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DISCIPLINAS COMPLEMENTARES

Direito Agrário
André Lopes
Aula 01

ROTEIRO DE AULA

TEORIA GERAL DO DIREITO AGRÁRIO

1. BREVE HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO DE TERRAS NO TERRITÓRIO BRASILEIRO

Contexto Histórico

Tratado de Tordesilhas ( 1494) - As terras da América foram divididas entre Portugal e Espanha e as terras
brasileiras ficaram com Portugal.

A coroa portuguesa por volta de 1375 vinha passando por um cenários de pestes e o país encontrava-se envolto em
uma grande fome, paralelo a esse quadro as propriedades estavam improdutivas levando o rei Dom Fernando Formoso
a decretar um confisco das terras para doação a quem tivesse condições de torná-las produtivas como forma de superar
a crise e o cenário da fome que assolava o país.

Sesmarias - os títulos outorgados chamaram de sesmarias, eram documentos emitidos pela coroa portuguesa
transferindo a propriedade das terras improdutivas àqueles que a tornassem produtivas a fim de sanar o problema do
abastecimento do país. A preocupação de Portugal sempre foi com o abastecimento e nunca com colonização.

No Brasil em 1500 tínhamos cerca de 8,5 milhões de quilômetros quadrados de terras despovoadas. Dom João III
entendeu que o país deveria ser povoado para garantir a posse do território, evitando invasões de outros países uma
vez que o tratado de Tordesilhas havia sido celebrado entre Portugal e Espanha não obrigando a terceiros. Martim
Afonso de Souza foi enviado para deflagrar o movimento de povoamento e mais uma vez a coroa portuguesa fez uso
das sesmarias para doar terras a pessoas interessadas a exploração dessas terras.

Contudo , as sesmarias utilizadas no Brasil não tinham por finalidade sanar uma crise de abastecimento, mas tão
somente estabelecer ocupação territorial. A ocupação do território brasileiro não foi pacífica.

Um direito cuja origem remonta aos primórdios da civilização, já concebido no código de Hamurabi e na Lei das XII
Tábuas.

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No Brasil, surge com o processo de colonização a partir da instituição do regime de capitanias hereditárias e das
sesmarias.

A história da ocupação do território brasileiro tem seus fundamentos no Tratado de Tordesilhas (07 de junho de
1494), antes mesmo do descobrimento, em que as Coroas Portuguesa e Espanhola (maiores potências da navegação da
época), conhecedoras da existência de terras na América, promoveram suas explorações a partir da divisão do território
a ser descoberto.

As terras à direita da linha imaginária traçado do Polo ártico ao polo antártico distante de 370 léguas das Ilhas de
Cabo Verde em direção ao poente seriam de Portugal.

TRÊS MOMENTOS IMPORTANTES

a) Regime de Sesmarias ( 1531 - 1822) - Em 1822 rompe-se com o regime das sesmarias e inicia-se o regime das
posses ( duração de 100 anos).
b) Regimes das Posses (1922 -1850) - gerou mais malefícios que o sistema das sesmarias, a duração foi de 28 anos.
c) Regulamentação da ocupação ( 1850 em diante) - surge um regime juridicamente organizado para disciplinar a
ocupação do território brasileiro.

REGIME DAS CARTAS DE SESMARIAS

Criado em 1375 em Portugal. Diante da falta de produção agrícola e a consequente falta de abastecimento, a Coroa
praticava o confisco de terras improdutivas para a entrega a quem quisesse fazer a terra produzir.

Por esse regime, a coroa outorgava o domínio útil da área ao interessado. Martin Afonso era o responsável por dar as
Cartas de Sesmarias conforme o poder a ele outorgado por D. Joao III.

Não se trata de uma alienação e, portanto, o sesmeiro se submetia a cláusulas resolutivas. O sesmeiro deveria atender
exigências sob pena de perder o domínio útil (origem das terras devolutas, instituto peculiar do direito brasileiro).

No Brasil as sesmarias veio com o objetivo de fazer a ocupação do país de preferência mais ao interior. O sesmeiro de
posse da carta de sesmaria recebia obrigações, eram de clausulas resolutivas, exigências da coroa portuguesa que
deveriam ser cumpridas sob pena de perderem o domínio útil da terra, que seria transferido a outro.

As exigências eram : produtividade, pagamento de tributos, ocupação e moradia.

Sempre entendemos que terra é sinônimo de poder, e quais os critérios para doação das terras pela coroa portuguesa?
E quais os recursos humanos e materiais da época, de que dispunha a coroa portuguesa para aperfeiçoar a fiscalização
do cumprimento das exigências e aplicação do comisso (perda do direito ou da coisa, ou incidência na resolução de um
contrato)?

Na pratica as terras eram distribuídas a amigos e parentes, sistema clientelista. O regime de sesmarias favoreceu ao
surgimento dos latifúndios. E dentro do território dividiu-se dois grupos o de clientelistas e dos descamisados que
jamais conseguiriam obter uma sesmaria, isso levou a falência do instituto sendo revogado em 1822.

CLAUSULAS RESOLUTIVAS

 Colonizar a terra
 Estabelecer moradia habitual e cultivar de modo permanente a terra
 Demarcar limites territoriais
 Pagar tributos
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 Benefícios as sesmarias: ocupação do interior
 Malefícios das sesmarias: clientelismo e surgimento dos latifúndios improdutivos.

REGIME DAS POSSES (1822 A 1850)

Um regime sem disciplina da ocupação do território, propiciando invasões generalizadas com a ocupação de
pequenas extensões rurais gerando assim o surgimento dos minifúndios.

 Nos minifúndios - pessoas invadiram pequenas áreas terras alijadas do regime de sesmarias, nessa
situação sem recursos de tornar essas áreas produtivas.

Em 1822, superado as sesmarias, se percebeu que o regime não se adequava ao interesse da coroa portuguesa e
resolveram por fim mudar as coisas.

Em 1824 outorgaram a primeira Constituição imperial, contudo não trataram da ocupação do território, perdeu-se a
chance da regulamentação. Expediu-se normas ( Alvará) estabelecendo o fim das sesmarias, novos sesmeiros não
poderiam existir, em contrapartida não regulamentaram essa ocupação na Constituição de 1824, surgindo o regime das
posses ou extra legal.

Durante o regime das posses quarto situações foram reconhecidas:

 Terras possuídas por sesmeiros que cumpriram com cláusulas exigidas nas cartas.
 Terras de sesmeiros que não cumpriram com as clausulas exigidas e que a coroa não aplicou o comisso.
 Terras com possuidores sem nenhum título ( terras invadidas - minifúndios)
 Terras devolutas ( originadas a partir do comisso, ou seja, raras terras recuperadas).

REGULAMENTAÇÃO DA OCUPAÇÃO ( 1850 em diante)

Período em que se entende pela regulamentação, pela institucionalização das normas de direito agrário, depois de
28 anos do regime das posses, com o advento da lei 601/1850.

A lei 601 diz que a aquisição de terras ou a ocupação de território somente se daria pelo instituto da compra e
venda. Reza:

Lei n.º 601, de 18 de setembro de 1.850 ( ortografia da época)

Dispõe sobre as terras devolutas no Império, e acerca das que são possuídas por titulo de sesmaria
sem preenchimento das condições legais. bem como por simples titulo de posse mansa e pacifica; e
determina que, medidas e demarcadas as primeiras, sejam elas cedidas a titulo oneroso, assim para
empresas particulares, como para o estabelecimento de colonias de nacionaes e de extrangeiros,
autorizado o Governo a promover a colonisação extrangeira na forma que
se declara.

D. Pedro II, por Graça de Deus e Unanime Acclamação dos Povos, Imperador Constitucional e
Defensor Perpetuo do Brasil: Fazemos saber a todos os Nossos Subditos, que a Assembléa Geral
Decretou, e Nós queremos a Lei seguinte:
Art. 1º Ficam prohibidas as acquisições de terras devolutas por outro titulo que não seja o de compra.

A lei 601 foi uma tentativa de disciplinar a ocupação territorial, como consequência veio a regulamentar a posse de
quem tinha apenas o domínio útil da terra, mas também desencadeou a especulação imobiliária, o preço das terras
aumentou muito depois da lei, e a terra não ficou acessível a quem não tivesse recurso suficiente.
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A lei fez a manutenção do sistema, ficando na mão de quem tinha poder aquisitivo para tê-la, legitimou apenas
quem tinha condições de aumentar os seus domínios em detrimento das pessoas que queriam a terra mas não tinham
recursos financeiro para tanto.

A lei não criou instrumentos capazes de fazer a distribuição mais justa, de forma a alcançar a todos sem distinção. Foi
agravada a questão latifundiária e as dificuldades no campo aumentaram. Os trabalhadores continuaram a ser
explorados por quem tinha a posse da terra sem chance de conseguir a sua própria terra.

O contexto histórico tem relevância para a compreensão do nosso problema agrário hoje, que surgiu com o
descobrimento e foi se aperfeiçoando ao longo do tempo. Hoje temos normatizações e instrumentos para uma política
agrícola, no entanto a terra ainda é pensada como na época do descobrimento.

2 - ASPECTOS GERAIS DO DIREITO AGRÁRIO. PANORAMA GERAL DO PROBLEMA AGRÁRIO NO BRASIL

 A estrutura fundiária no Brasil foi herdada do sistema de Sesmarias


 O modelo vigente é caracterizado por alta concentração e terras nas mãos de poucos
 Existem ainda muitas desigualdades sociais no campo
 A população no campo ainda é representada por uma classe de excluídos
 Existem ainda muitos conflitos agrários

DIREITO AGRÁRIO

a) Conceito

Conjunto de princípios, normas e instrumentos que visam disciplinar as relações jurídicas derivadas da atividade
agrária com base na relação entre o homem e a terra, notadamente

 Na função social da propriedade


 Na proteção aos recursos naturais
 No fomento e aumento da produtividade
 Na justiça social ( distribuição justa da terra)

O direito agrário tem conteúdo socializante e recebe influencia da constituição republicana a partir de seus
fundamentos e princípios vetores como o princípio da dignidade da pessoa humana que lhe confere um caráter
sociológica que lhe é inerente.

É um direito híbrido tem influencia do direito público e do direito público, e que de alguma forma se aplicam ao
direito agrário.

b) Objeto

O objeto do direito agrário é a atividade agrária e os fatos jurídicos que emergem dessa atividade. Essa atividade
agrária tem representação no art. 4º da lei 4504/64 - estatuto da terra.

Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se:


I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se
destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos
de valorização, quer através de iniciativa privada;
II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua
família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e
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econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente
trabalho com a ajuda de terceiros;
III - "Módulo Rural", a área fixada nos termos do inciso anterior;
IV - "Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar;
V - "Latifúndio", o imóvel rural que:
a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b, desta Lei, tendo-se em
vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine;
b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à dimensão do
módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às possibilidades físicas,
econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente
explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;
VI - "Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que explore
econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de rendimento econômico ...Vetado... da
região em que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados,
pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, as
pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias;
VII - "Parceleiro", aquele que venha a adquirir lotes ou parcelas em área destinada à Reforma Agrária
ou à colonização pública ou privada;
VIII - "Cooperativa Integral de Reforma Agrária (C.I.R.A.)", toda sociedade cooperativa mista, de
natureza civil, ...Vetado... criada nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, contando
temporariamente com a contribuição financeira e técnica do Poder Público, através do Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária, com a finalidade de industrializar, beneficiar, preparar e padronizar a
produção agropecuária, bem como realizar os demais objetivos previstos na legislação vigente
IX - "Colonização", toda a atividade oficial ou particular, que se destine a promover o aproveitamento
econômico da terra, pela sua divisão em propriedade familiar ou através de Cooperativas ...Vetado..
Parágrafo único. Não se considera latifúndio:
a) o imóvel rural, qualquer que seja a sua dimensão, cujas características recomendem, sob o ponto
de vista técnico e econômico, a exploração florestal racionalmente realizada, mediante planejamento
adequado;
b) o imóvel rural, ainda que de domínio particular, cujo objeto de preservação florestal ou de outros
recursos naturais haja sido reconhecido para fins de tombamento, pelo órgão competente da
administração pública.

Objetiva a regulamentação das relações jurídicas do homem com a terra os direitos e obrigações concernentes a
propriedade, posse e uso da terra e as relações entre pessoas que a elas estão vinculadas e ainda as formas direta e
indireta de sua exploração como base no cumprimento da função social da propriedade.

 função social da propriedade - base do conceito de direito agrário.


 Há a necessidade em se compatibilizar política agrícola com política agrária.

Se propõe o Direito Agrário a compatibilizar a política agrícola com a política fundiária (art. 187, §§ 1.º e 2.º da
CF/88). Esse propósito já foi anunciado no Estatuto da terra (Lei 4.504/64, Título III). Praticar justiça social no campo
com distribuição de renda e progresso econômico.

Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação efetiva
do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de
comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente:
I - os instrumentos creditícios e fiscais;
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização;
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
IV - a assistência técnica e extensão rural;
V - o seguro agrícola;
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VI - o cooperativismo;
VII - a eletrificação rural e irrigação;
VIII - a habitação para o trabalhador rural
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais, agropecuárias, pesqueiras
e florestais.
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária.

A lei a que se refere o artigo 187 é a lei 8171/91 - (Dispõe sobre a política agrícola).

Atenção: Não resumir a atividade agrícola como sendo a atividade estritamente agrária, o conceito se estende a
atividades agroindustriais, agropecuária, pesqueira e florestais.

LEI Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964.

Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências.


Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de
execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.
§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição
da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de
justiça social e ao aumento de produtividade.
§ 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à propriedade da terra,
que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja no
sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las
com o processo de industrialização do país

REGULAMENTAÇÃO DA POLÍTICA AGRÍCOLA

Atividade agrária - Art. 4º da ET

Lei 4504/64, Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se:


I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se
destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos
de valorização, quer através de iniciativa privada;
II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua
família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e
econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente
trabalho com a ajuda de terceiros;
III - "Módulo Rural", a área fixada nos termos do inciso anterior;
IV - "Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade familiar
V - "Latifúndio", o imóvel rural que:

A atividade agrária(atividade dinâmica/movimento) pode ser concebida como a ação humana sobre a natureza
visando a produção agroindustrial. Pode ser:

1) TÍPICA/IMEDIATA: lavoura, pecuária, extrativismo.


2) ATÍPICA: agroindústria, produção, preservação e extração.
3) COMPLEMENTAR: transporte e comercialização dos produtos agrícolas.

AUTONOMIA DO DIREITO AGRÁRIO

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O direito Agrário é autônomo e reúne uma série de leis e normas que resumem o propósito , o objeto e os
objetivos.

A atividade agrária está intimamente ligada aos direitos fundamentais.

O direito agrário possui autonomia legislativa, cientifica, doutrinária, didática e jurisdicional.

1) legislativa -a União é competente privativamente para legislar sobre direito agrário (art. 22. I e art. 184 da CR/88).

CF, Art. 22, I. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho;

CF, Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em
títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte
anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

CF, Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;

Atenção: A competência para legislar sobre direito agrário é da União, o que o art. 23 da CF contempla é a
competência na execução de serviços, que é comum.

Normas que se aplicam ao direito agrário:

 Constituição Republicana de 1988 (Título III, art. 184 a 191)


 Lei Complementar 76/93 (Trata do processo judicial de desapropriação para fins de reforma agrária.
 Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra)
 Lei 8.629/93 (regulamentação material da reforma agrária – após a desapropriação)
 Lei 8.171/92 (trata da política agrícola)

2) Científica -O direito agrário possui princípios e institutos próprios contando ainda com inúmeros doutrinadores
acerca do tema.

O Direito Agrário tem métodos e experimentações próprios, não depende de outros ramos.

3) jurisdicional - Criação de varas agrárias nos termos do art. 126 CR/88.

CF, Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas
especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Por excesso de demanda foram criadas as varas agrárias, e alguns tribunais desenvolveram estas varas- art. 126. A
maioria da doutrina entende que o art. 126 confere autonomia jurisdicional ao direito agrário.

4) Didática - Estudo individualizado com disciplina própria em cursos de graduação.

Tem autonomia didática- há liberdade a ser matéria incorporada ao currículo das faculdades como disciplina
autônoma na graduação e pós-graduação.
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PRINCÍPIOS VETORES DO DIREITO AGRÁRIO

É o ambiente de maximização da interpretação do direito agrário, visa otimizar a explicação.

Mandamentos ou enunciados que formam o núcleo do sistema jurídico, positivados ou não com maior carga de
abstração do que as regras.

Os princípios são interdependentes e inter-relacionados. Traduzem a essência do direito agrário.

Os princípios são a representação do próprio direito agrário, e deles podem partir a interpretação para a solução de
diversas questões não solucionadas pela norma.

Todos os institutos do direito agrário devem ser estudados a luz dos princípios, que te darão as coordenadas para o
entendimento do todo.

1) Realização da justiça social (justiça distributiva – alteração da estrutura fundiária vigente)

 O direito agrário como instrumento dos fundamentos e objetivos constitucionais da República.


 Garantir a todos o acesso à terra, à renda e ao trabalho digno.
 Garantia de desenvolvimento e distribuição de riqueza no campo.

Desde a colonização em 1500 se percebe a ausência completa do estado em materializar a justiça social. As
pretensões da constituição republicana deveriam ser incorporadas a vida prática.

A distribuição de terras desde os primórdios foi desestruturada e dissociada da demanda social e estabeleceu- se
desde logo a separação entre uma classe abastarda e os descamisados excluídos pelo estado que não soube e não quis
fazer a distribuição.

O princípio da justiça social vai ajudar sempre na decisão de questões relacionadas com a distribuição da terra. As
disputas por terras no Brasil ainda são bastante sérias e o princípio da justiça social busca orientar o administrador, o
legislador e julgadores na decisões para que se faça da forma mais acertada possível a bem da justiça social.

A Dignidade da pessoa humana deve ser uma busca incessante para se garantir a justiça social no campo.

 O grandes latifúndios ainda resistem e a distribuição de terras ainda é precária.


 Busca-se democratizar o acesso a terra viabilizando a vida do homem do campo afim de que tenha como
sobreviver da terra.
 O campo é obrigado a produzir riqueza, a terra deve ser útil face as demandas alimentares hoje na política
agrícola.

2) Principio da função social da propriedade Rural- art. 5º, XXII

O princípio da função social da propriedade é o fundamento constitucional para a imposição ao proprietário de


exercer seu direito em conformidade com os fins sócio-econômicos eleitos pela sociedade.

A nossa constituição tem grande e forte expressão liberal, mas tem uma marca peculiar que é sua dimensão social
impregnada dos ideias sociais.

Pretende que a propriedade busca o seu papel social, que ela atenda os interesses não só do proprietário mas
também de terceiros não proprietários, conciliar o direito de ter como direito de fazer.
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A constituição garante ao individuo o direito de propriedade, no entanto, lhe impõe o uso responsável de modo a
exercer a sua função social. A dimensão física da terra precisa estar compatibilizada com o favor de todos, ela tem e
precisa atender não só as necessidades do proprietário mas de todos, cumprir exigências de necessidade ambiental por
exemplo que garanta a produtividade eterna a bem da coletividade e do meio ambiente.

A exploração da terra deve ser feita de forma racional e adequada e a norma orienta nesse sentido, procurando fazê-
lo da forma mais favorável a todos.

Junto ao processo produtivo da terra precisamos entender que essa exploração se faz por um ser humano e que a
este deve estar reservado os direitos trabalhistas, que nem sempre foram observados e garantidos aos trabalhadores do
campo.

A luz do princípio da dignidade da pessoa humana, é importante compreender que aqueles que dedicam seu tempo
e que ocupam sua força de trabalho com a produtividade do campo necessitam alcançar o bem estar com essa
atividade.

CF, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

ADI 2213 MC: O direito de propriedade não é absoluto. Legitima-se a intervenção do Estado quando não cumprida a
função social da propriedade.

Monopólio legislativo da união - Art. 22, I CF

É competência da União legislar sobre direito agrário e cabe aos estados, Distrito Federal e Municípios a execução
dessas tarefas como reza o art. 23 da CF.

Estímulo cooperativismo e ao associativismo

Muitas das propriedades não são gigantescas a ponto dos proprietários não terem capacidade de produção,estimula-
se o cooperativismo e o associativismo entre os rurícolas para que possam otimizar a produção e explorar a terra. Esse
postulado foi trazido pela constituição republicana.

Progresso sócio- econômico do rurícola e proteção ao hipossuficiente

Precisa-se garantir a proteção, o crescimento , o estímulo e a valorização do produtor rural que exerce uma
atividade extremamente desgastante.

Acesso e permanência na terra

A terra nãopode ser instrumento de poder, a terra deve ser utilizada por quem é do campo e que pretende torná-la
produtiva, por isso devem haver estímulo a fixação do homem do campo na terra.

Acesso e proteção à propriedade ou posse rural

Prestigiar o acesso à terra de quem quer produzir gerando riquezas para si e para a nação. Evitar a especulação
imobiliária e mitigar o êxodo rural.
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Reformulação da estrutura fundiária

Meios para combater latifúndios e minifúndios e evitar a especulação imobiliária. Desde 1822 que tentamos
estruturar a política agrária.

Progresso econômico e social

É o resultado de um trabalho de política agrária e imposição da legislação a fim chegarmos a melhorias e qualidade
de vida do trabalhador do campo.

Preservação Ambiental

Produzir de forma racional e adequada a proteção do meio ambiente.

A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL (PERSPECTIVAS ECONOMICA, SOCIAL E ECOLÓGICA)

CF, Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Lei 8629/93, Art. 9º A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo graus e critérios estabelecidos nesta lei, os seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores
§ 1º Considera-se racional e adequado o aproveitamento que atinja os graus de utilização da terra e
de eficiência na exploração especificados nos §§ 1º a 7º do art. 6º desta lei.
§ 2º Considera-se adequada a utilização dos recursos naturais disponíveis quando a exploração se faz
respeitando a vocação natural da terra, de modo a manter o potencial produtivo da propriedade.
§ 3º Considera-se preservação do meio ambiente a manutenção das características próprias do meio
natural e da qualidade dos recursos ambientais, na medida adequada à manutenção do equilíbrio
ecológico da propriedade e da saúde e qualidade de vida das comunidades vizinhas.
§ 4º A observância das disposições que regulam as relações de trabalho implica tanto o respeito às
leis trabalhistas e aos contratos coletivos de trabalho, como às disposições que disciplinam os
contratos de arrendamento e parceria rurais.
§ 5º A exploração que favorece o bem-estar dos proprietários e trabalhadores rurais é a que objetiva
o atendimento das necessidades básicas dos que trabalham a terra, observa as normas de segurança
do trabalho e não provoca conflitos e tensões sociais no imóvel.
§ 6º (Vetado.)

TERRA = FRUTOS, RIQUEZA, TRABALHO E EMPREGO (Propriedade produtiva que gera riquezas, atendendo a função
social (art. 185, II, p. único e art. 2.º Lei 8629/93 e art. 9.º). Perspectiva econômica, ecológica e social. (art. 5.º, XXIII, art.
6.º, art. 170 e art. 186)

CF, Art. 185, II, Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará
normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
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Lei 8629/93, Art. 2º A propriedade rural que não cumprir a função social prevista no art. 9º é passível
de desapropriação, nos termos desta lei, respeitados os dispositivos constitucionais.

Lei 8629/93, Art. 9º A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo graus e critérios estabelecidos nesta lei, os seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Perspectiva econômica, ecológica e social

CF, Art. 5º, XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;


CF, Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 90, de 2015)

CF, Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de
1995)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

CF, Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

CONSEQUENCIAS: Adequação da propriedade imobiliária ao progresso social e ao desenvolvimento econômico (explica


como se deve ser explorado o imóvel e como se faz para dirimir o conflito agrário)

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