Tokoname é uma cidade famosa pelas suas cerâmicas. Ela faz parte do chamado Rokkoyo, os seis distritos
mais antigos que produzem cerâmica. As outras são: Shigaraki(Shiga-ken), Tanba (Hyogo-ken), Echizen
(Fukui-ken), Bizen (Okayama-ken) e Seto (também em Aichi-ken).
Para visitar a região onde as cerâmicas são produzidas e comercializadas, basta seguir o chamado
"Yakimono Sanpomichi" (a trilha da cerâmica). Ao longo do caminho é possível apreciar as tubulações
cerâmicas para saneamento e esgoto que pavimentam as ruas, e potes enormes que são utilizados na
produção de shoyu. Chaminés antigas feitas de tijolos de barro enfeitam a cidade e, é claro, falando de
bonsai, você encontrará em Tokoname a maior concentração de ceramistas especializados na arte de criar
e produzir vasos para este fim. Os artesãos descobriram um nicho de mercado muito interessante para
canalizar sua arte e aproveitaram para criar uma marca forte, não apenas de um único ceramista, mas a
união de todos os ceramistas da região – A cerâmica Tokoname. O sonho de consumo de qualquer
bonsaista ao redor do mundo.
Já no Brasil, a arte de vasos para bonsai não está difundida e são poucos os ceramistas que migram para
o desenvolvimento desta arte. Por outro lado, os próprios bonsaistas começaram a se interessar mais
pelos vasos gerando uma nova demanda e terminaram por descobrir que o mesmo é tão importante para
seu projeto quanto a própria árvore.
- Argilas em tons de creme ou marfim são mais claras e, com a esmaltação, se obtém vasos em
tons de azul, verde e marrom. Ideais para árvores frutíferas ou com flores.
- Argilas terracota com porcentagens de óxido de ferro (em torno de 2%) são usadas para vasos em
tons de marrom fosco. Estes vasos são mais utilizados para árvores coníferas.
- Vasos mais claros com esmaltes brilhantes são produzidos com queimas em fornos elétricos e
temperaturas que variam de 1220 a 1300ºC.
- Vasos sem esmaltes, mais escuros e foscos são queimados em fornos a gás ou a lenha com
redução de oxigênio (denominação utilizada quando a chaminé do forno é quase totalmente fechada) de
aproximadamente 1 hora e temperaturas que variam de 1180 a 1300ºC.
Para que você possa conhecer melhor o trabalho de um ceramista, dividi o processo de queima em alta
temperatura (1220 a 1300ºC) em dez fases:
DESAFIOS
Depois de diversas experiências e produções, meu trabalho se destaca pelas peças com até 45
centímetros de largura. Minha escolha se deve principalmente pela limitação imposta pelos fornos onde
faço as minhas queimas. Mas, para nós ceramistas, as limitações representam desafios e a descoberta de
novos materiais. Por isso, tenho trabalhado na pesquisa de novas argilas para produção de peças
maiores.
Aumentar o tamanho de um vaso parece ser muito simples, mas, pelo contrário, representa o
desenvolvimento de novas técnicas que mantenham a estabilidade do fundo da peça que, durante o
processo de produção, sofre ondulações quando submetida a queimas de alta temperatura.
A produção de um vaso é uma mistura de aprendizados – física, química, artes plásticas e outras técnicas.
É uma pesquisa incansável na busca do equilíbrio e da perfeição. Não é um trabalho de apenas um
ceramista. É um esforço conjunto dos ceramistas envolvidos com a produção da arte que completa o
bonsai.
Hoje, no Brasil, devemos replicar as técnicas, o engajamento, o compromisso e a união dos ceramistas de
Tokoname. Devemos incentivar a produção artesanal de novos artistas e bonsaistas. Valorizar o “vaso”
como parte integrante da composição e estética do bonsai é fortalecer nossa arte e agregar valor ao nosso
desenvolvimento.
Sergio Onodera