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A FUNÇÃO ECONÔMICA DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Ademar Nitschke Júnior∗

RESUMO

Nos últimos anos muito tem sido discutido sobre a necessidade de implementação de
políticas desenvolvimentistas. Visando contribuir com este objetivo, a propriedade
industrial pode ser considerada como um dos mecanismos que incentiva o
desenvolvimento da sociedade, melhorando a condição humana e promovendo a criação
de novas ferramentas úteis à coletividade.
O presente trabalho propõe-se justamente a tratar sobre isso, partindo da análise da
legislação pátria a respeito do tema e realizando um estudo sobre a função econômica da
propriedade industrial, compreendendo-se os motivos que fundamentam a sua proteção.
Construída esta base, passa-se a realizar uma análise crítica desenvolvimentista
avaliando o cenário econômico, político e social do Brasil, bem como identificando
alguns problemas que prejudicam o progresso do país.

PALAVRAS-CHAVES: FUNÇÃO, ECONÔMICA, PROPRIEDADE, INDUSTRIAL,


EMPRESAS, DESENVOLVIMENTO, SOCIEDADE, TECNOLOGIA, PESQUISA,
CIENTÍFICA.

ABSTRACT

In the last years, a lot has been discussed about the necessity of implementation of
development politics. Aiming at to contribute with this objective, the industrial property
can be considered as one of the mechanisms that stimulate the development of the
society, improving the human condition and promoting the creation of new useful tools
to the people.
This work intends to discuss it, leaving by the analysis of the national legislation
regarding the subject and studying the economic function of the industrial property,
understanding the reasons that support its protection.
By this point, it’s transferred to carry through it a development critical analysis
evaluating the economic scene, social and politician of Brazil, as well as identifying
some problems that harm the progress of the country.


Advogado. Mestrando em Direito Empresarial pelo Centro Universitário Curitiba. Pós-Graduado em
Direito Empresarial pela ABDCONST/PR. Bacharel em Administração de Empresas pela UFPR.

1
KEYWORDS: FUNCTION, ECONOMY, PROPERTY, INDUSTRIAL,
COMPANIES, DEVELOPMENT, SOCIETY, TECHNOLOGY, RESEARCH,
SCIENTIFIC.

INTRODUÇÃO

Vive-se um momento no Brasil em que as forças sociais parecem convergir na


busca do desenvolvimento econômico, procurando posicionar o país em um patamar
mais avançado do que o atual1.
Boa parte desses esforços tem sido operacionalizada por meio da atividade
empresarial privada, a qual ocupa papel de destaque no cenário econômico, inclusive
substituindo o Estado, cada vez mais, no desenvolvimento de suas atividades.
A atividade empresarial, como é de conhecimento popular, está pautada,
basicamente, no binômio investimento/retorno financeiro, os quais são elementos
fundamentais em uma economia capitalista (como no caso da brasileira).
Contrapondo-se o interesse social a estes dois aspectos, torna-se interessante
analisar a função econômica da propriedade industrial, partindo-se da fundamentação
teórica e legal do que seja a propriedade industrial, para identificar de que modo a sua
proteção merece atenção do aplicador do Direito.
Isso porque se faz necessário avaliar até que ponto é interessante,
economicamente, para as empresas, a realização de investimentos no desenvolvimento
tecnológico, na pesquisa científica e demais atividades que propiciem a evolução da
humanidade.
Procura-se estabelecer um ponto de equilíbrio que consiga convergir, por meio
da propriedade industrial, para: (i) contribuir com a evolução da condição humana; (ii)
incentivar os investimentos privados; (iii) propiciar o desenvolvimento técnico-
científico; (iv) proteger aqueles que desejam investir nestas atividades para que possam
recuperar seus investimentos dispensados em pesquisas; (v) garantir a preservação do

1
Veja-se, inclusive, a grande quantidade de medidas políticas que vêm sendo desempenhadas pelos
poderes executivos federal, estadual e municipal, acompanhando o amadurecimento da democracia em
nosso país. Mesmo não abordando o mérito das referidas medidas, ao menos a tentativa de sua
implementação pode ser considerada como um grande passo na melhoria das condições sociais.

2
interesse público, coibindo-se a prática de atos que desvirtuem o uso da propriedade
industrial nos casos em que haja prejuízo ou onerosidade excessiva à sociedade.

1 A REGULAMENTAÇÃO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL NO BRASIL

1.1 DISPOSIÇÃO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Respeitando-se as opiniões em sentido contrário, acredita-se que a Constituição


Federal recepcionou o modelo de economia capitalista no ordenamento jurídico
brasileiro.
No Título VII da Carta Magna, identifica-se a preocupação que foi dispensada
pelo legislador constitucional ao regulamentar a Ordem Econômica e Financeira,
estabelecendo no art. 170 e seguintes os princípios gerais2 da atividade econômica.
Ao trazer o equilíbrio entre a valorização do trabalho humano, a livre iniciativa
e a existência social digna, o legislador criou a base para que possa ser determinada a
finalidade principal da exploração da atividade econômica.
Isso porque procurou atingir o equilíbrio entre forças que ocupam posições
opostas, e dividem opiniões na sociedade, direcionando-as para uma finalidade comum.
Em outras palavras, pode ser dito que o texto constitucional procurou agrupar
diversos conceitos e elementos que se contrapõe na sociedade (trabalho, capital,
sobrevivência, exploração econômica, dentre outros), organizando-os para que possam
atingir os objetivos comuns, minimizando as distorções e procurando melhorar as
relações sociais no Brasil.
Além de permitir a livre concorrência e incentivar o desenvolvimento da
atividade econômica, para que haja segurança à sociedade – felizmente – o texto
constitucional também reservou ao Estado o direito de intervir nas hipóteses em que
haja abuso do poder econômico, reprimindo práticas abusivas e restabelecendo a

2
Cumpre destacar que no caput do art. 170 o legislador constitucional previu expressamente que os
fundamentos da ordem econômica devem assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da
justiça social. Isto é, como regra fundamental, trazida neste artigo, pode-se perceber que – relativizando
alguns interesses privados – a ordem econômica deve estar pautada na melhoria da condição humana.

3
normalidade no cenário social, conforme previsão do art. 173, V, § 4° da Constituição
Federal3.

Nesse sentido, interessante colacionar a lição de José Afonso da Silva:

Os dois dispositivos se complementam no mesmo objetivo. Visam tutelar o


sistema de mercado e, especialmente, proteger a livre concorrência contra a
tendência açambarcadora da concentração capitalista. A Constituição
reconhece a existência do poder econômico. Este não é, pois, condenado pelo
regime constitucional. Não raro esse poder econômico é exercido de maneira
anti-social. Cabe, então, ao Estado intervir para coibir o abuso. 4

Do mesmo modo, convém trazer à baila os ensinamentos de Alexandre de


Moraes:

Da conjugação dessas duas normas constitucionais o intérprete deve concluir


pela existência da possibilidade de intervenção estatal na economia,
seguindo-se os parâmetros de legalidade, quando houver necessidade de
defesa do interesse público, inclusive para combater o abuso do poder
econômico e assegurar os princípios constitucionais da ordem econômica.5

Com a estruturação criada pelo texto da Carta Magna, aliada às disposições


infraconstitucionais que serão apontadas, observa-se que a intenção do legislador
brasileiro foi de incentivar o desenvolvimento econômico como objetivo principal,
resguardando-se os interesses coletivos que possam ser violados durante a exploração
da atividade econômica. Estes interesses, nas hipóteses de violação, podem e devem ser
defendidos pelo Estado, nos termos do artigo mencionado.
Além disso, quando abordada a função econômica da propriedade industrial,
merece ser enfatizada a atenção que foi dispensada no texto constitucional com relação
ao desenvolvimento científico, à pesquisa e à tecnologia, pois a previsão dos artigos 5°,

3
“Art. 173.(...). V. (...). § 4° A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos
mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.”
4
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 1995,
p. 727.
5
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2003, p. 1839.

4
XXIX6, e 218 da Constituição Federal, atribui ao Estado a obrigação de promover e
incentivar estas atividades7.
Ao construir um sistema jurídico que impulsiona o desenvolvimento
econômico (incluindo a propriedade industrial no rol dos direitos fundamentais), como
já apontado, e incentiva os mecanismos de produção científica, a Constituição Federal
semeou um “solo fértil” para fomentar os investimentos da área privada em pesquisa
científica.
Por isso, pode-se dizer que a estrutura criada pela Constituição Federal
influenciou a construção e o pensamento moderno sobre a propriedade industrial, bem
como o seu papel como elemento de desenvolvimento econômico.
Consequentemente, pode-se dizer que a Carta Magna valorizou a figura da
propriedade industrial e sua função, contribuindo com o trabalho do legislador
infraconstitucional.

1.2 DISPOSIÇÃO INFRACONSTITUCIONAL

6
Art. 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança, e à propriedade, nos seguintes termos:
(...)
XXIX – A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do
País.
7
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação
tecnológicas.
§ 1° A pesquisa científica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o
progresso das ciências.
§ 2° A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e
para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.
§ 3° O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia, e
concederá aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho.
§ 4° A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao
país, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração
que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes
da produtividade de seu trabalho.
§ 5° É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades
públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.

5
A propriedade industrial no Brasil8 encontra-se regulamentada pela Lei
9.279/96, a qual, basicamente, prevê a proteção das invenções e dos modelos de
utilidade (por meio das patentes), do mesmo modo que das marcas e dos desenhos
industriais (por meio de registros). Seguindo a mesma linha desenvolvida no texto da
Carta Magna, a legislação infraconstitucional também assegurou a proteção à
propriedade industrial9, buscando-se o desenvolvimento tecnológico e econômico do
país e garantindo-se a preservação do interesse social.
Ao proteger o interesse social, o texto da lei de propriedade industrial reforça o
conteúdo disposto no art. 5°, XXIX, da Constituição Federal, trazendo a possibilidade
de que seja aplicada a licença compulsória10 às patentes que estejam sendo utilizadas de
forma abusiva.
Nesse sentido, temos a lição de Viviane Perez de Oliveira:

A patente é, pois, o instrumento para cumprir-se a função social dos inventos


industriais, o que não significa, contudo, que possa o proprietário exercer seu
direito livremente. Estará ele sujeito não apenas à limitação temporal
específica, como aos mecanismos de repressão ao abuso de direito, que se
traduzem, no caso, na licença compulsória, conforme se verá adiante.11

Estabelecendo tratamento especial às formas de regulamentação da propriedade


industrial, a Lei 9.279/96 acompanhou as diretrizes traçadas no texto constitucional e
adequou o ordenamento jurídico pátrio aos tratados internacionais firmados pelo

8
Cumpre destacar que a propriedade industrial é uma das modalidades de regulamentação da atividade de
pesquisa, desenvolvimento e produção científica que receberam tutela do legislador infraconstitucional. O
presente trabalho limitou a abordagem a apenas a modalidade de “propriedade industrial” por se tratar
daquela que, profundamente, encontra-se ligada ao desenvolvimento econômico e social. Assim, cabe a
análise da sua função econômica.
9
Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante:
I - concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;
II - concessão de registro de desenho industrial;
III - concessão de registro de marca;
IV - repressão às falsas indicações geográficas;
V - repressão à concorrência desleal.
10
Destaque-se que o texto da Lei 9279/96 possui dispositivos que tratam especificamente da licença
compulsória que pode ser aplicada às patentes nos casos de abuso em seu uso, ou abuso do poder
econômico. Parta tanto, os artigos 68 e seguintes da mencionada lei prevêem várias hipóteses em que a
propriedade industrial será licenciada compulsoriamente, bem como determinam de que forma ocorrerá
este procedimento.
11
OLIVEIRA, Viviane Perez de. Exploração patentária e infração à ordem econômica. Revista de direito
público da economia. n° 1. ano 1. abr./jun. 2003, p. 273.

6
Brasil12. A mencionada lei dispõe sobre as regras para concessão das patentes e dos
registros, os prazos, bem como estabelece os demais critérios necessários para a
regulamentação da matéria13.
Somando-se as considerações traçadas sobre o texto constitucional e a lei
infraconstitucional, percebe-se que o ordenamento jurídico em matéria de propriedade
industrial não merece críticas advindas dos operadores do Direito. Pelo contrário, há de
ser destacado o trabalho do legislador porque, em tese, a lei atende boa parte dos
anseios das classes sociais, sejam empreendedores, consumidores, membros do poder
público, bem como as demais pessoas que são atingidas direta e indiretamente pela
propriedade industrial.
Nada obstante, o tratamento prático que é dispensado à propriedade industrial
prejudica o interesse social e a base construída pelo legislador. Isso porque a postura da
sociedade ao adquirir produtos que desrespeitam a propriedade industrial (comumente
denominados de “piratas”), a burocracia que envolve os órgãos públicos como o INPI
(Instituto Nacional da Propriedade Industrial), bem como a lentidão apresentada pelo
Poder Judiciário (fato absolutamente notório), são alguns dos fatores que dificultam a
apropriada proteção legal àqueles que agem de acordo com a lei e esperam do poder
público o cumprimento das diretrizes fundamentais previstas no texto legal.
Todos estes fatores, aliados aos grandes problemas que assolam a estrutura do
Estado brasileiro, dificultam o desenvolvimento econômico do Brasil.

2 FINALIDADE ECONÔMICA E CIENTÍFICA DA PROTEÇÃO

A regulamentação da propriedade industrial teve seus traços embrionários no


Brasil no início do século XIX, já com o escopo de promover o crescimento econômico
nacional, como bem ensinam Luiz Otávio Pimentel e Welber Barral:
12
Dentre os principais tratados que são relacionados à propriedade industrial, destacam-se: a Convenção
de Paris e o TRIPS (Trade Related Aspects on Intellectual Property Rights). Este último foi recepcionado
em nosso texto infraconstitucional e serviu como mecanismo de orientação para a elaboração da Lei
9279/96, inserindo no ordenamento jurídico brasileiro as diretrizes internacionais sobre propriedade
industrial.
13
Merece atenção daqueles que estudam a matéria que os critérios utilizados para que seja determinada a
patenteabilidade, ou registrabilidade, da propriedade industrial dependem de critérios bastante subjetivos
na apreciação dos pedidos e, por isso, o texto legal procurou orientar precisamente a sua forma de análise
e aplicação.

7
O estabelecimento de um regime jurídico de proteção da propriedade
intelectual para servir de alavanca ao crescimento econômico nacional não é
recente na história do direito no Brasil. Antes mesmo da independência de
Portugal, vigorava o Alvará de 1809, do Príncipe Regente Dom João VI, que
previa a concessão do privilégio de exclusividade aos inventores e
introdutores de novas máquinas e invenções, como um benefício para a
indústria e as artes. Esta norma e outras promulgadas a partir de 1822
colocaram o Brasil entre os primeiros países do mundo a regularem os
direitos de propriedade intelectual.14

Ao longo dos anos que passaram, a base ideológica relacionada à proteção da


propriedade industrial manteve-se de forma semelhante, o que fora confirmado nos
tópicos introdutórios deste artigo.
Além disso, cumpre destacar que a lógica jurídica para a proteção da
propriedade industrial segue a mesma sistemática adotada para as demais espécies de
propriedade existentes na sociedade15. Basicamente, protege-se o direito daqueles que
de alguma forma o conquistaram, devendo ser seguido o ordenamento jurídico pátrio
para que este direito seja conservado.
Difícil então pensar de maneira diversa, visto que se vive em um mundo com
recursos escassos e que não são suficientes para atender a todos que deles dependem.
Portanto, mesmo que não se vislumbre a possibilidade de melhoria na condição humana
por meio das pesquisas (o que constitui um dos elementos fundamentais da propriedade
industrial), só a escassez de produtos já seria argumento para contribuir com o
entendimento adotado de proteção da propriedade.
Além disso, complementando o pensamento anterior – se considerada a
questão da melhoria científica (elemento incentivado pela Constituição Federal em seu
art. 218) e, consequentemente, da condição humana – torna-se mais evidente que a

14
PIMENTEL, Luiz Otávio; BARRAL, Welber. Direito de propriedade intelectual e desenvolvimento.
Propriedade Intelectual e Desenvolvimento. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2006, p.13.
15
Vale, neste momento, destacar as lições de Richard A. Posner em seu livro Economic Analysis of Law.
Nesta obra, o autor realiza abordagem sobre a sistemática que envolve a propriedade (como um todo) e
seus reflexos na economia, trazendo um simples exemplo prático que reforça a necessidade de ser
assegurada a proteção aos direitos de propriedade, senão vejamos: “(...) Imagine a society in which all
property rights have been abolished. A farmer plants corn, fertilizes it, and erects scarecrows, but when
the corn is ripe his neighbor reaps it and takes it away from his use. The farmer has no legal remedy
against his neighbor’s conduct since he owns neither the land that he sowed nor the crop. Unless
defensive measures are feasible (and let us assume for the moment that they are not), after a few such
incidents the cultivation of land will be abandoned and society will shift to methods of subsistence (such
as hunting) that involve less preparatory investment.”. POSNER, Richard A. Economic Analysis of Law.
Nova Iorque: Aspen Publishers, 2002, p. 32

8
propriedade industrial é fundamental para o desenvolvimento econômico e social,
reforçando-se ainda mais a necessidade de proteção.
E para justificar as idéias apresentadas sobre o incentivo a proteção da
propriedade industrial, interessante destacar os ensinamentos de Viviane Perez de
Oliveira, in verbis:

Não é de difícil percepção o papel das patentes para o desenvolvimento. Em


análise sistemática, pode-se dizer que a invenção, uma vez patenteada, gera o
título que possibilita a exploração de forma exclusiva; esta, por sua vez, gera
o lucro que permite o investimento em pesquisa, originando novas invenções.
Por outro lado, a aplicação industrial do invento e a comercialização dos seus
resultados geram o desenvolvimento industrial e econômico, propiciando, ao
fim, o bem-estar social.16

Por isso, a proteção da propriedade intelectual e a repressão aos casos de


violação deste direito são fundamentais para a consolidação de uma economia
capitalista, pois é necessário conferir segurança jurídica para aqueles que despenderam
seus recursos físicos e financeiros na realização de pesquisas científicas e tecnológicas.
Do contrário, poderiam ser reduzidas estas atividades em decorrência de falta de
interesse daqueles que podem desenvolvê-las.
Nada obstante, não pode este direito de propriedade ter caráter absoluto, ao
ponto de ser exercido com abuso por parte daqueles que o detém (o que foi vedado pelo
art. 173, V, § 4°, da Constituição Federal), sendo necessária sua circulação e utilização
de acordo com os ditames sociais para que seja alcançado o desenvolvimento
econômico.
Nesse sentido, são interessantes os ensinamentos de Luiz Otávio Pimentel e
Welber Barral:

(...) É certo que os investidores exigem maior proteção jurídica à propriedade


intelectual. Também é verdade que um regime eficiente de propriedade
intelectual é um fator primordial para atrair tecnologia, levando ao
crescimento econômico nacional.
Mas também é verdade que o aumento da proteção à tecnologia é o elo
perdido nessa corrente. A solução poderia ser a introdução de requisitos
para a sua efetiva transferência, um intuito de difícil consolidação
prática.
Esta constatação leva a afirmar a necessidade de políticas públicas, com
investimentos correspondentes nos países em desenvolvimento, para

16
OLIVEIRA, Viviane Perez de. op cit., p. 268.

9
melhorar a capacidade tecnológica nos centros de pesquisa local.17 (destacou-
se)

Sendo assim, a propriedade industrial serve como um dos mecanismos que


contribuem com o desenvolvimento econômico, mas, para que sejam materializados os
objetivos pretendidos pelo legislador, é necessário que seu uso seja feito em
atendimento aos ditames da necessidade social, da mesma forma que – também – é
importante um cenário econômico favorável, o que se passará a analisar.

3 ANÁLISE CRÍTICA DESENVOLVIMENTISTA

Para que seja atingido o desenvolvimento econômico e social, as relações


sociais não podem ser vistas de maneira autônoma, sendo necessária a integração entre
as ciências que o estudam para atingir um objetivo comum. Os regulamentos do Direito
precisam estar de acordo com os preceitos da Economia e das demais ciências sociais,
sendo que toda esta relação deve estar de acordo com a finalidade social para que foi
proposta, objetivando o bem coletivo.
Nesse sentido, partindo-se da premissa construída sobre a importância da
propriedade industrial, faz-se necessária a abordagem de outros aspectos conjunturais
que dificultam o desenvolvimento econômico e social, cabendo, neste momento, uma
análise crítica desenvolvimentista sobre a história recente do Brasil. Pretende-se
demonstrar que é essencial a adoção de uma visão multidisciplinar para que seja
possível compreender melhor o tema.
Para identificar os problemas econômicos e sociais que o Brasil vem
enfrentando nas duas últimas décadas não é necessário ser nenhum especialista na área.
Qualquer cidadão comum que acompanhe as notícias do país percebe que nas grandes
capitais existe uma volumosa parcela da população vivendo em condições miseráveis,
sem oportunidades e excluída socialmente. Da mesma forma, mas em cenários diversos,
também podemos dizer que ocorre nas pequenas cidades e na zona rural.
Em que pese serem encontrados alguns poucos centros que vêm gozando de
prosperidade nesse período, a maioria da população brasileira encontra-se insatisfeita

17
PIMENTEL, Luiz Otávio; BARRAL, Welber. op cit., p. 26-27.

10
com as oportunidades e com o panorama em que está inserida, encaixando-se no perfil
traçado no parágrafo anterior.
Por isso, vivendo em um país que não oferece infra-estrutura básica nas áreas
de saúde, educação, trabalho e moradia, com uma das mais elevadas cargas tributárias
do mundo18, e que há anos promete aumentar os índices de desenvolvimento, sem que
isso ocorra, a esperança da população em encontrar alguma espécie de melhoria foi
reduzindo com o passar dos anos.
Mesmo, recentemente, tendo sido apresentadas diversas medidas para
incentivar o crescimento do país19, considerando-se que sua implementação é
demasiadamente demorada, o cidadão comum tem dificuldades em acreditar no futuro
econômico e social da nação.
Corroborando as informações apresentadas, a análise realizada por Fábio
Giambiagi torna-se bastante interessante e descreve a política econômica e social que
vem sendo desempenhada no Brasil:

Enquanto o resto do mundo, cada vez mais, se volta para o desafio da criação
de riquezas, o Brasil persiste no desenvolvimento de um modelo
distributivista em essência, fortemente baseado no intervencionismo estatal e,
em alguns casos, com um acentuado viés anticapitalista. Estamos virando
uma economia com mentalidade de funcionários públicos, no que isso em
geral é associado a certo espírito de acomodação e de dependência do
Estado.20
(...)
No Brasil, a constatação de que havia níveis de pobreza considerados –
justamente – inaceitáveis levou a uma procura exacerbada da proteção do
Estado. O problema é que, em vez de procurar direcionar a atuação deste para
a superação da pobreza mediante o desenvolvimento de incentivos adequados
que estimulassem a melhoria da produtividade e o aumento da produção,
optou-se por um modelo que prioriza a distribuição e a proteção. Se usarmos
a velha metáfora somos pródigos em ‘dar o peixe’, mas temos sido um
fracasso na arte de ‘ensinar a pescar’.21
(...)
Os melhores exemplos de países que crescem hoje em dia a um ritmo
acelerado combinam, em maior ou menor grau, uma tributação benigna, um

18
A carga tributária no Brasil no ano de 2006 atingiu 38,75%, alcançando o maior patamar de toda a
história do país. Fonte: IBPT, in: Folha de São Paulo, caderno Dinheiro, p. B1, Sábado, 30 de Dezembro
de 2006.
19
Independentemente do viés político defendido, é inegável que o país caminha a passos muito lentos
quando comparado com outros países que apresentam o mesmo perfil histórico do Brasil. Não se faz
necessária uma crítica política individual, mas precisam ser feitas ponderações coletivas visando que o
país evolua economicamente, o que se espera que ocorra com o amadurecimento da democracia
brasileira.
20
GIAMBIAGI, Fábio. Brasil, raízes do atraso: paternalismo x produtividade. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2007. p. 5.
21
GIAMBIAGI, Fábio. op cit., p. 6.

11
elevado investimento público e um firme apoio à educação, com ênfase na
criação de riqueza e no apoio à inovação. Isso pouco tem a ver com o nosso
modelo de atuação estatal em que o Governo transfere renda para um número
crescente de pessoas, ficando, em compensação, quase sem recursos para
expandir as atividades de infra-estrutura.22

Seguindo linha de raciocínio bastante semelhante, ao abordar os gravames


conjunturais e estruturais com relação ao Brasil, João Evangelista Pereira de Lima e
Aderbal Nicolas Muller complementam a crítica supramencionada, apresentando outras
espécies de deficiências encontradas no Brasil, in verbis:

Sem dúvida alguma, os gravames anteriormente comentados representam os


princípios complicadores do poder de competição das empresas brasileiras no
mercado globalizado, não obstante estarem os salários em patamares bem
inferiores aos praticados em outros países.
Entretanto, juntam-se as ineficiências competitivas quanto aos tributos,
aos encargos sociais, previdenciários e trabalhistas e aos encargos
financeiros os gravames conjunturais, que oneram os custos dos
produtos ou dos serviços, pela obsolescência do nosso parque industrial,
pelas técnicas desatualizadas de todo processo produtivo e,
principalmente, pelos desperdícios generalizados que já faz parte da
cultura brasileira.
(...)
Para eliminar esse problema, dever-se-ia rever todo o processo
industrial, investir em máquinas e técnicas mais modernas.23 (destacou-
se)

Portanto, percebe-se que a visão da realidade econômica apresentada pelos


autores reflete a situação do país e preocupa aqueles que desenvolvem um trabalho sério
e desejam ver o Brasil acompanhando as demais economias em desenvolvimento, tais
como24: Chile, México, países do Leste Europeu, entre outros. Naturalmente, estes
fatores repercutem em ambiente internacional, dificultando o ingresso de novos
investimentos estrangeiros no Brasil.
Por esta razão, identificando-se os anseios da sociedade, entende-se que, além
de existir um sistema jurídico que proteja a propriedade industrial e incentive a
produção científica, faz-se necessário que políticas públicas sejam implementadas com
o escopo de promover o desenvolvimento econômico, permitindo que as ferramentas
criadas pelo Direito contribuam com a melhoria da condição humana, com a redução

22
GIAMBIAGI, Fábio. op cit., p. 11.
23
LIMA, João Evangelista Pereira de; MULLER, Aderbal Nicolas. Custo Brasil: muito além dos
suspeitos habituais. Revista da FAE. n° 1. jan./dez. 1998, p. 15.
24
Estes países têm conseguido equilibrar excelentes resultados econômicos com a inclusão social e a
redução de desigualdades, o que tanto tem sido defendido no Brasil.

12
das desigualdades sociais e com o desenvolvimento econômico, tal como pretendido
pelo legislador ao dispor sobre a propriedade industrial.
Para comprovar a ligação entre esses aspectos, interessante mencionar que o
relatório 2007 da Organização Mundial de Propriedade Industrial (INPI) mostrou que o
pedido de patentes do Brasil em relação a 2006 caiu 5,6%, enquanto a Coréia do Sul
avançou 24,6% e a China 56,4%. Até a África do Sul superou o número de pedidos de
patentes do Brasil25.
Estes dados contribuem para consolidar o entendimento apresentado no curso
deste artigo, pois demonstram – numericamente – que, com as políticas econômicas e
sociais adotadas no Brasil, há pouco espaço a materialização dos direitos previstos na
Constituição Federal, dentre eles a utilização da proteção da propriedade industrial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Traçadas as diretrizes fundamentais desta análise, pode-se dizer que a


sociedade precisa enfrentar a propriedade industrial como mecanismo para assegurar
direitos e propiciar a melhoria na condição humana, merecendo ser incentivada a sua
proteção. Por outro lado, estes direitos de proteção devem ser assegurados até o limite
em que respeitem a finalidade para que foram concedidos. Isto é, uma vez identificado
que a sua proteção está sendo utilizada de forma abusiva, trazendo prejuízo para a
sociedade, necessário que sejam coibidas estas práticas, utilizando-se os mecanismos
que estão previstos no ordenamento jurídico pátrio. Paralelamente, também é necessário
que os esforços sociais sejam direcionados para reduzir o impacto dos fatores que
impedem o crescimento do país.
Destarte, tanto é necessário o incentivo à propriedade industrial e sua proteção,
como também é fundamental que o cenário político, econômico e social contribua com a
finalidade proposta.

25
Fonte: Gazeta Mercantil, caderno A, p.2, Segunda-Feira, 14 de maio de 2007.

13
REFERÊNCIAS

GIAMBIAGI, Fábio. Brasil, raízes do atraso: paternalismo x produtividade. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2007.

LIMA, João Evangelista Pereira de; MULLER, Aderbal Nicolas. Custo Brasil: muito
além dos suspeitos habituais. Revista da FAE. n° 1. jan./dez. 1998.

MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação


constitucional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

OLIVEIRA, Viviane Perez de. Exploração patentária e infração à ordem econômica.


Revista de direito público da economia. n° 1. ano 1. abr./jun. 2003, p. 261-280.

PIMENTEL, Luiz Otávio; BARRAL, Welber. Direito de propriedade intelectual e


desenvolvimento. Propriedade Intelectual e Desenvolvimento. Florianópolis:
Fundação Boiteux, 2006, p. 11-34.

POSNER, Richard A. Economic Analysis of Law. Nova Iorque: Aspen Publishers,


2002.

SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 10. ed. São Paulo:
Malheiros, 1995.

14

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