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IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS PARA A

CIDADANIA

Ronald dos Santos Querino1

RESUMO
A educação é fundamental para o desenvolvimento pleno da pessoa, devendo seu acesso ser
garantido a todos indistintamente. É dirigida ao crescimento incondicional da individualidade humana
e ao fortalecimento do respeito pelos direitos e liberdades humanas fundamentais. Assim sendo, a
educação contribui certamente para a ampliação de uma cidadania e para a expansão do modelo de
democracia comunicativa. Educar em direitos humanos é contribuir para a construção da cidadania, e
nesse processo a educação é tanto um direito humano em si próprio, comum meio imprescindível
para atingir outros direitos, constituindo-se em um processo extenso que ocorre na sociedade. Deste
modo, este estudo bibliográfico, de natureza descritiva e exploratória, tem como meta apresentar a
importância da educação em Direitos Humanos para a cidadania. Diante do exposto, concluiu-se que
a educação voltada aos direitos humanos ainda não faz parte da prática nem do currículo da escola
brasileira. Em momentos de colapso de valores públicos e privados e da sociedade como um todo,
torna-se essencial que as temáticas da igualdade e da dignidade humana não estejam inscritas
apenas de textos legais, mas que, igualmente, sejam internalizadas por todos que atuam na
educação de forma que possa ser possível o acesso ao conhecimento de seus direitos fundamentais
desde a terna idade do seu avanço intelectual.

Palavras-Chave: Direitos Humanos. Educação. Cidadania.

ABSTRACT
Education is fundamental to the full development of the person, should access be guaranteed to all
without distinction. It is directed to the full development of the human personality and to the
strengthening of respect for human rights and fundamental freedoms. Therefore, education will
certainly contribute to the expansion of citizenship and the expansion of communicative democracy
model. To educate in human rights is to contribute to the construction of citizenship, and in the
process education is both a human right in itself, as an indispensable means to achieve other rights,
being in a larger process that occurs in society. Thus, this bibliographical study, descriptive and
exploratory nature, aims to present the importance of education in human rights for citizenship. Given
the above, it was concluded that education geared to human rights is not yet part of the practice or
curriculum of the Brazilian school. In times of public and private values crisis and society as a whole, it
is essential that the issues of equality and human dignity are not listed only legal texts but also be
internalized by all who work in education so it may be possible access to knowledge of their
fundamental rights since the tender age of your intellectual advancement

Key-word: Human rights. Education.Citizenship

1
Aluno do Curso de Graduação em Direito, da Faculdade Batista Brasileira – FBB.
Email: ronaldquerino@outlook.com
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1 INTRODUÇÃO

Os direitos humanos estão ligados à construção da cidadania e assegura o


princípio da dignidade da pessoa humana. Assim sendo, o tema deste artigo é a
importância da educação em Direito Humanos para a cidadania. Substancialmente,
a consolidação do cidadão enquanto partícipe das transformações sociais se
concretiza através da educação.
Os direitos humanos são entendidos como aqueles direitos essenciais que o
homem possui pelo fato de ser homem, por sua própria natureza humana, pela
distinção que a ela é inseparável. São direitos que não resultam de uma concessão
da sociedade política. Antagonicamente são direitos que a sociedade política tem o
dever de aplicar e garantir.
Este mesmo autor salienta que o conceito de “Direitos Humanos” resultou de
um evoluir do axioma filosófico, jurídico e político da humanidade. A retrospecção
dessa evolução permite considerar a posição que o homem desfrutou, aqui e ali,
dentro da sociedade, através dos tempos.
Entretanto, a ressalva maior está no que se refere à educação. Esta deve ter
uma responsabilidade de enquadrar-se na formação do Estado Democrático, visto
que a educação deve contemplar a formação do cidadão, desenvolvendo uma visão
moderna e bem fundamentada dos direitos civis, políticos e sociais, e também uma
consciência mais abrangente dos direitos humanos.
Diante desta realidade o artigo aponta para o seguinte problema: qual a
importância da educação em Direitos Humanos para a cidadania?
Através da pergunta de como envolvera educação aos Direitos Humanos,
alinham-se várias respostas, pois por um lado estão todas aquelas que podem
denominar-se de incorporação dos conteúdos. Estas analisam que é satisfatória a
inclusão desta temática em alguma das disciplinas existentes, ou, no máximo, o
estudo de uma disciplina específica, a fim de que os educandos embacem os
objetivos que, sobre este aspecto, dirigem a ação do sistema educativo.
Segundo este mesmo autor, duas oposições podem ser formuladas a este
caráter. Uma delas consiste em que atrás desta posição, existe uma concepção
meramente declaratória, nominalista, dos direitos humanos, que os reduz a um
conjunto de informações cuja formulação é suficiente para assegurar sua existência
real.
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Por outro lado, esta abalizada na disseminada critica que se faz dos sistemas
educativos em relação ao enciclopedismo curricular. O conjugado de temas ou
disciplinas reforça este enciclopedismo e torna mais questionável a ação das
instituições de ensino.
Assim sendo, o que justifica a esta pesquisa é o reconhecimento da
indivisibilidade dos direitos humanos, estando ciente de que a exclusão ou negação
coloca em xeque a existência de outros direitos, porque cada qual tem uma função
individual e compõe uma esfera do todo.
Assim, há uma reconhecida interrelação entre os direitos, que se
complementam reciprocamente, e transportam a uma plenitude de vivência digna. A
esfera da indivisibilidade dos direitos humanos pressupõe o reconhecimento e o
respeito, entendido como a aceitação do diferente, sejam em relação a aspectos
culturais, físicos, étnicos, religiosos, políticos, sociais e econômicos.
Aceitar a concepção de direitos humanos inclui não apenas a idéia da defesa
dos direitos próprios, que atendem às necessidades individuais, mas implica
também o acordo de perfilhar e acastelar os direitos que não consagram, os quais
constituem o pressuposto de uma sociedade plural.
A metodologia adotada foi um estudo bibliográfico, de natureza descritiva e
exploratória, com abordagem qualitativa.
Diante do exposto, este estudo tem como objetivo de apresentar a
importância da educação em direitos humanos, a fim de alcançar a cidadania. Como
objetivos específicos têm que: analisar o significado de educação; descrever os
direitos humanos, procurando mostrar seu histórico, conceito, sua relação com a
globalização e a universalidade dos direitos humanos.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ENTENDENDO A EDUCAÇÃO

O reconhecimento da importância da educação para a formação do indivíduo


consequentemente para a formação de uma sociedade remonta as primeiras
sociedades politicamente organizadas. Ao se criarem segmentos privilegiados, a
educação passa a ser dirigida à formação das classes dominantes educados para
conquistar, governar e dirigir. Precursora da sociedade ocidental, na Grécia e em
Roma a educação não era diferente, só possui acesso ao conhecimento quem
dispõe de vultosas quantias (ANISTIA INTERNACIONAL, 2002).
Com a invasão dos bárbaros e a fragmentação do poder, a cultura greco-
romana somente não desaparece por completo pela ação da Igreja, única instituição
a manter certa unidade e que assume atarefa de educar.
A educação passa agora a ter um fim maior: a salvação da alma e da vida;
ocorre nos mosteiros e passa a ser a principal ferramenta da Igreja para manter e
reforçar seus dogmas e poderes, e continua sendo destinada à formação das
classes dominantes- nobreza e aristocracia - agora acrescida de uma nova classe: o
clero (FERRARI, 1971).
A idéia de popularizar a educação, levando-a a todas as camadas sociais
inicia a partir do século XVI, era em que a sociedade Européia vive densas
transformações. A ruptura da unidade religiosa pela Reforma, o descobrimento do
Novo Mundo, o auge de uma nova ciência e de um novo método de conhecimento, o
desenvolvimento do primeiro capitalismo, o desenvolvimento do comércio e da
indústria, a ascensão da burguesia, a queda do feudalismo e o surgimento do
Estado Moderno, o renascimento cultural desenvolvendo idéias de uma cultura
centralizada no homem e não mais em Deus, o racionalismo rejeitando as
explicações religiosas que já não justificavam mais os fenômenos naturais, etc.
É neste momento de grandes transformações que a educação vai ocupar
papel de destaque no interesse na preocupação de intelectuais e políticos, que
passam a considerá-la como a ferramenta única para se modificar a natureza
humana no sujeito decretado pelos novos tempos.
Até então, por ser incompatível com o dogmatismo religioso, a educação
rechaçava o pensamento aristotélico que encorajava a procura da verdade real por
5

meio do livre questionamento. A partir do século XVII, ensina Pisón (2003)


destacados pensadores põe em manifesto o lastimável estado da educação pelo
excessivo controle clerical, o estudo de matérias inúteis e a divisão entre
congregações rivais. Denunciam o fanatismo religioso, a ignorância e a superstição
e aumentam as propostas sobre a educação e sobre seu caráter reformador.
Neste período em que o saber não era um conhecimento autônomo, nem
havia se alcançado um nível de especialização da atualidade, são os filósofos que
elaboram as primeiras propostas sobre educação. Estas propostas pedagógicas do
Iluminismo, bem como a formulação de uma nova utopia social e política, não seriam
possíveis sem a contribuição do pensamento de Locke, Rousseau, Voltaire,
Chalotais, D’Alambert,Diderot, Genovesi, Schiller, Basedow, Mill, Humboldt, dentre
outros (PISÓN, 2003).
Por certo que a educação já era objeto de preocupação por parte das
autoridades políticas e especialmente da Igreja, que pretendia depositar nas ordens
religiosas a responsabilidade pelo ensino dos filhos da nobreza e da pujante
burguesia, pois suas pretensões e seu poder se enfraqueciam ante os novos fatos.
Mas as alterações no saber, na ciência e na ordem social também afetaram
as propostas educativas imperantes (RUBIO, 2007).
Inicia-se, assim, uma tendência de estendera educação a outras camadas
sociais, como prelúdio da escolarização universal, uma tendência à secularização
dos conteúdos e uma maior intervenção dos poderes públicos neste âmbito. As
iniciativas, a princípio, serão pontuais e muito concretas e, por isso, têm uma
repercussão social bastante limitada.
Mas o interesse pela educação é crescente entre filósofos e intelectuais,
sobretudo pelo desejo de introduzira razão nas coisas humanas. A educação era um
dos instrumentos mais poderosos contra o que consideravam os maiores erros da
humanidade: a superstição, o fanatismo, os dogmas religiosos. Então, a partir da
segunda metade do século XVIII será um período de desenvolvimento da teoria da
educação e,ao mesmo tempo, em virtude do início dos impulsos revolucionários,
surgirá à oportunidade do seu reconhecimento jurídico.
Produzir-se-á, pois, a passagem da discussão teórica para o mundo do
Direito, ainda que seu status jurídico seja objeto de polêmica durante todo o século
XIX; pois o direito à educação não terá o mesmo tratamento, nem caráter, que os
outros direitos e liberdades, prontamente reconhecidos nas primeiras Declarações.
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Ocorre que o direito à educação não pertence à primeira geração de direitos, mas
alcançará seu reconhecimento tão somente nos direitos econômicos, sociais e
culturais (RUBIO, 2007).
Este mesmo autor salienta que, tão somente nas primeiras décadas do século
XX,as Constituições Nacionais começam a fazer referências à educação como
direito. É esse um período onde os direitos sociais começam a sensibilizar e,
consequentemente, há uma acentuação nos compromissos do Estado a fim de
assegurar a todos os cidadão só direito a formação geral.
As primeiras manifestações constitucionais reconhecendo a educação como
direito, vão ocorrer na Constituição Mexicana de 1917 e na Alemã de 1919.Contudo,
a criação de sistemas públicos de educação,extensivos a todas as camadas sociais
e sua determinação de obrigatoriedade somente vai ocorrer com o surgimento do
Estado social, principalmente a partir da Segunda Guerra Mundial quando os
Estados, principalmente os mais desenvolvidos, começam a destinar um elevado
percentual dos investimentos públicos para cobrir os gastos com a educação,
cumprindo assim este compromisso social. Desde então, com avanços e recuos, tem
se mantido como direito social e dever do Estado em oportunizá-la (PILETTI, 2011).
Atualmente, não obstante o ressurgimento de idéias liberais e o
desmantelamento do Estado Social, a educação está consagrada como um direito
fundamental amplamente reconhecido na maioria das constituições dos Estados
Modernos e por textos internacionais relativos aos direitos humanos. Como bem
lembra Pisón (2003), trata-se de uma conquista histórica, fruto de tensões, de lutas,
de iniciativas de todo tipo e também de um desenvolvimento doutrinal não isenta de
polêmicas.

2.1.1 Conceito

A educação é o resultado de um processo que consiste em uma ou inúmeras


funções que se desenvolve gradualmente através do exercício. A educação assim
definida pode resultar quer da ação de outrem (acepção primitiva e geral), quer da
ação do próprio ser que a adquire, esta última conhecida pela expressão self-
education (LALANDE, 2009; BRANDÃO, 2011).
Assim sendo, a educação é um processo contínuo de socialização e
ressocialização para as novas realidades criadas pela sociedade, além de oferta de
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condições e meios de sobrevivência, e também, para a satisfação de necessidades


básicas, significando que para a obtenção de resultados, o processo educativo deve
ter a finalidade de desenvolver as potencialidades do indivíduo (SCHNEIDER, 2009).
Deste modo, Alvim (2009, p. 239) menciona que:

A educação deve possibilitar ao homem


desenvolver habilidades e competências nas
mais diversas áreas do conhecimento. Deve
habilitá-lo para lidar com as múltiplas de mandas
que a vida vai constantemente lhe apresentar.
Demandas não só de ordem econômica e
material, mas também afetivas e emocionais.

A educação é a ação desempenhada pelas gerações adultas sobre as


gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objeto
suscitar e desenvolver, no indivíduo, certo número de estados físicos, intelectuais e
morais, reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial
que acriança particularmente, se destine (DURKHEIM, 2007).
Diante do exposto, a educação é um processo socializador; sociedade e
indivíduo são idéias dependentes uma da outra, desejando melhorar a sociedade, o
indivíduo deseja melhorar a si próprio, melhora está que se dá pela educação.

2.2 DIREITOS HUMANOS

2.2.1 Histórico

Conforme relatos de Comparato (2005), o conceito de direitos humanos


ganhou grande importância no decorrer da história, pois suas conjecturas e
princípios têm como meta a observância e proteção da dignidade da pessoa humana
de forma universal, ou seja, abrangendo todos os seres humanos.
Parte-se do período axial, em que K. JASPERS analisou o nascimento
espiritual do ser humano, assegurando que este período:

(...) se situaria no ponto de nascimento espiritual do homem, onde se


realizou de maneira convincente, tanto para o Ocidente como para a Ásia
e para toda a humanidade em geral, para além dos diversos credos
particulares, o mais rico desabrochar do ser humano; estaria onde esse
desabrochar da qualidade humana, sem se impor como uma evidência
empírica; seria, não obstante, admitido de acordo com um exame dos
dados concretos; ter-se-ia encontrado para todos os povos um quadro
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comum, permitindo a cada um melhor compreender sua realidade


histórica. Ora este eixo da história nos parece situar-se entre 500 a.C. no
desenvolvimento espiritual que aconteceu entre 800 e 200 anos antes de
nossa era. É aí que se distingue a mais marcante cesura na história. É
então que surgiu o homem com o qual convivemos ainda hoje.
Chamamos breve essa época de período axial (LIBÂNIO, 2012, p. 163).

Foi no período axial que foram estabelecidos os grandes princípios e


diretrizes fundamentais de vida presentes até hoje, em que o indivíduo aventura-se a
desempenhar sua faculdade crítica racional da realidade devido à substituição do
saber mitológico da tradição pelo saber lógico da razão e as religiões tornaram-se
mais éticas e menos rituais ou fantásticas. O indivíduo passa a ser considerado
como ser provido de liberdade e razão em sua igualdade essencial, não obstante as
múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais (LIBÂNIO, 2012).
Atentando para o caráter único e insubstituível de cada ser humano, portador
de um valor próprio, comprovando que a dignidade da pessoa existe singularmente
em todo indivíduo, Lafer (2011, p. 120) assegura que “o individualismo é parte
integrante da lógica da modernidade, pois o mundo não é um cosmos um sistema
ordenado, mas sim um agregado de individualidades isoladas que são à base da
realidade”.
Visando a influência do pensamento religioso e do sistema político, as
inúmeras teorizações sobre direitos humanos encontravam-se profundamente
relacionadas aos benefícios estamentais e à hierarquia secular. Desse modo, com a
Reforma Religiosa ocorreu uma importante ruptura nessa ligação, em que foi
reivindicado o primeiro direito fundamental, o da liberdade religiosa (COMPARATO,
2005).
No decorrer da história, vários documentos contribuíram para a concretização
dos direitos humanos como antecedentes das declarações positivas de direitos.
Todavia, tais documentos não eram cartas de liberdade do homem comum, mas,
contratos feudais escritos em que o rei comprometia-se a respeitar os direitos de
seus vassalos. Logo, não afirmavam direitos humanos, mas direitos de estamentos
(LAFER, 2011).
Segundo Comparato (2005), no âmbito moderno, o nascimento da lei escrita
cria uma regra geral e uniforme,relatando que todos os indivíduos que vivem numa
sociedade organizada ficam sujeitos a ela.
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Assim sendo, somente com a positivação das teorias filosóficas de direitos


humanos, enquanto limitação ao poder estatal, é que se pode falar em direitos
humanos, enquanto direitos positivos e efetivos (GUIMARÃES, 2006).
Na modernidade surgem outras concepções de pessoa, e, por conseguinte,
de direitos humanos e de direitos fundamentais.E a partir do ano de 1776 dois
fatores propiciaram a consagração dos direitos humanos e direitos fundamentais em
textos escritos: as teorias contratualistas e a laicidade do direito natural (FACHIN,
2009).
De acordo com Pérez-Luño (2012, p. 23):
São ingredientes básicos na formação histórica da idéia dos direitos
humanos duas direções doutrinárias que alcançam seu apogeu no clima
da Ilustração: o jusnaturalismo racionalista e o contratualismo. O primeiro,
ao postular que todos os seres humanos desde sua própria natureza
possuem direitos naturais que emanam de sua racionalidade, como um
traço comum a todos os homens, e que esses direitos devem ser
reconhecidos pelo poder político através do direito positivo. Por sua vez, o
contratualismo, tese cujos antecedentes remotos podemos situar na
sofística e que alcança ampla difusão no século XVIII, sustenta que as
normas jurídicas e as instituições políticas não podem conceber-se como
o produto do arbítrio dos governantes, senão como resultado do consenso
da vontade popular.

Foi justamente neste contexto histórico com o desenvolvimento laico do


pensamento jusnaturalista, nos séculos XVII e XVIII que as idéias sobre a dignidade
da pessoa humana começam a ganhar importância, sobretudo pelos pensamentos
de Samuel Pufendorf e Immanuel Kant.
São Tomas de Aquino, na leitura de Fachin (2009, p. 34), foi quem, pela
primeira vez, cunhou a expressão dignitas humana, assegurando que “(...) a
dignidade é inerente ao homem, como espécie; e ela existe in actu só no homem
enquanto indivíduo (...)”.
Para a ética kantiana, a dignidade da pessoa humana não consiste apenas no
fato de ser ela, diferentemente das coisas, um ser considerado e tratado, em sim
mesmo, como um fim em si e nunca como um meio para a consecução de
determinado resultado.
Ela resulta também do fato de que, por sua vontade racional, só a pessoa vive
em condições de autonomia, isto é, como ser capaz de guiar-se pelas leis que ele
próprio edita (COMPARATO, 2005, p. 21).
Assim, segundo esse doutrinador, o homem não pode ser utilizado como meio
para obter determinados fins, pois esse possui um valor intrínseco caracterizado
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pela sua dignidade, não admitindo ser substituído por quaisquer equivalentes
(PIOVESAN, 2006).
Deste modo, as teorizações de Kant tiveram, e ainda têm grande importância
no processo de evolução dos direitos humanos, já que a filosofia jurídica da segunda
metade do século XX, a partir da premissa de que o homem possui um valor
intrínseco, abre-se para a seara axiológica. Igualmente, a percepção axiológica
intitulou os direitos humanos a principais valores do ordenamento jurídico e da
convivência humana (PIOVESAN, 2006).
Deve-se ressaltar que tanto o pensamento de Kant quanto todas as outras
concepções que sustentam ser a dignidade atributo exclusiva da pessoa humana,
podem estar sujeitas à crítica de um excessivo antropocentrismo, visto que estes
posicionamentos colocam a pessoa em lugar privilegiado em relação aos outros
indivíduos, visando sua racionalidade (SARLET, 2004).
Entretanto, hoje, o reconhecimento da proteção do meio ambiente como valor
fundamental indicia que não há uma preocupação apenas com a vida humana, mas
também com a preservação de todos os recursos naturais, incluindo todas as formas
de vida existentes no planeta.
Portanto, a tendência contemporânea é de uma proteção constitucional e
legal da fauna e flora, assim como dos outros recursos naturais, inclusive contra atos
de crueldade praticados pelo ser humano (SARLET, 2004).
Esse mesmo autor destaca que a passagem do Estado absoluto ao Estado
liberal da modernidade se preocupou em estabelecer limites ao exercício do poder
político. Nesse sentido, o filósofo John Locke, ao final do século XVIII, estava
resolvido em resguardar os interesses individuais em face dos abusos
governamentais, sendo ele estimado, portanto, o precursor na importância dos
direitos naturais e inalienáveis do homem. Logo, o indivíduo possui direitos, bem
como valor em si mesmo, estando em primeiro lugar em relação ao Estado.
Os direitos humanos deixam de ser exclusivos das elites, mas sob a
denominação de direitos do homem, como esclarece Fachin, “são uma conquista de
uma classe emergente como dona do poder econômico e que se torna dona também
do poder político” (SARLET, 2004, p. 47).
Pérez-Luño (2012, p. 24-25) salienta que:
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(...) o traço básico que marca a origem dos direitos humanos na


modernidade é precisamente seu caráter universal; o de serem
faculdades que deve reconhecer-se a todos os homens sem exclusão.
Convém insistir neste aspecto, porque direitos, em sua acepção de status
ou situações jurídicas ativas de liberdade, poder, pretensão ou imunidade
existiram desde as culturas mais remotas, porém como atributo de apenas
alguns membros da comunidade (...). Pois bem, resulta evidente que a
partir do momento no qual podem-se postular direitos de todas as
pessoas é possível falar em direitos humanos. Nas fases anteriores
poder-se-ia falar de direitos de príncipes, de etnias, de estamentos, ou de
grupos, mas não de direitos humanos como faculdades jurídicas de
titularidade universal. O grande invento jurídico-político da modernidade
reside, precisamente, em haver ampliado a titularidade das posições
jurídicas ativas, ou seja, dos direitos a todos os homens, e em
consequência, ter formulado o conceito de direitos humanos.

Na visão de Bobbio (2004, p. 30), “os direitos humanos nascem como direitos
naturais universais, desenvolvem-se como direitos positivos particulares (quando
cada Constituição incorpora Declaração de Direitos) para finalmente encontrar a
plena realização como direitos positivos universais”.
Alguns direitos denominados sociais, sobretudo os referentes às questões de
trabalho, somente apareceram no segundo período da Revolução Francesa, porém
a ótica que predomina até o início do século XX é a individualista dos direitos
humanos e dos direitos fundamentais (SARLET, 2004).
Assim sendo, a maioria das pessoas não sofreu consequências práticas
decorrentes desses direitos, haja vista o pensamento individualista, portanto, foi
necessária a intervenção do Estado para que tais direitos pudessem ser
concretizados, e assim ir à busca da realização da justiça social. Assim, fica
caracterizada a transição de Estado Liberal para o Estado Social, ou seja, a
passagem da dita primeira à segunda geração de direitos (SARLET, 2004).
Ou melhor, a passagem dos direitos avocados de 1ª Geração (civis e
políticos), distinguidos por uma atuação negativa do Estado, para os direitos de 2ª
Geração (econômicos, sociais e culturais), sendo esses vinculados à atuação estatal
positiva, pois se faz necessário a intervenção do Estado para que tais direitos se
concretizem.
Porém, para que esses direitos alcançassem consequência universal foi
necessário um discurso internacional dos direitos humanos visando garantir a todos
o direito a ter direitos. E ainda, somente a partir do pós-guerra é que foi possível
falar em movimento de internacionalização dos direitos humanos (SARLET, 2004).
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Diante das barbaridades cometidas durante a 2ª. Guerra Mundial, a


comunidade internacional passou a reconhecer que a proteção dos direitos humanos
constitui questão de legítimo interesse e preocupação internacional.
Logo, os direitos humanos acabam por transcender e extrapolar o domínio
reservado do Estado ou a competência nacional exclusiva. Em razão disso, é criado
um código comum de ação composto por parâmetros globais de ação estatal, ao
qual deve haver a conformação dos Estados, no que diz respeito à promoção e
proteção dos direitos humanos (PIOVESAN, 2006).

2.2.2 Conceito

O conceito de direitos humanos pode ser estabelecido sob dois aspectos. O


primeiro trata da análise dos fundamentos primeiros desses direitos, sendo assunto
de suma importância para a filosofia, sociologia e ciência política contemporânea. O
segundo aspecto é a abordagem jurídica dessa categoria de direitos que se
relaciona diretamente com o conjunto de tratados, convenções e legislações cujo
objeto é a definição e regulação dos mecanismos, internacionais e nacionais,
garantidores dos direitos fundamentais da pessoa humana (ALVES, 2003).
O termo direitos humanos pode estar relacionado com situações políticas,
sociais e culturais que se diferenciam entre si, tendo significados diversos. Desse
modo, o conceito de direitos humanos alcança um caráter fluido, aberto e de
contínua redefinição (FERREIRA FILHO, 2010).
De acordo com Morais (2012), os direitos humanos constituem um termo de
uso comum, mas não categoricamente definido. Tais direitos são concebidos de
forma a incluir aquelas reivindicações morais e políticas que, nos tempos modernos
todo ser humano tem ou deve ter perante sua sociedade ou governo; reivindicações
estas reconhecidas como de direito e não apenas por amor, graça ou caridade.
Nesse contexto, os direitos humanos são aqueles direitos fundamentais que o
homem possui pelo fato de ser humano, por sua própria natureza e pela dignidade
que a ela é inerente.
Além disso, os direitos humanos são produtos de lutas políticas e dependem
de fatores históricos e sociais que ajuizamos valores e aspirações de cada
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sociedade, sendo que também requerem um ambiente propício para que sejam
respeitados.
Por esse motivo, os direitos humanos devem ser examinados
sistematicamente a partir de uma perspectiva interdisciplinar que considere todos os
seus aspectos e não perca de vista o contexto histórico e social em que estão
inseridos (BRASIL, 2009).

2.2.3 Universalidade e indivisibilidade dos Direitos Humanos

Segundo Alves (2003), a discussão sobre os fundamentos comuns dos


direitos humanos encontra-se relacionado com a própria eficácia dos mecanismos
garantidores do sistema de proteção desses direitos. A questão de legitimação
universal dos direitos humanos deixou de ser teórica e abstrata passando a fazer
parte do conjunto de fatores determinantes de sua eficácia.
Desse modo, a construção de uma teoria justificadora dos direitos humanos,
que possa fundamentá-los e sirvam para definir quais são os direitos humanos,
supõe a superação da dicotomia universalismo/relativismo. A idéia central do
relativismo consiste em afirmar que não existe um valor moral único que possa
atender ao bem-estar de todos os seres humanos porque as particularidades
culturais exercem um papel determinante na forma sob a qual os valores
assegurados pelos direitos humanos irão formalizar-se (CANÇADO, 2002).
No entanto, deve-se modificar esse entendimento por intermédio da
identificação de argumentos racionais que permitam o aprimoramento dos
fundamentos dos direitos humanos em volta também de valores universais,
aceleradas na idéia de dignidade humana. A manutenção da dignidade humana
constitui a essência dos direitos humanos, já que, é por intermédio deles que serão
garantidas as múltiplas dimensões da vida humana e assegurada a realização
integral da pessoa.
A marca característica da universalidade dos direitos humanos residirá no seu
conteúdo, isto é, normas gerais que se destinam a todas as pessoas como seres
humanos quer sejam nacionais ou estrangeiros (PIOVESAN, 2006).
O problema da fundamentação ética dos direitos humanos está pertinente
com a busca de argumentos racionais e morais que relevem seu anseio de validade
14

universal. A argumentação admite a destreza da liberdade, da confrontação e da


maturação de idéias, em direção a uma solução jurídica que não tem a pretensão de
aniquilar as diferenças culturais como afirma a corrente relativista e sim de propor
uma solução razoável.
A reafirmação da universalidade dos direitos humanos constituiu uma das
conquistas da Declaração de Viena ao assegurar no seu artigo 1º que: “A natureza
universal de tais direitos e liberdades não admite dúvidas”. E também destaca no
artigo 5º que as particularidades históricas, culturais e religiosas devem ser levadas
em consideração, mas os Estados têm o dever de promover e proteger todos os
direitos, independentemente dos respectivos sistemas (MELLO, 2011).
A indivisibilidade dos direitos humanos está relacionada com a compreensão
integral desses direitos os quais não admitem fracionamentos. São os direitos
econômicos, sociais e culturais que sofrem as maiores críticas relacionadas a esse
respeito. Essa questão foi tratada por ocasião da I Conferência Mundial de Direitos
Humanos, de 1968, realizada em Teerã e também ratificada na II Conferência de
Viena de 1993 (GUERRA FILHO, 2005).
A idéia inicial durante a Conferência de Teerã era instituir um Pacto
Internacional de Direitos Humanos, de natureza jurídica obrigatória, para
complementar o sistema da Declaração Universal e estabelecer um mecanismo
jurídico de controle internacional. Contudo, por razões políticas decorrentes da
Guerra Fria, o Pacto Internacional foi dividido em dois: o Pacto Internacional dos
Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais (MELLO, 2011).
Durante a elaboração dos dois Pactos, instituiu-se então que o “grupo
ocidental” enfatizava os direitos civis e políticos enquanto o “grupo socialista”
privilegiava os direitos econômicos, sociais e culturais. Mais tarde, com o fim da
Guerra Fria, percebeu-se que os argumentos levantados em prol de uma ou outra
“categoria” de direitos ressaltavam a unidade fundamental de concepção dos direitos
humanos, pois tantos os direitos civis e políticos quanto os direitos econômicos,
sociais e culturais ora requerem ações positivas ora negativas por parte do Estado
(SZABO, 2008).
De qualquer maneira, o Direito Internacional dos Direitos Humanos consagra,
efetivamente, os direitos políticos, a saber, tanto o direito de votar e ser votado,
quanto de ter eleições periódicas autênticas e o sufrágio universal e secreto; quanto
15

os direitos econômicos, sociais e culturais, relacionados ao direito à moradia, à


saúde, à alimentação ao desenvolvimento sustentável. Desta forma, a garantia dos
direitos civis e políticos são condicionados à observância dos direitos sociais,
econômicos e culturais e vice-versa (MELLO, 2011).
Atualmente, o entendimento predominante é de que todos os direitos
humanos são interdependentes e indivisíveis, cabendo aos direitos civis e políticos
importante papel na consecução do desenvolvimento. Se, por um lado, as condições
estruturais têm reflexo óbvio na situação dos direitos econômicos e sociais, afetando
também os direitos civis mais elementares; por outro lado, a falta de níveis
aceitáveis de acréscimo econômico-social não é mais aceita como escusa para a
inobservância de tais direitos. Assim como as carências econômicas deixaram de
ser comprovadas para as violações, também perdeu valor explicativo o relativismo
cultural.
Por conseguinte, pode-se dizer que todos os direitos humanos, nacional e
internacional, constituem um complexo integral, harmônico e indivisível, em que os
diferentes direitos estão necessariamente inter-relacionados e são interdependentes
entre si. Afinal, como proclamou a Conferência de Teerã, a realização plena dos
direitos civis e políticos seriam impossíveis sem o gozo dos direitos econômicos,
sociais e culturais (MELLO, 2011).

2.3 EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

A realidade da maioria dos países do mundo é de constantes violações dos


direitos humanos e esta é também mais contundente nos países mais pobres. O
discurso neoliberal propaga a ideologia do individualismo, incentivando o sucesso
econômico como a única forma possível de felicidade (CANDAU, 2008).
Num prélio de caráter individual, a intenção do próximo, as atitudes solidárias,
a inquietação com o bem estar de todos e a participação na sociedade civil ficam
seriamente comprometidos.
Genovois (2007) exibe algumas informações do IPEA indicando que 85
milhões de brasileiros estão abaixo da linha de pobreza. A renda não alcança R$
132,00 mensais e 28,7% dos brasileiros vivendo com menos de um dólar e oito
milhões de desempregados.
16

Esta mesma autora salienta que [...] a concentração de rendas é uma


consequência perversa da globalização. Os ricos estão cada vez mais ricos em
contraste com os pobres cada vez mais pobres. O individualismo manifesta-se
exarcebado, e incita a ver no próximo um concorrente e inimigo, ao mesmo tempo
em que gera um estado de insatisfação, insegurança e medo.
Ressalta também que os meios de divulgação, ao aplainarem as pessoas por
meio da difusão de idéias, valores, aspirações, realçando as diferenças de
possibilidades e estimulando o consumo dos bens desnecessários, acabam por
abandonar os valores clássicos criando ambições sociáveis e, uma vez que essas
referências individuais e coletivas se perdem gera-se uma diminuição do civismo, do
sentido de solidariedade e do interesse pelo coletivo, instalando um desespero
decorrente do desemprego e da falta de esperanças levando a uma recrudescência
da violência e a violação cotidiana dos direitos humanos.
Diante disso, a educação em direitos humanos desponta como uma
importante estratégia para uma cultura de direitos humanos. O debate sobre a
necessidade de educação em direitos humanos no Brasil não é recente. A
Constituição de 1988, admitindo os direitos humanos como parte integrante da
estrutura jurídica e institucional, das políticas sociais e da cultura democrática,
tornou a educação em direitos humanos tema central integrante da política de
Estado (MIRANDA, 2006).
No ano de 2003, o Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos
lançou o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) tendo sua
versão finalizada em 2006. Deve-se destacar que o Brasil é signatário dos principais
documentos internacionais de direitos humanos, pois foi o primeiro a adotar um
programa para proteção e promoção dos direitos humanos na América Latina com o
Programa Nacional de Direitos Humanos (1996), e o terceiro no mundo, elaborado
juntamente com a sociedade civil, cumprindo a recomendação específica da
conferência Mundial de Direitos Humanos, atribuindo aos direitos humanos o status
de política pública governamental (HORTA, 2010).
Desse modo, o PNEDH se ampara em documentos internacionais e nacionais
em respaldo à Década da Educação em Direitos Humanos, prevista no Programa
Mundial de Educação em Direitos Humanos e seu plano de ação, admitindo que,
embora com os avanços em matéria de direitos humanos no plano normativo, o
contexto nacional caracteriza-se por desigualdades e exclusões econômica, social,
17

étnico racial, cultural e ambiental, decorrente do modelo de Estado em que algumas


políticas públicas deixam em segundo plano os direitos econômicos, sociais,
culturais e ambientais (SILVA, 2005).
Assim, Souza (2010) enfatiza que no PNEDH a educação está direcionada
para o fortalecimento do respeito dos direitos humanos e liberdades fundamentais
do indivíduo, pleno desenvolvimento da personalidade e senso de dignidade, prática
da tolerância, do respeito à diversidade de gênero e cultura da amizade entre todas
as nações, povos indígenas e grupos étnicos e lingüísticos e a possibilidade de
todas as pessoas participarem efetivamente de uma sociedade livre.
Pois, segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos esses direitos
são comuns a todos os indivíduos sem distinção alguma de etnia, nacionalidade,
sexo, camada social, grau de instrução, religião, apreciação política, orientação
sexual, ou de qualquer tipo de ajuizamento moral, ou seja, transcorre do
reconhecimento da dignidade intrínseca de todo o ser humano. Portanto, que
significa dizer educação em direitos humanos?
A Educação em Direitos Humanos é basicamente a formação de uma cultura
de respeito à dignidade humana através da promoção e da vivência dos valores da
liberdade, da justiça, da igualdade, da solidariedade, da cooperação, da tolerância e
da paz. Logo, a formação desta cultura significa criar, influenciar, compartilhar
consolidar mentalidades, costumes, atitudes, hábitos e comportamentos que
decorrem daqueles valores essenciais mencionados, que devem se transformar em
práticas (BENEVIDES, 2003).
Esta autora ressalta que essa educação sempre será contínua, voltada para a
mudança e compreensiva, no sentido de ser compartilhada e de atingir tanto arazão
quanto a emoção.
Considerando "[...] a noção de que o processo educacional, em si, contribui
tanto para conservar quanto para mudar valores, crenças, mentalidades, costumes e
práticas" (BENEVIDES, 2006, p. 225).
A questão da educação é bastante complexa e “[...] requer a explicitação de
um posicionamento claro por parte do educador, [por poder desempenhar o] papel
de agente social transformador." (DORNELLES, 2006, p. 2).
A proposta de educação em direitos humanos demanda um trabalho
compartilhado e participativo de todos que estão envolvidos no projeto pedagógico.
18

Por estar trabalhando com a formação de valores, a escola deve ter uma prática
coerente com o seu discurso (GENOVOIS, 2007).
Esse autor salienta que a educação em direitos humanos não se trata de uma
disciplina, de momentos ou aulas reservadas aos direitos humanos, mas uma
educação aprendida por meio de todos os atos vivenciados no dia-a-dia escolar, ou
seja, a função modelar dos (as) profissionais da educação é irrenunciável, visto que
os alunos e alunas aprendem muito mais com o exemplo do que com o discurso da
equipe escolar.
Deve-se ter o conhecimento dos direitos humanos, das suas garantias, das
instituições de defesa e promoção, das declarações oficiais, de âmbito nacional e
internacional, com a consciência de que os direitos humanos não são neutros, não
são declamações retóricas. Eles demandam certas atitudes e refletem outras. Assim
sendo, demandam também a vivência compartilhada. A palavra deverá sempre estar
ligada a práticas, embasadas nos valores dos direitos humanos e na realidade social
(BENEVIDES, 2003).

2.3.1 Importância da Educação em Direitos Humanos para a Cidadania

Atualmente, as mudanças ocorridas na sociedade indicam um cenário em que


se torna fundamental a educação como fator para o desenvolvimento da sociedade.
Desenvolvimento este configurado não apenas no campo dos avanços tecnológicos
e do mercado de trabalho, mas, sobretudo, para que o indivíduo, como membro de
uma estrutura social possa conviver harmonicamente com os demais seres humanos
(JACOBI, 2010).
O ensino na sociedade serve como arcabouço intermediário e para tanto
imprescindível para o acesso da compostura da pessoa humana, para a constituição
da cidadania e concretização de um Estado Democrático de Direito. O conhecimento
adquirido nas escolas é uma ferramenta que liga a realidade do ser humano a seu
crescimento como cidadão. Logo:

A educação, no entanto, não constitui a cidadania. Ela dissemina os


instrumentos básicos para o exercício da cidadania. Para que o cidadão
possa atuar no sindicato, no partido político etc., é necessário que ele
tenha acesso à formação educacional, ao mundo das letras e domínio do
saber sistematizado. Em consequência disso a formação do cidadão
passa necessariamente pela educação escolar (SANTOS, 2011, p. 65).
19

A educação deve ser considerada um procedimento de humanização do


indivíduo, contribuindo para a construção de políticas que efetivem melhorias da
condição humana. Ao garantir a qualidade educacional no País, procura-se
promover o crescimento da sociedade e a redução das desigualdades.
Compete ao Estado aumentar condições para o acesso dos direitos e
garantias fundamentais dos cidadãos. Sobremaneira o acesso à educação para
promovera construção cultural da democracia. Assim sendo:

A educação democrática assume assim uma enorme dimensão, que não


se restringe a programas educacionais fragmentados, mas alcança a
formação de um homem capaz de pensar e transformar o próprio mundo
em que vive. Requer uma sociedade democratizada, requer políticas
públicas de valorização do processo educacional, do profissional da
educação, da permanência do aluno na escola e da qualidade do ensino
ministrado (RUTKOSKI, 2006, p. 365).

A Magna Carta, em seu Capítulo III ao tratar da educação destaca a


prioridade que o Estado deve dar para este tema, objetivando a construção de um
cidadão como agente transformador da sociedade. Desse modo, consta no art. 205
da Constituição Brasileira que:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 2007, p. 93).

Desta mesma maneira o art. 6º da Constituição Federal de 1998 menciona


que: são direitos sociais a educação, a saúde, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição (BRASIL, 2007, p. 19).
Os direitos sociais traduzem-se em uma obrigação de fazer do Estado em
relação aos seus governados, são prestações positivas no sentido de oportunizar
aos cidadãos garantias que tenham por objetivo a redução das desigualdades
sociais.
O PNEDH já cita que a educação se impõe como condição fundamental para
o desenvolvimento do País. A qualificação das instituições faz-se necessária para
que estas desempenhem sua missão educacional, institucional e pública na
20

sociedade. A educação superior tem grande importância especialmente no que se


refere ao desenvolvimento humano e na concretização de um Estado independente
e desenvolvido. Entre seus objetivos pode-se destacar a busca em “[...] estabelecer
uma política de expansão que diminua as desigualdades de oferta existentes entre
as diferentes regiões do País” (BRASIL, 2007).
Desta maneira o Plano Nacional de Educação objetiva o crescimento cultural
da sociedade através da educação e com isto reduzir os desequilíbrios regionais que
hoje existem no Brasil.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos cita que "toda pessoa tem
direito à educação", porém, na realidade muitas crianças e jovens não têm acesso à
educação, desta maneira é essencial a criação e manutenção de políticas públicas
de que efetivem a educação a todos. A educação é de grande importância para o
progresso social e individual, principalmente no que se refere a promoção do
desenvolvimento (UNESCO, 2007).
No mundo contemporâneo de rápidas transformações, o ensino de qualidade
é fundamental para que o ser humano possa fazer uma avaliação crítica da real
situação da sociedade e se torne um agente transformador no ambiente em que
vive. Com a produção do conhecimento e a capacitação do indivíduo, este poderá
viver civilizadamente e promover melhorias para o futuro da sociedade brasileira. Os
direitos à educação é um direito de todos e como tal deve ser respeitado e garantido
pelo Estado a todas as pessoas, independente de raça, cor, sexo, nacionalidade,
eliminando qualquer forma de discriminação (BRASIL, 2007).
Diante do exposto, a incorporação dos direitos humanos na educação torna-
se primordial para a construção do sujeito como ser partícipe de uma sociedade, e
como tal para a formação de sua cidadania.
21

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, conclui-se que diversos momentos históricos contribuíram


para a promoção e proteção dos direitos humanos ao longo dos anos. Todavia, a
Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Declaração de Viena foram
fundamentais para que seus preceitos fossem expandidos pelo mundo, já que estes
documentos objetivam atingir interesses específicos dos Estados por intermédio de
garantias coletivas, as quais procuram estabelecer obrigações objetivas em matéria
de direitos humanos que são vistas e percebidas como necessárias para a
preservação da ordem pública internacional.
O lugar da educação no desenvolvimento da consolidação dos direitos
humanos e da cidadania encontra sua fundamentação na inscrição constitucional
brasileira: a Constituição consagrada em 1988 proclama implicitamente a
responsabilidade concomitante do Estado e dos cidadãos no dever de educar, ou
seja, é somente por meio da participação de todos os membros da sociedade e do
Estado na educação e na construção de um novo modo de conceber a cidadania
que os direitos humanos fundamentais poderão atingir sua efetividade plena,
conforme os ditames da Declaração Universal de 1948 e da Carta Constitucional
brasileira.
Assim sendo, a idéia de educação em direitos humanos para a cidadania
ganhou excessiva importância devido a seus pressupostos e princípios que têm
como finalidade a observância e proteção da dignidade da pessoa humana de
maneira universal, ou seja, abrangendo todos os indivíduos. Portanto, a importância
e a necessidade de implantar-se uma educação voltada para os direitos humanos é
matéria pacífica.Daí decorre a grande relevância deste tema no cenário mundial,
sendo necessário promover uma política emancipatória de direitos humanos que
estabeleça direitos mínimos aos indivíduos, que devem ser respeitados a fim de
proteger e respeitar a dignidade da pessoa humana inerente a todas as pessoas,
sobretudo no processo de educação para a cidadania. Logo, deve-se operar a
mudança de mentalidade e a conscientização dos operadores do direito a respeito
do tema ora analisado, com o objetivo de que novos princípios e conceitos sejam
consagrados, indicando aos cidadãos o caminho do entrosamento e da
concordância, sem o qual serão compelidos a uma coexistência própria dos
períodos mais herméticos armazenados pela história.
22

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