1 - Introdução
A banana (Musa spp.) é uma fruta de consumo universal, sendo umas das mais consumidas no
mundo, e, é comercializada por dúzia, por quilo e até mesmo por unidade. É rica em carboidratos e potássio,
médio teor em açúcares e vitamina A, e baixo em proteínas e vitaminas B e C.
A banana é apreciada por pessoas de todas as classes e de qualquer idade, que a consomem in
natura, frita, assada, cozida, em calda, em doces caseiros ou em produtos industrializados.
A fruta verde é usada in natura com grande sucesso na desidratação infantil, depois de bem
homogeneizada no liquidificador; seu tanino, revestindo as paredes intestinais e do tubo digestivo, evita, por
ação mecânica, que as células do órgão continuem se desidratando.
No meio rural é utilizada, ainda verde, como alimento de animais, depois de cozida, para eliminar
o efeito do tanino nos intestinos.
A importância da bananicultura varia de local para local, assim como de país para país. Por vezes,
ela é plantada para servir de complemento da alimentação da família (fonte de amido), como receita principal
ou complementária da propriedade ou como fonte de divisas para o país.
Com freqüência, seu cultivo é feito em condições ecológicas adversas, mas, em vista da
proximidade de um bom mercado consumidor, esta atividade se torna economicamente viável.
Há uma grande diversidade de cultivares, cujos frutos têm vários sabores e utilizações. O porte das
plantas varia de 1,50 m a 8,0 m e seus cachos podem ser compostos por algumas bananas ou centenas delas.
Merece realçar que seu tronco não é um tronco e, sim, um imbricamento de bainhas de folhas. Seu
período de vida é definido pelo aparecimento do “filhote” na superfície do solo e a sua colheita ou a seca do
seu cacho. Entretanto, sua lavoura é considerada de caráter permanente na área.
As bananas cultivadas podem ser divididas em duas classes: as consumidas frescas ou
industrializadas e as consumidas fritas ou assadas, que chamamos de bananas de fritar ou da terra. Na língua
espanhola, apenas as bananas do subgrupo Cavendish (“Nanica”, “Nanicão”, “D”água”, etc.) são chamadas
de bananas; as demais são conhecidas por “plátanos”.
2- Origem da banana
O gênero Musa, ao qual pertence as bananeiras, foi criado por Lineu em homenagem a Antonio
Musa, médico de Otávio Augusto, o primeiro imperador de Roma (63 – 14 A.C.). A palavra banana é
originária das línguas serra-leonesa e liberiana (costa ocidental da África), a qual foi simplesmente
incorporada pelos portugueses à sua língua.
Não se pode indicar com exatidão a origem da bananeira, pois ela se perde na mitologia grega e
indiana. Atualmente admite-se que seja oriunda do Oriente, do sul da China ou da Indochina. Há referências
da sua presença na Índia, na Malásia e nas Filipinas, onde tem sido cultivada há mais de 4.000 anos. A história
registra a antigüidade da cultura.
As bananeiras existem no Brasil desde antes do seu descobrimento. Quando Cabral aqui chegou,
encontrou os indígenas comendo in natura bananas de um cultivar muito digestivo que se supõe tratar-se do
“Branca” e outro, rico em amido, que precisava ser cozido antes do consumo, chamado de “Pacoba” que deve
ser o cultivar Pacova. É interessante lembrar que a palavra pacoba, em guarani, significa banana. Com o
decorrer do tempo, verificou-se que o “Branca” predominava a região litorânea e o “Pacova”, a Amazônica.
O cultivar Pacova possuía com certa freqüência, sementes muito grandes em relação às atuais, pois
quase igualavam em tamanho às da mucuna preta (Mucuna aterrima). Os registros de importação das
primeiras bananeiras para o continente americano datam de 1494 a 1530, épocas em que já se conhecia, no
continente asiático, elevado número de espécies do gênero Musa, incluindo-se aquelas ornamentais, sem valor
alimentício. Como tais espécies não foram encontradas pelos descobridores em nossa terra, pode-se deduzir
que deve ter havido uma seleção do material trazido desses locais de origem da bananeira. Esse aspecto é um
ponto pacífico em que os historiadores se baseiam para explicar a etnia asiática do índio das Américas. Atribui-
se a esses imigrantes a primeira seleção de bananas no mundo e a introdução das primeiras sementes
produtoras de bananeiras comestíveis no Continente Americano.
As bananeiras produtoras de frutos comestíveis foram classificadas, pela primeira vez, por Linneu,
que as agrupou no gênero Musa com as espécies: Musa cavendishii, Musa sapientum, Musa paradisiaca e
Musa corniculata.
Essa classificação foi abandonada porque, dado seu empirismo, não seria possível incluir todos os
cultivares hoje conhecidos, sem provocar grandes conflitos dentro da mesma espécie. Sendo assim,
atualmente, segundo a sistemática botânica de classificação hierárquica, as bananeiras produtoras de frutos
comestíveis são plantas da classe das Monicotiledôneas, ordem Scitaminales, família Musaceae, da qual fazem
parte as subfamílias Heliconioidease, Strelitzioidease e Musoidaea. Esta última inclui, além do gênero Ensete,
o gênero Musa. O gênero Musa ainda pode ser dividido em quatro subgêneros: Australimusa, Callimusa,
Rhodochlamys e Eumusa. Os subgêneros Callimusa e Rhodochlamys não produzem frutos comestíveis; o
subgêneros Australimusa contém apenas uma espécie (Musa textilis), conhecida como abacá e utilizada
principalmente nas Filipinas para extração de fibras das bainhas vasculares. No subgênero Eumusa ou
simplesmente Musa é que estão localizadas as espécies de interesse comercial, essas espécies de interesse
comercial são: Musa acuminata Colla e Musa balbisiana Colla.
Os cultivares tradicionais de bananeiras apresentam níveis cromossômicos di, tri ou tetraplóides,
respectivamente com 22, 33 e 44 cromossomos, em combinações variadas de genomas das espécies Musa
acuminata (genoma AA) e Musa balvisiana (genoma BB). Estes cultivares diferem das espécies silvestres
devido a presença de genes responsáveis pela partenocarpia. Segundo os grupos cromossômicos, os principais
cultivares de bananas cultivados no Brasil são classificados da seguinte maneira:
- Grupo diplóide acuminata AA: “Ouro”.
- Grupo triplóide acuminata AAA: “Robusta”, “Mestiça”, “Gros-Michel”, “Caru roxa”, “Caru
verde”, “Caipira”, Leite, “Ouro Mel”, “São Mateus”, São Tomé”. Dentro deste grupo o subgrupo Cavendish
apresenta importância, representado principalmente pelos cultivares Nanica e Nanicão.
- Grupo triplóide AAB: “Pacovan”, “Maçã”, “Mysore”, “São Domingos”. Dentro deste grupo os
subgrupos de maior importância são Prata, representado pelos cultivares Prata Anã e Prata Zulu, e Plantain,
representado pelos cultivares Maranhão, Terra e Terrinha.
- Grupo triplóide ABB: “Marmelo”, “Figo”, “Pão”.
- Grupo tetraplóide AAAA: “IC-2”.
- Grupo tetraplóide AAAB: “Pioneira”, “Ouro da Mata”, “Platina”.
Os cultivares mais comuns no Brasil e em outras partes do mundo são os triplóides, devido ao seu
vigor, maior tamanho dos frutos e consistência mais agradável destes em relação aos diplóides.
Segundo o destino que a banana vai ter, pode-se classificar as bananeiras mais cultivadas em cinco
grupos:
a - Banana destinada à exportação e mercado interno: “Baé”, “Bout-round”, “Caturrão”, “Grande
Naine”, “Gros Michel”, “Jangada”, “Johnson”, “Lacatan”, “Monte Cristo”, “Nanica”, “Nanicão”,
“Pseudocaule roxo”, “Piruá”, “Robusta”, “Valery” e “Williams”.
b - Banana de mesa para consumo interno: “Baé”, “Bout-round”, “Branca”, “Canela”, “Caru roxa”,
“Caru verde”, “Caturrão”, “Colatina ouro”, “Congo”, “Enxerto”, “Figo cinza”, “Figo cinza escura”, “Figo
vermelha”, “Figo vermelha rachada”, “Giant Fig”, “Grande Naine”, “Jangada”, “Johnson”, “Lacatan”,
“Leite”, “Maçã”, “Miomba”, “Monte Cristo”, “Mysore”, “Nanica”, “Nóbrega”, “Ouro”, “Ouro da mata”,
“Ouro mel”, “Pachá naadan”, “Pacovan”, “Padath”, “Pão”, “Piruá”, “Platina”, “Prata”, “Prata ponta aparada”,
“Prata Santa Maria”, “Prata Zulú”, “Pseudocaule roxo”, “Robusta”, “Salta do cacho”, “São Domingos”, “São
Mateus”, “São Tomé”, “Valery”, “Viropaxy” e “Williams”.
c - Banana para fritar, conhecidas como banana da terra e na língua espanhola como "plátano":
“Angola”, “Carnaval”, “D”Angola”, “Figo cinza”, “Figo cinza-escura”, “Figo vermelha rachada”, “Maranhão
branca”, “Maranhão caturra”, “Maranhão vermelha”, “Mongolô”, “Mucocô”, “Ouro” (quando verde), “Pão”,
“Pacova”, “Pacoví”, “Pacovaçu”, “Samburá”, “Terra”, “Terra caturra” e “Terrinha”.
d - Banana para compota: “Nanica” e todos os cultivares do subgrupo Cavendish, “Ouro”,
“Pacovan”, “Prata Zulú”, “São Domingos”, “Terra” e todos os cultivares do subgrupo Plantain.
e - Banana para doce em massa: “Branca”, “Enxerto”, “Nanica” e todos os cultivares do subgrupo
Cavendish.
3.3 - Classificação quanto ao porte
4 – Morfologia
A Bananeira é uma planta herbácea, caracterizada pela exuberância de suas formas e dimensões
das folhas. Possui tronco curto e subterrâneo, representado pelo rizoma e o conjunto de bainhas das folhas de
pseudocaule. O rizoma constitui um órgão de reserva, onde se insere as raízes adventícias e fibrosas.
Entretanto, no linguajar popular este é chamado de tronco da bananeira.
A multiplicação da bananeira se processa, naturalmente no campo, por via vegetativa, pela emissão
de novos rebentos. Entretanto, o seu plantio também pode ser feito por meio de sementes, processo este usado
mais freqüentemente quando se pretende fazer a criação de novas variedades ou híbridos.
A bananeira, como todas as plantas, tem um ciclo de vida definido. Sua fase de gestação começa
com a geração de um proto-rebento em outra bananeira, mas como nos animais, o início da contagem de sua
vida somente se faz com seu aparecimento ao nível do solo. Com seu crescimento, há a formação de uma
bananeira que irá produzir um cacho, cujas frutas se desenvolvem, amadurecem e caem, verificando-se em
seguida o secamento de todas as suas folhas, quando se diz que a planta morreu. A morte encerra o ciclo de
vida, o qual também pode ser abreviado com a colheita do cacho, que corresponde ao “assassinato” da
bananeira.
Como esse processo é contínuo e extremamente dinâmico, uma bananeira adulta apresenta sempre ao seu
redor, em condições naturais, outras bananeiras em diversos estádios de desenvolvimento. Esse conjunto de
bananeiras interligadas, com diferentes idades, oriundas de uma única planta e crescendo desordenadamente,
denomina-se touceira (Figura 1).
Figura 1: Corte horizontal esquemático de uma touceira de bananeiras, com a “mãe” com cacho, mostrando a
formação inicial de três “famílias”.
Essa característica de constante renovação das plantas é que permite dizer que os bananais têm
vida permanente, apesar das bananeiras possuírem um ciclo de vida perfeitamente definido.
Botanicamente, as touceiras de bananeiras são formadas por rebentos que constituem a primeira,
segunda, terceira, etc., gerações da muda original e que popularmente recebem as denominações de “mãe”,
“filho”, “neto”, etc.
Mãe - É a planta mais velha da touceira, que pode estar na fase vegetativa ou ter lançado sua
inflorescência ou já estar ou não com o cacho completamente formado, o qual poderá estar ou não no ponto
de colheita. Ela perde a denominação de “mãe” após a colheita. A “mãe” é sempre uma só, salvo no caso da
ocorrência da dicotomia.
Filho - É todo e qualquer rebento originário do intumescimento de uma gema vegetativa seguido
de seu posterior desenvolvimento (gema lateral de brotação, que será uma “olhadura”), localizada no rizoma
da planta “mãe”.
Neto - É todo e qualquer rebento originário de um “filho”.
Irmão - É todo rebento que se forma devido ao desenvolvimento de outra “olhadura” de um mesmo
rizoma. Isso quase sempre ocorre mais de uma vez, o que dá origem a uma irmandade, cujo número é bastante
variável.
Família - É um conjunto de rizomas interligados e descendentes, representados pela “mãe”, um
“filho” e um “neto”, onde todos os demais rebentos (“filhos” e “netos”) foram eliminados.
A “mãe” pode ter vários “filhos”, que serão “irmãos” entre si e cada um destes, por sua vez, pode
também emitir seus “filhos”, os quais serão os “netos” da “mãe” original. É assim que surge uma touceira.
Na touceira que se forma naturalmente portanto, sem que se tenha feito nenhum desbaste, é
possível com o tempo, individualizar-se duas, três, quatro ou mais famílias, desenvolvendo-se ao mesmo
tempo (Figura 1). Imaginando-se uma touceira que tenha certa idade, pelas cicatrizes deixados no solo pelos
rizomas das plantas já colhidas, é possível traçar uma verdadeira árvore genealógica.
Após a colheita da planta “mãe”, a planta “filho” assume a posição desta e a planta “neto”, por sua
vez, assume a posição de planta “filho”, e assim sucessivamente.
As raízes têm sua origem na parte central do rizoma, na união entre o cilindro central e o córtex.
Geralmente, surgem em grupo de três ou quatro, distribuindo-se por toda a superfície do rizoma, em processo
de diferenciação contínua, segundo o crescimento do meristema. As raízes são fasciculadas e crescem em
maior porcentagem horizontalmente, nas camadas mais superficiais do solo, ocupando seus primeiros 20 a 30
cm; apenas um reduzido número delas (cerca de 20%) se desenvolve no sentido vertical, atingindo em geral,
cerca de 50 a 70 cm.
O número de raízes que a bananeira gera depende do cultivar e varia de 400 a 800, havendo certa
relação direta na quantidade com a sua altura. Essa quantidade, assim como seu vigor, também estão em
função do arejamento (oxigenação) e nutrientes existentes no solo. Desse total, cerca de 250 a 300 delas são
emitidas enquanto a planta estiver emitindo folhas lanceoladas. À medida que o bananal envelhece, as plantas
passam a diminuir a emissão de raízes.
As raízes superficiais têm comprimento variável e podem até ultrapassar os 4 m de extensão. Em
condições de solos próprios para a bananeira, uma muda com sessenta dias de idade já apresenta raízes
horizontais com 1 m de comprimento. As verticais, dependendo da natureza física e disponibilidade de água
no solo, podem atingir comprimento igual ao das horizontais ou nem chegar a 50 cm. Em geral, seu diâmetro
é de 4 a 8 mm, podendo contudo, em determinados cultivares, chegar a 20 mm.
A distribuição horizontal das raízes no solo, no caso do plantio inicial, é igual nos 360° que as
rodeiam. Com o passar do tempo e já havendo se formado a “família” (“mãe”, “filho” e “neto”), as raízes da
planta mais jovem (“neto”) se distribuem sempre da seguinte forma: sua quase totalidade se localiza, a partir
da trajetória de caminhamento da família, a 90° para a direita e 90° para a esquerda, situando-se a maior
porcentagem delas nos primeiros 15° da direita e da esquerda. É com base nisso que se faz a indicação do
local da adubação.
Fazendo-se um corte transversal na raiz encontra-se, externamente, um tecido mais macio - o córtex
- que envolve um tecido bastante fibroso e resistente denominado cilindro central. Na extremidade da raiz há
uma coifa brancacenta, espécie de um aguilhão que, pela ação dos seus produtos químicos e enzimáticos
exsudados, distrói as resistências que ocasionalmente tentam impedir-lhe seu alongamento. Ela é revestida de
pequenos pêlos, cuja vida é marcada em horas.
Normalmente, em toda a extensão da superfície externa das raízes, existem abundantes radicelas
que se assemelham a uma cabeleira. Agindo como pequenas bombas de sucção, elas retiram a água do solo,
juntamente com elementos químicos necessários à vida da planta. Pelo fenômeno da osmose, o líquido
atravessa suas paredes celulares e penetra nas raízes e, por elas, atinge o rizoma. Este processo de sucção da
seiva bruta é feito pelas folhas, que a elas vai ter através de suas bainhas (pseudocaule).
As raízes da bananeira plantada em solo fértil e bem adubado, com boa drenagem e provido de
umidade suficiente, exercem suas funções com grande intensidade e todo o sistema radicular se apresenta
bastante vigoroso. Nessas condições, elas chegam a crescer até 60 cm por mês. O grande número permanente
de radicelas que essas raízes possuem facilita a absorção de água e de elementos químicos. Em solos pobres,
sem fertilizantes, com drenagem deficiente ou sem a umidade necessária, as raízes apresentam-se delgadas,
curtas, em pequeno número, quase desprovidas de radicelas. Estas são sempre mais numerosas e ativas
principalmente nos 50 cm mais próximos da coifa.
Em solos com problemas de salinização ou com oscilações do lençol freático devido à influência
das marés, a vida das raízes é muito curta e suas pontas ficam aparadas como se tivessem sido roídas. Sua
parte terminal, muito freqüentemente, seca.
A bananeira gera raízes continuamente apenas até a diferenciação floral, simultaneamente com o
processo de formação das folhas. As raízes são geradas, mas até que ganhem o exterior levam algum tempo,
que é o mesmo que a inflorescência gasta para a sua parição. Nessa ocasião, estão vivas na planta de 25 a 50%
das raízes emitidas durante sua vida. Simultaneamente com a parição, cessa o aparecimento das novas raízes.
À medida que as folhas morrem por senilidade, fome, desidratação, parasitismo fúngico, etc., as raízes
formadas na mesma época dessas folhas também morrem. São, portanto, dois processos contínuos e
simultâneos: de um lado, a emissão de raízes e folhas e, de outro, a morte desses mesmos órgãos.
Quando as bananas amadurecem sem que o cacho tenha sido colhido e elas começam a cair, as
raízes cessam progressivamente suas atividades e morrem também. A morte é acelerada quando se colhe o
cacho.
4.2 – Rizoma
O rizoma é definido morfologicamente como um caule que desenvolveu folhas na parte superior e
raízes adventícias na porção inferior. Ou mais simplificadamente, o rizoma pode ser definido como a parte da
bananeira onde todos os seus órgãos, direta, ou indiretamente se apóiam.
Erroneamente, o rizoma da bananeira tem sido chamado de bulbo, que, botanicamente, é um órgão
de reserva de certas plantas, como da cebola e do alho. O bulbo não dá formação a brotos.
O rizoma novo possui um aspecto carnoso e relativamente aquoso, que se torna gradativamente
mais rígido, à medida que envelhece.
O rizoma apresenta, externamente, na região inferior, as raízes, e, na superior o pseudocaule. Internamente,
ele é constituído de duas partes, como as raízes.
Fazendo-se um corte vertical, passando pelo centro do rizoma de uma bananeira, que já emitiu
mais de 20% de suas folhas, pode-se identificar perfeitamente, o córtex e o cilindro central. Essas duas áreas,
quando expostas ao ar, se oxidam rapidamente.
O córtex é a camada mais externa, cuja espessura máxima chega a ser de 3 a 5 cm. Ele é constituído
de uma massa rígida, cheia de fibras finas e revestido externamente, por um fino tecido com menos de 0,5
mm. Principalmente nos cultivares do subgrupo Cavendish, essa película é bem escura e impregnada de
pequenas manchas quase negras, enquanto, nos do subgrupo Prata, essa camada é bem clara. Nela, é possível
observar as cicatrizes dos arcos de círculo, onde as bainhas das folhas que já morreram estiveram fixadas. A
partir do arco de circulo mais velho, portanto já na parte bem inferior do rizoma, é que aparecem as primeiras
linhas de raízes. Estas se dispõem em diversos níveis, descrevendo linhas helicoidais, sendo que as mais do
alto correspondem às mais novas e, muitas vezes, algumas delas iniciam seu crescimento fora da terra.
O cilindro central é envolto pelo córtex e constituído por fibras rígidas mais grossas. Sua coloração
interna é mais creme do que a do córtex, uma vez que este é um pouco mais brancacento. Após a colheita, se
as condições fitossanitárias foram boas, o cilindro central apodrece primeiro, enquanto o córtex permanece
vivo e consistente, por vários semestres.
Tal é a semelhança do tecido desse cilindro central com o do cilindro central das raízes, que se
pode dizer que o cilindro central destas é uma expansão do tecido central do rizoma. Da mesma forma, o
córtex da raiz é um alongamento do córtex do rizoma.
Na região superior de ambas as partes do rizoma, como que as recobrindo, encontra-se o colo do
rizoma, que é uma delgada superfície de transição entre o córtex e a base das bainhas das folhas.
No rebento de uma bananeira, com um ou dois meses de idade, o seu colo se apresenta como uma
superfície quase plana. À medida que ela se vai tornando mais velha, o colo também se alonga para o alto.
Na parte superior do colo, há uma série de arcos de círculos concêntricos, quase completos,
esculpidos em baixo-relevo, que correspondem à linha de fixação de cada uma das bainhas. No centro dos
arcos, o córtex e o cilindro central se fundem em um só, formando uma região meristemática denominada
câmbio.
Os diâmetros dos arcos de círculos crescem com a idade das folhas, de modo que o maior diâmetro
representa a linha de inserção da bainha da folha mais externa e, portanto, a mais velha. Os arcos de círculos
que correspondem às folhas mais jovens são tão pequenos que é impossível vê-los a olho nu. Com auxílio de
lentes que aumentam de 10 a 20 vezes, verifica-se que, na sua região mais central, há um conjunto de células
que recebe o nome de gema apical de crescimento. Ela está exatamente no ponto de fusão do córtex e do
cilindro central, ou seja, o câmbio.
O câmbio é o responsável pela contínua geração das células que constituirão a gema apical de
crescimento, que produzirá as folhas e as gemas laterais de brotação, até que haja o fenômeno da diferenciação
floral.
Durante o desenvolvimento da bananeira, o rizoma cresce internamente, com uma silhueta
semelhante a uma bexiga de borracha quando inflada, dentro da água. Disso resulta que o colo da bananeira,
inicialmente quase plano, após a formação das primeiras quinze a vinte folhas, adquire um aspecto alongado
para cima, que se acentua mais com o envelhecimento da planta.
Esse alongamento, causado como que por uma força atuando de baixo para cima, empurra cada
vez mais a gema apical de crescimento para o alto. Ao fazer o alongamento, o cilindro central vai,
progressivamente, invadindo o interior do pseudocaule.
A grande expansão interna do rizoma se processa durante a fase de pré-diferenciação floral da
gema apical de crescimento, pois, nessa ocasião, o rizoma apresenta-se quase exclusivamente constituído pelas
fibras rígidas do cilindro central.
Dependendo do cultivar e da fertilidade do terreno onde se fez o plantio do bananal, o rizoma pode
atingir de 45 a 50 cm de diâmetro (“Pacovan”). O “Nanicão”, quando cultivado em boas condições, tem em
média, 30 cm.
Conforme descrito no item rizoma, a gema apical de crescimento se encontra sempre no centro dos
semi-arcos de círculos esculpidos pela fixação das bainhas das folhas. Tais semi-arcos não se completam pelo
fato de terem um ponto de interrupção, no qual há outro conjunto de células meristemáticas, que são em tudo
e por tudo iguais à gema apical de crescimento. Apenas sua fisiologia é diferente. Ela é a gema lateral de
brotação.
A gema apical está sempre em processo de multiplicação, no qual são produzidos uma folha
(bainha, pecíolo e lóbulos foliares) e sua respectiva gema lateral de brotação. Isso ocorre durante um prazo
definido pelas condições ecológicas, nutricionais e genéticas. Vencido esse tempo, a gema apical cessa essas
atividades vegetativas e passa a ter funções de produção. É a fase da diferenciação floral, quando então as
células do câmbio se modificam e criam a inflorescência da planta (futuro cacho).
Sendo simultânea a formação da folha e da gema lateral de brotação, pode-se facilmente concluir
que a bananeira tem tantas dessas gemas quantas forem as folhas geradas.
Depois que a gema lateral de brotação e a folha estão formadas, é possível vê-las com uma lente
de 10 a 15 vezes de aumento, uma vez que este conjunto se apresenta como um cone, com no máximo, 1 ou 2
mm. Para isso, é preciso fazer uma dissecação completa do pseudocaule, uma vez que ele está no seu interior.
Estando formadas a gema lateral de brotação e a folha, inicia-se um crescimento radial concêntrico,
até chegarem próximo da periferia do rizoma. No início desse processo de crescimento o diâmetro do
semicírculo aumenta, assim como a gema lateral de brotação e, com isso, cria-se um espaço interno para a
formação de outro conjunto de folha e gema lateral de brotação. Esse contínuo crescimento vai fazendo
aparecer uma série de cones superpostos. À medida que isso acontece, há um aumento na velocidade de
crescimento dos dois órgãos. Ao estarem próximas da periferia do rizoma, a gema lateral de brotação já tem
cerca de 2 cm de diâmetro e é conhecida por olhadura ou mamica. À medida que cresce, ela passa a exercer
as mesmas funções da gema apical de crescimento e, assim, acaba formando uma protuberância que se
transformará, futuramente, em um rebento.
O ponto de ligação entre o rizoma da planta “mãe” e do “filho”, a região entre o córtex e o cilindro
central, apresenta-se bastante comprimido, como se a natureza quisesse violentamente separá-los por
estrangulamento. Esta é, por assim dizer, uma ponte de ligação entre os dois rizomas, ou seja, um cordão
umbilical entre “mãe” e “filho”, por onde se processarão as trocas de seiva e de hormônios.
O pseudocaule da bananeira é um estipe. Ele é formado pelas bainhas das folhas superpostas. As
bainhas se fixam sobre o rizoma descrevendo arcos de círculos concêntricos, em torno da gema apical de
crescimento. Eles formam fortes cicatrizes no rizoma, por onde as fibras do rizoma invadem as bainhas e
chegam até as folhas. Essa região de transição entre ambos os órgãos denomina-se colo do rizoma ou da
bananeira.
Nas plantas mais jovens, o pseudocaule tem o formato de um cone alongado; nas adultas seu
formato é quase que cilíndrico.
Seu comprimento, que representa a altura da planta, é igual à distância do solo até ao topo da roseta
foliar. O pseudocaule pode ter de 1,2 até 8 m de altura e o seu diâmetro na base varia de 10 a 50 cm, a 30 cm
do solo.
Seu diâmetro, na extremidade superior, pode também atingir quase as mesmas dimensões da base,
mas em geral, é equivalente a apenas 80%. Quando se faz referência ao diâmetro de uma bananeira,
normalmente, se refere àquele medido a 100 cm do solo.
Seu peso pode oscilar de 10 a 100 kg.
É do pseudocaule que se pode extrair fibras usadas na fabricação de tecidos para confecção de
roupas, cordas, dar resistência às chapas impregnadas com plástico, na fabricação de tijolos, etc. Ele pode
ainda ser utilizado na alimentação, etc.
É através do pseudocaule que a inflorescência ganha o exterior da planta.
O pseudocaule de uma planta que ainda não lançou sua inflorescência é constituído somente de
bainhas imbricadas umas sobre as outras. Naquelas que já lançaram a inflorescência, o pseudocaule é formado
por bainhas que capeiam o “palmito” da bananeira. Ele é constituído pelo alongamento do cilindro central do
rizoma, o que acontece durante a ascensão da inflorescência, no seu caminhamento para o exterior.
Ao longo do palmito, pode-se ver as últimas três ou quatro gemas laterais de brotação,
correspondentes às últimas três ou quatro folhas emitidas, pois é nele que as bases de suas bainhas estão
fixadas.
O palmito é quase branco, menos fibroso do que o cilindro central, e tem sido utilizado como
recheio de pastéis e tortas, pela sua semelhança com o palmito verdadeiro de certas palmáceas.
Quando o palmito ganha o exterior, ele passa a constituir o cabo do cacho e, em seguida, o eixo da
inflorescência.
4.7 - Inflorescência
A inflorescência da bananeira é uma espécie de espiga simples, terminal, que emerge do centro
das bainhas foliares, protegida por uma grande bráctea, muitas vezes chamada de placenta.
Quando o florescimento, o ápice se avoluma e origina as brácteas da inflorescência, produzidas em
série e distribuída pela ráquis em espiral. Cada bráctea possui uma massa axilar de forma côncava que constitui
os primórdios da penca, onde se diferenciam as flores, dispostas alternadamente em duas fileiras paralelas,
com desenvolvimento simultâneo. O número de pencas varia com a cultivar e as condições de vegetação da
planta, podendo chegar a 13-14.
4.8 – Flores
A fecundação das flores nas bananeiras selvagens é feita normalmente por insetos. Retirando o
pólen de flores masculinas de uma inflorescência, ele fecunda as flores femininas de outra inflorescência
(polinização cruzada). A polinização somente pode se processar dessa forma, pois na mesma planta as flores
femininas nascem sempre primeiro na inflorescência e, com isso, quando os grãos de pólen das flores
masculinas estiverem viáveis para a polinização, os ovários das femininas já não estarão mais receptíveis, por
estarem velhos.
As bananeiras de frutos comestíveis, em geral, não produzem grãos de pólen férteis e os ovários
das flores femininas dificilmente podem ser fecundados, devido a um atrofiamento do estigma que impede a
passagem do pólen. Porém, há casos de não acontecer o atrofiamento e a fecundação poderá se processar
normalmente, surgindo com isso sementes férteis.
O cultivar Gros Michel, por ter o estigma apenas parcialmente atrofiado pode, com relativa
facilidade, vir a produzir sementes pelo que tem sido usado como “mãe” nos trabalhos de melhoramento.
Em bananeiras, a polinização é realizada apenas nos trabalhos de pesquisa, uma vez que as bananas
se formam naturalmente por partenocarpia.
A polinização é feita retirando-se o grão de pólen fértil de uma flor masculina (quase sempre
selvagem) e depositando-o em uma feminina, que ainda esteja protegida pela bráctea, o que indica que ela
ainda deve estar virgem. Essa bráctea é levantada para realizar a polinização e, imediatamente, reconduzida à
sua antiga posição e amarrada para evitar a entrada de insetos que possam trazer outros grãos de pólen. Não
há necessidade de reabrir a bráctea depois; com o tempo, ela cairá naturalmente.
Obter-se-á certeza do sucesso da polinização observando o aspecto do fruto que, neste caso, deverá
ser mais cilíndrico e mais curto. A confirmação de que houve a polinização somente se terá com a presença
das sementes, nos frutos maduros.
As bananeiras selvagens apresentam em média, de 80 a 100 sementes férteis por fruto. Nos
trabalhos de melhoramento, esse número geralmente é bastante reduzido, dificilmente ultrapassando 5
sementes por fruto.
4.8.1 - Dicotomia
É o fenômeno pelo qual a bananeira pode produzir dois ou mais cachos. Pode ocorrer na gema
apical de crescimento, antes ou depois da diferenciação floral.
A dicotomia consiste no fato da gema apical de crescimento, durante o seu processo vegetativo de
multiplicação, dividir-se em duas ou mais partes, mantendo em cada uma delas a estrutura inicial. Cada uma
delas passa a constituir por si, de uma nova gema apical que se desenvolverá normalmente. Havendo dois ou
mais pontos de crescimento, cada um deles irá formar um novo pseudocaule, que produzirá seu cacho.
Tendo em vista que esse fenômeno pode se repetir em várias ocasiões, é possível encontrar
bananeiras com pseudocaules bifurcados, trifurcados ou mais vezes. Se a dicotomia ocorrer apenas na
inflorescência, haverá um pseudocaule e dois ou mais cachos. Há casos em que ela se processa mais de uma
vez em diferentes épocas, ficando a planta por exemplo, com dois pseudocaules com um total de cinco cachos.
Ela pode também ocorrer apenas no rabo do cacho.
Em cultivares que apresentam a dicotomia, isso acontece freqüentemente, mais de uma vez na
mesma planta, como tem sido observado no cultivar São Mateus, que é um mutante do “São Tomé”. Neste
cultivar, esta tara genética se manifesta em quase 100% das plantas. Na “Nanica”, é menos freqüente.
Os cachos das bananeiras com dicotomia têm desenvolvimento quase normal e seus frutos em nada
diferem dos demais quanto ao paladar. Havendo suficiente nutrientes no solo, todas as flores femininas
produzirão frutos de aspecto normal.
5 - Distribuição geográfica
Por se tratar de uma planta tipicamente tropical, a bananeira, para bom desenvolvimento, exige
calor constante e elevada umidade. Essas condições são, geralmente, registradas na faixa entre os paralelos de
30° norte e sul, nas regiões onde as temperaturas permanecem acima de 10°C e abaixo de 40°C. Entretanto,
há possibilidade de seu cultivo em latitudes maiores de 30°, contanto que a temperatura o permita.
A expansão de um cultivar, em determinados países e áreas, é função da sua aclimatação, interesse
do mercado local ou do importador. Disso resulta que há relativa diversificação de cultivares entre as regiões
produtoras.
Os principais países que produzem banana podem ser assim agrupados por região:
6 - Importância da bananicultura
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de banana, com 9,80% do total, e também o segundo
maior consumidor, pois para o povo em geral, ela não é apenas uma fruta, mas um complemento de sua
alimentação diária. O maior produtor e consumidor é a Índia.
O cultivo da bananeira no Brasil talvez seja uma das poucas explorações agrícolas feitas, em maior
ou menor proporção, em quase todos os municípios. É essa freqüência que torna o Brasil um grande produtor.
A banana e a laranja são as frutas de consumo mais constantes da população, e sua presença é sempre
assinalada nos mais diversos mercados e feiras livres.
Com o crescimento da população e melhoria da sua capacidade aquisitiva, houve aumento de
consumo desse alimento barato, em todos os mercados consumidores.
Paralelamente a esse aumento de consumo, surgiu em nossos bananais, durante a década de 60, a
moléstia conhecida por mal-de-sigatoka-amarela ou simplesmente sigatoka-amarela (cercosporiose da
bananeira) que, causando grandes prejuízos, fez com que a produção diminuísse em quantidade e qualidade.
Em conseqüência, o preço elevou-se e o mercado consumidor passou a exigir que os produtores cuidassem
das bananeiras como uma cultura e não mais como uma simples planta de produção quase extrativa, como
vinha sendo feito.
Nas últimas décadas, a bananicultura brasileira passou por sucessivas remodelações na tecnologia
de cultivo. Os resultados de estudos feitos entre nós, com as bananeiras, principalmente aqueles a partir de
1960, permitiram que se firmassem novos conceitos de produção para nossos agricultores, no que diz respeito
a solo, clima, época de plantio, cultivares, aplicação de corretivos de solo, adubação, espaçamento de plantio,
rotação de cultura, controle fitossanitário manejo do bananal e da fruta pós-colheita, a fim de atender aos
novos mercados brasileiros que se formaram.
O elevado preço dos fretes de produtos perecíveis como a banana, tem feito com que muitos
plantios, principalmente de frutas e verduras, se desloquem para perto de grandes centros urbanos.
Em termos de comercialização exterior, ela é feita praticamente só para os mercados platinos e
apenas com bananas de São Paulo junto com as de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, sendo que esses
dois últimos a fazem de modo esporádico. Raras exportações tem ocorrido para a Europa.
Quando o produtor brasileiro pensa no plantio de bananas visando o mercado exterior, geralmente
está pensando em outros além do Mercosul, tais como o americano e o europeu. Entretanto, ele precisa
lembrar também que as exigências do mercado platino são muito menores do que as dos demais. Além disso,
comparando-se a média histórica dos preços pagos ao produtor brasileiro, com a dos países que a produzem
visando principalmente a exportação, verifica-se que, nos últimos dez anos, a do nosso mercado interno foi
mais interessante.
7 – Exigências climáticas
Antes de se fazer o plantio de um bananal, em escala comercial, é preciso estudar bem os fatores
climáticos da localidade, para se saber se eles suprem aqueles que a planta exige. Se eles não forem favoráveis
à cultura, dificilmente o produtor obterá bons lucros, pois os fatores climáticos são os grandes responsáveis
pelo desenvolvimento da planta.
7.1 - Temperatura
Os limites mais favoráveis de temperatura para o bom desenvolvimento da bananeira estão entre
20° a 24°C, registrados ao redor do pseudocaule a 100 cm do solo. A bananeira também pode se desenvolver
satisfatoriamente em locais com temperatura abaixo e acima dos limites citados, porém com prejuízos para o
ritmo de seu desenvolvimento e da qualidade da banana.
As temperaturas de 15° e 35°C têm sido apontadas como os limites extremos entre os quais a
bananeira encontraria boas condições para crescer e produzir. Se os valores absolutos da temperatura
permanecerem dentro desses índices (15° e 35°C), o cultivo da bananeira estará assegurado na área.
Temperaturas pouco acima de 24ºC, por breve período de tempo, também são favoráveis à produção da
bananeira.
Quando a temperatura mínima cai abaixo de 12ºC, os tecidos da planta são prejudicados,
principalmente os da casca do fruto. Se descer até 4ºC, inicialmente começam a aparecer nos bordos das folhas
as primeiras manchas amarelas, as quais se acentuam com o tempo, culminando com danos letais nessa área.
Quando a temperatura sobe acima de 35ºC, há inibições no desenvolvimento da planta devido,
principalmente, à desidratação dos tecidos, em especial, o das folhas. Isto faz com que elas se tornem rígidas
e sujeitas ao fendilhamento mais facilmente.
A temperatura é muito importante para a bananicultura em relação a várias moléstias e pragas que
atacam a planta e cuja velocidade de desenvolvimento delas varia em função desse fator.
7.2 - Precipitação
As regiões onde a umidade relativa média anual situa-se acima de 80% são as mais favoráveis à
bananicultura.
Esta alta umidade acelera a emissão de folhas, prolonga a sua longevidade, favorece o lançamento
da inflorescência e uniformiza a coloração da fruta. Contudo, quando associada a chuvas e variações de
temperatura, provoca a ocorrência de doenças fúngicas.
Sob condições de baixo teor de umidade as folhas tornam-se mais coriáceas e têm vida mais curta.
7.4 – Luminosidade
A bananeira tem seu melhor crescimento quando recebe mais de 2.000 lux (horas de luz/ano
queimada no heliógrafo) suportando, contudo, até um limite de 1.000 lux. Valores abaixo são insuficientes
para que ela tenha desenvolvimento normal.
Se cultivada em local que receba apenas 30% do limite mínimo de luminosidade, em caráter
permanente, a bananeira tende a não interromper seu contínuo e lento desenvolvimento, mantendo-se apenas
em fase vegetativa, podendo até mesmo chegar a não entrar no processo da diferenciação floral. Disto resulta
que a bananeira não suporta sombra artificial ou natural (cerração, bruma, poluição, sombra de morros, etc.)
sobre suas folhas, pois ela retarda seu desenvolvimento, principalmente por não fazer a fotossíntese.
Quando muito acima do limite máximo citado, pode haver queima das folhas, o que acontece, principalmente,
durante a fase de cartucho ou folha recém-aberta. Nessa idade da folha seu tecido é muito tenro, ficando
vulnerável aos raios solares. Da mesma forma, a inflorescência pode também ser prejudicada pelos mesmos
fatores. Apenas nas áreas com luminosidade muito alta (4.000 lux), poder-se-ia pensar em sombrear
parcialmente, as bananeiras.
7.5 – Vento
O vento é uma das maiores preocupações comuns a todos os produtores de banana. Os prejuízos e
a perda da produção que o vento causa, por derrubar as bananeiras ou romper suas raízes e folhas, são, em
geral, maiores do que os provocados pela sigatoka-amarela não controlada.
Esse é um aspecto para o qual os bananicultores e principalmente os brasileiros, não têm voltado
sua atenção e, por isso, não protegem suas plantações como o fazem outros povos, em especial os europeus,
que consideram o quebra-vento como um seguro agrícola, que fica de geração para geração.
Os ventos são capazes de provocar danos suficientes para arrasar em poucos minutos uma boa
plantação. Eles causam prejuízos proporcionais à sua intensidade, a saber:
a) “chilling” ou “friagem” que consiste em danos fisiológicos na bananeira e ou no fruto, causados
por baixas temperaturas;
b) desidratação da planta devido à grande evaporação;
c) fendilhamento entre as nervuras secundárias;
d) diminuição da área foliar pela dilaceração das folhas que já foram fendilhadas;
e) rompimento das raízes;
f) quebra do seu pseudocaule;
g) tombamento inteiro da bananeira e sua “família”.
7.6 – Altitude
A altitude afeta diretamente a temperatura, chuvas, umidade relativa, luminosidade, etc., fatores
estes que, por sua vez, influem no desenvolvimento e na produção da bananeira.
Trabalhos realizados em regiões tropicais equatorianas, com baixas altitudes, demonstraram que o
ciclo de produção da bananeira, principalmente do subgrupo Cavendish, foi de 8 a 10 meses. Nessas regiões,
onde a altitude passou para 900 m, ele aumentou para 18 meses.
Comparações feitas entre plantações conduzidas em situações iguais de cultivo, solos, chuvas,
umidade, etc., evidenciaram um aumento de 30 a 45 dias no ciclo de produção, a cada 100 m de acréscimo na
altitude, em uma mesma latitude.
Estudos feitos com vários cultivares do subgrupo Cavendish, para avaliar seu comportamento em
diferentes altitudes, indicaram que os cultivares Mons Marie e Williams foram os menos prejudicados com os
maiores índices.
8 – Cultivares
9 - Propagação
As bananeiras são normalmente propagadas vegetativamente, por meio de mudas desenvolvidas a
partir de gemas do seu caule subterrâneo ou rizoma. A escolha de mudas de boa qualidade é fundamental para
o sucesso da implantação do bananal.
O ideal é que mudas, sejam oriundas de viveiros, que são áreas estabelecidas com a finalidade
exclusiva de produção de material propagativo de boa qualidade. Os viveiros devem estar próximos à fonte
de água e ao local de preparo do material de plantio. No caso da inexistência de viveiros, as mudas devem ser
obtidas de bananal com plantas bem vigorosas e em ótimas condições fitossanitárias, cuja idade não seja
superior a quatro anos e que não apresentem mistura de variedades e presença de plantas daninhas de difícil
controle.
O plantio de uma bananeira é, normalmente, feito por meio de uma muda extraída de alguma outra.
A esse tipo de muda dá-se o nome de muda convencional, e o método é conhecido como via vegetativa ou in
vivo.
A multiplicação das mudas convencionais podem ser feitas em viveiros, ou por um processo mais
rápido, a partir do desenvolvimento do meristema das gemas apicais e laterais de brotação. Este método
denominado “tupiniquim”, pode ser feito em condições de estufa. Nele, não há um perfeito controle da
assepsia.
A multiplicação dos meristemas das gemas ou de outras partes (tecidos) da bananeira também pode
ser feita em laboratório de biotecnologia (método in vitro), onde a assepsia tem que ser absoluta.
A partir de um rizoma com 3 a 5 kg, após 80 a 100 dias, obtém-se cerca de 40 a 60 mudas em
condições de plantio definitivo. Na multiplicação in vitro, o tempo que se gasta para obter o primeiro lote de
mudas é, em média, de 8 a 12 meses, porém a sua quantidade pode chegar a 2.000 a 3.000 mudas a partir de
uma gema.
10 – Práticas culturais
As práticas culturais que se executam em um cultivo de banana ou de “plátano” são dirigidas tanto
para a planta quanto para o meio no qual ela se desenvolve, sendo as mais importantes: capina, controle
cultural, desbaste, desfolha, escoramento, ensacamento do cacho e corte do pseudocaule após a colheita.
Dessas práticas culturais é que esta o êxito da exploração agrícola, contudo, observa-se uma freqüente
negligência dos produtores quanto á realização adequada das práticas culturais, mesmos as mais simples, como
capina, desbaste e desfolha.
10.1 – Capina
A eliminação das ervas daninhas precisa ser feita de forma muito enérgica, pois as bananeiras
devem crescer e produzir, sem a concorrência de mato algum. Sua presença é indesejável, não só por serem
sócias nos fertilizantes e da água superficial do solo, como por serem eventuais hospedeiras de pragas e
moléstias (principalmente os vírus), que podem causar prejuízos às bananeiras. A presença de mato atrasa o
desenvolvimento do bananal, diminui o vigor das plantas, reduz o tamanho do cacho, dificulta os tratamentos
fitossanitários e as adubações e ainda o deslocamento dos operários durante a colheita. A virose mosaico do
pepino, CMV por exemplo, tem como plantas suas hospedeiras, já catalogadas, mais de 850, que incluem
muitas de interesse econômico e plantas daninhas que podem perfeitamente transmiti-la para as bananeiras.
O combate às ervas daninhas pode ser feito por via mecânica (máquinas e ferramentas), químicas
(herbicidas) ou “mulching” (cobertura morta).
10.2 – Desfolha
A desfolha também conhecida como eliminação de folhas ou limpeza de folhas é uma operação
que deve ser feita periodicamente nas bananeiras.
A desfolha é importante por:
a) permitir, nos bananais em formação, uma melhor movimentação do trator com enxada rotativa
junto a planta;
b) acelerar o desenvolvimento dos filhos;
c) facilitar as adubações, o desbaste, o combate aos nematóides e a broca-das-bananeiras;
d) possibilitar um melhor arejamento interno do bananal;
e) eliminar os amontoados de folhas secas caídas junto aos pés das bananeiras, onde as cobras e as
formigas costumam se aninhar;
f) evitar que as folhas fiquem produzindo injúrias nas inflorescências ou nos cachos e facilitar o
ensacamento das inflorescências;
g) possibilitar maior rapidez na colheita;
h) acelerar a decomposição das folhas e dos fungos que estiveram parasitando-as.
Esta operação é feita com o penado, o facão, a foice bifurcada ou o camar.
A desfolha deve ser feita com muito critério, retirando-se somente as folhas cujas bainhas estejam
começando a desencapar o pseudocaule, aquelas que estejam caídas, as com seu pecíolo quebrado junto ao
pseudocaule, aquelas secas completamente ou apenas com mais de 50% dela.
As folhas que estejam em posição normal, porém estando parcialmente secas por falta d”água, de
nutrientes ou devido à sigatoka-amarela ou negra, mas se estiverem ainda com 30 a 40% de área verde, pode-
se recomendar que se elimine apenas a parte necrosada. Isto será feito mais por uma questão de estética.
Apenas no caso da sigatoka-negra a eliminação dessa parte é válida.
Nos bananais já formados, a desfolha deve ser feita de preferência precedendo o desbaste e as
adubações, durante os meses de agosto (após o inverno), dezembro (durante as chuvas) e abril (antes do
inverno). Nas regiões onde não há verão e inverno bem definidos, deve-se fazer a desfolha três vezes ao ano,
em épocas a ser determinada pelo aspecto do bananal.
10.3 – Desbaste
A despistilagem é a eliminação dos pistilos, que são os restos florais que ficam secos (pretos ou
acinzentados) nas pontas das bananas, quando elas já estão desenvolvidas.
Esta prática possibilita que as bananas fiquem com sua extremidade distal mais cheia,
principalmente nos cultivares do subgrupo Cavendish e em especial os do subgrupo Prata, que reduzem muito,
com isto, o aspecto tão acentuado de gargalo de garrafa. Para que esta modificação ocorra no fruto, é necessário
que a despistilagem seja feita quando o pistilo estiver começando a secar ou seja, por volta da segunda semana
do aparecimento da inflorescência.
A última penca do cacho é, em geral, defeituosa e formada por bananas muito curtas ou até mesmo
por bananas femininas e masculinas e por isso são descartadas durante a embalagem em caixas. A sua
eliminação é uma técnica de manejo do cacho que, para ser adotada necessita de uma ponderação, onde se
leva em conta as exigências dos mercados compradores. Se a comercialização é feita em cachos, como ainda
ocorre em algumas cidades brasileiras e até recentemente no mercado uruguaio, esta é uma prática que não
justifica ser feita. Entretanto, nas comercializações feitas em caixas, onde as bananas devem ser melhor
apresentadas, isto é válido e muito mais ainda, quando as pencas são transformadas em buquês.
As múltiplas pesquisas feitas sobre este assunto indicam que ao se eliminar todas as bananas em
flor, da última penca da inflorescência, exceto uma, faz-se com que as bananas das demais outras pencas
tenham pequeno aumento de tamanho e engordamento mais rápido.
Este título não corresponde a realidade do que se faz propriamente, pois esta operação consiste em
se vestir um tubo de polietileno na inflorescência em desenvolvimento. Seu comprimento deve ser condizente
com o vigor da bananeira, pois não se pode determinar de outra forma qual será o tamanho do cacho, que está
nascendo, salvo se esta operação estiver sendo feita depois da despistilagem. No início da implantação dessa
prática, ela foi feita com sacos, mas em pouco tempo foi abandonada. Ele formava uma câmara super úmida
e quente, condições ideais para os fungos, como a fumagina (Capnodium spp.), se desenvolvessem, quando
não acabava ficando com água no seu fundo, o que era muito pior.
Na América Central, a aplicação do tubo, saco ou bolsa (que são termos comumente empregados)
somente começou a ser usado após ao início do plantio (princípio da década de 60) dos cultivares do subgrupo
Cavendish.
A principal justificativa para isso, foi a necessidade de se proteger os cachos contra os atritos nas
cascas das bananas. O cultivar Gros Michel que fora muito plantado anteriormente, tem sua casca muito mais
resistente aos atritos e também aos impactos do que os cultivares do subgrupo Cavendish. O saco tem ainda a
finalidade de proteger a fruta dos ataques de predadores, trips, fungos e até mesmo das visitas de insetos como
a mariposa da traça-das-bananeiras ou de irapuás (transmissores da bactéria do moko). Ele também reduz o
ataque das lesmas, dos pássaros e dos morcegos, principalmente durante o inverno, quando há falta de
alimentos para esses animais, que chegam a se alimentar de bananas ainda bem verdes. Além disso, o
ensacamento também evita que as cobras venham a se aninhar nos cachos.
Além dessas proteções físicas contra danos de parasitos, animais, morcegos, e ainda os mecânicos,
como as chuvas de pedras e o atrito causado pelo roçar das folhas, o embolsamento também pode ser usado,
nas regiões onde há ocorrência de baixas temperaturas, com a finalidade de manter o cacho um pouco
agasalhado.
O embolsamento feito com polietileno de cor mais escura, tendendo para preto dá ao cacho uma
maior proteção contra o frio, porém provoca o aparecimento de bananas com uma coloração verde apagado.
Várias pesquisas feitas evidenciaram que, o uso de sacos de coloração azulada e semi-opacos são
os mais indicados nos bananais com densidade de l.500 a 2.500 famílias/ha, quando cultivados em regiões
com insolação de l.000 a 2.000 lux (horas de luz/ano queimada no heliógrafo). Se a densidade é menor e ou a
insolação é maior, a tonalidade do saco deve ser mais forte para evitar queimamentos. Porém, se as condições
são inversas, ela deve ser mais suave, podendo-se até mesmo ser usado sacos incolores.
A época de se realizar o embolsamento depende dos objetivos a que se propõe. Se a finalidade é
proteger a fruta contra ataques da traça-das-bananeiras por exemplo, o embolsamento deve ser feito quando o
botão floral emerge de dentro da planta e ainda não abriu a bráctea da primeira penca; se ela tem a finalidade
de apenas evitar atritos, ganhar aumento de peso ou mesmo melhorar sua aparência, pode ser feita logo depois
da despistilagem; se é para proteger a fruta de baixas temperaturas deve ser feita apenas no período de abril a
setembro, tão logo as primeiras brácteas comecem a se soltar; se a finalidade é encurtar o tempo de colheita,
o embolsamento deve ser feito como se fora para proteger a fruta contra a traça-das-bananeiras; se já houve
uma queda de granizo e a planta ficou com poucas folhas, deve-se cobrir o cacho com jornal e em seguida
aplicar-se o saco. São múltiplas as situações para se determinar quando fazer o embolsamento.
10 .8 - Limpeza do cacho
Basicamente o escoramento da bananeira é feito para se reduzir as perdas por tombamento. Ele é
necessário, principalmente em regiões onde há ventos fortes, porém, se houver um quebra-vento bem
planificado e um bom controle dos nematóides, ele poderá até mesmo ser dispensado.
Há outros fatores que podem determinar a sua realização, como por exemplo, quando se tem
bananais velhos ou quando eles são cultivados em condições adversas as suas exigências edafofitossanitárias
ou seja, quando eles estão muito atacados por nematóides, pela broca-das-bananeiras ou ainda se houver
drenagem deficiente, falta de nutrientes que impeçam o bom desenvolvimento do seu sistema radicular ou
quando não se fez o desbaste de forma bem criteriosa.
O escoramento das bananeiras deve ser feito de forma preventiva, logo após a planta ter formado
seu cacho, porém antes do ensacamento. Entretanto, se o bananal estiver com os rizomas muito aflorados ou
seu sistema radicular anormal, poderá ser necessário fazer-se o escoramento, antes mesmo da emissão da
inflorescência.
Basicamente, o escoramento pode ser feito colocando-se escoras como varas de bambu (Bambusa
spp.), ubá (Elettatria cadamamomum) , madeira serrada, conduite de ferro com meia polegada ou ainda
amarrando-se um cordel de fibras vegetais, náilon, polietileno, plásticos, etc. na roseta foliar de uma planta
com cacho e a outra extremidade na base do pseudocaule de uma outra planta próxima ou a um pontalete fixo
no terreno.
Pode-se usar uma ou duas varas no escoramento das bananeiras, sendo o mais recomendável e
usual‚ o emprego de duas. Somente por motivo de economia de material e também de mão-de-obra é que se
usa apenas uma. Isto pode ser válido nos plantios feitos em várzeas com alta densidade, desde que a região
não seja sujeita a ventos fortes, o que é bastante difícil de existir.
Convém lembrar que a melhor solução para o escoramento das bananeiras é cuidar corretamente
da sanidade do seu sistema radicular e com isto não ser preciso fazer-se nada. Um bananal saudável dispensa
qualquer tipo de escoramento
Por ocasião da colheita, os pseudocaules serão cortados para a retirada do cacho. Trabalhos feitos
para se determinar o comprimento do pseudocaule a ser deixado, após a colheita, permitem concluir que
quanto mais longo ele for, mais rapidamente o “filho” se desenvolverá. Concluíram-se também que,
praticamente, essa influência quase cessa, por completo, de 50 a 60 dias após a colheita. Baseando-se nessas
pesquisas é válido recomendar que o pseudocaule, a ser deixado por ocasião da colheita, deverá ter o maior
comprimento possível e que a partir do 60° dia, ele poderá ser totalmente eliminado, uma vez que as
translocações de seiva da “mãe” para “filho” já se processaram e, portanto, ela em nada mais irá contribuir
para o seu desenvolvimento. Desta forma, os nematicidas, fungicidas e fertilizantes aplicados no interior do
pseudocaule da “mãe”, logo após a colheita, também já tiveram tempo suficiente para se translocarem para o
“filho” e o “neto”.
Fazendo-se a eliminação total do pseudocaule, nessa ocasião (após ao 60o dia), o rendimento de
serviço é maior e ele será mais rapidamente transformado em matéria orgânica, para benefício de todo o
bananal.
Na execução desta operação, é boa prática abrir-se o pseudocaule no seu comprimento, em duas partes, de
cima para baixo, com uma roçadeira, foice ou penado. Posto isto ele será retalhado em toletes com 50 a 60
cm, até chegar ao rizoma. Fazendo-se estes seccionamentos no pseudacule, estando ele ainda em pé, evita-se
ocasionais acidentes com os operários e é mais fácil de fazê-lo.
11 - Colheita
A colheita é a última prática agrícola do cultivo das bananeiras e é uma operação básica e da mais
alta importância, independentemente do destino que se pretenda dar à fruta.
Tem sido mencionado que as bananas brasileiras são, perfeitamente, comparáveis com aquelas
produzidas pelos líderes da comercialização mundial dessa fruta, mas somente enquanto ela está na planta.
Logo, já na colheita, devido à má qualidade dos serviços executados, inicia-se a destruição de todo o esforço
feito até então pelo homem e a natureza, durante o período de produção.
A tendência do mercado consumidor brasileiro e mundial é tornar-se cada vez mais exigente na
qualidade de todas as frutas, pois é, principalmente, pela boa aparência que se consegue boa comercialização.
Têm-se verificado que as grandes empresas brasileiras e as internacionais vêm se aperfeiçoando,
dia a dia, nas técnicas de cultivo. Porém, é preciso ressaltar a especial atenção que elas tem dado ao cacho, já
logo após a emergência da inflorescência e, particularmente, na colheita, visando sempre evitar o aparecimento
de injúrias de qualquer natureza nos frutos.
O cacho de banana, normalmente, é colhido quando as frutas atingem o desenvolvimento
conveniente para o mercado a que se destina e de acordo com a embalagem que vai ser usada.
Múltiplos fatores ligados à ecologia e à planta impedem que se generalize a informação de quanto
tempo o cacho leva para chegar ao ponto de colheita, a partir da data do nascimento da inflorescência. Na
primeira colheita, esse período é o mais curto. O avanço da idade do bananal é um dos fatores de alongamento
desse período. Pode-se dizer, contudo, que esse período varia entre 80 a 150 dias, para as condições climáticas
do Estado de São Paulo, que tem o verão e o inverno bem definidos.
A padronização do tipo do cacho é feita entre nós usando um calibrador, em geral, confeccionado
em chapa de aço inoxidável ou em alumínio, em forma da letra U. A abertura é expressa em milímetros, sendo
que os modelos variam, em geral, de 30 a 38 mm.
A banana tem sido tradicionalmente consumida como fruta fresca em mesas das mais diferentes
classes sociais, quer como sobremesa ou mesmo como complemento da alimentação.
O tanino que ela possui quando ainda verde, possibilita seu uso sem restrições, como controlador
das diarréias em crianças ou adultos, principalmente quando se utiliza o cultivar Maçã, quando ainda
“verdolengas”.
No meio rural, a cica da banana tem sido aplicada como anti-séptico, nos ferimentos feitos a faca,
dada a sua capacidade de estancar hemorragias.
Na farmacologia caseira, seu uso é citado constantemente como auxiliar no tratamento das vias
respiratórias, principalmente contra asma, tuberculose, pneumonia e também, hepatite.
A banana permite a elaboração de alguns produtos industrializados ou na culinária doméstica, tais
como:
a - purê - concentrado de polpa de banana, que pode ser apresentado para consumo sob as formas
congelada, acidificada ou enlatada assepticamente;
b - flocos de banana verde (banana ships);
c - banana em pó liofilizada;
d - banana desidratada (passa);
e - bananada;
f - banana em calda;
g - geléias;
h - bananas com merengue;
i - suflê de banana;
j - bolo de banana;
k - torta de banana;
l - sorvete de banana ao rum.
As bananas do subgrupo Prata não têm sido utilizadas para a produção de banana desidratada e
também para o purê devido seu elevado teor de água. Entretanto, a banana “Branca” é muito usada junto com
as do subgrupo Cavendish, para melhorar a textura e também o ponto de corte das bananadas.
Da bananeira, dos restos do cacho e da casca da banana podem ser obtidos os seguintes produtos:
a - “palmito” em salmoura;
b - torta doce de casca de banana;
c - torta doce de engaço;
d - torta doce do “coração”.
Os restos das bananas e dos cachos descartados têm sido usados na alimentação de bovinos,
eqüinos, suínos, etc., com excelentes resultados.
Em algumas regiões do Nordeste, as folhas mais velhas das bananeiras, porém, ainda vivas, são
cortadas e dadas aos animais.
Os restos de pseudocaule, ainda verdes, têm sido usados como cama, para produção de esterco
animal ou ainda, como complemento de ração para os ruminantes.