Luiz L. Marins
www.luizlmarins.com.br
Outubro de 2017
RESUMO
INTRODUÇÃO
Vem tomando corpo nas mídias sociais o conceito que a intolerância religiosa contra afro-
brasileiros se trata de “racismo religioso”, uma expressão impactante, mas, ao nosso ver,
sem fundamento. A lei 7716/89 regula sobre preconceito, discriminação, segregação e
intolerância raça, credo, etnia, cor, origem, de qualquer raça para qualquer raça, mas não
fala em “racismo religioso”.
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A prática da feitiçaria como elemento fomentador da intolerância religiosa - Luiz L. Marins
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Mais claro do que isso, impossível. As religiões afro-brasileiras têm por princípio, a
prática do bem, e não a feitiçaria. Mas então, porque são perseguidas?
RACISMO RELIGIOSO EXISTE?
“Fabrícia, branca, olhos azuis, bonita, cabelos lisos, longos e louros, entra
uma sala de estudos da faculdade vestida de branco, colares brancos de
Oxalá ao pescoço e alguns búzios ao longo do corpo.
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Fabrícia retruca, diz que não, que na sua religião, Oxalá criou o mundo, e
conta-lhes a história da criação. Eles replicam abrindo a bíblia e leem para
ela o livro da Genesis.
Neste cenário fictício, perguntamos: Isto é racismo? Se é, quem praticou? Quem foi
vítima?
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Note que em 2010 o IBGE contabilizou 22.785.426 milhões somando-se pretos e pardos,
contra 18.867.446 de brancos. Portanto, a população evangélica é majoritariamente
afrodescendente.
A seguir forneceremos os prints quadro a quadro das telas do IBGE 2010, com os dados
utilizados:
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A OBRA DO MAL
Neste contexto, a palavra feitiçaria, será empregada como sinônimo da prática do mal.
Não cabe aqui discutir a etimologia da palavra e seus outros significados.
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A prática da feitiçaria trabalha para o mal, por dinheiro, mas vem sendo ignorada por
aqueles que lutam contra a intolerância religiosa. Todos se vitimizam e encobrem tal
prática sob a alegação de “racismo religioso”, conceito que mal conseguem explicar.
É esta feitiçaria, a “obra do mal”, citada pelos evangélicos em seus cultos de exorcismos,
o verdadeiro motivo e a razão da intolerância religiosa generalizada contra todas as
religiões afro-brasileiras, que em sua maioria, visam a prática do bem, através dos Orixás.
A “obra do mal” é praticada por uma minoria afro-brasileira, com finalidades que não são
bem vistas por ninguém, nem pelos religiosos afros, nem pela Sociedade Civil. A feitiçaria
existe, e precisa ser debatida, porque é ela que fomenta esta intolerância.
Impossível negar que a prática da feitiçaria não existe. Basta uma rápida pesquisa no
YouTube para mostrar que o contrário, como mostramos no link abaixo:
https://www.youtube.com/results?search_query=exu+matar+destuir+inimigos
Lembrando que a palavra Exu aqui nada tem a ver com a divindade Ioruba Èsù orixá
mensageiro comunicação. O leitor terá discernimento suficiente para entender a diferença:
Apenas como exemplo, forneceremos os títulos de alguns vídeos que aparecem nesta
busca que ensinam a “obra do mal”. Todos os vídeos abaixo citados foram acessados em
29/09/2017. Seguem:
• Simpatia do relógio para matar e destruir a vida do inimigo com exú. Canal de
João Batista de Freitas, publicado em 01/02/2017.
• Simpatia na cabeça da galinha para matar e destruir inimigo com exú sete
catacumbas. Idem, publicado em 04/08/2016.
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• Simpatia para destruir um inimigo na macumba, com exu ventania. Canal de Pai
Francisco Borges Oficial, publicado em 15/07/2015
• Feitiço para destruir um inimigo com exu da morte. Mãe Solange de Oxum
Luciferiana, publicada em 22/07/2017
• E muitos outros ...
Pai Lelé fala, sem nenhum constrangimento, e até com certo orgulho, dos trabalhos que
faz para o mal. Em alguns momentos chega a mostrar certo remorso, mas mantém-se firme
na descrição de seu trabalho da “obra do mal”. Pela profundidade da fala, faremos, a
seguir, a transcrição completa do vídeo:
00:00
Abertura Leia Já
00:06
Eu faço trabalho do mal porque o povo vem me procurar, né, pra fazer o mal.
00:10
Então, si tô no mundo, eu tenho que fazer o mal e o bem.
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00:16
Me arrependo, porque eu tenho filhos, né. Então os filhos podem pagar por
mim.
00:20
Mas, se eles me procuram, e tão me pagando pra isso, eu tenho que fazer
mesmo. É a minha função, é o meu trabalho. É só se agarrar com Deus no
céu e o diabo na Terra.
00:33
Mando comprar o caixão, um caixão que vende no mercado, né, aí trabalha
com azougue, pimenta da costa, areia, pó de abuso, pó infernal, o enxofre,
tudo isso, pimenta malagueta bastante, azeite de dendê, e o azeite de
carrapato.
00:52
Só que não mato gente. Não pego uma peixeira para tirar os órgãos das
pessoas não. A gente mata animal. A gente mata bode, a gente mata boi, mata
galinha, pinto.
00:53
E o trabalho serve para matar a pessoa, por isso que aqui eu estou dentro do
quarto do Exú, são os diabos da casa, os diabos que a gente trabalha e a
gente confia, no sangue que a gente dá a ele, em cima dele, pra resolver os
problema.
01:21
Cobro de oito a nove mil, porque, ele está pedindo pra matar, então, se tá
pedindo pra matar, é porque tem dinheiro, porque não quer contratar uma
pessoa pra matar, senão vai preso; então pede pra gente trabalhar pro mal,
então, pagando a gente, aí a gente faz por esse preço.
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01:45
É uma casa de negócio, uma casa de dinheiro, uma casa que entra dinheiro e
sai;
01:50
Aqui a gente também tem muita coisa, aqui a gente tem nossas coisas, cultura
que a gente paga aqui, ajuda os próximo, as pessoa que vem; então, a gente
aqui ganha dinheiro, e gasta muito mais do que ganha.
02:04
Porque a minha casa é um cen... é, uma casa cultural; e é uma casa de
negócio, de trabalho.
02:10
Encerramento Leia Já
O leitor que desejar assistir o vídeo, por favor, acesso o link nas referências, em LEIA JÁ.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mostramos que a finalidade das religiões afro descendentes é a prática do bem, na qual
tomamos como exemplo ninguém menos que a Mãe Menininha do Cantuá.
Esclarecemos que a Lei do Preconceito não fala em “racismo religioso”. O cenário fictício
de negros evangélicos praticando o preconceito e a intolerância religiosa contra uma
branca do candomblé reflete o real cenário de uma maioria evangélica negra, segundo o
censo do IBGE 2010, e conforme os quadros que juntamos ao texto.
Vimos que o fundamentalismo existe em todas as religiões, e que ele, por si só, não é uma
exceção aos evangélicos ou qualquer outra religião, pois toda religião precisa ter seu
fundamento, que precisa ser seguido à risca, e isto, é fundamentalismo.
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Comentários como esses atingindo uma matriarca das religiões afro-brasileiras mostram
a visão distorcida que a Sociedade tem das religiões afro-brasileiras, influenciadas que
são pela “obra do mal” citadas neste texto, pois a prática da feitiçaria, embora minoritária,
generaliza a todos.
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Àse a todos!
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REFERÊNCIAS
G1, Globo.com. Após criar app, Mãe Stella lança canal e se torna uma das youtubers
mais velhas do Brasil: “Meu tempo é agora”. Acessado em 04/10/2017. Disponível em:
https://g1.globo.com/bahia/noticia/apos-criar-app-mae-stella-lanca-canal-e-se-torna-
uma-das-youtubers-mais-velhas-do-brasil-meu-tempo-e-agora.ghtml
ÌWÉ ÌMÒ. Mãe Stella sofre intolerância religiosa na Internet. Facebook. Acessado em
15/10/2015. Disponível em:
https://www.facebook.com/candomblesemsegredos/posts/1663365053726358
LEI 7716/89. Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Casa Civil
do Planalto do Governo. Acessado em 30/09/2017. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7716compilado.htm
LEIA JÁ. Entrevista com Pai Lelé. Site Leia Já, (http://www.leiaja.com). Acessado em
15/10/2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=o_8Si5f4QcY
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