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No 22

NAB
as grandes novidades da

2015
Câmeras, drones e muitos
acessórios. Conheça os
principais lançamentos
da grande feira de Las Vegas

Áudio
Fashion A febre Os detalhes de todos
os recursos do novo

film
Veja uma
nova forma
de mostrar
dos filmes
de festa de
gravador Zoom H6

o mundo
da moda 15 anos
Confira dicas de como
trabalhar neste segmento

A técnica do slow motion Curta feito com iPhone 6 80 videoclipes pelo mundo
Os primeiros passos para você Os bastidores do filme que é um A etapa brasileira do projeto que
fazer filmagens em câmera lenta sucesso em festivais dos EUA une vídeo, música e aventura
CANON EOS

O MUNDO
ENCANTADO QUE
EXISTE NO JARDIM

Com a Canon EOS Rebel T5, fica


fácil tirar fotos lindas e com qualidade
profissional. A função Modo de Cena
Inteligente Automático analisa as
condições do ambiente e configura os
ajustes da câmera automaticamente
para sua foto sair perfeita. O resultado
é uma fotografia incrível, com efeitos
que nenhuma câmera compacta ou
smartphone consegue alcançar.

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Aydano Roriz
Luiz Siqueira
Tânia Roriz
Vivi Carrara Ao leitor
A
Editor e Diretor Responsável: célebre frase “uma câmera na mão e uma ideia na ca-
Aydano Roriz
Diretor Executivo: Luiz Siqueira beça”, legado dos tempos do Cinema Novo, é de um
Diretor Editorial e jornalista responsável:
Roberto Araújo - MTb.10.766 tempo romântico em que as produções careciam de
araujo@europanet.com.br
uma série de recursos e muita gente parecia não se importar
Redação
com um corte brusco ou um áudio péssimo – sem contar o ro-
Diretor de redação: Sérgio Branco teiro precário, a edição capenga e por aí vai. Hoje, em um mun-
Redação: Karina Sérgio Gomes (editora-assistente)
e Guilherme Mota (colaborador especial) do extremamente audiovisual, no qual um simples smartphone
Editora de Arte: Vera Grandisky Lerner
Projeto Gráfico: Vera Grandisky Lerner pode fazer coisas inimagináveis cinco anos atrás, não basta
Revisão de texto: Denise Camargo
Colaboraram nesta edição: Américo Fazio, Carol Teresa, Flávia ter a câmera e a ideia. É preciso ir muito mais além.
Santinon (arte) e Luísa Pécora
As ideias, é claro, são o ponto de partida. E quanto mais cria-
Publicidade
Diretor: Mauricio Dias (11) 3038-5093
tivas, ousadas, autênticas e surpreendentes, melhor. O passo
São Paulo
seguinte é transformar a ideia em uma produção audiovisual
Publicidade@europanet.com.br de, no mínimo, boa qualidade. O ideal é buscar o ótimo, o ex-
Coordenador: Rodrigo Sacomani
Equipe de Publicidade: Angela Taddeo, Alessandro celente, o magnífico. Mas se ficar no bom, missão cumprida.
Donadio, Elisangela Xavier, Lígia Caetano,Renato Peron
e Roberta Barricelli Mesmo com todos os recursos e ferramentas acessíveis a
Criação Publicitária: Daniel Bordini
Tráfego: Gabrielle Saraiva qualquer jovem filmmaker atualmente, não é fácil produzir
Outras regiões: com boa qualidade um curta, um videoclipe, um documentário
Brasília: New Business – (61) 3323-0205
Bahia e Sergipe: Aura Bahia – (71) 3345-5600/9965-8133
ou uma cobertura de casamento.
Paraná: GRP Mídia – (41) 3023-8238
Rio Grande do Sul: Semente Associados (51) 8146-1010
Por menor que seja, uma boa produção audiovisual deve
Santa Catarina: MC Representações – (48) 3223-3968 atender a certos critérios. O roteiro para
EUA e Canadá: Global Media, +1 (650) 306-0880
organizar a filmagem e a captação de
Europa Digital
Gerente: Marco Clivati (marco.clivati@europanet.com.br) som com microfone apropriado para um
Equipe: Adriano Severo, Anderson Cleiton,
Anderson Ribeiro e Karine Ferreira áudio limpo, sem problemas, é o básico.
Circulação e livrarias Mas muito iniciante “esquece” desses
Gerente: Ezio Vicente (ezio@europanet.com.br)
Equipe: Henrique Guerche, Paula Hanne e Pedro Nobre
detalhes e depois reclama quando criti-
Produção e eventos
cam o que fez. Belas imagens com pés-
Gerente: Aida Lima (aida@europanet.com.br) simo som dão uma mistura ruim. Filmar
Equipe: Beth Macedo (produção) e Denise Sodré (propaganda)
na louca, sem roteiro, é perda de tempo
Logística
Coordenação: Liliam Lemos (liliam@europanet.com.br) e de dinheiro. Portanto, esqueça o clichê
Equipe: Gabriel Oliveira, Gustavo Souza e Paulo Lobato
da ideia na cabeça e da câmera na mão. Sérgio Branco
Assinaturas e atendimento ao leitor
Gerente: Fabiana Lopes (fabiana@europanet.com.br) Veja muitos filmes, leia, estude, pesquise, Diretor de Redação
Coordenadora: Tamar Biffi
Atendentes: Bia Moreira, Carla Dias, Camila Brogio,
pratique... Entenda o que é bom para fa- branco@europanet.com.br
Fabrini Macedo, Josie Montanari, Maylla Costa,
Mila Arantes e Vanessa Araújo
zer bem feitinho. Boa leitura.
Administração
Gerente: Renata Kurosaki
Equipe: Paula Orlandini, Vinicius Serpa e William Costa Se For o Caso, Reclame. Nosso Objetivo é a Excelência!
Correspondência Europa Digital
Desenvolvimento de pessoal
Tânia Roriz e Elisangela Harumi Rua MMDC, 121 www.europadigital.com.br
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FILMMAKER 3
Sumário

20
Jacques Dequeker

6_FAST FORWARD
Confira equipamentos lançados re-
centemente e novidades do mercado
12
12_FASHION FILM

Milan Maric
Saiba mais sobre o segmento que pode
crescer no Brasil ao unir filmagem pro-
fissional com o mundo da moda
30
20_NAB SHOW 2015
Selecionamos as principais novidades
apresentadas na grande feira de au-
diovisual que rola em Las Vegas

30_CURTA COM CELULAR


Filme romântico de 17 minutos, roda-
do todo com o iPhone 6, é sucesso em
festivais. Saiba como ele foi feito

38_CAPTAÇÃO DE ÁUDIO
Conheça em detalhes as funções e os
recursos do gravador digital Zoom H6, Fotos:Divulgação
que substitui o best-seller H4n

46_SLOW MOTION
Filmar em câmera lenta pode ser uma
alternativa interessante de narração.
Veja o que é preciso para fazer isso

54_FESTA DE 15 ANOS
O antigo baile de debutantes foi repa-
ginado e pode ser um segmento inte-
ressante para filmmakers da área social

60_MÚSICA E VÍDEO
O filmmaker Leo Longo conta como
foi o início da etapa brasileira do projeto
Volta ao Mundo em 80 Videoclipes
46
4 FILMMAKER
Fast Forward

GOPRO PODE TRANSMITIR AO VIVO COM NOVA TECNOLOGIA

HeroCast Bacpac
pode ser acoplado
diretamente na
caixa de proteção
da GoPro

Com compacto sistema HEROCast, câmera GoPro poderá realizar transmissões de vídeo ao vivo

J
á faz alguns anos que filmar es- 60fps – usando o codec H.264 de bai- A tecnologia já foi utilizada pela NHL,
portes de ação com uma peque- xa latência. O HeroCast funciona a Liga Americana de Hóquei, e pela
na e versátil câmera como a como uma unidade independente ESPN X Games, mostrando em sua
GoPro não é nenhuma novidade. da câmera, conectada via cabo programação ângulos in-
Mas agora, além de captar imagens, HDMI. Assim como a câmera, o críveis das façanhas feitas
o equipamento preferido dos pra- transmissor e sua pequena antena pelos atletas. Ambas as
ticantes de esportes poderá trans- são acoplados ao capacete ou equi- configurações são com-
mitir imagens ao vivo. Em abril, a pamento do esportista. patíveis com a Hero3+
GoPro lançou o HeroCast, um sis- Já o sistema HeroCast Bacpac se Black e a Hero4 Black. O
tema de transmissão full HD ao vivo. conecta diretamente à caixa de pro- preço é de US$ 7.500 (nos
O transmissor é pequeno, leve, ver- teção da câmera GoPro, trazendo EUA) e o produto pode ser
sátil e capaz de transmitir vídeos de uma solução integrada e imersiva adquirido no site da mar-
alta definição – 1080p 60fps e 720p para transmissão de imagens ao vivo. ca, em GoPro.com.

Sistema HeroCast pode ser


conectado à câmera como um
Fotos: Divulgação

equipamento independente
por meio de um cabo HDMI

6 FILMMAKER
NOVO EQUIPAMENTO PÕE O BULLET TIME EM SUAS MÃOS

É
difícil esquecer do famoso efei- torno de um objeto, recriando com e câmeras menores como a Sony A7S
to “bullet time”, imortalizado precisão o efeito, especialmente quan- e a Panasonic GH4; e um “XL”, ainda
nas cenas de luta do filme do é usado com câmeras com altas não disponível, capaz de carregar
Matrix(1999). Desde essa época, film- taxas de captura, como a Phantom. A equipamentos como a Canon EOS 5D
makers independentes buscam de to- plataforma foi desenhada para dar Mark III, Red Scarlet, Phantom Miro,
da forma recriar o efeito, mas sem os até duas voltas por segundo, garan- entre outras, com plataforma para até
enormes custos e a gigantesca estru- tindo velocidade suficiente para um três pessoas simultaneamente. O pre-
tura física requerida tradicionalmente. grande número de tomadas. ço estimado de venda é de US$ 2.800
Agora o efeito pode ser reproduzido O produto será disponibilizado pelo equipamento completo (incluin-
com a ajuda de um equipamento cha- em dois tamanhos: um “normal”, ca- do acessórios e mala), para o menor
mado Orca Vue, uma plataforma ca- paz de suportar até uma pessoa em modelo. Mais informações em
paz de girar uma única câmera em sua plataforma, e feito para celulares www.orcavue.com.

Plataforma faz giro


360o,o que permite
ao filmmaker recriar
efeito bullet time
Fotos: Divulgação

Sequência de imagens feita com o uso do equipamento, que dá duas voltas por segundo

FILM MAKER 7
Fast Forward

TERCEIRAFILMECON TERÁ FOCO EM EVENTOS SOCIAIS

A
Filmecon já tem data para
ocorrer: a terceira edição da
conferência está prevista para
23 de junho de 2015, em São Paulo, e
será totalmente voltada para quem tra-
balha com vídeos de eventos sociais,
como casamentos. A grande atração
dessa edição do evento será Joe Simon,
um dos pioneiros em vídeo de casa-
mento e reconhecido mundialmente
no ramo. Além dele, já estão confirma-
dos os profissionais do Stillmotion
Studio, de Portland-EUA; Fernando
Lenox e Rodrigo Culturato, da Riata
Filmes; e Giovanna Borgh. A apresen-
tação ficará a cargo de Pepê Figueroa.

Fotos: Divulgação
A Filmecon é uma das poucas con-
ferências técnicas de audiovisuais exis-
tentes no Brasil e ocorre uma vez por
ano. Para mais informações, acesse:
www.filmecon.com.br. Edição da Filmecon 2015 está prevista para ocorrer no dia 23 de junho em São Paulo

CANAL CURTA! FRAME.IO FINALMENTE É LANÇADO


FAZ SELEÇÃO
A
nunciado em 2014, finalmente A plataforma possui planos para
o Frame.io (www.frame.io) filmmakersindependentes e empre-
DE PROJETOS está disponível para todos os sas produtoras de todos os tamanhos.
usuários. O site é uma plataforma co- Para quem deseja conhecer o produ-
e maneira permanente o canal Cur-
D ta! recebe e avalia propostas, per-
mitindo à comunidade de produtores
laborativa de edição de vídeos que
permite não só armazenar o material
to, é possível utilizar a versão gratuita,
que oferece 2 GB de armazenamento
inteiro de um projeto na nuvem como e um time de até cinco colaboradores.
e produtoras independentes submeter
também editar pontos do mesmo As versões pagas, com mais recursos
seus conteúdos para apreciação. Os
projeto em locais físicos diferentes e e capacidades, variam de US$ 15 a
critérios que respaldam a seleção de
conteúdos para o Curta! não são reve-
por diferentes profissionais das etapas US$ 150 mensais. O Frame.io já conta
lados. O canal se reserva o direito de de pós-produção. com mais de 14 mil usuários.
não explicar os motivos das decisões
da equipe de curadoria. Caso seja apro-
vado, o projeto é selecionado com o
propósito de ser exibido na grade do
canal. O processo possui quatro dife-
rentes etapas de seleção, que vão da
análise da adequação temática das
propostas a reuniões de detalhamento
do projeto. O Canal Curta! está no pa-
cote básico de 12 milhões de assinan-
tes de TV por assinatura de todas as
principais operadoras, menos na SKY.
Mais informações em www.canalcur
ta.tb.br/NovosProjetos.
Plataforma colaborativa de edição de vídeo na nuvem já conta com mais 14 mil usuários

8 FILMMAKER
MAGIC LANTERN COLOCA SISTEMA
ENTRETODOS ABRE
LINUX NAS CÂMERAS EOS CANON INSCRIÇÕES

A
equipe do Magic

Divulgação
Entretodos 8, Festival de Curtas-
Lantern, responsá-
veis por criar um
O Metragens de Direitos Humanos
que acontece todos os anos em São
firmware alternativo para Paulo, está com inscrições abertas até
câmeras Canon, capazes o dia 8 de junho de 2015. Com foco
de viabilizar a filmagem em em conteúdos relacionados aos Direi-
RAW em HDSLRs (chegan- tos Humanos, o festival aceita inscri-
ções de filmes de todos os formatos,
do a 2,5K em alguns mode-
feitos por amadores ou profissionais
los), conseguiu agora, com
com duração de até 25 minutos, desde
sucesso, instalar o sistema que sejam falados ou legendados em
operacional de código português. Os filmes selecionados
aberto Linux 3.19 em diver- para a 8a edição concorrerão a prêmios
sos modelos da marca. A expectativa é que a no- Magic Lantern espera que variam de R$ 5 mil a R$ 7 mil.
melhorar o potencial
vidade possa permitir a criação de aplicativos es- das DSLRs trabalhando As inscrições são gratuitas e po-
pecíficos para câmeras, com um enorme time de com o sistema derão ser realizadas pelo site:
desenvolvedores Linux prontos para explorar o operacional aberto www.entretodos.com.br.
potencial das Canon ao máximo.

FILM MAKER 9
Fast Forward

COM FOCO EM VÍDEOS DE CASAMENTO, ABERTOS EDITAIS


SEGUNDA WEDDING SELECT VEM AÍ COM PARCERIA
ENTRE URUGUAI

O
Congresso Wedding Select já cional (com nome ainda a confirmar).
está com data marcada para O evento tem como premissas prin- E PORTUGAL
a sua segunda edição. Após cipais a união, troca de ideias e apre-
trazer a São Paulo (SP) nomes de peso sentação de todas as novidades para stão abertas até o dia 26 de maio
no mercado de vídeos de casamento
brasileiro em novembro de 2014, o
o segmento de vídeos de casamento,
abordando temas como equipamen-
E de 2015 as inscrições para o Edital
de Coprodução Brasil-Uruguai 2015,
evento será adiantado em 2015 para tos, câmeras e acessórios de filmagem. realizado pela Ancine em parceria com
os dias 14 e 15 de julho. O prazo para as inscrições do Wedding o ICAU – Instituto de Cinema y Audio-
Nessa edição, serão convidados Select vai até dia 2 de julho de 2015 ou visual, do Uruguai. O concurso bina-
oito palestrantes que se destacaram enquanto houver vagas. O evento será cional prevê investimento equivalente
nos últimos anos, marcados pela in- realizado no Centro de Convenções a 300 mil dólares em dois projetos de
longa-metragem cujas filmagens ainda
tensa transformação do vídeo de ca- Rebouças, em São Paulo. Informações
não tenham sido iniciadas. Podem con-
samento, e um convidado interna- em weddingselect.net.
correr projetos de ficção, documentário
ou animação apresentados por produ-
toras brasileiras que participem na con-
dição de coprodutoras minoritárias.
Cada projeto selecionado receberá, em
moeda local, recursos no valor equi-
valente a 150 mil dólares.
Já o concurso binacional Brasil-Por-
tugal, realizado em parceria com o ICA
– Instituto do Cinema e do Audiovisual
de Portugal, investirá um total de 600
mil dólares em quatro projetos de lon-
Fotos: Divulgação

gas-metragens de ficção, documentário


e animação, de produção independente,
com filmagens ainda não iniciadas até
essa data. As inscrições seguem até
19 de maio de 2015.
Evento deve contar com a participação de palestrantes nacionais e uma atração internacional

CONCURSO MY RODE REEL ESTÁ COM INSCRIÇÕES ABERTAS

P
romovida pela fabricante de micro- Competição dá
fones Rode, a competição de curtas- premiação em
metragens My Rode Reel está com equipamentos
e acessórios
inscrições abertas para filmmakers de todo
o mundo. Para competir, é preciso criar um
filme original com duração de até três mi-
nutos, usando os microfones da marca na
captação de áudio. É preciso, ainda, produzir
um vídeo de bastidores de três minutos com-
provando o uso dos microfones na peça prin-
cipal. Os vencedores devem receber prêmios
que vão de uma câmera BlackMagic Pro-
duction Cinema Camera a pacotes comple-
tos da Adobe CC. As inscrições podem ser
realizadas em www.rode.com/myrodereel.

10 FILMMAKER
Dicas Técnicas

A
MODA DO
FASHION FILM
UM MERCADO A
SER DESCOBERTO
Saiba com diretores, fotógrafos e produtores de moda
como este novo segmento do audiovisual funciona
POR CAROL TERESA

C
om linguagem de cinema e estética dessa nova ferramenta ainda serem escassos
das artes visuais, os fashion filmses- no Brasil, os fashion films nacionais estão ga-
tão na moda e chegaram para adi- nhando o mundo e sendo vistos em festivais
cionar comunicação e personalida- internacionais dedicados a esse tipo de pro-
de a coleções e grifes de roupas. Não se trata dução (e também por meio de mídias da web
de um filme fashion, como Maria Antonieta, e redes sociais, como o YouTube, Vine, Vimeo
de Sofia Coppola, nem de uma campanha e Facebook). Como ainda não há premiações
publicitária para vender um produto. O fas- específicas para esse tipo de produção audio-
hion filmé voltado basicamente para que seja visual no País, o jeito é concorrer lá fora. E di-
passado um conceito. retores brasileiros estão se saindo muito bem:
E, apesar de os espaços de apresentação o fotógrafo Jacques Dequeker, por exemplo,

12 FILMMAKER
A produção Jailbreake, com a
modelo Carol Ribeiro, rendeu
ao fotógrafo Jacques Dequeker
o prêmio de melhor filme no
International Fashion Film Awards

Jacques Dequeker

FILM MAKER 13
Cinema

ganhou em 2014 o prêmio de melhor ticipando com três filmes (Black Mam- junta. A modelo Mariane Calazan, por
diretor do International Fashion Film ba, Masquée Walkers) no Bokeh South exemplo, improvisou junto com a gen-
Awards pela direção de Jailbreak, que African Fashion Film Festival de 2015. te”, conta Aline.
conta a história de uma assaltante po- "Estamos muito felizes por concorrer O conceito afinado a que ela se re-
derosa e fashion de joias representada com produções lindas, que admira- fere é essencial para o sucesso de um
pela modelo Carol Ribeiro. Ele também mos”, diz Aline. Black Mamba foi o pri- fashion film. Diferente de uma publi-
teve a produção Blue selecionada para meiro filme da dupla na produtora cria- cidade, em que se tem a obrigação de
o La Jolla Fashion Film Festival também da por eles: “Investimos bastante ener- vender um produto, esse tipo de pro-
em 2014. O filme foi feito para uma cam- gia. Tínhamos um conceito muito afi- dução pode simplesmente ter a pro-
panha de moda e trata do encanto entre nado com a parceira e stylist Ana Wai- posta de passar uma ideia, no caso, o
uma sereia (Candice Swanepoel) e um ner. Como é um filme mais abstrato, conceito de uma coleção. “É um tipo
pescador (Marlon Teixeira). o roteiro é mais simples. E, para reali- de filme sem limites. A moda é tradu-
Já Aline Lata e Érico Toscano, di- zá-lo, a equipe toda precisou estar no zida em um clima, em aspectos de uma
retores e donos da Ae.Films, estão par- mesmo ritmo. A criação foi toda con- cultura, em slowmotion, em lifestyle e

14 FILMMAKER
Aline Lata e Érico Toscano
O fashion film não tem compromisso com a venda da marca ou com a publicidade, eles podem
trabalhar apenas com um conceito de moda, segundo os filmmakers Aline Lata e Érico Toscano

coleção”, define Yael. Enquanto na cial para quem quer fazer um fashion
publicidade o objetivo é despertar o film”, ensina Yael. Para ela, esse tipo
desejo de consumir, o fashion filmbus- de produção se baseia em três pilares:
ca algo mais contemplativo e pode até tema, marca e público.
conquistar quem não gosta de moda, Como trata-se de comunicar algo
explica Yael. Para ela, a ideia é convidar a alguém, uma vez definidos coleção,
o espectador a conhecer o estilista e conceito e público, é preciso pensar
deve ter como missão encantar por na linguagem estética e na direção
meio da linguagem. de arte. Decidir entre locação ou es-
até em uma música. A moda em sua No IED, as produções de fashion túdio, levantar todas as referências
forma física pode até não estar no qua- filmdos alunos são acompanhadas de de iluminação e discutir o styling (se
dro a quadro. Pode ser um filme de nu- muitos estudos teóricos, que dão o su- será modelo, dançarina ou perfor-
dez com um conceito de moda”, ob- porte técnico por intermédio de con- mer, por exemplo, dependendo da
serva a filmmaker. ceitos, como enquadramento, corte mensagem que se quer passar), são
seco, fade in fade out, para depois ser passos fundamentais.
COMO COMEÇAR desenvolvida a parte criativa. Já o es- Depois é preciso pensar em uma
Para Yael Amazonas, professora do tudo criativo se dá pelo aprofunda- direção de fotografia que funcione me-
Istituto Europeo di Design (IED) em mento da linguagem cinematográfica lhor com o enquadramento pretendi-
São Paulo e produtora de moda e figu- por meio de seus movimentos, como do. Por fim, é preciso programar o des-
rino, o fashion filmestá para o editorial surrealismo, documental, contempla- dobramento do projeto e analisar como
de uma revista assim como o filme pu- tivo, comercial, entre outros. “Ter em levar o fashion film para o mercado
blicitário está para o catálogo. "Ele con- mente direção de arte, fotografia, ima- para que o público veja. "As referências
ta uma história, fala sobre o tema da gem da marca e público-alvo é essen- são um primeiro passo. Ter uma boa

FILM MAKER 15
Cinema

Fotos: Jacques Dequeker

As produções sempre partem de uma


ideia central, que pode ser um pescador
que se apaixona por uma sereia, como
é o caso de Blue, de Jacques Dequeker

ideia e saber vendê-la tanto para a equi-


pe quanto para a publicação do filme
também é fundamental. A partir disso
se desenvolve a parte técnica, o afina-
mento da equipe e da publicação. Os
próximos passos são os práticos, que
englobam a logística, o fazer do filme
e a edição”, descreve Aline Lata.
Para Jacques Dequeker, o fashion
film sempre parte de uma ideia, que é
o principal. Depois vem a direção e o
acabamento. Depende muito do ta-
manho do filme e da produção. Em ge-
ral, ele conta que os profissionais en-
volvidos na produção são diretor, fo-
tógrafo, assistentes de fotógrafo, mo-
delo ou atriz,stylist, assistente dostylist,
produtora de moda, maquiador e as-
sistente do maquiador. O conceito para
equipe é passado por meio de reuniões
e do mood boardou painel semântico,

16 FILMMAKER
usado na criação de coleções para vi- mam o filme em algo mágico", avalia influenciar em casos de parcerias.
sualizar informações. o diretor e fotógrafo. Para ela, é um mercado ainda pou-
Na Ae. Films, segundo Aline, a ideia co explorado no Brasil em relação ao
do filme surge no cotidiano, de alguma DESAFIOS que ocorre em outros países. Hoje,
situação na rua que é presenciada, al- No Brasil, o obstáculo maior para Estados Unidos, Alemanha, Espanha,
gum assunto conversado, de filmes as- o fashion film é relacionado à veicula- França e Itália são os países de maior
sistidos, fotos vistas numa exposição ção e ao espaço para esse tipo de filme. produção de fashion film e que têm
ou coisas que são inspiradoras. Depois "Ainda é muito pequeno ou então a um mercado aquecido, que vai além
vêm o amadurecimento da ideia, o de- própria plataforma do site não é ade- de filmes publicitários para marcas
senvolvimento do mood board com re- quada para o filme. Isso faz com que a de moda. "São produções que se di-
ferências e a produção de uma sinopse demanda por fashion filme o interesse videm em categorias sempre relacio-
escrita. Por meio de reuniões com ou- do público sejam ainda baixos”, diz nando a moda, mas também agre-
tros membros da equipe a ideia vai sen- Aline. "Você pode divulgar seufashion gando outros valores artísticos e cul-
do afinada. São feitos um storyboard e film em um canal do YouTube ou Vi- turais”, compara ela. E existe um en-
um roteiro. "Esse processo ocorre nos meo. Mas além disso é importante ter tendimento dessa plataforma por
trabalhos comerciais e nos filmes au- uma publicação, seja em um site de parte do público, revistas e sites de
torais, mas sempre deixamos um es- moda ou em um site de uma revista de moda. "Isso se deve também ao back-
paço para o improviso”, lembra Aline. moda. E, no caso de campanhas, nos ground de cada país em relação ao
Dequeker concorda que é preciso sites das marcas ou mesmo na televi- consumo de moda”, avalia.
deixar espaço para o inesperado. “O são”, completa. Segundo ela, a publi- Para Aline, o Brasil tem muito po-
primeiro passo é ter a ideia e desen- cação de umfashion filmautoral/edi- tencial para ter uma produção notória
volver um pequeno roteiro, que nem torial determina como será a sua pro- de fashion film no mercado mundial,
sempre é seguido, pois aparecem mui- dução de moda, qual o budget para pois aqui existem boas ferramentas,
tas surpresas no meio do caminho. Às alugar os equipamentos, contratar as diretores, fotógrafos, modelos, stylists,
vezes, são as surpresas que transfor- pessoas, conseguir a modelo, além de maquiadores e gente muito compe-

FILM MAKER 17
Cinema

O maior obstáculo do fashion film é a


Fotos: Jacques Dequeker

veiculação: muitos circulam apenas pela


internet nas redes sociais e, às vezes, em sites
especializados ou de revistas de moda...

tente e reconhecida pelo seu trabalho


na moda, no cinema e na publicidade.
Entretanto, o desenvolvimento do se-
tor depende de consumo, de investi-
mento e de entendimento do que esse
tipo de produção pode representar
na moda brasileira.
Para Jacques Dequeker, os maio-
res obstáculos são os equipamentos
caros e a falta de festivais que difi-
cultam o aumento de interesse para
execução de mais filmes. "No Brasil
esse mercado ainda está muito lento.
O desenvolvimento foi mais quente,
mas agora com a crise deu uma es-
friada. Lá fora, o fashion film continua
em alta e cada vez mais diretores apa-
recem”, afirma.
Já para Yael Amazonas o mercado
e a produção de fashion films é ainda
híbrido. Isso se reflete na quantidade
de cursos livres e de extensões ofe-
recidos no mercado e na falta de fes-
tivais e canais de interesse. Para ela,
Aline Lata e Érico Toscano
... no entanto, os especialistas
acreditam que o mercado no Brasil
está aquecido porque ainda há muito
o que ser explorado nas produções

as marcas brasileiras ainda preferem


investir mais em desfiles do que nesse
tipo de produto por falta de com-
preensão do potencial que o fashion
film tem e que ele é uma arte que faz

Aline Lata e Érico Toscano


parte da coleção.

TRAJETÓRIAS
A história de Dequeker com a pro-
dução de fashion film começou há
seis anos, quando sua agente de Nova
York lhe apresentou uma câmera
RED. Começou então a fazer os pri-
meiros filmes e não parou mais. "Fo- Lata e Érico Toscano perceberam que de coisas que nos atraem, de revistas
ram mais de cem. Foi amor à primeira existia uma vontade de ambos de rea- e sites, como Nowness, Showstudio,
vista”, lembra ele, que já filmou fas- lizar filmes de moda e que a junção I-D e Dazed, além de campanhas de
hion film com celebridades interna- dos conhecimentos dos dois conver- algumas marcas”, diz Aline.
cionais, como Ashton Kutcher, Matt- gia para isso: Érico é fotógrafo de mo- A diretora conta que o fashion
hew McConaughey, Olivia Wilde, Zac da e Aline trabalha com e pensa em film mais desafiador foi o mais re-
Efron e Joshua Bowman. "Filmar com cinema o tempo todo. Para eles, sig- cente, que está sendo editado. "É
celebridade é um desafio. O tempo nificava uma possibilidade de criar uma fashion série de três episódios
é curto e a pressão é muito grande”, livremente e fazer coisas de que gos- com o tema obsessão. Foi totalmente
afirma o diretor. tam. "Nossas referências vêm do ci- feita em parceria e também custeada
Já a Ae. Films surgiu quando Aline nema, de fotógrafos de que gostamos, por nós”, adianta ela.

FILM MAKER 19
Equipamento

A FreeFly Alta é para


câmeras mais pesadas
e custa US$ 8,5 mil
Fotos: Divulgação

NAB SHOW
2015
TECNOLOGIA PARA
TODOS OS GOSTOS E BOLSOS
P
POR GUILHERME MOTA, COM rincipal feira do mundo para cado às possibilidades criativas que
COLABORAÇÃO DE AMÉRICO FÁZIO o setor de audiovisual e surgem com o estabelecimento dessa
broadcasting, a NAB Show plataforma de captação. As câmeras
A feira em Las Vegas 2015, realizada em abril em roubaram a cena com uma conste-
Las Vegas, EUA, apresentou o que há lação de novos modelos – que che-
apresentou um festival de mais recente em relação às tecno- gam para aumentar ainda mais a
de produtos de ponta, logias para o setor. Interfaces amigá- competição num mercado já repleto
veis, plataformas inteligentes, solu- de boas opções. As empresas mos-
com destaque para a ções modulares e criativas e, acima tram verdadeiras usinas em capaci-
versatilidade, inovação de tudo, acessíveis para todos os pa- dade de processamento e qualidade,
drões de consumo. em corpos tão pequenos quanto os
e melhoria em Se em 2014 o grande destaque foi de uma HDSLR.
diversas áreas a chegada do 4K, a consolidação do A integração entre equipamentos
formato nesse período abriu o mer- também chegou com força: diversas

20 FILMMAKER
Canon apresentou a
C300 Mark II, com
sensor Super 35 de
9,8 MP e filmagem
em 4K a 30 fps BlackMagic Ursa
Mini traz ótimo
custo-benefício
para o filmmaker:
US$ 3 mil

A BlackMagicMicro
Estudio Cam surge
como rival da GoPro

a distância os movimentos de um
A Arri surpreendeu com o operador com perfeição.
lançamento da Alexa Mini,
que faz capturas em 4K Para mostrar os principais desta-
ques da NAB 2015, FilmMaker contou
com a colaboração de Américo Fazio,
marcas fizeram questão de mostrar conjunto com baterias e acessórios filmmaker e apresentador do canal
que não ignoram a concorrência, ao de outras marcas. Audiovizuando no YouTube. Américo
contrário, absorvem as boas soluções E a moda da atualidade, os drones, esteve presente na feira e selecionou
e os produtos mais populares e inte- também não ficou para trás, bem co- os 16 principais lançamentos, entre
gram-nos aos seus próprios produtos, mo os sistemas automatizados de es- as centenas de produtos à mostra,
como aplicativos e suportes para ce- tabilização e movimentação de câ- que prometem balançar o mercado
lulares e periféricos que operam em mera – um deles capaz de reproduzir ao longo de 2015. Confira.

FILM MAKER 21
Fotos: Divulgação
Equipamento

Alta, novo drone da


FreeFly, permite
que se prenda a
câmera na parte de
cima ou na de baixo
do aparelho

guém imaginava ser possível. E a ino-


vação impressiona pela simplicidade
da ideia: permitir que se instale a câ-
mera sobre o drone e não abaixo dele.
Com isso, um sem-número de toma-
das que antes não eram viáveis tor-
nou-se possíveis. “E não é qualquer
câmera que ele carrega. São câmeras
de alto nível, como Alexa e RED, usadas
nas melhores produções da área. Além,
F55, sabe-se que o assunto é sério. é claro, do grande diferencial de ter
DRONES Quando essa empresa é a FreeFly, cria- compatibilidade total com o Mövi, um
dora do Mövi (o equipamento que re- best-seller e sinônimo de categoria”,
volucionou a estabilização de imagem), explica Américo Fazio.
FREEFLY ALTA há a certeza de que se trata de um pro- Dispondo de seis hélices (o que ga-
Um olhar diferente duto confiável e de respeito. rante mais segurança e estabilidade)
Depois, do Mövi e do Tero, o Alta e ao custo de US$ 8,5 mil, o Alta permite
Quando a empresa anuncia um é o mais novo integrante da família de tomadas que nenhum outro drone
drone capaz de carregar câmeras do acessórios de movimentação da Free- consegue realizar, o que deve garantir
porte de Alexa, RED Dragon e Sony Fly, capaz de criar algo novo onde nin- demanda e uma fatia no mercado.

22 FILMMAKER
Novos modelos da
Phantom vêm com
câmeras próprias
capazes de gravar
em 4K a 24 fps em
até 60 Mbps

Por meio de um
aplicativo, o controle
remoto da Solo 3DR
consegue operar até
as funções da GoPro

PHANTOM 3
A fórmula de sucesso se repete

Não há dúvida de que o Phantom,


da chinesa DJI, foi o grande responsável
pela popularização e democratização
das imagens aéreas para produções de
baixo custo. De casamentos a video- SOLO 3DR SOLO remoto, por meio de cabo.
clipes, de institucionais a publicidades, Novidades no ar Por meio de um app exclusivo e de
esses verdadeiros “cinegrafistas voa- coordenadas GPS, o controlador pode
dores” ampliaram nossas possibilida- A grande novidade entre os drones marcar keyframes – como se faz em
des de criação audiovisual. ficou por conta da 3DR, com o lança- editores como Premiere ou After Ef-
Agora, a linhagem do Phantom mento da Solo, pronto para voar, fo- fects – e as posições do quadricóptero,
chega à terceira geração com upgra- cado nos filmmakers que não têm ex- como altura, inclinação, tilt e pan do
des, em dois modelos diferentes: o periência de voo, mas que ainda assim gimball, que ficam todas registradas
Advanced e o Professional. O primeiro, querem tirar o máximo das tomadas na memória. “A grande sacada da 3DR
que custa a partir de US$ 999, conta que ele possibilita. foi repensar totalmente o modo de
com seu gimball de três eixos estabi- A maior prova disso é o controle voar, pois o aparelho não só memoriza
lizado e câmera próprios, sendo capaz remoto inspirado em controles de vi- e executa o trajeto como pode repeti-
de filmar em 1080 p a 60 fps. Na versão deogames para uma operação mais lo até se obter o take perfeito”, avalia
Professional, que não sai por menos intuitiva e fácil. A empresa desenvolveu Américo. Com isso, o realizador fica
de US$ 1.249, a câmera permite gravar ainda um app exclusivo para iOS e An- focado em outras necessidades da pro-
em 4K a 24 fps em até 60 Mbps, um droid que permite controlar todas as dução, como atores, iluminação e o
ótimo bitrate. funções da GoPro no próprio controle desenrolar da cena em si.

FILM MAKER 23
Equipamento

A nova RED Weapon


é sob medida
para grandes
produções com
efeitos especiais
Fotos: Divulgação

A prática Canon XC10


já vem com uma
objetiva 28-273 mm
f/2.8-5.6 e filma em 4k

CÂMERAS
RED WEAPON poder rodar com ela. “Acredito que “Essa foi a minha escolhida, a câ-
Brinquedo de gente grande essa RED será mais utilizada por mera de que mais gostei. Ela é mara-
grandes produções que investem pe- vilhosa ao vivo. Mesmo sendo peque-
Criada pelo fundador da Oakley, sado em efeitos especiais. Esse nível na, você tem a sensação de que está
desde cedo a RED é marcada por um de resolução ajuda muito em ativi- segurando uma Arri, que reúne toda
espírito desafiador. Com o lança- dades de rotoscopia, cenário digital, a expertise de produzir as melhores
mento da Weapon, estabelece novos animação, filmes épicos, enfim, tudo câmeras do planeta, só que num corpo
limites para a filmagem digital pro- o que é feito com fundo azul e depois reduzido”, opina Américo.
fissional: uma câmera dotada de um terminado em 3D”, diz Américo. Voltada a grandes produções,
sensor full frame de 19 megapixels mas com dimensões quase de
com 16,5+ stops de latitude e muita, HDSLR, a Mini tem praticamente as
muita resolução, sendo capaz de fil- ARRI ALEXA MINI mesmas especificações da Alexa, po-
mar em nada menos que 8K (8.192 Forma aliada à função rém num corpo diminuto, fabricado
x 4.320) a 75 fps. Com tamanha po- em fibra de carbono. A um custo es-
tência, não deve tardar até suas ima- De olho num público profissional timado de US$ 30 mil, chega para
gens aparecerem nas grandes pro- que busca soluções da mais alta qua- competir com as RED na disputa pela
duções de Hollywood, séries e peças lidade, porém capazes de se adequar preferência dos grandes estúdios.
publicitárias. às limitações físicas de estabilizado- Segundo Américo Fazio, a marca está
Toda essa tecnologia não sai ba- res, drones e pequenos espaços, a abrindo um escritório no Brasil. “Pelo
rato: quem quiser uma RED Weapon Arri balançou o mercado com o lan- assédio dos donos de locadora bra-
precisa desembolsar US$ 49,5 mil çamento da Alexa Mini, câmera capaz sileiros presentes na feira, podemos
apenas pelo corpo da câmera, com de filmar em 4k RAW com +14 stops esperar que em breve certamente
boas chances de investir o mesmo de alcance dinâmico e é ao mesmo estará disponível no mercado nacio-
valor em acessórios e periféricos para tempo leve e fácil de manusear. nal”, observa.

24 FILMMAKER
Canon C300 Mark II
chega a ISO 102.400 e
tem preço de US$ 17 mil

Fácil de manusear, a
Alexa Mini filma em 4k
e RAW com +14 stops
de alcance dinâmico

CANON C300 MARK II mera destaca-se pelo uso de cartões CANON XC10 4K
Potência atualizada CFast 2.0 e a possibilidade de gravar Simplicidade de manuseio
na nova geração 4K internamente em CanonLog 10 Bits
4:2:2, com 15 stops de latitude, e pelo Para um público mais interessado
A Canon não ficou para trás com o sistema de foco Dual Pixel, introduzido em filmar e não em lidar com as preo-
lançamento da segunda geração da pela primeira vez na Canon EOS 70D, cupações técnicas envolvidas na ati-
Canon C300, que oferece uma série de porém, mais rápido e preciso no novo vidade, a Canon apresentou XC10, uma
upgrades de encher os olhos. Dotada modelo. Ela ainda tem filtros ND e saída câmera mais próxima das camcorders
de um sensor Super 35 de 9,84 MP e limpa em 4K RAW, para gravação em do que das HDSLRs e filmadoras pro-
um rolling shuttercom leitura duas ve- dispositivos externos. Outra vantagem fissionais.
zes mais rápida que o modelo anterior, é a gravação simultânea de arquivos A simplicidade de configuração e
a câmera permite gravar em 4K inter- proxies em 2K em cartão SD, enquanto uso – é possível tirá-la da caixa e co-
namente (4.096 x 2.160 pixels) a 30 fps grava a 4K nos cartões CFast 2.0. meçar a filmar, praticamente – é o gran-
ou 1080 p a 120 fps. O único ponto fraco é o preço de de diferencial da XC10, que já vem com
Segundo Américo, a sensibilidade US$ 17 mil. “É um pouco salgado, mas uma objetiva 28-273 mm f/2.8-5.6 e
ISO chega a 102.400, mas “pode ser é uma supercâmera que, por tudo o alta capacidade de processamento e
usada sem medo até cerca de 8.000 e que oferece, é uma opção incrível a se resolução: filma em 4K 30 fps com 12
é bem melhor que a 5D Mark III”. A câ- considerar”, diz Américo. stops de latitude. “Trata-se de uma boa

FILM MAKER 25
Equipamento

A pequena
BlackMagic Micro
Cinema chega
para ser forte Menor e mais leve, a versão Mini
concorrente da poderá ser usada diretamente no om-
GoPro Hero 4
bro, o que agrada a muita gente. Ela
terá duas versões: uma em 4K e outra
com resolução de 4.6 K e 15 stops de
latitude, capaz de gravar em até 60 fps,
a um custo mais elevado, de US$ 5 mil.
“É uma solução muito boa, com uma
imagem de textura cinemática tendo
como diferencial o custo. Acho que ela
vai bombar no Brasil, porque o aluguel
não será muito maior que o de uma
5D Mark III, mas com a possibilidade
de gravar 4K RAW”, avalia Américo.

BLACKMAGIC MICRO CINEMA


CAMERA E BLACKMAGIC MICRO
STUDIO CAMERA 4K
Estética de cinema
na palma da mão

Além da Ursa Mini, a BlackMagic


apresentou duas novas pequenas in-
tegrantes, que se diferem basicamente
pela proposta de uso. A Micro Cinema
Camera chega para brigar pelo mer-
cado de filmagens de ação, competindo
com as GoPro e ActionCam.
Com um sensor Super 16 com glo-
bal e rolling shutter, a câmera tem o
diferencial de poder ser regulada para
as mais diversas situações, como uma
câmera de cinema. Com suportes e
mounts semelhantes aos da GoPro, ela
A BlackMagic Ursa grava imagens em full HD, nos forma-
Mini, que grava em 4K tos DNG RAW e ProRes. “Por ser tão
e RAW, promete ser
um sucesso graças ao pequena, mas com o poder de proces-
equilíbrio entre samento semelhante ao da Pocket Ci-
qualidade e preço nema Camera, chega para eliminar a
concorrência. Ela se aplica a todas as
situações de uma GoPro, mas com me-
opção, com boa qualidade de ima- BLACKMAGIC URSA MINI lhor qualidade”, conclui.
gem, mas não a vejo em produções Qualidade e baixo custo Já a Micro Estudio Camera, apesar
como longas e publicidade, e sim para de gravar em 4K e custar apenas US$
aquele realizador que produz para A Ursa Mini, da BlackMagic, em- 1.295, não permite a gravação interna
outros formatos, como internet ou polgou os visitantes da feira. Apesar de de conteúdo. Pensada para utilização
filmagens técnicas e corporativas”, só chegar às prateleiras no segundo em broadcasting, a câmera é preparada
avalia Américo. “Também é uma boa semestre de 2015, ela promete oferecer para uso em estúdios televisivos, com
opção para usar como segunda câ- toda a potência de uma câmera de ci- conexões tipo SDI, e sendo controlada
mera em um documentário ou câ- nema profissional a um preço atraente, por meio de interfaces da própria mar-
mera de bastidores”, diz. a partir de US$ 3 mil. ca, diretamente da sala de controle.

26 FILMMAKER
PIX-E funciona
também como
gravador e
permite
capturar
imagens em
BlackMagic Video
até 4K
Assist funciona
com baterias LP-
06, as mesmas
utilizadas em
uma série de
câmeras Canon

Fotos: Divulgação
MONITORES E GRAVADORES
MONITOR 4K PIX-E alta velocidade que se conecta ao com- mente sobre a câmera. O grande dife-
Preço acessível e com putador por meio de uma porta USB rencial, além da qualidade conhecida
pegada profissional 3.0, atingindo altas taxas de transfe- da marca, é que o Video Assist funciona
rência e facilidade na hora de descar- com baterias LP-06, as mesmas utili-
Com um display touch de 1.920 x regar os arquivos. zadas em uma série de câmeras Canon,
1.200 (superior ao fullHD), o Pix-E che- “Com ele, dá para gravar e já sair além de gravar diretamente no formato
ga para disputar a preferência dosfilm- editando. Além disso, é ótimo ter as ProRes 10 bits 4:2:2.
makers. Disponível nas versões de 5 e marcas disputando a preferência do Vindo de câmeras que possuem
7 polegadas, o monitor de campo pro- público, porque ganha-se em quali- saída limpa, como a Canon EOS 7D
duzido pela Sound Devices funciona dade e em preço”, observa Américo. Mark II, entre outras, o gravador per-
também como gravador e permite cap- Mesmo em sua maior versão, de 7 po- mite ter uma qualidade superior àque-
turar imagens em até 4K a 24 fps ou full legadas, o Pix-E ainda é US$ 400 mais la que seria arquivada na própria câ-
HD a 60 fps, competindo com o Sho- barato que o Shogun concorrente, ten- mera. “Com isso, ele adiciona quali-
gun, da Átomos. do um preço de US$ 1.595. dade às câmeras que já estão há anos
O Pix-E grava no codec Apple Pro- no mercado, dando uma sobrevida a
Res 4444 XQ e é “ideal para ser usado toda uma série de equipamentos”,
em conjunto com câmeras como a So- BLACKMAGIC VIDEO ASSIST observa Américo.
ny A7s, Canon C500 e Panasonic GH4, Alinhado com o mercado Por US$ 500, é uma solução com-
por exemplo, até por aceitar a impor- pleta que une economia, qualidade
tação de LUT’s direto no monitor”, se- Voltado ao público de HDSLR, tra- e versatilidade ao fluxo de trabalho,
gundo Américo. Outro diferencial está ta-se de um monitor de 5 polegadas pois é possível ter o arquivo em um
na mídia de gravação: o aparelho usa que também permite gravar o sinal de formato já mais amigável à edição e
o formato Speed Drive, uma mídia de vídeo e que pode ser instalado direta- à correção de cores.

FILM MAKER 27
Equipamento

Com o Mimic
FreeFly, o diretor
(de jaqueta verde)
consegue operar
Estabilizador a câmera com o
Nebula 400 estabilizador Mövi
suporta câmeras
de até um 1 kg

SUPORTES E ESTABILIZADORES
NEBULA 400 portar até 1 kg de carga – o suficiente posição. “No terceiro modo, ele per-
Pequeno e poderoso para a maioria das câmeras mirrorless, manece reto, não importa o que es-
como Sony A7S, Panasonic GH4 e até tiver ocorrendo, e pode encarar qual-
Uma novidade pequena, mas po- pequenas DSLRs. quer desafio e fazer uma filmagem
derosa, assim é o Nebula 400, que a O sistema possui três módulos de de fato totalmente estabilizada”, ex-
empresa Filmpower trouxe à NAB. Tra- regulagem. No primeiro, o gimball plica Américo.
ta-se de um estabilizador giroscópico opera em conjunto com o operador Com uma sapata própria para a
de três eixos montado sobre uma ma- e, no modo intermediário, segue com função, o Nebula oferece ainda a pos-
nete, como um joystick, capaz de su- movimentos suaves as mudanças de sibilidade de ser colocado num shoul-

Redrock permite
mapear a distância
dos atores e ajuda o
foquista a fazer o foco
suavemente à mão

28 FILMMAKER
ILUMINAÇÃO
ARRI SKYPANEL
Painel de led econômico

Sempre um passo à frente de sua


concorrência, a Arri demonstrou mais
uma vez por que é uma marca tão forte
não apenas no setor de câmeras, mas
também em acessórios para ilumina-
ção. Já lendária por seus refletores Fres-
nel e HMIs, a marca investe no campo
das lâmpadas led com o Sky Panel, con-
junto de refletores econômicos e pro-
jetados com o que há de melhor na tec-
nologia do setor.
Robusto, porém leve e fácil de trans-
portar, o conjunto oferece controles
totalmente customizáveis, que permi-
tem selecionar com precisão tempe-
ratura de cor e intensidade, permitindo
a criação de luzes mais suaves e artís-
ticas para todo tipo de cena.
“Grandes marcas sentem o mer-
der rig, ampliando a estabilização. O é o preço: apenas US$ 500, custo rela- cado e se adequam. A Arri trouxe o
custo é outro atrativo: apenas US$ 800. tivamente baixo, especialmente se backgroundque já tinha em construção
comparado ao valor do estabilizador de refletores e depositou nesse produto
em si. “É um must have para qualquer que promete ser uma ótima solução
MIMIC FREEFLY um que já tenha o Mövi”, diz Américo. tanto para o pessoal de estúdio quanto
O controle volta às para externas, documentários, video-
mãos do diretor clipes e diversas outras aplicações”,
HALO, DA REDROCK MICRO: avalia Américo Fazio.
Quem já usou o Mövi, da Freefly, De volta às origens
sabe o quanto o fluxo de trabalho com
o aparelho pode ser cansativo e des- Ainda em 2010, a Red Rock abriu
gastante. Com o Mimic, basta o diretor suas portas de olho no mercado com
de fotografia controlar uma pequena sistemas defollow focus pensados para
barra metálica e, como num videoga- as dificuldades dos usuários de HDSLRs.
me, o gimball da câmera repete seus Agora, a marca retorna às suas origens
exatos movimentos. “A grande vanta- com o Halo, sistema que revoluciona
gem é ter um operador para apenas a forma de se pensar e trabalhar o foco.
segurar o equipamento, enquanto o Ao usar um sensor a laser, o Halo cria
controle da imagem volta às mãos do um mapa das distâncias de atores e Sky Panel traz
diretor de fotografia”, observa Américo. permite ao foquista ter a posição exata conjunto de
“Eles revolucionaram o mercado com de todos os envolvidos na cena. refletores
econômicos
o Mövi, agora revolucionam a forma “O conceito é inovador, pois ele perfeito para
de usar o produto deles”, diz. consegue mapear a distância dos produções em
Muitos diretores de fotografia ex- atores e permite ao foquista fazer o estúdio
perientes simplesmente não conse- foco suavemente na mão, com in-
guiam trabalhar com ele pela neces- formações precisas”, afirma Améri-
sidade de carregar o conjunto, muito co. O sistema custará entre US$ 2 mil
grande e pesado. Outro ponto positivo a US$ 5 mil.

FILM MAKER 29
Curta-metragem

O AMOR EM
NOVA YORK
PELA LENTE DE
UM SMARTPHONE
Rodado inteiramente com um
iPhone 6 e sucesso em festivais, o
curta-metragem Romance in NYC
mostra a intimidade de um casal

POR LUÍSA PÉCORA

U
m romântico curta-metragem inteiramente filmado
com um iPhone 6 tem dado o que falar em festivais in-
ternacionais. Romance in NYC, do diretor americano
Tristan Pope, tira proveito da mobilidade do smartphone
para reproduzir a intimidade de um casal nas ruas de Nova York
em uma produção rodada em três dias e com um orçamento de
apenas US$ 7,5 mil (cerca de R$ 22 mil), obtido por crowdfunding.
O curta é filmado do ponto de vista do namorado. Pope, 31 anos,
opera a câmera como um narrador-personagem: seja durante um
abraço na cama ou um passeio no parque, busca dar a sensação
de que o público enxerga o mesmo que ele.
Para captar momentos tão pessoais, o diretor queria que a fil-
magem também fosse íntima, sem grandes equipamentos e equipe
numerosa. “Escolhi o iPhone porque era o melhor modo de contar
a história. Senti que finalmente tinha encontrado a mídia que queria
para alcançar essa sensação de intimidade e sinceridade”, afirma.
Mas Pope também sabia que, para ir além do vídeo caseiro, precisava
dominar a técnica. “Mesmo quando se filma com o celular, ainda
é preciso entender de direção, de som e de luz. Não é porque você
tem uma câmera que saberá fazer um filme”, afirma.

30 FILMMAKER
Milan Maric

Romance in NYC
retrata a intimidade de
um jovem casal e foi
filmado com iPhone 6

FILM MAKER 31
Fotos: Milan Maric
Curta-metragem

Em cenas noturnas,
a assistente de
direção iluminava
as ações com um
refletor de led

A primeira experiência de Pope em algumas ocasiões, operou a câ- mais”, explica o diretor.
com a mobile filmmaking foi Dancers mera para que o diretor usasse as Por fim, Milan Maric ajudou na
of NYC, curta de menos de dois mi- duas mãos em cena. iluminação e gravou imagens dos
nutos. Durante a filmagem, ele se Virag Gulyas comandou o casting, bastidores com uma Canon EOS 7D.
impressionou com a qualidade de do qual participaram mais de mil Pope não queria que o making of fos-
uma imagem do sol capturada pela atrizes. A escolhida foi Rachel McO- se rodado com um celular para que
câmera do iPhone e decidiu se de- wen, que fez uma ponta em um filme não tivesse a mesma estética do curta.
dicar a um projeto mais ambicioso. da franquia Homem-Aranha e inter- “Além disso, precisava que ele usasse
Em Romance in NYC, ele acumulou pretou Miley Cyrus em um viral da uma teleobjetiva para poder estar
as funções de diretor, editor, produ- internet. No papel da namorada, seu longe da ação, filmando sem aparecer
tor-executivo e diretor de fotografia. visual ficou a cargo do figurinista Da- no frame”, explica.
Contou com mais sete pessoas na vid Crowley e das maquiadoras Paige
equipe, a começar pela assistente Campbell e Missy Scarbrough, que EQUIPAMENTOS
criativa Natalie Deryn Johnson, que tiveram a missão de manter o rosto As imagens de bastidores foram
fez de tudo um pouco: ajudou no ro- da atriz com aparência natural. “O usadas no making of divulgado na in-
teiro, segurou portas para que Pope iPhone mostra a pele extremamente ternet e em vídeos feitos para os pa-
pudesse passar enquanto filmava e, clara, mais do que as câmeras nor- trocinadores: as empresas Glidecam

32 FILMMAKER
Entre os equipamentos usados para
estabilizar as imagens estão um
Blackwing Handle, um Generic Glidecam
HD1000 e um Joby Gorilla Pod

e Blackwing e o aplicativo MoviePro,


que doaram produtos e/ou contri-
buíram para a campanha de crowd-
funding. Em geral, os equipamentos
usados por Pope buscaram dar esta-
bilidade à filmagem. Em cenas em
que os personagens andavam ou cor-
riam, o diretor optou por um estabi-
lizador Glidecam HD-1000. Em takes
mais estáticos, utilizou suportes da
Blackwing que permitiam segurar o
iPhone com segurança.
Um tripé maleável Joby Gorilla Pod

FILM MAKER 33
Fotos: Milan Maric
Curta-metragem

O curta mostra o ponto de vista do


namorado o tempo todo e não
há diálogos, apenas ação, trilha
sonora e ruídos da cidade

riores a 1%. Antes da filmagem, con-


tatou o desenvolvedor e deu sugestões.
“Trabalhamos juntos para criar e im-
plementar ideias que agora estão dis-
poníveis para o público”, conta. “O
aplicativo salvou minha pele em várias
ocasiões e o resultado foi maravilhoso:
me ajudou a entender como o iPhone
podia filmar melhor e me permitiu le-
vá-lo ao limite”, diz.

SOM E PÓS-PRODUÇÃO
Como Romance in NYC não tem
DSLR foi operado de forma curiosa: criar outros efeitos de iluminação, a diálogos, o roteiro apenas listava lo-
Pope segurou apenas uma das “per- equipe recorreu a um filtro polariza- cações e os sentimentos e ideias que
nas” do acessório e usou as outras dor, um refletor portátil da Newer e deveriam ser transmitidos em cada
duas no próprio rosto, para posicio- um refletor de Led da AmazonBasics. cena. O improviso foi frequente e
nar o iPhone um pouco acima dos “O iPhone pode estourar a luz facil- bem-vindo. A ausência de diálogos
olhos. Isso permitiu que ele movesse mente, e precisávamos estar prepa- também descartou a necessidade de
a cabeça enquanto filmava, o que rados”, justifica. equipamentos para captação de áu-
apelidou de “ângulo do namorado”. O aplicativo MoviePro permitiu dio. No pós-produção, que levou en-
De acordo com as necessidades de ampliar a funcionalidade da câmera tre duas e três semanas, foram adi-
cada cena, foram usados diferentes do celular em quesitos como exposi- cionados efeitos de som urbanos (co-
suportes, estabilizadores, tripés e ção, temperatura de cor e taxa de cap- mo o barulho do metrô) e uma trilha
monopés, além de um carregador de tura. Pope foi atraído pela promessa sonora criada especialmente para o
bateria portátil da Anker. Para me- de que, se o produto falhasse, as chan- filme por artistas independentes.
lhorar contrastes, reduzir reflexos e ces de perder o material seriam infe- Toda a correção e edição de áudio

34 FILMMAKER
OS EQUIPAMENTOS USADOS NO CURTA
Sholder rig genérico Presilha Blackwing
Minitripé Reticam
Follow-focus

Cabeça de
Filtro polarizador
tripé Reticam

Empunhadura Blackwing

Empunhadura Blackwing

Estabilizador Glidecam HD-1000 Minitripé maleável Gorilla Pod


Battery pack Anker

foi feita em computador com o pa-


cote Adobe Suites (Adobe Premiere
e After Effects), enquanto a correção
de cor foi feita com Magic Bullets,
Custom LUTS e Davinci Resolve. E
as cerca de 30 horas de material re-
sultaram em um curta de 17 minutos
e 44 segundos que será distribuído
na internet (provavelmente no iTu-
nes) depois de encerrar a carreira nos
festivais. Romance in NYC já foi exi-
bido em Nova York, Madri, Zurique
e Toronto, e rendeu a Pope convites
para palestras em lojas da Apple.

A HISTÓRIA DITA A CÂMERA


Entusiasmado com o baixo custo
e a mobilidade da filmagem com o
celular, o diretor já fez outro curta
com o iPhone, Snowday, que tem três A assistente Natalie Deryn Johnson operava o iPhone quando Pope precisava usar as duas mãos

FILM MAKER 35
Milan Maric
Curta-metragem

A fim de ampliar a funcionalidade do iPhone 6, o filmmaker usou o aplicativo Movie Pro, que permite quesitos como exposição e temperatura de cor

minutos de duração e capta os movi- EXPERIÊNCIAS aprendi com tentativa e erro, ou ape-
mentos de uma dançarina durante Foi durante a faculdade de Teatro nas assistindo a muitos filmes e peças,
uma nevasca. “É um formato extre- que Pope descobriu o interesse pela me ajudaram a ter as habilidades que
mamente libertador. Tenho um equi- direção. Sem treinamento formal em tenho”, avalia.
pamento realmente incrível, que me cinema, ele considera que o trabalho Também foi crucial a passagem
permite estabilizar e criar quadros como ator, dançarino, fotógrafo e di- pela empresa de software e games
que me custariam milhares de dólares retor teatral o ajuda atrás das câmeras. Blizzard Entertainment. Durante
em qualquer outro meio”, afirma. Isso “Sinto que tudo se combina no que pouco mais de quatro anos, Pope di-
não significa que Pope não voltará a faço agora: dirigir. Se por um lado sou rigiu, editou e produziu material para
filmar com outras câmeras – aliás, ele autodidata, por outro penso que mi- as séries Warcraft e Diablo, além de
diz estar de olho em uma Sony Alpha nha vida, minhas experiências e o que trabalhar no episódio Make Love,
7S. “Se meu próximo filme ficar me- Not Warcraft do seriado South Park,
lhor nas lentes de uma RED ou Black- que combinou animação e videoga-
Alyssa Dimaria

Magic, vou utilizá-las”, diz. me e foi premiado com o Emmy, o


Para ele, a tecnologia permite que Oscar da TV americana.
o cineasta escolha sua câmera de Pope diz ter deixado a Blizzard pa-
acordo com a história que quer con- ra “trabalhar com pessoas”. Ele afirma
tar, sem se preocupar em seguir o que, como diretor, quer focar mais
padrão da indústria. “Quando era nos aspectos humanos e na história
mais jovem, alugava equipamentos do que nos aspectos técnicos. “Mas
e acessórios não porque fosse utili- você não pode fazer um sem o outro,
zá-los, mas para que as pessoas me por isso sou grato pelas proezas téc-
levassem mais a sério. Com o sucesso nicas que aprendi”, diz.
da mobile filmmaking, não é mais o
caso. Uma história é uma história,
A formação em teatro ajudou
não importa se você a vê em 1080p o diretor Tristan Pope em sua
ou 4K”, avalia. atuação atrás das câmeras

36 FILMMAKER
Dicas técnicas

O gravador Zoom H6 é
mais robusto, vem com
mais acessórios e tem
mais funcionalidades do
que os modelos anteriores
Divulgação

38 FILMMAKER
CONHEÇA EM
DETALHES O NOVO
GRAVADOR
ZOOM H6
Aprenda as funcionalidades e os recursos do aparelho que
promete ser a nova sensação dos filmmakers para a
captação de áudio em campo e no estúdio

POR GUILHERME MOTA

G
ravar áudio com qualidade é, mais do que um preciosismo, uma
necessidade, especialmente nos casos em que não é possível
regravar nem corrigir uma captação – como em entrevistas, do-
cumentários e esportes, por exemplo. Anos atrás, realizar essa
tarefa com qualidade profissional parecia impossível para equipes reduzidas
e orçamentos limitados. Mas a chegada ao mercado do Zoom H4n (apresentado
em detalhes na edição número 8) mudou radicalmente isso. Agora, a novidade
é o Zoom H6, uma versão mais moderna e funcional do famoso gravador.
Para explorar todo potencial do aparelho, FilmMaker entrevistou Adriano
Plotzki, da Aiá Produtora, que utiliza o H6 em todas as suas produções.

FILM MAKER 39
Dicas técnicas

Plotzki é franco em afirmar que, deixar de comprar um microfone pa- Microfone direcional
apesar das várias vantagens do novo ra ter um H6, por exemplo, aí não shotgun é um dos
acessórios que vêm
modelo, comprar um H6 pode nem compensa. Compre um H4n e o mi- com o gravador
sempre ser a melhor opção. Atual- crofone, um shotgun ou um Rode Vi-
mente, ambos os modelos são fabri- deomic, por exemplo. Melhor ter isso
cados pela Zoom, e no mercado dos que somente o H6”, avalia.
Estados Unidos o H4n custa cerca Segundo o filmmaker, com o

Div
ulg
de US$ 200 (sem acessórios), en- H4n é possível fazer uma ótima cap-


ão
quanto o H6 não sai por menos de tação de áudio. No caso do H6, Plotz-
US$ 400, o dobro do preço. Ele de- ki diz que o aparelho faz tudo de uma
fende que, por serem da mesma ca- forma melhor e mais profissional.
tegoria (o H6 é uma “evolução” do “É um ótimo upgrade”. Para saber
H4n), um não desabilita o outro. “O mais, conheça as dez mudanças e
H6 vale a pena e é uma ótima com- características que tornam o H6 uma
pra. No entanto, se você está mon- escolha acertada para os produtores
tando um setup de gravação e precisa independentes.

Gravador H6 com
microfone XY
acoplado em cima
da câmera

Divulgação

40 FILMMAKER
Detalhe 1
Consumo reduzido
A economia de energia é um as- economizar baterias é um aspecto crí-
pecto primordial para quem está em tico. “Para mim esse foi um fator de-
campo, especialmente se você precisa cisivo em favor do H6. Estava entre
gravar por longas horas ininterrupta- ele e um Tascam DR60, mas a bateria
mente. No Zoom H6 esse é um fator do outro durava apenas duas horas”,
levado muito a sério. Alimentado por explica ele. “Mesmo com a reputação
apenas quatro pilhas AA comuns – e maior da Tascam, o fator pesou deci-
fáceis de ser encontradas em qualquer sivamente”, explica.
mercado –, o aparelho pode funcionar Plotzki achava que por ser maior,
por 24 horas com apenas um jogo, um com uma tela grande e mais entradas,
diferencial e tanto. seria um aparelho de maior consu-
Em uma de suas produções regu- mo. “Mas aconteceu o contrário. Ele
Aparelho funciona por 24h com
lares, a websérie “Hasthag Sal” (#SAL), é mais econômico que o H4n”, ob- apenas um jogo de quatro pilhas AA
Plotzki passa dias seguidos no mar, e serva o filmmaker.

Detalhe 2
Microfones
próprios
Enquanto o Zoom H4n conta
com um microfone XY embutido,
que não pode ser removido, o mo-
delo H6 oferece diversas opções, que
podem ser trocadas de acordo com
a finalidade da gravação. Além do
XY, o aparelho apresenta duas op-
ções: um microfone direcional do ti-
po shotgun, para montagens acima
da câmera; e um microfone MS, que
possibilita ajustar, no próprio apa-
relho, a intensidade do efeito estéreo
captado na gravação.
“Num diálogo, por exemplo, ajus-
to a conversa mais próxima do mono.
Já numa cena externa busco um efei-
to estéreo mais intenso”, explica
Plotzki. “É possível conseguir essa
regulagem na pós-produção ou no
processamento que o próprio apa-
relho realiza para você”, afirma.
Fotos: Guilherme Mota

Em sentido horário: os
microfones XY e MS, e
um redutor de ruídos

FILM MAKER 41
Dicas técnicas

Detalhe 3
Monitoração aprimorada
A função básica de um gravador canais para apenas um lado do fone,
de qualidade é monitorar o áudio. entre outras opções.
Quando se trabalha com diferentes “Já tive gravações com um dos mi-
entradas, no entanto, selecionar es- crofones apresentando muito ruído,
pecificamente qual microfone escutar usado apenas para as perguntas do
é um benefício altamente valioso. A entrevistador. O importante era saber
ausência dessa função no H4n obriga se o microfone do entrevistado estava
O aparelho permite selecionar o operador a ouvir todos os microfo- bem, e o aparelho permite escutar
especificamente quais entradas de nes. No H6 é possível gravar diversos apenas esse canal, evitando qualquer
microfone você quer escutar
canais e monitorar apenas um ou jogar problema”, afirma.

Detalhe 4
Multifuncionalidade
Por ter tela colorida e com ferra- Não importa qual a estrutura física
mentas específicas para a edição de ou de equipe, o Zoom H6 pode fazer a
áudio, o H6 oferece praticamente uma diferença na forma de o filmmaker in-
“mesa” de seis canais à disposição do dependente encarar o áudio. “A multi-
usuário, com um amplo número de funcionalidade e a função da mesa são
funções que podem ser acessadas e fantásticas, e muita gente tem suas ne-
utilizadas ainda em campo, como fil- cessidades atendidas por essas ferra-
O Zoom H6 traz a função “pre-recording”, que
tros de áudio, redutores de ruído, gra- mentas”, diz Adriano. “É preciso reco- começa antes mesmo de ser apertado o “REC”
vações em níveis diferentes, phantom nhecer, no entanto, que a mesa preci-
power, entre outras. Essa versatilidade saria de mais botões para ser mais prática
de ferramentas amplia enormemente e o número de menus para navegar ain-
Detalhe 5
o potencial criativo e os limites de uso da é bem grande, mas a ferramenta per- Pré-gravação
do aparelho em campo e em estúdio. mite muitas aplicações”, avalia.
Perder o início de um depoimento
Visor colorido pode arruinar toda uma gravação. No
apresenta os H6, é possível ajustar o equipamento
canais que
podem ser
para que ele esteja sempre a postos
acessados pelo antes mesmo do botão “REC” ser acio-
usuário, como nado. “Ele está sempre gravando e jo-
redutor de ruído
e filtros de áudio
gando fora alguma coisa. Quando você
clica para gravar, ele já armazenou
um pouco. Isso pode ser interessante
em várias situações, como entrevistas
importantes”, diz Plotzki.
Chamada de “pre-recording”, a
função de gravação contínua possi-
Fotos: Guilherme Mota

bilita salvar sempre os últimos dois


segundos. Se a bateria for uma preo-
cupação, no entanto, talvez seja me-
lhor abrir mão da vantagem, pois na
prática ela coloca o aparelho em modo
de gravação constante.

42 FILMMAKER
O botão REC
Detalhe 6 agora tem
apenas uma
O botão REC função: gravar

Por mais simples que pareça, esse


detalhe faz toda a diferença. No modelo
anterior, para iniciar uma gravação,
era preciso apertar duas vezes o botão
de REC: uma para ativar a monitoração
e outra para começar a gravar de fato.
No H6, o botão realiza apenas uma
função: gravar. E isso muda tudo.
“Era comum perder o início de en-
trevistas porque o aparelho simples-
mente não estava gravando”, afirma
Plotzki. “Agora, com a 'mesa' do gra-
vador, existem outros jeitos de ligar e
desligar a monitoração”, conta.

O novo
modelo
Detalhe 7
melhorou no
design e
Robustez e design
mostra mais
robustez que Os aspectos construtivos melho-
os anteriores raram no novo modelo. Assim, en-
quanto o modelo H4 tinha um aspecto
frágil e o sucessor H4n melhorou no
quesito resistência a choques, o H6
apresenta um aspecto de robustez ain-
da mais aprimorado. “Ele tem uma es-
trutura de metal e é visível que sua
construção é bem superior à dos an-
tecessores”, afirma Plotzki.

Detalhe 8 Botões analógicos

Divulgação
ajudam a fazer
Botões analógicos rapidamente os
ajustes finos

É fato: quando se trata de realizar porque era muito difícil ajustar o vo-
ajustes finos ou regular alguma variá- lume”, diz Plotzki.
vel rapidamente, botões analógicos Mas em que isso ajuda de fato?
são uma vantagem considerável. No Com um ganho mais acertado, há me-
H6, o controle do volume de gravação nos ruídos e mais qualidade na gra-
é realizado com botões analógicos, vação. “Como no alcance dinâmico
um para cada canal de gravação. “Isso de uma foto, a relação sinal/ruído
é muito bom, porque é muito mais aprimora a qualidade do que está sen-
prático e me permite regular a relação do captado”, explica o filmmaker. “Se
sinal/ruído melhor e afinar o resultado uma gravação tem 16 bits de ampli-
durante a entrevista. Antes, acabava tude, quando gravo muito baixo estou
sendo mais conservador, usando um usando apenas 13, 14 bits, perdendo
número mais baixo para não errar qualidade”, diz.
Dicas técnicas

Detalhe 9
Com mais entradas O H6 tem duas

Divulgação
entradas XLR
Quanto mais opções de gravar e adicionais de áudio
mixar o áudio, melhor, em qualquer
situação. Além dos microfones, o H6
conta com um acessório específico,
que permite conseguir duas entradas
XLR adicionais de áudio. Com isso,
ele funciona como um verdadeiro
gravador de campo, com seis entra-
das de áudio.
Essa função pode ser muito útil
para aplicações como capturar o áu-
dio proveniente de uma mesa (em
festas e eventos, por exemplo) ou os
diferentes microfones e instrumentos
de uma banda, entre outras cenas de
maior complexidade.

Detalhe 10
A tela
A tela colorida, inclinada e com
mais resolução em relação ao mo-
delo anterior facilita – e muito – a
vida do operador em diversas situa-
ções. “Você consegue monitorar e
operar o aparelho com muito mais
facilidade. Pensei que fosse exigir
muito da bateria, mas isso não ocor-
re”, observa Plotzki.
Além disso, como a tela é na dia-
gonal, é possível pendurar o aparelho
no pescoço para uso em campo. “É
perfeito, você olha para baixo e con-
segue ver as informações”. Um ope-
rador de som direto, por exemplo,
pode monitorar os níveis de gravação
sem usar as mãos, enquanto se ocupa
de guiar o varão de boom e caminhar
pelo set, com o restante da equipe,
atores e entrevistados. O ponto ne-
gativo: no sol, o LCD do H6 pode ser
um pouco difícil de ler. “Isso é nor-
Guilherme Mota

mal. Colocar a mão para fazer um


pouco de sombra pode resolver”, afir-
ma o filmmaker.

A tela colorida e inclinada


ajuda na visualização de
informação da captação

44 FILMMAKER
Primeiros passos

DOMINE O
SLOW MOTION
Não são todas as câmeras que são aptas
para capturar e produzir o efeito, mas há
plugins e programas de edição que podem
No filme 2 Coelhos (2012),
ajudar. Veja como filmar em câmera lenta de Afonso Poyart, o uso de
câmera lenta reforça o
impacto visual das cenas e
POR Guilherme mota
ajuda a contar a trama

O
slow motioné uma podero- em 2 Coelhos (2012), de Afonso Poyart. cano Stanley Kubrick, ou Cães de
sa ferramenta de narrativa Desde os primórdios do cinema, Aluguel (1992), do também ameri-
e, sem dúvida, um dos re- entretanto, a exibição de cenas mais cano Quentin Tarantino.
cursos estéticos mais bem lentas que o normal atrai a atenção Para construir uma boa cena em
aproveitados pelos diretores de cinema do público, entre os clássicos estão câmera lenta, porém, é preciso ba-
nas produções recentes. Todos os gran- Um Homem com uma Câmera (1929), lancear cada variável para atingir o
des diretores usam, em maior ou menor do russo Dziga Vertov, e Olympia resultado sem prejudicar a qualidade
grau, a câmera lenta como importante (1938), do alemão Leni Riefenstahl. de sua imagem e saber até que ponto
recurso. No cinema nacional atual, po- Com elas, é possível guiar o olhar do seu equipamento está preparado para
de-se conferir a técnica em alguns su- espectador, chamar a atenção para realizar a função. A fim de extrair o
cessos de bilheteria, como Tropa de determinado evento ou criar tensão máximo de sua câmera para criar ce-
Elite 2 (2010), de José Padilha, Cidade e suspense – como em Os Sete Samu- nas perfeitas em slow motion, é pre-
de Deus(2002), de Fernando Meirelles, rais (1954), do japonês Akira Kurosa- ciso estar atento a uma série de fato-
de uma forma ainda mais impactante, wa, O Iluminado (1980), do ameri- res. Veja quais são eles.

46 FILMMAKER
Divulgação

FILM MAKER
Primeiros passos

O efeito slow
motion é bastante
usado para mostrar
uma ação congelada

Ao lado, o menu de
frame rate da Nikon
D810: as HDSLRs têm
alcançado taxas de
frames por segundo
cada vez maiores;
à esq., o gravador
externo Odyssey 7Q,
que armazena
imagens e ainda
pode ser usado
como monitor

uma velocidade superior à normal. lenta não será perfeito, pois não háfra-
A taxa de captura em um vídeo é mes suficientes para preencher o tempo
medida em frames por segundo (fps). restante. O resultado é um vídeo que
O padrão clássico de tempo de captura fica “pulando”, com aspecto pouco
1. CONCEITOS BÁSICOS do cinema é 24 fps, ou seja, 24 capturas natural. Quando se grava em 60 fps,
Quando se trata de câmera lenta, de imagem ocorrem a cada segundo por exemplo, é preciso de mais tempo
é importante ter em mente que o ob- de gravação. Na reprodução, ocorre (2,5 segundos na realidade) para mos-
jetivo é sempre o de filmar cenas que o mesmo: em um segundo de “tempo trar todos os frames, ou seja, tudo o
envolvam alguma ação, que será normal” do cinema, você assiste a to- que ocorreu em apenas um segundo.
“congelada” no tempo em maior ou dos os 24 quadros gravados. E a sensação, ao assistir à cena, é a de
menor grau. Uma cena em câmera Se você “esticar” para o tempo de que o tempo transcorreu mais lenta-
lenta é, na realidade, capturada em um filme normal, o efeito de câmera mente que o normal.

48 FILMMAKER
2. EXIGÊNCIAS TÉCNICAS
Gravar uma cena em slow motion
(câmera lenta) não é apenas uma
questão de selecionar uma opção no
menu da câmera e começar a rodar.
Primeiro porque a capacidade de cap-
turar ou não vídeos nesse formato
depende exclusivamente do equipa- Em muitas câmeras, como na GoPro Hero 4,
mento, em um primeiro momento. altas taxas significam menor resolução; do 4K
ao 720p, a queda na qualidade da imagem é
De modo geral, a maioria das
sensível, como é visível no detalhe ao lado
HDSLRs tem os formatos 1080p/24 fps
e 720p/60 fps como padrão de filma-
gem. Porém, à medida que a tecnologia
avança, cada vez mais filmadoras, mais indicados são do tipo UHS-I a principal. Fora a necessidade do sensor
HDSLRs ou câmeras mirrorless ga- UHS-III, que suportam até 280 MB/s apropriado, a captura em altas taxas
nham a capacidade de filmar acima de gravação, que existem nos formatos produz uma quantidade de dados mui-
dos 24 fps utilizados no cinema clássico CF, SD e Micro SD. A alternativa é to superior à normal e exige uma gran-
e dos 30 fps, mais comuns à televisão. adaptar gravadores externos como o de capacidade de processamento.
Sony FS700 e Sony Alpha A7S, Pana- Átomos Ninja ou o Odyssey 7Q, que Em muitas câmeras, o recurso de
sonic GH4, Canon EOS 5D Mark III, usam SSDs para armazenar as ima- slow motioné obtido com o uso de ape-
Nikon D850, BlackMagic 4K e Red Epic gens por meio da saída HDMI das câ- nas uma parte da resolução máxima e
são alguns dos modelos que vão além meras e, em alguns casos, ainda fun- do sensor. Isso permite que ela consiga
desse padrão. Até aparelhos celulares cionam como monitor de campo. lidar com o aumento de frames e toda
já ultrapassaram essa marca, como o a informação resultante. Assim, quanto
iPhone 6, capaz de filmar a 240 fps. 3. O FATOR RESOLUÇÃO maior a velocidade de captura, menor
Além disso, é preciso contar com Ao contrário de produtos especia- a imagem. A GoPro Hero4 Black, por
cartões de memória rápidos o sufi- lizados como a linha Phantom (capazes exemplo, atinge a incrível marca de
ciente para acompanhar o fluxo de de filmar até 1530 fps em full HD), a 240 fps – dez vezes o padrão normal
dados gerado pela câmera. Modelos maioria das câmeras não é fabricada de captura. Para conseguir isso, no en-
novos são lançados a cada dia, e os tendo o slow motion como objetivo tanto, é preciso reduzir o vídeo ao pa-

FILM MAKER 49
Primeiros passos

Acima, imagens em movimento registradas


a 24 fps, como o trem, ficam “borradas” pelo
movimento; quando há mais imagens registradas
por segundo perde-se o efeito blur, ao lado

frames é aumentada, diminui-se pro-


porcionalmente o tempo que cada um
ficará exposto e, consequentemente,
a forma como a ação será registrada
nele, mais nítida e clara, sem o clássico
“motion blur” (desfoque) dos 24 fps.

5. MENOS TEMPO, MENOS LUZ


Menor tempo de exposição signi-
fica, invariavelmente, uma menor
quantidade de luz que atinge o sensor
a cada frame, o que pode resultar em
imagens mais escuras e inviabilizar
muitas cenas. Para lidar com esse pro-
blema, existem duas soluções: au-
drão HD (720x1280), um formato 2,25 parte dos casos, especialmente quan- mentar a quantidade de luz utilizada
vezes menor que o padrão full HD do há movimento na cena. Muitos ou a sensibilidade do sensor, subindo
(1.080 x 1.920 pixels) e nove vezes me- profissionais defendem que esse é um o ISO da câmera.
nor que o limite da câmera, de reso- importante fator, responsável por dar Na primeira opção, o lado negativo
lução 4K (3.840 x 2.160 pixels). a um filme aquela “cara de cinema”, é o investimento em tempo e recursos
ou seja, a estética característica para de produção para criar a luz ideal, uma
a qual o espectador já está acostuma- vez que cenas de ação tendem a ocor-
4. O EFEITO VISUAL do, utilizada há mais de cem anos para rer em locais amplos e, por isso, mais
Como uma fotografia feita com a produção de filmes. difíceis de iluminar. Quanto ao ISO,
baixa velocidade de exposição, a cap- Em altas taxas de captura, o pri- o problema estará na perda de quali-
tura em 24 fps não produz frames exa- meiro fator de mudança será justa- dade da imagem, com aumento gra-
tamente perfeitos e nítidos em grande mente esse. Quando a quantidade de dativo do ruído nas cenas, o que po-

50 FILMMAKER
Fotos: Divulgação
Sequência de imagens, gravadas com uma
Phantom Miro a 1500 fps: é possível
perceber que apenas o objeto está iluminado,
enquanto o plano de fundo fica subexposto

derá até inviabilizar a tomada.


Em função disso, é comum que ce-
nas com planos muito abertos sejam
filmadas sempre durante o dia, pois é
possível conseguir imagens de alta qua-
lidade sem grandes investimentos em
iluminação, como na gravação de es-
portes radicais. Caso contrário, as cenas
tendem a ficar subexpostas.
Esse é um dos motivos pelos quais
esportes radicais e outras cenas que
requerem um grande ângulo de visão
são sempre filmadas durante o dia,
preferencialmente sob o sol, ou com
uma grande estrutura de iluminação
artificial de estádios e ginásios.

6. O OBTURADOR
As antigas câmeras de filme e al-
guns modelos específicos, como as
Phantom, não são configurados em
função da velocidade, mas sim do
“ângulo” do obturador (que “gira” à
medida que o filme passa pela câme-
ra). Quanto menor o valor em relação
aos 360° (de uma volta completa por
frame), menor a fração de tempo que

FILM MAKER 51
Primeiros passos

Guilherme Mota
COMO SIMULAR O SLOW MOTION
Plugins, aplicativos e outros programas de interpolação

e a sua câmera não permite atingir al- funciona de maneira muito mais eficiente É possível ver o quanto o plugin Twixtor altera
S tíssimas taxas de captura, usar recursos
de pós-produção para conseguir o efeito
e agradável.
algumas imagens, por outro lado, nem
a imagem para criar o efeito em arestas,
bordas de objetos e texturas em movimento

de slow motion pode ser uma boa pedida. sempre seguem uma lógica regular e pre-
isso pode ser realizado diretamente visível de progressão. e a interpolação
nos editores de vídeo e programas de efei- pode ser praticamente impossível, gerando
tos especiais como o Final Cut, adobe Pre- grandes efeitos de distorção. o melhor a
mière e after effects, por meio de recursos fazer é experimentar caso a caso os limites
que simulam o slow motion, ou de plugins que podem ser alcançados e como cada
como o Twixtor e o Kronos, vendidos à plugin responde a determinada situação.
parte. esses efeitos criam frames cujos Para quem filma com smartphone,
pixels “imitam” os dos anteriores e poste- dezenas de aplicativos permitem aplicar
riores, preenchendo os espaços “vazios” o efeito diretamente no aparelho, utili-
entre um e outro, recurso chamado de in- zando a mesma técnica da interpolação. Display de câmera Nikon D810 mostrando a
terpolação. Para imagens onde a diferença aplicativos famosos incluem o SlowCam, velocidade de disparo em 1/60s
entre frames é clara e previsível – sem Dartfish express e SlowPro, para ioS; e
muitas variações de forma e textura, como Coachs eye, Slowmotion Video FX e Con-
o sensor é “exposto” em relação à
um objeto caindo, por exemplo –, o efeito trolled Capture, para aparelhos android.
taxa de captura.
Nas câmeras HDSLR, isso é ajus-
tado pela velocidade de disparo, co-
mo uma referência similar ao obtu-
rador. Na prática, o ideal é utilizar
uma velocidade duas vezes maior
que a taxa de captura desejada (equi-
valente a 180o no obturador). Se você
filma a 24 fps, a velocidade ideal é de
1/48s. Para gravar a 60 fps, esse valor
já sobe para 1/120s. Usar uma velo-
cidade de obturador muito acima
dessa proporção pode gerar imagem
com a sensação de “flickering”, um
efeito indesejado.

52 FILMMAKER
Eventos sociais

O RETORNO DAS
FESTAS DE
15 ANOS
Após alguns anos de queda, os bailes de
debutantes voltaram com força total. O
filmmaker Gui Dalzoto, especialista no assunto,
fala sobre as tendências do segmento

POR GUILHERME MOTA

S
e há alguns anos o mercado de filmagens de casamentos foi ba-
lançado pela chegada de novos equipamentos e uma mudança
estética completa, era apenas uma questão de tempo para que essa
“onda” influenciasse outros segmentos da cobertura de eventos e
festas. Agora, o mais novo nicho dessa transformação está nas tradicionais
“Festas de 15 anos”, como têm sido chamadas.
Mais que um serviço adicional, o mercado de filmagens está no centro
das atenções dessas festas, marcadas por uma relação íntima entre o pro-
tocolo, o cenário e a preparação de peças audiovisuais complexas feitas sob
medida para cada cliente. Ao contrário da tradicional “Festa de Debutantes”,
com um protocolo longo e maçante, os novos eventos vêm recheados de
dinamismo e diversão. Mas sem perder de vista elementos clássicos como
a dança com o pai e a entrada marcante da debutante.

54 FILMMAKER
Fotos: Gui Dalzoto

O audiovisual é o
grande destaque das
modernas festas de 15
anos, que voltaram a
aquecer o mercado

FILM MAKER 55
Eventos sociais

Ao lado, momentos dos bastidores


do clipe; acima, cena do clipe final
que será exibido na festa de 15 anos

“O vídeo de 15 anos está cada vez as necessidades de cada um é o segredo com a família, a educação e a história
mais valorizado e mudando toda a in- para uma filmagem de sucesso. pessoal de cada uma”, conta.
dústria nesse ramo. Em 2014, nossa
equipe realizou mais vídeos de festas AS CLIENTES EXIGÊNCIAS ESPECIAIS
desse tipo do que casamentos. E cada Nesse segmento, a mudança co- Como no mercado de vídeos de
uma com aspectos próprios. É uma meça já no perfil das clientes. Em vez casamento, a produção de uma festa
superprodução a cada evento”, explica de noivas, meninas de apenas 14 anos de debutantes envolve a criação de di-
o filmmaker Gui Dalzoto. que esperam ansiosamente pela festa. ferentes peças audiovisuais, utilizadas
Como exemplo das transforma- Por ser uma fase de transformações, em momentos distintos do processo.
ções do mercado, Dalzoto cita uma incertezas e mudanças, é preciso que Dalzoto costuma trabalhar com um
festa registrada em 2014, na qual todo o filmmaker esteja atento para captar formato básico que envolve a produ-
o roteiro da festa foi determinado pe- a verdadeira personalidade da cliente, ção de três vídeos: um clipe para a festa,
las necessidades e orientações da o que varia de pessoa para pessoa. um vídeo de bastidores do clipe e o ví-
equipe de vídeo. Segundo ele, o seg- “Dos 13 aos 15 uma menina muda deo final. Isso, no entanto, não impede
mento de festas de 15 anos é tão ou muito. Elas começam a interagir mais a retirada de um desses formatos ou
mais intenso e concorrido do que o com o mundo, a participar de eventos a inclusão de outros mais familiares a
de cerimônias de casamento. sociais e muitas querem tomar deci- cada filmmaker.
“Muitas festas são maiores e gas- sões sobre o vídeo. É possível encontrar O vídeo de bastidores do clipe é
tam mais do que casamentos, é uma meninas de 15 anos com maturidade composto de curiosidades, pequenos
mercado que está crescendo muito”, maior do que muitas noivas, que sa- trechos das gravações e outros detalhes
diz. Apesar de similares, cada formato bem o que querem e são determina- que ficariam de fora de um vídeo oficial.
possui suas próprias características e das. Enquanto outras são mais infantis, Como um trailer de cinema, os basti-
peculiaridades, e saber compreender crianças ainda. Tudo varia de acordo dores costumam ser liberados antes

56 FILMMAKER
Fotos: Gui Dalzoto
do oficial da festa, postados em redes tisticamente, porém, é dez vezes mais os amigos. “Todo o material é cons-
sociais e divulgados entre os amigos, difícil porque todas querem inventar truído a partir da entrevista com a clien-
familiares e convidados da aniversa- uma série de coisas”, diz. te, da conversa com a família e do que
riante. “Para a produção desse vídeo, Mesmo nos vídeos em que a ado- dá para fazer de fato com as ferramen-
sempre tem uma pessoa gravando co- lescente opta pela ficção, os clipes de tas disponíveis”, explica.
migo, capturando tudo o que faço. En- 15 anos sempre trazem elementos da Para a entrega final, além dos dois
quanto não se grava o clipe oficial, a realidade que envolvem situações do primeiros vídeos, Dalzoto ressalta que
própria câmera principal está ligada, cotidiano da aniversariante, como fes- o desafio está em realizar um produto
produzindo material. Na hora do clipe, tas, esportes, o colégio e, claro, todos capaz de resistir ao tempo. Para isso,
assumo a direção e uma pessoa fica
apenas nos bastidores”, conta.
Preparado para ser exibido durante
a festa de 15 anos, o videoclipe é uma
das peças mais importantes de toda a
produção. Ao contrário dos vídeos de
casamento, em que a história dos noi-
vos é retratada o mais próximo possível
da realidade, para esse videoclipe tudo
pode ser criado. Mesclar ficção e rea-
Imagens: Samuel Rose

lidade é muito comum.


Em função disso, logística, prazo e
necessidades de produção podem au-
mentar vertiginosamente. “Teorica-
mente, é mais fácil fazer um vídeo de
15 anos por não haver duas famílias
envolvidas, como em casamentos. Ar- Dalzoto trabalha com uma equipe que registra todo o making of da produção do clipe da festa

FILM MAKER 57
Mercado

Fotos: Gui Dalzoto


Nos clipes é comum misturar ficção
com realidade, mas todos trazem sempre
a presença da família e dos amigos

ele e sua equipe mesclam depoimentos


de familiares, amigos e o registro da
própria festa. “Muitas famílias, no dia
a dia, não falam frases como ‘eu te amo’
com tanta frequência, e esse registro
se torna ainda mais poderoso com o
tempo”, observa.

MAIS FAMÍLIA
Segundo ele, mais que um registro
da festa, é importante que o vídeo final
foque na história da menina, mesmo
que outros fatores possam parecer
importantes no momento da festa,
como a presença de “celebridades”
entre os convidados. “Corto quase to-
dos os excessos do meu vídeo final,
porque busco a história verdadeira
daquela menina”, explica.
“Aos 15 anos a família é a parte mais
importante da vida dela, mesmo que
hoje ela não pense nisso. Daqui a al-
guns, se no vídeo aparecer mais o con-
vidado especial ator de novela ou o
cantor, ela vai sentir falta de outros ele-
mentos. A mãe pode não estar mais

58 FILMMAKER
com ela, a avó pode ter morrido, e aí,
nesse momento, ela dará importância
para o vídeo”, avalia.

BOAS HISTÓRIAS
Segundo Dalzoto, a mudança cons-
tante nos equipamentos e tecnologias
de captação influenciam a produção
em função da relação mais íntima que
as clientes têm com as novas tecnolo-
gias. Além disso, muitos equipamentos,
por serem mais acessíveis, são consi-
derados e até exigidos pelas clientes
na hora de produzir o clipe. No fim das
contas, porém, mais importante do
que ter um bom equipamento, é contar
bem a história, reforça o filmmaker.
A equipe de Dalzoto é composta
por quatro pessoas trabalhando dire-
tamente na produção e captação, e
mais três editores, que já recebem todo
o material pronto e roteirizado. “O tra-
balho deles é imprescindível para cum-
prir os prazos. Mas sempre aprovo todo
o material antes”, afirma.
Para não ter problemas em relação
aos prazos, a entrega é acertada com
o cliente em uma data que permita
lidar com imprevistos e atrasos de
produção com bastante folga, pois
algo sempre pode fugir ao controle.
Enquanto a equipe se programa
para entregar um vídeo em 30 a 40
dias, por exemplo, o período acertado
é de 120 dias. “Apesar de acertar um
prazo longo, procuro entregar rapi-
damente para não embolar as pro-
duções. Quanto mais rápido você en-
trega, menos o cliente acha que houve
algum problema com o vídeo. E, se o
produto chega em um mês, eles vão
ficar mais felizes”, aponta.
Por fim, assim como no mercado
de casamentos, Gui Dalzoto diz que
a realização de uma boa festa e um ví-
deo final de qualidade são as princi-
pais plataformas para conseguir novos
clientes. “As meninas gostam de su-
perproduções, nas quais elas são as
atrizes principais. Assim, se uma ami-
ga tem um bom clipe, todas as outras
da turma vão querer ter o mesmo nível
de qualidade, e você será o primeiro Mais do que a presença do ator famoso para dançar a valsa com a debutante, é importante
a ser lembrado por isso”, completa. enfatizar nos momentos com a família e com as amigas na edição final do vídeo da festa

FILM MAKER 59
Produção independente

RUMO À EUROPA
Nos últimos dois meses, Leo Longo e Diana Boccara
finalizaram a etapa Brasil da volta ao mundo em 80
videoclipes. Confira como foi esse período

60 FILMMAKER
Clipe da música Eu era
feliz, do Pato Fu, abriu
a série de vídeos do
projeto Around the
World Music Videos

Divulgação

POR KARINA SÉRGIO GOMES

D
esde o dia 1o de março de 2015, o casal Leo Longo e Diana Boccara
entrou numa maratona de gravação, filmando um videoclipe por se-
mana, para conseguir estrear o canal no YouTube do projeto Around
the World Music Video no dia 26 do mesmo mês e já com três clipes
de gaveta. E, no dia programado, o vídeo da música Eu era feliz, da banda mineira
Pato Fu, foi ao ar. Desde então, toda segunda-feira um clipe novo é divulgado
no canal do projeto (www.youtube.com/c/aroundtheworldin80musicvideos).
No entanto, esse não foi o primeiro a ser gravado. A estreia foi com o clipe Eu
sei onde você está, da banda mato-grossense Vanguart.

FILM MAKER 61
Produção independente

Fotos: Divulgação
Acima, um dos músicos do Vanguart
andando de bicicleta para a gravação
do clipe; ao lado, Leo na caçamba da
caminhonete pronto para filmar

ajustado, o grito de ação era dado e a


gravação seguia sem interrupções. Leo,
dentro de um carro (dirigido por um
primo dele), acionou sua Canon EOS
5 D Mark III presa em um shoulder e
com a lente 24-70 mm fixa em 50 mm
para manter o casario em foco. Assim,
filmou a sequência de ações dos seis
músicos, que entravam e saíam de cena
correndo ou andando de bicicleta.
Por uma caixa de som, todos es-
cutavam a canção. “Apesar de não pre-
cisar sincronizar, porque os músicos
não cantam, a música é fundamental
para nos dar ritmo e ela serve como
um guia para as ações”, explica. Mes-
A ideia de Leo era filmar o clipe do trar em um único take e nada deveria mo com a ajuda do shoulder, a filma-
Vanguart usando uma fachada de casas dar errado, e “o que desse errado estava gem, em alguns momentos, saiu um
da vila histórica em Piracicaba (SP), certo”, afirma o filmmaker. pouco tremida por causa do calça-
sua cidade natal. “Minha dificuldade Faz parte do projeto que todos os mento de pedra do lugar. Leo resolveu
era conseguir encaixar o tempo da mú- clipes sejam filmados em um plano- o problema na pós-produção com um
sica no espaço de construções histó- sequência, sem qualquer interrupção filtro de estabilização, que não o cor-
ricas que havia naquela rua”, conta. O ou corte. E para isso é preciso muito rigiu totalmente, mas deu uma visua-
intuito era que as construções servis- ensaio. Com a música rolando no set, lização melhor. Essa foi a primeira ex-
sem de cenário para as ações dos mú- os músicos repetiam suas ações com- periência de Leo com filmagem em
sicos, como andar de bicicleta, correr binadas pelo menos umas seis vezes. plano-sequência e, a cada take, mais
ou caminhar, o que Leo deveria regis- Quando acreditavam que tudo estava elaboradas as ideias ficavam.

62 FILMMAKER
Acima, cenas do clipe Despedida;
ao lado, os músicos do Selvagens à
Procura de Lei colocando a mão na
massa para montar a fogueira

NA PRAIA praia, jogassem os itens na fogueira e elemento a ser explorado.


O segundo clipe foi o da música corressem para o mar. O problema é Durante a sequência, a banda tam-
Despedida, da banda cearense Selva- que eles realmente só poderiam fazer bém se adiantou no caminhar e Leo
gens à Procura de Lei, que foi filmado isso uma vez , pois havia apenas um acabou ficando para trás, então, resol-
em São Sebastião, no litoral norte de objeto de cada integrante. veu filmar um pouco da estrada e do
São Paulo. Como a letra fala de partidas Depois de alguns ensaios, a equipe céu, antes de continuar o caminho. Es-
e mudanças no rumo da vida, o casal se sentiu pronta. Durante a filmagem ses são um dos improvisos que às vezes
pediu para que os músicos levassem com a 5D Mark III presa no shoulder e rolam para filmar tudo em umtake só.
objetos pessoais que eles gostariam com a lente 50 mm fixa, Leo percebeu E um dos momentos em que o que “pa-
de jogar em uma fogueira. Um levou que estava com dificuldade de manter recia dar errado deu certo”.
o violão que tocava na infância; outro, o foco nos músicos, mas ouvindo a
uma mala de viagem; o terceiro, um letra no set atentou-se ao verso “Porque NA CHUVA
calhamaço de papel; e o último, um meus olhos estão encharcados e eu “Temos a sorte de trabalhar com
escafandro. A ideia era que eles per- não consigo te ver”. Naquele momento, duas das áreas mais colaborativas: a
corressem um caminho até chegar à entendeu que a falta de foco era um música e o filmmaker. São pessoas

FILM MAKER 63
Produção independente

Fotos: Divulgação
Acima, frame do clipe da música Eu era feliz, do Pato Fu, filmado com a ajuda de um drone, ao lado

muito solidárias e existe uma força o cameraman. Além da cooperação


muito grande entre a gente”, diz. Essa de Passarelli na parte técnica, a amiga
forcinha foi superimportante para a de Diana, Maria Alice Ximenes, dese-
realização do clipe da banda Pato Fu, nhou e confeccionou o figurino de Fer-
em que a dupla contou com a ajuda nanda Takai.
do filmmaker Renato Passarelli, que, Quem não estava muito a fim de
além de emprestar um drone para a cooperar era o tempo chuvoso. Cada
filmagem de um labirinto em Campos trégua da chuva era um momento de
do Jordão (SP), também ajudou na ope- ensaio. Assim que o caminho que de-
ração. Era Passarelli quem comandava veria ser percorrido foi decorado pelos
a câmera com a grande angular 14 mm integrantes da banda e a chuva parou,
f/2.8. Leo apenas acompanhava pelo o grito de ação foi dado. No caso desse
monitor e passava as coordenadas para clipe, Fernanda apareceria cantando
e seria necessário fazer uma sincroni-
zação da imagem com o áudio. O que
Leo não imaginava era que o drone fi-
zesse um barulho tal que abafava sua
caixa de som. A solução encontrada
foi colocar em Fernanda um fone de
ouvido que era acionado por Leo ao
mesmo tempo que a caixa de som.

CORRA, NEVILTON, CORRA


Para gravar o clipe da música Noite
alta, da banda paranaense Nevilton,

Banda ensaiando antes da gravação e


Diana (à direita) filmando com um
smarthphone para a série Behind the Trip

64 FILMMAKER
Acima, Nevilton, criador da banda
que leva seu nome, e, ao lado, um
dos integrantes do grupo: na pele
de super-heróis para o clipe

Leo pensou em usar o recurso de fast


forward, deixando o vídeo mais rápido.
Mas, para isso, precisava pensar em
quanto tempo a mais era necessário
gravar para que, na hora de correr o ví-
deo mais rápido, não faltassem ima-
gens para cobrir a música. Além de mi-
nutar a canção para que as ações com-
binassem com cada trecho, durante a
gravação, a música foi colocada em
slow. Os integrantes, vestidos de su- Acima, monitor Marshall por
per-heróis, toparam a brincadeira e, onde Leo acompanha as
dentro do “QG”, montado em um es- filmagens em plano-sequência
túdio em São Paulo, eles interpretavam
os dois heróis que trabalhavam em tur-
nos alternados, nos momentos de folga mento do projeto, colocam-se à dis- blicos, como ruas ou museus. Por is-
se embriagavam e com uma xícara de posição para ajudar. No entanto, Leo so, os clipes gravados na metrópole
café já ficam prontos para o batente. e Diana vêm se preparando para exe- foram todos em espaços privados,
Para esse clipe, Leo usou a 5D Mark III cutar alguns clipes totalmente sozinhos como o estúdio Glória, onde foi fil-
em um tripé com a lente 24-70 mm. prevendo que em alguns lugares por mado o clipe do Nevilton.
Ao ler as letras de cada música, Leo onde irão passar talvez não possam
e Diana criam roteiros que são com- contar com ajuda. POR TRÁS DA VIAGEM
partilhados com os músicos que con- Leo conta que nos lugares fora da Os bastidores de todas as gravações
tribuem geralmente para a redação da capital paulista tem sido muito bem também estão ganhando capítulos à
ideia final. A obra é totalmente cola- recebido pelos órgãos públicos e pri- parte gravados pela produtora Diana
borativa. E eles vêm contando sempre vados para gravação dos vídeos. Mas, Boccara – eles vão ao ar junto com o
com ajuda de amigos e outros volun- na cidade de São Paulo, encontrou videoclipe na série Behind the Trip.
tários, que, quando tomam conheci- dificuldade de filmar em locais pú- Diana é a responsável pelo roteiro,

FILM MAKER 65
Produção independente

Acima, os músicos Supla e João Suplicy


conferem o clipe; ao lado, Diana
filmando o making of com o iPhone 6

pela captação de imagens e pela edi-


ção dos vídeos de cerca de cinco mi-
nutos que contam os bastidores de
cada produção. “Como toda mulher,
faço mil coisas ao mesmo tempo. En-
quanto estou produzindo o videoclipe,
ajudo a fazer o foco e filmo todo o pro-
cesso de produção”, conta a produ-
tora, que às vezes ainda arruma um
tempinho para entrevistar os músicos.
Diana faz os vídeos em primeira
pessoa, filma os bastidores e as pas-
sagens (virando a câmera para ela
como em uma selfie) com a ajuda de
um iPhone 6. Enquanto o maior es-
forço de Leo está na pré-produção, rizando a cada visualização”, diz. Dia- Skalene, Bide ou Balde, Vespas Man-
com muitos ensaios e marcações, na ainda legenda todo o vídeo – o que darinas e Brothers of Brazil, que devem
Diana tem horas de material bruto também viu um facilitador no pro- ir para o ar ao longo de maio e junho.
para ser editado depois do fim de ca- grama nesse trabalho. “Ele abre uma Na próxima edição de FilmMa-
da gravação. E, para ajudá-la nessa espécie de timeline em que posso es- ker, que apoia o projeto Around The
tarefa, ela começou a usar o software crever a legenda do vídeo. É uma fer- World in 80 Music Videos, a dupla
de edição Adobe Premier. ramenta muito prática”, explica. poderá contar como foram as últimas
“Esse programa mudou minha O casal havia planejado partir para gravações com as bandas brasileiras
vida. Ele é muito inteligente. E, como Lisboa, em Portugal, no dia 9 de maio e fazer uma balanço da primeira tem-
eu trabalho com muito material ina- de 2015. Deixariam gravados os clipes porada da ideia de rodar o mundo
tivo, ele não pede para ficar rende- das bandas Móveis Coloniais de Acaju, produzindo 80 videoclipes.

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