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DIREITO TRIBUTÁRIO

DÍVIDA ATIVA/EXECUÇÃO FISCAL


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ATUALIZADO EM 16/04/2017

MEDIDAS PREPARATÓRIAS À EXECUÇÃO FISCALi

I – INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA

01. CONCEITO
 É aquela proveniente de crédito tributário, inscrita em repartição administrativa competente depois de esgotado o prazo para
o pagamento.
- Ex.: FG  OT  Lançamento  CT  Inscrição na D.A  EF.

 A inscrição na dívida ativa ocorre apenas depois da constituição definitiva do crédito – só depois disso a Fazenda Pública
está autorizada para inscrever na dívida ativa.
 Competência para inscrever na dívida ativa: a competência não é do Fisco, não é Administrativa – é a Procuradoria da
Fazenda, o PGR que tem competência para inscrever na Dívida Ativa. O fiscal apenas finaliza o crédito tributário, constituindo
definitivamente o tributo, o crédito. Só quando esgota o prazo de pagamento ou sai uma decisão administrativa irreformável, é
que está autoriza a inscrição em dívida ativa.
# OBS.: O ato de inscrição em dívida ativa cria uma Certidão de Dívida Ativa – é o documento que confirma que a dívida está
em aberto. Só de posse dessa certidão é possível promover a execução fiscal.
- De acordo com o art. 784, NCPC, essa certidão representa um título executivo de natureza extrajudicial.

 Representa a consolidação do débito tributário. Há um detalhamento da dívida tributária. Ela só pode ser realizada após a
sua constituição definitiva, pois ele precisa ser exigível. Ex. se tenho uma limitar (causa de suspensão) não pode haver a
inscrição.
- A inscrição pode ser de débitos tributários ou não tributários. Quando a dívida for tributária se aplica o CTN em prevalência à
Lei de Execução Fiscal.
CTN - Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na
repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final
proferida em processo regular.
Lei 6.830/1980 - Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei
nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
§ 1º - Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o artigo 1º [União, Estados, Distrito
Federal, Municípios e respectivas autarquias], será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública.

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§ 2º - A Dívida Ativa da Fazenda Pública, compreendendo a tributária e a não tributária, abrange atualização monetária,
juros e multa de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato.
§ 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para
apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a
distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.
§ 4º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional.
 Na esfera federal, a “repartição administrativa competente” para inscrição da dívida é a Procuradoria Geral da Fazenda
Nacional.
- Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito
para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa, salvo se tiverem sido
reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita (art. 185, CTN).
- A inscrição como ato de controle interno da legalidade do lançamento tributário que a antecede (art. 2, p.3º, da LEF): A
inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a
liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da
execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo. A suspensão, no entanto, só ocorrerá em relação às dívidas
não tributárias, eis que a disciplina da prescrição das dívidas tributárias é matéria exclusiva de lei complementar.
- Não se exige a notificação da inscrição. Isto porque, a notificação do lançamento supre eventual contraditório a ser
instaurado.
- Declaração de débito pelo sujeito passivo como suporte para a inscrição em dívida ativa: as declarações prestadas pelo
contribuinte ao sujeito ativo da obrigação tributária, seja no cumprimento de obrigações acessórias, seja pela confissão de
dívida para parcelamento, são consideradas pelos tribunais como supletivas da necessidade de lançamento por parte da
autoridade fiscal que pode simplesmente encaminhá-las para inscrição em dívida ativa.
Também a declaração de compensação constitui confissão de dívida que, quando não homologada ou providos recursos do
contribuinte, enseja a inscrição do débito em dívida ativa.
- Art. 2º, § 2º, LEF: a dívida ativa abrange atualização, juros, multas e demais encargos.
 Encargo de 20% do DL 1025/69: quando a dívida ativa da União, suas autarquias e fundações, é inscrita, passa a ser
devido o encargo legal de que trata o DL 1025, de 10% antes de ajuizada a execução fiscal e de 20% após o ajuizamento.
Para os defensores da inconstitucionalidade de tal norma, a mesma invade âmbito sujeito à reserva de lei complementar.
É que o art. 161 do CTN dispõe que o não pagamento no prazo implica a cobrança de multa e juros, nada mais
admitindo. Ademais, o CTN confere ao Fisco o privilégio de constituir o próprio título executivo, não prevendo a
cobrança de nenhuma verba em razão disso. Também se reputa tal norma irrazoável pela ausência de relação com
qualquer despesa efetiva e com a efetiva remuneração dos procuradores. O STF, neste ponto, já declarou
inconstitucional taxa judiciária estabelecida em percentual fixo, porque, em alguns casos, dificultaria o acesso à
Justiça, além de não se ter equivalência ao custo real do serviço.
Os defensores de sua constitucionalidade arrimam-se no argumento de que sua previsão dispensa a condenação em
honorários advocatícios na execução e nos embargos – Súmula 168, TFR: tal valor substitui, nos embargos, a
condenação do devedor em honorários advocatícios.
O STJ e o TRF5 admitem a incidência do encargo previsto no DL 1025 (EREsp 252.668/MG).

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02. CARACTERÍSTICAS
A) A inscrição na dívida ativa tem presunção de liquidez e certeza (a dívida equivale a um montante em dinheiro e é uma
dívida legítima, autentica). Essa presunção é relativa – presunção iuris tantum – Art. 204, CTN.
B) Requisitos – Art. 202, CTN
Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente:
I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos corresponsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a
residência de um e de outros;
II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;
III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado;
IV - a data em que foi inscrita;
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.
Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição.
# OBS.1: Art. 203, CTN. Na falta de um desses requisitos, essa certidão pode ser anulada. Mas essa certidão pode ser
substituída, desde que isso ocorre até a decisão de primeira instância e desde que seja devolvido o prazo para
embargar.
Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de
nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de
primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o
prazo para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada.
- O STJ diz que a CDA pode ser substituída por erros formais ou materiais, mas nunca para alterar o sujeito passivo da
execução – Sumula 302, STJ.
# OBS.2: O STJ entende que a inscrição em Dívida Ativa não é cancelada sempre. Ela não é cancelada, a menos que se
comprove o prejuízo ao contribuinte. REsp 660895, STJ.
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CDA. AUSÊNCIA DE REQUISITO ESSENCIAL.
 AUSÊNCIA DE PREJUÍZO À
DEFESA DO DEVEDOR. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. SÚMULA 7/STJ. 
 1. Os requisitos
formais da CDA visam dotar o devedor dos meios necessários a identificar o débito e, assim, poder impugná-lo. Não
se exige cumprimento de formalidade, sem demonstrar o prejuízo que ocorreu pela preterição da forma. Princípio da
instrumentalidade dos atos processuais.
 2. A Corte a quo entendeu que a falta do número do processo administrativo
não trouxe prejuízos à defesa do devedor. Para que fosse revisto tal entendimento seria necessário o reexame dos
elementos probatórios insertos nos autos, o que é vedado nos termos da Súmula 7/STJ. 
 3. Recurso especial
improvido.
 (REsp 660.895/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/11/2005, DJ
28/11/2005, p. 253)

03. CONTEÚDO
 Elementos obrigatórios – art. 202
Art. 202: O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente:
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I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos corresponsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência
de um e de outros;
II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;
III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado;
IV - a data em que foi inscrita;
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.
Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição.
Elementos materiais Elementos formais
Devedor Data da inscrição
– contribuinte e responsável, se houver.
- domicílio ou residência.
Quantia devida Número do processo administrativo, se houver (ex. faz
– determinar a forma de cálculo de juros, quais as penalidade. declaração correta e não paga – não tem).
Origem e natureza
- identificar o FG, o tributo, qual a lei de fundamenta essa
exigência.
 Consequência da ausência de um dos requisitos: A inscrição em dívida ativa pode ser considerada nula. Por consequência,
haverá nulidade do processo de cobrança.
 Nome do responsável: a inscrição do nome de um responsável tributário depende da prévia apuração administrativa de tal
pressuposto de fato específico da responsabilidade, com resguardo do direito de defesa do apontado responsável. Ressalva-se
a hipótese de sucessão, em que ocorre a simples sub-rogação. Constando o nome do responsável do título, a execução
poderá ser (re)direcionada a ele; não constando, será possível o redirecionamento, contanto que o exequente prove a
responsabilidade daquele que deseja ver incluído no polo passivo da ação.
#OBS.: Jamais poderá constar o nome do responsável da CDA quando fundada em declaração do contribuinte. Ex: no caso de
crédito tributário executado com base em declaração de débitos tributários feitos em nome da sociedade, será sempre inválida
a inclusão do nome dos sócios na CDA, dada a ausência de lançamento tributário comprobatório da responsabilidade do sócio-
gerente nos termos do 135 do CTN.
 Regras para o direcionamento em casos de sócios de PJ:
(1) sendo a execução proposta somente contra a sociedade, a Fazenda Pública deve comprovar a infração a lei, contrato
social ou estatuto ou a dissolução irregular da sociedade para fins de redirecionar a execução contra o sócio, pois o mero
inadimplemento da obrigação tributária principal ou a ausência de bens penhoráveis da empresa não ensejam o
redirecionamento;
(2) se o título executivo é proposto contra a pessoa jurídica e o sócio, cujo nome consta da CDA, não se trata de típico
redirecionamento, e o ônus da prova de inexistência de infração a lei, contrato social ou estatuto compete ao sócio, uma
vez que a CDA goza de presunção relativa de liquidez e certeza;
(3) a terceira situação consiste no fato de que, embora o nome do sócio conste da CDA, a execução foi proposta somente
contra a pessoa jurídica, recaindo o ônus da prova, também neste caso, ao sócio, tendo em vista a presunção de liquidez
e certeza que milita a favor da CDA.
(STJ - AgRg no REsp 966206/PE, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/11/2007, DJ
19/12/2007, p. 1176)
 Origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado. Origem: tipo de
lançamento, declaração de contribuinte, confissão. Natureza: tributário ou não, multa, modalidades de obrigação principal (art.
113, §1º CTN).
Necessária a referência à situação de fato ensejadora da multa, tudo para dar efetividade ao princípio da ampla defesa ao
executado.
- Também é necessário o fundamento legal específico da responsabilidade atribuída ao sujeito passivo. Neste caso, p. ex, já se
excluiu presidente de federação de futebol em razão da não indicação do fundamento legal de sua responsabilidade.

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 Número do processo administrativo de que se originar o crédito: se extraviou o processo, é nula a CDA, porque retira
do contribuinte a amplitude de defesa (STJ, RESP 686777, 2005).
- É necessário protesto da CDA para execução fiscal? Não. Se a CDA goza de presunção de certeza e liquidez, o
inadimplemento é caracterizado como elemento probante, sendo um fato extintivo do direito da autor (STJ).

*#OUSESABER: Em novembro de 2016, o STF declarou CONSTITUCIONAL o protesto de certidões de dívida ativa (CDA), ao
julgar improcedente a ADI 5135, que impugnava o parágrafo único do artigo 1º da Lei 9.492/1997, acrescentado pela Lei
12.767/2012 (“Parágrafo único. Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas”).O relator da ADI, ministro Luís
Roberto Barroso, destacou, em seu voto, que essa modalidade de cobrança seria MENOS INVASIVA que a ação judicial de
execução fiscal, a qual permite a penhora de bens e o bloqueio de recursos nas contas de contribuintes inadimplentes.
Ademais, acrescentou que o protesto NÃO impede o funcionamento de uma empresa, bem como que a possibilidade de a
Fazenda Pública efetuar a cobrança judicial NÃO representa um impedimento à cobrança extrajudicial. Foi fixada, no
julgamento, a seguinte tese: “O protesto das certidões de dívida ativa constitui mecanismo CONSTITUCIONAL e
LEGÍTIMO por não restringir de forma desproporcional quaisquer direitos fundamentais garantidos aos contribuintes
e, assim, não constituir sanção política”. Vale ressaltar que o STJ já vinha admitindo essa cobrança extrajudicial por meio do
protesto da CDA.

* O protesto das certidões de dívida ativa constitui mecanismo constitucional e legítimo por não restringir de forma
desproporcional quaisquer direitos fundamentais garantidos aos contribuintes e, assim, não constituir sanção política. STF.
Plenário. ADI 5135/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3 e 9/11/2016 (Info 846).

04. EFEITOS DA INSCRIÇÃO – dois no CTN e um na LEF


 Presunção de fraude
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em
débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa. (Redação dada
pela Lcp nº 118, de 2005). Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido
reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita. (Redação dada pela
Lcp nº 118, de 2005)
- As alienações do devedor serão consideradas fraudulentas. Essa presunção de fraude também é relativa. Ou seja, existem
casos em que ela pode ser afastada. Isso ocorre quando o sujeito passivo tenha reservado bens suficientes para o pagamento
da dívida tributária. A alienação só será permitida se ele comprovar que tem bens suficientes para saldar a dívida TODA. A
redação anterior do art. 185 tinha no final a expressão “em fase de execução”. Ou seja, antes da LC 118/05, para que
houvesse a presunção de fraude não bastava a inscrição em dívida ativa. Era necessário também o ajuizamento da execução
fiscal. Ou seja, a LC 118/05 antecipa o momento de configuração da fraude.

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#OUSESABER: O reconhecimento da fraude à execução fiscal de crédito tributário depende de registro depende de
registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente? Resposta: NÃO. Mas não é isso que
prevê a Súmula 375 do STJ? De fato, a Súmula 375 estabelece que “o reconhecimento da fraude à execução depende do
registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente”. Contudo, referida súmula NÃO se aplica à
execução de crédito tributário, tendo em vista a previsão do art. 185 do CTN. Segundo esse dispositivo, presume-se a fraude
à execução DESDE O MOMENTO DA INSCRIÇÃO DO CRÉDITO EM DÍVIDA ATIVA. Confira-se: “Art. 185. Presume-se
fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda
Pública, POR CRÉDITO TRIBUTÁRIO REGULARMENTE INSCRITO COMO DÍVIDA ATIVA. Parágrafo único. O disposto neste
artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da

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dívida inscrita”. Conforme ensina Ricardo Alexandre, em se tratando de fraude à execução fiscal de crédito tributário,
sobrepõe-se a disciplina normativa específica do Código Tributário Nacional, com seu conhecido status de lei
complementar. Por conseguinte, se não reservados bens e rendas suficientes pelo alienante cujo débito se encontra inscrito
em dívida ativa, a má-fé do adquirente é presumida de forma absoluta.

 Presunção (relativa) de liquidez e certeza do débito. É prova pré-constituída em relação ao débito.


Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de prova pré-
constituída. Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca,
a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.
- Até o momento da inscrição o ônus da prova é da Administração. Ela deveria provar que o FG ocorreu, que não houve
pagamento, etc. A partir da consolidação desse débito, cabe ao contribuinte provar, já que a inscrição revela a presunção de
liquidez e certeza da dívida, tornando-se prova pré-constituída em favor da Fazenda, gerando inversão do ônus da prova. Ele
terá que produzir essa prova no âmbito dos embargos à execução fiscal, que dependem de garantia.
# OBS.: Responsabilidade do sócio: se no momento de indicar o responsável a Fazenda indica o sócio e esse débito é
inscrito, haverá a presunção de sua responsabilidade, cabendo a ele desconstituir essa prova. Ele quem deverá provar que
não agiu na forma do art. 135, III (agir fraudulentamente). Ele também só pode provar no âmbito dos embargos, que dependem
de garantia.
 Pressuposto: regular apuração. Inocorrência no caso de inscrição do nome do sócio sem previa apuração da sua
responsabilidade. Se o nome do sócio da PJ é incluído automaticamente, sem arrimo em alguma hipótese legal de
responsabilidade por substituição (art. 135, p. ex.), não há tal presunção.
- A qualidade de prova pré-constituída da CDA inverte o ônus de prova no tocante à qualidade dos sócios-gerentes indicados
pelo título. Assim, se o INSS, p. ex., com base no ato constitutivo da empresa, arrola na CDA pessoas que não exercem,
efetivamente, função de administrador, diretor, etc, caberá a eles a demonstração de dirimentes ou excludentes da hipótese
previstas para responsabilidade de terceiros.
Provas testemunhais, ainda que coerentes, não são fortes o suficiente para ilidir a presunção prevista no art., sendo necessário
início de prova documental.
- Suspensão do prazo prescricional
LEF - Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei nº 4.320,
de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e
controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
§ 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para
apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a
distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.
- Essa suspensão é por 180 ou até o ajuizamento da execução fiscal, o que ocorrer primeiro.
- Ex. constituição definitiva em 20/05/2008 (prescreve em 20/05/2013) + inscrição da dívida ativa em 20/05/2009 (suspende até
20/11/2009). Prazo volta a contar – agora prescreve em 20/11/2013.
- Essa suspensão representa um conflito com o CTN, já que ele na traz essa previsão. STJ diz, pacificamente, que essa
suspensão fica limitada à dívida ativa não tributária.
STJ. Prescrição. Suspensão. 180 dias. Dívidas de Natureza não-tributária. “A suspensão de 180 (cento e oitenta) dias do prazo
prescricional a contar da inscrição em Dívida Ativa, prevista no art. 2.º, § 3.º, da Lei 6.830/80, aplica-se tão-somente às dívidas
de natureza não-tributária.” (AgRg no Ag 863427 / MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, DJ 20.09.2007)

05. MODALIDADE DE CERTIDÃO


a) NEGATIVA: é emitida na hipótese de o tributo não ter sido lançado – tributos não lançados. Não há nenhum tributo
lançado em nome do contribuinte.
b) POSITIVA: é emitida quando há tributos lançados e vencidos.

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c) POSITIVA COM EFEITOS DE NEGATIVA: é emitida quando há tributos lançados e vincendos (ainda não vencidos –
o tributo foi lançado mas ainda há prazo para o pagamento).

# OBS.: Art. 206, CTN – certidão positiva com efeito de negativa:


Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não
vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja
suspensa.
- Esse tipo de certidão é obtida em três casos:
 Tributo lançado e vincendo;
 Crédito Tributário com exigibilidade suspensa;
 Na hipótese de uma Execução Fiscal estar com o juízo garantido. Ou seja, na hipótese de já existir, por exemplo, a
penhora na EF – já tem assegurada a certidão positiva com efeito de negativa.

06. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA


A) DEFINIÇÃO
 É o título executivo extrajudicial quem embasa a execução fiscal. É um espelho da inscrição em dívida ativa.
B) CONTEÚDO
 Todos os elementos da inscrição estarão, necessariamente, na CDA. Art. 202, já citado.
- Há ainda a exigência do parágrafo único A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha
da inscrição. Mesmo que o livro seja eletrônico ainda há a exigência de indicação do livro e da folha.
C) NULIDADE DA CDA
Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo, são causas de
nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de
primeira instância, mediante substituição da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo
para defesa, que somente poderá versar sobre a parte modificada.
 Se a CDA falhar no detalhamento de algum desses elementos (ex: erro na indicação), haverá um erro formal. O resultado
disso será a nulidade da CDA, da inscrição em dívida ativa e do processo de execução.
Essa nulidade pode ser afastada se houver a substituição da CDA, mas ela deve ser feita até a sentença de primeira instância.
Caso contrário todo processo será nulo. Há ainda a devolução do prazo de defesa para o contribuinte.
Informativo 538 STJ – MAIO/2014

Info 510:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. INSTRUÇÃO DA PETIÇÃO INICIAL. A execução fiscal deve ser
instruída com a Certidão de Dívida Ativa – CDA, de acordo com o artigo 6º, § 1º, da LEF, sendo inexigível a instrução com o
Termo de Inscrição em Dívida Ativa do crédito executado. Precedentes citados: REsp 1.138.202-ES (Repetitivo), DJe
1º/2/2010, e REsp 1.065.622-SC, DJe 23/4/2009. AgRg no AREsp 198.239-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado
em 13/11/2012.
STJ - Súmula 392 - A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de
embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da
execução.

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- A nulidade prevista neste artigo é condicionada à demonstração de prejuízo à defesa.
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. NULIDADE DA CDA. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A nulidade da CDA não deve ser declarada por falhas ocasionais que não resultarem
em prejuízo para a defesa. 2. Aplicação do princípio da instrumentalidade das formas adotado pelo sistema processual
civil brasileiro. 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no Ag 892.848/SP, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 16/08/2007, DJ 20/09/2007, p. 247)
- Após o reconhecimento da deficiência do título, o Exequente pode, através do órgão apropriado, promover o cancelamento da
certidão nula e a lavratura de nova certidão, sem os vícios formais da anterior, solicitando, nos autos da execução, a
substituição da primeira pela segunda. Desse modo, a execução prosseguirá com suporte na CDA substituta, adequando-se ao
que nela contido.
- A substituição da CDA é uma faculdade do credor. Não pode ser determinada pelo magistrado. A pena para a inércia da
exequente é a declaração de nulidade do título, com a consequente extinção da execução.
- Quando o vício referir-se ao próprio lançamento, não será possível adotar o procedimento previsto no art. 203:
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC.
PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA (CDA).
SUBSTITUIÇÃO, ANTES DA PROLAÇÃO DA SENTENÇA, PARA INCLUSÃO DO NOVEL PROPRIETÁRIO.
IMPOSSIBILIDADE. NÃO CARACTERIZAÇÃO ERRO FORMAL OU MATERIAL. SÚMULA 392/STJ. 1. A Fazenda
Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de
correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução (Súmula 392/STJ). 2. É que:
"Quando haja equívocos no próprio lançamento ou na inscrição em dívida, fazendo-se necessária alteração de
fundamento legal ou do sujeito passivo, nova apuração do tributo com aferição de base de cálculo por outros
critérios, imputação de pagamento anterior à inscrição etc., será indispensável que o próprio lançamento seja
revisado, se ainda viável em face do prazo decadencial, oportunizando-se ao contribuinte o direito à impugnação,
e que seja revisada a inscrição, de modo que não se viabilizará a correção do vício apenas na certidão de dívida.
A certidão é um espelho da inscrição que, por sua vez, reproduz os termos do lançamento. Não é possível
corrigir, na certidão, vícios do lançamento e/ou da inscrição. Nestes casos, será inviável simplesmente substituir-
se a CDA." (Leandro Paulsen, René Bergmann Ávila e Ingrid Schroder Sliwka, in "Direito Processual Tributário: Processo
Administrativo Fiscal e Execução Fiscal à luz da Doutrina e da Jurisprudência", Livraria do Advogado, 5ª ed., Porto
Alegre, 2009, pág. 205). (...) (REsp 1045472/BA, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009,
DJe 18/12/2009)

B.1. CAUSAS DE NULIDADE DA INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA


 Há duas situações possíveis:
1) Erro ou omissão no ato de inscrição em dívida ativa: há uma falha relativa à indicação dos elementos do art. 202,
CTN.
2) Erro ou omissão na própria CDA: não consta nela requisitos do art. 202 por erro na transposição dos dados da dívida
ativa para a CDA
- Essas duas nulidades têm a ver com omissão/aspectos formais do ato inscrição, pela não observância do art. 202, CTN.

B.2. COMO A NULIDADE (ERROS FORMAIS) PODE SER SANADA?


 Nos termos da Súmula 392 do STJ e o art. 203, CTN, a nulidade pode ser sanada com a substituição da CDA até a decisão
de 1ª instância. Ademais, essa substituição pode corrigir somente erros formais.
- A substituição do sujeito passivo não reflete um erro formal. Essa substituição decorre de substituição do próprio lançamento,
ou seja, um erro material. Quando se trata de matéria, o local para discussão e alteração do erro é nos embargos à execução
fiscal. Um erro formal, portanto, diz respeito a um erro relativo aos requisitos do art. 202 do CTN que não diga respeito a um
dos elementos do lançamento tributário.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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Informativo nº 0470 Período: 25 a 29 de abril de 2011. Segunda Turma EXECUÇÃO FISCAL. DEVEDOR FALECIDO. Trata-se
de REsp em que se discute a possibilidade de alteração do polo passivo da relação processual, tendo em vista que o feito
executivo foi apresentado contra o devedor e não contra o espólio, sendo que aquele já havia falecido à data do
ajuizamento da ação executiva. A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, negou provimento ao recurso sob o
fundamento, entre outros, de que, sendo o espólio responsável tributário na forma do art. 131, III, do CTN, a demanda
originalmente ajuizada contra o devedor com citação válida pode ser redirecionada àquele quando a morte ocorre no
curso do processo de execução, o que não é o caso, visto que, à data em que foi proposta a ação executiva, o devedor
já havia falecido. VER INFORMATIVO 538 STJ COLACIONADO ACIMA
- Assim, não foi preenchido o requisito da legitimidade passiva. Dessarte, não há falar em substituição da certidão de dívida
ativa, haja vista a carência de ação que implica a extinção do feito sem resolução do mérito nos termos do art. 485, VI, do
NCPC. Ademais, o redirecionamento pressupõe correta a propositura da ação, o que, como visto, não ocorreu na hipótese.
Precedentes citados: AgRg no REsp 1.056.606-RJ, DJe 19/5/2010; REsp 1.157.778-RJ, DJe 18/12/2009, e AgRg no Ag
865.187-BA, DJ 12/2/2008. REsp 1.222.561-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/4/2011.
- Sendo reconhecida a impugnação de parte da dívida, não é necessário extinguir a execução ou substituir a CDA, podendo
ser corrigida a situação por meros cálculos aritméticos.
Informativo nº 0506 Período: 4 a 17 de outubro de 2012. Primeira Turma DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À
EXECUÇÃO FISCAL. RECONHECIMENTO DA INEXIGIBILIDADE PARCIAL DA CDA. O reconhecimento da
inexigibilidade parcial de crédito representado na certidão da dívida ativa (CDA) não exige a emenda ou a substituição do
título para o prosseguimento da execução fiscal quando a quantia indevida puder ser prontamente abatida por meros
cálculos aritméticos. O excesso de execução não implica a decretação da nulidade do título executivo extrajudicial, mas
tão-somente a redução do montante ao valor tido como devido, quando o valor remanescente puder ser apurado por
simples cálculos aritméticos. Precedentes citados: REsp 1.115.501-SP, DJe 30/11/2010, e REsp. 1.247.811-RS, DJe
21/6/2011. AgRg no REsp 941.809-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 4/10/2012.

EXECUÇÃO FISCAL

01. INTRODUÇÃO
 Lei 6830/80 – LEF (Lei de Execução Fiscal).
- O concurso que mais exige esse assunto é da Magistratura e Procuradoria.
- Uma legislação que entrou em vigor no dia 22.09.1980.
- A Lei de execuções fiscal corresponde a um lei Ordinária Federal, que visa a execução judicial da dívida ativa da União,
Estados, DF e Municípios.
E Lei Federal de caráter Nacional.

# OBS.: Quando surgiu a LEF (1980), o CTN já havia sido percepcionado com força de Lei Complementar, ou seja, pela CF/67.
- Por isso ser inaplicável a regra de suspensão da prescrição prevista na LEF (art. 2 §3˚).
- Dependente de Lei Complementar porém regulado de forma diferente por Lei Ordinária.
- Nesse art. 2 §3˚ é inaplicável em matéria tributária, porque esse dispositivo é aplicável em dívidas ativas não tributário.

1.1. A LEF E O PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE DAS LEIS


 A execução judicial da dívida ativa (Federal, Estadual ou Municipal), é regulada pela Lei 6.830/1980. Porém, o NCPC
também pode ser aplicado. A própria lei de execuções fiscais ela firma que o Código de Processo Civil é aplicado, mas é
aplicado de maneira subsidiária.
- Toda vez que a Lei de Execuções Fiscais for silente quanto a uma determinada orientação, regra, não dispuser a respeito de
algum caminho a ser tomado, aí sim valem as regras do CPC.

# Exemplos:

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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 Citação: Execução Fiscal – prazo de 5 dias, art. 8o, LEF / CPC – prazo 3 dias – art. 829, NCPC. Nesse caso, aplica-se o
princípio da especialidade, e aplica a regra da LEF.
 Foro do Ajuizamento: a LEF é silente quanto ao foro do ajuizamento. Não há nenhuma regra específica. Já no CPC, há a
informação de que as execuções devem ser propostas no domicílio do réu da execução fiscal– art. 784, NCPC.
- Quanto ao foro do ajuizamento, as execuções fiscais seguem a regra do CPC.

1.2. O QUE PRECEDE A EXECUÇÃO FISCAL


 Em toda e qualquer execução é necessário um título executivo (é uma regra geral sobre execuções – art. 786, NCPC).
- O título executivo que fundamenta a execução fiscal é a CDA (certidão de dívida ativa), que representa um título executivo
de natureza EXTRAJUDICIAL – art. 784, IX, NCPC.
- Toda execução fiscal depende da CDA.
# OBS.1: Constituição da Dívida Ativa – constitui dívida ativa da Fazenda Pública as dívidas de origem tributária ou não
tributária.
- As dívidas de origem tributária podem ser qualquer tributo. Entretanto, deve-se ter cuidado com a Lei 4.320/64: essa
legislação colocava os empréstimos compulsórios como ilustrando dívidas de natureza não tributária. Assim, muito embora
ilustrem os empréstimos compulsórios como dívida não tributária, hoje não é mais assim.
- Dívidas de origem não tributárias podem ser os alugueis, indenizações, multas. E o conceito de multa não se confunde com o
conceito de tributo – mas não necessariamente a multa é sempre dívida de natureza não tributária. Para assim ser, devem ser
decorrente de outras origens que não sejam tributos (como multas por infração de trânsito). Se a origem da multa for por falta
de pagamento do tributo, ela entra como dívida ativa tributária.
# OBS.2: A CDA é decorrente da inscrição em Dívida Ativa que consiste em ato de controle administrativo da legalidade e
deve ser apurada e realizada pela Procuradoria da Fazenda (art. 2 o, parágrafo 4o, LEF). A inscrição na dívida ativa é de
competência da Procuradoria da Fazenda Nacional.
- Instrução Normativa (federal) da SPU n. 01 (07/04/2015).
# OBS.3: Portaria MF n. 75/12 (Federal) – limites de valores para a inscrição na Dívida Ativa/Execução Fiscal.
 Inscrição na Dívida Ativa: R$ 1.000,00
 Execução Fiscal: R$ 20.000,00
- São valores já consolidados (levando em consideração todas as atualizações), e todas as dívidas de um mesmo contribuinte.
O valor mínimo de R$ 1.000,00 para a inscrição, e de R$ 20.000,00 para ajuizar a execução fiscal.
- Para que possa haver a inscrição, deve ser um crédito devidamente constituído.

02. COMPETÊNCIA
 REGRA: A EF é proposta no foro de domicílio do réu da execução – art. 46, §5º, NCPC.
- Quando tem a União promovendo a Execução Fiscal – é a Justiça Federal.
- Quando for Estados, DF e Municípios – é a Justiça Estadual do domicílio do réu.
# OBS.1: Se estiver diante de uma Execução Fiscal Federal e o executado é domiciliado em um local onde não é sede da JF?
 A Lei 13.043/14 revogou o inciso I do art. 15, da Lei 5010/66 (que fala sobre a organização judiciaria federal).
- Atualmente, não existem mais a delegação de competência nos casos de Execução Fiscal.
- Antes da Lei 13.043/14 a Execução Fiscal Federal em domicílio que não tinha sede da JF, ia para a JE, o juiz de Direito.
Assim, até 2014, vigorava o seguinte: Art. 109, parágrafo 3o, CF – Nesse caso, ajuíza-se essa Execução Fiscal Federal na
Justiça Estadual – vai para o juiz de direito – o juiz de direito vai fazer as vezes de um Juiz Federal. Quando esse Juiz de
Direito prolatar sua sentença, e quem resolver recorrer – a apelação será direcionada ao TRF – não vai para o TJ, porque o
Juiz de Direito está fazendo as vezes de um Juiz Federal.
- Após a Lei 13.043/14, Execução Fiscal Federal ajuizada em domicílio que não tinha sede da JF, permanece na JF
competente.
- Todas as execuções fiscais ajuizadas antes de novembro de 2014, permaneceram na JE, continuaram com o Juiz de Direito.
# OBS.2: ITR Parafiscal – quando o imposto passa a ser arrecadado pelos Municípios – art. 153, parágrafo 4o, III, CF.

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- A União pode delegar aos Municípios essa capacidade de arrecadar e fiscalizar o imposto, e o Município fica com o dinheiro
do imposto. Se um determinado Município não recolheu o ITR, quem continua a cobrança é o Município, e deve ser feita a
inscrição na Dívida Ativa e executar. Nesse caso, quem em legitimidade para inscrever na dívida ativa e executar? Nesse caso,
quem inscreve e quem executa não é o Município, mas sim a União – o Município informa a União e a PGFN tem capacidade
para fazer a inscrição na DA e executar – porque se trata de um Tributo Federal, mesmo que com a capacidade de
arrecadação delegada aos Municípios. O Município só pode ir até a cobrança. Depois, quem deve fazer a inscrição e a
execução é a União.
- Assim, na hipótese do não pagamento de imposto Federal, ainda que parafiscal, cabe à PGFN promover a inscrição na dívida
ativa, bem como a posterior execução fiscal.
- Dec. 6.433/08 (art. 15 e 16).

03. POLO ATIVO (EXEQUENTE)


 REGRA: art. 1o, LEF: Entes Federados e suas autarquias e fundações públicas têm legitimidade para promover execução
fiscal. Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista não.
 União + autarquias e fundações públicas
 Estados/DF + autarquias e fundações públicas
 Municípios + autarquias e fundações públicas
- As anuidades exigidas por esses conselhos, pelas Autarquias têm natureza tributária e podem sofrer execução fiscal
cobrando essa anuidade – proposta pela própria autarquia. Nesse caso, não é a PFN que vai inscrever em dívida ativa e
executar. Essas autarquias tem representação judicial própria, com legitimidade para inscrever em dívida ativa e executar.

*O prazo prescricional para cobrança das anuidades pagas aos conselhos profissionais tem início somente quando o total da
dívida inscrita, acrescida dos respectivos consectários legais, atingir o patamar mínimo estabelecido pela Lei 12.514/2011. Ex:
João está devendo as anuidades de 2011, 2012, 2013; as anuidades de 2014, 2015 e 2016 foram pagas; assim, somente em
2017 atingiu-se o valor mínimo exigido pelo art. 8º da Lei ocasião em que o Conselho ajuizou a execução; o termo inicial da
prescrição somente se iniciou em 2017. STJ. 2ª Turma. REsp 1.524.930-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 2/2/2017
(Info 597). #PROCURADORIAS #IMPORTANTE

# OBS.: A OAB também tem legitimidade para promover uma execução fiscal?
- Em relação à OAB, o STF entende que não equivale a uma agência reguladora, nem a uma autarquia propriamente dita. Ela
é de uma categoria ímpar. O STF diz que ela corresponde a uma entidade sui generis, porque ela não existe especificamente
para controlar e fiscalizar a categoria dos advogados – ela tem uma função institucional, inclusive prevista pela CF. O STF
entende que a OAB é realmente diferenciada – ADI 3026/DF.
- Assim, conclui-se que a OAB não executa através da Lei 6.830/80 (não tem legitimidade para se valer das regras da LEF),
mas executa através do CPC.

04. POLO PASSIVO (EXECUTADO)


 Art. 4o, LEF
Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra:
I - o devedor;
II - o fiador;
III - o espólio;
IV - a massa;
V - o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito
privado; e
VI - os sucessores a qualquer título.
# OBS.1: Súmula 392, STJ.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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- Apenas vícios formais ou materiais autorizam a substituição da CDA, nos termos do art. 2 o, parágrafo 8o, LEF. Se for
necessário alterar o sujeito passivo da execução fiscal, não pode substituir a CDA simplesmente – será preciso notificar de
lançamento o verdadeiro devedor.
- Se o erro da execução fiscal é o polo passivo – se o verdadeiro devedor não consta na CDA, cabe um lançamento, notificar
no lançamento o verdadeiro devedor.
# OBS.2: Súmula 435:
Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação
aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.
- O redirecionamento tem que acontecer dentro de 5 anos, sob pena de prescrição em relação ao sócio gerente.
- AgRg REsp 110.6740/RS.

05. INÍCIO DA EXECUÇÃO FISCAL


- Ajuizamento da Execução Fiscal, por parte da Fazenda Pública (federal, estadual, municipal).

A) CITAÇÃO
 A primeira manifestação do juiz em sede de EF ajuizada, é o despacho que ordena a citação – art. 8o, parágrafo 2o, LEF /
Art. 174, parágrafo único, CTN – O despacho do juiz da citação repercute na interrupção da prescrição.
- Entretanto, muito embora a própria LEF diga que o despacho do juiz que ordena a citação interrompe o prazo prescricional,
essa interrupção deve levar em consideração data anterior ao despacho (súmula 106, STJ – retroage à data do ajuizamento
da ação, em razão da morosidade do Poder Judiciário).
# CUIDADO – Súmula 106, STJ: a morosidade do Poder Judiciário não pode servir de fundamento à alegação da prescrição,
logo, de acordo com a súmula 106, STJ, cabe também em matéria tributária, a aplicação do art. 240, parágrafo 1o, NCPC – que
diz que a interrupção da prescrição deve retroagir à data do ajuizamento da ação.
 A citação em execução fiscal, por regra, se dá por meio dos CORREIOS – através de AR (o Aviso de Recebimento).
- Exceções: Pode haver citação por oficial de justiça e citação por edital – Súmula 414, STJ – para haver citação por edital,
deve ter sido frustrada as demais alternativas (correis, por oficial de justiça).
Súmula 414, STJ: A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais modalidades.

B) PAGAR E GARANTIR O JUÍZO


 O executado é citado para no prazo de 5 dias pagar ou para garantir o juízo.
- Se ele resolver pagar, extingue o crédito tributário e, posteriormente, a execução fiscal.
- Se resolver garantir o juízo, pode fazê-lo através de:
 Depósito – é uma forma conservadora, incomum de garantir.
 Carta de fiança bancaria
 Penhora – é a forma comum, mais usual – ou o contribuinte ou executado oferece bens como garantia, ou deixa que
o oficial de justiça penhore parte do seu patrimônio, com um mandado de penhora livre.
 Seguro Garantia – foi incluído na LEF em 2014 pela Lei 13.043/15 – modalidade de caução. Antes da Lei, o STJ não
aceitava essa hipótese.
# OBS.: Se após realizados todos esses procedimentos, bem como não forem encontrados bens passíveis de penhora, a
consequência é a penhora on-line – Art. 185-A, CTN – LC 118/05.

06. ORDEM DE PREFERÊNCIA PARA GARANTIA DO JUÍZO


 Art. 10 e Art. 11, LEF
Art. 10 - Não ocorrendo o pagamento, nem a garantia da execução de que trata o artigo 9º, a penhora poderá recair
em qualquer bem do executado, exceto os que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

Art. 11 - A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem:


I - dinheiro;
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II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa;
III - pedras e metais preciosos;
IV - imóveis;
V - navios e aeronaves;
VI - veículos;
VII - móveis ou semoventes; e
VIII - direitos e ações.
# OBS.: Princípio da Menor Onerosidade – Art. 805, NCPC – deve penhorar, desde que cause um menor prejuízo ao
executado. Entretanto, o CTN dispõe sobre a penhora on-line, em que é preciso primeiro bloquear os bens e depois implicar
na penhora. De acordo com a penhora on-line (art. 185-A, CTN), dá a entender, em um primeiro momento, que é preciso que a
Fazenda Pública esgote todas as diligências possíveis para ingressar com a penhora on-line. Isso no CTN. Entretanto, o CPC
passou a tratar isso em 2006 de forma diferente. O NCPC, no art. 854, também fala de penhora on-line, sem fazer alusão ao
esgotamento de todas as diligências.
- Há um confronto entre o Princípio da Menor Onerosidade X Penhora On-line. No caso da penhora on-line, há duas regas
fundamentando (art. 185-A, CTN, que é uma regra de 2005, e o art. 655-A, CPC, regra incluída em 2006 e mantida no NCPC,
no seu art. 854).
- Nesse confronto, quem vence a disputa é a Penhora On-Line. E, nesse caso, se tem a penhora on-line percebe-se um novo
confronto: um confronto entre o art. 185-A, CTN e o art. 854, NCPC.
- O Art. 185-A diz que deve haver o esgotamento de todas as diligencias. Já o art. 854, NCPC, não faz a mesma exigência. O
CTN é a lei especial e o CPC a lei geral. Aplica-se ou não o princípio da especialidade das leis?
# CUIDADO: O STJ diz que nesse caso aplica-se não o princípio da especialidade das leis, mas sim da Teoria Pós-Moderna
do Diálogo das Fontes (de Erik Jayme) – que diz que normas gerais mais benéficas preferem à norma especial para
preservar a coerência do sistema normativo – REsp 11.8.4765/PA.
- Essa teoria veio do Direito do Consumidor e foi replicada em matéria tributária.

07. SUBSTITUIÇÃO DA PENHORA


 Art. 15, LEF.
 REGRA: como regra, a Fazenda Pública não pode recusar a substituição da penhora quando é oferecido dinheiro.
 A Fazenda Pública não é obrigada a aceitar carta fiança em substituição ao dinheiro, porque este tem maior liquidez – REsp
104.9760/RJ.
# OBS.: Precatórios – direito a crédito – REsp 118.0840/PR:
- Precatório, com precedente nesse REsp, não é dinheiro, é direito a crédito. Não equivale a um depósito em dinheiro –
equivale a um direito a crédito. Direito a crédito está no inciso VIII do art. 11 da LEF (é um direito), é o último na ordem da lista
do artigo.
- Como precatório é o último:
 Pode ser recusado livremente, e há súmula do STJ consolidando isso – Súmula 406, STJ;
 E se a Fazenda Pública optar por penhorar o precatório, não haverá ofensa ao princípio da menor onerosidade.

08. DEFESA DO EXECUTADO1


 Regra: Só se defende em Execução Fiscal através da oposição dos Embargos à Execução Fiscal – essa regra,
estampada pelo art. 16, LEF, impõe como pré-requisito desses embargos que só pode embargar com o juízo garantido.

# OBS.: Há Embargos discriminados na LEF e os Embargos do CPC.


- O CPC fala em embargos do devedor – mas é a mesma coisa dos embargos à execução fiscal. É a mesma modalidade de
defesa. Mas, por outro lado, as orientações dadas pela LEF são diversas das catalogadas no CPC.

1 A prova do TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa: “Segundo a orientação do Superior Tribunal de
Justiça, a ação anulatória em que se discute o crédito tributário implica litispendência em relação aos embargos
do devedor caso a matéria de defesa tratada nestes últimos seja a mesma.”
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- Assim, na LEF os embargos precisam da garantia; o prazo é de 30 dias, contados da garantia.
- No CPC, os embargos independem da garantia; o prazo é de 15 dias, contados da citação.
 Prevalece a regra da LEF – pelo Princípio da Especialidade das Leis.

8.1. EFEITO SUSPENSIVO DOS EMBARGOS


- A LEF silencia quanto ao efeito suspensivo dos embargos.
- O NCPC, art. 919 diz que os Embargos, por regra, não têm efeito suspensivo. Mas, dispositivo diz que pode ter, desde
que sejam cumpridos os requisitos (parágrafo 1o, art. 919, CPC).
 REsp 119.5977/RS: o STJ falou que se a LEF é silente quanto ao assunto, aplica de forma subsidiária o CPC. Assim, os
embargos na execução fiscal não tem o efeito suspensivo automaticamente – podem ter o efeito suspensivo, se observada a
observância dos requisitos do art. 919, parágrafo 1o.
- Não têm por regra, mas podem ter o efeito suspensivo.

8.2. EPE – EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE


 Também conhecida como Exceção Pré-Processual, Objeção de Pré-Executividade.
 Conceito: consiste em uma construção doutrinária amplamente aceita pelos tribunais, cujo objetivo é defender o executado
em situações nas quais o juiz pode perceber de plano o vício na Execução Fiscal.
# OBS.1: Súmula 393, STJ – Indica qual o principal elemento para se aceitar essa modalidade de defesa. Par o STJ, para
aceitar a exceção de pré-executividade, é importante que aquela matéria não precise de produção de provas. Não é que não
cabem provas, mas as provas já devem estar prontas, pré-constituídas.
“A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que
não demandem dilação probatória. Rel. Min. Luiz Fux, em 23/09/2009”.
# OBS.2: Embargos X Exceção de Pré-Executividade
 Os embargos dependem da garantia do juízo, têm prazo, mas pode-se alegar qualquer matéria útil à defesa.
 Mas a exceção não depende da garantia do juízo, não tem prazo, mas não comporta dilação probatória – não
dá a possibilidade de produzir provas.
 Quando se oferece os embargos, é porque tem a garantia do juízo. Assim, com os embargos, está assegurado ao
embargante a obtenção de uma certidão positiva com efeitos de negativa.
 A exceção de pre-executividade não assegura certidão positiva com efeito de negativa, certidão de regularidade fiscal.

09. O PROCESSO DE EXECUÇÃO FISCAL


 Prazo para ajuizar: Cinco anos a contar da constituição definitiva - art. 174, CTN.
- Ajuizada a execução fiscal o prazo prescricional continua correndo e só para com o despacho para citação (INTERRUPÇÃO).
- As partes no processo de execução fiscal são exequente e executado, e o processo se inicia por meio de petição do
exequente objetivando a satisfação do seu direito, ou seja, o pagamento de dívida em dinheiro.

9.1. QUESTÕES RELATIVAS À INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO – DESPACHO


A) LC 118/05: despacho como causa interruptiva
 Antes da lei complementar 118, a causa de interrupção era a citação pessoal do devedor. Isso ficava não mão do devedor,
que podia evitar a interrupção. Além disso, a LEF dizia que era do despacho, mantendo o STJ a postura que para os créditos
tributários deveria ser aplicado o CTN.
- A partir de quando esse novo prazo é utilizado?
 1º caso: EF, despacho e citação ANTES da LC 118/05 (vigência em 09/06/2005) – aplica a regra antiga.
 2º caso: EF, despacho e citação DEPOIS da LC 118/05 (vigência em 09/06/2005) – aplica a regra nova.
 3º caso: EF, despacho ANTES e citação DEPOIS da LC 118/05 (vigência em 09/06/2005) –
 4ª caso: EF ANTES, despacho e citação DEPOIS da LC 118/05 (vigência em 09/06/2005) –

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 STJ – para saber a regra que se aplica, deve-se olhar para o despacho, não importando a data do ajuizamento da execução
fiscal. Se o despacho tiver sido proferido após a vigência da lei, ele já tem por efeito gerar a interrupção do prazo. Resp
999.901.
B) EF ajuizada no prazo, mas o despacho proferido depois.
 STJ – se a execução fiscal tiver sido ajuizada no prazo, este efeito da interrupção retroage à data do ajuizamento. Retroage
para assegurar a execução fiscal. Nesse caso não haverá prescrição, desde que ajuizada dento do prazo. RE 1120295
(maio/2010).
C) EF ajuizada após o prazo.
- O juiz pode reconhecer a prescrição de ofício. Ele não precisa nem citar – súmula 409, STJ
D) Efeitos da interrupção
- Prazo zera e recomeça – A Fazenda terá cinco anos para promover a EF. Esse prazo é o chamado prazo de prescrição
intercorrente.
- A prescrição intercorrente flui dentro do processo e tem por objetivo tornar a execução fiscal mais célere, mais eficaz.
- Caso específico: responsabilidade dos sócios: Imaginemos uma Execução Fiscal em face de uma pessoa jurídica. Há o
despacho para citar a PJ. Esse despacho, como vimos, interrompe a prescrição e há mais 5 anos para promover, isto é, dar
andamento a essa execução fiscal. 7 anos depois, a Fazenda prova que o sócio seria responsável por aquele débito tributário.
Pode a Fazenda requerer o redirecionamento da Execução Fiscal ao sócio? Aparentemente não, já que passaram mais de 5
anos. Contudo, a Fazenda alegava que aquela interrupção valia apenas para a PJ, não para o sócio, o que lhe permitiria ainda
ajuizar em face do sócio. Contudo, o STJ já decidiu que o prazo vale tanto para a PJ como para os sócios e a Fazenda não
poderia redirecionar. Há vários julgados do STJ nesse sentido (AgReg no Resp 761.488, primeira seção).

9.2. ANDAMENTO NORMAL DA EXECUÇÃO FISCAL


 Como vimos, temos a constituição definitiva do Crédito Tributário, que inicia o prazo prescricional. Aí a Fazenda inscreve em
Dívida Ativa, emite a CDA e ajuíza a Execução Fiscal. Com o despacho que determina a citação, a prescrição é interrompida. E
em seguida, como se dá a continuação do processo?
- O despacho que determina a citação do devedor, além disso, concede a este 5 dias para garantir ou para pagar a quantia em
questão. Se ele paga, naturalmente extingue a EF. Se ele apenas garante, é porque o devedor pretende discutir o mérito da
dívida. E como ele vai discutir esse mérito? Através dos Embargos à Execução Fiscal.
- Os embargos à Execução Fiscal são uma nova ação. Trata-se de um processo de conhecimento que será distribuído por
dependência à execução fiscal. Após o seu desenrolar, teremos uma decisão, que pode ser de procedência ou de
improcedência. Se for de procedência é porque o devedor tinha razão, e teremos a extinção da EF. Se for de improcedência,
teremos o andamento da EF e a arrematação da garantia.
- Esse é o esquema resumido e simplificado. Mas vamos analisar alguns pontos com mais calma.
- Primeiramente vamos estudar as garantias e o oferecimento dos embargos. Depois, faremos uma análise dos Embargos
quanto aos seus efeitos.
# OBS.: INFORMATIVO 538 STJ – maio/2014

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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3.2.1. Sobre as garantias


A) Quais são as garantias possíveis e qual o prazo para oferecer os embargos?
- O tema está definido no art. 9º da lei 6.830/80. O prazo será de 30 dias. O que muda será o dia de início.
GARANTIA INÍCIO DO PRAZO DE 30 DIAS
Depósito Judicial Realização do depósito
Carta de fiança bancária Juntada da carta aos autos
Oferecimento de bens à penhora Intimação da penhora (não precisa esperar juntar o
termo de penhora aos autos)

Art. 7º O despacho do Juiz que deferir a inicial importa em ordem para:


I - citação, pelas sucessivas modalidades previstas no artigo 8º;
II – penhora, se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de depósito ou fiança;
III - arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar;
IV - registro da penhora ou do arresto, independentemente do pagamento de custas ou outras despesas, observado o
disposto no artigo 14; e
V - avaliação dos bens penhorados ou arrestados
- Merece destaque o oferecimento de bens à penhora, que é o mais comum. A penhora pode ser voluntária, quando há o
oferecimento, e pode ser uma penhora forçada, quando o sujeito não garante e o juiz ordena a penhora.
TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À
EXECUÇÃO. PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO. INTIMAÇÃO PESSOAL DA PENHORA. NECESSIDADE DE MENÇÃO
EXPRESSA DA DATA DE INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1.
"A jurisprudência desta Corte posiciona-se no sentido de que, no processo de execução fiscal, para que seja o devedor
efetivamente intimado da penhora, é necessária a sua intimação pessoal, e deve constar, expressamente, como requisito
no mandado, a advertência do prazo para o oferecimento dos embargos à execução" (AgRg no REsp 1.085.967/RJ,
Segunda Turma, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 23/4/09). 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no AgRg no
REsp 1254413/CE, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/05/2013, DJe
10/05/2013)
B) Informativo 538 STJ Maio 2014

B) Penhora e questões controvertidas


- O art. 11 da Lei 6.830/80 apresenta uma ordem de penhora, do inciso I ao inciso VIII.
Art. 11. A penhora ou arresto de bens obedecerá à seguinte ordem:
I - dinheiro;
II - título da dívida pública, bem como título de crédito, que tenham cotação em bolsa;
III - pedras e metais preciosos;
IV - imóveis;
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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V - navios e aeronaves;
VI - veículos;
VII - móveis ou semoventes; e
VIII - direitos e ações.
§ 1º Excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como
em plantações ou edifícios em construção.
§ 2º A penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do artigo 9º.
§ 3º O Juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública
exeqüente, sempre que esta o requerer, em qualquer fase do processo.
- Causa certo debate o inciso II, dos títulos da dívida pública, e o inciso VIII, dos direitos e ações.
Inciso II, dos títulos da dívida pública: o tema é de direito financeiro. A emissão de título da dívida pública por entes da
federação representa o endividamento do ente, pois através dessas emissões o ente almeja levantar recursos. A lógica é
semelhante às ações na bolsa de empresas de capital aberto. A união coloca à venda alguns títulos, e o sujeito entende que
será um bom negócio e compra. Você compra 100 títulos por R$ 1.000,00. É como se você tivesse emprestando dinheiro à
União, porque ela pagará juros, dividendos a você. Além disso, você pode vender esses títulos. O que nos interessa aqui é: a
pessoa pode oferecer esses títulos como garantia de execução fiscal? Sim, com base no inciso II, desde que o valor desses
títulos não seja pré-determinado, pré-estabelecido, ou seja, deve ter cotação em bolsa.
- O título da dívida pública que tem valor fixo, para o STJ, não é liquido.
 Inciso VIII, dos direitos e ações. A grande pergunta aqui está relacionada aos precatórios, outro tema de direito financeiro. A
questão aqui é se os precatórios podem ser oferecidos em penhora. Podem ser penhorados num processo de EF? STJ diz que
sim, pois se encaixa no inciso VIII, já que se trata de um direito, um crédito, do devedor fiscal. E pode oferecer os precatórios à
penhora mesmo se eles forem referentes a ente federativo diverso daquele que está na EF? Sim. O STJ diz que é possível o
precatório como garantia, independentemente do ente devedor do precatório. Não precisa haver coincidência entre os entes do
precatório e da Execução Fiscal. Isso é bom para o contribuinte, já que as pessoas demoram muito para receber os precatórios
e pelo menos pode oferecê-los logo como garantia.
- Isso acabou virando uma pretensão dos contribuintes de pedir a substituição das garantias já oferecidas por precatórios. Ele
pode fazer isso, desde que a Fazenda concorde. Então é difícil utilizar esse mecanismo, pois a Fazenda pode recusar a
substituição de uma penhora já feita pelos precatórios. Súmula 406 do STJ: A Fazenda Pública pode recusar a substituição do
bem penhorado por precatório.

3.2.2. SOBRE OS EMBARGOS À EXECUÇÃO


 Houve grande discussão acerca do efeito suspensivo dos Embargos à EF relativos à Execução Fiscal propriamente dita. Ou
seja, o oferecimento dos embargos suspende a Execução? Lembrar que quando ofereceu os embargos é porque já ofereceu a
garantia.
- A LEF nunca falou nada, e sempre entendeu-se que sim, suspendia, e enquanto os embargos estivessem tramitando não
haveria o que se falar a respeito de arrematação da garantia.
Contudo, com as reformas do CPC, em 2006 (regra mantida no NCPC), o tema entrou novamente em debate, pois pelo CPC
diz que os embargos à execução, em regra, não suspendem automaticamente a execução. Tem que provar o fumus boni iuris,
etc. Como a LEF não fala nada, a Fazenda passou a defender a aplicação do novo art. 919 do CPC:

“Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.

§ 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando verificados os requisitos
para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.

§ 2o Cessando as circunstâncias que a motivaram, a decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da
parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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§ 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta
prosseguirá quanto à parte restante.

§ 4o A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados não suspenderá a execução contra os
que não embargaram quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante.

§ 5o A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da
penhora e de avaliação dos bens”.

- O STJ analisou a questão e decidiu pela aplicação desse dispositivo à Execução Fiscal, já que o CPC tem aplicação
subsidiária à LEF, que é omissa nesse ponto. Sendo assim, a Execução Fiscal segue, mesmo diante do oferecimento dos
embargos.
- Diante desse cenário, os contribuintes passaram a questionar se a garantia seria obrigatória, (porque com a reforma no CPC
elas não mais são obrigatórias?). Contudo, o STJ disse que continua sendo obrigatório garantir a Execução Fiscal, o que
acabou ficando ruim para os contribuintes.
# Resumo:
1. Garantia é obrigatória para embargar
2. A suspensão da execução não é imediata.
Informativo 538 STF – maio/2014

# RESUMO
- EMBARGOS A EXECUÇÃO – garantir juízo apenas para obter o efeito suspensivo
- IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - garantir juízo como requisito de procedibilidade dos embargos
- EMBAROS À EXECUÇÃO FISCAL – garantir juízo como requisito de procedibilidade dos embargos
Assim, a regra é a de que os embargos não têm efeito suspensivo, não suspendendo a execução. Há exceções, contudo. Terá
efeito suspensivo nos casos em que, garantida a execução, o devedor seja capaz de argumentar quanto à necessidade do
efeito suspensivo e de um dano com o prosseguimento da execução fiscal.
# OBS.: Não são devidos honorários se o executado desistir dos embargos em razão de ter celebrado parcelamento do débito
fiscal: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DO DEVEDOR EM EXECUÇÃO FISCAL. ADESÃO A PROGRAMA DE
PARCELAMENTO FISCAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS INDEVIDOS. Não são devidos honorários advocatícios pelo
executado no caso de desistência dos embargos à execução fiscal com a finalidade de adesão ao programa de parcelamento
fiscal, salvo se a execução fiscal for ajuizada pelo INSS. Nessa situação específica, os honorários já estão incluídos no
encargo de 20% previsto no Decreto-lei n. 1.025/1969 e a condenação do executado nessas verbas constituiria bis in
idem. A circunstância de os incisos do § 3º do art. 1º da Lei n. 11.941/2009 preverem a redução em 100% dos valores do
encargo legal não determina a condenação do contribuinte desistente da ação de embargos à execução fiscal ao pagamento
da verba honorária, porque os valores cobrados na execução já contemplam a referida parcela. Precedentes citados: AgRg no
AgRg no Ag 1.223.449-SC, DJe 4/4/2011; REsp 1.143.320-RS, DJe 21/5/2010; EREsp 475.820-PR, DJ 15/12/2003, e REsp
1.006.682-RJ, DJe 22/9/2008. AgRg no REsp 1.241.370-SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 4/10/2012.

9.3. VARIÁVEIS NO ANDAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL


 Vimos as situações “normais” até agora. Vejamos algumas “anormais”

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- A EF é ajuizada e o juiz profere o despacho determinando a citação e estabelecendo o prazo de 5 dias para pagar ou garantir
a EF. Podem então acontecer duas situações:
 Há a citação, mas o devedor nem paga nem garante;
 Devedor não é localizado e não há a citação
- O que acontece nessas situações?
- Quando há a citação, mas o devedor nem paga nem garante, o impasse é inicialmente resolvido pelo art. 185-A da LC 11/05.
Caso não resolva, art. 40 da LEF.
- Quando o devedor não é localizado e não há a citação, aplica-se o art. 40 da LEF.
 Vejamos esses dispositivos:

I) Devedor é citado, mas não paga ou indica bens. Art. 185-A, CTN: penhora on-line.
- Sendo o devedor citado e decorridos 5 dias sem o pagamento ou a garantia, a Fazenda Pública tentará penhorar
forçadamente. O Oficial de Justiça vai lá ver os bens para penhorar forçadamente. Caso essa tentativa se mostre frustrada,
aplica-se o art. 185-A. precisava haver primeiro a tentativa através do oficial.
- Esse dispositivo cria um novo mecanismo de localização de bens do devedor. O Juiz, de ofício, decreta a indisponibilidade de
bens e direitos do devedor, nos limites da dívida, comunicando eletronicamente para todos os órgãos que, de alguma forma,
possam influenciar nesses bens (instituições financeiras, cartórios, por exemplo). - Por isso é a penhora on line. Bloqueia a
conta corrente, por exemplo.
- No NCPC, nos arts. 835 e 854, o dinheiro, inclusive o depositado e o aplicado, foi para o primeiro lugar na lista de penhora.
Sendo assim, a Fazenda passou a defender que não era preciso o oficial de Justiça ir tentar penhorar os bens, podendo logo
realizar a penhora on line.
Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;
IV - veículos de via terrestre;
V - bens imóveis;
VI - bens móveis em geral;
VII - semoventes;
VIII - navios e aeronaves;
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
X - percentual do faturamento de empresa devedora;
XI - pedras e metais preciosos;
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia;
XIII - outros direitos.

- A penhora on-line (854 do NCPC) é uma modificação trazida que pode ser aplicada às execuções fiscais no caso do
executado não oferecer bens à penhora na forma e no prazo legais.
- CTN, art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no
prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos,
comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de
transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do
mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. § 1o A indisponibilidade de
que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da
indisponibilidade dos bens ou valores que excederem esse limite. § 2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a
comunicação de que trata o caput deste artigo enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja
indisponibilidade houverem promovido.

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- Isso não se confunde com a penhora on-line, pois é mais grave a indisponibilidade geral de bens:
Informativo nº 0509
Período: 5 de dezembro de 2012.
Primeira Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. INDISPONIBILIDADE DE BENS DO DEVEDOR TRIBUTÁRIO. EXAURIMENTO DAS DILIGÊNCIAS.
- É necessária a comprovação do esgotamento de diligências destinadas à localização de bens do devedor para a
determinação de indisponibilidade de bens e direitos prevista no art. 185-A do CTN. A medida de decretação da
indisponibilidade geral dos bens, com fundamento no mencionado dispositivo do CTN, a qual é mais gravosa do que a simples
penhora on line dos valores executados, exige o prévio esgotamento de todas as diligências possíveis tendentes à localização
de bens do devedor. No AgRg no Ag 1.429.330-BA, a Primeira Seção conceituou o esgotamento das diligências para
localização de bens como o "uso dos meios ordinários que possibilitam o encontro de bens e direitos de titularidade da parte
executada, como, por exemplo, o acionamento do sistema Bacen Jud e a expedição de ofícios aos registros públicos de bens
para que informem se há patrimônio em nome do devedor". Precedentes citados: REsp 1.184.765-PA, DJe 3/12/2010
(Repetitivo); AgRg no Ag 1.164.948-SP, DJe 2/2/2011, e AgRg no Ag 1.429.330-BA, DJe 3/9/2012. AgRg no REsp 1.329.012-
SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 13/11/2012.
- Esse artigo 185-A só se aplica a dívidas tributárias, no entender do STJ:

DIREITO TRIBUTÁRIO. RESTRIÇÃO DA INDISPONIBILIDADE DE BENS AO DEVEDOR TRIBUTÁRIO.


- Não é possível a decretação de indisponibilidade de bens prevista no art. 185-A do CTN aos feitos executivos decorrentes de
dívida não tributária. A classificação de origem da dívida ativa é questão relevante para determinar o regramento normativo
aplicado ao caso, sendo indevida a aplicação de institutos previstos no CTN a dívidas de natureza não tributária. O fato de a
LEF afirmar que os débitos de natureza não tributária compõem a dívida ativa da Fazenda Pública não faz que tais débitos
passem a ter natureza tributária apenas em razão de sua inscrição na dívida ativa. O art. 185-A do CTN aplica-se apenas às
execuções fiscais de dívidas tributárias, já que o caput faz referência ao devedor tributário, ou seja, àquele que figura na
execução fiscal como devedor de tributo ao Fisco. Precedentes citados: REsp 1.279.941-MT, DJe 24/10/2011; REsp
1.018.060-RS, DJe 21/5/2008, e REsp 1.073.094-PR, DJe 23/9/2009. REsp 1.347.317-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado
em 6/11/2012.
- A penhora on-line não precisa do esgotamento das diligencias, após a alteração do CPC em 2006 (regra mantida no NCPC).
Mesmo assim, o juiz não pode determinar a penhora on-line no início da execução, como forma de substituir a citação:
- No mesmo sentido: Info 515/STJ; 1ª Turma:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. BLOQUEIO DE ATIVOS FINANCEIROS PELO SISTEMA BACEN JUD.
Para que seja efetuado o bloqueio de ativos financeiros do executado por meio do sistema Bacen Jud, é necessário que o
devedor tenha sido validamente citado, não tenha pago nem nomeado bens à penhora e que tenha havido requerimento do
exequente nesse sentido. De acordo com o art. 185-A do CTN, apenas o executado validamente citado que não pagar nem
nomear bens à penhora poderá ter seus ativos financeiros bloqueados por meio do sistema Bacen Jud, sob pena de violação
do princípio do devido processo legal. Ademais, a constrição de ativos financeiros do executado pelo referido sistema depende
de requerimento expresso do exequente, não podendo ser determinada de ofício pelo magistrado, conforme o art. 655-A do
CPC. Precedentes citados: REsp 1.044.823-PR, DJe 15/9/2008, e AgRg no REsp 1.218.988-RJ, DJe 30/5/2011. AgRg no
REsp 1.296.737-BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 5/2/2013.
STJ, Info 466: é possível a penhora online do saldo total de conta-corrente conjunta para garantir a execução fiscal, ainda que
apenas um dos correntistas seja o responsável pelo pagamento do tributo. Salientou-se que os titulares da conta são credores
solidários dos valores nela depositados, solidariedade estabelecida pela própria vontade deles no momento em que optam por
essa modalidade de depósito.
Informativo STJ 539.junho.2014

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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- O STJ aceitou essa interpretação e, sendo assim, diante da reforma do CPC, a inesgotabilidade de bens e meios não é mais
necessário. A busca pelo dinheiro é a primeira opção, podendo ir direto pela penhora on line. Se isso não der em nada aí é que
vai para o oficial de Justiça.

- Sem o pagamento do débito no prazo legal, faz-se a penhora em bens do executado e a sua intimação desta para a
oposição de embargos a execução no prazo de 30 (trinta) dias. Transcorrido esse prazo, a conversão desta em dinheiro
efetua-se por meio de leilão, que é a transferência da propriedade do bem para um terceiro adquirente. Esse procedimento de
transferência de propriedade ou alienação judicial sucede à penhora, desde que o executado/devedor não se oponha à
execução por meio de embargos ou, ainda, pague o débito, o que extinguirá o processo; em não havendo oposição, o
procedimento é automático:
1. Avaliação;
2. Publicação dos editais do leilão;
3. Lavratura (em 24 horas após o leilão) do auto de arrematação;
4. Quando se tratar de bem imóvel, o arrematante irá ao Cartório de Registro de Imóveis com a Carta da Arrematação
(desde que pago o imposto de transmissão), para efetuar a transcrição.
 As principais inovações da Lei n. 6.830, de 22/09/80, e as suas principais controvérsias são:
1. Faculta que a certidão de dívida ativa seja preparada e numerada por processo manual, mecânico ou eletrônico (art.
2°, § 7°);
2. A petição inicial será instruída com a certidão da dívida ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse
transcrita (art. 6°, § 1°);
3. A petição inicial e a certidão da dívida ativa poderão constituir documento único, preparado até mesmo por
processamento eletrônico (art. 6°, § 2°);
4. A produção de provas pela Fazenda Pública independerá de requerimento na petição inicial (art. 6°, § 3°);
5. O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais (art. 6°, § 4°);
6. Segundo o princípio da economia processual, evita a repetitiva “conclusão dos autos", para a prolação de despachos
ordenatórios de autos cuja sequência é óbvia e vai, desde logo, implicitamente admitida no deferimento da inicial (art.
7°);
7. A citação será por via postal (art. 8°) ;

II) Devedor não é citado - Art. 40, LEF.


 A EF é ajuizada e o juiz profere o despacho determinando a citação e estabelecendo o prazo de 5 dias para pagar ou
garantir a EF. Podem então acontecer duas situações.
- Quando há a citação, mas o devedor nem paga nem garante, o impasse é inicialmente resolvido pelo art. 185-A da LC 11/05.
Caso não resolva, art. 40 da LEF.
- Quando o devedor não é localizado e não há a citação, aplica-se o art. 40 da LEF.
Art. 40. O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre
os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.
§ 1º Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública.

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§ 2º Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o
Juiz ordenará o arquivamento dos autos.
§ 3º Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para
prosseguimento da execução.
- Esse art. 40 determina a suspensão da EF por 1 ano e, enquanto a EF está suspensa, suspenso também fica o prazo
prescricional. Passado esse 1 ano, o oficial de justiça deve tentar localizar novamente o devedor (ou bens, no caso dele ter
sido citado e não ter sido encontrado bens). Se mesmo assim ainda não acha, haverá o arquivamento da EF.
- Após essa decisão que determinar o arquivamento, começa a correr do zero o prazo da prescrição intercorrente. Findo esse
prazo, o juiz, de ofício, após oitiva da Fazenda, reconhecerá a prescrição e extinguirá a EF.
- A redação original do art. 40 só tinha previsão até esse momento (arquivamento), podendo ser reativado o feito sempre que
fosse localizado o devedor ou bens sobre os quais pudesse recair a penhora. Isso acaba tornando imprescritível a execução
fiscal. Diante disso, o STJ entendeu que não fazia sentido o arquivamento para sempre. Com isso, o STJ consolida o seu
entendimento na súmula 314: Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano,
findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.
- Em 2004, foi inserido o § 4º ao art. 40. Esse diz que é a partir do arquivamento (o qual ocorre após 1 ano de suspensão) que
se conta 5 anos para se verificar a prescrição intercorrente. Poder-se-ia questionar a respeito da possibilidade de lei ordinária
tratar de prescrição. Todavia, a doutrina entende que a prescrição não é uma “prescrição material”, algo que se refere à
constituição do crédito (o crédito já está constituído); trata-se, isso sim, de prescrição processual/procedimental, intercorrente,
interna ao processo, logo, isso pode ser regulado por lei ordinária, não havendo conflito com o CTN (que trata da prescrição
relativa à constituição do crédito tributário). Nesse sentido: STJ, Ag no AI 1.093.264
- Devemos aqui analisar também a súmula 314 do STJ, que diz que, “em EF, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o
processo por 1 ano, findo o qual inicia-se o prazo da prescrição quinquenal intercorrente”.
- Pela súmula, o prazo prescricional começa em momento diverso do estabelecido no art. 40. Mas o art. 40 é posterior a essa
súmula, devendo ele ser aplicado. A súmula representava uma orientação anterior, não devendo mais ser aplicada.

EXECUÇÃO FISCAL. Súmula 583-STJ: O arquivamento provisório previsto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, dirigido aos
débitos inscritos como dívida ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, não se aplica
às execuções fiscais movidas pelos conselhos de fiscalização profissional ou pelas autarquias federais. STJ. 1ª Seção.
Aprovada em 14/12/2016

9.4. EXECUÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE


 A EF é ajuizada e o juiz profere o despacho determinando a citação e estabelecendo o prazo de 5 dias para pagar ou
garantir a EF. O devedor é citado e entende que a EF está equivocada. Ele já pagou ou possui a entidade imunidade tributária,
por exemplo, sendo o título inexequível.
- Diante da inexequibilidade (inexecutabilidade) do título, pode o devedor apresentar exceção de pré-executividade. Trata-se de
um meio simplificado de defesa cujo objetivo é demonstrar a inexequibilidade da CDA (que é o título executivo) e, assim,
assegurar a extinção da execução fiscal. Aqui não precisa de garantia. Por isso seria “mais benéfico do que os embargos”. Mas
não é todo caso que cabe a exceção de pré-executividade.
- O STJ, na súmula 393, estabeleceu condições de cabimento da exceção de pré-executividade. Disse que só seria ela
cabível para:
 Para matérias conhecíveis de ofício e
 Não demandem dilação probatória (prova pré-constituída).
Não pode discutir responsabilidade de sócios em exceção de pré-executividade, porque demanda dilação probatória.
E em quais hipóteses pode haver exceção de pré-executividade?
A) Hipóteses mais recorrentes de exceção de pré-executividade:
 Modificação do Crédito Tributário (suspensão da exigibilidade, exclusão ou extinção)
 Imunidades

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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 Prescrição (Resp 388.000, corte especial, j. 16/03/2005).
# OBS.: Pode ser oposta, também, a chamada exceção de pré-executividade, na qual se arguem vícios formais evidentes ou
nulidades absolutas no próprio processo de execução, independentemente de segurança de juízo. São requisitos para seu
oferecimento: que verse sobre matéria de ordem pública e não necessite de dilação probatória. Não há forma pré-estabelecida
em lei para a apresentação da mesma.
- Também é possível utilizar a exceção de pré-executividade para arguir a inconstitucionalidade de um determinado tributo,
uma vez que se trata de matéria cognoscível de ofício pelo juiz, relacionada a aspectos formais do crédito tributário e que não
comporta exame de provas, restringindo-se a matéria de direito

10. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS


 Só faz sentido falar em REDIRECIONAMENTO da execução, contra os sócios, na hipótese em que estes não figuram como
devedores da CDA, mas que a Fazenda prova sua responsabilidade e pede que sejam incluídos no feito. Se os sócios já
constam da CDA, não há falar em redirecionamento.
 Segundo tal artigo, para que o sócio seja pessoalmente responsável, há duas condições cumulativas: a) prática dos atos
previstos no caput (atos dolosos/fraudulentos) + b) estar diante de um sócio-gerente (o sócio tem que ter poder de
gestão/administrador).

A) PRÁTICA DOS ATOS PREVISTOS NO CAPUT (ATOS DOLOSOS/FRAUDULENTOS)


 Ou seja, com (1) excesso de poder, (2) infração à lei e (3) infração a contrato social ou estatutos.
# Questões discutidas quanto à caracterização dos atos previstos no caput:
1. O que significa “infração à lei”? O STJ desde 2001 (EmbDiv REsp 174.532) entende que infração a lei tem que corresponder
a atos praticados com fraude e não somente o não pagamento do tributo.
Esse entendimento foi sumulado em 2010. Súmula 430. O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera,
por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente. Rel. Min. Luiz Fux, em 24/3/2010.
2. A dissolução irregular é uma modalidade de ato fraudulento/infração a lei?
A dissolução irregular é o encerramento das atividades da sociedade sem a devida quitação de suas obrigações. O STJ
entende que essa dissolução constitui um ato fraudulento, o qual acarreta a responsabilidade pessoal do sócio (muito comum
usar-se essa hipótese para o redirecionamento quando o oficial de justiça vai até a empresa e certifica que ela não está mais
no local).
- Há um caso de presunção de dissolução irregular. Ele é o caso em que a empresa muda de endereço, sem comunicar o fisco
de tal alteração.
Nessa situação, haverá inversão do ônus da prova, pois a presunção de dissolução irregular deve ser afastada pelo sócio. Ou
seja, ele deve provar que a empresa ainda funciona e que não houve dissolução irregular. (Súmula 435 do STJ)
3. De quem é o ônus da prova de que os atos ocorreram ou não?
- Se a FP alega a prática de um ato irregular, ela que tem que provar (art. 373, NCPC). Há, contudo, duas situações que deve
haver a inversão do ônus da prova, nas quais o sócio que tem o dever provar a não ocorrência dos atos previstos no art. 135,
III, CTN (jurisprudência do STJ):
a) Presunção de dissolução irregular: ocorre quando há a mudança de endereço, sem comunicação ao fisco.
Nessa caso, o sócio tem que provar que não houve a dissolução irregular (súmula 435/STJ)

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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b) Nome do sócio indicado como corresponsável no ato de inscrição da dívida ativa e consequentemente na
CDA. Diante do não pagamento do crédito tributário, há cobrança judicial da dívida tributária. Essa cobrança é
precedida de algumas medidas preparatórias: inscrição do débito em dívida ativa e, na sequencia, emissão da CDA.
Nessa inscrição em dívida ativa há a consolidação do débito, havendo o detalhamento do valor devido, bem como
quanto ao sujeito passivo. Nesse procedimento, a Fazenda pode indicar quem é o contribuinte e quem é o
responsável tributário pelo débito. Ou seja, o Fisco já pode indicar a sociedade como contribuinte e o sócio como o
responsável. Após isso, emite-se a CDA já constando esses dois sujeitos passivos e ela já será tida como título
executivo. Para o STJ, se o sócio está indicado na CDA como responsável, é ele que tem o ônus de provar que não
praticou os atos do art. 135, III, CTN. O fundamento do STJ é que essa dívida goza de presunção de liquidez e
certeza, servindo de prova pré-constituída (art. 204, § único CTN). – E-REsp 702.232/RS; EREsp 635.858/RS.
- Como resultado, tem-se a extração da Certidão de Dívida Ativa, tendo o nome do sócio como responsável. A CDA é o título
executivo para ajuizamento da execução fiscal e goza de presunção de liquidez e certeza (art. 204 do CTN); assim, a execução
pode ser ajuizada (1) só contra a sociedade (figurando como contribuinte), (2) contra a sociedade E os sócios ou (3) contra os
sócios apenas.
- Como se viu, o fundamento do entendimento do STJ, a respeito desta segunda hipótese de inversão do ônus da prova, é a
presunção de certeza da CDA, e o fato de que a CDA tem efeito de prova pré-constituída. Art. 204 do CTN.
- Se o nome do sócio não constar na CDA, o Fisco pode pedir o redirecionamento, mas, nesse caso, deve provar a
responsabilidade do sócio.
- Voltando às condições para a responsabilização do sócio.

B) ESTAR DIANTE DE UM SÓCIO-GERENTE


 O sócio tem que ter poder de gestão/administrador.
# Atenção! O artigo 135 CTN não se aplica para dívidas não tributárias: Info 514/STJ:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INAPLICABILIDADE DO REDIRECIONAMENTO DE EXECUÇÃO PREVISTO NO ART.
135 DO CTN NA HIPÓTESE EM QUE SE OBJETIVE A COBRANÇA DE CONTRIBUIÇÕES PARA O FGTS. Não é
cabível o redirecionamento da execução previsto no art. 135 do CTN na hipótese em que a referida execução vise à
cobrança de contribuições para o FGTS. Isso porque não é cabível o redirecionamento previsto no art. 135 do CTN na
hipótese de execução de dívida não tributária. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.255.445-RJ, DJe 3/11/2011; AgRg
no REsp 1.266.647-SP, DJe 13/9/2011, e AgRg no AREsp 15.159-RJ, DJe 30/8/2011. AgRg no AREsp 242.114-PB, Rel.
Min. Castro Meira, julgado em 4/12/2012.
- Contudo, para que a FP aja dessa forma, ela deve observar o prazo de prescrição que tem início na data do despacho que
determina a citação da PJ.
- AgRg no AG 1.211.213: “A citação da empresa executada interrompe a prescrição em relação aos seus sócios-gerentes para
fins de redirecionamento da execução fiscal. No entanto, com a finalidade de evitar a imprescritibilidade das dívidas fiscais,
vem-se entendendo, de forma reiterada, que o redirecionamento da execução contra os sócios deve dar-se no prazo de cinco
anos contados da citação da pessoa jurídica.” Precedentes: AgRg nos EREsp 761.488/SC, Rel. Min. Hamilton Carvalhido,
Primeira Seção, DJe de 7.12.2009; AgRg no REsp 958.846/RS, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJe de
30.9.2009; REsp 914.916/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe de 16.4.2009; AgRg no Ag 1211213 SP
2009/0158412-8, DJe 24/02/2011.

11. INOVAÇÕES NO CPC E NA LEI DE EXECUÇÕES FISCAIS – A EXECUÇÃO FISCAL APÓS A LEI Nº 11.382/2006 E O
NCPC:

 É sabido que o CPC se aplica subsidiariamente à execução fiscal, por disposição expressa do art. 1º, da Lei 6.830/80 (LEF).
Assim, como a finalidade desse procedimento especial para satisfação de créditos fiscais visa garantir maior
celeridade/efetividade à execução movida pela Fazenda Pública, é adequada a aplicação do CPC sempre que este melhor
atender tais objetivos.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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Com as inovações trazidas ao CPC pela Lei 11.382/06, pontuamos a possibilidade de aplicação do referido Código às
execuções fiscais nas seguintes hipóteses:

B) ART. 828 DO NCPC:


 A Lei nº 11.382/2006 inseriu o art. 615-A no Código de Processo Civil (regra mantida pelo art. 828 do NCPC) que prevê “o
exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa,
para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade”.
- Nota-se que o §3º do art. 615-A CTN estabelece que se presume em fraude à execução a alienação ou oneração de bens
efetuada após a averbação (art. 593).
- Constata-se, porém que o art. 185, caput, do Código Tributário Nacional, já considera fraudulenta a alienação ou oneração de
bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente
inscrito.
- A proteção trazida pelo CTN mostra-se, pois, maior do que a oferecida com a inovação levada a efeito no CPC, razão pela
qual a aplicação deste permanecerá, quanto a tal ponto subsidiária.

B) ART. 829 do NCPC:


 A Lei n° 11.382/2006 passou a permitir que, em seu parágrafo 2° do art. 652 do CPC (regra mantida pelo art. 829, §2º,
NCPC), que o exequente, na petição inicial, já indique bens a serem penhorados. Essas mudanças não atingem a execução
fiscal, em cujo procedimento é conferido ao executado o direito de nomear bens à penhora.

C) ART. 827 do NCPC:


 Quanto à previsão de redução da verba honorária (REDUZ PELA METADE SE PAGO EM 3 DIAS O DÉBITO) trazida pelo
art. 827, §1º, do NCPC, este não se aplica à Fazenda Federal, em razão da previsão existente no Decreto-lei nº 1.025/1969, de
um encargo de 20% (vinte por cento) para atender aos gastos da execução dos créditos inscritos em dívida ativa. Segundo
entendimento do STJ, tal previsão se encontra vigendo.

D) ART. 833 do NCPC – APLICA À EXECUÇÃO FISCAL.


 A redação do art. 833 CPC, ampliou a relação dos bens absolutamente impenhoráveis, o que afeta as execuções fiscais. O
art. 10 da Lei nº 6.830/80 e o art. 184 do CTN estabelecem que a satisfação do crédito não pode recair sobre os bens que a lei
declare absolutamente impenhoráveis, tal como o fez a Lei nº 11.382/2006. Note-se, porém, que o inciso I do art. 833 do CPC,
enquadra também como impenhoráveis os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução,
sendo o CTN exige que a impenhorabilidade decorra diretamente da lei.

E) ART. 835 do NCPC:


 Quanto à alteração da ordem preferencial de penhora (art. 835 do NCPC), como a Lei nº 6.830/80 já dispõe acerca da
matéria em seu art. 11, podem ser aplicadas subsidiariamente à Lei de Execução Fiscal apenas as inclusões ocorridas nos
incisos IX e X do art. 835 do Novo Código de Processo Civil. Com isso, a Fazenda Pública tem a faculdade de optar por indicar
à penhora ações e quotas de sociedades empresárias e o percentual do faturamento de empresa devedora.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. EXECUÇÃO FISCAL. SUBSTITUIÇÃO DA PENHORA DE
DINHEIRO POR FIANÇA BANCÁRIA. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 9º, §§ 3º, e 4º, e 15, I, DA LEI 6.830⁄1980. 1 Nota-se,
portanto, que, por falta de amparo legal, a fiança bancária, conquanto instrumento legítimo a garantir o juízo, não possui
especificamente os mesmos efeitos jurídicos do depósito em dinheiro. 2. O fato de o art. 15, I, da LEF prever a
possibilidade de substituição da penhora por depósito ou fiança bancária significa apenas que o bem constrito é passível
de substituição por um ou por outro. Não se pode, a partir da redação do mencionado dispositivo legal, afirmar
genericamente que o dinheiro e a fiança bancária apresentam o mesmo status. 3. Em conclusão, verifica-se que, regra
geral, quando o juízo estiver garantido por meio de depósito em dinheiro, ou ocorrer penhora sobre ele, inexiste direito
subjetivo de obter, sem anuência da Fazenda Pública, a sua substituição por fiança bancária. 4. De modo a conciliar o
dissídio entre a Primeira e a Segunda Turmas, admite-se, em caráter excepcional, a substituição de um (dinheiro) por
outro (fiança bancária), mas somente quando estiver comprovada de forma irrefutável, perante a autoridade judicial, a
necessidade de aplicação do princípio da menor onerosidade (art. 620 do CPC), situação inexistente nos autos.

F) ART. 854 DO NCPC SE APLICA À EXECUÇÃO FISCAL:


 A penhora on-line (art. 854 do NCPC) é uma modificação trazida que pode ser aplicada às execuções fiscais no caso do
executado não oferecer bens à penhora na forma e no prazo legais.

G) ART. 882 do NCPC APLICA À EXECUÇÃO FISCAL:


 No que toca à alienação judicial por meio da internet, como não há regra específica na Lei nº 6.830/80, se mostra
perfeitamente aplicável o art. 882 do CPC na execução fiscal.

H) ART. 895 do NCPC:


 O art. 895 do CPC passou a prever a possibilidade de pagamento parcelado de bem imóvel arrematado, com apresentação
por escrito da proposta, não inferior à avaliação, com oferta de pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) à vista, sendo o
restante parcelado em até 30 meses, garantido por caução idônea, quando se tratar de móveis e por hipoteca do próprio bem,
quando se tratar de imóvel. Tal hipótese é plenamente compatível com a execução fiscal, pois o que se está parcelando não é
o crédito tributário, mas o valor da arrematação.
#ATENÇÃO: Em se tratando de execuções movidas pelo INSS e pela União, deve ser observado o disposto no art. 98 e §§, da
Lei nº 8.212/91: nessas execuções, poderá ser deferido, a requerimento do exeqüente, o parcelamento do valor da
arrematação, nos mesmos moldes dos parcelamentos administrativos, sendo necessário que as condições do parcelamento
constem do edital. Em tais casos, o parcelamento da arrematação não é direito do arrematante, porquanto depende de pedido
do exeqüente. Não há necessidade do depósito mínimo, mas apenas da primeira parcela. A concessão dependerá de ato
vinculado da autoridade administrativa, não do juiz.

I) ART. 916 do NCPC:


 Quanto à possibilidade de parcelamento do pagamento da própria dívida pelo devedor em sede de execução, prevista no
art. 916, do NCPC, não se mostra possível sua aplicação em execução fiscal, já que o parcelamento do crédito tributário será
concedido na forma estabelecida em lei específica (art. 155-A do CTN). (Há entendimento em contrário de Leonardo Carneiro
da Cunha)

J) ART. 914 e 915 do NCPC:


 O novo regramento do CPC que prevê o oferecimento de embargos à execução sem prévia garantia da execução não se
aplica à execução fiscal, pois, no art. 16, §1º, LEF, há previsão de que os embargos à execução fiscal não são admissíveis
enquanto não for garantida a execução.

K) ART. 919 do NCPC APLICA À EXECUÇÃO FISCAL.

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 Como, porém, a Lei nº 6.830/80 não cuida dos efeitos oriundos do ajuizamento dos embargos à execução fiscal, mostra-se
possível aplicar às execuções fiscais o art. 919 do Código de Processo Civil: o mero ajuizamento dos embargos, mesmo que
garantida a execução, não suspende automaticamente a execução fiscal, dependendo da verossimilhança da alegação e do
perigo da demora. (REsp 1272827/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
22/05/2013, DJe 31/05/2013)
- Por fim, não se descarta o manejo da exceção de pré-executividade na execução fiscal, independentemente da garantia do
juízo, conforme vem sendo amplamente acatado por nossa jurisprudência.

SÚMULAS DO STJ

 Súmula 153: A desistência da execução fiscal, após o oferecimento dos embargos, não exime o exequente dos
encargos da sucumbência.
 Súmula 189: É desnecessária a intervenção do Ministério Público nas execuções fiscais.
 Súmula 190: Na execução fiscal, processada perante a Justiça Estadual, cumpre à Fazenda Pública antecipar o
numerário destinado ao custeio das despesas com o transporte dos oficiais de justiça.
 Súmula 314: Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual
se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.
 Súmula 451/STJ: “É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial”.
 Súmula 449/STJ: “A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família
para efeito de penhora”.
 Súmula 447/STJ: “Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição de imposto de renda
retido na fonte proposta por seus servidores”.
 Súmula 414/STJ: “A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais modalidades”.
 Súmula 409/STJ: “Em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação pode ser decretada de
ofício”.
 Súmula 406/STJ: “A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório”.
 Súmula 400/STJ: “O encargo de 20% previsto no DL n. 1.025/1969 é exigível na execução fiscal proposta contra a
massa falida”.
 Súmula 394/STJ: “É admissível, em embargos à execução, compensar os valores de imposto de renda retidos
indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual”.
 Súmula 393/STJ: “A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de
embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da
execução”.

OBSERVAÇÕES DO DIZER O DIREITO


Embargos à execução fiscal e suspensão dos atos executivos
 O QUE É A EXECUÇÃO FISCAL?
Execução fiscal é a ação judicial proposta pela Fazenda Pública (União, Estados, DF, Municípios e suas respectivas autarquias
e fundações) para cobrar do devedor créditos (tributários ou não tributários) inscritos em dívida ativa.
 PROCEDIMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL
A execução fiscal é regida pela Lei n. 6.830/80 (LEF) e, subsidiariamente, pelo CPC.
1) Petição inicial (art. 6º da LEF).
2) Despacho do juiz deferindo a inicial e determinando a citação do executado (art. 7º).
3) Citação do executado para, em 5 dias, pagar a dívida ou garantir a execução (art. 8º).
4) Depois de citado, o executado poderá:
a) pagar a dívida;
b) garantir a execução;
c) não pagar a dívida nem garantir a execução.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


30
5) Se o devedor pagar, extingue-se a execução.
6) Se garantir a execução, poderá opor embargos à execução.
A Lei n. 6.830/80 prevê expressamente que, na execução fiscal, para que o devedor possa se defender por meio de embargos
é indispensável a garantia da execução (§ 1º do art. 16).
Sobre esse tema, vale destacar um importante ponto. Em sua redação original, o CPC também exigia a garantia do juízo como
condição para a apresentação dos embargos na execução comum. Ocorre que, em 2006, com o advento da Lei n. 11.382, o
CPC foi alterado com o objetivo de permitir que os embargos fossem opostos mesmo sem que o devedor tivesse garantido a
execução (art. 736).
Essa mudança no CPC afetou a LEF? No caso de embargos à execução tornou-se também desnecessária a garantia
do juízo?
NÃO. A mudança do CPC não influenciou a regra da LEF. Para o STJ, como existe uma previsão expressa e específica no §
1º, do art. 16, da Lei n. 6.830/80, mantém-se a exigência de prévia garantia do juízo para que possa haver a oposição dos
embargos à execução fiscal (AgRg no REsp 1257434/RS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 16/08/2011).
Não há motivo para se aplicar o art. 736 do CPC às execuções fiscais considerando que existe regra expressa na LEF.
Assim, a garantia da execução é considerada como uma condição de procedibilidade dos embargos à execução. Caso os
embargos sejam apresentados sem essa providência, o juiz deverá extingui-los em resolução do mérito por falta de
pressuposto processual específico (art. 267, IV, do CPC).
7) A garantia do juízo para que o executado ofereça os embargos poderá ser feita de três modos:
a) o executado faz o depósito em dinheiro do valor cobrado;
b) o executado apresenta uma fiança bancária com relação ao valor cobrado;
c) é realizada a penhora de bens suficientes para pagar o valor executado.
- É o que se pode extrair dos arts. 9º e 16 da LEF:
Art. 9º Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de
Dívida Ativa, o executado poderá:
I - efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure atualização
monetária;
II - oferecer fiança bancária;
III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou
IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública.
Art. 16. O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados:
I - do depósito;
II - da juntada da prova da fiança bancária;
III - da intimação da penhora.
8) Se o devedor não pagar nem garantir a execução por meio de depósito ou fiança bancária, o juiz determinará a
penhora de seus bens.
9) Se os bens do executado forem penhorados, ele será intimado dessa penhora mediante publicação, no órgão
oficial, do ato de juntada do termo ou do auto de penhora.
10) Se os bens do executado forem penhorados, ele poderá apresentar embargos?
SIM, como vimos acima (item 7), a penhora é uma forma de garantir o juízo. Logo, estando garantido o juízo, o executado
poderá oferecer embargos à execução.
11) Garantido o juízo, o executado poderá opor embargos à execução. Nos embargos, o executado deverá alegar toda
matéria útil à defesa, requerer provas e juntar os documentos e rol de testemunhas, se assim desejar (§ 2º do art. 16).
12) Recebidos os embargos, o juiz mandará intimar a Fazenda para impugná-los no prazo de 30 dias (art. 17).
Atenção: a resposta da Fazenda aos embargos opostos pelo executado é chamada de impugnação (esse nome será
importante em uma prova prática).
• Se os embargos versarem sobre matéria de fato que exija outras provas além da documental: o juiz designará audiência de
instrução e julgamento.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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• Se os embargos versarem apenas sobre matéria de direito, ou, sendo de direito e de fato, a prova for exclusivamente
documental: o juiz não designará audiência de instrução e deverá proferir sentença julgando os embargos no prazo de 30 dias.
É a situação mais comum de ocorrer na prática.
12) A oposição dos embargos à execução fiscal suspende automaticamente os atos executivos?
NÃO. A oposição de embargos à execução fiscal não suspende automaticamente os atos executivos. Não há, portanto, uma
suspensão ope legis (por força de lei) da execução fiscal por conta dos embargos.

Suspensão da execução ope judicis


É possível, no entanto, que o juiz determine a suspensão da execução desde que o devedor/embargante demonstre a
presença de dois requisitos:
a) relevância dos argumentos jurídicos expostos nos embargos (fumus boni juris); e
b) perigo de dano de difícil ou de incerta reparação caso a execução prossiga (periculum in mora).

Trata-se, assim, de uma suspensão ope judicis, ou seja, determinada pelo juiz de acordo com a análise da presença dos
requisitos no caso concreto.

Essa conclusão foi adotada recentemente pela 1ª Seção do STJ no REsp 1.272.827-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 22/5/2013 (recurso repetitivo).

 A LEF trata sobre o tema? Qual é o fundamento jurídico para essa suspensão com base nos requisitos acima?
A Lei n. 6.830/80 não tem regra sobre os efeitos da oposição de embargos. Em outras palavras, a LEF nem diz que os
embargos suspendem nem que não suspendem a execução. Há uma omissão, uma lacuna. Assim, segundo decidiu o STJ,
deve-se aplicar, por subsidiariedade, o que dispõe o § 1º do art. 739-A do CPC:
§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus
fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta
reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.
13) Qual é o recurso contra a decisão do juiz que recebe os embargos com ou sem efeito suspensivo?

Trata-se de decisão interlocutória que desafia agravo de instrumento.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: #VAICAIR #INFORMATIVO:

1) Na ação de execução fiscal, frustradas as diligências para localização de outros bens em nome do devedor e obedecida a
ordem legal de nomeação de bens à penhora, não cabe ao magistrado recusar a constrição de bens nomeados pelo credor
fundamentando a decisão apenas na assertiva de que a potencial iliquidez deles poderia conduzir à inutilidade da penhora.
Isso porque, nos termos do art. 612 do CPC 1973 (art. 797 do CPC 2015), a execução é realizada no interesse do credor que
adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens indicados. Ademais, conforme preceitua o art. 591 do CPC 1973

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(art. 789 do CPC 2015), todo o patrimônio presente e futuro do devedor pode ser utilizado para pagamento de débitos. Ex: a
União ajuizou execução fiscal contra João cobrando uma dívida de R$ 20 mil. Foi tentada a penhora “on line” (via sistema
“Bacen Jud”), não tendo sido localizadas contas bancárias em nome do devedor. Buscou-se também a localização de outros
bens penhoráveis, mas sem sucesso. Diante disso, a União requereu a penhora de um veículo do executado, qual seja, um
Volkswagen SANTANA CD (fabricado em 1985). O juiz indeferiu a constrição do veículo, sob o argumento de que o bem era
muito antigo, o que ensejaria a inutilidade da penhora. Em uma situação parecida com esta, o STJ deu provimento ao recurso e
determinou que a penhora fosse realizada. EM EXECUÇÃO FISCAL, DEVEM-SE PENHORAR OS BENS ENCONTRADOS,
POUCO IMPORTA A POTENCIAL ILIQUIDEZ. STJ. 1ª Turma. REsp 1.523.794-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
19/5/2015 (Info 563).

2) No caso em que a garantia à execução fiscal tenha sido totalmente dispensada de forma expressa pelo juízo competente -
inexistindo, ainda que parcialmente, a prestação de qualquer garantia (penhora, fiança, depósito, seguro-garantia) -, o prazo
para oferecer embargos à execução deverá ter início na data da intimação da decisão que dispensou a apresentação de
garantia, não havendo a necessidade, na intimação dessa dispensa, de se informar expressamente o prazo para embargar.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.440.639-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2/6/2015 (Info 563).

3) A Lei 13.043/2014 alterou o inciso II do art. 7º da Lei 6.830/80 (LEF) e previu expressamente mais uma forma de garantia do
juízo: o SEGURO GARANTIA. A mudança foi importante porque o STJ possuía entendimento pacífico de que o seguro garantia
não servia como garantia da execução fiscal em virtude da ausência de previsão na LEF. A Lei 13.043/2014 entrou em vigor
em 14/11/2014; é possível aceitar seguro garantia para uma execução fiscal que tenha se iniciado antes desta data e que
ainda esteja tramitando? Em outras palavras, a alteração promovida pela Lei 13.043/2014 no que tange ao seguro garantia
aplica-se às execuções fiscais que foram instauradas antes de sua vigência e que ainda estejam em curso? SIM. O inciso II do
art. 9° da Lei 6.830/80 (LEF), alterado pela Lei 13.043/2014, que faculta expressamente ao executado a possibilidade de
oferecer fiança bancária ou seguro garantia nas execuções fiscais, possui aplicabilidade imediata aos processos em curso. A
norma que permite a garantia do juízo por meio de seguro garantia é de cunho processual, de modo que possui aplicabilidade
imediata aos processos em curso. STJ. 2ª Turma. REsp 1.508.171-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17/3/2015 (Info
559).

4) Em 2012, a sociedade empresária "ABC" deixou de pagar determinado imposto, tornando-se inadimplente com o Fisco. Em
2013, João tornou-se sócio-gerente da sociedade empresária "ABC". Em 2014, a sociedade empresária "ABC" fechou suas
portas sem observar as formalidades legais, ou seja, foi dissolvida de forma irregular. Em 2015, o Fisco ajuizou execução fiscal
contra a referida sociedade empresária, não tendo, contudo, encontrado ninguém no endereço onde ela funcionava. A
dissolução irregular da sociedade autoriza o redirecionamento da execução para o sócio-gerente (súmula 435-STJ). A pergunta
que surge, no entanto, é a seguinte: É possível redirecionar a execução fiscal contra João mesmo sabendo que ele não exercia
a gerência no momento do fato gerador do tributo cobrado? É permitido o redirecionamento da execução fiscal contra o sócio-
gerente que, no momento da dissolução, exercia a gerência, mas que não era o gerente no momento do fato gerador do
tributo?
1ª corrente: NÃO. É a posição tradicional do STJ, ainda adotada pela 1ª Turma. STJ, AgRg no AREsp 729.285/SC, Rel. Min.
Sérgio Kukina, julgado em 06/08/2015.
2ª corrente: SIM. É a nova posição da 2ª Turma do STJ. REsp 1.520.257-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 16/6/2015
(Info 564). STJ. 2ª Turma. REsp 1.520.257-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 16/6/2015 (Info 564).

5) Qual é o prazo prescricional para que a União ajuíze execução fiscal cobrando os créditos rurais que foram a ela transferidos
pela MP 2.196-3/2001?
• Crédito rural cujo contrato foi celebrado sob a égide do CC-1916: 20 anos (prescrição das ações pessoais - direito pessoal de
crédito), a contar da data do vencimento, consoante o disposto no art. 177 do CC-1916, para que dentro dele (observado o
disposto no art. 2º, § 3º, da LEF) sejam feitos a inscrição e o ajuizamento da respectiva execução fiscal, sem embargo da
norma de transição prevista no art. 2.028 do CC/2002;
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• Crédito rural cujo contrato tenha sido celebrado sob a égide do CC-2002: 5 anos (prescrição da pretensão para a cobrança de
dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular), a contar da data do vencimento, consoante o disposto no art.
206, § 5º, I, do CC/2002, para que dentro dele (observado o disposto no art. 2º, § 3º, da LEF) sejam feitos a inscrição em dívida
ativa e o ajuizamento da respectiva execução fiscal. STJ. 1ª Seção. REsp 1.373.292-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 22/10/2014 (Info 565).

6) Em sede de execução fiscal, a Fazenda Pública não tem direito de substituir a fiança bancária prestada pela sociedade
empresária executada e anteriormente aceita pelo ente público por penhora de depósito de quantia destinada à distribuição de
dividendos aos acionistas da devedora, a não ser que a fiança bancária se mostre inidônea. STJ. 1ª Seção. EREsp 1.163.553-
RJ, Rel. originário e voto vencedor Min. Arnaldo Esteves Lima, Rel. para o acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
22/4/2015 (Info 569).

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Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas,
referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas,
artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante
processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.

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