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AUTISMO INFANTIL

Texto 1

A adolescência é um período de profundas mudanças internas e externas do organismo global,


física e mentalmente. É também a idade predileta para a eclosão da maioria dos transtornos
emocionais. Entre os transtornos emocionais da adolescência o mais temido é a psicose, tanto
por sua gravidade e impacto que produz no entorno do paciente, quanto pelo prognóstico e
necessidade de tratamento imediato.

Assim sendo, na adolescência, mais que em qualquer outro período da vida, o médico deve se
esforçar, sobremaneira, para estabelecer diagnósticos e prognósticos, com especial zelo para
a Esquizofrenia, pois, como sabemos, esta é a idade preferida para o início desse transtorno.
Ainda assim, não devemos deixar de suspeitar dos Transtornos do Humor, os quais também
aparecem nesta idade e com características bastante enganosas.

A Classificação Francesa dos Transtornos Mentais da Criança e do Adolescente (CFTMEA),


considera separadamente o Transtorno Psicótico da Criança e do Adolescente, ao contrário
das classificações internacionais de doenças (CID.10 e DSM IV) que não têm uma categoria
específica para esses transtornos.

A classificação francesa considera que, devido ao fato dos sintomas psicóticos que aparecem
na infância e na adolescência comportarem características específicas e diferentes dos
mesmos quadros em adultos, justificaria uma consideração e uma classificação em separado.

Uma das principais preocupações dos psiquiatras de crianças e adolescentes é, sem dúvida, a
psicose. O máximo cuidado para o diagnóstico se reforça, primeiro, evidentemente, na
importância do tratamento precoce para alívio do paciente e de seus familiares e, em segundo,
devido ao risco de evolução incapacitante da doença, cujo momento de maior perigo para
seqüelas invalidantes se situa nos dois primeiros anos da psicose.

Além de tudo, considerando a grande especificidade atual dos medicamentos psiquiátricos, há


uma imperiosa necessidade de bons conhecimentos sobre o quadro do Transtorno do Humor
Grave com Sintomas Psicóticos e suas diferenças com a Psicose Esquizofrênica, já que
existem significativas diferenças de prognóstico e de tratamento entre essas duas patologias.

Finalmente, todo esse cuidado é mais do que justo, se considerarmos os efeitos


potencialmente iatrogênicos de um diagnóstico errado sobre algum transtorno psiquiátrico
crônico, diagnóstico esse capaz de modificar profundamente a relação do paciente consigo
mesmo e com os demais, além das atitudes negativas por parte de seu entorno familiar e
social.

Para que a palavra autismo não perca sua precisão médica, especialistas do mundo todo
concordam em utilizar alguns critérios de diagnóstico internacionalmente reconhecidos. O mais
recente esquema de diagnóstico é aquele descrito no Manual de Diagnóstico e Estatístico
(DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria.

Muito parecido e igualmente válido é a recomendação para diagnóstico da Classificação


Internacional de Doenças (CID-10). Essas classificações passam a denominar o Autismo
Infantil com o nome de Transtorno Autista.
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Transtorno do Desenvolvimento

Na classificação do DSM.IV, o Transtorno Autista está localizado dentro dos Transtornos


Invasivos do Desenvolvimento, portanto, essencialmente, o Autismo Infantil é um transtorno do
desenvolvimento da pessoa, em outras palavras, é um transtorno constitucional. A
classificação CID.10, da mesma forma, fala do Transtorno Autista como um transtorno global
do desenvolvimento, caracterizado assim um desenvolvimento anormal ou alterado, o qual
deve se manifestar antes da idade de três anos e apresentar uma perturbação característica
das interações sociais, comunicação e comportamento.

Para termos melhor idéia do que se quer dizer com transtorno do desenvolvimento, seria
importante discorrer um pouco mais sobre o que se poderia entender por desenvolvimento. A
pessoa atual, portanto, desenvolvida e tal como se encontra aqui e agora, obedece
invariavelmente a seguinte fórmula biossociológica:

Fenótipo = Genótipo + Ambiente.

Essa fórmula significa que somos agora (fenótipo), uma somatória daquilo que trouxemos para
o mundo, através de nossos genes (genótipo), com aquilo que o mundo nos deu (ambiente).
Assim sendo, devemos buscar no cerne do indivíduo, considerado em sua totalidade única, a
mistura enigmática do inato com o adquirido, do biológico com o ambiental e/ou, finalmente, da
pessoa com sua cultura.

Em suma, devemos entender por desenvolvimento as mudanças sofridas pela pessoa, ao


longo de sua vida, resultantes de sua interação com o ambiente. O ambiente é, para o
indivíduo, uma fonte de estímulos das mais variadas naturezas, estímulos que determinarão no
indivíduo uma série de interações e respostas e estas, finalmente, determinarão mudanças
significativas no curso de sua vida. Os estímulos, sejam eles físicos, alimentares, sensoriais,
cognitivos ou emocionais, são necessários para a mudança da pessoa, mudança que pode ser
entendida como desenvolvimento.

Como nosso tema é o sistema psíquico, interessa aqui o desenvolvimento neuropsicológico.


Sem estímulos sensoriais, cognitivos ou emocionais não haverá mudanças neuropsicológicas
e, sem estas, não haverá possibilidade de crescimento ou desenvolvimento neuropsicológico
do indivíduo. Mas, para que essa seqüência evolutiva se dê a contento, há necessidade de um
suporte biológico global suficiente e capaz de receber adequadamente esses estímulos. Um
sistema neuropsicológico alterado ou funcionando precariamente, seja por razões orgânicas ou
emocionais, não poderá se aproveitar plenamente dos estímulos recebidos.

Deduz-se disso, que para haver desenvolvimento deve haver mudanças no organismo e, para
haver mudanças deve haver estímulos e suporte biológico suficiente para recebê-los e integrá-
los. Portanto, havendo alteração neuropsicológica significativa, o desenvolvimento poderá ser
seriamente comprometido. Da mesma forma, podemos dizer que faltando estímulos suficientes
e na época oportuna também não haverá desenvolvimento satisfatório.

Não havendo, pois, condições psico-neurológicas para um adequado recebimento de


estímulos, não haverá adequado desenvolvimento, não havendo desenvolvimento adequado
haverá prejuízo de várias áreas da performance humana. No Transtorno Autista há prejuízo
severo das interações inter-pessoais, da comunicação e do comportamento global.

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Histórico do Conceito de Autismo

Em 1943, Kanner estudou e descreveu a condição de 11 crianças consideradas especiais.


Nessa época, o termo Esquizofrenia Infantil era considerado sinônimo de Psicose Infantil mas,
as crianças observadas por Kanner tinham características especiais e diferentes das crianças
esquizofrênicas. Elas exibiam uma incomum incapacidade de se relacionarem com outras
pessoas e com os objetos. Concomitantemente, apresentavam desordens graves no
desenvolvimento da linguagem.

A maioria delas não falava e, quando falavam, era comum a ecolalia, inversão pronominal e
concretismo. O comportamento delas era salientado por atos repetitivos e estereotipados; não
suportavam mudanças de ambiente e preferiam o contexto inanimado. O termo autismo se
referia à características de isolamento e auto-concentração dessas crianças, mas também
sugeria alguma associação com a esquizofrenia.

No final da década de 70 Rutter descreveu o Transtorno Autista como sendo uma síndrome
caracterizada pela precocidade de início e, principalmente, pelas perturbações das relações
afetivas com o meio. Dizia que o autista possuía uma incapacidade inata para estabelecer
qualquer relação afetiva, bem como para responder aos estímulos do meio. Daí em diante,
vários pesquisadores foram revelando uma distinção cada vez mais evidente entre o autismo e
a esquizofrenia.

O próprio Kanner viria a reconhecer que o termo autismo não deveria se referir, nestes casos,
à um afastamento da realidade com predominância do mundo interior, como se dizia acontecer
na esquizofrenia. Portanto, mesmo para ele não haveria no autismo infantil um fechamento do
paciente sobre si mesmo, mas sim, uma tipo particular e específico de contato do paciente com
o mundo exterior.

Na década de 50 os autores norte-americanos, por mero pudor da palavra psicose,


denominavam essas crianças como crianças atípicas ou possuidoras de um desenvolvimento
atípico ou excepcional. A partir da década de 60 definiu-se as psicoses infantis em dois tipos,
as psicoses da primeira infância e as psicoses da segunda infância. Dentre as psicoses da
primeira infância foi colocado o Autismo Infantil Precoce. Portanto, foi entendido como um
transtorno primário, diferente das outras formas de transtornos infantil secundários à lesões
cerebrais ou retardamento mental.

Na Europa, notadamente na França, o conceito de Esquizofrenia Infantil foi substituído pelo


conceito de Psicose Infantil, bem onde se enquadra o Autismo. Portanto, também para os
franceses, o Autismo Infantil é uma psicose. Mais precisamente, o termo psicose infantil
precoce se aplica às psicoses que se iniciam na primeira infância, enquanto a Esquizofrenia
Infantil, propriamente dita, ficou reservada aos quadros com início mais tardios, porém, que
surgem depois da criança Ter passado por um desenvolvimento relativamente normal.

Incidência

Os números de incidência do Autismo Infantil divulgados por diversos autores variam muito, à
medida que cada autor obedece e/ou aceita diversos critérios de diagnóstico, de tal forma que
o que para uns é Autismo Infantil, para outros não é. De qualquer forma, os índices atualmente
mais aceitos e divulgados variam dentro de uma faixa de 5 a 15 casos em cada 10.000
indivíduos, dependendo da flexibilidade do autor quanto ao diagnóstico.
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Alguns autores têm alegado uma maior incidência, de até 21 casos por 10.000, tendo em vista
o aprimoramento dos meios de investigação psico-neurológicas mais recentes e da maior
flexibilidade para o diagnóstico, entretanto, quando o autismo é mais rigorosamente
classificado e diagnosticado, em geral são relatadas taxas de prevalência de 2 casos para
10.000 habitantes. Porém, independentemente de critérios de diagnóstico, é certo que a
síndrome atinge principalmente crianças do sexo masculino. As taxas para o transtorno são
quatro a cinco vezes superiores para o sexo masculino, entretanto, as crianças do sexo
feminino com esse transtorno estão mais propensas a apresentar um Retardo Mental mais
severo que nos meninos.

Causas

Até hoje o Transtorno Autista carece de maiores explicações médicas para seu aparecimento.
Alguns autores tentaram estabelecer uma relação da frieza emocional das mães e dos pais
com o desenvolvimento autista. O próprio Kanner julgava que a atitude e comportamento dos
pais pudessem influir no aparecimento da síndrome. Ele havia observado em seus 11
pacientes iniciais que ele seus pais eram intelectualizados e emocionalmente frios, na grande
maioria dos casos.
Tem sido evidente que, embora seja muito importante no desenvolvimento do transtorno a
dinâmica emocional familiar, esse elemento não é suficiente em si mesmo para justificar o seu
aparecimento. Portanto, o autismo não parece ser, em sua essência, um transtorno adquirido
e, atualmente, o autismo tem sido definido como uma síndrome comportamental resultante de
um quadro orgânico.

Trabalhos em todo o mundo já propuseram teorias psicológicas e psicodinâmicas para explicar


o autismo e as psicoses infantis, principalmente numa época onde a investigação funcional e
bioquímica do sistema nervoso central era ainda muito acanhada.

Sintomas

Se for preciso apontar um sintoma essencial, básico e primário para o Autismo Infantil, esse
sintoma seria o severo déficit cognitivo, a mais importante desvantagem dessas crianças em
relação às outras. Mesmo as profundas alterações no inter-relacionamento social, típicas do
autismo, seriam secundárias ao déficit cognitivo básico. A prevalência sintomatológica começa
a ser dada aos déficits cognitivos, em relação ao social. E existe a hipótese do autismo
constituir-se num específico prejuízo do mecanismo cognitivo de representação da realidade.

Também é universalmente reconhecida a grande dificuldade que os autistas têm em relação à


expressão das emoções. Faria parte dessa anormalidade específica uma incapacidade de
reconhecer a emoção no rosto dos outros, uma falha constitucional envolvendo os afetos, uma
ausência de coordenação sensório- afetivo e déficits afetivos comprometendo as habilidades
cognitivas e de linguagem.

A incapacidade inata para o relacionamento pessoal no Transtorno Autista é reconhecido como


um dos sintomas principais desde a observação inicial de Kanner. Segundo ele "podemos
supor que estas crianças vieram ao mundo com a incapacidade inata de constituir
biologicamente o contato afetivo habitual com as pessoas, assim como outras crianças vêm ao
mundo com deficiências físicas ou intelectuais inatas".

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Diagnóstico

Para um diagnóstico médico preciso do Transtorno Autista, a criança deve ser muito bem
examinada, tanto fisicamente quanto psico-neurologicamente. A avaliação deve incluir
entrevistas com os pais e outros parentes interessados, observação e exame psico-mental e,
algumas vezes, de exames complementares para doenças genéticas e ou hereditárias.

Hoje em dia pode-se proceder alguns estudos bioquímicos, genéticos e cromossômicos,


eletroencefalográficos, de imagens cerebrais anatômicas e funcionais e outros que se fizerem
necessários para o esclarecimento do quadro. Não obstante, o diagnóstico do Autismo
continua sendo predominantemente clínico e, portanto, não poderá ser feito puramente com
base em testes e/ou algumas escalas de avaliação.

Segundo o DSM.IV, os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, onde se inclui o Autismo


Infantil, se caracterizam por prejuízo severo e invasivo em diversas áreas do desenvolvimento,
tais como: nas habilidades da interação social, nas habilidades de comunicação, nos
comportamentos, nos interesses e atividades. Os prejuízos qualitativos que definem essas
condições representam um desvio acentuado em relação ao nível de desenvolvimento ou idade
mental do indivíduo. Esta seção do DSM.IV inclui o Transtorno Autista, Transtorno de Rett,
Transtorno Desintegrativo da Infância e o Transtorno de Asperger.

De maneira mais ou menos comum, esses Transtornos se manifestam nos primeiros anos de
vida e, freqüentemente, estão associados com algum grau de Retardo Mental. Os Transtornos
Invasivos do Desenvolvimento são observados, por vezes, juntamente com um grupo de várias
outras condições médicas gerais, como por exemplo, com outras anormalidades
cromossômicas, com infecções congênitas e com anormalidades estruturais do sistema
nervoso central.
Embora termos como "psicose" e "esquizofrenia da infância" já tenham sido usados no
passado com referência a indivíduos com essas condições, evidências consideráveis sugerem
que os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento são distintos da Esquizofrenia, entretanto,
um indivíduo com Transtorno Invasivo do Desenvolvimento ocasionalmente pode, mais tarde,
desenvolver também a Esquizofrenia

Critérios Diagnósticos Transtorno Autista

A. Um total de seis (ou mais) ítens de (1), (2) e (3), com pelo menos dois de (1), um de (2) e
um de (3):
(1) prejuizo qualitativo na interação social, manifestado por pelo menos dois dos seguintes
aspectos:
(a) prejuizo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais tais como contato
visual direto, expressão facil postura corporais e gestos para regular a interação social.
(b) fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares apropriados ao nível do
desenvolvimento
(c) falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras
pessoas (por ex., não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse) falta de reciprocidade
social ou emocional

(2) prejuízos qualitativos da comunicação, manifestados por pelo menos um dos seguintes
aspectos:
(a) atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não acompanhando por
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uma tentativa de compensar através de modos a alternativos de comunicação tais como gestos
ou mímica)
(b) em indivíduos com fala adequada, acentuado prejuizo na capacidade de iniciar ou
desenvolver uma conversação
(c) uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática, falta de jogos ou
brincadeiras de imitação social variados e espontâneos apropriados ao nível do
desenvolvimento
(3) padrões restritos e repetitivos de comportamentos,. interesses, e atividades, manifestados
por pelo menos um dos seguintes aspectos:
(a) preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse,
anormais em intensidade ou foco
(b) adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não-funcionais
(c) maneiras motores estereotipados e repetitivos (por ex., agitar ou torcer mãos ou dedos, ou
movimentos complexos de todo o corpo)
(d) preocupação persistente com partes de objetos

B. Atrasos ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com início
antes dos 3 anos de idade; (l) interação social, (2) linguagem para fins de comunicação social,
ou (3) jogos imaginativos ou símbolos.
C. A perturbação não é melhor explicada por Transtorno de Rett ou Transtorno Desintegrativo
da Infância.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), através de sua Classificação Internacional das
Doenças, 10ª revisão (CID.10), refere-se ao Autismo Infantil (ou síndrome de Kanner) como
uma Síndrome existente desde o nascimento ou que começa quase sempre durante os trinta
primeiros meses, onde as respostas aos estímulos auditivos e às vezes aos estímulos visuais
são anormais, havendo, habitualmente, graves dificuldades de compreensão da linguagem
falada. A fala é atrasada e, quando desenvolve, caracteriza-se por ecolalia, inversão de
pronomes, imaturidade da estrutura gramatical e incapacidade de empregar termos abstratos.
Geralmente há uma alteração do uso social da linguagem verbal e gestual. Os problemas de
relação com os outros são os mais graves antes dos 05 anos de idade e comportam
principalmente um defeito de fixação do olhar, das ligações sociais e da atividade de brincar.
A CID.10 fala do comportamento ritualizado do autista, com hábitos anormais, resistências às
mudanças (sameness), apego à objetos singulares e brincadeiras estereotipadas. A
capacidade de pensamento abstrato ou simbólico e de fazer fantasias está muito diminuída
neste transtorno. O nível de inteligência varia do retardo profundo ao normal ou acima do
normal. O desempenho é habitualmente melhor para as atividades que requerem aptidões
mnêmicas ou visoespaciais automáticas do que para as que necessitam das aptidões
simbólicas ou lingüísticas.
Portanto, sobre o Autismo Infantil a CID.10 diz tratar-se de "um transtorno invasivo de
desenvolvimento definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometido que
se manifesta antes da idade de 3 anos e pelo tipo característico de funcionamento anormal em
todas as três áreas de interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo.
Sublinha que o transtorno ocorre em garotos três ou quatro vezes mais freqüentemente que em
meninas.

Repertório restrito de atividades e interesses

"Completando a tríade diagnóstica, um repertório restrito e pouco criativo de interesses e


atividades ocorre com as crianças autistas.

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Os interesses da criança autista costumam ser anormais ,principalmente, em seu foco e
intensidade. Por exemplo, indivíduos autistas podem aprender uma vasta quantidade de
informações sobre um determinado assunto, tal como carros ou novelas, memorizando uma
gama de informações e conversando de forma insistente e estereotipada sobre o assunto por
eles escolhido. Em sua atividade lúdica, costumam focar seu interesse em apenas um
determinado brinquedo ou determinada maneira de brincar (ex.: ficam enfileirando os carrinhos
durante horas) .

Os indivíduos autistas apresentam uma insistência na ‘mesmice’, que se apresenta pelo seu
comportamento inflexível e suas rotinas e rituais não funcionais, por exemplo, costumam seguir
sempre determinados caminhos até a escola, têm rituais para dormir ou se alimentar.
Mudanças no ambiente que a criança costuma freqüentar podem causar episódios de agitação
psicomotora e agressividade. Mudanças mínimas no ambiente costumam causar quadros mais
severos de agitação do que mudanças maiores. Por exemplo, uma menino autista de 5 anos
chorou durante quase uma hora até sua mãe perceber que havia retirado um livro de sua
estante; ao ter o livro reposto, parou de chorar em segundos.

As rotinas e rituais costumam se agravar na adolescência, chegando até a caracterizar um


diagnóstico de transtorno obsessivo-compulsivo.
Freqüentemente, crianças autistas vinculam-se de forma bizarra a determinados objetos ou
partes de objetos, tais como pedras, fios, a roda de um carrinho. Adoram objetos que brilham
ou que giram (por exemplo, tampas de panelas). Os objetos, usualmente selecionados a partir
de uma característica particular (cor, textura), permanecem com a criança durante horas ou
dias, e sempre que alguém tenta removê-los, a criança torna-se inquieta ou agressiva,
resistindo à mudança.

Movimentos corporais estereotipados são comuns e apresentam-se sob a forma de "flapping",


balanceio da cabeça, movimentos com os dedos, saltos e rodopios. Esses movimentos
costumam ocorrer, principalmente, entre os mais jovens e os que têm um funcionamento global
mais baixo. Apesar de também estar presentes nas crianças que apresentam apenas retardo
mental, nos autistas os movimentos costumam ser mais elaborados e intensos."

Quer a dislexia quer o autismo, a hiperactividade, as desordens de atenção, problemas de


aprendizagem e muitos outros problemas, são problemas com que nos deparamos no nosso
dia a dia e para os quais poucas soluções existem ou melhor poucas soluções se conhecem.

No entanto cada vez mais estão a surgir novas teorias e novas formas de aliviar e melhorar tais
problemas.

Texto 2

Analisando um pouco as situações, sabemos que a dislexia, o autismo, a hiperactividade, as


desordens de atenção, os problemas de aprendizagem, etc. se devem a disfunções (maus
funcionamentos) a nível do sistema nervoso. Como o sistema nervoso é um campo muito
vasto, vemos que existem muitas teorias mas por vezes as soluções tardam a dar resultados
ou esses resultados são inconsistentes resultando numas situações mas não em outras.

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A observação de pessoas e crianças com dislexia, autismo, hiperactividade, desordens de
atenção, problemas de aprendizagem e muitas outras condições tem mostrado a existência
de disfunções no corpo e no sistema sacro craniano.

Mais, tem-se visto que a correcção dessas disfunções resultam num melhoramento bastante
grande das condições (dislexia, autismo, hiperactividade, desordens de atenção, problemas de
aprendizagem, agressividade, maus comportamentos, depressão, etc.) que as pessoas ou
crianças apresentam.

Infelizmente muitas das disfunções existentes no corpo ou no sistema sacro craniano não são
detectáveis nos exames que actualmente se fazem e apenas podem ser detectadas e
corrigidas por pessoas que são treinadas para o efeito.

Uma vez que essas disfunções não são visíveis nos exames e uma vez que são muito poucas
as pessoas treinadas na sua detecção e correcção, estas disfunções passam completamente
despercebidos da grande maioria dos profissionais de saúde. E é desta forma que apenas se
detectam as consequências ou os resultados dos maus funcionamentos do corpo e do sistema
sacro craniano, mas não as suas causas ou origens.

Mas detectar as consequências é diferente de detectar e corrigir as causas.

São as alterações no corpo e no sistema sacro craniano que muitas das vezes criam
alterações no funcionamento do sistema nervoso.

Se o corpo não está bem, ele acaba por criar um desconforto constante que acaba por esgotar
e alterar todo o sistema nervoso e mental.

Mais; se o corpo não está bem ele interfere, afecta e altera todo o funcionamento do sistema
sacro craniano o qual por sua vez altera todo o sistema nervoso e mental.

O sistema sacro craniano (liquido céfalo-raquidiano; meninges e suas ligações ao sacro e ao


crânio) é o responsável pelo bom funcionamento do sistema nervoso pois é este sistema que
cria todo o ambiente fisiológico no qual o sistema nervoso vive, funciona e se desenvolve.

O liquido céfalo raquidiano e a sua circulação é extremamente importante para transportar


muitas substâncias neuroquimicas e para criar todo o ambiente fisiológico para que o sistema
nervoso possa funcionar correctamente.

Infelizmente é frequente usar-se a medicação para corrigir as disfunções do sistema nervoso


mas como se sabe:

• A medicação não cura.


• O problema é sempre um problema crónico que se irá manter.
• As causas não sendo corrigidas, o problema irá manter-se para o resto da vida.
• Muitas das disfunções que se observam no funcionamento do sistema nervoso devem-
se a disfunções no sistema sacro craniano que não são detectáveis nos exames
médicos que actualmente se fazem e dessa maneira não são corrigidas o que leva à
crença de que a medicação é a única solução para estes problemas.

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Problemas ou disfunções no sistema sacro craniano alteram o funcionamento do
sistema nervoso com as consequências que daí advêm:

Hiperactividade, Dislexia, Desordens de Atenção, Problemas de Aprendizagem, Maus


Comportamentos, Agressividade, Depressão, Autismo, Problemas Neurológicos, etc., etc.

Muitos destes problemas como a dislexia, autismo, hiperactividade, desordens de atenção,


problemas de aprendizagem, etc. sendo disfunções do sistema nervoso e este estando
dependente do bom funcionamento do sistema sacro craniano, é lógico pensarmos que
qualquer técnica ou terapia que melhore o funcionamento do corpo e ou do sistema sacro
craniano pode melhorar a condição não só de todo o sistema nervoso mas também de muitos
destes problemas.

É assim que a Terapia Sacro Craniana (ou Crânio Sacral) tem sido vista como um meio de
ajudar nestes problemas uma vez que melhora todo o funcionamento do sistema sacro
craniano que é o meio onde o sistema nervoso vive, funciona e se desenvolve. Nos EUA tem
sido usada desde os anos 80 e na Europa (incluindo Portugal) desde os anos 90 com muito
bons resultados em inúmeros casos.

Outra terapia muito boa é a Libertação Mio Fascial a qual para além de trabalhar o sistema
sacro craniano, à semelhança da Terapia Sacro Craniana, também trabalha todo o corpo
sobretudo toda a parte muscular e toda a fáscia (tecido conectivo) de todo o corpo. Esta é uma
terapia mais global e mais completa uma vez que trabalha todo o corpo sem excepções, pois a
fáscia (tecido conectivo) existe em todo o corpo.

A fáscia é o tecido conectivo que liga e mantém ligado todo o corpo, sendo esse tecido o
responsável pelos muitos problemas de saúde que não reagem positivamente aos tratamentos
clássicos apesar das boas técnicas e dos bons profissionais que as aplicam. Este tem sido um
tecido descurado uma vez que não existe qualquer exame ou análise que detecte as alterações
nele existentes ou seja, não se conseguem ver nem determinar quaisquer alterações nos
exames normais que se fazem. Apenas o microscópio electrónico consegue ver essas
alterações mas elas só se conseguem compreender quando se fazem comparações entre
tecidos. De outro modo, apenas profissionais experientes conseguem detectar e corrigir as
alterações existentes na fáscia (tecido conectivo), levando o corpo e o sistema sacro craniano
a um funcionamento mais normal e mais correcto.

Infelizmente a divulgação e reconhecimento quer da Terapia Sacro Craniana quer da


Libertação Mio Fascial têm passado despercebidos e assim a sua utilização tem estado
restringida às pessoas que não desistem de procurar soluções ou àquelas que têm tido
conhecimento destas terapias de uma ou de outra maneira.

Estas duas terapias visam detectar e corrigir disfunções no corpo e no sistema sacro craniano
procurando desta forma corrigir ou melhorar as causas do mau funcionamento quer do corpo
quer do sistema sacro craniano (meninges, liquido céfalo-raquidiano e os ossos envolventes -
sacro e crânio).

Hoje também se sabe que a dislexia e os problemas associados se devem a uma má


percepção que a pessoa ou criança têm daquilo que as rodeia, seja o mundo físico seja o seu
próprio corpo ou mesmo das letras ou palavras. O seu sistema proprioceptivo dá informações

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erradas e a pessoa ou criança agem de uma maneira incorrecta. Enquanto não se corrigir esta
situação não se pode esperar bons resultados das terapias e trabalhos que se façam.

É assim que as duas terapias acima visam corrigir o corpo e o sistema sacro craniano e dessa
forma corrigir as causas que estão por detrás da percepção que o seu sistema proprioceptivo
tem acerca do seu corpo e de tudo aquilo que rodeia a pessoa ou criança.

No entanto mesmo sem corrigir as causas, pode-se corrigir a maneira como os disléxicos
percepcionam o seu corpo, o mundo e as palavras através do uso de lentes prismáticas e de
correcções posturais, conhecimentos em que Portugal é pioneiro, exportando e dando
formação para todo o mundo apesar de em Portugal ainda serem coisas que se mantêm
desconhecidas ou ignoradas. No entanto os seus resultados são imediatos e eficazes.

Quanto ao autismo, ele tem sido visto como um problema neurológico e as únicas terapias que
actualmente conheço que melhoram esta condição são as duas acima (Terapia Sacro Craniana
e Libertação Mio Fascial) aplicando-as normalmente ou mesmo dentro de água, ou mesmo
com o uso de golfinhos.

Ballone GJ - Autismo Infantil, in. PsiqWeb, Psiquiatria Geral, Internet, disponível em


<http://www.psiqweb.med.br/infantil/autismo.html> 2002

SUGESTÃO BIBLIOGRÁFICA
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