INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA DE ESPÉCIES ARBÓREAS ................. 4
SISTEMA DE REPRODUÇÃO .................................................................................... 5
FLUXO GÊNICO EM POPULAÇÕES ......................................................................... 7
TAMANHO EFETIVO .................................................................................................. 9
DIRETRIZES PARA COLETA DE SEMENTES ........................................................ 13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 15
INTRODUÇÃO
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efetivo de populações e diretrizes para coleta de sementes tentando enfatizar sua
importância para o melhoramento e conservação genética.
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tais como depressão por endocruzamento e/ou diminuição da variabilidade, o que por
sua vez afetara o valor adaptativo geral da população (SACCHERI, 1998).
A segunda questão, de particular importância, refere-se a maneira pela qual a
variabilidade genética é partida entre e dentro de populações, ou seja, o nível de
estruturação genética das populações. Essa estruturação está intimamente
relacionada às síndromes de dispersão de pólen e sementes, ao sistema reprodutivo
das espécies e aos fatores ambientais que influem nos padrões de distribuição dos
indivíduos dentro de uma população (SEBBENN et al., 2011).
De acordo com Hamrick (1982), a estrutura genética também diz respeito à
distribuição heterogênea (não aleatória) dos alelos e genótipos no espaço e no tempo
resultante da ação de forças evolutivas, tais como: mutação, migração, seleção e
deriva genética que atuam dentro do contexto de cada espécie e população.
Dentro do contexto de estrutura genética, deve-se conhecer não somente a
variação existente para um determinado caráter, mas exatamente como muitos alelos
e como muitos locos afetam esse caráter, qual sua frequência na população, como
eles segregam no genoma, em que grau eles afetam o caráter em questão e, também,
em que extensão a ação do gene é influenciada pelo ambiente (BROWN et al., 1978).
Estes conhecimentos são fundamentados no teorema de Hardy-Weinberg, que
é a base da teoria genética da evolução. Este propõe que a frequência dos alelos não
muda de uma geração para outra e considera que a única mudança na composição
genética da população é a redistribuição dos genótipos em frequências que serão
mantidas em todas as gerações subsequentes (SOUZA, 2006)
SISTEMA DE REPRODUÇÃO
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preferencialmente (acima de 95%) realizam a autofecundação e são caracterizadas
pela homozigose. As plantas alógamas, necessariamente realizam polinização
cruzada, onde o grão de pólen de uma planta fertiliza o óvulo de uma flor de outra
planta, são caracterizadas pela heterozigose e as plantas de sistema reprodutivo
mistas, também denominadas intermediárias, são as espécies que realizam
fecundação cruzada e autofecundação simultânea.
Vários são os fatores que podem afetar o sistema reprodutivo de uma espécie,
dentre eles destacam-se: o tamanho e a densidade populacional, a sincronia no
florescimento e os padrões fenológicos, o grau de estruturação genética nas
populações e a presença de mecanismos de autoincompatibilidade (HALL et al.,
1996).
Dentro do grupo de espécies arbóreas hermafroditas, vários estudos têm
mostrado que uma grande maioria é composta por espécies autoincompatíveis, que
aliada à porção de espécies dioicas tendem a indicar que o sistema reprodutivo
predominante em espécies arbóreas tropicais é o de exocruzamento. No entanto, a
maioria das espécies que foram incluídas nesses levantamentos é composta por
aquelas que ocorrem em altas densidades (BAWA et al., 1985). A partir disso,
Kageyama (1990) levantou a possibilidade de que a frequência de
autocompatibilidade e também de taxas de autopolinização podem ser maiores em
espécies que são encontradas em baixas densidades.
Hamrick et al. (1993) concorda com Kageyama, dizendo além da densidade
das árvores em uma população natural, ou o espaçamento destas em um pomar de
sementes, influenciar os tipos de cruzamentos que ocorrem, também afeta o número
de genitores masculinos que participam de um cruzamento.
Sebbenn (2015), relata que grande maioria das espécies arbóreas se reproduz
por cruzamentos, dando como exemplo as espécies do gênero Eucalyptus estão em
torno de 75% e de Pinus em torno de 88%.
Entender como funciona o sistema reprodutivo de espécies arbóreas é de
essencial importância para o conhecer as interações ecológicas promovidas no
ambiente floresta. A composição da estrutura genética das populações bem como a
variabilidade genética são diretamente influenciada pelo sistema de cruzamentos e
fluxo gênico, determinando sua organização no espaço e no tempo. Desse modo,
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indicam como as espécies se reproduzem, fornecendo subsídios para programas de
melhoramento, conservação genética e manejo sustentável (EBERT, 2014)
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Esta diversidade de sistemas reprodutivos, faz com que o fluxo de genes tanto
dentro como entre populações dependa, obviamente, da estrutura reprodutiva,
estando praticamente impedida no caso de populações que se reproduzem
assexuadamente, mas ocorrendo em diferentes modos e graus no caso de
populações com reprodução sexuada. Em espécies autógamas, por exemplo, o fluxo
gênico, através de sementes é mais importante do que através do pólen, embora
ocasionais cruzamentos à longa distância possam ter grande influência na
diferenciação de populações (JAIN e BRADSHAW, 1966).
Como já mencionado os diferentes mecanismos e taxas de dispersão, tanto de
pólen como de sementes têm consequências diretas sobre a estrutura genética das
populações e com os possíveis problemas que possam surgir com isolamento ou
endogamia. Um exemplo claro é observado quando populações são separadas por
diversos tipos de barreiras, se tornando total ou parcialmente isoladas geneticamente,
levando a endogamia (MARTINS, 1987)
Ainda segundo Slatkin (1985), uma interrupção das trocas genéticas entre
populações, por algum fator natural ou antrópico, pode fazer com que as populações
acumulem diferenças genéticas ao longo do tempo, podendo se tornar espécies
distintas. São os processos compensatórios, o isolamento de populações pela
distância geográfica e os eventos de poliploidização que são capazes de limitar por
completo o fluxo gênico entre duas populações, levando à ocorrência de especiação,
seja ela alopátrica ou não.
A dispersão de pólen e de semente são eventos independentes, sendo que a
dispersão de pólen feita pelas plantas é de longo alcance, porem a dispersão das
sementes é localizada. Esse fato torna possível que se tenha uma menor variação
genética entre populações geograficamente separadas, o que desencadeia a
ocorrência de grupos de indivíduos aparentados (HAMRICK e NASON, 1996).
Além disso, devido ao fluxo gênico por sementes ser o responsável por dois
terços do tamanho da vizinhança genética, o conhecimento de sua extensão também
é essencial para estimar o tamanho reprodutivo de populações de espécies arbóreas
tropicais. Isso quer dizer que para predizer as mudanças genéticas causadas pela
fragmentação em populações de espécies arbóreas tropicais, é necessário estudar o
fluxo gênico por meio das duas variantes pólen e semente e caracterizar a distribuição
genética espacial dentro de vizinhanças reprodutivas. (HAMILTON, 1999).
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De acordo com Hamrick e Nason (1996), dois métodos gerais são usados para
estimar fluxo gênico: o método indireto, no qual os níveis de fluxo gênico são
estimados com base na distribuição da diversidade genética entre populações e o
método direto, em que o fluxo gênico é estimado com base em observações do
movimento de vetores de pólen e de sementes, pólen e sementes marcadas ou a
identificação de alelos ou genótipos migrantes.
A análise de paternidade é um método direto, de grande eficiência para estimar
o fluxo gênico. A grande desvantagem da estimação direta é que a observação da
dispersão está necessariamente limitada no tempo e no espaço. Indica o fluxo gênico
de um tempo particular, não sendo capaz de captar os eventos ocorridos no passado
histórico das populações (SLATKIN, 1985).
É fato que nem sempre as distâncias de dispersão de pólen e de sementes
refletem diretamente o fluxo gênico efetivo. Por isso surge a necessidade da utilização
de marcadores genéticos para estimarem efetivamente intercruzamentos e
movimento de genótipos através de sementes, pelo levantamento das plântulas
estabelecidas após dispersão (MARTINS, 1987)
TAMANHO EFETIVO
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respectivamente. Entre esses dois extremos, podemos ter outros valores para o (Ne),
sempre considerando o caso de colheita de sementes de uma só árvore (VENCOVSK,
1987).
Vários autores estudando o tamanho efetivo, para coleta de sementes de
diferentes espécies, observaram que o (Ne) ótimo, está intimamente ligado ao sistema
reprodutivo, sendo que plantas que se autopolinizam ou apresentam indivíduos
aparentados, detêm tamanhos efetivos de variância menores, próximos a um, e
coeficiente de coancestria maiores, consequentemente o tamanho amostral para reter
tamanhos efetivos de referência de 100 e de 150 em amostras de sementes coletadas,
deve ser maior. O contrário é observado quando ocorre cruzamentos em indivíduos
não aparentados, onde o tamanho amostral diminui. Isso se explica, pois quando
ocorre cruzamentos, os alelos estão melhor distribuídos na população, ao contrário
da endogamia, que faz com que cada indivíduo seja praticamente único, o que torna
necessária a coleta de mais sementes, para se ter uma boa representatividade
(SEBBENN, 2006). Vencovsky (1987), corrobora dizendo que o tamanho efetivo é
dependente dos níveis de endogamia e parentesco existentes nas amostras, sendo
que quanto maiores estes níveis, menor é a representatividade genética da amostra.
As reduções sofridas no tamanho de uma população têm efeito sobre as
gerações subsequentes. Uma diminuição acentuada no tamanho efetivo, ocasionada
pela exploração florestal, ou mesmo por eventos esporádicos, tem sido denominada
de corredor principal (YOUNG et al., 1996). Neste aspecto, uma geração ou algumas
gerações com menor número de indivíduos terá (terão) uma grande influência no valor
final do tamanho efetivo, uma vez que este será a média harmônica dos tamanhos
efetivos parciais (ARAÚJO, 1996).
KAGEYAMA & GANDARA, (2003), descrevem exatamente isso, que a
colonização ou o plantio de uma população a partir de uma ou poucas arvores é o
principal exemplo da redução do tamanho efetivo populacional. Assim para se ter uma
boa viabilidade a médio e longo prazo e boa capacidade de manter as características
genéticas ao longo de muitas gerações, são implicações ligadas ao tamanho efetivo
de uma população.
No melhoramento de espécies arbóreas principalmente em Eucalyptos, a plena
exploração do potencial de melhoramento de uma população depende da manutenção
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de adequado Ne ao final de cada ciclo de seleção, como forma de evitar a perda de
alelos favoráveis ao longo dos ciclos de melhoramento (FONSECA et al, 2010)
Como o (Ne) está diretamente na manutenção da estrutura genética de uma
população ao longo das gerações, é de grande importância também na conservação
in situ de uma espécie, devido a delimitação da área mínima viável de uma espécie
(SEBBENN et al, 2003). Além disso, o conhecimento do (Ne) pode contemplar
também os planos de conservação ex situ, pois a coleta de sementes para coleções
de germoplasma pode ser feita de maneira a se capturar o máximo de
representatividade genética, ou seja, o máximo Ne e, a partir desse parâmetro,
propiciar a manutenção das populações por longo tempo nos bancos de germoplasma
(SEBBENN, 2001).
Kageyama e Gandara, (1993) apud Kageyama e Gandara, (1998), tomando por
base um tamanho efetivo populacional, referência de 500 como sendo suficiente para
a manutenção a longo prozo de uma população de espécies arbóreas, relata que as
espécies muito comuns (alta densidade de indivíduos por área) não necessitam
grandes áreas (poucos hectares), já as espécies com baixas densidades por área,
necessitam de áreas muito extensas para manutenção da sua população.
O tamanho efetivo pode ser estimado para várias situações, como por exemplo,
para uma população de plantas adultas, uma população estruturada em progênies,
várias populações, populações em várias regiões, acessos de um banco de
germoplasma e assim por diante. O importante na estimativa do Ne é que a população
de referência esteja bem definida (SEBBENN, 2001).
Vários são as formas de calcular o tamanho efetivo populacional, a seguir são
apresentados algumas, baseado em Vencovsky (1987).
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Com controle gamético (equação 3)
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DIRETRIZES PARA COLETA DE SEMENTES
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- Marcar matrizes distanciadas entre si pelo menos 100 metros, ou duas vezes
a altura da árvore, para se evitar a coleta de sementes em árvores parentes;
- Marcar matrizes dentro da mesma zona genética (divergência genética menor
que 5%), para aumentar a probabilidade de sucesso do reflorestamento, em termos
de sobrevivência e crescimento;
-Marcar mais árvores matrizes do que se pretende coletar de sementes;
- Coletar sementes preferencialmente na parte superior da copa, para reduzir a
possível proporção de sementes advindas de autofecundação.
- Coletar uma grande quantidade de sementes por árvore e misturá – las em
quantidades iguais, para maximizar o tamanho efetivo.
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