A definição e posterior implementação de um programa de controlo analítico bem
estruturado e ajustado ao “Sistema de Abastecimento de Água ao Concelho de
Peniche” é um fator da maior importância para a sua correta gestão, já que a maior parte das decisões referentes à exploração das instalações de captação, tratamento, armazenamento e distribuição passam pela análise exaustiva e crítica dos resultados analíticos obtidos ao longo do sistema. Com efeito, é também a partir dos resultados analíticos que se torna possível a deteção atempada de eventuais problemas ou potenciais não conformidades, a avaliação da “performance” dos vários processos de tratamento e bem assim a verificação da qualidade da água distribuída, assegurando-se sempre o cumprimento das normas legislativas em vigor. Assim, com base no conhecimento do sistema e na experiência adquirida na exploração do mesmo, os SMAS elaboraram e têm em execução um “PMQA” – Plano de Monitorização da Qualidade da Água. Este plano engloba o Plano de Controlo Operacional (PCO) e o Plano de Controlo da Qualidade da Água (PCQA). O PCO organiza, de modo mais abrangente, todo o controlo operacional desenvolvido pelos SMAS, e que compreendem um conjunto de observações, avaliações analíticas e ações, desde a captação, tratamento, adução, elevação, armazenamento até à distribuição e que contribuem para a obtenção de uma água de qualidade adequada para o consumo humano. Todo o sistema é sujeito a uma observação permanente e contínua, com vista a detectar e corrigir, em tempo útil, as alterações que eventualmente ocorram na qualidade da água. O PCQA constitui um programa de controlo analítico cujo objetivo é verificar o cumprimento dos valores paramétricos do Decreto-lei nº 306/ 2007, de 27 de Agosto, relativos à qualidade da água para o consumo humano. Nos abastecimentos em baixa, esta é realizada pela análise da água que sai das torneiras dos consumidores e nos abastecimentos em alta, pela análise da água que é entregue às EG (entidades gestoras) em baixa nos PE (ponto de entrega). A frequência de amostragem é fixada em função do volume de água fornecida ou da população servida em cada ZA (zona de abastecimento), nos casos do abastecimento em baixa, e pelo volume de água fornecida no PE, nos casos de abastecimento em alta. A água potável não deve conter microorganismos patogênicos e deve estar livre de bactérias indicadoras de contaminação fecal. Os indicadores de contaminação fecal, tradicionalmente aceitos, pertencem a um grupo de bactérias denominadas coliformes. O principal representante desse grupo de bactérias chama-se Escherichia coli. Parâmetros
1 – Análise Bacteriológica: O objetivo do exame bacteriológico da água é fornecer
informe a respeito da sua potabilidade, isto é, ausência de risco de ingestão de microorganismos causadores de doenças, geralmente provenientes da contaminação pelas fezes humanas e de outros animais de sangue quente. As bactérias do grupo coliforme constituem o principal indicador de contaminação microbiológica da água. Uma água, para ser potável, não pode conter bactérias do grupo coliforme e, principalmente, coliformes termotolerantes, pois a presença destes indica o risco potencial da ocorrência de bactérias patogênicas. 2 – Análises Físico-químicas: Estas análises são feitas por parâmetro. Cada parâmetro fornece uma informação diferente, conforme explicações abaixo: • Turbidez: A turbidez é causada pela presença de partículas em suspensão, tais como argila, sílica, matéria orgânica, inorgânica e microorganismos. A Turbidez em excesso afeta a qualidade estética da água e também a qualidade sanitária, pois alguns vírus e bactérias podem se alojar nas partículas em suspensão se protegendo da ação desinfetante do cloro. • Cor: A cor é causada por substâncias dissolvidas na água. Essas substâncias podem ser de origem orgânica ou inorgânica. Como exemplo de substâncias orgânicas podemos citar os vegetais, que se decompõem, dando origem ao que se convencionou chamar de “húmus” e como exemplo de substâncias inorgânicas podemos citar alguns metais, tais como ferro e manganês. A determinação da cor de uma água é, antes de tudo, a caracterização estética, sem grande significado sanitário, pois uma água isenta de cor pode ser menos potável do que uma água colorida. Quando a cor está acima dos padrões, além de esteticamente inaceitável, pode manchar roupas, peças sanitárias, etc. • Cloretos: O cloreto é um dos ânions mais comuns em águas naturais, nos esgotos domésticos e em despejos. Não são prejudiciais à saúde do homem, porém conferem sabor salgado à água. Em altas concentrações podem trazer restrições ao sabor da água. • Cloro Residual: O hipoclorito de sódio é utilizado no processo de desinfecção, o qual visa destruir ou desativar os microorganismos causadores de enfermidades. • Dureza: A dureza é a soma de cálcio e magnésio e é tida como uma medida da capacidade da água de precipitar sabão. Em concentrações elevadas consomem muito sabão na limpeza em geral, deixam resíduos insolúveis e causam corrosão e incrustações nas tubulações. • Ferro: O Ferro é indesejável em águas de abastecimento público por conferir gosto, odor, manchar roupas e sanitários e favorecer o desenvolvimento de ferrobactérias que podem obstruir canalizações. • Fluoreto: O Flúor é determinado na forma de íon fluoreto. É importante na prevenção da cárie dental e pode ocorrer naturalmente. O excesso de flúor pode causar fluorose dentária, caracterizada pelo surgimento de manchas nos dentes da população, cuja coloração pode variar do branco ao marrom escuro, alterações ósseas, inflamação no estômago e intestino. • pH: O pH é importante, visto que o mesmo influi nos processos de potabilização e desinfecção da água. O pH é uma característica importante das águas de abastecimento, dada a sua influência na coagulação química, na desinfecção, no amolecimento de água e no controle da corrosão. O pH ácido pode levar à corrosão das tubulações e o pH básico diminui a eficiência do cloro na desinfecção da água. • Alumínio: O Alumínio é o terceiro elemento mais abundante na crosta terrestre, ocorrendo em minerais rochas e argila. Está presente no ar, nos alimentos e na água, tanto em seu estado natural ou como contaminante. Existem alguns estudos sobre os danos à saúde que o Alumínio pode provocar, mas ainda inconclusivos. A água passa a ser esteticamente indesejável ao consumidor quando existe presença de Alumínio num nível superior a 0,1 mg/L.