenhuma lei que cobre despesas de pessoas presas. Ou seja, a cobrança será
sempre sem apoio em lei, logo, a cobrança configurará sempre abuso de autoridade.
“h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com
abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;”
Só há crime se o ato lesivo da honra/patrimônio for ilegal. Se o ato for legal, não há crime, apesar
de gerar prejuízo.
“i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de
expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade”.
Trata-se de um crime de conduta mista (composto por uma ação e por uma omissão). Há o crime
quando ocorre a prolongação irregular de prisão temporária, pena ou medida de segurança. A alínea
“i” não faz menção à prisão preventiva. Logo, essa prolongação configura o crime do art. 4º, “b”,
constrangimento ilegal ao preso.
“Art. 6º [..]
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
b) detenção por dez dias a seis meses;
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até
três anos.
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.”
→ Quando o agente for um policial, a lei ainda prevê mais uma pena:
“Art. 6º [...]
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer cate-
goria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de
natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos.”
Porém, a reforma da parte geral do CP extinguiu as penas acessórias. Logo, não é possível a apli-
cação acessória desta sanção.
Sanções Administrativas
“Art. 6º [...]
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
a) advertência;
b) repreensão;
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de venci-
mentos e vantagens;
d) destituição de função;
e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público.
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma indeni-
zação de quinhentos a dez mil cruzeiros.
Normas Processuais
Art. 7º Recebida a representação em que for solicitada a aplicação de sanção administrativa, a autorida-
de civil ou militar competente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou
federais, civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo.
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
7
AlfaCon Concursos Públicos
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
10