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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU)

Magnun Vieira Barbosa (11511HIS044)

Trabalho Final de Um Olhar sobre a História dos Estados Unidos.

Uberlândia
2018
Introdução

Esse trabalho se dividirá em dois momentos. Em primeira instância irei levantar algumas
questões sobre buscando pontuar o que mais me afetou emocionalmente enquanto leitor
e o que mais me instigou enquanto historiador em formação. Em um segundo momento
farei uma breve conclusão buscando determinar minha perspectiva sobre a obra, seu
impacto e relevância, dentro da ótica dos debates feitos durante a disciplina Um Olhar
sobre a História dos Estados Unidos.

O livro e suas nuances

Os primeiros capítulos de um romance geralmente tratam de clichês baratos que,


automaticamente, nos induz a completar a narrativa quase que de imediato. O mesmo não
ocorre em Americanah, as angustias da personagem que transparecem o “Eu” da autora
se mostram instigantes, mais que sentimentais. A perspectiva de Ifemelu sobre ela
mesma, mostra os tormentos que carregam não só um indivíduo deslocado, mas sim os
conflitos internos, como a questão do peso, a frustração, o amor, e isso se mostra
cativante.

Ao desenvolver do primeiro capítulo, Ifemelu nos traz seu olhar sobre um negro
não americano na américa, e de que forma isso impacta sua essência. Até mesmo sobre a
questão de peso, em um país com altos índices de obesidade. No mais é interessante ver
como os pontos de contato entre cultura e cotidiano se dão. A dança das máscaras, mostra
que nem todo branco com dread tem consciência, assim como nem todo gerente
conservador de banco, vive os ecos da KKK. É interessante ver que esse balanço feito por
Ifemelu nos leva a compreender, o que isso fez a ela, não apenas as surpresas dos
indivíduos, mas também estar em um país que viveu regime de escravidão.

Sua persona nigeriana, nada significava ali, com exceção do exótico creio eu.
Ifemelu era apenas mais uma estudante negra, dentro de uma leitura estadunidense,
carregada de preconceitos e determinações. Não surpreende que aos poucos, isso vá
permeando Ifemelu, até chegarmos em suas angústias, onde ela se vê engessada em um
relacionamento frustrante, cansada de um lugar que lhe fez perder o contato com seu eu,
e de certo modo com um amargor americano, que se reflete no processo de manutenção
do lócus de sua resistência, enquanto mulher negra e nigeriana, o seu cabelo.

Dentro do espectro de angústia da personagem, temos Obinze que também é


conhecido por “Teto”, um apelido que entrega outro aspecto da personagem, o sexual.
Questões mal resolvidas com Obinze voltavam a Ifemelu, e como se mostra mais adiante,
ao entrar em contato com Obinze, esses sentimentos vêm à tona no mesmo. Embora
amasse sua mulher, sua filha, as questões com Ifemelu eram marcantes. Dentro da
apresentação de Obinze, podemos entender um pouco mais sobre a faixa social de Obinze
e Ifemelu, como se dão as relações ali, principalmente sobre a questão dos “favores”,
associados a uma ascensão econômica. Um interessante jogo entre luxuria e dinheiro.

O episódio da infância de Ifemelu, mostra que a personagem já tinha uma


personalidade forte desde tempos atrás. E nos permite ter um contato com a esfera
religiosa na vida da personagem e como isso a incomoda, a medida que serve para manter
o status do mesmo grupo que favorece Obinze, um grupo que busca a manutenção e
ampliação de um patrimônio pessoal e que reforça a desigualdade e a miséria na Nigéria,
levando a mentalidades como a do motorista de Obinze, que naturaliza e reproduz tal
condição, exilando o problema nos sombrios campos do desprezo.

Esse episódio segue por uma efervescência de personagens e suas significações


na vida de Ifemelu, mas focarei aqui na Tia Uju, que representa em minha leitura, um
marco na vida de Ifemelu, por ser mais bem-sucedida que o pai, por gerar essa dicotomia
sexista que atormentava o pai já que Uju era melhor sucedida. Mas o interessante é que
Uju também representa esse mesmo sistema que Ifemelu detesta, o do “puxa saquismo”,
sem contar que nos traz um elemento já incluso na apresentação de Obinze, o fato do
casamento estar associado a uma questão social e econômica uma questão social e
econômica.

Uju é uma figura importante, pois nos apresenta a certa medida, um espelhamento
de Ifemelu, à medida que anseia ser aceita em uma faculdade nos EUA e ir morar com tia
Uju, é importante não descartar as, mas condições das faculdades nigerianas. É claro que
isso vai levar as angústias do começo do livro, pois Ifemelu se distância dos seus lócus
enquanto ser, suas raízes e afetos, e isso pela busca de melhores condições dentro de um
contexto de apontamentos ruins, a dificuldade de entrada de nigerianos nos EUA, a
diferença econômica e racial, que influem diretamente no cotidiano. É o ímpeto do
aventureiro social, que se envereda pela selva econômica em busca dos louros de uma
possível descoberta, nesse caso de uma condição melhor de vida.

Uju também traz consigo, mais questões relacionadas ao sexo e sexualidade, nesse
caso o aborto e gravidez. Embora Ifemelu aponte ter uma sexualidade mais aberta, existia
uma tensão muito grande com a gravidez e o possível aborto de Uju. Temos também a
questão moral a respeito do sexo, já Uju era uma mulher que transava com vários sujeitos
a fim de alcançar objetivos, o que não é muito diferente do que Obinze fez pra conseguir
um upgrade na condição social, se levarmos em conta que o sexo é o único elemento que
está em cheque aqui.

Quando Ifemelu vai viver com tia Uju, temos uma dimensão social importante,
que sem dúvidas enriquece muito mais a construção romântica do livro. O drama de
imigrantes nigerianos nos EUA, escola ruins, o receio de perder a identidade, o meio
urbano como um solvente das singularidades e a mídia como instrumental de medo e
lucro, a medida que gera insegurança e vende a mesma. Podemos pontuar a personagem
Jane que tinha medo que seu filho se tornasse um negro americano. Dike, primo de
Ifemelu também sofria com essa insegurança fomentada pela mídia, era vítima de
racismo, tem uma passagem no livre em que seu cabelo era chacota, e sem contar na
“esteriotipização “, de negro viciado, quando alguns colegas sempre o indagavam sobre
possuir drogas.

Esse é um elemento constante no livro, essa polarização, negro americano e negro


nigeriano. Não sei se de forma consciente ou inconsciente, a autora nos traz essa
“inferioridade”, do negro norte americano, não sei se por impacto da mídia ou por a
construção de uma determinação nigeriana. É claro que não aponto aqui a autora como
hegemônica, mas é interessante reparar no que surge desse choque cultural, assim como
um choque de partículas no colisor de Hádrons, que traz à tona novas partículas, esse
coque cultural me traz esse sentimento. Pois tem-se contextos muito diferentes, não tem
como um negro nigeriano ter a dimensão do que é ser um negro americano e vise e versa.
Pode se ter uma perspectiva teórica, claro, mas, é no cotidiano que se dá a concretude, as
manifestações do real. A própria Ifemelu vive isso, pois seu reconhecimento nos Estados
Unidos é muito diminuto em comparação a Nigéria. Creio que a figura do próprio Dike
nos ajude a compreender o que é ser esse “camaleão social”, a medida que se altera o
modo de falar pra ser aceito. Aceitação parece ser uma palavra que não só permeia Dike,
mas também é algo que a todo momento vem à tona no livro. Seja ser aceito pelos outros
ou por si mesmo, como mostra o embate interno de Ifemelu. É interessante pois a tônica
da raiz e da originalidade é o cenário de atuação dessa aceitação.

A parte em que Ifemelu volta pra Lagos na Nigéria, traz a o resultado desse embate
cultural, Ifemelu passa a ser um não lugar, embora soe estranho, Ifemelu se torna a negra
não americana na América e a negra não africana na África, ela se torna uma Americanah.
O livro vai se tornando o choque dos não espaços, Ifemelu não sabe responder o motivo
dos negros serem representados como bandidos através da Deo Cops, e é interessante ter
contato com essa visão dos Nigerianos sobre os estereótipos e a recepção dos produtos
culturais pela mídia.

O encontro de Obinze e Ifemelu tão esperado no livro acontece, e todo o contexto


tem contato com os clichês de um romance, como o nervosismo de Ifemelu, mas isso não
diminui a beleza do encontro. Consequentemente acabam transando e isso é o estopim
para as tensões que se sucedem. Ambos são frutos de suas escolhas, essas inclusive que
os levaram ao fim do relacionamento, como ir para os EUA, e conseguir um status social.
O casamento de Obinze é a pedra que tenciona esse relacionamento. A esposa de Obinze,
Kosi, sabe da traição, mas não toca no assunto para a manutenção da família, reforçando
a ideia do casamento associado a uma servidão econômico-social.

Obinze busca espairecer a mente e acaba concluído que Ifemelu é seu ideal
naquele momento, mas a mesma ignora suas ligações. Ifemelu se distância dos clichês de
garota apaixonada, é uma personagem forte e bem construída e isso fica evidente em sua
postura quanto a situação que fica com Obinze após o reencontro. Após a trama
envolvendo o reencontro é interessante que situações passadas voltam a acontecer,
Ifemelu sai com alguém com quem não tem o mesmo afeto que Obinze. Obinze se vê
cercado por uma esfera de “puxa saquismo”, que o mandam esquecer Ifemelu, afinal de
contas não a lugar para sentimentos na escalada social. Sete meses depois Obinze aparece
na porta de Ifemelu e se encontram novamente, buscando começar um novo
relacionamento, a medida que ambos não são mais os mesmos.
Considerações

Após a leitura do livro, tive um abala muito grande, não só pela história muito
cativante escrita pela Chimamanda Ngozi Adiche, mas também pelos debates que o livro
proporciona, ao leitor consigo mesmo. Creio que o mais impactante é o choque cultural
que Ifemelu sofreu e que a levou, pelo menos em um olhar externo, ao seu não lugar, a
ser uma americanah. O livro aborta várias temáticas contundentes, racismo, os
estereótipos, sexismo, feminismo, corrupção, e permite que, de forma quase espontânea
o leitor faça essas abstrações e confronte e realidade. Sem cerca de dúvidas é uma obra
que impacta e dialoga muito bem com todas as esferas passadas na disciplina, a música
conflitante entre ela e Obinze, e o como se dá as recepções desses produtos culturais.
Filmes nigerianos e filmes americanos, e o oposto de estéticas. A literatura, que claro,
está atrelado não só a questões de um público específico, mas trata questões que vão além
do racial, o amar, o ser mulher, a insegurança, paixões, frustrações e raiva. Ifemelu não é
rasa como uma personagem clichê de romance, mas sim uma personagem forte e a qual
me identifico, por mais estranho que possa parecer, ou não.

Referência Bibliográfica

ADICHE, Chimamanda Ngozi – Americanah. São Paulo, Cia das Letras.

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