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A Metodologia
Situar o Brasil como um caso de redução da pobreza absoluta, mas que segue
sendo uma das sociedade mais desiguais do planeta.
Classe trabalhadora pouco uniforme, mas aos poucos uniformizada pelo capital
(assalariados de vários tipos);
Mesmo nos períodos de elevação do salário mínimo, eles não acompanham os níveis de
produtividade;
Presença das multinacionais nos setores mais dinâmicos; dependência financeira e tecnológica
Sociedade rapidamente urbanizada sem reforma agrária: campesinato marginal e amplo setor
informal urbano; o pleno emprego como impossibilidade prática e teórica;
400
350 391,7
364,9
300 349,2
250
182,9
200 202,9
150
163,3
140,4 146,4 68,9 72,2
100 100
50
0
1949 1959 1970 1980 1990 2004
60 50
51,0 45
50 46,7
40
39,6 35
40
30
30 25
20
20
15
10
10
1,9 1,2 1,1 5
0 0
1960 1970 1980
Razão de renda: renda dos 10% mais ricos dividida pela 10% mais pobres
50,0%
45,0%
40,0%
35,0%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
60%
0,560
famílias maiores).
Renda Familiar Per Capita
Renda de todos os trabalhos
Renda do Trabalho Principal
Desigualdade Com e Sem Benefícios (PBF)
• O Bolsa Família não
traz um impacto 0,610
de redução da 0,570
desigualdade 0,550
0,530
0,510
0,490
1996
1997
1998
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2007
2008
2009
1995
1999
2006
Renda familiar per capita Renda familiar per capita (sem benefícios)
1995-2009 2003-2009
RFCP 9,72% RFCP 6,91%
RFPC sem benefícios 9,32% RFPC sem benefícios 6,60%
Razão de Renda
Brasil
Razão 20% mais Razão 10% mais
ricos/20% mais ricos/10% mais
pobres pobres
2003 23,01 51,95
2004 21,37 47,53
2005 20,85 46,47
2006 20,35 46,02
2007 19,37 43,21
2008 18,32 40,16
2009 17,99 40,02
“Distribution Tables”
Desigualdade Campo X Cidade
• A desigualdades de renda
0,600
nos meios urbanos é maior
do que nos meios rurais. 0,580
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
1997
1998
1999
2000
2001
renda”.
Desigualdade Áreas Urbanas Metropolitanas
e Não
•A 0,600
0,580
importância
0,560
das áreas não-
0,540
metropolitana
0,520
s na queda da
0,500
desigualdade.
0,480
0,650
•A queda da
desigualdade é
0,600
maior nas regiões
mais ricas.
0,550 norte
nordeste
sudeste
0,500
sul
centro-oeste
0,450
0,400
Desigualdade Regiões Metropolitanas
• A desigualdade Ricos e Ricos e
nas regiões Pobres Pobres
1995- 2003- 10% 20%
metropolitanas. (2009)** (2009)** Índice de Gini por RM
2009 2009
Brasília 0,614
Belém -11,8% -7,0% 33,38 15,6
Salvador 0,578
São Paulo -4,7% -7,3% 38,81 16,6
Porto Alegre -11,3% -6,7% 38,19 16,9 Recife 0,564
Belo Fortaleza 0,554
-9,2% -6,3% 39,70 17,6
Horizonte Rio de Janeiro 0,551
Curitiba -11,0% -6,0% 34,87 17,0 Belo Horizonte 0,527
Salvador -7,4% -4,8% 42,45 20,8 Belém 0,511
Fortaleza -6,7% -4,5% 37,82 17,6 Porto Alegre 0,509
Recife -2,5% -4,3% 44,69 19,3 São Paulo 0,507
Rio de Janeiro -2,9% -1,3% 41,48 19,0 Curitiba 0,498
0,45
2001 2003 2005 2007 2009 2011
Desigualdade Razão de renda no Nordeste
30 28,7
25,7
25 23,3
20,9 21,1
19,9 20,1
20
17,6 17,1 17,3
16,6
16,4
15
15,0 14,6
13,7 13,5
12,9
10 11,8
5
2001 2003 2005 2007 2009 2011
Metropolitana Urbana não metropolitana Rural
Participação das fontes de renda no Nordeste
Nordeste 2001 Nordeste 2011
22,8% 22,4%
0,2% 0,3%
3,8% 3,9%
Aposentadorias e
56,8%
pensões públicas
23,8%
Sudeste 3,3% Bolsa Família e
3,1% correlatos
12,9%
Benefício de
51,8%
Prestação
25,0%
Continuada
Brasil 7,2%
3,4%
12,6%
Aposentadorias e
35,5% pensões públicas
20,4%
Urbano não Bolsa Família e
31,8%
metropolitano correlatos
5,8%
6,5% Benefício de
Prestação Continuada
42,6% Outras
-31,2%
Rural 108,2%
-0,9%
-18,7%
PNAD/IBGE
As Posições de Classe Destituídas
Brasil Sudeste Nordeste
Queda da desigualdade acontece em quase todas as regiões, concentrada nos anos 2000;
A queda da desigualdade tende a ser maior nas áreas metropolitanas do que nas áreas
rurais, e no Sul/Sudeste em comparação com as demais regiões do país;
Estas áreas são distintamente afetadas pela geração de empregos formais, aumento do
salário mínimo e transferências;
As transferências de renda têm mais impacto sobre a redução da pobreza absoluta do que
sobre a desigualdade, à exceção do Nordeste rural;
O enfrentamento da desigualdade nos vários espaços do território nacional deve ser feito
a partir de diferentes pacotes de políticas, implantados de maneira integrada e não
restritos à dimensão da renda.
O Debate Recente sobre a Desigualdade no
Brasil e suas Limitações
Reconhecimento da queda simultânea da pobreza e da desigualdade no Governo Lula;
Foco no “Brasil sem Miséria” - importante mas insuficiente!; A pobreza não se resume
à insuficiência de renda;
Implantação das políticas complementares mais lenta; A sua estrutura depende dos
vários contextos regionais;
Agenda focada nas políticas de transferência de renda, que pouco impacto têm sobre a
desigualdade, e na elevação do poder de compra do salário (aumento do salário da base
da pirâmide do mercado de trabalho), que deixa de lado quem está fora do mercado de
trabalho;
A desigualdade no acesso a infra-estrutura social é maior nas regiões metropolitanas;
Necessidade de reformas estruturais (tributária, agrária, urbana, nas relações de
trabalho, universalização das políticas sociais) com dinamização da estrutura produtiva
(aumentos de produtividade);
Condição: novas coalizões de classe com agenda de desenvolvimento para além do
curto-prazismo econômico e da importante criação de uma rede de proteção social.
Desenvolvimento e Combate à Desigualdade
no Brasil
O Brasil ainda é o Brasil!;
Slogans conservadores: “nação desenvolvida”, “país rico é país sem pobres”, “nova
classe média”, “estamos no limite do pleno emprego”.
O ciclo expansivo dos anos 2000 assegurou crescimento econômico com elevação do
emprego e financiamento das políticas de transferência da renda;
Se o Brasil quiser instaurar um novo padrão de desenvolvimento inclusivo, terá que enfrentar: a
desigualdade a partir de um amplo leque de políticas, dinamizando a acumulação rumo aos setores
mais intensivos em capital, e ampliando a agricultura camponesa e a pequena produção urbana; a
partir de um enfoque territorial capaz de criar novos nexos de solidariedade intra e inter-regionais;
Sem um Estado reformado, ancorado num projeto nacional, com ampla participação social, crescimento e
desigualdade continuarão avançando em direções distintas, ou apenas se associando em breves períodos
de tempo, devido a fatores conjunturais.
Para Pensar
80
70
60
10% mais pobres
50
30% mais pobres
40 50% mais pobres
0
1960 1980 1990 1999 2002 2004 2006 2008 2011