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Daniel Costa

Jefferson A Costa

Relatório de Trabalho de Campo


Percurso Santana do Riacho/Tabuleiro

Belo Horizonte

IGC/UFMG

2013
Etapa Preliminar

Perfil 3 em 1: Topográfico/ Geológico/ Uso do solo – Vegetacional


do Percurso de Santana do Riacho em direção à cachoeira de Tabuleiro

Legenda estrutura geológica:

Grupo Bambui:Filitos,metassiltitos e Calcário metamorfizado Grupo macaúbas: Quartzitos,metassiltitos.

Supergrupo espinhaço: Predomínio de quartzitos Complexo Gouveia:Granitos,gnaisses e migmatitos.

Supergrupo espinhaço: predomínio Metapelitos. Gnaisses, granitos e granitoides.


Parque Nacional da Serra do Cipó

O Distrito da Serra do Cipó pertence ao município de Santana do Riacho e está


localizado a 100 km ao norte de Belo Horizonte, na parte sul da Cordilheira da Serra do
Espinhaço, na borda oeste, pertencente à bacia do Rio São Francisco. Está num dos
“descaminhos” da Estrada Real, era passagem dos Tropeiros, que seguiam até a Vila de Serro
Frio e Arraial do Tejuco, cidades de Serro e Diamantina, respectivamente. Principal acesso ao
Parque Nacional da Serra do Cipó, criado em 1984, com 33 mil hectares de área protegida
abrangendo os municípios de Nova União, Jaboticatubas, Santana do Riacho, Morro do Pilar e
Itambé do Mato Dentro. Criado com o intuito de preservar a riquíssima fauna e,
especialmente, a flora da região, com alto grau de endemismo, além de preservar as nascentes
da bacia do Rio Cipó, bem como as belezas naturais da região: cachoeiras, rios, canions, vales,
cavernas e sítios arqueológicos com pinturas rupestres feitas pelos homens das cavernas, há
mais de 8 mil anos atrás.

APA Morro da Pedreira

Área de Proteção Ambiental (APA) é uma unidade de conservação ambiental, a nível


nacional, estadual ou municipal, com o objetivo de proteger e preservar áreas de interesses
ambientais significativos. Não há desapropriação de terras, sendo as propriedades privadas
mantidas, mas sujeitas a normas e regras, bem como à fiscalização, com o intuito de
racionalizar o uso e preservar os recursos naturais da região. A APA Morro da Pedreira, de
nível nacional, foi criada em 1990, após um movimento contra uma pedreira, estabelecida na
formação rochosa calcária de nome Morro da Pedreira, um dos pontos de escalada mais
importantes das Américas. A APA Morro da Pedreira, com 66 mil hectares, se estendeu na
forma de um grande cinturão verde, em torno de toda a área do Parque Nacional da Serra do
Cipó, com a intenção de minimizar os impactos ambientais, protegendo suas fronteiras e
conscientizando a população local.
Distrito de Santana do Riacho, a Lapinha da Serra faz parte da APA Morro da
Pedreira. Localizada a 1200 m de altitude, encravada num vale no alto da Serra do Espinhaço,
banhada por uma lagoa de cor azulada de 14 km de extensão. Bucólico vilarejo esquecido no
tempo, com aproximadamente 300 moradores, a Lapinha, ainda conserva uma vida pacata e
de muita simplicidade. A economia gira em torno da agricultura familiar de subsistência.
Cercada por um paredão de 100 m de altura, a Serra do Breu, possui diversas cachoeiras,
picos, sítios arqueológicos e cavernas. Do Pico da Lapinha, ou do Cruzeiro tem-se linda vista
panorâmica do vilarejo e de toda a extensão da lagoa. Logo atrás, fica o Pico do Breu, o maior
da região com 1.697 m.

Parque Estadual da Serra do Intendente

O Parque Estadual da Serra do Intendente foi criado em 28/03/2007, através de


decreto do Governo de Minas Gerais. Está localizado na região da Serra do Espinhaço, no
município de Conceição do Mato Dentro, nos distritos de Tabuleiro e Itacolomi. O Parque
possui uma área de 13,5 mil hectares, englobando a área até então pertencente ao Parque
Natural Municipal Ribeirão do Campo e abriga 14 micros bacias. Além da Flora e Fauna, o
principal atrativo do parque é a magnífica Cachoeira do Tabuleiro, a terceira maior cachoeira
do Brasil, com 273 metros de queda livre. No topo da cachoeira existem diversas pequenas
quedas e piscinas naturais ao longo do cânion por onde correm as águas do Ribeirão do
Campo, até a queda da cachoeira.
Os Caminhos do Ouro e o Registro da Vegetação Segundo Naturalistas do Séc. XIX

O olhar e o discurso elaborados pelos Viajantes Naturalistas do Século XIX foram


elementos fundamentais na construção da fisionomia florística nacional e causadores das
representações que formam a base da visão que temos hoje das características fitogeográficas
brasileiras. Por meio destes relatos podemos reconstruir uma história regional. Ainda que este
“olhar” estivesse moldado pela cultura europeia, esses viajantes deixaram um enorme acervo
de documentos, preciosos para o entendimento dos lugares que passaram.
São muitos os caminhos percorridos e são muitos os olhos que passaram pelos
caminhos, alguns cabisbaixos vão apenas medindo o tanto que já foi andado e o que ainda têm
por andar. Analisam o chão, os verdes, os ares, os perfumes, as cores, os sons. Estão abertos,
integralmente abertos para a terra brasileira. São olhos que aqui, nesta terra encontraram
continuamente com o que se extasiar, o que admirar a cada pessoa, a cada momento.
O viajante naturalista que mais viajou pelo Brasil e que mais obras publicou
descrevendo o interior brasileiro foi Auguste Prouvansal de Saint-Hilaire. Este viajante francês
esteve no Brasil durante seis anos percorrendo duas mil e quinhentas léguas de exploração
científica pelas províncias do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, São Paulo,
Santa Catarina (...). Coletando cerca de 30.000 exemplares de plantas representando mais de
7.000 espécies. Os relatos do viajante francês são sempre cheios de detalhes e plenos de
minuciosas observações. Poucos investigadores estrangeiros, dentre os muitos que visitaram o
Brasil com propósitos científicos, empenharam-se em construir memórias tão expressivas de
tudo o que viram com relação às peculiaridades da flora, da fauna e da sociedade brasileira,
oferecendo tantos detalhes. Em suas viagens e excursões, pesquisava e coletava espécies para
serem estudadas e classificadas cientificamente.
Todavia, à medida que examinava o material coletado, Saint-Hilaire redigia
comunicações, relatos de viagem, e permutava informações com botânicas e diversas
instituições estrangeiras, tratando, em suma, de tornar conhecida a exuberância da natureza
brasileira, quase desconhecida, naquela época. A leitura das memórias e dos relatos de Saint-
Hilaire, revela o caráter do homem-cientista, cuidadoso nas observações que faz, criterioso em
suas análises e juízos, a persistência frente aos obstáculos e a busca da retidão científica. Em
alguns trechos de suas “memórias” é possível destacar um certo deslumbramento poético nas
descrições que faz sobre a fauna e a flora brasileiras ou sobre a organização da vida social dos
lugares por onde passa.

Aspectos Metodológicos Utilizados


Os naturalistas da época utilizam principalmente a observação, coleta de espécies,
anotação dos dados, e herborização.

O melhor meio de identificar cada planta é ter ramos com flores e frutos de uma mesma planta,
de reconhecer sua identidade, seu nome e sobrenome, a que família pertence. A flor e o fruto, as
estruturas reprodutoras das plantas mais comuns, é que contam da identidade. É bem verdade que a
folha, a casca, o porte, todos caracteres do corpo vegetativo, contribuem para a identificação, porém, a
ciência não prescinde de garantias.

Onde a planta vive? Como ela vive? Gosta de sol? Ou de sombra? Tem resina, goma? Algum
odor? E a cor da flor? E a cor do fruto? Duro, rígido, carnoso, macio, atraente? Falta um pedaço do
fruto? As marcas são de bico? São de dentes? A folha esta comida? E é pelas margens?

Evidentemente quanto mais dados podemos anexar exsicata, ou seja, à planta herborizada, a
esta amostra, mais podemos compreender a planta e seu meio ambiente.

Os naturalistas se expunham a todo tipo de intempéries, provações e privações para


alcançar seus objetivos.

Ora no rancho exposto à chuva, ao frio, ora numa varanda sob olhares curiosos, separando as
plantas coletadas, amostras, estendendo-as no papel, esticando as folhas. Cansado, alquebrado do sobe
desce dos caminhos. Depois ainda era preciso anotar os dados da coleta.

Assim como Saint-Hilaire, por onde Martius anda vai observando, anotando, coletando,
herborizando. Os locais em que ambos estiveram são semelhantes em suas descrições. Porém
se faz notar algumas diferenças:

Saint-Hilaire, extremamente detalhista, literalmente palmilha e registra a região por seis anos.

Martius, por sua vez, pela extensão percorrida, durante três anos, acompanhado por Spix, trilha
caminhos ao longo de altitudes, caminhos transversais ou latitudinais e principalmente ao longo do
Brasil. Este percurso lhe permite uma visão ao mesmo tempo que abrangente, também aprofundada.
Realiza um verdadeiro rastreamento do Brasil e com isto vai elaborando uma ideia geral da vegetação.

Martius, pela distancia percorrida tem uma compreensão estruturada, hierarquizada e inigualável da
vegetação brasileira.

Desta visão geral, surgem as novas províncias brasileiras, não Província das Minas Gerais ou do Rio de
Janeiro, mas sim as Náiades, Oréades, Dríades, Hamadríades...: as províncias fitogeográficas, um nível
hierárquico maior de classificação da vegetação. Uma divisão espacial, natural.

Desdobrando-se na variação da metodologia de analisar e expor os dados, Martius, de uma


certa forma, disseca o perfil, apresenta algumas comunidades dos indivíduos-plantas em descrições
detalhadas das matas, dos campos e seus derivados, elaborando conceitos e relacionado as espécies
típicas. Por fim, evidencias o individuo isoladamente, confrontando as formas, em pranchas, lado a lado,
porém separadamente. Assim, atinge ao limite hierárquico oposta para a compreensão da vegetação, do
geral para o particular, das províncias para o indivíduo. Frente ao particular pode-se voltar ao geral
novamente, ampliando o conhecimento das relações da planta com o seu meio em varias dimensões.
Síntese e análise, duas coordenadas que se beneficiam, uma promovendo a outra.

Aspectos Cênicos Observados


Ao desembarcarem no Brasil, estes naturalistas se depararam com a grande
exuberância da Mata Atlântica ou floresta estacional semidecidual que constitui uma
vegetação típica do Brasil Central e condicionada a dupla estacionalidade climática: uma
estação com chuvas intensas de verão, seguidas por um período de estiagem. É constituída por
fanerófitos com gemas foliares protegidas da seca por escamas (catáfilos ou pêlos), tendo
folhas adultas esclerófilas ou membranáceas deciduais. O grau de decidualidade da
intensidade e duração de basicamente duas razões: as temperaturas mínimas e máximas e a
deficiência do balanço hídrico.

De inicio, o grande impacto é sempre o manto de florestas virgens da Serra do Mar, lado a lado,
a quantidade e qualidade, a extensão e a diversidade das matas. E logo se faz a comparar: Os contornos
das florestas do Novo Mundo são parecidos com os das florestas do Velho Mundo, mas nada faz lembrar
a fatigante monotonia dos nossos bosques de carvalhos e pinheiros. Cada arvore ostenta seu próprio
porte, sua folhagem, que frequentemente se difere do matiz das arvores vizinhas.

Na floresta, milhares de vidas reunidas no mesmo espaço, por tempos diversos, famílias
diversas de plantas, sobre o mesmo solo, sob o mesmo céu, convivendo sem muros, crescem lado a lado.
Os tamanhos variam, porém, para a folha o importante é estar receptiva ao sol, estar para a luz em
primeiro lugar, depois tudo é detalhe.

Observa que as maior parte das arvores se eleva perfeitamente ereta de uma altura prodigiosa
e as compara em contraste com a Europa. Certas formas vegetais que entre nos apenas se mostram em
humildes proporções, lá se desenvolvem, estendem e exibem uma pompa desconhecida em nossos
climas.

Embora se atravessasse continuamente florestas, o trajeto não é, em nenhum momento


monótono. A variedade , o verdor extremamente fresco de todas as plantas, a diversidade dos matizes,
essas grande árvores que se elevam do anfiteatro sobre a encosta dos morros, a calma, e, por assim se
dizer , a imobilidade dos bosques, os acidentes de luz que resultam da desigualdade do terreno, se
associam para produzir em seu espírito uma impressão deliciosa.

Numerosos córregos serpenteiam geralmente pelas matas virgens; entretém uma temperatura
agradável; oferecem ao viajante sedento uma água deliciosa e límpida, e são bordados de tapetes de
musgos, licopodíneas e felicíneas, por entre os quais brotam begônias de hastes delicadas e suculentas,
de folhas desiguais e flores cor de carne.

Descrevem a beleza do cenário que percorrem fazendo comparações entre as estações


do ano.

Deixando o Rio de Janeiro, tomando o caminho de terá, embora empoeirado, é belo (...) mais além
percebíamos as altas montanhas da Tijuca, cujas encostas são cobertas de matas virgens. No verão o
céu é de um azul carregado, no inverno a coloração enfraquece a apresenta o azul claro que entre nós se
admira nos belos dias de outono.

E fazem menção a teoria da evolução de Darwin, ao perceberem as adaptações que


estas vegetações fazem para poder sobreviver e se reproduzir.

Fica maravilhado não somente com a beleza, mas também com a intrincada evolução da vida vegetal,
milhões e milhões de anos colonizando a face do planeta Terra. Transformando o deserto num local
habitável, sem falar, sem correr, sem se esconder, apenas vivendo a vida normal das plantas, própria
delas e se adaptando ao meio. A vida se processando é uma eterna mudança dos seres vivos e do seu
meio ambiente, um influenciando o outro... Continuamente promovendo o desenvolvimento, limitando-
o, adequando-o. Milhões de anos de interação.

Durante o percurso se deparam com as formações dos campos e campos de altitudes,


onde a vegetação se torna mais homogênea e ainda possui alguns resquícios de mata, com o
predomínio de um estrato herbáceo mais ou menos contínuo e por arbustos ou subarbustos
esparsos, esclerofilos, sempre verdes.
Em Borda do Campo, notam-se morros mais suavizados, com lugares mais planos para andar,
cobertos de vegetação baixa, os campos. À medida que a região se recobre de vegetação baixa,
sobressai nas depressões, nas reentrâncias, nos lugares mais abrigados, uma vegetação arbórea, uma
mata, a que os naturais da terra chamam de capão.

Descrevem a faixa de transição da Mata Atlântica para os campos na Serra da


Mantiqueira.

Não se pense, todavia, que a transição das matas para os campos se faz bruscamente e sem
aspectos intermediários; durante algumas léguas se veem ainda moitas de arvoredo de espaço a espaço,
mas a pouco e pouco vão se tornando mais raras, e acabam por desaparecer. A vegetação que se tem
sob os olhos é absolutamente diferente da que apresentam as matas virgens; a árvores gigantescas
sucedem gramíneas frequentemente mal desenvolvidas, entremeadas de outras ervas, e os vegetais que
mais se fazem notar no meio dessas pastagens não passam de arbustos. (...)

E se detém em pequena parte no cerrado, onde sua formação florestal é constituída


por uma vegetação caducifólia. Tem uma formação adaptada ao clima com restrição hídrica,
com raízes profundas, casca grossa e galhos retorcidos.

Após Vila do Príncipe, ingressa nas regiões junto ao Jequitinhonha e São Francisco. Em alguns
lugares em que o solo é argiloso e quase plano, vi árvores raquíticas e separadas como as dos tabuleiros
do sertão; mas seus caules eram mais delgados e mais estendidos, de cascas encortiçadas, com folhas
duras e quebradiças.

Marcas da Interferência Humana

Tanto Saint-Hilaire, com Von Martius nesta parte do registro, fazem poucas referências
à interferência humana na paisagem. Citam a exploração do ouro, mas em suas anotações
predominam o desmatamento da vegetação para dar lugar às lavouras, pastagens e do uso da
madeira na carpintaria. Mas principalmente denotam uma preocupação com impactos da
devastação que o homem já provocava naquele século.

Na região de Sabará, percorrida uma extensão de 20 léguas, é extremamente montanhosa


tendo sido fornecedora de prodigiosa quantidade de ouro; poucas são as culturas que ai se veem.

Próximo de Mariana e ao longo do caminho que virá pela frente, de tempo em tempo reclama.
Não reclama da devastação da mata paro o uso, reclama pelo abuso, pelo desperdício, da falta de
valores e de princípios para com a natureza, como se a terra fosse descartável. A consequência é o
desequilíbrio. Quantas montanhas, rios, quantas árvores são necessárias para preencher os vazios do
insaciável?

Bastaram-nos duas horas de trajeto para chegar a Mariana, os primeiros habitantes gastavam
cinco dias para fazer essa viagem, quando a região ainda estava coberta por matas virgens e se era
obrigado a seguir, através de rochedos e sarças, todas as sinuosidades que o Rio Ouro Preto descreve em
seu curso.

Após descer a Serra da Lapa, volta a comentar vezes seguidas o efeito da devastação, pela visão
continua de áreas desmatadas. Toda a região percorrida, cerca de 10 léguas, entre Itambé e Cocais, é
coberta de montanhas. Outrora esta zona apresentava florestas imensas, que foram queimadas para
fazer lavouras, e em seu lugar veem-se hoje somente grandes samambaias, o capim gordura e
capoeiras. (...)
Análise dos Fatores Ecológicos e das Limitações por eles Impostas

Os Fatores Ecológicos são todos os elementos do meio capaz de agirem diretamente


sobre os seres vivos, pelo menos em uma fase de seu ciclo vital. Na vegetação podem atuar
tanto para limitar como para propiciar o desenvolvimento da vegetação em determinado local.
Podem ser bióticos ou abióticos.

Os principais fatores abióticos são: Temperatura, Água, Luz, Fatores Edáficos,


Salinidade e Alimento. Sendo estes alterados ainda pela variação altimétrica do relevo,
natureza do terreno, e as distancias latitudinais.

A restrição hídrica é um dos grandes obstáculos a ser vencido pela vegetação.

Quanto mais exposta a planta a um meio adverso, em geral, menor o seu tamanho. Depois de
saber fazer troncos e folha grandes, reduzir o tamanho é uma adaptação. Reduzir o tamanho,
economizar água de todas as formas possíveis.

Porém em excesso, contribui para o seu desenvolvimento.

Estimulada sem cessar pelos dois principais agentes, umidade e o calor, a vegetação das matas
virgens está em perpétua atividade. As matas dos arredores do Rio de Janeiro têm mais majestade do
que todas as que vi em outras partes do Brasil, talvez porque me parte alguma a umidade seja tão
grande como lá.

Os fatores edáficos são amplamente caracterizados pelos naturalistas ao se fazer uma


caracterização. Sempre afirmando a importância do solo como um dos fatores condicionantes
da vegetação.

Um pouco antes de Itambé, a terra que até lá fora argilosa, vermelha e compacta, passa
subitamente a apresentar uma mistura de areia branca e preta, entremeada de rochedos; e a vegetação
muda bruscamente como a natureza do solo. Na terra argilosa crescem grandes bosques; na arenosa,
apenas uma vegetação rala e enfezada, mas, ao mesmo tempo muito variada; e o que é muito notável,
toda essa vegetação é quase a mesma da parte mediana da montanha elevada em que herborizei na
Serra da Caraça, montanha cujo solo é igualmente formado de areia branca e negra.

Próximo a Itambé, a região propicia a correlação da vegetação com o solo: onde tem argila, tem
bosques; onde tem areia, tem uma vegetação enfezada.

Nas montanhas, em geral com rochedos descobertos, ou onde o terreno é pedregoso, arenoso
ou ferruginoso, a vegetação é anã. Aparentemente desertas ao longe, constituem local de maiores
coletas, onde olhar se delicia inúmeras vezes pela beleza das flores, pelas originalidades das adaptações,
pelo exemplo das associações.

Serra da Piedade. Começa-se a subir uma encosta firme, onde o terreno é todo de ferro. A
vegetação muito fraca não apresenta senão arbustos, subarbustos e ervas. As espécies que ai aparecem
são das mesmas que colhi na Serra do Caraça, com a diferença que esta ultima apresenta uma
quantidade de vegetais bem mais considerável que a Serra da Piedade visto ser mais úmida.
A recorrente comparação entre as vegetações do alto das montanhas pelos
naturalistas, sempre frisando suas similaridades, pode ser explicada pela temperatura e
disposição hídrica equivalentes devido a altimetria destes lugares. Destacando também a
peculiaridade da vegetação dos altos das serras.

Crescer nas Serras é contrariar todos os princípios de vida fácil. Mas as plantas sabem varias
formas e insistem. Plantas que sabem guardar e economizar água, crescem juntas cooperando umas
com as outras. Não importa o grupo a que pertencem: musgos, líquenes, samambaias, dicotiledôneas,
monocotiledôneas. Lado a lado criam uma pequena comunidade, criam um pequeno abrigo que
corajosamente enfrentam os extremos do meio.

Pela semelhança da vegetação, que este ponto deve ter a mesma altitude que a cidade de Vila
Rica e a Serra do Caraça. Povoam-na, melastomáceas, mirtáceas, rubiáceas e cinchona; todavia, no meio
dessas plantas, encontrei algumas que ainda não recolhera até então. Encontrei ai varias espécies que já
recolhera na Serra da Caraça.

Chegando a Serra da Lapa, a medida que a percorre, reafirma a similaridade da vegetação com
a de outras serras. Já havia observado uma vegetação da mesma natureza nos planaltos de todas as
altas montanhas onde havia herborizado até então. Acredito que se pode, sem risco de enganos,
considerar esse tipo de vegetação como pertencendo aos planaltos das mais altas montanhas do Brasil

O alimento é um fator importante porque influencia a fecundidade, o desenvolvimento


à longevidade e a mortalidade. As espécies com regime alimentar variado são classificadas
como eurífaga, enquanto as de hábito alimentar restrito são estenófagas.

Observa que plantas de porte comumente pequeno e herbáceo, como muitas da família das
Compostas, da família da dália, do girassol (...), encontram aqui condições para romper os limites
familiares, romper com a tradição e, estimuladas e nutridas pelo meio, crescem mais.

A Temperatura causa a descontinuidade de algumas espécies.

Ao chegar em Barbacena, faz uma referencia a um bosque quase inteiramente coberto de


araucária, o pinheiro do Paraná. À medida que se lembra da ocorrência do pinheiro, já procura
correlações que justifiquem a distribuição geográfica da planta. Cresce, espontaneamente, em algumas
das mais altas montanhas do Rio de Janeiro. Encontra-se novamente aqui, em terreno muito elevado,
nos limites das matas e campos, constitui a maioria dos capões nos arredores de Curitiba. Na capitania
do Rio Grande, desce até a borda do campo. Parece, pois, haver igualdade de temperatura entre esses
diferentes pontos e a araucária funciona como um termômetro.

Barreiras geográficas também impedem a continuidade da vegetação.

Destaca quando se dirige a Serra da Lapa, por Tapera e Congonhas. Neste trecho, ainda as
matas estão presentes alternando-se com encostas íngremes e rochedos, fatores que impedem a
continuidade das matas.

Exemplos e Descrição de Espécies/Gêneros/Famílias Observadas

As Gramíneas que mostram maior variedade na vegetação. Sem construir troncos, fortaleza
vegetais, as gramíneas primam em geral, pelo refazer constante no tempo e espaço, isto é
adaptabilidade. Daí a Variedade! Quanto mais dispersas, ocupando terras diferentes, climas diferentes,
mais possibilidades de variação. Em tudo a perspectiva de uma correlação da planta com o meio, uma
conformação, o meio externo sugerindo, permitindo, orientando e limitando, o meio interno se
explorando, tomando forma, se definido. São extremamente expertas dominam o horizonte. Tecem com
seus caules e raízes uma rede e deixam o vento passar entre suas folhas. Sabem muitas formas de não
deixar o vento levar sua água. Sabem manobrar os efeitos do sol, dos insetos e fungos. Já que são
monocotiledôneas, mantêm uma zona de crescimento protegida e, na época propícia, lá estão os tufos
de folhas cortadas, queimadas, ressecadas, crescendo da base, trazendo um novo alento, um novo
verde.

As lianas que dão as florestas suas mais pitorescas belezas; são elas que produzem os mais
variados acidentes.

A uma altura prodigiosa uma Arácea epífita chamada cipó-imbé cinge o tranco das mais
grossas arvores; as marcas das folhas antigas que se desenham sobre o seu caule em forma de losangos,
fazem-na assemelhar-se à pele de uma serpente; esse caule dá implantação a folhas largas, de um verde
luzidio, e da parte inferior do tronco nascem raízes finas que descem até a terra retas como fios a prumo.
(...)

Tillandsia, uma Bromeliaceae, a família do abacaxi. Tillandsia e orquídeas que muitos acreditam
ainda hoje serem parasitas. Não, de fato bromélias e orquídeas são consideradas plantas epífitas, que
vivem sobre outras, sem contudo explorar o alimento da hospedeira. São apenas hóspedes sem data
para partir...

Bignoneácea vulgarmente chamada de ipê. Seu lenho, de um branco amarelado e extrema


dureza, é muito procurado pelos habitantes do país; empregam-no em carpintaria e carroçaria, e
utilizam-no também no fabrico de bengalas e excelentes cabos de ferramentas.

Um tipo particular de planta chama a atenção do viajante e ele a descreve: Até então não
encontrara bambus senão em meio de florestas virgens, misturados a grandes árvores; mas encontrei os
morros vizinhos ao local chamado Alcaide-Mor, cobertos quase unicamente dessas ervas gigantescas.
Antes mesmo de ter podido reconhecê-las, já de longe me ferira a vista o aspecto aéreo da vegetação
que percebia sobre as colinas; experimentei um verdadeiro encanto quando vi de perto essas florestas de
gramíneas com a altura, talvez, de quarenta a sessenta pés, que, curvadas em arcadas elegantes, se
cruzavam em todos os sentidos, entremeavam seus imensos panículos e deixavam entrever o azul do céu
através das folhas estendidas como uma tapeçaria ao ar livre e sustentadas por semi-verticilos de folhas
delicadas.

Os coqueiros presentes na cidade de Luís Antonio, que tem o nome de indaiá, produz um fruto
de sabor agradável e é empregado principalmente em doces. Do alto da árvore, parte um enorme tufo
de folhas aladas muito compridas que, em vez de se estenderem em arco horizontal, como sucede
geralmente com as palmeiras, erguem-se em direção quase vertical e, bem na extremidade, curvam-se
graciosamente à maneira das penas de um avestruz.

Melastomatáceas aparecem em todas as serras, nos campos. Planta importante na composição


florística da região, não soem relação ao numero de gêneros e espécies, mas também devido à
quantidade com que ocorrem. Algumas exibem um porte arbóreo, outras arbustivo ou ainda herbáceo.
Crescem sobre rocha, quanto sobre areia, argila, ferro... Tanto no sol, quanto na sombra. Maior
capacidade de adaptação de suas folhas. O seu padrão de nervação é o de uma folha curvinérvea. Nesta
família, o tamanho, a forma, a consistência, as redes de nervuras, tudo é extremamente variável.

A araucária faz parte de um grupo de gimnospermas conhecido por se desenvolverem,


formarem florestas em regiões muito frias: as florestas de coníferas. O pinheiro do Paraná,
naturalmente, é uma planta que vive bem, está adaptada a regiões frias, como o Paraná, lá ele esta em
casa. Suas folhas duras, espinhentas, pequenas e dispostas de forma concentrada nos ramos, já indicam
parte da adaptação às condições de frio. São capazes de reter água, de evitar sua perda. Além destas,
outras características, mostram como podem crescer isoladas nos altos campos da Mantiqueira; tanto
seus ramos, como suas folhas, não oferecem resistência ao vento.

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