Ciências da Comunicação
A LINGUAGEM PUBLICITÁRIA
Trabalho realizado para a unidade curricular Técnicas de Expressão Verbal, sob a orientação
da docente Maria da Conceição Andrade. Este trabalho tem como principal objetivo estudar as
linhas condutoras da criação de um anúncio publicitário
Faro
Universidade do Algarve
10-01-2011
A LINGUAGEM PUBLICITÁRIA
Índice
Sumário ........................................................................................................................................ 3
Apresentação ............................................................................................................................... 4
Introdução.................................................................................................................................... 5
Conceito de Publicidade.............................................................................................................. 6
O Processo Publicitário............................................................................................................... 7
Público-Alvo ................................................................................................................................. 8
Estilo e Composição ...................................................................................................................... 8
Objetivos da Publicidade .......................................................................................................... 10
A Publicidade e a Comunicação ............................................................................................... 11
A Linguagem Publicitária ........................................................................................................ 12
As Funções da Linguagem .......................................................................................................... 13
A Comunicação Audiovisual ...................................................................................................... 14
As Leis da Publicidade ................................................................................................................ 15
Elementos da Publicidade ........................................................................................................... 16
Anúncios ..................................................................................................................................... 20
Análise ao Anúncio Publicitário do Automóvel Volkswagen Scirocco...................................... 21
Análise ao Anúncio Publicitário do Milénnium BCP ................................................................. 23
Análise ao Anúncio Publicitário”Cinco razões para não usar preservativo.” ............................ 25
Análise ao Anúncio Publicitário Anti-Tourada ........................................................................... 28
Conclusão ................................................................................................................................... 31
Bibliografia ................................................................................................................................ 32
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A LINGUAGEM PUBLICITÁRIA
SUMÁRIO
1. Conceito de publicidade
2. O processo publicitário
2.1. Público-alvo
2.2. Estilo e composição
2.3. Posicionamento
2.4. Objetivos da publicidade
3. A publicidade e a comunicação
4. A linguagem publicitária
4.1. As funções da linguagem
4.2. A comunicação audiovisual
4.3. As leis da publicidade
4.4. Elementos da publicidade
5. Anúncios
5.1. Análise ao anúncio do automóvel Volkswagen Scirocco
5.2. Análise do anúncio do Milennium BCP
5.3. Análise ao anúncio “cinco razões para não usar preservativo”
5.4. Análise ao anúncio antitourada
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APRESENTAÇÃO
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INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como finalidade mostrar o que é a publicidade e a sua importância de um
modo global, onde todos os dias somos confrontados com a sua presença, seja na nossa casa,
num ambiente social ou mesmo na rua, através dos meios de comunicação.
No seguimento do nosso trabalho e de forma a ilustrar todo o seu processo, iremos analisar
quatro anúncios diferenciados, todos eles com contextos, objetivos e públicos distintos.
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CONCEITO DE PUBLICIDADE
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O PROCESSO PUBLICITÁRIO
A publicidade é desta forma uma atividade profissional que se dedica à difusão pública de
ideias que se encontram associadas a produtos, empresas ou serviços.
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PÚBLICO-ALVO
Demográfica – Esta variável é das mais utilizadas. Aqui dividimos a população por idade, sexo,
estado civil e ou/ número de filhos;
Social e Económica - Com esta variável divide-se a população em classes, grupos sociais,
profissões ou ainda nível de rendimento familiar;
Psicológica – Utiliza-se para diferenciar os grupos populacionais. Com isto podemos dirigir-
nos a pessoas sociáveis, extrovertidas, tímidas, entre outros.
ESTILO E COMPOSIÇÃO
Pode optar-se por um estilo sério e com um tom formal. Exemplos deste estilo são as
publicidades de bancos que mantêm um tom muito sério durante toda a comunicação comercial
(embora este estereótipo esteja a desaparecer, como podemos observar num dos anúncios
publicitários analisados).
Uma alternativa ao estilo anterior é o estilo descontraído. Neste estilo, são utilizadas
canções simples, elementos humorísticos, frases populares, entre outros.
Estilo muito imaginativo ou estilo muito realista. O estilo imaginativo é bastante utilizado
nos anúncios de perfumes, constituindo a criação de um mundo surreal, uma fantasia em todo o
anúncio. Por outro lado, um anúncio pode ser criado com características reais, dotando o
anúncio de maior sobriedade e autenticidade.
Estilo moderno ou clássico. Alguns produtos como bebidas alcoólicas optam por manter um
estilo clássico, para acompanhar a imagem que o consumidor tem do produto. Alguns dos seus
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anúncios mantém as suas características há vários anos. Em contraste, optam também pela
utilização de alguns aspetos de design moderno.
POSICIONAMENTO
Os consumidores vão situar os produtos, serviço ou empresa em função dos seus atributos
conhecidos.
Uma marca que se encontre numa posição alta e valorizada tem uma grande vantagem em
comparação com as restantes.
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OBJETIVOS DA PUBLICIDADE
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A PUBLICIDADE E A COMUNICAÇÃO
Sendo a Publicidade uma técnica de comunicação, esta exige forçosamente uma atuação
regulada por determinadas leis e normas da comunicação. No caso específico da Publicidade
moderna, estas leis pertencem ao domínio geral da comunicação, destacando-se algumas de
maior relevância.
A mensagem verbal apresentada num anúncio publicitário respeita desta forma o modelo
acima exemplificado. O texto (denominação dada à mensagem publicitária disseminada) deve
assim fazer-se acompanhar de um emissor, recetor e de um canal (quer seja através da imprensa,
televisão, rádio, cinema, entre outros).
Para que a compreensão da mensagem difundida seja alcançada, elementos como o código
da mensagem (composto por signos que deverão ser comuns ao emissor e ao recetor) e o
contexto devem estar intrinsecamente relacionados (a mensagem só é compreendida quando
utiliza um código que de alguma forma respeita a vivência e cultura atual do público-alvo).
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Por norma, a linguagem deverá ser simples e direta, mas educada. Linguagem inadequada –
de cariz racista ou sexual, é prescindível, bem como a divulgação enganosa. Citando a filósofa
Heidi Strecker, na sua obra “Publicidade: Linguagem para convencer”: «Os textos publicitários
respondem pela qualidade dos produtos e serviços (…) Por isso, não podem lançar argumentos
mentirosos ou desonestos.»
No fundo, o vocabulário não desempenha um papel passivo. A linguagem atua como agente
persuasivo sobre o recetor da mensagem, é um instrumento de controlo social. Existem dois
tipos de características perfilhadas pela linguagem publicitária: as reais e as subjetivas. As
características reais descrevem o produto ou serviço tal e qual como ele se apresenta no anúncio
publicitário. Já as características subjetivas, como o nome indica, exprimem sentimentos
subjetivos referentes ao que está a ser divulgado.
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AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Função Diretiva – Esta função dirige a sua atenção para o recetor, com o objetivo de
influenciar ações, emoções, crenças, entre outros. No campo da publicidade, esta talvez seja a
função linguística mais utilizada, na medida em que se foca no recetor (público-alvo da
campanha publicitária) com o intuito de o seduzir e de o convencer a optar por determinado
produto, serviço, marca ou até mesmo atitude.
Função apelativa - Como o nome indica, esta função relaciona-se com o processo de apelar à
compra, à ação do cliente ou possível cliente, tratando-se, por vezes, de uma ordem disfarçada.
Com esta função utiliza-se o imperativo, o vocativo, o infinito e ainda o conjuntivo com valor
imperativo.
Função poética – A função poética faz com que determinada frase/ marca/ música fique na
cabeça dos clientes ou possíveis clientes, a partir da utilização de figuras de estilo como a
aliteração, onomatopeias, rimas, repetições, abundâncias de adjetivos, entre outros.
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A COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL
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AS LEIS DA PUBLICIDADE
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Outra lei utilizada, neste caso tanto no âmbito da propaganda política como enquanto técnica
publicitária, diz respeito à Lei do Contágio. Esta lei baseia-se na conceção do ser humano
enquanto ser com uma tendência para o conformismo e para a imitação, que assim aceita mais
facilmente opiniões perfilhadas pela maioria ou por personalidade célebres. No caso da
publicidade, esta lei surge geralmente associada ao papel do emissor que ao ser protagonizado
por uma celebridade, dá assim um novo rosto de mais credibilidade ao produto anunciado. Esta
lei é assim muito próxima do conceito de Lei do Emissor (importância dada ao papel do
emissor na divulgação de uma mensagem).
A Lei da Transfusão, uma das técnicas mais utilizadas em publicidade, consiste no
aproveitamento de uma corrente de opinião generalizada ou motivação já existente e explorá-la,
favorecendo uma determinada marca, produto ou causa. Assim surgem anúncios publicitários
que, por vezes, não têm que ver com o produto em causa, pretendendo associa-lo simplesmente
a uma determinada situação. Deste modo, quando o recetor do anúncio se encontrar numa
situação igual ou semelhante à retratada, sentirá o desejo de adquirir o produto publicitado de
modo a sentir determinados estados transmitidos (alegria, confiança, felicidade, romantismo,
etc.).
Apesar das diversas leis indicadas para a construção de um anúncio publicitário eficaz, não
podemos deixar de parte o Efeito Boomerang. Este fenómeno caracteriza-se pela utilização de
uma técnica ou difusão de uma mensagem as quais são rejeitadas pelo recetor, produzindo um
efeito negativo e oposto aos esforços operados no sentido da construção inicial de um anúncio
atrativo. Neste campo, é a má aplicação das leis da repetição e da vivacidade que se torna mais
provável ocorrência deste fenómeno.
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ELEMENTOS DA PUBLICIDADE
Para além da estrutura linguística, a Publicidade conta ainda com alguns elementos que,
desta forma, especificam a linguagem publicitária quanto à sua finalidade, fazendo igualmente
parte da estratégia publicitária.
Retórica
O que caracteriza a publicidade é o uso de uma linguagem retórica. Retórica é a arte de
convencer, de persuadir. Veiculada num anúncio de revista, num outdoor ou na internet, o
objetivo da linguagem publicitária é convencer o leitor, criar uma atitude favorável ao produto
ou ao serviço que está sendo vendido.
Simplicidade
O primeiro elemento da publicidade (tal como já fora referido) é a simplicidade. É a partir
desta técnica que é possível concentrar o recetor no objetivo do anúncio, sem que este se distraia
com elementos excessivos.
Atualmente, dada a rapidez inerente a este tipo de comunicação, foi então necessário atribuir
um estilo de sintaxe próprio à publicidade, que se vai construindo através de elipses, efeitos de
redução, deformações, desarticulações, entre outros.
Neste sentido, a linguagem publicitária caracteriza-se pela necessidade de dizer muito por
poucas palavras e de forma sugestiva.
Imagem
No contexto publicitário, a imagem (quer seja impressa ou ao nível audiovisual) pode
efetivamente fazer toda a diferença. Desde a gradação das cores utilizadas aos elementos visuais
preponderantes e as suas representações no contexto cultural e social envolvente, a imagem é
sem duvida um dos pontos mais importantes na construção de uma publicidade, sendo o
elemento que (a par, ou até mesmo mais que o texto) mais chama a atenção do publico.
Slogan
É no seguimento da necessidade de uma linguagem simples na publicidade que surge
também a necessidade de criar um slogan. Desta forma, o slogan deverá ser bem escolhido pois
será um dos principais elementos do anuncio, provavelmente o mais fácil de memorizar e que,
ao mesmo tempo, deverá transmitir uma mensagem que seja fiel ao objetivo da campanha.
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O Slogan deverá ser breve, claro, conciso, de fácil memorização e deverá evitar ao máximo o
uso do condicional (em virtude de uma afirmação, que dá mais confiança e certezas ao
produto/marca anunciado).
Por outro lado, tanto o slogan como o anúncio em si deverão ser positivos, evitando
elementos e expressões negativas. Isto porque o anúncio deverá transparecer otimismo e
confiança, tendo assim mais probabilidade de ter bons resultados.
Trocadilhos e referências
A publicidade utiliza a criatividade para seduzir o consumidor. Para entendê-la, ou, ainda,
para construí-la, muitas vezes é necessário conseguir "ler" aquilo que não está escrito,
entendendo as referências que a publicidade faz.
Otimismo
Na verdade, para que um anúncio tenha sucesso é necessário que mostre os aspetos positivos
da vida, em detrimento dos negativos. A nível comercial especialmente, as pessoas sentem-se
mais atraídas pela beleza, sucesso, riqueza, alegria, saúde, o que torna um anúncio mais
apelativo quando detém estes fatores.
É neste sentido também que se traduz a importância de emissores representados por
celebridades bonitas e com sucesso. Ao serem utilizadas personalidade que têm a admiração do
público-alvo, o anuncio ganha uma maior credibilidade, tornando-se mais atrativo para os
recetores.
Também no campo da linguagem, este otimismo da publicidade pode ser retratado, através
da ilustração da argumentação através de fórmulas de sucesso e não de fracasso. Neste sentido,
torna-se preferível falar de condições de sucesso futuras em vez das condições já existentes
(mostra-se assim um mundo mais positivo se responder ao anuncio).
Especificidade
Outro elemento da publicidade diz respeito à sua especificidade. Neste sentido, as
mensagens gerais deverão ser evitadas, em virtude de mensagens mais específicas e
informativas, que dão assim mais força aos argumentos utilizados no anúncio.
Veracidade
Uma das principais acusações feitas aos anúncios publicitários diz respeito ao grau de
veracidade dos argumentos nestes apresentados, tendo em conta a finalidade de influenciar que
a publicidade tem. Apesar de ser uma norma basilar do código da publicidade a impossibilidade
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de mentir nos anúncios, a verdade é que muitas campanhas acabam por fazê-lo, se não
indiretamente, mentem por omissão. Mentir por omissão, neste contexto, consiste na atitude de
revelar apenas os aspetos positivos, não referindo os negativos (como por exemplo, omitir as
contraindicações da utilização de um produto). Neste sentido, uma forma de assegurar ao
público de que o anúncio é verdadeiro é argumentar com base a provas comprovadas.
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ANÚNCIOS
Nas seguintes páginas destacamos uma série de anúncios, de cunho comercial e não
comercial, que analisamos de forma pormenorizada, de acordo com as suas características
linguísticas e retóricas.
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personagem se vai cruzando com o carro, a música instrumental de fundo é intensa e remete
para um clima de tensão, de ansiedade. A dúvida fica no ar: deverá ou não adquirir o
automóvel? Tomada a decisão, é altura de viajar abordo do seu Volkswagen Scirocco ao som de
uma nova música – “I Wanna Be Free” de Dennis Ritter-Eichenlaub, que, através da sua letra,
inspira liberdade e autoconfiança: “Quero ser livre, quero ser eu próprio.”
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Com o decorrer do anúncio podemos ver uma família constituída pelo Pai e o filho, duas
jovens raparigas, um jovem casal de namorados, uma rapariga solteira e um casal casado.
Durante a apresentação das personagens, cada personagem representa um público-alvo
importante para o banco. O pai e o filho, que na sua varanda se espreguiçam e iniciam
alegremente o seu dia, representam uma família feliz e despreocupada. As duas jovens
raparigas, amigas que vivem juntas num apartamento onde organizam calmamente a sua vida,
iniciam a publicidade a fazer exercício. Por conseguinte, o jovem casal de namorados que
aparenta terem-se juntado há pouco tempo. A rapariga solteira que persegue o seu caminho,
embora morando sozinha não tem quaisquer preocupações. Por último o casal já casado,
aparenta a harmonia e a compreensão.
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Sendo este anúncio publicitário um perfeito exemplo para a utilização de jingles, aplica-
se nele a lei da simplificação. Durante os 45 segundos do anúncio, repete-se constantemente a
letra da música, o ritmo é constante e repete-se o termo «Bom feeling» durante o máximo de
tempo que o anúncio permite. O ritmo alegre, descontraído e jovem só dá relevância ao publico-
alvo, mais uma vez é notável a importância dada aos jovens. Terminando o anúncio com o
desafio para que o consumidor «Faça já a sua simulação.».
Concluímos, que a linguagem utilizada é uma linguagem simples e ideal para transmitir a
mensagem de forma curta e concisa sem palavras complicadas que permitem ao público-alvo,
jovens prontos a iniciarem a sua vida, se sintam atraídos por um anúncio repleto de juventude,
bom humor, descontraído e sem complicações.
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O anúncio desenrola-se ainda sob um efeito de redução, o que vem dar um caráter mais
simples e conciso às duas histórias que são retratadas em simultâneo no anúncio (numa primeira
instancia, a representação do “agora”, protagonizado por Vítor Norte e São José Correia, com o
momento da sedução e a possível escolha ou não do uso do preservativo; e paralelamente, a
descrição das várias fases pelas quais passam o individuo, após saber que contraiu HIV/SIDA).
A primeira sequência de imagens mostra-nos um casal com bastante intimidade física. É-nos
possivel observar pelos seus gestos, expressões faciais e pelas atitudes de ambos. Com o
decorrer das imagens, a personagem de Vítor Norte e São José Correia partilham uma
emoção/prazer. Estas últimas imagens são acompanhadas da frase “o preservativo corta o
momento”. Frase esta que chama à atenção pela sua ironia.
A última sequência de imagens, com os mesmos atores, trata-se de uma continuidade. Aqui
ambos pretendem utilizar o preservativo. Estas imagens estão acompanhadas com a seguinte
frase “pensa duas vezes… aventura-te”. Ou seja, as imagens que encontramos entre a primeira e
a última sequência tratam-se dos riscos que podem acontecer se não se utilizar o preservativo.
No fim, temos um casal prevenido e que não arrisca a sua saúde, mesmo que corte o momento
ou que tire sensibilidade.
Entre esta sequência principal desenrolam-se ainda uma série de sequências paralelas à história,
onde podemos contar os vários passos que o portador de HIV/SIDA passa, desde o despiste da
doença ao momento em que o portador é afetado por uma total debilidade provocada pela SIDA.
Ao longo destas sequencias, também elas protagonizadas por variadas personalidades do mundo
do entretenimento, podemos observar como as sucessivas imagens (de cunho bastante polémico,
algumas) são acompanhadas por frases como o preservativo “corta o momento”; “o preservativo
tira o prazer”; “o preservativo é desconfortável”; “O preservativo é difícil de colocar” e “o
preservativo tira a sensibilidade”.
As frases que podemos ler ao longo de toda a publicidade demonstram um problema
pequeno, se compararmos com as imagens que “por trás” retratam situações verdadeiramente
problemáticas, formando assim um poderoso meio de memorização da mensagem. A ironia do
texto ligado às consequências leva o público a pensar que aquele pode ser o seu futuro caso não
tome as precauções enunciadas na publicidade.
Este anúncio, brilhantemente construído, mostra assim ao público as consequências de não
usar preservativo, ao mesmo tempo que enumera razões que levam algumas pessoas a não usa-
lo. No fim, temos a frase “usa o preservativo” aqui sem ironia, mas sim como um conselho.
Trata-se de um reforço de todo o anúncio, com uma simples frase.
No final do anúncio podemos ver ainda os logótipos das entidades que produziram este
anúncio, que integraram, para além do ministério da saúde (como já havíamos referido),
também a Coordenação Nacional para a Infeção VIH/Sida e Alto Comissariado da Saúde.
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Este anúncio foi considerado o melhor anúncio governamental europeu de prevenção contra a
sida, no âmbito do concurso “European AIDS Video Clip Contest”, em 2009.
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Ao longo anúncio, são estas as imagens visíveis. As de uma mulher que sofre, amarrada
a um poste, ficando gradualmente ferida, à medida que as pessoas a apedrejam. Pessoas essas
que demonstram uma expressão de divertimento e de desprezo para com a mulher, sorrindo e
batendo palmas. Desta forma, o mais importante deste anúncio, é o discurso do narrador, que
vai acompanhando estas imagens. À medida que estas passam, o narrador defende estas ações,
afirmando que “quem não gosta pode sempre olhar para o lado e não ver” e que “não vamos
privar aqueles que apreciam, só porque alguns discordam ou acham isto bárbaro”. Depois das
imagens, é visível uma frase no meio do ecrã, “O sofrimento não pode fazer parte das nossas
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tradições”. E no final, são ilustradas imagens de um touro, nomeadamente, aquilo que ele sofre
ao longo de uma tourada. Mais precisamente, imagens chocantes, do animal perfurado no dorso
todo ensanguentado; um grande plano da face do touro com a sua boca igualmente
ensanguentada; e, por fim, a imagem de um touro, que aparenta ser um animal inofensivo, mas
que se encontra em sofrimento e no seu leito de morte, deitando sangue da boca e do dorso,
onde estão atravessadas as lâminas conhecidas da tourada.
Desta forma, podemos afirmar que esta publicidade, é uma publicidade não comercial e
ideológica. Não comercial, no sentido de que não tem como finalidade a venda de um produto
ou serviço, mas sim a de sensibilizar a audiência. E ideológica, pois foi feita com o intuito de
passar uma ideia ou ideologia, neste caso, de que a tourada é uma ação errada e que causa
sofrimento a um animal inofensivo.
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Este anúncio caracteriza-se como sendo um anúncio muito forte em termos de impacto,
na medida em que pretende chocar com as suas imagens fortes. A linguagem utilizada é
simples, deixando que as imagens sensibilizem a audiência. A sua finalidade é portanto
transmitir uma ideologia, tentando juntar as pessoas por uma causa. Neste caso, causa esta que
tem como intuito o de abolir a tourada.
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CONCLUSÃO
Na publicidade estão também inseridas diversas leis que podem ser também definidas
como estratégias, pelas quais a mesma se rege. Pudemos assim verificar que a linguagem é um
elemento muito importante da publicidade, mas não detém a total importância. As publicidades
que usufruem de elementos áudio e visuais, podem desfrutar de diversos elementos, tais como
expressões, gestos, ações, posturas, entre outros aspetos, que também detém um importante
papel, nomeadamente no que diz respeito ao entendimento da mensagem.
É muito importante também ter em conta os objetivos da publicidade, pois estes podem
ser diferentes de anúncio para anúncio. Pode deter como objetivo a venda de um produto, a
criação ou melhoria da imagem de uma empresa ou instituição, ou até mesmo a propagação de
uma certa ideologia. Apesar dos diversos contextos e objetivos, todas as publicidades ou
anúncios partilham da mesma finalidade, a persuasão do público-alvo.
Tudo isto pôde ser verificado na análise dos anúncios, que detinham contextos e
objetivos distintos, porém todos eles pretendiam transmitir uma mensagem que “tocasse” a
audiência para que esta agisse de acordo com a mensagem transmitida.
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BIBLIOGRAFIA
A elaboração deste trabalho teve como principais fontes de informação os seguintes suportes
escritos:
Exemplares consultados
Websites consultados
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