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ESTADO DO AMAPÁ

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR


DIRETORIA DE ENSINO E INSTRUÇÃO

Instrutor Elaborador: 3º SGT BM Paixão


Instrutor Ministrante: 3º SGT BM Eros
Disciplina: Fundamentos de Direito

PARTE III

VIII – CÓDIGO PENAL MILITAR

O código Penal é todo o conjunto de normas jurídicas que têm por finalidade estabelecer
as infrações de cunho penal e suas respectivas sanções e reprimendas. O Direito Penal é um
ramo do Direito Público (que diz respeito a função ou dever do Estado). Há que se acrescentar
que o Direito Penal é formado por uma descrição, em série, de condutas definidas em lei, com as
respectivas intervenções do Estado (na aplicação de sanções e eventuais benefícios), quando da
ocorrência do fato delituoso, concreto ou tentado.
O Direito penal se divide em Direito Penal Comum e Especial, na parte especial encontra-
se o Direito Penal militar que visa combater os crimes e as contravenções penais militares,
através da imposição de uma sanção penal. Dizemos que o Direito Penal Militar é um ramo do
direito público por ser composto de regras aplicáveis a todas as pessoas e por ter como titular
exclusivo do direito de punir o ESTADO.
Dentro da vida castrense, vários bens específicos necessitam ser protegidos, porém os
princípios da hierarquia e a disciplina se destacam entre esses bens, por serem o sustentáculo da
atividade militar. Os mesmos, como já observado anteriormente, são diretamente citados art. 142
da nossa Carta Magna, sendo elevados a bem jurídico constitucionalmente protegido. A
regularidade da atividade militar dentro da órbita do Estado, sustentada pela hierarquia e
disciplina, será sempre tutelada de forma direta ou indireta pelas normas infraconstitucionais
específicas. Os bens jurídicos advindos desta necessidade mantenedora da regularidade das
instituições criam um sistema singular para o universo do direito.

1 – Princípios do Direito Penal Militar


Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema,verdadeiro alicerce dele,
disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo o espírito e servindo
de critério para a sua exatacompreensão.
- Princípio da reserva legal: Uma das características de vital importância do Direito Penal
brasileiro é o chamado princípio da reserva legal, o qual encontra previsão não só no art. 1º, do
Código Penal Militar, mas também na Constituição Federal em seu Art.5º, XXXIX - não há crime
sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
O princípio da reserva legal não é sinônimo do princípio dalegalidade, senão espécie. A
doutrina não rara confunde ou nãodistingue suficientemente o princípio da legalidade e o da
reserva de lei. O primeiro significa a submissão e o respeito à lei, ou a atuação dentro da esfera
estabelecida pelo legislador. O segundo consiste em estatuir que as regulamentações de
determinadas matérias devem ser feitas, necessariamente, por lei formal.
- Princípio da Anterioridade:Este princípio tem base no já citado art. 5º, XXXIX, da Carta
Magna e estabelece a necessidade de que o CRIME e a PENA estejam PREVIAMENTE definidos
em LEI.
- Princípio da insignificância: Este princípio surgiu com a ideia de afastar da esfera do
Direito Penal Militar situações com pouca significância para a sociedade. Observe um
pronunciamento do STF sobre o tema: “A mínima ofensividade da conduta, a ausência de
periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a
Inexpressividade da lesão jurídica constituem os requisitos de ordem objetiva autorizadores da
aplicação do princípio da insignificância”.
- Principio da Intervenção mínima: Só se deve recorrer ao Direito Penal se outros ramos
do direito não forem suficientes. Em outras palavras, é a última opção, para ser usado quando
estritamente necessário.
- Princípio da ofensividade: Não há crime se não há lesão ou perigo real de lesão a bem
jurídico tutelado pelo Direito Penal.
- Princípio da responsabilidade pessoal do agente: Responde pela conduta o agente
que a praticou, sendo sua responsabilidade pessoal, não sendo transferível a terceiros. Daqui
podemos citar o princípio da transcendência, que é basicamente isso: a responsabilidade penal
não passa para terceiros.

2 – A lei Penal Militar


A lei penal militar é a fonte formal imediata do Direito Penal militar e é classificada pela
doutrina majoritária em incriminadora e não incriminadora.
Dizemos “incriminadoras” aquelas que criam crimes e cominam penas, como exemplo
temos o Art. 205, do código Penal Militar: “Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos”.
Diferentemente, as leis penais não incriminadoras são as que não criam delitos e nem
cominam penas, e subdividem-se em:

- permissivas– Autorizam a prática de condutas típicas. Como exemplo temos o Art. 42 do


CPM.
Art. 42 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal;
IV – em exercício regular de direito.

- exculpantes– Estabelecem a não culpabilidade do agente ou caracteriza a


imputabilidade de algum crime.
Art. 303 - Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo ou comissão,
ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de três a quinze anos.
[...]
§ 3º - Se o funcionário ou o militar concorre culposamente para que outrem
subtraia ou desvie o dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 4º -No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de
metade a pena imposta.

- interpretativas– Explicam determinado conceito, tornando clara a sua aplicabilidade. É o


caso do artigo 21 do CPM, que explica o conceito de assemelhado: “Considera-se assemelhado o
servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a
preceito de disciplina militarem virtude de lei ou regulamento”.
3 – INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

A palavra interpretação não pertence exclusivamente aos estudiosos do direito. Ao


contrário, é empregada com frequência nos múltiplos ramos do conhecimento e na própria vida
comum.
Há sempre alguém que traduz o pensamento de seus pares, de seus companheiros. E os
homens parecem gostar da interpretação, porque mexe com o raciocínio, quebra a monotonia,
empolga.
É fácil, pois, compreender que o significado trivial do termo não sofreria radicais
transformações no campo do direito. Interpretar é explicar, é precisar, é revelar o sentido. E outra
coisa não se faz ao se interpretar um preceito legal como medida indiscutivelmente útil e
necessária.
Interpretar uma lei é definir o exato alcance de seu texto, ou seja, delimitar o espectro de
abrangência da norma penal. Através da interpretação descobre-se o significado atual da norma,
ajustando-a, dentro de sua possível capacidade de expansão, às exigências e concepções do
presente.
Com isto podemos citar 3 fontes da interpretação da lei penal:
a) – Doutrinária é fruto do entendimento comum acerca da norma pelos escritores e
comentadores do Direito Penal, ou seja, é constituída da opinião comum dos doutos.
b) – Jurisprudencial condensa a práxis judiciária marcada por uma reiterada posição
presente nas decisões dos tribunaisbrasileiros, formando a jurisprudência, chegando ao ponto de
indicações mais incisivas como as Súmulas dos Tribunais, sejam eles estaduais ou superiores.
c)–Autêntica éoriginária da própria fonte da norma interpretada. Para o nosso propósito,
no Código Penal Militar, pode-se dizer que se trata de uma formade interpretaçãoprópria do
legislador, a qual, por essa mesma razão, ganha o nome deinterpretação autêntica. Em outras
palavras, aquele que elaborou a norma a interpreta na mesma lei – interpretação autêntica
contextual – ou em lei posterior – interpretação autêntica posterior.
Uma outra forma de classificar a interpretação é focando o meio utilizado para absorver o
conteúdo normativo da lei, podendo ser gramatical (ou literal), lógica ou teleológica.
a) – Literal é aquela que se prende ao sentido e significado das palavras que a lei contém,
envolvendo seu aspecto gramatical e sintático.
b) – Lógica compreendida como aquela que busca “a vontade da lei, seu conteúdo, por
meio de um confronto lógico entre seus dispositivos.
c)–Teleológicaaplicação da interpretação lógica ao tempo da aplicação da norma
interpretada, ou seja, busca-se, a exemplo da interpretação lógica, o escopo da norma, mas no
momento de sua aplicação.

3.1 –Analogia
A analogia jurídica consiste em aplicar a um caso não previsto pelo legislador a norma que
rege caso análogo (semelhante). A analogia não diz respeito à interpretação jurídica propriamente
dita, mas à integração da lei, pois sua finalidade é justamente suprir lacunas desta.
A analogia se apresenta nas seguintes espécies:
a) Analogia in malam partem: É aquela em que se supre a lacuna legal com algum
dispositivo prejudicial ao réu. Isto não é possível no nosso ordenamento jurídico e
desta forma já se pronunciou o STJ e o STF. Observe:

Não cabe ao Julgador aplicar uma norma, por assemelhação,em


substituição a outra validamente existente, simplesmente por entender que o
legislador deveria ter regulado a situação de forma diversa da que adotou;
não se pode, por analogia, criar sanção que o sistema legal não haja
determinado, sob pena de violação do princípio da reserva legal.

b) Analogia in bonam partem: Neste caso, aplica-se ao caso omisso uma norma
favorável ao réu. Este tipo de analogia é aceito em nosso ordenamento jurídico.
Observe o exemplo:
Uma mulher é vítima de estupro e fica grávida. A lei, nesse caso, admite a
manobra abortiva. Mas o legislador impôs requisitos, quais sejam: que o
procedimento tenha consentimento da gestante e seja realizado por um
médico. Isto é, se o aborto não for realizado por médico, o agente que o
praticou responderá pelo crime de aborto. Mas imaginemos que Eva tenha
ficado grávida em decorrência do estupro. E Eva mora em uma cidade
longínqua que não há médico na região; há, apenas, uma parteira. Eva
procura a parteira, e esta, realiza a manobra abortiva. Ocorre que a parteira
responderá pelo crime de aborto, porque o legislador disse que tem de ser
praticado apenas por médico. Para que não ocorra injustiça, teremos de
fazer o uso da analogia, “in bonçam partem”, para beneficiar a parteira.

4 - LEI PENAL NO TEMPO

A lei penal, assim como qualquer outro dispositivo legal, passa por um processo legislativo,
ingressa no nosso ordenamento jurídico e vigora até a sua revogação, que nada mais é do que a
retirada da vigência de uma lei. Tenhamos emmente que a regra geral no Direito Penal é a
daprevalência da lei que se encontrava em vigor quando da prática do fato, ou seja, aplica-se a
LEI VIGENTE quando da prática da conduta.

4.1 - Novatio legis incriminadora


Ocorre quando um indiferente penal (conduta considerada lícita frente à legislação penal)
passa a ser considerado crime pela lei posterior. Neste caso, a lei que incrimina novos fatos é
irretroativa, uma vez que prejudica o sujeito.
Para exemplificar, imaginemos que é criada uma lei para criminalizar o fato de Alunos
“ficarem vendo a novela ao invés de estudar para a PROVA”. Essa lei vai poder atingir vocês?
Claro que não, pois, com base na Constituição Federal, não retroagirá. Art. 5º, XL - a lei
penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.

4.2 – Lei penal mais grave


Aqui não temos a tipificação de uma conduta antes descriminalizada, mas sim a aplicação
de tratamento mais rigoroso a um fato já constante como delito. Para esta situação também não
há que se falar em retroatividade.

4.3 – Abolitio criminis


O instituto da abolitio criminis ocorre quando uma lei nova trata como lícito fato
anteriormente tido como criminoso, ou melhor, quando a lei nova descriminaliza fato que era
considerado infração penal.
Encontra embasamento no artigo 2º do Código Penal Militar, que dispõe da seguinte forma:

Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença
condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil.

Não se confunde a descriminalização com a despenalização, haja vista a primeira delas


(descriminalização) retirar o caráter ilícito do fato, enquanto que a outra é o conjunto de medidas
que visam eliminar ou suavizar a pena de prisão. Assim, na despenalização a conduta ainda é
considerada um crime.
Para finalizar, exemplo claro de abolitio criminis em nosso ordenamento jurídico foi o que
aconteceu com o adultério, que desde 2005 não é mais considerado crime.

4.5 –Lei penal mais benéfica


Imaginemos que Afonso cometeu um delito. Meses depois, após suacondenação
transitada em julgado, a lei penal é modificada, tornando-se mais benéfica. Para este caso, ela
retroagirá?
Para obter a resposta você deve verificar o parágrafo primeiro do artigo 2º do Código
Penal, que dispõe:
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece oagente, aplica-se
retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória
irrecorrível.
§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior
devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas
normas aplicáveis ao fato.

Para ficar bem claro, vamos aplicar o regramento legal em um caso prático: Em 2006
tivemos o advento da lei nº. 11.343, conhecida como Lei de Drogas. Até então, caso determinado
indivíduo fosse encontrado comdrogas, mesmo para consumo próprio, estaria cometendo um
crime e poderia, inclusive, ser preso.
A nova lei veio despenalizar a conduta, ou seja, hoje, se um indivíduo estiver com drogas
para consumo pessoal, não pode ser preso. O que fazer então com aqueles que haviam sido
presos? Exatamente isso, ou seja, abrir as portas para todos eles!
4.6 – Ultratividade da Lei
Mas imaginemos que Mévio comete um delito sob a égide de uma LEI “A”. Meses depois
uma LEI “B” revoga a LEI “A”, trazendo regras mais gravosas ao crime cometido por Mévio. O que
fazer neste caso?
Para esta situação, em que um delito é praticado durante a vigência de uma Lei que
posteriormente é revogada por outra prejudicial ao agente, ocorrerá a ULTRATIVIDADE da lei.

5 – TEORIA DA RESPONSABILIDADE E DO CRIME


5.1 – Responsabilidade
Entendemos inicialmente que nos primórdios as responsabilizações não possuíam campo
independentes de atuação, diferentemente hoje temos três esferas independentes, as quais são:
Criminal, Administrativa e Civil. Pelo princípio da independência das esferas de responsabilidade,
um ato pode ter consequências nas três esferas cumulativamente. Como exemplo: As ações ou
omissões dos servidores públicos que se consubstanciem em ilícitos podem gerar efeitos na
esfera civil, penal e administrativa.
A responsabilidade civil é a condenação do réu a ressarcir a vítima pelos danos que
tenha causado por ação ou omissão, dolosa ou culposa.
A responsabilidade administrativa é a que resulta da violação de normas internas da
Administração pelo servidor sujeito ao estatuto e disposições complementares estabelecidas em
lei, decreto ou qualquer outro provimento regulamentar da função pública.
A responsabilidade penal é a que decorre de conduta que a lei penal tipifica como
infração penal.
Mas por ser a última área de atuação do estado, a esfera penal terá prerrogativa perante
as outras esferas. Se uma decisão absolutória afirma inexistência do fato atribuído ao servidor
(art. 386, I, do CPP) ou o exclui expressamente da condição de autor do fato, haverá repercussão
no âmbito da Administração: significa que esta não poderá punir o servidor pelo fato decidido na
esfera criminal. A instância penal, no caso, obriga a instância administrativa e cível. Se a punição
já tiver sido aplicada, deverá ser anulada em virtude do que foi decidido pelo juiz criminal.
Porém, se a decisão absolutória, ao contrário, absolver o servidor por insuficiência de
provas quanto à autoria ou porque a prova não foi suficiente para a condenação (art. 386, IV, do
CPP), não influirá na decisão administrativa se, além da conduta penal imputada, houver a
configuração de ilícito administrativo.
O caso inverso também pode ocorrer, se houver absolvição na esfera civil e administrativa,
mas o fato é tipificado como crime, o autor ainda responderá na esfera criminal.

5.2 – Crime
Abaixo vamos elencar os principais conceitos pertinentes ao crime:
Conduta - É a ação ou omissão humana consciente dirigida a uma finalidade. Crimes
Comissivos são os crimes praticados mediante Ação. Já os Crimes Omissivos são os crimes
cometidos mediante omissão.
A conduta pode ser Dolosa ou Culposa. A princípio, pune-se apenas quando há vontade (dolo),
porém, com exceção, pune-se quando não há vontade, mas há negligência, imperícia e imprudência.
Para definir o lugar do crime, diferentemente do Código Penal, o artigo 6º do Código Penal
Militar adota um SISTEMA MISTOque concilia duas teorias:
Quanto ao CRIME COMISSIVO adota-se a TEORIA da UBIQUIDADE (oumista ou
unitária), poisconsidera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveua atividade criminosa,
no todo ou em parte, e ainda quesob forma de participação, bem como onde se produziu
oudeveria produzir-se o resultado.
Quanto ao CRIME OMISSIVO adota-se, diferentemente do CP, a TEORIA DA AÇÃO OU
ATIVIDADE,pois "considera-se o lugar do crime aquele em quedeveria realizar-se a ação omitida"
Sujeito Ativo do Crime - É a pessoa que pratica o fato típico. Só o homem (pessoa física)
pode ser Sujeito Ativo do crime. A pessoa jurídica, apesar de algumas controversas, não pode ser
Sujeito Ativo do Crime.
Capacidade Penal do Sujeito Ativo - É o conjunto das condições exigidas para que o
sujeito possa tornar-se titular de Direitos e Obrigações no campo do Direito Penal. Nesse sentido,
distinguem-se Capacidade Penal e Imputabilidade. Uma pessoa (Imputável) pode não ter
Capacidade Penal, se passa a sofrer de doença mental após o delito, torna-se então inimputável.
Os mortos, entes inanimados e animais não possuem Capacidade Penal, podendo apenas ser
Objeto ou Instrumento do crime.

Sujeito Passivo do Crime - É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta
criminosa.

Fato Típico - Em um conceito analítico, fato típico é o primeiro substrato do crime, ou seja,
o primeiro requisito ou elemento do crime. É o comportamento humano (positivo ou negativo) que
provoca, em regra, um resultado, sendo previsto pela lei como infração penal. Ex.: Artigo 121 do
Código Penal - Matar alguém.
São elementos do fato típico a conduta, o resultado, o nexo causal entre a conduta e o
resultado e a tipicidade. Na falta de qualquer destes elementos, o fato passa a ser atípico e, por
conseguinte, não há crime.

1 - Conduta é toda ação humana, comissiva ou omissiva, consciente e dirigida a uma


finalidade;
A conduta pode ser Dolosa ou Culposa. A princípio, pune-se apenas quando há vontade
(dolo), porém, com exceção, pune-se quando não há vontade, mas há negligência, imperícia e
imprudência.

Dolo - É a consciência e vontade na realização da conduta típica. Ao se examinar a


Conduta, verifica-se que, segundo a teoria finalística, é ela um Comportamento voluntário, cuja
finalidade é o conteúdo da vontade do autor do fato, ou seja, o fim contido na ação, que não pode
ser compreendida sem que se considere a vontade do agente. Toda ação consciente é dirigida
pela consciência do que se quer e pela decisão de querer realizá-la, ou seja, pela vontade. A
vontade é o querer alguma coisa, e o Dolo é a vontade dirigida à realização do tipo penal.

Culpa - é a conduta voluntária, que produz resultado ilícito, não desejado, mas previsível,
e excepcionalmente previsto e que podia, com a devida atenção, ser evitado.
A teor do art. 18, II, do CP, o crime diz-se culposo "quando o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia". Temos dois tipos de culpa:
Na culpa consciente o agente, embora prevendo o resultado, não o aceita como possível.
Exemplo: Caçador que, avistando um companheiro próximo do animal que deseja abater, confia
em sua condição de perito atirador para não atingi-lo quando disparar, causando, ao final, lesões
ou morte da vítima ao desfechar o tiro.
Na culpa inconsciente é aquela em que o agente não prevê o resultado de sua conduta,
apesar de ser este previsível (Ex.: indivíduo que atinge involuntariamente a pessoa que passava
pela rua, porque atirou um objeto pela janela por acreditar que ninguém passaria naquele
horário).

Negligência
Na negligência, alguém deixa de tomar uma atitude ou apresentar conduta que era
esperada para a situação. Age com descuido, indiferença ou desatenção, não tomando as
devidas precauções.

Imprudência
A imprudência, por sua vez, pressupõe uma ação precipitada e sem cautela. A pessoa não
deixa de fazer algo, não é uma conduta omissiva como a negligência. Na imprudência, ela age,
mas toma uma atitude diversa da esperada. Age com falta de cautela, de cuidado, é mais que
falta de atenção, é a imprevidência acerca do mal, que se deveria prever, porém, não previu.
Imperícia
Para que seja configurada a imperícia é necessário constatar a inaptidão, ignorância, falta
de qualificação técnica, teórica ou prática, ou ausência de conhecimentos elementares e básicos
da profissão. Um médico sem habilitação em cirurgia plástica que realize uma operação e cause
deformidade em alguém pode ser acusado de imperícia. Age com a falta de técnica necessária
para realização de certa atividade;

2 –Nexo Causalé a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado;

3 –Resultadoé a modificação do mundo exterior causada pela conduta. Exemplo:


Agressão física.

4 –Tipicidadeé a correspondência exata, a adequação perfeita entre o fato natural,


concreto e a descrição contida na norma penal incriminadora.

6 – CRIME MILITAR E O CÓDIGO PENAL MILITAR

A definição de crime militar no atual sistema brasileiro é uma definição legal que foi
estabelecida no próprio Código Penal Militar de 1969, em seu artigo 9º, que adquiriu importância
e relevância no estudo do alcance e conteúdo do crime militar. Assim, se o fato não estiver
previsto nas hipóteses que foram expressamente estabelecidas neste artigo não há que se falar
em crime militar. A menção constante na norma jurídica, crimes militares em tempo de paz se
deve ao fato de que a lei penal castrense também estabeleceu de forma expressa quais são os
crimes militares em tempo de guerra. Neste sentido, em razão desta divisão, a parte especial do
CPM encontra-se dividida em crimes militares em tempo de paz, e em crime militares em tempo
de guerra.

6.1 – Crimes Propriamente e Impropriamente militares


Não há dispositivo legal, até o momento, que defina o crime propriamente militar,
distinguindo-o do impropriamente militar, ficando tal distinção a cargo da doutrina e da
jurisprudência.
Os Crimes propriamente militares são aqueles cuja prática não seria possível senão por
militar, sendo esta qualidade do agente essencial para que o fato delituoso se verifique. Averígua-
se que crime militar próprio é aquele que só está previsto no Código Penal Militar e que só poderá
ser praticado por militar. Há exceções a esta regra que seriam os crimes tipicamente militares,
como exemplo temos o crime de insubmissão, que apesar de só estar previsto no Código Penal
Militar (art. 183), só pode ser cometido por civil, contra as forças armadas. No caso desta exceção
não recai sobre as instituições militares estaduais, assim, civis não cometem crime militar na
esfera estadual.
Fato controverso na doutrina é sobre o concurso de crimes, art 53, §1º do CPM:

A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos outros, determinando-


se segundo a sua própria culpabilidade. Não se comunicam, outrossim, as condições ou
circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

Os crimes imprópriossão os crimes comuns em sua natureza, cuja prática é possível a


qualquer cidadão, mas que, quando praticado por militar ou civil, em certas condições, a lei os
considera crimes militares. São exemplos decrimes impropriamente militares: o homicídio, a lesão
corporal, o furto, a violação de domicílio, a tortura, entre outros.

6.2 – Atualização do Artigo 9º


Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal
comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei
penal comum, quando praticados:
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando
praticados:(Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017)
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma
situação ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à
administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
c) por militar em serviço, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora
do lugar sujeito a administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou
assemelhado, ou civil;
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza
militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar
da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou
reformado, ou assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a
administração militar, ou a ordem administrativa militar;
f) por militar em situação de atividade ou assemelhado que, embora não estando em
serviço, use armamento de propriedade militar ou qualquer material bélico, sob guarda,
fiscalização ou administração militar, para a prática de ato ilegal;
f) revogada. (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como
os do inciso II, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa
militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou
assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício
de função inerente ao seu cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância,
observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de
natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da
ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim,
ou em obediência a determinação legal superior.
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e
cometido contra civil, serão da competência da justiça comum.(Parágrafo incluído pela Lei
nº 9.299, de 8.8.1996)
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e
cometido contra civil serão da competência da justiça comum, salvo quando praticados no
contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro
de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica. (Redação dada pela Lei nº 12.432, de 2011)
§ 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. (Redação dada pela Lei nº
13.491, de 2017)
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União,
se praticados no contexto: (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da
República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; (Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que
não beligerante; ou(Incluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou
de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da
Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: (Incluído pela Lei nº 13.491,
de 2017)
a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; (Incluída
pela Lei nº 13.491, de 2017)
b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; e
(Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. (Incluída pela Lei nº 13.491, de
2017)

No tocante sobre esta mudança, sabe-se que, desde a Lei n. 9.299/96, que alterou o artigo
9º do CPM, os crimes dolosos contra a vida cometidos por militares contra civis, sejam tentados
sejam consumados, perderam a natureza castrense e passaram a ser julgados pela Justiça
Comum, mais especificamente pelo Tribunal do Júri (artigo 5º, XXXVIII, da CRFB). O que foi,
posteriormente, repetido pela Emenda Constitucional n. 45/04 ao disciplinar a competência da
justiça militar estadual (artigo 125, § 4º, da CRFB).
A lei foi modificada para estabelecer que os crimes dolosos contra a vida praticados por
membros das Forças Armadas contra civis, no exercício anormal de suas funções, gozam de
natureza militar e, portanto, ficam sujeitos a um juízo especial, diverso daquele
constitucionalmente previsto que seria o Tribunal do Júri.
Em que pese tratar de modificação exclusiva no âmbito da Justiça Militar da União, sem
qualquer repercussão jurídica oficial na esfera de competência estadual, certamente em
breve surgirão posicionamentos classistas no sentido de que seja conferida a mesma disciplina
normativa aos crimes dolosos contra a vida praticados por militares estaduais, atualmente
submetidos à instância comum de processo e julgamento do tribunal do júri e à investigação
preliminar da polícia civil.
Assim, qualquer crime previsto na legislação penal comum e extravagante, quando
praticado por policial militar ou bombeiro militar, na forma do artigo 9° do Código Penal, será da
competência da Justiça Militar Estadual seu processamento e julgamento, exceção aos crimes
militares dolosos contra a vida, os quais permanecem sendo processados e julgados pelo
Tribunal do Júri, por força constitucional.

6.3 –Excludente de ilicitude


Excludente de ilicitude ou (antijuridicidade) são as causas que afastam a contrariedade
entre uma conduta e o ordenamento jurídico, impedindo, consequentemente, a incidência dos
requisitos do crime.
Estão previstas no artigo 42 do Código Penal MILITAR.

Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento do dever legal;
IV - em exercício regular de direito.
Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou
praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos, por
meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas,
ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque.

6.3.1 – Estado de necessidade


O Direito Penal Militar, adota, ao contrário do Direito Penal Comum, a TeoriaDiferenciadora
do estado de necessidade. Dentro do ordenamento jurídico Penal Militar, sempre que o estado de
necessidade é alegado, deve o operador se enquadrar no caso deexclusão da ilicitude ou
exclusão da culpabilidade. No primeiro caso afasta-se a própria figuratípica, no segundo afasta-
se a culpabilidade. Em geral o caso de necessidade é o confronto de dois bens jurídicos, como
exemplo: a disciplina e a hierarquia, confrontado com o direito à vida.
Art. 43. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar direito
seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar,
desde que o mal causado, por sua natureza e importância, é consideravelmente inferior ao
mal evitado, e o agente não era legalmente obrigado a arrostar o perigo.

6.3.2 – Legítima Defesa


O artigo Art. 44, do CPM diz: “Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu
ou de outrem”.
A Legítima Defesa é considerada, pelo Código Penal Militar, como uma Excludente de
Ilicitude. Isso implica dizer que quem age em legítima defesa não comete crime. Não confunda:
não é a mesma coisa que dizer que o crime existe, mas não existe pena. Simplesmente não
houve crime e, portanto, não há que se falar em pena.
A legítima defesa deve ser feita com moderação. O ato de defesa deve ser proporcional à
gravidade da ameaça ou agressão. A avaliação da gravidade é subjetiva e deverá ser analisada
caso a caso. Fica fácil compreender a intenção do legislador quando criamos exemplos
hipotéticos exagerados, veja:

Exemplos:
Mulher de 50 Kg agride homem de 100 Kg, faixa preta de Karatê com tapas. Homem revida
com cinco disparos de arma de fogo, matando a agressora. Nesse caso, considerada a
distância física entre os agentes e a incapacidade da agressora em causar qualquer dano à
vítima, pode-se caracterizar o excesso na legítima defesa.

Homem de 100 Kg, com uma barra de ferro na mão, avança agressivamente contra jovem
asmático de 70 kg, que atira uma pedra que acerta o crânio do agressor, levando-o a óbito.
Trata-se de caso típico de legítima defesa, amparado pelo Art. 25 do Código Penal.

Pai flagra estuprador imediatamente após consumar o ato com sua filha. O estuprador foge
e é perseguido pelo pai que, ao alcançá-lo, agride-o a socos e pontapés até a morte.Por
mais compreensível que seja a atitude do pai desse exemplo, esta conduta, de acordo com
a legislação em vigor, é criminosa e não estará amparada pela legítima defesa.

6.3.3 - Estrito cumprimento do dever legal


É a causa de exclusão da ilicitude que consiste na realização de um fato típico, por força
do desempenho de uma obrigação imposta por lei, nos exatos limites dessa obrigação. Em outras
palavras, a lei não pode punir quem cumpre um dever que ela impõe.
Dentro desse conceito, importante atentar para duas expressões: "dever legal" e
"cumprimento estrito".
O que vem a ser "dever legal"? Ora, como a própria expressão sugere, é uma obrigação
imposta por lei, significando que o agente, ao atuar tipicamente, não faz nada mais do que
"cumprir uma obrigação". Mas para que esta conduta, embora típica, seja lícita, é necessário que
esse dever derive direta ou indiretamente de "lei". Por "lei", entenda-se não apenas a lei penal,
mas também a civil, comercial, administrativa etc.
Não é necessário, também, que esta obrigação esteja imposta textualmente no corpo de
uma lei "estrito sensu". Pode constar de decreto, regulamento ou qualquer ato administrativo
infralegal, desde que "originários de lei". O mesmo se diga em relação a decisões judiciais, que
nada mais são do que determinações emanadas do Poder Judiciário em cumprimento da lei e
está na lei ou dela derive.
O que significa, por sua vez, o "cumprimento estrito"? É que quando a lei impõe
determinada obrigação, existem limites, parâmetros, para que tal obrigação seja cumprida, isto é,
a lei só obriga ou impõe dever até certo ponto, e o agente obrigado só deve proceder até esse
exato limite imposto pela lei. Dessa forma, exige-se que o agente tenha atuado dentro dos rígidos
limites do que obriga a lei ou determina a ordem que procura executar o comando legal. Fora
desses limites, desaparece a excludente, surgindo então o abuso ou excesso.
Como exemplos temos: Estrito cumprimento do dever legal: Sentinela que atira contra
indivíduo que está invadindo a unidade militar. Estará amparado pela excludente do estrito
cumprimento do dever legal.
Policial que troca tiros e atinge o seu agressor. Estará amparado pela legitima defesa, sem
entrar no mérito de razoabilidade e proporcionalidade.

6.3.4 - Exercício regular de direito


Qualquer cidadão poderá se garantir de tal dispositivo se agir dentro da lei, sem que haja
excesso. Tal ação deverá ser de modo regular e não abusivo, podendo o exercício regular de
direitoser de norma penal ou extrapenal.
Aqueles que praticam esportes de violência tais como boxe, vale-tudo, futebol americano,
que se emprega de violência física, e que cometa uma lesão corporal, poderão estar defesos de
um exercício regular de um direito.
Se ficar claro que o esportista ignorou as regras da competição, poderá ele responder a
conduta, de forma dolosa ou culposa, devendo analisar a cada caso, e deverá responder pelo
crime de lesão corporal ou homicídio caso a vítima venha a falecer.
A lei 8504/92, autoriza o uso de cadáver para estudos e pesquisas científicas.No código
penal em seu art. 212, existe uma lei que fala sobre crime de vilipêndio de cadáver, porém quem
estuda ou faz pesquisas científicas não tem o animus de desprezar.

7 – CRIMES RELEVANTES PARA O ESTUDO

Vejamos agora alguns crimes importantes para entender os conceitos apresentados.

7.1 - Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar

Motim
Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:
I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la;
II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando
violência;
III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em
comum, contra superior;
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou
dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar,
ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou
prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da
disciplina militar:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças.

Revolta
Parágrafo único. Se os agentes estavam armados:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças.

Conspiração
Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime previsto
no artigo 149:
Pena - reclusão, de três a cinco anos.

Isenção de pena
Parágrafo único. É isento de pena aquele que, antes da execução do crime e quando
era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de que participou.
Violência contra superior
Art. 157. Praticar violência contra superior:
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Formas qualificadas
§ 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial
general:
Pena - reclusão, de três a nove anos.
§ 2º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do
crime contra a pessoa.
§ 4º Se da violência resulta morte:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço.

Violência contra militar de serviço


Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra
sentinela, vigia ou plantão:
Pena - reclusão, de três a oito anos.
Formas qualificadas
§ 1º Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a do
crime contra a pessoa.
§ 3º Se da violência resulta morte:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Ausência de dolo no resultado


Art. 159. Quando da violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias
evidenciam que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do
crime contra a pessoa é diminuída de metade.

Desrespeito a símbolo nacional


Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lugar sujeito à administração militar,
ato que se traduza em ultraje a símbolo nacional:
Pena - detenção, de um a dois anos.

Despojamento desprezível
Art. 162. Despojar-se de uniforme, condecoração militar, insígnia ou distintivo, por
menosprezo ou vilipêndio:
Pena - detenção, de seis meses a um ano.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o fato é praticado diante da tropa,
ou em público.

INSUBORDINAÇÃO

Recusa de obediência
Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço,
ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:

Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Oposição a ordem de sentinela


Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Reunião ilícita
Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de ato
de superior ou assunto atinente à disciplina militar:
Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem promove a reunião; de dois a seis
meses a quem dela participa, se o fato não constitui crime mais grave.

Publicação ou crítica indevida


Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou
criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a
qualquer resolução do Governo:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

7.2 - Dos crimes contra o serviço militar e o dever militar

Vale ressaltar que este é um dos crimes militares em que civis podem cometer, a
observação é que apenas civil comete o crime de insubmissão.
Fases do alistamento: Alistamento, Seleção, Convocação e Incorporação. Sendo assim, o
crime se constitui entre a convocação e incorporação. A competência é da Justiça Militar da
União, por força do Art. 124 e 125 §4.

Insubmissão
Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo que lhe
foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorporação:
Pena - impedimento, de três meses a um ano.

Caso assimilado
§ 1º Na mesma pena incorre quem, dispensado temporariamente da incorporação,
deixa de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento.
Diminuição da pena
§ 2º A pena é diminuída de um terço:
a) pela ignorância ou a errada compreensão dos atos da convocação militar, quando
escusáveis;
b) pela apresentação voluntária dentro do prazo de um ano, contado do último dia
marcado para a apresentação.

Criação ou simulação de incapacidade física


Art. 184. Criar ou simular incapacidade física, que inabilite o convocado para o serviço
militar:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Substituição de convocado
Art. 185. Substituir-se o convocado por outrem na apresentação ou na inspeção de
saúde.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem substitui o convocado.

Favorecimento a convocado
Art. 186. Dar asilo a convocado, ou tomá-lo a seu serviço, ou proporcionar-lhe ou
facilitar-lhe transporte ou meio que obste ou dificulte a incorporação, sabendo ou tendo
razão para saber que cometeu qualquer dos crimes previstos neste capítulo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Isenção de pena
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do
criminoso, fica isento de pena.

Deserção

Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em
que deve permanecer, por mais de oito dias:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.
Casos assimilados
Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que:
I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de trânsito
ou férias;
II - deixa de se apresentar a autoridade competente, dentro do prazo de oito dias,
contados daquele em que termina ou é cassada a licença ou agregação ou em que é
declarado o estado de sítio ou de guerra;
III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias;
IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou
simulando incapacidade.
Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188, ns. I, II e III:
Atenuante especial
I - se o agente se apresenta voluntariamente dentro em oito dias após a consumação
do crime, a pena é diminuída de metade; e de um terço, se de mais de oito dias e até
sessenta;
Agravante especial
II - se a deserção ocorre em unidade estacionada em fronteira ou país estrangeiro, a
pena é agravada de um terço.
Deserção especial
Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou
aeronave, de que é tripulante, ou da partida ou do deslocamento da unidade ou força em
que serve:
Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou
aeronave, de que é tripulante, ou do deslocamento da unidade ou força em que serve:
(Redação dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998)
Pena - detenção, até três meses, se após a partida ou deslocamento, se apresentar, dentro
em vinte e quatro horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade
policial, para ser comunicada a apresentação a comando militar da região, distrito ou zona.
Pena - detenção, até três meses, se após a partida ou deslocamento se apresentar,
dentro de vinte e quatro horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade
policial, para ser comunicada a apresentação ao comando militar competente. (Redação
dada pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998)
§ 1º Se a apresentação se der dentro de prazo superior a vinte e quatro horas e não
excedente a cinco dias:
Pena - detenção, de dois a oito meses.
§ 2º Se superior a cinco dias e não excedente a dez dias:
§ 2º Se superior a cinco dias e não excedente a oito dias: (Redação dada pela Lei nº
9.764, de 18.12.1998)
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 2º-A. Se superior a oito dias: (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.764, de 18.12.1998)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Abandono de posto

Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe tenha
sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Descumprimento de missão
Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi confiada:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º Se o agente exercia função de comando, a pena é aumentada de metade.
Modalidade culposa
§ 3º Se a abstenção é culposa:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

7.3 - Dos crimes contra a pessoa

Homicídio simples

Art. 205. Matar alguém:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Minoração facultativa da pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena, de um sexto a um têrço.

Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - por motivo fútil;
II - mediante paga ou promessa de recompensa, por cupidez, para excitar ou saciar
desejos sexuais, ou por outro motivo torpe;
III - com emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo, ou qualquer outro meio
dissimulado ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - à traição, de emboscada, com surprêsa ou mediante outro recurso insidioso, que


dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime;
VI - prevalecendo-se o agente da situação de serviço:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Homicídio culposo
Art. 206. Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a quatro anos.
§ 1° A pena pode ser agravada se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima.

Lesão leve
Art. 209. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Lesão grave
§ 1° Se se produz, dolosamente, perigo de vida, debilidade permanente de membro,
sentido ou função, ou incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias:
Pena - reclusão, até cinco anos.
§ 2º Se se produz, dolosamente, enfermidade incurável, perda ou inutilização de
membro, sentido ou função, incapacidade permanente para o trabalho, ou deformidade
duradoura:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Lesões qualificadas pelo resultado


§ 3º Se os resultados previstos nos §§ 1º e 2º forem causados culposamente, a pena
será de detenção, de um a quatro anos; se da lesão resultar morte e as circunstâncias
evidenciarem que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena
será de reclusão, até oito anos.

7.4 - Dos crimes contra a liberdade

Constrangimento ilegal
Art. 222. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe
haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a
lei permite, ou a fazer ou a tolerar que se faça, o que ela não manda:
Pena - detenção, até um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Violação de domicílio
Art. 226. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade
expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, até três meses.

Divulgação de segredo
Art. 228. Divulgar, sem justa causa, conteúdo de documento particular sigiloso ou de
correspondência confidencial, de que é detentor ou destinatário, desde que da divulgação
possa resultar dano a outrem:
Pena - detenção, até seis meses.

7.5 - Dos crimes contra o dever funcional

Prevaricação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
expressa disposição de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Violação do dever funcional com o fim de lucro


Art. 320. Violar, em qualquer negócio de que tenha sido incumbido pela administração
militar, seu dever funcional para obter especulativamente vantagem pessoal, para si ou para
outrem:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento


Art. 321. Extraviar livro oficial, ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão
do cargo, sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o fato não constitui crime mais grave.

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