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Teoria e obras

A teoria marxista é, substancialmente, uma crítica radical das sociedades capitalistas, mas
é uma crítica que não se limita a teoria em si: Marx se posiciona contra qualquer
separação drástica entre teoria e prática, entre pensamento e realidade, porque essas
dimensões são abstrações mentais (categorias analíticas) que, no plano concreto, real,
integram uma mesma totalidade complexa.[60]
O marxismo constitui-se como a concepção materialista da História, longe de qualquer tipo
de determinismo, mas compreendendo a predominância da materialidade sobre a ideia,
sendo esta possível somente com o desenvolvimento daquela, e a compreensão das
coisas em seu movimento, em sua inter-determinação, que é a dialética. Portanto, não é
possível entender os conceitos marxianos — como forças produtivas ou capital — sem
levar em conta o processo histórico, pois não são conceitos abstratos e sim uma abstração
do real, tendo como pressuposto que o real é movimento.[61]
Karl Marx compreende o trabalho como atividade fundante da humanidade.[62][63] E o
trabalho, sendo a centralidade da atividade humana, se desenvolve socialmente, sendo o
homem um ser social. Sendo os homens seres sociais, a História, isto é, suas relações de
produção e suas relações sociais fundam todo processo de formação da humanidade.
Esta compreensão e concepção do homem é radicalmente revolucionária em todos os
sentidos, pois é a partir dela que Marx irá identificar a alienação do trabalho como a
alienação fundante das demais. E com esta base filosófica é que Marx compreende todas
as demais ciências, tendo sua compreensão do real influenciado cada dia mais a ciência
por sua consistência.[64]

Karl Marx e suas contribuições teóricas para a sociologia

Karl Marx - economista, filósofo e socialista judeu-alemão - foi um dos maiores pensadores
revolucionários do século XIX. Suas obras são de extrema importância atualmente, pois
retratam bem a sociedade atual, entretanto na época de suas publicações não foram
devidamente valorizadas

Em suas obras, Marx trabalha bastante as distinções entre classes e suas relações, o opressor e
o oprimido, uma luta que sempre existiu e possivelmente sempre existirá. Por exemplo, na
Antiguidade Clássica a luta se dava pelo permanente confronto entre os senhores e os
escravos. Já na Idade Média, o conflito entre as classes evidenciava-se no esforço dos servos e
dos vilãos para se emanciparem do domínio que os senhores feudais exerciam sobre eles.

Marx tinha uma visão otimista com relação à luta de classes, acreditava que, ao final da
batalha travada entre capitalistas e operários, os operários levariam a vitória por serem a
maioria em quantidade de pessoas, ou seja, a grande maioria da sociedade. Constrói-se, a
partir disso, um mundo ideal onde todas as diferenças de classes desapareceriam. Foi o que
Marx escreveu em sua obra O manifesto Comunista em 1848: “Os proletários nada têm a
perder a não ser seus grilhões. E têm um mundo a ganhar.”

A contribuição social de Marx, foi o livro O capital em 1967, cujo assunto tratado era o
funcionamento da sociedade capitalista. Iniciando uma análise da produção de mercadoria,
Marx descreve perfeitamente a descrição do sistema, sua evolução e suas transformações. A
infraestrutura é formada pelas ferramentas, tais como máquinas e as técnicas, utilizadas na
produção de mercadorias e relações que possibilitam a produção e a reprodução dessas
mercadorias. Essas relações, no Capitalismo, ocorrem entre os proprietários dos meios de
produção - terra, matérias-primas e máquinas e por aqueles que detêm apenas a força de
trabalho.

“... a finalidade da maquinaria utilizada como capital. Igual a qualquer outro desenvolvimento
da força produtiva do trabalho, ela se destina a baratear mercadorias e a encurtar a parte da
jornada de trabalho que o trabalhador precisa para si mesmo, a fim de encompridar a outra
parte da sua jornada de trabalho que ele dá de graça para o capitalista.Ela é meio de produção
da mais valia” (Marx, 1984, p.7).

Ao se desenvolver, as forças produtivas e os proprietários geram conflitos e com isso abre-se a


possibilidade de uma revolução social com possibilidade de produção de novas relações.
Acreditava que, assim como ocorreu no escravismo e no feudalismo, o capitalismo chegaria ao
fim com uma grande crise, uma espécie de catástrofe da economia e das instituições. Previa
que essa falência do capitalismo ocorreria nos países mais industrializados da Europa,
entretanto a concepção marxista veio a ocorrer na Rússia e na China, países rurais e atrasados.

O marxismo forneceu ao socialismo uma base científica, definindo lhe com clareza os objetivos
e os meios de luta. Marx elaborou um teoria científica da evolução das sociedades e chegou a
uma série de conclusões, tais como: a constante transformação das ideias e dos homens que
tinham um papel essencial e dinâmico a realidade exterior; a importância da realidade
econômica, por que é a partir dela que depende a sobrevivência e determina as relações de
produção, relações sociais e relações políticas; a dinâmica de luta de classes entre os que
dominam e se submetem aos bens de produção e mecanismos econômicos; a evolução das
sociedades humanas como uma sucessão de modos de produção, elite dominadora e minoria
da sociedade.

As contribuições teóricas de Marx para a sociedade atual são imprescindíveis, pois na


concepção sociológica, as classes são bem divididas. Uma classe é a dos operários e a outra é a
dos capitalistas, ambas distintas, visto que o benefício de uma é o prejuízo da outra. Dessa
forma, Marx propôs novas formas de visualizar o mundo e a sociedade em que vivemos, pois
continuamos seguindo o mesmo ciclo de modos de produção que Marx descreveu anos atrás.

Karl Marx – Quem é

Reconhecido como um dos maiores filósofos de todos os tempos, Karl Marx tem através de
seu pensamento grande influencia em diversas áreas. Assim, é sabida sua importância até hoje
para ciências como filosofia, sociologia, geografia, história, direito, literatura, ciência política,
pedagogia, biologia, antropologia,economia, administração e muitas outras.

Além desta vasta influencia, o intelectual alemão atuou como filósofo, economista,
historiador, jornalista e também teórico político. Notado como um grande revolucionário
alemão, Marx foi também um dos responsáveis pela fundação da doutrina comunista
moderna e pela autoria do Manifesto do Partido Comunista.
Karl Marx foi herdeiro da filosofia alemã, e é também considerado um de seus principais
representantes, ao lado de nomes como Kant e Hegel. Hoje é considerado um dos maiores
pensadores de todos os tempos, tendo sua obra comparada com a de Aristóteles em termos de
extensão e densidade.

Obras de Karl Marx

Sua obra, embora muito vasta, recebera pouquíssima atenção durante toda sua vida. Mesmo a
própria Alemanha pareceu ignorar sua obra e suas teorias por longo tempo , até que no ano de
1879 um estudioso em economia politica teceu comentários acerca do trabalho de
Marx em sua obra, e a partir de então esses escritos passaram a receber gradativamente mais
atenção e pouco a pouco foram tornando-se significativos e cada vez mais imprescindíveis
para muitas ciências.

Sua teoria é essencialmente uma ferrenha crítica às sociedades capitalistas e seus moldes de
organização e divisões sociais. O marxismo enquanto corrente de pensamento constituiu-se
enquanto concepção materialista da historia, afastando-se de qualquer tipo de determinismo,
e buscando compreender as coisas através de seus movimentos, através da dialética. Assim
torna-se extremamente difícil, e porque não dizer impossível, compreender as teorias e os
conceitos do marxismosem que se leve em conta previamente o processo histórico.

Teorias de Karl Marx

Após a ocasião de sua morte foi possível notar que suas teorias passaram a obter crescente
intelectual e politica especialmente sobre os movimentos operários e também dentre os
círculos acadêmicos especialmente ligados às ciências humanas, embora em menores
proporções.

Marx aborda ainda uma concepção muito particular quanto ao trabalho, e que é
importantíssima para toda sua teoria. Ele compreende o trabalho enquanto atividade fundante
da humanidade, e sendo esta a centralidade da atividade humana e sendo o homem um ser
social, essa atividade só pode ser desenvolvida socialmente.

É válido notar que a compreensão do homem como ser social reflete as preocupações de Karl
Marx quanto a historicidade deste ser e de suas relações de produção e relações sociais. Essa
compreensão do ser humano em Marx foi considerada revolucionaria e é justamente a partir
dessa linha de pensamento que ele poderá pensar e elaborar conceitos como o da alienação
do trabalho e as demais alienações .

O legado de Karl Marx

Esta base filosófica, cercada de preocupações históricas e sociais são o alicerce a partir do qual
o marxismo propõe uma compreensão de todas as demais ciências, e a compreensão do real e
do cotidiano, sempre pautadas a partir dessa consciência.

Hoje o marxismo continua tendo importantíssima influência em diversas áreas do


conhecimento, e suas teorias e conceitos ainda revisitadas. Ademais e importante notar que
esses escritos continuam ainda servindo de respaldo teórico para discussões de cunho social e
especialmente para a organização de muitos movimentos sociais.

Marx ainda foi de grande importância também por seus escritos metodológicos,
especialmente para a áreas de ciências sociais, visto que diversas vezes buscou sistematizar
sua própria metodologia, tecendo criticas e buscando se desvencilhar do idealismo
especulativo hegeliano e da economia politica clássica. Você pode descobrir mais sobre o
pensamento deste grande intelectual no texto Karl Marx, a Alienação e a Mais Valia, neste
mesmo site, não perca!

Karl Marx

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Karl Marx (1818-1883) foi um filósofo, economista liberal, revolucionário alemão e um dos
fundadores do socialismo científico. A obra de Marx influenciou a Sociologia, a Economia, a
História e a até a Pedagogia.

Biografia
Retrato de Karl Marx

Karl Marx nasceu em 05 de maio de 1818 na cidade Treviris, na Alemanha, no meio de uma
família acomodada.

Ingressou primeiro na Universidade de Bonn e mais tarde, transferiu para a de Berlim com o
intuiro de estudar Direito. Abandonaria o curso para se dedicar ao estudo da Filosofia na
mesma instituição.

Ali, sofreria a influência dos Jovens Hegelianos que criticavam especialmente a religião e o
Estado.

Em 1842, trabalhando no jornal "Gazeta Renana" conhece Friedrich Engels, com o qual
escreveria e editaria inúmeros livros. Mais tarde, a gazeta é fechada e Marx vai para Paris.

Também se casa com a filha de um barão, Jenny Von Westaphalien, com quem teria sete filhos
e dos quais somente três chegariam à vida adulta.

Igualmente teve um filho com a militante socialista e empregada, Helena Demuth. A


paternidade da criança seria assumida por Engels.

Os anos seguintes não seriam fáceis, pois Marx liderou publicações que criticavam duramente
o governo alemão. Ele foi expulso da França e da Bélgica a pedido do governo alemão.

Graças a uma arrecadação de fundos feita pelos seus admiradores e amigos, Marx parte para
Londres onde continua suas investigações.

Karl Marx adoece de uma inflamação na garganta que o impede de falar e alimentar-se
normalmente. Em consequência de uma bronquite e problemas respiratórios, faleceu em
Londres, no dia 14 de março de 1883.

Obras e Teorias

Com a colaboração do intelectual, também alemão, Friedrich Engels, Marx publicou


o Manifesto Comunista.

Isso ocorreu às vésperas da Revolução de 1848 na França, a chamada Primavera dos Povos,
Nele, Marx critica o capitalismo, expõe a história do movimento operário e termina com o
apelo pela união dos operários no mundo todo.

Em 1867, ele publica sua obra mais importante, O Capital, onde sintetiza suas críticas à
economia capitalista.

Esta coleção causaria nas décadas seguintes uma revolução na maneira de pensar a economia,
a sociologia e demais ciências sociais e humanas.

Leia mais em Materialismo Histórico

Crítica ao Capitalismo

Para Marx, as condições econômicas e a luta de classes são agentes transformadores da


sociedade.

A classe dominante nunca deseja que a situação mude, pois se encontra em uma situação
muito confortável. Já os desfavorecidos têm que lutar pelos seus direitos e esta luta é que
moveria a História, segundo Marx.

Marx pensava que o triunfo do proletariado faria surgir uma sociedade sem classes. Isto seria
alcançado pela união da classe trabalhadora organizada em torno de um partido
revolucionário.

Também defende a “mais valia” quando explica que o lucro do patrão é obtido a partir da
exploração da mão de obra do trabalhador.

Socialismo Científico

Ao elaborar uma teoria sobre as desigualdades sociais e propor uma forma para superá-las,
Marx criou o que se denominou: "socialismo científico".

Contra a ordem capitalista e a sociedade burguesa, Marx considerava inevitável a ação política
do operariado, a revolução socialista, que faria surgir uma nova sociedade.

De início, seria instalado o controle do Estado pela ditadura do proletariado e a socialização


dos meios de produção, eliminando a propriedade privada.

Na etapa seguinte, a meta seria o comunismo, que representaria o fim de todas as


desigualdades sociais e econômicas, incluindo a dissolução do próprio Estado.

Em 1864, a fim de conjugar esforços, funda-se a "Associação Internacional dos Trabalhadores",


em Londres, que ficou conhecida posteriormente como a Primeira Internacional.

A entidade expandiu-se por toda a Europa, cresceu muito e acabou dividida, depois de um
longo processo de dissidências internas. Em 1876, ele foi oficialmente dissolvida.

Saiba mais:

 Luta de Classes

 Socialismo Utópico

 Socialismo

 O que é Sociologia?
O Marxismo

Gravura retratando Engels e Marx discutindo suas teorias

As reações dos operários aos efeitos da Revolução Industrial fez surgir críticos que propunham
reformulações sociais. Eles sugeriam a criação de um mundo mais justo e foram chamados
de teóricos socialistas.

Entre os vários pensadores, o mais célebre teórico socialista foi o alemão Karl Marx, com
passagem pela França e pela Inglaterra. Marx testemunhou as transformações sociais
decorrentes da industrialização.

Leia mais em Marxismo.

Influência do Marxismo

As teorias de Karl Marx influenciaram a Revolução Russa de 1917, além de teóricos e políticos,
entre eles:

 Lênin

 Stálin

 Trótski

 Rosa Luxemburgo

 Che Guevara

 Mao Tsé-Tung

Cada um deles entendia a teoria marxista e a buscava adaptá-lo à sua realidade específica.
Assim, temos o “marxismo-lenismo”, o “socialismo moreno”, etc.

Vários foram os governos que se proclamaram socialistas como a URSS, Cuba, Coreia do Norte,
entre muitos outros.

Frases de Marx

 "Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é


modificá-lo".
 "A produção econômica e a organização social que dela resulta, necessariamente para
cada época da história, constituem a base da história política e intelectual dessa
época".

 "A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes".

 "Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem sob circunstâncias de sua
escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas
pelo passado".

 "Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em encher os bolsos, o mais


que possa. E o que temos a fazer não é divagar acerca da sua vontade, mas investigar
o seu poder, os limites desse poder e o caráter desses limites".

Contexto Histórico: Resumo

Grandes transformações econômicas, políticas e sociais ocorreram na Europa no fim do século


XVIII e início do século XIX.

Todas essas mudaças foram acompanhadas por teorias e doutrinas que buscavam condenar ou
reformar a ordem capitalista burguesa.

Estruturaram-se então as teorias socialistas, vinculadas a um novo ramo da ciência, a


economia política.

A Inglaterra era onde mais se verificava esta mudança. O país adquiria uma nova configuração
social com a industrialização e o êxodo rural que forneceu a mão de obra das fábricas nas
cidades.

Não existia nenhuma legislação trabalhista, as jornadas de trabalho nas fábricas, instaladas em
locais insalubres, eram na maioria superiores a 14 horas. A miséria aumentava nas cidades.

Além das condições sub-humanas de trabalho, os operários enfrentavam enormes dificuldades


em época de guerra. Neste período, a fome se disseminava pelo continente europeu, em
consequência dos elevados preço dos gêneros alimentícios.

Mais grave ainda era o efeito provocado pelo emprego cada vez maior de máquinas no
processo produtivo. Com isso, o trabalho humano ficava sujeito a receber uma remuneração
cada vez menor.

O descontentamento só aumentava, à medida que cresciam as razões para os conflitos,


prenunciando uma revolução social.

Surgiram as primeiras organizações trabalhistas, as trade unions, que buscavam organizar as


lutas das classes operárias, sendo vistas como organizações criminosas pelos industriais.

As Etapas do Pensamento Sociológico: Karl Marx – A Análise Socioeconômica do Capitalismo

Posted on 8 de Março de 2015 by Rolf Amaro

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Leia todos os resumos de As Etapas do Pensamento Sociológico

MARX é o sociólogo e o economista do regime capitalista. Não tinha uma ideia precisa do que
seria o regime socialista, e não se cansava de repetir que o homem não podia conhecer o
futuro antecipadamente. Um homem, sobretudo um sociólogo marxista, é inseparável da sua
época.

Além da diversidade das obras de Marx, é preciso levar em conta a diversidade dos períodos
em que foram escritas. Distinguem-se em geral dois períodos principais. O primeiro, que é
chamado de período de juventude, compreende os trabalhos escritos entre 1841 e 1847-1848.
Esse período de juventude se encerra com Miséria da filosofia e, sobretudo, com a pequena
obra clássica intitulada Manifesto comunista, na qual encontramos expostas pela primeira vez
as ideias diretrizes de Marx. A partir de 1848, Marx deixou de ser filósofo, tornando-se um
sociólogo e, sobretudo, um economista. Aqui, as duas obras mais importantes são um texto de
1859, Contribuição à crítica da economia política e o centro do seu pensamento, O capital.

Levando em conta os dois momentos da carreira científica de Marx, tomarei como ponto de
partida o pensamento da maturidade que irei procurar no Manifesto
comunista, na Contribuição a crítica da economia política e em O capital. Procurarei mostrar
por que os temas do pensamento de Marx são simples e falsamente claros e se prestam,
assim, a várias interpretações.

A análise socioeconômica do capitalismo

Marx, em vez de por no centro da sua interpretação a antinomia entre as sociedades do


passado e a sociedade presente, focaliza a contradição que lhe parece inerente à sociedade
moderna, que ele chama capitalismo. Os três textos célebres que vou analisar, o Manifesto
comunista, o prefácio da Contribuição à crítica da economia política e O capital, são três
maneiras de explicar esse caráter antagônico do regime capitalista.

O tema central do Manifesto comunista é a luta de classes. A história humana se caracteriza


pela luta de grupos humanos que chamaremos classes sociais, cuja definição (imprecisa)
implica uma dupla característica; por um lado, a de comportar o antagonismo dos opressores e
dos oprimidos e, por outro lado, de tender a uma polarização em dois blocos, e somente em
dois. No Manifesto comunista são apresentadas duas formas da contradição característica da
sociedade capitalista. A primeira é a contradição entre as forças e as relações de produção.
A burguesia cria incessantemente meios de produção mais poderosos. Mas as relações de
produção, não se transformam no mesmo ritmo. A despeito desse aumento das riquezas, a
miséria continua sendo a sorte da maioria.

A segunda forma de contradição é a que existe entre o aumento das riquezas e a miséria
crescente da maioria. O proletariado, que constitui cada vez mais a maioria da população, se
constituirá em classe, isto é, numa unidade social que aspira à tomada do poder e à
transformação das relações sociais. A revolução do proletariado será feita pela imensa maioria,
em benefício de todos e marcará o fim das classes e do caráter antagônico da sociedade
capitalista. Essa revolução será obra dos próprios capitalistas. Empenhados numa concorrência
inexpiável, não podem deixar de aumentar os meios de produção e de ampliar ao mesmo
tempo o número dos proletários e sua miséria. Quando a classe proletária tiver tomado o
poder, haverá uma ruptura decisiva com a história precedente. O caráter contraditório de
todas as sociedades conhecidas, até o presente, terá desaparecido.

Marx considera que a política e o Estado são fenômenos secundários, com relação ao que
acontece na sociedade. Por isso apresenta o poder político como a expressão dos conflitos
sociais: é o meio pelo qual a classe dominante mantem seu domínio e sua exploração. Nesta
linha de raciocínio, a supressão das contradições de classe deve levar logicamente ao
desaparecimento da política e do Estado.

O próprio Marx resumiu o conjunto da sua concepção sociológica no prefácio da Contribuição


a crítica da economia política publicada em Berlim, em 1859:

1) Os homens entram em relações determinadas que são independentes da sua vontade.


Então convém analisar a estrutura das sociedades, as forças de produção e as relações de
produção, e não o modo de pensar dos homens. A compreensão do processo histórico está
condicionada à compreensão de tais relações sociais supra-individuais.

2) Em toda sociedade podemos distinguir a base econômica, ou infraestrutura, e a


superestrutura. A primeira é constituída pelas forças e pelas relações de produção; na
superestrutura figuram as instituições jurídicas e políticas, bem como os modos de pensar, as
ideologias, as filosofias.

3) O motor do movimento histórico é a contradição entre as forças e as relações de produção.


As forças de produção são, ao que parece, a capacidade de uma certa sociedade de produzir;
capacidade que é função dos conhecimentos científicos, do aparelhamento técnico, da própria
organização do trabalho coletivo. As relações de produção, que não aparecem definidas
precisamente nesse texto, incluem tanto as relações de propriedade como a distribuição da
renda entre os indivíduos ou grupos da coletividade.

4) Nessa contradição entre forças e relações de produção, é fácil introduzir a luta de classes,
embora o texto não faça alusão. Basta considerar que nos períodos revolucionários, uma
classe está associada às antigas relações de produção, que são um obstáculo ao
desenvolvimento das forças produtivas, enquanto outra classe representa novas relações de
produção que favorecerão ao máximo o desenvolvimento dessas forças.
5) Essa dialética das forças e das relações da produção sugere uma teoria das revoluções: as
revoluções preenchem funções necessárias, e se produzem quando ocorrem determinadas
condições. A Revolução Francesa se realizou no momento em que as novas relações de
produção capitalistas atingiram certo grau de maturidade. Marx prevê um processo análogo
para a passagem do capitalismo ao socialismo.

6) Marx não distingue só a infra e a superestrutura, mas também a realidade social e a


consciência: não é a consciência dos homens que determina a realidade; é a realidade social
que determina sua consciência. Daí a concepção segundo a qual é preciso explicar a maneira
de pensar dos homens pelas relações sociais as quais estão integrados.

7) Marx distingue as etapas da história humana a partir dos regimes econômicos. Determina
quatro regimes ou quatro modos de produção: o asiático, o antigo, o feudal e
o burguês. Esses quatro modos de produção podem ser divididos em dois grupos:

Os modos de produção antigo, feudal e burguês se sucederam na história do Ocidente. O


modo de produção antigo é caracterizado pela escravidão; o modo de produção feudal pela
servidão; o modo de produção burguês pelo trabalho assalariado. Eles constituem três modos
distintos de exploração do homem pelo homem. O modo de produção burguês constitui a
última formação social antagônica porque o modo de produção socialista, isto é, a associação
dos produtores, não implica mais a subordinação dos trabalhadores manuais a uma classe,
detentora da propriedade dos meios de produção e do poder político.

Por outro lado, o modo de produção asiático não parece constituir uma etapa da história do
Ocidente. Parece definido pela subordinação de todos os trabalhadores ao Estado. Se esta
interpretação é correta, sua estrutura social não seria caracterizada pela luta de classes, mas
pela exploração de toda a sociedade pelo Estado, ou pela classe burocrática. Pode-se conceber
que, no caso da socialização dos meios de produção, o capitalismo conduza para a difusão do
modo de produção asiático. Os sociólogos que não são favoráveis à sociedade soviética
comentaram extensamente estas referências rápidas ao modo de produção asiático.

Essas são, a meu ver, as ideias diretrizes de uma interpretação econômica da história. No
momento, é suficiente limitarmo-nos às ideias fundamentais expostas por Marx, que contem
certo equívoco, uma vez que a determinação dos limites precisos da infraestrutura e da
superestrutura pode levar (e tem levado) a discussões infindáveis.

Metodologia

Segundo Marx, Hegel e seus seguidores criaram uma dialética mistificada, que buscava explicar
a história mundial a partir da economia[65] e como auto-desenvolvimento da Ideia absoluta.

Já os economistas clássicos naturalizavam e desistoricizaram o modo de produção capitalista,


concebendo a dominação de classe burguesa como uma ordem natural das relações
econômicas, a partir de um conceito abstrato de indivíduo, homo economicus. Por isso, os
economistas clássicos recorriam a "robsonadas", isto é, narrativas de trocas de produtos entre
caçadores e pescadores primitivos, para ilustrar as suas teorias econômicas. Marx atribuía essa
mistificação ao fetichismo da mercadoria, e não a uma intenção consciente.[66]
Em oposição aos filósofos idealistas e aos economistas clássicos, Marx propunha a investigação
do desenvolvimento histórico das formas de produção e reprodução social, partindo do
concreto para o abstrato e do abstrato para o concreto[67]

Classes sociais

Em razão da divisão social do trabalho e dos meios, a sociedade se extrema entre possuidores
e os não detentores dos meios de produção. Surgem, então, a classe dominante e a classe
dominada, sendo a classe dominante aquela que mantém poder sobre os meios de produção e
a classe dominada a que se sujeita a dominante para obter os bens produzidos. O Estado
aparece para representar os interesses da classe dominante[68] e cria, para isso, inúmeros
aparatos para manter a estrutura da produção. Esses aparatos são nomeados por Marx
de infraestrutura e condicionam o desenvolvimento de ideologias e normas reguladoras, sejam
elas políticas, religiosas, culturais ou econômicas, para assegurar os interesses dos
proprietários dos meios de produção.[69]

Crítica da religião

Marx cerca de um ano antes de sua morte, em 1882.

Ver artigos principais: Ateísmo Marxista-leninista e Marxismo e religião

Para Marx a crítica da religião é o pressuposto de toda crítica social, pois crê que as
concepções religiosas tendem a desresponsabilizar os homens pelas consequências de seus
atos.[48] Marx tornou-se reconhecido como crítico sagaz da religião devido a sentença que
profere em um escrito intitulado Crítica da filosofia do direito de Hegel: “A religião é o suspiro
da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma
situação carente de espírito. É o ópio do povo.”[70] Em verdade, Marx se ocupou muito pouco
em criticar sistematicamente a atividade religiosa. Nesse quesito ele basicamente seguiu as
opiniões de Ludwig Feuerbach, para quem a religião não expressa a vontade de
nenhum Deus ou outro ser metafísico: é criada pela fabulação dos homens.[70]

Revolução

Apesar de alguns leitores de Marx adjetivarem-no de “teórico da revolução”, inexiste em suas


obras qualquer definição conceitual explícita e específica do termo "revolução".[71] O que Marx
oferece são descrições e projeções históricas inspiradas nos estudos que fez acerca das
revoluções francesa, inglesa e norte-americana.[48] Um exemplo de prognóstico histórico desse
tipo encontra-se em Contribuição para a crítica da Economia Política:
“ Numa certa etapa do seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da
sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes ou, o
que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de propriedade no seio
das quais se tinham até aí movido. De formas de desenvolvimento das forças
produtivas, estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. Ocorre então
uma época de revolução social.[72] ”

Em geral, Marx considerava que toda revolução é necessariamente violenta, ainda que isso
dependa, em maior ou menor grau, da constrição ou abertura do Estado. A necessidade de
violência se justifica porque o Estado tenderia sempre a empregar a coerção para salvaguardar
a manutenção da ordem sobre a qual repousa seu poder político, logo, a insurreição não tem
outra possibilidade de se realizar senão atuando também violentamente. Diferente do
apregoado pelos pensadores contratualistas, para Marx o poder político do Estado não emana
de algum consenso geral, é antes o poder particular de uma classe particular que se afirma em
detrimento das demais.[71] A revolução se daria no âmbito da necessidade de sobrevivência,
pois segundo ele as forças produtivas em seu ápice passariam a se tornar destrutivas.[73]

Importante notar que Marx não entende revolução enquanto algo como reconstruir
a sociedade a partir de um zero absoluto. Na Crítica ao Programa de Gotha, por exemplo,
indica claramente que a instauração de um novo regime só é possível mediada pelas
instituições do regime anterior. O novo é sempre gestado tendo o velho por ponto de
partida.[71] A revolução proletária, que instauraria um novo regime sem classes, só obteria
sucesso pleno após a conclusão de um período de transição que Marx
denominou socialismo.[48]

Crítica ao anarquismo

Engels, Marx e suas filhas

Criticou o anarquismo por sua visão tida como ingênua do fim do Estado onde se objetiva
acabar com o Estado "por decreto", ao invés de acabar com as condições sociais que fazem do
Estado uma necessidade e realidade. Na obra Miséria da Filosofia, elabora suas críticas ao
pensamento do anarquista Proudhon. Também criticou o blanquismo com sua visão elitista de
partido, por ter uma tendência autoritária e superada. Posicionou-se a favor do liberalismo,
não como solução para o proletariado, mas como premissa para maturação das forças
produtivas (produtividade do trabalho) das condições positivas e negativas da emancipação
proletária, como a da homogeneização da condição proletária internacional gerado pela
"globalização" do capital. Sua visão política era profundamente marcada pelas condições que
o desenvolvimento econômico ofereceria para a emancipação proletária, tanto em sentido
negativo (desemprego), como em sentido positivo (em que o próprio capital centralizaria a
economia, exemplo: multinacionais).[74]

Práxis

Ver artigo principal: Práxis

Na lógica da concepção materialista da História, não é a realidade que move a si mesma, mas
comove os atores, trata-se sempre de um "drama histórico" (termo que Marx usa em O 18
Brumário de Luís Bonaparte) e não de um "determinismo histórico" que cairia num
materialismo mecânico (positivismo), oposto ao materialismo dialético de Marx, que poderia
ser definido como uma "dialética realidade-idealidade evolutiva". Ou seja, as relações entre a
realidade e as ideias se fundem na práxis, e a práxis é o grande fundamento do pensamento de
Marx. Pois sendo a história uma produção humana, e sendo as ideias produto das
circunstâncias em que tais ideais brotaram, fazer história racionalmente é a grande meta. É o
próprio fazer da história que criará suas condições objetivas e subjetivas adjacentes, já que a
objetividade histórica é produto da humanidade (dos homens associados, luta política, etc). E,
assim, Marx finaliza as Teses sobre Feuerbach, não se trata de interpretar diferentemente o
mundo, mas de transformá-lo, pois a própria interpretação está condicionada ao mundo
posto, só a ação revolucionária produz a transcendência do mundo vigente.[75]

Mais-valia

Ver artigo principal: Mais-valia

O conceito de mais-valia foi empregado por Karl Marx para explicar a obtenção dos lucros no
sistema capitalista. Para Marx, o trabalho gera a riqueza, portanto, a mais-valia seria
o valor extra da mercadoria, a diferença entre o que o empregado produz e o que ele recebe.
Os operários em determinada produção produzem bens (ex: 100 carros num mês). Se
dividirmos o valor dos carros pelo trabalho realizado dos operários, teremos o valor do
trabalho de cada operário. Entretanto os carros são vendidos por um preço maior: esta
diferença é o lucro do proprietário da fábrica. A esta diferença, Marx chama de "valor
excedente ou maior", ou mais-valia.[76] Segundo ele, o lucro teria uma tendência decrescente
devido a necessidade de se investir na produção, à medida que a remuneração dos
trabalhadores estaria submetida a mais-valia.[77]

O Capital

Ver artigo principal: O Capital


Capa da primeira edição (1867) de Das Kapital

A grande obra de Marx é O Capital, na qual trata de fazer uma extensa análise da sociedade
capitalista. É predominantemente um livro de Economia Política, mas não só. Nesta obra
monumental, Marx discorre desde a economia, até a sociedade, cultura, política e filosofia. É
uma obra analítica, sintética, crítica, descritiva, científica, filosófica, etc. Uma obra de difícil
leitura, ainda que suas categorias não tenham a ambiguidadeespeculativa própria da obra de
Hegel, possui, no entanto, uma linguagem pouco atraente e nem um pouco fácil. Dentro da
estrutura do pensamento de Marx, só uma obra como O Capital é o principal conhecimento,
tanto para a humanidade em geral, quanto para o proletariado em particular, já que através
de uma análise radical da realidade que está submetido, só assim poderá se desviar da
ideologia dominante ("a ideologia dominante" é sempre da "classe dominante"), como poderá
obter uma base concreta para sua luta política. Sobre o caráter da abordagem econômica das
formações societárias humanas, afirmou Alphonse De Waelhens: "O marxismo é um esforço
para ler, por trás da pseudo-imediaticidade do mundo econômico reificado as relações inter-
humanas que o edificaram e se dissumularam por trás de sua obra."[78] Cabe lembrar que O
Capital é uma obra incompleta, tendo sido publicado apenas o primeiro volume com Marx
vivo. Os demais volumes foram organizados por Engels e publicados posteriormente.[79]

Outras obras

Na obra A Ideologia Alemã, Marx apresenta os pressupostos de seu novo pensamento.


No Manifesto Comunista, apresenta sua tese política básica, propondo a construção de uma
nova sociedade, derrubando a burguesia através da luta contra a propriedade privada[80] de
poucos.[81] No ensaio "Sobre a Questão Judaica", apresenta sua crítica à religião, dizendo que
não se deve apresentar questões humanas como teológicas, mas as teológicas como questões
humanas, e que afirmar ou negar a existência de Deus, são ambas teologia. Para ele, deve-se
sempre ver as religiões como reflexões fantasiosas do ser humano acerca de si mesmo, mas
que representam a condição real a qual está submetido o ser humano. Em Crítica ao Programa
de Gotha, Marx faz sua mais extensa e sistemática apresentação do que seria uma sociedade
socialista. Em A Guerra Civil na França, Marx supera todas as suas tendências jacobinas[82] de
antes e defende claramente que só com o fim do Estado o proletariado oferece a si mesmo as
condições de manter o próprio poder recém conquistado, e o fim do Estado é literalmente o
"povo em armas", ou seja, o fim do "monopólio da violência" que o Estado representa. Em O
18 Brumário de Luís Bonaparte, além da profunda análise sobre o terror da "burocracia",
outros aspectos marcantes são a questão do campesinato como aliado da classe operária na
revolução iminente, o papel dos partidos políticos na vida social[83] e uma caracterização
profunda da essência do bonapartismo. Karl Marx foi um dos poucos ideólogos que
acompanharam todo o percurso de instabilidade política francesa pós-revolução
francesa, revolução industrial e globalização[84] sendo que influenciou muito na obra do autor e
contribuiu para alimentar os debates políticos dentro da esquerda.[85]

Recepção da obra

Durante a vida de Marx, suas ideias receberam pouca atenção de outros estudiosos. Talvez o
maior interesse tenha se verificado na Rússia, onde, em 1872, foi publicada a primeira
tradução do Tomo I de O Capital. Na Alemanha, a teoria de Marx foi ignorada durante
bastante tempo, até que, em 1879, Adolph Wagner, um alemão estudioso da economia
política, comentou o trabalho de Marx ao longo de uma obra intitulada Allgemeine oder
theoretische Volkswirthschaftslehre. A partir de então, os escritos de Marx começaram a atrair
cada vez mais atenção.[59]

Ao final do século XIX, o principal local de debate da teoria de Marx era o Partido Social-
Democrata da Alemanha. Contudo, nos primeiros anos após sua morte, sua teoria obteve
crescente influência intelectual e política sobre os movimentos operários e, em menor
proporção, sobre os círculos acadêmicos ligados às ciências humanas – notadamente
na Universidade de Viena e na Universidade de Roma, primeiras instituições acadêmicas a
oferecerem cursos voltados para o estudo de Marx.[59]

Marx foi herdeiro da filosofia alemã, considerado ao lado de Kant, Nietzsche e Hegel um de
seus grandes representantes. Foi um dos maiores (para muitos, o maior) pensadores de todos
os tempos, tendo uma produção teórica com a extensão e densidade de um Aristóteles, de
quem era um admirador.[86] Marx criticou ferozmente o sistema filosófico idealistade Hegel.
Enquanto que, para Hegel, "da realidade se faz filosofia", para Marx, a filosofia precisa incidir
sobre a realidade. Para transformar o mundo, é necessário vincular o pensamento à prática
revolucionária, união conceitualizada como práxis: união entre teoria e prática.[87]

Legado

Estatueta de Marx e Engels. Parte do Fórum Marx-Engels em Berlim-Mitte.

As ideias de Marx tiveram um profundo impacto na política mundial e pensamento


intelectual.[24][25][88][89] Os seguidores de Marx vêm debatendo entre si sobre como interpretar
seus escritos e aplicar seus conceitos para o mundo moderno. O legado do pensamento de
Marx tornou-se objeto de contestação entre inúmeras tendências, cada uma se vendo como a
intérprete mais precisa de Marx. Na esfera política, estas tendências incluem
o leninismo, marxismo-leninismo, trotskismo, maoísmo, luxemburguismo e o marxismo
libertário. Várias correntes também se desenvolveram no marxismo acadêmico, muitas vezes
sob influência de outros pontos de vista, resultando no marxismo estruturalista, marxismo
histórico, fenomenológica marxista, marxismo analítico e marxismo hegeliano.[90]

Do ponto de vista acadêmico, a obra de Marx contribuiu para o nascimento da sociologia


moderna. Ele tem sido citado como um dos três mestres da "escola cínica" do século XIX, ao
lado de Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud,[91] e como um dos três principais arquitetos da
ciência social moderna juntamente com Émile Durkheim e Max Weber.[26] Em contraste com
outros filósofos, Marx ofereceu teorias que, muitas vezes, poderiam ser testadas com
o método científico.[24] Tanto Marx quanto Auguste Comte começaram a desenvolver
ideologias cientificamente fundadas durante a secularização européia e novos
desenvolvimentos na filosofia da história e ciência. Trabalhando na tradição hegeliana, Marx
rejeitou o positivismo sociológico comtiano na tentativa de desenvolver uma ciência da
sociedade.[92] Karl Löwith considerou Marx e Søren Kierkegaard os dois maiores sucessores
filosóficos de Hegel.[93] Na teoria sociológica moderna, a sociologia marxista é reconhecida
como uma das principais perspectivas clássicas. Isaiah Berlin considera Marx o verdadeiro
fundador da sociologia moderna, "na medida em que qualquer um pode reivindicar o
título".[94] Além da ciência social, ele também teve um legado duradouro na filosofia,
na literatura, nas artes e nas humanidades.[95][96][97][98]

Mapa dos países que se declararam estados socialistas sob uma definição marxista-leninista ou
maoísta entre 1979-1983. Este período marcou a maior extensão territorial dos Estados
socialistas.

Na teoria social, pensadores do século XX e XXI adotaram duas estratégias principais em


resposta a Marx: a primeira, conhecida como marxismo analítico, tende a reduzi-lo ao seu
núcleo analítico, e precisa sacrificar suas ideias mais interessantes e intrigantes; a segunda,
mais comum, dilui as reivindicações explicativas da teoria social de Marx e enfatiza a
"autonomia relativa" dos aspectos da vida social e econômica, não diretamente relacionadas
com a narrativa central de Marx: a interação entre o desenvolvimento das forças de produção
e a sucessão dos modos de produção. Nesta segunda estratégia, incluem-se, por exemplo, a
teorização neomarxista — adotada pelos historiadores inspirados na teoria social de Marx
como E. P. Thompson e Eric Hobsbawm — e a linha de pensamento adotada por pensadores e
ativistas como Antonio Gramsci, que têm procurado entender as oportunidades e as
dificuldades da prática política transformadora vista à luz da teoria social
marxista.[99][100][101][102] Gramsci desenvolveu o conceito de revolução passiva,[103] a qual é
definida como "revolução sem revolução".[104]

Politicamente, o legado de Marx é mais complexo. Ao longo do século XX, ocorreram


revoluções em dezenas de países que se autorotularam de "marxistas", mais notavelmente
a Revolução Russa, que levou à fundação da URSS.[105] Líderes mundiais como Vladimir
Lenin,[105] Mao Zedong,[106] Fidel Castro,[107] Salvador Allende,[108] Josip Tito[109] e Kwame
Nkrumah[110] citaram Marx como uma influência, e suas ideias estão presentes em vários
partidos políticos em todo o mundo, além daqueles onde ocorreram "revoluções
marxistas".[111] As ditaduras brutais associadas com algumas nações marxistas levaram
oponentes políticos a culpar Marx por milhões de mortes,[112] mas a fidelidade destes líderes,
partidos e revoluções à obra de Marx é contestada e rejeitada por muitos
marxistas.[113] Atualmente, é comum distinguir entre o legado e a influência de Marx
especificamente, e o legado e influência de suas ideias para fins políticos.[114]

Críticas

Ver artigo principal: Críticas ao marxismo

Mais informações: Descomunização e Lustração

Memorial de Karl Marx em Moscou, escrito: Proletariados de todo mundo, uni-vos!

Em A Miséria do Historicismo (1936), Karl Popper discorda de Marx quanto à história ser regida
por leis que, se compreendidas, podem servir para se antecipar o futuro. Segundo Popper, a
história não pode obedecer a leis e a ideia de "lei histórica" é uma contradição em si
mesma.[115] Já em A sociedade aberta e seus inimigos (1945), Popper afirma que
o historicismo conduz necessariamente a uma sociedade "tribal" e "fechada", com total
desprezo pelas liberdades individuais.[116] Popper considera Marx como "não-científico"
também porque sua teoria não é passível de contestação. Uma teoria científica tem que ser
falseável - caso contrário, é incluída no campo das crenças ou ideologias. Resta saber, é claro,
se afirmações sobre fatos históricos, necessariamente únicos, podem ser, nos termos de
Popper, falseáveis.[117]

Ludwig von Mises, em Ação Humana – um tratado de Economia (1949), tentou demonstrar a
impossibilidade de se organizar uma economia nos moldes socialistas, pela ausência do
sistema de preços, que, segundo ele, funcionaria como sinalizador aos empreendedores acerca
das necessidades dos consumidores. Aponta, desta forma, que cálculo econômico sem o
equivalente universal (dinheiro) só poderia ser medido pelo tempo de trabalho. Mises ainda
levanta que estatizar todos os produtos acabaria com o mercado, e na ausência da lei da
oferta e da demanda não seria possível fazer o cálculo de preço. Sem o cálculo de preço, seria
inviabilizada a economia planificada - e consequentemente o socialismo.[118] Mises também
refinou argumentos formulados por Eugen von Böhm-Bawerk na obra Marxism Unmasked:
From Delusion to Destruction.[119]

Raymond Aron em O ópio dos intelectuais (1955), criticou de forma agressiva os intelectuais
seguidores de Marx e condenou a teoria da revolução e o determinismo histórico.[120]

Eric Voegelin relata em seu livro Reflexões Autobiográficas que, induzido pela onda de
interesse sobre a Revolução Russa de 1917, estudou O Capital de Marx e foi marxista entre
agosto e dezembro de 1919. Porém, durante seu curso universitário, ao estudar disciplinas
de teoria econômica e história da teoria econômica, aprendera o que estava errado em Marx.
Voegelin afirma que Marx comete uma grave distorção ao escrever sobre Hegel. Como prova
de sua afirmação, cita os editores dos Frühschiften (Escritos de Juventude) de Karl Marx
(Kröner, 1953), especialmente Siegfried Landshut, que dizem o seguinte sobre o estudo feito
por Marx da Filosofia do Direito de Hegel:[121]

"Ao equivocar-se deliberadamente sobre Hegel, se nos é dado falar desta maneira, Marx
transforma todos os conceitos que Hegel concebeu como predicados da ideia em enunciados
sobre fatos".

Marx acreditava que a história humana é regida pela luta de classes.[122] Para Pitirim Sorokin,
a história do mundo não é definida unicamente pelo conflito entre as classes sociaise, segundo
ele:[123]

"A cooperação entre as classes sociais, é um fenômeno ainda mais universal do que o
antagonismo entre elas."

Apesar de dizer que Marx trouxe, em alguns aspectos, um progresso maior para a sociedade
do que figuras como Margaret Thatcher,[124] em Thinkers of the New Left (1985), Roger
Scruton afirma:[125]

"Consideremos as teorias de Karl Marx: desde sua primeira aparição, estas têm despertado as
controvérsias mais vivas e é pouco provável que tenham permanecido intocadas. O fato, me
parece, é que todas as teorias marxistas já foram refutadas em sua essência: a teoria da
história por Maitland, Weber e Sombart; a teoria do valor por Eugen von Böhm-
Bawerk, Mises, Sraffa e muitos outros; a teoria da consciência falsa, alienação e luta de classes
por um vasto grupo de pensadores, de Mallock a Sombart e Popper e de Hayek a Aron."

Revendo posições anteriores sobre a ideia de reformismo ontológico, o historiador


marxista Jacob Gorender afirma que o proletariado é ontologicamente, em si, reformista, e
descarta uma teleologia na história, em sua obra Marxismo sem utopia (1999).[126]

RESUMO: Sistema da economia burguesa, e seus segmentos. As relações jurídicas e as formas


de Estado, compreendidas em suas inserções na sociedade civil. As relações de produção e a
divisão social do trabalho, em que Adam Smith vê como desenvolvimento dos benefícios do
capitalismo e Karl Marx como relações de alienação e antagonismo – luta entre proletariados e
burguesia. Análise de como Marx desenvolveu suas teorias, seus pensamentos, suas teses, e
como tudo isso influenciou o mundo, e como reflete em nossos dias e no mundo jurídico.

PALAVRAS-CHAVE: Sociologia Jurídica. Economia. Relações jurídicas e as formas de Estado.


Marxismo. Karl Marx.
INTRODUÇÃO

Para Marx, o sistema da economia burguesa apresenta dois grandes segmentos. O primeiro,
que engloba o capital, a propriedade fundiária e o trabalho assalariado, é a própria divisão da
sociedade burguesa. O segundo segmento é composto de Estado, comércio externo e mercado
mundial.

As relações jurídicas, assim como as formas de Estado, não podem ser compreendidas por si
mesmas, mas inseridas na sociedade civil, e a anatomia da sociedade civil deve ser procurada
na economia política.

Na produção social de sua existência, os homens estabelecem relações determinadas,


necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que compreendem a um
determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais. Todos os fatores
interagem nas mudanças da sociedade.

Tanto para Marx quanto Engels, segundo a concepção materialista da história, o fator que, em
última instância, determina a história é a produção e a reprodução da vida real. A história é
decidida pelas premissas e condições econômicas, embora as condições políticas também
contribuam.

Enquanto Adam Smith via na divisão social do trabalho o processo por meio do qual as forças
produtivas podiam desenvolver-se e trazer os benefícios do capitalismo, Marx já o focalizava
como uma das formas pelas quais se concretizam as relações de alienação e antagonismo que
estão na base do capitalismo.

Antagônicas também as classes sociais formadoras do capitalismo: a burguesia e o


proletariado. Revolucionárias e antagônicas porque enquanto uma instaura o capitalismo, a
outra luta pela destruição do regime. E justamente porque se sente alienado no produto do
seu trabalho, ao produzir mais-valia, o proletariado luta para transformar essa situação.

A cerca de outras considerações, diz que entre a sociedade capitalista e a sociedade comunista
permeia o período da transformação revolucionária. A este corresponde também um período
político de transição, cujo Estado não pode ser outro senão a ditadura revolucionária do
proletariado.

Nas obras de Marx há a preocupação com o caráter das classes sociais. Para ele, o fim do
capitalismo é o confronto entre o proletariado e a burguesia, as duas classes substantivas
desse regime.

De um lado, a burguesia que é a classe que constrói o capitalismo, surgida com o fim do
feudalismo. Do outro, o proletariado, classe revolucionária que nega o capitalismo e luta para
criar a sociedade sem classes – o socialismo.

Passa-se, portanto, à analise de como Marx desenvolveu suas teorias, seus pensamentos, suas
teses, e como tudo isso influenciou o mundo, e como reflete em nossos dias e no mundo
jurídico.

CONJUNTURA DA ÉPOCA

Antes de compreendermos sobre o que foi e como atuaram Marx e Engels e como surgiram os
primeiros passos do socialismo e suas futuras distinções é necessário que compreendamos a
época em que esse dois gênios aparecem na historia. Época essa que abriu uma nova forma de
pensamento enquanto sociedade e economia do estado e que, portanto, revolucionou muitas
políticas que permanecem com as mesmas doutrinas depois de décadas.

Os acontecimentos econômicos que penduraram entre 1775 e 1825 revelam um pano de


fundo que faz germinar o socialismo moderno. Não há duvidas de que a Revolução Industrial
gerou um crescimento de consumo que definitivamente dinamizou a economia e mudou
radicalmente o estilo de vida da sociedade, principalmente quando falamos dos ingleses, que
foram os pioneiros na Revolução. Essa já demonstrava nitidamente suas divisões sociais, isso
porque começam a surgir as grandes empresas monopolizadoras do mercado e que mais tarde
iriam viver de parcerias e muita exploração. De um lado, o que se via eram os grandes
empresários que começavam a fazer sua pequena fortuna hereditária, de outro os operários
que recebiam salários baixíssimos e que trabalhavam em condições inimagináveis. Essa
distinção se nomeia como “a década faminta de 1840” e fatos como esses podem ser
facilmente comprovados, ao exemplo disto o escritor e político britânico Benjamin Disraeli
uma vez escreveu sobre “duas nações” os ricos e os pobres, e tudo isso englobando uma
mesma sociedade.

É importante que se compreenda que ricos e pobres sempre habitaram em uma mesma
sociedade global, entretanto com a Revolução Industrial essa disparidade ficou muito
acentuada e impossível de não ser notada. Em meio a tudo isso surge os primeiros suspiros
dos ideais socialistas. Ou melhor, os primeiros conceitos de igualdade. Entretanto é nítido
lembrar que a Revolução Francesa de 1789 já trouxera grandiosamente esse conceito em sua
bandeira doutrinaria “liberdade, igualdade e fraternidade”. Contudo esse conceito de
igualdade que surge a partir do socialismo se distingue daquele aplicado na Revolução
Francesa, isso porque no primeiro o que se almejava era o fim da pobreza e na segunda era
uma democracia plena, o que não deixara de ser um desejo futuro de socialismo.

Todo esse contexto histórico vai trazer para dentro da sociedade a semente da base do
socialismo. Isso porque para os socialistas, a industrialização tinha outra face. Os operários
recebiam baixos salários, e embora a remuneração nas fábricas fosse alta o suficiente para
atrair trabalhadores do campo, o desemprego nas áreas rurais faziam com que eles aceitassem
salários muito baixos.

BIOGRAFIA DE MARX

Karl Marx nasceu a cinco de maio de 1818 em Treves, capital da província alemã do Reno.
Após terminar o curso secundário, matriculou-se na Universidade de Bonn com intenção de
estudar jurisprudência. Não foram tempos de muitos estudos, pois conheceu a vida boêmia de
estudante romântico, escrevendo versos apaixonados à sua amiga de infância Jenny von
Westphalen.

Voltando de Bonn, no verão de 1836, Marx ficou noivo de Jenny, que era uma jovem de rara
beleza e alta posição social. Esse casamento desigual sofreu forte oposição de ambas as
famílias, realizando-se somente oito anos mais tarde. A vida de casada não foi fácil para Jenny,
que sofreu todo tipo de privação, às vezes não tendo com o que alimentar seus filhos. Dos seis
que lhe nasceram apenas três chegaram à fase adulta. Em julho de 1836, cumprindo o desejo
de seu pai, Marx matriculou-se na Universidade de Berlim para concluir seus estudos.
Apaixonou-se pela História e Filosofia.

Marx participou diretamente das discussões e trabalhos do grupo de Berlim à respeito do


hegelianismo (pensamento dominante da Berlim da época). Voltou a Treves em 1841 trazendo
na bagagem uma série de textos incompletos, abrangendo os mais diversos estudos como a
crítica da escola histórica do Direito e a análise da arte cristã.

Karl Marx escreveu também artigos para revistas e jornais na Alemanha, França e Inglaterra.
Fazia forte crítica ao sistema capitalista e ao Estado moderno que geravam grandes
desigualdades sociais. Proclamava a luta de classes e defendia o direito do proletariado aos
meios de produção, além do fim da propriedade privada.

Devido às suas idéias Marx sofreu várias perseguições exilando-se em países, como França e
Bruxelas. Em Bruxelas Marx continuou a ocupar-se de política. Participou da recém fundada
Liga dos Comunistas. Foi para o segundo congresso da Liga que Marx e Friedrich Engels
prepararam o célebre Manifesto Comunista. O texto inicia com uma análise da luta de classes
e termina por convocar os operários do mundo à união.

O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, História, Sociologia, Ciência
Política, Antropologia, Psicologia, Economia, Comunicação, Arquitetura e outras. Em uma
pesquisa da rádio BBC de Londres, realizada em 2005 Karl Marx foi eleito o maior filósofo de
todos os tempos.

MARX E SEUS PRINCÍPIOS

“Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que,
inversamente, determina a sua consciência”. Em certo estágio de desenvolvimento, as forças
produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção
existentes ou, o que é a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade no seio das
quais tinham movido até então. De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas
relações transformam-se no seu entrave. Surge, então, uma época de revolução social.

É importante termos em mente que Marx revela uma preocupação constante com as questões
sociais geradas com a expansão do capitalismo. Na política de Adam Smith o que temos é a
teoria do livre capitalismo, a “mão-invisível” que teoricamente regeria por si só a sociedade.
Agora, quando se trata do pensamento de Marx, toda essa difusão de idéias é contraditória
apesar de que muitos reforçam a idéia de que quando se trata do esquema de pensamento de
Marx, dificilmente não se comete uma injustiça com o poder e a consciência de seu raciocínio.
O simples fato de este modelo ser longo e intrincado, com todas as partes logicamente
conectadas e integradas, faz de qualquer breve resumo uma falsificação. Não obstante é
importante que ele seja entendido ao menos porque se trata da base de uma das mais
poderosas ideologias do mundo moderno.

Marx inicia seu pensamento partindo do pressuposto que as relações econômicas são as forças
motrizes fundamentais em qualquer sociedade. É interessante observar essa passagem porque
muitos acreditam, quando associam os pensamentos de Marx ao socialismo, que não haveria
um sistema econômico vigente ou que esse seria extinto em algum momento. Isso é um
equivoco, pois no sistema socialista – pelo menos aquele defendido inicialmente por Marx –
haveria, sim, um modelo econômico, porém esse deverá ser universalizado quando a
sociedade se encontrar em estado comum. Esse pensamento é duramente rebatido quando se
associa ao modelo capitalista no qual as pessoas são motivadas notadamente por seus
interesses econômicos próprios.

Para se compreender com maior nitidez a proposta de Marx vejamos uma passagem extraída
do prefácio “Uma Contribuição para a Crítica da Economia Política”:
“Na produção social que os homens realizam, eles estabelecem relações definidas, que são
necessárias e independentes de sua vontade; essas relações de produção correspondem a uma
etapa determinada no desenvolvimento das suas forças produtivos materiais. A totalidade
dessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade- a verdadeira base
sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política, e a qual correspondem formas
definidas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o caráter
geral do processo social, político e espiritual da vida”.

Nessa passagem o que se confirma é aquilo dito anteriormente, em que não se há uma
ausência de estrutura econômica no pensamento de Marx e mais, é essa estrutura que
condiciona o caráter geral.

Mas o que o diferencia da proposta capitalista é que segundo Marx, há dois interesses
econômicos sempre presentes que são: o capitalismo e o trabalhador. Essas duas classes
opõem-se uma a outra, uma vez que o capitalista só poderá prosperar se o trabalhador for
explorado.

Marx iniciou seu ataque ao capitalismo com a teoria do “valor trabalho” onde a mão de obra
do capitalismo é vista como uma forma exploradora na qual não é pago ao trabalhador o valor
total dos bens e serviços que esse produz. A diferença entre o salário e o valor agregado pelo
trabalhador, ao que Marx chamou de “mais-valia”, converte-se no lucro do capitalista. Foi a
partir dessa teoria que Karl Marx explicou alguma das características mais marcantes da
economia industrial do seu tempo. Uma canção radical tocada na Primeira Guerra Mundial
exemplifica bem essa idéia “Eles transformam nosso próprio sangue em ouro”.

Mas agora vejamos como iniciou uma real mudança a partir das idéias de Marx. O Manifesto
Comunista apresenta uma passagem que marca brilhantemente toda a postura adotada nos
idéias de Marx:

“A História de todas as sociedades existentes até hoje é a historia da luta de classes. Homens
livres e escravos, patrícios e plebeus, lorde e servo, mestre de corporações e jornaleiro, em uma
palavra o opressor e oprimido, um mantendo-se em constante oposição um ao outro, (...) A
moderna sociedade burguesa que germinou das ruínas da sociedade feudal não se livrou do
antagonismo das classes. Não fez mais que criar novas classes, novas condições de opressão,
novas formas de luta em lugar das antigas”.

O que se pode facilmente concluir nessa passagem é que as divisões de classes sociais sempre
existiram na sociedade, e que isso é um fato que independente do modelo econômico vigente
ainda sim permaneceu, e mais, nas entrelinhas o que se pode notar não é uma conformação
por parte de Marx, mas sim uma crítica a essa notoriedade.

Outra postura adotada por Marx parte do principio da exploração e da alienação. As duas
compondo uma fase do capitalismo. Ele aborda a alienação e a estagnação do trabalhador pela
ótica da divisão social do trabalho. Diz que cada um se move num círculo determinado e
exclusivo de atividades, que lhe são impostas, de tal forma que se é caçador, pescador ou
desempenha qualquer outra atividade, tem de continuar a sê-lo, se não quiser ver-se privado
dos meios de vida. Devido à fragmentação do processo produtivo, no desenvolvimento da
divisão social do trabalho, o operário é levado a utilizar apenas uma parte das suas faculdades
criativas. Nesse sentido é que a máquina aparece de forma metafórica digerindo o operário.
Essa alienação, que passa pela divisão social do trabalho, em cada setor econômico e na
sociedade, é uma determinação da produção da mais-valia, que desenvolve a força produtiva
do trabalho coletivo para o capitalista e não para o trabalhador, e, além disso, deforma e
prejudica o trabalhador individual.

Quando se compreende o principio da alienação pode-se firmar então que segundo Marx o
capitalismo apresenta, então, duas fases: acumulação de capital e crescimento, de um lado,
exploração e alienação, do outro.

O COLAPSO DO CAPITALISMO

Marx acreditava que o capitalismo estava condenado e desenvolveu uma intrincada análise
das leis de funcionamento da sociedade capitalista para provar sua tese. Em primeiro lugar, o
argumento tem um fundamento moral: as injustiças inerentes ao capitalismo levarão, em
última instância, a condição econômica e social que não poderá ser sustentada. Segundo, o
argumento é sociológico: o conflito de classes - entre um número decrescente de capitalistas
cada vez mais ricos e uma crescente classe trabalhadora miserável - causará, por fim, uma
revolução social. Em terceiro lugar, o argumento é econômico: a acumulação de capital em
mãos privadas possibilita a abundância econômica, contudo, também ocasiona crises,
desemprego crônico e o colapso econômico do capitalismo.

Em cada uma dessas três óticas, a idéia de conflito é salientada: conflito entre ideal e
realidade, entre capital e trabalho e entre crescimento e estagnação. Dos conflitos provem as
transformações e, por esta simples razão, segundo Marx, o capitalismo teria de dar lugar a
outra forma de sociedade em que o conflito fosse constituído por uma harmonia ética, social e
economia. Transformação por meio de conflito é o “processo dialético” mediante o qual o
socialismo substituiria por fim o capitalismo. Marx pensava que o processo tinha fundamento
econômico na divisão da sociedade em trabalhadores e capitalismo. Sua relação era
exploratória cabendo aos proprietários dos meios de produção a posição superior. Também
dizia que o conflito era inerente a essa situação e aumentaria até que todo o tecido social
estivesse dilacerado.

A exploração do trabalho é o ponto de partida, pois conduz a uma demanda insuficiente e, por
meio da mais-valia e da concorrência capitalista, a acumulação de capital. Aqui, no entanto, há
uma inconsistência. Enquanto a economia prospera, as firmas proporcionam ganhos, mais-
valia, para seus donos, que os reinvestem para aumentar a produção. Mas a demanda por fim
fica para trás, em parte, porque os trabalhadores não são pagos por todo o valor do seu
trabalho, outra parte porque os investimentos do capital elevam a capacidade produtiva. Mais
cedo ou mais tarde, um excesso de mercadorias não vendidas aparece no mercado. A
produção é então reduzida e os preços caem: o desemprego aumenta, os lucros declinam e
depois desaparecem e a acumulação de capital fraqueja. A “crise” capitalista persiste até que a
superprodução de mercadorias tenha sido vendida: os preços recuperam-se, os lucros
aumentam e a acumulação de capital reinicia-se e continua até que a próxima superprodução
ocorra. Este processo, para Marx, criava ciclos recorrentes de prosperidade e depressão que
constituem falha inerente ao capitalismo.

Marx também afirmou que as crises tornar-se-iam mais severas – mais longas e mais
profundas- conforme se desenvolvesse o capitalismo. O capital total e a capacidade produtiva
da economia crescem de uma crise para a outra e a relação capital-trabalho aumenta. Essas
transformações fazem com que os períodos de superprodução sejam cada vez maiores, levem
cada vez mais tempo para serem dissipados e requeiram cortes cada vez maiores na produção.
Poder-se-ia perguntar então: por que ocorre a superprodução? O aumento da prosperidade
não proporcionaria aumento nos níveis de emprego, taxas de salário e demanda. Marx
respondia que, mesmo durante tempos prósperos, o “exército industrial de reserva” recebe
novos recrutas-trabalhadores cujos empregos são ocupados por máquinas. Os investimentos
em capital levam a substituição de trabalho por capital. Com efeito, esta é a única maneira
pela qual os capitalistas podem aumentar a taxa em que acumulam a mais-valia. Nos tempos
de prosperidade, portanto, a acumulação de capital cria desemprego tecnológico e puxa para
baixo os salários e a demanda, da mesma forma que a superprodução provoca durante os
períodos de crise. Em qualquer um dos casos, o resultado é o empobrecimento da classe
trabalhadora. Isto é apenas parte do quadro, no entanto. Também ocorrem transformações
dentro da classe capitalista. Primeiro, a taxa de lucro cai conforme o maquinário e os
equipamentos vão gradualmente tornando-se uma proporção maior do investimento total.
(Marx estava totalmente convencido disso quando escreveu o primeiro volume de O Capital,
mas as notas que deixou para o volume três mostram que ele não estava mais seguro de que
as taxas de lucros tenham de ser necessariamente declinantes conforme prossegue a
acumulação de capital). Os ciclos econômicos engendrados pelo capitalismo permitem aos
grandes capitalistas engolir os pequenos. As firmas com maiores recursos financeiros
sobrevivem e, com o passar do tempo, a propriedade da indústria concentrava-se
gradualmente nas mãos de cada vez menos indivíduos, até que uns poucos grandes financistas
controlem tudo. Essa classe capitalista remanescente torna-se cada vez mais rica, em contraste
com a crescente miséria do proletariado, que aumenta conforme os pequenos negócios
fracassam e seus donos juntam-se as fileiras da classe trabalhadora. Esta, por sua vez, degrada-
se cada vez mais, conforme as mudanças tecnológicas dividam funções complexas em outras
mais simples, e esses, em desqualificados. Por fim, ocorre uma revolução, um relevante
popular da vasta maioria contra os poucos ricos. Liberada pelos comunistas, a classe
trabalhadora toma o poder e começa a construir a nova sociedade. Marx estava ciente da
possibilidade de que tendências econômicas pudessem ser modificadas por mudanças políticas
e sociais. Os sindicatos, originários do conflito entre o capital e trabalho, podiam reduzir a
exploração da mão-de-obra, mas Marx temia que líderes sindicalistas oportunistas pudessem
desistir do conflito de classes em favor de uma acomodação de classes. Os governos, embora
dominados por interesses políticos capitalistas, podiam introduzir legislações de bem-estar
social para reforçar o sistema econômico como um todo. E a democracia parlamentar podia
proporcionar o inicio da participação popular mesmo enquanto a sustentação econômica do
poder político estava se tornando mais concentrada. Marx, no entanto estava seguro de que as
tendências econômicas subjacentes e os conflitos iriam predominar e, em última instância,
criar uma situação revolucionária em que o capitalismo seria, mais cedo ou mais tarde,
transformando em socialismo.

O MANIFESTO COMUNISTA

Quando definitivamente se estabelece a parceria entre Karl Marx e Engels é que surge a obra
de maior importância na qual iria divulgar as idéias do socialismo segundo os pensamentos e
ideais de Marx: O Manifesto Comunista, originalmente dominado: Manifesto do Partido
Comunista. Em alemão: Manifest der Kommunistischen Partei, publicado pela primeira vez em
21 de Fevereiro de 1848.

O Manifesto sugere um curso de ação para uma revolução socialista através da tomada do
poder pelos proletários.
Marx e Engels partem de uma análise histórica, distinguindo as várias formas de opressão
social durante os séculos e situa a burguesia moderna como nova classe opressora. Não deixa,
porém, de citar seu grande papel revolucionário, tendo destruído o poder monárquico e
religioso valorizando a liberdade econômica extremamente competitiva e um aspecto
monetário frio em detrimento das relações pessoais e sociais, assim tratando o operário como
uma simples peça de trabalho. Este aspecto juntamente com os recursos de aceleração de
produção (tecnologia e divisão do trabalho) destrói todo atrativo para o trabalhador,
deixando-o completamente desmotivado e contribuindo para a sua miserabilidade e
coisificação. Além disso, analisa o desenvolvimento de novas necessidades tecnológicas na
indústria e de novas necessidades de consumo impostas ao mercado consumidor.

Afirmam sobre o proletariado: "Sua luta contra a burguesia começa com sua própria
existência". O operariado, tomando consciência de sua situação, tende a se organizar e lutar
contra a opressão, e ao tomar conhecimento do contexto social e histórico onde está inserido,
especifica seu objetivo de luta. Sua organização é ainda maior pois toma um caráter
transnacional, já que a subjugação ao capital despojou-o de qualquer nacionalismo. Outro
ponto que legitima a justiça na vitória do proletariado seria de que este, após vencida a luta de
classes, não poderia legitimar seu poder sob forma de opressão, pois defende exatamente o
interesse da grande maioria: a abolição da propriedade (“Os proletários nada têm de seu para
salvaguardar”).

O Manifesto Comunista faz uma dura crítica ao modo de produção capitalista e na forma como
a sociedade se estruturou através desse modo. Busca organizar o proletariado como classe
social capaz de reverter sua precária situação e descreve os vários tipos de pensamento
comunista, assim como define o objetivo e os princípios do socialismo científico.

A exclusividade entre os proletários conscientes, portanto comunistas, segundo Marx e Engels,


é de que visam a abolição da propriedade privada e lutam embasados num conhecimento
histórico da organização social, são portanto revolucionários. Além disso, destaca que o
comunismo não priva o poder de apropriação dos produtos sociais; apenas elimina o poder de
subjugar o trabalho alheio por meio dessa apropriação. Com o desenvolvimento do socialismo
a divisão em classes sociais desapareceria e o poder público perderia seu caráter opressor,
enfim seria instaurada uma sociedade comunista.

No terceiro capítulo, analisa e critica três tipos de socialismo. O socialismo reacionário, que
seria uma forma de a elite conquistar a simpatia do povo, e mesmo tendo analisado as grandes
contradições da sociedade, olhava-as do ponto de vista burguês e procurava manter as
relações de produção e de troca; o socialismo conservador, com seu caráter reformador e anti-
revolucionário; e o socialismo utópico, que apesar de fazer uma análise crítica da situação
operária não se apoia em luta política, tornando a sociedade comunista inatingível.

Por fim, apresenta as principais ideias do Manifesto, com destaque na questão da propriedade
privada e motivando a união entre os operários. Acentua a união transnacional, em
detrimento do nacionalismo esbanjado pelas nações, como manifestado na célebre
frase: “Proletários de todo o mundo, uni-vos!”.

A TEORIA DA MAIS-VALIA

Marx, retomando uma distinção feita por Adam Smith, considera a circulação e
a constituição do capital, para distinguir os dois aspectos da circulação, segundo se trata do
período pré-capitalista ou do período capitalista. No decurso do período pré-capitalista até o
século XVI, a circulação do capital se fazia de um modo simples: realizava-se, de maneira geral,
entre os lavradores proprietários de seus utensílios. Esta circulação tinha início com uma
mercadoria e terminava com outra mercadoria. Um camponês produzia trigo; vendia-o a
determinado preço e com o seu produto comprava objetos de consumo. A quantidade do
trabalho contido e “cristalizado” no trigo vendido era igual à quantidade do trabalho incluído
nos objetos de consumo adquiridos. Constituindo a igualdade e a lei das trocas, a permuta,
assim realizada no período pré-capitalista, era justa.

No período capitalista a circulação complica-se. Tem início com a moeda e termina com a
moeda. O empreendedor adquire, por intermédio da moeda, máquinas, matérias-primas e
paga a mão-de-obra. Uma vez terminada a produção, vende seu produto, recebendo, em
troca, moeda. Admitindo-se serem as somas necessárias para a produção iguais a 100,
teríamos o empreendedor, dono do produto, resultante do trabalho de sua empresa,
vendendo esse produto por uma soma elevada: 130, por exemplo. Desaparece, assim, a
igualdade entre a quantidade de trabalho cristalizado no produto e a quantidade de trabalho
cuja aquisição este produto possibilitará. O capital do empreendedor aumenta ao entrar no
ciclo da produção. Embora continue a igualdade a ser a da lei das trocas, já não é possível
garanti-la. No regime capitalista as trocas são, portanto, desiguais; já não se fazem numa base
justa.

Em vista de não se fazerem mais de acordo com a estrita igualdade das quantidades de
trabalho contido em cada produto, acabam as trocas por uma exploração do trabalhador: este
já não recebe o valor integral do seu trabalho e, por conseguinte, não pode adquirir a
totalidade do produzido.

Esta exploração é inerente ao regime capitalista; resulta das suas contradições internas e está
conforme a sua própria natureza. Suprimi-la independe, pois, da vontade do empreendedor.
Só poderá desaparecer como o desaparecimento do próprio regime. A explicação deste
fenômeno constitui a tese marxista da mais-valia.

Marx aplica na mão-de-obra a lei do valor-trabalho, indicando ser o trabalhador privado de


parte do lucro oriundo de seu trabalho, por efeito desta lei geral. Esta demonstração constitui
uma aplicação, aliás, correta, feita a mercadoria-trabalho, da lei do valor com base no
trabalho.

O valor do trabalho é determinado pelo quantum de trabalho necessário a manutenção do


trabalhador. Em outros termos, o valor do trabalho do operário é fixado por aquilo que deve
consumir para conservar a sua energia. Este preço é pago pelo empreendedor e pela utilização
da mão-de-obra. Mas a mão-de-obra apresenta, relativamente a outras mercadorias, uma
propriedade particular: em dado momento, produz a que este tem direito. Todavia, vende o
produzido pelos operários por maior importância que o consumo destes, guardando para si a
diferença. Essa diferença constitui a mais-valia. Esta mais-valia vai impor ao operário um
trabalho suplementar: sendo o salário fixado em termos de um mínimo vital para o operário e
não em função da quantidade de coisas por ele produzida, o empreendedor terá interesse em
prolongar ao máximo a duração da jornada do trabalho, a fim de aumentar a mais-valia.

O rendimento sem trabalho foi, portanto, produzido por quem trabalha. A mais-valia aparece
assim como o trabalho não pago ao operário.
A mais-valia constitui uma conseqüência inevitável das trocas capitalistas. Não é, por
conseguinte, uma injustiça premeditada ou desejada pelo empreendedor. Só poderá
desaparecer com o desaparecimento do regime que a engendrou.

Eis porque, após haver demonstrado serem os trabalhadores explorados, justificando-se,


assim, a luta de classes, após indicar, de modo claro, ser este mal inerente a natureza do
regime capitalista, faz Marx um apelo aos proletariados, a fim de, através de uma ação
revolucionaria, principiarem o desaparecimento da sociedade atual e o advento do mundo
coletivista. Esta luta de classes deve ser empreendida, assegurado que o seu triunfo,
orientando-se no sentido da evolução ditada pelo materialismo histórico. Aí está o que se
pretende demonstrar com a tese da evolução catastrófica.

A TESE DA EXPLORAÇÃO

Conforme vimos, construiu Marx a sua doutrina com base no valor-trabalhista, daí tirando
deduções que o levaram à noção da mais-valia capitalista.

Esta teoria da mais-valia é uma aplicação correta que a mão-de-obra, como mercadoria
ordinária, se faz da teoria do valor-trabalho. Sua validez depende, pois, de exatidão da teoria,
da qual é uma simples conseqüência.

Esta teoria do valor-trabalho, para a construção de cuja parte essencial apoiou-se Marx no
clássico, é uma teoria que tem sido objeto de críticas muito severas.

A teoria do valor-trabalho, retomada por Marx e pela qual pretende demonstrar que o custo
da manutenção da força de trabalho determina o preço do trabalho, são feitas críticas da
mesma ordem: o economista austríaco, Boehm-Bawerk, principalmente, apresentou em suas
obras uma exposição desta crítica que se tornou clássica. Além dos argumentos apresentados
contra a teoria do valor-trabalho de Ricardo, insiste Boehm sobre certas críticas, dirigindo-as,
sobretudo, ao raciocínio desenvolvido por Marx. Mostra, principalmente, que apresentou o
problema do valor de maneira incompleta. Distingue Marx, com efeito, duas categorias de
bens: os bens naturais, resultantes do trabalho da natureza, e as mercadorias, devidas ao
trabalho do homem. Uma vez feita a distinção, deixa de lado os bens-mercadorias. Ora, uma
teoria do valor deve fornecer necessariamente uma explicação geral, baseada em caracteres
comuns as diversas categorias de bens.

Boehm julga as teorias de Marx também incompletas, por haver simplificado o problema do
valor a ponto de deformá-lo.

Havendo conservado, como aspecto do valor dos bens, tão somente o trabalho, viu-se Marx
obrigado a eliminar certos outros aspectos fundamentais do problema, tais como, por
exemplo, a raridade dos bens, o serem sempre, embora em graus diferentes, produtos da
natureza, o serem objetos de uma procura e uma oferta etc. Este excesso de simplificação
levou, aliás, a teoria marxista do valor e da contradição, pois, ao mesmo tempo em que afirma
ser o valor das mercadorias igual tão-somente a quantidade de trabalho necessária à sua
produção, diz que, em regime capitalista, os preços do equilíbrio se afastam das taxas de troca
resultante das relações, entre os custos de produção e o trabalho. Ora, a observação indica
existir, em sistemas capitalistas, preços de equilíbrio diferente dos valores, e isso destroem,
por si, só o que de exato poderia conter na explicação marxista do valor.

E Marx não só tratou o problema de maneira incompleta, mais ainda o colocou mal: raciocinou
tomando como o ponto de partida o valor dos bens no quadro de uma troca baseada no
equilíbrio, em uma equivalência. Ora, todo ato de troca repousa, por natureza, exatamente no
desequilíbrio, ou seja, em uma diferença.

Para que haja troca, exige-se, com efeito, que os co-permutantes presentes ajuízem do valor
dos bens permutados segundo padrões apreciativos diferentes: a troca de uma saca de café
por dez sacas de cimento, por exemplo, realiza-se por dar o possuidor do café preferência a 10
sacas de cimento, dando, ao contrario, o detentor do cimento mais valor ao café do que ao
cimento.

O erro de Marx constituiu, não apenas em colocar o problema da troca em termos de


equivalência, mas também em termos objetivos: o elemento subjetivo representado pela
utilidade das coisas para o homem não pode ser dissociado do valor. A utilidade dos bens
trocados não é, por certo, a mesma para com a um dos bens, possibilitando cada um dos deles
a satisfação de necessidades diferentes. Contudo, cada um dos bens existentes tem uma
utilidade que lhe é peculiar e esta qualidade intrínseca a todo bem econômico dificilmente
pode ser eliminada em uma teoria do valor.

A critica de Boehm é um conjunto geralmente aceito, embora esteja, por sua vez, sujeito a
críticas. De fato, o seu autor, ao formulá-la colocou-se em plano diferente daquele em que
Marx desenvolveu o seu raciocínio. Boehm-Bawerk criticou a tese de Marx relativa ao valor-
trabalho, colocando-a em um plano estático e no quadro microeconômico. Nessas condições
suas críticas são perfeitamente válidas. É possível, todavia sustentar-e a revisão, feita em
profundidade, que os trabalhos de Keyness principalmente impulsionaram os economistas,
levam a isto que Marx não se colocou em um plano funcional estático e microeconômico, mas,
antes em um plano evolutivo e macroeconômico. O método preponderante em sua obra não
admite duvidas a tal respeito: o seu raciocínio se desenvolveu no quadro global de uma
economia nacional, e nesse quadro, procura explicar as relações entre grupos, ou seja,
relações essencialmente de produção e repartição em grupos de trabalhadores, de um lado e
de capitalistas de outro.

Seu raciocínio se aplica ao estudo dos movimentos e ou variações das coisas. Essa concepção
evolutiva o leva a estudar a transformação dos fenômenos econômicos em período de tempo
de longa duração.

Para Marx a infra-estrutura e a superestrutura se modificam com o tempo e nesse sentido


devem ser estudadas. Sua concepção é evolutiva, sendo nesse ponto mais ampla que as dos
clássicos, pois Marx não aceita definitiva estabilidade das instituições jurídicas básicas para o
capitalismo. Julga, ao contrario, dever realizar-se a transformação do regime de propriedade
privada e do de liberdade, afim de que se chegue a coletividade da sociedade. Mas, uma vez
atingido esse estágio de evolução, afirma Marx serem definitivas as instituições dessa
sociedade coletivizada. Adota, em relação a essa nova sociedade, uma posição semelhante à
dos clássicos, quanto à sociedade capitalista de sua época.

Recolocada no quadro de um raciocínio macroeconômico, abrangendo um período de tempo


de longa duração, a teoria do valor marxista se apresenta de maneira diferente: em termos de
microeconomia tem de a teoria a explicar a repartição parcial do produzido entre patrões e
operários. Apega-se antes a modalidade da repartição das mais-valias do que ao problema de
sua criação.
Em termos de macroeconomia, pretende Marx indicar, primeiro, os fatores explicativos da
parte preponderante da renda nacional que cabe aos empreendedores, e, depois, a maneira
pela qual a mais-valia global fica dividida entre os capitalistas.

De modo que Marx é, assim, logicamente levado a conceber a existência de dois diferentes
mecanismos de fatores, o que explica qual a cota de mais-valia global que cabe aos
empreendedores em seu conjunto, e em seguida como essa mais-valia se distribui entre os
grupos particulares de capitalistas.

A essa teoria do valor-trabalho marxista, recolocada em seu quadro global evolutivo, parece
não caber assim o seguro de contradição que lhe dirigiu Boehm.

E não é só: se a teoria marxista do valor, assim compreendida, pode responder a certas criticas
fundamentais, feitas a ciência clássica, tornando sem efeito as objeções de Boehm a que nos
referimos, ela não pode deixar de responder, entretanto a outras observações importantes,
que apenas indicaremos. Uma delas diz respeito a noção de trabalho qualificado de trabalho
simples, noção que se impõe para que as respectivas quantidades de trabalho possam ser
expressas em horas. Marx diz ser o trabalho qualificado o múltiplo de trabalho simples.

PÓS MARX

Hoje o marxismo não é considerado em seu contexto integral; mas também não é
simplesmente descartado como um “erro”, mas antes superado. O próprio Marx modificou sua
teoria ainda em vida e após sua morte, o mesmo foi feito por Engels. Com a morte dos
percussores do idealismo comunista e a primeira geração marxista, a era capitalista se
fortalecia (com o ano de 1850 completa-se o primeiro grande ciclo histórico do
desenvolvimento capitalista. No decurso deste, o capitalismo já percorreu, sobre a sua
base limitada de então todas as fases do seu desenvolvimento até ao ponto em que a parte
consciente do proletariado pôde colocar na ordem do dia a revolução da própria classe
operária) repetidas vezes a teoria de Marx e Engels foi declarada morta e repetidas vezes ela
provou a sua força de sobrevivência ante relações insuperadas. Já no passado, o enterro e
ressurreição do marxismo sempre foram acompanhados por rupturas e rejeições teóricas e
sociais, o processo de modernização ainda inesgotado se impunha aos solavancos e se
revelava em novas e surpreendentes formas. Assim, as diversas crises do marxismo
conduziram de cada vez a uma forçosa reinterpretação e controvérsia reformulação da teoria
de Marx no contexto social modificado. A crise do marxismo, não se trata de uma crise no
interior do mesmo, mas de uma crise do próprio. O que ocorre é um marxismo empobrecido,
falsificado, reeditado e interpretado de forma subjetiva pelos vários sucessores. A doutrina
pura do marxismo de Marx e Engels já não perdura, o capitalismo avançou, o proletariado se
localizou nessa realidade, o idealismo sem seu idealizador perdeu em suma sua essência, os
que outrora acreditavam na retórica de Marx, se renderam as lábias de uma nova época. Mas
seria torpe, afirmar que o marxismo foi mero modismo, foi além, foi uma necessidade
histórica, e esta necessidade foi suprida por Marx embasado em pesquisas sociais, em ciência,
em prática, e porque não dizer em um quê de um ideal subjetivo corajoso? Se
correlacionarmos passado e presente, não é difícil nos depararmos com as dificuldades que
Marx passou para transpor os burgueses da época. Hoje, como mostra a sátira acima, a
mudança ainda não é bem vista, pelo menos para aqueles que ameaçados, se equiparam aos
mesmos opositores de Marx. Os republicanos, que perderam as eleições para Barack Obama, o
comparam a Marx e organizam protestos convidando os cidadãos norte-americanos a se
juntarem numa causa, que é explicitamente política, citando o capitalismo como a mais pura
caridade já feita à sociedade.

Simpatizantes ou não da ideologia marxista, o reconhecimento por sua trajetória e sua


cooperação para a evolução econômica, social e histórica é inegável. A questão a ser analisada,
transpõe os extremos políticos, a doutrina marxista, mesmo modificada, ainda é plausível às
necessidades da sociedade, se levarmos em conta as diferenças entre nações, é visível que
ainda existe a burguesia e o proletariado, quem emprega e quem é empregado, quem se
alimenta e quem fica olhando, exemplos não faltam, infelizmente, e seria mais eficaz se
fossemos em busca de soluções para esses problemas e deixássemos de criticar, de
menosprezar, de desvalorizar as idéias e os ideais daqueles que preferiram agir a ver o povo
sendo massacrado. Equívocos na história, sempre existirão, a utopia, só é possível a aqueles
que lutaram por algo, e louváveis são todos aqueles, que de alguma forma, cooperaram para a
evolução da sociedade e sem especificar os méritos ou deméritos de Marx, nos curvemos a sua
obra, a sua vida, a sua luta pela igualdade, acima de tudo, entre os homens.

CONCLUSÃO

O maior legado de Marx: o método materialista histórico dialético. Os esforços e estudos


teóricos de Karl Marx contribuíram para a formulação de uma análise da totalidade do capital
visto como relação social de produção e reprodução da vida material, pois Marx embora
partisse da observação dos elementos econômicos como fundamentais para o entendimento
da relação social estabelecida, não os analisava sem atentar para todos os aspectos que os
envolvem nos planos político, ideológico e psicológico social, ou seja, das diversas expressões
da subjetividade e da intersubjetividade. Marx não defendia uma visão economicista da
realidade, mas a compreensão das relações entre as classes sociais em luta, sobretudo das
duas principais, que são os detentores dos meios de produção e aqueles que vivem de vender
sua força de trabalho. Marx afirmava que a história de todas as sociedades até o presente é a
história das lutas de classes, as quais por terem distintos interesses se colocam em frontal
disputa, a qual ocorre de forma mais ou menos intensa em diferentes momentos, dependendo
da correlação de forças e do nível de consciência de classe e das tarefas postas para a
superação da ordem existente. E quanto a esse particular, Marx também ousava afirmar que
historicamente todas as lutas de classe conduziram a derrota total de uma das classes ou à
destruição mutua das classes em luta.

E partindo dessa perspectiva, Marx, na sua principal obra, O Capital, a qual não foi finalizada
pelo autor, estudou minuciosamente e exaustivamente o funcionamento da sociedade do
capital, utilizando-se do método materialista histórico dialético, método o qual se pode
afirmar que é o maior legado de Marx. O materialismo histórico dialético foi inaugurado por
Marx e Engels, mas seus pressupostos são anteriores a Marx, pois Hegel já explicitará a lógica
dialética. O que Marx fez foi aplicar a dialética na análise dos aspectos da vida material sob a
ótica histórica.

O materialismo para a teoria marxiana é central, pois todo o entendimento da realidade parte
do fato do trabalho, o qual surge a partir da necessidade da manutenção vital, mas que se
desdobra na totalidade das relações humanas. Isso leva a conclusão de que o fato
eminentemente humano é o trabalho e a forma como a humanidade se organiza para a
produção e reprodução da vida material influi essencialmente para a configuração de todas as
outras expressões das relações humanas. O trabalho, então, é mais do que a atividade de
produzir e circular os bens necessários a manutenção da sociedade, mas é o fenômeno que
permite ao ser social se identificar e a partir de aí desenvolver a percepção da realidade e a
sua inserção e o sentido da própria vida humana.

E nesse sentido, para Marx a metafísica não é capaz de explicar essa totalidade das expressões
humanas e o próprio ser do ser humano, pois o ser humano é social e dessa forma somente
pode ser compreendido se visto dentro do movimento geral da sociedade, ou seja, a partir da
análise das contradições, da negação da negação que conduz a síntese, buscando a essência e
não somente a aparência. E dentro da lógica do capital, a principal contradição é a exploração
do homem pelo homem, que produz o processo de desumanização, ou melhor, como afirma
Marx, de coisificação do ser humano que é reduzido à condição de mercadoria e submetido à
lógica do preço e do mercado.

Marx acentua que o capitalismo foi fundamental para o desenvolvimento das forças
produtivas e é parte do processo histórico e como parte exerce seu papel e contem seus
limites também. O capitalismo tem como pressuposto a acumulação da riqueza social pela
classe dominante, riqueza a qual é produzida pelo trabalho do conjunto da sociedade, ou seja,
trata-se de um processo geral de expropriação da classe produtora direta por meio do
mecanismo da mais valia. Trata-se de um fenômeno de alienação, que torna a coisa produzida
estranha ao produtor e em sendo o trabalho base da vida social, alienação do trabalho implica
na alienação do próprio ser humano. Nesse contexto de alienação, o trabalho passa a assumir
feição desumana, tornar-se árduo na medida em que a classe dominante impõe aos
trabalhadores a intensificação da exploração para ampliar cada vez mais a acumulação. E a
lógica de acumulação faz com que o meio ambiente bem como a humanidade sejam
degenerados para atender as demandas econômicas.

Os interesses da classe dominante não são apenas impostos pela coercitividade, mas também
legitimados por processos ideológicos de controle social, e nesse tocante o Estado se
apresenta como elemento essencial e o direito positivo como instrumento ideológico.

Marx aponta que a superação das contradições do capital somente pode ocorrer pela
organização da classe trabalhadora consciente de sua condição de classe no sentido da
derrubada violenta da ordem estabelecida e da tomada do poder político, cujo objetivo é o
definhamento do Estado e a elevação da consciência social na direção de uma sociedade sem
classes. No entanto, tal medida embora ocorra no âmbito nacional, não pode se restringir a
um país, pois como o capital é globalizado e revolução socialista deve ser internacional, sob
pena de não prosperar e ser revertida pelos processos de contrarrevolução.

Mas, como dito antes, o maior legado da teoria marxiana é o seu método e, em assim sendo, o
marxismo para ser coerente com o materialismo histórico dialético precisa sempre analisar os
elementos da atualidade e a discussão feita por Marx segue em pauta, pois, embora algumas
análises de Marx tenham encerrado sua validade no seu tempo, os elementos centrais de sua
teoria, de acordo com teóricos marxistas atuais, persistem no tempo, a despeito do que
advogam os pós-modernistas, para os quais diante das mutações da sociedade a saída
apresentada por Marx não é mais possível, pois não se verificam de forma evidente os limites
das classes sociais principais e a questão material não é a mais relevante, posto que o que de
fato influí na realidade é o discurso.

Talvez, na atualidade, a disputa político-teórica mais acirrada e diametralmente oposta é a


travada entre os marxistas e os pós-modernistas.

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