Natureza Jurídica dos Recursos extensão (ampliação) do direito e ação. É possível recorrer da decisão dada pelo
Judiciário pelo menos 1 vez, se por acaso não concordar com ela. É uma garantia
mínima inerente ao direito de ação (todo pedido deve ser respondido).
Recurso meio voluntário de impugnação de decisões judiciais capaz de produzir, no mesmo processo (= finalidades):
(1) reforma: no sentido de alterar seu conteúdo devido a erro de julgamento (“erro in iudicando”);
(2) invalidação: devido a erro de forma (“erro in procedendo”);
(3) esclarecimento: no caso de decisão omissa, obscura, contraditória ou com erro material.
Via Embargos de Declaração.
(4) uniformização do pronunciamento impugnado: padronização de jurisprudência (STJ e STF).
“ Recurso é um mecanismo de utilização voluntária. É que o recurso é uma manifestação de insatisfação. Recorre contra
uma decisão aquele que, insatisfeito com ela, pretende provocar seu reexame. Assim, não existe recurso obrigatório (...).
Além disso, impende ter claro que o recurso se destina a impugnar decisões judiciais. Atos que não provêm de um órgão
jurisdicional não são atacados por recurso” (CÂMARA)
“ Os recursos impugnam decisões judiciais no mesmo processo em que proferida a decisão recorrida. Significa isto dizer
que a interposição do recurso não acarreta a instauração de novo processo, mas seu prolongamento. O processo que se
instaura perante o tribunal competente para apreciar o recurso é, pois, o mesmo processo em que a decisão impugnada
foi proferida”. (CÂMARA)
“ Note-se, ainda, ser irrelevante que a reapreciação da questão se dê por órgão distinto daquele que proferiu a decisão
atacada. Não há, pois, a necessidade de deslocamento da competência para apreciação do recurso para órgão judiciário
distinto daquele que proferiu a decisão impugnada”. (MARINONI)
Além destes, outros recursos podem ser encontrados, criados por leis extravagantes (como é o caso dos embargos
infringentes previstos no Art. 34 da Lei 6.830/1980, cabível em certos processos de execução fiscal). Todos eles,
porém, têm esta característica comum: são incidentes do mesmo processo em que se proferiu a decisão recorrida.
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(1) Reforma da Decisão
O recurso produz a reforma da decisão impugnada nos casos em que ocorre um “erro in iudicando” (erro de
julgamento, em que o juiz decide mal. Ou seja, quando a decisão recorrida tenha adotado conclusão errada).
Ex.: decisão que condenou o réu a cumprir obrigação que não era verdadeiramente devida; decisão que anulou
contrato que não tinha qualquer vício; decisão que declarou a falsidade de um documento que é autêntico; no
pronunciamento que afirmou ser o réu pai do autor quando essa paternidade não existe; etc.
O erro in iudicando – ao contrário do que erradamente se vê muitas vezes afirmado na prática dos tribunais – não se
refere apenas aos erros no julgamento do mérito da causa. Há, também, errores in iudicando em matéria Processual.
Ex.: decisão que declara correto o valor da causa que está errado; no pronunciamento que indefere a produção de
uma prova que precisa ser produzida; na decisão que inverte o ônus da prova quando os requisitos de tal inversão
não estão presentes; no pronunciamento que afirma faltar alguma “condição da ação” quando estão todas
presentes, etc.
Também requer a reforma da decisão!
Decorre de um “erro in procedendo” (um erro de atividade / procedimento). Nos errores in procedendo não há qualquer
relevância em se verificar se a conclusão adotada pelo pronunciamento recorrido está correta ou equivocada. O que se
tem, nesses casos, é um vício na atividade de produção da decisão judicial.
Ex.: uma decisão não fundamentada → pode até ser que tal decisão tenha adotado conclusão correta, mas isto
não importa. A decisão não fundamentada é viciada no seu modo de produção, incompatível com o ordenamento
processual e, pois, inválida. O mesmo se tem no caso de decisão produzida por juízo incompetente; na decisão
proferida sem respeito ao princípio do contraditório; no pronunciamento judicial contrário à boa-fé objetiva; na
sentença que indefere a PI sem ter sido indicada com precisão a emenda à inicial que o autor deveria fazer para
regularizá-la etc.
Nesses casos há vício de atividade, capaz de invalidar a decisão judicial, ainda que a conclusão nela adotada seja correta.
Presente, pois, o erro in procedendo, motivo pelo qual caberá ao órgão competente para julgar o recurso invalidar a
decisão, cassando-a para que outra venha a ser produzida sem o vício que contaminou o pronunciamento recorrido.
Para os casos em que a decisão é obscura, omissa ou contraditória → Embargos de Declaração (NCPC, Art.1.022).
▪ Obscura: decisão judicial cujo texto é, no todo ou em parte, incompreensível. Texto mal escrito, que dificulta ou
impossibilita sua compreensão.
▪ Omissa: juiz não se manifestou a respeito de algo que deveria ter sido expressamente enfrentado no
pronunciamento judicial.
▪ Contraditória: quando há absoluta incompatibilidade entre afirmações contidas na decisão judicial, internas a ela.
Nestes casos o órgão judicial incumbido de apreciar o recurso não tem a função de rejulgar a matéria, mas de esclarecer
o conteúdo daquilo que já foi decidido, sanando a obscuridade, a omissão ou a eliminando a contradição anteriormente
existente. Não se vai, portanto, redecidir. Vai-se reexprimir o que já havia sido decidido (mas não estava suficientemente
claro).
Busca a padronização das decisões, com base no que já foi decidido pelas cortes de uniformização (STJ e STF).
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Competência para Editar Lei Criando Recurso
Privativa da União:
CF, Art. 22, I: Compete privativamente à União legislar sobre: I. direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
União (competência privativa) Normas Processuais (NCPC: define normas gerais e princípios).
Ex.: ordem de propositura do processo.
Concorrente:
CF, Art. 24, XI: Compete à União, aos Estados e ao DX legislar concorrentemente sobre: XI) procedimentos em
matéria processual;
U/E/DF (competência concorrente) Normas Procedimentais (forma pela qual aplica-se o que foi definido
nas normas gerais.
Ex.: horário de funcionamento; vestuário adequado; valor das custas.
▪ Extraordinários (ou excepcionais): visam à unidade do direito e estão vocacionados à interpretação do direito
a partir do caso concreto (uniformização de jurisprudência). Nestes, o tribunal recebe os fatos como foram
eles afirmados na decisão recorrida, não procedendo a qualquer tipo de reexame das provas.
São eles: Recurso Extraordinário; Recurso Especial; Embargos de Divergência.
Interposto um recurso, é preciso verificar se o pedido nele formulado pode ser julgado. É que o julgamento de um recurso
se desdobra em duas fases: juízo de admissibilidade e juízo de mérito.
No juízo de admissibilidade deve-se promover a verificação da presença dos requisitos de admissibilidade do
recurso, que são os pressupostos necessários para que se possa passar ao exame do mérito. O juízo de admissibilidade é
preliminar (necessariamente prévio) ao juízo de mérito
Ex.: tempestividade do recurso (recurso foi interposto dentro do prazo?)
Recurso admissível → diz-se que ele será conhecido.
Recurso inadmissível → recurso não será conhecido.
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O juízo que fará a admissibilidade do recurso não será, obrigatoriamente, o mesmo que fará o juízo de mérito (eles
podem ser feitos em instâncias diferentes ou iguais, a depender do recurso).
Conhecendo-se do recurso, será realizado o seu juízo de mérito do recurso.
No juízo de mérito verifica-se o que a parte quer com o recurso (reforma, invalidação, esclarecimento da decisão judicial
ou uniformização de jurisprudência). Pede a reforma da decisão. O juízo de mérito do recurso NÃO SERÁ igual ao juízo
de mérito da ação, porque no recurso busca-se rebater a decisão proferida pelo juiz, explicando as partes que discorda
e os motivos (não é uma cópia da PI).
Caberá, então, ao órgão julgador dar provimento (ou seja, acolher o pedido formulado pelo recorrente) ou negar
provimento (rejeitar a pretensão recursal) ao recurso.
A interposição do recurso é uma forma de exercício do direito de ação. Aquele que recorre se dirige a um órgão jurisdicional
e, por fundamentos que deduz, formula pedido cujo objeto é a produção de uma decisão que lhe favoreça. Pois isto nada
mais é do que exercer o direito de ação. Afinal, sempre que alguém atua no processo ocupando uma posição ativa,
buscando influenciar na formação do seu resultado, estar-se-á diante de um ato de exercício do direito de ação.
A. Cabimento: a cada decisão corresponde um tipo de recurso (adequação de determinado meio recursal para
promover o ataque de dada decisão judicial).
Ex.: é taxativo o NCPC em dizer que o recurso cabível contra sentenças é a apelação (Art. 1009) e que o recurso
cabível contra decisões interlocutórias é o agravo de instrumento (Art. 1015).
B. Legitimidade: quem pode interpor recurso. Partes (através de seus representantes); terceiro prejudicado; MP
quando couber (parte ou quando atue como custos legis).
NCPC, Art. 996: O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como
parte ou como fiscal da ordem jurídica.
Parágrafo único: Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação
judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual.
C. Interesse Recursal: é necessário que o interessado vislumbre alguma utilidade na interposição do recurso,
utilidade essa que somente possa ser obtida por meio da via recursal (necessidade). É necessário que a parte
(ou o terceiro), interessada em recorrer, tenha sofrido algum prejuízo jurídico direto ou indireto em decorrência
da decisão judicial ou ao menos que essa não tenha satisfeito plenamente a sua pretensão (uma vez que, sendo
vencidos autor e réu, ambos terão interesse em recorrer). Parte que sucumbe; MP (se houver interesse alheio
prejudicado); terceiro prejudicado; parte que ganhou apenas uma parcela do que gostaria.
A. Tempestividade: o prazo para interposição do recurso deve ser aquele previsto em lei.
Regra: 15 dias (NCPC, Art. 1003, § 5º).
Exceção: Embargos de Declaração: 5 dias.
Vale lembrar que esse prazo se submete a regras especiais, decorrentes de certas circunstâncias subjetivas e
objetivas específicas. Assim, havendo no processo litisconsortes com advogados distintos e de escritórios de
advocacia distintos, os prazos para recurso são contados em dobro nos processos físicos (NCPC, Art. 229, § 2º).
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B. Preparo: exige que o interessado deposite os valores necessários à sua tramitação, aí incluída a importância
destinada a promover a remessa e o posterior retorno do recurso (ou mesmo dos autos) ao tribunal.
NCPC, Art. 1007: No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o
respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
A ausência de preparo ou a sua insuficiência, porém, só leva ao não conhecimento do recurso se a parte,
devidamente intimada na pessoa de seu advogado, não realizar o recolhimento em dobro do preparo inexistente
ou não complementar o preparo insuficiente no prazo adequado – 5 dias (Art. 1.007, §§ 2º e 4°).
• Porte de remessa e retorno: “frete” (custo do transporte do processo e do recurso para o órgão em que ele
será julgado).
• Custas Recursais (competência Estadual pq é norma procedimental): lei estadual vai definir se a custa existe,
e se sim, também o seu valor (= custo para “movimentar” a máquina judicial).
• Processo do Trabalho: exige depósito recursal (para inibir recursos meramente protelatórios).
• Juizado Especial: para interpor a PI não há custas, mas para recorrer tem que pagar e exige advogado (mesma
tabela da justiça comum).
C. Regularidade Formal: não obstante possa o interessado ter direito a recorrer, o recurso somente será admissível
se o procedimento utilizado se pautar estritamente pelos critérios descritos em lei (formalidades processuais).
Ex.: os recursos devem ser interpostos por escrito; a parte tem o ônus de impugnar especificamente os
fundamentos da decisão recorrida; a interposição do agravo de instrumento exige a instrução da peça inicial com
certos documentos exigidos em lei (Art. 1017).
Observe-se que os pressupostos recursais constituem a matéria preliminar do procedimento recursal. Vale dizer que,
se não atendido quaisquer destes pressupostos, fica vedado ao tribunal conhecer do mérito do recurso.
Atendidos os requisitos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade, deve o tribunal conhecer do recurso para, a partir
daí, concluir se o recorrente tem ou não razão naquilo que alega. Isto é, deve analisar se o recurso deve ser provido
ou desprovido.
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Efeitos da Interposição de Recursos (“ ODS ”)
Efeitos da interposição são aqueles que se produzem (ou que podem produzir-se) pelo simples fato de ter sido interposto
um recurso.
1. Obstativo (ou impeditivo): a interposição de recurso admissível produz efeito de obstar (impedir):
Preclusão da decisão recorrida (recurso é obstáculo à preclusão);
Trânsito em julgado.
2. Devolutivo: ressalvados casos excepcionais (ex. embargos de declaração), o recurso transfere, para outro órgão
jurisdicional, o conhecimento da matéria impugnada. A interposição do recurso produz o efeito de transferir para outro
órgão jurisdicional, distinto daquele que proferiu a decisão recorrida, a competência para decidir a matéria que tenha
sido objeto da impugnação por ela deduzida.
efeito
efeito
devolutivo 2ª instância devolutivo Pleno STF
1ª instância
Pleno STF
O recurso só devolve ao juízo ad quem o conhecimento daquilo que tenha sido expressamente impugnado.
Ex.: em uma sentença que tenha condenado o vencido a indenizar a parte vencedora por danos materiais que tenha
suportado e, além disso, o tenha condenado a compensar danos morais. Se versar o recurso apenas sobre os danos
morais, o capítulo referente aos danos materiais não terá sido devolvido ao tribunal e, por conseguinte, não poderá
ser reapreciado (sobre ele, neste exemplo, já se tendo formado a coisa julgada).
3. Suspensivo: interposição de recurso suspende os efeitos fáticos da decisão (impede a execução da decisão).
Ex.: caso da apelação (dotada de efeito suspensivo) que se interponha contra uma sentença que anula um casamento.
Pois a interposição do recurso faz com que a sentença seja ineficaz (e, por conseguinte, antes de seu julgamento o
casamento permanece apto a produzir efeitos, mantidas as partes no estado de casadas).
No direito processual civil brasileiro a regra geral é que o recurso não tenha efeito suspensivo:
NCPC, Art. 995: Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.
Há, porém, recursos dotados de efeito suspensivo ope legis (por determinação legal). É o que se dá naqueles casos
em que a lei expressamente estabelece ser o recurso dotado de efeito suspensivo, como se tem na hipótese da (1)
apelação (Art. 1.012) e (2) dos recursos especial e extraordinário interpostos contra a decisão proferida no julgamento
do incidente de resolução de demandas repetitivas (Art. 987, § 1°).
Nos casos em que não se produz o efeito suspensivo de forma automática, por força de lei, ainda assim tal efeito pode
ser atribuído ao recurso ope iudicis, ou seja, através de uma decisão judicial (Art. 995, parágrafo único). É que a lei
processual autoriza o relator a, em decisão monocrática, atribuir efeito suspensivo a recurso que a princípio não o
produziria, sempre que se verificar que da imediata produção de efeitos da decisão recorrida resulte risco de dano
grave, de difícil ou impossível reparação, e desde que esteja demonstrado ser provável que o recurso venha a ser
provido. A atribuição de efeito suspensivo ao recurso, pois, é uma modalidade de tutela de urgência, de natureza
evidentemente cautelar, já que não antecipa o resultado a ser obtido com o julgamento do mérito do recurso, limitando-
se a impedir que a decisão recorrida produza desde logo seus efeitos.
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RECURSOS EM ESPÉCIE
O direito processual civil brasileiro reconhece diversas espécies recursais. Só o Art. 994 O NCPC enumera nove. Mas há
outros, previstos em outros textos normativos, como é o caso dos embargos infringentes previstos no Art. 34 da LEF.
Os recursos em espécie podem ser divididos em 2 grandes grupos:
▪ Recursos Ordinários: aqueles em que pode haver controvérsia tanto sobre matéria fática como sobre questões de
direito;
▪ Recursos Excepcionais: aqueles em que não se admite debate sobre matéria fática, vedado o reexame de provas,
e apenas as questões de direito podem ser discutidas.
APELAÇÃO
§ 1°: As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento,
não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a
decisão final, ou nas contrarrazões.
“A apelação, então, poderá ser interposta para impugnar a sentença ou as decisões interlocutórias não agraváveis.
É, pois, perfeitamente possível que a parte apele sem oferecer à sentença qualquer impugnação, limitada sua
irresignação ao conteúdo de alguma decisão interlocutória não agravável” (CÂMARA).
§ 2°: Se as questões referidas no § 1° forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 dias,
manifestar-se a respeito delas.
É possível que, no curso do processo, tenha sido lançada uma decisão interlocutória, não agravável, em desfavor
daquele que, ao fim, veio a ser o vencedor integral da demanda. Nessas circunstâncias, em havendo recurso do
vencido, o vencedor poderá suscitar a matéria em contrarrazões.
§ 3°: O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no Art. 1015 integrarem capítulo
da sentença.
NCPC, Art. 996: O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público,
como parte ou como fiscal da ordem jurídica.
Finalidade da Apelação reforma (quando há “erro in iudicando”) ou invalidade (quando há “erro in procedendo”, como
nos casos do NCPC, Art. 1.010).
A apelação será interposta em petição escrita, dirigida ao juízo de 1° grau, contendo especificamente: (i) os nomes e
a qualificação das partes; (ii) a exposição do fato e do direito; (iii) as razões do pedido de reforma ou de decretação de
nulidade; e (iv) o pedido de nova decisão.
Uma vez publicada a sentença, finda-se o ofício jurisdicional do juiz. Assim, ele só poderá alterar a sentença nos 2 casos
acima (inexatidões materiais ou erros de cálculo).
Mas existem exceções, nos casos de: decisão sem resolução de mérito; indeferimento da petição inicial; improcedência
liminar do pedido e de sentenças terminativas:
NCPC, Art. 485, § 7°: Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz
terá 5 dias para retratar-se.
NCPC, Art. 331: Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 dias, retratar-
se.
NCPC, Art. 332: Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará
liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do STF ou STJ;
II - acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 3°: Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 dias.
Assim, se a Apelação decorrer de sentença sem resolução de mérito, o juiz poderá se retratar (assim como se houver
indeferimento da PI ou improcedência liminar do pedido).
Apelação como Recurso Endoprocessual recurso vai “dentro” do processo em que está proferida a decisão.
Magistrado (1ª instância= juízo a quo) → Tribunal (2ª instância = juízo ad quem)
Obs.: Juízo a quo e ad quem podem ser o mesmo órgão (ex.: no caso de embargos de declaração).
Local de Protocolo do Recurso de Apelação em 1ª instância. Isso porque o processo encontra-se em 1ª instância (pq a
sentença foi proferida lá, e a apelação é endoprocessual, então tem que ser protocolada onde está o processo).
O efeito devolutivo da apelação é mais amplo do que o dos outros recursos. É que, enquanto os demais recursos se
limitam a devolver ao tribunal aquilo que tenha sido expressamente decidido e impugnado, a apelação devolve, além disso,
uma série de outras questões ao tribunal. A princípio, o tribunal (ad quem) não pode conhecer de matérias não abordadas
pelo juiz recorrido (a quo), sob pena de supressão de instância.
Os temas, portanto, não expressamente abordados na instância que proferiu a decisão recorrida, não podem, como regra
geral, ser examinados pelo tribunal. Isso porque, ainda que não se admita o duplo grau de jurisdição como direito
fundamental, oferecer apenas diante do tribunal questões que deveriam, em face das regras ordinárias de competência,
ser deduzidas perante o juiz de primeiro grau afrontaria o princípio do juiz natural. Essa ideia sofre inúmeras restrições,
determinadas seja pela própria natureza da decisão, seja por regras específicas que disciplinam o tema (como é o caso
do Art. 1.013). Esta maior extensão do efeito devolutivo da apelação resulta diretamente da lei:
Art. 1.013: A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
Este é o ponto de partida para a compreensão do efeito devolutivo da apelação. Registre-se que, no caso de conter a
sentença diversos capítulos e não sendo todos eles impugnados (isto é, sendo o recurso parcial), apenas os capítulos
expressamente atacados pela apelação serão devolvidos ao Tribunal, enquanto os não impugnados ficarão, desde logo,
cobertos pela coisa julgada.
A apelação, porém, devolve ao Tribunal muito mais do que o conteúdo da sentença que tenha sido expressamente
impugnado pelo apelante. A apelação também devolve o conhecimento das questões resolvidas antes da sentença, por
decisão interlocutória não agravável, e que tenham sido expressamente impugnadas na apelação (ou nas contrarrazões).
Dentro dos limites da impugnação (e, portanto, apenas em relação a capítulos da sentença que tenham sido impugnados),
serão também objeto de apreciação e julgamento pelo Tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no
processo, ainda que não tenham sido solucionadas:
Art. 1.013, § 1°: Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e
discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado.
Pense-se, deste modo, no caso de ter sido discutida no processo alguma questão que deveria ter sido apreciada e resolvida
na sentença (e que diga respeito ao conteúdo impugnado da sentença e que foi devolvido ao tribunal pela apelação). Não
tendo sido a questão enfrentada na sentença, será esta omissa, o que permitirá a oposição de embargos de declaração.
Tenham ou não sido opostos os embargos declaratórios, porém, incumbirá ao tribunal de 2° grau manifestar-se a respeito
da questão sobre a qual a sentença se omitiu. Estende-se o efeito devolutivo da apelação, ainda, aos fundamentos não
acolhidos pela sentença:
Art. 1.013, § 2°: Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a
apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
Ex.: se o réu, ao defender-se de uma ação de cobrança, alegar nulidade do contrato, prescrição da dívida e compensação, ainda que o
juiz de 1° grau rejeite a demanda, acolhendo apenas um dos fundamentos (a nulidade do contrato por exemplo), sem examinar os
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demais, todos os outros poderão também ser objeto de apreciação pelo tribunal, ainda que, nesse caso, esse seja o primeiro juízo da
matéria.
Ainda, só se admite que questões de fato sejam suscitadas originariamente em grau de apelação na excepcional hipótese
de o apelante provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior:
Art. 1.014: As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar
que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.
Daí se vê, portanto, que a apelação não é um novo processo, mas um mecanismo hábil a permitir o reexame daquilo que
tramitou perante o primeiro grau de jurisdição. Incumbe ao tribunal, ao rejulgar a causa, fazê-lo a partir das mesmas
bases em que se tenha apoiado o julgamento de primeiro grau, analisando as mesmas questões de fato e valorando as
mesmas provas. O surgimento de questões fáticas novas é absolutamente excepcional, só podendo ocorrer se tal matéria
não foi deduzida no primeiro grau de jurisdição por motivo de força maior.
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Procedimento para a Apelação:
Sentença do Juízo de
Toma-se conhecimento da sentença via Intimação
1° grau
- Se processo físico → publicação no Diário de Justiça
Intimação - Se processo eletrônico → intimação via sistema
(15 d p/ interpor ) - Se for pessoalmente ao cartório → intimação pessoal
- Sentença na audiência → partes já saem intimadas
Deve ser protocolada perante o juiz da causa, em 1ª instância, e deve conter alguns requisitos:
Art. 1.010: A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:
Apelação ao Juiz da
Ao juiz de 1° grau cabe, apenas, processar o recurso, abrindo vista à parte contrária para contrarrazoar.
Causa (1°)
Depois de realizada essa formalidade, “os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz,
independentemente do juízo de admissibilidade” (Art. 1.010, § 3º).
Em regra, não cabe juízo de retratação na Apelação. Mas se a sentença for sem resolução de mérito, aí
SE:
existe exceção:
Sentença em 1°
Art. 485, § 7°: Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o
grau foi sem a
juiz terá 5 dias para retratar-se.
Resolução de Se:
Mérito ▪ Houve retratação por parte do juiz → processo volta a correr, em 1° grau, de onde parou (porque
ao se retratar, o juiz admite que deverá realizar uma decisão de mérito).
▪ Não houve retratação por parte do juiz → processo segue o trâmite da Apelação.
O Cartório intima o recorrido, para que ele apresente sua resposta = Contrarrazões (CRZ)
Intimação do
Prazo para apresentar CRZ: 15 dias.
Recorrido
Art. 1.010, § 1°: O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias.
Tribunal TJ ou TRF
Uma vez interposto o recurso pela parte perante o tribunal, ou remetido o processo ao órgão ad quem
pelo juiz de 1° grau, os autos serão recebidos e registrados no protocolo, no dia de sua entrada (Art.
929). Hoje a distribuição é automática, via sistema, e de acordo com a matéria (cível ou criminal).
Recebidos os autos, a secretaria irá ordená-los, procedendo à imediata distribuição para Câmara ou
Turma (se for o caso) e Relator, de acordo com o regimento interno do respectivo Tribunal, observando-
Setor de Distribuição
se o critério da alternatividade, o sorteio eletrônico e a publicidade (Art. 930).
TJ → câmaras cíveis e Câmaras criminais (5 desembargadores em cada, mas apenas 3 julgam).
TRF → turmas (3 desembargadores em cada).
Ex.: 1ª turma (TJ): desembargadores A, B, C, D e E. Dentre eles, define-se o relator por sorteio. Na
sequência estarão, em ordem, revisor o vogal. Se D é o relator, então E será o revisor e A será vogal.
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No Tribunal:
Relator:
1. Fará o Juízo de Admissibilidade do processo (Art. 932, III e 1.012, § 3º, II)
Secretaria A inclusão em pauta será feita conforme a matéria do processo (Secretaria junta tudo que é similar).
Inclusão em Pauta e Secretaria também efetua a intimação das partes sobre a data do julgamento.
Sessão de Todos os processos que vão a julgamento devem ser publicados (Publicação da Pauta de Julgamento).
Julgamento (Ver observações abaixo).
Ementa + Relatório + Voto vencedor (se houver voto divergente, também deve constar) + Certidão de
Acordão
Julgamento
Intimação da Decisão A contar da data da publicação do acórdão (e não do dia da sessão de julgamento).
O relator sorteado para o primeiro recurso protocolado no tribunal torna-se prevento para eventuais recursos
subsequentes no mesmo processo ou em processo conexo (Art. 930, parágrafo único). Trata-se da prevenção por
conexão. Haverá, também, prevenção ao relator que decidir o pedido de concessão de efeito suspensivo à apelação,
formulado pelo apelante ao tribunal competente para julgar o recurso, no período compreendido entre a sua
interposição perante o juízo de 1° grau e a distribuição no órgão ad quem (Art. 1.012, § 3º, I).
Pedido de Preferência de Julgamento: pode acontecer em ralação aos processos do DIA. Existe uma ordem de
julgamento:
1° Processos com réu preso (no cível só se for por dever alimentos);
2° Processos com pedido de preferência COM sustentação oral:
- TRF: este pedido é feito via sistema eletrônico;
- TJ: quem chegar primeiro na fila pede preferência.
3° Processos com pedido de preferência SEM sustentação oral;
4° Resto (segue a pauta).
Pedir para mudar (adiantar / postergar) o dia do julgamento não é possível. Mas dentro da pauta do dia é possível
pedir preferência.
Presidente abre a sessão lê a ata da última sessão começa a sessão do dia segue a pauta estabelecida
passa a palavra para o relator do 1° processo em pauta, que irá ler o Relatório Depois da leitura, Presidente diz
“Processo em Julgamento” se houver sustentação oral, acontece agora (15 minutos por advogado, 1° o do
recorrente, depois o do recorrido – se houver).
A sustentação oral é uma faculdade dos advogados. Mas aconselha-se fazer. Aqui, deve-se tentar chamar atenção
dos desembargadores com relação aos pontos mais importantes e que devem ser observados quando da decisão. Não
se deve fazer um simples resumo do caso (pq isso o relator já fez).
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Feita a sustentação oral, a palavra volta para o relator, para que profira seu voto (ele pode até alterar seu voto após
a sustentação, mas é muito difícil acontecer na prática, uma vez q o voto já fica pronto antes). Feito o voto do relator,
a palavra passa ao revisor, para que ele vote. Depois, é a vez do vogal votar (sendo que o processo nem passou por
ele ainda, ou seja, na sessão ele terá o 1° contato com a questão) → por isso é importante a sustentação oral, para
tentar influenciar principalmente neste voto.
Pedir Vistas: suspende o julgamento (e o processo vai para as mãos de quem pediu as vistas – para estudo / análise
do caso).
Art. 940: O relator ou outro juiz que não se considerar habilitado a proferir imediatamente seu voto poderá solicitar vista pelo
prazo máximo de 10 dias, após o qual o recurso será reincluído em pauta para julgamento na sessão seguinte à data da
devolução.
O processo deveria voltar a ser debatido na próxima sessão de julgamento, mas isso nunca acontece...
É preciso ainda publicar em pauta o dia que o julgamento será retomado (e haverá nova intimação das partes).
Enquanto em julgamento, é possível mudar o voto (ex. durante a suspensão do processo com o pedido de vistas,
algum desembargador pode reavaliar a questão e mudar o voto).
Apresentação de Memoriais: não está estabelecido em lei, mas pode ser feito. É um “resumo” do processo, com
até (±) 5 páginas (simples, conciso e fundamentado), reunindo doutrina e jurisprudência recentes que podem auxiliar
→ entregar para os 3 desembargadores que julgarão o caso.
Juízo de Admissibilidade
Essa função tem por finalidade desestimular as partes de interpor recursos manifestamente inadmissíveis ou que não
impugnem especificamente a decisão recorrida.
A propósito de falhas ou deficiências da peça recursal, dispõe o Código que o relator, antes de inadmitir o recurso,
deverá conceder o prazo de cinco dias ao recorrente para que seja sanado o vício ou complementada a documentação
exigível. Somente após essa diligência e não tendo sido sanada a falha, é que será possível a inadmissão:
Art. 932, parágrafo único: Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 dias ao recorrente para
que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.
Com isso se reafirma a posição fundamental do novo direito processual de que o processo deverá, sempre que possível,
ser solucionado pelo mérito, e só em casos extremos inevitáveis é que se admitirá sua extinção por defeitos formais.
Juízo de retratação:
▪ Conceito: é o reexame da matéria decidida na sentença apelada por ato de seu próprio prolator (juiz percebe que
cometeu algum “erro” e retrata-se, alterando tal decisão).
▪ Regra: uma vez publicada a sentença, finda-se o ofício jurisdicional. Desta forma, a decisão torna-se inalterável por
ato do respectivo julgador.
▪ Mas, no caso de decisão em 1° grau SEM decisão de mérito, o juiz terá 5 dias para retratar-se.
Art. 485, § 7°: Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5
dias para retratar-se.
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▪ Assim, se a Apelação decorrer de uma sentença sem resolução de mérito, o juízo de 1° grau poderá retratar-se
(exceção).
▪ Se o juiz se retratar, a Apelação ficará sem objeto.
▪ Somente se o juízo de retratação não ocorrer é que os autos serão encaminhados ao Tribunal.
II - Decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;
Se a sentença for extra, ultra ou infra petita (pq a sentença tem que guardar relação com o pedido e a
causa de pedir).
III - Constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
Todos os pedidos devem ser analisados.
Deserção
Denomina-se deserção o efeito produzido sobre o recurso pelo não cumprimento do requisito do preparo no
prazo devido. Sem o pagamento das custas devidas, o recurso torna-se descabido, provocando a coisa julgada sobre a
sentença apelada.
O Art. 1.007 abrandou o rigor da deserção, admitindo, inclusive, o pagamento em dobro do preparo e do porte de
remessa e retorno, quando o recorrente interpuser o recurso sem o seu devido recolhimento (§ 4º + § 2º).
Segundo a sistemática atual, que retirou do juiz de 1° grau a competência para realizar, em toda a extensão, o juízo de
admissibilidade da apelação, caberá ao relator a decretação ou não da deserção.
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RECURSO ADESIVO
Art. 997: Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais.
§ 1°: Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro.
O MP na qualidade de fiscal da ordem jurídica e terceiros eventualmente prejudicados não podem interpor
recurso adesivo.
§ 2°: O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste
quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda,
o seguinte:
I - Será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe
para responder;
II - Será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial;
Soma-se a eles, por interpretação jurisprudencial, o recurso ordinário constitucional, que se assemelha à
apelação (Art. 1.027, II, b).
III - Não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível.
Sempre que o tribunal deixar de conhecer do recurso principal (por ter havido desistência, ou por ser ele
por qualquer razão reputado inadmissível) estará, automaticamente, fechada a porta para o exame do
mérito do recurso adesivo, do qual não se conhecerá. Prevalecerá, assim, a decisão recorrida.
Observações:
O prazo para interpor Recurso Adesivo é mesmo para apresentar contrarrazões (15 dias). Ou seja, no prazo da
intimação é possível fazer contrarrazões e recurso adesivo.
Preclusão Consumativa: quando o sujeito do processo, por já ter praticado o ato, perde a possibilidade de praticá-
lo novamente (ou de o complementar). Os 2 atos possuem o mesmo prazo processual. Ao apresentar somente 1 deles,
o outro incorrerá em preclusão consumativa. Assim, os 2 atos deverão ser simultâneos (= interpostos junto).
Jurisprudência entende “junto” como sendo no mesmo dia.
Contrarrazões e Recurso Adesivo são protocolados em peças separadas.
▪ Contrarrazões: vão rebater o recurso de apelação interposto, no sentido de manter a sentença de 1° grau.
▪ Recurso Adesivo: vai pedir alteração da sentença, no sentido de aumentar ou diminuir o valor da condenação.
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A denominação “recurso adesivo”, embora tradicional no direito brasileiro – já tendo sido adotada anteriormente, ao
tempo do CPC de 1973 – não é a mais adequada, pois o que se tem aí é, verdadeiramente, um recurso subordinado
(enquanto o recurso da outra parte será o recurso principal ou independente).
O recurso adesivo não é uma espécie de recurso (como a apelação ou o agravo de instrumento), mas uma forma de
interposição de certos recursos. Assim, se for proferida uma sentença que produza sucumbência recíproca, poderá
o autor ou o réu interpor apelação principal e a outra parte interpor sua apelação de forma adesiva. Não se tem,
porém, propriamente uma adesão, já que o “recorrente adesivo” não adere propriamente ao recurso independente
(pois não o apoia, não pretende, seja ele provido), mas interpõe recurso em que busca obter resultado que lhe é
favorável (e, por consequência, é desfavorável àquele que interpôs o recurso principal).
Somente aquele que tem direito de apresentar contrarrazões ao recurso tem a possibilidade de oferecer o recurso
adesivo, já que esse último deve ser interposto no prazo concedido para a apresentação da resposta.
Procedimento:
Partindo da ideia de que a parte apresentou ambos (contrarrazões e recurso adesivo)
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RECURSOS DE AGRAVO
Cabe Agravo de decisões interlocutórias proferidas ao longo do processo civil, desde que haja disposição expressa em LEI.
(III) Da Decisão que Inadmite REsp ou RE Da decisão interlocutória que inadmite o REsp ou o RE.
Cabe contra decisões interlocutórias proferidas em 1ª instância, desde que haja expressa previsão em lei.
“Agravo de instrumento é o recurso adequado para impugnar algumas decisões interlocutórias, expressamente
indicadas em lei como sendo recorríveis em separado. O Art. 1.015 estabelece um rol taxativo (mas não exaustivo,
já que há uma cláusula de encerramento no inciso XIII que prevê a possibilidade de outras disposições legais
preverem outros casos de cabimento de agravo de instrumento). Assim, só é impugnável por agravo de instrumento
a decisão interlocutória que, proferida por juízo de 1ª instância, venha a se enquadrar em alguma das hipóteses
previstas nos incisos do Art. 1.015 ou que seja declarada agravável por alguma outra disposição legal. ” (CAMARA).
As decisões interlocutórias que não se enquadram no rol taxativo, porém, sendo não agraváveis, são irrecorríveis em
separado, só podendo ser objeto de impugnação em apelação ou em contrarrazões de apelação. E este é um ponto
que precisa ser destacado: a afirmação de que certa decisão interlocutória não é agravável não implica dizer que é
ela irrecorrível. Contra as decisões interlocutórias não agraváveis será admissível a interposição de apelação
(autônoma ou inserida na mesma peça que as contrarrazões).
Art. 1.015: Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - Tutelas provisórias;
Deferida ou indeferida a tutela provisória – de urgência ou da evidência – será cabível a interposição desde
logo do agravo de instrumento. Também cabe da decisão que revoga ou modifica a tutela provisória
anteriormente deferida.
II - Mérito do processo;
O NCPC criou a possibilidade de cindir-se a apreciação do mérito da causa (“mérito do processo”), de forma
que uma parcela seja apreciada em decisão interlocutória enquanto outra parcela será resolvida na
sentença. É o que se dá nos casos:
Julgamento antecipado parcial do mérito (Art. 356: I - se for pedido incontroverso ou II - se estiver em
condições de imediato julgamento, não havendo necessidade de produção de provas ou havendo revelia,
não houver requerimento de provas); ou se houver um
Julgamento de improcedência liminar parcial (que não está expressamente prevista no Art. 332, mas é
possível, bastando pensar no caso de se formular diversos pedidos e o juízo liminarmente afirmar que alguns
deles não podem ser apreciados por já se ter operado a decadência ou a prescrição, caso em que há um
julgamento de improcedência liminar parcial). Pois, nestes casos, proferida decisão interlocutória, será
adequada a utilização do agravo de instrumento como recurso destinado a impugnar tais pronunciamentos
(o que está expressamente estabelecido pelo § 5° do Art. 356).
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III - Rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
Só a decisão que rejeita tal alegação é agravável, pois se o juízo acolher a alegação de existência de
convenção de arbitragem será proferida sentença terminativa (Art. 485, VII), motivo pelo qual o recurso
adequado seria a apelação.
XII - (VETADO);
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XIII - Outros casos expressamente referidos em lei.
Admite-se agravo de instrumento contra qualquer outra decisão interlocutória que a lei processual
expressamente declare agravável.
Ex.: da decisão que receba a petição inicial após o desenvolvimento da fase preliminar do procedimento da
“ação de improbidade administrativa” (Art. 17, § 10, da Lei no 8.429/1992).
Parágrafo único: Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de
liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
O agravo de instrumento é recurso que, diferentemente dos outros, se interpõe diretamente perante o tribunal ad
quem. A petição de interposição deve indicar os nomes das partes (agravante e agravado), a exposição do fato e do
direito, as razões do pedido de reforma ou invalidação da decisão agravada, o pedido de reforma ou invalidação, além do
nome e endereço completo dos advogados das partes (Art. 1.016).
Prazo: 15 dias;
A decisão interlocutória é proferida em 1ª instância, mas o Agravo de Instrumento vai direto à 2ª instância.
Assim, deve-se formar um “instrumento”
Formação do Instrumento:
Art. 1.017: A petição de agravo de instrumento será instruída:
I - Obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada,
da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a
tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;
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II - Com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do
agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;
III - Facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.
§ 1°: Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando
devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais.
§ 3°: Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a admissibilidade do
agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no Art. 932, parágrafo único.
§ 2°: Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no prazo de 3 dias a
contar da interposição do agravo de instrumento.
Se o processo for físico, o juiz de 1ª instância DEVERÁ ser comunicado do Agravo em 3 dias.
§ 3°: O descumprimento da exigência de que trata o § 2°, desde que arguido e provado pelo agravado, importa
inadmissibilidade do agravo de instrumento.
Ou seja, no processo físico a comunicação à 1ª instância é obrigatória (mas se for processo eletrônico é
facultativo). Nonsense...
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Procedimento do Agravo de Instrumento:
2ª Instância Agravo de Instrumento é protocolado, conforme requisitos (Art. 1.016), formado o instrumento (Art.
(TJ / TRF) 1.017).
III - Determinará a intimação do MP, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o
caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 dias.
Só intima o MP quando ele participe.
Sessão de
Art. 1.020: O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 mês da intimação do agravado.
Julgamento
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(II) Agravo Interno (N2)
Antes do NCPC, não havia previsão expressa acerca do agravo interno, tendo previsão somente nos regimentos internos
dos tribunais. Em razão disso, era chamado de vários nomes, tal como agravo regimental, agravo interno ou “Agravinho”.
O NCPC resolveu este dilema sobre a denominação:
NCPC, Art. 1.021: Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado,
observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.
Cabimento:
A princípio, caberá de decisões interlocutórias proferidas de forma monocrática pelo relator em sede de Tribunal
(havendo ou não decisão de mérito). Em regra, no Tribunal ocorre decisão colegiada, mas pode ocorrer decisão
monocrática em várias situações (“superpoder” para o relator - bom pq permite maior celeridade nos casos mais
urgentes, e ajuda a desafogar o Tribunal. Mas é preciso dar possibilidade de que tal decisão seja analisada, se
necessário, pelo colegiado. Isso se dá mediante Agravo Interno).
Tal decisão será então encaminhada para o respectivo órgão colegiado, ou seja, para o órgão que teria proferido
o julgamento colegiado caso não tivesse ocorrido o julgamento unipessoal pelo relator.
§ 3°: É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o
agravo interno.
§ 4º: Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o
órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre 1 e 5%
do valor atualizado da causa.
Se o Agravo Interno for inadmitido (face a juízo de admissibilidade realizado pelo próprio relator), e ele seguir para o
colegiado julgar e a parte que o interpôs perder (pela improcedência unânime do Agravo), o colegiado vai impor multa
de 1 a 5% da causa.
Isso serve para evitar que recorram de tudo.
§ 5°: A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da multa prevista no §
4°, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.
O código não fala sobre as regras de processamento do Agravo Interno, e delega tal atribuição para os
Regimentos Internos de cada Tribunal (NCPA, Art. 1021, parte final do caput).
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Prazo:
NCPC, Art. 1070: É de 15 dias o prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto em lei ou em regimento
interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal.
Mas...muitos Regimentos Internos preveem prazo para interposição menor do que 15 dias, pois geralmente são
anteriores ao NCPC, por isso sempre há dúvidas quanto ao prazo correto para interposição do Agravo Interno.
Entende-se, então, que o NCPC revogou tacitamente tais Regimentos Internos no que diz respeito ao prazo (pq prazo
é questão de processo, e, portanto, é regulado pelo NCPC).
Na dúvida, faz no menor, para garantir (para evitar discussão com o Tribunal).
Observações:
Só não será impugnável por Agravo Interno uma decisão monocrática quando a lei expressamente a declare irrecorrível,
como se dá, por exemplo, com a decisão do relator de recurso especial que, reputando prejudicial o recurso
extraordinário também interposto, determina a remessa dos autos ao STF (Art. 1.031, § 2°: Se o relator do recurso
especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá
os autos ao STF) (CAMARA).
Será sempre julgado pelo órgão colegiado a que o relator (ou o Presidente) se vincula, e em cujo nome atuou, qual
verdadeiro porta-voz, ao decidir monocraticamente (CAMARA).
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Procedimento do Agravo Interno:
Decisão monocrática em
Proferida pelo relator (juízo ‘a quo’).
sede de Tribunal
Inclusão em Pauta
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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
O Embargo de Declaração tem finalidade de esclarecer, e não de invalidar ou reformar. Mas pode ser que, em uma
análise futura, a decisão possa ser modificada (caso de embargos de declaração com efeitos modificativos).
É preciso, porém, ter claro que a modificação da decisão embargada só é possível em um caso: no de embargos
de declaração opostos contra decisão omissa.
Pode ser oposto contra qualquer pronunciamento judicial decisório, seja ele monocrático ou colegiado, proferida
por qualquer juízo ou tribunal (sentença, decisão interlocutória).
NCPC, Art. 1.022: Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - Esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - Suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - Corrigir erro material.
✓ Omissão: a decisão pode ser omissa no que tange ao pedido, ou algum argumento realizado pela parte (sentença
infra petita).
Ex.: fiz um pedido e o juiz não a analisou (peço danos morais e materiais, e o juiz só julga dano material – ele foi omisso com
relação ao dano moral).
Ex.: quero a rescisão de um contrato, com base no CC e no CDC. O juiz alega que não é caso de rescisão contratual com base no
CC (mas não analisa o que diz o CDC).
✓ Contradição: pode ser interna ou externa. Sendo interna, é uma contradição da própria decisão (contraditória em si
mesma), quando num ponto da decisão o argumento destoa do resto da fundamentação. Sendo externa, há uma
contradição da decisão em relação ao resto do processo (sentença extra petita).
Ex.: Ação de indenização: juiz diz q o autor comprovou o dano, há nexo de causalidade entre o dano e o ato, as provas corroboram,
e, portanto, há responsabilidade por parte do réu de indenizar. Aí julga improcedente a ação.
Ex.: Autor pede reintegração de posse do imóvel A, e o juiz dá referente ao imóvel B.
✓ Obscuridade: quando há alguma questão não discutida na decisão, ou seu texto foi elaborado de forma total ou
parcialmente incompreensível ou ambígua. Pede-se clareza na decisão.
✓ Erro material: incluído pele NCPC: quando há algum erro de direito; aquele que não interfere no conteúdo da decisão
judicial.
Ex.: o erro na grafia de um nome, ou o fato de, por lapso, se ter chamado o autor de réu ou vice-versa.
Prazo:
NCPC, Art. 1.023: Os embargos serão opostos, no prazo de 5 dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro,
obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
Juízos ‘a quo’ e o ‘ad quem’ = mesmo (juízo que proferiu a decisão é que irá esclarecê-la).
A não indicação do ponto equivocado, obscuro, contraditório ou omisso na peça de interposição do recurso
implica sua inadmissibilidade, sendo então o caso de não se conhecer do recurso (CAMARA).
Não há exigência de preparo nos embargos de declaração (art. 1.023, in fine), razão pela qual não se cogita,
aqui, de recolhimento de custas (CAMARA).
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Efeitos:
b. Suspensivo: o embargo de declaração, em regra, não possui efeito suspensivo, conforme caput do Art. 1.026 do
NCPC.
Mas, como exceção, pode ter, desde que cumpridos os 2 requisitos (Art. 1.026, §1°):
(1) demonstrada a probabilidade do provimento; ou
(2) se houver grave dano de difícil ou incerta reparação.
NCPC, Art. 1.026: Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso.
§ 1°: A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
§ 2°: Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará
o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a 2% sobre o valor atualizado da causa.
§ 3°: Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será elevada a até 10% sobre o valor atualizado
da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda
Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.
§ 4°: Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 anteriores houverem sido considerados protelatórios.
b. Se os embargos de declaração forem rejeitados, ou o juiz não alterar a conclusão do julgamento anterior o
recurso interposto pela outra parte, antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração, será
processado e julgado independentemente de ratificação:
Art. 1.024, §5°: Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior o recurso
interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado
independentemente de ratificação.
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Existe a possibilidade de interpor o recurso de embargos de declaração várias vezes (cabe embargos de declaração
dos embargos de declaração). Entretanto, caso haja abuso na parte no que tange a interposição de tal recurso, pode-
se aplicar multa:
Art. 1.026, § 2°: Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada,
condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.
A aplicação da multa é um ato discricionário do juiz. Havendo reiteração da interposição do recurso meramente
protelatório, a multa poderá ser elevada em até 10% sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer
recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa:
Art. 1.026, §3º: Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será elevada a 10% sobre o valor
atualizado da causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da
Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.
Art. 1.026, §4°: Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 anteriores houverem sido considerados protelatórios.
Não se pode deixar de abordar, também, a possibilidade de os embargos de declaração serem recebidos como se
agravo interno fossem (Art. 1.024, § 3°).
É que muito frequentemente se vê, na prática, a interposição de recurso contra decisão monocrática de relator sob o
rótulo de embargos de declaração quando, na verdade, tudo o que se pretende é a reforma ou invalidação da decisão
monocrática. É preciso, então, ter claro que não é o rótulo, o nomen iuris, atribuído à peça oferecida pela parte, que
determina a natureza do ato praticado. Sempre que, contra uma decisão monocrática proferida em sede de tribunal,
apresentar-se recurso em que se postula sua reforma ou invalidação, sem qualquer alusão à existência de obscuridade,
contradição, omissão ou erro material, mas com fundamento consistente na alegação de error in iudicando ou de error
in procedendo, não se estará diante de verdadeiros embargos de declaração, mas de um agravo interno.
Neste caso, deverá o relator determinar a intimação do recorrente para, no prazo de 5 dias, complementar as razões
recursais, adaptando sua petição ao recurso que verdadeiramente se interpôs, o agravo interno (Art. 1.024, § 3°) e,
se for o caso, comprovando também o recolhimento das custas (CAMARA).
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Funções dos Embargos de Declaração:
Os embargos de declaração servem para esclarecer, mas, ao esclarecer, eles podem acabar modificando a decisão (ao
esclarecer, como consequência, pode haver a modificação da decisão).
Na vigência do CPC/73, comumente chamavam-se, nesta situação, “embargos de declaração com efeitos
modificativos ou infringentes” (construção doutrinária).
O NCPC traz claramente que isso é possível, então não há pudor em requerer o esclarecimento com consequência da
modificação da decisão. O CPC/73 não previa o direito ao contraditório nos embargos de declaração (pq a única finalidade
era o esclarecimento), mas o NCPC prevê a intimação da parte contrária para apresentar resposta (pq agora existe previsão
de modificação da decisão junto ao pedido de embargo de declaração).
Art. 1.023, §2°: O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 dias, sobre os embargos opostos, caso seu
eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.
Portanto, se o motivo do embargo de declaração pode resultar em modificação da decisão, tem que deixar isso claro na
petição para que o juiz já abra vista para a parte contrária!
Pode haver também os “embargos de declaração para fins de prequestionamento” → As cortes superiores (STJ
e STF), como são cortes de uniformização, só irão analisar questões de direto (ou seja, trabalham com os fatos como
eles estão no processo: teve produção na 1ª instância, teve revisão na 2ª instância). Ainda, só analisam questões de
direito que já foram previamente analisadas nas instâncias inferiores.
Lembrando que:
- 1ª Instância
- 2ª Instância (cortes de revisão)
- Cortes Superiores - STJ e STF - (cortes de uniformização)
Prequestionamento é a exigência de que o recurso especial ou extraordinário verse sobre matéria que tenha sido
expressamente enfrentada na decisão recorrida. É que só se admite o RE (ou o REsp) a respeito de causas decididas.
Significa isto dizer que o RE e o REsp só podem versar sobre o que tenha sido decidido, não sendo possível, nestas duas
espécies recursais, inovar suscitando-se matéria (ou fundamento) que não tenha sido suscitado e apreciado na decisão
recorrida.
Embargos de declaração para fins de prequestionamento são embargos de declaração cujo objeto é o suprimento
da omissão, provocando-se um pronunciamento expresso acerca da matéria que se pretende submeter à apreciação do
STF ou do STJ através de RE ou de REsp (e que tinha, mesmo, sido suscitada). Pois neste caso, opostos os embargos de
declaração com fins de prequestionamento, considera-se preenchido o requisito do prequestionamento ainda que o órgão
jurisdicional não supra a omissão, não admitindo ou rejeitando os embargos. É o que se chama prequestionamento
ficto:
Art. 1.025: Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os
embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.
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Ex.: Proponho ação de revisão de contrato, com base em ofensa ao CC e ao CDC. Em 1ª instância o juiz dá a sentença e
diz “não vislumbro motivo para revisar o contrato, uma vez que o CC não foi desrespeitado” (e se omite quanto ao CDC)
→ cabe embargos de declaração por omissão.
Mas o advogado come bola e acaba ingressando com apelação para a 2ª instância (com cópia de todos os fundamentos
da petição inicial). O tribunal diz que a sentença está correta (e também se omite quanto ao CDC) → cabe embargos de
declaração por omissão.
O advogado dá bobeira mais uma vez e faz Recurso Especial (copiando, mais uma vez, toda a fundamentação da petição
inicial). Pergunta: pode o STJ analisar o CDC?
Não, porque em nenhuma instância inferior o CDC foi objeto de análise (não houve prequestionamento) – uma
vez que faltou o prequestionamento.
Não pode inovar no recurso para a corte superior.
Solução Faço embargos de declaração para fins de prequestionamento face ao tribunal de 2ª instância.
Procedimento:
Endoprocessual
Embargos de Declaração
Sem custas
No caso de embargos de declaração opostos contra acórdão, serão eles apresentados em mesa (isto é, não serão
incluídos na pauta de julgamento) na sessão imediatamente subsequente (à sua oposição ou, se for o caso, ao
oferecimento das contrarrazões), cabendo seu julgamento ao órgão colegiado.
Não sendo os embargos de declaração julgados na primeira sessão do tribunal, deverá o recurso ser incluído em
pauta para ser apreciado em sessão de julgamento (Art. 1.024, § 1°).
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Técnica de Complementação de Julgamento (Art. 942, NCPC):
CPC/73, Art. 530: Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado, em grau de apelação,
a sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embargos serão
restritos à matéria objeto da divergência.
Os embargos infringentes eram julgados pelo próprio tribunal de 2ª instância, mas por outro órgão.
Ex.: TRF da 4ª Região → 8 turmas (cada 2 turmas julgam uma matéria, e estas 2 turmas formam uma seção). Acórdão
com resultado 2 x 1, da Turma 2.
Turma 1 + Turma 2 = 1ª Seção Quem julga os embargos infringentes é a 1ª Seção (composta por 6
Turma 3 + Turma 4 = 2ª Seção Desembargadores). Mas, e como julgar em número par? E se de empate?
Turma 5 + Turma 6 = 3ª Seção O Regimento Interno mandava tirar um Desembargador do voto vencedor (aí
Turma 7 + Turma 8 = 4ª Seção ficaria 1 x 1, mais os 3 da outra Turma).
Portanto, os embargos infringentes cabiam quando havia reforma da decisão por maioria não unânime no tribunal (2x1),
aí ingressava-se com esse recurso para que o próprio tribunal realizasse outro julgamento.
O NCPC resolveu acabar com os embargos infringentes, mas inventaram o Art. 942 (“embargos infringentes cover”):
Art. 942: Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada
com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em
número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais
terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.
Problema: não precisa nem recorrer, pq o julgamento “continua automaticamente” em caso de 2x1, com pelo
menos mais 2 julgadores (para ter possibilidade de reverter o resultado). Neste caso, o julgamento fica suspenso
(até achar 2 Desembargadores e marcar a continuação do julgamento). Pior, não precisa nem reformar a decisão.
§ 1°: Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros
julgadores que porventura componham o órgão colegiado.
Caso do TJ/PR, que é formado por Câmaras de 5 Desembargadores (sendo que 3 julgam e os outros 2 ficam lá só
de corpo presente. Se acontecer de decisão 2x1, os 2 já “entram” para decidir).
§ 2°: Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do prosseguimento do julgamento.
§ 3°: A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido em:
I. Ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer
em órgão de maior composição previsto no regimento interno;
II. Agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.
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RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
Cabimento:
Os Arts. 102, II, e 105, II da CF estabelecem a competência do STF e do STJ para conhecer de recurso ordinário.
Não confundir com o recurso ordinário trabalhista (que, no direito do trabalho, corresponde à “apelação” do processo civil).
STF:
O STF não é Tribunal Superior, mas sim, Corte Suprema.
Sendo, pois, instaurado perante tribunal superior um processo de HC, MS, MI ou HD de competência
originária, e sendo o resultado desfavorável ao impetrante (extinção sem resolução do mérito ou improcedência do
pedido), dessa decisão será cabível a interposição de recurso ordinário constitucional para o STF (CAMARA).
Habeas Data a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
CF Art. 5°, LXXIII: Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
Ação Popular patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência.
Como a matéria que estudamos é cível, serão analisadas as hipóteses de competência originária do STJ, visto que é este tribunal
que trata desta matéria.
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STJ:
§ 1°: Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento
dirigido ao STJ, nas hipóteses do art. 1.015.
O STJ atua, neste caso, como órgão de 2° grau de jurisdição, julgando a apelação (ainda que chamada de recurso ordinário
constitucional) e, também, os agravos de instrumento, cabíveis nos casos previstos no Art. 1.015.
§ 2°: Aplica-se ao recurso ordinário (STF e STJ) o disposto nos Arts. 1.013, § 3°, e 1.029, § 5°.
Art. 1.013, § 3°: efeito translativo da apelação
Art. 1.029, § 5°: a partir da edição da Lei n° 13.256/2016 surgiu aqui um problema: é que este § 5° foi alterado para tornar-
se compatível com o sistema por aquela lei estabelecido, segundo o qual o juízo de admissibilidade dos recursos excepcionais
(RE e REsp) – entre os quais não está o recurso ordinário constitucional – passaria a ser realizado originariamente nos tribunais
recorridos. Isto, porém, não se aplica ao recurso ordinário constitucional, que continua a submeter-se a juízo de admissibilidade
apenas no STJ ou STF. Deve-se considerar, então, que há uma absoluta incompatibilidade entre a nova redação do § 5° do
Art. 1.029 e a redação original do Art. 1.027, § 2°, parte final. Daí resulta, pois, uma inevitável revogação tácita dessa parte
final, não mais sendo aplicável ao recurso ordinário o disposto no Art. 1.029, § 5°. Consequência disto é que passa a ser
aplicável o Art. 1.012, § 3°, já que – como resulta da interpretação do disposto no Art. 1.028 – ao recurso ordinário se aplicam
as normas que regem a apelação. (CAMARA).
b. Os mandados de segurança decididos em única instância pelos TRF’s ou pelos TJ’s dos Estados, do DF e Territórios,
quando denegatória a decisão;
c. As causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou
pessoa residente ou domiciliada no País;
Juízo competente será Juiz Federal de 1ª instância, e de sua decisão caberá recurso ao STJ.
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O prazo para interposição: 15 dias.
No recurso ordinário para o STF, o juízo ‘a quo’ é algum dos Tribunais Superiores, e o ‘ad quem’ será o STF.
No recurso ordinário para o STJ, sendo MS, o ‘a quo’ será o TRF ou o TJ, e se for ação envolvendo estado estrangeiro
ou organismo internacional, o ‘a quo’ será o juízo de 1ª instância, e o ‘ad quem’ será o STJ.
É um recurso endoprocessual.
Tem efeitos obstativo, devolutivo e suspensivo.
Tem custas; porte e remessa só se for processo físico.
Procedimento: similar ao da Apelação.
Cabe de decisão de competência originária de algum Tribunal Superior (STJ, STM, TST ou TSE).
MS no STJ
Ex.: mandado de segurança contra ato de ministro de Estado (CF Art. 105, I, b).
Acórdão do STJ Vai para 1 das turmas do STJ (= decisão colegiada). Decisão da Turma.
Intimação do Acórdão
Prazo para interposição do Recurso Ordinário Constitucional.
(15 d para apresentar )
Remessa ao STF
Recebidos os autos, a secretaria irá ordená-los, procedendo à imediata distribuição para uma
Setor de Distribuição
das 2 Turmas. 1 Relator, 1 Revisor, e 3 Vogais.
1° Fará o Juízo de Admissibilidade do processo.
- Se admitir o recurso: processo segue para elaboração de Relatório.
Relator - Se inadmitir o recurso cabe agravo interno.
(STF) 2° Fará o Relatório, que então será enviado ao Revisor. Este atestará que viu o Relatório
(“dar vistas”), e o devolverá ao Relator, que então irá:
3° Elaborará seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado.
Intimação da Pauta
Todos os processos que vão a julgamento devem ser publicados (Publicação da Pauta de
Julgamento).
Sessão de Julgamento
Os 5 Ministros julgarão.
Cabe sustentação oral.
Ementa + Relatório + Voto vencedor (se houver voto divergente, também deve constar) +
Acordão
Certidão de Julgamento
Intimação da Decisão A contar da data da publicação do acórdão (e não do dia da sessão de julgamento).
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Procedimento Recurso Ordinário Constitucional ao STJ:
Intimação do Acórdão
Prazo para interposição do Recurso Ordinário Constitucional.
(15 d para apresentar )
Remessa ao STJ
Recebidos os autos, a secretaria irá ordená-los, procedendo à imediata distribuição para uma das 8
Setor de Distribuição
Turmas. 1 Relator, 1 Revisor, e 1 Vogal.
1° Fará o Juízo de Admissibilidade do processo.
- Se admitir o recurso: processo segue para elaboração de Relatório.
Relator - Se inadmitir o recurso cabe agravo interno.
(STJ) 2° Fará o Relatório, que então será enviado ao Revisor. Este atestará que viu o Relatório (“dar
vistas”), e o devolverá ao Relator, que então irá:
3° Elaborará seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado.
Intimação da Pauta
Todos os processos que vão a julgamento devem ser publicados (Publicação da Pauta de Julgamento).
Sessão de
Os 3 Ministros julgarão.
Julgamento
Cabe sustentação oral.
Ementa + Relatório + Voto vencedor (se houver voto divergente, também deve constar) + Certidão de
Acordão
Julgamento
Intimação da Decisão A contar da data da publicação do acórdão (e não do dia da sessão de julgamento).
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE) E RECURSO ESPECIAL (REsp)
O RE e o REsp são, por excelência, recursos excepcionais, isto é, recursos em que apenas questões de direito podem
ser suscitadas. Neles não se admite qualquer discussão sobre matéria fática.
Tais recursos excepcionais visam a uniformização de jurisprudência.
Compete ao STF julgar, mediante RE, e ao STJ mediante REsp, as causas apontadas no texto constitucional. Tanto para
o STF como para o STJ, porém, só se abre o acesso por via desses recursos para causas decididas em única ou última
instância (CF, Art. 102, III, e Art. 105, III). Daí se extraem algumas informações extremamente importantes acerca da
admissibilidade do RE e do REsp.
É preciso ter claro que o RE e o REsp só são admissíveis depois de esgotados os recursos admissíveis
nas instâncias ordinárias (o que resulta da exigência de que a causa já tenha sido decidida em única ou última
instância). Impõe-se, assim, o esgotamento das instâncias ordinárias para que se abram as portas das instâncias
excepcionais
Cabimento:
I. RE:
II. REsp:
Só é admissível a interposição de REsp contra decisões proferidas pelos TRF’s ou pelos TJ’s. É por esta razão que não
se admite REsp contra decisões proferidas pelas Turmas Recursais dos Juizados Especiais (Súmula 203 do
STJ).
O RE pode ser interposto contra decisões proferidas por quaisquer órgãos jurisdicionais (inclusive contra decisões dos
tribunais superiores, como o próprio STJ, e as Turmas Recursais dos Juizados Especiais). Admite-se até mesmo RE
contra decisão proferida por juízo singular de 1ª instância nos casos em que estes atuam como instância ordinária
única (o que se dá, por exemplo, nas execuções fiscais de pequeno valor, nos termos do Art. 34 da LEF).
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Características do RE e do REsp:
NCPC Art. 1.029, O §5°: O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial
poderá ser formulado por requerimento dirigido:
l - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do recurso e
sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;
II - ao relator, se já distribuído o recurso;
III- ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso
e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos
do art. 1.037.
4. Exigência de prequestionamento:
Para que o RE e o REsp sejam conhecidos, é preciso que haja o prequestionamento.
Prequestionamento é a exigência de que o RE ou REsp verse sobre matéria que tenha sido expressamente enfrentada
na decisão recorrida. É que só se admite o RE (ou o REsp) a respeito de causas decididas (para usar-se aqui a
terminologia empregada no texto constitucional). Significa isto dizer que o RE e o REsp só podem versar sobre o que
tenha sido decidido, não sendo possível, nestas duas espécies recursais, inovar suscitando-se matéria (ou fundamento)
que não tenha sido suscitado e apreciado na decisão recorrida (CAMARA).
Ex.: um processo em que não tenha sido suscitada, nas instâncias ordinárias, a prescrição. Não obstante a existência de
dispositivo legal a estabelecer que a prescrição pode ser deduzida em qualquer grau de jurisdição (art. 193 do CC), deve-se
compreender tal disposição no sentido de que essa matéria pode ser deduzida originariamente a qualquer tempo nas instâncias
ordinárias. Não tendo sido a matéria submetida ao debate em contraditório nas instâncias ordinárias, porém, não será possível
deduzi-la originariamente em grau de recurso extraordinário ou especial, por não se tratar de matéria “decidida”, ou seja, por
faltar prequestionamento.
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Dissídio jurisprudencial (cabível ao REsp):
CF Art. 105, III, c: Compete ao STJ julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância,
pelos TRF’s ou pelos TJ’s dos Estados, do DF e Territórios, quando a decisão recorrida: der a lei federal interpretação
divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
O Dissídio jurisprudencial ocorre quando há divergência de decisões entre Tribunais diferentes, sobre assunto de
lei federal (divergência interna do próprio tribunal não se encaixa aqui).
Tem como função permitir a interpretação uniforme do direito federal em todo o território nacional. Na petição de recurso,
deve-se provar a divergência, através de cópias do acórdão, certidão do acórdão, repositório oficial, etc. Não basta citar
o dissídio, deve-se comprovar.
Art. 1.029, § 1º: Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência com
a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que
houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de
computadores, com indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.
CF Art. 102, § 3º: No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente
podendo recusá-lo pela manifestação de 2/3 de seus membros.
Além disso, os interesses em jogo devem transcender aos interesses dos sujeitos processuais. Assim sendo, esse dispositivo
inserido pela EC supracitada prevê o ônus do recorrente de demonstrar "a repercussão geral das questões constitucionais
discutidas no caso", a fim de que o "tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação
de 2/3 dos seus membros".
Se, nas razões do recurso, não houver demonstração de repercussão geral, não cabe o recurso, podendo não ser admitido,
inclusive, pelo Presidente ou Vice do tribunal local. A decisão acerca da repercussão geral é irrecorrível.
- Questão constitucional
RE - Que transcenda ao interesse das partes (= repercussão geral)
- Tema Econômico / Social / Político / Jurídico
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Art. 1.035: O STF, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional
nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.
§ 1º: Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista
econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo.
Dentro da Petição deverá haver um tópico para debater a repercussão geral.
§ 2º: O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação exclusiva pelo STF.
Recorrente demonstra, mas quem decide se é ou não repercussão geral é o STF.
Lembrando que os requisitos de admissibilidade do RE serão analisados pelo Tribunal de 2ª instância, SALVO a repercussão geral!
Se o STF decidir que tal processo não é de repercussão geral, então todos os outros processos que tratam da mesma matéria
também não serão de repercussão geral, e, portanto, não subirão. Esta decisão é irrecorrível.
Problema: e se o 1° processo a chegar no STF é de um advogado bem ”meia boca”, que não sabe escrever nem argumentar?
Isso irá prejudicar os demais. O que fazer? Manifestação de terceiro (ver §4 º).
§ 3º: Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:
I - Contrarie súmula ou jurisprudência dominante do STF;
II - Tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos;
II – (Revogado);
III - Tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da CF.
Há presunção absoluta de repercussão geral da questão sempre que o RE for interposto contra decisão que contraria enunciado
de súmula ou jurisprudência dominante do STF. Também haverá tal presunção absoluta quando o acórdão recorrido tenha
afirmado a inconstitucionalidade de tratado internacional ou de lei federal com observância da cláusula de reserva de plenário.
§ 4º: O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador
habilitado, nos termos do Regimento Interno do STF.
Amicus Curiae (3° que tem interesse no processo e que poderá ajudar o STF na decisão sobreo assunto ser ou não de
repercussão geral). Assim, um outro advogado “melhor” poderá interferir, via petição simples, para tentar fornecer os
argumentos adequados para que tal processo seja classificado como de repercussão geral.
Mas, e como saber quando será o julgamento? O advogado deverá ficar ligado, acompanhar a pauta do STF.
§ 5º: Reconhecida a repercussão geral, o relator no STF determinará a suspensão do processamento de todos os
processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional.
Os processos pendentes ficam suspensos até que saia a decisão sobre a repercussão geral.
§ 6º: O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de
sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o
prazo de 5 dias para manifestar-se sobre esse requerimento.
§ 7º: Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou que aplicar entendimento firmado em regime de
repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá agravo interno.
§ 8º: Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos
extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica.
Negada a repercussão geral pelo STF, os Tribunais negarão todos os demais recursos que pleiteiam repercussão geral sobre o
mesmo tema.
§ 9º: O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1 ano e terá preferência
sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.
§ 10. (Revogado).
§ 11: A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no diário oficial e valerá como
acórdão.
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Repercussão geral é conceito aberto, a ser preenchido por norma infraconstitucional, que se valeu de outros conceitos
jurídicos indeterminados para conferir maior elasticidade na interpretação dessa exigência, que, afinal, terá a sua exata
dimensão delimitada pela interpretação constitucional que fizer o STF.
A análise do assunto é feita conforme as orientações do Regimento Interno do STF (tudo de modo eletrônico):
Relator elabora seu voto, e o encaminha para os outros 4 Ministros da turma.
Se o julgamento resultar em 5x0 ou 4x1 a favor da repercussão geral, decide-se já na turma.
Mas se der 5x0, 4x1, 3x2 contra a repercussão geral, aí a decisão irá para o pleno, e os 6 Ministros restantes irão votar
também. No pleno, é feita votação por maioria simples.
O RE e o REsp devem ser interpostos perante o tribunal que tenha proferido a decisão recorrida, devendo a petição ser
dirigida ao Presidente ou Vice-Presidente do tribunal (conforme disponha seu próprio regimento interno). Portanto,
incumbe ao Presidente ou Vice-Presidente do tribunal recorrido (a quo) proceder a um 1° exame da admissibilidade do
recurso excepcional:
NCPC, Art. 1.030: Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar
contrarrazões no prazo de 15 dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal
recorrido, que deverá:
I – Negar seguimento:
a) a RE que discuta questão constitucional à qual o STF não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a
recurso extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do STF exarado no
regime de repercussão geral;
b) a RE ou a REsp interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do STF ou do STJ,
respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos;
II – Encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo de retratação, se o acórdão recorrido divergir do
entendimento do STF ou do STJ exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de recursos repetitivos;
III – Sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida STF ou pelo STJ, conforme
se trate de matéria constitucional ou infraconstitucional;
No caso de o recurso versar sobre matéria já reconhecida como repetitiva, deverá o Presidente ou Vice do tribunal de origem
sobrestá-lo até que o STF ou o STJ fixe o paradigma, após o que deverá ser aplicado o disposto no inciso I ou II, conforme o
caso. Neste caso, a decisão do Presidente ou Vice-Presidente será impugnável por agravo interno.
V – Realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao STF ou ao STJ, desde que:
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento de recursos
repetitivos;
b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.
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§1º: Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V (juízo de admissibilidade) caberá agravo ao
tribunal superior, nos termos do Art. 1.042.
Não sendo caso de aplicação de qualquer das disposições referidas nos incisos I a IV, incumbirá ao Presidente ou Vice do tribunal
de origem exercer o juízo de admissibilidade do REsp ou RE, verificando se foram ou não preenchidos os requisitos necessários
para que seu mérito possa ser examinado pelo STJ ou STF (Art. 1.030, V). Caso se profira, nesta hipótese, juízo negativo de
admissibilidade será admissível agravo para o STJ ou STF, conforme o recurso inadmitido seja especial ou extraordinário (Art.
1.030, § 1°).
§2º: Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do art. 1.021.
Cabe REsp e RE, ao mesmo tempo, mas em peças separadas, e no prazo comum de 15 dias. Caso o recurso seja interposto
de forma errada, pode-se aplicar o Princípio da Fungibilidade, aceitando-o como se certo fosse (Arts. 1.032 e 1.033).
Neste caso, conforme a doutrina e a jurisprudência, não há ofensa ao Princípio da Unicidade (“da decisão caberá apenas
um recurso, ou pelo menos, um recurso por vez”). O entendimento é de que que tal decisão, que ofende lei federal e a
CF, tem “2 partes”, e, portanto, aceita os 2 recursos.
Art. 1.032: Se o relator, no STJ, entender que o REsp versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de
15 dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão
constitucional.
Parágrafo único: Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao STF, que, em juízo de
admissibilidade, poderá devolvê-lo ao STJ.
Assim, abre-se para a parte a possibilidade de “emendar” o recurso, no prazo de 15 dias. Se o STJ entender
que o recurso é RE, a parte terá 15 dias para demonstrar repercussão geral. Neste caso, se o recurso chegar
ao STF e este achar que a matéria é de REsp, ele devolve ao STJ.
Conflito Negativo de Competência (e a palavra final será do STF, que decidirá de quem é a competência).
Art. 1.033: Se o STF considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor
a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao STJ para julgamento como REsp.
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Efeito Suspensivo:
Art. 1.029: O RE e o REsp, nos casos previstos na CF, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do
tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:
(...)
§ 5°: O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por
requerimento dirigido:
I - Ao tribunal superior respectivo (STJ / STF), no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do
recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;
Como o processo ainda não foi distribuído, então não existe um relator definido. Assim, o pedido de suspensão deverá ser feito
ao Presidente ou ao Vice-Presidente do STJ / STF.
II - Ao relator, se já distribuído o recurso;
III - Ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido (TFR / TJ), no período compreendido entre a
interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido
sobrestado, nos termos do art. 1.037.
Relator
Ex.: processo em juizado especial → sentença → parte recorre da sentença (via recurso inominado) → segue para análise
da turma recursal (colegiado = 2ª instância do juizado especial) → Acórdão da turma recursal.
Deste Acórdão recursal só cabe RE (não cabe REsp), porque conforme a CF Art. 102, III, “compete ao STF julgar, mediante
recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida [...]”
A CF não diz quem fez a decisão em única ou última instância, portanto, pode ser decisão de qquer instância recursal.
No caso do Art. 105, III, a CF deixa claro que só cabe REsp das causas decididas, em única ou última instância, pelos
TRF’s ou pelos TJ’s dos Estados, do DF e Territórios. Então, não pode ser de Juizado Especial.
42
Procedimento do REsp:
Que: (CF Art. 105, III), desde que esgotados todos os outros recursos:
Acórdão do a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
TJ / TRF b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Intimação do Acórdão Prazo: 15 dias para recorrer
NCPC, Art. 1.029: O RE e o REsp, nos casos previstos na CF, serão interpostos perante o
Petição de REsp presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão:
I - a exposição do fato e do direito;
Perante o TJ / TRF
II - a demonstração do cabimento do recurso interposto (em qual situação do Art. 105, III
(Endoprocessual)
da CF se encaixa);
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.
2ª instância
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Procedimento do RE:
Que: (CF Art. 102, III): desde que esgotados todos os outros recursos:
Acórdão do a) contrariar dispositivo desta Constituição;
Repercussão Geral não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.
§ 2°: O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação
exclusiva pelo STF.
▪ É Repercussão Geral segue para o Juízo de Admissibilidade.
STF
44
Procedimento Conjunto: acórdão que ofende lei federal e a CF
Decisão de
Presidente / Vice dará decisão sobre a admissibilidade dos recursos.
Admissibilidade
2ª instância
Quatro Possibilidades:
1. Admite ambos: o processo segue inteiro para o STJ, que irá julgar o REsp. Se houver necessidade, após o
julgamento do REsp, o processo irá para o STF.
Se o REsp reformar o acórdão de modo que o recorrente consegue o que queria, não tem necessidade de
ir ao STF (aí basta desistir do RE). Ainda, para que arriscar que o STF decida de modo diverso?
2. Inadmite ambos: cabem 2 agravos, 1 de cada decisão. Processo segue para o STJ, que julgará o Agravo
de Decisão que Inadmite o REsp. Se o STJ admitir o Agravo, ele já julga junto o REsp.
Mas se o STJ inadmitir o Agravo, aí em tese acabou (na verdade cabe mais um agravo, que será estudado
no futuro). Processo segue para o STF, para julgamento do Agravo de Decisão que Inadmite o RE.
3. Admite o REsp e Inadmite o RE: cabe Agravo de Decisão que Inadmite o RE. Processo segue para o STJ,
que julgará o REsp. Julgado o REsp, se necessário, manda para o STF julgar o Agravo de Decisão que
Inadmite o RE e, se cabível, já julga o RE.
4. Admite o RE e Inadmite o REsp: Agravo de Decisão que Inadmite o REsp. Processo segue para o STJ, para
julgar o Agravo. Se der provimento, já julga o REsp. Se não der provimento ao Agravo, a princípio acabou
(na verdade cabe mais um agravo, que será estudado no futuro). Se houver necessidade, manda para o
STF.
NCPC, Art. 1.031: Na hipótese de interposição conjunta de RE e REsp, os autos serão remetidos ao STJ.
§ 1°: Concluído o julgamento do REsp, os autos serão remetidos ao STF para apreciação do RE, se este não estiver
prejudicado.
§ 2°: Se o relator do REsp considerar prejudicial o RE, em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os
autos ao STF.
§ 3°: Na hipótese do § 2°, se o relator do RE, em decisão irrecorrível, rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos ao
STJ para o julgamento do REsp.
45
REsp e RE Repetitivos:
O NCPC regula, em seus Arts. 1.036 a 1.041, mais uma técnica destinada a viabilizar a criação de precedentes
vinculantes, a serem usados como padrões decisórios que terão de ser seguidos pelos órgãos jurisdicionais brasileiros
quando do exame de casos nos quais se discutam as mesmas questões de direito já definidas, e diante de circunstâncias
fáticas equivalentes. Trata-se, além disso, de uma técnica destinada a permitir o gerenciamento das assim chamadas
causas repetitivas, capaz de evitar que o STF e o STJ, tribunais que não só têm competência sobre todo o território
nacional, mas também se caracterizam por serem formados por pequeno número de magistrados (11 no STF, 33 no STJ),
fiquem exageradamente assoberbados pela chegada de excessivo número de recursos excepcionais, versando as mesmas
questões de direito (CAMARA).
Portanto, sempre que se verifique a existência de multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com
fundamento na mesma questão de direito, deverá aplicar-se esta técnica especial, através da qual se promove um
julgamento por amostragem (art. 1.036):
Art. 1.036: Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com fundamento em
idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as disposições desta Subseção, observado
o disposto no Regimento Interno do STF e no do STJ.
§ 2°: O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente, que exclua da decisão de sobrestamento e
inadmita o recurso especial ou o recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente
o prazo de 5 dias para manifestar-se sobre esse requerimento.
§ 3°: Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 2º caberá apenas agravo interno.
§ 4°: A escolha feita pelo presidente ou vice-presidente do TJ ou do TRF não vinculará o relator no tribunal superior, que
poderá selecionar outros recursos representativos da controvérsia.
§ 5°: O relator em tribunal superior também poderá selecionar 2 ou mais recursos representativos da controvérsia para
julgamento da questão de direito independentemente da iniciativa do presidente ou do vice-presidente do tribunal de
origem.
§ 6°: Somente podem ser selecionados recursos admissíveis que contenham abrangente argumentação e discussão a
respeito da questão a ser decidida.
Não basta que o RE ou REsp seja admissível para ser selecionado. Impõe-se, também, que ele contenha “abrangente
argumentação e discussão a respeito da questão a ser decidida”. Assim, devem ser selecionados recursos que permitam o exame
aprofundado de todos os argumentos que podem ser invocados no exame daquelas questões de direito.
46
Art. 1.037: Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do pressuposto do caput do
art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:
I - Identificará com precisão a questão a ser submetida a julgamento;
II - Determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem
sobre a questão e tramitem no território nacional;
Técnica de gerenciamento de causas repetitivas, através da qual se aguardará a formação de uma decisão paradigma, a qual
terá eficácia de precedente vinculante, e que será, posteriormente, empregada como base para a formação das decisões que
serão proferidas para os casos equivalentes (to treat like cases alike).
III - Poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos TJ’s ou dos TRF’s a remessa de um recurso
representativo da controvérsia.
§ 1°: Se, após receber os recursos selecionados pelo presidente ou pelo vice-presidente de TJ ou de TRF, não se proceder
à afetação, o relator, no tribunal superior, comunicará o fato ao presidente ou ao vice-presidente que os houver enviado,
para que seja revogada a decisão de suspensão referida no Art. 1.036, § 1°.
Negada a afetação, o relator comunicará a decisão ao Presidente ou Vice-Presidente do tribunal que tenha enviado os recursos
(TJ/TRF), a fim de que seja revogada a decisão por ele proferida, que determinou a suspensão dos processos em curso na área
de atuação do tribunal de origem.
Determinada a suspensão dos processos, serão disto comunicados, para que tomem providências, os juízes e relatores
dos processos em trâmite em todo o território nacional, os quais, por sua vez, determinarão a intimação das partes dos
processos suspensos para que tomem conhecimento do sobrestamento (Art. 1.037, § 8°).
Intimadas as partes da suspensão dos demais processos em que se discute a mesma questão de direito, poderá o
interessado requerer o reconhecimento de que o processo de que participa foi indevidamente suspenso, buscando
estabelecer uma distinção entre os casos afetados para julgamento pela técnica dos recursos repetitivos e o caso concreto
de que participa, a fim de excluir tal processo do rol dos feitos suspensos – já que, sendo o processo distinto, a ele não
se aplicará o padrão decisório a ser formado através do procedimento de julgamento dos recursos excepcionais repetitivos
–, voltando o mesmo a tramitar regularmente (Art. 1.037, § 9°).
Proferida a decisão de afetação, os recursos repetitivos deverão ser julgados no prazo de um ano, tendo eles, em seu
processamento, preferência sobre todos os demais processos, ressalvados apenas aqueles que envolvam réu preso e os
pedidos de habeas corpus (Art. 1.037, § 4°). Não ocorrendo o julgamento no prazo de um ano (a contar da publicação da
decisão de afetação), cessam automaticamente a afetação e a suspensão de processos, que, em todo o território nacional,
retomarão seu curso normal.
Art. 1.039: Decididos os recursos afetados, os órgãos colegiados declararão prejudicados os demais recursos versando
sobre idêntica controvérsia ou os decidirão aplicando a tese firmada.
Parágrafo único: Negada a existência de repercussão geral no recurso extraordinário afetado, serão considerados
automaticamente inadmitidos os recursos extraordinários cujo processamento tenha sido sobrestado.
Caso no julgamento de recursos extraordinários repetitivos o STF se pronuncie no sentido de que a questão constitucional afetada
não tem repercussão geral, todos os recursos extraordinários que eventualmente já tivessem sido interpostos sobre a matéria, e
que estivessem sobrestados, serão automaticamente inadmitidos, sendo possível esta decisão de inadmissão no próprio tribunal
de origem (se lá estiver ainda o processo, evidentemente), sem que haja necessidade de remessa do processo ao STF.
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Art. 1.040: Publicado o acórdão paradigma:
I - O presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos especiais ou extraordinários
sobrestados na origem, se o acórdão recorrido coincidir com a orientação do tribunal superior;
II - O órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexaminará o processo de competência originária, a remessa
necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o acórdão recorrido contrariar a orientação do tribunal superior;
III - Os processos suspensos em primeiro e segundo graus de jurisdição retomarão o curso para julgamento e aplicação
da tese firmada pelo tribunal superior;
IV - Se os recursos versarem sobre questão relativa a prestação de serviço público objeto de concessão, permissão ou
autorização, o resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora competente para
fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada.
§ 1°: A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de proferida a sentença, se a questão
nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso representativo da controvérsia.
Caso o processo esteja ainda em 1° grau de jurisdição e o precedente vinculante tenha fixado tese contrária ao interesse do
demandante, fica este autorizado a, antes de proferida a sentença, desistir da ação, provocando assim a extinção do processo
sem resolução do mérito.
§ 2°: Se a desistência ocorrer antes de oferecida contestação, a parte ficará isenta do pagamento de custas e de honorários
de sucumbência.
§ 3°: A desistência apresentada nos termos do § 1° independe de consentimento do réu, ainda que apresentada
contestação.
Ainda que apresentada a contestação, a extinção do processo não depende do consentimento do réu.
Embora não o diga expressamente o texto legal, o precedente vinculante fixado através da técnica dos recursos
excepcionais repetitivos será aplicado, também, aos casos futuros, ainda não instaurados. Deste modo, sempre que
se verificar que as circunstâncias fáticas de um novo caso concreto são equivalentes às do caso paradigma, deverá o
órgão jurisdicional, fundamentadamente, proferir sua decisão a partir dos fundamentos determinantes do precedente,
cuja observância é obrigatória.
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AGRAVO em RE e REsp:
Contra algumas decisões de inadmissibilidade (algumas, mas não todas, frise-se) há um recurso que pode ser utilizado, o
agravo em recurso especial e em recurso extraordinário.
Como já visto, identificando-se no tribunal de origem a existência de múltiplos recursos sobre a mesma questão de direito
(constitucional ou federal), caberá ao Presidente ou Vice-Presidente selecionar 2 recursos para serem encaminhados ao
tribunal de superposição e promover a suspensão dos demais recursos já interpostos sobre a mesma matéria (além de
determinar a suspensão de todos os outros processos em trâmite na área de atuação do respectivo tribunal e que versem
sobre a mesma questão de direito).
Além disso, quando a verificação da existência de multiplicidade de recursos se der no STJ ou no STF, assim como nos
casos em que, provocado por outro tribunal, o relator na Corte de superposição tiver proferido a decisão de afetação,
ao Presidente ou Vice-Presidente do tribunal de origem caberá encaminhar um recurso representativo da controvérsia para
ser reunido àqueles previamente selecionados.
Depois de julgados os recursos repetitivos e fixado o acórdão paradigma, caberá ainda ao Presidente ou Vice-Presidente
do tribunal de origem tomar diversas outras providências. Caso o STF tenha decidido por negar a repercussão geral da
questão constitucional, deverá ser negado seguimento ao RE no tribunal de origem. Já na hipótese de o STF ou o STJ ter
julgado o mérito dos recursos repetitivos, deverá o Presidente ou Vice-Presidente do tribunal de origem verificar,
entre os recursos ali sobrestados, quais foram interpostos contra decisões proferidas no mesmo sentido do precedente
vinculante e quais decisões dele divergiram. Nos processos em que a decisão recorrida esteja em conformidade com o
precedente vinculante, o REsp ou RE deverá ser declarado prejudicado no próprio tribunal de origem. Já naqueles em que
a decisão seja divergente da tese fixada no acórdão paradigma, deverá o Presidente ou Vice-Presidente do tribunal de
origem restituir o processo ao órgão prolator da decisão recorrida para exercício do juízo de retratação.
Vê-se, pois, que são muitas as variantes, e diversas – e extremamente relevantes – as decisões que podem ser proferidas
pelo Presidente ou Vice-Presidente do tribunal de origem neste gerenciamento dos recursos repetitivos. E contra tais
decisões se prevê um recurso, regulado pelo Art. 1.042, chamado agravo em recurso especial e em recurso
extraordinário, que pode ser interposto no prazo de 15 dias (Art. 1.003, § 5°).
Não é, porém, admissível este agravo em REsp e em RE quando a decisão de inadmissibilidade do recurso excepcional
fundar-se na aplicação de entendimento fixado em decisão proferida sob o regime da repercussão geral ou em
julgamento de recursos repetitivos (Art. 1.042).
Acórdão TJ/TRF que ofende lei federal Intimação da Decisão 15 dias para interposição do REsp Intimação do
Recorrido 15 dias para recorrido apresentar Contrarrazões de REsp com ou sem Contrarrazões, processo vai concluso
com o Presidente / Vice, que farão o J.A. (decisão interlocutória, monocrática, em sede de Tribunal):
Juízo de Admissibilidade no TJ/TRF:
Admite o REsp: sobe para o STJ.
Inadmite o REsp: esta será uma decisão interlocutória, da qual caberá Agravo em REsp
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Cabimento:
Art. 1.042: Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir RE ou
REsp, salvo quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento
de recursos repetitivos.
§ 2º: A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem e independe do
pagamento de custas e despesas postais, aplicando-se a ela o regime de repercussão geral e de recursos repetitivos,
inclusive quanto à possibilidade de sobrestamento e do juízo de retratação.
Isto significa dizer que o agravo em RE ou REsp pode ficar suspenso aguardando a definição de um paradigma pelo Tribunal de
Superposição (STF / STJ), assim como é possível o exercício, pelo prolator da decisão recorrida (Presidente ou Vice-Presidente
do tribunal recorrido), de juízo de retratação.
Endoprocessual.
§ 3°: O agravado será intimado, de imediato, para oferecer resposta no prazo de 15 dias.
§ 4°: Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo será remetido ao tribunal superior competente.
Não havendo retratação, e não sendo caso de sobrestamento do recurso por força da aplicação do regime da repercussão geral
ou dos recursos repetitivos, o agravo será remetido ao STF ou ao STJ.
Decisão que inadmite o REsp Intimação da Decisão 15 dias para fazer o Agravo em REsp Intimação do agravado,
para que, em 15 dias, se quiser, ofereça Contrarrazões em Agravo de REsp (Contraminuta em Agravo REsp) Processo
segue concluso para o Presidente / Vice Houve Juízo de Retratação?
Sim: REsp segue para o STJ julgar (o Agravo cai).
Não: Agravo segue para o STJ julgar.
No STJ, o Agravo em REsp pode ser julgado:
▪ Improcedente: significa que a decisão que inadmitiu o REsp estava correta. O STJ não julga o mérito. Fim.
▪ Procedente: significa que o REsp deveria ser admitido. STJ julga o REsp.
§ 5°: O agravo poderá ser julgado, conforme o caso, conjuntamente com o REsp ou RE, assegurada, neste caso,
sustentação oral, observando-se, ainda, o disposto no regimento interno do tribunal respectivo.
A turma, numa “sentada só”, julga o Agravo e o REsp (se der provimento ao Agravo, claro). Se houver a possibilidade de julgamento
conjunto, já deve-se intimar as partes. Isso porque o Agravo NÃO admite sustentação oral, mas o REsp admite. Aí os advogados
precisam ter a possibilidade de fazer tal sustentação.
§ 6°: Na hipótese de interposição conjunta de RE e REsp, o agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não
admitido.
§ 7°: Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal competente, e, havendo interposição conjunta, os
autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.
Tendo sido interpostos simultaneamente 2 agravos (um em REsp, outro em RE), os autos serão remetidos ao STJ.
§ 8°: Concluído o julgamento do agravo pelo STJ e, se for o caso, do recurso especial, independentemente de pedido, os
autos serão remetidos ao STF para apreciação do agravo a ele dirigido, salvo se estiver prejudicado.
50
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA:
O recurso é cabível contra decisões proferidas pelos órgãos fracionários do STF (2 Turmas) ou do STJ (3 Sessões
e as 6 Turmas). Não se cogita embargos de divergência contra decisões proferidas pela Corte Especial do STJ ou pelo
Plenário do STF.
Portanto, é embargável o acórdão de órgão fracionário que, em RE ou em REsp (ou em agravo interno ou agravo em REsp
ou em RE), divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal. Pouco importa se são ambos os acórdãos
– o embargado e o invocado como paradigma – de mérito (Art. 1.043, I), ou se um acórdão é de mérito e o outro não
tenha reconhecido o recurso (Art. 1.043, III), desde que a mesma matéria tenha sido em ambas enfrentada e
resolvida de maneiras divergentes (CAMARA).
Decisões do mesmo órgão, normalmente, não poderão ser invocadas como paradigma para o cabimento dos embargos
de divergência, já que revelarão superação do entendimento anterior.
Há, porém, um caso em que se admite a utilização, como acórdão paradigma, de outro acórdão do mesmo órgão
fracionário: é a hipótese em que tenha havido, entre a prolação do acórdão paradigma (do mesmo órgão fracionário) e
a do acórdão divergente (contra o qual se pretende agora interpor embargos de divergência) uma substancial alteração
de composição, com a modificação de mais da metade de seus membros (Art. 1.043, § 3°).
Art. 1.043, § 3°: Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma turma que proferiu
a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em mais da metade de seus membros.
A divergência entre o acórdão embargado e o paradigma pode se dar ainda que um deles (qualquer um) tenha sido
proferido no julgamento de recurso e o outro na apreciação de processo de competência originária (Art. 1.043, § 1°),
tenha sido a divergência verificada na interpretação de norma de direito processual ou de direito substancial (Art. 1.043,
§ 2°). O que importa para o cabimento do recurso é que a divergência tenha se dado entre decisões proferidas no mesmo
tribunal (STF ou STJ) e, ao menos como regra (com a única ressalva do disposto no § 3° do Art. 1.043), entre órgãos
distintos da Corte.
§ 1°: Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de ações de competência
originária.
§ 2°: A divergência que autoriza a interposição de embargos de divergência pode verificar-se na aplicação do direito
material ou do direito processual.
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STJ 8 Turmas, cada uma com 3 Ministros. Cada Turma é um órgão fracionário. Sessão é a união de 2 Turmas que
julgam a mesma matéria, e também é um órgão fracionário. Pleno: 33 Ministros.
Turmas Seções
1ª
1ª
2ª Turma x Turma
3ª Turma x Seção
2ª
4ª Turma x Pleno Cabem Embargos de Divergência
5ª
3ª Seção x Seção
6ª
Seção x Pleno
7ª
4ª
8ª
1ª Turma
Art. 1.044: No recurso de embargos de divergência, será observado o procedimento estabelecido no regimento interno
do respectivo tribunal superior.
§ 1°: A interposição de embargos de divergência no STJ interrompe o prazo para interposição de recurso extraordinário
por qualquer das partes.
Admissibilidade:
A admissibilidade do recurso exige que o recorrente comprove a existência da divergência, o que fará com a
apresentação de certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia
eletrônica, onde tenha sido publicado o acórdão divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na Internet,
indicando-se a respectiva fonte, e com a realização de confronto analítico entre o acórdão embargado e o acórdão
paradigma, de modo que se apontem, com precisão, as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos
confrontados (Art. 1.043, § 4°).
Trata-se da mesma técnica de comprovação do dissídio jurisprudencial exigido para o caso de REsp fundado na divergência
quanto à aplicação da lei federal (Art. 1.029, § 1°).
52
Prazo:
15 dias.
STJ
Acórdão do Julgamento do
REsp
Intimação da Decisão Prazo de 15 dias.
Propositura dos Embargos de Caso de divergência interna no próprio Tribunal.
Divergência Proposto perante o próprio STJ.
Intimação do Embargado Prazo de 15 dias.
Contrarrazões de Embargo de
Divergência
Autos vão conclusos ao Com ou sem as Contrarrazões.
Relator da Decisão Embargada
Relator analisa a admissibilidade. Se:
Juízo de Admissibilidade ▪ Inadmitir Embargos: cabe Agravo Interno.
▪ Admitir Embargos: segue o procedimento
Seção ou pleno.
Remessa dos Autos ao órgão
Sorteia-se o relator para analisar o mérito da questão.
julgador
Cabe sustentação oral.
(...) segue
53
SUCEDÂNEOS RECURSAIS:
São formas de questionar um provimento jurisdicional do qual não é possível a interposição de recurso.
1. RECLAMAÇÃO:
É uma ação que busca preservar a competência de tribunal, garantir a autoridade de decisões de tribunal, bem como
a eficácia dos precedentes dos tribunais superiores. É um processo de competência originária de tribunais, que pode
ter por finalidade (1) a preservação de sua competência ou (2) a garantia da autoridade de suas decisões.
Cabimento: quando há, normalmente, uma discricionariedade de uma autoridade judicial (que viola competência
de um tribunal ou é contraditória ao entendimento já fixado por este tribunal).
NCPC, Art. 988: Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:
A reclamação pode ser ajuizada por qualquer parte interessada ou pelo MP, e será dirigida ao tribunal cuja competência se
pretende preservar ou cuja decisão se quer ver respeitada.
Dentro da estrutura interna do tribunal, será competente para conhecer da reclamação o órgão (seja ele o Tribunal Pleno,
Órgão Especial ou órgão fracionário) cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir.
Ex..: juízo de 1° grau profere decisão de inadmissão de apelação. Por força do disposto no Art. 1.010, § 3°, não é de competência
do juízo de 1ª instância exercer juízo de admissibilidade da apelação. Tal exame cabe, originariamente, ao tribunal de 2° grau. Assim,
decisão do juízo de 1ª instância que declare inadmissível a apelação é ato de usurpação de competência do tribunal de 2° grau.
Ocorre que tal decisão, de natureza interlocutória, não é impugnável por agravo de instrumento (Art. 1.015), motivo pelo qual a
reclamação será, na hipótese, a única via processual adequada para impugnar-se aquele ato jurisdicional praticado por órgão
desprovido de competência para praticá-lo.
Ex.: um tribunal de 2ª instância deixa de conhecer de um recurso por reputá-lo inadmissível. Esta decisão vem a ser reformada pelo
STJ que, em sede de REsp, determina ao tribunal de 2ª instância que julgue o mérito daquele recurso. O tribunal intermediário,
então, retoma o julgamento do recurso original e dele, uma vez mais, não conhece, por entendê-lo inadmissível pelo mesmo
fundamento já afastado pelo STJ. Pois neste caso há nítido desrespeito à autoridade de decisão de tribunal superior, o que pode ser
impugnado por via de reclamação.
Ex.: juízo de 1ª instância indefere inversão do ônus da prova requerida pelo autor. Desta decisão se interpõe agravo de instrumento
(Art. 1.015, XI), que vem a ser provido, determinando ao tribunal uma nova distribuição dos ônus probatórios. O juízo de 1° grau,
então, emite pronunciamento em que comunica às partes que julgará a causa sem a inversão do ônus da prova, por entender não
ser o caso de invertê-lo. Este pronunciamento, como parece claro, desrespeita a autoridade da decisão do tribunal, e pode ser
impugnado por via de reclamação.
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2. AÇÃO RESCISÓRIA:
Chama-se ação rescisória a demanda através do qual se busca desconstituir decisão coberta pela coisa julgada,
com eventual rejulgamento da causa original. Em outros termos, já se tendo formado a coisa julgada (formal ou
material), o meio adequado para – nos casos expressamente previstos em lei – desconstituir-se a decisão que já
tenha sido alcançada por tal autoridade é a propositura de ação rescisória.
Esta, ao ser julgada (originariamente por tribunais, não sendo possível sua propositura perante juízos de 1ª instância),
pode levar à desconstituição da coisa julgada já formada e, eventualmente (mas nem sempre), levará também a que
se rejulgue, no próprio processo da ação rescisória, a causa original.
Coisa Julgada decisão “imutável”, seja porque não cabe mais recurso, ou porque houve preclusão. Manto da
imutabilidade das decisões.
Material: torna a decisão imutável no processo em que ela foi proferida, e tal imutabilidade transcende aos demais
processos (efeitos extraprocessuais).
Sentença com Resolução de Mérito faz C.J. Material, em regra (*).
Formal: torna imutável a decisão no processo em que ela foi proferida, mas esta imutabilidade não transcende
aos demais processos (efeitos endoprocessuais).
Sentença sem Resolução de Mérito faz C.J. Formal.
(*) Nem toda sentença com resolução de mérito faz C.J. Material, como no caso de:
a. Prestações periódicas (ex.: alimentos. Se o pai passa a ganhar muito mais, pode-se rever o valor da pensão.
Isso altera a decisão de mérito).
b. Prestações cautelares;
c. Procedimentos especiais de jurisdição voluntária (ex.: bem dos ausentes, herança jacente → não há lide, e a
decisão não transcende aos demais processos).
Se a sentença faz C.J. Material, existe alguma forma de rever tal decisão (de modo a afastar o manto da imutabilidade)?
Em alguns casos, sim, via Ação Rescisória (quebra, rescinde a C.J, Material, possibilitando a modificação da
decisão). Isso pq em algumas situações, a imutabilidade da C.J. Material pode ser responsável por injustiças.
Cabimento:
NCPC, Art. 966: A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I. Se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
Crime cometido pelo juiz:
Prevaricação CP Art. 319: Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Concussão CP Art. 316: Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Corrupção Passiva CP Art. 317: Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
II. For proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
Competências absolutas: com relação à matéria (cível x penal); pessoa / função (quem julga).
III. Resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou
colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV. Ofender a coisa julgada;
V. Violar manifestamente norma jurídica;
NJ de direito material, capaz de alterar o julgamento (não pode ser norma processual).
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§ 5º: Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado
de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de
distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento.
VI. For fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na
própria ação rescisória;
VII. Obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde
fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
Art. 975: O direito à rescisão se extingue em 2 anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no
processo.
§ 2°: Se fundada a ação no inciso VII do Art. 966, o termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova nova,
observado o prazo máximo de 5 anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.
§ 2°: Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não
seja de mérito, impeça:
I. Nova propositura da demanda;
Possibilidade de rescisão de decisão judicial sobre a qual recaia tão somente a C.J Formal, não havendo C.J. Material
Ex.: caso de perempção.
Podem, então, ser tidas por rescindíveis as decisões de mérito alcançadas pela C.J. Material; as decisões terminativas
alcançadas pela C.J. Formal; e as decisões de inadmissibilidade de recurso que se tenham tornado irrecorríveis, sempre
que presente alguma das hipóteses previstas na lei como ensejadoras de rescindibilidade.
Frise-se que não só sentenças, mas também decisões interlocutórias podem ser rescindíveis, sempre que se enquadrem
em alguma das hipóteses previstas no art. 966
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Legitimidade:
Parágrafo único: Nas hipóteses do art. 178, o MP será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica quando não
for parte.
Competência:
Regra juízo competente é o órgão judicial imediatamente superior ao que originariamente julgou a ação. Sempre
será o TJ/TRF, STJ ou STF (= órgãos colegiados).
Art. 968: A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do Art. 319, devendo o autor:
I. Cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo;
Ação com duplo pedido:
1. Pedido para que se “quebre” a C.J. (iudicium rescindes);
2. Pedido de modificação da decisão (iudicium rescisorium).
II. Depositar a importância de 5% sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por
unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.
§ 1°: Não se aplica o disposto no inciso II à União, aos Estados, ao DF, aos Municípios, às suas respectivas autarquias
e fundações de direito público, ao MP, à Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício de gratuidade da
justiça.
§ 2°: O depósito previsto no inciso II do caput deste artigo não será superior a 1.000 salários-mínimos.
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Particularidades da Ação Rescisória:
Art. 969: A propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a
concessão de tutela provisória.
Se na propositura da ação rescisória já houver pedido de tutela provisória e o juiz conceder, aí suspende.
Tutela provisória= probabilidade do direito + fundado receio de dano de difícil reparação
D. Não se opera o principal efeito da revelia: se o réu não contestar ele será revel, mas ele não sofrerá o principal
efeito da revelia que é o de ter como verdadeiros todos os fatos alegados pelo autor.
Isso ocorre porque é preciso respeitar a coisa julgada. Se os efeitos da revelia e operassem, seria como jogar no
lixo a coisa julgada!
E. Instrução da Ação Rescisória: existe, mas em sede de tribunal não há instrução probatória. Como resolver?
Através de “carta de ordem” (tribunal emite carta, solicitando que a 1ª instância opere a colheita de provas).
Art. 972: Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a competência ao
órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 a 3 meses para a devolução dos autos.
F. Prazo DECADENCIAL para a propositura: 2 anos do trânsito m julgado (mas existe o § 2° do Art.975: 5 anos).
G. Aplica-se o procedimento comum, no que couber: é uma ação, então tem PI, tem citação, defesa, instrução
probatória, decisão (acórdão pq é em sede de tribunal), cabe recurso (RE, REsp, Recurso Ordinário para o STF).
Art. 942: Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser
designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no
regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado
às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores
(Embargos Infringentes Cover)
(...)
§ 3°: A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido
em:
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer
em órgão de maior composição previsto no regimento interno;
Se o tribunal julga e dá provimento à ação rescisória, e for por maioria, não acaba o julgamento. Continua com a
técnica do 942.
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