Sendo assim, para o autor a ciência política teve seu surgimento com o objetivo de
elaborar e realizar projetos que teoricamente eram infalíveis e caso estes falhassem os
atores precisam solucionar e encontrar uma saída de toda esta utopia, ou seja, no início
das ciências políticas os pesquisadores distanciavam-se da análise de fatores reais e
dedicaram-se a projetar ideias utópicas para alcançar seus objetivos e só quando esses se
mostravam inúteis, que acontecia uma análise factual. Isso forneceu abertura para a
corrente realista aflorar, onde os fatos são aceitos e faz-se uma análise sobre suas causas
e consequências. Assim, segundo Carr, utopia e realismo são duas variáveis do
pensamento político, considerando ideal o equilíbrio em ambas.
Não é aplicável a todos os momentos na história (ele embasa tal afirmação mencionando
o período feudal e a vassalagem), além do que muitas coisas são mutáveis, passiveis a
mudança, sendo a unidade territorial de poder uma delas.
O conceito de soberania, segundo Carr, pode tornar-se, no futuro, ainda mais escuro e
indistinto do que era naquela época. Não havia razão para que cada unidade fosse
composta de grupos de vários estados formalmente soberanos, na medida em que a
autoridade efetiva era exercida por um único centro (sendo isso motivado pelo
crescimento das grandes potencias e a sua primazia na tomada de decisões e nos interesses
globais).
Após essa discussão sobre os Estados-Nação, Carr indaga: com os estragos feitos pela
guerra (principalmente na hegemonia britânica), através de que poder poderá a ordem
internacional ser restaurada? Esta questão, segundo Carr, podia ser respondida por
diferentes nações e em várias formas. A Grã-Bretanha, por exemplo, percebeu naquele
momento que a abundância de riquezas e benesses não existia mais. Mas eles se
consolavam com o sonho de que a supremacia britânica, ao invés de desaparecer, se
transformaria na mais alta e mais eficaz forma de uma ascendência dos povos de língua
inglesa. Eles acreditavam piamente numa cooperação Inglaterra/Estados Unidos.
Quanto a discussão acerca da moral, Carr defendia o equilíbrio entre a mesma e o poder.
Qualquer ordem internacional, de acordo com ele, pressupõe uma dose substancial de
consentimento geral; uma certa legitimidade.
Por fim, Carr admite que a melhor esperança de progresso para a conciliação internacional
é o caminho da reconstrução econômica. As grandes economias devem conciliar os
grandes lucros e vantagens econômicas a condições sociais, como a criação de postos de
trabalho e etc. Ademais, o bem social não deve ser pregado unicamente no campo
internacional, mas também no campo nacional.
Apesar de considerar uma utopia, Carr admite que este é o único caminho a ser percorrido
para minimizar as desigualdades sociais e estabelecer uma ordem econômica
internacional mais justa e abrangente.