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< _ allerta a3 elevisao EDIGOES LOYOLA ) J)» ) J ene) 2 ) 3 > ao ’ a PIII ) J ee IIDIDVI ra wi 9 fe \ | RENE BE! } ‘ 1 A TELE-FISSAO rene berger . dlele ANSSa0 alerta elevisao EDIGOES LOYOLA i 1 \ i 4 § i A TELEPISSAO_ALERTA A TELEVISAO A televiséo esté a ponto de produzir uma explosio semelhante & que provo- cou a desintegracao do tomo. Este é 0 postulado que René Berger tenta verili ear aqui através de uma série de seme Ihangas convergentes. Tnspirandose no jcandlise, 0 AULOF, se pergunta se Enformagao” principal misao da televi sio, nao enecbre um contelido Iatente que depende menos do espirito racio- hal do que de um fantasms coletivo. Uma segunda semelhanca, inspiragio dos mitologes, manifesta que 0 Oriat hal, fundamento da estrutura i illo tem pore do. mito tradicional, se desloca Drogressivamente para o Atal. © acon: tecimento 6 veiculado sobre a figura eo simbolo, A representacio, suporte Ga” mensagem social durante’ séculos, se torna cada vez mais “atualizacio” Em culras palavras, do ponto de vista econdmico e politics, parece que a con: centragho dos meios de comunicagao has mos do Estado ou. da empresa particular prefigura ¢ acontecimento de ima. tecnomanipulagao muito caracte- rustica da. televisto comercial dos Esta: dos Unidos. Na atmesfera hi apelo para os no: vos. valores fabricados pelos “bancos de emissic” que séo as televisies. AS fmiensagens suplantam as coisas as in formagbes sig apresentadas na’ tela da T, V. como 0 dinheiro no guiché do ban 6. “Uma nova dimensao biosociolégica tem aparecido. Estamos nds ccndena dos a flutuar na atmosfera como med fas aperfeigoadas, ou estamos em con Gigdes de responder ao desaflo | dos “mass media” A hipétese de um “cos. mocéfalo” exige que se adotem novos modelos de pensar. René Berger 6 conservador do Museu de‘Belas Avtes. de. Lausanne, ‘professor fscccledo ‘da. Universidnde da” mesma Glade, na ‘qual aniimn um curso. expe imental sobre “A. Estdlien ©. o8 Moos Ge Comunteagio: A Televisho”. tay fSém presidente da Associagio. Interns Clonal dos Critcos: dere (AIGA) Gee Ge Ho" Conair aa UNESCO & detr os -prejetos. no Conselho de Gelasore en “derentes lesbos ak Sulga e-em outres “nagdes.” Tem ear dando © dado t coohecer, Juranie. ratios fsnos, © desenvolvimento’ da telavsho. © Ce REN& BERGER A TELE-FISSAO ALERTA A TELEVISAO ae EDIGOES LOYOLA Sio Pavto 1979 Titulo do original frances: LA TELE-FISSION ALERTE A LA THLEVISION PROIETO: _@ Coplerman, Toural, Beélglea 1076 i IVERSIDAT NUVA UNI Tipo de Aquitighoc(oon at — Adqviride davaghZ Dota Acviebeee: Preco,.. de 2 Regt 2.2/8 —b Dota Regie df= 7-22. ‘Trapucio ve: Pe, MAUR{CIO RUFFIER, S. J. ‘Todos os direltos reservados EDIGOES LOYOLA ‘Rua 1822 ns S47 — Caixa Postal, 42335 — Tel: 63-9695 — So Paulo Iatrnesso No Baas INTRODUCAO Qualquer posigfio, inclusive @ minha, fundase em pressupostos Que se devem focalizar & luz da perspectiva problemética hoje im posta & pesquisa, No Ambito da posig&o que denoming clissiea — em apéndice encontrarsesd aquilo a que mals precisamente me refiro — veriflco esquematicamente serem eles em nimero de trés: © imagindrlo, els 0 primeiro deles, 6 tido na conta de algo que implica uma espécie de estabilidade alravés das vicissitudes e mu: dangas — tal qual o mito através de seus avatares no tempo e no espago — e que, combinando {cones @ simbolos, se acha vinculado @ certo elemento original, de um modo ou doutro em nds perdu. rével. Assim coneebido, 0 imaginério se manifesta sobretudo mediante contetidos que assumem a forma d2 narrativas na tradicdo oral ow escrita, de representag6es na tradicéo tconografica, portanto de ima Sens que circulam, se transmitem e propagam em e por melo de ‘agentes humanos, Finalmente, aqueles que fazem do imaginério um objeto do conhecimento, como € 0 caso dos cutores que dele falam ow esere- vem, langam méo prevalentemente da comunieaio lingtifstica, sob @ forma de metalinguagem, em todo o caso, do discurso. Quanto a meus préprios pressupostos, reduzllos-el, no menos esquematicamente, a trés. Antes, en:retanto, eu gostaria de enunclar 8 hipdtese de trabaro que orienta 9 conjunto de minha pesquisa e quo eu resumiria nestes termos: o aivento dos mass media, que ape- nas data de alguns decénios, resulta numa geral mutagdo, que com- 5 preende tanto a mutagio do nosso ambiente, onde o artificiat su planta cada vez mais a natureza, quanto na mutagdo do imagindrio, para a qual contribuem mui particularmente as miquinas aplas para comunicar, informar, divertir, educar, sonhar, entre as quais a televi so é um dos agentes mais ativos. Partindo desta hipétese, que nio hesito em erigir em postulado para o futuro, els os trés pressupostos fem que me npdio e que estimo gozarem dum indice de probabilidade suficientemente elevado para J poderem ser tidos como fatos. ‘ho contrirlo da ldéia ou do sentir dominantes, Julgo que 0 imag nério nom durdvel, nem estavel. Mesmo no caso de haver dado mostras de excepcional longevidade, 6 suscotivel de modificar-se radi- caimente, Em nossos dias, esta a elsborarse um novo imagindrio do qual, o mais das vezes, participamos inconsclentemente, Ora, este imagindrio em formagdo tem com agentes — e af esti (© segundo pressuposto — nfo mais somente seres humanos, mas pela vez primeira, mdguinas, Se as narrativas, os mitos e até os conheci mentos ditos positives foram em todos os tempos transmitidos a seres humanos, por seres humanos, para seres humanos, quer verbal mente, quer por eserlto, a tecnologia dos meios de comunicagio assu me, atualmente, uma posigéo e um papel que nio se situam nem no prolongamento de nossos gestos, como a ferramenta, nem mesmo no prolongamento do gesto escrito, que € o livro, Daf s angustinda per gunta de Villers: “Como funcionaré 0 oérebro de um homem nascido fe crlado perante uma televisio? Nada sabemos a respeito. Nio se concebe que tais questées ainda nfo tenham sido formuladas — e, se possivel, resolvidas. Precisamos desde ja admitir que estamos a mo- delar 0 universo mental duma geragio segundo métodos cujos efeitos ignoramos em absoluto, e que até agora nem tentamos estudar e nem sequer definir”.* Dando de mio & equagéo de LeroiGourhan: For. a + Matérla = Instrumento, outrossim & méquina tradicional que, como © moinho de vento ou mesmo a maquina a vapor, limitase = transformar a energia, a Superméquina em quo se transformou hoje a televisio achasse em conexio direta com o nosso sistema nervoso. Finalmente, os que se apostam a falar desses fendmenos ou es: erever a seu respeito defrontam-se com um situagéo inesperada. Du: rante séculos, para nfo dizer milénios, o direito & palavra era apa. nagio dos “letrados” — designemo-los com este termo cdmodo — cujo oficio era transmitir tanto a ordem das palavras, quanto a ordem das coisas, ambas fungio do poder estabelecido. Era e fica sendo privi 1. Michel De Vittsns, La Tétéviston et nous, L'Bcole SA, coll. “Don rnées actuelles”, Paris, 1963, p. 104, 6 Iéglo dos letrados retsthar a realidade em objetos de conhecimento @ fazer da arte do recorte a ordem do discurso. Privilégio que og bene. ficisrios detinham, quer em virtude de sua habilidade, quer de sua competéncia, 0 mals das vezes por sua posigéo social; sob condicao do considerarmos um perfodo suficientemente longo e suficientemente esldvel para que a ordem das palavras ¢ a ordem das coisas parecam coincidir. Ora, a mutagio, hoje, é tal, que nfo sé 0 “direlto & palavra” dos letrados deixa de ser exclusive, mas parece sempre mals ameagado, seniio excluido, por aqueles que tém o poder de iniciativa, A metalin. guagem, tanto quanto o discurso sob todas as suas formas, corre assim © risco de ficar em atraso, e cada vez mais o esté relativamente aos que substituem o sto de conhecer polo de transformar, no qual ps radoxalmente coincide os revolucionérios — numerosos — que pre- tendem mudar a socfedade, 0 poetas — raros — que pretendem mu- dar @ vida, os industrials, tecnocratas, engenheiros, financistas, em- presirios, publicitérios — incontaveis — que se postam a provocar artificialmente a mudanca a fim de aumentar os seus rendimentos poder. Entio, seria possivel suceder — fato novo @ ser encarado em seu mesmo radicalismo — que as mudangas que se produzem hoje as nossas vistas se vo adiantando sempre mais a reflexdo, de tal sorte que @ empresa Intelectual venha caducar em proveito da empresa simplesmente dita e acabe mesmo ficando totalmente & mercé desta, tiltima, A técnica verbal, que até agora presidiu quase soberanamente & elaboragio do corhecimento, tido em conta de fim ultimo, entra em concorrénela com o que se poderia designar com a sigla geminada PP: producio/promogio (assim como se usa PD: pesquisa e desenvolvi mento), Situago paradoxal: os (meta).autores, ensaistas de todos os ‘matizes, continuam exercendo sua atividade em favor de praticas ¢ mé. todos comuns, como a formagio intelectual, cuja dependéncia dos con- ceitos ¢ da escrita mantémse a despeito das crises, sob o amparo das instituig6es vigentes: escola, exames, universidade, diplomas ete. Por outra parte, elaborese uma realidade que, cada vez mais fomentada pela indiistria em escala universal, foge & verbalizagao tradicional, por causa do predominio da tecnologia sobre a linguagem, j& que os “mul timédia” suplantam até mesmo as coisas. Mutagio? de tal natureza 2, Brolugko ou mutagio, no se trata duma questio de palavras, A seqiiéneia ‘de mudangas graduais, conforme uma orlentagéo relativamente ‘iscerntvele previsivel que primeira acarreta, difere radicalmente da transformagto acelerada, lo raro brutal, guase sempre Imprevista da se funda, A evolugio permite uma adaptacko progressiva da consclénecia; as mudangas so assimilidas a0 mesmo tempo que ® consclénela evolul: adap- {agio conoomitante e complementar. A mutagto, pelo contrério, manifesta. ‘se por rupluras que transtornam a situagio ea conscigncia, a ponto de ‘exight, de ambas, recstruturagoes abruptas e brutais. Galgar os degraus 7 que 0 nosso imaginério, por muito tempo adaptado aos gestos do corpo fe empregado por agentes exclusivamente humanos, evolui rumo a um tecno4magindrio de que apenas nos damos conta, enquanto a maioria de nossas representag6es 4 procedem das superméquinas que sio os “mass media”, inclusive os avides! Os deuses a jato, A despeito do desuso em que caiu, a mitologia continua dando lustro e prestigio aos nossos produtos, Bis af Mercurio, mensageiro dos deuses, “promovido” (aos olhos do anunciante, tratase mesmo duma promogdo!) a mensageiro das grandes companhias de navegacao agrea.? O avio “Merciirio” é de autoria do Marcel Dassault, bem como 0 Meretirio de bronge, reproduzido @ seu lado, 6 obra de Jean Bologne, com a ressalva de que no conste o nome do artista, De sorte-que o publicitario apela, duma parte, para a figura do deus Merciirio que associa e, simultaneamente, contrapSe & figura do avido Mercirjo. A analogia visa ao nome e & fungo, mas 0 mito antro- pomérfico — eis 0 ponto decisive — resvala subrepticiamente para 0 tecno-mértico. A funcdo do avido & tomada simultaneamente & conta aa técnica e do mito. + Por outro lado, se a anslogia entre o deus romano e aparelho da Sud-Aviation faculta estabelecer uma espéeie de continuldade no plano imaginério, gragas & fungdo de mensageiro, ela dissimula a ra Gical ruptura que se deu com 0 aparecimento do avis, Guma eseada é experlénela totalmente diversa da que consiste em subir asso & passo 0 doclive suave duma colina DS campo & cidade, Bo se trata de passagem, mas de ruptura, tornada inremediavel com o advento da megaldpole. A prdpria astixia das cidades 44 comegou, De inicio auxiliar do cidadio, o automével atravanca, polul & pavalist. Os arrabaldes, destinados a acclher os excedentes dos centros Superpovoados, transformemso em guoto. As poluigées vem aerescantar se 8 delingléncia, A passagem duma socledade continua para uma sociedade escontinua langa um desafio as nossas estruturas mals inveteradas: © por Drimelro % mesina nogéo de passagem. De fato, 6 antes uos “sallos” que ‘50 6 tentado a chamar do “quinticos” quo as ‘mudangas do ambiente. se produzem. Pode a informagio acompanhilas? A. prdpria palayra, “acon. ‘Panhar” mio deveria ser posta em questio? Slo estes alguns problemas que eu encarel mais detidaments no meu livro precedente La’ bfutation des signes, Dente, Paris, 1972 3. Aniineio publicado em Le Monde, de 14 de janeiro de 1972 4 Avanalogla 6 tanto mals fell do se fazer porque, gragas & habili- dade do publicitérlo, 0 corpo do deus Merctrio nfo deixa de recordar a ‘fuselagem do vido,’ assim como a empenagem deste recorda as sandillas Sladas. Até 0 bieo do aparelho lembra o capacste de Mercuri, 8 De fato, durante milénios, 0 homem contigurou o espago em fun: cho de sua postura vertical e de sua necessidade de deslocar-se, ati dades esas que se realizavam e ainda se realizam a cerca de um metro e setenta do solo, com os meios naturais de locomociéo que si0 fs bragos e as pernas. Bsses deslocamentos jamais ultrapassaram, du rrante milénios todos, os 5 ou 6 km/h, 30 a 40 km/h para os que, raros aligs, podlam dispor dum cavalo. Frecisemos: em distdncias Iimitadas @ durante tempos limitados; precisemos ainda: sempre e unicamente no solo. Atualmente, transpor © cceano, faganha com que nunea se teriam atrevide a sonhar todas as geracbes que nos precederam, tor- nouse realidade corriqueira, Tanto que as companhias disputam a clientela umas as outras, no entoando loas ao extraordinario feito ‘téenleo, nem sequer A proeza que fol a travessia do Atlantlco por Lindbergh em 1927, mas gabando, como faz por exemplo a TWA, as “trés ou cinco refelgGes A eseolha” ‘cinco na primeira classe), 0 asser- tombalxador da classe econdmica, onde hd possibilidade de assenta: rem-se trés passageiros, os novos uniformes das aeromocas, “inclusive ‘shorts’, um charminho @ mais”, ntar os filmes “um para adub- tos, um para qualquer publico (sie) & escolha”.* Como nlio nos porla mos também nés a sonhar? Caso subsista intacto 0 nosso esquema corpéreo, ¢ com ele os nossos apetites © desejos até em suas piores analidades, o que se metamorfoseia fora da aeronave & 0 espaco todo {inteiro, Vinculado que esteve durante milénios & pereepcio de cada tum de nossos passos, a cada um de nossos gestos, eS que, 2 8.000 ou 10,000 metros de altitude ¢ a uma velocidade de #00 a 1.000 km/h, ele 86 pende da voz do comandante ou da aeromaca enjos acentos avelur dados pelos microfones afiancam que “estamos sobrevoando a Terra: ‘Nova; que estamos deixando & nossa esquerda Novatrque; ou que, @entro de alguis minutos vamos aterrisar em Bombaim...” Quem ava liza o cheque em branco de tals comunieagSes? A vor que escutamos? © mapa que podemos consultar? Mas onde esta ele? As rotas se tor- raram tio batidas que as companhias deixaram de por mapas A dis- Posigio, salvo sob pedido expresso. F que adianta encostar o nariz f Janela? Grande demais 6 a altitude, quando no se viaja de notte. De sorte que o espaco gerado pelo avilio torna-se uma abstracio t40 singular quanto 0 papelmoeda. Esparo fiducidrio, tal como se fala em moot fiduckii, A epopéin, © mito, 0 conto, cujas agdes acham-se indissoclavelmen- te ligadas ao espago conereto que se percorre, metamorfoseiam-se. Que coisa sobra da Odlisséia, se Tlisses pode tomar o avifio Ttaca- “Tr6ia, ida € volta OK? Jé antes do aviio a jato, o cavaleiro das es- 5, Aninelo TWA em Le Figaro, do 17 de janeiro de 1972 tepes transtornara a histéria, A cultura substituida pelas razias, 0 cultivador transformado em guerreiro, 0 nomadismo substituindo-se A vida sedentaria, sio as metamorfoses do espago, do tempo e do ima- gindrio.* Ao abandonarem campos e aldelas para cavalgarem suas montarias, 05 povos cuja existéncia situase entre 0 século VII antes de J.C. 0 1+ depois de J, C, transformam as estopes com seus continuos deslocamentos. A sua arte “reflete plasticamente o eri berante ambiente animal do cavaleiro, De um horlzonte até outro vasto horizonte, este vive, ndo sé em contato e familiaridade com os animais, domésticos e selvagens, mas dentro de seu proprio movi mento” A civilizagao da gleba, substituiuse a sociedade da velocidade; uma vez superado o cavalo do nomade, a maquina prossegue em sua corrida sem cessar aeelerada. * Esta mutaglo 6 de tal monta que, em sentidg préprio, nos estu- ora. Tolhidos pelo estupor, cravamos os olhos no passado para darnos seguranga. Ora, se a passagem do estado sedentario para o nomadismo transformou a cultura a tal ponto que, de um ao outro, vemo-nos us voltas com uma realidade © um imaginério diferentes, que se nfo hd de esperar da irrupedo das miquinas modernas que, simultaneamente, nos levam duma extremidade & outra do planeta — méquinas de viajar — ou nos trazem as informagées duma ex tremidade & outra do universo — miiquinas de comunicar! Mas continuamos, de olhos fechados para o porvir, requerendo “mont mentos", acumulando “arquivos", enquanto nossa época palpita em centenas de milhdes de videos, Argus & escala do universo. A telefissiio nfio é metéfora. Espago e tempo explodiram des- prendendo uma energia cuja poténeia ninguém suspelta e cujos melos de se controlar ainds ignoramos. Estarfamos nés rumando para a desintegragio em eadela? Serd mister, ao contrério, falar em tele- -fusio? Seremos nés capazes de nos adaptar, nflo somente a um novo ambiente, mas Aguilo que nfo podemos deixar de denominar meios amibentais, tudo assumindo a feicio de mensagem de massa? ‘Ter- -sela o video tornado mediador universal? Terla a caverna de Platao 6. Mikhail Gavazwor, Sibérie du Sud, Nagel, Genebra, coll. “Archaelo gia Mundi", 1969. Citado por Pierre Guerre em “Présence des Scythes", 4m Critique,’ n.r 235, dezembro de 1011, p. 1.100, 1. bid. p. 1.108, 8) Oportunidades e meios de deslocamento multiplicamse: auto, trem, vido. AS mensagens vinculadss os modes de locomogho tradicionais, pa Ievras, eseritos, manuseritos ou Impressos, que se transmitem pelo correo, por coche, carroga, diligénels, estrada de ferro e que aleangam hoje, pels felevisio, quase a velocidade da luz! 10 explodido ow suas paredes por serem fluorescentes, nada mais fa Flam do que reforgar a nossa situago de prisioneiros? Ou seria 0 nosso vezo de erevar os problemas entre os dois termos duma alter. nativa 0 que nos condena & caverna? A caverna que, por muito tempo, som que nos déssemos conta, foi a I6gica, hoje condenada pelos mefos de comunicagio de massa, em particular a televisio ‘ele-visio como se deve escrever, néio em dois termos, mas em dois ‘tempos, por cause da complexidade de sous avatares, pois j4 existem, a ums, a macro-, a meso e a mlero-elevisio. ° Esperanca deste livro 6 empreender uma aproximagio multidimensional a fim de ultrapas sar a constatagéo trés vezes redutora do fato. Com efeito, toda cons tatagio astringese a um objeto — 0 objeto do estudo —, a uma situagio — as condigbes em que ele se apresenta —, a um ponto de vista — a posigde do observador — tidos como estabelecidos. Ora, ‘a minha conviegéo 6 que o objeto escapa A sua configuraco, da ‘mesma forma como a situagio movediga dinamiza o ponto de vista, fem todo 0 caso 0 desmultiplica, A anamorfose j4 nfo 6 mais um jogo; tornase méiodo de investigagio. A interferéncia ja nfo é mais ‘excegdo; tornase rogra. Aos esquemas herdados do cartesianismo, vinoulados & conceptualizacio como fim, a pesquisa propée re flexio fundada na experiéncia televisiva em movimento. E © que eu, neste livro, me proponho, 9. Veja cap. 1K, “Televistio(ses) e Criatividade", p. 16. u CAPITULO I ACHEGO A TELEVISAO Nem sempre a nossa pritica linglfstiea 6 tio vantajosa quanto imaginamos. Do fato do possuirmos um conceito para designar a televistio, deduzimos implicita ou explicitamente que o que ele desig. na pode ser facilmente definido.t Caso necessario, nao bastaria recorrer 20 diclondrio? Muito ao invés, 0 Negrito fitipino, quando tenta identificar uma planta, provalhe o fruto, cheira as folhas, quebra e examina a haste, consiiera o habitat: “E sé tendo em ios todos esses dados que declara conhecer ou ignorar a planta fem questio”.® Método que a nds parece convir tanto melhor, por sermos os “primitivos” dos melos ambientais, dentro dos quais hoje sempre mais vivemos, Por Isso, em vez. de partir duma idéia, embora claborada, da televisio, mais vale multiplicar os achegos, provar, chelrar, apalpar; numa palavra, multiplicar as observacdes por todas fas vias que for possivel. Os trés niveis da comunicagao Num primeiro nivel, 8 comunleagho regula a transmissio das mensagens entre dois ou mais interlocutores que, como indica‘o ter- 1 Numa obra cldssica: Culture, a Critical Review of Concept and De finitions arvard University Press, Cmbridge, 1952), Kiozaer e KLUCKHORN Inventarlam umas cento e sessonte’ definioos diferentes da palavra cultura, ‘que repartem om sele catogorias: desoritiva, historlea, normativa, psieol6- fica, estrutural, genética ou incompleta 2." Claude LeveSmauss, La Pensée sauvage, Plon, Paris, 1962, p. 8. Com esses termos é que 0 autor refere as aflrmagées dim bidiogo que se com ‘sagrou a0 estudo dos pigmeus das Filipinas. 13 mo, se acham presentes. Claro esti que sfio precisos, mesmo nos Vimites restritos duma conversa ou naqueles, mais amplos, duma conferéncia, dum discurso, duma slocugio, duma lio, simbolos lingitisticos comuns, para que a comunicagio tenha lugar, se preciso, om o concurso duma tradueio simultanea, Os simbolos linglifsticos sio manipulados por operadores humanos, gragas ao simples supor. te da voz, Com isto, a drea de aco resulta limitada a alguns metros, algumas dezenas de metros quando entram em cena megafones ou altofalantes. De fato, sempre se trata duma comunicagao entre vi- zinhos, membros duma mesma familia ou membros do mesmo nivel de locugéo ‘A vantagem esta em que a comunicago pode reallzarse em todos os sentidos, com os conceitos, perguntas e respostas ora sucedendo- ‘se, ora sobrepondo-se. Embora as mensagens sejam sem nexo, bene- ficlam-se, neste nivel, duma regulngem continua, imediata ou’ quase imediata, De fato, sempre é possivel, na hora, remediar as falhas da transmissio, seja alteando a voz, soja repetindo, ou remediar nos defeitos da compreensio por melo de explieacées ou esclarecimentos. © custo duma tal comunicagio 6 relativamente baixo. Por Isso, ela funciona com priotidade em todos os nossos relacionamentos de proximidade, Num segundo nivel, a comunicagio se estabelece nfo mais entre interlocutores, coisa que sup6e, em sentido proprio, pessoas presen: tes umas &s outras, mas entre usuérios, que esto o mais das vezes afastados uns dos outros, quer no espago, quer no tempo. Esta am- pliagdo do campo deve-se & dupla invengo da escrita e da leitura, {4 qual se acrescenta 0 suporte material que veicula a mensagem: pe. dra, pergaminho, papel. J4 que a transmissfio exige uma téonica ela. Dorada, compreendese que o sou custo se eleva e sua freqlléncia relativa diminui, Destarte, a comunicagio escrita é mals “cara” do que a comunicagio oral. Doutra parte, ela se articula num certo muimero de etapas a que correspondem as tarefas e fungées diferen- tes, Em esquema, duma parte o emissor, da outra o receptor, entre ‘os dois, a mensagem. Embora simplista, este esquema poe em evi- déncia a fragmentagio das operagies, mas omlte numerosos outros fatores. Por ora, limitarmeei a assinalar dois, ‘A “estocagem" das mensagens sob a forma de objetos (livros, Jornais, discos, cassetes) faz intervir pela vez primeira, entre 0 femissor ¢ 0 receptor, 0 difusor que encaminha os produtes confec: cionados ¢ organiza a area de comunicagao, © outro fator ¢ aquele que eu designaria com 0 termo “regula. dor”. Para que as mensagens emitidas cheguem 20 destinatirio, no 4 somente 4 preciso que sejam encaminhadas pelo difusor, mas também — condigio indispeasivel — que possam ser efetivamente recebidas. Fungio tradicionalmente atribuida & escola que, propriamente falan- do, ensina (em-sina), pde em sinais, O regulador — instrutor, mestre, manual, catedratice — detém os cédigos e transmite a manelra de servirse deles. A ee, a sociedade confia as chaves da comunicagéo eserita, caucionada pela cultura estabelecida. Assim como os guar- das protegem os muros da cidade, os reguladores protegem a clr- cculagéo das mensagens, a respeito das quais se descobriu nfio hi muito serem spandgio de minorias elitistas, pois os iniciados se dis- tinguem do comum por priticas controladas que, simultaneamente, os identifica e autentificam. A televisio, pelo contrério, ja2_irrupedo; ela “explode”_em_casa de todos os que — tinica condicéo —dispdem dum apareiho_e dos quais se_requer, nio uma iniciagio-como -na._comunicago_escrita, mas tio s6 a “inidativa”, caso mesmo o seja, de glrar um botso. Neste terceiro nivel recente, da comunicagio, as mensagens jé nfo tem verdadeiro destinatério; 0 par autoreitor se dissolve. A ele se substituem (haverla ainda como falar em par?) dum lado a Emissora, geralmente monopolista, do outro 0 pilblico, to acertadamente dito: miiblico-alvejado. 49 contrério das mensagens escritas, cuja distri- buigéo se vincula ao palmilhar relativamente lento das mensagens- -objetos que sfio os livros e outros impresses, a televisio difunde macigamente, instantaneamente, em toda a parte, franqueando fron- teiras nacionais ¢ fronteiras lingliisticas, Mediante simples adaptagao do comentério, as mesmas imagens podem ser vistas e so vistas por milhées de espectadores, a maioria dos quais jamals teve con- tato algum entre s, faganha hoje familiar, por obra das emissoes aa Euroviséo e da Mundovisdo, Tudo quanto se sabe a respelto da transmistio por satélites s6 fard acelerar o proceso; donde o temor dos Estados-Nagées mais poderosos. Quanto ao custo, esté passando por uma transformagéo radical. Em ver de estar vineulado propor- clonalmente, como na comunicagio escrita, aos gastos de producao © difusio das mensagensobjetos (livros, jornals, Impressos), vineula- ‘se, para 0 receptor, 86 a0 prego de compra do aparclho de ‘TV, ao qual se acrescenta, conforme os paises, uma taxa anual sem propor Ho alguma com 9 custo das emissées. Mas é para outro ponto que eu desejaria chamar a atengio, De fato, pela ver primeira, difundemse mensagens macigamente sem que haja sido Prevista e organizada uma verdadeira formagao critica dos receptores, como oquela que a sociedade instituiu para a_cultura livresca por meio éa organizagSo, escolar. A auséncia de regulaglo 15 adequada manifesta-se cada vez mais naquilo que se conveio denomic ‘Tar malestar dos “mass media”. Pelo simples fato de, neste’ terociro nivel, a comunicacdo padecer duma desvantagem diticilmente sobre. ‘Pujével, ao menos nas circunsténclas atuals: essencialmente unidire. clonal, a televisio prestase mal ao ajustamento ensejado pela con Versa ou suposto nas permutas da comunicagio escrita. Por isso, nao admira ser ela tio fortemente constrangida pelas idéias que dela con. Cebem ns autoridades, a directo, a administragio, os programadores, os realizadores que, todos, partem dum coneelto tanto mais rfgido, quanto mais se furta & discussao critics, Nela, o diretivismo, a. au. tocensura @ @ censura manobram & vontade. Da outra parte, o pil bbiico, cuja intervencio por vezes se solicita sob forma de debates ou chamadas telefoniens, exerce influéneia limitada; as sondagens 86 refletem um aspeto muito parcial da mesma. Ainda mais jlusdrio Parece falar-se em participagio. E como o poderiamos, quando og pro. Bramas se avallam polo seu impacto? Nio é fortuita essa analogia com a balistica, As mensagens que se disparam por salvas ou raja. as no estéo longe de se parecerem com projéteis. Achego & mensagem televisiva, A comunicaglo verbal fundase em sinais “arbitrérios". © qua: MGicativo empregado por Saussure nfo implica de forma alguma em serem 0s sinais fantasiosos, como tampouco implica no uso sem Tegras por parte de quem fala. Conforme_o lingtiista, ele especitioa que o sinal “6 imotivado, istoé, arbitrério com relagio ao significa do, com 0 qual, na realidade, no tem vinculagio nenhume".+ De foto, a palavra “clio” earece de qualquer relagio, enquanto sinal, com 0 animal do mesmo nome, quer pelos sons quer pelas letras; comprovao o inglés “dog”, o alemio “Hund”, ‘Todas as linguas, por tanto, langam mio de sinals_que, arbitrérios no sentido cima’ deti. ido, “gararitet a omunicagio enire os seus usudrlos, gragas parti cularmente so principio da dupla articulacso,* 8. Reng Bence, “Information et Balistique”, in Art et communication, Castorman Poche, coll, “Mutation /Orientation”, Paris, 1912, pp. 120121, Com: Preendese 0 erédito adquirido pela palavra impacto. A comunisario sen {Giga da televisio procede por bombardelcs, A maneira da artlnariepeseae Por {880 nio fica mal aplicarthe as regras’ e a terminologia da batishee A: Petdinand De Saussime, Cours de Uinguistique générale, Payot, coll “Bibliothéque scientifique”, Parts, 1965, p. 101. Eu no entra na digsuscey de Benveniste acerca deste ponto. Ct. Problémes de linguistigne yonsrate, Galimard NRF, coll. “Bibliotheque des Sciences’ humains”, Paria’ ieee 5. Lucien Feovie e HenriJean Masrix, LApparition du tiore, Albin Mi hel, Paris, coll. “L/xivolution de Ihumantte”, a* 30, 1911, 0. 1 is Ao contratio do sinal lingiifstico, a mensagem de TV nao é arbi trdria; sempre € motivada, se néo completa, ao menos parciatmente. Falar no video em cao ou gato reuume-se primelro em mostré-los. A imagem prendese sempre por alzum lado ao significado. Se ha relativa facilidede em acompanhar uma partida de boxe na TV ja Ponesa, torna-se praticamente invidvel, para quem nfo fale a lingua aquele pais, compreender algo na transmissio da partida pelo ridio, A barreira linglistiea 6 intranspontvel, Reduzindo o problema a seus dados mais simples, podese afirmar que © mensagem de TV compdese de imagens e sons (palavras, mi stea, rufdos) estruturados em planas © seqiléncias articulados por melo do movimento que 0s liga, Outrora em preto-edranco, hoje (0 mais das vezes a cores, a mensagem de TV empenha a uma 0 sen Udo da vista e © do ouvido, mais profundamente ainda os virios nivels da nossa sensibilidade, Diversamente da mensagem lingtis: tea, a mensagem de TV é multidimensional quanto & forma, multis. Sensorial quanto & receneio, Muito chegads, podaria ererse a0 pr meiro relance, & mensagem einematogratica. Nada disso, porém. Ao oposto do cinema, que obriga « sair de casa para ver 0 filme, a telovistio convida a entrar em cisa para assistir uo programa ‘Termos cujo alcance no é somerte topogriticn; designam igual mente referénclas psleoldgicas. Sar para ir ao cinema é ir ter alhures, na sala escura que, cinema do bairro, do centro ou mesmo cinema amador, reine geralmente o8 aficionados, embora niio tenhain necessariamente contato direto entr> si, Em compensagio a telev so que se Tiga ao entrar em casa produz um proceso simulténeo de interiorlzacio e de exteriorizacio, O cinema leva ao espetdeulo; a televisio, que se deveria grafar em duas palavras: tele-visto, dilata umn campo virtuslmente intinito, por vezes demals reduzido aos géne ros € programas consagrados, mais abusivamente ainda & dimensio tunica do espeticulo.. Embora se consotide o sucesso das novelas © 0 gosto do piiblico por férmulas tals como “Vamos ao teatro hoje”, a televisio no ¢ telerepresentacdo, Sem fazer jogo de pretixos, 0 fato é que representar no paleo ou na tela do cinema nfo equivale 4 transmitir imagens pelo tubo eatdaico. A nogio de obra, & qual se asso:iam teatro ¢ cinema, desaparece ou tonde a desaparecer em provelto da de emissdo, Assim como um Danco emissor tem poder de eunhar moeda, também a televisio 0 tem do cunhar informacto, Mosca e informagto so igualmente a. "Bim case", sigiiea,contorme « estatuto sock, os gostos ou a tan tain a ety blot Sle ltr © quart de dob ces nes ainda W fiductirias: tém forga de realidade na medida em que tém eotagio. Assim como se exclui da moeda qualquer idéla de aproximagéo, fal- siflcagio ow jogo, igualmente condendveis e mul severamente, assim se exclui da televisio, em teoria, qualquer idéia de aproximagio, jogo ou falsiticagao. A emissio nio é coisa de segunda mio; nio & repre. sentacio;' € fransmissdo. Embora a televisio, & semelhanga do ci nema, da fotografia, da escrita © do impresso, tenha mefos de simul taneamente registrar e reproduzir, ela € a tinica que pode transmitir e difundir 0 acontecimento em imagens no exato momento em que ele se produz Tao corriquelro se tornou em nossos dias este fend. meno, que seus efeitos se embotam, Mal a primeira alunissagem tivera éxito, 4 se falava em “missio de rotina” para as subseqtién- tes @ se levantava a questo, nfio sem receio, de como transformié-las em “shows” na televisio, Evolucdo tdo acelerada, que 0 espectador acaba espantando-se por nao ver integralmente atentados ou catés- trofes em transmissio direta, mixime depois de ter sido viciado pelos ilustres precedentes que foram os assassinatos do presidente Kennedy e de seu irmao. Todavia, tratase de coisa diferente, Toclos os meios de comunicacao, desde que os homens os utili: zam, estio sujeitos a uma triplice restrigao: espacial, temporal, sim: vélica. Para que uma mensagem alcance 9 destinatério, precisa transpor a distancia que separa o emissor do receptor. A operacéo sempre exige um determinado tempo, que, embora reduzido, jamais, coincide nem pode coineidir com o acontecimento, Donde a necessi dade de traduzilo em ato do linguagem por meio de simbolos lin. glisticos ou icdnicos. Quanto & mensagem, precisa de suporte ma leriat: pedra, argila, pergaminho, papel, para conservarse intato no decurso de seu deslocamento espacial ou temporal. em anos depois do nascimento, ela criara um mundo novo uma mentalidade nova".* De que se fala aqui? Nao da televisio, que ainda nio conta cem anos, mas da imprensa. "Crescendo a di fusto do livro, ele destituiu o latim de sua supremacia para reduzilo lingua morta; unificou a ortografia, 0 vocabuldrlo © as formas gramaticais no seio das Unguas nacionais, fortes bastante para cria- rem literaturss originais, em suma, a imprensa desencadeou uma ‘evolugdo fatal’, infclo talvez duma cultura de massa.” Em cerca de cinco séculos, a civilizagio do livro transformou a face da terra, 7. Palo sempre da informacio. 8. Laicien Fraves © HenriJean Mart; L'Apparition du livre, op. cit. 18 Que se hé de esperar do advento da televisio? McLuhan 0 proclema, enflo um dos primeiros, ao menos com um sentido das férmulas que faz dele um profeta de nossa época: “Abandonada a Galéxia Gu- tenberg, eisnos entrados na aldela global da era eletrénica”. A te- levisio anula 0 tempo, anula o espago; substitul os tipos mévels da imprensa e 0 suporte do papel pelo feixe de elétrons e @ tela lumi nescente, Na verdade, néo se trata de substituigio, mas de radical transformacio, Eis um intermedidrio que no deixa nem vest{gio, nem pegadas, nem residuos; as mensagens apagam-se & medida que se vilo sucedendo no video, Resultado fabuloso: qualquer emissio, mesmo em video-teip2, 6 percebida diretamente. © efeito de contem- poraneidade pode até chegar a provocar mal-entendidos. Foi o que se viu por ocasiao das diversas alunissagens. Como estabelecer a dis- tingdo, em dados momentos, entre a cApsula Apolo que voava verda- deiramente pelo espaco e aquela que se via durante as demonstracdes? Como estabelecer a cistingo entre os cosmonautas que caminhavam verdadeiramente sobre a lua e aqueles que realizavam o mesmo exercicio na NASA? Para distinguir o verdadeiro ou anténtico, que de preferéncla se diz “direto” na televisio (reveladora 6, por si s6, a mudanca de termo), apareciam de quando em vez, sobrepostos, letreiros tais como “direto da Tus que, por sua vez, merecerin detido exame; ou ainda “retransmis- fio”... © revelarenr-se necessérias tais indicagdes, até mesmo in- Gispensavels, sogundo as circunstancias, bem mostra a amplitude do potler de que goza a televisio. No fossem esses artificios, a tele presenga confundirseia com a presenga, o teleimediato com o ime- dilato, o efeito de realidade com a realidade, Nao seria com o fito em conjurar tal perigo que se mantém as Iocutoras, cujos antincios combinam simultaneamente 0 discurso do pai que sabe com o sorriso da mie que trangiiliza? Supremo artificio a que o real deve 0 niio descambar por inteiro no imagindrio e o imagindrio no reall ou “simulagio" — outra mengio A impressio de realidade. Como freqilentes vezes observaram os ensalstas, 0 que distingue radicalmente 9 cinema da fotogratia ¢ 0 movimento, A ele, prin- cipalmente, 6 que se deve a impresséo de realidade que o espectador experimenta: “Sendo a fotografia fixa, de certo modo, rvcordagao dum espetculo passedo (nota Christian Metz)... era de se esperar que a fotografia animada (ou seja, 0 cinema) fosse recebida de for- ‘ma paralela, como racordagao dum movimento. passado, De fato, 19 nada disso acontece, pois o espectador sempre percebe 0 movimento como atual (embora mesmo “reproduza” um movimento passado)”. * Ora, a televisiio introduz — fato que nfio foi suficientemente obser- vado — um nivel suplementar que, anteriormente, jamais existiu em nenhum “medium”. No cinema, a impressio de realidade se produz gragas @ uma correspondéncia com a imagem projetada: assim, quando, na tela, a fisionomia duma mulher que chora provoca as nossas prdprias Idgrimas. Em compensaglo, na televisio direta, a impressio de realidade coincide com a agda no momento em que ela se produz, Assim que o “atual” comporta dois nivels; no primet 70, 0 do cinema, a percepcio & funclio duma representacdo, No se- gundo, 0 da televisio, a percepgio 6 fungi duma transmissao, Experiénela radical, tanto mais que atinge nfo somente ambien. tes limitados, como sio os do livro, mesmo os do cinema, mas ‘85 massas por Inteiro, jé que 0 mesmo acontecimento é visto a um tempo por centenas de milhdes de espectadores. Verdadeiro, dora- vante, € nio 36 aquilo que se autentifica gragas is vozes da autorl dade ou se releta por “metos dignos de {6", nfo s6 aquilo que re. produz e conserva, tal como a fotografia, por meio de imagem tixa, documentos ou arquivos, niio mais $6 0 equivalente da vida forne. cido pelo cinema gragas ao movimento; verdadeiro, doravante, duma verdade que se poderia dizer “mazimizada”, é o fato que a televisao transmite no exato momento em que se dd. A televisio obra a proeza jamais realizada de fazer coincidir o verdadeiro, o imaginério e 0 eal no ponto indivisivel do presente. 1! Pentecostes imprevisto, te lovisio e telefania reduzem-se a uma sd coisa, Abolida a distancia Beogrética, dissolvese a distancia instrumental; e, com ela, a distan- Gla critica. © telejornal néo difere do guiché de banco: neste, per. mutase papel-moeda, nfo raro simples vales! A tele-realidade € wma reatidade fiductéria total. 9. Christian Mere, Essai sur le signification au cinéma, Klincksleck, cou. aHathétique", né 3, Paris, 1968, p. 17, Neste trecho, o autor records fas principals obras’ de A. Miotiorms Yan om Bawck, “La caractere de “rea Ite’ des projections: cinématographiques”, in Revie internationale de it motogie, tomo 1, n# 34, outubro 1948, pp. 9 a 261; de Rdgar Mots, Le Cinéma ou Yhome imaginaire, Baltions ‘de Minuit, Paris, 1956, p. 12% de André Bae, “Ontologie de image photographique”, in’ Probiémes de ta Peinture (compllagdo coletiva, 1948), reproduzido om Qu'est-ce que le cine ‘ma? (Baitions du’ Cert), tomo I (Gntologie et langage), 1988, pp. 10 a 19, 10, Prisemos que niéo se trata de dois earactores daquilo que & atual ‘Tratase, em sentido estrito, de duas naturezas diferentes do atual. A atuall: dade, como yeremos melhor adiante, torna.se uma dimensio, a um tempo, do real eda mensagem tolevisiva. 11. A prego duma tecnologia “de que nfo se suspeita nem a complex! ade, nem 0 custo, nem mesmo a existencia 20 Lingua e palavra, Conforme observa Brandi, a diferenga fundamental entre o cine- ma e a televiso prende-se ao faio de ser caracterfstica essencial desta “o estabelecer uma contemporaneidade com o referente, e néo mais com o significante’.12 Ampllando esta intuigio, pode-se atir ‘mar — hipétese feita de inicio — que a televisio nos faz sair do sistema lingttistico, embora continue a perteneerthe por certas face. tas. Como demonstrou claramente Saussure, a lingua é um conjunto de convengées necessirias 20 corpo social para estabelecer a comu- nicagéo entre seus membros. Em eontrapartida, a palavra é“... um ato individual de vontade e inteligéncia pelo’ qual a execugao da Yingua se efetua sempre ao nivel do individuo e por ele”. O eon Junto lingua e palavra compée a Lnguagem, numa relagio de inter. dependéncia, Se, portanto, eu escrevo a palavra “esquiador” ou a pronuncio em conversa, 6 evidente que os qve falam ® mesma lingua do que eu néo terdo dificuldade alguma em compreender. © sinal “esquia. dor” compéese, duma parte, do significante: © conjunto de sons ou letras que formam a palavra esquiador; da outra, do significado, o conceito ou imagem de “esquiador” que corresponde a0 referente, Ora, quando eu falo ou escrevo, a comunicacio atua na medida em que 0 ato de falar ou escrever & “contemporaneo” do significante, a respeito do qual se deve insistir que difere segundo as linguas. Em faltando a “atualizagio” do significante, falta por sua vez @ com- preensio; a comunicagio interrompeu-se. Tal 6 a experiéncia habi- tual dos que aprendem uma lingua estranha! Em compensagio, quando assisto a uma transmissio direta de Jogos Olimpieos © vejo na tela do meu aparetho esquiadores des- endo Iadeiras a mais de cem quildmetros hordrios, tudo passa como se as imagens percebidas transpusessem a etapa do significante para eoineidirem com o referente, a tal ponto que este deixa mesmo de se distinguir enquanto tal, A contemporaneidade culmina na expe- riéucla da transmissdo direta, A estrutura sistematiea da lingua rompeuse. De certo modo, podese dizer que a televisio me situa em conexao direta com a palavra mesmo, ressalvando que a eze- cugto nio se ds, como dizia Saussure, no nivel do individuo ¢ por ele, mas no nivel da méquina de informar, que é 0 aparelho de TV, 12, Cesare Dranot, Parola e mmagine. Mesaredonda RAI, Veneza, margo de 1071, p. 11 das alas. (trad. f. 8) 13, Ferdinand De Saussons, Court de Linguistique générale, op. ct, pp. 35 6 3. 24 ¢ por ela, Dupla ¢, pois, a inovagdo da televistio. Duma parte, ela Oe em questio, ao menos em certa medida, o sistema estabelecido da comunlengio fundado na lingua enquanto agente de re-produgao; a outta, ela pOe em questo, 0 menos em certa medida, a nogio © a iniclativa da palavra: quem negocia as operagdes, é a méquina, ‘A categoria de referente, villda na organizagéo lingllistica (signl- ficante/signiticado/referente), inflectese para um sentido do referente ‘que, a pouco e pouco, desemboca na referéucia para dar em {ele -presenga e, finalmente (ou originariamente), em presened. No limi te, a televisiio dé a impressio de prescindir da economia da lingua, assim como da @ impressio, no limite, de prescindir da economia da técnica, No extremo limite, a transmissio direta confina com a transparéneia total, Nunca chega a tanto, mas sempre tende a isso. ‘A contemporaneidade desemboca numa nova (ir)realidad Rumo A informacao perfeita? Dispondo simultaneamente da imagem e do som, do movimento € da cor, dispondo sobretudo, pela primeira vez na histéria, do poder de captar diretamente o evento, a televistio se nos antolha como agente de informagio por exceléncia, Basta lembrarse da chegada de Nixon © Pequin, do aperto de mios entre ele e 0 Primeiromi- nistro Chow Endai, que @ imprensa qualificou de “histérico”. Qua0 demasiado este qualificativo, mesmo com o respaldo das fotografias, ‘quando cotejado com a inlermindvel efusdo, cuja imagem a televisio nos fornecet, tanto mais impressionante que as cimeras se com prozeram detidamente em esmiucar, num “closeup”, o movimento dos bragos, 08 sorrisos e mimicas dos dois homens de Estado.'* Com: preendese que, na trilogia hoje quase classica da televisio: informar, divertir, educar, " a informagao seja considerada prioritéria, Donde TE Wo cinema, 0 ato de perceber € determinado pelas proprias con aigdes'em que se eneree: lugar aala de cinoma, escuriaho, projesto; 0 falo dsvcu ‘mo tor ‘esiocado voluntarlamente para’ o cinema e ter comprado fina entrada, para ter dicta 20 expeldoulo vlc. Outres tantas condlses {ive fesom dovflime unt produto espeificamente. concebido pata o cinema S "quer enauanto tal, nao pode menosprezar as condigoes formals da lingua: ‘inennatogratical fr Gina comparagio deslas é parcial, Bvidontemente, a imprensa ofe rece cute cise om cio gheervuse que o floral apenas eulale Tio quarto ae péga ow mela pagina dum Jornal como Le Monde, To aun, ©somparadisy por imperftte quo sels, evidencia a diferenga de im So. ouvde.pregafnoin das mensagens. Peet 'Noteso que os lermos,, por veees, mudam de lugar conforme as tots os pists; tito que nto debra de ser esclarecedor a respeito das Sroritedes ou do Totia gue’ Gelas tezem! As Tees, acresoentase um fermo 22 ‘se compreende que a informago se tenha desenvolvido por uma série inteira de “géneros”: reportagens, diretas ou em video-teipe, ‘boletins informatives, documentérios, debates, mesasredondas, en- trevistas, painéis ete. Compreendese finalmente que o servigo de informagio disponhs de instalagdes muito importantes, dum pessoal especializado e duma aparelhagem aperfeigoads, gragas A qual as descidas na lua e 03 Jogos Olimpicos viraram, eutre outras, “avant: -premidres planetdrias", Ora, a questo que se propde, e que eu proponhe, é a seguinte: 5e a televisio possui de fato o poder de transmnitir 0 fato em direto ©, ao fazé-lo, de atingir o limite extremo da perfelgio, 0 que é que sucede na prética e, & luz do raciocinio, com 0 que se nos prope sob 0 rdtulo de informagio? Feito o inquérito, talvez seja possivel estencler certas observagdes aos outros géneros: dramaturgia, “shows”, novelas que, embora tendam para a ficgio, participam todavia da “contemporaneidade” que vimos ser uma caracteristica essencial do “medium”. A informacio em debate. Que vem a ser informar? Aos dicionérios, a0 bomsenso e & opinifo nfo custa ads responder: tratese de por a par, de dar noticia, do instruir... Os especialistas concordam: “A. informagio coletiva, declara Ter‘ou, designa a ago e as modalldades de difust entre o piiblico, sob as formas mais apropriadas, dos elementos de conhecimento e de falzo ou opinio. Os meios de informacio sio as téenicas adreds concebidas, e organizadas total ou parcialmente para garantir a difusdo da informacio assim definida’.*? Plerre Albert, a0 definir @ imprensa, considera ser a sua funcio primera“... natu: ralmente a informagio, isto 6, a transmiss4o, explicagio e comenté- rio das noticias, no duplo nivel da pequena e grande atunlidade”.+* Finalmente Voyenne “O poder da imprensa reside essencialmente na amplificagdo que dé aos grandes feitos, ou thes denega’.1* Cons- tatagdo que Pierre Albert no hesita em estender a todos os mass media: “As diferengas téenicas fundamentais entre a imprensa es- ‘ou uma variante, mas pouco se vé que seja disputada a primazia concedt a A informagio, iT. Femand. Teo, L'tnformation, PUB, coll, “Que saisJe?” ne 1000, Paris, 1968, pp. 11-12. 18, Pierre Aunert, Za Presse, PUF, coll. "Que sels je?" no 414, Paris, 19m, p. 25 ip.” Beard Vorenwe, La Presse dans la soclété contemporaine, Librai- rie Armand Colin, col. U, sétio “Société politique”, Paris, 1071, p. 318. 23 crite, a ridio-difustio e a televisio tornam muito arriscada a deter minagéo de seus respectivos limites: 0 contetido da imprensa & por natureza, 0 mais das vezes, idéntico ao de um programa de rédio e, no raro, comparivel ao de um espetdoulo televisionado; além disso, tem a mesma clientela, embora se situem em planos diferentes e nao tenham contato entre ‘si. Influenciamse mutuamente, quer fazendo- -se concorréneia, quer complementando-se”.* Assim como o foguete Apolo nos patenteou o espaco, assim também o triplice estigio do foguete Informagdo — imprensa, rédio, televisiio — pienos ao dis- por, dia apés dia, a vida do universo, Musio tanto mals tem{vel quanto menos se sujelta a exame, e emboscada em todas as cons cléneias, mesmo nas mais atiladas, altera sem nos darmos conta todos 03 problemas. Nio hé homem de Estado, reformador, censor, critico que ndo proclame, como preambulo ou conclusio: “Precisa. rlamos fazer um esforco de informaglo...”, acrescentando quase sempre: “... que deveria comegar pela escola...”. Quer se trate de educagéo sexual, quer de economia politica, de limitacso da natali dade, do progresso, de educaglo civica, do incremento da produgio ou de sua limitagio, tudo é sempre da alcada da informagéo; assim ‘como se maginou por muito tempo que tudo era assunto de l6gica, a razio, do discurso, E ainda o imaginam, apesar dos desmentidos da histérla. Destarte, este 6 0 momento de expor algumas observagdes ‘que, relativamente banais em si, talvez possuam o mérito de enfeixar aspetos que, née se! em virtude de que paradoxo, as pessoas se com- prazem em fragmentar e manter em estado fragmentério. ‘Uma empresa, Ao contrério do concelto que se tinha, se propagava e em que fas pessoas se compraziam, a informagio, como também o conheci- mento, nfo 6 uma iluminagio coletiva destinada s6 & difusio de 2, Pierre Atwent, La Presse, op. cll, nola p. 9: “A multiplicidade dos ‘rgios de imprensa opde'se 0 nidmero reduzido das emissoras de rédio ou televisio (embora a América apresente uma multiplicidads de estagoes locals de radio). A compra de impressos ¢ um sto repelitivo (salvo 0 caso oe assinatura), @ aqulsicéo dum receptor ¢ permanente, Quantitativamente. tum programa de radio 86 pode fornecer em melihora de locugio © equ yalente de mela pagina do Monde, A ordenacio da matéria dos programas fe rdio ow televisio é, em eral, mais estrita do que paginagao dum Jornal, mas, inversamente, uma emissio de rédio, alé mesmo de televisio se improviea mais faciimente do que uma edigio de jornal. A rapiden de fitusto das noticias € mafor no rédio do que ne imprensa eserita e, de forma geral, © tempo tem, para os melos audjovisuais, um valor que’ no ppossul no caso do periédico ou do didrio, cujo exemplar, uma vez publi ado, sai fora do tempo.” 24 notfclas em nome das luzes do espirito, do coragio e da verdade. Antes do mais, seja qual for o fim que alardela e as virtudes de que se gaba, ela é uma empresa, Comparavel até certo ponto a qualquer outra empresa, cujo objetivo 6 garantir a propria subsis- téncla material pela venda do prodato de sua atividade, a empresa da informagao néo pode deixar de levar em consideragao 9 mercado, portanto a lei da oferia e procura, Daf a afirmagio de Burgelin, que tem foros de axioma, pelo menos nos paises que praticam a economia liberal: “que néo s6 as mensagens podem ser deseritas eomo bens de consumo, mas também os bens de consumo podem ser descritos como mensagens”.** & 0 que bem conhecem por ex: poriénela cotidiana todos os “operadores” da comuntcagio © da infor: ‘macio: compram-se e vendem-se noticias; compramse e vendemse fotogratias da imprensa; comprase e vendese a atualidade.* Bo que confessam periodicamente todos os jornais, com mais ou menos clareza, embarago ou astticia, maxime em se tratando de majorar 0 prego das assinaturas. * ‘Sob qualquer forma que se menifeste, seja qual for o estatuto em que se apdle, a informagio ofielal, semboficial, suposta ow pre- tendidamente de servigo putblico, nfim, de livre empress, & tribu: téria de imperativos téenicos @ financeiros. O certo é que ela nio se identifica com a definigio do conceito de “informacio". Ela nfo reflete a realidade, A andlise, embcra sumdrla, denegathe o caréter imediato e transparente que ola gosta de se atribuir, que a gente gos- ta de Ihe atribuir, Isto dé azo a concluir, fora de qualquer acusagéo ou condenagdo simplista, que a infcrmacio depende primordialmente daqueles que detém o poder de emitir ou difundir. Na eélebre f6r- mula de Laswell (Quem diz? © qué? Por que canal? A quem? Com que resultado?), 0 primeiro “quem” assume importancia decisiva, ‘A informagiio depends duma estruzura social, econémica e politica ‘que “ajeita” 0 acontecido e, antes do mais, 9 seleciona, Quanto mais custoso é 0 sistema, tanto mais oprimentes as sujeigdes. Adivinha-se ‘0 que sucede com a televisio, “medium” entre todos dispendioso! Zi, Olivier Borortim, La Communication de masse, S.GPP., coll. “point de la Question", Paris, 1970, p. 23. 2, Ct. José Rineavs, Le Péléjowmal, conteréncia de 9 de junho de 172, feita no meu curso: “Fstética © mass media: A Televisio”, na univer sidade de Lausanne, pp. 210 (bolsa das noticias, News Bxchange), 28, Jacques Savvassor, “La Presse quotidienne et ses paradoxes", in Le Monde, 2225 de setembro de 1910, 25

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