IFMA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão

A Chamada Calorosa

A proposta de um sistema de Controle Automatizado de Frequência Escolar (CAFE),

tal como apresentado pelo curso de Sistemas da Informação - Pucrs, põe-nos diante
de questões que necessitam ser compreendidas no que se refere às consequências
que encerram nas relações humanas, neste caso, as relações de convivência entre
alunos e professores.

O referido sistema pode ser criticado e rebatido em vários aspectos. Podemos, por
exemplo, questionar a facilidade que o aluno teria de burlar o sistema. Se um aluno
não pode assistir a uma determinada aula, seja qual for o motivo, ele pode,
entretanto, entregar o seu cartão a um colega para que efetue o registro de
presença. Assim teríamos um aluno fantasma em sala de aula.

Na busca de um sistema automatizado para o registro de freqüência escolar, talvez

outras propostas semelhantes possam ser empregadas para impedir que o aluno
drible o sistema, tais como biometria ou reconhecimento facial. O argumento mais
forte, compreendido como ponto comum a todas essas propostas, esta na economia
de tempo que, factualmente, supera o tempo necessário para realizar um registro de
presença manual.

Entretanto, como bem ficou claro no início desta discussão, cabe analisar as
consequências que tal medida acarreta nas relações interpessoais entre alunos e
professores. Quanto tempo leva para se realizar uma chamada em sala de aula?
Pressupõe-se, em média, um tempo relativamente curto. Será que os poucos
minutos economizados, com a implantação desse método, é justificável em
detrimento de uma corrosão dos relacionamentos e da extinção de um elemento da
tradição escolar? Isso indica a pertinência de um aprofundamento nesse quesito
para que se possa chegar a uma conclusão satisfatória. A chamada presencial, face
a face, é importante como primeiro contato inicial do dia entre alunos e professores.
Funciona também como forma de saudação e respeito do aluno para com seu
professor. Será que todos os alunos e professores têm consciência do que estariam
perdendo substituindo a clássica chamada manual por uma automatizada? Com
efeito, a tecnologia tem nos tornado pessoas mais frias, indiferentes e
individualistas. Evidencia-se, portanto, uma necessidade de conservação de nosso
caráter humanitário em face de avanços tecnológicos.