POTÊNCIA EXTRAÍDA DE TURBINAS EÓLICAS BASEADA NA
COMPARAÇÃO DE DIFERENTES TIPOS DE VELOCIDADE DOS VENTOS
Lucas Fernandes Lima1, Sebastião C. Guimarães Jr.2 (Dr.), Aídson A. de Paula2 (M.Sc.)
1
Engeprom Engenharia Ltda, Brasília – DF, lucaslimaeng@gmail.com
2
Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Elétrica, Núcleo de Pesquisa e Extensão em Energias
Alternativas (NUPEA), Uberlândia – MG, scguimaraes@ufu.br , aidson@ufu.br
Resumo - A potência gerada por uma turbina eólica
depende em grande parte da velocidade a que ela está
submetida (variação cúbica com a velocidade). Neste
trabalho a potência máxima extraída de uma turbina
eólica será calculada para diferentes tipos de velocidade
(modal, média e raiz média cúbica). Para tanto serão
utilizadas velocidades obtidas pela estação de medição
localizada em Uberlândia para um período de um ano.
Posteriormente é feita uma comparação com a velocidade
obtida do mapa eólico brasileiro. Demonstra-se que o uso
da velocidade raiz média cúbica é a mais adequada.
Palavras-Chave – Distribuição Estatística, Energia Eólica,
Fontes Alternativas de Energia, Potência de Turbina
eólica, Velocidade dos Ventos.
WIND TURBINE POWER EXTRACTION
BASED ON COMPARISON OF DIFFERENT
TYPES OF WIND SPEEDS
Abstract - The power generated by a wind turbine
depends largely on the speed at which it is submitted
(cubic variation with velocity). In this work the maximum
power extracted from a wind turbine will be calculated
for different types of speed (modal, mean and root mean
cubic). For the comparison will be used velocities
obtained by the measuring station in the city of
Uberlandia for a period of one year. Subsequently a
comparison will be made with the velocity obtained from
the Brazilian wind map. It is shown that the use of cubic
root mean speed is more appropriate.
1 energia elevados, uma vez que os fluxos financeiros das
Keywords – Alternative Energy Sources, Statistical
Distribution, Wind Energy, Wind Speed, Wind Turbine
Power.
I. INTRODUÇÃO
A energia elétrica gerada em nosso país vem,
principalmente, da energia hidrelétrica. No Brasil vimos que
a água é um insumo finito, isso foi percebido pela primeira
vez na crise energética nos anos de 2001 e 2002, onde houve
um grande problema devido à seca dos rios e o racionamento
de energia devido a problemas climáticos ocorridos neste
período. Após esse acontecimento a sociedade brasileira
constatou a necessidade de se diversificar as fontes de
geração de energia. Atualmente vários estudos estão sendo
feitos e várias oportunidades se abrem para geração de
energia de fontes elétricas renováveis, como a energia eólica
que vem indicando resultados significativos de crescimento.
A energia eólica está crescendo devido a vários aspectos,
dentre eles se destacam [1], [3], [5]: tempo de implantação
menor do que para usinas térmicas, usinas nucleares e
hidráulicas; é uma fonte de energia renovável e segura;
custos de implantação e operação reduzidos; baixo impacto
ambiental; reduzida manutenção dos sistemas; utilização do
solo para outros tipos de atividades, como pecuária,
agricultura, etc.
Aspectos de ordem econômica também tiveram influência
no crescimento de outras fontes energéticas. Um exemplo
prático disso é o aumento de preços sofrido pelo petróleo,
principal combustível fóssil, a partir da década de 1970, que
certamente motivou governos, instituições de pesquisa e
setores produtivos a investirem em novas fontes energéticas.
Resultado de tudo isso é que as fontes alternativas ou
renováveis de energia são hoje uma realidade que,
gradativamente, estão sendo incorporadas às matrizes
energéticas de países do mundo todo [4].
Os sistemas eólicos encontram uma barreira principal e
inerente às fontes alternativas de energia que diz respeito ao
seu regime intermitente e dificuldade de acumulação, uma
vez que essa energia é baseada na conversão energética de
um fluxo da natureza. O regime aleatório leva a fatores de
capacidade anualizados (FCA) menores que os obtidos para
fontes tradicionais [3]. Baixos FCA levam a custos de
receitas com a venda de energia são obtidos em uma base de
energia menor em relação a um sistema tradicional para uma
dada potência instalada. O FCA para uma fonte de geração
eólica é de 33% enquanto que para usinas hidrelétricas o
FCA é de 65% [3].
Por esta razão fontes energéticas de menores FCA têm,
normalmente, condições diferenciadas de taxas e tempo de
retorno de investimento, de forma a compensar a sua
desvantagem competitiva estrutural. Resumidamente, o custo
de energia é dependente do custo de instalação (R$/kW), que
traduz o quanto o investidor gasta inicialmente para colocar
um sistema energético em operação, e do FCA, que traduz a
quantidade de energia média gerada em uma base anual que
produzirá a receita para pagamento do investimento e dos
custos variáveis ao longo do tempo de análise [3].
Uma análise financeira visando o retorno de investimento
da instalação de um aproveitamento eólico deve, portanto,
buscar sítios de elevados FCA, ou seja, com capacidade de
gerar grandes potências ao longo do ano. A potência extraída
de uma turbina eólica pode ser calculada pela Equação (3). A
potência calculada depende principalmente da área A em m2
e da velocidade V em m/s. Neste trabalho a área de varredura
das pás será considerada constante e serão analisados apenas
os diferentes tipos de velocidades.
Para o cálculo da potência de uma turbina eólica é
necessário saber o valor da velocidade para que se tenha um
retorno mais rápido do investimento feito para esse tipo de
energia. Em uma primeira análise no cálculo da potência
extraída de uma turbina poderia se utilizar o valor médio da
velocidade de vento obtido diretamente do Mapa Eólico
Brasileiro. Poderiam ainda ser utilizadas as velocidades
Modal , Média e a velocidade raiz média cúbica Vrmc. Por ser
a potência da turbina proporcional ao cubo da velocidade a
velocidade Vrmc é mais adequada para se estimar
corretamente a velocidade dos ventos, pois propiciará valores
mais realistas e condizentes com a energia dos sites
estudados do que as outras velocidades anteriormente citadas
[2]. A velocidade Vrmc é a que mais se aproxima dos valores
reais, quando do cálculo da potência de um parque eólico e
que permite uma correta análise do retorno de investimento
desta infraestrutura.
Assim, neste trabalho é proposta uma comparação do
cálculo das potências de turbinas eólicas utilizando-se as
velocidades médias (obtidas do mapa eólico brasileiro) e das
velocidades modal, média e raiz média cúbica para a cidade
de Uberlândia utilizando os valores das velocidades medidas,
ao longo de um ano, pela estação de medição de ventos da
Universidade Federal de Uberlândia [8].
Serão mostrados os equacionamentos e cálculos sobre a
potência de uma turbina eólica. Através desses cálculos e
discussões pretende-se obter um valor verdadeiro da potência
extraída de uma turbina eólica em comparação com o mapa
eólico brasileiro disponibilizado pela ANEEL, Agência
Nacional de Energia Elétrica [6] e pelo CRESESB [10].
II. ENERGIA EÓLICA
A energia eólica é gerada pelos ventos, através de
aerogeradores que são colocados em locais abertos com
grandes quantidades de ventos. Através da rotação das pás do
gerador ele converte esse movimento em energia elétrica.
Para que esse tipo de energia seja viável e de boa
qualidade é necessário a identificação de locais
potencialmente aproveitáveis e definir \o melhor ponto para
construir uma turbina ou um parque eólico.
A. Como se Formam os Ventos
Ventos são deslocamentos de ar da zona de alta pressão
para a zona de baixa pressão e são muito importantes para a
vida de qualquer ser vivo, pois são eles que deslocam o ar
contaminado trazendo o ar puro (oxigênio).
A atmosfera terrestre desempenha um papel fundamental
no processo de formação dos ventos, pois é nela que ocorrem
as mudanças que influenciam o clima e os ventos, de forma
diferenciada no tempo e no espaço, causando também
aquecimentos não homogêneos da superfície terrestre.
O ar quente que se encontra nas baixas altitudes das
regiões tropicais tende a subir, sendo substituído por uma
massa de ar mais frio que se desloca das regiões polares.
Estes deslocamentos de massas de ar determinam a formação
dos ventos. Devido ao mecanismo descrito, existem lugares
na terra onde os ventos jamais cessam [7].
Um parâmetro importante a ser analisado é a direção do
vento, pois este está sujeito a mudanças freqüentes, que
indicam situações de rajadas. Além disso, a direção dos
ventos pode ser determinante na escolha da melhor
localização das turbinas em um parque eólico.
A velocidade e a direção do vento estão constantemente
variando no tempo. Para efetuar o aproveitamento energético
de um local é necessário realizar estudos durante um longo
período de tempo, para analisar o seu comportamento,
evitando assim a obtenção de resultados imprecisos.
B. Distribuição dos Ventos
Grande parte do litoral brasileiro, em particular o da
região Nordeste, apresenta velocidades de vento propícias ao
aproveitamento da energia eólica em larga escala. O litoral
do Estado do Rio Grande do Sul é também considerado
bastante favorável, assim como o litoral Norte do Estado do
Rio de Janeiro. No interior do país, em áreas montanhosas
também se encontram diversos sítios propícios. A região
Norte é a menos favorecida em relação à energia eólica. Na
Figura 1 abaixo são mostradas as velocidades dos ventos no
Brasil.
Fig. 1. Mapa eólico Brasileiro.
C. A evolução comercial de aerogeradores de grande porte
O comércio de aerogeradores no mundo se desenvolveu
rapidamente em tecnologia e tamanhos durante os últimos 15
anos. Na Figura 2 é mostrado o desenvolvimento do tamanho
e da potência de aerogeradores desde 1985.
III. TURBINAS EÓLICAS
As turbinas eólicas podem ser de dois tipos: turbinas de
eixo vertical ou horizontal. As turbinas de eixo horizontal são
as mais conhecidas e as mais utilizadas por ter uma eficiência
maior que as de eixo vertical. O seu maior custo é
compensado pela sua eficiência fazendo destes os mais
utilizados para geração de energia em larga escala [7].
As turbinas de três pás são as mais utilizadas para geração
de energia elétrica em larga escala. Apesar das turbinas de
duas pás serem mais eficientes elas são mais instáveis e
propensas a turbulências, trazendo risco a sua estrutura, o
que não acontece nas de três pás, que são muito mais
estáveis, barateando seu custo e possibilitando a construção
de aerogeradores de mais de 100 metros de altura e com
capacidade de geração de energia que pode chegar a 5MW.
A velocidade do ar é descontínua de V para Vo no plano
das pás do rotor. A taxa de fluxo de massa de ar através das
lâminas rotativas é, portanto, resultado da multiplicação da
densidade com a velocidade média, Equação (5):
V + Vo
taxa fluxo de massa de ar = ρ . (5)
2

Então a potência P0 extraída pelo rotor será, Equação (6):

Po =
1 ⎡
.⎢ ρ .A
2 ⎣ 2 ⎥⎦
(
V + Vo ⎤ 2
. V − Vo2 ) (6)

A Equação (6) pode ser expressa algebricamente como:

⎛ Vo ⎞ ⎛⎜ ⎛ Vo ⎞ ⎞⎟
2
⎜1 + ⎟* 1 − ⎜ ⎟
1 ⎝ V ⎠ ⎜ ⎝V ⎠ ⎟
Po = .ρ .A.V 3 . ⎝ ⎠
2 2 (7)

Fig. 2. Evolução dos aerogeradores desde 1985 até 2005 [7]

A Equação acima é escrita na forma da Equação (8)

A. Relações de Velocidade e Potência 1

A turbina eólica capta a energia cinética realizada através
Po = .ρ .A.V 3 .Cp (8)
2
do movimento das pás do aerogerador. Essa energia no ar
com uma massa “m” movendo-se a uma velocidade “V” é Onde:
dada pela Equação (1):
Cp - Eficiência do rotor
1 O valor de Cp será dado pela Equação (9):
Energia cinética = mV 2 (1)
2
V ⎞ ⎛ ⎛V ⎞ ⎞
2
A potência movida no ar é dada pela Equação (2): ⎛
⎜1 + o ⎟ * ⎜1 − ⎜ o ⎟ ⎟
⎝ V ⎠ ⎜ ⎝V ⎠ ⎟
Potência=1/2.(razão volumétrica da massa por segundo).V2 (2) Cp = ⎝ ⎠ (9)
2
Como a razão volumétrica da massa por segundo é ρ.A.V
então a potência é dada pela Equação (3): O Cp é a fração da energia eólica, a montante, que é
captado pelas pás do rotor. O restante da energia é
1 1 descarregado ou desperdiçado com o vento a jusante. O fator
P= .( ρ .A.V ).V 2 = .ρ .A.V 3 (3)
2 2 Cp é chamado de coeficiente de potência do rotor ou de
eficiência do rotor e tem o valor máximo de 0,59, quando a
Sendo: relação (Vo / V) tem o valor de1/3. Em projetos práticos, o
máximo Cp alcançável é inferior a 0,5 para altas velocidades.
P - Potência [W]; A potência máxima é extraída do vento em que a
ρ - Densidade do ar [kg/m3]. velocidade do vento a jusante é igual a um terço da
A - Área varrida pelas pás do rotor [m2]. velocidade a montante. Sob esta condição tem-se a Equação
V - Velocidade do vento [m/s]. (10), que é a máxima potência extraída do rotor:
B. Potência Extraída do Vento
A atual potência extraída pelas pás do rotor de uma 1
Pmax = .ρ . A.V 3 .0,59
turbina eólica é a diferença entre as potências upstream, em 2 [W/m2] (10)
que o vento ataca as pás pelo lado da frente da torre, e a
potência downstream, em que o vento ataca as pás após a
passagem pela estrutura [1]. Então a potência de saída da Fazendo Cp igual ao valor de 0,5 a eficiência máxima do
turbina Po é dada pela Equação (4): rotor, a potência máxima da turbina eólica é dada pela
Equação (11):
Po=1/2.(razão volumétrica da massa por segundo).(V2-V02) (4) 1
Pmax = .ρ .V 3 (11)
4
C. Área de Varredura do Rotor IV. TIPOS DE VELOCIDADES DE VENTO
Como visto na Equação (3), a potência da turbina eólica
varia linearmente com a área varrida pelo rotor. Para a Na instalação de um parque eólico é necessário saber a
turbina de eixo horizontal, a área varrida pelo rotor é dada quantidade de energia produzida por esse tipo de fonte. Neste
pela Equação (12): trabalho o cálculo será feito para a potência extraída de uma
π turbina de eixo horizontal. O cálculo da potência da turbina
A = .D 2 (12) eólica é para se saber qual tipo de velocidade que pode trazer
4
um retorno mais rápido do investimento feito para esse tipo
de energia.
D. Densidade do Ar Aqui serão tratados os diferentes tipos de velocidades dos
A força do vento varia linearmente com a densidade do ar ventos e qual é o mais realista para o cálculo de uma potência
que acionam as pás, e a densidade do ar varia com a pressão eólica de um aerogerador.
e temperatura de acordo com a lei dos gases mostrada na
Equação (13): A. Velocidade do Mapa Eólico Brasileiro
p O mapa eólico Brasileiro mostra, conforme ilustrado na
ρ= Figura 1, diferentes velocidades em cada região do país. Do
R ⋅T (13) mapa eólico a velocidade do vento será inferior a 5 (m/s)
Onde: para a cidade de Uberlândia. Os valores obtidos serão
p - pressão do ar. mostrados adiante.
R - constante do gás.
T - Temperatura na escala absoluta. B. Velocidade Modal
A velocidade modal é definida como sendo a velocidade
A densidade do ar ao nível do mar, a uma pressão que mais repete para uma distribuição de velocidade do
atmosférica de 1 atm e a uma temperatura de 15 ° C é de vento. Esse tipo de velocidade é importante para sabermos se
1,225 kg/m3. Utilizando-o como referência, ρ é corrigida a velocidade que mais repete pode ser escolhida para o
para o lugar específico de temperatura e pressão. A cálculo da potência eólica.
temperatura e a pressão variam com a altitude. Seus efeitos
C. Velocidade Média
sobre a densidade do ar é dada pela Equação (14), que é
A velocidade média Vmed ao longo de um período é
válida até 6.000 metros da altitude acima do nível do mar [1].
calculada pela Equação (18):
Hm é a altitude do local em relação ao nível do mar em
metros. 1 n
Vmed = ∑ Vi (18)
⎧ 0 , 297 ⋅ H m ⎫
−⎨ ⎬
n i =1
ρ = ρo ⋅ e ⎩ 3048 ⎭
(14) Onde:

Vi - velocidade da primeira amostra da distribuição.

O cálculo de ρ pode também ser feito pela Equação (15): n - número de medições no período.

ρ = ρ o − 1,194 ⋅ 10 −4 ⋅ H m (15) D. Velocidade da Raiz Média Cúbica

No cálculo da energia eólica esta é proporcional ao cubo
A temperatura T também pode ser encontrada para uma da velocidade e da energia coletada ao longo do ano que é a
dada referência, pois ela varia com a altitude do local, a integral de h.v3.dv [1]. Portanto, a velocidade da raiz média
Equação (16) abaixo fornece o valor da temperatura em °C cúbica e dada pela Equação (19):
para diferentes locais:
19.83 ⋅ H m
T = 15.5 − (16) 1 ∞
3048 Vrmc = 3 ⋅ ∫ h ⋅ v 3 .dv
8760 0 (19)
Onde:
E. Efeito da Altitude V rmc - velocidade da raiz média cúbica.
O efeito da altitude sobre superfície do solo provoca o v - velocidade do vento medida.
aumento da velocidade do vento com a altura de acordo com h - número de horas.
a Equação (17):
α
⎛h ⎞ Assim a velocidade da raiz média cúbica é útil na
V2 = V1 ⋅ ⎜⎜ 2 ⎟⎟ (17) estimativa rápida do potencial energético anual do local a ser
⎝ h1 ⎠ analisado para instalação do futuro parque eólico [2]. Usando
a velocidade da raiz média cúbica a potência média anual
Onde: será dada pela Equação (20):
V1 - Velocidade no vento referida a altura h1.
V2 - Velocidade no vento estimada para a altura h2. 1
Prmc = ⋅ ρ ⋅ Vrmc
3
[W / m 2 ]
α - coeficiente de atrito da superfície do solo. 4 (20)
Onde: V. CÁLCULO DA POTÊNCIA DAS TURBINAS
Prmc- potência máxima extraída pela turbina eólica EÓLICAS
Vrmc- velocidade da raiz média cúbica
ρ - densidade do ar A potência máxima de uma turbina eólica é calculada pela
Equação (11) onde este valor de potência é uma aproximação
Multiplicando o valor Prmc pelo número total de horas no do valor prático. Com base na Equação (11) serão feitos a
ano teremos o potencial de produção anual de energia do seguir os cálculos das potências extraídas de uma turbina
local. Para uma melhor aproximação da Equação (20), a eólica para cada mês do ano de 2008.
velocidade da raiz média cúbica pode ser equivalente a:
A. Potência do Mapa Eólico
1 n De acordo com [9] as coordenadas da cidade de
∑ ρ i ⋅ Vi
3
Vrmc = Uberlândia são 18,91º sul e 48,27º oeste. Usando estas
n i =1 (21) coordenadas no site [10] este fornece as velocidades dos
ventos, dadas na Tabela II, para um regime trimestral. As
Onde: respectivas potências foram calculadas usando-se a Equação
(22).
n- número de medições no período 1 3
Vi - velocidade do vento no momento das medições Pmapa = .ρ .Vmapa (22)
ρi - densidade do ar. 4

Para a implementação do parque eólico é necessário que

se tenha dados confiáveis da velocidade correta do vento, que TABELA II
será utilizada no cálculo da potência. Com esses dados Velocidades dos ventos para a cidade de Uberlândia a
confiáveis poderá se ter uma posição do retorno do partir do mapa eólico e respectivas potências calculadas.
investimento do parque eólico a ser implantado.
Meses Velocidade (m/s) Potência (W/m2)
E. Velocidades Modal, Média e Raiz Média Cúbica a partir Dez-Fev 3,25 9,69
dos dados coletados para Uberlândia Mar-Mai 4,05 18,76
Jun-Ago 4,81 31,42
Os cálculos das velocidades, mostradas na Tabela I, foram
Set-Out 4,17 20,48
feitas a partir de dados disponibilizados pela estação
metereológica da UFU, Campus Santa Mônica, Uberlândia.
A velocidade do vento é medida a cada hora durante todo dia
B. Potência Modal
e o período de medição foi de janeiro a dezembro de 2008.
A potência modal Pmodal será calculada pela Equação (23)
Os valores destas velocidades estão disponíveis em [8].
para cada mês usando-se a velocidade correspondente a este
mês.
TABELA I
Velocidades Modal, Média e Raiz Média Cúbica (RMC)
1 2
calculadas para o ano de 2008. Pmod al = ⋅ ρ ⋅ Vmod
3
al
[W/ m ] (23)
4
Período Velocidade Velocidade Velocidade
Modal (m/s) Média (m/s) RMC (m/s)
Janeiro 2,2 2,040134228 2,510765 C. Potência Média
Fevereiro 1,7 1,697113997 2,22167 A potência média Pmédia é calculada com base na
Março 2 2,175140449 2,688398 velocidade da média aritmética das medições para cada mês,
Abril 1,8 1,938963211 2,42442 Equação (24):
Maio 1,5 1,675098039 2,2058496 1 2
[W/ m ]
Junho 2 1,936652237 2,4600065
Pmédia = ⋅ ρ ⋅ Vmédia
3 (24)
4
Julho 2 2,223780488 2,673454
Agosto 2,3 2,342581602 2,802824 D. Potência da Raiz Média Cúbica
Setembro 2,8 2,410428571 2,92665 A potência da raiz média cúbica é calculada pela Equação
Outubro 1,6 2,392885906 2,986711 (25) onde o valor da velocidade RMC é utilizado para cada
Novembro 1,7 2,196279762 2,746161 mês.
Dezembro 2,4 2,145950413 2,5702277 1 2
Prmc = ⋅ ρ ⋅ Vrmc
3 [W/ m ] (25)
Os cálculos foram realizados conforme as Equações (18) e
4
(19). Como era de se esperar a velocidade RMC apresentou E. Densidade do ar na cidade de Uberlândia
os maiores valores para a velocidade. Usando-se a Para o cálculo das potências eólicas citadas acima é
velocidade RMC no cálculo da potência eólica da turbina necessário calcular a densidade do ar em Uberlândia. Como a
esta também será maior e mais realista e o retorno do cidade se localiza a 800 m acima do nível do mar pela
investimento será mais rápido [2]. Equação (15) tem-se:
 ρ udia = 1,225 − 1,194 ⋅ 10 −4 .800 valores das velocidades dos ventos medidos pela estação
(26) metereológica de Uberlândia e a velocidade obtida no mapa.
3
ρ udia = 1,12948 [ Kg / m ] Ao se fazer um estudo para uma possível instalação de um
parque eólico em Uberlândia existiria um erro no cálculo do
Usando-se essa densidade do ar referida a Uberlândia, as valor do retorno do investimento, pois a velocidade de vento
potências eólicas calculadas são mostradas na Tabela III. do mapa eólico resulta numa potência para a turbina com
valores maiores e incompatíveis com os verdadeiros valores
TABELA III da potência calculados a partir das velocidades medidas na
Potências Modal, Média e Raiz Média Cúbica (RMC) cidade.
calculadas para o ano de 2008 Para estudos de retorno de investimento, a potência
Período Potência Potência Potência RMC extraída de uma turbina eólica deve ser calculada usando-se a
Modal (W/m2) Média (W/m2) (W/m2) velocidade raiz média cúbica. Para uma análise de
Janeiro 3,00667 2,39769 4,46927 investimento de um determinado site eólico as velocidades
Fevereiro 1,38728 1,38023 3,0964 deveriam ser medidas no próprio local para se ter uma maior
Março 2,25896 2,90589 5,4865 precisão dos resultados obtidos. A velocidade do mapa eólico
Abril 1,64678 2,05837 4,02385 brasileiro deve ser usada apenas como uma primeira
Maio 0,95299 1,32721 3,03072 avaliação, mas esta é inadequada para uma análise mais
Junho 2,25896 2,05103 4,20362 criteriosa.
Julho 2,25896 3,10523 5,39556
Agosto 3,43559 3,62996 6,21736 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Setembro 6,19858 3,95458 7,07833
Outubro 1,15658 3,86884 7,52311
[1] Patel, Mukund R. “Wind and Solar Power Systems”,
Novembro 1,138728 2,991445 5,84784
Kings Point, New York: CRC Press, 1999, 348 p.
Dezembro 3,90348 2,79047 4,79438
[2] Ramos Robles, Carlos A.. Development of Eolic
Generation Under Economical Uncertainty. 8'
Observando a Tabela III verifica-se que a potência RMC International Conference On Probabilistic Methods
será sempre o maior valor, pois a velocidade RMC é maior Applied To Power Systems, Iowa State University, Ames,
do que a velocidade modal e média. A distribuição de Iowa, Ames, Iowa, n. , p.711-716, 16 dez. 2004.
potências por mês foi escolhida devido à variação muito [3] M. T. Tolmasquim (Organizador) Fontes Renováveis de
grande de potência durante os meses ao longo do ano. Pode Energia no Brasil. Rio de Janeiro: Interciência:
ser observado que o valor da potência tem um aumento CENERGIA, 2003.
considerável nos meses de agosto a outubro, meses onde há [4] Dalmaz, Alessandro; Passos, Júlio César; Colle, Sergio.
uma mais incidência do vento na cidade de Uberlândia. Energia eólica para geração de eletricidade e a
Usando-se as velocidades obtidas do mapa eólico as importância da previsão. Revista Abcm - Engenharia,
potências extraídas de uma turbina eólica entre 9,69 e 31,42 Florianópolis – Sc, v. , n. , p.1-11, 1 jan. 2008.
[W/m2] (Tabela II). Com esses valores pode-se afirmar que [5] Reis, Lineu Belico Dos. Geração de Energia Elétrica :
ocorrerá um possível erro do retorno de investimento, pois a tecnologia, inserção ambiental, planejamento, operação e
maior potência calculada e verificada para o ano de 2008 é a análise de viabilidade. 3ª edição Barueri, Sp: Editora
potência RMC com valor de 7,52311 [W/m2]. Além disso, as Manole, 2003.
velocidades obtidas do mapa eólico são fornecidas com [6] Atlas Energia Eólica Disponível em: <
valores únicos em uma base trimestral, não retratando as http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/06-
variações mensais (ou até diárias) das velocidades do vento. Energia_Eolica%283%29.pdf>. Acesso em 28 junho
2011.
VI. CONCLUSÕES [7] Tutorial Eolica. Disponível em : <
http://www.cresesb.cepel.br/index.php?>. Acesso em 28
Neste trabalho foi apresentada a forma de como calcular junho 2011.
os diferentes tipos de velocidade (modal, média e raiz média [8] Lima, Lucas Fernandes. Potência Extraída de Turbinas
cúbica) e as respectivas potências das turbinas eólicas, Eólicas Baseada na Comparação da Distribuição
enfatizando suas diferenças. Os cálculos foram realizados Estatísticas das Velocidades dos Ventos. Trabalho de
mês a mês, pois assim pode-se mostrar uma variação mais Conclusão de Curso, Faculdade de Engenharia Elétrica,
realista tanto da velocidade como da potência eólica extraída Universidade Federal de Uberlândia, 2009.
de uma turbina. Os resultados obtidos demonstram qual [9] IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
deveria ser o valor correto da velocidade do vento a ser usada Infográficos - Coordenadas da cidade de Uberlândia -
para um cálculo mais realista da potência e em conseqüência http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 –
para um retorno mais rápido do investimento realizado. Acesso em 11 julho 2011.
Através deste trabalho foi mostrado que ao se usar a [10] Potencial Energético Eólico – Atlas do Potencial Eólico
velocidade do vento obtido pelo mapa eólico brasileiro para Brasileiro -
se calcular a potência extraída de uma turbina pode-se http://www.cresesb.cepel.br/atlas_eolico/index.php#data
cometer um erro muito grande, pois existe uma diferença nos – Acesso em 11 julho 2011.