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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

ENGENHARIA DE PETRÓLEO E GÁS

RAFAELA CAMPOS FURTADO

ABANDONO PERMANENTE DE POÇOS DE PETRÓLEO UTILIZANDO


RESINA EM SUBSTITUIÇÃO À CIMENTAÇÃO CONVENCIONAL

2018
Rio de Janeiro – RJ
RAFAELA CAMPOS FURTADO

ABANDONO PERMANENTE DE POÇOS DE PETRÓLEO UTILIZANDO


RESINA EM SUBSTITUIÇÃO À CIMENTAÇÃO CONVENCIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Veiga de
Almeida como parte dos requisitos
necessários para a aprovação no
Curso de Engenharia de Petróleo e
Gás.

Orientador: André Luiz José Monteiro

2018
Rio de Janeiro – RJ
“Este trabalho reflete a opinião do autor, e não necessariamente a da Universidade
Veiga de Almeida. Autorizo a difusão deste trabalho”
RESUMO

A produção de petróleo no Brasil, em grande escala começou na década de 80


com a descoberta de grandes campos de petróleo como a Bacia de Campos no litoral
do Rio de Janeiro. Após cerca de vinte anos, no fim da sua vida útil o poço de petróleo
precisa ser abandonado. Neste panorama estima-se que 20.000 poços ainda serão
abandonados no Brasil com base nos poços já perfurados.
Com o desenvolvimento da indústria de petróleo foi necessário que fosse criado
regulamentos que contemplem inovações tecnológicas e estejam adequados a
realidade do Brasil. Em 2016 a Agência Nacional Do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis publicou a resolução nº 46 que tem como parte integrante o
Regulamento Técnico Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poços (SGIP). Este
trata dentre outros assuntos sobre a integridade de poços e a fase de abandono.
O abandono permanente de poços é realizado quando não há interesse em
reentradas futuras e objetiva o isolamento hidráulico entre zonas. Este permite a
proteção do meio ambiente e segurança das operações.
Este trabalho tem como objetivo avaliar os métodos tradicionais de abandono
de poços utilizando cimento convencional e apresentar a resina como tecnologia
alternativa. Para isto, foram apresentados três casos internacionais de uso que
destacam o sucesso do uso de resina para as operações de abandono permanente de
poços de petróleo onshore e offshore.

Palavras-Chave: Petróleo. Abandono de Poço. Resina. Cimento.


ABSTRACT

Large-scale oil production in Brazil began in the 1980s with the discovery of
large oil fields such Campos Basin off the coast of Rio de Janeiro. After around twenty
years, the oil well needs to be abandoned. In this scenario there it is estimated that
20,000 wells will still be abandoned in Brazil based on already drilled wells.
With the development of the oil industry it was necessary to create regulations
that contemplate technological innovations and are adequate to the reality of Brazil. In
2016, the Brazilian national agency (ANP) published Resolution No. 46 which has as an
integral part the technical regulation of well integrity SGIP), which deals with integrity and
abandonment of wells.
The permanent abandonment of wells is performed when there is no interest in
future reentry and aims at the hydraulic isolation between zones that allows the
protection of the environment and safety.
This essay aims to evaluate the traditional methods of abandoning wells using
cement and presenting the resin as an alternative technology. For this, three cases were
presented that highlight the successful use of resin for abandonment oil wells offshore
oil and offshore.

Keywords: Oil and gas. Well abandonment. Resin. Cement


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - Distribuição dos poços de petróleo e gás natural no Brasil..........................16


FIGURA 2- Esquemático de abandono permanente de poços.......................................22
FIGURA 3- Exemplo de abandono permanente de poços com 2 CSBs.........................26
FIGURA 4- Barreira de abandono permanente. ............................................................ 27
FIGURA 5- Exemplo de abandono permanente de poço com trecho aberto à formação28
FIGURA 6 - Exemplo de abandono permanente de poços com sidetrack .................... 31
FIGURA 7- Resina em microanulares ..........................................................................43
FIGURA 8 - Esquemático do poço anterior ao abandono permanente.........................48
FIGURA 9- Esquemático da operação de abandono de poço piloto...............................49
FIGURA 10 - Esquemático de poço mostrando a localização da resina na cor
vermelha........................................................................................................................51
FIGURA 11 - Medida de pressão de superfície em anular 9 5/8" e 13 3/8"....................54
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Principais componentes químicos do cimento Portland.................................32


Tabela 2- Requisitos físicos para a pasta pura de cimento.............................................33
Tabela 3- Requisitos químicos para cimento Portland....................................................34
Tabela 4-Comparação de Cimento e Resina pré-cura...................................................44
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALARP As Low as Reasonable Practicable


ANM Árvore de Natal Molhada
ANP Agência Nacional Do Petróleo, Gás Natural E Biocombustíveis
API American Petroleum Institute
BAP Base Adaptadora de Produção
BOP Blowout Preventer
BHA Bottom Hole Assembly
BHCT Bottomhole Circulating Temperature
CBL Cement Bond Log
CPP Cimento Portland para Poços Petrolíferos
CSB Conjunto Solidário de Barreiras
DHSV Downhole Safety Valve
E&P Exploração & Produção
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBP Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis
ISO International Organization for Standardization
LWD Logging-while-drilling
NBR Norma Brasileira Regulamentadora
OTC Offshore Technology Conference
PDG Pressure Downhole Gauge
ROV Remotely operated underwater vehicle
SGIP Sistema de Gerenciamento De Integridade de Poços
SGSO Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional
SMS Segurança, Meio Ambiente e Saúde
SPE Sociedade de Engenheiros de Petróleo
VDL Variable Density Log
VPL Valor Presente Líquido
Sumário
1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 10

1.1. OBJETIVO ........................................................................................................................................... 12


1.2. MOTIVAÇÃO ....................................................................................................................................... 12
1.3. METODOLOGIA ................................................................................................................................... 13
1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................................................... 13

2. ABANDONO DE POÇOS ........................................................................ 15

2.1 ABANDONO DE POÇOS NO BRASIL ................................................................................................................ 15


2.2 ASPECTOS LEGAIS DO ABANDONO DE POÇOS DE PETRÓLEO ............................................................................... 20
2.3 MOTIVOS PARA ABANDONO DE POÇO ........................................................................................................... 28

3. CIMENTAÇÃO CONVENCIONAL – TÉCNICA TRADICIONAL DE


ABANDONO .................................................................................................... 32

3.1. CARACTERÍSTICAS DO CIMENTO PORTLAND .............................................................................................. 32


3.2. OPERAÇÃO DE CIMENTAÇÃO EM ABANDONO DE POÇOS .............................................................................. 34
3.3. AVALIAÇÃO DA CIMENTAÇÃO APÓS A OPERAÇÃO ....................................................................................... 37
3.4. PROBLEMAS OPERACIONAIS DA CIMENTAÇÃO CONVENCIONAL ..................................................................... 39

4. RESINA: MATERIAL SELANTE ALTERNATIVO ................................... 42

4.1 CARACTERÍSTICAS DA RESINA ....................................................................................................................... 42


4.2 ESPECIFICAÇÕES DAS RESINAS COMERCIAIS .................................................................................................... 45
4.3 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS DE UTILIZAÇÃO DA RESINA EM SUBSTITUIÇÃO AO CIMENTO PORTLAND .................... 47
4.3.1 CASO 1: ABANDONO DE POÇO PILOTO COM REALIZAÇÃO DE SIDETRACK, NOVA ZELÂNDIA .................................. 47
4.3.2 CASO 2: ABANDONO DE POÇO PRODUTOR NO GOLFO DO MÉXICO. ................................................................ 50
4.3.3 CASO 3: ABANDONO DE POÇO DE GÁS NA REGIÃO DO CARIBE ........................................................................ 53

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................. 55

6. BIBLIOGRAFIA ....................................................................................... 57
10

1. INTRODUÇÃO

O ciclo de vida de um poço de petróleo começa com a aquisição de dados


do reservatório de hidrocarbonetos, estudos sísmicos e geológicos realizados
pelo ente regulador, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP). Estes dados são obtidos a fim de subsidiar a escolha
dos locais a serem ofertadas em rodadas de licitações para Exploração e
Produção de Petróleo e Gás Natural. Este pacote de dados técnicos é
disponibilizado às empresas participantes inscritas na licitação. Posteriormente,
a ANP promove a oferta destas áreas, por meio das rodadas de licitação dos
blocos exploratórios das zonas em que há indícios da existência de
hidrocarbonetos. Através das licitações a União concede o direito de explorar e
produzir petróleo e gás natural no Brasil.
Ao arrematar o bloco, o operador do contrato inicia estudos geológicos
mais profundos e realiza avaliações das reservas de petróleo. Neste momento,
são perfurados poços exploratórios com intuito de se obter maiores informações
sobre o reservatório de petróleo, litoestratigrafia do local e subsidiar o projeto de
novos poços, arranjo submarino e instalações. Se estes estudos indicarem a
viabilidade econômica do bloco, ocorrerá a perfuração de novos poços, a
notificação da descoberta e confirmação da existência de hidrocarboneto. Neste
caso, ocorre a declaração de comercialidade e o desenvolvimento com vistas a
produção. Caso contrário, não será declarada, ocorrendo a devolução da área
com os poços previamente abandonados.
A última etapa do ciclo de vida de um poço é o abandono permanente do
mesmo. Este é realizado quando não há interesse em reentrada futura, seja por
razões operacionais, econômicas ou estratégicas. A operação de abandono é
prevista para todos os poços de óleo e gás, sejam eles exploratórios,
explotatórios (produtores de hidrocarbonetos), injetores e mesmo que o
resultado da perfuração seja um poço seco, ou seja sem hidrocarbonetos ou
água. Em todos os casos, as expensas com o abandono são de responsabilidade
do operador do contrato, sem que haja qualquer ônus ao ente regulador. No
Brasil, cerca de 20.000 poços de petróleo ainda serão abandonados, com base
nos poços perfurados até 2017, além dos poços que ainda serão construídos.
11

O abandono permanente de poços objetiva impedir o fluxo não intencional


de fluidos da formação para o leito marinho, meio ambiente e poço. Além disso,
permite colocar o poço em condição segura, de forma que haja isolamento
hidráulico permanente entre as formações ou intervalos permoporosos
portadores de hidrocarbonetos. O isolamento de formações com potencial de
fluxo, hidrocarbonetos ou aquíferos é realizado por meio da formação de
Conjuntos Solidários de Barreiras (CSB).
Os CSB permanentes têm como objetivo impedir o fluxo de fluidos da
formação, considerando os caminhos pelas rochas, revestimentos, anulares e
interior do poço. O CSB permanente é composto por quatro elementos que
precisam estar alinhados horizontalmente: a rocha sendo uma formação selante
e competente, cimentação anular do poço com boa qualidade, tubos de
revestimento e tampões de abandono de poço íntegros.
A fase de abandono de poços apresenta custo muito elevado, representa
ao menos 25% dos custos totais de projetos de exploração de poços offshore na
Noruega. Por isso, a realização de uma operação segura e efetiva, sem
necessidade de reentrada no poço e consequente utilização adicional de sondas
é necessária para reduzir o custo de abandono. O custo operacional é um
passivo para todos os projetos de poço e deve ser planejada de forma ALARP
(As Low As Reasonably Practicable) ou seja, com custo tão baixo quanto o
exequível sem que haja comprometimento da segurança operacional, dano ao
meio ambiente e a imagem da empresa.
Apesar de amplamente utilizada pela indústria e do baixo custo, a técnica
de cimentação anular e o deslocamento de tampões abandono utilizando
cimento convencional são críticos e apresentam baixa confiabilidade. Operações
de correção da cimentação e reentradas de poço são realizadas frequentemente.
A norma em vigor que estabelece as regras para o abandono de poços de
petróleo é a resolução ANP nº46. A referida resolução tem filosofia regulatória
considerada não prescritiva, ou seja, não impõe regras estritas de como deve
ser projetado o abandono. Esta apresenta os requisitos mínimos que os
operadores de contrato devem seguir. Baseia-se em melhores práticas da
indústria, desempenho e foco em gestão de riscos.
12

Desta forma, esta resolução permite que a operação de cimentação seja


realizada não somente com cimento, como também outros materiais de
desempenho similar, incluindo formulações plásticas selantes. Além disso, este
instrumento legal não prevê comprimento mínimo de tampões de cimento, desde
que o operador do contrato garanta que os comprimentos e os posicionamentos
dos elementos dos CSB permanentes estejam aderentes às melhores práticas
da indústria e às normas pertinentes.

Neste contexto, surge a opção de utilização de outros materiais em


substituição ao cimento, como a resina. A resina é um material selante, composto
por uma base polimérica e aditivos, que provê as propriedades mecânicas
necessárias para garantir o isolamento hidráulico.

1.1. Objetivo

O objetivo deste trabalho é avaliar a segurança operacional relativa à


utilização de resina em substituição à cimentação convencional, empregando
cimento Portand classe G. Esta monografia apresenta a análise das
propriedades mecânicas e físicas de ambos materiais. Pretende-se por meio dos
estudos de casos apresentar situações em que a resina apresenta maior eficácia
e segurança operacional.
O escopo deste documento se limita ao abandono permanente de poços,
tampões de abandono e cimentação anular analisando principalmente a
segurança operacional. Não é propósito deste trabalho o abandono temporário
de poços, bem como o descomissionamento de plataformas. Ressalta-se que
este trabalho está em consonância com a resolução 46 publicada em 2016 pela
ANP que trata de integridade e abandono de poços.

1.2. Motivação

Experiências internacionais comprovam a eficiência da resina para as


operações de cimentação anular e realização de tampões de abandono. Em
13

geral, devido ao custo superior ao cimento convencional, a resina é utilizada em


situações críticas, quando o uso de cimento comum é ineficaz ou inseguro.
No Brasil, não há nenhum caso de utilização de resina em substituição à
cimentação convencional para realização de abandono de poços. Inclusive, não
há na literatura brasileira estudos relacionados a utilização de resina em
substituição ao cimento Portland para abandono permanente de poços. Assim,
esta dissertação apresenta importância acadêmica por tratar de uma tecnologia
inovadora não abordada na literatura brasileira.
Desta forma, a motivação para este trabalho é apresentar uma tecnologia
não aplicada e não estudada no Brasil. Adicionalmente, apresenta importância
para a indústria de petróleo e gás ao apresentar um material alternativo que
confere maior segurança as operações de cimentação e abandono de poços.

1.3. Metodologia

Este trabalho se baseia na análise da aplicação de resina em abandonos


de poços por meio de experiências internacionais. Estas foram estudo de caso
de artigos científicos e publicados em congressos, na Sociedade de Engenheiros
de Petróleo (SPE) e Offshore Technology Conference (OTC).
Serão analisados três artigos cujos temas centrais são abandonos
permanentes de poços de petróleo e gás com utilização de resina, sendo o
primeiro deles o abandono de poço piloto com realização de sidetrack, Nova
Zelândia; o segundo caso poço produtor de petróleo no Golfo do México; e o
último caso um de poço produtor de gás na Colômbia.

1.4. Estrutura do trabalho

Esta monografia está estruturada da seguinte forma, além da introdução,


foram elaborados quatro capítulos. O capítulo 2 se propõe a discutir o abandono
de poços no Brasil, apresentando um panorama geral e aspectos regulatórios.
Ainda no capítulo 2 são apresentadas as razões para o abandono de poços.
14

O terceiro capítulo descreve a metodologia tradicional de abandono de


poços de petróleo. Este destaca as características do material, sequência
operacional para realização do abandono de poço, metodologia de avaliação da
qualidade da cimentação e problemas operacionais típicos.

O quarto capítulo enfoca a resina selante e apresenta as características


do material. Em seguida, são apresentados três estudos de casos de uso de
resina em substituição total ou parcial ao cimento convencional.

No último capítulo, numerado como quinto, são descritas as conclusões


mais importantes obtidas neste trabalho, bem como recomendações para
trabalhos futuros.
15

2. ABANDONO DE POÇOS
2.1 Abandono de poços no Brasil

As etapas de um poço de petróleo incluem as fases de projeto do poço,


perfuração, completação, explotação e por fim o abandono do mesmo. Em todos
os poços haverá a fase de abandono, composta pelas etapas de projeto;
deslocamento de sonda, equipamentos e equipe; instalação do BOP (Blowout
preventer), equipamento que objetiva garantir a segurança da operação; corte
de revestimentos; cimentação do poço, incluindo anulares e tampões de
cimento; o isolamento hidráulico do poço; testes e verificação de estanqueidade
de poço; possível retirada de equipamentos de superfície; e por fim o definitivo
abandono. Este processo será abordado detalhadamente no capítulo 3.

O abandono é realizado visando assegurar o isolamento hidráulico das


zonas portadoras de hidrocarbonetos, aquíferos ou zonas com potencial de
fluxo. Objetiva impedir a migração dos fluidos entre as formações do poço,
anulares - entre o poço e o revestimento e entre revestimento e formação - e a
migração de fluídos até a superfície do terreno ou o leito marinho. Do ponto de
vista ambiental, o foco é a prevenção a contaminação de aquíferos e o
vazamento de fluidos para o meio ambiente. O propósito desta fase é tornar o
poço seguro em relação à segurança operacional e ao meio ambiente.

De acordo com a ANP existem no Brasil 29.770 poços, sendo 23.070


terrestres (onshore) e 6.700 marítimos (offshore), referência agosto de 2017. A
distribuição geográfica dos poços de petróleo e gás no Brasil está ilustrada na
Figura 1.
16

Figura 1 - Distribuição dos poços de petróleo e gás natural no Brasil.

Fonte: BDEP/ANP

Do total de 29.770 poços existentes, cerca de 20% deles foram


abandonados definitivamente, 11% arrasados, 10% estão abandonados
temporariamente em que há interesse de reentrada. Poços arrasados são
definidos como os que foram abandonados definitivamente e retirada a cabeça
do poço.

Assim, o número total de poços que possuem situação relacionada a


abandono permanente são 9.078 poços. O Gráfico 1 compara o número de poços
em operação com poços em situação atual relacionada ao abandono
permanente, excluindo desta estatística os poços abandonados
temporariamente.
17

Gráfico 1-Poços em operação e abandonados

Abandono de poços em relação ao total

Abandonados
35%
Poços em
operação
65%

Fonte: ANP (adaptado)

O Gráfico 2 apresenta a série histórica de poços abandonados


permanentemente, desde o ano de 2003 até o ano de 2016.

Gráfico 2- Abandono definitivo de poços, por ano

Abandono definitivo de poços por ano


Total de poços abandonados

497
427 430
382
344
310 310
263

174 178
152 133 140
129

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Fonte: ANP

É comum na indústria de petróleo realizar o abandono temporário


possuindo a intenção de abandonar permanentemente o poço. Desta forma, são
deslocados tampões de cimento e cimentação anular do poço nos moldes do
18

abandono permanente mas status de abandono temporário, ou seja, abandono


temporário utilizando CSB permanente. Entretanto, por questões econômicas e
de estratégia empresarial o poço fica em situação de abandono temporário,
sendo mantido como um ativo da empresa. Adicionalmente, quando um poço é
abandonado utilizando CSBs permanentes não é necessário realizar seu
monitoramento, sendo uma vantagem econômica para o operador. Já para
poços abandonados temporariamente sem CSB permanente é exigido o
monitoramento a depender do tempo em que o poço é mantido em abandono.
Além disso, o abandono com CSB permanente evita a necessidade de
disponibilização de recursos em nova campanha, caso de fato seja decidido pelo
abandono permanente. O abandono com CSB permanente que foram
planejados para a possibilidade de reentrada podem ser revertidos, através do
corte dos tampões de cimento, limpeza do poço e recolocação dos equipamentos
de poço e submarinos.

A responsabilidade por abandonar os poços de petróleo é do último


operador do contrato, seja ele por contrato de concessão, partilha, cessão
onerosa ou outros que a ANP venha a celebrar. As empresas ao realizarem
ofertas nos leilões de petróleo devem comprovar situação econômica,
considerando inclusive a fase de abandono.

Entretanto, há a preocupação com a situação financeira de pequenas


empresas detentoras de direito de exploração e produção de poços marginais,
licitadas nas chamadas “rodadinhas”. Estas empresas têm menor poder
econômico e em caso de repetidos insucessos na exploração de petróleo poderia
ocasionar grande impacto na economia da empresa acarretando sua falência.

A Agência reguladora não participa da elaboração projeto de abandono


do poço, possuindo interferência mínima. Em relação à segurança operacional e
ao meio ambiente, o papel do regulador consiste em analisar o modelo proposto
pelo operador do contrato e apenas nos casos de riscos à segurança operacional
ou meio ambiente, intervir no projeto de abandono. Em relação ao reservatório
de hidrocarbonetos, a empresa deve justificar tecnicamente e economicamente
a necessidade do abandono de acordo conforme Art.5º da resolução ANP nº46.
19

Art. 5º O abandono permanente de poços produtores ou injetores


durante a Fase de Produção deverá ser realizado de acordo com o
disposto neste Regulamento e mediante notificação à ANP com 60 dias
de antecedência.

§ 1º A notificação deve conter:

I - O motivo do abandono, informando se este afetará a curva de


produção prevista para o(s) reservatório(s) drenado(s) pelo poço.

II - As atividades que serão realizadas para mitigar o efeito do


abandono na curva de produção e na recuperação final do(s)
reservatório(s), esclarecendo se houve a manutenção das reservas
estimadas para o reservatório.

III - A comprovação de que as atividades citadas no item anterior


mitigarão os efeitos do abandono no fator de recuperação final do(s)
reservatório(s).

IV - Análise econômica que demonstre a inviabilidade de retorno do


poço, quando aplicável.

V - Mapas estruturais dos reservatórios drenados e atravessados pelo


poço com contatos de fluidos, contendo a posição dos poços atuais e
daquele que será eventualmente perfurado para substituir o poço
abandonado, quando aplicável.

VI - Cronograma para o abandono do poço e daquele que será


eventualmente perfurado ou reaberto em substituição a esse, quando
aplicável.

VII - Histórico de produção do poço por reservatório para cada fluido e


dados de registros de pressões.

(Regulamento técnico SGIP - Resolução ANP nº46/2016)

Após o abandono permanente de poço de petróleo a propriedade do ativo


continua sendo do operador. Os poços são devolvidos à União somente quando
há devolução de área ou desativação de instalações. Neste caso, a empresa
conclui que não há interesse no campo e irá devolver a ANP a extensão da área
com todos os poços já abandonados. O plano de devolução do campo deve ser
submetido à aprovação da ANP, explicitando as intervenções necessárias à
recuperação ambiental da área devolvida, incluindo os projetos de abandono de
20

poços, desativação de instalações, podendo existir outras condicionantes


adicionais a critério da Agência.
Destaca-se que do ponto de vista ambiental, a norma em vigor é a mesma
para o abandono de poço, a resolução ANP nº46. A Agência é incumbida de
verificar a licença de operação da sonda que irá realizar o abandono e se há
autorização para a intervenção na área em que está localizado o poço. Estas
licenças são emitidas pelo órgão competente, o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Nas licenças de
operação podem haver condicionantes para a autorização. As condicionantes
são compromissos firmados entre o empreendedor e o órgão ambiental federal
(Ibama) para o empreendimento, garantindo a sustentabilidade ambiental da
operação. Caso não exista licença operacional para a sonda, deve ser solicitada
anuência do Ibama. Poços onshore apresentam como peculiaridade a
necessidade de recuperação ambiental da área onde estavam localizadas as
instalações.
A ANP possui a premissa legal de fiscalização do abandono, na prática é
inexequível a realização de atividade fiscalizatória offshore na locação do poço.
Neste caso, só seria possível o acesso a cabeça de poço ou ao tampão de
superfície utilizando mergulhadores ou robôs denominados ROVs. No caso de
abandonos onshore, ocorre a realização de verificação de conformidade com o
regulamento técnico SGIP e é inspecionada a existência de pressão no poço
bem como sua integridade. Em ambos os casos, pode ser realizada auditoria
documental do projeto de abandono do poço e auditoria nas instalações de
produção ou perfuração com base no regulamento técnico Sistema de
Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) da ANP.

2.2 Aspectos legais do abandono de poços de petróleo

O abandono de poços no Brasil é regulamentado pela Agência Nacional


do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A resolução, em vigor, ANP
nº 46 de 03 de novembro de 2016 estabelece o regulamento técnico de
Segurança Operacional, SGIP, com vistas à garantia da integridade dos poços.
De acordo com a ANP, este regulamento define os requisitos essenciais e os
mínimos padrões de segurança operacional e de preservação do meio ambiente
21

a serem atendidos pelas operados de contratos, em poços de óleo e gás natural


no Brasil. Esta resolução é baseada em performance e na adoção de boas
práticas da indústria internacional.

O Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento da Integridade de


Poços (SGIP), anexo a resolução supracitada, apresenta no capítulo dois
definições de termos de relevância para este trabalho. O Conjunto Solidário de
Barreiras (CSB) é definido pelo regulamento como:

2.5 Conjunto Solidário de Barreiras (CSB) é um conjunto de um ou mais


elementos com o objetivo de impedir o fluxo não intencional de fluidos
da formação para o meio externo e entre intervalos no poço,
considerando todos os caminhos possíveis.

(Regulamento técnico SGIP - Resolução ANP nº46/2016)

O capítulo 10.5 do SGIP, denominado diretrizes para a realização do


abandono de poços, engloba todas as orientações para esta fase. Este
estabelece a obrigatoriedade de compor no mínimo dois conjuntos solidários de
barreiras permanentes acima de formações geológicas com potencial de fluxo.
O CSB permanente é definido como:

2.5.1 CSB Permanente Conjunto cujo objetivo é impedir o fluxo não


intencional atual e futuro de fluidos da formação, considerando todos
os caminhos possíveis. O CSB Permanente deve estar posicionado
numa formação impermeável através de uma seção integral do poço,
com formação competente na base do CSB. Cimento ou outro material
de desempenho similar (incluindo formações plásticas selantes) devem
ser usados como elementos de barreira.

(Regulamento técnico SGIP - Resolução ANP nº46/2016)

A partir da interpretação resolução ANP nº46, pode-se inferir que para a


formação de um CSB deve existir de forma alinhada os seguintes elementos:
formação com característica selante, cimentação anular de boa qualidade,
revestimento e tampões de abandono estanques. Caso não haja o alinhamento
dos elementos não há configuração de CSB e essas condições não ocorram
concomitantemente. O esquema mecânico de poço (Figura 2) ilustra
22

simplificadamente o abandono permanente de poços, com dois conjuntos


solidários de barreiras.
Figura 2- Esquemático de abandono permanente de poços

Fonte: Norsok D10 versão 4 (adaptado)

O SGIP apresenta como requisitos ao abandono permanente a utilização


de barreiras solidárias com as seguintes características:

10.5.2.7. Utilizar materiais para a composição dos elementos dos CSB


Permanentes que, no mínimo:

a) Sejam impermeáveis a fluidos;

b) Tenham propriedade de isolamento que não deteriorem ao longo do


tempo;

c) Sejam resistentes aos fluidos das formações;


23

d) Tenham propriedade mecânica adequada para acomodação das


cargas a que serão sujeitos;

e) Não sofram contração que comprometam sua integridade; e

f) Sejam aderentes aos revestimentos e formações no seu entorno.

(Regulamento técnico SGIP - Resolução ANP nº46/2016)

Observa-se que a utilização de tampões de abandono de material


alternativo ao cimento é aceita desde que cumpram os requisitos mínimos
citados no item 10.5.2.7 do SGIP. Não há inclusive prescrição do comprimento
deste CSB permanente no interior do poço para isolamento de um dado intervalo
conhecido como tampão. Desta forma, a resolução permite inovações
tecnológicas e garante maior flexibilidade ao projeto.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) publicou o manual de


boas práticas da indústria brasileira que apresenta recomendações para o
abandono de poços. Este manual é reconhecido pela ANP como referência para
a indústria. Neste, o IBP propõe critérios de aceitação para elementos de CSB.
O uso de material alternativo ao cimento convencional é descrito pelo IBP (2017)
como “Pasta de material alternativo que se solidifica e isola hidraulicamente o
interior do poço. Estes materiais alternativos são as resinas ou outros materiais
com características cimentícias que não o cimento Portland”. O tampão de
material alternativo é permitido tanto para abandono temporário quanto
abandono permanente de poços.

Cabe destacar que o IBP (2017) recomenda os seguintes métodos de


verificação do isolamento hidráulico realizado por material alternativo ao cimento
em tampões localizados no interior do poço:

Poço aberto: Aplicação de peso de 10 a 15 klb para coluna de


trabalho/perfuração.

Poço revestido:

1. Aplicação de peso de 10 a 15 klb para coluna de trabalho/perfuração


ou máximo disponível a depender das características do flexitubo ou
arame/cabo.

2. Aplicação da menor pressão dentre os valores abaixo:


24

a) 500 psi acima da pressão de absorção (LOT), medida ou estimada,


ou de injeção da sapata;

b) 500 psi acima da pressão de absorção (LOT), medida ou estimada,


ou de injeção no ponto de vazamento conhecido;

c) 500 psi acima da pressão de absorção (LOT), medida ou estimada,


ou de injeção do trecho canhoneado;

d) Pressão de verificação dos revestimentos expostos e demais


equipamentos expostos.

A verificação por aplicação de peso pode ser dispensada, mediante


análise de risco, em casos excepcionais.

A verificação por pressão de um tampão de cimento pode ser


inconclusiva e, portanto, dispensada desde que o tampão de cimento
atenda todas as seguintes condições:

a) Posicionado em poço revestido;

b) Acima de um tampão mecânico, de cimento ou shoe track cimentado


verificado por pressão;

c) Trecho de revestimento abaixo do tampão de cimento não está


canhoneado ou não possui ponto de vazamento conhecido.

(Diretrizes para abandonos de poços – Instituto Brasileiro de Petróleo)

O tampão de cimento é realizado para isolar hidraulicamente o interior do


poço. Um pequeno trecho de boa cimentação é suficiente para garantir o
isolamento. Mas, comumente são deslocados tampões de cimento Portaland
Classe G com comprimento superior a 100 metros, devido à baixa confiabilidade
do material, aos testes falhos e incertos de confirmação de aderência. A fim de
minimizar este problema, normas internacionais e boas práticas da indústria,
como Norsok D10 e Diretrizes para Abandono de Poços do Instituto Brasileiro de
Petróleo recomendam, por segurança, o deslocamento mínimo de 50 metros e
30 metros de tampões de cimento por CSB, respectivamente. Este
deslocamento pode ser realizado utilizando cálculo de deslocamento de volume
de pasta de material cimentante e nos casos dos anulares pode se realizar
perfilagem.

A cimentação anular é realizada para evitar fluxo de fluidos no trecho entre


tubulares metálicos concêntricos (revestimento, coluna de produção, de injeção,
25

de trabalho, entre outras) ou entre um tubular metálico e a parede da formação.


O IBP (2017) valida o uso de material alternativo ao cimento Portland inclusive
em anulares de poços. Neste caso, são recomendados os seguintes testes de
estanqueidade:

1. A extensão anular com material alternativo deve ser verificada por


um dos seguintes métodos:

a) Perfis de avaliação: Ferramentas/métodos de perfilagem devem ser


selecionados baseados na capacidade de prover dados para
verificação da qualidade do material alternativo no anular. Os perfis
devem ser analisados e a análise documentada;

b) Registros da operação atestando a normalidade da operação


(crescimento da pressão esperado ao final do deslocamento, controle
dos volumes bombeados e retornados não indicando perda de
circulação nem influxo, pastas e colchões misturados no peso
específico de projeto, etc). Nos casos de perda de circulação, deve ser
documentado que o intervalo com perda está acima do topo planejado
para a pasta de material alternativo. Um exemplo de documentação
aceitável é o comparativo operacional de um poço de correlação no
qual houve a ocorrência de uma perda semelhante e que obteve
extensão suficiente verificada por perfil.

2. O material alternativo em anular para constituir CSB deve atender


aos seguintes critérios:

a) Deve estar situada acima de um intervalo pertinente e nos intervalos


necessários para constituição dos CSB;

b) Para constituição de 1 (um) CSB, deve ter extensão mínima de 60


m quando verificada pelos resultados da operação ou de 30 m quando
verificada por perfil de avaliação;

c) Para constituição de CSB Combinado, deve ter extensão mínima de


120 m quando verificada pelos resultados da operação ou de 60 m
quando verificada por perfil de avaliação.

(Diretrizes para abandonos de poços – Instituto Brasileiro de Petróleo)

Quando utilizada a resina em substituição à cimentação convencional, o


material deve ser formulado e testado em laboratório em condições de poço
representativas e com amostras de produtos sólidos e líquidos provenientes da
26

locação. Os testes devem verificar o tempo de cura e o desenvolvimento da


resistência à compressão.
A formação selante, um dos elementos obrigatórios que compõe os CSB,
é caracterizada por rocha de baixa porosidade e permeabilidade, de
característica impermeável e sem potencial de fluxo, que tem a função de impedir
o fluxo através da litologia. Ademais, a competência da formação deve ser
superior a máxima pressão esperada para o período de abandono. As formações
que comumente desempenham esta função são os folhelhos e formações com
fluência plástica do grupo dos sais. A Figura 3 ilustra o esquemático de abandono
permanente de poços.
Figura 3- Exemplo de abandono permanente de poços com 2 CSBs.

Fonte: Diretrizes para abandonos de poços/ IBP

Barreiras permanentes devem se estender pelo trecho do poço, incluindo


seus anulares, com o objetivo de selar verticalmente e horizontalmente,
conforme ilustrado na Figura 4.
27

Figura 4- Barreira de abandono permanente.

Fonte: Norsok D-10 versão 4

No caso de poço aberto, há o contato direto da rocha da formação com o


poço, sem que exista revestimento. No caso de abandono deste trecho o CSB
não será composto por cimentação anular e revestimento de produção. A Figura
5 exemplifica o caso de abandono de poços com trecho não revestido. Nas cores
azul e vermelho são apresentados os CSBs. A cor verde apresenta o isolamento
para superfície, por meio de tampão de superfície. Neste último caso, não há a
composição de um CSB devido a inexistência de formação selante.
28

Figura 5- Exemplo de abandono permanente de poço com trecho aberto à formação

Fonte: Norsok D-10 versão 4 (adaptado)

Destaca-se ainda que um elemento poderá ser considerado CSB somente


se ele for devidamente testado e confirmado, seja por: teste de pressão, peso,
parâmetros operacionais ou qualquer outra metodologia adequada. A
inexistência de confirmação descaracteriza a formação de CSB.

2.3 Motivos para abandono de poço

O abandono de poço pode ocorrer por motivos de ordem técnica e


econômica basicamente. O primeiro deles é após a recuperação do petróleo
29

disponível em um reservatório, ou seja, ao alcançar o fator de recuperação


esperado. Fator de recuperação é o percentual de hidrocarboneto extraído de
um reservatório em relação ao volume total estimado. Neste caso, o poço
cumpriu seu objetivo e produziu todo o óleo e gás considerado pelo projeto.

O abandono pode ser motivado pelo fim do contrato de concessão ou


partilha entre operador e agência reguladora. Normalmente, ocorre após cerca
de vinte anos a depender do tipo de contrato. Assim, o concessionário é obrigado
a devolver o poço já abandonado à União.

O abandono pode advir de inviabilidade ou estratégia econômica. Se a


operadora do contrato considerar o poço não rentável ou com Valor Presente
Líquido (VPL) baixo ou negativo a empresa pode abandonar o poço
permanentemente. Ressalta-se que neste caso foi identificada a existência de
hidrocarbonetos no reservatório, o poço é produtor de hidrocarboneto
subcomercial. Todavia, de acordo com o volume de hidrocarbonetos encontrado
e com base na taxa de retorno de investimentos desejado pela empresa optou-
se pelo abandono. Este fator está diretamente relacionado à conjuntura
econômica e variação do valor do barril de petróleo, que oscilou de 33 dólares,
em janeiro de 2016 até 116 dólares em fevereiro de 2013, tendo como referência
o petróleo Brent, tornando alguns projetos antieconômicos.

Outro fator que justifica o abandono de poços é quando estudos iniciais


indicam a necessidade de abandono de poços durante a construção de poços
ou perfuração. As motivações são variadas, como por exemplo se for verificada
a inexistência de hidrocarbonetos no reservatório, erro de trajetória do poço ou
ainda por ter sido constatado, durante a perfuração, que o reservatório objetivo
não seria atingido na posição prevista, devido a não confirmação da
interpretação geológica. Há a possibilidade de limitação dos equipamentos de
produção ou impossibilidade de estimar o reservatório de petróleo. Nestes
casos, o poço não atingiu o objetivo ou reservatório alvo. Poços secos, ou seja,
quando não tenha sido caracterizada a presença de petróleo móvel e/ou gás
natural são passíveis de abandono permanente logo após a constatação.

O abandono pode ocorrer ainda devido às questões operacionais. Erros


de projeto ou execução, como perda de circulação, aprisionamento de coluna,
30

colapso do poço ou degradação de ferramentas de poço ou tubos ensejam o


abandono. De acordo com Teraoka (2017) há casos de problemas operacionais
em que há necessidade de abandonar um item remanescente no poço que
impedem consequentemente o prosseguimento com as operações normais de
perfuração, estes itens são conhecido na indústria como peixe, e podem ser por
exemplo coluna, broca de perfuração, BHA (Bottom Hole Assembly). Neste caso
pode ser realizado o abandono total ou de apenas um trecho do poço, isolando
a área problemática. Posteriormente, pode-se aproveitar a parte superior do
poço e é possível realizar um sidetrack. Sidetrack é a realização de desvio para
construção de um novo poço, mantendo a cabeça do poço e a estrutura original
do poço. O esquema (Figura 6) ilustra a possibilidade de abandono de trecho do
poço e realização de desvio (sidetrack).
31

Figura 6 - Exemplo de abandono permanente de poços com sidetrack

Fonte: Norsok D-10 versão 4 (adaptado)


32

3. CIMENTAÇÃO CONVENCIONAL – TÉCNICA


TRADICIONAL DE ABANDONO

3.1. Características do cimento Portland


De acordo com Miranda (2008), o cimento consiste de um ligante
hidráulico ativo, ou seja, é um material que liga partículas sólidas em uma massa,
que solidifica pela interação com água e é capaz de solidificar mesmo imerso em
água e sem a adição de um ativador. A pasta de cimento usada na indústria do
petróleo consiste basicamente de cimento, aditivos e água. O cimento Portland
para poços petrolíferos (CPP) classe G é o material adequado para operações
de isolamentos que envolvam poços de petróleo, sendo o material mais utilizado
nas operações de cimentação primária. Este cimento se caracteriza pela
aplicação em condições de temperatura e pressão elevadas, bem como grandes
profundidades.

Segundo as normas ABNT NBR (2006), cimento Portland é destinado à


cimentação de poços petrolíferos tipo CPP classe G. É definido como:

Aglutinante hidráulico obtido pela moagem de clíquer Portland,


constituído, em sua maior parte, por silicatos de cálcio hidráulicos e
que apresentam características especiais para uso em poços de
petróleo assim como produzido. Na fabricação a única adição permitida
é a de sulfato de cálcio durante a moagem.

(ABNT NBR 9831:2006)

Os principais componentes químicos do cimento Portland são:

Tabela 1 - Principais componentes químicos do cimento Portland

Componente Porcentagem (%)

Cal – CaO 60 – 67

Sílica – SiO2 17 -25

Alumina – Al2O3 3–8

Óxido de ferro -Fe2O3 0,5 – 6

Fonte: ABNT NBR 9831:2006


33

Os aditivos ao cimento dependem da aplicação final e necessidade do


projeto. O de sulfato de cálcio acrescentado ao cimento tem a função de regular
o tempo do início de hidratação dos componentes ou seja, o tempo inicial de
endurecimento do cimento. Os aditivos de cimento são utilizados para controlar
o processo de ajuste da pasta de cimento e melhorar o desempenho do conjunto
de cimento. O cimento utilizado em poços de petróleo são misturas precisas de
materiais de qualidade especificada para alcançar um desempenho consistente
e previsível.

Os requisitos físicos mínimos (Tabela 2) e requisitos químicos (Tabela 3)


para o cimento Portland, de acordo com a NBR 9831 são os seguintes:

Tabela 2- Requisitos físicos para a pasta pura de cimento

Fonte: ABNT NBR 9831:2006


34

Tabela 3- Requisitos químicos para cimento Portland

Fonte: ABNT NBR 9831:2006

3.2. Operação de cimentação em abandono de poços

A cimentação de abandono de poços visa impedir a migração não


intencional de fluidos, o contato de fluidos de zonas e características diferentes,
a contaminação de aquíferos; e a proteção do meio ambiente. A cimentação é
realizada, em trechos previamente estabelecidos, a fim de isolar áreas de
interesse com potencial de fluxo de fluidos de formações com rochas permeáveis
e porosas.

De acordo com ABSHIRE (2012), os procedimentos para abandono


onshore e offshore são similares e podem variar devido aos requerimentos
35

básicos de cada país e ente regulador. O método pode incluir a remoção da


completação e a realização de um squeeze no anular do revestimento em zonas
produtoras após a colocação do tampão. Squeeze de cimento é a operação de
intervenção ou workover em que há injeção forçada de cimento em espaços
vazios da cimentação através de canhoneios em revestimentos ou tubos.

O requerimento geral para abandono de poços é que a barreira


permanente a ser colocada deve selar acima e abaixo e além disso, selar a
pressão da formação incluída no anular. A sequência operacional de realização
da operação de cimentação pode variar ainda de acordo com o projeto,
localização do poço, recursos disponíveis e características do poço. A seguir
serão apresentados os procedimentos necessários para isolamento e teste dos
elementos CSB de poço offshore.

A operação básica para o abandono de poços é iniciada pelo


deslocamento e ancoragem de uma sonda para a locação. Esta sonda deve ter
anuência do IBAMA para realização da atividade e a operação de abandono
deve ter sido notificado a agência reguladora, ANP. Ao chegar a locação são
conectados cabos guia e é retirada a corrosion cap, a capa anti corrosão da
árvore de natal. A árvore de natal é basicamente um conjunto de válvulas que
permite direcionar e controlar fluidos produzidos e injetados, bem como atuar
como equipamento de segurança da etapa de produção.

Neste momento o poço está equipado com a árvore de natal que atua
como CSB. Esta deve ser testada a fim de verificar a estanqueidade das válvulas
de segurança. Se o poço estiver previamente em condição de abandono
temporário, devem ser retirados os plugs cortados com broca e raspador,
tampões que provêm isolamento temporário do poço e qualquer outro material
que garanta o isolamento do poço.

Ao cortar os plugs o poço deve ser amortecido, ou seja, deve ser


deslocado um fluido de peso específico suficientemente maior (overbalance) que
o fluido existente nos reservatórios a fim de criar uma barreira hidráulica que
impeça a surgência de quaisquer fluidos da formação para a superfície, poço ou
leito marinho. Após o amortecimento do poço, a coluna de produção deve ser
36

limpa para isso pode se gabaritar, ou seja, verificar o diâmetro interno da coluna
para verificar se há restrição no interior do poço.

Os fluidos existentes no poço podem ser amortecidos e retirados para


limpeza do poço por três métodos basicamente: segregação gravitacional,
circulação direta ou reversa de fluidos ou pode realizar injeção direta e forçada
dos fluidos do poço para que retornem para a rocha da formação. No método de
segregação gravitacional é realizada a circulação a baixa vazão e parte do fluido
entra na coluna e sobe, circulando normalmente e outra parte corta o óleo que
está sob ela, fazendo com que este óleo suba até a superfície. No processo de
circulação o fluido é deslocado pelo trajeto coluna e anular. No amortecimento
por injeção direta, o fluido de completação é bombeado, a alta vazão, pela coluna
de produção, deslocando os fluidos produzidos, que são reinjetados na
formação.

Conforme preconiza o SGIP devem existir sempre dois conjuntos


solidários de barreiras, por isso, antes de se retirar a árvore de natal deve ser
colocado um plug mecânico na coluna para atuar como barreira contra o fluxo
indesejado de fluidos da formação e poço. Além disso, é necessário realizar teste
com a DHSV, equipamento de segurança de subsuperfície, para verificar sua
capacidade de vedação. Em seguida é realizada a remoção da árvore de natal
e o assentamento do BOP. O BOP é um equipamento de segurança de poço,
utilizado na fase de perfuração e em intervenções, composto por válvulas que
impedem o fluxo não intencional de fluidos e que possui gavetas que tem
capacidade de corte de colunas e revestimentos e fechamento do poço com
segurança. Posteriormente, a coluna de produção deve ser retirada e os
tampões cortados ou retirados.

O próximo passo da sequência operacional é avaliar a cimentação dos


anulares através de perfilagem, e caso necessário após análise da cimentação
esta deve ser corrigida. As falhas na cimentação, se não forem identificadas e
consertadas, provêm um caminho preferencial para os fluidos e ocasionam
incidentes que podem provocar danos pessoais, materiais, ambientais,
financeiros e a imagem da empresa.
37

Em seguida são deslocados os tampões de cimento e realizados teste dos


mesmos com peso ou pressão. Podem ser utilizados colchões lavadores que
fluem a frente das pastas de cimento dispersando os fluídos do poço ou um
colchão separando a pasta de cimento do fluído de perfuração. O fluido existente
no poço deve ser substituído por um fluido de abandono, que em geral são
fluidos de completação que possuem características que evitam a corrosão.

Finalmente, o BOP é retirado, é instalada capa de abandono e os cabos


guia são removidos. Destaca-se que a operação de abandono permanente de
poços pode ser through tubing, técnica de abandono e isolamento de poços que
mantém as colunas de produção/injeção no seu interior sendo retirados os
cabos. Esta técnica proporciona economia e menor tempo de operação,
entretanto ao manter a coluna no interior do poço são criadas faces extras de
contato entre cimento e coluna. Estas faces diminuem a segurança da operação
visto que as zonas de contato são os locais em que há maiores possibilidades
de falha na cimentação e caminho preferencial de vazamento de fluidos.

3.3. Avaliação da cimentação após a operação

A avaliação é a operação de aferir se a pasta de cimento foi corretamente


deslocada e com total aderência entre paredes, formação, dutos e
revestimentos. É necessária a fim de investigar a existência de isolamentos
hidráulicos e subsidiar a decisão de efetuar operações corretivas. A posição e
capacidade de vedação do tampão de cimento devem ser determinadas por meio
de verificação do topo do cimento utilizando aplicação de peso para coluna de
trabalho ou de perfuração. Adicionalmente, uma amostra de cimento pode ser
coletada em superfície para ser utilizada como indicador do desenvolvimento da
resistência compressiva do cimento. Destaca-se que a amostra em superfície
não representa as mesmas condições de pressão e temperatura do poço, desta
forma, não é um parâmetro preciso da qualidade da cimentação.

A cimentação nos anulares do poço provê um isolamento hidráulico ao


longo do poço nos anulares de tubulações metálicas concêntricas e entre um
revestimento e a parede da formação, prevenindo o fluxo indesejável de fluidos
38

da formação. Além disso, nos revestimentos condutor e de superfície o anular


cimentado, localizados próximos a cabeça do poço, tem a função de prover
integridade estrutural ao poço. Sua verificação é feita com a utilização de perfis
de avaliação de cimentação, sendo os principais Cement Bond Log (CBL),
Variable Density Log (VDL).

O perfil CBL e VDL são perfis acústicos que medem a qualidade do


cimento e sua aderência. O perfil CBL mensura a cimentação entre
revestimentos e anulares do poço sendo importante para avaliar a cimentação
do revestimento e formação, indicativo de canais ou intervalos mal cimentados
e localiza áreas sem cimento e seu topo. Altos valores de CBL são interpretados
como baixa qualidade da cimentação.

O Perfil VDL (Variable Density Log) é um registro contínuo de trem de


ondas que chega ao receptor distante 5 pés do transmissor e registra a qualidade
da aderência cimento formação geológica. A boa aderência cimento formação
no perfil VDL é detectada pela ausência de sinal de revestimento e presença de
sinal de formação no perfil. O revestimento livre produz altos valores no perfil
CBL e, no perfil VDL, um característico padrão de faixas paralelas, retas, claras
e escuras. A Figura 7 exemplifica os perfis sônicos CBL e VDL.
39

Figura 7 - Exemplo de perfil sônico CBL e VDL.

Fonte: Oil and Gas drilling

3.4. Problemas operacionais da cimentação convencional

A fim de garantir o isolamento hidráulico é suficiente que haja um trecho


de barreira impermeável que impeça a comunicação entre sua base e topo do
cimento. Não é necessário que toda a extensão de um intervalo esteja bem
cimentada. As operações de cimentação se caracterizam por variação na
qualidade e aderência do cimento em diferentes segmentos. Desta forma, é
comum que em uma zona cimentado haja trechos menores com cimentação
deficiente, cimentação média e bem cimentadas. A extensão mínima da barreira
bem cimentada depende das características do poço, tais como geometria do
anular, fluídos e pressões envolvidos. Em geral, desloca-se no mínimo trinta
metros de pasta de material cimentante.
40

A falta de isolamento hidráulico em um poço de petróleo e a não


contenção dos fluidos da formação pode decorrer da ausência de cimento em
um trecho ou falha de outros elementos CSBs. A falha da cimentação pode ter
sido ocasionada por problemas no planejamento, como volume de pasta de
cimento insuficiente, perda de circulação, composição, contaminação,
localização incorreta do cimento ou ainda por problemas operacionais.

Durante o planejamento é necessário que seja selecionada a pasta de


cimento adequada, que apresente as propriedades requeridas, seja estável e
durável ao longo de toda a vida do poço. A seleção da pasta de cimento deve
ser feita tendo em conta informações sobre o poço que incluam finalidade do
isolamento, litologia, fluídos presentes, profundidades, trajetória do poço,
temperatura e condições operacionais. São parâmetros importantes para a
seleção do cimento: a densidade, propiciando fácil mistura, bombeio,
estabilidade, resistência compressiva e baixa permeabilidade; possuir bom
controle de filtrado para isolar intervalos permeáveis; estabilidade da mistura
cimento e água para que não forme água livre; uso de agentes antiretrogressão;
tempo de pega ajustado ao bombeio e a posição selecionada; conhecimento das
temperaturas de operação que podem retardar ou aumentar o tempo de
bombeabilidade; reologia em condições de fundo do poço; resistência mecânica;
variação do volume durante a hidratação.

A fim de mitigar incertezas durante a cimentação deve ser preparado e


bombeado maior volume de material cimentante. O subdeslocamento da pasta,
além de criar zonas preferencias para o deslocamento de fluidos, faz com que o
topo do cimento no anular fique aquém do projetado e o isolamento
consequentemente não é obtido. Uma causa frequente de ausência de cimento
é a perda de circulação, ou seja, o cimento pode ter entrado em fraturas ou em
formações permeáveis.

Previamente a operação de cimentação, é imprescindível que seja


realizada a remoção da lama e a limpeza do poço. É essencial que todo o fluído
de perfuração, completação e reboco que estavam no anular sejam
completamente removidos e substituídos por cimento. A contaminação e
modificação das características da pasta de cimento é um problema comum de
cimentação. A qualidade da cimentação depende da remoção de toda a lama e
41

reboco e substituição por cimento isento de contaminação. O reboco não


removido poderá permitir a comunicação hidráulica entre intervalos que se
desejava isolar.

Outros fatores podem afetar a qualidade da cimentação como a geometria


do poço e a centralização dos revestimentos. Em poços direcionais e horizontais
há maior dificuldade em cimentar a parte superior do poço, visto que por ação
gravitacional a pasta de cimento tende a se alojar na parte inferior do anular. O
mesmo pode ocorrer caso os revestimentos não estejam centralizados,
provocando zonas de falha de cimentação principalmente nas regiões mais
estreitas dos anulares do poço. Para isso, é fundamental o uso de
centralizadores durante a completação de poços para minimizar este risco. Em
poços com zonas portadoras de gás a pasta de cimento pode permitir a invasão
de gás após seu deslocamento.

Após a cimentação pode ocorrer a formação de micro canais devido ao


encolhimento do cimento após o tempo de pega, criando zonas permeáveis
principalmente a gás nas paredes do revestimento. Este problema é mitigado
através da utilização de aditivos que evitam a migração de gás, conhecidos como
gas blocking additives. Ao longo da pega, a pasta de cimento deve ser
pressurizada a fim de minimizar a criação de caminhos preferenciais de fluxo.
42

4. RESINA: MATERIAL SELANTE ALTERNATIVO


4.1 Características da resina

Resinas são tipicamente compostas por uma base polimérica


termoendurecível e aditivos. Estes aditivos são utilizados para controlar o tempo
de cura, e em algumas fórmulas, a viscosidade, massa específica e reologia
semelhante a fluidos de perfuração. Para que haja reações poliméricas da resina
é necessária a associação de critérios cinéticos e termodinâmicos. As
características Newtonianas do fluido e possibilidade de ajuste da viscosidade
de resina permitem a circulação da mesma em ambientes confinados e restritos.
É adequada para uso em ambientes offshore e onshore.

Esta se caracteriza pela tendência hidrofóbica, flexibilidade do material e


a capacidade de se manter imiscível em água. A resina é resistente a ácidos,
bases, sais, contaminantes e hidrocarbonetos. Ademais, a possibilidade de
controlar a reologia, elasticidade, resistência mecânica e massa específica do
fluido são imprescindíveis para poços com estreita janela operacional entre a
pressão de poros e o gradiente de fratura, bem como outros desafios
encontrados no abandono de poços. A janela operacional é a região no gráfico
de pressão em que pode se operar, ou seja é a variação permitida para a pressão
hidrostática exercida pelo fluído de perfuração dentro de um poço, de forma a
manter a integridade deste, respeitando as características das rochas das
formações, evitando perda de circulação e kick, o influxo indesejado de fluidos
ocasionado por pressão de poço inferior a pressão da formação.

Na operação de abandono permanente de poços há duas formas


utilização da resina: seu uso exclusivo ou uso em conjunto com cimento Portland.
Em relação a utilização de somente resina há dois usos: para correção de
cimentação Portland deficiente ou como material principal para tampões de
abandono e cimentação anular.

A resina é adequada inclusive para preencher micro canais, conforme


Figura 8. Os micro anulares podem ser ocasionados por problemas na fase de
completação da cimentação primária, canais existentes na formação ou ainda
para isolar quando a cimentação convencional se mostrou ineficaz. Devido à
43

inexistência de sólidos em suspensão na resina, não há problemas de obstrução


destes canais. Destaca-se que a resina apresenta baixa taxa de encolhimento
após sua cura, diminuindo a possibilidade de formação de canais nas paredes
do revestimento ou formação devido a diminuição do volume.

Figura 8- Resina em micro anulares

Fonte: SPE 169400

A utilização de resina em substituição ao uso de cimento Portland classe


G apresenta as seguintes vantagens: maior resistência a compressão, tração e
cisalhamento; maior flexibilidade; isolamento e vedação de gás; menor tempo de
cura podendo ajustá-lo; longa durabilidade; e pode penetrar em formações
profundas. A Tabela 4 compara o cimento Portland classe G e resina antes de
sua cura.
44

Tabela 4-Comparação de Cimento e Resina pré-cura

Propriedade Cimento Portland G Resina

Resistência à compressão 58 77
(MPa)

Resistência à flexão (MPa) 10 45

Módulo de elasticidade 3700 2240


(MPa)

Tensão de falha (%) 0,32 1,9

Permeabilidade a água 0,0016 <0,0000005


(mD)

Fonte: SPE-173852-MS

Estudos apresentados por Urdarneta (2014), apontam que a resina


apresenta força compressiva da ordem de 10.000 a 20.000 psi, variando de
magnitude de acordo a temperatura. De acordo com a Halliburton, nos casos em
que a resina é bombeada anteriormente ao cimento convencional, o filme de
resina formado pode proporcionar aumento da resistência ao cisalhamento do
cimento Portland em até 600%, além da resina poder formar um selo de alta
pressão de até 1.000 psi/pé e apresentar alta resistência a compressão mesmo
em ambientes com até 30% de contaminantes.

De acordo com Morris (2012), na formulação da resina é possível controlar


a massa específica na faixa de 7,0 a 18 lb/gal (0,8387 a 2,15 g/cm³) . Além disso,
a formulação é aplicável entre as temperaturas de 32 e 107 ºC. Cabe destacar
que estes valores divergem dos apresentados pelos fabricantes das resinas,
conforme exposto no subcapítulo 4.2.

A resina apresenta vantagem inclusive no processo de verificação de


isolamento hidráulico. O material permite que o tampão de isolamento composto
de resina possa ser testado através de aplicação de pressão, tanto no sentido
do fluxo (negativo), quanto no sentido da cabeça do poço para a formação
(positivo), considerando diferencial de pressão maior ou igual ao previsto para a
formação geológica adjacente ao poço, garantindo a verificação do isolamento
45

hidráulico. Esta verificação no sentido do fluxo é preferencial conforme regulação


da ANP. Além disso, ferramentas acústicas convencionais e análises de log,
usualmente aplicáveis a verificação de cimento convencional, podem ser
utilizadas para verificar a aderência e qualidade do isolamento da resina.

Adicionalmente a operação de cimentação utilizando tampões de cimento


convencional necessitam de utilização de sondas, enquanto a operação com
resina não necessita de suporte destas plataformas. A resina pode ser preparada
em misturadores e bombeada no poço utilizando bombas tríplex. A mistura e
bombeio de resina é realizada utilizando equipamentos convencionais, e a
preparação não necessita de aditivos especiais ou água.

Apesar da resina possuir custo maior se comparado ao cimento Portland


classe G, devido a maior qualidade da resina selante há a possibilidade de
bombeio de menor volume. Embora a Resolução ANP nº46 não imponha
metragem mínima para a extensão do tampão de cimento esta norma se baseia
nas boas práticas da indústria. O IBP (2017) recomenda que o tampão de
material alternativo, para se compor um CSB permanente no interior do poço
para isolamento de um dado intervalo, deve-se posicionar um tampão de, no
mínimo, 30 metros cobrindo uma formação selante mais rasa do que o intervalo
a ser isolado. Atualmente, a API não possui padrões estabelecidos em relação
às resinas.

4.2 Especificações das resinas comerciais

Foram pesquisados dois fabricantes de resinas aplicáveis a operação de


plug e abandono: Halliburton e WellCem. A resina comercializada pela primeira
empresa é a WellLock Resin, já a segunda empresa fabrica o ThermaSet.

A resina denominada WellLock é aplicável na prevenção e correção, em


casos de vazamentos de água ou gás através de micro canais. Aplicável ainda
para isolamento primário de zonas, como barreira anular secundária,
remediação para sustentação de revestimento, em vazamentos por meio do
revestimento. Esta resina permite a utilização em ambientes com até 30% de
46

contaminação, mantendo as características originais. De acordo com o


fabricante Halliburton, o produto apresenta as seguintes propriedades:

a) Quimicamente inerte, resistente a ácidos, bases e hidrocarbonetos;


b) Temperatura de operação de até 200°F (93°C);
c) Resistência a compressão: 1.000 a 18.000 psi (6,89 a 124,10 MPa);
d) Resistência a tração: 100 a 2.000 psi (0,689 a 13,789 MPa).

A resina polimérica ThermaSet é capaz de penetrar em canais estreitos e


selar o fluxo indesejável de fluidos da formação. Este produto tolera ambientes
com contaminação de até 50% com a garantia de cura e selo. De acordo com a
WellCem, as especificações do produto são:

a) Densidade: 1,03 SG, podendo ser ajustada de 0,7 a 2,5 SG;


b) Viscosidade: 10 a 2 mil cP a 20ºC;
c) Temperatura de operação: -40ºC até 150ºC (BHCT) e resiste a até
250ºC após a cura (BHST);
d) Resistência a compressão: até 20.306 psi (140 MPa);
e) Resistência a tração: até 3.771 psi (26MPa).

A WellCem fabrica ainda uma segunda versão do ThermaSet composto por


polímero não reativo termo ativável e com baixo encolhimento, também aplicável
as operações de abandono de poços. Este produto é aplicável a ambientes com
contaminação de até 50% com a garantia de cura e selo. As especificações
diferem do primeiro produto, sendo elas:

a) Taxa de encolhimento de até 2%;


b) Densidade ajustável de 1,2 a 1,7 SG;
c) Viscosidade 800 a 1200 cP a 20°C;
d) Temperatura de operação: 35ºC até 80ºC (BHCT) e resiste a até
250ºC após a cura (BHST);
e) Resistência a compressão: até 16.825 psi (116 MPa);
f) Resistência a tração: até 3.771 psi (26 MPa).

Os fabricantes supracitados não apresentaram nenhum cenário em que a


resina não está apta para substituir o cimento convencional. Deve-se observar
se as características do poço atendem as especificações da resina, como a
47

resistência a tração e compressão, temperatura de operação, porcentagem de


contaminantes, dentre outros.

4.3 Experiências internacionais de utilização da resina em


substituição ao cimento Portland

No Brasil não há caso de uso de resina em substituição ao cimento


convencional, Portland classe G. Entretanto, há casos de aplicação de resina
internacionalmente para isolamento de poços de petróleo. A seguir serão
explicitados casos de uso em diferentes países e aplicabilidades.

4.3.1 Caso 1: Abandono de poço piloto com realização de


sidetrack, Nova Zelândia

Este caso foi apresentado por Pardeshi, em 2016 na Offshore Technology


Conference Asia. O poço de petróleo estava localizado na bacia de Taranaki, na
costa da Nova Zelândia, em região de lâmina d´agua rasa de 47 metros. A resina
foi empregada para isolar verticalmente o poço piloto das formações geológicas
produtoras de hidrocarbonetos. Poços pilotos são comumente perfurados
verticalmente e com o objetivo de obter informações geológicas que irão
subsidiar o projeto de perfuração dos futuros poços produtores.

O poço possuía 3.135m de profundidade sendo 1.935m de poços aberto


a formação, conforme esquemático do poço (Figura 9).
48

Figura 9- Esquemático do poço anterior ao abandono permanente.

Fonte: Pardehhi et ali.

Neste caso de uso, o operador pretendia isolar o poço sem retirar os


equipamentos de fundo, principalmente a bottonhole assembly (BHA). A BHA é
um conduto de equipamento de perfuração composto por broca, motor de fundo,
estabilizadores e colunas O uso de resina auxilia ainda na prevenção da
obstrução do equipamento Logging-while-drilling (LWD), que ocorreria por
partículas finas da cimentação convencional. O LWD é um equipamento que é
instalado na BHA e provê informações da formação e perfilagem durante a
perfuração. No processo de cimentação e abandono convencionais são retirados
todos os equipamentos do fundo do poço para a realização da operação.
Adicionalmente, o operador pretendia abandonar somente um trecho do poço e
realizar um sidetrack.

A operação de abandono permanente do poço piloto se desenvolveu com


colchões viscosos e de resina de diferentes massas específicas. No trecho de
poço não revestido se utilizou dois plugs de resina 9,3 lbm/gal e colchão de alta
viscosidade de 13,5 lbm/gal. O fluido de 13,5 lbm/gal foi bombeado a fim de
separar a resina da lama e serviu de base para o primeiro tampão de resina.
Após o uso do colchão viscoso, a broca foi retirada da zona de contato óleo-água
e houve início da preparação da resina.
49

Ao final da operação o volume total de resina injetado foram dois tampões


de resina de 9,3 lbm/gal representando 28,4m de tampão dentro do revestimento
de 12 ¼ polegadas; e quatro colchões de 9,3 lbm/gal, totalizando 74 bbl de fluido
de alta viscosidade. A última etapa de circulação de fluidos foi o bombeio de 24
bbl de solução de 8,5 lbm/gal para limpeza da coluna de perfuração e do BHA.
A Figura 10 apresenta o esquemático de deslocamento dos tampões no poço.

Figura 10- Esquemático da operação de abandono de poço piloto.

Fonte: Pardehhi et ali.

A operação foi realizada sem que o BHA fosse afetado pelo tampão de
resina, devido a característica do material de não possuir sólidos livres. A
intervenção ocorreu sem tempo perdido e representou economia de 1,5 milhões
de dólares quando comparado ao valor estimado para operação com cimento
Portalnd classe G.
50

4.3.2 Caso 2: Abandono de poço produtor no Golfo do México.

Neste caso, a resina foi utilizada como alternativa ao cimento em poço de


petróleo offshore, localizado na Louisiana Estados Unidos, no ano de 2015. Este
estudo foi apresentado na Offshore Technology Conference (OTC) 2017 pela
empresa Oceaneering. Este foi o primeiro abandono permanente de poços
usando somente resina realizado no Golfo do México.

Esse poço de petróleo de trajetória direcional localizado em águas


profundas, superiores a 440 metros, foi recompletado e colocado em produção
em 2009. A estrutura do poço consistia em nove diferentes diâmetros de
tubulações e zona de interesse produtora de hidrocarboneto superior a 6.100
metros. O poço produziu petróleo e gás durante quatro anos, quando se detectou
aumento expressivo na produção de areia, indicativo de falha na completação
do poço. O poço foi fechado e devido a indicadores econômicos e de produção
foi decidido por seu abandono.

O planejamento de abandono deste poço identificou condições que


inviabilizavam o método de abandono convencional. O principal desafio
encontrado foi a impossibilidade de colocar o BOP no topo da árvore de natal
antes de isolar as zonas produtoras. Consequentemente havia impossibilidade
de circulação e retirada do fluido da formação. Devido a este impedimento, a
técnica para isolamento estava limitada ao bombeio direto na coluna de
produção de material isolante utilizando a técnica de bullheading para realizar o
squeeze do material isolante no intervalo. Neste procedimento o fluido isolante
é bombeado forçadamente no poço para que retorne para a formação.

A solução para superar este desafio foi a seleção de um material


resistente a mistura e bombeamento a profundidade superior a 5.600m. O
material deveria atender as seguintes necessidades: baixa capacidade de
degradação quando misturado a salmoura contendo CaCL 2 e CaBr2; habilidade
para penetrar em pequenos espaços sem causar obstrução por acúmulo de
material sólido; propriedades mecânicas suficientes para atuar como barreira
permanente.
51

A resina selante era o único material que atendia a todas estes


requerimentos. Entretanto, o órgão regulador americano não previa a
possibilidade de utilização de qualquer material alternativo ao cimento
convencional. Após a apresentação de testes do material e estudos de casos foi
autorizada a realização de utilização de resina em caráter excepcional.

O projeto aprovado consistia no bombeio de 35 bbl, aproximadamente


5560 litros de resina na coluna de produção e squeeze de 10 bbl,
aproximadamente 1590 litros no interior da formação impedindo fluxos futuro de
fluidos. O topo da cimentação foi calculado em 5590 metros, ou 18.339 pés,
conforme mostra a Figura 11

Figura 11 - Esquemático de poço mostrando a localização da resina na cor vermelha.

Fonte: Dahlem el all.

A fim de verificar as condições estáticas do poço após o bombeio de


resina, o operador decidiu medir a pressão no fundo do poço previamente a
colocação da resina. A técnica para estimativa de pressão consistiu em bombear
11 ppg de salmoura, criando uma condição de underbalanced (pressão da
formação é menor que a pressão interna do poço). Esta estimativa de pressão
52

foi necessária para definição do peso da salmoura e deslocamento da resina


com peso de 14 ppg. Após o bombeio da resina selante, o poço foi testado com
1000 psi de pressão positiva e 300 psi de pressão negativa, em ambos os casos
monitorados por trinta minutos.

O resultado do projeto foi a realização de abandono com complicações


mínimas e sem tempo perdido. Foi verificado que não houve perdas de fluidos e
o squeeze para dentro da formação ocorreu conforme esperado. O Gráfico 3
apresenta as pressões e massa específica verificadas no projeto de abandono.

Gráfico 3- Pressão, massa específica para tratamento com resina.

Fonte: Dahlem et ali.

A conclusão deste caso demostrou o sucesso em abandonar poços


utilizando resina. Ressalta-se que neste abandono não foi possível a utilização
do BOP, o que inviabilizou a operação de abandono tradicional que utiliza
cimento. Consequentemente foi possível a utilização de um barco dedicado a
intervenção não havendo uso de sondas. A dispensa de sonda representa
vantagem econômica ao projeto de abandono. Por fim, a intervenção durou
menos de vinte dias.
53

4.3.3 Caso 3: Abandono de poço de gás na região do Caribe

Este estudo de caso se refere ao abandono do poço P-1, localizado na


região norte da Colômbia. P-1 foi perfurado em quatros seções, atingindo a
profundidade total de 3734 metros, no ano de 2009. Durante a perfuração, foi
identificada presença de gás na formação localizada entre 317 m (1040 ft) a 818
m (2686 ft). Após a perfuração do poço foi constatada a presença de areia na
formação localizada entre 3260 m (10695 ft) a 3267 m (10720 ft).

Amostragens dos fluidos do reservatório indicaram a presença de gás


úmido com 68% de origem biogênica e inexistência de óleo associado; e gás de
origem termogênica associado a óleo. Observou-se problemas de completação
durante a perfuração da fase 17 1/2” com indicativo de canalização do gás.

A decisão de abandono permanente do poço foi motivada pela verificação


da baixa comercialidade do gás produzido e o poço foi fechado em 2009.
Observou-se presença de gás com 750 psi de pressão no anular 9 5/8” e 13 3/8”.
Realizou-se logging que indicou aderência do cimento com o revestimento e
tubulação de baixa qualidade entre 1889m até a superfície. A fim de verificar a
origem do gás foi realizado teste de cromatografia e de logging indicaram que o
gás era originário da Formação Porquero Superior localizada na profundidade
de 2378 m (7804 ft). Concluiu-se que havia comunicação no anular e indicativo
de espaço atrás do revestimento.

Para a realização do abandono, verificou-se que a pressão máxima de


trabalho, considerando gradiente de fratura e pressão de trabalho, era de 1.500
psi. Seria necessário que a resina penetrasse através de micro anulares, desta
forma não poderia existir sólidos em suspensão na fórmula de fluido projetado
para o abandono. Decidiu-se utilizar a combinação de cimentação convencional
e cimentação utilizando resina.

Usando um misturador, 5 bbl com 9,3 lbm/gal de resina foi preparada no


tanque e em outro misturador preparado 15 bbl de cimento Portland classe G
com 16 lbm/gal com látex. A sequência de circulação de fluidos foi iniciada com
5 bbl de salmoura de Cloreto de Sódio para realizar a limpeza do poço na vazão
de 3 bbl/min e pressão de 800 a 1.050 psi. Posteriormente, bombeado 5 bbl de
54

resina com vazão de 2 bbl/min e pressão de 1.100 psi, seguido por 15 bbl de 16
lbm/gal de cimentação convencional (Portland classe G) a vazão de 3 bbl/min e
1.200 psi. Na seguinte fase, foi bombeado 10 bbl de 15,2 lbm/gal de espaçador
seguido por 14,7 lbm/gal de lama base água para deslocar os fluidos. Após o
trabalho de squeeze, a pressão no anular de 9 5/8 e 13 3/8 foi monitorada
continuamente. Após 72 horas se verificou ausência de migração de gás. Cabe
destacar que somente após a cura da resina a pressão alcançou o valor zero,
conforme demonstra a Figura 12.

Figura 12 - Medida de pressão de superfície em anulares de revestimentos 9 5/8" e 13 3/8"

Pressão de superfície anular 9 5/8" e 13 3/8"


800
700
600
500
400
300
200
100
0
Antes da operação 12 horas depois 36 horas depois 48 horas depois 72 horas depois

Pressão após 1 hora (psi) Pressão máxima após 6 horas (psi

Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados de Urdaneta et all.

Conclui-se que a operação de bombeio sucessivo de resina a frente do


colchão de cimento convencional obteve êxito devido a medição de pressão
zero. Constatou-se que em estado líquido a resina permite a passagem do gás
e a consequente pressão, apenas após a cura a resina apresentou
estanqueidade. Este método permite a utilização de misturadores para grande
volume ou para poucos barris, sendo adequado para áreas remotas, operações
offshore, locais com espaço restrito, ou ainda locais de difícil logística para
transporte de equipamentos pesados.
55

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Nesta seção são apresentas as principais conclusões obtidas neste


trabalho e recomendações para trabalhos futuros. Conclui-se que a aplicação de
resina em substituição ao cimento comum conduz a um efetivo e eficiente
isolamento das zonas pertinentes, bem como o estabelecimento de uma
condição segura para o poço abandonado. Desta forma, previne o fluxo não
intencional de fluidos entre zonas e para o meio externo ao poço, garantindo a
segurança das pessoas e do meio ambiente.

Com base no que foi apresentado, se constata que a resina apresenta


vantagens mecânicas e físicas quando comparada ao cimento convencional. A
resina não apresenta taxa de encolhimento após o endurecimento, benefício
quando comparada ao cimento que pode formar micro canais e não proporcionar
adequada vedação. Devido a imiscibilidade em água, a resina não apresenta
problemas operacionais devido a contaminação do material. Ainda, a resina
pode ter seu tempo de cura ajustado ao projeto e apresenta maior durabilidade
que o cimento Portland.

Entretanto, quando avaliado somente o custo do material a resina selante


apresenta desvantagem em relação ao cimento. Porém, a aplicação de resina
pode dispensar o uso de sonda e diminui o tempo de operação. Desta forma, a
análise de custo final comparativo de abandono do poço deve ser realizada
considerando as especificidades de cada projeto, visto que o custo de sonda e
tempo de operação podem compensar o custo com o material. Além disso,
devido a maior eficiência não existe a necessidade de reentrada para corrigir a
cimentação, este custo relacionado ao risco deve ser incorporado aos projetos
de abandono de poços.

Destaca-se que poços onshore apresentam menor custo de sondas e


menores receita. Sendo assim, dificilmente um projeto de abandono de poços
utilizando resina seria economicamente viável em situações de operação que
não sejam críticas e com alto potencial de dano ao meio ambiente, pessoas,
patrimônio e segurança.
56

Os estudos de casos de uso apresentados confirmam que a resina é


adequada para uso inclusive em condições em que o cimento não garante
isolamento. O isolamento com resina pode ser verificado por meio de teste de
pressão positiva e negativa. Estes testes são de grande importância não
somente para o operador do contrato como também para a Agência reguladora
do setor que tem a garantia que o poço devolvido a ela não apresentará
problemas futuros, quando sua responsabilidade será do Estado. Na operação
de cimentação convencional é possível verificar se apenas a pressão positiva, o
que não é adequado visto que é o sentido oposto ao fluxo de fluidos.

Destaca-se que os trabalhos internacionais descritos nesta monografia


não apresentam as características mecânicas e físicas negativas da resina.
Ademais, algumas propriedades como durabilidade não são apresentadas em
termos quantitativos, apenas qualitativos.

Recomenda-se que seja realizado estudos a respeito da viabilidade


econômica de projetos de abandono de poços que utilizam resina selante.
Adicionalmente, pode se avaliar as propriedades da resina selante e do cimento
convencional em laboratórios a fim de se comprovar os dados apresentados
neste trabalho.
57

6. BIBLIOGRAFIA

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