Antes do 25 de Abril
Estado Novo
Antes do 25 de Abril
Marcello Caetano (1906-1980)
Na sua actividade política, foi vogal da União Nacional (1932), comissário nacional
da Mocidade Portuguesa (1940-1944), ministro das Colónias (1944-1947),
presidente da comissão executiva da União Nacional (1947-1949), presidente da
Câmara Corporativa (1949-1955), ministro da Presidência (1955-1958) e chefe do
governo (1968-1974). Foi precisamente neste último cargo que as suas acções
suscitaram maior polémica. Substituindo Salazar por motivos de saúde deste, a
sua política constituiu uma tentativa de abertura pacífica, que foi mal esclarecida,
suscitando críticas e resistências em vários sectores. Em plena guerra colonial,
Caetano promoveu a reforma constitucional (1971), alargando a autonomia
administrativa das colónias. Os sucessivos avanços e recuos no processo de
liberalização das instituições políticas reduziram a sua base de apoio político, o
que, paralelamente ao impasse da guerra colonial e ao alastrar do
descontentamento no seio da instituição militar, veio abrir caminho ao golpe de
Estado de 25 de Abril de 1974. Com este golpe, o Movimento das Forças Armadas
(MFA) derrubou o regime autoritário, destituindo Marcello Caetano (que se exilou
no Brasil) e entregando o poder à Junta de Salvação Nacional, presidida pelo
general António de Spínola.
Os rostos da Revolução
Spínola (1910-1996)
A Revolução
O contexto político e social
Contestação do regime
Derrube do regime
A solução acabou por vir do lado de quem fazia a guerra: os militares. No ano de
1973, um dos mais mortíferos da Guerra Colonial, nascia uma conspiração de
oficiais de patente intermédia, descontentes com a duração e as condições do
conflito. Começava o “Movimento dos Capitães”, depois designado por
Movimento das Forças Armadas (MFA). Este movimento politizou-se
rapidamente, concluindo pela inevitabilidade do derrube do regime em Portugal
para se poder chegar à paz em África. Depois de um golpe falhado nas Caldas da
Rainha (16 de Março), em que não teve intervenção, o MFA decidiu avançar: o
major Otelo Saraiva de Carvalho elaborou o plano militar e, na madrugada de 25
de Abril, a operação “Fim-regime” tomou conta dos pontos estratégicos da cidade
de Lisboa, em especial do aeroporto, da rádio e da televisão. Lideradas pelo capitão
Salgueiro Maia, as forças revoltosas cercaram e tomaram o quartel do Carmo,
onde se refugiara o chefe do governo, Marcello Caetano. Rapidamente, o golpe de
estado militar foi aclamado nas ruas pela população portuguesa, cansada da guerra
e da ditadura, transformando-se o movimento numa imensa explosão social e numa
revolução pacífica, que ficou conhecida no estrangeiro como a “Revolução dos
Cravos”.
A Revolução
O Movimento das Forças Armadas
24 de Abril de 1974:
25 de Abril de 1974:
00h20 – É hora da segunda senha. A Rádio Renascença passa o tema Grândola Vila
Morena, de Zeca Afonso. Por esta hora, o movimento revolucionário do MFA já está
em marcha!
Pouco depois das 02h00 – Uma coluna motorizada sai do Campo de Tiro da Serra
da Carregueira (CTSC) com o objectivo de ocupar a Emissora Nacional, na Rua do
Quelhas.
04h20 – Apesar do atraso das forças da Escola Prática de Infantaria (EPI) de Mafra,
que deveria ter atacado o alvo às 03h00, o Aeroporto da Portela (com o nome de
código de “Nova Iorque”) é tomado e controlado.
05h15 – O MFA adverte as forças do regime para a responsabilização que lhes será
imputada caso enveredem pela luta armada.
05h45 – Mais um comunicado do MFA, desta vez para reforçar o que fora dito nos
anteriores e apelar ao civismo de todos os portugueses para que se evite um
confronto armado.
Nos intervalos destes comunicados, o Rádio Clube Português vai passando canções
de Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria, Francisco Fanhais,
Luís Cília e José Mário Branco.
06h00 – A coluna militar que partira de Santarém sob a liderança de Salgueiro Maia
chega ao Terreiro do Paço. Os carros de combate cercam os ministérios, a divisão
da PSP aquartelada no Governo Civil, a Câmara Municipal, a Rádio Marconi e o
Banco de Portugal.
O posto de comando é estabelecido no centro da praça com uma chaimite e uma
autometralhadora EBR. À frente das operações continua Salgueiro Maia, que
comunica a Otelo Saraiva de Carvalho o sucesso na ocupação de Toledo (Terreiro
do Paço) e no controlo de Bruxelas (Banco de Portugal) e Viena (Rádio Marconi).
Pouco depois das 06h00 – As forças do regime enviam para o Terreiro do Paço
um pelotão de AML/Chaimites do Regime de Cavalaria 7. No entanto, o alferes
miliciano que comanda o pelotão, depois de falar com Salgueiro Maia, acaba por
aderir ao movimento revolucionário. Entretanto, outros dois pelotões, desta vez de
Lanceiros 2, aderem também às forças da revolução.
A fragata “Almirante Gago Coutinho”, que na altura paticipava num exercício militar
da NATO, recebe ordens para abandonar as manobras no Atlântico e entrar no Tejo,
com o objectivo de abrir fogo contra as forças revolucionárias estacionadas no
Terreiro do Paço.
Cerca das 12h00 - O comandante Vítor Crespo consegue que seja anulada a
ordem de abrir fogo e que a fragata vá fundear em frente ao Alfeite.
Depois de ser informado, pelo posto de comando, de que Marcello Caetano está
refugiado no quartel do Carmo, Salgueiro Maia deixa as suas forças a guardar os
ministérios e dirige-se para o Carmo. No Rossio, depara-se com mais uma coluna
militar enviada pelo regime para fazer frente aos revoltosos. Também esta coluna
acaba por se juntar a Maia, já que o próprio comandante da mesma está com a
Revolução, apesar de ter recebido ordens para prender o capitão Salgueiro Maia.
Cerca das 12h30 - Toda a baixa está repleta de populares que encorajam os
soldados e lhes colocam cravos vermelhos nos canos das G-3.
Salgueiro Maia já está no Carmo e recebe ordens do posto de comando para abrir
fogo sobre o quartel do Carmo, já que a guarnição que guarda Marcello recusa a
render-se e a entregar o chefe de Governo. Mas o capitão sabe que o disparo das
autometralhadoras num largo repleto de populares iria provocar muitas mortes.
Assim, opta por disparar armas automáticas para a parte superior do quartel.
Maia entra no edifício duas vezes. Da primeira vez, consegue entrar mas não
consegue a rendição. Da segunda vez, exige falar com o Presidente do Conselho.
Salgueiro Maia pede a Marcello Caetano a sua rendição formal e imediata. O chefe
de Governo declara já o ter feito ao general Spínola, pelo telefone. Diz ainda que
está apenas a aguardar a chegada de Spínola para lhe transferir o poder, para que
este não caia na rua.
Marcello pede para ser tratado com dignidade e pergunta para onde vai. Pergunta
também pelos destinos do Ultramar.
19h30 – Marcello Caetano, Moreira Baptista e Rui Patrício são conduzidos a uma
viatura blindada. A multidão apupa-os com o grito de “assassinos!”.
Mesmo depois da rendição de Marcello Caetano, e a consequente vitória da
revolução, na sede da PIDE, na Rua António Maria Cardoso, os agentes do regime
disparavam das janelas, facto que resultou em cinco mortes – as únicas de toda a
revolução!
A Revolução
O primeiro comunicado do MFA
A Revolução
A Junta de Salvação Nacional
Organismo constituído pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), após a revolução
do 25 de Abril de 1974, com o poder e a legitimidade exclusiva de executar o
programa do MFA.
A junta era composta por sete membros. Presidida pelo general António de Spínola,
integrava Rosa Coutinho, Pinheiro de Azevedo, Costa Gomes, Jaime Silvério
Marques, Galvão de Melo e Diogo Neto. Numa segunda fase, procedeu-se à
repartição de poderes por outros órgãos: o presidente da República (designado pela
Junta), o conselho de estado, o governo provisório e os tribunais.
Pós-25 de Abril
O fim da ditadura
A abolição da censura
O Pós-25 de Abril
Período revolucionário
Descolonização
A partir de 1975, no entanto, passou a ser a situação interna do país que dominou a
agenda dos principais protagonistas. O afastamento de Spínola, substituído na
presidência pelo general Costa Gomes, era paralelo ao crescimento da influência do
MFA, com alguns dos seus membros a tomarem posições cada vez mais à esquerda.
O Pós-25 de Abril
Avanço para o Socialismo
O Pós-25 de Abril
Normalização democrática