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Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

IPHAN
Auxiliar Institucional - Arquivologia
Edital Nº 1, De 11 De Junho De 2018

JH033-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Cargo: Auxiliar Institucional - Arquivologia

(Baseado no Edital Nº 1, De 11 De Junho De 2018)

• Língua Portuguesa
• Fundamentos Da Preservação Do Patrimônio Cultural
• Noções De Gestão E Administração Pública
• Atualidades
• Conhecimentos Específicos

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação/ Editoração Eletrônica


Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Thais Regis

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Julia Antoneli

Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1 Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. ......................................................................................................... 83


2 Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. ......................................................................................................................................... 86
3 Domínio da ortografia oficial. ......................................................................................................................................................................... 44
4 Domínio dos mecanismos de coesão textual. .......................................................................................................................................... 86
4.1 Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de se-
quenciação textual. ........................................................................................................................................................................................... 04
4.2 Emprego de tempos e modos verbais. .............................................................................................................................................. 07
5 Domínio da estrutura morfossintática do período. ................................................................................................................................ 07
5.1 Emprego das classes de palavras.......................................................................................................................................................... 07
5.2 Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. ..................................................................................... 63
5.3 Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração...................................................................................... 63
5.4 Emprego dos sinais de pontuação. ..................................................................................................................................................... 50
5.5 Concordância verbal e nominal. ........................................................................................................................................................... 52
5.6 Regência verbal e nominal. ..................................................................................................................................................................... 58
5.7 Emprego do sinal indicativo de crase.................................................................................................................................................. 71
5.8 Colocação dos pronomes átonos. ........................................................................................................................................................ 07
6 Reescrita de frases e parágrafos do texto. ................................................................................................................................................. 88
6.1 Significação das palavras. ........................................................................................................................................................................ 76
6.2 Substituição de palavras ou de trechos de texto. .......................................................................................................................... 90
6.3 Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto.............................................................................................. 90
6.4 Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade......................................................................................... 90

Fundamentos Da Preservação Do Patrimônio Cultural

1 Noções sobre história política, econômica e social do Brasil. ............................................................................................................ 01


1.1 Noções sobre história e institucionalização do patrimônio cultural no Brasil e no mundo, com ênfase na trajetória
do IPHAN. ............................................................................................................................................................................................................. 15
2 Marcos internacionais da preservação: Convenção relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural
(1972); .......................................................................................................................................................................................................................... 15
Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003). ......................................................................................... 22
3 Legislação brasileira sobre preservação de bens culturais. ................................................................................................................. 29
3.1 Constituição Federal (artigos 20, 23, 24, 30, 215 e 216). ............................................................................................................. 29
3.2 Decreto-Lei nº 25/1937, e suas alterações. ...................................................................................................................................... 32
3.3 Lei nº 3.924/1961. ....................................................................................................................................................................................... 35
3.4 Lei nº 11.483/2007, e suas alterações (art. 9º). ............................................................................................................................... 37
3.5 Decreto nº 3.551/2000. ............................................................................................................................................................................ 43
3.6 Decreto nº 9.238/2017. ............................................................................................................................................................................ 44
4 Legislação aplicada ao patrimônio cultural. .............................................................................................................................................. 45
4.1 Portaria IPHAN nº 187/2010; ................................................................................................................................................................. 46
Portaria IPHAN nº 420/2010; ......................................................................................................................................................................... 51
Portaria IPHAN nº 127/2009; ......................................................................................................................................................................... 56
Portaria IPHAN nº 137/2016........................................................................................................................................................................... 58
SUMÁRIO

Noções De Gestão E Administração Pública

1 Organização do Estado e dos poderes..................................................................................................................................... 01


2 Administração Pública................................................................................................................................................................... 10
2.1 Princípios e normas referentes à administração direta e indireta............................................................................ 10
2.2 Lei nº 8.666/1993, e suas alterações (Licitações e contratos administrativos)..................................................... 20
3 Legislação administrativa............................................................................................................................................................. 52
3.1 Lei nº 8.112/1990, e suas alterações................................................................................................................................. 52
3.2 Lei nº 9.784/1999, e suas alterações (Processo Administrativo)............................................................................... 79
3.3 Lei nº 12.527/2011 (Lei de acesso à informação).......................................................................................................... 89
3.4 Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, instituído pelo Decreto
nº 1.171/1994, e suas alterações............................................................................................................................................110
4 Gestão de pessoas no setor público.......................................................................................................................................117
4 Gestão de processos....................................................................................................................................................................120
4.1 Conceitos da abordagem por processos.......................................................................................................................120
4.2 Técnicas de mapeamento, análise e melhoria de processos....................................................................................120

Atualidades

1 Tópicos atuais e relevantes de diversas áreas, tais como: política, economia, sociedade, educação, cultura, desenvolvi-
mento sustentável e meio ambiente, relacionados ao patrimônio cultural...................................................................................... 01

Conhecimentos Específicos

1 Noções de arquivística: princípios e conceitos. ....................................................................................................................................... 01


2 Lei nº 8.159/1991. ................................................................................................................................................................................................ 02
3 Gestão de documentos. .................................................................................................................................................................................... 04
3.1 Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e expedição de documentos. ............................................ 04
3.2 Arquivamento e ordenação de documentos de arquivo. ........................................................................................................... 04
3.3 Gestão eletrônica de documentos arquivísticos; sistemas informatizados de gestão arquivística de documen-
tos.........................................................................................................................................................................................................................04
4 Acondicionamento e armazenamento de documentos de arquivo. ............................................................................................... 08
5 Noções de preservação e conservação de documentos de arquivo. .............................................................................................. 08
6 Política de acesso aos documentos de arquivo........................................................................................................................................ 08
LÍNGUA PORTUGUESA

Letra e Fonema.......................................................................................................................................................................................................... 01
Estrutura das Palavras............................................................................................................................................................................................. 04
Classes de Palavras e suas Flexões..................................................................................................................................................................... 07
Ortografia.................................................................................................................................................................................................................... 44
Acentuação................................................................................................................................................................................................................. 47
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 50
Concordância Verbal e Nominal......................................................................................................................................................................... 52
Regência Verbal e Nominal................................................................................................................................................................................... 58
Frase, oração e período.......................................................................................................................................................................................... 63
Sintaxe da Oração e do Período......................................................................................................................................................................... 63
Termos da Oração.................................................................................................................................................................................................... 63
Coordenação e Subordinação............................................................................................................................................................................. 63
Crase.............................................................................................................................................................................................................................. 71
Colocação Pronominal............................................................................................................................................................................................ 74
Significado das Palavras......................................................................................................................................................................................... 76
Interpretação Textual............................................................................................................................................................................................... 83
Tipologia Textual....................................................................................................................................................................................................... 85
Gêneros Textuais....................................................................................................................................................................................................... 86
Coesão e Coerência................................................................................................................................................................................................. 86
Reescrita de textos/Equivalência de Estruturas............................................................................................................................................. 88
Estrutura Textual........................................................................................................................................................................................................ 90
Redação Oficial.......................................................................................................................................................................................................... 91
Funções do “que” e do “se”................................................................................................................................................................................100
Variação Linguística...............................................................................................................................................................................................101
O processo de comunicação e as funções da linguagem......................................................................................................................103
LÍNGUA PORTUGUESA

PROF. ZENAIDE AUXILIADORA PACHEGAS BRANCO

Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina. Especialista pela Universidade Estadual Paulista
– Unesp

LETRA E FONEMA

A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da lín-
gua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também,
de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas
palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na
pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção
entre os pares de palavras:
amor – ator / morro – corro / vento - cento

Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que
você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.

Fonema e Letra
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.

- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:
- o fonema /sê/: texto
- o fonema /zê/: exibir
- o fonema /che/: enxame
- o grupo de sons /ks/: táxi

- O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.


Tóxico = fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
1 2 3 4 5 6 7 12 3 45 6

Galho = fonemas: /g/a/lh/o/ letras: ga lho


1 2 3 4 12345

- As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas
palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
“n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.

- A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.


Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234

Classificação dos Fonemas


Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1) Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entrea- 1) Ditongo


berta. As vogais podem ser:
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-
- Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
/o/, /u/. - Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal:
sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
- Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na- - Decrescente: quando a vogal vem antes da semivo-
sais. gal: pai (a = vogal, i = semivogal)
/ã/: fã, canto, tampa - Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai
/ ẽ /: dente, tempero - Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na-
/ ĩ/: lindo, mim sais: mãe
/õ/: bonde, tombo
/ ũ /: nunca, algum 2) Tritongo

- Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, É a sequência formada por uma semivogal, uma vo-
bola. gal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba.
Pode ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tri-
- Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, tongo nasal.
bola.
3) Hiato
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- Abertas: pé, lata, pó É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que
- Fechadas: mês, luta, amor pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
- Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das pa- de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia
lavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”). (po-e-si-a).

2) Semivogais Encontros Consonantais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vo-
Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma gal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
só emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas Existem basicamente dois tipos:
são chamados de semivogais. A diferença fundamental en- 1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r”
tre vogais e semivogais está no fato de que estas não de- e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
sempenham o papel de núcleo silábico. a-tle-ta, cri-se.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: 2-) os que resultam do contato de duas consoantes
pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão Há ainda grupos consonantais que surgem no início
forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade, dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,
história, série. psi-có-lo-go.

3) Consoantes Dígrafos

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expi- De maneira geral, cada fonema é representado, na es-
rada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca- crita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verda- quatro letras.
deiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em portu- Há, no entanto, fonemas que são representados, na es-
guês, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: crita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. letras.

Encontros Vocálicos Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ fo-


ram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas
semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante para representar um único fonema (di = dois + grafo = le-
reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em tra). Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos
sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o triton- que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos:
go e o hiato. consonantais e vocálicos.

2
LÍNGUA PORTUGUESA

Dígrafos Consonantais

Letras Fonemas Exemplos


lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
ch /xe/ chave
rr /re/ (no interior da palavra) carro
ss /se/ (no interior da palavra) passo
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia
sc /se/ crescer
sç /se/ desço
xc /se/ exceção

Dígrafos Vocálicos

Registram-se na representação das vogais nasais:

Fonemas Letras Exemplos


/ã/ am tampa
an canto
/ẽ/ em templo
en lenda
/ĩ/ im limpo
in lindo
õ/ om tombo
on tonto
/ũ/ um chumbo
un corcunda

* Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/:
guitarra, aquilo. Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” repre-
senta um fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há
dígrafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo) .
** Dica: Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /agua/ nós
pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ - não
pronunciamos o “u”, então temos dígrafo [aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”]. Portanto: 8 letras e 6 fonemas).

Dífonos

Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos), existem letras que representam dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos
de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

3
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
1-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI-
BRAS – FAFIPA/2014) Em todas as palavras a seguir há um
dígrafo, EXCETO em
(A) prazo. As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista
(B) cantor. de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos
(C) trabalho. em seus menores elementos (partes) possuidores de sen-
(D) professor. tido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída por
três elementos significativos:
1-)
(A) prazo – “pr” é encontro consonantal In = elemento indicador de negação
(B) cantor – “an” é dígrafo Explic – elemento que contém o significado básico da
(C) trabalho – “tr” encontro consonantal / “lh” é dígrafo palavra
(D) professor – “pr” encontro consonantal q “ss” é dí- Ável = elemento indicador de possibilidade
grafo
RESPOSTA: “A”. Estes elementos formadores da palavra recebem o
nome de morfemas. Através da união das informações
2-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI- contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
BRAS – FAFIPA/2014) Assinale a alternativa em que os itens tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
destacados possuem o mesmo fonema consonantal em to- tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tornar
das as palavras da sequência. claro”.
(A) Externo – precisa – som – usuário.
MORFEMAS = são as menores unidades significativas
(B) Gente – segurança – adjunto – Japão.
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
(C) Chefe – caixas – deixo – exatamente.
(D) Cozinha – pesada – lesão – exemplo.
Classificação dos morfemas:
2-) Coloquei entre barras ( / / ) o fonema representado
Radical, lexema ou semantema – é o elemento por-
pela letra destacada:
tador de significado. É através do radical que podemos for-
(A) Externo /s/ – precisa /s/ – som /s/ – usuário /z/
mar outras palavras comuns a um grupo de palavras da
(B) Gente /j/ – segurança /g/ – adjunto /j/ – Japão /j/ mesma família. Exemplo: pequeno, pequenininho, pequenez.
(C) Chefe /x/ – caixas /x/ – deixo /x/ – exatamente O conjunto de palavras que se agrupam em torno de um
/z/ mesmo radical denomina-se família de palavras.
(D) cozinha /z/ – pesada /z/ – lesão /z/– exemplo /z/
RESPOSTA: “D”. Afixos – elementos que se juntam ao radical antes (os
prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: beleza (sufi-
3-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE xo), prever (prefixo), infiel.
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “Seja Sangue
Bom!” Na sílaba final da palavra “sangue”, encontramos Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, ob-
duas letras representando um único fonema. Esse fenôme- têm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos,
no também está presente em: amáveis, amavam. Estas modificações ocorrem à medida
A) cartola. que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e
B) problema. plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também
C) guaraná. ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
D) água. (amava, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
E) nascimento. concluir que existem morfemas que indicam as flexões das
palavras. Estes morfemas sempre surgem no fim das pala-
3-) Duas letras representando um único fonema = dí- vras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desi-
grafo nências nominais e desinências verbais.
A) cartola = não há dígrafo
B) problema = não há dígrafo • Desinências nominais: indicam o gênero e o número
C) guaraná = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) dos nomes. Para a indicação de gênero, o português cos-
D) água = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) tuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/
E) nascimento = dígrafo: sc menina. Para a indicação de número, costuma-se utilizar
RESPOSTA: “E”. o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência
de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/
garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos
nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assu-
me a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

• Desinências verbais: em nossa língua, as desinências Palavras primitivas: aquelas que, na língua portugue-
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há desinências sa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
que indicam o modo e o tempo (desinências modo-tem-
porais) e outras que indicam o número e a pessoa dos ver- Palavras derivadas: aquelas que, na língua portugue-
bos (desinência número-pessoais): sa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura.

cant-á-va-mos: Palavras simples: aquelas que possuem um só radical:


cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência mo- azeite, cavalo.
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicati-
vo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primei- Palavras compostas: aquelas que possuem mais de
ra pessoa do plural) um radical: couve-flor, planalto.
* As palavras compostas podem ou não ter seus ele-
cant-á-sse-is: mentos ligados por hífen.
cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência mo-
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjunti- Processos de Formação de Palavras
vo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
pessoa do plural) Na Língua Portuguesa há muitos processos de forma-
ção de palavras. Entre eles, os mais comuns são a derivação,
Vogal temática a composição, a onomatopeia, a abreviação e o hibridismo.
Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge Derivação por Acréscimo de Afixos
sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o radical
às desinências, é chamado de vogal temática. Sua função É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (deri-
é ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao vadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A deri-
tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as de- vação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
sinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam vo-
gais temáticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e (da 2.ª
acréscimo de prefixo.
conjugação = escrever) e –i (3.ªconjugação = partir).
In feliz des leal
• Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando
Prefixo radical prefixo radical
átonas finais, como em mesa, artista, perda, escola, base,
combate. Nestes casos, não poderíamos pensar que essas
terminações são desinências indicadoras de gênero, pois Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
mesa e escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. acréscimo de sufixo.
A estas vogais temáticas se liga a desinência indicadora
de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados Feliz mente leal dade
em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não Radical sufixo radical sufixo
apresentam vogal temática.
Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
• Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que ca- simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese formam-
racterizam três grupos de verbos a que se dá o nome de se principalmente verbos.
conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a per-
tencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática En trist ecer
é -e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal Prefixo radical sufixo
temática -i pertencem à terceira conjugação.
Em tard ecer
Interfixos prefixo radical sufixo

São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- Outros Tipos de Derivação


tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes-
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por Há dois casos em que a palavra derivada é formada
exemplo: sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. regressiva e a derivação imprópria.
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por re-
Formação das Palavras dução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
de substantivos derivados de verbos.
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva- janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
das, palavras simples, palavras compostas. (substantivo) – deriva de pescar (verbo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é ob- Fontes de pesquisa:


tida pela mudança de categoria gramatical da palavra pri-
mitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas somente http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-
na classe gramatical. formacao-de-palavras-i.htm
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “porquê” SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
deriva da conjunção porque) coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
do verbo olhar). ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
** Dica: A derivação regressiva “mexe” na estrutura da Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
palavra e geralmente transforma verbos em substantivos: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
caça = deriva de caçar, saque = deriva de sacar.
A derivação imprópria não “mexe” com a palavra,
apenas faz com que ela pertença a uma classe gramatical Questões sobre Estrutura das Palavras
“imprópria” da qual ela realmente, ou melhor, costumeira-
mente faz parte. A alteração acontece devido à presença de 1-) (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN-
outros termos, como artigos, por exemplo: CIA SOCIAL – CEPERJ/2014) A palavra “infraestrutura” é for-
O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a fun- mada pelo seguinte processo:
cionar como substantivo devido à presença do artigo “o”) A) sufixação
Composição B) prefixação
C) parassíntese
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais D) justaposição
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de E) aglutinação
composição: justaposição e aglutinação.
1-) Infra = prefixo + estrutura – temos a junção de um
Justaposição: ocorre quando os elementos que for- prefixo com um radical, portanto: derivação prefixal (ou
mam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapos-
prefixação).
tos: para-raios, corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira,
girassol.
RESPOSTA: “B”.
Composição por aglutinação: ocorre quando os ele-
mentos que formam o composto aglutinam-se e pelo me-
2-) (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
nos um deles perde sua integridade sonora: aguardente
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – IBFC/2014)
(água + ardente), planalto (plano + alto), pernalta (perna +
alta), vinagre (vinho + acre). O vocábulo “entristecido”, presente na terceira estrofe, é
um exemplo de:
Outros processos de formação de palavras: a) palavra composta
b) palavra primitiva
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir c) palavra derivada
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. d) neologismo

Abreviação – é a redução de palavras até o limite per- 2-) en + triste + ido (com consoante de ligação “c”) =
mitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneu- ao radical “triste” foram acrescidos o prefixo “en” e o sufixo
mático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). “ido”, ou seja, “entristecido” é palavra derivada do processo
de formação de palavras chamado de: prefixação e sufixa-
* Observação: ção. Para o exercício, basta “derivada”!
- Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini- RESPOSTA: “C”.
ciais: p. ou pág. (para página), sr. (para senhor).
- Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras ini-
ciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas impuras),
que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas puras);
DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (siglas impu-
ras).
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos
oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
sociologia (socio: latim; logia: grego)
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)

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LÍNGUA PORTUGUESA

de lago lacustre
CLASSES DE PALAVRAS E SUAS FLEXÕES
de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
característica do ser e se relaciona com o substantivo, con- de madeira lígneo
cordando com este em gênero e número. de mestre magistral
de ouro áureo
As praias brasileiras estão poluídas.
de paixão passional
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de pâncreas pancreático
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de porco suíno ou porcino
Locução adjetiva dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma de sonho onírico
coisa, tem-se uma locução. Às vezes, uma preposição + de velho senil
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu- de vento eólico
ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por
exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio de vidro vítreo ou hialino
(paixão desenfreada). de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observe outros exemplos:
* Observação: nem toda locução adjetiva possui um
de águia aquilino adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por
de aluno discente exemplo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
de anjo angelical Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de ano anual
de aranha aracnídeo O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
de boi bovino como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
de cabelo capilar ou do objeto).
de cabra caprino
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Observe alguns deles:
de criança pueril
de dedo digital Estados e cidades brasileiras:
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo Alagoas alagoano
de farinha farináceo Amapá amapaense
de fera ferino Aracaju aracajuano ou aracajuense
de ferro férreo Amazonas amazonense ou baré
de fogo ígneo Belo Horizonte belo-horizontino
de garganta gutural Brasília brasiliense
de gelo glacial Cabo Frio cabo-friense
de guerra bélico Campinas campineiro ou campinense
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:

Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano, a
moça norte-americana.

* Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

Número dos Adjetivos

Plural dos adjetivos simples

Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substan-
tivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra
cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, en-
tão, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.

Veja outros exemplos:


Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Composto Observe que:


a) As formas menor e pior são comparativos de supe-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas pectivamente.
o último elemento concorda com o substantivo a que se b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande
invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, e mais pequeno. Por exemplo:
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen- Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala- mentos.
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará duas qualidades de um mesmo elemento.
invariável. Veja:
Camisas rosa-claro. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Infe-
Ternos rosa-claro.
rioridade
Olhos verde-claros.
Sou menos passivo (do) que tolerante.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Superlativo
* Observação:
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer O superlativo expressa qualidades num grau muito ele-
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre in- vado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relativo e
variáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vestidos apresenta as seguintes modalidades:
cor-de-rosa. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de
- O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre-
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. senta-se nas formas:
1-) Analítica: a intensificação é feita com o auxílio
Grau do Adjetivo de palavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por
exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a inten- 2-) Sintética: nesta, há o acréscimo de sufixos. Por
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
o comparativo e o superlativo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Comparativo
benéfico - beneficentíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais características bom - boníssimo ou ótimo
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igual- comum - comuníssimo
dade, de superioridade ou de inferioridade.
cruel - crudelíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade difícil - dificílimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da doce - dulcíssimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão. fácil - facílimo
fiel - fidelíssimo
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
rioridade Analítico Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
No comparativo de superioridade analítico, entre os um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe- Essa relação pode ser:
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do 1-) De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
que” ou “mais...que”.
todas.
2-) De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe-
todas.
rioridade Sintético

Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de * Note bem:


superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, an-
grande/maior, baixo/inferior. tepostos ao adjetivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob - de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
duas formas: uma erudita - de origem latina - outra po- Renato fala menos alto do que João.
pular - de origem vernácula. A forma erudita é constituída - de superioridade:
pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, 1-) Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
-imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma fala mais alto do que João.
popular é constituída do radical do adjetivo português + o 2-) Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. melhor que João.
3-) Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- Grau Superlativo
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
– cheíssimo. O superlativo pode ser analítico ou sintético:
- Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
Fontes de pesquisa: fala muito alto.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de
php modo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: - Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo.
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- * Observação: as formas diminutivas (cedinho, perti-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nho, etc.) são comuns na língua popular.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. A criança levantou cedinho. (muito cedo)

Advérbio Classificação dos Advérbios

Compare estes exemplos: De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


bio pode ser de:
Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
O ônibus chegou.
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo,
O ônibus chegou ontem.
aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro,
afora, alhures, aquém, embaixo, externamente, a distância,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sen-
à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à es-
tido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo,
querda, ao lado, em volta.
de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
advérbio. amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio fim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes,
(bem) imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessiva-
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um adje- mente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de
tivo (claros) vez em quando, de quando em quando, a qualquer momen-
to, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescen- Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa,
tar ideia de: acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à
Tempo: Ela chegou tarde. toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse
Lugar: Ele mora aqui. modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado,
Modo: Eles agiram mal. a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em
Negação: Ela não saiu de casa. “-mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, pa-
Dúvida: Talvez ele volte. cientemente, amorosamente, docemente, escandalosamen-
te, bondosamente, generosamente.
Flexão do Advérbio Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efeti-
vamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
porém, admitem a variação em grau. Observe: Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel-
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.
Grau Comparativo Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, as-
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo modo saz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo,
que o comparativo do adjetivo: de muito, por completo, extremamente, intensamente, gran-
- de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re- demente, bem (quando aplicado a propriedades graduá-
nato fala tão alto quanto João. veis).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somen- Locução Adverbial


te, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Brando, o
vento apenas move a copa das árvores. Quando há duas ou mais palavras que exercem função
Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expres-
Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante a sar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordinaria-
adolescência. mente por uma preposição. Veja:
Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos meus dentro, por aqui, etc.
amigos por comparecerem à festa. afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em
* Saiba que: geral, frente a frente, etc.
- Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei em dia, nunca mais, etc.
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível. * Observações:
- Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, - tanto a locução adverbial como o advérbio modifi-
em geral sufixamos apenas o último: Por exemplo: O aluno cam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:
respondeu calma e respeitosamente. Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido De repente correram para a rua. (verbo)

Há palavras como muito, bastante, que podem apare- - Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
cer como advérbio e como pronome indefinido. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e - O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. bio: Cheguei primeiro.

* Dica: Como saber se a palavra bastante é advérbio - Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia, adverbial desempenham na oração a função de adjunto
sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante” adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
por “muito”, estamos diante de um advérbio; se der para cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio.
substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
1-) Estudei bastante para o concurso. (estudei muito, verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
pois “muitos” não dá!). = advérbio Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
dade e de tempo, respectivamente.
2-) Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estudei
muitos capítulos) = pronome indefinido Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.
Advérbios Interrogativos php
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes Saraiva, 2010.
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Interrogação Direta Interrogação Indireta SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava. Artigo
Por que choras? Não sei por que choras.
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Aonde vai? Perguntei aonde ia. se como o termo variável que serve para individualizar ou
Donde vens? Pergunto donde vens. generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
Quando voltas? Pergunto quando voltas. (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns”).

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Artigos definidos – São aqueles usados para indicar Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
seres determinados, expressos de forma individual: sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
O concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Roma.
muito.
- antes de pronomes de tratamento:
Artigos indefinidos – São aqueles usados para indicar Vossa Senhoria sairá agora?
seres de modo vago, impreciso: Exceção: O senhor vai à festa?
Uma candidata foi aprovada! Umas candidatas foram
aprovadas! - após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Este é o candidato cuja nota foi a mais alta.

* Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do Fontes de pesquisa:


numeral “ambos”: http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm
Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
* Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso Saraiva, 2010.
do artigo, outros não: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCO-
NI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed.
* Quando indicado no singular, o artigo definido pode Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
indicar toda uma espécie: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho dignifica o homem. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
* No caso de nomes próprios personativos, denotando
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso Conjunção
do artigo:
Marcela é a mais extrovertida das irmãs. Além da preposição, há outra palavra também invariá-
O Pedro é o xodó da família. vel que, na frase, é usada como elemento de ligação: a con-
junção. Ela serve para ligar duas orações ou duas palavras
* No caso de os nomes próprios personativos estarem de mesma função em uma oração:
no plural, são determinados pelo uso do artigo: O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
Os Maias, os Incas, Os Astecas... São Paulo.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
* Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to-
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele Morfossintaxe da Conjunção
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
dos. (qualquer classe)
Classificação da Conjunção
* Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é
facultativo: De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as
Preparei o meu curso. Preparei meu curso. conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
* A utilização do artigo indefinido pode indicar uma pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse iso-
ideia de aproximação numérica: lamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de
O máximo que ele deve ter é uns vinte anos. sentido que cada um dos elementos possui. Já no segundo
caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção de-
* O artigo também é usado para substantivar palavras pende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais:
Não sei o porquê de tudo isso. Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
* Há casos em que o artigo definido não pode ser Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
usado:
- antes de nomes de cidade e de pessoas conhecidas: Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
O professor visitará Roma. quentemente, orações coordenadas) coordenativa – “mas”.
Já em:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Espero que eu seja aprovada no concurso! As conjunções subordinativas subdividem-se em inte-


Não conseguimos separar uma oração da outra, pois a grantes e adverbiais:
segunda “completa” o sentido da primeira (da oração prin-
cipal): 1. Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos uma elas introduzida completa ou integra o sentido da principal.
oração subordinada substantiva objetiva direta (ela exerce Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou seja,
a função de objeto direto do verbo da oração principal). as orações subordinadas substantivas. São elas: que, se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)
Conjunções Coordenativas
2. Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
São aquelas que ligam orações de sentido completo exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acor-
e independente ou termos da oração que têm a mesma do com a circunstância que expressam, classificam-se em:
a) Causais: introduzem uma oração que é causa da
função gramatical. Subdividem-se em:
ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como
1) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
(= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e não),
que, porquanto, já que, desde que, etc.
não só... mas também, não só... como também, bem como, Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
não só... mas ainda.
A sua pesquisa é clara e objetiva. b) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
Não só dança, mas também canta. ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua
realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se
2) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto,
pressando ideia de contraste ou compensação. São elas: etc.
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
obstante.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. c) Condicionais: introduzem uma oração que indica a
hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São
3) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan- elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde
do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que se que, a menos que, sem que, etc.
realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez.
** Dica: você deve ter percebido que a conjunção con-
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
dicional “se” também é conjunção integrante. A diferença é
clara ao ler as orações que são introduzidas por ela. Acima,
4) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
ela nos dá a ideia da condição para que recebamos um
que expressa ideia de conclusão ou consequência. São elas: telefonema (se for preciso ajuda). Já na oração:
logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, por Não sei se farei o concurso...
isso, assim. Não há ideia de condição alguma, há? Outra coisa: o
Marta estava bem preparada para o teste, portanto não verbo da oração principal (sei) pede complemento (objeto
ficou nervosa. direto, já que “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto,
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. a oração em destaque exerce a função de objeto direto da
oração principal, sendo classificada como oração subordi-
5) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração nada substantiva objetiva direta.
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas: d) Conformativas: introduzem uma oração que expri-
que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. me a conformidade de um fato com outro. São elas: confor-
Não demore, que o filme já vai começar. me, como (= conforme), segundo, consoante, etc.
Falei muito, pois não gosto do silêncio! O passeio ocorreu como havíamos planejado.

Conjunções Subordinativas e) Finais: introduzem uma oração que expressa a fina-


lidade ou o objetivo com que se realiza a oração principal.
São elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que),
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas
que, etc.
dependente da outra. A oração dependente, introduzida
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de ora-
ção subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado f) Proporcionais: introduzem uma oração que expres-
quando ela chegou. sa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência do
O baile já tinha começado: oração principal expresso na principal. São elas: à medida que, à proporção
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) que, ao passo que e as combinações quanto mais... (mais),
ela chegou: oração subordinada quanto menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto
menos... (menos), etc.

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O preço fica mais caro à medida que os produtos escas- Fontes de pesquisa:
seiam. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
php
* Observação: são incorretas as locuções proporcio- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
nais à medida em que, na medida que e na medida em que. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
g) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração Saraiva, 2010.
principal. São elas: quando, enquanto, antes que, depois que, Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
que, agora que, mal (= assim que), etc. Interjeição
A briga começou assim que saímos da festa.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
h) Comparativas: introduzem uma oração que expres- ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
sa ideia de comparação com referência à oração principal. guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)... como, maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim
a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor-
tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual,
rente de uma situação particular, um momento ou um con-
que nem, que (combinado com menos ou mais), etc.
texto específico. Exemplos:
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
i) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que ção
(tendo como antecedente na oração principal uma palavra
como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. O significado das interjeições está vinculado à maneira
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti-
exame. do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que
for utilizada. Exemplos:
Atenção: Muitas conjunções não têm classificação úni- Psiu!
ca, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de acor- contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua
do com o sentido que apresentam no contexto (grifo ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando!
da Zê!). Ei, espere!”

O bom relacionamento entre as conjunções de um Psiu!


texto garante a perfeita estruturação de suas frases e pa- contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
rágrafos, bem como a compreensão eficaz de seu conteú- nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!”
do. Interagindo com palavras de outras classes gramaticais
essenciais ao inter-relacionamento das partes de frases e Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
textos - como os pronomes, preposições, alguns advérbios puxa: interjeição; tom da fala: euforia
e numerais -, as conjunções fazem parte daquilo a que se
pode chamar de “a arquitetura textual”, isto é, o con- Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
junto das relações que garantem a coesão do enunciado. puxa: interjeição; tom da fala: decepção
O sucesso desse conjunto de relações depende do conhe-
cimento do valor relacional das conjunções, uma vez que As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
estas interferem semanticamente no enunciado.
tristeza, dor, etc.
Dessa forma, deve-se dedicar atenção especial às con-
Ah, deve ser muito interessante!
junções tanto na leitura como na produção de textos. Nos
textos narrativos, elas estão muitas vezes ligadas à expres-
b) Sintetizar uma frase apelativa.
são de circunstâncias fundamentais à condução da história, Cuidado! Saia da minha frente.
como as noções de tempo, finalidade, causa e consequên-
cia. Nos textos dissertativos, evidenciam muitas vezes a li- As interjeições podem ser formadas por:
nha expositiva ou argumentativa adotada - é o caso das a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
exposições e argumentações construídas por meio de con- b) palavras: Oba! Olá! Claro!
trastes e oposições, que implicam o uso das adversativas e c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!
concessivas. Ora bolas!

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Classificação das Interjeições 3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-


frase” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Por
Comumente, as interjeições expressam sentido de: exemplo:
Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! Aten- Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique quieto!
ção! Olha! Alerta!
Afugentamento: Fora! Passa! Rua! 4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Miau!
Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-
Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! Âni- quá!, etc.
mo! Adiante!
Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! 5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do “oh!” exclamativo
Essa não! Chega! Basta! e não a fazemos depois do “ó” vocativo. Por exemplo:
Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Deus! Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Desculpa: Perdão!
Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! Fontes de pesquisa:
Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.
Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Quê! php
Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! Pô! coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ora! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva! Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Adeus! Olá! Alô! Ei! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus! Numeral
Silêncio: Psiu! Silêncio!
Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determi-
* Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis,
nada sequência.
isto é, não sofrem variação em gênero, número e grau
como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo,
* Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso espe-
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
cífico, algumas interjeições sofrem variação em grau. Não
se trata de um processo natural desta classe de palavra, a expressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite. trata de numerais, mas sim de algarismos.
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
Locução Interjetiva vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma dúzia, par, ambos(as), novena.
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! Classificação dos Numerais
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclama-
tivo torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise - Cardinais: indicam quantidade exata ou determina-
dos termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha- da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm
me Deus!, Quem me dera! sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, dé-
cada, bimestre.
* Observações:
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. - Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém ou
Por exemplo: alguma coisa ocupa numa determinada sequência: primei-
Ué! (= Eu não esperava por essa!) ro, segundo, centésimo, etc.
Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe.)
* Observação importante:
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas
gramaticais podem aparecer como interjeições. Por exem- são classificadas como adjetivos, não ordinais.
plo:
Viva! Basta! (Verbos) - Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou
Fora! Francamente! (Advérbios) seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.

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- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral
venha depois do substantivo;
Flexão dos numerais
Ordinais Cardinais
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du- João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro- D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
- Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiro segundo milésimo como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeira segunda milésima
** Dica: Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
primeiros segundos milésimos associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas - Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
e conseguiram o triplo de produção. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri- - Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se
plas do medicamento. refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregados
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/ para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
duas terças partes. Sua utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O arti-
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. go só é dispensado caso haja um pronome demonstrativo:
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau Ambos esses ministros falarão à imprensa.
nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como: Função sintática do Numeral
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade! O numeral tem mais de uma função sintática:
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= - se na oração analisada seu papel é de adjetivo, o
segunda divisão de futebol) numeral assumirá a função de adjunto adnominal; se fizer
papel de substantivo, pode ter a função de sujeito, objeto
Emprego e Leitura dos Numerais direto ou indireto.
- Os numerais são escritos em conjunto de três alga- Visitamos cinco casas, mas só gostamos de duas.
rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de Objeto direto = cinco casas
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma Núcleo do objeto direto = casas
separação através de ponto ou espaço correspondente a Adjunto adnominal = cinco
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456. Objeto indireto = de duas
- Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
Núcleo do objeto indireto = duas
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena:
Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

* Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por


dois zeros, usa-se o “e”:
Seu salário será de mil e quinhentos reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

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Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

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fontes de pesquisa: Dicas sobre preposição


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.
php - O “a” pode funcionar como preposição, pronome
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: nino.
Saraiva, 2010. A matéria que estudei é fácil!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
Preposição termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Preposição é uma palavra invariável que serve para Irei à festa sozinha.
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, Entregamos a flor à professora!
normalmente há uma subordinação do segundo termo em *o primeiro “a” é artigo; o segundo, preposição.
relação ao primeiro. As preposições são muito importantes
na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
e possuem valores semânticos indispensáveis para a com- lugar e/ou a função de um substantivo.
preensão do texto. Nós trouxemos a apostila. = Nós a trouxemos.

Tipos de Preposição Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas


por meio das preposições:
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusi-
vamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, Destino = Irei a Salvador.
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, Modo = Saiu aos prantos.
Lugar = Sempre a seu lado.
atrás de, dentro de, para com.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes
Causa = Chorei de saudade.
gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, ex-
Instrumento = Escreveu a lápis.
ceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
Posse = Vi as roupas da mamãe.
Autoria = livro de Machado de Assis
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
Companhia = Estarei com ele amanhã.
lendo como uma preposição, sendo que a última palavra é Matéria = copo de cristal.
uma (preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado Meio = passeio de barco.
de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, Origem = Nós somos do Nordeste.
em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por Conteúdo = frascos de perfume.
causa de, por cima de, por trás de. Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a
outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gê- * Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo-
nero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela. cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre-
positiva por trás de.
* Essa concordância não é característica da preposição,
mas das palavras às quais ela se une. Fontes de pesquisa:
Esse processo de junção de uma preposição com outra http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
palavra pode se dar a partir dos processos de: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. Combinação: união da preposição “a” com o artigo Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocá- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
bulos não sofrem alteração. Saraiva, 2010.
2. Contração: união de uma preposição com outra pa- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
lavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
o = do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = da- Pronome
quele, em + isso = nisso. Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
3. Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” prepo- panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
sição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do forma.
pronome “aquilo”). O homem julga que é superior à natureza, por isso o
homem destrói a natureza...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Utilizando pronomes, teremos: Pronome Reto


O homem julga que é superior à natureza, por isso ele
a destrói... Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten-
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de termos ça, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flores.
(homem e natureza).
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
Grande parte dos pronomes não possuem significados nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên- Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi-
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos gurado:
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes - 1.ª pessoa do singular: eu
têm por função principal apontar para as pessoas do dis- - 2.ª pessoa do singular: tu
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação - 3.ª pessoa do singular: ele, ela
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, - 1.ª pessoa do plural: nós
- 2.ª pessoa do plural: vós
os pronomes apresentam uma forma específica para cada
- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
pessoa do discurso.
* Atenção: esses pronomes não costumam ser usa-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. dos como complementos verbais na língua-padrão. Frases
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
fala] mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem me até aqui”.
se fala]
* Observação: frequentemente observamos a omissão
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- as próprias formas verbais marcam, através de suas desi-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência nências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto:
através do pronome seja coerente em termos de gênero Fizemos boa viagem. (Nós)
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. Pronome Oblíquo

Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
sa escola neste ano. tença, exerce a função de complemento verbal (objeto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
adequada]
[neste: pronome que determina “ano” = concordância * Observação: o pronome oblíquo é uma forma va-
adequada] riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação in-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- dica a função diversa que eles desempenham na oração:
dância inadequada] pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
tônicos.
Pronomes Pessoais Pronome Oblíquo Átono
São aqueles que substituem os substantivos, indicando São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes fraca: Ele me deu um presente.
“tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se di- Tabela dos pronomes oblíquos átonos
rige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à - 1.ª pessoa do singular (eu): me
pessoa ou às pessoas de quem se fala. - 2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou do caso oblíquo. - 2.ª pessoa do plural (vós): vos
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Observações: - As preposições essenciais introduzem sempre prono-


- O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en- reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
acompanhar diretamente uma preposição, o pronome forma:
“lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração. Não há mais nada entre mim e ti.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
diretos como objetos indiretos. Não há nenhuma acusação contra mim.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como Não vá sem mim.
objetos diretos.
* Atenção: Há construções em que a preposição, ape-
- Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com- sar de surgir anteposta a um pronome, serve para introdu-
binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for- zir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos,
mas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um
lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. pronome, deverá ser do caso reto.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem: Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Trouxeste o pacote? Não vá sem eu mandar.
Sim, entreguei-to ainda há pouco.
Não contaram a novidade a vocês? * A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
Não, no-la contaram. está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
No Brasil, essas combinações não são usadas; até mes- mim!
mo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
- A combinação da preposição “com” e alguns prono-
* Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
especiais depois de certas terminações verbais.
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
- Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome
quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a
companhia.
terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
Ele carregava o documento consigo.
fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo
- A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
dizer + a = dizê-la
Ela veio até mim, mas nada falou.
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de)
- Quando o verbo termina em som nasal, o pronome
assume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: inclusão, usaremos as formas retas:
viram + o: viram-no Todos foram bem na prova, até eu! (=inclusive eu)
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
tem + as = tem-nas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
Pronome Oblíquo Tônico todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos Estávamos com vós outros quando chegaram as más
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. notícias.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função Ele disse que iria com nós três.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
forte. Pronome Reflexivo
Quadro dos pronomes oblíquos tônicos:
- 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
- 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
- 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco expressa pelo verbo.
- 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Quadro dos pronomes reflexivos:
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas - 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me lembro disso.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As - 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti.
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. Conhece a ti mesmo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. * Observações:


Guilherme já se preparou. * Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
Ela deu a si um presente. tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados em
Antônio conversou consigo mesmo. relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Se-
nhor Ministro, compareça a este encontro.
- 1.ª pessoa do plural (nós): nos.
Lavamo-nos no rio. ** Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua
- 2.ª pessoa do plural (vós): vos. Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com pro-
Vós vos beneficiastes com esta conquista. priedade.

- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. - Os pronomes de tratamento representam uma for-
Eles se conheceram. ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
Elas deram a si um dia de folga. tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
* O pronome é reflexivo quando se refere à mesma supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu me arrumei e saí.
** É pronome recíproco quando indica reciprocidade - 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri-
de ação: jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
Nós nos amamos. com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
Olhamo-nos calados. vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
devem ficar na 3.ª pessoa.
Pronomes de Tratamento Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portan-
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo
to, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pes-
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente.
soa. Alguns exemplos:
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
teus cabelos. (errado)
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repú- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
blica (sempre por extenso) ou
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de Pronomes Possessivos
igual categoria São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Meritíssima (sempre por extenso) = para juízes (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
de direito (coisa possuída).
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do
cerimonioso singular)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
NÚMERO PESSOA PRONOME
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre- singular primeira meu(s), minha(s)
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra- singular segunda teu(s), tua(s)
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados
singular terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma plural primeira nosso(s), nossa(s)
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou plural segunda vosso(s), vossa(s)
literária.
plural terceira seu(s), sua(s)

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Note que: A forma do possessivo depende da pessoa *Em relação ao tempo:


gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam - Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribui- relação à pessoa que fala:
ção naquele momento difícil. Esta manhã farei a prova do concurso!

* Observações: - Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-


- A forma “seu” não é um possessivo quando resultar rém relativamente próximo à época em que se situa a pes-
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, soa que fala:
seu José. Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!

- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afasta-


- Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos-
mento no tempo, referido de modo vago ou como tempo
se. Podem ter outros empregos, como:
remoto:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Naquele tempo, os professores eram valorizados.
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 *Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala-
anos. rá ou escreverá):
- Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará:
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, or-
tografia, concordância.
- Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelência - Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
trouxe sua mensagem? fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja-
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- mos!
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
anotações. - Este e aquele são empregados quando se quer fa-
zer referência a termos já mencionados; aquele se refere
ao termo referido em primeiro lugar e este para o referido
- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí-
por último:
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe
os passos. (= Vou seguir seus passos) Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo],
- O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- aquele [Palmeiras])
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, para ou
que não ocorra redundância: Coloque tudo nos respectivos
lugares. Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo],
Pronomes Demonstrativos aquele [Palmeiras])

São utilizados para explicitar a posição de certa palavra - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser invariáveis, observe:
de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
*Em relação ao espaço: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
* Também aparecem como pronomes demonstrativos:
pessoa que fala:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
Este material é meu.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
- Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em
- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está dis- gênero quando têm caráter reforçativo:
tante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riáveis e invariáveis. Observe:
- tal, tais: Tal absurdo eu não comenteria.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
* Note que: tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
- Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, ne-
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou en- nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
tão: este solteiro, aquele casado) - este se refere à pessoa algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em outras, quantas.
primeiro lugar.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação algo, cada.
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, ral é feito em seu interior).
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
= naquilo) - Todo e toda no singular e junto de artigo significa
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Pronomes Indefinidos Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso, Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quan- Trabalho todo dia. (= todos os dias)
tidade indeterminada.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
-plantadas. cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que),
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (=
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
Cada um escolheu o vinho desejado.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu-
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des-
Indefinidos Sistemáticos
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
guém, outrem, quem, tudo. sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Algo o incomoda? afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
Quem avisa amigo é. negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser e qualquer, que generaliza.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Essas oposições de sentido são muito importantes na
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
Cada povo tem seus costumes. tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
Certas pessoas exercem várias profissões. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
de que fazem parte:
* Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
vos, ora pronomes indefinidos adjetivos: prático.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, pessoas quaisquer.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), *Nenhum é contração de nem um, forma mais enfática,
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. que se refere à unidade. Repare:
Nenhum candidato foi aprovado.
Menos palavras e mais ações. Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é nu-
Alguns se contentam pouco. meral)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Relativos - O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com


o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
São aqueles que representam nomes já mencionados quente (o ser possuído, com o qual concorda em gênero
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo”
as orações subordinadas adjetivas. equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Existem pessoas cujas ações são nobres.
um grupo racial sobre outros. (antecedente) (consequente)
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
= oração subordinada adjetiva). *interpretação do pronome “cujo” na frase acima: ações
das pessoas. É como se lêssemos “de trás para frente”. Ou-
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” tro exemplo:
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra Comprei o livro cujo autor é famoso. (= autor do livro)
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- ** se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
me demonstrativo o, a, os, as. nome:
Não sei o que você está querendo dizer. O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem se a)
expresso.
Quem casa, quer casa. - “Quanto” é pronome relativo quando tem por an-
tecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
Observe: tudo:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os Emprestei tantos quantos foram necessários.
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, (antecedente)
quantas. Ele fez tudo quanto havia falado.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. (antecedente)

Note que: - O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sem-


- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, pre precedido de preposição.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs- É um professor a quem muito devemos.
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu (preposição)
antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an-
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
qual) casa onde morava foi assaltada.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ou em que.
quais) Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que lavras:
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. To- - como (= pelo qual) – desde que precedida das pala-
dos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por vras modo, maneira ou forma:
motivo de clareza ou depois de determinadas preposições: Não me parece correto o modo como você agiu semana
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual passada.
me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio - quando (= em que) – desde que tenha como antece-
de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou dente um nome que dê ideia de tempo:
encantado: o sítio ou minha tia?). Bons eram os tempos quando podíamos jogar videoga-
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas me.
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-
se o qual / a qual) - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase.
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste es-
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou porte.
de ser poeta, que era a sua vocação natural. = O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode -lugares: Alemanha, Portugal


ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de -sentimentos: amor, saudade
gente que conversava, (que) ria, observava. -estados: alegria, tristeza
-qualidades: honestidade, sinceridade...
Pronomes Interrogativos -ações: corrida, pescaria...

São usados na formulação de perguntas, sejam elas di- Morfossintaxe do substantivo


retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções
São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações), diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo
quanto (e variações). do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou
Com quem andas?
indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcio-
Qual seu nome?
nar como núcleo do complemento nominal ou do aposto,
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou como
Sobre os pronomes: núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos
como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos ad-
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função verbiais - quando essas funções são desempenhadas por
de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo grupos de palavras.
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. Classificação dos Substantivos
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar. Substantivos Comuns e Próprios

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” Observe a definição:


exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função Cidade: s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas ca-
de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para oposição aos bairros).
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos comum.
de preposição. Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
eu estava fazendo. homem, mulher, país, cachorro.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim Estamos voando para Barcelona.
o que eu estava fazendo.
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
Fontes de pesquisa: pécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42. que designa os seres de uma mesma espécie de forma par-
php ticular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Substantivos Concretos e Abstratos
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
Saraiva, 2010. existe, independentemente de outros seres.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observação: os substantivos concretos designam se-
res do mundo real e do mundo imaginário.
Substantivo
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, Brasília.
as quais denominam todos os seres que existem, sejam Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e fenôme- ma.
nos, os substantivos também nomeiam:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que enxoval roupas


dependem de outros para se manifestarem ou existirem.
Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode falange soldados, anjos
ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes- fauna animais de uma região
soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser
feixe lenha, capim
para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um subs-
tantivo abstrato. flora vegetais de uma região
Os substantivos abstratos designam estados, qualida- frota navios mercantes, ônibus
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
girândola fogos de artifício
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). horda bandidos, invasores
médicos, bois, credores,
Substantivos Coletivos junta
examinadores

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou- júri jurados
tra abelha, mais outra abelha. legião soldados, anjos, demônios
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
malta malfeitores ou desordeiros
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- manada búfalos, bois, elefantes,
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, matilha cães de raça
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan- molho chaves, verduras
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de multidão pessoas em geral
seres da mesma espécie (abelhas).
insetos (gafanhotos,
nuvem
mosquitos, etc.)
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
penca bananas, chaves
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, pinacoteca pinturas, quadros
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
quadrilha ladrões, bandidos
da mesma espécie.
ramalhete flores
Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas
assembleia pessoas reunidas repertório peças teatrais, obras musicais
alcateia lobos réstia alhos ou cebolas
acervo livros romanceiro poesias narrativas
antologia trechos literários selecionados revoada pássaros
arquipélago ilhas sínodo párocos
banda músicos talha lenha
bando desordeiros ou malfeitores tropa muares, soldados
banca examinadores turma estudantes, trabalhadores
batalhão soldados vara porcos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação dos Substantivos Substantivos Uniformes: apresentam uma única forma,


Substantivos Simples e Compostos que serve tanto para o masculino quanto para o feminino.
Classificam-se em:
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra. - Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo se
O substantivo chuva é formado por um único elemento faz mediante a utilização das palavras “macho” e “fêmea”: a
ou radical. É um substantivo simples. cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
- Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
Substantivo Simples: é aquele formado por um único pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a víti-
elemento. ma, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja - Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in-
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega e a
colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
em ema ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sis-
tema, o sintoma, o teorema.
Substantivos Primitivos e Derivados
- Existem certos substantivos que, variando de gênero,
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de ne- variam em seu significado:
nhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O subs- o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz)
tantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se originou o cabeça (líder) e a cabeça (parte do corpo)
a partir da palavra limão. o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou- o coma (sono mórbido) e a coma (cabeleira, juba)
tra palavra. o lente (professor) e a lente (vidro de aumento)
o moral (estado de espírito) e a moral (ética; conclusão)
Flexão dos substantivos o praça (soldado raso) e a praça (área pública)
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora)
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
meninão / Diminutivo: menininho - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
Flexão de Gênero masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
* Exceções: barão – baronesa, ladrão- ladra, sultão -
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja - Substantivos terminados em -or:
estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Um Natal inesquecível
Os reis da praia - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Uma cidade sem passado final por -a: elefante - elefanta
As tartarugas ninjas
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca

Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem – mulher, pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
poeta – poetisa, prefeito - prefeita czar – czarina, réu - ré

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Epicenos: a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
ma, o hematoma.
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. * Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções,
nomes de cidades são femininos.
Sobrecomuns: A histórica Ouro Preto.
Entregue as crianças à natureza. A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- Uma Londres imensa e triste.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
no e outra no feminino. Observe:
Outros substantivos sobrecomuns: o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
criatura.
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), a
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibi-
ção de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do cor-
Comuns de Dois Gêneros: po), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza
(resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital (ci-
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? dade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração
A distinção de gênero pode ser feita através da análise da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vege-
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- tação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento,
cês - repórter francesa pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso),
a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (re-
- A palavra personagem é usada indistintamente nos cipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
dois gêneros. (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
aceitam a personagem. ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga
(remador), a voga (moda).
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Flexão de Número do Substantivo

Observe o gênero dos substantivos seguintes: Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o do plural é o “s” final.
proclama, o pernoite, o púbis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Substantivos Simples - Flexionam-se os dois elementos, quando formados


de:
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon feitos
- cânones. adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
mens
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
em “ns”: homem - homens.
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- formados de:
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e al-
to-falantes
* Atenção: O plural de caráter é caracteres.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re-
cos
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul formados de:
e cônsules. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
duas maneiras: lo-vapor e cavalos-vapor
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis substantivo + substantivo que funciona como determi-
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do
termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-re-
Observação: a palavra réptil pode formar seu plural de lógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espa-
duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). da - peixes-espada.

- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de - Permanecem invariáveis, quando formados de:
duas maneiras: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
1- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses ca-rolhas
2- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. * Casos Especiais

- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural o louva-a-deus e os louva-a-deus


de três maneiras.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
1- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2- substituindo o -ão por -ães: cão - cães o bem-me-quer e os bem-me-queres
3- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos o joão-ninguém e os joões-ninguém.

- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: Plural das Palavras Substantivadas


o látex - os látex.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Plural dos Substantivos Compostos classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
- A formação do plural dos substantivos compostos Pese bem os prós e os contras.
depende da forma como são grafados, do tipo de palavras O aluno errou na prova dos noves.
que formam o composto e da relação que estabelecem en- Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, gi- * Observação: numerais substantivados terminados
rassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmeque- em “s” ou “z” não variam no plural: Nas provas mensais con-
res. segui muitos seis e alguns dez.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Diminutivos Singular Plural


Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final Corpo (ô) corpos (ó)
e acrescenta-se o sufixo diminutivo. esforço esforços
fogo fogos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos forno fornos
animai(s) + zinhos = animaizinhos fosso fossos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos imposto impostos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos olho olhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos osso (ô) ossos (ó)
tren(s) + zinhos = trenzinhos ovo ovos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas poço poços
flore(s) + zinhas = florezinhas porto portos
mão(s) + zinhas = mãozinhas posto postos
papéi(s) + zinhos = papeizinhos tijolo tijolos
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
funi(s) + zinhos = funizinhos Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
pai(s) + zinhos = paizinhos * Observação: distinga-se molho (ô) = caldo (molho
pé(s) + zinhos = pezinhos de carne), de molho (ó) = feixe (molho de lenha).
pé(s) + zitos = pezitos
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
Plural dos Nomes Próprios Personativos
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
sempre que a terminação preste-se à flexão. - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Os Napoleões também são derrotados. - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
As Raquéis e Esteres. singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Plural dos Substantivos Estrangeiros - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- Aqui morreu muito negro.
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. improvisadas.

Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- Flexão de Grau do Substantivo


do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré- Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
quiens. as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:

Observe o exemplo: - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-


Este jogador faz gols toda vez que joga. do normal. Por exemplo: casa
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
Plural com Mudança de Timbre
do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
Certos substantivos formam o plural com mudança de
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
fonético chamado metafonia (plural metafônico). Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
cador de aumento. Por exemplo: casarão.

30
LÍNGUA PORTUGUESA

- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Classificação dos Verbos


do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo Classificam-se em:
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- - Regulares: são aqueles que apresentam o radical
cador de diminuição. Por exemplo: casinha. inalterado durante a conjugação e desinências idênticas às
de todos os verbos regulares da mesma conjugação. Por
Fontes de pesquisa: exemplo: comparemos os verbos “cantar” e “falar”, conju-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php gados no presente do Modo Indicativo:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- canto falo
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: cantas falas
Saraiva, 2010.
canta falas
Verbo cantamos falamos
cantais falais
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme-
ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o cantam falam
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre * Dica: Observe que, retirando os radicais, as desi-
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno nências modo-temporal e número-pessoal mantiveram-se
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer). idênticas. Tente fazer com outro verbo e perceberá que se
repetirá o fato (desde que o verbo seja da primeira conju-
Estrutura das Formas Verbais gação e regular!). Faça com o verbo “andar”, por exemplo.
Substitua o radical “cant” e coloque o “and” (radical do ver-
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar bo andar). Viu? Fácil!
os seguintes elementos:
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
(radical fal-) * Observação: alguns verbos sofrem alteração no ra-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que in- dical apenas para que seja mantida a sonoridade. É o caso
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: de: corrigir/corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo.
fala-r. São três as conjugações: Tais alterações não caracterizam irregularidade, porque o
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática - fonema permanece inalterado.
E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
gação completa. Os principais são adequar, precaver, com-
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo)
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) putar, reaver, abolir, falir.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número (sin- - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, nor-
gular ou plural): malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (in- principais verbos impessoais são:
dica a 3.ª pessoa do plural.)
* haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
* Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados se ou fazer (em orações temporais).
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, pois a Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Exis-
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar tiam)
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
* fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Faz invernos rigorosos na Europa.
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Era primavera quando o conheci.
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento Estava frio naquele dia.
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, por
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
no radical, mas sim na terminação verbal (fora do radical):
opinei, aprenderão, amaríamos.

31
LÍNGUA PORTUGUESA

* Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qual-
quer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá conjugação
completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

* São impessoais, ainda:


- o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.

- os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:


Basta de tolices.
Chega de promessas.

- os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a
sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético,
tornando-se, tais verbos, pessoais.

- o verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. São
unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
miar, latir, piar).

* Observação: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

* Observação: todos os sujeitos apontados são oracionais.

- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é em-
pregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso

32
LÍNGUA PORTUGUESA

Eleger Elegido Eleito


Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escrever/
escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui) e
ir (fui, ia, vades).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das
formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

* Observação: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

33
LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Modo Subjuntivo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo


Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.doPreté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

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LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais


Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
haver haver havendo havido
haveres

haver

havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo


Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

35
LÍNGUA PORTUGUESA

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: A garota
penteou-me.

* Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do
sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Existem
três modos:

Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.


Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo,
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

36
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Infinitivo
1.1-) Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substan-
tivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

1.2-) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

2-) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

* Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1- Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2 – Sim, senhora! Vou estar verificando!

Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

3-) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o resul-
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos
saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Tempos do Modo Indicativo


- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

2. Tempos do Modo Subjuntivo


- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.

Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou de-
sejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Modo Indicativo

Presente do Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

38
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

39
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de nú-
mero e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

40
LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

- o verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

41
LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: 3-) (POLÍCIA MILITAR/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. – VUNESP/2014) Considere o trecho a seguir.
php Já __________ alguns anos que estudos a respeito da
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- utilização abusiva dos smartphones estão sendo desen-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. volvidos. Os especialistas acreditam _________ motivos para
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- associar alguns comportamentos dos adolescentes ao uso
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: prolongado desses aparelhos, e _________ alertado os pais
Saraiva, 2010. para que avaliem a necessidade de estabelecer limites aos
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- seus filhos.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res-
pectivamente, com:
Questões sobre Verbo (A) faz … haver … têm
(B) fazem … haver … tem
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – (C) faz … haverem … têm
2014) A assertiva correta quanto à conjugação verbal é: (D) fazem … haverem … têm
A) Houveram eleições em outros países este ano. (E) faz … haverem … tem
B) Se eu vir você por aí, acabou.
C) Tinha chego atrasado vinte minutos. 3-) Já FAZ (sentido de tempo: não sofre flexão) alguns
D) Fazem três anos que não tiro férias. anos que estudos a respeito da utilização abusiva dos
E) Esse homem possue muitos bens. smartphones estão sendo desenvolvidos. Os especialistas
acreditam HAVER (sentido de existir: não varia) motivos
1-) Correções à frente: para associar alguns comportamentos dos adolescentes ao
A) Houveram eleições em outros países este ano = uso prolongado desses aparelhos, e TÊM (concorda com o
houve termo “os especialistas”) alertado os pais para que avaliem
C) Tinha chego atrasado vinte minutos = tinha chegado a necessidade de estabelecer limites aos seus filhos.
D) Fazem três anos que não tiro férias = faz três anos Temos: faz, haver, têm.
RESPOSTA: “A”.
E) Esse homem possue muitos bens = possui
RESPOSTA: “B”.
Vozes do Verbo
2-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a
FE/2014) Complete as lacunas com os verbos, tempos e
ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
modos indicados entre parênteses, fazendo a devida con-
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar
cordância.
que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
• O juiz agrário ainda não _________ no conflito porque
as vozes verbais:
surgiram fatos novos de ontem para hoje. (intervir - preté-
rito perfeito do indicativo) - Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
• Uns poucos convidados ___________-se com os vídeos ação expressa pelo verbo:
postados no facebook. (entreter - pretérito imperfeito do
indicativo) Ele fez o tra-
• Representantes do PCRT somente serão aceitos na balho.
composição da chapa quando se _________ de criticar a sujeito agente ação objeto
atual diretoria do clube, (abster-se - futuro do subjuntivo) (paciente)
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A-) interveio - entretinham - abstiverem - Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a
B-) interviu - entretiveram - absterem ação expressa pelo verbo:
C-) intervém - entreteram - abstêm
D-) interviera - entretêm - abstiverem O trabalho foi feito p o r
E-) intervirá - entretenham - abstiveram ele.
sujeito paciente ação agente
da passiva
2-) O verbo “intervir” deve ser conjugado como o ver-
bo “vir”. Este, no pretérito perfeito do Indicativo fica “veio”, - Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
portanto, “interveio” (não existe “interviu”, já que ele não agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
deriva do verbo “ver”). Descartemos a alternativa B. Como
não há outro item com a mesma opção, chegamos à res-
posta rapidamente!
RESPOSTA: “A”.

42
LÍNGUA PORTUGUESA

O menino feriu-se. Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

* Observação: não confundir o emprego reflexivo do Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
verbo com a noção de reciprocidade: tancialmente o sentido da frase.
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro) O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Formação da Voz Passiva
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
A voz passiva pode ser formada por dois processos: (Voz Passiva)
analítico e sintético. Sujeito da Passiva Agente da Passi-
va
1- Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte ma-
neira: Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o
sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo: assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os Observe:
alunos pintarão a escola) - Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) nos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
* Observação: o agente da passiva geralmente é acom- mestres.
panhado da preposição por, mas pode ocorrer a constru-
ção com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada - Eu o acompanharei.
de soldados. Ele será acompanhado por mim.
- Pode acontecer de o agente da passiva não estar ex- * Observação: quando o sujeito da voz ativa for inde-
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. terminado, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
** Saiba que:
ção das frases seguintes:
- com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
porque o sujeito não pode ser visto como agente, paciente
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
ou agente-paciente.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)
Fontes de pesquisa:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- php
tivo) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Questões

2- Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁ-
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, segui- RIO – FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo
do do pronome apassivador “se”. Por exemplo: instituto Endeavor” equivale, na voz ativa, a:
Abriram-se as inscrições para o concurso. (A) que o instituto Endeavor traz;
Destruiu-se o velho prédio da escola. (B) que o instituto Endeavor trouxe;
(C) trazida pelo instituto Endeavor;
* Observação: o agente não costuma vir expresso na (D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
voz passiva sintética. (E) que traz o instituto Endeavor.

43
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa tere- Regras ortográficas
mos um: “que o instituto Endeavor trouxe” (manter o tem-
po verbal no pretérito – assim como na passiva). O fonema s
RESPOSTA: “B”.
S e não C/Ç

2-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 - palavras substantivadas derivadas de verbos com radi-
adaptada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por cais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão /
muitos o maior maratonista de todos os tempos” para a expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inver-
voz ativa, encontramos a seguinte forma verbal: são / aspergir - aspersão / submergir - submersão / divertir
A) consideravam. - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
B) consideram. repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
C) considerem. sentir - sensível / consentir – consensual.
D) considerarão.
E) considerariam.
SS e não C e Ç
2-) É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista
nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
de todos os tempos = dois verbos na voz passiva, então na
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou
ativa teremos UM: muitos o consideram o maior marato-
nista de todos os tempos. -meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir
RESPOSTA: “B”. - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / com-
prometer - compromisso / submeter – submissão.
3-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2014) *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
uma observação de Machado de Assis”, a forma verbal re- trico / re + surgir – ressurgir.
sultante deverá ser *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
(A) terei glosado plos: ficasse, falasse.
(B) seria glosada
(C) haverá de ser glosada C ou Ç e não S e SS
(D) será glosada
(E) terá sido glosada vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Ju-
3-) “vou glosar uma observação de Machado de Assis” çara, caçula, cachaça, cacique.
– “vou glosar” expressa “glosarei”, então teremos na pas- sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
siva: uma observação de Machado de Assis será glosada uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
por mim. esperança, carapuça, dentuço.
RESPOSTA: “D”. nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-
ter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
após ditongos: foice, coice, traição.
palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r):
ORTOGRAFIA marte - marciano / infrator - infração / absorto – absorção.

O fonema z
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
S e não Z
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
grafados segundo acordos ortográficos. sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é fose.
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti- seste.
mologia (origem da palavra). nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
empresa / difundir – difusão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Lui- CH e não X


sinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
verbos derivados de nomes cujo radical termina com mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar.
As letras “e” e “i”
Z e não S
Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo: “i”, só o ditongo interno cãibra.
macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escrevemos com
gem não termine com s): final - finalizar / concreto – con- “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói,
cretizar. possui, contribui.
consoante de ligação se o radical não terminar com “s”:
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal * Atenção para as palavras que mudam de sentido
quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (super-
Exceção: lápis + inho – lapisinho. fície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir)
/ emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estân-
O fonema j cia, que anda a pé), pião (brinquedo).

G e não J * Dica:
- Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, ges- grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar o
so. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ela-
estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. borado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de
terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- referência até mesmo para a criação de dicionários, pois
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. traz a grafia atualizada das palavras (sem o significado). Na
Internet, o endereço é www.academia.org.br.
Exceção: pajem.
Informações importantes
terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, - Formas variantes são formas duplas ou múltiplas,
litígio, relógio, refúgio. equivalentes: aluguel/aluguer, relampejar/relampear/re-
verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, lampar/relampadar.
mugir. - Os símbolos das unidades de medida são escritos
depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plu-
gir. ral, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
depois da letra “a”, desde que não seja radical termina- 120km/h.
do com j: ágil, agente. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
- Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
J e não G haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. quatro segundos).
palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, - O símbolo do real antecede o número sem espaço:
manjerona. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
palavras terminadas com aje: ultraje. vertical ($).

O fonema ch Fontes de pesquisa:


http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
X e não CH tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
xucro. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, lagar- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
tixa. Saraiva, 2010.
depois de ditongo: frouxo, feixe. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Exceção: quando a palavra de origem não derive de


outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Hífen ** O hífen é suprimido quando para formar outros ter-


mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi- Lembrete da Zê!
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos Ao separar palavras na translineação (mudança de li-
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a nha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se- hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). -inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima
linha escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as linhas).
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-
tográfica: Não se emprega o hífen:

1. Em palavras compostas por justaposição que formam 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
para formarem um novo significado: tio-avô, porto-ale- “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
grense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda- -fei- religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
ra, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, microrradiografia, etc.
azul-escuro.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora- vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
-menina, erva-doce, feijão-verde. trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
cola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: de-
sumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de- segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobriga-
meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.

5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, ta, etc.
etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- to, benquerer, benquerido, etc.
per- quando associados com outro termo que é iniciado
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. - Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas corres-
pondentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. pressuposto, propor.
- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. -humano, super-realista, alto-mar.
- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra- antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, Fontes de pesquisa:
geo--história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
super-homem. tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
termina com a mesma vogal do segundo elemento: micro
-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões Armandinho, personagem do cartunista Alexandre


Beck, sabe perfeitamente empregar os parônimos “cestas”
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) “sestas” e “sextas”. Quanto ao emprego de parônimos, da-
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que das as frases abaixo,
todas as palavras estão corretas: I. O cidadão se dirigia para sua _____________ eleitoral.
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial. II. A zona eleitoral ficava ___________ 200 metros de um
B) supracitado – semi-novo – telesserviço. posto policial.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som. III. O condutor do automóvel __________ a lei seca.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto. IV. Foi encontrada uma __________ soma de dinheiro no
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor. carro.
V. O policial anunciou o __________ delito.
1-) Correção:
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta Assinale a alternativa cujos vocábulos preenchem cor-
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo retamente as lacunas das frases.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi- A) seção, acerca de, infligiu, vultosa, fragrante.
droelétrica, ultrassom B) seção, acerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto C) sessão, a cerca de, infringiu, vultosa, fragrante.
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes- D) seção, a cerca de, infringiu, vultosa, flagrante.
trutura E) sessão, a cerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
RESPOSTA: “A”.
3-) Questão que envolve ortografia.
I. O cidadão se dirigia para sua SEÇÃO eleitoral. (setor)
2-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) II. A zona eleitoral ficava A CERCA DE 200 metros de um
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que
posto policial. (= aproximadamente)
todas as palavras estão corretas:
III. O condutor do automóvel INFRINGIU a lei seca. (re-
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.
lacione com infrator)
B) supracitado – semi-novo – telesserviço.
IV. Foi encontrada uma VULTOSA soma de dinheiro no
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
carro. (de grande vulto, volumoso)
D) contrarregra – autopista – semi-aberto.
V. O policial anunciou o FLAGRANTE delito. (relacione
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.
com “pego no flagra”)
2-) Correção: Seção / a cerca de / infringiu / vultosa / flagrante
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta RESPOSTA: “D”.
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi-
droelétrica, ultrassom
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto ACENTUAÇÃO
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes-
trutura
RESPOSTA: “A”.
Quanto à acentuação, observamos que algumas pala-
vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por
UFAL/2014) isso, vamos às regras!

Regras básicas – Acentuação tônica

A acentuação tônica está relacionada à intensidade


com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela
que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sí-
laba tônica. As demais, como são pronunciadas com menos
intensidade, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
das como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
a última sílaba. Ex.: café – coração – Belém – atum – caju –
papel

Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai


na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – sapato
– passível

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LÍNGUA PORTUGUESA

Proparoxítonas - São aquelas cuja sílaba tônica está ** Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos esti-
na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano verem em uma palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu)
– médico – ônibus ainda são acentuados: dói, escarcéu.

Há vocábulos que possuem mais de uma sílaba, mas Antes Agora


em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente:
são os chamados monossílabos. assembléia assembleia
idéia ideia
Os acentos
geléia geleia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e “i”, jibóia jiboia
“u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras represen- apóia (verbo apoiar) apoia
tam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, público.
paranóico paranoico
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
aberto: herói – médico – céu (ditongos abertos).
Acento Diferencial
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: tâma-
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
ra – Atlântico – pêsames – supôs .
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
e/ou tempos verbais. Por exemplo:
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmen-
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
te abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em
de Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: mülle-
tivo do mesmo verbo).
riano (de Müller)
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
gais nasais: oração – melão – órgão – ímã
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
Regras fundamentais
Os demais casos de acento diferencial não são mais
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
Palavras oxítonas:
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes gramati-
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”,
cais são definidos pelo contexto.
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
Polícia para o trânsito para realizar blitz. = o primeiro
pó(s) – Belém.
“para” é verbo; o segundo, preposição (com relação de fi-
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
nalidade).
- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
** Quando, na frase, der para substituir o “por” por
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
“colocar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
- Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex: Faço isso por
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
você. / Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Paroxítonas:
Regra do Hiato:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- i, is: táxi – lápis – júri
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, for a se-
- us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
gunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
- l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
acento. Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís
fórceps
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
- ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, Lu-iz,
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
sa-ir, ju-iz
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
** Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Re-
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
pare que esta palavra apresenta as terminações das paro-
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
xítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =
fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
Observação importante:
Regras especiais:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
palavras paroxítonas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Antes Agora Questões

bocaiúva bocaiuva 1-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – AUDITOR FISCAL


feiúra feiura TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – CETRO/2014 - adaptada) Assi-
nale a alternativa que contém duas palavras acentuadas
Sauípe Sauipe
conforme a mesma regra.
(A) “Hambúrgueres” e “repórter”.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
(B) “Inacreditáveis” e “repórter”.
abolido:
(C) “Índice” e “dólares”.
(D) “Inacreditáveis” e “atribuídos”.
Antes Agora (E) “Atribuídos” e “índice”.
crêem creem
1-)
lêem leem
(A) “Hambúrgueres” = proparoxítona / “repórter” = pa-
vôo voo roxítona
enjôo enjoo (B) “Inacreditáveis” = paroxítona / “repórter” = paro-
xítona
** Dica: Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos (C) “Índice” = proparoxítona / “dólares” = proparoxí-
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais tona
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. (D) “Inacreditáveis” = paroxítona / “atribuídos” = regra
Repare: do hiato
1-) O menino crê em você. / Os meninos creem em você. (E) “Atribuídos” = regra do hiato / “índice” = proparo-
2-) Elza lê bem! / Todas leem bem! xítona
3-) Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que RESPOSTA: “B”.
os garotos deem o recado!
4-) Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! 2-) (SEFAZ/RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à – FUNDATEC/2014 - adaptada)
tarde! Analise as afirmações que são feitas sobre acentuação
As formas verbais que possuíam o acento tônico na gráfica.
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
portuguesa.
II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
Antes Depois rios’ e ‘país’ não é a mesma.
apazigúe (apaziguar) apazigue III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente.
averigúe (averiguar) averigue IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em si-
tuação de uso, quanto à flexão de número.
argúi (arguir) argui Quais estão corretas?
A) Apenas I e III.
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa B) Apenas II e IV.
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo C) Apenas I, II e IV.
vir) D) Apenas II, III e IV.
E) I, II, III e IV.
A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles 2-)
obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm. I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
Fontes de pesquisa: portuguesa = teremos “transito” e “especifico” – serão ver-
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao. bos (correta)
htm II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- rios’ e ‘país’ não é a mesma = vários é paroxítona terminada
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. em ditongo; país é a regra do hiato (correta)
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente = há um
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: hiato, por isso a acentuação (da - í) = incorreta.
Saraiva, 2010. IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em
situação de uso, quanto à flexão de número = “vêm” é uti-
lizado para a terceira pessoa do plural (correta)
RESPOSTA: “C”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dois pontos (:)


PONTUAÇÃO
1- Antes de uma citação
Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que 2- Antes de um aposto


servem para compor a coesão e a coerência textual, além Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. tarde e calor à noite.
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
depende, em certos momentos, da intenção do autor do Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente a rotina de sempre.
relacionados ao contexto e ao interlocutor.
4- Em frases de estilo direto
Principais funções dos sinais de pontuação
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?
Ponto (.)

1- Indica o término do discurso ou de parte dele, en- Ponto de Exclamação (!)


cerrando o período.
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
2- Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- susto, súplica, etc.
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de pe- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
ríodo, este não receberá outro ponto; neste caso, o ponto
de abreviatura marca, também, o fim de período. Exemplo: 2- Depois de interjeições ou vocativos
Estudei português, matemática, constitucional, etc. (e não Ai! Que susto!
“etc..”) João! Há quanto tempo!

3- Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do Ponto de Interrogação (?)


ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
Mendes de Almeida) (ou: Almeida.) vedo)

4- Os números que identificam o ano não utilizam pon- Reticências (...)


to nem devem ter espaço a separá-los, bem como os nú-
meros de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. 1- Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis,
canetas, cadernos...
Ponto e Vírgula ( ; )
2- Indica interrupção violenta da frase.
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos
dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
mal... pega doutor?
(VIEIRA)

2- Separa partes de frases que já estão separadas por 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, mon- depois, o coração falar...
tanhas, frio e cobertor.
Vírgula (,)
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. Não se usa vírgula
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; * separando termos que, do ponto de vista sintático,
Caminhada na praia; ligam-se diretamente entre si:
Reunião com amigos. - entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

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LÍNGUA PORTUGUESA

- entre o verbo e seus objetos: Fontes de pesquisa:


O trabalho custou sacrifício aos http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
realizadores. http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
V.T.D.I. O.D. O.I. la.htm
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere-
Usa-se a vírgula: ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Para marcar intercalação: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun- coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
dância, vem caindo de preço.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão Questões
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús- 1-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014)
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
querem abrir mão dos lucros altos.

- Para marcar inversão:


a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
chadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
maio de 1982.

- Para separar entre si elementos coordenados (dis-


postos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

- Para marcar elipse (omissão) do verbo:


Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

- Para isolar: (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) Se-


- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei- gundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontuação
ra, possui um trânsito caótico. está correta em:
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. A) Hagar disse, que não iria.
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bi-
Observações: fes e lagostas, aos vizinhos.
- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres- C) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas:
são latina et cetera, que significa “e outras coisas”, seria dis- para Hagar e Helga
pensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo D) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Ha-
ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc. gar à Helga.
precedido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc. E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
- As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você 1-) Correções realizadas:
falou isso para ela?! A) Hagar disse que não iria. = não há vírgula entre ver-
bo e seu complemento (objeto)
- Temos, ainda, sinais distintivos: B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir bi-
1-) a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- fes e lagostas aos vizinhos. = não há vírgula entre verbo e
ração de siglas (IOF/UPC); seu complemento (objeto)
2-) os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas C) Chegou o convite dos Stevensens: bife e lagostas
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção para Hagar e Helga.
aos parênteses, principalmente na matemática; D) “Eles são chatos e nunca param de falar”, disse Ha-
3-) o asterisco ( * ) = usado para remeter o leitor a gar à Helga.
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
nome que não se quer mencionar. los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
RESPOSTA: “E”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO TRA- Concordância Verbal


BALHO – CESPE/2014 - adaptada)
A correção gramatical do trecho “Entre as bebidas al- É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
coólicas, cervejas e vinhos são as mais comuns em todo seu sujeito.
o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse uma vírgula
logo após a palavra “vinhos”. a) Sujeito Simples - Regra Geral
( ) CERTO ( ) ERRADO O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
em número e pessoa. Veja os exemplos:
2-) Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predi- A prova para ambos os cargos será aplicada
cado, a não ser que se trate de um aposto (1), predicativo às 13h.
do sujeito (2), ou algum termo que requeira estar separado 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
entre pontuações. Exemplos:
O Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
RESPOSTA: “CERTO”.
Casos Particulares
3-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014) Em
apenas uma das opções a vírgula foi corretamente empre- 1) Quando o sujeito é formado por uma expressão par-
gada. Assinale-a. titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas. um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- no singular ou no plural.
plexas. A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram
fundamental. proposta.
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque-
na parte do território. Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda-
3-) los destruiu / destruíram o monumento.
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. = correta
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas = não se Observação: nesses casos, o uso do verbo no singular
separa sujeito do predicado (o sujeito está no final). enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- destaque aos elementos que formam esse conjunto.
plexas = não se separa sujeito do predicado.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e fun- 2) Quando o sujeito é formado por expressão que in-
damental = não se separa sujeito do predicado. dica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de,
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque- perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo con-
na parte do território. = não se separa sujeito do predicado corda com o substantivo.
RESPOSTA: “A”. Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas
Olimpíadas.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Observação: quando a expressão “mais de um” asso-
ciar-se a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é
obrigatório: Mais de um colega se ofenderam na discussão.
Os concurseiros estão apreensivos. (ofenderam um ao outro)
Concurseiros apreensivos.
3) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
No primeiro exemplo, o verbo estar encontra-se na ral, a concordância deve ser feita levando-se em conta a
terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve
os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreen- ficar no singular; com artigo no plural, o verbo deve ficar
sivos” está concordando em gênero (masculino) e núme- o plural.
ro (plural) com o substantivo a que se refere: concurseiros. Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gê- Estados Unidos possui grandes universidades.
nero correspondem-se. Alagoas impressiona pela beleza das praias.
A correspondência de flexão entre dois termos é a con- As Minas Gerais são inesquecíveis.
cordância, que pode ser verbal ou nominal. Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou *Quando “um dos que” vem entremeada de substanti-
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, vo, o verbo pode:
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pes- o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio que faça o
soa do plural) ou com o pronome pessoal. mesmo).
Quais de nós são / somos capazes? b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? poluídos (noção de que existem outros rios na mesma con-
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- dição).
vadoras.
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Observação: veja que a opção por uma ou outra forma verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém Vossa Excelência está cansado?
diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- Vossas Excelências renunciarão?
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e 9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. acordo com o numeral.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver Deu uma hora no relógio da sala.
no singular, o verbo ficará no singular. Deram cinco horas no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Soam dezenove horas no relógio da praça.
Algum de vós fez isso. Baterão doze horas daqui a pouco.

5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra re-
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve lógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
concordar com o substantivo. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Soa quinze horas o relógio da matriz.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do
prefeito. 10) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% do eleitorado aceita a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. São
1% dos alunos faltaram à prova. verbos impessoais: Haver no sentido de existir; Fazer indi-
cando tempo; Aqueles que indicam fenômenos da nature-
Quando a expressão que indica porcentagem não é za. Exemplos:
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o nú- Havia muitas garotas na festa.
mero. Faz dois meses que não vejo meu pai.
25% querem a mudança. Chovia ontem à tarde.
1% conhece o assunto.
b) Sujeito Composto
Se o número percentual estiver determinado por artigo
ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com eles: 1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo,
Os 30% da produção de soja serão exportados. a concordância se faz no plural:
Esses 2% da prova serão questionados. Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
6) O pronome “que” não interfere na concordância; já o
“quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do singular. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fui eu que paguei a conta. Sujeito
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. 2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
Sou eu quem faz a prova. maticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte ma-
Não serão eles quem será aprovado. neira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece sobre a
segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece sobre a
7) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu- terceira (eles). Veja:
mir a forma plural. Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Primeira Pessoa do Plural (Nós)
taram os poetas.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação: quando o sujeito é composto, formado 5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem um
(ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do mesmo grau de importância e a palavra “com” tem sentido
plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no muito próximo ao de “e”.
lugar de “tomaríeis”. O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, para o próximo semestre.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em O professor com o aluno questionaram as regras.
vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o
verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do su- Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
jeito mais próximo. ideia é enfatizar o primeiro elemento.
Faltaram coragem e competência. O pai com o filho montou o brinquedo.
Faltou coragem e competência. O governador com o secretariado traçou os planos para
o próximo semestre.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
O professor com o aluno questionou as regras.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
Observação: com o verbo no singular, não se pode
4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân-
falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez
cia é feita no plural. Observe: que as expressões “com o filho” e “com o secretariado” são
Abraçaram-se vencedor e vencido. adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como se
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. houvesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Casos Particulares “O governador traçou os planos para o próximo semes-
tre com o secretariado.”
1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos “O professor questionou as regras com o aluno.”
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. *Casos em que se usa o verbo no singular:
A coragem e o destemor fez dele um herói. Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular: 6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- pressões correlativas como: “não só...mas ainda”, “não so-
do me satisfaz. mente”..., “não apenas...mas também”, “tanto...quanto”, o
verbo ficará no plural.
3) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de acor- Nordeste.
do com o valor semântico das conjunções: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no-
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe- tícia.
sia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. 7) Quando os elementos de um sujeito composto são
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi- feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
ção”. Já em:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Juca ou Pedro será contratado.
na vida das pessoas.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
píada.
Outros Casos
* Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no 1) O Verbo e a Palavra “SE”
singular. Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas
de particular interesse para a concordância verbal:
4) Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
outro”, a concordância costuma ser feita no singular. b) quando é partícula apassivadora.
Um ou outro compareceu à festa. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
Nem um nem outro saiu do colégio. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no ceira pessoa do singular:
singular: Um e outro farão/fará a prova. Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular:
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos: Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Construiu-se um posto de saúde. Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Construíram-se novos postos de saúde. Duas semanas de férias é muito para mim.
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas. d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará o
** Dica: Para saber se o “se” é partícula apassivadora verbo.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente transformar No meu setor, eu sou a única mulher.
a frase para a voz passiva. Se a frase construída for “com- Aqui os adultos somos nós.
preensível”, estaremos diante de uma partícula apassivado-
ra; se não, o “se” será índice de indeterminação. Veja: Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre-
Precisa-se de funcionários qualificados. dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo
Tentemos a voz passiva: concorda com o pronome sujeito.
Funcionários qualificados são precisados (ou precisos)? Eu não sou ela.
Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice de inde- Ela não é eu.
terminação do sujeito.
Agora: e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
Vendem-se casas. titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta! SER concordará com o predicativo.
Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para eu A grande maioria no protesto eram jovens.
passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Per- O resto foram atitudes imaturas.
cebeu semelhança? Agora é só memorizar!).
2) O Verbo “Ser” 3) O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
sujeito.
b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo
Quando o sujeito ou o predicativo for: sofre flexão:
As crianças parece gostarem do desenho.
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
concorda com a pessoa gramatical: crianças)
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
A esperança dos pais são eles, os filhos. CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no subordinada substantiva subjetiva).
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural: Concordância Nominal
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
Quando o verbo SER indicar ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
a) horas e distâncias, concordará com a expressão normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
numérica: termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
É uma hora. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
São quatro horas. seguintes regras gerais:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilôme- 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
tros. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas denun-
ciavam o que sentia.
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
estar expressa ou subentendida: 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje é dia 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
Hoje são 26 de agosto. xão nos seguintes casos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

a) Adjetivo anteposto aos substantivos: ** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
- O adjetivo concorda em gênero e número com o a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de advérbio,
substantivo mais próximo. portanto, invariável; se houver coerência com o segundo,
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. função de adjetivo, então varia:
Encontramos caída a roupa e os prendedores. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad-
vérbio
- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. ** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descansan-
do)
b) Adjetivo posposto aos substantivos: 7) Quando um único substantivo é modificado por dois
- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as cons-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural se truções:
houver substantivo feminino e masculino). a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espanhola
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. e a portuguesa.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e portu-
Observação: os dois últimos exemplos apresentam guesa.
maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se
refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi Casos Particulares
flexionado no plural masculino, que é o gênero predomi-
nante quando há substantivos de gêneros diferentes. É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
mitido
- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural. a) Estas expressões, formadas por um verbo mais um
A beleza e a inteligência feminina(s). adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se referem
O carro e o iate novo(s). possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo).
É proibido entrada de crianças.
3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: Em certos momentos, é necessário atenção.
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substan- No verão, melancia é bom.
tivo não for acompanhado de nenhum modificador: Água É preciso cidadania.
é bom para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.

b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for b) Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
modificado por um artigo ou qualquer outro determinati- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
vo: Esta água é boa para saúde. como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os Esta salada é ótima.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as A educação é necessária.
muito felizes. São precisas várias medidas na educação.

5) Nas expressões formadas por pronome indefinido Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui-
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + te
adjetivo, este último geralmente é usado no masculino sin-
gular: Os jovens tinham algo de misterioso. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun- Seguem anexas as documentações requeridas.
ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a que A menina agradeceu: - Muito obrigada.
se refere: Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Cristina saiu só. Seguem inclusos os papéis solicitados.
Cristina e Débora saíram sós. Estamos quites com nossos credores.

Observação: quando a palavra “só” equivale a “somen-


te” ou “apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto,
invariável: Eles só desejam ganhar presentes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Bastante - Caro - Barato - Longe Questões

Estas palavras são invariáveis quando funcionam como 1-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA
advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan- E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS-
do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu- TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar
merais. satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro- Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
nome adjetivo) concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) Excelência”.
As casas estão caras. (adjetivo) ( ) CERTO ( ) ERRADO
Achei barato este casaco. (advérbio)
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) 1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi-
nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
Meio - Meia masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
pronome de tratamento é apenas a maneira de como tratar
a) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, a autoridade, não concordando com o gênero (o pronome
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi de tratamento, apenas).
meia porção de polentas. RESPOSTA: “ERRADO”.
b) Quando empregada como advérbio permanece in- 2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
variável: A candidata está meio nervosa. RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados
** Dica! Dá para eu substituir por “um pouco”, assim no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”,
saberei que se trata de um advérbio, não de adjetivo: “A
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, a
candidata está um pouco nervosa”.
nova redação, de acordo com as regras sobre regência ver-
bal e concordância nominal prescritas pela norma-padrão,
Alerta - Menos
deveria ser
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
sempre invariáveis.
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no eleva-
Os concurseiros estão sempre alerta.
dor.
Não queira menos matéria!
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no eleva-
* Tome nota! dor.
Não variam os substantivos que funcionam como ad- (E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
jetivos:
Bomba – notícias bomba 2-) O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”, in-
Chave – elementos chave direto (com preposição): Esqueço os filmes dos quais não
Monstro – construções monstro gosto.
Padrão – escola padrão RESPOSTA: “E”.

Fontes de pesquisa: 3-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) Considerada a


http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. substituição do segmento grifado pelo que está entre pa-
php rênteses ao final da transcrição, o verbo que deverá perma-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- necer no singular está em:
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: (A) ... disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. (os pes-
Saraiva, 2010. quisadores)
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. ruína dessa sociedade... (as mudanças do clima)
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- (C) No sistema havia também uma estação... (várias es-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. tações)
(D) ... a civilização maia da América Central tinha um
método sustentável de gerenciamento da água. (os povos
que habitavam a América Central)
(E) Um estudo publicado recentemente mostra que a
civilização maia... (Estudos como o que acabou de ser pu-
blicado).

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) 1-) Verbos Intransitivos


(A) ... disse (disseram) (os pesquisadores)
(B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu (con- Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
tribuíram) (as mudanças do clima) importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(C) No sistema havia (várias estações) = permanecerá aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
no singular - Chegar, Ir
(D) ... a civilização maia da América Central tinha (ti- Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
nham) (os povos que habitavam a América Central) biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
(E) Um estudo publicado recentemente mostra (mos- indicar destino ou direção são: a, para.
tram) (Estudos como o que acabou de ser publicado). Fui ao teatro.
RESPOSTA: “C”. Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
- Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a.
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome último jogo.
(regência nominal) e seus complementos.
2-) Verbos Transitivos Diretos
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
Os verbos transitivos diretos são complementados por
A regência verbal estuda a relação que se estabelece objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
entre os verbos e os termos que os complementam (obje- para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regência, o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes
o que corresponde à diversidade de significados que estes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver-
verbos podem adquirir dependendo do contexto em que bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
forem empregados. formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con- lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
tentar. São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar agra- donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
do ou prazer”, satisfazer. admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender,
dar a alguém”. eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amo aquela moça. / Amo-a.
modificar completamente o sentido daquilo que está sen- Amam aquele rapaz. / Amam-no.
do dito. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Observação: os pronomes lhe, lhes só acompanham
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. adjuntos adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite às crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
A voluntária distribuía leite com as crianças. reira)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- mor)
to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto
(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial). 3-) Verbos Transitivos Indiretos

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Os verbos transitivos indiretos são complementados
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
formas em frases distintas. regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-

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LÍNGUA PORTUGUESA

ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são Informar
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- Informe os novos preços aos clientes.
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos preços)
lhe, lhes.
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: as construções:
- Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
iguais para todos.
bre eles)
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
Observação: a mesma regência do verbo informar é
tos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientifi-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. car, prevenir.

- Responder - Tem complemento introduzido pela pre- Comparar


posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
quem” ou “ao que” se responde. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
Respondi ao meu patrão. indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
Respondemos às perguntas. uma criança.
Respondeu-lhe à altura.
Pedir
Observação: o verbo responder, apesar de transitivo Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
voz passiva analítica: pessoa.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen- Pedi-lhe favores.
te.
Objeto Indireto Objeto Direto
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
tos introduzidos pela preposição “com”.
Antipatizo com aquela apresentadora. Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover- tantiva Objetiva Direta
nam para uma minoria privilegiada.
Saiba que:
4-) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos - A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta- licença estiver subentendida.
que, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto
indireto relacionado a pessoas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti-
Agradeço aos ouvintes a audiência. vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Objeto Indireto Objeto Direto
Preferir
Paguei o débito ao cobrador.
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
Objeto Direto Objeto Indireto
direto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado: Prefiro trem a ônibus.
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Observação: na língua culta, o verbo “preferir” deve
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito,
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é
Paguei minhas contas. / Paguei-as. dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi- CHAMAR


cado - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi- Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen- má-la.
to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin- Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
guístico muito importante, pois além de permitir a correta
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi-
estão: cativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
AGRADAR A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando.
- Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Aquele comerciante agrada os clientes.
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar CUSTAR
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento in- - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
troduzido pela preposição “a”. valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
O cantor não agradou aos presentes. Frutas e verduras não deveriam custar muito.
O cantor não lhes agradou.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
*O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
O cantor desagradou à plateia. duzida de infinitivo.

ASPIRAR Muito custa viver tão longe da família.


- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi- Verbo Intransitivo Oração Subordinada
rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Custou-me (a mim) crer nisso.
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi- Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
rávamos a ele) tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

* Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- *A Gramática Normativa condena as construções que
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. pessoa: Custei para entender o problema. = Forma
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= As- correta: Custou-me entender o problema.
piravam a ela)
IMPLICAR
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
ASSISTIR
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
implicavam um firme propósito.
tar assistência a, auxiliar.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
ciar, estar presente, caber, pertencer. econômicas.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Essa lei assiste ao inquilino. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.
*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de NAMORAR
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
conturbada cidade. anos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

OBEDECER - DESOBEDECER Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-


- Sempre transitivo indireto: brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Todos obedeceram às regras. alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
Ninguém desobedece às leis. gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
*Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
PROCEDER Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter momentos é sujeito)
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto SIMPATIZAR - ANTIPATIZAR
adverbial de modo. - São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
As afirmações da testemunha procediam, não havia Não simpatizei com os jurados.
como refutá-las. Simpatizei com os alunos.
Você procede muito mal.
Importante: A norma culta exige que os verbos e ex-
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- pressões que dão ideia de movimento sejam usados com
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido a preposição “a”:
pela preposição “a”) é transitivo indireto. Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
O avião procede de Maceió. Cláudia desceu ao segundo andar.
Procedeu-se aos exames. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
O delegado procederá ao inquérito.
Regência Nominal
QUERER
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter É o nome da relação existente entre um nome (subs-
vontade de, cobiçar. tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
Querem melhor atendimento. nome. Essa relação é sempre intermediada por uma prepo-
Queremos um país melhor. sição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos. um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
VISAR nomes correspondentes: todos regem complementos in-
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi- troduzidos pela preposição a. Veja:
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo. Obedecer a algo/ a alguém.
O gerente não quis visar o cheque. Obediente a algo/ a alguém.

- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Se uma oração completar o sentido de um nome, ou
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”. seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
O ensino deve sempre visar ao progresso social. completiva nominal (subordinada substantiva).
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
nal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,


exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
to, transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: para-
lela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Questões

1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta da
língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo


A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. = prefiro viajar (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
de ônibus a dirigir sujeito e predicado.
B) Eu esqueci do seu nome. = Eu me esqueci do seu O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
nome em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
C) Você assistiu à cena toda? = correta tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
D) Ele chegou na oficina pela manhã. = Ele chegou à frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
oficina pela manhã que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
E) Sempre obedeço as leis de trânsito. = Sempre obe- a declaração do que se atribui ao sujeito.
deço às leis de trânsito Quando o núcleo da declaração está no verbo (que in-
RESPOSTA: “C”. dique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signi-
ficativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver
2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP – em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predi-
MÉDICO LEGISTA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia o se- cado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os
guinte trecho para responder à questão. que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):
A pesquisa encontrou um dado curioso: homens com O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
baixos níveis de testosterona tiveram uma resposta imuno- (predicado verbal)
lógica melhor a essa medida, similar _______________ . A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
A alternativa que completa, corretamente, o texto é: cleo é “fácil” (predicado nominal)
(A) das mulheres
(B) às mulheres Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
(C) com das mulheres por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
(D) à das mulheres completo. O período pode ser simples ou composto.
(E) ao das mulheres
Período simples é aquele constituído por apenas uma
oração, que recebe o nome de oração absoluta.
2-) Similar significa igual; sua regência equivale à da
Chove.
palavra “igual”: igual a quê? Similar a quem? Similar à (su-
A existência é frágil.
bentendido: resposta imunológica) das mulheres.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
RESPOSTA: “D”.
Período composto é aquele constituído por duas ou
mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO Termos essenciais da oração
TERMOS DA ORAÇÃO
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
para a formação das orações. No entanto, existem orações
formadas exclusivamente pelo predicado. O que define a
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo que es-
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por tabelece concordância com o verbo.
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato- O candidato está preparado.
riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou Os candidatos estão preparados.
muito ontem à noite.
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
(sem a presença de verbos), feita a partir de seus elementos estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu no singular: candidato = está).
sentido global: A função do sujeito é basicamente desempenhada por
- frases interrogativas = o emissor da mensagem for- substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora-
mula uma pergunta: Que dia é hoje? ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras
- frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz palavras substantivadas (derivação imprópria) também po-
um pedido: Dê-me uma luz! dem exercer a função de sujeito.
- frases exclamativas = o emissor exterioriza um estado Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
afetivo: Que dia abençoado! tantivo)
- frases declarativas = o emissor constata um fato: A Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
prova será amanhã. plo: substantivo)

63
LÍNGUA PORTUGUESA

Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: 1-) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
sujeito. Bateram à porta;
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado nistro.
pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é * Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
possível identificar claramente a que se refere a concor- ou composto:
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte- Os meninos bateram à porta. (simples)
ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
Estão gritando seu nome lá fora.
Trabalha-se demais neste lugar. 2-) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- verbos que não apresentam complemento direto:
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Precisa-se de mentes criativas.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, Vivia-se bem naqueles tempos.
sublinhei os núcleos dos sujeitos: Trata-se de casos delicados.
Nós estudaremos juntos. Sempre se está sujeito a erros.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma indeterminação do sujeito.
derivação imprópria, transformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A men-
O sujeito composto é o sujeito determinado que apre- sagem está centrada no processo verbal. Os principais ca-
sos de orações sem sujeito com:
senta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.
1-) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanheceu.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Está trovejando.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
2-) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do
geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela Está tarde.
desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.
* Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segun- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
da do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os prono- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
mes não estejam explícitos. um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
na desinência verbal “-mos” do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- do sujeito numa oração é o seu predicado.
nência verbal “-ais” Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião.
Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós * Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós cado.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer - As questões estavam fáceis!


ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito simples = as questões
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = estavam fáceis
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermina- Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
do de duas maneiras: Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento

64
LÍNGUA PORTUGUESA

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no- duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
também se as palavras que formam o predicado referem- verbal e outro nominal.
se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração. O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
de opinião. o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
Predicado
Termos integrantes da oração
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
direta ou indiretamente ao verbo. complemento nominal são chamados termos integrantes da
A cidade está deserta. oração.
Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento Estes verbos podem se relacionar com seus complementos
de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a diretamente, sem a presença de preposição, ou indireta-
palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo mente, por intermédio de preposição.
do sujeito).
O objeto direto é o complemento que se liga direta-
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo mente ao verbo.
significativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano. Queremos sua ajuda.
Estudei muito hoje!
O objeto direto preposicionado ocorre principalmen-
Compraste a apostila?
te:
- com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro-
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
cessos.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
na-se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- - com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da Vossa Senhoria.
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, - para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do a crise)
sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como ele- retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele rela- Gosto de música popular brasileira.
cionadas. Necessito de ajuda.
* A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. O termo que integra o sentido de um nome chama-se
complemento nominal, que se liga ao nome que comple-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- ta por intermédio de preposição:
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao “necessária”
sujeito ou ao complemento verbal (objeto). Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por in- Termos acessórios da oração e vocativo
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
termo a que se refere. Os termos acessórios recebem este nome por serem
1- O dia amanheceu ensolarado; explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
2- As mulheres julgam os homens inconstantes. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo
– este, sem relação sintática com outros temos da oração.

65
LÍNGUA PORTUGUESA

O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- O aposto pode ser classificado, de acordo com seu va-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o lor na oração, em:
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a mundo.
pé àquela velha praça. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
adverbial são: tudo forma o carnaval.
- assunto: Falavam sobre futebol. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
- causa: As folhas caíram com o vento. ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
- companhia: Ficarei com meus pais.
- concessão: Apesar de você, serei feliz. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo
- dúvida: Talvez ainda chova. relação sintática com outro termo da oração. A função de
- fim: Estudou para o exame. vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
- instrumento: Fez o corte com a faca. substantivos, numerais e palavras substantivadas esse pa-
- intensidade: Falava bastante.
pel na linguagem.
- lugar: Vou à cidade.
João, venha comigo!
- matéria: Este prato é feito de porcelana.
Traga-me doces, minha menina!
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo.
- negação: Não há ninguém que mereça.
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. Questões

O adjunto adnominal é o termo acessório que deter- 1-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função UFAL/2014 - adaptada)
adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que
exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais
e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substan-


tivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predi-
cativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: ad-
junto adnominal)

O poeta português deixou uma obra inacabada. O cartaz acima divulga a peça de teatro “Quem tem
O poeta deixou-a inacabada. medo de Virginia Woolf?” escrita pelo norte-americano
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do Edward Albee. O termo “de Virginia Woolf”, do título em
objeto)
português da peça, funciona como:
A) objeto indireto.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
B) complemento nominal.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto adnominal se
relaciona apenas ao substantivo. C) adjunto adnominal.
D) adjunto adverbial.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, E) agente da passiva.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um ter-
mo que exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda- 1-) O termo complementa a palavra “medo”, que é
feira, passei o dia mal-humorado. substantivo (nome – nominal). Portanto é um complemen-
to nominal. O verbo “ter” tem como complemento verbal
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo (objeto) a palavra “medo”, que exerce a função sintática de
“ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo objeto direto.
que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira RESPOSTA: “B”.
passei o dia mal-humorado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) Coordenadas Assindéticas


... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com- São orações coordenadas entre si e que não são liga-
plemento que o da frase acima está em: das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos-
(A) A Rota da Seda nunca foi uma rota única... tas.
(B) Esses caminhos floresceram durante os primórdios Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
da Idade Média.
(C) ... viajavam por cordilheiras... Coordenadas Sindéticas
(D) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
(E) O maquinista empurra a manopla do acelerador. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en-
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor-
2-) Acompanhar é transitivo direto (acompanhar quem denativa, que dará à oração uma classificação. As orações
ou o quê - não há preposição): coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos:
A = foi = verbo de ligação (ser) – não há complemento, aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicati-
mas sim, predicativo do sujeito (rota única); vas.
B = floresceram = intransitivo (durante os primórdios =
adjunto adverbial); ** Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
C = viajavam = intransitivo (por cordilheiras = adjunto Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin-
adverbial); cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
D = cair = intransitivo; só... como, assim... como.
E = empurra = transitivo direto (empurrar quem ou o Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
quê?) Comprei o protetor solar e fui à praia.
RESPOSTA: “E”.
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
Período Composto por Coordenação principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
O período composto se caracteriza por possuir mais de Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
uma oração em sua composição. Sendo assim: Li tudo, porém não entendi!
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração) Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas seja...seja.
orações) Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
orações). principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer Passei no concurso, portanto comemorarei!
entre as orações de um período composto: uma relação de A situação é delicada; devemos, pois, agir.
coordenação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am- de, pois (anteposto ao verbo).
bas, estruturas individuais, como é o exemplo de: Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. mingo.
(Período Composto) Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar. Período Composto Por Subordinação
2. Irei à praia.
Separando as duas, vemos que elas são independen- Quero que você seja aprovado!
tes. Tal período é classificado como Período Composto Oração principal oração subordinada
por Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- Observe que na oração subordinada temos o verbo
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
Sindéticas. do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por
conjunção. As orações subordinadas que apresentam ver-
bo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por con-
junção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.

67
LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos modificar o período acima. Veja: * Atenção: Observe que a oração subordinada subs-
tantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim,
Quero ser aprovado. temos um período simples:
Oração Principal Oração Subordinada É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que- a função de sujeito.
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração su- Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
bordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordi- principal:
nada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso,
a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, - Verbos de ligação + predicativo, em construções do
desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particí- claro - Está evidente - Está comprovado
pio) chamamos orações reduzidas ou implícitas. É bom que você compareça à minha festa.
* Observação: as orações reduzidas não são introdu-
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se,
zidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser,
Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
eventualmente, introduzidas por preposição.
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
1-) Orações Subordinadas Substantivas

A oração subordinada substantiva tem valor de subs- - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte- importar - ocorrer - acontecer
grante (que, se). Convém que não se atrase na entrevista.

Não sei se sairemos hoje. Observação: quando a oração subordinada substanti-


Oração Subordinada Substantiva va é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na
3.ª pessoa do singular.
Temos medo de que não sejamos aprovados.
Oração Subordinada Substantiva b) Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
do verbo da oração principal:
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem Todos querem sua aprovação no concurso.
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, Objeto Direto
como).
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
O garoto perguntou qual seu nome. querem isso)
Oração Subordinada Subs- Oração Principal oração Subordinada Substantiva
tantiva Objetiva Direta

Não sabemos quando ele virá. As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
Oração Subordinada Substan- (desenvolvidas) são iniciadas por:
tiva - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
“se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
Classificação das Orações Subordinadas Substanti-
vas
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
Conforme a função que exerce no período, a oração
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
subordinada substantiva pode ser:
a) Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
verbo da oração principal: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
É fundamental o seu comparecimento à reu- não sei por que ela fez isso.
nião.
Sujeito c) Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
É fundamental que você compareça à
reunião. Meu pai insiste em meu estudo.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Objeto Indireto
tiva Subjetiva

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LÍNGUA PORTUGUESA

Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste 2-) Orações Subordinadas Adjetivas
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Objetiva Indireta valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
Observação: em alguns casos, a preposição pode estar a função de adjunto adnominal do antecedente.
elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno-
Objetiva Indireta minal)

d) Completiva Nominal = completa um nome que O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
pertence à oração principal e também vem marcada por “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
preposição. construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:

Sentimos orgulho de seu comportamento. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Complemento Nominal Oração Principal Oração Subordinada
Adjetiva
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sen-
timos orgulho disso.) Perceba que a conexão entre a oração subordinada
Oração Subordinada Substantiva adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
Completiva Nominal feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- uma função sintática na oração subordinada: ocupa o pa-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto pel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso,
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma sujeito).
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
Observação: para que dois períodos se unam num
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
período composto, altera-se o modo verbal da segunda
segundo, um nome.
oração.
e) Predicativa = exerce papel de predicativo do sujei-
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
to do verbo da oração principal e vem sempre depois do
conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
verbo ser.
substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Nosso desejo era sua desistência. Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é
Predicativo do Sujeito equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
era isso)
Oração Subordinada Substantiva Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Predicativa apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Observação: em certos casos, usa-se a preposição ex- das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
pletiva “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
que não fui bem na prova. (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
f) Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- particípio).
mo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Aposto
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome re-
Oração subordinada lativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito per-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo feito do indicativo. No segundo, há uma oração subordina-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) da adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo
e seu verbo está no infinitivo.
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! (:)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
Na relação que estabelecem com o termo que caracteri- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
zam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas minha vida.
maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especifi-
cam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
subordinadas adjetivas restritivas. Existem também orações ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração
que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o ante-
“Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordi-
cedente, que já se encontra suficientemente definido. Estas
nada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois
orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo 1: é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
passava naquele momento. pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la,
Oração obtendo-se:
Subordinada Adjetiva Restritiva Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha
vida.
No período acima, observe que a oração em destaque
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o uni- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens, introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
mas sim àquele que estava passando naquele momento. preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

Exemplo 2: Observação: a classificação das orações subordinadas


O homem, que se considera racional, muitas vezes age adverbiais é feita do mesmo modo que a classificação dos
animalescamente. adjuntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa pela oração.
Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo
Orações Subordinadas Adverbiais
em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explici-
ta uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de
“homem”. a) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
** Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicati- que se declara na oração principal. Principal conjunção su-
va é separada da oração principal por uma pausa que, na bordinativa causal: porque. Outras conjunções e locuções
escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que causais: como (sempre introduzido na oração anteposta à
a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as ora- oração principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto
ções explicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm que.
sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Já que você não vai, eu também não vou.
3-) Orações Subordinadas Adverbiais
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce sindética explicativa é que esta “explica” o fato que aconte-
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. ceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apresenta
Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, a “causa” do acontecimento expresso na oração à qual ela
causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem se subordina. Repare:
introduzida por uma das conjunções subordinativas (com
1-) Faltei à aula porque estava doente.
exclusão das integrantes, que introduzem orações subor-
2-) Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
dinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a con-
junção ou locução conjuntiva que a introduz (assim como Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro que o
acontece com as coordenadas sindéticas). fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de estar
doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a oração
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. sublinhada relata um fato que aconteceu depois, já que
Oração Subordinada Adverbial primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram vermelhos.
b) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal. São in-
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adver- troduzidas pelas conjunções e locuções: que, de forma que,
bial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que, tan-
que indicam uma circunstância referente, via de regra, a to...que, tamanho...que.
um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
exata compreensão da circunstância que exprime. (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)

70
LÍNGUA PORTUGUESA

Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- g) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
cretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção subordi-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi- nativa final: a fim de. Outras conjunções finais: que, porque
da de Infinitivo) (= para que) e a locução conjuntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
c) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
como necessário para a realização ou não de um fato. As
orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o h) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
que deve ou não ocorrer para que se realize - ou deixe de seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
se realizar - o fato expresso na oração principal. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: à
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- proporção que. Outras locuções conjuntivas proporcio-
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, nais: à medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), quanto me-
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). nor...(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...(mais),
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, quanto mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto me-
certamente o melhor time será campeão. nos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertáva-
mos.
d) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradição ou
um fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente i) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
ligada ao contraste, à quebra de expectativa. Principal con- expresso na oração principal, podendo exprimir noções de
junção subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam- simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Principal
bém a conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda conjunção subordinativa temporal: quando. Outras con-
quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. junções subordinativas temporais: enquanto, mal e locu-
Só irei se ele for. ções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com:
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
Irei mesmo que ele não vá.
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
Fontes de pesquisa:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con-
se-periodo-e-oracao
cessiva.
Observe outros exemplos: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Embora fizesse calor, levei agasalho. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)

e) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais CRASE


comparativas estabelecem uma comparação com a ação
indicada pelo verbo da oração principal. Principal conjun-
ção subordinativa comparativa: como.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
Você age como criança. (age como uma criança age) idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com
o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pro-
*geralmente há omissão do verbo. nomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com
o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais).
f) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou Casos estes em que tal fusão encontra-se demarcada pelo
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para a acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às
execução do que se declara na oração principal. Principal quais.
conjunção subordinativa conformativa: conforme. Outras O uso do acento indicativo de crase está condicionado
conjunções conformativas: como, consoante e segundo (to- aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e no-
das com o mesmo valor de conforme). minal, mais precisamente ao termo regente e termo regido.
Fiz o bolo conforme ensina a receita. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - que exige
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm complemento regido pela preposição “a”, e o termo regido
direitos iguais. é aquele que completa o sentido do termo regente, admi-
tindo a anteposição do artigo a(s).

71
LÍNGUA PORTUGUESA

Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con- * A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
tratada recentemente. verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:
Após a junção da preposição com o artigo (destacados - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pres-
entre parênteses), temos: sas, à vontade...
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
recentemente. de...
- locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, clas-
sifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referi- * Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
mos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome Eu adoro a noite!
demonstrativo aquela (àquela). Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
Observação importante: Alguns recursos servem de preposição.
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não da
crase. Eis alguns: Casos passíveis de nota:
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase *a crase é facultativa diante de nomes próprios femini-
está confirmada. nos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor. *também é facultativa diante de pronomes possessivos
femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expres- *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja ficará
são “voltar da”, há a confirmação da crase. aberta até as (às) dezoito horas.
Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
Não me esqueço da viagem a Roma.
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão por
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
mais vividos.
* Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
a queima de fogos a distância.
está confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma
locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi
** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou arremessado à distância de cem metros.
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?) - De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade -,
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) faz-se necessário o emprego da crase.
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifica- Ensino à distância.
do, ocorrerá crase. Veja: Ensino a distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” * Em locuções adverbiais formadas por palavras repeti-
Irei à Salvador de Jorge Amado. das, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
* A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Eu o seguirei passo a passo.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re-
gente exigir complemento regido da preposição “a”. Casos em que não se admite o emprego da crase:
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo) * Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Iremos àquela reunião. Esta caneta pertence a Pedro.
(preposição + pronome demonstrativo)
* Antes de verbos no infinitivo.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian- Ele estava a cantar.
ça. (àquelas que eu ouvia quando criança) Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Antes de numeral. Questões


O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países. 1-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
FE/2014) Assinale a alternativa que preenche corretamente
Observação: as lacunas da frase a seguir.
- Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio- Quando________ três meses disse-me que iria _________
nando como uma locução adverbial feminina – ocorrerá Grécia para visitar ___ sua tia, vi-me na obrigação de ajudá
crase: Os passageiros partirão às dezenove horas. -la _______ resgatar as milhas _________ quais tinha direito.
A-) a - há - à - à - às
- Diante de numerais ordinais femininos a crase está B-) há - à - a - a – às
confirmada, visto que estes não podem ser empregados C-) há - a - há - à - as
sem o artigo: As saudações foram direcionadas à primeira D-) a - à - a - à - às
aluna da classe. E-) a - a - à - há – as
- Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quan- 1-) Quando HÁ (sentido de tempo) três meses disse-
do essa não se apresentar determinada: Chegamos todos
me que iria À (“vou a, volto da, crase há!”) Grécia para vi-
exaustos a casa.
sitar A (artigo) sua tia, vi-me na obrigação de ajudá-la A
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto ad-
(ajudar “ela” a fazer algo) resgatar as milhas ÀS quais tinha
nominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos exaus-
direito (tinha direito a quê? às milhas – regência nominal).
tos à casa de Marcela.
Teremos: há, à, a, a, às.
- não há crase antes da palavra “terra”, quando essa RESPOSTA: “B”.
indicar chão firme: Quando os navegantes regressaram a
terra, já era noite. 2-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
Contudo, se o termo estiver precedido por um deter- VUNESP/2014)
minante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de tra-
Paulo viajou rumo à sua terra natal. balho para proceder _____ medidas necessárias _____ exu-
O astronauta voltou à Terra. mação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart,
sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação de
- não ocorre crase antes de pronomes que requerem o Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presidente morreu
uso do artigo. de causas naturais, ou seja, devido ____ uma parada cardía-
Os livros foram entregues a mim. ca – que tem sido a versão considerada oficial até hoje –, ou
Dei a ela a merecida recompensa. se sua morte se deve ______ envenenamento.
(http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,-
Observação: Pelo fato de os pronomes de tratamento governo-cria-grupo-exumar--restos-mortais-de- jan-
relativos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, go,1094178,0.htm 07. 11.2013. Adaptado)
o uso da crase está confirmado no “a” que os antecede, no
caso de o termo regente exigir a preposição. Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as la-
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. cunas da frase devem ser completadas, correta e respecti-
vamente, por
*não ocorre crase antes de nome feminino utilizado em (A) a ... à ... a ... a
sentido genérico ou indeterminado: (B) as ... à ... a ... à
Estamos sujeitos a críticas. (C) às ... a ... à ... a
Refiro-me a conversas paralelas. (D) à ... à ... à ... a
(E) a ... a ... a ... à
Fontes de pesquisa:
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-.
2-) A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de
html
trabalho para proceder a medidas (palavra no plural, ge-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. neralizando) necessárias à (regência nominal pede prepo-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- sição) exumação dos restos mortais do ex-presidente João
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Goulart, sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exu-
Saraiva, 2010. mação de Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presi-
dente morreu de causas naturais, ou seja, devido a uma
(artigo indefinido) parada cardíaca – que tem sido a versão
considerada oficial até hoje –, ou se sua morte se deve a
(regência verbal) envenenamento. A / à / a / a
RESPOSTA: “A”.

73
LÍNGUA PORTUGUESA

3-) (SABESP/SP – ADVOGADO – FCC/2014) 2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram lhe disse isso?
uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade
de Tikal, na Guatemala. 3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
O a empregado na frase acima, imediatamente depois se ofendem!
de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso o
segmento grifado seja substituído por: 4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
(A) Uma tal ilação. Que Deus o ajude.
(B) Afirmações como essa.
(C) Comprovação dessa assertiva. 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
(D) Emitir uma opinião desse tipo. reto ou sujeito expresso:
(E) Semelhante resultado. Eu lhe entregarei o material amanhã.
Tu sabes cantar?
3-)
(A) Uma tal ilação – chegar a uma (não há acento grave Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
antes de artigo) verbo. A mesóclise é usada:
(B) Afirmações como essa – chegar a afirmações (antes
de palavra no plural e o “a” no singular) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
(C) Comprovação dessa assertiva – chegar à compro- turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
vação precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
(D) Emitir uma opinião desse tipo – chegar a emitir Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
(verbo no infinitivo) em prol da paz no mundo.
(E) Semelhante resultado – chegar a semelhante (pala- Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
vra masculina) lizará”:
RESPOSTA: “C”. realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma palavra
que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria. Veja:
Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanha-
ria nessa viagem).
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A
pronomes oblíquos átonos na frase. ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não forem
possíveis:
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a função
de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: 1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
OBlíquo = OBjeto! Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de- era minha intenção machucá-la.
vem ser observadas na linguagem escrita.
3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A inicia período com pronome oblíquo).
próclise é usada: Vou-me embora agora mesmo.
Levanto-me às 6h.
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, no concurso, mudo-me hoje mesmo!
jamais, etc.: Não se desespere!
b) Advérbios: Agora se negam a depor. 5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem posta fazendo-se de desentendida.
tudo!
d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es- Colocação pronominal nas locuções verbais
forçou. - após verbo no particípio = pronome depois do verbo
e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportuni- auxiliar (e não depois do particípio):
dade. Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. Eu me tenho deliciado com a leitura!

74
LÍNGUA PORTUGUESA

- não convém usar hífen nos tempos compostos e nas 1-) Primeiramente identifiquemos se temos objeto di-
locuções verbais: reto ou indireto. Reconhece o quê? Resposta: a informali-
Vamos nos unir! dade. Pergunta e resposta sem preposição, então: objeto
Iremos nos manifestar. direto. Não utilizaremos “lhe” – que é para objeto indireto.
Como temos a presença do “que” – independente de sua
- quando há um fator para próclise nos tempos com- função no período (pronome relativo, no caso!) – a regra
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo): que a re-
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocupar conhecem.
(e não: “não nos vamos preocupar”). RESPOSTA: “A”.

Observações importantes: 2-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) A substitui-


ção do elemento grifado pelo pronome correspondente foi
Emprego de o, a, os, as realizada de modo INCORRETO em:
1) Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
pronomes: o, a, os, as não se alteram. (B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
Chame-o agora. (C) para fazer a dragagem = para fazê-la
Deixei-a mais tranquila. (D) que desviava a água = que lhe desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na
2) Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: 2-)
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu = cor-
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. reta
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os = correta
3) Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, (C) para fazer a dragagem = para fazê-la = correta
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, na, (D) que desviava a água = que lhe desviava = que a
nos, nas. desviava
Chamem-no agora. (E) supriam a necessidade = supriam-na = correta
Põe-na sobre a mesa. RESPOSTA: “D”.

* Dica: 3-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)


Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que significa cruzando os desertos do oeste da China − que con-
“antes”! Pronome antes do verbo! tornam a Índia − adotam complexas providências
Ênclise – “en”... lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, em In- Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
glês – que significa “fim, final!). Pronome depois do verbo! grifados acima foram corretamente substituídos por um
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo pronome, respectivamente, em:
Pronome Oblíquo – função de objeto (A) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
(B) cruzando-lhes - que contornam-na - as adotam
Fontes de pesquisa: (C) cruzando-os - que lhe contornam - adotam-lhes
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao (D) cruzando-os - que a contornam - adotam-nas
-pronominal-.html (E) lhes cruzando - que contornam-a - as adotam
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 3-) Não podemos utilizar “lhes”, que corresponde ao
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- objeto indireto (verbo “cruzar” pede objeto direto: cruzar
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: o quê?), portanto já desconsideramos as alternativas “B”
Saraiva, 2010. e “D”. Ao iniciarmos um parágrafo ( já que no enunciado
temos uma oração assim) devemos usar ênclise: (cruzan-
Questões do-os); na segunda oração temos um pronome relativo (dá
para substituirmos por “o qual”), o que nos obriga a usar
1-) (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – ADMINIS- a próclise (que a contorna); “adotam” exige objeto direto
TRAÇÃO - CESGRANRIO/2014) Em “Há políticas que reco- (adotam quem ou o quê?), chegando à resposta: adotam-
nhecem a informalidade”, ao substituir o termo destacado nas (quando o verbo terminar em “m” e usarmos um pro-
por um pronome, de acordo com a norma-padrão da lín- nome oblíquo direto, lembre-se do alfabeto: jklM – N!).
gua, o trecho assume a formulação apresentada em: RESPOSTA: “D”.
A) Há políticas que a reconhecem.
B) Há políticas que reconhecem-a.
C) Há políticas que reconhecem-na.
D) Há políticas que reconhecem ela.
E) Há políticas que lhe reconhecem.

75
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou


SIGNIFICADO DAS PALAVRAS perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo);
cedo (verbo) e cedo (adv.);
livre (adj.) e livre (verbo).
Semântica é o estudo da significação das palavras e
das suas mudanças de significação através do tempo ou - Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-
em determinada época. A maior importância está em dis- rém de formas relativamente próximas. São palavras pa-
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o
almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor-
Sinônimos rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/
ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto (medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são (atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emi-
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara tir som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apro-
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando, priar-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
em determinado enunciado (aguardar e esperar). (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
afundar).
Observação: A contribuição greco-latina é responsá-
vel pela existência de numerosos pares de sinônimos: ad- Hiperonímia e Hiponímia
versário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem
hemiciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hipô-
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
nimo uma palavra de sentido mais específico; o hiperôni-
mo, mais abrangente.
Antônimos
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipôni-
mo, criando, assim, uma relação de dependência semânti-
São palavras que se opõem através de seu significado:
ca. Por exemplo: Veículos está numa relação de hiperoní-
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; mia com carros, já que veículos é uma palavra de significa-
mal - bem. do genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. Veículos é
um hiperônimo de carros.
Observação: A antonímia pode se originar de um pre- Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis- zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita a
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- repetição desnecessária de termos.
ticomunista; simétrico e assimétrico.
Fontes de pesquisa:
Homônimos e Parônimos http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
tonimos,-homonimos-e-paronimos
- Homônimos = palavras que possuem a mesma grafia SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. Podem coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ser Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
a) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- Saraiva, 2010.
rentes na pronúncia: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
rego (subst.) e rego (verbo); ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
colher (verbo) e colher (subst.); XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Por-
jogo (subst.) e jogo (verbo); tuguesa – 2ªed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
providência (subst.) e providencia (verbo). Denotação e Conotação

b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Exemplos de variação no significado das palavras:
ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido li-
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); teral)
cela (compartimento) e sela (arreio); Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
censo (recenseamento) e senso ( juízo); figurado)
paço (palácio) e passo (andar). Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)

76
LÍNGUA PORTUGUESA

As variações nos significados das palavras ocasionam Polissemia


o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
Denotação um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
mas que abarca um grande número de significados dentro
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando de seu próprio campo semântico.
apresenta seu significado original, independentemente Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconheci- algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em
do e muitas vezes associado ao primeiro significado que consideração as situações de aplicabilidade. Há uma infini-
aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da dade de exemplos em que podemos verificar a ocorrência
palavra. da polissemia:
A denotação tem como finalidade informar o receptor O rapaz é um tremendo gato.
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca- O gato do vizinho é peralta.
ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor- Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medi- Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
camentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, sobrevivência
por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pe- O passarinho foi atingido no bico.
daço de madeira. Outros exemplos:
O elefante é um mamífero. Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
As estrelas deixam o céu mais bonito! computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
Conotação de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes in- formato quadriculado que têm.
terpretações, dependendo do contexto em que esteja inse-
rida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que vão Polissemia e homonímia
além do sentido original da palavra, ampliando sua signifi-
cação mediante a circunstância em que a mesma é utiliza- A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
da, assumindo um sentido figurado e simbólico. Como no comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
exemplo da palavra “pau”: em seu sentido conotativo ela cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
pode significar castigo (dar-lhe um pau), reprovação (tomei quando duas ou mais palavras com origens e significados
pau no concurso). distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- monímia.
tos no receptor da mensagem, através da expressividade e A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em polissemia porque os diferentes significados para a pala-
conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu- vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra
blicitários, entre outros. Exemplos: polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto,
Você é o meu sol! o texto de uma canção ou a caligrafia de um determinado
Minha vida é um mar de tristezas. indivíduo. Neste caso, os diferentes significados estão in-
Você tem um coração de pedra! terligados porque remetem para o mesmo conceito, o da
escrita.
* Dica: Procure associar Denotação com Dicionário:
trata-se de definição literal, quando o termo é utilizado Polissemia e ambiguidade
com o sentido que consta no dicionário.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
Fontes de pesquisa: interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota- ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
cao/ ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: temente são felizes.
Saraiva, 2010. Neste caso podem existir duas interpretações diferen-
tes:

77
LÍNGUA PORTUGUESA

As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli- Observação: toda metáfora é uma espécie de compa-
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada. ração implícita, em que o elemento comparativo não apa-
rece.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela Seus olhos são como luzes brilhantes.
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre- O exemplo acima mostra uma comparação evidente,
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan- através do emprego da palavra como.
te saber qual o contexto em que a frase é proferida. Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção Neste exemplo não há mais uma comparação (note a
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co- ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja,
micidade. Repare na figura abaixo: qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta
é a verdadeira metáfora.

Observe outros exemplos:


1) “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando
Pessoa)
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a
fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).

2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar


(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- algum.
cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014). Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que
indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente
mas duas seriam:
inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é
Corte e coloração capilar
tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de
ou
terra que leva a lugar algum.
Faço corte e pintura capilar
A Amazônia é o pulmão do mundo.
Fontes de pesquisa:
Em sua mente povoa só inveja.
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
htm Metonímia
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: É a substituição de um nome por outro, em virtude de
Saraiva, 2010. existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pode acontecer dos seguintes modos:
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (=
Figura de Linguagem, Pensamento e Construção Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis).
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (=
Figura de Palavra As lâmpadas iluminam o mundo).
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes
A figura de palavra consiste na substituição de uma da cruz. (= Não te afastes da religião).
palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, 4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso
seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja Havana. (= Fumei um saboroso charuto).
por uma associação, uma comparação, uma similaridade. 5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Só-
Estes dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade - crates tomou veneno).
permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de palavras: 6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu
a metáfora e a metonímia. trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro-
duzo).
Metáfora 7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (=
Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em 8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfo-
lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em vir- nes foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
tude da circunstância de que o nosso espírito as associa dos jogadores).
e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da 9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apres-
palavra fora de seu sentido normal. sadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).

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LÍNGUA PORTUGUESA

10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e so- Fontes de pesquisa:


frem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.
mundo). php
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
chamadas, não apenas uma mulher). Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
(= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone). Saraiva, 2010.
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (=
Alguns astronautas foram à Lua). Antítese
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança pen-
derá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado). Consiste no emprego de palavras que se opõem quan-
to ao sentido. O contraste que se estabelece serve, essen-
Saiba que: Sinédoque se relaciona com o conceito de cialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos
extensão (como nos exemplos 9, 10 e 11, acima), enquanto que não se conseguiria com a exposição isolada dos mes-
que a metonímia abrange apenas os casos de analogia ou mos. Observe os exemplos:
de relação. Não há necessidade, atualmente, de se fazer “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
distinção entre ambas as figuras. O corpo é grande e a alma é pequena.
“Quando um muro separa, uma ponte une.”
Catacrese Não há gosto sem desgosto.

Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, Paradoxo ou oximoro
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, É a associação de ideias, além de contrastantes, contra-
toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar ditórias. Seria a antítese ao extremo.
algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos: Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
“asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do rosto”, “pé da Ouvimos as vozes do silêncio.
mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.
Eufemismo
Perífrase ou Antonomásia
É o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre
ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera,
Trata-se de uma expressão que designa um ser através
desagradável ou chocante.
de alguma de suas características ou atributos, ou de um
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor.
fato que o celebrizou. É a substituição de um nome por
(= morreu)
outro ou por uma expressão que facilmente o identifique: O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
atraindo visitantes do mundo todo. Faltar à verdade. (= mentir)
A Cidade-Luz (=Paris)
O rei das selvas (=o leão) Ironia
Observação: quando a perífrase indica uma pessoa, É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do que
recebe o nome de antonomásia. Exemplos: as palavras ou frases expressam, geralmente apresentando
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida pratican- intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem construí-
do o bem. da para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jo- passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emis-
vem. sor.
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota mí-
nima.
Sinestesia Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
estão por perto.
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- O governador foi sutil como um elefante.
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
cruzamento de sensações distintas. Hipérbole
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = au-
ditivo; áspero = tátil) É a expressão intencionalmente exagerada com o intui-
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte- to de realçar uma ideia.
cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) “Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)
O concurseiro quase morre de tanto estudar!

79
LÍNGUA PORTUGUESA

Prosopopeia ou Personificação Elipse

É a atribuição de ações ou qualidades de seres anima- Consiste na omissão de um ou mais termos numa ora-
dos a seres inanimados, ou características humanas a seres ção e que podem ser facilmente identificados, tanto por
não humanos. Observe os exemplos: elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto
As pedras andam vagarosamente. pelo contexto.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um A catedral da Sé. (a igreja catedral)
cego que guia. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao está-
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. dio)
Chora, violão.
Zeugma
Apóstrofe
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coisa a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo português)
chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginá- Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só mo-
rio ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de dernos. (só havia móveis)
pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidên-
cia com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Silepse
Exemplos:
Moça, que fazes aí parada? A silepse é a concordância que se faz com o termo que
“Pai Nosso, que estais no céu” não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. É uma
Deus, ó Deus! Onde estás? concordância anormal, psicológica, porque se faz com um
termo oculto, facilmente identificado. Há três tipos de si-
Gradação lepse: de gênero, número e pessoa.

Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e femi-


Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
nino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descenden-
faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
te (anticlímax). Observe este exemplo:
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor
com seus olhos claros e brincalhões...
intenso.
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se refere ao
ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a
céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos. cidade de Porto Velho).
Nota-se que o pensamento foi expresso em ordem decres-
cente de intensidade. Outros exemplos: 2) Vossa Excelência está preocupado.
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
amor”. (Olavo Bilac) soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu- Excelência.
se.” (Padre Antônio Vieira)
Silepse de Número - Os números são singular e plural.
Fontes de pesquisa: A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil5. concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas
php com a ideia que nele está contida. Exemplos:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de Salvador.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010. Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei-
As figuras de construção (ou sintática, de sintaxe) tos das orações (que se encontram no singular, procissão
ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está
ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por
maior expressividade que se dá ao sentido. isso que os verbos estão no plural.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quan-
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as do confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um pleonasmo vicioso:
desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con- Vi aquela cena com meus próprios olhos.
corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que Vamos subir para cima.
está inscrita no sujeito. Exemplos: Ele desceu pra baixo.
O que não compreendo é como os brasileiros persista-
mos em aceitar essa situação. Anáfora
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins É a repetição de uma ou mais palavras no início de vá-
públicos.” (Machado de Assis) rias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coe-
rência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar de-
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasilei- terminado elemento textual. Os termos anafóricos podem
ros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa), muitas vezes ser substituídos por pronomes.
mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhe-
os agricultores e os cariocas). cia.
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
Polissíndeto / Assíndeto ba.” (Padre Vieira)
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- Anacoluto
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
período composto. No período composto por coordena- Consiste na mudança da construção sintática no meio
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A da frase, ficando alguns termos desligados do resto do pe-
oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
ríodo. É a quebra da estrutura normal da frase para a intro-
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
dução de uma palavra ou expressão sem nenhuma ligação
dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
sintática com as demais.
figuras de construção:
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Morrer, todo haveremos de morrer.
1) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela repe-
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
tição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O meni-
no resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
2) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausên- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
cia, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não exer-
no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos: cendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma in-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) terrupção na sequência lógica do pensamento.

Pleonasmo Observação: o anacoluto deve ser usado com finalida-


de expressiva em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é real- Hipérbato / Inversão
çar a ideia, torná-la mais expressiva.
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
Nesta oração, os termos “o problema da violência” e sujeito venha depois do predicado:
“lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. As- Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor
sim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pro- venceu ao ódio)
nome “lo” classificado como objeto direto pleonástico. Ou- Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
tro exemplo: Eu cuido dos meus problemas)
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto * Observação da Zê!
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já
que, na ordem direta, teríamos:
Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado re-
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo- tumbante de um povo heroico”.
nástico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos:


“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”

Onomatopéia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade:


Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

Questões
1-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIOTECO-
NOMIA – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de linguagem
figurada denominada
(A) metonímia.
(B) eufemismo.
(C) hipérbole.
(D) metáfora.
(E) catacrese.

1-) A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo
campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
RESPOSTA: “D”.

2-) (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS/2014) Identifique a


figura de linguagem presente na tira seguinte:

A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia

82
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais Normalmente, numa prova, o candidato deve:
suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar al-
guma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da 1- Identificar os elementos fundamentais de uma ar-
tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” gumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
no lugar de “que morreram por nós”. procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o
RESPOSTA: “D”. tempo).
2- Comparar as relações de semelhança ou de diferen-
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ ças entre as situações do texto.
UFAL/2014) 3- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto. uma realidade.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de 4- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, 5- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
horário do dia em que o calor é mais intenso, a tempera- vras.
tura do asfalto, medida com um termômetro de contato,
chegou a 65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local Condições básicas para interpretar
alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso Fazem-se necessários:
em: 22 jan. 2014. - Conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
O texto cita que o dito popular “está tão quente que - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de texto) e semântico;
linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de lin-
guagem? Observação – na semântica (significado das palavras)
A) Eufemismo. incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota-
B) Hipérbole. ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
C) Paradoxo. gem, entre outros.
D) Metonímia.
E) Hipérbato. - Capacidade de observação e de síntese;
- Capacidade de raciocínio.
3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para
representar o calor excessivo que está fazendo. A figura
Interpretar / Compreender
que é utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a
hipérbole.
Interpretar significa:
RESPOSTA: “B”.
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Compreender significa
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - o texto diz que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - é sugerido pelo autor que...
e decodificar). - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. ção...
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - o narrador afirma...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli- Erros de interpretação
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto original e analisada separadamente, poderá ter contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
um significado diferente daquele inicial. quer por conhecimento prévio do tema quer pela imagi-
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- nação.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de cita- - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o en-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir tendimento do tema desenvolvido.
daí, localizam-se as ideias secundárias - ou fundamenta- - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-
ções -, as argumentações - ou explicações -, que levam ao trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
esclarecimento das questões apresentadas na prova. cadas e, consequentemente, errar a questão.

83
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação - Muitos pensam que existem a ótica do - Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa geralmente mantém com outro uma relação de continua-
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração ção, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito bem
é o que o autor diz e nada mais. essas relações.
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que a ideia mais importante.
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. - Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono- resposta – o que vale não somente para Interpretação de
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se Texto, mas para todas as demais questões!
vai dizer e o que já foi dito. - Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi-
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.
Observação – São muitos os erros de coesão no dia - Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha-
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do mados vocábulos relatores, porque remetem a outros vo-
verbo; aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer cábulos do texto.
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- Fontes de pesquisa:
cedente. http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- gues/como-interpretar-textos
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa-
a saber: ra-voce-interpretar-melhor-um.html
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
te, mas depende das condições da frase. tao-117-portugues.htm
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) Questões
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 1-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
- como (modo) BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELETRÔ-
- onde (lugar) NICA – IADES/2014)
- quando (tempo)
- quanto (montante) Gratuidades
Exemplo: Crianças com até cinco anos de idade e adultos com
Falou tudo QUANTO queria (correto) mais de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Para os menores, é exigida a certidão de nascimento e, para
aparecer o demonstrativo O). os idosos, a carteira de identidade. Basta apresentar um
documento de identificação aos funcionários posicionados
Dicas para melhorar a interpretação de textos no bloqueio de acesso.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos candidatos
na disputa, portanto, quanto mais informação você absorver Conforme a mensagem do primeiro período do texto,
com a leitura, mais chances terá de resolver as questões. assinale a alternativa correta.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa (A) Apenas as crianças com até cinco anos de idade
a leitura. e os adultos com 65 anos em diante têm acesso livre ao
- Leia, leia bem, leia profundamente, ou seja, leia o tex- Metrô-DF.
to, pelo menos, duas vezes – ou quantas forem necessárias. (B) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma adultos com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF.
conclusão). (C) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de
- Volte ao texto quantas vezes precisar. idade e adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as ao Metrô-DF.
do autor. (D) Somente crianças e adultos, respectivamente, com
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor cinco anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso
compreensão. livre ao Metrô-DF.
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de (E) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com
cada questão. até cinco anos de idade e com 65 anos em diante, têm
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. acesso livre ao Metrô-DF.

84
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Dentre as alternativas apresentadas, a única que 3-) Recorramos ao texto: “Localizada às margens do
condiz com as informações expostas no texto é “Somente Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao
crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adultos lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha
com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”. Acústica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As infor-
RESPOSTA: “C”. mações contidas nas demais alternativas são incoerentes
com o texto.
2-) (SUSAM/AM – TÉCNICO (DIREITO) – FGV/2014 - RESPOSTA: “A”.
adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá‐lo?” a declaração do
Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à im-
prensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um TIPOLOGIA TEXTUAL
trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substância
– mas a forma conta”. (...)
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
um trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mes- do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
ma dois sentidos, que são que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
(A) o barulho e a propagação. interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
(B) a propagação e o perigo. em um texto escrito.
(C) o perigo e o poder. É de fundamental importância sabermos classificar os
(D) o poder e a energia.  textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
(E)  a energia e o barulho.   dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
2-) Ao comparar a declaração do Papa Francisco a um
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de mostrar
nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar
o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo afora.
que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém
Você pode responder à questão por eliminação: a segun-
que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou
situações corriqueiras que classificamos os nossos textos
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a al- naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dis-
ternativa A! sertação.
RESPOSTA: “A”.
As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspec-
3-) (SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PÚ- tos de ordem linguística
BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM CONTABI-
LIDADE – IADES/2014 - adaptada) Os tipos textuais designam uma sequência definida
Concha Acústica pela natureza linguística de sua composição. São observa-
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
Clubes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de lógicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
Brasília – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
por Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969
e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação
Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. demarcados no tempo do universo narrado, como também
Foi o primeiro grande palco da cidade. de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre
Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa- outros: Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. De-
cultura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, pois de muita conversa, resolveram...
com adaptações.
- Textos descritivos – como o próprio nome indica,
Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem descrevem características tanto físicas quanto psicológicas
compatível com o texto. acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos
(A) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Os- verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito
car Niemeyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a asa da
no Setor de Clubes Esportivos Norte. graúna...”
(B) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF
em 1969. - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
(C) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que assunto ou uma determinada situação que se almeje de-
hoje é a Secretaria de Cultura do DF. senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela aconte-
(D) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura cer, como em: O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02
do DF. de dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena
(E) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília. de perder o benefício.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma


modalidade na qual as ações são prescritas de forma se- COESÃO E COERÊNCIA
quencial, utilizando-se de verbos expressos no imperativo,
infinitivo ou futuro do presente: Misture todos os ingredien-
te e bata no liquidificador até criar uma massa homogênea.
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos
- Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão
se pelo predomínio de operadores argumentativos, revela- do que é dito, ou lido. Estes mecanismos linguísticos que
dos por uma carga ideológica constituída de argumentos estabelecem a coesão e retomada do que foi escrito - ou
e contra-argumentos que justificam a posição assumida falado - são os referentes textuais, que buscam garantir
acerca de um determinado assunto: A mulher do mundo a coesão textual para que haja coerência, não só entre os
contemporâneo luta cada vez mais para conquistar seu es- elementos que compõem a oração, como também entre a
paço no mercado de trabalho, o que significa que os gêneros sequência de orações dentro do texto. Essa coesão tam-
estão em complementação, não em disputa. bém pode muitas vezes se dar de modo implícito, baseado
em conhecimentos anteriores que os participantes do pro-
cesso têm com o tema.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
ginária - composta de termos e expressões - que une os
diversos elementos do texto e busca estabelecer relações
GÊNEROS TEXTUAIS de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego de di-
ferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substi-
tuição, associação), sejam gramaticais (emprego de prono-
mes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases,
São os textos materializados que encontramos em orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decor-
nosso cotidiano; tais textos apresentam características só- re daí a coerência textual.
cio-comunicativas definidas por seu estilo, função, com- Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
posição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoe-
culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, rência é resultado do mau uso dos elementos de coesão
piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc. textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um
erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais
A escolha de um determinado gênero discursivo de- prejudica o entendimento do texto. Construído com os ele-
pende, em grande parte, da situação de produção, ou seja, mentos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.
a finalidade do texto a ser produzido, quem são os locu- Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado
tores e os interlocutores, o meio disponível para veicular o não se constrói com um amontoado de palavras e orações.
texto, etc. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência
e independência sintática e semântica, recobertos por unida-
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a es- des melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.
feras de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exem- Não se deve escrever frases ou textos desconexos – é
plo, são comuns gêneros como notícias, reportagens, edito- imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as frases
riais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica estejam coesas e coerentes formando o texto. Relembre-se
são comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enci- de que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre
clopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência. os elementos que compõem a estrutura textual.

Fontes de pesquisa: Formas de se garantir a coesão entre os elementos


de uma frase ou de um texto:
http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex-
tual.htm
1. Substituição de palavras com o emprego de sinôni-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
mos - palavras ou expressões do mesmo campo associa-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: tivo.
Saraiva, 2010. 2. Nominalização – emprego alternativo entre um ver-
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa / desgaste / desgastante).
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. 3. Emprego adequado de tempos e modos verbais:
Embora não gostassem de estudar, participaram da aula.
4. Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre-
posições, artigos:
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
por elas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com Questões


base na maior especificidade do significado de um deles.
Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais gené- * As questões abaixo também envolvem o conteúdo
rico). “Conjunção”. Eu as coloquei neste tópico porque abordam
6. Emprego de hiperônimos - relações de um termo de - inclusive - coesão e coerência.
sentido mais amplo com outros de sentido mais específico.
Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com 1-) (SEDUC/AM – ASSISTENTE SOCIAL – FGV/2014) As-
gato. sinale a opção que indica o segmento em que a conjunção
7. Substitutos universais, como os verbos vicários.
e tem valor adversativo e não aditivo.
* Ajuda da Zê: verbo vicário é aquele que substitui (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
outro já utilizado no período, evitando repetições. Geral- da população na escolha dos governantes,...”.
mente é o verbo fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Faço porque preciso. O “faço” foi empregado no lugar de derno e dinâmico, no cotejo com a restrita experiência elei-
“estudo”, evitando repetição desnecessária. toral anterior”.
(C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de conec- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
tivos, como pronomes, advérbios e expressões adverbiais, buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quan- de hoje”.
do, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida (D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
é facilmente identificável (Exemplo.: O jovem recolheu-se ela na história nacional, inventou o que mais perto se pode
cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O ter- chegar de um Estado de Bem-Estar num país de renda mé-
mo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
dia”.
relação entre as duas orações).
(E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta de
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao políticas públicas social-democratas”.
próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de
progressão textual, dada sua característica: são elementos 1-)
que não significam, apenas indicam, remetem aos compo- (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
nentes da situação comunicativa. = adição
Já os componentes concentram em si a significação. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: derno e dinâmico”. = adição
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indi- (C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
cam os participantes do ato do discurso. Os pronomes de- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
monstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
como os advérbios de tempo, referenciam o momento da de hoje”. = adição
enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade
(D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento
(presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns ela na história nacional”. = adição
dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo (E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
ano, depois de (futuro).” está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta =
adversativa (dá para substituirmos por “mas”)
A coerência de um texto está ligada: RESPOSTA: “E”.
- à sua organização como um todo, em que devem es-
tar assegurados o início, o meio e o fim;
- à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um texto 2-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/
técnico, por exemplo, tem a sua coerência fundamentada DF – ANALISTA DE APOIO À ASSISTÊNCIA JURÍDICA –
em comprovações, apresentação de estatísticas, relato de FGV/2014) A alternativa em que os elementos unidos pela
experiências; um texto informativo apresenta coerência se conjunção E não estão em adição, mas sim em oposição, é:
trabalhar com linguagem objetiva, denotativa; textos poé- (A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
ticos, por outro lado, trabalham com a linguagem figurada,
fazer justiça com as próprias mãos...”
livre associação de ideias, palavras conotativas.
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas
Fontes de pesquisa: instituições:...”
http://www.mundovestibular.com.br/articles/2586/1/ (C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos
COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacutegina1.html anarquistas e mais nos fascistas italianos...”
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática (D) “...desprezando o passado e a tradição...”
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa (E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. velocidade e do progresso...”

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) A Ordem dos Termos na Frase


(A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
fazer justiça com as próprias mãos”. = adição Leia novamente a frase contida no item 2. Note que
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
instituições”. = adição Todavia, há diferentes maneiras de se organizar gramatical-
(C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos mente tal frase, tudo depende da necessidade ou da von-
anarquistas e mais nos fascistas italianos”. = ideia de opo- tade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, porém,
sição acrescentado ênfase a algum dos seus termos. Significa di-
(D) “...desprezando o passado e a tradição”. = adição zer que, ao escrever, podemos fazer uma série de inversões
(E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da e intercalações em nossas frases, conforme a nossa von-
velocidade e do progresso”. = adição tade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos
RESPOSTA: “C”. transmitir uma ideia, do nosso estilo. Por exemplo, pode-
mos expressar a mensagem da frase 2 da seguinte maneira:

No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-


sando desemprego.
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE
ESTRUTURAS Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma,
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a
alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que,
para obter a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas.
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um o que mais nos auxilia na organização de um período, pois
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmen- facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula
te devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos
e, posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo, frases complexas. Com isto, “entregamos” frases bem orga-
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem nizadas aos nossos leitores.
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e a
experiência de vida antecedem o ato de escrever. O básico para a organização sintática das frases é a or-
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos dem direta dos termos da oração. Os gramáticos estrutu-
escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é ne- ram tal ordem da seguinte maneira:
cessário saber ordenar as ideias em frases bem estrutura-
das. Logo, não basta conhecer bem um determinado as- SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL + CIR-
sunto, temos que o transmitir de maneira clara aos leitores. CUNSTÂNCIAS
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso alia- A globalização + está causando + desemprego + no
do para organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Brasil nos dias de hoje.
Para tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sin-
taxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramá- Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem to-
tica que estuda a disposição das palavras na frase e a das das contêm todos estes elementos, portanto cabem algu-
frases no discurso, bem como a relação lógica das frases mas observações:
entre si”; ou em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistu-
ra”, isto é, saber misturar as palavras de maneira a produ- 1) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
zirem um sentido evidente para os receptores das nossas normalmente são representadas por adjuntos adverbiais
mensagens. Observe: de tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quan-
do queremos recordar algo ou narrar uma história, existe
1)A desemprego globalização no Brasil e no na está La- a tendência a colocar os adjuntos nos começos das frases:
tina América causando.
2) A globalização está causando desemprego no Brasil e “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas mi-
na América Latina. nhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e ou-
tros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…”
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de Observações:
“uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação a) tais construções não estão erradas, mas rompem
inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de com a ordem direta;
maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de b) é preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui-
língua portuguesa inteirados da situação econômica e cul- tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por
tural do mundo atual. exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri-
burgo. São quatro horas agora;

88
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Outras frases são construídas com verbos intransiti- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
vos, que não têm complemento: As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
O menino morreu na Alemanha. (sujeito + verbo + ad- quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati-
junto adverbial) vo, por isto são também isoladas por vírgula.
A globalização nasceu no século XX. (idem)
d) Há ainda frases nominais que não possuem verbos: A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu
direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos complemento.
existentes nelas.
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
Levando em consideração a ordem direta, podemos no Brasil…
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
1)Se os termos estão colocados na ordem direta não tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal ora-
haverá a necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo ção é apenas um comentário à parte entre o complemento
disto: verbal e os adjuntos).
A globalização está causando desemprego no Brasil e na
América Latina. Observação: a simples negação em uma frase não exi-
ge vírgula: A globalização não causou desemprego no Brasil
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração e na América Latina.
por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a re- 3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a,
gra básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja: tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” colocação da vírgula.
causam desemprego…
(três núcleos do sujeito) No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego…
A globalização causa desemprego no Brasil, na América No fim do século XX, a globalização causou desemprego
Latina e na África. no Brasil…
(três adjuntos adverbiais)
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente
A globalização está causando desemprego, insatisfação se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito.
e sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramá-
(três complementos verbais) tica, são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas
vezes, elas são colocadas em orações chamadas adverbiais
2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa- que têm uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais,
rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos:
complemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou
seja, não devemos separar com vírgula os termos da ora- Quando o século XX estava terminando, a globalização
ção. Veja exemplos de tal incorreção: começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos países
pobres.
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, go no Brasil.
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
a regra básica nº 2 para a colocação da vírgula. Dito em Observação: quanto à equivalência e transformação de
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases estruturas, um exemplo muito comum cobrado em provas
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com é o enunciado trazer uma frase no singular e pedir a passa-
vírgulas. Vejamos: gem para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sécu- mudança de tempos verbais.
lo XX, causa desemprego no Brasil.
Fonte de pesquisa:
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu-
sujeito e o verbo. dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/

Outros exemplos:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
ral, está causando desemprego no Brasil e na América Lati-
na.

89
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA TEXTUAL
1-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014
- adaptada)
Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se uma prática
necessária e comum no mundo laico da Idade Média. Até Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca-
a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros, pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado elaboramos todas as informações que recebemos e orien-
de leitores. tamos as ações que interferem na realidade e organização
Embora alguns desses senhores afortunados ocasional- de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
mente emprestassem seus livros, eles o faziam para um nú- mento transformado em texto.
mero limitado de pessoas da própria classe ou família. Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
(Adaptado de: MANGUEL, Alberto, op.cit.) sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira
organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina-
Mantêm-se a correção e as relações de sentido estabe- lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer
lecidas no texto, substituindo-se Embora (2.º parágrafo) por dizer, por meio da comunicação.
(A) Contudo. Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
(B) Desde que. dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
(C) Porquanto. dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.
(D) Uma vez que.
(E) Conquanto. Introdução

1-) “Embora” é uma conjunção concessiva (apresenta Caracterizada pela entrada no assunto e a argumenta-
uma exceção à regra). A outra conjunção concessiva é “con- ção inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa eta-
quanto”. pa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu
RESPOSTA: “E”. tamanho raramente excede a 1/5 de todo o texto. Porém,
em textos mais curtos, essa proporção não é equivalente.
2-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – Neles, a introdução pode ser o próprio título. Já nos textos
VUNESP/2014 - adaptada) Considere o trecho: “Se o senhor mais longos, em que o assunto é exposto em várias pági-
não se importa, vou levar minha sobrinha ao dentista, mas nas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ou de uma par-
posso quebrar o galho e fazer sua corrida”. Esse trecho está te precedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter vários
corretamente reescrito e mantém o sentido em: parágrafos. Em redações mais comuns, que em média têm
(A) Uma vez que o senhor não se importe, vou levar mi- de 25 a 80 linhas, a introdução será o primeiro parágrafo.
nha sobrinha ao dentista, assim que possa quebrar o galho
e fazer sua corrida. Desenvolvimento
(B) Já que o senhor não se importa, vou levar minha so-
brinha ao dentista, porque posso quebrar o galho e fazer A maior parte do texto está inserida no desenvol-
sua corrida. vimento, que é responsável por estabelecer uma ligação
(C) À medida que o senhor não se importe, vou levar entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
minha sobrinha ao dentista, logo que possa quebrar o galho elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
e fazer sua corrida. tentam e dão base às explicações e posições do autor. É ca-
(D) Caso o senhor não se importe, vou levar minha so- racterizado por uma “ponte” formada pela organização das
brinha ao dentista, no entanto posso quebrar o galho e fazer ideias em uma sequência que permite formar uma relação
sua corrida. equilibrada entre os dois lados.
(E) Para que o senhor não se importe, vou levar minha O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
sobrinha ao dentista, todavia posso quebrar o galho e fazer determinado tema no desenvolvimento, e é através desse
sua corrida. que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon-
tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con-
2-) “Se o senhor não se importa, vou levar minha so- clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui.
brinha ao dentista, mas posso quebrar o galho e fazer sua Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o es-
corrida” critor já deve ter uma ideia clara de como será a conclusão.
O primeiro período é introduzido por uma conjunção Daí a importância em planejar o texto.
condicional (“se”); o segundo, conjunção adversativa. As Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
conjunções apresentadas que têm a mesma classificação, mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido em
respectivamente, e que, por isso, poderiam substituir ade- capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apresentar-
quadamente as destacadas no enunciado são “caso” e “no se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
entanto”. Acredito que, mesmo que você não saiba a clas- Os principais erros cometidos no desenvolvimento são
sificação das conjunções, conseguiria responder à questão o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está
apenas utilizando a coerência: as demais alternativas não relacionado ao autor tomar um argumento secundário que
a têm. se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra
RESPOSTA: “D”. em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O

90
LÍNGUA PORTUGUESA

segundo caso acontece quando quem redige tem muitas


ideias ou informações sobre o que está sendo discutido, REDAÇÃO OFICIAL
não conseguindo estruturá-las. Surge também a dificul-
dade de organizar seus pensamentos e definir uma linha
lógica de raciocínio.
Pronomes de tratamento na redação oficial
Conclusão
A redação oficial é a maneira utilizada pelo poder públi-
Considerada como a parte mais importante do texto, co para redigir atos normativos. Para redigi-los, muitas regras
é o ponto de chegada de todas as argumentações elabo- fazem-se necessárias. Entre elas, escrever de forma clara, con-
radas. As ideias e os dados utilizados convergem para essa cisa, sem muito comprometimento, bem como um uso ade-
parte, em que a exposição ou discussão se fecha. quado das formas de tratamento. Tais regras, acompanhadas
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma de uma boa redação, com um bom uso da linguagem, asse-
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou seja, guram que os atos normativos sejam bem executados.
possui atributos de síntese. A discussão não deve ser en- No Poder Público, nós nos deparamos com situações em
cerrada com argumentos repetitivos, como por exemplo: que precisamos escrever – ou falar – com pessoas com as
“Portanto, como já dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em quais não temos familiaridade. Nestes casos, os pronomes de
conclusão...”. tratamento assumem uma condição e precisam estar adequa-
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve dos à categoria hierárquica da pessoa a quem nos dirigimos.
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das E mais, exige-se, em discurso falado ou escrito, uma homoge-
características de textos bem redigidos. neidade na forma de tratamento, não só nos pronomes como
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões fi- também nos verbos. No entanto, as formas de tratamento
cam muito longas: não são do conhecimento de todos.
Abaixo, seguem as discriminações de usos dos pronomes
- O problema aparece quando não ocorre uma explo- de tratamento, com base no Manual da Presidência da Repú-
ração devida do desenvolvimento, o que gera uma invasão blica.
das ideias de desenvolvimento na conclusão.
- Outro fator consequente da insuficiência de funda- São de uso consagrado:
mentação do desenvolvimento está na conclusão precisar
de maiores explicações, ficando bastante vazia. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
- Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no tex- a) do Poder Executivo
to em que o autor fica girando em torno de ideias redun- Presidente da República, Vice-Presidente da República, Mi-
dantes ou paralelas. nistro de Estado, Secretário-Geral da Presidência da República,
- Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeitamen- Consultor-Geral da República, Chefe do Estado-Maior das For-
te dispensáveis. ças Armadas, Chefe do Gabinete Militar da Presidência da Re-
- Quando não tem clareza de qual é a melhor conclu- pública, Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República,
são, o autor acaba se perdendo na argumentação final. Secretários da Presidência da República, Procurador – Geral da
República, Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
Em relação à abertura para novas discussões, a con- Distrito Federal, Chefes de Estado – Maior das Três Armas, Ofi-
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguintes ciais Generais das Forças Armadas, Embaixadores, Secretário
fatores: Executivo e Secretário Nacional de Ministérios, Secretários de
- Para não influenciar a conclusão do leitor sobre temas Estado dos Governos Estaduais, Prefeitos Municipais.
polêmicos, o autor deixa a conclusão em aberto.
- Para estimular o leitor a ler uma possível continuidade b) do Poder Legislativo:
do texto, o autor não fecha a discussão de propósito. Presidente, Vice–Presidente e Membros da Câmara dos
- Por apenas apresentar dados e informações sobre o Deputados e do Senado Federal, Presidente e Membros do Tri-
tema a ser desenvolvido, o autor não deseja concluir o as- bunal de Contas da União, Presidente e Membros dos Tribunais
sunto. de Contas Estaduais, Presidente e Membros das Assembleias
- Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o autor Legislativas Estaduais, Presidente das Câmaras Municipais.
enumera algumas perguntas no final do texto.
c) do Poder Judiciário:
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o au- Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal, Presi-
tor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica dente e Membros do Superior Tribunal de Justiça, Presidente e
é um roteiro, em que estão presentes os planejamentos. Membros do Superior Tribunal Militar, Presidente e Membros do
Naquele devem estar indicadas as melhores sequências a Tribunal Superior Eleitoral, Presidente e Membros do Tribunal
serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais enxuto Superior do Trabalho, Presidente e Membros dos Tribunais de
possível. Justiça, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Fede-
rais, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais,
Fonte de pesquisa: Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho,
http://producao-de-textos.info/mos/view/Caracter%- Juízes e Desembargadores, Auditores da Justiça Militar.
C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/

91
LÍNGUA PORTUGUESA

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas A Impessoalidade


aos Chefes do Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do car- A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer
go respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Ex- alguém que comunique; b) algo a ser comunicado; c) alguém
celentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. que receba essa comunicação. No caso da redação oficial,
E mais: As demais autoridades serão tratadas com o vo- quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele
cativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador. o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atri-
O Manual ainda preceitua que a forma de tratamento buições do órgão que comunica; o destinatário dessa comu-
“Digníssimo” fica abolida para as autoridades descritas acima, nicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro
afinal, a dignidade é condição primordial para que tais cargos órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.
públicos sejam ocupados. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve
Fica ainda dito que doutor não é forma de tratamento, ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais
mas titulação acadêmica de quem defende tese de douto- decorre:
rado. Portanto, é aconselhável que não se use discriminada- a) da ausência de impressões individuais de quem comu-
mente tal termo. nica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assina-
do por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do
As Comunicações Oficiais Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim,
uma desejável padronização, que permite que comunicações
1. Aspectos Gerais da Redação Oficial elaboradas em diferentes setores da Administração guardem
entre si certa uniformidade;
O que é Redação Oficial b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação,
com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão,
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ma- sempre concebido como público, ou a outro órgão público.
neira pela qual o Poder Público redige atos normativos Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do homogênea e impessoal;
Poder Executivo. c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalida- universo temático das comunicações oficiais restringe-se a
de, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, for- questões que dizem respeito ao interesse público, é natural
malidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos que não caiba qualquer tom particular ou pessoal.
decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A admi- Desta forma, não há lugar na redação oficial para impres-
nistração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer sões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali- mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta
dade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publi- da interferência da individualidade que a elabora.
cidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de
administração pública, claro que devem igualmente nortear a que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais con-
elaboração dos atos e comunicações oficiais. tribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impes-
Não se concebe que um ato normativo de qualquer na- soalidade.
tureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou im-
possibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos A necessidade de empregar determinado nível de lingua-
do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto le- gem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do
gal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro,
pois, necessariamente, clareza e concisão. de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos
Fica claro também que as comunicações oficiais são ne- de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta
cessariamente uniformes, pois há sempre um único comuni- dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públi-
cador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações cos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empre-
ou é o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigi- gada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expe-
dos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou dientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com
instituições tratados de forma homogênea (o público). clareza e objetividade.
A redação oficial não é necessariamente árida e infensa à As comunicações que partem dos órgãos públicos fede-
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar rais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão
com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâ- brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de
metros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa da- uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dú-
quele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência vida de que um texto marcado por expressões de circulação
particular, etc. restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jar-
Apresentadas essas características fundamentais da re- gão técnico, tem sua compreensão dificultada.
dação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada Ressalte-se que há necessariamente uma distância en-
uma delas. tre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâ-
mica, reflete de forma imediata qualquer alteração de cos-

92
LÍNGUA PORTUGUESA

tumes, e pode eventualmente contar com outros elementos Concisão e Clareza


que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, A concisão é antes uma qualidade do que uma caracte-
etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis rística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue trans-
por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lenta- mitir o máximo de informações com um mínimo de palavras.
mente as transformações, tem maior vocação para a perma- Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se
nência e vale-se apenas de si mesma para comunicar. tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se es-
Os textos oficiais, devido ao seu caráter impessoal e sua creve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pron-
finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, to. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.
que o padrão culto é aquele em que se observam as regras O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao
da gramática formal e se emprega um vocabulário comum princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de
ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não
que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação se deve, de forma alguma, entendê-la como economia de
oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens subs-
lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos tanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, pas-
essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos sagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
os cidadãos. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi-
Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a sim- cial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita
plicidade de expressão, desde que não seja confundida com imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza não
pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios - a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpre-
da língua literária. tações que poderia decorrer de um tratamento personalista
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um dado ao texto;
“padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão - o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de
culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá pre- entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de
ferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obe- circulação restrita, como a gíria e o jargão;
decida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas - a formalidade e a padronização, que possibilitam a im-
isso não implica, necessariamente, que se consagre a utiliza- prescindível uniformidade dos textos;
ção de uma forma de linguagem burocrática. O jargão buro- - a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos
crático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre linguísticos que nada lhe acrescentam.
sua compreensão limitada. É pela correta observação dessas características que se
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável relei-
situações que a exijam, evitando o seu uso indiscriminado. tura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais,
Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário de trechos obscuros e de erros gramaticais provém, principal-
próprio à determinada área, são de difícil entendimento por mente, da falta da releitura que torna possível sua correção.
quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cui- A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa
dado, portanto, de explicitá-los em comunicações encami- com que são elaboradas certas comunicações quase sempre
nhadas a outros órgãos da administração e em expedientes compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de
dirigidos aos cidadãos. um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não há as-
suntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se,
Formalidade e Padronização pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto
é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio- Pronomes de Tratamento
nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto Concordância com os Pronomes de Tratamento
de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tra- Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indi-
tamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao reta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordân-
correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento cia verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segun-
para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a for- da pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem
malidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfo- se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira
que dado ao assunto do qual cuida a comunicação. pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que in-
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne- tegra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria
cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administra- nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
ção federal é una, é natural que as comunicações que expede Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a
sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa:
exige que se atente para todas as características da redação “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. so...”).
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o
o texto definitivo e a correta diagramação do texto são in- gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que
dispensáveis para a padronização. se refere, e não com o substantivo que compõe a locução.

93
LÍNGUA PORTUGUESA

Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satis- corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
feito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa de rodapé;
Senhoria deve estar satisfeita”. - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
No envelope, o endereçamento das comunicações diri- man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
gidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se- - é obrigatório constar a partir da segunda página o
guinte forma: número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
A Sua Excelência o Senhor impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
Fulano de Tal gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas
Ministro de Estado da Justiça páginas pares (“margem espelho”);
70.064-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura;
A Sua Excelência o Senhor
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
Senador Fulano de Tal
distância da margem esquerda;
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
cm;
Senhor Ministro, - deve ser utilizado espaçamento simples entre as li-
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha
Fechos para Comunicações em branco;
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina- - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sub-
lidade de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os linhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor-
modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram re- das ou qualquer outra forma de formatação que afete a
gulados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, elegância e a sobriedade do documento;
que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
e uniformiza-los, este Manual estabelece o emprego de so- papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de para gráficos e ilustrações;
comunicação oficial: - todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7
da República: Respeitosamente, x 21,0 cm;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
rarquia inferior: Atenciosamente, arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elabora-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do gos;
Ministério das Relações Exteriores. - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
vem ser formados da seguinte maneira:
Identificação do Signatário
tipo do documento + número do documento + pala-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da
vras-chaves do conteúdo
República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local
de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Aviso e Ofício
(espaço para assinatura)
Nome Definição e Finalidade
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
(espaço para assinatura) o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado,
Nome para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofí-
Ministro de Estado da Justiça cio é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi- gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa também com particulares.
página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Forma e Estrutura
Forma de diagramação Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o
seguinte forma de apresentação: destinatário, seguido de vírgula.

94
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente


Excelentíssimo Senhor Presidente da República da República por um Ministro de Estado.
Senhora Ministra Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um
Senhor Chefe de Gabinete Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por to-
dos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as de interministerial.
seguintes informações do remetente:
– nome do órgão ou setor; Forma e Estrutura - Formalmente, a exposição de mo-
– endereço postal; tivos tem a apresentação do padrão ofício. A exposição de
– telefone e e-mail. motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas for-
mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
Observação: Estas informações estão ausentes no exclusivamente informativo e outra para a que proponha al-
guma medida ou submeta projeto de ato normativo.
memorando, pois se trata de comunicação interna - des-
No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
tinatário e remetente possuem o mesmo endereço. Se o
plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presiden-
Aviso é de um Ministério para outro Ministério, também
te da República, sua estrutura segue o modelo antes referido
não precisa especificar o endereço. O Ofício é enviado para para o padrão ofício.
outras instituições, logo, são necessárias as informações do
remetente e o endereço do destinatário para que o ofício Mensagem
possa ser entregue e o remetente possa receber resposta.
Definição e Finalidade - É o instrumento de comunica-
Memorando ção oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder
Definição e Finalidade Legislativo para informar sobre fato da Administração Pública,
O memorando é a modalidade de comunicação entre expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem legislativa, submeter ao Congresso Nacional matérias que de-
estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível dife- pendem de deliberação de suas Casas, apresentar veto, enfim,
rente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de inte-
eminentemente interna. resse dos poderes públicos e da Nação.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em- Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi-
pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá
etc. a serem adotados por determinado setor do serviço a redação final.
público. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela ra- - encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple-
pidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. mentar ou financeira;
Para evitar desnecessário aumento do número de comu- - encaminhamento de medida provisória;
nicações, os despachos ao memorando devem ser dados - indicação de autoridades;
no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em - pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Pre-
folha de continuação. Este procedimento permite formar sidente da República ausentarem-se do País por mais de 15
dias;
uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
- encaminhamento de atos de concessão e renovação de
transparência à tomada de decisões e permitindo que se
concessão de emissoras de rádio e TV;
historie o andamento da matéria tratada no memorando.
- encaminhamento das contas referentes ao exercício an-
terior;
Forma e Estrutura - mensagem de abertura da sessão legislativa;
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do - comunicação de sanção (com restituição de autógrafos);
padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário - comunicação de veto;
deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Ex: - outras mensagens.

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Forma e Estrutura - As mensagens contêm:


Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
horizontalmente, no início da margem esquerda;
Exposição de Motivos b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o
cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem
Definição e Finalidade - Exposição de motivos é o ex- esquerda (Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Fede-
pediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Pre- ral);
sidente para: c) o texto, iniciando a 2,0 cm do vocativo;
a) informá-lo de determinado assunto; b) propor algu- d) o local e a data, verticalmente a 2,0 cm do final do
ma medida; ou c) submeter a sua consideração projeto de texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a
ato normativo. margem direita.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Pre- Forma e Estrutura - Um dos atrativos de comunica-
sidente da República, não traz identificação de seu signa- ção por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não
tário. interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto,
deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma
Telegrama comunicação oficial.
O campo “assunto” do formulário de correio eletrôni-
Definição e Finalidade - Com o fito de uniformizar a co mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, organização documental tanto do destinatário quanto do
passa a receber o título de telegrama toda comunicação remetente.
oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Para os arquivos anexados à mensagem, deve ser utili-
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir- que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja nimas sobre seu conteúdo.
possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
justifique sua utilização. Em razão de seu custo elevado, esta firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
forma de comunicação deve pautar-se pela concisão. na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.
Forma e Estrutura - Não há padrão rígido, devendo- Valor documental - Nos termos da legislação em vi-
se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis gor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor
nas agências dos Correios e em seu sítio na Internet. documental, e para que possa ser aceito como documento
original, é necessário existir certificação digital que ateste
Fax a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.

Definição e Finalidade - O fax (forma abreviada já Elementos de Ortografia e Gramática


consagrada de fac-símile) é uma forma de comunicação
que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento Problemas de Construção de Frases
da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens
urgentes e para o envio antecipado de documentos, de A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas,
cujo conhecimento há premência, quando não há condi- principalmente, pela construção adequada da frase, “a me-
ções de envio do documento por meio eletrônico. Quando nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de
necessário o original, ele segue posteriormente pela via e Celso Pedro Luft.
na forma de praxe. A função essencial da frase é desempenhada pelo pre-
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có-
dicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendi-
pia do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre
modelos, deteriora-se rapidamente.
que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome
de período, que terá tantas orações quantos forem os ver-
Forma e Estrutura - Os documentos enviados por fax
bos não auxiliares que o constituem.
mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes.
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
É conveniente o envio, juntamente com o documento
pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com
os dados de identificação da mensagem a ser enviada, con- de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo.
forme exemplo a seguir: Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função
[Órgão Expedidor] de complementos (objetos direto e indireto, predicativo e
[setor do órgão expedidor] complemento adverbial). Função acessória desempenham
[endereço do órgão expedidor] os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da
Destinatário:____________________________________ oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ que desempenham as outras funções, ou deslocados para
Remetente: ____________________________________ o início da oração.
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
No de páginas: ________ No do documento:____________ mentos que compõem uma oração (Observação: os parên-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer):
Observações:___________________________________
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
Correio Eletrônico
Podem ser identificados seis padrões básicos para as
Definição e finalidade - O correio eletrônico (“e-mail”), orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portuguesa
por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na princi- (a função que vem entre parênteses é facultativa e pode
pal forma de comunicação para transmissão de documen- ocorrer em ordem diversa):
tos.
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)

96
LÍNGUA PORTUGUESA

O Presidente - regressou - (ontem). Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.

2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
junto adverbial) Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
manhã de terça-feira). Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
(adjunto adverbial). Frases Fragmentadas
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
tores). oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico na
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. dire-
literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
to - obj. indireto - (adj. Adv.)
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações -
Exemplo:
ao Deputado - (no Congresso). Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- Nacional. Depois de ser longamente debatido.
verbial - (adjunto adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Nacional, depois de ser longamente debatido.
Aires - (na próxima semana). Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa re-
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) cebeu a aprovação do Congresso Nacional.

6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
verbial) metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas
O problema - será - resolvido - prontamente. as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente subme-
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, tido ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as
as frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na cons- áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
trução de períodos, as várias funções podem ocorrer em or-
dem inversa à mencionada, misturando-se e confundindo-se. Erros de Paralelismo
Não interessa aqui análise exaustiva de todos os padrões exis- Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita
tentes na língua portuguesa. O que importa é fixar a ordem “consiste em apresentar ideias similares numa forma gramati-
normal dos elementos nesses seis padrões básicos. Acrescen- cal idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se
te-se que períodos mais complexos, compostos por duas ou em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos.
mais orações, em geral podem ser reduzidos aos padrões bá- Vejamos alguns exemplos:
sicos (de que derivam).
Os problemas mais frequentemente encontrados na Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios eco-
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am- nomizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas.
biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelis-
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
mos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do des-
pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
conhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-se, a
ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes na
reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
construção de frases, registrados em documentos oficiais. planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
Sujeito possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que exe- a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
cuta a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemen- volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
to, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto,
construções como: Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
que economizassem energia e (que) elaborassem planos para
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. redução de despesas.
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor- como reduzidas de infinitivo:
tadas, (...). Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
tadas, (...).
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. coordenação de orações subordinadas.

97
LÍNGUA PORTUGUESA

Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta: Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não um médico.
ser inseguro, inteligência e ter ambição.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- Novamente, a não repetição dos termos comparados
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). confunde. Alternativas para correção:
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por-
transformá-la em frase simples, substituindo as orações redu- taria.
zidas por substantivos: Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segu- Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
rança, inteligência e ambição. do que os Ministérios do Governo.
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa- “demais”) acarretou imprecisão:
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, que os outros Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. que os demais Ministérios do Governo.
Ambiguidade
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Pa-
ris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
de correção é transformá-la em duas frases simples, com o mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar): todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta últi- possam gerar equívocos de compreensão.
ma capital, encontrou-se com o Papa. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar a qual palavra se refere um pronome que possui
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período que com:
não contém nenhum “que” anterior.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem - pronomes pessoais:
sólida formação acadêmica. Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
ele seria exonerado.
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida cretariado.
formação acadêmica. Ou então, caso o entendimento seja outro:
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: neração deste.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o pro- - pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
grama. Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior, ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta-
aqui podemos suprimir a conjunção: do, mas isso não o surpreendeu.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas pre- Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
cipitadas, que comprometam o andamento de todo o progra- acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
ma. Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
Erros de Comparação
federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
da República.
A omissão de certos termos ao fazermos uma compara-
ção, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na lín-
- pronome relativo:
gua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A
costumava trabalhar.
ausência indevida de um termo pode impossibilitar o enten-
dimento do sentido que se quer dar a uma frase: Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora-
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambigui-
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um dade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gê-
médico. nero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais,
A omissão de termos provocou uma comparação indevi- as quais, que marcam gênero e número.
da: “o salário de um professor” com “um médico”. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o mava trabalhar.
salário de um médico. Se o entendimento é outro, então:

98
LÍNGUA PORTUGUESA

Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu- dos pronomes de tratamento apresentados nas alternati-
mava trabalhar. vas, o pronome demonstrativo será “sua”. Descartamos, en-
tão, os itens A, C e E. Agora recorramos ao pronome ade-
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da quado a ser utilizado para deputados. Segundo o Manual
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: de Redação Oficial, temos:
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
funcionário. b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. (...).
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este RESPOSTA: “D”.
indisciplinado.
2-) (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE SER-
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora VIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CESPE/2014)
chamou o médico. Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi respondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de
chamado por uma senhora. acordo com o Manual de Redação da Presidência da Re-
pública.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
Fontes de pesquisa:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_pu-
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
blicacoes_ver.php?id=2
cargos públicos.
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/reda-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cao-oficial-para-concursos.html
2-) Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
Questões forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a
dignidade é condição primordial para que tais cargos públi-
1-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) cos sejam ocupados.
Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
de Redação da Presidência da República, no qual expres- cial_publicacoes_ver.php?id=2
sões foram substituídas por lacunas. RESPOSTA: “ERRADO”.

Senhor Deputado 3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO


Em complemento às informações transmitidas pelo te- – CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas di-
legrama n.º 154, de 24 de abril último, informo _____ de que recionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso
as medidas mencionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acor-
ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo do com as hierarquias do destinatário e do remetente.
procedimento administrativo de demarcação de terras in- ( ) CERTO (
dígenas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de ) ERRADO
1991 (cópia anexa).
(http://www.planalto.gov.br. Adaptado) 3-) Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes
A alternativa que completa, correta e respectivamen- para todas as modalidades de comunicação oficial:
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
da língua portuguesa e atendendo às orientações oficiais da República: Respeitosamente,
a respeito do uso de formas de tratamento em correspon- b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
quia inferior: Atenciosamente,
dências públicas, é:
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
A) Vossa Senhoria … tua.
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tra-
B) Vossa Magnificência … sua.
dição próprios, devidamente disciplinados no Manual de
C) Vossa Eminência … vossa.
Redação do Ministério das Relações Exteriores.
D) Vossa Excelência … sua. RESPOSTA: “CERTO”.
E) Sua Senhoria … vossa.

1-) Podemos começar pelo pronome demonstrativo.


Mesmo utilizando pronomes de tratamento “Vossa” (mui-
tas vezes confundido com “vós” e seu respectivo “vosso”),
os pronomes que os acompanham deverão ficar sempre na
terceira pessoa (do plural ou do singular, de acordo com o
número do pronome de tratamento). Então, em quaisquer

99
LÍNGUA PORTUGUESA

Não encontramos as pessoas que saíram.


FUNÇÕES DO “QUE” E DO “SE” • pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar
como pronome substantivo ou pronome adjetivo.
• pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando
for pronome substantivo, a palavra que exercerá as fun-
A palavra que em português pode ser: ções próprias do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto
Interjeição: exprime espanto, admiração, surpresa. indireto, etc.)
Nesse caso, será acentuada e seguida de ponto de Que aconteceu com você?
exclamação. Usa-se também a variação  o quê! A pala-
vra que não exerce função sintática quando funciona como • pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse
interjeição. caso, exerce a função sintática de adjunto adnominal.

Quê! Você ainda não está pronto? Que vida é essa?


O quê! Quem sumiu?
Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Substantivo: equivale a alguma coisa. caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
Nesse caso, virá sempre antecedida de artigo ou outro vra que pode relacionar tanto orações coordenadas quan-
determinante, e receberá acento por ser monossílabo tô- to subordinadas, daí classificar-se como conjunção coorde-
nativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como
nico terminado em e. Como substantivo, designa também
conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que
a 16ª letra de nosso alfabeto. Quando a palavra que for
recebe o nome da oração que introduz. Por exemplo:
substantivo, exercerá as funções sintáticas próprias dessa
Venha logo, que é tarde. (conjunção coordenativa ex-
classe de palavra (sujeito, objeto direto, objeto indireto,
plicativa)
predicativo, etc.) Falou tanto que ficou rouco. (conjunção subordinativa
consecutiva)
Ele tem certo quê misterioso. (substantivo na função
de núcleo do objeto direto) Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a
palavra que recebe o nome de conjunção subordinativa
Preposição: liga dois verbos de uma locução verbal integrante.
em que o auxiliar é o verboter.
Equivale a de. Quando é preposição, a palavra que não Desejo que você venha logo.
exerce função sintática.

Tenho que sair agora. A palavra se 


Ele tem que dar o dinheiro hoje.
A palavra se, em português, pode ser:
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
frase, sem prejuízo algum para o sentido. Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Nesse caso, a palavra que  não exerce função sintáti- caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
ca; como o próprio nome indica, é usada apenas para dar vra se pode ser:
realce. Como partícula expletiva, aparece também na ex- * conjunção subordinativa integrante: inicia uma ora-
pressão é que. ção subordinada substantiva.
Perguntei se ele estava feliz.
Quase que não consigo chegar a tempo. * conjunção subordinativa condicional: inicia uma ora-
Elas é que conseguiram chegar. ção adverbial condicional (equivale a caso).
Advérbio:  modifica um adjetivo ou um advérbio. Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.
Equivale a quão. Quando funciona como advérbio, a pala-
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
vra que exerce a função sintática de adjunto adverbial; no
frase sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a pa-
caso, de intensidade.
lavra se não exerce função sintática. Como o próprio nome
indica, é usada apenas para dar realce.
Que lindas flores!
Passavam-se os dias e nada acontecia.
Que barato!
Parte integrante do verbo: faz parte integrante dos
Pronome: como pronome, a palavra que pode ser: verbos pronominais. Nesse caso, o se não exerce função
• pronome relativo: retoma um termo da oração an- sintática.
tecedente, projetando-o na oração consequente. Equivale Ele arrependeu-se do que fez.
a o qual e flexões.

100
LÍNGUA PORTUGUESA

Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede ob- Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o es-
jeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passi- tilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado
va sintética. É também chamada de pronome apassivador. controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que, para
Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel é apenas a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira
apassivar o verbo. errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma
um estigma.
Vendem-se casas. Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
Aluga-se carro. gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais
Compram-se joias. representam as variações de acordo com as condições so-
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a ciais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito Dentre elas destacam-se:
indeterminado. Não exerce propriamente uma função sin-
tática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se Variações históricas: Dado o dinamismo que a lín-
de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa gua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do
do singular. tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão
da ortografia, se levarmos em consideração a palavra far-
Trabalha-se de dia. mácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, con-
Precisa-se de vendedores. trapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se fun-
damenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o
Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome fragmento exposto:
pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do su-
jeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblí-
quo se sempre será reflexivo (equivalendo a a si mesmo), Antigamente
podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e
eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
* objeto direto
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
Ele cortou-se com o facão.
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arras-
* objeto indireto
tando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.”
Ele se atribui muito valor.
Carlos Drummond de Andrade
* sujeito de um infinitivo
Comparando-o à modernidade, percebemos um voca-
“Sofia deixou-se estar à janela.”
bulário antiquado.
* Texto adaptado por Por Marina Cabral Variações regionais: São os chamados dialetos, que
são as marcas determinantes referentes a diferentes re-
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/classi- giões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que,
ficacao-das-palavras-que-e-se.htm em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:
macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade es-
tão os sotaques, ligados às características orais da lingua-
gem.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. Variações sociais ou culturais: Estão diretamente li-


gadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também
ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como
exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
A linguagem é a característica que nos difere dos de- As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer-
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores,
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissiona-
frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano e, so- lismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando
bretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissio-
Dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os nais da área de informática, dentre outros.
níveis da fala, que são basicamente dois: o nível de formali-
dade e o de informalidade. Vejamos um poema sobre o assunto:
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo Vício na fala
geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma ma- Para dizerem milho dizem mio
neira que falamos. Este fator foi determinante para a que Para melhor dizem mió
a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Para pior pió

101
LÍNGUA PORTUGUESA

Para telha dizem teia Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
Para telhado dizem teiado pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o
E vão fazendo telhados. das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami-
Oswald de Andrade gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas
perfeitamente normais construções do tipo:
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/varia- Eu não vi ela hoje.
coes-linguisticas.htm Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Níveis de linguagem Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
A língua é um código de que se serve o homem para
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
funcionais: O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se
segmento mais culto e influente de uma sociedade. Cons- alteram:
titui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comu- Eu não a vi hoje.
nicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, Ninguém o deixou falar.
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem Deixe-me ver isso!
aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo- Eu te amo, sim, mas não abuses!
rando na educação; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
2) a língua funcional de modalidade popular; língua po-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
pular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais
diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos
Norma culta:
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza-
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas,
do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do
à causa do ensino.
ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas esco-
las e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâ- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
mica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Estou preocupado. (norma culta) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Tô preocupado. (língua popular) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co-
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro
de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver. Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor- dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
mas da língua culta. Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
sair daqui bem depressa.)
O conceito de erro em língua: O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
seu posto.)
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos im-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num pedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu
a norma culta. tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um formas então legítimas impido, despido e desimpido, que
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de
praia, vestido de fraque e cartola. usar.

102
LÍNGUA PORTUGUESA

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário


escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe- O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E AS
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que FUNÇÕES DA LINGUAGEM.
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
da língua popular para a língua culta”.
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada con- Comunicação
forme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma
culta. A comunicação constitui uma das ferramentas mais im-
portantes que os líderes têm à sua disposição para desem-
Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem: penhar as suas funções de influência. A sua importância é
tal que alguns autores a consideram mesmo como o “san-
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos eco- gue” que dá vida à organização. Esta importância deve-se
nômica, não dispõe dos recursos próprios da língua falada. essencialmente ao fato de apenas através de uma comuni-
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação cação efetiva ser possível:
(melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, - Estabelecer e dar a conhecer, com a participação de
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade membros de todos os níveis hierárquicos da organização,
mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural, os objetivos organizacionais por forma a que contemplem,
estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e não apenas os interesses da organização, mas também os
a evoluções. interesses de todos os seus membros.
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importân-
cia. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar a lín- - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
gua falada com base na língua escrita, considerada supe- bros de todos os níveis hierárquicos da organização, a es-
rior. Decorrem daí as correções, as retificações, as emendas, trutura organizacional, quer ao nível do desenho organiza-
a que os professores sempre estão atentos. cional, quer ao nível da distribuição de autoridade, respon-
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- sabilidade e tarefas.
trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
ou inferioridade, que em verdade inexiste. bros de todos os níveis hierárquicos da organização, de-
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na lín- cisões, planos, políticas, procedimentos e regras aceites e
gua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de respeitadas por todos os membros da organização.
línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de diale-
tos, consequência natural do enorme distanciamento entre - Coordenar, dar apoio e controlar as atividades de to-
uma modalidade e outra. dos os membros da organização.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que - Efetuar a integração dos diferentes departamentos e
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser a permitir a ajuda e cooperação interdepartamental.
que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Ne-
nhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível - Desempenhar eficazmente o papel de influência atra-
sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, vés da compreensão e atuação em conformidade satisfa-
processam-se lentamente e em número consideravelmente ção das necessidades e sentimentos das pessoas por forma
menor, quando cotejada com a modalidade falada. a aumentar a sua motivação.
Importante é fazer o educando perceber que o nível da
linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com Elementos do Processo de Comunicação
a situação em que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- Para perceber desenvolver políticas de comunicação
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia eficazes é necessário analisar antes cada um dos elemen-
e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não tos que fazem parte do processo de comunicação. Assim,
fala com uma criança como se estivesse em uma missa, as- fazem parte do processo de comunicação o emissor, um
sim como uma criança não fala como um adulto. Um enge- canal de transmissão, geralmente influenciado por ruídos,
nheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível um receptor e ainda o feedback do receptor.
de fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum
professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e - Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação):
na sala de aula. representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre seja, quem inicia o processo de comunicação. A codificação
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o coti- da mensagem pode ser feita transformando o pensamento
diano, a que já fizemos referência. que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos
que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem.

103
LÍNGUA PORTUGUESA

- Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação parte do emissor, nomeadamente com o fato de se tor-
entre o emissor e o receptor e representa o meio através narem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e
do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande as novas explicações para melhor compreensão após a sua
variedade de canais de transmissão, cada um deles com transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que
vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida
emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e unifor-
meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, me (se manuscrita), a apresentação cuidada, a pontuação
a televisão, entre outros. e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a ri-
queza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda
- Receptor da mensagem: representa quem recebe e possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar
descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção prever as reações/feedback à sua mensagem.
que a descodificação da mensagem resulta naquilo que Como principais vantagens da comunicação escrita,
efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um
diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados registro e de permitir uma maior atenção à organização
diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recep- da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir
tores para a mesma mensagem. políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se tam-
bém a mensagens longas e que requeiram uma maior aten-
- Ruídos: representam obstruções mais ou menos in- ção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e
tensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em análises diversas. Como principais desvantagens destacam-
qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos inter- se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o
nos se ocorrem durante as fases de codificação ou desco- feedback imediato, não permite correções ou explicações
dificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.
Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal
de transmissão utilizado e consoante as características do Comunicação Oral
emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos crité-
rios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do No caso da comunicação oral, a sua principal caracte-
tipo de codificação. rística é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a
comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gra-
- Retro-informação (feedback): representa a resposta vações). Esta característica explica diversas das suas prin-
do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser cipais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o fee-
utilizada como uma medida do resultado da comunicação. dback imediato, permitir a passagem imediata do receptor
Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de trans- a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunica-
missão. ção não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por
  exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais,
Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, po- permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande
dem ser agrupados em comunicação verbal e comunica- rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vanta-
ção não verbal. Como comunicação não verbal podemos gens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos
considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável
as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e auto-
locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação domínio, e ainda a disponibilidade para ouvir.
oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre Como principais desvantagens da comunicação oral
“dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada destacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qual-
como suporte e apoio à comunicação oral. quer registro e, consequentemente, não se adequando a
Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunica- mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte
ção escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na do receptor.
sociedade em geral e nas organizações em particular, por
ser a única que permite a transmissão de ideias complexas Gêneros Escritos e Orais
e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que
mais atenção tem merecido dos investigadores, caracteri- Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
zando-a e estudando quando e como deve ser utilizada. qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discur-
sivas constituem as estruturas e as funções sociais (narra-
Comunicação Escrita tivas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas
de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser consi-
A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje derados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites,
predomina, nas organizações burocráticas que seguem atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comé-
os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max dias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevis-
Weber. A principal característica é o fato do receptor estar tas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, ins-
ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente truções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias.
do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por São textos que circulam no mundo, que têm uma função

104
LÍNGUA PORTUGUESA

específica, para um público específico e com características Exemplo de gêneros orais e escritos: Texto expositivo,
próprias. Aliás, essas características peculiares de um gêne- exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral,
ro discursivo nos permitem abordar aspectos da textualida- palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclo-
de, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, pédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de tex-
técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes tos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico,
ao gênero em questão. relatório oral de experiência.
Gênero de texto então, refere-se às diferentes formas
de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por Domínios sociais de comunicação: Instruções e prescri-
exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc. ções.
Para a linguística, os gêneros textuais englobam estes Aspectos tipológicos: Descrever ações.
e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Capacidade de linguagem dominante: Regulação mú-
Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também iden- tua de comportamentos.
tificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tan- Exemplo de gêneros orais e escritos: Instruções de mon-
tos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa tagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de
sociedade. uso, comandos diversos, textos prescritivos.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguís-
ticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los
dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e esti-
los composicionais. Funções da Linguagem
Domínios sociais de comunicação: Cultura Literária Fic-
cional. Quando se pergunta a alguém para que serve a lingua-
Aspectos tipológicos: Narrar. gem, a resposta mais comum é que ela serve para comuni-
Capacidade de linguagem dominante: Mimeses de ação car. Isso está correto. No entanto, comunicar não é apenas
através da criação da intriga no domínio do verossímil. transmitir informações. É também exprimir emoções, dar
Exemplo de gêneros orais e escritos: Conto de Fadas, fá- ordens, falar apenas para não haver silêncio. Para que serve
bula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cien- a linguagem?
tífica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou his- - A linguagem serve para informar: Função Referencial.
tória engraçada, biografia romanceada, romance, romance
histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivi- “Estados Unidos invadem o Iraque”
nha, piada.
Domínios sociais de comunicação: Documentação e Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos so-
memorização das ações humana. bre um acontecimento do mundo.
Aspectos tipológicos: Relatar. Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na
Capacidade de linguagem dominante: Representação memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pes-
pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo. soas, ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, so-
Exemplo de gêneros orais e escritos: Relato de expe- mos prevenidos contra as tentativas mal sucedidas de fazer
riência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, alguma coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe
anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, de outro conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite-os.
reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, re- Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender
lato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia. ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como apren-
Domínios sociais de comunicação: Discussão de proble- demos desde as mais banais informações do dia a dia até
mas sociais controversos. as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas
Aspectos tipológicos: Argumentar. filosóficos mais avançados.
Capacidade de linguagem dominante: Sustentação, re- A função informativa da linguagem tem importância
futação e negociação de tomadas de posição. central na vida das pessoas, consideradas individualmente
Exemplo de gêneros orais e escritos: Textos de opinião, ou como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite co-
diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, nhecer o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo
deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de conhecimentos e a transferência de experiências. Por
de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), meio dessa função, a linguagem modela o intelecto.
resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, É a função informativa que permite a realização do
ensaio. trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem
possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender.
Domínios sociais de comunicação: Transmissão e cons- A função informativa costuma ser chamada também de
trução de saberes. função referencial, pois seu principal propósito é fazer com
Aspectos tipológicos: Expor. que as palavras revelem da maneira mais clara possível as
Capacidade de linguagem dominante: Apresentação coisas ou os eventos a que fazem referência.
textual de diferentes formas dos saberes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: insinuarem intimidade com ele e, portanto, de exprimirem
Função Conativa. a importância que lhes seria atribuída pela proximidade
com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos
“Vem pra Caixa você também.” para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa
valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a nossa competência na conquista amorosa.
aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom
Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a de voz que empregamos, etc., transmitimos uma imagem
adotar esse comportamento, formulou-se um convite com nossa, não raro inconscientemente.
uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a Emprega-se a expressão função emotiva para designar
forma vem, de segunda pessoa do imperativo, em lugar de a utilização da linguagem para a manifestação do enuncia-
venha, forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta dor, isto é, daquele que fala.
quando se usa você.
Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer de- - A linguagem serve para criar e manter laços sociais:
terminadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sen- Função Fática.
tir determinadas emoções, a ter determinados estados de
alma (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode- __Que calorão, hein?
se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, __Também, tem chovido tão pouco.
emoções, paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente __Acho que este ano tem feito mais calor do que nos
a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende outros.
a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, __Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor.
num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
os preconceitos contra a mulher. Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram
Não se interfere no comportamento das pessoas ape- num elevador e devem manter uma conversa nos poucos
nas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, ape-
influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e nas porque o silêncio poderia ser constrangedor ou pare-
seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem cer hostil.
como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se Quando estamos num grupo, numa festa, não pode-
usarmos determinadas marcas, se consumirmos certos mos manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros.
produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expres- Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso,
sas pela linguagem também servem para fazer fazer. quando não se tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se
Com essa função, a linguagem modela tanto bons ci- histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas.
dadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo, A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma função que
quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, não seja manter os laços sociais. Quando encontramos al-
e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir sem guém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não que-
questionar. remos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem está doente, se está com problemas.
quando esta é usada para interferir no comportamento A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo
das pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma social.
sugestão. A palavra conativo é proveniente de um verbo Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja
latino (conari) que significa “esforçar-se” (para obter algo). entre alunos de uma escola, entre torcedores de um time
de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa
- A linguagem serve para expressar a subjetividade: que as pessoas não entendam bem o significado da letra
Função Emotiva. do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o
importante é que, ao cantá-lo, sentimo-nos participantes
“Eu fico possesso com isso!” da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação função fática para indicar a utilização da linguagem para
com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetiva- estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um fa-
mos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. lante e seu interlocutor.
Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, - A linguagem serve para falar sobre a própria lingua-
desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas ve- gem: Função Metalinguística.
zes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos
socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um
Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usan-
intenção do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O do o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegan-
Fernando tem mudado o país”. Essa maneira informal de se te usar palavrões”, não estamos falando de acontecimen-
referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de tos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a

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LÍNGUA PORTUGUESA

própria linguagem. É o que chama função metalinguística. Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitaria-
A atividade metalinguística é inseparável da fala. Falamos mente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada
sobre o mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo para informar, para influenciar, para manter os laços sociais,
tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos etc. No segundo, para produzir um efeito prazeroso de des-
outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos co- coberta de sentidos. Em função estética, o mais importante
mentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que é como se diz, pois o sentido também é criado pelo ritmo,
não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a pelo arranjo dos sons, pela disposição das palavras, etc.
que estamos enunciando; inversamente, podemos usar a Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/,
de dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Paro-
/k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
diando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica,
vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não
E o bosque estala, move-se, estremece...
podem pescar”.
Da cavalgada o estrépito que aumenta
- A linguagem serve para criar outros universos. Perde-se após no centro da montanha...

A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássi-
mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte: cos.
mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros
universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa Observe-se que a maior concentração de sons oclu-
púrpura do Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem ex- sivos ocorre no segundo verso, quando se afirma que o
pressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para barulho dos cavalos aumenta.
consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligi- Quando se usam recursos da própria língua para acres-
dos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras centar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se
vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o que estamos usando a linguagem em sua função poética.
galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e am-
bos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra Para melhor compreensão das funções de linguagem,
realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o torna-se necessário o estudo dos elementos da comuni-
amor nunca diminui e assim por diante.
cação.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era de-
- A linguagem serve como fonte de prazer: Função
Poética. senvolvido de maneira “sistematizada” (alguém pergunta
- alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto
Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido outro escuta em silêncio, etc).
e os sons são formas de tornar a linguagem um lugar de Exemplo:
prazer. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras
para delas extrairmos satisfação. Elementos da comunicação
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”,
diz “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase sha- - Emissor - emite, codifica a mensagem;
kespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emí- - Receptor - recebe, decodifica a mensagem;
lio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gor- - Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;
da se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez - Código - conjunto de signos usado na transmissão e
o seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco recepção da mensagem;
quebrar por excesso de fundos”. - Referente - contexto relacionado a emissor e recep-
A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel tor;
comprido para sentar-se” e “casa bancária”. Também está - Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
empregado em dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa
“capital”, “dinheiro”.
teoria sofreu uma modificação, pois, chegou-se a conclu-
são que quando se trata da parole, entende-se que é um
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diver-
veículo democrático (observe a função fática), assim, admi-
sas, com significados diferentes, nesta frase do deputado
Virgílio Guimarães: te-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diá-
logo interativo):
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
continência para os militares, bateu palmas para o Collor e - locutor - quem fala (e responde);
quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata - locutário - quem ouve e responde;
uma dor de consciência e bata em retirada.” - interlocução - diálogo
(Folha de S. Paulo)

107
LÍNGUA PORTUGUESA

As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


faciais etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria. SOBRE: LÍNGUA PORTUGUESA
As atitudes e reações dos comunicantes são também
referentes e exercem influência sobre a comunicação 1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al-
Lembramo-nos: ternativa correta quanto à concordância, de acordo
com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no (A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade
“eu” do emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta social está no centro dos debates atuais.
função está, por norma, a poesia lírica. (B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
- Função apelativa (imperativa): com este tipo de men- lação aos efeitos da desigualdade social.
sagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que este (C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
assuma determinado comportamento; há frequente uso mais pobres é um fenômeno crescente.
do vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é (D) A má distribuição de riquezas tem sido muito
frequentemente usada por oradores e agentes de publici- criticado por alguns teóricos.
dade. (E) Os debates relacionado à distribuição de rique-
- Função metalinguística: função usada quando a lín- zas não são de exclusividade dos economistas.
gua explica a própria linguagem (exemplo: quando, na aná-
Realizei a correção nos itens:
lise de um texto, investigamos os seus aspectos morfossin-
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so-
táticos e/ou semânticos).
cial está = estão
- Função informativa (ou referencial): função usada
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver-
quando o emissor informa objetivamente o receptor de
gem
uma realidade, ou acontecimento.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
- Função fática: pretende conseguir e manter a atenção
mais pobres é um fenômeno crescente.
dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti-
textos publicitários (centra-se no canal de comunicação). cado = criticada
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensa- (E) Os debates relacionado = relacionados
gem com figuras de estilo, palavras belas, expressivas, rit-
mos agradáveis, etc. RESPOSTA: “C”.
Também podemos pensar que as primeiras falas cons- 2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
cientes da raça humana ocorreu quando os sons emitidos guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase
evoluíram para o que podemos reconhecer como “interjei- – Um levantamento mostrou que os adolescentes ame-
ções”. As primeiras ferramentas da fala humana. ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em:
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo (A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes
que mais profundamente distingue o homem dos outros americanos consomem em média 357 calorias, diárias
animais. dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes
Podemos considerar que o desenvolvimento desta fun- americanos consomem, em média 357 calorias diárias
ção cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a dessa fonte.
libertação da mão, que permitiram o aumento do volume (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes
do cérebro, a par do desenvolvimento de órgãos fonadores americanos consomem, em média, 357 calorias diárias
e da mímica facial dessa fonte.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes
Devido a estas capacidades, para além da linguagem americanos, consomem em média 357 calorias diárias
falada e escrita, o homem, aprendendo pela observação de dessa fonte.
animais, desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos sur- (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
dos em diferentes países, não só para melhorar a comuni- americanos, consomem em média 357 calorias diárias,
cação entre surdos, mas também para utilizar em situações dessa fonte.
especiais, como no teatro e entre navios ou pessoas e não
animais que se encontram fora do alcance do ouvido, mas Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada
que se podem observar entre si. ou faltante:
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X)
diárias dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias
dessa fonte.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes Distribuímos = regra do hiato


americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des- (A) sócio = paroxítona terminada em ditongo
sa fonte. (B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome
(D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes oblíquo. Nunca!)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (C) lúcidos = proparoxítona
diárias dessa fonte. (D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui”
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes – oxítona: cons-ti-tui)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
diárias, (X) dessa fonte.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “C”.
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012)
3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – A concordância verbal está plenamente observada na
FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de frase:
concordância verbal na frase: (A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e
a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e
nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas
visibilidade social. públicas.
b) As duas tábuas em que se comprimem o famige- (B) Sempre deverão haver bons motivos, junto
rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos, àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino
como “compro ouro”. religioso, para se reservar essa prática a setores da ini-
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa ciativa privada.
a exposição pública a que se submetem os guardadores (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex-
de carros. to, contra os que votam a favor do ensino religioso na
d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na escola pública, consistem nos altos custos econômicos
propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de- que acarretarão tal medida.
monstração de mau gosto. (D) O número de templos em atividade na cidade
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve- proporção maior do que ocorrem com o número de es-
lhos carros-placa. colas públicas.
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Fiz as correções entre parênteses: como a regulação natural do mercado sinalizam para
a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu- as inconveniências que adviriam da adoção do ensino
gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri- religioso nas escolas públicas.
mida a visibilidade social.
b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime) (A) Provocam = provoca (o posicionamento)
o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô- (B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver
nicos, como “compro ouro”. (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto,
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a contra os que votam a favor do ensino religioso na escola
exposição pública a que se submetem os guardadores de pública, consistem = consiste.
carros. (D) O número de templos em atividade na cidade de
d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros- São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor-
-placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma ção maior do que ocorrem = ocorre
demonstração de mau gosto. (E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como
e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in- a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve-
teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da- niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas
queles velhos carros-placa. escolas públicas.

RESPOSTA: “C”. RESPOSTA: “E”.

4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) 6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú-
mesma regra que distribuídos. blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para
(A) sócio (A) embaixadores.
(B) sofrê-lo (B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais.
(C) lúcidos (C) prefeitos municipais.
(D) constituí (D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
(E) órfãos (E) vereadores.

109
LÍNGUA PORTUGUESA

(...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
(abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.
presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
dência da República (1991). tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
(Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece- põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
-detail.php?id=393)
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “E”.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
A frase que admite transposição para a voz passiva é:
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa-
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
grado.
ciedade como tais. (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo grande diversidade de fenômenos.
passará a ser, corretamente, (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so-
(A) perceba. ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
(B) foi percebido. ficação.
(C) tenham percebido. (D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
(D) devam perceber. da vida (...).
(E) estava percebendo. (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu-
dido e da falsa consciência.
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te- (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e do.
princípios... (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
grande diversidade de fenômenos.
RESPOSTA: “A” - Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
explicada pelo conceito...
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
ta na frase: vida (...).
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
valores que determinam as escolhas dos governantes, e da falsa consciência.
para conferir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes RESPOSTA: “B”.
devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
cípios que regem a prática política. 10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA-
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda- TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias,
deiro regime democrático, em que se respeita tanto as vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista
liberdades individuais quanto as coletivas. ambiental Geraldo Motta.
(D) As instituições fundamentais de um regime de- Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
mocrático não pode estar subordinado às ordens indis- nhados devem sofrer as seguintes alterações:
criminadas de um único poder central. (A) entrar − vira
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados (B) entrava − tinha visto
para o momento eleitoral, que expõem as diferentes (C) entrasse − veria
opiniões existentes na sociedade. (D) entraria − veria
(E) entrava − teria visto
Fiz os acertos entre parênteses:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
ria = entrasse / veria.
rir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- RESPOSTA: “C”.
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
valores e princípios que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

110
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

1 Noções sobre história política, econômica e social do Brasil. ............................................................................................................ 01


1.1 Noções sobre história e institucionalização do patrimônio cultural no Brasil e no mundo, com ênfase na trajetória
do IPHAN. ............................................................................................................................................................................................................. 15
2 Marcos internacionais da preservação: Convenção relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural
(1972); .......................................................................................................................................................................................................................... 15
Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003). ......................................................................................... 22
3 Legislação brasileira sobre preservação de bens culturais. ................................................................................................................. 29
3.1 Constituição Federal (artigos 20, 23, 24, 30, 215 e 216). ............................................................................................................. 29
3.2 Decreto-Lei nº 25/1937, e suas alterações. ...................................................................................................................................... 32
3.3 Lei nº 3.924/1961. ....................................................................................................................................................................................... 35
3.4 Lei nº 11.483/2007, e suas alterações (art. 9º). ............................................................................................................................... 37
3.5 Decreto nº 3.551/2000. ............................................................................................................................................................................ 43
3.6 Decreto nº 9.238/2017. ............................................................................................................................................................................ 44
4 Legislação aplicada ao patrimônio cultural. .............................................................................................................................................. 45
4.1 Portaria IPHAN nº 187/2010; ................................................................................................................................................................. 46
Portaria IPHAN nº 420/2010; ......................................................................................................................................................................... 51
Portaria IPHAN nº 127/2009; ......................................................................................................................................................................... 56
Portaria IPHAN nº 137/2016........................................................................................................................................................................... 58
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Em 1548, a Coroa portuguesa instituiu o governo ge-


1 NOÇÕES SOBRE HISTÓRIA POLÍTICA, ral, para melhor controlar a administração da colônia. O
ECONÔMICA E SOCIAL DO BRASIL. governador-geral Tomé de Sousa possuía extensos pode-
res, e administrava em nome do rei a capitania da Bahia,
cuja sede, Salvador -- primeira cidade fundada no Brasil, foi
também sede do governo geral até 1763, quando a capital
A descoberta do Brasil, em 22 de abril de 1500, pela
da colônia foi transferida para o Rio de Janeiro. A admi-
esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral, com des- nistração local era exercida pelas câmaras municipais, para
tino às Índias, integra o ciclo da expansão marítima portu- as quais eram eleitos os colonos ricos, chamados “homens
guesa. Inicialmente denominada Terra de Vera Cruz, depois bons”.
Santa Cruz e, finalmente, Brasil, a nova terra foi explorada O papel da Igreja Católica era da mais alta importância.
a princípio em função da extração do pau-brasil, madeira A ela cabiam tarefas administrativas, a assistência social, o
de cor vermelha usada em tinturaria na Europa, e que deu ensino e a catequese dos indígenas. Dentre as diversas or-
o nome à terra. dens religiosas, destacaram-se os jesuítas.
Várias expedições exploradoras (Gonçalo Coelho, Gas- Invasões estrangeiras. Durante o período colonial, o
par de Lemos) e guarda-costas (Cristóvão Jacques) foram Brasil foi alvo de várias incursões estrangeiras, sobretudo
enviadas pelo rei de Portugal, a fim de explorar o litoral de franceses, ingleses e holandeses. Os franceses chega-
e combater piratas e corsários, principalmente franceses, ram a fundar, em 1555, uma colônia, a França Antártica, na
para garantir a posse da terra. O sistema de feitorias, já ilha de Villegaignon, na baía de Guanabara. Somente foram
utilizado no comércio com a África e a Ásia, foi empre- expulsos em 1567, em combate do qual participou Estácio
gado tanto para a defesa como para realizar o escambo de Sá, fundador da cidade do Rio de Janeiro (1565). Mais
(troca) do pau-brasil com os indígenas. A exploração do tarde, entre 1612 e 1615, novamente os franceses tentaram
pau-brasil, monopólio da Coroa portuguesa, foi concedida estabelecer uma colônia no Brasil, desta vez no Maranhão,
ao cristão-novo Fernão de Noronha. chamada França Equinocial.
A partir de 1530, tem início a colonização efetiva, com Os holandeses, em busca do domínio da produção do
a expedição de Martim Afonso de Sousa, cujos efeitos fo- açúcar (do qual eram os distribuidores na Europa), inva-
ram o melhor reconhecimento da terra, a introdução do diram a Bahia, em 1624, sendo expulsos no ano seguinte.
cultivo da cana-de-açúcar e a criação dos primeiros enge- Em 1630, uma nova invasão holandesa teve como alvo Per-
nhos, instalados na recém-fundada cidade de São Vicente, nambuco, de onde estendeu-se por quase todo o Nordes-
no litoral de São Paulo, que no século 16 chegou a ter te, chegando até o Rio Grande do Norte. Entre 1637 e 1645,
treze engenhos de açúcar. A economia açucareira, entre- o Brasil holandês foi governado pelo conde Maurício de
Nassau, que realizou brilhante administração. Em 1645, os
tanto, vai se concentrar no Nordeste, principalmente em
holandeses foram expulsos do Brasil, no episódio conheci-
Pernambuco. Estava baseada no tripé latifúndio--mono-
do como insurreição pernambucana.
cultura--escravidão. A cana-de-açúcar, no Nordeste, era
cultivada e beneficiada em grandes propriedades, que
Expansão geográfica
empregavam mão-de-obra dos negros africanos trazidos Durante o século 16, foram organizadas algumas entra-
como escravos, e destinava-se à exportação. das, expedições armadas ao interior, de caráter geralmente
Ao lado do ciclo da cana-de-açúcar, ocorrido na zona oficial, em busca de metais preciosos. No século seguin-
da mata, desenvolveu-se o ciclo do gado. A pecuária aos te, expedições particulares, conhecidas como bandeiras,
poucos ocupou toda a área do agreste e do sertão nor- partiram especialmente de São Paulo, com três objetivos:
destinos e a bacia do rio São Francisco. No século 18, o a busca de índios para escravizar; a localização de agru-
ciclo da mineração do ouro e dos diamantes em Minas pamentos de negros fugidos (quilombos), para destruí-los;
Gerais levou à ocupação do interior da colônia. A socieda- e a procura de metais preciosos. As bandeiras de caça ao
de mineradora era mais diversificada do que a sociedade índio (Antônio Raposo Tavares, Sebastião e Manuel Preto)
açucareira, extremamente ruralizada. Na zona mineira, ao atingiram as margens do rio Paraguai, onde arrasaram as
lado dos proprietários e escravos, surgiram classes inter- “reduções” (missões) jesuíticas. Em 1695, depois de qua-
mediárias, constituídas por comerciantes, artesãos e fun- se um século de resistência, foi destruído Palmares, o mais
cionários da Coroa. célebre quilombo do Brasil, por tropas comandadas pelo
Política e administrativamente a colônia estava subor- bandeirante Domingos Jorge Velho.
dinada à metrópole portuguesa, que, para mais facilmente Datam do final do século 17 as primeiras descobertas
ocupá-la, adotou, em 1534, o sistema de capitanias here- de jazidas auríferas no interior do território, nas chama-
ditárias. Consistia na doação de terras pelo rei de Portugal das Minas Gerais (Antônio Dias Adorno, Manuel de Borba
a particulares, que se comprometiam a explorá-las e po- Gato), em Goiás (Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangue-
voá-las. Apenas duas capitanias prosperaram: São Vicente ra) e Mato Grosso (Pascoal Moreira Cabral), onde foram
e Pernambuco. As capitanias hereditárias somente foram estabelecidas vilas e povoações. Mais tarde, foram encon-
extintas em meados do século 18. trados diamantes em Minas Gerais. Um dos mais célebres
bandeirantes foi Fernão Dias Pais, o caçador de esmeraldas.

1
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Ao mesmo tempo que buscavam o oeste, os bandeiran- A partir de 1821, com a volta do rei e da corte para
tes ultrapassaram a vertical de Tordesilhas, a linha imaginária Portugal, o Brasil passou a ser governado pelo príncipe re-
que, desde 1494, separava as terras americanas pertencentes gente D. Pedro. Atendendo principalmente aos interesses
a Portugal e à Espanha, contribuindo para alargar o território dos grandes proprietários rurais, contrários à política das
brasileiro. As fronteiras ficaram demarcadas por meio da as- Cortes portuguesas, que desejavam recolonizar o Brasil,
sinatura de vários tratados, dos quais o mais importante foi bem como pretendendo libertar-se da tutela da metrópole,
o de Madri, celebrado em 1750, e que praticamente deu ao que visava diminuir-lhe a autoridade, D. Pedro proclamou
Brasil os contornos atuais. Nas negociações com a Espanha, a independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, às
Alexandre de Gusmão defendeu o princípio do uti posside- margens do riacho do Ipiranga, na província de São Paulo.
tis, o que assegurou a Portugal as terras já conquistadas e É importante destacar o papel de José Bonifácio de Andra-
ocupadas. da e Silva, à frente do chamado Ministério da Independên-
cia, na articulação do movimento separatista.
Revoltas coloniais Primeiro reinado. Aclamado imperador do Brasil, D. Pe-
Desde a segunda metade do século 17, explodiram na dro I tratou de dar ao país uma constituição, outorgada em
colônia várias revoltas, geralmente provocadas por interesses 1824. No início do seu reinado, ocorreu a chamada “guerra
econômicos contrariados. Em 1684, a revolta dos Beckman, da independência”, contra as guarnições portuguesas se-
no Maranhão, voltou-se contra o monopólio exercido pela diadas principalmente na Bahia. Em 1824, em Pernambu-
Companhia de Comércio do Estado do Maranhão. Já no sé- co, a confederação do Equador, movimento revoltoso de
culo 18, a guerra dos emboabas envolveu paulistas e “foras- caráter republicano e separatista, questionava a excessiva
teiros” na zona das minas; a guerra dos mascates opôs os co- centralização do poder político nas mãos do imperador,
merciantes de Recife aos aristocráticos senhores de engenho mas foi prontamente debelado. Em 1828, depois da guerra
de Olinda; e a revolta de Vila Rica, liderada por Filipe dos San- contra as Províncias Unidas do Rio da Prata, o Brasil reco-
tos, em 1720, combateu a instituição das casas de fundição nheceu a independência do Uruguai.
e a cobrança de novos impostos sobre a mineração do ouro. Depois de intensa luta diplomática, em que foi muito
Os mais importantes movimentos revoltosos desse sécu- importante a intervenção da Inglaterra, Portugal reconhe-
lo foram a conjuração mineira e a conjuração baiana, as quais ceu a independência do Brasil. Frequentes conflitos com a
possuíam, além do caráter econômico, uma clara conotação Assembleia e interesses dinásticos em Portugal levaram D.
política. A conjuração mineira, ocorrida em 1789, também em Pedro I, em 1831, a abdicar do trono do Brasil em favor do
Vila Rica, foi liderada por Joaquim José da Silva Xavier, o Tira- filho D. Pedro, então com cinco anos de idade.
dentes, que terminou preso e enforcado, em 1792. Pretendia, Período regencial. O reinado de D. Pedro II teve início
entre outras coisas, a independência e a proclamação de uma com um período regencial, que durou até 1840, quando foi
república. A conjuração baiana -- também chamada revolu- proclamada a maioridade do imperador, que contava cerca
ção dos alfaiates, devido à participação de grande número de quinze anos. Durante as regências, ocorreram intensas
de elementos das camadas populares (artesãos, soldados, lutas políticas em várias partes do país, quase sempre pro-
negros libertos) --, ocorrida em 1798, tinha idéias bastante vocadas pelos choques entre os interesses regionais e a
avançadas para a época, inclusive a extinção da escravidão. concentração do poder no Sudeste (Rio de Janeiro). A mais
Seus principais líderes foram executados. Mais tarde, estou- importante foi a guerra dos farrapos ou revolução farrou-
rou outro importante movimento de caráter republicano e pilha, movimento republicano e separatista ocorrido no Rio
separatista, conhecido como revolução pernambucana de Grande do Sul, em 1835, e que só terminou em 1845. Além
1817. dessa, ocorreram revoltas na Bahia (Sabinada), no Mara-
Independência. Em 1808, ocorreu a chamada “inversão nhão (Balaiada) e no Pará (Cabanagem).
brasileira”, isto é, o Brasil tornou-se a sede da monarquia por- Segundo reinado. O governo pessoal de D. Pedro II co-
tuguesa, com a transferência da família real e da corte para o meçou com intensas campanhas militares, a cargo do ge-
Rio de Janeiro, fugindo da invasão napoleônica na península neral Luís Alves de Lima e Silva, que viria a ter o título de
ibérica. Ainda na Bahia, o príncipe regente D. João assinou o duque de Caxias, com a finalidade de pôr termo às revoltas
tratado de abertura dos portos brasileiros ao comércio das provinciais. A partir daí, a política interna do império brasi-
nações amigas, beneficiando principalmente a Inglaterra. Ter- leiro viveu uma fase de relativa estabilidade, até 1870.
minava assim o monopólio português sobre o comércio com A base da economia era a agricultura cafeeira, desen-
o Brasil e tinha início o livre-cambismo, que perduraria até volvida a partir de 1830, no Sudeste, inicialmente nos mor-
1846, quando foi estabelecido o protecionismo. ros como o da Tijuca e a seguir no vale do Paraíba flumi-
Além da introdução de diversos melhoramentos (Im- nense (província do Rio de Janeiro), avançando para São
prensa Régia, Biblioteca Pública, Academia Militar, Jardim Bo- Paulo (vale do Paraíba e oeste paulista). Até 1930, o ciclo do
tânico, faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia e café constituiu o principal gerador da riqueza brasileira. A
outros), no governo do príncipe regente D. João (que passaria partir da década de 1850, graças aos empreendimentos de
a ter o título de D. João VI a partir de 1816, com o falecimen- Irineu Evangelista de Sousa, o barão e depois visconde de
to da rainha D. Maria I) o Brasil foi elevado à categoria de Mauá, entre os quais se destaca a construção da primeira
reino e teve anexadas a seu território a Guiana Francesa e a estrada de ferro brasileira, ocorreu um primeiro surto de
Banda Oriental do Uruguai, que tomou o nome de província industrialização no país.
Cisplatina.

2
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

A base social do império era a escravidão. Desde o pe- República Nova


ríodo colonial, os negros escravos constituíam a principal, Sob a chefia de Getúlio Vargas, foi instaurado um go-
e quase exclusiva, mão-de-obra no Brasil. As restrições ao verno provisório que durou até 1934. Embora vitorioso so-
tráfico negreiro começaram por volta de 1830, por pres- bre a revolução constitucionalista de 1932, ocorrida em São
sões da Inglaterra, então em plena revolução industrial. Fi- Paulo, Vargas viu-se obrigado a convocar uma assembleia
nalmente, em 1888, após intensa campanha abolicionista, constituinte, que deu ao país uma nova constituição (1934),
a chamada Lei Áurea declarava extinta a escravidão no país. de cunho liberal.
Nesse período, houve uma grande imigração para o Brasil, Em 1935, a Aliança Nacional Libertadora (ANL) promo-
sobretudo de alemães e italianos. veu uma revolta militar, conhecida como intentona comu-
Na política externa, sobressaíram as guerras do Prata, nista. Aproveitando-se de uma conjuntura favorável, Vargas
em que o Brasil enfrentou o Uruguai e a Argentina, e a da deu um golpe de estado, em 1937, fechando o Congresso
Tríplice Aliança ou do Paraguai, que reuniu o Brasil, a Ar- e estabelecendo uma ditadura de cunho corporativo-fas-
gentina e o Uruguai numa coligação contra o ditador pa- cista, denominada Estado Novo, regida por uma carta ou-
raguaio Solano López. A guerra do Paraguai (1864--1870), torgada, de caráter autoritário. Vargas governou até 1945,
um dos episódios mais sangrentos da história americana, quando foi deposto por novo golpe militar.
terminou com a vitória dos aliados. Durante seu governo, incentivou-se a industrialização,
A partir de 1870, a monarquia brasileira enfrentou su- inclusive com a fundação da Companhia Siderúrgica Nacio-
cessivas crises (questão religiosa, questão militar, questão nal, foi estabelecida uma legislação trabalhista, reorgani-
da abolição), que culminaram com o movimento militar, li- zou-se o aparelho administrativo do Estado, com a criação
derado pelo marechal Deodoro da Fonseca, que depôs o de novos ministérios, e cuidou-se da previdência social,
imperador e proclamou a república, em 15 de novembro entre outros melhoramentos.
de 1889. Terceira República. As eleições de 1945 apontaram o
República Velha. A Primeira República, ou Repúbli- general Eurico Gaspar Dutra como o novo presidente da
ca Velha, estendeu-se de 1889 até 1930. Sob a chefia do República. Em seu governo, o Brasil ganhou uma nova
marechal Deodoro, foi instalado um governo provisório, constituição, foi modernizada a estrada de rodagem en-
que convocou uma assembleia constituinte para elaborar tre o Rio de Janeiro e São Paulo (rodovia Presidente Dutra)
a primeira constituição republicana, promulgada em 1891. e começou o aproveitamento hidrelétrico da cachoeira de
Os governos do marechal Deodoro, e, depois, do marechal Paulo Afonso.
Floriano Peixoto foram plenos de conflitos com o Legislati- Nesse período, firmaram-se os três grandes partidos
vo e rebeliões, como as duas revoltas da Armada. que tiveram importância na vida política brasileira até a de-
Com a eleição de Prudente de Morais, tem início a flagração do movimento militar de 1964: o Partido Traba-
chamada “política do café com leite”, segundo a qual os lhista Brasileiro (PTB), o Partido Social Democrático (PSD) e
presidentes da República seriam escolhidos dentre os re- a União Democrática Nacional (UDN). O Partido Comunista
presentantes dos estados mais ricos e populosos -- São Brasileiro (PCB) foi posto na ilegalidade.
Paulo e Minas Gerais -- prática que foi seguida, quase sem Em 1951, Vargas, candidato do PTB, voltou ao poder,
interrupções, até 1930. eleito pelo voto popular. Em seu segundo governo, desta-
A economia agrário-exportadora continuou dominan- cou-se a criação da Petrobrás, empresa estatal destinada
te. O café representava a principal riqueza brasileira, e os a monopolizar a pesquisa, extração e refino do petróleo.
fazendeiros paulistas constituíam a oligarquia mais pode- Foi um período conturbado, que teve no atentado da rua
rosa. As classes médias eram pouco expressivas e começa- Tonelero (dirigido ao jornalista Carlos Lacerda, mas em que
va a existir um embrião de proletariado. Por ocasião da pri- morreu um oficial da Aeronáutica) um dos seus episódios
meira guerra mundial (1914--1918), ocorreu um surto de mais importantes. Pressionado pelas classes conservado-
industrialização, em função da substituição de importações ras, e ameaçado de deposição por seus generais, Vargas
européias por produtos fabricados no Brasil. suicidou-se em 24 de agosto de 1954.
A partir da década de 1920, o descontentamento dos A eleição de Juscelino Kubitschek de Oliveira, candida-
militares explodiu em uma série de revoltas, destacando-se to do PSD, inaugurou a era do desenvolvimentismo. Duran-
a marcha da coluna Prestes, entre 1924 e 1927, que per- te seu governo, orientado pelo Plano de Metas, construiu-
correu grande parte do Brasil. As oligarquias alijadas do -se a nova capital, Brasília, inaugurada em 21 de abril de
poder central também se mostravam insatisfeitas. Quando 1960; foram abertas numerosas estradas, ligando a capital
ocorreu a crise de 1929 -- iniciada com o crash da bol- às diversas regiões do país, entre as quais a Belém--Brasí-
sa de Nova York --, com seus reflexos negativos sobre os lia; implantou-se a indústria automobilística; e foi impul-
preços do café, a desorganização da economia, as diver- sionada a construção das grandes usinas hidrelétricas de
gências político-eleitorais das oligarquias dominantes e as Três Marias e Furnas. A sucessão presidencial coube a Jânio
aspirações de mudança de amplos setores da sociedade Quadros, apoiado pela UDN, que, após sete meses de go-
provocaram a deflagração da revolução de 1930, que levou verno, renunciou.
Getúlio Vargas ao poder.

3
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

A subida de João Goulart ao poder contrariou as clas- A vitória de Fernando Collor provocou uma euforia
ses conservadoras e altos chefes militares. No início de seu momentânea, logo dissipada pelo fracasso dos sucessivos
governo, o Brasil viveu uma curta experiência parlamenta- planos econômicos e pelas denúncias de corrupção que
rista, solução encontrada para dar posse a Goulart. Foi um atingiam figuras próximas ao presidente. Depois de inten-
período marcado por greves e intensa agitação sindical. O sa movimentação popular, Collor foi afastado do governo,
presidente terminou sendo deposto pelos militares, com em 1992, pelo processo de impeachment, conduzido pelo
apoio da classe média, em 1964. Congresso Nacional.
Regime militar. Os governos militares preocuparam-se Fonte: http://www.sohistoria.com.br/ef2/histbrasil/p2.php
sobretudo com a segurança nacional. Editaram vários atos
institucionais e complementares, promovendo modifica- POLÍTICA
ções no funcionamento do Congresso e tomando medi-
das de caráter econômico, financeiro e político. Os partidos Governo publica novas regras para o trabalho in-
políticos tradicionais foram extintos, e criadas duas novas termitente
agremiações políticas, a Aliança Renovadora Nacional (Are- Portaria do Ministério do Trabalho, publicada no
na) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). ‘Diário Oficial da União’, detalha a reforma trabalhista.
Em 1967, promulgou-se nova constituição, que esta- Texto regulamenta pontos como férias e jornada dos
beleceu um poder executivo ainda mais forte. Com o cres- empregados intermitentes.
cimento da agitação estudantil e operária, foi editado o
Ato Institucional nº 5, que fechou o Congresso. Em 1969, a Ministério do Trabalho publicou nesta quinta-feira (24),
Emenda Constitucional nº 1 deu ao país praticamente uma no Diário Oficial da União (DOU), uma portaria com novas
nova carta política. regras para o trabalho intermitente, aquele que ocorre es-
No campo do desenvolvimento econômico, as aten- poradicamente, em dias alternados ou por algumas horas,
ções dos governantes e dos tecnocratas voltaram-se prio- e é remunerado por período trabalhado.
ritariamente para o combate à inflação, que atingira níveis O trabalho intermitente foi regulamentado pela re-
alarmantes; para a construção de obras de infraestrutura, forma trabalhista, sancionada em julho do ano passado. A
sobretudo nas áreas de transportes -- como a rodovia reforma mudou a lei trabalhista brasileira e trouxe novas
Transamazônica e a ponte Rio--Niterói (oficialmente, ponte definições sobre itens como férias e jornada de trabalho.
Presidente Costa e Silva) --, de comunicações -- com a im- O governo chegou a editar uma medida provisória (MP)
plantação do sistema de comunicação por satélite -- e de para detalhar pontos da reforma. No entanto, a MP venceu
energia, com a construção da usina hidrelétrica de Itaipu e o Congresso não aprovou o texto. Por isso, a alternativa
-- por meio de um convênio com o Paraguai -- e com a as- do governo foi publicar a portaria com o objetivo de escla-
sinatura de um acordo com a Alemanha para a construção recer as normas de contratação do trabalho intermitente.
de usinas nucleares. Formato do contrato
O governo Geisel iniciou um processo de abertura De acordo com a portaria, o contrato intermitente será
democrática, lenta e gradual, desembocando na anistia por escrito e o trabalhador terá o registro na Carteira de
política, que permitiu a volta ao país de numerosos exi- Trabalho. O contrato precisar informar: nome, assinatura e
lados. Em seguida à anistia, veio o fim do bipartidarismo, endereço do empregado e da empresa; valor da hora ou dia
e foram criados vários partidos políticos. No final da dé- de trabalho; local e data limite para pagamento do salário.
cada de 1970, o movimento popular e sindical tomou um Informações como local onde será executado o traba-
novo alento, o que levaria, nos primeiros anos da década lho, turnos e forma de comunicação entre empresa e em-
seguinte, ao movimento das “diretas já”, que, embora não pregado são facultativas na assinatura do contrato.
fosse vitorioso, permitiu em 1985 a eleição indireta pelo Remuneração
Congresso de Tancredo Neves, do Partido do Movimento O valor da remuneração não poderá ser menor que a
Democrático Brasileiro (PMDB), para a presidência da Re- diária do salário mínimo. O funcionário não pode receber
pública. Com a morte de Tancredo Neves, na véspera da menos do que os colegas que exercem a mesma função.
posse, assumiu seu vice-presidente, José Sarney. Contudo, a empresa tem o direito de passar um valor maior
  ao trabalhadorr intermitente em comparação com o salário
Nova República dos empregados fixos.
O governo Sarney teve como fato econômico mais Férias
importante a implantação do Plano Cruzado, com vistas No regime de contrato intermitente, o funcionário,
a combater a inflação pelo congelamento de preços e da desde que faça um acordo com o patrão, possui o direi-
troca da moeda. O fato político marcante do período foi a to de férias. Nesse caso, as normas são iguais as aplicadas
eleição de uma assembleia nacional constituinte, que em para o empregado convencional.
1988 deu ao Brasil uma nova constituição. O fracasso do As férias só podem ser concedidas após cumprimento
plano econômico e a corrupção generalizada contribuíram de um ano de contrato; férias podem ser dividias em três
para polarizar as preferências eleitorais em 1989 em torno períodos-um deles sendo de 14 dias corridos, no mínimo;
das candidaturas de Fernando Collor de Mello, apoiado por e os outros dois de mais de cinco dias corridos; é proibido
poderosas forças políticas, e Luís Inácio Lula da Silva, do iniciar as férias dois dias antes de feriados ou em dia de
Partido dos Trabalhadores. descanso remunerado.

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Se o contrato do trabalhador intermitente for por um No caso que envolve supostas irregularidades na cam-
período maior que um mês, a data limite para pagamento panha de Anastasia, a Polícia Federal pediu mais prazo para
da remuneração é o quinto dia útil do mês seguinte ao ouvir depoimento de Oswaldo Borges da Costa Filho, além
trabalhado. de avaliar dados do sistema de comunicação do setor de pro-
Aviso sobre a jornada pinas da Odebrecht “Drousys” e do sistema de contabilidade
A portaria confirma a regra já descrita na lei, que a em- paralela “My Web Day”.
presa deverá convocar o funcionário “por qualquer meio de A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, con-
comunicação eficaz” para informar sua jornada com, pelo cordou com a prorrogação afirmando que seria necessário,
menos, três dias corridos de antecedência. O trabalhador ainda, obter registros de entrada do ex-diretor da Odebrecht
terá um dia útil para responder, se não o fizer, o emprega- em Minas Sérgio Luiz Neves na Codemig. Segundo Dodge, a
dor pode considerar que o funcionário desistiu da tarefa. empresa afirmou no processo não havia registros, mas desta-
Trabalho nos intervalos cou que o controle é feito manualmente.
O intervalo, não remunerado, entre os chamados da Ao autorizar a prorrogação, Gilmar Mendes destacou
empresa é classificado como “período de inatividade”. Nes- que o regimento do STF prevê a prorrogação quando há di-
ta fase, o trabalhador pode prestar qualquer tipo de ser- ligências pendentes. “Defiro a prorrogação do prazo para a
viço a outras instituições, companhias também por meio conclusão das investigações, por sessenta dias, para realizar
de contrato intermitente, e através de outras modalidades. as inquirições pendentes e para análise e eventual perícia em
Contribuições previdenciárias dados dos sistemas utilizados pelo Setor de Operações Estru-
De acordo com a portaria, no contrato de trabalho in- turadas da Odebrecht”.
termitente, o o empregador efetuará o recolhimento das Aécio é alvo também de outras apurações no STF e Anas-
contribuições previdenciárias próprias e do empregado e o tasia é investigado em um segundo inquérito.
depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço com Veja as notas das assessorias dos senadores:
base nos valores pagos no período mensal. Aécio Neves: “A prorrogação é um ato rotineiro e o apro-
Representação sindical fundamento das investigações mostrará que, como atestado
pelos próprios delatores, não houve qualquer vantagem inde-
No caso de negociações coletivas de trabalho, ques-
vida, mas, sim, doação eleitoral registrada na Justiça Eleitoral”.
tões judiciais e administrativas, é obrigatória a participação
Antonio Anastasia: “Trata-se de um procedimento co-
dos sindicatos, que também representarão os trabalhado-
mum. Os órgãos de investigação tem de ter o prazo que con-
res com contrato intermitente.
sidera adequado para apuração dos fatos”.
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
Fonte: G1.com/Acessado em 05/02018
Gilmar Mendes autoriza mais prazo em investiga-
Senado tira do Ministério da Agricultura fiscalização
ção que envolve Aécio e Anastasia
de produtos artesanais de origem animal
Inquérito, aberto a partir da delação da Odebrecht,
Medida vale para vendas entre estados; fiscalização
apura se Aécio negociou verbas irregulares para a cam- caberá aos órgãos estaduais. Projeto segue para sanção
panha de Anastasia em 2010. do presidente Michel Temer.
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Senado aprovou nesta quarta-feira (23) um projeto que
Mendes autorizou a prorrogação por mais 60 dias de um tira do Ministério da Agricultura a fiscalização de produtos ar-
dos inquéritos abertos contra os senadores do PSDB de tesanais de origem animal, como queijos, salames e linguiças.
Minas Gerais Aécio Neves e Antonio Anastasia a partir das A medida valerá somente para as vendas entre estados.
delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht. Assim, pela proposta, a fiscalização caberá aos órgãos esta-
Em notas, as defesas de Aécio e Anastasia disseram duais.
que a prorrogação do inquérito é um procedimento normal Como o projeto já foi analisado pela Câmara, seguirá para
(veja íntegra das notas no final desta reportagem). sanção do presidente Michel Temer.
A investigação é sobre se Aécio, Anastasia, o ex-pre- Entenda
sidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico Pelas regras atuais, os produtos artesanais de origem
de Minas Gerais (Codemig) Oswaldo Borges da Costa e o animal podem ser vendidos se tiverem o selo do Serviço de
marqueteiro Paulo Vasconcelos do Rosário Neto receberam Inspeção Federal (SIF), gerido pelo Ministério da Agricultura,
vantagens indevidas na campanha de Anastasia ao gover- Pecuária e Abastecimento.
no de Minas Gerais em 2010, a pedido de Aécio. O texto prevê a substituição do SIF pelo selo Arte, de arte-
O ministro já havia ampliado por mais dois meses ou- sanal, o que seria posteriormente regulamentado.
tra investigação contra Aécio, a que apura se o senador O registro com o selo Arte deverá seguir regras higiênico-
teve participação em suposta maquiagem nos dados sobre -sanitárias e de qualidade já estabelecidas em lei.
o Banco Rural com objetivo de esconder a existência do Até a regulamentação da lei que terá origem com o
mensalão mineiro durante a apuração na CPI dos Correios, projeto aprovado nesta quarta, fica autorizada, segundo a
que investigou o mensalão do PT. proposta, a comercialização dos produtos artesanais em
todo o território nacional.

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

O relator da proposta, senador Valdir Raupp (MDB-RO), Os outros R$ 6 milhões motivaram outra ação penal,
afirmou que a medida tem como objetivo simplificar e des- que também tem Delúbio Soares como um dos réus. No
burocratizar a inspeção sanitária de produtos artesanais. julgamento do TRF-4 em março, apenas Ronan Maria Pinto
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 teve a condenação em cinco anos mantida pela Oitava Tur-
ma. Todos os demais tiveram a pena aumentada com base
Lula será ouvido como testemunha de defesa de na culpabilidade negativa, ou seja, no fato de os réus terem
Cabral em processo da Lava Jato... - “condições sociais e intelectuais de reconhecer e resistir à
prática do ilícito e, ainda assim, praticá-lo”.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso na Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018
carceragem da Polícia Federal em Curitiba após condena-
ção no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), será Partidos querem anular regra que destina 30% do
ouvido como testemunha de Sérgio Cabral (MDB). O advo- fundo eleitoral para mulheres
gado do ex-governador fluminense, RodrigoRoca, afirmou
Algumas das principais lideranças políticas no Con-
ao UOL que a sessão foi maracad para 5 de Junho ás 10h.
gresso não ficaram satisfeitas com a nova regra do Tribunal
A informação foi revelada pelo Jornalistra Lauro Jar-
Superior Eleitoral, que, na terça-feira (22), apresentou nor-
dim. O petista havia sido arrolado pela defesa de Cabral na
mas que favorecem candidaturas de mulheres nas elei-
ação penal refernete 1á Operação Unfair Play, que investiga ções de 2018.
compra de votos na escolha do Rio de Janeiro como sede Por unanimidade, o TSE determinou que os recursos
dos Jogos Olímpicos de 2016. do fundo partidário destinado aos partidos políticos de-
O depoimento será feito por video conferência, e a vem ser distribuídos igualitariamente entre candidaturas
audiência conduzida pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara de homens e mulheres  , ficando pelo menos 30% para
Federal Criminal no Rio de Janeiro. o financiamento de campanhas de mulheres. Pela decisão,
o tempo de propaganda eleitoral no rádio e TV também
Moro manda prender ex-tesoureiro do PT Delúbio deverá ter a mesma divisão.
Soares Partidos contrários à medida já planejam como rever-
tê-la antes do pleito de outubro. A intenção é apresentar
O juiz federal Sérgio Moro determinou nesta quarta- um projeto de lei na Câmara que reverta a aplicação ime-
-feira (23) a prisão do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soa- diata da decisão. Outro caminho proposto é ingressar com
res,  condenado a seis anos de prisão por lavagem de di- uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando
nheiro em um processo da Operação Lava Jato , em 2017. a decisão da Justiça Eleitoral.
A decisão foi tomada após o Tribunal Regional Federal da Paulinho da Força (Solidariedade), Rodrigo Maia
4ª Região (TRF4) negar os embargos de declaração apre- (DEM) e Ricardo Barros (PP) são três dos deputados que
sentados pela defesa. criticaram a decisão do STF. Para eles, o tribunal “legislou”
Além de Delúbio Soares , o TRF4 também negou os no lugar do Congresso. Maia, que é presidente da Câmara,
embargos de declaração do operador Enivaldo Quadrado, deve reunir outras lideranças partidárias para buscar uma
do economista Luiz Carlos Casante e do empresário Nata- resposta institucional ao TSE.
lino Bertin. A 8ª Turma deu parcial provimento aos declara- A questão foi decidida por meio de uma consulta le-
tórios do empresário Ronan Maria Pinto e reduziu o valor vada ao TSE pelas senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR), Va-
da indenização para R$ 6 milhões. nessa Graziotin (PCdoB-AM) e outras parlamentares. Após
Segundo o relator, desembargador federal João Pe- a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em mar-
ço, julgou inconstitucional a limitação ao financiamento de
dro Gebran Neto, os embargos de declaração só cabem
candidaturas femininas na política, as parlamentares pedi-
quando houver ambiguidade, obscuridade, contradição
ram ao TSE que o entendimento fosse aplicado na Justiça
ou omissão, o que não seria o caso. Gebran frisou que “a
Eleitoral.
simples discordância da parte contra os fundamentos invo-
Ao votar sobre a questão, a relatora do caso, minis-
cados e que levaram o órgão julgador a decidir não abre tra Rosa Weber, disse que a Justiça Eleitoral estimula ações
espaço para o manejo dos embargos de declaração”. afirmativas para aumentar a participação das mulheres na
política.
Condenação Rosa citou dados que mostram que o Brasil tem cerca
Todos os condenados eram réus em ação penal da Lava de 10% de representação feminina na Câmara dos Depu-
Jato que apurou esquema de lavagem de R$ 6 milhões tados e 14% no Senado, números inferiores em relação a
ocorrido em 2004. O publicitário Marcos Valério também parlamentos de países que restringem a participação da
era réu nesse processo, mas absolvido por Moro devido à mulher na sociedade, como Afeganistão, Iraque, Paquistão,
“falta de prova suficiente para a condenação”. Arábia Saudita e Nigéria.
Essa quantia representa metade dos R$ 12 milhões “Em virtude do princípio da igualdade, não pode o par-
repassados pelo banco Schahin por meio de empréstimo tido político criar distinções na distribuição desses recursos,
fraudulento feito ao pecuarista José Carlos Bumlai.  exclusivamente baseado no gênero”, afirmou a ministra.
Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Ex-governador de MG, Eduardo Azeredo se entre- ONU rejeita pedido de medidas cautelares de Lula
ga para cumprir pena de 20 anos contra prisão

O ex-senador e ex-governador de Minas Gerais Eduar- O Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações
do Azeredo (PSDB) se entregou às 14h45 desta quarta-fei- Unidas (ONU), com sede em Genebra (Suíça), rejeitou nesta terça-
ra (23) em uma delegacia de Belo Horizonte. Ele é o pri- -feira (22) a solicitação da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula
meiro político a ser detido no mensalão tucano. Ele estava da Silva para evitar a permanência do petista na prisão . No entan-
considerado foragido, após não ter se entragado a polícia to, o comitê decidiu apreciar o mérito da questão e deu um prazo
na manhã desta quarta-feira. de seis meses para o governo brasileiro apresentar a defesa.
Eduardo Azeredo, que também é presidente nacional De acordo com o membro independente do comitê Sarah
do PSDB, tentava um último recurso de sua condenação - Cleveland, medidas cautelares, como as pedidas pela defe-
que foi negado por decisão unânime do Tribunal de Justiça sa Lula , costumam ser acatadas quando o Estado viola precei-
tos democráticos e há riscos e danos irreparáveis, o que não foi
do estado - por desvio de verbas e lavagem de dinheiro no
entendido neste caso.
âmbito do chamado “mensalão tucano”.
Segundo o PT, o comitê informou que investiga as supos-
O ex-governador chegou à 1ª Delegacia de Polícia Ci-
tas violações às garantias fundamentais do ex-presidente. A
vil Sul, no bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul de Belo
análise se baseia no artigo 25 do Pacto Internacional de Direi-
Horizonte, acompanhado de um dos filhos e de um dos tos Civis e Políticos, que assegura a todo cidadão a possibili-
advogados.  dade de participar “sem restrições infundadas” do direito de
Azeredo foi condenado a 20 anos e um mês de prisão, “votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas
ele ficará detido em um quartel do Corpo de Bombeiros, por sufrágio universal e igualitário por voto secreto, que ga-
em Belo Horizonte. Após ser detido, ele será submetido a rantam a manifestação da vontade dos eleitores”.
exames no Instituto Médico Legal (IML), e só então será Apesar de negadas as medidas cautelares, o PT informou,
encaminhado à prisão. em nota, ter recebido com satisfação a decisão de o comitê
Investigações julgar o mérito sobre a denúncia de supostas violações aos
De acordo com o Ministério Público, Azeredo desviou direitos do ex-presidente, de acordo com o Pacto Internacional
cerca de R$ 3,5 milhões de três estatais mineiras: a Com- de Direitos Civis e Políticos.
panhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), a Com- Em documento enviado à ONU, a defesa do petista afirma
panhia Mineradora de Minas Gerais (Comig) e o extinto que houve transgressões aos direitos políticos e civis no pro-
Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), durante sua cesso de investigação e prisão. De forma contundente, os ad-
campanha fracassada para reeleição ao Senado em 1998. vogados fazem críticas aos procuradores e ao juiz envolvidos
Na ocasião, perdeu para Itamar Franco (PMDB). diretamente na Operação Lava Jato.
Os recursos das estatais foram transferidos para em- Os advogados Cristiano Zanin Martins, Valeska Teixeira
presas do publicitário Marcos Valério, operador do esque- Zanin e Geoffrey Robertson estão à frente da defesa do ex-
ma de corrupção e que, no futuro, estaria também impli- -presidente e foram responsáveis pelo pedido de intervenção
cado no chamado “escândalo do mensalão”. ao Comitê de Direitos Humanos da ONU.
A denúncia foi oferecida pela Procuradoria-Geral da Competências do Comitê
República em 2007, quando Eduardo Azeredo era sena- Além de verificar periodicamente se os Estados cumprem
dor. Em 2010, ele foi eleito deputado federal e exerceu o com a Convenção de Direitos Humanos da ONU, o Comitê
mandato até renunciar, em 2014. é competente para examinar queixas individuais contra eles,
A calculada renúncia de Azeredo levou o Supremo Tri- sempre que o Estado denunciado tenha ratificado o primeiro
protocolo adicional à Convenção.
bunal Federal (STF) a encaminhar a ação à Justiça mineira,
As queixas devem estar diretamente relacionadas com a
já que ele não mais contava com a prerrogativa de foro
violação, por parte do Estado, dos direitos e liberdades pro-
privilegiado.
tegidas pela Convenção. As decisões do Comitê não são vin-
Condenado em 1ª instância, Azeredo recorreu, mas
culativas e um Estado pode decidir cumpri-las ou ignorá-las,
viu sua condenação ser confirmada na segunda instância. incluindo os pedidos de medidas cautelares.
Após outra rodada de recursos, os desembargadores man- A solicitação dos advogados a este órgão da ONU incluía
tiveram a condenação e, seguindo o entendimento corren- um pedido para que o governo brasileiro impedisse o ingresso
te no Supremo Tribunal Federal, que permite a prisão após do ex-presidente na prisão até que se esgotassem todos os
o encerramento dos recursos na 2ª instância, emitiram or- recursos jurídicos. O petista está preso desde 7 de abril na Su-
dem de prisão contra o tucano. perintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018 Desde 2016, o Comitê de Direitos Humanos da ONU ana-
lisa a denúncia contra o Estado brasileiro por suposta “perse-
guição judicial” a Lula. No começo deste ano, Lula foi condena-
do a 12 anos e um mês pelos crimes de corrupção e lavagem
de dinheiro por obtenção de vantagens indevidas. No caso, a
vantagem seria um apartamento tríplex em Guarujá (SP).
Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Justiça do Rio de Janeiro suspende direitos políticos Pela decisão do ministro, todos estão proibidos de deixar
de César Maia o país sem autorização da Justiça, de manter contatos com ou-
tros investigados, e devem entregar o passaporte em 48 horas.
A Justiça do Rio de Janeiro decidiu, nesta segunda-feira
(21), suspender os direitos políticos do ex-prefeito e atual A prisão dos envolvidos foi determinada pelo juiz Marcelo
vereador do Rio de Janeiro, César Maia (DEM) , no proces- Bretas, da 7ª Vara Federal no Rio de Janeiro. Segundo as inves-
so em que ele é acusado de improbidade administrativa na tigações, valores oriundos dos fundos de pensão eram envia-
construção do Hospital de Acari, na zona norte da cidade. dos para empresas no exterior, gerenciadas por um operador
Ele ficará oito anos impedido de se candidatar a cargos financeiro. As remessas, apesar de aparentemente regulares,
públicos, e deverá pagar, ainda, uma multa de R$ 3,3 milhões referiam-se a operações comerciais e de prestação de serviços
como forma de ressarcir os prejuízos por ele causados. inexistentes.
A juíza Maria Paula Gouvêa Galhardo determinou a per- Ainda segundo a PF, depois de receber os recursos desvia-
da da função pública e a suspensão dos direitos políticos dos, o operador financeiro pulverizava o dinheiro em contas de
de César Maia . A Justiça considerou que houve irregularida- doleiros também no exterior, e eles disponibilizavam os valores
des no pagamento feito pela Prefeitura à Construtora OAS , em espécie no Brasil para suposto pagamento de propina.
na fase final da construção do Hospital Municipal Ronaldo Para Gilmar Mendes , as acusações correspondem à cri-
Gazolla, mais conhecido como Hospital de Acari. mes graves, mas, em sua opinião estão “distantes” da decreta-
Atualmente na Câmara Municipal como vereador do Rio ção da prisão, o que, segundo o ministro, não justifica a neces-
de Janeiro, Maia respondeu, por meio de sua assessoria de sidade de prisão preventiva.
imprensa, que vai recorrer. “Os supostos crimes são graves, não apenas em abstra-
“Uma decisão em primeira instância cujo recurso trará to, mas em concreto, tendo em vista as circunstâncias de sua
as justificativas”, afirmou o ex-prefeito. Em entrevista recente execução. Muito embora graves, esses fatos são consideravel-
ao jornal  O Globo , Maia disse que não vai se candidatar mente distantes no tempo da decretação da prisão”, afirmou
a nenhum cargo nas eleições deste ano. O deputado fede- Mendes.
ral Rodrigo Maia ( DEM ), seu filho, queria que ele se candi- De acordo com o ministro, sobre o economista Marcelo
datasse ao governo do Rio – o deputado tem pretensão de Sereno, os fatos se referem aos anos de 2013 e 2014; em rela-
se candidatar à presidência da República e, caso seu pai saís- ção a Adeilson Ribeiro Telles, investigado por fraudes no fundo
se candidato, ele ganharia um palanque a mais no estado. Postalis, as suspeitas se dão durante o período de 2014 a 2016;
Além do ex-prefeito, foram condenados em primei- em relação a Carlos Alberto Valadares Pereira, suspeito de irre-
ra instância dois ex-diretores da RioUrbe, um ex-secretário gularidades no fundo Serpros, a 2014 e 2015; e sobre Ricardo
municipal de Saúde e um ex-subsecretário de Administra- Siqueira Rodrigues, também suspeito de fraudar o Serpros, ao
ção de Finanças. A Justiça suspendeu os direitos políticos período de 2014 a 2017.
deles por cinco anos e também determinou que participem Na terça-feira (15), Mendes também mandou soltar o em-
do ressarcimento de valores pagos à OAS pelo município presário e operador do MDB Milton Lyra, outro investigado na
do Rio. A juíza responsável pelo caso também destacou, na operação.
sentença, que a construtora contribuiu ao aceitar participar Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018
das irregularidades. 
Na denúncia, o Ministério Público acusou que houve Filha de Michel Temer diz que não guardou recibos de
demora proposital na execução do contrato, que foi prorro- reforma em sua casa
gado por diversas vezes, com acréscimo de valor e de prazo.
Segundo o MP, o atraso teria o objetivo de aguardar o re- Maristela também disse que não guardou nenhuma nota
sultado de ações judiciais sobre os modelos de gestão do fiscal referente aos gastos da reforma que, segundo ela, giram
hospital. em torno de R$ 700 mil. O teor do depoimento foi obtido pelo
Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018 portal de notícias G1 .
A filha do presidente afirma que Maria Rita Fratezi , ca-
Gilmar Mendes manda soltar quatro presos suspei- sada com o coronel Lima, prestou serviços a ela de forma gra-
tos de fraudar fundos de pensão tuita na reforma. Fratezi e o marido são donos da Argeplan,
empresa de arquitetura e engenharia.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Já sobre os pagamentos em dinheiro feitos em dinheiro
Mendes mandou soltar na sexta-feira (18) mais quatro sus- vivo por Fratezi a fornecedores de materiais para a obra, Ma-
peitos que foram presos na Operação Rizoma, da Polícia Fe- ristela disse que ressarcia a arquiteta. Aos policiais, disse ela:
deral (PF), deflagrada no mês passado, no Rio de Janeiro. “Que alguns pagamentos da obra foram realizados direta-
Dessa forma, receberam liberdade Marcelo Borges Se- mente por Fratezi, em função de descontos que possuía junto
reno, economista e ex-assessor do ex-ministro José Dirceu, às empresas do ramo por ser arquiteta. Que posteriormente, a
Carlos Alberto Valadares Pereira, Adeilson Ribeiro Telles e ressarcia de tais despesas; que reitera que a declarante nunca a
Marcelo Borges Sereno. Todos são acusados de participa- contratou de fato para executar a obra, de forma remunerada
ção em desvios nos fundos de pensão Postalis, dos Correios, pela depoente por tal serviço, sendo que a relação de Fratezi
e Serpros, do Serviço Federal de Processamento de Dados com a depoente sempre foi de auxílio nas necessidades de
(Serpro). obra.”

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

A Polícia Federal suspeita que as obras na casa de Costa manifestou apoio à proposta, mas criticou as
Maristela foram usadas na lavagem de dinheiro de propi- mudanças que foram feitas no Congresso – como a in-
nas. Coronel Lima chegou a ser preso no início do ano em clusão do Sinase e os conceitos relacionados ao sistema
um desdobramento dos inquéritos que correm contra Mi- prisional e segurança cidadã.
chel Temer e seu séquito. Ele foi solto dias depois, mas se O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) chegou a apre-
negou a prestar depoimento. sentar um destaque para tirar o Sinase do texto. Levado
Maristela disse também que não se lembra dos nomes a votação, porém, o destaque foi rejeitado e inclusão do
dos prestadores de serviços e dos fornecedores de mate- Sinase foi mantida.
riais. Por fim, disse que Michel Temer , seu pai, não pagou A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) elogiou a aprova-
pelas obras e tampouco pediu que coronel Lima e Frate- ção da proposta, apesar da rejeição do destaque de seu
zi arcassem com os custos da reforma. partido. Ela observou que o texto representa um avanço
Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018 para o país.
Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018
Senado aprova criação de Sistema Único de Segu-
rança Pública Alckmin diz que com 17% dos votos estará no se-
gundo turno
O Senado aprovou nesta quarta-feira (16) a criação do Ex-governador de São Paulo afirmou ainda que
Sistema Único de Segurança Pública ( Susp ). A intenção do após o primeiro turno começa ‘outra eleição’
projeto é integrar os órgãos de segurança, como as polícias
federal e estaduais, as secretarias e as guardas municipais, O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse acredi-
para que atuem de forma cooperativa e sistêmica. O proje- tar que, com 17% dos votos no primeiro turno das eleições
to segue agora para a sanção da Presidência da República. presidenciais de 2018, consegue chegar à próxima fase da
Além de criar o Susp , o projeto institui a Política Na- disputa presidencial. «Temos duas tarefas. Uma é chegar
cional de Segurança Pública e Defesa Social , prevista ao segundo turno, acho que nós vamos chegar. Com 17%
para durar 10 anos, tendo como ponto de partida a atua- vamos estar lá. No segundo turno, é uma outra eleição”,
ção conjunta dos órgãos de segurança e defesa social da afirmou o tucano, que participou do Fórum Combate à Ile-
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, galidade, promovido pela revista Exame na capital paulista
em articulação com a sociedade. na manhã de quinta-feira, 24.
Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator do projeto, Alckmin, que tem enfrentado ceticismo entre aliados
apontou o que considera suas maiores virtudes, como a por não conseguir crescer nas pesquisas, conta com 8,1%
participação de todos os entes federados, inclusive dos das intenções de voto no cenário sem o ex-presidente
municípios; a valorização dos profissionais de segurança; Lula, segundo o último levantamento CNT/MDA, divulga-
os mecanismos de controle social com a participação po- do na semana passada.
pular; e o estímulo à articulação e ao compartilhamento de O ex-governador repetiu que o momento é de “con-
informações, bem como à integração dos órgãos de segu- trolar o stress” e que, no momento, dado o grande desen-
rança e de inteligência. canto com a política, muitos acabam fazendo uma escolha
de “desabafo, escolhendo quem está mais contra tudo que
Crianças e adolescentes está aí”.
Criou divergência entre os senadores, contudo, a inclu- Fonte: estadão.com/Acessado em 05/2018
são do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(Sinase) no Susp . Enquanto alguns defendiam a inclusão, Associação de Engenheiros da Petrobras critica po-
outros questionaram a validade e a eficácia da medida.  lítica de preços da estatal
A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) classificou a in-
serção do Sinase no Susp como um “lamentável retroces- A Associação dos Engenheiros da Petrobras divulgou
so”. Para a senadora, a inclusão representa a fragilização da nota na quarta-feira (23) sobre a política de preços da Pe-
proteção integral e adequada para crianças e adolescentes, trobras. No texto, a entidade destaca que “é perfeitamente
pessoas em desenvolvimento. compatível ter a Petrobrás forte, a serviço do Brasil e pre-
Na mesma linha, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) ços dos combustíveis mais baixos e condizentes com a ca-
afirmou que é um erro incluir o Sinase no Susp, pois “o pacidade de compra dos brasileiros”. Na nota, a associação
olhar da segurança pública é diferente do olhar do sistema ainda chama a política de preços de  “America first! ”, “Os
protetivo e educativo”. Estados Unidos primeiro!”.
“Adolescentes e crianças precisam ter tratamento di- Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018
ferenciado. Não queremos uma polícia armada dentro do
Sinase”, argumentou a senadora.
O senador Humberto Costa (PT-PE) lembrou que o tex-
to original do projeto foi enviado ao Congresso em 2012,
quando Dilma Rousseff era a presidente do país.

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

No quarto dia de protestos de caminhoneiros, Te- Segundo o blog do jornalista Gerson Camarotti, o


mer recebe ministros e presidente da Petrobras presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-
Reunião acontece um dia após a Petrobras ter re- -RJ), foi informado que zerar o PIS-Cofins sobre o diesel até
duzido o preço do diesel em 10% por 15 dias e Câmara o fim deste ano não custará apenas R$ 3,5 bilhões, como
dos Deputados ter aprovado reoneração da folha de tinha sido estimado por técnicos da Casa, e, sim, cerca de
pagamentos. R$ 14 bilhões, como havia sido anunciado pelo governo,
segundo cálculos da Receita Federal.
No quarto dia dos protestos de caminhoneiros pelo O analista Tendências Consultoria, Fabio Klein, disse
país, o presidente Michel Temer se reuniu na manhã desta ao G1 que, zerando o PIS/Cofins sobre diesel, a perda de
quinta-feira (24), no Palácio do Planalto, com ministros, o arrecadação seria de R$ 8,6 bilhões, na arrecadação entre
secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, e o presidente junho e dezembro deste ano. O impacto anual foi estimado
da Petrobras, Pedro Parente. pelo analista em R$ 14,5 bilhões.
Segundo a assessoria do presidente, participam da reu-
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
nião os ministros Eduardo Guardia (Fazenda), Eliseu Padilha
(Casa Civil), Carlos Marun (Secretaria de Governo), Moreira
Efeito cascata da paralisação de caminhões sobre
Franco (Minas e Energia) e Valter Casimiro (Transportes).
economia preocupa o Planalto, que convoca reunião
O governo tenta encontrar uma solução para encerrar
a paralisação dos caminhoneiros, que protestam desde se- com caminhoneiros
gunda-feira (21) contra a alta do preço do diesel, motivada
pela política de preços da Petrobras, que determina o valor Depois do terceiro dia de protesto dos caminhonei-
da venda dos combustíveis aos distribuidores com base na ros, o governo Temer está preocupado com o efeito casca-
oscilação do preço do petróleo no mercado internacional e ta sobre a economia da paralisação de caminhões no país.
na variação do dólar. Se o movimento continuar e crescer, algumas empresas
Nesta quarta-feira (23), Temer afirmou que pediu “tré- terão de reduzir ou parar sua produção diante da impos-
gua” de dois ou três dias aos caminhoneiros para encontrar sibilidade de escoá-la, gerando prejuízos para a econo-
uma “solução satisfatória” sobre o preço dos combustíveis. mia num momento em que seu ritmo de recuperação está
O movimento tem bloqueado rodovias em todo o país, sendo mais lento do que o esperado.
com reflexos no transporte coletivo, nas atividades de in- Na busca de uma solução, o ministro da Casa Civil,
dústrias, no abastecimento de alimentos e risco de falta de Eliseu Padilha, agendou reunião com seis entidades repre-
combustível em aeroportos. sentantes de caminhoneiros no país para esta quarta-feira
A Petrobras informou que não mudará a política de (23), no Palácio do Planalto. O governo vai ouvir a pauta
reajustes, contudo, na quarta anunciou uma redução de de reivindicação dos caminhoneiros e destacar que espera
10% por 15 dias no preço do diesel vendido pelas refina- dar sua contribuição imediata, com a redução de tributos,
rias como um «gesto de boa vontade» para dar solução à já na próxima semana quando a Câmara dos Deputados
crise motivada pelo movimento dos caminhoneiros. começar a votar o projeto de reoneração da folha de pa-
O governo anunciou na quarta que está em contato gamentos.
permanente com os caminhoneiros. Três ministros se re- O governo já aceitou zerar a cobrança da Cide, tri-
uniram na quarta com representantes da categoria, mas buto usado para regular o preço de combustíveis, sobre
o encontro terminou sem acordo. Uma nova reunião está diesel em troca da aprovação da reoneração da folha de
prevista para a tarde desta quinta no Planalto. pagamento. Com o fim da cobrança da Cide, o governo
Os caminhoneiros pedem a redução de PIS-Cofins e abriria mão de cerca de R$ 2,5 bilhões de receita neste ano.
ICMS e que os reajustes no diesel sejam adotados de três
Para tapar esse buraco, entraria o dinheiro da reoneração.
em três meses. Também foi pedido ao governo que os ca-
O problema é que os caminhoneiros consideram muito
minhões que trafegam vazios, com eixos suspensos, não
pouco zerar apenas a Cide. Reduziria o preço do combus-
paguem pedágio em rodovias federais que estão sob con-
tível em cerca de R$ 0,05. Eles querem também reduções
cessão dos estados.
Temer também precisa lidar com o impacto da deci- de outros tributos. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia,
são da Câmara dos Deputados, que aprovou na noite de prometeu aprovar, no projeto da reoneração, uma redução
quarta (23) o projeto que elimina a cobrança de PIS-Cofins também do PIS/Cofins sobre diesel. O percentual ainda
sobre o diesel até o fim de 2018. A proposta ainda precisa está em estudo. Só que este ponto ainda não foi negociado
ser analisada pelo Senado. com a equipe econômica. Cide e PIS/Cofins respondem por
A eliminação temporária do tributo foi incluída no pro- 16% do preço da gasolina e 13% do diesel.
jeto que reonera a folha de pagamento das empresas de 28 O tributo que mais pesa no preço dos combustíveis é o
setores da economia. No entanto, o acordo costurado pelo ICMS. A alíquota é de 29% sobre a gasolina e de 16% sobre
governo previa zerar a cobrança de outro imposto, a Cide. o diesel. Aí, um corte na alíquota depende dos Estados, que
O ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) tem enfrentam uma crise fiscal e até agora não manifestaram
dito que a arrecadação prevista pela reoneração não com- nenhuma disposição de promover mudanças que possam
pensa a perda de receita com a eliminação de PIS-Cofins, reduzir sua arrecadação.
de acordo com cálculos da Receita Federal.

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Além do risco de parada na produção de algumas em- Temer autoriza atuação das Forças Armadas nas
presas, o governo também teme um risco de desabasteci- eleições, informa Planalto
mento de produtos alimentares e inclusive de combustíveis Decreto será publicado nesta terça e não detalha
nas cidades. Na reunião desta quarta, a equipe de Temer atuação, define somente que militares deverão garantir
vai buscar uma solução, mas irá destacar que os caminho- ‘votação e apuração’ em locais definidos pelo TSE. Me-
neiros não podem parar o país totalmente. E que isso, in- dida também foi adotada por Dilma.
clusive, pode acabar sendo negativo para o próprio setor,
porque a população passará a ser atingida diretamente em Palácio do Planalto informou nesta segunda-feira (21)
seu cotidiano. que o presidente Michel Temer assinou um decreto no qual
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 autorizou a atuação das Forças Armadas nas eleições de
ano.
Wesley Batista também pede para começar a pagar Segundo a Presidência, o decreto será publicado na
multa de R$ 110 milhões prevista no acordo de delação edição desta terça (22) do “Diário Oficial da União”.
Pedido do sócio da J&F é semelhante ao feito pelo O texto, divulgado pela assessoria de Temer, não deta-
irmão, Joesley, nesta segunda; acordo prevê pagamen- lha como será a atuação dos militares, define somente que
to da multa em 10 anos. Delação, porém, pode ser anu- as Forças Armadas deverão atuar para garantir a votação e
lada pelo STF. a apuração em locais definidos pelo Tribunal Superior Elei-
toral (TSE).
O empresário Wesley Batista, um dos sócios da J&F, Medida semelhante foi adotada nas eleições de 2014,
pediu nesta terça-feira (22) que o ministro Luiz Edson Fa- pela então presidente Dilma Rousseff.
chin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal À época, as Forças Armadas empregaram 30 mil mi-
Federal (STF), determine a abertura de uma conta judicial litares em 326 cidades, apoiando a garantia da ordem e
para que ele inicie o pagamento da multa de R$ 110 mi- ajudando na logística.
lhões previstos no acordo de delação premiada fechado Fonte: g1.com/Acessado em 05/2018
com a Procuradoria Geral da República.
O acordo firmado entre o empresário e a PGR prevê o
pagamento do valor em 10 parcelas anuais a partir do dia ECONOMIA
1º de junho, na semana que vem.
Nesta segunda, o irmão dele, Joesley Batista, já tinha Greve só termina com sanção de alíquota zero do
feito o mesmo pedido. PIS-Cofins, diz Abcam
O acordo de delação premiada dos dois empresários
e de outros dois executivos do grupo está sob análise do O presidente da Associação Brasileira dos Caminhonei-
STF depois que a Procuradoria pediu a anulação das cola- ros (Abcam), José da Fonseca Lopes, disse nesta quinta-
borações. -feira (24) que a mobilização dos caminhoneiros nas rodo-
vias do país só será encerrada quando o presidente Michel
No pedido, a PGR disse considerar que houve omissão Temer sancionar e publicar, no Diário Oficial da União, a
e má-fé por parte dos executivos já que, segundo o órgão, decisão de zerar a alíquota do PIS-Cofins incidente sobre
eles teriam mentido sobre a participação de Marcelo Miller, o diesel.
ex-procurador da República, como orientador da colabo- Para poder ser sancionada pelo presidente, a medida
ração. precisa, antes, ser aprovada pelo Senado.
Wesley Batista argumenta que a abertura da conta é Fonseca disse que os bloqueios nas estradas estão ga-
necessária para que ele efetue o depósito dentro do prazo nhando força inclusive de grupos não ligados aos cami-
“em estrita observância” ao que prevê o acordo. nhoneiros.
“Diante disso, requer a Vossa Excelência a determina- “Não são só os caminhoneiros que estão sendo preju-
ção de abertura de conta bancária para que o depósito seja dicados pela alta dos combustíveis. Isso está prejudicando
feito tempestivamente, em estrita observância às obriga- todo mundo, inclusive temos recebido mensagens via re-
ções assumidas no acordo de colaboração premiada”, diz a des sociais para continuarmos mantendo o movimento. Há
defesa do empresário. insatisfação da sociedade com o governo”, disse.
Pelos acordos, cada um dos irmãos Batista pagará a Segundo Fonseca, os caminhoneiros não estão proi-
quantia de R$ 110 milhões. Os documentos preveem que bindo a passagem de veículos que transportam itens es-
80% vá para a União, como forma de indenização pelos senciais como remédios nem cargas vivas, produtos pere-
desvios que eles assumiram, e 20% vá para “os bens jurí- cíveis ou oxigênio para hospital. Ônibus com passageiros
dicos ofendidos pela lavagem de dinheiro”, que, na prática, e ambulâncias também estão podendo passar pelos blo-
podem ser órgãos que atuam no combate ao crime. queios.
Assim com fez a defesa do irmão, os advogados de O representante dos caminhoneiros voltou a criticar a
Wesley Batista não mencionam no pedido ao STF o fato de política de preço da Petrobras. “A equiparação com o preço
a Procuradoria ter pedido a anulação do acordo. internacional [do petróleo] foi a pior medida que podia ser
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 feita.”
Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Falta de combustíveis afeta voos, estradas e circula- Com o movimento verificado em maio, até o dia 22, a
ção de ônibus nos Estados posição vendida dos bancos no mercado à vista passou de
US$ 6,337 bilhões no fim de abril para US$ 6,120 bilhões.
O Aeroporto de Salvador está funcionando como ponto Fonte: Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018
de abastecimento para aviões de voos internacionais origi-
nados em outros estados que enfrentam desabastecimento Fábricas de veículos paralisam produção e já veem
de combustível devido à greve nacional dos caminhoneiros. reflexo nas exportações
Na quarta-feira, 23, dois aviões que decolaram em Brasí- Greve dos caminhoneiros afeta o fornecimento de
lia e Recife, com destino a Portugal, mudaram o trajeto para peças e o fluxo logístico de distribuição das montado-
abastecer na capital baiana. A informação foi confirmada ras.
pela Vinci Airports, que administra o terminal aéreo em Sal-
vador, acrescentando que o aeroporto não sofre com a falta Pelo menos 10 das maiores fábricas de automóveis do
de combustível. Brasil estão paradas por causa da greve de caminhonei-
Nas estradas do Ceará, há bloqueios na BR-116, na altu- ros, que está no quarto dia.
ra dos municípios de Eusébio, Chorozinho, Russas, Tabuleiro Unidades da Ford, Volkswagen, Fiat Chrysler, Chevrolet,
do Norte, Alto Santo e Penaforte. A BR-222 tem interdições Toyota e Scania não estão produzindo devido a falta de
nas proximidades de Sobral e Tianguá. A BR-020 tem blo- peças e problemas de logística.
queios na altura de Canindé, e a BR-30, no quilômetro 47, De acordo com a associação das fabricantes (Anfavea),
em Aracati. o setor automotivo já espera para este mês uma queda na
Já nas cidades do interior paulista, como Ribeirão Preto produção, nas vendas e também nas exportações.
e Franca, houve redução dos horários de ônibus devido ao No ABC paulista, Ford e Volkswagen já estão sem pro-
baixo estoque de óleo diesel. O objetivo é evitar que os veí- duzir desde ontem. Chevrolet e Scania também pararam
culos cheguem a parar de vez por falta de abastecimento em hoje, segundo informaram os sindicatos de metalúrgicos
razão da greve dos caminhoneiros. do ABC e de São Caetano do Sul.
Nesses e em outros municípios, filas enormes de carros A General Motors (GM) não confirmou oficialmente
têm se formado nos postos e em alguns já falta combustível. quais unidades estão paradas, mas afirmou em nota que o
Em Ribeirão, o número de ônibus nas ruas foi reduzido movimento dos caminhoneiros tem impacto na operação.
e volta à normalidade no horário de pico, das 18h às 19h30, A Fiat Chrysler (FCA) suspendeu a produção em Betim
diminuindo novamente a circulação depois disso. (MG) e em Goiana nesta quinta-feira, por causa dos blo-
Em Franca, as linhas estão seguindo os horários de do- queios nas estradas. A empresa aproveitou a parada para
mingo, quando operam menos coletivos. A exceção fica por fazer inventário de peças na unidade mineira.
conta dos horários de maior fluxo de passageiros na cidade, A Ford também interrompeu também as linhas em
das 6 horas às 8 horas e das 16 horas às 18 horas. Taubaté (SP) ontem e Camaçari (BA) na segunda-feira, além
Outras cidades do Estado também reduziram as linhas de São Bernardo do Campo (SP) hoje.
urbanas, caso por exemplo de Campinas, Taubaté, Jacareí, A Toyota informou que as unidades de Sorocaba e In-
São José dos Campos, São Luiz do Paraitinga e Caraguatatu- daiatuba estão paradas desde ontem, mas continua com a
ba. Na maioria, passou a valer o mesmo critério dos fins de produção em Porto Feliz e São Bernardo - todas no estado
semana, quando menos coletivos estão nas ruas devido ao de São Paulo.
número menor de usuários. Fonte: G1.com/acessado em 05/2018
Fonte: Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018
Contas externas registram superávit de US$ 620 mi-
Fluxo cambial total em maio até dia 22 está positivo lhões em abril, diz BC
em US$ 469 milhões, diz BC Acumulado do ano, um déficit de US$ 2,6 bilhões, é
o melhor resultado para o período desde 2007. Investi-
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Cen- mentos estrangeiros tiveram queda de 53% em relação
tral, Fernando Rocha, informou nesta quinta-feira, 24, que o a abril de 2017
fluxo cambial total no País está positivo em US$ 469 milhões
em maio até o dia 22. A cifra é resultado de um fluxo comer- A conta de transações correntes, um dos principais in-
cial positivo de US$ 3,906 bilhões e de um fluxo financeiro dicadores do setor externo brasileiro, registrou um superá-
negativo de US$ 3,437 bilhões no mesmo período. vit de US$ 620 milhões em abril, informou o Banco Central
Na conta comercial, ocorreram em maio até o dia 22 nesta quinta-feira (24). Esse foi o terceiro mês seguido de
importações de US$ 8,874 bilhões e exportações de US$ saldo positivo.
12,780 bilhões. A conta de transações correntes é formada pela balan-
Dentro das exportações foram US$ 2,076 bilhões de ça comercial (comércio de produtos entre Brasil e outros
Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 3,006 bi- países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exte-
lhões em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 7,698 bilhões rior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos
em demais operações. Dentro da conta financeira, ocorre- do Brasil para o exterior).
ram no período entradas de US$ 31,479 bilhões e saídas de
US$ 34,917 bilhões.

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, as “O impacto para os próximos meses depende de onde
contas externas registraram déficit de US$ 2,604 bilhões. o câmbio ficar. Uma desvalorização que continua por um
No acumulado do ano, o resultado de 2018 é o melhor tempo maior vai fazer o viajante decidir se mantem a via-
desde 2007, quando as contas externas registraram supe- gem ou altera o roteiro”, disse.
rávit de US$ 1,8 bilhão de janeiro a abril. Hoje a moeda norte-americana iniciou o dia em alta,
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do após fechar em queda nas últimas três sessões. Às 10h30, o
BC, Fernando Rocha, o resultado de abril ficou dentro do dólar estava cotado em R$ 3,6436.
esperado pelo BC. A desvalorização do real frente ao dólar torna as des-
Investimento estrangeiro
pesas de brasileiros mais caras, o que tende a reduzir os
O Banco Central também informou nesta quinta-fei-
gastos de brasileiros em viagens ao exterior. É um desesti-
ra que os investimentos estrangeiros diretos na economia
mulo para viagens para fora do país.
brasileira somaram US$ 2,618 bilhões em abril, uma queda
de 53% em relação ao registrado em abril de 2017 (US$ Gastos de estrangeiros no Brasil
5,566 bilhões). Em abril deste ano os estrangeiros gastaram US$ 499
No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, os milhões no Brasil, o que representa um aumento de 19,66%
investimentos estrangeiros somaram US$ 20,366 bilhões. em relação ao patamar registrado em abril de 2017 (US$
Nos mesmos meses do ano passado o investimento estran- 417 milhões).
geiro somou US$ 29,347 bilhões. Já no acumulado dos quatro primeiros meses do ano,
Rocha destacou que os investimentos estão em uma os gastos de estrangeiros no Brasil totalizaram US$ 2,433
trajetória de redução, mas devem ficar praticamente está- bilhões, aumento frente aos gastos nos mesmos meses do
veis em maio na comparação com maio de 2017. A proje- ano passado (US$ 2,263 bilhões).
ção do BC para maio é que os investimentos estrangeiros Fonte: G1.com/acessado em 05/2018
diretos somem US$ 3 bilhões, sendo que em maio de 2017
somaram US$ 2,9 bilhões. Caixa tem lucro de R$ 3,2 bi no 1º tri, alta de 114%
Fonte: G1.com/acessado em 05/2018 em relação a 2017
Segundo o banco estatal, resultado foi devido às
receitas com intermediação financeira e prestação de
Gasto de brasileiros no exterior cresce 16% em abril
serviços e pelo recuo nas despesas administrativas.
na comparação com o mesmo mês de 2017, informa BC
No mês passado, brasileiros gastaram US$ 1,53 bi-
Caixa Econômica Federal divulgou quinta-feira (24) que
lhão lá fora. Nos quatro primeiros meses de 2018, o
gasto foi de US$ 6,47 bilhões, aumento de 11,57% com teve lucro líquido de R$ 3,2 bilhões no 1º trimestre de 2018,
relação a 2017. alta de 114,5% em relação ao mesmo período de 2017. A
Caixa diz que foi o maior resultado trimestral da história do
Os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,538 banco, gerado pelo “aumento da eficiência operacional”.
bilhão em abril deste ano, informou nesta quinta-feira (24) Segundo o banco estatal, o aumento do lucro foi ge-
o Banco Central. O valor representa um aumento de 16% rado principalmente pelo avanço de 21,9% no resultado
em relação aos gastos registrados no mesmo mês de 2017, bruto da intermediação financeira, pelo crescimento nas
quando os valores somaram US$ 1,325 bilhão. receitas com prestação de serviços e pelo forte recuo nas
Nos quatro primeiros meses do ano os gastos de bra- despesas administrativas.
sileiros lá fora chegaram a US$ 6,47 bilhões, um aumento Carteira de crédito
de 11,57% em relação ao mesmo período do ano passado No 1º trimestre, a carteira de crédito ampla alcançou
(US$ 5,799 bilhões). saldo de R$ 700,2 bilhões, recuo de 2,1% em 12 meses,
Alta do dólar em função da estratégia adotada para adequação do seu
Apesar da recente alta do dólar, as despesas de brasi- portfólio à implementação das regras de Basileia III, para
leiros no exterior deve continuar em alta em maio. Segundo melhorar a alocação de capital da empresa e ampliar as
o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando carteiras de menor risco, além de melhorar a eficiência
Rocha, o que deve se observar em maio é um crescimento
operacional e rentabilizar a carteira de crédito atual.
menor dessas despesas.
Com isso, houve o crescimento nas carteiras de menor
Até o dia 22 de maio as despesas de brasileiros no ex-
terior somaram US$ 1,17 bilhão, já em todo mês de maio risco, como habitação e infraestrutura, e redução da expo-
de 2017 essas despesas foram de US$ 1,496 bilhão. sição nas carteiras comerciais, tendo como efeito a redução
Para o fim de maio o BC estima que as despesas su- da provisão para devedores duvidosos, que foi de 27,7%.
perem o mês de maio de 2017, mas a taxa de crescimento Essa estratégia resultou no recuo de 2,1% em 12 meses
deve ser menor do que os 16% observados em abril. na carteira de crédito, sendo 25,2% no segmento pessoa
Segundo Rocha, o impacto da alta do dólar na conta de jurídica e 11,5% no segmento pessoa física, linhas que exi-
viagens, que envolve o gasto de brasileiros no exterior, não gem maior alocação de capital. O crédito rural teve redução
é sentido de uma vez só, já que muitas viagens já estavam de 6,8% em 12 meses e alcançou saldo de R$ 7,0 bilhões no
programadas. O comportamento para os meses seguintes, primeiro trimestre.
destacou, depende de como a cotação do dólar vai variar.

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Crédito imobiliário Captações


Por outro lado, a carteira imobiliária alcançou saldo de O saldo das captações totalizou R$ 963,4 bilhões em
R$ 433,1 bilhões, crescimento de 4,9% em 12 meses. Desse março, redução de 2,6% em 12 meses, e em volume sufi-
saldo, R$ 243,4 bilhões foram concedidos com recursos do ciente para cobrir 137,6% da carteira de crédito.
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), aumento O desempenho no saldo foi impactado, principalmen-
de 14,8%, e R$ 190 bilhões com recursos da poupança, que te, pelo aumento de 10,7% nos empréstimos e repasses, de
recuaram 5,5% em 12 meses. 10,2% nos depósitos em poupança e de 8,1% nos depósi-
Com isso, a Caixa ganhou 1,7 ponto percentual de par- tos judiciais, além das reduções de 26,3% em CDB, 20,7%
ticipação no mercado de crédito imobiliário, mantendo-se em Letras e 17,4% nas captações no mercado aberto.
na liderança, com 69,1%. Os depósitos totalizaram R$ 506,5 bilhões em março
Inadimplência de 2018.
As despesas com provisão para devedores duvidosos A poupança, com saldo de R$ 278,7 bilhões, continua
atingiram R$ 3,7 bilhões no 1º trimestre, queda de 27,7% a ser a principal fonte de recursos da Caixa, representando
em 12 meses e de 35,6% na comparação com o trimestre 38,1% da participação de mercado.
anterior. Segundo a Caixa, a redução foi devido, principal- Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
mente, ao recuo da carteira de crédito, em função do plano
de capital da empresa.
Em março, as despesas com provisões para créditos de Confiança do comércio cai e retorna ao nível de no-
liquidação duvidosa correspondiam a 5,3% do total da car- vembro de 2017
teira de crédito, mesmo patamar de dezembro de 2017 e Para coordenador da FGV, após as altas consisten-
ligeiramente superior ao verificado em março de 2017. tes no começo do ano, a queda em maio sinaliza que o
O índice de inadimplência totalizou 2,9% no trimestre, setor já percebe uma desaceleração no ritmo de cresci-
aumento de 0,07 ponto percentual ante mesmo período mento das vendas.
de 2017, permanecendo abaixo da média de mercado, de
3,28%. índice de confiança do comércio, medido pela Funda-
No final do 1º trimestre, a carteira de habitação apre- ção Getulio Vargas (FGV), caiu 4,1 pontos em maio, ao pas-
sentou inadimplência de 2%, mesmo patamar de março sar de 96,7 para 92,6 pontos, retornando ao mesmo nível
de 2017, segundo a Caixa. As operações de infraestrutura de novembro de 2017.
apresentaram inadimplência de 1,05%, evolução de 0,78 Para Rodolpho Tobler, coordenador da Sondagem do
p.p. em 12 meses, impactada pela operação com um “gru- Comércio da FGV IBRE, após as altas consistentes no come-
po específico”. ço do ano, a queda em maio sinaliza que o setor já percebe
Demissões fazem cair despesas uma desaceleração no ritmo de crescimento das vendas.
No 1º trimestre, as despesas de pessoal totalizaram R$ “Chama atenção, por exemplo, o fato de que pela pri-
5,1 bilhões, queda de 12,5% em 12 meses e diminuição de meira vez no ano a confiança do resiliente segmento de
7,8% em comparação ao 4º trimestre de 2017, impactada, duráveis também recuou no mês. A queda da percepção
principalmente, pelos efeitos dos planos de demissão vo- atual sugere que a recuperação das vendas deve continuar
luntária iniciados em 2017. de forma gradual e sujeita a tropeços ao longo do ano.”,
As despesas de pessoal, no primeiro trimestre, repre- avalia
sentavam 65,9% do total das despesas administrativas. Em maio, 11 dos 13 segmentos pesquisados recuaram.
As outras despesas administrativas recuaram 5,9% em O Índice de Situação Atual caiu 4,7 pontos, registrando
12 meses, totalizando R$ 2,7 bilhões, no primeiro trimestre, 89,4, menor nível desde janeiro (88 pontos). Já o Índice de
em função dos ganhos com a otimização de processos e Expectativas caiu 3,2 pontos para 96,2 pontos, menor valor
do controle das despesas operacionais. Houve economias desde setembro de 2017 (95,6 pontos).
de 45,9% em propaganda e publicidade, 28,8% em comu- Piora da percepção atual disseminada
nicação, 10,5% em material e 10,4 em processamento de Após quatro meses de altas consecutivas, a satisfação
dados, destacou a Caixa. do setor comercial diminuiu no mês e também em médias
Assim, o índice de eficiência operacional alcançou móveis trimestrais.
48,4%, melhora 3,2 pontos percentuais em 12 meses, me- O resultado negativo atingiu tanto os segmentos de
lhor marca, segundo a Caixa. O índice de cobertura de revendedores de bens duráveis quanto de bens não durá-
despesas de pessoal, que mede a relação entre as receitas veis, que vinha apresentando uma recuperação mais tímida
de prestação de serviços e as despesas de pessoal, foi de nos últimos meses.
117,1%, avanço de 11,2 pontos percentuais na comparação A novidade negativa em maio foi a queda do índice de
com 2017, e a cobertura com despesas administrativas to- situação atual de duráveis, que vinha apresentando uma
talizou 76%, melhorando 7,9 p.p. em 12 meses. recuperação mais consistente influenciada, principalmente,
“Esses indicadores refletem os avanços das coberturas pela redução das taxas de juros e pela fraca base de com-
pela maior contribuição das receitas de serviços e pelas paração, segundo a FGV.
ações de ajuste do quadro de pessoal e otimização da es- Fonte: Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
trutura”, informou a Caixa.

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Deutsche Bank anuncia plano para demitir mais de A cronologia da crise do diesel, do controle de pre-
7 mil funcionários ços de Dilma à redução diante da greve dos caminho-
Corte afetará quase 10% dos funcionários em todo neiros
o mundo.
A greve dos caminhoneiros, que entrou no seu quarto
Deutsche Bank, que enfrenta dificuldades financeiras, dia nesta quinta-feira e afeta vários setores da economia
anunciou nesta quinta-feira um plano para cortar mais de do país, tem sua raiz na insatisfação com a política de pre-
7.000 postos de trabalho no mundo, confirmando uma ços dos combustíveis, que passou por uma mudança signi-
mudança de rumo após a nomeação de um novo diretor ficativa no início do governo Michel Temer, em 2016.
executivo em abril. Os reajustes passaram a ser determinados pela Petro-
O corte, que afetará quase 10% dos funcionários em bras de acordo com variações do dólar e do preço do pe-
todo o mundo, foi anunciado pelo Deutsche Bank em um tróleo no mercado internacional.
Antes, no governo de Dilma Rousseff, a variação dos
comunicado distribuído no dia da assembleia de acionistas.
preços internacionais era repassada de forma defasada aos
A reestruturação afetará, no entanto, 25% dos funcio-
valores praticados no país, um mecanismo usado para ten-
nários do banco de investimentos, que deve ter sua di-
tar segurar o aumento da inflação.
mensão reduzida em 10%, o que representa 100 bilhões
Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018
de euros.
O banco passará a ter menos de 90.000 funcionários,
contra os 97.130 que tinha no fim de março, de acordo com
o comunicado. 1.1 NOÇÕES SOBRE HISTÓRIA E
Fonte: Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO
CULTURAL NO BRASIL E NO MUNDO, COM
Senado tira do Ministério da Agricultura fiscaliza- ÊNFASE NA TRAJETÓRIA DO IPHAN.
ção de produtos artesanais de origem animal
Medida vale para vendas entre estados; fiscalização
caberá aos órgãos estaduais. Projeto segue para sanção
do presidente Michel Temer. Prezado Candidato, devido a complexibilidade e
formato do conteúdo em questão , disponibilizaremos
Senado aprovou nesta quarta-feira (23) um projeto o PDF em nosso site para que assim não haja prejuizos
que tira do Ministério da Agricultura a fiscalização de pro- em seus estudos
dutos artesanais de origem animal, como queijos, salames www.novaconcursos.com.br/retificacoes, para con-
e linguiças. sulta.

A medida valerá somente para as vendas entre esta-


dos. Assim, pela proposta, a fiscalização caberá aos órgãos
estaduais. 2 MARCOS INTERNACIONAIS DA
Como o projeto já foi analisado pela Câmara, seguirá PRESERVAÇÃO: CONVENÇÃO RELATIVA À
para sanção do presidente Michel Temer. PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO MUNDIAL,
Entenda CULTURAL E NATURAL (1972);
Pelas regras atuais, os produtos artesanais de origem
animal podem ser vendidos se tiverem o selo do Serviço de
Inspeção Federal (SIF), gerido pelo Ministério da Agricultu-
ra, Pecuária e Abastecimento.
CONVENÇÃO PARA A PROTECÇÃO
O texto prevê a substituição do SIF pelo selo Arte, de
DO PATRIMÓNIO MUNDIAL, CULTURAL E NATURAL*
artesanal, o que seria posteriormente regulamentado.
O registro com o selo Arte deverá seguir regras higiêni-
A Conferência Geral da Organização das Nações Uni-
co-sanitárias e de qualidade já estabelecidas em lei. das para a Educação, Ciência e Cultura, reunida em Paris de
Até a regulamentação da lei que terá origem com o 17 de Outubro a 21 de Novembro de 1972, na sua décima
projeto aprovado nesta quarta, fica autorizada, segundo a sétima sessão:
proposta, a comercialização dos produtos artesanais em
todo o território nacional. Constatando que o património cultural e o patrimó-
O relator da proposta, senador Valdir Raupp (MDB-RO), nio natural estão cada vez mais ameaçados de destruição,
afirmou que a medida tem como objetivo simplificar e des- não apenas pelas causas tradicionais de degradação, mas
burocratizar a inspeção sanitária de produtos artesanais. também pela evolução da vida social e económica que as
Fonte: Fonte: Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 agrava através e fenómenos de alteração ou de destruição
ainda mais importantes;

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Considerando que a degradação ou o desaparecimen- Os locais de interesse. – Obras do homem, ou obras


to de um bem do património cultural e natural constitui um conjugadas do homem e da natureza, e as zonas, incluindo
empobrecimento efetivo do património de todos os povos os locais de interesse arqueológico, com um valor universal
do mundo; excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológi-
Considerando que a proteção de tal património à es- co ou antropológico.
cala nacional é a maior parte das vezes insuficiente devido
à vastidão dos meios que são necessários para o efeito e ARTIGO 2.º
da insuficiência de recursos económicos, científicos e téc-
nicos do país no território do qual se encontra o bem a Para fins da presente Convenção serão considerados
salvaguardar; como património natural:
Relembrando que o Ato Constitutivo da Organização Os monumentos naturais constituídos por formações
prevê a ajuda à conservação, progresso e difusão do sa- físicas e biológicas ou por grupos de tais formações com
ber, promovendo a conservação e proteção do património valor universal excepcional do ponto de vista estético ou
universal e recomendando aos povos interessados conven- científico;
ções internacionais concluídas para tal efeito; As formações geológicas e fisiográficas e as zonas es-
Considerando que as convenções, recomendações e tritamente delimitadas que constituem habitat de espécies
resoluções internacionais existentes no interesse dos bens animais e vegetais ameaçadas, com valor universal excep-
culturais e naturais demonstram a importância que consti- cional do ponto de vista da ciência ou da conservação;
tui, para todos os povos do mundo, a salvaguarda de tais Os locais de interesse naturais ou zonas naturais estri-
bens, únicos e insubstituíveis, qualquer que seja o povo a tamente delimitadas, com valor universal excepcional do
que pertençam; ponto de vista a ciência, conservação ou beleza natural.
Considerando que determinados bens do património ARTIGO 3.º
cultural e natural se revestem de excepcional interesse que Competirá a cada Estado parte na presente Convenção
necessita a sua preservação como elementos do patrimó- identificar e delimitar os diferentes bens situados no seu
nio mundial da humanidade no seu todo; território referidos nos artigos 1 e 2 acima.
Considerando que, perante a extensão e a gravidade II - Proteção nacional e proteção internacional do patri-
dos novos perigos que os ameaçam, incumbe à coletivi- mónio cultural e natural
dade internacional, no seu todo, participar na proteção do
património cultural e natural, de valor universal excepcio- ARTIGO 4.º
nal, mediante a concessão de uma assistência coletiva que
sem se substituir à ação do Estado interessado a complete Cada um dos Estados parte na presente Convenção
de forma eficaz; deverá reconhecer que a obrigação de assegurar a identifi-
Considerando que se torna indispensável a adopção, cação, proteção, conservação, valorização e transmissão às
para tal efeito, de novas disposições convencionais que gerações futuras do património cultural e natural referido
estabeleçam um sistema eficaz de proteção coletiva do nos artigos 1.º e 2.º e situado no seu território constitui
património cultural e natural de valor universal excepcio- obrigação primordial. Para tal, deverá esforçar-se, quer por
nal, organizado de modo permanente e segundo métodos esforço próprio, utilizando no máximo os seus recursos
científicos e modernos; disponíveis, quer, se necessário, mediante a assistência e a
Após ter decidido aquando da sua décima sexta sessão cooperação internacionais de que possa beneficiar, nomea-
que tal questão seria objeto de uma convenção interna- damente no plano financeiro, artístico, científico e técnico.
cional;
I - Definições do património cultural e natural adopta ARTIGO 5.º
no presente dia 16 de Novembro de 1972 a presente Con-
venção. Com o fim de assegurar uma proteção e conservação
tão eficazes e uma valorização tão activa quanto possível
ARTIGO 1.º do património cultural e natural situado no seu território e
nas condições apropriadas a cada país, os Estados parte na
Para fins da presente Convenção serão considerados presente Convenção esforçar-se- ão na medida do possível
como património cultural: por:
Os monumentos. – Obras arquitetônicas, de escultura a) Adoptar uma política geral que vise determinar
ou de pintura monumentais, elementos de estruturas de uma função ao património cultural e natural na vida coleti-
carácter arqueológico, inscrições, grutas e grupos de ele- va e integrar a proteção do referido património nos progra-
mentos com valor universal excepcional do ponto de vista mas de planificação geral;
da história, da arte ou da ciência; b) Instituir no seu território, caso não existam, um ou
Os conjuntos. – Grupos de construções isoladas ou mais serviços de protecção, conservação e valorização do
reunidos que, em virtude da sua arquitetura, unidade ou património cultural e natural, com pessoal apropriado, e
integração na paisagem têm valor universal excepcional do dispondo dos meios que lhe permitam cumprir as tarefas
ponto de vista da história, da arte ou da ciência; que lhe sejam atribuídas;

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

c) Desenvolver os estudos e as pesquisas científicas e 2 – A eleição dos membros do Comité deverá asse-
técnica e aperfeiçoar os métodos de intervenção que permi- gurar uma representação equitativa das diferentes regiões
tem a um Estado enfrentar os perigos que ameaçam o seu e culturas do Mundo.
património cultural e natural; 3 – Assistirão às sessões do Comité com voto con-
d) Tomar as medidas jurídicas, científicas, técnicas, ad- sultivo um representante do Centro Internacional de Estu-
ministrativas e financeiras adequadas para a identificação, dos para a Conservação e Restauro de Bens Culturais (Cen-
proteção, conservação, valorização e restauro do referido pa- tro de Roma), um representante do Conselho Internacio-
trimónio; e nal de Monumentos e Locais de Interesse (ICOMOS) e um
e) Favorecer a criação ou o desenvolvimento de centros representante da União Internacional para a Conservação
nacionais ou regionais de formação nos domínios da prote- da Natureza e Seus Recursos (UICN), aos quais poderão
ção, conservação e valorização do património cultural e natu- ser acrescentados, a pedido dos Estados parte, reunidos
ral e encorajar a pesquisa científica neste domínio. em assembleia geral no decurso das sessões ordinárias da
Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para
ARTIGO 6.º
a Educação, Ciência e Cultura, representantes de outras or-
ganizações intergovernamentais com objetivos idênticos.
1 – Com pleno respeito pela soberania dos Estados no
território dos quais está situado o património cultural e natu-
ral referido nos artigos 1.º e 2.º, e sem prejuízo dos direitos ARTIGO 9.º
reais previstos na legislação nacional sobre o referido patri-
mónio, os Estados parte na presente Convenção reconhecem 1 – Os Estados membro do Comité do Património
que o referido património constitui um património universal Mundial exercerão o seu mandato desde o termo da sessão
para a proteção do qual a comunidade internacional no seu ordinária da Conferência Geral no decurso da qual tiverem
todo tem o dever de cooperar. sido eleitos e até ao final da terceira sessão ordinária sub-
2 – Em consequência, os Estados parte comprome- sequente.
tem-se, em conformidade com as disposições da presente 2 – No entanto, o mandato de um terço dos mem-
Convenção, a contribuir para a identificação, proteção, con- bros designados na primeira eleição terminará no final da
servação e valorização do património cultural e natural referi- primeira sessão ordinária da Conferência Geral que se siga
do nos parágrafos 2 e 4 do artigo 11.º se o Estado no território à sessão no decurso da qual tenham sido eleitos, e o man-
do qual tal património se encontra o solicitar. dato de um segundo terço dos membros designados si-
3 – Cada um dos Estados parte na presente Conven- multaneamente terminará no final da segunda sessão ordi-
ção compromete-se a não tomar deliberadamente qualquer nária da Conferência Geral que se siga à sessão no decurso
medida susceptível de danificar direta ou indiretamente o pa- da qual tenham sido eleitos. Os nomes de tais membros
trimónio cultural e natural referido nos artigos 1.º e 2.º situado serão sorteados pelo presidente da Conferência Geral após
no território de outros Estados parte na presente Convenção. a primeira eleição.
3 – Os Estados membro do Comité deverão escolher
ARTIGO 7.º para os representar pessoas qualificadas no domínio do
património cultural ou do património natural.
Para fins da presente Convenção, deverá entender-se por ARTIGO 10.º
protecção internacional do património mundial, cultural e na- 1 – O Comité do Património Mundial adoptará o seu
tural a criação de um sistema de cooperação e de assistência regulamento interno.
internacionais que vise auxiliar os Estados parte na Convenção
2 – O Comité poderá a qualquer momento convi-
nos esforços que dispendem para preservar e identificar o re-
dar para as suas reuniões organismos públicos o privados,
ferido património.
assim como pessoas privadas, para proceder a consultas
III - Comité intergovernamental para a proteção do patri-
sobre questões específicas.
mónio mundial, cultural e natural
3 – O Comité poderá criar órgãos consultivos que
ARTIGO 8.º julgue necessários à execução das suas funções.

1 – É criado junto da Organização das Nações Unidas ARTIGO 11.º


para a Educação, Ciência e Cultura, um comité intergoverna-
mental para a proteção do património cultural e natural de 1 – Cada um dos Estados parte na presente Conven-
valor universal excepcional denominado Comité do Patri- ção deverá submeter, em toda a medida do possível, ao
mónio Mundial. Será composto por quinze Estados parte na Comité do Património Mundial um inventário dos bens do
Convenção, eleitos pelos Estados parte na Convenção reuni- património cultural e natural situados no seu território e
dos em assembleia geral no decurso de sessões ordinárias da susceptíveis de serem inscritos na lista prevista no parágra-
Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a fo 2 do presente artigo. Tal inventário, que não será con-
Educação, Ciência e Cultura. O número dos Estados membros siderado exaustivo, deverá comportar uma documentação
do Comité será elevado até vinte e um, a contar da sessão sobre o local dos bens em questão e sobre o interesse que
ordinária da conferência geral que se siga à entrada em vigor apresentam.
da presente Convenção para, pelo menos, quarenta Estados.

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

2 – Com base nos inventários submetidos pelos Es- ARTIGO 13.º


tados em aplicação do parágrafo 1 acima, o Comité deverá
estabelecer, atualizar e difundir, sob o nome de «lista do 1 – O Comité do Património Mundial deverá aceitar
património mundial», uma lista dos bens do património e estudar os pedidos de assistência internacional formu-
cultural e do património natural tal como definidos nos ar- lados pelos Estados parte na presente Convenção no que
tigos 1.º e 2.º da presente Convenção, que considere como respeita aos bens do património cultural e natural situados
tendo um valor universal excepcional em aplicação dos cri- nos seus territórios, que figuram ou sejam susceptíveis de
térios que tiver estabelecido. De dois em dois anos deverá figurar nas listas referidas nos parágrafos 2 e 4 do artigo
ser difundida uma atualização da lista. 11.º. Tais pedidos poderão ter por objeto a proteção, con-
3 – A inscrição e um bem na lista do património servação, valorização ou restauro de tais bens.
mundial apenas poderá ser feita com o consentimento do 2 – Os pedidos de assistência internacional em apli-
Estado interessado. A inscrição de um bem situado num cação do parágrafo 1 do presente artigo poderão igual-
território que seja objeto de reivindicação de soberania ou
mente ter por objeto a identificação de bens do património
de jurisdição por vários Estados não prejudicará em nada
cultural e natural definido nos artigos 1.º e 2.º, sempre que
os direitos das partes no diferendo.
pesquisas preliminares tenham permitido estabelecer que
4 – O Comité deverá estabelecer, atualizar e difundir,
as mesmas merecem ser prosseguidas.
sempre que as circunstâncias o exijam, sob o nome de «lis-
ta do património mundial em perigo», uma lista dos bens 3 – O Comité deverá decidir do andamento a dar a
que figurem na lista do património mundial para a salva- tais pedidos, determinar, se necessário, a natureza e impor-
guarda dos quais sejam necessários grandes trabalhos e tância da sua ajuda e autorizar a conclusão, em seu nome,
para os quais tenha sido pedida assistência, nos termos da de acordos necessários com o governo interessado.
presente Convenção. Tal lista deverá conter uma estimati- 4 – O Comité deverá determinar uma ordem de prio-
va do custo das operações. Apenas poderão figurar nesta ridade para as suas intervenções. Fá-lo-á tendo em conta
lista os bens do património cultural e natural ameaçados a importância respectiva dos bens a salvaguardar para o
de desaparecimento devido a uma degradação acelerada, património mundial, cultural e natural, a necessidade em
projetos de grandes trabalhos públicos ou privados, rápi- assegurar assistência internacional aos bens mais represen-
do desenvolvimentos urbano e turístico, destruição devi- tativos da natureza ou do génio e da história do mundo e
da a mudança de utilização ou de propriedade da terra, da urgência dos trabalhos a empreender, a importância dos
alterações profundas devidas a uma causa desconhecida, recursos dos Estados no território dos quais se encontrem
abandono por um qualquer motivo, conflito armado sur- os bens ameaçados e principalmente a medida em que tais
gido ou ameaçando surgir, calamidades e cataclismos, Estados poderiam assegurar a salvaguarda de tais bens pe-
grandes incêndios, sismos, deslocações de terras, erupções los seus próprios meios.
vulcânicas, modificações do nível das águas, inundações e 5 – O Comité deverá estabelecer, atualizar e difundir
maremotos. O Comité poderá, em qualquer momento e uma lista dos bens para os quais tenha sido dada assistên-
em caso de urgência, proceder a nova inscrição na lista do cia internacional.
património mundial em perigo e dar a tal inscrição difusão 6 – O Comité deverá decidir da utilização dos recur-
imediata. sos do fundo criado nos termos do artigo 15.º da presente
5 – O Comité definirá os critérios com base nos Convenção. Procurará os meios de aumentar tais recursos
quais um bem do património cultural e natural poderá ser e tomará todas as medidas úteis para o efeito.
inscrito em qualquer das listas referidas nos parágrafos 2 e 7 – O Comité deverá cooperar com as organizações
4 do presente artigo. internacionais e nacionais, governamentais e não gover-
6 – Antes de recusar um pedido de inscrição numa
namentais, com objetivos idênticos aos da presente Con-
das duas listas nos parágrafos 2 e 4 do presente artigo,
venção. Para a aplicação dos programas e execução dos
o Comité deverá consultar o Estado parte no território do
seus projetos, o Comité poderá recorrer a tais organiza-
qual esteja situado o bem do património cultural ou natural
ções, especialmente do Centro Internacional de Estudos
em causa.
7 – O Comité, com o consentimento dos Estados in- para a Conservação e Restauro dos Bens Culturais (Centro
teressados, coordenará e encorajará os estudos e as pes- de Roma), ao Conselho Internacional dos Monumentos e
quisas necessárias à constituição das listas referidas nos Locais de Interesse (ICOMOS) e à União Internacional para
parágrafos 2 e 4 do presente artigo. a Conservação da Natureza e Seus Recursos (UICN), assim
como a outros organismos públicos ou privados e a pes-
ARTIGO 12.º soas privadas.
8 – As decisões do Comité serão tomadas por maio-
O facto de um bem do património cultural e natural ria de dois terços dos membros presentes e votantes. O
não ter sido inscrito em qualquer das duas listas referidas quórum será constituído pela maioria dos membros do Co-
nos parágrafos 2 e 4 do artigo 11.º não poderá de qualquer mité.
modo significar que tal bem não tenha um valor excep-
cional para fins diferentes dos resultantes da inscrição nas
referidas listas.

18
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

ARTIGO 14.º ARTIGO 16.º

1 – O Comité do Património Mundial será assistido 1 – Sem prejuízo de qualquer contribuição voluntá-
por um secretariado nomeado pelo diretor-geral da Or- ria complementar, os Estados parte na presente Convenção
ganização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e comprometem-se a pagar regularmente, de dois em dois
Cultura. anos, ao Fundo do Património Mundial, contribuições, cujo
2 – O diretor-geral da Organização das Nações Uni- montante, calculado segundo uma percentagem uniforme
das para a Educação, Ciência e Cultura, utilizando o mais aplicável a todos os Estados, será decidido pela Assem-
possível os serviços do Centro Internacional de Estudos bleia Geral dos Estados parte na Convenção, reunidos no
para a Conservação e Restauro dos Bens Culturais (Cen- decurso de sessões da Conferência Geral da Organização
tro de Roma), do Conselho Internacional dos Monumentos das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Tal
e Locais de Interesse (ICOMOS) e da União Internacional decisão da assembleia geral requer a maioria dos Estados
parte, presentes e votantes, que não tenham formulado a
para a Conservação da Natureza e Seus Recursos (UICN),
declaração referida no parágrafo 2 do presente artigo. A
nos domínios das suas competências e das suas respec-
contribuição obrigatória dos Estados parte na Convenção
tivas possibilidades, deverá preparar a documentação do
não poderá, em caso algum, ultrapassar 1% da sua con-
Comité, a ordem do dia das suas reuniões e deverá asse-
tribuição para o orçamento ordinário da Organização das
gurar a execução das suas decisões. Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
IV - Fundo para a proteção do património mundial, 2 – Qualquer Estado no artigo 31.º ou no artigo 32.º
cultural e natural da presente Convenção poderá, no entanto, no momento
do depósito do seu instrumento de ratificação, aceitação
ARTIGO 15.º ou adesão, declarar que não ficará vinculado pelas disposi-
ções do parágrafo 1 do presente artigo.
1 – É constituído um fundo para a proteção do pa- 3 – Qualquer Estado parte na Convenção que tenha
trimónio mundial, cultural e natural de valor universal ex- formulado a declaração referida no parágrafo 2 do presen-
cepcional, denominado Fundo do Património Mundial. te artigo poderá, em qualquer momento, retirar a referida
2 – O Fundo será constituído com fundos de depó- declaração mediante notificação do diretor-geral da Or-
sito, em conformidade com as disposições do regulamen- ganização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
to financeiro da Organização das Nações Unidas para a Cultura. No entanto, a retirada da declaração apenas terá
Educação, Ciência e Cultura. efeito, no que refere à contribuição obrigatória devida por
3 – Os recursos do Fundo serão constituídos por: tal Estado, a partir da data da assembleia geral seguinte
a) Contribuições obrigatórias e contribuições volun- dos Estados parte.
tárias dos Estados parte na presente Convenção; 4 – A fim de que o Comité possa prever as suas ope-
b) Pagamento, doações ou legados que poderão fa- rações de forma eficaz, as contribuições dos Estados parte
zer: na presente Convenção que tenham formulado a declara-
I) Outros Estados; ção referida no parágrafo 2 do presente artigo deverão ser
II) A Organização das Nações Unidas para pagas de forma regular, pelo menos de dois em dois anos,
a Educação, Ciência e Cultura, as demais organizações do e não deverão ser inferiores às contribuições que tais Esta-
sistema das Nações Unidas, nomeadamente o Programa dos deveriam pagar caso se encontrassem vinculados pelas
de Desenvolvimento das Nações Unidas e outras organi- disposições do parágrafo 1 do presente artigo.
zações intergovernamentais: 5 – Qualquer Estado parte na Convenção que se en-
contre atrasado no pagamento da sua contribuição obriga-
III) Organismos públicos ou privados, ou as pessoas
tória ou voluntária, relativamente ao ano em curso e ao ano
privadas;
civil imediatamente anterior, não poderá ser eleito para o
c) Qualquer juro devido pelos recursos do Fundo;
Comité do Património Mundial; tal disposição não se aplica
d) Produto das coletas e receitas das manifestações
aquando da primeira eleição. O mandato de um tal Estado,
organizadas em proveito do Fundo; e já membro do Comité, terminará no momento de qualquer
e) Quaisquer outros recursos autorizados pelo regu- eleição referida no parágrafo 1 do artigo 8.º da presente
lamento que o Comité do Património Mundial elaborará. Convenção.
4 – O destino das contribuições feitas ao Fundo e
das demais formas de assistência prestadas ao Comité será ARTIGO 17.º
estabelecido por este. O Comité poderá aceitar contribui-
ções destinadas apenas a um certo programa ou a um de- Os Estados parte na presente Convenção deverão es-
terminado projeto desde que a aplicação de tal programa tabelecer ou promover a criação de fundações ou de asso-
ou a execução de tal projeto tenha sido decidida pelo Co- ciações nacionais, públicas e privadas, cujo objetivo seja o
mité. As contribuições feitas ao Fundo não poderão estar encorajamento da proteção do património cultural e natu-
sujeitas a qualquer condição política. ral, conforme definido pelos artigos 1.º e 2.º da presente
Convenção.

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

ARTIGO 18.º b) Fornecimento de peritos, técnicos e de mão-de-obra


qualificada para supervisar a boa execução do projecto apro-
Os Estados parte na presente Convenção deverão con- vado;
tribuir nas campanhas internacionais de colecta, organizadas c) Formação e especialistas, a todos os níveis, nos do-
em favor do Fundo do Património Mundial, sob os auspícios mínios da identificação, protecção, conservação, valorização e
da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência restauro do património cultural e natural;
e Cultura. Deverão facilitar as coletas feitas com tais objecti- d) Fornecimento de equipamento de que o Estado inte-
vos pelos organismos mencionados no parágrafo 3 do artigo ressado não disponha ou não esteja em condições de adquirir;
15.º. e) Empréstimos a juro reduzido, isentos de juros ou que
V – Condições e modalidades de assistência interna- possam ser reembolsados a longo prazo;
cional f) Concessão, em casos excepcionais e especialmente
motivados, de subvenções não reembolsáveis.
ARTIGO 19.º
ARTIGO 23.º
Qualquer Estado parte na presente Convenção poderá
solicitar assistência internacional em favor dos bens do pa-
trimónio cultural ou natural de valor universal excepcional O Comité do Património Mundial poderá igualmente for-
situados no seu território. Deverá anexar ao pedido de as- necer assistência internacional a centros nacionais ou regionais
sistência os elementos informativos e os documentos men- de formação de especialistas, a todos os níveis, nos domínios
cionados no artigo 21.º, de que dispõe e de que o Comité da identificação, proteção, conservação, valorização e restauro
necessitará para tomar a sua decisão. do património cultural e natural.

ARTIGO 20.º ARTIGO 24.º

Sob reserva das disposições do parágrafo 2 do artigo Uma assistência internacional de elevada importância
13.º, da alínea c) do artigo 22.º e do artigo 23.º, a assistência apenas poderá ser concedida após estudo científico, econó-
internacional prevista pela presente Convenção apenas po- mico e técnico detalhado. Tal estudo deverá recorrer às mais
derá ser concebida a bens do património cultural e natural avançadas técnicas de proteção, conservação, valorização e
que o Comité do Património Mundial tenha decidido ou de- restauro do património cultural e natural e corresponder aos
cida fazer figurar numa das listas referidas nos parágrafos 2 objetivos da presente Convenção. Deverá pesquisar os meios
e 4 do artigo 11.º. para a utilização racional dos recurso disponíveis no Estado
interessado.
ARTIGO 21.º
ARTIGO 25.º
1 – O Comité do Património Mundial deverá estabe- O financiamento dos trabalhos necessários apenas deve-
lecer as normas para o exame dos pedidos de assistência in- rá, em princípio, incumbir parcialmente à comunidade interna-
ternacional que lhe sejam dirigidos e deverá precisar, nomea- cional. A participação do Estado que beneficie da assistência
damente, os elementos a figurar no pedido, o qual deverá internacional deverá constituir parte substancial dos recursos
descrever a operação a executar, os trabalhos necessários, atribuídos a cada programa ou projecto, excepto se os seus
uma estimativa do custo dos mesmos, urgência e os motivos recursos não lho permitam.
pelos quais os recursos do Estado que tenha formulado o
pedido não lhe permitem fazer face à totalidade das despe-
ARTIGO 26.º
sas. Os pedidos deverão, sempre que possível, basear-se na
opinião de peritos.
O Comité do Património Mundial e o Estado beneficiário
2 – Em virtude dos trabalhos que poderão eventual-
mente vir a ser necessários sem demora, os pedidos funda- deverão definir, em acordo a conclui, as condições para a exe-
dos em calamidades naturais ou em catástrofes deverão ser cução do programa ou projeto ao qual é concedida assistência
urgente e prioritariamente examinados pelo Comité, o qual internacional, nos termos da presente Convenção. Competirá
deverá dispor de um fundo de reserva destinado a tais even- ao Estado que receba tal assistência internacional continuar a
tualidades. proteger, conservar e valorizar os bens assim salvaguardados,
3 – Antes de tomar qualquer decisão, o Comité deverá em conformidade com as condições definidas no acordo.
proceder aos estudos e consultas que julgue necessários. VI – Programas educativos

ARTIGO 22.º ARTIGO 27.º


A assistência concedida pelo Comité do Património
Mundial poderá assumir as seguintes formas: 1 – Os Estados parte na presente Convenção esforçar-
a) Estudos sobre os problemas artísticos, científicos e -se-ão, por todos os meios apropriados, nomeadamente me-
técnicos resultantes da protecção, conservação, valorização e diante programas de educação e de informação, por reforçar
restauro do património cultural e natural, conforme definido o respeito e o apego dos seus povos ao património cultural e
pelos parágrafos 2 e 4 do artigo 11.º da presente Convenção; natural definido nos artigos 1.º e 2.º da Convenção.

20
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

2 – Comprometem-se a informar largamente o pú- ARTIGO 33.º


blico das ameaças a que está sujeito tal património e das A presente Convenção entrará em vigor três meses
atividades levadas a cabo em aplicação da presente Con- após a data do depósito do vigésimo instrumento de ra-
venção. tificação, aceitação ou adesão, mas unicamente para os
Estados que tenham depositado os seus respectivos ins-
ARTIGO 28.º trumentos de ratificação, aceitação ou adesão em tal data,
ou anteriormente. Para qualquer outro Estado, entrará em
Os Estados parte na presente Convenção que recebam vigor três meses após o depósito do respectivo instrumen-
assistência internacional, em aplicação da Convenção, de- to de ratificação, aceitação ou adesão.
verão tomar as medidas necessárias no sentido de dar a
conhecer a importância dos bens que constituem o objecto ARTIGO 34.º
de tal assistência e o papel desempenhado por esta.
VII – Relatórios As disposições abaixo aplicar-se-ão aos Estados parte
na presente Convenção com sistema constitucional federa-
ARTIGO 29.º tivo ou não unitário:
a) No que se refere às disposições da presente Con-
1 – Os Estados parte na presente Convenção deve- venção cuja aplicação seja da competência da ação legis-
rão indicar nos relatórios a apresentar à Conferência Geral lativa do poder legislativo federal ou central, as obrigações
da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciên- do Governo federal ou central serão idênticas às dos Esta-
cia e Cultura, às datas e sob as formas que entender, as dos parte não federativos;
disposições legais e regulamentares e as demais medidas b) No que se refere às disposições da presente Con-
que tenham sido adoptadas para aplicação da Convenção, venção cuja aplicação seja da competência da ação legisla-
bem como a experiência que tenham adquirido na matéria. tiva de cada um dos Estados, regiões, províncias ou cantões
2 – Tais relatórios deverão ser levados ao conheci- que constituem o Estado federal, que não sejam obriga-
mento do Comité do Património Mundial. dos, em virtude do sistema constitucional da Federação,
3 – O Comité deverá apresentar um relatório sobre a tomar medidas legislativas, o Governo federal levará as
as suas actividades a cada uma das sessões ordinárias da referidas disposições, acompanhadas do seu parecer favo-
Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para rável, ao conhecimento das autoridades competentes dos
a Educação, Ciência e Cultura. referidos Estados, regiões, províncias ou cantões.
VIII – Cláusulas finais
ARTIGO 35.º
ARTIGO 30.º
1 – Cada um dos Estados parte na presente Conven-
A presente Convenção foi redigida em inglês, árabe, ção terá a faculdade de denunciar a Convenção.
espanhol, francês e russo, fazendo os cinco textos igual- 2 – A denúncia deverá ser notificada mediante ins-
mente fé. trumento escrito depositado junto do diretor-geral da Or-
ganização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
ARTIGO 31.º Cultura.
3 – A denúncia tomará efeito doze meses após a
1 – A presente Convenção será submetida à ratifica- data da recepção do instrumento da denúncia. Em nada al-
ção ou aceitação dos Estados membro da Organização das terará as obrigações financeiras a assumir pelo Estado que
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, em con- a tenha efetuado, até à data em que a retirada tome efeito.
formidade com as suas respectivas normas constitucionais. ARTIGO 36º
2 – Os instrumentos de ratificação ou aceitação se-
rão depositados junto do diretor- geral da Organização das O diretor-geral da Organização das Nações Unidas
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. para a Educação, Ciência e Cultura informará os Estados
membros da Organização e os Estados não membros refe-
ARTIGO 32.º ridos no artigo 32º, bem como a Organização das Nações
Unidas, do depósito de todos os instrumentos de ratifica-
1 – A presente Convenção fica aberta à adesão de ção, aceitação ou adesão mencionados nos artigos 31º e
qualquer Estado não membro da Organização das Nações 32º, e das denúncias previstas pelo artigo 35º.
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura convidado a ela
aderir pela Conferência Geral da Organização. ARTIGO 37º

2 – A adesão terá lugar mediante o depósito de um 1 – A presente Convenção poderá ser revista pelo
instrumentos de adesão junto do diretor-geral da Organi- Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para
zação das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultu- a Educação, Ciência e Cultura. A revisão apenas vinculará,
ra. no entanto, os Estados que se tornem parte na Convenção
revista.

21
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

2 – Caso a Conferência Geral adopte uma nova Con- Referindo-se aos instrumentos internacionais existen-
venção que constitua revisão total ou parcial da presente tes em matéria de direitos humanos, em particular à De-
Convenção, e salvo disposições em contrário da nova con- claração Universal dos Direitos Humanos de 1948, ao Pacto
venção, a presente Convenção deixará de estar aberta a Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais,
ratificação, aceitação ou adesão a partir da data da entrada de 1966, e ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Polí-
em vigor da nova convenção. ticos, de 1966,

ARTIGO 38º Considerando a importância do patrimônio cultural


imaterial como fonte de diversidade cultural e garantia de
Em conformidade com o artigo 102º da Carta das Na- desenvolvimento sustentável, conforme destacado na Re-
ções Unidas, a presente Convenção será registada no Se- comendação da UNESCO sobre a salvaguarda da cultura
cretariado das Nações Unidas, a pedido do director-geral tradicional e popular, de 1989, bem como na Declaração
da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciên- Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural, de
cia e Cultura. 2001, e na Declaração de Istambul, de 2002, aprovada pela
Terceira Mesa Redonda de Ministros da Cultura,
Feito em Paris aos 23 dias do mês de Novembro de
1972, em dois exemplares autenticados contendo a assi- Considerando a profunda interdependência que existe
natura do presidente da Conferência Geral, reunida na sua entre o patrimônio cultural imaterial e o patrimônio mate-
décima sétima sessão, e do diretor-geral das Nações Uni- rial cultural e natural,
das para a Educação, Ciência e Cultura, os quais serão de-
positados nos arquivos da Organização das Nações Unidas Reconhecendo que os processos de globalização e de
para a Educação, Ciência e Cultura, sendo cópias certifica- transformação social, ao mesmo tempo em que criam con-
das conforme aos originais entregues a todos os Estados dições propícias para um diálogo renovado entre as co-
referidos nos artigos 31º e 32º e à Organização das Nações munidades, geram também, da mesma forma que o fenô-
Unidas. meno da intolerância, graves riscos de deterioração, desa-
Disponibilizaremos o PDF em nosso site para que parecimento e destruição do patrimônio cultural imaterial,
assim não haja prejuizos em seus estudos devido em particular à falta de meios para sua salvaguarda,
www.novaconcursos.com.br/retificacoes, para con-
sulta. Consciente da vontade universal e da preocupação
comum de salvaguardar o patrimônio cultural imaterial da
humanidade,
CONVENÇÃO PARA A SALVAGUARDA DO
PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL (2003). Reconhecendo que as comunidades, em especial as
indígenas, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos
desempenham um importante papel na produção, salva-
guarda, manutenção e recriação do patrimônio cultural
MISC/2003/CLT/CH/14 imaterial, assim contribuindo para enriquecer a diversidade
cultural e a criatividade humana,
CONVENÇÃO PARA A SALVAGUARDA DO PATRIMÔ-
NIO CULTURAL IMATERIAL Observando o grande alcance das atividades da UNES-
Paris, 17 de outubro de 2003 CO na elaboração de instrumentos normativos para a pro-
teção do patrimônio cultural, em particular a Convenção
Documento originalmente publicado pela UNESCO so- para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural
bre o título Convention for the Safeguarding of the Intan- de 1972,
gible Cultural Heritage, Paris, 17 October 2003.
Tradução feita pelo Ministério das Relações Exteriores, Observando também que não existe ainda um instru-
Brasília, 2006. mento multilateral de caráter vinculante destinado a salva-
guardar o patrimônio cultural imaterial,
CONVENÇÃO PARA A SALVAGUARDA DO PATRIMÔ-
NIO CULTURAL IMATERIAL Considerando que os acordos, recomendações e reso-
luções internacionais existentes em matéria de patrimônio
A Conferência Geral da Organização das Nações Uni- cultural e natural deveriam ser enriquecidos e complemen-
das para a Educação, a Ciência e a Cultura, doravante de- tados mediante novas disposições relativas ao patrimônio
nominada “UNESCO”, em sua 32ª sessão, realizada em Paris cultural imaterial,
do dia 29 de setembro ao dia 17 de outubro de 2003, Considerando a necessidade de conscientização, es-
pecialmente entre as novas gerações, da importância do
patrimônio cultural imaterial e de sua salvaguarda,

22
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Considerando que a comunidade internacional deveria 3. Entende-se por “salvaguarda” as medidas que vi-
contribuir, junto com os Estados Partes na presente Con- sam garantir a viabilidade do patrimônio cultural imaterial,
venção, para a salvaguarda desse patrimônio, com um es- tais como a identificação, a documentação, a investigação,
pírito de cooperação e ajuda mútua, a preservação, a proteção, a promoção, a valorização, a
transmissão – essencialmente por meio da educação for-
Recordando os programas da UNESCO relativos ao pa- mal e não-formal - e revitalização deste patrimônio em
trimônio cultural imaterial, em particular a Proclamação de seus diversos aspectos.
Obras Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humani- 4. A expressão “Estados Partes” designa os Estados
dade, vinculados pela presente Convenção e entre os quais a pre-
sente Convenção está em vigor.
Considerando a inestimável função que cumpre o pa- 5. Esta Convenção se aplica mutatis mutandis aos
trimônio cultural imaterial como fator de aproximação, in- territórios mencionados no Artigo 33 que se tornarem Par-
tercâmbio e entendimento entre os seres humanos, tes na presente Convenção, conforme as condições especi-
ficadas no referido Artigo. A expressão “Estados Partes” se
Aprova neste dia dezessete de outubro de 2003 a referirá igualmente a esses territórios.
presente Convenção. Artigo 3: Relação com outros instrumentos internacio-
nais
I. Disposições gerais Nenhuma disposição da presente Convenção poderá
ser interpretada de tal maneira que:
Artigo 1: Finalidades da Convenção a) modifique o estatuto ou reduza o nível de pro-
A presente Convenção tem as seguintes finalidades: teção dos bens declarados patrimônio mundial pela Con-
a) a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial; venção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e
b) o respeito ao patrimônio cultural imaterial das co- Natural de 1972, ao qual está diretamente associado um
munidades, grupos e indivíduos envolvidos; elemento do patrimônio cultural imaterial; ou
c) a conscientização no plano local, nacional e inter- b) afete os direitos e obrigações dos Estados Partes
nacional da importância do patrimônio cultural imaterial e em virtude de outros instrumentos internacionais relativos
de seu reconhecimento recíproco; aos direitos de propriedade intelectual ou à utilização de
d) a cooperação e a assistência internacionais. recursos biológicos e ecológicos dos quais são partes.

Artigo 2: Definições II. Órgãos da Convenção

Para os fins da presente Convenção, Artigo 4: Assembléia Geral dos Estados Partes
1. Entende-se por “patrimônio cultural imaterial” as 1. Fica estabelecida uma Assembléia Geral dos Esta-
práticas, representações, expressões, conhecimentos e téc- dos Partes, doravante denominada “Assembléia Geral”, que
nicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lu- será o órgão soberano da presente Convenção.
gares culturais que lhes são associados - que as comunida- 2. A Assembléia Geral realizará uma sessão ordinária
des, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhe- a cada dois anos. Poderá reunir-se em caráter extraordiná-
cem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Este rio quando assim o decidir, ou quando receber uma petição
patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em tal sentido do Comitê Intergovernamental para a Salva-
em geração, é constantemente recriado pelas comunida- guarda do Patrimônio Cultural Imaterial ou de, no mínimo,
des e grupos em função de seu ambiente, de sua interação um terço dos Estados Partes.
com a natureza e de sua história, gerando um sentimento 3. A Assembléia Geral aprovará seu próprio Regula-
de identidade e continuidade e contribuindo assim para mento Interno.
promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade Artigo 5: Comitê Intergovernamental para a Salvaguar-
humana. Para os fins da presente Convenção, será levado da do Patrimônio Cultural Imaterial
em conta apenas o patrimônio cultural imaterial que seja 1 Fica estabelecido junto à UNESCO um Comitê In-
compatível com os instrumentos internacionais de direitos tergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultu-
humanos existentes e com os imperativos de respeito mú- ral Imaterial, doravante denominado “o Comitê”. O Comitê
tuo entre comunidades, grupos e indivíduos, e do desen- será integrado por representantes de 18 Estados Partes, a
volvimento sustentável. serem eleitos pelos Estados Partes constituídos em Assem-
2. O “patrimônio cultural imaterial”, conforme defi- bléia Geral, tão logo a presente Convenção entrar em vigor,
nido no parágrafo 1 acima, se manifesta em particular nos conforme o disposto no Artigo 34.
seguintes campos: 2. O número de Estados membros do Comitê au-
a) tradições e expressões orais, incluindo o idioma mentará para 24, tão logo o número de Estados Partes na
como veículo do patrimônio cultural imaterial; Convenção chegar a 50.
b) expressões artísticas; Artigo 6: Eleição e mandato dos Estados membros do
c) práticas sociais, rituais e atos festivos; Comitê
d) conhecimentos e práticas relacionados à natureza 1. A eleição dos Estados membros do Comitê deverá
e ao universo; obedecer aos princípios de distribuição geográfica e rota-
e) técnicas artesanais tradicionais. ção eqüitativas.

23
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

2. Os Estados Partes na Convenção, reunidos em As- 4. O Comitê poderá convidar para suas reuniões
sembléia Geral, elegerão os Estados membros do Comitê qualquer organismo público ou privado, ou qualquer pes-
para um mandato de quatro anos. soa física de comprovada competência nos diversos cam-
3. Contudo, o mandato da metade dos Estados pos do patrimônio cultural imaterial, para consultá-los so-
membros do Comitê eleitos na primeira eleição será so- bre questões específicas.
mente de dois anos. Os referidos Estados serão designados Artigo 9: Certificação das organizações de caráter con-
por sorteio no curso da primeira eleição. sultivo
4. A cada dois anos, a Assembléia Geral renovará a 1. O Comitê proporá à Assembléia Geral a certifica-
metade dos Estados membros do Comitê. ção de organizações não- governamentais de comprovada
5. A Assembléia Geral elegerá também quantos Esta- competência no campo do patrimônio cultural imaterial.
dos membros do Comitê sejam necessários para preencher As referidas organizações exercerão funções consultivas
vagas existentes. perante o Comitê.
6. Um Estado membro do Comitê não poderá ser 2. O Comitê também proporá à Assembléia Geral os
eleito por dois mandatos consecutivos. critérios e modalidades pelos quais essa certificação será
7. Os Estados membros do Comitê designarão, para regida.
seus representantes no Comitê, pessoas qualificadas nos
diversos campos do patrimônio cultural imaterial. Artigo 10: Secretariado
Artigo 7: Funções do Comitê 1. O Comitê será assessorado pelo Secretariado da
UNESCO.
Sem prejuízo das demais atribuições conferidas pela 2. O Secretariado preparará a documentação da As-
presente Convenção, as funções do Comitê serão as se- sembléia Geral e do Comitê, bem como o projeto da ordem
guintes: do dia de suas respectivas reuniões, e assegurará o cumpri-
a) promover os objetivos da Convenção, fomentar e mento das decisões de ambos os órgãos.
acompanhar sua aplicação;
III. Salvaguarda do patrimônio cultural imaterial no
b) oferecer assessoria sobre as melhores práticas e
plano nacional
formular recomendações sobre medidas que visem a salva-
guarda do patrimônio cultural imaterial;
Artigo 11: Funções dos Estados Partes
c) preparar e submeter à aprovação da Assembléia
Geral um projeto de utilização dos recursos do Fundo, em
Caberá a cada Estado Parte:
conformidade com o Artigo 25;
a) adotar as medidas necessárias para garantir a sal-
d) buscar meios de incrementar seus recursos e ado-
vaguarda do patrimônio cultural imaterial presente em seu
tar as medidas necessárias para tanto, em conformidade
com o Artigo 25; território;
e) preparar e submeter à aprovação da Assembléia b) entre as medidas de salvaguarda mencionadas no
Geral diretrizes operacionais para a aplicação da Conven- parágrafo 3 do Artigo 2, identificar e definir os diversos
ção; elementos do patrimônio cultural imaterial presentes em
f) em conformidade com o Artigo 29, examinar os seu território, com a participação das comunidades, grupos
relatórios dos Estados Partes e elaborar um resumo destes e organizações não-governamentais pertinentes.
relatórios, destinado à Assembléia Geral;
g) examinar as solicitações apresentadas pelos Es- Artigo 12: Inventários
tados Partes e decidir, de acordo com critérios objetivos
de seleção estabelecidos pelo próprio Comitê e aprovados 1. Para assegurar a identificação, com fins de sal-
pela Assembléia Geral, sobre: vaguarda, cada Estado Parte estabelecerá um ou mais in-
i) inscrições nas listas e propostas mencionadas nos ventários do patrimônio cultural imaterial presente em seu
Artigos 16, 17 e 18; território, em conformidade com seu próprio sistema de
ii) prestação de assistência internacional, em confor- salvaguarda do patrimônio. Os referidos inventários serão
midade com o Artigo 22. atualizados regularmente.
2. Ao apresentar seu relatório periódico ao Comitê,
Artigo 8: Métodos de trabalho do Comitê em conformidade com o Artigo 29, cada Estado Parte pres-
tará informações pertinentes em relação a esses inventá-
1. O Comitê será responsável perante a Assembléia rios.
Geral, diante da qual prestará contas de todas as suas ativi-
dades e decisões. Artigo 13: Outras medidas de salvaguarda
2. O Comitê aprovará seu Regulamento Interno por
uma maioria de dois terços de seus membros. Para assegurar a salvaguarda, o desenvolvimento e a
3. O Comitê poderá criar, em caráter temporário, os valorização do patrimônio cultural imaterial presente em
órgãos consultivos ad hoc que julgue necessários para o seu território, cada Estado Parte empreenderá esforços
desempenho de suas funções. para:

24
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

a) adotar uma política geral visando promover a fun- IV. Salvaguarda do patrimônio cultural imaterial
ção do patrimônio cultural imaterial na sociedade e inte- no plano internacional
grar sua salvaguarda em programas de planejamento;
b) designar ou criar um ou vários organismos com- Artigo 16: Lista representativa do patrimônio cultural
petentes para a salvaguarda do patrimônio cultural imate- imaterial da humanidade
rial presente em seu território;
c) fomentar estudos científicos, técnicos e artísticos, 1. Para assegurar maior visibilidade do patrimônio
bem como metodologias de pesquisa, para a salvaguarda cultural imaterial, aumentar o grau de conscientização de
eficaz do patrimônio cultural imaterial, e em particular do sua importância, e propiciar formas de diálogo que res-
patrimônio cultural imaterial que se encontre em perigo; peitem a diversidade cultural, o Comitê, por proposta dos
d) adotar as medidas de ordem jurídica, técnica, ad- Estados Partes interessados, criará, mantérá atualizada e
ministrativa e financeira adequadas para: publicará uma Lista representativa do patrimônio cultural
I) favorecer a criação ou o fortalecimento de institui- imaterial da humanidade.
ções de formação em gestão do patrimônio cultural imate- 2. O Comitê elaborará e submeterá à aprovação da
rial, bem como a transmissão desse patrimônio nos foros e Assembléia Geral os critérios que regerão o estabelecimen-
lugares destinados à sua manifestação e expressão; to, a atualização e a publicação da referida Lista represen-
II) garantir o acesso ao patrimônio cultural imaterial, tativa.
respeitando ao mesmo tempo os costumes que regem o
acesso a determinados aspectos do referido patrimônio; Artigo 17: Lista do patrimônio cultural imaterial que re-
III) criar instituições de documentação sobre o patri- quer medidas urgentes de salvaguarda
mônio cultural imaterial e facilitar o acesso a elas.
Artigo 14: Educação, conscientização e fortalecimento 1. Com vistas a adotar as medidas adequadas de sal-
de capacidades vaguarda, o Comitê criará, manterá atualizada e publicará
uma Lista do patrimônio cultural imaterial que necessite
medidas urgentes de salvaguarda, e inscreverá esse patri-
Cada Estado Parte se empenhará, por todos os meios
mônio na Lista por solicitação do Estado Parte interessado.
oportunos, no sentido de:
2. O Comitê elaborará e submeterá à aprovação da
Assembléia Geral os critérios que regerão o estabelecimen-
a) assegurar o reconhecimento, o respeito e a valo-
to, a atualização e a publicação dessa Lista.
rização do patrimônio cultural imaterial na sociedade, em
3. Em casos de extrema urgência, assim considera-
particular mediante:
dos de acordo com critérios objetivos aprovados pela As-
I) programas educativos, de conscientização e de
sembléia Geral, por proposta do Comitê, este último, em
disseminação de informações voltadas para o público, em
consulta com o
especial para os jovens; Estado Parte interessado, poderá inscrever um elemen-
II) programas educativos e de capacitação específi- to do patrimônio em questão na lista mencionada no pa-
cos no interior das comunidades e dos grupos envolvidos; rágrafo 1.
III) atividades de fortalecimento de capacidades em
matéria de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial, e Artigo 18: Programas, projetos e atividades de salva-
especialmente de gestão e de pesquisa científica; e guarda do patrimônio cultural imaterial
iv) meios não-formais de transmissão de conheci-
mento; 1. Com base nas propostas apresentadas pelos Esta-
b) manter o público informado das ameaças que pe- dos Partes, e em conformidade com os critérios definidos
sam sobre esse patrimônio e das atividades realizadas em pelo Comitê e aprovados pela Assembléia Geral, o Comitê
cumprimento da presente Convenção; selecionará periodicamente e promoverá os programas,
c) promover a educação para a proteção dos espaços projetos e atividades de âmbito nacional, sub- regional
naturais e lugares de memória, cuja existência é indispen- ou regional para a salvaguarda do patrimônio que, no seu
sável para que o patrimônio cultural imaterial possa se ex- entender, reflitam de modo mais adequado os princípios
pressar. e objetivos da presente Convenção, levando em conta as
necessidades especiais dos países em desenvolvimento.
Artigo 15: Participação das comunidades, grupos e in- 2. Para tanto, o Comitê receberá, examinará e apro-
divíduos vará as solicitações de assistência internacional formuladas
pelos Estados Partes para a elaboração das referidas pro-
No quadro de suas atividades de salvaguarda do patri- postas.
mônio cultural imaterial, cada Estado Parte deverá assegu- 3. O Comitê acompanhará a execução dos referidos
rar a participação mais ampla possível das comunidades, programas, projetos e atividades por meio da dissemina-
dos grupos e, quando cabível, dos indivíduos que criam, ção das melhores práticas, segundo modalidades por ele
mantém e transmitem esse patrimônio e associá- los ativa- definidas.
mente à gestão do mesmo. V. Cooperação e assistência internacionais

25
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Artigo 19: Cooperação 2. Em situações de urgência, a solicitação de assis-


tência será examinada em cárater de prioridade pelo Comi-
1. Para os fins da presente Convenção, cooperação tê.
internacional compreende em particular o intercâmbio de 3. Para tomar uma decisão, o Comitê realizará os es-
informações e de experiências, iniciativas comuns, e a cria- tudos e as consultas que julgar necessários.
ção de um mecanismo para apoiar os Estados Partes em
seus esforços para a salvaguarda do patrimônio cultural Artigo 23: Solicitações de assistência internacional
imaterial.
2. Sem prejuízo para o disposto em sua legislação 1. Cada Estado Parte poderá apresentar ao Comitê
nacional nem para seus direitos e práticas consuetudiná- uma solicitação de assistência internacional para a salva-
rias, os Estados Partes reconhecem que a salvaguarda do guarda do patrimônio cultural imaterial presente em seu
patrimônio cultural imaterial é uma questão de interesse território.
2. Uma solicitação no mesmo sentido poderá tam-
geral para a humanidade e neste sentido se comprometem
bém ser apresentada conjuntamente por dois ou mais Es-
a cooperar no plano bilateral, sub-regional, regional e in-
tados Partes.
ternacional.
3. Na solicitação, deverão constar as informações
mencionados no parágrafo 1 do Artigo 22, bem como a
Artigo 20: Objetivos da assistência internacional documentação necessária.
A assistência internacional poderá ser concedida para Artigo 24: Papel dos Estados Partes beneficiários
os seguintes objetivos:
a) salvaguarda do patrimônio que figure na lista de 1. Em conformidade com as disposições da presente
elementos do patrimônio cultural imaterial que necessite Convenção, a assistência internacional concedida será re-
medidas urgentes de salvaguarda; gida por um acordo entre o Estado Parte beneficiário e o
b) realização de inventários, em conformidade com Comitê.
os Artigos 11 e 12; 2. Como regra geral, o Estado Parte beneficiário de-
c) apoio a programas, projetos e atividades de âm- verá, na medida de suas possibilidades, compartilhar os
bito nacional, sub-regional e regional destinados à salva- custos das medidas de salvaguarda para as quais a assis-
guarda do patrimônio cultural imaterial; tência internacional foi concedida.
d) qualquer outro objetivo que o Comitê julgue ne- 3. O Estado Parte beneficiário apresentará ao Comi-
cessário. tê um relatório sobre a utilização da assistência concedi-
Artigo 21: Formas de assistência internacional da com a finalidade de salvaguarda do patrimônio cultural
A assistência concedia pelo Comitê a um Estado Parte imaterial.
será regulamentada pelas diretrizes operacionais previstas
no Artigo 7 e pelo acordo mencionado no Artigo 24, e po- VI. Fundo do patrimônio cultural imaterial
derá assumir as seguintes formas:
a) estudos relativos aos diferentes aspectos da salva- Artigo 25: Natureza e recursos do Fundo
guarda; 1. Fica estabelecido um “Fundo para a Salvaguarda
b) serviços de especialistas e outras pessoas com ex- do Patrimônio Cultural Imaterial”, doravante denominado
periência prática em patrimônio cultural imaterial; “o Fundo”.
c) capacitação de todo o pessoal necessário; 2. O Fundo será constituído como fundo fiduciário,
em conformidade com as disposições do Regulamento Fi-
d) elaboração de medidas normativas ou de outra
nanceiro da UNESCO.
natureza;
3. Os recursos do Fundo serão constituídos por:
e) criação e utilização de infraestruturas;
a) contribuições dos Estados Partes;
f) aporte de material e de conhecimentos especiali-
b) recursos que a Conferência Geral da UNESCO alo-
zados; car para esta finalidade;
g) outras formas de ajuda financeira e técnica, po- c) aportes, doações ou legados realizados por:
dendo incluir, quando cabível, a concessão de empréstimos I) outros Estados;
com baixas taxas de juros e doações. II) organismos e programas do sistema das Nações
Unidas, em especial o Programa das Nações Unidas para o
Artigo 22: Requisitos para a prestação de assistência Desenvolvimento, ou outras organizações internacionais;
internacional III) organismos públicos ou privados ou pessoas físi-
cas;
1. O Comitê definirá o procedimento para examinar d) quaisquer juros devidos aos recursos do Fundo;
as solicitações de assistência internacional e determinará e) produto de coletas e receitas aferidas em eventos
os elementos que deverão constar das solicitações, tais organizados em benefício do Fundo;
como medidas previstas, intervenções necessárias e avalia- f) todos os demais recursos autorizados pelo Regu-
ção de custos. lamento do Fundo, que o Comitê elaborará.

26
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

4. A utilização dos recursos por parte do Comitê será Artigo 27: Contribuições voluntárias suplementares ao
decidida com base nas orientações formuladas pela As- Fundo
sembléia Geral.
5. O Comitê poderá aceitar contribuições ou assis- Os Estados Partes que desejarem efetuar contribuições
tência de outra natureza oferecidos com fins gerais ou es- voluntárias, além das contribuições previstas no Artigo 26,
pecíficos, vinculados a projetos concretos, desde que os deverão informar o Comitê tão logo seja possível, para que
referidos projetos tenham sido por ele aprovados. este possa planejar suas atividades de acordo.
6. As contribuições ao Fundo não poderão ser con-
dicionadas a nenhuma exigência política, econômica ou de Artigo 28: Campanhas internacionais para arrecadação
qualquer outro tipo que seja incompatível com os objetivos de recursos
da presente Convenção.
Na medida do possível, os Estados Partes apoiarão as
Artigo 26: Contribuições dos Estados Partes ao Fundo campanhas internacionais para arrecadação de recursos
organizadas em benefício do Fundo sob os auspícios da
1. Sem prejuízo de outra contribuição complemen- UNESCO.
tar de caráter voluntário, os Estados Partes na presente
Convenção se obrigam a depositar no Fundo, no mínimo VII. Relatórios
a cada dois anos, uma contribuição cuja quantia, calculada
a partir de uma porcentagem uniforme aplicável a todos Artigo 29: Relatórios dos Estados Partes
os Estados, será determinada pela Assembléia Geral. Esta
decisão da Assembléia Geral será tomada por maioria dos Os Estados Partes apresentarão ao Comitê, na forma e
Estados Partes presentes e votantes, que não tenham feito com periodicidade a serem definidas pelo Comitê, relató-
a declaração mencionada no parágrafo 2 do presente Arti- rios sobre as disposições legislativas, regulamentares ou de
go. A contribuição de outra natureza que tenham adotado para implementar a
presente Convenção.
um Estado Parte não poderá, em nenhum caso, exce-
Artigo 30: Relatórios do Comitê
der 1% da contribuição desse Estado ao Orçamento Ordi-
nário da UNESCO.
1. Com base em suas atividades e nos relatórios dos
2. Contudo, qualquer dos Estados a que se referem
Estados Partes mencionados no Artigo 29, o Comitê apre-
o Artigo 32 ou o Artigo 33 da presente Convenção poderá
sentará um relatório em cada sessão da Assembléia Geral.
declarar, no momento em que depositar seu instrumento
2. O referido relatório será levado ao conhecimento
de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, que não se
da Conferência Geral da UNESCO.
considera obrigado pelas disposições do parágrafo 1 do
presente Artigo. VIII. Cláusula transitória
3. Qualquer Estado Parte na presente Convenção
que tenha formulado a declaração mencionada no pa- Artigo 31: Relação com a Proclamação das Obras Pri-
rágrafo 2 do presente Artigo se esforçará para retirar tal mas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade
declaração mediante uma notificação ao Diretor Geral da
UNESCO. Contudo, a retirada da declaração só terá efeito 1. O Comitê incorporará à Lista representativa do
sobre a contribuição devida pelo Estado a partir da data da patrimônio cultural imaterial da humanidade os elementos
abertura da sessão subseqüente da Assembléia Geral. que, anteriormente à entrada em vigor desta Convenção,
4. Para que o Comitê possa planejar com eficiência tenham sido proclamados “Obras Primas do Patrimônio
suas atividades, as contribuições dos Estados Partes nesta Oral e Imaterial da Humanidade”.
Convenção que tenham feito a declaração mencionada no 2. A inclusão dos referidos elementos na Lista repre-
parágrafo 2 do presente Artigo deverão ser efetuadas re- sentativa do patrimônio cultural imaterial da humanidade
gularmente, no mínimo a cada dois anos, e deverão ser de será efetuada sem prejuízo dos critérios estabelecidos para
um valor o mais próximo possível do valor das contribui- as inscrições subseqüentes, segundo o disposto no pará-
ções que esses Estados deveriam se estivessem obrigados grafo 2 do Artigo 16.
pelas disposições do parágrafo 1 do presente Artigo. 3. Após a entrada em vigor da presente Convenção,
5. Nenhum Estado Parte na presente Convenção, que não será feita mais nenhuma outra Proclamação.
esteja com pagamento de sua contribuição obrigatória ou
voluntária para o ano em curso e o ano civil imediatamente IX. Disposições finais
anterior em atraso, poderá ser eleito membro do Comitê.
Essa disposição não se aplica à primeira eleição do Comitê. Artigo 32: Ratificação, aceitação ou aprovação
O mandato de um Estado Parte que se encontre em tal
situação e que já seja membro do Comitê será encerrado 1. A presente Convenção estará sujeita à ratificação,
quando forem realizadas quaisquer das eleições previstas aceitação ou aprovação dos Estados Membros da UNESCO,
no Artigo 6 da presente Convenção. em conformidade com seus respectivos dispositivos cons-
titucionais.

27
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

2. Os instrumentos de ratificação, aceitação ou apro- Artigo 36: Denúncia


vação serão depositados junto ao Diretor Geral da UNES-
CO. 1. Todos os Estados Partes poderão denunciar a pre-
sente Convenção.
Artigo 33: Adesão 2. A denúncia será notificada por meio de um instru-
mento escrito, que será depositado junto ao Diretor Geral
1. A presente Convenção estará aberta à adesão de da UNESCO.
todos os Estados que não sejam membros da UNESCO e 3. A denúncia surtirá efeito doze meses após a re-
que tenham sido convidados a aderir pela Conferência Ge- cepção do instrumento de denuncia. A denúncia não mo-
ral da Organização. dificará em nada as obrigações financeiras assumidas pelo
Estado denunciante até a data em que a retirada se efetive.
2. A presente Convenção também estará aberta à
Artigo 37: Funções do depositário
adesão dos territórios que gozem de plena autonomia in-
terna, reconhecida como tal pelas Nações Unidas, mas que
O Diretor Geral da UNESCO, como depositário da pre-
não tenham alcançado a plena independência, em confor-
sente Convenção, informará aos Estados Membros da Or-
midade com a Resolução 1514 (XV) da Assembléia Geral,
ganização e aos Estados não-membros aos quais se refere o
e que tenham competência sobre as matérias regidas por Artigo 33, bem como às Nações Unidas, acerca do depósito
esta Convenção, inclusive a competência reconhecida para de todos os instrumentos de ratificação, aceitação, aprova-
subscrever tratados relacionados a essas matérias. ção ou adesão mencionados nos Artigos 32 e 33 e das de-
núncias previstas no Artigo 36.
3. O instrumento de adesão será depositado junto Artigo 38: Emendas
ao Diretor Geral da UNESCO.
1. Qualquer Estado Parte poderá propor emendas a
Artigo 34: Entrada em vigor esta Convenção, mediante comunicação dirigida por escrito
ao Diretor Geral. Este transmitirá a comunicação a todos os
A presente Convenção entrará em vigor três meses Estados Partes. Se, nos seis meses subseqüentes à data de
após a data do depósito do trigésimo instrumento de rati- envio da comunicação, pelo menos a metade dos Estados
ficação, aceitação, aprovação ou adesão, mas unicamente Partes responder favoravelmente a essa petição, o Diretor
para os Estados que tenham depositado seus respectivos Geral submeterá a referida proposta ao exame e eventual
instrumentos de ratificação, aceitação, aprovação ou ade- aprovação da sessão subseqüente da Assembléia Geral.
são naquela data ou anteriormente. Para os demais Esta- 2. As emendas serão aprovadas por uma maioria de
dos Partes, entrará em vigor três meses depois de efetuado dois terços dos Estados Partes presentes e votantes.
o depósito de seu instrumento de ratificação, aceitação, 3. Uma vez aprovadas, as emendas a esta Convenção
aprovação ou adesão. deverão ser objeto de ratificação, aceitação, aprovação ou
adesão dos Estados Partes.
Artigo 35: Regimes constitucionais federais ou não-u- 4. As emendas à presente Convenção, para os Esta-
nitários dos Partes que as tenham ratificado, aceito, aprovado ou
aderido a elas, entrarão em vigor três meses depois que
Aos Estados Partes que tenham um regime constitu- dois terços dos Estados Partes tenham depositado os ins-
cional federal ou não-unitário aplicar- se-ão as seguintes trumentos mencionados no parágrafo 3 do presente Artigo.
A partir desse momento a emenda correspondente entrará
disposições:
em vigor para cada Estado Parte ou território que a ratifi-
que, aceite, aprove ou adira a ela três meses após a data do
a) com relação às disposições desta Convenção cuja
depósito do instrumento de ratificação, aceitação, aprova-
aplicação esteja sob a competência do poder legislativo
ção ou adesão do Estado Parte.
federal ou central, as obrigações do governo federal ou 5. O procedimento previsto nos parágrafos 3 e 4 não
central serão idênticas às dos Estados Partes que não cons- se aplicará às emendas que modifiquem o Artigo 5, relativo
tituem Estados federais; ao número de Estados membros do Comitê. As referidas
b) com relação às disposições da presente Conven- emendas entrarão em vigor no momento de sua aprovação.
ção cuja aplicação esteja sob a competência de cada um 6. Um Estado que passe a ser Parte neste Convenção
dos Estados, países, províncias ou cantões constituintes, após a entrada em vigor de emendas conforme o parágrafo
que em virtude do regime constitucional da federação não 4 do presente Artigo e que não manifeste uma intenção em
estejam obrigados a tomar medidas legislativas, o governo sentido contrario será considerado:
federal as comunicará, com parecer favorável, às autorida- a) parte na presente Convenção assim emendada; e
des competentes dos Estados, países, províncias ou can- b) parte na presente Convenção não emendada com
tões, com sua recomendação para que estes as aprovem. relação a todo Estado Parte que não esteja obrigado pelas
emendas em questão.

28
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Artigo 39: Textos autênticos A construção da verdadeira cidadania é resultado não


apenas de oportunidades de estudo e trabalho, mas tam-
A presente Convenção está redigida em árabe, chinês, espa- bém da atitude responsável de cada um perante os direitos
nhol, francês, inglês e russo, sendo os seis textos igualmente au- individuais e coletivos, que formam a base da harmonia
tênticos. social, dentre os quais se encontram os direitos culturais.
Por tudo isso, além de produzir a legislação competen-
Artigo 40: Registro te, o Parlamento atua também na divulgação do arcabouço
legal que instrumentaliza a atuação das instituições e dos
Em conformidade com o disposto no Artigo 102 da Carta das cidadãos em relação ao nosso patrimônio cultural.
Nações Unidas, a presente Convenção será registrada na Secreta- Ao cumprir esse papel indispensável para o fortaleci-
ria das Nações Unidas por solicitação do Diretor Geral da UNESCO. mento cultural da sociedade civil, a Câmara dos Deputados
Feito em Paris neste dia três de novembro de 2003, em duas oferece valiosa contribuição para que possamos consolidar
cópias autênticas que levam a assinatura do Presidente da 32a
uma nova mentalidade no país, sustentada na vontade de
sessão da Conferência Geral e do Diretor Geral da UNESCO. Estas
preservar nossa cultura e nossa memória de forma mais
duas cópias serão depositadas nos arquivos da UNESCO. Cópias
democrática e consciente da pluralidade que nos constitui
autenticadas serão remetidas a todos os Estados a que se referem
como nação.
os Artigos 32 e 33, bem como às Nações Unidas.

O texto acima é o texto autêntico da Convenção devidamente Marco Maia


aprovada pela Conferência Geral da UNESCO em sua 32ª sessão, Presidente da Câmara dos Deputados
realizada em Paris e declarada encerrada em dezessete de outubro
de 2003.

EM FÉ DO QUE os signatários abaixo assinam, neste dia três 3.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ARTIGOS 20, 23,
de novembro de 2003. Presidente da Conferência Geral Diretor 24, 30, 215 E 216).
Geral
Cópia autenticada

Paris, Da organização político-administrativa


Assessor Jurídico,
da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciên-
cia e a Cultura Artigo 20, CF. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem
Disponibilizaremos o PDF em nosso site para que assim a ser atribuídos;
não haja prejuizos em seus estudos II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
www.novaconcursos.com.br/retificacoes, para consulta. fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
federais de comunicação e à preservação ambiental, defini-
das em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
3 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS.
sirvam de limites com outros países, ou se estendam a terri-
tório estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
marginais e as praias fluviais;
Prezado Candidato, devido a complexibilidade e formato
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
do conteúdo em questão , disponibilizaremos um breve resu-
com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
mo para que assim não haja prejuízo em seus estudos, dispo-
nibilizaremos o PDF em nosso site: e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
www.novaconcursos.com.br/retificacoes , para consulta. Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público
e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
Introdução V - os recursos naturais da plataforma continental e da
Ao ampliar o conceito de patrimônio cultural, incluindo nele zona econômica exclusiva;
os bens de natureza imaterial, a Constituição Federal de 1988 for- VI - o mar territorial;
taleceu os objetivos e as ações voltados à preservação da memó- VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
ria nacional. VIII - os potenciais de energia hidráulica;
A reunião da legislação referente ao patrimônio cultural bra- IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
sileiro em um único livro, agora em segunda edição, proporciona X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar-
aos especialistas e ao público geral um material de grande utilida- queológicos e pré-históricos;
de para o acompanhamento do esforço coletivo empreendido no XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
resgate e na preservação de nossa produção cultural.

29
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao 4) Competência legislativa compartilhada


Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da Além de compartilharem competências organizacional-
administração direta da União, participação no resultado -administrativas, os entes federados compartilham compe-
da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos tência para legislar sobre determinadas matérias. Entretanto,
hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros excluem-se do artigo 24, CF, os entes federados da espécie
recursos minerais no respectivo território, plataforma conti- Município, sendo que estes apenas legislam sobre assuntos
nental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou com- de interesse local.
pensação financeira por essa exploração.
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Fede-
largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada ral legislar concorrentemente sobre:
como faixa de fronteira, é considerada fundamental para I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização mico e urbanístico;
serão reguladas em lei. II - orçamento;
III - juntas comerciais;
3) Competência organizacional-administrativa IV - custas dos serviços forenses;
compartilhada V - produção e consumo;
União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da nature-
compartilham certas competências organizacional-ad- za, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio
ministrativas. Significa que qualquer dos entes federados ambiente e controle da poluição;
poderá atuar, desenvolver políticas públicas, nestas áreas. VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artís-
Todas estas áreas são áreas que necessitam de atuação in- tico, turístico e paisagístico;
tensa ou vigilância constantes, de modo que mediante ges- VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
tão cooperada se torna possível efetivar o máximo possível consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histó-
os direitos fundamentais em casa uma delas. rico, turístico e paisagístico;
Artigo 23, CF. É competência comum da União, dos Es- IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec-
tados, do Distrito Federal e dos Municípios: nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das X - criação, funcionamento e processo do juizado de pe-
instituições democráticas e conservar o patrimônio pú- quenas causas;
blico; XI - procedimentos em matéria processual;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
e garantia das pessoas portadoras de deficiência; XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens XIV - proteção e integração social das pessoas portado-
de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as ras de deficiência;
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; XV - proteção à infância e à juventude;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracte- XVI - organização, garantias, direitos e deveres das po-
rização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, lícias civis.
artístico ou cultural; § 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe-
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu- tência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
cação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; § 2º A competência da União para legislar sobre normas
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
em qualquer de suas formas; § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Esta-
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; dos exercerão a competência legislativa plena, para aten-
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar der a suas peculiaridades.
o abastecimento alimentar; § 4º A superveniência de lei federal sobre normas ge-
IX - promover programas de construção de moradias rais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for con-
e a melhoria das condições habitacionais e de sanea- trário.
mento básico;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de O estudo das competências concorrentes permite vis-
marginalização, promovendo a integração social dos seto- lumbrar os limites da atuação conjunta entre União, Estados
res desfavorecidos; e Distrito Federal no modelo Federativo adotado no Brasil,
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de visando à obtenção de uma homogeneidade nacional, com
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e preservação dos pluralismos regionais e locais.
minerais em seus territórios; O cerne da distinção da competência entre os entes fe-
XII - estabelecer e implantar política de educação para derados repousa na competência da União para o estabe-
a segurança do trânsito. lecimento de normas gerais. A competência legislativa dos
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas Estados-membros e dos Municípios nestas questões é su-
para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito plementar, ou seja, as normas estaduais agregam detalhes
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do de- que a norma da União não compreende, notadamente tra-
senvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. zendo peculiaridades regionais.

30
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

No caso do artigo 24, CF, a União dita as normas gerais   2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemo-
e as normas suplementares ficam por conta dos Estados, ou rativas de alta significação para os diferentes segmentos
seja, as peculiaridades regionais são normatizadas pelos Es- étnicos nacionais.
tados. As normas estaduais, neste caso, devem guardar uma  3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de
relação de compatibilidade com as normas federais (relação duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural
hierárquica). Diferentemente da competência comum em do País e à integração das ações do poder público que
que as leis estão em igualdade de condições, uma não deve conduzem à:
subordinação à outra. I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
Entretanto, os Estados não ficam impedidos de criar leis II produção, promoção e difusão de bens culturais;
regulamentadoras destas matérias enquanto a União não o III formação de pessoal qualificado para a gestão da cul-
faça. Sobrevindo norma geral reguladora, perdem a eficácia tura em suas múltiplas dimensões;
os dispositivos de lei estadual com ela incompatível. IV democratização do acesso aos bens de cultura;
V valorização da diversidade étnica e regional. 
Artigo 30, CF. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local; Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os
II - suplementar a legislação federal e a estadual no bens de natureza material e imaterial, tomados individual-
que couber; mente ou em conjunto, portadores de referência à identida-
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competên- de, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obriga- sociedade brasileira, nos quais se incluem:
toriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos I - as formas de expressão;
fixados em lei; II - os modos de criar, fazer e viver;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
legislação estadual; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
concessão ou permissão, os serviços públicos de interes- V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, pai-
se local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter sagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
essencial; científico.
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da § 1º O Poder Público, com a colaboração da comunida-
União e do Estado, programas de educação infantil e de de, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro,
ensino fundamental; por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da preservação.
população; § 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamen- gestão da documentação governamental e as providências
to territorial, mediante planejamento e controle do uso, do para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
parcelamento e da ocupação do solo urbano; § 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul- conhecimento de bens e valores culturais.
tural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora § 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão
federal e estadual. punidos, na forma da lei.
§ 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios
A fiscalização dos Municípios se dá tanto no âmbito detentores de reminiscências históricas dos antigos qui-
interno quanto no externo. Externamente, é exercida pelo lombos.
Poder Legislativo com auxílio de Tribunal de Contas. A cons- § 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vin-
tituição, no artigo 31, CF, veda a criação de novos Tribunais cular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco dé-
de Contas municipais, mas não extingue os já existentes. cimos por cento de sua receita tributária líquida, para o fi-
nanciamento de programas e projetos culturais, vedada a
CAPÍTULO III aplicação desses recursos no pagamento de:
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
Seção II III - qualquer outra despesa corrente não vinculada dire-
DA CULTURA tamente aos investimentos ou ações apoiados. 

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado
dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, em regime de colaboração, de forma descentralizada e par-
e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das mani- ticipativa, institui um processo de gestão e promoção con-
festações culturais. junta de políticas públicas de cultura, democráticas e perma-
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas nentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade,
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros gru- tendo por objetivo promover o desenvolvimento humano,
pos participantes do processo civilizatório nacional. social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais.

31
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

§ 1º O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na


política nacional de cultura e nas suas diretrizes, estabele-
3.2 DECRETO-LEI Nº 25/1937, E SUAS
cidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos seguin-
tes princípios: ALTERAÇÕES.
I - diversidade das expressões culturais;
II - universalização do acesso aos bens e serviços cultu-
rais; DECRETO-LEI Nº 25, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937.
III - fomento à produção, difusão e circulação de conhe-
cimento e bens culturais; Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico
IV - cooperação entre os entes federados, os agentes pú- nacional
blicos e privados atuantes na área cultural;
V - integração e interação na execução das políticas, O Presidente da República dos Estados Unidos do
Brasil, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da
programas, projetos e ações desenvolvidas;
Constituição,
VI - complementaridade nos papéis dos agentes cultu-
rais;
DECRETA:
VII - transversalidade das políticas culturais;
CAPÍTULO I
VIII - autonomia dos entes federados e das instituições DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIO-
da sociedade civil; NAL
IX - transparência e compartilhamento das informações;
X - democratização dos processos decisórios com parti- Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico na-
cipação e controle social; cional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no
XI - descentralização articulada e pactuada da gestão, país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por
dos recursos e das ações; sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil,
XII - ampliação progressiva dos recursos contidos nos quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfi-
orçamentos públicos para a cultura. co, bibliográfico ou artístico.
§ 2º Constitui a estrutura do Sistema Nacional de Cul- § 1º Os bens a que se refere o presente artigo só se-
tura, nas respectivas esferas da Federação: rão considerados parte integrante do patrimônio histórico
I - órgãos gestores da cultura; o artístico nacional, depois de inscritos separada ou agru-
II - conselhos de política cultural; padamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata
III - conferências de cultura; o art. 4º desta lei.
IV - comissões intergestores; § 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente
V - planos de cultura; artigo e são também sujeitos a tombamento os monumen-
VI - sistemas de financiamento à cultura; tos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe
VII - sistemas de informações e indicadores culturais; conservar e proteger pela feição notável com que tenham
VIII - programas de formação na área da cultura; e sido dotados pelo natureza ou agenciados pelo indústria
IX - sistemas setoriais de cultura. humana.
§ 3º Lei federal disporá sobre a regulamentação do Sis- Art. 2º A presente lei se aplica às coisas pertencentes
tema Nacional de Cultura, bem como de sua articulação às pessôas naturais, bem como às pessôas jurídicas de di-
com os demais sistemas nacionais ou políticas setoriais de reito privado e de direito público interno.
governo. Art. 3º Exclúem-se do patrimônio histórico e artístico
nacional as obras de orígem estrangeira:
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios or-
1) que pertençam às representações diplomáticas ou
ganizarão seus respectivos sistemas de cultura em leis pró-
consulares acreditadas no país;
prias. 
2) que adornem quaisquer veiculos pertecentes a em-
O capítulo III do título VIII coloca a educação ao lado
prêsas estrangeiras, que façam carreira no país;
da cultura, depreendendo-se que o acesso à educação en- 3) que se incluam entre os bens referidos no art. 10 da
volve também o acesso à cultura, numa concepção ampla Introdução do Código Civíl, e que continuam sujeitas à lei
deste direito social. pessoal do proprietário;
4) que pertençam a casas de comércio de objetos his-
tóricos ou artísticos;
5) que sejam trazidas para exposições comemorativas,
educativas ou comerciais:
6) que sejam importadas por emprêsas estrangeiras
expressamente para adôrno dos respectivos estabeleci-
mentos.
Parágrafo único. As obras mencionadas nas alíneas 4
e 5 terão guia de licença para livre trânsito, fornecida pelo
Serviço ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

32
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

CAPÍTULO II 3) se a impugnação for oferecida dentro do prazo as-


DO TOMBAMENTO sinado, far-se-á vista da mesma, dentro de outros quinze
dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa
Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico do tombamento, afim de sustentá-la. Em seguida, inde-
Nacional possuirá quatro Livros do Tombo, nos quais serão pendentemente de custas, será o processo remetido ao
inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei, a saber: Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e
1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Pai- Artístico Nacional, que proferirá decisão a respeito, dentro
sagístico, as coisas pertencentes às categorias de arte ar- do prazo de sessenta dias, a contar do seu recebimento.
queológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim Dessa decisão não caberá recurso.
as mencionadas no § 2º do citado art. 1º. Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o
2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interêsse art. 6º desta lei, será considerado provisório ou definitivo,
histórico e as obras de arte histórica; conforme esteja o respectivo processo iniciado pela noti-
ficação ou concluído pela inscrição dos referidos bens no
3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte
competente Livro do Tombo.
erudita, nacional ou estrangeira;
Parágrafo único. Para todas os efeitos, salvo a disposi-
4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras
ção do art. 13 desta lei, o tombamento provisório se equi-
que se incluírem na categoria das artes aplicadas, nacionais
parará ao definitivo.
ou estrangeiras.
§ 1º Cada um dos Livros do Tombo poderá ter vários CAPÍTULO III
volumes. DOS EFEITOS DO TOMBAMENTO
§ 2º Os bens, que se inclúem nas categorias enumera-
das nas alíneas 1, 2, 3 e 4 do presente artigo, serão defini- Art. 11. As coisas tombadas, que pertençam à União,
dos e especificados no regulamento que for expedido para aos Estados ou aos Municípios, inalienáveis por natureza,
execução da presente lei. só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas
Art. 5º O tombamento dos bens pertencentes à União, entidades.
aos Estados e aos Municípios se fará de ofício, por ordem Parágrafo único. Feita a transferência, dela deve o ad-
do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico quirente dar imediato conhecimento ao Serviço do Patri-
Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem mônio Histórico e Artístico Nacional.
pertencer, ou sob cuja guarda estiver a coisa tombada, afim Art. 12. A alienabilidade das obras históricas ou ar-
de produzir os necessários efeitos. tísticas tombadas, de propriedade de pessôas naturais ou
Art. 6º O tombamento de coisa pertencente à pessôa jurídicas de direito privado sofrerá as restrições constantes
natural ou à pessôa jurídica de direito privado se fará vo- da presente lei.
luntária ou compulsóriamente. Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de proprie-
Art. 7º Proceder-se-à ao tombamento voluntário sem- dade partcular será, por iniciativa do órgão competente do
pre que o proprietário o pedir e a coisa se revestir dos re- Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, trans-
quisitos necessários para constituir parte integrante do pa- crito para os devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais
trimônio histórico e artístico nacional, a juízo do Conselho do registro de imóveis e averbado ao lado da transcrição
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico do domínio.
Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário anuir, por § 1º No caso de transferência de propriedade dos bens
escrito, à notificação, que se lhe fizer, para a inscrição da de que trata êste artigo, deverá o adquirente, dentro do
coisa em qualquer dos Livros do Tombo. prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por cento
sôbre o respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda
Art. 8º Proceder-se-á ao tombamento compulsório
que se trate de transmissão judicial ou causa mortis.
quando o proprietário se recusar a anuir à inscrição da coi-
§ 2º Na hipótese de deslocação de tais bens, deve-
sa.
rá o proprietário, dentro do mesmo prazo e sob pena da
Art. 9º O tombamento compulsório se fará de acôrdo
mesma multa, inscrevê-los no registro do lugar para que
com o seguinte processo: tiverem sido deslocados.
1) o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Na- § 3º A transferência deve ser comunicada pelo adqui-
cional, por seu órgão competente, notificará o proprietário rente, e a deslocação pelo proprietário, ao Serviço do Pa-
para anuir ao tombamento, dentro do prazo de quinze dias, trimônio Histórico e Artistico Nacional, dentro do mesmo
a contar do recebimento da notificação, ou para, si o quisér prazo e sob a mesma pena.
impugnar, oferecer dentro do mesmo prazo as razões de Art. 14. A. coisa tombada não poderá saír do país, se-
sua impugnação. não por curto prazo, sem transferência de domínio e para
2) no caso de não haver impugnação dentro do prazo fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo
assinado. que é fatal, o diretor do Serviço do Patrimônio do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional.
Histórico e Artístico Nacional mandará por símples despa- Art. 15. Tentada, a não ser no caso previsto no artigo
cho que se proceda à inscrição da coisa no competente anterior, a exportação, para fora do país, da coisa tombada,
Livro do Tombo. será esta sequestrada pela União ou pelo Estado em que
se encontrar.

33
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

§ 1º Apurada a responsábilidade do proprietário, ser- Art. 21. Os atentados cometidos contra os bens de que
-lhe-á imposta a multa de cincoenta por cento do valor da trata o art. 1º desta lei são equiparados aos cometidos con-
coisa, que permanecerá sequestrada em garantia do paga- tra o patrimônio nacional.
mento, e até que êste se faça.
§ 2º No caso de reincidência, a multa será elevada ao CAPÍTULO IV
dôbro. DO DIREITO DE PREFERÊNCIA
§ 3º A pessôa que tentar a exportação de coisa tomba-
da, alem de incidir na multa a que se referem os parágrafos Art. 22.. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vi-
anteriores, incorrerá, nas penas cominadas no Código Penal gência)
para o crime de contrabando. § 1º. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 16. No caso de extravio ou furto de qualquer objéto § 2º (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
tombado, o respectivo proprietário deverá dar conhecimen- § 3º. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
to do fáto ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Na- § 4º. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
cional, dentro do prazo de cinco dias, sob pena de multa de § 5º. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
dez por cento sôbre o valor da coisa. §. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso ne-
nhum ser destruidas, demolidas ou mutiladas, nem, sem pré- CAPÍTULO V
via autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico DISPOSIÇÕES GERAIS
e Artistico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas,
sob pena de multa de cincoenta por cento do dano causado. Art. 23. O Poder Executivo providenciará a realização
Parágrafo único. Tratando-se de bens pertencentes á de acôrdos entre a União e os Estados, para melhor coor-
União, aos Estados ou aos municípios, a autoridade respon- denação e desenvolvimento das atividades relativas à pro-
sável pela infração do presente artigo incorrerá pessoalmen- teção do patrimônio histórico e artistico nacional e para a
te na multa. uniformização da legislação estadual complementar sôbre
Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimô- o mesmo assunto.
nio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na vizi- Art. 24. A União manterá, para a conservação e a ex-
nhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça
posição de obras históricas e artísticas de sua propriedade,
ou reduza a visibílidade, nem nela colocar anúncios ou car-
além do Museu Histórico Nacional e do Museu Nacional
tazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar
de Belas Artes, tantos outros museus nacionais quantos se
o objéto, impondo-se nêste caso a multa de cincoenta por
tornarem necessários, devendo outrossim providênciar no
cento do valor do mesmo objéto.
sentido de favorecer a instituição de museus estaduais e
Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dis-
municipais, com finalidades similares.
puzer de recursos para proceder às obras de conservação e
Art. 25. O Serviço do Patrimônio Histórico e Artísti-
reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento
do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a ne- co Nacional procurará entendimentos com as autoridades
cessidade das mencionadas obras, sob pena de multa cor- eclesiásticas, instituições científicas, históricas ou artísticas
respondente ao dobro da importância em que fôr avaliado o e pessôas naturais o jurídicas, com o objetivo de obter a
dano sofrido pela mesma coisa. cooperação das mesmas em benefício do patrimônio his-
§ 1º Recebida a comunicação, e consideradas neces- tórico e artístico nacional.
sárias as obras, o diretor do Serviço do Patrimônio Históri- Art. 26. Os negociantes de antiguidades, de obras de
co e Artistico Nacional mandará executá-las, a expensas da arte de qualquer natureza, de manuscritos e livros antigos
União, devendo as mesmas ser iniciadas dentro do prazo de ou raros são obrigados a um registro especial no Serviço do
seis mezes, ou providenciará para que seja feita a desapro- Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, cumprindo-lhes
priação da coisa. outrossim apresentar semestralmente ao mesmo relações
§ 2º À falta de qualquer das providências previstas no completas das coisas históricas e artísticas que possuírem.
parágrafo anterior, poderá o proprietário requerer que seja Art. 27. Sempre que os agentes de leilões tiverem de
cancelado o tombamento da coisa. (Vide Lei nº 6.292, de vender objetos de natureza idêntica à dos mencionados
1975) no artigo anterior, deverão apresentar a respectiva relação
§ 3º Uma vez que verifique haver urgência na realiza- ao órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico
ção de obras e conservação ou reparação em qualquer coisa e Artístico Nacional, sob pena de incidirem na multa de
tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e Artís- cincoenta por cento sôbre o valor dos objetos vendidos.
tico Nacional tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las, Art. 28. Nenhum objéto de natureza idêntica à dos re-
a expensas da União, independentemente da comunicação a feridos no art. 26 desta lei poderá ser posto à venda pelos
que alude êste artigo, por parte do proprietário. comerciantes ou agentes de leilões, sem que tenha sido
Art. 20. As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância préviamente autenticado pelo Serviço do Patrimônio His-
permanente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico tórico e Artístico Nacional, ou por perito em que o mesmo
Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que fôr julgado se louvar, sob pena de multa de cincoenta por cento sôbre
conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou o valor atribuido ao objéto.
responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob pena de multa
de cem mil réis, elevada ao dôbro em caso de reincidência.

34
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Parágrafo único. A. autenticação do mencionado obje- d) as inscrições rupestres ou locais como sulcos de
to será feita mediante o pagamento de uma taxa de perita- polimentos de utensílios e outros vestígios de atividade de
gem de cinco por cento sôbre o valor da coisa, se êste fôr paleoameríndios.
inferior ou equivalente a um conto de réis, e de mais cinco Art 3º São proibidos em todo o território nacional,
mil réis por conto de réis ou fração, que exceder. o aproveitamento econômico, a destruição ou mutilação,
Art. 29. O titular do direito de preferência gosa de pri- para qualquer fim, das jazidas arqueológicas ou pré-histó-
vilégio especial sôbre o valor produzido em praça por bens ricas conhecidas como sambaquis, casqueiros, concheiros,
tombados, quanto ao pagamento de multas impostas em birbigueiras ou sernambis, e bem assim dos sítios, inscri-
virtude de infrações da presente lei. ções e objetos enumerados nas alíneas b, c e d do artigo
Parágrafo único. Só terão prioridade sôbre o privilégio anterior, antes de serem devidamente pesquisados, respei-
a que se refere êste artigo os créditos inscritos no registro tadas as concessões anteriores e não caducas.
competente, antes do tombamento da coisa pelo Serviço Art 4º Tôda a pessoa, natural ou jurídica que, na data
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. da publicação desta lei, já estiver procedendo, para fins
Art. 30. Revogam-se as disposições em contrário. econômicos ou outros, à exploração de jazidas arqueológi-
Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1937, 116º da Inde- cas ou pré-históricas, deverá comunicar à Diretoria do Pa-
pendência e 49º da República. trimônio Histórico Nacional, dentro de sessenta (60) dias,
GETULIO VARGAS.  sob pena de multa de Cr$ 10.000,00 a Cr$ 50.000,00 (dez
Gustavo Capanema. mil a cinqüenta mil cruzeiros), o exercício dessa atividade,
Este texto não substitui o publicado no DOU de para efeito de exame, registro, fiscalização e salvaguarda
6.12.1937 do interêsse da ciência.
Art 5º Qualquer ato que importe na destruição ou
mutilação dos monumentos a que se refere o art. 2º desta
lei, será considerado crime contra o Patrimônio Nacional e,
3.3 LEI Nº 3.924/1961. como tal, punível de acôrdo com o disposto nas leis penais.
Art 6º As jazidas conhecidas como sambaquis, mani-
festadas ao govêrno da União, por intermédio da Direto-
ria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, de acôrdo
com o art. 4º e registradas na forma do artigo 27 desta lei,
LEI No 3.924, DE 26 DE JULHO DE 1961.
terão precedência para estudo e eventual aproveitamento,
em conformidade com o Código de Minas.
Dispõe sôbre os monumentos arqueológicos e pré-his-
tóricos Art 7º As jazidas arqueológicas ou pré-históricas de
qualquer natureza, não manifestadas e registradas na for-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA  , faço saber que o ma dos arts. 4º e 6º desta lei, são consideradas, para todos
CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte os efeitos bens patrimoniais da União.
Lei: CAPÍTULO II
Art 1º Os monumentos arqueológicos ou pré-históri- Das escavações arqueológicas realizadas por par-
cos de qualquer natureza existentes no território nacional ticulares
e todos os elementos que nêles se encontram ficam sob a
guarda e proteção do Poder Público, de acôrdo com o que Art 8º O direito de realizar escavações para fins ar-
estabelece o art. 175 da Constituição Federal. queológicos, em terras de domínio público ou particular,
Parágrafo único. A propriedade da superfície, regida constitui-se mediante permissão do Govêrno da União,
pelo direito comum, não inclui a das jazidas arqueológicas através da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico
ou pré-históricas, nem a dos objetos nelas incorporados na Nacional, ficando obrigado a respeitá-lo o proprietário ou
forma do art. 152 da mesma Constituição. possuidor do solo.
Art 2º Consideram-se monumentos arqueológicos ou Art 9º O pedido de permissão deve ser dirigido à Dire-
pré-históricos: toria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, acompa-
a) as jazidas de qualquer natureza, origem ou finalida- nhado de indicação exata do local, do vulto e da duração
de, que representem testemunhos de cultura dos paleoa- aproximada dos trabalhos a serem executados, da prova de
meríndios do Brasil, tais como sambaquis, montes artificiais idoneidade técnico-científica e financeira do requerente e
ou tesos, poços sepulcrais, jazigos, aterrados, estearias e do nome do responsável pela realização dos trabalhos.
quaisquer outras não espeficadas aqui, mas de significado Parágrafo único. Estando em condomínio a área em
idêntico a juízo da autoridade competente. que se localiza a jazida, sòmente poderá requerer a permis-
b) os sítios nos quais se encontram vestígios positi- são o administrador ou cabecel, eleito na forma do Código
vos de ocupação pelos paleoameríndios tais como grutas, Civil.
lapas e abrigos sob rocha; Art 10. A permissão terá por título uma portaria do
c) os sítios identificados como cemitérios, sepulturas Ministro da Educação e Cultura, que será transcrita em livro
ou locais de pouso prolongado ou de aldeiamento, “esta- próprio da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Na-
ções” e “cerâmios”, nos quais se encontram vestígios hu- cional, e na qual ficarão estabelecidas as condições a serem
manos de interêsse arqueológico ou paleoetnográfico; observadas ao desenvolvimento das escavações e estudos.

35
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Art 11. Desde que as escavações e estudos devam ser Art 15. Em casos especiais e em face do significado ar-
realizados em terreno que não pertença ao requerente, de- queológico excepcional das jazidas, poderá ser promovida
verá ser anexado ao seu pedido o consentimento escrito a desapropriação do imóvel, ou parte dêle, por utilidade
do proprietário do terreno ou de quem esteja em uso e pública, com fundamento no art. 5º, alíneas K e L do De-
gôzo desse direito. creto-lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941.
§ 1º As escavações devem ser necessàriamente execu- Art 16. Nenhum órgão da administração federal, dos
tadas sob a orientação do permissionário, que responderá, Estados ou dos Municípios, mesmo no caso do art. 28 des-
civil, penal e administrativamente, pelos prejuízos que cau- ta lei, poderá realizar escavações arqueológicas ou pré-his-
sar ao Patrimônio Nacional ou a terceiros. tóricas, sem prévia comunicação à Diretoria do Patrimônio
§ 2º As escavações devem ser realizadas de acôrdo Histórico e Artístico Nacional, para fins de registro no ca-
com as condições estipuladas no instrumento de permis- dastro de jazidas arqueológicas.
são, não podendo o responsável, sob nenhum pretexto, Parágrafo único. Dessa comunicação deve constar,
impedir a inspeção dos trabalhos por delegado especial- obrigatòriamente, o local, o tipo ou a designação da jazi-
mente designado pela Diretoria do Patrimônio Histórico e da, o nome do especialista encarregado das escavações, os
Artístico Nacional, quando fôr julgado conveniente. indícios que determinaram a escolha do local e, posterior-
§ 3º O permissionário fica obrigado a informar à Di- mente, uma súmula dos resultados obtidos e do destino do
retoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, tri- material coletado.
mestralmente, sôbre o andamento das escavações, salvo a
ocorrência de fato excepcional, cuja notificação deverá ser CAPÍTULO IV 
feita imediatamente, para as providências cabíveis. Das descobertas fortuitas
Art 12. O Ministro da Educação e Cultura poderá cas-
sar a permissão, concedida, uma vez que: Art 17. A posse e a salvaguarda dos bens de natureza
a) não sejam cumpridas as prescrições da presente lei arqueológica ou pré-histórica constituem, em princípio, di-
e do instrumento de concessão da licença; reito imanente ao Estado.
b) sejam suspensos os trabalhos de campo por prazo
Art 18. A descoberta fortuita de quaisquer elementos
superior a doze (12) meses, salvo motivo de fôrça maior,
de interêsse arqueológico ou pré-histórico, histórico, artís-
devidamente comprovado;
tico ou numismático, deverá ser imediatamente comunica-
c) no caso de não cumprimento do § 3º do artigo an-
da à Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
terior.
ou aos órgãos oficiais autorizados, pelo autor do achado
Parágrafo único. Em qualquer dos casos acima enu-
ou pelo proprietário do local onde tiver ocorrido.
merados, o permissionário não terá direito à indenização
Parágrafo único. O proprietário ou ocupante do imó-
alguma pelas despesas que tiver efetuado.
vel onde se tiver verificado o achado, é responsável pela
CAPÍTULO III conservação provisória da coisa descoberta, até pronuncia-
Das escavações arqueológicas realizadas por ins- mento e deliberação da Diretoria do Patrimônio Histórico
tituições, científicas especializadas da União dos Esta- e Artístico Nacional.
dos e dos Municípios Art 19. A infringência da obrigação imposta no artigo
anterior implicará na apreensão sumária do achado, sem
Art 13. A União, bem como os Estados e Municípios prejuízo da responsabilidade do inventor pelos danos que
mediante autorização federal, poderão proceder a escava- vier a causar ao Patrimônio Nacional, em decorrência da
ções e pesquisas, no interêsse da arqueologia e da pré-his- omissão.
tória em terrenos de propriedade particular, com exceção
das áreas muradas que envolvem construções domiciliares. CAPÍTULO V
Parágrafo único. À falta de acôrdo amigável com o Da remessa, para o exterior, de objetos de interêsse
proprietário da área onde situar-se a jazida, será esta decla- arqueológico ou pré-histórico, histórico, numismático
rada de utilidade pública e autorizada a sua ocupação pelo ou artístico
período necessário à execução dos estudos, nos têrmos
do art. 36 do Decreto-lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941. Art 20. Nenhum objeto que apresente interêsse ar-
Art 14. No caso de ocupação temporária do terreno, queológico ou pré-histórico, numismático ou artístico po-
para realização de escavações nas jazidas declaradas de derá ser transferido para o exterior, sem licença expressa
utilidade pública, deverá ser lavrado um auto, antes do iní- da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
cio dos estudos, no qual se descreva o aspecto exato do constante de uma “guia” de liberação na qual serão devida-
local. mente especificados os objetos a serem transferidos.
§ 1º Terminados os estudos, o local deverá ser restabe- Art 21. A inobservância da prescrição do artigo ante-
lecido, sempre que possível, na sua feição primitiva. rior implicará na apreensão sumária do objeto a ser trans-
§ 2º Em caso de escavações produzirem a destruição ferido, sem prejuízo das demais cominações legais a que
de um relêvo qualquer, essa obrigação só terá cabimen- estiver sujeito o responsável.
to quando se comprovar que, dêsse aspecto particular do Parágrafo único. O objeto apreendido, razão dêste ar-
terreno, resultavam incontestáveis vantagens para o pro- tigo, será entregue à Diretoria do Patrimônio Histórico e
prietário. Artístico Nacional.

36
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

CAPÍTULO VI 
Disposições Gerais 3.4 LEI Nº 11.483/2007, E SUAS ALTERAÇÕES
(ART. 9º).
Art 22. O aproveitamento econômico das jazidas, objeto
desta lei, poderá ser realizado na forma e nas condições prescri-
tas pelo Código de Minas, uma vez concluída a sua exploração
científica, mediante parecer favorável da Diretoria do Patrimônio LEI Nº 11.483, DE 31 DE MAIO DE 2007.
Histórico e Artístico Nacional ou do órgão oficial autorizado.
Parágrafo único. De tôdas as jazidas será preservada sem- Dispõe sobre a revitalização do setor ferroviário, altera
pre que possível ou conveniente, uma parte significativa, a ser dispositivos da Lei no 10.233, de 5 de junho de 2001, e dá
protegida pelos meios convenientes, como blocos testemunhos. outras providências
Art 23. O Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas
e Científicas encaminhará à Diretoria do Patrimônio Histórico e O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
Artístico Nacional qualquer pedido de cientista estrangeiro, para gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
realizar escavações arqueológicas ou pré-históricas, no país. Art. 1o Fica encerrado o processo de liquidação e ex-
Art 24. Nenhuma autorização de pesquisa ou de lavra para tinta a Rede Ferroviária Federal S.A. - RFFSA, sociedade de
jazidas, de calcáreo de concha, que possua as características de economia mista instituída com base na autorização contida
monumentos arqueológicos ou pré-históricos, poderá ser con- na Lei nº 3.115, de 16 de março de 1957.
cedida sem audiência prévia da Diretoria do Patrimônio Históri- Parágrafo único. Ficam encerrados os mandatos do
co e Artístico Nacional. Liquidante e dos membros do Conselho Fiscal da extinta
Art 25. A realização de escavações arqueológicas ou pré- RFFSA.
-históricas, com infringência de qualquer dos dispositivos desta Art. 2o A partir de 22 de janeiro de 2007:
lei, dará lugar à multa de Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros) a I - a União sucederá a extinta RFFSA nos direitos, obri-
Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros), sem prejuízo de sumária gações e ações judiciais em que esta seja autora, ré, assis-
apreensão e conseqüente perda, para o Patrimônio Nacional, de tente, opoente ou terceira interessada, ressalvadas as ações
todo o material e equipamento existentes no local. de que trata o inciso II do caput do art. 17 desta Lei; e
Art 26. Para melhor execução da presente lei, a Diretoria do II - os bens imóveis da extinta RFFSA ficam transferi-
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional poderá solicitar a cola- dos para a União, ressalvado o disposto nos incisos I e IV
boração de órgãos federais, estaduais, municipais, bem como de do caput  do art. 8o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
instituições que tenham, entre os seus objetivos específicos, o es- 11.772, de 2008
tudo e a defesa dos monumentos arqueológicos e pré-históricos. Parágrafo único. Os advogados ou escritórios de ad-
Art 27. A Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Na- vocacia que representavam judicialmente a extinta RFFSA
cional manterá um Cadastro dos monumentos arqueológicos deverão, imediatamente, sob pena de responsabilização
do Brasil, no qual serão registradas tôdas as jazidas manifesta- pessoal pelos eventuais prejuízos que a União sofrer, em
das, de acôrdo com o disposto nesta lei, bem como das que se relação às ações a que se refere o inciso I do caput deste
tornarem conhecidas por qualquer via. artigo:
Art 28. As atribuições conferidas ao Ministério da Educação I - peticionar em juízo, comunicando a extinção da RFF-
e Cultura, para o cumprimento desta lei, poderão ser delega- SA e requerendo que todas as citações e intimações pas-
das a qualquer unidade da Federação, que disponha de servi- sem a ser dirigidas à Advocacia-Geral da União; e
ços técnico-administrativos especialmente organizados para a II - repassar às unidades da Advocacia-Geral da União
guarda, preservação e estudo das jazidas arqueológicas e pré- as respectivas informações e documentos.
-históricas, bem como de recursos suficientes para o custeio e Art. 3o Aos acionistas minoritários fica assegurado o
bom andamento dos trabalhos. direito ao recebimento do valor de suas participações acio-
Parágrafo único. No caso dêste artigo, o produto das mul- nárias na extinta RFFSA, calculado com base no valor de
tas aplicadas e apreensões de material legalmente feitas, rever- cada ação, segundo o montante do patrimônio líquido re-
terá em benefício do serviço estadual organizado para a preser- gistrado no balanço patrimonial apurado em 22 de janeiro
vação e estudo dêsses monumentos. de 2007, atualizado monetariamente pelo Índice Nacional
Art 29. Aos infratores desta lei serão aplicadas as sanções de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, divulgado pelo
dos artigos 163 a 167 do Código Penal, conforme o caso, sem Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, do mês
prejuízo de outras penalidades cabíveis. anterior à data do pagamento.
Art 30. O Poder Executivo baixará, no prazo de 180 dias, a Parágrafo único. Fica a União autorizada a utilizar bens
partir da vigência desta lei, a regulamentação que fôr julgada não-operacionais oriundos da extinta RFFSA para promo-
necessária à sua fiel execução. ver a quitação da participação dos acionistas minoritários,
Art 31. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, mediante dação em pagamento.
revogadas as disposições em contrário. Art. 4o Os bens, direitos e obrigações da extinta RFF-
Brasília, em 26 de julho de 1961; 140º da Independência e SA serão inventariados em processo que se realizará sob a
73º da República. coordenação e supervisão do Ministério dos Transportes.
Parágrafo único. Ato do Poder Executivo disporá sobre
Este texto não substitui o publicado no DOU de 27.7.1961 a estrutura e o prazo de duração do processo de Inven-
e retificado em 28.7.1961 tariança, bem como sobre as atribuições do inventariante.

37
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Art. 5o Fica instituído, no âmbito do Ministério da Fa- § 4o Assegurada a integralização do limite estabelecido
zenda, o Fundo Contingente da Extinta RFFSA - FC, de na- no inciso II do caput deste artigo, os imóveis excedentes à
tureza contábil, em valor suficiente para o pagamento de: composição do FC serão destinados na forma do disposto
I - participações dos acionistas minoritários da extinta nos arts. 12, 13 e 14 desta Lei, bem como na legislação que
RFFSA, na forma prevista no caput do art. 3o desta Lei; dispõe sobre o patrimônio da União.
II - despesas decorrentes de condenações judiciais que § 5o Efetuados os pagamentos das despesas de que trata
imponham ônus à VALEC - Engenharia, Construções e Fer- o art. 5o desta Lei, os ativos financeiros remanescentes do FC
rovias S.A., na condição de sucessora trabalhista, por força reverterão ao Tesouro Nacional.
do disposto no inciso I do caput do art. 17 desta Lei, relati- Art. 7o Fica a União autorizada a emitir, sob a forma de
vamente aos passivos originados até 22 de janeiro de 2007; colocação direta, ao par, os títulos que constituirão os recur-
III - despesas decorrentes de eventuais levantamentos sos do FC, até os montantes referidos nos incisos I e II do art.
de gravames judiciais existentes em 22 de janeiro de 2007 6o desta Lei, cujas características serão definidas pelo Ministro
de Estado da Fazenda.
incidentes sobre bens oriundos da extinta RFFSA, impres-
Parágrafo único. Os títulos referidos neste artigo poderão
cindíveis à administração pública; e
ser resgatados antecipadamente, ao par, a critério do Ministro
IV - despesas relativas à regularização, administração,
de Estado da Fazenda.
avaliação e venda dos imóveis não-operacionais mencio-
Art. 8o Ficam transferidos ao Departamento Nacional de
nados no inciso II do caput do art. 6o desta Lei. Infra-Estrutura de Transportes - DNIT:
§ 1o Ato do Ministro de Estado da Fazenda disciplinará I - a propriedade dos bens móveis e imóveis operacionais
o funcionamento do FC. da extinta RFFSA;
§ 2o Os pagamentos com recursos do FC decorrentes II - os bens móveis não-operacionais utilizados pela Ad-
de obrigações previstas no inciso II do caput deste artigo ministração Geral e Escritórios Regionais da extinta RFFSA,
ocorrerão exclusivamente mediante solicitação da Valec di- ressalvados aqueles necessários às atividades da Inventarian-
rigida ao agente operador do FC, acompanhada da respec- ça; e
tiva decisão judicial. III - os demais bens móveis não-operacionais, incluindo
Art. 6o O FC será constituído de: trilhos, material rodante, peças, partes e componentes, almo-
I - recursos oriundos de emissão de títulos do Tesou- xarifados e sucatas, que não tenham sido destinados a outros
ro Nacional até o valor de face total de R$ 300.000.000,00 fins, com base nos demais dispositivos desta Lei.
(trezentos milhões de reais), com características a serem IV - os bens imóveis não operacionais, com finalidade de
definidas pelo Ministro de Estado da Fazenda; constituir reserva técnica necessária à expansão e ao aumento
II - recursos do Tesouro Nacional provenientes da emis- da capacidade de prestação do serviço público de transporte
são de títulos, em valores equivalentes ao produto da ven- ferroviário, ressalvados os destinados ao FC, devendo a vo-
da de imóveis não-operacionais oriundos da extinta RFFSA, cação logística desses imóveis ser avaliada em conjunto pelo
até o limite de R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de reais); Ministério dos Transportes e pelo Ministério do Planejamento,
III - recebíveis até o valor de R$ 2.444.800.000,00 (dois Orçamento e Gestão, conforme dispuser ato do Presidente da
bilhões, quatrocentos e quarenta e quatro milhões e oito- República. (Incluído pela Lei nº 11.772, de 2008
centos mil reais), oriundos dos contratos de arrendamento Art. 9o Caberá ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-
de malhas ferroviárias, contabilizados nos ativos da extinta tico Nacional - IPHAN receber e administrar os bens móveis e
RFFSA, não adquiridos pelo Tesouro Nacional com base na imóveis de valor artístico, histórico e cultural, oriundos da ex-
autorização contida na Medida Provisória no 2.181-45, de tinta RFFSA, bem como zelar pela sua guarda e manutenção.
24 de agosto de 2001; § 1o Caso o bem seja classificado como operacional, o
IPHAN deverá garantir seu compartilhamento para uso fer-
IV - resultado das aplicações financeiras dos recursos
roviário.
do FC; e
§ 2o A preservação e a difusão da Memória Ferroviária
V - outras receitas previstas em lei orçamentária.
constituída pelo patrimônio artístico, cultural e histórico do
§ 1o O Poder Executivo designará a instituição financei-
setor ferroviário serão promovidas mediante:
ra federal que atuará como agente operador do FC, à qual I - construção, formação, organização, manutenção, am-
caberá administrar, regularizar, avaliar e vender os imóveis pliação e equipamento de museus, bibliotecas, arquivos e
referidos no inciso II do caput deste artigo, observados os outras organizações culturais, bem como de suas coleções e
procedimentos indicados nos arts. 10 e 11 desta Lei. acervos;
§ 2o Ato da Secretaria do Patrimônio da União do Mi- II - conservação e restauração de prédios, monumentos,
nistério do Planejamento, Orçamento e Gestão indicará os logradouros, sítios e demais espaços oriundos da extinta RFF-
imóveis a serem vendidos, objetivando a integralização dos SA.
recursos destinados ao FC. § 3o As atividades previstas no § 2o deste artigo serão fi-
§ 3o O Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- nanciadas, dentre outras formas, por meio de recursos capta-
tão poderá autorizar o inventariante a repassar diretamen- dos e canalizados pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura
te ao agente operador do FC os imóveis referidos no inciso - PRONAC, instituído pela Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de
II do caput deste artigo. 1991.
§ 4o (VETADO)

38
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Art. 10. A União, por intermédio do agente operador Art. 11. O pagamento do valor dos imóveis referidos no
do FC, promoverá a venda dos imóveis referidos no inciso inciso II do caput do art. 6o desta Lei poderá ser efetuado
II do caput do art. 6o desta Lei, mediante leilão ou concor- de forma parcelada, observadas, no que couber, as condi-
rência pública, independentemente do valor, aplicando-se, ções estabelecidas no art. 27 da Lei nº 9.636, de 15 de maio
no que couber, o disposto na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1998, e ainda:
de 1993, e observadas as seguintes condições: I - entrada mínima de 20% (vinte por cento) do preço
I - apresentação de propostas ou lances específicos total de venda do imóvel, a título de sinal e princípio de
para cada imóvel; pagamento;
II - no caso de concorrência, caução no valor corres- II - prazo máximo de 60 (sessenta) meses; e
pondente a 5% (cinco por cento) do valor de avaliação do III - garantia mediante alienação fiduciária do imóvel
imóvel; objeto da venda.
III - no caso de leilão público, observar-se-á o seguinte: Parágrafo único. Na hipótese de aplicação da alienação
a) a hasta pública terá ampla divulgação nos meios de direta prevista no inciso I do § 4o do art. 10, serão con-
comunicação, inclusive no Município onde se situa o imó- cedidas as seguintes condições especiais para pagamento:
vel; (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010)
b) será designado leiloeiro o vencedor de licitação I - entrada mínima de 5% (cinco por cento) do preço
de menor preço, da qual poderão participar os leiloeiros total de venda do imóvel, a título de sinal e princípio de
matriculados nas Juntas Comerciais de qualquer Estado pagamento; e (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010)
e do Distrito Federal, nos termos do disposto no Decreto II - prazo máximo de 120 (cento e vinte) meses. (Incluí-
no 21.981, de 19 de outubro de 1932, os quais apresentarão do pela Lei nº 12.348, de 2010)
proposta de comissão não superior a 5% (cinco por cento); Art. 12. Aos ocupantes de baixa renda dos imóveis não-
c) o arrematante pagará sinal correspondente a, no mí- -operacionais residenciais oriundos da extinta RFFSA cuja
nimo, 20% (vinte por cento) do valor da arrematação, com- ocupação seja comprovadamente anterior a 6 de abril de
plementando o preço no prazo e nas condições previstas 2005 é assegurado o direito à aquisição por venda direta
do imóvel, nas condições estabelecidas nos arts. 26 e 27 da
em edital, sob pena de perder, em favor da União, o valor
Lei no 9.636, de 15 de maio de 1998.
do correspondente sinal; e
§ 1o Para avaliação dos imóveis referidos no caput,
d) a comissão do leiloeiro ser-lhe-á paga diretamente
deduzir-se-á o valor correspondente às benfeitorias e às
pelo arrematante, conforme condições definidas em edital.
acessões comprovadamente realizadas pelo ocupante, ob-
§ 1o Aos ocupantes de boa-fé dos imóveis referidos no
servadas, em qualquer hipótese, as regras da Lei no 10.406,
inciso II do caput do art. 6o desta Lei que estejam em dia
de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. (Redação dada pela
com suas obrigações é assegurado o direito de preferência
Lei nº 12.348, de 2010)
à compra, pelo valor da proposta vencedora e nas mesmas
§ 2o Os ocupantes referidos no caput deste artigo de-
condições desta, deduzido o valor das benfeitorias e das verão manifestar seu interesse pela compra direta no prazo
acessões realizadas, observadas, em qualquer hipótese, as de até 30 (trinta) dias a contar da notificação a ser realizada
regras da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código pelo órgão competente.
Civil. (Redação dada pela Lei nº 12.348, de 2010) § 3o Para os fins do disposto neste artigo, considera-se
§ 2o O ocupante será notificado, por carta ou edital, da ocupante de baixa renda aquele com renda familiar igual
data do certame e das condições da venda com antece- ou inferior ao valor estabelecido pelo § 2o do art. 1o do De-
dência mínima de 30 (trinta) dias. creto-Lei no 1.876, de 15 de julho de 1981.
§ 3o O produto da venda dos imóveis referidos no in- Art. 13. Aos ocupantes dos imóveis não-operacionais
ciso II do caput do art. 6o desta Lei será imediatamente re- oriundos da extinta RFFSA, não alcançados pelo disposto
colhido pelo agente operador à conta do Tesouro Nacional nos arts. 10 ou 12 desta Lei e cuja ocupação seja compro-
e será integralmente utilizado para amortização da Dívida vadamente anterior a 6 de abril de 2005, é assegurado o di-
Pública Mobiliária Federal, devendo ser providenciada a reito de preferência na compra do imóvel, observando-se,
emissão de títulos em valor equivalente ao montante rece- no que couber, o disposto no art. 24 da Lei no 9.636, de 15
bido para capitalização do FC. de maio de 1998, e ainda:
§ 4o Poderá ser dispensada a licitação na venda dos I - a venda será realizada na modalidade de leilão;
imóveis de que trata o caput, respeitado o valor de mer- II - o pagamento poderá ser parcelado, conforme esta-
cado, quando o adquirente for: (Redação dada pela Lei nº belecido no edital, em até 180 (cento e oitenta) prestações
12.348, de 2010) mensais e consecutivas em se tratando de imóveis residen-
I - outro órgão ou entidade da administração, de qual- ciais ou em até 60 (sessenta) prestações mensais e conse-
quer esfera de governo; ou (Redação dada pela Lei nº cutivas para os demais imóveis;
12.348, de 2010) III - os ocupantes poderão adquirir o imóvel pelo valor
II - empresa, pública ou privada, inserida em operação da proposta vencedora, deduzido o valor correspondente
urbana consorciada aprovada na forma dos arts. 32 a 34 da às benfeitorias comprovadamente por eles realizadas, des-
Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, desde que os imóveis de que manifestem seu interesse no ato do leilão ou no
estejam na área delimitada para a operação. (Redação dada prazo de até 15 (quinze) dias, contado da publicação do
pela Lei nº 12.348, de 2010) resultado do certame.

39
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Art. 14. Os imóveis não-operacionais oriundos da ex- § 1o Não serão alienados os bens imóveis situados na
tinta RFFSA poderão ser alienados diretamente: faixa de domínio das ferrovias cuja ocupação ou utilização
I - desde que destinados a programas de regulariza- por particulares coloque em risco a vida das pessoas ou
ção fundiária e provisão habitacional de interesse social, a comprometa a segurança ou a eficiência da operação fer-
programas de reabilitação de áreas urbanas, a sistemas de roviária. (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010)
circulação e transporte ou à implantação ou funcionamen- § 2o O título de transferência da posse de que trata o
to de órgãos públicos: inciso III terá os mesmos efeitos da legitimação de posse
a) aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; prevista na Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009, desde que:
b) a entidades públicas que tenham por objeto regula- (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010)
rização fundiária e provisão habitacional, nos termos da Lei I - o imóvel objeto da transferência esteja matriculado
no 11.124, de 16 de junho de 2005; no Cartório de Registro de Imóveis; e (Incluído pela Lei nº
c) a Fundos de Investimentos Imobiliários, previstos 12.348, de 2010)
na Lei no 8.668, de 25 de junho de 1993; II - o adquirente cumpra os requisitos contidos no pa-
II - aos beneficiários de programas de regularização rágrafo único do art. 59 da Lei no 11.977, de 7 de julho de
fundiária e provisão habitacional de interesse social. 2009. (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010)
§ 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos Art. 17. Ficam transferidos para a Valec:
imóveis não-operacionais destinados a compor os recursos I - sendo alocados em quadros de pessoal especiais,
do Fundo Contingente referidos no inciso II do caput do os contratos de trabalho dos empregados ativos da extinta
art. 6o desta Lei. RFFSA integrantes:
§ 2o Para a avaliação dos imóveis referidos no caput a) do quadro de pessoal próprio, preservando-se a
deste artigo, aplicar-se-á o método involutivo. condição de ferroviário e os direitos assegurados pelas Leis
Art. 15. O agente operador do FC representará a União nos 8.186, de 21 de maio de 1991, e 10.478, de 28 de junho
na celebração dos contratos de compra e venda dos imó- de 2002; e
veis de que trata o inciso II do caput do art. 6o desta Lei, b) do quadro de pessoal agregado, oriundo da Ferrovia
efetuando a cobrança administrativa e recebendo o produ-
Paulista S.A. - FEPASA;
to da venda.
II - as ações judiciais relativas aos empregados a que
Parágrafo único. O agente operador do FC encaminha-
se refere o inciso I do caput deste artigo em que a extinta
rá à Advocacia-Geral da União as informações e os docu-
RFFSA seja autora, ré, assistente, opoente ou terceira inte-
mentos necessários a eventual cobrança judicial do produ-
ressada;
to da venda dos imóveis, bem como à defesa dos interesses
III - o Serviço Social das Estradas de Ferro - SESEF, cria-
da União.
do pela Lei no 3.891, de 26 de abril de 1961, e transferido
Art. 16. Na alienação dos imóveis referidos nos arts. 10,
para a extinta RFFSA por força do disposto no art. 3o da
12, 13 e 14 desta Lei, observar-se-á o seguinte:
Lei no 6.171, de 9 de dezembro de 1974, mantidas suas
I - fica afastada a aplicação do disposto no art. 23 da
Lei no 9.636, de 15 de maio de 1998; finalidades e vedada a assunção de passivo ou déficit de
II - os contratos celebrados mediante instrumento par- qualquer natureza e o aporte de novos recursos a qualquer
ticular terão força de escritura pública; título, ressalvados os repasses de valores descontados dos
III - quando não for possível comprovar a dominiali- funcionários a título de consignação e a remuneração por
dade de imóvel oriundo da extinta RFFSA, é permitido à serviços que vierem a ser prestados.
União, por intermédio do Ministério do Planejamento, Or- § 1o A transferência de que trata o inciso I do caput
çamento e Gestão, transferir os direitos possessórios deste, deste artigo dar-se-á por sucessão trabalhista e não carac-
de forma onerosa ou gratuita, ficando eventual regulariza- terizará rescisão contratual.
ção posterior a cargo do adquirente; (Redação dada pela § 2o Os empregados transferidos na forma do disposto
Lei nº 12.348, de 2010) no inciso I do caput deste artigo terão seus valores remu-
IV - o registro será efetuado no cartório da localidade neratórios inalterados no ato da sucessão e seu desenvolvi-
mais próxima de onde se situa o imóvel, não se aplicando mento na carreira observará o estabelecido nos respectivos
o disposto no art. 171 da Lei no 6.015, de 31 de dezembro planos de cargos e salários, não se comunicando, em qual-
de 1973. quer hipótese, com o plano de cargos e salários da Valec.
Parágrafo único. Não serão alienados os bens imóveis § 3o Em caso de demissão, dispensa, aposentadoria ou
situados na faixa de domínio das ferrovias cuja ocupação falecimento do empregado, fica extinto o emprego por ele
ou utilização por particulares coloque em risco a vida das ocupado.
pessoas ou comprometa a segurança ou a eficiência da § 4o Os empregados de que trata o inciso I do caput
operação ferroviária. deste artigo, excetuados aqueles que se encontram ce-
§ 1o Não serão alienados os bens imóveis situados na didos para outros órgãos ou entidades da administração
faixa de domínio das ferrovias cuja ocupação ou utilização pública, ficarão à disposição da Inventariança, enquanto
por particulares coloque em risco a vida das pessoas ou necessários para a realização dos trabalhos ou até que o
comprometa a segurança ou a eficiência da operação fer- inventariante decida pelo seu retorno à Valec.
roviária. (Incluído pela Medida Provisória nº 496, de 2010).

40
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

§ 5o Os empregados de que trata o inciso I do caput Art. 21. A União, por intermédio do Ministério do Plane-
deste artigo poderão ser cedidos para prestar serviço na jamento, Orçamento e Gestão, poderá, na forma do regula-
Advocacia-Geral da União, no Ministério do Planejamento, mento, formalizar termos de entrega ou cessão provisórios
Orçamento e Gestão, no Ministério dos Transportes, inclu- de bens imóveis não-operacionais oriundos da extinta RFF-
sive no DNIT, na Agência Nacional de Transportes Terrestres SA, excetuados aqueles destinados ao FC, previstos no in-
- ANTT e na Agência Nacional de Transportes Aquaviários ciso II do caput do art. 6o desta Lei, aos órgãos e entidades
- ANTAQ, e no IPHAN, independentemente de designação da administração pública direta e indireta da União, dos
para o exercício de cargo comissionado, sem ônus para o Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, promovendo
cessionário, desde que seja para o exercício das atividades a sua substituição por instrumentos definitivos.
que foram transferidas para aqueles órgãos e entidades Art. 22. Para os fins desta Lei, consideram-se bens ope-
por esta Lei, ouvido previamente o inventariante. racionais os bens móveis e imóveis vinculados aos contra-
§ 6o Os advogados ou escritórios de advocacia que re- tos de arrendamento celebrados pela extinta RFFSA, bem
presentavam judicialmente a extinta RFFSA nas ações a que como aqueles delegados a Estados ou Municípios para
se refere o inciso II do caput deste artigo deverão, ime- operação ferroviária.
diatamente, sob pena de responsabilização pessoal pelos Art. 23. Ficam criados, no âmbito do Poder Executivo
eventuais prejuízos causados: Federal, os seguintes cargos em comissão do Grupo-Dire-
I - peticionar em juízo, comunicando a extinção da RFF- ção e Assessoramento Superiores - DAS: 1 (um) DAS-6; 9
SA e a transferência dos contratos de trabalho para a Valec, (nove) DAS-5; 25 (vinte e cinco) DAS-4; 30 (trinta) DAS-3;
requerendo que todas as citações e intimações passem a 36 (trinta e seis) DAS-2; e 56 (cinqüenta e seis) DAS-1. (Vide
ser dirigidas a esta empresa; e Medida Provisória nº 821, de 2018)
II - repassar à Valec as respectivas informações e do- § 1o. (Revogado pela Medida Provisória nº 821, de 2018)
cumentos sobre as ações de que trata o inciso II do caput § 2o. (Revogado pela Medida Provisória nº 821, de 2018)
deste artigo. § 3o Ato do Poder Executivo estabelecerá a distribuição
Art. 18. A Valec assumirá a responsabilidade de atuar dos cargos em comissão criados por esta Lei.
como patrocinadora do plano de benefícios administrado
Art. 24. Fica o Ministério do Planejamento, Orçamento
pela Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social - RE-
e Gestão autorizado a aprovar proposta da Valec para a
FER, na condição de sucessora trabalhista da extinta RFFSA,
realização de Programa de Desligamento Voluntário - PDV
em relação aos empregados referidos no inciso I do caput
para os empregados de que trata o inciso I do caput do art.
do art. 17 desta Lei, observada a exigência de paridade en-
17 desta Lei.
tre as contribuições da patrocinadora e do participante.
Art. 25. Fica a União autorizada a atuar como patroci-
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo apli-
nadora do plano de benefícios administrado pela Refer, em
ca-se unicamente aos empregados transferidos na forma
relação aos beneficiários assistidos da extinta RFFSA em 22
do inciso I do caput do art. 17 desta Lei, cujo conjunto
constituirá massa fechada. de janeiro de 2007.
Art. 19. A União disponibilizará: Art. 26. Os arts. 14, 77, 82 e 118 da Lei no 10.233, de 5
I - por intermédio do Ministério dos Transportes: de junho de 2001, passam a vigorar com a seguinte reda-
a) à Valec os recursos orçamentários e financeiros ne- ção:
cessários ao custeio dos dispêndios decorrentes do dispos- “Art. 14. ..................................................................
to no inciso I do caput do art. 17 e no art. 18 desta Lei, aí IV - ..........................................................................
incluído o pagamento aos empregados referidos no inciso b) o transporte ferroviário regular de passageiros não
I do caput do art. 17 desta Lei das parcelas em atraso rela- associado à infra-estrutura.” (NR)
tivas aos dissídios e acordos coletivos referentes aos perío- “Art. 77. .................................................................
dos de 2003 a 2006; II - recursos provenientes dos instrumentos de outorga
b) à Refer os recursos orçamentários e financeiros e arrendamento administrados pela respectiva Agência, ex-
eventualmente necessários ao custeio dos dispêndios de- cetuados os provenientes dos contratos de arrendamento
correntes do disposto no art. 25 desta Lei; originários da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. - RFFSA
II - por intermédio do Ministério do Planejamento, Or- não adquiridos pelo Tesouro Nacional com base na autori-
çamento e Gestão, os recursos orçamentários e financeiros zação contida na Medida Provisória no 2.181-45, de 24 de
necessários ao pagamento aos inativos e pensionistas da agosto de 2001;” (NR)
extinta RFFSA não alcançados pelo inciso I do caput do art. “Art. 82. ...............................................................
17 desta Lei, das parcelas em atraso relativas aos dissídios e XVII - exercer o controle patrimonial e contábil dos
acordos coletivos referentes aos períodos de 2003 a 2006. bens operacionais na atividade ferroviária, sobre os quais
Parágrafo único. (VETADO) será exercida a fiscalização pela Agência Nacional de Trans-
Art. 20. As atribuições referentes à aprovação das de- portes Terrestres - ANTT, conforme disposto no inciso IV
monstrações contábeis e financeiras do balanço de extin- do art. 25 desta Lei, bem como dos bens não-operacionais
ção, segundo o disposto no art. 3o desta Lei, conferidas por que lhe forem transferidos;
lei ou pelo estatuto da extinta RFFSA à assembléia geral XVIII - implementar medidas necessárias à destinação
de acionistas serão exercidas pelo Ministro de Estado da dos ativos operacionais devolvidos pelas concessionárias,
Fazenda. na forma prevista nos contratos de arrendamento; e

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

XIX - propor ao Ministério dos Transportes, em con- II - concessão de desconto entre 20% (vinte por cento)
junto com a ANTT, a destinação dos ativos operacionais ao e 60% (sessenta por cento) do valor do débito consolidado
término dos contratos de arrendamento. no parcelamento, na proporção inversa à do valor do débi-
§ 4o   O DNIT e a ANTT celebrarão, obrigatoriamente, to; e (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010)
instrumento para execução das atribuições de que trata o III - aplicação de descontos entre 25% (vinte e cinco
inciso XVII do caput deste artigo, cabendo à ANTT a res- por cento) e 65% (sessenta e cinco por cento) do valor do
ponsabilidade concorrente pela execução do controle pa- débito consolidado para liquidação à vista, na proporção
trimonial e contábil dos bens operacionais recebidos pelo inversa à do valor do débito. (Incluído pela Lei nº 12.348,
DNIT vinculados aos contratos de arrendamento referidos de 2010)
nos incisos II e IV do caput do art. 25 desta Lei.” (NR) § 2o Para os fins deste artigo, considera-se débito con-
“Art. 118. Ficam transferidas da extinta RFFSA para o solidado o somatório da dívida e do saldo devedor decor-
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: rente de contrato de transferência de domínio ou de posse,
I - a gestão da complementação de aposentadoria ins- ou o valor correspondente ao total da dívida decorrente
tituída pelas Leis nos 8.186, de 21 de maio de 1991, e 10.478, dos demais contratos firmados pela extinta RFFSA que te-
de 28 de junho de 2002; e nham por objeto bens imóveis operacionais e não opera-
II - a responsabilidade pelo pagamento da parcela sob cionais. (Redação dada pela Lei nº 13.456, de 2017)
o encargo da União relativa aos proventos de inatividade e Art. 28-A. Fica a União autorizada a constituir afora-
demais direitos de que tratam a Lei no 2.061, de 13 de abril mento em favor dos adquirentes originários, ou seus su-
de 1953, do Estado do Rio Grande do Sul, e o Termo de cessores, de imóveis oriundos da extinta RFFSA localizados
Acordo sobre as condições de reversão da Viação Férrea do em terrenos de marinha ou acrescidos. (Incluído pela Lei nº
Rio Grande do Sul à União, aprovado pela Lei no 3.887, de 12.348, de 2010)
8 de fevereiro de 1961. § 1o A constituição do aforamento prevista no caput im-
§ 1o A paridade de remuneração prevista na legislação plicará a: (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010)
citada nos incisos I e II do caput deste artigo terá como I - isenção dos débitos principais e acessórios corres-
referência os valores previstos no plano de cargos e salários
pondentes às taxas de ocupação não pagas desde a aquisi-
da extinta RFFSA, aplicados aos empregados cujos contra-
ção do imóvel até a data da assinatura do novo contrato; e
tos de trabalho foram transferidos para quadro de pessoal
(Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010)
especial da VALEC - Engenharia, Construções e Ferrovias
II - dedução de 17% (dezessete por cento) do valor
S.A., com a respectiva gratificação adicional por tempo de
correspondente ao terreno, na hipótese dos contratos de
serviço.
compra e venda ou promessa de compra e venda de do-
§ 2o O Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-
mínio pleno em que exista saldo devedor. (Incluído pela Lei
tão poderá, mediante celebração de convênio, utilizar as
nº 12.348, de 2010)
unidades regionais do DNIT e da Inventariança da extinta
RFFSA para adoção das medidas administrativas decorren- § 2o Não será devido pela União qualquer pagamento
tes do disposto no caput deste artigo.” (NR) ou indenização decorrente da constituição do aforamento
Art. 27. A partir do momento em que não houver mais prevista neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010)
integrantes no quadro de pessoal especial de que trata a § 3o Em se tratando de transferência de posse pela ex-
alínea a do inciso I do caput do art. 17 desta Lei, em virtu- tinta RFFSA de imóveis localizados em terrenos de marinha
de de desligamento por demissão, dispensa, aposentado- e acrescidos, poderá a União outorgar a concessão de di-
ria ou falecimento do último empregado ativo oriundo da reito real de uso aos adquirentes originais ou a seus suces-
extinta RFFSA, os valores previstos no respectivo plano de sores. (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010)
cargos e salários passarão a ser reajustados pelos mesmos Art. 28-B. Os Cartórios de Registro de Imóveis deverão
índices e com a mesma periodicidade que os benefícios do promover a averbação, em nome da União ou do DNIT, dos
Regime Geral da Previdência Social – RGPS, continuando a bens imóveis em cujos registros figure a RFFSA ou suas an-
servir de referência para a paridade de remuneração pre- tecessoras na qualidade de titular de direito real, em con-
vista na legislação citada nosincisos I e II do caput do art. formidade com o disposto no inciso II do art. 2o e incisos I e
118 da Lei no 10.233, de 5 de junho de 2001. IV do art. 8o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010)
Art. 28. Fica a União autorizada a renegociar, notificar e § 1o Para a averbação de que trata o caput, será sufi-
inscrever em dívida ativa da União dívidas e saldos devedo- ciente requerimento da Secretaria do Patrimônio da União,
res decorrentes de contratos de transferência de domínio e quando tratar de imóvel não operacional transferido para a
de débitos dos demais contratos firmados pela extinta RFF- União, e do DNIT, na hipótese de bem operacional ou de-
SA que tenham por objeto bens imóveis operacionais e não clarado como reserva técnica. (Incluído pela Lei nº 12.348,
operacionais. (Redação dada pela Lei nº 13.465, de 2017) de 2010)
§ 1o Os critérios e condições de renegociação de que § 2o No caso de imóvel formado por parcelas operacio-
trata o caput serão fixados em ato do Ministro de Estado nal e não operacional, o requerimento previsto no § 1o de-
do Planejamento, Orçamento e Gestão, observados os se- verá ser acompanhado de planta e memorial descritivo
guintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010) assinados pela Secretaria do Patrimônio da União e pelo
I - parcelamento em até 120 (cento e vinte) parcelas DNIT, esclarecendo os limites de cada uma das parcelas.
mensais; (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010) (Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010)

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FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Art. 28-C. Os compromissos de compra e venda firma- IV - Livro de Registro dos Lugares, onde serão inscritos
dos pela extinta RFFSA tendo por objeto imóveis não ope- mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde
racionais valerão como título para o registro da proprieda- se concentram e reproduzem práticas culturais coletivas.
de do bem adquirido, quando acompanhados de termo de § 2o A inscrição num dos livros de registro terá sempre
quitação expedido pela Secretaria do Patrimônio da União. como referência a continuidade histórica do bem e sua re-
(Incluído pela Lei nº 12.348, de 2010) levância nacional para a memória, a identidade e a forma-
Art. 29. (VETADO) ção da sociedade brasileira.
Art. 30. (VETADO) § 3o Outros livros de registro poderão ser abertos para a
Art. 31. (VETADO) inscrição de bens culturais de natureza imaterial que cons-
Art. 32. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- tituam patrimônio cultural brasileiro e não se enquadrem
cação. nos livros definidos no parágrafo primeiro deste artigo.
Art. 33. Ficam revogados o § 6o do art. 2o da Lei no 9.491, de Art. 2o São partes legítimas para provocar a instauração
9 de setembro de 1997, os arts. 114-A e 115 da Lei no 10.233, do processo de registro:
de 5 de junho de 2001, o § 6o do art. 2o da Lei no 9.491, de 9 de I - o Ministro de Estado da Cultura;
setembro de 1997, constante do art. 1o da Medida Provisória II - instituições vinculadas ao Ministério da Cultura;
no 2.161-35, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 114-A e 115 III - Secretarias de Estado, de Município e do Distrito
da Lei no 10.233, de 5 de junho de 2001, constantes do art. Federal;
1o da Medida Provisória no 2.217-3, de 4 de setembro de 2001, IV - sociedades ou associações civis.
bem como os arts. 12 e 13 da Medida Provisória no 335, de 23 Art. 3o As propostas para registro, acompanhadas de
de dezembro de 2006, e os dispositivos correspondentes da sua documentação técnica, serão dirigidas ao Presidente
Lei resultante de sua eventual aprovação. do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Brasília, 31 de maio de 2007; 186o da Independência e - IPHAN, que as submeterá ao Conselho Consultivo do Pa-
119  da República.
o trimônio Cultural.
§ 1o A instrução dos processos de registro será super-
Este texto não substitui o publicado no DOU de visionada pelo IPHAN.
§ 2o A instrução constará de descrição pormenorizada
31.5.2007 edição extra.
do bem a ser registrado, acompanhada da documentação
correspondente, e deverá mencionar todos os elementos
que lhe sejam culturalmente relevantes.
3.5 DECRETO Nº 3.551/2000. § 3o A instrução dos processos poderá ser feita por
outros órgãos do Ministério da Cultura, pelas unidades do
IPHAN ou por entidade, pública ou privada, que detenha
conhecimentos específicos sobre a matéria, nos termos do
DECRETO Nº 3.551, DE 4 DE AGOSTO DE 2000. regulamento a ser expedido pelo Conselho Consultivo do
Patrimônio Cultural.
Institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Ima- § 4o Ultimada a instrução, o IPHAN emitirá parecer acer-
terial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o ca da proposta de registro e enviará o processo ao Conse-
Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras lho Consultivo do Patrimônio Cultural, para deliberação.
providências § 5o O parecer de que trata o parágrafo anterior será
publicado no Diário Oficial da União, para eventuais mani-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição festações sobre o registro, que deverão ser apresentadas
que lhe confere o art. 84, inciso IV, e tendo em vista o dis- ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural no prazo de
posto no art. 14 da Lei no 9.649, de 27 de maio de 1998, até trinta dias, contados da data de publicação do parecer.
Art. 4o O processo de registro, já instruído com as even-
DECRETA: tuais manifestações apresentadas, será levado à decisão do
Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
Art. 1o Fica instituído o Registro de Bens Culturais de Art. 5o Em caso de decisão favorável do Conselho Con-
Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural bra- sultivo do Patrimônio Cultural, o bem será inscrito no livro
sileiro. correspondente e receberá o título de “Patrimônio Cultural
§ 1o Esse registro se fará em um dos seguintes livros: do Brasil”.
I - Livro de Registro dos Saberes, onde serão inscritos Parágrafo único. Caberá ao Conselho Consultivo do Pa-
conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano trimônio Cultural determinar a abertura, quando for o caso,
das comunidades; de novo Livro de Registro, em atendimento ao disposto nos
II - Livro de Registro das Celebrações, onde serão ins- termos do § 3o do art. 1o deste Decreto.
critos rituais e festas que marcam a vivência coletiva do Art. 6o Ao Ministério da Cultura cabe assegurar ao bem
trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras registrado:
práticas da vida social; I - documentação por todos os meios técnicos admi-
III - Livro de Registro das Formas de Expressão, onde tidos, cabendo ao IPHAN manter banco de dados com o
serão inscritas manifestações literárias, musicais, plásticas, material produzido durante a instrução do processo.
cênicas e lúdicas; II - ampla divulgação e promoção.

43
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Art. 7o O IPHAN fará a reavaliação dos bens culturais I - dez FCPE 101.4;
registrados, pelo menos a cada dez anos, e a encaminhará II - quinze FCPE 101.3;
ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural para decidir III - onze FCPE 101.2;
sobre a revalidação do título de “Patrimônio Cultural do IV - seis FCPE 101.1;
Brasil”. V - uma FCPE 102.4; e
Parágrafo único. Negada a revalidação, será mantido VI - uma FCPE 102.2. 
apenas o registro, como referência cultural de seu tempo. Parágrafo único. Ficam extintos quarenta e quatro car-
Art. 8o Fica instituído, no âmbito do Ministério da Cul- gos em comissão do Grupo-DAS, conforme demonstrado
tura, o “Programa Nacional do Patrimônio Imaterial”, visan- no Anexo IV. 
do à implementação de política específica de inventário, Art. 4º Os ocupantes dos cargos em comissão e das
referenciamento e valorização desse patrimônio. funções de confiança que deixam de existir na Estrutura
Parágrafo único. O Ministério da Cultura estabelecerá, Regimental do IPHAN por força deste Decreto ficam auto-
no prazo de noventa dias, as bases para o desenvolvimento
maticamente exonerados ou dispensados. 
do Programa de que trata este artigo.
Art. 5º Os apostilamentos decorrentes das alterações
Art. 9o Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
promovidas na Estrutura Regimental do IPHAN deverão
blicação.
ocorrer na data de entrada em vigor deste Decreto.
Brasília, 4 de agosto de 2000; 179o da Independência e
112o da República. Parágrafo único. O Presidente do IPHAN publicará, no
Este texto não substitui o publicado no D.O. de 7.8.2000 Diário Oficial da União, no prazo de trinta dias, contado da
data de entrada em vigor deste Decreto, relação nominal
dos titulares dos cargos em comissão e das funções de
confiança a que se refere o Anexo II, que indicará, inclusive,
o número de cargos e funções vagos, suas denominações
3.6 DECRETO Nº 9.238/2017.
e seus níveis. 
Art. 6º O Ministro de Estado da Cultura editará regi-
mento interno para detalhar as unidades administrativas
DECRETO Nº 9.238, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2017 integrantes da Estrutura Regimental do IPHAN, suas com-
petências e as atribuições de seus dirigentes, no prazo de
Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstra- noventa dias, contado da data de entrada em vigor deste
tivo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança Decreto.
do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Parágrafo único. O regimento interno conterá o Qua-
IPHAN, remaneja cargos em comissão e substitui cargos dro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Fun-
em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Supe- ções de Confiança do IPHAN. 
riores - DAS por Funções Comissionadas do Poder Execu- Art. 7º O Ministro de Estado da Cultura poderá, me-
tivo - FCPE diante alteração do regimento interno, permutar cargos
em comissão do Grupo-DAS com FCPE, desde que não se-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição jam alteradas as unidades da estrutura organizacional bá-
que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea “a”, da sica especificadas na Tabela “a” do Anexo II e sejam manti-
Constituição, dos as categorias, os níveis e os quantitativos previstos na
Tabela “b” do Anexo II, conforme o disposto no art. 9º do
DECRETA: Decreto nº 6.944, de 21 de agosto de 2009. 
Art. 8º Este Decreto entra em vigor em 10 de janeiro
Art. 1º Ficam aprovados a Estrutura Regimental e o
de 2018.
Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das
Art. 9º Ficam revogados:
Funções de Confiança do Instituto do Patrimônio Histórico
I - o Decreto nº 6.844, de 7 de maio de 2009;
e Artístico Nacional - IPHAN, na forma dos Anexos I e II. 
Art. 2º Ficam remanejados, na forma do Anexo III, da II - o Decreto nº 8.005, de 15 de maio de 2013;
Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, De- III - o Decreto nº 8.436, de 22 de abril de 2015; e
senvolvimento e Gestão para o IPHAN, os seguintes cargos IV - o Decreto nº 9.216, de 1º de dezembro de 2017. 
em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Supe- Brasília, 15 de dezembro de 2017; 196o da Indepen-
riores - DAS: dência e 129o da República. 
I - um DAS 101.5; Este texto não substitui o publicado no DOU de
II - dois DAS 101.4; e 18.12.2017
III - um DAS 101.2. 
Art. 3º Ficam remanejadas, da Secretaria de Gestão
do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Ges-
tão para o IPHAN, na forma do Anexo IV, em cumprimento
à  Lei nº 13.346, de 10 de outubro de 2016, as seguintes
Funções Comissionadas do Poder Executivo - FCPE:

44
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

tável valor estético e artístico e que foram preservados ou


até mesmo tombados pelo poder público. O patrimônio
4 LEGISLAÇÃO APLICADA AO PATRIMÔNIO
cultural brasileiro engloba também os bens imateriais ou
CULTURAL.
intangíveis, que, muitas vezes, são muito mais reveladores
de nossa rica diversidade cultural, expressos nos modos de
criar, fazer e viver de nosso povo.
Prezado Candidato, devido a complexibilidade e Até bem pouco tempo, a tutela preservacionista ge-
formato do conteúdo em questão , disponibilizaremos ralmente recaía sobre os bens culturais ligados aos setores
um breve resumo para que assim não haja prejuízo em dominantes da sociedade, na tentativa de se forjar uma
seus estudos, disponibilizaremos o PDF em nosso site identidade nacional homogênea e unívoca para o país.
www.novaconcursos.com.br/retificacoes, para consulta. Neste sentido, preservaram-se as igrejas barrocas, as casas-
-grandes, os fortes militares, as casas de câmara e cadeia,
A Constituição de 1988 representou, pelo menos em em detrimento de outros bens reveladores de outros seg-
nível formal, um avanço considerável ao elevar à catego- mentos étnico-culturais, a exemplo de senzalas, quilom-
ria de direitos fundamentais da pessoa humana os direitos bos, vilas operárias, cortiços etc. Erguiam-se monumentos
culturais, expresso nos arts. 215 e 216 e ao consagrar dois históricos em alusão às efemérides nacionais, numa visão
princípios basilares que devem nortear a política de preser- celebrativa da história, esquecendo-se de cultuar também
vação de nosso patrimônio histórico-cultural. O primeiro os líderes dos negros e índios.
deles é o princípio da cidadania cultural: A partir da década de 1980, devido à emergência dos
O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direi- movimentos sociais populares na cena política nacional e,
tos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoia- em parte, à renovação da historiografia brasileira, que pas-
rá e incentivará a valorização e difusão das manifestações sou a resgatar em suas pesquisas a participação dos “ex-
culturais. cluídos da história oficial”, é que a ação preservacionista
Por sua vez, o § 1º do art. 215 consagra o princípio do poder público passou a dar atenção a bens e valores
da diversidade cultural, ao estabelecer que o Estado tem de outros segmentos sociais e minorias étnico-culturais.
a obrigação constitucional de proteger as manifestações Tenta-se, pois, com essa nova conceituação abrangente de
culturais populares, indígenas e afro-brasileiras, bem como patrimônio cultural, romper com a visão elitista de consi-
de outros grupos participantes do processo civilizatório derar objeto de preservação apenas as manifesta- ções e
nacional. Mais adiante, determina também que lei espe- bens da classe historicamente dominante, ao incorporar os
cífica disporá sobre a fixação de datas comemorativas de diferentes grupos étnicos que contribuíram na formação
alta significação para os diferentes segmentos étnicos na-
da sociedade brasileira (índios, brancos, negros e outros
cionais (art. 215, § 2º). Reconhece-se, assim, a pluralidade
imigrantes de origem europeia e asiática).
étnico-cultural de nossa formação histórica.
A presente compilação representa, pois, o esforço de
Consideramos, no entanto, que a inovação mais impor-
reunir as normas legais que se referem à preservação do
tante trazida pelo texto constitucional foi a de ampliar o
patrimônio cultural, desde o primeiro ato normativo que
conceito de patrimônio cultural, consubstanciado no art.
criou a figura jurídica do tombamento (Decreto-Lei nº 25,
216 e respectivos incisos:
de 1937), passando pela instituição do registro como ins-
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou trumento tutelar do patrimônio imaterial (Decreto nº 3.351,
em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação de 2000), até as convenções mundiais estabelecidas pela
e à memória dos diferentes grupos formadores da socieda- Unesco, das quais o Brasil é signatário, que foram incorpo-
de nos quais se incluem: radas ao ordenamento jurídico brasileiro, através de decre-
I – as formas de expressão; tos legislativos.
II– os modos de criar, fazer e viver; A partir da ampliação do conceito de patrimônio cultu-
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas; ral, consagrado em nossa Carta Magna, e por compreender
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e de- que as obras, os documentos, os livros e demais criações
mais espa- ços destinados às manifestações artístico-cul- artísticas e científicas são também parte integrante desse
turais; patrimônio, é que a compilação contempla também leis e
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, pai- decretos relacionados a esses bens e seus respectivos su-
sagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico portes da memória (arquivos, bibliotecas e museus), bem
e científico. como normas correlatas presentes em outras leis e códigos
O legislador constituinte, reconhecendo a importância No mundo contemporâneo, preservar o patrimônio
e a significação da preservação da memória para cons- cultural é uma questão de cidadania. Todos os brasileiros
trução da cidadania e esteio de nossa identidade cultural, têm o direito à memória, mas têm também o dever de zelar
reservou artigo especial, em que se ampliou a noção de pela salvaguarda de nossos bens históricos para as atuais
patrimônio histórico. Assim, hoje, o conceito de patrimô- e futuras gerações. O conhecimento da legislação, propor-
nio cultural não está mais restrito ao dito “patrimônio edi- cionado pela presente compilação, é condição indispensá-
ficado” – a chamada “pedra e cal” – constituído de bens vel a essa tarefa, para que o Brasil possa se reconhecer no
imóveis, representados por edifícios e monumentos de no- futuro como uma nação que preserva seu passado.

45
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Multa de cinqüenta por cento sobre o valor do dano e


4.1 PORTARIA IPHAN Nº 187/2010; reparação do dano;
II– Reparar, pintar ou restaurar coisa tombada sem pré-
via autorização do
Iphan (art. 17 do Decreto-Lei nº 25/37):
PORTARIA Nº 187, DE 11 DE JUNHO DE 2010.
Multa de cinqüenta por cento sobre o valor do dano e
reparação do dano;
Dispõe sobre os procedimentos para apuração de in- III– Realizar na vizinhança de coisa tombada construção
frações administrativas por condutas e atividades lesivas ao que lhe impeça ou reduza a visibilidade, sem prévia autoriza-
patrimônio cultural edificado, a imposição de sanções, os ção do Iphan (art. 18 do Decreto-Lei nº 25/37):
meios defesa, o sistema recursal e a forma de cobrança dos Multa de cinqüenta por cento sobre o valor da obra irre-
débitos decorrentes das infrações. gularmente construída e demolição da obra;
IV– Colocar sobre a coisa tombada ou na vizinhança dela
equipamento publicitário, como anúncios e cartazes, sem
O PRESIDENTE DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HIS- prévia autorização do Iphan (art. 18 do Decreto-Lei nº 25/37):
TÓRICO E Multa de cinqüenta por cento sobre o valor do equipa-
ARTÍSTICO NACIONAL - IPHAN, no uso das atribuições mento publicitário irregularmente colocado e retirada do
que lhe são legalmente conferidas, tendo em vista o dis- equipamento;
posto no art. 21, V, do Anexo I do Decreto nº 6.844, de 7 de V– Deixar o proprietário de coisa tombada de informar
maio de 2009, no Decreto-Lei nº 25/37, na Lei nº 9.784, de ao Iphan a necessidade da realização de obras de conser-
20 de janeiro de 1999, o que consta do processo adminis- vação e reparação que o referido bem requeira, na hipótese
trativo nº 01450.014296/2009-57; e dele, proprietário, não possuir recursos financeiros para reali-
zá-las (art. 19 do Decreto-Lei nº 25/37):
Considerando que compete ao Iphan no âmbito de Multa correspondente ao dobro do dano decorrente da
suas atribuições de fiscalizar o patrimônio cultural prote- omissão do proprietário.
gido pela União, a apuração de infrações e aplicação de VI - Deixar o adquirente de bem tombado de fazer, no
sanções; prazo de 30 (trinta)
Considerando a necessidade de fazer cumprir as dis- dias, o devido registro no Cartório de Registro de Imó-
posições do Decreto-Lei nº 25/37, no tocante à aplicação veis, ainda que se trate de transmissão judicial ou causa mor-
de multas por infrações contra o patrimônio histórico e ar- tis (art. 13, §1º do Decreto-Lei nº 25/37):
tístico nacional; Multa de dez por cento sobre o valor do bem;
Considerando a necessidade de estabelecer procedi- VII- Deixar o adquirente de bem edificado tombado, no
mento específico para apuração das infrações e aplicação prazo de 30 (trinta) dias, de comunicar ao Iphan a transferên-
das penalidades aos infratores do patrimônio cultural edi- cia do bem: (art. 13, § 3º do Decreto-Lei nº 25/37)
ficado; Multa de dez por cento sobre o valor do bem;
Considerando a necessidade de, em conformidade VIII– Alienar bem edificado tombado sem observar o di-
com a Lei nº 9.784/99, estabelecer o rito para a tramitação reito de preferência da União, Estados e Municípios (art. 22,
e apreciação dos recursos contra a imposição das multas § 2º do Decreto-Lei nº 25/37):Multa de vinte por cento sobre
previstas no Decreto-Lei nº 25/37, no tocante ao patrimô- o valor do bem;
nio cultural edificado, resolve: Parágrafo único: A comunicação de que trata o inciso V
deverá ser feita por escrito, antes de ocorrido o(s) dano(s).
Art. 1º Regular os procedimentos para imposição de Art. 3º Sem prejuízo da penalidade de multa, haverá o
penalidades decorrentes de infrações contra o patrimônio embargo da obra, assim considerada qualquer intervenção
cultural edificado, tipificadas no Decreto-Lei nº 25, de 30 em andamento sem autorização do Iphan, inclusive a colo-
de novembro de 1937, os meios de defesa dos autuados, o cação de equipamento publicitário, em bem edificado tom-
sistema recursal, bem como a forma de cobrança dos cré- bado.
ditos decorrentes das infrações. Parágrafo único. No caso de resistência à execução da
penalidade prevista no caput, o embargo poderá ser efetua-
CAPÍTULO I do com a requisição de força policial.
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS AO PATRIMÔ-
NIO CULTURAL EDIFICADO CAPÍTULO II
DA AÇÃO FISCALIZADORA
Art 2º. São infrações administrativas às regras jurídicas Seção I
de uso, gozo e proteção do patrimônio cultural edificado, Dos procedimentos iniciais
nos termos do que dispõem os artigos 13, 17, 18, 19, 20 e
Art. 4º Os agentes de fiscalização serão designados pelo
22 do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937:
Presidente do Iphan, entre os servidores do quadro de pes-
I– Destruir, demolir ou mutilar coisa tombada (art. 17
soal da Autarquia, ocupantes de cargos técnicos de nível su-
do Decreto-Lei nº25/37):
perior, conforme indicação dos Superintendentes Estaduais.

46
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Parágrafo único. Em caráter excepcional poderão ser Parágrafo único. A qualificação do autuado conterá,
designados como agentes de fiscalização servidores do além do nome, o endereço pessoal completo, caso o au-
quadro de pessoal do Iphan ocupantes de cargos de nível tuado não resida no próprio bem e, quando possível, o CPF
médio, desde que possuam mais de cinco anos de efetivo ou CNPJ.
exercício no Iphan, na data de publicação desta Portaria. Art. 10. Para cada AI deverá ser preenchido um Laudo
Art. 5º A ação fiscalizadora será empreendida confor- de Constatação, conforme modelo definido pelo Departa-
me o Plano de Fiscalização elaborado pela Coordenação mento de Patrimônio Material e de Fiscalização – Depam.
Técnica de cada Superintendência Estadual. § 1º O Laudo de Constatação deverá ser preenchido
Parágrafo único. A observância do Plano de Fiscaliza- no momento da lavratura do AI e fará parte do processo
ção não será necessária quando houver notícia de ameaça administrativo correlato.
ou de ocorrência de dano a bem cultural edificado espe- § 2º Em caso de bem edificado tombado individual-
cialmente protegido que demande atuação imediata dos mente, o Laudo de Constatação será substituído pelo Diag-
agentes de fiscalização. nóstico do Estado de Conservação, a ser elaborado confor-
Art. 6º São instrumentos de fiscalização: me o modelo definido pelo Depam.
I – Notificação para Apresentação de Documentos - § 3º O Laudo de Constatação ou o Diagnóstico do Esta-
NAD; do de Conservação, conforme o caso, deverá ser instruído
II – Auto de Infração – AI; com fotos do bem protegido e das irregularidades identi-
III – Termo de Embargo – TE. ficadas.
Art. 11. No caso de recusa do autuado ou seus pre-
Seção II postos em dar ciência da NAD ou do AI, o fato deverá ser
Da Notificação para Apresentação de Documentos certificado no verso do documento.
Art. 12. No caso de ausência do autuado ou seu pre-
Art. 7º A NAD será expedida quando: posto, a NAD ou o AI deverão ser enviados pelos Correios,
I- for constatada, em bem tombado edificado e/ou em para o domicílio do autuado, com Aviso de Recebimento
seu entorno, em conjunto ou individualmente, a realização (AR).
de intervenção cujo projeto não tenha sido aprovado pelo Art. 13. No caso de devolução da NAD ou do AI pelos
Iphan e não seja possível, de plano, constatar a ocorrência Correios, com a informação de que não foi possível efetuar
do dano, ou: a sua entrega, a unidade administrativa do Iphan a qual o
II– houver incerteza sobre autoria ou algum elemento agente de fiscalização estiver vinculado promoverá, nesta
que componha a materialidade de infração ao patrimônio ordem:
cultural edificado e seja necessária a apresentação de infor- I– intimação no endereço de qualquer dos sócios, caso
mações complementares por parte do notificado. se trate de pessoa
§ 1º A NAD deverá indicar de forma clara e precisa jurídica;
quais as informações e/ou documentos devem ser apre- II- pesquisa de endereço e encaminhamento, pelos
sentados pelo notificado. Correios, de nova intimação para o endereço atualizado;
§ 2º O prazo para o notificado apresentar as informa- III– entrega pessoal;
ções e/ou documentos requeridos na NAD será de 5 (cinco) IV– intimação por edital, se estiver o autuado em lugar
dias, podendo ser prorrogado por igual período. incerto e não sabido.
§ 3º O não cumprimento da notificação no prazo es- Parágrafo único. Quando o comunicado dos Correios
tabelecido pressupõe a ocorrência do dano e acarretará o indicar recusa de recebimento, o autuado será dado por
embargo da obra, seguido da lavratura do AI. intimado.
Art. 14. Na impossibilidade de se identificar o infrator
Seção III no ato da fiscalização, tal fato deverá ser informado no re-
Do Auto de Infração latório de fiscalização, bem como registradas todas as in-
formações disponíveis para facilitar a identificação futura
Art. 8º Constatada a ocorrência de infração às normas do infrator.
de proteção ao patrimônio cultural edificado, será lavrado Parágrafo único. Na hipótese do caput, o proprietário
o respectivo AI, do qual deverá ser dada ciência ao autua- do bem será notificado acerca da ocorrência da infração.
do, assegurando-se o contraditório e a ampla defesa.
Art. 9º O AI deverá ser lavrado em formulário espe- Seção IV
cífico, por agente designado para a função de fiscalizar e Do Termo de Embargo
deverá conter:
I – identificação do autuado; II- local e data da lavra- Art. 15. Constatada a existência de obra irregular em
tura; andamento, será determinado o embargo dela, com a la-
III- descrição clara e objetiva da infração; vratura do respectivo Termo de Embargo.
IV – identificação precisa do bem, contendo o endere- Art. 16. O Termo de Embargo deverá conter:
ço completo; V - indicação do(s) dispositivo(s) normativo(s) I- a identificação do bem protegido;
infringido(s); II- a indicação das obras a serem paralisadas;
VI- identificação e assinatura do agente autuante. III– a identificação e assinatura do agente autuante;

47
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

IV– a identificação do responsável pelo bem, quando Parágrafo único. O autuado, ou seu representante le-
possível; V – a indicação do dispositivo legal infringido; gal, acompanharão o procedimento administrativo e pode-
VI – o local, data e hora da lavratura. rão ter vista dos autos na repartição, bem como deles ex-
Parágrafo único. Uma via do Termo de Embargo de- trair, mediante o pagamento da despesa correspondente,
verá ser afixada de modo visível no bem, dando ciência a as cópias que desejarem.
qualquer cidadão sobre as conseqüências penais quanto a Art. 21. Apresentada a defesa, será verificada sua tem-
eventual descumprimento da ordem. pestividade com aposição de certidão nos autos.
Parágrafo único. Para fins de verificação da tempestivi-
CAPÍTULO III dade, considera-se protocolada a defesa na data de posta-
DO PROCESSO gem, quando enviada pelos Correios.
Art. 22. Não havendo apresentação de defesa no prazo
Art. 17. O processo administrativo inicia-se de ofício, legal, este fato será certificado pela Autoridade Julgadora
por meio da emissão da NAD ou lavratura do AI, ou ainda no respectivo processo administrativo.
a partir da prática de qualquer outro ato que vise aplicar
medidas decorrentes do poder de polícia. Seção II
§ 1º Se da NAD decorrer a lavratura de AI fica dispensa- Da Autoridade Julgadora
do o procedimento previsto no caput, devendo, neste caso,
o AI ter seguimento no mesmo processo. Art. 23. Compete à Autoridade Julgadora decidir em
§ 2º. O processo administrativo deverá ser instaurado primeira instância sobre os Autos de Infração lavrados pe-
pelo agente de fiscalização no prazo de 5 (cinco) dias con- los agentes de fiscalização, confirmando-os ou não, caben-
tados da emissão da NAD ou da lavratura do AI. do-lhe ainda, caso julgue procedente a autuação, indicar o
§ 3º. O processo administrativo deverá necessariamen- valor da multa, nos termos da legislação aplicável.
te ser instruído com cópia do Relatório de Fiscalização e Art. 24. As Autoridades Julgadoras e respectivos subs-
com o Laudo de Constatação ou o Diagnóstico do Estado titutos serão designadas por Portaria expedida pelos Supe-
rintendentes Estaduais, entre os servidores ocupantes de
de Conservação, conforme o caso.
cargos de nível superior do quadro de pessoal do Iphan.
§ 4º O processo deverá ter suas folhas numeradas se-
§ 1º Os Superintendentes Estaduais poderão designar
quencialmente e rubricadas, observando-se a ordem cro-
para o exercício das atribuições previstas no caput mais de
nológica dos atos.
um servidor, fora os substitutos, inclusive os Chefes dos Es-
Art. 18. Depois de certificado o recebimento do AI pelo
critórios Técnicos.
autuado, ou por seu representante, o processo administra-
§ 2º Na hipótese de serem designados dois ou mais
tivo correlato, devidamente instruído nos termos do art. 17,
servidores para atuarem simultaneamente como autorida-
será encaminhado à Autoridade Julgadora.
des julgadoras na mesma Superintendência Estadual, os
processos ser-lhes-ão distribuídos por sorteio ou segundo
CAPÍTULO IV critérios objetivos, a serem definidos pelo Depam.
DA DEFESA, INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
Seção I Seção III
Da defesa Da instrução

Art. 25. Recebido o processo administrativo pela Auto-


Art. 19. O autuado poderá, no prazo de 15 (quinze) ridade Julgadora e transcorrido o prazo para defesa, com-
dias, oferecer defesa contra o AI. petirá a ela verificar-lhe a regularidade formal.
§ 1º A defesa deverá ser protocolada na unidade ad- Art. 26. As incorreções ou omissões do AI não acarreta-
ministrativa – Superintendência ou Escritório Técnico – res- rão sua nulidade, quando deste constarem elementos su-
ponsável pela autuação. ficientes para determinar a infração e possibilitar a defesa
§ 2º Com a defesa, o autuado deverá juntar os docu- do autuado.
mentos que julgar convenientes. § 1º Observado erro ou omissão que implique a nuli-
§ 3º O prazo para defesa poderá ser excepcionalmente dade do AI, tal circunstância será declarada por ocasião do
prorrogado por igual julgamento e dessa decisão será dada ciência ao agente
período, pelo Superintendente Estadual, desde que autuante.
tempestivamente requerido e devidamente justifica- § 2º Anulado o Auto de Infração com lavratura de outro
do pelo autuado. para apuração do mesmo ilícito, o processo findo deverá
§ 4º A decisão do Superintendente que deferir a pror- ser apensado ao novo procedimento instaurado.
rogação de prazo deverá ser motivada e registrada nos au- Art. 27. O erro no enquadramento legal é irregulari-
tos do processo administrativo. dade formal que não acarreta a nulidade do AI e pode ser
Art. 20. A defesa do autuado poderá ser feita por ele corrigido de ofício pela Autoridade Julgadora.
diretamente, ou por intermédio de representante legal, Parágrafo único. Havendo correção no enquadramento
sendo obrigatória, nesta hipótese, a apresentação do cor- legal, será dada ciência ao autuado, sendo-lhe devolvido o
respondente instrumento de mandato. prazo para defesa.

48
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Art. 28. Na análise do processo administrativo poderão § 3º O prazo para o pagamento da multa será contado
ser solicitadas pela Autoridade Julgadora outras informa- a partir da data de recebimento da intimação, constante
ções julgadas necessárias para o melhor esclarecimento no aviso de recebimento, ou da ciência do autuado, caso a
dos fatos. intimação não se tenha realizado por via postal.
Parágrafo único. Vindo aos autos novas informações e/ § 4º Caberá à Autoridade Julgadora realizar a intimação
ou documentos solicitados pela Autoridade Julgadora, o do autuado.
autuado será intimado para sobre eles manifestar- se, no Art. 34. Acolhida a defesa, o Auto de infração será con-
prazo de 10 (dez) dias. siderado improcedente e dessa decisão será dada ciência
Art. 29. Poderá a Autoridade Julgadora solicitar a ma- ao autuado, bem como ao agente de fiscalização responsá-
nifestação da Procuradoria Federal, desde que sejam expli- vel pela lavratura do documento em questão.
citadas, de forma clara e objetiva, as questões jurídicas a
serem esclarecidas. CAPÍTULO V DOS RECURSOS
Parágrafo único. O prazo para manifestação da Procu- Seção I
radoria Federal é de 15 (quinze) dias contados do recebi- Do recurso para o Superintendente Estadual
mento do processo administrativo.
Art. 30. Não havendo outros atos instrutórios a serem Art. 35. O autuado poderá, no prazo de 10 (dez) dias,
praticados, a Autoridade Julgadora requererá à Coordena- contados da data da ciência do julgamento do AI, apresen-
ção Técnica o preenchimento da Ficha de Avaliação. tar recurso.
§1º A Ficha de Avaliação será preenchida de acordo § 1º O recurso será dirigido à Autoridade Julgadora, a
com modelo aprovado pelo Depam e deverá conter a des- qual, se não reconsiderar a decisão no prazo de 5 (cinco)
crição do dano, construção irregular ou equipamento pu- dias, o encaminhará ao Superintendente Estadual.
blicitário, bem como o valor estimado destes. § 2º O recurso poderá ser interposto utilizando-se for-
§ 2º No caso das infrações tipificadas nos incisos VI, mulário próprio, sendo que nas alegações o recorrente de-
VII e VIII do art. 2º, a Ficha de Avaliação conterá apenas a verá expor os fundamentos do pedido de reexame, poden-
descrição do bem e o respectivo valor. do juntar os documentos que julgar convenientes.
§ 3º A Ficha de Avaliação deverá ser juntada ao proces- Art. 36. O Superintendente Estadual poderá confirmar,
so administrativo. modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente a de-
cisão recorrida, devendo a sua decisão conter a indicação
Seção IV dos fatos e fundamentos que a motivam.
Do julgamento § 1º Verificando a necessidade de informações ou pare-
ceres complementares, o Superintendente Estadual poderá
Art. 31. Verificada a regularidade formal do processo e solicitá-los ao setor competente, indicando os pontos a se-
estando ele devidamente instruído, competirá à Autorida- rem esclarecidos.
de Julgadora proferir decisão no prazo de 30 (trinta) dias. § 2º Se da aplicação do disposto no caput deste arti-
Art. 32 A decisão da Autoridade Julgadora conterá: I - o go puder decorrer gravame à situação do recorrente, este
relatório resumido da autuação e da defesa; deverá ser cientificado para que formule suas alegações no
II - a indicação dos fundamentos da penalidade impos- prazo de 10 (dez) dias, contado do recebimento da intima-
ta, ou da nulidade do AI, ou da improcedência da autuação; ção.
III- a indicação do valor da multa. Art. 37. O recurso terá efeito suspensivo quanto à mul-
Parágrafo único. O valor da multa será calculado ten- ta.
do-se por parâmetro o valor do bem, ou do dano, ou da Art. 38. O recurso não será conhecido quando inter-
obra ou do equipamento publicitário, conforme estimativa posto fora do prazo.
constante na Ficha de Avaliação referida no art. 30. Art. 39. É de 30 (trinta) dias o prazo para o Superinten-
Art. 33. Confirmado o AI e fixado o valor da multa, o dente Estadual proferir sua decisão, admitida a prorroga-
autuado será intimado para pagá-la no prazo de 10 (dez) ção por igual período, desde que devidamente justificada.
dias ou, querendo, apresentar recurso. Art. 40. Mantida a aplicação da penalidade de multa,
§ 1º A intimação conterá a advertência de que o não o recorrente será intimado para, no prazo de 10 (dez) dias,
pagamento da multa no prazo assinalado, sem a inter- efetuar o pagamento, ou querendo, apresentar recurso.
posição de recurso, acarretará a inclusão do autuado no Parágrafo único. A intimação será realizada observan-
Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor do-se o disposto nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 33.
público federal – Cadin, bem como a inscrição do crédito Art. 41. Na primeira instância, os processos aguardarão
correspondente na Dívida Ativa e respectiva execução, nos o prazo para interposição de recursos junto à Autoridade
termos da Lei nº 6.830, de 28 de novembro de 1980. Julgadora.
§ 2º A intimação será realizada por via postal com aviso Art. 42. Em qualquer fase da instância recursal, poderá
de recebimento ou outro meio válido que assegure a cer- ser instada a Procuradoria Federal junto ao Iphan a emi-
teza de sua ciência, devendo o aviso de recebimento ser tir parecer, desde que seja indicada de modo específico a
juntado aos autos. questão jurídica a ser esclarecida.

49
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Seção II Parágrafo único. A minuta do termo deverá vir instruída


Do recurso para o Presidente com Nota Técnica da Procuradoria Federal junto à Superinten-
dência e com Parecer da Coordenação Técnica.
Art. 43. Da decisão proferida pelo Superintendente Es- Art. 51. O julgamento do AI será sobrestado até decisão
tadual caberá recurso ao Presidente, no prazo de 10 (dez) final sobre o pedido de formalização de termo de compro-
dias. misso.
Parágrafo único. O recurso será dirigido ao Superin- Art. 52. A Superintendência Estadual acompanhará o cum-
tendente Estadual, observado, em relação a seu trâmite e primento das obrigações firmadas no termo de compromisso.
instrução, o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 35 e nos arts. 36, § 1º Cumprida integralmente a obrigação assumida pelo
37 e 38, naquilo que lhe for aplicável. interessado, será elaborado relatório visando subsidiar a de-
Art. 44. Recebido o recurso, o Presidente o encaminha- cisão da autoridade competente, que determinará o arquiva-
rá ao Depam para mento do processo administrativo correspondente.
§ 2º Descumprida total ou parcialmente a obrigação assu-
manifestação.
mida, tal fato deverá ser imediatamente comunicado à Procu-
Art. 45. A manifestação do Depam será apresentada
radoria Federal junto ao Iphan para que promova a execução
por meio de parecer
judicial do termo de compromisso.
técnico elaborado pela Câmara de Análise de Recursos,
Art. 53. Os termos de compromisso firmados e todos os
que funcionará naquele Departamento. documentos a ele relacionados, bem como os que vierem a
§ 1º A Câmara de Análise de Recursos será composta ser produzidos nas fases de acompanhamento da execução
pelo Diretor do Depam, que a presidirá, e por quatro servi- do objeto do termo deverão ser juntados ao processo admi-
dores designados por ele, totalizando cinco membros. nistrativo.
§ 2º É de 25 (vinte e cinco) dias o prazo para que a Câ-
mara apresente o parecer técnico. CAPÍTULO VII
Art. 46. Da decisão proferida pelo Presidente não cabe DA COBRANÇA DO DÉBITO
recurso.
Parágrafo único. Mantida a aplicação da penalidade Art. 54. O não recolhimento da multa no prazo estipulado
de multa, o recorrente será intimado para, no prazo de 10 no AI ou na decisão do Superintendente Estadual, sem inter-
(dez) dias, efetuar o pagamento, observado, no que couber, posição de recurso, ou no prazo estabelecido
o disposto nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 33. em decisão irrecorrível na esfera administrativa implica o
vencimento do débito e acarretará a adoção das medidas des-
CAPÍTULO VI tinadas a sua cobrança.
DOS TERMOS DE COMPROMISSO Art. 55. Transcorrido o prazo para o pagamento da multa,
serão adotadas as seguintes providências:
I– a Superintendência Estadual encaminhará à Coordena-
Art. 47. Poderá o Iphan, alternativamente à imposição ção-Geral de Planejamento e Orçamento – CGPLAN, do De-
de penalidade, firmar termo de compromisso de ajuste de partamento de Planejamento e Administração - DPA, extrato
conduta, visando à adequação da conduta irregular às dis- simplificado do débito, o qual deverá conter o número do
posições legais. processo administrativo que lhe deu origem, o nome e o CPF/
Art. 48. O pedido para formalização do termo de com- CNPJ do infrator e o valor da dívida.
promisso não será conhecido quando apresentado após o II– a CGPLAN certificará, por meio de pesquisa no SIAFI,
julgamento do AI. o pagamento ou não do débito, comunicando o resultado à
Superintendência, no prazo de 10 (dez) dias a partir do recebi-
Art. 49. O termo de compromisso será firmado pelo Su-
mento do extrato referido no inciso I.
perintendente Estadual, após manifestação prévia da Coor-
III– não tendo sido confirmado o pagamento da multa, a
denação Técnica e da Procuradoria Federal junto ao Iphan.
Superintendência deverá remeter os autos do processo admi-
§ 1º As metas e compromissos objeto do termo refe- nistrativo à CGPLAN para inscrição do infrator no Cadin.
rido neste artigo deverão, no seu conjunto, ser compatí- IV– efetuada a inscrição no Cadin, o processo será devol-
veis com as obrigações previstas nas normas de proteção vido à Superintendência Estadual, para, na seqüência, ser en-
do patrimônio cultural e descumpridas pelo Administrado, caminhado à unidade da Procuradoria Federal junto ao Iphan
bem assim com a missão institucional do Iphan. encarregada do assessoramento jurídico àquela Superinten-
§ 2º Do termo de compromisso constará, necessa- dência.
riamente, o estabelecimento de multa pelo seu descum- V– certificada, por meio de despacho do Procurador Fe-
primento, cujo valor será correspondente, no mínimo, ao deral incumbido da análise, a regularidade formal do processo
montante da penalidade que seria aplicada, acrescido de administrativo, a Procuradoria Federal junto ao Iphan o enca-
20%. minhará ao órgão de execução da Procuradoria-Geral Federal
Art. 50. Quando o valor da multa for superior a R$ - PGF, no Estado de origem do débito, encarregado de pro-
50.000,00 (cinqüenta mil reais), a minuta do termo de com- ceder à inscrição do crédito correspondente na Dívida Ativa e
promisso deverá ser previamente submetida à aprovação respectiva execução, conforme disposto na Lei nº 11.457, de
do Depam e do Procurador-Chefe da Procuradoria Federal 16 de março de 2007, na Lei nº 6.830, de 28 de novembro de
junto ao Iphan. 1980 e na Portaria PGF nº 267, de 16 de março de 2009.

50
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Art. 56. Os débitos vencidos para com o Iphan serão Considerando a necessidade de se estabelecer pro-
acrescidos de juros e multa de mora, nos termos do art. cedimento específico para o recebimento e análise dos
37-A da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002. requerimentos de autorização de intervenção;
Art. 57. Havendo o recolhimento da multa, o autuado Considerando que, na maioria das vezes, a manifes-
deverá encaminhar ao Iphan uma via do respectivo com- tação sobre requerimento de autorização de intervenção
provante, devidamente autenticado e sem rasuras. implica na análise de projetos arquitetônicos;
Parágrafo único. Recebido o comprovante, a Supe- Considerando a necessidade de, em conformidade
rintendência Estadual comunicará o fato por escrito à com a Lei nº 9.784/99, estabelecer a forma como serão
CGPLAN, solicitando o arquivamento do processo. respondidos os requerimentos de autorização de interven-
ção, bem assim o rito para a tramitação e apreciação de
CAPÍTULO VIII eventuais impugnações dessas decisões, resolve:
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 1º Estabelecer as disposições gerais que regulam
Art. 58. A receita proveniente da cobrança das multas a aprovação de propostas e projetos de intervenção nos
será destinada ao orçamento do Iphan e será empregada bens integrantes do patrimônio cultural tombado pelo
na melhoria da atividade fiscalização. Iphan, incluídos os espaços públicos urbanos, e nas respec-
Art. 59. Os prazos fixados nesta Portaria contam-se na tivas áreas de entorno.
forma dos arts. 66 e 67 da Lei nº 9.784/99. Art. 2º Os estudos, projetos, obras ou intervenções em
Art. 60. As intimações de que tratam o art. 40 e o § bens culturais tombados devem obedecer aos seguintes
único do art. 46 serão realizadas pela Superintendência Es- princípios:
tadual à qual o processo administrativo estiver vinculado. I - prevenção, garantindo o caráter prévio e sistemático
Art. 61. São anexos desta Portaria os modelos de Noti- da apreciação, acompanhamento e ponderação das obras
ficação para Apresentação de Documentos – NAD, de Auto ou intervenções e atos suscetíveis de afetar a integridade
de Infração – AI, de Termo de Embargo – TE e o formulário de bens culturais de forma a impedir a sua fragmentação,
para a interposição de recursos.
desfiguração, degradação, perda física ou de autenticidade;
Art. 62. Esta Portaria entra em vigor 60 (sessenta) dias
II - planejamento, assegurando prévia, adequada e ri-
após a sua publicação.
gorosa programação, por técnicos qualificados, dos traba-
lhos a desenvolver em bens culturais, respectivas técnicas,
Luiz Fernando de Almeida Presidente
metodologias e recursos a empregar na sua execução;
III - proporcionalidade, fazendo corresponder ao nível
de exigências e requisitos a complexidade das obras ou in-
tervenções em bens culturais e à forma de proteção de que
PORTARIA IPHAN Nº 420/2010; são objeto;
IV - fiscalização, promovendo o controle das obras ou
intervenções em bens culturais de acordo com os estudos
PORTARIA Nº 420, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2010. e projetos aprovados;
V - informação, através da divulgação sistemática e pa-
Dispõe sobre os procedimentos a serem observados dronizada de dados sobre as obras ou intervenções rea-
para a concessão de autorização para realização de inter- lizadas em bens culturais para fins histórico-documentais,
venções em bens edificados tombados e nas respectivas de investigação e estatísticos.
áreas de entorno.
CAPÍTULO I
O PRESIDENTE DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HIS- DAS DEFINIÇÕES
TÓRICO E ARTÍSTICO
NACIONAL - IPHAN, no uso das atribuições que lhe Art. 3º Para os fins e efeitos desta Portaria são adota-
são legalmente conferidas, tendo em vista o disposto no das as seguintes definições:
artigo 21, inciso V, do Anexo I, do Decreto nº 6.844, de 7 de I – Intervenção: toda alteração do aspecto físico,
maio de 2009, no Decreto-Lei nº 25/37, na Lei nº 9.784, de das condições de visibilidade, ou da ambiência de bem edi-
20 de janeiro de 1999, e o que consta do processo adminis- ficado tombado ou da sua área de entorno, tais como ser-
trativo nº 01450.006245/2010-95; e viços de manutenção e conservação, reforma, demolição,
construção, restauração, recuperação, ampliação, insta-
Considerando que compete ao Iphan, no âmbito das lação, montagem e desmontagem, adaptação, escavação,
atribuições que lhe são conferidas pelo Decreto-Lei nº arruamento, parcelamento e colocação de publicidade;
25/37, autorizar intervenções em bens edificados tomba- II – Conservação: conjunto de ações preventivas desti-
dos e nas suas áreas de entorno; nadas a prolongar o tempo de vida de determinado bem;
Considerando que é dever do Poder Público zelar pela III – Manutenção: conjunto de operações destinadas
integridade dos referidos bens, bem como pela sua visibi- a manter, principalmente, a edificação em bom funciona-
lidade e ambiência; mento e uso;

51
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

IV - Reforma Simplificada: obras de conservação ou XIV – Mapeamento de Danos: representação gráfica do


manutenção que não acarretem supressão ou acréscimo levantamento de todos os danos existentes e identificados
de área, tais como: pintura e reparos em revestimentos no bem, relacionando-os a seus agentes e causas;
que não impliquem na demolição ou construção de novos XV – Memorial Descritivo: detalhamento da proposta
elementos; substituição de materiais de revestimento de de intervenção, com as devidas justificativas conceituais
piso, parede ou forro, desde que não implique em modifi- das soluções técnicas adotadas, dos usos definidos e das
cação da forma do bem em planta, corte ou elevação; subs- especificações dos materiais;
tituição do tipo de telha ou manutenção da cobertura do XVI – Planta de Especificação de Materiais: representa-
bem, desde que não implique na substituição significativa ção gráfica em planta das especificações de acabamentos
da estrutura nem modificação na inclinação; manutenção por cômodos, contendo tipo, natureza, cores e paginação
de instalações elétricas, hidro- sanitárias, de telefone, alar- dos pisos, forros, cimalhas, rodapés e paredes, com deta-
me, etc.; substituição de esquadrias por outras de mesmo lhes construtivos em diferentes escalas, se necessário;
modelo, com ou sem mudança de material; inserção de XVII – Levantamento de Dados ou Conhecimento do
pinturas artísticas em muros e fachadas;
Bem: conhecimento e análise do bem no que se refere
V – Reforma ou Reparação: toda e qualquer interven-
aos aspectos históricos, estéticos, artísticos, formais e téc-
ção que implique na demolição ou construção de novos
nicos. Objetiva compreender o seu significado atual e ao
elementos tais como ampliação ou supressão de área cons-
truída; modificação da forma do bem em planta, corte ou longo do tempo, conhecer a sua evolução e, principalmen-
elevação; modificação de vãos; aumento de gabarito, e te, os valores pelos quais foi reconhecido como patrimônio
substituição significativa da estrutura ou alteração na incli- cultural;
nação da cobertura; XVIII – Projeto Executivo: consiste na definição
VI - Construção Nova: construção de edifício em ter- de todos os detalhes construtivos ou executivos necessá-
reno vazio ou em lote com edificação existente, desde que rios e suficientes à execução dos projetos arquitetônico e
separado fisicamente desta; complementares.
VII – Restauração: serviços que tenham por objetivo
restabelecer a unidade do bem cultural, respeitando sua CAPÍTULO II
concepção original, os valores de tombamento e seu pro- DA AUTORIZAÇÃO DE INTERVENÇÃO
cesso histórico de intervenções; Seção I
VIII - Equipamento Publicitário: suporte ou meio físi- Disposições Gerais
co pelo qual se veicula mensagens com o objetivo de se
fazer propaganda ou divulgar nome, produtos ou serviços Art. 4º A realização de intervenção em bem tombado,
de um estabelecimento, ao ar livre ou em locais expostos individualmente ou em conjunto, ou na área de entorno
ao público, tais como letreiros, anúncios, faixas ou banners do bem, deverão ser precedidas de autorização do Iphan.
colocados nas fachadas de edificações, lotes vazios ou lo- Art. 5º Para efeito de autorização, são consideradas
gradouros públicos; as seguintes categorias de intervenção: I - Reforma Sim-
IX – Sinalização Turística e Funcional: comunicação plificada;
efetuada por meio de placas de sinalização, com mensa- II - Reforma/Construção nova; III - Restauração;
gem escritas ordenadas e/ou pictogramas; IV - Colocação de Equipamento Publicitário ou Sinali-
X - Instalações Provisórias: aquelas de caráter não per- zação; V - Instalações Provisórias.
manente, passíveis de montagem, desmontagem e trans- §1º As intervenções caracterizadas como Reforma/
porte, tais como “stands”, barracas para feiras, circos e Construção nova (Inciso II), quando tiverem de ser realiza-
parques de diversões, iluminação decorativa para eventos,
das em bens tombados individualmente, serão enquadra-
banheiros químicos, tapumes, palcos e palanques;
das na categoria Restauração (Inciso III).
XI - Estudo Preliminar: conjunto de informações técni-
§2º Para efeito de enquadramento na categoria Restau-
cas e aproximadas, necessárias à compreensão da configu-
ração da edificação, que permitam a análise da viabilidade ração, equiparam-se aos bens tombados individualmente
técnica e do impacto urbano, paisagístico, ambiental e sim- aqueles que, integrando um conjunto tombado, possuam
bólico no bem cultural; características que os singularizem, conferindo-lhes espe-
XII – Anteprojeto ou Projeto Básico: conjunto de in- cial valor dentro do conjunto, e nos quais, para a realização
formações técnicas que definem o partido arquitetônico e de intervenção, requeira-se conhecimento especializado.
dos elementos construtivos, estabelecendo diretrizes para
os projetos Seção II
complementares, com elementos e informações neces- Dos documentos necessários para análise
sárias e suficientes e nível de precisão adequado para
caracterizar a intervenção e assegurar a viabilidade técnica Art. 6º Ao requerer a autorização para intervenção, o
e executiva do sistema proposto; interessado deverá apresentar os seguintes documentos:
XIII - Especificações: definição dos materiais, acaba- I – para todas as categorias de intervenção:
mentos e procedimentos de execução a serem utilizados a) formulário de requerimento de autorização de inter-
em obra, em especial revestimentos de pisos, paredes e te- venção devidamente preenchido;
tos de todos os ambientes e fachadas; b) cópia do CPF ou CNPJ do requerente e;

52
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

c) cópia de documento que comprove a posse ou pro- III – recebido e analisado o projeto executivo, o Iphan
priedade do imóvel pelo requerente, tais como escritura, emitirá novo parecer técnico aprovando-o ou desaprovan-
contrato de locação, contas de luz ou de água ou talão de do-o;
IPTU. IV – somente após aprovado o projeto executivo, o re-
II – para colocação de Equipamento Publicitário ou Si- querente será autorizado pelo Iphan a executar a obra;
nalização: V – a inobservância do prazo do inciso II acarretará
a) descrição ou projeto do equipamento publicitário ou o cancelamento da aprovação do anteprojeto e o conse-
da sinalização, contendo, no mínimo, indicação do local qüente indeferimento do requerimento, seguido do arqui-
onde ele será instalado, dimensões gerais e descrição dos vamento do processo.
materiais a serem utilizados. §3º O encaminhamento do anteprojeto é desnecessá-
III – para Reforma/Construção Nova: rio quando, com o requerimento de autorização de inter-
a) anteprojeto da obra contendo, no mínimo, planta venção, for apresentado o projeto executivo.
de situação, implantação, plantas de todos os pavimen- §4º Na hipótese do §3º é suficiente a aprovação do
tos, planta de cobertura, corte transversal e longitudinal e projeto executivo para que seja deferido o requerimento
fachadas, diferenciando partes a demolir, manter e a cons- e autorizada a execução da obra.
truir, conforme normas da ABNT. Art. 8º Para os bens que tenham ou terão destinação
IV – para Restauração: pública ou coletiva, cujas intervenções sejam classificadas
a) anteprojeto da obra contendo, no mínimo, planta como Reforma/Construção Nova ou Restauração, o projeto
de situação, implantação, plantas de todos os pavimentos, deverá contemplar a acessibilidade universal, obedecendo-
planta de cobertura, corte transversal e longitudinal e fa- -se ao previsto na Instrução Normativa Iphan nº 01/2003.
chadas, diferenciando partes a demolir, manter e a cons- Art. 9º Para obras complexas, especialmente em bens
truir, conforme normas da ABNT; tombados individualmente e de infraestrutura, o Iphan po-
b) levantamento de dados sobre o bem, contendo derá solicitar documentos adicionais aos constantes nos
pesquisa histórica, levantamento plani- altimétrico, levan- arts. 6º e 7º, desde que essa necessidade seja devidamente
tamento fotográfico, análise tipológica, identificação de justificada nos autos.
materiais e sistema construtivo;
c) diagnóstico do estado de conservação do bem, in- Seção III
cluindo mapeamento de danos, analisando-se especifica- Das consultas
mente os materiais, sistema estrutural e agentes degrada-
dores; Art. 10. Mediante solicitação, o Iphan informará os cri-
d) memorial descritivo e especificações; térios a serem observados para a realização de intervenção
e) planta com a especificação de materiais existentes em bem tombado ou na sua área de entorno.
e propostos. Art. 11. A solicitação deverá ser apresentada por meio
§1º A critério do requerente, poderá ser apresentado o de requerimento, conforme formulário próprio, fornecido
projeto executivo em lugar do pelo Iphan, acompanhado de cópia do CPF ou CNPJ do re-
anteprojeto. querente.
§2º Para a realização de pesquisa histórica, o Iphan dis- Parágrafo único. No requerimento deverá ser assinala-
ponibilizará o acesso aos arquivos do o campo “Informação Básica”.
desta Autarquia Federal pertinentes ao bem em ques- Art. 12. O Iphan fornecerá os critérios para a área indi-
tão. cada pelo requerente, por meio do formulário, cujo modelo
Art. 7º No caso de intervenção em bem tombado in- consta no Anexo I.
dividualmente, enquadrada, nos termos dos arts. 3º, VII e Art. 13. Para intervenções caracterizadas como Refor-
5º, §1º, na categoria Restauração, o requerente, além dos ma/Construção Nova ou Restauração é facultado ao inte-
documentos assinalados no art. 6º, deverá apresentar o ressado formalizar consulta prévia de projeto arquitetôni-
projeto executivo da obra. co, encaminhando os seguintes documentos:
§1º O disposto no caput aplica-se aos bens equipara- I – formulário de requerimento devidamente preenchi-
dos aos tombados individualmente, nos termos do art. 5º, do; II – cópia do CPF ou CNPJ do requerente;
§ 2º. III – cópia de documento que comprove a proprie-
§2º É facultado ao requerente apresentar inicialmente, dade ou posse do bem, tais como escritura, contrato de
com o requerimento de autorização de intervenção, ape- locação, contas de luz ou de água ou talão de IPTU;
nas os documentos listados nos incisos I e III ou I e IV do IV – estudo preliminar, contendo planta de situação,
art. 6º, conforme o caso, observando-se o seguinte: implantação, plantas de todos os pavimentos, planta de
I – recebido o requerimento devidamente instruído, o cobertura, corte transversal e longitudinal e fachadas, re-
Iphan analisará o anteprojeto da obra e emitirá parecer presentando partes a demolir e a construir;
técnico aprovando-o ou desaprovando-o; V – memorial descritivo.
II – aprovado o anteprojeto, caberá ao requerente en- §1º O resultado da consulta prévia será fornecido pelo
caminhar para aprovação o projeto executivo correspon- Iphan por meio de parecer técnico, cujo modelo consta no
dente, no prazo de seis meses; Anexo II.

53
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

§2º A resposta à consulta prévia, caso positiva, confi- Art. 18. Os projetos deverão ser encaminhados para
gura unicamente aprovação para desenvolvimento do an- aprovação em duas vias.
teprojeto, não consistindo em autorização para execução §1º Todas as folhas dos projetos serão assinadas pelo
de qualquer obra. requerente, ou por seu representante legal, e pelo autor do
§ 3º Ao formalizar consulta prévia o requerente pode- projeto.
rá encaminhar mais de uma proposta para ser analisada e §2º No caso de intervenção caracterizada como Refor-
selecionada pelo Iphan para desenvolvimento do antepro- ma Simplificada, não é necessária a apresentação de proje-
jeto. to, sendo suficiente a descrição da intervenção proposta
§ 4º A resposta à consulta prévia tem validade de 6 no corpo do requerimento de autorização.
(seis) meses, contados a partir da emissão do parecer téc- Art. 19. A cópia do CPF ou CNPJ poderá ser substituí-
nico e vincula, durante seu prazo de validade, a decisão da pela apresentação do documento original a servidor do
sobre um eventual pedido de aprovação de projeto pelo Iphan, que certificará o ato no verso do requerimento.
Iphan, desde que não haja modificação nas normas vigen- Art. 20. O reconhecimento de firma de documentos
tes. para instrução do processo somente será exigido quando
houver dúvida de autenticidade.
Seção IV Art. 21. A decisão sobre o requerimento de autorização
Do processo e procedimento de intervenção, bem como eventual despacho que deter-
mine a complementação de documentos e/ou a apresenta-
Art. 14. O requerimento de autorização de intervenção ção de esclarecimentos serão comunicados ao requerente,
deverá ser protocolado na Superintendência do Iphan no preferencialmente, por:
Estado onde se situa o bem ou na unidade descentralizada I – via postal;
dessa Superintendência – Escritório Técnico ou Parque His- II – ciência nos autos;
tórico – com competência para vigiar e fiscalizar o referido III – notificação pessoal.
bem. §1º Constitui ônus do requerente informar o seu ende-
Art. 15. Para cada requerimento de autorização
reço para correspondência, bem como as alterações pos-
de intervenção será aberto processo administrativo pró-
teriores.
prio.
§2º Considera-se efetivada a notificação por carta com
§1º Caberá à unidade administrativa do Iphan que
sua entrega no endereço fornecido pelo requerente.
receber o requerimento abrir o correspondente processo
§3º Poderá o requerente cadastrar endereço de correio
administrativo.
eletrônico para o recebimento das notificações de que tra-
§2º O processo administrativo deverá ser aberto no
ta esse artigo, sem prejuízo da necessidade de ela realizar-
prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento do reque-
-se de outro modo.
rimento no protocolo da unidade administrativa do Iphan.
§4º O não atendimento de exigência contida na noti-
§3º O processo deverá ter suas folhas numeradas se-
quencialmente e rubricadas, observando-se a ordem cro- ficação no prazo de 60 (sessenta) dias importará o inde-
nológica dos atos. ferimento do requerimento, seguido do arquivamento do
Art. 16. Protocolado o requerimento, o Iphan terá o processo administrativo.
prazo de 45 (quarenta e cinco) dias para concluir a análise
e disponibilizar a decisão ao requerente. Seção
§1º A contagem do prazo será suspensa a partir do V Da análise
momento em que for proferido despacho determinando a
complementação de documentos e/ou a apresentação de Art. 22. Competirá à Coordenação Técnica ou Divisão
esclarecimentos. Técnica de cada Superintendência Estadual, após a devida
§2º O prazo voltará a correr a partir do encaminhamen- análise, decidir sobre os requerimentos de autorização de
to, via sistema de protocolo do Iphan, dos documentos intervenção.
e/ou esclarecimentos requisitados. Parágrafo único. No caso de bem situado em Muni-
§3º O prazo do caput poderá ser prorrogado por igual cípio sob responsabilidade de unidade descentralizada da
período, desde que devidamente Superintendência Estadual, a análise e posterior decisão
justificado. poderão ser atribuídas a essa unidade.
Art. 17. O formulário de requerimento deverá ser assi- Art. 23. A proposta de intervenção ou projeto se-
nado pelo proprietário ou possuidor rão aprovados quando estiverem em conformidade com as
bem, ou, ainda, por seus representantes legais, e deve- normas que regem o tombamento.
rá conter informações precisas sobre: §1º A decisão sobre o requerimento deverá ser instruí-
I – a localização do bem pelo nome do logradouro e da com parecer técnico.
numeração predial; II – CPF ou CNPJ do requerente; §2º Aprovado o projeto, é facultado ao requerente en-
III – categoria de intervenção pretendida; caminhar para visto do Iphan tantas vias do original apro-
IV – descrição dos serviços a serem realizados, no caso vado quantas forem necessárias para aprovação em outros
de Reforma Simplificada; V – data da solicitação. órgãos públicos.

54
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

§3º Um dos exemplares do projeto aprovado deverá VI – informação sobre aprovação ou desaprovação da
ser conservado na unidade do Iphan responsável pela fis- intervenção;
calização do bem correspondente, e outro será devolvido VII – data da lavratura e assinatura do técnico respon-
ao interessado juntamente com a aprovação. sável pela análise.
§4º Quando houver cooperação do Iphan com institui- §2º A desaprovação da proposta de intervenção ou
ções públicas licenciadoras de obras, sejam elas municipais, projeto implica o indeferimento do requerimento e a ne-
estaduais ou federais, devem ser encaminhadas tantas vias gativa de autorização para a realização da intervenção pre-
do projeto aprovado quantas forem necessárias para o li- tendida.
cenciamento em cada uma dessas instituições. Art. 28. A aprovação de proposta de intervenção
§5º A aprovação será anotada nas pranchas dos proje- ou projeto pelo Iphan não exime o requerente de obter as
tos e demais documentos que sejam considerados neces- autorizações ou licenças exigidas pelos órgãos estaduais e
sários à fiscalização da obra, conforme modelo constante municipais.
no Anexo III desta Portaria. Art. 29. A aprovação de proposta de intervenção ou
§6º A via do requerente deverá ser mantida disponível projeto pelo Iphan não implica o reconhecimento da pro-
no bem para consulta pela fiscalização, durante as obras. priedade do imóvel, nem a regularidade da ocupação.
Art. 24. Desaprovado o projeto e sendo ele passível de Art. 30. É vedada a aprovação condicionada de propos-
correção, a via do requerente será devolvida para, caso seja ta de intervenção ou projeto.
do seu interesse, sejam feitas as adequações necessárias, Art. 31. A decisão sobre o requerimento de autorização
devendo a outra via ser mantida no processo. de intervenção e os possíveis esclarecimentos serão forne-
Parágrafo único. As adequações solicitadas pelo Iphan cidos exclusivamente ao requerente ou a pessoa expressa-
deverão ser apresentadas em novo mente autorizada por ele.
projeto. Art. 32. O prazo de validade da proposta de interven-
Art. 25. O Iphan poderá, em se tratando de interven- ção ou projetos aprovados será de:
ções caracterizadas como restauração,
I – 1 (um) ano, para Reforma Simplificada, Colocação
nos casos em que apareçam novos elementos depois
de Equipamento Publicitário ou Sinalização e Instalações
de iniciadas as obras, exigir a apresentação de especifica-
Provisórias;
ções técnicas dos materiais que serão empregados, bem
II – 2 (dois) anos, para Reforma/Construção Nova e
como cálculo de estabilização e de resistência dos diver-
Restauração.
sos elementos construtivos, além de desenhos de detalhes,
§1º Findo o prazo fixado de validade da proposta de
desde que devidamente justificado.
intervenção ou projeto e não finalizada a obra, o re-
Parágrafo único. O Iphan embargará a obra autoriza-
querente deverá solicitar prorrogação do prazo, que será
da no caso de não serem apresentados dentro do prazo
concedida pelo Iphan, desde que não haja modificações
determinado os elementos referidos no caput do artigo,
ficando a obra paralisada enquanto não for satisfeita com relação ao projeto aprovado.
essa exigência. §2º O pedido de prorrogação deve ser apresentado 30
Art. 26. Caso o requerente deseje efetuar alteração no dias antes do vencimento da validade da aprovação
projeto aprovado deverá encaminhar requerimento e os anterior.
documentos necessários para elucidação das modificações §3º A aprovação será automaticamente cancelada se,
propostas ao Iphan, previamente à execução das obras. findo o prazo de validade da proposta de intervenção ou
§ 1° Nesta nova análise, aplicar-se-ão os critérios de projeto, a intervenção não tiver sido iniciada ou, se inicia-
intervenção vigentes na data do novo da, tiver sua execução totalmente paralisada por período
requerimento. superior a sessenta dias.
§ 2º A execução de obras em desacordo com o projeto §4º Ocorrendo efetivo impedimento judicial ao início
aprovado pelo Iphan implicará o das obras ou à sua continuidade, o Iphan poderá prorrogar
imediato embargo da obra, nos termos da Portaria a aprovação anteriormente concedida.
Iphan nº 187/10. Art. 33. No caso de autorização concedida para Insta-
Art. 27. A análise será formalizada por meio de parecer lações Provisórias, deverá constar o prazo para retirada das
técnico que ao final concluirá pela aprovação ou desapro- referidas instalações.
vação da proposta de intervenção ou projeto. Art. 34. A autorização para intervenção em bem edifi-
§1º O parecer técnico deverá ser elaborado conforme o cado tombado ou na sua área de entorno poderá a qual-
modelo indicado no Anexo II e conterá, no mínimo: quer tempo, mediante ato da autoridade competente, ser:
I – nome, CPF ou CNPJ do requerente; I - revogada, atendendo a relevante interesse público,
II – endereço do bem no qual será realizada a inter- ouvida a unidade técnica competente; II - cassada, em caso
venção; de desvirtuamento da finalidade da autorização concedida;
III – tipo de intervenção, de acordo com as definições III – anulada, em caso de comprovação de ilegalidade
estabelecidas nos artigos 5º, 10 e 13; IV – considerações na sua concessão.
técnicas acerca da obra proposta;
V – conclusão da análise;

55
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

CAPÍTULO III DOS RECURSOS Art. 43. Em qualquer fase da instância recursal, poderá
Seção I ser instada a Procuradoria Federal junto ao Iphan a emi-
Do recurso para o superintendente estadual tir parecer, desde que seja indicada de modo específico a
questão jurídica a ser esclarecida.
Art. 35. Da decisão que deferir ou indeferir o requerimen-
to de autorização de intervenção cabe recurso. CAPÍTULO IV
§1º O prazo para interposição recurso é de quinze DISPOSIÇÕES FINAIS
dias, contados da data em que o
requerente tiver sido comunicado da decisão. Art. 44. O Iphan poderá, a qualquer momento, firmar
§2º Em se tratando de interessados que, sem terem inicia- cooperações com instituições públicas licenciadoras de
do o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afe- obras, sejam elas municipais, estaduais ou federais, para in-
tados pela decisão, a contagem do prazo iniciar-se-á a partir tegrar os procedimentos de aprovação de projetos visando
da publicação da decisão no quadro de avisos da unidade à maior agilidade e eficiência, preservando-se a competên-
do Iphan que a tiver proferido. cia de cada órgão ou entidade.
§3º O recurso poderá ser interposto utilizando-se formu- Parágrafo único. Nos casos de cooperação definidas
lário próprio, cujo modelo consta no Anexo IV desta Portaria. no caput, deverão ser garantidos, no mínimo, os conceitos
§4º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a e documentação exigidos nessa norma, podendo-se adi-
decisão, a qual, se não a reconsiderar, no prazo de cinco dias, cionar novos procedimentos, desde que explicitados aos
o encaminhará ao Superintendente Estadual. requerentes.
Art. 36. O recurso não será conhecido quando interposto Art. 45. Fica revogada a Portaria Iphan nº10, de 10 de
fora do prazo. setembro de 1986. Art. 46. Esta Portaria entra em vigor 45
Art. 37. O Superintendente do Iphan poderá con- dias após a sua publicação.
firmar, reformar ou anular a decisão recorrida, devendo a sua
decisão conter a indicação dos fatos e fundamentos que a Luiz Fernando de Almeida Presidente
motivam.
Parágrafo único. A reforma da decisão recorrida implicará:
I- ou na aprovação da proposta de intervenção ou projeto
e conseqüente deferimento do requerimento com a conces- PORTARIA IPHAN Nº 127/2009;
são da autorização;
II – ou na desaprovação da proposta de intervenção ou
projeto e conseqüente indeferimento do requerimento de Estabelece a chancela da Paisagem Cultural Brasileira.
autorização de intervenção. O PRESIDENTE DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HIS-
Art. 38. É de 30 (trinta) dias o prazo para o Superinten- TÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL - IPHAN, no uso de suas
dente proferir sua decisão, admitida a prorrogação por igual atribuições legais e regulamentares, e tendo em vista o que
período, desde que devidamente justificada. prescreve a Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, a Lei nº
8.113, de 12 de dezembro de 1990, e o inciso V do art. 21
Seção II do Anexo I do Decreto nº 5.040, de 7 de abril de 2004, que
Do recurso para o presidente dispõe sobre a Estrutura Regimental do Instituto do Patri-
mônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, e
Art. 39. Nos processos de Reforma/Construção Nova e
Restauração, da decisão proferida pelo Superintendente Es- Considerando, o disposto nos arts. 1º, II, 23, I e III, 24,
tadual caberá recurso ao Presidente do Iphan, no prazo de 15 VII, 30, IX, 215, 216 e 225 da Constituição da República Fe-
(quinze) dias. derativa do Brasil;
Parágrafo único. O recurso observará, no que couber, o Considerando, o disposto no Decreto-Lei nº 25, de 30
disposto nos artigos 35, 36, 37 e de novembro de 1937, que organiza a proteção do pa-
38. trimônio histórico e artístico nacional, no Decreto-Lei nº
Art. 40. Recebido o recurso, o Presidente do Iphan o en- 3.866, de 29 de novembro de 1941, que dispõe sobre o
caminhará ao Departamento de tombamento de bens no Serviço do Patrimônio Histórico e
Patrimônio Material e Fiscalização – Depam, para mani- Artístico Nacional, na Lei nº 3.924, de 26 de julho de 1961,
festação. que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-his-
Art. 41. A manifestação do Depam será apresentada por tóricos, e no Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, que
meio de parecer técnico elaborado pela Câmara de Análise de institui o registro de bens culturais de natureza imaterial;
Recursos, que funcionará naquele Departamento. Considerando, a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001,
§ 1º A Câmara de Análise de Recursos será composta pelo Estatuto da Cidade;
Diretor do Depam, que a presidirá, e por quatro servidores Considerando, que o Brasil é autor de documentos e
designados por ele, totalizando cinco membros. signatário de cartas internacionais que reconhecem a pai-
§ 2º É de 30 (trinta) dias o prazo para que a Câmara sagem cultural e seus elementos como patrimônio cultural
apresente o parecer técnico. Art. 42. Da decisão proferida e preconizam sua proteção;
pelo Presidente não cabe recurso.

56
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Considerando, que a conceituação da Paisagem Cultu- Art. 3º A chancela da Paisagem Cultural Brasileira consi-
ral Brasileira fundamenta-se na Constituição da República dera o caráter dinâmico da cultura e da ação humana sobre as
Federativa do Brasil de 1988, segundo a qual o patrimônio porções do território a que se aplica, convive com as transfor-
cultural é formado por bens de natureza material e imate- mações inerentes ao desenvolvimento econômico e social sus-
rial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores tentáveis e valoriza a motivação responsável pela preservação
de referência à identidade, à ação, à memória dos diferen- do patrimônio.
tes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se IV - DO PACTO E DA GESTÃO
incluem as formas de expressão, os modos de criar, fazer Art. 4º A chancela da Paisagem Cultural Brasileira implica
e viver, as criações científicas, artísticas e tecnológicas, as no estabelecimento de pacto que pode envolver o poder pú-
obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços blico, a sociedade civil e a iniciativa privada, visando a gestão
destinados às manifestações artístico-culturais, os conjun- compartilhada da porção do território nacional assim reconhe-
tos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, cida.
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico; Art. 5º O pacto convencionado para proteção da Paisa-
Considerando, que os fenômenos contemporâneos de gem Cultural Brasileira chancelada poderá ser integrado de
expansão urbana, globalização e massificação das paisa- Plano de Gestão a ser acordado entre as diversas entidades,
gens urbanas e rurais colocam em risco contextos de vida e órgãos e agentes públicos e privados envolvidos, o qual será
tradições locais em todo o planeta; acompanhado pelo IPHAN.
Considerando, a necessidade de ações e iniciativas ad-
ministrativas e institucionais de preservação de contextos TÍTULO II
culturais complexos, que abranjam porções do território na- DO PROCEDIMENTO
cional e destaquem-se pela interação peculiar do homem
com o meio natural; V - DA LEGITIMIDADE
Considerando, que o reconhecimento das paisagens Art. 6º Qualquer pessoa natural ou jurídica é parte legí-
culturais é mundialmente praticado com a finalidade de tima para requerer a instauração de processo administrativo
preservação do patrimônio e que sua adoção insere o Brasil visando a chancela de Paisagem Cultural Brasileira.
entre as nações que protegem institucionalmente o conjun- Art. 7º O requerimento para a chancela da Paisagem Cul-
to de fatores que compõem as paisagens; tural Brasileira, acompanhado da documentação pertinente,
Considerando, que a chancela da Paisagem Cultural poderá ser dirigido:
Brasileira estimula e valoriza a motivação da ação humana I - às Superintendências Regionais do IPHAN, em cuja cir-
que cria e que expressa o patrimônio cultural; cunscrição o bem se situar;
Considerando, que a chancela da Paisagem Cultural II - ao Presidente do IPHAN; ou
Brasileira valoriza a relação harmônica com a natureza, esti- III - ao Ministro de Estado da Cultura.
mulando a dimensão afetiva com o território e tendo como VI - DA INSTAURAÇÃO
premissa a qualidade de vida da população; Art. 8º  Verificada a pertinência do requerimento para
Considerando, que os instrumentos legais vigentes que chancela da Paisagem Cultural Brasileira será instaurado pro-
tratam do patrimônio cultural e natural, tomados indivi- cesso administrativo.
dualmente, não contemplam integralmente o conjunto de § 1º O Departamento do Patrimônio Material e Fiscaliza-
fatores implícitos nas paisagens culturais; ção - DEPAM/IPHAN é o órgão responsável pela instauração,
Resolve: coordenação, instrução e análise do processo.
Estabelecer a chancela da Paisagem Cultural Brasileira, § 2º A instauração do processo será comunicada à Presi-
aplicável a porções do território nacional. dência do IPHAN e às Superintendências Regionais em cuja
circunscrição o bem se situar.
TÍTULO I VII - DA INSTRUÇÃO
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 9º Para a instrução do processo administrativo pode-
rão ser consultados os diversos setores internos do IPHAN que
I - DA DEFINIÇÃO detenham atribuições na área, as entidades, órgãos e agentes
Art. 1º Paisagem Cultural Brasileira é uma porção pe- públicos e privados envolvidos, com vistas à celebração de um
culiar do território nacional, representativa do processo de pacto para a gestão da Paisagem Cultural Brasileira a ser chan-
interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a celada.
ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores. Art. 10. Finalizada a instrução, o processo administrativo
Parágrafo único. A Paisagem Cultural Brasileira é decla- será submetido para análise jurídica e expedição de edital de
rada por chancela instituída pelo IPHAN, mediante procedi- notificação da chancela, com publicação no Diário Oficial da
mento específico. União e abertura do prazo de 30 dias para manifestações ou
II - DA FINALIDADE eventuais contestações ao reconhecimento pelos interessados.
Art. 2º A chancela da Paisagem Cultural Brasileira tem Art. 11. As manifestações serão analisadas e as contes-
por finalidade atender ao interesse público e contribuir para tações julgadas pelo Departamento do Patrimônio Material
a preservação do patrimônio cultural, complementando e e Fiscalização - DEPAM/IPHAN, no prazo de 30 (trinta) dias,
integrando os instrumentos de promoção e proteção exis- mediante prévia oitiva da Procuradoria Federal, remetendo-se
tentes, nos termos preconizados na Constituição Federal. o processo administrativo para deliberação ao Conselho Con-
III - DA EFICÁCIA sultivo do Patrimônio Cultural.

57
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Art. 12.  Aprovada a chancela da Paisagem Cultural CONSIDERANDO o disposto no Decreto-Lei nº 25, de
Brasileira pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultu- 30 de novembro de 1937, no Decreto- Lei no 3.866, de 29
ral, a súmula da decisão será publicada no Diário Oficial de novembro de 1941, na Lei no 3.924, de 26 de julho de
da União, sendo o processo administrativo remetido pelo 1961 e no Decreto n° 3.551, de 04 de agosto de 2000;
Presidente do IPHAN para homologação final do Ministro CONSIDERANDO o disposto no Plano Nacional de
da Cultura. Cultura instituído pela lei 12.343 de 02 de dezembro de
Art. 13. A aprovação da chancela da Paisagem Cultural 2010;
Brasileira pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural CONSIDERANDO a Carta de Nova Olinda, resultante
será comunicada aos Estados-membros e Municípios onde do1º Seminário de Avaliação e Planejamento das Casas do
a porção territorial estiver localizada, dando-se ciência ao Patrimônio, realizado em Nova Olinda - CE, no período de
Ministério Público Federal e Estadual, com ampla publici- 27 de novembro a 01 de dezembro de 2009, resolve:
dade do ato por meio da divulgação nos meios de comu-
nicação pertinentes.
Art. 1º. Instituir um conjunto de marcos referenciais
VIII - DO ACOMPANHAMENTO E DA REVALIDAÇÃO
para a Educação Patrimonial - EP enquanto prática trans-
Art. 14.  O acompanhamento da Paisagem Cultural
versal aos processos de preservação e valorização do pa-
Brasileira chancelada compreende a elaboração de relató-
trimônio cultural no âmbito do Iphan.
rios de monitoramento das ações previstas e de avaliação
periódica das qualidades atribuídas ao bem. Art. 2º Para os efeitos desta Portaria, entende-se por
Art. 15.  A chancela da Paisagem Cultural Brasileira Educação Patrimonial os processos educativos formais e
deve ser revalidada num prazo máximo de 10 anos. não formais, construídos de forma coletiva e dialógica, que
Art. 16.  O processo de revalidação será formalizado têm como foco o patrimônio cultural socialmente apro-
e instruído a partir dos relatórios de monitoramento e de priado como recurso para a compreensão sociohistórica
avaliação, juntando-se manifestações das instâncias regio- das referências culturais, a fim de colaborar para seu re-
nal e local, para deliberação pelo Conselho Consultivo do conhecimento, valorização e preservação. Parágrafo úni-
Patrimônio Cultural. co. Os processos educativos deverão primar pelo diálogo
Art. 17.  A decisão do Conselho Consultivo do Patri- permanente entre os agentes sociais e pela participação
mônio Cultural a propósito da perda ou manutenção da efetiva das comunidades.
chancela da Paisagem Cultural Brasileira será publicada no Art. 3º São diretrizes da Educação Patrimonial:
Diário Oficial da União, dando-se ampla divulgação ao ato I - Incentivar a participação social na formulação, im-
nos meios de comunicação pertinentes. plementação e execução das ações edu- cativas, de modo
Art. 18.  Esta portaria entra em vigor na data de sua a estimular o protagonismo dos diferentes grupos sociais;
publicação. II - Integrar as práticas educativas ao cotidiano, asso-
LUIZ FERNANDO DE ALMEIDA ciando os bens culturais aos espaços de vida das pessoas;
III - valorizar o território como espaço educativo, pas-
sível de leituras e interpretações por meio de múltiplas es-
tratégias educacionais;
PORTARIA IPHAN Nº 137/2016. IV - Favorecer as relações de afetividade e estima ine-
rentes à valorização e preservação do patrimônio cultural;
V - Considerar que as práticas educativas e as políticas
de preservação estão inseridas num campo de conflito e
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍS- negociação entre diferentes segmentos, setores e grupos
TICO NACIONAL
sociais;
I - Considerar a intersetorialidade das ações educa-
PORTARIA Nº 137, DE 28 DE ABRIL DE 2016
tivas, de modo a promover articulações das políticas de
preservação e valorização do patrimônio cultural com as
Estabelece diretrizes de Educação Patrimonial no âmbi-
to do Iphan e das Casas do Patrimônio. de cultura, turismo, meio ambiente, educação, saúde, de-
senvolvimento urbano e outras áreas correlatas;
A PRESIDENTA DO INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HIS- VII - incentivar a associação das políticas de patrimô-
TÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL, no uso das atribuições nio cultural às ações de sustentabilidade local, regional e
que lhe confere o art. 22, Inciso V, anexo I, do Decreto nº nacional; VIII - considerar patrimônio cultural como tema
6.844, de 07 de maio de 2009 e, transversal e interdisciplinar
Art. 4º São documentos referenciais para a prática de
CONSIDERANDO a necessidade de estabelecer mar- Educação Patrimonial pelo Iphan as publicações Educação
cos normativos de Educação Patrimonial - EP no âmbito Patrimonial: Histórico, conceitos e processos, IPHAN, 2014,
do Iphan; e a publicação Educação Patrimonial: inventários participa-
CONSIDERANDO, o disposto nos artigos 1º, II, 23, I e III, tivos, IPHAN, 2016,
24, VII, 30, IX, 215, 216 e 225 da Constituição da República
Federativa do Brasil;

58
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Art. 5º São instrumentos estratégicos de implemen- EXERCÌCIOS


tação da política de Educação Patrimonial pelo Iphan as
Casas do Patrimônio, quando resultantes de um arranjo 1) Sobre a propriedade, na Constituição Federal, é cor-
institucional entre o Iphan, a comunidade local, sociedade reto afirmar que:
civil e demais instituições públicas e privadas, para pro- a) A propriedade particular, em nenhuma hipótese po-
moção de ações educativas, visando fomentar e favore- derá ser usada pelo Poder Público, uma vez, que é assegu-
cer a construção do conhecimento e a participação social rado ao proprietário o direito de privacidade.
para o aperfeiçoamento da gestão, proteção, salvaguarda, b) Poderá, em alguns casos, ser desapropriada por ne-
valorização e usufruto do patrimônio cultural brasileiro. cessidade ou utilidade pública, ou por interesse social.
Parágrafo único. A organização e o funcionamento das c) Deverá atender a sua função judicial, estabelecida
Casas do Patrimônio dar-se-ão por meio de parceria, a ser por órgão competente.
instituída por Acordo de Cooperação Técnica- ACT, com d) A propriedade rural, em qualquer tempo, poderá
critérios definidos pela C E D U C / C O G E D I P / D A F. ser penhorada como pagamento de débitos decorrentes
Art. 6º São objetivos das Casas do Patrimônio: de sua atividade produtiva, visando o não inadimplemento
I - Ampliar as possibilidades de diálogo entre o Iphan de seu proprietário.
e a sociedade por meio da Educação Patrimonial;
II - Ampliar a capilaridade das ações do Iphan e in- 2) A República Federativa do Brasil não tem como fun-
terligar espaços que promovam práticas e atividades de damento:
natureza educativa de valorização do patrimônio cultural; a) soberania.
III - estimular a participação das comunidades nas dis- b) o pluralismo político.
cussões e propostas de redefinição do uso social dos bens c) cidadania.
culturais; d) garantia do desenvolvimento nacional.
IV - Interligar experiências e espaços que promovam
práticas e atividades de natureza edu- cativa, de modo a 3) O princípio da igualdade estabelecido no art. 5° da
propiciar uma avaliação conjunta dos significados e alcan- Constituição Federal, traz garantias aos brasileiros e estran-
ces dessas iniciativas; geiros residentes no Brasil, não sendo uma delas:
V - Incentivar a associação das políticas de patrimônio a) dignidade da pessoa humana.
cultural ao desenvolvimento social e econômico; b) liberdade.
VI - Aperfeiçoar as ações focadas nas expressões cultu- c) propriedade.
rais locais e territoriais, contribuindo para a construção de d) inviolabilidade do direito a vida.
mecanismos de apoio junto às comunidades, aos produ-
tores culturais, às associações civis, às entidades de classe, 4) Entre os direitos e deveres invioláveis não se encon-
às instituições de ensino e aos setores públicos, para uma tra:
melhor compreensão das realidades locais. Art7º Esta por- a) a intimidade e a vida privada.
b) a imagem das pessoas.
taria entra em vigor na data de sua publicação.
c) a casa do indivíduo, no caso de flagrante delito.
d) a liberdade de consciência e de crença.
JUREMA MACHADO
5) Assinale a alternativa incorreta. As penas não pode-
rão ser:
a) de caráter perpétuo.
b) de banimento.
c) de perda de bens e valores.
d) cruéis.

6) Assinale a alternativa falsa com relação aos direitos e


deveres individuais e coletivos.
a) Ninguém poderá ser submetido a tortura, mesmo se
soldados de exércitos rivais, em casos de guerra declarada.
b) A manifestação do pensamento é livre, desde que
não aja a pessoa no anonimato.
c) Cabe censura, dos órgãos competentes, a expressão
da atividade intelectual, artística, científica e de comunica-
ção, para que não ocorram em desacordo com os princí-
pios e garantias estabelecidos nessa Constituição.
d) Somente em virtude de lei, uma pessoa poderá ser
obrigada a fazer ou deixar de fazer alguma coisa.

59
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

7) Dentre os princípios que regem as relações interna- GABARITO


cionais da República Federativa, não se encontra:
a) promover o bem de todos, sem preconceitos de ori- 1) B
gem, raça, sexo, cor e qualquer forma de discriminação; Comentário: Uma vez que a Constituição em seu art.
b) independência nacional; 5°, XXIV, estabelece ser possível a desapropriação por ne-
c) defesa da paz; cessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me-
d) concessão de asilo político. diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados
os casos previstos na Constituição.
8) A individualização da pena será regulamentada por
lei. E dentre as penas admissíveis, não figura: 2) D
a) multa. Comentário: Uma vez que a garantia do desenvolvi-
b) privação ou restrição de liberdade. mento nacional, configura um dos objetivos fundamentais
c) de trabalhos forçados. da República e não um de seus fundamentos. (Art. 3°, II,
d) prestação social alternativa. da CF)

9) Assinale dentre as afirmativas expostas, a sentença 3) A


verdadeira em relação dos direitos e deveres individuais e Comentário: A dignidade da pessoa humana configura
coletivos: um dos fundamentos da República Federativa do Brasil e
a) o exercício de qualquer trabalho ou profissão, deve- não como garantia entre os brasileiros e estrangeiros re-
rá ser estabelecido por lei a cada cidadão, independente- sidentes no Brasil, segundo o princípio da igualdade. (Art.
mente da qualificação profissional que possuir. 1°, III, da CF)
b) é garantido a todos o acesso à informação, sendo
sempre sua fonte pública a todos, uma vez que no art. 5° 4) C
é vedado o anonimato. Comentário: A casa é asilo inviolável do indivíduo, po-
c) é plena a liberdade de associações para fins lícitos rém em caso de flagrante delito, desastre, prestação de
e paramilitares. socorro, ou se durante o dia, por determinação judicial,
d) é livre a locomoção em tempo de paz, no território poderá ser violável.
nacional, permitindo a todos entrarem, saírem ou perma-
necerem nele com seus bens. 5) C
Comentário: Sendo que caracteriza um tipo de pena
10) Assinale a alternativa correta: restritiva de direito, admitida em lei, no art. 43, II, do Có-
I- Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação digo Penal.
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público.
II- O Estado prestará assistência judiciária gratuita aos 6) C
que comprovarem insuficiência de recursos. Comentário: A expressão de atividade intelectual, ar-
III- São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas tística, científica e de comunicação é livre, independente-
data. mente de censura ou licença. (Art.5°, IX, da CF)
a) Todas alternativas são falsas.
b) Nenhuma alternativa é falsa. 7) A
c) As alternativas II e III são falsas. Comentário: Sendo que promover o bem de todos,
d) As alternativas I e III são falsas. sem preconceitos e discriminações é um objetivo funda-
mental da República e não princípio que rege as relações
internacionais. (Art.3°, IV, da CF)

8) C
Comentário: Já que é inadmissível a pena de trabalhos
forçados, como estabelece o art. 5°, XLVII, c, da CF.

9) D
Comentário: É plenamente permitido em tempos de
paz a locomoção no território nacional, como expões o art.
5°, XV, da CF, sendo todas as outras alternativas erradas.

60
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

10) B
Comentário: Nenhuma das alternativas é falsa, segun- ANOTAÇÕES
do o art. 5° LXXIII, LXXIV e LXVII.
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio ___________________________________________________
público ou de entidade de que o Estado participe, à mora-
lidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio ___________________________________________________
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má- ___________________________________________________
-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral ___________________________________________________
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LXXVII - são gratuitas as ações de “habeas-corpus” e ___________________________________________________
“habeas-data”, e, na forma da lei, os atos necessários ao ___________________________________________________
exercício da cidadania.
___________________________________________________
FONTE: http://www.direitonet.com.br/testes/exi-
bir/236/resultados ___________________________________________________

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61
FUNDAMENTOS DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

ANOTAÇÕES

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62
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1 Organização do Estado e dos poderes..................................................................................................................................... 01


2 Administração Pública................................................................................................................................................................... 10
2.1 Princípios e normas referentes à administração direta e indireta............................................................................ 10
2.2 Lei nº 8.666/1993, e suas alterações (Licitações e contratos administrativos)..................................................... 20
3 Legislação administrativa............................................................................................................................................................. 52
3.1 Lei nº 8.112/1990, e suas alterações................................................................................................................................. 52
3.2 Lei nº 9.784/1999, e suas alterações (Processo Administrativo)............................................................................... 79
3.3 Lei nº 12.527/2011 (Lei de acesso à informação).......................................................................................................... 89
3.4 Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, instituído pelo Decreto
nº 1.171/1994, e suas alterações............................................................................................................................................110
4 Gestão de pessoas no setor público.......................................................................................................................................117
4 Gestão de processos....................................................................................................................................................................120
4.1 Conceitos da abordagem por processos.......................................................................................................................120
4.2 Técnicas de mapeamento, análise e melhoria de processos....................................................................................120
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Brasília é a capital da República Federativa do Brasil,


1 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DOS sendo um dos municípios que compõem o Distrito Federal.
PODERES. O Distrito Federal tem peculiaridades estruturais, não sen-
do nem um Município, nem um Estado, tanto é que o caput
deste artigo 18 o nomeia em separado. Trata-se, assim, de
unidade federativa autônoma.
Da organização político-administrativa
O artigo 18 da Constituição Federal tem caráter genéri- Artigo 18, §2º, CF. Os Territórios Federais integram a
co e regulamenta a organização político-administrativa do União, e sua criação, transformação em Estado ou reinte-
Estado. Basicamente, define os entes federados que irão gração ao Estado de origem serão reguladas em lei comple-
compor o Estado brasileiro. mentar.
Neste dispositivo se percebe o Pacto Federativo firma-
do entre os entes autônomos que compõem o Estado bra- Apesar dos Territórios Federais integrarem a União, eles
sileiro. Na federação, todos os entes que compõem o Es- não podem ser considerados entes da federação, logo não
tado têm autonomia, cabendo à União apenas concentrar fazem parte da organização político-administrativa, não
esforços necessários para a manutenção do Estado uno. dispõem de autonomia política e não integram o Estado
O pacto federativo brasileiro se afirmou ao inverso do Federal. São meras descentralizações administrativo-ter-
que os Estados federados geralmente se formam. Trata-se ritoriais pertencentes à União. A Constituição Federal de
de federalismo por desagregação – tinha-se um Estado 1988 aboliu todos os territórios então existentes: Fernando
uno, com a União centralizada em suas competências, e di- de Noronha tornou-se um distrito estadual do Estado de
vidiu-se em unidades federadas. Difere-se do denominado Pernambuco, Amapá e Roraima ganham o status integral
federalismo por agregação, no qual unidades federativas de Estados da Federação.
autônomas se unem e formam um Poder federal no qual
se concentrarão certas atividades, tornando o Estado mais Artigo 18, §3º, CF. Os Estados podem incorporar-se en-
forte (ex.: Estados Unidos da América). tre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem
No federalismo por agregação, por já vir tradicional- a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
mente das bases do Estado a questão da autonomia das mediante aprovação da população diretamente interessa-
unidades federadas, percebe-se um federalismo real na da, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
prática. Já no federalismo por desagregação nota-se uma complementar.
persistente tendência centralizadora.
Prova de que nem mesmo o constituinte brasileiro en- Artigo 18, §4º, CF. A criação, a incorporação, a fusão
tendeu o federalismo que estava criando é o fato de ter e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei
colocado o município como entidade federativa autônoma. estadual, dentro do período determinado por Lei Comple-
No modelo tradicional, o pacto federativo se dá apenas en- mentar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
tre União e estados-membros, motivo pelo qual a doutrina plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após
afirma que o federalismo brasileiro é atípico. divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresenta-
Além disso, pelo que se desprende do modelo de di- dos e publicados na forma da lei.
visão de competências a ser estudado neste capítulo, aca-
bou-se esvaziando a competência dos estados-membros, Como se percebe pelos dispositivos retro, é possível
mantendo uma concentração de poderes na União e distri- criar, incorporar e desmembrar os Estados-membros e os
buindo vasta gama de poderes aos municípios. Municípios. No caso dos Estados, exige-se plebiscito e lei
federal. No caso dos municípios, exige-se plebiscito e lei
Art. 18, caput, CF. A organização político-administra- estadual.
tiva da República Federativa do Brasil compreende a União, Ressalta-se que é aceita a subdivisão e o desmembra-
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos au- mento no âmbito interno, mas não se permite que uma
tônomos, nos termos desta Constituição. parte do país se separe do todo, o que atentaria contra o
pacto federativo.
Ainda assim, inegável, pela redação do caput do artigo
18, CF, que o Brasil adota um modelo de Estado Federado Art. 19, CF. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito
no qual são considerados entes federados e, como tais, au- Federal e aos Municípios:
tônomos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio-
cípios. Esta autonomia se reflete tanto numa capacidade de ná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com
auto-organização (normatização própria) quanto numa ca- eles ou seus representantes relações de dependência ou
pacidade de autogoverno (administrar-se pelos membros aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de inte-
eleitos pelo eleitorado da unidade federada). resse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
Artigo 18, §1º, CF. Brasília é a Capital Federal. III - criar distinções entre brasileiros ou preferências en-
tre si.

1
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Embora o artigo 19 traga algumas vedações expressas Artigo 20, CF. São bens da União:
aos entes federados, fato é que todo o sistema constitucio- I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem
nal traz impedimento à atuação das unidades federativas a ser atribuídos;
e de seus administradores. Afinal, não possuem liberdade II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
para agirem como quiserem e somente podem fazer o que fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias fede-
a lei permite (princípio da legalidade aplicado à Adminis- rais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
tração Pública). III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
Repartição de competências e bens sirvam de limites com outros países, ou se estendam a terri-
O título III da Constituição Federal regulamenta a orga- tório estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos
nização do Estado, definindo competências administrativas marginais e as praias fluviais;
e legislativas, bem como traçando a estrutura organizacio- IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
nal por ele tomada. com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
Bens Públicos são todos aqueles que integram o pa- e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
trimônio da Administração Pública direta e indireta, sendo Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público
que todos os demais bens são considerados particulares. e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; 
Destaca-se a disciplina do Código Civil: V - os recursos naturais da plataforma continental e da
zona econômica exclusiva;
Artigo 98, CC. São públicos os bens de domínio nacional VI - o mar territorial;
pertencentes as pessoas jurídicas de direito público interno; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que VIII - os potenciais de energia hidráulica;
pertencerem. IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar-
Artigo 99, CC. São bens públicos: queológicos e pré-históricos;
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao
estradas, ruas e praças;
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos
administração direta da União, participação no resultado
destinados a serviço ou estabelecimento da administração
da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos
federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de
hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros
suas autarquias;
recursos minerais no respectivo território, plataforma conti-
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das
nental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou com-
pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pensação financeira por essa exploração.
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, con- largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada
sideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas ju- como faixa de fronteira, é considerada fundamental para
rídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização
direito privado. serão reguladas em lei.
Artigo 100, CC. Os bens públicos de uso comum do Artigo 26, CF. Incluem-se entre os bens dos Estados:
povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto con- I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emer-
servarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. gentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da
lei, as decorrentes de obras da União;
Artigo 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que es-
alienados, observadas as exigências da lei. tiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da
União, Municípios ou terceiros;
Artigo 102, CC. Os bens públicos não estão sujeitos a III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
usucapião. União;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as
Artigo 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode da União.
ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido le-
galmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 1) Competência organizacional-administrativa ex-
clusiva da União
Os bens da União estão enumerados no artigo 20 e os A Constituição Federal, quando aborda a competência
bens dos Estados-membros no artigo 26, ambos da Cons- da União, traz no artigo 21 a expressão “compete à União”
tituição, que seguem abaixo. Na divisão de bens estabele- e no artigo 22 a expressão “compete privativamente à
cida pela Constituição Federal denota-se o caráter residual União”. Neste sentido, questiona-se se a competência no
dos bens dos Estados-membros porque exige-se que estes artigo 21 seria privativa. Obviamente, não seria comparti-
não pertençam à União ou aos Municípios. lhada, pois os casos que o são estão enumerados no texto
constitucional.

2
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Com efeito, entende-se que o artigo 21, CF, enumera XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatísti-
competências exclusivas da União. Estas expressões que ca, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
a princípio seriam sinônimas assumem significado diverso. XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
Exclusiva é a competência da União que pode ser delegada diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
a outras unidades federadas e privativa é a competência da XVII - conceder anistia;
União que somente pode ser exercida por ela. XVIII - planejar e promover a defesa permanente con-
O artigo 21, que traz as competências exclusivas da União, tra as calamidades públicas, especialmente as secas e as
trabalha com questões organizacional-administrativas. inundações;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de
Artigo 21, CF. Compete à União: recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
I - manter relações com Estados estrangeiros e parti- de seu uso;
cipar de organizações internacionais; XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urba-
II - declarar a guerra e celebrar a paz; no, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
III - assegurar a defesa nacional; urbanos;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional nacional de viação;
ou nele permaneçam temporariamente; XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero-
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a portuária e de fronteiras;
intervenção federal; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
material bélico; pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a in-
VII - emitir moeda; dustrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fisca- derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
lizar as operações de natureza financeira, especialmente as a) toda atividade nuclear em território nacional so-
de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros mente será admitida para fins pacíficos e mediante aprova-
e de previdência privada; ção do Congresso Nacional;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais b) sob regime de permissão, são autorizadas a comer-
de ordenação do território e de desenvolvimento econô- cialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e
mico e social; usos médicos, agrícolas e industriais;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção,
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, igual ou inferior a duas horas;
nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos ser- d) a responsabilidade civil por danos nucleares inde-
viços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos pende da existência de culpa;
institucionais; XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do tra-
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, balho;
concessão ou permissão: XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exer-
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e ima- cício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
gens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o apro- Envolve a competência organizacional-administrativa
veitamento energético dos cursos de água, em articulação da União a atuação regionalizada com vistas à redução das
com os Estados onde se situam os potenciais hidroener- desigualdade regionais, descrita no artigo 43 da Constitui-
géticos; ção Federal:
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura
aeroportuária; Artigo 43, CF. Para efeitos administrativos, a União po-
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário derá articular sua ação em um mesmo complexo geoeco-
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que trans- nômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redu-
ponham os limites de Estado ou Território; ção das desigualdades regionais.
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual § 1º Lei complementar disporá sobre:
e internacional de passageiros; I - as condições para integração de regiões em desen-
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; volvimento;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis- II - a composição dos organismos regionais que exe-
tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a cutarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos
Defensoria Pública dos Territórios; planos nacionais de desenvolvimento econômico e social,
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia mi- aprovados juntamente com estes.
litar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Fede- § 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de
ral, bem como prestar assistência financeira ao Distrito outros, na forma da lei:
Federal para a execução de serviços públicos, por meio de I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens
fundo próprio; de custos e preços de responsabilidade do Poder Público;

3
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

II - juros favorecidos para financiamento de atividades XXI - normas gerais de organização, efetivos, material
prioritárias; bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de militares e corpos de bombeiros militares;
tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; XXII - competência da polícia federal e das polícias ro-
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e doviária e ferroviária federais;
social dos rios e das massas de água represadas ou repre- XXIII - seguridade social;
sáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
§ 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União in- XXV - registros públicos;
centivará a recuperação de terras áridas e cooperará com XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
os pequenos e médios proprietários rurais para o estabele- XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em
cimento, em suas glebas, de fontes de água e de pequena todas as modalidades, para as administrações públicas di-
irrigação. retas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e
2) Competência legislativa privativa da União para as empresas públicas e sociedades de economia mista,
A competência legislativa da União é privativa e, sendo nos termos do art. 173, § 1°, III; 
assim, pode ser delegada. As matérias abaixo relacionadas XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
somente podem ser legisladas por atos normativos com marítima, defesa civil e mobilização nacional;
abrangência nacional, mas é possível que uma lei comple- XXIX - propaganda comercial.
mentar autorizar que determinado Estado regulamente Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar
questão devidamente especificada. os Estados a legislar sobre questões específicas das ma-
térias relacionadas neste artigo.
Artigo 22, CF. Compete privativamente à União legislar
sobre: 3) Competência organizacional-administrativa
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleito- compartilhada
União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios
ral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do tra-
compartilham certas competências organizacional-ad-
balho;
ministrativas. Significa que qualquer dos entes federados
II - desapropriação;
poderá atuar, desenvolver políticas públicas, nestas áreas.
III - requisições civis e militares, em caso de iminente
Todas estas áreas são áreas que necessitam de atuação in-
perigo e em tempo de guerra;
tensa ou vigilância constantes, de modo que mediante ges-
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
tão cooperada se torna possível efetivar o máximo possível
radiodifusão;
os direitos fundamentais em casa uma delas.
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garan- Artigo 23, CF. É competência comum da União, dos Es-
tias dos metais; tados, do Distrito Federal e dos Municípios:
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferên- I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
cia de valores; instituições democráticas e conservar o patrimônio pú-
VIII - comércio exterior e interestadual; blico;
IX - diretrizes da política nacional de transportes; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma- e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
rítima, aérea e aeroespacial; III - proteger os documentos, as obras e outros bens
XI - trânsito e transporte; de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e me- paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
talurgia; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracte-
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; rização de obras de arte e de outros bens de valor histórico,
XIV - populações indígenas; artístico ou cultural;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educa-
expulsão de estrangeiros; ção, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição
condições para o exercício de profissões; em qualquer de suas formas;
XVII - organização judiciária, do Ministério Públi- VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
co do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar
Pública dos Territórios, bem como organização adminis- o abastecimento alimentar;
trativa destes IX - promover programas de construção de moradias
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de e a melhoria das condições habitacionais e de sanea-
geologia nacionais; mento básico;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da X - combater as causas da pobreza e os fatores de
poupança popular; marginalização, promovendo a integração social dos seto-
XX - sistemas de consórcios e sorteios; res desfavorecidos;

4
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de O estudo das competências concorrentes permite vis-
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e lumbrar os limites da atuação conjunta entre União, Esta-
minerais em seus territórios; dos e Distrito Federal no modelo Federativo adotado no
XII - estabelecer e implantar política de educação para Brasil, visando à obtenção de uma homogeneidade nacio-
a segurança do trânsito. nal, com preservação dos pluralismos regionais e locais.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas O cerne da distinção da competência entre os entes
para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito federados repousa na competência da União para o esta-
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do de- belecimento de normas gerais. A competência legislativa
senvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. dos Estados-membros e dos Municípios nestas questões é
suplementar, ou seja, as normas estaduais agregam deta-
4) Competência legislativa compartilhada lhes que a norma da União não compreende, notadamente
Além de compartilharem competências organizacio- trazendo peculiaridades regionais.
nal-administrativas, os entes federados compartilham No caso do artigo 24, CF, a União dita as normas gerais
competência para legislar sobre determinadas matérias. e as normas suplementares ficam por conta dos Estados,
Entretanto, excluem-se do artigo 24, CF, os entes federa- ou seja, as peculiaridades regionais são normatizadas pelos
dos da espécie Município, sendo que estes apenas legislam Estados. As normas estaduais, neste caso, devem guardar
sobre assuntos de interesse local. uma relação de compatibilidade com as normas federais
(relação hierárquica). Diferentemente da competência co-
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Fe- mum em que as leis estão em igualdade de condições, uma
deral legislar concorrentemente sobre: não deve subordinação à outra.
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, eco- Entretanto, os Estados não ficam impedidos de criar leis
nômico e urbanístico; regulamentadoras destas matérias enquanto a União não o
II - orçamento; faça. Sobrevindo norma geral reguladora, perdem a eficácia
III - juntas comerciais; os dispositivos de lei estadual com ela incompatível.
IV - custas dos serviços forenses;
5) Limitações e regras mínimas aplicáveis à com-
V - produção e consumo;
petência organizacional-administrativa autônoma dos
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da nature-
Estados-membros
za, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio
ambiente e controle da poluição;
Artigo 25, CF. Os Estados organizam-se e regem-se
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artís-
pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
tico, turístico e paisagístico;
princípios desta Constituição.
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, § 1º São reservadas aos Estados as competências que
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
histórico, turístico e paisagístico; § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me-
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, diante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a
X - criação, funcionamento e processo do juizado de sua regulamentação. 
pequenas causas; § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar,
XI - procedimentos em matéria processual; instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municí-
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; pios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento
XIV - proteção e integração social das pessoas porta- e a execução de funções públicas de interesse comum.
doras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude; O documento que está no ápice da estrutura norma-
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das po- tiva de um Estado-membro é a Constituição estadual. Ela
lícias civis. deve guardar compatibilidade com a Constituição Federal,
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a com- notadamente no que tange aos princípios nela estabeleci-
petência da União limitar-se-á a estabelecer normas dos, sob pena de ser considerada norma inconstitucional.
gerais. A competência do Estado é residual – tudo o que não
§ 2º A competência da União para legislar sobre nor- obrigatoriamente deva ser regulamentado pela União ou
mas gerais não exclui a competência suplementar dos pelos Municípios, pode ser legislado pelo Estado-membro,
Estados. sem prejuízo da já estudada competência legislativa con-
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os corrente com a União.
Estados exercerão a competência legislativa plena, para O §3º do artigo 25 regulamenta a conurbação, que
atender a suas peculiaridades. abrange regiões metropolitanas (um município, a metró-
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas ge- pole, está em destaque) e aglomerações urbanas (não há
rais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for município em destaque), e as microrregiões (não conur-
contrário. badas, mas limítrofes, geralmente identificada por bacias
hidrográficas).

5
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A estrutura e a organização dos Poderes Legislativo Por exemplo, só haverá eleição de segundo turno se o
e Executivo no âmbito do Estado-membro é detalhada município tiver mais de duzentos mil habitantes. Destaca-
na Constituição estadual, mas os artigos 27e 28 trazem -se, ainda, a exaustiva regra sobre o número de vereadores
bases regulamentadoras que devem ser respeitadas. e a questão dos subsídios. Incidente, também a regra sobre
o julgamento do Prefeito pelo Tribunal de Justiça.
Artigo 27, CF. O número de Deputados à Assem- O artigo 29-A, CF, por seu turno, detalha os limites de
bleia Legislativa corresponderá ao triplo da represen- despesas com o Poder Legislativo municipal, permitindo a
tação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o responsabilização do Prefeito e do Presidente da Câmara
número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos por violação a estes limites.
forem os Deputados Federais acima de doze.
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Artigo 29, CF. O Município reger-se-á por lei orgâni-
Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constitui- ca, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
ção sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imuni- dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
dades, remuneração, perda de mandato, licença, im- Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios esta-
pedimentos e incorporação às Forças Armadas. belecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixa- Estado e os seguintes preceitos:
do por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores,
razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e si-
estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, multâneo realizado em todo o País;
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no pri-
II, 153, III, e 153, § 2º, I. meiro domingo de outubro do ano anterior ao término do
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art.
sobre seu regimento interno, polícia e serviços ad- 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores; 
ministrativos de sua secretaria, e prover os respectivos III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de
janeiro do ano subsequente ao da eleição;
cargos.
IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no pro-
observado o limite máximo de:  (Vide ADIN 4307)
cesso legislativo estadual.
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
(quinze mil) habitantes; 
Artigo 28, CF. A eleição do Governador e do Vice-
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
-Governador de Estado, para mandato de quatro anos,
15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil)
realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em
habitantes; 
primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil)
do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em habitantes; 
primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
quanto ao mais, o disposto no art. 77.  50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir mil) habitantes; 
outro cargo ou função na administração pública di- e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de
reta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de con- 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e
curso público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V. vinte mil) habitantes; 
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de
e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de ini- 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cen-
ciativa da Assembleia Legislativa, observado o que dis- to sessenta mil) habitantes; 
põem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000
6) Limitações e regras mínimas aplicáveis à com- (trezentos mil) habitantes; 
petência organizacional-administrativa autônoma h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais
dos Municípios de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (qua-
Os Municípios gozam de autonomia no modelo fe- trocentos e cinquenta mil) habitantes; 
derativo brasileiro e, sendo assim, possuem capacidade i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
de auto-organização, normatização e autogoverno. de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de
Notadamente, mediante lei orgânica, conforme se até 600.000 (seiscentos mil) habitantes; 
extrai do artigo 29, caput, CF, o Município se normatiza, j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
devendo esta lei guardar compatibilidade tanto com a 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (sete-
Constituição Federal quanto com a respectiva Consti- centos cinquenta mil) habitantes; 
tuição estadual. O dispositivo mencionado traça, ainda, k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
regras mínimas de estruturação do Poder Executivo e do de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até
Legislativo municipais. 900.000 (novecentos mil) habitantes; 

6
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil ha-
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
milhão e cinquenta mil) habitantes;  a cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil
de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponde-
até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;  rá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes,
de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e
até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) ha- cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
bitantes;  VII - o total da despesa com a remuneração dos Ve-
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de readores não poderá ultrapassar o montante de cinco por
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitan- cento da receita do Município; 
tes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habi- VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opi-
tantes;  niões, palavras e votos no exercício do mandato e na cir-
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais cunscrição do Município; 
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da
até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;  vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta Consti-
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de tuição para os membros do Congresso Nacional e na Consti-
mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes tuição do respectivo Estado para os membros da Assembleia
e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habi- Legislativa; 
tantes;  X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Jus-
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de tiça; 
mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habi- XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras
tantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes;  da Câmara Municipal; 
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios
XII - cooperação das associações representativas no
de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até
planejamento municipal; 
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes; 
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de
específico do Município, da cidade ou de bairros, através de
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até
manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleito-
5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; 
rado; 
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos
mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até
do art. 28, parágrafo único (assumir outro cargo). 
6.000.000 (seis milhões) de habitantes; 
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até Artigo  29-A, CF.  O total da despesa do Poder Le-
7.000.000 (sete milhões) de habitantes;  gislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar
de mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e   tributária e das transferências previstas no § 5o do art. 153
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício
mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;  anterior: 
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Se- I - 7% (sete por cento) para Municípios com população
cretários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câma- de até 100.000 (cem mil) habitantes;  (Redação dada pela
ra Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)   (Pro-
4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;  dução de efeito)
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respec- II - 6% (seis por cento) para Municípios com população
tivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subse- entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes; 
quente, observado o que dispõe esta Constituição, observa- III - 5% (cinco por cento) para Municípios com popula-
dos os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os ção entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhen-
seguintes limites máximos:  tos mil) habitantes; 
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento)
máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do para Municípios com população entre 500.001 (quinhentos
subsídio dos Deputados Estaduais;  mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes; 
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habi- V - 4% (quatro por cento) para Municípios com popu-
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a lação entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito
trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;  milhões) de habitantes; 
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil ha- VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para
bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá Municípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões
a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;  e um) habitantes. 

7
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1o  A Câmara Municipal não gastará mais de se- § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente
tenta por cento de sua receita com folha de pagamento, sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar,
incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.  só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
§ 2o  Constitui crime de responsabilidade do Prefeito membros da Câmara Municipal.
Municipal:  § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta
I - efetuar repasse que supere os limites definidos nes- dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte,
te artigo;  para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou  legitimidade, nos termos da lei.
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou
na Lei Orçamentária.  órgãos de Contas Municipais.
§ 3o  Constitui crime de responsabilidade do Presiden-
te da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. 7) Peculiaridades da competência organizacional-
-administrativa do Distrito Federal e Territórios
As competências legislativas e administrativas dos mu- O Distrito Federal não se divide em Municípios, mas
nicípios estão fixadas no artigo 30, CF. Quanto à compe- em regiões administrativas. Se regulamenta por lei orgâni-
tência legislativa, é suplementar, garantindo o direito de ca, mas esta lei orgânica aproxima-se do status de Consti-
legislar sobre assuntos de interesse local. tuição estadual, cabendo controle de constitucionalidade
direto de leis que a contrariem pelo Tribunal de Justiça do
Artigo 30, CF. Compete aos Municípios: Distrito Federal e dos Territórios.
I - legislar sobre assuntos de interesse local; O Distrito Federal possui um governador e uma Câma-
II - suplementar a legislação federal e a estadual no ra Legislativa, eleitos na forma dos governadores e deputa-
que couber; dos estaduais. Entretanto, não tem eleições municipais. O
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competên- Distrito Federal tem 3 senadores, 8 deputados federais e 24
cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obriga- deputados distritais.
toriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos Quanto aos territórios, não existem hoje no país, mas
fixados em lei; se vierem a existir serão nomeados pelo Presidente da Re-
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a pública.
legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de Artigo 32, CF. O Distrito Federal, vedada sua divisão
concessão ou permissão, os serviços públicos de interes- em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em
se local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada
essencial; por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará,
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
União e do Estado, programas de educação infantil e de § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
ensino fundamental;  legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador,
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distri-
população; tais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Es-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamen- taduais, para mandato de igual duração.
to territorial, mediante planejamento e controle do uso, do § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa
parcelamento e da ocupação do solo urbano; aplica-se o disposto no art. 27.
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul- § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo
tural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo
federal e estadual. de bombeiros militar.

A fiscalização dos Municípios se dá tanto no âmbito Artigo 33, CF. A lei disporá sobre a organização admi-
interno quanto no externo. Externamente, é exercida pelo nistrativa e judiciária dos Territórios.
Poder Legislativo com auxílio de Tribunal de Contas. A cons- § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municí-
tituição, no artigo 31, CF, veda a criação de novos Tribunais pios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Ca-
de Contas municipais, mas não extingue os já existentes. pítulo IV deste Título.
§ 2º As contas do Governo do Território serão submeti-
Artigo 31, CF. A fiscalização do Município será exer- das ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal
cida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante contro- de Contas da União.
le externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil ha-
Executivo Municipal, na forma da lei. bitantes, além do Governador nomeado na forma desta
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exer- Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e se-
cido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados gunda instância, membros do Ministério Público e defenso-
ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Con- res públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a
tas dos Municípios, onde houver. Câmara Territorial e sua competência deliberativa.

8
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Intervenção IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representa-


A intervenção consiste no afastamento temporário das ção para assegurar a observância de princípios indicados
prerrogativas totais ou parciais próprias da autonomia dos na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei,
entes federados, por outro ente federado, prevalecendo a de ordem ou de decisão judicial”.
vontade do ente interventor. Neste sentido, necessária a
verificação de: Artigo 36, CF. A decretação da intervenção dependerá:
a) Pressupostos materiais – requisitos a serem verifica- I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes),
dos quanto ao atendimento de uma das justificativas para de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Execu-
a intervenção. tivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo
b) Pressupostos processuais – requisitos para que o ato Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder
da intervenção seja válido, como prazo, abrangência, con- Judiciário;
dições, além da autorização do Poder Legislativo (artigo 36, II - no caso de desobediência a ordem ou decisão ju-
CF). diciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do
A intervenção pode ser federal, quando a União inter- Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior
fere nos Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou Eleitoral;
estadual, quando os Estados-membros interferem em seus III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
Municípios (artigo 35, CF). representação do Procurador-Geral da República, na hipó-
tese do art. 34, VII (observância de princípios constitucio-
Artigo 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem nais), e no caso de recusa à execução de lei federal.
no Distrito Federal, exceto para: § 1º O decreto de intervenção, que especificará a am-
I - manter a integridade nacional; plitude, o prazo e as condições de execução e que, se cou-
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da ber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação
Federação em outra; do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional
pública;
ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraor-
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
dinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
nas unidades da Federação;
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de decisão/
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação
lei federal e violação de certos princípios constitucionais),
que:
ou do art. 35, IV (idem com relação à intervenção em mu-
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais
nicípios), dispensada a apreciação pelo Congresso Nacio-
de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
nal ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á a
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias
suspender a execução do ato impugnado, se essa medida
fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos bastar ao restabelecimento da normalidade.
em lei; § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autorida-
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou deci- des afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impe-
são judicial; dimento legal.
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais: A separação de Poderes é inerente ao modelo do Es-
a) forma republicana, sistema representativo e regi- tado Democrático de Direito, impedindo a monopolização
me democrático; do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta
b) direitos da pessoa humana; garantida no artigo 2º da Constituição Federal com o se-
c) autonomia municipal; guinte teor: “Art. 2º São Poderes da União, independentes
d) prestação de contas da administração pública, dire- e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judi-
ta e indireta. ciário”. Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessá-
impostos estaduais, compreendida a proveniente de transfe- ria a divisão de funções das atividades estatais de maneira
rências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes.
ações e serviços públicos de saúde”.  O constituinte afirma que estes poderes são independen-
tes e harmônicos entre si. Independência significa que cada
Artigo 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municí- qual possui poder para se autogerir, notadamente pela capa-
pios, nem a União nos Municípios localizados em Territó- cidade de organização estrutural (criação de cargos e subdi-
rio Federal, exceto quando: visões) e orçamentária (divisão de seus recursos conforme le-
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por gislação por eles mesmos elaborada). Harmonia significa que
dois anos consecutivos, a dívida fundada; cada Poder deve respeitar os limites de competência do outro
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; e não se imiscuir indevidamente em suas atividades típicas.
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita A noção de separação de Poderes começou a tomar
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e forma com o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo
nas ações e serviços públicos de saúde;  lançou base para os dois principais eventos que ocorre-

9
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as te à sua natureza será por ele mesmo desempenhada.
Revoluções Francesa e Industrial. Entre os pensadores que a) Funções atípicas do Poder Executivo: legislar – no-
lançaram as ideias que vieram a ser utilizadas no ideário tadamente quando o Presidente da República adota uma
das Revoluções Francesa e Americana se destacam Loc- medida provisória (art. 62, CF) – e julgar –no que tange a
ke, Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi defesas e recursos administrativos;
o que mais trabalhou com a concepção de separação dos b) Funções atípicas do Poder Legislativo: se auto-
Poderes. -organizar (função executiva) – dispondo sobre organiza-
Montesquieu (1689 –  1755) avançou nos estudos de ção, provimento de cargos, concessão de férias e licenças a
Locke, que também entendia necessária a separação dos seus servidores, etc. – e julgar – a exemplo do julgamento
Poderes, e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em de- do Presidente da República por crime de responsabilidade
finitivo a clássica divisão de poderes: Executivo, Legislativo pelo Senado Federal (art. 52, I, CF);
e Judiciário. O pensador viveu na França, numa época em c) Funções atípicas do Poder Judiciário: se auto-or-
que o absolutismo estava cada vez mais forte. ganizar (função executiva) – dispondo sobre organização,
O objeto central da principal obra de Montesquieu1 estrutura, concessão de férias e licenças a seus servidores,
não é a lei regida nas relações entre os homens, mas as leis etc. – e legislar – elaborando o regimento interno de seus
e instituições criadas pelos homens para reger as relações Tribunais, por exemplo (art. 96, CF).
entre os homens. Segundo Montesquieu2, as leis criam
costumes que regem o comportamento humano, sendo
influenciadas por diversos fatores, não apenas pela razão.
Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Mon- 2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 2.1
tesquieu3, do modo como se dará o seu exercício, uma vez PRINCÍPIOS E NORMAS REFERENTES À
que o poder emana do povo, apto a escolher mas inapto ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA.
a governar, sendo necessário que seu interesse seja repre-
sentado conforme sua vontade.
Montesquieu4 estabeleceu como condição do Estado
de Direito a separação dos Poderes em Legislativo, Judi- Centralização, descentralização, concentração e
ciário e Executivo – que devem se equilibrar –, servindo o desconcentração
primeiro para a elaboração, a correção e a ab-rogação de
leis, o segundo para a promoção da paz e da guerra e a Em linhas gerais, descentralização significa transferir
garantia de segurança, e o terceiro para julgar (mesmo os a execução de um serviço público para terceiros que não
próprios Poderes). se confundem com a Administração direta; centralização
Ao modelo de repartição do exercício de poder por in- significa situar na Administração direta atividades que, em
termédio de órgãos ou funções distintas e independentes tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora dela;
de forma que um desses não possa agir sozinho sem ser desconcentração significa transferir a execução de um ser-
limitado pelos outros confere-se o nome de sistema de viço público de um órgão para o outro dentro da própria
freios e contrapesos (no inglês, checks and balances). Administração; concentração significa manter a execução
Neste modelo, o Estado desempenha funções típicas e central ao chefe do Executivo em vez de atribui-la a outra
atípicas. Por função típica entenda-se aquela para a qual o autoridade da Administração direta.
Poder foi criado. Passemos a esmiuçar estes conceitos:
a) Função típica do Poder Executivo: administrar – Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do
gerir a coisa pública e aplicar a lei; Executivo, do poder de delegar certas atribuições que são
b) Funções típicas do Poder Legislativo: legislar – al- de sua competência privativa. Neste sentido, o previsto na
terando e criando a ordem jurídica vigente – e fiscalizar o CF:
Executivo – fiscalizando a contabilidade, o orçamento, as
finanças e o patrimônio do Executivo; Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da Repúbli-
c) Função típica do Poder Judiciário: julgar – solucio- ca poderá delegar as atribuições mencionadas nos inci-
nar litígios e fazer valer a lei no caso concreto e, eventual- sos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado,
mente, em casos abstratos, como no controle de constitu- ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
cionalidade. União, que observarão os limites traçados nas respectivas
Funções atípicas são aquelas que tradicionalmente delegações.
pertenceriam a outro Poder, mas por ser tal função ineren-
Neste sentido:
1 MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Espíri-
to das Leis. Tradução Fernando Henrique Cardoso e Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre: 
Leôncio Martins Rodrigues. 2. ed. São Paulo: Abril Cul- a) organização e funcionamento da administração
tural, 1979, p. 25. federal, quando não implicar aumento de despesa nem
2 Ibid., p. 26. criação ou extinção de órgãos públicos; 
3 Ibid., p. 32. b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
4 Ibid., p. 148-149. vagos; 

10
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas, XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos pú- Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura-
blicos federais, na forma da lei; (apenas o provimento é dor-Geral da República, o presidente e os diretores do ban-
delegável, não a extinção) co central e outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis-
Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem op- tros do Tribunal de Contas da União;
ções de delegar parte de suas atribuições privativas para XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República Constituição, e o Advogado-Geral da União;
ou o Advogado-Geral da União. O Presidente irá delegar XVII - nomear membros do Conselho da República,
com relação de hierarquia cada uma destas essencialida- nos termos do art. 89, VII;
des dentro da estrutura organizada do Estado. Reforça-se, XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e
desconcentrar significa delegar com hierarquia, pois o Conselho de Defesa Nacional;
há uma relação de subordinação dentro de uma estrutura XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
centralizada, isto é, os Ministros de Estado, o Procurador- autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
-Geral da República e o Advogado-Geral da União respon- quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas
dem diretamente ao Presidente da República e, por isso, mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobi-
não possuem plena discricionariedade na prática dos atos lização nacional;
administrativos que lhe foram delegados. XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
Congresso Nacional;
Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
privativas da Administração pública direta no âmbito mais XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
central possível, isto é, diretamente pelo chefe do Poder que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
Executivo, seja porque não são atribuições delegáveis, seja ou nele permaneçam temporariamente;
porque se optou por não delegar. XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro-
Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente postas de orçamento previstos nesta Constituição;
da República: XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa,
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a di- as contas referentes ao exercício anterior;
reção superior da administração federal; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos na forma da lei;
previstos nesta Constituição; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, nos termos do art. 62;
bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
execução; Constituição.
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor, mediante decreto, sobre:  Descentralizar envolve a delegação de interesses es-
a) organização e funcionamento da administração tatais para fora da estrutura da Administração direta, o que
federal, quando não implicar aumento de despesa nem é possível porque não se refere a essencialidades, ou seja,
criação ou extinção de órgãos públicos;  a atos administrativos que somente possam ser praticados
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando pela Administração direta porque se referem a interesses
vagos;  estatais diversos previstos ou não na CF. Descentralizar é
VII - manter relações com Estados estrangeiros e uma delegação sem relação de hierarquia, pois é uma
acreditar seus representantes diplomáticos; delegação de um ente para outro (não há subordinação
VIII - celebrar tratados, convenções e atos interna- nem mesmo quanto ao chefe do Executivo, há apenas uma
cionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; espécie de tutela ou supervisão por parte dos Ministérios –
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; se trata de vínculo e não de subordinação).
X - decretar e executar a intervenção federal; Basicamente, se está diante de um conjunto de pes-
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con- soas jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislati- prestarem serviços de interesse do Estado. Possuem patri-
va, expondo a situação do País e solicitando as providências mônio próprio e são unidades orçamentárias autônomas.
que julgar necessárias; Ainda, exercem em nome próprio direitos e obrigações,
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên- respondendo pessoalmente por seus atos e danos.
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; Existem duas formas pelas quais o Estado pode efetuar
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma- a descentralização administrativa: outorga e delegação.
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade
da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá- e a ela transfere, através de previsão em lei, determinado
-los para os cargos que lhes são privativos;  serviço público e é conferida, em regra, por prazo indeter-

11
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

minado. Isso é o que acontece quanto às entidades da Ad- Quanto se faz desconcentração da autoridade central
ministração Indireta prestadoras de serviços públicos. Nes- – chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara com
te sentido, o Estado descentraliza a prestação dos serviços, diversos níveis de órgãos, que podem ser classificados em
outorgando-os a outras entidades criadas para prestá-los, simples ou complexos (simples se possuem apenas uma
as quais podem tomar a forma de autarquias, empresas estrutura administrativa, complexos se possuem uma rede
públicas, sociedades de economia mista e fundações pú- de estruturas administrativas) e em unitários ou colegia-
blicas. dos (unitário se o poder de decisão se concentra em uma
A delegação ocorre quando o Estado transfere, por pessoa, colegiado se as decisões são tomadas em conjunto
contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço, e prevalece a vontade da maioria):
para que o ente delegado o preste ao público em seu pró- a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou es-
prio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do Esta- trutura do Estado, gozando de independência para agir e
do. A delegação é geralmente efetivada por prazo determi- não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles definir as
nado. Ela se dá, por exemplo, nos contratos de concessão políticas que serão implementadas. É o caso da Presidên-
ou nos atos de permissão, pelos quais o Estado transfere cia da República, órgão complexo composto pelo gabinete,
aos concessionários e aos permissionários apenas a execu- pela Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da Repúbli-
ção temporária de determinado serviço. ca, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois o Presidente
Centralizar envolve manter na estrutura da Administra- da República é o único que toma as decisões).
ção direta o desempenho de funções administrativas de inte- b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do
resses não essenciais do Estado, que poderiam ser atribuídos poder, com autonomia funcional, porém subordinados po-
a entes de fora da Administração por outorga ou delegação. liticamente aos independentes. É o caso de todos os minis-
térios de Estado.
Administração Pública Direta c) Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia
Administração Pública direta é aquela formada pelos ou independência, sendo plenamente vinculados aos ór-
entes integrantes da federação e seus respectivos órgãos. gãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho, vin-
Os entes políticos são a União, os Estados, o Distrito Fede- culada ao Ministério do Trabalho e Emprego; Departamen-
ral e os Municípios. À exceção da União, que é dotada de to da Polícia Federal, vinculado ao Ministério da Justiça.
soberania, todos os demais são dotados de autonomia. d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima
Dispõe o Decreto nº 200/1967: deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos
que executam trabalho de campo, policiais federais, fiscais
Art. 4° A Administração Federal compreende: do MTE.
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços ATENÇÃO: O Ministério Público, os Tribunais de Contas
integrados na estrutura administrativa da Presidência da Re- e as Defensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura,
pública e dos Ministérios. sendo órgãos independentes constitucionais. Em verdade,
para Canotilho e outros constitucionalistas, estes órgãos
A administração direta é formada por um conjunto de não pertencem nem mesmo aos três poderes.
núcleos de competências administrativas, os quais já foram Conforme Carvalho Filho5, “a noção de Estado, como
tidos como representantes do poder central (teoria da re- visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es-
presentação) e como mandatários do poder central (teoria tado, na verdade, é considerado um ente personalizado,
do mandato). Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando
Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos ad- se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo, porque
ministrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas além da pessoa jurídica central existem outras internas que
que podem ser organizados por decretos autônomos do compõem o sistema político. Sendo uma pessoa jurídica,
Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de personali- o Estado manifesta sua vontade através de seus agentes,
dade jurídica própria. ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus quadros.
Assim, os órgãos da Administração direta não possuem Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, compõe o Esta-
patrimônio próprio; e não assumem obrigações em nome do um grande número de repartições internas, necessárias
próprio e nem direitos em nome próprio (não podem ser à sua organização, tão grande é a extensão que alcança e
autor nem réu em ações judiciais, exceto para fins de man- tamanha as atividades a seu cargo. Tais repartições é que
dado de segurança – tanto como impetrante como quan- constituem os órgãos públicos”.
to impetrado). Já que não possuem personalidade, atuam “Várias teorias surgiram para explicar as relações do
apenas no cumprimento da lei, não atuando por vontade Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do
própria. Logo, órgãos e agentes públicos são impessoais mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurí-
quando agem no estrito cumprimento de seus deveres, dica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado,
não respondendo diretamente por seus atos e danos. que não tem vontade própria, pode outorgar o mandato”6.
Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res-
ponsabilidade a agentes públicos ou órgãos públicos que 5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
estejam exercendo atribuições da Administração direta é administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
denominada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke, 6 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrati-
que institui o princípio da impessoalidade. vo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.

12
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

A origem desta teoria está no direito privado, não tendo “Enquanto a Administração Direta é composta de
como prosperar porque o Estado não pode outorgar man- órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se
dato a alguém, afinal, não tem vontade própria. compõe de pessoas jurídicas, também denominadas de
Num momento seguinte, adotou-se a teoria da repre- entidades”8. Em que pese haver entendimento diverso
sentação: “Posteriormente houve a substituição dessa con- registrado em nossa doutrina, integram a Administração
cepção pela teoria da representação, pela qual a vontade indireta do Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a
dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade do Es- saber: as Autarquias, as Fundações, as Sociedades de Eco-
tado, como ocorre na tutela ou na curatela, figuras jurídicas nomia Mista e as Empresas Públicas.
que apontam para representantes dos incapazes. Ocorre Dispõe o Decreto nº 200/1967:
que essa teoria, além de equiparar o Estado, pessoa jurídi-
ca, ao incapaz (sendo que o Estado é pessoa jurídica do- Art. 4° A Administração Federal compreende:
tada de capacidade plena), não foi suficiente para alicerçar II - A Administração Indireta, que compreende as se-
um regime de responsabilização da pessoa jurídica perante
guintes categorias de entidades, dotadas de personalidade
terceiros prejudicados nas circunstâncias em que o agente
jurídica própria:
ultrapassasse os poderes da representação”7. Criticou-se a
a) Autarquias;
teoria porque o Estado estaria sendo visto como um su-
b) Empresas Públicas;
jeito incapaz, ou seja, uma pessoa que não tem condições
plenas de manifestar, de falar, de resolver pendências; bem c) Sociedades de Economia Mista.
como porque se o representante estatal exorbitasse seus d) fundações públicas.
poderes, o Estado não poderia ser responsabilizado.
Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giër- Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que
ke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos adminis- prestam serviços públicos por delegação, embora não in-
trativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas que tegrem os quadros da Administração, quais sejam, os per-
podem ser organizados por decretos autônomos do Exe- missionários, os concessionários e os autorizados.
cutivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de personalidade Essas quatro pessoas integrantes da Administração
jurídica própria. Com efeito, o Estado brasileiro responde indireta serão criadas para a prestação de serviços públi-
pelos atos que seus agentes praticam, mesmo se estes atos cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômi-
extrapolam das atribuições estatais conferidas, sendo-lhe cas, como no caso das empresas públicas e sociedades de
assegurado o intocável e assustador direito de regresso. economia mista, e atuam com o objetivo de aumentar o
Apresenta-se a classificação dos órgãos: grau de especialidade e eficiência da prestação do serviço
a) Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais, dis- público ou, quando exploradoras de atividades econômi-
tritais e municipais. cas, visando atender a relevante interesse coletivo e impe-
b) Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são rativos da segurança nacional.
aqueles que detêm condição de comando e de direção, Com efeito, de acordo com as regras constantes do
e os subordinados, incumbidos das funções rotineiras de artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só po-
execução. derá explorar atividade econômica a título de exceção, em
c) Quanto à composição: singulares, quando integra- duas situações, conforme se colhe do caput do referido
dos em um só agente, e os coletivos, quando compostos artigo, a seguir reproduzido:
por vários agentes. Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
d) Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem atri- tituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
buições em todo o território nacional, estadual, distrital e
Estado só será permitida quando necessária aos imperati-
municipal, e os locais, que atuam em parte do território.
vos de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo,
e) Quanto à posição estatal: são os que representam os
conforme definidos em lei.
poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras
f) Quanto à estrutura: simples ou unitários e compos-
tos. Os órgãos compostos são constituídos por vários ou- constitucionais e em razão dos fins desejados pelo Esta-
tros órgãos. do, ao Poder Público não cumpre produzir lucro, tarefa
esta deferida ao setor privado. Assim, apenas explora ati-
Administração indireta vidades econômicas nas situações indicadas no artigo 173
A Administração Pública indireta pode ser definida do Texto Constitucional. Quando atuar na economia, con-
como um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou corre em grau de igualdade com os particulares, e sob o
privado, criadas ou instituídas a partir de lei específica, que regime do artigo 170 da Constituição, inclusive quanto à
atuam paralelamente à Administração direta na prestação livre concorrência, submetendo-se ainda a todas as obri-
de serviços públicos ou na exploração de atividades eco- gações constantes do regime jurídico de direito privado,
nômicas. inclusive no tocante às obrigações civis, comerciais, traba-
lhistas e tributárias.
7 NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo – es-
quematizado, completo, atualizado, temas polêmicos, con-
teúdo dos principais concursos públicos. 3. ed. São Paulo: 8 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
Atlas editora, 2013. administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

13
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Autarquias Ainda sobra as autarquias:


Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: Contam com patrimônio próprio, constituído a partir
de transferência pela entidade estatal a que se vinculam,
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com portanto, capital exclusivamente público.
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para São dotadas, ainda, de autonomia financeira, planejan-
executar atividades típicas da Administração Pública, que do seus gastos e compromissos a cada exercício. A propos-
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão admi- ta orçamentária é encaminhada anualmente ao chefe do
nistrativa e financeira descentralizada. Executivo, que a inclui no orçamento fiscal da lei orçamen-
tária anual. A própria autarquia presta contas diretamente
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, ao Tribunal de Contas.
de natureza administrativa, criadas para a execução de ser- Podem pagar aos seus credores por meio de precató-
viços tipicamente públicos, antes prestados pelas entida- rios e requisição de pequeno valor, tal como a Administra-
des estatais que as criam. Por serviços tipicamente públicos ção direta. Podem emitir sozinhas certidão de dívida ativa
entenda-se aqueles sem fins lucrativos criados por lei e co- de seus devedores.
mum monopólio do Estado. Gozam de imunidade tributária recíproca em relação a
“O termo autarquia significa autogoverno ou governo todas unidades da federação.
próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção semân- A elas se conferem as mesmas prerrogativas proces-
tica para ter o sentido de pessoa jurídica administrativa suais que à Fazenda Pública, inclusive prazo em dobro para
com relativa capacidade de gestão dos interesses a seu contestar e recorrer, além de reexame necessário da causa
cargo, embora sob controle do Estado, de onde se origi- em situações de condenação acima de certos valores.
nou. Na verdade, até mesmo em relação a esse sentido, Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e ex-
o termo está ultrapassado e não mais reflete uma noção tintas por lei, que podem ser complementadas por atos do
exata do instituto. [...] Pode-se conceituar autarquia como Executivo, notadamente Decretos.
a pessoa jurídica de direito público, integrante da Adminis- As autarquias podem ser federais, estaduais, distritais
tração Indireta, criada por lei para desempenhar funções e municipais, contudo não podem ser interestaduais ou in-
que, despidas de caráter econômico, sejam próprias e típi- termunicipais (não é permitida a associação de unidades
cas do Estado”9. federativas para a criação de autarquias).
Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo Devem executar atividades típicas do direito público e,
regime jurídico de direito público, podendo, tão-somente, notadamente, serviços públicos de natureza social e ativi-
ser prestadoras de serviços públicos, contando com capital dades administrativas, com a exclusão dos serviços e ativi-
oriundo da Administração direta. O Código Civil, em seu dades de cunho econômico e mercantil.
artigo 41, IV, as coloca como pessoas jurídicas de direito O patrimônio da autarquia é formado por bens públi-
público, embora exista controvérsia na doutrina. cos, razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas
Carvalho Filho10 classifica quanto ao regime jurídico: “a) regras aplicáveis aos bens públicos em geral, inclusive no
autarquias comuns (ou de regime comum); b) autarquias que se refere à impenhorabilidade e à impossibilidade de
especiais (ou de regime especial). Segundo a própria termi- oneração e de usucapião.
nologia, é fácil distingui-las: as primeiras estariam sujeitas Os agentes públicos das autarquias são concursados e
a uma disciplina jurídica sem qualquer especificidade, ao estatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não à CLT.
passo que as últimas seriam regidas por disciplina especí- Já os dirigentes não precisam ser concursados e são nomea-
fica, cuja característica seria a de atribuir prerrogativas es- dos e destituídos livremente pelo chefe do Executivo.
peciais e diferenciadas a certas autarquias”. São exemplos
de autarquias especiais aquelas criadas para serviços espe- Agências reguladoras
ciais, como autarquias de ensino (ex.: USP) e autarquias de São figuras muito recentes em nosso ordenamento ju-
fiscalização (ex.: CRM e CREA). rídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de regime
A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias: especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com ca-
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (In- pacidade administrativa, aplicando-se a elas todas as re-
cra), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Departa- gras das autarquias.
mento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), Conse- O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas
lho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), Departa- a nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que se
mento nacional de Registro do Comércio (DNRC), Instituto baseia nos critérios de conhecimento. Uma vez nomeado,
Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Instituto Brasilei- o dirigente passa a gozar de mandato com prazo determi-
ro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis nado e só pode ser destituído por processo com decisão
(Ibama), Banco Central do Brasil (Bacen). motivada.
Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução
9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito de serviços públicos. Elas não executam o serviço propria-
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010 mente, elas o fiscalizam. Logo, são entidades com típica
10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di- função de controle da prestação dos serviços públicos e do
reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, exercício de atividades econômicas, evitando a prática de
2010. abusos por parte de entidades do setor privado.

14
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

São titulares da matéria técnica que regulam, de modo no caso, terá a forma de lei, cujo escopo será criar e orga-
que somente elas podem disciplinar as regras e padrões nizar a fundação. As fundações públicas são regulamenta-
técnicos desta determinada seara. das por lei complementar. Sendo fundações públicas que
No exercício de seus poderes, compete a elas: fiscalizar adotam regime jurídico de direito público, se equiparam às
o cumprimento de contratos de concessões e o atingimen- autarquias e se sujeitam às mesmas regras que elas.
to de metas neles fixadas, fiscalizar e controlar o atendi- Obs.: é possível que a lei autorize (não crie) uma fun-
mento a consumidores e usuários (inclusive recebendo e dação pública que adote regime jurídico de direito privado,
processando denúncias e reclamações, aplicando penas ou então um regime misto, caso em que seus servidores
administrativas e multas, bem como rescindindo contra- poderão se sujeitar à CLT, seu patrimônio não será exclu-
tos), definir política tarifária e reajustá-la. sivamente oriundo de verbas estatais. A lei autorizadora
Entre as agências reguladoras inseridas no ordena- deve ser expressa neste sentido.
mento brasileiro, destacam-se: ANEEL – Agência Nacional
de Energia Elétrica, criada pela Lei nº 9.427/1996; a ANA- Empresas públicas
TEL – Agência Nacional de Telecomunicações, pela Lei nº Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
9.472/1997; e a ANP – Agência Nacional do Petróleo, pela
Lei nº 9.478/1997. II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade
jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital
Agências executivas exclusivo da União, criado por lei para a exploração de ativi-
Agência executiva é a qualificação conferida a autar- dade econômica que o Governo seja levado a exercer por força
quia, fundação pública ou órgão da administração direta de contingência ou de conveniência administrativa podendo
que celebra contrato de gestão com o próprio ente polí- revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.
tico com o qual está vinculado. As agências executivas se
distinguem das agências reguladoras por não terem como Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Pri-
objetivo principal o de exercer controle sobre particulares vado, criadas para a prestação de serviços públicos ou para
que prestam serviços públicos, que é o objetivo fundamen- a exploração de atividades econômicas, que contam com
capital exclusivamente público, e são constituídas por qual-
tal das agências reguladoras. Assim, a expressão “agências
quer modalidade empresarial, após autorização legislativa
executivas” corresponde a um título ou qualificação atri-
do ente federativo criador.
buída à autarquia ou a fundações públicas cujo objetivo
Sendo a empresa pública uma prestadora de serviços pú-
seja exercer atividade estatal.
blicos, estará submetida a regime jurídico público, ainda que
constituída segundo o modelo imposto pelo Direito Privado.
Fundações públicas
Se a empresa pública é exploradora de atividade econômica,
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: estará submetida a regime jurídico denominado pela doutri-
na como semipúblico, ante a necessidade de observância, ao
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de persona- menos em suas relações com os administrados, das regras ati-
lidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada nentes ao regime da Administração, a exemplo dos princípios
em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvi- expressos no “caput” do artigo 37 da Constituição Federal.
mento de atividades que não exijam execução por órgãos ou Podemos citar, a título de exemplo, algumas empre-
entidades de direito público, com autonomia administrativa, sas públicas, nas mais variadas esferas de governo, como
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de dire- o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
ção, e funcionamento custeado por recursos da União e de (BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de São Pau-
outras fontes. lo (EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
(ECT); a Caixa Econômica Federal (CEF).
As Fundações são pessoas jurídicas compostas por um Estas empresas públicas se caracterizam e se diferenciam das
patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor sociedades de economia mista por: não possuírem fins lucrativos
para atingir uma finalidade específica, denominadas, em (o capital excedente não se transforma em lucro, é reinvestido
latim, universitas bonorum. Entre estas finalidades, desta- na própria empresa), podem adotar perfis empresariais diversos
cam-se as de escopo religioso, moral, cultural ou de assis- (LTDA, comandita, nome coletivo, S/A), o capital social é formado
tência. por recursos públicos e só admite sócios públicos (pode ter ape-
Essa definição serve para qualquer fundação, inclusive nas um sócio – unipessoalidade originária ou inicial).
para aquelas que não integram a Administração indireta
(não-governamentais). No caso das fundações que inte- Sociedades de economia mista
gram a Administração indireta (governamentais), quando Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
forem dotadas de personalidade de direito público, serão
regidas integralmente por regras de direito público. Quan- III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada
do forem dotadas de personalidade de direito privado, se- de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei
rão regidas por regras de direito público e direito privado. para a exploração de atividade econômica, sob a forma de
Quando as fundações são criadas pelo Estado são co- sociedade anônima, cujas ações com direito a voto perten-
nhecidas como fundações públicas, ou autarquias funda- çam em sua maioria à União ou a entidade da Administra-
cionais ou fundações autárquicas. O estatuto da fundação, ção Indireta.

15
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

As sociedades de economia mista são pessoas jurídi- Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório mí-
cas de Direito Privado criadas para a prestação de servi- nimo: licitar (exceto no que tange à prestação da ativida-
ços públicos ou para a exploração de atividade econômica, de-fim), concursar (os agentes se sujeitam ao regime da
contando com capital misto e constituídas somente sob a CLT, são celetistas e não estatutários, mas são contratados
forma empresarial de S/A. mediante concurso público de provas ou provas e títulos),
Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Esta- prestar contas ao Tribunal de Contas e obedecer ao teto de
do que participa dela, existem acionistas a ela vinculados. remuneração (exceto no caso de sociedade de economia
Entretanto, o Estado deve ser o acionista controlador do mista que subsista sem qualquer auxílio do governo, ape-
direito a voto, mesmo que não seja o acionista majoritário nas com seus lucros).
(se o Estado for sócio, mas não for controlador, trata-se de
empresa comum, não sociedade de economia mista). LEI Nº 11.107, DE 6 DE ABRIL DE 2005.
Alguns exemplos de sociedade mista:
- Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil Dispõe sobre normas gerais de contratação de consór-
e Banespa. cios públicos e dá outras providências.
- Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
Metrô e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habita- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
cional Urbano).
Estas sociedades de economia mista se caracterizam e Art. 1º Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União,
se diferenciam das empresas públicas por: possuírem fins os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem
lucrativos (os lucros são distribuídos entre os acionistas), consórcios públicos para a realização de objetivos de interes-
adotam o perfil de sociedade anônima S/A, o capital social se comum e dá outras providências.
é formado por recursos públicos e privados, os sócios são § 1º O consórcio público constituirá associação pública
privados e públicos (Estado). ou pessoa jurídica de direito privado.
§ 2º A União somente participará de consórcios pú-
Empresas públicas e sociedades de economia mista:
blicos em que também façam parte todos os Estados em
semelhanças
cujos territórios estejam situados os Municípios consorcia-
Embora a Constituição Federal reserve a atividade econô-
dos.
mica à iniciativa privada, resguardando ao Estado os papéis
§ 3º Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão
de integração (integrar o Brasil na economia global), regu-
obedecer aos princípios, diretrizes e normas que regulam o
lação (definindo regras e limites na exploração da atividade
Sistema Único de Saúde – SUS.
econômica por particulares) e intervenção (fixação de regras
e normas para combater o abuso do poder econômico) (con-
forme artigos 173 e seguintes, CF), autoriza-se excepcio- Art. 2º Os objetivos dos consórcios públicos serão de-
nalmente que o Estado explore diretamente atividades terminados pelos entes da Federação que se consorciarem,
econômicas se houver um relevante interesse em matérias observados os limites constitucionais.
(serviços públicos em geral) ou atividades de soberania. § 1º Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio
Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por público poderá:
meio de sociedades de economia mista e empresas pú- I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer na-
blicas. Tais empresas são regidas por regime jurídico de tureza, receber auxílios, contribuições e subvenções sociais
direito privado, o que evita que o próprio Estado possa ou econômicas de outras entidades e órgãos do governo;
abusar do poder econômico. Logo, o Estado não pode dar II – nos termos do contrato de consórcio de direito pú-
às suas próprias empresas benefícios previdenciários, tri- blico, promover desapropriações e instituir servidões nos ter-
butários e trabalhistas. Além disso, em termos processuais, mos de declaração de utilidade ou necessidade pública, ou
não gozam das prerrogativas que as autarquias gozam. interesse social, realizada pelo Poder Público; e
ATENÇÃO: o impedimento de prerrogativas somente III – ser contratado pela administração direta ou indireta
se aplica quando o Estado está explorando atividade eco- dos entes da Federação consorciados, dispensada a licitação.
nômica propriamente dita, não quando está ofertando ser- § 2º Os consórcios públicos poderão emitir documen-
viços públicos. Afinal, se o serviço é público, então o Estado tos de cobrança e exercer atividades de arrecadação de ta-
pode sobre ele exercer monopólio, o que afasta a neces- rifas e outros preços públicos pela prestação de serviços
sidade de regras que impeçam o abuso do poder econô- ou pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles
mico. Por exemplo, os Correios são uma empresa pública e administrados ou, mediante autorização específica, pelo
possuem isenção fiscal e impenhorabilidade de bens. ente da Federação consorciado.
Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de § 3º Os consórcios públicos poderão outorgar conces-
economia mista são criadas por lei e a existência delas deve são, permissão ou autorização de obras ou serviços públi-
ser fundada em contrato ou estatuto. Ambas se sujeitam, cos mediante autorização prevista no contrato de consór-
ainda, ao regime jurídico de direito privado. Inclusive, seus cio público, que deverá indicar de forma específica o obje-
bens são, a princípio, penhoráveis (exceto se for prestadora to da concessão, permissão ou autorização e as condições
de serviço público e não exploradora de atividade econô- a que deverá atender, observada a legislação de normas
mica). No entanto, não se sujeitam à falência ou à recupe- gerais em vigor.
ração judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005).

16
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 3º O consórcio público será constituído por con- II – dos Estados ou dos Estados e do Distrito Federal,
trato cuja celebração dependerá da prévia subscrição de quando o consórcio público for, respectivamente, constituído
protocolo de intenções. por mais de 1 (um) Estado ou por 1 (um) ou mais Estados e
o Distrito Federal;
Art. 4º São cláusulas necessárias do protocolo de inten- III – (VETADO)
ções as que estabeleçam: IV – dos Municípios e do Distrito Federal, quando o con-
I – a denominação, a finalidade, o prazo de duração e sórcio for constituído pelo Distrito Federal e os Municípios; e
a sede do consórcio; V – (VETADO)
II – a identificação dos entes da Federação consorcia- § 2º O protocolo de intenções deve definir o número
dos; de votos que cada ente da Federação consorciado possui
III – a indicação da área de atuação do consórcio; na assembleia geral, sendo assegurado 1 (um) voto a cada
IV – a previsão de que o consórcio público é associação ente consorciado.
pública ou pessoa jurídica de direito privado sem fins eco- § 3º É nula a cláusula do contrato de consórcio que
nômicos; preveja determinadas contribuições financeiras ou econô-
V – os critérios para, em assuntos de interesse comum, micas de ente da Federação ao consórcio público, salvo a
autorizar o consórcio público a representar os entes da Fe- doação, destinação ou cessão do uso de bens móveis ou
deração consorciados perante outras esferas de governo; imóveis e as transferências ou cessões de direitos operadas
VI – as normas de convocação e funcionamento da as- por força de gestão associada de serviços públicos.
sembléia geral, inclusive para a elaboração, aprovação e § 4º Os entes da Federação consorciados, ou os com
modificação dos estatutos do consórcio público; eles conveniados, poderão ceder-lhe servidores, na forma
VII – a previsão de que a assembléia geral é a instância e condições da legislação de cada um.
máxima do consórcio público e o número de votos para as § 5º O protocolo de intenções deverá ser publicado na
suas deliberações; imprensa oficial.
VIII – a forma de eleição e a duração do mandato do
representante legal do consórcio público que, obrigatoria- Art. 5º O contrato de consórcio público será celebrado
mente, deverá ser Chefe do Poder Executivo de ente da Fe- com a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções.
deração consorciado; § 1º O contrato de consórcio público, caso assim pre-
IX – o número, as formas de provimento e a remunera- veja cláusula, pode ser celebrado por apenas 1 (uma) par-
ção dos empregados públicos, bem como os casos de con- cela dos entes da Federação que subscreveram o protocolo
tratação por tempo determinado para atender a necessida- de intenções.
de temporária de excepcional interesse público; § 2º A ratificação pode ser realizada com reserva que,
X – as condições para que o consórcio público celebre aceita pelos demais entes subscritores, implicará consor-
contrato de gestão ou termo de parceria; ciamento parcial ou condicional.
XI – a autorização para a gestão associada de serviços § 3º A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subs-
públicos, explicitando: crição do protocolo de intenções dependerá de homologa-
a) as competências cujo exercício se transferiu ao con- ção da assembleia geral do consórcio público.
sórcio público; § 4º É dispensado da ratificação prevista no caput deste
b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a artigo o ente da Federação que, antes de subscrever o pro-
área em que serão prestados; tocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação
c) a autorização para licitar ou outorgar concessão, no consórcio público.
permissão ou autorização da prestação dos serviços;
d) as condições a que deve obedecer o contrato de pro- Art. 6º O consórcio público adquirirá personalidade ju-
grama, no caso de a gestão associada envolver também rídica:
a prestação de serviços por órgão ou entidade de um dos I – de direito público, no caso de constituir associação
entes da Federação consorciados; pública, mediante a vigência das leis de ratificação do pro-
e) os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas tocolo de intenções;
e de outros preços públicos, bem como para seu reajuste II – de direito privado, mediante o atendimento dos re-
ou revisão; e quisitos da legislação civil.
XII – o direito de qualquer dos contratantes, quando § 1º O consórcio público com personalidade jurídica de
adimplente com suas obrigações, de exigir o pleno cumpri- direito público integra a administração indireta de todos os
mento das cláusulas do contrato de consórcio público. entes da Federação consorciados.
§ 1º Para os fins do inciso III do caput deste artigo, § 2º No caso de se revestir de personalidade jurídica
considera-se como área de atuação do consórcio público, de direito privado, o consórcio público observará as nor-
independentemente de figurar a União como consorcia- mas de direito público no que concerne à realização de
da, a que corresponde à soma dos territórios: licitação, celebração de contratos, prestação de contas e
I – dos Municípios, quando o consórcio público for admissão de pessoal, que será regido pela Consolidação
constituído somente por Municípios ou por um Estado e das Leis do Trabalho - CLT.
Municípios com territórios nele contidos;

17
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 7º Os estatutos disporão sobre a organização e o § 1º Os bens destinados ao consórcio público pelo
funcionamento de cada um dos órgãos constitutivos do con- consorciado que se retira somente serão revertidos ou re-
sórcio público. trocedidos no caso de expressa previsão no contrato de
consórcio público ou no instrumento de transferência ou
Art. 8º Os entes consorciados somente entregarão recur- de alienação.
sos ao consórcio público mediante contrato de rateio. § 2º A retirada ou a extinção do consórcio público não
§ 1º O contrato de rateio será formalizado em cada prejudicará as obrigações já constituídas, inclusive os con-
exercício financeiro e seu prazo de vigência não será su- tratos de programa, cuja extinção dependerá do prévio pa-
perior ao das dotações que o suportam, com exceção dos gamento das indenizações eventualmente devidas.
contratos que tenham por objeto exclusivamente projetos
consistentes em programas e ações contemplados em pla- Art. 12. A alteração ou a extinção de contrato de con-
no plurianual ou a gestão associada de serviços públicos sórcio público dependerá de instrumento aprovado pela as-
custeados por tarifas ou outros preços públicos. sembleia geral, ratificado mediante lei por todos os entes
§ 2º É vedada a aplicação dos recursos entregues por consorciados.
meio de contrato de rateio para o atendimento de des- § 1º Os bens, direitos, encargos e obrigações decorren-
pesas genéricas, inclusive transferências ou operações de tes da gestão associada de serviços públicos custeados por
crédito. tarifas ou outra espécie de preço público serão atribuídos
§ 3º Os entes consorciados, isolados ou em conjunto, aos titulares dos respectivos serviços.
bem como o consórcio público, são partes legítimas para § 2º Até que haja decisão que indique os responsáveis
exigir o cumprimento das obrigações previstas no contrato por cada obrigação, os entes consorciados responderão
de rateio. solidariamente pelas obrigações remanescentes, garantin-
§ 4º Com o objetivo de permitir o atendimento dos do o direito de regresso em face dos entes beneficiados ou
dispositivos da Lei Complementar no 101, de 4 de maio dos que deram causa à obrigação.
de 2000, o consórcio público deve fornecer as informações
Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato
necessárias para que sejam consolidadas, nas contas dos
de programa, como condição de sua validade, as obrigações
entes consorciados, todas as despesas realizadas com os
que um ente da Federação constituir para com outro ente da
recursos entregues em virtude de contrato de rateio, de
Federação ou para com consórcio público no âmbito de gestão
forma que possam ser contabilizadas nas contas de cada
associada em que haja a prestação de serviços públicos ou a
ente da Federação na conformidade dos elementos econô-
transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou
micos e das atividades ou projetos atendidos.
de bens necessários à continuidade dos serviços transferidos.
§ 5º Poderá ser excluído do consórcio público, após
§ 1º O contrato de programa deverá:
prévia suspensão, o ente consorciado que não consignar,
I – atender à legislação de concessões e permissões de
em sua lei orçamentária ou em créditos adicionais, as do- serviços públicos e, especialmente no que se refere ao cálculo
tações suficientes para suportar as despesas assumidas por de tarifas e de outros preços públicos, à de regulação dos
meio de contrato de rateio. serviços a serem prestados; e
II – prever procedimentos que garantam a transparência
Art. 9º A execução das receitas e despesas do consór- da gestão econômica e financeira de cada serviço em rela-
cio público deverá obedecer às normas de direito financeiro ção a cada um de seus titulares.
aplicáveis às entidades públicas. § 2º No caso de a gestão associada originar a transfe-
Parágrafo único. O consórcio público está sujeito à fis- rência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens
calização contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal essenciais à continuidade dos serviços transferidos, o con-
de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do trato de programa, sob pena de nulidade, deverá conter
Poder Executivo representante legal do consórcio, inclusive cláusulas que estabeleçam:
quanto à legalidade, legitimidade e economicidade das des- I – os encargos transferidos e a responsabilidade subsi-
pesas, atos, contratos e renúncia de receitas, sem prejuízo diária da entidade que os transferiu;
do controle externo a ser exercido em razão de cada um dos II – as penalidades no caso de inadimplência em relação
contratos de rateio. aos encargos transferidos;
III – o momento de transferência dos serviços e os deve-
Art. 10. (VETADO) res relativos a sua continuidade;
Parágrafo único. Os agentes públicos incumbidos da IV – a indicação de quem arcará com o ônus e os passi-
gestão de consórcio não responderão pessoalmente pelas vos do pessoal transferido;
obrigações contraídas pelo consórcio público, mas responde- V – a identificação dos bens que terão apenas a sua ges-
rão pelos atos praticados em desconformidade com a lei ou tão e administração transferidas e o preço dos que sejam
com as disposições dos respectivos estatutos. efetivamente alienados ao contratado;
VI – o procedimento para o levantamento, cadastro e
Art. 11. A retirada do ente da Federação do consórcio avaliação dos bens reversíveis que vierem a ser amortizados
público dependerá de ato formal de seu representante na mediante receitas de tarifas ou outras emergentes da pres-
assembleia geral, na forma previamente disciplinada por lei. tação dos serviços.

18
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 3º É nula a cláusula de contrato de programa que “Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do
atribuir ao contratado o exercício dos poderes de plane- art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações
jamento, regulação e fiscalização dos serviços por ele pró- de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente
prio prestados. justificadas, e o retardamento previsto no final do pará-
§ 4º O contrato de programa continuará vigente mes- grafo único do art. 8o desta Lei deverão ser comunica-
mo quando extinto o consórcio público ou o convênio de dos, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para
cooperação que autorizou a gestão associada de serviços ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de
públicos. 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos”
§ 5º Mediante previsão do contrato de consórcio públi- (NR).
co, ou de convênio de cooperação, o contrato de programa
poderá ser celebrado por entidades de direito público ou “Art. 112. [...]
privado que integrem a administração indireta de qualquer § 1º Os consórcios públicos poderão realizar licita-
dos entes da Federação consorciados ou conveniados.
ção da qual, nos termos do edital, decorram contratos
§ 6º O contrato celebrado na forma prevista no § 5o
administrativos celebrados por órgãos ou entidades
deste artigo será automaticamente extinto no caso de o
dos entes da Federação consorciados.
contratado não mais integrar a administração indireta do
ente da Federação que autorizou a gestão associada de § 2º É facultado à entidade interessada o acom-
serviços públicos por meio de consórcio público ou de panhamento da licitação e da execução do contrato.»
convênio de cooperação. (NR)
§ 7º Excluem-se do previsto no caput deste artigo as
obrigações cujo descumprimento não acarrete qualquer Art. 18. O art. 10 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de
ônus, inclusive financeiro, a ente da Federação ou a con- 1992, passa a vigorar acrescido dos seguintes incisos:
sórcio público. “Art. 10. [...]
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que
Art. 14. A União poderá celebrar convênios com os con- tenha por objeto a prestação de serviços públicos por
sórcios públicos, com o objetivo de viabilizar a descentraliza- meio da gestão associada sem observar as formalidades
ção e a prestação de políticas públicas em escalas adequadas. previstas na lei;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público
Art. 15. No que não contrariar esta Lei, a organização e sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem
funcionamento dos consórcios públicos serão disciplinados observar as formalidades previstas na lei.” (NR)
pela legislação que rege as associações civis.
Art. 19. O disposto nesta Lei não se aplica aos con-
Art. 16. O inciso IV do art. 41 da Lei nº 10.406, de 10 vênios de cooperação, contratos de programa para ges-
de janeiro de 2002 - Código Civil, passa a vigorar com a tão associada de serviços públicos ou instrumentos con-
seguinte redação: gêneres, que tenham sido celebrados anteriormente a
sua vigência.
“Art. 41. [...] IV – as autarquias, inclusive as associações
públicas; [...]” (NR) Art. 20. O Poder Executivo da União regulamenta-
rá o disposto nesta Lei, inclusive as normas gerais de
Art. 17. Os arts. 23, 24, 26 e 112 da Lei nº 8.666, de 21 contabilidade pública que serão observadas pelos con-
de junho de 1993, passam a vigorar com a seguinte redação:
sórcios públicos para que sua gestão financeira e orça-
mentária se realize na conformidade dos pressupostos
“Art. 23. [...]
da responsabilidade fiscal.
§ 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o do-
bro dos valores mencionados no caput deste artigo quan-
do formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
quando formado por maior número.» blicação.

“Art. 24. [...] Brasília, 6 de abril de 2005; 184º da Independência


XXVI – na celebração de contrato de programa com ente e 117º da República.
da Federação ou com entidade de sua administração indire-
ta, para a prestação de serviços públicos de forma associada
nos termos do autorizado em contrato de consórcio público
ou em convênio de cooperação.
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I
e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para
compras, obras e serviços contratados por consórcios públi-
cos, sociedade de economia mista, empresa pública e por
autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como
Agências Executivas.” (NR)

19
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Princípios.
2.2 LEI Nº 8.666/1993, E SUAS
ALTERAÇÕES (LICITAÇÕES E CONTRATOS Entre outros, os princípios que regem a licitação são:
ADMINISTRATIVOS). legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publi-
cidade, probidade administrativa, vinculação ao instrumen-
to convocatório e julgamento objetivo.
“- Legalidade: É aquele que prevê que só é possível
Licitações fazer o que está previsto na Lei;
- Impessoalidade: O interesse da Administração preva-
Objeto e finalidade. lece acima dos interesses pessoais;
- Moralidade: As regras morais vigentes devem ser
Conceito obedecidas em conjunto com as leis em vigor;
Licitação é o processo pelo qual a Administração - Igualdade: Todos são iguais perante a Lei. Não pode
Pública contrata serviços e adquire bens dos particu- haver discriminação nem beneficiamento entre os partici-
lares, evitando-se que a escolha dos contratados seja pantes da licitação;
fraudulenta e prejudicial ao Estado em favor dos inte- - Publicidade: A licitação não pode ser sigilosa. As de-
resses particulares do governante. cisões tomadas durante a licitação devem ser públicas. É a
Segundo Carvalho Filho11, “não poderia a lei dei- transparência do processo licitatório.
xar ao exclusivo critério do administrador a escolha das - Probidade administrativa: A licitação deve ser proces-
pessoas a serem contratadas, porque, fácil é prever, essa sada por pessoas que tenham honestidade;
liberdade daria margem a escolhas impróprias, ou mes- - Vinculação ao instrumento convocatório: O Edital é a
mo a concertos escusos entre alguns administradores lei entre quem promove e quem participa da licitação, não
públicos inescrupulosos e particulares, com o que preju- podendo ser descumprido;
dicada, em última análise, seria a Administração Pública, - Julgamento objetivo: As propostas dos licitantes de-
vem ser julgadas de acordo com o que diz o Edital”13.
gestora dos interesses públicos”.
Deste modo, Carvalho Filho12 conceitua licitação
Contratação direta: dispensa e inexigibilidade.
como “o procedimento administrativo vinculado por
meio do qual os entes da Administração Pública e aque-
Em alguns casos, a licitação será obrigatória, em outros
les por ela controlados selecionam a melhor proposta
poderá ser dispensada apesar de viável (dispensa), sendo
entre as oferecidas pelos vários interessados, com dois
possível ainda que se enquadre numa exceção em que nem
objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do
ao menos é exigida (inexigibilidade). A atual regulamenta-
melhor trabalho técnico, artístico ou científico”.
ção da licitação traz hipóteses de obrigatoriedade, dispen-
Logo, a licitação é um procedimento administrativo sa e inexigibilidade.
que tem por finalidade evitar práticas fraudulentas na A legislação anterior, qual seja, o Decreto-lei nº
Administração Pública, garantindo a contratação do ser- 2.300/1986, previa a vedação do procedimento de licita-
viço ou produto que melhor atenda às expectativas de ção, estabelecendo-se contratação direta, nos casos em
custo-benefício para o aparato público. que houvesse comprometimento da segurança nacional,
mas a disciplina não se repetiu no atual estatuto.
Objeto e finalidade Obs.: Há posicionamento de que o artigo 7º, §5º da Lei
O objeto é a aquisição de bens e serviços pela Ad- nº 8.666/1993 traz um caso remanescente de vedação, mas
ministração Pública. A finalidade da licitação deve ser predomina o posicionamento de Carvalho Filho14, segundo
sempre atender o interesse público, buscar a proposta o qual não se trata de vedação, mas sim de restrição. Prevê
mais vantajosa, existindo igualdade de condições, além o dispositivo:
dos demais princípios resguardados pela constituição.
Art. 7º, § 5º. É vedada a realização de licitação cujo ob-
Destinatários. jeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas,
características e especificações exclusivas, salvo nos casos
Além do próprio Poder Público, também são desti- em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o for-
natários os licitantes interessados em contratar com o necimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime
Poder Público e qualquer pessoa interessada em saber de administração contratada, previsto e discriminado no ato
sobre os procedimentos público de licitação. convocatório.

Acompanha-se o entendimento dominante, eis que a


expressão “salvo”, em destaque confere a ideia de restrição.
11 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. 13 http://www.sebrae.com.br/
12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito 14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

20
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Em regra, a licitação é obrigatória, tanto é que a dou- - Imóvel destinado a Administração: Para compra ou
trina afirma o princípio da obrigatoriedade da licitação, o locação de imóvel destinado ao atendimento, cujas ne-
qual “[...] impõe que todos os destinatários do Estatuto fa- cessidades de instalação e localização condicionem a sua
çam realizar o procedimento antes de contratarem obras escolha, desde que o preço seja compatível com o valor
e serviços”. No entanto, a lei não poderia deixar de lado de mercado, segundo avaliação prévia. Deverá a Adminis-
possibilidades de dispensa e inexigibilidade deste proce- tração formalizar a locação se for de ordem temporária ou
dimento. Em verdade, tal princípio decorre do texto cons- comprá-lo se for de ordem definitiva.
titucional: - Gêneros Perecíveis: Compras de hortifrutigranjeiros,
pão e outros gêneros perecíveis durante o tempo neces-
Art. 37, XXI, CF - ressalvados os casos especificados na sário para a realização do processo licitatório correspon-
legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão dente.
contratados mediante processo de licitação pública que as- - Ensino, pesquisa e recuperação social do preso: Na
segure igualdade de condições a todos os concorrentes, com contratação de instituição brasileira dedicada a recupera-
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, man- ção social do preso, desde que a contratada detenha in-
tidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o questionável reputação ético-profissional e não tenha fins
qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica lucrativos na aplicação de suas funções.
e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das - Acordo Internacional: Somente para aquisição de
obrigações. bens quando comprovado que as condições ofertadas são
vantajosas para o poder público.
“A contratação por meio da dispensa de licitação deve - Obras de Arte e Objetos Históricos: Somente se jus-
limitar-se a aquisição de bens e serviços indispensáveis ao tifica a aplicação da dispensa de licitação se a finalidade
atendimento da situação de emergência e não qualquer de resgatar a peça ou restaurar for de importância para a
bem ou qualquer prazo. Conheça os casos de Dispensa composição do acervo histórico e artístico nacional.
fundamentados no artigo 24 da Lei nº 8666/93. - Aquisição de Componentes em Garantia: Caso a aqui-
A licitação é dispensável quando: sição do componente ou material seja necessário para ma-
- Em situações de emergência: exemplos de Casos de nutenção de equipamentos durante o período de garantia.
guerra; grave perturbação da ordem; calamidade pública, Deverá a Administração comprá-lo do fornecedor original
obras para evitar desabamentos, quebras de barreiras, for- deste equipamento, quando a condição de exclusividade
necimento de energia. for indispensável para a vigência do prazo de garantia.
- Por motivo de licitação frustrada por fraude ou abu- - Abastecimento em Trânsito: Para abastecimento de
so de poder econômico: preços superfaturados, neste caso embarcações, navios, tropas e seus meios de deslocamento
pode-se aplicar o artigo 48 parágrafo 3º da Lei nº 8666/93 quando em eventual curta duração, por motivo de movi-
para conceder prazo para readaptação das propostas nos mentação operacional e for comprovado que compromete
termos do edital de licitação. a normalidade os propósitos da operação, desde que o va-
- Intervenção no Domínio Econômico: exemplos de lor não exceda ao limite previsto para dispensa de licitação.
congelamento de preços ou tabelamento de preços. - Compra de materiais de uso pelas forças armadas:
- Dispensa para contratar com Entidades da Adminis- Sujeito à verificação conforme material, ressaltando que as
tração Pública: Somente poderá ocorrer se não houver em- compras de material de uso pessoal e administrativo sujei-
presas privadas ou de economia mista que possam pres- tam-se ao regular certame licitatório.
tar ou oferecer os mesmos bens ou serviços. Exemplos de - Associação de portadores de deficiência física: A con-
Imprensa Oficial, processamento de dados, recrutamento, tratação desta associação deverá seguir as seguintes exi-
seleção e treinamento de servidores civis da administração. gências: Não poderá ter fins lucrativos; comprovar idonei-
- Contratação de Pequeno Valor: Materiais, produtos, dade, preço compatível com o mercado”15.
serviços, obras de pequeno valor, que não ultrapassem o “Na inexigibilidade, a contratação se dá em razão da
valor estimado por lei para esta modalidade de licitação. inviabilidade da competição ou da desnecessidade do pro-
- Dispensa para complementação de contratos: Ma- cedimento licitatório. Na inexigibilidade, as hipóteses do
teriais, produtos, serviços, obras no caso de rescisão con- artigo 25 da Lei 8666 de 1993, autorizam o administrador
tratual, desde que atendida a ordem de classificação da público, após comprovada a inviabilidade ou desnecessi-
licitação aceitas as mesmas condições oferecidas pelo li- dade de licitação, contratar diretamente o fornecimento do
citante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente produto ou a execução dos serviços. É importante observar
corrigido. que o rol descrito neste artigo, não abrange todas as hi-
- Ausência de Interessados: Quando não tiver interes- póteses de inexigibilidade. A licitação poderá ser inexigível
sados pelo objeto da licitação, mantidas, neste caso, todas quando:
as condições preestabelecidas em edital. * Fornecedor Exclusivo:
- Comprometimento da Segurança Nacional: Quando - Exclusividade Comercial: somente um representan-
o Presidente da República, diante de um caso concreto, de- te ou comerciante tem o bem a ser adquirido, um grande
pois de ouvido o Conselho de Defesa Nacional, determine exemplo disto seria medicamentos.
a contratação com o descarte da licitação. 15 http://www.licitacao.net/

21
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- Exclusividade Industrial: somente quando um produ- apropriado, cópia do instrumento convocatório e o esten-
tor ou indústria se acha em condições materiais e legais de derá aos demais cadastrados na correspondente especia-
produzir o bem e fornecê-los a Administração lidade que manifestarem seu interesse com antecedência de
Aplica-se a inexigibilidade quando comprovada por até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
meio de fornecimento de Atestado de Exclusividade de § 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quais-
venda ou fabricação emitido pelo órgão de registro do co- quer interessados para escolha de trabalho técnico, cientí-
mércio para o local em que se realizará a licitação. fico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou re-
* Singularidade para contratação de serviços técnicos: muneração aos vencedores, conforme critérios constantes
Somente poderão ser contratados aqueles enumerados no de edital publicado na imprensa oficial com antecedência
artigo 13 da Lei 8666/93 mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
- estudos Técnicos; § 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
- planejamentos e projetos básicos ou executivos; interessados para a venda de bens móveis inservíveis para
- pareceres, perícias e avaliação em geral; a administração ou de produtos legalmente apreendidos
- acessórias ou consultorias técnicas e auditorias finan- ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis pre-
ceiras ou tributárias; vista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou
- fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras superior ao valor da avaliação.
e serviços;
- patrocínio ou defesa de causas judiciais ou adminis- Por sua vez, a LEI Nº 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002,
trativas; trabalha com uma modalidade adicional de licitação, o
- treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; pregão. É a modalidade de licitação voltada à aquisição de
- restauração de obras de arte e bens de valor histórico. bens e serviços comuns, assim considerados aqueles cujos
* Notória Especialização: padrões de desempenho e qualidade possam ser objetiva-
Contratação de empresa ou pessoa física com notória mente definidos no edital por meio de especificações do
experiência para execução de serviços técnicos. Este tipo mercado.
de contratação se alimenta do passado, de desempenhos
anteriores, estudos, experiências, publicações, nenhum cri- Tipos.
tério é indicado para orientar ou informar como e de que
modo a Administração pode concluir que o trabalho de um Em relação aos tipos de licitação, apontam-se no Esta-
profissional ou empresa é o mais adequado à plena satisfa- tuto: melhor preço, melhor técnica, técnica e preço, e me-
ção do objeto do contrato. lhor lance ou oferta. Os tipos licitatórios não passam de
* Profissional Artista: critérios de julgamento para a escolha da proposta mais
Contratação de profissional de qualquer setor artísti- adequada aos interesses da Administração Pública. A disci-
co, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde plina encontra-se no caput e no §1º da Lei nº 8.666/1993:
que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião
pública”16. Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de-
vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo con-
Modalidades. vite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação,
os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e
Prosseguindo o estudo, quanto às modalidades de li- de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de
citação, podem ser apontadas as seguintes modalidades: maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos
Concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão órgãos de controle.
(artigo 22, Lei nº 8.666/1993). Dos parágrafos 1º a 5º, o § 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de
artigo 22 conceitua cada uma das modalidades: licitação, exceto na modalidade concurso:
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da
§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre proposta mais vantajosa para a Administração determinar
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar
qualificação exigidos no edital para execução de seu ob- o menor preço;
jeto. II - a de melhor técnica;
§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação en- III - a de técnica e preço;
tre interessados devidamente cadastrados ou que atende- IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação
rem a todas as condições exigidas para cadastramento até de bens ou concessão de direito real de uso.
o terceiro dia anterior à data do recebimento das propos-
tas, observada a necessária qualificação. Procedimento.
§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre inte-
ressados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados Do artigo 38 ao 53 da Lei nº 8.666/93 está descrito o
ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 procedimento a ser adotado nas licitações em geral. A mo-
(três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local dalidade pregão tem procedimento próprio, previsto na lei
16 http://www.licitacao.net/ especial.

22
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

No que tange à revogação e à anulação, ambas volta- culado, embora assentada em motivos de conveniência e
das às consequências dos vícios no processo de licitação, oportunidade; e ainda, a lei referida, prevê que no caso de
destaca-se a previsão do artigo 49: desfazimento da licitação ficam assegurados o contraditó-
rio e a ampla defesa, garantia essa que é dada somente ao
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do vencedor, o único com efeitos interesses na permanência
procedimento somente poderá revogar a licitação por razões desse ato, pois por meio dele pode chegar a contrato.
de interesse público decorrente de fato superveniente devi- Hely Lopes Meireles18 conceitua anulação como “é a inva-
damente comprovado, pertinente e suficiente para justificar lidação da licitação ou do julgamento por motivo de ilegalida-
tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou de, pode ser feita a qualquer fase e tempo antes da assinatura
por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devi- do contrato, desde que a Administração ou o Judiciário veri-
damente fundamentado. fique e aponte a infringência à lei ou ao edital”. Cabe ainda
§ 1º A anulação do procedimento licitatório por motivo ressaltar que a anulação da licitação acarreta a nulidade do
de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado contrato (art. 49, § 2º). No mesmo sentido “a anulação poderá
o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. ocorrer tanto pela Via Judicante como pela Via Administrativa”.
§ 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do
contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. Sanções administrativas.
59 desta Lei.
§ 3º No caso de desfazimento do processo licitatório, Em relação ao cumprimento as normas estabelecidas
fica assegurado o contraditório e a ampla defesa. pela Lei de Licitações e Contratos Administrativos - Lei
§ 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos 8.666/1993, caso haja alguma irregularidade, comprovação
atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação. da prática de atos ilícitos pela parte que causou o dano,
além das responsabilidades civis, caberá também aplicação
Anular é extinguir um ato ou um conjunto de atos em das responsabilidades administrativas e judiciais.
razão de sua ilegalidade. Quando se fala, portanto, em A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, den-
anulação de uma licitação, pressupõe-se a ilegalidade da
tro do prazo estabelecido pela Administração, caracteriza o
mesma, pois anula-se o que é ilegítimo. A licitação poderá
descumprimento total da obrigação assumida, sujeitando-
ser anulada pela via administrativa ou pela via judiciária. A
-o às penalidades legalmente estabelecidas.
anulação de uma licitação pode ser total (se o vício atingir
Isto não se aplica aos licitantes convocados, que não acei-
a origem dos atos licitatórios) ou parcial (se o vício atingir
tarem a contratação, nas mesmas condições propostas pelo
parte dos atos licitatórios).
primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao prazo e preço.
Revogar uma licitação é extingui-la por ser inconve-
Os agentes administrativos que praticarem atos em
niente ou inoportuna. Desde o momento em que a lici- desacordo com os preceitos definidos pela Lei de Licita-
tação foi aberta até o final da mesma, pode-se falar em ções e Contratos Administrativos ou visando a frustrar os
revogação. Após a assinatura do contrato, entretanto, não objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas na
poderá haver a revogação da licitação. Somente se justifica lei licitatória e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das
a revogação quando houver um fato posterior à abertura responsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar.
da licitação e quando o fato for pertinente, ou seja, quando
possuir uma relação lógica com a revogação da licitação. LEI Nº 8.666/1993 E SUAS ALTERAÇÕES
Ainda deve ser suficiente, quando a intensidade do fato
justificar a revogação. Deve ser respeitado o direito ao con- LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993
traditório e ampla defesa, e a revogação deverá ser feita Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Fede-
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. ral, institui normas para licitações e contratos da Adminis-
tração Pública e dá outras providências.
Anulação e revogação. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Os institutos estão previstos no artigo 49 da lei nº
8.666/93. Revogação da licitação por interesse público de- Capítulo I
corrente de fato superveniente devidamente comprovado, DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
pertinente e suficiente para justificar tal conduta, bem como Seção I
a obrigatoriedade de sua anulação por ilegalidade, neste úl- Dos Princípios
timo caso podendo agir de ofício ou provocado por terceiros,
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações
Revogação segundo Diógenes Gasparini “é o desfazi- e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, in-
mento da licitação acabada por motivos de conveniência clusive de publicidade, compras, alienações e locações no
e oportunidade (interesse público) superveniente – art. 49 âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fede-
da lei nº 8.666/93”17. Trata-se de um ato administrativo vin- ral e dos Municípios.

17 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 11. ed. 18 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasi-
São Paulo: Saraiva, 2006. leiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

23
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, § 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e aces-
além dos órgãos da administração direta, os fundos espe- síveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quan-
ciais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas pú- to ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.
blicas, as sociedades de economia mista e demais entidades § 4º (Vetado).
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, § 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabeleci-
Distrito Federal e Municípios. da margem de preferência para:
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais
Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade, com- que atendam a normas técnicas brasileiras; e
pras, alienações, concessões, permissões e locações da Admi- II - bens e serviços produzidos ou prestados por empre-
nistração Pública, quando contratadas com terceiros, serão sas que comprovem cumprimento de reserva de cargos pre-
necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hi- vista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado
póteses previstas nesta Lei. da Previdência Social e que atendam às regras de acessibili-
dade previstas na legislação.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se
§ 6º A margem de preferência de que trata o § 5º será
contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades
estabelecida com base em estudos revistos periodicamen-
da Administração Pública e particulares, em que haja um
te, em prazo não superior a 5 (cinco) anos, que levem em
acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipu-
consideração:
lação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação I - geração de emprego e renda;
utilizada. II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais
e municipais;
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados
princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta no País;
mais vantajosa para a administração e a promoção do de- IV - custo adicional dos produtos e serviços; e
senvolvimento nacional sustentável e será processada e jul- V - em suas revisões, análise retrospectiva de resultados.
gada em estrita conformidade com os princípios básicos da § 7º Para os produtos manufaturados e serviços nacio-
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, nais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológi-
da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ca realizados no País, poderá ser estabelecido margem de
ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos preferência adicional àquela prevista no § 5º.
que lhes são correlatos. § 8º As margens de preferência por produto, serviço,
§ 1º É vedado aos agentes públicos: grupo de produtos ou grupo de serviços, a que se referem
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convo- os §§ 5º e 7º, serão definidas pelo Poder Executivo federal,
cação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam não podendo a soma delas ultrapassar o montante de 25%
ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de (vinte e cinco por cento) sobre o preço dos produtos ma-
sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou dis- nufaturados e serviços estrangeiros.
tinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos § 9º As disposições contidas nos §§ 5º e 7º deste artigo
licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente não se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de
ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalva- produção ou prestação no País seja inferior:
do o disposto nos §§ 5º a 12 deste artigo e no art. 3º da Lei I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou
nº 8.248, de 23 de outubro de 1991; II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7º do
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza co- art. 23 desta Lei, quando for o caso.
mercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, § 10. A margem de preferência a que se refere o §
5º poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens
entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se
e serviços originários dos Estados Partes do Mercado Co-
refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo
mum do Sul - Mercosul.
quando envolvidos financiamentos de agências internacio-
§ 11. Os editais de licitação para a contratação de bens,
nais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e no art. 3º serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa da
da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991. autoridade competente, exigir que o contratado promo-
§ 2º Em igualdade de condições, como critério de de- va, em favor de órgão ou entidade integrante da adminis-
sempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos tração pública ou daqueles por ela indicados a partir de
bens e serviços: processo isonômico, medidas de compensação comercial,
I - (Revogado) industrial, tecnológica ou acesso a condições vantajosas de
II - produzidos no País; financiamento, cumulativamente ou não, na forma estabe-
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras; lecida pelo Poder Executivo federal.
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam § 12. Nas contratações destinadas à implantação, ma-
em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País; nutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia
V - produzidos ou prestados por empresas que compro- de informação e comunicação, considerados estratégicos
vem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para em ato do Poder Executivo federal, a licitação poderá ser
pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência restrita a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no
Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas País e produzidos de acordo com o processo produtivo bá-
na legislação. sico de que trata a Lei nº 10.176, de 11 de janeiro de 2001.

24
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 13. Será divulgada na internet, a cada exercício finan- II - Serviço - toda atividade destinada a obter determi-
ceiro, a relação de empresas favorecidas em decorrência nada utilidade de interesse para a Administração, tais como:
do disposto nos §§ 5º, 7º, 10, 11 e 12 deste artigo, com indi- demolição, conserto, instalação, montagem, operação, con-
cação do volume de recursos destinados a cada uma delas. servação, reparação, adaptação, manutenção, transporte,
§ 14. As preferências definidas neste artigo e nas de- locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-
mais normas de licitação e contratos devem privilegiar o -profissionais;
tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para
empresas de pequeno porte na forma da lei. fornecimento de uma só vez ou parceladamente;
§ 15. As preferências dispostas neste artigo prevale- IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens
cem sobre as demais preferências previstas na legislação a terceiros;
quando estas forem aplicadas sobre produtos ou serviços V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas
estrangeiros. cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o
limite estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 desta
Art. 4º Todos quantos participem de licitação promovi- Lei;
da pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cum-
direito público subjetivo à fiel observância do pertinente pro- primento das obrigações assumidas por empresas em licita-
cedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão ções e contratos;
acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e enti-
de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos. dades da Administração, pelos próprios meios;
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade con-
nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele pra- trata com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes:
ticado em qualquer esfera da Administração Pública. a) empreitada por preço global - quando se contrata a
execução da obra ou do serviço por preço certo e total;
Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados nas b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a
execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades
licitações terão como expressão monetária a moeda corrente
determinadas;
nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei, devendo
c) (Vetado).
cada unidade da Administração, no pagamento das obriga-
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para peque-
ções relativas ao fornecimento de bens, locações, realização
nos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de
de obras e prestação de serviços, obedecer, para cada fonte
materiais;
diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das da-
e) empreitada integral - quando se contrata um empreen-
tas de suas exigibilidades, salvo quando presentes relevantes
dimento em sua integralidade, compreendendo todas as eta-
razões de interesse público e mediante prévia justificativa da
pas das obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira
autoridade competente, devidamente publicada. responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contra-
§ 1º Os créditos a que se refere este artigo terão seus tante em condições de entrada em operação, atendidos os
valores corrigidos por critérios previstos no ato convocató- requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições
rio e que lhes preservem o valor. de segurança estrutural e operacional e com as características
§ 2º A correção de que trata o parágrafo anterior cujo adequadas às finalidades para que foi contratada;
pagamento será feito junto com o principal, correrá à conta IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários
das mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos e suficientes, com nível de precisão adequado, para carac-
créditos a que se referem. terizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços
§ 3º Observados o disposto no caput, os pagamentos objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos
decorrentes de despesas cujos valores não ultrapassem o estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade
limite de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
que dispõe seu parágrafo único, deverão ser efetuados no empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da
prazo de até 5 (cinco) dias úteis, contados da apresentação obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, de-
da fatura. vendo conter os seguintes elementos:
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a
Art. 5o-A.  As normas de licitações e contratos devem pri- fornecer visão global da obra e identificar todos os seus ele-
vilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às microem- mentos constitutivos com clareza;
presas e empresas de pequeno porte na forma da lei.  b) soluções técnicas globais e localizadas, suficiente-
mente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de
Seção II reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração
Das Definições do projeto executivo e de realização das obras e montagem;
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de ma-
Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se: teriais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recupe- especificações que assegurem os melhores resultados para o
ração ou ampliação, realizada por execução direta ou indi- empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a
reta; sua execução;

25
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

d) informações que possibilitem o estudo e a dedução I - projeto básico;


de métodos construtivos, instalações provisórias e condições II - projeto executivo;
organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competi- III - execução das obras e serviços.
tivo para a sua execução; § 1º A execução de cada etapa será obrigatoriamen-
e) subsídios para montagem do plano de licitação e ges- te precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade
tão da obra, compreendendo a sua programação, a estraté- competente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à
gia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados exceção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvol-
necessários em cada caso; vido concomitantemente com a execução das obras e ser-
f) orçamento detalhado do custo global da obra, funda- viços, desde que também autorizado pela Administração.
mentado em quantitativos de serviços e fornecimentos pro- § 2º As obras e os serviços somente poderão ser licita-
priamente avaliados; dos quando:
X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos neces- I - houver projeto básico aprovado pela autoridade com-
sários e suficientes à execução completa da obra, de acordo
petente e disponível para exame dos interessados em parti-
com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Nor-
cipar do processo licitatório;
mas Técnicas - ABNT;
II - existir orçamento detalhado em planilhas que ex-
XI - Administração Pública - a administração direta e in-
direta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- pressem a composição de todos os seus custos unitários;
cípios, abrangendo inclusive as entidades com personalidade III - houver previsão de recursos orçamentários que as-
jurídica de direito privado sob controle do poder público e segurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras
das fundações por ele instituídas ou mantidas; ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em
XII - Administração - órgão, entidade ou unidade admi- curso, de acordo com o respectivo cronograma;
nistrativa pela qual a Administração Pública opera e atua IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas
concretamente; metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art.
XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da 165 da Constituição Federal, quando for o caso.
Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial § 3º É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção
da União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municí- de recursos financeiros para sua execução, qualquer que
pios, o que for definido nas respectivas leis; (Redação dada seja a sua origem, exceto nos casos de empreendimentos
pela Lei nº 8.883, de 1994) executados e explorados sob o regime de concessão, nos
XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do termos da legislação específica.
instrumento contratual; § 4º É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação,
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária de fornecimento de materiais e serviços sem previsão de
de contrato com a Administração Pública; quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, previsões reais do projeto básico ou executivo.
criada pela Administração com a função de receber, exami- § 5º É vedada a realização de licitação cujo objeto in-
nar e julgar todos os documentos e procedimentos relativos clua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, carac-
às licitações e ao cadastramento de licitantes. terísticas e especificações exclusivas, salvo nos casos em
XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o forne-
manufaturados, produzidos no território nacional de acordo cimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime
com o processo produtivo básico ou com as regras de origem de administração contratada, previsto e discriminado no
estabelecidas pelo Poder Executivo federal; ato convocatório.
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País,
§ 6º A infringência do disposto neste artigo implica a
nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal;
nulidade dos atos ou contratos realizados e a responsabili-
XIX - sistemas de tecnologia de informação e comunica-
dade de quem lhes tenha dado causa.
ção estratégicos - bens e serviços de tecnologia da informação e
§ 7º Não será ainda computado como valor da obra ou
comunicação cuja descontinuidade provoque dano significativo
à administração pública e que envolvam pelo menos um dos serviço, para fins de julgamento das propostas de preços, a
seguintes requisitos relacionados às informações críticas: dispo- atualização monetária das obrigações de pagamento, des-
nibilidade, confiabilidade, segurança e confidencialidade. de a data final de cada período de aferição até a do respec-
XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens, tivo pagamento, que será calculada pelos mesmos critérios
insumos, serviços e obras necessários para atividade de pes- estabelecidos obrigatoriamente no ato convocatório.
quisa científica e tecnológica, desenvolvimento de tecnolo- § 8º Qualquer cidadão poderá requerer à Administra-
gia ou inovação tecnológica, discriminados em projeto de ção Pública os quantitativos das obras e preços unitários de
pesquisa aprovado pela instituição contratante. determinada obra executada.
§ 9º O disposto neste artigo aplica-se também, no que
Seção III couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de lici-
Das Obras e Serviços tação.

Art. 7º As licitações para a execução de obras e para a Art. 8º A execução das obras e dos serviços deve pro-
prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, gramar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus custos
em particular, à seguinte sequência: atual e final e considerados os prazos de sua execução.

26
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado I - segurança;


da execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se exis- II - funcionalidade e adequação ao interesse público;
tente previsão orçamentária para sua execução total, salvo III - economia na execução, conservação e operação;
insuficiência financeira ou comprovado motivo de ordem IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, mate-
técnica, justificados em despacho circunstanciado da auto- riais, tecnologia e matérias-primas existentes no local para
ridade a que se refere o art. 26 desta Lei. execução, conservação e operação;
V - facilidade na execução, conservação e operação, sem
Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente, prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço;
da licitação ou da execução de obra ou serviço e do forneci- VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de seguran-
mento de bens a eles necessários: ça do trabalho adequadas;
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física VII - impacto ambiental.
ou jurídica;
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável Seção IV
pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados
autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou deten-
tor de mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços
voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado; técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a:
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contra- I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou
tante ou responsável pela licitação. executivos;
§ 1º É permitida a participação do autor do projeto ou II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
da empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na lici- III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias fi-
tação de obra ou serviço, ou na execução, como consul- nanceiras ou tributárias;
tor ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras
gerenciamento, exclusivamente a serviço da Administração ou serviços;
interessada. V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou adminis-
§ 2º O disposto neste artigo não impede a licitação ou trativas;
contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
projeto executivo como encargo do contratado ou pelo VII - restauração de obras de arte e bens de valor his-
preço previamente fixado pela Administração. tórico.
§ 3º Considera-se participação indireta, para fins do VIII - (Vetado).
disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo de § 1º Ressalvados os casos de inexigibilidade de lici-
natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou tra- tação, os contratos para a prestação de serviços técnicos
balhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, profissionais especializados deverão, preferencialmente,
e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos ser celebrados mediante a realização de concurso, com es-
e obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços tipulação prévia de prêmio ou remuneração.
a estes necessários. § 2º Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica-
§ 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos -se, no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei.
membros da comissão de licitação. § 3º A empresa de prestação de serviços técnicos espe-
cializados que apresente relação de integrantes de seu cor-
Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas po técnico em procedimento licitatório ou como elemento
seguintes formas: de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação,
I - execução direta; ficará obrigada a garantir que os referidos integrantes rea-
II - execução indireta, nos seguintes regimes: lizem pessoal e diretamente os serviços objeto do contrato.
a) empreitada por preço global;
b) empreitada por preço unitário; Seção V
c) (Vetado). Das Compras
d) tarefa;
e) empreitada integral. Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada
Parágrafo único. (Vetado). caracterização de seu objeto e indicação dos recursos orça-
mentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato
Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos fins e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa.
terão projetos padronizados por tipos, categorias ou classes,
exceto quando o projeto-padrão não atender às condições Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:
peculiares do local ou às exigências específicas do empreen- I - atender ao princípio da padronização, que imponha
dimento. compatibilidade de especificações técnicas e de desempe-
nho, observadas, quando for o caso, as condições de manu-
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de tenção, assistência técnica e garantia oferecidas;
obras e serviços serão considerados principalmente os se- II - ser processadas através de sistema de registro de pre-
guintes requisitos: ços;

27
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

III - submeter-se às condições de aquisição e paga- Seção VI


mento semelhantes às do setor privado; Das Alienações
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas ne-
cessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública,
visando economicidade; subordinada à existência de interesse público devidamente
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às se-
órgãos e entidades da Administração Pública. guintes normas:
§ 1º O registro de preços será precedido de ampla I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa
pesquisa de mercado. para órgãos da administração direta e entidades autárqui-
§ 2º Os preços registrados serão publicados trimes- cas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades pa-
tralmente para orientação da Administração, na impren- raestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na
sa oficial. modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes
§ 3º O sistema de registro de preços será regula- casos:
mentado por decreto, atendidas as peculiaridades re- a) dação em pagamento;
gionais, observadas as seguintes condições: b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão
I - seleção feita mediante concorrência; ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de
II - estipulação prévia do sistema de controle e atua- governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;
lização dos preços registrados; c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos
III - validade do registro não superior a um ano. constantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
§ 4º A existência de preços registrados não obriga d) investidura;
a Administração a firmar as contratações que deles po- e) venda a outro órgão ou entidade da administração
derão advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros pública, de qualquer esfera de governo;
meios, respeitada a legislação relativa às licitações, sen- f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão
do assegurado ao beneficiário do registro preferência de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens
em igualdade de condições. imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente
§ 5º O sistema de controle originado no quadro ge- utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de re-
ral de preços, quando possível, deverá ser informatiza- gularização fundiária de interesse social desenvolvidos por
do. órgãos ou entidades da administração pública;
§ 6º Qualquer cidadão é parte legítima para impug- g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o
nar preço constante do quadro geral em razão de in- art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante
compatibilidade desse com o preço vigente no mercado. iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública
§ 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda: em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;
I - a especificação completa do bem a ser adquirido h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, conces-
sem indicação de marca; são de direito real de uso, locação ou permissão de uso de
II - a definição das unidades e das quantidades a se- bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de
rem adquiridas em função do consumo e utilização pro- até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e in-
váveis, cuja estimativa será obtida, sempre que possível, seridos no âmbito de programas de regularização fundiária
mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação; de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
III - as condições de guarda e armazenamento que administração pública;
não permitam a deterioração do material. i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita
§ 8º O recebimento de material de valor superior ao ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra,
limite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modali- onde incidam ocupações até o limite de que trata o § 1º do
dade de convite, deverá ser confiado a uma comissão art. 6º da Lei no 11.952, de 25 de junho de 2009, para fins
de, no mínimo, 3 (três) membros. de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais; e
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de
Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
órgão de divulgação oficial ou em quadro de avisos de a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de
amplo acesso público, à relação de todas as compras fei- interesse social, após avaliação de sua oportunidade e con-
tas pela Administração Direta ou Indireta, de maneira veniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra
a clarificar a identificação do bem comprado, seu preço forma de alienação;
unitário, a quantidade adquirida, o nome do vendedor e b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
o valor total da operação, podendo ser aglutinadas por entidades da Administração Pública;
itens as compras feitas com dispensa e inexigibilidade de c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa,
licitação. observada a legislação específica;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se apli- d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
ca aos casos de dispensa de licitação previstos no inciso e) venda de bens produzidos ou comercializados por ór-
IX do art. 24. gãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de
suas finalidades;

28
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

f) venda de materiais e equipamentos para outros ór- § 4º A doação com encargo será licitada e de seu ins-
gãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização trumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o pra-
previsível por quem deles dispõe. zo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de
§ 1º Os imóveis doados com base na alínea «b» do in- nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de
ciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a interesse público devidamente justificado;
sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica § 5º Na hipótese do parágrafo anterior, caso o dona-
doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário. tário necessite oferecer o imóvel em garantia de financia-
§ 2º A Administração também poderá conceder título mento, a cláusula de reversão e demais obrigações serão
de propriedade ou de direito real de uso de imóveis, dis- garantidas por hipoteca em segundo grau em favor do
pensada licitação, quando o uso destinar-se: doador.
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, § 6º Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou
qualquer que seja a localização do imóvel; globalmente, em quantia não superior ao limite previsto
II - a pessoa natural que, nos termos de lei, regulamento no art. 23, inciso II, alínea «b» desta Lei, a Administração
ou ato normativo do órgão competente, haja implementado poderá permitir o leilão.
os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica § 7º (VETADO).
e exploração direta sobre área rural, observado o limite de
que trata o § 1º do art. 6º da Lei no 11.952, de 25 de junho Art. 18. Na concorrência para a venda de bens imóveis,
de 2009; a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do recolhi-
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2º ficam dispen- mento de quantia correspondente a 5% (cinco por cento) da
sadas de autorização legislativa, porém submetem-se aos avaliação.
seguintes condicionamentos: Parágrafo único. (Revogado)
I - aplicação exclusivamente às áreas em que a deten-
ção por particular seja comprovadamente anterior a 1o de Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja
dezembro de 2004; aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de
II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da au-
regime legal e administrativo da destinação e da regulariza- toridade competente, observadas as seguintes regras:
ção fundiária de terras públicas; I - avaliação dos bens alienáveis;
III - vedação de concessões para hipóteses de exploração II - comprovação da necessidade ou utilidade da alie-
não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de nação;
terras públicas, ou nas normas legais ou administrativas de III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalida-
zoneamento ecológico-econômico; e de de concorrência ou leilão.
IV - previsão de rescisão automática da concessão, dis-
pensada notificação, em caso de declaração de utilidade, ou Capítulo II
necessidade pública ou interesse social. Da Licitação
§ 2º-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo: Seção I
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não su- Das Modalidades, Limites e Dispensa
jeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua explo-
ração mediante atividades agropecuárias; Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, situar a repartição interessada, salvo por motivo de interesse
desde que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a público, devidamente justificado.
dispensa de licitação para áreas superiores a esse limite; Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá a
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área de- habilitação de interessados residentes ou sediados em outros
corrente da figura prevista na alínea g do inciso I do caput locais.
deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágrafo.
IV – (VETADO) Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das
§ 3º Entende-se por investidura, para os fins desta lei: concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de leilões, embora realizados no local da repartição interessa-
área remanescente ou resultante de obra pública, área esta da, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo,
que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca por uma vez:
inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de lici-
50% (cinquenta por cento) do valor constante da alínea “a” tação feita por órgão ou entidade da Administração Pública
do inciso II do art. 23 desta lei; Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas par-
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, cial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por
na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins re- instituições federais;
sidenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal
hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por ór-
de operação dessas unidades e não integrem a categoria de gão ou entidade da Administração Pública Estadual ou Mu-
bens reversíveis ao final da concessão. nicipal, ou do Distrito Federal;

29
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

III - em jornal diário de grande circulação no Estado e § 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quais-
também, se houver, em jornal de circulação no Município ou quer interessados para escolha de trabalho técnico, cientí-
na região onde será realizada a obra, prestado o serviço, for- fico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou re-
necido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Admi- muneração aos vencedores, conforme critérios constantes
nistração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros de edital publicado na imprensa oficial com antecedência
meios de divulgação para ampliar a área de competição. mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
§ 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em § 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
que os interessados poderão ler e obter o texto integral do interessados para a venda de bens móveis inservíveis para
edital e todas as informações sobre a licitação. a administração ou de produtos legalmente apreendidos
§ 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis pre-
ou da realização do evento será: vista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou
I - quarenta e cinco dias para: superior ao valor da avaliação.
a) concurso; § 6º Na hipótese do § 3º deste artigo, existindo na
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado con- praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo
templar o regime de empreitada integral ou quando a licita- convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é
ção for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”; obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado,
II - trinta dias para: enquanto existirem cadastrados não convidados nas últi-
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea mas licitações.
“b” do inciso anterior; § 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo “me- desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do
lhor técnica” ou “técnica e preço”; número mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo,
III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas
especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou leilão; no processo, sob pena de repetição do convite.
IV - cinco dias úteis para convite. § 8º É vedada a criação de outras modalidades de lici-
§ 3º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior se- tação ou a combinação das referidas neste artigo.
§ 9º Na hipótese do parágrafo 2º deste artigo, a admi-
rão contados a partir da última publicação do edital resu-
nistração somente poderá exigir do licitante não cadastra-
mido ou da expedição do convite, ou ainda da efetiva dis-
do os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que compro-
ponibilidade do edital ou do convite e respectivos anexos,
vem habilitação compatível com o objeto da licitação, nos
prevalecendo a data que ocorrer mais tarde.
termos do edital.
§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulgação
pela mesma forma que se deu o texto original, reabrin-
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os
do-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em fun-
inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação ção dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado
das propostas. da contratação:
I - para obras e serviços de engenharia:
Art. 22. São modalidades de licitação: a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil
I - concorrência; reais);
II - tomada de preços; b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e
III - convite; quinhentos mil reais);
IV - concurso; c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e
V - leilão. quinhentos mil reais);
§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre II - para compras e serviços não referidos no inciso an-
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação terior:
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
qualificação exigidos no edital para execução de seu ob- b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e
jeto. cinquenta mil reais);
§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação en- c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e
tre interessados devidamente cadastrados ou que atende- cinquenta mil reais).
rem a todas as condições exigidas para cadastramento até § 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela Ad-
o terceiro dia anterior à data do recebimento das propos- ministração serão divididas em tantas parcelas quantas se
tas, observada a necessária qualificação. comprovarem técnica e economicamente viáveis, proce-
§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interes- dendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamen-
sados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou to dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da
não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) competitividade sem perda da economia de escala.
pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apro- § 2º Na execução de obras e serviços e nas compras de
priado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada
aos demais cadastrados na correspondente especialidade etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou compra,
que manifestarem seu interesse com antecedência de até há de corresponder licitação distinta, preservada a moda-
24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. lidade pertinente para a execução do objeto em licitação.

30
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 3º A concorrência é a modalidade de licitação cabível, blicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao
qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para
ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no
19, como nas concessões de direito real de uso e nas licita- prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ções internacionais, admitindo-se neste último caso, obser- ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou ca-
vados os limites deste artigo, a tomada de preços, quando lamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
o órgão ou entidade dispuser de cadastro internacional de V - quando não acudirem interessados à licitação an-
fornecedores ou o convite, quando não houver fornecedor terior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem
do bem ou serviço no País. prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas
§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administração as condições preestabelecidas;
poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a VI - quando a União tiver que intervir no domínio eco-
concorrência. nômico para regular preços ou normalizar o abastecimento;
§ 5º É vedada a utilização da modalidade «convite» ou VII - quando as propostas apresentadas consignarem
«tomada de preços», conforme o caso, para parcelas de preços manifestamente superiores aos praticados no mer-
uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços cado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos
da mesma natureza e no mesmo local que possam ser rea- órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o pa-
lizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o so- rágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação,
matório de seus valores caracterizar o caso de «tomada de será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por
preços» ou «concorrência», respectivamente, nos termos valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos
deste artigo, exceto para as parcelas de natureza especí- serviços;
fica que possam ser executadas por pessoas ou empresas VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito pú-
de especialidade diversa daquela do executor da obra ou blico interno, de bens produzidos ou serviços prestados por
serviço. órgão ou entidade que integre a Administração Pública e
§ 6º As organizações industriais da Administração Fe- que tenha sido criado para esse fim específico em data ante-
deral direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão
rior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja
aos limites estabelecidos no inciso I deste artigo também
compatível com o praticado no mercado;
para suas compras e serviços em geral, desde que para a
IX - quando houver possibilidade de comprometimento
aquisição de materiais aplicados exclusivamente na manu-
da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto
tenção, reparo ou fabricação de meios operacionais bélicos
do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
pertencentes à União.
Nacional;
§ 7º Na compra de bens de natureza divisível e desde
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é per-
atendimento das finalidades precípuas da administração,
mitida a cotação de quantidade inferior à demandada na
licitação, com vistas a ampliação da competitividade, po- cujas necessidades de instalação e localização condicionem
dendo o edital fixar quantitativo mínimo para preservar a a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor
economia de escala. de mercado, segundo avaliação prévia;
§ 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o do- XI - na contratação de remanescente de obra, serviço
bro dos valores mencionados no caput deste artigo quan- ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual,
do formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, desde que atendida a ordem de classificação da licitação an-
quando formado por maior número. terior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante
vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
Art. 24. É dispensável a licitação: XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização
(dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do dos processos licitatórios correspondentes, realizadas direta-
artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mente com base no preço do dia;
mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida
mesma natureza e no mesmo local que possam ser realiza- regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou
das conjunta e concomitantemente; do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez à recuperação social do preso, desde que a contratada dete-
por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do ar- nha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha
tigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, fins lucrativos;
desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos
compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso
de uma só vez; Nacional, quando as condições ofertadas forem manifesta-
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; mente vantajosas para o Poder Público;
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte
quando caracterizada urgência de atendimento de situação e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que
que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entida-
de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, pú- de.

31
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formu- XXVII - na contratação da coleta, processamento e co-
lários padronizados de uso da administração, e de edições mercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reu-
técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de tilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo,
informática a pessoa jurídica de direito público interno, por efetuados por associações ou cooperativas formadas exclu-
órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, sivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas
criados para esse fim específico; pelo poder público como catadores de materiais recicláveis,
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de ori- com o uso de equipamentos compatíveis com as normas téc-
gem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de nicas, ambientais e de saúde pública.
equipamentos durante o período de garantia técnica, jun- XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produ-
to ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal zidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente,
condição de exclusividade for indispensável para a vigência alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante
da garantia; parecer de comissão especialmente designada pela autori-
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para dade máxima do órgão.
o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços
ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada para atender aos contingentes militares das Forças Singula-
eventual de curta duração em portos, aeroportos ou locali- res brasileiras empregadas em operações de paz no exterior,
dades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do
operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da
prazos legais puder comprometer a normalidade e os pro- Força.
pósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao XXX - na contratação de instituição ou organização, pú-
limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta Lei: blica ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a presta-
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças ção de serviços de assistência técnica e extensão rural no
Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e admi- âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Ex-
nistrativo, quando houver necessidade de manter a padroni- tensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária,
zação requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios
instituído por lei federal.
navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do
instituída por decreto;
disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de
XX - na contratação de associação de portadores de
dezembro de 2004, observados os princípios gerais de con-
deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada ido-
tratação dela constantes.
neidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública,
XXXII - na contratação em que houver transferência de
para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-
tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de
-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o
Saúde - SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de setembro
praticado no mercado.
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional
pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos
serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de durante as etapas de absorção tecnológica.
que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23; XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras tec-
de energia elétrica e gás natural com concessionário, per- nologias sociais de acesso à água para consumo humano e
missionário ou autorizado, segundo as normas da legislação produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de
específica; baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água.
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direi-
sociedade de economia mista com suas subsidiárias e con- to público interno de insumos estratégicos para a saúde
troladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental
ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da
compatível com o praticado no mercado. administração pública direta, sua autarquia ou fundação
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento
serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação,
das respectivas esferas de governo, para atividades contem- inclusive na gestão administrativa e financeira necessária
pladas no contrato de gestão. à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o
e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a trans- Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII
ferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico
uso ou de exploração de criação protegida. em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço con-
XXVI - na celebração de contrato de programa com ente tratado seja compatível com o praticado no mercado.
da Federação ou com entidade de sua administração indire- XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o
ta, para a prestação de serviços públicos de forma associada aprimoramento de estabelecimentos penais, desde que con-
nos termos do autorizado em contrato de consórcio público figurada situação de grave e iminente risco à segurança pú-
ou em convênio de cooperação. blica.

32
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibili-
deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, dade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruí-
obras e serviços contratados por consórcios públicos, so- do, no que couber, com os seguintes elementos:
ciedade de economia mista, empresa pública e por autar- I - caracterização da situação emergencial, calamitosa
quia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agên- ou de grave e iminente risco à segurança pública que justifi-
cias Executivas. que a dispensa, quando for o caso;
§ 2º O limite temporal de criação do órgão ou entidade II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
que integre a administração pública estabelecido no inciso III - justificativa do preço.
VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou en- IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa
tidades que produzem produtos estratégicos para o SUS, aos quais os bens serão alocados.
no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990,
conforme elencados em ato da direção nacional do SUS. Seção II
§ 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do Da Habilitação
caput, quando aplicada a obras e serviços de engenharia,
seguirá procedimentos especiais instituídos em regula- Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos
mentação específica. interessados, exclusivamente, documentação relativa a:
§ 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do I - habilitação jurídica;
caput do art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do caput. II - qualificação técnica;
III - qualificação econômico-financeira;
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabili- IV – regularidade fiscal e trabalhista;
dade de competição, em especial: V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gê- da Constituição Federal.
neros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa
ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica,
de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita conforme o caso, consistirá em:
através de atestado fornecido pelo órgão de registro do co- I - cédula de identidade;
mércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou II - registro comercial, no caso de empresa individual;
o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patro- III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor,
nal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; devidamente registrado, em se tratando de sociedades co-
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados merciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado
no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais de documentos de eleição de seus administradores;
ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibili- IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades
dade para serviços de publicidade e divulgação; civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício;
III - para contratação de profissional de qualquer setor V - decreto de autorização, em se tratando de empresa
artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato
desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opi- de registro ou autorização para funcionamento expedido
nião pública. pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir.
§ 1º Considera-se de notória especialização o profis-
sional ou empresa cujo conceito no campo de sua espe- Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e
cialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, trabalhista, conforme o caso, consistirá em:
experiências, publicações, organização, aparelhamento, I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC);
suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essen- II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes esta-
cial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação dual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede
do objeto do contrato. do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatí-
§ 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos vel com o objeto contratual;
de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal,
solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o for- Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou
necedor ou o prestador de serviços e o agente público res- outra equivalente, na forma da lei;
ponsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social
e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), de-
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 monstrando situação regular no cumprimento dos encargos
e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexi- sociais instituídos por lei.
gibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, V – prova de inexistência de débitos inadimplidos peran-
e o retardamento previsto no final do parágrafo único do te a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de certi-
art. 8º desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dão negativa, nos termos do Título VII-A da Consolidação
dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de
imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição 1º de maio de 1943.
para a eficácia dos atos.

33
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica II - (Vetado).


limitar-se-á a: § 8º No caso de obras, serviços e compras de grande
I - registro ou inscrição na entidade profissional com- vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Administra-
petente; ção exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja
II - comprovação de aptidão para desempenho de ativi- avaliação, para efeito de sua aceitação ou não, antecederá
dade pertinente e compatível em características, quantida- sempre à análise dos preços e será efetuada exclusivamen-
des e prazos com o objeto da licitação, e indicação das insta- te por critérios objetivos.
lações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados § 9º Entende-se por licitação de alta complexidade téc-
e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem nica aquela que envolva alta especialização, como fator de
como da qualificação de cada um dos membros da equipe extrema relevância para garantir a execução do objeto a ser
técnica que se responsabilizará pelos trabalhos; contratado, ou que possa comprometer a continuidade da
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que prestação de serviços públicos essenciais.
recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou § 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins
conhecimento de todas as informações e das condições lo- de comprovação da capacitação técnico-profissional de
cais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação; que trata o inciso I do § 1º deste artigo deverão partici-
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei par da obra ou serviço objeto da licitação, admitindo-se
especial, quando for o caso. a substituição por profissionais de experiência equivalente
§ 1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do ou superior, desde que aprovada pela administração.
«caput» deste artigo, no caso das licitações pertinentes a § 11. (Vetado).
obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por § 12. (Vetado).
pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamen-
te registrados nas entidades profissionais competentes, limi- Art. 31. A documentação relativa à qualificação econô-
tadas as exigências a: mico-financeira limitar-se-á a:
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do li- I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do últi-
citante de possuir em seu quadro permanente, na data pre- mo exercício social, já exigíveis e apresentados na forma da lei,
vista para entrega da proposta, profissional de nível superior que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada
ou outro devidamente reconhecido pela entidade compe- a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, po-
tente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por dendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há
execução de obra ou serviço de características semelhantes, mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta;
limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior rele- II - certidão negativa de falência ou concordata expedi-
vância e valor significativo do objeto da licitação, vedadas da pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execu-
as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos; ção patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física;
II - (Vetado). III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios pre-
a) (Vetado). vistos no “caput” e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1%
b) (Vetado). (um por cento) do valor estimado do objeto da contratação.
§ 2º As parcelas de maior relevância técnica e de valor § 1º A exigência de índices limitar-se-á à demonstração
significativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão de- da capacidade financeira do licitante com vistas aos com-
finidas no instrumento convocatório. promissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o
§ 3º Será sempre admitida a comprovação de aptidão contrato, vedada a exigência de valores mínimos de fatu-
através de certidões ou atestados de obras ou serviços si- ramento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade.
milares de complexidade tecnológica e operacional equi- § 2º A Administração, nas compras para entrega futura
valente ou superior. e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no
§ 4º Nas licitações para fornecimento de bens, a com- instrumento convocatório da licitação, a exigência de ca-
provação de aptidão, quando for o caso, será feita através pital mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda
de atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito pú- as garantias previstas no § 1º do art. 56 desta Lei, como
blico ou privado. dado objetivo de comprovação da qualificação econômi-
§ 5º É vedada a exigência de comprovação de ativida- co-financeira dos licitantes e para efeito de garantia ao
de ou de aptidão com limitações de tempo ou de época adimplemento do contrato a ser ulteriormente celebrado.
ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras não § 3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido
previstas nesta Lei, que inibam a participação na licitação. a que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder
§ 6º As exigências mínimas relativas a instalações de a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação,
canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico espe- devendo a comprovação ser feita relativamente à data
cializado, considerados essenciais para o cumprimento do da apresentação da proposta, na forma da lei, admitida a
objeto da licitação, serão atendidas mediante a apresenta- atualização para esta data através de índices oficiais.
ção de relação explícita e da declaração formal da sua dis- § 4º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compro-
ponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as exigências missos assumidos pelo licitante que importem diminuição
de propriedade e de localização prévia. da capacidade operativa ou absorção de disponibilidade
§ 7º (Vetado). financeira, calculada esta em função do patrimônio líquido
I - (Vetado). atualizado e sua capacidade de rotação.

34
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 5º A comprovação de boa situação financeira da em- Art. 33. Quando permitida na licitação a participa-
presa será feita de forma objetiva, através do cálculo de ção de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguin-
índices contábeis previstos no edital e devidamente justi- tes normas:
ficados no processo administrativo da licitação que tenha I - comprovação do compromisso público ou particu-
dado início ao certame licitatório, vedada a exigência de lar de constituição de consórcio, subscrito pelos consor-
índices e valores não usualmente adotados para correta ciados;
avaliação de situação financeira suficiente ao cumprimento II - indicação da empresa responsável pelo consórcio
das obrigações decorrentes da licitação. que deverá atender às condições de liderança, obrigato-
§ 6º (Vetado). riamente fixadas no edital;
III - apresentação dos documentos exigidos nos arts.
Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão 28 a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admi-
ser apresentados em original, por qualquer processo de cópia tindo-se, para efeito de qualificação técnica, o somatório
autenticada por cartório competente ou por servidor da admi-
dos quantitativos de cada consorciado, e, para efeito de
nistração ou publicação em órgão da imprensa oficial.
qualificação econômico-financeira, o somatório dos valo-
§ 1º A documentação de que tratam os arts. 28 a 31
res de cada consorciado, na proporção de sua respectiva
desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos
participação, podendo a Administração estabelecer, para
casos de convite, concurso, fornecimento de bens para
pronta entrega e leilão. o consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento)
§ 2º O certificado de registro cadastral a que se refere dos valores exigidos para licitante individual, inexigível
o § 1o do art. 36 substitui os documentos enumerados nos este acréscimo para os consórcios compostos, em sua to-
arts. 28 a 31, quanto às informações disponibilizadas em talidade, por micro e pequenas empresas assim definidas
sistema informatizado de consulta direta indicado no edital, em lei;
obrigando-se a parte a declarar, sob as penalidades legais, a IV - impedimento de participação de empresa consor-
superveniência de fato impeditivo da habilitação. ciada, na mesma licitação, através de mais de um consór-
§ 3º A documentação referida neste artigo poderá ser cio ou isoladamente;
substituída por registro cadastral emitido por órgão ou en- V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos
tidade pública, desde que previsto no edital e o registro atos praticados em consórcio, tanto na fase de licitação
tenha sido feito em obediência ao disposto nesta Lei. quanto na de execução do contrato.
§ 4º As empresas estrangeiras que não funcionem no § 1º No consórcio de empresas brasileiras e estran-
País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações inter- geiras a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa
nacionais, às exigências dos parágrafos anteriores median- brasileira, observado o disposto no inciso II deste artigo.
te documentos equivalentes, autenticados pelos respec- § 2º O licitante vencedor fica obrigado a promover,
tivos consulados e traduzidos por tradutor juramentado, antes da celebração do contrato, a constituição e o re-
devendo ter representação legal no Brasil com poderes gistro do consórcio, nos termos do compromisso referi-
expressos para receber citação e responder administrativa do no inciso I deste artigo.
ou judicialmente.
§ 5º Não se exigirá, para a habilitação de que trata este Seção III
artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, sal- Dos Registros Cadastrais
vo os referentes a fornecimento do edital, quando solicita-
do, com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades
do custo efetivo de reprodução gráfica da documentação
da Administração Pública que realizem frequentemente
fornecida.
licitações manterão registros cadastrais para efeito de
§ 6º O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art. 33 e
habilitação, na forma regulamentar, válidos por, no má-
no § 2o do art. 55, não se aplica às licitações internacionais
ximo, um ano.
para a aquisição de bens e serviços cujo pagamento seja
feito com o produto de financiamento concedido por or- § 1º O registro cadastral deverá ser amplamente di-
ganismo financeiro internacional de que o Brasil faça parte, vulgado e deverá estar permanentemente aberto aos in-
ou por agência estrangeira de cooperação, nem nos casos teressados, obrigando-se a unidade por ele responsável
de contratação com empresa estrangeira, para a compra a proceder, no mínimo anualmente, através da imprensa
de equipamentos fabricados e entregues no exterior, des- oficial e de jornal diário, a chamamento público para a
de que para este caso tenha havido prévia autorização do atualização dos registros existentes e para o ingresso de
Chefe do Poder Executivo, nem nos casos de aquisição de novos interessados.
bens e serviços realizada por unidades administrativas com § 2º É facultado às unidades administrativas utili-
sede no exterior. zarem-se de registros cadastrais de outros órgãos ou
§ 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e entidades da Administração Pública.
este artigo poderá ser dispensada, nos termos de regula-
mento, no todo ou em parte, para a contratação de produ- Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atua-
to para pesquisa e desenvolvimento, desde que para pron- lização deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá
ta entrega ou até o valor previsto na alínea “a” do inciso II os elementos necessários à satisfação das exigências do
do caput do art. 23.  art. 27 desta Lei.

35
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias, edital, e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez)
tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em gru- dias úteis de sua realização, pelos mesmos meios previstos
pos, segundo a qualificação técnica e econômica avaliada para a publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito
pelos elementos constantes da documentação relacionada a todas as informações pertinentes e a se manifestar todos
nos arts. 30 e 31 desta Lei. os interessados.
§ 1º Aos inscritos será fornecido certificado, renovável Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-
sempre que atualizarem o registro. -se licitações simultâneas aquelas com objetos similares e
§ 2º A atuação do licitante no cumprimento de obri- com realização prevista para intervalos não superiores a
gações assumidas será anotada no respectivo registro ca- trinta dias e licitações sucessivas aquelas em que, também
dastral. com objetos similares, o edital subsequente tenha uma data
anterior a cento e vinte dias após o término do contrato re-
Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso sultante da licitação antecedente.
ou cancelado o registro do inscrito que deixar de satisfazer
as exigências do art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas para Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de
classificação cadastral. ordem em série anual, o nome da repartição interessada e
de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da
Seção IV licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local,
Do Procedimento e Julgamento dia e hora para recebimento da documentação e proposta,
bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará,
Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a obrigatoriamente, o seguinte:
abertura de processo administrativo, devidamente autuado, I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;
protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, II - prazo e condições para assinatura do contrato ou
a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta
despesa, e ao qual serão juntados oportunamente: Lei, para execução do contrato e para entrega do objeto da
I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o licitação;
caso; III - sanções para o caso de inadimplemento;
II - comprovante das publicações do edital resumido, na IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o pro-
forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite; jeto básico;
III - ato de designação da comissão de licitação, do lei- V - se há projeto executivo disponível na data da publi-
loeiro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo con- cação do edital de licitação e o local onde possa ser exami-
vite; nado e adquirido;
IV - original das propostas e dos documentos que as ins- VI - condições para participação na licitação, em confor-
truírem; midade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de apresen-
V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julga- tação das propostas;
dora; VII - critério para julgamento, com disposições claras e
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a lici- parâmetros objetivos;
tação, dispensa ou inexigibilidade; VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua comunicação à distância em que serão fornecidos elemen-
homologação; tos, informações e esclarecimentos relativos à licitação e às
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos licitan- condições para atendimento das obrigações necessárias ao
tes e respectivas manifestações e decisões; cumprimento de seu objeto;
IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação, IX - condições equivalentes de pagamento entre empre-
quando for o caso, fundamentado circunstanciadamente; sas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações interna-
X - termo de contrato ou instrumento equivalente, con- cionais;
forme o caso; X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e glo-
XI - outros comprovantes de publicações; bal, conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos
XII - demais documentos relativos à licitação. e vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem ou faixas de variação em relação a preços de referência, res-
como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem salvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 48;
ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria ju- XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação
rídica da Administração. efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices
específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresen-
Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação tação da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se
ou para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas referir, até a data do adimplemento de cada parcela;
for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, XII - (Vetado).
inciso I, alínea “c” desta Lei, o processo licitatório será inicia- XIII - limites para pagamento de instalação e mobiliza-
do, obrigatoriamente, com uma audiência pública concedida ção para execução de obras ou serviços que serão obrigato-
pela autoridade responsável com antecedência mínima de riamente previstos em separado das demais parcelas, etapas
15 (quinze) dias úteis da data prevista para a publicação do ou tarefas;

36
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

XIV - condições de pagamento, prevendo: § 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, con- edital de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei,
tado a partir da data final do período de adimplemento de devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes
cada parcela; da data fixada para a abertura dos envelopes de habilita-
b) cronograma de desembolso máximo por período, em ção, devendo a Administração julgar e responder à impug-
conformidade com a disponibilidade de recursos financeiros; nação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade
c) critério de atualização financeira dos valores a serem prevista no § 1o do art. 113.
pagos, desde a data final do período de adimplemento de § 2º Decairá do direito de impugnar os termos do edi-
cada parcela até a data do efetivo pagamento; tal de licitação perante a administração o licitante que não
d) compensações financeiras e penalizações, por even- o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos
tuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de pa- envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos
gamentos; envelopes com as propostas em convite, tomada de preços
e) exigência de seguros, quando for o caso; ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irre-
XV - instruções e normas para os recursos previstos nes- gularidades que viciariam esse edital, hipótese em que tal
ta Lei; comunicação não terá efeito de recurso.
XVI - condições de recebimento do objeto da licitação; § 3º A impugnação feita tempestivamente pelo licitan-
XVII - outras indicações específicas ou peculiares da li- te não o impedirá de participar do processo licitatório até o
citação. trânsito em julgado da decisão a ela pertinente.
§ 1º O original do edital deverá ser datado, rubricado § 4º A inabilitação do licitante importa preclusão do
em todas as folhas e assinado pela autoridade que o expe- seu direito de participar das fases subsequentes.
dir, permanecendo no processo de licitação, e dele extrain-
do-se cópias integrais ou resumidas, para sua divulgação e Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o
fornecimento aos interessados. edital deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária
§ 2º Constituem anexos do edital, dele fazendo parte e do comércio exterior e atender às exigências dos órgãos
integrante: competentes.
I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas § 1º Quando for permitido ao licitante estrangeiro co-
partes, desenhos, especificações e outros complementos; tar preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá fa-
II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e zer o licitante brasileiro.
preços unitários; § 2º O pagamento feito ao licitante brasileiro eventual-
III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Adminis- mente contratado em virtude da licitação de que trata o
tração e o licitante vencedor; parágrafo anterior será efetuado em moeda brasileira, à
IV - as especificações complementares e as normas de taxa de câmbio vigente no dia útil imediatamente anterior
execução pertinentes à licitação. à data do efetivo pagamento.
§ 3º Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se § 3º As garantias de pagamento ao licitante brasileiro
como adimplemento da obrigação contratual a prestação serão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estran-
do serviço, a realização da obra, a entrega do bem ou de geiro.
parcela destes, bem como qualquer outro evento contra- § 4º Para fins de julgamento da licitação, as propos-
tual a cuja ocorrência esteja vinculada a emissão de docu- tas apresentadas por licitantes estrangeiros serão acresci-
mento de cobrança. das dos gravames conseqüentes dos mesmos tributos que
§ 4º Nas compras para entrega imediata, assim enten- oneram exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à
didas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da data operação final de venda.
prevista para apresentação da proposta, poderão ser dis- § 5º Para a realização de obras, prestação de serviços
pensadas: ou aquisição de bens com recursos provenientes de finan-
I - o disposto no inciso XI deste artigo; ciamento ou doação oriundos de agência oficial de coope-
II - a atualização financeira a que se refere a alínea “c” ração estrangeira ou organismo financeiro multilateral de
do inciso XIV deste artigo, correspondente ao período com- que o Brasil seja parte, poderão ser admitidas, na respecti-
preendido entre as datas do adimplemento e a prevista para va licitação, as condições decorrentes de acordos, protoco-
o pagamento, desde que não superior a quinze dias. los, convenções ou tratados internacionais aprovados pelo
§ 5º A Administração Pública poderá, nos editais de Congresso Nacional, bem como as normas e procedimen-
licitação para a contratação de serviços, exigir da contra- tos daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de se-
tada que um percentual mínimo de sua mão de obra seja leção da proposta mais vantajosa para a administração, o
oriundo ou egresso do sistema prisional, com a finalidade qual poderá contemplar, além do preço, outros fatores de
de ressocialização do reeducando, na forma estabelecida avaliação, desde que por elas exigidos para a obtenção do
em regulamento. financiamento ou da doação, e que também não conflitem
com o princípio do julgamento objetivo e sejam objeto de
Art. 41. A Administração não pode descumprir as nor- despacho motivado do órgão executor do contrato, des-
mas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vin- pacho esse ratificado pela autoridade imediatamente su-
culada. perior.

37
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 6º As cotações de todos os licitantes serão para en- § 2º Não se considerará qualquer oferta de vantagem
trega no mesmo local de destino. não prevista no edital ou no convite, inclusive financia-
mentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou
Art. 43. A licitação será processada e julgada com ob- vantagem baseada nas ofertas dos demais licitantes.
servância dos seguintes procedimentos: § 3º Não se admitirá proposta que apresente preços
I - abertura dos envelopes contendo a documentação global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero,
relativa à habilitação dos concorrentes, e sua apreciação; incompatíveis com os preços dos insumos e salários de
II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que
inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde que o ato convocatório da licitação não tenha estabelecido li-
não tenha havido recurso ou após sua denegação; mites mínimos, exceto quando se referirem a materiais e
III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos instalações de propriedade do próprio licitante, para os
concorrentes habilitados, desde que transcorrido o prazo quais ele renuncie a parcela ou à totalidade da remune-
sem interposição de recurso, ou tenha havido desistência ração.
expressa, ou após o julgamento dos recursos interpostos; § 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se tam-
IV - verificação da conformidade de cada proposta com bém às propostas que incluam mão-de-obra estrangeira
os requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços ou importações de qualquer natureza.
correntes no mercado ou fixados por órgão oficial compe-
tente, ou ainda com os constantes do sistema de registro Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de-
de preços, os quais deverão ser devidamente registrados na vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convi-
ata de julgamento, promovendo-se a desclassificação das te realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os
propostas desconformes ou incompatíveis; critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e
V - julgamento e classificação das propostas de acordo de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de
com os critérios de avaliação constantes do edital; maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos
VI - deliberação da autoridade competente quanto à órgãos de controle.
homologação e adjudicação do objeto da licitação. § 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de
§ 1º A abertura dos envelopes contendo a documenta- licitação, exceto na modalidade concurso:
ção para habilitação e as propostas será realizada sempre I - a de menor preço - quando o critério de seleção da
em ato público previamente designado, do qual se lavrará proposta mais vantajosa para a Administração determinar
ata circunstanciada, assinada pelos licitantes presentes e que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de
pela Comissão. acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar
§ 2º Todos os documentos e propostas serão rubrica- o menor preço;
dos pelos licitantes presentes e pela Comissão. II - a de melhor técnica;
§ 3º É facultada à Comissão ou autoridade superior, III - a de técnica e preço.
em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação
destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do de bens ou concessão de direito real de uso.
processo, vedada a inclusão posterior de documento ou § 2º No caso de empate entre duas ou mais propostas,
informação que deveria constar originariamente da pro- e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a
posta. classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato
§ 4º O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e, público, para o qual todos os licitantes serão convocados,
no que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de preços vedado qualquer outro processo.
e ao convite. § 3º No caso da licitação do tipo «menor preço», en-
§ 5º Ultrapassada a fase de habilitação dos concor- tre os licitantes considerados qualificados a classificação
rentes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não se dará pela ordem crescente dos preços propostos, pre-
cabe desclassificá-los por motivo relacionado com a ha- valecendo, no caso de empate, exclusivamente o critério
bilitação, salvo em razão de fatos supervenientes ou só previsto no parágrafo anterior.
conhecidos após o julgamento. § 4º Para contratação de bens e serviços de informá-
§ 6º Após a fase de habilitação, não cabe desistência tica, a administração observará o disposto no art. 3o da
de proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato su- Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta
perveniente e aceito pela Comissão. os fatores especificados em seu parágrafo 2o e adotan-
do obrigatoriamente o tipo de licitação «técnica e preço»,
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão leva- permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos
rá em consideração os critérios objetivos definidos no edital indicados em decreto do Poder Executivo.
ou convite, os quais não devem contrariar as normas e prin- § 5º É vedada a utilização de outros tipos de licitação
cípios estabelecidos por esta Lei. não previstos neste artigo.
§ 1º É vedada a utilização de qualquer elemento, cri- § 6º Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão sele-
tério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que cionadas tantas propostas quantas necessárias até que se
possa ainda que indiretamente elidir o princípio da igual- atinja a quantidade demandada na licitação.
dade entre os licitantes.

38
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 46. Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “téc- tendido admitir soluções alternativas e variações de execu-
nica e preço” serão utilizados exclusivamente para serviços ção, com repercussões significativas sobre sua qualidade,
de natureza predominantemente intelectual, em especial na produtividade, rendimento e durabilidade concretamente
elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e mensuráveis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha
gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em dos licitantes, na conformidade dos critérios objetivamente
particular, para a elaboração de estudos técnicos prelimina- fixados no ato convocatório.
res e projetos básicos e executivos, ressalvado o disposto no § 4º (Vetado).
§ 4o do artigo anterior.
§ 1º Nas licitações do tipo «melhor técnica» será ado- Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e servi-
tado o seguinte procedimento claramente explicitado no ços, quando for adotada a modalidade de execução de em-
instrumento convocatório, o qual fixará o preço máximo preitada por preço global, a Administração deverá fornecer
que a Administração se propõe a pagar: obrigatoriamente, junto com o edital, todos os elementos e
I - serão abertos os envelopes contendo as propostas téc- informações necessários para que os licitantes possam ela-
nicas exclusivamente dos licitantes previamente qualificados borar suas propostas de preços com total e completo conhe-
e feita então a avaliação e classificação destas propostas de cimento do objeto da licitação.
acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto
licitado, definidos com clareza e objetividade no instrumento Art. 48. Serão desclassificadas:
convocatório e que considerem a capacitação e a experiência I - as propostas que não atendam às exigências do ato
do proponente, a qualidade técnica da proposta, compreen- convocatório da licitação;
dendo metodologia, organização, tecnologias e recursos ma- II - propostas com valor global superior ao limite esta-
teriais a serem utilizados nos trabalhos, e a qualificação das belecido ou com preços manifestamente inexequíveis, assim
equipes técnicas a serem mobilizadas para a sua execução; considerados aqueles que não venham a ter demonstrada
II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proce- sua viabilidade através de documentação que comprove que
der-se-á à abertura das propostas de preço dos licitantes os custos dos insumos são coerentes com os de mercado e
que tenham atingido a valorização mínima estabelecida no que os coeficientes de produtividade são compatíveis com a
instrumento convocatório e à negociação das condições pro- execução do objeto do contrato, condições estas necessaria-
postas, com a proponente melhor classificada, com base nos mente especificadas no ato convocatório da licitação. (Reda-
orçamentos detalhados apresentados e respectivos preços ção dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
unitários e tendo como referência o limite representado pela § 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste ar-
proposta de menor preço entre os licitantes que obtiveram a tigo consideram-se manifestamente inexequíveis, no caso
valorização mínima; de licitações de menor preço para obras e serviços de en-
III - no caso de impasse na negociação anterior, proce- genharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70%
dimento idêntico será adotado, sucessivamente, com os de- (setenta por cento) do menor dos seguintes valores:
mais proponentes, pela ordem de classificação, até a conse- a) média aritmética dos valores das propostas superiores
cução de acordo para a contratação; a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela adminis-
IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas tração, ou
aos licitantes que não forem preliminarmente habilitados ou b) valor orçado pela administração.
que não obtiverem a valorização mínima estabelecida para § 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo
a proposta técnica. anterior cujo valor global da proposta for inferior a 80%
§ 2º Nas licitações do tipo «técnica e preço» será ado- (oitenta por cento) do menor valor a que se referem as
tado, adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o alíneas «a» e «b», será exigida, para a assinatura do contra-
seguinte procedimento claramente explicitado no instru- to, prestação de garantia adicional, dentre as modalidades
mento convocatório: previstas no § 1º do art. 56, igual a diferença entre o valor
I - será feita a avaliação e a valorização das propostas resultante do parágrafo anterior e o valor da correspon-
de preços, de acordo com critérios objetivos preestabelecidos dente proposta.
no instrumento convocatório; § 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou
II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo todas as propostas forem desclassificadas, a administração
com a média ponderada das valorizações das propostas téc- poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para a
nicas e de preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no apresentação de nova documentação ou de outras propos-
instrumento convocatório. tas escoimadas das causas referidas neste artigo, facultada,
§ 3º Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos no caso de convite, a redução deste prazo para três dias úteis.
neste artigo poderão ser adotados, por autorização expres-
sa e mediante justificativa circunstanciada da maior auto- Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do
ridade da Administração promotora constante do ato con- procedimento somente poderá revogar a licitação por razões
vocatório, para fornecimento de bens e execução de obras de interesse público decorrente de fato superveniente devi-
ou prestação de serviços de grande vulto majoritariamente damente comprovado, pertinente e suficiente para justificar
dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada e de tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou
domínio restrito, atestado por autoridades técnicas de por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devi-
reconhecida qualificação, nos casos em que o objeto pre- damente fundamentado.

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º A anulação do procedimento licitatório por motivo Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou
de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado a servidor designado pela Administração, procedendo-se na
o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. forma da legislação pertinente.
§ 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do § 1º Todo bem a ser leiloado será previamente avalia-
contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. do pela Administração para fixação do preço mínimo de
59 desta Lei. arrematação.
§ 3º No caso de desfazimento do processo licitatório, § 2º Os bens arrematados serão pagos à vista ou no
fica assegurado o contraditório e a ampla defesa. percentual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco
§ 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se por cento) e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no
aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade local do leilão, imediatamente entregues ao arrematante,
de licitação. o qual se obrigará ao pagamento do restante no prazo es-
tipulado no edital de convocação, sob pena de perder em
Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contra- favor da Administração o valor já recolhido.
to com preterição da ordem de classificação das propostas § 3º Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela
ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas.
pena de nulidade. § 4º O edital de leilão deve ser amplamente divulgado,
principalmente no município em que se realizará.
Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro
cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas Capítulo III
serão processadas e julgadas por comissão permanente ou DOS CONTRATOS
especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo menos Seção I
2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes aos qua- Disposições Preliminares
dros permanentes dos órgãos da Administração responsá-
veis pela licitação. Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta
§ 1º No caso de convite, a Comissão de licitação, ex- Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de di-
reito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princí-
cepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e
pios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito
em face da exigüidade de pessoal disponível, poderá ser
privado.
substituída por servidor formalmente designado pela au-
§ 1º Os contratos devem estabelecer com clareza e
toridade competente.
precisão as condições para sua execução, expressas em
§ 2º A Comissão para julgamento dos pedidos de ins-
cláusulas que definam os direitos, obrigações e responsa-
crição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamen-
bilidades das partes, em conformidade com os termos da
to, será integrada por profissionais legalmente habilitados licitação e da proposta a que se vinculam.
no caso de obras, serviços ou aquisição de equipamentos. § 2º Os contratos decorrentes de dispensa ou de ine-
§ 3º Os membros das Comissões de licitação respon- xigibilidade de licitação devem atender aos termos do ato
derão solidariamente por todos os atos praticados pela que os autorizou e da respectiva proposta.
Comissão, salvo se posição individual divergente estiver
devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as
reunião em que tiver sido tomada a decisão. que estabeleçam:
§ 4º A investidura dos membros das Comissões perma- I - o objeto e seus elementos característicos;
nentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução II - o regime de execução ou a forma de fornecimento;
da totalidade de seus membros para a mesma comissão no III - o preço e as condições de pagamento, os critérios,
período subsequente. data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os
§ 5º No caso de concurso, o julgamento será feito por critérios de atualização monetária entre a data do adimple-
uma comissão especial integrada por pessoas de reputa- mento das obrigações e a do efetivo pagamento;
ção ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em IV - os prazos de início de etapas de execução, de con-
exame, servidores públicos ou não. clusão, de entrega, de observação e de recebimento definiti-
vo, conforme o caso;
Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do art. 22 V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indica-
desta Lei deve ser precedido de regulamento próprio, a ser ção da classificação funcional programática e da categoria
obtido pelos interessados no local indicado no edital. econômica;
§ 1ºO regulamento deverá indicar: VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena
I - a qualificação exigida dos participantes; execução, quando exigidas;
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho; VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as pe-
III - as condições de realização do concurso e os prêmios nalidades cabíveis e os valores das multas;
a serem concedidos. VIII - os casos de rescisão;
§ 2º Em se tratando de projeto, o vencedor deverá au- IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em
torizar a Administração a executá-lo quando julgar conve- caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei;
niente. X - as condições de importação, a data e a taxa de câm-
bio para conversão, quando for o caso;

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados
dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais pode-
vencedor; rão ser prorrogados se houver interesse da Administração e
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e es- desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório;
pecialmente aos casos omissos; II - à prestação de serviços a serem executados de for-
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda ma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por
a execução do contrato, em compatibilidade com as obriga- iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços
ções por ele assumidas, todas as condições de habilitação e e condições mais vantajosas para a administração, limitada
qualificação exigidas na licitação. a sessenta meses;
§ 1º (Vetado). III - (Vetado).
§ 2º Nos contratos celebrados pela Administração Pú- IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de pro-
blica com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas do- gramas de informática, podendo a duração estender-se pelo
miciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da
cláusula que declare competente o foro da sede da Admi- vigência do contrato.
nistração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e
disposto no § 6o do art. 32 desta Lei. XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por até
§ 3º No ato da liquidação da despesa, os serviços de 120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da adminis-
contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da ar- tração.
recadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou § 1º Os prazos de início de etapas de execução, de
Município, as características e os valores pagos, segundo conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as
o disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção
1964. de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra
algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em
Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada processo:
caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, po- I - alteração do projeto ou especificações, pela Adminis-
derá ser exigida prestação de garantia nas contratações de tração;
obras, serviços e compras. II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível,
§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmen-
modalidades de garantia: te as condições de execução do contrato;
I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública, III - interrupção da execução do contrato ou diminuição
devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, me- do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Adminis-
diante registro em sistema centralizado de liquidação e de tração;
custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no
pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Mi- contrato, nos limites permitidos por esta Lei;
nistério da Fazenda; V - impedimento de execução do contrato por fato ou
II - seguro-garantia; ato de terceiro reconhecido pela Administração em docu-
III - fiança bancária. mento contemporâneo à sua ocorrência;
§ 2º A garantia a que se refere o caput deste artigo não VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Ad-
excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu ministração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de
valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalva- que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na
do o previsto no parágrafo 3o deste artigo. execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais apli-
§ 3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande cáveis aos responsáveis.
vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos finan- § 2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada
ceiros consideráveis, demonstrados através de parecer tec- por escrito e previamente autorizada pela autoridade com-
nicamente aprovado pela autoridade competente, o limite petente para celebrar o contrato.
de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser ele- § 3º É vedado o contrato com prazo de vigência inde-
vado para até dez por cento do valor do contrato. terminado.
§ 4º A garantia prestada pelo contratado será liberada § 4º Em caráter excepcional, devidamente justificado e
ou restituída após a execução do contrato e, quando em mediante autorização da autoridade superior, o prazo de
dinheiro, atualizada monetariamente. que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser pror-
§ 5º Nos casos de contratos que importem na entrega rogado por até doze meses.
de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará
depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o va- Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos
lor desses bens. instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a
eles, a prerrogativa de:
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequa-
ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamen- ção às finalidades de interesse público, respeitados os direi-
tários, exceto quanto aos relativos: tos do contratado;

41
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos
no inciso I do art. 79 desta Lei; casos de concorrência e de tomada de preços, bem como
III - fiscalizar-lhes a execução; nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam com-
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou preendidos nos limites destas duas modalidades de licita-
parcial do ajuste; ção, e facultativo nos demais em que a Administração pu-
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoria- der substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como
mente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização
objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar de compra ou ordem de execução de serviço.
apuração administrativa de faltas contratuais pelo contra- § 1º A minuta do futuro contrato integrará sempre o
tado, bem como na hipótese de rescisão do contrato admi- edital ou ato convocatório da licitação.
nistrativo. § 2º Em «carta contrato», «nota de empenho de des-
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias pesa», «autorização de compra», «ordem de execução de
dos contratos administrativos não poderão ser alteradas serviço» ou outros instrumentos hábeis aplica-se, no que
sem prévia concordância do contratado. couber, o disposto no art. 55 desta Lei.
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusu- § 3º Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta
las econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas Lei e demais normas gerais, no que couber:
para que se mantenha o equilíbrio contratual. I - aos contratos de seguro, de financiamento, de lo-
cação em que o Poder Público seja locatário, e aos demais
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato adminis- cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por norma
trativo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos de direito privado;
que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de descons- II - aos contratos em que a Administração for parte
tituir os já produzidos. como usuária de serviço público.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administra- § 4º É dispensável o «termo de contrato» e facultada
ção do dever de indenizar o contratado pelo que este houver a substituição prevista neste artigo, a critério da Adminis-
executado até a data em que ela for declarada e por outros tração e independentemente de seu valor, nos casos de
prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe compra com entrega imediata e integral dos bens adqui-
seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem ridos, dos quais não resultem obrigações futuras, inclusi-
lhe deu causa. ve assistência técnica.

Seção II Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimen-


Da Formalização dos Contratos to dos termos do contrato e do respectivo processo licitató-
rio e, a qualquer interessado, a obtenção de cópia auten-
Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados ticada, mediante o pagamento dos emolumentos devidos.
nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo cro-
nológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu Art. 64. A Administração convocará regularmente o
extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, que interessado para assinar o termo de contrato, aceitar ou
se formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas, retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e con-
de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu origem. dições estabelecidos, sob pena de decair o direito à contra-
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato tação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta
verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras Lei.
de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor § 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado
não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido uma vez, por igual período, quando solicitado pela parte
no art. 23, inciso II, alínea “a” desta Lei, feitas em regime de durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo jus-
adiantamento. tificado aceito pela Administração.
§ 2º É facultado à Administração, quando o convo-
Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das cado não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou
partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que retirar o instrumento equivalente no prazo e condições
autorizou a sua lavratura, o número do processo da licitação, estabelecidos, convocar os licitantes remanescentes, na
da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratan- ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas
tes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais. mesmas condições propostas pelo primeiro classificado,
Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade
de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que com o ato convocatório, ou revogar a licitação indepen-
é condição indispensável para sua eficácia, será providencia- dentemente da cominação prevista no art. 81 desta Lei.
da pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte § 3º Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega
ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias das propostas, sem convocação para a contratação, ficam
daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem os licitantes liberados dos compromissos assumidos.
ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei.

42
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Seção III § 5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados, al-


Da Alteração dos Contratos terados ou extintos, bem como a superveniência de dispo-
sições legais, quando ocorridas após a data da apresenta-
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser ção da proposta, de comprovada repercussão nos preços
alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: contratados, implicarão a revisão destes para mais ou para
I - unilateralmente pela Administração: menos, conforme o caso.
a) quando houver modificação do projeto ou das es- § 6º Em havendo alteração unilateral do contrato que
pecificações, para melhor adequação técnica aos seus ob- aumente os encargos do contratado, a Administração de-
jetivos; verá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-
b) quando necessária a modificação do valor contra- -financeiro inicial.
tual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantita- § 7º (VETADO)
tiva de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei; § 8º A variação do valor contratual para fazer face ao
reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atuali-
II - por acordo das partes:
zações, compensações ou penalizações financeiras decor-
a) quando conveniente a substituição da garantia de
rentes das condições de pagamento nele previstas, bem
execução;
como o empenho de dotações orçamentárias suplemen-
b) quando necessária a modificação do regime de exe-
tares até o limite do seu valor corrigido, não caracterizam
cução da obra ou serviço, bem como do modo de forneci- alteração do mesmo, podendo ser registrados por simples
mento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade apostila, dispensando a celebração de aditamento.
dos termos contratuais originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pa- Seção IV
gamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, Da Execução dos Contratos
mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação
do pagamento, com relação ao cronograma financeiro Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas
fixado, sem a correspondente contraprestação de forneci- partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas
mento de bens ou execução de obra ou serviço; desta Lei, respondendo cada uma pelas consequências de
d) para restabelecer a relação que as partes pactua- sua inexecução total ou parcial.
ram inicialmente entre os encargos do contratado e a re-
tribuição da administração para a justa remuneração da Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § 2o
obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção e no inciso II do § 5o do art. 3o desta Lei deverão cumprir,
do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na durante todo o período de execução do contrato, a reserva
hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou
porém de consequências incalculáveis, retardadores ou im- para reabilitado da Previdência Social, bem como as regras
peditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de de acessibilidade previstas na legislação.
força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o
álea econômica extraordinária e extracontratual. cumprimento dos requisitos de acessibilidade nos serviços e
§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas nos ambientes de trabalho.
condições contratuais, os acréscimos ou supressões que
se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada
e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e fiscalizada por um representante da Administração especial-
e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipa- mente designado, permitida a contratação de terceiros para as-
sisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
mento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os
§ 1º O representante da Administração anotará em
seus acréscimos.
registro próprio todas as ocorrências relacionadas com a
§ 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder
execução do contrato, determinando o que for necessário
os limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo: à regularização das faltas ou defeitos observados.
I - (VETADO) § 2º As decisões e providências que ultrapassarem a
II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre competência do representante deverão ser solicitadas a
os contratantes. seus superiores em tempo hábil para a adoção das medi-
§ 3º Se no contrato não houverem sido contempla- das convenientes.
dos preços unitários para obras ou serviços, esses serão
fixados mediante acordo entre as partes, respeitados os Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito
limites estabelecidos no § 1o deste artigo. pela Administração, no local da obra ou serviço, para repre-
§ 4º No caso de supressão de obras, bens ou serviços, sentá-lo na execução do contrato.
se o contratado já houver adquirido os materiais e posto
no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Ad- Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, re-
ministração pelos custos de aquisição regularmente com- mover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou
provados e monetariamente corrigidos, podendo caber em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios,
indenização por outros danos eventualmente decorrentes defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de mate-
da supressão, desde que regularmente comprovados. riais empregados.

43
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causa- Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisório
dos diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes nos seguintes casos:
de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluin- I - gêneros perecíveis e alimentação preparada;
do ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o II - serviços profissionais;
acompanhamento pelo órgão interessado. III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, in-
ciso II, alínea “a”, desta Lei, desde que não se componham de
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos tra- aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação
balhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da de funcionamento e produtividade.
execução do contrato. Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimento
§ 1º A inadimplência do contratado, com referência aos será feito mediante recibo.
encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à
Administração Pública a responsabilidade por seu paga- Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do edi-
mento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restrin- tal, do convite ou de ato normativo, os ensaios, testes e demais
gir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive provas exigidos por normas técnicas oficiais para a boa exe-
perante o Registro de Imóveis. cução do objeto do contrato correm por conta do contratado.
§ 2º A Administração Pública responde solidariamente
com o contratado pelos encargos previdenciários resultantes Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em parte, obra,
da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº serviço ou fornecimento executado em desacordo com o contrato.
8.212, de 24 de julho de 1991.
§ 3º (Vetado). Seção V
Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos
Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem
prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato enseja
subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o a sua rescisão, com as consequências contratuais e as previs-
limite admitido, em cada caso, pela Administração.
tas em lei ou regulamento.
Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido:
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
I - em se tratando de obras e serviços:
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especi-
a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompa-
ficações, projetos ou prazos;
nhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado,
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais,
assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunica-
ção escrita do contratado; especificações, projetos e prazos;
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Adminis-
pela autoridade competente, mediante termo circunstancia- tração a comprovar a impossibilidade da conclusão da obra,
do, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de obser- do serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados;
vação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou
termos contratuais, observado o disposto no art. 69 desta Lei; fornecimento;
II - em se tratando de compras ou de locação de equi- V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimen-
pamentos: to, sem justa causa e prévia comunicação à Administração;
a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a
da conformidade do material com a especificação; associação do contratado com outrem, a cessão ou transfe-
b) definitivamente, após a verificação da qualidade e rência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorpo-
quantidade do material e consequente aceitação. ração, não admitidas no edital e no contrato;
§ 1º Nos casos de aquisição de equipamentos de gran- VII - o desatendimento das determinações regulares da
de vulto, o recebimento far-se-á mediante termo circuns- autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua
tanciado e, nos demais, mediante recibo. execução, assim como as de seus superiores;
§ 2º O recebimento provisório ou definitivo não exclui a VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução,
responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do anotadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei;
serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do con- IX - a decretação de falência ou a instauração de insol-
trato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato. vência civil;
§ 3º O prazo a que se refere a alínea «b» do inciso I X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do con-
deste artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, tratado;
salvo em casos excepcionais, devidamente justificados e XI - a alteração social ou a modificação da finalidade
previstos no edital. ou da estrutura da empresa, que prejudique a execução do
§ 4º Na hipótese de o termo circunstanciado ou a ve- contrato;
rificação a que se refere este artigo não serem, respecti- XII - razões de interesse público, de alta relevância e am-
vamente, lavrado ou procedida dentro dos prazos fixados, plo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima
reputar-se-ão como realizados, desde que comunicados à autoridade da esfera administrativa a que está subordinado
Administração nos 15 (quinze) dias anteriores à exaustão o contratante e exaradas no processo administrativo a que
dos mesmos. se refere o contrato;

44
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras, Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo an-
serviços ou compras, acarretando modificação do valor ini- terior acarreta as seguintes consequências, sem prejuízo das
cial do contrato além do limite permitido no § 1o do art. 65 sanções previstas nesta Lei:
desta Lei; I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da local em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, II - ocupação e utilização do local, instalações, equipa-
salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da mentos, material e pessoal empregados na execução do con-
ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões trato, necessários à sua continuidade, na forma do inciso V
que totalizem o mesmo prazo, independentemente do paga- do art. 58 desta Lei;
mento obrigatório de indenizações pelas sucessivas e con- III - execução da garantia contratual, para ressarcimento
tratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações e da Administração, e dos valores das multas e indenizações
outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o a ela devidos;
direito de optar pela suspensão do cumprimento das obriga- IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o
ções assumidas até que seja normalizada a situação; limite dos prejuízos causados à Administração.
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos paga- § 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I e
mentos devidos pela Administração decorrentes de obras, II deste artigo fica a critério da Administração, que poderá
serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou dar continuidade à obra ou ao serviço por execução direta
executados, salvo em caso de calamidade pública, grave per- ou indireta.
turbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contra- § 2º É permitido à Administração, no caso de concor-
tado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de data do contratado, manter o contrato, podendo assumir o
suas obrigações até que seja normalizada a situação; controle de determinadas atividades de serviços essenciais.
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de § 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deve-
área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou for- rá ser precedido de autorização expressa do Ministro de
necimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de Estado competente, ou Secretário Estadual ou Municipal,
materiais naturais especificadas no projeto; conforme o caso.
§ 4º A rescisão de que trata o inciso IV do artigo ante-
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior,
rior permite à Administração, a seu critério, aplicar a medi-
regularmente comprovada, impeditiva da execução do con-
da prevista no inciso I deste artigo.
trato.
XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art.
Capítulo IV
27, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA
Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão
JUDICIAL
formalmente motivados nos autos do processo, assegurado Seção I
o contraditório e a ampla defesa. Disposições Gerais
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser: Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em assi-
I - determinada por ato unilateral e escrito da Adminis- nar o contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente,
tração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do dentro do prazo estabelecido pela Administração, caracteri-
artigo anterior; za o descumprimento total da obrigação assumida, sujeitan-
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a ter- do-o às penalidades legalmente estabelecidas.
mo no processo da licitação, desde que haja conveniência Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
para a Administração; aos licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2o desta
III - judicial, nos termos da legislação; Lei, que não aceitarem a contratação, nas mesmas condições
IV - (Vetado). propostas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao
§ 1º A rescisão administrativa ou amigável deverá ser prazo e preço.
precedida de autorização escrita e fundamentada da auto-
ridade competente. Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos
§ 2º Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII em desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a frus-
a XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado, trar os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas
será este ressarcido dos prejuízos regularmente comprova- nesta Lei e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das res-
dos que houver sofrido, tendo ainda direito a: ponsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar.
I - devolução de garantia;
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que sim-
a data da rescisão; plesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando servi-
III - pagamento do custo da desmobilização. dores públicos, além das sanções penais, à perda do cargo,
§ 3º (Vetado). emprego, função ou mandato eletivo.
§ 4º (Vetado).
§ 5º Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta
do contrato, o cronograma de execução será prorrogado Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou sem
automaticamente por igual tempo. remuneração, cargo, função ou emprego público.

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º Equipara-se a servidor público, para os fins desta § 2º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste
Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso
paraestatal, assim consideradas, além das fundações, em- II, facultada a defesa prévia do interessado, no respectivo
presas públicas e sociedades de economia mista, as de- processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
mais entidades sob controle, direto ou indireto, do Poder § 3º A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é
Público. de competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secre-
§ 2º A pena imposta será acrescida da terça parte, tário Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a
quando os autores dos crimes previstos nesta Lei forem defesa do interessado no respectivo processo, no prazo de
ocupantes de cargo em comissão ou de função de confian- 10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação
ça em órgão da Administração direta, autarquia, empresa ser requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação. (Vide art
pública, sociedade de economia mista, fundação pública, 109 inciso III)
ou outra entidade controlada direta ou indiretamente pelo
Poder Público. Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do artigo
anterior poderão também ser aplicadas às empresas ou aos
Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei pertinem profissionais que, em razão dos contratos regidos por esta
às licitações e aos contratos celebrados pela União, Estados, Lei:
Distrito Federal, Municípios, e respectivas autarquias, em- I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem,
presas públicas, sociedades de economia mista, fundações por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quais-
públicas, e quaisquer outras entidades sob seu controle di- quer tributos;
reto ou indireto. II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os
objetivos da licitação;
Seção II III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar
Das Sanções Administrativas com a Administração em virtude de atos ilícitos praticados.
Art. 86. O atraso injustificado na execução do contrato
Seção III
sujeitará o contratado à multa de mora, na forma prevista
Dos Crimes e das Penas
no instrumento convocatório ou no contrato.
§ 1º A multa a que alude este artigo não impede que a
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóte-
Administração rescinda unilateralmente o contrato e apli-
ses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades
que as outras sanções previstas nesta Lei.
pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
§ 2º A multa, aplicada após regular processo administra-
tivo, será descontada da garantia do respectivo contratado. Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 3º Se a multa for de valor superior ao valor da garan- Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que,
tia prestada, além da perda desta, responderá o contratado tendo comprovadamente concorrido para a consumação da
pela sua diferença, a qual será descontada dos pagamen- ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ile-
tos eventualmente devidos pela Administração ou ainda, gal, para celebrar contrato com o Poder Público.
quando for o caso, cobrada judicialmente.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combina-
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a ção ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do
Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou
contratado as seguintes sanções: para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto
I - advertência; da licitação:
II - multa, na forma prevista no instrumento convocató- Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
rio ou no contrato;
III - suspensão temporária de participação em licitação Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
e impedimento de contratar com a Administração, por prazo privado perante a Administração, dando causa à instaura-
não superior a 2 (dois) anos; ção de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalida-
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contra- ção vier a ser decretada pelo Poder Judiciário:
tar com a Administração Pública enquanto perdurarem os Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e mul-
motivos determinantes da punição ou até que seja promovi- ta.
da a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou
a penalidade, que será concedida sempre que o contratado Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer
ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual,
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos
anterior. celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no
§ 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garan- ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumen-
tia prestada, além da perda desta, responderá o contratado tos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da
pela sua diferença, que será descontada dos pagamentos ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o dispos-
eventualmente devidos pela Administração ou cobrada ju- to no art. 121 desta Lei:
dicialmente. Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado § 1º Os índices a que se refere este artigo não poderão
que, tendo comprovadamente concorrido para a consu- ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5%
mação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebra-
beneficia, injustamente, das modificações ou prorroga- do com dispensa ou inexigibilidade de licitação.
ções contratuais. § 2º O produto da arrecadação da multa reverterá,
conforme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou
Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de Municipal.
qualquer ato de procedimento licitatório:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e Seção IV
multa. Do Processo e do Procedimento Judicial

Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pe-
nal pública incondicionada, cabendo ao Ministério Público
em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o
promovê-la.
ensejo de devassá-lo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os efei-
tos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, fornecendo-
Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio -lhe, por escrito, informações sobre o fato e sua autoria, bem
de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de como as circunstâncias em que se deu a ocorrência.
vantagem de qualquer tipo: Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal,
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul- mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo
ta, além da pena correspondente à violência. apresentante e por duas testemunhas.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
abstém ou desiste de licitar, em razão da vantagem ofe- Art. 102. Quando em autos ou documentos de que co-
recida. nhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou
Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes
Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, li- do sistema de controle interno de qualquer dos Poderes ve-
citação instaurada para aquisição ou venda de bens ou rificarem a existência dos crimes definidos nesta Lei, remete-
mercadorias, ou contrato dela decorrente: rão ao Ministério Público as cópias e os documentos neces-
I - elevando arbitrariamente os preços; sários ao oferecimento da denúncia.
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercado-
ria falsificada ou deteriorada; Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária
III - entregando uma mercadoria por outra; da pública, se esta não for ajuizada no prazo legal, aplican-
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade do-se, no que couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do Código
da mercadoria fornecida; de Processo Penal.
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais
onerosa a proposta ou a execução do contrato: Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este o
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa escrita,
contado da data do seu interrogatório, podendo juntar do-
Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com cumentos, arrolar as testemunhas que tiver, em número não
empresa ou profissional declarado inidôneo: superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas que pretenda
produzir.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que,
defesa e praticadas as diligências instrutórias deferidas ou
declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a ordenadas pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de 5
Administração. (cinco) dias a cada parte para alegações finais.
Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos
inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais dentro de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) dias
ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou para proferir a sentença.
cancelamento de registro do inscrito:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no
multa. prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a Art. 108. No processamento e julgamento das infrações
98 desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na penais definidas nesta Lei, assim como nos recursos e nas
sentença e calculada em índices percentuais, cuja base execuções que lhes digam respeito, aplicar-se-ão, subsidia-
corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida riamente, o Código de Processo Penal e a Lei de Execução
ou potencialmente auferível pelo agente. Penal.

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Capítulo V Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos re-


DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS feridos neste artigo em dia de expediente no órgão ou na
entidade.
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da
aplicação desta Lei cabem: Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar,
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da premiar ou receber projeto ou serviço técnico especializado
intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de: desde que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele re-
a) habilitação ou inabilitação do licitante; lativos e a Administração possa utilizá-lo de acordo com o
b) julgamento das propostas; previsto no regulamento de concurso ou no ajuste para sua
c) anulação ou revogação da licitação; elaboração.
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro ca- Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra
dastral, sua alteração ou cancelamento; imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, a
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. cessão dos direitos incluirá o fornecimento de todos os da-
79 desta Lei; dos, documentos e elementos de informação pertinentes à
f) aplicação das penas de advertência, suspensão tem- tecnologia de concepção, desenvolvimento, fixação em su-
porária ou de multa; porte físico de qualquer natureza e aplicação da obra.
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da
intimação da decisão relacionada com o objeto da licitação Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a mais
ou do contrato, de que não caiba recurso hierárquico; de uma entidade pública, caberá ao órgão contratante, pe-
III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro rante a entidade interessada, responder pela sua boa execu-
de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o ção, fiscalização e pagamento.
caso, na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei, no prazo de 10 § 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação
(dez) dias úteis da intimação do ato. da qual, nos termos do edital, decorram contratos adminis-
§ 1º A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas trativos celebrados por órgãos ou entidades dos entes da
«a», «b», «c» e «e», deste artigo, excluídos os relativos a ad- Federação consorciados.
vertência e multa de mora, e no inciso III, será feita mediante § 2º É facultado à entidade interessada o acompanha-
publicação na imprensa oficial, salvo para os casos previstos mento da licitação e da execução do contrato.
nas alíneas «a» e «b», se presentes os prepostos dos licitantes
no ato em que foi adotada a decisão, quando poderá ser feita Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos con-
por comunicação direta aos interessados e lavrada em ata. tratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito
§ 2º O recurso previsto nas alíneas «a» e «b» do inciso pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legislação
I deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade pertinente, ficando os órgãos interessados da Administração
competente, motivadamente e presentes razões de inte- responsáveis pela demonstração da legalidade e regularida-
resse público, atribuir ao recurso interposto eficácia sus- de da despesa e execução, nos termos da Constituição e sem
pensiva aos demais recursos. prejuízo do sistema de controle interno nela previsto.
§ 3º Interposto, o recurso será comunicado aos demais § 1º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou
licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cinco) jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos
dias úteis. órgãos integrantes do sistema de controle interno contra
§ 4º O recurso será dirigido à autoridade superior, por irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do dis-
intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá posto neste artigo.
reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, § 2º Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do
ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente infor- sistema de controle interno poderão solicitar para exame,
mado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimen-
do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento to das propostas, cópia de edital de licitação já publicado,
do recurso, sob pena de responsabilidade. obrigando-se os órgãos ou entidades da Administração in-
§ 5º Nenhum prazo de recurso, representação ou pedi- teressada à adoção de medidas corretivas pertinentes que,
do de reconsideração se inicia ou corre sem que os autos em função desse exame, lhes forem determinadas.
do processo estejam com vista franqueada ao interessado.
§ 6º Em se tratando de licitações efetuadas na modali- Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a
dade de «carta convite» os prazos estabelecidos nos incisos pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser pro-
I e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de dois dias úteis. cedida sempre que o objeto da licitação recomende análise
mais detida da qualificação técnica dos interessados.
Capítulo VI § 1º A adoção do procedimento de pré-qualificação
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS será feita mediante proposta da autoridade competente,
aprovada pela imediatamente superior.
Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta § 2º Na pré-qualificação serão observadas as exigên-
Lei, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimen- cias desta Lei relativas à concorrência, à convocação dos in-
to, e considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto quando teressados, ao procedimento e à análise da documentação.
for explicitamente disposto em contrário.

48
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir § 5º As receitas financeiras auferidas na forma do pará-
normas relativas aos procedimentos operacionais a serem grafo anterior serão obrigatoriamente computadas a crédi-
observados na execução das licitações, no âmbito de sua to do convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de
competência, observadas as disposições desta Lei. sua finalidade, devendo constar de demonstrativo específi-
Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo, co que integrará as prestações de contas do ajuste.
após aprovação da autoridade competente, deverão ser pu- § 6º Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou ex-
blicadas na imprensa oficial. tinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros
remanescentes, inclusive os provenientes das receitas obti-
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que das das aplicações financeiras realizadas, serão devolvidos
couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos à entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo
congêneres celebrados por órgãos e entidades da Adminis- improrrogável de 30 (trinta) dias do evento, sob pena da
tração. imediata instauração de tomada de contas especial do res-
§ 1º A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos ponsável, providenciada pela autoridade competente do
órgãos ou entidades da Administração Pública depende de órgão ou entidade titular dos recursos.
prévia aprovação de competente plano de trabalho pro-
posto pela organização interessada, o qual deverá conter, Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações reali-
no mínimo, as seguintes informações: zados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do
I - identificação do objeto a ser executado; Tribunal de Contas regem-se pelas normas desta Lei, no que
II - metas a serem atingidas; couber, nas três esferas administrativas.
III - etapas ou fases de execução;
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros; Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios
V - cronograma de desembolso; e as entidades da administração indireta deverão adaptar
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem suas normas sobre licitações e contratos ao disposto nesta
assim da conclusão das etapas ou fases programadas; Lei.
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de enge-
nharia, comprovação de que os recursos próprios para com-
Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas
plementar a execução do objeto estão devidamente assegu-
e fundações públicas e demais entidades controladas direta
rados, salvo se o custo total do empreendimento recair sobre
ou indiretamente pela União e pelas entidades referidas no
a entidade ou órgão descentralizador.
artigo anterior editarão regulamentos próprios devidamente
§ 2º Assinado o convênio, a entidade ou órgão repas-
publicados, ficando sujeitas às disposições desta Lei.
sador dará ciência do mesmo à Assembleia Legislativa ou à
Câmara Municipal respectiva. Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este
§ 3º As parcelas do convênio serão liberadas em estrita artigo, no âmbito da Administração Pública, após aprovados
conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto pela autoridade de nível superior a que estiverem vinculados
nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o os respectivos órgãos, sociedades e entidades, deverão ser
saneamento das impropriedades ocorrentes: publicados na imprensa oficial.
I - quando não tiver havido comprovação da boa e regu-
lar aplicação da parcela anteriormente recebida, na forma Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser
da legislação aplicável, inclusive mediante procedimentos de anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os
fiscalização local, realizados periodicamente pela entidade fará publicar no Diário Oficial da União, observando como
ou órgão descentralizador dos recursos ou pelo órgão com- limite superior a variação geral dos preços do mercado, no
petente do sistema de controle interno da Administração período.
Pública;
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licitações
dos recursos, atrasos não justificados no cumprimento das instauradas e aos contratos assinados anteriormente à sua
etapas ou fases programadas, práticas atentatórias aos prin- vigência, ressalvado o disposto no art. 57, nos parágrafos
cípios fundamentais de Administração Pública nas contrata- 1o, 2o e 8o do art. 65, no inciso XV do art. 78, bem assim
ções e demais atos praticados na execução do convênio, ou o o disposto no “caput” do art. 5o, com relação ao pagamen-
inadimplemento do executor com relação a outras cláusulas to das obrigações na ordem cronológica, podendo esta ser
conveniais básicas; observada, no prazo de noventa dias contados da vigência
III - quando o executor deixar de adotar as medidas sa- desta Lei, separadamente para as obrigações relativas aos
neadoras apontadas pelo partícipe repassador dos recursos contratos regidos por legislação anterior à Lei no 8.666, de
ou por integrantes do respectivo sistema de controle interno. 21 de junho de 1993.
§ 4º Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, se- Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do pa-
rão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de poupan- trimônio da União continuam a reger-se pelas disposições
ça de instituição financeira oficial se a previsão de seu uso do Decreto-lei no 9.760, de 5 de setembro de 1946, com suas
for igual ou superior a um mês, ou em fundo de aplicação alterações, e os relativos a operações de crédito interno ou
financeira de curto prazo ou operação de mercado aberto externo celebrados pela União ou a concessão de garantia
lastreada em títulos da dívida pública, quando a utilização do Tesouro Nacional continuam regidos pela legislação per-
dos mesmos verificar-se em prazos menores que um mês. tinente, aplicando-se esta Lei, no que couber.

49
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas, observar-se- § 3º  As bolsas a que se referem o § 2o deverão estar
-á procedimento licitatório específico, a ser estabelecido no organizadas sob a forma de sociedades civis sem fins lucra-
Código Brasileiro de Aeronáutica. tivos e com a participação plural de corretoras que operem
sistemas eletrônicos unificados de pregões.
Art. 123. Em suas licitações e contratações administra-
tivas, as repartições sediadas no exterior observarão as pe- Art. 3º  A fase preparatória do pregão observará o se-
culiaridades locais e os princípios básicos desta Lei, na forma guinte:
de regulamentação específica. I - a autoridade competente justificará a necessidade de
contratação e definirá o objeto do certame, as exigências de
Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as san-
permissão ou concessão de serviços públicos os dispositivos ções por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusi-
desta Lei que não conflitem com a legislação específica sobre ve com fixação dos prazos para fornecimento;
o assunto. II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e
Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II a clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevan-
IV do § 2o do art. 7o serão dispensadas nas licitações para tes ou desnecessárias, limitem a competição;
concessão de serviços com execução prévia de obras em que III - dos autos do procedimento constarão a justificativa
não foram previstos desembolso por parte da Administração das definições referidas no inciso I deste artigo e os indispen-
Pública concedente. sáveis elementos técnicos sobre os quais estiverem apoiados,
bem como o orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade
Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- promotora da     licitação, dos bens ou serviços a serem li-
cação. citados; e
IV - a autoridade competente designará, dentre os ser-
Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário, espe- vidores do órgão ou entidade promotora da licitação, o pre-
cialmente os Decretos-leis nos 2.300, de 21 de novembro de goeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição inclui,
1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360, de 16 de setem- dentre outras, o recebimento das propostas e lances, a aná-
lise de sua aceitabilidade e sua classificação, bem como a
bro de 1987, a Lei no 8.220, de 4 de setembro de 1991, e o
habilitação e a adjudicação do objeto do certame ao licitante
art. 83 da Lei no 5.194, de 24 de dezembro de 1966.
vencedor.
§ 1º  A equipe de apoio deverá ser integrada em sua
Brasília, 21 de junho de 1993, 172o da Independência e
maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou em-
105o da República.
prego da administração, preferencialmente pertencentes
ao quadro permanente do órgão ou entidade promotora
Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002 do evento.
§ 2º  No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de
Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e pregoeiro e de membro da equipe de apoio poderão ser
Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição desempenhadas por militares.
Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para
aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Art. 4º  A fase externa do pregão será iniciada com a
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- convocação dos interessados e observará as seguintes regras:
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: I - a convocação dos interessados será efetuada por meio
de publicação de aviso em diário oficial do respectivo ente
Art. 1º  Para aquisição de bens e serviços comuns, po- federado ou, não existindo, em jornal de circulação local, e
derá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto
será regida por esta Lei. da licitação, em jornal de grande circulação, nos termos do
Parágrafo único.  Consideram-se bens e serviços co- regulamento de que trata o art. 2º;
muns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos pa- II - do aviso constarão a definição do objeto da licitação,
drões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente a indicação do local, dias e horários em que poderá ser lida
definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no ou obtida a íntegra do edital;
mercado. III - do edital constarão todos os elementos definidos na
forma do inciso I do art. 3º, as normas que disciplinarem o
Art. 2º (VETADO) procedimento e a minuta do contrato, quando for o caso;
§ 1º  Poderá ser realizado o pregão por meio da utiliza- IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão coloca-
ção de recursos de tecnologia da informação, nos termos das à disposição de qualquer pessoa para consulta e divul-
de regulamentação específica. gadas na forma da Lei nº 9.755, de 16 de dezembro de 1998;
§ 2º  Será facultado, nos termos de regulamentos pró- V - o prazo fixado para a apresentação das propostas,
prios da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a contado a partir da publicação do aviso, não será inferior a
participação de bolsas de mercadorias no apoio técnico e 8 (oito) dias úteis;
operacional aos órgãos e entidades promotores da moda- VI - no dia, hora e local designados, será realizada ses-
lidade de pregão, utilizando-se de recursos de tecnologia são pública para recebimento das propostas, devendo o inte-
da informação. ressado, ou seu representante, identificar-se e, se for o caso,

50
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

comprovar a existência dos necessários poderes para formu- apresentação das razões do recurso, ficando os demais lici-
lação de propostas e para a prática de todos os demais atos tantes desde logo intimados para apresentar contra-razões
inerentes ao certame; em igual número de dias, que começarão a correr do tér-
VII - aberta a sessão, os interessados ou seus represen- mino do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista
tantes, apresentarão declaração dando ciência de que cum- imediata dos autos;
prem plenamente os requisitos de habilitação e entregarão XIX - o acolhimento de recurso importará a invalidação
os envelopes contendo a indicação do objeto e do preço apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento;
oferecidos, procedendo-se à sua imediata abertura e à ve- XX - a falta de manifestação imediata e motivada do li-
rificação da conformidade das propostas com os requisitos citante importará a decadência do direito de recurso e a ad-
estabelecidos no instrumento convocatório; judicação do objeto da licitação pelo pregoeiro ao vencedor;
VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais XXI - decididos os recursos, a autoridade competente
baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cento) fará a adjudicação do objeto da licitação ao licitante ven-
superiores àquela poderão fazer novos lances verbais e su- cedor;
cessivos, até a proclamação do vencedor; XXII - homologada a licitação pela autoridade compe-
IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas con- tente, o adjudicatário será convocado para assinar o contra-
dições definidas no inciso anterior, poderão os autores das to no prazo definido em edital; e
melhores propostas, até o máximo de 3 (três), oferecer novos XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro do pra-
lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços zo de validade da sua proposta, não celebrar o contrato,
oferecidos; aplicar-se-á o disposto no inciso XVI.
X - para julgamento e classificação das propostas, será
adotado o critério de menor preço, observados os prazos Art. 5º  É vedada a exigência de:
máximos para fornecimento, as especificações técnicas e pa- I - garantia de proposta;
râmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição
edital; para participação no certame; e
XI - examinada a proposta classificada em primeiro lu-
III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os refe-
gar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir
rentes a fornecimento do edital, que não serão superiores ao
motivadamente a respeito da sua aceitabilidade;
custo de sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofer-
de recursos de tecnologia da informação, quando for o caso.
tas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro contendo
os documentos de habilitação do licitante que apresentou a
Art. 6º  O prazo de validade das propostas será de 60
melhor proposta, para verificação do atendimento das con-
(sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital.
dições fixadas no edital;
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o
licitante está em situação regular perante a Fazenda Nacio- Art. 7º  Quem, convocado dentro do prazo de validade
nal, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de entre-
Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais e Municipais, quan- gar ou apresentar documentação falsa exigida para o cer-
do for o caso, com a comprovação de que atende às exigên- tame, ensejar o retardamento da execução de seu objeto,
cias do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na execução do
técnica e econômico-financeira; contrato, comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude
XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os do- fiscal, ficará impedido de licitar e contratar com a União, Es-
cumentos de habilitação que já constem do Sistema de Ca- tados, Distrito Federal ou Municípios e, será descredenciado
dastramento Unificado de Fornecedores – Sicaf e sistemas no Sicaf, ou nos sistemas de cadastramento de fornecedores
semelhantes mantidos por Estados, Distrito Federal ou Mu- a que se refere o inciso XIV do art. 4o desta Lei, pelo prazo
nicípios, assegurado aos demais licitantes o direito de acesso de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em
aos dados nele constantes; edital e no contrato e das demais cominações legais.
XV - verificado o atendimento das exigências fixadas no
edital, o licitante será declarado vencedor; Art. 8º  Os atos essenciais do pregão, inclusive os decor-
XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante de- rentes de meios eletrônicos, serão documentados no proces-
satender às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará so respectivo, com vistas à aferição de sua regularidade pelos
as ofertas subsequentes e a qualificação dos licitantes, na agentes de controle, nos termos do regulamento previsto no
ordem de classificação, e assim sucessivamente, até a apura- art. 2º.
ção de uma que atenda ao edital, sendo o respectivo licitante
declarado vencedor; Art. 9º  Aplicam-se subsidiariamente, para a modalida-
XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o pre- de de pregão, as normas da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
goeiro poderá negociar diretamente com o proponente para 1993.
que seja obtido preço melhor;
XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá Art. 10.  Ficam convalidados os atos praticados com base
manifestar imediata e motivadamente a intenção de recor- na Medida Provisória nº 2.182-18, de 23 de agosto de 2001.
rer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para

51
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 11.  As compras e contratações de bens e serviços Art. 2o  Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa
comuns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Fe- legalmente investida em cargo público.
deral e dos Municípios, quando efetuadas pelo sistema de
registro de preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 Art. 3o  Cargo público é o conjunto de atribuições e
de junho de 1993, poderão adotar a modalidade de pregão, responsabilidades previstas na estrutura organizacional
conforme regulamento específico. que devem ser cometidas a um servidor.
Parágrafo único.  Os cargos públicos, acessíveis a todos
Art. 12.  A Lei nº 10.191, de 14 de fevereiro de 2001, os brasileiros, são criados por lei, com denominação pró-
passa a vigorar acrescida do seguinte artigo: pria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provi-
mento em caráter efetivo ou em comissão.
“Art. 2-A.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão adotar, nas licitações de registro de pre- Art. 4o  É proibida a prestação de serviços gratuitos,
ços destinadas à aquisição de bens e serviços comuns da salvo os casos previstos em lei.
área da saúde, a modalidade do pregão, inclusive por meio Por regime jurídico dos servidores deve-se entender o
eletrônico, observando-se o seguinte: conjunto de regras referentes a todos os aspectos da re-
I - são considerados bens e serviços comuns da área da lação entre o servidor público e a Administração. Envolve
saúde, aqueles necessários ao atendimento dos órgãos que tanto questões inerentes à ocupação do cargo quanto di-
integram o Sistema Único de Saúde, cujos padrões de de- reitos e deveres, entre outras.
sempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos Aplica-se na esfera federal, tanto para a Administração
no edital, por meio de especificações usuais do mercado. direta quanto para a indireta.
II - quando o quantitativo total estimado para a contra- A lei criará o cargo público, que poderá ser efetivo,
tação ou fornecimento não puder ser atendido pelo licitan- caso em que o ingresso se dará mediante concurso, ou em
te vencedor, admitir-se-á a convocação de tantos licitantes comissão, quando por uma relação de confiança o superior
quantos forem necessários para o atingimento da totalidade puder nomear seus funcionários enquanto estiver ocupan-
do aquela posição de chefia.
do quantitativo, respeitada a ordem de classificação, desde
Todo serviço público será remunerado pelos cofres pú-
que os referidos licitantes aceitem praticar o mesmo preço
blicos.
da proposta vencedora.
III - na impossibilidade do atendimento ao disposto no
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição
inciso II, excepcionalmente, poderão ser registrados outros
e Substituição
preços diferentes da proposta vencedora, desde que se trate
de objetos de qualidade ou desempenho superior, devida-
Título II
mente justificada e comprovada a vantagem, e que as ofer- Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição
tas sejam em valor inferior ao limite máximo admitido.” e Substituição
Art. 13.  Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- Basicamente, provimento é a ocupação do cargo
cação. por uma pessoa, transformando-a em servidora públi-
Brasília, 17 de  julho  de 2002; 181º da Independência e ca; enquanto vacância é o que se dá quando um cargo
114º da República. fica livre; remoção é o deslocamento do servidor; redis-
tribuição é o deslocamento de um cargo para outro ór-
gão; substituição é a mudança de uma pessoa que está
ocupando cargo de chefia ou direção por outra.
3 LEGISLAÇÃO ADMINISTRATIVA. 3.1 LEI Nº
8.112/1990, E SUAS ALTERAÇÕES. Capítulo I
Do Provimento

Segundo Hely Lopes Meirelles, provimento “é o ato


REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público,
CIVIS DA UNIÃO (LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERA- com a designação de seu titular”, podendo ser originá-
ÇÕES) rio ou inicial se o agente não possui vinculação anterior
com a Administração Pública; ou derivado, que pressu-
Das Disposições Preliminares põe a existência de um vínculo com a Administração, o
qual pode ser horizontal, sem ascensão na carreira, ou
Título I vertical, com ascensão na carreira.
Capítulo Único
Das Disposições Preliminares Seção I
Disposições Gerais
Art. 1o  Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servido-
res Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em Art. 5o  São requisitos básicos para investidura em car-
regime especial, e das fundações públicas federais. go público:

52
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

I - a nacionalidade brasileira; Seção II


Nacional é o que possui vínculo político-jurídico com Da Nomeação
um Estado, fazendo parte de seu povo na qualidade de ci-
dadão. Art. 9o  A nomeação far-se-á:
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isola-
II - o gozo dos direitos políticos; do de provimento efetivo ou de carreira;
Direitos políticos são os direitos garantidos ao cida- II - em comissão, inclusive na condição de interino,
dão que envolvem sua participação direta ou indireta nas para cargos de confiança vagos. 
decisões políticas do Estado. No Brasil, se encontram nos Parágrafo único.  O servidor ocupante de cargo em co-
artigos 14 e 15 da Constituição Federal. missão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter
exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem
III - a quitação com as obrigações militares e eleito- prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese
rais; em que deverá optar pela remuneração de um deles du-
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do rante o período da interinidade.
cargo; O cargo em comissão é temporário e não depende de
Ensino fundamental, ensino médio ou ensino superior, concurso público. Se o servidor for nomeado para outro
conforme a complexidade das funções do cargo. cargo em comissão poderá exercer ambos de maneira in-
terina (temporária), mas somente poderá receber remune-
V - a idade mínima de dezoito anos; ração por um deles, o que optar.
VI - aptidão física e mental.
§ 1o  As atribuições do cargo podem justificar a exigên- Art. 10.  A nomeação para cargo de carreira ou cargo
cia de outros requisitos estabelecidos em lei. isolado de provimento efetivo depende de prévia habilita-
P. ex., 3 anos de atividade jurídica para cargos de mem- ção em concurso público de provas ou de provas e títulos,
bros do Ministério Público ou da Magistratura. obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua vali-
dade.
§ 2o  Às pessoas portadoras de deficiência é assegu- Parágrafo único.  Os demais requisitos para o ingresso
rado o direito de se inscrever em concurso público para pro- e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro-
vimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do
a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus
reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas regulamentos.
no concurso.
Cotas para deficientes. Seção III
Do Concurso Público

§ 3o  As universidades e instituições de pesquisa cientí- Art. 11.  O concurso será de provas ou de provas e títu-
fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com los, podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispu-
professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo serem a lei e o regulamento do respectivo plano de carreira,
com as normas e os procedimentos desta Lei. condicionada a inscrição do candidato ao pagamento do
Exceção ao inciso I do art. 5°. valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio,
e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente
Art. 6o  O provimento dos cargos públicos far-se-á me- previstas.
diante ato da autoridade competente de cada Poder.
Art. 12.  O concurso público terá validade de até 2
Art. 7o  A investidura em cargo público ocorrerá com (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por
a posse. igual período.
Por investidura entende-se a instalação formal em um § 1o  O prazo de validade do concurso e as condições
cargo público, o que se dará quando a pessoa for empos- de sua realização serão fixados em edital, que será publica-
sada. do no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande
circulação.
Art. 8o  São formas de provimento de cargo público: § 2o  Não se abrirá novo concurso enquanto houver
I - nomeação; candidato aprovado em concurso anterior com prazo de va-
II - promoção; lidade não expirado.
III e IV - (Revogados) No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
V - readaptação; nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
VI - reversão; concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
VII - aproveitamento; atividade profissional também é considerado.
VIII - reintegração; O edital delimita questões como valor da taxa de ins-
IX - recondução. crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de va-
Detalhes adiante. lidade.

53
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Seção IV Art. 16.  O início, a suspensão, a interrupção e o rei-


Da Posse e do Exercício nício do exercício serão registrados no assentamento indi-
vidual do servidor.
Art. 13.  A posse dar-se-á pela assinatura do respecti- Parágrafo único.  Ao entrar em exercício, o servidor
vo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deve- apresentará ao órgão competente os elementos necessários
res, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ao seu assentamento individual.
ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente,
por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício pre- Art. 17.  A promoção não interrompe o tempo de exer-
vistos em lei. cício, que é contado no novo posicionamento na carreira
§ 1o  A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados a partir da data de publicação do ato que promover o ser-
da publicação do ato de provimento. vidor.
§ 2o  Em se tratando de servidor, que esteja na data de Na promoção não há nova posse. Então, o servidor não
publicação do ato de provimento, em licença prevista nos tem 15 dias para entrar em exercício, o fazendo no dia da
incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos publicação do ato.
incisos I, IV, VI, VIII, alíneas «a», «b», «d», «e» e «f», IX e X do
art. 102, o prazo será contado do término do impedimento. Art. 18.  O servidor que deva ter exercício em outro
§ 3o  A posse poderá dar-se mediante procuração es- município em razão de ter sido removido, redistribuído,
pecífica. requisitado, cedido ou posto em exercício provisório
§ 4o  Só haverá posse nos casos de provimento de car- terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de prazo,
go por nomeação. contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo
§ 5o  No ato da posse, o servidor apresentará decla- desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo
ração de bens e valores que constituem seu patrimônio e o tempo necessário para o deslocamento para a nova sede.
declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, em- § 1o  Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença
prego ou função pública. ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo
§ 6o  Será tornado sem efeito o ato de provimento se
será contado a partir do término do impedimento.
a posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
§ 2o  É facultado ao servidor declinar dos prazos esta-
O termo de posse é dotado de conteúdo específico. É
belecidos no caput.
possível tomar posse mediante procuração específica. Não
Se o servidor estava em exercício em outro município
há posse nos cargos em comissão. A declaração de bens e
e é convocado por publicação para retomar a posição su-
valores visa permitir a verificação da situação financeira do
perior tem um prazo entre 10 e 30 dias, dos quais pode
servidor, de forma a perceber se ele enriqueceu despropor-
desistir, se quiser.
cionalmente durante o exercício do cargo.

Art. 14.  A posse em cargo público dependerá de prévia Art. 19.  Os servidores cumprirão jornada de trabalho
inspeção médica oficial. fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos
Parágrafo único.  Só poderá ser empossado aquele que for cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal
julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo. de quarenta horas e observados os limites mínimo e má-
ximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente. 
Art. 15.  Exercício é o efetivo desempenho das atribui- § 1o  O ocupante de cargo em comissão ou função de
ções do cargo público ou da função de confiança. confiança submete-se a regime de integral dedicação ao
§ 1o  É de quinze dias o prazo para o servidor empossa- serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser con-
do em cargo público entrar em exercício, contados da data vocado sempre que houver interesse da Administração.
da posse.  § 2o  O disposto neste artigo não se aplica a duração de
§ 2o  O servidor será exonerado do cargo ou será tor- trabalho estabelecida em leis especiais.
nado sem efeito o ato de sua designação para função de
confiança, se não entrar em exercício nos prazos previstos Art. 20.  Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
neste artigo, observado o disposto no art. 18.  para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio
§ 3o  À autoridade competente do órgão ou entidade probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, duran-
para onde for nomeado ou designado o servidor compete te o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de ava-
dar-lhe exercício.  liação para o desempenho do cargo, observados os seguinte
§ 4o  O início do exercício de função de confiança coin- fatores: 
cidirá com a data de publicação do ato de designação, I - assiduidade;
salvo quando o servidor estiver em licença ou afastado por II - disciplina;
qualquer outro motivo legal, hipótese em que recairá no pri- III - capacidade de iniciativa;
meiro dia útil após o término do impedimento, que não po- IV - produtividade;
derá exceder a trinta dias da publicação.  V - responsabilidade.
Nota-se que para as funções em confiança não há pra- § 1o  4 (quatro) meses antes de findo o período do es-
zo de 15 dias da posse, até mesmo porque ela não existe tágio probatório, será submetida à homologação da autori-
nestas funções. Então, o prazo para exercício será o do dia dade competente a avaliação do desempenho do servidor,
da publicação do ato de designação. realizada por comissão constituída para essa finalidade, de

54
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da res- Seção V


pectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de Da Estabilidade
apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput
deste artigo. Art. 21.  O servidor habilitado em concurso público e
§ 2o  O servidor não aprovado no estágio probatório empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá esta-
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an- bilidade no serviço público ao completar 2 (dois) anos de
teriormente ocupado, observado o disposto no parágra- efetivo exercício. 
fo único do art. 29. ATENÇÃO: Vale o prazo de 3 anos, conforme Constitui-
§ 3o  O servidor em estágio probatório poderá exercer ção Federal (artigo 41 retrocitado).
quaisquer cargos de provimento em comissão ou fun-
ções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou Art. 22.  O servidor estável só perderá o cargo em
entidade de lotação, e somente poderá ser cedido a outro virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Espe- de processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
cial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção assegurada ampla defesa.
e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
equivalentes.  Seção VI
§ 4o  Ao servidor em estágio probatório somente pode- Da Transferência
rão ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos
nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afasta- Art. 23. (Execução suspensa)
mento para participar de curso de formação decorrente de
aprovação em concurso para outro cargo na Administração Seção VII
Pública Federal. Da Readaptação
§ 5o  O estágio probatório ficará suspenso durante as
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 Art. 24.  Readaptação é a investidura do servidor em
e 96, bem assim na hipótese de participação em curso de cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis
formação, e será retomado a partir do término do impedi- com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
mento.  física ou mental verificada em inspeção médica.
§ 1o  Se julgado incapaz para o serviço público, o rea-
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci- daptando será aposentado.
plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen- § 2o  A readaptação será efetivada em cargo de atribui-
tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a ções afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escola-
norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo ridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de ine-
que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos- xistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições
to no artigo 41 da Constituição Federal: como excedente, até a ocorrência de vaga.
Se o funcionário deixa de ter condições físicas ou psi-
Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exer- cológicas para ocupar seu cargo, deverá ser readaptado
cício os servidores nomeados para cargo de provimento para cargo semelhante que não exija tais aptidões. Ex: fun-
efetivo em virtude de concurso público. cionário trabalhava como atendente numa repartição, se
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: movimentando o tempo todo e sofre um acidente, fican-
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; do paraplégico. Sua capacidade mental não ficou prejudi-
II - mediante processo administrativo em que lhe seja cada, embora seja inconveniente ele ter que fazer tantos
assegurada ampla defesa; movimentos no exercício das funções. Por isso, pode ser
III - mediante procedimento de avaliação periódica de reconduzido para outro cargo técnico na repartição que
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada seja mais burocrático e exija menos movimentação física,
ampla defesa. como o de assistente de um superior.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser-
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante Seção VIII
da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem Da Reversão
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou pos-
to em disponibilidade com remuneração proporcional ao Art. 25.  Reversão é o retorno à atividade de servidor
tempo de serviço. aposentado: 
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune- insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou 
ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado II - no interesse da administração, desde que: 
aproveitamento em outro cargo. a) tenha solicitado a reversão; 
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, b) a aposentadoria tenha sido voluntária; 
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co- c) estável quando na atividade;
missão instituída para essa finalidade. d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos ante-
riores à solicitação; 

55
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

e) haja cargo vago. Parágrafo único.  Encontrando-se provido o cargo de


§ 1o  A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo origem, o servidor será aproveitado em outro, observado o
resultante de sua transformação. disposto no art. 30.
§ 2o  O tempo em que o servidor estiver em exercício Como visto, quando um servidor é promovido ele se
será considerado para concessão da aposentadoria. sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado,
§ 3o  No caso do inciso I, encontrando-se provido o car- voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém esti-
go, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, ver ocupando o cargo de um servidor que tenha sido injus-
até a ocorrência de vaga.  tamente demitido, quando este voltar deverá desocupar o
§ 4o  O servidor que retornar à atividade por interesse cargo. Se a posição antes ocupada não estiver livre, deverá
da administração perceberá, em substituição aos proven- ser reaproveitado em outro cargo semelhante.
tos da aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar
a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal Seção XI
que percebia anteriormente à aposentadoria.  Da Disponibilidade e do Aproveitamento
§ 5o  O servidor de que trata o inciso II somente terá os
proventos calculados com base nas regras atuais se perma- Art. 30.  O retorno à atividade de servidor em disponibi-
necer pelo menos cinco anos no cargo.  lidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em
§ 6o  O Poder Executivo regulamentará o disposto neste cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o
artigo.  anteriormente ocupado.

Art. 26. (Revogado) Art. 31.  O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil


determinará o imediato aproveitamento de servidor em dis-
Art. 27.  Não poderá reverter o aposentado que já tiver ponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou enti-
completado 70 (setenta) anos de idade. dades da Administração Pública Federal.
Merece destaque a impossibilidade de cumulação da Parágrafo único.  Na hipótese prevista no § 3o do art.
37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser man-
aposentadoria com a remuneração caso o servidor retorne
tido sob responsabilidade do órgão central do Sistema de
às funções.
Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, até o seu
adequado aproveitamento em outro órgão ou entidade.
Seção IX
Da Reintegração
Art. 32.  Será tornado sem efeito o aproveitamento e
cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
Art. 28.  A reintegração é a reinvestidura do servidor
exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por
estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo re-
junta médica oficial.
sultante de sua transformação, quando invalidada a sua Servidor posto em disponibilidade não é servidor apo-
demissão por decisão administrativa ou judicial, com sentado. É apenas um servidor aguardando que surja um
ressarcimento de todas as vantagens. posto adequado para que ocupe. Quando ele surgir, deve-
§ 1o  Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor rá entrar em exercício, sob pena de ter revogada a disponi-
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos arts. bilidade, deixando de ser servidor público.
30 e 31.
§ 2o  Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual Capítulo II
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à Da Vacância
indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto
em disponibilidade. Art. 33.  A vacância do cargo público decorrerá de:
Se um servidor for injustamente demitido e a sua de- I - exoneração;
missão for invalidada, será reinvestido no cargo, sendo to- II - demissão;
talmente ressarcido (por exemplo, recebendo os salários III - promoção;
do período em que foi afastado). Caso o cargo esteja ex- IV e V - (Revogados)
tinto, será posto em disponibilidade; caso o cargo exista VI - readaptação;
e alguém o estiver ocupando, este será retirado do cargo, VII - aposentadoria;
devolvendo-o ao seu legítimo titular. VIII - posse em outro cargo inacumulável;
IX - falecimento.
Seção X
Da Recondução Art. 34.  A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedi-
do do servidor, ou de ofício.
Art. 29.  Recondução é o retorno do servidor estável Parágrafo único.  A exoneração de ofício dar-se-á:
ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: I - quando não satisfeitas as condições do estágio pro-
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro batório;
cargo; II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
II - reintegração do anterior ocupante. em exercício no prazo estabelecido.

56
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Sendo o cargo efetivo, somente será exonerado de ofí- § 2º A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará
cio se não for habilitado no estágio probatório e se não mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os
entrar em exercício no prazo legal. órgãos e entidades da Administração Pública Federal en-
volvidos.
Art. 35.  A exoneração de cargo em comissão e a dispen- § 3º Nos casos de reorganização ou extinção de órgão
sa de função de confiança dar-se-á:  ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desneces-
I - a juízo da autoridade competente; sidade no órgão ou entidade, o servidor estável que não
II - a pedido do próprio servidor. for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu
Como o cargo em comissão refere-se a uma relação de aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31.
confiança para com a autoridade competente, esta poderá § 4º O servidor que não for redistribuído ou colocado
exonerar o servidor. em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabili-
dade do órgão central do SIPEC, e ter exercício provisório,
Capítulo III em outro órgão ou entidade, até seu adequado aproveita-
Da Remoção e da Redistribuição mento.
Seção I
Da Remoção Capítulo IV
Da Substituição
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a
pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de
ou sem mudança de sede. direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Es-
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, en- pecial terão substitutos indicados no regimento interno
tende-se por modalidades de remoção: ou, no caso de omissão, previamente designados pelo
I - de ofício, no interesse da Administração; dirigente máximo do órgão ou entidade.
II - a pedido, a critério da Administração; § 1º O substituto assumirá automática e cumulativa-
III - a pedido, para outra localidade, independentemen-
mente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do
te do interesse da Administração:
cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza Es-
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também
pecial, nos afastamentos, impedimentos legais ou regula-
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da
mentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que
que deverá optar pela remuneração de um deles durante o
foi deslocado no interesse da Administração;
respectivo período.
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companhei-
§ 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício
ro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu
assentamento funcional, condicionada à comprovação por do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de
junta médica oficial; Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedi-
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipóte- mentos legais do titular, superiores a trinta dias consecu-
se em que o número de interessados for superior ao número tivos, paga na proporção dos dias de efetiva substituição,
de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo ór- que excederem o referido período.
gão ou entidade em que aqueles estejam lotados.
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos ti-
Seção II tulares de unidades administrativas organizadas em nível de
Da Redistribuição assessoria.

Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo Dos Direitos e Vantagens


de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do
quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade Título III
do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão cen- Dos Direitos e Vantagens
tral do SIPEC, observados os seguintes preceitos:
I - interesse da administração; Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em
II - equivalência de vencimentos; estudo estabelece os direitos e vantagens do servidor
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; público, para em seguida trazer seus deveres e proibi-
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e ções.
complexidade das atividades; Resume Carvalho Filho: “os direitos sociais consti-
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habi- tucionais são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o
litação profissional; qual determina que dezesseis dos direitos sociais ou-
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as torgados aos empregados sejam estendidos aos servi-
finalidades institucionais do órgão ou entidade. dores públicos. Dentre esses direitos estão o do salário
§ 1º A redistribuição ocorrerá ex officio para ajusta- mínimo (art. 7°, IV); o décimo terceiro salário (art. 7°,
mento de lotação e da força de trabalho às necessidades VIII); o repouso semanal remunerado (art. 7°, XV); o
dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção salário-família (art. 7°, XII; o de férias anuais (art. 7°,
ou criação de órgão ou entidade. XVII); o de licença à gestante (art. 7°, XVIII) e outros

57
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

mencionados no dispositivo constitucional. [...] Além reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
disso, há vários direitos de natureza social relacionados dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
nos diversos estatutos funcionais das pessoas federati- dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
vas. É nas leis estatutárias que se encontram tais direi- demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou-
tos, como o direito às licenças, à pensão, aos auxílios tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
pecuniários, como o auxílio-funeral e o auxílio-reclu- não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
são, à assistência, à saúde etc.” natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es-
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplican-
Capítulo I do-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito,
Do Vencimento e da Remuneração e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos
Art. 40.  Vencimento é a retribuição pecuniária pelo Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Le-
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. gislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centé-
Art. 41.  Remuneração é o vencimento do cargo efe- simos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Mi-
tivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes es- nistros do Supremo Tri-bunal Federal, no âmbito do Poder
tabelecidas em lei. Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério
§ 1o  A remuneração do servidor investido em função Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos”.
ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art.
62. Art. 44.  O servidor perderá:
Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem
exige concurso público. Ver art. 62 adiante. motivo justificado; 
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos
§ 2o  O servidor investido em cargo em comissão de atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de
órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a
que trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese
remuneração de acordo com o estabelecido no § 1o do art.
de compensação de horário, até o mês subsequente ao da
93.
ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata. 
O funcionário é servidor público, mas foi concursado
Parágrafo  único.   As faltas justificadas decorrentes de
para cargo diverso, em outro órgão ou entidade, sendo no-
caso fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a
meado para outro cargo, que é de comissão.
critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como
efetivo exercício. 
§ 3o  O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
Somente não geram perda de remuneração as faltas
tagens de caráter permanente, é irredutível.
Irredutibilidade de vencimentos: não podem ser dimi- justificadas e devidamente compensadas.
nuídos.
Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,
§ 4o  É assegurada a isonomia de vencimentos para nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo § 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as consignação em folha de pagamento em favor de terceiros,
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou a critério da administração e com reposição de custos, na
ao local de trabalho. forma definida em regulamento.
Mesmo cargo ou semelhante = mesmo vencimento. § 2º O total de consignações facultativas de que trata
o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da
§ 5o  Nenhum servidor receberá remuneração inferior remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reserva-
ao salário mínimo.  dos exclusivamente para: I - a amortização de despesas
Direito ao salário mínimo. contraídas por meio de cartão de crédito; ou
II - a utilização com a finalidade de saque por meio do
Art. 42.  Nenhum servidor poderá perceber, mensalmen- cartão de crédito.
te, a título de remuneração, importância superior à soma Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou
dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a autorização do servidor.
qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos
Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Art. 46.  As reposições e indenizações ao erário, atuali-
Ministros do Supremo Tribunal Federal. zadas até 30 de junho de 1994, serão previamente comuni-
Parágrafo único.  Excluem-se do teto de remuneração as cadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para
vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61. pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser
Estabelece o teto de remuneração, ou seja, o máximo parceladas, a pedido do interessado. 
que um funcionário pode receber. Neste sentido, o art. 37, § 1o  O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao
XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de correspondente a dez por cento da remuneração, provento
cargos, funções e empregos públicos da administração di- ou pensão. 

58
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2o  Quando o pagamento indevido houver ocorrido Art. 52.  Os valores das indenizações estabelecidas nos
no mês anterior ao do processamento da folha, a reposição incisos I a III do art. 51, assim como as condições para a sua
será feita imediatamente, em uma única parcela. concessão, serão estabelecidos em regulamento.
§ 3o  Na hipótese de valores recebidos em decorrência
de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou Subseção I
a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, serão Da Ajuda de Custo
eles atualizados até a data da reposição. 
Art. 53.  A ajuda de custo destina-se a compensar as
Art. 47.  O servidor em débito com o erário, que for de- despesas de instalação do servidor que, no interesse do
mitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou dispo- serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança
nibilidade cassada, terá o prazo de sessenta dias para quitar de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pa-
o débito.  gamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o
Parágrafo único.  A não quitação do débito no prazo cônjuge ou companheiro que detenha também a condição
previsto implicará sua inscrição em dívida ativa.  de servidor, vier a ter exercício na mesma sede. 
Débito com o erário = dívida com o Estado. § 1o  Correm por conta da administração as despesas
de transporte do servidor e de sua família, compreendendo
Art. 48.  O vencimento, a remuneração e o provento não passagem, bagagem e bens pessoais.
serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos ca- § 2o  À família do servidor que falecer na nova sede são
sos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial. assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade
de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do
Capítulo II óbito.
Das Vantagens § 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses
de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único
Art. 49.  Além do vencimento, poderão ser pagas ao ser- do art. 36.
vidor as seguintes vantagens:
I - indenizações; Art. 54.  A ajuda de custo é calculada sobre a remu-
II - gratificações; neração do servidor, conforme se dispuser em regulamen-
III - adicionais. to, não podendo exceder a importância correspondente a 3
§ 1o  As indenizações não se incorporam ao vencimento (três) meses.
ou provento para qualquer efeito.
§ 2o  As gratificações e os adicionais incorporam-se ao Art. 55.  Não será concedida ajuda de custo ao servidor
vencimento ou provento, nos casos e condições indicados que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de man-
em lei. dato eletivo.

Art. 50.  As vantagens pecuniárias não serão computa- Art. 56.  Será concedida ajuda de custo àquele que, não
das, nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comis-
outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título são, com mudança de domicílio.
ou idêntico fundamento. Parágrafo único.  No afastamento previsto no inciso I do
De acordo com Hely Lopes Meirelles, “o que ca- art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário,
racteriza o adicional e o distingue da gratificação é ser quando cabível.
aquele que recompensa ao tempo de serviço do servi-
dor, ou uma retribuição pelo desempenho de funções Art. 57.  O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de
especiais que fogem da rotina burocrática, e esta, uma custo quando, injustificadamente, não se apresentar na nova
compensação por serviços comuns executados em con- sede no prazo de 30 (trinta) dias.
dições anormais para o servidor, ou uma ajuda pessoal
em face de certas situações que agravam o orçamento Subseção II
do servidor”. Das Diárias

Seção I Art. 58.  O servidor que, a serviço, afastar-se da sede


Das Indenizações em caráter eventual ou transitório para outro ponto do
território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens
Art. 51.  Constituem indenizações ao servidor: e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas ex-
I - ajuda de custo; traordinária com pousada, alimentação e locomoção urba-
II - diárias; na, conforme dispuser em regulamento. 
III - transporte. § 1o  A diária será concedida por dia de afastamento,
IV - auxílio-moradia. sendo devida pela metade quando o deslocamento não
A leitura da legislação seca permite conceituar e dife- exigir pernoite fora da sede, ou quando a União custear,
renciar cada modalidade de indenização. por meio diverso, as despesas extraordinárias cobertas por
diárias.

59
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2o  Nos casos em que o deslocamento da sede cons- VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão
tituir exigência permanente do cargo, o servidor não fará ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses do
jus a diárias. art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou domicílio
§ 3o  Também não fará jus a diárias o servidor que se do servidor; 
deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglome- VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha
ração urbana ou microrregião, constituídas por municípios residido no Município, nos últimos doze meses, aonde for
limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de con- exercer o cargo em comissão ou função de confiança, des-
trole integrado mantidas com países limítrofes, cuja juris- considerando-se prazo inferior a sessenta dias dentro desse
dição e competência dos órgãos, entidades e servidores período; e 
brasileiros considera-se estendida, salvo se houver pernoite VIII - o deslocamento não tenha sido por força de altera-
fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sem- ção de lotação ou nomeação para cargo efetivo. 
pre as fixadas para os afastamentos dentro do território na- IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho
cional.  de 2006. 
Parágrafo único.  Para fins do inciso VII, não será con-
Art. 59.  O servidor que receber diárias e não se afastar siderado o prazo no qual o servidor estava ocupando outro
da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las in- cargo em comissão relacionado no inciso V. 
tegralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único.  Na hipótese de o servidor retornar à Art. 60-C.  (Revogado).
sede em prazo menor do que o previsto para o seu afasta-
mento, restituirá as diárias recebidas em excesso, no prazo Art. 60-D.  O valor mensal do auxílio-moradia é limitado
previsto no caput. a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comis-
são, função comissionada ou cargo de Ministro de Estado
Subseção III ocupado. 
Da Indenização de Transporte § 1o  O valor do auxílio-moradia não poderá superar
25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro
Art. 60.  Conceder-se-á indenização de transporte ao de Estado. 
servidor que realizar despesas com a utilização de meio § 2o  Independentemente do valor do cargo em comis-
próprio de locomoção para a execução de serviços exter- são ou função comissionada, fica garantido a todos os que
nos, por força das atribuições próprias do cargo, conforme se preencherem os requisitos o ressarcimento até o valor de
dispuser em regulamento. R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais). 

Subseção IV Art. 60-E.  No caso de falecimento, exoneração, coloca-


Do Auxílio-Moradia ção de imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisi-
ção de imóvel, o auxílio-moradia continuará sendo pago por
Art. 60-A.  O auxílio-moradia consiste no ressarcimen- um mês. 
to das despesas comprovadamente realizadas pelo ser-
vidor com aluguel de moradia ou com meio de hospe- A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia, be-
dagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um nefício que é concedido a alguns servidores. Ele serve
mês após a comprovação da despesa pelo servidor.  para ajudar o servidor a arcar com despesas de mora-
dia, seja locando um imóvel, seja ficando em hotéis. O
Art. 60-B.  Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se auxílio é pago 1 mês depois que o servidor comprovar a
atendidos os seguintes requisitos:  despesa que teve. No entanto, não é qualquer servidor
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo e não é em qualquer situação que se tem o auxílio-mo-
servidor;  radia.
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas res-
imóvel funcional;  trições: não haver disponibilidade de imóvel funcional
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja (algum imóvel do poder público com tal finalidade de
ou tenha sido proprietário, promitente comprador, cessioná- moradia, dispensando gastos particulares), não se ter
rio ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde tentado vender ou vendido um imóvel na cidade (evi-
for exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem tando que tente utilizar o auxílio-moradia como um
averbação de construção, nos doze meses que antecederem modo de se obter vantagem patrimonial), um cônju-
a sua nomeação; ge ou pessoa com quem more não receber auxílio da
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor mesma natureza (cumulando indevidamente), além do
receba auxílio-moradia;  exercício de cargos de determinada natureza (perceba-
V - o servidor tenha se mudado do local de residência -se, cargos de relevante direção).
para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos
Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, vencimentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o ar-
5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equi- tigo 60-C está revogado desde 2013.
valentes; 

60
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Seção II Art.  66.   A gratificação natalina não será considerada


Das Gratificações e Adicionais para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.

Art. 61.  Além do vencimento e das vantagens previstas Subseção III


nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retri- Do Adicional por Tempo de Serviço
buições, gratificações e adicionais: 
I - retribuição pelo exercício de função de direção, Regulamentação na Medida Provisória nº 2.225-45/01.
chefia e assessoramento; 
II - gratificação natalina; Subseção IV
IV - adicional pelo exercício de atividades insalu- Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
bres, perigosas ou penosas; Atividades Penosas
V - adicional pela prestação de serviço extraordi-
nário; Art. 68.  Os servidores que trabalhem com habitualidade
VI - adicional noturno; em locais insalubres ou em contato permanente com subs-
VII - adicional de férias; tâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do tra- um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.
balho. § 1o  O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubri-
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.  dade e de periculosidade deverá optar por um deles.
Gratificações e adicionais descritos em detalhes na § 2o  O direito ao adicional de insalubridade ou peri-
própria legislação, conforme se denota abaixo. culosidade cessa com a eliminação das condições ou dos
riscos que deram causa a sua concessão.
Subseção I
Da Retribuição pelo Exercício de Função de Dire- Art. 69.  Haverá permanente controle da atividade de
ção, Chefia e Assessoramento servidores em operações ou locais considerados penosos, in-
salubres ou perigosos.
Art. 62.  Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido
Parágrafo único.  A servidora gestante ou lactante será
em função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das ope-
provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida
rações e locais previstos neste artigo, exercendo suas ativida-
retribuição pelo seu exercício.
des em local salubre e em serviço não penoso e não perigoso.
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remunera-
ção dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o. 
Art. 70.  Na concessão dos adicionais de atividades pe-
nosas, de insalubridade e de periculosidade, serão observa-
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal No-
minalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribui- das as situações estabelecidas em legislação específica.
ção pelo exercício de função de direção, chefia ou assesso-
ramento, cargo de provimento em comissão ou de Natureza Art. 71.  O adicional de atividade penosa será devido
Especial a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei no 8.911, de aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou em lo-
11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei no9.624, de 2 de abril calidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos,
de 1998.  condições e limites fixados em regulamento.
Parágrafo único.  A VPNI de que trata o caput deste arti-
go somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração Art. 72.  Os locais de trabalho e os servidores que ope-
dos servidores públicos federais.  ram com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos
sob controle permanente, de modo que as doses de radiação
Subseção II ionizante não ultrapassem o nível máximo previsto na legis-
Da Gratificação Natalina lação própria.
Parágrafo único.  Os servidores a que se refere este arti-
Art. 63.  A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um go serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês
de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. Subseção V
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quin- Do Adicional por Serviço Extraordinário
ze) dias será considerada como mês integral.
Art. 73.  O serviço extraordinário será remunerado com
Art. 64.  A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à hora
mês de dezembro de cada ano. normal de trabalho.

Art. 65.  O servidor exonerado perceberá sua gratifica- Art. 74.  Somente será permitido serviço extraordinário
ção natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, cal- para atender a situações excepcionais e temporárias, respei-
culada sobre a remuneração do mês da exoneração. tado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada.

61
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Subseção VI b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se


Do Adicional Noturno tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do caput
deste artigo. 
Art. 75.  O serviço noturno, prestado em horário com- § 2o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
preendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) somente será paga se as atividades referidas nos incisos
horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo das
(vinte e cinco por cento), computando-se cada hora como atribuições do cargo de que o servidor for titular, devendo
cinquenta e dois minutos e trinta segundos. ser objeto de compensação de carga horária quando de-
Parágrafo único.  Em se tratando de serviço extraordi- sempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma do
nário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a § 4odo art. 98 desta Lei. 
remuneração prevista no art. 73. § 3o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor para
Subseção VII qualquer efeito e não poderá ser utilizada como base de
Do Adicional de Férias cálculo para quaisquer outras vantagens, inclusive para fins
de cálculo dos proventos da aposentadoria e das pensões. 
Art. 76.  Independentemente de solicitação, será pago ao
servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente Capítulo III
a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias. Das Férias
Parágrafo único.  No caso de o servidor exercer função
de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em Art. 77.  O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálcu- podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no
lo do adicional de que trata este artigo. caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em
que haja legislação específica. 
Subseção VIII § 1o  Para o primeiro período aquisitivo de férias serão
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
exigidos 12 (doze) meses de exercício.
§ 2o  É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
Art. 76-A.  A Gratificação por Encargo de Curso ou Con-
serviço.
curso é devida ao servidor que, em caráter eventual: 
§ 3o  As férias poderão ser parceladas em até três eta-
I - atuar como instrutor em curso de formação, de de-
pas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no inte-
senvolvimento ou de treinamento regularmente instituído
resse da administração pública. 
no âmbito da administração pública federal; 
É possível impedir que o servidor tire férias por até 2
II - participar de banca examinadora ou de comissão
para exames orais, para análise curricular, para correção de períodos se o seu serviço for altamente necessário.
provas discursivas, para elaboração de questões de provas
ou para julgamento de recursos intentados por candidatos;  Art. 78.  O pagamento da remuneração das férias será
III - participar da logística de preparação e de realização efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo perío-
de concurso público envolvendo atividades de planejamento, do, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.
coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, §1° e §2°. Revogados.
quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas § 3o  O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em
atribuições permanentes;  comissão, perceberá indenização relativa ao período das
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de
de exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar um doze avos por mês de efetivo exercício, ou fração supe-
essas atividades. rior a quatorze dias. 
§ 1o  Os critérios de concessão e os limites da gratifica- § 4o  A indenização será calculada com base na remu-
ção de que trata este artigo serão fixados em regulamento, neração do mês em que for publicado o ato exoneratório. 
observados os seguintes parâmetros:  § 5o  Em caso de parcelamento, o servidor receberá o
I - o valor da gratificação será calculado em horas, ob- valor adicional previsto no  inciso XVII do art. 7o da Cons-
servadas a natureza e a complexidade da atividade exercida;  tituição Federal quando da utilização do primeiro período.
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente
a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada Art. 79.  O servidor que opera direta e permanentemen-
situação de excepcionalidade, devidamente justificada e pre- te com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte)
viamente aprovada pela autoridade máxima do órgão ou dias consecutivos de férias, por semestre de atividade profis-
entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cen- sional, proibida em qualquer hipótese a acumulação.
to e vinte) horas de trabalho anuais;  Manutenção da saúde do servidor.
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior venci- Art. 80.  As férias somente poderão ser interrompidas por
mento básico da administração pública federal:  motivo de calamidade pública, comoção interna, convoca-
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se ção para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou
deste artigo;  entidade.

62
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único.  O restante do período interrompido Seção III


será gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77.  Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
O direito individual às férias pode ser mitigado pelo direi-
to da coletividade de manutenção da paz e da ordem social. Art. 84.  Poderá ser concedida licença ao servidor para
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado
Capítulo IV para outro ponto do território nacional, para o exterior ou
Das Licenças para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo
Seção I e Legislativo.
Disposições Gerais § 1o  A licença será por prazo indeterminado e sem re-
muneração.
Art. 81.  Conceder-se-á ao servidor licença: § 2o  No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
I - por motivo de doença em pessoa da família; companheiro também seja servidor público, civil ou militar,
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou com- de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
panheiro; Federal e dos Municípios, poderá haver exercício provisó-
III - para o serviço militar; rio em órgão ou entidade da Administração Federal direta,
IV - para atividade política; autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de
V - para capacitação;  atividade compatível com o seu cargo. 
VI - para tratar de interesses particulares;
VII - para desempenho de mandato classista. Seção IV
Atenção aos motivos que autorizam licença, detalha- Da Licença para o Serviço Militar
dos a seguir na legislação.
§ 1o  A licença prevista no inciso I do caput deste artigo Art. 85.  Ao servidor convocado para o serviço militar
bem como cada uma de suas prorrogações serão precedi- será concedida licença, na forma e condições previstas na
das de exame por perícia médica oficial, observado o dis- legislação específica.
posto no art. 204 desta Lei.
Parágrafo único.  Concluído o serviço militar, o servidor
§ 3o  É vedado o exercício de atividade remunerada du-
terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o
rante o período da licença prevista no inciso I deste artigo.
exercício do cargo.
Art. 82.  A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias
Seção V
do término de outra da mesma espécie será considerada
Da Licença para Atividade Política
como prorrogação.

Seção II Art. 86.  O servidor terá direito a licença, sem remune-


Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da ração, durante o período que mediar entre a sua escolha
Família em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo,
e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça
Art. 83.  Poderá ser concedida licença ao servidor por Eleitoral.
motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos § 1o  O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependen- onde desempenha suas funções e que exerça cargo de di-
te que viva a suas expensas e conste do seu assentamento reção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização,
funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial.  dele será afastado, a partir do dia imediato ao do registro
§ 1o  A licença somente será deferida se a assistência direta de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo
do servidor for indispensável e não puder ser prestada simul- dia seguinte ao do pleito. 
taneamente com o exercício do cargo ou mediante compen- § 2o  A partir do registro da candidatura e até o décimo
sação de horário, na forma do disposto no inciso II do art. 44.  dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, as-
§ 2o  A licença de que trata o caput, incluídas as pror- segurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo
rogações, poderá ser concedida a cada período de doze período de três meses. 
meses nas seguintes condições: 
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, man- Seção VI
tida a remuneração do servidor; e  Da Licença para Capacitação
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
remuneração.   Art. 87.  Após cada quinquênio de efetivo exercício, o
§ 3o  O início do interstício de 12 (doze) meses será servidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se
contado a partir da data do deferimento da primeira licen- do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração,
ça concedida.  por até três meses, para participar de curso de capacitação
§ 4o  A soma das licenças remuneradas e das licenças profissional. 
não remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, Parágrafo único.  Os períodos de licença de que trata
concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses, o caput não são acumuláveis.
observado o disposto no § 3o, não poderá ultrapassar os
limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2o.  Art. 90. (Vetado)

63
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Seção VII § 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pú-


Da Licença para Tratar de Interesses Particulares blica, sociedade de economia mista ou serviço social au-
tônomo, nos termos de suas respectivas normas, optar
Art. 91.  A critério da Administração, poderão ser conce- pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração
didas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do
esteja em estágio probatório, licenças para o trato de as- cargo em comissão, de direção ou de gerência, a entidade
suntos particulares pelo prazo de até três anos consecutivos, cessionária ou o serviço social autônomo efetuará o reem-
sem remuneração.  bolso das despesas realizadas pelo órgão ou pela entidade
Parágrafo único.  A licença poderá ser interrompida, a qual- de origem.
quer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.  § 3o  A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no
Diário Oficial da União. 
Seção VIII § 4o  Mediante autorização expressa do Presidente da
Da Licença para o Desempenho de Mandato Clas- República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exer-
sista cício em outro órgão da Administração Federal direta que
não tenha quadro próprio de pessoal, para fim determina-
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem do e a prazo certo. 
remuneração para o desempenho de mandato em confede- § 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado
ração, federação, associação de classe de âmbito nacional, ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e
sindicato representativo da categoria ou entidade fiscali- 2º deste artigo. 
zadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência § 6° As cessões de empregados de empresa pública
ou administração em sociedade cooperativa constituída por ou de sociedade de economia mista, que receba recursos
servidores públicos para prestar serviços a seus membros, de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da sua
observado o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 folha de pagamento de pessoal, independem das dispo-
desta Lei, conforme disposto em regulamento e observados sições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste artigo,
os seguintes limites:
ficando o exercício do empregado cedido condicionado a
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados,
autorização específica do Ministério do Planejamento, Or-
2 (dois) servidores;
çamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000
em comissão ou função gratificada. 
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores;
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) asso-
tão, com a finalidade de promover a composição da força
ciados, 8 (oito) servidores.
de trabalho dos órgãos e entidades da Administração Pú-
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores
blica Federal, poderá determinar a lotação ou o exercício
eleitos para cargos de direção ou de representação nas
referidas entidades, desde que cadastradas no órgão com- de empregado ou servidor, independentemente da obser-
petente. vância do constante no inciso I e nos §§ 1° e 2° deste artigo. 
§ 2º A licença terá duração igual à do mandato, poden-
do ser renovada, no caso de reeleição. Seção II
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo
Capítulo V
Dos Afastamentos Art. 94.  Ao servidor investido em mandato eletivo apli-
Seção I cam-se as seguintes disposições:
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou En- I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital,
tidade ficará afastado do cargo;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercí- cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
cio em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos III - investido no mandato de vereador:
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou em serviço a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as
social autônomo instituído pela União que exerça atividades vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do
de cooperação com a administração pública federal, nas se- cargo eletivo;
guintes hipóteses: b) não havendo compatibilidade de horário, será afas-
I - para exercício de cargo em comissão, função de con- tado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remune-
fiança ou, no caso de serviço social autônomo, para o exercí- ração.
cio de cargo de direção ou de gerência; § 1o  No caso de afastamento do cargo, o servidor con-
II - em casos previstos em leis específicas. tribuirá para a seguridade social como se em exercício es-
§ 1º Na hipótese de que trata o inciso I do caput, sendo tivesse.
a cessão para órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito § 2o  O servidor investido em mandato eletivo ou clas-
Federal, dos Municípios ou para serviço social autônomo, sista não poderá ser removido ou redistribuído de ofício
o ônus da remuneração será do órgão ou da entidade ces- para localidade diversa daquela onde exerce o mandato.
sionária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos.

64
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Seção III § 4o  Os servidores beneficiados pelos afastamentos


Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permane-
cer no exercício de suas funções após o seu retorno por um
Art. 95.  O servidor não poderá ausentar-se do País para período igual ao do afastamento concedido. 
estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da § 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do
República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Pre- cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período de
sidente do Supremo Tribunal Federal. permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir
§ 1o  A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Lei no 8.112,
a missão ou estudo, somente decorrido igual período, será de 11 de dezembro de 1990, dos gastos com seu aperfei-
permitida nova ausência. çoamento. 
§ 2o  Ao servidor beneficiado pelo disposto neste arti- § 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que
go não será concedida exoneração ou licença para tratar justificou seu afastamento no período previsto, aplica-se o
de interesse particular antes de decorrido período igual ao disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese comprova-
do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da da de força maior ou de caso fortuito, a critério do dirigen-
despesa havida com seu afastamento. te máximo do órgão ou entidade. 
§ 3o  O disposto neste artigo não se aplica aos servido- § 7o Aplica-se à participação em programa de pós-gra-
res da carreira diplomática. duação no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta
§ 4o  As hipóteses, condições e formas para a autorização Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo. 
de que trata este artigo, inclusive no que se refere à remune-
ração do servidor, serão disciplinadas em regulamento.  Capítulo VI
Das Concessões
Art. 96.  O afastamento de servidor para servir em orga-
nismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual Art. 97.  Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor au-
coopere dar-se-á com perda total da remuneração. sentar-se do serviço:
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
Seção IV II - pelo período comprovadamente necessário para
Do Afastamento para Participação em Programa alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em
de Pós-Graduação Stricto Sensu no País qualquer caso, a dois dias; e (Redação dada pela Medida
Provisória nº 632, de 2013)
Art. 96-A.  O servidor poderá, no interesse da Adminis- III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
tração, e desde que a participação não possa ocorrer simul- a) casamento;
taneamente com o exercício do cargo ou mediante compen- b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madras-
sação de horário, afastar-se do exercício do cargo efetivo, ta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela
com a respectiva remuneração, para participar em pro- e irmãos.
grama de pós-graduação stricto sensu em instituição de
ensino superior no País.  Art. 98.  Será concedido horário especial ao servidor
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre
definirá, em conformidade com a legislação vigente, os o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício
programas de capacitação e os critérios para participação do cargo.
em programas de pós-graduação no País, com ou sem § 1o  Para efeito do disposto neste artigo, será exigida
afastamento do servidor, que serão avaliados por um co- a compensação de horário no órgão ou entidade que tiver
mitê constituído para este fim.  exercício, respeitada a duração semanal do trabalho.
§ 2o Os afastamentos para realização de programas de § 2o  Também será concedido horário especial ao ser-
mestrado e doutorado somente serão concedidos aos ser- vidor portador de deficiência, quando comprovada a ne-
vidores titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou cessidade por junta médica oficial, independentemente de
entidade há pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 compensação de horário. 
(quatro) anos para doutorado, incluído o período de es- § 3º As disposições constantes do § 2o são extensivas
tágio probatório, que não tenham se afastado por licença ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
para tratar de assuntos particulares para gozo de licença deficiência.
capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) § 4o  Será igualmente concedido horário especial, vin-
anos anteriores à data da solicitação de afastamento. culado à compensação de horário a ser efetivada no prazo
§ 3o Os afastamentos para realização de programas de de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade
pós-doutorado somente serão concedidos aos servidores prevista nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei. 
titulares de cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade
há pelo menos quatro anos, incluído o período de estágio Art. 99.  Ao servidor estudante que mudar de sede no
probatório, e que não tenham se afastado por licença para interesse da administração é assegurada, na localidade da
tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste nova residência ou na mais próxima, matrícula em institui-
artigo, nos quatro anos anteriores à data da solicitação de ção de ensino congênere, em qualquer época, independen-
afastamento.  temente de vaga.

65
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único.  O disposto neste artigo estende-se ao I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Mu-
cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor nicípios e Distrito Federal;
que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da fa-
sua guarda, com autorização judicial. mília do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trin-
ta) dias em período de 12 (doze) meses. 
Capítulo VII III - a licença para atividade política, no caso do art. 86,
Do Tempo de Serviço § 2o;
IV - o tempo correspondente ao desempenho de man-
Art. 100.  É contado para todos os efeitos o tempo de ser- dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior
viço público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. ao ingresso no serviço público federal;
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada
Art. 101.  A apuração do tempo de serviço será feita à Previdência Social;
em dias, que serão convertidos em anos, considerado o VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
ano como de trezentos e sessenta e cinco dias. VII - o tempo de licença para tratamento da própria saú-
de que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso
Art. 102.  Além das ausências ao serviço previstas no art. VIII do art. 102. 
97, são considerados como de efetivo exercício os afasta- § 1o   O tempo em que o servidor esteve aposentado
mentos em virtude de: será contado apenas para nova aposentadoria.
I - férias; § 2o  Será contado em dobro o tempo de serviço pres-
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em tado às Forças Armadas em operações de guerra.
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Muni- § 3o  É vedada a contagem cumulativa de tempo de
cípios e Distrito Federal; serviço prestado concomitantemente em mais de um cargo
III - exercício de cargo ou função de governo ou adminis- ou função de órgão ou entidades dos Poderes da União,
tração, em qualquer parte do território nacional, por nomea- Estado, Distrito Federal e Município, autarquia, fundação
ção do Presidente da República; pública, sociedade de economia mista e empresa pública.
IV - participação em programa de treinamento regular-
mente instituído ou em programa de pós-graduação stricto Capítulo VIII
sensu no País, conforme dispuser o regulamento; Do Direito de Petição
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por Art. 104.  É assegurado ao servidor o direito de reque-
merecimento; rer aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou inte-
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; resse legítimo.
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
afastamento, conforme dispuser o regulamento;  Art. 105.  O requerimento será dirigido à autoridade
VIII - licença: competente para decidi-lo e encaminhado por intermé-
a) à gestante, à adotante e à paternidade; dio daquela a que estiver imediatamente subordinado o re-
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vin- querente.
te e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço
público prestado à União, em cargo de provimento efetivo;  Art. 106.  Cabe pedido de reconsideração à autoridade
c) para o desempenho de mandato classista ou partici- que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão,
pação de gerência ou administração em sociedade coopera- não podendo ser renovado. 
tiva constituída por servidores para prestar serviços a seus Parágrafo único.  O requerimento e o pedido de reconsi-
membros, exceto para efeito de promoção por merecimento;  deração de que tratam os artigos anteriores deverão ser des-
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profis- pachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro
sional; de 30 (trinta) dias.
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; 
f) por convocação para o serviço militar; Art. 107.  Caberá recurso: 
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
18; II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
X - participação em competição desportiva nacional ou terpostos.
convocação para integrar representação desportiva nacio- § 1o  O recurso será dirigido à autoridade imediatamen-
nal, no País ou no exterior, conforme disposto em lei espe- te superior à que tiver expedido o ato ou proferido a de-
cífica; cisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais
XI - afastamento para servir em organismo internacio- autoridades.
nal de que o Brasil participe ou com o qual coopere.  § 2o  O recurso será encaminhado por intermédio da
autoridade a que estiver imediatamente subordinado o re-
Art. 103.  Contar-se-á apenas para efeito de aposenta- querente.
doria e disponibilidade:

66
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 108.  O prazo para interposição de pedido de re- exaustivo, porque o servidor deve obediência a todas as
consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar normas legais ou infralegais, e o próprio inciso III do refe-
da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão rido dispositivo é, de certa maneira, uma norma disciplinar
recorrida.  em branco.
“Estes dispositivos preveem, basicamente, um conjunto
Art. 109.  O recurso poderá ser recebido com efeito sus- de normas de conduta e de proibições impostas pela lei
pensivo, a juízo da autoridade competente. aos servidores por ela abrangidos, tendo em vista a pre-
Parágrafo único.  Em caso de provimento do pedido de venção, a apuração e a possível punição de atos e omissões
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagi- que possam por em risco o funcionamento adequado da
rão à data do ato impugnado. administração pública, do posto de vista ético, do ponto
de vista da eficiência e do ponto de vista da legalidade. De-
Art. 110.  O direito de requerer prescreve: correm, estes dispositivos, do denominado Poder Discipli-
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de nar que é aquele conferido à Administração com o objetivo
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afe- de manter sua disciplina interna, na medida em que lhe
tem interesse patrimonial e créditos resultantes das relações atribui instrumentos para punir seus servidores (e também
de trabalho; àqueles que estejam a ela vinculados por um instrumento
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo jurídico determinado - particulares contratados pela Ad-
quando outro prazo for fixado em lei. ministração). [...]“O disposto no Título IV da lei nº 8.112/90
Parágrafo único.  O prazo de prescrição será contado da prevê basicamente um conjunto de obrigações impostas
data da publicação do ato impugnado ou da data da aos servidores por ela regidos. Tais obrigações, ora positi-
ciência pelo interessado, quando o ato não for publicado. vas (os denominados Deveres – art. 116), ora negativas (as
denominadas Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas
Art. 111.  O pedido de reconsideração e o recurso, ensejam sua imediata apuração (art. 143) e uma vez com-
quando cabíveis, interrompem a prescrição. provadas importam na responsabilização administrativa,
a desafiar, então, a aplicação de uma das sanções admi-
Art. 112.  A prescrição é de ordem pública, não poden- nistrativas (art. 127). Não é por outra razão que o art. 124
do ser relevada pela administração. declara que a responsabilidade administrativa resulta da
prática de ato omissivo (quando o servidor deixa de cum-
Art. 113.  Para o exercício do direito de petição, é asse- prir os deveres a ele impostos) ou comissivo (quando viola
gurada vista do processo ou documento, na repartição, proibição) praticado no desempenho do cargo ou função”.
ao servidor ou a procurador por ele constituído.
Capítulo I
Art. 114.  A administração deverá rever seus atos, a Dos Deveres
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.
Art. 116.  São deveres do servidor:
Art. 115.  São fatais e improrrogáveis os prazos esta- Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90 são
belecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior. em muito compatíveis com os previstos no Código de Éti-
Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de petição, ca profissional do Servidor Público Civil do Poder Executi-
assegurado a todos: “são a todos assegurados, indepen- vo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem algumas das
dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição condutas esperadas do servidor público quando do de-
aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ile- sempenho de suas funções. Em resumo, o servidor público
galidade ou abuso de poder;”. Os artigos acima descrevem deve desempenhar suas funções com cuidado, rapidez e
o direito de petição específico dos servidores públicos. pontualidade, sendo leal à instituição que compõe, respei-
tando as ordens de seus superiores que sejam adequadas
Do Regime Disciplinar às funções que desempenhe e buscando conservar o patri-
mônio do Estado. No tratamento do público, deve ser pres-
Título IV tativo e não negar o acesso a informações que não sejam
Do Regime Disciplinar sigilosas. Caso presencie alguma ilegalidade ou abuso de
poder, deve denunciar. Tomam-se como base os ensina-
O regime disciplinar do servidor público civil federal mentos de Lima a respeito destes deveres:
está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres
e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: ambos I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do car-
deveres e proibições são normas protetivas da boa Admi- go;
nistração. Nas duas hipóteses, violado o preceito, cabível é “O primeiro dos deveres insculpidos no regime estatu-
uma punição. Deve-se notar, porém, que os deveres cons- tário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribuições
tam da lei como ações, como conduta positiva; as proibi- funcionais e também ao cuidado com a economia do ma-
ções, ao contrário, são descritas como condutas vedadas terial, os bens da repartição e o patrimônio público. Sob o
ao servidor, de modo que ele deve abster-se de praticá- prisma da disciplina e da conservação dos bens e materiais
-las. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não de modo da repartição, o servidor deve sempre agir com dedicação

67
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

no desempenho das funções do cargo que ocupa, e que c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
lhe foram atribuídas desde o termo de posse. O servidor “Este dever foi insculpido na lei para que o servidor
não é o dono do cargo. Dono do cargo é o Estado que o público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a
remunera. Se o referido cargo não lhe pertence, o servi- imagem desagradável que o mesmo possui perante a so-
dor deve exercer suas funções com o máximo de zelo que ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimento a
estiver ao seu alcance. Sua eventual menor capacidade de informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta engloba
desempenho, para não configurar desídia ou insuficiência o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O servidor
de desempenho, deverá ser compensada com um maior público tem que ser expedito, diligente, laborioso. Não há
esforço e dedicação de sua parte. Se um servidor altamen- mais lugar para o burocrata que se afasta do administra-
te preparado e capaz, vem a praticar atos que configurem do, dificultando a vida de quem necessita de atendimen-
desídia ou mesmo falta mais grave, poderá vir a ser punido. to rápido e escorreito. Entretanto, há um longo caminho a
Porque o que se julgará não é a pessoa do servidor, mas a ser percorrido até que se atinja um mínimo ideal de aten-
conduta a ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas dimento e de funcionamento dos órgãos públicos, o que
às atribuições específicas de sua atividade. O servidor deve deve necessariamente passar por critérios de valorização
ter zelo não somente com os bens e interesses imateriais dos servidores bons e de treinamento e qualificação per-
(a imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o manente dos quadros de pessoal”.
sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e in-
teresses patrimoniais do Estado”. VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou,
II - ser leal às instituições a que servir; quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conheci-
“O servidor que cumprir todos os deveres e normas mento de outra autoridade competente para apuração; 
administrativas já positivadas, consequentemente, é leal à “Todo servidor público é obrigado a dar conhecimento
instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucional é ao chefe da repartição acerca das irregularidades de que
que devemos entender a norma hoje. Sendo assim, o dever toma conhecimento no exercício de suas atribuições. Deve
de lealdade está inserido no Estatuto como norma progra-
levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sistema hie-
mática, orientadora da conduta dos servidores”.
rárquico. Supõe-se que os titulares das chefias ou divisões
detêm um conhecimento maior de como corrigir o erro ou
III - observar as normas legais e regulamentares;
comunicar aos órgãos de controle para a devida apuração.
“A função desta norma é de não deixar sem resposta
De nada adiantaria o servidor, ciente de um ato irregular,
qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a neces-
ir comunicar ao público ou a terceiros. Além do dever de
sária correlação nesses casos que temos de fazer do art.
116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra sigilo, há assuntos que exigem certas reservas, visando ao
lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”. bem do serviço público, da segurança nacional e mesmo
da sociedade”.
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma-
nifestamente ilegais; VII - zelar pela economia do material e a conservação
“O servidor integra a estrutura organizacional do ór- do patrimônio público;
gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado “Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela econo-
se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro mia e pela conservação dos bens públicos presta um des-
dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e serviço à nação que lhe remunera. E como se verá adiante
funções que servem ao cumprimento da vontade do ente poderá ser causa inclusive de demissão, se não cumprir o
estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o presente dever, quando por descumprimento dele a gra-
que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierarquia vidade do fato implicar a infração a normas mais graves”.
existe para que do alto escalão até a prática dos adminis-
trados as coisas funcionem. Disso decorre que quando é VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
emitida uma ordem para o servidor subordinado, este deve “O agente público deve guardar sigilo sobre o que se
dar cumprimento ao comando. Porém quando a ordem é passa na repartição, principalmente quanto aos assuntos
visivelmente ilegal, arbitrária, inconstitucional ou absurda, oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011,
o servidor não é obrigado a dar seguimento ao que lhe é hoje está regulamentado o acesso às informações. Porém,
ordenado. Quando a ordem é manifestamente ilegal? Há o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o fornecimen-
uma margem de interpretação, principalmente se o servi- to ou divulgação das informações exigem um procedimen-
dor subordinado não tiver nenhuma formação de ordem to. Maior cuidado há que se ter, quando a informação pos-
jurídica. Logo, é o bom senso que irá margear o que é fla- sa expor a intimidade da pessoa humana. As informações
grantemente inconstitucional”. pessoais dos administrados em geral devem ser tratadas
forma transparente e com respeito à intimidade, à vida
V - atender com presteza: privada, à honra e à imagem das pessoas, bem como às
a) ao público em geral, prestando as informações reque- liberdades e garantias individuais, segundo o artigo 31, da
ridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; Lei nº 21.527, 2011. A exceção para o sigilo existe, pois, não
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de devemos tratar a questão em termos de cláusula jurídica
direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; de caráter absoluto, podendo ter autorizada a divulgação

68
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ou o acesso por terceiros quando haja previsão legal. Outra XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
exceção é quando há o consentimento expresso da pessoa de poder.
a que elas se referirem. No caso de cumprimento de ordem Parágrafo único.  A representação de que trata o inciso
judicial, para a defesa de direitos humanos, e quando a pro- XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela
teção do interesse público e geral preponderante o exigir, autoridade superior àquela contra a qual é formulada,
também devem ser fornecidas as informações. Portanto, o assegurando-se ao representando ampla defesa.
servidor há que ter reserva no seu comportamento e fala, Caso o funcionário público denuncie outro servidor,
esquivando-se de revelar o conteúdo do que se passa no esta representação será encaminhada a alguém que seja
seu trabalho. Se o assunto pululante é uma irregularidade superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direito
absurda, deve então reduzir a escrito e representar para que à ampla defesa.
se apure o caso. Deveriam diminuir as conversas de corredor “O servidor tem obrigação legal de dar conhecimen-
e se efetivar a apuração dos fatos através do processo admi- to às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver
nistrativo disciplinar. Os assuntos objeto do serviço merecem
ciência em razão do cargo, principalmente no processo
reserva. Devem ficar circunscritos aos servidores designados
em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
para o respectivo trabalho interno, não devendo sair da se-
suas vistas. Não é concebível que o servidor se defronte
ção ou setor de trabalho, sem o trâmite hierárquico do chefe
imediato. Se o assunto ou o trabalho, enfim, merecer divul- com uma irregularidade administrativa e fique inerte. Deve
gação mais ampla, deve ser contatado o órgão de assessoria provocar quem de direito para que a irregularidade seja
de comunicação social, que saberá proceder de forma oficial, sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu círculo
obedecendo ao bom senso e às leis vigentes”. de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá representar
aos órgãos superiores. Assim é que o dever de informar
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- acerca de irregularidades anda de braço dado com o dever
ministrativa; de representar. Não surtindo efeito a notícia da irregulari-
“O ato administrativo não se satisfaz somente com o dade, não corrigida esta, sobrevém o dever de representar.
ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser O dever de representação não deixa de ser uma prerro-
compatível com a moralidade administrativa. O agente gativa legal, investindo o servidor de um múnus público
deve se comportar em seus atos de maneira proba, escor- importante, constituindo o servidor em um curador legal
reita, séria, não atuando com intenções escusas e desvir- do ente público. O mais humilde servidor passa a ser um
tuadas. Seu poder-dever não pode ser utilizado, por exem- agente promotor de legalidade. É claro o inciso XII do art.
plo, para satisfação de interesses menores, como realizar a 116 quando diz que é dever do servidor “representar con-
prática de determinado ato para beneficiar uma amante ou tra ilegalidade, omissão ou abuso de poder”. De modo que
um parente. Se o agente viola o dever de agir com com- também a omissão pode ensejar a representação. A omis-
portamento incompatível com a moralidade administrativa, são do agente que ilegalmente não pratica ato a que se
poderá estar sujeito a sanção disciplinar. Seu ato ímprobo acha vinculado pode até configurar o ilícito penal de pre-
ou imoral configura o chamado desvio de poder, que é to- varicação. O dever de representação deve ser privilegiado,
talmente abominável no Direito Administrativo e poderá mas deve ser usado com o devido equilíbrio, não podendo
ser anulado interna corporis ou judicialmente através da servir a finalidades egoísticas, político-partidárias, induzido
ação popular, ação de ressarcimento ao erário e ação civil por inimizades de cunho pessoal, o que de pronto trespas-
pública se o ato violar direito coletivo ou transindividual”. sará o representante de autor a réu por prática de abuso de
poder ou denunciação caluniosa”.
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
“Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí-
Capítulo II
duo significa ser presente dentro do horário do expedien-
Das Proibições
te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é
aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o que
comparece no horário para as reuniões de trabalho e de- Art. 117.  Ao servidor é proibido: 
mais atividades relacionadas com o exercício do cargo que Em contraposição aos deveres do servidor público,
ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui o dever existem diversas proibições, que também estão em boa
violado, seja por impontualidade, seja por inassiduidade parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação dos
(que ainda não aquela inassiduidade habitual de 60 dias deveres ou a prática de alguma das violações abaixo des-
ensejadora de demissão), merece reprimenda de advertên- critas caracterizam infração administrativa disciplinar.
cia, com fins educativos e de correção do servidor”. “Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo, sua
objetividade e taxatividade, o que veda sua ampliação e o
XI - tratar com urbanidade as pessoas; uso de interpretações analógicas ou sistemáticas visto se-
“No mundo moderno, e máxime em nossa civilização rem condutas restritivas de direitos, sujeitas, portanto, ao
ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur- princípio da reserva legal. O descumprimento dessas proi-
bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo bições podem inclusive, ensejar o enquadramento penal
da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e do servidor, pois muitas das condutas ali descritas, confi-
que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços guram prática de delito penal”.
públicos”.

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prudencial, vá pela súmula, mas se não mencionar nada
prévia autorização do chefe imediato; se atenha ao texto da lei, visto que há pequenas variações
Violação do dever de assiduidade. entre o texto da súmula e o da lei.

II - retirar, sem prévia anuência da autoridade compe- IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
tente, qualquer documento ou objeto da repartição; de outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
Violação do dever de zelo com o patrimônio público. O cargo público serve apenas aos interesses da admi-
nistração pública, ou seja, da coletividade, não aos interes-
III - recusar fé a documentos públicos; ses pessoais do servidor.
É dever do servidor público conferir fé aos documentos
públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança que X - participar de gerência ou administração de socie-
seu cargo possui. Violação do dever de transparência. dade privada, personificada ou não personificada, exercer o
comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou co-
IV - opor resistência injustificada ao andamento de manditário;
documento e processo ou execução de serviço; Não cabe ao servidor público administrar sociedade
Não cabe impedir que o trâmite da administração seja privada, o que pode comprometer sua eficiência e impar-
alterado por um capricho pessoal. Violação ao dever de ce- cialidade no exercício da função pública. No princípio, ou
leridade e eficiência, bem como de impessoalidade. seja, na redação original do Estatuto era proibida apenas a
participação do servidor como sócio gerente ou adminis-
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no trador de empresa privada, exceto na qualidade de mero
recinto da repartição; cotista, acionário ou comanditário. Atualmente, a empresa
Violação do dever de discrição. pode até não estar personificada, por exemplo, não estar
devidamente constituída e registrada nos órgãos compe-
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos tentes (Junta Comercial, fisco estadual, municipal, distrital
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja e federal, e órgãos de controle: ambiental, trabalhista etc.).
de sua responsabilidade ou de seu subordinado; Comprovada detidamente a gerência ou administração da
sociedade particular em concomitância com a pretensa
Quem é designado para o desempenho de uma função
carga horária da repartição pública, deve ser aplicada a pe-
pública deve desempenhá-la, não podendo designar outra
nalidade de demissão.
pessoa para prestar seus serviços ou de seu subordinado.
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de fi-
a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
liarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo
político;
grau, e de cônjuge ou companheiro;
O direito de associação é livre, não podendo um fun-
Não cabe atuar como procurador perante repartições
cionário forçar o seu subordinado a associar-se sindical ou públicas de forma profissional. Daí a limitação à atuação
politicamente. como representante de parente até segundo grau (irmãos,
ascendentes e descendentes, cônjuges e companheiros).
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou fun-
ção de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o XII - receber propina, comissão, presente ou vanta-
segundo grau civil; gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos, A percepção de vantagem indevida gerando enrique-
neto ou descendente, é o termo utilizado para designar o cimento ilícito também caracteriza ato de improbidade ad-
favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em detri- ministrativa de maior gravidade, bem como crime de cor-
mento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que rupção passiva.
diz respeito à nomeação ou elevação de cargos. O Decreto
nº 7.203, de 4 de junho de 2010 dispõe sobre a vedação XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
do nepotismo no âmbito da administração pública federal. estrangeiro;
Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, Trata-se de indício da intenção de praticar atos contrá-
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por rios ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado.
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade no-
meante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investi- XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
do em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de di-
exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As
de função gratificada na Administração Pública direta e in- atividades de empréstimo somente podem ser desempe-
direta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do nhadas com fim lucrativo por instituições credenciadas.
Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Fe- XV - proceder de forma desidiosa;
deral.” Obs.: se o concurso pedir pelo entendimento juris- Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência.

70
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
em serviços ou atividades particulares; -se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
O aparato da administração pública pertence ao Esta- consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
do, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades par- vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons-
ticulares. titucional proibitiva”.

XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas § 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, em-
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e pregos e funções em autarquias, fundações públicas, em-
transitórias; presas públicas, sociedades de economia mista da União,
Cada servidor público tem sua atribuição legal, não do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Mu-
cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas nicípios.
salvo em caso de extrema necessidade. A proibição vale tanto para a administração direta
quanto para a indireta.
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
patíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário § 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con-
de trabalho; dicionada à comprovação da compatibilidade de horários.
O exercício de atividades incompatíveis propicia uma Se o Estado pretende que o desempenho de atividade
violação ao princípio da imparcialidade. cumulada não gere prejuízo à função pública, correto que
exija a comprovação de compatibilidade de horários;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
quando solicitado. § 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção
A atualização de dados cadastrais é necessária para de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
manter a administração ciente da situação de seu servidor. proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
decorram essas remunerações forem acumuláveis na ati-
Parágrafo único.  A vedação de que trata o inciso X do
vidade.
caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: 
Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o agen-
I - participação nos conselhos de administração e fiscal
te se aposente do serviço público e continue o exercendo,
de empresas ou entidades em que a União detenha, direta
recebendo aposentadoria e salário.
ou indiretamente, participação no capital social ou em so-
ciedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus
Art. 119.  O servidor não poderá exercer mais de um
membros; e 
cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo
II - gozo de licença para o trato de interesses particu-
único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em
lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação
sobre conflito de interesses.  órgão de deliberação coletiva. 
Nestes casos, é possível participar diretamente da ad- Cargo em comissão é aquele que não exige aprovação
ministração de sociedade privada, pois o interesse estatal em concurso público, sendo designado para o exercício
não será comprometido. por possuir um vínculo de confiança com o superior. So-
mente é possível exercer 1, salvo interinamente. Da mesma
Capítulo III forma, não cabe remuneração por participar de órgão de
Da Acumulação deliberação coletiva.

Art. 118.  Ressalvados os casos previstos na Constituição, Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica
é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos. à remuneração devida pela participação em conselhos de
Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal: administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
É vedada a acumulação remunerada de cargos públi- quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.  vado o que, a respeito, dispuser legislação específica. 
a) a de dois cargos de professor;  O exercício de função em determinados conselhos de
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou administração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de ex-
científico; ceção ao caput.
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
sionais de saúde, com profissões regulamentadas; Art. 120.  O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido
Segundo Carvalho Filho, “o fundamento da proibição é em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de
impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver
servidor não execute qualquer delas com a necessária efi- compatibilidade de horário e local com o exercício de um
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons- deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou
tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em entidades envolvidos.

71
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for in- A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
vestido de um cargo em comissão, ficará afastado dos car- dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
gos efetivos a não ser que exista compatibilidade de ho- limites da herança, embora existam reflexos na ação que
rários e local com um deles, caso em que se afastará de apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es-
somente um cargo efetivo. fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
“Os artigos 118 a 120 da lei nº 8.112/90 ao tratarem da autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam, uma absolvição por falta de provas não o faz).
no âmbito do serviço público federal a vedação genérica Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que, por
República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
constitui uma das infrações mais comuns praticadas por violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusiva-
servidores públicos, o que se constata observando o eleva- mente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central do
do número de processos administrativos instaurados com instituto da responsabilidade civil, que tem como elemen-
esse objeto. O sistema adotado pela lei nº 8.112/90 é rela- tos: ação ou omissão voluntária (agir como não se deve
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agente
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso (dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e
nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa
situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a e efeito entre a ação/omissão e o dano causado) e dano
lei em comentário, um processo administrativo simplifica- (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser in-
do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração dividual ou coletivo, moral ou material, econômico e não
dessa infração – art. 133” . econômico).
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
Capítulo IV
Das Responsabilidades As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos da-
Art. 121.  O servidor responde civil, penal e adminis-
nos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
trativamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
Segundo Carvalho Filho, “a responsabilidade se origina
casos de dolo ou culpa.
de uma conduta ilícita ou da ocorrência de determinada
situação fática prevista em lei e se caracteriza pela natureza
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí-
do campo jurídico em que se consuma. Desse modo, a res-
dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau-
ponsabilidade pode ser civil, penal e administrativa. Cada
responsabilidade é, em princípio, independente da outra”. sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela-
É possível que o mesmo fato gere responsabilidade ci- ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá
vil, penal e administrativa, mas também é possível que este ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao
gere apenas uma ou outra espécie de responsabilidade. qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re-
Daí o fato das responsabilidades serem independentes: o gresso é justamente o direito de acionar o causador direto
mesmo fato pode gerar a aplicação de qualquer uma delas, do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
cumulada ou isoladamente. considerada a existência de uma relação obrigacional que
se forma entre a vítima e a instituição que o agente com-
Art. 122.  A responsabilidade civil decorre de ato omis- põe.
sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
prejuízo ao erário ou a terceiros. te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
§ 1o  A indenização de prejuízo dolosamente causado te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
ao erário somente será liquidada na forma prevista no art. que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
46, na falta de outros bens que assegurem a execução do condutas incompatíveis com o comportamento ético dele
débito pela via judicial. esperado.
§ 2o  Tratando-se de dano causado a terceiros, responde- A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
rá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
§ 3o  A obrigação de reparar o dano estende-se aos su- contraditório e ampla defesa.
cessores e contra eles será executada, até o limite do valor Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com
da herança recebida. culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor
O instituto da responsabilidade civil é parte integran- que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (ad-
te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse- ministrado), o servidor terá o dever de indenizar.
quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera
para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen- Art. 123.  A responsabilidade penal abrange os crimes
to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano A responsabilidade penal do servidor decorre de uma
deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res- conduta que a lei penal tipifique como infração penal, ou
taurando-se o equilíbrio social. seja, como crime ou contravenção penal.

72
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O servidor poderá ser responsabilizado apenas penal- Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili-
mente, uma vez que somente caberá responsabilização zado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à
civil se o ato tiver causado prejuízo ao erário (elemento autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvi-
dano). mento desta, a outra autoridade competente para apuração
Os crimes contra a Administração Pública se encon- de informação concernente à prática de crimes ou improbi-
tram nos artigos 312 a 326 do Código Penal, mas existem dade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência
outros crimes espalhados pela legislação específica. do exercício de cargo, emprego ou função pública.
Este dispositivo visa garantir que os servidores públi-
Art. 124.  A responsabilidade civil-administrativa re- cos denunciem os servidores hierarquicamente superiores.
sulta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem- Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem ser
penho do cargo ou função. responsabilizados civil, penal ou administrativamente por
Quando o servidor pratica um ilícito administrativo, a tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse que
ela não procedia.
ele é atribuída responsabilidade administrativa. O ilícito
pode verificar-se por conduta comissiva ou omissiva e os
Capítulo V
fatos que o configuram são os previstos na legislação es-
Das Penalidades
tatutária. Por exemplo, as sanções aplicadas pela Comissão
de Ética por violação ao Decreto n° 1.171/94 são adminis- Art. 127.  São penalidades disciplinares:
trativas. I - advertência;
II - suspensão;
Art. 125.  As sanções civis, penais e administrativas po- III - demissão;
derão cumular-se, sendo independentes entre si. IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
Se as responsabilidades se cumularem, também as V - destituição de cargo em comissão;
sanções serão cumuladas. Daí afirmar-se que tais respon- VI - destituição de função comissionada.
sabilidades são independentes, ou seja, não dependem A advertência é a pena mais leve, um aviso de que o
uma da outra. funcionário se portou de forma inadequada e de que isso
não deve se repetir. A suspensão é uma sanção intermediá-
Art. 126.  A responsabilidade administrativa do servidor ria, fazendo com que o funcionário deixe de desempenhar
será afastada no caso de absolvição criminal que negue o cargo por certo período. Na demissão, o funcionário não
a existência do fato ou sua autoria. mais exercerá o cargo, sendo assim sanção mais grave. Ou-
Determinadas decisões na esfera penal geram exclu- tras sanções são cassação da aposentadoria ou disponibi-
são da responsabilidade nas esferas civil e administrativa, lidade, destituição do cargo em comissão, destituição da
quais sejam: absolvição por inexistência do fato ou negati- função comissionada.
va de autoria. A absolvição criminal por falta de provas não
gera exclusão da responsabilidade civil e administrativa. Art. 128.  Na aplicação das penalidades serão conside-
A absolvição proferida na ação penal, em regra, nada radas a natureza e a gravidade da infração cometida,
prejudica a pretensão de reparação civil do dano ex delic- os danos que dela provierem para o serviço público, as cir-
to, conforme artigos 65, 66 e 386, IV do CPP: “art. 65. Faz cunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes
coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter funcionais.
sido o ato praticado em estado de necessidade, em legíti- Parágrafo único.  O ato de imposição da penalidade
ma defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no mencionará sempre o fundamento legal e a causa da san-
ção disciplinar. 
exercício regular de direito” (excludentes de antijuridi-
De forma fundamentada, justificada, se escolherá por
cidade); “art. 66. não obstante a sentença absolutória no
uma ou outra sanção, conforme a gravidade do ato pra-
juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não
ticado.
tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência
material do fato”; “art. 386, IV –  estar provado que o réu Art. 129.  A advertência será aplicada por escrito, nos
não concorreu para a infração penal”. casos de violação de proibição constante do art. 117, inci-
Entendem Fuller, Junqueira e Machado: “a absolvição sos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional
dubitativa (motivada por juízo de dúvida), ou seja, por falta previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não
de provas, (art. 386, II, V e VII, na nova redação conferi- justifique imposição de penalidade mais grave.
da ao CPP), não empresta qualquer certeza ao âmbito da Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117.
jurisdição civil, restando intocada a possibilidade de, na A norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra vio-
ação civil de conhecimento, ser provada e reconhecida a lação de dever funcional que não exija sanção mais grave.
existência do direito ao ressarcimento, de acordo com o
grau de cognição e convicção próprios da seara civil (na Art. 130.  A suspensão será aplicada em caso de reinci-
esfera penal, a decisão de condenação somente pode ser dência das faltas punidas com advertência e de violação
lastreada em juízo de certeza, tendo em vista o princípio das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita
constitucional do estado de inocência)”. a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90
(noventa) dias.

73
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A suspensão é uma sanção administrativa intermediá- VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;


ria, aplicável se as práticas sujeitas a advertência se repe- IX - revelação de segredo do qual se apropriou em ra-
tirem ou em caso de infração grave que ainda assim não zão do cargo;
gere pena de demissão. X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
§ 1o  Será punido com suspensão de até 15 (quin- mônio nacional;
ze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser XI - corrupção;
submetido a inspeção médica determinada pela autorida- XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
de competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez ções públicas;
cumprida a determinação. Na verdade, são atos de improbidade administrativa,
Trata-se de hipótese específica em que será aplicada então nem precisariam ser mencionados.
suspensão.
§ 2o  Quando houver conveniência para o serviço, a pe- XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117.
base de 50% (cinquenta por cento) por dia de vencimento
ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permane- Art. 133.  Detectada a qualquer tempo a acumulação
cer em serviço. ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a auto-
Se for inconveniente para a administração pública abrir ridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por
mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu venci- intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção
mento/remuneração diário pelo número de dias de sus- no prazo improrrogável de dez dias, contados da data da
pensão. O servidor não poderá se recusar a permanecer ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento su-
em serviço. mário para a sua apuração e regularização imediata, cujo
processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas
Art. 131.  As penalidades de advertência e de suspen- seguintes fases:
são terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 I - instauração, com a publicação do ato que consti-
(três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, tuir a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis,
se o servidor não houver, nesse período, praticado nova in- e simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da
fração disciplinar. transgressão objeto da apuração;
Parágrafo único.  O cancelamento da penalidade não II - instrução sumária, que compreende indiciação, de-
surtirá efeitos retroativos. fesa e relatório; 
O bom comportamento posterior do servidor faz com III - julgamento.
que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspensão § 1o  A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-
(após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que não sig- -se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materia-
nifica que o servidor poderá requerer, por exemplo, o pa- lidade pela descrição dos cargos, empregos ou funções
gamento referente aos dias que ficou suspenso. públicas em situação de acumulação ilegal, dos órgãos
ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, do
Art. 132.  A demissão será aplicada nos seguintes casos: horário de trabalho e do correspondente regime jurídi-
I - crime contra a administração pública; co.
Artigos 312 a 326 do Código Penal. § 2o  A comissão lavrará, até três dias após a publicação
do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão
II - abandono de cargo; transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior,
III - inassiduidade habitual; bem como promoverá a citação pessoal do servidor indicia-
Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em ex- do, ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo
cesso. de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe
vista do processo na repartição, observado o disposto nos
IV - improbidade administrativa; arts. 163 e 164.
Atos descritos na Lei n° 8.429/92. § 3o  Apresentada a defesa, a comissão elaborará rela-
tório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
repartição; opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará
Ausência de discrição no exercício das funções. o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à autori-
dade instauradora, para julgamento.
VI - insubordinação grave em serviço; § 4o  No prazo de cinco dias, contados do recebimento
Violação grave do dever de obediência hierárquica. do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão,
aplicando-se, quando for o caso, o disposto no § 3o do art.
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, 167.
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; § 5o  A opção pelo servidor até o último dia de prazo
Ofensa física a servidor ou administrado que não para para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se con-
se defender. verterá automaticamente em pedido de exoneração do outro
cargo.

74
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 6o  Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má- O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lograr
-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassa- proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignida-
ção de aposentadoria ou disponibilidade em relação aos de da função pública ou que tenha  atuado como procura-
cargos, empregos ou funções públicas em regime de acu- dor ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo em
mulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de hipóteses específicas, não poderá ser investido em cargo
vinculação serão comunicados.  público federal pelo prazo de 5 anos.
§ 7o  O prazo para a conclusão do processo adminis-
trativo disciplinar submetido ao rito sumário não excede- Parágrafo único.  Não poderá retornar ao serviço públi-
rá trinta dias, contados da data de publicação do ato que co federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo
constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por até em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII,
quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem. X e XI.
§ 8o  O procedimento sumário rege-se pelas disposi- Vide incisos I, IV, VIII, X e XI do artigo 132. Nestes casos,
ções deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, não caberá jamais retorno ao serviço público federal, dian-
subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V desta Lei. te da gravidade dos atos praticados.
O artigo descreve o procedimento em caso de violação
do dever de não acumular cargos ilicitamente. No início, Art.  138.   Configura abandono de cargo a ausência
o servidor será notificado para se manifestar optando por intencional do servidor ao serviço por mais de trinta
um cargo. Se ficar omisso ou se recusar fazer a opção, será dias consecutivos.
instaurado processo administrativo disciplinar. Nele, o ser- Conceito de abandono de cargo: ausência intencional
vidor poderá apresentar defesa no sentido de ser lícita a por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão.
cumulação. Mas até o último dia do prazo para defesa o
servidor poderá optar por um caso, caso em que o proce- Art. 139.  Entende-se por inassiduidade habitual a fal-
dimento se converterá em pedido de exoneração do cargo ta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias,
não escolhido, presumindo-se a boa-fé do servidor. interpoladamente, durante o período de doze meses.
Conceito de inassiduidade habitual, que também gera
Art. 134.  Será cassada a aposentadoria ou a dispo- demissão: ausência por 60 dias num período de 12 meses
nibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, de forma injustificada.
falta punível com a demissão.
Supondo que o servidor tenha praticado ato punível Art. 140.  Na apuração de abandono de cargo ou inas-
com demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evitará siduidade habitual, também será adotado o procedimento
que sua aposentadoria seja cassada, assim como ele seria sumário a que se refere o art. 133, observando-se especial-
demitido se no exercício das funções. mente que: 
I - a indicação da materialidade dar-se-á: 
Art. 135.  A destituição de cargo em comissão exer- a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação
cido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos precisa do período de ausência intencional do servidor ao
casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e serviço superior a trinta dias; 
de demissão. b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos
Parágrafo único.  Constatada a hipótese de que trata dias de falta ao serviço sem causa justificada, por período
este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será igual ou superior a sessenta dias interpoladamente, durante
convertida em destituição de cargo em comissão. o período de doze meses;
Logo, a destituição do cargo em comissão por quem II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará
não ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comis- relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabili-
sionado aplicar não só os atos sujeitos à pena de demissão, dade do servidor, em que resumirá as peças principais dos
mas também os sujeitos à pena de suspensão. autos, indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hi-
pótese de abandono de cargo, sobre a intencionalidade da
Art. 136.  A demissão ou a destituição de cargo em co- ausência ao serviço superior a trinta dias e remeterá o pro-
missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, im- cesso à autoridade instauradora para julgamento.
plica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao Por indicação de materialidade, entenda-se demons-
erário, sem prejuízo da ação penal cabível. tração do fato. É preciso indicar especificamente os dias
Nos casos de demissão e destituição do cargo em co- faltados.
missão, os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimento Adota-se o procedimento do art. 133.
do prejuízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação penal
própria. Art. 141.  As penalidades disciplinares serão aplicadas:
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das
Art. 137.  A demissão ou a destituição de cargo em Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo
comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incom- Procurador-Geral da República, quando se tratar de demis-
patibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo são e cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servi-
público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. dor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;

75
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

II - pelas autoridades administrativas de hierarquia Processo administrativo disciplinar


imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso an-
terior  quando se tratar de suspensão superior a 30 (trin- Título V
ta) dias; Do Processo Administrativo Disciplinar
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na for- Capítulo I
ma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos Disposições Gerais
de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregula-
quando se tratar de destituição de cargo em comissão. ridade no serviço público é obrigada a promover a sua
Presidente da República/Presidentes da Câmara dos apuração imediata, mediante sindicância ou processo
Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tribu- administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla
nais Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Procura- defesa.
dor-Geral da República - demissão ou cassação de apo- §§ 1º e 2º (Revogados)
sentadoria/disponibilidade do servidor vinculado ao órgão § 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação
(sanções mais graves). da autoridade a que se refere, poderá ser promovida por
Autoridade administrativa de hierarquia imediatamen- autoridade de órgão ou entidade diverso daquele em
te inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30 dias que tenha ocorrido a irregularidade, mediante compe-
(sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por tência específica para tal finalidade, delegada em caráter
maior período). permanente ou temporário pelo Presidente da Repúbli-
Chefe da repartição e outras autoridades previstas no ca, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos
regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República,
(sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por me- no âmbito do respectivo Poder, órgão ou entidade, preser-
nor período). vadas as competências para o julgamento que se seguir à
Autoridade que houver feito a nomeação, em qualquer apuração.
cargo de comissão, independente da pena.
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão ob-
Art. 142.  A ação disciplinar prescreverá:
jeto de apuração, desde que contenham a identificação e o
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
endereço do denunciante e sejam formuladas por escrito,
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
confirmada a autenticidade.
destituição de cargo em comissão;
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configu-
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
rar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denún-
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
cia será arquivada, por falta de objeto.
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em
que o fato se tornou conhecido.
§ 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também I - arquivamento do processo;
como crime. II - aplicação de penalidade de advertência ou sus-
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de pro- pensão de até 30 (trinta) dias;
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão fi- III - instauração de processo disciplinar.
nal proferida por autoridade competente. Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicân-
§ 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo co- cia não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorro-
meçará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. gado por igual período, a critério da autoridade superior.
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
direito de acionar judicialmente. Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servi-
No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais dor ensejar a imposição de penalidade de suspensão
graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de sus- por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de
pensão) e 180 dias para as menos graves (pena de adver- aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de
tência) - Contados da data em que o fato se tornou conhe- cargo em comissão, será obrigatória a instauração de
cido pela administração pública. processo disciplinar.
Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos A sindicância é uma modalidade mais branda de apu-
prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos ração da infração administrativa porque ou gerará a apli-
favoráveis ao servidor. cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá
Interrupção da prescrição significa parar a contagem o processo administrativo disciplinar que aplique a san-
do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber- ção mais grave, entendendo-se por sanções mais graves
tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar qualquer uma pior do que suspensão por menos de 30
até a decisão final proferida por autoridade competente dias (suspensão por mais de 30 dias, além de todas as
não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa outras que geram perda do cargo ou da aposentadoria).
a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais propor
ação disciplinar.

76
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Capítulo II § 1º Sempre que necessário, a comissão dedicará tem-


Do Afastamento Preventivo po integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dis-
pensados do ponto, até a entrega do relatório final.
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servi- § 2º As reuniões da comissão serão registradas em
dor não venha a influir na apuração da irregularidade, atas que deverão detalhar as deliberações adotadas.
a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá de- Este capítulo introduz aspectos sobre o processo admi-
terminar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo nistrativo que serão aprofundados adiante e na própria lei
de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração. nº 9.784/99. Em suma, tem-se que o processo administra-
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado tivo deve garantir a ampla defesa, será conduzido por uma
por igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda comissão de 3 membros funcionários estáveis que decidi-
que não concluído o processo. rão com independência e imparcialidade, divide-se em 3
O afastamento preventivo é uma medida cautelar que fases e possui prazo limite de duração (60, eventualmente
impede que o servidor tente influenciar na decisão da apu- +60).
ração de sua infração, podendo ocorrer por no máximo 60
dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda de remuneração Seção I
(afinal, ainda não foi condenado). Do Inquérito
Capítulo III Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao prin-
Do Processo Disciplinar cípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla de-
fesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento desti- direito.
nado a apurar responsabilidade de servidor por infração
praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha rela- Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o pro-
ção com as atribuições do cargo em que se encontre investido. cesso disciplinar, como peça informativa da instrução.
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindi-
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co-
cância concluir que a infração está capitulada como ilícito
missão composta de três servidores estáveis designados
penal, a autoridade competente encaminhará cópia dos
pela autoridade competente, observado o disposto no § 3o
autos ao Ministério Público, independentemente da ime-
do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu presidente, que
diata instauração do processo disciplinar.
deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo
nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do
indiciado. Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor desig- a tomada de depoimentos, acareações, investigações e
nado pelo seu presidente, podendo a indicação recair em diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recor-
um de seus membros. rendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de modo a
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicân- permitir a completa elucidação dos fatos.
cia ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou cola- Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar
teral, até o terceiro grau. o processo pessoalmente ou por intermédio de procurador,
arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e contrapro-
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com in- vas e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial.
dependência e imparcialidade, assegurado o sigilo ne- § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedi-
cessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da dos considerados impertinentes, meramente protelatórios,
administração. ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comis- § 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quan-
sões terão caráter reservado. do a comprovação do fato independer de conhecimento
especial de perito.
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas se-
guintes fases: Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor
I - instauração, com a publicação do ato que constituir mediante mandado expedido pelo presidente da comissão,
a comissão; devendo a segunda via, com o ciente do interessado, ser ane-
II - inquérito administrativo, que compreende instru- xado aos autos.
ção, defesa e relatório; Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
III - julgamento. a expedição do mandado será imediatamente comunicada
ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do dia e
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo discipli- hora marcados para inquirição.
nar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de
publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re-
prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por
exigirem. escrito.

77
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente. § 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade ins-
§ 2º Na hipótese de depoimentos contraditórios ou tauradora do processo designará um servidor como defen-
que se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os de- sor dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo supe-
poentes. rior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual
ou superior ao do indiciado.
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a co-
missão promoverá o interrogatório do acusado, observa- Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará
dos os procedimentos previstos nos arts. 157 e 158. relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles autos e mencionará as provas em que se baseou para formar
será ouvido separadamente, e sempre que divergirem em a sua convicção.
suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será pro- § 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à ino-
movida a acareação entre eles. cência ou à responsabilidade do servidor.
§ 2º O procurador do acusado poderá assistir ao in- § 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co-
terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar trans-
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, gredido, bem como as circunstâncias agravantes ou ate-
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermédio do nuantes.
presidente da comissão.
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co-
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade missão, será remetido à autoridade que determinou a
mental do acusado, a comissão proporá à autoridade com- sua instauração, para julgamento.
petente que ele seja submetido a exame por junta médica O inquérito é uma das fases do processo administrati-
oficial, da qual participe pelo menos um médico psiquiatra. vo disciplinar, obedecendo às regras descritas nesta seção,
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será destacando-se as que tratam da produção de provas.
processado em auto apartado e apenso ao processo princi-
pal, após a expedição do laudo pericial. Seção II
Do Julgamento
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será for-
mulada a indiciação do servidor, com a especificação dos Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do
fatos a ele imputados e das respectivas provas. recebimento do processo, a autoridade julgadora profe-
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido rirá a sua decisão.
pelo presidente da comissão para apresentar defesa escri- § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada
ta, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do da autoridade instauradora do processo, este será encami-
processo na repartição. nhado à autoridade competente, que decidirá em igual
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será co- prazo.
mum e de 20 (vinte) dias. § 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo sanções, o julgamento caberá à autoridade competente
dobro, para diligências reputadas indispensáveis. para a imposição da pena mais grave.
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente § 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cas-
na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da sação de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento
data declarada, em termo próprio, pelo membro da comis- caberá às autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
são que fez a citação, com a assinatura de (2) duas teste- § 4º Reconhecida pela comissão a inocência do ser-
munhas. vidor, a autoridade instauradora do processo determinará
o seu arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à
Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obri- prova dos autos.
gado a comunicar à comissão o lugar onde poderá ser
encontrado. Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comis-
são, salvo quando contrário às provas dos autos.
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e Parágrafo único. Quando o relatório da comissão con-
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário Ofi- trariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá,
cial da União e em jornal de grande circulação na localidade motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la
do último domicílio conhecido, para apresentar defesa. ou isentar o servidor de responsabilidade.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para
defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a
do edital. autoridade que determinou a instauração do processo ou
outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regular- ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de ou-
mente citado, não apresentar defesa no prazo legal. tra comissão para instauração de novo processo.
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do § 1º O julgamento fora do prazo legal não implica nu-
processo e devolverá o prazo para a defesa. lidade do processo.

78
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição Art. 177. O requerimento de revisão do processo será
de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equiva-
do Capítulo IV do Título IV. lente, que, se autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao
dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a disciplinar.
autoridade julgadora determinará o registro do fato nos as- Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade com-
sentamentos individuais do servidor. petente providenciará a constituição de comissão, na forma
do art. 149.
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como
crime, o processo disciplinar será remetido ao Ministério Pú- Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo ori-
blico para instauração da ação penal, ficando trasladado na ginário.
repartição. Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá
dia e hora para a produção de provas e inquirição das teste-
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar munhas que arrolar.
só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado volun-
tariamente, após a conclusão do processo e o cumpri- Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias
mento da penalidade, acaso aplicada. para a conclusão dos trabalhos.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o
parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora,
demissão, se for o caso. no que couber, as normas e procedimentos próprios da
comissão do processo disciplinar.
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que
da sede de sua repartição, na condição de testemunha, de- aplicou a penalidade, nos termos do art. 141.
nunciado ou indiciado; Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20
(vinte) dias, contados do recebimento do processo, no curso
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
do qual a autoridade julgadora poderá determinar diligên-
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a rea-
cias.
lização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos.
Nesta seção, trata-se do julgamento do processo ad-
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada
ministrativo disciplinar, que não será feito pela comissão,
sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se to-
mas pela autoridade competente para aplicar a sanção.
dos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição
Afinal, a comissão apenas indica qual o ato praticado pelo do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
indiciamento. Se houver mais de um indiciado e as sanções Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá
forem diversas, julga a autoridade de maior nível hierárqui- resultar agravamento de penalidade.
co. Ex: autoridade que pode aplicar suspensão não pode A revisão do processo consiste na possibilidade do ser-
aplicar demissão, de forma que se a um dos indiciados vidor condenado requerer que sua condenação seja revista
couber demissão será a autoridade que pode aplicar esta se surgirem novos fatos ou circunstâncias que justifiquem
pena que aplicará também a suspensão ao outro indiciado. sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais leve. Poderá
ser requerida ao ministro de Estado ou autoridade de mesma
Seção III hierarquia e será apensada ao processo administrativo origi-
Da Revisão do Processo nário. O julgamento será feito pela mesma autoridade que
aplicou a pena. Se apurado que na verdade a pena deveria
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a ser maior, não cabe agravar a situação do servidor.
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzi-
rem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justifi-
car a inocência do punido ou a inadequação da penali-
dade aplicada. 3.2 LEI Nº 9.784/1999, E SUAS ALTERAÇÕES
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desapareci- (PROCESSO ADMINISTRATIVO).
mento do servidor, qualquer pessoa da família poderá re-
querer a revisão do processo.
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a
revisão será requerida pelo respectivo curador. LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999.

Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe Regula o processo administrativo no âmbito da Admi-
ao requerente. nistração Pública Federal.

Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalida- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
de não constitui fundamento para a revisão, que requer gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
elementos novos, ainda não apreciados no processo originário.

79
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO I meios para a pessoa responder acusações e buscar as re-


DAS DISPOSIÇÕES GERAIS formas previstas em lei para decisões que a prejudiquem;
contraditório é a oitiva da outra pessoa sempre que a que
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o pro- se encontra no outro polo da relação se manifestar; segu-
cesso administrativo no âmbito da Administração Federal rança jurídica é a garantia social de que as leis serão res-
direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direi- peitadas e cobrirão o mais vasto rol re relações socialmente
tos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins relevantes possível; interesse público é o interesse de toda
da Administração. a coletividade; eficiência é a junção da economicidade com
Processo é “a relação jurídica integrada por algumas a produtividade, aliando gastos sem que se perca em qua-
pessoas, que nela exercem várias atividades direcionadas lidade da atividade desempenhada.
para determinado fim”. Tratando-se de uma relação admi- Há, ainda, princípios implícitos no decorrer da lei: pu-
nistrativa, a relação jurídica traduzirá um processo adminis- blicidade; oficialidade; informalismo ou formalismo mo-
trativo. Logo, processo administrativo é “o instrumento que derado; gratuidade (a atuação na esfera administrativa é
formaliza a sequência ordenada de atos e de atividades do gratuita); pluralidade de instâncias; economia processual;
Estado e dos particulares a fim de ser produzida uma von- participação popular.
tade final da Administração”19.
Processo administrativo não se confunde com procedi- Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
mento administrativo. O primeiro pressupõe a sucessão or- observados, entre outros, os critérios de:
denada de atos concatenados visando à edição de um ato I - atuação conforme a lei e o Direito;
final, ou seja, é o conjunto de atos que visa à obtenção de II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a re-
decisão sobre uma controvérsia no âmbito administrativo; núncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
o segundo corresponde ao rito, conjunto de formalidades autorização em lei;
que deve ser observado para a prática de determinados O interesse coletivo deve sempre predominar.
atos, e é realizado no interior do processo, para viabilizá-lo. III - objetividade no atendimento do interesse público,
vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
A Lei n° 9.784/99 estabelece as regras para o processo
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, de-
administrativo e institui um sistema normativo que fornece
coro e boa-fé;
uniformidade aos diversos procedimentos administrativos
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressal-
em trâmite.
vadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
Neste sentido, o art. 5°, XXXIII, CF: “todos têm direito
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos ór-
a receber dos órgãos públicos informações de seu interes-
gãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quan-
se particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
do no desempenho de função administrativa. prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
Vale para as três esferas de poder. ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segu-
rança da sociedade e do Estado”.
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposi-
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutu- ção de obrigações, restrições e sanções em medida superior
ra da Administração direta e da estrutura da Administração àquelas estritamente necessárias ao atendimento do inte-
indireta; resse público;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de perso- A única razão para o Estado interferir é em razão do
nalidade jurídica; interesse da coletividade.
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito
de poder de decisão. que determinarem a decisão;
Não basta que a decisão indique os fundamentos ju-
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre ou- rídicos, devendo também associá-los aos fatos apurados.
tros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, VIII - observância das formalidades essenciais à garan-
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla tia dos direitos dos administrados;
defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse pú- IX - adoção de formassimples, suficientes para propi-
blico e eficiência. ciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos di-
Legalidade é o respeito estrito da lei; finalidade é a reitos dos administrados;
prática de todo e qualquer ato visando um único fim, o in- Respeito às formalidades não significa excesso de for-
teresse público; motivação é a necessidade de fundamen- malismo.
tação de todas as decisões; razoabilidade é a tomada de X - garantia dos direitos à comunicação, à apresenta-
decisões racionais e corretas; proporcionalidade é o equi- ção de alegações finais, à produção de provas e à inter-
líbrio que deve se fazer presente na tomada de decisões; posição de recursos, nos processos de que possam resultar
moralidade é o conhecimento das leis éticas que repousam sanções e nas situações de litígio;
no seio social; ampla defesa é a necessidade de se garantir XI - proibição de cobrança de despesas processuais,
19 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de ressalvadas as previstas em lei;
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen ju- XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo,
ris, 2010. sem prejuízo da atuação dos interessados;

80
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

XIII - interpretação da norma administrativa da forma No entendimento de Hely Lopes Meirelles20, os proces-
que melhor garanta o atendimento do fim público a que se so administrativos são divididos em quatro modalidades,
dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. da seguinte maneira:
Se o entendimento mudar, não atinge casos passados. a) Processo de expediente: denominação imprópria
conferida a toda autuação que tramita pelas repartições
CAPÍTULO II públicas por provocação do interessado ou por determina-
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS ção interna da Administração, para receber solução conve-
niente. Não tem procedimento próprio ou rito sacramental,
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos pe- seguindo pelos canais rotineiros para informações, pare-
rante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe se- ceres, despacho final da chefia competente e subsequente
jam assegurados: arquivamento. Tais expedientes, que a rotina chama inde-
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servi- vidamente de “processo”, não geram, nem alteram, nem
dores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o suprimem direitos dos administrados, da Administração
cumprimento de suas obrigações; ou de seus servidores, apenas encerram papéis, registram
II - ter ciência da tramitação dos processos administra- situações administrativas, recebem pareceres e despachos
tivos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos de tramitação ou meramente enunciativos de situações
autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer pré-existentes, a exemplo dos pedidos de certidões, das
as decisões proferidas; apresentações de documentos para certos registros inter-
III - formular alegações e apresentar documentos an- nos e outros da rotina burocrática.
tes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo b) Processo de outorga: todo aquele em que se plei-
órgão competente; teia algum direito ou situação individual perante a Admi-
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, nistração. Em regra, tem rito especial, mas não contraditó-
salvo quando obrigatória a representação, por força de lei. rio, a não ser quando há oposição de terceiros ou impug-
Quando for parte num processo administrativo a pes- nação da própria Administração. Nestes casos, é preciso
soa tem direito a ser tratada com respeito, a obter infor- dar oportunidade de defesa ao interessado, sob pena de
mações sobre o trâmite, a nele se manifestar e juntar do- nulidade da decisão final. São exemplos desse tipo os pro-
cumentos e, apenas se quiser, ser assistida por advogado. cessos de licenciamento de edificações, de licença de habi-
Logo, é opcional a presença de advogado. te-se, de alvará de funcionamento, de isenção tributária e
outros que consubstanciam pretensões de natureza nego-
CAPÍTULO III cial entre o particular e a Administração ou envolvam ativi-
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO dades sujeitas à fiscalização do Poder Público. As decisões
finais proferidas nesses processos tornam-se vinculantes e
Art. 4o São deveres do administrado perante a Adminis- irretratáveis pela Administração porque, geralmente, ge-
tração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: ram direito subjetivo para o beneficiário, salvo quando aos
I - expor os fatos conforme a verdade; atos precários, que, por sua natureza, admitam modifica-
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; ção ou supressão sumária a qualquer tempo. Nos demais
III - não agir de modo temerário; casos a decisão é definitiva e só modificável quando eivada
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e de nulidade originária, ou por infração das normas legais
colaborar para o esclarecimento dos fatos. no decorrer da execução, ou, ainda, por interesse público
O administrado não pode tentar se aproveitar da Ad- superveniente que justifique a revogação da outorga com
ministração, trazendo fatos irreais, tumultuando e confun- a devida indenização, que pode chegar ao caso de prévia
dindo o processo. Deve sempre proceder para esclarecer desapropriação.
os fatos de maneira verdadeira. c) Processo de controle: todo aquele em que a Admi-
nistração realiza verificações e declara situações, direitos
CAPÍTULO IV ou condutas do administrado ou de servidor, com cará-
DO INÍCIO DO PROCESSO ter vinculante para as partes. Tais processos, normalmente,
têm rito próprio e, quando neles se deparam irregularida-
A partir deste ponto, são visíveis as fases do processo des puníveis, exigem oportunidade de defesa ao interessa-
administrativo: a) instauração, com apresentação escrita do, antes do seu encerramento, sob pena de invalidade do
dos fatos e indicação do direito que ensejam o processo, resultado da apuração. O processo de controle, também
ou seja, é preciso descrever os fatos e delimitar o objeto chamado de determinação ou de declaração, não se con-
da controvérsias, sem o que não há plenitude de defesa; b) funde com o processo punitivo, porque, enquanto neste
instrução, fase de elucidação dos fatos, na qual são pro- se apura a falta e se aplica a penalidade cabível, naquele
duzidas as provas, com a participação do interessado; c) apenas se verifica a situação ou a conduta do agente e se
defesa, que deve ser ampla; d) relatório, que é elaborado proclama o resultado para efeitos futuros. São exemplos de
pelo presidente do processo, sendo uma peça opinativa, processos administrativos de controle os de prestação de
que não vincula a autoridade competente; e) julgamen- contas perante órgãos públicos, os de verificação de ativi-
to, quando a decisão é proferida pela autoridade ou órgão 20 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo bra-
competente sobre o objeto do processo. sileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

81
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

dades sujeitas à fiscalização, o de lançamento tributário e Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão
o de consulta fiscal. Nesses processos a decisão final é vin- elaborar modelos ou formulários padronizados para
culante para a Administração e para o interessado, embora assuntos que importem pretensões equivalentes.
nem sempre seja autoexecutável, dependendo da instaura-
ção de outro processo administrativo, de caráter punitivo Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de in-
ou disciplinar, ou, mesmo, de ação civil ou criminal, ou, ain- teressados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
da, do pronunciamento executório de outro Poder. poderão ser formulados em um único requerimento, salvo
d) Processo punitivo: todo aquele promovido pela Ad- preceito legal em contrário.
ministração para imposição de penalidade por infração à As regras a respeito do início do processo adminis-
lei, regulamento ou contrato. Esses processos devem ser trativo mostram que a Administração tem interesse de
necessariamente contraditórios, com oportunidade de de- que o administrado tenha acesso à via decisória admi-
fesa e estrita observância do devido processo legal, sob nistrativa. Por isso, embora exija formalidades, se coloca
pena de nulidade da sanção imposta. A sua instauração numa posição de esclarecedora de falhas e de responsá-
deve ser baseada em auto de infração, representação ou vel por direcionamentos quanto ao conteúdo dos reque-
peça equivalente, iniciando-se com a exposição minucio- rimentos. Não obstante, aceita requerimento coletivo se
sa dos atos ou fatos ilegais ou administrativamente ilícitos, o conteúdo e o fundamento dele for idêntico.
atribuídos ao indiciado e indicação da norma ou convenção
infringida. O processo punitivo poderá ser realizado por CAPÍTULO V
um só representante da Administração ou por comissão. O DOS INTERESSADOS
essencial é que se desenvolva com regularidade formal em
todas as suas fases, para legitimar a sanção imposta a final. Art. 9o São legitimados como interessados no pro-
Nesses procedimentos são adotáveis, subsidiariamente, os cesso administrativo:
preceitos do processo penal comum, quando não confli- I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como ti-
tantes com as normas administrativas pertinentes. Embora tulares de direitos ou interesses individuais ou no exer-
a graduação das sanções administrativas – demissão, mul- cício do direito de representação;
ta, embargo de obra, destruição de coisas, interdição de II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm di-
atividade e outras – seja discricionária, não é arbitrária e, reitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão
por isso, deve guardar correspondência e proporcionalida- a ser adotada;
de com a infração apurada no respectivo processo, além III - as organizações e associaçõesrepresentativas,
de estar expressamente prevista em norma administrativa, no tocante a direitos e interesses coletivos;
pois não é dado à Administração aplicar penalidade não IV - as pessoas ou as associações legalmente consti-
estabelecida em lei, decreto ou contrato, como não o é tuídas quanto a direitos ou interesses difusos.
sem o devido processo legal, que se erige em garantia in-
dividual de nível constitucional. Art. 10. São capazes, para fins de processo adminis-
trativo, os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de especial em ato normativo próprio.
ofício ou a pedido de interessado. “Além das pessoas físicas ou jurídicas titulares de di-
A autoridade responsável pelo processamento pode reitos e interesses diretos, podem ser interessadas pes-
iniciar o processo administrativo, mas um interessado tam- soas que possam ter direitos ameaçados em decorrên-
bém pode pedir que o faça. cia da decisão do processo; também as organizações e
associações representativas podem defender interesses
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo ca- coletivos e as pessoas ou associações legítimas podem
sos em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado invocar a tutela de interesses difusos”21.
por escrito e conter os seguintes dados: Interesses coletivos são os que pertencem a um gru-
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; po que não se sabe o número total mas cujo numero
II - identificação do interessado ou de quem o repre- total é possível ser definido pois os critérios para definir
sente; quem faz parte dele são claros, sendo necessário que o
III - domicílio do requerente ou local para recebimento número de atingidos seja relevante (sob pena de se ca-
de comunicações; racterizar apenas interesse individual homogêneo). O in-
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e teresse coletivo se difere do interesse difuso porque no
de seus fundamentos; interesse difuso não é possível estabelecer com clareza
V - data e assinatura do requerente ou de seu repre- quem faz parte do grupo e quem não faz. 
sentante.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa
imotivada de recebimento de documentos, devendo o ser-
vidor orientar o interessado quanto ao suprimento de even- 21 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di-
tuais falhas. reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

82
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO VI CAPÍTULO VII


DA COMPETÊNCIA DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pe- Art. 18. É impedido de atuar em processo administrati-
los órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, vo o servidor ou autoridade que:
salvo os casos de delegação e avocação legalmente admiti- I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
dos. II - tenha participado ou venha a participar como pe-
Se a um órgão administrativo foi atribuído o dever de rito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocor-
apurar determinadas matérias por processo administrativo, rem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até
ele não pode se omitir. o terceiro grau;
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.
se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impe-
não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for dimento deve comunicar o fato à autoridade competente,
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, abstendo-se de atuar.
social, econômica, jurídica ou territorial. Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o im-
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo apli- pedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares.
ca-se à delegação de competência dos órgãos colegiados
aos respectivos presidentes. Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade
ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges,
I - a edição de atos de caráter normativo; companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
II - a decisão de recursos administrativos;
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição pode-
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou
rá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo.
autoridade.
No impedimento é vedada a participação porque in-
tensa a possibilidade de que não se permaneça isento na
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser
condução do processo, na suspeição o risco é menor mas
publicados no meio oficial.
- ainda assim - o afastamento é conveniente22 (por isso o
§ 1o  O ato de delegação especificará as matérias e
processo continua em andamento se a alegação de suspei-
poderes transferidos, os limites da atuação do delegado,
ção for afastada e dela se recorrer).
a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível,
podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada. CAPÍTULO VIII
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PRO-
pela autoridade delegante. CESSO
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem men-
cionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão Art. 22. Os atos do processo administrativo não depen-
editadas pelo delegado. dem de forma determinada senão quando a lei expressa-
Delegação é a transferência da competência para deci- mente a exigir.
dir, não havendo lei que a proíba. O ato de delegação não § 1o Os atos do processo devem ser produzidos por es-
pode ser genérico, devendo delimitar qual a abrangência crito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização
da transferência (matérias e poderes). Tal delegação pode e a assinatura da autoridade responsável.
ser cancelada a qualquer tempo. § 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma so-
mente será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por § 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia
motivos relevantes devidamente justificados, a avocação poderá ser feita pelo órgão administrativo.
temporária de competência atribuída a órgão hierarquica- § 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas
mente inferior. sequencialmente e rubricadas.
Avocar é trazer de volta para si aquilo que delegou a
outrem, o que poderá ocorrer por um período de tempo. Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias
úteis, no horário normal de funcionamento da repartição
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulga- na qual tramitar o processo.
rão publicamente os locais das respectivas sedes e, quando Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário
conveniente, a unidade fundacional competente em matéria normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o
de interesse especial. curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado
ou à Administração.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o pro-
cesso administrativo deverá ser iniciado perante a autorida- 22 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Novo curso de di-
de de menor grau hierárquico para decidir. reito processual civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 1.

83
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do ór- Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do pro-
gão ou autoridade responsável pelo processo e dos adminis- cesso que resultem para o interessado em imposição de de-
trados que dele participem devem ser praticados no prazo de veres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos
cinco dias, salvo motivo de força maior. e atividades e os atos de outra natureza, de seu inte-
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser resse.
dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência ao interes-
sado de alguma decisão ou do dever de comparecer para
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferen- prestar informações. Ela possui um conteúdo específico e
cialmente na sede do órgão, cientificando-se o interessado deve ser feita pessoalmente, a não ser quando o interes-
se outro for o local de realização. sado for indeterminado, desconhecido ou com domicílio
Não existem muitas formalidades que cercam os atos desconhecido, caso em que se aceitará intimação por edi-
do processo administrativo, mas é preciso que eles se- tal. Não obedecidas as formalidades, a intimação é nula, de
jam escritos em vocabulário adequado com data, local e forma que é como se os atos do processo que deveriam
assinatura. Diante da dispensa de formalidades, não seria ser cientificados não o tivessem sido, fazendo com que ele
razoável sempre exigir reconhecimento da assinatura. Os volte ao estágio em que a pessoa deveria ter sido intimada.
atos são praticados em dias úteis (segunda a sábado), no O desatendimento de uma intimação não faz com que se
horário regular de funcionamento da repartição. O prazo presuma que o intimado estava errado. Destaque para o
para a prática dos atos é de cinco dias, prorrogáveis para art. 28, que delimita as espécies de situações em que cabe
10 mediante justificação (na prática, não é o que acontece intimação.
porque a Administração é sobrecarregada de processos e
não há sanção pelo descumprimento do prazo). CAPÍTULO X
DA INSTRUÇÃO
CAPÍTULO IX
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averi-
guar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o
realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão res-
processo administrativo determinará a intimação do inte-
ponsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interes-
ressado para ciência de decisão ou a efetivação de dili-
sados de propor atuações probatórias.
gências.
§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar
§ 1o A intimação deverá conter:
dos autos os dados necessários à decisão do processo.
I - identificação do intimado e nome do órgão ou enti-
§ 2o  Os atos de instrução que exijam a atuação dos
dade administrativa;
interessados devem realizar-se do modo menos oneroso
II - finalidade da intimação;
III - data, hora e local em que deve comparecer; para estes.
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou Atividades de instrução são as atividades de produção
fazer-se representar; de provas no processo. Sob o aspecto objeto, prova é “o
V - informação da continuidade do processo indepen- conjunto de meios produtores da certeza jurídica ou o con-
dentemente do seu comparecimento; junto de meios utilizados para demonstrar a existência de
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais perti- fatos relevantes para o processo”; sob o aspecto subjetivo,
nentes. prova “é a própria convicção que se forma no espírito do
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de julgador a respeito da existência ou inexistência de fatos
três dias úteis quanto à data de comparecimento. alegados no processo”23.
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no pro-
cesso, por via postal com aviso de recebimento, por tele- Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as
grama ou outro meio que assegure a certeza da ciência provas obtidas por meios ilícitos.
do interessado.
§ 4o No caso de interessados indeterminados, desco- Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assun-
nhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser to de interesse geral, o órgão competente poderá, median-
efetuada por meio de publicação oficial. te despacho motivado, abrir período de consulta pública
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem ob- para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido,
servância das prescrições legais, mas o comparecimento do se não houver prejuízo para a parte interessada.
administrado supre sua falta ou irregularidade. § 1o A abertura da consulta pública será objeto de di-
vulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo
o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a para oferecimento de alegações escritas.
direito pelo administrado.
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será 23LOPES, João Batista. A prova no Direito Proces-
garantido direito de ampla defesa ao interessado. sual Civil. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2007.

84
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, O interessado deve provar o que alegou, salvo quan-
por si, a condição de interessado do processo, mas confere do a prova estiver em documento que esteja em poder da
o direito de obter da Administração resposta fundamenta- Administração, caso em que ela deverá de ofício provê-los
da, que poderá ser comum a todas as alegações substan- (ou cópias).
cialmente iguais.
Consulta Pública é um sistema criado com o objetivo Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e an-
de auxiliar na elaboração e coleta de opiniões da sociedade tes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres,
sobre temas de importância. Esse sistema permite intensi- requerer diligências e perícias, bem como aduzir alega-
ficar a articulação entre a representatividade e a sociedade, ções referentes à matéria objeto do processo.
permitindo que a sociedade participe da formulação e defi- § 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados
nição de políticas públicas. O IBAMA costuma utilizar deste na motivação do relatório e da decisão.
recurso na tomada de suas decisões24. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante deci-
são fundamentada, as provas propostas pelos interessados
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autori-
quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou
dade, diante da relevância da questão, poderá ser realizada
protelatórias.
audiência pública para debates sobre a matéria do pro-
O interessado tem direito à prova, juntando documen-
cesso.
“Audiência pública é um instrumento que leva a uma tos e requerendo diligências e perícias, mas não pode abu-
decisão política ou legal com legitimidade e transparência. sar deste direito, requerendo provas não autorizadas pelo
Cuida-se de uma instância no processo de tomada da de- direito, que não tenham a ver com o caso ou que apenas
cisão administrativa ou legislativa, através da qual a auto- visem prorrogar o processo.
ridade competente abre espaço para que todas as pessoas
que possam sofrer os reflexos dessa decisão tenham opor- Art. 39. Quando for necessária a prestação de informa-
tunidade de se manifestar antes do desfecho do processo. ções ou a apresentação de provas pelos interessados ou ter-
É através dela que o responsável pela decisão tem acesso, ceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencio-
simultaneamente e em condições de igualdade, às mais va- nando-se data, prazo, forma e condições de atendimento.
riadas opiniões sobre a matéria debatida, em contato dire- Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, po-
to com os interessados”25.  derá o órgão competente, se entender relevante a matéria,
suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em ma- decisão.
téria relevante, poderão estabelecer outros meios de parti-
cipação de administrados, diretamente ou por meio de orga- Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solici-
nizações e associações legalmente reconhecidas. tados ao interessado forem necessários à apreciação de pe-
dido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública Administração para a respectiva apresentação implicará ar-
e de outros meios de participação de administrados deverão quivamento do processo.
ser apresentados com a indicação do procedimento adotado. O interessado deve ser intimado quando for necessária
a apresentação de informações ou provas e, não compare-
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a cendo perante a Administração, embora não se presuma
audiência de outros órgãos ou entidades administrativas po- que ela esteja correta, será feito o arquivamento do pro-
derá ser realizada em reunião conjunta, com a participação
cesso. Diante disso, o interessado poderá, no futuro, abri-lo
de titulares ou representantes dos órgãos competentes, la-
novamente.
vrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos.
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que
tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão diligência ordenada, com antecedência mínima de três
competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. dias úteis, mencionando-se data, hora e local de realização.

Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e da- Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
dos estão registrados em documentos existentes na pró- órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo
pria Administração responsável pelo processo ou em outro máximo de quinze dias, salvo norma especial ou compro-
órgão administrativo, o órgão competente para a instrução vada necessidade de maior prazo.
proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de
respectivas cópias. ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento
até a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem
24 http://www.ibama.gov.br/servicos/consulta-publica der causa ao atraso.
25 SOARES, Evanna. A audiência pública no processo § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante dei-
administrativo. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 58, 1 xar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter
ago. 2002 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/tex- prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuí-
to/3145>. Acesso em: 26 mar. 2013. zo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

As situações são diferentes conforme o parecer obri- I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
gue que a decisão seja tomada num determinado sentido II - imponham ou agravem deveres, encargos ou san-
(vinculante) ou não. ções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam seleção pública;
ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos admi- IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de proces-
nistrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo assi- so licitatório;
nalado, o órgão responsável pela instrução deverá solicitar V - decidam recursos administrativos;
laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação e ca- VI - decorram de reexame de ofício;
pacidade técnica equivalentes. VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e re-
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direi- latórios oficiais;
to de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou con-
outro prazo for legalmente fixado. validação de ato administrativo.
Produzidas as provas, antes da decisão, o interessado § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruen-
poderá se manifestar. te, podendo consistir em declaração de concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pú- ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
blica poderá motivadamente adotar providências acautela- § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza,
doras sem a prévia manifestação do interessado. pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fun-
Providências acautelatórias são aquelas que deveriam damentos das decisões, desde que não prejudique direito ou
ser tomadas num determinado momento do processo mas, garantia dos interessados.
para evitar que ela se torne impossível posteriormente, ela § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e
é antecipada. Por exemplo, oitiva de uma testemunha que comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata
ou de termo escrito.
está no leito de morte.
A Administração não pode impor arbitrariamente suas
decisões, devendo justificá-las. Quando da decisão de um
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo
processo administrativo deverá explicar em que normas ju-
e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e
rídicas se baseou e como elas se interligam aos fatos apu-
documentos que o integram, ressalvados os dados e docu-
rados. É possível fazer remissões a pareceres, informações,
mentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à
decisões ou propostas, mas é preciso fazê-lo de forma ex-
privacidade, à honra e à imagem.
plícita, clara e congruente. O uso de tecnologias otimiza
os serviços, mas é preciso atenção a cada caso, não preju-
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente dicando direito ou garantia do interessado. Toda decisão
para emitir a decisão final elaborará relatório indicando o deverá ser transcrita, caso seja proferida oralmente.
pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e for-
mulará proposta de decisão, objetivamente justificada, en- CAPÍTULO XIII
caminhando o processo à autoridade competente. DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO
DO PROCESSO
CAPÍTULO XI
DO DEVER DE DECIDIR Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação
escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formu-
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamen- lado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.
te emitir decisão nos processos administrativos e sobre so- § 1o Havendo vários interessados, a desistência ou re-
licitações ou reclamações, em matéria de sua competência. núncia atinge somente quem a tenha formulado.
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, confor-
Art. 49. Concluída a instrução de processo administra- me o caso, não prejudica o prosseguimento do processo,
tivo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para se a Administração considerar que o interesse público as-
decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente sim o exige.
motivada.
A autoridade competente não pode se eximir de deci- Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto
dir, possuindo um prazo de 30 dias após o fim do processo o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto
administrativo para tanto. da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por
fato superveniente.
CAPÍTULO XII Caso o interessado não queira prosseguir com o pro-
DA MOTIVAÇÃO cesso poderá desistir dele por completo ou de parte dele,
mas se o interesse público for maior a Administração po-
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, derá continuar (por exemplo, indícios de que o interessado
com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, praticou um ilícito contra a Administração). Se existir mais
quando: de um interessado, a desistência só atinge o que desistiu.

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Extinção é o término do processo, que se dará quando Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo
sua finalidade tiver acabado ou quando seu objeto se tor- por três instâncias administrativas, salvo disposição legal
nar impossível inútil ou prejudicado. diversa.

CAPÍTULO XIV Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso admi-
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO nistrativo:
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, no processo;
quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indireta-
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados mente afetados pela decisão recorrida;
os direitos adquiridos. III - as organizações e associações representativas, no
tocante a direitos e interesses coletivos;
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os interesses difusos.
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que Para recorrer a parte tem que ter interesse, de forma
foram praticados, salvo comprovada má-fé. que algum direito ou garantia que ela estava defendendo
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o pra- no processo tenha obtido uma decisão contrária.
zo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro
pagamento. Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qual- o prazo para interposição de recurso administrativo, con-
quer medida de autoridade administrativa que importe im- tado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão re-
pugnação à     validade do ato. corrida.
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarreta- administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de
rem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão
atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser conva- competente.
lidados pela própria Administração. § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá
Os atos viciados, ou seja, que tenham sido praticados ser prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
contrários às formalidades legais, deverão ser anulados. Se a lei não dispuser de modo diverso, a parte tem até
Poderão também ser anulados atos não viciados no exer- 10 dias para recorrer e, do recebimento dos autos, a au-
cício da discricionariedade administrativa, mas para tanto toridade tem até 30 dias para julgar, os quais podem ser
é preciso respeitar os direitos adquiridos dos interessados. prorrogados por mais 30.

CAPÍTULO XV Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimen-


DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO to no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do
pedido de reexame, podendo juntar os documentos que jul-
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em gar convenientes.
face de razões de legalidade e de mérito.
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso
a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco não tem efeito suspensivo.
dias, o encaminhará à autoridade superior. Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso ad- difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a au-
ministrativo independe de caução. toridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de
§ 3o  Se o recorrente alegar que a decisão administra- ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
tiva contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à Significa que a decisão recorrida será cumprida, inde-
autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a recon- pendentemente de haver recurso pendente. No entanto,
siderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à autori- tal efeito suspensivo pode ser concedido, conforme a ex-
dade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilida- ceção do parágrafo único.
de da súmula, conforme o caso.
O recurso poderá questionar se houve correta aplica- Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para
ção da lei ou se houve correta interpretação dos fatos. Ele dele conhecer deverá intimar os demais interessados para
será interposto para a autoridade que proferiu a decisão, que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
que poderá reconsiderar em 5 dias e, caso não o faça, en- Antes de decidir se irá apreciar o recurso, ou seja, dar
caminhará à autoridade superior. início ao seu processamento, as partes devem ser ouvidas
Súmula vinculante é uma espécie de orientação profe- no prazo de 5 dias.
rida pelo Supremo Tribunal Federal de observância obriga-
tória em todas instâncias de julgamento, judiciais ou admi- Art. 63. O recurso não será conhecido quando inter-
nistrativas. posto:
I - fora do prazo;

87
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

II - perante órgão incompetente; § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro


III - por quem não seja legitimado; dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não
IV - após exaurida a esfera administrativa. houver expediente ou este for encerrado antes da hora nor-
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorren- mal.
te a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo
para recurso. contínuo.
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Ad- § 3o  Os prazos fixados em meses ou anos contam-se
ministração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia
ocorrida preclusão administrativa. equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o
Por não conhecimento entende-se a não apreciação do último dia do mês.
mérito do recurso porque ele não preencheu alguma das
formalidades legais. Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente com-
provado, os prazos processuais não se suspendem.
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso po-
Publicados oficialmente os atos, o prazo começa a cor-
derá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
rer, excluído o dia da publicação e incluído o dia do ven-
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
cimento. Ex: prazo de 10 dias - decisão proferida dia 1º,
competência.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste ar- começa a contar do dia 2º, indo até o dia 11, dia do venci-
tigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este mento, que é incluído. Se dia 2º não fosse dia útil, começa-
deverá ser cientificado para que formule suas alegações an- ria a se contar do 1º dia útil que o seguisse, assim como se
tes da decisão. dia 11 não o fosse somente haveria vencimento no 1º dia
Se a situação do recorrente puder piorar, deverá ele ser útil que o seguisse.
cientificado para se manifestar. Somente se suspende um prazo por motivo de força
maior.
Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enuncia-
do da súmula vinculante, o órgão competente para decidir CAPÍTULO XVII
o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplica- DAS SANÇÕES
bilidade da súmula, conforme o caso.
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade
Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a re- competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em
clamação fundada em violação de enunciado da súmula obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o
vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao ór- direito de defesa.
gão competente para o julgamento do recurso, que deverão As sanções aplicadas serão: pagamento de quantia cer-
adequar as futuras decisões administrativas em casos seme- ta, ou seja, de valor em dinheiro; ou então obrigação de
lhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas fazer ou não fazer algo.
cível, administrativa e penal.
Ao julgar procedente a reclamação, o STF anulará o ato CAPÍTULO XVIII
administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
determinando que outra seja proferida com ou sem aplica-
ção da súmula, conforme o caso. Também se dará ciência à Art. 69. Os processos administrativos específicos conti-
autoridade prolatora para que passe a decidir conforme a
nuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas
Súmula VInculante violada.
subsidiariamente os preceitos desta Lei.
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem
Art. 69-A.  Terão prioridade na tramitação, em qual-
sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido
ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstân- quer órgão ou instância, os procedimentos administrativos
cias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da em que figure como parte ou interessado:
sanção aplicada. I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá re- anos;
sultar agravamento da sanção. II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
Se surgirem novos fatos ou circunstâncias um processo III - (VETADO)
já encerrado pode ser revisto, mas eventual sanção aplica- IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose
da não poderá ser agravada. múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversí-
vel e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
CAPÍTULO XVI espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopa-
DOS PRAZOS tia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte de-
formante), contaminação por radiação, síndrome de imuno-
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data deficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em
da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença
do começo e incluindo-se o do vencimento. tenha sido contraída após o início do processo.

88
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1o  A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade
administrativa competente, que determinará as providências a serem cumpridas.
§ 2o  Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.
§ 3o  (VETADO) 
§ 4o  (VETADO) 

Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


A Lei nº 9.784/99 é apenas subsidiária às demais leis que de alguma forma abordem os procedimentos administrativos.
Ou seja, será usada quando não houver regulamentação específica.

Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o da Independência e 111o da República.

3.3 LEI Nº 12.527/2011 (LEI DE ACESSO À


INFORMAÇÃO).

Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.

A Lei nº 12.527, sancionada em 18 de novembro de 2011, tem o propósito de regulamentar o direito constitucional de
acesso dos cidadãos às informações públicas e seus dispositivos são aplicáveis aos três Poderes da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.
A publicação da Lei de Acesso a Informações significa um importante passo para a consolidação democrática do Brasil
e também para o sucesso das ações de prevenção da corrupção no país. Por tornar possível uma maior participação popu-
lar e o controle social das ações governamentais, o acesso da sociedade às informações públicas permite que ocorra uma
melhoria na gestão pública.
No Brasil, o direito de acesso à informação pública foi previsto na Constituição Federal, no inciso XXXIII do Capítulo I -
dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos - que dispõe que: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.
A Constituição também tratou do acesso à informação pública no Art. 5º, inciso XIV, Art. 37, § 3º, inciso II e no Art. 216,
§ 2º. São estes os dispositivos que a Lei de Acesso a Informações regulamenta, estabelecendo requisitos mínimos para a
divulgação de informações públicas e procedimentos para facilitar e agilizar o seu acesso por qualquer pessoa.

Mapa da lei:

 Tema Localização  Palavras-chave


Garantias do direito de acesso Artigos 3, 6, 7 Princípios do direito de acesso/Compromisso do
Estado
Regras sobre a divulgação de rotina ou Artigos 8 e 9 Categorias de informação/Serviço de Informações
proativa de informações ao Cidadão/Modos de divulgar
Processamento de pedidos de Informação Artigos Identificação e pesquisa de documentos/Meios de
10,11,12,13 e divulgação/Custos/Prazos de atendimento
14
Direito de recurso a recusa de  Artigos 15 ao Pedido de desclassificação/Autoridades
liberação de informação 20 responsáveis/Ritos legais
Exceções ao direito de acesso Artigos 21 ao Níveis de classificação/Regras/Justificativa do não-
30 acesso
Tratamento de informações Artigo 31 Respeito às liberdades e garantias individuais
Pessoais
Responsabilidade dos Artigos 32, 33, Condutas ilícitas/Princípio do contraditório
agentes públicos 34

89
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Acesso: Quais as exceções? Art. 2o  Aplicam-se as disposições desta Lei, no que
A informação sob a guarda do Estado é sempre públi- couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que
ca, devendo o acesso a ela ser restringido apenas em casos recebam, para realização de ações de interesse público,
específicos e por período de tempo determinado. recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante
A Lei de Acesso a Informações no Brasil prevê como subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria,
exceções à regra de acesso os dados pessoais e as informa- convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congê-
ções classificadas por autoridades como sigilosas. neres. 
Dados Pessoais são aquelas informações relacionadas Parágrafo único.  A publicidade a que estão submetidas
à pessoa natural identificada ou identificável. Seu trata- as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos re-
mento deve ser feito de forma transparente e com respeito cursos públicos recebidos e à sua destinação, sem pre-
à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, juízo das prestações de contas a que estejam legalmente
bem como às liberdades e garantias individuais. obrigadas. 
As informações pessoais não são públicas e terão seu
acesso restrito, independentemente de classificação de si- Art. 3o  Os procedimentos previstos nesta Lei desti-
gilo, pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da nam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à
sua data de produção. Elas sempre podem ser acessadas informação e devem ser executados em conformidade com
pelos próprios indivíduos e, por terceiros, apenas em casos os princípios básicos da administração pública e com as se-
excepcionais previstos na Lei. guintes diretrizes: 
Informações classificadas como sigilosas são aquelas I - observância da publicidade como preceito geral
cuja Lei de Acesso a Informações prevê alguma restrição de e do sigilo como exceção; 
acesso, mediante classificação por autoridade competente, II - divulgação de informações de interesse público,
visto que são consideradas imprescindíveis à segurança da independentemente de solicitações; 
sociedade (à vida, segurança ou saúde da população) ou III - utilização de meios de comunicação viabiliza-
do Estado (soberania nacional, relações internacionais, ati- dos pela tecnologia da informação; 
vidades de inteligência).
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de
Conforme a Lei de Acesso a Informações, a informação
transparência na administração pública; 
pública pode ser classificada como:
V - desenvolvimento do controle social da adminis-
- Ultrassecreta prazo de segredo: 25 anos (renovável
tração pública. 
uma única vez)
- Secreta prazo de segredo: 15 anos
Art. 4o  Para os efeitos desta Lei, considera-se: 
- Reservada prazo de segredo: 5 anos26
I - informação: dados, processados ou não, que podem
ser utilizados para produção e transmissão de conhecimen-
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII
do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 to, contidos em qualquer meio, suporte ou formato; 
da Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de de- II - documento: unidade de registro de informações,
zembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de qualquer que seja o suporte ou formato; 
2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; III - informação sigilosa: aquela submetida tempo-
e dá outras providências. rariamente à restrição de acesso público em razão de sua
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA  Faço saber que o Con- imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:  Estado; 
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa
CAPÍTULO I natural identificada ou identificável; 
DISPOSIÇÕES GERAIS V - tratamento da informação: conjunto de ações
referentes à produção, recepção, classificação, utilização,
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a se- acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição,
rem observados pela União, Estados, Distrito Federal e arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação,
Municípios, com o fim de garantir o acesso a informa- destinação ou controle da informação; 
ções previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do VI - disponibilidade: qualidade da informação que
art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal.  pode ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamen-
Parágrafo único.  Subordinam-se ao regime desta Lei:  tos ou sistemas autorizados; 
I - os órgãos públicos integrantes da administração di- VII - autenticidade: qualidade da informação que te-
reta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes nha sido produzida, expedida, recebida ou modificada por
de Contas, e Judiciário e do Ministério Público;  determinado indivíduo, equipamento ou sistema; 
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas VIII - integridade: qualidade da informação não modi-
públicas, as sociedades de economia mista e demais enti- ficada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino; 
dades controladas direta ou indiretamente pela União, IX - primariedade: qualidade da informação coletada
Estados, Distrito Federal e Municípios.  na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem mo-
dificações. 
26 http://www.acessoainformacao.gov.br/

90
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 5o  É dever do Estado garantir o direito de acesso à § 4o  A negativa de acesso às informações objeto de pe-
informação, que será franqueada, mediante procedimen- dido formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1o,
tos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em quando não fundamentada, sujeitará o responsável a medi-
linguagem de fácil compreensão.  das disciplinares, nos termos do art. 32 desta Lei. 
§ 5o  Informado do extravio da informação solicitada,
CAPÍTULO II poderá o interessado requerer à autoridade competente a
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGA- imediata abertura de sindicância para apurar o desapareci-
ÇÃO mento da respectiva documentação. 
§ 6o  Verificada a hipótese prevista no § 5o deste arti-
Art. 6o  Cabe aos órgãos e entidades do poder público, go, o responsável pela guarda da informação extraviada
observadas as normas e procedimentos específicos aplicá- deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar
veis, assegurar a:  testemunhas que comprovem sua alegação. 
I - gestão transparente da informação, propiciando
amplo acesso a ela e sua divulgação;  Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promo-
II - proteção da informação, garantindo-se sua dispo- ver, independentemente de requerimentos, a divulgação
nibilidade, autenticidade e integridade; e  em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências,
III - proteção da informação sigilosa e da informa- de informações de interesse coletivo ou geral por eles
ção pessoal, observada a sua disponibilidade, autenticida- produzidas ou custodiadas. 
de, integridade e eventual restrição de acesso.  § 1o  Na divulgação das informações a que se refere
o caput, deverão constar, no mínimo: 
Art. 7o  O acesso à informação de que trata esta Lei I - registro das competências e estrutura organizacional,
compreende, entre outros, os direitos de obter:  endereços e telefones das respectivas unidades e horários de
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução atendimento ao público; 
de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encon- II - registros de quaisquer repasses ou transferências de
trada ou obtida a informação almejada; 
recursos financeiros; 
II - informação contida em registros ou documentos,
III - registros das despesas; 
produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades,
IV - informações concernentes a procedimentos licitató-
recolhidos ou não a arquivos públicos; 
rios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como
III - informação produzida ou custodiada por pessoa físi-
a todos os contratos celebrados; 
ca ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com
V - dados gerais para o acompanhamento de progra-
seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha
mas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e 
cessado; 
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. 
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; 
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos § 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos
e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e entidades públicas deverão utilizar todos os meios e ins-
e serviços;  trumentos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a
VI - informação pertinente à administração do patrimô- divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computa-
nio público, utilização de recursos públicos, licitação, contra- dores (internet). 
tos administrativos; e  § 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de
VII - informação relativa:  regulamento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: 
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que per-
programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, mita o acesso à informação de forma objetiva, transparente,
bem como metas e indicadores propostos;  clara e em linguagem de fácil compreensão; 
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to- II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos for-
madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno matos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais
e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercí- como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das
cios anteriores.  informações; 
§ 1o  O acesso à informação previsto no caput não com- III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas ex-
preende as informações referentes a projetos de pesquisa e ternos em formatos abertos, estruturados e legíveis por má-
desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja quina; 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.  IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para
§ 2o  Quando não for autorizado acesso integral à in- estruturação da informação; 
formação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o V - garantir a autenticidade e a integridade das infor-
acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou mações disponíveis para acesso; 
cópia com ocultação da parte sob sigilo.  VI - manter atualizadas as informações disponíveis para
§ 3o  O direito de acesso aos documentos ou às infor- acesso; 
mações neles contidas utilizados como fundamento da to- VII - indicar local e instruções que permitam ao interes-
mada de decisão e do ato administrativo será assegurado sado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o
com a edição do ato decisório respectivo.  órgão ou entidade detentora do sítio; e 

91
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a III - comunicar que não possui a informação, indicar, se
acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a de-
nos termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro tém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou en-
de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das tidade, cientificando o interessado da remessa de seu pedido
Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislati- de informação. 
vo no 186, de 9 de julho de 2008.  § 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por
§ 4o Os Municípios com população de até 10.000 (dez mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual
mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigató- será cientificado o requerente. 
ria na internet a que se refere o § 2o, mantida a obrigatorie- § 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das infor-
dade de divulgação, em tempo real, de informações relativas mações e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão
à execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos ou entidade poderá oferecer meios para que o próprio reque-
previstos no art. 73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de rente possa pesquisar a informação de que necessitar. 
§ 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de
maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). 
informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente de-
verá ser informado sobre a possibilidade de recurso, prazos
Art. 9o  O acesso a informações públicas será assegu-
e condições para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe
rado mediante: 
indicada a autoridade competente para sua apreciação. 
I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos § 5o A informação armazenada em formato digital será
órgãos e entidades do poder público, em local com condições fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente. 
apropriadas para:  § 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao pú-
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a blico em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro
informações;  meio de acesso universal, serão informados ao requerente, por
b) informar sobre a tramitação de documentos nas escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter
suas respectivas unidades;  ou reproduzir a referida informação, procedimento esse que
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação de seu
a informações; e  fornecimento direto, salvo se o requerente declarar não dispor
II - realização de audiências ou consultas públicas, de meios para realizar por si mesmo tais procedimentos. 
incentivo à participação popular ou a outras formas de
divulgação.  Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informa-
ção é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de docu-
CAPÍTULO III mentos pelo órgão ou entidade pública consultada, situação
DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO em que poderá ser cobrado exclusivamente o valor ne-
Seção I cessário ao ressarcimento do custo dos serviços e dos
Do Pedido de Acesso materiais utilizados. 
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos pre-
Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar vistos no caput  todo aquele cuja situação econômica não
pedido de acesso a informações aos órgãos e entidades lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou
referidos no art. 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo, da família, declarada nos termos da Lei no 7.115, de 29 de
devendo o pedido conter a identificação do requerente e a agosto de 1983. 
especificação da informação requerida. 
Art. 13.  Quando se tratar de acesso à informação con-
§ 1o  Para o acesso a informações de interesse público,
tida em documento cuja manipulação possa prejudicar sua
a identificação do requerente não pode conter exigências
integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com
que inviabilizem a solicitação. 
certificação de que esta confere com o original. 
§ 2o  Os órgãos e entidades do poder público devem
Parágrafo único.  Na impossibilidade de obtenção de
viabilizar alternativa de encaminhamento de pedidos de cópias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas
acesso por meio de seus sítios oficiais na internet.  e sob supervisão de servidor público, a reprodução seja feita
§ 3o  São vedadas quaisquer exigências relativas aos por outro meio que não ponha em risco a conservação do
motivos determinantes da solicitação de informações de documento original. 
interesse público. 
Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. 
conceder o acesso imediato à informação disponível. 
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na Seção II
forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o Dos Recursos
pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias: 
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informa-
consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;  ções ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessa-
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total do interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez)
ou parcial, do acesso pretendido; ou  dias a contar da sua ciência. 

92
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único.  O recurso será dirigido à autoridade § 2o Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Pú-
hierarquicamente superior à que exarou a decisão im- blico informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao
pugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) Conselho Nacional do Ministério Público, respectivamen-
dias.  te, as decisões que, em grau de recurso, negarem acesso a
informações de interesse público. 
Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou
entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá Art. 20.  Aplica-se subsidiariamente, no que couber,
recorrer à Controladoria-Geral da União, que delibera- a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento
rá no prazo de 5 (cinco) dias se:  de que trata este Capítulo. 
I - o acesso à informação não classificada como sigilosa A lei “[´...] estabelece normas básicas sobre o processo
for negado;  administrativo no âmbito da Administração Federal direta
II - a decisão de negativa de acesso à informação to- e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
tal ou parcialmente classificada como sigilosa não indicar a administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Admi-
autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior a nistração” (artigo 1º da Lei nº 9.784/99).
quem possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação; 
III - os procedimentos de classificação de informação si- CAPÍTULO IV
gilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e  DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros pro- Seção I
cedimentos previstos nesta Lei.  Disposições Gerais
§ 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
dirigido à Controladoria-Geral da União depois de submeti- Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação
do à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarqui- necessária à tutela judicial ou administrativa de direi-
camente superior àquela que exarou a decisão impugnada, tos fundamentais. 
que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.  Parágrafo único. As informações ou documentos que ver-
§ 2o Verificada a procedência das razões do recurso, a sem sobre condutas que impliquem violação dos direitos hu-
Controladoria-Geral da União determinará ao órgão ou en- manos praticada por agentes públicos ou a mando de autori-
tidade que adote as providências necessárias para dar cum- dades públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso. 
primento ao disposto nesta Lei. 
§ 3o Negado o acesso à informação pela Controladoria- Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hi-
-Geral da União, poderá ser interposto recurso à Comissão póteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as
Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art. hipóteses de segredo industrial decorrentes da exploração
35.  direta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa fí-
sica ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o
Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de des- poder público. 
classificação de informação protocolado em órgão da ad-
ministração pública federal, poderá o requerente recorrer Seção II
ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das compe- Da Classificação da Informação quanto ao Grau e
tências da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, Prazos de Sigilo
previstas no art. 35, e do disposto no art. 16. 
§ 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser Art. 23. São consideradas imprescindíveis à seguran-
dirigido às autoridades mencionadas depois de submetido à ça da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de
apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamen- classificação as informações cuja divulgação ou acesso ir-
te superior à autoridade que exarou a decisão impugnada e, restrito possam: 
no caso das Forças Armadas, ao respectivo Comando.  I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a
§ 2o Indeferido o recurso previsto no caput  que tenha integridade do território nacional; 
como objeto a desclassificação de informação secreta ou II - prejudicar ou pôr em risco a condução de nego-
ultrassecreta, caberá recurso à Comissão Mista de Reava- ciações ou as relações internacionais do País, ou as que
liação de Informações prevista no art. 35.  tenham sido fornecidas em caráter sigiloso por outros
Estados e organismos internacionais; 
Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões de- III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da
negatórias proferidas no recurso previsto no art. 15 e de população; 
revisão de classificação de documentos sigilosos serão objeto IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira,
de regulamentação própria dos Poderes Legislativo e Ju- econômica ou monetária do País; 
diciário e do Ministério Público, em seus respectivos âmbi- V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações
tos, assegurado ao solicitante, em qualquer caso, o direito de estratégicos das Forças Armadas; 
ser informado sobre o andamento de seu pedido.  VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa
e desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como
Art. 19. (VETADO).  a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estraté-
§ 1o (VETADO).  gico nacional; 

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providên-
altas autoridades nacionais ou estrangeiras e seus fa- cias necessárias para que o pessoal a elas subordinado hie-
miliares; ou  rarquicamente conheça as normas e observe as medidas e
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem procedimentos de segurança para tratamento de infor-
como de investigação ou fiscalização em andamento, rela- mações sigilosas. 
cionadas com a prevenção ou repressão de infrações.  Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada
que, em razão de qualquer vínculo com o poder público,
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades executar atividades de tratamento de informações sigilosas
públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescin- adotará as providências necessárias para que seus empre-
dibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá gados, prepostos ou representantes observem as medidas e
ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reserva- procedimentos de segurança das informações resultantes da
da.  aplicação desta Lei. 
§ 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à infor-
mação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram Seção IV
a partir da data de sua produção e são os seguintes:  Dos Procedimentos de Classificação, Reclassifica-
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;  ção e Desclassificação
II - secreta: 15 (quinze) anos; e 
III - reservada: 5 (cinco) anos.  Art. 27.  A classificação do sigilo de informações no âm-
§ 2o As informações que puderem colocar em risco a bito da administração pública federal é de competência: 
segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades: 
respectivos cônjuges e filhos(as) serão classificadas como re- a) Presidente da República; 
servadas e ficarão sob sigilo até o término do mandato em b) Vice-Presidente da República; 
exercício ou do último mandato, em caso de reeleição.  c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas
§ 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, pode- prerrogativas; 
rá ser estabelecida como termo final de restrição de acesso d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero-
a ocorrência de determinado evento, desde que este ocorra náutica; e 
antes do transcurso do prazo máximo de classificação.  e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares per-
§ 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado manentes no exterior; 
o evento que defina o seu termo final, a informação tornar- II - no grau de secreto, das autoridades referidas no
-se-á, automaticamente, de acesso público.  inciso I, dos titulares de autarquias, fundações ou em-
§ 5o Para a classificação da informação em determinado presas públicas e sociedades de economia mista; e 
grau de sigilo, deverá ser observado o interesse público da III - no grau de reservado, das autoridades referi-
informação e utilizado o critério menos restritivo possível, das nos incisos I e II e das que exerçam funções de di-
considerados:  reção, comando ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior,
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da socie- do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou de
dade e do Estado; e  hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento específica de cada órgão ou entidade, observado o disposto
que defina seu termo final.  nesta Lei. 
§ 1o A competência prevista nos incisos I e II, no que se
Seção III refere à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá
Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas ser delegada pela autoridade responsável a agente público,
inclusive em missão no exterior, vedada a subdelegação. 
Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divul- § 2o A classificação de informação no grau de sigilo ul-
gação de informações sigilosas produzidas por seus órgãos trassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e”
e entidades, assegurando a sua proteção. do inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos Ministros
§ 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de informa- de Estado, no prazo previsto em regulamento. 
ção classificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que § 3o A autoridade ou outro agente público que classificar
tenham necessidade de conhecê-la e que sejam devidamen- informação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão
te credenciadas na forma do regulamento, sem prejuízo das de que trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de
atribuições dos agentes públicos autorizados por lei.  Informações, a que se refere o art. 35, no prazo previsto em
§ 2o O acesso à informação classificada como sigilosa regulamento. 
cria a obrigação para aquele que a obteve de resguardar o
sigilo.  Art. 28. A classificação de informação em qualquer
§ 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e medi- grau de sigilo deverá ser formalizada em decisão que con-
das a serem adotados para o tratamento de informação sigi- terá, no mínimo, os seguintes elementos: 
losa, de modo a protegê-la contra perda, alteração indevida, I - assunto sobre o qual versa a informação; 
acesso, transmissão e divulgação não autorizados.  II - fundamento da classificação, observados os critérios
estabelecidos no art. 24; 

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, me- § 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que
ses ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, con- trata este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. 
forme limites previstos no art. 24; e  § 3o O consentimento referido no inciso II do § 1o não
IV - identificação da autoridade que a classificou.  será exigido quando as informações forem necessárias: 
Parágrafo único.  A decisão referida no caput será man- I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
tida no mesmo grau de sigilo da informação classificada. estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única
  e exclusivamente para o tratamento médico; 
Art. 29.  A classificação das informações será reavalia- II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de
da pela autoridade classificadora ou por autoridade evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo
hierarquicamente superior, mediante provocação ou de vedada a identificação da pessoa a que as informações se
ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento, com referirem; 
vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de sigilo, III - ao cumprimento de ordem judicial; 
observado o disposto no art. 24.  IV - à defesa de direitos humanos; ou 
§ 1o O regulamento a que se refere o caput deverá con- V - à proteção do interesse público e geral preponde-
siderar as peculiaridades das informações produzidas no rante. 
exterior por autoridades ou agentes públicos.  § 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida
§ 2o Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser privada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada
examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a possi- com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregu-
bilidade de danos decorrentes do acesso ou da divulgação laridades em que o titular das informações estiver envolvido,
da informação.  bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos
§ 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da in- históricos de maior relevância. 
formação, o novo prazo de restrição manterá como termo § 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para
inicial a data da sua produção.  tratamento de informação pessoal. 

CAPÍTULO V
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou en-
DAS RESPONSABILIDADES
tidade publicará, anualmente, em sítio à disposição na
internet e destinado à veiculação de dados e informações
Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam res-
administrativas, nos termos de regulamento: 
ponsabilidade do agente público ou militar: 
I - rol das informações que tenham sido desclassifi-
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos
cadas nos últimos 12 (doze) meses; 
termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu forneci-
II - rol de documentos classificados em cada grau de
mento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta,
sigilo, com identificação para referência futura; 
incompleta ou imprecisa; 
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pe- II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, des-
didos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem truir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou
como informações genéricas sobre os solicitantes.  parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda
§ 1o Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do exer-
publicação prevista no caput para consulta pública em suas cício das atribuições de cargo, emprego ou função pública; 
sedes.  III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicita-
§ 2o Os órgãos e entidades manterão extrato com a lis- ções de acesso à informação; 
ta de informações classificadas, acompanhadas da data, do IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou
grau de sigilo e dos fundamentos da classificação.  permitir acesso indevido à informação sigilosa ou infor-
mação pessoal; 
Seção V V - impor sigilo à informação para obter proveito
Das Informações Pessoais pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato
ilegal cometido por si ou por outrem; 
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve VI - ocultar da revisão de autoridade superior com-
ser feito de forma transparente e com respeito à intimida- petente informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem,
de, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como ou em prejuízo de terceiros; e 
às liberdades e garantias individuais.  VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, docu-
§ 1o As informações pessoais, a que se refere este artigo, mentos concernentes a possíveis violações de direitos
relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem:  humanos por parte de agentes do Estado. 
I - terão seu acesso restrito, independentemente de clas- § 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla
sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos defesa e do devido processo legal, as condutas descritas
a contar da sua data de produção, a agentes públicos legal- no caput serão consideradas: 
mente autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e  I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por Armadas, transgressões militares médias ou graves, segundo
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso os critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em
da pessoa a que elas se referirem.  lei como crime ou contravenção penal; ou 

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de de- II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou
zembro de 1990, e suas alterações, infrações administrati- secretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa inte-
vas, que deverão ser apenadas, no mínimo, com suspensão, ressada, observado o disposto no art. 7o e demais dispositi-
segundo os critérios nela estabelecidos.  vos desta Lei; e 
§ 2o  Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classifica-
ou agente público responder, também, por improbidade ad- da como ultrassecreta, sempre por prazo determinado, en-
ministrativa, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de quanto o seu acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça
abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho de 1992.  externa à soberania nacional ou à integridade do território
nacional ou grave risco às relações internacionais do País,
Art. 33.  A pessoa física ou entidade privada que deti- observado o prazo previsto no § 1o do art. 24. 
ver informações em virtude de vínculo de qualquer natureza § 2o  O prazo referido no inciso III é limitado a uma
com o poder público e deixar de observar o disposto nesta Lei única renovação. 
estará sujeita às seguintes sanções:  § 3o  A revisão de ofício a que se refere o inciso II do §
I - advertência;  1  deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após
o

II - multa;  a reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de docu-


III - rescisão do vínculo com o poder público;  mentos ultrassecretos ou secretos. 
IV - suspensão temporária de participar em licita- § 4o  A não deliberação sobre a revisão pela Comissão
ção e impedimento de contratar com a administração Mista de Reavaliação de Informações nos prazos previstos
pública por prazo não superior a 2 (dois) anos; e  no § 3o  implicará a desclassificação automática das infor-
V - declaração de inidoneidade para licitar ou con- mações. 
tratar com a administração pública, até que seja pro- § 5o  Regulamento disporá sobre a composição, orga-
movida a reabilitação perante a própria autoridade que nização e funcionamento da Comissão Mista de Reavalia-
aplicou a penalidade.  ção de Informações, observado o mandato de 2 (dois) anos
§ 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser para seus integrantes e demais disposições desta Lei. 
aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito
de defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante
10 (dez) dias. 
de tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às
§ 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada
normas e recomendações constantes desses instrumen-
somente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao
tos. 
órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorrido
o prazo da sanção aplicada com base no inciso IV. 
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segu-
§ 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de com-
rança Institucional da Presidência da República, o Nú-
petência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou enti-
dade pública, facultada a defesa do interessado, no respecti- cleo de Segurança e Credenciamento (NSC), que tem por
vo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista.  objetivos: 
I - promover e propor a regulamentação do credencia-
Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem mento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e
diretamente pelos danos causados em decorrência da entidades para tratamento de informações sigilosas; e 
divulgação não autorizada ou utilização indevida de II - garantir a segurança de informações sigilosas, in-
informações sigilosas ou informações pessoais, cabendo clusive aquelas provenientes de países ou organizações in-
a apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ternacionais com os quais a República Federativa do Brasil
ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.  tenha firmado tratado, acordo, contrato ou qualquer outro
Parágrafo único.  O disposto neste artigo aplica-se à ato internacional, sem prejuízo das atribuições do Ministério
pessoa física ou entidade privada que, em virtude de vín- das Relações Exteriores e dos demais órgãos competentes. 
culo de qualquer natureza com órgãos ou entidades, tenha Parágrafo único.  Regulamento disporá sobre a compo-
acesso a informação sigilosa ou pessoal e a submeta a tra- sição, organização e funcionamento do NSC. 
tamento indevido. 
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12
CAPÍTULO VI de novembro de 1997, em relação à informação de pessoa,
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS física ou jurídica, constante de registro ou banco de dados de
entidades governamentais ou de caráter público. 
Art. 35. (VETADO). 
§ 1o  É instituída a Comissão Mista de Reavaliação Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proce-
de Informações, que decidirá, no âmbito da administração der à reavaliação das informações classificadas como
pública federal, sobre o tratamento e a classificação de infor- ultrassecretas e secretas no prazo máximo de 2 (dois)
mações sigilosas e terá competência para:  anos, contado do termo inicial de vigência desta Lei. 
I - requisitar da autoridade que classificar informação § 1o A restrição de acesso a informações, em razão da
como ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, reavaliação prevista no caput, deverá observar os prazos e
parcial ou integral da informação;  condições previstos nesta Lei. 

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 2o No âmbito da administração pública federal, a rea- Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de
valiação prevista no caput  poderá ser revista, a qualquer 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A: 
tempo, pela Comissão Mista de Reavaliação de Informa- “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili-
ções, observados os termos desta Lei. zado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à
§ 3o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvi-
previsto no caput, será mantida a classificação da informa- mento desta, a outra autoridade competente para apuração
ção nos termos da legislação precedente.  de informação concernente à prática de crimes ou improbi-
§ 4o As informações classificadas como secretas e ultras- dade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência
secretas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão do exercício de cargo, emprego ou função pública.” 
consideradas, automaticamente, de acesso público. 
Art. 45.  Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vi- Municípios, em legislação própria, obedecidas as nor-
gência desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou mas gerais estabelecidas nesta Lei, definir regras espe-
entidade da administração pública federal direta e in- cíficas, especialmente quanto ao disposto no art. 9o e na
direta designará autoridade que lhe seja diretamente su- Seção II do Capítulo III. 
bordinada para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, Neste sentido, a legislação compilada no próximo tó-
exercer as seguintes atribuições:  pico.
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao
acesso a informação, de forma eficiente e adequada aos ob- Art. 46.  Revogam-se: 
jetivos desta Lei;  I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e 
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de
apresentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;  1991. 
III - recomendar as medidas indispensáveis à implemen-
tação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos Art. 47.  Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias
após a data de sua publicação.  
necessários ao correto cumprimento do disposto nesta Lei; e 
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere
Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da Independên-
ao cumprimento do disposto nesta Lei e seus regulamentos. 
cia e 123o da República.  
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão
Decreto nº 58.052, de 16 de maio de 2012.
da administração pública federal responsável: 
I - pela promoção de campanha de abrangência nacio-
Regulamenta a Lei Federal n° 12.527, de 18 de novem-
nal de fomento à cultura da transparência na administração
bro de 2011, que regula o acesso a informações, e dá provi-
pública e conscientização do direito fundamental de acesso dências correlatas
à informação; 
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se re- GERALDO ALCKMIN, Governador do Estado de São Pau-
fere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transpa- lo, no uso de suas atribuições legais,
rência na administração pública;  Considerando que é dever do Poder Público promover a
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito gestão dos documentos públicos para assegurar o acesso às
da administração pública federal, concentrando e consoli- informações neles contidas, de acordo com o § 2º do artigo
dando a publicação de informações estatísticas relacionadas 216 da Constituição Federal e com o artigo 1º da Lei Federal
no art. 30;  nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991;
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de Considerando que cabe ao Estado definir, em legislação
relatório anual com informações atinentes à implementação própria, regras específicas para o cumprimento das determi-
desta Lei.  nações previstas na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novem-
bro de 2011, que regula o acesso a informações;
Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto Considerando as disposições das Leis estaduais nº
nesta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar 10.177, de 30 de dezembro de 1998, que regula o processo
da data de sua publicação.  administrativo e nº 10.294, de 20 de abril de 1999, que dis-
põe sobre proteção e defesa do usuário de serviços públicos, e
Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dos Decretos estaduais nº 22.789, de 19 de outubro de 1984,
dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte reda- que institui o Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo -
ção:  SAESP, nº 44.074, de 1º de julho de 1999, que regulamenta
“Art. 116. [...] a composição e estabelece a competência das Ouvidorias, nº
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em ra- 54.276, de 27 de abril de 2009, que reorganiza a Unidade do
zão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, Arquivo Público do Estado, da Casa Civil, nº 55.479, de 25 de
quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conheci- fevereiro de 2010, que institui na Casa Civil o Comitê Gestor
mento de outra autoridade competente para apuração; [...]” do Sistema Informatizado Unificado de Gestão Arquivística
  de Documentos e Informações - SPdoc, alterado pelo de nº

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

56.260, de 6 de outubro de 2010, nº 55.559, de 12 de março VI - custódia: responsabilidade pela guarda de docu-
de 2010, que institui o Portal do Governo Aberto SP e nº mentos, dados e informações;
57.500, de 8 de novembro de 2011, que reorganiza a Corre- VII - dado público: sequência de símbolos ou valores,
gedoria Geral da Administração e institui o Sistema Estadual representado em algum meio, produzido ou sob a guarda
de Controladoria; e governamental, em decorrência de um processo natural ou
Considerando, finalmente, a proposta apresentada pelo artificial, que não tenha seu acesso restrito por legislação
Grupo Técnico instituído pela Resolução CC-3, de 9 de janei- específica;
ro de 2012, junto ao Comitê de Qualidade da Gestão Pública, VIII - desclassificação: supressão da classificação de si-
Decreta: gilo por ato da autoridade competente ou decurso de prazo,
tornando irrestrito o acesso a documentos, dados e informa-
CAPÍTULO I ções sigilosas;
Disposições Gerais IX - documentos de arquivo: todos os registros de in-
formação, em qualquer suporte, inclusive o magnético ou
Art. 1º Este decreto define procedimentos a serem ob- óptico, produzidos, recebidos ou acumulados por órgãos e
servados pelos órgãos e entidades da Administração Pública entidades da Administração Pública Estadual, no exercício
Estadual, e pelas entidades privadas sem fins lucrativos que de suas funções e atividades;
recebam recursos públicos estaduais para a realização de X - disponibilidade: qualidade da informação que pode
atividades de interesse público, à vista das normas gerais ser conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou
estabelecidas na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro sistemas autorizados;
de 2011. XI - documento: unidade de registro de informações,
qualquer que seja o suporte ou formato;
Art. 2º O direito fundamental de acesso a documentos, XII - gestão de documentos: conjunto de procedimentos
dados e informações será assegurado mediante: operações técnicas referentes à sua produção, classificação,
I - observância da publicidade como preceito geral e do avaliação, tramitação, uso, arquivamento e reprodução, que
sigilo como exceção; assegura a racionalização e a eficiência dos arquivos;
II - implementação da política estadual de arquivos e XIII - informação: dados, processados ou não, que po-
gestão de documentos; dem ser utilizados para produção e transmissão de conhe-
III - divulgação de informações de interesse público, in- cimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato;
dependentemente de solicitações; XIV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa
IV - utilização de meios de comunicação viabilizados natural identificada ou identificável;
pela tecnologia da informação; XV - informação sigilosa: aquela submetida temporaria-
V - fomento ao desenvolvimento da cultura de transpa- mente à restrição de acesso público em razão de sua impres-
rência na administração pública; cindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado;
VI - desenvolvimento do controle social da administra- XVI - integridade: qualidade da informação não modifi-
ção pública. cada, inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
XVII - marcação: aposição de marca assinalando o grau
Art. 3º Para os efeitos deste decreto, consideram-se as de sigilo de documentos, dados ou informações, ou sua con-
seguintes definições: dição de acesso irrestrito, após sua desclassificação;
I - arquivos públicos: conjuntos de documentos produ- XVIII - metadados: são informações estruturadas e codi-
zidos, recebidos e acumulados por órgãos públicos, autar- ficadas que descrevem e permitem gerenciar, compreender,
quias, fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, preservar e acessar os documentos digitais ao longo do tem-
empresas públicas, sociedades de economia mista, entidades po e referem-se a:
privadas encarregadas da gestão de serviços públicos e or- a) identificação e contexto documental (identificador
ganizações sociais, no exercício de suas funções e atividades; único, instituição produtora, nomes, assunto, datas, local,
II - autenticidade: qualidade da informação que tenha código de classificação, tipologia documental, temporalida-
sido produzida, expedida, recebida ou modificada por deter- de, destinação, versão, documentos relacionados, idioma e
minado indivíduo, equipamento ou sistema; indexação);
III - classificação de sigilo: atribuição, pela autoridade b) segurança (grau de sigilo, informações sobre cripto-
competente, de grau de sigilo a documentos, dados e infor- grafia, assinatura digital e outras marcas digitais);
mações; c) contexto tecnológico (formato de arquivo, tamanho
IV - credencial de segurança: autorização por escrito de arquivo, dependências de hardware e software, tipos de
concedida por autoridade competente, que habilita o agente mídias, algoritmos de compressão) e localização física do
público estadual no efetivo exercício de cargo, função, em- documento;
prego ou atividade pública a ter acesso a documentos, dados XIX - primariedade: qualidade da informação coletada
e informações sigilosas; na fonte, com o máximo de detalhamento possível, sem mo-
V - criptografia: processo de escrita à base de métodos dificações;
lógicos e controlados por chaves, cifras ou códigos, de forma XX - reclassificação: alteração, pela autoridade compe-
que somente os usuários autorizados possam reestabelecer tente, da classificação de sigilo de documentos, dados e in-
sua forma original; formações;

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

XXI - rol de documentos, dados e informações sigilosas 4. os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC.
e pessoais: relação anual, a ser publicada pelas autorida-
des máximas de órgãos e entidades, de documentos, dados Art. 6º Para garantir efetividade à política de arquivos e
e informações classificadas, no período, como sigilosas ou gestão de documentos, os órgãos e entidades da Administra-
pessoais, com identificação para referência futura; ção Pública Estadual deverão:
XXII - serviço ou atendimento presencial: aquele pres- I - providenciar a elaboração de planos de classificação
tado a presença física do cidadão, principal beneficiário ou e tabelas de temporalidade de documentos de suas ativida-
interessado no serviço; des-fim, a que se referem, respectivamente, os artigos 10 a
XXIII - serviço ou atendimento eletrônico: aquele presta- 18 e 19 a 23, do Decreto nº 48.897, de 27 de agosto de 2004;
do remotamente ou à distância, utilizando meios eletrônicos II - cadastrar todos os seus documentos no Sistema In-
de comunicação; formatizado Unificado de Gestão Arquivística de Documen-
XXIV - tabela de documentos, dados e informações si- tos e Informações - SPdoc.
gilosas e pessoais: relação exaustiva de documentos, dados Parágrafo único. As propostas de planos de classificação
e informações com quaisquer restrição de acesso, com a in- e de tabelas de temporalidade de documentos deverão ser
dicação do grau de sigilo, decorrente de estudos e pesquisas apreciadas pelos órgãos jurídicos dos órgãos e entidades e
promovidos pelas Comissões de Avaliação de Documentos e encaminhadas à Unidade do Arquivo Público do Estado para
Acesso - CADA, e publicada pelas autoridades máximas dos aprovação, antes de sua oficialização.
órgãos e entidades;
XXV - tratamento da informação: conjunto de ações Art. 7º Ficam criados, em todos os órgãos e entidades da
referentes à produção, recepção, classificação, utilização, Administração Pública Estadual, os Serviços de Informações
acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição, ao Cidadão - SIC, a que se refere o artigo 5º, inciso IV, deste
arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, des- decreto, diretamente subordinados aos seus titulares, em lo-
tinação ou controle da informação. cal com condições apropriadas, infraestrutura tecnológica e
equipe capacitada para:
CAPÍTULO II
I - realizar atendimento presencial e/ou eletrônico na
Do Acesso a Documentos, Dados e Informações
sede e nas unidades subordinadas, prestando orientação ao
SEÇÃO I
público sobre os direitos do requerente, o funcionamento do
Disposições Gerais
Serviço de Informações ao Cidadão - SIC, a tramitação de
documentos, bem como sobre os serviços prestados pelas
Art. 4º É dever dos órgãos e entidades da Administração
respectivas unidades do órgão ou entidade;
Pública Estadual:
I - promover a gestão transparente de documentos, II - protocolar documentos e requerimentos de acesso
dados e informações, assegurando sua disponibilidade, au- a informações, bem como encaminhar os pedidos de infor-
tenticidade e integridade, para garantir o pleno direito de mação aos setores produtores ou detentores de documentos,
acesso; dados e informações;
II - divulgar documentos, dados e informações de inte- III - controlar o cumprimento de prazos por parte dos
resse coletivo ou geral, sob sua custódia, independentemente setores produtores ou detentores de documentos, dados e in-
de solicitações; formações, previstos no artigo 15 deste decreto;
III - proteger os documentos, dados e informações sigi- IV - realizar o serviço de busca e fornecimento de docu-
losas e pessoais, por meio de critérios técnicos e objetivos, o mentos, dados e informações sob custódia do respectivo ór-
menos restritivo possível. gão ou entidade, ou fornecer ao requerente orientação sobre
o local onde encontrá-los.
SEÇÃO II § 1º As autoridades máximas dos órgãos e entidades
Da Gestão de Documentos, Dados e Informações da Administração Pública Estadual deverão designar, no
prazo de 30 (trinta) dias, os responsáveis pelos Serviços de
Art. 5º A Unidade do Arquivo Público do Estado, na con- Informações ao Cidadão - SIC.
dição de órgão central do Sistema de Arquivos do Estado de § 2º Para o pleno desempenho de suas atribuições, os
São Paulo - SAESP, é a responsável pela formulação e imple- Serviços de Informações ao Cidadão - SIC deverão:
mentação da política estadual de arquivos e gestão de do- 1. manter intercâmbio permanente com os serviços de
cumentos, a que se refere o artigo 2º, inciso II deste decreto, protocolo e arquivo;
e deverá propor normas, procedimentos e requisitos técnicos 2. buscar informações junto aos gestores de sistemas in-
complementares, visando o tratamento da informação. formatizados e bases de dados, inclusive de portais e sítios
Parágrafo único. Integram a política estadual de arqui- institucionais;
vos e gestão de documentos: 3. atuar de forma integrada com as Ouvidorias, insti-
1. os serviços de protocolo e arquivo dos órgãos e enti- tuídas pela Lei estadual nº 10.294, de 20 de abril de 1999, e
dades; organizadas pelo Decreto nº 44.074, de 1º de julho de 1999.
2. as Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso - § 3º Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, in-
CADA, a que se refere o artigo 11 deste decreto; dependentemente do meio utilizado, deverão ser identifi-
3. o Sistema Informatizado Unificado de Gestão Arqui- cados com ampla visibilidade.
vística de Documentos e Informações - SPdoc;

99
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 8º A Casa Civil deverá providenciar a contratação § 3º O direito de acesso aos documentos, aos dados
de serviços para o desenvolvimento de “Sistema Integrado de ou às informações neles contidas utilizados como fun-
Informações ao Cidadão”, capaz de interoperar com o SPdoc, damento da tomada de decisão e do ato administrativo
a ser utilizado por todos os órgãos e entidades nos seus res- será assegurado com a edição do ato decisório respec-
pectivos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC. tivo.
§ 4º A negativa de acesso aos documentos, dados e
Art. 9º A Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa informações objeto de pedido formulado aos órgãos e
Civil, deverá adotar as providências necessárias para a orga- entidades referidas no artigo 1º deste decreto, quando
nização dos serviços da Central de Atendimento ao Cidadão não fundamentada, sujeitará o responsável a medidas
- CAC, instituída pelo Decreto nº 54.276, de 27 de abril de disciplinares, nos termos do artigo 32 da Lei Federal nº
2009, com a finalidade de: 12.527, de 18 de novembro de 2011.
I - coordenar a integração sistêmica dos Serviços de Infor- § 5º Informado do extravio da informação solicitada,
mações ao Cidadão - SIC, instituídos nos órgãos e entidades;
poderá o interessado requerer à autoridade competen-
II - realizar a consolidação e sistematização de dados a
te a imediata instauração de apuração preliminar para
que se refere o artigo 26 deste decreto, bem como a elabora-
investigar o desaparecimento da respectiva documenta-
ção de estatísticas sobre as demandas de consulta e os perfis
de usuários, visando o aprimoramento dos serviços. ção.
Parágrafo único - Os Serviços de Informações ao Ci- § 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste arti-
dadão - SIC deverão fornecer, periodicamente, à Central go, o responsável pela guarda da informação extraviada
de Atendimento ao Cidadão - CAC, dados atualizados dos deverá, no prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indi-
atendimentos prestados. car testemunhas que comprovem sua alegação.

Art. 10. O acesso aos documentos, dados e informações SEÇÃO III


compreende, entre outros, os direitos de obter: Das Comissões de Avaliação de Documentos e
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução Acesso
de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontra-
do ou obtido o documento, dado ou informação almejada; Art. 11. As Comissões de Avaliação de Documentos
II - dado ou informação contida em registros ou docu- de Arquivo, a que se referem os Decretos nº 29.838, de 18
mentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou enti- de abril de 1989, e nº 48.897, de 27 de agosto de 2004,
dades, recolhidos ou não a arquivos públicos; instituídas nos órgãos e entidades da Administração Pú-
III - documento, dado ou informação produzida ou cus- blica Estadual, passarão a ser denominadas Comissões de
todiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de Avaliação de Documentos e Acesso - CADA.
qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que § 1º As Comissões de Avaliação de Documentos e
esse vínculo já tenha cessado; Acesso - CADA deverão ser vinculadas ao Gabinete da
IV - dado ou informação primária, íntegra, autêntica e autoridade máxima do órgão ou entidade.
atualizada; § 2º As Comissões de Avaliação de Documentos e
V - documento, dado ou informação sobre atividades Acesso - CADA serão integradas por servidores de ní-
exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à vel superior das áreas jurídica, de administração geral,
sua política, organização e serviços; de administração financeira, de arquivo e protocolo, de
VI - documento, dado ou informação pertinente à admi- tecnologia da informação e por representantes das áreas
nistração o patrimônio público, utilização de recursos públi-
específicas da documentação a ser analisada.
cos, licitação, contratos administrativos;
§ 3º As Comissões de Avaliação de Documentos e
VII - documento, dado ou informação relativa:
Acesso - CADA serão compostas por 5 (cinco), 7 (sete) ou
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
9 (nove) membros, designados pela autoridade máxima
programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas,
bem como metas e indicadores propostos; do órgão ou entidade.
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e to-
madas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno Art. 12. São atribuições das Comissões de Avaliação
e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercí- de Documentos e Acesso - CADA, além daquelas previstas
cios anteriores. para as Comissões de Avaliação de Documentos de Arqui-
§ 1º O acesso aos documentos, dados e informações vo nos Decretos nº 29.838, de 18 de abril de 1989, e nº
previsto no caput deste artigo não compreende as informa- 48.897, de 27 de agosto de 2004:
ções referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento I - orientar a gestão transparente dos documentos,
científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à dados e informações do órgão ou entidade, visando asse-
segurança da sociedade e do Estado. gurar o amplo acesso e divulgação;
§ 2º Quando não for autorizado acesso integral ao do- II - realizar estudos, sob a orientação técnica da Unida-
cumento, dado ou informação por ser ela parcialmente si- de do Arquivo Público do Estado, órgão central do Sistema
gilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa por meio de Arquivos do Estado de São Paulo - SAESP, visando à iden-
de certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte sob tificação e elaboração de tabela de documentos, dados e
sigilo. informações sigilosas e pessoais, de seu órgão ou entidade;

100
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

III - encaminhar à autoridade máxima do órgão ou 1. comunicar a data, local e modo para se realizar a
entidade a tabela mencionada no inciso II deste artigo, consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;
bem como as normas e procedimentos visando à proteção 2. indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total
de documentos, dados e informações sigilosas e pessoais, ou parcial, do acesso pretendido;
para oitiva do órgão jurídico e posterior publicação; 3. comunicar que não possui a informação, indicar, se for
IV - orientar o órgão ou entidade sobre a correta aplica- do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém,
ção dos critérios de restrição de acesso constantes das tabe- ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entida-
las de documentos, dados e informações sigilosas e pessoais; de, cientificando o interessado da remessa de seu pedido de
V - comunicar à Unidade do Arquivo Público do Estado informação.
a publicação de tabela de documentos, dados e informações § 2º O prazo referido no § 1º deste artigo poderá ser
sigilosas e pessoais, e suas eventuais alterações, para conso- prorrogado por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa
lidação de dados, padronização de critérios e realização de expressa, da qual será cientificado o interessado.
estudos técnicos na área; § 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das in-
VI - propor à autoridade máxima do órgão ou entidade formações e do cumprimento da legislação aplicável, o
a renovação, alteração de prazos, reclassificação ou desclas- Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou enti-
sificação de documentos, dados e informações sigilosas; dade poderá oferecer meios para que o próprio interessa-
VII - manifestar-se sobre os prazos mínimos de restrição do possa pesquisar a informação de que necessitar.
de acesso aos documentos, dados ou informações pessoais; § 4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar
VIII - atuar como instância consultiva da autoridade de informação total ou parcialmente sigilosa, o interessa-
máxima do órgão ou entidade, sempre que provocada, sobre do deverá ser informado sobre a possibilidade de recurso,
os recursos interpostos relativos às solicitações de acesso a prazos e condições para sua interposição, devendo, ainda,
ser-lhe indicada a autoridade competente para sua apre-
documentos, dados e informações não atendidas ou inde-
ciação.
feridas, nos termos do parágrafo único do artigo 19 deste
§ 5º A informação armazenada em formato digital será
decreto;
fornecida nesse formato, caso haja anuência do interessa-
IX - informar à autoridade máxima do órgão ou enti-
do.
dade a previsão de necessidades orçamentárias, bem como
§ 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao
encaminhar relatórios periódicos sobre o andamento dos
público em formato impresso, eletrônico ou em qualquer
trabalhos.
outro meio de acesso universal, serão informados ao inte-
Parágrafo único. Para o perfeito cumprimento de suas
ressado, por escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá
atribuições as Comissões de Avaliação de Documentos e consultar, obter ou reproduzir a referida informação, pro-
Acesso - CADA poderão convocar servidores que possam cedimento esse que desonerará o órgão ou entidade pú-
contribuir com seus conhecimentos e experiências, bem blica da obrigação de seu fornecimento direto, salvo se o
como constituir subcomissões e grupos de trabalho. interessado declarar não dispor de meios para realizar por
si mesmo tais procedimentos.
Art. 13. À Unidade do Arquivo Público do Estado, ór-
gão central do Sistema de Arquivos do Estado de São Pau- Art. 16. O serviço de busca e fornecimento da informa-
lo - SAESP, responsável por propor a política de acesso aos ção é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de docu-
documentos públicos, nos termos do artigo 6º, inciso XII, do mentos pelo órgão ou entidade pública consultada, situação
Decreto nº 22.789, de 19 de outubro de 1984, caberá o ree- em que poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessá-
xame, a qualquer tempo, das tabelas de documentos, dados rio ao ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais
e informações sigilosas e pessoais dos órgãos e entidades da utilizados, a ser fixado em ato normativo pelo Chefe do Exe-
Administração Pública Estadual. cutivo.
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos pre-
SEÇÃO IV vistos no caput deste artigo todo aquele cuja situação eco-
Do Pedido nômica não lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento
próprio ou da família, declarada nos termos da Lei Federal
Art. 14. O pedido de informações deverá ser apresentado nº 7.115, de 29 de agosto de 1983.
ao Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou
entidade, por qualquer meio legítimo que contenha a iden- Art. 17. Quando se tratar de acesso à informação con-
tificação do interessado (nome, número de documento e en- tida em documento cuja manipulação possa prejudicar sua
dereço) e a especificação da informação requerida. integridade, deverá ser oferecida a consulta de cópia, com
certificação de que esta confere com o original.
Art. 15. O Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de có-
órgão ou entidade responsável pelas informações solicitadas pias, o interessado poderá solicitar que, a suas expensas e
deverá conceder o acesso imediato àquelas disponíveis. sob Grupo Técnico supervisão de servidor público, a repro-
§ 1º Na impossibilidade de conceder o acesso imedia- dução seja feita por outro meio que não ponha em risco a
to, o Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou conservação do documento original.
entidade, em prazo não superior a 20 (vinte) dias, deverá:

101
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 18. É direito do interessado obter o inteiro teor de CAPÍTULO III


decisão de negativa de acesso, por certidão ou cópia. Da Divulgação de Documentos, Dados e Informa-
ções
SEÇÃO V
Dos Recursos Art. 23. É dever dos órgãos e entidades da Administração
Pública Estadual promover, independentemente de requeri-
Art. 19. No caso de indeferimento de acesso aos docu- mentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de
mentos, dados e informações ou às razões da negativa do suas competências, de documentos, dados e informações de
acesso, bem como o não atendimento do pedido, poderá o interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodia-
interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 das.
(dez) dias a contar de sua ciência. § 1º - Na divulgação das informações a que se refere o
Parágrafo único. O recurso será dirigido à apreciação caput deste artigo, deverão constar, no mínimo:
de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à 1. registro das competências e estrutura organizacional,
que exarou a decisão impugnada, que deverá se manifestar, endereços e telefones das respectivas unidades e horários de
após eventual consulta à Comissão de Avaliação de Docu- atendimento ao público;
mentos e Acesso - CADA, a que se referem os artigos 11 e 12 2. registros de quaisquer repasses ou transferências de
deste decreto, e ao órgão jurídico, no prazo de 5 (cinco) dias. recursos financeiros;
3. registros de receitas e despesas;
Art. 20. Negado o acesso ao documento, dado e infor- 4. informações concernentes a procedimentos licitató-
mação pelos órgãos ou entidades da Administração Pública rios, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como
Estadual, o interessado poderá recorrer à Corregedoria Geral a todos os contratos celebrados;
da Administração, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias 5. relatórios, estudos e pesquisas;
se: 6. dados gerais para o acompanhamento da execução
I - o acesso ao documento, dado ou informação não orçamentária, de programas, ações, projetos e obras de ór-
gãos e entidades;
classificada como sigilosa for negado;
7. respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
II - a decisão de negativa de acesso ao documento, dado
§ 2º Para o cumprimento do disposto no caput deste
ou informação, total ou parcialmente classificada como si-
artigo, os órgãos e entidades estaduais deverão utilizar to-
gilosa, não indicar a autoridade classificadora ou a hierar-
dos os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem,
quicamente superior a quem possa ser dirigido o pedido de
sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede
acesso ou desclassificação;
mundial de computadores (internet).
III - os procedimentos de classificação de sigilo estabele-
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deste artigo deverão
cidos na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011,
atender, entre outros, aos seguintes requisitos:
não tiverem sido observados; 1. conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que per-
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros mita o acesso à informação de forma objetiva, transparente,
procedimentos revistos na Lei Federal nº 12.527, de 18 de clara e em linguagem de fácil compreensão;
novembro de 2011. 2. possibilitar a gravação de relatórios em diversos for-
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá matos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais
ser dirigido à Corregedoria Geral da Administração depois como planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das
de submetido à apreciação de pelo menos uma autorida- informações;
de hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão 3. possibilitar o acesso automatizado por sistemas ex-
impugnada, nos termos do parágrafo único do artigo 19 ternos em formatos abertos, estruturados e legíveis por má-
deste decreto. quina;
§ 2º Verificada a procedência das razões do recurso, 4. divulgar em detalhes os formatos utilizados para es-
a Corregedoria Geral da Administração determinará ao truturação da informação;
órgão ou entidade que adote as providências necessárias 5. garantir a autenticidade e a integridade das informa-
para dar cumprimento ao disposto na Lei Federal nº 12.527, ções disponíveis para acesso;
de 18 de novembro de 2011, e neste decreto. 6. manter atualizadas as informações disponíveis para
acesso;
Art. 21. Negado o acesso ao documento, dado ou in- 7. indicar local e instruções que permitam ao interes-
formação pela Corregedoria Geral da Administração, o re- sado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o
querente poderá, no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua órgão ou entidade detentora do sítio;
ciência, interpor recurso à Comissão Estadual de Acesso à 8. adotar as medidas necessárias para garantir a acessi-
Informação, de que trata o artigo 76 deste decreto. bilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos ter-
mos do artigo 17 da Lei Federal nº 10.098, de 19 de dezem-
Art. 22. Aplica-se, no que couber, a Lei estadual nº bro de 2000, artigo 9° da Convenção sobre os Direitos das
10.177, de 30 de dezembro de 1998, ao procedimento de Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo
que trata este Capítulo. nº 186, de 9 de julho de 2008, e da Lei estadual n° 12.907, de
15 de abril de 2008.

102
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 24. Os documentos que contenham informações que CAPÍTULO IV


se enquadrem nos casos referidos no artigo anterior deve- Das Restrições de Acesso a Documentos, Dados e
rão estar cadastrados no Sistema Informatizado Unificado de Informações
Gestão Arquivística de Documentos e Informações - SPdoc. SEÇÃO I
Disposições Gerais
Art. 25. A autoridade máxima de cada órgão ou enti-
dade estadual publicará, anualmente, em sítio próprio, bem Art. 27. São consideradas passíveis de restrição de aces-
como no Portal da Transparência e do Governo Aberto: so, no âmbito da Administração Pública Estadual, duas cate-
I - rol de documentos, dados e informações que tenham gorias de documentos, dados e informações:
sido desclassificadas nos últimos 12 (doze) meses; I - Sigilosos: aqueles submetidos temporariamente à res-
II - rol de documentos classificados em cada grau de trição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade
sigilo, com identificação para referência futura; para a segurança da sociedade e do Estado;
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedi- II - Pessoais: aqueles relacionados à pessoa natural iden-
dos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem tificada ou identificável, relativas à intimidade, vida privada,
como informações genéricas sobre os solicitantes. honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e ga-
Parágrafo único - Os órgãos e entidades da Administra- rantias individuais.
ção Pública Estadual deverão manter exemplar da publica- Parágrafo único. Cabe aos órgãos e entidades da Ad-
ção prevista no caput deste artigo para consulta pública em ministração Pública Estadual, por meio de suas respectivas
suas sedes, bem como o extrato com o rol de documentos, Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso - CADA, a
dados e informações classificadas, acompanhadas da data, que se referem os artigos 11 e 12 deste decreto, promover os
do grau de sigilo e dos fundamentos da classificação. estudos necessários à elaboração de tabela com a identifi-
cação de documentos, dados e informações sigilosas e pes-
Art. 26. Os órgãos e entidades da Administração Públi- soais, visando assegurar a sua proteção.
ca Estadual deverão prestar no prazo de 60 (sessenta) dias,
para compor o “Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da Art. 28. Não poderá ser negado acesso à informação ne-
Administração Pública do Estado de São Paulo - CSBD”, as cessária à tutela judicial ou administrativa de direitos fun-
seguintes informações: damentais.
I - tamanho e descrição do conteúdo das bases de da- Parágrafo único. Os documentos, dados e informações
dos; que versem sobre condutas que impliquem violação dos di-
II - metadados; reitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando
III - dicionário de dados com detalhamento de conteú- de autoridades públicas não poderão ser objeto de restrição
do; de acesso.
IV - arquitetura da base de dados;
V - periodicidade de atualização; Art. 29. O disposto neste decreto não exclui as demais
VI - software da base de dados; hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hi-
VII - existência ou não de sistema de consulta à base de póteses de segredo industrial decorrentes da exploração di-
dados e sua linguagem de programação; reta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa física
VIII - formas de consulta, acesso e obtenção à base de ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o po-
dados. der público.
§ 1º Os órgãos e entidades da Administração Pública
Estadual deverão indicar o setor responsável pelo forneci- SEÇÃO II
mento e atualização permanente de dados e informações Da Classificação, Reclassificação e Desclassifica-
que compõem o «Catálogo de Sistemas e Bases de Dados ção de Documentos, Dados e Informações Sigilosas
da Administração Pública do Estado de São Paulo - CSBD».
§ 2º O desenvolvimento do «Catálogo de Sistemas e Art. 30. São considerados imprescindíveis à segurança
Bases de Dados da Administração Pública do Estado de da sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classi-
São Paulo - CSBD», coleta de informações, manutenção e ficação de sigilo, os documentos, dados e informações cuja
atualização permanente ficará a cargo da Fundação Siste- divulgação ou acesso irrestrito possam:
ma Estadual de Análise de Dados - SEADE. I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a
§ 3º O «Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da integridade do território nacional;
Administração Pública do Estado de São Paulo - CSBD», II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negocia-
bem como as bases de dados da Administração Pública ções ou as relações internacionais do País, ou as que tenham
Estadual deverão estar disponíveis no Portal do Governo sido fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e or-
Aberto e no Portal da Transparência, nos termos dos De- ganismos internacionais;
cretos nº 57.500, de 8 de novembro de 2011, e nº 55.559, III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da po-
de 12 de março de 2010, com todos os elementos neces- pulação;
sários para permitir sua utilização por terceiros, como a IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, eco-
arquitetura da base e o dicionário de dados. nômica ou monetária do País;

103
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações es- II - análise do caso concreto pela autoridade responsável
tratégicos das Forças Armadas; ou agente público competente, e formalização da decisão
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e de- de classificação, reclassificação ou desclassificação de sigilo,
senvolvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bem como de restrição de acesso à informação pessoal, que
bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional; conterá, no mínimo, os seguintes elementos:
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas a) assunto sobre o qual versa a informação;
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; b) fundamento da classificação, reclassificação ou des-
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como classificação de sigilo, observados os critérios estabelecidos
de investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas no artigo 31 deste decreto, bem como da restrição de acesso
com a prevenção ou repressão de infrações. à informação pessoal;
c) indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses
Art. 31. Os documentos, dados e informações sigilosas ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, confor-
em poder de órgãos e entidades da Administração Pública me limites previstos no artigo 31 deste decreto, bem como
Estadual, observado o seu teor e em razão de sua imprescin- a indicação do prazo mínimo de restrição de acesso à infor-
dibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderão mação pessoal;
ser classificados nos seguintes graus: d) identificação da autoridade que a classificou, reclassi-
I - ultrassecreto; ficou ou desclassificou.
II - secreto; Parágrafo único. O prazo de restrição de acesso contar-
III - reservado. -se-á da data da produção do documento, dado ou infor-
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso aos do- mação.
cumentos, dados e informações, conforme a classificação
prevista no caput e incisos deste artigo, vigoram a partir da Art. 33. A classificação de sigilo de documentos, dados e
data de sua produção e são os seguintes: informações no âmbito da Administração Pública Estadual,
1. ultrassecreto: até 25 (vinte e cinco) anos; a que se refere o inciso II do artigo 32 deste decreto, é de
2. secreto: até 15 (quinze) anos;
competência:
3. reservado: até 5 (cinco) anos.
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
§ 2º Os documentos, dados e informações que pude-
a) Governador do Estado;
rem colocar em risco a segurança do Governador e Vice-
b) Vice-Governador do Estado;
-Governador do Estado e respectivos cônjuges e filhos (as)
c) Secretários de Estado e Procurador Geral do Estado;
serão classificados como reservados e ficarão sob sigilo até
d) Delegado Geral de Polícia e Comandante Geral da
o término do mandato em exercício ou do último mandato,
em caso de reeleição. olícia Militar;
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º II - no grau de secreto, das autoridades referidas no in-
deste artigo, poderá ser estabelecida como termo final de ciso I deste artigo, das autoridades máximas de autarquias,
restrição de acesso a ocorrência de determinado evento, fundações ou empresas públicas e sociedades de economia
desde que este ocorra antes do transcurso do prazo máxi- mista;
mo de classificação. III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consu- incisos I e II deste artigo e das que exerçam funções de di-
mado o evento que defina o seu termo final, o documen- reção, comando ou chefia, ou de hierarquia equivalente, de
to, dado ou informação tornar-se-á, automaticamente, de acordo com regulamentação específica de cada órgão ou
acesso público. entidade, observado o disposto neste decreto.
§ 5º Para a classificação do documento, dado ou infor- § 1º A competência prevista nos incisos I e II deste ar-
mação em determinado grau de sigilo, deverá ser observa- tigo, no que se refere à classificação como ultrassecreta e
do o interesse público da informação, e utilizado o critério secreta, poderá ser delegada pela autoridade responsável
menos restritivo possível, considerados: a agente público, vedada a subdelegação.
1. a gravidade do risco ou dano à segurança da socieda- § 2º A classificação de documentos, dados e infor-
de e do Estado; mações no grau de sigilo ultrassecreto pelas autoridades
2. o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento previstas na alínea «d» do inciso I deste artigo deverá ser
que defina seu termo final. ratificada pelo Secretário da Segurança Pública, no prazo
de 10 (dez) dias.
Art. 32. A classificação de sigilo de documentos, dados § 3º A autoridade ou outro agente público que clas-
e informações no âmbito da Administração Pública Estadual sificar documento, dado e informação como ultrassecreto
deverá ser realizada mediante: deverá encaminhar a decisão de que trata o inciso II do
I - publicação oficial, pela autoridade máxima do órgão artigo 32 deste decreto, à Comissão Estadual de Acesso à
ou entidade, de tabela de documentos, dados e informações Informação, a que se refere o artigo 76 deste diploma legal,
sigilosas e pessoais, que em razão de seu teor e de sua im- no prazo previsto em regulamento.
prescindibilidade à segurança da sociedade e do Estado ou à
proteção da intimidade, da vida privada, da honra e imagem Art. 34. A classificação de documentos, dados e informa-
das pessoas, sejam passíveis de restrição de acesso, a partir ções será reavaliada pela autoridade classificadora ou por
do momento de sua produção, autoridade hierarquicamente superior, mediante provocação

104
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ou de ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento, SEÇÃO IV


com vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de Da Proteção e do Controle de Documentos, Dados e
sigilo, observado o disposto no artigo 31 deste decreto. Informações Sigilosos
§ 1º O regulamento a que se refere o caput deste artigo
deverá considerar as peculiaridades das informações pro- Art. 36. É dever da Administração Pública Estadual con-
duzidas no exterior por autoridades ou agentes públicos. trolar o acesso e a divulgação de documentos, dados e infor-
§ 2º Na reavaliação a que se refere o caput deste arti- mações sigilosos sob a custódia de seus órgãos e entidades,
go deverão ser examinadas a permanência dos motivos do assegurando a sua proteção contra perda, alteração indevi-
sigilo e a possibilidade de danos decorrentes do acesso ou da, acesso, transmissão e divulgação não autorizados.
da divulgação da informação. § 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de docu-
§ 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da in- mentos, dados e informações classificados como sigilosos
formação, o novo prazo de restrição manterá como termo ficarão restritos a pessoas que tenham necessidade de co-
inicial a data da sua produção. nhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na forma
dos artigos 62 a 65 deste decreto, sem prejuízo das atribui-
SEÇÃO III ções dos agentes públicos autorizados por lei.
Da Proteção de Documentos, Dados e Informações § 2º O acesso aos documentos, dados e informações
Pessoais classificados como sigilosos ou identificados como pes-
soais, cria a obrigação para aquele que as obteve de res-
Art. 35. O tratamento de documentos, dados e informa- guardar restrição de acesso.
ções pessoais deve ser feito de forma transparente e com
respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das Art. 37. As autoridades públicas adotarão as providên-
pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais. cias necessárias para que o pessoal a elas subordinado hie-
§ 1º Os documentos, dados e informações pessoais, a rarquicamente conheça as normas e observe as medidas e
que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida priva- procedimentos de segurança para tratamento de documen-
da, honra e imagem: tos, dados e informações sigilosos e pessoais.
Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada
1. terão seu acesso restrito, independentemente de clas-
que, em razão de qualquer vínculo com o poder público
sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos
executar atividades de tratamento de documentos, dados e
a contar da sua data de produção, a agentes públicos legal-
informações sigilosos e pessoais adotará as providências ne-
mente autorizados e à pessoa a que elas se referirem;
cessárias para que seus empregados, prepostos ou represen-
2. poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por
tantes observem as medidas e procedimentos de segurança
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso
das informações resultantes da aplicação deste decreto.
da pessoa a que elas se referirem.
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que Art. 38. O acesso a documentos, dados e informações si-
trata este artigo será responsabilizado por seu uso indevi- gilosos, originários de outros órgãos ou instituições privadas,
do. custodiados para fins de instrução de procedimento, proces-
§ 3º O consentimento referido no item 2 do § 1º deste so administrativo ou judicial, somente poderá ser realizado
artigo não será exigido quando as informações forem ne- para outra finalidade se autorizado pelo agente credenciado
cessárias: do respectivo órgão, entidade ou instituição de origem.
1. à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única SUBSEÇÃO I
e exclusivamente para o tratamento médico; Da Produção, do Registro, Expedição, Tramitação e
2. à realização de estatísticas e pesquisas científicas de Guarda
evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo
vedada a identificação da pessoa a que as informações se Art. 39. A produção, manuseio, consulta, transmissão,
referirem; manutenção e guarda de documentos, dados e informações
3. ao cumprimento de ordem judicial; sigilosos observarão medidas especiais de segurança.
4. à defesa de direitos humanos;
5. à proteção do interesse público e geral preponderante. Art. 40. Os documentos sigilosos em sua expedição e tra-
§ 4º A restrição de acesso aos documentos, dados e mitação obedecerão às seguintes prescrições:
informações relativos à vida privada, honra e imagem de I - deverão ser registrados no momento de sua produ-
pessoa não poderá ser invocada com o intuito de prejudi- ção, prioritariamente em sistema informatizado de gestão
car processo de apuração de irregularidades em que o titu- arquivística de documentos;
lar das informações estiver envolvido, bem como em ações II - serão acondicionados em envelopes duplos;
voltadas para a recuperação de fatos históricos de maior III - no envelope externo não constará qualquer indica-
relevância. ção do grau de sigilo ou do teor do documento;
§ 5º Os documentos, dados e informações identifica- IV - o envelope interno será fechado, lacrado e expedido
dos como pessoais somente poderão ser fornecidos pes- mediante relação de remessa, que indicará, necessariamen-
soalmente, com a identificação do interessado. te, remetente, destinatário, número de registro e o grau de
sigilo do documento;

105
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

V - para os documentos sigilosos digitais deverão ser SUBSEÇÃO II


observadas as prescrições referentes à criptografia. Da Marcação

Art. 41. A expedição, tramitação e entrega de docu- Art. 48. O grau de sigilo será indicado em todas as pá-
mento ultrassecreto e secreto, deverá ser efetuadas pes- ginas do documento, nas capas e nas cópias, se houver, pelo
soalmente, por agente público credenciado, sendo vedada produtor do documento, dado ou informação, após classi-
a sua postagem. ficação, ou pelo agente classificador que juntar a ele docu-
Parágrafo único. A comunicação de informação de na- mento ou informação com alguma restrição de acesso.
tureza ultrassecreta e secreta, de outra forma que não a § 1º Os documentos, dados ou informações cujas par-
prescrita no caput deste artigo, só será permitida excep- tes contenham diferentes níveis de restrição de acesso de-
cionalmente e em casos extremos, que requeiram tramita- vem receber diferentes marcações, mas no seu todo, será
ção e solução imediatas, em atendimento ao princípio da tratado nos termos de seu grau de sigilo mais elevado.
oportunidade e considerados os interesses da segurança da § 2º A marcação será feita em local que não compro-
sociedade e do Estado, utilizando-se o adequado meio de meta a leitura e compreensão do conteúdo do documen-
criptografia. to e em local que possibilite sua reprodução em eventuais
cópias.
Art. 42. A expedição de documento reservado poderá § 3º As páginas serão numeradas seguidamente, de-
ser feita mediante serviço postal, com opção de registro, vendo a juntada ser precedida de termo próprio consig-
mensageiro oficialmente designado, sistema de encomen- nando o número total de folhas acrescidas ao documento.
das ou, quando for o caso, mala diplomática. § 4º A marcação deverá ser necessariamente datada.
Parágrafo único. A comunicação dos documentos de
que trata este artigo poderá ser feita por outros meios, des- Art. 49. A marcação em extratos de documentos, esbo-
de que sejam usados recursos de criptografia compatíveis ços, desenhos, fotografias, imagens digitais, multimídia, ne-
com o grau de sigilo do documento, conforme previsto nos gativos, diapositivos, mapas, cartas e fotocartas obedecerá
ao prescrito no artigo 48 deste decreto.
artigos 51 a 56 deste decreto.
§ 1º Em fotografias e reproduções de negativos sem
legenda, a indicação do grau de sigilo será no verso e nas
Art. 43. Cabe aos agentes públicos credenciados res-
respectivas embalagens.
ponsáveis pelo recebimento de documentos sigilosos:
§ 2º Em filmes cinematográficos, negativos em rolos
I - verificar a integridade na correspondência recebida
contínuos e microfilmes, a categoria e o grau de sigilo se-
e registrar indícios de violação ou de qualquer irregulari-
rão indicados nas imagens de abertura e de encerramento
dade, dando ciência do fato ao seu superior hierárquico e
de cada rolo, cuja embalagem será tecnicamente segura e
ao destinatário, o qual informará imediatamente ao reme-
exibirá a classificação do conteúdo.
tente; § 3º Os esboços, desenhos, fotografias, imagens digi-
II - proceder ao registro do documento e ao controle de tais, multimídia, negativos, diapositivos, mapas, cartas e fo-
sua tramitação. tocartas de que trata esta seção, que não apresentem con-
dições para a indicação do grau de sigilo, serão guardados
Art. 44. O envelope interno só será aberto pelo destina- em embalagens que exibam a classificação correspondente
tário, seu representante autorizado ou autoridade compe- à classificação do conteúdo.
tente hierarquicamente superior, observados os requisitos
do artigo 62 deste decreto. Art. 50. A marcação da reclassificação e da desclassifica-
ção de documentos, dados ou informações sigilosos obede-
Art. 45. O destinatário de documento sigiloso comuni- cerá às mesmas regras da marcação da classificação.
cará imediatamente ao remetente qualquer indício de vio- Parágrafo único. Havendo mais de uma marcação, pre-
lação ou adulteração do documento. valecerá a mais recente.

Art. 46. Os documentos, dados e informações sigilosos SUBSEÇÃO III


serão mantidos em condições especiais de segurança, na Da Criptografia
forma do regulamento interno de cada órgão ou entidade.
Parágrafo único. Para a guarda de documentos secre- Art. 51. Fica autorizado o uso de código, cifra ou sistema
tos e ultrassecretos deverá ser utilizado cofre forte ou estru- de criptografia no âmbito da Administração Pública Esta-
tura que ofereça segurança equivalente ou superior. dual e das instituições de caráter público para assegurar o
sigilo de documentos, dados e informações.
Art. 47 Os agentes públicos responsáveis pela guarda
ou custódia de documentos sigilosos os transmitirão a seus Art. 52. Para circularem fora de área ou instalação sigi-
substitutos, devidamente conferidos, quando da passagem losa, os documentos, dados e informações sigilosos, produ-
ou transferência de responsabilidade. zidos em suporte magnético ou óptico, deverão necessaria-
mente estar criptografados.

106
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 53. A aquisição e uso de aplicativos de criptografia SUBSEÇÃO IV


no âmbito da Administração Pública Estadual sujeitar-se-ão Da Preservação e Eliminação
às normas gerais baixadas pelo Comitê de Qualidade da
Gestão Pública - CQGP. Art. 57. Aplicam-se aos documentos, dados e informa-
Parágrafo único. Os programas, aplicativos, sistemas e ções sigilosos os prazos de guarda estabelecidos na Tabela
equipamentos de criptografia são considerados sigilosos e de Temporalidade de Documentos das Atividades-Meio, ofi-
deverão, antecipadamente, ser submetidos à certificação de cializada pelo Decreto nº 48.898, de 27 de agosto de 2004,
conformidade. e nas Tabelas de Temporalidade de Documentos das Ativi-
dades-Fim, oficializadas pelos órgãos e entidades da Admi-
Art. 54. Aplicam-se aos programas, aplicativos, sistemas nistração Pública Estadual, ressalvado o disposto no artigo
e equipamentos de criptografia todas as medidas de segu- 59 deste decreto.
rança previstas neste decreto para os documentos, dados e
informações sigilosos e também os seguintes procedimen- Art. 58. Os documentos, dados e informações sigilosos
tos: considerados de guarda permanente, nos termos dos Decre-
I - realização de vistorias periódicas, com a finalidade tos nº 48.897 e nº 48.898, ambos de 27 de agosto de 2004,
de assegurar uma perfeita execução das operações cripto- somente poderão ser recolhidos à Unidade do Arquivo Pú-
gráficas; blico do Estado após a sua desclassificação.
II - elaboração de inventários completos e atualizados Parágrafo único. Excetuam-se do disposto no caput des-
do material de criptografia existente; te artigo, os documentos de guarda permanente de órgãos
III - escolha de sistemas criptográficos adequados a ou entidades extintos ou que cessaram suas atividades, em
cada destinatário, quando necessário; conformidade com o artigo 7, § 2º, da Lei Federal nº 8.159,
IV - comunicação, ao superior hierárquico ou à auto- de 8 de janeiro de 1991, e com o artigo 1º, § 2º, do Decreto
ridade competente, de qualquer anormalidade relativa ao nº 48.897, de 27 de agosto de 2004.
sigilo, à inviolabilidade, à integridade, à autenticidade, à
legitimidade e à disponibilidade de documentos, dados e Art. 59. Decorridos os prazos previstos nas tabelas de
informações sigilosos criptografados; temporalidade de documentos, os documentos, dados e in-
V - identificação e registro de indícios de violação ou formações sigilosos de guarda temporária somente poderão
interceptação ou de irregularidades na transmissão ou re- ser eliminados após 1 (um) ano, a contar da data de sua
cebimento desclassificação, a fim de garantir o pleno acesso às infor-
de documentos, dados e informações criptografados. mações neles contidas.
§ 1º A autoridade máxima do órgão ou entidade da
Administração Pública Estadual responsável pela custódia Art. 60. A eliminação de documentos dados ou infor-
de documentos, dados e informações sigilosos e deten- mações sigilosos em suporte magnético ou ótico que não
tor de material criptográfico designará um agente públi- possuam valor permanente deve ser feita, por método que
co responsável pela segurança criptográfica, devidamente sobrescreva as informações armazenadas, após sua desclas-
credenciado, que deverá observar os procedimentos pre- sificação.
vistos no caput deste artigo. Parágrafo único. Se não estiver ao alcance do órgão a
§ 2º O agente público referido no § 1º deste artigo eliminação que se refere o caput deste artigo, deverá ser
deverá providenciar as condições de segurança necessá- providenciada a destruição física dos dispositivos de arma-
rias ao resguardo do sigilo de documentos, dados e infor- zenamento.
mações durante sua produção, tramitação e guarda, em
suporte magnético ou óptico, bem como a segurança dos SUBSEÇÃO V
equipamentos e sistemas utilizados. Da Publicidade de Atos Administrativos
§ 3º As cópias de segurança de documentos, dados e
informações sigilosos deverão ser criptografados, obser- Art. 61. A publicação de atos administrativos referen-
vadas as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo. tes a documentos, dados e informações sigilosos poderá ser
efetuada mediante extratos, com autorização da autoridade
Art. 55. Os equipamentos e sistemas utilizados para a classificadora ou hierarquicamente superior.
produção e guarda de documentos, dados e informações si- § 1º Os extratos referidos no caput deste artigo limi-
gilosos poderão estar ligados a redes de comunicação de tar-se-ão ao seu respectivo número, ao ano de edição e à
dados desde que possuam sistemas de proteção e seguran- sua ementa, redigidos por agente público credenciado, de
ça adequados, nos termos das normas gerais baixadas pelo modo a não comprometer o sigilo.
Comitê de Qualidade da Gestão Pública - CQGP. § 2º A publicação de atos administrativos que trate
de documentos, dados e informações sigilosos para sua
Art. 56. Cabe ao órgão responsável pela criptografia de divulgação ou execução dependerá de autorização da au-
documentos, dados e informações sigilosos providenciar a toridade classificadora ou autoridade competente hierar-
sua descriptação após a sua desclassificação. quicamente superior.

107
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

SUBSEÇÃO VI Art. 67. O responsável pela preparação ou reprodução


Da Credencial de Segurança de documentos sigilosos deverá providenciar a eliminação
de provas ou qualquer outro recurso, que possam dar origem
Art. 62. O credenciamento e a necessidade de conhe- à cópia não autorizada do todo ou parte.
cer são condições indispensáveis para que o agente público
estadual no efetivo exercício de cargo, função, emprego ou Art. 68. Sempre que a preparação, impressão ou, se for
atividade tenha acesso a documentos, dados e informações o caso, reprodução de documentos, dados e informações si-
sigilosos equivalentes ou inferiores ao de sua credencial de gilosos forem efetuadas em tipografias, impressoras, oficinas
segurança. gráficas, ou similares, essa operação deverá ser acompanha-
da por agente público credenciado, que será responsável
Art. 63. As credenciais de segurança referentes aos graus pela garantia do sigilo durante a confecção do documento.
de sigilo previstos no artigo 31 deste decreto, serão classifi-
cadas nos graus de sigilo ultrassecreta, secreta ou reservada. SUBSEÇÃO VIII
Da Gestão de Contratos
Art. 64. A credencial de segurança referente à informa-
ção pessoal, prevista no artigo 35 deste decreto, será identi- Art. 69. O contrato cuja execução implique o acesso por
ficada como personalíssima. parte da contratada a documentos, dados ou informações
sigilosos, obedecerá aos seguintes requisitos:
Art. 65. A emissão da credencial de segurança compete I - assinatura de termo de compromisso de manutenção
às autoridades máximas de órgãos e entidades da Adminis- de sigilo;
tração Pública Estadual, podendo ser objeto de delegação. II - o contrato conterá cláusulas prevendo:
§ 1º A credencial de segurança será concedida me- a) obrigação de o contratado manter o sigilo relativo ao
diante termo de compromisso de preservação de sigilo, objeto contratado, bem como à sua execução;
pelo qual os agentes públicos responsabilizam-se por não b) obrigação de o contratado adotar as medidas de se-
revelarem ou divulgarem documentos, dados ou informa-
gurança adequadas, no âmbito de suas atividades, para a
ções sigilosos dos quais tiverem conhecimento direta ou
manutenção do sigilo de documentos, dados e informações
indiretamente no exercício de cargo, função ou emprego
aos quais teve acesso;
público.
c) identificação, para fins de concessão de credencial de
§ 2º Para a concessão de credencial de segurança serão
segurança, das pessoas que, em nome da contratada, terão
avaliados, por meio de investigação, os requisitos profis-
acesso a documentos, dados e informações sigilosos.
sionais, funcionais e pessoais dos propostos.
§ 3º A validade da credencial de segurança poderá ser
limitada no tempo e no espaço. Art. 70. Os órgãos contratantes da Administração Públi-
§ 4º O compromisso referido no caput deste artigo ca Estadual fiscalizarão o cumprimento das medidas neces-
persistirá enquanto durar o sigilo dos documentos a que sárias à proteção dos documentos, dados e informações de
tiveram acesso. natureza sigilosa transferidos aos contratados ou decorren-
tes da execução do contrato.
SUBSEÇÃO VII
Da Reprodução e Autenticação CAPÍTULO V
Das Responsabilidades
Art. 66. Os Serviços de Informações ao Cidadão - SIC
dos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual Art. 71. Constituem condutas ilícitas que ensejam res-
fornecerão, desde que haja autorização expressa das auto- ponsabilidade do agente público:
ridades classificadoras ou das autoridades hierarquicamente I - recusar-se a fornecer documentos, dados e informa-
superiores, reprodução total ou parcial de documentos, da- ções requeridas nos termos deste decreto, retardar delibera-
dos e informações sigilosos. damente o seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente
§ 1º A reprodução do todo ou de parte de documen- de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
tos, dados e informações sigilosos terá o mesmo grau de II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir,
sigilo dos documentos, dados e informações originais. inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmen-
§ 2º A reprodução e autenticação de cópias de docu- te, documento, dado ou informação que se encontre sob sua
mentos, dados e informações sigilosos serão realizadas por guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do
agentes públicos credenciados. exercício das atribuições de cargo, emprego ou função pública;
§ 3º Serão fornecidas certidões de documentos sigilosos III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações
que não puderem ser reproduzidos integralmente, em razão de acesso a documento, dado e informação;
das restrições legais ou do seu estado de conservação. IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou
§ 4º A reprodução de documentos, dados e informa- permitir acesso indevido ao documento, dado e informação
ções pessoais que possam comprometer a intimidade, a sigilosos ou pessoal;
vida privada, a honra ou a imagem de terceiros poderá V - impor sigilo a documento, dado e informação para
ocorrer desde que haja autorização nos termos item 2 do § obter proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de oculta-
1º do artigo 35 deste decreto. ção de ato ilegal cometido por si ou por outrem;

108
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

VI - ocultar da revisão de autoridade superior competen- dados e informações sigilosos ou pessoais, cabendo a apu-
te documento, dado ou informação sigilosos para beneficiar ração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou
a si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; culpa, assegurado o respectivo direito de regresso.
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pes-
concernentes a possíveis violações de direitos humanos por soa física ou entidade privada que, em virtude de vínculo
parte de agentes do Estado. de qualquer natureza com órgãos ou entidades estaduais,
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla tenha acesso a documento, dado ou informação sigilosos ou
defesa e do devido processo legal, as condutas descritas pessoal e a submeta a tratamento indevido.
no caput deste artigo serão apuradas e punidas na forma
da legislação em vigor. CAPÍTULO VI
§ 2º Pelas condutas descritas no caput deste artigo, Disposições Finais
poderá o agente público responder, também, por improbi-
dade administrativa, conforme o disposto na Lei Federal nº Art. 76. O tratamento de documento, dado ou informa-
8.429, de 2 de junho de 1992. ção sigilosos resultante de tratados, acordos ou atos inter-
nacionais atenderá às normas e recomendações constantes
Art. 72. O agente público que tiver acesso a documentos, desses instrumentos.
dados ou informações sigilosos, nos termos deste decreto, é
responsável pela preservação de seu sigilo, ficando sujeito às Art. 77. Aplica-se, no que couber, a Lei Federal nº 9.507,
sanções administrativas, civis e penais previstas na legisla- de 12 de novembro de 1997, em relação à informação de
ção, em caso de eventual divulgação não autorizada. pessoa, física ou jurídica, constante de registro ou banco de
dados de entidades governamentais ou de caráter público.
Art. 73. Os agentes responsáveis pela custódia de docu-
mentos e informações sigilosos sujeitam-se às normas re- Art. 78. Cabe à Secretaria de Gestão Pública:
ferentes ao sigilo profissional, em razão do ofício, e ao seu I - realizar campanha de abrangência estadual de fo-
código de ética específico, sem prejuízo das sanções legais.
mento à cultura da transparência na Administração Pública
Estadual e conscientização do direito fundamental de acesso
Art. 74. A pessoa física ou entidade privada que detiver
à informação;
documentos, dados e informações em virtude de vínculo de
II - promover treinamento de agentes públicos no que se
qualquer natureza com o poder público e deixar de observar
refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à trans-
o disposto na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de
parência na Administração Pública Estadual;
2011, e neste decreto estará sujeita às seguintes sanções:
III - formular e implementar política de segurança da
I - advertência;
informação, em consonância com as diretrizes da política
II - multa;
III - rescisão do vínculo com o poder público; estadual de arquivos e gestão de documentos;
IV - suspensão temporária de participar em licitação e IV - propor e promover a regulamentação do creden-
impedimento de contratar com a Administração Pública Es- ciamento de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos
tadual por prazo não superior a 2 (dois) anos; e entidades da Administração Pública Estadual para trata-
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar mento de informações sigilosas e pessoais.
com a Administração Pública Estadual, até que seja promo-
vida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou Art. 79. A Corregedoria Geral da Administração será
a penalidade. responsável pela fiscalização da aplicação da Lei Federal
§ 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e deste decreto no
artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, âmbito da Administração Pública Estadual, sem prejuízo da
assegurado o direito de defesa do interessado, no respec- atuação dos órgãos de controle interno.
tivo processo, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 2º A reabilitação referida no inciso V deste artigo será Art. 80. Este decreto e suas disposições transitórias en-
autorizada somente quando o interessado efetivar o res- tram em vigor na data de sua publicação.
sarcimento ao órgão ou entidade dos prejuízos resultantes
e decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
IV.
§ 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V deste Art. 1º Fica instituído Grupo Técnico, junto ao Comitê de
artigo é de competência exclusiva da autoridade máxima Qualidade da Gestão Pública - CQGP, visando a promover
do órgão ou entidade pública, facultada a defesa do inte- os estudos necessários à criação, composição, organização
ressado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias e funcionamento da Comissão Estadual de Acesso à Infor-
da abertura de vista. mação.
Parágrafo único. O Presidente do Comitê de Qualidade
Art. 75. Os órgãos e entidades estaduais respondem di- da Gestão Pública designará, no prazo de 30 (trinta) dias, os
retamente pelos danos causados em decorrência da divulga- membros integrantes do Grupo Técnico.
ção não autorizada ou utilização indevida de documentos,

109
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública


Estadual deverão proceder à reavaliação dos documentos, 3.4 CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL
dados e informações classificados como ultrassecretos e se- DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER
cretos no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo EXECUTIVO FEDERAL, INSTITUÍDO
inicial de vigência da Lei Federal nº 12.527, de 18 de novem-
PELO DECRETO Nº 1.171/1994, E SUAS
bro de 2011.
ALTERAÇÕES.
§ 1º A restrição de acesso a documentos, dados e infor-
mações, em razão da reavaliação prevista no caput deste
artigo, deverá observar os prazos e condições previstos na
Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.
§ 2º No âmbito da administração pública estadual, a Quando se fala em ética na função pública, não se trata
reavaliação prevista no caput deste artigo poderá ser revis- do simples respeito à moral social: a obrigação ética no se-
ta, a qualquer tempo, pela Comissão Estadual de Acesso à tor público vai além e encontra-se disciplinada em detalhes
Informação, observados os termos da Lei Federal nº 12.527, na legislação, tanto na esfera constitucional (notadamente
de 18 de novembro de 2011, e deste decreto. no artigo 37) quanto na ordinária (em que se destaca a
§ 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade Administrativa, a qual
previsto no caput deste artigo, será mantida a classificação traz um amplo conceito de funcionário público no qual po-
dos documentos, dados e informações nos termos da le- dem ser incluídos os servidores do Banco do Brasil). Ocorre
gislação precedente. que o funcionário de uma instituição financeira da qual o
§ 4º Os documentos, dados e informações classificados Estado participe de certo modo exterioriza os valores es-
como secretos e ultrassecretos não reavaliados no prazo tatais, sendo que o Estado é o ente que possui a maior
previsto no caput deste artigo serão considerados, auto- necessidade de respeito à ética. Por isso, o servidor além
maticamente, de acesso público. de poder incidir em ato de improbidade administrativa (cí-
vel), poderá praticar crime contra a Administração Pública
Art. 3º No prazo de 30 (trinta) dias, a contar da vigên- (penal). Então, a ética profissional daquele que serve algum
cia deste decreto, a autoridade máxima de cada órgão ou interesse estatal deve ser ainda mais consolidada.
entidade da Administração Pública Estadual designará su- Se a Ética, num sentido amplo, é composta por ao me-
bordinado para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, nos dois elementos - a Moral e o Direito (justo); no caso da
exercer as seguintes atribuições: disciplina da Ética no Setor Público a expressão é adotada
I - planejar e propor, no prazo de 90 (noventa) dias, os num sentido estrito - ética corresponde ao valor do justo,
recursos organizacionais, materiais e humanos, bem como previsto no Direito vigente, o qual é estabelecido com um
as demais providências necessárias à instalação e funciona- olhar atento às prescrições da Moral para a vida social. Em
mento dos Serviços de Informações ao Cidadão - SIC, a que outras palavras, quando se fala em ética no âmbito dos in-
se refere o artigo 7º deste decreto; teresses do Estado não se deve pensar apenas na Moral,
II - assegurar o cumprimento das normas relativas ao mas sim em efetivas normas jurídicas que a regulamentam,
acesso a documentos, dados ou informações, de forma efi- o que permite a aplicação de sanções. Veja o organograma:
ciente e adequada aos objetivos da Lei Federal nº 12.527, de
18 de novembro de 2011, e deste decreto;
III - orientar e monitorar a implementação do dispos-
to na Lei Federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e
neste decreto, e apresentar relatórios periódicos sobre o seu
cumprimento;
IV - recomendar as medidas indispensáveis à imple-
mentação e ao aperfeiçoamento das normas e procedimen-
tos necessários ao correto cumprimento do disposto neste
decreto;
V - promover a capacitação, o aperfeiçoamento e a
atualização de pessoal que desempenhe atividades inerentes
à salvaguarda de documentos, dados e informações sigilosos
e pessoais.

Art. 4º As Comissões de Avaliação de Documentos e As regras éticas do setor público são mais do que regu-
Acesso - CADA deverão apresentar à autoridade máxima do lamentos morais, são normas jurídicas e, como tais, passí-
órgão ou entidade, plano e cronograma de trabalho, no pra- veis de coação. A desobediência ao princípio da moralida-
zo de 30 (trinta) dias, para o cumprimento das atribuições de caracteriza ato de improbidade administrativa, sujeitan-
previstas no artigo 6º, incisos I e II, e artigo 32, inciso I, deste do o servidor às penas previstas em lei. Da mesma forma,
decreto. Palácio dos Bandeirantes, 16 de maio de 2012 o seu comportamento em relação ao Código de Ética pode
gerar benefícios, como promoções, e prejuízos, como cen-
sura e outras penas administrativas. A disciplina constitu-

110
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

cional é expressa no sentido de prescrever a moralidade os princípios éticos específicos. O grupamento de profis-
como um dos princípios fundadores da atuação da admi- sionais que exercem o mesmo ofício termina por criar as
nistração pública direta e indireta, bem como outros prin- distintas classes profissionais e também a conduta perti-
cípios correlatos. Logo, o Estado brasileiro deve se conduzir nente. Existem aspectos claros de observação do compor-
moralmente por vontade expressa do constituinte, sendo tamento, nas diversas esferas em que ele se processa: perante
que à imoralidade administrativa aplicam-se sanções. o conhecimento, perante o cliente, perante o colega, perante a
Assim, tem-se que a obediência à ética não deve se classe, perante a sociedade, perante a pátria, perante a própria
dar somente no âmbito da vida particular, mas também na humanidade como conceito global”28. Todos estes aspectos
atuação profissional, principalmente se tal atuação se der serão considerados em termos de conduta ética esperada.
no âmbito estatal, caso em que haverá coação. O Estado é Em geral, as diretivas a respeito do comportamento
a forma social mais abrangente, a sociedade de fins gerais profissional ético podem ser bem resumidas em alguns
que permite o desenvolvimento, em seu seio, das indivi- princípios basilares.
dualidades e das demais sociedades, chamadas de fins par- Segundo Nalini29, o princípio fundamental seria o de
ticulares. O Estado, como pessoa, é uma ficção, é um arran- agir de acordo com a ciência, se mantendo sempre atuali-
jo formulado pelos homens para organizar a sociedade de zado, e de acordo com a consciência, sabendo de seu dever
disciplinar o poder visando que todos possam se realizar ético; tomando-se como princípios específicos:
em plenitude, atingindo suas finalidades particulares.27 - Princípio da conduta ilibada - conduta irrepreensível
O Estado tem um valor ético, de modo que sua na vida pública e na vida particular.
atuação deve se guiar pela moral idônea. Mas não é pro- - Princípio da dignidade e do decoro profissional - agir
priamente o Estado que é aético, porque ele é composto da melhor maneira esperada em sua profissão e fora dela,
por homens. Assim, falta ética ou não aos homens que o com técnica, justiça e discrição.
compõe. Ou seja, o bom comportamento profissional do - Princípio da incompatibilidade - não se deve acumular
funcionário público é uma questão ligada à ética no ser- funções incompatíveis.
viço público, pois se os homens que compõe a estrutura - Princípio da correção profissional - atuação com trans-
do Estado tomam uma atitude correta perante os ditames parência e em prol da justiça.
éticos há uma ampliação e uma consolidação do valor ético - Princípio do coleguismo - ciência de que você e todos
do Estado. os demais operadores do Direito querem a mesma coisa,
Alguns cidadãos recebem poderes e funções específi- realizar a justiça.
cas dentro da administração pública, passando a desem- - Princípio da diligência - agir com zelo e escrúpulo em
penhar um papel de fundamental interesse para o Estado. todas funções.
Quando estiver nesta condição, mais ainda, será exigido o - Princípio do desinteresse - relegar a ambição pessoal
respeito à ética. Afinal, o Estado é responsável pela manu- para buscar o interesse da justiça.
tenção da sociedade, que espera dele uma conduta ilibada - Princípio da confiança - cada profissional de Direito é
e transparente. dotado de atributos personalíssimos e intransferíveis, sen-
Quando uma pessoa é nomeada como servidor públi- do escolhido por causa deles, de forma que a relação esta-
co, passa a ser uma extensão daquilo que o Estado repre- belecida entre aquele que busca o serviço e o profissional
senta na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao máximo é de confiança.
todos os consagrados preceitos éticos. - Princípio da fidelidade - Fidelidade à causa da justiça,
Todas as profissões reclamam um agir ético dos que a aos valores constitucionais, à verdade, à transparência.
exercem, o qual geralmente se encontra consubstanciado - Princípio da independência profissional - a maior au-
em Códigos de Ética diversos atribuídos a cada categoria tonomia no exercício da profissão do operador do Direito
profissional. No caso das profissões na esfera pública, esta não deve impedir o caráter ético.
exigência se amplia. - Princípio da reserva - deve-se guardar segredo sobre
Não se trata do simples respeito à moral social: a obri- as informações que acessa no exercício da profissão.
gação ética no setor público vai além e encontra-se disci- - Princípio da lealdade e da verdade - agir com boa-fé e
plinada em detalhes na legislação, tanto na esfera constitu- de forma correta, com lealdade processual.
cional (notadamente no artigo 37) quanto na ordinária (em - Princípio da discricionariedade - geralmente, o profis-
que se destacam o Decreto n° 1.171/94 - Código de Ética sional do Direito é liberal, exercendo com boa autonomia
- a Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade Administrativa - e sua profissão.
a Lei n° 8.112/90 - regime jurídico dos servidores públicos - Outros princípios éticos, como informação, solidarie-
civis na esfera federal). dade, cidadania, residência, localização, continuidade da
Em verdade, “[...] a profissão, como exercício habitual profissão, liberdade profissional, função social da profissão,
de uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no severidade consigo mesmo, defesa das prerrogativas, mo-
complexo da sociedade como uma atividade específica. deração e tolerância.
Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem a pratica
e a quem recebe o fruto do trabalho, também exige, nessas 28 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São
relações, a preservação de uma conduta condizente com Paulo: Atlas, 2010
27 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. 29 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed.
São Paulo: Método, 2011. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O rol acima é apenas um pequeno exemplo de atitudes mento de suas capacidades, tornando-se paulatinamente
que podem ser esperadas do profissional, mas assim como um melhor funcionário, por exemplo, buscando cursos e
é difícil delimitar um conceito de ética, é complicado es- estudando técnicas.
tabelecer exatamente quais as condutas esperadas de um
servidor: melhor mesmo é observar o caso concreto e pon- QUINTO: “Acatar as ordens legais, não ser negligente e
derar com razoabilidade. trabalhar em harmonia com a estrutura do órgão, respei-
Em suma, respeitar a ética profissional é ter em men- tando a hierarquia, seus colegas e cada concidadão, colabo-
te os princípios éticos consagrados em sociedade, fazendo rando e aceitando colaboração”.
com que cada atividade desempenhada no exercício da Existe uma hierarquia para que as funções sejam de-
profissão exteriorize tais postulados, inclusive direcionan- sempenhadas da melhor maneira possível, pois a desor-
do os rumos da ética empresarial na escolha de diretrizes e dem não permite que as atividades se encadeiem e se en-
políticas institucionais. lacem, gerando perda de tempo e desperdício de recursos.
O funcionário que busca efetuar uma gestão ética se Não significa que ordens contrárias à ética devam ser obe-
guia por determinados mandamentos de ação, os quais decidas, caso em que a medida cabível é levar a questão
valem tanto para a esfera pública quanto para a privada, para as autoridades responsáveis pelo controle da ética
embora a punição dos que violam ditames éticos no âmbi- da instituição. Cada atividade deve ser desempenhada da
to do interesse estatal seja mais rigorosa. melhor maneira possível, isto é, não se pode deixar de pra-
Neste sentido, destacam-se os dez mandamentos da ticá-la corretamente por ser mais trabalhoso (por negli-
gestão ética nas empresas públicas: gência entende-se uma omissão perigosa). No tratamento
dos demais colegas e do público, o funcionário deve ser
PRIMEIRO: “Amar a verdade, a lealdade, a probidade e a cordial e ético, embora somente assim estará contribuindo
responsabilidade como fundamentos de dignidade pessoal”. para a gestão ética da empresa.
Significa desempenhar suas funções com transparên-
cia, de forma honesta e responsável, sendo leal à institui- SEXTO: “Agir, na vida pessoal e funcional, com dignida-
ção. O funcionário deve se portar de forma digna, exterio-
de, decoro, zelo, eficácia e moralidade”.
rizando virtudes em suas ações.
O bom comportamento não deve se fazer presen-
te somente no exercício das funções. Cabe ao funcioná-
SEGUNDO: “Respeitar a dignidade da pessoa humana”.
rio se portar bem quando estiver em sua vida privada, na
A expressão “dignidade da pessoa humana” está es-
convivência com seus amigos e familiares, bem como nos
tabelecida na Constituição Federal Brasileira, em seu art.
momentos de lazer. Por melhor que seja como funcioná-
3º, III, como um dos fundamentos da República Federativa
rio, não será aceito aquele que, por exemplo, for visto fre-
do Brasil. Ao adotar um significado mínimo apreendido no
quentemente embriagado ou for sempre denunciado por
discurso antropocentrista do humanismo, a expressão va-
loriza o ser humano, considerando este o centro da criação, violência doméstica.
o ser mais elevado que habita o planeta, o que justifica Dignidade é a característica que incorpora todas as
a grande consideração pelo Estado e pelos outros seres demais, significando o bom comportamento enquanto
humanos na sua generalidade em relação a ele. Respeitar pessoa humana, tratando os outros como gosta de ser tra-
a dignidade da pessoa humana significa tomar o homem tado. Decoro significa discrição, aparecer o mínimo pos-
como valor-fonte para todas as ações e escolhas, inclusive sível, não se vangloriar com base em feitos institucionais.
na atuação empresarial. Zelo quer dizer cuidado, cautela, para que as atividades
sempre sejam desempenhadas do melhor modo. Eficácia
TERCEIRO: “Ser justo e imparcial no julgamento dos atos remete ao dever de fazer com que suas atividades atinjam
e na apreciação do mérito dos subordinados”. o fim para o qual foram praticadas, isto é, que não sejam
Retoma-se a questão dos planos de carreira, que ex- abandonadas pela metade. Moralidade significa respeitar
teriorizam a imparcialidade e a impessoalidade na escolha os ditames morais, mais que jurídicos, que exteriorizam
dos que deverão ser promovidos, a qual se fará exclusiva- os valores tradicionais consolidados na sociedade através
mente com base no mérito. Não se pode tomar questões dos tempos.
pessoais, como desavenças ou afinidades, quando o julga-
mento se faz sobre a ação de um funcionário - se agiu bem, SÉTIMO: “Jamais tratar mal ou deixar à espera de solu-
merece ser recompensado; se agiu mal, deve ser punido. ção uma pessoa que busca perante a Administração Pública
satisfazer um direito que acredita ser legítimo”.
QUARTO: “Zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual O bom atendimento do público é necessário para que
e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumpri- uma gestão possa ser considerada ética. Aquele que tem
mento da missão institucional”. um direito merece ser ouvido, não pode ser deixado de
A missão institucional envolve a obtenção de lucros, em lado pelo funcionário, esperando por horas uma solução.
regra, mas sempre aliada à promoção da ética. Na missão Mesmo que a pessoa esteja errada, isto deve ser esclareci-
institucional serão estabelecidas determinadas metas para do, de forma que a confiabilidade na instituição não fique
a empresa, que deverão ser buscadas pelos funcionários. abalada.
Para tanto, cada um deve se preocupar com o aperfeiçoa-

112
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

OITAVO: “Cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamen- Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi-
tos, as instruções e as ordens das autoridades a que estiver tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser-
subordinado”. vação dos interesses da coletividade, se encontram exte-
O Direito é uma das facetas mais relevantes da Ética riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são
porque exterioriza o valor do justo e o seu cumprimento é estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in-
essencial para que a gestão ética seja efetiva. fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes-
te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90
NONO: “Agir dentro da lei e da sua competência, atento e Lei n° 8.429/92.
à finalidade do serviço público”. Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no
Não basta cumprir o Direito, é preciso respeitar a divi- setor público partem da Constituição Federal, que estabe-
são de funções feitas com o objetivo de otimizar as ativida- lece alguns princípios fundamentais para a ética no setor
des desempenhadas. público. Em outras palavras, é o texto constitucional do ar-
tigo 37, especialmente o caput, que permite a compreen-
DÉCIMO: “Buscar o bem-comum, extraído do equilíbrio são de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque
entre a legalidade e finalidade do ato administrativo a ser possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fun-
praticado”. damentais da administração pública. Estabelece a Consti-
Bem comum é o bem de toda a coletividade e não de tuição Federal:
um só indivíduo. Este conceito exterioriza a dimensão cole-
tiva da ética. Maritain30 apontou as características essenciais Art. 37. A administração pública direta e indireta de
do bem comum: redistribuição, pela qual o bem comum qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para o de- deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida-
senvolvimento delas; respeito à autoridade na sociedade, de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
pois a autoridade é necessária para conduzir a comunidade também, ao seguinte: [...]
de pessoas humanas para o bem comum; moralidade, que São princípios da administração pública, nesta ordem:
constitui a retidão de vida, sendo a justiça e a retidão moral
Legalidade
elementos essenciais do bem comum.
Impessoalidade
Moralidade
O paradigma da Ética Pública parte da noção de liber-
Publicidade
dade social, envolta nos valores da segurança, igualdade e
Eficiência
solidariedade. Neste sentido, cada pessoa deve ter espaço
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for-
para exercer individualmente sua liberdade moral, cabendo
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da
à ética pública garantir que os indivíduos que vivem em
sociedade realizem projetos morais individuais. Administração Pública. É de fundamental importância um
A Ética Pública pode ser vista sob o aspecto da moralidade olhar atento ao significado de cada um destes princípios,
crítica e sob o aspecto da moralidade legalizada: quando estu- posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas
da-se a lei posta ou a ausência de lei e questiona-se a falta de no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa,
justiça, há uma moralidade crítica; quando a regra justa é in- tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho32
corporada ao Direito, há moralidade legalizada ou positivada. e Spitzcovsky33:
Sobre a Ética Pública, explica Nalini31: “Ética é sempre a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali-
ética, poder-se-ia afirmar. Ser ético é obrigação de todos. dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não
Seja no exercício de alguma atividade estatal, seja no com- proíbe. Contudo, como a administração pública representa
portamento individual. Mas pode-se falar em ética realçada os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação
quando se atua num universo mais amplo, de interesse de de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex-
todos. Existe, pois, uma Ética Pública, e apura-se o seu sen- pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso
tido em contraposição com o de Ética Privada. Um nome lei anterior editando a matéria para que seja preservado o
pelo qual a Ética Pública tem sido conhecida é o da justiça”. princípio da legalidade). A origem deste princípio está na
Assim, ética pública seria a moral incorporada ao Di- criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio
reito, consolidando o valor do justo. Diante da relevância Estado deve respeitar as leis que dita.
social de que a Ética se faça presente no exercício das ati- b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes-
vidades públicas, as regras éticas para a vida pública são ses que representa, a administração pública está proibida
mais do que regras morais, são regras jurídicas estabeleci- de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar
das em diversos diplomas do ordenamento, possibilitando alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou
a coação em caso de infração por parte daqueles que de- prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú-
sempenham a função pública. blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon-

30 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei 32 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de di-
natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio reito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
Editora, 1967. 2010.
31 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. 33 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. São Paulo: Método, 2011.

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NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida- que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo
de no que tange à contratação de serviços. O princípio da em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como
impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de
pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi- 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho
ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse de 1992,
particular não pode influenciar no tratamento das pessoas, DECRETA:
já que deve-se buscar somente a preservação do interesse Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
coletivo. Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com
c) Princípio da moralidade: A posição deste princí- este baixa.
pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública
uma espécie de moralidade administrativa, intimamente Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias,
relacionada ao poder público. A administração pública não as providências necessárias à plena vigência do Código de
atua como um particular, de modo que enquanto o des- Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Co-
cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti- missão de Ética, integrada por três servidores ou empre-
cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento gados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente.
jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio será comunicada à Secretaria da Administração Federal da
da moralidade deve se fazer presente não só para com os Presidência da República, com a indicação dos respectivos
administrados, mas também no âmbito interno. Está indis- membros titulares e suplentes.
sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua pu-
não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos blicação.
princípios éticos regentes da função administrativa. TODO Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e
ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS 106° da República.
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
anteriores.
ANEXO
d) Princípio da publicidade: A administração pública
Código de Ética Profissional do Servidor Público
é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Civil do Poder Executivo Federal
atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
CAPÍTULO I
cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Seção I
a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
Das Regras Deontológicas
concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne- I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciên-
gar indevidamente a fornecer informações ao administra- cia dos princípios morais são primados maiores que devem
do caracteriza ato de improbidade administrativa. Somente nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou
pela publicidade os indivíduos controlarão a legalidade e a função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação
eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e ati-
proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, tudes serão direcionados para a preservação da honra e da
XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - do tradição dos serviços públicos.
mandado de segurança. II - O servidor público não poderá jamais desprezar o
e) Princípio da eficiência: A administração pública elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que de-
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com cidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto,
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inopor-
pessoas (o concurso público seleciona os mais qualifi- tuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto,
cados ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da
seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público Constituição Federal.
por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de III - A moralidade da Administração Pública não se limi-
remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a ta à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida
procura por produtividade e economicidade. Alcança os da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio
serviços públicos e os serviços administrativos internos, se entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor
referindo diretamente à conduta dos agentes. público, é que poderá consolidar a moralidade do ato ad-
ministrativo.
Segue Decreto Nº 1.171/1994: IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos
tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até por
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a
moralidade administrativa se integre no Direito, como ele-
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Pú- mento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade,
blico Civil do Poder Executivo Federal. erigindo-se, como consequência, em fator de legalidade.

114
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe- Seção II


rante a comunidade deve ser entendido como acréscimo Dos Principais Deveres do Servidor Público
ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integran-
te da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser conside- XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
rado como seu maior patrimônio. a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, fun-
VI - A função pública deve ser tida como exercício pro- ção ou emprego público de que seja titular;
fissional e, portanto, se integra na vida particular de cada b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e
servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na con- rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamente
duta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer resolver situações procrastinatórias, principalmente diante
ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional. de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na presta-
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investiga- ção dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições,
ções policiais ou interesse superior do Estado e da Ad- com o fim de evitar dano moral ao usuário;
ministração Pública, a serem preservados em processo c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publi- integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando
cidade de qualquer ato administrativo constitui requisito estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa
de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão compro- para o bem comum;
metimento ético contra o bem comum, imputável a quem d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con-
a negar. dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços da
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor coletividade a seu cargo;
não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços
interesses da própria pessoa interessada ou da Adminis- aperfeiçoando o processo de comunicação e contato com
tração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabi- o público;
lizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da f) ter consciência de que seu trabalho é regido por
opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mesmo princípios éticos que se materializam na adequada presta-
a dignidade humana quanto mais a de uma Nação. ção dos serviços públicos;
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten-
dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela ção, respeitando a capacidade e as limitações individuais
disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos de todos os usuários do serviço público, sem qualquer es-
direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. pécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, naciona-
Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencen- lidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social,
te ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral;
má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipa- h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor
mento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os ho- de representar contra qualquer comprometimento indevi-
mens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu do da estrutura em que se funda o Poder Estatal;
tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los. i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui-
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à es- cos, de contratantes, interessados e outros que visem ob-
pera de solução que compete ao setor em que exerça ter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em
suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denun-
qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, ciá-las;
não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên-
desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos cias específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;
usuários dos serviços públicos. l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às or- sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refle-
dens legais de seus superiores, velando atentamente por tindo negativamente em todo o sistema;
seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligen- m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e
te. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigin-
tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até do as providências cabíveis;
mesmo imprudência no desempenho da função pública. n) manter limpo e em perfeita ordem o local de traba-
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu lo- lho, seguindo os métodos mais adequados à sua organiza-
cal de trabalho é fator de desmoralização do serviço públi- ção e distribuição;
co, o que quase sempre conduz à desordem nas relações o) participar dos movimentos e estudos que se relacio-
humanas. nem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a es- por escopo a realização do bem comum;
trutura organizacional, respeitando seus colegas e cada p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequa-
concidadão, colabora e de todos pode receber colabora- das ao exercício da função;
ção, pois sua atividade pública é a grande oportunidade q) manter-se atualizado com as instruções, as normas
para o crescimento e o engrandecimento da Nação. de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce
suas funções;

115
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora


instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, dele habitualmente;
tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, o) dar o seu concurso a qualquer instituição que
mantendo tudo sempre em boa ordem. atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por da pessoa humana;
quem de direito; p) exercer atividade profissional aética ou ligar o
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas fun- seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
cionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo
contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do CAPÍTULO II
serviço público e dos jurisdicionados administrativos; DAS COMISSÕES DE ÉTICA
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função,
poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse XVI - Em todos os órgãos e entidades da Admi-
público, mesmo que observando as formalidades legais e nistração Pública Federal direta, indireta autárquica e
não cometendo qualquer violação expressa à lei; fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua exerça atribuições delegadas pelo poder público, de-
classe sobre a existência deste Código de Ética, estimulan- verá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada
do o seu integral cumprimento. de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do
servidor, no tratamento com as pessoas e com o pa-
Seção III trimônio público, competindo-lhe conhecer concreta-
Das Vedações ao Servidor Público mente de imputação ou de procedimento susceptível
de censura.
XV - E vedado ao servidor público; XVII -- (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos
tempo, posição e influências, para obter qualquer favoreci- organismos encarregados da execução do quadro de
mento, para si ou para outrem;
carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros
ética, para o efeito de instruir e fundamentar promo-
servidores ou de cidadãos que deles dependam;
ções e para todos os demais procedimentos próprios
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, co-
da carreira do servidor público.
nivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao
XIX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
Código de Ética de sua profissão;
XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o
XXI - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
exercício regular de direito por qualquer pessoa, causan-
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela
do-lhe dano moral ou material;
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao Comissão de Ética é a de censura e sua fundamenta-
seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do ção constará do respectivo parecer, assinado por to-
seu mister; dos os seus integrantes, com ciência do faltoso.
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, ca- XXIII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
prichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram XXIV - Para fins de apuração do comprometimen-
no trato com o público, com os jurisdicionados adminis- to ético, entende-se por servidor público todo aquele
trativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato ju-
inferiores; rídico, preste serviços de natureza permanente, tem-
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual- porária ou excepcional, ainda que sem retribuição fi-
quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comis- nanceira, desde que ligado direta ou indiretamente a
são, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, fa- qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias,
miliares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua as fundações públicas, as entidades paraestatais, as
missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo empresas públicas e as sociedades de economia mis-
fim; ta, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva do Estado.
encaminhar para providências; XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite
do atendimento em serviços públicos;
j) desviar servidor público para atendimento a interes-
se particular;
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente
autorizado, qualquer documento, livro ou bem pertencente
ao patrimônio público;
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de pa-
rentes, de amigos ou de terceiros;

116
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

vo e provocador das decisões, empreendedor das ações


4 GESTÃO DE PESSOAS NO SETOR PÚBLICO. e criador da inovação dentro das organizações. Mais do
que isso, um agente proativo dotado de visão própria e,
sobre tudo, de inteligência, a maior e a mais avançada e
. sofisticada habilidade humana.
A Gestão de Pessoas é fundamental para o sucesso de Em um paradigma mais antigo, o da Administração
uma empresa no mundo empresarial cada fez mais globa- de Recursos Humanos (ARH), as pessoas eram vistas
lizado e competitivo. como mais um recurso. Na Gestão de Pessoas, elas são
Gestão de pessoas “é o conjunto de decisões inte- vistas como parceiras, colaboradoras ativas.
gradas sobre as relações de emprego que influenciam a Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social,
eficácia dos funcionários e das organizações. Assim, todos e há na organização também o subsistema técnico. A in-
os gerentes são, em certo sentido, gerentes de pessoas, teração da gestão de pessoas com outros subsistemas,
porque todos eles estão envolvidos em atividades como especialmente o técnico, envolve alinhar objetivos orga-
recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento” (CHIAVE- nizacionais e individuais. As pessoas precisam ter compe-
NATO, 2005, p 9). tência para realizar as atividades e entregas que possam
A gestão de pessoas é uma das áreas que mais tem contribuir com a organização, do contrário poderia haver
sofrido mudanças e transformações nos últimos anos. Não inúmeras consequências negativas nas mais diferentes
apenas nos seus aspectos tangíveis e concretos como prin- áreas (financeira, por exemplo). É também por isso que a
cipalmente nos aspectos conceituais e intangíveis. A visão área de gestão de pessoas sempre atua em parceria com
que se tem hoje da área é totalmente diferente de sua tra- outras áreas.
dicional configuração, quando recebia o nome Administra-
ção de Recursos Humanos (ARH). Muita coisa mudou. A A Gestão de Pessoas se baseia em três aspectos
Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência fundamentais
das organizações bem sucedidas e pelo aporte de capital
intelectual que simboliza, mais do que tudo, a importância 1. As pessoas como seres humanos: dotados de per-
do fator humano em plena Era da Informação. sonalidade própria e profundamente diferentes entre si,
A Gestão de Pessoas é uma área muito sensível à men- com uma história particular e diferenciada, possuidores
talidade que predomina nas organizações. Ela é contingen- de conhecimentos, habilidades, destrezas e capacidades
cial e situacional, pois depende de vários aspectos, como indispensáveis à adequada gestão dos recursos organiza-
a cultura que existe em cada organização, da estrutura or- cionais. Pessoas como pessoas e não como meros recur-
ganizacional adotada, das características do contexto am- sos da organização.
biental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada,
dos processos internos e de uma infinidade de outras va- 2. As pessoas como ativadores inteligentes de recursos
riáveis importantes. organizacionais: como elementos impulsionadores da or-
O papel da Administração para a Gestão de Pessoas ganização e capazes de dotá-la de inteligência, talento e
tem como definição, o ato de trabalhar com e através de aprendizados indispensáveis à sua constante renovação e
pessoas para realizar os objetivos tanto da organização competitividade em um mundo de mudanças e desafios.
quanto de seus membros. As pessoas como fonte de impulso próprio que dinami-
A maneira pela qual as pessoas se comportam, deci- za a organização e não como agentes passivos, inertes e
dem, age, trabalham, executam, melhoram suas atividades, estáticos.
cuidam dos clientes e tocam os negócios das empresas va-
ria em enormes dimensões. E essa variação depende, em 3. As pessoas como parceiras da organização: capazes
grande parte, das políticas e diretrizes das organizações a de conduzi-la á excelência e ao sucesso. Como parceiros,
respeito de como lidar com as pessoas em suas atividades. as pessoas fazem investimentos na organização — como
Em muitas organizações, falava-se até pouco tempo em re- esforço, dedicação, responsabilidade, comprometimento,
lações industriais, em outras organizações, fala-se em ad-
riscos etc. — na expectativa de colher retornos desses
ministração de recursos humanos, fala-se agora em admi-
investimentos — como salários, incentivos financeiros,
nistração de pessoas, com uma abordagem que tende a
crescimento profissional, carreira etc. Qualquer investi-
personalizar e a visualizar as pessoas como seres humanos,
mento somente se justifica quando traz um retorno ra-
dotados de habilidades e capacidades intelectuais. No en-
zoável. Na medida em que o retorno é bom e sustentado,
tanto, a tendência que hoje se verifica está voltada para
a tendência certamente será a manutenção ou aumento
mais além: fala-se agora em administração com as pessoas.
do investimento. Daí o caráter de reciprocidade na inte-
Administrar com as pessoas significa tocar a organiza-
ração entre pessoas e organizações. E também o caráter
ção juntamente com os colaboradores e parceiros internos
que mais entendem dela, dos seus negócios e do seu futu- de atividade e autonomia e não mais de passividade e
ro. Uma nova visão das pessoas não mais como um recurso inércia das pessoas. Pessoas como parceiros ativos da or-
organizacional, um objeto servil ou mero sujeito passivo ganização e não como meros sujeitos passivos.
do processo, mas fundamentalmente como um sujeito ati-

117
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CARACTERÍSTICAS OBJETIVOS E DESAFIOS DA GESTÃO DE PESSOAS

A Gestão de Pessoas é caracterizada pela: Objetivos:


participação,  capacitação,  envolvimento e desen- • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e
volvimento do bem mais precioso de uma organização realizar sua missão.
que é o capital humano que nada mais são que as pes- • Proporcionar competitividade à organização.
soas que a compõem. • Proporcionar à organização talentos bem treina-
Cabe a área de gestão de pessoas a função de hu- dos e motivados.
manizar as empresas. A gestão de pessoas é um assunto • Aumentar a autoatualização e a satisfação das
tão atual na área de administração, mas que ainda é um pessoas no trabalho.
discurso para muitas organizações, ou seja, em muitas • Desenvolver e manter qualidade de vida no tra-
delas ainda não se tornou uma ação pratica. balho.
• Administrar a mudança.
Atualmente nas relações de trabalho vem ocorrendo
• Manter política ética e comportamento social-
mudanças conforme as exigências que o mercado impõe
mente responsável
ou na forma de gerir pessoas. Devido a isto, pode-se ob-
servar uma importante mudança nos modelos de gestão,
Desafios
e neste processo o de “gestão de pessoas” para que pos- Retenção de talentos - Para manter e reter um talento,
sam alcançar o nível de competência desejado. a empresa deve se valer de instrumentos de identificação
de potenciais. Esse é o primeiro passo para investir no de-
Participação: senvolvimento ou aprimoramento de pessoas. As empre-
As pessoas são capazes de conduzir a organização sas mais desejadas pelos profissionais são as que fazem um
ao sucesso. Com a participação as pessoas fazem investi- processo de gestão de pessoas planejado. A montagem de
mentos como esforço, dedicação e responsabilidade, na um banco de talentos, no qual estas são preparadas para
esperança de retorno por meio de incentivos financeiros, assumir posições-chave é um caminho.
carreira, etc. Essa alternativa pode ser combinada com um planeja-
mento estratégico que indicará que tipo de pessoas serão
Capacitação: necessárias a médio e a longo prazo. O uso dessas táticas dife-
Pessoas com competências essenciais ao sucesso or- renciadas distingue claramente as empresas que estão sempre
ganizacional. A construção de uma competência é extre- na vanguarda, onde o talento da casa consolida e abre novos
mamente difícil, leva tempo para o aprendizado e matu- mercados com inovações, enquanto outras correm atrás na
ração. tentativa de recuperar o profissional e o espaço perdido.
É preciso dar contrapartidas para reter os colabora-
Envolvimento: dores, o que se faz buscando alternativas para oferecer o
A pessoa que agrega inteligência ao negócio da or- que os jovens estão buscando. As redes sociais ampliaram
ganização a torna competitiva, isto significa, saber criar, muito as informações, levando-os a identificar mais opor-
desenvolver e aplicar as habilidades e competências na tunidades no mercado de trabalho.
força de trabalho. Choque de gerações - As gerações se diferenciam em
características, porém as competências podem e devem ser
Desenvolvimento: trabalhadas. Elas se ajustam ao que ocorre no meio am-
biente. Os baby boomers, por exemplo, estão acostumados
Construir e proteger o mais valioso patrimônio da
a hierarquias mais verticalizadas. A Geração Y não tende a
organização é preparar e capacitar de forma contínua as
fidelização. Para conter sua impulsividade é preciso identi-
pessoas. O trabalho deve estar adequado às suas compe-
ficar o que querem os jovens e ofertar algo adequado.
tências de forma balanceada.
Nesse caso, nem sempre a remuneração tem maior
peso, mas sim, a liberdade, a autonomia, a criação, o res-
Equilíbrio Organizacional peito e o reconhecimento. O conflito de gerações reflete-se
Essa teoria surgiu dos apontamentos feitos sobre nos resultados das organizações. O embate ocorre quando
motivação, mais especialmente sobre as analises de com- não há qualquer planejamento por parte destas. Cada ge-
portamento que produzem a cooperação por parte dos ração futura virá com características próprias diferenciadas
indivíduos. Ela resume essa relação entre pessoas e or- e um jeito distinto de olhar o mundo.
ganização como sendo um sistema onde a organização Ambiente - Hoje, com a presença maciça dos jovens
recebe cooperação dos colaboradores sob a forma de no mercado de trabalho, ambientes e benefícios diferen-
dedicação ou de trabalho e em troca oferece vantagens ciados têm sido uma expectativa e uma exigência da nova
e incentivos, dentre os quais podemos citar os salários, geração. Não são todas as empresas que podem oferecer
prêmios de produção, gratificações, elogios, oportunida- todos os benefícios pleiteados. Em um processo industrial,
des, etc. Isso facilita a existência de um processo harmo- a maturação leva um pouco mais de tempo. O setor de
nioso, alcançando-se assim o que chamamos de equilí- prestação de serviços e das empresas de tecnologia da in-
brio organizacional. formação e da comunicação tem mais facilidade em criar
ambientes propícios à liberdade e à criatividade.

118
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Papel dos Recursos Humanos - A área de Recursos Humanos precisa sair do operacional para assumir uma cadeira
nas decisões estratégicas. Deve participar opinando e mostrando alternativas de preparação dos profissionais. Antes disso,
é preciso estar mais próximo dos clientes internos para acompanhar mudanças, expectativas e identificar quem pode fazer
parte de um plano de carreira e de desenvolvimento.
O profissional de RH precisa ser muito antenado, versátil e flexível para atender às necessidades internas e as de mer-
cado. O desafio das empresas é a estruturação de um processo de carreira, tanto horizontal quanto vertical. As pessoas
devem começar a ser valorizadas pelas entregas, inovações e projetos que fazem e não mais só pela posição que ocupam.
Trabalho além fronteiras - há muitas empresas brasileiras em processo de internacionalização, expandindo operações
para o Mercosul, Ásia, Europa e Estados Unidos. Esse processo requer profissionais especialmente treinados e preparados
que ocupem estes cargos-chave para gerir os negócios em outros países.
O movimento mostra que as empresas brasileiras estão no caminho certo e são competitivas. Para os profissionais, o
avanço ao mercado global é uma oportunidade de fazer uma carreira internacional e desenvolver competências; para as
empresas, uma forma de atingir vantagem competitiva.

GESTÃO DE PESSOAS E A RELAÇÃO COM OUTROS SISTEMAS DE ORGANIZAÇÃO

A gestão de pessoas é uma das áreas que mais tem sofrido mudanças e transformações nos últimos anos.
A Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem sucedidas e pelo aporte de capital
intelectual que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da Informação.
Depende de vários aspectos, como a cultura que existe em cada organização, da estrutura organizacional adotada,
das características do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada, dos processos internos
e de uma infinidade de outras variáveis importantes.
O papel da Administração para a Gestão de Pessoas tem como definição, o ato de trabalhar com e através de pessoas
para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros.
A maneira pela qual as pessoas se comportam, decidem, age, trabalham, executam, melhoram suas atividades, cuidam
dos clientes e tocam os negócios das empresas varia em enormes dimensões. E essa variação depende, em grande parte, das
políticas e diretrizes das organizações a respeito de como lidar com as pessoas em suas atividades.
Fala-se agora em administração de pessoas, com uma abordagem que tende a personalizar e a visualizar as pessoas
como seres humanos, dotados de habilidades e capacidades intelectuais. No entanto, a tendência que hoje se verifica está
voltada para mais além: fala-se agora em administração com as pessoas.
Administrar com as pessoas significa tocar a organização juntamente com os colaboradores e parceiros internos que mais
entendem dela, dos seus negócios e do seu futuro. Uma nova visão das pessoas não mais como um recurso organizacional,
um objeto servil ou mero sujeito passivo do processo, mas fundamentalmente como um sujeito ativo e provocador das de-
cisões, empreendedor das ações e criador da inovação dentro das organizações
Em um paradigma mais antigo, o da Administração de Recursos Humanos (ARH), as pessoas eram vistas como mais um
recurso. Na Gestão de Pessoas, elas são vistas como parceiras, colaboradoras ativas.

Pessoas como Recursos Pessoas como Parceiros


• Horário rigidamente estabelecido • Colaboradores agrupados em equipes
• Preocupação com normas e regras • Metas negociadas e compartilhadas
• Subordinação ao chefe • Preocupação com resultados
• Fidelidade à organização • Satisfação do cliente
• Dependência da chefia • Vinculação à missão e à visão
• Alienação em relação à organização • Interdependência entre colegas
• Ênfase na especialização • Participação e comprometimento
• Executoras de tarefas • Ênfase na ética e responsabilidade
• Ênfase nas destrezas manuais • Fornecedores de atividade
• Mão de obra • Ênfase no conhecimento
• Inteligência e talento

Uma característica essencial das organizações é que elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas. É aí que entra
o conceito de Gestão de Pessoas! Gestão de Pessoas é um modelo geral de como as organizações se relacionam com as
pessoas.
Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na organização também o subsistema técnico. A interação
da gestão de pessoas com outros subsistemas, especialmente o técnico, envolve alinhar objetivos organizacionais e indi-
viduais.

119
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Essa teoria surgiu dos apontamentos feitos sobre motivação, mais especialmente sobre as analises de comportamento
que produzem a cooperação por parte dos indivíduos. Ela resume essa relação entre pessoas e organização como sendo
um sistema onde a organização recebe cooperação dos colaboradores sob a forma de dedicação ou de trabalho e em
troca oferece vantagens e incentivos, dentre os quais podemos citar os salários, prêmios de produção, gratificações, elo-
gios, oportunidades, etc. Isso facilita a existência de um processo harmonioso, alcançando-se assim o que chamamos de
equilíbrio organizacional.

4 GESTÃO DE PROCESSOS. 4.1 CONCEITOS


DA ABORDAGEM POR PROCESSOS. 4.2
TÉCNICAS DE MAPEAMENTO, ANÁLISE E
MELHORIA DE PROCESSOS.

Processos são sequências de ações ou eventos que levam a um determinado fim, resultado ou objetivo. Existem pro-
cessos administrativos, processos civis, processos legislativos etc. Há também processos fisiológicos ou psicológicos.
A relação fundamental entre os processos é que há uma entrada de alguma coisa, uma etapa de transformação ou
processamento e uma saída.
Exemplo:

Falar em processos é quase sinônimo de falar em eficiência, redução de custos e qualidade, por isso é recorrente na
agenda de qualquer executivo. O atual dinamismo das organizações, aliado ao peso cada vez maior que a tecnologia exer-
ce nos negócios, vem fazendo com que o tema processos e, mais recentemente, gestão por processos (Business Process
Management, ou BPM) seja discutido e estudado com crescente interesse pelas empresas. Os principais fatores que tem
contribuído para essa tendência são:

* Aumento da demanda de mercado vem exigindo desenvolvimento e lançamento de novos produtos e serviços de
forma mais ágil e rápida.
* Com a implantação de Sistemas Integrados de Gestão, os chamados ERPs, existe a necessidade prévia de mapea-
mento dos processos. Entretanto é muito comum a falta de alinhamento entre processos, mesmo depois da implantação
sistema.
* As regras e procedimentos organizacionais se mostram cada vez mais desatualizados devido ao ambiente de constan-
te mudança. Em tal situação erros são cometidos ou decisões são postergadas por falta de uma orientação clara.
* Maior frequência de entrada e saída de profissionais (turnover) tem dificultado a gestão de conhecimento e a docu-
mentação das regras de negócio, gerando como resultado maior dificuldade como na integração e treinamento de novos
colaboradores.

120
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Os efeitos destas e outras situações têm levado um nesse caminho trata-se de uma mudança cultural. É neces-
número crescente de empresas a buscar uma nova forma sária maior percepção das relações entre processos. Nesse
de gerenciar seus processos. Muitas começam pelo desen- sentido, não basta controlar os resultados dos processos, é
volvimento e revisão das normas da organização ou ainda preciso treinar e integrar as pessoas visando gerar fluxo de
pelo mapeamento de processos. atividades mais equilibrado e de controles mais robustos.
É por causa desse último passo que a implantação de
O ponto de partida inicial é identificar os processos re- BPM deve ser tratada de forma planejada e orientada em
levantes e como devem ser operacionalizados com eficiên- resultados de curto, médio e longo prazo.
cia. Questões que podem ajudar nesta análise são: Como já dissemos, o BPM representa uma visão bem
- Qual o dimensionamento de equipe ideal para a mais abrangente, onde a busca por ganhos está vinculada
execução e o controle dos processos? a um novo modelo de gestão. Colocar tal modelo em prá-
- Qual o suporte adequado de ferramentas tecnoló- tica requer uma nova forma de analisar e decidir como será
gicas? o dia-a-dia da organização de hoje, amanhã, na semana
- Quais os métodos de monitoramento e controle que vem, no próximo ano e assim por diante.
do desempenho a serem utilizados?
- Qual é o nível de integração e interdependência Gestão de processos ou gestão por processos?
entre processos? Para muitos já é sabido que um processo nada mais é
que um conjunto de atividades realizadas por pessoas e/ou
A resposta a essas questões representa a adoção de máquinas, que se utilizam de recursos, sejam informações,
uma visão abrangente por parte da organização sobre os equipamentos, conhecimentos, que transformarão os insu-
seus processos e de como estão relacionados. Essa “visão” mos, obtidos de fornecedores, em produtos e/ou serviços
é o que chama de uma abordagem de BPM (Gerenciamen- que serão entregues aos clientes.
to de Processos de Negócios). Sua implantação deve con- Estes clientes solicitaram ou desejam estes produtos e/
siderar no mínimo cinco 5 diferentes passos fundamentais: ou serviços e, portanto, há requisitos a serem atendidos.
Em função disso, devem-se definir os insumos e os for-
1. Tradução do negócio em processos: É importante necedores que serão utilizados para realizar as tarefas de
definir quais são os processos mais relevantes para a orga- transformação que irão gerar o produto ou serviço deseja-
nização e aqueles que os suportam. Isso é possível a partir do pelo cliente.
do entendimento da Visão Estratégica, como se pretende Mas não é óbvio? Tudo nas empresas não são proces-
atuar e quais os diferenciais atuais e desejados para o futu- sos? As empresas não “acontecem” com estes processos?
ro. Com isso, é possível construir o Mapa Geral de Proces- Então, porque se fala tanto em fazer com que as organiza-
sos da Organização. ções trabalhem através de processos?
2. Mapeamento e detalhando os processos: A partir da Acontece que as organizações cresceram e se estrutu-
definição do Mapa Geral de Processos inicia-se a prioriza- raram de forma departamentalizada. Elas possuem o hábi-
ção dos processos que serão detalhados. O mapeamento to de executar suas atividades de forma vertical, funcional,
estruturado com a definição de padrões de documentação e o processo não é visto como um todo. Se cada um rea-
permite uma análise de todo o potencial de integração e lizar uma parte, a empresa perde a noção do conjunto e,
automação possível. De forma complementar são iden- consequentemente, seu contato com o cliente. Fica difícil
tificados os atributos dos processos, o que permite, por perceber o que se deseja atingir no final, qual é o produto
exemplo, realizar estudos de custeio das atividades que ou o serviço a ser entregue.
compõe o processo, ou ainda dimensionar o tamanho da Se imaginarmos um trabalhador de algumas décadas
equipe que deverá realizá-lo. atrás, ele basicamente comprava a matéria prima, plane-
3. Definição de indicadores de desempenho: O objetivo java sua aplicação, desenvolvia o produto, entregava ao
do BPM é permitir a gestão dos processos, o que significa cliente, recebia o pagamento e pagava suas contas. Este
medir, atuar e melhorar! Assim, tão importante quanto ma- trabalhador possuía a noção de todo seu processo.
pear os processos é definir os indicadores de desempenho, Na atualidade, as organizações, departamentalizadas,
além dos modelos de controle a serem utilizados. possuem áreas que cuidam de forma individual da aquisi-
4. Gerando oportunidades de melhoria: A intenção é ção de suas matérias primas, do desenvolvimento do pro-
garantir um modelo de operação que não leve a retrabalho, duto, do contas a pagar e a receber, perdendo-se o con-
perda de esforço e de eficiência, ou que gere altos custos tato com o cliente. Assim os processos ficam “quebrados”
ou ofereça riscos ao negócio. Para tal é necessário identifi- e iniciam-se os problemas de retrabalhos, atividades não
car as oportunidades de melhoria, que por sua vez seguem executadas, acumulo e desvio de funções... e a organiza-
quatro alternativas básicas: incrementar, simplificar, auto- ção, por crescer e se estruturar de forma vertical, perde a
matizar ou eliminar. Enquanto que na primeira busca-se o visão por processos.
ganho de escala, na última busca-se a simples exclusão da Mas então, em linhas gerais, qual a diferença entre a
atividade ou transferência da mesma para terceiros. gestão DE processos e a gestão POR processos?
5. Implantando um novo modelo de gestão: O BPM - A gestão de processos significa que existem proces-
não deve ser entendido como uma revisão de processos. sos mapeados, sendo monitorados, mantidos sob controle
A preocupação maior é assegurar melhores resultados e e que estão funcionando conforme planejado;

121
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- Quando se fala em gestão por processos, procura-se Entender como funcionam os processos e quais são os
ver a organização de forma mais ampla, com as áreas se tipos existentes é importante para determinar como eles
inter-relacionando. Vários processos estão interagindo e a devem ser gerenciados para obtenção de melhores resul-
gestão monitora isso como um todo, garantindo a satisfa- tados.
ção do cliente. Afinal, cada tipo de processo tem características espe-
cíficas e deve ser gerenciado de maneira específica.
Sendo assim, para que uma gestão por processos seja A visão de processos é uma maneira de identificar e
bem sucedida, é necessário que: aperfeiçoar as interfaces funcionais, que são os pontos nos
- As áreas se enxerguem como sócias/parceiras, e não quais o trabalho que está sendo realizado é transferido de
como concorrentes; um setor para o seguinte. Nessas transferências é que nor-
- Que o desempenho do processo seja medido e ras- malmente ocorrem os erros e a perda de tempo.
treado continuamente e por todos os envolvidos; Todo trabalho realizado numa organização faz parte de
-Que os colaboradores sejam avaliados pelas contri- um processo. Não existe um produto ou serviço oferecido
buições para o sucesso do processo. sem um processo. A Gestão por Processos é a forma estru-
turada de visualização do trabalho.
A verdade é que é muito difícil atingir este nível de
maturidade em uma organização. O foco ainda está nas O objetivo central da Gestão por Processos é torná-los
necessidades das áreas, e estas áreas acreditam, na maioria mais eficazes, eficientes e adaptáveis.
das vezes, que seu produto, seu serviço, seu processo e Eficazes: de forma a viabilizar os resultados desejados,
suas atividades são mais importantes que a do outro. a eliminação de erros e a minimização de atrasos;
Mas os profissionais, conhecedores dos métodos, Eficientes: otimização do uso dos recursos;
conceitos, metodologias e práticas de mercado para mo- Adaptáveis: capacidade de adaptação às necessidades
delagem e gestão por processos alinhados e em conjunto variáveis do usuário e organização.
com a Alta Administração, devem disseminar essa cultura,
Deve-se ter em mente que, quando os indivíduos es-
trabalhando para minimizar a forma verticalizada praticada
tiverem realizando o trabalho através dos processos, eles
pelas empresas, para cada vez mais as áreas entenderem
estarão contribuindo para que a organização atinja os seus
que a corrente de seus processos somente será forte se
objetivos. Esta relação deve ser refletida pela equipe de
todos os elos forem fortes.
trabalho, através da consideração de três variáveis de pro-
Feito isso, o que esperar da gestão por processos?
cesso:
- Gerenciamento alinhado à estratégia da organização;
Objetivos do processo: derivados dos objetivos da or-
- Foco no desenvolvimento do produto/serviço para o
ganização, das necessidades dos clientes e das informa-
cliente;
ções de benchmarking disponíveis;
- Aplicação e análise permanente do desempenho dos Design do processo: deve-se responder a pergunta:
processos por meio de indicadores; “Esta é melhor forma de realizar este processo?”
- Direcionamento e capacitação das equipes de traba- Administração do processo: deve-se responder as se-
lho; guintes perguntas: “Vocês
- Fortalecimento da comunicação em todos os níveis entendem os seus processos? Os subobjetivos dos
da organização. processos foram determinados corretamente? O desem-
penho dos processos é gerenciado? Existem recursos sufi-
Assim, conclui-se que com a gestão por processos há cientes alocados em cada processo? As interfaces entre os
maior sinergia entre as áreas, com processos otimizados, processos estão sendo gerenciadas?”
padronizados e controlados, fortalecendo o relacionamen- Realizando estas considerações, a equipe estabelece-
to interdepartamental, possibilitando a visão do “todo” e rá a existência da ligação principal entre o desempenho
produzindo resultados voltados para o negócio. da organização e o individual no desenvolvimento de uma
A gestão de processos é muito associada à gestão da estrutura mais competitiva, além de levantar informações
qualidade. O aperfeiçoamento de processos, inclusive, é que servem para comparar as situações atuais e desejadas
frequentemente inserido, nas organizações, dentro de pro- da organização, de forma a impulsionar a mudança.
gramas de qualidade total. São princípios da qualidade:
Ao analisar um processo, a equipe de projeto deve par- Falar em processos é quase sinônimo de falar em efi-
tir sempre da perspectiva do cliente (interno ou externo), ciência, redução de custos e qualidade, por isso é recor-
de forma a atender às suas necessidades e preferências, ou rente na agenda de qualquer executivo. O atual dinamis-
seja, o processo começa e termina no cliente, como sugeri- mo das organizações, aliado ao peso cada vez maior que
do na abordagem derivada da filosofia do Gerenciamento a tecnologia exerce nos negócios, vem fazendo com que o
da Qualidade Total (TQM). Dentro dessa linha, cada etapa tema processos e, mais recentemente, gestão por proces-
do processo deve agregar valor para o cliente, caso contrá- sos (Business Process Management, ou BPM) seja discutido
rio será considerado desperdício, gasto, excesso ou perda; e estudado com crescente interesse pelas empresas.
o que representaria redução de competitividade e justifica- Os principais fatores que tem contribuído para essa
ria uma abordagem de mudança. tendência são:

122
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- Aumento da demanda de mercado vem exigindo 3. Definição de indicadores de desempenho: O obje-


desenvolvimento e lançamento de novos produtos e servi- tivo do BPM é permitir a gestão dos processos, o que signi-
ços de forma mais ágil e rápida. fica medir, atuar e melhorar! Assim, tão importante quanto
- Com a implantação de Sistemas Integrados de mapear os processos é definir os indicadores de desempe-
Gestão, os chamados ERPs, existe a necessidade prévia de nho, além dos modelos de controle a serem utilizados.
mapeamento dos processos. Entretanto é muito comum a 4. Gerando oportunidades de melhoria: A intenção
falta de alinhamento entre processos, mesmo depois da é garantir um modelo de operação que não leve a retra-
implantação sistema. balho, perda de esforço e de eficiência, ou que gere altos
- As regras e procedimentos organizacionais se custos ou ofereça riscos ao negócio. Para tal é necessário
mostram cada vez mais desatualizados devido ao ambiente identificar as oportunidades de melhoria, que por sua vez
de constante mudança. Em tal situação erros são cometi- seguem quatro alternativas básicas: incrementar, simpli-
dos ou decisões são postergadas por falta de uma orienta- ficar, automatizar ou eliminar. Enquanto que na primeira
ção clara. busca-se o ganho de escala, na última busca-se a simples
- Maior frequência de entrada e saída de profissio- exclusão da atividade ou transferência da mesma para ter-
nais (turnover) tem dificultado a gestão de conhecimento ceiros.
e a documentação das regras de negócio, gerando como 5. Implantando um novo modelo de gestão: O BPM
resultado maior dificuldade como na integração e treina- não deve ser entendido como uma revisão de processos.
mento de novos colaboradores. A preocupação maior é assegurar melhores resultados e
Os efeitos destas e outras situações têm levado um nesse caminho trata-se de uma mudança cultural. É neces-
número crescente de empresas a buscar uma nova forma sária maior percepção das relações entre processos. Nesse
de gerenciar seus processos. Muitas começam pelo desen- sentido, não basta controlar os resultados dos processos, é
volvimento e revisão das normas da organização ou ainda preciso treinar e integrar as pessoas visando gerar fluxo de
pelo mapeamento de processos. Entretanto, fazer isso de atividades mais equilibrado e de controles mais robustos.
imediato é colocar o “carro na frente dos bois”. É por causa desse último passo que a implantação de
Em vez disso, o ponto de partida inicial é identificar os
BPM deve ser tratada de forma planejada e orientada em
processos relevantes e como devem ser operacionalizados
resultados de curto, médio e longo prazo.
com eficiência. Questões que podem ajudar nesta análise
O BPM representa uma visão bem mais abrangente,
são:
onde a busca por ganhos está vinculada a um novo modelo
- Qual o dimensionamento de equipe ideal para a
de gestão. Colocar tal modelo em prática requer uma nova
execução e o controle dos processos?
forma de analisar e decidir como será o dia-a-dia da orga-
- Qual o suporte adequado de ferramentas tecnoló-
gicas? nização de hoje, amanhã, na semana que vem, no próximo
- Quais os métodos de monitoramento e controle ano e assim por diante.
do desempenho a serem utilizados?
- Qual é o nível de integração e interdependência
entre processos?

A resposta a essas questões representa a adoção de


uma visão abrangente por parte da organização sobre os
seus processos e de como estão relacionados. Essa “visão”
é o que chama de uma abordagem de BPM. Sua implan-
tação deve considerar no mínimo cinco diferentes passos
fundamentais:
1. Tradução do negócio em processos: É importante
definir quais são os processos mais relevantes para a orga-
nização e aqueles que os suportam. Isso é possível a partir
do entendimento da Visão Estratégica, como se pretende
atuar e quais os diferenciais atuais e desejados para o futu-
ro. Com isso, é possível construir o Mapa Geral de Proces-
sos da Organização.
2. Mapeamento e detalhando os processos: A partir
da definição do Mapa Geral de Processos inicia-se a priori-
zação dos processos que serão detalhados. O mapeamento
estruturado com a definição de padrões de documentação
permite uma análise de todo o potencial de integração e
automação possível. De forma complementar são iden-
tificados os atributos dos processos, o que permite, por
exemplo, realizar estudos de custeio das atividades que
compõe o processo, ou ainda dimensionar o tamanho da
equipe que deverá realizá-lo.

123
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

EXERCÍCIOS 3. (IPSEMG - TÉCNICO – ENFERMAGEM - FUN-


DEP/2013) Segundo a Lei nº 12.527/2011, que regula o
1. (SESACRE – FISIOTERAPEUTA - FUNCAB/2013) acesso a informações garantido pela Constituição da Repú-
As informações consideradas ultrassecretas pela Lei de blica, constitui dever dos órgãos e entidades públicas pu-
Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011) têm prazo blicar e promover, independentemente de requerimento, a
máximo de sigilo, contado da data de sua produção, de: divulgação de informações de interesse coletivo ou geral
a) vinte e cinco anos. por eles produzidos ou custodiadas.
b) dez anos. Para tanto, deverão utilizar os meios e instrumentos
c) quinze anos. legítimos de que dispõem, sendo obrigatória a divulgação
d) vinte anos. em sítios oficiais da rede mundial de computadores (Inter-
e) cinco anos. net).
Essa obrigação de divulgar as informações pela inter-
R: “A”. À luz do artigo 24, §1º, I da Lei nº 12527/11, net NÃO se aplica
“Os prazos máximos de restrição de acesso à informa- a) aos Estados da Região Norte.
ção, conforme a classificação prevista no caput, vigo- b) aos Estados cuja porcentagem de população de ex-
ram a partir da data de sua produção e são os seguin- trema pobreza ultrapasse 25% nos termos da estatística do
tes: I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos”. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
c) aos Estados do Pará, Amazonas, Alagoas, Piauí e Ma-
2. (IPSEMG - ANALISTA - TECNOLOGIA DA IN- ranhão e seus respectivos municípios.
FORMAÇÃO - FUNDEP/2013) Sobre a pessoa física ou d) aos municípios com população de até 10.000 habi-
entidade privada que detiver informações em virtude tantes.
de vínculo de qualquer natureza com o poder público e
deixar de observar o disposto na Lei nº 12.527/11, que R: “D”. O art. 8, §2º da Lei nº 12527/11 estabelece: “Os
regula o direito constitucional de acesso a informações Municípios com população de até 10.000 (dez mil) ha-
bitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na
é CORRETO afirmar que
internet a que se refere o § 2º, mantida a obrigatoriedade
a) só poderá ser punida judicialmente.
de divulgação, em tempo real, de informações relativas à
b) terá seu vínculo com o poder público necessaria-
execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos
mente extinto.
previstos no art. 73-B da Lei Complementar nº 101, de 4 de
c) poderá sofrer pena administrativa de multa, entre
maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal)”.
outras.
d) não poderá sofrer sanção civil, administrativa ou
4. (MF - TODOS OS CARGOS - CONHECIMENTOS
penal.
BÁSICOS - ESAF/2013) Considerando as normas de aces-
so à informação contidas na Lei n. 12.527/2011, assinale a
R: “C”. Resposta de acordo com o art. 33 da Lei opção correta.
nº 12527/11: “A pessoa física ou entidade privada que a) Considera-se tratamento de informação a que for
detiver informações em virtude de vínculo de qualquer submetida temporariamente à restrição de acesso público
natureza com o poder público e deixar de observar o em razão de sua imprescindibilidade para a segurança da
disposto nesta Lei estará sujeita às seguintes sanções: I sociedade e do Estado.
- advertência; II - multa; III - rescisão do vínculo com b) O próprio requerente pesquisará a informação de
o poder público;  IV - suspensão temporária de parti- que necessite, ante os meios oferecidos pela entidade.
cipar em licitação e impedimento de contratar com a c) As informações podem ser classificadas como sigi-
administração pública por prazo não superior a 2 (dois) losas, restritas e de segurança máxima, nos termos da lei.
anos; e  V - declaração de inidoneidade para licitar ou d) As informações pessoais relativas à intimidade terão
contratar com a administração pública, até que seja seu acesso vedado pelo prazo máximo de 50 (cinquenta)
promovida a reabilitação perante a própria autoridade anos.
que aplicou a penalidade”.  e) A pessoa física que detiver informações em virtude
de vínculo com o poder público e não observar o disposto
na Lei nº 12527/11 estará sujeita à suspensão de seus direi-
tos políticos pelo prazo de 02 (dois) anos.

R: “B”. Segundo o artigo 11, §3º da Lei nº 12527/11,


“sem prejuízo da segurança e da proteção das informações
e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou enti-
dade poderá oferecer meios para que o próprio requerente
possa pesquisar a informação de que necessitar”.
Alternativa “A”: incorreta: art. 24, III.
Alternativa “C”: incorreta: As informações podem ser
classificadas como ultrassecreta, secreta e preservada.

124
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Alternativa “D”: incorreta porque é pelo prazo de 100 § 2º do art. 216 da Constituição Federal. Parágrafo único.
anos (art. 31, §1º, I). Subordinam-se ao regime desta Lei: I - os órgãos públicos
Alternativa “E”: incorreta, pois a suspensão temporária integrantes da administração direta dos Poderes Executivo,
de participar em licitação e impedimento de contratar com Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do
a administração pública é por prazo não superior a 2 (dois) Ministério Público; II - as autarquias, as fundações públicas,
anos (art. 33, IV). as empresas públicas, as sociedades de economia mista e
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela
5. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Analista Judiciário - Ar- União, Estados, Distrito Federal e Municípios”.
quivologia) Assinale a opção em que são apresentadas
informações que não se submetem à Lei de Acesso à Infor- 7. (FAURGS - 2012 - TJ-RS - Analista Judiciário) Para
mação brasileira. os efeitos da Lei n.º 12.527/2011 (Lei de Acesso às Informa-
a) Informação sobre projetos de pesquisa relacionados ções Públicas),
ao desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a) não há tratamento específico para as informações
a sistemas, bens, instalações ou áreas de interesse estraté- sigilosas e para as informações pessoais.
gico nacional. b) há identidade de tratamento quanto às informações
b) Informação resultante de inspeções, auditorias, pessoais e sigilosas.
prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de c) as informações sigilosas são aquelas submetidas
controle interno e externo, incluindo prestações de contas temporariamente à restrição de acesso público.
relativas a exercícios anteriores. d) as informações pessoais são, necessariamente, sigi-
c) Informação contida em registros ou documentos, losas, muito embora as informações sigilosas não necessa-
produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, riamente sejam pessoais.
recolhidos ou não a arquivos públicos. e) as informações pessoais são assim definidas por
d) Informação sobre atividades exercidas pelos órgãos cada servidor público, a partir da análise de sua situação
e entidades, inclusive as relativas a sua política, organiza- particular de proteção da privacidade.
ção e serviços. R: “C”. Informações classificadas  como sigilosas são
e) Informação referente à implementação, ao acom- aquelas cuja Lei de Acesso a Informações prevê alguma
panhamento e aos resultados dos programas, projetos e restrição de acesso, mediante classificação por autoridade
ações dos órgãos e entidades públicas, bem como às me- competente, visto que são consideradas imprescindíveis à
tas e aos indicadores propostos. segurança da sociedade ou do Estado.

R: “A”. O critério utilizado para possibilitar a restrição


do acesso, no caso, é a segurança nacional: “Art. 23. São
consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou
do Estado e, portanto, passíveis de classificação as infor-
mações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: [...] VI
- prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e de-
senvolvimento científico ou tecnológico, assim como a sis-
temas, bens, instalações ou áreas de interesse estratégico
nacional”.

6. (CONSULPLAN - 2012 - TSE - Analista Judiciário


- Arquivologia) Considerando a autonomia entre os Po-
deres da República em seus diferentes níveis de atuação,
pode-se afirmar sobre a Lei nº 12.527 promulgada pela
Presidente Dilma Russeff, em 18 de novembro de 2011,
que regula o acesso aos documentos de arquivo e revoga,
não apenas a Lei nº 11.111/2005, mas também alguns dis-
positivos da Lei nº 8.159/1991, que
a) não se aplica ao Tribunal Superior Eleitoral.
b) não se aplica ao Poder Judiciário.
c) é exclusiva ao Poder Executivo Federal.
d) se aplica aos três poderes da República.

R: “D”. A aplicabilidade atinge os três Poderes da Re-


pública, em todas as suas esferas, conforme o seu artigo
1º: “Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem ob-
servados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
com o fim de garantir o acesso a informações previsto no
inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do art. 37 e no

125
NOÇÕES DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ANOTAÇÕES

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126
ATUALIDADES

1 Tópicos atuais e relevantes de diversas áreas, tais como: política, economia, sociedade, educação, cultura, desenvolvi-
mento sustentável e meio ambiente, relacionados ao patrimônio cultural...................................................................................... 01
ATUALIDADES

Se o contrato do trabalhador intermitente for por um


1 TÓPICOS ATUAIS E RELEVANTES DE período maior que um mês, a data limite para pagamento
DIVERSAS ÁREAS, TAIS COMO: POLÍTICA, da remuneração é o quinto dia útil do mês seguinte ao
trabalhado.
ECONOMIA, SOCIEDADE, EDUCAÇÃO,
Aviso sobre a jornada
CULTURA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A portaria confirma a regra já descrita na lei, que a em-
E MEIO AMBIENTE, RELACIONADOS AO presa deverá convocar o funcionário “por qualquer meio de
PATRIMÔNIO CULTURAL. comunicação eficaz” para informar sua jornada com, pelo
menos, três dias corridos de antecedência. O trabalhador
terá um dia útil para responder, se não o fizer, o emprega-
POLÍTICA
dor pode considerar que o funcionário desistiu da tarefa.
Trabalho nos intervalos
Governo publica novas regras para o trabalho inter-
mitente O intervalo, não remunerado, entre os chamados da
Portaria do Ministério do Trabalho, publicada no empresa é classificado como “período de inatividade”. Nes-
‘Diário Oficial da União’, detalha a reforma trabalhista. ta fase, o trabalhador pode prestar qualquer tipo de ser-
Texto regulamenta pontos como férias e jornada dos viço a outras instituições, companhias também por meio
empregados intermitentes. de contrato intermitente, e através de outras modalidades.
Contribuições previdenciárias
Ministério do Trabalho publicou nesta quinta-feira (24), De acordo com a portaria, no contrato de trabalho in-
no Diário Oficial da União (DOU), uma portaria com novas termitente, o o empregador efetuará o recolhimento das
regras para o trabalho intermitente, aquele que ocorre espo- contribuições previdenciárias próprias e do empregado e o
radicamente, em dias alternados ou por algumas horas, e é depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço com
remunerado por período trabalhado. base nos valores pagos no período mensal.
O trabalho intermitente foi regulamentado pela reforma Representação sindical
trabalhista, sancionada em julho do ano passado. A reforma No caso de negociações coletivas de trabalho, ques-
mudou a lei trabalhista brasileira e trouxe novas definições tões judiciais e administrativas, é obrigatória a participação
sobre itens como férias e jornada de trabalho. dos sindicatos, que também representarão os trabalhado-
O governo chegou a editar uma medida provisória (MP) res com contrato intermitente.
para detalhar pontos da reforma. No entanto, a MP venceu
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
e o Congresso não aprovou o texto. Por isso, a alternativa do
governo foi publicar a portaria com o objetivo de esclarecer
as normas de contratação do trabalho intermitente. Gilmar Mendes autoriza mais prazo em investiga-
Formato do contrato ção que envolve Aécio e Anastasia
De acordo com a portaria, o contrato intermitente será Inquérito, aberto a partir da delação da Odebrecht,
por escrito e o trabalhador terá o registro na Carteira de apura se Aécio negociou verbas irregulares para a cam-
Trabalho. O contrato precisar informar: nome, assinatura e panha de Anastasia em 2010.
endereço do empregado e da empresa; valor da hora ou dia
de trabalho; local e data limite para pagamento do salário. ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar
Informações como local onde será executado o traba- Mendes autorizou a prorrogação por mais 60 dias de um
lho, turnos e forma de comunicação entre empresa e empre- dos inquéritos abertos contra os senadores do PSDB de
gado são facultativas na assinatura do contrato. Minas Gerais Aécio Neves e Antonio Anastasia a partir das
Remuneração delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht.
O valor da remuneração não poderá ser menor que a Em notas, as defesas de Aécio e Anastasia disseram
diária do salário mínimo. O funcionário não pode receber que a prorrogação do inquérito é um procedimento normal
menos do que os colegas que exercem a mesma função. (veja íntegra das notas no final desta reportagem).
Contudo, a empresa tem o direito de passar um valor maior A investigação é sobre se Aécio, Anastasia, o ex-pre-
ao trabalhadorr intermitente em comparação com o salário sidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico
dos empregados fixos.
de Minas Gerais (Codemig) Oswaldo Borges da Costa e o
Férias
marqueteiro Paulo Vasconcelos do Rosário Neto receberam
No regime de contrato intermitente, o funcionário, des-
de que faça um acordo com o patrão, possui o direito de vantagens indevidas na campanha de Anastasia ao gover-
férias. Nesse caso, as normas são iguais as aplicadas para o no de Minas Gerais em 2010, a pedido de Aécio.
empregado convencional. O ministro já havia ampliado por mais dois meses ou-
As férias só podem ser concedidas após cumprimento tra investigação contra Aécio, a que apura se o senador
de um ano de contrato; férias podem ser dividias em três pe- teve participação em suposta maquiagem nos dados sobre
ríodos-um deles sendo de 14 dias corridos, no mínimo; e os o Banco Rural com objetivo de esconder a existência do
outros dois de mais de cinco dias corridos; é proibido iniciar mensalão mineiro durante a apuração na CPI dos Correios,
as férias dois dias antes de feriados ou em dia de descanso que investigou o mensalão do PT.
remunerado.

1
ATUALIDADES

No caso que envolve supostas irregularidades na cam- O relator da proposta, senador Valdir Raupp (MDB-RO),
panha de Anastasia, a Polícia Federal pediu mais prazo para afirmou que a medida tem como objetivo simplificar e des-
ouvir depoimento de Oswaldo Borges da Costa Filho, além burocratizar a inspeção sanitária de produtos artesanais.
de avaliar dados do sistema de comunicação do setor de Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
propinas da Odebrecht “Drousys” e do sistema de contabi-
lidade paralela “My Web Day”. Lula será ouvido como testemunha de defesa de
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, con- Cabral em processo da Lava Jato... -
cordou com a prorrogação afirmando que seria necessário,
ainda, obter registros de entrada do ex-diretor da Ode- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso na
brecht em Minas Sérgio Luiz Neves na Codemig. Segundo carceragem da Polícia Federal em Curitiba após condena-
Dodge, a empresa afirmou no processo não havia registros, ção no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), será
mas destacou que o controle é feito manualmente. ouvido como testemunha de Sérgio Cabral (MDB). O advo-
Ao autorizar a prorrogação, Gilmar Mendes destacou gado do ex-governador fluminense, RodrigoRoca, afirmou
que o regimento do STF prevê a prorrogação quando há
ao UOL que a sessão foi maracad para 5 de Junho ás 10h.
diligências pendentes. “Defiro a prorrogação do prazo para
A informação foi revelada pelo Jornalistra Lauro Jar-
a conclusão das investigações, por sessenta dias, para rea-
dim. O petista havia sido arrolado pela defesa de Cabral na
lizar as inquirições pendentes e para análise e eventual pe-
ação penal refernete 1á Operação Unfair Play, que investiga
rícia em dados dos sistemas utilizados pelo Setor de Ope-
rações Estruturadas da Odebrecht”. compra de votos na escolha do Rio de Janeiro como sede
Aécio é alvo também de outras apurações no STF e dos Jogos Olímpicos de 2016.
Anastasia é investigado em um segundo inquérito. O depoimento será feito por video conferência, e a
Veja as notas das assessorias dos senadores: audiência conduzida pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara
Aécio Neves: “A prorrogação é um ato rotineiro e o Federal Criminal no Rio de Janeiro.
aprofundamento das investigações mostrará que, como
atestado pelos próprios delatores, não houve qualquer Moro manda prender ex-tesoureiro do PT Delúbio
vantagem indevida, mas, sim, doação eleitoral registrada Soares
na Justiça Eleitoral”.
Antonio Anastasia: “Trata-se de um procedimento co- O juiz federal Sérgio Moro determinou nesta quarta-
mum. Os órgãos de investigação tem de ter o prazo que -feira (23) a prisão do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soa-
considera adequado para apuração dos fatos”. res,  condenado a seis anos de prisão por lavagem de di-
Fonte: G1.com/Acessado em 05/02018 nheiro em um processo da Operação Lava Jato , em 2017.
A decisão foi tomada após o Tribunal Regional Federal da
Senado tira do Ministério da Agricultura fiscaliza- 4ª Região (TRF4) negar os embargos de declaração apre-
ção de produtos artesanais de origem animal sentados pela defesa.
Medida vale para vendas entre estados; fiscalização Além de Delúbio Soares , o TRF4 também negou os
caberá aos órgãos estaduais. Projeto segue para sanção embargos de declaração do operador Enivaldo Quadrado,
do presidente Michel Temer. do economista Luiz Carlos Casante e do empresário Nata-
lino Bertin. A 8ª Turma deu parcial provimento aos declara-
Senado aprovou nesta quarta-feira (23) um projeto tórios do empresário Ronan Maria Pinto e reduziu o valor
que tira do Ministério da Agricultura a fiscalização de pro- da indenização para R$ 6 milhões.
dutos artesanais de origem animal, como queijos, salames Segundo o relator, desembargador federal João Pe-
e linguiças.
dro Gebran Neto, os embargos de declaração só cabem
A medida valerá somente para as vendas entre esta-
quando houver ambiguidade, obscuridade, contradição
dos. Assim, pela proposta, a fiscalização caberá aos órgãos
ou omissão, o que não seria o caso. Gebran frisou que “a
estaduais.
simples discordância da parte contra os fundamentos invo-
Como o projeto já foi analisado pela Câmara, seguirá
para sanção do presidente Michel Temer. cados e que levaram o órgão julgador a decidir não abre
Entenda espaço para o manejo dos embargos de declaração”.
Pelas regras atuais, os produtos artesanais de origem
animal podem ser vendidos se tiverem o selo do Serviço de Condenação
Inspeção Federal (SIF), gerido pelo Ministério da Agricultu- Todos os condenados eram réus em ação penal da Lava
ra, Pecuária e Abastecimento. Jato  que apurou  esquema de lavagem de R$ 6 milhões
O texto prevê a substituição do SIF pelo selo Arte, de ocorrido em 2004. O publicitário Marcos Valério também
artesanal, o que seria posteriormente regulamentado. era réu nesse processo, mas absolvido por Moro devido à
O registro com o selo Arte deverá seguir regras higiêni- “falta de prova suficiente para a condenação”.
co-sanitárias e de qualidade já estabelecidas em lei. Essa quantia representa metade dos R$ 12 milhões
Até a regulamentação da lei que terá origem com o repassados pelo banco Schahin por meio de empréstimo
projeto aprovado nesta quarta, fica autorizada, segundo a fraudulento feito ao pecuarista José Carlos Bumlai. 
proposta, a comercialização dos produtos artesanais em
todo o território nacional.

2
ATUALIDADES

Os outros R$ 6 milhões motivaram outra ação penal, Ex-governador de MG, Eduardo Azeredo se entrega
que também tem Delúbio Soares como um dos réus. No para cumprir pena de 20 anos
julgamento do TRF-4 em março, apenas Ronan Maria Pinto
teve a condenação em cinco anos mantida pela Oitava Tur- O ex-senador e ex-governador de Minas Gerais Eduardo
ma. Todos os demais tiveram a pena aumentada com base Azeredo (PSDB) se entregou às 14h45 desta quarta-feira (23)
na culpabilidade negativa, ou seja, no fato de os réus terem em uma delegacia de Belo Horizonte. Ele é o primeiro político a
“condições sociais e intelectuais de reconhecer e resistir à ser detido no mensalão tucano. Ele estava considerado foragi-
prática do ilícito e, ainda assim, praticá-lo”. do, após não ter se entragado a polícia na manhã desta quar-
Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018 ta-feira.
Eduardo Azeredo, que também é presidente nacional do
Partidos querem anular regra que destina 30% do PSDB, tentava um último recurso de sua condenação - que foi
fundo eleitoral para mulheres negado por decisão unânime do Tribunal de Justiça do estado
- por desvio de verbas e lavagem de dinheiro no âmbito do cha-
Algumas das principais lideranças políticas no Con- mado “mensalão tucano”.
gresso não ficaram satisfeitas com a nova regra do Tribunal O ex-governador chegou à 1ª Delegacia de Polícia Civil Sul,
Superior Eleitoral, que, na terça-feira (22), apresentou nor- no bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul de Belo Horizonte,
mas que favorecem candidaturas de mulheres nas elei- acompanhado de um dos filhos e de um dos advogados. 
ções de 2018. Azeredo foi condenado a 20 anos e um mês de prisão, ele
Por unanimidade, o TSE determinou que os recursos ficará detido em um quartel do Corpo de Bombeiros, em Belo
do fundo partidário destinado aos partidos políticos de- Horizonte. Após ser detido, ele será submetido a exames no Ins-
vem ser distribuídos igualitariamente entre candidaturas tituto Médico Legal (IML), e só então será encaminhado à prisão.
de homens e mulheres  , ficando pelo menos 30% para Investigações
o financiamento de campanhas de mulheres. Pela decisão, De acordo com o Ministério Público, Azeredo desviou cerca
o tempo de propaganda eleitoral no rádio e TV também de R$ 3,5 milhões de três estatais mineiras: a Companhia de Sa-
deverá ter a mesma divisão. neamento de Minas Gerais (Copasa), a Companhia Mineradora
Partidos contrários à medida já planejam como rever- de Minas Gerais (Comig) e o extinto Banco do Estado de Minas
tê-la antes do pleito de outubro. A intenção é apresentar Gerais (Bemge), durante sua campanha fracassada para reelei-
um projeto de lei na Câmara que reverta a aplicação ime- ção ao Senado em 1998. Na ocasião, perdeu para Itamar Franco
diata da decisão. Outro caminho proposto é ingressar com (PMDB).
uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando Os recursos das estatais foram transferidos para empresas
a decisão da Justiça Eleitoral. do publicitário Marcos Valério, operador do esquema de cor-
Paulinho da Força (Solidariedade), Rodrigo Maia rupção e que, no futuro, estaria também implicado no chamado
(DEM) e Ricardo Barros (PP) são três dos deputados que “escândalo do mensalão”.
criticaram a decisão do STF. Para eles, o tribunal “legislou” A denúncia foi oferecida pela Procuradoria-Geral da Repú-
no lugar do Congresso. Maia, que é presidente da Câmara, blica em 2007, quando Eduardo Azeredo era senador. Em 2010,
deve reunir outras lideranças partidárias para buscar uma ele foi eleito deputado federal e exerceu o mandato até renun-
resposta institucional ao TSE. ciar, em 2014.
A questão foi decidida por meio de uma consulta le- A calculada renúncia de Azeredo levou o Supremo Tribunal
vada ao TSE pelas senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR), Va- Federal (STF) a encaminhar a ação à Justiça mineira, já que ele
nessa Graziotin (PCdoB-AM) e outras parlamentares. Após não mais contava com a prerrogativa de foro privilegiado.
a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em mar- Condenado em 1ª instância, Azeredo recorreu, mas viu sua
ço, julgou inconstitucional a limitação ao financiamento de condenação ser confirmada na segunda instância. Após outra
candidaturas femininas na política, as parlamentares pedi- rodada de recursos, os desembargadores mantiveram a conde-
ram ao TSE que o entendimento fosse aplicado na Justiça nação e, seguindo o entendimento corrente no Supremo Tri-
Eleitoral. bunal Federal, que permite a prisão após o encerramento dos
Ao votar sobre a questão, a relatora do caso, minis- recursos na 2ª instância, emitiram ordem de prisão contra o
tra Rosa Weber, disse que a Justiça Eleitoral estimula ações tucano.
afirmativas para aumentar a participação das mulheres na Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018
política.
Rosa citou dados que mostram que o Brasil tem cerca ONU rejeita pedido de medidas cautelares de Lula
de 10% de representação feminina na Câmara dos Depu- contra prisão
tados e 14% no Senado, números inferiores em relação a
parlamentos de países que restringem a participação da O Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações
mulher na sociedade, como Afeganistão, Iraque, Paquistão, Unidas (ONU), com sede em Genebra (Suíça), rejeitou nesta ter-
Arábia Saudita e Nigéria. ça-feira (22) a solicitação da defesa do ex-presidente Luiz Inácio
“Em virtude do princípio da igualdade, não pode o par- Lula da Silva para evitar a permanência do petista na prisão . No
tido político criar distinções na distribuição desses recursos, entanto, o comitê decidiu apreciar o mérito da questão e deu
exclusivamente baseado no gênero”, afirmou a ministra. um prazo de seis meses para o governo brasileiro apresentar a
Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018 defesa.

3
ATUALIDADES

De acordo com o membro independente do comitê Justiça do Rio de Janeiro suspende direitos políticos
Sarah Cleveland, medidas cautelares, como as pedidas pela de César Maia
defesa Lula , costumam ser acatadas quando o Estado viola
preceitos democráticos e há riscos e danos irreparáveis, o A Justiça do Rio de Janeiro decidiu, nesta segunda-fei-
que não foi entendido neste caso. ra (21), suspender os direitos políticos do ex-prefeito e atual
Segundo o PT, o comitê informou que investiga as su- vereador do Rio de Janeiro, César Maia (DEM) , no proces-
postas violações às garantias fundamentais do ex-presiden- so em que ele é acusado de improbidade administrativa na
te. A análise se baseia no artigo 25 do Pacto Internacional construção do Hospital de Acari, na zona norte da cidade.
de Direitos Civis e Políticos, que assegura a todo cidadão Ele ficará oito anos impedido de se candidatar a cargos
a possibilidade de participar “sem restrições infundadas” públicos, e deverá pagar, ainda, uma multa de R$ 3,3 milhões
do direito de “votar e ser eleito em eleições periódicas, au- como forma de ressarcir os prejuízos por ele causados.
tênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário por A juíza Maria Paula Gouvêa Galhardo determinou a perda
da função pública e a suspensão dos direitos políticos de Cé-
voto secreto, que garantam a manifestação da vontade dos
sar Maia . A Justiça considerou que houve irregularidades no
eleitores”.
pagamento feito pela Prefeitura à Construtora OAS , na fase
Apesar de negadas as medidas cautelares, o PT infor-
final da construção do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla,
mou, em nota, ter recebido com satisfação a decisão de o
mais conhecido como Hospital de Acari.
comitê julgar o mérito sobre a denúncia de supostas viola- Atualmente na Câmara Municipal como vereador do Rio
ções aos direitos do ex-presidente, de acordo com o Pacto de Janeiro, Maia respondeu, por meio de sua assessoria de
Internacional de Direitos Civis e Políticos. imprensa, que vai recorrer.
Em documento enviado à ONU, a defesa do petista “Uma decisão em primeira instância cujo recurso trará
afirma que houve transgressões aos direitos políticos e ci- as justificativas”, afirmou o ex-prefeito. Em entrevista recente
vis no processo de investigação e prisão. De forma contun- ao jornal  O Globo , Maia disse que não vai se candidatar
dente, os advogados fazem críticas aos procuradores e ao a nenhum cargo nas eleições deste ano. O deputado fede-
juiz envolvidos diretamente na Operação Lava Jato. ral Rodrigo Maia ( DEM ), seu filho, queria que ele se candi-
Os advogados Cristiano Zanin Martins, Valeska Teixeira datasse ao governo do Rio – o deputado tem pretensão de se
Zanin e Geoffrey Robertson estão à frente da defesa do candidatar à presidência da República e, caso seu pai saísse
ex-presidente e foram responsáveis pelo pedido de inter- candidato, ele ganharia um palanque a mais no estado.
venção ao Comitê de Direitos Humanos da ONU. Além do ex-prefeito, foram condenados em primeira ins-
Competências do Comitê tância dois ex-diretores da RioUrbe, um ex-secretário muni-
Além de verificar periodicamente se os Estados cum- cipal de Saúde e um ex-subsecretário de Administração de
prem com a Convenção de Direitos Humanos da ONU, o Finanças. A Justiça suspendeu os direitos políticos deles por
Comitê é competente para examinar queixas individuais cinco anos e também determinou que participem do ressar-
contra eles, sempre que o Estado denunciado tenha ratifi- cimento de valores pagos à OAS pelo município do Rio. A
cado o primeiro protocolo adicional à Convenção. juíza responsável pelo caso também destacou, na sentença,
As queixas devem estar diretamente relacionadas com que a construtora contribuiu ao aceitar participar das irregu-
a violação, por parte do Estado, dos direitos e liberdades laridades. 
protegidas pela Convenção. As decisões do Comitê não são Na denúncia, o Ministério Público acusou que houve de-
vinculativas e um Estado pode decidir cumpri-las ou igno- mora proposital na execução do contrato, que foi prorrogado
rá-las, incluindo os pedidos de medidas cautelares. por diversas vezes, com acréscimo de valor e de prazo. Se-
A solicitação dos advogados a este órgão da ONU in- gundo o MP, o atraso teria o objetivo de aguardar o resultado
de ações judiciais sobre os modelos de gestão do hospital.
cluía um pedido para que o governo brasileiro impedisse o
Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018
ingresso do ex-presidente na prisão até que se esgotassem
todos os recursos jurídicos. O petista está preso desde 7 de
Gilmar Mendes manda soltar quatro presos suspeitos
abril na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
de fraudar fundos de pensão
Desde 2016, o Comitê de Direitos Humanos da ONU
analisa a denúncia contra o Estado brasileiro por suposta O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar
“perseguição judicial” a Lula. No começo deste ano, Lula foi Mendes mandou soltar na sexta-feira (18) mais quatro sus-
condenado a 12 anos e um mês pelos crimes de corrupção peitos que foram presos na Operação Rizoma, da Polícia Fe-
e lavagem de dinheiro por obtenção de vantagens indevi- deral (PF), deflagrada no mês passado, no Rio de Janeiro.
das. No caso, a vantagem seria um apartamento tríplex em Dessa forma, receberam liberdade Marcelo Borges Se-
Guarujá (SP). reno, economista e ex-assessor do ex-ministro José Dirceu,
Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018 Carlos Alberto Valadares Pereira, Adeilson Ribeiro Telles e
Marcelo Borges Sereno. Todos são acusados de participação
em desvios nos fundos de pensão Postalis, dos Correios, e
Serpros, do Serviço Federal de Processamento de Dados
(Serpro).

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ATUALIDADES

Pela decisão do ministro, todos estão proibidos de deixar A Polícia Federal suspeita que as obras na casa de
o país sem autorização da Justiça, de manter contatos com ou- Maristela foram usadas na lavagem de dinheiro de propi-
tros investigados, e devem entregar o passaporte em 48 horas. nas. Coronel Lima chegou a ser preso no início do ano em
um desdobramento dos inquéritos que correm contra Mi-
A prisão dos envolvidos foi determinada pelo juiz Marcelo chel Temer e seu séquito. Ele foi solto dias depois, mas se
Bretas, da 7ª Vara Federal no Rio de Janeiro. Segundo as inves- negou a prestar depoimento.
tigações, valores oriundos dos fundos de pensão eram envia- Maristela disse também que não se lembra dos nomes
dos para empresas no exterior, gerenciadas por um operador dos prestadores de serviços e dos fornecedores de mate-
financeiro. As remessas, apesar de aparentemente regulares, riais. Por fim, disse que Michel Temer , seu pai, não pagou
referiam-se a operações comerciais e de prestação de serviços pelas obras e tampouco pediu que coronel Lima e Frate-
inexistentes. zi arcassem com os custos da reforma.
Ainda segundo a PF, depois de receber os recursos desvia- Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018
dos, o operador financeiro pulverizava o dinheiro em contas de
doleiros também no exterior, e eles disponibilizavam os valores
Senado aprova criação de Sistema Único de Segu-
em espécie no Brasil para suposto pagamento de propina.
rança Pública
Para Gilmar Mendes , as acusações correspondem à cri-
mes graves, mas, em sua opinião estão “distantes” da decreta-
ção da prisão, o que, segundo o ministro, não justifica a neces- O Senado aprovou nesta quarta-feira (16) a criação do
sidade de prisão preventiva. Sistema Único de Segurança Pública ( Susp ). A intenção do
“Os supostos crimes são graves, não apenas em abstra- projeto é integrar os órgãos de segurança, como as polícias
to, mas em concreto, tendo em vista as circunstâncias de sua federal e estaduais, as secretarias e as guardas municipais,
execução. Muito embora graves, esses fatos são consideravel- para que atuem de forma cooperativa e sistêmica. O proje-
mente distantes no tempo da decretação da prisão”, afirmou to segue agora para a sanção da Presidência da República.
Mendes. Além de criar o Susp , o projeto institui a Política Na-
De acordo com o ministro, sobre o economista Marcelo cional de Segurança Pública e Defesa Social , prevista
Sereno, os fatos se referem aos anos de 2013 e 2014; em rela- para durar 10 anos, tendo como ponto de partida a atua-
ção a Adeilson Ribeiro Telles, investigado por fraudes no fundo ção conjunta dos órgãos de segurança e defesa social da
Postalis, as suspeitas se dão durante o período de 2014 a 2016; União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios,
em relação a Carlos Alberto Valadares Pereira, suspeito de irre- em articulação com a sociedade.
gularidades no fundo Serpros, a 2014 e 2015; e sobre Ricardo Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator do projeto,
Siqueira Rodrigues, também suspeito de fraudar o Serpros, ao apontou o que considera suas maiores virtudes, como a
período de 2014 a 2017. participação de todos os entes federados, inclusive dos
Na terça-feira (15), Mendes também mandou soltar o em- municípios; a valorização dos profissionais de segurança;
presário e operador do MDB Milton Lyra, outro investigado na os mecanismos de controle social com a participação po-
operação. pular; e o estímulo à articulação e ao compartilhamento de
Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018 informações, bem como à integração dos órgãos de segu-
rança e de inteligência.
Filha de Michel Temer diz que não guardou recibos de Crianças e adolescentes
reforma em sua casa Criou divergência entre os senadores, contudo, a inclu-
são do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
Maristela também disse que não guardou nenhuma nota (Sinase) no Susp . Enquanto alguns defendiam a inclusão,
fiscal referente aos gastos da reforma que, segundo ela, giram
outros questionaram a validade e a eficácia da medida. 
em torno de R$ 700 mil. O teor do depoimento foi obtido pelo
A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) classificou a in-
portal de notícias G1 .
serção do Sinase no Susp como um “lamentável retroces-
A filha do presidente afirma que Maria Rita Fratezi , ca-
so”. Para a senadora, a inclusão representa a fragilização da
sada com o coronel Lima, prestou serviços a ela de forma gra-
tuita na reforma. Fratezi e o marido são donos da Argeplan, proteção integral e adequada para crianças e adolescentes,
empresa de arquitetura e engenharia. pessoas em desenvolvimento.
Já sobre os pagamentos em dinheiro feitos em dinheiro Na mesma linha, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA)
vivo por Fratezi a fornecedores de materiais para a obra, Ma- afirmou que é um erro incluir o Sinase no Susp, pois “o
ristela disse que ressarcia a arquiteta. Aos policiais, disse ela: olhar da segurança pública é diferente do olhar do sistema
“Que alguns pagamentos da obra foram realizados direta- protetivo e educativo”.
mente por Fratezi, em função de descontos que possuía junto “Adolescentes e crianças precisam ter tratamento di-
às empresas do ramo por ser arquiteta. Que posteriormente, a ferenciado. Não queremos uma polícia armada dentro do
ressarcia de tais despesas; que reitera que a declarante nunca a Sinase”, argumentou a senadora.
contratou de fato para executar a obra, de forma remunerada O senador Humberto Costa (PT-PE) lembrou que o tex-
pela depoente por tal serviço, sendo que a relação de Fratezi to original do projeto foi enviado ao Congresso em 2012,
com a depoente sempre foi de auxílio nas necessidades de quando Dilma Rousseff era a presidente do país.
obra.”

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ATUALIDADES

Costa manifestou apoio à proposta, mas criticou as No quarto dia de protestos de caminhoneiros, Te-
mudanças que foram feitas no Congresso – como a inclu- mer recebe ministros e presidente da Petrobras
são do Sinase e os conceitos relacionados ao sistema pri- Reunião acontece um dia após a Petrobras ter re-
sional e segurança cidadã. duzido o preço do diesel em 10% por 15 dias e Câmara
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) chegou a apresen- dos Deputados ter aprovado reoneração da folha de
tar um destaque para tirar o Sinase do texto. Levado a vo- pagamentos.
tação, porém, o destaque foi rejeitado e inclusão do Sinase
foi mantida.
A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) elogiou a aprova- No quarto dia dos protestos de caminhoneiros pelo
ção da proposta, apesar da rejeição do destaque de seu país, o presidente Michel Temer se reuniu na manhã desta
partido. Ela observou que o texto representa um avanço quinta-feira (24), no Palácio do Planalto, com ministros, o
para o país. secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, e o presidente
Fonte: Último Segundo/Acessado em 05/2018 da Petrobras, Pedro Parente.
Segundo a assessoria do presidente, participam da reu-
Alckmin diz que com 17% dos votos estará no se- nião os ministros Eduardo Guardia (Fazenda), Eliseu Padilha
gundo turno (Casa Civil), Carlos Marun (Secretaria de Governo), Moreira
Ex-governador de São Paulo afirmou ainda que Franco (Minas e Energia) e Valter Casimiro (Transportes).
após o primeiro turno começa ‘outra eleição’ O governo tenta encontrar uma solução para encerrar
a paralisação dos caminhoneiros, que protestam desde se-
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse acredi- gunda-feira (21) contra a alta do preço do diesel, motivada
tar que, com 17% dos votos no primeiro turno das eleições pela política de preços da Petrobras, que determina o valor
presidenciais de 2018, consegue chegar à próxima fase da da venda dos combustíveis aos distribuidores com base na
disputa presidencial.  «Temos duas tarefas. Uma é chegar oscilação do preço do petróleo no mercado internacional e
ao segundo turno, acho que nós vamos chegar. Com 17% na variação do dólar.
vamos estar lá. No segundo turno, é uma outra eleição», Nesta quarta-feira (23), Temer afirmou que pediu “tré-
afirmou o tucano, que participou do Fórum Combate à Ile- gua” de dois ou três dias aos caminhoneiros para encontrar
galidade, promovido pela revista Exame na capital paulista uma “solução satisfatória” sobre o preço dos combustíveis.
na manhã de quinta-feira, 24. O movimento tem bloqueado rodovias em todo o país,
Alckmin, que tem enfrentado ceticismo entre aliados com reflexos no transporte coletivo, nas atividades de in-
por não conseguir crescer nas pesquisas, conta com 8,1% dústrias, no abastecimento de alimentos e risco de falta de
das intenções de voto no cenário sem o ex-presidente Lula, combustível em aeroportos.
segundo o último levantamento CNT/MDA, divulgado na A Petrobras informou que não mudará a política de
semana passada. reajustes, contudo, na quarta anunciou uma redução de
O ex-governador repetiu que o momento é de “con- 10% por 15 dias no preço do diesel vendido pelas refina-
trolar o stress” e que, no momento, dado o grande desen- rias como um «gesto de boa vontade» para dar solução à
canto com a política, muitos acabam fazendo uma escolha crise motivada pelo movimento dos caminhoneiros.
de “desabafo, escolhendo quem está mais contra tudo que O governo anunciou na quarta que está em contato
está aí”. permanente com os caminhoneiros. Três ministros se re-
Fonte: estadão.com/Acessado em 05/2018 uniram na quarta com representantes da categoria, mas
o encontro terminou sem acordo. Uma nova reunião está
Associação de Engenheiros da Petrobras critica po- prevista para a tarde desta quinta no Planalto.
lítica de preços da estatal Os caminhoneiros pedem a redução de PIS-Cofins e
ICMS e que os reajustes no diesel sejam adotados de três
A Associação dos Engenheiros da Petrobras divulgou em três meses. Também foi pedido ao governo que os ca-
nota na quarta-feira (23) sobre a política de preços da Pe- minhões que trafegam vazios, com eixos suspensos, não
trobras. No texto, a entidade destaca que “é perfeitamente paguem pedágio em rodovias federais que estão sob con-
compatível ter a Petrobrás forte, a serviço do Brasil e preços cessão dos estados.
dos combustíveis mais baixos e condizentes com a capa- Temer também precisa lidar com o impacto da deci-
cidade de compra dos brasileiros”. Na nota, a associação são da Câmara dos Deputados, que aprovou na noite de
ainda chama a política de preços de  “America first! ”, “Os quarta (23) o projeto que elimina a cobrança de PIS-Cofins
Estados Unidos primeiro!”. sobre o diesel até o fim de 2018. A proposta ainda precisa
Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018 ser analisada pelo Senado.
A eliminação temporária do tributo foi incluída no pro-
jeto que reonera a folha de pagamento das empresas de 28
setores da economia. No entanto, o acordo costurado pelo
governo previa zerar a cobrança de outro imposto, a Cide.

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ATUALIDADES

O ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) tem Além do risco de parada na produção de algumas em-
dito que a arrecadação prevista pela reoneração não com- presas, o governo também teme um risco de desabasteci-
pensa a perda de receita com a eliminação de PIS-Cofins, mento de produtos alimentares e inclusive de combustíveis
de acordo com cálculos da Receita Federal. nas cidades. Na reunião desta quarta, a equipe de Temer
Segundo o blog do jornalista Gerson Camarotti, o vai buscar uma solução, mas irá destacar que os caminho-
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM- neiros não podem parar o país totalmente. E que isso, in-
-RJ), foi informado que zerar o PIS-Cofins sobre o diesel até clusive, pode acabar sendo negativo para o próprio setor,
o fim deste ano não custará apenas R$ 3,5 bilhões, como porque a população passará a ser atingida diretamente em
tinha sido estimado por técnicos da Casa, e, sim, cerca de seu cotidiano.
R$ 14 bilhões, como havia sido anunciado pelo governo, Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
segundo cálculos da Receita Federal.
O analista Tendências Consultoria, Fabio Klein, disse Wesley Batista também pede para começar a pagar
ao G1 que, zerando o PIS/Cofins sobre diesel, a perda de multa de R$ 110 milhões prevista no acordo de delação
arrecadação seria de R$ 8,6 bilhões, na arrecadação entre Pedido do sócio da J&F é semelhante ao feito pelo
junho e dezembro deste ano. O impacto anual foi estimado irmão, Joesley, nesta segunda; acordo prevê pagamen-
pelo analista em R$ 14,5 bilhões. to da multa em 10 anos. Delação, porém, pode ser anu-
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 lada pelo STF.
Efeito cascata da paralisação de caminhões sobre O empresário Wesley Batista, um dos sócios da J&F,
economia preocupa o Planalto, que convoca reunião pediu nesta terça-feira (22) que o ministro Luiz Edson Fa-
com caminhoneiros chin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal
Federal (STF), determine a abertura de uma conta judicial
Depois do terceiro dia de protesto dos caminhonei- para que ele inicie o pagamento da multa de R$ 110 mi-
ros, o governo Temer está preocupado com o efeito casca- lhões previstos no acordo de delação premiada fechado
ta sobre a economia da paralisação de caminhões no país.
com a Procuradoria Geral da República.
Se o movimento continuar e crescer, algumas empresas
O acordo firmado entre o empresário e a PGR prevê o
terão de reduzir ou parar sua produção diante da impos-
pagamento do valor em 10 parcelas anuais a partir do dia
sibilidade de escoá-la, gerando prejuízos para a econo-
1º de junho, na semana que vem.
mia num momento em que seu ritmo de recuperação está
Nesta segunda, o irmão dele, Joesley Batista, já tinha
sendo mais lento do que o esperado.
feito o mesmo pedido.
Na busca de uma solução, o ministro da Casa Civil,
O acordo de delação premiada dos dois empresários
Eliseu Padilha, agendou reunião com seis entidades repre-
sentantes de caminhoneiros no país para esta quarta-feira e de outros dois executivos do grupo está sob análise do
(23), no Palácio do Planalto. O governo vai ouvir a pauta STF depois que a Procuradoria pediu a anulação das cola-
de reivindicação dos caminhoneiros e destacar que espera borações.
dar sua contribuição imediata, com a redução de tributos,
já na próxima semana quando a Câmara dos Deputados No pedido, a PGR disse considerar que houve omissão
começar a votar o projeto de reoneração da folha de pa- e má-fé por parte dos executivos já que, segundo o órgão,
gamentos. eles teriam mentido sobre a participação de Marcelo Miller,
O governo já aceitou zerar a cobrança da Cide, tri- ex-procurador da República, como orientador da colabo-
buto usado para regular o preço de combustíveis, sobre ração.
diesel em troca da aprovação da reoneração da folha de Wesley Batista argumenta que a abertura da conta é
pagamento. Com o fim da cobrança da Cide, o governo necessária para que ele efetue o depósito dentro do prazo
abriria mão de cerca de R$ 2,5 bilhões de receita neste ano. “em estrita observância” ao que prevê o acordo.
Para tapar esse buraco, entraria o dinheiro da reoneração. “Diante disso, requer a Vossa Excelência a determina-
O problema é que os caminhoneiros consideram muito ção de abertura de conta bancária para que o depósito seja
pouco zerar apenas a Cide. Reduziria o preço do combus- feito tempestivamente, em estrita observância às obriga-
tível em cerca de R$ 0,05. Eles querem também reduções ções assumidas no acordo de colaboração premiada”, diz a
de outros tributos. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, defesa do empresário.
prometeu aprovar, no projeto da reoneração, uma redução Pelos acordos, cada um dos irmãos Batista pagará a
também do PIS/Cofins sobre diesel. O percentual ainda quantia de R$ 110 milhões. Os documentos preveem que
está em estudo. Só que este ponto ainda não foi negociado 80% vá para a União, como forma de indenização pelos
com a equipe econômica. Cide e PIS/Cofins respondem por desvios que eles assumiram, e 20% vá para “os bens jurí-
16% do preço da gasolina e 13% do diesel. dicos ofendidos pela lavagem de dinheiro”, que, na prática,
O tributo que mais pesa no preço dos combustíveis é o podem ser órgãos que atuam no combate ao crime.
ICMS. A alíquota é de 29% sobre a gasolina e de 16% sobre Assim com fez a defesa do irmão, os advogados de
o diesel. Aí, um corte na alíquota depende dos Estados, que Wesley Batista não mencionam no pedido ao STF o fato de
enfrentam uma crise fiscal e até agora não manifestaram a Procuradoria ter pedido a anulação do acordo.
nenhuma disposição de promover mudanças que possam Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
reduzir sua arrecadação.

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ATUALIDADES

Temer autoriza atuação das Forças Armadas nas Falta de combustíveis afeta voos, estradas e circula-
eleições, informa Planalto ção de ônibus nos Estados
Decreto será publicado nesta terça e não detalha
atuação, define somente que militares deverão garantir O Aeroporto de Salvador está funcionando como ponto
‘votação e apuração’ em locais definidos pelo TSE. Me- de abastecimento para aviões de voos internacionais origi-
dida também foi adotada por Dilma. nados em outros estados que enfrentam desabastecimento
de combustível devido à greve nacional dos caminhoneiros.
Palácio do Planalto informou nesta segunda-feira (21) Na quarta-feira, 23, dois aviões que decolaram em Bra-
que o presidente Michel Temer assinou um decreto no qual sília e Recife, com destino a Portugal, mudaram o trajeto
autorizou a atuação das Forças Armadas nas eleições de para abastecer na capital baiana. A informação foi confirma-
ano. da pela Vinci Airports, que administra o terminal aéreo em
Segundo a Presidência, o decreto será publicado na Salvador, acrescentando que o aeroporto não sofre com a
edição desta terça (22) do “Diário Oficial da União”. falta de combustível.
O texto, divulgado pela assessoria de Temer, não deta- Nas estradas do Ceará, há bloqueios na BR-116, na altu-
lha como será a atuação dos militares, define somente que ra dos municípios de Eusébio, Chorozinho, Russas, Tabuleiro
as Forças Armadas deverão atuar para garantir a votação e do Norte, Alto Santo e Penaforte. A BR-222 tem interdições
a apuração em locais definidos pelo Tribunal Superior Elei- nas proximidades de Sobral e Tianguá. A BR-020 tem blo-
toral (TSE). queios na altura de Canindé, e a BR-30, no quilômetro 47,
Medida semelhante foi adotada nas eleições de 2014, em Aracati.
pela então presidente Dilma Rousseff. Já nas cidades do interior paulista, como Ribeirão Pre-
À época, as Forças Armadas empregaram 30 mil mi- to e Franca, houve redução dos horários de ônibus devido
litares em 326 cidades, apoiando a garantia da ordem e ao baixo estoque de óleo diesel. O objetivo é evitar que os
ajudando na logística. veículos cheguem a parar de vez por falta de abastecimento
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2018 em razão da greve dos caminhoneiros.
Nesses e em outros municípios, filas enormes de carros
têm se formado nos postos e em alguns já falta combustível.
ECONOMIA Em Ribeirão, o número de ônibus nas ruas foi reduzido
e volta à normalidade no horário de pico, das 18h às 19h30,
Greve só termina com sanção de alíquota zero do diminuindo novamente a circulação depois disso.
PIS-Cofins, diz Abcam Em Franca, as linhas estão seguindo os horários de do-
mingo, quando operam menos coletivos. A exceção fica por
O presidente da Associação Brasileira dos Caminhonei- conta dos horários de maior fluxo de passageiros na cidade,
ros (Abcam), José da Fonseca Lopes, disse nesta quinta- das 6 horas às 8 horas e das 16 horas às 18 horas.
-feira (24) que a mobilização dos caminhoneiros nas rodo- Outras cidades do Estado também reduziram as linhas
vias do país só será encerrada quando o presidente Michel urbanas, caso por exemplo de Campinas, Taubaté, Jacareí,
Temer sancionar e publicar, no Diário Oficial da União, a São José dos Campos, São Luiz do Paraitinga e Caraguata-
decisão de zerar a alíquota do PIS-Cofins incidente sobre tuba. Na maioria, passou a valer o mesmo critério dos fins
o diesel. de semana, quando menos coletivos estão nas ruas devido
Para poder ser sancionada pelo presidente, a medida ao número menor de usuários.
precisa, antes, ser aprovada pelo Senado. Fonte: Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018
Fonseca disse que os bloqueios nas estradas estão ga-
nhando força inclusive de grupos não ligados aos cami- Fluxo cambial total em maio até dia 22 está positivo
nhoneiros. em US$ 469 milhões, diz BC
“Não são só os caminhoneiros que estão sendo preju-
dicados pela alta dos combustíveis. Isso está prejudicando O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco
todo mundo, inclusive temos recebido mensagens via re- Central, Fernando Rocha, informou nesta quinta-feira, 24,
des sociais para continuarmos mantendo o movimento. Há que o fluxo cambial total no País está positivo em US$ 469
insatisfação da sociedade com o governo”, disse. milhões em maio até o dia 22. A cifra é resultado de um flu-
Segundo Fonseca, os caminhoneiros não estão proi- xo comercial positivo de US$ 3,906 bilhões e de um fluxo fi-
bindo a passagem de veículos que transportam itens es- nanceiro negativo de US$ 3,437 bilhões no mesmo período.
senciais como remédios nem cargas vivas, produtos pere- Na conta comercial, ocorreram em maio até o dia 22
cíveis ou oxigênio para hospital. Ônibus com passageiros importações de US$ 8,874 bilhões e exportações de US$
e ambulâncias também estão podendo passar pelos blo- 12,780 bilhões.
queios. Dentro das exportações foram US$ 2,076 bilhões de
O representante dos caminhoneiros voltou a criticar a Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 3,006 bi-
política de preço da Petrobras. “A equiparação com o preço lhões em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 7,698 bilhões
internacional [do petróleo] foi a pior medida que podia ser em demais operações. Dentro da conta financeira, ocorre-
feita.” ram no período entradas de US$ 31,479 bilhões e saídas de
Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018 US$ 34,917 bilhões.

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ATUALIDADES

Com o movimento verificado em maio, até o dia 22, a No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, as
posição vendida dos bancos no mercado à vista passou de contas externas registraram déficit de US$ 2,604 bilhões.
US$ 6,337 bilhões no fim de abril para US$ 6,120 bilhões. No acumulado do ano, o resultado de 2018 é o melhor
Fonte: Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018 desde 2007, quando as contas externas registraram supe-
rávit de US$ 1,8 bilhão de janeiro a abril.
Fábricas de veículos paralisam produção e já veem Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do
reflexo nas exportações BC, Fernando Rocha, o resultado de abril ficou dentro do
Greve dos caminhoneiros afeta o fornecimento de esperado pelo BC.
peças e o fluxo logístico de distribuição das montado- Investimento estrangeiro
ras. O Banco Central também informou nesta quinta-fei-
ra que os investimentos estrangeiros diretos na economia
Pelo menos 10 das maiores fábricas de automóveis do brasileira somaram US$ 2,618 bilhões em abril, uma queda
de 53% em relação ao registrado em abril de 2017 (US$
Brasil estão paradas por causa da greve de caminhonei-
5,566 bilhões).
ros, que está no quarto dia.
No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, os
Unidades da Ford, Volkswagen, Fiat Chrysler, Chevrolet,
investimentos estrangeiros somaram US$ 20,366 bilhões.
Toyota e Scania não estão produzindo devido a falta de
Nos mesmos meses do ano passado o investimento estran-
peças e problemas de logística. geiro somou US$ 29,347 bilhões.
De acordo com a associação das fabricantes (Anfavea), Rocha destacou que os investimentos estão em uma
o setor automotivo já espera para este mês uma queda na trajetória de redução, mas devem ficar praticamente está-
produção, nas vendas e também nas exportações. veis em maio na comparação com maio de 2017. A proje-
No ABC paulista, Ford e Volkswagen já estão sem pro- ção do BC para maio é que os investimentos estrangeiros
duzir desde ontem. Chevrolet e Scania também pararam diretos somem US$ 3 bilhões, sendo que em maio de 2017
hoje, segundo informaram os sindicatos de metalúrgicos somaram US$ 2,9 bilhões.
do ABC e de São Caetano do Sul. Fonte: G1.com/acessado em 05/2018
A General Motors (GM) não confirmou oficialmente
quais unidades estão paradas, mas afirmou em nota que o Gasto de brasileiros no exterior cresce 16% em abril
movimento dos caminhoneiros tem impacto na operação. na comparação com o mesmo mês de 2017, informa BC
A Fiat Chrysler (FCA) suspendeu a produção em Betim No mês passado, brasileiros gastaram US$ 1,53 bi-
(MG) e em Goiana nesta quinta-feira, por causa dos blo- lhão lá fora. Nos quatro primeiros meses de 2018, o
queios nas estradas. A empresa aproveitou a parada para gasto foi de US$ 6,47 bilhões, aumento de 11,57% com
fazer inventário de peças na unidade mineira. relação a 2017.
A Ford também interrompeu também as linhas em
Taubaté (SP) ontem e Camaçari (BA) na segunda-feira, além Os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,538
de São Bernardo do Campo (SP) hoje. bilhão em abril deste ano, informou nesta quinta-feira (24)
A Toyota informou que as unidades de Sorocaba e In- o Banco Central. O valor representa um aumento de 16%
daiatuba estão paradas desde ontem, mas continua com a em relação aos gastos registrados no mesmo mês de 2017,
produção em Porto Feliz e São Bernardo - todas no estado quando os valores somaram US$ 1,325 bilhão.
de São Paulo. Nos quatro primeiros meses do ano os gastos de bra-
Fonte: G1.com/acessado em 05/2018 sileiros lá fora chegaram a US$ 6,47 bilhões, um aumento
de 11,57% em relação ao mesmo período do ano passado
(US$ 5,799 bilhões).
Contas externas registram superávit de US$ 620 mi-
Alta do dólar
lhões em abril, diz BC
Apesar da recente alta do dólar, as despesas de brasi-
Acumulado do ano, um déficit de US$ 2,6 bilhões, é
leiros no exterior deve continuar em alta em maio. Segundo
o melhor resultado para o período desde 2007. Investi-
o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando
mentos estrangeiros tiveram queda de 53% em relação Rocha, o que deve se observar em maio é um crescimento
a abril de 2017 menor dessas despesas.
Até o dia 22 de maio as despesas de brasileiros no ex-
A conta de transações correntes, um dos principais in- terior somaram US$ 1,17 bilhão, já em todo mês de maio
dicadores do setor externo brasileiro, registrou um superá- de 2017 essas despesas foram de US$ 1,496 bilhão.
vit de US$ 620 milhões em abril, informou o Banco Central Para o fim de maio o BC estima que as despesas su-
nesta quinta-feira (24). Esse foi o terceiro mês seguido de perem o mês de maio de 2017, mas a taxa de crescimento
saldo positivo. deve ser menor do que os 16% observados em abril.
A conta de transações correntes é formada pela balan- Segundo Rocha, o impacto da alta do dólar na conta de
ça comercial (comércio de produtos entre Brasil e outros viagens, que envolve o gasto de brasileiros no exterior, não
países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exte- é sentido de uma vez só, já que muitas viagens já estavam
rior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos programadas. O comportamento para os meses seguintes,
do Brasil para o exterior). destacou, depende de como a cotação do dólar vai variar.

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ATUALIDADES

“O impacto para os próximos meses depende de onde Crédito imobiliário


o câmbio ficar. Uma desvalorização que continua por um Por outro lado, a carteira imobiliária alcançou saldo de
tempo maior vai fazer o viajante decidir se mantem a via- R$ 433,1 bilhões, crescimento de 4,9% em 12 meses. Desse
gem ou altera o roteiro”, disse. saldo, R$ 243,4 bilhões foram concedidos com recursos do
Hoje a moeda norte-americana iniciou o dia em alta, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), aumento
após fechar em queda nas últimas três sessões. Às 10h30, o de 14,8%, e R$ 190 bilhões com recursos da poupança, que
dólar estava cotado em R$ 3,6436. recuaram 5,5% em 12 meses.
A desvalorização do real frente ao dólar torna as des- Com isso, a Caixa ganhou 1,7 ponto percentual de par-
pesas de brasileiros mais caras, o que tende a reduzir os ticipação no mercado de crédito imobiliário, mantendo-se
gastos de brasileiros em viagens ao exterior. É um desesti- na liderança, com 69,1%.
mulo para viagens para fora do país. Inadimplência
As despesas com provisão para devedores duvidosos
Gastos de estrangeiros no Brasil atingiram R$ 3,7 bilhões no 1º trimestre, queda de 27,7%
Em abril deste ano os estrangeiros gastaram US$ 499 em 12 meses e de 35,6% na comparação com o trimestre
milhões no Brasil, o que representa um aumento de 19,66% anterior. Segundo a Caixa, a redução foi devido, principal-
em relação ao patamar registrado em abril de 2017 (US$ mente, ao recuo da carteira de crédito, em função do plano
417 milhões). de capital da empresa.
Já no acumulado dos quatro primeiros meses do ano, Em março, as despesas com provisões para créditos de
os gastos de estrangeiros no Brasil totalizaram US$ 2,433 liquidação duvidosa correspondiam a 5,3% do total da car-
bilhões, aumento frente aos gastos nos mesmos meses do teira de crédito, mesmo patamar de dezembro de 2017 e
ano passado (US$ 2,263 bilhões). ligeiramente superior ao verificado em março de 2017.
Fonte: G1.com/acessado em 05/2018 O índice de inadimplência totalizou 2,9% no trimestre,
aumento de 0,07 ponto percentual ante mesmo período
Caixa tem lucro de R$ 3,2 bi no 1º tri, alta de 114% de 2017, permanecendo abaixo da média de mercado, de
3,28%.
em relação a 2017
No final do 1º trimestre, a carteira de habitação apre-
Segundo o banco estatal, resultado foi devido às
sentou inadimplência de 2%, mesmo patamar de março
receitas com intermediação financeira e prestação de
de 2017, segundo a Caixa. As operações de infraestrutura
serviços e pelo recuo nas despesas administrativas.
apresentaram inadimplência de 1,05%, evolução de 0,78
p.p. em 12 meses, impactada pela operação com um “gru-
Caixa Econômica Federal divulgou quinta-feira (24) que
po específico”.
teve lucro líquido de R$ 3,2 bilhões no 1º trimestre de 2018,
Demissões fazem cair despesas
alta de 114,5% em relação ao mesmo período de 2017. A
No 1º trimestre, as despesas de pessoal totalizaram R$
Caixa diz que foi o maior resultado trimestral da história do
5,1 bilhões, queda de 12,5% em 12 meses e diminuição de
banco, gerado pelo “aumento da eficiência operacional”. 7,8% em comparação ao 4º trimestre de 2017, impactada,
Segundo o banco estatal, o aumento do lucro foi ge- principalmente, pelos efeitos dos planos de demissão vo-
rado principalmente pelo avanço de 21,9% no resultado luntária iniciados em 2017.
bruto da intermediação financeira, pelo crescimento nas As despesas de pessoal, no primeiro trimestre, repre-
receitas com prestação de serviços e pelo forte recuo nas sentavam 65,9% do total das despesas administrativas.
despesas administrativas. As outras despesas administrativas recuaram 5,9% em
Carteira de crédito 12 meses, totalizando R$ 2,7 bilhões, no primeiro trimestre,
No 1º trimestre, a carteira de crédito ampla alcançou em função dos ganhos com a otimização de processos e
saldo de R$ 700,2 bilhões, recuo de 2,1% em 12 meses, do controle das despesas operacionais. Houve economias
em função da estratégia adotada para adequação do seu de 45,9% em propaganda e publicidade, 28,8% em comu-
portfólio à implementação das regras de Basileia III, para nicação, 10,5% em material e 10,4 em processamento de
melhorar a alocação de capital da empresa e ampliar as dados, destacou a Caixa.
carteiras de menor risco, além de melhorar a eficiência Assim, o índice de eficiência operacional alcançou
operacional e rentabilizar a carteira de crédito atual. 48,4%, melhora 3,2 pontos percentuais em 12 meses, me-
Com isso, houve o crescimento nas carteiras de menor lhor marca, segundo a Caixa. O índice de cobertura de
risco, como habitação e infraestrutura, e redução da expo- despesas de pessoal, que mede a relação entre as receitas
sição nas carteiras comerciais, tendo como efeito a redução de prestação de serviços e as despesas de pessoal, foi de
da provisão para devedores duvidosos, que foi de 27,7%. 117,1%, avanço de 11,2 pontos percentuais na comparação
Essa estratégia resultou no recuo de 2,1% em 12 meses com 2017, e a cobertura com despesas administrativas to-
na carteira de crédito, sendo 25,2% no segmento pessoa talizou 76%, melhorando 7,9 p.p. em 12 meses.
jurídica e 11,5% no segmento pessoa física, linhas que exi- “Esses indicadores refletem os avanços das coberturas
gem maior alocação de capital. O crédito rural teve redução pela maior contribuição das receitas de serviços e pelas
de 6,8% em 12 meses e alcançou saldo de R$ 7,0 bilhões no ações de ajuste do quadro de pessoal e otimização da es-
primeiro trimestre. trutura”, informou a Caixa.

10
ATUALIDADES

Captações Deutsche Bank anuncia plano para demitir mais de


O saldo das captações totalizou R$ 963,4 bilhões em 7 mil funcionários
março, redução de 2,6% em 12 meses, e em volume sufi- Corte afetará quase 10% dos funcionários em todo
ciente para cobrir 137,6% da carteira de crédito. o mundo.
O desempenho no saldo foi impactado, principalmen-
te, pelo aumento de 10,7% nos empréstimos e repasses, de Deutsche Bank, que enfrenta dificuldades financeiras,
10,2% nos depósitos em poupança e de 8,1% nos depósi- anunciou nesta quinta-feira um plano para cortar mais de
tos judiciais, além das reduções de 26,3% em CDB, 20,7% 7.000 postos de trabalho no mundo, confirmando uma
em Letras e 17,4% nas captações no mercado aberto. mudança de rumo após a nomeação de um novo diretor
Os depósitos totalizaram R$ 506,5 bilhões em março executivo em abril.
de 2018. O corte, que afetará quase 10% dos funcionários em
A poupança, com saldo de R$ 278,7 bilhões, continua todo o mundo, foi anunciado pelo Deutsche Bank em um
a ser a principal fonte de recursos da Caixa, representando comunicado distribuído no dia da assembleia de acionistas.
38,1% da participação de mercado. A reestruturação afetará, no entanto, 25% dos funcio-
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 nários do banco de investimentos, que deve ter sua di-
mensão reduzida em 10%, o que representa 100 bilhões
de euros.
Confiança do comércio cai e retorna ao nível de no- O banco passará a ter menos de 90.000 funcionários,
vembro de 2017 contra os 97.130 que tinha no fim de março, de acordo com
Para coordenador da FGV, após as altas consisten- o comunicado.
tes no começo do ano, a queda em maio sinaliza que o Fonte: Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
setor já percebe uma desaceleração no ritmo de cresci-
mento das vendas. Senado tira do Ministério da Agricultura fiscaliza-
ção de produtos artesanais de origem animal
índice de confiança do comércio, medido pela Funda-
Medida vale para vendas entre estados; fiscalização
ção Getulio Vargas (FGV), caiu 4,1 pontos em maio, ao pas-
caberá aos órgãos estaduais. Projeto segue para sanção
sar de 96,7 para 92,6 pontos, retornando ao mesmo nível
do presidente Michel Temer.
de novembro de 2017.
Para Rodolpho Tobler, coordenador da Sondagem do
Senado aprovou nesta quarta-feira (23) um projeto
Comércio da FGV IBRE, após as altas consistentes no come-
que tira do Ministério da Agricultura a fiscalização de pro-
ço do ano, a queda em maio sinaliza que o setor já percebe
dutos artesanais de origem animal, como queijos, salames
uma desaceleração no ritmo de crescimento das vendas.
e linguiças.
“Chama atenção, por exemplo, o fato de que pela pri-
meira vez no ano a confiança do resiliente segmento de
duráveis também recuou no mês. A queda da percepção A medida valerá somente para as vendas entre esta-
atual sugere que a recuperação das vendas deve continuar dos. Assim, pela proposta, a fiscalização caberá aos órgãos
de forma gradual e sujeita a tropeços ao longo do ano.”, estaduais.
avalia Como o projeto já foi analisado pela Câmara, seguirá
Em maio, 11 dos 13 segmentos pesquisados recuaram. para sanção do presidente Michel Temer.
O Índice de Situação Atual caiu 4,7 pontos, registrando Entenda
89,4, menor nível desde janeiro (88 pontos). Já o Índice de Pelas regras atuais, os produtos artesanais de origem
Expectativas caiu 3,2 pontos para 96,2 pontos, menor valor animal podem ser vendidos se tiverem o selo do Serviço de
desde setembro de 2017 (95,6 pontos). Inspeção Federal (SIF), gerido pelo Ministério da Agricultu-
Piora da percepção atual disseminada ra, Pecuária e Abastecimento.
Após quatro meses de altas consecutivas, a satisfação O texto prevê a substituição do SIF pelo selo Arte, de
do setor comercial diminuiu no mês e também em médias artesanal, o que seria posteriormente regulamentado.
móveis trimestrais. O registro com o selo Arte deverá seguir regras higiêni-
O resultado negativo atingiu tanto os segmentos de co-sanitárias e de qualidade já estabelecidas em lei.
revendedores de bens duráveis quanto de bens não durá- Até a regulamentação da lei que terá origem com o
veis, que vinha apresentando uma recuperação mais tímida projeto aprovado nesta quarta, fica autorizada, segundo a
nos últimos meses. proposta, a comercialização dos produtos artesanais em
A novidade negativa em maio foi a queda do índice de todo o território nacional.
situação atual de duráveis, que vinha apresentando uma O relator da proposta, senador Valdir Raupp (MDB-RO),
recuperação mais consistente influenciada, principalmente, afirmou que a medida tem como objetivo simplificar e des-
pela redução das taxas de juros e pela fraca base de com- burocratizar a inspeção sanitária de produtos artesanais.
paração, segundo a FGV. Fonte: Fonte: Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
Fonte: Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018

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ATUALIDADES

A cronologia da crise do diesel, do controle de pre- Facebook começa a marcar e checar informação
ços de Dilma à redução diante da greve dos caminho- para anúncios políticos
neiros
O Facebook anunciou nesta quinta-feira (24) que co-
A greve dos caminhoneiros, que entrou no seu quarto meçou a implementar uma política que requer a marca-
dia nesta quinta-feira e afeta vários setores da economia ção dos anúncios políticos e a verificação da identidade de
do país, tem sua raiz na insatisfação com a política de pre- quem paga pelas mensagens.
ços dos combustíveis, que passou por uma mudança signi- A rede social havia anunciado mais cedo este ano a
ficativa no início do governo Michel Temer, em 2016. iniciativa, adotada para dar mais transparência e enfrentar
Os reajustes passaram a ser determinados pela Petro- as críticas sobre sua participação na propagação de desin-
bras de acordo com variações do dólar e do preço do pe- formação estimulada pela Rússia durante a eleição presi-
tróleo no mercado internacional. dencial de 2016 nos Estados Unidos.
Antes, no governo de Dilma Rousseff, a variação dos O Facebook disse que a nova política entrará em vigor
preços internacionais era repassada de forma defasada aos nesta quinta-feira para anúncios dentro dos Estados Uni-
valores praticados no país, um mecanismo usado para ten- dos divulgados por meio desta rede social e do Instagram.
tar segurar o aumento da inflação. A mesma política será implementada no mundo nos pró-
Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018 ximos meses.
“A partir de hoje, todos os anúncios no Facebook e
INTERNACIONAL Instagram nos Estados Unidos deverão estar claramente
marcados, incluindo um ‘Pago por’ na parte superior da
Forças americanas estão prontas para responder à publicidade”, assinala em seu blog o diretor de produtos
Coreia do Norte, diz Trump do Facebook, Rob Leathern.
Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018
O presidente americano, Donald Trump, disse nesta
quinta-feira, 24, que as forças armadas dos Estados Unidos Presidente da Coreia do Sul pede ‘diálogo’ entre
estão “prontas se necessário” para responder a “atos tolos Trump e Kim
ou imprudentes” da Coreia do Norte. Ele também informou Presidente dos EUA cancelou reunião de 12 de ju-
que está em contato com a Coreia do Sul e com o Japão, nho com líder da Coreia do Norte
e que ambos os países estão dispostos a suportar o fardo
financeiro de um suposto conflito. O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, pediu que
Nesta quinta, Trump cancelou a cúpula histórica com o o mandatário dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder
líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un - prevista até então da Coreia do Norte, Kim Jong-un, tenham um “diálogo di-
para o dia 12 de junho, em Cingapura -, justificando a deci- reto”. 
são com a escalada na retórica do governo norte-coreano. “A desnuclearização da Península Coreana e a consti-
Durante a madrugada, uma representante de Pyongyang tuição de uma paz permanente são desafios históricos que
chamou o vice-presidente americano, Mike Pence, de “ma- não podem ser abandonados ou adiados”, declarou o sul-
nequim político” e disse que seu país está pronto para en- -coreano, após Trump ter cancelado sua reunião com Kim,
contrar os EUA tanto na mesa de negociações como em um marcada para 12 de junho.
confronto nuclear. Trump comunicou, em carta nesta quinta-feira, que de-
Trump enviou uma carta a Kim para cancelar a cúpula. sistiu de uma reunião bilateral com  Kim Jong-un. 
O documento, divulgado pela Casa Branca, afirma que um A desistência, de acordo com Trump foi relacionado
encontro entre os dois países neste momento seria “ina- ao  comportamento de KIm que mostrou “tremenda raiva
propriado”. O presidente disse esperar que “coisas posi- e aberta hostilidade”, em seu comunicado mais recente, o
tivas” ocorram em relação ao futuro da Coreia do Norte, que fez ele avaliar apropriado desistir do evento neste mo-
mas acrescentou que, caso necessário, os EUA estão “mais mento.
preparados do que nunca”. O encontro estava marcado para o dia 12 de junho,
Na carta, Trump comparou as capacidades nucleares em Cingapura. Trump disse ainda que, no aso Kim mude
da Coreia do Norte e dos Estados Unidos. “Nossas capaci- de ideia para realizar a reunião, não deve hesitar em tele-
dades nucleares são tão massivas e poderosas que eu rezo fonar ou escrever. “O mundo, e a Coreia do Norte em par-
a Deus para que elas nunca tenham que ser usadas.” Além ticular, perderam uma grande oportunidade para uma paz
disso, Trump disse que, caso Kim mude de ideia a respeito duradoura e grandes prosperidade e riqueza. Essa oportu-
da reunião, não deve hesitar em telefonar ou escrever para nidade perdida é um momento verdadeiramente triste na
ele. história”, julgou o líder americano.
Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018 Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018

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ATUALIDADES

Maduro presta juramento como presidente reeleito Brasil vai assinar tratado internacional da OMS que
e diz que não é culpado pela crise combate comércio ilegal do tabaco
Novo mandato começa a valer apenas em 10 de ja- Protocolo existe desde 2012, mas país ainda não
neiro de 2019. tinha ratificado documento. Preços baixos de cigarros
ilegais atrapalham políticas de saúde, diz Anvisa.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, prestou ju-
ramento nesta quinta-feira (24) como chefe de estado ree- Até julho desse ano, o Brasil deve ratificar um proto-
leito perante a Assembleia Constituinte, apesar de seu se- colo da Organização Mundial da Saúde para o combate
gundo mandato de seis anos começar a valer de fato em 10 ao comércio ilícito do tabaco. A informação é da OMS e a
de janeiro de 2019. Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) confirma
Delcy Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional que as negociações estão avançadas. Concebido em 2012,
Constituinte, perguntou a Maduro, que ficará no cargo até esse tratado precisa ser assinado por 40 países para entrar
2025, se ele jurava cumprir as leis da República, se será leal em vigor, mas até o momento há 35 países. A expectativa
ao mandato do povo e se irá fortalecer o caráter anti-impe- da OMS é que, nos próximos meses, Brasil, Chile, El Salva-
rialista, antioligárquico e socialista da revolução bolivariana. dor, Peru e Colômbia ratifiquem o documento.
“Juro ante este poder Constituinte plenipotenciário, ante Além da OMS e da Anvisa, diversas organizações de
a Constituição (...) ante o povo da Venezuela cumprir e fazer saúde, entre elas a American Cancer Society e o Instituto
cumprir a Constituição e levar adiante todos as mudanças Nacional do Câncer (INCA) no Brasil chegaram ao enten-
revolucionárias”, disse Maduro, em sessão solene. dimento de seria necessário um maior controle sobre o
Também líder do Partido Socialista Unido da Venezuela comércio ilegal para diminuir os efeitos nocivos do tabaco
(PSUV), Maduro jurou “promover a união nacional”, a recon- na saúde. A OMS estima que um em cada dez cigarros con-
ciliação do povo e ser leal ao legado de Símon Bolívar e de sumidos globalmente são comprados no comércio ilegal.
Hugo Chávez. A política é uma consequência de uma mudança de
Não me culpem pela crise postura das autoridades de saúde nas últimas décadas. Elas
O presidente da Venezuela se defendeu sobre a crise
passaram a advogar por políticas públicas mais incisivas e
econômica que atinge o país e afirmou que responsabilizá-
menos focadas apenas em informação -- assim, foram or-
-lo é uma “simplificação estúpida”, mas prometeu aumentar
questrados aumento de impostos, leis de restrição ao fumo
a produção de petróleo e abrir diálogo com líderes empre-
e até projetos de simplesmente diminuir a quantidade de
sariais.
nicotina no cigarro, como planejam os Estados Unidos em
Ele rejeitou as críticas a sua legitimidade, e disse que elas
medida anunciada em março.
são um plano dos Estados Unidos para sabotá-lo.
“É uma simplificação estúpida pensar que este problema A OMS estima que um em cada dez cigarros consumi-
é devido a Nicolás Maduro. É um problema de todo o país”, dos no mundo é comprado no comércio ilegal (Foto: BBC)
disse Maduro. A OMS estima que um em cada dez cigarros consumidos
Maduro, ex-motorista de ônibus e líder sindical, tam- no mundo é comprado no comércio ilegal (Foto: BBC)
bém alertou que ele sozinho não seria capaz de reverter a A OMS estima que um em cada dez cigarros consumi-
economia. dos no mundo é comprado no comércio ilegal (Foto: BBC)
“Só as pessoas podem salvar as pessoas ... Quem vai nos “O aumento de impostos e de preços sobre cigarros é
salvar? Superman? Ou Super-Nico?”, perguntou ele, usando considerada uma das medidas mais efetivas para prevenir
um apelido de seu primeiro nome. “Nenhum deles existe, a iniciação de jovens no tabagismo e estimular a cessação
mas nós temos Super-Pessoas.” de fumar nas populações de menor renda e escolaridade”,
O presidente reeleito prometeu aumentar a produção informou a área técnica da Anvisa ao G1.
de petróleo da Venezuela, atualmente na mínima em mais No entanto, no entendimento das organizações de
de 30 anos, em 1 milhão de barris por dia neste ano, mas saúde, por mais que governos aumentem impostos sobre o
não deu detalhes. cigarro, a medida tem pouca eficácia se maços continuam a
Ele disse que instruiu o major-general Manuel Queve- ser vendidos a preços baixos na margem.
do, ministro do Petróleo e presidente da petrolífera estatal “O mercado ilegal de produtos de tabaco é reconheci-
PDVSA, a procurar a Opep, a China e a Rússia, e também as do globalmente como um obstáculo ao alcance dos objeti-
nações árabes, se precisar de ajuda. vos da Convenção [da OMS], pois os baixos preços minam
Maduro recebeu 58% dos votos na eleição deste domin- os efeitos positivos das políticas da Convenção, em espe-
go, que foi marcada por denúncias de fraude, tentativa de cial, o aumento de impostos e preços “, continuou a Anvisa.
boicote da oposição, abstenção de 54% e falta de reconhe- A OMS defende ainda que o controle do comércio ilí-
cimento por grande parte da comunidade internacional. cito tem efeitos benéficos para os governos: diminui custos
A Mesa da Unidade Democrática (MUD), principal coa- em saúde, além de aumentar a arrecadação tributária de
lizão de oposição ao chavismo, não participou das últimas governos. O Brasil também tem sofrido a pressão da OMS
eleições por considerar que as condições de disputa não para ratificar o acordo. Em março, diretor-geral da entida-
eram justas e transparentes. Eles consideram o pleito como de, Tedros Adhanom, tuitou sobre sua reunião com o presi-
uma fraude, mesma opinião de países como Estados Unidos dente Michel Temer sobre o assunto.
e Brasil.
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018

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ATUALIDADES

“Em reunião com o presidente Michel Temer, eu pedi Aqueles que se preparam melhoram “a capacidade do
seu apoio para os esforços #NoTobacco. Nós contamos país como um todo para lidar com uma tensão maior”, diz
com o Brasil para ratificar o protocolo para eliminar o co- o livreto.
mércio ilegal em produtos do tabaco” -- Tedros Adhanom. “Pense em como você e as pessoas ao seu redor seriam
O que o Brasil deverá fazer capazes de lidar com uma situação na qual os serviços nor-
Para participar do protocolo, o Brasil deverá seguir um mais da sociedade não estão funcionando como de costu-
“check-in-list” da OMS para controle do comércio ilegal. Os me”, acrescenta.
requisitos envolvem um sistema complexo de rastreamen- O panfleto, intitulado If Crisis or War Comes (Se a Crise
to de cigarro, com pessoas que importam cigarros com
ou a Guerra Chegar), foi distribuído em meio a preocupa-
uma licença para isso. Importadores também devem man-
ções sobre as atividades militares da Rússia, além da ascen-
ter registros rigorosos de toda a transação
são do terrorismo e das “fake news”.
A OMs também exorta que cada maço de cigarro tenha Em uma sessão chamada “dicas para preparação da
uma identificação única de rastreamento. Essa exigência casa”, há uma lista bem eclética de alguns dos principais
deve ser seguida em até 5 anos após entrada no protocolo produtos que os domicílios devem ter.
para os cigarros e em até10 anos para todos os produtos O governo dá ênfase à importância de comprar alimen-
derivados do tabaco. tos não perecíveis “que exijam pouca água ou que possam
Reuniões ocorrem há anos ser ingeridos sem preparo”, como pães com um longo pra-
Desde 2012, o Brasil tem feito reuniões com a OMS zo de validade, bolachas, lentilha pré-cozida, feijão, homus
para a adoção do acordo. A Anvisa informa que uma de- em conserva, sardinhas, macarrão instantâneo, arroz, purê
las ocorreu em 2016. A OMS organizou uma oficina para o de batata instantâneo e barras energéticas.
controle do tabaco na América Latina. Participaram Brasil, O folheto também alerta que, caso ocorra uma grande
Venezuela, Uruguai, Chile, Colômbia, Equador e Peru. Essa crise, o fornecimento de eletricidade pode falhar. Com o
reunião teve o envolvimento da Anvisa e do Inca (Instituto clima frio, isso significa problemas graves com o aqueci-
Nacional do Câncer). mento dos domicílios.
Um outro seminário aconteceu em 2017 em Brasília “Reúna a família em um cômodo, pendure cobertores
com o objetivo de aproximar diferentes áreas do gover- nas janelas, cubra o chão com tapetes e construa um abri-
no brasileiro para o controle. Participaram o Ministério da
go sob uma mesa para se aquecer”, aconselha o texto.
Fazenda, o Ministério da Justiça, o Ministério das Relações
Se não houver eletricidade, as pessoas devem se pre-
Exteriores, a Anvisa, o Ministério da Agricultura, a Fiocruz e
parar para se manter aquecidas e informadas quando os
coordenações de saúde estaduais para o controle do taba-
gismo de São Paulo, Acre e Mato Grosso do Sul. sistemas de comunicações não estiverem mais funcionan-
Esse ano, uma nova reunião aconteceu entre os dias 21 do. As recomendações para isso são deixar a postos roupas
e 22 de maio com diversos agentes para avaliar as melho- de lã, sacos de dormir, velas, rádios a pilhas ou a energia
res ações de combate. Participaram agências de pesquisa solar, uma lista de números de telefone importantes e um
que estão trabalhando com o comércio ilícito, Inca, Fiocruz, carregador de celular que funcione com a bateria do carro.
American Cancer Society e autoridades internacionais, in- O folheto também inclui conselhos sobre como encon-
formou a Anvisa. trar um abrigo antibombas e água limpa.
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 Como outros países se prepararam?
Diversos governos emitiram conselhos sobre qual seria
Suécia orienta população a se preparar para guerra a melhor forma de se preparar para uma grande crise ou
e distribui panfletos de alerta mesmo uma guerra nos últimos anos.
O governo enviou folhetos a 4,7 milhões de famílias Em 2016, a Alemanha aconselhou as pessoas a arma-
explicando como se preparar para crises maiores, como zenarem alimentos e água para uso em caso de uma emer-
ataques terroristas e cibernéticos, desastres naturais, gência nacional. O país sugeriu armazenar comida suficien-
acidentes graves e conflitos militares. te para 10 dias, assim como água para cinco dias.
Foi a primeira vez desde a Guerra Fria que o governo
Comida enlatada, velas e lenços umedecidos. Estes são
alemão emitiu esse tipo de conselho, e alguns parlamenta-
alguns dos itens que a Suécia aconselhou todas as famílias
res da oposição o acusaram de alarmismo.
a estocarem em panfletos que o governo começou a dis-
tribuir. Também em 2016, a Lituânia disse aos cidadãos o que
Os folhetos foram enviados a 4,7 milhões de famílias fazer no caso de uma invasão russa. Seu livreto incluía ins-
explicando como se preparar para crises maiores. Elas in- truções para identificar tanques inimigos.
cluem ataques terroristas e cibernéticos, desastres naturais, As relações de Moscou com seus vizinhos do Báltico se
acidentes graves e conflitos militares. deterioraram desde 2014, quando a Criméia foi anexada à
A iniciativa chamou atenção por ser a primeira reedição Ucrânia.
de tais instruções desde a década de 80 - as versões ori- Nos últimos anos, a Suécia aumentou seus gastos mi-
ginais foram distribuídas pelo governo na Segunda Guerra litares, citando a deterioração da situação de segurança na
Mundial e a publicação continuou durante grande parte da Europa, particularmente à luz do papel da Rússia no con-
Guerra Fria. flito na Ucrânia.

14
ATUALIDADES

Em 2016, o país restaurou a presença de tropas na es- O processo não é simples: primeiro, o CO2 é dissolvido
tratégica ilha báltica de Gotland, em meio a preocupações em água e depois injetado no solo, onde se mistura a for-
com exercícios militares por parte de Moscou, além de de- mações de basalto.
bater a possibilidade de se aproximar da aliança militar da A paisagem de tirar o fôlego da Islândia – com suas
Otan. fontes termais, gêiseres e praias de areia negra – é princi-
Também reintroduziu o recrutamento militar no ano palmente composta por basalto, uma rocha porosa de cor
passado. cinza-escura formada a partir do esfriamento da lava.
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 O basalto, por sua vez, é considerado o “melhor amigo
do carbono”, porque contém grandes quantidades de cál-
cio, magnésio e ferro, que se combinam com o CO2 bom-
MEIO AMBIENTE beado para ajudar a solidificá-lo em um mineral.
No ano passado, o CarbFix capturou 10 mil toneladas
Governo Trump muda regras para caça de ursos no
de CO2 da atmosfera, o equivalente à emissão de 2,2 mil
Alasca
carros.
EUA liberam armadilhas e uso de cães em áreas
“Atualmente, estamos testando o CarbFix em pequena
protegidas. Mudanças devem entrar em vigor em dois
escala, mas somos capazes de ampliá-lo”, diz Aradóttir.
meses.
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
Em breve será permitido que os caçadores no Alasca
utilizem armadilhas para ursos com toucinho ou gordura Brasil participa de reuniões para proteção da An-
em áreas protegidas, já que a administração de Donald tártica; nova estação de pesquisa fica pronta em 2019
Trump planeja revogar as regras estabelecidas pelo gover- Na Argentina, país vai apresentar retorno sobre
no de Barack Obama. controle de dejetos. Base de pesquisa brasileira na re-
O Serviço de Parques Nacionais (NPS, em inglês) apre- gião funciona em módulos emergenciais desde que in-
sentou nesta terça-feira (22) uma nova regulamentação, cêndio atingiu estação em 2012.
que cancela as medidas adotadas em 2015, quando foram
proibidas várias práticas denunciadas por associações de Até sexta-feira (18), o Brasil estará em Buenos Aires (Ar-
defesa dos animais em áreas federais protegidas do Alasca. gentina) para apresentar um retorno sobre as ações feitas
“O NPS anunciou hoje uma proposta para emendar sua na Antártica para demais signatários do Protocolo de Ma-
regulamentação sobre caça e captura de animais em áreas drid, tratado vigente desde 1998 com ações de proteção e
protegidas do Alasca”. pesquisa na região.
“Esta proposta acabará com normas regulatórias apro- O Ministério do Meio Ambiente informa que o país
vadas em 2015 que proíbem certas práticas” e visa padro- deve apresentar resultados sobre o manejo ambiental da
nizar as regras federais de caça com a legislação vigente Estação Antártica Comandante Ferraz, que está em recons-
no Alasca. trução desde incêndio em 2012 e deve ficar pronta em
A nova legislação, publicada no Diário Oficial, deve en- 2019 (veja abaixo).
trar em vigor em dois meses. Funcionando em módulos de emergência, a estação
Na prática, voltará a permissão para utilizar cães na realiza tratamentos de dejetos de todo o lixo produzido.
caça de ursos negros, o uso de iluminação artificial para Ainda, em conjunto com a Polônia, o Brasil apresentará
capturar estes animais e seus filhotes nas tocas, e a utiliza- proposta que considera a Baía de Almirantado, onde está
ção de toucinho, gordura e outros alimentos em armadi- localizada a estação brasileira, a primeira Área Antártica
lhas para ursos negros e pardos.
Especialmente Gerenciada (AAEG). Lá, também está loca-
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
lizada a estação Henryk Arctowski, de controle da Polônia.
De acordo com a pasta, o propósito da AAEG é assegu-
O inovador projeto que transforma CO2 em pedra
rar o planejamento e coordenação das atividades em uma
para combater efeito estufa
Gás é dissolvido na água e depois injetado no solo, área especifica, tendo autonomia para redução do impacto
onde se mistura ao basalto. ambiental.
O país é signatário do Protocolo de Madrid, vigente
A usina de energia de Hellisheidi, na Islândia, vem tes- desde 1998, que estabelece ações de proteção na região
tando um novo método para combater o aquecimento glo- que é a maior reguladora térmica do planeta e a maior em
bal: transformar o gás carbônico (CO2) em pedra. extensão em áreas silvestres.
“Chegamos ao limite dos níveis de CO2 na atmosfera, Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
se não fizermos nada, coisas extremas vão acontecer”, diz
Edda Sif Aradóttir, líder do projeto CarbFix.
O CarbFix consiste em um projeto de pesquisa focado
no desenvolvimento de métodos para capturar CO2 e in-
jetá-lo em formações de basalto, transformando o gás em
pedra.

15
ATUALIDADES

Quase metade dos membros da comissão espe- De dia, ele torna a água vermelha, mas ao anoitecer
cial apoia relatório que flexibiliza Lei dos Agrotóxicos, as algas irradiam um brilho azulado ao serem agitadas por
aponta levantamento movimentos como o quebrar das ondas.
Votação do texto em comissão da Câmara está pre- Os shows de luzes bioluminescentes – ou seja, produzi-
vista para esta quarta-feira. G1 entrevistou os 26 de- das e emitidas por um organismo vivo – já foram também
putados titulares da comissão – 12 afirmaram que são registrados em outras partes do mundo, e encantam quan-
favoráveis ao relatório. do acontecem.
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018
A comissão especial da Câmara criada para analisar
projeto que altera as regras de produção, comercialização CIÊNCIA E TECNOLOGIA
e distribuição de agrotóxicos se reúne nesta quarta-feira
(16) para votação do texto.
O G1 entrevistou os 26 deputados titulares da comis- Nove países estão sob alto risco de transmissão de
ebola, diz OMS
são – 12 afirmaram que são a favor do relatório; 7 contra; 5
ainda não decidiram; e 2 não quiseram opinar.
Pelo menos nove países africanos foram avisados que
Para que o projeto seja aprovado são necessários os
estão sob alto risco de transmissão de ebola em razão do
votos da maioria simples (metade dos presentes mais um). surto registrado na República Democrática do Congo, infor-
Do total de deputados da comissão, 20 (77%) são da mou nesta sexta-feira (25) o diretor-geral da Organização
Frente Parlamentar Mista da Agropecuária (FPA), também Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Guebreyesus.
conhecida como bancada ruralista. “Estamos fazendo todo o possível para impedir que o
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 ebola se espalhe para além das fronteiras e também para
estarmos preparados caso isso aconteça”, disse.
População de golfinhos diminui abruptamente na Nesta quinta (24), representantes da OMS se reuniram
bacia do rio Amazonas com governos de países vizinhos à República Democrática
Taxas são atribuídas principalmente ao desenvolvi- do Congo para discutir o cenário de ebola na região. O en-
mento da caça. Número desses mamíferos é reduzido contro se deu em meio à 71ª Assembleia Mundial da Saúde,
pela metade a cada dez anos. que acontece em Genebra desde o início da semana.
“Nove países foram avisados que estão sob alto risco e
ações de prontidão estão em andamento”, concluiu o dire-
A população de golfinhos de água doce na bacia do rio tor-geral da organização.
Amazonas está diminuindo a um ritmo preocupante: o nú-
mero desses mamíferos aquáticos é reduzido pela metade Casos
a cada década. A República Democrática do Congo já notificou 58 casos
Esses dados foram divulgados nesta quarta-feira (2) de ebola. Os números incluem 28 casos confirmados, 21 ca-
por um estudo publicado na revista especializada “PLOS sos prováveis e nove suspeitos, além de 27 mortes. A maior
ONE”. O levantamento mostra que duas espécies, o boto- parte das infecções foi identificada nas regiões de Bikoro (29
-cor-de-rosa (Inia geoffrensis) e o tucuxi (Sotalia fluviatilis), casos) e Iboko (22 casos).
estão em forte declive.
Para avaliar o estado desses golfinhos de água doce, Vacinação
a ecóloga Vera da Silva e seus colegas analisaram os da- Desde o início da semana, o Ministério da Saúde local,
em parceria com a própria OMS, Médicos sem Fronteiras e
dos de espécies anotados durante 22 anos, desde 1994 até
Fundo das Nações Unidas para a Infância trabalham para va-
2017, na Reserva Mamirauá, no Amazonas.
cinar comunidades mais afetadas pelo ebola.
A análise revelou que a quantidade de botos-cor-de-
A dose em questão tem caráter experimental e já havia
-rosa e tucuxis está caindo rapidamente. No ritmo atual, a sido utilizada na Guiné em 2015. Segundo a OMS, a vacina
população dos primeiros cai pela metade a cada dez anos, foi utilizada em diversos ensaios envolvendo mais de 16 mil
e o mesmo ocorre a cada nove anos com os tucuxis. voluntários na Europa, na África e nos Estados Unidos e se
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 mostrou segura para o uso em humanos.
Ondas azul-metálicas brilhantes surpreendem mo- Emergência
radores no litoral da Califórnia
Fenômeno é produzido por algas e não ocorria des- A República Democrática do Congo vive seu nono surto
de 2013 na cidade de San Diego. de ebola desde a descoberta do vírus, em 1976. Na última
sexta-feira (18), a OMS optou por não declarar emergência
Uma deslumbrante “onda” de azul metálico encheu de internacional em saúde pública, mas alertou que a situação
cor as praias de San Diego, na Califórnia. na região africana desperta preocupação e que países vizi-
O fenômeno, conhecido como “maré vermelha”, é pro- nhos foram avisados da possibilidade de disseminação do
duzido por algas e não era registrado desde 2013 na cida- vírus.
de americana. Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018

16
ATUALIDADES

Putin substitui chefe da agência espacial russa Segundo ele, a certificação de país livre de aftosa pode,
inclusive, agregar valor a outros setores, como o da suino-
O presidente Vladimir Putin substituiu nesta quinta-fei- cultura. “Não temos o mesmo risco [de outros países onde o
ra o chefe da estratégica agência espacial russa Roskosmos, vírus da febre aftosa circula], isso agrega valor muito grande
afetada nos últimos anos por uma série de contratempos, e às exportações, os mercados pagam bem melhor. Temos o
nomeou o ex-vice-primeiro-ministro Dmitry Rogozin. ganho direto e o indireto”, explicou.
Rogozin é conhecido por suas declarações virulentas A diretora-geral da OIE, Monique Eloit, entregará o certi-
contra os ocidentais e é alvo de sanções dos Estados Uni- ficado sanitário ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abaste-
dos, importante parceiro da Rússia no setor espacial. cimento, Blairo Maggi, na sede da organização em Paris, du-
Até a semana passada ele estava encarregado de su- rante a 7ª Sessão Plenária da instituição. A Comissão Científica
pervisionar o complexo militar-industrial. Agora ele vai da OIE aprovou a certificação do Brasil em 2017, mas os 181
substituir Igor Komarov, no cargo desde 2015. países integrantes da organização oficializam a decisão nesta
“Farei todo o possível e tudo o que for necessário para quinta-feira.
justificar sua confiança”, declarou Rogozin após sua no- No último domingo (20), Maggi discursou na abertura
meação, segundo imagens transmitidas pela TV pública oficial da 86ª Sessão Geral da OIE. Ele disse que o reconheci-
Rossia 24. mento do Brasil como país livre da aftosa com vacinação é “a
Nos últimos anos, a Rússia sofreu uma série de reveses vitória de uma longa e dura trajetória de muita dedicação de
que mancharam sua reputação no setor espacial. pecuaristas e do setor veterinário oficial”.
Em dezembro de 2017, perdeu brevemente o contato O Brasil iniciou o combate organizado à febre aftosa ain-
com o primeiro satélite de telecomunicações angolano lan- da na década de 60, por meio de campanhas de vacinação.
çado do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, antes “Naquela época, a doença se manifestava de forma endêmica,
de recuperar a conexão. Mas sua viabilidade a longo prazo com milhares de focos por ano. Era um verdadeiro caos sani-
permanece incerta. tário”, disse o ministro no discurso.
Um mês antes, no mesmo ano, perderam o contato A partir da década de 90, as estratégias de combate à
doença passaram do controle para a erradicação, com a im-
com o satélite meteorológico Meteor e vários outros pe-
plantação do Programa Nacional de Erradicação da Febre Af-
quenos satélites lançados a partir do cosmódromo Vosto-
tosa (Pnefa), que previu a ampla participação do setor privado
chny, que a longo prazo deve substituir o de Baikonur e
e a regionalização no combate a doenças, entre outras ações.
cuja construção custou entre 300 e 400 bilhões de rublos (4
A última ocorrência de febre aftosa no Brasil foi em 2006,
a 5,3 bilhões de euros).
no Paraná e em Mato Grosso do Sul, na região de fronteira
A Rússia, no entanto, permanece na vanguarda no
com o Paraguai. Em 2007, Santa Catarina recebeu o reconhe-
campo espacial, já que pois possui os únicos foguetes ca-
cimento da OIE como livre de febre aftosa sem vacinação.
pazes de transportar e trazer tripulações da Estação Espa-
Esse é o próximo status a ser buscado pelo país: gradativa-
cial Internacional (ISS), para a qual também fornece o mó- mente, retirar a vacinação do rebanho até 2023, para que, até
dulo principal. 2026, haja a certificação internacional pela OIE, de país livre de
A ISS, que é um exemplo excepcional de cooperação aftosa sem vacinação.
russo-americana e está em órbita terrestre desde 1998. Para Bruno Lucchi, da CNA, toda a cadeia pecuária brasi-
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 leira tem ciência do compromisso sanitário. “O produtor ru-
ral, ele mesmo já tem internalizado a importância de ter uma
Brasil recebe certificação de país livre da febre af- condição sanitária melhor. E quem arca com o custo de vaci-
tosa com vacinação nar o gado é o produtor”, disse.
O vírus da febre aftosa é altamente contagioso. O ani-
Depois de mais de 50 anos de trabalho na erradicação mal afetado apresenta febre alta, que diminui depois de dois
e prevenção da febre aftosa nos rebanhos, o Brasil recebe ou três dias. Em seguida, aparecem pequenas bolhas que se
nesta quinta-feira (24) a certificação de país livre da doença rompem, causando ferimentos. O animal deixa de andar e co-
com vacinação, da Organização Mundial de Saúde Animal mer e, no caso de bezerros e animais mais novos, pode até
(OIE). As ações, compartilhadas entre os governos federal morrer. A doença é causada por um vírus, com sete tipos di-
e estaduais e o setor privado, incluem a vacinação nos pas- ferentes, que pode se espalhar rapidamente, caso as medidas
tos, a vigilância nas fronteiras e a estruturação da rede la- de controle e erradicação não sejam adotadas logo após sua
boratorial do país. detecção.
A maioria dos estados brasileiros já tinha o reconheci- O vírus está presente em grande quantidade nas feridas
mento de zona livre da aftosa com vacinação. Agora, com e também pode ser encontrado na saliva, no leite e nas fezes
o novo status sanitário, a comercialização de carnes e ani- dos animais. A transmissão pode ocorrer por contato direto
mais vivos será facilitada tanto dentro quanto fora do país. com outros animais infectados ou por alimentos e objetos
“Isso mostra que o país, com um dos maiores rebanhos contaminados. Calçados, roupas e mãos das pessoas que li-
do mundo, tem se preocupado com as questões sanitárias. daram com animais doentes também podem transmitir o ví-
Isso passa mais credibilidade e segurança a compradores”, rus, que é capaz de sobreviver durante meses em carcaças
disse o superintendente técnico da Confederação da Agri- congeladas.
cultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi. Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018

17
ATUALIDADES

Medidas de austeridade podem aumentar a morta- Asteroide extrassolar orbita o Sol há 4,5 bilhões de
lidade infantil no Brasil anos

Pesquisadores da Imperial College London, da Funda- O Sistema Solar é muito mais vasto e complexo do que
ção Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal da usualmente se supõe. Estima-se que o predomínio do campo
Bahia (UFBA) desenvolveram um modelo estatístico para gravitacional do Sol sobre os campos gravitacionais das es-
medir os efeitos projetados da crise econômica, a pobreza, trelas próximas se estenda por cerca de dois anos-luz (125 mil
bem como o impacto dos cortes em dois programas do unidades astronômicas). Isso significa que a luz emitida pelo
Sol leva aproximadamente dois anos para alcançar os confins
governo (Programa Bolsa Familia e a Estratégia Saúde da
do Sistema Solar.
Família) em todos os 5.507 municípios brasileiros para o
Nesse enorme nicho gravitacional, aninham-se e orbitam
período 2017-2030. A pesquisa foi publicada na última se-
milhões de objetos: planetas, luas, cometas, asteroides, me-
mana na revista científica PLOS Medicine. teoroides etc. No conjunto, um objeto se diferencia de todos
Até a publicação desse estudo, havia poucas evidências os demais, constituindo, por assim dizer, o “estranho no ni-
de como a crise econômica, as medidas de austeridade e nho”. Trata-se do asteroide (514107) 2015 BZ509,
a redução da cobertura de tais programas sociais pode- Sua peculiaridade é ter trajetória retrógrada – isto é, orbi-
riam afetar a saúde das crianças em países de renda média, tar o Sol em sentido contrário ao dos demais corpos. O senti-
como o Brasil. do retrógrado do movimento combinado com a estabilidade
A grave crise econômica que o Brasil tem vivido desde da órbita pela idade do Sistema Solar legitimam a interpreta-
2015 levou o governo a adotar medidas de austeridade, ção de que o (514107) 2015 BZ509 seja um objeto de origem
reduzindo o orçamento destinado a programas sociais. Os extrassolar, capturado pelo campo gravitacional de Júpiter no
cortes orçamentários afetam especialmente dois progra- final da época de formação dos planetas. Um estudo baseado
mas sociais conhecidos por impactar na redução da morta- em robusta simulação computacional corroborou agora essa
lidade infantil: o Programa Bolsa Familia (PBF) e a Estratégia hipótese. Artigo a respeito foi publicado no Monthly Notices
Saúde da Família (ESF). of the Royal Astronomical Society: Letters.
A pesquisa revelou que as atuais medidas de austerida- Maria Helena Moreira Morais, professora do Instituto de
de podem levar a um aumento de 8,6% na taxa de morta- Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Pau-
lista (Unesp), campus de Rio Claro, e coautora do artigo com
lidade infantil em 2030, quando comparada à manutenção
Fathi Namouni do Observatoire de la Côte d’Azur (França),
da cobertura desses programas de proteção social. Além
teve sua participação no estudo apoiada pela FAPESP por
disso, suas simulações apontaram que a manutenção da
meio do projeto “Tópicos de dinâmica orbital e métodos de
cobertura do PBF e da ESF reduziu as mortes evitáveis na aprendizagem de máquinas para análise de dados de siste-
infância em quase 20.000 e as hospitalizações evitáveis na mas planetários”.
infância foram até 124.000 mais baixas entre 2017 e 2030, “Nós já havíamos construído uma teoria que explica o
quando comparadas ao cenário com a adoção de medidas movimento desse asteroide. E, em 2017, publicamos um ar-
de austeridade. Eles também descobriram que os municí- tigo a respeito na revista Nature. Para tentar compreender a
pios mais pobres do país seriam mais afetados. origem do objeto, fizemos depois simulações em larga esca-
Segundo o professor da Imperial’s School of Public la, que resultaram no novo artigo que saiu agora na Monthly
Health e um dos autores do estudo, Christopher Millett, Notices of the Royal Astronomical Society: Letters”, disse Mo-
“está claro que esses programas têm um impacto altamen- rais à Agência FAPESP.
te benéfico na saúde das crianças brasileiras. Para proteger A necessidade da simulação em larga escala se deve a
a saúde e o bem-estar das crianças, é necessário que se dois fatores: primeiro, à margem de erro nas observações as-
revertam as propostas de medidas de austeridade que afe- tronômicas relativas às órbitas dos corpos celestes; segundo,
tam esses importantes programas sociais”. ao fato de que a interação gravitacional com os planetas do
Para Davide Rasella, pesquisador da Fiocruz e profes- Sistema Solar introduz nos movimentos um componente caó-
sor da UFBA, o estudo “sugere que a redução da cobertura tico, de forma que uma diferença muito pequena nas condi-
de programas de alívio da pobreza e de atenção básica da ções iniciais pode resultar em diferenças enormes ao cabo de
bilhões de anos.
saúde pode resultar em um número substancial de mor-
“Para superar esses problemas, tivemos que fazer um
tes e hospitalizações evitáveis de crianças no Brasil. Essas
estudo estatístico muito pesado, simulando um milhão de
medidas de austeridade terão um impacto desproporcional órbitas. Estudos nessa escala nunca haviam sido feito antes.
sobre a mortalidade infantil nos municípios mais pobres, Geralmente, as simulações consideram, no máximo, mil pos-
impedindo avanços importantes feitos no Brasil para redu- sibilidades”, disse a pesquisadora.
zir a desigualdade nos resultados da saúde infantil”. As simulações incluíram o efeito gravitacional dos plane-
Fonte: G1.com/Acessado em 05/2018 tas e também o efeito gravitacional da Galáxia, porque, para
objetos afastados do Sol, esse componente se torna relevan-
te. E permitiram retraçar a trajetória de (514107) 2015 BZ509
há 4,5 bilhões – época correspondente ao final da fase de for-
mação dos planetas. Verificou-se que sua órbita permaneceu
estável desde então, dentro dos limites da margem de erro.

18
ATUALIDADES

Isso permitiu diferenciar claramente o (514107) 2015 EXERCÍCIOS


BZ509 de outros asteroides em órbitas retrógradas, per-
tencentes ao grupo dos Centauros. Estes são asteroides co- 01)
muns que foram arremessados para os confins do Sistema
Solar, para a região denominada Nuvem de Oort, devido
à instabilidade gravitacional provocada pelo rápido cresci-
mento dos planetas gigantes.
As trajetórias desses Centauros tinham inicialmente o
mesmo sentido das trajetórias dos demais corpos do Sis-
tema Solar. Mas, devido à extrema distância em relação ao
Sol, passaram a sofrer relevante influência gravitacional da Uma das possíveis consequências da decisão de Trump
Galáxia, que alterou seu movimento, fazendo com que al- para o Brasil é
guns deles se tornassem retrógrados. Esse processo demo-
rou cerca de 1 bilhão de anos. Depois, alguns Centauros A. o aumento da produção de aço nacional, devido à
foram puxados de volta para a região de influência dos demanda de outros países.
planetas gigantes. B. uma crise na oferta de aço, diante da escassez do
O estudo estatístico mostrou que nada disso ocorreu produto no mercado.
com o (514107) 2015 BZ509. Ele ocupa estavelmente a faixa C. o impacto nas siderúrgicas nacionais, que exportam
correspondente à órbita de Júpiter há pelo menos 4,5 bi- muito para os EUA.
lhões de anos. É um coorbital retrógrado de Júpiter. D. a interrupção da importação de produtos norte-a-
“A conclusão que se impõe é que esse asteroide não se mericanos, como retaliação à decisão.
originou no Sistema Solar. Ele deve ter-se desgarrado do E. a redução no consumo de petróleo, muito utilizado
sistema de uma estrela vizinha e sido capturado pelo pode- na produção de aço.
roso campo gravitacional de Júpiter. É o sincronismo com
Júpiter que confere estabilidade à sua órbita”, disse Morais. Resposta: C
Oumuamua, um asteroide extrassolar
A migração de objetos de um sistema para outro não 02) No que se refere aos sistemas político-econômicos
é impossível. O Sol formou-se em conjunto com outras es- contemporâneos e suas áreas de influência e disputa, jul-
trelas num berçário estelar e assim a densidade de estrelas gue os itens a seguir. A manutenção da liderança econômi-
nas vizinhanças do Sol no passado era maior do que hoje. ca e militar da China depende do controle da população, o
As estrelas vizinhas afastaram-se posteriormente. Estudos que levou o governo do país a reforçar a política do filho
recentes mostram que a própria nuvem de Oort pode ser único instituída desde a Revolução Cultural.
constituída em parte por objetos capturados de outras es- C. Certo
trelas na infância do Sistema Solar. E. Errado
“No fim de 2017, nosso sistema foi visitado por outro
asteroide extrassolar, o Oumuamua [cujo nome significa Resposta: Errado
“mensageiro de longe que chega primeiro” em havaiano].
Mas veio com tanta velocidade que a atração do Sol pro- 03) As empresas CAOA e CHERY anunciaram na últi-
vocou em sua trajetória apenas um pequeno encurvamen- ma semana um marco nas relações comerciais e industriais
to, tornando-a hiperbólica. Precisaria ter vindo com menos entre o Brasil e a China. A maior montadora independente
velocidade para que a trajetória se tornasse elíptica e fosse da China e a maior distribuidora de veículos da América
assim capturado pelo Sistema Solar”, disse Morais. Latina, e única montadora 100% nacional, com a fábrica
O estudo do (514107) 2015 BZ509 não se encerrou. De em Anápolis (GO), assinaram um contrato de cooperação
fato, está apenas começando. Esse objeto é testemunha da estratégica que é o maior acordo industrial já feito entre
infância do Sistema Solar. E poderá fornecer informações os dois países. A indústria chinesa se beneficia da expertise
preciosas sobre o ambiente existente nas cercanias do Sol da destruição e vendas da CAOA no mercado brasileiro,
quando o Sistema se formou. a empresa já ultrapassou a marca de 1,2 milhão de veí-
“Talvez possamos avançar ainda mais, se conseguirmos culos vendidos na sua história, gerando, mais de 30.000
determinar sua composição química. Dado que os sistemas empregos ao longo dos últimos anos. (Revista Veja, edi-
estelares têm composições químicas distintas, asteroides ção 2557 de 22 de novembro de 2017, p. 10). Levando em
imigrantes, como o (514107) 2015 BZ509, podem ter enri- consideração o avanço das indústrias automobilísticas no
quecido o Sistema Solar com elementos que não existiam Brasil, analise as alternativas abaixo e assinale a afirmativa
aqui originalmente. E, assim, possivelmente contribuído incorreta:
para o surgimento da vida na Terra”, disse Morais.
Fonte: Jornal do Brasil/Acessado em 05/2018

19
ATUALIDADES

A. Pelo fato de a indústria automobilística brasileira ser


do tipo tardia, ela se caracterizou por importar tecnologia ANOTAÇÕES
e máquinas dos países centrais e por ser poupadora de
mão-de-obra.
B. As indústrias automobilísticas contribuíram para a ___________________________________________________
expansão das siderurgias e das metalurgias, por impulsio-
nar o fornecimento de material de base. ___________________________________________________
C. Levaram os governos à tomada de decisão no senti- ___________________________________________________
do de optar pelo transporte rodoviário, ao mesmo tempo
em que travaram a expansão das ferrovias. ___________________________________________________
D. Foram implantadas com o aproveitamento das van-
tagens oferecidas pelos governos que, além de se respon- ___________________________________________________
sabilizarem por elementos de infraestrutura, concederam ___________________________________________________
também isenção de impostos.
E. Brasil e China são parceiros estratégicos há décadas. ___________________________________________________
Entre 2007 e 2016, chegaram a um montante de 80 bilhões
de dólares. Só no setor automotivo, o investimento foi de ___________________________________________________
8,6 milhões de dólares em 2016. ___________________________________________________

Resposta: A ___________________________________________________

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ATUALIDADES

ANOTAÇÕES

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ATUALIDADES

ANOTAÇÕES

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

1 Noções de arquivística: princípios e conceitos. ....................................................................................................................................... 01


2 Lei nº 8.159/1991. ................................................................................................................................................................................................ 02
3 Gestão de documentos. .................................................................................................................................................................................... 04
3.1 Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e expedição de documentos. ............................................ 04
3.2 Arquivamento e ordenação de documentos de arquivo. ........................................................................................................... 04
3.3 Gestão eletrônica de documentos arquivísticos; sistemas informatizados de gestão arquivística de documen-
tos.........................................................................................................................................................................................................................04
4 Acondicionamento e armazenamento de documentos de arquivo. ............................................................................................... 08
5 Noções de preservação e conservação de documentos de arquivo. .............................................................................................. 08
6 Política de acesso aos documentos de arquivo........................................................................................................................................ 08
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

1 NOÇÕES DE ARQUIVÍSTICA: PRINCÍPIOS E


CONCEITOS.

Segundo estudiosos, a origem da palavra arquivo tem duas vertentes: a primeira diz que é originária do grego arché
(palácio dos magistrados), passando depois a se chamar archeion (local utilizado para guardar e depositar documentos); e
a segunda, que é originária do latim, archivum, quer dizer: local de guarda de documentos e outros títulos.
O art. 2º da Lei nº 8.159/91 que: “dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras
providências”, traz a seguinte definição:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos
públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem
como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”
Outras definições de arquivo:
“designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus sucessores,
para fins de prova ou informação”, CONARQ.
“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer
de suas atividades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950) (citado
por PAES, Marilena Leite, 1986).
“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso
de sua atividade, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.”
(PAES, Marilena Leite, 1986).

Obs.: O termo arquivo, em suas várias acepções, também é usado para designar: entidade; mobiliário; setor; repartição;
conjunto documental; local físico designado para conservar o acervo; órgão do governo; título de periódicos, etc.

Finalidade e Função do Arquivo


A principal finalidade do arquivo é servir como fonte de consulta à administração, pois, constitui-se em sua essência,
em documentos produzidos e/ou recebidos pela entidade mantenedora do acervo, podendo, com o passar do tempo,
servir de base para o conhecimento da História.
O arquivo tem como função principal: tornar acessível/disponível a informação contida no acervo documental sob sua
guarda aos diversos consulentes e, como função básica: armazenar, guardar e conservar os documentos.

Características do arquivo
a) o arquivo possui essência funcional/administrativa, constituindo-se na maioria das vezes de um único exemplar ou
de um limitado número de cópias;
b) conteúdo exclusivamente formado por documentos produzidos e/ou recebidos por uma entidade, família, setor,
repartição, pessoa, organismo ou instituição;
c) tem origem no desempenho das atividades que o gerou (servindo de prova) e;
d) possui caráter orgânico, ou seja, relação entre documentos de arquivo pertencentes a um mesmo conjunto (um
documento possui muito mais valor quando está integrado ao conjunto a que pertence do que quando está desagregado
dele).
Obs.: Segundo PAES, “não se considera arquivo uma coleção de manuscritos históricos, reunidos por uma pessoa”.
Arquivo, biblioteca e museu, respectivamente vinculados à Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia, embora
sejam ramificações da Ciência da Informação, distingue-se basicamente pelos seguintes aspectos:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnico Legislativo
Auxiliar
- Categoria:
Institucional
Técnico
- Arquivologia
de Arquivo e Biblioteca

O “boom” da informação, consequência do progresso científico e tecnológico (século XIX), possibilitou o surgimento
de diversas profissões, especializações, descobertas, invenções etc., resultando na criação/produção de novos documentos
e seus variados suportes. Originou-se a partir daí os chamados Centros de Documentação ou Centros de Informação
(órgãos responsáveis pela reunião, análise, tratamento técnico, classificação, seleção, armazenamento e disseminação de
todo e qualquer tipo de documento e informação). Neles se reúnem documentos de arquivo, biblioteca e museu, ou seja,
são centros formados por elementos pertencentes as três entidades citadas.

2 LEI Nº 8.159/1991.

LEI No 8.159, DE 8 DE JANEIRO DE 1991.

Regulamento Dispõe sobre a política nacional


de arquivos públicos e privados
Vide Decreto nº 4.553, de 27.12.02 e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º - É dever do Poder Público a gestão documental e a proteção especial a documentos de arquivos, como instru-
mento de apoio à administração, à cultura, ao desenvolvimento científico e como elementos de prova e informação.
Art. 2º - Consideram-se arquivos, para os fins desta Lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por ór-
gãos públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas,
bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.
Art. 3º - Considera-se gestão de documentos o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua
produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou reco-
lhimento para guarda permanente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

Art. 4º - Todos têm direito a receber dos órgãos públi- Art. 12 - Os arquivos privados podem ser identifica-
cos informações de seu interesse particular ou de interesse dos pelo Poder Público como de interesse público e social,
coletivo ou geral, contidas em documentos de arquivos, desde que sejam considerados como conjuntos de fontes
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de respon- relevantes para a história e desenvolvimento científico na-
sabilidade, ressalvadas aquelas cujos sigilo seja imprescin- cional.     Regulamento
dível à segurança da sociedade e do Estado, bem como à Art. 13 - Os arquivos privados identificados como de
inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e interesse público e social não poderão ser alienados com
da imagem das pessoas. dispersão ou perda da unidade documental, nem transferi-
Art. 5º - A Administração Pública franqueará a consulta dos para o exterior.     Regulamento
aos documentos públicos na forma desta Lei. Parágrafo único - Na alienação desses arquivos o Poder
Art. 6º - Fica resguardado o direito de indenização pelo Público exercerá preferência na aquisição.
dano material ou moral decorrente da violação do sigilo, Art. 14 - O acesso aos documentos de arquivos priva-
dos identificados como de interesse público e social pode-
sem prejuízo das ações penal, civil e administrativa.
rá ser franqueado mediante autorização de seu proprietá-
rio ou possuidor.     Regulamento
CAPÍTULO II
Art. 15 - Os arquivos privados identificados como de
DOS ARQUIVOS PÚBLICOS
interesse público e social poderão ser depositados a títu-
lo revogável, ou doados a instituições arquivísticas públi-
Art. 7º - Os arquivos públicos são os conjuntos de do- cas.     Regulamento
cumentos produzidos e recebidos, no exercício de suas ati- Art. 16 - Os registros civis de arquivos de entidades
vidades, por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, religiosas produzidos anteriormente à vigência do Código
do Distrito Federal e municipal em decorrência de suas Civil ficam identificados como de interesse público e so-
funções administrativas, legislativas e judiciárias.      Regu- cial.     Regulamento
lamento
§ 1º - São também públicos os conjuntos de documen- CAPÍTULO IV
tos produzidos e recebidos por instituições de caráter pú- DA ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DE INSTI-
blico, por entidades privadas encarregadas da gestão de TUIÇÕES ARQUIVÍSTICAS PÚBLICAS
serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º - A cessação de atividades de instituições públicas Art. 17 - A administração da documentação pública ou
e de caráter público implica o recolhimento de sua docu- de caráter público compete às instituições arquivísticas fe-
mentação à instituição arquivística pública ou a sua trans- derais, estaduais, do Distrito Federal e municipais.
ferência à instituição sucessora. § 1º - São Arquivos Federais o Arquivo Nacional os do
Art. 8º - Os documentos públicos são identificados Poder Executivo, e os arquivos do Poder Legislativo e do
como correntes, intermediários e permanentes. Poder Judiciário. São considerados, também, do Poder Exe-
§ 1º - Consideram-se documentos correntes aqueles cutivo os arquivos do Ministério da Marinha, do Ministério
em curso ou que, mesmo sem movimentação, constituam das Relações Exteriores, do Ministério do Exército e do Mi-
objeto de consultas frequentes. nistério da Aeronáutica.
§ 2º - Consideram-se documentos intermediários § 2º - São Arquivos Estaduais os arquivos do Poder Exe-
aqueles que, não sendo de uso corrente nos órgãos produ- cutivo, o arquivo do Poder Legislativo e o arquivo do Poder
tores, por razões de interesse administrativo, aguardam a Judiciário.
sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente. § 3º - São Arquivos do Distrito Federal o arquivo do
Poder Executivo, o Arquivo do Poder Legislativo e o arquivo
§ 3º - Consideram-se permanentes os conjuntos de do-
do Poder Judiciário.
cumentos de valor histórico, probatório e informativo que
§ 4º - São Arquivos Municipais o arquivo do Poder Exe-
devem ser definitivamente preservados.
cutivo e o arquivo do Poder Legislativo.
Art. 9º - A eliminação de documentos produzidos por
§ 5º - Os arquivos públicos dos Territórios são organi-
instituições públicas e de caráter público será realizada zados de acordo com sua estrutura político-jurídica.
mediante autorização da instituição arquivística pública, na Art. 18 - Compete ao Arquivo Nacional a gestão e o re-
sua específica esfera de competência. colhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo
Art. 10º - Os documentos de valor permanente são ina- Poder Executivo Federal, bem como preservar e facultar o
lienáveis e imprescritíveis. acesso aos documentos sob sua guarda, e acompanhar e
implementar a política nacional de arquivos.
CAPÍTULO III Parágrafo único - Para o pleno exercício de suas fun-
DOS ARQUIVOS PRIVADOS ções, o Arquivo Nacional poderá criar unidades regionais.
Art. 19 - Competem aos arquivos do Poder Legislativo
Art. 11 - Consideram-se arquivos privados os conjuntos Federal a gestão e o recolhimento dos documentos produ-
de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físi- zidos e recebidos pelo Poder Legislativo Federal no exer-
cas ou jurídicas, em decorrência de suas atividades.      Re- cício das suas funções, bem como preservar e facultar o
gulamento acesso aos documentos sob sua guarda.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnico Legislativo
Auxiliar
- Categoria:
Institucional
Técnico
- Arquivologia
de Arquivo e Biblioteca

Art. 20 - Competem aos arquivos do Poder Judiciário A Gestão de Documentos contribui no processo de
Federal a gestão e o recolhimento dos documentos produ- Acreditação e Certificação ISO, porque assegura que a informação
zidos e recebidos pelo Poder Judiciário Federal no exercício produzida e utilizada será bem gerenciada, garantindo a
de suas funções, tramitados em juízo e oriundos de cartó- confidencialidade e a rastreabilidade das informações, além de
rios e secretarias, bem como preservar e facultar o acesso proporcionar benefícios como: racionalização dos espaços de
aos documentos sob sua guarda. guarda de documentos, eficiência e rapidez no desenvolvimento
Art. 21 - Legislação estadual, do Distrito Federal e mu- das atividades diárias e o controle do documento desde o
nicipal definirá os critérios de organização e vinculação dos momento de sua produção até a destinação final.
Com relação à Acreditação, a Gestão de Documentos é fator
arquivos estaduais e municipais, bem como a gestão e o
determinante também para cumprir a Resolução 1.639/2002,
acesso aos documentos, observado o disposto na Consti-
do Conselho Federal de Medicina, onde é definido que os
tuição Federal e nesta Lei.
prontuários médicos são de guarda definitiva e, portanto, não
DISPOSIÇÕES FINAIS podem ser descartados sem o devido planejamento de como
Art. 25 - Ficará sujeito à responsabilidade penal, civil e garantir a preservação das informações.
administrativa, na forma da legislação em vigor, aquele que Administrar e gerenciar documentos, a partir de conceitos
desfigurar ou destruir documentos de valor permanente ou da Gestão Documental, proporciona às empresas privadas e
considerado como de interesse público e social. entidades públicas maior controle sobre as informações que
Art. 26 - Fica criado o Conselho Nacional de Arquivos produzem e recebem.
(CONARQ), órgão vinculado ao Arquivo Nacional, que defi- A implantação da Gestão de Documentos associada ao
nirá a política nacional de arquivos, como órgão central de uso adequado da microfilmagem e das tecnologias do GED
um Sistema Nacional de Arquivos (SINAR). (Gerenciamento Eletrônico de Documentos) deve ser efetiva
§ 1º - O Conselho Nacional de Arquivos será presidi- visando à garantia no processo de atualização da documentação,
do pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional e integrado por interrupção no processo de deterioração dos documentos e na
representantes de instituições arquivísticas e acadêmicas, eliminação do risco de perda do acervo, através de backup ou
públicas e privadas. pela utilização de sistemas que permitam acesso à informação
§ 2º - A estrutura e funcionamento do conselho criado pela internet e intranet.
neste artigo serão estabelecidos em regulamento. A eficiente gestão dos arquivos públicos municipais contribui
para uma melhor administração dos recursos das cidades e
Art. 27 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
municípios, além de resguardar os mesmos de penalidades civis
cação.
e administrativas, que estes estão sujeitos se não cumprirem a
Art. 28 -  Revogam-se as disposições em contrário.
legislação em vigor ou ainda, se destruírem documentos de valor
Brasília, 8 de janeiro de 1991; 170º da Independência e permanente ou de interesse público e social.
103º da República. A Gestão de Documentos no âmbito da administração
pública atua na elaboração dos planos de classificação dos
documentos, TTD (Tabela Temporalidade Documental) e
comissão permanente de avaliação. Desta forma é assegurado
3 GESTÃO DE DOCUMENTOS. o acesso rápido à informação e preservação dos documentos.
3.1 PROTOCOLO: RECEBIMENTO, REGISTRO,
Protocolo: recebimento, registro, distribuição, tramitação e
DISTRIBUIÇÃO, TRAMITAÇÃO E EXPEDIÇÃO
expedição de documentos.
DE DOCUMENTOS. 3.2 ARQUIVAMENTO E Para que todo esse processo acima seja desenvolvido
ORDENAÇÃO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO. é necessário trabalhar com a gestão de documentos, que
3.3 GESTÃO ELETRÔNICA DE DOCUMENTOS nada mais é que um conjunto de procedimentos e operações
ARQUIVÍSTICOS; SISTEMAS INFORMATIZADOS técnicas referentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação e
DE GESTÃO ARQUIVÍSTICA DE DOCUMENTOS. arquivamento em fase corrente e intermediária, visando a sua
eliminação ou recolhimento para a guarda permanente.
Protocolo é a denominação geralmente atribuída a
setores encarregados do recebimento, registro, distribuição e
movimentação dos documentos em curso. É de conhecimento
Gestão e Organização
comum o grande avanço que a humanidade teve nos últimos
Administrar, organizar e gerenciar a informação é, hoje, anos, avanços esses que contribuíram para o aumento da
uma preocupação entre as empresas e entidades públicas produção de documentos. Cabe ressaltar que tal aumento teve
e privadas de pequeno, médio e grande porte de diversos sua importância para a área da arquivística, no sentido de ter
segmentos, que encontram na Tecnologia da Gestão despertado nas pessoas a importância dos arquivos. Entretanto,
de Documentos uma poderosa aliada para a tomada de seja por descaso ou mesmo por falta de conhecimento, a
decisões e um facilitador para a gestão de suas atividades. acumulação de massas documentais desnecessárias foi um
A Gestão de Documentos é também um caminho problema que foi surgindo. Essas massas acabam por inviabilizar
seguro, rápido e eficiente para as empresas se destacarem que os arquivos cumpram suas funções fundamentais. Para
dos seus concorrentes e conquistarem certificações. tentar sanar esse e outros  problemas, que é recomendável o uso
de um sistema de protocolo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

É sabido que durante a sua tramitação, os arquivos É importante citar que essas rotinas são apenas
correntes podem exercer funções de protocolo sugestões, afinal, cada instituição desenvolverá os
(recebimento, registro, distribuição, movimentação e processos próprios, no entanto, a aplicação dessas rotinas
expedição de documentos), daí a denominação comum de inquestionavelmente facilita todo o processo de protocolo
alguns órgãos como Protocolo e Arquivo.  No entanto, pode e arquivo.
acontecer de as pessoas que lidam com o recebimento de
documentos não saberem, ou mesmo não serem orientadas Sistemas de Classificação
sobre como proceder para que o documento cumpra a sua Os principais Sistemas ou Tipos de classificação utilizados
função na instituição. em arquivos são:
Como alternativa para essa questão, sistemas de base
de dados podem ser utilizados, de forma que se faça  Classificação Alfabética
o registro dos documentos assim que eles cheguem às  Classificação Numérica
repartições.
 Classificação Alfa-numérica
Algumas rotinas devem ser adotadas no registro
 Classificação Cronológica
documental, afim de que não se perca o controle, bem
 Classificação Geográfica
como administrar problemas que facilmente poderiam ser
 Classificação Ideológica
destaca-se:
Receber as correspondências, separando as de caráter  Classificação Decimal
oficial da de caráter particular, distribuindo as de caráter  Classificação Decimal Universal (CDU)
particular a seus destinatários.  Classificação Automática
Separar as correspondências de caráter ostensivo das
de caráter sigiloso, encaminhado as de caráter sigiloso aos A indexação é a operação que consiste em descrever e
seus respectivos destinatários; caracterizar um documento com o auxilio de representações
Tomar conhecimento das correspondências de caráter dos conceitos contidos nesses documentos, isto é, em
ostensivos por meio da leitura, requisitando a existência de transcrever para linguagem documental os conceitos
antecedentes, se existirem; depois de terem sido extraídos dos documentos por
Classificar o documento de acordo com o método da meio de uma análise dos mesmos. A indexação permite
instituição, carimbando-o em seguida; uma pesquisa eficaz das informações contidas no acervo
Elaborar um resumo e encaminhar os documentos ao documental.
protocolo. A indexação conduz ao registro dos conceitos contidos
Preparar a ficha de protocolo, em duas vias, anexando num documento de uma forma organizada e facilmente
a segunda via da ficha ao documento; acessível, mediante a constituição de instrumentos de
Rearquivar as fichas de procedência e assunto, agora pesquisa documental como índices e catálogos alfabéticos
com os dados das fichas de protocolo; de matérias. A informação contida num documento
Arquivar as fichas de protocolo. é representada por um conjunto de conceitos ou
A tramitação de um documento dentro de uma combinações de conceitos.
instituição depende diretamente se as etapas anteriores
foram feitas da forma correta. Se feitas, fica mais fácil, com A indexação processa-se em duas fases:
o auxílio do protocolo, saber sua exata localização, seus a. Reconhecimento dos conceitos que contêm
dados principais, como data de entrada, setores por que já informação:
passou, enfim, acompanhar o desenrolar de suas funções • Apreensão do conteúdo total do documento;
dentro da instituição. Isso agiliza as ações dentro da
• Identificação dos conceitos que representam esse
instituição, acelerando assim, processos que anteriormente
conteúdo;
encontravam dificuldades, como a não localização de
• Seleção dos conceitos necessários para uma
documentos, não se podendo assim, usá-los no sentido de
pesquisa posterior.
valor probatório, por exemplo.
Após cumprirem suas respectivas funções, os
documentos devem ter seu destino decidido, seja este a sua b. Representação dos conceitos em linguagem
eliminação ou recolhimento. É nesta etapa que a expedição documental com o auxílio dos instrumentos de indexação:
de documentos torna-se importante, pois por meio dela, • Servem ao indexador para indexar o documento;
fica mais fácil fazer uma avaliação do documento, podendo- • Servem ao utilizador para recuperar a informação;
se assim decidir de uma forma mais confiável, o destino • Contribuem para a uniformidade e consistência da
do documento.  Dentre as recomendações com relação à indexação;
expedição de documentos, destacam-se:
Receber a correspondência, verificando a falta de Nos arquivos e centros, ou serviços de documentação,
anexos e completando dados; utilizam-se, normalmente, a indexação coordenada e a
Separar as cópias, expedindo o original; indexação por temas.
Encaminhar as cópias ao Arquivo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnico Legislativo
Auxiliar
- Categoria:
Institucional
Técnico
- Arquivologia
de Arquivo e Biblioteca

Os parâmetros a ter em conta para realizar tarefa de O conceito de classificação e o respectivo  sistema
indexação são: classificativo a ser adotado, são de uma importância decisiva
a) Exaustividade na elaboração de um plano de classificação que permita
 Todos os assuntos (conceitos) de que um bom funcionamento do arquivo. É uma tarefa muito
trata o documento estão representados na indexação; importante, primordial, difícil e morosa e deve ser elaborada
 Não existe seleção de termos.  Especifi- com o máximo cuidado de forma a não se cometerem erros
cidade. que se repercutirão na estrutura e bom funcionamento do
 A descrição do conteúdo traduz, o mais arquivo.
próximo possível, a informação que o documento contém; Um bom plano de classificação deve possuir as seguintes
 Não se utilizam termos de indexação características:
demasiados genéricos ou demasiado específicos, relativa- • Satisfazer as necessidades práticas do serviço,
mente aos conceitos expressos no documento. adotando critérios que potenciem a resolução dos
problemas. Quanto mais simples forem as regras de
classificação adotadas, tanto melhor se efetuará a ordenação
b)  Uniformidade
da documentação;
 É um parâmetro muito importante liga-
• A sua construção deve estar de acordo com as
do a qualidade da indexação;
atribuições do organismo (divisão de competências) ou em
 Procura anular a sinonímia (palavras de última análise, focando a estrutura das entidades de onde
significação idêntica ou parecida, mas não tem o mesmo provém a correspondência;
valor e emprego), representando para um mesmo conceito • Deverá ter em conta a evolução futura das atribuições
a escolha de um mesmo termo; do serviço deixando espaço livre para novas inclusões;
 Utiliza, sempre que possível, termos de • Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou
estrutura idêntica para a representação de conceitos aná- classificações mal efetuadas, e promover a sua atualização
logos. sempre que se entender conveniente.

c)  Coerência A função da gestão de documentos e arquivos nos


 Aplicação dos mesmos princípios e cri- sistemas nacionais de informação, segundo o qual um
térios de escolha para a resolução de casos análogos, im- programa geral de gestão de documentos, para alcançar
plicando uma uniformidade intrínseca ao próprio sistema. economia e eficácia, envolve as seguintes fases:
- produção: concepção e gestão de formulários,
d) Pertinência preparação e gestão de correspondência, gestão de informes
 A indexação deve ser feita sempre em e diretrizes, fomento de sistemas de gestão da informação e
função do utilizador. aplicação de tecnologias modernas a esses processos;
- utilização e conservação: criação e melhoramento
e) Eficácia dos sistemas de arquivos e de recuperação de dados, gestão
 Capacidade de um sistema de informa- de correio e telecomunicações, seleção e uso de equipamento
ção recuperar a informação relevante, nele armazenada de reprográfico, análise de sistemas, produção e manutenção
uma forma eficaz e com o mínimo de custo. A qualidade de programas de documentos vitais e uso de automação e
num processo de indexação é influenciada pelos seguintes reprografia nestes processos;
parâmetros: - destinação: a identificação e descrição das séries
• Características dos instrumentos de indexação uti- documentais, estabelecimento de programas de avaliação
e destinação de documentos, arquivamento intermediário,
lizados;
eliminação e recolhimento dos documentos de valor
• Características do indexador:
permanente às instituições arquivísticas.
• Pessoais: objetividade, imparcialidade, espírito de O código de classificação de documentos de arquivo é
análise, capacidade de síntese, desenvolvimento intelectual, um instrumento de trabalho utilizado para classificar todo e
sociabilidade, cultura geral, cultura específica e outras. qualquer documento produzido ou recebido por um órgão
• Profissionais: conhecimento técnicos que no exercício de suas funções e atividades. A classificação por
permitam decisões acertadas, conhecimentos profundos assuntos é utilizada com o objetivo de agrupar os documen-
acerca do sistema de indexação em que está integrado. tos sob um mesmo tema, como forma de agilizar sua recu-
peração e facilitar as tarefas arquivísticas relacionadas com a
Plano de Classificação avaliação, seleção, eliminação, transferência, recolhimento e
O objetivo primordial de uma eficaz estruturação acesso a esses documentos, uma vez que o trabalho arqui-
dos arquivos consiste na criação de condições para a vístico é realizado com base no conteúdo do documento, o
recuperação da informação de forma rápida, segura e qual reflete a atividade que o gerou e determina o uso da
eficaz. Por esta razão, se deve estabelecer no início de informação nele contida. A classificação define, portanto, a
funcionamento de um arquivo, o plano de classificação ou organização física dos documentos arquivados, constituindo-
plano do arquivo. -se em referencial básico para sua recuperação.

6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

No código de classificação, as funções, atividades, es- A metodologia adotada à época envolveu pesquisas
pécies e tipos documentais genericamente denominados na legislação que regula a prescrição de documentos ad-
assuntos, encontram-se hierarquicamente distribuídos de ministrativos, e entrevistas com historiadores e servidores
acordo com as funções e atividades desempenhadas pelo responsáveis pela execução das atividades nos órgãos pú-
órgão. Em outras palavras, os assuntos recebem códigos nu- blicos, que forneceram as informações relativas aos valores
méricos, os quais refletem a hierarquia funcional do órgão, primário e secundário dos documentos, isto é, ao seu po-
definida através de classes, subclasses, grupos e subgrupos, tencial de uso para fins administrativos e de pesquisa, res-
partindo-se sempre do geral para o particular. pectivamente. Concluídos os trabalhos, ainda que restrito à
A classificação deve ser realizada por servidores treina-
documentação já depositada no arquivo intermediário do
dos, de acordo com as seguintes operações.
Arquivo Nacional, foi constituída, em 1993, uma Comissão
a) ESTUDO: consiste na leitura de cada documento, a fim
Interna de Avaliação que referendou os prazos de guarda e
de verificar sob que assunto deverá ser classificado e quais
as referências cruzadas que lhe corresponderão. A referên- destinação propostos.
cia cruzada é um mecanismo adotado quando o conteúdo Com o objetivo de elaborar uma tabela de temporalida-
do documento se refere a dois ou mais assuntos. de para documentos da então Secretaria de Planejamento,
b) CODIFICAÇÃO: consiste na atribuição do código cor- Orçamento e Coordenação (SEPLAN), foi criado, em 1993,
respondente ao assunto de que trata o documento. um grupo de trabalho composto por técnicos do Arquivo
Nacional e daquela secretaria, cujos resultados, relativos as
Rotinas correspondentes às operações de classifica- atividade-meio, serviriam de subsídio ao estabelecimen-
ção to de prazos de guarda e destinação para os documentos
da administração pública federal. A tabela, elaborada com
1. Receber o documento para classificação; base nas experiências já desenvolvidas pelos dois órgãos,
2. Ler o documento, identificando o assunto principal e foi encaminhada, em 1994, à Direção Geral do Arquivo Na-
o(s) secundário(s) de acordo com seu conteúdo; cional para aprovação.
3. Localizar o(s) assunto(s) no Código de classificação de Com a instalação do Conselho Nacional de Arquivos
documentos de arquivo, utilizando o índice, quando neces- (Conarq), em novembro de 1994, foi criada, dentre outras,
sário; a Câmara Técnica de Avaliação de Documentos (Ctad) para
4. Anotar o código na primeira folha do documento;
dar suporte às atividades do conselho. Sua primeira tarefa
5. Preencher a(s) folha(s) de referência, para os assuntos
foi analisar e discutir a tabela de temporalidade elabora-
secundários.
da pelo grupo de trabalho Arquivo Nacional/SEPLAN, com
A avaliação constitui-se em atividade essencial do ciclo o objetivo de torná-la aplicável também aos documentos
de vida documental arquivístico, na medida em que define produzidos pelos órgãos públicos nas esferas estadual e
quais documentos serão preservados para fins administrati- municipal, servindo como orientação a todos os órgãos
vos ou de pesquisa e em que momento poderão ser elimina- participantes do Sistema Nacional de Arquivos (Sinar).
dos ou destinados aos arquivos intermediário e permanente, O modelo ora apresentado constitui-se em instrumen-
segundo o valor e o potencial de uso que apresentam para a to básico para elaboração de tabelas referentes as ativi-
administração que os gerou e para a sociedade. dade-meio do serviço público, podendo ser adaptado de
Os primeiros atos legais destinados a disciplinar a ava- acordo com os conjuntos documentais produzidos e rece-
liação de documentos no serviço público datam do final do bidos. Vale ressaltar que a aplicação da tabela deverá estar
século passado, em países da Europa, nos Estados Unidos condicionada à aprovação por instituição arquivística pú-
e no Canadá. No Brasil, a preocupação com a avaliação de blica na sua específica esfera de competência.
documentos públicos não é recente, mas o primeiro passo
para sua regulamentação ocorreu efetivamente com a lei fe- Arquivamento e ordenação de documentos
deral nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, que em seu artigo
9º dispõe que “a eliminação de documentos produzidos por O arquivamento é o conjunto de técnicas e
instituições públicas e de caráter público será realizada me- procedimentos que visa ao acondicionamento e
diante autorização de instituição arquivística pública, na sua
armazenamento dos documentos no arquivo. Devemos
específica esfera de competência”.
considerar duas formas de arquivamento: A horizontal e a
O Arquivo Nacional publicou em 1985 manual técnico
sob o título Orientação para avaliação e arquivamento inter- vertical.
mediário em arquivos públicos, do qual constam diretrizes Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos
gerais para a realização da avaliação e para a elaboração de uns sobre os outros, ―deitados‖, dentro do mobiliário. É
tabelas de temporalidade. Em 1986, iniciaram-se as primei- indicado para arquivos permanentes e para documentos
ras atividades de avaliação dos acervos de caráter interme- de grandes dimensões, pois evitam marcas e dobras nos
diário sob a guarda da então Divisão de Pré-Arquivo do Ar- mesmos.
quivo Nacional, desta vez com a preocupação de estabelecer
prazos de guarda com vista à eliminação e, consequente-
mente, à redução do volume documental e racionalização
do espaço físico.

7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnico Legislativo
Auxiliar
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Institucional
Técnico
- Arquivologia
de Arquivo e Biblioteca

Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização
uns atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para do instrumento:
arquivos correntes, pois facilita a busca pela mobilidade
na disposição dos documentos. Para o arquivamento 1. Assunto: Neste campo são apresentados os conjuntos do-
e ordenação dos documentos no arquivo, devemos cumentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuí-
considerar tantos os métodos quanto os sistemas. Os dos de acordo com as funções e atividades desempenhadas pela
Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a instituição. Para possibilitar melhor identificação do conteúdo da
possibilidade ou não de recuperação da informação informação, foram empregadas funções, atividades, espécies
sem o uso de instrumentos. Tudo o que isso quer dizer e tipos documentais, genericamente denominados assuntos,
é apenas se precisa ou não de uma ferramenta (índice, agrupados segundo um código de classificação, cujos conjuntos
tabela ou qualquer outro semelhante) para localizar constituem o referencial para o arquivamento dos documentos.
um documento em um arquivo. Quando NÃO HÁ essa Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice,
que contém os conjuntos documentais ordenados alfabetica-
necessidade, dizemos que é um sistema direto de busca e/
mente para agilizar a sua localização na tabela.
ou recuperação, como por exemplo, os métodos alfabético
e geográfico, que estudaremos nesta aula. Quando HÁ essa
2. Prazos de guarda: Referem-se ao tempo necessário para
necessidade, dizemos que é um sistema indireto de busca
arquivamento dos documentos nas fases corrente e interme-
e/ou recuperação, como são os métodos numéricos. Existe diária, visando atender exclusivamente às necessidades da ad-
ainda outro sistema, chamado semidireto, que não aparece ministração que os gerou, mencionado, preferencialmente, em
em provas, mas que serve apenas para agregar o método anos. Excepcionalmente, pode ser expresso a partir de uma
alfanumérico, que estudaremos adiante. Este método ação concreta que deverá necessariamente ocorrer em relação
se caracteriza pela ―necessidade parcial da utilização a um determinado conjunto documental. Entretanto, deve ser
de instrumentos de pesquisa. Por exemplo, precisamos objetivo e direto na definição da ação – exemplos: até aprova-
de uma tabela para localizar uma estante, mas não para ção das contas; até homologação da aposentadoria; e até qui-
localizar uma gaveta ou prateleira: a partir da localização tação da dívida. O prazo estabelecido para a fase corrente re-
da estante, a prateleira será localizada deforma direta. laciona-se ao período em que o documento é frequentemente
consultado, exigindo sua permanência junto às unidades or-
ganizacionais. A fase intermediária relaciona-se ao período em
que o documento ainda é necessário à administração, porém
4 ACONDICIONAMENTO E ARMAZENAMENTO com menor frequência de uso, podendo ser transferido para
DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO. depósito em outro local, embora à disposição desta.
5 NOÇÕES DE PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO A realidade arquivística no Brasil aponta para variadas
DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO. formas de concentração dos arquivos, seja ao nível da admi-
6 POLÍTICA DE ACESSO AOS DOCUMENTOS DE nistração (fases corrente e intermediária), seja no âmbito dos
ARQUIVO. arquivos públicos (permanentes ou históricos). Assim, a distri-
buição dos prazos de guarda nas fases corrente e intermediá-
ria foi definida a partir das seguintes variáveis:
A tabela de temporalidade deverá contemplar as I – Órgãos que possuem arquivo central e contam com
atividades-meio e atividades-fim de cada órgão público. serviços de arquivamento intermediário:
Desta forma, caberá aos mesmos definir a temporalidade e Para os órgãos federais, estaduais e municipais que se en-
destinação dos documentos relativos às suas atividades es- quadram nesta variável, há necessidade de redistribuição dos
prazos, considerando-se as características de cada fase, desde
pecíficas, complementando a tabela básica. Posteriormen-
que o prazo total de guarda não seja alterado, de forma a con-
te, esta deverá ser encaminhada à instituição arquivística
templar os seguintes setores arquivísticos:
pública para aprovação e divulgação, por meio de ato legal
- arquivo setorial (fase corrente, que corresponde ao ar-
que lhe confira legitimidade.
quivo da unidade organizacional);
A tabela de temporalidade é um instrumento arquivís- - arquivo central (fase intermediária I, que corresponde ao
tico resultante de avaliação, que tem por objetivos definir setor de arquivo geral/central da instituição);
prazos de guarda e destinação de documentos, com vista - arquivo intermediário (fase intermediária II, que corres-
a garantir o acesso à informação a quantos dela necessi- ponde ao depósito de arquivamento intermediário, geralmen-
tem. Sua estrutura básica deve necessariamente contem- te subordinado à instituição arquivística pública nas esferas
plar os conjuntos documentais produzidos e recebidos por federal, estadual e municipal).
uma instituição no exercício de suas atividades, os prazos II – Órgãos que possuem arquivo central e não contam
de guarda nas fases corrente e intermediária, a destina- com serviços de arquivamento intermediário: Nos órgãos si-
ção final – eliminação ou guarda permanente, além de um tuados nesta variável, as unidades organizacionais são res-
campo para observações necessárias à sua compreensão e ponsáveis pelo arquivamento corrente e o arquivo central
aplicação. funciona como arquivo intermediário, obedecendo aos prazos
previstos para esta fase e efetuando o recolhimento ao ar-
quivo permanente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

III – Órgãos que não possuem arquivo central e contam Acondicionamento, Armazenamento, Preservação
com serviços de arquivamento intermediário: Nesta variá- e Conservação de Documentos de Arquivo
vel, as unidades organizacionais também funcionam como Nos processos de produção, tramitação, organização
arquivo corrente, transferindo os documentos – depois de e acesso aos documentos, deverão ser observados
cessado o prazo previsto para esta fase – para o arquivo procedimentos específicos, de acordo com os diferentes
intermediário, que promoverá o recolhimento ao arquivo gêneros documentais, com vistas a assegurar sua
permanente. preservação durante o prazo de guarda estabelecido na
IV – Órgãos que não possuem arquivo central nem tabela de temporalidade e destinação.
contam com serviços de arquivamento intermediário: Alguns documentos, conforme as normas vigentes
Quanto aos órgãos situados nesta variável, as unidades deverão ser produzidos em formatos padronizados. Os
organizacionais são igualmente responsáveis pelo arquiva- documentos identificados nas tabelas de temporalidade
mento corrente, ficando a guarda intermediária a cargo das e destinação como de valor permanente deverão ser
mesmas ou do arquivo público, o qual deverá assumir tais produzidos em papéis alcalinos.
funções. Cabe acrescentar que:
- Os papéis das capas de processos devem ser alcalinos;
3. Destinação final: Neste campo é registrada a desti- - As presilhas devem ser em plástico ou metal não
nação estabelecida que pode ser a eliminação, quando o oxidável;
documento não apresenta valor secundário (probatório ou - As práticas de grampear e de colar documentos
informativo) ou a guarda permanente, quando as informa- devem ser evitadas;
ções contidas no documento são consideradas importan- - Os dossiês, processos e volumes devem ser arquivados
tes para fins de prova, informação e pesquisa. em pastas suspensas ou em caixas, de acordo com suas
A guarda permanente será sempre nas instituições ar- dimensões.
quivísticas públicas (Arquivo Nacional e arquivos públicos Todos os documentos devem ser preservados em
estaduais, do Distrito Federal e municipais), responsáveis condições adequadas ao seu uso, pelos prazos de guarda
estabelecidos nas tabelas de temporalidade e destinação
pela preservação dos documentos e pelo acesso às infor-
de documentos.
mações neles contidas. Outras instituições poderão manter
A informação deve estar adequadamente identificada,
seus arquivos permanentes, seguindo orientação técnica
classificada e controlada, para que a localização e a
dos arquivos públicos, garantindo o intercâmbio de infor-
devolução ao local de depósito sejam realizadas de
mações sobre os respectivos acervos.
forma ágil e sem riscos de danos ou extravios. Para que
esses procedimentos sejam efetivos e possam assegurar
4. Observações: Neste campo são registradas informa-
a manutenção das condições de acesso, eles devem ser
ções complementares e justificativas, necessárias à correta
regularmente revistos.
aplicação da tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto É importante que os registros relativos aos documentos
à alteração do suporte da informação e aspectos elucidati- sejam incorporados a um sistema de informações, como
vos quanto à destinação dos documentos, segundo a par- um banco de dados, e que os sistemas de recuperação
ticularidade dos conjuntos documentais avaliados. sejam amplamente compatíveis.
A necessidade de comunicação é tão antiga como a
formação da sociedade humana, o homem, talvez na ânsia Áreas de Armazenamento
de se perpetuar, teve sempre a preocupação de registrar Todos os documentos devem ser armazenados em
suas observações, seu pensamento, para legá-los às locais que apresentem condições ambientais apropriadas
gerações futuras. às suas necessidades de preservação, pelo prazo de guarda
Assim começou a escrita. Na sua essência. Isto nada estabelecido em tabela de temporalidade e destinação.
mais é do que registrar e guardar. Por sua vez, no seu
sentido mais simples, guardar é arquivar. Áreas Externas
Por muito tempo reinou uma completa confusão A localização de um depósito de arquivo deve prever
sobre o verdadeiro sentido da biblioteca, museu e arquivo. facilidades de acesso e de segurança contra perigos
Indiscutivelmente, por anos e anos, estas instituições iminentes, evitando-se, por exemplo:
tiveram mais ou menos o mesmo objetivo. Eram elas - áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e de
depósitos de tudo o que se produzira a mente humana, inundações, como margens de rios e subsolos;
isto é, do resultado do trabalho intelectual e espiritual do - áreas de risco de incêndios, próximas a postos
homem. de combustíveis, depósitos e distribuidoras de gases, e
O arquivo, quando bem organizado, transmite ordens, construções irregulares;
evita repetição desnecessárias de experiências, diminui a - áreas próximas a indústrias pesadas com altos índices
duplicidade de documentos, revela o que está por ser feito, de poluição atmosférica, como refinarias de petróleo;
o que já foi feito e os resultados obtidos. Constitui fonte de - áreas próximas a instalações estratégicas, como
pesquisa para todos os ramos administrativos e auxilia o indústrias e depósitos de munições, de material bélico e
administrador a tomada de decisões. aeroportos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnico Legislativo
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Áreas Internas Os filmes em bases de nitrato e de acetato de celulose


As áreas de trabalho e de circulação de público deverão devem ser armazenados separadamente, de acordo com
atender às necessidades de funcionalidade e conforto, sua base e condição de preservação.
enquanto as de armazenamento de documentos devem
ser totalmente independentes das demais. O manual Condições Ambientais
Recomendações para a construção de arquivos, publicado pelo Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa
CONARQ em 2000, reúne as indicações para a construção, e de trabalho devem receber tratamento diferenciado das
reforma e adequação de edifícios de arquivos. áreas dos depósitos, as quais, por sua vez, também devem
• Áreas de Depósito se diferenciar entre si, considerando-se as necessidades
Nas áreas de depósito, os cuidados devem ser dirigidos a: específicas de preservação para cada tipo de suporte.
- evitar, principalmente, os subsolos e porões, em razão
do grande risco de inundações, dando preferência a terrenos Recomenda-se um estudo prévio das condições
mais elevados, distanciados do lençol freático. No caso de climáticas da região, nos casos de se elaborar um projeto
depósitos em andares térreos, prever pisos mais elevados em de construção ou reforma, com vistas a obter os melhores
relação ao solo e com boas condições de drenagem deste, benefícios, com baixo custo, em favor da preservação dos
pelas mesmas razões; acervos.
- prever condições estruturais de resistência a cargas, de A deterioração natural dos suportes dos documentos,
acordo com as Recomendações para a construção de arquivos, ao longo do tempo, ocorre por reações químicas, que
do CONARQ; são aceleradas por flutuações e extremos de temperatura
- a área dos depósitos não deve exceder a 200m2. Se e umidade relativa do ar e pela exposição aos poluentes
necessário, os depósitos deverão ser compartimentados. Os atmosféricos e às radiações luminosas, especialmente dos
compartimentos devem ser independentes entre si, separados raios ultravioleta.
por corredores, com acessos equipados com portas corta- A adoção dos parâmetros recomendados por
fogo e, de preferência, também com sistemas independentes diferentes autores (de temperatura entre 15° e 22° C e
de energia elétrica, de aeração ou de climatização;
de umidade relativa entre 45% e 60%) exige, nos climas
- evitar tubulações hidráulicas, caixas d’água e quadros de
quentes e úmidos, o emprego de meios mecânicos
energia elétrica sobre as áreas de depósito;
sofisticados, resultando em altos custos de investimento
- evitar todo tipo de material que possa promover risco de
em equipamentos, manutenção e energia.
propagação de fogo ou formação de gases, como madeiras,
Os índices muito elevados de temperatura e umidade
pinturas e revestimentos;
relativa do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação
- aumentar a resistência térmica ou a estanqueidade das
promovem a ocorrência de infestações de insetos e o
paredes externas, em especial daquelas sujeitas à ação direta
desenvolvimento de microorganismos, que aumentam as
de raios solares, por meio de isolamento térmico e/ou pintura
de cor clara, de efeito reflexivo. Além dos recursos construtivos proporções dos danos.
utilizados para amenizar as temperaturas internas, sempre Com base nessas constatações, recomenda-se:
que for possível, posicionar os depósitos nos prismas de - armazenar todos os documentos em condições
menor insolação; ambientais que assegurem sua preservação, pelo prazo
- promover a ventilação dos ambientes de forma natural de guarda estabelecido, isto é, em temperatura e umidade
ou artificial com soluções de baixo custo, inclusive com a relativa do ar adequadas a cada suporte documental;
disposição adequada do mobiliário, de forma a facilitar o - monitorar as condições de temperatura e umidade
fluxo do ar; relativa do ar, utilizando pessoal treinado, a partir de
- evitar a presença de pessoas em trabalho ou consulta metodologia previamente definida;
em tais ambientes; - utilizar preferencialmente soluções de baixo custo
- manter suprimento elétrico de emergência. direcionadas à obtenção de níveis de temperatura e
Nas áreas de depósito, os documentos devem ser umidade relativa estabilizados na média, evitando variações
armazenados separadamente, de acordo com o seu suporte e súbitas;
suas especificidades, a saber: - reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos
- documentos textuais, como manuscritos e impressos; quando os equipamentos de climatização não puderem ser
- documentos encadernados; mantidos em funcionamento sem interrupção;
- documentos textuais de grande formato; - proteger os documentos e suas embalagens da
- documentos cartográficos, como mapas e plantas incidência direta de luz solar, por meio de filtros, persianas
arquitetônicas; ou cortinas;
- documentos iconográficos, como desenhos, gravuras e - monitorar os níveis de luminosidade, em especial das
cartazes; radiações ultravioleta;
- documentos em meio micrográficos; - reduzir ao máximo a radiação UV emitida por
- documentos fotográficos; lâmpadas fluorescentes, aplicando filtros bloqueadores aos
- documentos sonoros; tubos ou às luminárias;
- documentos cinematográficos; - promover regularmente a limpeza e o controle de
- documentos em meios magnéticos e ópticos. insetos rasteiros nas áreas de armazenamento;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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- manter um programa integrado de higienização do Os papéis e cartões empregados na produção de


acervo e de prevenção de insetos; caixas e invólucros devem ser alcalinos e corresponder às
- monitorar as condições do ar quanto à presença expectativas de preservação dos documentos.
de poeira e poluentes, procurando reduzir ao máximo No caso de caixas não confeccionados em cartão
os contaminantes, utilizando cortinas, filtros, bem como alcalino, recomenda-se o uso de invólucros internos de
realizando o fechamento e a abertura controlada de janelas; papel alcalino, para evitar o contato direto de documentos
- armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios com materiais instáveis.
magnéticos e ópticos em condições climáticas especiais, de
baixa temperatura e umidade relativa, obtidas por meio de Manuseio e Transporte
equipamentos mecânicos bem dimensionados, sobretudo O manuseio requer cuidados especiais, tanto pelos
para a manutenção da estabilidade dessas condições, a técnicos, durante o tratamento dos documentos, quanto
saber: fotografias em preto e branco T 12ºC ± 1ºC e UR pelos usuários, merecendo recomendações afixadas nas
35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC ± 1ºC e UR 35% ± 5% salas de trabalho e de consulta, a saber:
filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC e UR 40% ± 5%. - manusear os documentos originais com mãos limpas,
de preferência fazendo uso de luvas. Além de luvas, os
Acondicionamento técnicos devem também utilizar guarda-pós, e máscaras
Os documentos devem ser acondicionados em para o manuseio de documentos.
mobiliário e invólucros apropriados, que assegurem sua Esta recomendação atende à saúde de usuários e
preservação. técnicos, considerando-se que no passado foi frequente o
A escolha deverá ser feita observando-se as uso de inseticidas, que em muitos casos ainda preservam
características físicas e a natureza de cada suporte. A elevados níveis de toxidez.
confecção e a disposição do mobiliário deverão acatar as Esporos de microorganismos também podem ser
normas existentes sobre qualidade e resistência e sobre fatores de contaminação e toxidez;
segurança no trabalho. - utilizar também luvas e máscaras ao manusear
O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos, fotografias, filmes, microfilmes, discos e suportes
promove a proteção contra danos físicos, químicos e magnéticos e ópticos, considerando-se a fragilidade desses
mecânicos. Os documentos devem ser guardados em materiais e a necessidade de proteção dos usuários;
arquivos, estantes, armários ou prateleiras, apropriados a - manusear documentos de grandes formatos em
cada suporte e formato. mesas de grandes dimensões;
Os documentos de valor permanente que apresentam - utilizar escadas seguras, especialmente desenhadas
grandes formatos como mapas, plantas e cartazes, para a retirada de documentos das estantes, bem como
devem ser armazenados horizontalmente, em mapotecas carrinhos, para o seu transporte entre o depósito e a sala de
adequadas às suas medidas, ou enrolados sobre tubos consulta, visando à segurança no trabalho e à integridade
confeccionados em cartão alcalino e acondicionados dos documentos;
em armários ou gavetas. Nenhum documento deve ser - transportar documentos entre seções, para
armazenado diretamente sobre o chão. exposições ou para empréstimos externos ou serviços de
As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de terceiros, como microfilmagem e conservação, seguindo
computador, devem ser armazenadas longe de campos procedimentos padronizados de embalagem, transporte
magnéticos que possam causar a distorção ou a perda e manuseio, visando à preservação e segurança dos
de dados. O armazenamento será preferencialmente em documentos.
mobiliário de aço tratado com pintura sintética, de efeito
antiestático. Segurança
As embalagens protegem os documentos contra a Toda instituição arquivística deve contar com um
poeira e danos acidentais, minimizam as variações externas Plano de Emergência escrito, direcionado para a prevenção
de temperatura e umidade relativa e reduzem os riscos de contra riscos potenciais e para o salvamento de acervos em
danos por água e fogo em casos de desastre. situações de calamidade com fogo, água, insetos, roubo e
As caixas de arquivo devem ser resistentes ao vandalismo.
manuseio, ao peso dos documentos e à pressão, caso Este plano deve incluir:
tenham de ser empilhadas. Precisam ser mantidas em boas Um programa de manutenção do edifício, partindo de
condições de conservação e limpeza, de forma a proteger um diagnóstico prévio do prédio e de sua localização, para
os documentos. identificar:
As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem - riscos geográficos e climáticos que possam ameaçar
respeitar formatos padronizados, e devem ser sempre o prédio e o acervo;
superiores às dos documentos que irão abrigar. - vulnerabilidades do edifício, quanto à sua função de
Todos os materiais usados para o armazenamento de proteger os acervos;
documentos permanentes devem manter-se quimicamente - níveis de vulnerabilidade dos materiais que compõem
estáveis ao longo do tempo, não podendo provocar o acervo;
quaisquer reações que afetem a preservação dos - vulnerabilidades administrativas (ex.: seguro,
documentos. segurança).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Um plano de metas concretas e cronograma de c) Especialistas de conservação, para os diferentes


prioridades para a eliminação do maior número possível de tipos de acervo, que poderão ser da própria instituição ou
riscos: externos, dentro de um programa de cooperação entre
- inspecionar regularmente o prédio; instituições.
- manter em perfeitas condições de funcionamento os d) Equipe técnica substituta – quando os integrantes
sistemas elétrico, hidráulico e de esgoto do prédio; da equipe titular não conseguirem chegar ao local a tempo.
- implantar um programa integrado contra pragas; Esta equipe deverá participar de todos os treinamentos e
- instalar sistemas confiáveis de detecção e combate de simulações.
incêndio e de suprimento elétrico de emergência; O plano deve ser testado e revisto em intervalos
- manter todo o acervo documental identificado e regulares, e todo o pessoal da instituição precisa estar
inventariado; familiarizado com ele, seja tendo participado de sua
- implantar procedimentos de segurança e de limpeza elaboração, ou pelo treinamento nos procedimentos de
periódica nos depósitos. emergência.

Um plano de salvamento e de segurança humanos: Preservação e conservação de documentos de


- formar e treinar periodicamente a brigada de incêndio; arquivo
- utilizar sinalização de segurança e de escape para casos
de emergência; Preservação: é um conjunto de medidas e estratégias
- efetuar treinamentos e simulações periódicas de de ordem administrativa, política e operacional que contri-
emergência. buem direta ou indiretamente para a preservação da inte-
gridade dos materiais.
Um plano de salvamento de acervos (plano de Conservação: é um conjunto de ações estabilizadoras
emergência): que visam desacelerar o processo de degradação de docu-
As instituições depositárias de acervos deverão ter um mentos ou objetos, por meio de controle ambiental e de
plano de emergência escrito para salvamento do acervo em tratamentos específicos (higienização, reparos e acondicio-
casos de calamidade, atendendo às especificidades de seu namento).
acervo e às condições de localização do mesmo em suas Restauração: é um conjunto de medidas que objetivam
dependências. a estabilização ou a reversão de danos físicos ou químicos
Uma vez elaborados, os planos de emergência irão adquiridos pelo documento ao longo do tempo e do uso,
requerer recursos materiais e humanos, sendo interessante intervindo de modo a não comprometer sua integridade e
poder organizá-los de forma cooperativa, entre instituições seu caráter histórico.
de uma mesma cidade ou região. FATORES DE DETERIORAÇÃO EM ACERVOS DE ARQUI-
Um plano de emergência contém as providências VOS
necessárias para o salvamento dos documentos. Entre os Conhecendo-se a natureza dos materiais componen-
preparativos estão os de minimizar ao máximo os riscos tes dos acervos e seu comportamento diante dos fatores
de fogo, por meio de sistemas de alarmes e supressão aos quais estão expostos, torna-se bastante fácil detectar
automática, e todos os outros riscos potenciais, como vimos, elementos nocivos e traçar políticas de conservação para
por meio de vistorias e manutenção periódicas. minimizá-los.
Acervos de grande importância para a instituição Os acervos de bibliotecas e arquivos são em geral
deverão ser identificados com antecedência. O ideal é que constituídos de livros, mapas, fotografias, obras de arte,
este procedimento inclua uma planta baixa que indique revistas, manuscritos etc., que utilizam, em grande parte,
claramente a localização dos acervos prioritários para efeito o papel como suporte da informação, além de tintas das
de resgate. mais diversas composições.
O plano de emergência contará com uma equipe técnica O papel, por mais variada que possa ser sua com posi-
e uma administrativa com atribuições específicas, para as ção, é formado basicamente por fibras de celulose prove-
várias atividades que irão demandar a pronta resposta e a nientes de diferentes origens.
recuperação dos acervos atingidos, no caso de algum sinistro. Cabe-nos, portanto, encontrar soluções que permitam
Cada instituição deverá ter o seu próprio coordenador oferecer o melhor conforto e estabilidade ao suporte da
de emergência, mesmo que esteja organizada em um plano maioria dos documentos, que é o papel.
cooperativo. A degradação da celulose ocorre quando agentes no-
a) Coordenador – tomará as decisões e irá interagir civos atacam as ligações celulósicas, rompendo-as ou fa-
com os demais membros do grupo, com as equipes de zendo com que se agreguem a elas novos componentes
resgate técnica e administrativa e com as áreas técnicas e que, uma vez instalados na molécula, desencadeiam rea-
administrativas da instituição; ções químicas que levam ao rompimento das cadeias ce-
b) Agentes de comunicação – farão contato com: lulósicas.
- autoridades policiais, Corpo de Bombeiros ou Defesa A acidez e a oxidação são os maiores processos de
Civil; deterioração química da celulose. Também há os agentes
- áreas técnicas da instituição; físicos de deterioração, responsáveis pelos danos mecâni-
- demais instituições, imprensa; cos dos documentos. Os mais frequentes são os insetos, os
- empresas fornecedoras de materiais. roedores e o próprio homem.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

Resumindo, podemos dizer que consideramos agen- O mais recomendado é manter a temperatura o mais próxi-
tes de deterioração dos acervos de bibliotecas e arquivos mo possível de 20°C e a umidade relativa de 45% a 50%, evitan-
aqueles que levam os documentos a um estado de insta- do-se de todas as formas as oscilações de 3°C de temperatura e
bilidade física ou química, com comprometimento de sua 10% de umidade relativa.
integridade e existência. O monitoramento, que nos dá as diretrizes para qualquer
Embora, com muita frequência, não possamos elimi- projeto de mudança, é feito através do termo higrômetro (apa-
nar totalmente as causas do processo de deterioração dos relho medidor da umidade e temperatura simultaneamente).
documentos, com certeza podemos diminuir consideravel- A circulação do ar ambiente representa um fator bastante
mente seu ritmo, através de cuidados com o ambiente, o importante para amenizar os efeitos da temperatura e umidade
manuseio, as intervenções e a higiene, entre outros. relativa elevada.
Antes de citar os principais fatores de degradação, tor- 1.2 Radiação da luz: Toda fonte de luz, seja ela natural ou
na-se indispensável dizer que existe estreita ligação entre artificial, emite radiação nociva aos materiais de acervos, pro-
eles, o que faz com que o processo de deterioração tome vocando consideráveis danos através da oxidação. O papel
proporções devastadoras. se torna frágil, quebradiço, amarelecido, escurecido. As tintas
Para facilitar a compreensão dos efeitos nocivos nos desbotam ou mudam de cor, alterando a legibilidade dos do-
acervos podemos classificar os agentes de deterioração cumentos textuais, dos iconográficos e das encadernações. O
em Fatores Ambientais, Fatores Biológicos, Intervenções componente da luz que mais merece atenção é a radiação ultra-
Impróprias, Agentes Biológicos, Furtos e Vandalismo. violeta (UV). Qualquer exposição à luz, mesmo que por pouco
1. Fatores ambientais tempo, é nociva e o dano é cumulativo e irreversível. A luz pode
Os agentes ambientais são exatamente aqueles que ser de origem natural (sol) e artificial, proveniente de lâmpadas
existem no ambiente físico do acervo: Temperatura, Umi- incandescentes (tungstênio) e fluorescentes (vapor de mercú-
dade Relativa do Ar, Radiação da Luz, Qualidade do Ar. rio). Deve-se evitar a luz natural e as lâmpadas fluorescentes,
Num levantamento cuidadoso das condições de con- que são fontes geradoras de UV. A intensidade da luz é medida
servação dos documentos de um acervo, é possível iden- através de um aparelho denominado luxímetro ou fotômetro.
Algumas medidas podem ser tomadas para proteção dos
tificar facilmente as consequências desses fatores, quando
acervos:
não controlados dentro de uma margem de valores acei-
- As janelas devem ser protegidas por cortinas ou persianas
tável.
que bloqueiem totalmente o sol; essa medida também ajuda
Todos fazem parte do ambiente e atuam em conjunto.
no controle de temperatura, minimizando a geração de calor
Sem a pretensão de aprofundar as explicações científi-
durante o dia.
cas de tais fatores, podemos resumir suas ações da seguin-
- Filtros feitos de filmes especiais também ajudam no con-
te forma:
trole da radiação UV, tanto nos vidros de janelas quanto em lâm-
1.1 Temperatura e umidade relativa: O calor e a umi-
padas fluorescentes (esses filmes têm prazo de vida limitado).
dade contribuem significativamente para a destruição dos
- Cuidados especiais devem ser considerados em exposi-
documentos, principalmente quando em suporte-papel. O ções de curto, médio e longo tempo:
desequilíbrio de um interfere no equilíbrio do outro. O ca- - não expor um objeto valioso por muito tempo;
lor acelera a deterioração. A velocidade de muitas reações - manter o nível de luz o mais baixo possível;
químicas, inclusive as de deterioração, é dobrada a cada - não colocar lâmpadas dentro de vitrines;
aumento de 10°C. A umidade relativa alta proporciona as - proteger objetos com filtros especiais;
condições necessárias para desencadear intensas reações - certificar-se de que as vitrines sejam feitas de materiais
químicas nos materiais. Evidências de temperatura e umi- que não danifiquem os documentos.
dade relativa altas são detectadas com a presença de co- 1.3 Qualidades do ar: O controle da qualidade do ar é es-
lônias de fungos nos documentos, sejam estes em papel, sencial num programa de conservação de acervos. Os poluen-
couro, tecido ou outros materiais. tes contribuem pesadamente para a deterioração de materiais
Umidade relativa do ar e temperatura muito baixas de bibliotecas e arquivos. Há dois tipos de poluentes – os gases
transparecem em documentos distorcidos e ressecados. e as partículas sólidas – que podem ter duas origens: os que
As flutuações de temperatura e umidade relativa do ar vêm do ambiente externo e os gerados no próprio ambiente.
são muito mais nocivas do que os índices superiores aos Os poluentes externos são principalmente o dióxido de enxofre
considerados ideais, desde que estáveis e constantes. To- (SO2), óxidos de nitrogênio (NO e NO2) e o Ozônio (O3). São
dos os materiais encontrados nos acervos são higroscópi- gases que provocam reações químicas, com formação de ácidos
cos, isto é, absorvem e liberam umidade muito facilmente que causam danos sérios e irreversíveis aos materiais. O papel
e, portanto, se expandem e se contraem com as variações fica quebradiço e descolorido; o couro perde a pele e deterio-
de temperatura e umidade relativa do ar. ra. As partículas sólidas, além de carregarem gases poluentes,
Essas variações dimensionais aceleram o processo de agem como abrasivos e desfiguram os documentos. Agentes
deterioração e provocam danos visíveis aos documentos, poluentes podem ter origem no próprio ambiente do acervo,
ocasionando o craquelamento de tintas, ondulações nos como no caso de aplicação de vernizes, madeiras, adesivos, tin-
papéis e nos materiais de revestimento de livros, danos nas tas etc., que podem liberar gases prejudiciais à conservação de
emulsões de fotos etc.. todos os materiais.

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2. Agentes biológicos: Os agentes biológicos de dete- Observações importantes:


rioração de acervos são, entre outros, os insetos (baratas, - O uso de fungicidas não é recomendado; os danos
brocas, cupins), os roedores e os fungos, cuja presença de- causados superam em muito a eficiência dos produtos so-
pende quase que exclusivamente das condições ambien- bre os documentos.
tais reinantes nas dependências onde se encontram os - Caso se detecte situação de infestação, chamar pro-
documentos. Para que atuem sobre os documentos e pro- fissionais especializados em conservação de acervos.
liferem, necessitam de conforto ambiental e alimentação. O - Não limpar o ambiente com água, pois esta, ao secar,
conforto ambiental para praticamente todos os seres vivos eleva a umidade relativa do ar, favorecendo a proliferação
está basicamente na temperatura e umidade relativa eleva- de colônias de fungos.
das, pouca circulação de ar, falta de higiene etc. - Na higienização do ambiente, é recomendado o uso
2.1 Fungos: Os fungos representam um grupo grande de aspirador.
de organismos. São conhecidos mais de 100.000 tipos que Alguns conselhos para limpeza de material com fun-
atuam em diferentes ambientes, atacando diversos subs- gos:
tratos. No caso dos acervos de bibliotecas e arquivos, são - Usar proteção pessoal: luvas de látex, máscaras, aven-
mais comuns aqueles que vivem dos nutrientes encontra- tais, toucas e óculos de proteção (nos casos de sensibilida-
dos nos documentos. Os fungos são organismos que se de alérgica).
reproduzem através de esporos e de forma muito intensa e - Luvas, toucas e máscaras devem ser descartáveis.
rápida dentro de determinadas condições. Como qualquer 2.2 Roedores
outro ser vivo, necessitam de alimento e umidade para so- A presença de roedores em recintos de bibliotecas e
breviver e proliferar. O alimento provém dos papéis, ami- arquivos ocorre pelos mesmos motivos citados acima. Ten-
dos (colas), couros, pigmentos, tecidos etc. A umidade é tar obstruir as possíveis entradas para os ambientes dos
fator indispensável para o metabolismo dos nutrientes e acervos é um começo. As iscas são válidas, mas para que
para sua proliferação. Essa umidade é encontrada na at- surtam efeito devem ser definidas por especialistas em
mosfera local, nos materiais atacados e na própria colônia zoonose. O produto deve ser eficiente, desde que não pro-
voque a morte dos roedores no recinto. A profilaxia se faz
de fungos. Além da umidade e nutrientes, outras condições
nos mesmos moldes citados acima: temperatura e umida-
contribuem para o crescimento das colônias: temperatura
de relativa controladas, além de higiene periódica.
elevada, falta de circulação de ar e falta de higiene.
2.3 Ataques de insetos: Baratas – Esses insetos atacam
Os fungos, além de atacarem o substrato, fragilizando
tanto papel quanto revestimentos. A variedade também é
o suporte, causam manchas de coloração diversas e inten-
grande. O ataque tem características bem próprias, reve-
sas de difícil remoção. A proliferação se dá através dos es-
lando-se principalmente por perdas de superfície e man-
poros que, em circunstâncias propícias, se reproduzem de
chas de excrementos. As baratas se reproduzem no próprio
forma abundante e rápida.
local e se tornam infestação muito rapidamente, caso não
Se as condições, entretanto, forem adversas, esses es-
sejam combatidas. São atraídas pelos mesmos fatores já
poros se tornam “dormentes”. A dormência ocorre quando mencionados: temperatura e umidade elevadas, resíduos
as condições ambientais se tornam desfavoráveis, como, de alimentos, falta de higiene no ambiente e no acervo.
por exemplo, a umidade relativa do ar com índices baixos. Existem iscas para combater as baratas, mas, uma vez
Quando dormentes, os esporos ficam inativos e, por- instalada a infestação, devemos buscar a orientação de
tanto, não se reproduzem nem atacam os documentos. profissionais.
Esse estado, porém, é reversível; se as condições forem Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos
ideais, os esporos revivem e voltam a crescer e agir, mesmo imensos em acervos, principalmente em livros.
que tenham sido submetidos a congelamento ou secagem. A sua presença se dá principalmente por falta de pro-
Os esporos ativos ou dormentes estão presentes em grama de higienização das coleções e do ambiente e ocor-
todos os lugares, em todas as salas, em cada peça do acer- re muitas vezes por contato com material contaminado,
vo e em todas as pessoas, mas não é tão difícil controlá-los. cujo ingresso no acervo não foi objeto de controle. Exigem
As medidas a serem adotadas para manter os acervos vigilância constante, devido ao tipo de ataque que exer-
sob controle de infestação de fungos são: cem. Os sintomas desse ataque são claros e inconfundíveis.
- estabelecer política de controle ambiental, principal- Para combatê-lo se torna necessário conhecer sua natureza
mente temperatura, umidade relativa e ar circulante, man- e comportamento. As brocas têm um ciclo de vida em qua-
tendo os índices o mais próximo possível do ideal e evitan- tro fases: ovos – larva – pupa – adulta.
do oscilações acentuadas; A fase de ataque ao acervo é a de larva. Esse inseto se
- praticar a higienização tanto do local quanto dos do- reproduz por acasalamento, que ocorre no próprio acervo.
cumentos, com metodologia e técnicas adequadas; Uma vez instalado, ataca não só o papel e seus derivados,
- instruir o usuário e os funcionários com relação ao como também a madeira do mobiliário, portas, pisos e to-
manuseio dos documentos e regras de higiene do local; dos os materiais à base de celulose.
- manter vigilância constante dos documentos con- O ataque causa perda de suporte. A larva digere os
tra acidentes com água, secando-os imediatamente caso materiais para chegar à fase adulta. Na fase adulta, acasala
ocorram. e põe ovos. Os ovos eclodem e o ciclo se repete.

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As brocas precisam encontrar condições especiais que, No caso de ataque de cupim, não há como solucionar
como todos os outros agentes biológicos, são temperatura o problema sozinho. O ideal é buscar auxílio com um pro-
e umidade relativa elevadas, falta de ar circulante e falta de fissional especializado na área de conservação de acervos
higienização periódica no local e no acervo. para cuidar dos documentos atacados e outro profissional
A característica do ataque é o pó que se encontra na capacitado para cuidar do extermínio dos cupins que estão
estante em contato com o documento. na parte física do prédio. O tratamento recomendado para
Este pó contém saliva, excrementos, ovos e resíduos de o extermínio dos cupins ou para prevenção contra novos
cola, papel etc. Em geral as brocas vão em busca do ade- ataques é feito mediante barreiras químicas adequada-
sivo de amido, instalando-se nos papelões das capas, no mente projetadas.
miolo e no suporte do miolo dos livros. As perdas são em 3. Intervenções inadequadas nos acervos
forma de orifícios bem redondinhos. Chamamos de intervenções inadequadas todos os pro-
A higienização metódica é a única forma de se fazer o cedimentos de conservação que realizamos em um con-
controle das condições de conservação dos documentos e, junto de documentos com o objetivo de interromper ou
assim, detectar a presença dos insetos. Uma medida que melhorar seu estado de degradação. Muitas vezes, com a
deve ser obedecida sempre é a higienização e separação boa intenção de protegê-los, fazemos intervenções que re-
de todo exemplar que for incorporado ao acervo, seja ele sultam em danos ainda maiores.
originário de doação, aquisição ou recolhimento. Nos acervos formados por livros, fotografias, docu-
Quando o ataque se torna uma infestação, é preciso mentos impressos, documentos manuscritos, mapas, plan-
buscar a ajuda de um profissional especializado. tas de arquitetura, obras de arte etc., é preciso ver que, se-
A providência a ser tomada é identificar o documento gundo sua natureza, cada um apresenta suportes, tintas,
atacado e, se possível, isolá-lo até tratamento. A higieniza- pigmentos, estruturas etc. completamente diferentes.
ção de infestados por brocas deve ser feita em lugar dis- Qualquer tratamento que se queira aplicar exige um
tante, devido ao risco de espalhar ovos ou muitas larvas conhecimento das características individuais dos docu-
pelo ambiente. mentos e dos materiais a serem empregados no proces-
Estes insetos precisam ser muito bem controlados: por so de conservação. Todos os profissionais de bibliotecas
mais que se higienize o ambiente e se removam as larvas e arquivos devem ter noções básicas de conservação dos
e resíduos, corre-se o risco de não eliminar totalmente os documentos com que lidam, seja para efetivamente exe-
ovos. Portanto, após a higienização, os documentos devem cutá-la, seja para escolher os técnicos capazes de fazê-lo,
ser revistos de tempos em tempos. controlando seu trabalho. Os conhecimentos de conserva-
Todo tratamento mais agressivo deve ser feito por pro- ção ajudam a manter equipes de controle ambiental, con-
fissionais especializados, pois o uso de qualquer produto trole de infestações, higienização do ambiente e dos docu-
químico pode acarretar danos intensos aos documentos. mentos, melhorando as condições do acervo.
Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco não só Pequenos reparos e acondicionamentos simples po-
para as coleções como para o prédio em si. dem ser realizados por aqueles que tenham sido treinados
Vivem em sociedades muito bem organizadas, repro- nas técnicas e critérios básicos de intervenção.
duzem-se em ninhos e a ação é devastadora onde quer 4. Problemas no manuseio de livros e documentos: O
que ataquem. Na grande maioria das vezes, sua presença manuseio inadequado dos documentos é um fator de de-
só é detectada depois de terem causado grandes danos. gradação muito frequente em qualquer tipo de acervo. O
Os cupins percorrem áreas internas de alvenaria, tubu- manuseio abrange todas as ações de tocar no documento,
lações, conduteis de instalações elétricas, rodapés, baten- sejam elas durante a higienização pelos funcionários da
tes de portas e janelas etc., muitas vezes fora do alcance instituição, na remoção das estantes ou arquivos para uso
dos nossos olhos. do pesquisador, nas foto-reproduções, na pesquisa pelo
Chegam aos acervos em ataques massivos, através de usuário etc. O suporte-papel tem uma resistência deter-
estantes coladas às paredes, caixas de interruptores de luz, minada pelo seu estado de conservação. Os critérios para
assoalhos etc. higienização, por exemplo, devem ser formulados median-
Os ninhos não precisam obrigatoriamente estar dentro te avaliação do estado de degradação do documento. Os
dos edifícios das bibliotecas e arquivos. limites devem ser obedecidos. Há documentos que, por
Podem estar a muitos metros de distância, inclusive na mais que necessitem de limpeza, não podem ser manipu-
base de árvores ou outros prédios. lados durante um procedimento de higienização, porque o
Com muita frequência, quando os cupins atacam o tratamento seria muito mais nocivo à sua integridade, que
acervo, já estão instalados em todo o prédio. Da mesma é o item mais importante a preservar, do que a eliminação
forma que os outros agentes citados anteriormente, os da sujidade.
cupins se instalam em ambientes com índices de tempe- 4.1 Furto e vandalismo: Um volume muito grande de
ratura e umidade relativa elevados, ausência de boa circu- documentos em nossos acervos é vítima de furtos e van-
lação de ar, falta de higienização e pouco manuseio dos dalismo.
documentos. A falta de segurança e nenhuma política de controle
são a causa desse desastre.

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Além do furto, o vandalismo é muito frequente. A Para se fazer qualquer intervenção, deve-se obedecer
quantidade de documentos mutilados aumenta dia a dia. a critérios de prioridade estabelecidos no tratamento dos
Esse é o tipo de dano que, muitas vezes, só se constata acervos: de coleções gerais ou de obras raras, no caso de bi-
muito tempo depois. É necessário implantar uma política bliotecas, de documentos antigos ou mais recentes, no caso
de proteção, mesmo que seja através de um sistema de de arquivos.
segurança simples. Antes de qualquer intervenção, a primeira avaliação é se
Durante o período de fechamento das instituições, a nós somos capazes de executá-la.
melhor proteção é feita com alarmes e detectores internos. Alguns de nós seremos capazes e muitos outros não.
O problema é durante o horário de funcionamento, que é Esse é o primeiro critério a seguir.
quando os fatos acontecem. Caso não nos julguemos com conhecimentos necessá-
O recomendado é que se tenha uma só porta de entra- rios, a solução é buscar algum especialista da área ou acon-
da e saída das instalações onde se encontra o acervo, para dicionar o documento enquanto aguardamos o momento
ser usada tanto pelos consulentes/pesquisadores quanto oportuno de intervir.
pelos funcionários. 6. Características gerais dos materiais empregados em
As janelas devem ser mantidas fechadas e trancadas. conservação:
Nas áreas destinadas aos usuários, o encarregado precisa Nos projetos de conservação/preservação de acervos
ter uma visão de todas as mesas, permanecendo no local de bibliotecas, arquivos e museus, é recomendado apenas
durante todo o horário de funcionamento. As chaves das o uso de materiais de qualidade arquivística, isto é, daqueles
salas de acervo e o acesso a elas devem estar disponíveis materiais livres de quaisquer impurezas, quimicamente está-
apenas a um número restrito de funcionários. veis, resistentes, duráveis. Suas características, em relação aos
Na devolução dos documentos, é preciso que o funcio- documentos onde são aplicados, distinguem-se pela esta-
nário faça uma vistoria geral em cada um. bilidade, neutralidade, reversibilidade e inércia. Os materiais
5. Fatores de deterioração - conclusão não enquadrados nessa classificação não podem ser usados,
Como podemos ver, os danos são intensos e muitos pois apresentam problemas de instabilidade, reagem com o
são irreversíveis. Apesar de toda a problemática dos custos tempo e decompõem-se em outras substâncias que vão de-
de uma política de conservação, existem medidas que po-
teriorar os documentos com os quais estão em contato. Além
demos tomar sem despender grandes somas de dinheiro,
disso, são de natureza irreversível, ou seja, uma vez aplicados
minimizando drasticamente os efeitos desses agentes.
aos documentos não podem ser removidos.
Alguns investimentos de baixo custo devem ser feitos,
Dentro das especificações positivas, encontramos vários
a começar por:
materiais: os papéis e cartões alcalinos, os poliésteres inertes,
• treinamento dos profissionais na área da conservação
os adesivos alcalinos e reversíveis, os papéis orientais, borra-
e preservação;
• atualização desses profissionais (a conservação é uma chas plásticas etc., usados tanto para pequenas intervenções
ciência em desenvolvimento constante e a cada dia novas sobre os documentos como para acondicionamento.
técnicas, materiais e equipamentos surgem para facilitar e 7. Critérios para a escolha de técnicas e de materiais para
melhorar a conservação dos documentos); a conservação de acervos:
• monitoração do ambiente – temperatura e umidade Como já enfatizamos anteriormente, é muito importante
relativa em níveis aceitáveis; ter conhecimentos básicos sobre os materiais que integram
• uso de filtros e protetores contra a luz direta nos do- nossos acervos para que não corramos o risco de lhes causar
cumentos; mais danos.
• adoção de política de higienização do ambiente e dos Vários são os procedimentos que, apesar de simples, são
acervos; de grande importância para a estabilização dos documentos.
• contato com profissionais experientes que possam 8. Higienização:
assessorar em caso de necessidade. A sujidade é o agente de deterioração que mais afeta
Conservação: critérios de intervenção para a estabiliza- os documentos. A sujidade não é inócua e, quando conju-
ção de documentos gada a condições ambientais inadequadas, provoca reações
Os documentos que sofrem algum tipo de dano apre- de destruição de todos os suportes num acervo. Portanto, a
sentam um processo de deterioração que progressivamen- higienização das coleções deve ser um hábito de rotina na
te vai levá-los a um estado de perda total. Para evitar esse manutenção de bibliotecas ou arquivos, razão por que é con-
desfecho, interrompe-se o processo através de interven- siderada a conservação preventiva por excelência.
ções que levam à estabilização do documento. Durante a higienização de documentos, procedemos
Estabilizar um documento é, portanto, interromper também de forma simultânea a um levantamento de dados
um processo que esteja deteriorando o suporte e/ou seus sobre suas condições de conservação, para efeitos de futuras
agregados, através de procedimentos mínimos de inter- intervenções. É hora Durante a higienização de documentos,
venção. Por exemplo: estabilizar por higienização significa procedemos também de forma simultânea a um levanta-
que uma limpeza mecânica corrige o processo de deterio- mento de dados sobre suas condições de conservação, para
ração. No capítulo anterior, vimos os fatores de deteriora- efeitos de futuras intervenções. É hora também de executar
ção e seus efeitos nos documentos. O segundo passo será os primeiros socorros para que um processo de deterioração
a intervenção nesse processo de deterioração, através de em andamento seja interrompido, mesmo que não possa ser
estabilização dos documentos danificados. sanado no momento.

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8.1 Processos de higienização: • Flanela: serve para remover sujidade de encaderna-


8.1.1 Limpeza de superfície: ções, por exemplo;
O processo de limpeza de acervos de bibliotecas e ar- • Aspirador de pó: sempre com proteção de bocal e
quivos se restringe à limpeza de superfície e, portanto, é com potência de sucção controlada;
mecânica, feita a seco. A técnica é aplicada com o objetivo • Outros materiais usados para a limpeza: bisturi, pinça,
de reduzir poeira, partículas sólidas, incrustações, resíduos espátula, agulha, cotonete;
de excrementos de insetos ou outros depósitos de super- • Materiais de apoio necessários para limpeza mecâ-
fície. Nesse processo, não se usam solventes. A limpeza de nica:
superfície é uma etapa independente de qualquer trata- - raladores de plástico ou aço inox; borrachas de vinil;
mento mais intenso de conservação; é, porém, sempre a - fita-crepe;
primeira etapa a ser realizada. - lápis de borracha;
8.1.2 Razões que levam a realizar a limpeza do acervo: - luvas de látex ou algodão;
• A sujidade escurece e desfigura o documento, preju-
- máscaras;
dicando-o do ponto de vista estético.
- papel mata-borrão;
• As manchas ocorrem quando as partículas de poei-
- pesos;
ra se umedecem, com a alta umidade relativa ou mesmo
- poliéster (mylar);
por ataque de água, e penetram rapidamente no papel. A
sujeira e outras substâncias dissolvidas se depositam nas - folhas de papel siliconado;
margens das áreas molhadas, provocando a formação de - microscópios;
manchas. A remoção dessas manchas requer a intervenção Os livros, além do suporte-papel, exigem também tra-
de um restaurador. tamento de revestimento. Assim, o couro(inclui-se aqui o
• Os poluentes atmosféricos são altamente ácidos e, pergaminho), tecidos e plastificados fazem parte dos ma-
portanto, extremamente nocivos ao papel. São rapidamen- teriais pertencentes aos livros.
te absorvidos, alterando seriamente o pH do papel. Para a limpeza de livros utilizamos trinchas de diferen-
8.1.3 Avaliação do objeto a ser limpo tes tamanhos, pincéis, flanelas macias, aspiradores de baixa
Cada objeto deve ser avaliado individualmente para potência com proteção de boca, pinças, espátulas de metal,
determinar se a higienização é necessária e se pode ser entre outros materiais.
realizada com segurança. No caso de termos as condições Na limpeza do couro, é recomendável somente a utili-
abaixo, provavelmente o tratamento não será possível: zação de pincel e flanela macia, caso o couro esteja íntegro.
• Fragilidade física do suporte – Objetos com áreas Não se deve tratá-lo com óleos e solventes.
finas, perdas, rasgos intensos podem estar muito frágeis A encadernação em pergaminho não necessita do
para limpeza. Áreas com manchas e áreas atacadas por mesmo tratamento do couro. Como é muito sensível à
fungos podem não resistir à limpeza: o suporte torna-se umidade, o tratamento aquoso deve ser evitado. Para sua
escuro, quebradiço, manchado e, portanto, muito facil- limpeza, apresenta bons resultados o uso de algodão em-
mente danificado. bebido em solvente de 50% de água e álcool. O algodão
Quando o papel se degrada, até mesmo um suave precisa estar bem enxuto, e deve-se sempre buscar traba-
contato com o pó de borracha pode provocar a fragmen- lhar o suporte em pequenas áreas de cada vez. Nessa lim-
tação do documento. peza, é importante ter muito cuidado com os pergaminhos
• Papéis de textura muito porosa – Não se deve passar muito ressecados e distorcidos. A fragilidade é intensa e
borracha nesses materiais, pois a remoção das partículas o documento pode desintegrar-se. A estabilização de per-
residuais com pincel se torna difícil: gaminhos, nesse caso, requer os serviços de especialistas.
- papel japonês;
Há muita controvérsia no uso de Leather Dressing para
- papel de textura fragilizada pelo ataque de fungos
a hidratação dos couros. Os componentes das diversas
(que degradam a celulose, consumindo a encolagem);
fórmulas do produto variam muito (óleos, graxas, gordu-
- papel molhado (que perde a encolagem e, após a se-
ras) e, se mal aplicados, podem causar sérios problemas
cagem, torna-se frágil).
8.1.4 Materiais usados para limpeza de superfície: de conservação ao couro. A fórmula do British Museum é
A remoção da sujidade superficial (que está solta so- a mais usada e recomendada. O uso deve ser criterioso e
bre o documento) é feita através de pincéis, flanela macia, não indiscriminado. Em casos específicos de livros novos
aspirador e inúmeras outras ferramentas que se adaptam de coleções de bibliotecas, pode ser apropriado o seu uso
à técnica. como parte integrante de um programa de manutenção.
Como já foi dito anteriormente, essa etapa é obrigató- No caso dos revestimentos em tecido, a aplicação de
ria e sempre se realiza como primeiro tratamento, quais- trincha ou aspirador é recomendável, caso sua integridade
quer que sejam as outras intervenções previstas. o permita.
• Pincéis: são muitos os tipos de pincéis utilizados na Nas capas de livros revestidas em papel, pode ser uti-
limpeza mecânica, de diferentes formas, tamanhos, quali- lizado pó de borracha ou diretamente a borracha, caso a
dade e tipos de cerdas (podem ser usados com carga es- integridade do papel e das tintas não fique comprometida
tática atritando as cerdas contra o nylon, material sintético com essa ação.
ou lã);

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E, nos revestimentos plastificados (percalux e outros), As tintas ferrogálicas, conforme o caso podem destruir
deve-se usar apenas uma flanela seca e bem macia. um documento pelo seu alto índice de acidez. Todo cuida-
Na limpeza do miolo do livro, utilizamos um pincel do é pouco para manusear esses documentos. As espessas
macio, sem aplicar borracha ou pó de borracha. Além de tintas encontradas em partituras de música, por exemplo,
agredir as tintas, o resíduo de borracha é permanente e de podem estar soltas ou em estado de pó.
difícil remoção. Os resíduos agem como abrasivos e per- Tintas, como de cópias de carbono, são fáceis de “bor-
manecerão em contato com o suporte para sempre. rar”, ao mesmo tempo em que o tipo de papel utilizado
8.2.1 Limpeza de livros – metodologia em mesa de hi- para isso é fino e quebradiço, tornando o manuseio mui-
gienização to arriscado e a limpeza de superfície desaconselhável. As
- Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha, áreas ilustradas e decorativas dos manuscritos iluminados
pincel macio, aspirador, flanela macia, conforme o estado são desenhadas com tintas à base de água que podem es-
da encadernação; tar secas e pulverulentas. A limpeza mecânica, nesses ca-
- Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela sos, deve ser evitada.
lombada, apertando o miolo. Com uma trincha ou pincel, 8.3.2 Documentos em grande formato:
limpar os cortes, começando pela cabeça do livro, que é Desenhos de Arquitetura – Os papéis de arquitetura
a área que está mais exposta à sujidade. Quando a sujei- (no geral em papel vegetal) podem ser limpos com pó de
ra está muito incrustada e intensa, utilizar, primeiramente, borracha, após testes. Pode-se também usar um cotonete -
aspirador de pó de baixa potência ou ainda um pedaço de bem enxuto e embebido em álcool. Muito sensíveis à água,
carpete sem uso; esses papéis podem ter distorções causadas pela umidade
- O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha, que são irreversíveis ou de difícil remoção.
numa primeira higienização; Posters (Cartazes) – As tintas e suportes de posters são
- Oxigenar as folhas várias vezes. muito frágeis. Não se recomenda limpar a área pictórica.
Num programa de manutenção, pode-se limpar a en- Todo cuidado é pouco, até mesmo na escolha de seu acon-
cadernação, cortes e aproximadamente as primeiras e últi- dicionamento.
mas 15 folhas, que são as mais sujeitas a receber sujidade, Mapas – Os mapas coloridos à mão merecem uma
devido à estrutura das encadernações. Nos livros mais frá- atenção especial na limpeza. Em mapas impressos, desde
geis, deve-se suportar o volume em estruturas adequadas que em boas condições, o pó de borracha pode ser aplica-
durante a operação para evitar danos na manipulação e do para tratar grandes áreas. Os grandes mapas impressos,
tratamento. muitas vezes, têm várias folhas de papel coladas entre si
Todo o documento que contiver gravuras ou outra téc- nas margens, visando permitir uma impressão maior. Ao
nica de obra de arte no seu interior necessita um cuidado fazer a limpeza de um documento desses, o cuidado com
redobrado. Antes de qualquer intervenção com pincéis, as emendas deve ser redobrado, pois nessas, geralmen-
trinchas, flanelas, é necessário examinar bem o documento, te, ocorrem descolamentos que podem reter resíduos de
pois, nesse caso, só será recomendada a limpeza de super- borracha da limpeza, gerando degradação. Outros mapas
fície se não houver nenhum risco de dano. são montados em linho ou algodão com cola de amido. O
No caso dos documentos impressos como os livros, verso desses documentos retém muita sujidade. Recomen-
existe uma grande margem de segurança na resistência da-se remover o máximo com aspirador de pó (munido das
das tintas em relação ao pincel. Mesmo assim, devemos devidas proteções em seu bocal e no documento).
escolher o pincel de maciez adequada para cada situação. 9. Pequenos reparos:
Em relação às obras de arte, as técnicas são tão variadas e Os pequenos reparos são diminutas intervenções que
as tintas de composições tão diversas que, de modo algum, podemos executar visando interromper um processo de
se deve confiar na sua estabilidade frente à ação do pincel deterioração em andamento. Essas pequenas intervenções
ou outro material. devem obedecer a critérios rigorosos de ética e técnica e
8.3 Higienização de documentos de arquivo: têm a função de melhorar o estado de conservação dos
Materiais arquivísticos têm os seus suportes geralmen- documentos. Caso esses critérios não sejam obedecidos, o
te quebradiços, frágeis, distorcidos ou fragmentados. Isso risco de aumentar os danos é muito grande e muitas vezes
se deve principalmente ao alto índice de acidez resultante de caráter irreversível.
do uso de papéis de baixa qualidade. As más condições de Os livros raros e os documentos de arquivo mais an-
armazenamento e o excesso de manuseio também contri- tigos devem ser tratados por especialistas da área. Os
buem para a degradação dos materiais. Tais documentos demais documentos permitem algumas intervenções, de
têm que ser higienizados com muito critério e cuidado. simples a moderadas. Os materiais utilizados para esse fim
8.3.1 Documentos manuscritos: devem ser de qualidade arquivística e de caráter reversí-
Os mesmos cuidados para com os livros devem ser to- vel. Da mesma forma, toda a intervenção deve obedecer
mados em relação aos manuscritos. O exame dos docu- a técnicas e procedimentos reversíveis. Isso significa que,
mentos, testes de estabilidade de seus componentes para caso seja necessário reverter o processo, não pode existir
o uso dos materiais de limpeza mecânica e critérios de in- nenhum obstáculo na técnica e nos materiais utilizados.
tervenção devem ser cuidadosamente realizados.

18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

Os procedimentos e técnicas para a realização de re- De alguns documentos são eliminadas todas as vidas, por
paros em documentos exigem os seguintes instrumentos: não possuírem qualquer interesse para a guarda permanente ou
- mesa de trabalho; porque suas informações são importantes,
- pinça;
- papel mata-borrão; Como classificar os documentos para eliminar
- entretela sem cola; Para os documentos que serão avaliados para destinação
- placa de vidro; final também se utiliza o assunto como critério classificador,
- peso de mármore; devendo proceder da seguinte maneira:
- espátula de metal;
1. Separar os documentos por assunto;
- espátula de osso;
2. Localizar o assunto no Código de Classificação de
- pincel chato;
Documentos;
- pincel fino; 3. Anotar o Código/Assunto em folha A4 ou planilha, que
- filme de poliéster. será a folha de rosto dos documentos agrupados;
4. Acondicionar esses documentos utilizando uma caixa
EPIs – Equipamentos de Proteção Individual - São arquivo para cada assunto/código pois será quantificado no
os dispositivos de uso pessoal destinados a resguardar momento do preenchimento do formulário de eliminação (Ver
a saúde e a integridade física do trabalhador. Devemos modelo de lombada nos anexos);
trabalhar sempre protegidos com avental, luva, máscara, 5. Colar nesta caixa a etiqueta padrão para Eliminação;
toucas, óculos de proteção e pró-pé/bota. 6. Caso o documento não pertença mais ao arquivo
A não-utilização de EPIs durante a realização do corrente, mas está em uma caixa aguardando avaliação, ou seja,
trabalho, pode acarretar diversas manifestações alérgicas, a definição de sua temporalidade, ele deverá ser agrupado com
como rinite, irritação ocular, problemas respiratórios. os outros do mesmo código e acondicionado em caixa arquivo
com etiqueta padrão;
Eliminação de documentos 7. O documento que já cumpriu a fase intermediária e é
A eliminação de documentos é definida após a análise de guarda permanente, será higienizado e acondicionado para
da Subcomissão de Avaliação, que julga os valores primário futuro tratamento.
e secundário dos documentos, seguindo os critérios
Digitalização e controle de qualidade
indicados neste manual e os prazos de arquivamento da
Essa recomendação visa auxiliar as instituições detentoras
Tabela de Temporalidade.
de acervos arquivísticos de valor permanente, na concepção e
Segundo a Resolução Federal nº 7, de 20/05/1997, execução de projetos e programas de digitalização.
definida pelo CONARQ – Conselho. O processo de digitalização pode desempenhar função
Nacional de Arquivos, o registro dos documentos essencial no acesso aos documentos de arquivo e como auxílio à
a serem eliminados deverá ser efetuado por meio dos sua preservação, constituindo-se como instrumento capaz de dar
seguintes instrumentos, que são de guarda permanente: acesso simultâneo local ou remoto aos representantes digitais
§ Listagem de Eliminação de Documentos. Tem por de diferentes gêneros documentais, como os documentos
objetivo registrar informações pertinentes aos documentos textuais, cartográficos e iconográficos em suportes convencionais.
a serem eliminados. Esta deve ser aprovada pela Comissão A digitalização de acervos é uma das ferramentas
da Avaliação de Documentos – CAD. essenciais ao acesso e à difusão dos acervos arquivísticos, além
§ Edital de Ciência de Eliminação de Documentos. de contribuir para a sua preservação, uma vez que restringe
Tem por objetivo tornar público, em periódicos oficiais, o o manuseio aos originais. Entretanto, não se pode privilegiar
ato de eliminação dos acervos arquivísticos. O modelo do ações de digitalização em detrimento das ações de conservação
Edital de Ciência de Eliminação de Documentos baseia- convencional dos acervos físicos custodiados em instituições
se na Resolução Federal nº 5, de 30/09/1996, definida arquivísticas, pois os originais são únicos e insubstituíveis,
pelo CONARQ, que dispõe sobre o assunto e dá outras quanto ao seu conteúdo como em seus elementos materiais.
providências. (Formulário II). A adoção de um processo de digitalização implica
no conhecimento não só dos princípios da arquivologia,
§ Termo de Eliminação de Documentos. Tem por
mas também das questões relacionadas à escolha e ao
objetivo registrar as informações relativas ao ato de
gerenciamento do ambiente tecnológico em que se inserem
eliminação. (Formulário III). os representantes digitais. Isto quer dizer que os gestores das
instituições arquivísticas e os demais profissionais envolvidos
Os documentos que aguardam aprovação para sua deverão levar em consideração os custos de implantação do
eliminação devem ser acondicionados em caixas-box, projeto de digitalização, compreendendo que um processo
identificadas com lombadas específicas. como este exige necessariamente um planejamento de longo
prazo, com previsão orçamentária e financeira capaz de garantir
Para algumas vias do documento, a eliminação pode a atualização e a aquisição de novas versões de software e
ser efetuada no próprio arquivo corrente, pelos servidores hardware, seleção de formatos digitais e a adoção de requisitos
daquela unidade, sob orientação da comissão ou grupo de mínimos, que garantam a preservação e a acessibilidade a curto,
avaliação. médio e longo prazo dos representantes digitais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnico Legislativo
Auxiliar
- Categoria:
Institucional
Técnico
- Arquivologia
de Arquivo e Biblioteca

É fundamental reconhecer que um projeto de Projeto de digitalização


digitalização envolve a captura digital, o processamento, Pressupõe-se que a organização arquivística dos
o armazenamento e a distribuição, bem como o documentos e o estabelecimento de um programa
gerenciamento do ambiente tecnológico em que está de avaliação e seleção dos conjuntos documentais a
inserido. A tomada de decisão relativa à adoção da serem digitalizados, já tenham sido desenvolvidos, e o
tecnologia digital deve prever a infra-estrutura para a acervo arquivístico selecionado deve, previamente, estar
implantação e sustentabilidade do projeto em longo prazo, higienizado, identificado e organizado (arranjo, descrição e
além dos recursos orçamentários e financeiros para a sua indexação) antes do processo de digitalização.
manutenção.
Com a identificação das espécies documentais e
Devido à natureza complexa de um ambiente
das características físicas do acervo, do seu estado de
tecnológico de rápidas mudanças e de elevados custos de
conservação, dos tipos e a quantificação será determinado,
implementação e manutenção para a obtenção de uma
qualidade arquivística é recomendável atuar em projetos em primeiro lugar, o menor caractere (linha, traço, ponto,
cooperativos, onde as entidades custodiadoras de acervos mancha de impressão) a ser digitalizado, a fim de se
a serem digitalizados interajam com outras organizações determinar o tipo de equipamento, e a resolução a serem
possuidoras de infra-estrutura tecnológica e pessoal utilizados para a captura digital, oferecendo a criação de
técnico especializado, que sirvam como repositórios digitais um representante digital com qualidade satisfatória para o
de segurança e preservação a longo prazo, tendo ainda uso que se pretende dar (acesso, reprodução). Em segundo
algumas a finalidade de oferecer apropriada estrutura para lugar serão definidos os equipamentos de captura digital
acesso aos representantes digitais. que devem estar adequados às características físico-
Finalmente, um projeto de digitalização de documentos químicas de cada tipo de documento, de modo a não
arquivísticos de valor permanente deve procurar atingir oferecer riscos a integridade física do original.
requisitos não apenas para as necessidades atuais, mas Como os documentos arquivísticos originais a serem
também para o futuro, requisitos estes que garantam uma digitalizados devem possuir as condições de conservação
fidelidade maior e melhor ao original, formatos digitais e manuseio que permitam, sem causar danos aos mesmos,
abertos, capacidade de interoperabilidade, evitando-se o processo de captura digital, recomenda-se a consulta
também em momento muito próximo a necessidade de aos Cadernos Técnicos do Projeto de Conservação
refazer a digitalização, além de conseguir a satisfação dos
Preventiva de Bibliotecas e Arquivos - CPBA, de nºs 1 a
usuários finais apresentando um produto que esteja de
9: Armazenagem e Manuseio; 10 a 12: Procedimentos de
acordo com as suas necessidades.
Conservação, 13 - Manual de Pequenos Reparos emLivros,
Entendemos a digitalização como é um processo de nº 39 - Preservação de fotografias: métodos básicos para
conversão dos documentos arquivísticos para formato salvaguardar suas coleções e, nº 41 - Indicações para o
digital, e que consiste em unidades de dados binários, cuidado e a identificação da base de filmes fotográficos.
denominadas de bits, com os quais os computadores criam, O processo de digitalização deverá ser realizado,
recebem, processam, transmitem e armazenam dados. preferencialmente, nas instalações das instituições
Todo o tipo de documento que contenha textos, imagens detentoras do acervo documental, evitando seu transporte
(fixas ou em movimento) e áudio pode ser convertido para e manuseio inadequados, e a possibilidade de danos
um formato digital similar, o que significa que o resultado causados por questões ambientais, roubo ou extravio.
dessa conversão não é igual ao original. Recomenda-se a digitalização de conjuntos
De acordo com a natureza do documento arquivístico documentais integrais, como fundos/coleções, ou séries.
original, diversos dispositivos tecnológicos (hardware) e No entanto é possível digitalizar itens documentais
programas de computadores (software) serão utilizados isolados, devido à constatação de alta frequência de
para converter em dados binários o documento original acesso e uso, alto valor intrínseco6, estado de conservação,
para diferentes formatos digitais. necessidade de incrementar a segurança sem, entretanto,
Representantes digitais dos documentos permanentes descontextualizá-los do conjunto a que pertencem.
não os substituem como originais e que devem ser
preservados. A digitalização, portanto é dirigida para o
Captura da imagem
acesso, difusão e preservação do acervo documental.
O processo de captura da imagem deverá ser realizado
Por que digitalizar: com o objetivo de garantir o máximo de fidelidade entre
·Contribuir para o amplo acesso aos documentos o representante digital e o documento original, levando
arquivísticos. em consideração suas características físicas, estado de
·Incrementar a preservação e segurança dos conservação e finalidade de uso do representante digital.
documentos arquivísticos originais em outros suportes. No processo de captura digital dos documentos
·Permitir o intercâmbio de acervos e de instrumentos arquivísticos, deve-se observar os parâmetros que possam
de pesquisa por meio de redes informatizadas. significar riscos ao documento original, desde as condições
·Promover a difusão e reprodução dos acervos de manuseio, a definição dos equipamentos de captura,
arquivísticos não digitais, em formatos e apresentações o tipo de iluminação, o estado de conservação e o valor
diferenciados do formato original. intrínseco do documento.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

A definição de metodologia de processamento deve A interpolação em imagens digitais consiste na adição,


garantir a maior e melhor fidelidade do representante por meio de software, de novos pixels, a partir dos pixels
digital em relação ao documento original e registrar os existentes. Seu propósito é fazer com que uma imagem
metadados técnicos a respeito do ambiente tecnológico digital pareça sido capturada originalmente com maior
(do original, da captura digital, do formato digital) e as resolução. É para uso, por exemplo, em imagens pequenas,
características físicas dos documentos originais. Para como thumbnails em sítios da internet é um recurso que
manter uma desejável fidelidade visual do representante não pode ser utilizado para a geração de matrizes digitais.
digital em relação ao documento original, recomenda-se A compressão de formato de imagem digital é um
que sejam digitalizadas as capas, contracapas e envoltórios, recurso amplamente utilizado, tanto para armazenamento
bem como páginas sem impressão. quanto para a transmissão de dados, e muitos formatos
É necessário que os equipamentos utilizados digitais e softwares de imagem permitem a sua compressão,
possibilitem a captura digital de um documento arquivístico o que os tornam menores em bits. Existem formatos de
de forma a garantir a geração de um representante digital compressão sem perdas (lossless), ou de compressão com
que reproduza, no mínimo, a mesma dimensão física do perdas (lossy). A compressão não deve afetar a qualidade
original em escala 1:1, sem qualquer tipo de processamento da imagem digital em relação a sua fidelidade visual em
posterior através de softwares. Recomendamos a adoção relação ao original na escala 1:1.
de resolução entre 300 a 600 dpi, sendo a resolução de 300
dpi a menor possível para a obtenção de um representante Modelo de verificação da qualidade do representante
digital com capacidade de reproduzir o original em escala digital
1:1. Essa lista de verificação é para se obter um indicativo de
Deve-se fazer a consulta aos Cadernos Técnicos do
qualidade da captura digital e da criação dos representantes
CBPA, de nº 51 do CBPA: Requisitos de resolução digital
digitais. Matriz digital e das derivadas.
para textos: métodos para o estabelecimento de critérios
de qualidade de imagem, e o Caderno Técnico de nº
44 O básico sobre o processo de digitalizar imagens,
e a recomendação do National Archives and Records
Administration (NARA). Technical Guidelines for Digitizing
Archival Materials for Electronic Access: Creation ofProduction
Master Files – Raster Images For the Following Record Types-
Textual, GraphicIllustrations/Artwork/Originals, Maps, Plans,
Oversized, Photographs, Aerial Photographs,and Objects/
Artifacts.

Parâmetros para a obtenção de qualidade da


imagem digital
A qualidade da imagem digital é o resultado dos
seguintes fatores: da resolução de escaneamento adotada,
da profundidade de bit, dos processos de interpolação
(quando utilizados) e dos níveis de compressão, além,
das características dos próprios equipamentos e técnicas
utilizadas nos procedimentos que resultam na imagem
digital:
A resolução linear é determinada pelo número de
pixels utilizados para apresentar a imagem, e expressa em
pontos por polegada (dpi) ou pixels por polegada (ppi) da
vertical e horizontal da imagem digital (eixo X,Y). Quanto
maior o número de pixels utilizados no processo de captura
digital de imagem, mais elevada será a resolução linear e,
portanto, a possibilidade de representar a imagem original
com a riqueza de detalhes do documento original.
A profundidade de bit é uma forma de mensuração
para o número de bits utilizados para definir cada pixel.
Quanto maior o numero de bits para compor cada pixel,
maior será a escala de tonalidades de cinza (greyscale) –
onde há um bit por pixel para as cores (modo de cores) a
serem apresentadas. Quando só se utiliza um bit por pixel
denominamos de bitonal, ou seja, há apenas o preto ou o
branco.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnico Legislativo
Auxiliar
- Categoria:
Institucional
Técnico
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de Arquivo e Biblioteca

1. A imagem tem o tamanho/resolução Confira os benefícios:


pretendido? • Diminuição do espaço necessário para guardar
documentos e custos de locação, manutenção, segurança,
etc.
a. Matriz Digital • Segurança contra perda. A digitalização previne
b. Matriz Digital com Processamento da Imagem a perda de documentos devido à deterioração ou
(opcional) acontecimentos como enchentes, incêndios ou até um
c. Formatos de Acesso acidente banal como rasgar um documento durante o
manuseio ou derrubar uma xícara de café naquele relatório
d. Thumbnail importante que estava sobre a mesa.
e. Outros formatos derivados de acesso • Controle de acesso. Somente usuários autorizados
podem acessar a informação com diferentes níveis de
2. O nome da imagem digital esta correto? acesso.
• Rapidez no acesso a informação. A rapidez para
a. Matriz Digital conseguir informações é essencial na tomada de decisões
b. Matriz Digital com Processamento da Imagem estratégicas nos dias de hoje.
(opcional). • Preservação do Meio Ambiente. Reduzir a
c. Formatos de Acesso quantidade de documentos físicos também reduz o
impacto na produção de papel por exemplo. Até impactos
d. Thumbnail indiretos como custos com transporte são diminuídos.
e. Outros formatos derivados de acesso
A era das soluções rápidas
3. O Formato Digital da imagem está correto? Entender o sentido do processo de digitalização é sim-
ples, basta identificar as necessidades de soluções rápidas
a. Matriz Digital dos dias de hoje.
b. Matriz Digital com Processamento de Imagem Atualmente as fontes de buscas rápidas são concentra-
(opcional) das em sites de busca (Google, Bing, Yahoo), que pesqui-
sam a partir de uma palavra-chave e oferecem resultados
c. Formatos de Acesso
instantâneos de assuntos, arquivos e documentos relevan-
d. Thumbnail tes para o usuário.
e. Outros formatos derivados de acesso Este processo de transformação de documentos em
papel para imagens digitais (escaneadas) vem sendo a ma-
neira mais eficaz e prática para a rápida localização das
4. Verificação de Qualidade Digital com
informações.
comparação com o documento original
a. A imagem esta correta no modo de cor Introdução ao GED – Produtividade e custo-benefí-
b. Recorte correto cio
O armazenamento de documentos digitalizados é mais
c. Sem rotação
seguro e organizado e o crescimento do processo de digi-
d. Sem inversão talização se dá pela iniciativa das empresas, que a cada dia
e. Sem inclinação observam o aumento da produtividade dos escritórios por
conta do rápido acesso as informações e ótimo custo-be-
f. Perda de nitidez/ excesso de nitidez
nefício.
g. Presença de interferência em imagens com linhas Dada a redução de espaço para armazenamento de do-
- Padrão Moiré cumentos e também a redução de custos com impressões,
h. Não pixelado cópias e funcionários, essa mudança para digital não vem
sendo só uma mudança operacional, mas também cultural.
i. Predominância de uma das cores da imagem
 GED – Gerenciamento Eletrônico de Documentos
j. Histograma Prevê a diminuição da necessidade de arquivos em fo-
k. Sem alto contraste / sem alta luminosidade lhas de papel onde as buscas pelos documentos são ex-
tremamente trabalhosas, cansativas e desperdiçam muito
l. Valores tonais desiguais / reflexos tempo.
n. Aspecto granulado O GED é uma revolução em velocidade e ganho de
m. Observações gerais1 produtividade para as empresas. Com um software de digi-
talização e poucos cliques você já acha o documento pro-
curado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

Toda empresa tem gestão de documentos que preci- Atualmente existem disponíveis no mercado diversos
sam atender a normas fiscais e legais e o GED é uma forma tipos de equipamento de captura digital para imagens, que
de ter esses documentos organizados em um data-center, se aplicam aos diversos tipos de documentos arquivísticos.
que inclui todo um sistema de segurança nesse aspecto, A definição do equipamento de captura digital a ser
por exemplo, sistemas criptografados. utilizado só poderá ser realizada após o minucioso exame
Além da facilidade e velocidade de organização do do suporte original, considerando suas características
GED, uma diferença importante dessa evolução tecnoló- físicas e estado de conservação, de forma a garantir aos
gica, é a questão do documento de papel estar sempre representantes digitais a melhor fidelidade visual em
exposto ao meio; a tinta se apaga com o tempo, envelhe- relação aos documentos originais, e sem comprometer seu
ce, amassa, existe a exposição e risco de queimar, molhar, estado de conservação.
rasgar, etc. A perda total de documentos de papel é muito Para escolha dos equipamentos pessoais ou para em-
fácil. presas, deve-se considerar as necessidades de digitaliza-
Proteja seus documentos. Segurança de dados e ção. Há diferentes scanners, com diferentes funções e essa
back up automatizados escolha depende basicamente dos fatores abaixo:
O GED pode incluir os documentos já criados digital- • Quantidade de documentos a serem digitalizados
mente, ou seja, que não vieram de documentos físicos. e ciclo diário: a quantidade que será digitalizada no dia a
Um sistema de GED é uma forma extremamente se- dia.
gura de acesso aos arquivos, todo o movimento digital • Formato dos arquivos (A3, A4, fotos, filmes,
é gravado, e pode-se saber, quem, quantas vezes, hora e cartões, etc).
data que arquivo foi acessado. Há um registro completo • Velocidade de digitalização.
do tráfego do seu documento. • Tamanho dos arquivos a serem armazenados.
Os arquivos de uma empresa têm diversos graus de • Disponibilidade dos equipamentos (uso em redes,
confidencialidade e esse sistema assegura que apenas departamentos, etc).
usuários autorizados possam acessar os documentos digi- Para melhor custo-benefício da empresa ou pessoa
talizados. Existe usuário, senha e níveis de permissão para física, a escolha do Scanner depende da necessidade de
cada pessoa. cada um, já há variações de modelos de Scanners que se
A questão da segurança contra Hackers também é adaptam as necessidades do usuário.
pensada e criada especificamente. Os documentos estão Hoje existem Scanners disponíveis que digitalizam
salvos, porém em um sistema criptografado, que não per- até 210 folhas por minuto (os Scanners para Produção) e
mite que o Hacker consiga a informação completa do ar- Scanners de mesa que digitalizam até 100 páginas por mi-
quivo. nuto (os Scanners Profissionais de Alta Velocidade), como
Se ele consegue o acesso, que já é pouco provável, também existem scanners portáteis e compactos que fun-
ele não consegue o acesso ao documento completo. Além cionam sem fonte de alimentação e que digitalizam até 20
desses sistemas de segurança, há muitos outros facilitado- páginas por minuto frente e verso.
res pensados especificamente para a segurança e pratici- Scanners de rede permitem que usuários de médios e
dade no acesso aos documentos. grandes escritórios compartilhem o mesmo equipamento.
Mas a segurança não deve ser pensada somente no A escolha de um scanner profissional se destaca pela
que diz respeito ao acesso não autorizado. Perdas de da- compactação de arquivos digitais e imagens sem perder
dos também podem acontecer em meios digitais por mo- a qualidade, ajuste de brilho automático e digitalização
tivos diversos, como defeitos nos equipamentos ou falhas frente e verso (duplex) também automática dentre outras
operacionais. funcionalidades.
É imprescindível ter uma política de cópias de segu- Além da diferença de velocidade e softwares comple-
rança (back up) do seu acervo de documentos. Esta có- tos e específicos para a ação de digitalização, os scanners
pia previne perdas ou documentos corrompidos de forma se destacam por não precisarem de tanta frequência na
digital. limpeza e nas trocas dos consumíveis.
Sistemas de GED devem estar configurados para efe-
tuar as cópias automaticamente e de forma periódica. Compartilhamento e nuvem – A tecnologia da velo-
cidade e praticidade
Como escolher o melhor equipamento para sua ne- Atualmente no mercado, além dos scanners, também
cessidade existem multifuncionais avançadas que sincronizam ta-
O principal equipamento necessário para a digitaliza- blets, celulares ou notebooks, com as funções de impres-
ção de documentos é o Scanner. Você pode utilizar um são e digitalização.
scanner profissional de maior volume ou um equipamento Esta tecnologia permite operar os pedidos de impres-
multifuncional são e digitalização de qualquer um dos diversos aparelhos,
via rede sem fio. Muitas vezes sem a necessidade de um
computador de mesa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnico Legislativo
Auxiliar
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Institucional
Técnico
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de Arquivo e Biblioteca

O sistema permite sincronizar os arquivos digitaliza- Exercícios


dos com a nuvem (cloud computing), ou imprimir arqui-
vos da nuvem, sem necessidade da conexão de cabos.
 O armazenamento automático na nuvem, só facilita a 01. (Acesso Publico/2015 - Colégio Pedro II)
segurança e organização dos arquivos e diminui a neces- Ao organizar e arquivar uma serie de documentos,
sidade de espaço para armazenamento em seu computa- ordenados por nome, assunto ou local, o sistema de
classificação utilizado será:
dor ou rede.
a) alfabético.
Vários outros aplicativos podem ser compatíveis com
b) alfanumérico.
essas multifuncionais, por exemplo: Facebook, Flicker, Pi-
c) cronológico.
casa, Googles docs, Evernote e Dropbox.
d) geográfico.
e) numérico.
Microfilmagem – A tecnologia da preservação
A microfilmagem é o processo que transfere o con- 02. (FUNCAB/2015 - MPOG) Na área arquivística,
teúdo de um documento em papel, ou de outros tipos de a tabela de temporalidade só  deve ser aplicada após
documentos para imagens em microfilme (filme fotográfi- sua aprovação pela autoridade competente. Conforme
co) com qualidade arquivística de até 500 anos. Valentini (2009),  alguns dos principais elementos
Uma área interessante que está inteiramente ligada ao constantes em uma tabela de temporalidade são:
processo de microfilmagem é a de Arquivologia. I. destinação, tipo e/ou assunto dos documentos.
Esta área têm como finalidade a restauração de livros, II. número e ano da legislação utilizada.
desenhos, etc. e com a microfilmagem é possível guardar III. período, quantificação e prazos de retenção.
e organizar os documentos recuperados de forma com- IV. registro e identificação da instituição atendida.
pacta, reduzindo a necessidade de espaço para armazena- Está correto o que se afirma apenas em:
mento desses documentos. a) I e III.
O documento microfilmado tem o mesmo valor do b) I, II e III.
documento original. Isso permite que após a microfilma- c) II e IV.
gem, a empresa possa eliminar o documento em papel, d) III e IV.
restando apenas os rolos compactos de microfilme. e) II e III.

Conclusão – O mundo acompanha a tecnologia 03. (Prova:  COPS-UEL - 2013 - AFPR - Assistente
É preciso estar atualizado e rever as necessidades para Administrativo) - Sobre sistemas de arquivos e
melhor adaptação à era tecnológica. O digital é o futuro protocolos, considere as afirmativas a seguir. 
no presente, novos conceitos e mudanças, não só opera- I. O método de arquivamento por assunto ou
cionais, mas principalmente culturais. específico recupera arquivos através de seu conteúdo.
O mundo digital só é implantado para melhora de ve- II. Os documentos públicos são identificados como
ofício, recorrentes e fixos. 
locidade nos processos feitos com folhas de papel, porque
III. Os documentos de valor corrente são inalienáveis
hoje, em qualquer parte do planeta, o mundo dos negó-
e imprescritíveis. 
cios de exige agilidade. “Tempo é dinheiro”.
IV. Arquivos Públicos são arquivos de instituições
As tecnologias estão a cada dia otimizando os aspec-
governamentais de âmbito federal ou estadual ou
tos de rapidez de acesso às informações e observando municipal. 
cada vez mais o aumento da produtividade. A adaptação Assinale a alternativa correta.
ao processo digital é mais que essencial, afinal ninguém a) Somente as afirmativas I e II são corretas
quer parar a evolução e nem ficar pra trás.1 b) Somente as afirmativas I e IV são corretas
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas

04. (CESPE/ 2014 – ANTAQ) Julgue o item que se


segue, a respeito de arquivologia.
Ainda que tenham surgido novos suportes
documentais, principalmente os documentos
natodigitais, o conceito de arquivo mantém-se
inalterado.
( ) Certo
( ) Errado

1 http://netscandigital.com

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

GABARITO
ANOTAÇÕES
01 A
02 A ___________________________________________________
03 0
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04 Certo
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(Footnotes) ___________________________________________________
1 Fonte: www.unesp.br ___________________________________________________

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnico Legislativo
Auxiliar
- Categoria:
Institucional
Técnico
- Arquivologia
de Arquivo e Biblioteca

ANOTAÇÕES

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

ANOTAÇÕES

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Técnico Legislativo
Auxiliar
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Institucional
Técnico
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de Arquivo e Biblioteca

ANOTAÇÕES

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Auxiliar Institucional - Arquivologia

ANOTAÇÕES

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29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Técnico Legislativo
Auxiliar
- Categoria:
Institucional
Técnico
- Arquivologia
de Arquivo e Biblioteca

ANOTAÇÕES

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