Na clínica, utiliza-se uma divisão da cavidade abdominal em nove partes, definidas por quatro
planos: dois horizontais (plano subcostal – rebordo costal- e plano transtubercular - supra
cristal) que dividem o abdome em três regiões (toracoabdominal, central do abdome e
abdomno-pélvica); e dois verticais (linhas hemiclaviculares)
Parede ântero-lateral
Formada por três músculos panos (obliquo externo, obliquo interno e transverso do abdome)
e dois músculos verticais (reto do abdome e piramidal).
Origem: fáscia toracolombar, dois terços anteriores da crista ilíaca e metade lateral do
ligamento inguinal.
Transverso do abdome: o mais interno dos músculos planos e segue mais ou menos
transversalmente.
Origem: faces internas das 7ª-12ª cartilagens costais, fáscia toracolombar, crista ilíaca
e terço lateral do ligamento inguinal.
Inserção: linha alba com aponeurose do M. oblíquo interno, crista púbica e linha
pectínea do púbis através do tendão conjunto.
Piramidal: pequeno musculo triangular, ausente em aprox. 20% das pessoas. Situa-se
anteriormente à parte inferior do M. reto do abdome e fixa-se à face anterior do púbis e ao
ligamento púbico anterior. Tensiona a linha alba.
Cremaster: responsável pela regulação térmica do testículo. Passa pelo canal inguinal,
juntamente com o funículo espermático.
● A parede ântero-lateral do abdome pode ser um local de hérnias. Existem vários tipos
delas: hérnias umbilicais, comuns no recém nascido e ocorre através do anel umbilical,
hérnias umbilicais adquiridas, mais comuns em mulheres e pessoas obesas, na região
de entrelaçamento das fibras aponeurótica, uma falha pode gerar a hérnia, hérnias
epigástricas, na linha alba entre o processo xifóide e o umbigo, hérnia de Spigel,
ocorrem ao longo das linhas semilunares. As hérnias inguinais serão descritas adiante.
O saco herniário, formado por peritônio, é recoberto apenas por pele e tecido
subcutâneo adiposo.
● Reflexos superficiais abdominais podem indicar lesões em órgãos do abdome. Eles são
produzidos riscando rapidamente a pele no sentido horizontal, lateromedial, em
direção ao umbigo. Em geral é percebida contração muscular
Nervos
Toracoabdominais: (T7-T11)
Subcostal:
Ílio-hipogástrico:
Trajeto: perfura o M. transverso do abdome. Inerva a pele sobre a crista ilíaca, região
inguinal superior e hipogástrio, M. oblíquo interno e transverso do abdome
Ilioinguinal
Trajeto: atravessa o canal inguinal. Inerva a pele na região inguinal inferior, monte do
púbis, parte anterior do escroto ou lábio maior, e face medial adjacente da coxa; M. oblíquo
interno mais inferior e transverso do abdome.
Vasos
Artérias:
Musculofrênica:
Epigástrica superior:
Origem: aorta
Trajeto: continuam além das costelas, descem a parede abdominal entre os M. oblíquo
interno e transverso do abdome.
Epigástrica inferior:
Origem: A. femoral
Epigástrica superficial:
Origem: A. femoral
As veias dessa região não possuem válvulas, mas graças ao movimento visa-fronte não há
refluxo de sangue. Isso ocorre devido à pressão positiva da cavidade abdominal, em contraste
com a pressão negativa da cavidade torácica.
OBS.: lembrar que as veias da região abdominal têm relação com os rins.
Quando há obstrução do fluxo venoso nas veias cavas superior ou inferior, anastomoses entre
as tributárias dessas, como a toracoepigástriga, podem oferecer vias colaterais de drenagem.
Durante a obstrução da veia cava ou porta essas veias pode se distender, causando a
aparência de cabeça de medusa.
É recoberta pela fáscia transversal, por quantidade variável de gordura extraperotonial e pelo
peritônio parietal. A parte infra-umbilical dessa superfície apresenta pregas peritoneais:
Prega umbilical mediana: do ápice da bexiga até o umbigo, cobre o ligamento umbilical
mediano, o remanescente do úraco, que unia a bexiga ao umbigo.
Pregas umbilicais mediais: duas. Laterais à prega umbilical mediana, cobrem os ligamentos
umbilicais mediais, formados por partes ocluídas das artérias umbilicais.
Pregas umbilicais laterais: duas. Laterais às pregas umbilicais mediais, cobrem os vasos
epigástricos inferiores, e sangram se forem secionadas.
As depressões laterais às pregas formam fossas peritoneais, e cada uma delas é um local de
possível hérnia.
Fossa supravesicais: entre as pregas medianas e mediais. Seu nível sobe e desce com a
mudança de volume da bexiga.
Fossas inguinais mediais ou trígono inguinais (de Hasselbach): entre as pregas laterais e
mediais. São lugares menos prováveis, porém possíveis, de hérnias inguinais diretas.
Fossas inguinais laterais: laterais às pregas laterais, incluem os anéis inguinais profundos e são
possíveis locais possíveis de hérnias inguinais indiretas.
Região inguinal
O ligamento inguinal é uma faixa densa que constitui a parte mais inferior da aponeurose do
M oblíquo externo. A maioria das fibras da extremidade medial do ligamento se insere no
tubérculo púbico, porém algumas seguem outros trajetos, formando o ligamento lacunar, que
se liga ao ramo superior do púbis e forma o limite medial do canal inguinal; e o ligamento
pectíneo, cujas fibras seguem ao longo da linha pectina do púbis. Há, ainda, o ligamento
inguinal refletido, que desvia-se do tubérculo púbico e se abre em leque, e funde-se com as
fibras inferiores da aponeurose.
O trato iliopúbico é a margem inferior espessa da fáscia transversal, que apresenta uma faixa
fibrosa que segue paralela e posterior ao ligamento inguinal
e anel inguinal superficial (externo), uma divisão que ocorre nas fibras diagonais da
aponeurose do M oblíquo externo, na região imediatamente súpero-lateral ao tubérculo
púbico. As partes da aponeurose laterais e mediais ao anel formam: o pilar lateral (fixa-se ao
tubérculo púbico) e o pilar medial (fixa-se à crista púbica). As fibras intercrurais ligam os
pilares e ajudam a evitar o seu afastamento.
Hérnia inguinal é uma protrusão do peritônio parietal e das vísceras através de uma abertura
normal ou anormal da cavidade à qual pertencem. São dois principais tipos: hérnias inguinais
diretas ou indiretas. Hérnia inguinal direta (adquirida): causada por uma fraqueza na parede
anterior do abdome. O intestino empurra o peritônio e a fáscia transversal no trígono inguinal
para entrar no canal inguinal, externamente ao processo vaginal, e sair através do anel inguinal
superficial, lateralmente ao funículo espermático; raramente entra no escroto. Hérnia inguinal
indireta (congênita): causada por uma permeabilidade do canal vaginal. O intestino herniado
entra no anel inguinal profundo arrastando consigo o peritônio do processo vaginal persistente
e os três revestimentos fasciais do funículo espermático ou ligamento redondo, atravessando
todo o canal inguinal, dentro do processo vaginal, e saindo através do anel inguinal superficial;
comumente entra no escroto ou lábio maior.