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2ª Edição D I S C I P L I N A Pré-Cálculo

Introdução à linguagem matemática

Autores

Rubens Leão de Andrade

Ronaldo Freire de Lima

aula

Material APROVADO ((conteúdo e imagens)


g ) Data: ___/___/___ Nome:______________________
01
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara

Ministro da Educação Ilustradora


Fernando Haddad Carolina Costa
Secretário de Educação a Distância – SEED Editoração de Imagens
Ronaldo Motta
Adauto Harley
Carolina Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Diagramadores
Reitor
Bruno de Souza Melo
José Ivonildo do Rêgo
Vice-Reitor Adaptação para Módulo Matemático
Nilsen Carvalho Fernandes de Oliveira Filho Thaisa Maria Simplício Lemos
Pedro Gustavo Dias Diógenes
Secretária de Educação a Distância
Vera Lúcia do Amaral Imagens Utilizadas
Banco de Imagens Sedis (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN
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Divisão de Serviços Técnicos


Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Andrade, Rubens L. de.


Pré-cálculo / Rubens L. de Andrade, Ronaldo F. de Lima. – Natal, RN : EDUFRN Editora da UFRN, 2006.
248 p.

ISBN 85-7273-295-0

Conteúdo: Introdução à linguagem matemática - Os números naturais e os números intereiros. - Frações e números
decimais - os números racionais - Os números reais - Polinômios e equações algébricas - Inequações algébricas e intervalos
- Funções I - Funções II - Funções polinomiais - Funções afins - funções quadráticas - As funções exponencial e logarítmica
- Funções trigonométricas - Funções trigonométricas inversas.

1. Número real. 2. Equação. 3. Função. I. Lima, Ronaldo F. de. II. Título.


CDD 512.81
RN/UF/BCZM 2006/ 29 CDU 517.13

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação
Estamos iniciando a disciplina Pré-Cálculo, que visa dar subsídios ao estudo do cálculo
diferencial.
O cálculo diferencial é uma teoria matemática que se desenvolveu ao longo do século
XVII, principalmente com os trabalhos de dois grandes cientistas desse período, Newton e
Leibniz, constituindo-se num dos fundamentos da Matemática teórica e aplicada, sobretudo,
à Física.
Os objetos de estudo do cálculo diferencial são as funções, mais especificamente, as
funções reais de variável real. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivo principal
discutir os conceitos de número real e função.
O conteúdo é, feitas algumas exceções, igual àqueles do Ensino Médio que tratam dos
mesmos assuntos. Por essa razão, o pré-cálculo tem um caráter de “curso de revisão”.
No entanto, daremos a ele um direcionamento que nos permita fazer uma abordagem mais
madura, que conduza você a uma compreensão mais profunda dos conceitos e resultados
envolvidos, fornecendo-lhe condições de estabelecer conexões e, assim, obter uma visão
global da teoria.
Com esse propósito, faremos nesta aula uma breve introdução à linguagem matemática.
Isso favorecerá bastante o entendimento dos textos deste e de outros cursos que você vier
a fazer, uma vez que o domínio da linguagem de uma teoria é essencial para o seu bom
entendimento.
No decorrer da aula, discutiremos, então, alguns aspectos da teoria dos conjuntos e da
Lógica, que são a base da linguagem matemática moderna.

Objetivos
Familiarizá-lo com os principais aspectos da
1 linguagem matemática contemporânea, dando-lhe
capacidade de ler e interpretar textos das mais diversas
áreas.

Ao fim da aula, você deverá ser capaz de entender


2 os significados das proposições e suas respectivas
negações, bem como os métodos de demonstração
direta e indireta de teoremas.

Aula 01 Pré-Cálculo 1
A linguagem da teoria
dos conjuntos
Conceitos básicos – propriedades

Conjunto, elemento e pertinência são conceitos ditos primitivos, isto é, não há uma
definição para eles. Assim, se A é uma coleção qualquer de objetos e a é um deles, dizemos
simplesmente que a é um elemento de A ou, equivalentemente, que a pertence a A , e
representamos isso simbolicamente por
a ∈ A.
Caso contrário, dizemos que a não pertence a A e escrevemos
a∈
/ A.
Há pelo menos duas maneiras de se descrever um conjunto. Uma é listando-se os seus
elementos, por exemplo,
A = {a, e, i, o, u}.
Outra é identificando-os por uma propriedade que lhes seja comum. Por exemplo, o conjunto
A acima poderia ser descrito por
A = {x; x é vogal do alfabeto latino},

em que o símbolo “ ; ” significa tal que. Essa descrição deve ser entendida como: A é o
conjunto de todos os x que satisfazem à condição, x é vogal.
Na maioria dos casos, no entanto, é impraticável, quando não impossível, descrever-se
um conjunto listando-se seus elementos, o que acontece por exemplo com
B = {x; x é partícula do universo}.

Dois conjuntos A e B são ditos iguais, se todos os elementos de A são elementos de


B e vice-versa. Nesse caso, escrevemos A = B. Se todos os elementos de A são elementos
de B, dizemos que A está contido em B e escrevemos A ⊂ B ou, equivalentemente,
que B contém A, e escrevemos B ⊃ A. Nesse caso, diz-se ainda que A é um subconjunto
de B . Caso contrário, isto é, se existir pelo menos um elemento de A que não pertença a
B , dizemos que A não está contido em B , e o denotamos por A ⊂ B .
Por exemplo, dados os conjuntos
A = {x; x é vogal do alfabeto latino} e B = {x; x é partícula do universo},
os conjuntos C = {a, e, i} e D = {x; x é elétron} são tais que C ⊂ A e D ⊂ B.
A relação A ⊂ B é chamada de inclusão.

2 Aula 01 Pré-Cálculo
A inclusão tem propriedades que são conseqüências imediatas da definição. Por
exemplo, se A ⊂ B e B ⊂ C , temos que todo elemento de A é elemento de B e
que todo elemento de B é elemento de C . Logo, todo elemento de A é elemento de C ,
donde se conclui que A ⊂ C . Essa propriedade é chamada de transitiva.
Além da transitividade, há as propriedades de reflexividade e anti-simetria. Essas são
as três propriedades fundamentais da inclusão, as quais listamos a seguir.
Dados conjuntos quaisquer A , B e C , tem-se
reflexividade: A ⊂ A;
anti-simetria: se A ⊂ B e B ⊂ A, então, A = B;
transitividade: se A ⊂ B e B ⊂ C, então, A ⊂ C.
Vale salientar que a anti-simetria é uma propriedade bastante utilizada em
demonstrações de igualdade entre conjuntos, conforme veremos adiante.
Um conjunto pode ter outros conjuntos como elementos. Esse é o caso de A = {a, {b}}
e B = {{a, b}, {c}} . Note que, nesses exemplos, tem-se {b} ∈ A e não {b} ⊂ A.
Também {a, b} ∈ B e não {a, b} ⊂ B .
Dados dois ou mais conjuntos, obtém-se outros a partir destes, efetuando-se certos
tipos de operações como as que definiremos agora. São elas: a união e a interseção.
Sejam A e B dois conjuntos quaisquer. A união entre A e B , que simbolizamos por
A ∪ B, é o conjunto formado por todos os elementos que estão em A ou em B , isto é,
A ∪ B = {x; x ∈ A ou x ∈ B}.

Por exemplo, se A = {a, i, o} e B = {a, e, i, u} , então, A ∪ B = {a, e, i, o, u} .


Convém observar que a conjunção “ou”, em linguagem matemática, não tem o caráter
de exclusão que tem na linguagem comum. Dessa forma, quando dizemos x ∈ A ou
x ∈ B , deve-se entender que, pelo menos uma dessas possibilidades ocorre, não ficando,
pois, excluída a possibilidade de x ser elemento de A e de B .
Como outro exemplo, suponhamos que só há dois tipos de maçãs, as verdes e as
vermelhas. Então, se A é o conjunto de todas as maçãs verdes e B o de todas as maçãs
vermelhas, A ∪ B é simplesmente o conjunto de todas as maçãs.
A interseção entre dois conjuntos A e B , que simbolizamos por A ∩ B , é o conjunto
formado por todos os elementos comuns a A e B , isto é,
A ∩ B = {x; x ∈ A e x ∈ B}.

Então, se A = {a, i, o} e B = {a, e, i, u} , tem-se A ∩ B = {a, e, i} .


Suponha que U = {x; x é ser humano} , A = {x; x ∈ U e x tem mais de 30 anos}
e B = {x; x ∈ U e x tem menos de 50 anos} . Então,
A ∩ B = {x; x ∈ U e x tem idade entre 30 e 50 anos}.

Aula 01 Pré-Cálculo 3
Operações entre conjuntos podem também ser representadas por diagramas de Venn,
conforme indicado na Figura 1.

Figura 1 – As partes hachuradas representam, respectivamente, A ∪ B e A ∩ B

Em Matemática, é comum nos depararmos com situações em que há vários conjuntos


que são todos subconjuntos de um conjunto-universo U . Nesse caso, se A ⊂ U , pode-se
querer considerar o conjunto formado pelos elementos de U que não estão em A , chamado
de complementar de A (com relação a U ), e denotado por Ac (Figura 2).

C
A
A

Figura 2 – Diagrama de Venn do complementar de um conjunto A ⊂ U

Consideremos, por exemplo, o caso em que U = {x; x é ser humano} , A = {x; x ∈


U e x é do sexo masculino} e B = {x; x ∈ U e x é do sexo feminino} . Então, Ac = B
e Bc = A .
Do ponto de vista teórico, é importante definirmos um conjunto que não tenha
elementos, o que, a princípio, pode parecer estranho. No entanto, se considerarmos, por
exemplo, A = {a, b, c} e B = {g, h} , temos que A ∩ B é um conjunto sem elementos,
uma vez que A e B não têm elementos em comum.
O conjunto que não tem elementos é chamado de conjunto vazio, e é denotado por ∅.
Partindo-se do princípio de que qualquer coisa é igual a ela mesma, temos
∅ = {x; x = x}.

4 Aula 01 Pré-Cálculo
No fim desta aula, provaremos que o vazio é subconjunto de qualquer conjunto, isto é,
que se A é um conjunto qualquer, então, ∅ ⊂ A .

Atividade 1

Descreva cada um dos conjuntos abaixo pela propriedade de seus


1 elementos.
a) A = {quarta-feira, quinta-feira};

b) B = {Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo}.

2 Dados os conjuntos
A = {a, b}, B = {{a}, {b}},
C = {{a}, {a, b}}, D = {{a}, {b}, {a, b}},
assinale V (verdadeiro) ou F (falso).

(a) A = B ( ) (b) A ⊂ B ( ) (c) A ⊂ C ( ) (d) A ∈ C ( )


(e) A ⊂ D ( ) (f) B ⊂ C ( ) (g) B ⊂ D ( ) (h) B ∈ D ( )
(i) A ∈ D ( )

Dado um conjunto A, chama-se conjunto das partes de A, e denota-


3 se por P(A), o conjunto formado por todos os subconjuntos de A .
Determine P(A) , sabendo-se que A = {a, b, c} (não esqueça que
o vazio ∅ e o próprio A são subconjuntos de A ).

Verifique, através de exemplos e diagramas de Venn, as identidades


4 abaixo.
A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C).
A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C).

Aula 01 Pré-Cálculo 5
Liguagem
Linguagembásica
básicada
daLógica
Lógica

A
Matemática, devido ao seu caráter de ciência exata, requer uma linguagem que não
dê lugar a afirmações imprecisas ou de sentido dúbio. Para tanto, faz-se uso da
linguagem proposicional, que é fundamentada numa teoria chamada Lógica.
A seguir, discutiremos alguns aspectos dessa linguagem, que será utilizada em todo o
decorrer do nosso curso.

Implicações e recíprocas

As proposições em Matemática são do tipo “se P , então, Q”, em que P e Q são


sentenças. Nesse caso, a sentença P é chamada de hipótese e Q de tese. Uma proposição
desse tipo seria:

Se um triângulo é isósceles, então dois dos seus ângulos são congruentes. (I)

Assim, feita a hipótese de um triângulo ser isósceles, conclui-se a tese, isto é, que dois
de seus ângulos são congruentes.
Proposições desse tipo podem ser enunciadas simbolicamente por
P ⇒ Q.

O símbolo (⇒) significa implica , isto é, P ⇒ Q significa que Q é uma conseqüência de


P e, portanto, tem o mesmo significado de “se P , então, Q”. Nesse caso, pode-se ainda
escrever Q ⇐ P . A proposição (I) poderia, então, ser enunciada como

x é triângulo isósceles ⇒ dois dos ângulos de x são congruentes.

Pode-se ainda enunciar a proposição (I) das seguintes maneiras.


1) Dois dos ângulos de um triângulo x são congruentes, se x é um triângulo isósceles.

2) Um triângulo é isósceles, somente se dois de seus ângulos são congruentes.

3) Uma condição necessária para que um triângulo seja isósceles é a de que dois de seus
ângulos sejam congruentes.

4) Uma condição suficiente para que dois dos ângulos de um triângulo sejam congruentes é
a de que ele seja isósceles.

6 Aula 01 Pré-Cálculo
A expressão “somente se” na proposição (2), nos diz que se um triângulo não possui
dois ângulos congruentes, então ele não pode ser isósceles, isto é, ter (pelo menos) dois
ângulos congruentes é uma condição necessária para que um triângulo seja isósceles. Por
outro lado, para se concluir que um triângulo possui dois ângulos congruentes, basta que
ele seja isósceles, isto é, ser isósceles é uma condição suficiente para que dois dos ângulos
de um triângulo sejam congruentes.
Em suma, as proposições
a) se P , então, Q;
b) P ⇒ Q;
c) Q ⇐ P ;
d) Q, se P ;
e) P , somente se Q;
f) Q é condição necessária para P ;
g) P é condição suficiente para Q
têm o mesmo significado.
Vejamos um outro exemplo. A proposição “todo ser humano é mortal”, pode ser
enunciada em linguagem matemática das seguintes formas:
a) se x é ser humano, então, x é mortal;
b) x é ser humano ⇒ x é mortal;
c) x é mortal ⇐ x é ser humano;
d) x é mortal, se x é ser humano;
e) uma condição necessária para que x seja humano é a de que x seja mortal;
f) uma condição suficiente para que x seja mortal é a de que x seja humano.
A recíproca de uma proposição P ⇒ Q é, por definição, a proposição dada por
Q⇒P.
Observemos que, independentemente do fato de P ⇒ Q ser verdadeira ou falsa,
sua recíproca, Q ⇒ P, pode ser ou não uma proposição verdadeira. Como exemplo,
consideremos novamente a proposição (I). Sua recíproca é

Dois dos ângulos de um triângulo x são congruentes ⇒ x é um triângulo


isósceles.

Sabe-se da Geometria que (I) e sua recíproca são, ambas, verdadeiras. Esse é, então, o
caso em que são verdadeiras a proposição e também a sua recíproca. Quando isso acontece,
podemos reuni-las em uma única, escrevendo (no caso do nosso exemplo)

Aula 01 Pré-Cálculo 7
x é triângulo isósceles ⇔ dois dos ângulos de x são congruentes.

O símbolo ⇔ significa “se, e somente se”, e é sugerido pelo fato de P ⇔ Q ter o


mesmo significado de P ⇒ Q e P ⇐ Q . Nesse caso, as sentenças P e Q são ditas
equivalentes.
Assim, o fato de um triângulo ser isósceles é equivalente ao fato desse triângulo ter
dois ângulos congruentes. Dito de outra forma, pode-se caracterizar um triângulo isósceles
por qualquer uma dessas propriedades, isto é, pode-se dizer que triângulos isósceles são
aqueles que têm dois lados congruentes ou, equivalentemente, que triângulos isósceles são
aqueles que têm dois ângulos congruentes.
Segue-se, então, que as proposições a seguir têm, todas, o mesmo significado.
1) x é triângulo isósceles ⇔ dois dos ângulos de x são congruentes.
2) x é triângulo isósceles se, e somente se, dois dos ângulos de x são congruentes.
3) Uma condição necessária e suficiente para que um triângulo seja isósceles é a de que
dois de seus ângulos sejam congruentes.
Retomemos agora a proposição
x é ser humano ⇒ x é mortal. (II)
Sua recíproca é
x é mortal ⇒ x é ser humano.
Note que essa proposição é falsa, pois há seres vivos que são mortais e não são seres
humanos. Os gatos, por exemplo. Logo, a recíproca da proposição (II) não é verdadeira.
Dito de outra forma, a condição “ser mortal” não é equivalente à condição “ser ser humano”.

Exemplo
Em Geometria, retângulos são paralelogramos cujos ângulos são retos e quadrados
são retângulos cujos lados são congruentes. Além disso, os retângulos são os únicos
paralelogramos cujas diagonais são congruentes e os quadrados, os únicos retângulos
cujas diagonais são perpendiculares. Considerando-se então o conjunto dos
paralelogramos como conjunto-universo, são verdadeiras as seguintes proposições:
a) x é retângulo ⇒ x é paralelogramo;
b) x é quadrado ⇒ x é retângulo;
c) x é retângulo ⇔ as diagonais de x são congruentes;
d) x é quadrado ⇔ as diagonais de x são congruentes e perpendiculares.
Note que as recíprocas das proposições (a) e (b) não são verdadeiras.

8 Aula 01 Pré-Cálculo
Quantificadores – negações

As sentenças matemáticas, em geral, envolvem variáveis que são quantificadas. Por


exemplo, na proposição “dados dois pontos distintos, existe uma única reta  que os
contém”, a variável  foi quantificada pela expressão existe uma única.
Expressões desse tipo são chamadas de quantificadores. Estes são
1. existe x;
2. existe um x;
3. existe um único x;
4. para todo x;
5. qualquer que seja x.
Convém observar que as sentenças (1) e (2) anteriores têm o mesmo significado, pois
o artigo “um” em (2) tem o sentido de “algum”. Quando se deseja enunciar a unicidade de x
com respeito a uma propriedade qualquer, deve-se fazê-lo explicitamente, como no caso de
(3). As sentenças (4) e (5), claramente, têm o mesmo significado.
Em sentenças desse tipo, podem-se usar os símbolos

∃ – existe, existe um;

∃! – existe um único;

∀ – para todo, qualquer que seja.

Vejamos um exemplo. Dado um segmento de reta AB , obtêm-se facilmente, triângulos


isósceles cuja base é AB . Usando-se quantificadores, podemos dizer isso das seguintes
maneiras:
1. para todo segmento de reta AB existe um triângulo isósceles cuja base é AB ;
2. para todo segmento de reta AB existe um ponto C , tal que ABC é um triângulo
isósceles de base AB ;
3. ∀AB , ∃C , tal que ABC é um triângulo isósceles de base AB .
Note que, em (1) e (2), pode-se ainda substituir a expressão “para todo” por “qualquer
que seja”.
Uma proposição clássica da geometria euclidiana estabelece que três pontos não
colineares determinam uma circunferência. Esse fato pode ser enunciado também como:
1. quaisquer que sejam os pontos não colineares A, B, C , existe uma única circunferência
γ que contém A , B e C ;
2. ∀ A, B, C não colineares, ∃! γ , tal que γ é uma circunferência e A, B, C ∈ γ .

Aula 01 Pré-Cálculo 9
Ao longo de uma argumentação matemática, é muitas vezes necessário negar certas
sentenças segundo as regras da Lógica. Nesse contexto, a negação de “todo triângulo é
isósceles”, é “existe um triângulo que não é isósceles”, e não “nenhum triângulo é isósceles”,
isto é, para negarmos o fato de que todos os triângulos são isósceles, basta exibirmos um
que não o seja.
Dessa forma, a negação de uma sentença do tipo “para todo x ∈ A , x tem a
propriedade P” é “existe um x ∈ A , tal que x não tem a propriedade P ”, e vice-versa. A
negação de uma sentença S é denotada por ∼ S [lê-se não S].

Exemplo
Negar as seguintes proposições:

P1 − Dadas duas retas distintas  e m , existe um ponto P , tal que P ∈  ∩ m ;

P2 − Dados dois pontos distintos A e B , existe uma única reta  que os contém.
A proposição P1 afirma que quaisquer que sejam as retas distintas  e m, estas têm
um ponto em comum, portanto, sua negação é:

∼ P1 − Existem duas retas distintas  e m , tais que  ∩ m = ∅ .

Quanto à proposição P2 , observemos que há duas formas de contrariá-la. Uma seria


obter um par de pontos A, B , tais que nenhuma reta os contenha; outra seria obter A, B ,
tais que mais de uma reta os contenha, isto é, a negação da sentença “existe um único x
com a propriedade P” é “não existe x com a propriedade P” ou “existe mais de um x
com a propriedade P”. Assim, a negação de P2 é:
∼ P2 − Existem pontos distintos A, B , tais que reta alguma os contém ou existem
pontos distintos A, B , tais que mais de uma reta os contém.
Em linguagem simbólica, essas proposições escrevem-se como:

P1 − ∀, m , ∃P , tal que P ∈  ∩ m ;

∼ P1 − ∃, m , tais que  ∩ m = ∅ ;

P2 − ∀A, B , A = B , ∃! , tal que A, B ∈  ;

∼ P2 − ∃A, B , A = B , tais que ∀ , A ∈


/  ou B ∈
/  ou ∃A, B , A = B e ∃, m ,
 = m , tais que A, B ∈  ∩ m .

Para finalizar esta seção, observemos que as proposições P ⇒ Q e ∼ Q ⇒∼ P têm


o mesmo significado e, portanto, são ambas verdadeiras ou ambas falsas. Esse é o caso, por
exemplo, de

1. x é ser humano ⇒ x é mortal;

2. x não é mortal ⇒ x não é ser humano;


que são, ambas, verdadeiras.

10 Aula 01 Pré-Cálculo
Teoremas e demonstrações

As teorias em Matemática são estabelecidas através de um conjunto de proposições


divididas em duas categorias: a dos axiomas e a dos teoremas.
Os axiomas são proposições consideradas intrinsecamente verdadeiras e, por isso,
não são passíveis de demonstração. São, por assim dizer, o “ponto de partida” da teoria.
Qualquer outra proposição que não seja um axioma é dita um teorema. Assim, teoremas
são proposições que admitem uma demonstração, isto é, podem ser deduzidos a partir dos
axiomas. Por exemplo, em Geometria, a proposição
(A) – se A, B são dois pontos distintos, então existe uma única reta  que contém A e
B – é um axioma, enquanto a proposição

(T) – se ABC é um triângulo, então a soma dos seus ângulos internos é igual a 180◦ –
é um teorema.

Um teorema pode também ser chamado simplesmente de proposição . No caso de um


teorema ser uma conseqüência imediata de um outro, chamamo-lo corolário. Um teorema
cujo resultado é utilizado apenas na demonstração de um outro que lhe é subseqüente é
chamado de lema.
Um corolário do teorema T anterior seria
(C) – se ABC é um triângulo retângulo, então a soma dos seus ângulos agudos é igual
a 90◦ .

Aula 01 Pré-Cálculo 11
Relembremos que uma proposição matemática, em particular um teorema, sempre
pode ser escrita na forma P ⇒ Q. Demonstrar um teorema significa concluir a tese Q
a partir de uma argumentação lógica legítima, isto é, uma série de argumentos baseados
nos princípios básicos da Lógica, valendo-se da hipótese P , de definições, e de outros
resultados previamente estabelecidos, como os axiomas.
Como exemplo, vamos enunciar a propriedade de transitividade da inclusão de conjuntos
na forma de um teorema e fornecer a sua demonstração.

Teorema 1 – Se A, B e C são conjuntos, tais que A ⊂ B e B ⊂ C, então


A ⊂ C.

Demonstração – Temos, por hipótese, que A, B e C são tais que A ⊂ B e B ⊂ C,


enquanto, a tese, que é o que queremos concluir, é a de que A ⊂ C. Pela definição de
inclusão, devemos provar que, para todo x ∈ A, tem-se x ∈ C. Suponhamos então x ∈ A.
Como A ⊂ B, temos que x ∈ B. Porém, B ⊂ C, o que implica x ∈ C, como queríamos
provar.
Vejamos agora como se pode usar a propriedade de anti-simetria da inclusão para se
demonstrar a identidade do item 4(a) da Atividade 1 desta aula.

Teorema 2 – Se A, B e C são conjuntos, então A∩(B∪C) = (A∩B)∪(A∩C).

Demonstração – Vamos provar inicialmente que A ∩ (B ∪ C) ⊂ (A ∩ B) ∪ (A ∩ C).


Para isso, suponhamos que x ∈ A ∩ (B ∪ C). Então, x é um elemento de A e também
um elemento de B ou C. Logo, x é um elemento de A e de B ou um elemento de A
e de C, isto é, x ∈ (A ∩ B) ∪ (A ∩ C). Pela definição de inclusão, concluímos que
A ∩ (B ∪ C) ⊂ (A ∩ B) ∪ (A ∩ C).
Provemos agora a inclusão contrária, isto é, (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) ⊂ A ∩ (B ∪ C) .
Suponhamos então que x ∈ (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) . Nesse caso, x é elemento de A e B ou
elemento de A e C . Em ambos os casos, x é elemento de A , logo, x é elemento de A
e elemento de B ou C , isto é, x ∈ A ∩ (B ∪ C) , o que nos dá (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) ⊂
A ∩ (B ∪ C) .
Como provamos que A ∩ (B ∪ C) ⊂ (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) e (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) ⊂
A ∩ (B ∪ C) , segue-se da propriedade de anti-simetria da inclusão que A ∩ (B ∪ C) =
(A ∩ B) ∪ (A ∩ C) .
Uma técnica de demonstração bastante utilizada em Matemática é a tão chamada
redução ao absurdo. Essa técnica consiste em demonstrar uma proposição P ⇒ Q,
acrescentando-se a negação da tese Q ao conjunto de hipóteses. Em seguida, por meio
de uma argumentação lógica legítima, deve-se chegar a uma contradição, também chamada
de absurdo, que é a negação da hipótese ou de algum resultado previamente estabelecido.

12 Aula 01 Pré-Cálculo
Tomemos como exemplo a proposição “duas retas de um plano, distintas e não-
paralelas, intersectam-se num único ponto”. Vamos enunciá-la na forma de teorema e
demonstrá-la usando a técnica de redução ao absurdo.

Teorema 3 – Se  e m são retas de um plano, distintas e não-paralelas, então


existe um único ponto P tal que P ∈  ∩ m .

Demonstração – Observemos inicialmente que, por hipótese, as retas  e m devem


intersectar-se em algum ponto, pois estas são não-paralelas. Então, a negação da tese é:
existem pontos distintos P1 , P2 , tais que P1 , P2 ∈  ∩ m . Vamos supor que seja este o
caso e chegar a uma contradição.
Bem, uma vez que os pontos P1 e P2 são distintos, pelo axioma (A) anterior, existe
uma única reta que os contém. Como estamos supondo P1 , P2 ∈  ∩ m , isso nos leva a
concluir que  = m . No entanto, essa igualdade nega a hipótese de  e m serem retas
distintas, o que é absurdo.
Uma vez que a negação da tese nos levou a uma contradição, concluímos que a
proposição é verdadeira, isto é, que o ponto de interseção entre  e m é, de fato, único.
Finalizaremos agora com outro exemplo de demonstração por redução ao absurdo,
mostrando que o vazio é subconjunto de qualquer conjunto A . Antes, porém, vale salientar
que a negação de A ⊂ B é A ⊂ B , cujo significado é existe x ∈ A , tal que x ∈
/ B.

Teorema 4 – Se A é um conjunto, então ∅ ⊂ A .

Demonstração – Suponhamos, por absurdo, que ∅ ⊂ A. Então, existe x ∈ ∅, tal que


x ∈/ A. Isso, porém, é uma contradição, pois, por definição, o conjunto vazio não tem
elementos. Como a hipótese ∅ ⊂ A nos levou a uma contradição, concluímos que ∅ ⊂ A .

Aula 01 Pré-Cálculo 13
Atividade 2
Reescreva cada uma das afirmações abaixo, usando a linguagem pro-
1 posicional.

a) Todos os matemáticos são cientistas.

b) Todos os filósofos são cientistas ou professores.

2 Reescreva cada uma das afirmações abaixo, usando quantificadores.

a) Alguns matemáticos são professores.

b) Alguns cientistas são filósofos.

c) Nem todo professor é cientista.

Tome as cinco afirmações dos exercícios 1 e 2 como hipóteses e


3 verifique quais das afirmações abaixo são verdadeiras. Reescreva
todas elas em linguagem matemática.

a) Alguns matemáticos são filósofos.

b) Nem todo filósofo é cientista.

c) Alguns filósofos são professores.

d) Se um filósofo não é matemático, ele é professor.

e) Alguns filósofos são matemáticos.

Enuncie a identidade do item 4(b) da Atividade 1 desta aula na forma


4 de teorema e demonstre-o.

Sejam A1 , A2 e B1 , B2 subconjuntos de um conjunto-universo U .


5 Suponha que A1 ∪ A2 = U e B1 ∩ B2 = ∅. Suponha ainda que
A1 ⊂ B1 e A2 ⊂ B2 . Prove que A1 = B1 e A2 = B2 .

14 Aula 01 Pré-Cálculo
Resumo
Nesta aula, estudamos as relações de inclusão e as operações entre conjuntos.
Vimos o significado das implicações lógicas, suas recíprocas e negações, bem
como os conceitos de teorema e demonstração. Por fim, vimos a técnica de
demonstração por redução ao absurdo.

Auto-avaliação
Tente encontrar proposições em livros de Matemática, sobretudo de Geometria,
e reescreva-as de uma maneira diferente daquela que está no texto. Verifique
quais são as recíprocas e se elas são verdadeiras ou não. Caso esteja
familiarizado com a teoria do texto que você escolheu, tente demonstrar
algumas dessas proposições e também identificar demonstrações por redução
ao absurdo.

Referências
CARVALHO, Paulo César et al. A matemática do ensino médio. 1.v. Rio de Janeiro:
Sociedade Brasileira de Matemática, 2001.

COURANT, Richard; ROBBINS, Herbert. O que é matemática?: uma abordagem elementar


de métodos e conceitos. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2000.

Aula 01 Pré-Cálculo 15
Anotações

16 Aula 01 Pré-Cálculo

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