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EVICÇÃO (arts.

447 a 457, CC/2002)

Da Evicção

Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda
que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.

Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a
responsabilidade pela evicção.

Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem
direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou,
dele informado, não o assumiu.

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do
preço ou das quantias que pagou:

I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da
evicção;

III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em
que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada,
exceto havendo dolo do adquirente.

Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado
a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.

Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas
pelo alienante.

Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o
valor delas será levado em conta na restituição devida.

Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do
contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for
considerável, caberá somente direito a indenização.

Art. 456. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)

Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou
litigiosa.
EVICÇÃO

1. Noções Conceituais

Conceito: consiste na perda, pelo adquirente (evicto), da posse ou propriedade da coisa transferida, por força
de uma sentença judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito anterior de terceiro, denominado
evictor.

A sua previsão legal decorre especialmente da necessidade de se resguardar o adquirente de uma eventual
alienação a non domino, ou seja, alienação de coisa que não pertence ao alienante.

Em tal caso, poderá o alienatário (adquirente) voltar-se contra aquele, se vier perder a coisa para terceiro.

Vê-se que da evicção participam três personagens fundamentais:


a) alienante
b) adquirente (evicto)
c) terceiro (evictor)

Caso o adquirente (evicto) venha a perder a coisa para o terceiro/reivindicante (evictor), que prova o seu
legítimo e anterior direito à propriedade da coisa, poderá voltar-se contra o alienante, para haver deste a justa
compensação pelo prejuízo sofrido.

2. Fundamentos Jurídicos

Mesmo que analisássemos o instituto sob uma ótica estritamente patrimonialista, teríamos por certo que o
princípio geral da proibição do enriquecimento se causa já legitimaria social e juridicamente a sua utilização.

A evicção somente é cabível nos contratos onerosos (em que os “ônus” da avença devem ser divididos entre os
contratantes, para que possam obter os proveitos desejados), e a perda do bem, sem que se buscasse reparar as
coisas ao status quo ante, importaria em locupletamento sem contraprestação do alienante.

Para saber mais


Locupletamento ou Enriquecimento sem causa
O tema é tratado pelo Código Civil, em seu artigo 884, que determina que quem, sem justo motivo, enriquecer
gerando danos ou perdas a outra pessoa, será obrigado a restituir o que foi indevidamente obtido.
A palavra locupletamento deriva de locupletar, que significa enriquecer, ou ter acréscimo de patrimônio ou
riquezas, não necessariamente de forma ilícita. Todavia, no âmbito jurídico, a palavra geralmente é utilizada no
sentido de enriquecimento sem causa, ou ilícito, que ocorre em prejuízo a alguém.
Ex: multas contratuais que sejam desproporcionais, taxas cobradas por serviços não prestados.

Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a
restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.

Todas essas noções vêm profunda e umbilicalmente informadas e influenciadas por um princípio maior, o da
boa-fé objetiva.

A ocorrência da evicção não deixa de traduzir, na esmagadora maioria das situações, uma afronta a esse
princípio basilar das relações jurídicas, pela inegável quebra da lealdade que deve pautar toda e qualquer
relação negocial.

Assim, a garantia da evicção guarda íntima conexidade com o princípio da boa-fé, informador de todo o Direito
Privado.

 Não se pode falar de evicção, se o arrematante sabia que a coisa era alheia ou litigiosa, na forma do art.
457 do CC/02.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.

3. Requisitos

Em nosso Código Civil, a evicção é disciplinada a partir do seu art. 447:

Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a
aquisição se tenha realizado em hasta pública.

A primeira pare do dispositivo deixa bem claro quem responde pelos riscos: o alienante.

E para que a sua responsabilidade se manifeste, três requisitos devem ser conjugados:
a) aquisição de um bem;
b) perda da posse ou da propriedade;
c) prolação de sentença judicial ou execução de ato administrativo.

Aquisição de um bem

Para que a evicção se opere, é preciso verificar qual foi a maneira pela qual o bem foi adquirido. Isso porque,
para caracterizar a evicção, tal aquisição deve preceder cronologicamente à perda da coisa.

 Esta aquisição pode-se dar por duas maneiras, quais sejam, a celebração de um contrato oneroso,
translativo de posse ou propriedade da coisa, ou a sua aquisição e hasta pública.

 Contratos onerosos

Obs: Encontram-se fora da proteção contra os efeitos da evicção todos os contratos gratuitos translativos de
posse e propriedade de bens. Por exemplo, não há que se falar do instituto nos contratos de doação simples ou
comodato, uma vez que os ônus patrimoniais foram impostos apenas para uma das partes pactuantes.

Quando se fala em risco de evicção, a concepção doutrinária tradicional faz menção sempre ao contrato de
compra e venda.

É importante frisar que a evicção já poderá operar-se com a perda da simples posse da coisa, não sendo uma
figura exclusiva de tal figura contratual (compra e venda).

 Aquisição em hasta pública

O art. 447 do CC/2002 teve uma parte final acrescentada pelo codificador de 2002, que até então não existia
na lei anterior: “subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública”.
Ex: imagine que Carlos haja arrematado determinado bem móvel ou imóvel (em leilão ou praça,
respectivamente). Se, após a arrematação e a expedição da imprescindível carta (comprobatória do seu novo
direito de propriedade), vier a ser demandado, em sede de ação reivindicatória, proposta por Adolfo, e
sucumbir, poderá exercer o seu direito de regresso (fruto da garantia de evicção) contra o devedor, de cujo
patrimônio se originou o bem levado à hasta.

Para saber mais


Hasta Pública
É a alienação forçada de bens penhorados, realizada pelo poder público, por leiloeiro devidamente habilitado,
pelo porteiro ou por um auxiliar da justiça. O porteiro hoje não é uma função muito exercida e, por isso, muitas
vezes seu trabalho é promovido pelo oficial de justiça. Ela pode ser dar de duas formas: pela praça, quando
houver, entre os bens penhorados, algum imóvel, ou por leilão, quando todos bens penhorados forem móveis.
Considera-se a aquisição de bem em hasta pública como aquisição originária, razão pela qual não existe
nenhuma relação jurídica entre o arrematante e o antigo proprietário do bem, assim como todos os débitos
existentes sub-rogam-se no preço avençado.
Nesse caso, o arrematante, Carlos, uma vez litigando com o terceiro, Adolfo, sobre a coisa adquirida em hasta
pública, deve valer-se da denunciação da lide como meio de sua pretensão regressiva (art. 125, I, do
CPC/2015).

CPC/2015
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que
possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
(...)

Quando Carlos arrematou um bem, o fez em sede de execução, para viabilizar que os credores do
devedor/executado fossem satisfeitos. Ora, se o arrematante vier a perder a coisa, concluímos que o devedor
locupletou-se indevidamente, por haver propiciado a hasta de um bem aparentemente seu, mas que, de fato,
não lhe pertencia. Em tal caso, o valor pago por Carlos caracterizaria pagamento indevido, cabendo ao mesmo,
por força da segunda parte deste dispositivo, voltar-se contra o executado (devedor), para exercer o direito que
da evicção lhe resulta.

Perda da posse ou da propriedade

A evicção remete-nos à ideia de perda do domínio (ou da posse), por força de ato judicia ou administrativo que
reconheça direito anterior de terceiro.

Note-se que o prejudicado, quando consumada a perda do bem (e, consequentemente, a evicção), é o
adquirente, também denominado evicto.

 Basta que se perca a posse daquilo que legitimamente se transferiu ao evicto (independentemente de a
sentença transitar em julgado ou da transferência do domínio), para que este possa valer o seu direito
contra o alienante.

Prolação de sentença judicial ou execução de ato administrativo

Tradicionalmente, a doutrina costuma referir que a evicção decorre de uma sentença judicial, que reconhece
direito anterior de terceiro sobre a coisa.

Entretanto, nada impede que a perda do bem se dê por força de um ato administrativo, como, por exemplo, uma
apreensão policial.
Ex: imagine que Leodegário esteja guiando o seu veículo, recém-comprado, e seja parado por uma blitz policial.
Após apresentar seus documentos, o policial verifica que o automóvel havia sido roubado. Situação
extremamente desagradável e desconcertante, sobretudo porque Leodegário de nada sabia. Em seguida, o
veículo é apreendido, operando-se, por consequência, a perda da posse (e posteriormente da propriedade) do
bem. Nesse contexto, nada impede que o evicto (Leodegário), sem que houvesse sido prolatada nenhuma
sentença, ingresse de imediato, com ação judicial para haver do alienante do veículo a justa compensação por
sua perda.

 Concluímos que a sentença nem sempre é indispensável para que se consume o risco decorrente da
evicção.

Claro está que esse ato administrativo deve ser firme o bastante para implicar efetiva perda da posse ou da
propriedade (outro bom exemplo seria a apreensão de produtos por ficais da alfândega).

4. Direitos do Evicto

O evicto, ao exercer o seu direito, resultante da evicção, formulará, em face do alienante, uma pretensão
tipicamente indenizatória
 Poderá pleitear, salvo estipulação em contrário, além da restituição do preço ou das quantias que pagou
(art. 450 do CC/2002):
a) a indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
b) a indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
c) as custas judiciais e os honorários do advogado por ele constituído.

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das
quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu,
e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

A obrigação prevista neste artigo subsiste para o alienante, ainda que a coisa esteja deteriorada, exceto se tiver
havido dolo do adquirente (art. 451). Ou seja, se a coisa alienada não estava em perfeito estado de conservação
ou estava parcialmente destruída, e o evicto vem a perdê-la, ainda assim terá direito à restituição integral, na
forma do art. 450. Perderá, entretanto, esse direito, se atuou dolosamente, dando causa à deterioração. Em tal
caso, não terá direito à compensação integral, abrangente das perdas e danos.

Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto
havendo dolo do adquirente.

Caso o evicto já tenha sido compensado pelas deteriorações, o alienante poderá reduzir o valor dessas
vantagens da quantia que teria de restituir-lhe, a teor do art. 452 do CC/2002.

Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-
las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.

5. Espécies de Evicção: Total e Parcial

Na medida em que implique a perda completa da propriedade ou apenas de fração dela, a evicção será chamada
de total ou parcial, respectivamente.

Na forma do parágrafo único do art. 450 do CC/2002, vale notar que, seja total ou parcial:

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das
quantias que pagou:
(...)
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu,
e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

 Evicção parcial

Na perda não integral da coisa alienada (por exemplo, a reivindicação de parte de livros de uma biblioteca, de
parte de um terreno adquirido ou de alguns animais de uma fazenda comprada de “porteira fechada”), poderá o
evicto optar entre a dissolução do contrato ou a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque
sofrido.

Caso não seja considerável a evicção (circunstância que deverá ser aferida pelo juiz in concreto), terá direito
apenas à indenização (art. 455).

Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a
restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente
direito a indenização.

Trata-se de uma hipótese de concurso de direitos ou pretensões não podendo, por óbvias razões, o evicto
cumular ambos os pedidos.

 O que se tem, efetivamente, é uma pretensão e, por isso, o prazo deverá ser considerado prescricional.
O que se verifica é uma pretensão de reparação civil, pois o alienante (ou devedor expropriado, no caso da
hasta pública) acabou por gerar um dano no patrimônio do adquirente evicto, por submeter um bem, que não
era seu, mais sim do terceiro evictor

 O prazo para tal pretensão é de 3 (três) anos, na forma do art. 206, § 3º, V, do vigente Código Civil
(prazo para se formular pretensão de reparação civil).

Art. 206. Prescreve:


(...)
§ 3o Em três anos:
V - a pretensão de reparação civil;

6. Evicção e Autonomia da Vontade – A Cláusula de Não Evicção

Deve-se redobrar a atenção quando analisar tema referente à exclusão, à diminuição ou ao aumento da garantia
decorrente da evicção.

Essa garantia poderá, dentro do âmbito da autonomia da vontade, sofrer extensão ou retração, podendo até
mesmo ser suprimida, nos termos do art.448 do Código Civil:

Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.

 Essa possibilidade sempre decorrerá de cláusula expressa, nunca podendo ser implícita, consoante
deflui claramente da primeira parte do dispositivo.

Se as partes resolverem aumentar (extensão da garantia) o direito do adquirente – estabelecendo uma multa
caso se consuma a perda, por exemplo -, abater a garantia de indenização pelos eventuais frutos restituídos
(diminuição da garantia), ou excluírem totalmente a responsabilidade pela evicção, somente poderão fazê-lo
por cláusula expressa constante do contrato firmado.

Existe uma hipótese de exclusão legal da garantia, que é a mencionada previsão legal do art. 457 do Código,
que proíbe o adquirente de demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.

Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.

Trata-se de um dispositivo umbilicalmente ligado ao superior princípio da boa-fé objetiva, uma vez que não se
configura justo que o alienatário (adquirente) possa pleitear compensação por um dano conscientemente
sofrido.

 Se sabia que a coisa era alheia (de terceiro) ou litigiosa (era objeto de disputa judicial), não deverá
contratar.

 Ainda que tenha havido a exclusão convencional da garantia (art. 448), se a evicção se operar, o evicto
terá o direito de receber pelo menos o preço que pagou pela coisa evicta, se não tiver sabido do risco da
evicção, ou, tendo sido dele informado, não o assumiu, conforme estabelecido expressamente pelo art.
449 do CC/2002.

Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a
receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o
assumiu.

Mesmo que o contrato conste a cláusula “o alienante não responde pelos riscos da evicção”, ainda assim o evicto
– a quem não houvesse sido noticiado o risco de perda ou, mesmo informado, que não tenha assumido esse
risco – terá, ao menos, o direito de receber o preço pago. Não terá direito à indenização pelos frutos restituídos,
benfeitorias ou outras despesas, assistindo-lhe apenas o direito de haver de volta a quantia que pagou pela
coisa que se evenceu.
CLÁUSULA EXPRESSA DE EXCLUSÃO DA GARANTIA PELA EVICÇÃO
 Só se exclui a cláusula da responsabilidade do alienante pela evicção mediante renúncia expressa.
 Nos contratos de adesão essa renúncia é considerada cláusula abusiva (nula).
 Na omissão do contrato, responde o alienante da mesma forma, pois entende-se presumida a garantia pela
evicção.

 Cláusula expressa de exclusão da garantia pela evicção + conhecimento do risco de perda da coisa pelo
evicto (adquirente) = isenção de toda e qualquer responsabilidade por parte do alienante.
 Cláusula expressa de exclusão de garantia pela evicção + ausência de conhecimento do risco de perda da
coisa pelo evicto (adquirente) ou a não aceitação desse risco pelo evicto (adquirente), se ele tinha o
conhecimento = responsabilidade do alienante pelo preço pago na coisa evicta.

7. Evicção e Benfeitorias

Por benfeitorias se entendem a obra realizada pelo homem, na estrutura da coisa principal, com o propósito de
conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la.

Considera-se necessária a benfeitoria realizada para evitar um estrago iminente ou a deterioração da coisa
principal (ex: reparos realizados em uma viga). Úteis, aquelas empreendidas com o escopo de facilitar a
utilização da coisa (ex: a abertura de uma nova entrada que servirá de garagem para a casa). E, finalmente,
voluptuárias, quando empreendidas para mero deleite ou prazer, sem aumento da utilidade da coisa (a
decoração de um jardim) (art. 96, CC/2002).

Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.


§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o
tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.

Note-se que toda benfeitoria é artificial, decorrendo de uma atividade humana, razão por que não se
confundem com os acessórios naturais do solo (art. 97, CC/2002).

Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a
intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.

Visando a evitar possíveis litígios, o legislador cuidou de disciplinar as consequências da evicção, em face das
benfeitorias à coisa que se evenceu.

As benfeitorias necessárias ou as úteis, como dispõe o art. 453, não pagas (abonadas) ao que sofreu a evicção,
serão devidas pelo alienante. Ou seja, caso o terceiro (evictor) não as pague, a responsabilidade recai sobre a
pessoa que alienou a coisa perdida. A responsabilidade original de seu pagamento é, portanto, do terceiro
evictor, uma vez que o adquirente evicto se encontrava na posse da boa-fé, invocando-se, portanto, o art. 1.219
do CC/2002.

Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo
alienante.

Caso as benfeitorias tenham sido feitas pelo alienante, seu valor, abonado pelo evictor, será descontado da
quantia a ser restituída por ele ao evicto (art. 454).

Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas
será levado em conta na restituição devida.
O Código não faz referência alguma às benfeitorias voluptuárias, razão por que concluímos que elas, quando
realizadas de boa-fé, e desde que não tenham sido pagas, poderão ser removidas (levantadas), sem detrimento
da coisa, por aplicação subsidiária do mencionado art. 1.219 da lei civil, se o evictor não preferir pagar por elas.

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como,
quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e
poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Caso não possam remover sem dano à coisa principal, perdê-las-á o evicto em benefício do reivindicante, por
não se afigurar justo que este último seja constrangido a pagar por uma benfeitoria de mero deleite, realizada
sem a sua anuência. O mesmo se diz em relação ao alienante da coisa, por absoluta falta de previsibilidade legal
no sentindo de sua responsabilidade civil em tal circunstância.

PAGAMENTO DAS BENFEITORIAS


Úteis ou Necessárias Voluptuárias

 Benfeitorias feitas pelo Evicto  Remoção sem dano à coisa principal


Responsabilidade primária  Terceiro evictor Evicto  direito de retenção quando o evictor não
Responsabilidade secundária  Alienante pagar por elas

 Benfeitorias feitas pelo Alienante  Remoção com dano à coisa principal


Valor considerado na restituição ao evicto Evicto  perde em benefício do reivindicante que não
será constrangido a pagar.

8. Evicção e Denunciação da Lide

O tema evicção gera, por certo, grandes conexões no campo da processualística.

Tais reflexos propiciam grandes debates, muito por causa da literalidade da redação do Código de Processo
Civil brasileiro sobre a matéria, o que se espera que se amenize com o Código Civil de 2002.

Isso porque a codificação civil brasileira vigente, bem como a revogada, traz expressamente referências a
aspectos processuais:

Vejamos o art. 456 do CC/2002 (REVOGADO):

Art. 456. (REVOGADO) Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do
litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da
evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.
(Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)

Vale registrar que a nova regra explicita a possibilidade de notificação do litígio não somente do alienante
imediato, mas também de qualquer dos anteriores, o que se mostra perfeitamente lógico para verificar quem
foi, efetivamente, o responsável pelo fato que causou a evicção.

Um dos pontos mais polêmicos em relação à evicção diz respeito à obrigatoriedade ou não de o evicto se valer
da denunciação da lide, em relação ao alienante, para poder fazer valer os seus direitos em face dele.

 Com efeito, a obrigatoriedade de denunciação da lide é apenas para garantir, nos próprios autos da ação
reivindicatória, o direito de regresso do evicto em face do alienante.

Ex: “A” (alienante) vende a “B” (adquirente) uma coisa que vem a ser tomada posteriormente por “C” (legítimo
proprietário da coisa) por sentença judicial (ação reivindicatória). “B”, réu no processo em que “C” retoma a
coisa denuncia à lide “A”, para que este assuma a sua defesa no processo, justamente utilizando-se para isso da
cláusula contratual que garante a responsabilidade de “A” nesses casos (garantia pela evicção). Esse
chamamento ao processo que a “B” faz em relação a “A” chama-se denunciação da lide e está regulada nos arts.
70 a 76 do Código de Processo Civil.
“B” (adquirente) é chamado então de evicto (aquele que perdeu a coisa) e “C” (que se diz proprietário é
chamado evictor, aquele que está fazendo com que alguém perca a coisa).

9. Resumo

 Conceito:
- É a perda da coisa, objeto do contrato, por força de decisão judicial, fundada em motivo jurídico anterior,
que a confere a outrem, seu verdadeiro dono, com o reconhecimento em juízo da existência de ônus sobre a
mesma coisa, não denunciado oportunamente no contrato (contratos bilaterais, comutativos e onerosos).

 Requisitos:
- Contrato oneroso.
- Perda total ou parcial da propriedade ou posse do bem objeto do contrato por parte do adquirente.
- Sentença judicial (transitada em julgado)  exceções: *perda do domínio por condição resolutiva;
apreensão policial do bem por ser furtado ou roubado; ato inequívoco de qualquer autoridade.
- Anterioridade do direito do evictor.
- Denunciação da lide.

 Direitos do evicto (art. 450, CC/2002):


- Restituição integral do preço ou quantias já pagas.
- Indenização dos frutos que tiver sido obrigado a devolver.
- despesas contratuais.
- custas judiciais.

 Outros direitos do evicto:


- benfeitorias necessárias ou úteis (arts. 453, 96, §§ 2º e 3º, e 1.221, CC/2002).
- Receber o que decorrer do reforço ou redução da garantia.
- Optar, em caso de evicção parcial, entre a rescisão do contrato e a restituição de parte do preço ou
proporcional ao desfalque (art. 450, parágrafo único e art. 455, CC/2002).
- Acionar os sucessores do alienante, em caso de falecimento deste.

Referências Bibliográficas

GAGLIANO, Pablo Stolze, PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: contratos teoria geral. v. 4. 13.
ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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