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Unidade 2 Alinguagem cientifica A maioria das pessoas costuma observar ocorréncias e relaté-las a outrem. Dependendo do objetive a que servem, dobservacao e relato de ocorréncias podem ser feitos dle dife rentes maneiras. Para a ciéncia, cujo abjetivo é predizer e con- trolar os eventos da natureza, um fato s6 adquire importén- cia e significado se é comunicado a outros fazendo uso de uma linguagem que obedece a certas caracteristcas; e & sobre as ‘aracteristicas da linguagem cientifica que iemos falar neste texto, A linguagem utilizada nos relatos observacionais difere dda que usamos em nossa vida diatia, a linguagem coloquial, 'bem como da usada na literatura. No exemplo a seguir, femos ‘um trecho extrafdo da literatura, Quando voce esta lendo um omance, provavelmente encontra relatos de acontecimentos que fazem uso de uma linguagem semelhante a esta: “Deolindo Venta-Grande (era uma alcanha de boro) sau do Arsenal da Marina ese enfiou pela | rua de Braganca. Batiam tes horas da tarde. Era a | | fina flor dos maryjos de mais, levava um grande ar de felicidad nos elhos. A corveta dee voltou de uma longa viagem de instuao, © Deotindo veio a terra to depressa alcancou licenga, Os companheiros Aisseram-the, rindo: ~ Ah, Venta-Grande! Que noite de almicante voce vai passae! Cea, viola eos bragos 19 i a a ee | tle Genoveva. Colozinho de Genoveva Genoveva, eaboclinha de vinte anos, esperta, olhos hegros © atrevidos". (Machado de Assis - Noite de Almirante. Em Antologia escolar de contos brasleiros Rio de Janeiro: Ed. de Quro,1969, p.15), chamava-se Analisemos 0 exemplo. Trata-se de um relato literdrio. Evidentemente o autor nfo pretende descrever apenas 0 que aconteceu realmente. Também niio necessita fazé-lo da ma neira mais fiel possivel, Logico! O trabalho de um esctitor nao exige que o que ele conta soja constatado da mesma maneira pelos outros, Ble nao quer clemonstrar fatos. Sua tarefa 6 mais ‘comunicar e produzir impressdes sobre coisas que podem até rio ter acontevido, O objetivo de um escrtor pert exige, que “dé asas & sua imaginacdo”, Se 0 comportamento de Deolindo ¢ os aspectos do ambi- ete que atuam sobre seu comportamento estivessem sendo \eseritos cientificamente, seriam aproximadamente assim: te © até “Deolindo € maruj. A corveta a qual serve encontra-se no porto, apds uma viagem de 6 meses Deolinco, 10 minutos apos ter obsdo licen, ditigit-se 8 tera, Seia do Arsenal da Marinha eos companheiros disseram-e, ride: ~ A! Vent-Grande! Que noite de almirante voce vai passar!Ceia, viola ¢ os bracos de Genoveva. Colozinho de Genoveva... Genoveva 6 cabocl, tem vinte anos e olhospretos. As trés hams da tarde, Deolindo dirigiu-se & rua de Braganga”. © que parece logo “saltar aos clhos” & que o relato apro- ximadamente cientifico nao tem poesia. Isto mesmo! Urn re- lato cientitico nao usa o recurso da linguagem figurada, nao ecorre a interpretagOes, nem impressies subjetivas, 2 Abe uma casi nei Ga sofas pel texto quando fl transforma em ingua PO pelo Veni Grant ba como a nfo ge e tava ene partners fora supimidos, Taare dua lngungen cloqual, Tar foram supimidor terme be fam ferent ors) ea sain for ds mares ts del tenon grand are lela oe lo”, ce Catt (tito parson los de Ganovev) Tab mudan cfs excloem recursce de lnguage, os als rpresestan, Imprssensubjivas do autoreve rferem a eventos ou ca alerts que no foram obsertados, ‘Observemes tambéan que os terms lng (referent 2 viage) ders (frente sada de Delindo para ate 1) foram sbsttudos por medidas (6 meses 10 nate) Os termon “longa e “depen ind os referencias lllndon pertind vrs interprelaesarespeto dee camer kena alguns trechos da descrigdo também foi ma- dada, Num elton maloria da az aapresen don von re cry Anportncia. J luginou ae Yoo foee dearever 0 compo ia ot asia aa nal eee ea de orden? Ese so acnteceste com un rela ceo dae Actes evolidas no propre de um blo? Soe ronan eee af ina bora sj uma linguager colo e com figuras deci a fla don companies de Deon ni fo uprima ou a terada Por qu Tras de uma reproduc do que realmen- te foi dito. Fa linguagem dos persoriagens, nio do autor. Em. alguns casos, 0 cientista pode ter como objetivo descrever as caracteristicas das interacbes verbais entre pessoas, Poclerd usar entio transcricBes no seu relat Nao vamos agora esperar que todas as pessoas passem a usar uma linguagem cientifica. O que determina a adequa ‘0 das caracteristicas da linguagem é o objetivo. E ébvio que 8 est6ria do Deolindo, se fosse contada pelo escritor de modo aproximadamente cientifico, nao teria beleza. Seria um de- sastre! E © que dizer de duas amigas que contassem as “novie dades” daquela maneita? Um escritor, um cientista e uma pessoa comum, preten- dem influenciar seus ouvintes ¢ leitores, de maneita diferen- tes. Portanto, usam linguagem com caracteristicas diferentes. Psicélogos e cientistas do comportamento 80 'Pessoas comuns que usam inguagem coloquial no seu dia-a-dia; mas na sua atividade profissional, quando esto interessados em descrever, explicare allerar 0 ‘comportamento, dever usar uma linguagem cientifica 1. Aobjetividade da linguagem Como ja foi sugerido, a objetividacle é a caracterstica fun. damental da linguagem cientfica. Pela objetividade, 0 relato cientfico se distingue dos demais. Sem objetividade nao teria- ‘mos bases sélidas para estudar uum fenémeno; estariamos e tudando apenas a opiniao das pessoas que supostamente esto “descrevendo” o fendmeno. A linguagem objetiva bus- a eliminar todas as impressbes pessoais e subjetivas que o ‘observador possa ter, ou interpretactes que ele possa dar acer- «2 dos fatos. 2 Vimos anteriormente como seria © relato em linguagem objetiva da estéria de Deolindo, Vejamos outro exemplo, So dadas, a seguir, duas cescrigdes dos comportamentos apresen- tados por uma senhora dentro de um énibus;a primeira é um relato no objetivo e a segunda é feta em linguagem objetiva, Relate 2 — ojala 7 1)" and rosie dou har pr) Onous com tacos oe. seer seames ceupcon”§ doo Go On. oe saa em deeqo porta acer enous 2} Cone ao esata, aro uae eo) Onbus condos os_ ase twa taka oe bean, aren” co| owas” S puch dopa ao ado Interstar lgataoe[oars fora co bance, an” eo| sages gut be rconan sence ota, Vra a cba oar at eal ton [caren ince |eronioa um Spee ngs oc) ‘Ao analisar os relatos verificamos que o termo “cansa- da’” se refere a uma impressio do abservador acerca do esta- do do sujeito, e que o mesmo foi eliminado e substituido, no segundo relato, pela descrigao dos comportamentos exibidos pelo sujeito naquele momento, “expira fundo e fecha os olhos", Foram também eliminadas, no segundo relato, as interpreta- ‘oes: “tenta pedir um lugar aos passageiros”; “como ninguém se incomoda” e "ela desiste”, ‘A importancia da objetividade na linguagem torna-se evidente quando se comparam os dois relatos. No primeiro, ‘Nos relatos de oservaio & costume, para evitr a divalgasio dos nome, enter aves deletes psoas prensa stung. Alera maids Se eager lllads para desigar osu obvervado 2 a8 agdes do sujeito sao descritas de acorcio com um determi- nado ponto de vista, que pode ou nio estar correto, Pos velmente, se outro observador estivesse presente na situa. fo, interpretaria as agdes do sujeito de um modo diferente, © segundo relato elimina as divergéncias entre os abservac ores, na medida em que descreve exatamente as acdes que Alguém poderia, entretanto, argumentar que a lingua ‘gem objetiva nao exprime com veracidade 0 que esta ocor endo, uma vez que elimina informacées relevantes acerca do fendmeno, informagdes que dao sentido a acao, Neste caso responderiamos dizendo que uma descricao mais refinada, que inclua gestos, verbalizacdes, entonagdo de vor, expres. Ges facia etc, forneceria ao leitor a imagem requerida De uma maneira geral, os principais erros contra a obje tividade que devem ser evitados num relato $30: Autilizagao de termos que designem estados subjetivos Termos tais como “cansada", “triste”, “alegre”, “ner- vvosa” ete. devem ser evitados. Ao invés de utilizar termos ue exprimam uma impressio acerca do estado do sujeito, 0 observador deve descrever aquilo que observou, ou melhor, 0s indicadores comportamentais de um estado subjetivo. © recomendadlo € 0 uso de indicadores tais como, movimentos corporais, posturas e expressdes faciais exibidas pelo sujeto, Por exemplo, ao invés de registrar “S esta alegre”, o observa- dor registrars “S sori, bate ope direito no chio acompanhan- do o ritmo da musica” m4 A atribuigdo de intengses ao sujeito Ao invés de interpretar as intengtes do sujeito, 0 obser- vador deve descrever as acbes observadas, Por exemplo, 20 invés de registrar “tenta pedir um lugar aos passageitos", 0 observador registrara “vira a eabeca em diego aos passa- geiros”; ao invés de registrar “a professora ia pegar 0 apagador”, o observador registrara “a professora estende a do em directo ao apagador” A.atribuigao de finalidades & aco observada Ao invés de interpretar os motivos que levaram o sujeito ase comportar, oobservador deve descrever o comportamento eas circunstincias em que ele ocorre, Por exemplo, em lugar de escrever “S fecha a porta porque venta’, o observador re- sistraré “S fecha a porta. Venta lé fora”; ao invés de registrar *S anda a procura de um lugar para sentar”, 0 observador registrard “S anda em diregao a porta traseira do onibus” Talvez. possa ter fechado a porta porque ventava e que ande ‘ho énibus & procura de um lugar para sentar, mas nio é ade quado dizé-lo, uma vez que o sujeito pode fechar a porta por ‘Outros motivos. A senhora do nosso exemplo pode ter andado Para a parte de traz do énibus porque ia descer no préximo Ponto, ou porque viu uma pessoa que Ihe pareceu conhecida, Algumas vezes, ocortem eventos os quais tém alguma ‘elacio entre sie acontecem um apés © outro, de forma que 0 Brimeiro cria oportunidade para o segundo ¢ assim sucessi- ¥vamente. Um exemplo seria a situagao onde alguém se dirige | um armério, abre-o, retira um doce da lata que ha dentro do | Brmario e leva o doce a boca, Nesses casos, alguns relatos ten- dem a referir as tltimas agdes como uma finalidade em fun- B ‘0 da qual ocorrem as agSes inicias. “Abriu o armario para comer doce “. Uma linguagem cientifica prescinde de atric buir intencdes as pessoas que esto sendo observadas. O cor- roto seria relatar os eventos na ordem em que ocorrem, evi tando termos que indicam atribuigao de finalidade ~ “abriu o armério para comer doce" tava com fome” = ou de causalidade ~ “porque es Um relato objetivo evita: a) utlizar termos que

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