RA 084571
INSTITUTO DE ECONOMIA
2015
Rafael Mastronardi
Campinas
2015
2
Resumo
Este trabalho busca descrever e analisar algumas das medidas do Plano Brasil Maior e a
política industrial brasileira nos últimos anos. A redução dos custos de fatores de produção e de
capital, assim como, o desenvolvimento e crescimento do comércio exterior brasileiro são
alguns dos objetivos do Plano Brasil Maior. Portanto, esses objetivos serão analisados, através
de algumas de suas medidas, nos capítulos que seguem. O primeiro capítulo expõe de forma
breve a política industrial brasileira a partir da década de 1970 até o lançamento do Plano
Brasil Maior, em Agosto de 2011. O segundo capítulo trata das medidas de Desoneração da
Folha de Pagamentos, da ampliação do Simples Nacional e do Microempreendedor Individual
(MEI), medidas que são do escopo do objetivo de reduzir os custos de fatores de produção. O
terceiro capítulo considera o papel do BNDES e de seus programas, entre eles o Programa de
Sustentação de Investimento (PSI), no âmbito do Plano Brasil Maior. O quarto capítulo diz
respeito às medidas do Plano Brasil Maior para o desenvolvimento do comércio exterior, tais
como, o Reintegra, a Agência Brasileira Gestora de Fundos e outras. O quinto e último capítulo
levanta as considerações finais sobre o Plano Brasil Maior e seus resultados.
Abstract
This paper seeks to describe and analyze some of the objectives of “Plano Brasil Maior” are
the reduction of production factors and capital costs, as well as the development and growth of
Brazilian foreign trade. Therefore, these objectives will be analyzed through some of its
measurements in the following chapters. The first chapter sets out briefly the Brazilian
industrial policy from the 1970s to the launch of the “Plano Brasil Maior” in August of 2011.
The second chapter deals with the scope measures for reducing the costs of production factors,
Tax relief measurements for Payroll, the expansion of the “Simples Nacional” and
“Microempreendedor Individual (MEI)”. The third chapter considers the role of BNDES and of
its programs, including the Investment Support Program (PSI) under the “Plano Brasil Maior”.
The fourth chapter concerns the “Plano Brasil Maior” measurements for the development of
foreign trade, such as the “Reintegra” and the Management Brazilian Agency funds. The fifth
and final chapter raises the final remarks of “Plano Brasil Maior” and its results.
3
Sumário
Resumo 3
Abstract 3
1. Introdução 5
2. Redução de Custos de Fatores de Produção 12
2.1 Desoneração da Folha de Pagamentos 12
2.2 Ampliação do Simples Nacional e do Microempreendedor Individual (MEI) 18
3. Redução de Custo de Capital: BNDES e A Oferta de Crédito Para Investimentos 22
3.1 BNDES PSI (Programa de Sustentação do Investimento) 24
3.2 Programa Fundo Clima 27
3.3 BNDES P&G (Petróleo e Gás Natural) 28
3.4 BNDES Progeren 29
3.5 Limite de Crédito 29
3.6 BNDES Revitaliza 30
3.7 BNDES Procaminhoneiro 31
3.8 Programa BNDES Qualificação 32
3.9 BNDES Finame 33
3.10 Política Operacional 33
3.11 Recursos à Inovação 34
3.12 Considerações Sobre o BNDES Durante o Período de vigência do Plano Brasil
Maior 34
4. Comércio Exterior 42
4.1 Reintegra 43
4.2 Agência Brasileira Gestora de Fundos (ABGF) 44
4.3 Portal Único de Comércio Exterior 44
4.4 Ex-Tarifário Para Bens de Capital, de Informática e de Telecomunicações 45
4.5 Antidumping 45
4.6 Considerações Sobre Comércio Exterior no Âmbito do Plano Brasil Maior 46
5. Considerações Finais 50
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1. Introdução
Buscando estabilidade econômica, nos anos de 1990, o Plano Real foi concebido e
obteve sucesso nesse quesito, porem, a competitividade da indústria brasileira diminuiu frente
à sobrevalorização artificial do câmbio, maior abertura ao investimento direto estrangeiro e
diminuição do papel do Estado na economia. Geraldo Biasoto Júnior em entrevista ao Jornal da
Unicamp em avaliação aos 10 anos de Plano Real afirma:
"(...) Em primeiro lugar, é necessário ter presente que a estabilização monetária que o
Plano Real propiciou foi fantasticamente bem sucedida. (...) Em segundo lugar, é fundamental
ter em mente que achar que um plano de estabilização possa cumprir o papel de um projeto de
desenvolvimento é uma enorme miopia. (...) A formulação de políticas setoriais, o redesenho
do sistema de crédito, a política industrial, o financiamento da infraestrutura são aspectos que
vão muito além de um plano de estabilização (...) ". (Biasoto, 2004)
5
Isto posto, ocorreu um processo denominado "desnacionalização industrial", em que
setores foram desarticulados por completo, acarretando falências de diversas empresas e
aumento do desemprego.
No início da década de 2000, o debate sobre o tema Política Industrial toma força e é
estruturado em 2003 nos trabalhos do "Seminário Sobre Política Industrial", no qual, João
Furtado apresenta duas visões contrastantes sobre a participação do Estado no fomento da
atividade industrial.
Numa delas, Luciano Coutinho defende a política industrial como instrumento essencial
para o progresso do desenvolvimento da economia brasileira. No seminário citado
anteriormente, o artigo de Coutinho (2002) mostra a relevância das condições
macroeconômicas favoráveis ao investimento privado, sendo que a combinação entre taxas de
juros baixas e câmbio subvalorizado é indispensável para o esforço de transformar à estrutura
industrial brasileira. Contudo, o sucesso da política macroeconômica esta relacionado à posição
externa da economia, no contexto da globalização, que depende do balanço de pagamentos e
das reservas cambias do país.
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brasileira desenvolver-se através das forças de mercado. Assim, as políticas públicas passam a
ser um instrumento para o desenvolvimento da atividade industrial.
O PITCE conseguiu algumas conquistas segundo Cano & Silva (2010), como a
aprovação de leis voltadas à regulamentação do apoio à inovação, a criação do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (ABDI). Através da partição do BNDES foram criadas linhas de financiamento ao
investimento, linhas de apoio à inovação e linhas de capital de giro que priorizam as empresas
de pequeno e médio porte. Houve esforço para desonerar o investimento, a produção e a
exportação. A compra de bens de capital foi beneficiada a partir da isenção do IPI e da isenção
da contribuição do PIS/Pasep e COFINS para a aquisição de máquinas e equipamentos por
empresas que exportassem pelo menos 80% de sua produção. Apesar dos esforços descritos
acima, o PITCE foi marcado pelo fracasso na promoção de investimentos, pela falta de ações
de larga escala voltadas a setores estratégicos específicos também pelo pequeno efeito prático
das medidas direcionadas às pequenas e médias empresas (CANO; SILVA, 2010).
7
O BNDES teve um importante papel na PDP, pois era através dele que se pretendia
facilitar financiamentos e fazer um grande aporte de recursos na economia. Foram importantes
também as medidas fiscais de estímulo ao investimento, como a redução pela metade do prazo
de apropriação de créditos derivados da aquisição de bens de capital.
Até o fim de 2010, 425 medidas de política industrial haviam sido propostas no âmbito
da PDP. Quase todas elas estavam em pleno funcionamento: 41% delas estavam relacionadas à
meta de investimentos; 29% às exportações; 20% à inovação e 10% ao desenvolvimento da
PME (ABDI, 2010). Esse sucesso pode ser atribuído, em grande parte, à prioridade política
dada à política industrial pelo governo federal, sobretudo no âmbito dos ministérios do
Desenvolvimento, Comércio e da Indústria (MDIC), da Ciência e Tecnologia (MCT) e do
Ministério da Fazenda (MF).
De forma geral, houve avanço da Política Industrial no Brasil ao longo de todo governo
Lula, mas esse avanço não foi suficiente para evitar uma desindustrialização posterior. Mas
olhando pelo lado positivo o PITCE mostrou a possibilidade de se colocar políticas industriais
governamentais em pratica e a PDP fez avanços significativos no tocante ao desenvolvimento
de uma governança capaz de mobilizar o setor público e fazê-lo, no âmbito de comitês
executivos, setoriais ou temáticos, articular-se com a esfera privada, de forma a desenvolver e
8
implementar medidas adequadas aos objetivos da política industrial, considerando a
complexidade da estrutura produtiva nacional.
Desde 1980, a trajetória econômica do Brasil tem passado por longos ciclos de
estagnação seguidos de mais curtos ciclos de crescimento econômico, aliados à busca de
estabilidade econômica. Em setembro de 2008, quando a crise internacional atingiu seu ponto
culminante, o Brasil passava por um ciclo de expansão de sua economia, assentado no
ressurgimento do mercado interno como força dinamizadora do crescimento, nos programas de
transferência de renda, no aumento do crédito para o consumo, no aumento do salário mínimo
e na estabilidade macroeconômica consolidada. Contribuiu também para esse ciclo de
crescimento o enfoque dos empresários nacionais nas exportações agrícolas, que foram
premiadas com o aumento dos preços das commodities agrícolas e metálicas no comercio
mundial (Kupper; Laplane, 2010). A crise reverteu esse ciclo de expansão e criou impactos
negativos sobre grande parte da atividade econômica brasileira. O comércio, os serviços e a
administração pública sustentaram a atividade econômica, o mesmo não se pode dizer sobre a
indústria, o comercio exterior e os investimentos, afetados fortemente pela crise.
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organizacionais e corporativas. As transversais têm por objetivo atingir o sistema como um
todo, com foco no aumento da eficiência econômica agregada, na redução dos custos
sistêmicos e no aperfeiçoamento dos conhecimentos estratégicos em direção à matriz
tecnológica mundial. O organograma representativo seria o seguinte:
10
desenvolvimento produtivo num bloco adicional. Este agrupa medidas relativas aos custos de
energia elétrica, investimentos do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC), concessões em
logística de transportes e esforços de qualificação de trabalhadores, que fortalecem o ambiente
sistêmico da indústria e contribuem para o bom andamento das ações do PBM.
Antes de iniciarmos o primeiro capítulo com algumas das principais medidas do PBM,
cabe apresentar o Sistema de Gestão do Plano, que prevê o envolvimento de diversos
ministérios e da Casa Civil, além de representantes da sociedade civil nos níveis superiores de
coordenação.
11
FIGURA 2 - SISTEMA DE GESTÃO DO PLANO BRASIL MAIOR
12
2. Redução dos Custos de Fatores de Produção
13
Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) começou a divulgar em seus relatórios as
estimativas de renúncias agregadas por atividade econômica, segundo a Classificação Nacional
das Atividades Econômicas (CNAE 2.0).
A metodologia utilizada pela RFB para calcular a renuncia fiscal envolve o calculo da
contribuição previdenciária teórica (alíquota média de 29,14% sobre massa salarial declarada
na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à
Previdência Social, GFIP). Os recolhimentos efetivos captam tanto a antiga base-folha (caso
dos segurados, acidente de trabalho, cota patronal) quanto à nova base-faturamento. No
agregado nacional, a diferença entre o valor teórico e o valor pago constitui a renúncia
estimada. Quanto à arrecadação previdenciária por atividade econômica, ela corresponde ao
valor dos recolhimentos efetuado pelas empresas provenientes de todas as receitas incluídas na
Guia da Previdência Social (GPS).
O montante renunciado e calculado pela Receita Federal do Brasil foi de R$ 3,8 bilhões
em 2012 (0,85% do PIB) para 16,5 bilhões em 2013 (0,34% do PIB). Em abril de 2014, com
um registro na Receita Federal do Brasil de 76.749 contribuintes utilizando a sistemática da
desoneração da folha de pagamentos a estimava de renuncia fiscal para 2014 é em torno de R$
22 bilhões algo como 0,4% do Produto Interno Bruto. Conforme novas atividades passaram a
ser desoneradas, não poderia deixar de crescer as estimativas de renuncia fiscal.
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FIGURA 3 - RENUNCIA FISCAL ESTIMADA
No tocante à distribuição por setores dos contribuintes com registro na Receita Federal
do Brasil, as atividades com maior número de contemplados são: comércio varejista, serviços
de tecnologia de informação, transporte terrestre, construção de edifícios e serviços para a
construção. Essas cinco atividades, nenhuma delas industrial, respondem por cerca de 60%
dos contribuintes. Entretanto, mais importante que o numero cadastrado de contribuintes é o
numero de empregados por setor, pois, aqueles que tiverem o maior numero de empregados
serão os que irão se beneficiar mais.
Assim, uma vez que o setor de serviços também concentra a maior parte dos
empregados beneficiados com a desoneração da folha de pagamentos, torna-se evidente que o
setor de serviços tem um beneficio maior do que o setor industrial advindo da desoneração da
folha de pagamentos. Apenas dois setores, transportes e construção, têm mais trabalhadores
incluídos no regime desonerado do que juntas as dezenas de ramos da indústria de
transformação.
15
para o consumidor e impulsiona a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.
Aumentando a competitividade da indústria nacional e alcançando um melhor lugar no
mercado externo haveria uma melhoria do saldo comercial nacional.
16
Sobre o tema, Silveira (2011) defende que a desoneração propicia o crescimento do
lucro dos empresários, assim como, provoca efeitos negativos sobre a distribuição de renda,
tornando o sistema tributário mais regressivo ainda:
A expansão da desoneração para diversos setores, alguns que não exportam e nem
concorrem com produtos importados, evidencia certa falta de política industrial estratégica.
Uma vez que o beneficio é estendido para todos os setores, ele perde força e objetividade. A
desoneração, quando escolhida como medida de política industrial, deveria beneficiar apenas
setores, cuja necessidade de estimulo para concorrer no mercado interno contra produtos
importados e no mercado externo fosse essencial e em setores que se mostrassem engajamento
e competência em desenvolver-se.
Também chama a atenção, que expandir o beneficio para setores, somente porque
existe pressão destes setores perante o Estado pelo usufruto do beneficio, é, no mínimo, algo
questionável. O Estado deve escolher as medidas de política industriais cabíveis para os
diferentes setores, isso, não elimina a participação de agentes fora do Estado na escolha das
medidas de política industrial, mas cabe a o Estado o papel de maior relevância nas tomadas de
decisões.
17
2.2 Ampliação do Simples Nacional e do Microempreendedor Individual (MEI)
Com o intuito de combater esses tipos de problemas, consta no escopo do PBM dois
programas que visam baixar o custo de entrada no setor formal e facilitar a permanência de
quem já se encontra no setor formal. O Simples Nacional e o Microempreendedor Individual .
O primeiro programa corresponde a um sistema simplificado de impostos direcionado a micro
e pequenas empresas, onde a empresa participante deste sistema para de uma só vez um
conjunto de impostos federais, estaduais e municipais com alíquotas reduzidas, economizando
tempo e despesas para micro e pequenas empresas. O segundo programa consiste na criação de
condições especiais para que a pessoa que trabalha por conta própria se legalize como pequeno
empresário, um dos benefícios concedidos, por exemplo, é o registro no Cadastro Nacional de
Pessoas Jurídicas (CNPJ).
O Simples Nacional ou Supersimples está em vigor desde 2007, com o seu regime
determinando o recolhimento único de seis tributos federais, um estadual e um municipal com
alíquotas variando entre os setores. Os impostos e contribuições que foram unificados no
regime do Simples Nacional são Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a Contribuição para Financiamento da
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Seguridade Social (COFINS), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a Contribuição
Patronal Previdenciária para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, sobre a folha de
pagamentos de salários, pró-labore e autônomo (INSS), o Imposto sobre Operações Relativas à
Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza
(ISS).
19
a extensão desses benefícios, ocorrida dentro do escopo do PBM, é uma medida acertada. Pois,
é uma iniciativa que estimula novos negócios e o acesso aos mecanismos de proteção social
para um maior numero de microempreendedores.
No âmbito do PBM, além da ampliação das faixas de receita bruta do Simples Nacional
e do Microempreendedor Individual, efetuadas pela Lei Complementar n° 139, esta,
possibilitou que as receitas dos bens exportados fossem excluídas para fins de enquadramento.
Isso representa um estimulo às exportações de micro e pequenas empresas, o que vai de
encontro aos objetivos do PBM.
Mas de modo geral, visto que os pequenos negócios representam cerca de 27% do
Produto Interno Bruto (PIB), um resultado que vem crescendo nos últimos anos, e 52% dos
empregos com carteira assinada no Brasil, segundo o Serviço de Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas (Sebrae), tanto o Simples Nacional quanto o Microempreendedor
individual, são importantes programas para o desenvolvimento e crescimento dos pequenos
negócios. Com o Microempreendedor Individual, negócios que antes não tinham perspectivas
de crescimento passaram a ter, através de mais oportunidades de negócios e maior faturamento,
fazendo que extrapolem os limites de critério do MEI e passem à condição de Microempresa.
20
brasileira, tornando-as menos burocráticas, reduzindo a carga de impostos incidentes sobre elas
e facilitando o acesso ao mercado, ao crédito e à justiça, o acesso à inovação e à exportação.
Além disso, participam na geração de emprego, distribuição de renda, inclusão social, redução
da informalidade e crescimento da economia.
21
3. Redução de Custo de Capital: BNDES e A Oferta de Crédito para Investimentos
Sendo uma instituição financeira controlada totalmente pela União e equipado de fontes
estáveis de funding para o desempenho de sua missão, o BNDES vem respondendo, no
decorrer de sua existência, aos desafios de promover o desenvolvimento econômico e social.
As fontes de recursos governamentais representam a maior parte da estrutura de capital do
BNDES, dentre elas, o Tesouro Nacional, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o Fundo
PIS-Pasesp, o Fundo de Marinha Mercante (FMM), o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), o
Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNCM), O Fluxo de Recursos e outras fontes de
recursos.
22
GRÁFICO 1: ESTRUTURA DE CAPITAL
Patrimônio Líquido
Outras obrigações
7% Outras Fontes
7% 3% Governamentais
27% 3%
Captações Externas
Tesouro Nacional
53%
FAT/PIS-Pasesp
2012
5%
8% 3%
27% 4%
53%
2013
O Fluxo de Recursos, dentre eles o retorno das operações de credito, foi a maior fonte
de recursos em 2013, contribuindo com 77,4% do total, mostrando a importância do volume e
da qualidade da carteira de credito do Banco para financiar as liberações. A segunda fonte de
recursos, com 8,4% do total, foi a monetização de ativos , composta pela alienação liquida de
ativos de renda fixa e variável.
23
O BNDES também está inserido nos desafios do PBM, tanto como instrumento para o
aumento da oferta de credito para investimentos e intervenção anticíclica, como no sistema de
gestão do PBM. Pois, um dos participantes do Grupo Executivo do PBM é o BNDES. O Grupo
Executivo é responsável pela consolidação dos programas e das ações do PBM e pelo
acompanhamento dos resultados de sua execução, assessorando o Comitê Gestor. O BNDES
também faz parte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), órgão ligado à
Presidência da Republica, com participação da sociedade civil e que define as orientações
estratégicas gerais do PBM. Como instrumento de oferta de credito para investimentos e
intervenção anticíclica nos momentos de maior retenção do crédito privado, o BNDES utiliza
um conjunto diverso de linhas e programas, aptos a oferecer, o apoio necessário aos grandes
projetos industriais e de infraestrutura.
De forma mais objetiva, o BNDES contribui para o PBM com as seguintes ações:
BNDES PSI, criação do Programa Fundo Clima, criação do Programa BNDES P&G (petróleo
e gás natural), revisão BNDES Progeren, BNDES Limite de Crédito, relançamento do BNDES
Revitaliza, BNDES Procaminhoneiro, criação do Programa BNDES Qualificação, BNDES
Finame, alteração das políticas operacionais do BNDES e recursos para a inovação.
24
taxa de juros nominal fica entre 6,5% ao ano até 9,5% ao ano. No caso das empresas de grande
porte a taxa de juros nominal varia entre 7% ao ano a 10% ao ano.
O BNDES PSI deve ser compreendido como uma redução do preço final de bens de
capital (preço do bem somado ao custo do financiamento). O programa representava, portanto,
25
um estímulo no plano microeconômico para que os agentes (empresas brasileiras) alocassem
mais recursos para o investimento.
O programa foi criado em 2009 para elevar o nível de investimento do país visto a crise
econômica internacional iniciada em 2008, assim, contendo a queda observada na taxa de
investimento da economia brasileira. O programa com juros equalizados pelo Tesouro
Nacional resultou na redução significativa do custo financeiro das linhas de crédito para a
aquisição e exportação de bens de capital e linhas de inovação. Pela primeira vez os
desembolsos do BNDES ultrapassaram a casa dos três dígitos, R$ 137,4 bilhões.
De 2009 até o fim de 2014 o BNDES PSI foi responsável por R$ 378 bilhões do total
desembolsado pelo BNDES, o que corresponde a quase 40% do total desembolsado pelo
BNDES. Esses números mostram a importância do programa na agenda do BNDES e
colocam o BNDES PSI no foco dos analistas. Em umas dessas analises, realizada por
economistas do BNDES, é estimado que a cada R$ 1 de desembolso do BNDES PSI foram
gerados R$ 1,18 de investimento em 2009, porem, no ano de 2010 cada R$ 1 desembolsado
gerou R$ 0,58 de investimento, para os outros anos não foi possível realizar o estudo, segundo
os pesquisadores, por falta de dados.
Uma das explicações para um menor efeito positivo do BNDES PSI em 2010 pode
estar relacionado com a mudança macroeconômica ocorrida no país. Em 2009 as condições de
credito privado estavam mais limitadas, havendo maior efeito do programa sobre o
investimento. Já em 2010, com algumas fontes de credito privado voltando a ser ofertadas, o
programa pode ter sido menos importante para a decisão de investimento, impactando a
decisão de funding, ou seja, sobre o tipo de financiamento que a empresa opta por utilizar.
26
Há um volume crescente de empréstimos do BNDES que passaram a ser subsidiados,
estes possuem taxas de juros nominal menor que a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) mais
spread do BNDES, esta seria uma taxa de juros nominal em torno de 7,5% ao ano. As taxa de
juros do BNDES PSI são ainda menores do que esse valor quando subsidiadas, chegando, em
alguns casos, a ser menor do que a TJLP. Não importa se o empréstimo é concedido pelo
BNDES ou pelos seus agentes financeiros, pois no BNDES PSI a taxa de juros para o tomador
final é tabelada pelo governo.
O subsidio é feito pelo Tesouro Nacional, o que leva o Brasil ao risco de estar criando
um déficit de bilhões para o futuro. Desde 2009, ano de inicio do BNDES PSI o governo pagou
uma parcela pequena desses subsídios. Por exemplo, no início de 2013 haviam R$ 6,3 bilhões
de despesa primaria do programa inscritos como restos a pagar. Ademais, o montante de
empréstimos que pode ser subsidiado cresceu em sete vezes desde o inicio do programa. Em
2009, R$ 44 bilhões era o montante de crédito passível de subsídio dentro do BNDES PSI. Em
2013, esse volume atingiu cerca de R$ 312 bilhões, de acordo com a Medida Provisória N° 594
de 2012.
27
Dentro do Programa Fundo Clima há dez subprogramas: Mobilidade Urbana, Cidades
Sustentáveis e Mudanças do Clima, Maquinas e Equipamentos Eficientes, Energias
Renováveis, Resíduos Sólidos, Carvão Vegetal, Combate à Desertificação, Florestas Nativas,
Gestão e Serviço de Carbono e Projetos Inovadores.
Desta forma, com o Programa Fundo Clima as empresas do país podem colaborar com
o meio ambiente, aplicando conscientemente os recursos oferecidos para crescerem e se
tornarem empresas “carbono zero”. Sendo mais um aliado do consumidor doméstico, que
aplica a eficiência energética adquirindo produtos eficientes.
As empresas de pequeno e médio porte poderão ter acesso direto a crédito do BNDES
desde que tenham um contrato de fornecimento para empresas do setor de P&G, o programa
flexibiliza as condições de acesso ao crédito para as micro, pequenas e médias empresas
(MPMEs). As empresas de menor porte representam aproximadamente 85% das empresas da
cadeia de fornecedores de P&G no País Além disso, oferece condições financeiras
diferenciadas, com taxa de juros nominal variando de 4,5% ao ano, para inovação, até 11,04%
para o financiamento a capital de giro. Os focos do programa são projetos de implantação,
28
ampliação e modernização da capacidade produtiva; consolidação, fusão e aquisição e
internacionalização da cadeia de fornecedores; financiamento do capital de giro necessário à
produção de equipamentos e prestação de serviços; e suporte a atividades de pesquisa,
desenvolvimento e inovação.
29
Esta vai até 4,18% ao ano, a ser fixada de acordo com a classificação de risco do beneficiário
ou do grupo econômico a que pertença, conforme critérios do BNDES. A Remuneração Básica
do BNDES consiste em até 2,5% ao ano, a conforme as condições aplicáveis à Linha de
Financiamento do Produto BNDES Finem (financiamentos a empreendimentos de valor igual
ou superior a R$ 20 milhões e para implantação, ampliação, recuperação e modernização de
ativos fixos nos setores de indústria, comércio, prestação de serviço e agropecuária)
correspondente. O Custo Financeiro dependerá das condições aplicáveis à Linha de
Financiamento do Produto BNDES Finem correspondente.
O BNDES Limite de Crédito aprovou limite de crédito para a Braskem S.A. no valor de
R$ 2,46 bilhões. Os recursos são para apoiar o plano de investimentos da empresa
petroquímica nos Estados da Bahia, Alagoas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Outra
beneficiada foi a Suzano Papel e Celulose, o BNDES aprovou limite de crédito no valor de R$
1,2 bilhão para o Plano de Investimento da companhia para o período de 2011 a 2015. Neste
caso, o valor liberado pelo BNDES funciona como um crédito pré-aprovado, permitindo que a
empresa contrate parcelas do montante total, conforme seu cronograma de investimentos. A
Suzano Papel e Celulose apresenta a especificação do projeto técnico para aprovação e
posterior contratação de cada parcela do financiamento.
O BNDES Revitaliza tenta contribuir para a revitalização das empresas brasileiras que
operam em setores que sofreram perdas pela conjuntura econômica internacional, priorizando a
agregação de valor ao produto nacional, a adoção de métodos de produção mais eficientes, o
fortalecimento da marca das empresas e a ampliação da inserção de bens e serviços brasileiros
no mercado internacional.
O BNDES Revitaliza oferece aos clientes dois subprogramas, de acordo com o tipo de
investimento a ser apoiado, o BNDES Revitaliza Investimento e o BNDES Revitaliza
Exportação. O primeiro é voltado para à agregação de valor do produto nacional, à adoção de
métodos de produção mais eficientes e ao fortalecimento da marca das empresas. Tem taxa de
juros de 8% ao ano e limite de financiamento de R$ 150 milhões por grupo econômico e um
prazo de até 8 anos, incluídos de um a 36 meses de carência. O segundo tem como meta
30
estimular a inserção de bens brasileiros nos mercados internacionais. Sua taxa de juros nominal
é 8% ao ano, com limite de financiamento de até R$ 100 milhões por cliente ou grupo
econômico ao qual pertence. O prazo é de até 2 anos e começa a ser contado a partir do dia 15
coincidente ou subsequente à data de assinatura do contrato de financiamento, incluídos seis a
18 meses de carência.
Sobre o BNDES Revitaliza há a critica que as taxas de juros do programa são muito
altas, outras modalidades oferecidas pelo BNDES possuem taxas mais baixas, o que causa uma
migração do publico alvo para linhas de crédito mais baratas e vantajosas. Da dotação de R$
6,7 bilhões designada para a concessão de empréstimos no BNDES Revitaliza, apenas R$
2,998 bilhões foram desembolsados. Do total de R$ 6,7 bilhões previstos para o programa, R$
3,2 bilhões deveriam ser destinados para investimentos e R$ 3,5 bilhões para exportações.
Segundo dados do BNDES, foram comprometidos apenas R$ 437,5 milhões para
investimentos. A execução dos recursos para estimular as exportações foi melhor e chegou a
R$ 2,5 bilhões.
Há criticas ao programa de que para o autônomo é muito difícil ser beneficiado pelo
programa. Pois, quem decide se o cadastro do interessado merece crédito ou não, são os bancos
comerciais, a quem o BNDES repassa os recursos do BNDES Procaminhoneiro, pois, são os
bancos comerciais os responsáveis por devolver o dinheiro ao BNDES, dessa forma, os bancos
comerciais estariam exigindo garantias difíceis de serem atendidas por um caminhoneiro.
Devido a insatisfação e reclamação por grande parte dos caminhoneiros autônomos, em 2009 o
governo elaborou o Fundo de Garantia de Investimento (FGI), que seria uma taxa extra nas
prestações para cobrir os riscos dos bancos.
31
3.8 Programa BNDES Qualificação
32
3.9 BNDES Finame
33
Essas prioridades contam com os menores custos financeiros, os maiores prazos e os
maiores percentuais de participação do Banco nos financiamentos. Os níveis de participação
foram adequados à entrada de novas fontes de recursos, partindo-se do principio de que a
indústria bancária e o mercado de capitais já possuem meios suficientes para se engajarem no
financiamento de longo prazo. Na mesma direção, a nova Política Operacional abre espaço
para as empresas captarem recursos complementares nos mercados, como já está ocorrendo no
caso das debêntures de infraestrutura.
3.12 Considerações sobre o BNDES durante o período de vigência do Plano Brasil Maior
34
desenvolvam e tornem o financiamento do investimento privado mais ativo na política
econômica (FILHO & MACAHYBA, 2012).
Como o Tesouro Nacional não tinha recursos para emprestar para o BNDES, essa
política implica custo para o Tesouro Nacional, pelo fato de que a taxa de juros que ele paga
para se endividar é no mínimo a SELIC, que é maior do que a taxa de juros que cobra pelos
empréstimos ao BNDES. Assim, essas operações têm um custo fiscal que aparece no
crescimento da dívida bruta e, ao longo do tempo, no crescimento da dívida líquida do setor
público.
Não tem sido muito simples estimar o custo incorrido pelo Tesouro Nacional nessas
operações, pois as características financeiras dos diversos empréstimos feitos ao BNDES não
são plenamente divulgadas. Não se sabendo exatamente quais são os prazos, as taxas de juros,
35
a carência para pagar juros e principal e o método de amortização, fica difícil estimar o custo
implícito desse tipo de operação. Além disso, o cálculo é complicado pelo fato de que Tesouro
Nacional e BNDES frequentemente renegociam contratos vigentes, mudando suas
características. Logo, fica para o futuro a expectativa de como, quanto e quando o BNDES
pagará sua dívida ao Tesouro Nacional, sendo que o volume de empréstimos subsidiados
cresceu no período.
Infelizmente, a meta estabelecida pelo PBM não foi atingida. A taxa de investimento
ficou em 19,7% , menor patamar desde 2009. Um dos principais motivos desse resultado foi o
desempenho da indústria. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas
(ABIMAQ) o consumo aparente de máquinas caiu 14% somente no primeiro trimestre de 2014
em comparação com o primeiro trimestre de 2013. Outro aspecto que contribuiu para a
diminuição da taxa de investimento foi o desempenho mais fraco do setor imobiliário e a baixa
disposição do empresário para investir num ambiente no qual a atividade estava crescendo
pouco. Nesse período a taxa de poupança bruta também diminuiu, no gráfico abaixo podemos
ver os movimentos da taxa de investimento e de poupança.
36
GRÁFICO 2: TAXAS DE INVESTIMENTO E POUPANÇA (EM % PIB)
37
GRÁFICO 3: DESEMBOLSO ANUAL DO BNDES
FONTE: BNDES
Em 2013 todos os setores apoiados pelo BNDES tiveram crescimento nas liberações,
resultando no aumento em 22% do total desembolsado, chegando a R$190 bilhões. A maior
38
expansão relativa ocorreu no setor agropecuário (alta de 64%), com total de R$ 18,6 bilhões,
refletindo o forte volume de investimentos no campo, devido à safra recorde em 2013.
GRÁFICO 4: Desembolsos do BNDES (em R$ bilhões correntes e constantes) e comparação com o PIB (em %) – 2007 a 2014
FONTE: Sistema de Contas Nacionais Trimestrais e IPCA do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e BNDES. A série de
dados de desembolsos constantes corresponde aos desembolsos correntes corrigidos para preços de 2014 pelo Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) calculado pelo IBGE.
39
Observando o gráfico acima é possível notar o papel anticíclico do BNDES, uma vez
que a linha de comparação com o PIB cresceu significativamente nos anos de crise financeira
internacional (4,1% em 2009 e 4,3% em 2010), voltando ao patamar dos 3% nos anos
subsequentes. Em 2010 o BNDES atinge o mais alto valor de desembolso constante de sua
história: cerca de R$ 214 bilhões a preços de 2014 (BNDES,2015).
40
GRÁFICO 5: Desembolsos e investimento total para investimentos fixos comparados com a FBCF (em %) – 2007 a 2014
FONTE: Sistema de Contas Nacionais Trimestrais e IPCA do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e BNDES. A série de
dados de desembolsos constantes corresponde aos desembolsos correntes corrigidos para preços de 2014 pelo Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) calculado pelo IBGE.
Como mencionado anteriormente, cabe lembrar que a meta do PBM de elevar a taxa de
investimento em 2014 para 22,4% do PIB não foi alcançada. O que demonstra que a relação
dos desembolsos do BNDES com o PIB e a FBCF não se estende numa relação de causalidade
entre o apoio do BNDES e a taxa de investimento, sendo esta, influenciada por variados
fatores. Ainda assim, cabe destacar o apoio do BNDES a economia brasileira no período do
PBM e nos últimos anos antes de seu lançamento.
41
4. Comércio Exterior
De acordo com Suzigan (2001), é necessário notar que independente dos objetivos
governamentais, as políticas publicas que afetam a indústria possuem limitações institucionais.
As políticas não possuem autonomia total sobre si próprias, dado que a tarifa aduaneira está
sujeita aos limites máximos das alíquotas consolidadas segundo a Organização Mundial do
Comercio (OMC), que seria em torno de 35%, igual a tarifa externa comum do MERCOSUL.
Além disso, encontra-se uma série de barreiras não tarifárias, que embora teoricamente sejam
proibidas, são praticadas - como restrições ambientais e barreiras fitossanitárias.
42
4.1 Reintegra
O Reintegra foi, sem duvida, a medida de comercio exterior do PBM que ganhou maior
destaque e importância, tanto que foi prorrogado. O que justifica sua importância e prorrogação
é que o programa passou a ser um incentivo na formação de preços dos produtos das empresas
exportadoras e um elemento considerável para proporcionar a venda de produtos nacionais no
mercado externo, proporcionando a expansão da escala produtiva da indústria.
43
4.2 Agência Brasileira Gestora de Fundos (ABGF)
Sob sua tutela, ficarão fundos destinados a garantir operações de comercio exterior ou
projetos de infraestrutura de grande vulto, denominados, respectivamente, Fundo para
Financiamento de Infraestrutura (FGIE) e Fundo para Comercio Exterior (FGCE). A União
pode participar como cotista tanto de FGIE como de FGCE.
A lei que criou a estatal estipulou o fundo com até R$ 11 bilhões, mas não recursos
orçamentários para fazer uma capitalização integral. Com sede em Brasília, a ABGF teve
capital inicial de R$ 50 milhões, recursos que serão usados apenas para os gastos iniciais, como
aluguel de imóvel e contratação de pessoal.
Antes de ser criada, a ABGF sofreu forte resistência do setor de seguros, que temia a
entrada do governo no mercado. Segundo o setor de seguros, a legislação que criou a ABGF
tem dispositivos que permitiriam uma atuação plena da agência estatal em qualquer momento,
o que elevaria muito a competição entre as empresas de seguro. Entretanto, a ABGF firmou o
compromisso de atuar apenas em ramos nos quais as seguradoras privadas, comprovadamente,
não possuem interesse.
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A meta do Portal é reduzir os prazos de processos de exportação de 13 para 8 dias, até
2015, e de importação de 17 para 10 dias, até 2016. Deseja-se, com esses avanços, alcançar
uma economia da ordem de R$ 50 bilhões/ano para importadores e exportadores brasileiros. A
partir desses ganhos de tempo e custos, pretende-se que, até 2017, o Brasil figure pelo menos
entre os 70 melhores países para se realizar operações comerciais transfronteiriças, ganhando
mais de 50 posições na classificação do Doing Business, divulgado pelo Banco Mundial.
Além dos ganhos para o setor privado, o Programa Portal Único de Comércio Exterior
resultará também em ganhos de eficiência na atuação do setor público, otimizando o uso dos
recursos humanos e físicos que sustentam as operações de comércio exterior. Paralelamente,
trabalha-se para que, uma vez integralmente implementado, o Portal seja integrado com os
sistemas que gerenciam a movimentação física das cargas. Com isso, a eficiência na
movimentação dos bens na fronteira será significativamente ampliada (MDIC, 2014).
4.5 Antidumping
45
dados de empresas, associações, entidades de classe, escritórios de advocacia e consultorias. O
Decreto visa dispor o setor industrial brasileiro de instrumentos e processos mais ágeis e
transparentes de defesa comercial, contra o dumping, por exemplo. Diminuindo o prazo médio
das determinações preliminares de 180 para 120 dias e também diminuindo o prazo médio das
investigações antidumping de 15 para 10 meses.
O PBM tinha como uma de suas principais metas diversificar as exportações brasileiras,
ampliando a participação do Brasil no comércio mundial. Infelizmente, não conseguiu atingir
essa meta. No caso da diversificação das exportações, ocorreu que desde 2010, a participação
dos produtos manufaturados na pauta de exportação, passou para menos de 40%, sendo que de
1981 até 2007 sempre foi acima de 50% das exportações. Em 2010, 40,5% de nossas
exportações eram de produtos manufaturados e, em 2014, passou para 34,5%. No caso da
participação brasileira no comércio mundial, nossa participação era de 1,35% das exportações
mundiais, em 2010 (Brasil exportou US$ 201,9 bilhões de R$ 14,9 trilhões de exportação
mundial), e passou para 1,33%, em 2013: exportamos US$ 242,1 bilhões de US$ 18,78
trilhões. (MDIC/Secex)
46
Dessa forma, é válido lembrar que o período abrangido era de instabilidade econômica
nas principais economias do mundo, o que não contribuiu para o comércio externo brasileiro.
Um exemplo disso são as dificuldades enfrentadas pela Argentina nos últimos anos, um
importante mercado consumidor de produtos industrializados brasileiros, seu momento
conturbado prejudicou as exportações do Brasil e foi responsável por grande parcela das
exportações de semimanufaturados que recuaram 9,3%, enquanto a venda de manufaturados
recuou 11,0% (CNI, 2014).
A desvalorização do real não foi suficiente para uma melhora significativa das
exportações brasileiras. Indicadores mais fracos da China e as piores perspectivas para os
preços de commodities contribuíram para a desvalorização do real. O resultado do saldo
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comercial em 2014 foi de um déficit de US$3,93 bilhões, o pior resultado anual desde 1998 e o
primeiro déficit comercial desde o ano de 2002 (FGV, 2013).
De modo geral, as medidas adotadas pelo PBM referentes ao comercio exterior não
foram suficientes para melhorar ou evitar a piora nas exportações e no saldo da balança
comercial no período entre o lançamento do PBM e o fim de 2014. Mas não podemos
desconsiderar o mérito delas, o Reintegra, por exemplo, apesar de hoje alguns defenderem sua
redução para que a meta de superávit primário seja alcançada, ajudou o setor exportador a
manter um mínimo de competitividade no mercado exterior.
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5. Considerações Finais
A política industrial, sendo ela mais branda ou mais ativa, tem que estar na agenda
estratégica de qualquer governo que queira desenvolver seu país, pois, são ações e
instrumentos utilizados pelos países com o objetivo de fomentar o setor industrial e aumentar
as taxas de crescimento econômico. Assim, o PBM e as políticas industriais que o antecederam
(PITCE, de 2004 e PDP, de 2008) se justificam porque o desenvolvimento da indústria é
fundamental para o crescimento da produtividade e da economia. Dentro do setor industrial,
alguns setores são essências para os objetivos de maior crescimento da produtividade e da
economia, um desses, é o setor de bens de capital.
De acordo com Krugman (Krugman, 1989), política industrial pode ser interpretada
como um empenho governamental em fomentar setores avaliados como importantes para o
crescimento econômico do país. Ao proteger e estimular o desenvolvimento de determinado
setor em detrimento de outro, o governo está visando, através de suas ações, uma estratégia de
desenvolvimento para o país. Portanto, seria importante que o PBM tivesse selecionado
determinados setores para a definição de ações específicas.
No caso da Coréia do Sul, segundo Souza (2009), país teve seu desenvolvimento
econômico baseado na industrialização direcionada para o mercado externo e, para o sucesso
deste modelo, foi determinante a política industrial alicerçada em incentivos fiscais e
financeiros, nos créditos de curto e longo prazos, nos juros baixos para as atividades
industriais, em investimentos em indústrias exportadoras, controle de importações e ênfase no
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desenvolvimento de setores como ferro e aço, máquinas, metais não ferrosos, eletrônicos e
petroquímicos.
Ceder às pressões de determinados setores nos faz lembrar que as políticas indústrias
não são suficientes para o desenvolvimento produtivo. Um fator muito importante é o ambiente
competitivo, pois, as decisões de investimento, que proporcionam crescimento da produção e
da produtividade refletem as condições gerais do ambiente competitivo (Coelho, 2014).
A carga tributária é outro aspecto que vem prejudicando a indústria nacional, a posição
do Brasil já era ruim e só piorou no período de aplicação das políticas industriais. A carga
tributária no Brasil é muito elevada em qualquer comparação internacional, mas se levado em
conta o nível de PIB per capita, a tributação no país é ainda mais desproporcional. A carga na
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indústria de transformação é ainda mais elevada: a participação do setor na arrecadação de
tributos é mais do que o dobro de sua participação no PIB (FIESP, 2014).
O custo de capital (capital de giro) no Brasil é altíssimo ainda. Mesmo com a redução
nos últimos anos. A Selic (taxa de juros básica da economia) nominal teve nível médio de
12,4% no período de 2004 a 2013. Desde meados de 2013 o Banco Central voltou a elevar a
Selic, de 7,25% para 10,5%, mantendo a taxa brasileira entre as mais altas do mundo, e
contribuindo para o elevadíssimo custo de capital no Brasil (FIESP, 2014).
51
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