Análise inédita feita pelo Departamento da Indústria da Construção da Fiesp (Deconcic) mostra que em 2014 o déficit habitacional,
calculado com base na metodologia da Fundação João Pinheiro (FJP), foi de 6,198 milhões de famílias, contra 6,941 milhões em
2010. No período, a queda do déficit habitacional foi de 2,8% ao ano.
Carlos Eduardo Pedrosa Auricchio, diretor titular do Deconcic, considera expressiva a redução. “É relevante e muito baseada na
política habitacional do governo para habitação de interesse social ou habitação popular, como Minha Casa Minha Vida, inclusive.”
Auricchio vê com preocupação a diminuição nas contratações de obras em 2015, tanto em âmbito federal quanto estadual. “Esse
ciclo importante de obras de habitação no período de 2010-2014 não se repetirá nos próximos anos”, afirma. Para reverter esse
quadro, o diretor do Deconcic defende que o Minha Casa Minha Vida seja transformado em programa de estado. “Estimular parcerias
público privada (PPP) habitacionais é uma alternativa importante e de extrema relevância”, acrescenta. Além disso, é preciso haver
retomada do crédito em condições semelhantes às do período de 2010 a 2014. “Também temos a questão do ambiente político, que
precisa ser resolvido para destravar todas as outras questões do Brasil.”
Em 2014, a maior parte (3,258 milhões) das famílias que compunham o déficit habitacional estava no componente ônus excessivo
com o aluguel. Na coabitação familiar, outro componente importante do déficit, havia 1,762 milhão de famílias, ou 28,4% do total.
Em termos absolutos, a maior concentração do déficit ocorreu na região mais populosa do país, o Sudeste, onde 2,562 milhões de
famílias se enquadravam nas condições de déficit habitacional. O Estado de São Paulo tinha 1,432 milhão de famílias no déficit
habitacional em 2014. Em Minas Gerais e no Rio de Janeiro o déficit foi de, respectivamente, 545 mil e 472 mil famílias nesse ano.
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17/05/2018 Levantamento inédito mostra déficit de 6,2 milhões de moradias no Brasil - FIESP
Fonte: IBGE. Elaborado por Ex Ante Consultoria Econômica. (*) O Déficit habitacional não é a soma direta das componentes, pois
pode haver famílias que pertencem a mais de uma componente do déficit habitacional.
Quando se olha para o déficit relativo – o total do déficit dividido pelo total de famílias de cada região –, nota-se uma concentração
maior do déficit nas regiões mais pobres do país. A região Norte apresentou o maior déficit relativo, 11,9%. Entre as unidades da
Federação, há um destaque para o Amazonas, em que essa proporção chegou a 14,6%. O Nordeste também mostrou um alto déficit
relativo, de 10,0%. O Maranhão apresentou a maior taxa brasileira, 18,1%. A região Sul foi a que teve a menor taxa, de 6,2%. Na
média nacional, 8,8% das famílias brasileiras pertenciam ao déficit habitacional em 2014.
Fonte: IBGE. Elaborado por Ex Ante Consultoria Econômica. (*) O déficit habitacional não é a soma direta das componentes, pois
pode haver famílias que pertencem a mais de uma componente do déficit habitacional.
Em termos relativos, a componente ônus excessivo com o aluguel foi a que alcançou o percentual mais elevado do total de famílias
no país: 4,6%. Duas regiões puxaram essa relação para cima: Sudeste e Centro-Oeste, com taxas de 5,5% e 5,7%,
respectivamente. Mas o campeão foi o Distrito Federal, com taxa de 8,1%, explicada pelos altos valores de aluguel na região. Por
outro lado, a coabitação afeta parcela maior das famílias na região Norte do país: 5,1%. Os Estados nos quais a coabitação ocorreu
com maior frequência foram Amazonas e Amapá, com taxas de 7,1% e 6,8% do total de famílias em coabitação, respectivamente.
Nota-se que 89,0% do déficit habitacional brasileiro, ou 5,514 milhões de famílias, referia-se à área urbana em 2014. As regiões
Sudeste e Centro-Oeste apresentaram a maior concentração do déficit habitacional na área urbana, 98,0% e 96,3%,
respectivamente. No Estado de São Paulo, 98,7% do déficit habitacional estava na área urbana. Na região Nordeste, 24,5% das
famílias pertencentes ao déficit habitacional moravam na área rural. O destaque é o Maranhão, em que 55,0% das famílias que
compõem o déficit habitacional residiam na área rural.
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Na comparação entre o déficit habitacional de 2014 e o de 2010, observa-se uma redução de 742,4 mil famílias. O déficit passou de
6,941 milhões de famílias em 2010 para 6,198 milhões de famílias em 2014, o que significou uma queda de 2,8% ao ano. Houve
retração do déficit habitacional em todas as regiões do país, com destaque para a região Norte, na qual a queda foi de 6,4% ao ano,
com redução absoluta de 192 mil famílias. O Nordeste do país também apresentou uma redução expressiva do déficit habitacional
(3,0% ao ano), com destaque para a Bahia, onde 115,6 mil famílias deixaram o déficit habitacional, o que equivale a uma queda de
6,1% ao ano entre 2010 e 2014.
Por outro lado, a região Sudeste não apresentou números tão expressivos. A taxa média de queda foi de 1,4% ao ano, passando de
2,674 milhões de famílias no déficit habitacional em 2010 para 2,562 milhões de famílias, em 2014. No Rio de Janeiro, a taxa média
de queda foi maior, de 2,9% ao ano.
Auricchio, do Deconcic, credita o pior resultado do Sudeste ao redirecionamento de recursos do Minha Casa Minha Vida para o Norte
e o Nordeste. Ele lembra também que alguns fatores em São Paulo contribuem esse desempenho, como os terrenos mais caros.
“Nós enxergamos que de fato esta região carece de um impulso maior.”
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Fonte: IBGE, Fundação João Pinheiro e Ministério das Cidades. Elaborado por Ex Ante Consultoria Econômica.
A taxa de queda do déficit habitacional na área rural foi de 10,3% ao ano, passando de 1,055 milhão de famílias em 2010 para 685
mil em 2014. Essa taxa é maior que a verificada para a área urbana, de 1,6% ao ano, cujo déficit passou de 5,886 milhões de
famílias em 2010 para 5,514 milhões em 2014.
O componente coabitação familiar caiu de 2,991 milhões de famílias em 2010 para 1,762 milhão de famílias em 2014, o que
equivale a uma taxa de queda de 12,4% ao ano. As famílias que moram em habitações precárias (domicílios rústicos mais domicílios
improvisados) passaram de 1,343 milhão de famílias em 2010 para 816 mil famílias em 2014, o que equivale a uma queda de
11,7% ao ano.
Metodologia
De acordo com a metodologia desenvolvida pela Fundação João Pinheiro (FJP), o déficit habitacional pode ser dividido em duas
classes: as famílias que moram em domicílios precários e as que coabitam com outras famílias. Fazem parte das habitações
precárias os domicílios improvisados, os domicílios rústicos – ou seja, aqueles que não possuem paredes de material adequado –, os
domicílios alugados com adensamento excessivo de moradores por dormitório (moradias urbanas em que há mais de três pessoas
por dormitórios) e as moradias com ônus excessivo com aluguel, composto por famílias urbanas que despendem mais de 30% de
sua renda com aluguel. A segunda classe do déficit habitacional é composta pelas famílias conviventes – mais de uma família
dividindo a mesma moradia, mas que têm intenção de constituir moradia própria – e pelas famílias que moram em cortiços
(cômodos alugados ou cedidos).
A base de dados utilizada para o cálculo do déficit habitacional 2014 foi a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD), do
IBGE. A PNAD tem periodicidade anual e representatividade para as áreas rurais e urbanas de todo o país, as unidades da Federação
e as regiões metropolitanas. A estratificação da amostra e os pesos da pesquisa levada a cabo em 2013 já incorporaram as
informações do Censo Demográfico de 2010 e as novas projeções de população. Portanto, seus dados de 2013 e 2014 são
diretamente comparáveis aos do Censo Demográfico, mas as comparações com as PNAD de 2006 a 2012 devem ser vistas com
alguma reserva.
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