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O Brasil Real:

A Desigualdade para além dos Indicadores

Alexandre de Freitas Barbosa


Professor de História Econômica e Economia Brasileira no IEB/USP
Pesquisador do CEBRAP

afbarbosa@usp.br

São Paulo, Escola de Governo, 7 de outubro de 2014


Estrutura da Apresentação
 Objetivos da Pesquisa

 Ponto de Partida: Que País É Este?

 A Desigualdade como Alicerce do Capitalismo no Brasil

 A Metodologia

 O que Dizem os Dados?

 O Debate Recente sobre a Desigualdade no Brasil

 Desenvolvimento e Desigualdade no Brasil: Os Desafios

 Algumas Perguntas Incômodas


Objetivos da Pesquisa
 Compreender a desigualdade como um processo histórico e complexo,
mostrando as tendências do período recente;

 Superar a visão “estatística” e economicista sobre pobreza e desigualdade,


sem descartar a importância dos indicadores (ir atrás do que eles não dizem,
ter cautela com as médias, olhá-los no espaço);

 Situar o Brasil como um caso de redução da pobreza absoluta, mas que segue
sendo uma das sociedade mais desiguais do planeta.

 Contribuir para o debate sobre o tema, de modo a interferir na agenda das


políticas públicas, incorporando a perspectiva dos movimentos sociais;
Ponto de Partida
 sociedade escravista → sociedade capitalista;

 Estrutura social específica: entre os extremos, as “classes do privilégio” e a


“ralé”, várias posições de classe trabalhadora;

 ausências estratégicas: estatuto coletivo do trabalho e políticas sociais universais;

 Manutenção de monopólios: acesso ao poder político, à riqueza e à informação;

 “Ativos” importantes: Constituição de 1988, sociedade civil vibrante e qualidade


de segmentos importantes da burocracia;

 3 períodos-chave: elevado crescimento com desigualdade (1930-1980); baixo


crescimento com manutenção da desigualdade (anos 90); recuperação do
crescimento com redução da pobreza e da desigualdade (anos 2000); até quando?
Etapas históricas do desenvolvimento no
Brasil: Colônia
 Sentido da colonização: produção para o exterior;

 Escasso “mercado interno”;

 Expansão econômica sem alterações estruturais;

 Trabalho escravo predominante;

 Grupo social cada vez maior: homens livres pobres, “desclassificados”.


Etapas históricas do desenvolvimento no Brasil:
Expansão Cafeeira e Desigualdades Regionais
 Abolição da escravidão: expansão externa gera mercado interno no centro
dinâmico (Furtado);

 Desigualdade social: margens de lucros elevadas para os cafeicultores com


estabilidade salarial;

 São Paulo: colonato no campo e emergência do operariado na capital + “exército


industrial de reserva” composto de imigrantes, negros ex-escravos e caipiras;

 Nordeste: fora de SP, muda “apenas” juridicamente a condição escrava.


Reciclagem das formas pré-capitalistas (“moradores de condição”);

 As várias combinações regionais de regimes de trabalho levam a distintos


horizontes de oportunidades econômicas.
Etapas históricas do desenvolvimento no
Brasil: A Transição para o Trabalho “Livre”
 Como criar um mercado de trabalho com escravos e agregados?

 Soluções parciais: comércio inter-regional de escravos, regime de parceria e


proposta de trazer coolies chineses;

 Solução final: o Estado subsidia a formação do mercado de trabalho – regional, e


incompleto - no centro dinâmico. Cumpre o papel de “super-Gato”;

 O Brasil importa os trabalhadores expropriados pela Revolução Industrial na


Europa;

 Várias transições regionais: do sub ao quase assalariamento; mercados de trabalho


regionais e incompletos (uso de formas pré-capitalistas);

 Desigualdades regionais: relacionadas com os processos de transição para o


trabalho “livre” que acompanham o dinamismo do capital ainda preso à região;
Etapas históricas do desenvolvimento no
Brasil: Industrialização
 Elevado dinamismo: entre 1930 e 1980, crescimento médio do PIB de
6%;

 Diversificação produtiva: setores de bens de consumo duráveis e bens de


capital;

 Investimentos autônomos: multinacionais e estatais;

 A partir de 70: extroversão econômica, gastos do Estado, diversificação


industrial, multinacionais, agrobusiness e dependência financeira;

 Preços do capital e do trabalho subsidiados;


Etapas históricas do desenvolvimento no
Brasil: Industrialização
 “Nacionalização do mercado de trabalho”: migrações internas, regulamentação parcial do
fator trabalho (CLT) e criação endógena do exército de reserva;

 “Cidadania regulada”: só é cidadão quem tem carteira de trabalho assinada;

 Classe trabalhadora pouco uniforme, mas aos poucos uniformizada pelo capital
(assalariados de vários tipos);

 Legislação trabalhista não chega ao campo (expansão da fronteira agrícola);

 presença marcante de trabalhadores informais (setor não tipicamente capitalista);

 Mesmo nos períodos de elevação do salário mínimo, eles não acompanham os níveis de
produtividade;

 Expansão de uma classe média assalariada;

 Elevação da concentração pessoal e funcional da renda. Desigualdade regional assume


novas formas;
Existe uma variedade de capitalismo no
Brasil?
O Que Define Uma Variedade de Capitalismo?

 Padrão de Inserção internacional;

 Forma de relacionamento entre Estado e a economia;

 Estrutura do mercado de trabalho e modo de regulação do trabalho;

 Acesso a bens sociais;

 Perfil da desigualdades inter e intra-regionais;

 Certa continuidade histórica.


A Variedade de Capitalismo no Brasil
 Papel seletivo do Estado e restrito à esfera econômica;

 Presença das multinacionais nos setores mais dinâmicos; dependência financeira e tecnológica

 “Burguesias nacionais”: atuantes nos setores agrícola, comercial, financeiro, de infra-estrutura e


nos setores industriais subsidiários do capital internacional;

 Sociedade rapidamente urbanizada sem reforma agrária: campesinato marginal e amplo setor
informal urbano; o pleno emprego como impossibilidade prática e teórica;

 Abertura de fronteiras internas e desigualdades regionais permite fantásticas taxas de rentabilidade


para o capital nacional e transnacional;

 Classe operária crescentemente importante em termos absolutos e relativos, mas segmentada


espacial e setorialmente, coartada politicamente, e incapaz de acompanhar os ganhos de
produtividade;

 Classe média assalariada com altos níveis de renda e de escolaridade;


Brasil - Evolução do índice de variação do Produto Interno Bruto per capita
e o valor real do salário mínimo (1949 = 100)

400

350 391,7
364,9
300 349,2

250
182,9
200 202,9

150
163,3
140,4 146,4 68,9 72,2
100 100
50

0
1949 1959 1970 1980 1990 2004

Poder aquisitivo do SM PIB per capita


Participação dos 10% Mais Ricos e dos 10% mais Pobres na Renda Naciona
e Razão entre a Renda dos 2 Grupos

60 50
51,0 45
50 46,7
40
39,6 35
40
30
30 25
20
20
15
10
10
1,9 1,2 1,1 5
0 0
1960 1970 1980

10% mais pobres 10% mais ricos razão renda ricos/pobres


Diagrama de Classe (Darcy Ribeiro)
Pobreza, Desigualdade e suas Medidas
 Pobreza: conceito absoluto – total de pessoas abaixo de um valor x, definido
como a linha de pobreza;

 Desigualdade: conceito relativo, várias medidas;

 Coeficiente de Gini: Índice que varia de 0 a 1, quanto mais próximo de 1


mais desigual.

 Razão de renda: renda dos 10% mais ricos dividida pela 10% mais pobres

 Concentração funcional da renda: distribuição da renda entre capital e


trabalho;
Várias Linhas de Pobreza

50,0%
45,0%
40,0%
35,0%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

IPEA Pobres IPEA Pobres Extremos FGV Pobres MDS Pobres


Proporção de Pobres e Pobres Extremos
60%
Nordeste FGT0
48,8% 50,1% (pobreza)
50%
42,1% Nordeste FGT0
(extrema pobreza)
40%
34,2%
Sudeste FGT0
28,5% (extrema pobreza)
30%
24,9%
Sudeste FGT0
(pobreza)
20% 21,9% 22,7%
Brasil FGT0 (extrema
16,4%
13,5% pobreza)
10% 11,0%
10,2%
Brasil FGT0
(pobreza)
0%
2001 2003 2005 2007 2009 2011
Proporção de Pobres e Pobres Extremos no
Nordeste: Sub-Áreas
80%
68,4%
70%

60%

50% 44,0% 42,0%


40% 36,6% pobre
32,7%
30% extremamente
20,8%
17,8% 19,4% pobre
20% 13,4%
11,4%
10% 7,7%
4,7%
0%
2001 2011 2001 2011 2001 2011
Metropolitano Urbano não Rural
metropolitano
Pobreza e Pobreza Extrema – Critério Sônia
Rocha
Pobreza extrema Pobreza
Região Área
2001 2011 2001 2011
Metropolitana 1.362.106 647.021 4.890.831 2.894.361
Urbana não metropolitana 3.714.974 2.033.793 12.037.110 6.907.139
Nordeste
Rural 3.343.731 2.000.338 7.419.856 3.804.385
Total 8.420.811 4.681.152 24.347.797 13.605.885
Metropolitana 2.329.089 959.954 11.519.529 6.513.245
Urbana não metropolitana 1.803.665 946.438 8.019.821 3.278.197
Sudeste
Rural 477.567 171.954 1.560.460 371.074
Total 4.610.321 2.078.346 21.099.810 10.162.516
Metropolitana 4.183.439 1.833.701 18.517.207 10.263.242
Urbana não metropolitana 7.422.307 4.325.540 29.075.652 15.021.744
Brasil
Rural 4.355.192 2.337.510 10.662.148 4.507.369
Total 15.960.938 8.496.751 58.255.007 29.792.355
Pobreza extrema Pobreza
Região Área
2001 2011 2001 2011
Metropolitana 14,2 5,8 50,9 26,0
Urbana não metropolitana 14,9 7,0 48,1 23,8
Nordeste
Rural 23,5 14,3 52,1 27,2
Total 17,2 8,7 49,8 25,1
Metropolitana 6,9 2,6 34,3 17,6
Urbana não metropolitana 5,2 2,4 23,0 8,2
Sudeste
Rural 8,7 3,4 28,4 7,4
Total 6,2 2,5 28,5 12,4
Metropolitana 8,1 3,2 35,9 17,8
Urbana não metropolitana 8,0 4,0 31,3 13,8
Brasil
Rural 16,8 9,6 41,1 18,5
Total 9,4 4,5 34,2 15,6
Desigualdade: O Gini
• O Gini “oficial” é 0,620
calculado a partir da
0,600
renda de todos os
trabalhos. 0,580

0,560

• No entanto, a renda 0,540

familiar per capita tem 0,520


uma distribuição mais
0,500
desigual que as duas
0,480
medidas de renda do
trabalho (pobres têm 0,460

famílias maiores).
Renda Familiar Per Capita
Renda de todos os trabalhos
Renda do Trabalho Principal
Desigualdade Com e Sem Benefícios (PBF)
• O Bolsa Família não
traz um impacto 0,610

expressivo em termos 0,590

de redução da 0,570

desigualdade 0,550

0,530

0,510

0,490

1996

1997

1998

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2007

2008

2009
1995

1999

2006
Renda familiar per capita Renda familiar per capita (sem benefícios)

Comparação da queda das desigualdades

1995-2009 2003-2009
RFCP 9,72% RFCP 6,91%
RFPC sem benefícios 9,32% RFPC sem benefícios 6,60%
Razão de Renda

Brasil
Razão 20% mais Razão 10% mais
ricos/20% mais ricos/10% mais
pobres pobres
2003 23,01 51,95
2004 21,37 47,53
2005 20,85 46,47
2006 20,35 46,02
2007 19,37 43,21
2008 18,32 40,16
2009 17,99 40,02
“Distribution Tables”
Desigualdade Campo X Cidade
• A desigualdades de renda
0,600
nos meios urbanos é maior
do que nos meios rurais. 0,580

• Há que se considerar que 0,560


no meio rural há um 0,540
elevado o número de
0,520 Urbano
pessoas com “renda zero”
0,500 Rural
ou com complementos do
salário em espécie. Num 0,480
meio, onde a pobreza 0,460
ainda é generalizada, “é
0,440
menor a desigualdade de
1995
1996

2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
1997
1998
1999
2000
2001
renda”.
Desigualdade Áreas Urbanas Metropolitanas
e Não

•A 0,600

0,580
importância
0,560
das áreas não-
0,540
metropolitana
0,520
s na queda da
0,500
desigualdade.
0,480

Não metropolitano Metropolitano

Comparação da queda das desigualdades


1995-2009 2003-2009
10,35
Não metropolitana 8,34%
% Não metropolitana
Metropolitana 4,98% Metropolitana 5,35%
Desigualdade Por Regiões

0,650
•A queda da
desigualdade é
0,600
maior nas regiões
mais ricas.
0,550 norte
nordeste
sudeste
0,500
sul
centro-oeste

0,450

0,400
Desigualdade Regiões Metropolitanas
• A desigualdade Ricos e Ricos e
nas regiões Pobres Pobres
1995- 2003- 10% 20%
metropolitanas. (2009)** (2009)** Índice de Gini por RM
2009 2009
Brasília 0,614
Belém -11,8% -7,0% 33,38 15,6
Salvador 0,578
São Paulo -4,7% -7,3% 38,81 16,6
Porto Alegre -11,3% -6,7% 38,19 16,9 Recife 0,564
Belo Fortaleza 0,554
-9,2% -6,3% 39,70 17,6
Horizonte Rio de Janeiro 0,551
Curitiba -11,0% -6,0% 34,87 17,0 Belo Horizonte 0,527
Salvador -7,4% -4,8% 42,45 20,8 Belém 0,511
Fortaleza -6,7% -4,5% 37,82 17,6 Porto Alegre 0,509
Recife -2,5% -4,3% 44,69 19,3 São Paulo 0,507
Rio de Janeiro -2,9% -1,3% 41,48 19,0 Curitiba 0,498

Brasília 7,6% -0,9% 48,08 24,7


Desigualdade por Estados
Estados (ordem crescente de mudança no Gini) 1995-2009 2003-2009
São Paulo -9,0% -10,1%
Amapá -1,8% -10,1%
Paraná -14,5% -9,6%

• A queda da Mato Grosso


Piauí
-9,8%
-4,5%
-8,6%
-8,0%
desigualdade Amazonas
Rio Grande do Sul
-10,3%
-11,3%
-7,5%
-7,4%
nas UF’s. Alagoas
Maranhão
-11,7%
-7,9%
-7,3%
-7,0%
Tocantins -14,3% -6,9%
Minas Gerais -12,9% -6,8%
Pernambuco -3,6% -5,9%
Bahia -7,3% -5,7%
Espírito Santo -12,3% -4,9%
Santa Catarina -14,9% -4,7%
Ceará -11,3% -4,2%
Goiás -8,3% -3,6%
Mato Grosso do Sul -5,0% -3,6%
Rio de Janeiro -5,8% -3,1%
Pará -10,0% -2,0%
Roraima 20,7% -2,0%
Rio Grande do Norte -5,9% -0,8%
Sergipe -0,8% -0,8%
Distrito Federal 7,0% -0,7%
Rondônia -12,6% -0,6%
Paraíba -4,5% 2,6%
Acre 4,6% 2,7%
Desigualdade: Índice de Gini
0,60 0,595
0,584
0,588 0,571
0,577 0,564
0,556
0,565
0,55 0,558 0,542
0,549 0,550
Nordeste
0,538 0,537 Sudeste
0,526 Brasil
0,516
0,50
0,504
0,494

0,45
2001 2003 2005 2007 2009 2011
Desigualdade Razão de renda no Nordeste
30 28,7

25,7
25 23,3
20,9 21,1
19,9 20,1
20
17,6 17,1 17,3
16,6
16,4
15
15,0 14,6
13,7 13,5
12,9
10 11,8

5
2001 2003 2005 2007 2009 2011
Metropolitana Urbana não metropolitana Rural
Participação das fontes de renda no Nordeste
Nordeste 2001 Nordeste 2011

0,1% 26,1% 0,7%


24,3% 5,0%
4,1%
0,3% 1,5%
70,2% 67,6%
Participação das fontes de renda Sudeste e
Brasil
Sudeste 2011 Brasil 2011

22,8% 22,4%
0,2% 0,3%
3,8% 3,9%

73,0% 73,0% 0,4%


0,1%
Contribuição das fontes de renda na queda do
Gini 2001 a 2011
42,8%
23,1%
Nordeste 23,1%
3,8% Trabalho
7,1%

Aposentadorias e
56,8%
pensões públicas
23,8%
Sudeste 3,3% Bolsa Família e
3,1% correlatos
12,9%
Benefício de
51,8%
Prestação
25,0%
Continuada
Brasil 7,2%
3,4%
12,6%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%


Contribuição das fontes de renda na queda do
Gini 2001 a 2011Região Nordeste
59,7%
20,9%
Metropolitano 8,7%
3,0%
Trabalho
7,7%

Aposentadorias e
35,5% pensões públicas
20,4%
Urbano não Bolsa Família e
31,8%
metropolitano correlatos
5,8%
6,5% Benefício de
Prestação Continuada
42,6% Outras
-31,2%
Rural 108,2%
-0,9%
-18,7%

-50% 0% 50% 100% 150%


Quadro-Síntese
Gini da UF Dif. 10 % ricos e Dif. 20 % ricos e Número de pessoas
Renda média da UF Taxa de pobreza
(2009) pobres pobres pobres

Distrito Federal 0,617 48,1 24,7 1348,47 11,3 272.652


Acre 0,607 46,8 22,3 603,93 32,4 224.345
Paraíba 0,588 50 21,9 433,09 40,6 1.542.919
Sergipe 0,573 42,6 20,2 467,11 37,6 765.272
Alagoas 0,565 40,1 19,4 348,78 47,7 1.515.188
Rio Grande do Norte 0,561 42,5 19,1 468,07 34,3 1.088.596
Piauí 0,558 37,8 18,8 400,48 38,6 1.205.435
Bahia 0,555 41,1 19,1 421,72 38,5 5.512.234
Pernambuco 0,551 45 19,8 399,22 42,2 3.594.917
Ceará 0,545 39 19,2 392,08 36,6 3.085.040
Rio de Janeiro 0,537 40,2 17,8 847,8 13,5 1.982.933
Maranhão 0,535 46,9 18,7 350,88 41,6 2.666.266
Tocantins 0,524 40,6 16,7 521,62 26,1 340.396
Espírito Santo 0,524 35,6 16,4 646,65 12,6 435.309
Amapá 0,52 27,6 14,9 481,29 32,4 206.168
Roraima 0,52 31,3 15,2 508,2 27,8 118.337
Mato Grosso do Sul 0,517 34,9 16,6 672,12 10,1 240.178
Amazonas 0,513 35,6 16,2 444,89 30,9 1.051.497
Pará 0,51 34,8 16,0 396,97 36,7 2.631.946
Minas Gerais 0,509 37,1 16,4 640,32 12,1 2.356.776
Rondônia 0,508 36,2 15,6 564,44 23,5 351.858
Goiás 0,502 42,2 16,5 639,69 11,9 689.425
Rio Grande do Sul 0,496 36 15,8 782,38 13,7 1.456.403
Mato Grosso 0,494 37,1 15,9 632,77 12,4 371.824
Paraná 0,49 35,3 16,0 746,13 12,4 1.304.080
São Paulo 0,481 36,3 15,4 817,25 11 4.241.855
Santa Catarina 0,454 33,3 14,7 873,61 6,4 379.701
Evolução dos vários segmentos da PEA –
2003 a 2008

2003 2008 2004-2008

N. em % N. em % Saldo (N.) Saldo (em%)

empregados registrados 29.264.358 33,0 38.069.128 38,9 8.804.770 95,5

sem carteira 14.268.559 16,1 15.607.386 16,0 1.338.827 14,5

conta-própria 17.863.720 20,2 18.183.833 18,6 320.113 3,5

domésticos 6.147.143 6,9 6.568.765 6,7 421.622 4,6

não-remunerados 5.642.387 6,4 4.258.549 4,4 -1.383.838 -15,0

subsistência 3.400.905 3,8 3.946.310 4,0 545.405 5,9

empregadores 3.359.867 3,8 4.096.075 4,2 736.208 8,0

desempregados 8.637.122 9,8 7.070.432 7,2 -1.566.690 -17,0

total 88.584.061 100,0 97.800.478 100,0 9.216.417 100,0

PNAD/IBGE
As Posições de Classe Destituídas
Brasil Sudeste Nordeste

trabalhador elementar 9,4 9,4 14,2

empregado doméstico 6,8 5,3 4,5

autônomo precário 7,6 7,8 10,3

produtor agrícola precário 1,5 0,5 6,2

trabalhador de subsistência 4,0 1,4 4,5

trabalhador excedente 11,1 6,0 7,0

total de destituídos 40,3 30,6 46,7

trabalhador ampliado 38,5 42,3 27,4

autônomo com ativos 10,4 11,6 17,1

empregador 4,0 6,2 4,4

gerente e especialista 6,8 9,2 4,5

total de posições 100,0 100,0 100,0

Jose Alcides Figueiredo Santos, in: Jessé Souza, UFMG, 2009


Síntese dos dados
 Forte queda da pobreza absoluta, e bem menos pronunciada da desigualdade;

 Queda da desigualdade acontece em quase todas as regiões, concentrada nos anos 2000;

 Queda da pobreza e da desigualdade maior no Sudeste do que no Nordeste;

 A queda da desigualdade tende a ser maior nas áreas metropolitanas do que nas áreas
rurais, e no Sul/Sudeste em comparação com as demais regiões do país;

 Estas áreas são distintamente afetadas pela geração de empregos formais, aumento do
salário mínimo e transferências;

 As transferências de renda têm mais impacto sobre a redução da pobreza absoluta do que
sobre a desigualdade, à exceção do Nordeste rural;

 O enfrentamento da desigualdade nos vários espaços do território nacional deve ser feito
a partir de diferentes pacotes de políticas, implantados de maneira integrada e não
restritos à dimensão da renda.
O Debate Recente sobre a Desigualdade no
Brasil e suas Limitações
 Reconhecimento da queda simultânea da pobreza e da desigualdade no Governo Lula;
 Foco no “Brasil sem Miséria” - importante mas insuficiente!; A pobreza não se resume
à insuficiência de renda;
 Implantação das políticas complementares mais lenta; A sua estrutura depende dos
vários contextos regionais;
 Agenda focada nas políticas de transferência de renda, que pouco impacto têm sobre a
desigualdade, e na elevação do poder de compra do salário (aumento do salário da base
da pirâmide do mercado de trabalho), que deixa de lado quem está fora do mercado de
trabalho;
 A desigualdade no acesso a infra-estrutura social é maior nas regiões metropolitanas;
 Necessidade de reformas estruturais (tributária, agrária, urbana, nas relações de
trabalho, universalização das políticas sociais) com dinamização da estrutura produtiva
(aumentos de produtividade);
 Condição: novas coalizões de classe com agenda de desenvolvimento para além do
curto-prazismo econômico e da importante criação de uma rede de proteção social.
Desenvolvimento e Combate à Desigualdade
no Brasil
 O Brasil ainda é o Brasil!;

 O Brasil pode ser mais que o Brasil!;

 Desigualdade precisa entrar no centro da agenda nacional;

 Slogans conservadores: “nação desenvolvida”, “país rico é país sem pobres”, “nova
classe média”, “estamos no limite do pleno emprego”.

 O ciclo expansivo dos anos 2000 assegurou crescimento econômico com elevação do
emprego e financiamento das políticas de transferência da renda;

 Não permitiu atuar de forma consistente sobre as várias desigualdades;

 Novo padrão de desenvolvimento é pré-condição para mudanças mais substantivas na


estrutura ocupacional, ampliação da políticas públicas universais e políticas estruturantes
de inserção social adaptadas aos vários espaços regionais.
Algumas Perguntas Incômodas
 Pode-se dizer que o Brasil a partir de 2004 engatou num novo padrão de desenvolvimento?

 Pode-se dizer houve uma transformação substantiva na estrutura de classes no Brasil?

 Pode-se dizer que o Brasil está próximo do pleno emprego?

 Acredito que a resposta seja não para todas as questões!

 Se o Brasil quiser instaurar um novo padrão de desenvolvimento inclusivo, terá que enfrentar: a
desigualdade a partir de um amplo leque de políticas, dinamizando a acumulação rumo aos setores
mais intensivos em capital, e ampliando a agricultura camponesa e a pequena produção urbana; a
partir de um enfoque territorial capaz de criar novos nexos de solidariedade intra e inter-regionais;

 Sem um Estado reformado, ancorado num projeto nacional, com ampla participação social, crescimento e
desigualdade continuarão avançando em direções distintas, ou apenas se associando em breves períodos
de tempo, devido a fatores conjunturais.
Para Pensar
80

70

60
10% mais pobres
50
30% mais pobres
40 50% mais pobres

30 30% mais ricos


10% mais ricos
20
1% mais ricos
10

0
1960 1980 1990 1999 2002 2004 2006 2008 2011

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