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Salmo 100 - De Quê Consiste o Verdadeiro Louvor

Durante algum tempo, perdi um pouco o gosto de ir a festas infantis de aniversário – o que é
estranho para mim, já que gosto muito de crianças e de diverti-las com brincadeiras. Contudo, apesar
da amizade dos pais e da hospitalidade com que sempre fui recebido, algo quase sempre me
constrangia e me deixava pouco a vontade durante a festa. Em tempos de consumismo, muitas
crianças aguardam sua festa de aniversário não para comemorar mais um ano de vida ou para se
alegrar com os amigos, mas para receber presentes. Por isso, é muito comum alguém chegar a uma
festa, presentear o aniversariante e imediatamente ser ignorado por ele em face do desejo de abrir o
presente e ver o que ganhou. Ainda que vinda de um pequena criança, essa é uma atitude muito
grosseira. Então, os pais, totalmente envergonhados, obrigam a criança a voltar até a pessoa que deu
o presente para agradecê-lo, o que a criança faz, muitas vezes, demonstrando um ânimo
tremendamente contrariado. É nesse momento, quando está nítida a ingratidão do infante e quando o
convidado tem de dar um sorriso forçado para não parecer que se sentiu desprezado, é que eu me
senti diversas vezes embaraçado como se fosse um tipo de intruso indesejado.

O Salmo 100 se preocupa com o assunto relativo à demonstração da gratidão. A diferença é


que o que ele focaliza não é a gratidão alheia para consigo, mas a gratidão pessoal voltada a Deus. O
título, definido pelo próprio salmista, demonstra que sua composição é um salmo de agradecimento
a Deus: “Cântico de ação de graças” (mizmôr letôdâ). A ocasião da sua composição não é declarada.
Nem sequer se percebe se o salmista tinha em mente um tipo especial de agradecimento – por alguma
atuação específica de Deus – ou se ele simplesmente convoca o mundo todo a fazer o que lhe cabe
em todo o tempo. O fato é que, dadas as características do salmo, ele é reconhecido como um
instrumento de culto a Deus no Templo de Jerusalém, em tempos antigos. Ele surge, no saltério, logo
após uma seção que apresenta o Senhor como rei soberano sobre tudo que existe (Sl 93, 95-99) e que,
por isso mesmo, deve ser amado, temido e glorificado – um ótimo nicho para um chamado universal
à adoração como é o caso de centésimo salmo. Assim, o que brota do texto são cinco importantes
marcas do louvor a Deus que deve permear a experiência daqueles que o reconhecem como seu Deus,
seu criador e seu salvador.

A primeira marca do verdadeiro louvor é o chamado universal à adoração (v.1): “Aclame ao


Senhor, toda a Terra” (harî‘û layhwh kol-ha’arets). Outras possíveis traduções são “aclamai a Deus,
todas as terras” e “aclamai a Deus, moradores de toda a Terra” – já que o verbo se encontra na forma
plural. Entretanto, a ênfase na Terra toda devendo louvor ao Senhor não pode ser diminuída. Isso é
interessante de se ver porque é frequente, no Antigo Testamento, a busca do Senhor para que vindique
o povo de Israel e traga juízo sobre as nações opressoras. Essa salmo rompe tal dinâmica e posiciona
pessoas de todas as nações dentro da congregação que deve louvor a Deus. Alguns estudiosos,
enfatizando esse caráter, consideram o salmo um chamado específico aos gentios – apesar disso, o
modo correto de se encarar o salmo é como um chamado universal que não prevê divisões étnicas,
mas atinge a todos, judeus e gentios. Essa marca do culto a Deus é uma demonstração de
reconhecimento da soberania universal do Senhor – não haveria necessidade de um chamado amplo
caso isso não fosse verdade. E, nesse caso, o que surge de tal visão não é o ciúme de não ter Deus
somente para si, como um Deus nacional, mas gratidão por ser ele também o Deus de toda a Terra e
um Senhor disposto a receber adoradores de todas as partes.

A segunda marca do louvor é a busca pela presença de Deus (v.2): “Servi ao Senhor com
alegria. Entrai em sua presença com brado de júbilo” (‘ivdû ’et-yhwh besimhâ bo’û lefanayw
birnanâ). É óbvio que “entrar na presença de Deus” é o que os israelitas identificavam como adentrar
o Templo do Senhor, em Jerusalém, para adorá-lo. Apesar de ele estar em toda parte (cf. Sl 139), sua
presença entre o povo era representada pela sua glória no Templo. Contudo, o conceito de entrar em
sua presença não admite uma ação mecânica, nem envolve somente o comparecimento geográfico. Ir
ao Templo devia pressupor buscar o próprio Deus e se colocar diante dele como um adorador. Por
isso, a ordem é “servi ao Senhor”. O escritor não visa a qualquer tipo de serviço, mas ao serviço
religioso, ou seja, a “adoração” – a língua inglesa preserva esse sentido ao ter a palavra “service”,
cuja raiz é servir, para designar o culto. Se essa marca não tinha um caráter meramente mecânico ou
geográfico, também não deveria ser impessoal. O chamado não é apenas servir, mas servir “com
alegria”, alegria essa que nasce de uma gratidão verdadeira que vem do coração de pessoas que são
agraciadas pelo Deus do universo, as quais reconhecem a mão do Senhor sustentando, dirigindo e
protegendo.

A terceira marca é a subordinação que cabe aos homens (v.3): “Reconhecei que o Senhor é
Deus” (de‘û kî-yhwh hû’ ’elohîm). O salmista não coloca em dúvida a divindade do Altíssimo – ela
é certa, quer os homens reconheçam ou não. Em lugar disso, o enfoque desse texto recai sobre os
adoradores que são chamados de todas as partes do globo a cultuar a Deus com gratidão. Para que
atendam o chamado, devem inexoravelmente “reconhecer” o Senhor como Deus. Não serve imaginá-
lo como um dentre muitos deuses, ou como um ser falho e limitado como nós. É preciso reconhecê-
lo como Deus supremo e único. A aplicação desse conceito é que a divindade do Senhor deve curvar
o homem diante dele. A subordinação humana a Deus se dá primeiro porque ele, como Deus que é,
criou tudo o que existe, incluindo cada pessoa do planeta. Em segundo lugar, porque tudo o que Deus
criou lhe pertence: “Foi ele quem nos criou e nós somos dele, seu povo e rebanho do seu aprisco”
(hû’-‘asanû welô ’anahnû ‘ammô wetso’n mar‘îtô). Por isso, como criação e possessão de Deus,
devemos assumir nosso lugar aos seus pés, na figura de servos humildes.

A quarta marca é a demonstração pública de gratidão. A ordem aos homens de todo mundo é
(v.4): “Adentrai os seus portões com ação de graças [e] os seu átrios com louvor” (bo’û she‘arayw
betôdâ hatserotayw bithillâ). Isso devia soar um pouco estranho para muitos israelitas, já que os
gentios não tinham acesso a todos os átrios do Templo. Entretanto, a ordem é essa mesma mostrando
que o Senhor era Deus de todos os povos e que Israel, como povo da aliança, devia agir como
sacerdote entre o Senhor e as demais nações (cf. Ex 19.6). A ordem subsequente, pressupondo o
atendimento ao chamado de vir a Deus, é: “Celebrai-o, bendizei o seu nome” (hôdû-lô barakû shemô).
Não há aqui nenhuma superstição liga ao uso do nome de Deus – alguns movimentos religiosos
afirmam que a pronúncia correta do nome de Deus e de Jesus é necessária para alguém fazer parte do
povo de Deus e ser aceito por ele. Longe disso, o salmista, ao celebrar e bendizer o nome de Deus, o
faz pensando na pessoa de Deus, na sua fama, no seu caráter e na sua grandeza. É o próprio Deus que,
publicamente, deve receber a adoração dos seus servos, por meio da aclamação jubilosa e da
exposição verbal das suas grandezas.

A última marca do verdadeiro louvor a Deus é a correta motivação da adoração. O culto grato
a Deus não é apenas um ritual religioso que nasce da tradição. Muitas demonstrações religiosas
tradicionais passam a existir simplesmente porque a geração anterior assim o fazia. Se perguntarmos
para muita gente que celebra aquilo que seus pais celebravam qual é a razão por trás do seu hábito
religioso, eles não saberão responder. Para que isso não ocorra no culto verdadeiro, o salmista dá dois
motivos para sua existência. O primeiro é a bondade de Deus (v.5): “Pois o Senhor é bom” (kî-tôv
yhwh). Eis uma motivação da gratidão a Deus de caráter bastante prático. Em segundo lugar, o
salmista aponta as promessas de Deus e a certeza de que ele sempre cumpre o que diz: “Sua lealdade
é para sempre e a sua fidelidade de geração em geração” (le‘ôlam hasdô we‘ad-dor wadôr ’amûnatô).
A lealdade, ou o “amor leal” de Deus, assume uma forma especial dentro do seu relacionamento com
Israel. Significa que as alianças que fez com servos como Abraão e Davi não podem ser ignoradas
por ele. Por isso, em amor pelos servos com quem se comprometeu voluntariamente, o Senhor
cumprirá cada palavra que disse e será fiel mesmo depois de muito tempo e muitas gerações terem
passado – o que inevitavelmente produz esperança firme em seus servos e, consequentemente, uma
gratidão verdadeira que os leva à adoração.

É muito fácil para nós, homens cuja velha natureza ainda nos imprime um caráter com traços
de egoísmo e de soberba, transformarmos o culto a Deus em ocasião de satisfação pessoal. Quando
isso acontece, as pessoas buscam realizar atividades religiosas que as agrade e satisfaça – as músicas
têm de ser do seu agrado, a pregação não pode tocar pontos incômodos e as emoções têm de ser todas
positivas. O problema disso é que se esquece totalmente o propósito do culto: oferecer a Deus
verdadeira adoração com um espírito de gratidão por tudo aquilo que ele é e por tudo aquilo que ele
faz. Isso não pode de modo algum acontecer. Centralizar o homem nos cultos a Deus é o mesmo que,
com muita ingratidão, receber um presente de alguém e, sem sequer dizer “obrigado”, correr para
algum canto a fim de abrir o pacote e se deleitar em suas posses.

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