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Direito
Administrativo

Carreiras Jurídicas

Prof. Matheus Carvalho


CERS
2017.2
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1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 3
1.1 Funções do Estado ................................................................................................ 3
1.2 Conceitos de Administração Pública ...................................................................... 5
1.3 Teoria do Órgão ou da Imputação ...................................................................... 5
1.4 Conceitos de Direito Administrativo ...................................................................... 6
1.6 Fontes do Direito Administrativo ........................................................................... 7
1.7 Interpretação ........................................................................................................... 8
1.8 Sistemas de Controle Estatal .................................................................................. 8
2.1 Introdução ........................................................................................................... 10
2.2 Princípios Constitucionais Expressos na CF/88............................................... 10
2.3 Princípios Constitucionais Implícitos ............................................................... 13
3.1 Abuso de poder ................................................................................................... 17
3.2 Formas do exercício de poder ............................................................................ 17
3.3 Poderes em espécies ............................................................................................ 19
4. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ................................................................ 25
4.1 Classificações dos Órgãos .................................................................................. 25
4.2 Administração Indireta ................................................................................. 27
5.1 Conceito de atos da administração ................................................................... 34
5.2 Classificação dos Atos Administrativos ............................................................ 34
5.3 Espécies de atos administrativos .................................................................. 35
5.4 Elementos do Ato Administrativo ................................................................ 38
5.6 Atributos dos atos administrativos ............................................................... 39
5.7 Perfeição, Validade e Eficácia dos Atos Administrativos .......................... 40
5.8 Extinção dos atos administrativos ........................................................................ 40
6. LICITAÇÕES ........................................................................................................... 45
6.1 Introdução ........................................................................................................... 45
6.2 Princípios específicos .......................................................................................... 45
6.3 Conceitos ......................................................................................................... 47
6.4 Modalidades de Licitações ............................................................................ 47
6.5 Procedimento Licitatório .............................................................................. 51
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1. INTRODUÇÃO

1. 1. Breves Considerações Conceituais

A- Origem Histórica: Enquanto disciplina jurídica, o Direito


Administrativo começou a ser desenvolvido no final do século 18 e início
do século 19 na França, com o advento de uma lei que organizou a
Administração Pública daquele país.

No Brasil, o Decreto Imperial n° 608/1851 estabeleceu que o Direito


Administrativo é uma disciplina que deve ser lecionada
obrigatoriamente em todas as faculdades de direito do país.

B- Conceito de Direito Administrativo: Enquanto ramo do Direito


Público é um conjunto de normas jurídicas que atuam na disciplina da
Administração Pública, regulando uma das funções desenvolvidas pelo
Estado (função administrativa).

C- Estado, Governo e Administração Pública: De antemão, vale


ressaltar que as noções de Estado, Governo e Administração não podem
ser confundidas. Porque o Estado é uma pessoa jurídica territorial
soberana.

 Estado: Normalmente a Sociologia e a Ciências Políticas definem o


Estado como um conjunto complexo, composto por um povo,
território e soberania. Embora exista a situação de Estado sem
território. O Estado é uma pessoa jurídica (titular de direitos e
obrigações) de Direito Público, mesmo quando ele atua nas relações
privadas.

 Governo: é um conjunto de órgãos politicamente organizado, que


tem como objetivo definir os fins desejados pelo Estado.

Observação: O governo brasileiro adota o sistema presidencialista.

 Administração pública: é uma das funções da atuação estatal em


fase de seu povo.

Atenção: No ordenamento jurídico brasileiro atualmente não se aplica a


teoria da dupla personalidade.

1.2 Funções do Estado

O Estado é formado pelo governo, que se divide em três poderes.


Montesquieu idealizou a teoria da tripartição de poderes, para ele o
poder do Estado é uno (visa evitar que esse poder se concentre nas
mãos de uma única pessoa).
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O Estado no Direito Brasileiro é dividido em três funções diferentes, as


quais são: Poder Executivo, Legislativo e Judiciário.

 Função Legislativa: é exercida pelo Poder Legislativo, o qual possui


a responsabilidade de editar normas gerais (leis) abstratas, como a
finalidade de inovar o ordenamento jurídico, criando direito e
obrigações aos particulares;

 Função Jurisdicional: é exercida pelo Poder Judiciário, o qual


possui a responsabilidade de solucionar as controvérsias entre
particulares, entre Estados e entre o Estado e um particular,
produzindo coisa julgada (que tem como caráter definitivo). A coisa
julgada proporciona uma solução indiscutível;

 Função Administrativa: é exercida pelo Poder Executivo, que tem a


responsabilidade de aplicar as leis administrativas diretamente (no
caso concreto), essa função permite que o Estado aplique e
interprete as leis no caso concreto em relação aos particulares e
entre a própria administração.

Observação: Vale ressaltar, que os três poderes são independentes,


mas são harmônicos entre si, a harmonia decorre do fato de que um
poder pode controlar o outro “teoria dos freios e contrapesos”.

 Serviços Públicos: por meio dos quais o Estado oferece utilidades,


comodidades e prestações específicas nos administrados, visando
suprir suas necessidades.

 Polícia Administrativa: o Estado se dispõe a controlar as atividades


individuais dos administrados.

 Atividade de Fomento: o Estado incentiva as atividades em que


atuam as entidades do 3° setor, através de recursos destinados ou
incentivos fiscais.

 Intervenção no Domínio Econômico:

 Diretamente: só excepcionalmente, em duas hipóteses: imperativo


da segurança nacional e interesse público relevante;

 Indiretamente: o Estado atua como agente regulador da economia,


fiscalizando as ações dos agentes econômicos;

 Monopólio: o Estado se reserva ao direito exclusivo de atuação em


determinada área.

Atenção: A doutrina entende ainda que existe uma quarta função, que
é a Função Política de Estado.
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 Função Política de Estado: é o poder que o Estado tem de


estabelecer regras extra-individuais, que se aplicam na conduta
interna e externa do Estado. Como por exemplo, a decretação de
guerra.

Observação: Os poderes de Estado também exercem funções atípicas,


ou seja, exercem atividade das outras funções (de outros poderes).

O Direito Administrativo estuda a função administrativa, seja ela


exercida tipicamente pelo Poder Executivo ou atipicamente pelo Poder
Legislativo ou Judiciário.

1.2 Conceitos de Administração Pública

Administração Pública é a estrutura, ou seja, é o exercício da função


administrativa, sendo que essa atividade possui duas possibilidades de
estruturação/conceituação:

 Conceito de Administração Pública Objetiva ou Material: é a


própria atividade exercida pelo Estado materialmente, é o objeto da
administração, da coisa pública, ou seja, é a atividade da
administração que tem a finalidade de concretizar as leis e organizar
a estrutura do Estado.

 Conceito de Administração Pública Subjetivo (formal/orgânico):


é o conjunto de órgãos e entidades que executam a atividade
administrativa, em outras palavras é a maquina do Estado no
exercício da atividade administrativa.

Atenção: A definição de Administração Pública e a delimitação do


Direito Administrativo se baseiam no conceito e no que é a função
administrativa. Portanto o Direito Administrativo tem a finalidade de
estudar a função administrativa.

1.3 Teoria do Órgão ou da Imputação

No Direito Administrativo Brasileiro aplica-se a teoria do órgão


(imputação). Essa teoria estabelece que a estrutura da administração
pública e composta pelos: entes, órgãos internos e pelos agentes
públicos.

Portanto, os agentes públicos manifestam a vontade dos órgãos e dos


entes. No entanto, toda atuação do agente público deve ser imputada
ao órgão que o agente público representa, pois o Estado Brasileiro é um
Estado de Direito.

Atenção: A teoria do órgão supera a teoria do mandato ou da


representação, pois o Estado Brasileiro não é incapaz.
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1.4 Conceitos de Direito Administrativo

No decorrer da história surgiram os seguintes conceitos/critérios


definidores do conceito de Direito Administrativo:

 Critério Legal “exegetivo”: é conjunto de normas existente nos país


que tratavam da estrutura da administração pública.

 Critério do Serviço Público: Essa teoria surgiu na França, segundo


essa teoria toda atividade do Estado é voltada à prestação dos
Serviços Públicos.

Atenção: No entanto, a prestação de serviços públicos não é a única


atividade exercida pelo Estado.

 Critério do Poder Executivo: estabelece que a atividade da


administração pública se resume no exercício do Poder Executivo;

Observação: Essa teoria não pode ser considerada por si só, pois os
Poderes Legislativo e Judiciário também exercem a função
administrativa atipicamente, quando realizam concursos públicos ou
licitações.

 Critério das Relações Jurídicas: Para esse critério o Direito


Administrativo trata das relações envolvendo o Estado e os
Indivíduos.

Atenção: Porém, essas relações jurídicas também são tratadas pelo


Direito Tributário, Direito Penal, Direito Civil etc.

 Critério Teleológico: é toda atividade do Estado exercida com a


finalidade de assegurar o interesse público.

Observação: O critério teleológico ele não é suficiente para delimitar o


estudo do Direito Administrativo.

 Critério Residual: estabelece que o Direito Administrativo tem a


finalidade de estudar as atividades do Estado que não são exercidas
pelo Poder Judiciário ou pelo Poder Legislativo.

Atenção: A função administrativa não é jurisdicional e também não é


legislativa. A doutrina moderna entende que não é correto classificar
um ramo do direito pelo que ele não é.

 Critério da Administração Pública: Segundo Helly Lopes Meirelles


o Direito Administrativo é “um conjunto harmônico de princípios que
regem os órgãos, entidades e agentes públicos; com a finalidade de
realizar os fins almejados pelo Estado, de forma: concreta, direta e
imediata”.
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Quem define os fins desejados pelo Estado? É o Direito


Constitucional.

Em outras palavras “O Direito Administrativo, em síntese, é o ramo do


Direito que procura estudar a Administração Pública, a sua composição,
princípios a serem observados, deveres, e seu relacionamento com a
coletividade. Nesse sentido torna-se imprescindível entender que a
Administração Pública não se resume ao Poder Executivo, mas a todos os
Poderes quando no desempenho de funções administrativas, em qualquer
esfera de governo”.

1.5 Relações com outros Ramos do Direito

O Direito Administrativo é um ramo do Direito Público, que se relaciona


com os outros ramos do Direito. O Direito Constitucional tem a
finalidade de definir os fins desejados pelo Estado.

O Direito Tributário tem a finalidade de arrecadar receitas, que devem


ser utilizadas no exercício da função administrativa.

O Direito Processual tem a finalidade de manejar as garantias do Direito


Administrativo, como por exemplo, o mandado de segurança, as ações
populares.

Portanto, o Direito Processual estrutura a forma pela qual o particular,


que se sentir prejudicado deve procurar os seus direitos dentro da
função administrativa.

1.6 Fontes do Direito Administrativo

 Lei: é a principal fonte (fonte primária) que norteia o Direito


Administrativo, leia-se lei em sentido amplo (lei ordinária,
complementar, delegada, medidas provisórias “as quais são
consideradas leis em sentido material” e o próprio texto
constitucional).

 Jurisprudência: tem a finalidade de orientar a atuação da


administração pública.

Atenção: Atualmente se tem o entendimento de que a jurisprudência


também pode ser considerada como fonte primaria do Direito
Administrativo, na hipótese da existência de súmula vinculante.

 Costumes: podem ser utilizados para orientar a atuação do


administrador de forma secundaria, desde que não contrarie o texto
de lei;
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 Princípios Gerais do Direito: são os princípios que orientam a


criação das leis, ou seja, tem a finalidade de orientar a sua
aplicação, e são utilizados antes do surgimento de uma lei;

 Doutrina: é uma fonte que orienta o Direito Administrativo e auxilia


na interpretação das leis. A doutrina não cria e nem exclui
obrigações.

1.7 Interpretação

No Direito Administrativo todos os critérios interpretativos que são


utilizados pela hermenêutica também são utilizados, com exceção dos
critérios de interpretação do Direito Civil.

O Direito Administrativo deve ser interpretado com fundamento no


Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Particular e o da
Indisponibilidade do Interesse Público.

 Pressupostos de Interpretação das Leis Administrativas:

 Desigualdade: A Administração Pública é orientada pelo Princípio da


Supremacia do Interesse Público sobre o Privado;

 Presunção Relativa de Legitimidade: os atos praticados pelos


agentes públicos são presumidamente legítimos, até que se prove o
contrário.

 Discricionariedade: é utilizada para evitar o engessamento do


Direito Administrativo, toda atuação do administrador deve ser
praticada de acordo com a conveniência e oportunidade (visando
atender as necessidades da sociedade).

Observação: Toda atividade do Estado está sujeita ao controle da


administração pública.

1.8 Sistemas de Controle Estatal

 Sistema do Contencioso Administrativo: esse sistema surgiu na


França, o qual, estabelece que o Poder Judiciário possui
competência para julgar todas as ações e controvérsias que existem
no Direito, salvo aquelas decorrentes da atuação estatal. O Conselho
do Estado Frances é um órgão da Administração Pública que possui
a competência para julgar as controvérsias administrativas.

Atenção: Segundo esse sistema, somente o Conselho Administrativo


pode julgar os atos praticados pela Administração Pública, produzindo
coisa julgada material, tais decisões produzem o efeito de coisa julgada
imutável. No entanto, esse sistema é caracterizado pela existência da
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possibilidade de imparcialidade, pois quem está sendo julgado é o


próprio julgador.

 Sistema de Jurisdição Única: Esse sistema surgiu na Inglaterra e


reconhece que a administração pública pode julgar seus próprios
atos por meio de processo administrativo. Porém esse julgamento faz
coisa julgada administrativa; o que não impede a atuação do Poder
Judiciário (nos aspectos de legalidade).

O Brasil adotou o Sistema de Jurisdição Única, ao estabelecer no art.


5º, XXXV da CF/88 que “a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
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2. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

2.1 Introdução

O Direito Administrativo tem como fundamento os princípios da


supremacia do interesse público sobre o interesse privado e o da
Indisponibilidade do Interesse Público.

 Conceito de Supremacia do Interesse Público: estabelece que


existindo necessidade, o Estado pode restringir direitos individuais
para garantir o interesse da coletividade.

Exemplo: Contratos com cláusulas exorbitantes, a realização da


desapropriação para a construção de uma escola ou hospital.

Portanto o Estado goza de algumas prerrogativas decorrentes do fato de


que o interesse público é supremo em relação aos interesses privados.

 Conceito de Indisponibilidade do Interesse Público: o


Administrador não pode abrir mão do interesse público.

O conjunto de princípios estabelecido pela CF/88 é denominado de


Regime Jurídico Administrativo, o qual confere algumas limitações
destinadas a proporcionar a indisponibilidade do interesse público.

Atenção: Todos os princípios do Direito Administrativo Brasileiro


decorrem dos princípios e preceitos estabelecidos na CF/88.

2.2 Princípios Constitucionais Expressos na Constituição Federal


de 1988

A- Princípio da Legalidade: O administrador Público só pode atuar


conforme a lei, todas as suas atividades estão subordinadas aos
comandos legais. Diferentemente da Legalidade no âmbito dos
particulares, onde o que não está proibido está presumidamente
permitido (art.5°, II da CF/88).

Segundo o Princípio da Legalidade Administrativa o administrador


somente está autorizado a agir quando existir previa autorização legal.

 Princípio da Legalidade Privada: o Art. 5º, II da CF/88 estabelece


que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei”.

Observação: Portanto o particular pode fazer qualquer coisa que não


seja proibido por lei.

 Princípio da Legalidade Administrativa: Já o administrador


público somente pode fazer o que está previsto em lei (lei em sentido
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material), ou seja, aqueles atos que inovam o ordenamento jurídico,


estabelecendo direitos e obrigações.

Observação: O Princípio da legalidade da Administração Pública


também é chamado de princípio da subordinação à lei e da não
contradição à lei.

B- Princípio da Impessoalidade: “os atos praticados pela


Administração Pública não podem ser discriminatórios”. A Administração
Pública deve agir objetivamente em prol da coletividade.

Os atos de pessoalidade são vedados, o exercício da atividade


administrativa é atribuição da Administração e a ela são imputadas
todas as condutas dos agentes públicos.

Atenção: Sob a ótica do agente, quando um agente público atua, não é


ele que atua, mas sim o Estado por meio de seus agentes.

No que tange as campanhas publicitárias, não poderão conter nomes de


administradores ou gestores, serão meramente informativas, educativas
ou de orientação social.

Art. 37, §1 da CF/88 “A publicidade dos atos, programas,


obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
caráter educativo, informativo ou de orientação social,
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos”.

C- Princípio da Moralidade: A noção de administração proba está


relacionada com a moralidade administrativa, que pode ser entendida
como um conjunto de regras extraídas da boa e útil disciplina interna
da administração, ou seja, é um conjunto de valores que fixa um padrão
de condutas, que devem ser observados pela Administração, no sentido
de que ela atue com retidão de caráter, ética, honestidade, decência,
lealdade e com boa-fé no trato com o dinheiro público.

Não basta que as atividades da Administração estejam de acordo com a


Lei, essas atuações têm que ser conduzidas com Lealdade, Ética e
Probidade.

Art.5°, LXXIII da CF/88 “Qualquer cidadão é parte legítima


para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência”.
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D- Princípio da Publicidade: é a transparência no exercício da


atividade administrativa. A publicidade pode ser considerada como uma
garantia de controle. Vale ressaltar que a publicidade é um requisito de
eficácia dos atos administrativos.

Exceções: Assuntos que tratem da segurança nacional; certos


interesses sociais, ou de foro íntimo (privacidade - intimidade).

A pública dos atos administrativo é condição de eficácia. Condição para


que o ato produza efeitos regularmente.

E- Princípio da Eficiência: esse princípio foi introduzido pela EC


19/98, antes já era considerado pelo ordenamento jurídico como um
princípio infraconstitucional, o qual determina que a atuação da
Administração deve buscar resultados positivos com o menor de custo
possível, de forma:

 Rápida: Dinamismo, Celeridade, descongestionar e desburocratizar.

 Perfeita: Completa, Satisfatória.

 Rentável: ótima, máxima com menor custo.

Atenção: O princípio da Eficiência norteia toda atuação Estatal e


possui aplicabilidade imediata.

F- Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa: no Direito


Administrativo, o referido princípio abrange a existência de uma defesa
previa, técnica e a observância do duplo grau de jurisdição.

Art. 5º, LV da CF/88 “aos litigantes, em processo judicial


ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados
o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
ela inerentes”.

 Defesa previa: o direito de se defender é o direito de se manifestar


antes que uma decisão seja proferida no processo administrativo.

Cuidado: Em situação de urgência o contraditório pode ser diferido.

Exemplo: O reboque de um veículo que estava obstruindo a via pública


(impedindo a passagem de outros veículos).

 Defesa técnica: é a defesa realizada por advogado nos processos.

Súmula Vinculante 5: “A falta de defesa técnica por


advogado no processo administrativo disciplinar não ofende
a constituição”.
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Observação: A ausência da defesa técnica não pode gerar prejuízo, se


for uma opção do interessado. No entanto, a administração pública não
pode cercear o direito do interessado de constituir um advogado para a
realização de sua defesa técnica.

 Duplo grau de jurisdição: O STF entende que a lei que exige


depósito prévio, garantia ou caução é inconstitucional. Porque a
interposição de recurso é inerente ao direito de defesa. Tal exigência
limita o direito ao duplo grau de jurisdição.

Súmula Vinculante 21: “É inconstitucional a exigência de


depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
admissibilidade de recurso administrativo”.

2.3 Princípios Constitucionais Implícitos

Os Princípios Constitucionais Implícitos são expressos no ordenamento


jurídico e implícitos na CF/88.

A- Princípio da Segurança Jurídica: garante aos particulares que se


relacionam com a administração pública, que eles não sejam
surpreendidos com nova atividade administrativa que retroage,
prejudicando situações anteriores.

Art. 5, inciso XXXVI da CF/88 “A lei não prejudicará o


direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada”.

Art. 2, § único, inciso XIII da Lei 9.784/99 “Interpretação


da norma administrativa da forma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige, vedada
aplicação retroativa de nova interpretação”.

B- Princípio da Continuidade: a atuação da administração pública


deve ser ininterrupta e continua, porque a atividade do Estado não
pode parar.

 Direito de Greve: O Direito de greve dos funcionários públicos


atualmente não é regulamentado por lei. No entanto, a respeito do
tema existem duas posições:

Alguns doutrinadores entendiam que o direito de greve dos


funcionários públicos é uma norma de eficácia contida; Portanto os
servidores públicos podem exercer o direito de fazer greve. Porém uma
lei ordinária deve ser editada com a finalidade de conter os efeitos
dessa garantia.

O STF entendia que o direito de greve dos funcionários públicos é uma


norma de eficácia limitada (ou seja, os servidores públicos não
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poderiam exercer esse direito enquanto não existir uma lei especifica
regulamentando o tema).

Recentemente, o STF entendeu que deve ser utilizada a lei de greve


geral, destinada aos empregados regidos pela CLT, até que seja criada
uma lei especifica para o Servidor Público.

Atenção: No entanto, o Direito de Greve e o Direito de Sindicalização


são proibidos aos Militares das Forças Armadas e das Forças Auxiliares.

O Servidores em estagio probatório podem exercer o direito de greve,


desde que a greve seja realizada de forma lícita e válida, e desde respeite
as regras estabelecidas pelo STF.

Segundo o STJ o Servidor em regra não tem o direito de receber a


remuneração pelos dias que não trabalhou. Porém a administração não
deve efetuar o corte nos salários. Portanto, o servidor público deve
efetuar a compensação de horas após o termino da greve.

 Exceção de contrato não cumprido “exceptio non adimpleti


contractus”: “se a administração pública não cumpre sua obrigações
estabelecidas no contrato eu não preciso cumprir com as minhas
responsabilidades estabelecidas nele”. A exceção de contrato não
cumprido somente pode ser alegada nos termos do art. 78, XV da
Lei 8.666/93.

Art. 78, XV da Lei 8.666/93 “o atraso superior a


noventa dias dos pagamentos devidos pela Administração
decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas
destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de
calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou
guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela
suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja
normalizada a situação;”.

 Interrupção da Prestação do Serviço Público:

Art. 6, § 3o da Lei 8.987/95 “Não se caracteriza como


descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação
de emergência ou após prévio aviso, quando: I - motivada
por razões de ordem técnica ou de segurança das
instalações; e, II - por inadimplemento do usuário,
considerado o interesse da coletividade”.

O STF entende que o particular pode interromper a prestação do serviço


público pelo inadimplemento, desde que o serviço não seja essencial a
coletividade. Recentemente o STJ entendeu que o serviço de iluminação
pública não pode ser interrompido pela falta de inadimplemento, pois é
um serviço essencial a segurança da coletividade.
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B- Princípio da Proporcionalidade ou da Razoabilidade: Segundo o


STF a Administração Pública deve atuar de acordo com os padrões
médios admitidos por determinada sociedade. Os meios adotados pela
Administração, voltados a atingir determinados fins, devem se
apresentar como:

 Adequados: deve lograr com sucesso a realização do fim.

 Necessários: entre os diversos meios igualmente adequados, a


Administração tem que optar pelo meio que menos restrinja o direito
do administrado.

 Proporcionais, em Sentido Estrito (elemento da


proporcionalidade ampla): a Administração deve promover
ponderação entre vantagens e desvantagens, entre o meio e o fim, de
modo que haja mais vantagens que desvantagens, sob pena de
desproporcionalidade do ato.

C- Princípio da Motivação: Em regra, a Administração Pública deve


enunciar as razões que a levaram a expedir um determinado ato.

Art. 50 da Lei 9.784/99 “A Administração deve anular seus


próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e
pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos”.

 Motivo: é a razão de fato ou de direito que autorizou ou determinou


a prática de um ato.

 Motivação: se trata da exigência de explicitação, de enunciação dos


motivos.

 Exceção ao Princípio da Motivação: A Exoneração ad nutum, que é


utilizada para “dispensar” os ocupantes de cargo em comissão,
prescinde de motivação. Entretanto, se a Administração motivar ato
que poderia não ser motivado, estará vinculada aos motivos que
explicitou.

Segundo a Teoria dos Motivos Determinantes dos motivos vinculam


todo o ato, e se não forem respeitados, o ato poderá ser apreciado pelo
Judiciário.

Exemplo: agente destituído por improbidade, esta deverá ser provada.

D- Princípio da Autotutela: Administração tem prerrogativa de


controlar sua própria atuação, para corrigir seus próprios atos. A
Administração Pública poderá anular o ato que ela mesma praticou,
quando o ato estiver eivado de ilegalidade.
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Súmula. 346 do STF: “A Administração Pública pode declarar


a nulidade de seus próprios atos”.

Segundo o Princípio da Autotutela a Administração pode invalidar seus


próprios atos eivados de ilegalidade (dos quais não se originam direitos)
e revogar atos por motivos de conveniência e oportunidade.

 Anulação: decorre de atos ilegais;

 Revogação: decorre da conveniência e oportunidade.

Súmula 473 do STF: “A Administração pode anular seus


próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem
ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial”.

Em todos esses casos de invalidação e revogação, o Poder Judiciário


poderá ser provocado, e deverá apreciar os atos de invalidação e os de
revogação. No entanto, a apreciação judicial restringe-se aos aspectos
formais, não havendo controle de mérito, pois não se pode apreciar a
conveniência e oportunidade da revogação. Daí o caráter de não
definitividade do autocontrole da Administração.

Art. 53 da Lei 9.784/99 (Processo Administrativo Federal)


“A Administração deve anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios de legalidade e pode revogá-los por
motivos de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos”.
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3. PODERES ADMINISTRATIVOS

3.1 Introdução

A- Conceito: Os poderes administrativos são poderes/deveres instrumentais necessários


para que a administração pública possa buscar a satisfação do interesse público.

Os poderes administrativos podem ser conceituados como o conjunto de medidas, meios


ou instrumentos dos quais se valem os sujeitos da Administração Pública, necessários
ao desempenho de suas próprias atividades administrativas.

Os poderes administrativos são instrumentais, é são utilizados como meios para


satisfazer o interesse público, enquanto dever da administração, sem os quais a mesma
não atuaria, eles são inerentes à Administração Pública, nascem com ela (poder/dever).

O poder judiciário somente pode intervir nos atos administrativos no que tange a
legalidade e a observância dos princípios, mas nunca no mérito propriamente dito (ou
em relação à conveniência e oportunidade).

B- Abuso de poder: Todas as vezes que a administração exerce o poder extrapolando o


caráter da instrumentalidade, ocorre o abuso de poder, ou seja, toda vez que o
administrador público deixar de observar os limites necessários para alcançar o interesse
público ela prática abuso de poder.

O abuso de poder e gênero, no qual são espécies o desvio de poder e o excesso de poder.

C- Desvio de poder: é um vicio de finalidade. O agente público prática um ato com


finalidade diversa do que foi estabelecido em lei.

Exemplo: Um servidor público não pode ser removido de sua lotação para outra como
forma de punição.

D- Excesso de poder: é um vicio de competência. O agente público prática um ato


fora das competências estabelecidas em lei.

3.2 Formas do exercício de poder

A- Atos vinculados: Segundo Hely Lopes é “o poder que a ordem jurídica confere à
Administração para expedir atos de sua competência, cujos elementos e requisitos já
vêm previamente estabelecidos por Lei”.

O Ato vinculado confere à Administração Pública uma competência para expedir atos
vinculados ou regrados, no âmbito dos quais, a Administração não goza de nenhuma
liberdade administrativa, devendo expedi-los sem ponderações.

Exemplo: Um determinado dispositivo legal que estabelece que se um servidor público


faltar 31 dias consecutivos ele deverá ser demitido. Portanto, se um servidor público
faltar os 31 dias ele será demitido.
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Um ato administrativo somente será considerado vinculado se todos os elementos


previstos em lei (competência, finalidade, forma, motivo e objeto) não conferirem
nenhuma liberdade de escolha ao administrador público.

Observação: Alguns autores, como por exemplo, a doutrinadora Maria Sylvia Zanella
de Pietro negam a autonomia desse poder, sob o argumento de que ele só impõe
sujeições e limitações à Administração Pública, que não terá liberdade na prática do ato.

B- Atos discricionários: A Ordem jurídica confere à Administração Pública, na


expedição de determinados atos a possibilidade de se valer do juízo de conveniência e
oportunidade na escolha do objeto e na avaliação dos motivos do ato praticado.

Exemplo: A lei de licitações que caso a administração pública pode alienar um bem
imóvel que foi adquirido por decisão judicial mediante concorrência ou leilão.

Portanto o ato discricionário concede à Administração uma margem de escolha,


proporcionando a possibilidade de ponderações e escolhas na prática do ato.

Em síntese, a administração pública pode deliberar a respeito do motivo e do objeto do


ato, quando a lei permitir que o ato seja praticado de forma livre.

Competências: Sempre decorre de lei, ato vinculado.


Finalidade: Sempre vinculada.
Forma: Quando prevista em lei, é considerado ato vinculado.
Motivo e objeto: Elementos deixados à discricionariedade administrativa.

Entretanto, a Administração deve adotar, dentre os vários motivos e objetos possíveis, o


mais benéfico. Nunca poderá escolher qualquer objeto ou motivo. É uma liberdade
relativa, condicionada.

Em algumas situações, a discricionariedade é velada na lei, ou seja, quando uma lei faz
previsão de conceitos jurídicos indeterminando ensejam a necessidade de uma valoração
do agente público, devendo cada administrador público no caso concreto tomar uma
decisão, com base nos seus próprios conhecimentos e vivência pessoal e profissional.

O Pode Judiciário, considerando que um administrador público ao atuar não


tenha praticado nenhum ato ilícito, que praticou os atos dentro de sua competência
estabelecida em lei, buscando a finalidade pública o juiz pode anular o ato
administrativo praticados pelo administrador? Em regra não, pois o juiz não pode
controlar o mérito administrativo (conveniência e oportunidade).

Observação: No entanto, o Poder Judiciário pode fazer o controle de mérito, não de


forma ampla, mas dentro do contexto dos princípios constitucionais.

O controle jurisdicional acerca dos atos administrativos se limita a licitude desse ato. Se
um ato administrativo discricionário foi realizado de forma licita, respeitando os
aspectos de legalidade, não pode haver uma decisão judicial anulando esse ato ou
determinando a pratica de modo diverso.
19

Atenção: A licitude do ato administrativo discricionário impede o controle jurisdicional


acerca dele.

Exemplo: Um determinado servidor público foi punido com 100 dias de suspensão,
porem a lei regulamenta tal ato prevê que o servidor público pode receber como punição
a suspensão de até 90 dias. Nesta hipótese o juiz somente pode anular o ato
administrativo, não podendo diminuir a penalidade imposta pelo administrador público,
pois ele estaria revendo mérito do ato administrativo que determinou a punição.

3.3 Poderes em espécies

A- Poder Normativo: é o poder conferido a administração pública de editar normas


gerais e abstratas (decretos ou regulamentos são atos exclusivos do chefe do Poder
Executivo).

O poder normativo permite a expedição de atos administrativos normativos inferiores à


lei, que tem a finalidade de proporcionar a fiel execução da lei.

Atenção: Os atos administrativos derivados do Poder Normativo, não inovam o


ordenamento jurídico, mas minudencia o que está previsto em lei.

Somente o Chefe do Poder Executivo possui competência para editar


decretos/regulamento. O regulamento é um ato, que é editado sob a forma de um
decreto. Portanto o poder regulamentar é uma espécie do Poder Normativo. Atualmente
os regulamentos são clássificados em duas espécies:

 Regulamento executivo: editado para fiel execução da lei;

 Regulamento autônomo: editado para substituir o texto legal.

A Constituição Federal de 1988 prevê duas hipóteses que autorizam a expedição de


regulamentos autônomos: Art. 84, VI da CF/88 “Compete privativamente ao Presidente
da República: dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da
administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
vagos”.

B- Poder Hierárquico: Confere à Administração uma capacidade para ordenar,


coordenar, controlar, corrigir, delegar (quando conveniente) e avocar suas funções. Este
Poder estabelece a relação Hierárquica entre órgãos do mesmo âmbito e escalão da
Administração e a divisão de competências.

Atenção: Não existe manifestação de hierárquica entre órgãos e agentes de pessoas


jurídicas diferentes.

 Capacidade de Ordenar: organizar as funções administrativas, distribuindo-as e


escalonando-as entre os órgãos e agentes públicos, estabelecendo uma relação de
subordinação entre eles. As ordens emanadas pelos órgãos e agentes superiores
devem ser cumpridas fielmente pelos seus inferiores, salvo se manifestamente
20

ilegais (quebra do dever de obediência , infração disciplinar, punida pela


Administração através de seu poder disciplinar).

 Capacidade de Coordenar: coordenação, harmonização das funções, internamente,


quando a cargo do mesmo órgão administrativo.

 Capacidade de Controlar: controlar o próprio desempenho dos agentes públicos,


fazendo também com que sejam observadas as Leis e Instruções necessárias ao
cumprimento das funções.

 Capacidade para Corrigir (autotutela): Invalidar atos ilegais e revogar atos que
não sejam mais convenientes e oportunos ao interesse público.

 Capacidade para Delegar Atividade ou Função Administrativa (art.12 da Lei do


Processo Administrativo Disciplinar “Lei 9.784/99”): Poderá haver quando for
conveniente e não houver impedimento legal (delegar competência para julgamento
de recurso administrativo; para edição de atos normativos; ou quando o ato deva ser
praticado com competência exclusiva), mesmo entre órgãos de igual ou inferior
escalão, mesmo que o órgão ou o agente delegado não sejam subordinados ao órgão
ou agente delegante. A delegação é regra, sendo sua proibição uma
excepcionalidade.

Observação: O responsável pelo ato será o agente que recebeu a delegação (delegado).

 Capacidade para Avocar (art.15 da Lei 9.784/99): É o chamamento da


competência pela autoridade que não era, originariamente, competente para prática
ato, tirando a competência da autoridade que assim o era. É excepcional, só será
possível quando permitida por Lei. A autoridade avocante deverá ser superior à
autoridade avocada. Deve ser justificada e Temporária. O Poder Hierárquico está
presente somente em âmbito interno (poder de organização interna). Entre os órgãos
da Administração direta e dentro dos próprios órgãos da Administração Indireta.
Não há poder hierárquico de órgão da Administração Direta sobre órgão da
Administração Indireta, tampouco de uma entidade da Administração Indireta sobre
outra entidade da Administração indireta, já que não há Poder Hierárquico no
âmbito externo.

Observação: Não é controle de subordinação o que ocorre da Administração Direta


sobre a Indireta. É um controle finalístico (incide sobre os fins e objetivos, nunca sobre
os meios) para o qual foi criada a entidade da Administração indireta: Tutela
Administrativa. No âmbito da União: supervisão Ministerial (as entidades da
Administração indireta se vinculam a um ministério).

O poder hierárquico possibilita que um agente público revogue os atos praticados por
seu subordinado.

O poder hierárquico ainda fundamenta a delegação (extensão de competência) de


competência e avocação (busca de competência, o agente superior toma para si a
competência do agente inferior) dentro da estrutura da administração.
21

A avocação ocorre quando um super hierarquico toma para si a competência de um


agente inferior, como por exemplo, na hipotese de um Delegado de Polícia Titular
assume as infestigações que até então estavam sob a responsabilidade do Delegado de
Polícia Substituto.

O art. 13 da Lei 9.784/99 prevê que “Não podem ser objeto de delegação: I - a edição
de atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as
matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade”.

Súmula 510 do STF “Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência


delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial”.

C- Poder Disciplinar: é o poder conferido a Administração de aplicar punições por


meio de um processo administrativo. Para que o poder disciplinar possa ser aplicado se
faz necessário à verificação da existência de vínculos especiais (hierarquia ou contratos
administrativos).

Exemplo: Uma empreiteira descumpre o que estava previsto em um contrato


administrativo, e por isso o administrador público impõe uma multa como sanção
disciplinar.

Atenção: A sanção decorrente do poder disciplinar somente pode ser aplicada depois da
existência de um processo administrativo disciplinar, e desde que seja observada a
presença do princípio do contraditório e da ampla defesa, bem como a do princípio do
devido processo legal. Vale lembrar que as sanções decorrentes do descumprimento de
contratos administrativos estão estabelecidas na lei de licitações.

Art. 87 da Lei 8.666/93 “Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração


poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções: I -
advertência; II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;
III - suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar
com a Administração, por prazo não superior a dois anos; IV - declaração de
inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto
perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a
reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será
concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos
resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior”.

Art. 5, LIV da CF/88 “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal”.

Art. 5º, LV da CF/88 “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos


acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes”.

Atenção: As sanções disciplinares devem estar previstas em lei, em virtude do princípio


da legalidade.
22

A demissão (perda do cargo) é imposta ao servidor público como sanção disciplinar, e


aos detentores de cargos em comissão (confiança) é imposta como sanção disciplinar a
destituição (perda) do cargo. Sendo que aos servidores inativos que cometerem atos
indisciplinares antes da inatividade podem receber como punição a cassação da
aposentadoria ou a cassação disponibilidade as infrações punidas com demissão.

Vale ressaltar, que a aplicação de sanções disciplinares devem respeitar o princípio da


proporcionalidade, ou seja, a punição aplicada deve ser condizente com a infração
praticada.

D- Poder de Polícia:

 Conceito Amplo do Poder de Polícia: toda e qualquer atividade desempenhada


pelo Estado e dirigida a se restringir as liberdades individuais. Alcança os Poderes
Executivo e Legislativo. Mesmo uma Lei que venha a restringir uma liberdade seria
decorrente do Poder de Polícia.

 Conceito Estrito de Poder de Polícia: O Poder de Polícia é toda atividade


administrativa exercida pelas entidades, órgãos e agentes da Administração Pública
para limitar e condicionar o exercício das liberdades individuais e o uso, gozo e
disposição da propriedade, visando adequá-los e conformá-los aos interesses
públicos e bem-estar geral da coletividade. É um Poder de Polícia Administrativo.

O poder de polícia é um poder administrativo, é uma mera atividade administrativa. Não


confundir Poder de Polícia com Polícia Judiciária.

 Polícia Judiciária: é aquela destinada a reprimir os ilícitos penais, incide sobre


pessoas.

 Polícia Administrativa: incide sobre bens e direitos e tem como finalidade garantir
o interesse público e o bem-estar geral da coletividade.

 Conceito legal da Polícia Administrativa:

Art. 78 do CTN “Considera-se poder de polícia atividade da administração pública


que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato
ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
coletivos”.

 Objeto do Poder de Polícia: Um bem, direito ou atividade exercida pelo particular,


serão limitados pelo Poder de polícia da Administração que, entretanto, não poderá
abolir os direitos dos administrados, apenas limita-los de modo que não ponham a
coletividade em risco.

 Motivo: Razão de fato ou de direito que ensejam a atuação do Estado.


23

 Manifestação: É uma atividade administrativa manifestada através de atos, com


destinatários indeterminados, gerais ou abstratos, individuais ou concretos; de
prevenção (ou fiscalização) é repressão.

 Atributos matérias do Poder de Polícia:

 Imperatividade: é o poder que a administração tem de impor unilateralmente uma


obrigação a um particular.

 Exigibilidade ou coercibilidade: e o poder que o Estado tem de exigir por meios


indiretos o cumprimento de uma obrigação imposta unilateralmente (coerção).

 Auto executoriedade: A doutrina entende que a auto-executoridade advém de uma


situação de emergência ou de previsão legal. A auto executoridade proporciona o
afastamento do controle judicial prévio.

Observação: A doutrina moderna tem entendido que o poder de polícia se manifesta


através dos atos discricionários e excepcionalmente pelos atos vinculados. A licença é
um exemplo de atos vinculado, pois, se estiverem presentes os requisitos estabelecidos
em lei à licença deve ser concedida obrigatoriamente.

 Obrigações impostas em decorrência do Poder de Polícia: A doutrina tradicional


entende o Poder de Polícia é um poder negativo, pois a sua aplicação é caracterizado
pela imposição de não fazer ou de tolerar. No entanto a doutrina moderna admite
que os atos de polícia imponha uma obrigação de fazer.

 Obrigação de não fazer ou de tolerar: exige uma abstenção do particular.

 Obrigação de fazer: em determinadas situações o poder de polícia impõe uma


obrigação de fazer.

 Delegação: O Poder de Polícia pressupõe prerrogativas a particulares. Portanto, se


um particular detivesse o Poder de Polícia haveria um desrespeito ao Princípio da
Igualdade.

Observação: Por esse motivo a doutrina entende que esse Poder é indelegável aos
particulares. Os Conselhos Profissionais atualmente possuem natureza jurídica de
autarquias e por isso podem fiscalizar os profissionais que estão sujeitos a sua
fiscalização.

Exceção: Capitães de Navios e Aeronaves; entidades da Administração indireta;


agências reguladoras; concessionários, permissionários, delegatários, também possuem
o Poder de Polícia, mas de forma mais restrita.

Observação: Apenas quanto aos atos e atividades materiais que precedem (como por
exemplo a colocação de fotossensores) e que sucedem o Poder de Polícia podem ser
delegados (a efetiva demolição de uma casa).

 Sanções: Devem estar previstas expressamente em Lei. As sanções preveem o


resultado útil do Poder de Polícia.
24

Exemplo: Interdições, apreensões, demolições, multas.


25

4. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

4.1 Introdução

Estudar organizações administrativas é estudar as pessoas que fazem parte do Estado. O


Estado é um grupo de pessoas, vinculadas à prestação das atividades públicas.

 Administração Direta ou Centralizada: Os próprios entes federativos (União,


Estados, Municípios e Distrito Federal) prestam os serviços/atividades públicas.

Exemplo: Saúde e Segurança Pública.

 Administração Indireta ou Descentralizada: e a transferência de uma atividade,


visando atender o princípio da eficiência, ou seja, é a criação de órgãos
especializados.

Vale ressaltar que, essas atividades, podem ser exercidas por pessoa particulares
(Serviços Públicos) ou por entes da administração indireta ou descentralizada, os quais
são:

o Autarquias;

o Fundações Públicas;

o Empresas Públicas;

o Sociedades de Economia Mista.

 Desconcentração: o próprio ente federativo presta o serviço diretamente, no


entanto, o administrador deve se atendar ao princípio da eficiência, e por essa razão,
ocorre uma divisão interna de competências, para que o serviço seja prestado da
melhor forma possível, garantindo a especialização na prestação do serviço público.

Atenção: Os órgãos Públicos não possuem personalidade jurídica, são parte integrante
de uma pessoa jurídica, titular de direitos e obrigações.

Exemplo: Uma pessoa que foi lesada dentro um hospital municipal, deve processar a
Prefeitura Municipal.

Porem, alguns órgãos públicos possuem capacidade processual ativa, a qual


normalmente e atribuída aos órgãos independentes e autônomos.

Atualmente vigora a teoria do órgão ou da imputação, onde a conduta de um agente


público representa a vontade do órgão, em virtude de lei. Em síntese essa teoria tem a
finalidade de estabelecer

4.2 Classificações dos Órgãos

 Órgãos hierarquicamente estruturados:


26

 Independentes: é aquele órgão que não se subordina hierarquicamente a nenhum


outro órgão, é atuando na representação do Poder. Em outras palavras os órgãos
independentes estão no topo da estrutura hierarquia.

Exemplo: Presidência da República.

 Autônomos: são imediatamente subordinados aos órgãos independentes, entretanto


esse órgãos possuem autonomia administrativa e financeira e uma estrutura
administrativa interna.

Exemplo: Ministério da Justiça.

 Superiores: Não possuem autonomia e independência, mas ainda é conservado no


exercício de suas funções o poder de decisão.

Exemplo: Departamento de Polícia Federal.

 Subalternos: são órgãos de mera execução de atividades materiais.

Exemplos: Delegacias.

 Âmbito de Atuação dos órgãos:

 Central: é aquele órgão que possui competência em toda a pessoa jurídica que o
integra.

Exemplo: Secretaria de Segurança Pública de SP.

 Local: possui competência delimitada em seu território.

Exemplo: Delegacia de Polícia de um Município.

 Quando à Estrutura:

 Simples: é uma estrutura simples, estruturado por um único órgão, portanto existe
um único centro de competência, atribuído por lei.

Exemplo: Presidência da República, Ministérios.

 Compostos: e um órgão que tem na sua estrutura mais de um órgão.

Exemplo: Congresso Nacional (Senado e Câmara dos Deputados Federais).

 Atuação Funcional:

 Singular: é aquele órgão que manifesta sua vontade por único agente.

 Colegiado: é aquele órgão que manifesta sua vontade por um grupo colegiado de
agentes.
27

 Quando às funções:

 Ativos: é aquele órgão que executa atividade pública diretamente;

 Consultivos: são aqueles órgãos opinativos, ou seja, são aqueles órgãos que prestam
consultoria, manifestando sua opinião a respeito do que foi consultado/questionado;

 Controle: são aqueles órgãos que atuam policiando os outros órgãos, sendo que o
controle pode ser exercido internamento, como por exemplo, a Controladoria Geral
da União ou externo, como por exemplo, o Tribunal de Contas da União (que é um
órgão auxiliar do Poder Legislativo).

4.3 Administração Indireta

4.3.1 Introdução

No âmbito administrativo, todas as regras elencadas abaixo, são aplicadas em todos os


entes da administração indireta.

 Os entes da Administração Indireta possuem personalidade jurídica própria, ou seja,


esses entes são titulares de direitos e obrigações;

 Para que seja criado um ente da administração indireta se faz necessário à existência
de uma lei específica que autorize a sua criação;

 Lei Especifica também deve determinar a sua finalidade especifica. Vale observar
que os entes da administração indireta somente podem ser criados com a finalidade
de prestar serviços públicos, não podendo objetivar a obtenção de lucros, o qual é
uma consequência do exercício das atividades;

 Os entes da Administração Direta controlam os entes da Administração Indireta,


exercendo um controle finalístico, vale ressaltar que não existe uma relação
hierárquica entre a administração indireta e a direta.

Observação: Normalmente os dirigentes dos entes da administração indireta são


escolhidos, nomeados e exonerados pelos entes da Administração Direta de forma livre.

4.3.2 Espécies de entes da Administração Pública Indireta

A- Autarquias: são pessoas jurídicas de direito público que atuam nas atividades
típicas de Estado (exerce a própria atividade de Estado de forma descentralizada) e por
isso se sujeita ao Regime Jurídico Administrativo.

Art. 37, inciso XIX da CF/88 “somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
atuação”.

 Privilégios:
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o Execução fiscal de seu acordo com a Lei 6.830/93;

o Imunidades Tributárias Recíprocas (art. 150,§2 da CF/88);

o Privilégios Processuais:

Art. 183 do NCPC “A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas


respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para
todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da
intimação pessoal. § 1o A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio
eletrônico. § 2o Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei
estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público”.

Art. 475 do CPC “Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito
senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, o
Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de
direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à
execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI). § 1o Nos casos previstos
neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apelação;
não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. § 2o Não se aplica o disposto
neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo
não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos
embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. § 3o Também não se
aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do
plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal
superior competente”.

o Os bens das autarquias são considerados bens públicos, portanto são impenhoráveis,
sendo que os débitos são pagos por meio da ordem cronológica de precatórios da
autarquia;

o Os atos praticados por seu agentes são considerados atos administrativos;

o Os contratos administrativos devem ser licitados;

o Responsabilidade Civil Objetiva.

Art. 37, §6º da CF/88 “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa”.

 Os funcionários das autarquias segundo o STF são contratados pelo Regime Jurídico
Único, no âmbito Federal.

Observação: A autarquias não possuem poder político.

E- Espécies de Autarquias:
29

 Autarquias corporativas ou de controle: são os conselhos de classe profissionais.

Observação: Na ADI 1717 o STF declarou inconstitucional o Art. 58 da Lei 9.649/98,


que disciplinava que os conselhos de classes eram particulares que atuavam na
prestação de serviços públicos. Portanto os conselhos de profissão tem natureza de
autarquia, pois gozam dos privilégios que as autarquias possuem em razão de exercerem
atividades típicas de Estado.

 Autarquias em regime especial: tradicionalmente são as Universidades Públicas,


em razão de possuírem autonomia pedagógica. Os dirigentes das Universidades são
indicados pelos membros da autarquia e nomeados pela administração direta, sendo
que o dirigente possui um mandato pré-estabelecido. Portanto somente podem
perder o seu cargo em razão de processo administrativo ou em virtude de um pedido
de exoneração.

 Agências Reguladoras: surgiram com a necessidade de fiscalizar e regulamentar


(poder normativo) as atividades que foram transferidas para o setor privado (serviço
de telefonia, serviço de águas, energia elétrica).

As agências reguladoras possuem competências para criar normas gerais e abstratas


destinadas a regulamentar os serviços prestados pelas atividades concedidas. Os atos
normativos das Agências Regulamentadoras são as resoluções, destinadas a
regulamentas as atividades do ente concedidas.

Os dirigentes das agências são escolhidos pelo chefe do Poder Executivo e do Poder
Legislativo. O dirigente cumpre mandato certo, que deverá estar previsto na lei que
regulamentou a agência.

Depois que o dirigente sai da agencia regulamentadora ele deve resguardar um período
de quarentena, no qual não poderá prestar serviços para as empresas que ele fiscalizava.

Vale observar ainda que o ex-dirigente continua recebendo sua remuneração durante o
período de quarentena.

Atenção: As agências regulamentadoras são criadas para regulamentar a prestação de


serviços públicos.

O STF entendeu que as agencias reguladoras estão sujeitas as ao Regime Jurídico


Administrativo.

B- Agência Executiva: é uma autarquia comum ineficiente, a qual celebra um contrato


de gestão com o ente da administração direta, e por meio deste contrato de gestão ela
ganha o status de agência executiva, devendo cumprir um plano estratégico de
reestruturação. As agências executivas são supervisionadas pelo ente da administração
direta, portanto não são subordinadas hierarquicamente.

Atenção: As agências executivas são autarquias comuns que celebram contratos de


gestão com a Administração Direta (para que volte a ser eficiente na execução de suas
atividades).
30

Art. 37, §8 da CF/88 “A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e


entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a
ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor
sobre: I - o prazo de duração do contrato; II - os controles e critérios de avaliação de
desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; III - a
remuneração do pessoal”.

Atenção: Após a extinção do contrato de gestão, a agência executiva retorna ao status


de autarquia.

C- Fundação Pública: é uma pessoa jurídica formada pela destinação de um


patrimônio público. As fundações públicas podem ser pessoas jurídicas de direito
público ou privado, devendo ser estabelecidas por lei.

Sendo pessoa jurídica de direito público são consideradas como autarquias


fundacionais, seguindo o mesmo regime das autarquias.

Sendo uma Fundação Pública de Direito Privado ela segui um regime semelhante ao das
Empresas Pública.

A CF/88 determina que Lei Complementar deve definir as áreas de atuação das
Fundações Públicas de Direito Público.

Sendo que a Lei especifica (lei criadora) determina a função de uma determinada
fundação pública.

Art. 37, inciso XIX da CF/88 “somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
atuação”.

D- Empresas Estatais: são as empresas públicas e as sociedades de economia mista,


que são pessoas jurídicas de direito privado, ou seja, não gozam de nenhuma das
prerrogativas de Estado.

As empresas estatais são criadas por autorização legal, devendo ser registrada na Junta
Comercial.

As empresas estatais são pessoas jurídicas de direito privado que compõem a


administração pública, sendo que os contratos realizados com as empresas estatais
seguem o regime das obrigações civis e comerciais.

 Característica Especifica de cada espécie de empresa pública:

F- Empresa Pública:

o Capital é 100% público, não admitindo qualquer forma societária;


31

o No âmbito Federal, ocorre o deslocamento de competência para a Justiça Federal


(art. 109, I da CF/88).

Art. 109, inciso I da CF/88 “Aos juízes federais compete processar e julgar: as causas
em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho”.

Atenção: Segundo o art. 109, inciso I da CF/88, no âmbito federal somente as ações
lides envolvendo as empresas públicas estão sujeitas a competência da justiça federal,
como exceção das ações trabalhistas, pois os funcionários das empresas públicas estão
sujeitos ao regime previsto na CLT.

G- Sociedade de Economia Mista:

o Capital é misto, sendo que o Estado possui o controle acionário, admitindo


somente a participação de investidores;

o Somente S/A;

o Competência jurisdicional e da Justiça Estadual.

 Características comuns das empresas públicas:

As empresas públicas não gozam dos privilégios que a Administração Pública possui,
ou seja, os contratos realizados por elas são regidos pelo Direito Civil, mas elas se
submetem a todas as limitações que a Administração Pública está sujeita. Portanto as
empresas públicas são regidas por um regime hibrido.

As empresas estatais não gozam de privilégios processuais. Porem, as empresas estatais


necessariamente se sujeitam as limitações estatais, ou seja, os contratos devem ser
realizados por meio de licitações.

O ingresso funcional destas empresas se dá por meio de concurso público, porém


seguem o regime celetista.

A atuação das empresas estatais se relaciona com a exploração de atividade econômica


ou com a prestação de serviço público. Sendo que as empresas prestadoras de serviços
públicos possui um regime que se aproxima do regime público, onde os bens que
estiverem atrelados à prestação do serviço público são impenhoráveis e imprescritivéis.
No que tange a responsabilidade dos dados causados eles serão de ordem objetiva (art.
37, §6º da CF/88).

Já os regimes das empresas estatais exploradoras de atividades econômicas se


aproximam mais com o direito privado.

Observação: As empresas públicas são criadas com a finalidade de garantir de garantir


a segurança nacional ou o interesse público, sendo que a obtenção de lucro uma mera
consequência.
32

Segundo o art. 2o, inciso I da Lei de Falência “Esta Lei não se aplica a: empresa
pública e sociedade de economia mista”.

No entanto, no que se refere às empresas públicas exploradoras de atividade econômica,


em decorrência de uma interpretação conforme (art. 173, §2º, inciso II da CF/88),
devem se sujeitar ao regime de falência, não sei sujeitando a lei de falência somente as
empresas públicas prestadoras de serviços públicos.

Art. 173, §2º, inciso II da CF/88 “a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e
tributários”.

Observação: O STF pacificou o entendimento de que a ECT (Empresa Brasileira de


Correios e Telégrafos) apresar de ser uma empresa pública goza do regime de fazenda
pública, por prestar um serviço de interesse público indelegáveis. No entanto, a entrega
de encomendas e impressos não é considerada atividade exclusiva.

E- Entidades Paraestatais ou Terceiro Setor: O Terceiro Setor ou Atividade


Paraestatal atua ao lado do Estado, exercendo atividades de interesse da coletividade e
sem finalidade lucrativa.

H- Serviço Social Autônomo: devem ser criados por lei, visando auxiliar, fomentar e
capacitar determinadas profissões. As contribuições recolhidas dos associados
possuem natureza de tributo, caracterizando a parafiscalidade. Deve ser observando
que essas entendidas recebem dinheiro público e sendo controladas pelos tribunais
de contas.

 Entidades de Apoio: podem ser fundações, associações e cooperativas que


auxiliam ao lado de hospitais e universidades públicas por meio de uma celebração
de um convênio. Essas entidades recebem dinheiro público e se sujeitam ao controle
do Tribunal de Contas.

 Organizações Sociais: Foram criadas pela Lei 9.637/98, e são instituições


particulares que atuam na prestação de serviços públicos, sem fins lucrativos para a
prestação de serviços públicos, mas não exclusivos (saúde, educação, previdência).
Devendo ser realizado um contrato de gestão, gozando de alguns benefícios como
dotação orçamentária especifica, bens públicos e servidores em sessão. O art. 24,
inciso XXIV da Lei 8.666/93 dispensa a necessidade de licitações.

Atenção: A sessão de servidores é muito controversa e questionável, porém ainda


continua sendo realizada.

Observação: O para a fiscalização do contrato de gestão é constituído um Conselho de


Gestão, que é destinado a fiscalizar os atos praticados pela Organização Social.

 Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP): Foram criadas


pela Lei 9.790/99, e são instituições particulares, sem fins lucrativos e que atuam na
prestação de serviços públicos não exclusivos. Sendo necessário para a prestação do
serviço do serviço a realização de um termo de compromisso, o qual possibilita a
33

destinação de valores públicos, os quais se sujeitão ao controle dos Tribunais de


Contas.

Observação: A celebração não pode ser realizada com organizações sociais, partidos
políticos, sociedade anônimas/empresarias e cooperativas.

O termo de parceria é um ato vinculado, se preenchido todos os requisitos ocorrera o


direito de gozar do termo de parceria, sendo firmado um contrato de gestão.

Para a administração Pública no âmbito Federal, é necessário fazer um concurso de


projetos para realizar a escolha da OSCIP mais qualificada para prestar o serviço
público, quando existir mais de um interessado na prestação do serviço, devendo esse
processo seletivo ser realizado mediante uma analise de critérios objetivo.

Os Dirigentes de uma OSCIP podem dividir e receber verbas públicas?

Não. Pois se os dirigentes de uma OSCIP estiverem dividindo verbas públicas entrei si,
ou seja, obtendo lucro essa Organização acaba descaracterizando a sua natureza. No
entanto os Dirigentes podem receber salário por labore, e desde que estejam uma
remuneração fixa e que sejam contratados pelo regime previsto na CLT.
34

5. ATOS ADMINISTRATIVOS

5.1 Conceito de atos da administração

 Conceito de atos administração: é uma espécie de ato praticado pela


administração em qualquer atividade. Segundo a doutrina os atos administrativos
são atos denominados de políticos, que são praticados no exercício da atividade
política, como declaração de guerra, o veto de uma lei ou ainda uma anistia.

Atenção: Esses atos políticos não se sujeitão ao controle jurisdicional em abstrato, que
podemos citar o exemplo a extradição, que pode ser concedida ou não.

 Conceito de atos privados: são aqueles atos praticados pela administração como se
fosse um particular, ou seja, sem gozar das prerrogativas de Estado.

 Conceito de atos materiais (fato administrativo): é aquela atuação do estado no


sentido de executar, como por exemplo, a demolição de uma prédio. São aqueles
atos que não ensejam uma manifestação de vontade do Estado. Como por exemplo
a execução de demolição de um muro.

 Conceito de atos administrativos propriamente ditos: são aqueles atos praticados


na administração púbica, exercício da função administrativa e sob o regime de
Direito Público e ensejando uma manifestação de vontade do Poder Público.

Atenção: A doutrina moderna entende que os atos administrativos propriamente ditos


podem ser realizados pela administração pública, ou por quem lhe faça a vez, como por
exemplo, nas hipóteses de delegação.

5.2 Classificação dos Atos Administrativos

 Quando ao regramento:

 Atos Vinculados: são aqueles que a administração pratica em observância da lei, a


qual determina um modo de atuação objetivo, não proporcionando nenhuma
liberdade de escolha.

 Atos Discricionários: são aqueles atos praticados pela administração com a


observância de uma lei, a qual estabelece uma margem de atuação (prevista na lei).

 Quando a formação:

 Atos Simples: depende de uma única manifestação de vontade de um determinado


agente ou órgão administrativo.

Exemplo: A nomeação de um analista do TRT.

 Atos Complexos: somente se caracteriza pela soma de vontades, absolutamente


independes para a prática de um único ato, de órgãos diferentes, caracterizando um
terceiro ato. Sendo que uma vez praticado o primeiro ato, o segundo ato deverá ser
praticado obrigatoriamente, trata-se de um efeito acessório (efeito prodrômico).
35

Exemplo: A nomeação de um Procurador da Fazenda Nacional. Depende de uma


manifestação do Advogado Geral da União e do Ministro da Fazenda.

Atenção: A aposentadoria de um servidor público depende de aprovação do órgão que


o servidor pertence e de outra do TCU. A Jurisprudência entende que se o TC não se
manifestar acerca da aposentadoria no período de 5 anos, entende-se que a
aposentadoria ocorreu de forma tácita, porem nesta hipótese o processo administrativo
deverá obedecer o princípio do contraditório e da ampla defesa, excepcionando a
súmula vincula de Nº 3.

Súmula Vinculante Nº 3 “Nos processos perante o tribunal de contas da união


asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar
anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão”.

 Atos Compostos: esse ato somente se caracteriza pela soma da vontade principal
com a vontade acessória (dependente da primeira). A vontade acessória e uma
vontade ratificadora da vontade principal.

Exemplo: Decreto do Presidente da Republica referendado pelo Ministro da Justiça.

 Atos Gerais: descrevem uma situação fática, e todas as pessoas que se adequarem a
essa situação necessariamente devem obedecer ao ato;

 Atos Individuais: é aquele ato que individualiza as pessoas que serão objeto do ato;

 Atos de império, gestão e expediente:

 Atos de Império: são aqueles atos que a administração atua com prerrogativas de
Estado (supremacia do Estado sobre o interesse particular);

 Atos de Gestão: são aqueles atos que a administração atua em pé de igualdade com
o particular;

 Atos de Expediente: são os atos praticados que dão andamento na atividade


administrativa.

 Atos Ampliativos e restritivos:

 Atos Ampliativos: atos que concedem direito, vantagens ou garantias.

 Atos restritivos: é aquele que restringe a esfera jurídica individual do atingido


(restringindo direitos, aplicando penalidades).

5.3 Espécies de atos administrativos


36

 Ato normativo: são aqueles atos que a administração pública estabelece normas
gerais e abstratas infralegais, sempre nos limites da lei e em decorrência do Poder
Normativo.

Exemplo: Um regulamento, que é expedido por meio de um decreto, que somente pode
ser expedido pelo Chefe do Poder Executivo.

I- Regulamentos Autônomos:

Art. 84, inciso VI da CF/88 “Compete privativamente ao Presidente da República:


dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração
federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos
públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos”.

J- Avisos/avisos ministeriais: para fins de provas são atos normativos, são expedidos
pela chefia auxiliar direita do chefe do executivo;

K- Instruções normativas: é um ato normativo expedido por outras autoridades


públicas que não sejam o chefe do executivo ou a chefia auxiliar direita do chefe do
executivo;

L- Resoluções/deliberações: São atos administrativos praticados pelos órgãos


colegiados;

 Ato Ordinatório: são atos de ordenação/organização interna da atividade


administrativa. Decorrem do Poder Hierárquico.

 Portaria: é um ato que estabelece uma determinação única e individual interna;

 Circular: são normas internas e uniformes (que são aplicadas para todos que estão
em uma determinada situação fática);

Exemplo: Norma que estabelece a forma de utilização do estacionado do Órgão


Público.

 Ordem de Serviço: é um ato administrativo determinando a execução da prestação


do serviço.

 Atos de comunicação:

 Memorando: e um ato de comunicação interna.

 Oficio: ato de comunicação externo, envolvendo autoridades públicas ou


envolvendo um particular.

 Atos punitivos: são os atos destinados a aplicar penas (sanção). Dependendo de


processo administrativo e do respeito ao contraditório e a ampla defesa.

 Ato Negocial: são os atos que concede algum beneficio que foi solicitado por um
particular.
37

 Autorização: é um ato administrativo discricionário e precário (porque pode ser


desfeito a qualquer tempo sem que gere o dever de indenizar).

 Autorização extraordinária de uso de bens públicos: depende uma autorização de


bens públicos.

 Autorização de polícia: é um ato concedido para o exercício de atividades


materiais fiscalizadas.

Exemplo: Fechamento de uma rua para a realização de uma festa.

 Licença: é um ato concedido para o exercício de atividades materiais fiscalizadas,


sendo vinculada ao seu proposito de solicitação.

Atenção: Uma vez presente os requisitos objetivamente previsto em lei a licença deve
ser concedida.

Exemplo: Autorização para portar arma de fogo.

 Permissão: é ato discricionário e precário, autorizando que o particular faça uso de


um bem público.

 Permissão de uso de bem público: visa atender um interesse público.

Exemplo: o ato pelo meio do qual se autoriza uma pessoa a vender artesanato na praça.

 Admissão: é ato pelo qual um particular usufrui de um serviço público prestado a


pessoas especificas.

Exemplo: Tratamento médico em um hospital público.

 Ato enunciativo: é uma forma de manifestação do Estado.

 Certidão: é o espelho de um registro público.

 Atestado: é uma verificação de fato, de uma determinada situação.

 Apostilamento ou Averbação: é o ato de acrescentar alguma coisa em um registro


público.

 Parecer: é um ato opinativo, onde a administração pública manifesta uma opinião a


respeito de uma determinada situação.

 Parecer facultativo: é aquele que não precisa necessariamente ser emitido;

 Parecer obrigatório: é aquele que precisa necessariamente ser emitido, em virtude


de uma previsão legal, a ausência de um parecer obrigatório caracteriza vicío
procedimental.
38

o Parecer obrigatório vinculante: esse tipo parecer deve ser observado


necessariamente, desde que essa vinculação esteja prevista em lei;

o Parecer opinativo: esse tipo de parecer não precisa necessariamente ser observado,
tem a finalidade de manifestar uma opinião.

Atenção: O parecerista somente deve ser responsabilizado quando o parecer for


obrigatório e vinculante, ou quando o parecerista induzir a autoridade praticar o ato
quando errar dolosamente com a intenção de prejudicar a administração pública ou
particular ou ainda beneficiar um eventual interessado.

5.4 Elementos do Ato Administrativo

A- Competência: o ato deve ser praticado pelo agente cuja lei tenha determinado
atribuição ou competência. A competência não pode ser renunciada, a competência não
pode ser prorrogada (não se adquire pelo uso) e por fim e imprescritível (o
administrador não pode abrir mão de sua competência). Excepcionalmente a lei autoriza
a delegação e a avocação de competência administrativa.

 Delegação de competência: é a prorrogação de competência, que pode ser realizada


entre agentes de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior. O agente que praticar o
ato, mesmo que em razão de uma delegação ele responde pelos atos que praticar,
inclusive em um mandado de segurança.

Súmula 510 do STF “praticado o ato por autoridade, no exercício de competência


delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial”.

Observação: No entanto, quando uma delegação de competência é realiza,


implicitamente ocorre a reserva de reserva, onde a autoridade originária se reserva na
competência que ela delegou.

 Avocação: é “tomar para si a competência de outro agente público de forma


temporária”. Em nível de hierarquia do menor para maior (relação de
subordinação).

 Vedação de delegação e avocação de competência:

 Edição de atos normativos;


 Decisão de recursos hierárquicos;
 Competência exclusiva definida em lei.

Exceção: Segundo o Art. 84, inciso VI da CF/88 compete privativamente ao Presidente


da República dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da
administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
extinção de órgãos públicos e a extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos,
no entanto o § único do referido artigo prevê que o Chefe do Executivo pode delegar
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
União à realização de tais atos, desde que, seja respeitado os limites impostos na
delegação.
39

B- Finalidade:

 Finalidade genérica: deve se buscar o interesse público;

 Finalidade específica: essa finalidade é aquele previsto em lei para o ato.

Exemplo: Um servidor público não pode ser removido em caráter de punição.

C- Forma: é a instrumentalidade (é a forma, é um instrumento para alcançar o interesse


público). Sendo que a falta de forma nos processos administrativos pode ser sanável,
porem nem sempre pode ser convalidada.

Observação: os elementos competência, finalidade e forma são elementos vinculados


em todos os atos administrativos sejam eles discricionários ou vinculados.

D- Objeto: é o efeito principal que o ato administrativo gera na esfera jurídica. Porem
os atos além de gerar efeitos principais, podem gerar efeitos secundários. A princípio
objeto e conteúdo são sinônimos.

M- Motivo: e o pressuposto de fato e de direito que deu ensejo ao ato administrativo,


ou seja, motivo é razão de levou/ensejou a pratica do ato administrativo.

Observação: motivo não pode ser confundido com motivação.

 Motivação: é a exposição dos motivos de fato e de direito.

 Motivo: é um elemento do ato administrativo.

 Teoria dos motivos determinantes: os motivos explicitados determinam a validade


do ato.

 Motivação aliunde: é a utilização de um ato administrativo que é embasado em um


ato administrativo anterior que deu embasamento para a prática do ato.

5.6 Atributos dos atos administrativos

Os atributos dos atos administrativos são as prerrogativas inerentes a sua pratica.

 Presunção relativa de veracidade (juris tantum): (fé pública) todo ato


administrativo e presumidamente legal, até que se prove o contrário. Neste caso
existe a utilização do ônus da prova;

 Imperatividade: e a possibilidade que a administração tem de impor uma


restrição/obrigação ao particular unilateralmente;

 Exigibilidade ou coercibilidade: e a possibilidade de exigir do particular de forma


coercitiva o cumprimento de um ato.

Exemplo: aplicação de uma multa para que seja efetuado a limpeza de um terreno de
um particular.
40

 Auto-executoridade: decorre de previsão legal ou de uma situação de urgência,


neste caso o contraditório será diferido (postergado). A auto-executoriedade afasta o
controle judicial prévio.

Exemplo: Remoção de um veículo que está estacionado de forma inadequada,


atrapalhando o transito regular veículos e passageiros pela via pública.

 Tipicidade: todo ato administrativo deve estar previsto previamente em lei, ou seja,
toda conduta praticada pela administração pública deve estar previamente prevista
em lei (princípio da legalidade).

5.7 Perfeição, Validade e Eficácia dos Atos Administrativos

Para que um ato administrativo esteja regulamente produzindo efeitos, deve ser
analisado a sua perfeição, a validade e a eficácia.

A- Perfeição: é a existência do ato, que ocorre quando todas as etapas de formação


previstas em lei forem concluídas.

B- Validade: os atos devem ser praticados e executados em observância/conformidade


com o ordenamento jurídico.

C- Eficácia: o ato administrativo dever ser apto a produzir efeitos. Em regra todo ato
administrativo perfeito e valido já é apto a produzir efeitos. No Entanto em algumas
situações o ato é perfeito e valido, mas não é eficaz, porque o próprio ato pode
estabelecer um termo ou condição para que seja considerado eficaz.

Atenção: Quando o atos administrativo é perfeito e valido, mas que não é eficaz ele é
um ato pendente, porque depende do cumprimento de um termo ou condição.

Observação: Os Atos administrativos gozam da presunção de legitimidade até que se


prove o contrário. Sendo que a presunção de legitimidade ocasiona a produção de
efeitos regularmente até que se prove o contrario.

5.8 Extinção dos atos administrativos

A- Extinção natural: ocorre do cumprimento do objeto ou no advento do termo final;

Exemplo: Segundo o Estatuto do Desarmamento o registro de arma de fogo deve ser


renovado a cada três anos.

B- Desaparecimento da pessoa ou da coisa: sob a qual recai o ato.

Exemplo: Um casarão tombado que acaba desmoronando ou servidor público que após
ter sido nomeado falece em virtude de um acidente de transito.

C- Renúncia: somente pode ocorrer na hipótese da pratica de atos ampliativos (onde o


beneficiário pode abdicar direitos, garantias e vantagens);
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D- Hipóteses de Retirada “teoria das nulidades”: é a existinção precoce dos atos


administrativos.

 Anulação do ato administrativo: ocorrer sempre em ocorrer de um vício de


ilegalidade. Se o ato é ilegal, a anulação produz efeitos desde o iniciado de sua
pratica “ex tunc”, desde que seja respeitado os direitos adquiridos de um terceiro de
boa-fé;

Exemplo: Nomeação de uma pessoa sem prestação de concurso público.

Atenção: A anulação dos atos praticados com vício de ilegalidade pela administração
pública pode ser realizada pela própria administração pública em decorrência da
autotutela (Súmula 473 do STF), ou pelo Poder Judiciário. Vale lembrar que o
exercício da autotutela não excluía a atuação do Poder Judiciário na hipótese da
existência de vicio de ilegalidade (art. 5, inciso XXXV da CF/88).

Súmula 473 do STF: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

Art. 5, inciso XXXV da CF/88 “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito”.

Observação: O Poder Judiciário somente pode anular um ato administrativo ilegal


quando provocado. O Controle dos Atos Administrativos realizado pode ser realizado
pelo Poder Judiciário com os seguintes instrumentos: Habeas Datas, Mandado de
Segurança, Ações Ordinárias Anulatórias, Ação Popular e Ação Civil Pública.

 Prazo de anulação: os atos que gerem efeitos favoráveis aos particulares somente
podem ser anulados pela administração pública em decorrência da autotutela dentro
do prazo decadencial de cinco anos, salvo se o usuário estiver utilizando de má-fé.

Atenção: No entanto qualquer particular que se sentir prejudicado pode provocar o


Poder Judiciário com a finalidade de anular esse ato.

 Habeas datas: é uma ação constitucional prevista no art. 5, inciso LXXII da CF/88
e regulamentada pela Lei 9.507/97. O habeas datas é destinado a obter informações,
acrescentar ou retificar informações.

Art. 5, inciso LXXII da CF/88 “conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o


conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a
retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo”.

O habeas datas somente pode ser impetrado quando o agente público negar o acesso às
informações ou a realização da retificação. Vale ressaltar que a jurisprudência autoriza a
impetração de habeas datas para garantir o acesso à informação ou a retificação de
dados pelos herdeiros de uma pessoa falecida.
42

Atenção: A obtenção de informações deve ser realizada no prazo de 10 dias, sendo que
o acréscimo ou a retificação deve ser realizado no prazo de 15 dias.

 Mandado de Segurança: O mandado de segurança está previsto no art. 5, incisos


LXVIII, LXIX, e LXX da CF/88, é regulamento pela Lei 12.012/09.

Atenção: Para a impetração do Mandado de Segurança é necessário que exista a


presença de prova pré-constituída, que não possa ser interposto recurso com efeito
suspensivo.

Art. 5, inciso LXVIII da CF/88 “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”.

Art. 5, inciso LXIX da CF/88 “conceder-se-á mandado de segurança para proteger


direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”.

Art. 5, inciso LXX da CF/88 “o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados”.

Segundo o art. 1 da Lei 12.016/09 “Conceder-se-á mandado de segurança para


proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica
sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que
categoria for e sejam quais forem as funções que exerça”.

Sumula 333 do STJ “Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação
promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública”.

Atenção: Não cabe Mandado de Segurança contra atos de gestão comercial praticado
pelos dirigentes de Sociedade de Economia Mista e Empresas Públicas.

Art. 23 da Lei 12.012/09 “O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á


decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato
impugnado”.

Atenção: Não cabe a impetração de Mandado de Segurança para obtenção de valores


anteriores a impetração do referido remédio constitucional.

Autoridade Coatora é o agente público que representa o Órgão Público, sendo que o réu
é o órgão que o agente público representa. Com base na teoria da encampação, mesmo
que o paciente se equivoque a respeito da autoridade coatora, o Mandado de Segurança
será processado: quando a autoridade coatora prestar alguma informação, quando existir
um nível de hierárquico superior (Exemplo mandado de segurança impetrado contra
uma decisão do Diretor Geral do Detran que deveria ser impetrado contra o
43

Encarregado da Unidade Local), sendo que o erro cometido pelo impetrante não pode
ensejar uma alteração de competência do Mandado de Segurança (Mandado de
Segurança Impetrando contra o Presidente da República (STF) que deveria ser
impetrado contra o Ministro da Justiça (STJ) por exemplo).

Atenção: O Mandado de Segurança não admite a dilação probatória, não é possível


condenação em honorários advocatícios. O referido remédio constitucional é processado
preferencialmente em detrimento das outras ações, com exceção do Habeas Datas.

 Ações Ordinárias anulatórias: são regulamentadas pelo Código de Processo Civil;

 Ação Popular: está prevista no art. 5, inciso LXXIII da CF/88 e regulamentada pela
Lei 4.717/65, que é ação proposta por um cidadão (que deve ser comprado pela a
apresentação do Titulo de Eleitor), com a finalidade de anular um ato lesivo ao
interesse da coletividade. Nas ações populares integra o polo passivo o agente
público que praticou o ato, a entidade pública o particular que foi beneficiado.

Art. 5, inciso LXXIII da CF/88 “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais
e do ônus da sucumbência”.

 Ação Civil Pública: é regulamentada pela Lei 7.347/85, e tem a finalidade de


anular um ato lesivo ao interesse da coletividade (Ordem Econômica, Direito do
Consumidor, Questões Ambientais, Interesses Difusos).

Atenção: A ação civil pública pode ser proposta pela Entidade Pública lesada, pelo
Ministério Público ou Defensória Pública em nome próprio em razão de possuírem
capacidade postulatória ou por uma Associação constituída a mais de um ano com a
finalidade de proteger os Interesses Difusos.

Art. 129, inciso III da CF/88 “São funções institucionais do Ministério Público:
promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”.

 Convalidação do ato administrativo: é o conserto de ilegalidade, caso o vicio seja


sanável, e desde que a administração pública não ocasione prejuízo à terceiro ele
podem ser “concertados”. A convalidação do ato administrativo ocasiona a validade
do ato desde a origem do ato.

Atenção: Os vício relacionados com a competências e forma podem ser convalidados,


desde que não gerem prejuízo e desde que o vício seja sanável.

 Vício sanável: quando a nulidade é relativa, ou seja, quando o ato é anulável.

 Vício insanável: ocorre quando o ato é nulo, que pode ocorrer em virtude de um
vício relacionado com os motivos ou com a finalidade.
44

Atenção: Os vícios de competência e forma são sanáveis em virtude da


instrumentalidade dos atos. Quando a convalidação é feita pela mesma autoridade
ocorre à confirmação, como por exemplo, na existência de um vício de forma ocorre a
confirmação. Quando a convalidação é feita por uma autoridade diversa, como por
exemplo, na hipótese de existência de um vício de competência, ocorre a ratificação.

Atenção: Conversão do ato ocorre mesmo que um ato seja insanável, a conversão é
uma adaptação do ato, por meio de um procedimento mais simplificado como forma de
consertar o vício.

Exemplo: O Secretario da Receita Federal expedi um decreto estabelecendo algumas


normas. Porem o referido servidor público não pode praticar tal ato, no entanto para
consertar o erro ele converte o decreto em uma instrução normativa..

 Revogação: e uma hipótese de anulação de ato administrativo valido em razão do


interesse público. Em recorrência da conveniência e da oportunidade do mérito
administrativo.

Atenção: a revogação produz efeitos “ex tunc” daqui para frente. Somente a própria
administração possui o poder de analisar o mérito de seus atos. Vale lembrar que a
pratica de atos vinculados não pode ser revogada. Em razão da proibição de analise de
mérito. Também não é admitida a revogação de atos consumados, em razão de que
todos os efeitos produzidos já se exauriram.

 Cassação: decorre de uma hipótese de irregularidade superveniente que ocasione a


ilegalidade do, por culpa do beneficiário.

Exemplo: Sujeito obtém autorização para construir um hotel em um determinado local,


posteriormente o proprietário resolver transformar o hotel em uma casa de tolerância.

 Caducidade: decorre de uma irregularidade superveniente em virtude de uma nova


lei.

Exemplo: Uma determinada Lei permite a realização do carregamento e o


descarregamento de cargas durante o horários comercial, posteriormente surge uma
nova lei proibindo.

 Contraposição ou derrubada: um novo ato administrativo que tem como efeito


principal extinguir os efeitos do ato administrativo anterior.

Exemplo: A nomeação que extinguida pela exoneração.

 Reclamação: ocorre quando um sujeito que foi diretamente prejudicado pelo ato,
requer a anulação;

 Representação: um sujeito requer a anulação do ato em razão de prejudicar toda a


coletividade.
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6. LICITAÇÕES

6.1 Introdução

 Conceito de Licitação: e um procedimento administrativo prévio as contrações do


Estado.

 Finalidades:

 Busca a melhor proposta, é uma oportunidade para que qualquer um possa contratar
com o Poder Público, desde que preencha os requisitos legais.

 Garantir o desenvolvimento nacional;

 Garantir a isonomia entre concorrentes com igualdade de condições.

Art. 3o da Lei de Licitações: “A licitação destina-se a garantir a observância do


princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade,
da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e
dos que lhes são correlatos”.

 Legitimidade para legislar:

Art. 22, XXVII da CF/88 “Compete privativamente à União legislar sobre: normas
gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III”.

 Normas gerais:

 Lei 8.666/93;

 Lei 10.530/02.

6.2 Princípios específicos

A- Sigilo das Propostas: A licitação é um procedimento administrativo norteado pelo


princípio da publicidade. Sendo que as propostas são sigilosas até que todas possam ser
abertas conjuntamente.

Art. 2, § 3o da Lei de Licitações “A licitação não será sigilosa, sendo públicos e


acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das
propostas, até a respectiva abertura”.
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B- Vinculação ao instrumento convocatório: como regra é o edital, o qual estabelece


todas as regras da licitação “o edital e a lei da licitação”, que deverá ser obedecidas
pelos licitantes e administradores.

Atenção: Tudo o que é relevante para licitação deve estar previsto no edital. Exige que
todas as regras a serem a respeitadas estejam previstas no edital (não se pode exigir nem
menos nem mais do que está previsto no edital). O Edital ou a Carta-Convite contém as
regras da licitação.

C- Princípio do Julgamento Objetivo: O Edital deve definir o tipo de licitação, pois


não é possível a utilização de qualquer critério subjetivo numa licitação, sob pena de
violar esse princípio. Tipos de licitações:

 Menor Preço;
 Melhor Técnica;
 Melhor Preço e Técnica;
 Maior Lance.

Observação: A princípio a lei define que as licitações devem ser realizadas no menor
preço, no entanto, se admite a utilização do tipo de licitações melhor técnica e melhor
preço para a aquisição de serviços de informática ou de serviços de natureza
eminentemente intelectuais. No caso de melhor técnica o edital deve especificamente
estabelecer os critérios definidores.

Se o edital estabelecer que o tipo de licitação será o de menor preço, independentemente


de qualquer motivo, vencerá aquela empresa que, preenchendo os requisitos previstos
no edital, ofereça o menor preço, ainda que o concorrente ofereça um produto com
qualidade superior. Havendo empate no preço, haverá desempate nos seguintes critérios:
Empresa Nacional ou de Capital Nacional; Bens produzidos no país.

Art. 3, § 2o da Lei de Licitações: “Em igualdade de condições, como critério de


desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços: II -
produzidos no País; III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras. IV -
produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento
de tecnologia no País”.

Atenção: Caso os critérios de desempate não solucionem o problema, a solução será o


sorteio.

Art. 45, § 2º da Lei de Licitações “No caso de empate entre duas ou mais propostas, e
após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a classificação se fará,
obrigatoriamente, por sorteio, em ato público, para o qual todos os licitantes serão
convocados, vedado qualquer outro processo”.

Observação: Segundo a Lei Complementar 123/06 prevê que para as Empresas de


Pequeno Porte ou Microempresas em situação de embate nas licitações, ou seja,
naquelas situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas
de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais
bem classificada, sendo que a microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem
classificada poderá apresentar proposta de preço inferior àquela considerada vencedora
47

do certame, situação em que será adjudicado em seu favor o objeto licitado. Não
ocorrendo à contratação serão convocadas as empresas remanescentes que porventura se
enquadrem na situação de empate, na ordem classificatória, para o exercício do mesmo
direito, no caso de equivalência dos valores apresentados pelas microempresas e
empresas de pequeno porte, será realizado um sorteio entre elas, para que seja
identificada, aquela que primeiro possa apresentar melhor oferta.

C- Princípio do Procedimento Formal: O Processo de Licitação tem que respeitar


todas as formalidades previstas na lei. A licitação é um procedimento vinculado.

D- Princípio da Obrigatoriedade de Licitar: Os membros da administração direta e


indireta, e fundos especiais possuem a obrigação de licitar.

Quando aos entes da administração indireta de direito privado possuem o dever de


licitar, salvo as entidades que explorem atividade econômica podem ter regulamentos
próprios que facilitem o procedimento licitatório.

Art. 119 da Lei de Licitações “As sociedades de economia mista, empresas e fundações
públicas e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União e pelas
entidades referidas no artigo anterior editarão regulamentos próprios devidamente
publicados, ficando sujeitas às disposições desta Lei. Parágrafo único. Os
regulamentos a que se refere este artigo, no âmbito da Administração Pública, após
aprovados pela autoridade de nível superior a que estiverem vinculados os respectivos
órgãos, sociedades e entidades, deverão ser publicados na imprensa oficial”.

Atenção: Os demais entes mantidos ou subvencionados por dinheiro público também


devem licitar.

6.3 Conceitos

A- Intervalo Mínimo: é um prazo mínimo que deve ser respeitado pela Administração
entre a publicação do edital e a data marcada para a abertura dos editais. Esse prazo é
definido por lei e varia de acordo com o procedimento da licitação.

B- Comissão Licitante: é responsável pela realização do procedimento licitatório. Essa


comissão e composta por no mínimo três membros, sendo que dois pelo menos devem
ser servidores efetivos (ainda que do órgão que está licitando.

 Comissão Permanente: é criada pela Administração com a função de receber,


examinar e julgar todos os documentos e procedimentos relativos às licitações e ao
cadastramento de licitantes de um órgão pelo prazo de um ano.

 Comissão Especial: é criada para examinar e julgar todos os documentos e


procedimentos relativos às licitações e ao cadastramento de licitantes de uma
determinada licitação. Sendo essa comissão após o termino dissolvida.

C- Responsabilidade dos membros das comissões: eles são responsabilizados


solidariamente por seus atos.

6.4 Modalidades de Licitações


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A concorrência, tomada de preço e o convite são modalidades de licitações escolhidos


em razão do valor do contrato. Em licitação quem pode mais, pode o menos
(contratações mais amplas para valores mais baixos). A Administração pode utilizar a
concorrência para valores baixos.

A- Concorrência: Qualquer pessoa pode participar de uma concorrência. Desde que


preencha os requisitos estabelecidos na fase de habilitação.

 Concorrência obrigatória:

 Contração de obras e serviços de engenharia no caso de valores acima de um milhão


e meio de reais.

 Aquisição de Bens e outros Serviços acima de seiscentos e cinquenta mil reais.

Observação: A modalidade concorrência é facultativa no caso de contrações de valores


baixo desse patamar.

 Concorrência obrigatória independentemente do valor do contrato: são em


razão do objeto”

 Concessão de serviço público: regulamentada pela Lei 8.987/95 “uma empresa é


contratada pela administração pública para prestar um serviço público, essa
empresa será remunerada pelo usuário”;

 Concessão de Direito Real de Uso: “contrato por meio do qual se concede ao


particular o direito real sobre um determinado bem público”;

 Aquisição e Alienação de Imóveis.

Exceção: Os bens que foram adquiridos por dação em pagamento ou por decisão
judicial a Administração Pública poderá alienar esses bens mediante a realização de
concorrência ou leilão, sendo facultado a concorrência.

 Empreitada integral: e a contração de uma empresa para que realize todas as


etapas de uma obra, devendo essa empresa entregar a obra pronta para o uso.

Observação: Não confundir com empreitada global que é aquela onde o pagamento e
realizado de forma integral ou por tarefa.

 Licitações Internacionais: é aquela participação de empresas estrangeiras que não


possuem sede no território nacional.

Exceções:

 Se órgão possuir um cadastro internacional de licitantes a administração poderá


realizar o contrato na modalidade na tomada de preços caso não ultrapasse o valor
estabelecido por lei;
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 Se o produto não tiver fornecedores no país a administração poderá realizar o


convite.

 Intervalo mínimo entre a publicação do edital e a abertura dos envelopes:

 45 dias no caso de melhor técnica, técnica e preço ou empreitada integral (pouco


importando o tipo);

Atenção: no caso de empreitada integral pouco importa o tipo, o prazo sempre será de
45 dias por determinação legal.

 30 dias todos os outros casos.

B- Tomada de Preço: nesta modalidade de licitação somente o licitante cadastrado no


órgão licitante ou aqueles que se cadastrarem com três dias de antecedência da data
marcada para a abertura dos envelopes.

Observação: o Cadastro nada mais é do que uma habilitação prévia. O cadastro


substitui os documentos de habilitação. Esse cadastramento possui validade de um ano,
devendo ser renovado.

 Hipóteses de utilização da toma de preços:

 Contração de obras e serviços de engenharia no caso de valores de até um milhão e


meio de reais;

 Aquisição de Bens e Serviços no valor de até seiscentos e cinquenta mil reais.

 Intervalo mínimo entre a publicação do edital e a abertura dos envelopes:

 30 dias no caso de melhor técnica ou técnica e preço;

 15 dias nas outras hipóteses.

C- Convite: Somente pode participar dessa modalidade os convidados, sendo


convidados no mínimo três cadastrados ou não, salvo se comprovada a restrição de
mercado.

Observação: Os licitantes cadastrados que manifestarem o interesse em participar do


convite por escrito, com pelo menos 24 horas do marcado para a abertura dos envelopes.

Art. 22, § 3o da Lei de Licitações “Convite é a modalidade de licitação entre


interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e
convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará,
em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais
cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com
antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas”.
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 Instrumento convocatório: carta convite. Há publicidade se da com o envio aos


convidados e devendo ser afixado no átrio da repartição em local visível a
população.

 Hipóteses de utilização do convite:

 Contração de obras e serviços de engenharia no caso de valores de até cento e


cinquenta mil;

 Aquisição de Bens e Serviços no valor de até oitenta mil reais.

 Intervalo mínimo para apresentação dos envelopes: começa a contar a partir do


último ato de publicidade, pelo prazo de 5 dias.

Observação: Excepcionalmente, quando o órgão comprovar a escassez de pessoal


(funcionários públicos) a exigência de uma comissão poderá ser dispensada, sendo
designado um servidor efetivo para atuar no procedimento licitatório.

Atenção: Quando o órgão licitante convidar uma empresa que não esta cadastrada para
a realização de um licitação para a prestação dos serviços de limpeza por exemplo, ele
obrigatoriamente deverá convocar na próxima que vez for realizar uma empresa a mais
cadastrada.

Exemplo: A prefeitura X, tem quatro empresas cadastradas para a prestação dos


serviços de limpeza, porem ela convoca para a participação duas empresas cadastradas e
a terceira não cadastradas, na próxima vez que a referida prefeitura for licitar ela deverá
convocar uma quarta empresa.

C- Concurso: e a modalidade de licitação utilizada para a aquisição de um trabalho


técnico, artístico ou científico, mediante o pagamento de um prémio ou remuneração ao
vencedor do concurso.

 Intervalo mínimo para inicio do procedimento: 45 dias.

 Composição da Comissão: a comissão deve ser composta por três membros (que
não precisam ser servidores), devendo essas pessoas possuir idoneidade e
capacidade técnica na área do concurso.

D- Leilão: é utilizado para alienação de bens móveis inservíveis, apreendidos ou


penhorados ou imóveis.

 Bens inservíveis: são aqueles bens que não possuem destinação especifica.

 Bens apreendidos: são aqueles objetos que foram apreendidos em decorrência da


prática de um ilícito cometido.

 Bens penhorados: sãos os bens adquiridos em decorrência da existência de um


penhor.

Exemplo: Os bens empenhados na Caixa Federal ou no Banco do Brasil.


51

Somente podem ser alienados os bens imóveis que tenham sido adquiridos por meio de
dação em pagamento ou por decisão judicial. Portanto os outros bens imóveis que
tenham sido adquiridos de outra forma devem ser alienados mediante a modalidade
concorrência.

Quando a lei de licitação fala em bens penhorados na verdade ela se refere aos bens
empenhados.

No que tange aos bens móveis que fazem parte do acervo da administração pública, o
leilão só pode ser feito para bens móveis desafetados, desde que o valor não ultrapasse
seiscentos e quinta mil reais.

 Intervalo mínimo para inicio do procedimento: 15 dias corridos.

Observação: O procedimento de leilão deve ser realizado por leiloeiro.

 Objeto do leilão: será arrematado o bem por valor sempre no maior lance, ou seja,
igual ou superior ao valor da avaliação.

E- Pregão:

 Previsão Legal: 10.520/02

Observação: A consulta e a modalidade licitatória especifica utilizada pelas agências


reguladoras.

Alguns doutrinadores denominam o pregão de leilão reverso. O pregão é a modalidade


licitatória para aquisição de bens e serviços comuns (que são aqueles que podem ser
designados no edital com expressão usual de mercado).

O pregão não tem valor limite de valor previamente estabelecido, e não necessita que
seja instituída uma comissão, no entanto existe uma comissão destinada a apoiar a
realização do pregão. Sendo que o pregão deve ser realizado pelo pregoeiro.

 Intervalo mínimo para inicio do procedimento: de 8 dias uteis.

Observação: O pregão é modalidade licitatória obrigatoriamente do tipo menor preço.

6.5 Procedimento Licitatório

Em algumas situações a administração pública licita para contratar e em outras situações


ela realiza o procedimento licitatório para registrar preços no órgão público (que deve
ser realizada quando a administração pública não tem certeza de que vai contratar ou
não). Após a realização do procedimento licitatório deve ser realizada uma ata de
licitação, sendo que o registro de preços tem uma validade de um ano.

Atenção: A licitação carona somente pode ser realizada entre entidades da mesma
esfera de governo. No entanto a quantidade de produtos adquiridas pelo licitante
aderente deve ser abatida da quantidade prevista na ata.
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Exemplo: A Procuradoria da Fazenda Nacional realizada um procedimento licitatório


de registro de preços de 20 automóveis, posteriormente INSS resolve aderir a esse
procedimento, adquirindo 15 veículos, nesta hipótese a PFN somente poderá adquirir os
5 automóveis restantes.

A- Fase Interna: que são os atos preparatórios para a realização da licitação, trata-se de
uma fase pré-procedimental. Inicialmente deve ser realizada uma exposição de motivos
da realização do contrato, depois deve ser realizada a designação da composição da
comissão licitatória, devendo ser estabelecido à destinação dos recursos orçamentários
(declaração de adequação orçamentária), minuta do edital e do contrato de licitação.

B- Fase Externa: se inicia com a publicação do edital.

 Publicação do Edital: Deve ser publicado no diário oficial e em jornal de grande


circulação.

Art. 21 da Lei 8.666/93 “Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências,
das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da
repartição interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma
vez: I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou
entidade da Administração Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras
financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por instituições
federais; I - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando se tratar,
respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública
Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal; III - em jornal diário de grande
circulação no Estado e também, se houver, em jornal de circulação no Município ou na
região onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado
o bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de
outros meios de divulgação para ampliar a área de competição. § 1o O aviso publicado
conterá a indicação do local em que os interessados poderão ler e obter o texto integral
do edital e todas as informações sobre a licitação. § 2o O prazo mínimo até o
recebimento das propostas ou da realização do evento será: I - quarenta e cinco dias
para: a) concurso; b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar o
regime de empreitada integral ou quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou
"técnica e preço"; II - trinta dias para: a) concorrência, nos casos não especificados na
alínea "b" do inciso anterior; b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo
"melhor técnica" ou "técnica e preço"; III - quinze dias para a tomada de preços, nos
casos não especificados na alínea "b" do inciso anterior, ou leilão; IV - cinco dias úteis
para convite. § 3o Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão contados a
partir da última publicação do edital resumido ou da expedição do convite, ou ainda da
efetiva disponibilidade do edital ou do convite e respectivos anexos, prevalecendo a
data que ocorrer mais tarde. § 4o Qualquer modificação no edital exige divulgação
pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente
estabelecido, exceto quando, inqüestionavelmente, a alteração não afetar a formulação
das propostas”.

Atenção: Qualquer pessoa pode impugnar o edital de licitação no prazo de 5 dias após a
sua publicação.
53

 Fase de Habilitação:

Art. 27 da Lei de Licitações “Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos


interessados, exclusivamente, documentação relativa a: I - habilitação jurídica; II -
qualificação técnica; III - qualificação econômico-financeira; IV – regularidade fiscal
e trabalhista; V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7o da
Constituição Federal”.

 Cláusulas exorbitantes: estão obrigatoriamente impostas em todos os contratos


administrativos.

 Alteração Unilateral do contrato: A Administração Pública pode fazer alteração


unilateral para adequar ao interesse público. As quais podem resultar em:

 Alterações no projeto;

 Alteração quantitativa de valores. Sendo permitido o valor acrescido ou diminuído


em até 25%.

Observação: Nos contratos de reforma os valores podem ser acrescidos até 50% e
diminuídos até 25%.

Atenção: Toda vez que a administração pública modificar os valores do contrato deve
ser observado à garantia do equilíbrio econômico e financeiro (o Estado não pode
alterar a margem de lucro pactuado no contrato).

 Rescisão Unilateral:

o Rescisão por Inadimplemento do particular: descumprimento de normas


contratuais. Não precisa de rescisão judicial.

o Rescisão por motivo de interesse público: neste caso o Estado deve indenizar (
para que seja garantido o equilíbrio econômico e financeiro).

Nos contratos de concessão de serviço público a rescisão contratual possui duas


denominações:

o Caducidade: ocorre por inadimplemento do particular;

o Encampação: ocorre em decorrência do interesse público.

Cuidado: O Particular não pode rescindir o contrato unilateralmente.

 Poder de Fiscalização dos Contratos: o preposto da administração pública pode e


deve fiscalizar a execução dos contratos.

Atenção: A ausência de fiscalização se ensejar um prejuízo a um particular à falta de


fiscalizar gera ao Estado a obrigação de indenizar. Em virtude da omissão do Estado,
pela má prestação do serviço de fiscalização.
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Art. 71 da Lei 8.666/93 “O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas,


previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. § 1o A
inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e
comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu
pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o
uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. § 2o A
Administração Pública responde solidariamente com o contratado pelos encargos
previdenciários resultantes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº
8.212, de 24 de julho de 1991”.

O STF no julgamento da ADC 16 entendeu que Estado não responde pelos débitos
trabalhistas das empresas contratadas.

 Poder de aplicação de penalidades:

Atenção: A Lei Complementar 123/06 determina que as Micro Empresas e Empresas


de Pequeno Porte podem participar de licitações mesmo que não possua regularidade
fiscal e que ao final do procedimento licitatório a administração concederá o prazo de
dois dias prorrogáveis por mais dois dias para que faça o saneamento (pagamento ou
parcelamento).

 Prazos de recursos da fase de habilitação: 5 dias uteis com efeito suspensivo.

Atenção: Nesta situação não se pode juntar documento obrigatórios.

Observação: Se todos os licitantes não forem habilitados a Administração concederá


prazo de 8 dias uteis para que eles se adequem ao edital.

 O envelope da empresa que não for habilitada será devolvido da mesma forma que
foi entregue “lacrado”.

Para os produtos, serviços, grupo de produtos ou grupo de serviços que atendam a


normas técnicas brasileiras resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica
realizados no País, podem ser estabelecidos margem de preferência adicional no
montante de até 25% (vinte e cinco por cento) sobre o preço dos produtos
manufaturados e serviços estrangeiros.

 Classificação e julgamento: As regras de classificação são estabelecidas no edital.

Sendo que os licitantes podem interpor recurso pelo prazo de até cinco dias uteis, esse
recurso possui efeito suspensivo e somente se presta a discutir a classificação.

Caso todos os licitantes sejam desclassificados poderão formular novas propostas pelo
prazo de até 8 dias.

A Administração Pública pode adquirir produtos manufaturados ou aquisição de


serviços nacionais que obedeçam as normas técnicas, com valor, até 25% mais caros.
Trata-se do direito de preferência previsto no art. 3 da Lei de Licitações.
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 Homologação: Existindo algum vicio no procedimento licitatório, será anulado.

A revogação do procedimento licitatório poderá ser realizada, tendo como justificativa o


interesse público, que decorre de uma situação superveniente (que ocorreu durante o
procedimento licitatório).

Não homologado o procedimento de licitação, em decorrência de anulação ou


revogação caberá interposição de recurso, pelo prazo de 5 dias (sem efeito suspensivo).

 Adjudicação: é a finalização do procedimento licitatório entregando o objeto do


contrato ao vencedor da licitação.

A adjudicação vincula o poder público? Sim. A Administração Pública não e


obrigada a contratar, mas caso queira, somente poderá contratar com o vencedor da
licitação (adjudicatário).

O adjudicatário é obrigado a contratar desde que a administração o convoque para


celebrar o contrato, pelo prazo de até 60 dias contados a partir da abertura da proposta.

Se o vencedor da licitação não celebrar o contrato o segundo será convocado, mas nas
condições (proposta que o primeiro colocado havia feito). Sendo que este segundo
colocado não é obrigado a aceitar.

 Tomada de preço: não possui a fase de habilitação, pois os licitantes já estão


previamente cadastrados.

 Procedimento do Convite: Também não há fase de habilitação. No caso de


interposição de recursos o prazo e de dois dias úteis. Caso todos os licitantes sejam
desclassificados, eles terão o prazo de três dias para se adequarem ao edital.

Atenção No convite não há fase de publicação. O edital deve ser afixado no átrio da
repartição.

 Procedimento do pregão: neste caso, o procedimento é invertido. Após a


publicação do edital, é realizada a classificação das propostas, habilitação,
adjudicação e finalmente a homologação.

6.6 Hipóteses de Dispensa e de Inexigibilidade de Licitação

A dispensa e a inexigibilidade de licitação são duas situações que a Administração


Pública pode contratar sem realizar o procedimento licitatório.

A dispensa e a inexigibilidade são hipóteses de contração direta, porém são institutos


jurídicos distintos.

 Dispensa de Licitação: Os artigos 17 e 24 da Lei de Licitações fazem previsão das


hipóteses de licitações dispensas de licitações, trata-se de um exaustivamente
taxativo.
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As principais hipóteses de dispensa de licitação são: até 8 mil reais para aquisição de
bens e serviços e até 15 mil para a realização de obras, no entanto as empresas públicas,
sociedades de economia mista, consórcios públicos e agência executivas o valor é
dobrado, ou seja, até 16 mil reais para aquisição de bens e serviços e até 30 mil para a
realização de obras; hipótese de guerra decretada e em caso de grave perturbação da
ordem; nas hipóteses de urgência, desde que seja para a celebração dos contratos
diretamente ligados a situação de urgência e desde que essa contração não ultrapasse
180 dias, os quais são improrrogáveis.

Também é dispensável a realização de licitação quando a licitação for deserta e


ocasionar prejuízo à administração pública. Licitação deserta é aquele que não tem
participantes.

Vale ressaltar que as Organizações Sociais não precisam licitar.

Art. 24 da Lei de Licitações “É dispensável a licitação: I - para obras e serviços de


engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso
I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou
serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que
possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; II - para outros serviços e
compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II
do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se
refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que
possa ser realizada de uma só vez; III - nos casos de guerra ou grave perturbação da
ordem; IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada
urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser
concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos,
contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos
respectivos contratos; V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta,
justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas,
neste caso, todas as condições preestabelecidas; VI - quando a União tiver que intervir
no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento; VII -
quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos
praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos
oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e,
persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por
valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços; VIII - para a
aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou
serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que
tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde
que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; IX - quando
houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos
estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
Nacional; X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das
finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização
condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado,
segundo avaliação prévia; XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou
57

fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de


classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo
licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido; XII - nas compras
de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a
realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base
no preço do dia; XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental
ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de
instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha
inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos; XIV - para a
aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado
pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente
vantajosas para o Poder Público; XV - para a aquisição ou restauração de obras de
arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou
inerentes às finalidades do órgão ou entidade. XVI - para a impressão dos diários
oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições técnicas
oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de
direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública,
criados para esse fim específico; XVII - para a aquisição de componentes ou peças de
origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o
período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando
tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; XVIII -
nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios,
embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em
estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de
suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a
exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das
operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II
do art. 23 desta Lei: XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas,
com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade
de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais,
aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto; XX - na
contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de
comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Admininistração Pública, para a
prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado
seja compatível com o praticado no mercado. XXI - para a aquisição de bens e insumos
destinados exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos
pela Capes, pela Finep, pelo CNPq ou por outras instituições de fomento a pesquisa
credenciadas pelo CNPq para esse fim específico; XXII - na contratação de
fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário,
permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica; XXIII - na
contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas
subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou
obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
mercado. XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as
organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para
atividades contempladas no contrato de gestão. XXV - na contratação realizada por
Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a
transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração
de criação protegida. XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da
Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de
58

serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de


consórcio público ou em convênio de cooperação. XXVII - na contratação da coleta,
processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou
reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações
ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda
reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de
equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que
envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante
parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão. XXIX
– na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes
militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no
exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou
executante e ratificadas pelo Comandante da Força. XXX - na contratação de
instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a
prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na
Reforma Agrária, instituído por lei federal. XXXI - nas contratações visando ao
cumprimento do disposto nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de
2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes. XXXII - na
contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o
Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990,
conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da
aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecnológica. § 1o Os
percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por
cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade
de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na
forma da lei, como Agências Executivas. § 2o O limite temporal de criação do órgão ou
entidade que integre a administração pública estabelecido no inciso VIII do caput deste
artigo não se aplica aos órgãos ou entidades que produzem produtos estratégicos para
o SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em
ato da direção nacional do SUS”.

Art. 26 da Lei de Licitações “As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no


inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25,
necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do
art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade
superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias,
como condição para a eficácia dos atos. Parágrafo único. O processo de dispensa, de
inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que couber,
com os seguintes elementos: I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa
que justifique a dispensa, quando for o caso; II - razão da escolha do fornecedor ou
executante; III - justificativa do preço. IV - documento de aprovação dos projetos de
pesquisa aos quais os bens serão alocados”.

 Inexigibilidade de licitação: está regulamentada pelo art. 25 da Lei de Licitações.

É inexigível a licitação quando a competição for inviável, em especial, para: aquisição


de produtos singulares ou a contratação de serviço de natureza técnica, desde que
59

executados com profissionais de notória especialização ou a contratação de artistas


consagrados pelas mídias.

O rol previsto no art. 25 da Lei de Licitações e meramente exemplificativo, pois a


inexigibilidade da licitação é caracterizada pela inviabilidade da licitação.

Quando é possível realizar a licitação? Quando estiverem presentes os seguintes


pressupostos: pluralidade de bens e de fornecedores do bem a ser adquiridos,
generalidade da contratação e o atendimento do interesse público.

Art. 25, § 1o da Lei de Licitações “ Considera-se de notória especialização o


profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de
desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento,
equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita
inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena

Art. 25, § 2o da Lei de Licitações “Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de
dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano
causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público
responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis”.

6.7 Registro de Preços

O registro de preços tem a finalidade de registrar preços no órgão. Para isso é realizado
uma licitação, com a finalidade registrar os preços, para que o órgão eventualmente
possa contratar.
60

7. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

7.1 Introdução

Contratos da Administração é gênero do qual é espécie contrato administrativo. O


contrato administrativo é caracterizado pela vigência das Normas de Direito Público
(Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Particular e Princípio da
Indisponibilidade do Interesse Público).

7.2 Classificação

 Adesão: são aqueles contratos que não admitem rediscussão de cláusulas.

Observação: Nos contratos administrativos a doutrina entende que ocorre uma adesão
previa, porque o licitante se obriga a aceitas as cláusulas do contrato no momento em
que aceita participar da licitação.

Atenção: a minuta do contrato deve ser anexada ao procedimento licitatório.

 Consensual: e aquele que está perfeito e acabado com o simples consenso entre as
partes.

 Comutativo: direitos e obrigações são recíprocos e predefinidos.

 Formais: as cláusulas e a forma dos contratos são definidas por lei. Está forma e
denominada pela lei de licitações de termo ou instrumento de contrato.

 Contrato Personalíssimo: Leva em consideração a qualidade pessoal dos


contratantes. Via de regra, não poderá haver transferência.

7.3 Cláusulas Contratuais

 A Administração deve exigir a garantia, em virtude da indisponibilidade do


interesse público.

 É o contratado que deve decidir qual será a forma da garantia, dentro das
alternativas elencadas pela lei: Títulos da dívida pública; Caução em dinheiro;
Seguro-Garantia (contrato de garantia de outro contrato); Fiança Bancária (garantia
fidejussória). O Valor da Garantia e de até 05% do valor do contrato ou de até 10%
quando o contrato for de grande vulto, alta complexidade e causar riscos financeiros
à Administração.

Art. 55 da Lei de Licitações “São cláusulas necessárias em todo contrato as que


estabeleçam: I - o objeto e seus elementos característicos; II - o regime de execução ou
a forma de fornecimento; III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-
base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária
entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento; IV - os prazos
de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de
recebimento definitivo, conforme o caso; V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com
a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica; VI - as
61

garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas; VII - os
direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das
multas; VIII - os casos de rescisão; IX - o reconhecimento dos direitos da
Administração, em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei; X - as
condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o
caso; XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a
inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor; XII - a legislação aplicável à
execução do contrato e especialmente aos casos omissos; XIII - a obrigação do
contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as
obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação
exigidas na licitação. § 1º (Vetado).§ 2o Nos contratos celebrados pela Administração
Pública com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas domiciliadas no
estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula que declare competente o foro da
sede da Administração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o disposto no
§ 6o do art. 32 desta Lei. § 3o No ato da liquidação da despesa, os serviços de
contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da arrecadação e fiscalização de
tributos da União, Estado ou Município, as características e os valores pagos, segundo
o disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964”.

Observação: O instrumento de contrato somente é obrigatório nos contratos cujo valor


exige as modalidades de licitação seja tomada de preço ou concorrência (o parâmetro
são valores mais altos). Nos valores mais baixos o termo de contrato poderá ser
substituído pela carta de Contrato, Nota de empenho ou Ordem de serviço.

Como regras os contratos verbais realizados pela administração pública são nulos e não
possuem nenhum efeito.

Exceção: no caso de pequenas compras no valor de até cinco mil reais (no caso de
compra pronta entrega e pronto pagamento) – Naquelas contrações onde não há
obrigações futuras.

Observação: o contrato administrativo somente será eficaz, com a sua publicação.

A administração deve providência um resumo ou extrato do contrato até o 5º dia útil do


mês seguinte ao que o contrato foi realizado.

Exemplo: Contrato celebrado no dia 15 de Janeiro de 2013. A Administração deve


providenciar o extrato ou resumo até o dia 6 de Fevereiro.

Neste caso a Administração Pública possui o prazo de 20 dias corridos após a


elaboração do resumo do contrato para a publicação do resumo/extrato.

Atenção: Todas as regras estabelecidas pelo princípio da supremacia do interesse


público sob os particulares são aplicadas nos contratos administrativos e são
denominadas de cláusulas exorbitantes. Portanto as cláusulas exorbitantes são implícitas
em todos os contratos administrativas sob o regime de direito público.

 Prazo sempre determinado (art.57, §3 da Lei de Licitações): A duração máxima


será compatível com a disponibilidade do crédito orçamentário: 12 meses (lei
orçamentária anual). Exceção:
62

 Quando o objeto do contrato estiver previsto no Plano Plurianual: Prazo máximo do


contrato administrativo será de 04 anos;

 Se em razão do prazo o preço for melhor, nos casos de prestação contínua, o prazo
máximo do contrato será de 60 meses. O art. 57 da Lei de Licitações permite que
seja realizado a prorrogação (60 meses + 60 meses) em caráter excepcional,
mediante fundamentação e autorização da autoridade superior.

 Aluguel de equipamentos e programas de informática: Prazo máximo de 48


meses.

 Contratos de Concessão ou Permissão de Serviço Público: Podem ter prazos


diferenciados, de acordo com a lei que cuidar do serviço delegado, a lei que cuida
do serviço dará o prazo máximo do contrato de concessão ou permissão.

9.4 Clausulas Exorbitantes

AULA 7.3
A- Alteração do Contrato:

 Alteração Unilateral do contrato: A Administração Pública pode fazer alteração


unilateral para adequar ao interesse público.

 Alterações no projeto;

 Alteração quantitativa de valores. Sendo permitido o valor acrescido ou diminuído


em até 25%.

Observação: Nos contratos de reforma os valores podem ser acrescidos até 50% e
diminuídos até 25%.

Atenção: Toda vez que a administração pública modificar os valores do contrato deve
ser observado à garantia do equilíbrio econômico e financeiro (o Estado não pode
alterar a margem de lucro pactuado no contrato).

B- Rescisão Bilateral:

 Alteração no regime de execução;

 Substituir a Garantia;

 Alteração na forma de pagamento;


63

 Buscar o equilíbrio econômico-financeiro.

Observação: Em contrato administrativo a Administração só paga ao contratado depois


de receber o serviço, obra ou mercadoria. O Pagamento nunca poderá ser antecipado. O
Contratado pode pedir a revisão do contrato para manter o equilibro econômico-
financeiro. Só haverá revisão para manter equilíbrio econômico-financeiro se houver
fato novo.

Segundo a Teoria da Imprevisão o fato superveniente, imprevisto, imprevisível e que


onera excessivamente o contrato para uma das partes.

 Fato do Príncipe: É a atuação geral e abstrata do Poder Público, que atinge o


contrato de forma indireta e reflexa. Ex. alteração de alíquota de imposto.

 Fato da Administração: Atuação específica, que atinge diretamente o contrato


administrativo, atinge o seu objeto principal.

 Interferências Imprevistas: Circunstancias que já existiam ao tempo da celebração


do contrato, mas só foi descoberta ao tempo da execução do contrato.

 Caso Fortuito e Força Maior.

 Correção Monetária: Já está programada no contrato. É apenas a atualização da


moeda.

 Reajustamento de Preços: Há uma alteração no custo do objeto do contrato. É um


índice já previsto no contrato p/ absorver o aumento de custos.

 Recomposição de Preços: Também é em razão do aumento de custos, mas não é


prevista no contrato, é utilizada na hipótese de Teoria da Imprevisão. É a revisão p/
busca do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

Observação: A Falta de Revisão a pedido da contratada p/ manter o equilíbrio


econômico-financeiro do contrato: A Possibilidade de extinção do contrato só pela via
judicial.

C- Rescisão Unilateral:

 Rescisão por Inadimplemento do particular: ocorre em decorrência do


descumprimento de normas contratuais. Não precisa de rescisão judicial.

 Rescisão por motivo de interesse público: neste caso o Estado deve indenizar
(para que seja garantido o equilíbrio econômico e financeiro).

Nos contratos de concessão de serviço público a rescisão contratual possui duas


denominações:

 Caducidade: ocorre por inadimplemento do particular;

 Encampação: ocorre em decorrência do interesse público.


64

Cuidado! O Particular não pode rescindir o contrato unilateralmente.

C- Poder de Fiscalização dos Contratos: o preposto da administração pública pode e


deve fiscalizar a execução dos contratos. O Poder de Fiscalização dos Contratos e um
poder dever.

Atenção: A ausência de fiscalização se ensejar um prejuízo a um particular à falta de


fiscalizar gera ao Estado a obrigação de indenizar. Em virtude da omissão do Estado,
pela má prestação do serviço de fiscalização.

N- Encargos trabalhistas resultantes de contrato:

Art. 71 da Lei 8.666/93 “O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas,


previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. § 1o A
inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e
comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu
pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o
uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. § 2o A
Administração Pública responde solidariamente com o contratado pelos encargos
previdenciários resultantes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº
8.212, de 24 de julho de 1991”.

O STF no julgamento da ADC 16 entendeu que o Estado não responde pelos débitos
trabalhistas das empresas contratadas.

O- Poder de aplicação de penalidades: A aplicação das penalidades previstas no


instrumento convocatório ou no contrato não impede que a Administração rescinda
unilateralmente o contrato e aplique as outras sanções previstas nesta Lei.

Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração poderá, garantida a prévia


defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:

 Advertência;

 Multa: conforme o previsto no instrumento convocatório ou no contrato.

Atenção: Todas as penalidades poderão ser aplicadas conjuntamente, sendo facultada a


defesa prévia do interessado, no respectivo processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis.

Observações: O atraso injustificado na execução do contrato sujeitará o contratado à


multa de mora, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato. A multa
será aplicada após regular processo administrativo, e será descontada da garantia do
respectivo contratado. Se a multa for de valor superior ao valor da garantia prestada,
além da perda desta, responderá o contratado pela sua diferença, a qual será descontada
dos pagamentos eventualmente devidos pela Administração ou ainda, quando for o
caso, cobrada judicialmente.

 Suspensão de contratar com o poder público pelo prazo máximo de 2 ano;


65

 Declaração de idoneidade pelo prazo máximo de 2 anos:

No caso da declaração de idoneidade o Ministro de Estado, do Secretário Estadual ou


Municipal possui competência exclusiva para determinar a aplicação desta penalidade,
sendo facultada a defesa do interessado no respectivo processo, no prazo de 10
(dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos
de sua aplicação.

A Suspensão de contratar com o poder público e a Declaração de idoneidade pelo prazo


máximo de 2 anos poderão ser aplicadas às empresas ou aos profissionais que, em razão
dos contratos regidos pela lei de licitações tenham sofrido condenação definitiva por
praticarem, por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quaisquer tributos;
tenham praticado atos ilícitos visando frustrar os objetivos da licitação ou que
demonstrem não possuir idoneidade para contratar com a Administração em virtude de
atos ilícitos praticados.

Atenção: A Lei Complementar 123/06 determina que as Micro Empresas e Empresas


de Pequeno Porte podem participar de licitações mesmo que não possua regularidade
fiscal e que ao final do procedimento licitatório a administração concederá o prazo de
dois dias prorrogáveis por mais dois dias para que faça o saneamento (pagamento ou
parcelamento).

A declaração de idoneidade impede que o sancionado realizasse contrato com qualquer


ente da federação.

A Suspensão de contratar com o poder público impede que o sancionado contrate com
ente que aplicou a pena.

E- Ocupação temporária de bens: existindo necessidade o estado pode ocupar


temporariamente os bens da contratada para manter a prestação do serviço público, sem
que cause prejuízo a ninguém. Sendo garantindo a indenização se ocorrer algum dano,
desde que seja comprovado.

9.3 Garantia de manutenção do equilíbrio econômico e financeiro

Essa garantia se aplica ao particular em qualquer situação da relação contratual.

Correção monetária: atualização monetária visa corrigir o valor do lucro.

Reajustamento de Preços: decorre do preço dos insumos, o qual visa adequar um


aumento ordinário de custos.

Recomposição de Preços: é a revisão de preços deve ocorrer toda vez que ocorrer um
aumento inesperado dos preços. Essas situações inesperadas são denominadas pela
teoria da imprevisão:

 Caso fortuito ou força maior;


66

 Interferência ou sujeições imprevistas (são situações pré-existente ao contrato, que


as partes não tenham conhecimento). Exemplo: na execução de contrato de
asfaltamento de uma estrada se deparar com um terreno pantanoso;

 Fato do príncipe: é a própria adm. pública que ocasiona o aumento de preço.

9.4 Garantia para execução do contrato

A Administração Pública pode fixar o valor de até 5% do valor do contrato como


garantia, visando assegurar a execução do contrato.

Exceção: No caso de contratações de grande vulto, alta complexidade técnica e os


contratos de risco financeiros o da garantia será de até 10% do valor do contrato. No
entanto o contratado poderá escolher a forma de prestar a garantia (fiança bancária,
prestação pecuniária, títulos da divida pública e seguro garantia).

A- Subcontratação:

A administração pública contrata uma empresa e essa empresa contrata outra pessoa
para executar o contrato.

A Lei de licitações diz que essa subcontratação pode ser realizada de parte do contrato,
desde que esteja previsto no edital e no contrato, devendo essa subcontratação ser
autorizada pelo poder público.

B- Duração do contrato

O prazo de duração do orçamento, ou seja, um ano.

Exceções:

P- Plano Pluri Anual pelo prazo máximo de quatro anos não coincidentes com a
legislatura;

Q- Contratos que gerem despesas nos serviços contínuos, pelo prazo máximo de 60
meses, desde seja prorrogado sucessivamente. Desde que seja autorizado pelo
administrador esse prazo poderá ser prorrogado por mais 12 meses desde que
devidamente justificado (totalizando 72 meses como medida extraordinária);

R- Contratos de Aluguel de equipamento e programas de informática podem durar 48


meses, desde que seja prorrogado sucessivamente;

S- Alguns autores entendem que no caso dos serviços que não gerem despesa para a
administração pública, não ficam sujeitando a observância de credito orçamentário,
sendo o prazo de duração da execução estabelecido no contrato;

C- Extinção dos contratos Administrativos:

 Extinção natural: advento do termo ou pelo cumprimento do objeto;


67

 Anulação: decorre de vício na licitação, que ocasiona um vício no contrato;

 Desaparecimento do particular contratada: em razão do contrato administrativo


possuir natureza personalíssima.

A- Rescisão Contratual:

 Rescisão unilateral: se da por inadimplemento do contratado ou por interesse


público. Somente pode ser realizada pelo Estado;

 Rescisão Judicial: no caso de rescindir (cancelar, anular). Somente pode ser


realizada pela parte;

 Rescisão Amigável: acordo de vontades. Realizada por ambas as partes;

 Rescisão de pleno direito: ocorre por uma situação alheia a vontade das partes.

Contrato administrativo de bens: é finalizado com a entrega da coisa.

Contrato de prestação de serviços ou fornecimento de bens: são finalizados com o


vencimento da data estabelecida.

Contrato de obra pública: a administração pública faz o projeto básico e entrega ao


licitante vencedor a responsabilidade de criar o projeto executivo.

Contrato de gestão: Art. 37, § 8º da CF/88 “A autonomia gerencial, orçamentária e


financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder
público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
entidade, cabendo à lei dispor sobre: I - o prazo de duração do contrato; II - os
controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e
responsabilidade dos dirigentes; III - a remuneração do pessoal”.
68

10. REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÕES

O regime diferenciado de contratações foi criado pela Lei 12.462/12, com a finalidade
de proporcionar uma maior eficiência nas contratações, para os principais eventos
esportivos que vão ser sediados pelo Brasil durante os próximos quatro anos (Copa do
Mundo, Copa das Confederações, Olimpíadas e Paraolimpíadas).

A Lei 12.462/12 tem como objetivos a busca da melhor proposta, isonomia,


desenvolvimento nacional e uma maior eficiência nas contratações públicas. O edital da
licitação pode prever as seguintes exigências:

 Exigência de uma marca para padronização;

 Exigência de uma marca, para que atenda uma necessidade;

 Exigência de marca para identificar um objeto a ser contratado;

 Carta de solidariedade (quando o bem for entregue pelo fornecedor existe a


possibilidade de responsabilizar o fabricante);

 Apresentação de amostra.

Observação: No caso da execução de obras poderá ser realizado a contratação


integrada (realização do projeto básico, do projeto executivo e da obra). Devendo o
Poder Público efetuar um projeto básico e uma pesquisa de mercado, previamente ao
contrato.

Procedimento: Edital – Classificação – Habilitação – Encerramento

Composição da Comissão: Preferencialmente a comissão será composta por três


servidores ou por três empregados.

Critérios de desempate sucessivo:

 Apresentação de novas propostas fechadas;


 Analise do Histórico Pretérito de Contratações;
 Bem produzido no Brasil;
 Empresa Brasileira;
 Investimento em Tecnologia no Brasil;
 Sorteio.

Observação: Os Contratos decorrentes da lei do regime diferenciado de contratações


são regidos pela Lei 8.666/93.

Nos contratos de execução continuada o prazo de duração do contrato poderá ser até um
ano após o termino do último evento.

Suspenção de contratar com o poder público: essa sanção pode ser aplicada em até 5
anos.
69

4. RESPONSABILIDADE CIVIL

4.1 Etapas de Evolução Histórica

A- Irresponsabilidade: o Estado não responde pelos seus atos, vigorava a


irresponsabilidade total.

B- Previsão Legal: se determinada situação ocorrida estivesse prevista em lei o Estado


deveria indenizar.

C- Responsabilidade Subjetiva: o Estado deve responder desde que seja comprovado


que seu agente atuou com dolo ou culpa.

D- Responsabilidade Subjetiva – culpa do serviço: o Estado deve responder desde


que seja comprovado a má prestação do serviço que tenha gerado um dano em uma
determinada situação em concreto.

E- Responsabilidade Objetiva: para que o Estado seja responsabilizado se faz


necessário a comprovação da conduta do agente que gerou o dano, o nexo causal e o
dano.

O Brasil não fez uso a teoria da irresponsabilidade, em nosso país, a Responsabilidade


Objetiva vigora desde a Constituição Federal de 1946.

4.2 Responsabilidade Objetiva do Estado na CF/88

Previsão Constitucional: Art. 37, § 6º da CF/88 “As pessoas jurídicas de direito


público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.

 O Estado responde objetivamente perante o particular que sofreu o dano.

 O Agente responde subjetiva perante o Estado.

Todas as pessoas de direito público e privado prestadoras de serviços públicos devem


responder pelos danos que seus agentes causarem.

Um ônibus de uma determinada empresa, contratada para prestar o serviço de transporte


público se envolve em um acidente de trânsito, onde uma senhora da idade que utilizava
o serviço faleceu devido ao acidente. A Empresa deve responder primariamente e o
Estado (Governo Municipal) deve responder subsidiariamente na forma de
responsabilidade objetiva.

Caso esse ônibus atropelasse um transeunte a Empresa deveria responder primariamente


e o Estado (Governo Municipal) subsidiariamente na forma de responsabilidade
objetiva.
70

Quando uma Empresa Estatal (Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista)


que atuam na exploração de atividade econômica devem responder subjetivamente.

4.3 Requisitos da Responsabilidade Objetiva

A- Conduta: gerada por um agente.

B- Dano: protegido pelo direito (material, moral, estético).

C- Nexo Causal: No Brasil vigora a teoria da causalidade adequada, a qual estabelece


que a conduta do agente e causa suficiente a ensejar o dano. A interrupção do nexo
causal impedi a caracterização do nexo causal (uma situação independente que ocasiono
o dano).

Exemplos mais famosos de interrupção do nexo causal são: a culpa exclusiva da vítima,
caso fortuito ou força maior.

Observação: A responsabilidade do Estado decorre de condutas licitas e ilícitas.


Quando o Estado é responsabilizado por condutas licitas a fundamentação se dá em
razão do princípio da isonomia.

No caso de um dano específico, ocasionado em razão de uma atuação licita do Estado, a


um particular, gera um dano indenizável.

Observação: Caso ocorra a exclusão de um dos elementos da responsabilidade (conduta,


dano e nexo causal) impedi a caracterização da responsabilidade do Estado.

4.4 Atividade de Risco

A teoria do risco integral não admite a exclusão dos elementos da responsabilidade,


tendo em vista que o Estado é um garantidor universal.

A teoria adotada pelo Brasil e a do risco administrativo, que admite a exclusão dos
elementos caracterizadores da responsabilidade.

Exceções que caracterizam a teoria do risco integral:

 Dano nuclear;
 Dano ocorrido a bordo de aeronaves que estejam no espaço aéreo brasileiro;
 Danos ocorridos em virtude de terrorismo;

 Dano ambiental.

Atenção: O STJ entendi que a responsabilidade ocasionada por dano ambiental


produzida em virtude de conduta comissiva de agentes do Estado a responsabilidade é
integral, não admitindo a interrupção do nexo causal.

4.5 Omissão Estatal do agente


71

No caso de omissão Estatal do agente a omissão caracteriza a responsabilidade subjetiva


que depende da culpa do serviço (má prestação do serviço no caso concreto).

Teoria do Risco Criado ou Suscitado: caso o Estado crie uma situação de risco, em
decorrência desse risco ocasione um dano, a responsabilidade do Estado será objetiva,
mesmo que não aja conduta direta de seus agentes.

Exemplo: Um preso mata outro preso. O Estado deve ser responsabilizado


objetivamente.

Atenção: Toda vez que o Estado tem alguém ou alguma coisa em custódia caracteriza a
responsabilidade objetiva em virtude da caracterização do risco criado ou suscitado.

Fortuito interno: ocorre todas as vezes em que o Estado tem uma situação de risco e
ocorre uma situação não rotineira que vem ocorrer em decorrência da atividade de risco.
Devendo o Estado responder.

Exemplo: Uma “visita” de um preso que foi estuprada coletivamente durante uma
rebelião.

Fortuito Externo: é uma situação alheia do risco criado pelo Estado.

Exemplo: Um preso que ao sair da cela toma um raio na cabeça.

Atenção: Em casos de custódia se faz necessário a caracterização da teoria da conditio


sine qua (condição sem a qual o dano não ocorreria).

Sem a custódia do preso a visitante do preso não seria estuprada.

4.5 Prescrição da reparação civil dos danos

A reparação civil contra o estado prescreve em 3 anos, em razão do art. 206 do Código
Civil ser mais benéfica ao Estado.

Em provas objetivas adotar o posicionamento de que a prescrição da reparação de danos


contra o Estado ocorre em 5 anos em virtude de lei específica.

Art. 1o-C da Lei 9494/97 “Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização
dos danos causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos”.

4.6 Responsabilidade por ato jurisdicional

A regra geral é a irresponsabilidade por ato jurisdicional.

Exceção: Art. 5, inciso LXXV da CF/88 “o Estado indenizará o condenado por erro
judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença”.

No caso de erro judiciário o Estado poderá responsabilizar o Juiz mediante ação de


regresso? Somente mediante a comprovação de dolo.
72

4.7 Responsabilidade Decorrente de Obra

A- Responsabilidade decorrente da má execução da obra:

Exemplo: pedaço de um viaduto que caiu em um carro que transitava em uma avenida.

Obra executada diretamente pelo Estado: responsabilidade objetiva.

Obra executada por um empreiteiro: responsabilidade subjetiva regida pelo Direito


Privado. Neste caso o Estado pode ser responsabilizado se o Estado for omisso no dever
de fiscalizar a obra, sendo responsabilizado subjetivamente.

B- Dano decorrente da obra em si (dá existência da obra):

Exemplo: recapeamento que ocasiona o desnivelamento de uma propriedade privada


em relação a guia e ao asfalto.

Responsabilizada objetiva do Estado, independente do executor da obra.

C- Responsabilidade por atos normativos:

Regra geral: Lei em sentido formal e material não configuram responsabilidade do


Estado. Por ser um ato geral e abstrato.

Exceção doutrinária: O estado responde por atos legislativos, caso uma lei ocasione
um dano direto a alguém, caso seja considerada inconstitucional.

4.8 Ação de regresso

Quando um agente público ocasiona um dano a um usuário quem danifica não é o


agente mas sim o Estado. Portanto a vítima não pode cobrar diretamente do agente.

Art. 70 do CPC “A denunciação da lide é obrigatória: III - àquele que estiver


obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que
perder a demanda.”

Em Direito Administrativo a denunciação da lide não é obrigatória nos casos que existir
a possibilidade de ação de regresso em desfavor do agente público.
73

5. INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA

A doutrina divide a intervenção do Estado na propriedade em duas espécies:

A- Intervenção restritiva: são aquelas que restringem o direito do exercício de


propriedade, ou seja, uma limitação.

B- Intervenção supressiva: se caracteriza pela desapropriação.

5.1 Intervenção Supressiva – Desapropriação

A desapropriação é uma forma originária de aquisição de propriedade (livre e


desembaraçado, como se não tivesse pertencido a ninguém).

A- Desapropriação Comum:

Previsão Constitucional: Art. 5, inciso XIV da CF/88 “a lei estabelecerá o


procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
previstos nesta Constituição.”

Utilidade e Necessidade Pública: é regulamentado pelo Decreto Lei 3365/41.

Interesso Social: é regulamentado pela lei 4132/62.

B- Desapropriação por não cumprir a função social do plano diretor:

Art. 182, § 4º da CF/88 “§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei


específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do
proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova
seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou
edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida
pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate
de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da
indenização e os juros legais.”

Medidas gradativas anteriores a desapropriação:

 Notificação para fazer o parcelamento ou edificação do terreno;

Prazos:

1 ano para apresentar o projeto;

2 anos após a apresentação do projeto para iniciar as obras.


74

Caso não cumpra com o cronograma estabelecimento: Imposto sobre a propriedade


(IPTU) progressivo no tempo.

Desapropriação: com caráter de sanção, com pagamento mediante títulos da dívida


pública

C- Desapropriação Rural:

Art. 186 da CF/88 “A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada
dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância
das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o
bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.”

Observação: Essa desapropriação e indenizada por meio de títulos da dívida pública,


podendo ser resgatados no prazo de até 20 anos, a partir de 2 anos de emissão. Quando
as benfeitorias uteis e necessária devem ser pagas em dinheiro.

Art. 185 da CF/88 “São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: I
- a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu
proprietário não possua outra; II - a propriedade produtiva. Parágrafo único. A lei
garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o
cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.”

D- Desapropriação Confisco ou Expropriação:

Art. 243 da CF/88 “As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e
especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos
alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem
prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Todo e qualquer bem de
valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal
especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio
de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico
dessas substâncias.”

5.1.1 Competência para desapropriar

A- Competência Legislativa: compete privativamente a união legislar sobre


desapropriação.

B- Competência Declaratória: é aquela destina a declarar utilidade pública ou


interesse social (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).

 Desapropriação comum: União, Estados, Municípios e Distrito Federal.

 Desapropriação especial urbana: Municípios.


75

 Desapropriação rural: União.

 Desapropriação sanção ou expropriação: União.

D- Competência pra declarar utilidade pública ou interesse social: União (DNIT ou


ANEEL), Estados, Municípios e Distrito Federal.

E- Competência Executória: União, Estados, Municípios e Distrito Federal ou por


alguém que atue mediante delegação.

5.1.2 Fase da Desapropriação

A- Fase de declaração de interesse público ou social:

 A declaração pode ser feita mediante decreto expropriatório (chefe do executivo)


ou lei de efeitos concretos (legislativo);

Consequências:

O Estado pode ingressar no bem;

Fixação: “eu quero o bem no estado que se encontre”;

Observação: Serão indenizadas as benfeitorias necessárias e as uteis autorizadas após a


declaração de interesse público ou interesse social.

Prazo de caducidade:

 2 anos nos casos de interesse público;

 anos nos casos de interesse social.

Decaído o prazo o Estado somente poderá declarar o interesse público ou social


novamente após o período de um ano.

B- Fase de execução: “entregar o dinheiro e entrar no bem”

Usufruir do bem: quando realiza um acordo que deu origem a entraga do dinheiro e a
entrega do bem.

SÚMULA Nº 23 DO STF: “Verificados os pressupostos legais para o licenciamento


da obra, não o impede a declaração de utilidade pública para desapropriação do
imóvel, mas o valor da obra não se incluirá na indenização, quando a desapropriação
for efetivada.”

Caso não ocorra o acordo, será necessário entrar com uma ação de desapropriação. A
qual será proposta pelo Poder Público expropriante.
76

Contestação realizada pelo particular: a matérias de contestação se restringem ao


valor indenizatório.

Atenção: é perfeitamente possível alegar o vício de ilegalidade por meio de uma ação
ordinária requerendo a anulação da desapropriação.

Emissão provisória do bem: é a posse provisória do bem, requerida pelo poder público
e desde que seja concedida, deve ser realizado uma declaração de urgência e depois um
depósito do valor controverso, automaticamente o particular tem a possibilidade de
levantar 80% do valor depositado. Depois da declaração de urgência feita o Estado tem
o prazo máximo de 120 dias para efetuar o depósito e requerer a emissão provisória do
bem.

Correção monetária: atualização do valor moeda incide sobre o valor excedente com a
sentença que deverá ser realizado com índice da cardeneta de poupança.

Juros compensatórios: são destinados a compensar o fato de que o sujeito está


perdendo o bem antes de receber a indenização. Os juros compensatórios começam a
incidir a partir da emissão da posse. Que correm até a prolatação de sentença.

Juros de mora: demora no pagamento da indenização. Com o percentual de 6% ao ano,


o qual incide a partir do 1 dia de janeiro do ano seguinte do qual deveria ser realizado o
pagamento.

Súmula vinculante 17 do STF: “Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo


100 da constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam
pagos.”

5.1.3 Conceitos Básicos

Desapropriação por zona: é aquele pedaço desapropriado das áreas vizinhas ao terreno
desapropriado por necessidade de posterior extensão da obra e caso ocorra um
supervalorização dos terrenos vizinhos para que possa vender posteriormente, visando
efetuar o pagamento dos gastos decorrentes das obras.

Direito de extensão: o Estado pode desapropriar um terreno por parte, se essa área
remanescente não lhe servir o Estado devera ficar com a área toda e indenizar o
expropriado.

Desapropriação Indireta: é um esbulho, e a tomada de um bem de forma ilícita, ou


seja, sem que seja respeitado as regras de desapropriação.

Prazo de prescrição de 15 anos da ação, de acordo com Código Civil em analogia ao


caso de usucapião extraordinária.

Retrocessão:

Tredestinação: é um desvio de finalidade da desapropriação, mantendo o interesse


público a tredestinação será considerada licita.
77

Exemplos:

 Uma desapropriação foi realizada para construir uma escola, no entanto foi realizado
a construção de um hospital, porem justificadamente e motivadamente. Neste caso
por manter a busca pelo interesse público essa tredestinação é considerada lícita.

 O Estado desapropriou um terreno para fazer um escola, a qual não foi construída.
Depois vendeu a um terceiro. O que caracteriza uma tredestinação ilícita ou
adestinação. Neste caso ocorreu uma tredestinação ilícita ou adestinação. Neste caso
surgiu a possibilidade do proprietário entrar com uma ação de regresso.

Retrocessão:

Art. 519 do Código Civil “Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não
for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de
preferência, pelo preço atual da coisa.”

O art. 519 do Código Civil incluiu o direito de retrocessão no rol dos direito pessoais, o
qual determinada que o caberá ao expropriado apenas o direito de preferência. Podendo
ser acumulado com pedido de perdas e danos caso o direito de preferência seja
desrespeitado.

5.2 Intervenção Restritivas

Observação: Não é possível que o Estado tome um bem do particular, ela apenas pode
restringir.

A- Limitação administrativa: é uma intervenção de caráter geral e abstrato (que é


destinada a todos que estão em uma mesma situação). A princípio não é indenizável. A
limitação administrativa só produz efeitos “ex nunc”, ou seja, a partir de sua criação.

Exemplos: a limitação de construir na faixa de beira mar prédios com mais de quatro
andares.

B- Servidão: é um direito real que recai sobre bens imóveis, que dependem de registro
no Cartório de Registro de Imóveis. A ideia é ter um bem imóvel serviente a prestação
de um serviço de utilidade pública dominante, e a princípio possui caráter concreto
(permanente), ou seja, sem prazo determinado. Caso a servidão ocasione algum dano,
este deverá ser indenizado. A servidão interfere no direito absoluto.

Forma de extinção da servidão:

 Desaparecimento do bem;

 Razões de interesse público;

 Convalidação: quando o Estado adquire o bem.


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A servidão decorre de:

 Decisão Judicial;

 Lei.

C- Tombamento: é uma forma de proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural,


outras palavras é uma forma do Direito Administrativo de proteger o Direito Ambiental.
O Tombamento é um direito real, que recai sobre bens imóveis e moveis corpóreos. O
tombamento também possui caráter permanente e perpetuo. O tombamento provisório é
uma medida cautelar administrativa, destinado a evitar que o particular destrua o bem.
Um único bem pode ser tombado três vezes (Interesse Nacional, Regional ou Local).

Restrições decorrentes do tombamento:

a) Obrigações de fazer:

 conservação, se não tiver condições financeiras deve comunicar o poder público;

 Caso pretenda alienar deve oferecer em preferência ao poder público, o qual se


manifestara no prazo de 30 dias.

b) Obrigações de não fazer:

 Não pode destruir, alterar ou modificar o bem tombado;

 O bem tombado móvel não pode sair do Brasil, salvo por um curto período de
tempo com autorização do poder público.

c) Obrigações de tolerar:

 Tolerar a fiscalização do estado a cerca das obrigações.

C- Requisição Administrativa: Art. 5, inciso XXV da CF/88 “no caso de iminente


perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”.

A requisição pode recair sobre bens móveis, imóveis e sobre serviços.

D- Ocupação temporária de bens: A ocupação temporária e utilizada em caráter


temporário. Exemplo: Utilização de um escola particular nas eleições. Caso ocorra
algum dano, será indenizado.
79

6. AGENTES PÚBLICOS

Agentes públicos é uma expressão mais ampla, e abarca toda e qualquer pessoa que atua
em nome do Estado, ou seja, toda e qualquer pessoa que atua em nome do Poder
Público.

6.1 Espécies de agentes públicos

1) Agentes políticos: São os que exercem função política do Estado: os detentores de


mandato eletivo, os secretários e ministros de Estado além dos membros da magistratura
e os membros do Ministério Público.

2) Particulares em colaboração com o Estado: Sem perder a qualidade de particular,


ou seja, sem criar um vínculo específico com o Estado, ele atua em nome do Estado em
uma situação específica:

a) designados (ou agentes honoríficos): jurados, mesários da Justiça Eleitoral;

b) voluntários: programas de voluntariados, o Estado abre vagas para a prestação


voluntária de serviços públicos;

c) delegados: agentes das concessionárias e permissionárias de serviço público;

d)credenciados: atuam por ato administrativo de autorização; credenciamento, ex:


médicos particulares quando tem convênio com o SUS, agentes cartorários e etc...

3) Servidores estatais: Também conhecidos como agentes administrativos, atuam no


exercício da função administrativa.

Dividem-se em três especies:

a) Temporários: (CF, art.37, IX) É possível à contratação de servidores temporários (é


aquele previsto em lei), desde que haja na prestação de um serviço temporário de
excepcional interesse público.

Requisitos: serviço temporário, interesse público, caráter excepcional.

A administração pública não precisa realizar concurso para contração dos servidores
temporários.

Embora a administração pública celebre contrato não tem qualidade de empregado,


portanto qualquer lide existente não será de competência da Justiça do Trabalho julgar,
e sim da Justiça Comum.

Atenção: Portanto possuem um regime especial de Direito Administrativo.

Segundo o STF cada ente deve ter sua lei específica definindo e regulamentando o
trabalho temporário.
80

Atenção: os celetistas e os estatutários são contratados mediante aprovação em


concurso público e possuem estabilidade.

b)Celetistas;

c) Estatutários: Vínculo permanente com a Administração, atuam no exercício de uma


atividade permanente (prazo indeterminado). Tem que ser aprovados mediante concurso
(CF, art.37, II). O concurso tem prazo de até 02 anos prorrogável uma vez por igual
período, quem define o prazo é o edital. Enquanto os estatutários são nomeados para
exercer um cargo (não existe contrato para os estatutários, todos os direitos e obrigações
dos estatutários estão na lei), os celetistas são contratados (os direitos e obrigações estão
no contrato, a CLT estabelece apenas direitos mínimos).

Os celetistas são detentores de empregos públicos e os estatutários são detentores de


cargos públicos, o art. 41 da CF estabelece que só os detentores de cargos públicos
gozam de estabilidade.

Porém nem todo servidor estatutário é estável ou pode adquirir estabilidade, pois os
detentores de cargos públicos podem ser detentores de cargos efetivos ou detentores de
cargos em comissão, e os cargos de comissão possuem livre nomeação e livre
exoneração, assim sendo, a estabilidade só pode ser adquirida pelos detentores de cargos
efetivos.

A estabilidade é uma garantia onde o servidor só pode perder o cargo nas hipóteses que
a lei estabelece.

Para adquirir estabilidade exige dois requisitos básicos (tempo e eficiência): 03 anos de
efetivo exercício, sendo o servidor aprovado por uma avaliação especial de desempenho
(o STF vem entendendo que se passados os 03 anos e a Administração não fizer a
avaliação, o servidor adquire estabilidade).

Para perder a estabilidade tem que estar prevista em três hipóteses constitucionais:

1) Avaliação periódica de desempenho;

2) Processo administrativo em que se assegure a ampla defesa;

3) Sentença judicial transitada em julgado.

Além desses, o art.169 da CF, prevê a perda do cargo do servidor estável por motivo de
cortes de gastos:

1º- Elimina 20% dos cargos em comissão;

2º - Exoneração dos não estáveis;

3º- Exoneração dos estáveis). O servidor estável que for exonerado por corte de gastos
tem direito de receber uma indenização que corresponde a uma remuneração para cada
81

ano de serviço prestado, além disso ele tem direito que o cargo dele seja extinto por pelo
menos 04 anos (ou seja, ninguém pode ocupar o cargo extinto).

6.2 Provimento do cargo

Art. 5o da Lei 8.112/90 “São requisitos básicos para investidura em cargo público: I -
a nacionalidade brasileira; II - o gozo dos direitos políticos; III - a quitação com as
obrigações militares e eleitorais; IV - o nível de escolaridade exigido para
o exercício do cargo; V - a idade mínima de dezoito anos; VI - aptidão física e mental.
§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos
estabelecidos em lei. § 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito
de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam
compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão
reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. § 3o As
universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão
prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com
as normas e os procedimentos desta Lei”.

Observação: Segundo entendimento do STJ 5% das vagas são asseguradas aos


portadores de necessidades especiais e não 20%.

Servidores Públicos Estatutários Civis Federais (Lei 8.112/90) - Provimento (ocupação)


do cargo público:

1) Provimento Originário: Primeiro provimento na carreira; nomeação. O servidor


nomeado tem o prazo de 30 dias para tomar posse. O provimento se dá com a nomeação
(ocupação do cargo), mas a investidura (torna-se servidor) se dá com a posse. Depois
que toma posse tem prazo de 15 dias para entrar em exercício. Se o servidor toma posse
e não entra em exercício no prazo de 15 dias ele é exonerado.

O servidor que é nomeado e não toma posse não pode ser exonerado, passados os 30
dias sem tomar posse, torna sem efeito o ato de nomeação, voltando a ficar vago o
cargo. A posse pode ser feita por procuração específica.

2) Provimento Derivado: Decorre da existência de um provimento originário anterior,


primeiro ele foi nomeado e entrou na carreira originariamente e depois passou a ocupar
outros cargos dentro da mesma carreira de forma derivada. Não é possível um
provimento derivado de uma carreira pra outra, pois para ingressar numa nova carreira
precisa de concurso. Hipóteses:

a) Promoção: Provimento derivado vertical.

b) Readaptação: Provimento derivado horizontal; ocorre quando o servidor sofre uma


limitação na capacidade física ou mental, ele será readaptado assumindo um cargo
compatível com a limitação em que ele sofreu.

c) Reingresso:
82

 Reversão: é a volta do servidor público aposentado. O limite da reversão é 70 anos


(aposentadoria compulsória).

 Reintegração: Volta do servidor público que havia sido demitido quando é anulado
o ato de demissão (por via administrativa ou judicial), a reintegração gera o direito
de ser indenizado por tudo que ele deixou de ganhar. Mesmo que o cargo antigo
tenha sido ocupado, o servidor público demitido voltará para o seu cargo de origem,
e o terceiro que estava no seu lugar será reconduzido para o cargo de origem dele,
que se estiver ocupado, o terceiro será aproveitado em outro cargo compatível com o
dele, e se não tiver cargo vago compatível, o terceiro ficará em disponibilidade.

 Recondução: Volta do servidor público ao cargo anterior (só para servidor estável).

Ocorre em duas hipóteses:

a) Quando há a reintegração do anterior ocupante do cargo (como já foi dito acima).

b) Inaptidão no estágio probatório de outro cargo: o servidor público estável assume um


outro cargo, nesse novo cargo ele cumprirá novo estágio probatório para adquirir
estabilidade, se não for apto, ao invés de ser exonerado, o servidor será reconduzido
para o cargo de origem.

 Aproveitamento: Se o cargo do servidor estável for extinto ou declarado


desnecessário, ele ficará em disponibilidade. A disponibilidade é remunerada
proporcionalmente ao tempo de serviço. Surgindo um cargo vago, compatível com o
antigo cargo servidor, o aproveitamento é obrigatório. O aproveitamento é a volta ao
cargo público do servidor que estava em disponibilidade.

6.3 Vacância

Vacância é a desocupação do cargo, o cargo que estava ocupado volta a ficar vago.
Hipóteses:

1) Falecimento;
2) Aposentadoria;
3) Demissão (tem caráter punitivo) e Exoneração (sem caráter punitivo);
4) Promoção;
5) Readaptação;
6) Posse em cargo inacumulável (quando o servidor ocupa um outro cargo que não é
acumulável com o primeiro, vagando o primeiro).

Não é possível acumular cargos nem empregos, sejam eles da Administração Direta ou
Indireta, federais, estaduais, distritais ou municipais.

Exceções:

a) É possível acumular dois cargos de professor;


b) Dois cargos de profissionais de saúde, com profissão regulamentada (médico,
enfermeiro, fisioterapeuta);
c) Um cargo técnico ou científico + cargo
83

de professor;
d) Um cargo efetivo + cargo de vereador;
e) juiz + professor;
f) Promotor/procurador do MP e professor.

Para que a acumulação seja lícita, deve haver compatibilidade de horários e deve ser
respeitado o teto remuneratório do art.37, XI da CF (ninguém no serviço público pode
ganhar mais do que o Ministro do STF), ou seja, os dois cargos somados não podem
ultrapassar esse teto.

Se acumular cargo ilicitamente, a Administração oferecerá 10 dias para que o servidor


opte por um dos cargos, se não optar, abrirá um processo administrativo sumário que
poderá culminar na pena de demissão de todos os cargos.

6.4 Remoção e redistribuição

Remoção e redistribuição são hipóteses de descolado do servidor.

 Remoção: e o deslocamento do servidor na mesma carreira, ou seja, e o


deslocamento do servidor no mesmo quadro funcional com ou sem mudança de
sede. Exemplo: Delegado de Polícia Federal que esta lotado na Delegacia de
Representação a Entorpecentes e vai para a Delegacia Fazendária.

 Remoção de oficio: é realizada no interesse da administração pública.

 Remoção a pedido: é concedida a critério da administração pública, mas requerida


a pedido do servidor público.

Hipóteses de remoção a pedido vinculada:

 Deslocamento do cônjuge que foi removido em decorrência do interesse público;

 Motivo de saúde do próprio servidor, cônjuge ou de dependente econômica, desde


que seja demonstrado por meio de uma junta medica oficial que deverá elaborar um
laudo;

 Concurso de remoção: é um processo seletivo interno que deve ser realizado em


decorrência de antiguidade, devendo respeitar os critérios estabelecidos no edital.

AULA 6.1
 Redistribuição:

6.4 Remuneração do Serviço Público


84

Remuneração = vencimento básico do servidor + todas as vantagens pecuniárias


permanentes.

VencimentoS = Remuneração

A remuneração é irredutíveis.

A remuneração não pode ser inferior a um salário mínimo, o vencimento pode.

Pagamento por meio de subsídios: forma de pagamento feita ao servidor por meio de
parcela única, não se confunde com remuneração. Forma mais democrática de
pagamento, pois não engana o contribuinte.

Para algumas carreiras é obrigatória a implantação do subsídio, para todas as outras são
facultativas, são estas:

1) Agentes políticos;
2) Polícia;
3) Membros do Tribunal de Contas;
4) Advocacia Pública;
4) Defensoria Pública.

Como regra não é possível descontar da remuneração ou subsídio do servidor, salvo nos
casos de previsão legal ou decisão judicial.

A lei prevê descontos em caso de consignação em folha – empréstimo consignado -


desde que tenha interesse da Administração e autorização do servidor.

Além disso, nos casos de ressarcimento ao erário, o servidor pode requerer o


parcelamento do débito que será descontado em folha. Esse desconto em folha para
ressarcir o erário tem duas regras:

a) o valor da parcela não pode ser inferior a 10% da remuneração;

b) Em caso de desligamento do servidor, terá 60 dias para pagar o débito, sob pena de
inscrição na dívida ativa.

6.5 Responsabilidade do Servidor Público

O servidor que pratica uma única infração, pode ser punido três vezes, pois surge a
possibilidade de sanção na esfera penal, administrativa e civilmente. Pois as três esferas
são independentes entre si.

Exceção: Se o agente foi absolvido na esfera penal por inexistência do fato ou por
ausência de autoria, necessariamente ele vai ter que ser absolvido na esfera civil e
administrativa.

Observação: Se a sentença absolutória penal sair após a demissão, o servidor será


reintegrado.
85

O servidor que deve ao erário tem que fazer o ressarcimento, que se estende aos
herdeiros e sucessores do servidor falecido, nos limites da herança.
86

7. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Previsão Constitucional: Art. 37, § 4º da CF/88 “Os atos de improbidade


administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.

Previsão Legal: Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992.

Existe uma existe uma discussão acerca da lei de improbidade administrativa por
dois motivos:

Inconstitucionalidade Material:

 A lei de improbidade extrapola o texto constitucional em razão da previsão das


penalidades de suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sendo que a lei de
improbidade estipula diversas sanções. Doutrinariamente esse critério não é aceito.

 Segundo alguns doutrinadores a lei de improbidade visa tratar de aplicação de


sanções aos agentes públicos, cuja competência para legislar e concorrente, devendo
cada Estado e ao Distrito Federal criar suas próprias leis, devendo o Governo
Federal aplica a lei de improbidade. Doutrinariamente esse critério também não é
aceito.

Inconstitucionalidade formal:

Supremo julga improcedente ADI contra Lei de Improbidade Administrativa


O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou constitucional o trâmite da Lei de
Improbidade Administrativa - Lei 8.429/92 – no Congresso Nacional. A norma foi questionada pelo
Partido Trabalhista Nacional (PTN), que alegava que todo o texto seria inconstitucional por vício formal,
tendo em vista que a lei teria sido sancionada sem ser submetida ao processo legislativo bicameral
(Câmara e Senado), previsto no artigo 65, da Constituição.
Por maioria dos votos, os ministros julgaram improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI
2182), pela manutenção da norma no ordenamento jurídico, vencido o ministro Marco Aurélio (relator).
A Corte examinou a ação apenas sob o aspecto da inconstitucionalidade formal. Assim, o Plenário do
STF considerou a norma questionada constitucional, sob o ângulo do processo de edição da lei, ao
entender que o caminho percorrido pela lei no Congresso Nacional ocorreu sem vícios.
O artigo 65, da CF, no qual se fundamentou o partido para ajuizar a ação, determina que todo projeto
aprovado em uma das Casas do Congresso Nacional deve ser revisto pela outra. O projeto poderá se
tornar lei se a Casa revisora o aprovar. Se ela o rejeitar, o projeto deverá ser arquivado.
No dia 23 de maio de 2007, quando o Plenário iniciou o julgamento de mérito da matéria, o relator da
ADI, ministro Marco Aurélio, entendeu que, no caso, o processo legislativo bicameral foi realmente
violado. Ele argumentou que o projeto de lei foi encaminhado à Câmara dos Deputados pelo Executivo,
onde foi aprovado. No Senado, ele teria sido totalmente modificado por meio de substitutivo. Ao voltar
para a Câmara, o projeto teria sido mais uma vez modificado. Porém, em vez de ser arquivado ou voltar
para o Senado (que atuaria como Casa revisora), o projeto foi encaminhado à sanção presidencial.
A ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha e o ministro Ricardo Lewandowski abriram divergência e
ressaltaram que a alteração realizada pelo Senado foi meramente formal, e não no conteúdo.
Lewandowski entendeu que o projeto enviado pelo Senado Federal à apreciação da Câmara dos
Deputados é meramente uma emenda e não um novo projeto de lei.
Na sessão de hoje (12), o ministro Eros Grau apresentou seu voto-vista, unindo-se à divergência. “A
mim me parece que a Câmara dos Deputados deu estrito cumprimento ao disposto no artigo 65 da
87

Constituição”, disse. No mesmo sentido votaram os ministros Ayres Britto, Gilmar Mendes, Celso de
Mello e Cezar Peluso, que juntamente com os ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia,
formaram a maioria vencedora.
Aspecto material
Durante o julgamento, os ministros comentaram que o exame da constitucionalidade material da Lei de
Improbidade Administrativa, ou seja, questionamentos quanto ao próprio texto da norma, será tratado no
julgamento da ADI 4295, ajuizada pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN).

Atenção: Probidade enquanto norma principiologica se tem entendido que se trata de


uma ação moralmente aceita (honestidade no trato com o dinheiro público).

Improbidade administrativa não é sinônimo de violação do princípio da moralidade, a


violação desde princípio caracteriza uma das espécie de improbidade.

As sanções previstas na lei de improbidade possuem natureza civil, que será aplicada
por meio de uma ação civil pública por ato de improbidade.

O Agente público pode ser punido na esfera penal, administrativa e civil. Sendo que as
sanções de natureza administrativa serão aplicadas de acordo com seu regime
administrativo que o rege.

As sanções impostas pela lei de improbidade administração podem ser cumulada com as
sanções penais e administrativas, sem prejuízo destas últimas.

Sujeito Ativo: agente público.

Art. 1° e Parágrafo único da Lei de Improbidade Administrativa “Os atos de


improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao
patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita
anual, serão punidos na forma desta lei. Estão também sujeitos às penalidades desta lei
os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como
daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com
menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes
casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
públicos”.

Conceito de Agente público: Art. 2° Lei de Improbidade Administrativa “Reputa-se


agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função
nas entidades mencionadas no artigo anterior”.

Observação: A princípio a Lei de Improbidade Administrativa é aplicada a todos os


agentes públicos é também aos particulares que se aproveitem dos atos de improbidade
(participando, induzindo, concorrendo ou se aproveitando os lucros objetivos). Os
agentes políticos que são penados com pena atribuída pela constituição (crimes
88

responsabilidade) não podem ser responsabilizados com as sanções previstas na lei de


improbidade administrativa.

Sujeito passivo: Os entes da administração pública direta ou indireta, assim como as


entidades privas que recebem dinheiro público para seu custeio ou manutenção.

As entidades de recebem mais de 50% de dinheiro público ou patrimônio para seu


custeio ou manutenção são equiparadas aos entes públicos para fins de improbidade
administrativa.

As entidades de recebem menos de 50% de dinheiro público ou patrimônio público para


seu custeio ou manutenção para fins de improbidade somente é aplicada no limite do
dinheiro público no que tange ao patrimônio da entidade.

Espécies de atos de improbidade

Observação: Para que configure ato de improbidade administrativa independe de


efetivo dano ao erário ou reprovação de contas do Tribunal de Constas.

No caso de dano ao erário é punido a titulo de dolo ou culpa.

B- Enriquecimento ilícito: punido a titulo de dolo.

Art. 9° da Lei de Improbidade Administrativa “Constitui ato de improbidade


administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou
atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: I - receber,
para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem
econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou
presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público; II -
perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta
ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades
referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado; III - perceber vantagem
econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem
público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de
mercado; IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades; V -
receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a
exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de
contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de
tal vantagem; VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou
indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou
qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica
de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º
desta lei; VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo,
emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional
à evolução do patrimônio ou à renda do agente público; VIII - aceitar emprego,
89

comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou


jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou
omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade; IX -
perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba
pública de qualquer natureza; X - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que
esteja obrigado; XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas,
verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art.
1° desta lei; XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei”.

C- Dano ao erário: punido a titulo de dolo ou culpa.

Art. 10° da Lei de Improbidade Administrativa “Constitui ato de improbidade


administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos
bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: I - facilitar
ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de
pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei; II - permitir ou concorrer
para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a
observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; III - doar
à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins
educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades
legais e regulamentares aplicáveis à espécie; IV - permitir ou facilitar a alienação,
permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades
referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço
inferior ao de mercado; V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de
bem ou serviço por preço superior ao de mercado; VI - realizar operação financeira
sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente
ou inidônea; VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; VIII - frustrar a licitude
de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente; IX - ordenar ou permitir a
realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento; X - agir
negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à
conservação do patrimônio público;XI - liberar verba pública sem a estrita observância
das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente; XIII -
permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades. XIV –
celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços
públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação
orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei”.

D- Atentem contra princípios: punido a titulo de dolo.


90

Art. 11° da Lei de Improbidade Administrativa “Constitui ato de improbidade


administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação
ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade
às instituições, e notadamente: I - praticar ato visando fim proibido em lei ou
regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência; II - retardar ou
deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; III - revelar fato ou circunstância de
que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo; IV -
negar publicidade aos atos oficiais; V - frustrar a licitude de concurso público; VI -
deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; VII - revelar ou permitir que
chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de
medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço”.

Sanções:

Art. 12° da Lei de Improbidade Administrativa “Independentemente das sanções


penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável
pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas
isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: I - na hipótese do art.
9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento
integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do
acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos; II
- na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil
de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda
que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
cinco anos; III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver,
perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos,
pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo
agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos. Parágrafo
único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão do
dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente”.

Enriquecimento Ilícito Dano ao erário Atentado contra princípios

Perda Função Perda Função Perda Função

Obs: Perde a função que está


exercendo no momento da
aplicação da pena;

Obs: O STJ determina que no


momento de aplicação da sanção
91

por ato de improbidade deve ser


aplicado o princípio da
adequação. Exemplo: cassação de
aposentadoria se no momento da
aplicação da pena o servidor
estiver aposentado.

Perda de bens adquiridos com a Perda de bens adquiridos Não há perda de bens.
vantagem obtida ilicitamente. com a vantagem obtida
ilicitamente.

Ressarcimento ao erário Ressarcimento ao erário Ressarcimento ao erário

Multa que pode ser acrescida Multa que pode ser Multa de até 100 vezes o valor
em até 3 vezes o valor do dano acrescida em até 2 vezes o da remuneração do servidor.
causado. valor do dano causado.
Obs: não recebendo
remuneração o STJ entende que
o valor será calculado com base
no salário mínimo.

Suspensão dos direitos públicos Suspensão dos direitos Suspensão dos direitos
pelo prazo de 8 a 10 anos. públicos pelo prazo de 5 a 8 públicos pelo prazo de 3 a 5
anos. anos.
Obs: se a sentença silenciar o
prazo a ser aplicado será o menor.

Proibição de participar de Proibição de participar de Proibição de participar de


contratos públicos e licitações contratos públicos e contratos públicos e licitações
pelo prazo de 10 anos licitações pelo prazo de 5 pelo prazo de 3 anos
anos

Procedimento de investigação:

Art. 14 da Lei de Improbidade Administrativa “Qualquer pessoa poderá representar à


autoridade administrativa competente para que seja instaurada investigação destinada
a apurar a prática de ato de improbidade. § 1º A representação, que será escrita ou
reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do representante, as informações
sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento. § 2º A
92

autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se


esta não contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não
impede a representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei. § 3º
Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata
apuração dos fatos que, em se tratando de servidores federais, será processada na
forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se
tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos
disciplinares”.

Art. 15 da Lei de Improbidade Administrativa “A comissão processante dará


conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência
de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a
requerimento, designar representante para acompanhar o procedimento
administrativo”.

Sequestro e Indisponibilidade dos bens:

Art. 16 da Lei de Improbidade Administrativa “Havendo fundados indícios de


responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do
órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do seqüestro dos bens do
agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio
público. § 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts.
822 e 825 do Código de Processo Civil. § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a
investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras
mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais”.

Atenção: Art. 22 da Lei de Improbidade Administrativa “Para apurar qualquer ilícito


previsto nesta lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade
administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no art.
14, poderá requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento
administrativo”.

Procedimento processual:

Sujeito ativo: Pessoa Jurídica lesada. ente que receba recursos públicos ou Ministério
Público.

Atenção: Caso o Ministério Público promova a ação a pessoa lesada deve ser intimada.
Caso a pessoa lesada prova a ação o Ministério deverá atuar como fiscal da lei.

Sujeito passivo: Sujeito que lecionou o patrimônio público ou aquele que benefício ou
participou do ato.

Competência: Juiz singular (de primeira instância).

Observação: Não existe previsão infra constitucional do foro privilegiado para as ações
de improbidade administrativa. No entanto, o STF e o STJ têm entendido que no caso
de ação de improbidade em fase de membros da magistratura a competência será do
Tribunal, visando preservar a hierarquia funcional.
93

Art. 17 da Lei de Improbidade “A ação principal, que terá o rito ordinário, será
proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta
dias da efetivação da medida cautelar.§ 1º É vedada a transação, acordo ou
conciliação nas ações de que trata o caput. § 2º A Fazenda Pública, quando for o caso,
promoverá as ações necessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio
público. § 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público,
aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho
de 1965. § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará
obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade. § 5o A propositura da ação
prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que
possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. § 6o A ação será instruída com
documentos ou justificação que contenham indícios suficientes da existência do ato de
improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de
qualquer dessas provas, observada a legislação vigente, inclusive as disposições
inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil. § 7o Estando a inicial em
devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para
oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e
justificações, dentro do prazo de quinze dias. § 8o Recebida a manifestação, o juiz, no
prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da
inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da
via eleita. § 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar
contestação. § 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de
instrumento. § 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação
de improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito. § 12. Aplica-se
aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei o
disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal”.

Afastamento preventivo: Art. 20, Parágrafo único da Lei de Improbidade “A


autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do
agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual”.

Sentença:

Art. 18 da Lei de Improbidade “A sentença que julgar procedente ação civil de


reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o
pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica
prejudicada pelo ilícito”.

Art. 20 da Lei de Improbidade “A perda da função pública e a suspensão dos direitos


políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória”.

Art. 21 da Lei de Improbidade “A aplicação das sanções previstas nesta lei


independe: I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à
pena de ressarcimento; II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas”.

Prescrição:
94

Art. 23 da Lei de Improbidade Administrativa “As ações destinadas a levar a efeitos as


sanções previstas nesta lei podem ser propostas: I - até cinco anos após o término do
exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança; II - dentro do
prazo prescricional previsto em lei específica (prazo estabelecido Estatuto do Servidor)
para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de
exercício de cargo efetivo ou emprego”.

1ª Corrente: entende que em relação ao particular pela falta de previsão da Lei de


Improbidade Administrativa o prazo de prescrição será de 10 anos, conforme o
estabelecido pelo CC/02.

2ª Corrente: Se o particular agir conjuntamente com o agente publico o prazo


prescricional será o mesmo da prescrição estabelecida pelo Art. 23 da Lei de
Improbidade Administrativa.

Art. 37, § 5º da CF/88 “A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos


praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário,
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”.
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11. BENS PÚBLICOS

11.1 Conceitos

 Domínio Público:

 Domínio em Sentido amplo: a doutrina costuma chamar de domínio eminente – O


Estado exerce soberania em todos os bens que se encontrem em seu território. E
gera a possibilidade de intervenções na propriedade.

 Domínio em Sentido Restrito: a doutrina costuma chamar de domínio de bens


públicos – são os bens que compõem o patrimônio do Estatal.

 Bens Públicos:

Art. 98 do Código Civil “São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às


pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual
for a pessoa a que pertencerem”.

A doutrina entende que os bens privados atrelados a prestação de um serviço público


gozam das garantias impostas aos bens públicos.

11.2 Classificações

 Quanto à destinação:

Bens de uso comum: são aqueles bens destinados a serem utilizados pela população em
geral. A utilização normal destes bens não depende de autorização do Poder Público.

Exemplo: Praças.

Bens de uso especial: são aqueles bens destinados a serem utilizados pelos próprio ente
público no exercício de suas atividades corriqueiras.

 Uso especial direto: são os bens que compõe a estrutura da maquina


administrativa;

 Uso especial indireto: são os bens protegidos pelo poder público.

Bens dominicais: são bens públicos porque pertencem ao poder públicos, mas não
possuem nenhuma finalidade pública.

Art. 99. III do Código Civil “os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas
jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma
dessas entidades”.

Observações:

Bens afetados: aqueles que possuem uma destinação especifica atrelados ao interesse
público.
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Bens não afetados: são aqueles bens que não possuem nenhuma destinação especial,
não é utilizado para buscar o interesse público.

Observação:

Afetar o bem: determinar uma destinação pública. O simples uso afeta o bem.

Desafetar: retirar a destinação pública. A desafetação deve ser realizada por meio
formal, ou seja, por meio de lei.

Exceção: Os bens de uso especial podem ser desafetados por fato da natureza.

11.3 Utilização de bens públicos

A- Autorização de Uso: é um ato administrativo discricionário e precário. Onde o


particular utilizará o bem para satisfazer os seus interesses pessoais;

B- Permissão de Uso: é um ato administrativo discricionário e precário. Essa permissão


e destinada a satisfazer os interesses da coletividade;

C- Concessão de uso: é realizada mediante um contrato.

 Concessão de uso para fins de moradia: somente se concede uma vez na vida para
uma pessoa.

 Concessão real de uso: É regulamentada pelo Decreto 271/67. Pode ser realizada
por prazo indeterminado e pode ser realizado na modalidade concorrência.

Observação: Bem público não pode ser objeto de usucapião.

11.4 Garantias dos Bens Públicos

 Impenhorabilidade;

 Não onerabilidade (não podem incidir sobre os bens públicos as garantias de


uso real);

 Imprescritibilidade. Os bens públicos não podem ser objeto de usucapião;

 Alienabilidade condicionada: os bens públicos podem ser alienados desde que seja
respeitado a legislação (desafetação, verificação do interesse público, avaliação
previa e licitação).

Observação: No caso de alienação de bem imóvel se faz necessário uma


autorização legislativa.

Art. 20 da CF/88 “São bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe
vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
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das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à


preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de
água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem
como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV as ilhas fluviais e lacustres nas
zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as
costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art.
26, II;V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva; VI - o mar territorial; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII -
os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; XI -
as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.§ 1º - É assegurada, nos termos da
lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da
administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou
gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros
recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou
zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.§ 2º - A
faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras
terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa
do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei”.

Art. 26 da CF/88 “Incluem-se entre os bens dos Estados: I - as águas superficiais ou


subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da
lei, as decorrentes de obras da União; II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou
terceiros; III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; IV - as terras
devolutas não compreendidas entre as da União”.
98

12. SERVIÇOS PÚBLICOS

A- Conceito de Serviço Público:

A Conceituação de serviço público deve ser mais restrita e quando se pensa em serviço
público se faz necessário a caracterização de três elementos. Os quais são:

 Substrato material: o serviço público e uma comodidade ou utilidade usufruída


continuamente pela coletividade;

 Trato Formal: essa comodidade ou utilidade usufruída continuamente pela


coletividade, que deve ser realizada sob a forma do direito público;

 Elemento Subjetivo: o Estado deve prestar o serviço direta ou indiretamente. Ou


seja, o Estado deve promover o serviço público.

Observação: A prestação do serviço não se confunde com outras atividade públicas.

 Uma obra pública não pode ser confundida como serviço público porque possui
começo, meio e fim – Já o serviço e prestado continuamente;

 Também não se pode confundir serviço público com Poder de Polícia – O qual é
uma restrição dos direitos individuais e não uma comodidade;

 Exploração da Atividade Econômica não pode ser considera como serviço público –
Em razão de ser regida pelo Direito Privado, ainda que tenha como finalidade o
interesse público.

B- Princípios da Prestação de Serviço Públicos:

 Princípios Basilares do Direito Administrativo:

A prestação de serviços públicos também se sujeitar ao Regime Jurídico


Administrativo, ou seja, observância dos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência.

 Princípios Específicos da Prestação do Serviço Público:

 Princípio da Continuidade: a prestação do serviço público não pode ser


interrompida como regra.

§3º do Art. 6º da Lei 8.987/95 “Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a


sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: I - motivada
por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, II - por
inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade”.

 Princípio da Generalidade ou universalidade: o serviço público deve ser prestado


a todos ou pelo menos a maior quantidade de pessoas possível;
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 Princípio da modicidade: os valores cobrados pela administração pública devem


ser cobrados de uma forma que todas as pessoas possam fazer uso;

 Princípio da Cortesia: o usuário do serviço público deve ser tratado com


urbanidade;

 Princípio da Adaptabilidade: o Estado dever adequar os serviços públicos à


modernização e atualização das necessidades dos administrados;

 Princípio da Isonomia: os iguais devem ser tratados de uma forma igual e os


desiguais na medida de sua desigualdade.

Observação: O serviço público prestado adequadamente e verificado pela observância


destes princípios.

C- Descentralização do Serviço Público:

A descentralização dos Serviços Públicos podem ser realizada sob duas formas:

 Outorga – Descentralização por serviço: o Estado transfere a uma outra pessoa


jurídica a prestação do serviço e a titularidade. Somente ocorre essa transferência
para Pessoas Jurídicas de Direito Público. Devendo ser realizada mediante lei;

 Delegação - Descentralização por colaboração: o Estado somente transfere a


prestação do serviço público. Pode ser delegada para Pessoas Jurídicas de Direito
Público ou Privado. Caso a delegação seja realizada para Pessoas Jurídicas de
Direito Público deverá ser realizado mediante lei, caso seja delegado para Pessoa
Jurídica de Direito Privado o instrumento a ser utilizado será o contrato.

D- Classificação dos Serviços:

 Gerais “uti universi”: são os serviços prestados e gozados por todos os


administrados.

Exemplo: Segurança Pública.

 Individuais “uti singuli”: e aquele serviço prestado a todos, porem é possível


mensurar a “quantidade” de serviço prestado. Podendo ser cobrados pelo Estado
mediante taxas ou tarifa individualizada.

Exemplo: Utilização de agua, telefone, energia elétrica.

 Serviços Exclusivos Indelegáveis: são aqueles serviços que somente o Estado pode
prestar diretamente;

 Serviços Exclusivos Delegáveis: são aqueles serviços que podem ser delegados a
outras entidades;

 Serviços Exclusivos de Delegação Obrigatório: o Estado necessariamente delega


o serviço de transmissão de radio difusão de som e imagem;
100

 Serviços Públicos Não Exclusivos de Estado: São serviços que o Estado presta e
que o Particular também podem prestar sem necessidade de delegação;

E- Delegação Contratual:

 Previsão Constitucional:

Art. 175 da CF/88 “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I - o regime das empresas
concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu
contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
rescisão da concessão ou permissão; II - os direitos dos usuários; III - política
tarifária; IV - a obrigação de manter serviço adequado”.

 Previsão Legal: Lei 8.987/95

 Contrato de Concessão:

Administração: (contrata uma empresa).

Empresa: (fica responsável pela prestação de um serviço).

Remuneração: (decorre da exploração da atividade exercida pela empresa contratada).

 Espécies de Concessão:

 Concessão Simples:

 Concessão decorrente de uma obra: a administração contrata a empresa, sendo


que está empresa realiza uma obra para que a prestação do serviço possa ser
realizada.

Observação: O Contrato de Concessão obrigatoriamente deve ser precedido de


licitação na modalidade concorrência. No Entanto a Lei 8.987/95 autoriza que o edital
possa conter uma inversão de fases de habilitação e classificação.

 Contrato:

 Partes:

Poder Concedente: ente público concedente;


101

Concessionária: pode ser pessoa jurídica ou consorcio de empresas.

Exemplo:

Poder Concedente: Prefeitura Municipal de Porto Ferreira.

Concessionária: Foz do Brasil.

 Prazo de vigência do contrato: respeita todas as normas estabelecidas pela Lei de


Licitações, porem o prazo de duração do contrato e estabelecido pelo contrato.

 Cláusulas Exorbitantes:

 Alteração Unilateral: a administração pública pode aumentar ou diminuir em até


25% o valor do contrato, desde que seja justificado pelo interesse público;

 Rescisão Unilateral:

Inadimplemento contratual: é denominada de caducidade;

Falta de interesse público: é denominada de encampação. Neste caso o Estado tem o


dever de indenizar os investimentos não amortizados.

 Fiscalização da execução do contrato: existindo fundado receio de irregularidade


o poder concedente poderá intervir na gestão do contrato. Sendo nomeado o
interventor, o Poder Concedente tem o prazo de 30 dias para instaurar o
procedimento administrativo e 180 dias para conclusão do procedimento
administrativo destinado a apurar as irregularidades.

 Ocupação temporária de bens: o Poder Concedente pode ocupar os bens


temporariamente para garantir a prestação do serviço.

Observação: Os bens atrelados a execução do serviço prestado são revertidos para a


administração pública, mediante indenização para que a execução do serviço possa ser
continuada.

 Penalidade: são aquelas previstas na Lei de Licitações.

 Subcontratação: pode ser realizada no contrato de concessão, desde que esteja


previsto no edital e no contrato, e desde que seja autorizado pelo ente concedente da
execução parcial no contrato.

Observação: A subcontratação nos contratos de concessão recebe o nome de


subconcessão, desde que seja precedido de licitação na modalidade concorrência.

 Parcerias Públicos Privadas:

Previsão Legal: 11.079/04


102

Espécies de Parcerias Públicas Privadas:

As Parcerias Públicas Privadas devem seguir a regra geral de concessão de serviços (o


usuário paga pelo serviço prestado).

 Concessão patrocinada: A administração contratada, a empresa realiza o serviço e


o usuário paga pelo serviço prestado.

 Concessão administrativa: A administração contrata, a empresa realiza o serviço e


o usuário paga pelo serviço prestado. No entanto a administração pública paga a
empresa (a administração paga pelo serviço prestado porque ela é usuária) com a
finalidade de garantir tarifas mais modicas. A administração pode custear a
porcentagem de até 70% do valor dos serviços prestados.

Exemplo: No caso de uma penitenciaria construída e gerida por uma empresa


particular.

 Prazo de duração do contrato:

 Mínimo de 5 anos;

 Máximo de 35 anos;

Valor mínimo: 20 milhões de reais.

Observação: Necessariamente o objeto do contrato deve ser a prestação de um serviço


público.

 Compartilhamento de riscos:

O Estado deve responder solidariamente pelos danos causados pela parceria público
privada. Visando a diminuição de custos.

 Compartilhamento dos ganhos decorrentes da redução dos riscos;

 Nos contratos de parcerias públicos privadas existe a possibilidade de


solucionar um conflito por meio de arbitragem.

 Gestão do contrato de parceria público privada: antes da celebração do contrato,


deve ser realizado uma sociedade de proposito especifico, que tem como finalidade
gerir o contrato de parceria. Sendo que o patrimônio desta sociedade será composto
por patrimônio público e privado. No entanto o Estado não deve ser o acionista
majoritário.

 Permissão:

Art. 40 da Lei 8.987/95 “A permissão de serviço público será formalizada mediante


contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes
e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral
103

do contrato pelo poder concedente. Parágrafo único. Aplica-se às permissões o


disposto nesta Lei”.

Atualmente se tem o entendimento que a permissão possui natureza de contrato e,


portanto não pode possuir caráter precário.

O contrato de permissão basicamente e realizado com o mesmo sistema do contrato de


concessão.

 Características específicas do contrato de permissão:

 Deve ser precedido de licitação, sendo que a modalidade será determinada pelo
valor do contrato;

 O contrato de permissão pode ser celebrado com pessoas físicas e jurídicas;

 O contrato de permissão pode ser celebrado independentemente de autorização


legislativa, ao contrario do que é exigido nos contratos de concessão de serviços
públicos.

F- Consórcios Públicos:

 Previsão Legal: Lei 11.107/05

 Natureza Jurídica: Consórcio, e uma gestão associada de entes federativos.


104

13.

14. CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO

14.1 Sistemas

A- Sistema de controle administrativo único (Inglês): nenhuma lesão ou ameaça de


lesão pode ser afastada da apreciação do Poder Judiciário. Sistema adotado pelo Brasil.

Somente o Poder Judiciário produz coisa julga, ou seja, a matéria não pode ser mais
discutida.

Art 5, XXXV da CF/88 “ a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito”.

Art. 70 da CF/88 “A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de
receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que,
em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária”.

Art. 74 da CF/88 “Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma


integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento
das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos
orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e
entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por
entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e
garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no
exercício de sua missão institucional. § 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao
tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência
ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º -
Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na
forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas
da União”.

Art. 75 da CF/88 “As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à
organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do
Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas
respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros”.

B- Sistema de controle administrativo contencioso (Frances): o judiciário julga todas


as contendas existentes, menos as que envolvem a administração pública. A
administração pública deve julgar seus próprios atos. A utilização deste sistema gera um
grande problema, a imparcialidade.
105

14.2 Classificações do controle:

A- Quanto ao momento de realização:

 Controle prévio: e aquele controle exercido antes da prática do ato, ou seja, de


forma preventiva;

 Controle posterior: e aquele controle exercido após a prática do ato, ou seja, de


forma repressiva.

B- Quanto modo de analisar:

 Controle de legalidade: tem por objetivo analisar a adequação do ato com a lei;

 Controle de mérito: tem por objetivo analisar a existência do interesse público, de


conveniência e oportunidade;

C- Quanto ao órgão que executa o controle:

 Controle interno: é o controle exercito do ato praticado pela própria administração


pública.

 Controle externo: realizado por poderes distintos. Somente é permitido em caso de


expressa previsão constitucional.

1- Controle Exercido pelo Poder Judiciário:

 Habeas Datas: “direito de informação referente à própria pessoa do impetrante”. O


HD tem a finalidade de acrescentar, alterar ou proporciona a obtenção de
informações a seu respeito, desde sejam negados esses direitos.

Previsão Legal: 9.507/98

 Mandado de Segurança: tem a finalidade de anular os atos lesivos, diante de um


direito liquido e certo.

A impetração do MS somente pode ser realizada pelo prazo de 120 dias, contado a partir
da ciência do ato praticado a ser impugnado.

Não cabe MS contra lei em tese, atos de gestão comercial práticados pelos dirigentes
das SEM e das Empresas Públicas.

Previsão Legal: Lei 12.016/09

 Ação Ordinária Anulatória: regulamentada pelo CPC. Visa impugnar um ato que
viole o interesse de um particular.

Legitimidade: particular que teve seu direito lesado/prejudicado.


106

 Ação Popular: visa impugnar um ato que viole o interesse da coletividade.

Previsão Legal: Lei 4717/65

Legitimidade: Cidadão.

 Ação Civil Pública: visa impugnar um ato que viole o interesse da coletividade.

Previsão Legal: Lei 7.347/

Legitimidade: Ministério Público, Defensoria Pública e Associação ou Entidade de


Classe.

2- Controle Exercido pelo Poder Legislativo:

 Controle de mérito ou de legalidade.

Controle parlamentar direito:

Controle auxiliado pelo Tribunal de Contas:

D- Quanto ao modo de execução do controle:

 Realizado de oficio: realizado sem provocação;

 Realizado mediante provocação: realizado mediante solicitação ou requisição.

Art. 71 da CF/88 “O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido


com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: I - apreciar as contas
prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que
deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; II - julgar as
contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário
público; III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de
pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de
provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e
pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do
ato concessório; IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do
Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de
natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades
administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
referidas no inciso II; V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais
de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do
tratado constitutivo; VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado,
ao Distrito Federal ou a Município; VII - prestar as informações solicitadas pelo
107

Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas
Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas; VIII - aplicar aos
responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as
sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa
proporcional ao dano causado ao erário; IX - assinar prazo para que o órgão ou
entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
ilegalidade; X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a
decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI - representar ao Poder
competente sobre irregularidades ou abusos apurados. § 1º - No caso de contrato, o ato
de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de
imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2º - Se o Congresso Nacional ou o
Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no
parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. § 3º - As decisões do Tribunal de
que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. § 4º - O
Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de
suas atividades”.
108

15. PROCESSO ADMINISTRATIVO

A- Previsão Legal: Lei 9.784/99.

Observação: A Lei 9.784/99 e utilizada integralmente para qualquer processo


administrativo que não tenha previsão legal especifica, ou seja, e uma lei utilizada
subsidiariamente.

B- Princípios do Processo Administrativo:

A Administração Pública ao praticar atos processuais administrativos devem respeitar a


Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e a Eficiência.

Princípios Basilares dos Processos:

 Contraditório e Ampla defesa:

Súmula Vinculante 5 do STF: “A falta de defesa técnica por advogado no


processo administrativo disciplinar não ofende a constituição”.

Súmula Vinculante Nº 21 do STF: “É inconstitucional a exigência de depósito ou


arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo”.

 Devido Processo Legal: observância do procedimento previsto em lei.

 Oficialidade: o processo administrativo é impulsionado de oficio ou mediante


provocação do interessado.

 Gratuidade: são se tem cobrança de custas para andamento do processo


administrativo.

 Formalismo necessário: a forma do processo administrativo deve ser observada


pela Administração visando assegurar os direitos dos cidadãos. No entanto os atos
praticados pelo administrador não precisa se preocupar com a forma dos atos que
pratica.

 Instrumentalidade das formas: é um instrumento destinado a garantir o interesse


público.

C- Estrutura do processo Administrativo:

I- Instauração do processo:

 Mediante provocação: de qualquer interessado;

 Oficio: quando a própria administração resolver investigar-processar.

II- Inquérito administrativo:


109

 Produção de provas;

 Observância dos princípios

 O particular possui o prazo de 5 dias para se manifestar sobre provas e sob


quaisquer atos praticados no processo pela administração.

 Relatório.

III- Julgamento:

 Impedimento:

Art. 18 da Lei Nº 9.784/99 “É impedido de atuar em processo administrativo o


servidor ou autoridade que: I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; II - tenha
participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais
situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro
grau; III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou
respectivo cônjuge ou companheiro”.

Art. 19 da Lei Nº 9.784/99 “A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento


deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar. Parágrafo único.
A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos
disciplinares”.

 Suspeição:

Art. 20 da Lei Nº 9.784/99 “Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor


que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os
respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau”.

Art. 21 da Lei Nº 9.784/99 “O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser


objeto de recurso, sem efeito suspensivo”.

 Dever de motivação:

Art. 50 da Lei Nº 9.784/99 “Os atos administrativos deverão ser motivados, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem
direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III -
decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV - dispensem ou
declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos
administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar
jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e
relatórios oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de
ato administrativo. § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo
consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. §
2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico
que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou
110

garantia dos interessados. § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e


comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito”.

D- Recursos: prazo de 10 dias se não existir previsão legal especifica.

Recurso – reconsideração: deve ser respondido pelo prazo de cinco dias, caso a
autoridade coatora não faça reconsideração deverá encaminhar para autoridade superior.

Observação: caso a autoridade administrativa observe uma situação que agrave a


situação do recorrente na lei, em decorrência do princípio do interesse público deverá
agravar.

Hierarquia de tramitação do processo administrativo: somente pode existir três


instâncias julgadoras, sendo que após caracteriza a coisa julgado.

E- Revisão: não existe previsão de prazo, desde que sejam apresentados novos fatos a
serem discutidos naquele processo.

Observação: na revisão a situação do sujeito que solicita não pode ser prejudicada.

F- Contagem de prazos:

Art. 66 da Lei Nº 9.784/99 “Os prazos começam a correr a partir da data da


cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do
vencimento. § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o
vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da
hora normal. § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo. § 3o Os
prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do vencimento
não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia
do mês”.

Art. 67 da Lei Nº 9.784/99 “Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os


prazos processuais não se suspendem”.

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