Resumo
Nos últimos anos o ramo da construção civil no Brasil vem crescendo de modo acelerado,
impulsionado por alguns programas do governo federal, como o PAC e pela facilidade e expansão
do crédito bancário. Não é difícil perceber a grande quantidade de obras em andamento, sejam elas
de habitação ou melhoria na infraestrutura das cidades. Em diversos locais pode-se verificar a
existência de empreendimentos a serem iniciados ou recém-concluídos. O setor de transportes
também se encaixa nesse contexto com diversas vias de acesso sendo construídas para uma
melhor circulação dos veículos e com a diversificação dos modais de transporte visando uma
adequação da matriz de transportes brasileira. Na região metropolitana de Maceió o veículo leve
sobre trilhos - VLT tem por finalidade fazer o transporte de pessoas que moram mais afastadas do
centro da cidade. As primeiras ferrovias no Brasil foram construídas em sua grande maioria com
dormentes de madeira. Porém, devido à dificuldade de encontrar madeira de boa qualidade, o
aumento do seu custo financeiro e o aumento da consciência ambiental com o passar do tempo,
impulsionou-se o surgimento de outros tipos de dormentes, a exemplo do de concreto. Inicialmente
os dormentes de concreto não obtiveram resultados satisfatórios, porém com pesquisas na área e
testes em campo aos poucos se chegou a um grau de competição e segurança que o mercado
necessitava. Uma das novidades já disponíveis no mercado é o uso de dormentes de concreto
protendido, que possibilita inúmeras vantagens, principalmente na melhoria do desempenho
mecânico do concreto. No presente trabalho é apresentado o caso da utilização de dormentes de
concreto protendido na remodelação da linha Maceió - Rio Largo do VLT. É apresentada uma visão
geral acerca da fabricação dos dormentes de concreto protendido na cidade de Salgueiro, em
Pernambuco, bem como uma análise do comportamento mecânico e dos custos dos dormentes em
concreto protendido frente aos dormentes de madeira.
Palavras-Chave: Dormentes de concreto. Concreto protendido, VLT.
Abstract
In recent years the civil construction in Brazil is increasing rapidly, driven by some federal programs, such as
the Grouth Acelleration Program (PAC in Portuguese) and the offer and expansion of bank credit. It is not
difficult to notice the large amount of construction in progress, whether housing or infrastructure
improvements in the city. In many places you can check for projects to be started or recently completed. The
transport sector also fits in this context with several access roads being built for smooth movement of
vehicles and the diversification of transportation modes aiming adequacy of Brazilian transport matrix. In the
metropolitan area of Maceió the light rail vehicle - LRV is intended to transport people who live farther from
the city center. The first railways in Brazil were built mostly with wooden sleepers. However, due to the
difficulty of finding good quality wood, the increased financial costs and increased environmental awareness
over time, drove up the emergence of other types of sleepers, as the ones in concrete. Initially the concrete
sleepers do not achieve satisfactory results, but with research and field tests, gradually reached a level of
ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 1
competition and security that the market needed. One new feature already available on the market is the use
of prestressed concrete sleepers, which allows numerous advantages, especially in improving the
mechanical performance of concrete. In this paper we present the case of the use of prestressed concrete
sleepers in the remodeling of the line Maceió - Rio Largo LRV. An overview about the manufacturing of
prestressed concrete sleepers in the city of Salgueiro, Pernambuco, as well as an analysis of the mechanical
behavior and the costs of prestressed concrete sleepers in comparison to the wooden sleepers is presented.
Keywords: Sleepers of concrete. Prestressed concrete, LRV.
1 Introdução
Nos últimos anos o ramo da construção no Brasil vem crescendo de modo acelerado,
impulsionado por alguns programas do governo federal, como o Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) criado em 2007 que promoveu a retomada do planejamento e
execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país
(BRASIL, 2013) e pela facilidade e expansão de crédito dos bancos. Não é difícil perceber
a quantidade de obras, sejam elas de habitação ou melhoria na infraestrutura das
cidades, em diversos locais pode-se verificar a existência de empreendimentos a serem
iniciados ou em andamento.
O setor de transporte também se encaixa nesse contexto, existindo diversas vias de
acesso sendo construídas, para uma melhor circulação dos veículos nos horários onde há
grandes congestionamentos. E esse problema não é exclusivo das grandes metrópoles,
Maceió também sofre com esse tipo de dificuldade.
Na capital alagoana existem duas formas de transporte público, de forma legal, o ônibus e
o trem metropolitano (Veículo Leve sobre Trilho - VLT), onde o primeiro é o mais utilizado
pelo fato de atingir boa parte dos bairros da cidade, enquanto o segundo tem por
finalidade fazer o transporte metropolitano de pessoas que moram mais afastadas do
centro.
Esse segundo tipo, o VLT, foi inicialmente implantado no final de 2010 (VLT em Maceió
faz viagem experimental, 2013), tendo como objetivo aumentar o número de usuários e
proporcionar um meio de transporte mais moderno, com conforto e celeridade nas
viagens do dia a dia. Com a chegada desse novo meio de transporte, que está em
processo de ampliação, somado à catástrofe das chuvas ocorrida em uma das cidades
atendidas por ele, foi viabilizado uma obra de remodelação da linha férrea, melhorando de
uma forma considerável o trecho em questão com a utilização de materiais mais
confiáveis. Um desses materiais utilizados é o dormente de concreto monobloco
protendido bitola métrica, que possibilitam inúmeras vantagens a todos que utilizam e
gerenciam o VLT.
Dentro do contexto apresentado, a presente pesquisa aborda os benefícios obtidos com a
utilização de dormentes de concreto protendido em construção ou remodelação de vias
ferroviárias, passando por critérios relacionados à confiabilidade, durabilidade e relação
custo benefício do material.
Objetivando analisar os pontos positivos e negativos dos tipos de dormentes usados nas
ferrovias, o presente trabalho percorreu diversas etapas como: descrição dos principais
ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 2
tipos de dormentes usados nas ferrovias, com especial atenção aos dormentes de
concreto protendido; avaliação da durabilidade de cada tipo de material empregado na
fabricação de dormentes e seus custos de manutenção; análise da demanda da matéria
prima para a fabricação dos dormentes e os impactos que são gerados com a sua
extração; e finalmente a análise da viabilidade financeira do uso de concreto protendido
na fabricação desses dormentes.
2 Superestrutura de Ferrovias
A superestrutura das ferrovias tem a finalidade de receber as cargas dos veículos que
trafegam pela ferrovia e transmiti-la para a infraestrutura, na qual está diretamente ligada
a estabilidade, proteção e apoio para a via.
Segundo Brina (1988), a superestrutura das estradas de ferro é composta pela via
permanente, e está sujeita ao desgaste das rodas dos veículos e do meio e que é
construída de modo a ser renovada quando o seu desgaste atingir o limite de tolerância
exigido pela segurança ou comodidade da circulação, no qual pode até mesmo vir a ser
substituída em seus principais constituintes, quando assim o exigir a intensidade de
tráfego ou o aumento de peso do material rodante.
A via permanente ferroviária foi definida por Amaral (1991) como o conjunto de
sustentação e rolamento dos trens em circulação. Partindo dessa premissa a via
permanente é o local de circulação que o veiculo ferroviário trafega, tendo como
elementos principais o lastro, os dormentes e os trilhos, onde cada componente tem seu
papel para que o modal ferroviário trabalhe de forma adequada.
Além desses itens já expostos, Brina (1988) destaca outro elemento, o sublastro, que
possuem características especiais, podendo destacar a economia e a melhora do padrão
técnico da via, justificando sua inclusão como parte da superestrutura.
2.2 DORMENTES
Brina (1988) define o dormente como uma peça retangular feita de madeira, aço ou
concreto que tem papel fundamental na superestrutura das construções de ferrovias,
onde serve de suporte e fixação dos trilhos, conservando a distância entre eles. Além
disso, transmitem os esforços causados pelos veículos que trafegam pelos trilhos ao
lastro.
Além do suporte e fixação dos trilhos, segundo Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes (DNIT), o dormente mantém a estabilidade da via diante das variações
climáticas, esforços dinâmicos e estáticos. Outra função do dormente é resistir, por um
longo tempo, esforços mecânicos e ao receber esses esforços transmiti-los tão
uniformemente possível às camadas inferiores como, lastro ou laje.
No início as vias permanentes ferroviárias foram construídas com dormentes de madeira
e com o decorrer dos anos esse uso vem sendo continuamente melhorado e adaptado
devido ao aumento das cargas e de velocidade, onde houve a necessidade de investir em
pesquisas de novas tecnologias. Além do aperfeiçoamento do uso da madeira, novas
formas de dormentes foram fabricadas, como o de aço, concreto e mais recente com
plástico reciclado. Esse último ainda é pouco utilizado no mercado das ferrovias, com
estudos e projetos de viabilidade.
Brina (1988) definiu o dormente de aço como uma chapa laminada, em forma de U
invertido, curvada em sua extremidade com o objetivo de formar garras que se afundam
no lastro e se opõem ao deslocamento transversal da via.
Ainda segundo Brina (1988) esse tipo de dormente apresenta algumas dificuldades na
fixação do trilho e no trabalho de socaria, além disso, tem o inconveniente de ser bom
condutor de eletricidade, porém ele possui vantagens, dentre as quais, sua longa vida útil,
boa resistência e da possibilidade do descarte como sucata dos dormentes imprestáveis.
No Brasil o dormente de aço já vem sendo adotado nos trilhos da linha principal da
Estrada de Ferro Vitória a Minas. Segundo a VALE (2013), empresa que está
remodelando esse trecho, 87% desse trecho já foi feito com dormentes de aço e até 2016
todo o trecho estará concluído e os pontos que não puderem receber aço serão aplicado
dormentes de plástico.
O dormente de concreto monobloco pode ser entendido como uma viga de concreto que
agrega as técnicas de protenção em seu processo de fabricação para suportar de
maneira satisfatória os esforços dos veículos que trafegam pelos trilhos, oferecendo
estabilidade, desempenho e um custo reduzido de manutenção para via.
O concreto tem uma boa resistência à compressão, porém à tração ele não apresenta o
mesmo desempenho. Por isso a necessidade da armação. Devido à boa resistência à
tração do aço, a armadura fica posicionada na área da peça tracionada, trazendo um
equilíbrio nas resistências da mesma. No caso da protensão a armadura é tracionada em
uma posição oposta aos esforços, comprimindo o concreto e gerando um carregamento
inverso ao que deverá receber quando em serviço, e consequentemente.
Esse tipo de dormente conseguiu obter uma grande aceitação no mercado graças ao
avanço da tecnologia, a melhoria do seu projeto com o passar do tempo, o tipo de fixação
que une o trilho a esse dormente, a sua boa resistência mecânica e principalmente o seu
valor financeiro que diminuiu consideravelmente com o passar do tempo.
Abaixo podemos ver na Tabela 1 um quadro comparativo sobre os principais tipos de
dormentes abordados no artigo:
4 Resultados e Discussões
6 Conclusão
Percebe-se após toda a pesquisa para o estudo do referente tema, que o dormente de
concreto portendido monobloco, conseguiu uma boa aceitação nas obras ferroviárias pelo
fato do mesmo se adequar as características das obras em que estão sendo construídas,
selecionado pelo seus resultados e qualidades que superam muitas vezes os demais
tipos.
A remodelação do trecho da cidade de Rio Largo em Alagoas foi um exemplo claro de
obra que se escolheu tal tipo de dormente para fazer parte do início de um nova forma de
transporte que compreende a região da grande Maceió, que é o VLT. Como foi descrito
no decorrer da pesquisa a obra de remodelação compreendeu aproximadamente 12 km
dos 33 km linha e a intenção é colocar todo o trecho do VLT com dormentes de concreto
protendido monobloco para dar mais conforto ao usuário e facilitar o trabalho de
manutenção da ferrovia.
ARAÚJO, Glauco. 'Tem gente que tira proveito da miséria', diz Lula no Nordeste.
Disponível em: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/06/tem-gente-que-tira-proveito-da-
miseria-diz-lula-em-alagoas.html>. Acesso em: 17 abr. 2013.
SILVA, Debyson Lima da. Tabela de ensaios feito em dormentes. [mensagem pessoal]
Mensagem recebida por: < andreguttenberg@gmail.com> em: 14 maio 2013.
VLT em Maceió faz Viagem Experimental. Revista Ferroviária, 30 dez. 2010. Disponível
em:
<http://www.revistaferroviaria.com.br/index.asp?InCdMateria=12197&InCdEditoria=2>.
Acesso em: 29 fev. 2013.