SISTEMA LÍMBICO
ESTRUTURAS ESTRUTURAS
FUNÇÃO FUNÇÕES
LÍMBICAS RELACIONADAS
Hipotálamo Resposta Emocional
Circunvolução Límbica Comunicação com o Córtex
(corpos mamilares) Vegetativa
Formação Memória, Relação com o Tálamo Aferência Sensitivo-
Hipocâmpica Passado (núcleos límbico) Sensorial
Integração das Vias
Amígdala Integração da Informação Gânglio da Habénula Aferentes Olfactivas,
Viscerais e Somáticas
Áreas Límbicas do
Aparelho Olfactivo Aferência Directa Resposta Emocional
Mesencéfalo
Atenua Influência Afectiva na
Região Septal Áreas Límbicas Neocorticais Estado Psíquico Interior
Resposta Emocional
ESTRUTURAS LÍMBICAS
1
FG
CIRCUNVOLUÇÃO PARA-HIPOCÂMPICA OU 5ª CIRCUNVOLUÇÃO TEMPORAL
Situada na face interna do lobo temporal
Continua-se atrás com a 5ª circunvolução occipital, formando o lóbulo
lingual
Limites:
o Em baixo/fora, o sulco rinal/colateral
o Em cima, limite externo da fenda de Bichat (a fenda de Bichat situa-se
internamente a esta circunvolução, sendo o seu limite interno os
pedúnculos cerebrais)
o Atrás/cima, a circunvolução do corpo caloso, com a qual continua
A extremidade anterior desta circunvolução dobra-se para cima/trás, em
forma de gancho, formando o úncus. No interior do úncus encontra-se a
amígdala.
A circunvolução para-hipocâmpica é atravessada longitudinalmente pelo
sulco do hipocampo, no fundo do qual se encontra o hipocampo (ventral).
Este sulco termina à frente na profundidade do úncus, e atrás junto ao
debrum/esplénio do corpo caloso, na bifurcação do fímbria e da
circunvolução dentada (formações hipocâmpicas que se encontram nesta
circunvolução)
Formação Hipocâmpica
Estrutura do alocórtex (arquicórtex)
A formação hipocâmpica descreve uma espécie de anel na face interna do hemisfério cerebral, pouco visível devido
à sua posição oculta, constituído por substância cinzenta e fibras/feixes.
Pode ser dividida em 2 porções:
o Hipocampo Dorsal ou Circunvolução Intra-Límbica
o Hipocampo Ventral
2
FG
Circunvolução Paraterminal (ou Circunvolução Subcalosa ou Pedúnculos do Corpo Caloso) - lâmina fina presente na
superfície interna do hemisfério cerebral, à frente da lâmina terminalis e atrás da área paraolfactiva/área subcalosa, e por
baixo do rostrum do corpo caloso. Esta circunvolução continua-se ao nível do joelho do corpo caloso com o indusium
griseum ou circunvolução supracalosa.
Área Subcalosa (ou área paraolfactiva de Broca) – pequeno campo triangular presente na face interna do hemisfério
cerebral, à frente da circunvolução paraterminal, da qual está separada pelo sulco paraolfactivo posterior. Relaciona-se em
baixo com o trígono olfactivo e em cima/frente com a circunvolução do corpo caloso. Está limitada à frente pelo sulco
paraolfactivo. Esta área relaciona-se também com a estria olfactiva interna
A Área Septal é constituída pela circunvolução paraterminal e pela área subcalosa (ver mais à frente)
HIPOCAMPO VENTRAL
Encontra-se na profundidade do sulco do hipocampo,
na face interna da circunvolução para-hipocâmpica
Está em relação íntima com o pavimento do corno
temporal/inferior do ventrículo lateral
Prolonga-se para a frente até ao úncus.
Constituído por 3 componentes:
o Corno de Ammon ou Hipocampo Propriamente Dito
o Circunvolução Dentada ou Corpo Tufado
o Subiculum
4
FG
A face ventricular do hipocampo, convexa e coberta
por epêndima, apresenta uma fina camada de
substância branca – o Alveus.
O alveus é uma estrutura formada por fibras eferentes
do hipocampo que vão convergir internamente para
formar a Fímbria do Hipocampo.
A fímbria do hipocampo está por cima/fora da
circunvolução dentada e por baixo da fissura
coroideia e do plexo coroideu do corno inferior do
ventrículo lateral. Continua-se atrás com o
Fórnix/Trígono.
Subiculum
Porção da circunvolução para-hipocâmpica que
constitui uma área de transição entre a região entorrinal
(córtex olfactivo secundário) e o próprio hipocampo.
O subiculum é o elo de ligação entre o paleocórtex do
lóbulo olfactivo (área entorrinal) e o hipocampo ventral
Sobre ele repousa a circunvolução dentada/corpo
tufado.
5
FG
Devido à densidade variável das células piramidais no
corno de ammon, podemos distinguir nesta estrutura as
regiões CA1 a CA3.
Na região CA2 as células piramidais estão mais
compactadas, enquanto na região CA3 as células
piramidais estão mais dispersas.
A região CA1 é também designada por “sector de
Sommer” e é a mais importante na neuropatologia: a
morte neuronal nesta região é o primeiro sinal concreto
de hipoxia cerebral.
Amígdalas
Núcleos de substância cinzenta situados à frente/cima do
vértice do corno inferior do ventrículo lateral; e à frente da cauda do núcleo caudado, com a qual cada uma se
funde.
Estão situadas na face interna do lobo temporal, perto do úncus.
4 núcleos agrupados em 2 grupos nucleares:
o Grupo Cortico-Interno (filogeneticamente mais antigo) –
núcleo cortical + núcleo central
o Grupo Basolateral (filogeneticamente recente) – núcleo
basal + núcleo lateral
As amígdalas relacionam-se com as seguintes estruturas:
o Por dentro, com o córtex peri-amigdalino
o Por baixo, com a área entorrinal
o Por cima, com a região sub-lenticular
o Atrás, com o núcleo caudado e com o vértice do corno
inferior do ventrículo lateral.
O córtex periamigdalóide e a metade cortico-interna do corpo amigdalino pertencem ao Córtex Olfactivo Primário
Portanto, o corpo amigdalino é visto como uma parte do córtex (núcleo cortical) e como um núcleo da base imerso
na substância branca.
As amígdalas têm a função de integração da informação com experiências passadas do indivíduo e com o seu
estado psíquico.
Estão também relacionadas com várias funções autónomas, orientação, comportamento emocional, ingestão de
alimentos, expressão facial, excitação e actividade sexual.
Através das suas conexões pode influenciar a resposta do corpo a mudanças ambientais (por exemplo, perante o
medo, altera a frequência cardíaca, pressão arterial, respiração, etc.).
Sistema Olfactivo
As formações olfactivas macroscópicas situam-se na face inferior do lobo frontal.
São constituídas por 4 componentes:
o Bulbo Olfactivo
o Pedúnculos Olfactivos
o Estrias ou Fitas Olfactivas
o Espaço Perfurado Anterior
BULBO OLFACTIVO
Massas ovóides de substância cinzenta central que repousam
sobre a lâmina crivada do etmóide. Estão por baixo da face
orbitaria do lobo frontal
Recebem os filetes olfactivos que provêm da mucosa
olfactiva
6
FG
Contêm no seu interior os corpos celulares das células mitrais, dispostos numa única camada. Estas células recebem
os impulsos dos filetes olfactivos, formando sinapses que formam pequenos glomérulos.
Os axónios das células mitrais vão formar os pedúnculos olfactivos.
PEDÚNCULOS OLFACTIVOS
Dos bulbos olfactivos partem 2 feixes de substância branca, situados nos sulcos olfactivos dos lobos frontais.
Na extremidade posterior, estes feixes terminam e alargam-se para formar o Trígono Olfactivo. O trígono olfactivo
está à frente da substância perfurada anterior.
Centros Corticais do Sistema Olfactivo: Os axónios das células mitrais dirigem-se através dos pedúnculos e estrias olfactivas
para os centros corticais olfactivos. Estes centros são constituídos por:
Área Sensorial – corresponde à área olfactiva primária (área pré-piriforme e córtex peri-amigdalino) e à área olfactiva
secundária (área entorrinal ou área piriforme). Ambas as áreas estão presentes no lobo temporal, perto do úncus.
Área de Associação e de Centros Reflexos – corresponde à área septal e à substância perfurada anterior, sobre o lóbulo
frontal
O lóbulo piriforme e a área septal estão unidos ao território do arquicórtex do hipocampo e do corpo amigdalino. Estas
estruturas são centros de associação e de projecção e podem explicar como as vias olfactivas podem desencadear, por meio de
vias reflexas, mecanismos de natureza vegetativa (ex: cheiros que deixam “água na boca” ou cheiros que induzem náuseas).
7
FG
Região Septal
Constituída por 4 estruturas:
o Septo Pellucidum
Septum
o Septo Verum
o Área Septal
o Núcleos Septais
SEPTO PELLUCIDUM
Dupla membrana vertical que separa os dois cornos
frontais dos ventrículos laterais e as cabeças dos
núcleos caudados
Corresponde à porção dorsal/posterior do Septum.
Esta dupla membrana delimita um espaço virtual denominado Ventrículo Septal ou Cavidade do Septo. Pode
ocorrer, em algumas situações, que esta dupla membrana possua um espaço entre elas, constituindo o V Ventrículo.
Situa-se acima do fórnix e abaixo do corpo caloso
Tem uma forma triangular, apresentando:
o 2 faces planas: constituem a parede interna do corno
frontal do ventrículo lateral
o 1 bordo superior: convexo e unido à face inferior do
corpo caloso
o 1 bordo ântero-inferior: convexo, encontra-se na
face superior do joelho e rostrum do corpo caloso
o 1 bordo póstero-inferior: unido ao trígono/fórnix,
tendo origem nas colunas do fórnix
o 1 ângulo inferior: entre as colunas do fórnix e o
rostrum do corpo caloso
o 1 ângulo posterior: na junção do corpo caloso com o corpo do fórnix.
Esta dupla membrana é constituída por substância branca e cinzenta, revestida de ambos os lados por epêndima.
Os núcleos colinérgicos no septo (substância cinzenta) participam na organização da memória e estão ligados ao
hipocampo através do fórnix.
8
FG
A Região Septal é a porção do córtex cerebral, na
face interna do lobo frontal, correspondente à área
subcalosa e à circunvolução paraterminal
Situada por baixo do joelho do corpo caloso e à
frente rostrum do corpo caloso e da lâmina terminalis
Esta área também inclui o núcleo accumbens
(expansão do núcleo caudado)
Em íntima relação com o septo verum e com as
estrias olfactivas internas (que terminam nesta área).
NÚCLEOS SEPTAIS
Núcleos pouco desenvolvidos, presentes no septo
verum e na área septal
Podemos distinguir 2 núcleos: um interno e outro
externo
Núcleos Habenulares
Na região póstero-interna da face superior do tálamo
observa-se uma zona triangular branca denominada trígono
habenular (2), limitado internamente pela habénula,
externamente pelo sulco da habénula e atrás pelo colículo
superior correspondente e pela glândula pineal.
Cada trígono da habénula apresenta na sua porção posterior
uma saliência determinada por um núcleo subjacente de
substância cinzenta – núcleo da habénula.
Os núcleos habenulares são o centro de integração das vias aferentes olfactivas, viscerais e somáticas. Estão ligados
ao sistema límbico pela habénula (stria medularis)
9
FG
CORPOS MAMILARES
Os corpos mamilares recebem como principal aferência o fórnix (fibras pós-comissurais), estabelecendo uma
comunicação com o hipocampo ventral.
Relativamente às eferências, podemos destacar 2 feixes:
Feixe Ascendente – é o Feixe Mamilo-Talâmico De Vicq d’Azyr. Dirige-se para o núcleo anterior do tálamo e
faz sinapse com neurónios cujos axónios se dirigem para circunvolução do corpo caloso
Feixe Descendente – é o Feixe Mamilo-Tegmental de Gudden. Dirige-se para os núcleos reticulares
mesencefálicos e termina nos núcleos dos nervos cranianos.
10
FG
11
FG
FEIXE TELENCEFÁLICO/PROSENCEFÁLICO MEDIAL
Feixe de fibras aferentes e eferentes que liga o córtex pré-frontal, área septal, núcleos hipotalâmicos e mesencéfalo
límbico.
CINGULUM
Conjunto de feixes que irradiam a partir da circunvolução do corpo caloso
Permite a inter-conexão entre todos os elementos da circunvolução límbica (anel de Broca)
TRÍGONO OU FÓRNIX
Lâmina de substância branca triangular, de base posterior e
vértice anterior
Constitui o sistema eferente do hipocampo que se dirige
para os corpos mamilares
Por baixo do corpo caloso e sobre a parede superior do 3º
ventrículo
Unida ao corpo caloso, ao nível do corpo posterior e
esplénio, sendo que se separa deste à medida que se dirige
para a frente, formando um espaço ocupado na linha média
pelas paredes e a cavidade do septo pellucidum
Forma encurvada, apresentando 2 faces, 2 bordos, uma base
e um vértice:
o Face superior – unida atrás ao corpo caloso, separando-se deste mais à frente. Contribui para a limitação das
paredes internas dos ventrículos laterais
o Face inferior – relacionada com a tela coroideia do 3º ventrículo e, por isso, com a parede superior do 3º
ventrículo
o Bordos laterais – relacionam-se com os ventrículos laterais
o Base – relaciona-se com o corpo caloso. Daqui emergem os pilares do fórnix
o Vértice – orientado para a frente. Daqui emergem as colunas do fórnix.
12
FG
Pode-se considerar que o fórnix é constituído por
2 arcos de circunferência ântero-posteriores, com
concavidade virada para baixo, unidos pela sua
porção superior e média e cujas extremidades se
afastam formando as colunas (anteriores) e os
pilares (posteriores) do fórnix
o Colunas do Fórnix – origem no vértice do
fórnix, dirigem-se para a frente/baixo e depois
para trás. Contornam a extremidade anterior
do tálamo, contribuindo para a delimitação
dos buracos de Monro. A partir daqui, seguem
um trajecto descendente. Quando alcançam a
comissura branca anterior, as fibras do fórnix
dividem-se:
Fibras Pré-Comissurais (25%) – para os
núcleos septais, córtex pré-frontal,
hipotálamo anterior e área pré-óptica
Fibras Pós-Comissurais (75%) – para os
corpos mamilares, principalmente.
o Pilares do Fórnix – origem na base do fórnix,
dirigem-se para trás/baixo/fora, contornando-
se a extremidade posterior do tálamo. Terminam na
fímbria do hipocampo.
Quanto às fibras do fórnix, é possível distinguir:
o Fibras Intra-Hemisféricas – unem o hipocampo ao corpo
mamilar do mesmo hemisfério
o Fibras Inter-Hemisféricas (Comissura do Fórnix ou Lira
d’Ammon) – permitem a comunicação entre as duas
formações hipocâmpicas.
Circuito de Papez
Segundo a Teoria de Papez, as estruturas do lobo límbico constituem o substrato neural da emoção e da memória.
Esse mecanismo consiste num circuito fechado que une os componentes do sistema límbico.
O circuito de Papez é constituído pelos seguintes tractos e componentes:
13
FG
Esquizofrenia
Os sintomas de esquizofrenia incluem distúrbios do pensamento crónicos, emoções abruptas e desconcertantes e
distanciamento emocional.
Os delírios paranoides e as alucinações auditivas também são comuns.
A investigação clínica demonstrou que se os receptores límbicos dopaminérgicos forem bloqueados por agentes
farmacológicos (ex: antipsicóticos), os sintomas mais graves da esquizofrenia são atenuados.
Por exemplo, a fenotiazina bloqueia os receptores de dopamina no sistema límbico. Contudo, este fármaco também
tem efeitos adversos, nomeadamente as discinesias tardias devido ao bloqueio dos receptores dopaminérgicos do
sistema extrapiramidal
Apesar destas terapêuticas farmacológicas usadas na esquizofrenia, ainda não existe evidência directa de que a
produção excessiva de dopamina por certos neurónios contribui para a esquizofrenia.
14