Curitiba/PR
Durante esta época surgiram vários personagens que com suas ideias
influenciaram de grande maneira as ideias libertárias. Podemos citar o
Almirante Aristides Aubert Dupetit Thouahrs que chega no Brasil em 1791 e
funda o Grupo “Cavaleiros da Luz”. Quando Dupetit regressa à França,
continua o seu trabalho, Larcher. Estamos no ano de 1796 e se diz que este
homem fundou uma Loja Maçônica com o nome de Cavaleiros da Luz e que
é considerada por muitos como a primeira Loja Maçônica no Brasil (Fig. 1).
Rito Moderno no Brasil.
Cronologia (Brasil x Portugal)
O Grande Oriente Lusitano teve as suas bases instituídas por volta de 1800,
tendo como 1º Grão-Mestre em 1803, o desembargador Sebastião de São Paio,
nome simbólico Epicteto, mudado depois para Egas Moniz. O nome simbólico
era largamente usado para ocultar os maçons das perseguições dos Inquisidores
e Detratores da Ordem Maçônica. O Rito Oficial do G∴O∴L∴ adotado em seu
início é o Rito Francês ou Moderno, logo codificado através da Constituição de
1806, a qual incluía toda a organização do Rito no seio do G∴O∴L∴, seguindo o
formato francês.
Rito Moderno no Brasil.
Maçonaria Regular em Portugal
“...” Posto que no principio d’este século já se tinhão juntado no Rio de Janeiro
alguns Mac. em huma Loja, a que derão o titulo de Reunião, todavia, como não
trabalharão regularmente, não poderemos datar o estabelecimento da
Maçonaria senão do anno de 1803, quando o Gr. Or. Lusitano, querendo
propagar as verdadeiras doutrinas maçônicas no Brasil, nomeou para esse fim
três Delegados com plenos poderes de crear Lojas regulares no Rio de Janeiro,
filiadas ao Gr. Or. Lusitano.
...” Consta por documentos authenticos, que no dia 5 de Julho 1802, fora
creada ao Oriente da Bahia a L. Virtude e Rasão, do rito moderno, de cujo
seio sahirão outras officinas. Forão ellas a L. Virtude e Rasão Restaurada,
installada com doze obreiros, que da primeira passarão a funda-la em 30 de
março de 1807, e que em 10 de agosto de 1808 tomou o titulo de L.
Humanidade, e a L. União, creada em 12 de Setembro de 1813 por 18 Irs. da
mesma L. mãe Virtude e Rasão.
Por iniciativa do irmão capitão João Mendes Viana, a Commércio e Artes foi
reinstalada em 24 de junho de 1821 sob os Auspícios do Grande Oriente de
Portugal, Brasil e Algarves, quando aumentou o seu título para “Comércio e
Artes na Idade do Ouro”.
— O Ir∴ Menezes não apresenta uma cópia exata das 19 atas que se
encontram no “Livro de Ouro” do “Grande Oriente do Brasil”. Ele divaga
sobre o que está escrito e acrescenta o que não viu:
É fácil chegar a esta conclusão, considerando que o Ir∴ Menezes havia sido
eleito e empossado no cargo de Cobr∴ da Loj∴ n.° 2 (União e
Tranquilidade), e como tal, estava obrigado a ficar no vestíbulo juntamente
com os lir∴ CCobr∴ das LLoj∴ n.° 1 (Commércio e Artes) e n.° 3 (Esperança
de Niterói), respectivamente, os Iir∴ Pedro (ilegível) Grimaldi e Padre João
José de Carvalho Colleta, com o fim de identificarem os Iir∴ pertencentes a
cada um dos citados QQuadr∴ que compareciam às Assembleias Gerais.
Ora, ficando longe e fora do recinto, é certo que o Ir∴ Menezes não podia
ter conhecimento do que se passava nessas assembleias, ressalvando-se
apenas o que, ocasionalmente, algum ir∴ lhe contasse depois.
Trecho da “Acta N.° 19”, da Ses∴ realizada aos 21 dias do 7 ° mez do anno da
V∴ L∴ 5822:
Foi recusado o pedido e mandou a Gr∴ Loj∴ fazer sentir àquelles Iir∴, de
quanta ponderação e confiança era o lugar que ocupavam, e que este único
motivo deveria lhes ter sido sobejo, para, não desgostando-se do seu cargo,
procurar desempenhal-o com todo o zêlo e actividade.
Rito Moderno no Brasil.
Entendendo os equívocos
Mas acontece que esse carinho, aliado à facilidade com que certos
argumentadores o apresentavam como personagem principal ou
participante de todos os acontecimentos da época, foram criando na sua
Imaginação uma quase certeza de que isso era real.
“Sinto não poder indicar outros nomes ilustres, não só por não me recordar depois
de 36 anos, como por ignorar, o que praticarão outros com quem não estive em
contacto, de cuja omissão involuntária espero ser desculpado.”
Haviam decorrido 36 anos! Era difícil, quase impossível, ser rigorosamente exato. O
Ir∴ Manoel Joaquim de Menezes esperava ser desculpado por aqueles que
involuntariamente tivesse omitido. Longe estava ele de imaginar que também
necessitava ser desculpado pela confusão que iria criar com alguns equívocos que se
encontram na sua “Exposição Histórica da Maçonaria no Brazil.
Rito Moderno no Brasil.
Entendendo os equívocos
Na página 7 do seu livro, o irmão Teixeira Pinto transcreve a ata que consta
na “Exposição Histórica” do irmão Manoel Menezes, e evidencia os nomes
dos maçons fundadores da Loja Commércio e Artes com os seus nomes
simbólicos, como por exemplo:
...” assim não há que duvidar que a reinstalação (da Commércio e Artes) foi feita sob os
auspícios do Gr∴ Or∴ de Portugal, Brazil e Algarves, e também que a Loj∴
funcionava no Rito Adonhiramita, uma vez que esse Rito era e continua
sendo o único que torna obrigatório o uso de um nome histórico aos que o
praticam”
Rito Moderno no Brasil.
Entendendo os equívocos
...
Encerrando a narrativa do irmão Teixeira Pinto nesse ponto, comentamos que o seu
livro é muito analítico, super bem detalhado, há muita segurança nos comentários
apresentados, mas, contém, ao menos, um erro de interpretação, como veremos a seguir:
Teixeira Pinto se vale dos nomes simbólicos dos irmãos da Commércio e Artes para afirmar
ser prática exclusiva do Rito Adonhiramita, ou seja, emitiu a sua conclusão por analogia.
Temos outra referência nos escritos do irmão Joaquim da Silva Pires (Fig. 21),
em sua obra “Rituais Maçônicos Brasileiros” (Fig. 22), editado pela Trolha, à
página 38, onde o mesmo nos afirma categoricamente, baseado em seus
profundos estudos sobre a maçonaria brasileira, que o GOB foi fundado sob a
égide do Rito Moderno e, ainda mais, afirma que o nome simbólico não era
exclusividade do Rito Adonhiramita, rito este que iniciou no GOB em 16 de
agosto 1837, na Loja Sabedoria e Beneficência.
Rito Moderno no Brasil.
Livro de A. H. Oliveira Marques
Vemos no livro A Maçonaria em Portugal (Fig. 23), do irmão Oliveira Marques,
conceituado escritor português, à página 32, que desde pelo menos 1800, se
usava o nome simbólico por compreensiva medida de segurança. Assim, cremos
que a tese sobre tal utilização está devidamente aclarada.
Rito Moderno no Brasil.
Grande Oriente Brazileiro (do Passeio)
Na Revista Astréa, anno 2, nº 4, de 1928 (Fig. 23 A,) pág. 162 (Figs. 23 B, C e D),
encontramos mais informações preciosas a respeito do nosso estudo, como segue:
Fig. 23
B
Fig. 23 A
Fig. 23 C
Rito Moderno no Brasil.
Revista Astréa, no 4 – 1928 – Páginas 166, 168 e 169.
Fig. 23 E – Pág. 166
...Destes quadros deve fazer-se especial
menção da que tem por título <<Commércio
e Artes>> que por mais antigo no Rio de
Janeiro, é mais povoado...
Fig. 23 F – Pág. 168
<<Educação e Moral>>,
<<Reunião Brazileira>> e
<<Amor à Pátria>>,
Fig. 23 I - 171
Rito Moderno no Brasil.
Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832 – Pág. 53
Pág. 53
...Logo depois de reinstallado o primeiro reconhecido Oriente do Brasil, que só as perseguições do anno de
1822, e circunstâncias políticas dos seguintes, embaraçarão de trabalhar, sem com tudo extingui-lo, e tanto
que os seus membros se apresentarão em seus postos, logo que a luz maç∴ sahio debaixo do Módio, e
appareceo no seu verdadeiro candelabro: huma participação e fraternal convite se fez logo para uma gloriosa
reunião, à esse Corpo, que no anno de 1830, se erigira em Oriente...Por Del∴ da Gr∴ L∴ de 13 de Out. de
1832...
Rito Moderno no Brasil.
Pág. 55
Rito Moderno no Brasil.
Pág. 56
Pág. 58
Fig. 23 J
Rito Moderno no Brasil.
Jornal do Gr.’. Or.’. Brazileiro – nº 2 – novembro de 1870
...Não podia o grupo do Lavradio formar um Or∴ do Rit∴ Franc∴ porque este já existia no Gr∴ Or∴ Brasileiro, que
funccionava neste Rit∴, e que não estava adorm∴.... <<>>...Não podia o grupo do Lavradio, crear um Or∴ do Rit∴
Esc∴, não só porque a máxima parte de seus membros pertencia ao Rit∴ Franc∴ e não tinha poderes para funcionar
no Rit∴ Esc∴ como porque existia um Gr∴ O∴ do Rit∴ Esc∴ (o de Montezuma)...
Rito Moderno no Brasil.
Jornal do Gr.’. Or.’. Brazileiro – nº 3 – dezembro de 1870
Fig. 23 P, página 37
Fig. 23 O
Rito Moderno no Brasil.
Constituição do Gr.’. Or.’. Brazileiro – 1834
Fig. 23 Q
Aqui,
evidenciamos na
Constituição do
Grande Oriente Fig. 23 R
Brazileiro
a mudança do
Rito Francês
(como já visto),
para o REAA e,
ao final, os
nomes
declinados.
Fig. 23 S
Rito Moderno no Brasil.
Considerações finais – Voltando ao Grande Oriente do Brasil.
Vejamos o que se diz a respeito de D. Pedro no texto sobre a análise dos seus
objetos maçônicos no recorte da Revista Ciências e Maçonaria (Figs. 24 a 28),
edição de 10/07/2017.
Rito Moderno no Brasil.
Análise dos pertences de D. Pedro
Rito Moderno no Brasil.
Análise dos pertences de D. Pedro
Rito Moderno no Brasil.
Análise dos pertences de D. Pedro
Rito Moderno no Brasil.
Parecer dos pertences de D. Pedro
Rito Moderno no Brasil.
Encerrando as atividades
Datam de 1833 (Fig. 29) os Rituais da Loja Commércio e Artes que traz grafado na
abertura dos trabalhos de aprendiz “sob os Auspícios do Grande Oriente Brazileiro
(Passeio),” e em 1834 (Fig. 30) foram publicados pelo G∴O∴B∴, os Reguladores do Rito.
Rito Moderno no Brasil.
Ideais Maçônicos de 1822
No momento, encerramos esse trabalho com a fala do nosso irmão JOÃO ALBANO
CARVALHO em sua obra sobre o dia 20 de agosto:
“De qualquer maneira hoje, por meio de pesquisas, podemos pender para um ou
outro lado, aceitar ou questionar os dados apresentados, mas o fato é que, nesse
ano de 1822, os ideais maçônicos estavam postos para o engrandecimento do
homem e sua evolução, fazendo com que a tríade maçônica que nos rege,
Liberdade, Igualdade e Fraternidade pudesse estar presente na vida de todos os
cidadãos, independentemente de sua ascensão social, credo, sexo e raça. Nunca
esteve a Maçonaria Brasileira tão determinada em alcançar seus objetivos e tão
próxima do povo.”
Rito Moderno no Brasil.
Agradecimentos
***Material compilado da Internet adaptado e reeditado, reservando-se o direito aos seus criadores.
Annaes Maçônicos Fluminenses – 1832; Casa Comum (Fundação Mário Soares); Teixeira Pinto, História da Independência; Walter Celso
de Lima, JB_News-Informativo_nr_2245/224; Blog (http://www.ritofrances.net/) do Q∴ ir∴ Victor Guerra Garcia, Presidente del Circulo
de Estudios de Rito Francés Roëttiers de Montaleau, Masonólogo, 5° Orden, Grado 9, Gran Inspector General del RM, Valle de España;
Blog (https://racodelallum.blogspot.com.br/) do Q∴ ir∴ Joaquim Villalta,Vice Presidente del Circulo de Estudios de Rito Francés
Roëttiers de Montaleau , Masonólogo e Acadêmico, 5° Orden, Grado 9, Gran Inspector General del RM, Valle de España; Acta
Latomorum de Claude Antoine Thory; Illustration of Masonry de William Preston e tratado Portugal e Grande Oriente da França (obras
cedidas por Joaquim Villalta); Boletins do GOB; SCRM; Ritual Aprendiz Rito Moderno/GOB-2009; Museu Maçônico Paranaense; Paulo
César Gaglianone; SCRM; Antônio Onias (In-Memorian); Hélio P. Leite; Álvaro Palmeira; José Coelho da Silva; A Trolha; kennyo Ismail;
Loja Universitária Professor José de Souza Herdy; Pedra Oculta; Diego Denardi; José Ronaldo Viega Alves; Constituição do Grande
Oriente do Brasil, 1975. Rio de Janeiro, 22-05-1975; Constituição do Grande Oriente do Brasil, 2001. Distrito Federal, 30-11-1990;
Constituição do Grande Oriente do Brasil, 2007 – última revisão em 10-09-2012; PIRES, Joaquim da silva - O Roteiro da Iniciação de
Acordo com o Rito Escocês Antigo e Aceito, 1ª ed. Londrina: Ed. Maçônica “A Trolha”, 2011; ir.’. Valney (RB); ANTUNES, Álcio de Alencar.
O Rito Moderno no Contexto da Maçonaria Universal. In: Supremo Conselho do Rito Moderno. O Rito Francês ou Moderno: A
Maçonaria do Terceiro Milênio. Londrina, PR, Ed. Maçônica A Trolha, 1994. BAPTISTA, Antônio Samuel. Rito Moderno: Uma
Interpretação. In: Supremo Conselho do Rito Moderno; O Rito Francês ou Moderno: A Maçonaria do Terceiro Milênio. Londrina, PR, Ed.
Maçônica A Trolha, Castellani, José; Manual do Rito Moderno, Editora A Gazeta Maçônica, 1991; Neto, Antônio Onias, O Rito Moderno
ou Francês, no site Mason Kit.Net (acesso em 26/02/2013); Wikipédia, Rito Moderno (acesso ao site em 26/02/2012); Revista Astréa,
Órgão Official do Supremo Conselho do Brasil, Anno II, números 9 e 10, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro de 1928; Cérberus
Magazine; Multi Rio (Crise do Sistema Colonial); Site: masonic.com.br/avental/mod00.htm; Site: Triângulo Atelier; István Jancsó e
Marcos Morel, Novas perspectivas sobre a presença francesa na Bahia em torno de 1798; Revista Retales de Masoneria, ano 1, nº 4;
Primeiros Rituais Maçônicos Brasileiros, Joaquim da Silva Pires; Site do SCRM e colaboração especial dos queridos irmãos Lázaro
Sadrack Meira Araújo, Cavaleiro Eleito Escocês, II Ordem, Grau 5 do Rito Francês ou Moderno e José Maria Bonachi Batalla, SGIG de
Honra do Supremo Conselho do Rito Moderno. Fatos e nomes omissos? Favor contatar-nos para a devida observação.