do movimento adventista1
JOSÉ JEREMIAS DE OLIVEIRA FILHO
De seita a igreja
recobram sua história através de uma cronologia que a
O
S ADVENTISTAS
classifica segundo dois critérios de codificação: a apreensão progressiva
das “verdades fundamentais”, por pastores e leigos orientados por “mis-
são” divinamente inspirada nos “testemunhos” da “mensageira da Igreja Rema-
nescente” – e pelas várias etapas de crescimento da “obra”, a expansão do mo-
vimento de um pequeno grupo à forma de organização centralizada de que hoje
dispõem. Estes dois critérios de classificação emergem na representação dos teó-
logos adventistas através de duas categorias, a de missão e a de comissionamento,
entendendo-se por missão o caráter sagrado do contato com o divino, aspecto
antecipador da ordem social em relação à qual se dará toda a legitimação simbó-
lica dos procedimentos práticos rituais, desde que “requer um relacionamento
pessoal para e com Jesus Cristo que deve ser estrito e inviolável”2. A confirmação
de tal missão exige, igualmente, a confirmação “de certos poderes de autoridade
para o desempenho e plenitude desses deveres específicos, principalmente a auto-
ridade para falar e agir como representante de Cristo”, o que vem a ser a comis-
são3. A autoridade assim sacralizada, à parte do mundo, é considerada como
“solene responsabilidade” e “privilégio”.
A “história” desse privilégio como histórica à parte prende-se à própria
origem simbólica do movimento, uma parcialidade do mito cristão.
A emergência da missão comissionada em que se constitui o adventismo
como forma de associação ocorre no contexto dos movimentos messiânicos do
século XIX originados nos Estados Unidos, movimentos “messiânicos-
milenaristas”4. A característica básica desses movimentos era o seu inconformismo
com as associações religiosas já estabelecidas em Igrejas, tais como a Metodista,
a Episcopal, a Presbiteriana e, principalmente, a Católica, daí Henri Desroche
assinalar-lhes algumas características gerais:
a) reividicavam certa primazia de iluminação interior e do Espírito Santo,
predominando não apenas sobre a Tradição, mas também sobre as próprias
Escrituras;
b) pregavam que a Revelação não poderia estar terminada e que, portanto,
uma nova era, a era do Espírito, reclamava novos profetas e os forneceria;
c) propunham, finalmente, realizar a Igreja como um mundo dentro do mun-
do, e sua recusa de relações com os poderes estabelecidos tinha por corolários