CENTRO DE TECNLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
2.1. A ÁGUA
SOLVENTE UNIVERSAL
Quase todas as substâncias, em maior ou menor concentração podem ser dissolvidas
pela água. Essas substâncias conferem-lhe características peculiares, que a tornarão
própria ou imprópria para o consumo humano ou industrial.
NO MUNDO
A falta de água para o consumo humano deve ser o principal problema ambiental do
milênio.
O planeta possui aproximadamente 1,4 bilhões de km3 de água, onde 97% desse total
está sob a forma de água salgada (oceanos) e apenas 3% são de água doce (figura 2.1).
3% (Água doce)
3
A água consumida no mundo é destinada para:
70% para agricultura (irrigação)
20% para a indústria
10% para o consumo doméstico (residências).
Para debater os recursos hídricos do planeta, foi realizado na Holanda o II Fórum
Mundial de Água, com a finalidade de “garantir” a disponibilidade da água no século XXI.
Aprovaram sete desafios que devem ser superados, sendo eles:
Atendimento das necessidades básicas da população.
Garantia do suprimento de alimentos.
Proteção dos ecossistemas.
Gerenciamento de riscos.
Valorização da água.
Compartilhamento dos recursos hídricos.
Administração desses recursos.
Sabe-se que 80 países, com 40% da população mundial sofrem com a falta de água. A
ONU estima que em 25 anos dois terços da população mundial sofrerão com a falta de
água.
Segundo a ONU, até 2020 o consumo de água aumentará em 40% e 2,7 bilhões de
pessoas não terão água para as suas necessidades básicas.
Cerca de 60% dos 227 maiores rios da Terra são fragmentados por represas e canais,
e 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável e 2,4 bilhões não dispõem de
saneamento básico.
A bacia Amazônica, a mais extensa rede hidrográfica da Terra, ocupa uma área total
de 6.925.000 km2, desde suas nascentes na cordilheira dos Andes até sua foz no oceano
Atlântico, abrangendo territórios de sete países sul-americanos: Brasil, Bolívia, Colômbia,
Equador, Guiana, Peru e Venezuela, sendo que 63% desta bacia ficam no Brasil.
Um dos grandes problemas é que boa parte da água doce encontra-se longe das
áreas mais populosas. A Amazônia e seus imensos rios são exemplos disso.
A água subterrânea vem sendo acumulada no subsolo há séculos e somente uma
fração desprezível é acrescentada anualmente através de chuvas ou retirada pelo homem.
Em compensação, a água dos rios é renovada cerca de 31 vezes, anualmente.
NO BRASIL
O Brasil tem cerca de 15% das reservas de água doce do mundo e de 30% dos
mananciais subterrâneos. O Amazonas é o rio com maior volume de água do planeta.
A figura 2.3 mostra as percentagens correspondentes ao uso da água no Brasil.
4
2.2. O SANEAMENTO
ALGUNS NÚMEROS RELATIVOS AO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL
5
A CARÊNCIA DE SANEAMENTO BÁSICO.
O desafio é elevar o nível geral de riqueza e qualidade de vida da população em
sintonia com a eficiência econômica, a equidade social e a conservação dos recursos
naturais.
A seguir, temos um quadro mostrando o déficit na oferta de saneamento básico no
Brasil (1998).
ÁGUA X ESGOTO
Os problemas decorrentes da falta de um sistema de coleta, tratamento e disposição
final do esgoto sanitário, agravam-se quando existe fornecimento de água tratada à
população.
Cada m3 de água utilizada produz, aproximadamente, outro m3 de esgoto sanitário,
portanto todos os 41,8 milhões de domicílios brasileiros produzem esgoto sanitário.
Números do IBGE indicam que há no Brasil 12,8 milhões de domicílios atendidos por
redes de abastecimento de água, mas desprovidos de sistemas de coleta de esgoto
sanitário produzido pela utilização dessa água, portanto despejando diariamente a céu
aberto.
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O uso do flúor tem resultados positivos nas populações de menor renda, onde estudos
feitos pela USP mostram que as crianças de municípios com águas fluoretadas possuem
uma redução de até 30% de dentes cariados, em relação aos municípios que não aplicam o
produto nas águas de abastecimento.
No Mundo.
1 bilhão de pessoas não dispõem de água potável.
1,8 bilhão não têm acesso a sanitários e esgoto.
8 milhões de crianças morrem anualmente em decorrência de enfermidades
relacionadas à falta de saneamento.
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A SITUAÇÃO EM OUTROS PAÍSES.
A seguir, temos alguns exemplos da população beneficiada com serviços de
saneamento.
ESTADOS UNIDOS
CANADÁ EUROPA
CHICAGO SAN DIEGO MIAMI
Tratamento de
100 % 100 % 100 % 100 % 100 %
água
Coleta, tratamento 99% 93% 85%
e disposição do 100 % Aprox. 100% (1% - fossas (7% - fossas (15% - fossas
esgoto sanitário. sépticas) sépticas) sépticas)
Considerações:
a) A população atendida corresponde ao número de economias residenciais (taxa de
ocupação).
b) O índice de atendimento é igual ao número que corresponde a população atendida
dividido pelo número referente à população urbana, vezes 100.
A água virtual é uma realidade pelo menos em Kyoto, no Japão. Nos debates que
aconteceram no III Fórum Mundial da Água, um número cada vez maior de governos,
agências internacionais e ONGs utiliza o conceito de água virtual. A quantidade utilizada na
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produção de alimentos e bens – para debater a economia dos recursos hídricos, o
planejamento agrícola e industrial.
“Quando você consome um quilo de arroz, de certo modo também está usando os mil
litros de água que foram necessários para cultivar aquela quantia do cereal. Quando come
um quilo de carne, gasta os 13 mil litros de água que foram necessários para produzi-la.
Esta é a água escondida, ou virtual”, explicou Daniel Zimmer, diretor do Conselho Mundial
da Água, durante uma mesa-redonda sobre comércio e geopolítica.
Na prática, a noção de virtualidade já fundamenta estudos e diretrizes políticas. Por
causa da grande quantidade de água utilizada na produção do arroz, por exemplo, ganha
força a idéia de substituir seu cultivo e consumo por trigo e soja. A proposta é rejeitada por
grupos ambientalistas, já que só o trigo geneticamente modificado seria comercialmente
viável em países tropicais, onde a rizicultura está concentrada.
Outro argumento contra a simples substituição de cultivos é o grande contraste entre
continentes, em relação ao uso agrícola da água. Europa e Estados Unidos consomem
diariamente quatro mil litros per capita de água virtual. Na Ásia, onde grande parte do arroz
do mundo é produzido, o gasto diário per capita é de 1400 litros. Globalmente, a agricultura
e a pecuária são responsáveis por 70% do consumo de água no mundo.
O conceito de água virtual pode se tornar importante para calcular o verdadeiro gasto
de água dos países, já que a simples adoção de políticas públicas avançadas, em relação à
exploração de recursos hídricos pode não ser suficiente. Um grande importador virtual
poderá indiretamente provocar desastres em países pobres, exportadores de alimentos,
onde a gestão ambiental dos recursos naturais seja deficiente.
As estimativas sobre o comércio de água virtual divulgada pela primeira vez em Qyoto,
apontam para trocas internacionais de água, em forma de alimentos, correspondentes a
20% do consumo hídrico do planeta. O cálculo foi apresentado pelo engenheiro Arjen
Hoekstra, do Instituto de Infra-estrutura em Hidráulica e Engenharia Ambiental (IHE) de
Amsterdã (Holanda).
O Brasil é considerado um dos principais exportadores de água virtual, juntamente
com Estados Unidos, Canadá, Argentina, Índia, Tailândia e Vietnã. Entre os grandes
importadores estão China, Japão, Coréia do Sul, Alemanha, Itália e Espanha.
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CAPÍTULO 3 - IMPORTÂNCIA DO ABASTECIMENTO
DE ÁGUA
3.1. INTRODUÇÃO
NECESSIDADE DA ÁGUA
O homem tem necessidade de água de qualidade adequada em quantidade suficiente
para todas as suas necessidades, não só para proteção de sua saúde, como também para o
seu desenvolvimento econômico.
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APROVEITAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS NATURAIS
Tendo em vista que as águas naturais se destinam a diversos usos, tais como,
abastecimento de populações, fins industriais, produção de energia elétrica, fins
recreacionais, navegação e fins agropecuários, torna-se necessário haver uma adequada
utilização dos recursos hídricos de uma região, de modo a se procurar satisfazer a estas
variadas finalidades, com planejamento e projetos ambientais.
O principal problema sanitário decorrente de abastecimento de água inadequado no
Brasil, encontra-se nas grandes cidades que tem nas suas periferias, áreas da mais extrema
pobreza e densamente habitadas, desprovidas de sistemas de água e de esgotos sanitários
públicos. São áreas praticamente sem defesas contra ocorrência de epidemias de doenças
como cólera, tifo, esquistossomose, etc.
USOS DA ÁGUA
• Água utilizada como bebida ou na preparação de alimentos.
• Água utilizada no asseio corporal ou a que, por razões profissionais ou outras
quaisquer, venha a ter contato direto com a pele ou mucosas do corpo
humano: ex.: trabalhadores agrícolas em cultura por inundações, lavadeiras,
atividades recreativas (lagos, piscinas, etc.).
• Água empregada na manutenção da higiene do ambiente e, em especial, dos
locais, instalações e utensílios usados no manuseio, preparo e ingestão de
alimentos (domicílio, restaurantes, bares, etc.).
ÁGUA E DOENÇAS
As principais doenças veiculadas ou originadas em águas paradas ou contaminadas
são as seguintes, podendo ser contraídas de diversas maneiras, segundo a SANEPAR
(2000).
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contaminados, inclusive a água, que transporta o germe patogênico,
eliminado pelas fezes e urina dos doentes.
• Gastroenterite – causada por bactérias, vírus e certos parasitas encontrados
no solo, em animais, em alimentos crus e nos seres humanos. O contágio
ocorre: diretamente através do contato pessoal íntimo ou contato com as
fezes da pessoa contaminada. indiretamente ao tocar-se superfícies
contaminadas tais como torneiras, descargas de latrina, brinquedos e fraldas
infantis. ao ingerir alimentos contaminados. ao beber água contaminada.
pelo ar através de vômitos, tosse e espirros (principalmente os vírus): ao
mexer com animais (de estimação e outros).
• Giardiase – gastroenterite moderada a severa do homem e dos animais,
causada pelo parasita Giardia lamblia, cuja transmissão ocorre também
através de águas contaminadas.
• Hepatite infecciosa – doença contagiosa transmitida por um vírus que faz com
que o fígado aumente de volume.
• Leptospirose – doença infecciosa grave, causada por uma bactéria,
Leptospira, que é eliminada principalmente pela urina dos ratos.
• Paralisia infantil – inflamação da medula espinhal pelo vírus da poliomielite.
Em alguns casos, o doente apresenta paralisia em um ou vários membros
ou grupos de músculos, com posterior atrofia.
• Salmonelose – as causas de transmissão são as fezes do homem ou animal
infectados. alimentos indevidamente preparados, feitos com ovos de galinha
ou pata, mal cozidos. leite e lacticínios não pausterizados.
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• Filariose ou Elefantíase – causada pelos parasitos: Wuchereria bancrofti,
Onchochercinae volvulus, Mansonella ozzardi. É endêmica em várias
regiões tropicais.
• Malária – conhecida também por impaludismo; causada por protozoários
específicos, injetados na corrente sangüínea por certos mosquitos
anofelinos.
b) Poluentes artificiais:
Substâncias empregadas no tratamento da água: sulfato de alumínio, cal, etc..
Herbicidas, inseticidas, raticidas, etc..
Despejos industriais.
Esgotos.
“Gases” das chaminés das fábricas.
Observações:
1) A quantidade insuficiente de água também causa doença pela falta de higiene
corporal, das habitações e dos locais públicos.
2) Uma grande preocupação é com os metais pesados (chumbo, zinco,
mercúrio, cromo) que não são eliminados pelo organismo.
3) A ausência ou quantidades insuficientes como por exemplo, do iodo, pode
causar o bócio.
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4) Embora na desinfecção possuirmos uma eficiência garantida para o combate
de animais e vegetais, o mesmo não podemos garantir em relação aos
vírus.
14
CAPÍTULO 4 - QUALIDADE DA ÁGUA
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lagos e oceanos. Na grande superfície exposta dos oceanos ela entra em processo de
evaporação e condensação, formando as nuvens que voltam a precipitar sobre o solo.
É por meio da infiltração que a água de chuva penetra por gravidade nos interstícios
do solo, chegando até as camadas de saturação, constituindo assim aqüíferos subterrâneos,
ou lençol freático. Estes depósitos são provedores de água para consumo humano e
também para a vegetação terrestre. Dependendo do modo como esteja confinada, essa
água pode afluir em certos pontos em forma de nascentes. A água acumulada pela
infiltração é devolvida à atmosfera, por meio da evaporação direta do próprio solo e pela
transpiração dos vegetais através das folhas. A este conjunto de evaporação e transpiração,
chamamos evapotranspiração.
Convém ressaltar, que a maior ou menor proporção do escoamento superficial,
em relação à infiltração, é influenciada fortemente pela ausência ou presença de cobertura
vegetal, uma vez que esta constitui barreira ao rolamento livre, além de tornar o solo mais
poroso. Esse papel da vegetação, associado à função amortecedora do impacto das gotas
de chuva sobre o solo, é, pois, de grande importância na prevenção dos fenômenos de
erosão, provocados pela ação mecânica da água sobre o solo.
Observações:
1) Solos sobre os quais desenvolvem-se atividades agrícolas intensivas, tais
como aragem, fertilização artificial (adubos, correção do solo), plantio,
herbicidas, inseticidas e com a colheita (solo exposto), com o tempo a água
na bacia ficará comprometida para abastecimento público. Por outro lado,
águas provenientes de bacias hidrográficas cobertas de vegetação nativa e
permanente serão sempre de boa qualidade para o tratamento.
2) A impermeabilização do solo nas cidades (pavimentação – ruas, calçadas,
pisos e prédios) aumenta o escoamento das águas superficiais (águas
pluviais) e diminui a infiltração das águas das chuvas, conseqüentemente,
reduz a vazão dos lençóis freáticos e artesianos.
Água pura, no sentido rigoroso do termo, não existe na natureza, pois, sendo a água
um ótimo solvente, nunca é encontrada em estado de absoluta pureza.
A água possui uma série de impurezas, que vão imprimir suas características físicas,
químicas e biológicas. A qualidade da água depende dessas características. As
características físicas, químicas e biológicas das águas naturais, bem como as que deve ter
as águas fornecidas ao consumidor, vão influir no grau de tratamento que venha a se dar às
águas naturais, o qual também depende do uso que se pretende dar à água. Portanto, o
conceito de impureza de uma água tem significado relativo.
Assim, uma água destinada ao uso doméstico deve ser desprovida de gosto, ao passo
que numa água destinada ao resfriamento de caldeiras, esta característica não tem
importância. Portanto, a qualidade que se deseja na água natural e a que se necessita na
água de consumo, entre outros aspectos, vão influir na escolha do manancial e no processo
de tratamento a ser adotado, sem se deixar também de levar em conta o aspecto
econômico-financeiro deste tratamento, CETESB, V.1 (1978).
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4.3. POLUIÇÃO DAS ÁGUAS
POSSIBILIDADES
• Na precipitação atmosférica, onde as águas das chuvas podem arrastar impurezas.
• Escoamento superficial em que as águas lavam a superfície do solo e carregam as
impurezas existentes, tais como lixo, inseticidas, herbicidas, etc..
• Infiltração no solo, que dependendo das características geológicas, muitas
impurezas podem ser adquiridas pelas águas, através, por exemplo, da
dissolução de compostos solúveis. Nesta fase pode haver uma certa filtração de
impurezas.
• Despejos “diretos” de águas residuárias e de lixo, esgotos sanitários, resíduos
líquidos industriais, etc, que são lançados nas águas de rios, lagos e outros.
• Represamento onde as impurezas sofrem alterações devido ao repouso das águas,
falta da ação dos raios solares, favorecendo o aparecimento, principalmente, de
algas. O repouso pode ajudar na sedimentação das partículas maiores.
• Desde a captação, adução, tratamento, distribuição, reservação, até o momento de
ser utilizada pelo consumidor.
Mesmo com todas essas providências, as águas dos mananciais superficiais em geral
não têm qualidade tal que possa ser utilizada para consumo. Para corrigir essa qualidade a
água passa por processos de tratamento em instalações chamadas “estações de tratamento
de água”, que dependem da qualidade da água bruta.
4.4. IMPUREZAS
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o Em suspensão: bactérias, algas, protozoários, areia, silte, argila, lodos.
o Estado coloidal: substâncias vegetais, sílica, vírus.
o Dissolvidas: sais de cálcio e magnésio (carbonatos, bicarbonatos, sulfatos,
cloretos), sais de sódio e potássio (carbonatos, bicarbonatos, sulfatos, fluoretos,
cloretos), sais de ferro e manganês.
o Dissolvidos provenientes de atividades industriais: fenóis.
o Dissolvidos provenientes do escoamento superficial por terras de lavouras:
composto organo-clorados, nitratos e fosfatos.
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
As principais características físicas, no que diz respeito à qualidade da água de
abastecimento são: cor, turbidez, sabor, odor e temperatura.
• Cor: devido às substâncias dissolvidas, em grande maioria de natureza orgânica
vegetal.
• Turbidez: característica devido à presença de materiais em suspensão, sólidos
finos, colóides e microorganismos.
• Sabor e Odor: geralmente são considerados em conjunto, causados por
substâncias orgânicas em decomposição, resíduos industriais, gases, algas,
quantidades excessivas de sais, etc.
CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS
Salinidade: devido a bicarbonatos, cloretos, sulfatos.
Dureza: devida à presença de sais de cálcio e magnésio sob forma de carbonatos,
bicarbonatos e sulfatos.
A dureza é dita temporária (sais de cálcio, magnésio), quando desaparece com o
calor, e permanente, quando não desaparece com o calor.
Normalmente, reconhece-se que uma água é mais ou menos dura, pela maior ou
menor facilidade que se tem em obter, com ela, espuma de sabão ou detergentes, que são
muito utilizados em lavagem e limpeza, tanto no lar como em estabelecimentos comerciais e
industriais.
A água dura tem uma série de inconvenientes: é desagradável ao paladar, gasta muito
sabão para formar espuma, dá lugar a depósitos perigosos nas caldeiras e aquecedores,
deposita sais em equipamentos, mancha louças.
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A remoção ou redução da dureza é denominada de abrandamento ou amolecimento e
existem os processos da cal-soda, dos zeólitos e da osmose inversa.
o Alcalinidade: presença de bicarbonatos, carbonatos e hidróxidos. Em geral, não
constituem problema além de efeitos laxativos. Quando muito excessiva, pode
tornar a água corrosiva e incrustante.
o Agressividade: tendência de corroer os metais (causada por ácidos, oxigênio, CO2
e H2S).
o Ferro e Manganês: o ferro, com certa freqüência, associado ao manganês, confere
à água um sabor, ou melhor, uma sensação de adstringência e coloração
avermelhada, decorrente da precipitação do mesmo. As águas ferruginosas
mancham as roupas, durante a lavagem, os aparelhos sanitários e podem
provocar deposições em tubulações. O manganês é semelhante ao ferro,
porém menos comum, e a sua coloração característica é marrom, e, quando na
forma oxidada, é preto. A remoção depende da forma como as impurezas se
apresentam.
o Impurezas orgânicas, nitratos e nitritos: a matéria orgânica ao se oxidar tem o
nitrogênio presente se transformando na seqüência nitrogênio orgânico –
nitrogênio amoniacal (NH4), nitrogênio nitroso (NO2), nitrogênio nítrico e NO3
nitratos de maneira que a análise da forma em que se encontra o nitrogênio na
água pode levar a algumas conclusões em relação à fonte de poluição. Por
outro lado, a amônia constitui substância poluidora, uma vez que reage com o
cloro usado no tratamento reduzindo em muito sua eficiência. Outras
substâncias orgânicas são as decorrentes do contato com a água com
inseticidas, herbicidas e fertilizantes.
o Toxidez: compostos tóxicos, geralmente resíduos das atividades humanas
(agrícolas e industriais, principalmente). É o caso de cianetos cromo
hexavalente (cromatos), arsênico, cobre, chumbo, zinco, mercúrio, etc.
o Fenóis e detergentes: combinados com o cloro produzem gosto e cheiro
desagradável.
o Acidez e basicidade: medida de fator pH.
o Características benéficas: determinados minerais devem estar nas águas de
alimentação, dentro de certos teores, abaixo dos quais haverá problemas de
saúde. Exemplo: 2 mg de cobre e 6 a 10 mg de ferro, são necessários
diariamente ao homem. Os teores de iodo e de flúor, porém, têm tomado a
atenção dos sanitaristas, pois a deficiência em iodo nas águas de alimentação
de certas regiões tem sido responsabilizada pela maior influência do bócio, e a
presença de flúor tem se mostrado fator de redução da cárie dentária.
CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS
Organismos vivos em suspensão, que também constituem impurezas, tais como:
bactérias, algas, protozoários, fungos, vermes, etc.
Observação: Quando se quer conhecer as características físicas, químicas e biológicas da
água, deve-se retirar amostras com técnica tal que represente o melhor possível
o universo.
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4.6. PADRÕES DE POTABILIDADE
Para cada tipo de uso (doméstico, industrial, pecuária, etc) a água deverá ter sua
qualidade caracterizada pelos valores dos parâmetros descritos no capítulo anterior,
variando dentro de determinadas faixas. Assim as exigências para água de abastecimento
são diferentes das para irrigação de jardins, por exemplo.
Padrões de potabilidade: são as quantidades limites dos diversos elementos, que
podem ser tolerados nas águas de abastecimento. O padrão de Potabilidade da água é
estabelecido pelo Ministério da Saúde, através da Portaria 1469, de 29 de dezembro de
2000. Ela define uma série de parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos, cujos níveis
devem ser respeitados e controlados, sistematicamente. Toda a água destinada ao
consumo humano deve obedecer ao padrão de potabilidade e está sujeita à vigilância da
qualidade da água.
Esta norma não se aplica às águas envasadas e a outras, cujos usos e padrões de
qualidade são estabelecidos em legislação específica.
Estabelece, também, as freqüências desses controles, a serem mantidos pelos
sistemas públicos e particulares de abastecimento, para se ter garantida a qualidade da
água.
Na verdade, segundo a SANEPAR (2.000), o Padrão de Potabilidade da água de
consumo humano abrange cinco importantes aspectos da qualidade, como segue:
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TRATAMENTO DA ÁGUA VALOR MÁXIMO PERMITIDO (VPM)
UT = Unidade de Turbidez
Antimônio (0,005 mg/l). Arsênio (0,01 mg/l). Bário (0,7 mg/l). Cádmio (0,005 mg/l). Cianeto (0,07 mg/l). Chumbo
(0,01 mg/l). Cobre (2 mg/l). Cromo (0,05 mg/l). Fluoreto (1,5 mg/l). Mercúrio (0,001 mg/l). Nitrato (como N) (10
mg/l). Nitrito (como N) (1 mg/l) e Selênio (0,01 mg/l)
Acrilamida (0,5 µg/l). Benzeno (5 µg/l). Benzo[a]pireno (0,7 µg/l). Cloreto de Vinila (5 µg/l). 1,2 Dicloroetano (10
µg/l). 1,1 Dicloroeteno (30 µg/l). Diclorometano (20 µg/l). Estireno (20 µg/l). Tetracloreto de Carbono (2 µg/l).
Tetracloroeteno (40 µg/l). Triclorobenzenos (20 µg/l). e Tricloroeteno (70 µg/l)
AGROTÓXICOS – (VPM)
Alaclor (20,0 µg/l). Aldrin e Dieldrin (0,03 µg/l). Atrazina (2 µg/l). Bemtazona (300 µg/l). Clordano (isômeros)
(0,2 µg/l). 2,4 D (30 µg/l). DDT (isômeros) (2 µg/l). Endossulfan (20 µg/l). Endrin (0,6 µg/l). Glifosato (500 µg/l).
Heptacloro e Heptacloro epóxido (0,03 µg/l). Hexaclorobenzeno (1,0 µg/l). Lindano (g-BHC) (2,0 µg/l).
Metacloro (10 µg/l). Metoxicloro (20 µg/l). Molinato (6 µg/l). Pendimetalina (20 µg/l). Pentaclorofenol (9 µg/l).
Permetrina (20 µg/l). Propanil (20,0 µg/l). Simazina (2 µg/l) e Trifluralina (20 µg/l)
CIANOTOXINAS – (VPM)
Bromato (0,025 mg/l). Clorito (0,2 mg/l). Cloro livre (0,7 mg/l). Monocloramina (3 mg/l). 2,4,6 Triclorofenol (0,2
mg/l) e Trihalometanos Total (0,1 mg/l)
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PARÂMETRO VMP
Radioatividade alfa global 0,1 Bq/l
Radioatividade beta global 1,0 Bq/l
Quadro 4.4 – Parâmetros radioativos para a água tratada
EM VOLUME
USOS COMUNS (litros/economia dia)
BAIXO MÉDIO ALTO
Bebidas 8 10 12
Outros Usos 5 17 56
Limpeza em Geral 14 24 35
Preparo de Alimentos 24 36 60
Lavagem Roupas 61 75 95
23
CAPÍTULO 5 - CONSUMO DE ÁGUA
5.1. INTRODUÇÃO
A vazão de dimensionamento de um sistema de abastecimento de água (Q) é
determinada multiplicando-se a população atendida (P) por esse sistema, pela quantidade
média de água consumida por cada habitante ( qm ).
Q = P.q m
Equação 5.1
A seguir se resume o estudo que devem ser elaborados para o cálculo das vazões de
dimensionamento de cada parte do sistema de abastecimento:
O consumo médio anual por habitante dia, levando em conta todos esses fatores, é da
ordem de 200 litros. Nas cidades do Norte e Nordeste do país, de renda “per capita” muito
baixa, têm sido adotados valores de até 100 litros. Esse valor varia entretanto de região para
região conforme os seguintes fatores:
• Clima: quanto mais quente e seca a região, maior o consumo;
• Hábitos e nível de vida da população: o consumo aumenta com a renda “per
capita” e com a educação sanitária;
• Natureza da cidade: (comercial, industrial, turística): as cidades industriais são as
que apresentam maior consumo:
• Tamanho da cidade: o consumo “per capita” tende a aumentar à medida que
aumenta a população da cidade;
• Pressão da rede: quanto maior a pressão, maiores serão as perdas através de
vazamentos e também o consumo direto.
• Custo da água.
• Sistema de medição e tarifa.
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• Disponibilidade de água: a demanda reprimida reduz o consumo por habitante.
• Qualidade da água: (sabor, odor, cor).
A) Consumo Doméstico
Bebida: 1 l/hab.dia
Preparo de alimentos: 6 l/hab.dia
Lavagem de utensílios: 2 a 9 l/hab.dia
Higiene pessoal: 15 a 40 l/hab.dia
Lavagem de roupas: 10 a 15 l/hab.dia
Bacias sanitárias: 9 a 10 l/hab.dia
Perdas: 6 a 13 l/hab.dia
Quadro 5.1 – Consumo Doméstico de água tratada
Obs: É bom lembrar que existe uma demanda de água relativa a rega de jardins,
lavagem de veículos e limpeza em geral.
Consumo Mensal
PRÉDIOS
(m3/mês)
3
01 Alojamentos provisórios 2,4 m /leito ou per capita
3
02 Casas populares ou rurais 10 m /unidade
2 3
03 Conjunto de residências c/ apart. de até 70 m 10 m /unidade
2 3
04 Apartamento com área entre 71 e 100 m 15 m /unidade
2 3
05 Apartamento com área entre 101 e 200 m 25 m /unidade
2 3
06 Apartamento com área acima de 200 m 25 m /unidade
25
2 3
07 Residência com área entre 61 e 100 m 20 m /unidade
2 3
08 Residência com área entre 101 e 200 m 25 m /unidade
2 3
09 Residência com área acima de 200 m 30 m /unidade
3
10 Hotéis c/ apartamento, instal. água fria 6,0 m /apartamento
3
11 Hotéis c/ apartamento, instal. água fria e lavanderia 7,0 m /apartamento
3
12 Hotéis c/ apartamento, instal. água quente 7,5 m /apartamento
Hotéis c/ apartamento, instal. água quente e 3
13 8,5 m /apartamento
lavanderia
3
14 Hotéis com banheiro coletivo 4,5 m /quarto
3
15 Hotéis com banheiro coletivo e lavanderia 5,5 m /quarto
3
16 Hospitais 8,5 m /leito
3
17 Escolas internato 4,5 m /capita
3
18 Escolas semi-internato 3,0 m /capita
3
19 Escolas externato 1,0 m /capita
3
20 Faculdades 1,5 m /capita
3
21 Quartéis 4,5 m /capita
3
22 Edifícios públicos ou comerciais 1,0 m /capita
3
23 Escritórios, lojas comerciais 1,0 m /capita
3
24 Cinemas, teatros 0,09 m /lugar
3
25 Templos 0,06 m /lugar
3
26 Restaurantes e similares 0,03 m /lugar
3
27 Lavanderia 1,0 m /kg de roupa seca
3 2
28 Mercados 0,15 m /m de área
3
29 Matadouro - Animais de grande porte 1,0 m /cabeça abatida
3
30 Matadouro - Animais de pequeno porte 0,75 m /cabeça abatida
3
31 Fábricas em geral (apenas uso pessoal) 3,0 m /capita
3
32 Cavalariças 1,5 m /cavalo
3
33 Orfanatos, asilos e berçários 4,5 m /capita
3
34 Ambulatórios 1,0 m /capita
3
35 Creches 1,5 m /capita
3
0,4 m /lavagem de
36 Postos de gasolina com lavagem de veículos
veículo incluindo pessoal
3
37 Postos de gasolina (uso pessoal) 2,0 m /capita
Escritórios, lojas comerciais (onde seja possível a 3
38 3,0 m /unidade
estimativa por ocupantes itens 22 e 23)
Prédios especiais (clubes sociais, rodoviárias, São estimados por
39
lacticínios, motéis similaridade.
Quadro 5.2 – Consumo Médio
26
C) Consumo médio das regiões brasileiras conforme SABESP, (2004).
Consumo médio
Consumo médio per capita de água
Empresa per capita de água
(L/hab/dia)
(L/hab/dia)
Região N Região SE
CAER/RR 138,22 CEDAE/RJ 219,21
CAERD/RO 110,74 CESAN/ES 194,03
CAESA/AP 163,03 COPASA/MG 141,61
COSAMA/AM 51,13 SABESP/SP 160,84
COSANPA/PA 99,98
DEAS/AC 101,08
Região S
CASAN/SC 127,59
Região NE SANEPAR/PR 125,17
AGESPISA/PI 74,45 CORSAN/RS 129,73
CAEMA/MA 114,62
CAERN/RN 118,10
CAGECE/CE 119,41 Região CO
CAGEPA/PB 108,51 CAESB/DF 193,29
CASAL/AL 113,81 SANEAGO/GO 120,79
COMPESA/PE 79,73 SANEMAT/MT 163,29
DESO/SE 109,44 SANESUL/MS 112,58
EMBASA/BA 115,30
Quadro 5.3 – Consumo Médio segundo SABESP, (2004).
INTRODUÇÃO
Em um mesmo local, o consumo por habitante não é constante no tempo. Varia
conforme o clima e os hábitos de vida.
Assim, do inverno para o verão tem uma variação e considerando às 24 horas do dia,
existem horas em que o consumo é grande e horas em que é muito reduzido.
No sistema de abastecimento de água ocorrem variações de consumo significativas,
que podem ser anuais, mensais, diárias, horárias e instantâneas. No projeto do sistema de
abastecimento de água, principalmente as variações diárias e horárias, são levadas em
consideração no cálculo do volume a ser consumido.
27
VARIAÇÕES DIÁRIAS
Ao longo do ano, haverá um dia em que se verifica o maior consumo. É utilizado o
coeficiente do dia de maior consumo (K1), que é obtido da relação entre o máximo consumo
diário verificado no período de um ano e o consumo médio diário.
A figura 5.1 apresenta uma curva de variação diária ao longo de um ano.
O coeficiente K1:
1) É utilizado na determinação da vazão de dimensionamento, em obras de
captação, casas de bombas, adutoras e estações de tratamento, em geral
antes do reservatório, num sistema de abastecimento de água.
2) K1= 1,20 ou 1,25, quando for preciso adotar.
28
VARIAÇÕES HORÁRIAS
Ao longo do dia tem-se valores distintos de pique de vazões horária. Entretanto,
haverá “uma determinada hora” do dia em que a vazão de consumo será máxima. É
utilizado o coeficiente da hora de maior consumo (K2), que é a relação entre o máximo
consumo horário verificado no dia de maior consumo e o consumo médio horário do dia de
maior consumo. O consumo é maior nos horários de refeições e menores no início da
madrugada.
A figura 5.2 apresenta uma curva de variação horária ao longo de um dia.
O coeficiente K2:
1) Este coeficiente é utilizado quando se pretende dimensionar os condutos de
distribuição propriamente ditos que partem dos reservatórios, pois permite
conhecer as condições de maior solicitação nessas tubulações;
2) K2 = 1,5 (quando for preciso adotar).
29
VARIAÇÕES ACIDENTAIS
Decorrem de circunstâncias especiais imprevisíveis e não poderá ser transformada em
coeficientes. A não ser que se conheçam quantitativamente essas variações ou que haja
normas especiais estabelecendo critérios para levá-las em conta, não são geralmente
consideradas nos cálculos.
30
A PARTIR DA LEITURA DOS HIDRÔMETROS
Quando existem hidrômetros nas ligações prediais, a concessionária, para efeito de
cobrança e controle, processa periodicamente (bimensal, trimensal, etc) os dados das
leituras. Uma ligação pode atender a uma ou mais economias. As informações resultantes
são:
∗ Consumo no período por tipo de economia (domiciliar, industrial, comercial e
público);
∗ Número de cada tipo de economia, o que permite avaliar o número de habitantes
atendidos e o índice de atendimento.
A partir dessas informações avalia-se o consumo médio efetivo por habitante nesse
período, englobando os consumos doméstico, industrial, comercial e público.
a) Consumo médio efetivo “per capita” (qe)
Vc
qe =
(n) .( nº de dias ) . (hab. / lig )
Equação 5.5
V p − Vc
I=
Vp
Equação 5.6
31
Observações:
1) Fixado os períodos de projeto e etapas de construção, deve-se estimar a
população a ser abastecida nesses anos, devendo para isso ser feito um
estudo do crescimento da população da cidade.
2) Levantar dados dos recenseamentos a cada 10 anos (o último foi em 2001)
para estimar a população atual com as seguintes informações:
emprego industrial no município;
número de ligações de luz;
cadastro de imposto predial que corresponde ao número de domicílios;
contagem direta do número de domicílios;
amostragem: para determinar hab/domicílio.
É importante que a previsão de população seja feita de modo criterioso e racional, com
base no desenvolvimento demográfico do passado, principalmente próximo, a fim de que a
margem de erro seja a menor possível.
Vários métodos são usados no estudo do crescimento populacional, mas nenhum
pode ser considerado ideal, podendo combinar alguns deles.
Os principais métodos são:
P(t ) = P0 + ( N − M ) + ( I − E )
Equação 5.7
32
B) Crescimento Aritmético
No processo aritmético admite-se que a população varia linearmente
com o tempo.
No gráfico, representa-se as datas de vários censos no eixo das
abscissas (x) e os correspondentes valores da população no eixo
das ordenadas (y).
Admitindo-se duas populações conhecidas em épocas t1 e t0, temos:
dt
=r ⇒ ∫ P0
dP = ∫ r.dt = r ∫ .dt
to to
P1 − Po = r (t1 − t o ) P1 − Po
logo: => r=
t1 − t o
P − Po = r.(t − t o )
portanto:
P (t ) = Po + r (t − t 0 )
Equação 5.8
33
C) Crescimento Geométrico
No processo geométrico considera-se que os logaritmos da população
venham a variar linearmente com o tempo.
No gráfico da figura 5.4, em papel mono-logaritmo, representa-se as
datas dos vários censos em abscissas e os logaritmos dos valores
da população correspondente no eixo das ordenadas.
P1
Obs: ln P1 − ln P0 = ln
P0
ln P − ln Po = q.(t − t o )
34
portanto:
P (t ) = Po .e q ( t −to )
Equação 5.10
CURVA LOGÍSTICA
A representação gráfica é uma curva em forma de S (figura 5.5), denominada logística,
na qual as populações Po, P1 e P2 (três últimos censos, eqüidistantes no tempo – facilita a
resolução do sistema), devem obedecer as condições P0 < P1 < P2 e P12 > P0 .P2 .
População
Ps
Ps
2
Tempo ( ano)
dP
= f ( Ps .P)
dt
Integrando vem:
Ps
P=
1 + e a + bt
Equação 5.10
35
2.P0 .P1.P2 − P12 ( P0 + P2 )
Ps =
Po P2 − P12
Obs:
(a): a relação a/b é o tempo contado a partir da origem em que se dará a inflexão
da curva (mudança no sentido da curvatura). A população correspondente a
esse tempo é Ps /2.
P − Po
a = ln s
Po
Equação 5.10
1 Po .( Ps − P1 )
b= . ln
d P1 .( Ps − Po )
Equação 5.10
TENDÊNCIA DA CURVA
Num sistema de coordenadas ortogonais, representa-se no eixo das abscissas os
diversos anos para os quais se dispõe dos valores populacionais e estes no eixo das
ordenadas, isto em escalas convenientes.
A curva traçada na figura 5.6, em linha contínua, caracteriza o crescimento
populacional ocorrido até o último censo, e a linha tracejada corresponde ao prolongamento
observando a tendência de crescimento.
Como se observa, é um processo simples, porém a estimativa pode variar de pessoa
para pessoa.
36
Gráfico 5.6 - Curva de crescimento numa cidade.
COMPARAÇÃO GRÁFICA
O prolongamento do crescimento de uma determinada cidade pode ser utilizado como
elemento auxiliar. As cidades escolhidas, além de possuírem características análogas,
devem ter população superior à da cidade em estudo. Pressupõe que esta venha a ter um
desenvolvimento semelhante às outras quando possuíam a mesma população.
Marcam-se em um mesmo gráfico (figura 5.7) a população da cidade em estudo (A) e
das outras maiores que ela (B,C e D). A partir do ponto de “referência” (dado mais recente),
translada-se (desloca-se paralelamente) às curvas das cidades maiores (B’,C’ e D’).
Através de várias curvas, traça-se uma média de previsão (A´) para a cidade em
estudo.
37
POPULAÇÃO FLUTUANTE
Em certas cidades, além da população residente, devem ser considerados os afluxos
maciços de pessoas, em determinados períodos (curtos período), como por exemplo em
período de férias ou de fins de semana, em cidades balneárias ou em estância climáticas e
hidrominerais.
A estimativa da população flutuante futura é bem mais complicada, em face de fatores,
tais como: potencial turístico, crescimento econômico das cidades cujos habitantes utilizam
a localidade, etc.
Observação:
q m = 100l / hab.dia (na falta de dados)
38
5.9. ÁREA A SEREM ABASTECIDAS; EXPANSÃO URBANA
A medida que a população cresce, a área urbana também se expande, o que deve ser
levado em conta nos projetos dos sistemas de água e que é um dos fatores da importância
do planejamento da expansão urbana. Assim, o projeto do sistema de distribuição de água
deverá prever a expansão da rede e do sistema de reservatórios.
39
EXERCÍCIOS
1 ) O gráfico a seguir descreve o crescimento populacional de certo vilarejo desde 1910 até
1990. No eixo das ordenadas, a população é dada em milhares de habitantes.
Estimar a população para o ano 2010, pelos métodos aritmético, geométrico e pela
curva logística.
40
4 ) Estudo da população de uma certa cidade
Dados Censitários (população urbana)
3
Volumes em m
Números de 3
Mês Hidrômetros m / econ.dia
Medidor mensal economias
bimensal
Janeiro 123.780 4.051
163.408
Fevereiro 123.808 4.070
41
Estudar o consumo “per capita” desse sistema:
* Número de hab./economia (amostragem): 4,3;
* Número médio de ligações elétricas (atual): 5.170
Determinar:
5.a) Número médio de econômias/mês;
5.b) População atendida (média)/mês;
5.c) População atual (em função do número de ligações elétricas);
5.d) Índice de atendimento;
5.e) Volume produzido (medido na saída do reservatório);
5.f) Volume consumido (leitura dos hidrômetros domiciliares);
5.g) Volume perdido em vazamentos;
5.h) Consumo “per capita”;
5.i) Índice de perdas.
Obs.: Completar a tabela (m3/economia.dia)
Determinar:
6.a) A vazão média anual a ser distribuída na rede;
6.b) As vazões nos trechos: E, D, C, B e A;
6.c) As vazões em A e B, se a estação de tratamento tiver que funcionar 16 horas
por dia.
42
CAPÍTULO 6 - CAPTAÇÃO DE ÁGUAS SUPERFICIAIS
6.1. INTRODUÇÃO
POR CISTERNAS
A cisterna tem sua aplicação em áreas de grande pluviosidade, ou em casos extremos,
em áreas de seca onde se procura acumular a água de época chuvosa para a época de
estiagem com o propósito de garantir pelo menos água para beber. Também podem ser
utilizadas para lavagem de calçadas, pisos, veículos, regas de jardins, etc.
A cisterna consiste em um reservatório protegido (se enterrada, ter cuidado com as
enxurradas), que acumula a água da chuva captada da superfície pelos telhados das
edificações. A água que cai no telhado vai para as calhas, e destas, aos condutores verticais
e, finalmente, ao reservatório (cisterna), Figura 6.1.
Para os locais onde há pouca mão-de-obra especializada, aconselham-se cisternas
não enterradas. Deve-se abandonar as águas das primeiras chuvas, pois lavam os telhados
onde se depositam a sujeira proveniente de pássaros, de animais e a poeira. Para evitar que
essas águas caiam nas cisternas, pode-se desconectar os condutores de descida, que
normalmente devem permanecer desligados para serem religados manualmente, pouco
depois de iniciada a chuva.
Existem dispositivos automáticos que permitem o desvio, para fora das cisternas, das
águas das primeiras chuvas e as das chuvas fracas, aproveitando-se, unicamente, as das
chuvas fortes.
A cisterna deve sofrer desinfecção antes do uso (compostos de cloro, água sanitária,
etc). A água armazenada, quando for usada para fins domésticos, deve ser previamente
desinfetada (fervida ou clorada).
Capacidade da Cisterna ( Cc )
Para se obter a capacidade da cisterna, deve-se considerar somente
o consumo durante o período de estiagem.
43
Cc = n . qm . t . Onde: n => número de habitantes por família
Equação 6.1 qm => consumo por pessoa
t => tempo ( meses sem chuva )
Superfície de Coleta
Para se determinar a água de superfície de coleta, deve-se
conhecer a precipitação pluviométrica anual da região.
Coeficiente de Aproveitamento
Para os casos de telhados, é recomendado 80 %, pois nem toda a
área pode ser aproveitada.
44
EM ENCOSTAS (SUPERFICIAL / SUBTERRÂNEA)
O aproveitamento da água de encosta é realizado através da captação em caixa de
tomada. Para prevenir a poluição da água essa caixa deve ter as paredes
impermeabilizadas, tampa, canaletas para afastamento das águas de chuvas, bomba para
retirada da água, ser convenientemente afastada de currais, pocilgas, fossas e ter sua área
protegida por uma cerca.
A caixa deve ter, além das proteções citadas: a) um ladrão telado; b) um cano de
descarga de fundo provido de registro, para limpeza; c) uma abertura na tampa, que permita
a entrada de um homem para fazer a limpeza. Essa abertura deve ser coberta com outra
tampa e selada de preferência com argamassa fraca. Quando se constrói a proteção da
fonte, deve-se ter o cuidado de aproveitar adequadamente as nascentes. É interessante que
o fundo da caixa tenha uma camada de pedra britada grossa para diminuir a entrada de
areia. A Figura 6.2 apresenta uma caixa de tomada por fonte de encosta.
45
Os esquemas das instalações são muito variáveis, dependendo das
condições do rio, sua variação de nível, topografia, etc. Na maioria dos
casos, as principais partes são:
46
Caixa
Caixa
B) Fases do Projeto
1) Seleção do Manancial
A escolha do manancial se constitui na decisão mais importante na
implantação de um sistema de abastecimento de água. Considerar:
∗ Garantia de fornecimento da água em quantidade (vazão
mínima) e qualidade (condições de tratamento) desejadas.
Deve ser feita retirada de amostras para exame físico-químico
e bacteriológico.
∗ Proximidade de consumo.
∗ Ter locais favoráveis à construção da captação.
∗ Atenção especial deve ser dada ao problema de transporte de
sólidos pelo rio.
A seleção é feita mediante o estudo técnico e econômico
comparativo entre as diversas alternativas viáveis. Nem sempre o
manancial mais próximo da cidade será a melhor solução.
2) Estudos Hidrológicos
É necessário conhecer o regime de vazões e a variação da cota do
nível d’água, o que é feito com os estudos hidrológicos, que avaliará
para o período de retorno adequado à garantia do fornecimento, a
vazão mínima do manancial. Também as vazões de enchente deverão
ser avaliadas, tendo em vista, a construção de barragem de elevação
47
de nível e o problema da inundação da área. Eventualmente, algumas
medidas de vazão devem ser feitas.
3) Seleção do Local
Uma vez escolhido o manancial os possíveis locais são
selecionados mediante uma criteriosa inspeção local para o exame da
possibilidade da implantação da obra. Nesta fase, a tirada de
fotografias ajuda muito a elaboração de projeto.
A tomada d’água é feita por torres de tomada, ou poços de derivação, que possibilitam
a coleta de água em diversas profundidades.
Em reservatórios e lagos a água de melhor qualidade se encontra afastada das
margens, pois na superfície existe a possibilidade de formação de algas que conferem gosto
e cheiro à água, devendo a tomada ser feita sempre a uma certa profundidade. Por outro
lado, as camadas inferiores podem conter muita matéria orgânica em decomposição. Por
esses motivos, nos reservatórios os dispositivos de tomada devem possibilitar a captação
em diversas profundidades.
As figuras 6.4 Torre de tomada e poço de derivação situadas às margens do curso
d’água, mostram a captação em diversos níveis de profundidade, segundo DACACH (1979).
Exemplos:
48
Figura 6.4 – Captação em diversos níveis de profundidade.
Observações:
A torre de tomada fica sempre envolvida pela água. O nível desta
internamente acompanha as flutuações do nível externo.
A torre é provida de várias tomadas, no mínimo duas, situadas em níveis
distintos. Fica aberta a mais próxima da superfície, a fim de dar acesso à água de
melhor qualidade.
O ingresso da água no interior da torre através de cada tomado é permitido
ou interrompido graças a uma válvula (registro) ou comporta, comandada por um
volante ou pedestal de manobra situado no piso superior. Neste também podem
ficar instalados os conjuntos elevatórios.
EM RESERVATÓRIOS DE REGULARIZAÇÃO
São construídos quando a vazão média da demanda durante certos períodos de tempo
for superior à vazão do rio mas, a vazão média anual do rio é superior à esse valor. Em
última análise o reservatório de acumulação acumula a água durante os períodos de chuvas
para fornecer durante as estiagens.
49
As barragens que formam esses reservatórios são em geral, de grande porte e o seu
dimensionamento é feito a partir do volume útil que deve ser armazenado. Esse volume é
calculado a partir dos hidrogramas do curso d’água e da vazão de demanda.
50
B) De Derivação
O canal de derivação nada mais é, como o nome diz, do que o desvio
parcial das águas de um rio a fim de facilitar a tomada (Figura 6.7)
O excesso de água retorna ao rio pela parte oposta do canal.
Na entrada do canal geralmente é instalada uma grade para reter o
material grosseiro em suspensão, pode ser provido de uma caixa de areia (
item 6.3 ).
6.3. DIMENSIONAMENTO
CAIXA DE AREIA
A areia em suspensão, em quantidades excessivas, pode causar prejuízos às
instalações – erosão, depósitos e entupimentos – e danificar bombas e instalações
mecânicas.
51
As caixas de areia em geral são construídas junto a tomada de água, antes do
bombeamento ou da adução, e em duas unidades, de maneira que uma delas possa ser
isolada periodicamente para retirada da areia.
O que geralmente se deseja é que haja sedimentação de areia grossa, com diâmetro
igual ou superior à 0,2mm e que a 10o C tem velocidade de sedimentação de 2cm/s.
Para que essa operação de limpeza sem a interrupção do funcionamento do sistema
seja possível, deverão existir comportas na entrada e na saída de cada câmara.
Para se obter as dimensões da caixa de areia (comprimento C, largura L e altura H),
deve-se considerar:
• Para evitar que curtos-circuitos reduzam a eficiência, as caixas de areia
devem ser compridas; sugere-se a relação C/L ≥ 4.
• Sugere-se ainda que a velocidade (horizontal) seja V ≤ 0,3 m/s.
• A largura L deve ser tal que possibilite facilidades de construção e operação,
no mínimo 0,5m.
• Finalmente, as dimensões devem ser compatíveis com o terreno disponível e
com a topografia.
Para compensar a turbulência na entrada e na saída da caixa de areia, dá-se uma
folga no comprimento entre 30% a 50%.
Recomenda-se que cada unidade seja dimensionada para a vazão total.
A velocidade de sedimentação crítica (Vc) da partícula nada mais é que a taxa de
aplicação dada em m3/m2.dia.
52
Figura 6.8 – Planta de um poço de sucção.
53
NPSH (D) : NET POSITIVE SUCCION HEAD. D → DISPONÍVEL
pa pv
NPSH ( D) = − − Hg ( s ) − Σhs
γ γ
Equação 6.1
pa (760 − 0,081.h)
= 13,6
γ 1000
Equação 6.2
Obs: A altitude da cidade de Maringá é de 555 metros.
Observações:
01) Se a pressão da água na sucção estiver abaixo da pressão de vapor, forma–se
vapor (bolhas) que é arrastado pelo fluxo provocando ruído e vibração
denominado de cavitação produzindo “pequenos buracos” nas pás do rotor.
54
02) Em geral a cavitação indica NPSH(D) insuficiente; perdas de carga excessiva
na sucção, junto com baixa altura estática a redução da capacidade de
bombeamento.
03) Na prática relaciona-se:
LOCALIZADAS
V2
h = ∑k
2g
Equação 6.3
Singularidade K
Redução Excêntrica 0,4
o
Curva de 90 0,3
Registro de gaveta 0,3
Válvula borboleta aberta 0,3
Válvula de pé com crivo 2,0
Entrada na tubulação 0,5
Entrada no poço de sucção 1,0
Saída da caixa de areia 1,0
Comportas abertas 1,5
Quadro 6.1 – Valores da Perda de Carga Localizada em função da Singularidade
(
V12 − V22
hg = C
)
2g
Equação 6.4
55
AO LONGO DAS TUBULAÇÕES
As perdas de carga ao longo das tubulações podem ser calculadas pelas seguintes
fórmulas:
a) Fórmula de Hazen-Williams
Q1.85
J = 10,65 1.85 4.87
C D
Equação 6.5
Coeficiente de
Material
Rugosidade (C)
Ferro Fundido (usado) 100
Ferro Fundido (novo) 130
Concreto (acabamento comum) 120
PVC rígido 150
Aço Galvanizado 125
Quadro 6.2 – Valores do coeficiente de rugosidade em função do material
b) Fórmula Universal
L V
2
∆h = f . .
D 2g
Equação 6.6
56
Recomendações práticas:
• Aplicação: redes de distribuição de água, instalações
hidráulico-sanitárias, sistema de bombeamento, etc.
• Velocidades: 0,50 m/s – 3,00 m/s
• Diâmetros: 50mm – 800mm.
• Número de Reynolds: 104 a 3x106.
• Fator de Atrito (f): obtido pelo diagrama de Moody ou pela
fórmula de Swamee-Jain:
0.25
f = 2
ε 5,74
log + 0. 9
3,7 D Re
Equação 6.7
Material ε (mm)
Ferro Fundido (velho) 3a5
Ferro Fundido (novo) 0,25 a 0,50
Aço Galvanizado 0,15 a 0,20
Concreto (acabamento comum) 1a3
PVC Rígido 0,0015 a 0,010
Quadro 6.3 – Valores da rugosidade absoluta em função do material
Exemplo:
Dados:
ε = 0,005 ( PVC )
D = 250 mm
Re = 105
Conclusão:
Pelo gráfico ( Diagrama de Moody ), temos que o fator de atrito f = 0,018.
57
Figura 6.10 – Diagrama de Moody
58
6.5. NÍVEIS DA ÁGUA
É feito do poço de sucção (nível de água desejável) para montante, até se chegar à
cota mínima em que deve ficar o nível d’água no manancial, podendo então ser decidido se
há ou não necessidade da construção de barragem de nível, por comparação com as cotas
naturais do NA do rio.
No caso de condutos livres, a perda de carga pode ser calculada pela fórmula de
Manning:
nQ 2
= AM .RH3
I
Equação 6.8
Coeficiente de
Material
Manning (n)
PVC 0,010
Manilha cerâmica 0,013
Manilha de concreto (acabamento bom) 0,013
Manilha de concreto (acabamento comum) 0,015
Quadro 6.4 – Valores do coeficiente de Manning em função do material
TOMADA D’ÁGUA
Pode ser feita com um canal de tomada ou uma tubulação com crivo. Nesse caso,
deverá haver uma lâmina d’água mínima de 3 vezes o diâmetro, acima da geratriz superior
do crivo, para propiciar condições de entrada da água na tubulação (Figura 6.11).
Gradeamento Grosso: No caso do canal deverá haver na entrada um gradeamento
grosso, construído de estacas de madeira ou concreto (Figura 6.12).
59
Figura 6.11 – Poço de derivação com captação em rios e lagos
60
Figura 6.13 - Exemplo de uma captação completa
61
6.7. RIO PIRAPÓ
Pastagem 7,6%
Agricultura 56%
Campo Sujo (não cultivado) 3,1%
Floresta 7,5%
Reflorestamento 0,2%
Urbano 3,4%
Outras 22,2%
Quadro 6.5 - Dados de ocupação do solo da bacia do rio Pirapó
62
Figura 6.15 - Bacia do Rio Pirapó
63
DADOS DO LOCAL DE CAPTAÇÃO
ESQUEMA DA CAPTAÇÃO
Considerações:
Paredes e abas de concreto / gabiões: devido a instabilidade das margens
do rio;
Entrada da água – contra fluxo: para evitar a entrada de galhos, troncos, etc;
Sedimentação da entrada do poço de sucção: existe uma draga móvel para
retirada do solo (lodo) e daí para o leito do rio.
Observações:
64
A falta de matas ciliares, onde áreas próximas ao rio são cultivadas com o uso
indiscriminado de agrotóxicos, faz com que em épocas de chuvas mais intensas, as
enxurradas “lavem” e levem o solo poluído para o rio.
Foi criado o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pirapó, composto pelos municípios
da bacia, com o propósito de recuperar e preservar a mesma e assim evitar ações isoladas.
EXERCÍCIOS
65
3) Numa certa região a previsão é de 5 meses sem chuva, onde uma residência com área
da projeção horizontal do telhado é igual a 70 m2 e a precipitação pluviométrica anual é
de 750mm. Considerando uma família de 5 pessoas e um consumo por pessoa de
30l/dia. Determinar:
3.1-a capacidade da cisterna para atender toda a família;
3.2-a quantidade máxima de água a ser captada:
3.2.1 consumo anual de água;
3.2.2 volume captado em um ano;
3.2.3 volume aproveitado (disponível).
66
Calha
Crivo
Condutor Condutor
Primeiras águas
Torneira
de bóia
Depósito Descarga
Cisterna
67
Observação:
i) Fazer o desenho (corte).
ii) Altura pedida (mínima).
68
Caixa
Caixa
Determinar:
5.a) Cota do nível da água mínimo no poço de sucção (NA4).
5.a.1) Perdas de carga na sucção (localizada e distribuída).
5.a.2) Altura geométrica de sucção.
5.b) Perdas de carga na adutora por gravidade.
5.b.1) Localizada.
5.b.2) Distribuída.
5.c) Nível da água na saída da caixa de areia (NA3).
5.d) Dimensões e perda de carga nas comportas da caixa de areia.
5.e) Nível da água na caixa de areia (NA2).
69
5.f) Nível da água à montante da caixa de areia.
5.g) A altura da lâmina d’água no canal de acesso.
5.h) A perda de carga na grade fina.
5.i) A cota do nível da água à montante da grade fina.
5.j) A perda de carga na grade grossa.
5.k) A cota do nível da água mínimo necessário no rio.
5.l) A altura da barragem.
5.m) As dimensões da caixa de areia.
5.m.1) Área da superfície de cada câmara.
5.m.2) Altura.
5.m.3) Comprimento da caixa.
5.n) Verificar a secção longitudinal do canal.
70
CAPÍTULO 7 - CAPTAÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNE A
7.1. INTRODUÇÃO
IMPORTÂNCIA
Pode ser um manancial econômico para o abastecimento, apresentando em geral, três
vantagens:
Possibilidade de ocorrência próxima ao consumo.
Qualidade da água, que em geral, dispensa o tratamento (menos cloração).
Relativa facilidade de obtenção.
AS FORMAÇÕES AQÜÍFERAS
As formações aqüíferas podem ser do tipo lençol subterrâneo (aqüífero), que é uma
formação permeável do terreno, cujos poros são totalmente preenchidos de água e
suficientemente grandes para permitir que esta escoe através de si.
Pode ser classificado em dois tipos:
Numa mesma região, pode haver mais de um lençol artesiano, todos eles situados
abaixo do lençol freático.
Na maioria dos casos, as camadas que separam os lençóis subterrâneos não são
estanques, a ponto de impedir totalmente a comunicação entre eles.
Nos lençóis a água percola até atingir um bolsão subterrâneo ou um curso de água,
um lago ou o mar. Pode também aflorar no terreno para dar origem às fontes de encosta ou
às fontes de fundo de vale.
Em síntese, as funções dos aqüíferos são:
Reservação, e
Condução da água.
O aqüífero GUARANI é o 2° reservatório sub terrâneo contínuo de água do mundo,
estendendo-se por 4 países: Brasil (Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul) Uruguai, Paraguai e Argentina.
71
Figura 7.1 – Perfil geológico mostrando os tipos de poços
ÁGUA SUBTERRÂNEA
72
Figura 7.2 – Corte Geológico mostrando os tipos de zonas ocupadas pela água.
B) Hidrogeologia
73
característica do solo. Esse mapeamento é feito com o conhecimento dos
perfis geológicos de poços perfurados, complementados com pesquisas de
campo, exame de fotografias aéreas, etc.
74
7.2. FORMAÇÕES GEOLÓGICAS E SUAS POSSIBILIDADES AQÜÍFERAS
ROCHAS ÍGNEAS
Também conhecidas como rochas do cristalino, possuem estrutura maciça. A
presença de água está condicionada à existência de falhas, fissuras ou fendas.
ROCHAS ERUPTIVAS
São de origem vulcânica, exemplo os basaltos.
ROCHAS SEDIMENTARES
Calcáreos: são geralmente maciços e impermeáveis. Como são solúveis à
ação da água, podem formar cavernas, condutos subterrâneos, que
aflorando, produzem fontes.
Folhelhos: resultam da consolidação de argilas, geralmente impermeáveis, e
atuam como camada confinante de aqüíferos.
Arenitos: proveniente da consolidação de areia por um cimento qualquer
(sílica, carbonato, etc.).
Conglomerados: são misturas heterogêneas de pedregulho consolidado. A
capacidade aqüífera depende do material de cimentação e de enchimento.
ROCHAS METAMÓRFICAS:
Resultam da transformação de rochas ígneas e sedimentares devido principalmente à
ação do calor e da pressão. Exemplo: gnaiss, mármore, etc...
75
7.4. HIDRÁULICA SUBTERRÂNEA, segundo CETESB, (1978).
INTRODUÇÃO
A quantidade de água que um poço tubular profundo pode fornecer, depende das
características geológicas do local que influenciam na capacidade de armazenamento .
Esta, por sua vez, depende da porosidade e da vazão específica de circulação da água no
aqüífero. Por isso, a produção de água só pode ser estimada a partir de estudos
hidrogeológicos ou pela observação de registros operacionais de poços existentes na
região.
A) Porosidade (pv)
Porosidade de uma formação aqüífera é a parte do seu volume ocupada
pelas aberturas e poros, ou a percentagem do volume da rocha ocupado pelos
vazios. É um índice da quantidade de água que pode ser armazenada no
material saturado.
Volume de vazios
pv = .100 (%)
Volume total
Equação 7.1
Observações:
01.) A porosidade é tanto maior quanto maior for o número e dimensões dos
poros. Depende pois do tamanho, uniformidade e arrumação dos grãos
que compõe o material;
02.) Quando a granulometria do material é uniforme, a porosidade é maior
que em se tratando de partículas de tamanhos diferentes, pois neste
caso, as menores ocupam os vazios deixados pelas maiores.
03.) Valores em percentagem da porosidade de alguns materiais:
Material pv
Argila (50%)
Silte (45%)
Areia grossa (35%)
Areia fina (30%)
Arenito (15%)
Calcáreo (5%)
Quadro 7.1 – Porosidade de alguns materiais
76
B) Produção Específica (Pe)
A ação da gravidade é incapaz de retirar de um material toda a sua água de
saturação, já que uma parcela desta fica retida nos interstícios devido à atração
molecular da película que envolve os grãos.
A produção específica de um material granular é justamente a percentagem
de sua água de saturação que se liberta pela ação da gravidade.
Exemplos:
Volume drenado
p = .100 (%)
e Volume total
Equação 7.2
Material p
e
Pedregulho (25%)
Areia (15%)
Argila e silte (4%)
Quadro 7.2 – Valores de produção específica em função do material
re = pv − pe
Equação 7.3
D) Permeabilidade
É a capacidade de um meio poroso de transmitir (circular) água.
Coeficiente de Permeabilidade (K)
A grandeza da permeabilidade é dada pelo coeficiente de
permeabilidade que, por definição, é a quantidade de água que
77
passa por uma seção do material de área unitária quando a
perda de carga unitária corresponde à unidade.
Para uma perda de carga unitária J, um coeficiente de
permeabilidade K, uma área de seção transversal A
perpendicular à direção do fluxo, uma vazão Q através da área
A e considerando que o escoamento seja laminar, pela lei de
Darcy, temos:
QQQQ A
KKKK
m/
= ( )
.J
h
Equação 7.4
T = K.e (m 2 /h)
Equação 7.5
Nível estático: é o nível de equilíbrio da água no poço quando não está sendo
bombeada, nem sofrendo a alteração de um bombeamento anterior ou que se
processe nas mediações.
Nos poços freáticos, o nível estático corresponde ao nível do lençol.
Nos poços artesianos, o nível estático situa-se sempre acima do nível
do lençol e mesmo acima do nível do terreno quando o poço é jorrante.
78
Nível dinâmico: é o nível no poço quando está sendo bombeada, ou sofrendo a
ação de um bombeamento anterior, ou que se processa nas mediações.
Em qualquer poço, o nível dinâmico fica abaixo do nível estático,
portanto mais baixo quanto maior for a vazão de bombeamento.
O nível dinâmico de maior importância é o que corresponde à vazão a
ser fornecida pelo poço (vazão de projeto). Sua determinação constitui um
dos aspectos importantes da hidráulica dos poços.
79
Figura 7.4 – Algumas características dos poços profundos
DO ESCOAMENTO DE ÁGUA PARA POÇOS, de acordo com a CETESB, V.1 (1978, p.151)
B) Poços Freáticos
A Figura 7.5 mostra um poço freático e dois poços de observação.
Sendo:
Qb: vazão de bombeamento (m3/h);
K: coeficiente de permeabilidade do aqüífero (m/h);
H: espessura do aqüífero (m);
h1 e h2: abaixamento verificado em poços de observação
distanciados de r1 e r2, respectivamente, do poço de
bombeamento (m);
80
ho: abaixamento do poço de bombeamento (m);
ro: raio do poço de bombeamento (m);
R: raio de influência (m).
Temos:
∗ Poço de bombeamento e dois poços de observação (1) e (2)
(H−h2 )2 − (H−h1 )2
Q = π.Κ .
b r
2,3 . log 2
r1
Equação 7.6
81
(H− h2 )2 − (H− h0 )2
Q = π.Κ .
b r
2,3 . log 2
r0
Equação 7.7
Q = π.Κ . h ( 2H − hcQ)
0 0
b 2,3 . log
r0
Equação 7.8
C) Poços Artesianos
A figura 7.6 mostra um poço artesiano e dois poços de observação.
∗ Poço de bombeamento e dois poços de observação (1) e (2)
H ( h1 − h 2 )
Q = 2.π.Κ.
b r
2,3 . log 2
r1
Equação 7.9
H ( h0 − h2 )
Q = 2.π.Κ .
b r
2,3 . log 2
r0
Equação 7.10
82
Figura 7.6 – Um poço de bombeamento e dois poços de observação
CONSTRUTIVAS
83
Figura 7.7 – Perfuratriz percussora ( CETESB – V1 1978 )
Obs.: A eficiência deste método é limitada, pois depende da resistência da rocha, do peso dos
jogos das ferramentas, do número de batidas por minuto, do diâmetro do trépano e da
espessura da camada de lodo acumulada.
Hidráulico rotativo
Exigem maiores conhecimentos do operador; requerem muita água durante a
operação; levam vantagens em terrenos de rocha mais branda, e são
rápidos em terrenos sedimentares.
84
Consiste:
Em perfurar por meio de brocas presas nas extremidades inferiores das hastes, que vão
cortando o terreno.
De uma haste quadrada vazada (oca), deslizável através do “carro” que imprime o
movimento rotatório à haste, por onde o fluido (água) é injetado por uma bomba para
sair pelas aberturas da broca, elevando-se a seguir pelo espaço anular que se forma
entre a haste e as paredes do poço até chegar novamente na bomba.
Em remover os fragmentos por meio de circulação de lama que ajuda a limpar e resfriar a
broca contendo três grupos de rodas dentadas, chamada de tricone (um tipo de broca).
Em provocar uma pressão pela lama ao longo do poço evitando um provável
desmoronamento da parede do poço.
Num peso adicional logo acima da broca com a finalidade de ajudar na verticalidade e
alinhamento do poço.
Em aumentar o comprimento
do conjunto de hastes à
medida que o poço vai
sendo perfurado.
Em observar durante a
perfuração a camada mais
permeável através da
entrada de água no poço.
Num filtro que deverá ser
colocado na camada mais
permeável com o objetivo
de impedir ou dificultar a
entrada de areia no poço.
Num pré-filtro composto de
uma camada de pedras
colocadas ao longo do Escavação
poço menos na cimentação (d e p ó s ito d e
(próximo da superfície). No fra g m e n to s )
mínimo esta camada
deverá ficar entre o tubo-
filtro e a parede do poço.
Na retirada as ferramentas
após a conclusão da
perfuração e na instalação
dos tubos e filtros.
A figura 7.9 mostra uma
representação
esquemática de uma
perfuratriz rotativa.
85
Roto-pneumático
Utiliza o ar comprimido como fluido de perfuração em lugar da lama.
Observações práticas:
1) A capacidade do poço é feita através de teste de bombeamento usando
um tambor com capacidade conhecida. Exemplo: 220 litros e o tempo
para enchê-lo.
2) Um poço rochoso não tem filtro. A água entra pelas fraturas da rocha.
3) O diâmetro do poço é em função da vazão e da bomba a ser acomodada.
86
Figura 7.10 – Interferência de Poços
Utilizando as fórmulas de Thiem, tanto para poços freáticos como artesianos, obtém-se
os valores de R. Portanto:
d ≥ 2R
Equação 7.11
Consiste em:
Determinar a vazão em função da curva característica do poço: vazão –
rebaixamento.
Determinar o diâmetro do poço em função do diâmetro da tubulação a qual
estará acoplada a bomba.
Verificar a verticalidade e alinhamento do poço.
Suspender a bomba e os tubos sobre o poço através de um tripé ou um
caminhão-guincho.
Rosquear a bomba à um tubo, normalmente de ferro galvanizado de 6m de
comprimento, isto ao iniciar o descimento da bomba. À medida que a
bomba vai descendo o poço, vai-se rosqueando os demais tubos.
Posicionar a bomba a uns 10,00 metros abaixo do nível dinâmico. Quando
houver filtro, esta deve estar logo acima do filtro, pois a água é de melhor
qualidade e tem menos matéria em suspensão.
87
POSSÍVEIS MEIOS DE CONTAMINAÇÃO DE UM POÇO E AS RESPECTIVAS MEDIDAS
DE PROTEÇÃO.
88
PERFIL DE SOLOS E POÇOS DA REGIÃO
Maringá, Cascavel e Londrina
Figura 7.12 – Perfil do Solo de Cianorte, Paranavaí, Nova Esperança, Cruzeiro do Sul e Astorga
89
Umuarama
90
EXERCÍCIOS
01) CETESB, V.1 (1978) Um lençol freático esquematizado na figura a seguir, com
espessura média de 2,00m, perfura-se dois poços situados a uma distância de 30m um
do outro e ao longo da mesma linha de corrente. Sabendo-se que o desnível da
superfície do lençol é de 1,10m, determine:
1.a) A vazão de escoamento, em m3/dia, do lençol por metro linear de largura, sendo
o lençol constituído de areias limpas e pedregulho.
1.b) A vazão de escoamento, em m3/dia, do lençol por metro linear de largura, sendo
o lençol constituído de uma mistura de areia, silte e argila.
1.c) O comprimento mínimo que se deveria dar a uma galeria de infiltração, a ser
instalada em secção transversal as linhas de corrente, para se poder captar a
vazão de 3 L/s, supondo um aproveitamento total da água em escoamento.
1.d) O coeficiente de transmissividade(T).
02) CETESB, V.1 (1978) Determine a fórmula da vazão de um poço freático para h2 = 0 e
r2=R (raio de influência do poço), isto é, a vazão em função do raio de influência, do raio
do poço, espessura do lençol d’água, do abaixamento do poço de bombeamento e do
coeficiente de permeabilidade.
03) CETESB, V.1 (1978) Considerando que exista recarga na periferia do cone de
depressão, mostre que a fórmula Q = 1,36.k ( H2 – h2 ) / ( log R/r0 ) é verdadeira para o
poço freático da figura a seguir.
91
04) Considerando que exista recarga na periferia do cone de depressão, mostre que a
fórmula Q = 2,72.k.e. ( H – h ) / ( log R/r0 ) é verdadeira para o poço artesiano da figura a
seguir.
92
5) CETESB, V.1 (1978) Um poço freático de 300mm de diâmetro apresentou um
abaixamento de 3m a uma vazão de 34m3/h. Quando bombeado a 113m3/h, o
abaixamento foi de 15m. O nível estático inicial situava-se a 45m acima do fundo do
poço (camada impermeável).
Determinar:
5.a) o coeficiente de permeabilidade médio do aqüífero
5.b) a vazão de bombeamento para um abaixamento de 6m.
5.c) o raio de influência para esta vazão.
93
CAPÍTULO 8 - SISTEM A DE TRATAMENTO DE ÁGUA
8.1. INTRODUÇÃO
O tratamento de água consiste em melhorar suas características organolépticas,
físicas, químicas e bacteriológicas, a fim de que se torne adequada ao consumo humano.
As águas de superfície são as que mais necessitam de tratamento, porque se
apresentam com qualidades físicas e bacteriológicas impróprias, com exceção das águas de
nascentes que, com uma simples proteção de cabeceiras e cloração, podem ser, muitas
vezes, consumidas sem perigo.
De modo geral, a qualidade das águas de superfície varia ao longo do tempo, de
acordo com a época do ano e o regime das chuvas.
As águas que possuem partículas finamente divididas em suspensão e partículas
coloidais, necessitam de um tratamento químico capaz de propiciar sua deposição, com um
baixo período de detenção. Este tratamento é realizado provocando-se a coagulação,
floculação, decantação, filtração rápida e desinfecção (TRATAMENTO CONVENCIONAL).
Nem toda água pode ser utilizada, porque cada método de tratamento tem eficiência
limitada. Sendo a poluição muito alta, a água tratada poderá não ser ainda satisfatória.
Assim, por exemplo, não é possível, nem prático, tratar água de esgotos por métodos
convencionais, a ponto de torna-las potável.
Convém ressaltar que existem tratamentos de esgoto onde a água resultante é usada
secundariamente (reuso de água), por exemplo, em lavagem de ruas, desentupimento de
galerias de águas pluviais, irrigação de jardins’, na agricultura, etc.
Um método seguro de tratamento de água para beber, onde não dispõe de outros
recursos, e a água não mereça confiança é a fervura. A água fervida perde o ar nela
dissolvido e, em conseqüência, torna-se de sabor desagradável. Para fazer desaparecer
esse sabor, é necessário arejar (contato com o ar) a água.
Observação:
É bom lembrar que a água tem grande poder de dissolver e de carrear substâncias
que é uma característica de cada região.
94
8.3. AERAÇÃO E AREJAMENTO
INTRODUÇÃO
A água retirada de poços, fontes ou regiões profundas de grandes represas, pode ter
ferro, manganês e outros elementos dissolvidos, ou ainda ter perdido o oxigênio em contato
com as camadas que atravessou e, em conseqüência, seu gosto é desagradável. Torna-se
necessário portanto, arejá-la para que melhore sua qualidade. A aeração das águas tem a
finalidade de transferir substâncias voláteis da água para o ar e substâncias solúveis do ar
para a água.
A aeração pode ser realizada com os seguintes objetivos:
a) Remoção de gases dissolvidos em excesso nas águas e também de substâncias
voláteis, a saber:
- Gás carbônico em teores elevados que torna a água agressiva;
- Ácido sulfídrico que prejudica esteticamente a água;
- Substâncias aromáticas voláteis causadoras de odor e sabor;
- Excesso de cloro e metano, pelos mesmos motivos.
b) Introdução de gases nas águas:
- Oxigênio para oxidação de compostos ferrosos ou manganosos e;
- Aumento dos teores de oxigênio e nitrogênio dissolvidos na água.
95
B) Aeradores de tabuleiros
Compreendem de três a seis tabuleiros (bandejas) iguais superpostos de 0.30 a
0.70m de altura, através das quais a água percola. O primeiro tabuleiro (mais alto) serve
apenas para distribuir uniformemente a água através das perfurações. Os demais tabuleiros
são construídos com treliças sobre as quais são dispostos camadas de cascalho ou pedra
britada que ajudam nas reações de oxidação.
C) Aeradores de Repuxo
Um aerador de repuxo compreende tubulações sobre um tanque de coleta de
água, dotadas de uma série de bocais de aspersão. A água, distribuída uniformemente
pelos bocais, sai através dos mesmos com uma velocidade alta em função da pressão inicial
(carga hidráulica).
Para o caso de jato vertical, a água deixa o bocal, eleva-se até uma certa altura
e cai para o tanque fazendo o percurso inverso.
96
INCONVENIENTES
Os teores excessivos de ferro nas águas apresentam vários
inconvenientes:
- Mancham tecidos, roupas, utensílios, aparelhos sanitários, etc.
- Causam sabor desagradável, “sabor metálico”.
- Prejudicam a preparação de café e chá.
- Interferem nos processos industriais (fabricação de papel, tecidos,
tinturarias e cervejarias) etc.
- Podem causar depósitos e incrustações.
- Podem possibilitar o desenvolvimento de bactérias ferruginosas.
PROCESSO DE REMOÇÃO
O processo utilizado para a remoção do ferro depende da forma
como as impurezas de ferro se apresentam.
Para águas limpas que prescedem de tratamento químico, como
águas de poços, fontes, galerias de infiltração, contendo bicarbonato
ferroso dissolvido (na ausência de oxigênio), utiliza-se a simples aeração.
Se o ferro estiver presente junto com a matéria orgânica, as águas,
em geral, não dispensarão o tratamento completo com aeração inicial
(aeração, coagulação, floculação, decantação e filtração).
MANGANÊS
O manganês ocorre mais raramente do que o ferro, mas quando
acontece, quase sempre ocorre juntamente com o ferro.
Causa inconvenientes, semelhantes ao ferro e o processo de
remoção também é semelhante ao ferro, só não tão facilmente como o
ferro.
A) PRÉ-CLORAÇÃO
A água “in natura”, recebe ao chegar na estação de tratamento (ETA), a aplicação de
produto químico (cloro), cuja função é combater a proliferação de algas, bactérias e oxidar
ou reduzir a matéria orgânica.
B) COAGULAÇÃO E FLOCULAÇÃO
97
a) COAGULAÇÃO
Geralmente as partículas coloidais presentes na água oferecem os maiores problemas
quando se visa a remoção da cor e da turbidez. Isto se deve basicamente às propriedades
eletrocinéticas dos colóides e também às características decorrentes da dimensão reduzida
dessas partículas.
Esta fase consiste da adição do agente coagulante (primário), podendo ser: SULFATO
DE ALUMÍNIO, SULFATO FERROSO, SULFATO FÉRRICO E CLORETO FÉRRICO. Estes
quando aplicados na água in natura, reagem com a alcalinidade da água, formando
hidróxidos e polímeros. Desta forma, as impurezas que se encontram finamente divididas e
em suspensão, se transformam em flóculos que são removidos na decantação e filtração.
Observações: 1)A correção do pH é feita mediante a aplicação de composto ácido ou básico,
conforme se deseja aumentar ou diminuir o valor do pH. Normalmente as águas são
ácidas, devendo o pH ser elevado, o que se consegue com a aplicação de um álcalis
(cal).
2) ) Costuma-se estimar o consumo de cal total igual à metade da do consumo de
sulfato de alumínio.
3) A SANEPAR já utiliza a cal líquida numa dosagem variando de 10mg/l a 18mg/l.
SULFATO DE ALUMÍNIO
Introdução:
É obtido pelo ataque do ácido sulfúrico sobre a bauxita, resultando um produto cuja
fórmula é Al2(SO4)3. Seu peso específico é de aproximadamente 0.95 t/m3, onde os produtos
comerciais contém impurezas que são na maioria das vezes insolúveis.
O sulfato de alumínio é o produto mais utilizado por ser fácil de transportar e
manejar. Seu custo é baixo e produz-se em várias regiões brasileiras.
Sulfato, Sólido
É fornecido normalmente, em sacos multifolhados de papel. É britado com
fragmentos de até 4.0cm de espessura (diâmetro). O armazenamento deve ser feito em
local seco, com sacos colocados sobre estrados de madeira (cuidados iguais ao sacos de
cimento).
EXERCÍCIO
1 ) Dimensionar o sistema de armazenamento, preparo e dissolução de sulfato de
alumínio, para as seguintes condições:
- Vazão a ser tratada: 200l/s
- Período de trabalho das instalações: 24h/dia
- Dosagem do sulfato de alumínio: obtida em laboratório (puro)
Máxima: 30 mg/l (épocas de chuva)
98
Mínima: 15 mg/l (estiagens)
- Qualidade do sulfato (teor de impurezas): 8%
Determinar:
(a) Consumo máximo e mínimo de sulfato, com 8% de impurezas;
(b) Volume de armazenamento trimestral;
(c) Dimensões (área) para armazenamento trimestral;
(d) Consumo máximo de solução a 9% (9 gramas de sulfato em um volume de
100 ml de solução);
(e) As dimensões do tanque e do cocho, sabendo que:
Número de compartimentos do tanque: n=3;
Base de cada compartimento é quadrada: l =1.10m;
Altura livre: h1=0,20m;
Altura para o acúmulo de insolúveis: h2=0,12m
l
l
Introdução
Consiste em distribuir rápida, homogeneamente e intensamente coagulante na água a
ser tratada.O produto químico (coagulante) deve ser aplicado à montante e bem próximo da
turbulência criada.
O coagulante deve ser aplicado, se possível, em vários pontos com a finalidade de
garantir uma boa dispersão do produto na água.À partir da aplicação do coagulante na
água, o processo de reação é muito rápido, questão de segundos.
99
Fornecimento de energia
A energia introduzida na água, definiu-se gradiente de velocidade (G). Podemos dizer
que (G) define a intensidade da agitação. (G) é a taxa de variação da velocidade V de
escoamento, segundo uma direção perpendicular à direção de escoamento.
Considerando duas partículas em um certo volume de água com velocidades
diferentes, temos:
dV −1
G= (s )
dy
Figura 8.3 – Gradiente Equação 8.1
Agitação Hidráulica
Utiliza a própria energia hidráulica para produzir a dispersão dos reagentes, em
conseqüência a perda de carga é elevada.
É prática no Brasil utilizar a calha Parshall, que contém um ressalto hidráulico, como
misturador, onde a aplicação do coagulante se faz na superfície do fluxo, quando na
realidade, o ideal seria distribuir o reagente em toda a seção molhada.
A seguir, temos um ressalto hidráulico mostrando o ponto de aplicação do coagulante.
100
Seleção de tamanho: A tabela a seguir mostra os limites de aplicação
para funcionamento em regime de escoamento livre.
Largura da
Capacidade (l/s)
Garganta
w (cm) Mínima Máxima
7.6 0.85 53.8
15.2 1.52 110.4
22.9 2.55 251.9
30.5 3.11 455.6
45.7 4.25 696.2
61.0 11.89 936.7
91.5 17.26 1426.3
Tabela 8.1 – Limites da garganta da Calha Parshall para regime de Escoamento Livre
101
w A B C D E F G K N
2.5 36.3 35.6 9.3 16.8 22.9 7.6 20.3 1.9 2.9
7.6 46.6 45.7 17.8 25.9 38.1 15.2 60.5 2.5 5.7
15.2 62.1 61.0 39.4 40.3 45.7 30.5 61.0 7.6 11.4
22.9 88.0 86.4 38.0 57.5 61.0 30.5 45.7 7.6 11.4
30.5 137.2 134.4 61.0 84.5 91.5 61.0 91.5 7.6 22.9
45.7 144.9 142.0 76.2 102.6 91.5 61.0 91.5 7.6 22.9
61.0 152.5 149.6 91.5 120.7 91.5 61.0 91.5 7.6 22.9
91.5 167.7 164.5 122.0 157.2 91.5 61.0 91.5 7.6 22.9
Tabela 8.2 – Dimensões da Calha Parshall
H 2 ≤ 0.70 H
Equação 8.2
Q = K '.H n
Equação 8.3
w (m) n K’
0.076 1.547 0.176
0.152 1.580 0.381
0.229 1.530 0.535
0.305 1.522 0.690
0.457 1.538 1.054
0.610 1.550 1.426
0.915 1.566 2.182
Tabela 8.3 – Valores de n e de k’ em função de W ( SI )
102
* Potência Dissipada
Em toda queda de água há uma dissipação de energia, que é dada
pela seguinte fórmula:
P = γ .Q.h f
Equação 8.4
v+dv F= .A.dv
A dy
σ= F
A
σ=
dy v
A . dv
dy
P = µ .G 2 P = µ .V .G 2
Equação 8.6
103
Substituindo V = Q.t e P = γ .Q.h f na equação acima, temos:
γ .h f
G=
µ.t
Equação 8.7
Onde:
G: gradiente de velocidade (s-1)
µ : viscosidade absoluta da água – função da temperatura da água
(kgf.s/m2).
V: volume da câmara (m3)
t: tempo teórico de permanência ou detenção (s)
Agitação Mecânica
Utiliza a energia produzida por dispositivos eletromecânicos para produzir a dispersão
dos coagulantes, onde as perdas de carga são desprezíveis.Constam de duas partes, uma o
tanque, e a outra o agitador (pás, hélices ou turbinas), conforme a figura a seguir:
M M
104
Considerações para os dois tipos de agitações:
01) G>1000s-1
02) t ≤ 1 seg
03) 1 HP ≅ 0,986 cv ≅ 0.76 kgf.m / s
04) Alguns valores da viscosidade absoluta da água
2 ) Dimensionar a calha Parshall adaptada para mistura rápida de uma ETA cuja vazão de
projeto é de 200 l/s, em funcionamento contínuo.
105
2.e Perdas de carga para escoamento livre (hf)
2.f Altura do degrau (x)
2.g Gradiente Hidráulico (G)
Introdução
Os compostos químicos já completamente misturados anteriormente, vão reagir com a
alcalinidade da água, ou se esta não é suficiente, com a cal adicionada, formando
compostos que tenham propriedades de adsorção, isto é, aqueles cujas partículas sejam
carregadas eletricamente na sua superfície, e que possam, assim, atrair cargas elétricas
contrárias. Essas partículas são chamadas flocos e tem cargas elétricas superficiais
positivas, enquanto que as impurezas presentes na água, como as matérias suspensas, as
coloidais, alguns sais dissolvidos e bactérias, tem carga elétrica negativa, sendo, assim,
retidas por aqueles flocos.
Sistemas de floculação
Sistema Hidráulico
A mistura é feita aproveitando-se a própria energia da água.
Vantagens:
- Fluxo quase totalmente de pistão, ou seja, o tempo real de
permanência igual ao teórico (t= V/Q).
- Não requerem equipamentos.
- Não consomem energia elétrica.
Desvantagens
- Não possuem meios simples e de fácil operação, para mudar o
gradiente de velocidade segundo as necessidades.
- Funcionam às custas de uma perda de carga elevada.
106
Alguns tipos
- Câmaras com chicanas, onde o fluxo de água pode ser vertical ou
horizontal.
- Câmaras com compartimentos denominadas de alabama
“modificado”.
Sistema Mecânico
Utilizam energia fornecida por agitadores acionados por sistemas
eletromecânicos.
Vantagens
- Perda de carga é praticamente nula.
- Alteração rápida e fácil de intensidade de agitação (variação de
velocidades), mudando o tratamento de acordo com as variações
da qualidade da água bruta.
- Agitação é mais homogênea, portanto, melhor.
Desvantagens
- Dependência de equipamentos.
- O consumo de energia.
- Possibilidade de curto circuito (quando o fluxo segue um caminho
preferencialmente reto, não ficando o tempo necessário para o
processo) é maior nos sistemas mecânicos do que nos sistemas
hidráulicos.
Alguns Tipos
- Agitador (hélice, turbinas, paletas).
- Eixo (vertical ou horizontal) com acoplamento mecânico (motor-
eixo).
- Redutor de velocidades.
- Motor
Observações:
A estação de tratamento de Maringá, possui em série, dois tipos de floculadores:
107
- Hidráulico: a mistura é feita aproveitando-se a energia da água, providos de câmaras com
chicanas, de movimento horizontal, vertical e giratório de água, ocasionando assim, o
aparecimento de flocos.
- Mecânico: estes floculadores são providos de pás com eixo vertical e dotados de movimento
de rotação, que promovem a homogeneização do(s) coagulante(s) com as partículas
em suspensão, em mistura lenta, ocasionando assim, a formação final dos flóculos.
EXERCÍCIOS
3) Dimensionar um floculador hidráulico tipo Alabama modificado:
Dados: Vazão: 50l/s
Tempo de detenção: 30 minutos
Número de Compartimentos: 8
Velocidades Extremas:
• Primeira: 0.60m/s
• Última: 0.20m/s
108
4.a Volume (teórico) de cada compartimento
4.b Dimensões de cada compartimento
4.c Área das paletas (cada compartimento)
4.d Número e dimensões das paletas
4.e Potência por unidade de volume
1
P = α .ni3 . .∑ A.Ri3
V
Equação 8.8
Onde:
ρ 2π 3
α = C D . . .(1 − K ) 3
2 g 60
Sendo:
ρ: massa específica
CD: coeficiente de arrasto das paletas, depende da relação entre o comprimento (b)
e a largura (l) das paletas
b
CD
l
1 1.10
2 1.15
4 1.19
10 1.29
18 1.40
∞ 2.01
Quadro 8.1 – Relação entre o Coeficiente de Arrasto e o comprimento ( b) e a largura ( l )
109
• K: relação entre a velocidade na água e a velocidade nas paletas, varia com a
rotação.
- K=0.24, para rotações de 2.0 a 5.2 rpm
- K=0.32, para rotações de 1.1 a 2.9 rpm
110
l
B H
b D
h
(Recomendações) L
2,0 ≤ ≤ 6,6
D
H
2,7 ≤ ≤ 3,9
D
h
0,9 ≤ ≤ 1,1
D
D
= 12
l
4 cortinas
D
=8
C) DECANTAÇÃO b
a) CONCEITO
A decantação ou sedimentação é um processo dinâmico de separação de
partículas sólidas suspensas nas águas. Essas partículas ou flocos (aglomeração de
materiais finos, microorganismos e materiais em solução), sendo mais pesadas do que a
água, tenderão a cair para o fundo com uma certa velocidade (velocidade de sedimentação).
Anulando-se ou diminuindo-se a velocidade de escoamento das águas
reduzem-se os efeitos da turbulência, provocando-se a deposição de partículas.
b) VELOCIDADE DE SEDIMENTAÇÃO
Para remoção de partículas coloidais recorre-se a coagulação dessas
partículas que ao sedimentarem, chocam-se com outras partículas, flocos e
microorganismos, aumentando seu peso de sedimentação.
c) TIPOS DE DECANTADORES
111
Clássicos de escoamento horizontal
t = 2 a 3 horas
Profundidade (H)
Normalmente as profundidades estão compreendidas entre
H = 3,50 a 4,50m
Número de Decantadores
O mínimo é de 2, de maneira a possibilitar que um deles fique fora de serviço
para realizar limpeza ou para reparo, continuando o outro a funcionar com
sobrecarga.
112
Figura 8.8 – Esquema de um Decantador convencional
113
Figura 8.9 – Corte transversal de um decantador
CORTE LONGITUDINAL
114
Limpeza dos Decantadores
A. H
S=
4850.t
Equação 8.9
Onde:
S: área da comporta ou adufa (m2)
A: área do decantador (m2)
H: altura da água sobre o eixo da comporta ou adufa (m)
t : tempo de esvaziamento (t < 2 horas)
115
EXERCÍCIOS
Determinar:
6.a) Volume de cada decantador.
6.b) Área de cada decantador.
6.c) Dimensões de cada decantador.
6.d) Taxa de escoamento superficial.
6.e) Velocidade horizontal de escoamento.
6.f) Canal de alimentação de decantadores.
6.g) Cortina distribuidora
• Área de cada orifício
• Vazão por orifício
• Número de orifícios
6.h) Calha coletora de água decantada.
6.i) Diâmetro da adufa de esgotamento.
6.j) 0 Esquema de limpeza (remoção de lodo).
116
Observe a seguir o fluxo da água e a sedimentação das partículas num
decantador de placas paralelas inclinadas.
Vo
VSC =
sen θ + L cosθ
Equação 8.10
Onde:
l
L=
ep
L: (comprimento relativo).
117
Velocidade de escoamento (Vo):
Q Q
VO = =
APERPEND AHORIZ .senθ
Equação 8.13
Onde:
n.e 'p . a
APLACAS HORIZ . =
senθ
Equação 8.13
a: comprimento da placa
Figura 8.14 – Detalhe da Placa
Observações:
1. A velocidade junto às placas é igual a zero, portanto as partículas que caem sobre elas não
sofrem nenhuma força e podem rodar livremente em sentido contrário ao fluxo;
2. O comprimento ( l ) da placa deve ser descontado, pois na zona inicial não ocorre fluxo laminar.
118
c) ASPECTOS DE PROJETO
l
Tempo de detenção (t) t=
VO
Materiais Empregados
Madeira
• Pode durar por muito tempo sob a água
Plástico
• Material ideal, pois possui baixo peso (fácil manuseio).
Sistema de entrada
A água floculada deve entrar diretamente por baixo das placas.
Devemos evitar a entrada da água nos decantadores de placas pelo fundo,e no
início, como o da figura a seguir. Tal método torna impossível o controle da distribuição
de fluxo e permite que se criem zonas mortas e zonas de alta velocidade.
119
Figura 8.15 – Decantador de Placas Inclinadas
Zonas de lodos
∗ Existem duas zonas de lodo, a que se forma entre as placas e a que existe no
fundo do tanque.
Sistema de saída
A uniformidade com a qual as massas de água sobem por entre as placas,
depende tanto do sistema de saída como o de entrada.
A extração do lodo mais uniforme consiste num canal central de coleta e
tubulações perfuradas laterais.
A figura a seguir mostra a entrada e saída da água no decantador e extração
do lodo.
120
Figura 8.14 – Entrada e saída da água no decantador
L CD
D
300 0,33
200 0,39
100 0,47
90 0,49
80 0,52
70 0,54
60 0,56
50 0,58
40 0,64
30 0,70
121
Considerações:
Distância máxima entre tubos vizinhos: 2,00m.
Diâmetro mínimo: 38,0mm.
Velocidade mínima de escoamento (tubos): 3,0m/s.
Vazão nos tubos (curtos):
q = C D . S . 2 . g .h
Equação 8.14
122
EXERCÍCIO
DETALHES
l
Determinar:
8.a Área horizontal útil.
8.b Área total que as placas devem cobrir.
8.c Dimensões do decantador.
8.d Número total de placas.
8.e Número de Reynolds.
8.f Carga superficial equivalente.
8.g Tempo de detenção.
D) FILTRAÇÃO
INTRODUÇÃO
A filtração tem como objetivo reter ou remover as impurezas da água como as
partículas coloidais ou em suspensão e até mesmo microorganismos (bactérias) que não
foram retidas nos processos de coagulação e decantação.
A filtração consiste em fazer água passar por camadas filtrantes como a areia e o
antracito (carvão mineral). O mecanismo da filtração, compreende a:
123
1-Coagem
-Tamanho maior que os poros
2-Floculação e sedimentação
-Ocorre no interior dos poros
3-Adsorção
-Impurezas aderem as superfícies
4-Difusão
-Partículas retidas onde V=0
5-Interceptação
-Força um contato maior entre as partículas
Figura 8.17 – Detalhe do Solo
Com relação as camadas filtrantes, podemos ter um filtro com uma só camada, por
exemplo areia ou com dupla camada areia e antracito.
TIPOS DE FILTROS
a) Filtros lentos de areia
Tipos de Camadas
de Areia:
Altura: H ≈ 1,00 m
Tamanho efetivo: 0,25 < T.E.< 0,35m
Coeficiente de Uniformidade: Cu < 3
Suporte:
Altura: H ≈ 0,30 m”
Seixo rolado: 2” – 3/8
124
Aspectos Operacionais
A entrada e saída da água nos filtros é controlada por meio de registros,
devendo-se ter o cuidado de manter uma camada de água sobre a areia.
No início da filtração, com a areia ainda limpa, a formação da camada
gelatinosa só se processará após alguns dias de operação. Portanto, durante
este período, maiores cuidados deverão ser tomados quanto a desinfecção da
água filtrada.
Com o prosseguimento da filtração, a camada superior da areia vai se
sujando cada vez mais, diminuindo, em conseqüência, a vazão da água filtrada.
Quando esta vazão cai consideravelmente, deve-se proceder a limpeza do
filtro. Faz-se a limpeza do filtro, removendo-se uma camada de dois a três
centímetros da areia. Quando a camada de areia nos filtros atingir em torno de
0,70m de altura, recoloca-se a areia retirada, depois de totalmente lavada.
A figura a seguir mostra a limpeza de um filtro lento.
125
Desvantagens dos Filtros Lentos:
• Possuem baixa taxa de filtração (2,5 a 5,5 m3/m2.dia).
• Ocupam grandes áreas ( 20 a 30 vezes maior que a área de um filtro rápido).
• Necessidade periódica de remoção e lavagem da areia.
• Possibilidade de degradação do manancial com o tempo, alterando as
características físico-químicas iniciais da água (aumento excessivo da
turbidez).
• Não apresentam rendimento elevado na remoção de cor (remoção de 20 a
30%).
126
Forma e Dimensões dos Filtros
Para várias unidades contíguas retangulares, pode ser usada a
seguinte relação:
B n +1
=
L 2n
Equação 8.15
127
Camada Suporte
A camada de pedregulho (seixos rolados) geralmente é composta de 5
(cinco) subcamadas, que ajudam na distribuição da água para lavagem.
128
Blocos Leopold:
Exemplos:
129
Vigas Pré-fabricadas: O sistema de drenagem pode ser executado através de
vigas pré-fabricadas de concreto, providas de orifícios, conforme figura
a seguir:
130
Controle dos Filtros:
São exigidos dois controles:
Controle de nível de água: Pode ser feito por uma válvula instalada na
canalização de saída de água filtrada, e acionada por um
dispositivo de flutuador ou de detector de nível, instalado na
superfície do filtro.
Controle de vazão: O controle da vazão pode ser realizado na entrada
de água decantada para os filtros (todos os filtros recebem
praticamente a mesma vazão) e na saída de água filtrada.
Tubulações Imediatas
As tubulações imediatas dos filtros são dimensionadas com base em regras
estabelecidas pela experiência que levam em conta as velocidades da
água e as perdas de carga.
131
Vantagens:
- Lavagem mais uniforme.
- Lavagem mais completa, com melhor conservação do material filtrante.
- Menos consumo de água para lavagem.
- Eliminação do problema de localização ou de duplicidade de lavagem
superficial nos filtros de dupla camada.
- Redução da altura da camada suporte, quando existente.
Perdas de carga.
As perdas de cargas nas Camadas Expandidas tanto na areia como no
antracito pode ser usada a fórmula do Azevedo Netto.
132
Altura do Reservatório de Água para Lavagem
Através da derivação de um canal de água tratada, realiza-se o
bombeamento da água para um reservatório elevado, de onde a mesma
será utilizada para a lavagem dos filtros.
O fundo do reservatório de água para lavagem deverá estar em cota que
permita a lavagem, com a vazão máxima prevista, do filtro situado em
posição mais desfavorável.
Para a fixação dessa cota será necessário calcular todas as perdas de
carga existentes, desde a saída do reservatório até os bordos das
calhas do filtro.
Observação: A água para lavagem pode ser por bombeamento direto (Maringá).
133
EXERCÍCIOS
Determine:
Nível da água
Reservatório
( água de lavagem )
N. min. da água
Nível da água Nível da água N. máx. da água
Filtro
2
Câmara
Lateral
Areia
Decantador
4 A
Fundo falso
5 1
Corte transversal do filtro
Reservatório
Câmara lateral
Canaleta para
água filtrada água de lavagem
A Controlador de vazão
Planta do filtro
10) Um filtro rápido de uma ETA possui 4,0 m de largura, 6,0 m de comprimento e 3,8 m de
profundidade. Após filtrar 7.500 m3/dia, o filtro é lavado com uma taxa de 893 m3/m2.dia
durante 10 minutos. Determinar a porcentagem de água tratada usada em cada
lavagem, sabendo-se que o filtro é lavado de 24 em 24 horas.
134
11) Dimensionar um filtro rápido de uma ETA com capacidade para tratar uma vazão de
250l/s.
1 - Tipo de filtro.
2 - Taxa de filtração (todas unidades em funcionamento).
3 - Tempo de funcionamento.
4 - Número de unidades filtrantes.
5 - Dimensões de cada unidade filtrante.
6 - Espessura das camadas e altura da caixa do filtro.
7 - Expansão das camadas filtrantes.
8 - Granulometria das camadas.
9 - Camada suporte.
10 - Velocidade ascensional;
11 - Vazão da água de lavagem – uma unidade;
12 - Volume de água para lavagem de uma unidade;.
13 - Volume do reservatório de água para lavagem;
14 - Fundo do filtro;
15 - Alimentação do reservatório de lavagem;
16 - Moto-bomba de recalque para R.A.L.;
17 - Calhas para água de lavagem;
18 - Perdas de carga nas camadas expandidas e na camada suporte;
19 - Diâmetros nas tubulações imediatas.
E) DESINFECÇÃO
DEFINIÇÃO
Entende-se por desinfecção a destruição ou inativação de organismos patogênicos,
capazes de produzir doenças, ou de outros organismos indesejáveis.
135
TIPOS DE DESINFECÇÃO
* Vantagens:
- Redução de odor, gosto e cor.
- Poderoso oxidante.
- Ação desinfetante para uma ampla gama de pH.
- Ação Bactericida 300 a 3000 vezes mais rápida que o cloro, para o mesmo
tempo de contato.
- Tempo de contato pequeno (t ≅ 8 minutos).
- Não há perigo quando uma superdosagem.
* Desvantagens:
- Não tem ação residual.
- Gasto com energia elétrica, de 10 a 15 vezes maior que o gasto com cloro.
* Desvantagem:
- Esporos, cistos e vírus são menos suscetíveis que as bactérias.
- Não há ação residual.
- Material e energia de custo elevado.
- Problemas de manutenção.
- Não se determina rapidamente a eficiência do processo.
c) Pelo cloro
A desinfecção da água pelo cloro é sempre recomendada: a água in natura (pré-
cloração) e na água potável (pós-cloração ou cloração).
136
Oxidante
Com a finalidade de modificar a característica química da água na qual
é aplicado como, por exemplo, na remoção de:
Métodos de Cloração
Com residual combinado:
Para que se forme cloro residual combinado é necessário que o cloro
seja introduzido em água contendo amônia ou compostos
amoniacais existentes naturalmente na água ou previamente
dosados.
Da reação do cloro com amônia ou com compostos amoniacais
resultam as cloraminas que possuem poder bactericida.
137
24
la
nu
20
o
or
18
Residual de cloro mg/l
cl
de
16
da
Demanda de cloro
an
14
m
De
12
Destruição da
10 amônia
8 Ponto de
inflexão
6
4
Cloro residual combinado Cloro residual livre
2
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Cloro aplicado mg/l
Gráfico 8.1 – Residual de cloro x Cloro aplicado
Considerações:
A cloração com residual livre apresenta tantas vantagens que substitui
praticamente a cloração com residual combinado. São elas:
• A ação bactericida do cloro residual livre é bem superior que do
cloro combinado.
• A desinfecção pelo cloro residual livre é mais segura por ser feita
por tipo de residual mais ativo.
• Destrói compostos orgânicos causadores de odor, sabor e cor.
• Reduz o crescimento de microorganismos nas diversas partes do
sistema.
Observação: A desvantagem está relacionada com o consumo mais elevado de
cloro.
Cloro gasoso
O cloro é mais pesado que o ar (tende ir para o piso), de cor verde-
amarelo, gás tóxico mas não é explosível.
138
Apresenta-se comercialmente em cilindros verticais de 68 kg e
horizontais de 940 a 1080 kg com as seguintes taras,
respectivamente: 52, 710 e 800 kg, com válvulas de saída e de
segurança constituídas de um plug fusível à temperatura de 70 a
75oC. Os cilindros de 68 kg possuem diâmetro de 0,27 m e altura
1,37 m; enquanto que os horizontais (containers) possuem
aproximadamente um diâmetro de 0,80 m e comprimento de 2,10m.
A figura a seguir mostra como pode ser feita a dosagem do cloro que é
recebido na forma líquida e ao sair do cilindro pela válvula, a
pressão é aliviada e o líquido passa para a forma gasosa.
As instalações devem separar os cilindros (prever movimentação dos
cilindros) dos aparelhos cloradores.
139
Hipoclorito de cálcio
Também chamado de HTH, Percloron, é um pó branco com cerca
de 70% de cloro ativo. Possui alta solubilidade em água e boa
estabilidade (até um ano), quando protegido da umidade. É
fornecido em recipientes de plástico de 1,5 kg e em tambores de
45 e 360 kg.
Cal clorada
Também chamada cloreto de sal, é um pó branco com cerca de
35% de cloro ativo, solúvel em água, deixando resíduos
calcáreos. Possui fraca estabilidade, perdendo cerca de 10% do
cloro disponível ao mês. É encontrado em embalagem de 1 a 50
kg, sacos de polipropileno.
Hipoclorito de sódio
Encontra-se sob a forma de solução de cor amarelada, límpida a 10
– 15% de cloro ativo, embalado em bombonas plásticas com 50
kg de capacidade. É estável durante algumas semanas até um
mês. Decompõe-se pela luz e calor e por esta razão deve ser
estocado em locais frios e ao abrigo da luz.
Água sanitária
Solução de hipoclorito de sódio, 2 a 3% de cloro ativo, encontrada
em litros de plástico opaco no comércio. É um produto bastante
difundido em todo o país.
Considerações Finais
- O M.S. (Ministério da Saúde) recomenda uma dosagem de cloro entre 0,2
a 0,5 ppm (partes por milhão = mg/l) em qualquer ponto da rede de
distribuição;
- O cloro nessa concentração é incolor, portanto jamais alguém irá enxergá-
lo a olho nu.
140
Chicanas
d) Salmoura
Sistema Semi Automático
Composição de equipamentos:
01 – Hidrogerox HG 250
02 – Bomba dosadora Hidrogeron
03 – Caixa de salmoura
Composição de equipamentos:
01 – Hidrogerox HG 250.
02 – Bomba dosadora Hidrogeron para hipoclorito.
03 – Saturador de salmoura.
04 – Bomba dosadora hidrogeron para sal.
05 – Controlador de vazão para água de diluição.
141
Primeiramente prepara-se uma solução de salmoura a uma
concentração de 30%, a salmoura será dosada através de uma
bomba dosadora e diluída na água através de um controlador de
vazão. A solução de salmoura vai até o reator, o mesmo está
conectado a fonte de corrente que envia energia para os
eletrodos, onde ocorre a eletrólise. O produto gerado é o
hipoclorito de sódio que dosado por bomba dosadora ou
hidroejetor tipo venturi. A dosagem pode ser feita dentro do poço,
no reservatório ou acumulado em um tanque de armazenagem.
Como funciona
Os saturadores HIDROSAT deverão ser instalados próximos algum
ponto de sucção como hidroejetor ou bomba dosadora, para que a solução
saturada seja conduzida até o ponto de aplicação; a entrada de deve ser no
mínimo 10 m.c.a.; a alimentação de energia deverá vir de algum ponto com
proteção de (5A).
A entrada de água e a alimentação de energia deverão ser constantes,
pois o sensor de nível e a válvula solenóide trabalham em série, de forma
que, quando o nível da solução saturada atinge o sensor de nível a
alimentação de energia é interrompida e a solenóide se fecha.
A medida que a solução saturada vai sendo consumida, o nível dessa
solução vai baixando gradativamente ( no controlador de nível e no
saturador). Quando o sensor de nível fica descoberto ele fecha o contato
elétrico e a válvula solenóide se abre.
Desta forma a água é liberada para o saturador por bateladas e de
acordo com o consumo de solução saturada. Os saturadores HIDROSAT
possuem um visor transparente e adesivos para a visualização do nível
máximo e mínimo, facilitando a reposição dos produtos.
Vantagens:
• Elimina os problemas freqüentes com manutenção de dosadores
além de um alto consumo de peças de reposição.
• Maior autonomia calculada de acordo com a solução do cliente.
• Espaço reduzido (devido a seu formato ele pode ser instalado em
1 m².)
• Reposição do produto químico pode ser feito a qualquer momento
sem a necessidade de regras ou medidas;
• Linearidade na concentração do produto saturado.
142
EXERCÍCIOS
12) Num sistema de abastecimento de água de uma população, foi utilizado como
desinfetante o cloro-gás, com controle automático, isto é, o clorador aumenta ou
diminui a vazão de cloro, conforme a vazão da água. Considerando uma vazão média
de 50 l/s e uma dosagem de 1 mg/l de cloro sendo 0,3 mg/l residual, determinar:
12.a - A quantidade de cloro por dia.
12.b - O número de cilindros de cloro por trimestre (cilindro adotado: 68 kg).
12.c - Um esquema da instalação (clorador, cilindros, portas, exaustores, etc.).
12.d - Ponto de aplicação.
13) O cloro usado no tratamento de 20000 m3/dia, de água é igual a 8,0 kg/dia. O residual,
após 10 minutos de contato, é 0,20 mg/l. Calcular a dosagem em mg/l e a demanda de
cloro na água.
F) FLUORETAÇÃO
INTRODUÇÃO
A fluoretação da água de um sistema de abastecimento, destina-se a suprir a
deficiência natural de flúor na maioria das águas (superficiais, praticamente todas e poços)
no sentido da prevenção da cárie dentária. A ingestão de uma água fluoretada, com
adequada quantidade de flúor, vão beneficiar em especial as crianças (até 12 anos) durante
a “formação” dentária.
Entretanto, é importante salientar que, dosagens elevadas poderão ocasionar a
fluorose dentária, responsável pelo aparecimento de manchas nos dentes e tornando-os
quebradiços.
LIMITES RECOMENDADOS
143
COMPOSTOS DE FLÚOR
Fluossilicato de sódio (Na2SiF6)
Ácido fluossilícico (H2SiF6) - SANEPAR
Fluoreto de sódio (NaF)
Fluoreto de cálcio (CaF2)
Observação: Um dos compostos mais utilizados é o fluossilicato de sódio (pó) pois
apresenta facilidade de aquisição, manuseio e aplicação, baixo custo, podendo ser empregado
em instalações de todo tipo e porte. Apresenta baixa solubilidade.
CONSUMO
Considerando o percentual de impurezas Pi, a dosagem pretendida D, a vazão a tratar
Q, o consumo C com as unidades compatíveis, podemos usar a seguinte fórmula, para se
determinar o consumo em Kg/dia:
100 ⋅ D
C == ( )⋅Q
100 − p i
Equação 8.17
APLICAÇÃO
São aplicados tanto a seco como em solução. O nosso mercado dispõe de aparelhos
para ambos os casos.
No ponto de aplicação do produto, a água deve apresentar certa agitação para permitir
uma melhor dispersão possível. Recomenda-se a sua aplicação na fase final do processo.
EXERCÍCIO
14) Dosar 0,8 mg/l de flúor (íon de flúor) em uma vazão de 300 litros de água por minuto,
utilizando o fluoreto de sódio (NaF).
Características do composto:
- Apresenta-se na forma de pó.
- Peso atômico do sódio: 23.
- Peso atômico do flúor: 19.
- Teor de impurezas: 4%
Determinar:
14.a) A dosagem de fluoreto de sódio em g/m3, a fim de obter 0,8 mg de íon de
flúor.
14.b) O consumo diário de fluoreto de sódio em kg/dia.
144
G) CONTROLE DE CORROSÃO (CORREÇÃO DE PH)
Após o tratamento (coagulação, decantação e filtração) as águas ficam mais
agressivas e geralmente mais corrosivas do que as águas naturais. As águas tratadas,
antes de serem distribuídas, deverão ser alcalinizadas, isto é, deverão receber uma
certa quantidade de cal (cal hidratada – hidróxido de cálcio), para elevação do pH em
torno de 8,3.
Com esta elevação procura-se eliminar o gás carbônico – CO2 (reduzindo
agressividade da água) e formar uma película de carbonato na superfície interna da
tubulação, protegendo-a contra acidez.
Observação: O ponto de aplicação para desinfecção, fluoretação e controle de corrosão é
indicado após a filtração na entrada do tanque antes da primeira chicana.
145
EXERCÍCIO
15) Fazer o perfil hidráulico das unidades do sistema (desde a entrada da água
na ETA até a saída do filtro).
Orientação:
146
PROJETO Nº 01 (ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA)
01...................... Introdução
05...................... Conclusão
06...................... Referências
07...................... Anexos
147
CAPÍTULO 9 - RESERVATÓRIOS DE DISTRIBUIÇÃO DE
ÁGUA
9.1. DEFINIÇÃO
148
reservatório até esse ponto. Assim, o reservatório pode ser posicionado conforme as
necessidades de pressão da rede.
1 2 1 2
149
ELEVADOS (TORRES)
150
Figura 9.4 - Reservatórios elevado e enterrado.
RESERVATÓRIO DE
MONTANTE (ENTERRADO)
É aquele cuja posição relativa é tal que sempre será fornecedor de água à rede de
distribuição.
151
K1.K 2 P.qm
Qmáx =
86400
Equação 9.1
Bomba D
Reservatório
de jusante
semi-enterrado
A
Adutora B C
Rede
Considerações
O reservatório recebe água durante horas de menor consumo e auxilia
o abastecimento da cidade durante as horas de maior consumo.
Dimensionamento
K1.P.qm
Q=
86400
Equação 9.2
152
b.) Trecho BC (rede de distribuição)
c.) Trecho CD
É o conduto ligado ao reservatório de jusante, e funcionará com vazões
bastante variáveis, e em dois sentidos de escoamento.
Sentido de C para D (horas de menor consumo)
K1.P.qm
Qmáx (1) = − Qmín ( rede )
86400
Equação 9.3
153
Figura 9.8 - Um reservatório retangular dividido em dois compartimentos
Esvaziando
Volume Consumo
(consumo)
Adução
-
Q
Enchendo
0 6 t 12 18 t 24
1 2
154
Volume (consumo)
Consumo Acumulado
0 6 12 18 24
Horas
Considerações:
155
Volume (consumo)
Adução
Consumo
Enchendo
Esvaziando
0 6 t
1
12 18 t
2
24 Horas
Funcionamento da
Adução
C2
Consumo Acumulado
Volumes acumulados
Adução
Acumulada
C1
Horas
0 6 t 12 18 t 24
1 2
156
Considerações:
02) Na curva de variação horária, as áreas são iguais (idem para 24h/dia),
onde cada uma delas representa a capacidade do reservatório (outra
maneira);
A1
A2
157
Sendo V o volume de água consumido em 24 horas no dia de maior
consumo, V representará a vazão média horária nesse dia (vazão de
24
adução).
π
Q = (K 2 − 1).
V V
.sen t +
24 12 24
12 V
C = ∫ Q.dt − .12
0 24
Aplicada ao período de tempo (t) em que a vazão de consumo é superior à
vazão de adução e simplificando, têm-se:
K −1
C = 2 .V
π
Equação 9.5
Observação:
Fazendo K2 = 1,50, temos C=0,16V, isto é, a capacidade útil deve ser
aproximadamente 16% do volume consumido durante o dia de “maior consumo”.
158
As concessionárias preferem ter uma rede de distribuição malhada, que apresente
grande flexibilidade de manobra para possibilitar o desvio da água para os hidrantes, em
caso de necessidade. Entretanto, nas áreas de grandes riscos pode ser adotado reserva
para incêndio.
MATERIAIS
O mais comum entre nós, é a utilização do concreto armado, embora se encontre
muitos reservatórios em concreto e alvenaria de tijolos ou pedras, de pequena capacidade.
159
Outro material que vem sendo largamente utilizado, principalmente em indústrias, é a
fibra de vidro. Os reservatórios são pré-fabricados com capacidades padronizadas.
160
Paredes e cobertura
Cada reservatório deverá contar pelo menos com uma abertura para
inspeção situada em sua cobertura, com dimensão mínima igual a 0,60m ou
igual à necessária para possibilitar a passagem de equipamentos ou
dispositivos previstos em seu interior.
As aberturas de inspeção deverão ficar situadas junto a uma das paredes verticais e,
de preferência, na mesma vertical da área onde se situarem os equipamentos ou
dispositivos existentes no
interior do reservatório.
Devido à oscilação da
lâmina d’água, é necessária
abertura de ventilação na
cobertura abertura de
ventilação na cobertura para
a saída de ar quando a
lâmina sobe e a entrada de
ar quando a lâmina desce,
isto para evitar os esforços
devido ao aumento e
diminuição de pressão
interna.
161
A ventilação deverá se processar através de tubos verticais que terminarão em curvas
de 180o figura 9.11 (a) ou disporá na sua parte superior de uma cobertura que impedirá a
entrada de poeira e água de chuva, ou ainda de uma simples abertura lateral próxima à
cobertura, protegida da água da chuva, figura 9.11 (b).
A tubulação para ventilação deverá ser protegida com tela para evitar a penetração de
insetos e de pequenos animais.
Proteção
Metálica
Abertura
Figura 9.11 (a) - Ventilação com curva de 180º Figura 9.11 (b) - Ventilação com abertura lateral
162
TUBULAÇÕES, SEGUNDO A ESCOLA POLITÉCNICA (1996)
163
Figura 9.13 - Entrada d’água com uma só câmara Figura 9.14 - Entrada d’água com duas câmaras
Observação:
As tubulações e peças com flanges devem ficar dentro de um poço
com acesso para a manobra dos registros.
164
O esquema é semelhante ao anterior, não havendo as válvulas de bóia.
O controle da entrada é feito por meio de bóia que aciona chave elétrica que
faz com que as bombas desliguem quando o nível d’água atinge o máximo e
liguem quando atinge o valor mínimo.
Tubulação de Saída
Válvula de bóia
Nível de água
Câmara 2 Câmara 1 máximo
Válvula de bóia
Tê Refistro de
gaveta
o
Curva 90
Caixa de proteção
Corte AA
AA
165
A saída de água será implantada de modo a impedir a formação de vórtex,
mesmo quando a água tiver atingido o nível mínimo útil. A figura anterior (corte)
mostra a altura mínima de água para evitar a formação de vórtex, que poderia ser
um rebaixo formado no fundo do reservatório.
Extravasor
Conceitos e Generalidades
166
A situação é contornada desde que se faça a conexão do tubo vertical
com outro horizontal para terminar num ponto conveniente de descarga
(Figura 9.17). Essa medida pode ser complementada por outra, destinada a
evitar que o nível máximo d’água, quando o extravasor estiver em uso, cresça
sensivelmente no reservatório, a ponto de justificar maior altura livre
adicional.
Dimensionamento do Extravasor
2 3
Q = .Cd . 2 g .L.H 2
3
3
Q = 1,83.L.H 2
Equação 9.6
Onde:
Q – Vazão, em m3/s;
Dimensionamento da Tubulação
Q = C. A. 2.g.H
Equação 9.7
Onde:
C = 0,60;
π .D 2
A=
4
167
Canalização de Descarga
A
S= . H
4850 .t
Equação 9.8
Onde:
A: área do decantador (m2).
168
Apresentação em corte de um reservatório
169
RESERVATÓRIOS ELEVADOS (TORRES)
A entrada d’água é usualmente feita acima do nível máximo, mas pode ser feito
também na laje de fundo, desde que as curvas características das bombas permitam essa
variação de altura manométrica.
Uma torre deve conter acima de sua cobertura, pára-raios e, em alguns casos,
sinalização para proteção da navegação aérea.
170
9.6. IMPERMEABILIZAÇÃO
HIDROFULGANTES
MANTA ASFÁLTICA
EMULSÕES ASFÁLTICAS
171
PINTURA ASFÁLTICA
ARGAMASSAS POLIMÉRICAS
172
9.8 RECOMENDAÇÕES FINAIS
Deve ser previsto um sistema (dispositivo) para indicar o nível da água no reservatório.
Lembrar que os reservatórios são sempre um ponto fraco quanto a contaminação num
sistema de distribuição de água.
173
EXERCÍCIOS
1 ) DACACH (1979) Dados de uma variação horária de consumo (dia de maior consumo).
Adução contínua ( 24 horas por dia ).
Consumos Diferenças
Horas Consumo Água Aduzida
acumulados
do Dia (m3) (m3) 24h (+) (-)
(m3)
0à1 58
1 às 2 49
2 às 3 62
3 às 4 106
4 às 5 168
5 às 6 277
6 às 7 341
7 às 8 312
8 às 9 254
9 às 10 230
10 às 11 216
11 às 12 221
12 às 13 238
13 às 14 253
14 às 15 272
15 às 16 331
16 às 17 346
17 às 18 327
18 às 19 250
19 às 20 189
20 às 21 146
21 às 22 134
22 às 23 94
23 às 24 70
174
Curva de variação de consumo.
175
Determinar:
a) A vazão da adutora (adução contínua).
b) Traçar a curva do consumo (horária e acumulada) e indicar através das áreas,
quando o reservatório esta esvaziando e enchendo.
c) O coeficiente da hora do dia de maior consumo (K2).
d) A capacidade mínima do reservatório (volume útil) para atender o consumo normal
da cidade do dia de consumo extremo (duas maneiras).
176
Curva de variação de consumo.
177
Determinar:
a) A vazão da adutora
b) Traçar a curva do consumo ( horário e acumulada ) e indicar através de
áreas quando o reservatório está esvaziando e enchendo.
c) A capacidade mínima do reservatório (duas maneiras).
3 ) Sabendo que a cidade da figura sempre terá consumo de água e que H (altura do
reservatório) é grande (considerável). Trace as linhas piezométricas ( Estática e
Dinâmica ) e indique as pressões, sabendo que o reservatório atende as pressões
mínimas e máximas.
RESERVATÓRIO
CIDADE
4 ) Admitindo como curva de consumo de água de uma cidade a figura a seguir, uma
senóide. Sendo 10.000m3 o volume de água consumido em 24 horas no dia de maior
consumo, determine:
178
a) A vazão média horária (vazão de adução);
b) O consumo máximo, em função de k2.
c) A capacidade do reservatório (indique no gráfico);
3
CONSUMO (m )
CONSUMO MÉDIO NO CONSUMO MÉDIO NO
PERÍODO PERÍODO
PERÍODO PERÍODO
0-2 220 12 - 14 612
2–4 208 14 – 16 624
4–6 216 16 – 18 560
6–8 260 18 – 20 520
8 – 10 320 20 – 22 440
10 - 12 500 22 - 24 300
Determinar:
a) A vazão média em m3/h.
b) O gráfico das vazões consumidas em m3/h no eixo das ordenadas contra o
tempo, em horas, no eixo das abscissa.
c) O volume útil do reservatório pelo histograma, e represente em percentagem do
volume diário consumido.
d) A vazão média que o reservatório deverá receber e o volume necessário,
admitindo que o fornecimento de água seja intermitente das 8 às 24 horas.
179
6 ) Dados de um centro de reservação:
- Zona baixa a ser atendida por um reservatório enterrado, com uma população de
30.000 habitantes e zona alta a ser atendida por uma torre, com 12.000 habitantes.
- O volume de reservação deve ser adotado 1/3 do volume consumido no dia de maior
consumo.
Determinar:
a) As vazões do dia de maior consumo, para as zonas baixa e alta.
b) As capacidades necessárias para as duas zonas da cidade.
c) Os volumes dos reservatórios para atender as duas zonas.
d) As alturas e os diâmetros dos reservatórios bem como os diâmetros das tubulações
de entrada e saída.
e) Todas as dimensões com desenho dos reservatórios e da torre.
180
CAPÍTULO 10 - REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA
10.1. INTRODUÇÃO
CONDUTOS SECUNDÁRIOS
São as demais canalizações e de menor diâmetro, que tem a função de abastecer
diretamente os pontos de consumo do sistema e estão ligadas aos condutos principais.
181
Em cidades de topografia acidentada, apresentando áreas com excessivas diferenças
de cotas, é muitas vezes conveniente dividir a rede de distribuição em dois ou mais sistemas
independentes. Cada um é destinado a servir uma zona de pressão (item 9.7), definida por
um determinado intervalo de cotas topográficas.
REDE RAMIFICADA
182
REDE MALHADA
São aquelas cujos condutos formam verdadeiras malhas (Figura 10. 2) nos quais a
água se desloca ora num sentido, ora em outro, em função das solicitações de consumo.
Essa reversibilidade no sentido das vazões é vantajosa, permitindo inclusive que uma
tubulação seja reparada sem prejudicar o abastecimento de maior número de prédios.
183
Figura 10. 4 – Rede malhada com três anéis
Observações:
1) Qualquer que seja o tipo da rede, malhada ou ramificada, o projeto deve satisfazer
algumas condições hidráulicas limitantes, como pressões, velocidades e diâmetros.
2) Quase sempre a topografia do terreno é o fator determinante num projeto de redes.
REDE DUPLA
Consiste de uma rede de distribuição de água potável, cobrindo toda a área a ser
servida, e de outra rede, independente da primeira, destinada à distribuição de água não
potável para certos usos públicos, industriais e comerciais, cobrindo apenas uma parte da
área urbana.
Vantagens:
a) Menores diâmetros para as canalizações de água potável.
b) Maior facilidade de obtenção de mananciais de quantidade e qualidade
adequados.
c) Menor custo de construção e operação da estação de tratamento de água,
quando esta é necessária.
Desvantagens:
a) Péssimos resultados sanitários, pela possibilidade de enganos por partes dos
consumidores, utilizando água potável como tal, e pela ocorrência de
interligações perigosas entre os dois sistemas.
b) Resultados econômicos duvidosos quando muitas indústrias necessitam de
água de boa qualidade (indústrias de papel e de bebidas, por exemplo).
184
A rede dupla só é admissível em casos especiais e desde que sejam tomadas as
medidas necessárias à prevenção de contaminações: previsão de dispositivos que garantam
a separação efetiva entre as duas redes e vigilância permanente do sistema. Exemplo de
rede dupla, é a que foi instalada em Paris: a rede de água não potável, totalmente externa
aos edifícios, destinada a irrigação de campos de cultura e limpeza de vias públicas.
REDE ÚNICA
Tem trazido melhores resultados. Deve ser aplicada nos casos gerais.
B) PVC – PBA
Tubos de PVC rígido com PONTA, BOLSA E ANEL de borracha (PBA) e
conexões com junta elástica (JE).
Tubos (barras) de comprimento 6,00 m onde o comprimento útil é em função do
diâmetro e é menor que 6,00 m (exemplo: DN 100 – Lu = 5,83 m).
São fabricados nos seguintes diâmetros nominais: DN 50, 65, 75, 100, 125,
140, 180, 220 e 270.
As classes de pressão interna são:
• CL 12...até 7 kgf/ cm2
• CL 15...até 8 kgf/ cm2
• CL 20...até 10 kgf/ cm2
185
C) VINILFER – DEFoFo
- O PVC rígido DEFoFo (diâmetro equivalente ao ferro fundido) tem os
diâmetros externos idênticos aos de ferro fundido, portanto é possível o
acoplamento direto, por exemplo, dos tubos de PVC às bolsas de ferro
fundido.
- A linha Vinilfer é constituída de tubos (ponta e bolsa e anéis de borracha) de
PVC rígido, fabricados nos diâmetro nominais DN 100, 150, 200, 250 e 300;
com comprimento de 6,00m e útil com comprimento menor (ex.: DN 200 – Lu
= 5,78m).
- Atende as pressões exigidas pela norma brasileira que é de 10 kgf/ cm2.
D) PEAD
- Polietileno de Alta Densidade. Material plástico de cor preta com pressão
interna de até 10 kgf/ cm2.
- Fornecido em bobinas com comprimento de 100m até 200m nos diâmetros
nominais DN 50, 63, 75, 90, 110 e 125.
- Fabricados também nos diâmetros nominais DN 140, 160, 180, 200, 250,
315 e 400 com barras medindo 6, 12 e 18m. Sob pedido.
- Existem os DN 20, 25 e 32 que podem ser utilizados em ramais prediais.
E) RPVC
- Suas propriedades variam muito conforme a relação resina de poliéster /
fibra de vidro.
- Os tubos e conexões Interfibra mais as juntas elásticas ou rígidas quando
necessitam de pressões entre 10 e 20 kgf/ cm2 devem ser reforçados com
fibras de vidro e resina de poliéster.
- Fabricados nos diâmetros nominais DN 50, 75, 100, 150, 200, 250,...,700 e
comprimento útil de 6,00m.
PEÇAS ESPECIAIS
A) Registro de Gaveta
São utilizados para possíveis isolamentos de partes da rede (sub-setores).
B) Hidrantes
São utilizados para retirada d´água em pontos estratégicos no combate a
incêndios (devem ser capazes de fornecer água em quantidade e com pressão
satisfatória). Serão definidos mediante consulta ao corpo de bombeiros local.
Existem dois tipos de hidrantes:
186
- Hidrante de coluna: é o mais utilizado, pois é fácil a sua localização e uso.
C) Registro de Descarga
São utilizados em pontos de cotas baixas com a finalidade de esgotar os
trechos para limpeza e desinfecção. Um hidrante pode ser utilizado em seu lugar.
A Figura 10.6 a seguir mostra um exemplo de localização de registros e
hidrantes.
187
APRESENTAÇÃO PARA PROJETOS (EXEMPLOS)
1) Relação de Materiais
2) Peças especiais
2.1 - Registro
2.3 - Hidrante
2.4 - Ventosa
188
3) Apresentação em planta de tubulações.
189
10.6. VAZÃO DE DISTRIBUIÇÃO
QD = k 1.k 2.qm.P
Equação 10.1
onde:
QD: vazão de distribuição
qm: quota “per capita” (l/hab.dia)
k1: coeficiente do dia de maior consumo
k2 : coeficiente da hora de maior consumo
P: população prevista para a área a abastecer no fim do plano (hab)
As vazões específicas, a partir da qual são determinadas as vazões de
dimensionamento, podem ser relacionadas a:
a) Extensão da rede
k 1.k 2.qm. P
QE =
L
ou seja,
QD
QE =
L
Equação 10.2
onde:
L: extensão (comprimento) total da rede (m)
QE: vazão de distribuição em marcha (l/s.m)
b) Área da cidade
k 1 . k 2 . qm . P
Qe =
A
ou seja,
Qe = k 1.k 2.qm.d
Equação 10.3
onde:
Q e : vazão específica de distribuição (l/s.ha);
A: área abrangida pela rede (ha);
d: densidade populacional P/A (hab/ha).
190
10.7. PERDAS DE CARGA
FÓRMULA UNIVERSAL
L v2
h= f
D 2g
Equação 10.4
onde:
h: perda de carga em m;
f: fator de atrito;
L: comprimento do trecho em m;
D: diâmetro do trecho em m ( 50 ≤ D ≤ 800mm );
v: velocidade do trecho em m/s ( 0,50 ≤ v ≤ 3,00m / s );
g: aceleração da gravidade em m/s2.
FÓRMULA DE HAZEN-WILLIAMS
Q1,85 h
J = 10,65 1,85 4,87 onde J=
C D L
Equação 10.5
Onde:
J: perda de carga unitária em m/m;
Q: vazão do trecho em m3/s;
D: diâmetro do trecho em m;
C: coeficiente de rugosidade, que depende da natureza e estado das
paredes do tubo. Exemplos:
191
COEFICIENTE DE RUGOSIDADE
MATERIAL
(C)
Ferro fundido (usado) 100
Ferro fundido (novo) 130
Aço galvanizado 125
Concreto (acabamento comum) 120
PVC 140
Quadro 10.3 – Relação de material e seu Coeficiente de Rugosidade
A rede de distribuição poderá ser subdividida em tantas zonas de pressão quanto for
necessário para atender as condições de pressões.
Zona de pressão é uma das partes em que a rede é subdividida, visando impedir que
as pressões mínima dinâmica e máxima estática, ultrapassem limites pré-fixados.
Pressão dinâmica é a pressão que se verifica na rede de distribuição, sob certa
condição de consumo. Essa pressão é referida ao nível onde a rede está implantada.
Pressão estática em um ponto da rede é a pressão que seria verificada nesse ponto na
condição de ocorrência de consumo nulo em toda a rede. Essa pressão é referida ao nível
onde a rede está implantada.
A pressão estática máxima é da ordem de 60 mca, o que ajuda nas perdas por
vazamento, no consumo de água, na resistência das tubulações (custo) e a pressão
dinâmica mínima é da ordem de 10mca, o que ajuda a impedir a contaminação da água
através da rede.
As pressões estáticas se referem ao N.A. máximo do reservatório enquanto que as
pressões dinâmicas ao N.A. mínimo do reservatório de distribuição, portanto as pressões na
rede serão condicionadas pelo posicionamento dos reservatórios de distribuição.
192
- Problema de determinação das vazões nos trechos dos diâmetros e cotas
piezométricas nos nós, com condicionamentos nas velocidades e pressões.
Este problema admite várias soluções, podendo, porém, procurar-se a
solução de mínimo custo (caso normal de dimensionamento das redes).
O processo de cálculo pode ser elaborado com auxílio de uma planilha, que obedecerá
a seguinte seqüência:
193
- Coluna 1: Número do trecho – os trechos da rede ou os nós devem ser numerados,
com um critério racional, partindo do trecho mais afastado do reservatório,
que recebe o número 1.
- Coluna 2: Extensão L do trecho, em metros, medido na planta topográfica ou
aerofotogramétrica.
- Coluna 3: Vazão de jusante Qj, se na extremidade de um ramal (ponta seca) Qj=0.
Na extremidade de jusante de um certo trecho qualquer, Qj=Σ Qm dos
trechos abastecidos pelo anterior.
- Coluna 4: Vazão em marcha igual a q.L, na qual q é a vazão unitária de distribuição
em marcha (l/(s.m)). O valor de q é constante para todos os trechos da
rede e igual à relação entre a vazão de distribuição e o comprimento total
da rede (L).
- Coluna 5: Vazão a montante do trecho Qm = Qj + q.L.
Qm + Q j Qm
- Coluna 6: Vazão fictícia, Qm = se Qj ≠ 0 ou Qf = se Qj =0, isto é, se a
2 3
extremidade de jusante for uma ponta seca.
- Coluna 7: Diâmetro D, determinado pela vazão de montante do trecho, obedecendo
aos limites da tabela mostrada anteriormente.
- Coluna 8: Perda de carga total no trecho h, determinada para o diâmetro D e a vazão
fictícia Qf .
EXERCÍCIOS
194
Determinar:
1.a ) As linhas piezométricas (estática e dinâmica) no desenho.
1.b ) A cota piezométrica mínima em A.
1.c ) A perda de carga unitária na tubulação em função da pressão mínima.
1.d ) O diâmetro da tubulação
195
Determinar a vazão concentrada em A relativa a área
196
5 ) Escola Politécnica (1996) Dados de uma rede em PVC ramificada ( Politécnica – 1996).
- Cota dos trechos: Figura a seguir.
- População a ser atendida: 5000 hab (uniformemente distribuída).
- Pressão mínima de serviço: 10 mca.
- Pressão máxima: 50 mca.
- Quota “per capita”: 200 l/hab.dia.
- K1=1,25.
- K2=1,50.
- C=130
Determinar:
5.a) A vazão de distribuição.
5.b) A taxa de consumo linear.
5.c) As vazões nos trechos.
5.d) Os diâmetros.
5.e) As perdas de carga.
5.f) As cotas piezométricas.
5.g) As pressões.
5.h) O nível mínimo e máximo da água no reservatório.
5.i) Preencher a planilha que segue.
197
Trecho Comp. Vazões (l/s) D J h C. Terreno C. Piezométrica Pressões
Dados:
- População a ser abastecida, P = 29000 hab
- Cota de consumo per capita média, qm = 150 l/hab/dia.
198
- Coeficiente do dia de maior consumo, k1 = 1,25.
- Coeficiente da hora de maior demanda, k2 = 1,50.
- Horas de funcionamento diário do sistema, h = 24h.
- Material das tubulações: aço galvanizado novo, fator de atrito f=0,026.
- O trecho entre o reservatório e o ponto A, onde inicia a rede, não terá
distribuição em marcha.
- Despreze as perdas de carga localizadas e as cargas cinéticas e preencha
a planilha.
Trecho Ext. Vazão (l/s) Diâm. J H C. terreno (m) C. piezom. (m) Pressão (mca)
2–1
3–1
3–2
4–1
199
REDES MALHADAS
Seccionamento Fictício
O método baseia-se na transformação da rede malhada em outra
ramificada fictícia, através de pontos de seccionamento que dão origem a
extremidades livres, na realidade inexistentes.
A escolha dos pontos de seccionamento deve ser feita de modo que o
percurso da água até eles, a partir do ponto de alimentação, seja o menor
possível.
A Figura 10.9 a seguir mostra uma rede malhada transformada em rede
ramificada.
200
No dimensionamento da rede ramificada fictícia verifica-se a hipótese dos
seccionamentos adotados, confrontando os valores calculados com a seguinte
condição real: as pressões resultantes nos pontos de seccionamento pelos
trajetos possíveis da água na rede ramificada fictícia, devem ser
aproximadamente iguais. Na prática, consideram-se toleráveis as diferenças que
não excedam 5% do valor médio desses próprios valores calculados.
Altera-se o traçado da rede ou o seccionamento inicialmente adotado
ou os diâmetros de alguns trechos, caso resulte uma distribuição insatisfatória de
pressão na rede ou uma altura exagerada para o reservatório de distribuição.
Idem no caso de, em alguns pontos de seccionamento, encontrarem-se
diferenças acima do limite tolerável.
Feita a alteração, recalcula-se a rede e assim procede-se sucessivamente
até chegar-se a uma solução satisfatória.
a) Aplicação
O método de Hardy-Cross apresenta duas modalidades de aplicação:
b) Hidráulica do Método
A solução está baseada nas mesmas equações e princípios aplicados às
redes ramificadas.
Considerações:
1) Substitui-se a distribuição em marcha da rede por tomadas
localizadas em pontos convenientes: A, B, C, D, E e F, chamados de
nós (Figura 10.9 a seguir), onde cada nó corresponde a uma área
de atendimento (área de influência do nó).
201
Figura 10.10 – Redes de Distribuição
Exemplo:
∑Q = Q 1 + Q2 − Q3 − Q4 − Qd
Equação 10.6
202
Em circuito fechado (ou anel) qualquer, a soma algébrica das
perdas de carga é nula. Convenciona-se:
• Positivas (+) as perdas de carga coincidentes.
• Negativas (-) as perdas de carga contrárias a um
prefixado sentido de caminhamento do fluxo do
anel.
∑h = h 1 + h2 − h4 − h3 = 0
Equação 10.7
O Método
Partindo-se dos pontos de alimentação da rede, atribui-se
uma vazão de escoamento a cada um dos trechos
consecutivos dos anéis da rede. Faz-se essa distribuição,
respeitando-se em cada “nó”, a condição: Q =0.
∑
Fixa-se para efeito de cálculo, um sentido de caminhamento
nos anéis. Calcula-se a perda de carga em cada trecho
do anel. Faz-se em cada anel a somatória algébrica,
∑ h.
203
Se em todos os anéis, for obtido ∑ h = 0 , então a rede posta
em funcionamento terá realmente uma circulação de
vazões, nos seus diversos trechos, coincidente com o
que foi de início imaginado.
Geralmente, a primeira tentativa conduz ∑h ≠ 0. Deverá
ser feita uma compensação de vazões, somando-se
algebricamente um valor correção ∆Q, à vazão de cada
trecho. Para este efeito, consideram-se valores de Q
adotados de sinais iguais aos correspondentes a h.
h = r.Q n
Equação 10.8
fazendo ∑ h = 0 , temos
∑ r.(Q + ∆Q) n
=0
onde Q é a vazão inicialmente adotada.
Desenvolvendo o binômio, vem:
n(n − 1) n − 2
r (Q + ∆Q) n = r (Q n + n.Q0n −1 .∆Q + .Q .∆Q 2 + ...)
1.2
∑ r.Q n
+ ∑ r.n.Q n −1 .∆Q = 0
∆Q = −
∑ rQ n
n −1
n∑ r.Q
ou
∆Q = −
∑ rQ n
rQ n
n∑
Q
Como h = r.Q n , temos:
∆Q = −
∑h
h
n∑
Q
Equação 10.10
204
Com as vazões compensadas assim obtidas, recalcula-se o valor
de ∑ h . Deste resulta uma nova vazão de compensação, ∆Q
e, conseqüentemente, uma nova distribuição de vazão nos
trechos. Repetem-se sucessivamente as tentativas até se
obter ∑h satisfatoriamente próximo de zero.
205
Conhecidos os diâmetros e vazões de cada trecho, resultam
imediatamente as velocidades de escoamento.
Se, em algum trecho, a velocidade resultante for excessiva, faz-se
uma modificação criteriosa do diâmetro na rede e recalcula-se
as vazões.
Conhecidas as cotas piezométricas da água nos pontos de
alimentação da rede (cotas piezométricas nos reservatórios ou
na chegada das adutoras), resultam as cotas piezométricas e
as pressões disponíveis nos diversos pontos da rede. Se estas
pressões forem inadequadas, modifica-se o sistema:
206
Traçado da rede de distribuição: A rede cujo traçado deve ser
concebido convenientemente é a rede principal, pois esta é
implantada apenas em algumas ruas. As redes secundárias são
alimentadas a partir das redes principais e devem ser lançadas em
todas as ruas da área a ser atendida. As redes principais, por outro
lado, são aquelas a serem dimensionadas inicialmente. Somente após
o seu dimensionamento é que se estabelecem os diâmetros e se faz a
verificação das redes secundárias.
As redes principais, partindo dos reservatórios de distribuição,
devem ser traçadas obedecendo as recomendações expostas e mais
as seguintes recomendações práticas, válidas para as condições das
cidades brasileiras:
∗ estarem o mais próximo possível dos locais onde haja
necessidade de maiores vazões;
∗ serem dispostos aproveitando passagens existentes quando se
tiver que cruzar ferrovias, rodovias ou curso d´água;
∗ preferência às ruas sem pavimentação, de trânsito não intenso
ou de trânsito leve;
∗ preferência às ruas onde não haja outras utilidades públicas
subterrâneas;
∗ preferência às ruas onde as condições geotécnicas sejam
favoráveis.
7) Vazões específicas.
Com base nas densidades demográficas, consumos “per capita” e
coeficientes de variação diária e horária de vazão, determina-se para
cada área homogênea sua vazão específica. É mais comum determinar-
se a vazão específica por unidade de área.
207
8) Vazões concentradas nos “nós”.
Obtém-se estas vazões multiplicando-se a extensão da área de
influência dos “nós” pela vazão específica efetiva.
c) Os condutos principais deverão ser localizados em vias existentes onde deverá ser
previsto o abastecimento de águas para combate a incêndio e tão próximo quanto
possível aos consumidores especiais (aquele que o consumo influi diretamente no
dimensionamento).
e) Na rua, a rede de água deve ficar sempre em nível superior à rede de esgoto, e,
quanto à localização é comum localizar a rede de água em um terço da rua e a
rede de esgoto em outro.
208
f) A rede de distribuição deverá ser dupla, com a colocação de um conduto em cada
passeio, quando ocorrer qualquer dos seguintes casos:
Em ruas principais em que o tráfego é ou poderá ser intenso.
Quando a largura da rua for superior a 18m.
Quando um estudo econômico, considerando o custo da pavimentação, o
custo dos trabalhos para instalação do ramal predial e o custo desse
ramal, demonstrar que será mais econômica a instalação de rede dupla.
Considerações Finais
209
EXERCÍCIOS
Dados:
Material: ferro fundido usado (C=100).
K1 = 1,25
K2 = 1,50
d = 150 hab/ha
qm = 200 l/hab.dia
Área de atendimento:
Nó A B C D E F
Área (ha) 21,50 27,65 15,36 38,40 26,11 24,58
h0 ∆Q 0 Vazão Diâm.
∆Q1
Trecho
AB
BC
CD
DE
EF
FA
210
8 ) Os retângulos da figura a seguir representam quadras ( quarteirões ) de uma cidade.
8.1) Após estudos, decidiu-se por uma rede malhada constituída de tubulações secundárias
(linhas finas) e de tubulações principais ( linhas grossas ), formando anéis.
211
d L
CARACTERÍSTICAS URBANAS DOS BAIRROS
Hab/ha m/ha
2
Bairros residenciais de luxo com lote padrão de 800 m 100 150
2
Bairros residenciais médios com lotes padrão de 450 m 120 180
2
Bairros residenciais populares com lote padrão de 250 m 150 200
Bairros mistos residencial-comercial da zona central, com
300 150
predominância de edifícios de 3 a 4 pavimentos300
Bairros residenciais da zona central com predominância
450 150
de edifícios de apartamentos com 10 a 12 pavimentos
ANEL I
h0 ∆Q 0 Vazão Diâm.
∆Q1
Trecho
AB
BC
CD
DE
EA
ANEL II
h1 1,85
1,85 corrigida Corrigido
(m) (l/s) (mm) (m) Q1
Q0 (l/s) (l/s) (mm) (m) (l/s)
CF
FG
GD
DC
212
9 ) Porto (1999) Determine a cota do nível d`água no reservatório da Figura 10.23 a seguir
para que a mínima carga de pressão dinâmica na rede de distribuição de água seja de
15 mH2O. Despreze as perdas localizadas e considere o nó 5 o ponto mais alto da rede
em PVC.
213
ESCALA : 1:5000
214
11 ) DACACH (1979 ) Exemplo de uma rede de água com três anéis, pelo processo de
Hardy-Cross.
215
Planilha de cálculo pelo método de Hardy-Cross dos três anéis da rede de
água:
h0 Correção
Trecho Diâm. (mm) Comp. (m) Vazão Q0 (l/s) h0 1,85
Q0 ∆ Q0
Σ -0,39 559
0,39
∆Q0 = + = +0,70l / s
0,599
− 0,03
∆Q1 = = −0,05l / s
0,557
0,01
∆Q2 = + = +0,02l / s
0,553
216
Comp. Equiv. a h0 Correção
Trecho Diâm. (mm) Comp. (m) Vazão Q0 (l/s) hf0 1,85
φ200mm Q0 ∆0
Σ +2,44 1827
2,44
∆Q0 = − = −1,34l / s
1,827
− 0,09
∆Q1 = = −0,05l / s
1,676
0,01
∆Q2 = − = −0,01l / s
1,671
217
Comp. Equiv. a h0 Correção
Trecho Diâm. (mm) Comp. (m) Vazão Q0 (l/s) hf0 1,85
φ200mm Q0 ∆0
Σ -0,30 2259
0,30
∆Q0 = + = +0,13l / s
2,259
0,17
∆Q1 = + = +0,08l / s
2,255
0,12
∆Q2 = − = −0,05l / s
2,219
218
PROJETO Nº 02 (RESERVATÓRIO E REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA)
01..................... Introdução
05..................... Conclusão
06..................... Referências
07..................... Anexos
219