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18 Agosto 2009

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O século XX foi o século da violência, do risco e da insegurança. O


século XXI, o século da conectividade, da participação política, e do
entrosamento global, pode ser muit íssimo pior. Cabe-nos evitá-lo.

Nunca é fácil garantir segurança. Não ó é, sobretudo, em sociedades


como as actuais, cada dia mais marcadas pela complexidade das ligações
estabelecidas entre um número crescente de entidades sempre mais
diversificadas ± e nas quais quantas vezes assimetrias grosseiras minam os
processos de coesão, solidariedade e interdependência social que tão
imprescindíveis sabemos ser para uma qualquer construção dessa segurança
de maneira eficaz, sustida e sustentável. Clivagens, marginalizações e
fenómenos de exclusão estarão, decerto, a montante dos embaraços em que
temos tropeçado; pense-se em Lisboa, em que desde os anos 60 e 70 do século
passado, o êxodo rural que correspondeu a mudanças económicas galopantes
se viu ampliado por um caudal demográfico que engrossou, nos anos 70 e 80,
com gente regressada das ex-colónias em África, e de novo se ampliou nos
anos 80 e 90 com africanos e a que chegaram, depois, grupos oriundos das
antigas Europa Central e de Leste. Produzir segurança implicou uma
reformulação de quadros analíticos. Conceitos e estratégias como os de
³segurança comunitária´, ³segurança humana´ e ³segurança preventiva´, ou
respostas como as de ³abordagens integradas´, ³co-responsabilização´,
³policiamento de proximidade´, ³responsabilidade social´, e ³políticas de
desenvolvimento´, entre tantas outras, têm vindo a esculpir os quadros
analíticos, pragmáticos e normativos por intermédio dos quais tentamos fazer
face às dificuldades cada vez maiores com que deparamos. O certo é que,
embora ela se nos imponha, não nos temos resignado a uma insegurança que
parece prometer agravar o nosso bem -estar quotidiano de maneira inexorável
± sobretudo em meios urbanos. Seja o que for que clamem os profetas do
apocalipse, a verdade é que tanto grupos sociais como Estados de modo
nenhum baixaram os braços em desalento: algumas respostas robustas (e por
vezes conjuntas) têm sido dadas ± pelas sociedades civis, pelos Estados, por
entidades supra-estaduais.

Note-se que no que toca a segurança, o balanço genérico, no caso de


Lisboa e, de maneira mais abrangente, de Portugal, se não é mau, não é
também famoso. O sucesso das respostas que a par e passo gizamos nem
sempre tem sido o aspirado por uma comunidade que se vê na contingência de
ter de fazer frente a uma insegurança associada a uma violência que se sente
se vem a intensificar. O resultado está à vista: mesmo quando a incidência da
insegurança não aumenta por aí além, gera-se um sentimento generalizado de
incerteza e desconfiança que não é saudável ± e com o qual em muitos casos
se torna difícil conviver. Isto, associado à imponderabilidade dos riscos com
que deparamos, forma uma mistura explosiva: embora em muitos sentidos a
nossa insegurança efectiva não tenha, em vários domínios, de facto crescido
de maneira significativa, não é essa a percepção que temos das coisas. O *
intersubjectivo geral em que convivemos torna -se fácil de manipular ± e
vários são os que tentam à viva força extrair disso dividendos ± e exprime-se
quantas vezes ou em n arrativas de incumprimento, por um Estado em
dissolução, da sua quota-parte do contrato social, ou na hipotética
inviabilidade de lograr quaisquer consensos na conjuntura de pluralismo e
multiculturalidade em que nos encontramos, ou até mesmo na ideia ± ainda
mais descabida do que esta última ± de que estaremos num momento-
charneira que nos coloca face a um precipício em que nos temos de esforçar
por não cair. Importa que saibamos não minimizar esta dimensão cognitiva. O
valor social da segurança é enorme. O peso político que hoje em dia lhe
atribuímos também.

O balanço não é, porém, negativo. Salvo raras excepções, Portugal tem


escapado às explosões violentas que, com regularidade, assolam muitas das
cidades norte, centro e sul-americanas, asiáticas ou europeias. Temos tido
sorte e, nos poucos casos em que fomos proactivos, agimos certeiramente.
Mas os sintomas não são bons e raiaria o insensato não seguir as boas práticas
dos outros. É tempo de avançar na direcção de medidas preventivas que
reduzam os eventuais impactos que o surgimento previsível de uma
criminalidade e violência semelhantes às dos demais países de outra maneira
não irão deixar de ter no nosso bem-estar. Um diagnóstico de média
resolução: as expectativas não podem senão ser prudentes, em cid ades como
Lisboa, nas quais vimos serem criadas, de escantilhão, periferias muitas vezes
caóticas e encavalitadas umas nas outras. Desenraizamento e subalternidade
formam uma mistura má. Cedo os subúrbios recém -urbanizados ± quantas
vezes sem qualquer critério prudencial ± fizeram falar de si. Uma grande área
metropolitana apareceu, a Grande Área Metropolitana de Lisboa, e com ela
novos submundos foram cristalizando, com tentáculos sinuosos implantados
até ao centro da µcidade velha¶.

 
 são estes os tabuleiros em que se desenrola o jogo da
insegurança e da percepção da sua imprevisibilidade; é quanto a eles, espaços
de uma sociabilidade rarificada, que são engendradas muitas das ameaças a
um equilíbrio estável. É esse o tabuleiro em que há que ren ovar laços
µcontratuais¶ de confiança e criar dispositivos µinteligentes¶ de partilha de
segurança. Como? Oportunidades não nos faltam. Enuncio uma, que envolve
uma realidade emergente, e entre nós ainda muitíssimo pouco tratada, a que
diz respeito ao tema geral das potencialidades das novas tecnologias de
comunicação.

Tem sido amplamente notado que os custos das novas formas de


comunicação em rede são dramaticamente reduzidos como resultado da nova
³Revolução da Informação´. Isso ± e a também tão bem-vinda generalização
do acesso a essas tecnologias ± tem soletrado um +  inesperado
das pessoas e dos movimentos sociais: tem-nos sido restituída a todos os que
as utilizamos uma voz e as nossas interacções sociais, culturais e políticas
têm-se com isso visto enriquecidas. Os telemóveis, SMSs, a Internet e os
emails, e a extraordinária proliferação de ³redes sociais´ como o *, o
,+ e o Hi5, redundam, para tanto, em veículos cruciais. Ao contrário da
maioria das anteriores, são tecnologias que promovem descentralização. Dão
origem a agrupamentos político-sociais atípicos e inovadores, que proliferam
nas paisagens µvirtuais¶ dos novos ecosistemas em afloramento. Com tais
veículos, o crime organizado também se tornou mais fácil ± já que tem agora
meios que antes não tinha de coordenar e sincronizar acções e actividades. O
outro lado da moeda: os Estados também podem agora utilizar esses mesmos
meios descentralizadores sofisticados para responder a ameaças e têm vindo a
tornar-se mais eficazes no uso efectivo de muitas das novas tecnologias
comunicacionais para a defesa de bens públicos ± ou, nalguns casos, e há que
o ter sempre em mente, para o exercício de um poder predatório numa escala
antes inexistente. Como cidadãos e contribuintes, cabe-nos produzir mais e
melhor segurança garantindo, sem quaisquer concessões, a manutenção do
Estado de Direito que tanto nos custou a conseguir instaurar. Nunca podemos
fazê-lo sem evitar, com todas as cautelas, derivas securitárias ± aprendendo
lições, boas e más, com Atenas, Paris, Gotemburgo, Boston, Los Angeles,
Seattle, Manágua, Rio de Janeiro, Kampala, Monróvia, Moscovo, Teerão,
Manila, ou Pyongyang.

Todos estes novos meios de comunicação em rede e em tempo real


constituem instrumentos preciosos para uma inovadora ³política de segurança
de proximidade´. Permitem-nos delinear uma face branda, moderna e
credível, construtiva e não repressiva, para um Estado mais participativo.

Falta criá-las, essa face e essas novas modalidades de participação


µpolítica¶ ± de cima para baixo e de baixo para cima. Esperar seria pouco
responsável.


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