a sombra". Nossa geração vive à sombra de muitas árvores que foram plantadas pe-
los nossos ancestrais.
Em termos espirituais, herdamos de nossos pais e avós a sombra dos seus pa-
drões éticos, de suas percepções do certo e do errado, de seu senso de dever mo-
ral e, acima de tudo, do seu comprometimento espiritual.
Seus ideais determinaram o tipo de civilização que recebemos deles, assim como
os ideais da nossa geração também vão modelar a cultura do amanhã, na qual vi-
verão os nossos filhos.
A sociedade como um todo em nossos dias encontra-se numa séria situação de
declínio moral e espiritual. Assim, a questão com que os pais cristãos deparam hoje
é se conseguirão plantar algumas árvores que façam sombra às gerações futuras,
que, possivelmente, enfrentarão o calor abrasador dos valores de um mundo total-
mente anticristão.
Estamos plantando o tipo correto de árvores frondosas ou deixando os nossos fi-
lhos totalmente expostos?
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O DECLÍNIO DA SOCIEDADE MODERNA
Parece claro para qualquer pessoa comprometida com a verdade das Escrituras
que a nossa cultura está num processo de desintegração moral, ética e, sobretudo,
espiritual.
Os valores assimilados pela sociedade atual como um todo estão completamente
fora de sintonia com a ordem divina. Observe os seguintes exemplos.
Ano após ano, o sistema judicial norte-americano permite o massacre indiscrimi-
nado, por meio de práticas abortivas, de milhões de crianças em gestação. No en-
tanto, uma corte judicial em Kansas City condenou recentemente uma mulher a
quatro meses de prisão por ter jogado no lixo filhotes indesejados de gatos.
Uma corte judicial em Janesville, Wisconsin, condenou um homem a doze anos de
prisão por ter matado cinco gatos "para aliviar o estresse". O caso foi realmente
um odioso exemplo de crueldade com os animais.
Porém, dois dias depois que esse homem começou a cumprir a sua sentença, uma
corte judicial em Delaware condenou uma mulher a apenas trinta meses de deten-
ção por ter matado o seu filho recém-nascido.
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A mulher atirou o bebê pela janela de um quarto no terceiro andar de um hotel,
mirando uma caixa de lixo no beco lá embaixo, com o cordão umbilical ainda preso
ao recém-nascido. As provas mostraram que o bebê estava vivo quando foi lança-
do pela janela, mas morreu por abandono, exposição e fraturas no crânio.
A nossa sociedade, de maneira geral, não acredita mais que os seres humanos são
feitos à imagem de Deus, muito diferentes dos animais.
Na verdade, a crescente popularidade do lobby de defesa dos direitos dos animais
ilustra perfeitamente que a nossa sociedade não está mais ancorada em princípios
bíblicos.
E, à medida que esse movimento avança e ganha popularidade sem precedentes,
toma-se cada vez mais radical e cada vez mais abertamente contrário à visão bíbli-
ca a respeito da natureza humana.
Ingrid Newkirk, fundadora da People for the Ethical Treatment of Animais (PETA)
[Grupo em Defesa do Tratamento Ético dos Animais], diz: "Não há base racional pa-
ra dizermos que um ser humano tem direitos especiais. Quando analisamos o sis-
tema nervoso central e sua capacidade de sentir dor, fome e sede, de um rato, de
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um porco, de um cachorro e de um menino, vemos que são iguais".
Newkirk não vê nenhuma diferença entre as atrocidades da Segunda Guerra Mun-
dial e a matança de animais com objetivos de alimentação: "Seis milhões de judeus
morreram em campos de concentração, mas seis bilhões de frangos serão mortos
este ano em matadouros".
Essas ideias estão obtendo ampla aprovação na sociedade. Algumas das celebri-
dades mais conhecidas e respeitadas da nossa cultura propagam ideias semelhan-
tes, geralmente sob o disfarce da compaixão.
Porém, essa perspectiva distorcida de "ternura" para com os animais se transfor-
ma rapidamente numa crueldade temerária em relação a criaturas feitas à imagem
de Deus.
O impacto inevitável que esse tipo de ideia terá sobre a herança que os pais de
hoje deixarão para a próxima geração pode ser visto nas palavras de Michael Fox,
vice-presidente da Humane Society of the United States [Sociedade Pró-Direitos
Humanos dos Estados Unidos]. Ele diz: "A vida de uma formiga e a do meu filho
devem receber a mesma consideração".
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Recentemente em nosso país tivemos uma inversão de papéis e o STF a quem
cabe aplicar as leis resolveu legislar e o fez de péssima maneira.
Num primeiro momento passando por cima da constituição estenderam aos ho-
mossexuais direitos garantidos ao casal formado por homem e mulher, vejam al-
gumas frases de nossos “grandes juristas”:
Ministro Joaquim Barbosa: “Entendo que estamos diante de uma nova forma
familiar”.
Ministro Marco Aurélio de Mello: “Se duas pessoas do mesmo sexo se unem
para a vida afetiva comum, o ato não pode ser lançado a catego-
ria jurídica imprópria. Impõem-se a proteção jurídica integral, qual seja o reco-
nhecimento de regime familiar”.
Ministro Cezar Peluso: Na solução da questão posta, a meu ver, só podem ser
aplicadas as normas correspondentes que no Direito de Família se aplicam à união
estável entre homem e mulher. É preciso equiparar porque há igualdade
Roberto Gurgel – Procurador Geral da República: O Reconhecimento Jurí-
dico das uniões homossexuais não enfraquece a família, mas antes a Fortalece.
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Tratando do aborto após a aprovação do aborto de anencéfalos vejam algumas
reações de pessoas importantes da sociedade:
Beatriz Galli, advogada, presidente da comissões de Bioética e Biodirei-
to da OAB-RJ: “Estamos vivendo um momento histórico. Vitória para a cidadania
e os direitos reprodutivos das mulheres brasileiras. Finalmente, o Supremo coloca-
rá fim à insegurança jurídica que abrange o tema até hoje no Brasil, declarando o
direito constitucional das mulheres de optar por continuar ou interromper a gravi-
dez nestas condições, com base na sua autonomia, dignidade, liberdade, saúde fí-
sica e mental. O Brasil, assim, honrará compromissos e obrigações internacionais
decorrentes da ratificação dos principais tratados internacionais de direitos huma-
nos”.
Que tipo de valores terá a cultura dos nossos filhos?
A sociedade está tomada por tendências assustadoras iguais a essas. O futuro é
impensável para uma sociedade sem nenhum padrão moral pelo qual se determine
o que é certo e o que é errado. Chegamos ao ponto de condenar as pessoas à pri-
são por matar animais, enquanto incentivamos o assassinato de crianças por meio
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do aborto.
Para onde está indo a nossa cultura? Que sistema de valores, que tipo de morali-
dade, que espécie de mundo construiremos para a próxima geração?
E, como cristãos, plantaremos árvores frondosas para fornecer sombra aos nossos
filhos? Ou os deixaremos totalmente expostos?
O DECLÍNIO DA FAMÍLIA
Talvez estejamos testemunhando a morte da célula básica de toda a civilização,
a família. Sinais do declínio da família são abundantes e evidentes à nossa volta.
Numerosos fatos confirmam esse prognóstico sombrio.
Não há necessidade de citar estatísticas. Nestes últimos quarenta anos, desfilam
continuamente diante de nós os sinais do colapso da família: divórcio, revolução
sexual, aborto, delinquência, infidelidade, homossexualidade, feminismo radical,
movimento dos "direitos da criança", ao lado da banalização dos lares de pais
solteiros, do declínio da família nuclear e de outros sinais semelhantes.
Assistimos a confecção de uma corda que acabará estrangulando a família até a
morte. Há atualmente muitas pessoas que abririam com alegria a cova para enter-
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rar a família. Em seu livro, The Death ofthe Family [A morte da família],' o psiquia-
tra britânico Davi Cooper disse que é tempo de destruir totalmente a família.
A maioria das pessoas que adotam esses pontos de vista é agressiva, revoltada e
decidida a impor sua maneira de pensar ao restante da sociedade.
O terreno mais fértil para a propagação desses pontos de vista é a televisão onde
o assunto é tratado de forma sutil e as universidades. Os proponentes da engenha-
ria social antifamiliar estão rapidamente reeducando os jovens que logo ocuparão a
liderança da sociedade e serão os pais de uma geração provavelmente ainda mais
desestruturada do que a nossa.
SERÁ TARDE DEMAIS PARA SALVAR A FAMÍLIA?
Felizmente, até mesmo sociólogos seculares, em sua maioria, avaliam o declínio
da família como absoluto desastre. A maioria concorda em que a família é um blo-
co fundamental na construção da sociedade civilizada, e voluntariamente admitem
que, se a família não sobreviver — e prosperar — como instituição, a autodestrui-
ção da sociedade não vai demorar muito para acontecer.
Além disso, em muitos lugares, começamos a ouvir pessoas sensatas falarem so-
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bre a necessidade de apoiar e defender a família. Sociólogos, psicólogos, analistas,
os assim chamados especialistas em família e casamento, e muitos outros organi-
zam-se a fim de propor soluções para as angústias que afligem a família.
Estou falando sobre vozes seculares, não cristãs, mas que demonstram preocu-
pação com o número de famílias desfeitas e o inevitável efeito negativo disso sobre
a sociedade.
Esses especialistas demonstram crescente preocupação com o número de crian-
ças que têm a chave da casa — crianças que diariamente voltam para casa sem su-
pervisão e sem a presença dos pais.
Eles estão receosos com o dramático crescimento de crimes graves cometidos por
adolescentes. Estão dando avisos de que a permissividade dos pais, o relaxamento
dos padrões morais e outras influências sociais liberalizantes têm provocado a des-
truição de famílias e até de comunidades. Se não houver mudanças, eles alertam,
esses problemas destruirão a sociedade tal como a conhecemos.
Qualquer pessoa é capaz de perceber que a maior parte desses problemas está di-
retamente relacionada ao colapso de valores antes ensinados no seio familiar. Salta
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à vista que esses desajustes não são apenas problemas sociais que requerem solu-
ções da parte do setor público, mas, acima de tudo, são problemas familiares, cujas
soluções dependem do resgate da família como instituição.
O problema é que a sociedade como um todo rejeitou os valores bíblicos neces-
sários à recuperação e preservação da família. A expressão "valores familiares"
tem sido desprezada e mal utilizada.
Mas a verdade é que os únicos valores que realmente podem salvar a família têm
raízes nas Escrituras — são valores bíblicos, e não apenas valores familiares. Assim,
o futuro da família na nossa sociedade depende do êxito daqueles que estão com-
prometidos com a verdade das Escrituras.
Ao longo dos anos, vários especialistas seculares têm proposto "soluções" huma-
nísticas para os problemas sociais, sem nenhum impacto prático. Fora das Escritu-
ras, os especialistas seculares jamais descobrirão uma solução que traga cura para
as angústias sociais. Essa solução não existe.
Enquanto isso, à medida que os relacionamentos familiares continuam a se deteri-
orar, a estrutura social é despedaçada. (Assista a qualquer capítulo de novela e vo-
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cê provavelmente encontrará a evidência inquietante de que isso é verdade.)
Se a sociedade busca fortalecimento, o retorno aos padrões bíblicos precisa co-
meçar em nossas famílias. Infelizmente, a própria sociedade representa o maior
obstáculo para a reforma da família.
Considere os seguintes valores antifamiliares que a nossa sociedade canonizou.
Todos eles são claramente ideias lançadas e desenvolvidas na última metade do
século 20:
• Todos os princípios bíblicos são considerados ultrapassados e são sistematica-
mente abandonados.
O divórcio pode ser obtido por qualquer motivo, ou sem nenhum motivo especí-
fico.
Desde que as diferenças entre os sexos são excluídas tanto quanto possível,
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Matar um filhote de animal para extrair sua pele é criminoso; no entanto, matar
fetos humanos por qualquer que seja a razão é defendido como uma questão de
foro íntimo.
A pornografia do tipo mais perverso é protegida por lei enquanto é considerado
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