Módulo 1 – Conceituação
Desde antes do ano 2000, quando a expectativa pelos perigos que seriam causados
pelo chamado “bug” do milênio aterrorizava os gerentes de TI, os sistemas
integrados de gestão, ou ERP (Enterprise Resource Planning), passaram a ser
largamente utilizados pelas empresas. Apresentados algumas vezes como “solução
mágica” para a maioria dos problemas empresariais, eles são sistemas genéricos
capazes de integrar todas as informações que fluem pela empresa por intermédio de
uma base de dados única. A literatura sobre o assunto apresenta uma série de
resultados positivos e benefícios a serem obtidos com a adoção desses sistemas.
Porém, existem também dificuldades a serem enfrentadas e profundas mudanças a
serem realizadas, para a obtenção dos benefícios prometidos.
ERP é uma das siglas mais conhecidas no mundo corporativo, embora nem todos
saibam seu significado: são pacotes (software) de gestão empresarial ou de sistemas
integrados, com recursos de automação e informatização, que contribuem para o
gerenciamento dos negócios empresariais. A tecnologia ERP utiliza o conceito de
base de dados única, pois todos os seus módulos ou subsistemas estão num único
software. As empresas produtoras dessa tecnologia aplicada a sistemas de
informação operacional, de gestão estratégica cresceram em todo o mundo.
O software integrado é parte de uma tecnologia que registra e processa cada evento
empresarial resultante das funções empresariais básicas, a partir de uma única
entrada para processamento. A partir dessa entrada e armazenamento dos dados, o
software integrado distribui a informação para todos na empresa, de acordo com o
nível estratégico, tático e operacional em que se encontrem. Para isso, usa critérios
de segurança efetivos, claros, consistentes, em tempo real e com qualidade, ou seja,
informação oportuna.
-1–
Implementação da tecnologia ERP
Linha do tempo
Para entender o mercado de ERP, mais do que se ater apenas ao aspecto técnico, é
preciso voltar no tempo, até a época da reserva de mercado, quando 90% das
empresas dirigiam seus investimentos em informática ao desenvolvimento interno.
Isso resultou em soluções programadas sem documentação, muitas vezes em Cobol,
ou outros sistemas obsoletos, o que fez com que o “bug” do milênio fosse mais
temido aqui no Brasil do que em qualquer outro país. Muitos empresários decidiram,
então, passar uma borracha nos sistemas antigos e partir para a adoção de novos e
mais modernos sistemas de gestão, que prometiam integração e segurança.
Essa postura beneficiou principalmente a SAP, empresa de origem alemã, que tinha
vários contratos globais para servir como argumento de venda no Brasil. A SAP
influenciou o mercado nacional e cresceu tanto, a ponto de ser a solução adotada
pela maioria das empresas que figuram na famosa lista anual da revista norte-
americana Fortune 500. O mercado das médias empresas no Brasil era pulverizado
entre empresas como a Datasul, Logocenter, RM Sistemas, enquanto a Microsiga
nadava sozinha no mar das pequenas empresas.
Dias contados
-2–
Nos anos 2003 e 2004, veio a estabilização. Quem comprou não pretendia gastar
mais. A SAP, depois de ter conquistado o mercado das grandes, ficou sem saída, sem
ter para onde expandir seus tentáculos. A necessidade de crescimento fez com que a
multinacional focasse o mercado das médias.
Nem todas as empresas tiveram fôlego para atravessar esse período de calmaria.
Enquanto a SAP tentava “descer” para alcançar as médias, a Microsiga fez o caminho
inverso e começou a tentar a “subida” também em direção às médias. A
movimentação do mercado também trouxe mudanças na direção da SAP, que passou
às mãos do presidente José Ruy Antunes, que continua no cargo até hoje.
Com o amadurecimento dos projetos de ERP, ficou claro para o mercado que essas
soluções não trazem ganho estratégico e nem diferencial às companhias que a
adotam. O mercado ficou mais crítico.
Falando Sério
Quando a SAP fala em alcançar o mercado das médias empresas, ela fala sério. A
empresa tem uma meta mundial de crescimento. De 2005 a 2010, a companhia
pretende passar de 26 mil clientes para 150 mil, o que significa dobrar o faturamento
de 10 bilhões de dólares para 20 bilhões.
Hoje, a SAP é desejada por 180 grandes empresas mundiais. Isso porque no rol das
mil maiores empresas listadas pela revista Fortune, a SAP está em 820 delas. A meta
de crescimento no Brasil também é agressiva. Passar de 700 clientes, em 2005, para
7 mil em 2010. Para isso, a companhia aposta na atuação junto ao mercado de
médias empresas.
Fusão de Solução
-3–
Mas para fazer frente ao avanço da Oracle, a poderosa Microsoft começou a olhar
com carinho para esse mercado, uniu-se à SAP e lançou o Duet. Chamada
anteriormente de Mendocino, a iniciativa conjunta entre as duas empresas para a
área de aplicações receberá oficialmente o nome de Duet – dueto, em inglês – e
deverá ter seu software lançado no mês de junho de 2006.
O Duet permitirá o acesso a dados e processos das aplicações da SAP por meio do
software Office, da Microsoft. Em uma companhia, por exemplo, um profissional
poderá gravar determinada informação no Microsoft Outlook e tê-la absorvida
imediatamente pela aplicação da SAP para fins de processamento. A SAP espera
estreitar as relações com o Office para ganhar escala entre seus usuários. A iniciativa
também ajudará a fortalecer a SAP frente à rival Oracle.
Para a Microsoft, o Duet vem solidificar sua liderança na área de aplicações para
desktop, na medida em que amplia a participação de seu software no dia-a-dia das
companhias. A parceria entre a SAP e a Microsoft, entretanto, não é exclusiva. A SAP
também está trabalhando com a Macromedia para desenvolver melhores interfaces
para seu ERP. As companhias também lançaram uma campanha conjunta de
marketing para o produto. O software será divulgado e comercializado
conjuntamente e terá suporte da Microsoft. Cerca de 100 clientes e parceiros já
estão testando o Duet desde suas primeiras versões, divulgadas restritamente no
ano passado.
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Módulo 2 – Mercado
Motivador de investimentos
Receitas estagnadas
O ano de 2002 marca o final dos tempos áureos dos sistemas de gestão. Os
tradicionais fornecedores de pacotes ERP registravam receitas estagnadas ou então
muito reduzidas. Para sobreviverem, começaram a buscar alternativas que lhes
permitissem retomar a geração de novas receitas e, principalmente, lucro. Em 2003,
os fornecedores reinventaram o ERP e, assim, provaram que o setor, dado como
morto por muitos – ou saturado, principalmente nas grandes corporações – estava,
em verdade, apenas adormecido.
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Também a IFS (Industrial & Financial Systems) passou por mudanças para atender a
clientes mais centrados em retorno de investimentos. Sua equipe de vendas passou
a ser formada basicamente por consultores, enquanto a área de marketing
trabalhava também como geradora de leads. A estratégia resultou em uma atuação
mais verticalizada da softwarehouse, que ganhou novos clientes em segmentos
inexplorados como agribusiness, consultorias, engenharia e construção.
Módulos complementares
Embora ainda mantivesse boa parte de seu foco na venda de seu banco de dados, a
Oracle fechou uma série de acordos com outros fornecedores de sistemas de gestão.
Uma vez identificado o alvo, a estratégia era abordar o cliente com a oferta de
módulos de sua solução, voltados para aplicações complementares, como logística,
suprimentos e distribuição. Até então, a Oracle não investia pesado na competição
direta com os fornecedores de ERP. Ao contrário, vislumbrava oportunidades com as
parcerias.
A PeopleSoft manteve seu foco voltado para as grandes corporações, embora tenha
mudado a abordagem: adaptou sua metodologia para tornar as implementações
mais rápidas e criou um modelo de cobrança mais flexível. Além disso, a companhia
pagou 1,7 bilhão de dólares pela J.D. Edwards, que também atuava na arena de
soluções de gestão empresarial, com forte foco no segmento de manufatura.
Onda de aquisições
Um estudo realizado no início de 2004 pelo The Yankee Group com 500 companhias
nacionais indicava que mais de 70% das grandes empresas (com faturamento anual
entre 100 milhões e 500 milhões de reais) possuíam um sistema de gestão. Nesse
mesmo grupo de empresas, porém, os sistemas de CRM estavam presentes em
apenas 30%.
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De acordo com o The Yankee Group, naquela oportunidade, ao contrário do que
alguns imaginavam, o terreno do ERP também era fértil. Entre as empresas
nacionais classificadas como médias ou pequenas – situadas na faixa de faturamento
anual abaixo de 100 milhões de reais – 53% não tinham um sistema de gestão.
Transações bilionárias
Foi o caso da Oracle, que em 2005 fez pelo menos três aquisições de peso. Após
muita discussão e idas e vindas, desembolsou 10,3 bilhões de dólares pela
PeopleSoft, que trouxe com ela toda a base de clientes da J.D. Edwards. Três meses
depois, a companhia absorveu as operações da Retek e em setembro do mesmo ano
anunciou a compra da fornecedora de CRM Siebel por 5,9 bilhões de dólares.
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Com a aquisição da RM Sistemas, a Totvs – holding que controla a Microsiga,
Logocenter e a Totvs BMI – atingiu 24% do mercado brasileiro de back office,
praticamente empatada com a SAP, que detém 25%. Os números são da consultoria
IDC Brasil e referem-se ao primeiro semestre de 2005. Isoladamente, a Totvs
mantinha 17% do mercado e a RM Sistemas, 7%.
Consolidação do mercado
Do lado dos que seguiram suas próprias previsões está a SAP, que comprou a briga
com o mercado e seus analistas ao defender que em momento algum esses
aplicativos complementares substituiriam o “core business” da empresa.
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A SAP não acreditou nessa ruptura do mercado. Gurus e analistas criavam uma
euforia em torno do CRM, SCM, BI, Internet que vigorou durante muito tempo, mas
não se manteve para sempre.
A Datasul, por sua vez, depois de avaliar seus resultados e a demanda do mercado
por serviços terceirizados de aplicações de gestão empresarial, decidiu, há cerca de
um ano, apostar no outsourcing de serviços para esse segmento. Em fevereiro de
2005, a brasileira especializada em ERPs deu independência para um tipo de negócio
que, ao longo de 2004, registrou crescimento na empresa de 66% sobre o ano
anterior. Com isso, criou a Datasul Outsourcing, companhia independente que atua
especificamente na oferta de soluções terceirizadas de gestão empresarial. Os
serviços serão oferecidos por meio do próprio data center da Datasul, além de
parcerias que a empresa mantém com IBM e .comDominio.
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Módulo 3 – Sistemas legados em ERP
Por outro lado, o ambiente de Tecnologia da Informação ainda está longe do estado
da arte. O que se observa, hoje, é o cenário com as conseqüências do que muitos
chamaram “A Segunda Onda do ERP”. O desenvolvimento do mercado corporativo
globalizado exige um novo papel dessas soluções, que não respondem mais aos
anseios do cliente. Apenas gerenciar de maneira centralizada não significa muito
hoje, o que levou aos novos ERP maior complexidade adicionada ao incluir
funcionalidades de Business-to-Business, Supply Chain e, até, Business Intelligence.
Mas existe o grande problema dos antigos ERPs adotados no início da onda,
representando um legado de difícil acesso que tem prejudicado inúmeras
companhias.
Tanto que, no seu auge dos primeiros sistemas de ERP, na década de 90, eles foram
introduzidos no mercado como “suítes integradas” que automatizavam atividades
corporativas típicas de departamentos como financeiro, recursos humanos,
manufatura, logística e distribuição. O argumento de venda de então era que os
ERPs permitiam que a companhia dividisse dados e práticas comuns entre toda a
companhia, além de resolver o problema da fragmentação e consolidação dos dados
em grandes organizações. Acontece que essas soluções representam, hoje, um
grande entrave para as companhias. A antiga palavra de ordem do início do
desenvolvimento foi substituída no contexto atual por uma nova: interoperabilidade.
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Aquisições e fusões: calcanhar-de-aquiles do ERP
Não é à toa que um estudo da IDC colocou o ERP como prioridade de investimentos
em 2006. Ao ouvir 880 executivos de empresas de diversos tamanhos no Brasil, a
consultoria contradisse o conceito de que o ERP já está consolidado nas empresas.
No relatório “IDC Brasil IT Security & Business Continuity Conference 2006”, a IDC
salientou que os investimentos em ERP são extremamente necessários. Para
aquisições e fusões, especialmente, a customização entre sistemas díspares de duas
companhias diferentes pode atingir semelhante nível de trabalho da fase inicial de
implementação dos sistemas de gestão empresarial.
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Apesar disso, a SAP não passou incólume pelas polêmicas aquisições dos
concorrentes e pela insegurança do mercado. Dentro de um contexto de
movimentações agressivas, as organizações precisam se posicionar rapidamente
para não saírem do mercado.
Além dessas duas, a Microsoft, por meio da Microsoft Dynamics, também busca esse
mercado e se movimenta nessa direção. Com forte atuação no segmento de Small
and Medium Business (SMB), a divisão da gigante parte decidida atrás do ERP.
Outras companhias, como a SSA Global, Infor, Epicor, Lawson e Exact Software,
também apostaram nas aquisições para reforçar sua presença no mercado. A Infor
adquiriu a SSA Global, em maio, se transformando num gigante com renda estimada
de cerca de US$ 1,6 bilhões anuais.
Muito foi discutido e imaginado dentro do novo cenário. Em alguns casos, clientes
das empresas compradas formaram grupos de usuários exigindo que o suporte e as
atualizações continuem normalmente por algum tempo. Independentemente disso,
continua valendo a regra para os usuários: analise as direções da companhia em
questão, entenda o papel que o ERP possui nessa estratégia e calcule os impactos da
integração de novas soluções dentro do sistema de gestão empresarial.
Legado e as inovações
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Um ambiente com maior produtividade de uma empresa que explora o
reaproveitamento de serviços por meio de uma Arquitetura baseada em Serviços
(Service-Oriented Architecture) ou, ainda, o melhor controle dos custos ao se apoiar
na explosão da computação sob demanda.
Outra questão que precisa ser melhor analisada diz respeito ao processo de
verticalização das soluções. A política de aquisições dos fornecedores de ERP
quebrou o antigo paradigma ao possibilitar, sem a necessidade de uma demorada e
dispendiosa customização, a adoção de um ERP de mercado que tenha
funcionalidades dedicadas ao setor específico de cada cliente, de finanças a
telecomunicações, de serviços à manufatura, de retail ao setor de saúde. No cenário
dos sistemas anteriores, esse tipo de funcionalidade foi criada com dificuldade e não
consegue atingir, de maneira completa, as necessidades dos usuários, também pelas
exigências serem todas novas.
De qualquer forma, o mercado de ERP passa por uma das mais radicais mudanças
entre todos os setores em Tecnologia da Informação. Por estar mais consolidado e
por ser utilizado a mais tempo do que as outras soluções, representa um desafio
adicional ao entrar no cenário mundial de concorrência global e novas tecnologias.
Ainda assim, provou que está longe de ser uma área segmentada. Os rumos ainda
são meio nebulosos, mas não é exagero pensar que ainda se falará de sistemas de
gestão empresarial por muitos e muitos anos.
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Módulo 4 – Pequenas e Médias
Ainda que sejam classificadas como pequenas ou médias, muitas empresas que
continuam a controlar seus gastos em dispersas planilhas de cálculo pela rede podem
estar perdendo terreno no atual cenário competitivo de negócios. Hoje em dia, os
principais fabricantes, de olho nesse atraente mercado, ajustaram suas soluções aos
pequenos e médios negócios e já é possível entrar no mundo do ERP com
investimentos da ordem de 20 mil reais.
A empresa vê uma oportunidade imensa nesse segmento, já que quase 50% das
médias companhias ainda não possuem nenhuma solução de ERP. O Dynamics é
uma evolução dos produtos anteriores e deve ganhar mercado pela familiaridade que
os usuários já têm com o Office e o próprio Windows, aposta a corporação. A idéia é
que, por volta de 2008, a Dynamics seja uma suíte com alta capacidade de
integração com os programas do Office.
Rede de parceiros
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A empresa espera aumentar em 50% o número de contratos firmados para a locação
de ERP. Para ampliar a visibilidade da PSM em todo o país, a companhia conta com o
canal, que passa a ser responsável pela prospecção, atendimento e serviços
prestados aos clientes. A locação promete investimentos até 60% mais baixos, em
comparação ao modelo tradicional de ERP, que prevê a venda do software.
Assim que concluir a composição de sua estrutura indireta, prevista para o segundo
semestre de 2006, a empresa criará grades de treinamentos para especialização do
canal, focando o pós-venda, para incentivar a prestação de serviços.
A Consist enxerga o Rio Grande do Sul como um importante pólo industrial do país.
Além disso, cadeias logísticas e comerciais também se destacam. A idéia das
empresas é aumentar a participação nesse mercado, tanto com vendas diretas,
quanto com parcerias. A proposta é mostrar que a mesma tecnologia utilizada pelas
grandes corporações está disponível para o mercado gaúcho de pequenas e médias
empresas. No caso do ERP, por exemplo, elas oferecem uma solução de ambiente
web, coisa que nem todas as grandes organizações possuem.
- 16 –
Além disso, a empresa estabeleceu como meta ampliar a carteira de clientes, dos
atuais 35 para mais de mil estabelecimentos comerciais, levando em consideração a
conquista de todas as unidades franqueadas de uma rede em todo o país.
Atualmente, a DBO atende redes como Burger King, Fogo de Chão, Terraço Itália,
Café Suplicy e General Prime Burger, entre outros.
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Módulo 5 – A Evolução do ERP
O ERP no Brasil
Para entender o que acontecia na década de 90, seria preciso voltar no tempo, para
a década de 50, quando os mainframes eram os principais protagonistas
tecnológicos, já que os primeiros sistemas de controle de estoques rodavam neles.
Apesar de lento e caro, esse processo representava uma evolução eficiente, em
comparação ao antigo modelo, em que tudo era feito manualmente.
- 18 –
Como resultado dessa evolução, a década de 80 traria a novidade das redes de
computadores ligadas a servidores. Era então uma evolução significativa aos
mainframes utilizados até então, o que possibilitou, inclusive, mais eficiência no
gerenciamento da produção e da logística. O MRP passava a ser chamado de MRP II,
e agora ganhava a funcionalidade de controlar também outras atividades como mão-
de-obra e maquinário. Teoricamente, o MRP II era uma espécie de ERP, uma vez que
tinha uma maior abrangência dos controles e gerenciamento. Esse conceito tornava
os processos mais rápidos, além de permitir a comunicação entre diversos sistemas.
Novas áreas seriam então beneficiadas com a ferramenta, como finanças, compras,
vendas e recursos humanos.
- 19 –
Ainda na Europa, duas empresas do setor ganhavam mais visibilidade: a holandesa
Baan e a alemã SAP. Paralelamente à formação desse mercado europeu, um
engenheiro do ITA, no Brasil, estava desenvolvendo um sistema de controle de
produção para máquinas Burroughs. Em 1978, Miguel Abuhad, fundaria a Datasul. O
objetivo de seu negócio era trazer máquinas de grande porte para o país e vendê-las
com sistemas ERP embutidos. Porém, com a reserva de mercado e a impossibilidade
de importar, a estratégia da empresa se voltou para companhias brasileiras como
SID e Cobra.
Com a chegada da SSA, o primeiro projeto de ERP foi feito na KS Pistões. Em 1993,
a Latas de Alumínio (Latasa) contratou uma implementação de grande valor. A
companhia passava por um momento de expansão, com inaugurações de fábricas no
Chile e na Argentina. Até então, utilizava o primeiro sistema da IBM, que não tinha
uma ferramenta que pudesse ser atualizada, e a tecnologia foi substituída para
reduzir custos.
Esse investimento foi importante para o mercado da época porque gerou um alto
ROI, que consolidava a eficiência das ferramentas. A empresa investira 1% do seu
faturamento, valor que seria pago em um ano e oito meses.
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A hora das pequenas empresas
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Módulo 6 – ROI
Os anos dourados do ERP situam-se entre 1997 e 1999. A busca por soluções
integradas em substituição aos aplicativos modulares, somada à substituição dos
sistemas legados e à necessidade de correções e adequações ao bug do milênio,
elevaram as receitas dos fornecedores de sistemas de gestão empresarial a
patamares nunca antes – nem depois – alcançados. Naquela época, a cada duas
semanas era anunciado um novo projeto de ERP. Muitos empresários diziam que a
partir daquele momento a gestão deles seria espetacular. Mas hoje está claro que o
ERP é apenas uma condição básica para que a empresa participe da competição.
Processo de compra
Naquela época, quem vendia os sistemas não entendia o negócio do cliente e quem
comprava entendia menos ainda o que iria implementar. Hoje, por outro lado, os
fornecedores de ERP sentam com o cliente para entender seu negócio. O processo de
compra ficou mais longo, mas muito mais seguro, tanto para o cliente, quanto para o
fornecedor.
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Decisões estratégicas
O ano 2000 começou com grandes desafios. Em primeiro lugar, havia a necessidade
de ajustes e upgrades nos projetos fechados a toque de caixa para a virada do ano.
Dessa forma, o boom do ERP continuou em 2000, porque as empresas que
implementaram os sistemas em virtude dos prazos precisavam ampliar ou afinar
melhor o escopo. Isso deu um bom fôlego para o mercado e segurou um pouco a
queda de demanda que naquela altura já era mundial.
Passada a época dos ajustes, no entanto, o mercado atingiu o platô. Era a chamada
“ressaca do ERP”: Quem já tinha adotado não iria comprar uma nova versão tão
cedo e quem ainda não tinha, preferiu esperar. Queriam ter certeza de que
conseguiriam adotar as versões preparadas para conversar de forma transparente
com ferramentas como Customer Relationship Management (CRM) e Business
Intelligence (BI), além de estarem prontas para suportar aplicações e novos modelos
de negócio na web.
O fantasma do ROI
Além disso, o fantasma do ROI não parava de assombrar os CIOs que, pressionados
pela diretoria e acionistas de suas empresas, não conseguiam mensurar com
exatidão como e quando os investimentos em ERP seriam amortizados. A abundância
de recursos tinha chegado ao fim.
Mas esse era um movimento já esperado pelos fornecedores, que sabiam que isso
iria acontecer, levando em conta o quanto tinha sido investido até aquele momento.
A queda era inevitável. Nesse momento, os grandes fornecedores, com a SAP,
decidiram realinhar suas estratégias e desenvolver soluções para atender a próxima
onda. Os anos de 2000 e 2001 caracterizaram um período no qual a empresa alemã
focalizou os processos internos, estreitando o relacionamento com os clientes.
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Internet: a maior das ondas
Novas ondas vieram. A maior delas, a Internet, prometia mudar a forma como tudo
funcionaria dali em diante. Apesar de verdadeira, a premissa não aconteceu na
velocidade esperada e muitas empresas, que apostaram tudo nas tecnologias
corretas, mas no timing errado, perderam muito dinheiro.
Do lado dos fornecedores de ERP, surgiram duas novas estratégias para tentar
reverter os balanços: a verticalização dos sistemas, com foco em diferentes
segmentos e a tentativa, ainda que frustrada, de implementar o modelo de aluguel
de sistemas de gestão, via ASP. A verticalização veio com força naquele momento
porque atingimos o máximo que o software genérico podia atender. Para fazer bem,
precisávamos de mais detalhes do negócio de cada cliente.
No entanto, a demanda pela verticalização não veio dos clientes, mas sim da
necessidade dos fornecedores de ERP de gerar mais receitas. O modelo ASP, que
nunca saiu do papel, era, no fundo, uma estratégia de financiamento no longo prazo
com um produto muito semelhante ao anterior. Era quase um relançamento do
mesmo software. E esse conceito evoluiu para o que conhecemos hoje como “on
demand”. Naquele momento, analistas apontam que a oferta do modelo ASP foi
precipitada, tanto do lado dos fornecedores, que não souberam vender ou não
tinham prontos os serviços adequados, quanto do lado dos data centers, que não
possuíam uma plataforma flexível o suficiente naquela época.
Conceito perfeito
Nascido de outra vertente, mas também com muita força, surgia o movimento do
CRM. Na época, analistas e empresas afirmavam que como o back office das
companhias já contava com o ERP, era chegada a hora de olhar para o front office e
otimizar o relacionamento com os clientes, de preferência com ferramentas de CRM.
O conceito era perfeito, mas na prática, a tecnologia não estava pronta para entregar
o que as empresas queriam. A Vantive do Brasil foi a primeira fornecedora de
soluções de CRM no mercado nacional e foi adquirida pela PeopleSoft em março de
2000, a qual, por sua vez, foi comprada pela Oracle em 2004.
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Apesar disso, empresas como Shell, Petrobrás e Americel foram bem-sucedidas em
seus projetos. Esses clientes sabiam exatamente o que queriam com o CRM. A
preocupação do mercado – automatizar os processos de venda e os call centers –
fugia ao propósito principal do CRM, que era conhecer melhor os clientes. Outro
momento de desgaste nesse mercado é o discurso de que as soluções de CRM se
integrariam facilmente ao back office do ERP. Isso não acontecia na prática e gerava
muitos problemas e novos custos com projetos para integração.
Diferencial estratégico
Ao analisar esse período, com o equilíbrio que só o tempo pode trazer, fica claro que
essa foi a época de consolidação definitiva do mercado de ERP no país. Passadas as
turbulências, percebe-se também que foi uma fase de aquecimento para a onda de
consolidação e reposicionamento estratégico que viria depois. Além disso, pode-se
dizer também que nessa fase registra-se o amadurecimento das empresas nacionais,
que mudaram sua percepção em relação a TI e ao modo como ela impactaria os
negócios. Nada seria como antes. Era chegada a hora da maturidade.
Uma das principais transformações nesse período foi a evolução do papel de CIO
dentro das empresas. De gerente de CPD, que apenas aprovava a compra de
softwares e gerenciava os sistemas legados, o profissional passou a ter de entender
de finanças e compreender a estratégia de negócios, além de comprovar os
investimentos feitos nos grandes sistemas de gestão. Naquele momento, os CIOs
começaram efetivamente a falar de negócios.
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Módulo 7 – Segurança
Não é à toa que um estudo importante coloca esses dois temas tão próximos.
Levantamento do IDC, realizado com 880 executivos de empresas brasileiras de
diversos tamanhos, dá conta que, em 2006, os sistemas de gestão empresarial (ERP)
são os campeões de intenções de investimentos, seguidos de perto pela Segurança
da Informação. Quando levado ao mercado de pequenas e médias empresas, no
entanto, o cenário é diametralmente oposto. A Segurança da Informação domina as
intenções dos empreendedores, com o ERP na seqüência.
Além dessas questões, outro fator precisa ser abordado. Como as ferramentas de
ERP passaram, com o tempo, a integrar soluções de business-to-business (B2B),
Supply Chain Management (SCM) e Customer Relationship Management (CRM), o
ambiente começou a ficar mais integrado. O cenário hoje tem diversas aplicações
que se conversam livremente, com as informações estratégicas centralizadas. Ou
seja, agora existe um alvo único e bem-definido que pode ser atacado diretamente.
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Revolução do ERP ameaça segurança
Não é preciso ser especialista em segurança para entender que, quando existe
apenas uma única porta de entrada, ela é mais visada e precisa de maior proteção.
Se o ambiente anterior pecava pelo excesso de soluções que não se conversavam, os
dados possuíam uma proteção inesperada: eram mais difíceis de serem encontrados
e, por conseqüência, de serem roubados. Com interoperabilidade e maior
transparência como palavras de ordem, essa defesa estrutural acabou.
Existem outras maneiras de se defender, mas elas não estão sendo analisadas
atentamente. Por exemplo, as funcionalidades de proteção que vêm juntas às
soluções de gestão empresarial e as ferramentas de segurança presentes no banco
de dados no qual o ERP vai rodar. Criptografia ou forma de acesso seguro costumam
ser comuns para grande parte das soluções de mercado. Ainda assim, não são
poucos os casos de empresas que simplesmente não ativam essas soluções de
segurança dentro do ERP e do banco de dados. Por outro lado, é preciso verificar se
essas funcionalidades não são repetitivas entre si ou, pior, conflitantes, criando
gargalos na rotina da empresa.
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Por mais que os ataques externos e as intrusões não tenham sido eliminados, longe
disso, as taxas de fraudes de origem interna e de abusos do sistema seguem em
ritmo frenético aproveitando as facilidades de um único sistema que gerencia contas
a pagar, benefícios aos empregados e outras informações críticas para a
organização. O comportamento das empresas, de maneira geral, se resume a tratar
o ERP apenas com controles internos que visam limitar o comportamento dos
usuários, enquanto a linha de frente de proteção corporativa concentra-se no
sacramentado quinteto: antivírus, firewall, sistema de detecção e prevenção de
intrusos, além de VPNs.
Essa estrutura consolidada tem tido sucesso no controle de ataques externos visando
o ERP e suas informações. No entanto, o cenário com um ERP com novas
funcionalidades e com inúmeros usuários acessando o sistema demanda novos níveis
de segurança já nas transações. Relatório do Gartner sobre o tema aponta que “as
organizações deveriam considerar, de maneira global, o conjunto de funções e
controles de segurança que perpassam o ambiente inteiro, para que ele gere
transações confiáveis”. O relatório salienta que as vulnerabilidades vão ser
exploradas em sua maioria por inimigos internos.
Uma das funcionalidades agregadas ao novo ERP traz uma preocupação maior. Se,
ao comentar os benefícios de negócios, as soluções de Supply Chain Management
têm valor inquestionável, elas não são tão promissoras quando se começa a levar em
conta a Segurança da Informação. A adoção dos parceiros de negócios dentro do ERP
da companhia representa mais uma série de vulnerabilidades dentro do sistema da
empresa, se multiplicando exponencialmente o perigo com os inimigos internos.
Agora, as organizações devem confiar não apenas nas ações de seus funcionários,
mas também dos seus parceiros de negócios e da estrutura de defesa de perímetro
deles.
Formas de proteção
O outro requisito básico, a criptografia, também tem papel primordial. Ela está
relacionada prioritariamente a limitar a capacidade de exportar a base de dados
livremente e também para impedir que esses dados sejam farejados durante seu
percurso na rede.
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No entanto, a criptografia precisa adereçar a necessidade de proteger contra o
acesso sem autorização de usuários que foram autenticados no sistema.
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Módulo 8 – Tendências
Esse mercado de ERP se desenvolveu muito ao longo dos anos, mas hoje, um dos
assuntos mais discutidos em relação a ele é a integração de sistemas e a venda de
pacotes fechados que não possuam apenas o ERP, mas soluções analíticas de BI,
Datawarehouse, entre outras. Com essas ações, o cliente está cada vez mais
exigente e demanda não apenas um produto completo e alinhado ao negócio de sua
empresa, como também de baixo custo.
Esse mercado de ERP se desenvolveu muito ao longo dos anos, mas hoje, um dos
assuntos mais discutidos em relação a ele é a integração de sistemas e a venda de
pacotes fechados que não possuam apenas o ERP, mas soluções analíticas de BI,
Datawarehouse, entre outras. Com essas ações, o cliente está cada vez mais
exigente e demanda não apenas um produto completo e alinhado ao negócio de sua
empresa, como também de baixo custo.
Quando o cliente opta por comprar, por exemplo, uma solução de ERP e,
separadamente, uma solução de BI, ele vai ter de pagar duas licenças, duas
manutenções, além de não ter suas informações integradas. Nesse sentido, a onda
de aquisições de empresas de tecnologia está cada vez mais forte, já que as
companhias criam um atendimento multifacetado, capaz de atender todas as
necessidades do cliente com uma única solução.
As organizações despertam agora para o fato de que o ERP não é um custo e sim um
investimento que agrega valor. Porém, outro ponto a destacar é que o mercado pode
crescer ainda mais, principalmente no que se refere à implementação da ferramenta,
porque as companhias ainda têm muitos processos a serem controlados e
otimizados. É importante que o ERP acompanhe constantemente a evolução da
gestão da empresa. Por isso, o cliente dá cada vez mais importância a produtos que
venham acompanhados de suporte e atendimento.
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Pequenas e Médias Empresas
Estratégias de atendimento
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Aquisições para estender a atuação do ERP
Sabe-se que o mercado de ERP sofreu um grande estouro no final dos anos 90.
Porém, depois do grande número de sistemas vendidos nesse período, o mercado
deu uma freada nos investimentos. Os anos 2000, 2001 e 2002 não foram bons anos
para 95% do mercado.
As empresas têm procurado não somente uma solução pontual que atenda desafios
isolados, como também algo que lhes proporcione um benefício maior. Dentro desse
conceito, o ERP tem sido uma escolha muito freqüente por se tratar de uma base
consistente e que possibilita até mesmo, quando necessário, um forte
relacionamento com o cliente.
Relacionamento fortalecido
O ERP funciona muito melhor em parceria com outras ferramentas. E é nessa direção
que o mercado caminha, de modo que os produtos comercializados sejam
empacotados e que o relacionamento com o cliente seja fortalecido.
Além disso, há uma série de outros motivos que justificam o fato de o ERP figurar
sempre nas primeiras colocações do ranking de investimentos.
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Os pontos mais fortes são: a integração e a oferta de informações para o processo
de tomada de decisão, e base de dados para outras aplicações empresariais, como
SCM, CRM, BI, entre outras.
O mercado hoje em dia percebe que existem diferentes realidades vividas pelas
empresas, no que se refere aos investimentos, governança corporativa, processos e
modelo de negócio. Cada um desses lados impacta diretamente no investimento de
ERP e também na oferta. Não se pode oferecer um produto padrão com a ilusão de
que ele vai solucionar os problemas de todas as companhias igualmente. Os clientes
mudam, os desafios mudam, a tecnologia se desenvolve e a os fornecedores
precisam mudar também, e acima de tudo, acompanhar as tendências.
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