Introdução
Os semicondutores provocaram uma verdadeira revolução na tecnologia da eletrônica.
Nenhum aparelho eletrônico atual, desde um simples relógio digital ao mais avançado
dos computadores, seria possível sem os mesmos.
O átomo
O átomo, por sua vez, é formado por partículas. A sua estrutura lembra o sistema solar,
mas de dimensões ínfimas. No lugar do sol, um núcleo formado por um aglomerado de
partículas. Orbitando em torno do núcleo, um outro conjunto de partículas.
São três as partículas fundamentais do átomo: prótons, nêutrons e elétrons (na realidade
existem mais. Mas isso é assunto de física avançada e não é necessário para o objetivo
deste estudo).
Os nêutrons podem estar ou não presentes no núcleo e não têm carga elétrica. Sua
massa é próxima da do próton.
Os elétrons estão sempre nas órbitas e têm carga elétrica negativa, mas de valor
absoluto igual à do próton. Sua massa é cerca de 1/1840 da massa do próton.
Figura 01
Lembrar que prótons, nêutrons e elétrons são únicos e não são diferentes em cada
elemento. Assim, o que caracteriza um elemento é a quantidade destas partículas no
átomo. Mais especificamente, é o número de prótons no núcleo. Isso é denominado
número atômico e é característica única de cada elemento. Elementos diferentes têm
sempre números atômicos diferentes.
Níveis de energia
A maneira com que os elétrons se distribuem nas órbitas em torno do núcleo não é
aleatória. Segue regras bem definidas, que são as mesmas para todos os elementos.
Um elétron em órbita tem uma energia potencial que depende da sua distância até o
núcleo e uma energia cinética que depende da sua velocidade. A soma de ambas é a
energia total do elétron.
Aqui não cabem considerações mais profundas sobre a teoria quântica. Ela diz, em
linhas gerais, que os estados da matéria não variam continuamente, mas sim em
pequenos intervalos discretos, chamados quanta. No mundo prático isso não é
perceptível porque os valores são muito pequenos. Mas os elétrons são partículas
elementares e o seu comportamento é bem definido por tais intervalos. Assim, a energia
total que o elétron pode ter é definida em valores discretos e, portanto, ele só pode
ocupar determinadas órbitas ou níveis de energia. Os níveis possíveis são sete e estão
representados na Figura 01 deste tópico.
Figura 01
O número máximo de elétrons que cada nível pode ter é limitado segundo o princípio
de exclusão de Pauli:
É regra geral na natureza a estabilização na menor energia possível. Assim, os níveis são
preenchidos na seqüência do menor para o maior e um nível só poderá conter elétrons se
o anterior estiver completo. Ver exemplo da Figura 01 do tópico anterior.
Os elétrons em cada nível ocupam subníveis e cada um pode conter um número máximo
de elétrons e são, de forma similar, preenchidos do menor para o maior. As designações
e números máximos são dadas a seguir.
Subnível s p d f
Valor máximo 2 6 10 14
É evidente que, por exemplo, o nível 1 só pode ter o subnível s, pois o número máximo
do nível é 2. Já o nível 2 pode ter os subníveis s e p e assim sucessivamente.
Valência
Nível 1 2 3 4
Subnível s s p s p d s
Elétrons 2 2 6 2 6 10 1
O número de elétrons de valência é um fator importante do elemento. Ele define a
capacidade do átomo de ganhar ou perder elétrons e de se combinar com outros
elementos. Muitas das propriedades químicas e elétricas dependem da valência.
1s22s22p63s23p63d104s1.
Bandas de energia
Quando os átomos não estão isolados mas juntos em um material sólido, as forças de
interação entre eles são significativas. Isso provoca uma alteração nos níveis de energia
acima da valência. Podem existir níveis de energia não permitidos, logo acima da
valência.
Figura 01
Para que um material conduza eletricidade, é necessário que os elétrons de valência, sob
ação de um potencial elétrico aplicado, saltem do nível de valência para um nível ou
banda de condução.
Conforme Figura 01, em um material condutor quase não existem níveis ou banda de
energia proibidos entre a condução e a valência e, portanto, a corrente flui facilmente
sob a ação do campo elétrico.
Um material isolante apresenta uma banda proibida de grande extensão entre a valência
e condução. Pos isso, dificilmente há condução da corrente.
Figura 01
No estado puro, cada par de elétrons de átomos distintos forma a chamada ligação
covalente, de modo que cada átomo fica no estado mais estável, isto é, com 8 elétrons
na camada externa.
Figura 02
O cristal irá conduzir e, devido à carga negativa dos portadores (elétrons), é
denominado semicondutor tipo n.
Notar que o material continua eletricamente neutro, pois os átomos têm o mesmo
número de prótons e elétrons. Apenas a distribuição de cargas muda, de forma a permitir
a condução.
Agora a situação inversa conforme Figura 03: uma impureza com 3 elétrons de valência
(alumínio, por exemplo) é adicionada.
Figura 03
Alguns átomos de silício irão transferir um elétron de valência para completar a falta no
átomo da impureza, criando um buraco positivamente carregado no nível de valência e o
cristal será um semicondutor tipo p, devido à carga positiva dos portadores (buracos).
Figura 01
No estado normal, o semicondutor é eletricamente neutro, pois os átomos tanto do
semicondutor quanto da impureza têm iguais números de elétrons e prótons.
Figura 02
Esse conjunto, denominado diodo de junção, funciona como um retificador. Na Figura
02, uma curva típica (não em escala) e o seu símbolo elétrico.
e: carga do elétron.
k: constante de Boltzmann.
T: temperatura absoluta.
Figura 03
A Figura 03 mostra a parte inicial da polarização direta de um diodo no qual a
concentração de impurezas nas partes P e N é muito grande.
Nessa condição, a região efetiva de junção é muito estreita e alguns elétrons podem
pular a barreira de potencial, resultando em diminuição da corrente com o aumento da
tensão em uma determinada faixa.
O fenômeno é denominado efeito túnel e diodos assim construídos são ditos diodos
túnel.
Diodos túnel são componentes muito úteis para circuitos osciladores simples e de alta
freqüência.